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1 FACULDADE BOA VIAGEM – FBV CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – CPPA MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL RELAÇÕES SOCIAIS IFORMAIS: UM ESTUDO DA REDE DE SUPERMERCADOS SORRISO O ALTO SERTÃO DA PARAIBA. Francisco Dinarte de Sousa Fernandes Orientador: Prof. Helder Pontes Régis (Dr.) Recife - 2008

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FACULDADE BOA VIAGEM – FBV

CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – CPPA

MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL

RELAÇÕES SOCIAIS I�FORMAIS: UM ESTUDO DA REDE DE

SUPERMERCADOS SORRISO �O ALTO SERTÃO DA PARAIBA.

Francisco Dinarte de Sousa Fernandes

Orientador: Prof. Helder Pontes Régis (Dr.)

Recife - 2008

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Francisco Dinarte de Sousa Fernandes

RELAÇÕES SOCIAIS I�FORMAIS: UM ESTUDO DA REDE DE

SUPERMERCADOS SORRISO �O ALTO SERTÃO DA PARAIBA.

Dissertação apresentada como requisito complementar para obtenção do título de Mestre em Administração, com área de concentração em Negócios e Sociedade do Programa de Pós-Graduação em Administração da Faculdade Boa Viagem, sob a orientação do Professor Helder Pontes Régis – Doutor.

Recife – 2008

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Fernandes, Francisco Dinarte de Sousa

Relações Sociais Informais: Um Estudo da Rede de Supermercados Sorriso no Alto Sertão da Paraíba. / Francisco Dinarte de Sousa Fernandes. – Recife: O Autor, 2008. 113 folhas: figuras; quadros; tabelas; gráficos.

Dissertação (mestrado) – Faculdade Boa Viagem. Administração, 2008.

Inclui Bibliografia e Apêndices.

1.Gestão de Pessoas – Modelos. 2. Recursos Humanos – Teoria. 3. Redes Sociais Informais I. Título

CDU

658.3

P125c FBV

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Francisco Dinarte de Sousa Fernandes

RELAÇÕES SOCIAIS I�FORMAIS: UM ESTUDO DA REDE DE

SUPERMERCADOS SORRISO �O ALTO SERTÃO DA PARAIBA.

Dissertação submetida ao corpo docente do Mestrado Profissional em Gestão

Empresarial do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração – CPPA, da

Faculdade Boa Viagem e aprovada em 23 de dezembro de 2008.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Emanuel Ferreira Leite, Dr. (examinador externo)

Prof. James Anthony Falk, Ph.D. (examinador interno)

Prof. Helder Pontes Régis, Dr. (orientador)

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MEUS AGRADECIME�TOS

Ao ser supremo, que conduz nossas vidas a cada instante, possibilitando a vivência de

experiências magníficas. Àqueles amigos e professores que sempre me apoiaram e me

estimularam ao desenvolvimento da minha vida acadêmica.

À mulher a quem considero meu mapa (minha mãe e pai), por ter tido a coragem de criar seus

filhos sem a companhia do esposo, tornando-os homens honrados e dignos de lutar pela vida.

À minha esposa, Edilva, que me apoia na busca de realização dos nossos sonhos me

fortalecendo de amor e carinho.

A todos os que contribuíram para a formação de meu caráter e de meus valores me ensinando

sempre persistir para superar as dificuldades com dignidade.

Ao meu orientador, Helder Pontes Régis, por acreditar na minha capacidade, através da

escolha como orientando, além de me ensinar novos conhecimentos, e de me estimular a

enfrentar os desafios da vida acadêmica.

Aos colegas de mestrado pelo compartilhamento de experiências e construção de novas

amizades: Roosevelt, Marcela, Beatriz, Thiago e Rose.

Aos meus irmãos, Dinacio e Beatriz, que, juntamente com os colaboradores da nossa empresa,

me apoiaram.

Aos integrantes da banca, que contribuíram para a edificação desse estudo, através de

sugestões teóricas e metodológicas.

À amiga, Albina, e à Professora Sônia Calado Dias, pessoas que aprendi a respeitar, ouvindo

suas experiências e orientações de vida.

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"Senhor, o meu coração não se ensoberbeceu,

nem os meus olhos se elevaram, não andei em

grandezas, nem em magnificências sobre a

minha sorte.

Se eu não tinha sentimentos humildes, e pelo

contrário elevei o meu coração, como o menino

apartado já do peito da mãe está em seus

braços, assim seja o galardão na minha alma.

Espere Israel no Senhor, desde agora e para

sempre."

(Salmo 130 – Confissão de humildade)

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RESUMO

O estudo das redes sociais, atrelado aos relacionamentos, tem se destacado na academia como área importante para o desenvolvimento profissional e empresarial de empreendedores através dos laços e do Capital Social por eles gerado. A forma como essas redes se estruturam, possibilita identificar aquelas pessoas que ocupam posições importantes pela centralidade e pelos conteúdos que elas transacionam na rede. Este estudo apresenta uma rede de mercadinhos de bairro e mostra como ela pôde influenciar no desempenho dos seus participantes. Neste estudo, o Capital Social é compreendido através de três dimensões: estrutural, relacional e cognitiva. A metodologia foi trabalhada através das ferramentas para um estudo de múltiplos casos, através de um estudo multi-método envolvendo as técnicas de análise das redes sociais, de captura dos mapas cognitivos e da percepção sobre os conteúdos transacionados nas relações. Para se apresentar a estrutura da rede de supermercados sorriso, foi utilizado um cartão gerador de nomes que identificou os participantes da rede e levantou os papéis sociais das pessoas que eles consideram importantes para o negócio. Utilizaram-se as técnicas da entrevista para identificar as ideias centrais sobre o papel da rede para o desenvolvimento das empresas e do questionário para identificar a força das relações nos conteúdos transacionados nas redes. Foram levantados os dados financeiros dos integrantes da rede sorriso e de um grupo de controle, permitindo a comparação em um mesmo período de tempo. Observou-se que os integrantes da rede tiveram um desempenho financeiro superior ao do grupo de controle. Os resultados apresentados neste estudo apontam as campanhas de divulgação, a organização das empresas e as parcerias como sendo ideias centrais sobre o papel da rede para o desenvolvimento dos supermercados. Além disso, a análise das redes sociais internas mostrou a troca de informações e a confiança como uma força da rede sorriso, permitindo que ela cumpra o seu papel na melhoria do desempenho dos integrantes.

Palavras-chave: Redes Sociais, Capital Social, Desempenho financeiro, Supermercados de bairro.

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ABSTRACT

The study of the social networks, linked to relationships, has stood out in the academy with an important area to the professional and business entrepreneurs through the loops and the Social Capital that they have generated. The way these networks are structured enable to identify those persons who occupy important positions in the centrality and the content they transact on the network. This study presents a network of neighborhood grocery stores and shows how it might influence the performance of its participants. In this study, the Social Capital is understood through three dimensions: structural, relational and cognitive. The methodology was worked by the tools for a study of multiple cases, through a multi-method study involving techniques for analyzing social networks, to capture the cognitive map and the perception of the content traded in relationships. To display the structure of the supermarket chain smile, it was used a name generator card that identified the participants in the network and raised the social roles of people they consider important to the business. It was used interview techniques to identify the main ideas about the role of the network for business development and the questionnaire to identify the strength of the relationships in the content traded on the network. Data were financial members of the network smile and a control group, allowing comparison in the same period of time. It was observed that the members of the network had a superior financial performance to the control group. The results presented in this study point the campaigns, business organization and partnership as central ideas about the role of the network for the development of the supermarkets. In addition, the analysis of internal social networks showed the exchange of information and confidence as a strength of the smile network, allowing it to fulfill its role in improving the performance of the members. Keywords: Social Networks, Social Capital, Financial Performance, Neighborhood Supermarkets.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Logomarca da Rede Fonte: Rede de Supermercados Sorriso, 2003 16 Figura 2: Interseções dos objetos de investigação Fonte: O próprio autor 21 Figura 3: Apresentação da fundamentação teórica Fonte: O próprio autor 27 Figura 4: As correntes que desembocaram na moderna Análise de Redes Sociais. Fonte: Scott, 2000, p.8 28 Figura 5: Perspectiva multidimensional do capital social Fonte: Régis, 2008 34 Figura 6: Dimensões do capital social Fonte: Régis, 2008 40 Figura 07: Representação gráfica da rede geral Fonte: O próprio autor 70 Figura 08: Representação gráfica da rede geral com destaque nos integrantes Fonte: O próprio autor 71 Figura 09: Representação gráfica dos laços fortes Fonte: O próprio autor 73 Figura 10: Representação gráfica dos laços fortes Fonte: O próprio autor 74 Figura 11: Representação gráfica da reciprocidade dos integrantes Fonte: O próprio autor 75 Figura 12: Representação gráfica da sub-rede amizade Fonte: O próprio autor 77 Figura 13: Representação gráfica da sub-rede informação Fonte: O próprio autor 78 Figura 14: Representação gráfica da sub-rede confiança Fonte: O próprio autor 79

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LISTA DE QUADROS, TABELAS E GRÁFICOS

Quadro 01: Técnica de quatro quadros para a situação “fale um pouco sobre sua empresa antes da rede” Fonte: Adaptado de Régis, Bastos e Dias, 2008 82 Quadro 02: Técnica de quatro quadros para a situação “fale um pouco sobre sua empresa após a rede” Fonte: Adaptado de Régis, Bastos e Dias, 2008 83 Tabela 01: Dados dos integrantes da rede sorriso Fonte: O próprio autor 67 Tabela 02: Classificação da amizade por grupos (integrantes e controle) Fonte: O próprio autor 77 Tabela 03: Classificação da informação por grupos (integrantes e controle) Fonte: O próprio autor 78 Tabela 04: Classificação por grupos (integrantes e controle) Fonte: O próprio autor 79 Gráfico 01: Papéis sociais da network Fonte: O próprio autor 72 Gráfico 02: Comparativo das compras (integrantes e grupo de controle) Fonte: O próprio autor 86 Gráfico 03: Comparativo das vendas (integrantes e grupo de controle) Fonte: O próprio autor 87 Gráfico 04: Comparativo dos estoques (integrantes e grupo de controle) Fonte: O próprio autor 88

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SUMÁRIO

1 I�TRODUÇÃO................................................................................................. 11 1.1 Pergunta de Pesquisa........................................................................................ 11 1.2 Objetivos da Pesquisa...................................................................................... 17 1.2.1 Objetivo geral................................................................................................ 17 1.2.2 Objetivos específicos..................................................................................... 17 1.3 Justificativas..................................................................................................... 19 1.3.1 Teórica........................................................................................................... 19 1.3.2 Prática............................................................................................................ 22 2 REFERE�CIAL TEÓRICO............................................................................ 25 2.1 Empreendedorismo.......................................................................................... 25 2.2 História da Análise das Redes Sociais............................................................. 27 2.3 Redes Sociais Informais.................................................................................. 33 2.4 Capital Social................................................................................................... 35 2.5 Dimensões do Capital Social........................................................................... 39 2.5.1 Dimensão Estrutural...................................................................................... 41 2.5.2 Dimensão Relacional.................................................................................... 44 2.5.3 Dimensão Cognitiva...................................................................................... 47 2.6 Mapas Cognitivos ............................................................................................ 47 2.7 Desempenho Financeiro................................................................................... 50 3 METODOLOGIA............................................................................................. 52 3.1 Delineamento da pesquisa................................................................................ 52 3.2 População e amostra......................................................................................... 56 3.3 Instrumentação das variáveis............................................................................ 57 3.4 Coleta de Dados................................................................................................ 59 3.5 Métodos de análise........................................................................................... 62 3.6 Limitações da pesquisa..................................................................................... 65 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................... 66 4.1 Dimensão estrutural.......................................................................................... 69 4.2 Dimensão Relacional........................................................................................ 76 4.3 Dimensão cognitiva.......................................................................................... 81 4.4 Desempenho financeiro.................................................................................... 85 5 CO�CLUSÕES E SUGESTÕES PARA �OVAS PESQUISAS................... 89 6 REFERÊ�CIAS................................................................................................. 93 Apêndice A – Carta de Apresentação Enviada aos Integrantes da Rede de Supermercados Sorriso..................................................................................................................... 100 Apêndice B – Roteiro da Entrevista....................................................................... 101 Apêndice C – Cartão Gerador de Nomes............................................................... 103 Apêndice D – Questionário Final........................................................................... 104 Apêndice E – Demonstrativo Fiscal/Financeiro.................................................... 110 Apêndice F – Centralidade de intermediação........................................................ 111 Anexo 01................................................................................................................. 112 Anexo 02................................................................................................................. 113

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1 I�TRODUÇÃO

O presente capítulo de introdução mostra o problema e a pergunta de pesquisa,

corroborados pelos objetivos - geral e específicos - do estudo, assim como suas devidas

justificativas teóricas e práticas. A pesquisa será um estudo sobre redes sociais informais com

enfoque direcionado aos conteúdos transacionados na rede de mercadinhos denominada “Rede

de Supermercados Sorriso”, e como estes conteúdos contribuíram para os resultados obtidos

pelos integrantes.

1.1 Pergunta de Pesquisa

As mudanças provocadas pela globalização têm direcionado a atividade econômica,

por meio de processos de re-estruturação organizacionais a novas estruturas empresariais que

colocam sobre as áreas/regiões comerciais a necessidade de modificações como forma de

adaptação a novos conceitos de competitividade. Os estudos dessas alterações organizacionais

têm contribuído para o crescimento econômico e para o desenvolvimento da literatura sobre

organizações no contexto atual, principalmente com relação às micro, pequenas e médias

empresas.

Em função dessas mudanças na economia, os micros, pequenos e médios empresários

sofrem com a abertura dos mercados, resultando práticas de competitividade exacerbada e

necessidade de mudanças tecnológicas e administrativas. Esses movimentos têm provocado a

migração de grupos estrangeiros para vários países, principalmente para aqueles em

desenvolvimento, onde existe amplo mercado consumidor a ser explorado. Em conjunto a esse

fenômeno, as grandes empresas no cenário nacional, estão também reposicionando seus

esforços para mercados fora dos grandes centros urbanos, de exploração mais recente e

dominada, em sua maioria, por pequenas e médias empresas. Isso implica na construção de

uma nova configuração de mercado, representando desafios, principalmente, para os gestores

de pequenas organizações.

No mesmo cenário, o mercado varejista vem passando por profundas transformações

organizacionais em todo o mundo. O acirramento da concorrência, trazido pela abertura da

economia mundial, levou as organizações a prestarem mais atenção à competitividade externa

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e interna de cada segmento, como também as formas de atender as necessidades dos clientes

de cada segmento.

Assim, o setor de alimentos no mundo encontra-se classificado em diferentes tipos de

lojas. Os supermercados, mercadinhos ou mercados de bairro como também são conhecidos,

caracterizam-se pela venda de gêneros alimentícios, além de artigos de higiene e limpeza,

eletrodomésticos, vestuário e artigos do lar. Além disso, atualmente, operam com outros

produtos (telefonia móvel) e serviços (banco postal: CEF, Bradesco, Banco do Brasil, etc.)

apresentando alto giro dos produtos/serviços e baixa margem nos resultados financeiros

(BNDES, 2000). Essa diversidade de produtos/serviços é característica própria do segmento,

produzido por fatores regionais ou locais que determinam tanto a oferta como a demanda dos

clientes.

Após 1999, estudos da Abras - Associação Brasileira de Supermercados (1999)

apontam que as 10 maiores redes mundiais do segmento varejista de alimentos obtiveram

faturamentos globais da ordem de US$ 466,7 bilhões, sendo que, somente a rede norte-

americana Wal-Mart (1999), atingiu 30% desse total. Segundo estatísticas da Abras (1999) no

Brasil, o segmento varejista de alimentos passa por um processo de concentração, onde as

cinco maiores cadeias representam 40% do faturamento bruto do segmento, principalmente

em grandes centros urbanos.

Segundo Farias Filho, Castanha e Porto (1999), a concentração e coação de grandes

fornecedores, juntamente a clientes mais exigentes, além da conjuntura e estrutura econômica

globalizada, se apresentam particularmente hostis à permanência das pequenas organizações

no mercado. Assim, configura-se caso, de quem continue atuando individualmente, aumente o

risco de ser engolido em seu mercado tradicional por grandes organizações concorrentes

(CASAROTTO; PIRES, 1999). Contudo, vislumbra-se que o aumento da concentração no

segmento começa, por outro lado, a incentivar os pequenos e médios varejistas a constituir

consórcios, redes e outras modalidades de associativismo, que permitam o ingresso de novas

organizações nesse mercado. Essas alianças criam condições e ferramentas que viabilizam os

negócios do grupo, permitindo que cada integrante individualmente sobreviva ao mercado e

consiga se desenvolver.

Sob essa ótica, os micro e pequenos empreendedores desse setor passaram a observar

os aspectos relacionados à operação administrativa e a significativa redução da inflação após

meados de 1994. Isso ocorreu, pela implantação de um novo processo econômico pelo qual o

país passou, a partir do Plano Real, que provocou alterações no mercado, principalmente nesse

segmento. Tal fato se justifica, porque, após essa mudança econômica, não mais houve a

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necessidade de se manter grandes estoques, abrindo oportunidades para os pequenos

empreendedores que não tinham capital suficiente para concorrer com as grandes redes do

segmento de alimentos.

Desta forma, as pequenas organizações passaram a se preocupar mais com a

concorrência, a empreender ações destinadas a cortar custos e a criar valor agregado nos

produtos e serviços para o consumidor. Com essa nova visão de posicionamento competitivo,

as pequenas organizações passaram a depender fundamentalmente das ações específicas.

Essas ações envolvem o relacionamento com fornecedores, consumidores, entidades parceiras

e os próprios concorrentes no segmento regional e/ou local. Uma das principais características

do atual ambiente de alimentos é a necessidade das pequenas organizações atuarem de forma

conjunta e associada, compartilhando todos os tipos de recursos a partir da definição de

estratégias específicas. Nesse sentido, a criação de redes de supermercados tem sido

alternativa administrativa viável para enfrentar a competitividade de grandes marcas no

segmento de alimentos.

É fato que os mercados de bairro têm utilizado a associação em rede de compras para

competir com médios e grandes mercados. A rede de compras provoca oferta de preços iguais

e, em alguns casos, até menores quando comparados com outros tipos de mercados. Nesse

sentido, a colaboração aparece como uma estratégia de relacionamento entre pequenas

organizações, possibilitando a aquisição de recursos e o seu compartilhamento em rede.

Nesse contexto, a partir da década de 90, a CACB – Confederação das Associações

Comerciais e Empresariais do Brasil, em parceria com o SEBRAE – Serviço Brasileiro de

Apoio a Pequenas e Micro Empresas, implementou o projeto Empreender através da

organização de núcleos setoriais com valorização no aspecto associativo. O núcleo setorial

possibilita a reunião de pequenas organizações do mesmo segmento, tornando possível um

contato direto com outras empresas, visando soluções comuns para enfrentar dificuldades,

que, sozinho, o empresário não conseguiria resolver. Assim, as ações desenvolvidas no núcleo

setorial propiciam o fortalecimento das pequenas empresas no segmento, tornando-as mais

competitivas frente a esse novo mercado mundial. Segundo informações no site do Sebrae-PB,

o projeto Empreender encontra-se implantado em todos os estados brasileiros e no Distrito

Federal, cobrindo assim, mais de 800 municípios com a participação de 40.000 pequenas

empresas, aproximadamente, capacitadas para atuarem de forma conjunta no mercado e

segmento de suas atividades.

Nesse norte, em 2003, no alto sertão paraibano, através do projeto Empreender, 13

empreendedores no segmento de mercados de bairro, uniram-se na criação de um núcleo de

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mercadinhos denominada Rede de Supermercados Sorriso. Essas organizações atuam no

segmento de mercados de bairro. Seus estabelecimentos medem no máximo 250m² com

exploração de atividades em gêneros alimentícios, produtos, serviços domésticos e pessoais,

tendo um faturamento anual por empresa de, no máximo, 1.500.000,00 (um milhão e

quinhentos mil reais). Essas empresas individuais estão enquadradas no regime de tributação

do Simples Nacional (LC 123/2006), e as suas carteiras de clientes são formadas por famílias

de classe média e baixa renda que residem próximo à sede dos estabelecimentos integrantes.

A Rede Sorriso, como é mais conhecida, nos seus objetivos formais (estatuto) busca

alcançar a competitividade e promover o desenvolvimento do segmento de mercados de

bairro, organizando suas demandas e as necessidades, além de promover, fortalecer e melhorar

os resultados financeiros dos integrantes da rede.

A rede utiliza uma ferramenta para realizar compras junto a fornecedores que se baseia

em leilões realizados uma vez por semana na sede da rede, com base de aquisição na

capacidade individual de cada integrante, mas com negociação em conjunto com os

fornecedores. Os integrantes efetuam um levantamento prévio das necessidades de cada

integrante (mercadorias) e as coloca em uma só relação que é apresentada a vários

fornecedores convidados a participar das reuniões. Assim, aquele fornecedor que oferecer

melhores preços e condições fecha o negócio com cada integrante relacionado.

Essa forma de comprar em conjunto possibilita ofertas e descontos nos produtos, além

de conseguir apoio financeiro para a rede na realização das campanhas promocionais de

vendas (encartes/anexo 01), assim como, na realização das campanhas sociais desenvolvidas e

apoiadas pela rede. A rede também utiliza outra ferramenta importante: é a parceria interna de

troca de mercadorias ou repasse dos estoques com baixa rotatividade, que possibilita a troca

de mercadorias estocadas entre os integrantes. Essas mercadorias são oferecidas em reunião

semanal aos demais membros que as recebem pelo preço de custo e tentam revender através

dos seus estabelecimentos, possibilitando assim, que os integrantes se ajudem minimizando os

prejuízos com produtos estocados por longos períodos.

As campanhas promocionais também são outra ferramenta criada pela rede sorriso para

divulgar os produtos e serviços dos integrantes da rede. Essas campanhas ocorrem em

períodos estratégicos (São João, Dia das Crianças, Natal, etc.) onde são elaborados panfletos

(encartes/anexo 01) com destaque para alguns produtos promocionais e descontos oferecidos

por todos os estabelecimentos integrantes da rede. As despesas dessas campanhas são rateadas

entre os integrantes e alguns fornecedores através de parcerias por vendas de produtos

diferenciados ou casados.

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Existem ainda as campanhas sociais que são realizadas em parceria com outras

entidades da sociedade organizada e visam promover a rede e seus integrantes através da

responsabilidade social que também é um dos objetivos formais da rede. Essas campanhas são

planejadas com o auxílio de consultores das entidades parceiras que orientam na organização e

desenvolvimento dessas estratégias.

