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FACULDADE BOA VIAGEM – FBV
CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – CPPA
MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL
RELAÇÕES SOCIAIS I�FORMAIS: UM ESTUDO DA REDE DE
SUPERMERCADOS SORRISO �O ALTO SERTÃO DA PARAIBA.
Francisco Dinarte de Sousa Fernandes
Orientador: Prof. Helder Pontes Régis (Dr.)
Recife - 2008
2
Francisco Dinarte de Sousa Fernandes
RELAÇÕES SOCIAIS I�FORMAIS: UM ESTUDO DA REDE DE
SUPERMERCADOS SORRISO �O ALTO SERTÃO DA PARAIBA.
Dissertação apresentada como requisito complementar para obtenção do título de Mestre em Administração, com área de concentração em Negócios e Sociedade do Programa de Pós-Graduação em Administração da Faculdade Boa Viagem, sob a orientação do Professor Helder Pontes Régis – Doutor.
Recife – 2008
3
Fernandes, Francisco Dinarte de Sousa
Relações Sociais Informais: Um Estudo da Rede de Supermercados Sorriso no Alto Sertão da Paraíba. / Francisco Dinarte de Sousa Fernandes. – Recife: O Autor, 2008. 113 folhas: figuras; quadros; tabelas; gráficos.
Dissertação (mestrado) – Faculdade Boa Viagem. Administração, 2008.
Inclui Bibliografia e Apêndices.
1.Gestão de Pessoas – Modelos. 2. Recursos Humanos – Teoria. 3. Redes Sociais Informais I. Título
CDU
658.3
P125c FBV
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Francisco Dinarte de Sousa Fernandes
RELAÇÕES SOCIAIS I�FORMAIS: UM ESTUDO DA REDE DE
SUPERMERCADOS SORRISO �O ALTO SERTÃO DA PARAIBA.
Dissertação submetida ao corpo docente do Mestrado Profissional em Gestão
Empresarial do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração – CPPA, da
Faculdade Boa Viagem e aprovada em 23 de dezembro de 2008.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Emanuel Ferreira Leite, Dr. (examinador externo)
Prof. James Anthony Falk, Ph.D. (examinador interno)
Prof. Helder Pontes Régis, Dr. (orientador)
5
MEUS AGRADECIME�TOS
Ao ser supremo, que conduz nossas vidas a cada instante, possibilitando a vivência de
experiências magníficas. Àqueles amigos e professores que sempre me apoiaram e me
estimularam ao desenvolvimento da minha vida acadêmica.
À mulher a quem considero meu mapa (minha mãe e pai), por ter tido a coragem de criar seus
filhos sem a companhia do esposo, tornando-os homens honrados e dignos de lutar pela vida.
À minha esposa, Edilva, que me apoia na busca de realização dos nossos sonhos me
fortalecendo de amor e carinho.
A todos os que contribuíram para a formação de meu caráter e de meus valores me ensinando
sempre persistir para superar as dificuldades com dignidade.
Ao meu orientador, Helder Pontes Régis, por acreditar na minha capacidade, através da
escolha como orientando, além de me ensinar novos conhecimentos, e de me estimular a
enfrentar os desafios da vida acadêmica.
Aos colegas de mestrado pelo compartilhamento de experiências e construção de novas
amizades: Roosevelt, Marcela, Beatriz, Thiago e Rose.
Aos meus irmãos, Dinacio e Beatriz, que, juntamente com os colaboradores da nossa empresa,
me apoiaram.
Aos integrantes da banca, que contribuíram para a edificação desse estudo, através de
sugestões teóricas e metodológicas.
À amiga, Albina, e à Professora Sônia Calado Dias, pessoas que aprendi a respeitar, ouvindo
suas experiências e orientações de vida.
6
"Senhor, o meu coração não se ensoberbeceu,
nem os meus olhos se elevaram, não andei em
grandezas, nem em magnificências sobre a
minha sorte.
Se eu não tinha sentimentos humildes, e pelo
contrário elevei o meu coração, como o menino
apartado já do peito da mãe está em seus
braços, assim seja o galardão na minha alma.
Espere Israel no Senhor, desde agora e para
sempre."
(Salmo 130 – Confissão de humildade)
7
RESUMO
O estudo das redes sociais, atrelado aos relacionamentos, tem se destacado na academia como área importante para o desenvolvimento profissional e empresarial de empreendedores através dos laços e do Capital Social por eles gerado. A forma como essas redes se estruturam, possibilita identificar aquelas pessoas que ocupam posições importantes pela centralidade e pelos conteúdos que elas transacionam na rede. Este estudo apresenta uma rede de mercadinhos de bairro e mostra como ela pôde influenciar no desempenho dos seus participantes. Neste estudo, o Capital Social é compreendido através de três dimensões: estrutural, relacional e cognitiva. A metodologia foi trabalhada através das ferramentas para um estudo de múltiplos casos, através de um estudo multi-método envolvendo as técnicas de análise das redes sociais, de captura dos mapas cognitivos e da percepção sobre os conteúdos transacionados nas relações. Para se apresentar a estrutura da rede de supermercados sorriso, foi utilizado um cartão gerador de nomes que identificou os participantes da rede e levantou os papéis sociais das pessoas que eles consideram importantes para o negócio. Utilizaram-se as técnicas da entrevista para identificar as ideias centrais sobre o papel da rede para o desenvolvimento das empresas e do questionário para identificar a força das relações nos conteúdos transacionados nas redes. Foram levantados os dados financeiros dos integrantes da rede sorriso e de um grupo de controle, permitindo a comparação em um mesmo período de tempo. Observou-se que os integrantes da rede tiveram um desempenho financeiro superior ao do grupo de controle. Os resultados apresentados neste estudo apontam as campanhas de divulgação, a organização das empresas e as parcerias como sendo ideias centrais sobre o papel da rede para o desenvolvimento dos supermercados. Além disso, a análise das redes sociais internas mostrou a troca de informações e a confiança como uma força da rede sorriso, permitindo que ela cumpra o seu papel na melhoria do desempenho dos integrantes.