A rede foi criada de fato, porém, até o presente estudo ainda não tinha legalizado a sua

existência jurídica, ou seja, como entidade de direito através do registro do estatuto em

cartório civil e cadastro como pessoa jurídica. Mesmo assim, os integrantes reúnem-se uma

vez por semana (quarta-feira) em sua sede provisória no Cotton Shoping, no município de

Sousa, alto sertão da Paraíba, para realizar negociações com fornecedores e parceiros, como

também tratar dos objetivos de interesse do grupo, buscando sempre novos recursos e

condições necessárias ao desenvolvimento da rede e de seus integrantes.

A rede conta com o apoio de entidades representativas de classe como: a ACISA –

Associação Comercial e Industrial de Sousa; o CDL – Clube de Diretores Lojistas, o

SINDIEMPRESAS – Sindicato das Empresas de Sousa e, como já citado, o SEBRAE, que

auxiliam nas capacitações e recursos na área de gestão administrativa e de pessoas. Hoje essa

rede encontra-se com 18 integrantes com empresas em pleno processo de desenvolvimento,

tendo ainda uma lista em análise para ingresso de mais 05 mercados de bairro.

A rede, em suas ações administrativas e de marketing, atua em 05 municípios da

grande Sousa, no alto sertão paraibano (Aparecida; Marizopolis; Nazarezinho; Vieiropolis e

São Francisco). Ela é assistida por um coordenador capacitado pelas entidades parceiras,

citadas anteriormente, que cuida da organização e parte administrativa, sendo este o

responsável direto pela orientação técnica a todos os integrantes. A rede vem construindo uma

marca na região através de campanhas promocionais e eventos sociais que levam o seu nome a

toda sociedade, demonstrando a responsabilidade empresarial e social, como também o

compromisso para o desenvolvimento dos seus integrantes ao longo dos últimos cinco anos de

existência.

Assim, a rede é empresarialmente e socialmente vista como um empreendimento que

fixou sua marca nos últimos anos na região do município de Sousa, principalmente na atuação

competitiva dos seus integrantes e nas campanhas promocionais e sociais que tem

desenvolvido através de seus parceiros junto à comunidade. Essa marca é forte e respeitada,

mesmo com tão pouco tempo de atuação no mercado (05 anos), apesar de se tratar de um

grupo de empreendedores de pequeno porte e pouco poder financeiro.

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Os integrantes da rede recebem frequentemente apoio das entidades parceiras para

capacitações gerencial e administrativa sobre atendimento, vendas, custos e apoio para

participação em feiras e exposições, além de informações técnicas através de consultoria

individual e coletiva. Assim, um dos maiores objetivos da rede sorriso é a melhora

significativa em oferecer produtos e serviços, com mais opções aos clientes, além da busca

pelo incremento no faturamento e geração de empregos. Os mercados de bairro que compõem

a rede sorriso são mais conhecidos pelos seus nomes-fantasia como: Mercadinho Batista,

Mercadinho Cristo é Real, Mercantil Melo, Mercadinho Gomes, Supermercado Nossa

Senhora de Lourdes, Mini Mercado Jatobá, Mercantil São José, Supermercado Santa Clara,

Mercadinho Bastos, Mercadinho São José I, Mercantil Virgínio, Mercadinho Ideal, JC

Mercadinho, Mercadinho Sena, Supermercado Compre Bem, Mercadinho Sarmento,

Mercadinho São Vicente, Mercantil do Povão. Todos usam a logomarca padrão que segue a

estrutura da figura 1.

Figura 1: Logomarca da Rede Fonte: Rede de Supermercados Sorriso (2003)

Desse contexto surge a seguinte pergunta de pesquisa:

Até que ponto a Rede de Supermercados Sorriso e os conteúdos nela

transacionados influenciam no desempenho financeiro das organizações participantes?

Esta pergunta é, por consequência, inserida em um único objetivo geral que se

complementa pelos objetivos específicos a seguir apresentados.

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1.2 Objetivos da Pesquisa

Aqui serão apresentados os objetivos da presente pesquisa social que permitiu buscar e

esclarecer à pergunta de pesquisa, que construiu o rumo do estudo com base na literatura

vigente.

1.2.1 Objetivo geral

O presente estudo tem como objetivo geral descrever a influência da rede de

supermercados sorriso e os conteúdos nela transacionados no desempenho financeiro das

organizações participantes.

1.2.2 Objetivos específicos

O objetivo geral deste estudo encontra-se complementado através dos objetivos

específicos abaixo, que têm como função precípua na pesquisa auxiliar no processo

metodológico que busca compreender o fenômeno social de forma pormenorizada.

Para responder à pergunta de pesquisa, os objetivos específicos são assim destacados:

a) Identificar a estrutura da rede de supermercados sorriso com base na metodologia das

redes sociais.

b) Determinar os conteúdos de amizade, informação e confiança transacionados nas

relações da rede de supermercados sorriso.

c) Levantar os resultados financeiros alcançados pelos integrantes, após a criação e

desenvolvimento da rede.

d) Compreender a importância da rede nos resultados obtidos das organizações na

percepção dos integrantes.

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Em seguida, serão apresentadas as justificativas sobre o estudo que têm como função

demonstrar a relevância acerca do contexto acadêmico, bem como as possíveis contribuições

teóricas e práticas para a academia, sociedade e a própria rede de supermercado sorriso objeto

desse estudo.

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1.3 Justificativas

Neste momento, serão mostrados vários argumentos que sugerem a relevância da

presente pesquisa, de forma a justificá-la de maneira teórica e prática.

1.3.1 Teórica

O maior conhecimento empírico sobre as redes sociais informais dentro do estudo da

administração no Brasil poderá possibilitar uma evolução na teoria sobre gestão de recursos

nas micros, pequenas e médias organizações. O objeto deste estudo deve-se ainda à pequena

quantidade de pesquisas acerca de redes sociais informais, com foco em segmentos varejistas

de alimentos e análise nas dimensões estrutural, relacional e cognitiva do capital social em

pequenas organizações.

O estudo sobre redes sociais remonta o início da década de 1930, e suas tentativas de

conceitos até os dias atuais sempre se associam às teorias sociais, como a teoria do capital

social e as dimensões apresentadas pela literatura. Contudo, o estudo de redes voltado para o

segmento de alimentos, com ênfase a pequenos empreendedores, ainda é pouco pesquisado e

discutido pela comunidade científica. Segundo a literatura, as redes podem facilitar o

aprendizado via transferência de conhecimento de uma organização à outra, assim elas podem

se tornar o lócus (local) de criação de novos conhecimentos.

As lacunas ocorrem devido à carência de estudos empíricos que ultrapassem o nível

individual e possibilitem a análise de grupos sociais das redes de desenvolvimento financeiro

e dos conteúdos transacionados nestas redes (RÉGIS; BASTOS; DIAS, 2006). Pesquisar os

conteúdos transacionados nas redes sociais contribuirá para a criação de conhecimento na

área, como ainda apresentará resultados acerca da formação de redes informais de

mercadinhos, com foco no segmento de alimentos em pequenas organizações fora dos grandes

centros urbanos (interior).

As análises das redes nos conteúdos de amizade, informação e confiança serão

importantes para compreender a integração entre a literatura sobre redes sociais e o contexto

organizacional de pequenas organizações. O estudo poderá ainda mostrar que numa rede

social informal de mercadinhos, algumas dimensões do capital social compõem as redes de

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relações, e que essas informações podem contribuir na operacionalidade do grupo na busca de

novos objetivos compartilhados.

As dimensões descritas pela teoria do capital social possibilitam compreender a

complexidade das relações em redes, fortalecendo a literatura das redes sociais no contexto

das pequenas organizações integrantes de redes. Nesse sentido, a presente pesquisa poderá,

ainda, apresentar indícios de que a natureza dos itens transacionados indicará não apenas o

investimento dos atores na relação, mas, especialmente, sugestões de benefícios que os atores

esperam auferir da relação através do estoque de capital social existente no grupo.

A investigação do presente estudo ajudará a compreender, na percepção dos

integrantes, como uma rede de mercadinhos afeta os resultados das organizações participantes.

Essa pesquisa também apresentará de que forma as relações compartilhadas na rede

provocaram mudanças no comportamento dos pequenos empreendimentos, e se eles passaram

a buscar novos recursos que possibilitassem o desenvolvimento do grupo, individual ou dos

seus negócios.

Nesse contexto, verifica-se na literatura que os estudos encontram-se fundamentados

em nível individual, havendo investigações entre a dimensão estrutural e relacional como

apontam Ragins (1997b), Kuipers (1999), Higgins e Kram (2001), Régis (2005), Inkpen e

Tsang (2005). Existem ainda, as investigações entre as dimensões estrutural e cognitiva com

os estudos de Krackhardt (1988), Santos (2004), Bastos (2000) e Dver (1994). Ocorrem

também investigações entre as dimensões relacional e cognitiva conforme destaca Sullivan

(2000).

Nesse contexto, as figuras a seguir, apontam as intersecções em nível individual,

contudo importante se vislumbra investigar as intersecções das três dimensões estudadas

conforme propõe Régis (2005) na sua tese. Assim, essa pesquisa buscará seguir tais

proposições para contribuir com a literatura de redes sociais.

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Figura 2: Interseções dos objetos de investigação Fonte: O próprio autor

Nessa ótica, a figura (2) apresenta a interseção entre os conteúdos teóricos estudados

em nível individual, conforme autores e suas investigações. Ponderando as pesquisas que

abarcam diversos objetos de investigação, nesse sentido, existem vários estudos que relatam

estas teorias, porém apenas de forma muito embrionária, ocorrendo assim, uma lacuna acerca

da interseção quando da análise das dimensões em conjunto com base na teoria do capital

social. Os resultados dessa pesquisa ajudarão a entender como uma rede de mercadinhos pode

criar condições que influenciam no desempenho financeiro de pequenos empreendimentos do

segmento de mercados de bairro através dos conteúdos nelas transacionados com fundamento

na teoria do capital social.

Quanto à interseção das dimensões a serem investigadas, é importante destacar os

estudos de Régis (2005), que apresentam considerações sobre redes através das dimensões

estrutural, relacional e cognitiva. Sendo que, a dimensão cognitiva aponta os recursos

constituídos através do compartilhamento de ideias entre os integrantes, já a dimensão

estrutural do capital social abarca os aspectos estruturais dos relacionamentos entre os atores

da rede e pode ser analisada a partir de duas perspectivas: a perspectiva da configuração da

network e a perspectiva dos laços da network, enquanto que a dimensão relacional enfoca o

papel dos laços diretos entre os atores com relação aos conteúdos transacionados nas

interações e suas diversidades (NAHAPIET e GHOSHAL, 1998).

Dimensão Relacional

Dimensão Estrutural

Capital Social

Dimensão Cognitiva

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A literatura vigente mostra que as relações de cooperação entre empresas em redes

organizacionais ou consórcios de empresas têm se revelado como estratégia beneficiadora

para o aperfeiçoamento gerencial e tecnológico. Essa ajuda surge como uma estratégia de

relacionamento entre pequenas organizações possibilitando ganho coletivo através do

compartilhamento de recursos. A prática das redes de mercadinhos e a existência de clusters

são temas contemporâneos nos estudos organizacionais, enquanto fenômeno da realidade do

mundo empresarial, sendo alternativas de desenvolvimento para as pequenas organizações.

Assim, é relevante para academia pesquisar esses novos formatos organizacionais. Nesse

sentido, ALBUQUERQUE (1999) argumenta que essas relações interorganizacionais realçam

elementos comuns de formas de comercialização flexível, ou seja, o uso intensivo das práticas

empresariais dos parceiros e esforço direcionado para os processos de inovação tecnológica.

Esse contrato de cooperação estabelecido no modelo de relações interorganizacionais

representa uma estrutura emergente que associa ferramentas e distribui aos integrantes de um

grupo ou clusters.

Importante se faz entender que a análise de cluster busca compreender os elementos

estruturais e sistêmicos da aglomeração enfatizando a rivalidade entre empresas e quais os

fatores da sua dinâmica interna que afetam a competitividade dos agentes. Assim Brito e

Albuquerque (2002) enfatizam que a abordagem de cluster se aproxima mais da grande

produção flexível do que da pequena, enfatizando mais a concorrência do que a cooperação

entre os membros do cluster. Assim, o sistema local é mais do que um cluster de fatores de

produção. Nesse norte, o ambiente apresenta forças cumulativas como a capacidade de

desenvolvimento institucional e de infraestrutura, economias de aglomeração e de escala e

uma rede de externalidades conforme destaca Lall (2002). Com isso, segundo a literatura

vigente, as pequenas organizações, que constituem uma aglomeração, estão conectadas por

uma série de ligações e redes sociais, institucionais, culturais e técnicas que conduzem à

criação de capital social.

1.3.2 Prática

O estudo da rede de supermercado sorriso a ser apresentado através da presente

pesquisa será importante para que os integrantes passem a ter uma nova visão da estrutura

social da qual fazem parte, e, nesse sentido, a pesquisa será relevante para auxiliar os

integrantes da rede a utilizarem melhor os recursos e o estoque de capital social existentes.

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A metodologia de redes sociais aliadas à teoria do capital social, possibilitará aos

integrantes e à comunidade acadêmica entender quais os recursos e como tais ferramentas são

distribuídas e por quem. Assim, a análise de redes não constitui um fim em si mesmo. Ela é o

meio para realizar uma análise estrutural cujo objetivo é mostrar em que a forma da rede é

explicativa dos fenômenos analisados (MARTELETO, 2001 p. 72).

A formação da rede a ser apresentada pela pesquisa, possibilitará ainda, aos integrantes

terem uma visão das relações e como se afiguram o arranjo dos participantes dentro da rede. A

estrutura deverá contribuir para demonstrar como se compõem os papéis sociais de cada um

dos integrantes da rede, e de que forma esses papéis são disponibilizados aos demais

integrantes.

O conhecimento de conteúdos transacionados numa determinada rede informal poderá

auxiliar no gerenciamento dessa rede na busca de alcançarem objetivos. As interações

pessoais são ferramentas valiosas para encarar os desafios e transformações que surgem na

vida de pequenos empreendedores. Nesse sentido, esta pesquisa ajudará os integrantes da rede

a organizarem a gestão dos seus relacionamentos e entenderem os conhecimentos sobre redes

sociais informais, além de contribuir para a literatura do capital social, cm relação às

dimensões (RÉGIS, BASTOS e DIAS 2006; DYER JR, 1994).

O grande leque de intensos relacionamentos ocorridos na rede deverá ser o resultado

da habilidade que algumas pessoas têm de criar pontes entre indivíduos que, de alguma forma,

estavam sem comunicação, melhorando assim a comunicação e competitividade. Será

identificado se os atores centrais possibilitam acesso aos recursos existentes na rede através

das parcerias, e se podem estabelecer pontes com o mundo externo na aquisição do capital

social. Essas relações podem contribuir para o desenvolvimento individual e coletivo de uma

comunidade informal na busca da competitividade.

Os resultados e análises da pesquisa apresentarão se a rede influenciou para o alcance

dos resultados financeiros dos integrantes com base em demonstrativos financeiros. O estudo

mostrará como os integrantes perceberam as mudanças e como elas contribuíram para o

desenvolvimento individual e das suas organizações.

As administrações das organizações vêm se tornando cada vez mais ativa e complexa,

principalmente nas relações humanas. Régis (2005) citando Castells (1996), sugere que o

próprio capitalismo passa por profundas re-estruturações caracterizando-se por flexibilidade

de gerenciamento, descentralização das empresas e sua organização em redes, tanto

internamente quanto em suas relações com outras empresas.

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O estudo poderá mostrar que, numa rede de mercadinhos, algumas dimensões do

capital social compõem as redes de relações, e que essas informações contribuem na

operacionalidade do grupo. O capital social, por suas vez, é definido como as normas, valores,

instituições e relacionamentos compartilhados que permitem a cooperação dentro ou entre os

diferentes grupos sociais (MARTELETO, 2004).

Os estudos de Granovetter (1973) pressupõem que quanto mais fortes forem os laços

entre os indivíduos, mais fechadas serão suas redes e que uma quantidade maior de laços

fracos provocaria a composição de uma rede aberta, cujas vantagens produzidas seriam de

fundamental importância para estes indivíduos. Os estudos do autor apresentam, de certa

forma, que as comunidades desenvolvidas estariam embasadas pelos laços fracos, pois é

nessas mesmas comunidades que os indivíduos cortam as relações familiares e passam a

constituir novos laços. Através desses laços fracos desenvolvem suas estratégias para a

obtenção de recursos. Nesse foco e com base no argumento de Marteleto (2001, p 71-81), “a

centralidade é (...) a posição de um indivíduo em relação aos outros, considerando-se como

medida a quantidade de elos que se colocam entre eles”. Assim, o conceito de centralidade

não se aplica apenas aos indivíduos, pois as associações e, principalmente, as organizações

não governamentais também se estruturam sob a forma de redes. O estudo apresentará se

dentro dessa rede, algum indivíduo ou organização detém um grau maior de centralidade do

que outros. Os atores e/ou organizações que possuem um maior grau de centralidade podem,

inclusive, estar em situações vantajosas em relação àqueles que não são tão centrais dentro da

rede. Ou seja, a centralidade funcionaria como um instrumento de poder para quem a detém

dentro da rede.

Em seguida, será apresentada a fundamentação teórica que servirá de suporte às

questões norteadoras do presente estudo de investigação, e que terá como função demonstrar o

embasamento científico acerca do tema.

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2 REFERE�CIAL TEÓRICO

Neste capítulo, serão apresentadas as ideias e achados na literatura que fundamentam

os objetivos específicos do presente trabalho e que se propõem responder às questões

norteadoras levantadas na pesquisa.

2.1 Empreendedorismo

O termo empreendedorismo encontra-se descrito na literatura como um fenômeno que

está ligado às alterações causadas pelo empreendedor, tendo como fonte a palavra que vem do

verbo francês denominado “entrepreneur” que significa aquele que assume riscos e começa

algo novo. Segundo estudos, somente no início do século XX, a palavra empreendedorismo

foi utilizada pelo economista Joseph Shumpeter que, por volta de 1950, abordou de forma

resumida o termo para representar um indivíduo com criatividade e capacidade de realizar

sucessos através de inovações. Ainda, por volta de 1967 e 1970, os autores K. Knight e Peter

Drucker introduziram o conceito de risco ligado a uma pessoa empreendedora, e no ano de

1985, Pinchot apresentou o conceito de intraempreendedor, como sendo uma pessoa

empreendedora, com enfoque dentro de uma organização.

Segundo Venkataraman (1997), o indivíduo empreendedor é, por natureza, o primeiro

recurso, e tudo o que ele pensa como expectativa sobre o futuro do seu empreendimento torna-

se fundamental para o desenvolvimento de estratégias que auxiliam no crescimento do seu

empreendimento. Nessa ótica, a ampliação do empreendimento é descrito como sequencial, de

forma que, as transições podem ser caracterizadas por desafios ou tarefas gerenciais

específicas. O mesmo autor afirma que os recentes estudos sobre empreendedorismo estão

agrupados nas atividades iniciais e de crescimento, sendo importantes os recursos financeiros,

as pessoas e informações para alavancar o empreendimento no decorrer de suas atividades

como agente empreendedor.

Leite (2000), abordando os conceitos de Drucker sobre empreendedorismo, ressalta

que os empreendedores são indivíduos que estão concomitantemente criando novos tipos de

negócios e aplicando novos e extraordinários conceitos gerenciais às atividades. Nesse foco, o

mesmo autor traz à tona as argumentações de Peter Drucker de que, nas duas últimas décadas

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do século passado, pequenas organizações têm atuado de forma empreendedora mais

significante que as grandes. Tal justificativa reside na diferença de que as grandes sempre

contratam profissionais especialistas. Por outro lado, as pequenas empresas dependem de

alguns gerentes, ou somente do próprio gestor do negócio, necessitando assim, concentrar-se

ainda mais nas atividades de desenvolvimento administrativo do empreendimento. Porém, é

importante destacar que essa situação gera um problema: é a partir do momento em que essas

pequenas empresas começam a crescer, ultrapassando seus limites de gerenciamento, criam

necessidades de contratar especialistas que consigam continuar aplicando as ideias

empreendedoras iniciais.

Segundo Dolabela (1999, p. 12), para aprender a empreender é importante que as

pessoas tenham um comportamento pró-ativo, em que se deseja “aprender a pensar e agir por

conta própria, com criatividade, liderança e visão de futuro, para inovar e ocupar o seu espaço

no mercado, transformando esse ato também em prazer e emoção”. Nesse enfoque, Filion

(1999) apresenta um modelo de quatro fatores fundamentais, para que uma ação seja

empreendedora (visão, energia, liderança e relações), visando à formação do indivíduo

empreendedor. Como foco desse trabalho destaca-se a característica das relações, nas quais se

obtêm os conhecimentos fundamentais e necessários dentro de uma estrutura de mercado: as

informações necessárias para a tomada de decisões e o conhecimento da realidade do negócio.

É importante destacar também, que a literatura clássica relata a compreensão do papel

do empreendedor como agente capaz de cooperar com outros indivíduos. Nesse sentido,

Adam Smith, no século XVII, afirma que uma das características inerentes ao capitalismo era

a capacidade de levar ao máximo, por um lado, a busca do autointeresse e, por outro, a

necessidade de cooperação.

Para Filion apud Dolabela (1999), é possível que as relações familiares motivem o

indivíduo para empreender. Nessa situação, o autor classifica esse fenômeno como círculo das

relações primárias. Ele aborda que, ao começar um processo utopista, o empreendedor partirá

em busca de relações que possivelmente contribuam para o seu desenvolvimento e realização

de sua visão. Filion (1999) destaca que o empreendedor é um indivíduo que imagina,

desenvolve e realiza visões. Nesse sentido, a visão é uma idéia projetada no futuro, do espaço

que o empreendedor pretenderá preencher no mercado com os seus novos produtos/serviços.

Vale, Wilkinson e Amâncio (2008), citando os estudos de Leibenstein de 1978,

conceituam que o empreendedor é um indivíduo capaz de transpor vazios e brechas de

mercado e, consequentemente, usufruir, em condições privilegiadas, de vantagens advindas.

Segundo os mesmo autores, os estudos de Granoveter sobre as análises de rede, apresentam

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grande analogia com os de Leibenstein, onde o mesmo discorre sobre o "poder dos laços

fracos", e afirma que, quanto mais fortes os laços conectados dos indivíduos, mais similares

são. Nesse sentido, Granoveter (1973), recorre ao conceito de "ponte", ou seja, "uma linha em

uma rede que provê a única passagem entre dois indivíduos", e destaca a importância desse

laço fraco como uma forma de conexão entre dois setores ou grupos de indivíduos. O

empreendedor nessa conjuntura é o indivíduo capaz de estabelecer pontes e de gerar conexões,

reunindo e somando recursos valiosos que possam ser compartilhados em grupos.

A seguir será abordada a história da análise das redes sociais.

2.2 História da Análise das Redes Sociais

Sob um contexto histórico na literatura, a análise de redes sociais tem como início a

ciência da Sociologia, da Psicologia Social e da Antropologia (FREEMAN, 1996). O foco

principal desse estudo é a análise das ligações relacionais entre atores sociais. Para os analistas

sociais, os atores cujas ligações são analisadas, podem ser indivíduos e organizações

analisados como unidades individuais ou sociais e coletivas (WASSERMAN; FAUST, 1999).

Nesse norte, a análise das redes sociais abre um leque para novas pesquisas no ambiente das

organizações, criando também diversas metodologias de análise que têm como base as

relações entre os indivíduos numa estrutura em forma de redes.

Figura 3: Apresentação da fundamentação teórica Fonte: O próprio autor

Estrutural Configuração da network

Relacional Conteúdos transacionados Dimensões do Capital Social

Amizade, informação e confiança. Régis, 2005.

História da Análise das

Redes Sociais

Cognitiva Papel da network no desenvolvimento do indivíduo

Mapas Cognitivos. Bastos, 2000.

Laços e Estrutura Granovetter, 1973.

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A partir de 1970, iniciou-se a criação da teoria de redes aplicadas ao estudo de

fenômenos sociais. Para Wolfe (1978), esse interesse somente foi possível com os avanços em

algumas áreas (teoria social, experiência etnográfica, matemática e tecnologia de

processamento de dados) que possibilitou a explicação dos fenômenos sociais sob a ótica da

teoria das redes. Sendo assim, a teoria evoluiu fundamentada em um crescente interesse nas

relações, nos processos, na busca de fenômenos elementares e na construção de modelos

regenerativos.

O estudo sobre a análise das redes sociais remota teorias de correntes sociológicas,

resumidas por Scott (2000) na construção de uma figura clássica nos estudos históricos sobre

redes, que aborda o desenvolvimento da teoria de análise de redes sociais.

A figura 4 nos apresenta as fontes do estudo da análise de redes sociais, através da

teoria da Gestalt, com a Sociometria de Moreno, e outra vertente surgida da escola

Antroplógica com influências nas escolas de Harvard trabalhadas por Warner e Mayo, e da

escola de Manchester sob a orientação de Gluckmam. Scott (2000) explica que os estudos

sobre análise de redes sociais foram edificados sob três vertentes: (1) os analistas

Teoria da Gestalt Escola Antropológica

Sociometria (Moreno)

Escola de Harvard (Warner, Mayo)

Escola de Manchester (Gluckman)

Teoria Matricial (Homans)

Dinâmica de Grupo

Barnes, Bott, �adel

Teoria dos Grafos Mitchell Estruturalistas de

Harvard

Análise de Redes Sociais ____________________________________________________________________ Figura 4: As correntes que desembocariam na moderna Análise de Redes Sociais. Fonte: Scott, 2000, p.8

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sociométricos, que, por volta dos anos 1930, pesquisavam em pequenos grupos e lançaram

muitos avanços técnicos com métodos da teoria dos grafos; (2) os pesquisadores de Harvard,

que, também nos anos 1930, exploraram padrões de relações interpessoais informais e a

formação de subgrupos; e (3) os antropólogos de Manchester, que usaram os conceitos das

duas primeiras vertentes para investigar a estrutura de relações comunitárias em sociedades

tribais e pequenas vilas. Estas correntes foram reunidas novamente por pesquisadores de

Harvard por volta de 1960 e 1970, quando construíram as bases da moderna teoria da análise

de redes sociais que a literatura hoje conhece.

A história da análise das redes sociais teve início com Jacob Moreno, através do uso

dos sociogramas e matrizes sociais. As formas ou configurações sociais, trabalhadas por

Moreno, seriam os resultados de padrões concretos de escolhas interpessoais, atração,

repulsão, amizade e outras relações nas quais as pessoas se envolvem (SCOTT, 2000).

Moreno desenvolveu os sociogramas como sendo uma representação gráfica das

configurações sociais que permite identificar líderes, indivíduos isolados, descobrir

assimetrias e reciprocidade, mapear cadeias de conexão, mapear canais de comunicação, uma

vez que representam forças de atração, repulsão e indiferença que operam nos grupos.

Aponta Scott (2000) que a intenção de Moreno era descobrir a estrutura de escolhas de

amizade em grupos, usando experimentação, observação controlada e questionários. Além

disso, ele tinha a intenção de explorar as maneiras pelas quais as relações entre as pessoas de

um grupo serviam como limitantes e oportunas para suas ações e, conseqüentemente, seu

desenvolvimento psicológico. Para o autor, a principal inovação de Jacob Moreno foi a

criação dos sociogramas que possibilitou aos pesquisadores visualizar as propriedades formais

de configurações sociais em uma rede. Esses sociogramas, desenvolvidos por Moreno, são

grafos onde os atores de uma rede representam-se por pontos e suas relações são representadas

por linhas que se ligam aos pontos, e essas linhas são os canais através dos quais as

informações poderiam fluir.

Os pesquisadores de Harvard, com a identificação dos padrões de relações

interpessoais informais e a formação de subgrupos, também contribuíram para a evolução dos

estudos das redes sociais. Segundo a literatura, os padrões dos estudos dessa escola serviram

como base para as pesquisas na fábrica de Hawthorne (comparativo entre as condições físicas

de trabalho e a produtividade) em que se utilizaram, pela primeira vez em situação real, os

sociogramas de Moreno para registrar as relações informais do grupo Pesquisado.

Com os estudos de Yakee City, descritos por Scott (2000), foi possível traçar o

conceito de cliques, quando os pesquisadores descreveram a configuração das relações

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interpessoais informais. Essas relações seriam associações informais de indivíduos, com certo

grau de sentimento de grupo e intimidade e onde certas normas de conduta são tacitamente

estabelecidas e aceitas por todos. Contudo, um novo estudo denominado Old City, também

descrito pelo mesmo autor, conceituou os cliques como interseções de círculos sociais. A esse

estudo acrescenta-se uma novidade, a analise das afiliações dos cliques definidos pela idade e

pela classe social tentando explorar a estrutura interna da associação de indivíduos. Os

pesquisadores compreenderam que um clique pode ser dividido em três camadas: núcleo,

círculo primário e círculo secundário.

A estrutura dos “cliques” foi baseada nesses dois estudos, onde, no primeiro, foram

realizadas uma análise formal da estrutura e uma análise posicional ou distância geodésica das

estruturas definidas e, no segundo, foi feita uma interseção dos círculos sociais concluindo-se

com a análise interna dos cliques.

Assim, de acordo com as pesquisas de Hawthorne, de Yakee City e Old City, os

indivíduos são integrados às comunidades por meio de relações informais e pessoais da

família e dos subgrupos (cliques) e não só por meio das relações formais, advindas dos

aspectos econômicos e políticos. Nascia ali o embrião para o desenvolvimento das primeiras

pesquisas que adaptaram os diagramas antropológicos ao mapeamento de relações no contexto

organizacional. Este mapeamento demonstrou a existência e a importância de relações

informais não previstas no organograma formal das organizações (OPPEL-SILVA, 2007).

Em ato contínuo de evolução histórica, no final da década de 1940, George Homans

reuniu os estudos sociométricos e os resultados dos estudos de Hawthorne, Yankee City e Old

City para elaborar uma síntese onde acreditava ele que a teoria social deveria ser construída

sobre pilares de um profundo entendimento das interações sociais, em pequena escala.

Homans, na sua base teórica, demonstrou que a estrutura de um grupo precisa ser dividida em

um sistema interno, que expressa os sentimentos surgidos com a interação entre os membros e

um sistema externo que apresenta as atividades do grupo com relação a questões de adaptação

do ambiente.

Marinho-da-Silva (2003), citando George Homans (1951), diz que esse autor centrou

sua teoria em torno da idéia de que as atividades humanas levam as pessoas a interagirem

entre si, interações essas que variam em frequência, duração e sentido. Para ele, as interações

são a base sobre a qual os sentimentos entre as pessoas se desenvolvem, configurando assim, a

ação que se exerce mutuamente entre duas ou mais pessoas.

Conforme Marinho-da-Silva, os antropólogos de Manchester, principalmente John

Barnes, Clyde Mitchel e Elizabeth Bott, contribuíram para a evolução da análise das redes

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aplicando os conceitos das vertentes anteriores, contudo, ressaltando em seus estudos uma

abordagem estrutural que reconhecia a importância do conflito e do poder tanto em estruturas

sociais estáveis quanto em momentos de mudança ou transformação. Nesse sentido,

Gluckman, nos seus estudos, combinou os elementos de conflito e poder que estavam sempre

presentes na estrutura social e, em suas análises, destacando as atividades de negociação,

barganha e coerção na produção de integração social. Dava-se maior importância às reais

configurações das relações que surgiam no conflito e poder nos grupos, em detrimento das

instituições e das normas formalizadas nas sociedades (MARINHO-DA-SILVA, 2003).

Mais precisamente por volta de 1960 e 1970, todas as correntes reuniram-se em

Harvard e estruturaram os pilares da moderna teoria de redes sociais. Por volta de 1969, com o

uso de conceitos de rede criado pelos antropólogos e sociólogos, houve um grande

crescimento da teoria de redes sociais. Nesse foco, é inegável a importância dos trabalhos de

Max Gluckman, John Barnes, Elizabeth Bott, Siegfried Nadel e Clyde Mitchell, juntamente

aos trabalhos do Prof. David Krackhardt que representam um marco para a análise de redes

sociais (OPPEL-SILVA, 2007).

O avanço da teoria foi possível graças à influência dos estudos de Barnes, com relação

aos relacionamentos de parentesco, que emprega o conceito de rede como instrumento para

investigar as várias formas tomadas pelas relações de parentesco; o de Elizabeth Bott, que

abordou o interesse da teoria com relação à psicoterapia; o de Barnes e Bott, que exploraram

os estudos da corrente sociométrica de Moreno, uma vez que o conceito de rede social parecia

ir ao encontro da necessidade de entender as sociedades mais complexas; e por último, o de

Siegfried Nadel, que influenciado pelos trabalhos de Barnes e Bott, adotou a abordagem

estrutural nos seus trabalhos de psicologia. Seu objeto de partida das pesquisas foi definição

de estrutura “como a articulação ou o arranjo de elementos para formar o todo” (MARINHO

DA SILVA, 2003).

Marteleto e Silva (2004) explicam que as redes são sistemas compostos por “nós” e

conexões entre eles que, nas ciências sociais, são representados por sujeitos sociais

(indivíduos, grupos, organizações, etc.) conectados por algum tipo de relação. Os mesmos

autores explicam que existe uma contenda epistemológica sobre a análise de redes sociais.

Afirmam estes que, para alguns autores, a análise de redes sociais é uma metodologia de

análise de dados relacionais que permite a adaptação de diversos fenômenos sociais que se

deseja estudar, segundo a teorização de uma área de conhecimento específica. No entanto,

outros autores afirmam que a análise de redes sociais é um novo paradigma de análise

estrutural. Degenne e Forsé (1994) utilizam o termo “interacionismo estrutural”. Existem

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ainda, aqueles autores que defendem a análise de redes sociais como uma tentativa de se

introduzir um nível intermediário entre os enfoques micro e o macro na análise da realidade

social, ou entre o indivíduo e a estrutura, nas principais correntes da sociologia (Marteleto,

2001). É importante destacar que os métodos de coleta e análise de dados podem ser utilizados

em vários modelos teóricos, assim o objeto das ciências sociais pelo tema, especialmente na

sociologia, e suas aplicações não estão restritas a essa área.

A literatura nos apresenta que aos analistas sociométricos é apontada a criação da

teoria dos grafos, que seria um conjunto de axiomas matemáticos que possibilitam a resolução

de problemas complexos, por meio da representação gráfica, utilizando pontos, arcos, linhas e

setas, para demonstrar ligações entre os elementos – nodos ou nós – envolvidos na relação

(MARINHO DA SILVA, 2003; OPPEL SILVA, 2007). Com fundamento nesse conceito,

resume-se grafo em um conjunto de nodos ou nós, ligados entre si por linhas também

chamadas de arcos.

Segundo Régis (2005) a literatura vigente aborda redes como uma arranjo de

indivíduos, grupos ou organizações com o objetivo precípuo de desenvolver atividades e

recursos compartilhados. É importante destacar que no estudo de redes não existe a hierarquia

encontrada nas redes formais, assim sua estrutura somente é possível ser medida a

multiplicidade quantitativa e qualitativa dos elos entre seus integrantes associados. Entretanto,

existe a possibilidade da existência de relações de dependências no estudo da estrutura de uma

rede (MARTELETO, 2001).

A análise das redes sociais assim, é compreendida através do estudo das dimensões do

capital social, que permite entender a configuração de uma network, o conteúdo nela

transacionado e o papel da network para o desenvolvimento de um indivíduo ou grupos de

organizações. A figura 4 apresenta a estrutura teórica que nos permite visualizar a evolução da

análise das redes sociais em conjunto com o capital social.

A seguir trataremos da apresentação das redes sociais informais

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2.3 Redes Sociais Informais

A presente pesquisa está fundamentada na teoria das redes sociais, com auxílio no

capital social, que aborda os relacionamentos entre os atores das redes. As redes sociais

consistem em uma temática recente nas abordagens sociológicas, sendo uma teoria que

constrói suas análises baseando-se nas relações entre os indivíduos e entre esses e as

instituições sociais.

Castells (1996) entende a rede como um conjunto de posições sociais interconectados,

sendo também estruturas predispostas a expandir, integrando novas conexões, que

possibilitem a comunicação e os recursos de forma compartilhada. Essas posições sociais,

também são conhecidas como relações sociais de interação individual ou em grupos. Para

Powell (1996), as redes contribuem ao desenvolvimento das organizações, porque elas

proporcionam acesso a conhecimentos e a recursos que, de outra maneira, não seriam

disponíveis. Segundo o autor, as fontes da inovação são originalmente encontradas nos

interstícios entre empresas, universidades, centros de pesquisas, fornecedores e clientes. Um

outro autor, Kraatz (1998), enfatiza a contribuição das redes para a adaptação das empresas às

mudanças ambientais. Segundo ele, os relacionamentos realizados através da rede permitem

que ela tenha acesso a diferentes fontes de informação e, consequentemente, podem

influenciar positivamente sua capacidade de reconhecer e de responder às oportunidades e

ameaças exteriores.

Recentemente as pesquisas têm apontado que os recursos advindos de uma rede social

informal sendo conhecidos e explorados podem gerar condições de desenvolvimento para o

grupo e todos os indivíduos inseridos nele. A rede, nesse sentido, é definida por Marteleto

(2001) como uma configuração de diversos participantes autônomos, que unem propósitos e

recursos em prol de valores e objetivos compartilhados.

É certo que, segundo Marteleto (2004), a construção de redes sociais e a consequente

aquisição de capital social estão condicionadas por fatores culturais, políticos e sociais. Com

base nesse conceito é importante entender como se constitui o capital social, uma vez que isso

conduz à otimização dos recursos disponíveis, promovendo o desenvolvimento, visto que

pelas redes sociais passam informações e conhecimentos. As relações entre os membros

podem ser facilitadas pela ligação entre eles. A cooperação entre seus membros é afetada pelo

baixo custo na obtenção e processamento da informação, gerando redes entre indivíduos

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similares do ponto de vista de suas características demográficas, neste caso, capital social de

ligação. (MARTELETO, 2004)

Nahapiet e Ghoshal (1998) apontam que o capital social tem mostrado ser um

importante fator que explica o desempenho por toda a área do fenômeno. Assim, o capital

social, quando bem conectado entre si, traduz um valor social e é um componente bastante

significativo como fonte de desenvolvimento. Régis (2005) usou a abordagem teórica do

capital social para investigar como empresários buscam apoio nas suas redes de

relacionamentos, a partir da ótica de cada uma das três dimensões do capital social

apresentada por Nahapiet e Ghoshal (1998). Régis (2005) apresenta uma figura que explicita

as três dimensões do capital social como mostrado na figura (5).

Figura 5: Perspectiva multidimensional do capital social Fonte: Régis, 2008

Para responder à pergunta de pesquisa “Até que ponto a rede de supermercados

sorriso e os conteúdos nela transacionados influenciam no desempenho financeiro das

organizações participantes?” é necessário abordar o capital social e suas dimensões, mais

detalhadamente, o que será apresentado a seguir.

Dimensão Relacional

Dimensão Estrutural

Dimensão Cognitiva

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2.4 Capital Social

Os estudos recentes e o crescente uso do termo “Capital Social”, tem despertado

pesquisas na área comportamental buscando conceitos e ferramentas de mensuração. A

sociologia norte-americana utiliza o conceito de capital social para apresentar a importância

das redes sociais informais na constituição de relações sociais. O conceito de capital social

surgiu dos estudos das redes sociais. Granovetter (1973) foi um dos autores que mostrou os

recursos disponíveis através dos contatos ou conexões de uma rede de relacionamentos na sua

obra “the strength of weak ties”. O capital social pode ser compreendido como o conjunto de

normas de reciprocidade, informação e confiança presentes nas redes sociais informais

desenvolvidas pelos indivíduos em sua vida cotidiana, resultando em numerosos benefícios

diretos ou indiretos, sendo determinante na compreensão da ação social.

O conceito incorpora diversas tradições sociológicas, estando presente no pensamento

de Durkheim através do estudo da interiorização das normas sociais e sua funcionalidade; em

Tönnies, na análise do papel integrativo da comunidade; em Marx, na compreensão da

construção da solidariedade de classe; em Weber, na explicação do sentido da ação; em

Simmel, na caracterização da sociabilidade na metrópole, para ficarmos apenas nos clássicos.

Segundo Marteleto (2004), nos estudos e conceito de capital social, destacam-se quatro

teóricos bastante citados pelos pesquisadores, James Coleman (1988), que aplica o conceito na

área da educação e analisa o seu papel no crescimento do capital humano, em uma abordagem

baseada na escolha racional. Para este autor, o capital social é um recurso para o indivíduo que

pertence a uma determinada estrutura. Robert Putnam (1995) aplicou o conceito na

compreensão da participação e engajamento da sociedade e os seus efeitos nas instituições

democráticas e na qualidade do governo em algumas regiões da Itália. Os dois tratam o capital

social como um recurso coletivo baseado nas normas e redes de intercâmbio entre os

indivíduos. Nos dias atuais, o Capital Social tem se tornado um termo vago, uma "expressão

de lã", um perigo de significar todas as coisas a todas as pessoas, criando assim conceitos

enganosos. O pensamento de capital social como forma de desenvolvimento econômico,

contribuindo e fortalecendo a coesão social, tem sido bastante discutido. Para Kay e Pearce

(2003) o conceito de capital social deve ser dividido e trabalhado sobre cinco elementos que

possibilitam entender o significado do Capital Social utilizado para o estudo das redes. Para os

autores, a Confiança, a Reciprocidade, as Redes Sociais, as Normas Compartilhadas e o Senso

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de Compromisso e Pertencendo apresentam uma evolução através do estudo das relações entre

as pessoas e organizações.

Os cinco elementos podem também ser compreendidos em três dimensões que definem

o capital social, estudados por Nahapiet e Ghoshal (1998) e Régis (2005). A Dimensão

estrutural, que envolve as redes sociais e reciprocidade, a Dimensão cognitiva, que envolve as

normas compartilhadas, e a Dimensão relacional, formada pela confiança e comprometimento.

Com capital social forte, os grupos podem determinar o que quer fazer mais facilmente e

como planejar a aquisição das outras formas de capital, como exemplo: financeiro (acesso ao

dinheiro); físico (acesso a edifícios, maquinaria); natural (acesso para matérias-primas e

água); e humano (habilidades, educação e conhecimento) (KAY E PEARCE, 2003). Os

elementos que compõem o capital social ocorrem e se desenvolvem através de relações entre

as pessoas e organizações, mostrando de forma direta uma estreita relação com os estudos de

redes sociais informais, principalmente no que se refere aos estudos de Granovetter sobre a

força dos laços a partir de 1973.

As pesquisas sobre a teoria do capital social têm sido reconhecidas por sua aplicação

para evidenciar inúmeros fenômenos sociais, como se depreende de pesquisas que realçam

certos benefícios por ele gerados, apontando-o como influenciador do desenvolvimento de

capital humano (COLEMAN, 1988); do capital intelectual das firmas (NAHAPIET e

GHOSHAL, 1998); de comunidades (PUTNAM, 2000); de organizações (LEANA e VAN

BUREN, 1999); ou de proposições que o designam como um atributo de atores individuais

que obtêm vantagens próprias em relação ao seu status relativo (USEEM e KARABEL,

1986); ou em função da localização dentro do grupo de que fazem parte ou das relações por

eles estabelecidas (BURT, 2000).

Para Nahapiet e Ghoshal (1998), o capital social pode ser entendido também como

incentivador da capacidade de ação coletiva que facilita a cooperação mútua necessária para a

minimização do uso de recursos materiais e humanos disponíveis, dessa forma elucidando

processos de desenvolvimento de capital humano, desempenho econômico das organizações,

regiões e nações. Nas organizações, o capital social nasce como pressuposto de que redes de

relacionamentos constituem um valioso recurso para se conduzir os negócios sociais,

provendo seus integrantes com um tipo de capital coletivamente possuído e uma credencial

que habilita a entidade a ser reconhecida sob múltiplos aspectos.

As pesquisas sobre redes sociais ressaltam os benefícios pessoais e coletivos, como

privilégios no acesso a conhecimento e informação, compartilhamento de recursos

administrativos, influências e uma melhor compreensão das normas sociais do grupo. Putnam

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(1995) reconhece que o capital social está relacionado com o engajamento cívico. A união das

comunidades depende do relacionamento social, reconhecimento das normas de

comportamento e confiança. Ele afirma que esses componentes constroem o capital social em

comunidades e que é necessário para melhorar a qualidade de vida, o engajamento cívico e o

desenvolvimento da comunidade.

Salutar se faz destacar que o capital social não pode substituir outras formas de capital,

mas pode auxiliar na aquisição de novos capitais. A literatura tem mostrado que quanto mais

se usa o capital social, mais cresce a sua quantidade, nesse foco é importante que os

empreendimentos sociais estejam atentos ao uso do capital social e dar passos para criar e

construir um estoque utilizável.

Kay e Pearce (2003) citando Bourdieu (1986), mostram que o capital social caminha

lado a lado com o capital econômico e cultural e pode fazer parte das estratégias dos

indivíduos e grupos para produzir mais capital social e/ou converter isso em outras formas de

capital social. Hirschman, citado por Kay e Pearce (2003), usa o termo “energia social” e

sugere que o termo seja composto de três componentes – “amizade”, enfatizando o impacto

pessoal do capital social; “ideais”, os quais podem levar a compartilhar ideias baseadas em

valores; e “ideias”, as quais levam grupos e indivíduos a apresentarem novas soluções para os

problemas. Para Bourdieu (1986) o capital social é visto como uma soma dos recursos

decorrentes da existência de uma rede de relações de reconhecimento mútuo institucionalizada

em campos sociais.