Palavras-chave: Redes Sociais, Capital Social, Desempenho financeiro, Supermercados de bairro.
8
ABSTRACT
The study of the social networks, linked to relationships, has stood out in the academy with an important area to the professional and business entrepreneurs through the loops and the Social Capital that they have generated. The way these networks are structured enable to identify those persons who occupy important positions in the centrality and the content they transact on the network. This study presents a network of neighborhood grocery stores and shows how it might influence the performance of its participants. In this study, the Social Capital is understood through three dimensions: structural, relational and cognitive. The methodology was worked by the tools for a study of multiple cases, through a multi-method study involving techniques for analyzing social networks, to capture the cognitive map and the perception of the content traded in relationships. To display the structure of the supermarket chain smile, it was used a name generator card that identified the participants in the network and raised the social roles of people they consider important to the business. It was used interview techniques to identify the main ideas about the role of the network for business development and the questionnaire to identify the strength of the relationships in the content traded on the network. Data were financial members of the network smile and a control group, allowing comparison in the same period of time. It was observed that the members of the network had a superior financial performance to the control group. The results presented in this study point the campaigns, business organization and partnership as central ideas about the role of the network for the development of the supermarkets. In addition, the analysis of internal social networks showed the exchange of information and confidence as a strength of the smile network, allowing it to fulfill its role in improving the performance of the members. Keywords: Social Networks, Social Capital, Financial Performance, Neighborhood Supermarkets.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Logomarca da Rede Fonte: Rede de Supermercados Sorriso, 2003 16 Figura 2: Interseções dos objetos de investigação Fonte: O próprio autor 21 Figura 3: Apresentação da fundamentação teórica Fonte: O próprio autor 27 Figura 4: As correntes que desembocaram na moderna Análise de Redes Sociais. Fonte: Scott, 2000, p.8 28 Figura 5: Perspectiva multidimensional do capital social Fonte: Régis, 2008 34 Figura 6: Dimensões do capital social Fonte: Régis, 2008 40 Figura 07: Representação gráfica da rede geral Fonte: O próprio autor 70 Figura 08: Representação gráfica da rede geral com destaque nos integrantes Fonte: O próprio autor 71 Figura 09: Representação gráfica dos laços fortes Fonte: O próprio autor 73 Figura 10: Representação gráfica dos laços fortes Fonte: O próprio autor 74 Figura 11: Representação gráfica da reciprocidade dos integrantes Fonte: O próprio autor 75 Figura 12: Representação gráfica da sub-rede amizade Fonte: O próprio autor 77 Figura 13: Representação gráfica da sub-rede informação Fonte: O próprio autor 78 Figura 14: Representação gráfica da sub-rede confiança Fonte: O próprio autor 79
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LISTA DE QUADROS, TABELAS E GRÁFICOS
Quadro 01: Técnica de quatro quadros para a situação “fale um pouco sobre sua empresa antes da rede” Fonte: Adaptado de Régis, Bastos e Dias, 2008 82 Quadro 02: Técnica de quatro quadros para a situação “fale um pouco sobre sua empresa após a rede” Fonte: Adaptado de Régis, Bastos e Dias, 2008 83 Tabela 01: Dados dos integrantes da rede sorriso Fonte: O próprio autor 67 Tabela 02: Classificação da amizade por grupos (integrantes e controle) Fonte: O próprio autor 77 Tabela 03: Classificação da informação por grupos (integrantes e controle) Fonte: O próprio autor 78 Tabela 04: Classificação por grupos (integrantes e controle) Fonte: O próprio autor 79 Gráfico 01: Papéis sociais da network Fonte: O próprio autor 72 Gráfico 02: Comparativo das compras (integrantes e grupo de controle) Fonte: O próprio autor 86 Gráfico 03: Comparativo das vendas (integrantes e grupo de controle) Fonte: O próprio autor 87 Gráfico 04: Comparativo dos estoques (integrantes e grupo de controle) Fonte: O próprio autor 88
11
SUMÁRIO
1 I�TRODUÇÃO................................................................................................. 11 1.1 Pergunta de Pesquisa........................................................................................ 11 1.2 Objetivos da Pesquisa...................................................................................... 17 1.2.1 Objetivo geral................................................................................................ 17 1.2.2 Objetivos específicos..................................................................................... 17 1.3 Justificativas..................................................................................................... 19 1.3.1 Teórica........................................................................................................... 19 1.3.2 Prática............................................................................................................ 22 2 REFERE�CIAL TEÓRICO............................................................................ 25 2.1 Empreendedorismo.......................................................................................... 25 2.2 História da Análise das Redes Sociais............................................................. 27 2.3 Redes Sociais Informais.................................................................................. 33 2.4 Capital Social................................................................................................... 35 2.5 Dimensões do Capital Social........................................................................... 39 2.5.1 Dimensão Estrutural...................................................................................... 41 2.5.2 Dimensão Relacional.................................................................................... 44 2.5.3 Dimensão Cognitiva...................................................................................... 47 2.6 Mapas Cognitivos ............................................................................................ 47 2.7 Desempenho Financeiro................................................................................... 50 3 METODOLOGIA............................................................................................. 52 3.1 Delineamento da pesquisa................................................................................ 52 3.2 População e amostra......................................................................................... 56 3.3 Instrumentação das variáveis............................................................................ 57 3.4 Coleta de Dados................................................................................................ 59 3.5 Métodos de análise........................................................................................... 62 3.6 Limitações da pesquisa..................................................................................... 65 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................... 66 4.1 Dimensão estrutural.......................................................................................... 69 4.2 Dimensão Relacional........................................................................................ 76 4.3 Dimensão cognitiva.......................................................................................... 81 4.4 Desempenho financeiro.................................................................................... 85 5 CO�CLUSÕES E SUGESTÕES PARA �OVAS PESQUISAS................... 89 6 REFERÊ�CIAS................................................................................................. 93 Apêndice A – Carta de Apresentação Enviada aos Integrantes da Rede de Supermercados Sorriso..................................................................................................................... 100 Apêndice B – Roteiro da Entrevista....................................................................... 101 Apêndice C – Cartão Gerador de Nomes............................................................... 103 Apêndice D – Questionário Final........................................................................... 104 Apêndice E – Demonstrativo Fiscal/Financeiro.................................................... 110 Apêndice F – Centralidade de intermediação........................................................ 111 Anexo 01................................................................................................................. 112 Anexo 02................................................................................................................. 113
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1 I�TRODUÇÃO
O presente capítulo de introdução mostra o problema e a pergunta de pesquisa,
corroborados pelos objetivos - geral e específicos - do estudo, assim como suas devidas
justificativas teóricas e práticas. A pesquisa será um estudo sobre redes sociais informais com
enfoque direcionado aos conteúdos transacionados na rede de mercadinhos denominada “Rede
de Supermercados Sorriso”, e como estes conteúdos contribuíram para os resultados obtidos
pelos integrantes.
1.1 Pergunta de Pesquisa
As mudanças provocadas pela globalização têm direcionado a atividade econômica,
por meio de processos de re-estruturação organizacionais a novas estruturas empresariais que
colocam sobre as áreas/regiões comerciais a necessidade de modificações como forma de
adaptação a novos conceitos de competitividade. Os estudos dessas alterações organizacionais
têm contribuído para o crescimento econômico e para o desenvolvimento da literatura sobre
organizações no contexto atual, principalmente com relação às micro, pequenas e médias
empresas.
Em função dessas mudanças na economia, os micros, pequenos e médios empresários
sofrem com a abertura dos mercados, resultando práticas de competitividade exacerbada e
necessidade de mudanças tecnológicas e administrativas. Esses movimentos têm provocado a
migração de grupos estrangeiros para vários países, principalmente para aqueles em
desenvolvimento, onde existe amplo mercado consumidor a ser explorado. Em conjunto a esse
fenômeno, as grandes empresas no cenário nacional, estão também reposicionando seus
esforços para mercados fora dos grandes centros urbanos, de exploração mais recente e
dominada, em sua maioria, por pequenas e médias empresas. Isso implica na construção de
uma nova configuração de mercado, representando desafios, principalmente, para os gestores
de pequenas organizações.
No mesmo cenário, o mercado varejista vem passando por profundas transformações
organizacionais em todo o mundo. O acirramento da concorrência, trazido pela abertura da
economia mundial, levou as organizações a prestarem mais atenção à competitividade externa
13
e interna de cada segmento, como também as formas de atender as necessidades dos clientes
de cada segmento.
Assim, o setor de alimentos no mundo encontra-se classificado em diferentes tipos de
lojas. Os supermercados, mercadinhos ou mercados de bairro como também são conhecidos,
caracterizam-se pela venda de gêneros alimentícios, além de artigos de higiene e limpeza,
eletrodomésticos, vestuário e artigos do lar. Além disso, atualmente, operam com outros
produtos (telefonia móvel) e serviços (banco postal: CEF, Bradesco, Banco do Brasil, etc.)
apresentando alto giro dos produtos/serviços e baixa margem nos resultados financeiros
(BNDES, 2000). Essa diversidade de produtos/serviços é característica própria do segmento,
produzido por fatores regionais ou locais que determinam tanto a oferta como a demanda dos
clientes.
Após 1999, estudos da Abras - Associação Brasileira de Supermercados (1999)
apontam que as 10 maiores redes mundiais do segmento varejista de alimentos obtiveram
faturamentos globais da ordem de US$ 466,7 bilhões, sendo que, somente a rede norte-
americana Wal-Mart (1999), atingiu 30% desse total. Segundo estatísticas da Abras (1999) no
Brasil, o segmento varejista de alimentos passa por um processo de concentração, onde as
cinco maiores cadeias representam 40% do faturamento bruto do segmento, principalmente
em grandes centros urbanos.
Segundo Farias Filho, Castanha e Porto (1999), a concentração e coação de grandes
fornecedores, juntamente a clientes mais exigentes, além da conjuntura e estrutura econômica
globalizada, se apresentam particularmente hostis à permanência das pequenas organizações
no mercado. Assim, configura-se caso, de quem continue atuando individualmente, aumente o
risco de ser engolido em seu mercado tradicional por grandes organizações concorrentes
(CASAROTTO; PIRES, 1999). Contudo, vislumbra-se que o aumento da concentração no
segmento começa, por outro lado, a incentivar os pequenos e médios varejistas a constituir
consórcios, redes e outras modalidades de associativismo, que permitam o ingresso de novas
organizações nesse mercado. Essas alianças criam condições e ferramentas que viabilizam os
negócios do grupo, permitindo que cada integrante individualmente sobreviva ao mercado e
consiga se desenvolver.