Várias consequências são necessárias para a construção do capital social, tais como: a

construção de uma consciência sobre o capital humano no sentido de reforçar os valores

desenvolvidos na comunidade, incentivar as redes sociais, formar grupos de apoio comunitário

para ajudar na tomada de decisão, encorajar as interações sociais, especialmente em áreas

desprivilegiadas onde o capital social pode ser pouco observado; construir infra-estrutura

comunitária que suporte e promova o desenvolvimento do capital social local, compensando

os baixos níveis de capital humano. O baixo nível de capital humano pode-se entender como o

capital intelectual, em que haja pouca escolaridade entre o grupo (KAY; PEARCE, 2003).

O capital social é um recurso neutro e suas consequências podem ser negativas ou

positivas, dependendo de como é utilizado, com a possibilidade de excluir ou incluir

indivíduos ou grupos, dentro de uma rede. Um esforço para garantir o equilíbrio entre os laços

que unem e os que separam o capital social gera um maior equilíbrio, considerando que muita

união pode levar à exclusão e muitas pontes podem levar a uma diminuição da coesão do

grupo (KAY; PEARCE, 2003).

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A literatura entende que o capital social nas relações pode fortalecer o senso de

identidade e propósito de um grupo de interesse que é frequentemente chamado de Capital

Social de União. As relações também podem construir laços com outras pessoas e corpos

externos para os grupos de interesse mais próximos que é conhecido como Capital Social de

Ponte. Existe ainda, o Capital Social de Ligação que compõe conexões com diferentes níveis

de poder e status social e se desenvolve como uma parte do Capital Social de Ponte. Nesse

norte, Kay e Pearce (2003) admitem a existência de “algo” entre indivíduos e organizações, e

relatam que este “algo” advém de relações que adiante possibilita o fortalecimento da

confiança. Os mesmos autores sugerem que através de compreensão mútua e por ações

recíprocas fundamentadas em normas compartilhadas e valores absolvidos por todos, se

compõem um estoque de capital social. Assim, os autores apontam que é possível reconhecer

o capital social através das conexões e nos contatos seguros ocorridos entre as relações

rotineiras, que provocam ações mutuas e recíprocas, contribuindo de forma direta e indireta

para o crescimento de uma comunidade ou organização.

Pela abordagem de Putnam (2000), o capital social facilita a cooperação espontânea,

contribuindo dessa forma para difundir conhecimentos e recursos numa organização ou

comunidade. Para o autor, a confiança que alimenta uma cooperação não deve ser cega, deve

ser uma confiança adequada às relações e aos objetivos que se espera do grupo. O capital

social é apresentado como sendo algo resultante das relações formais ou informais entre

pessoas de uma organização ou comunidade, que possibilita o crescimento do grupo de acordo

com os conteúdos transacionados. Nesse ponto, é importante pesquisar como identificar

capital social numa rede informal e estudar se esse capital possibilita acesso a algum recurso

dentro da rede, e se esse recurso contribui para o desenvolvimento da organização ou

comunidade.

Os conceitos de capital social, encontrados na literatura atual, conduzem os estudos de

forma que se entende que o uso do capital social auxilia indivíduos e grupos na busca pelo

desenvolvimento econômico, pessoal e social. Nesse sentido é importante reconhecer o que se

propõe do capital social, pois esse reconhecimento pode levar a um uso ativo, como recursos

para dentro da comunidade. A confiança entre os indivíduos é um elemento chave do capital

social, pois quanto mais se desenvolvem mais dão resultados possibilitando maior

entendimento de como as pessoas estão interagindo. A identificação do comprometimento dos

indivíduos possibilita a geração dos benefícios do capital social. A sociologia norte-americana

tem utilizado o conceito de capital social para demonstrar a importância das redes sociais

informais na construção de relações sociais nas quais interesses pessoais e coletivos se

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imbricam. O conceito de capital social surgiu no âmbito dos estudos das redes sociais.

Granovetter (1973) foi um dos autores que mostrou os recursos disponíveis, através dos

contatos ou conexões de uma rede de relacionamentos na sua obra “The Strength of Weak

Ties”.

Lima (2001) considera que os relacionamentos são recursos disponibilizados pelas

redes para a ação social. Entendendo capital social como o conjunto de normas de

reciprocidade, informação e confiança presentes nas redes sociais informais desenvolvidas

pelos indivíduos em sua vida cotidiana, que resulta em benefícios diretos ou indiretos, sendo

determinantes na compreensão da ação social. O capital social é o resultado dos benefícios

causados pelas relações entre os indivíduos (RÉGIS, 2005). Para Putnam (2000), a confiança,

normas e cadeias de relações sociais são características de bens públicos, portanto podendo ser

usado por todos os indivíduos, diferentemente do capital convencional que em regra é privado,

fazendo com que haja restrição no acesso.

2.5 Dimensões do Capital Social

A identificação das dimensões que compõem o capital social é importante na

compreensão dos fenômenos sociais, no nosso caso, a rede de supermercados sorriso. O

presente estudo aborda o capital social com fundamento nas três dimensões trabalhadas por

Nahapiet e Ghoshal (1998), Inkpen e Tsang (2005) e Régis (2005) sendo elas: a dimensão

cognitiva, a dimensão estrutural e a dimensão relacional. Todas estas dimensões estão

evidenciadas na figura (6). Esta representação gráfica das dimensões do capital social foi

idealizada por Régis (2005) com base nos argumentos de Nahapiet e Ghoshal (1998) que

apresentam uma natureza multidimensional das relações sociais. No estudo do referido autor,

é considerado que estas dimensões operam de forma concomitante, para formar a

complexidade das relações em rede. Assim, a presente pesquisa considera para efeitos

metodológicos que estas dimensões operam de forma conjunta na formação das relações em

rede. Régis (2005) apresenta as três dimensões da seguinte forma:

A dimensão cognitiva, com base na teoria do capital social, com ilustração na parte

superior direita da figura (6), mostra as expressões que são divididas pelos indivíduos que

compõem a rede. Nesse sentido, os significados são ideias comuns, com relação a temas

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diversos, que integram um contexto específico da rede e que orientam nas tomadas de

decisões e os comportamentos.

A dimensão estrutural, com a mesma base de fundamentação, e ilustrada na parte

inferior da figura (6), apresenta aparência a nível micro, como a força das relações e, aspectos

de nível macro, como a configuração da network. Nesse norte, a maioria dos estudos sobre

redes sociais limita-se a esta dimensão do capital social, incluindo aqui os estudos sobre

centralidade nas redes, que buscam identificar os atores em uma rede que dominam os

recursos e ferramentas utilizadas por todos.

A dimensão relacional, apresentada na parte superior esquerda da figura (6), destaca

os possíveis conteúdos transacionados e a diversidade das ligações entre os atores da network.

Nesse contexto, os estudos analisam os papéis que os atores assumem interna e externamente

à rede como: amigos, informantes, confidentes ou mentores.

Figura 6: Dimensões do capital social Fonte: Régis (2008)

idéia

idéia

idéia

idéia

idéia

idéia

Significados compartilhados

Dimensão Cognitiva

Dimensão

Relacional

Informação

Amizade

Confiança

Força dos laços

Dimensão Estrutural

Fortes

Fracos

Configuração da network

centralidade

densidade

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2.5.1 Dimensão Estrutural

Granovetter (1973) argumentou que o grau de sobreposição das redes de amizade entre

duas pessoas varia em proporção direta com a força da ligação entre um e outro. Nesse

sentido, a dimensão estrutural do capital social relaciona os aspectos estruturais dos

relacionamentos entre os atores da network e poderá ser analisada a partir de duas

perspectivas: a perspectiva dos laços da network e a perspectiva da configuração da network

(NAHAPIEST e GHOSHAL, 1998). A maioria dos estudos sobre redes sociais limita-se a esta

dimensão do capital social, incluindo aqui os estudos sobre a força dos laços de Granovetter

(1973).

Assim, por volta de 1973, Mark Granovetter propôs que os laços fracos podem ser

muitas vezes, mais importantes que os laços fortes, para entender certos fenômenos baseados

na estrutura da rede de relacionamento. Pesquisas têm confirmado a teoria de Granovetter

(1973), porém duas questões têm sido negadas nessa linha de pesquisa. Primeiro, existe uma

considerável ambiguidade no que constitui laços fortes e o que constitui laços fracos.

Granovetter identificou quatro propriedades dos laços fortes: a quantidade de tempo, a

intensidade emocional, a intimidade e serviços recíprocos. Na prática, laços fortes têm sido

medidos de diferentes formas. Alguns medem a força dos laços como nominações recíprocas,

a fraqueza dos laços como nominações não recíprocas e a ausência de laços como sem

nominação (FRIEDKIN, 1983). Outras medidas incluem contato recente (LIN, DAYTON e

GRENWALD, 1978). Algumas vezes rótulos como “amigo”, “parente” ou “vizinho” são

usados para identificar laços fortes (LIN, ENSEL e VAUGHN, 1981).

Segundo Kuipers (1999), a medida da força dos laços ocorre através de questões que

abarcam não só a percepção individual sobre a proximidade numa relação, mas

consequentemente a duração da relação e a frequência dos seus contatos em rede. Borges Jr.

(2004), utilizando-se dos conceitos de Granovetter (1973), demonstra o papel que estes laços

têm no processo de inovação tecnológica para as organizações. O autor defende que os laços

fracos são os mais propícios para que ocorram modificações na estrutura interna de uma rede,

uma vez que estes laços fazem com que os indivíduos percebam outras realidades. A análise

da dimensão estrutural, quando se considera a configuração da network, se faz pela

determinação do padrão de ligações dentre os seus membros. Nahapiet e Ghoshal (1998) usam

a perspectiva da configuração como uma referência ao padrão geral de conexão entre os

atores, tais elementos de configuração como centralidade, densidade, conectividade e

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hierarquia afetam a flexibilidade e a facilidade das trocas nas redes pela acessibilidade e

extensão dos contatos dos seus membros (KRACKHARDT, 1992; SCOTT, 2000;

WASSERMAN; FAUST, 1994).

A literatura apresenta, que pela análise da densidade e da centralidade de uma rede, é

possível avaliar de forma básica a estrutura de uma rede social. Para isso, é preciso que se

compreendam os seus conceitos.

Segundo Scott (2000), a Densidade encontra-se representada pelo número de ligações

existentes com relação ao número de ligações possíveis. Enquanto que a centralidade

encontra-se representada pela medida de quão acessível um determinado ator está para os

demais atores da rede, além da dependência do padrão de distribuição, ou da maneira como os

diversos atores estão interligados.

Nesse sentido, a centralidade de uma rede pode ser usada como atributo para medir a

acessibilidade de uma pessoa e o número de caminhos de comunicação que passam por ela.

Assim, quanto maior for o número de ligações entre os atores de uma rede, menor será a

probabilidade de atores centrais deterem o controle sobre o fluxo de informações. Ou seja, a

monopolização do fluxo de informações irá determinar o poder de um ator e o grau com que

ele transfere benefícios e serviços para outros integrantes da rede (MARINHO-DA-SILVA,

2003).

A centralidade pode ser avaliada através de três medidas que em sua grande maioria

são empregadas para a análise das redes sociais: centralidade de grau (degree), centralidade de

intermediação (betweenness) e centralidade de proximidade (closeness) (QUIROGA, 2003).

Assim, a centralidade de grau é medida pelo número de ligações que um ator tem e

pode se distinguir pelos graus de conectividade de entrada (indegree) e de saída (outdegree).

Nesse sentido, a centralidade de grau de entrada demonstra o número de ligações que um ator

recebe de outros atores, enquanto que a centralidade de grau de saída demonstra o número de

ligações que um determinado ator estabelece com outros atores de um grupo. Desta forma, a

centralidade de grau de entrada afere a receptividade de uma pessoa na rede, enquanto que a

centralidade de grau de saída mede a sua expansividade (WASSERMAN; FAUST, 1994).

Nesse norte, pode-se afirmar que a acessibilidade de uma pessoa a informações que

circulam pela rede é medida pela centralidade de grau. A centralidade de grau também pode

ser apontada como o grau em que um ator é capaz de influenciar ou ser influenciado pelos

componentes da rede (QUIROGA, 2003).

Contudo, a literatura afirma que a centralidade de grau apresenta algumas limitações

em analisar redes por não considerar as características demográficas. Assim, os atores com

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maior quantidade de contatos diretos são elos importantes na rede social. Marinho-da-Silva

(2003) exemplifica esta questão mostrando que um ator conectado a 5 atores num grupo de

100 atores está em situação diferente de um outro ator igualmente conectado a 5 atores num

grupo de 15 atores. Da mesma forma, um ator conectado a 2 atores periféricos está em

situação diferente de um outro ator ligado a 2 atores centrais. Com o intuito de se reduzir esta

limitação, há a possibilidade de se usar a centralidade de intermediação.

A centralidade de intermediação é capaz de fornecer indicações sobre o controle

exercido por um ator sobre as interações entre outros atores na rede, servindo de

intermediador. Na medida em que dois atores não estejam posicionados lado-a-lado na rede,

eles dependem de um, ou mais de um, ator para poderem se relacionar indiretamente com

outra pessoa da rede. Desta forma, quanto mais um certo ator da rede estiver entre outros

atores, de forma a ser uma passagem obrigatória, mais elevada será a centralidade de

intermediação deste ator. Estes atores podem ser chamados de “pessoas pontes” (MARINHO-

DA-SILVA, 2003).

Nesse sentido, importante se faz inserir a seguinte questão norteadora:

Como está disposta a estrutura social da Rede de Supermercados sorriso?

A seguir serão apresentadas as teorias acerca da dimensão relacional, que visam

fundamentar a segunda questão norteadora.

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2.5.2 Dimensão Relacional

A dimensão relacional tem como objeto de estudo a demonstração dos papéis dos laços

diretos entre os atores com relação aos conteúdos transacionados nas interações e suas

diversidades. Essa dimensão aborda o conteúdo transacionado entre os atores da network.

Consideram-se papéis, a parte que cada ator desempenha como amigo, informante e

confidente (RÉGIS, 2005). Entre os conteúdos transacionados na dimensão relacional,

encontramos a amizade, a troca de informações, o respeito, a confiança, as normas, as sanções

e a identificação (NAHAPIET; GHOSHAL, 1998).

A análise da dimensão relacional das redes pode ocorrer através da diversidade de

papéis e do conteúdo transacionado (INKPEN; TSANG, 2005), possibilitando mapear as redes

de amizade, informação e confiança. Os conteúdos transacionados podem ser definidos como

sendo materiais e não-materiais trocados entre dois atores, em uma situação ou relação

particular (BOISSEVAIN, 1974). Kuipers (1999) cita Tichy, Tushman e Fombrum (1979) que

identificam as redes baseados na troca entre os laços: a troca de informação, a troca de bens e

recursos e a troca de afeto. Os três elementos transacionados dependem, em parte, do papel e,

em parte, da maneira como o papel é desempenhado pelos atores. A importância do conteúdo

está na possibilidade que este permite de indicar os benefícios que os atores esperam obter do

relacionamento em grupo nas organizações. Kuipers (1999) é uma das pesquisadoras que

tratam das redes de amizade, de informação e de confiança no âmbito das organizações. Para a

autora, o conteúdo transacionado em cada um destes tipos de rede é específico. As definições

de Kuipers (1999) para estas três redes são apresentadas a seguir:

1) Rede de informação: é uma rede informal em que o conteúdo transacionado diz respeito ao que está acontecendo na organização como um todo, em relação a oportunidades de ascensão, processo decisório em outras divisões e/ou sucesso organizacional e que afeta todos os seus membros. 2) Rede de amizade: é uma rede informal baseada na troca de amizade e socialização que fornece apoio e melhora a auto-estima, além de encorajar certos comportamentos que aumentam a aceitação junto a grupos, dentro das organizações. 3) Rede de confiança: é uma rede de laços informais em que um ator corre riscos, ao abrir mão do controle dos resultados, por aceitar a dependência em relação a outro ator, sem força ou coação da relação contratual, estrutural ou legal. A análise de conteúdos de amizade, informação e confiança, transacionados nas

relações da uma rede informal, é vista por Kuipers (1999) como uma interação entre os

indivíduos, sendo própria ao contexto pelo qual a rede foi formada e os laços não devem ser

usados para transferências indiscriminadas de qualquer tipo de recurso. A autora entende que

o conteúdo transacionado em cada tipo de rede é específico á formação e composição dos

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objetivos da rede. Santos (2004) sugere que os laços de confiança são mais centrados na

pessoa do que na posição ou no cargo que esta ocupa. Relações de amizade e suporte social,

por outro lado, desenvolvem-se rapidamente, exigindo um período de tempo mais curto para

ocorrerem, enquanto que o desenvolvimento de laços de confiança (correr riscos) requer mais

tempo e são mais duradouros.

O conceito de laços fortes tem sido confundido com ambiguidade e inconsistência o

entendimento sobre o conteúdo amizade. Krackhardt (1992) usa a palavra grega philos para

designar um tipo particular de laço, por causa da sua especial característica, com implicações

que o fazem diferente de outros tipos de laços. Ele usou a palavra philos como um construto e

utilizou regras que governam seu uso. A palavra philos, ao significar ‘amigo’, pode apresentar

que “A é philos de B” ou num caso simétrico, “A e B são philos”. Define-se um

relacionamento philos como aquele que encontra as três condições necessárias e suficientes a

seguir:

1) Interação – Para A e B serem philos, A e B devem interagir entre si. As implicações desse componente é que deve existir uma grande probabilidade de cada um ter acesso à informação de ambos. Desde que as freqüentes interações proporcionem oportunidades para troca de tais informações. 2) Afeição – Para A ser philos de B, A deve gostar de B, A deve sentir afeição por B. Esse componente avaliado permite sustentar os prognósticos da teoria do equilíbrio de Heider e os prognósticos da “transitive closure” de Granovetter. Heider (1958) também prognosticou sobre a simetria do relacionamento “gostar” e pode assumir que, na maioria dos casos, tais relacionamentos são simétricos. De qualquer modo, pode-se ocasionalmente imaginar, quando a afeição não é recíproca, resultando em um relacionamento assimétrico. 3) Tempo – A e B para serem philos, deve ter um histórico de interações que tenha durado certo período de tempo. Isto é, não existe um philos instantâneo. Uma implicação é que no relacionamento philos não pode ser estudado em experimentos de laboratório. Embora alguém possa induzir pequeno período de estado de afeição e estudar “gostar” (BYRNE, 1971), o estudo do philos é afastado do campo, em que os relacionamentos têm tempo suficiente para se desenvolver.

Com relação ao conteúdo de informação, a estrutura de uma rede social permite a troca

de informações e conhecimentos entre seus membros, através dos laços fortes e fracos que

servem de canais para essa transação e gera um capital social, definido anteriormente como

normas, valores e relacionamentos compartilhados (MARTELETO, SILVA, 2004). O

conteúdo transacionado na rede de informação refere-se a assuntos que afetam todos os

membros da organização, como oportunidades de ascensão, processos decisórios e/ou sucesso

organizacional (KUIPERS, 1999). O conceito de “laços fortes e fracos”, de Granovetter

(1973), sugere que os laços fortes não facilitam a troca de informação ou geram informações,

ao contrário dos laços fracos que facilitam a inovação e a troca de informação. Esse mesmo

autor salienta que o indivíduo, que é capaz de transpor o que ele denomina “buraco estrutural”

– lacunas existentes nas redes de um grupo com os demais –, usufrui das vantagens de ser o

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intermediário da comunicação, seja ela dentro de seu grupo ou fora dele, e agrega valor ao

capital social de seu grupo através da utilização de informações obtidas na rede.

A análise de redes sociais permite identificar características importantes dos membros

da rede com relação à troca de informação, os chamados indivíduos conectores centrais e os

indivíduos considerados como gargalos. Os conectores, que agem de maneira positiva,

contribuem para o incremento da produtividade e são catalisadores entre os demais atores.

Outros podem gerar dependência e comprometer a dinâmica das demandas, com atraso nas

respostas (OPPEL-SILVA, 2007).

O sucesso das organizações depende da habilidade dos seus integrantes em criarem e

compartilharem conhecimentos que contribuam para o desenvolvimento de todos os

indivíduos do grupo. E, com essa finalidade, todos investem em capacitação, tecnologia e

infra-estrutura que possibilitem o crescimento de forma sustentável a todos. Entender como os

integrantes constroem e compartilham o conhecimento é um dos pontos que os estudos das

redes sociais buscam pela importância do conteúdo confiança transacionado para o sucesso da

organização. Dentro da dimensão relacional das redes sociais, existe um interesse na

confiança interpessoal como característica central do relacionamento que promove a criação e

o compartilhamento do conhecimento. Pesquisas mostram que a confiança leva a um aumento

na troca de conhecimento, tornando esse compartilhamento menos oneroso e aumentando a

percepção de que o conhecimento adquirido através de um colega é confiável e pode ser

utilizado.

Nesse sentido, a literatura tem definido confiança interpessoal como a predisposição de

um indivíduo em estar disponível para trocar informações com o outro. Pesquisas sugerem

duas dimensões da confiança que podem promover a criação e o compartilhamento do

conhecimento: a benevolência (você se preocupa comigo e está interessado em meu bem estar

e nos meus objetivos) e a competência (você tem experiência suficiente que lhe garante o

conhecimento sobre o assunto de que está falando) (ABRAMS, L. et al. 2003). Segundo

Kuipers (1999), a rede de confiança é a rede em que o indivíduo corre risco ao abrir mão do

controle dos resultados, por aceitar a dependência em relação a outro ator, sem força ou

coação da relação, seja contratual, estrutural ou legal.

Nesse sentido importante se faz inserir a seguinte questão norteadora:

Quais os conteúdos transacionados na Rede de Supermercados Sorriso?

A seguir serão apresentadas as teorias acerca da dimensão relacional, que visam

fundamentar a terceira questão norteadora.

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2.5.3 Dimensão Cognitiva

Estudos apontam que a dimensão cognitiva representa as ferramentas disponibilizadas

pelo compartilhamento de significados entre os integrantes das redes, ou seja, suas

interpretações e sistemas de significados incluindo a linguagem, os códigos e as narrativas

compartilhadas (NAHAPIET; GHOSHAL, 1998). Esses significados são ideias comuns, com

relação a assuntos diversos, que fazem parte do contexto da rede e orientam as decisões e

comportamentos (RÉGIS, 2005). Autores como Nahapiet e Ghoshal (1998) destacam a

importância dessa dimensão por entenderem que a mesma representa uma série de avaliações

pouco estudadas na literatura sobre o capital social no que se refere à teoria das organizações.

Esses autores entendem que o capital social, através da dimensão cognitiva, possibilita o

desenvolvimento do capital intelectual, criando as condições necessárias para que aconteça a

troca e o compartilhamento entre os atores.