Sob essa ótica, os micro e pequenos empreendedores desse setor passaram a observar
os aspectos relacionados à operação administrativa e a significativa redução da inflação após
meados de 1994. Isso ocorreu, pela implantação de um novo processo econômico pelo qual o
país passou, a partir do Plano Real, que provocou alterações no mercado, principalmente nesse
segmento. Tal fato se justifica, porque, após essa mudança econômica, não mais houve a
14
necessidade de se manter grandes estoques, abrindo oportunidades para os pequenos
empreendedores que não tinham capital suficiente para concorrer com as grandes redes do
segmento de alimentos.
Desta forma, as pequenas organizações passaram a se preocupar mais com a
concorrência, a empreender ações destinadas a cortar custos e a criar valor agregado nos
produtos e serviços para o consumidor. Com essa nova visão de posicionamento competitivo,
as pequenas organizações passaram a depender fundamentalmente das ações específicas.
Essas ações envolvem o relacionamento com fornecedores, consumidores, entidades parceiras
e os próprios concorrentes no segmento regional e/ou local. Uma das principais características
do atual ambiente de alimentos é a necessidade das pequenas organizações atuarem de forma
conjunta e associada, compartilhando todos os tipos de recursos a partir da definição de
estratégias específicas. Nesse sentido, a criação de redes de supermercados tem sido
alternativa administrativa viável para enfrentar a competitividade de grandes marcas no
segmento de alimentos.
É fato que os mercados de bairro têm utilizado a associação em rede de compras para
competir com médios e grandes mercados. A rede de compras provoca oferta de preços iguais
e, em alguns casos, até menores quando comparados com outros tipos de mercados. Nesse
sentido, a colaboração aparece como uma estratégia de relacionamento entre pequenas
organizações, possibilitando a aquisição de recursos e o seu compartilhamento em rede.
Nesse contexto, a partir da década de 90, a CACB – Confederação das Associações
Comerciais e Empresariais do Brasil, em parceria com o SEBRAE – Serviço Brasileiro de
Apoio a Pequenas e Micro Empresas, implementou o projeto Empreender através da
organização de núcleos setoriais com valorização no aspecto associativo. O núcleo setorial
possibilita a reunião de pequenas organizações do mesmo segmento, tornando possível um
contato direto com outras empresas, visando soluções comuns para enfrentar dificuldades,
que, sozinho, o empresário não conseguiria resolver. Assim, as ações desenvolvidas no núcleo
setorial propiciam o fortalecimento das pequenas empresas no segmento, tornando-as mais
competitivas frente a esse novo mercado mundial. Segundo informações no site do Sebrae-PB,
o projeto Empreender encontra-se implantado em todos os estados brasileiros e no Distrito
Federal, cobrindo assim, mais de 800 municípios com a participação de 40.000 pequenas
empresas, aproximadamente, capacitadas para atuarem de forma conjunta no mercado e
segmento de suas atividades.
Nesse norte, em 2003, no alto sertão paraibano, através do projeto Empreender, 13
empreendedores no segmento de mercados de bairro, uniram-se na criação de um núcleo de
15
mercadinhos denominada Rede de Supermercados Sorriso. Essas organizações atuam no
segmento de mercados de bairro. Seus estabelecimentos medem no máximo 250m² com
exploração de atividades em gêneros alimentícios, produtos, serviços domésticos e pessoais,
tendo um faturamento anual por empresa de, no máximo, 1.500.000,00 (um milhão e
quinhentos mil reais). Essas empresas individuais estão enquadradas no regime de tributação
do Simples Nacional (LC 123/2006), e as suas carteiras de clientes são formadas por famílias
de classe média e baixa renda que residem próximo à sede dos estabelecimentos integrantes.
A Rede Sorriso, como é mais conhecida, nos seus objetivos formais (estatuto) busca
alcançar a competitividade e promover o desenvolvimento do segmento de mercados de
bairro, organizando suas demandas e as necessidades, além de promover, fortalecer e melhorar
os resultados financeiros dos integrantes da rede.
A rede utiliza uma ferramenta para realizar compras junto a fornecedores que se baseia
em leilões realizados uma vez por semana na sede da rede, com base de aquisição na
capacidade individual de cada integrante, mas com negociação em conjunto com os
fornecedores. Os integrantes efetuam um levantamento prévio das necessidades de cada
integrante (mercadorias) e as coloca em uma só relação que é apresentada a vários
fornecedores convidados a participar das reuniões. Assim, aquele fornecedor que oferecer
melhores preços e condições fecha o negócio com cada integrante relacionado.
Essa forma de comprar em conjunto possibilita ofertas e descontos nos produtos, além
de conseguir apoio financeiro para a rede na realização das campanhas promocionais de
vendas (encartes/anexo 01), assim como, na realização das campanhas sociais desenvolvidas e
apoiadas pela rede. A rede também utiliza outra ferramenta importante: é a parceria interna de
troca de mercadorias ou repasse dos estoques com baixa rotatividade, que possibilita a troca
de mercadorias estocadas entre os integrantes. Essas mercadorias são oferecidas em reunião
semanal aos demais membros que as recebem pelo preço de custo e tentam revender através
dos seus estabelecimentos, possibilitando assim, que os integrantes se ajudem minimizando os
prejuízos com produtos estocados por longos períodos.
As campanhas promocionais também são outra ferramenta criada pela rede sorriso para
divulgar os produtos e serviços dos integrantes da rede. Essas campanhas ocorrem em
períodos estratégicos (São João, Dia das Crianças, Natal, etc.) onde são elaborados panfletos
(encartes/anexo 01) com destaque para alguns produtos promocionais e descontos oferecidos
por todos os estabelecimentos integrantes da rede. As despesas dessas campanhas são rateadas
entre os integrantes e alguns fornecedores através de parcerias por vendas de produtos
diferenciados ou casados.