Para o estudo da dimensão cognitiva, define-se o capital intelectual como o

conhecimento único de cada indivíduo e a sua compreensão da capacidade da coletividade

social. Isso reflete a crença de que o capital intelectual é um fator social e que o conhecimento

e os significados estão inseridos no contexto social, ambos criados e sustentados através das

relações entre os atores da rede social. Pesquisadores reconhecem que a inovação geralmente

acontece através da combinação de diferentes conhecimentos e experiências e que a

diversidade de opiniões é uma maneira de expandir esse conhecimento. Uma parte essencial

dessa troca social é realizada através do compartilhamento da linguagem, dos vocabulários e

das narrativas coletivas. Esses elementos constituem facetas compartilhadas pela cognição que

facilitam a criação do capital intelectual, especialmente através da capacidade de

comunicação, agindo tanto como mediadores como produto na interação social (NAHAPIETH

e GHOSHAL, 1998).

2.6 Mapas Cognitivos

Segundo Weick e Bougon (1986), a noção de “mapas cognitivos” é entendida através

de uma metáfora, cujo sentido analisa a natureza do fenômeno “organização”. Os autores

afirmam que: “As organizações existem largamente na mente, e sua existência toma a forma

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de mapas cognitivos, nesse sentido o que une uma organização é o mesmo que vincula, ou

coloca junto, pensamentos” (WEICK; BOUGON, 1986:102). Para Laukkanen (1992), os

mapas cognitivos servem como instrumentos que demonstram as informações orais ou escritas

que expressam afirmações, explanações, regras e etc. de forma que se possa acessar os

pressupostos do investigado, mesmo que o mesmo tente esconder. No mesmo norte, Bastos

(2002) entende que os mapas cognitivos possibilitam apresentar, inclusive ao investigado,

pressupostos que nem mesmo ele ainda conhece.

A dimensão social dos processos cognitivos humanos resultou em uma área específica

de pesquisa na Psicologia Social, com interesses nos processos usados pelas pessoas, para

gerarem o conhecimento e a compreensão dos aspectos da vida cotidiana. Neste sentido, a

“cognição social” resgata, cientificamente, tópicos como, os processos de atribuição,

formação de impressões, estereótipos, atitudes, protótipos, schemas e scripts (BASTOS,

2001).

Bastos (2000a e 2001) aponta que além da dicotomia entre pessoas e organizações

cabe afirmar que “organizações” podem ser para diferentes pessoas, realidades distintas.

Tichy, Hornstein e Nisberg (1977) consideram que aquilo que se vê de uma organização

depende daquilo que se busca de acordo com os objetivos individuais. Juntos, o que se procura

e o que se vê determinam as ações e relações dos indivíduos. Zajonc e Wolf (1966) defendem

e apontam que os membros de uma organização perseguem diferentes objetivos.

Segundo Nicolini (1999, p. 836), a utilização pelos pesquisadores dos mapas

cognitivos nos estudos das organizações, poderá ser uma das táticas possíveis para representar

cognições sociais: “mapas poderiam ser considerados apenas instrumentos de descrição e

representação que ajudam na discussão e análise de alguns modos de pensamento e

explicações dos eventos”. Assim, para o autor, o trabalho de mapear estruturas cognitivas

envolveria “explorar as maneiras pelas quais essas entidades representacionais são unidas,

transformadas ou contrastadas”.

Na literatura atual, é bastante explorado o estudo dos tipos de mapas cognitivos com

foco na área das organizações. Nesse sentido, os estudos de Fiol e Huff (1992) são

predominantes quando apontam os seguintes tipos de mapas:

Mapas de identidade: tomam como base a análise de conteúdo para encontrar

conceitos e temas centrais nos discursos enunciados pelos indivíduos de uma rede, e assinalam

as principais características do terreno cognitivo e, as atividades envolvidas na sua construção

são básicas para todos os demais tipos de mapas;

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Mapas de categorização: procuram delinear os schemas utilizados por gestores, ao

agruparem eventos e situações com base em suas semelhanças e diferenças. Esses mapas

possibilitam acesso ao sistema de categorias de pensamento utilizado e a dimensão de

hierarquia que existe entre esses conceitos;

Mapas causais: entre todos os mapas estudados, são os mais difundidos nos estudos

gerenciais e, por isso contribuem para uma compreensão dos vínculos que indivíduos

constituem entre ações e resultados ao longo do tempo das relações.

No presente estudo, será utilizado o mapa de identidade que servirá para capturar os

significados compartilhados pelos integrantes da rede e a compreensão deles com relação às

ações da rede e os resultados nas suas organizações. No momento oportuno, será apresentada

a metodologia, bem como as técnicas utilizadas para a elaboração destes mapas.

Nesse sentido, importante se faz inserir a seguinte questão norteadora:

Como os integrantes percebem a importância da Rede de Supermercados sorriso

nos resultados obtidos?

A seguir serão apresentadas as teorias sobre desempenho financeiro, que visam

fundamentar a quarta questão norteadora.

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2.7 Desempenho Financeiro

Segundo a literatura, para medir o desempenho de uma organização, é necessário um

conjunto de elementos que contribuam de forma direta na análise dos resultados almejados

pela administração. Assim, o ato de medir reúne um conjunto de atividades, pressupostos e

técnicas que, segundo Bandeira (1997), visa quantificar as variáveis e atributos de interesse do

objeto a ser analisado. No que se refere ao termo desempenho, ela encerra em si a idéia de

algo que já foi realizado, executado ou exercido, e no caso financeiro, a idéia de que os dados

acerca dos faturamentos ocorridos contam a história de uma organização.

Frost (1999) aponta que grande parte das organizações usava como indicadores de

desempenho os resultados financeiros. O mesmo autor afirma ainda que diferentes níveis

dentro das organizações se valiam dos “budgets” (orçamentos) para definirem os objetivos

com a gerência de nível imediatamente superior. O autor ainda relata que uma combinação de

fatores, como o aumento da demanda no mercado, associado a uma competição mais acirrada,

fez com que o tempo se tornasse mais curto, e dessa forma, exigia-se que tudo fosse melhor,

mais rápido e mais barato. De acordo com Nakamura e Mineta (2001), ao tratarem dos

indicadores de desempenho do balanced score card apontam que em uma tendência crescente,

estão se reavaliando os mecanismos de medição de desempenho das organizações e

formulando-se indicadores que possibilitem monitorar as estratégias e aplicar possíveis

alterações do foco competitivo.

Segundo Gonçalves (2002), todas as organizações precisam de um algum modelo de

avaliação de desempenho, uma vez que a realização contínua do processo de avaliação

permite que estas conheçam a eficiência e a eficácia de suas ações, bem como o

comportamento das pessoas, dos processos e dos programas da organização.

Com relação ao objeto de pesquisa, o indicador de desempenho mostra-se inserido em

um contexto que poderá corroborar outras variáveis comportamentais contidas no grupo.

Assim, entende-se como conceito de desempenho a quantificação de como estão sendo

realizadas as atividades organizacionais. Nesse norte, o indicador de desempenho deve servir

para quantificar especialmente a eficácia de uma tomada de decisão feita pela organização.

Miranda e Silva (2002) ressaltam que os indicadores de desempenhos desejáveis estão

relacionados à definição das mensurações que de fato devem ser consideradas, bem como dos

atributos de desempenho relevantes que serão adotados como referência de avaliação da

organização.

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Kaplan e Norton (1997) sustentam que, de forma isolada, os indicadores financeiros

são inadequados para orientar e avaliar uma organização em um ambiente competitivo. Para

estes, os indicadores contam parte, mas não toda a história das ações passadas, bem como não

fornecem orientações adequadas para as ações que devem ser realizadas para o futuro.

Segundo Miranda et al. (2001), a literatura tem mostrado que, no passado, as empresas

tomavam decisões baseadas apenas em informações financeiras, obtidas através da

contabilidade das organizações. Atualmente, as tomadas de decisões envolvem um maior

número de variáveis, exigindo uma grande preocupação entre os gestores com indicadores

como: relações sociais, satisfação de clientes, campanhas sociais, qualidade dos produtos,

fidelidade dos clientes, inovação, habilidades estratégicas, entre outros. Essas medidas

financeiras têm sofrido críticas de estudiosos dedicados a esta temática, contudo, elas não

devem ser esquecidas quando da avaliação de resultados e desempenhos.

É importante destacar que estudos recentes têm mostrado que tais indicadores aliados a

outras variáveis como as relações sociais internas e externas as organizações, são capazes de

fornecer evidências concretas dos efeitos de todas as outras medidas. (PIAZZI FILHO E

OLIVA, 2007)

Várias são as metodologias e ferramentas utilizadas no meio científico e nas

organizações para medir indicadores de desempenho. A literatura aponta entre outros o SADO

– Sistema de Avaliação de Desempenho Organizacional, criado para órgãos públicos, tendo

como foco o poder executivo municipal. A nível teórico, também há o modelo BSC –

Balanced Score Card, desenvolvido por volta de 1990, pelos consultores: Robert Kaplan e

David Norton, considerada uma nova forma de mensuração do desempenho para a

administração estratégica. Tal ferramenta surgiu da necessidade que as organizações

apresentavam de terem um maior controle de suas perspectivas para atendimento às

necessidades dos stakeholders.

Nesse sentido, importante se faz inserir a seguinte questão norteadora:

Quais os resultados financeiros alcançados pelos integrantes, após a criação e

desenvolvimento da rede?

Em seguida, serão apresentados os procedimentos e ferramentas adotados pelo

pesquisador acerca da metodologia, que possibilitará a realização da investigação conforme

seus conceitos e paradigmas científicos.

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3 METODOLOGIA

O propósito desse capítulo é apresentar os principais argumentos metodológicos em

que se baseou a edificação e a execução da investigação. Serão descritas informações sobre o

delineamento da pesquisa, a população e a amostra, bem como os instrumentos de coleta de

dados, a própria coleta de dados, a análise dos resultados e as limitações que permearão este

estudo investigatório.

3.1 Delineamento da pesquisa

A importância da metodologia na edificação do conhecimento é essencial a sua

pretensão de cientificidade. Segundo Demo (1996), a característica básica da constituição do

conhecimento cientifico traduz-se no questionamento sistemático. Nesse mesmo norte, Guba e

Lincoln (1994) assumem que um paradigma de pesquisa traduz todo um conjunto de crenças

básicas que o pesquisador carrega consigo no desenvolver da sua vida cientifica. Assim, é

natural, que junto a esse paradigma, acompanhem-se objetos de pesquisa, problemas

pesquisados e métodos de coleta e análise, que serão automaticamente influenciados pela

visão de mundo do pesquisador no decorrer de sua atuação como investigador dos fenômenos

sociais.

A afirmativa dos autores acima se reveste de veracidade quando se observam que as

crenças básicas do investigador encontram-se fundamentadas nos pressupostos ontológicos,

epistemológicos e metodológicos que demonstrarão a formação do pesquisador com relação à

natureza do mundo, lugar e as relações entre os fenômenos sociais em que se inserem os

indivíduos da sociedade e o próprio pesquisador.

Richardson et al. (2007) abordam que a estratégia utilizada em um determinado estudo

cientifico fundamenta-se em um conjunto de pressupostos ontológicos e da natureza humana

que definem o ponto de vista que o pesquisador tem do mundo que o cerca. Sendo assim, a

epistemologia refere-se à natureza da relação entre sujeito e objeto pesquisados. O método

deve ser buscado para resolver o problema, sendo devidamente adequado as suas

características e formalidades exigidas pelo fenômeno. Nesse sentido, a hermenêutica de Max

Weber nos ensina que o paradigma da compreensão é a interpretação de significado das coisas

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e propõe a construção de modelos de representação de variáveis e de tipos como mecanismo

adequado a esse tipo de pesquisa cientifica (GONÇALVES; MEIRELLES, 2004).

Para Marteleto (2001), a análise de redes estabelece um novo paradigma na pesquisa

sobre a estrutura social. Para estudar como os comportamentos ou as opiniões dos indivíduos

dependem das estruturas nas quais eles se inserem, a unidade de análise não se refere aos

atributos individuais (classe, sexo, idade, gênero), mas ao conjunto de relações que os

indivíduos estabelecem através das suas interações com os outros. A estrutura é apreendida

concretamente como uma rede de relações e de limitações que pesa sobre as escolhas, as

orientações, os comportamentos e as opiniões dos indivíduos.

Após observar estas questões, optou-se pela pesquisa multimétodo, uma vez que os

objetivos da investigação foram alicerçados tanto no paradigma qualitativo quanto no

quantitativo, além da metodologia de estudo de análise das redes. Com relação a esses

paradigmas, encontram-se associadas técnicas, estratégias de pesquisa, métodos para coleta e

análise de dados que possibilitam abordar problemas, além de explicar, entender, prever ou até

sugerir ações fundamentadas nos pressupostos do pesquisador.

A nossa pesquisa baseou-se na técnica Ex-post-facto, considerada uma investigação

sistemática e empírica, na qual o pesquisador não tem controle direto sobre as variáveis

independentes, ou porque já ocorreram suas manifestações ou porque são intrinsecamente não

manipuláveis. Sendo assim, a manipulação da variável independente é impossível, elas

chegam ao pesquisador já tendo exercido os seus efeitos (RICHARDSON, 2007). Tal

justificativa reside na formatação do estudo que busca compreender os fenômenos já ocorridos

durante a formação e desenvolvimento da rede sorriso no período de 2003 a 2008.

A pesquisa teve como estratégia um Estudo de Múltiplos Casos (multiple case study),

e nesse aspecto Yin (1994) define que, embora essa estratégia tenha sido estereotipada como

fraca entre os métodos de Ciências Sociais, tem sido bastante utilizada na área, em campos

orientados pela prática e como estratégias nas pesquisas de teses e dissertações.

O mesmo autor assegura ainda que, por ser método próprio de explicar os fenômenos

ou problemas que apresentam características peculiares, alguma idiossincrasia com destaque

que justifique o esforço de pesquisa. O estudo de múltiplos casos permite principalmente

examinar acontecimentos contemporâneos, quando não se podem manipular os

comportamentos relevantes e representa uma maneira de investigar um tópico empírico,

seguindo-se um conjunto de procedimentos pré-especificados. Existem três situações que

justificam a escolha do estudo de múltiplos casos como método de pesquisa: para auxiliar na

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construção de teorias, para descrever casos raros desviantes ou para revelar um fenômeno

pouco acessível ao investigador comum (YIN, 2001).

Estudos de múltiplos casos, por sua natureza mais específica e verticalizada, podem

contribuir com mais subsídios para uma análise particular desses processos em tipos

diferenciados de organizações, identificando as consequências para cada organização em nível

de estrutura, relações, cultura e resultados. Quanto ao controle de comportamentos, o método

do estudo de múltiplos casos possibilita a análise de uma situação na qual não se possam

realizar interferências no sentido de manipular comportamentos relevantes. Neste método, os

dados são coletados a partir de múltiplas fontes, todas baseadas em relatos, documentos ou

observações. Isto significa que podem ser utilizadas inclusive evidências (dados) de natureza

quantitativa que estejam catalogadas, conforme proposto por Stake, Denzin e Lincon (2001).

O estudo foi desenvolvido com base tanto em Surveys (quantitativo) como em

entrevistas (qualitativo) (GONÇALVES; MEIRELLES, 2004). Segundo Bryman (1995), é

uma estratégia em que a combinação entre métodos quantitativos e qualitativos traz resultados

positivos para o entendimento do problema, possibilitando o uso combinado de diferentes

instrumentos de coleta e análise de dados.

Segundo Richardson (2007), é possível estabelecer pontos de integração entre os

métodos quantitativos e qualitativos. Para o autor, na fase do planejamento, a discussão e o

uso de técnicas de entrevistas e a observação podem contribuir na formulação do problema de

pesquisa. Na fase de coleta de dados, o uso de técnicas qualitativas possibilitará um

aprofundamento detalhado de informações, que enriquecerão a pesquisa, enquanto que na

análise dessas informações as técnicas quantitativas permitirão averiguar os resultados dos

questionários e as relações descobertas pelo estudo.

A abordagem quantitativa preocupa-se com a quantificação de dados, utilizando para

isto recursos e técnicas estatísticas, podendo ser empregadas em pesquisas descritivas ou

conclusivas, enquanto a abordagem qualitativa tem sido frequentemente utilizada em estudos

voltados para a compreensão da vida humana em grupos. Com relação à análise das redes,

Wasserman e Faust (1994) apontam as características fundamentais desse tipo de análise

como: 1) o foco em relações e em padrões de relações requer um conjunto de métodos e

conceitos analíticos que são distintos dos métodos das estatísticas tradicionais e análise de

dados; 2) a análise de redes sociais é baseada na assimilação da importância do

relacionamento entre unidades de interação; 3) as relações definidas por vínculos entre

unidades são componentes fundamentais da teoria de redes; 4) a unidade de análise não é o

indivíduo, mas um grupo de indivíduos e os vínculos entre eles.

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O estudo multimétodo apóia-se na afirmação de Marteleto (2001) sobre o interesse que

a análise de redes sociais desperta nos pesquisadores que tentam explicar o impacto dos

relacionamentos na vida social das pessoas. Bruyne, Herman e Schoutheete (1991) mostram

que, embora de cunho frequentemente qualitativo, o estudo de múltiplos casos pode se basear

em medidas diacrônicas de variáveis, construindo séries cronológicas que, em estudos sobre

mudança, por exemplo, permitem analisar relações de causa e efeito entre variáveis

intervenientes.

Segundo Cooper e Schindler (2003), a pergunta de pesquisa é fundamentada em fatos,

a partir dos quais, o pesquisador procura explicações para fornecer informações científicas,

diminuindo as lendas sociais e defendendo práticas profissionais mais embasadas e confiáveis.

Nesta pesquisa, ocorreram as seguintes perguntas que nortearam o estudo:

. Como está disposta a estrutura social da rede de supermercados sorriso?

. Quais os conteúdos transacionados na rede de supermercados sorriso?

. Como os integrantes percebem a importância da rede de supermercados sorriso

nos resultados obtidos?

. Quais os resultados financeiros alcançados pelos integrantes, após a criação e

desenvolvimento da rede?

Com isso, este estudo possibilita compreender o caso particular resumido na pergunta

de pesquisa reapresentada a seguir:

Até que ponto a rede de supermercados sorriso e os conteúdos nela

transacionados influenciam no desempenho financeiro das organizações participantes?

A seguir serão apresentadas a população e amostra que comporão o estudo.

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3.2 População estudada

De acordo com o paradigma acima revelado, o estudo de caso escolhido contempla a

possibilidade de se encontrar resultados significantes que poderão contribuir para a literatura

das redes sociais com foco no desenvolvimento de micro e pequenas organizações em rede.

Além disso, oferece a oportunidade de observar e examinar o fenômeno da associação de

empreendedores através da análise das redes sociais.

A Rede de Supermercados Sorriso, fundada a partir de 2003, é composta atualmente

por 18 integrantes que atuam no ramo varejista de mercados de bairro na cidade de Sousa e

região do alto sertão paraibano. Além dos integrantes da rede, existe ainda um coordenador

administrativo que oferece suporte à rede no que se refere às questões de organização interna e

campanhas promocionais e sociais. Existem também os gestores de entidades representativas

de classes que dão apoio organizacional à rede de supermercados sorriso, como o SEBRAE, a

ASCISA, o SINDIEMPRESA e o CDL, todos com representatividade regional.

Nesta pesquisa, foram utilizados como respondentes, os atuais 18 integrantes da rede

sorriso. Estes integrantes representam os seus mercados de bairro com porte de pequenas e

micro empresas que, no geral, estão registradas sob razão social do próprio nome dos

participantes da rede. Em alguns poucos casos (6), as empresas estão registradas sob a razão

social do nome do cônjuge, do irmão (ã) ou do pai/mãe. Assim, todos os integrantes

pesquisados darão suporte aos objetivos e finalidades do estudo para a compreensão do

fenômeno pesquisado, conforme delineado no bojo desse trabalho.

A seguir será apresentada a instrumentação das variáveis que abordará como cada

questão norteadora será medida.

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3.3 Instrumentação das variáveis

Como já apresentado no capítulo da fundamentação teórica, nosso problema de

pesquisa gerou as questões norteadoras que serão instrumentadas conforme segue abaixo:

Dimensão Estrutural

Para medir e construir a estrutura da rede foi elaborado um sociograma com base na

teoria de análise das redes sociais, baseado no instrumento utilizado por Régis (2005), com

uso da ferramenta UCINET (BORGATI, 2002) que possibilitou construir a rede geral, além

das análises de centralidade e densidade da rede e dos indivíduos, segundo a dimensão

estrutural do capital social, demonstrando como se encontra configurada à rede de

supermercados sorriso.

Dimensão relacional

Para medir e analisar os conteúdos transacionados na rede sorriso, utilizou-se da

aplicação do questionário de análise das redes sociais, criado e validado por Régis (2005) com

as adaptações necessárias à presente pesquisa, que possibilitou a identificação e construção

das sub-redes dos conteúdos transacionados.

Dimensão cognitiva

Para medir e compreender a importância da rede na percepção dos integrantes,

elaborou-se um roteiro de entrevista não estruturada, que buscou conhecer o que, como e por

que algo ocorre na rede (RICHARDSON; COLABORADORES, 2007), com a finalidade de

investigar como os integrantes perceberam a importância da criação da rede sorriso no

desenvolvimento de suas empresas.

Desempenho financeiro

Para medir os resultados financeiros alcançados depois da criação e desenvolvimento

da rede, efetuou-se um levantamento fiscal/financeiro (Apêndice E) junto aos integrantes da

rede e junto a um grupo de controle. Este levantamento registrou os valores trimestrais das

compras, das vendas e dos estoques no período de 2003 a 2008. Esse período justifica-se por

ser o ano inicial de criação da rede de supermercados sorriso, além de algumas empresas dos

dois grupos terem iniciados suas atividades após esse período de criação da rede. Com isso,

buscou-se analisar a evolução financeira durante o período citado. Segundo Gil (2007), os

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dados são coletados e armazenados para serem utilizados pelas organizações, contudo, podem

também, ser muito úteis para estudos sociais.

Os dados levantados passaram pelo processo de atualização econômica como forma de

manter ajustado o seu valor financeiro. Para corrigir a defasagem econômica provocada nos

períodos levantados, foi efetuada a atualização pelo índice do IGP-M nos respectivos períodos

(anexo 02). O IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) é calculado pela FGV (Fundação

Getúlio Vargas), e formado por três taxas: Índice de Preços por Atacado (IPA) que

corresponde a 60% do IGP-M; Índice de Preços ao Consumidor (IPC) que responde por 40%

do IGP-M total; e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) que é 10% do IGP-M.

O grupo de controle foi composto por empresas do segmento de mercados de bairro,

com estabelecimentos medindo no máximo 250m², com exploração de atividades de gêneros

alimentícios, produtos, serviços domésticos e pessoais. Esse grupo foi escolhido porque

explora a mesma atividade do grupo de estudo no mesmo período de criação da rede. O

faturamento individual, anual, máximo nos dois grupos é de R$ 1.500.000,00 (um milhão e

quinhentos mil reais) e tem na sua carteira de clientes famílias de classe média baixa que

residem próximo ao estabelecimento.