16
Existem ainda as campanhas sociais que são realizadas em parceria com outras
entidades da sociedade organizada e visam promover a rede e seus integrantes através da
responsabilidade social que também é um dos objetivos formais da rede. Essas campanhas são
planejadas com o auxílio de consultores das entidades parceiras que orientam na organização e
desenvolvimento dessas estratégias.
A rede foi criada de fato, porém, até o presente estudo ainda não tinha legalizado a sua
existência jurídica, ou seja, como entidade de direito através do registro do estatuto em
cartório civil e cadastro como pessoa jurídica. Mesmo assim, os integrantes reúnem-se uma
vez por semana (quarta-feira) em sua sede provisória no Cotton Shoping, no município de
Sousa, alto sertão da Paraíba, para realizar negociações com fornecedores e parceiros, como
também tratar dos objetivos de interesse do grupo, buscando sempre novos recursos e
condições necessárias ao desenvolvimento da rede e de seus integrantes.
A rede conta com o apoio de entidades representativas de classe como: a ACISA –
Associação Comercial e Industrial de Sousa; o CDL – Clube de Diretores Lojistas, o
SINDIEMPRESAS – Sindicato das Empresas de Sousa e, como já citado, o SEBRAE, que
auxiliam nas capacitações e recursos na área de gestão administrativa e de pessoas. Hoje essa
rede encontra-se com 18 integrantes com empresas em pleno processo de desenvolvimento,
tendo ainda uma lista em análise para ingresso de mais 05 mercados de bairro.
A rede, em suas ações administrativas e de marketing, atua em 05 municípios da
grande Sousa, no alto sertão paraibano (Aparecida; Marizopolis; Nazarezinho; Vieiropolis e
São Francisco). Ela é assistida por um coordenador capacitado pelas entidades parceiras,
citadas anteriormente, que cuida da organização e parte administrativa, sendo este o
responsável direto pela orientação técnica a todos os integrantes. A rede vem construindo uma
marca na região através de campanhas promocionais e eventos sociais que levam o seu nome a
toda sociedade, demonstrando a responsabilidade empresarial e social, como também o
compromisso para o desenvolvimento dos seus integrantes ao longo dos últimos cinco anos de
existência.
Assim, a rede é empresarialmente e socialmente vista como um empreendimento que
fixou sua marca nos últimos anos na região do município de Sousa, principalmente na atuação
competitiva dos seus integrantes e nas campanhas promocionais e sociais que tem
desenvolvido através de seus parceiros junto à comunidade. Essa marca é forte e respeitada,
mesmo com tão pouco tempo de atuação no mercado (05 anos), apesar de se tratar de um
grupo de empreendedores de pequeno porte e pouco poder financeiro.
17
Os integrantes da rede recebem frequentemente apoio das entidades parceiras para
capacitações gerencial e administrativa sobre atendimento, vendas, custos e apoio para
participação em feiras e exposições, além de informações técnicas através de consultoria
individual e coletiva. Assim, um dos maiores objetivos da rede sorriso é a melhora
significativa em oferecer produtos e serviços, com mais opções aos clientes, além da busca
pelo incremento no faturamento e geração de empregos. Os mercados de bairro que compõem
a rede sorriso são mais conhecidos pelos seus nomes-fantasia como: Mercadinho Batista,
Mercadinho Cristo é Real, Mercantil Melo, Mercadinho Gomes, Supermercado Nossa
Senhora de Lourdes, Mini Mercado Jatobá, Mercantil São José, Supermercado Santa Clara,
Mercadinho Bastos, Mercadinho São José I, Mercantil Virgínio, Mercadinho Ideal, JC
Mercadinho, Mercadinho Sena, Supermercado Compre Bem, Mercadinho Sarmento,
Mercadinho São Vicente, Mercantil do Povão. Todos usam a logomarca padrão que segue a
estrutura da figura 1.
Figura 1: Logomarca da Rede Fonte: Rede de Supermercados Sorriso (2003)
Desse contexto surge a seguinte pergunta de pesquisa:
Até que ponto a Rede de Supermercados Sorriso e os conteúdos nela
transacionados influenciam no desempenho financeiro das organizações participantes?
Esta pergunta é, por consequência, inserida em um único objetivo geral que se
complementa pelos objetivos específicos a seguir apresentados.
18
1.2 Objetivos da Pesquisa
Aqui serão apresentados os objetivos da presente pesquisa social que permitiu buscar e
esclarecer à pergunta de pesquisa, que construiu o rumo do estudo com base na literatura
vigente.
1.2.1 Objetivo geral
O presente estudo tem como objetivo geral descrever a influência da rede de
supermercados sorriso e os conteúdos nela transacionados no desempenho financeiro das
organizações participantes.
1.2.2 Objetivos específicos
O objetivo geral deste estudo encontra-se complementado através dos objetivos
específicos abaixo, que têm como função precípua na pesquisa auxiliar no processo
metodológico que busca compreender o fenômeno social de forma pormenorizada.
Para responder à pergunta de pesquisa, os objetivos específicos são assim destacados:
a) Identificar a estrutura da rede de supermercados sorriso com base na metodologia das
redes sociais.
b) Determinar os conteúdos de amizade, informação e confiança transacionados nas
relações da rede de supermercados sorriso.
c) Levantar os resultados financeiros alcançados pelos integrantes, após a criação e
desenvolvimento da rede.
d) Compreender a importância da rede nos resultados obtidos das organizações na
percepção dos integrantes.