A seguir será descrito os instrumentos que foram utilizados para coletar as questões

norteadoras.

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3.4 Coleta de Dados

Para esse momento, foram apresentados os instrumentos de coleta de dados seguindo a

mesma ordem de cada questão norteadora conforme apresentado na seção anterior.

No primeiro momento, realizou-se um contato com cada integrante da rede de

mercadinhos para explicações do estudo e da aplicação dos instrumentos metodológicos. No

segundo momento, a aplicação ocorreu na seguinte ordem: entrevista, cartão identificador de

nomes, questionário. Quanto ao levantamento dos dados financeiros, este ocorreu em

momento anterior à aplicação da pesquisa, sendo identificado como informações exploratórias

e objetivou ainda, não influenciar a aplicação dos demais instrumentos metodológicos. No

decorrer da aplicação da pesquisa, os respondentes foram informados quanto ao sigilo das

informações e como proceder no caso de dúvidas das respostas como também sobre o material

e ferramentas utilizados na aplicação da pesquisa. A seguir, cada questão norteadora e seus

instrumentos de coleta.

Dimensão estrutural

Para coletar os dados da estrutura da rede, que foi a primeira variável da pesquisa,

aplicou-se o instrumento cartão identificador de nomes (Apêndice C) criado por Régis (2005),

que possibilitou construir a estrutura social geral da rede de supermercados sorriso, bem como

identificar atributos como a centralidade. A aplicação do cartão identificador de nomes

ocorreu de forma individual a cada integrante da rede e sempre após aplicação das entrevistas

para não gerar vieses. Nessa ferramenta, os integrantes da rede escreveram os nomes de até

seis pessoas que foram as mais importantes da sua rede de relações, para o desenvolvimento

de sua empresa, além da indicação do papel social dessas pessoas na sua rede (ex. amigo,

colaborador, sócio, pai ou funcionário).

Dimensão relacional

Com relação à variável relacional, aplicou-se o instrumento questionário, elaborado e

validado por Régis (2005) com escala likert (Apêndice D), que abordam as relações de

amizade, de troca de informações, de confiança e de mentoria, que permitirá identificar os

conteúdos transacionados na rede de supermercados sorriso. Sendo que no presente estudo

serão descartadas as relações de mentoria por não ser objeto de pesquisa. Assim, tiveram-se

18 questões iniciais para medir o conteúdo transacionado, através de afirmativas sobre os

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comportamentos das pessoas da network através de uma escala tipo Likert, variando de 5

(sempre) até 1 (nunca). Além de outras 5 questões finais que foram utilizadas para medir as

informações sobre os relacionamentos no que se refere à força dos laços na rede.

Esse questionário seguiu como uma capa de identificação do pesquisador, orientador e

da instituição de ensino, juntamente a uma carta de apresentação (Apêndice A), explicando os

objetivos e responsabilidades da pesquisa e do pesquisador quanto à divulgação das

informações e resultados posteriores do trabalho.

Dimensão cognitiva

Para variável cognitiva aplicaram-se como instrumento as entrevistas não estruturadas

que visam interpretar como os integrantes perceberam a importância da rede no

desenvolvimento de suas empresas, com base na teoria do capital social. Para analisar essa

variável, utilizou-se da técnica da análise de conteúdo nas entrevistas realizadas nos

integrantes da rede. Na aplicação das entrevistas, os integrantes da rede foram solicitados a

fazer evocações livres sobre as ideias que possuem com relação à forma com que a rede

contribuiu para o desenvolvimento do seu empreendimento após a sua criação ou participação

deles na rede.

Nesse sentido, se fez importante aplicar as entrevistas em primeiro lugar, antes dos

questionários, para evitar viéses. Richardson (2007) resume a análise de conteúdo como um

conjunto de instrumentos metodológicos que se aplicam aos discursos diversos e buscam

compreender os significados do conteúdo expressado pelo indivíduo entrevistado no decorrer

das evocações por ele apresentada.

Desempenho financeiro

Com relação à questão da variável desempenho financeiro, o instrumento utilizado foi

documental. Levantaram-se os dados secundários advindos das informações

fiscais/financeiras, apresentadas através de relatórios internos dos respondentes com base em

valores trimestrais das empresas integrantes e do grupo de controle com características

próximas às dos integrantes da rede de supermercados sorriso. Esse grupo de controle serviu

para dar suporte à questão norteadora do desempenho financeiro, que possibilitou o confronto

entre os grupos de estudo e de controle, possibilitando a análise da evolução financeira no

período após a criação e desenvolvimento da rede sorriso. Assim, pôde-se comparar o

desenvolvimento financeiro de empresas participantes e não participantes da rede sorriso, de

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forma a observar se o crescimento financeiro foi decorrente da participação na rede ou do

crescimento da demanda, provocado por aspectos econômicos.

A seguir, será apresentado como os dados serão analisados para cada questão

norteadora.

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3.5 Métodos de análise

Para esse momento, apresentaram-se as formas de análises dos dados de cada questão

norteadora de acordo com a metodologia traçada no presente estudo.

Dimensão estrutural

Para analisar a estrutura, utilizou-se do método de análise das redes sociais, com

fundamento na teoria da Sociometria de Moreno, auxiliado pelo software de análise de redes:

UCINET 6.0 (BORGATTI, 2002). Os dados do cartão identificador de nomes e do

questionário alimentaram o software UCINET 6.0 que gerou os respectivos sociogramas

representativos da rede informal estudada (rede geral). O UCINET 6.0 possibilitou ainda a

entrada dos dados da força dos laços (rede dos laços) resultantes da escala (4-muito próximo a

1-distante) com relação ao item 23 do questionário (Apêndice D). Nesse sentido, o software

construiu uma representação gráfica da estrutura das redes e dados estatísticos com relação às

medidas das centralidades dos integrantes da rede.

Dimensão relacional

Para analisar as relações na rede, os dados do questionário aplicado receberam um

tratamento estatístico através da estatística descritiva, com o uso do software Microsoft Office

ExcelTM que auxiliou na digitação e na organização dos dados para em seguida serem

inseridas nos softwares Ucinet 6.0 (2002) e Netdraw 2.0. Estes dados nos permitiram

visualizar a rede geral dos integrantes e as sub-redes de amizade, informação e confiança.

Através dos resultados do questionário aplicado, foi possível identificar a magnitude das

relações sociais através do Ucinet e também foi possível visualizar, através dos sociogramas

do Netdraw, as transações internas e externas. São estas transações que geram o capital social

na rede, mais especificamente, as relações de amizade, informação e confiança, com enfoque

especial ao conteúdo de informação que poderá influenciar no desempenho das organizações.

Dimensão cognitiva

Para analisar os mapas cognitivos, efetuou-se uma análise de conteúdo das entrevistas

individuais dos integrantes da Rede de Supermercados Sorriso. A técnica aplicada consistiu

em solicitar a cada integrante da rede de supermercados sorriso que expressassem livremente

os seus pensamentos com relação as suas empresas antes e depois da participação deles na

rede de supermercados sorriso. À medida que os integrantes falavam as suas experiências, o

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pesquisador transcreveu as ideias expressadas até um limite de 06 frases de cada entrevistado.

Ao término das entrevistas, as frases anotadas foram apresentadas aos entrevistados para que

fizessem a confirmação e dessem uma importância em termos de hierarquia (REGIS, 2005;

SOUZA; BASTOS, 2007). Esta hierarquização permitiu a identificação das frases mais

importantes quanto ao papel da rede para o desenvolvimento dos seus negócios

(MOSCOVICI, 1984; SÁ, 1998; VERGARA, 2005). Esses dados receberam um tratamento

estatístico, através do software Microsoft Office ExcelTM, que organizou as informações para

em seguida, proceder com os cálculos das médias e ordens de evocações e frequências.

Segundo Régis (2008), os cálculos da frequência média e da ordem média são feitos da

seguinte forma:

FME = Frequência Média das Evocações n

Fi

FME

n

i

∑== 1

onde:

Fi = Frequência de cada evocação

n = Número de evocações

i = iésima evocação

OMEi = Ordem Média de cada Evocação F

OEi

OMEi

F

i

∑== 1 onde:

OEi = Ordem em que a Evocação ocorreu para cada pesquisado que a citou

(ex. 1º lugar, 2º lugar...)

F = Freqüência de cada evocação

i = iésima evocação

OME = Ordem Média de todas as Evocações n

OMEi

OME

n

i

∑== 1

OMEi = Ordem Média de cada Evocação

n = Número de evocações

i = iésima ordem média de cada evocação

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Desempenho financeiro

Para analisar os resultados financeiros, aplicou-se uma estatística descritiva nos dados

levantados das informações fiscal/financeiro interna dos grupos, através de séries temporais,

no período após a criação e desenvolvimento da rede. Esses dados foram tabulados através do

software Microsoft Office ExcelTM, que permitiu construir gráficos comparativos entre o

grupo integrante e o de controle, com seus valores devidamente corrigidos monetariamente.

Essa análise buscou compreender de que forma ocorreu a evolução financeira dos

integrantes pesquisados e dos empresários do grupo de controle nos respectivos períodos e se

tais resultados do grupo dos integrantes foram afetados pela criação da rede sorriso de

supermercados ou se ocorreu apenas por uma simples consequência de fatores econômicos.

A seguir serão apresentadas as justificativas acerca das decisões metodologicas que

contemplaram o presente estudo.

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3.6 Limitações da pesquisa

É importante destacar que pela escolha do método, o estudo condiciona-se a limites

que justificam as decisões. Gonçalves e Meireles (2004) apresentam que uma grande limitação

de análise de caso reside geralmente na restrição do poder de generalização imediata, uma vez

que o método escolhido carrega pressuposto de sua estrutura paradigmática. O desenho deste

estudo dá ênfase à análise conjunta de várias organizações em rede, focando-se nos aspectos

comuns, em detrimento de uma análise mais aprofundada de cada empresa.

Com relação aos dados financeiros, é possível que os demonstrativos levantados pelo

pesquisador através dos dados financeiros (APÊNDICE E) não reflitam fielmente a realidade

das empresas pesquisadas, por se tratarem de registros informais e internos dos pesquisados. O

número de empresas pesquisadas também não permitiu a realização de uma regressão linear

que fornecesse as taxas de crescimento dos grupos de estudo e de controle, o que permitiria

uma comparação mais exata.

Com relação ao questionário, foi tomado o devido cuidado de aplicação individual,

com acompanhamento e explicações pelo próprio pesquisador. Para que o questionário não se

tornasse um instrumento de alienação, o pesquisador abordou a sua problemática de forma

clara. Assim, o questionário deve ser utilizado como meio de captação de informações, e não

como fim (RICHARDSON, 2007). Nesse foco, o pesquisador tomou os devidos cuidados

quando da aplicação do questionário, informando para os respondentes a importância de

compreender cada questão e exteriorizar suas respostas.

Com relação ao roteiro da entrevista, o pesquisador evitou formular perguntas dirigidas

que levassem o entrevistado a gerar respostas desejáveis. Sendo assim, na formulação, o

pesquisador utilizou-se da neutralidade para dar fluidez quando da aplicação aos respondentes.

Em seguida serão apresentados os resultados e discussões gerados pelo presente

estudo.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este capítulo apresenta os resultados do estudo e as respectivas discussões na tentativa

de responder às perguntas que nortearam a pesquisa. No início, são apresentados os dados dos

integrantes da rede. Em seguida, os resultados referentes à primeira questão norteadora, que

versa sobre a dimensão estrutural da rede de supermercados sorriso. Num terceiro momento,

são apresentados os resultados para a discussão da segunda questão norteadora, que trata da

dimensão relacional com os conteúdos de amizade, informação e confiança nas relações

existentes da rede sorriso. Num quarto momento, são apresentados os resultados para

discussão da questão norteadora, que trata da percepção dos integrantes sobre o papel da rede

sorriso para o desenvolvimento de suas empresas. Finalmente, são apresentados os resultados

para a discussão da questão norteadora de número quatro, que versa sobre a evolução

financeira (Compras, Vendas e Estoque) dos integrantes e de um grupo de controle no mesmo

período e condições. A seguir, apresentamos novamente as questões norteadoras e a pergunta

de pesquisa para destacar a sequência em que se apresentam os resultados e suas discussões

em consonância com os objetivos específicos e gerais do trabalho.

Questões norteadoras do estudo

. Como está disposta a estrutura social da rede de supermercados sorriso?

. Quais os conteúdos transacionados na rede de supermercados sorriso?

. Como os integrantes percebem a importância da rede de supermercados sorriso

nos resultados obtidos?

. Quais os resultados financeiros alcançados pelos integrantes, após a criação e

desenvolvimento da rede?

Pergunta de pesquisa do estudo

Até que ponto a rede de supermercados sorriso e os conteúdos nela

transacionados influenciam no desempenho financeiro das organizações participantes?

Nesse norte, é importante destacar que a presente pesquisa não teve como objetivo

identificar causalidade entre as variáveis estudadas. A pesquisa, nesse contexto, buscou sim,

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identificar e entender as relações entre as variáveis estudadas para melhor compreender até

que ponto a rede sorriso contribuiu para o desenvolvimento dos seus integrantes.

Os resultados obtidos estão fundamentados no estudo da teoria do capital social que

apresenta os recursos e ferramentas que compõem uma rede de mercadinhos. A seguir, é

mostrada a TABELA 01 com os dados dos integrantes da rede sorriso, como: respondentes da

pesquisa e o número de vezes que receberam citações dos colegas integrantes.

Integrantes Idade Tempo na rede Escolaridade Sexo Citações recebidas

na pesquisa 1 44 3 2° grau M 1 2 47 5 1° grau M 5 3 50 5 2° grau M 1 4 46 5 1° grau M 3 5 31 5 2° grau M 1 6 40 5 2° grau M 2 7 49 5 2° grau M 13 8 46 5 2° grau M 4 9 44 4 1° grau M 3 10 51 5 2° grau M 3 11 41 5 2° grau M 3 12 44 2 1° grau M 1 13 39 5 3° grau M 14 14 50 5 1° grau M 3 15 39 3 1° grau M 3 16 29 5 2° grau M 3 17 45 5 2° grau M 5 18 39 4 2° grau F 1 Tabela 01: Dados dos integrantes da rede sorriso Fonte: O próprio autor

Os respondentes da pesquisa totalizaram 18 empreendedores integrantes da rede

sorriso, formada por 17 homens e apenas 1 mulher, sendo que, apenas um único integrante

possui nível de escolaridade superior, enquanto os demais têm formação de 1° e 2° graus. A

idade média dos integrantes é de 43 anos, o integrante mais novo com 29 anos de idade, e o

mais velho com 51 anos de idade.

A coleta de dados deu-se primeiramente através da entrevista para a captura dos mapas

cognitivos, posteriormente pelo preenchimento do cartão gerador de nomes para o

mapeamento das redes e por último, através das respostas ao questionário que mediu as

relações dos conteúdos de amizade, informação e confiança. A partir do cartão gerador de

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nomes, os integrantes da rede citaram ainda 31 nomes de pessoas que não compõem a rede de

supermercados sorriso, sendo em grande parte pessoas com relações de parentesco (pai,

cônjuge, irmão, etc.).

Não houve dificuldades no agendamento e realização das entrevistas com os

integrantes da rede sorriso. O pesquisador, há muito, já vinha acompanhando as reuniões

semanais da rede sorriso e explicando sobre a importância da pesquisa e como os resultados

poderiam auxiliar a rede de negócio. Além disso, o pesquisador passou a ser um colaborador

da entidade, realizando capacitações em nível tributário e de planejamento administrativo. Por

serem empreendedores, os integrantes compreenderam a importância em participar do estudo

e colaboraram de forma responsável.

A seguir, serão apresentados os resultados e discussões referentes à primeira questão

norteadora (dimensão estrutural).

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4.1 Dimensão estrutural

Os resultados da pesquisa referentes à dimensão estrutural são apresentados através

das vertentes: configuração da network e dos laços da network, investigadas na rede de

supermercados sorriso. Iniciaremos nos parágrafos seguintes com a configuração da 3etwork.

Para identificação da dimensão estrutural, utilizamos o cartão gerador de nomes e as

perguntas 19, 20, 21, 22 e 23 do questionário aplicado. Os 18 integrantes da rede foram

solicitados a preencher os 06 nomes das pessoas da sua network que foram as mais

importantes para o desenvolvimento de sua empresa na participação da rede de supermercados

sorriso. As respostas foram organizadas no software Microsoft Office ExcelTM, que auxiliou

na digitação e classificação inicial para, em seguida, serem inseridas nos softwares Ucinet 6.0

(2002) e Netdraw 2.0. Estes dados nos permitiram visualizar a rede geral dos integrantes e a

rede de laços fortes.

Foi firmado um compromisso pelo pesquisador, explicado na carta anexa ao

questionário, de que os nomes dos entrevistados seriam substituídos por números, e assim, os

respondentes não seriam identificados quando da divulgação dos resultados. Por esta razão, os

nomes foram codificados em ordem de 01 a 49, sendo os 18 primeiros integrantes da rede

sorriso e os demais (31) citados pelos integrantes.

A seguir trataremos da configuração network.

Com relação à configuração da network investigada, a FIGURA 07 representa

graficamente a estrutura da rede de supermercados sorriso. Esta representação gráfica é

utilizada como base durante toda a apresentação dos resultados, sendo alteradas apenas as

cores que distinguem os integrantes e não integrantes da rede sorriso e os atributos

pesquisados. Em seguida, as próximas figuras mostram os atributos que dizem respeito aos

conteúdos transacionados de amizade, informação e confiança. A espessura das linhas será

aumentada para distinguir a proximidade das relações e será destacada a centralidade dos

laços entre os atores. Nesse sentido, os atores da rede não irão mudar de posição nas diferentes

representações gráficas que serão apresentadas nos resultados pesquisados.

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Figura 07: Representação gráfica da rede geral Fonte: O próprio autor.

Nas representações gráficas das redes, que se iniciam com as FIGURAS 07 e 08, os

integrantes estão representados por triângulos e as pessoas que não compõem a rede sorriso

por eles citadas, estão representadas por círculos. Há casos em que as pessoas citadas pelos

integrantes são familiares ou outros empresários do mesmo segmento, porém que não

integram a rede sorriso. Neste caso, as ligações acontecem de triângulo para triângulo e de

triângulo para círculo.

A seguir, a FIGURA 08 traz a estrutura geral da rede com destaque para os integrantes.

A legenda mostra as cores utilizadas para os integrantes e os não integrantes por eles citados, e

que compõem a rede geral. Para os atores que compõem a rede geral, foi utilizada a cor

vermelha para representar os integrantes da rede sorriso dentro da rede geral e a cor azul para

representar os atores citados na rede geral, mas sem atuação direta na rede sorriso. Vale

destacar o número 20 que recebeu algumas citações nas relações da rede entre os integrantes,

por ser o coordenador administrativo da rede, apesar de não ser empresário.

Não Integrantes da rede sorriso Integrantes da rede sorriso

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Figura 08: Representação gráfica da rede geral com destaque nos integrantes Fonte: O próprio autor

É importante destacar através da FIGURA 08 que vários integrantes pesquisados estão

interligados através do ator 7, que desempenha a função de presidente, e do ator 20 que

desempenha a função de coordenador administrativo da rede sorriso (Destacados em azul

claro). Essa interligação se concretiza nas reuniões semanais onde o presidente e o

coordenador discutem acerca dos objetivos e das metas da rede, além de desenvolverem

projetos e campanhas sob suas responsabilidades.

Com relação à densidade da rede, o Ucinet mostrou uma boa interligação entre os

integrantes (22,5%). Porém, quando são considerados os não participantes, a densidade geral

cai para 4,6%. Isto acontece porque os não participantes têm poucas ligações com outros

integrantes, a não ser com aqueles que os citaram. Assim, não houve nenhuma citação destas

pessoas, por não serem respondentes.

Os círculos azuis (31), mostrados anteriormente na FIGURA 08, representam em

grande parte os familiares (38%) dos integrantes, ou seja, as pessoas por eles citadas, mas que

não compõem a rede sorriso. O gráfico 01 apresenta os papéis sociais da network

demonstrando que além dos familiares já citados, é importante ressaltar os papéis dos

fornecedores com 27% e dos amigos com 21% da network. Esses resultados apontam para

Não Integrantes da rede sorriso Integrantes da rede sorriso

Centralidade de entrada

Centralidade de intermediação

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uma rede heterogênea.

Gráfico 01: Papéis sociais da network

Fonte: O próprio autor

Quanto à centralidade de entrada, o estudo apresentou que os atores circulados na cor

verde (7 e 13) foram os que obtiveram a maior indicação nas relações. Quanto à centralidade

de saída, não houve distinção entre os atores, uma vez que a grande maioria citou 6 pessoas no

cartão gerador de nomes. Com isso, a centralidade de saída é igual a 6 para quase todos.

Quanto à centralidade de intermediação, o ator 13 (circulado na cor laranja) se

destacou na network apresentada. Ele dá acesso a outras pessoas da rede, mesmo sem ser o

presidente. Para a literatura, a centralidade de intermediação indica o poder exercido por um

ator sobre as interações entre dois outros atores na rede (RÉGIS, 2005), também destacada

como indivíduo que desempenha a função chamada de ponte na transferência de recursos

(MARINHO-DA-SILVA, 2003).

A seguir trataremos da força dos laços.

Como veremos, os laços fortes predominam nas relações entre os integrantes e as

pessoas de suas networks, o que é uma característica dos cliques, relações fortes e fechadas em

relação ao ambiente externo à rede sorriso, possivelmente para evitar a disseminação de

informações confidenciais. Com este resultado, se observa a relevância da força dos laços da

network. Assim, os laços dizem respeito à proximidade da relação (KUIPERS, 1999).

Na perspectiva dos laços, a FIGURA 09 mostra que os integrantes

(triângulos/vermelhos) estão ligados entre si como também com as pessoas da sua network,

principalmente através de laços fortes, ou muito próximos. Isto acontece especialmente entre

os integrantes e as pessoas fora de rede sorriso, devidamente explicado pelo grau de

Familiares

38%

13%

13%

2%

6% 4%

4% 21%

2% 6%

27%

2%Irmãos

Cônjuge

Filhos

Pais

Sobrinhos

Concorrentes

Amigos

Funcionários

Parceiro

Colaborador

Fornecedor

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parentesco (familiares) e identificadas no cartão gerador de nomes (APÊNDICE B).

Para a medição da força dos laços, foram utilizados os dados coletados a partir do

questionário (APÊNDICE D) que tratou da proximidade da relação (KUIPERS, 1999). Este

resultado corrobora as argumentações de Granovetter (1973) que define laços fortes com base

na frequência dos contatos, na reciprocidade e na amizade existentes nos relacionamentos.

A FIGURA 09 ilustra os laços muito próximos e próximos que são representados pelas

linhas mais grossas e pelas linhas mais finas respectivamente. Vale lembrar que a posição dos

atores em relação à rede geral foi mantida. Assim, é importante destacar que os atores 13 e 7

são indivíduos centrais, apresentados na estrutura da rede por quadrados aumentados, eles

foram citados por vários integrantes. Com relação ao ator de número 7, é o atual presidente da

rede, isso demonstra que ele tem uma boa aceitação pelos membros, uma vez que ele foi

citado por 10 integrantes com relações de laços próximos. O outro destaque é para o ator 13,

que foi citado por 11 integrantes com relações de laços muito próximos (02) e próximos (09).

Esse resultado pode ser explicado pelo fato de que o ator 13 está sempre disponível

para atender os integrantes, além de ser o único na rede com formação superior. Este ator é

aquele que fica responsável por representar a rede, juntamente com o presidente, nos órgãos

externos e nas feiras e exposições. Pôde-se observar ainda, que o ator 13 é uma pessoa pro -

ativa, uma vez que grande parte das ideias da rede tem sua contribuição pessoal, ou seja, ele

inova no seu mercadinho e em seguida apresenta à rede para que todos possam testar essas

ideias nos seus estabelecimentos.

Figura 09: Representação gráfica dos laços fortes Laços muito próximos Laços próximos

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Fonte: O próprio autor

A FIGURA 10 apresenta os integrantes apenas com os laços muito próximos, sendo

mantida a mesma posição dos integrantes da rede geral e excluídos os demais integrantes.

Vale destaque para a relação entre os atores 4 e 12 que formam um clique com reciprocidade

na relação. Outro fato relevante é que dois dos integrantes da rede (3 e 6) não possuem laços

muito próximos com nenhum dos integrantes da rede.

Figura 10: Representação gráfica dos laços fortes Fonte: O próprio autor

A seguir, a FIGURA 11 apresenta a reciprocidade dos integrantes, ou seja, aqueles em

que houve reciprocidade nas citações. Neste caso, são mostrados apenas aqueles atores em que

as setas são bidirecionais. Observa-se na ilustração que a reciprocidade entre os integrantes

existe, porém não há cliques de reciprocidade, isto caracteriza uma rede sem “panelinhas”, o

que demonstra o grau de justiça e equidade nos relacionamentos da rede. As relações de

reciprocidade promovem as trocas de experiências e o apoio mútuo nas relações. Vale

ressaltar que a reciprocidade na rede sorriso está ligada à proximidade física entre os

integrantes. Os atores 5 e 15 apesar de terem relações de reciprocidade não possuem relações

Não Integrantes da rede sorriso Integrantes da rede sorriso

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recíprocas com os demais integrantes da rede, esse fato é justificado por eles estarem isolados

fisicamente, contudo, os dois têm localização próxima, ou seja, atuam no mesmo bairro, que

fica um pouco distante dos demais integrantes.

Figura 11: Representação gráfica da reciprocidade dos integrantes Fonte: O próprio autor

A seguir serão apresentados os resultados e discussões referentes à questão norteadora

da dimensão relacional.

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4.2 Dimensão Relacional

A seguir, os resultados e redes com os achados da dimensão relacional e os respectivos

conteúdos transacionados pelos integrantes. Estes resultados foram encontrados após

aplicação do questionário (APÊNDICE D) através das perguntas 07 e 12 para identificação do

conteúdo amizade, 02 e 14 para o conteúdo informação, e 05 e 13 para o conteúdo confiança.

Assim, permitindo a construção do sociograma e visualização das sub-redes de amizade,

informação e confiança. As respostas do questionário viabilizaram a construção de

sociogramas diferentes para cada conteúdo transacionado na rede, com características

importantes para o estudo. Foi utilizado o software Ucinet 6.0 (2002) para tratamento dos

dados, os quais foram exportados como sociogramas através do software Netdraw 2.0. Os

integrantes da rede sorriso (respondentes) estão representados em forma de triângulos e as

pessoas não integrantes da rede são representadas na forma de círculos.

Na busca de melhor visualização, foram utilizadas cores diferentes para representar os

atributos em cada sociograma apresentado a seguir. Assim, em cada conteúdo transacionado,

utilizou-se a cor verde para as relações existentes de amizade, informação e confiança e a cor

cinza para representar a não existência das relações de amizade, informação e confiança na

rede.

O pesquisador aplicou o questionário junto aos integrantes para evidenciar os

conteúdos transacionados na rede sorriso. Uma vez que havia na escala utilizada itens

específicos que mediam a amizade, a informação e a confiança, foi possível construir as sub-

redes de amizade, de informação e de confiança. Para que isto fosse possível, as pessoas

citadas que obtiveram um valor médio maior ou igual a 4 (escala Likert de 1 a 5), nos itens

que mediram a amizade, a informação e a confiança foram identificadas pela cor verde.

Sub-rede de amizade

A seguir, é apresentada a sub-rede de amizade (FIGURA 12). Constata-se que as

relações de amizade são principalmente com pessoas não integrantes da rede sorriso, ou seja,

localizadas na periferia. Destaca-se que dos integrantes da rede sorriso, apenas dois atores (4 e

12) foram considerados amigos enquanto outros dezesseis não apresentaram esse conteúdo

conforme valores da TABELA 02. Como já comentado no gráfico 1 (papéis da network), dos

25 atores apresentados na sub-rede de amizade, 23 atores, na sua maioria, são parentes citados

pelo integrantes, o que justifica a característica de periferia da sub-rede amizade.

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Figura 12: Representação gráfica da sub-rede amizade Fonte: O próprio autor

Tem Amizade Não Tem Amizade 02 16 Tabela 02: Classificação da amizade nos integrantes Fonte: O próprio autor

Sub-rede de informação

A seguir é apresentada a sub-rede de informação (FIGURA 13), que apresentou

quatorze relações de informação entre os integrantes (TABELA 03). Constata-se que nas

relações de informação ocorre exatamente o inverso da sub-rede de amizade, ou seja, os atores

periféricos que em sua maioria são parentes dos integrantes, não obtiveram respostas iguais ou

maiores que quatro para os itens que mediam o conteúdo de informação. Os atores 19, 20 e 40

não são integrantes da rede sorriso, contudo, aparecem como pessoas importantes nas relações

de informação. O ator 19, trata-se de um empresário de mercadinho de bairro que não compõe

a rede sorriso, porém está em contato com um integrante da rede. O ator 20, trata-se do

coordenador administrativo da rede sorriso, e nesse sentido, concentra sob sua

Existência de amizade Inexistência de amizade

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responsabilidade a função de manter todos os integrantes informados das ações desenvolvidas

pela rede. O ator 40 é também um empresário de mercadinho de bairro, que colabora com

alguns integrantes da rede, além de ser um dos que esperam integrar a rede sorriso, uma vez

que já encaminhou seus dados para ingresso no grupo.

Como já foi falado anteriormente, com relação à ausência de “panelinhas” nas relações

recíprocas da rede, pôde-se constatar através da sub-rede de informação que as relações entre

os integrantes da rede sorriso são muito mais profissionais (informação) do que de amizade.

Isto reforça a seriedade e compromisso dos integrantes com as informações sobre os negócios,

mesmo sendo uma rede informal. A seguir, é apresentada a sub-rede de confiança.

Figura 13: Representação gráfica da sub-rede informação Fonte: O próprio autor

Tem Informação Não Tem Informação 14 04 Tabela 03: Classificação da informação nos integrantes Fonte: O próprio autor

Existência de informação Inexistência de informação

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Sub-rede de confiança

Constata-se que nas relações de confiança, diferentemente das sub-redes de amizade e

informação, apareceram relações tanto das pessoas da periferia da rede, como também dos

integrantes, deixando a sub-rede de confiança mais heterogênia. Este fato é identificado

quando observamos que, dos integrantes, onze apresentaram a relação de confiança (TABELA

04). Neste caso, é importante destacar que o conteúdo confiança não se restringe apenas aos

parentes citados pelos integrantes. Nessas relações, destacam-se ainda 8 integrantes que

apresentaram relações de confiança com reciprocidade.

Figura 14: Representação gráfica da sub-rede confiança Fonte: O próprio autor

Tem Confiança Não Tem Confiança 11 07 Tabela 04: Classificação da confiança nos integrantes Fonte: O próprio autor

Existência de confiança Inexistência de confiança

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Observando as FIGURAS 12, 13 e 14 que representam as sub-redes de amizade,

informação e confiança, podemos destacar que a sub-rede de confiança é a maior delas com

36 atores apresentando o papel de confidente, seguida pela sub-rede de amizade com 25 atores

apresentado o papel de amigo, e por último, a sub-rede de informação com 17 atores

apresentando o papel de informante. Este resultado difere dos resultados encontrados por

Kuipers (1999), Marinho-da-Silva (2003) e Santos (2004) que estudaram empresas em

contextos corporativos, diferentes dos processos de rede de mercadinhos. No contexto de

pequenas empresas, observou-se uma diferença aos achados de Régis (2005). Este autor

encontrou que, no ambiente de incubadoras, a sub-rede de amizade é maior do que a de

confiança, e a de informação vem em último lugar. Isso se justifica porque na rede sorriso não

há dados tecnológicos confidenciais das organizações integrantes.

Os dados apresentados com relação às dimensões da rede mostram que os integrantes

da rede sorriso possuem contatos internos que geram informações, e contatos externos que

geram amizade, enquanto que a confiança é mais heterogêneo. Estes resultados indicam uma

consequência do tipo de segmento e tamanho dessas empresas (mercadinhos de bairro)

formadas em geral por familiares. A explicação para essa situação pode ser o fato de que a

realização de todas as tarefas administrativas é exercida unicamente por eles, com auxílio dos

parentes, predominando assim, os laços familiares representados na sub-rede de amizade.

Um achado importante é que, considerando-se apenas os integrantes, a maior sub-rede

continuou sendo a de informação, porém a sub-rede de confiança prevaleceu sobre a de

amizade, que ficou restrita a dois atores. Apesar de serem concorrentes, a rede sorriso é uma

rede confiável e que fornece informações aos seus integrantes, reforçando mais uma vez o seu

aspecto profissional.

A seguir, serão apresentados os resultados e discussões referentes à questão norteadora

da dimensão cognitiva.

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4.3 Dimensão cognitiva

A partir das evocações apresentadas pelas entrevistas, foi realizada a análise de

conteúdo para identificar as frases que se repetiam nas evocações dos entrevistados. O

resultado obtido por meio das evocações livres foi analisado pela técnica de quatro quadrantes

(RÉGIS, DIAS, FALK, BASTOS, 2008; MOSCOVICI, 1984; SÁ, 1998; VERGARA, 2005).

Esta técnica possibilita ao pesquisador analisar o número de vezes que uma frase foi falada

(Frequência) e levantar a ordem de importância aplicada a cada frase no processo de

hierarquização. Com o resultado das evocações de todos os entrevistados, efetuou-se o cálculo

da ordem média de cada evocação (OME).

Nesse sentido, ao calcular a frequência (F) e a ordem média de evocação (OME), esta

técnica possibilita a distribuição das frases construídas segundo o valor que elas têm para os

integrantes entrevistados. Assim, as frases que alcançaram maior frequência dentre todos os

pesquisados e, ao mesmo tempo, estiveram mais próximas do primeiro lugar na

hierarquização feita por cada um deles, são classificadas como sendo de ideias central, no

pensamento coletivo dos integrantes da rede sorriso.

Assim, a força de cada evocação foi definida a partir da frequência e da ordem média

em que ocorreu. Para a pergunta “Fale um pouco sobre sua empresa antes da rede”

(APÊNDICE B) tivemos como exemplo as evocações “Falta de relacionamento” e “Falta de

organização”. Para a pergunta “Fale um pouco sobre sua empresa depois da rede” tivemos

como exemplo as evocações “Campanhas de divulgação”, “Organização da empresa” e

“Parcerias” como sendo evocações fortes.

Em seguida, é apresentada de forma ilustrativa a técnica dos quadrantes para as

situações: Antes da participação na rede (Quadro 01) e Depois da participação dos

entrevistados na rede (Quadro 02). Observa-se pelas direções das setas que o quadrante que

detém as evocações com posição central é aquele em que a ordem média de suas evocações

tende para o 1º lugar e a frequência de suas evocações tende para a frequência da evocação

mais citada.

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Pergunta 01: “Fale um pouco sobre sua empresa antes da rede”

ORDEM MÉDIA DAS EVOCAÇÕES – OMEi FME=4,8

FREQÜÊNC IA

Evocações de maior força: OMEi < 2,5 e F > 4,8 - Falta de relacionamento (2,3/9) - Falta de organização (2,3/6) - Falta de divulgação (1,5/6)

Evocações Intermediárias: OMEi >= 2,5 e F > 4,8 - Falta de conhecimento do negócio (2,8/10) - Porte pequeno (3,3/10)

Evocações Intermediárias: OMEi < 2,5 e F <= 4,8 - Falta de criatividade (1,5/4) - Falta de acesso aos fornecedores (1,7/3) - Poder de barganha baixo (1,5/4)

Evocações Periféricas: OMEi >= 2,5 e F <= 4,8 - Localização distante da cidade (3,5/2) - Falta de Planejamento (3,0/1) - Falta de prestação de Serviço (3,0/1) - Desmotivação (3,0/1)

Zero 1º lugar... OME = 2,5 12º lugar

Quadro 01: Técnica de quatro quadros para a situação “fale um pouco sobre

sua empresa antes da rede”

Fonte: Adaptado de Régis, Bastos e Dias (2008)

O QUADRO 01 apresenta as evocações de maior força referentes à pergunta “Fale um

pouco sobre sua empresa antes da rede”. Essa técnica destacou as frases “Falta de

relacionamento”, “Falta de organização” e “Falta de divulgação” como sendo as ideias mais

centrais que permeiam as mentes dos empresários integrantes da rede sobre o período anterior

à participação deles. Essas frases se justificam por apresentarem uma frequência de citação

maior que a média 4,8 e uma ordem na hierarquia menor que 2,5.

Isso representa como os relacionamentos e as informações da rede têm contribuído

para o desenvolvimento dos integrantes. Assim, é possível ver que antes da participação dos

integrantes na rede lhes faltava relacionamentos com outros donos de mercadinhos de bairro,

para que viessem a organizar melhor os seus estabelecimentos, bem como uma divulgação em

parceria como acontece hoje.

Dentre as evocações intermediárias, vale destacar as frases “Falta de acesso aos

fornecedores” e “Porte pequeno” que demonstram a fragilidade destes empresários antes de

terem o apoio da rede. É importante destacar ainda, o “Poder de barganha baixo” que

demonstra como os integrantes não conseguiam criar condições competitivas.

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Pergunta 02: “Fale um pouco sobre sua empresa depois da rede”

ORDEM MÉDIA DAS EVOCAÇÕES - OMEi

FME=4,3

FREQÜÊNC IA

Evocações de maior força: OMEi < 2,8 e F > 4,3 - Campanhas de divulgação (1,4/7) - Organização da empresa (2,6/9) - Parcerias (1,6/5)

Evocações Intermediárias: OMEi >= 2,8 e F > 4,3

- Aquisição de conhecimento: preços (2,8/9) - Novos relacionamentos com concorrentes (2,9/8) - Crescimento da empresa (3,1/12) Evocações Intermediárias:

OMEi < 2,8 e F <= 4,3

- Melhorias nas negociações (1,0/3) - Acesso a fornecedores (1,0/2) - Ideias inovadoras (1,7/3) - Melhorias na estrutura (1,0/1)

Evocações Periféricas: OMEi >= 2,4 e F <= 4,3

- Não melhorou as vendas (4,5/2) - Motivação para crescer (3,3/3) - Melhoria no atendimento ao cliente (5,0/1) - Aquisição do prédio próprio (6,0/1) - Agregou novos serviços (3,0/1) - Experiência compartilhada (3,5/2)

Zero 1º lugar OME = 2,8 16º lugar

Quadro 02: Técnica de quatro quadros para a situação “fale um pouco sobre

sua empresa antes da rede”

Fonte: Adaptado de Régis, Bastos e Dias (2008)

O QUADRO 02 apresenta as evocações de maior força referentes à pergunta “Fale um

pouco sobre sua empresa depois da rede”. Esta técnica destacou as frases “Campanhas de

divulgação”, “Organização da empresa” e “Parcerias”, como sendo as ideias mais centrais que

permeiam as mentes dos empresários integrantes da rede no período posterior à participação

deles. Essas frases se justificam por apresentarem uma frequência de citação maior que a

média 4,3 e uma ordem na hierarquia menor que 2,8.

Isso demonstra como a rede possibilitou o desenvolvimento das empresas através do

acesso a recursos gerenciais e financeiros, disponibilizados coletivamente e ressaltando a

força do associativismo, em especial, para os micro e pequenos empresários.

Dentre as evocações intermediárias, vale destacar as frases “Aquisição de

conhecimentos” e “Experiências compartilhadas” que apontam para uma melhoria dos

estabelecimentos na rede, à medida que os relacionamentos contribuem para a aprendizagem

gerencial dos integrantes.

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É importante destacar que a evocação sobre a “divulgação” das empresas passou de

intermediária para central, demonstrando assim, uma melhora percebida pelos integrantes pela

nova forma de atuação em conjunto que a rede permitiu.

Com relação às frases “Baixo poder de barganha”, da situação anterior, e “Melhoria

nas negociações”, da situação atual, continuam sendo consideradas como evocações

intermediárias. Isso aponta a necessidade de que ainda há potencial na rede para fortalecer o

poder da rede junto aos fornecedores, ou seja, maior poder de barganha nas negociações.

A seguir, serão apresentados os resultados e discussões referentes à questão norteadora

do desempenho financeiro.

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4.4 Desempenho financeiro

Os resultados do estudo referente à questão norteadora do desempenho financeiro

foram levantados através da aplicação do demonstrativo fiscal/financeiro (APÊNDICE E) de

todos os 18 integrantes da rede sorriso e do grupo de controle com 18 empresários do

segmento de mercadinhos de bairro. Esses dados referem-se a períodos trimestrais iniciando

em 2003 e finalizando no terceiro trimestre de 2008.

Os dados levantados foram tabulados no software Microsoft Office ExcelTM, que

permitiu organizar os valores trimestrais de compras, vendas e estoques de cada empresa

individualmente. Em seguida, os valores de compras, vendas e estoques nos períodos

pesquisados, foram totalizados para o grupo de estudo, composto pelos integrantes da rede, e

para o grupo de controle, também composto por 18 empresários. Posteriormente, foram

construídos gráficos comparativos entre os dois grupos: de estudo e de controle.

Os dados, antes da tabulação, foram atualizados monetariamente com base nos índices

inflacionários dos respectivos anos. Essa correção possibilitou atualizar os valores financeiros

dos dois grupos pesquisados mantendo seus patamares de evolução atrelados apenas ao

crescimento da demanda e não ao efeito da inflação.

Para fins de resultado do estudo, foi solicitado por parte dos pesquisados que não

houvesse divulgação dos respectivos valores numéricos das compras, vendas e estoques nos

resultados da pesquisa. Dessa forma, os resultados aparecerão nos gráficos em forma de linha

que traça a evolução financeira nos períodos levantados, para os dois grupos.

A seguir, será apresentado e analisado o comparativo das compras referente aos dois

grupos.

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Comparativo das compras

O gráfico 02 apresenta a evolução das aquisições de mercadorias efetuadas pelo grupo

de integrantes e de controle nos períodos trimestrais de 2003 a 2008. Sendo importante

destacar que até o terceiro trimestre de 2004, as compras dos grupos eram próximas, contudo,

nota-se uma elevação na inclinação da curva no grupo dos integrantes da rede sorriso a partir

do quarto trimestre de 2004 até o terceiro trimestre de 2008.

O gráfico apresenta que os dois grupos tiveram aumento nas compras, com ressalva ao

segundo trimestre de 2008 onde o grupo dos integrantes teve uma diminuição, com posterior

recuperação, mas mantendo a taxa de crescimento maior do que o do grupo de controle. Esse

fato da taxa de crescimento maior pode ser explicado pelo uso de ferramentas da rede sorriso,

como a realização de leilões de mercadorias por fornecedores, que ocorrem uma vez por

semana na própria sede da rede.

Comparativo das Compras

R$0

R$500.000

R$1.000.000

R$1.500.000

R$2.000.000

R$2.500.000

R$3.000.000

R$3.500.000

R$4.000.000

2003.1 2003.3 2004.1 2004.3 2005.1 2005.3 2006.1 2006.3 2007.1 2007.3 2008.1 2008.3

Gráfico 02: Comparativo das compras (integrantes e grupo de controle)

Fonte: O próprio autor

A seguir, será apresentado e analisado o comparativo das vendas referente aos dois

grupos.

Integrantes

G. Controle

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Comparativo das vendas

O gráfico 03 apresenta a evolução das vendas de mercadorias efetuadas pelos grupos

integrantes e de controle nos períodos trimestrais de 2003 a 2008. Sendo importante destacar

que até o quarto trimestre de 2004, as vendas dos grupos eram próximas, contudo, nota-se

uma elevação do grupo dos integrantes da rede sorriso a partir do primeiro trimestre de 2005

até o terceiro trimestre de 2008.

Esse fato pode ser explicado pelo poder das campanhas de divulgação da rede, através

de encartes patrocinados, em regra, por fornecedores.

Comparativos das Vendas

R$0

R$500.000

R$1.000.000

R$1.500.000

R$2.000.000

R$2.500.000

R$3.000.000

R$3.500.000

R$4.000.000

R$4.500.000

2003.1 2003.3 2004.1 2004.3 2005.1 2005.3 2006.1 2006.3 2007.1 2007.3 2008.1 2008.3

Gráfico 03: Comparativo das vendas (integrantes e grupo de controle)

Fonte: O próprio autor

A seguir, será apresentado e analisado o comparativo dos estoques referente aos dois

grupos.

Integrantes

G. Controle

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Comparativo dos estoques

O gráfico 04 apresenta a evolução dos estoques de mercadorias dos grupos integrantes

e de controle nos períodos trimestrais de 2003 a 2008. É importante destacar que o grupo de

integrantes da rede sorriso tem uma evolução compatível com os gráficos 02 e 03 (compras e

vendas) com ênfase em um aumento no estoque a partir do primeiro trimestre de 2007 onde

também houve evoluções significativas das compras e vendas de mercadorias.

Com relação ao grupo de controle, nota-se uma elevação anormal no período do

terceiro trimestre de 2007, fato que não ocorreu no grupo de integrantes. Essa anormalidade

pode ser explicada pelo fato de que os dados levantados referem-se a informações internas dos

pesquisados. Assim, pode ter ocorrido erro no registro dos estoques de algum(ns) dos

membros do grupo de controle.

No comparativo, está apresentado que o grupo de integrantes da rede sorriso teve uma

evolução gradativa do estoques de mercadorias, enquanto o grupo de controle não conseguiu

essa evolução nos estoques de suas de mercadorias. Esse fato pode ser explicado pela

realização dos repasses das mercadorias com pouca rotatividade entre os integrantes da rede

sorriso.