19
Em seguida, serão apresentadas as justificativas sobre o estudo que têm como função
demonstrar a relevância acerca do contexto acadêmico, bem como as possíveis contribuições
teóricas e práticas para a academia, sociedade e a própria rede de supermercado sorriso objeto
desse estudo.
20
1.3 Justificativas
Neste momento, serão mostrados vários argumentos que sugerem a relevância da
presente pesquisa, de forma a justificá-la de maneira teórica e prática.
1.3.1 Teórica
O maior conhecimento empírico sobre as redes sociais informais dentro do estudo da
administração no Brasil poderá possibilitar uma evolução na teoria sobre gestão de recursos
nas micros, pequenas e médias organizações. O objeto deste estudo deve-se ainda à pequena
quantidade de pesquisas acerca de redes sociais informais, com foco em segmentos varejistas
de alimentos e análise nas dimensões estrutural, relacional e cognitiva do capital social em
pequenas organizações.
O estudo sobre redes sociais remonta o início da década de 1930, e suas tentativas de
conceitos até os dias atuais sempre se associam às teorias sociais, como a teoria do capital
social e as dimensões apresentadas pela literatura. Contudo, o estudo de redes voltado para o
segmento de alimentos, com ênfase a pequenos empreendedores, ainda é pouco pesquisado e
discutido pela comunidade científica. Segundo a literatura, as redes podem facilitar o
aprendizado via transferência de conhecimento de uma organização à outra, assim elas podem
se tornar o lócus (local) de criação de novos conhecimentos.
As lacunas ocorrem devido à carência de estudos empíricos que ultrapassem o nível
individual e possibilitem a análise de grupos sociais das redes de desenvolvimento financeiro
e dos conteúdos transacionados nestas redes (RÉGIS; BASTOS; DIAS, 2006). Pesquisar os
conteúdos transacionados nas redes sociais contribuirá para a criação de conhecimento na
área, como ainda apresentará resultados acerca da formação de redes informais de
mercadinhos, com foco no segmento de alimentos em pequenas organizações fora dos grandes
centros urbanos (interior).
As análises das redes nos conteúdos de amizade, informação e confiança serão
importantes para compreender a integração entre a literatura sobre redes sociais e o contexto
organizacional de pequenas organizações. O estudo poderá ainda mostrar que numa rede
social informal de mercadinhos, algumas dimensões do capital social compõem as redes de
21
relações, e que essas informações podem contribuir na operacionalidade do grupo na busca de
novos objetivos compartilhados.
As dimensões descritas pela teoria do capital social possibilitam compreender a
complexidade das relações em redes, fortalecendo a literatura das redes sociais no contexto
das pequenas organizações integrantes de redes. Nesse sentido, a presente pesquisa poderá,
ainda, apresentar indícios de que a natureza dos itens transacionados indicará não apenas o
investimento dos atores na relação, mas, especialmente, sugestões de benefícios que os atores
esperam auferir da relação através do estoque de capital social existente no grupo.
A investigação do presente estudo ajudará a compreender, na percepção dos
integrantes, como uma rede de mercadinhos afeta os resultados das organizações participantes.
Essa pesquisa também apresentará de que forma as relações compartilhadas na rede
provocaram mudanças no comportamento dos pequenos empreendimentos, e se eles passaram
a buscar novos recursos que possibilitassem o desenvolvimento do grupo, individual ou dos
seus negócios.
Nesse contexto, verifica-se na literatura que os estudos encontram-se fundamentados
em nível individual, havendo investigações entre a dimensão estrutural e relacional como
apontam Ragins (1997b), Kuipers (1999), Higgins e Kram (2001), Régis (2005), Inkpen e
Tsang (2005). Existem ainda, as investigações entre as dimensões estrutural e cognitiva com
os estudos de Krackhardt (1988), Santos (2004), Bastos (2000) e Dver (1994). Ocorrem
também investigações entre as dimensões relacional e cognitiva conforme destaca Sullivan
(2000).
Nesse contexto, as figuras a seguir, apontam as intersecções em nível individual,
contudo importante se vislumbra investigar as intersecções das três dimensões estudadas
conforme propõe Régis (2005) na sua tese. Assim, essa pesquisa buscará seguir tais
proposições para contribuir com a literatura de redes sociais.
22
Figura 2: Interseções dos objetos de investigação Fonte: O próprio autor
Nessa ótica, a figura (2) apresenta a interseção entre os conteúdos teóricos estudados
em nível individual, conforme autores e suas investigações. Ponderando as pesquisas que
abarcam diversos objetos de investigação, nesse sentido, existem vários estudos que relatam
estas teorias, porém apenas de forma muito embrionária, ocorrendo assim, uma lacuna acerca
da interseção quando da análise das dimensões em conjunto com base na teoria do capital
social. Os resultados dessa pesquisa ajudarão a entender como uma rede de mercadinhos pode
criar condições que influenciam no desempenho financeiro de pequenos empreendimentos do
segmento de mercados de bairro através dos conteúdos nelas transacionados com fundamento
na teoria do capital social.
Quanto à interseção das dimensões a serem investigadas, é importante destacar os
estudos de Régis (2005), que apresentam considerações sobre redes através das dimensões
estrutural, relacional e cognitiva. Sendo que, a dimensão cognitiva aponta os recursos
constituídos através do compartilhamento de ideias entre os integrantes, já a dimensão
estrutural do capital social abarca os aspectos estruturais dos relacionamentos entre os atores
da rede e pode ser analisada a partir de duas perspectivas: a perspectiva da configuração da
network e a perspectiva dos laços da network, enquanto que a dimensão relacional enfoca o
papel dos laços diretos entre os atores com relação aos conteúdos transacionados nas
interações e suas diversidades (NAHAPIET e GHOSHAL, 1998).
Dimensão Relacional
Dimensão Estrutural
Capital Social
Dimensão Cognitiva
23
A literatura vigente mostra que as relações de cooperação entre empresas em redes
organizacionais ou consórcios de empresas têm se revelado como estratégia beneficiadora
para o aperfeiçoamento gerencial e tecnológico. Essa ajuda surge como uma estratégia de
relacionamento entre pequenas organizações possibilitando ganho coletivo através do
compartilhamento de recursos. A prática das redes de mercadinhos e a existência de clusters
são temas contemporâneos nos estudos organizacionais, enquanto fenômeno da realidade do
mundo empresarial, sendo alternativas de desenvolvimento para as pequenas organizações.
Assim, é relevante para academia pesquisar esses novos formatos organizacionais. Nesse
sentido, ALBUQUERQUE (1999) argumenta que essas relações interorganizacionais realçam
elementos comuns de formas de comercialização flexível, ou seja, o uso intensivo das práticas
empresariais dos parceiros e esforço direcionado para os processos de inovação tecnológica.
Esse contrato de cooperação estabelecido no modelo de relações interorganizacionais
representa uma estrutura emergente que associa ferramentas e distribui aos integrantes de um
grupo ou clusters.
Importante se faz entender que a análise de cluster busca compreender os elementos
estruturais e sistêmicos da aglomeração enfatizando a rivalidade entre empresas e quais os
fatores da sua dinâmica interna que afetam a competitividade dos agentes. Assim Brito e
Albuquerque (2002) enfatizam que a abordagem de cluster se aproxima mais da grande
produção flexível do que da pequena, enfatizando mais a concorrência do que a cooperação
entre os membros do cluster. Assim, o sistema local é mais do que um cluster de fatores de
produção. Nesse norte, o ambiente apresenta forças cumulativas como a capacidade de
desenvolvimento institucional e de infraestrutura, economias de aglomeração e de escala e
uma rede de externalidades conforme destaca Lall (2002). Com isso, segundo a literatura
vigente, as pequenas organizações, que constituem uma aglomeração, estão conectadas por
uma série de ligações e redes sociais, institucionais, culturais e técnicas que conduzem à
criação de capital social.
1.3.2 Prática
O estudo da rede de supermercado sorriso a ser apresentado através da presente
pesquisa será importante para que os integrantes passem a ter uma nova visão da estrutura
social da qual fazem parte, e, nesse sentido, a pesquisa será relevante para auxiliar os
integrantes da rede a utilizarem melhor os recursos e o estoque de capital social existentes.
24
A metodologia de redes sociais aliadas à teoria do capital social, possibilitará aos
integrantes e à comunidade acadêmica entender quais os recursos e como tais ferramentas são
distribuídas e por quem. Assim, a análise de redes não constitui um fim em si mesmo. Ela é o
meio para realizar uma análise estrutural cujo objetivo é mostrar em que a forma da rede é
explicativa dos fenômenos analisados (MARTELETO, 2001 p. 72).
A formação da rede a ser apresentada pela pesquisa, possibilitará ainda, aos integrantes
terem uma visão das relações e como se afiguram o arranjo dos participantes dentro da rede. A
estrutura deverá contribuir para demonstrar como se compõem os papéis sociais de cada um
dos integrantes da rede, e de que forma esses papéis são disponibilizados aos demais
integrantes.
O conhecimento de conteúdos transacionados numa determinada rede informal poderá
auxiliar no gerenciamento dessa rede na busca de alcançarem objetivos. As interações
pessoais são ferramentas valiosas para encarar os desafios e transformações que surgem na
vida de pequenos empreendedores. Nesse sentido, esta pesquisa ajudará os integrantes da rede
a organizarem a gestão dos seus relacionamentos e entenderem os conhecimentos sobre redes
sociais informais, além de contribuir para a literatura do capital social, cm relação às
dimensões (RÉGIS, BASTOS e DIAS 2006; DYER JR, 1994).
O grande leque de intensos relacionamentos ocorridos na rede deverá ser o resultado
da habilidade que algumas pessoas têm de criar pontes entre indivíduos que, de alguma forma,
estavam sem comunicação, melhorando assim a comunicação e competitividade. Será
identificado se os atores centrais possibilitam acesso aos recursos existentes na rede através
das parcerias, e se podem estabelecer pontes com o mundo externo na aquisição do capital
social. Essas relações podem contribuir para o desenvolvimento individual e coletivo de uma
comunidade informal na busca da competitividade.
Os resultados e análises da pesquisa apresentarão se a rede influenciou para o alcance
dos resultados financeiros dos integrantes com base em demonstrativos financeiros. O estudo
mostrará como os integrantes perceberam as mudanças e como elas contribuíram para o
desenvolvimento individual e das suas organizações.
As administrações das organizações vêm se tornando cada vez mais ativa e complexa,
principalmente nas relações humanas. Régis (2005) citando Castells (1996), sugere que o
próprio capitalismo passa por profundas re-estruturações caracterizando-se por flexibilidade
de gerenciamento, descentralização das empresas e sua organização em redes, tanto
internamente quanto em suas relações com outras empresas.
25
O estudo poderá mostrar que, numa rede de mercadinhos, algumas dimensões do
capital social compõem as redes de relações, e que essas informações contribuem na
operacionalidade do grupo. O capital social, por suas vez, é definido como as normas, valores,
instituições e relacionamentos compartilhados que permitem a cooperação dentro ou entre os
diferentes grupos sociais (MARTELETO, 2004).