Comparativo dos Estoques

R$0

R$200.000

R$400.000

R$600.000

R$800.000

R$1.000.000

R$1.200.000

2003.1 2003.3 2004.1 2004.3 2005.1 2005.3 2006.1 2006.3 2007.1 2007.3 2008.1 2008.3

Gráfico 04: Comparativo dos estoques (integrantes e grupo de controle)

Fonte: O próprio autor

A seguir, serão apresentadas as conclusões sobre os resultados acima descritos, como

também as sugestões para novas pesquisas.

Integrantes

G. Controle

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5 CO�CLUSÕES E SUGESTÕES PARA �OVAS PESQUISAS

Conclusões

Este estudo procurou revisar conceitos teóricos importantes sobre network, capital

social e desenvolvimento de pequenos e micro empresários no segmento de mercados de

bairro. Neste capítulo, são apresentadas as conclusões para cada objetivo específico

devidamente relacionado com as questões norteadoras e os achados do estudo.

Com relação à estrutura da network da rede de supermercados sorriso, construída no

bojo desse trabalho, foi identificado que, além dos atores com alta centralidade de entrada (7 e

20), o ator 13 se destaca como sendo um indivíduo que, mesmo sem desempenhar qualquer

função formal (presidente ou coordenador) na entidade, está sempre disponível para atender

aos integrantes da rede em suas necessidades. Essa situação foi visualizada através da medição

da centralidade de intermediação da rede geral onde o ator 13 ficou em primeiro lugar

(APÊNDICE F). Com esse achado, os integrantes passam a ter um novo canal de acesso

através da estrutura social da qual fazem parte e as informações acessadas por este ator são

relevantes e podem auxiliar os integrantes a utilizarem melhor a estrutura social de rede, para

obter mais recursos, além de expandir o estoque de capital social existente na rede.

Os resultados contribuem também por apresentarem os papéis sociais dos integrantes

da rede, principalmente com relação aos laços muito próximos (familiares). Nesse sentido, o

estudo contribui para a teoria apresentando novas formas de relações entre atores de uma rede

de mercadinhos, com foco em pequenas organizações localizadas fora dos grandes centros

urbanos.

Nos dados apresentados para a dimensão relacional, ficou evidente que os integrantes

da rede sorriso possuem contatos internos que geram informações e contatos externos que

geram amizade, enquanto que a confiança mostrou-se mais heterogêneo. Considerando apenas

os integrantes, a maior sub-rede apresentada foi a de informação seguida por confiança, isso

demonstra que, mesmo sendo concorrentes, a rede sorriso é uma network confiável e que

fornece informações aos seus integrantes, reforçando mais uma vez o seu aspecto profissional.

Com isso, pode-se dizer que o conhecimento do conteúdo informacional da rede poderá

auxiliar os integrantes na busca de alcançarem objetivos individuais ou coletivos que de outra

forma (isolamento) eles não conseguiriam. Outro fator importante, é que as relações de

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91

informações podem contribuir para o desempenho do grupo, tornando a rede sorriso ainda

mais competitiva (MARTELETO, 2004). Esse achado reforça de forma significativa a teoria,

mostrando inclusive resultados diferentes de outros pesquisados anteriormente, onde tem

prevalecido a rede de amizade como conteúdo predominante nas relações sociais.

Com relação à percepção dos integrantes, o estudo identificou que os relacionamentos

e as informações geradas pela rede contribuíram de forma significativa para o

desenvolvimento dos integrantes. Isto é, antes da participação dos integrantes na rede, lhes

faltava relacionamentos com concorrentes, para que pudessem observar e repetir as ideias de

sucesso desenvolvidas por estes. Assim, esse estudo apontou também para uma melhoria dos

estabelecimentos na rede à medida que os relacionamentos contribuíram para a aprendizagem

gerencial dos integrantes, conforme destaque das evocações intermediárias “Aquisição de

conhecimentos” e “Experiências compartilhadas”.

A rede contribuiu também para dar poder de barganha dos empresários junto aos

fornecedores. Os resultados corroboram com essa afirmativa, através da análise às evocações

“Falta de acesso aos fornecedores” e “Porte pequeno” que, apesar de aparecerem como

intermediárias, demonstram a fragilidade destes pequenos empreendedores antes de terem o

apoio da rede.

A rede mostrou que de forma conjunta é possível competir no mercado. Isso ocorreu

principalmente com a evocação “divulgação” que passou de intermediária (quadro 01) para

central (quadro 02), demonstrando assim, uma melhora percebida pelos integrantes na nova

forma de atuação, em conjunto, que a rede possibilitou.

Esse achado é de suma importância para fortalecer ainda mais as relações dos

integrantes, mostrando a todos que, atuando de forma compartilhada, as possibilidades de

desenvolvimento aumentam ainda mais. Assim, o desenvolvimento das empresas, após o

ingresso na rede, foi possível porque estas passaram a ter acesso a recursos gerenciais e

financeiros, disponibilizados de forma coletiva. Esse achado reforça a teoria das redes sociais

de que estas podem contribuir para o desenvolvimento de organizações sociais,

principalmente com pequenos empreendedores que atuam de forma associativista. Sendo

fundamental para continuarem sobrevivendo (CASAROTTO; PIRES, 1999).

Os dados apresentados nos demonstrativos apontam para uma melhoria nas compras e

vendas do grupo de integrantes. Esses crescimentos foram proporcionados pelo uso de

ferramentas disponíveis na rede sorriso, conforme apontou as dimensões relacional e

cognitiva.

Com relação aos resultados no comparativo dos estoques, o estudo apresentou uma

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elevação anormal apenas no grupo de controle. Essa anormalidade pode ser explicada pelo

fato de que, os dados levantados referem-se a informações internas dos pesquisados. Assim,

pode ter ocorrido erro no registro dos estoques de algum(ns) dos membros do grupo de

controle. Esse desempenho melhor do grupo de integrantes pode ser explicado pelos recursos

(informação) que a rede forneceu aos seus integrantes. Esses resultados podem auxiliar a rede

sorriso em tomadas de decisões futuras, para ações estratégicas voltadas para o desempenho

financeiro de cada integrante e da rede sorriso. Com relação à teoria, os achados financeiros

não foram suficientes para uma conclusão mais apurada. Serão necessários mais casos que

permitam o uso da regressão linear e, por conseguinte, a possibilidade de generalização.

De forma geral, esses achados do estudo de caso podem responder à pergunta de

pesquisa, uma vez que o conjunto de resultados apresentados neste trabalho aponta para uma

contribuição, principalmente em termos de informação, confiança e experiências que

influenciaram diretamente na melhoria dos integrantes da rede sorriso de supermercados.

Sugestões para futuras pesquisas

Frente aos resultados do caso analisado e suas contribuições para a evolução da teoria,

esse estudo contribuiu para a teorização sobre redes de forma multidisciplinar através das três

dimensões do capital social (RÉGIS, 2005), atrelado ainda a desempenho financeiro. É certo

que a análise de redes sociais aliada ao capital social, ainda necessita de várias pesquisas para

o desenvolvimento da sociedade de forma séria, responsável e sustentável. Contudo, os

resultados dessa pesquisa ajudaram a entender como uma rede de mercadinhos pode criar

condições que influenciam no desempenho financeiro de pequenos empreendedores do

segmento de mercados de bairro através dos conteúdos nelas transacionados com fundamento

na teoria do capital social.

Com relação ao resultado da dimensão cognitiva, foi identificado que as frases “Baixo

poder de barganha” (antes da rede), e “Melhoria nas negociações” (depois da rede), continuam

sendo consideradas como evocações intermediárias. Assim, é importante buscar novos estudos

que possam explicar a necessidade de ampliar a ferramenta de compras utilizada hoje pela

rede sorriso. Outro aspecto que merece uma atenção especial em futuras pesquisas, refere-se à

omissão, na fala dos respondentes, dos órgãos de apoio à rede sorriso, que não foram citadas

por nenhum dos integrantes.

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Os achados desse estudo permitiram avançar na teoria das redes sociais. Além disso,

foi possível perceber que existem ainda muitos campos a serem pesquisados com o auxílio da

metodologia das redes sociais. Em futuras pesquisas, poderá se trabalhar com redes de outros

segmentos ou procurar descobrir como os empreendedores desenvolvem suas relações de

forma individual. Outro fator que reforça a necessidade de futuras pesquisas, é que este

trabalho focou seus objetivos de pesquisa nos integrantes. Porém, novas pesquisas poderão

ampliar o objeto de estudo para as entidades de apoio.

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Apêndices

Apêndice A – Carta de Apresentação Enviada aos Integrantes da Rede de

Supermercados Sorriso

FACULDADE BOA VIAGEM CPPA – CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO Recife, 31 de outubro de 2008.

Aos Integrantes da Rede de Supermercados Sorriso Sousa/PB At.: Prezados Senhores, Sou aluno do curso de Mestrado em Administração de Empresas na Faculdade Boa Viagem – FBV e minha dissertação estudará as relações sociais informais na rede de supermercados sorriso, motivo esse que venho solicitar contar com a participação de todos os integrantes da rede. O interesse surgiu pela observação exploratória de como essa rede tem se destacado na alto sertão paraibano. As informações fornecidas serão tratadas com o devido sigilo e conhecidas apenas pelos pesquisadores, conforme as recomendações éticas da pesquisa científica. Declaro e comprometo-me formalmente a fazer a devolução e apresentação dos resultados da pesquisa, posteriormente à sua conclusão. O relatório final somente será entregue à biblioteca da FBV após a sua aprovação. Coloco-me à disposição para quaisquer dúvidas sobre a pesquisa e fico no aguardo de suas respostas. Cordialmente, _______________________________ Francisco Dinarte de Sousa Fernandes Matrícula nº. 200716149 Contatos: [email protected] / (83) 9444-0831

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Apêndice B – Roteiro da Entrevista

Roteiro para entrevista

Informações gerais 1. Nome ____________________________ Entrevista ________ 2. Local e data da entrevista______________________________ 3. Nível de escolaridade__________________________________ 4. Gênero? ( ) Masculino ( ) Feminino 5. Qual a sua idade? _________________________ 6. Há quanto tempo você integra a rede? _____________ 7. Fale um pouco sobre sua empresa antes e depois da rede

Frases

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Rede de relacionamento 8. A rede foi importante para o desenvolvimento da sua empresa?

Frases 9. Quais pessoas da rede você acredita ter influenciado no desenvolvimento da sua empresa? De que forma elas o influenciaram?

Frases Atualização das perguntas 10. Há alguma questão que você deseja completar ou que não abordamos e você acha importante? 11. Posso entrar em contato com você caso tenha dúvida? 12. Posso entrar em contato com as pessoas citadas por você? 13. Você pode me fornecer o contato?

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Apêndice C – Cartão Gerador de Nomes

Cartão de Respostas

Seu nome: __________________________

C:______________ ________________ Papel social:______ _________________

F:________________________________ Papel social:_______ _________________

Exemplo: X: Dinarte Fernandes Papel social: Amigo, Colaborador, Sócio, Pai, Funcionário e etc.

A:________________________________________________ Papel social:_______________ ________________________

B:________________________________________________ Papel social:_______________ ________________________

E:__________________________________________ Papel social:____________ _____________________

D:__________________________________________ Papel social:____________ ____________________

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Apêndice D – Questionário Final

PESQUISA DA DISSERTAÇÃO

Rede de relacionamento – �ETWORK

Mestrando: Francisco Dinarte de Sousa Fernandes Orientador: Prof. Dr. Helder Pontes Régis

NOME: _________________________________Idade:___________anos

E-mail:__________________________________________________

Empresa:_________________________________________________

Recife - 2008

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Bem vindo ao meu trabalho de dissertação de mestrado sobre Redes de

Relacionamento (3etwork). Obrigado por disponibilizar um pouco do seu tempo para

responder a este questionário.

Quero lhe assegurar o caráter confidencial da pesquisa, tanto que as informações

fornecidas serão tratadas com sigilo e conhecidas apenas pelos pesquisadores. Nenhuma outra

pessoa mais terá acesso a estas informações. Quando da divulgação dos resultados, os nomes

não serão revelados, em hipótese alguma. Os nomes citados no cartão de Respostas (Anexo)

serão codificados, de maneira a preservar a confidencialidade dos dados.

Todos os colaboradores receberão um sumário executivo com os resultados da

pesquisa. A defesa da dissertação, perante a banca examinadora, será um evento público e

desde já todos os colaboradores estão convidados a comparecer, tão logo seja marcada, avisá-

los-ei.

Obrigado!

FRANCISCO DINARTE DE S. FERNANDES

[email protected] / Cel. (83) 9444-0831

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Primeiro, pense um pouco sobre os integrantes da rede de supermercados sorriso

com quem você mantém contato, ou manteve, no papel de membro e que são ou foram,

relevantes para o desenvolvimento do seu supermercado na rede. Elas podem manter com

você, ou ter mantido vários tipos de relacionamentos. Exemplo: amizade (alívio das pressões

da empresa), informação (como se administra um supermercado) e confiança (assuntos

confidenciais sobre as atividades do supermercado).

Use o cartão de respostas (Anexo) para listar os nomes das pessoas que são ou foram,

as mais importantes para o desenvolvimento do seu supermercado. Em seguida, com relação a

cada uma destas pessoas, por gentileza, indique com que frequência elas se comportam, ou se

comportaram, da forma apresentada nos itens da próxima página.

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Use a seguinte escala:

5 – Sempre 4 – Frequentemente 3 – Ocasionalmente 2 – Raramente 1 – �unca

Obs.: As letras, C, D, E e F foram omitidas por questões de espaço, Elas contêm o mesmo formato das letras A e B apresentadas abaixo.

Esta pessoa . . . A B

1) ...tem indicado ou indicou meu nome para participar de cursos, feiras, exposições, congresso no setor de supermercados. 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1

2) ...fornece, ou forneceu, informações de como as coisas funcionam na rede sorriso ou informações sobre os procedimentos que devem ser adotados para que o supermercado funcione no seu dia-a-dia.

5 4 3 2 1 5 4 3 2 1

3) ...me orienta, ou orientou, na formação de uma rede de contatos com pessoas importantes para o desenvolvimento do meu supermercado.

5 4 3 2 1 5 4 3 2 1

4) ...me mostra, ou mostrou, fontes de financiamento (ex: bancos oficiais, investidores privados, ou órgãos de apoio). 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1

5) ....é, ou foi, convidada por mim para discutir as ideias inovadoras, antes de pô-las em prática. 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1

6) ...tem me ajudado, ou ajudou, a lidar com as preocupações que tenho como empresário. 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1

7) ...participa, ou participou, do meu grupo de companheiros (ex.: torcemos pelo mesmo time, frequentamos a mesma igreja, a mesma escola ou o mesmo grupo social).

5 4 3 2 1 5 4 3 2 1

8) ...me ajuda, ou ajudou, a terminar tarefas ou a cumprir prazos que de outra forma seriam difíceis de conseguir.

5 4 3 2 1 5 4 3 2 1

9) ...se comporta, ou se comportou, de maneira que merece ser imitada.

5 4 3 2 1 5 4 3 2 1

10) ...me orienta, ou orientou, na tomada de decisões com relação à administração do supermercado (ex.: marketing, investimentos, preços, contabilidade etc.).

5 4 3 2 1 5 4 3 2 1

11) ...tem feito com que clientes, fornecedores, empresários ou órgãos de apoio vejam o meu trabalho, isto é, ela amplia, ou ampliou, minhas oportunidades futuras.

5 4 3 2 1 5 4 3 2 1

12) ...é, ou foi, do meu grupo de amigos (ex.: saímos para jantar, visitamos um ao outro e conversamos pelo telefone). 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1

13) ...mantém, ou manteve, em segredo os assuntos compartilhados com ela. 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1

14) ...é, ou foi, importante fonte de informação com relação ao que está acontecendo no ambiente de negócios de supermercados.

5 4 3 2 1 5 4 3 2 1

15) ...age, ou agiu, com princípios: seu comportamento demonstra atitudes ou valores com os quais concordo.

5 4 3 2 1 5 4 3 2 1

16) ...tem indicado, ou indicou, o meu nome a fornecedores. 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1

17) ...fornece, ou forneceu, orientações técnicas de como organizar os produtos no supermercado e depois me informou se as mudanças feitas foram corretas.

5 4 3 2 1 5 4 3 2 1

18) ...é, ou foi, paciente para ouvir nas nossas conversas. 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1

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Informações sobre os Relacionamentos A B 19. Há quanto tempo, aproximadamente, cada pessoa foi, ou é parte da rede de relações - Network?

________ Anos ________ Anos

20) Indique o nível de equivalência da idade desta pessoa com relação à sua. 1- Acima de 10 anos mais novo do que eu 2- �o máximo 10 anos mais novo do que eu 3- Possui idade igual à minha. 4- �o máximo 10 anos mais velho do que eu 5- Acima de 10 anos mais velho do que eu.

1

2 3 4 5

1

2 3 4 5

21) Indique a frequência com que você interage, ou interagiu, com esta pessoa: 1 -Várias vezes ao dia 2 - Uma vez ao dia 3 - Algumas vezes por semana 4 - Uma vez por semana 5 - Algumas vezes por mês 6 - Uma vez por mês 7 - Algumas vezes por ano.

1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7

22) Indique a frequência com que o seu negócio requer, ou requereu, interação com esta pessoa: 1 - Várias vezes ao dia 2 - Uma vez ao dia 3 - Algumas vezes por semana 4 - Uma vez por semana 5 - Algumas vezes por mês 6 - Uma vez por mês 7 - Algumas vezes por ano.

1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7

23) Indique o seu nível de relacionamento com esta pessoa: 1 - Muito próximo (Um de meus contatos mais próximos no momento) 2 - Próximo (Eu gosto de estar com esta pessoa, mas não a considero um de meus contatos pessoais mais próximos) 3 - Menos que próximo (Eu não me incomodo de interagir com esta pessoa, mas não tenho nenhuma intenção de desenvolver laços fortes) 4 - Distante (Eu só disponibilizo tempo para estar com esta pessoa se absolutamente necessário)

1 2 3 4 1 2 3 4

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Comentários

Sinta-se à vontade para acrescentar quaisquer comentários ou sugestões que considerar

pertinentes.

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Apêndice E – Demonstrativo Fiscal/Financeiro

Obs: Informações prestadas pelo empresário ( )integrante da rede ( )grupo de controle

Razão Social _____________________________________________

Ano Compras Vendas Estoques Trimestre

2003 1º

2004 1º

2005 1º

2006 1º

2007 1º

2008 1º

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Apêndice F – Centralidade de intermediação

FREEMAN BETWEENNESS CENTRALITY -------------------------------------------------------------------------------- Important note: this routine binarizes but does NOT symmetrize. Un-normalized centralization: 7253.000

1 2 Betweenness nBetweenness

13 13 187.000 8.289 14 14 186.167 8.252 02 02 180.250 7.990 06 06 162.833 7.218 17 17 160.250 7.103 07 07 129.000 5.718 08 08 126.750 5.618 11 11 116.583 5.168 15 15 109.250 4.843 04 04 95.500 4.233 10 10 83.500 3.701 18 18 68.333 3.029 16 16 68.000 3.014 09 09 59.250 2.626 12 12 54.333 2.408 05 05 52.833 2.342 03 03 48.167 2.135 01 01 22.000 0.975 19 19 0.000 0.000 … … … 49 49 0.000 0.000 DESCRIPTIVE STATISTICS FOR EACH MEASURE 1 2 Betweenness nBetweenness 1 Mean 38.980 1.728 2 Std Dev 59.853 2.653 3 Sum 1910.000 84.663 4 Variance 3582.421 7.039 5 SSQ 249989.656 491.184 6 MCSSQ 175538.641 344.901 7 Euc Norm 499.990 22.163 8 Minimum 0.000 0.000 9 Maximum 187.000 8.289 Network Centralization Index = 6.70% Output actor-by-centrality measure matrix saved as dataset FreemanBetweenness Running time: 00:00:01 Output generated: 30 nov 08 14:10:30

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Anexos

Anexo 01

Encarte promocial de outubro de 2008 Fonte: Rede de supermercados sorriso

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Anexos

Anexo 02

Índices percentuais do IGP-M

Fonte: FGV – Fundação Getúlio Vargas

JA� FEV MAR ABR MAI JU� JUL AGO SET OUT �OV DEZ ACUMULADO

1989 - - - - - 19,68 35,91 36,91 39,92 40,64 40,48 47,13 805,76%

1990 61,46 81,29 83,95 28,35 5,93 9,94 12,01 13,62 12,80 12,97 16,86 18,00 1.699,87%

1991 17,70 21,02 9,19 7,81 7,48 8,48 13,22 15,25 14,93 22,63 25,62 23,63 458,38%

1992 23,56 27,86 21,39 19,94 20,43 23,61 21,84 24,63 25,27 26,76 23,43 25,08 1.174,67%

1993 25,83 28,42 26,25 28,83 29,70 31,49 31,25 31,79 35,28 35,04 36,15 38,32 2.567,34%

1994 39,07 40,78 45,71 40,91 42,58 45,21 4,33 3,94 1,75 1,82 2,85 0,84 869,74%

1995 0,92 1,39 1,12 2,10 0,58 2,46 1,82 2,20 - 0,71 0,52 1,20 0,71 15,23%

1996 1,73 0,97 0,40 0,32 1,55 1,02 1,35 0,28 0,10 0,19 0,20 0,73 9,18%

1997 1,77 0,43 1,15 0,68 0,21 0,74 0,09 0,09 0,48 0,37 0,64 0,84 7,73%

1998 0,96 0,18 0,19 0,13 0,14 0,38 -0,17 -0,16 -0,08 0,08 -0,32 0,45 1,78%

1999 0,84 3,61 2,83 0,71 - 0,29 0,36 1,55 1,56 1,45 1,70 2,39 1,81 20,10%

2000 1,24 0,35 0,15 0,23 0,31 0,85 1,57 2,39 1,16 0,38 0,29 0,63 9,95%

2001 0,62 0,23 0,56 1,00 0,86 0,98 1,48 1,38 0,31 1,18 1,10 0,22 10,37%

2002 0,36 0,06 0,09 0,56 0,83 1,54 1,95 2,32 2,40 3,87 5,19 3,75 25,30%

2003 2,33 2,28 1,53 0,92 - 0,26 - 1,00 - 0,42 0,38 1,18 0,38 0,49 0,61 8,69%

2004 0,88 0,69 1,13 1,21 1,31 1,38 1,31 1,22 0,69 0,39 0,82 0,74 12,42%

2005 0,39 0,30 0,85 0,86 - 0,22 - 0,44 - 0,34 - 0,65 - 0,53 0,60 0,40 - 0,01 1,20%

2006 0,92 0,01 - 0,23 - 0,42 0,38 0,75 0,18 0,37 0,29 0,47 0,75 0,32 3,84%

2007 0,50 0,27 0,34 0,04 0,04 0,26 0,28 0,98 1,29 1,05 0,69 1,76 7,74%

2008 1,09 0,53 0,74 0,69 1,61 1,98 1,76 -0,32 0,11 0,98 0,38 - 9,94%