Os estudos de Granovetter (1973) pressupõem que quanto mais fortes forem os laços
entre os indivíduos, mais fechadas serão suas redes e que uma quantidade maior de laços
fracos provocaria a composição de uma rede aberta, cujas vantagens produzidas seriam de
fundamental importância para estes indivíduos. Os estudos do autor apresentam, de certa
forma, que as comunidades desenvolvidas estariam embasadas pelos laços fracos, pois é
nessas mesmas comunidades que os indivíduos cortam as relações familiares e passam a
constituir novos laços. Através desses laços fracos desenvolvem suas estratégias para a
obtenção de recursos. Nesse foco e com base no argumento de Marteleto (2001, p 71-81), “a
centralidade é (...) a posição de um indivíduo em relação aos outros, considerando-se como
medida a quantidade de elos que se colocam entre eles”. Assim, o conceito de centralidade
não se aplica apenas aos indivíduos, pois as associações e, principalmente, as organizações
não governamentais também se estruturam sob a forma de redes. O estudo apresentará se
dentro dessa rede, algum indivíduo ou organização detém um grau maior de centralidade do
que outros. Os atores e/ou organizações que possuem um maior grau de centralidade podem,
inclusive, estar em situações vantajosas em relação àqueles que não são tão centrais dentro da
rede. Ou seja, a centralidade funcionaria como um instrumento de poder para quem a detém
dentro da rede.
Em seguida, será apresentada a fundamentação teórica que servirá de suporte às
questões norteadoras do presente estudo de investigação, e que terá como função demonstrar o
embasamento científico acerca do tema.
26
2 REFERE�CIAL TEÓRICO
Neste capítulo, serão apresentadas as ideias e achados na literatura que fundamentam
os objetivos específicos do presente trabalho e que se propõem responder às questões
norteadoras levantadas na pesquisa.
2.1 Empreendedorismo
O termo empreendedorismo encontra-se descrito na literatura como um fenômeno que
está ligado às alterações causadas pelo empreendedor, tendo como fonte a palavra que vem do
verbo francês denominado “entrepreneur” que significa aquele que assume riscos e começa
algo novo. Segundo estudos, somente no início do século XX, a palavra empreendedorismo
foi utilizada pelo economista Joseph Shumpeter que, por volta de 1950, abordou de forma
resumida o termo para representar um indivíduo com criatividade e capacidade de realizar
sucessos através de inovações. Ainda, por volta de 1967 e 1970, os autores K. Knight e Peter
Drucker introduziram o conceito de risco ligado a uma pessoa empreendedora, e no ano de
1985, Pinchot apresentou o conceito de intraempreendedor, como sendo uma pessoa
empreendedora, com enfoque dentro de uma organização.
Segundo Venkataraman (1997), o indivíduo empreendedor é, por natureza, o primeiro
recurso, e tudo o que ele pensa como expectativa sobre o futuro do seu empreendimento torna-
se fundamental para o desenvolvimento de estratégias que auxiliam no crescimento do seu
empreendimento. Nessa ótica, a ampliação do empreendimento é descrito como sequencial, de
forma que, as transições podem ser caracterizadas por desafios ou tarefas gerenciais
específicas. O mesmo autor afirma que os recentes estudos sobre empreendedorismo estão
agrupados nas atividades iniciais e de crescimento, sendo importantes os recursos financeiros,
as pessoas e informações para alavancar o empreendimento no decorrer de suas atividades
como agente empreendedor.
Leite (2000), abordando os conceitos de Drucker sobre empreendedorismo, ressalta
que os empreendedores são indivíduos que estão concomitantemente criando novos tipos de
negócios e aplicando novos e extraordinários conceitos gerenciais às atividades. Nesse foco, o
mesmo autor traz à tona as argumentações de Peter Drucker de que, nas duas últimas décadas
27
do século passado, pequenas organizações têm atuado de forma empreendedora mais
significante que as grandes. Tal justificativa reside na diferença de que as grandes sempre
contratam profissionais especialistas. Por outro lado, as pequenas empresas dependem de
alguns gerentes, ou somente do próprio gestor do negócio, necessitando assim, concentrar-se
ainda mais nas atividades de desenvolvimento administrativo do empreendimento. Porém, é
importante destacar que essa situação gera um problema: é a partir do momento em que essas
pequenas empresas começam a crescer, ultrapassando seus limites de gerenciamento, criam
necessidades de contratar especialistas que consigam continuar aplicando as ideias
empreendedoras iniciais.
Segundo Dolabela (1999, p. 12), para aprender a empreender é importante que as
pessoas tenham um comportamento pró-ativo, em que se deseja “aprender a pensar e agir por
conta própria, com criatividade, liderança e visão de futuro, para inovar e ocupar o seu espaço
no mercado, transformando esse ato também em prazer e emoção”. Nesse enfoque, Filion
(1999) apresenta um modelo de quatro fatores fundamentais, para que uma ação seja
empreendedora (visão, energia, liderança e relações), visando à formação do indivíduo
empreendedor. Como foco desse trabalho destaca-se a característica das relações, nas quais se
obtêm os conhecimentos fundamentais e necessários dentro de uma estrutura de mercado: as
informações necessárias para a tomada de decisões e o conhecimento da realidade do negócio.
É importante destacar também, que a literatura clássica relata a compreensão do papel
do empreendedor como agente capaz de cooperar com outros indivíduos. Nesse sentido,
Adam Smith, no século XVII, afirma que uma das características inerentes ao capitalismo era
a capacidade de levar ao máximo, por um lado, a busca do autointeresse e, por outro, a
necessidade de cooperação.
Para Filion apud Dolabela (1999), é possível que as relações familiares motivem o
indivíduo para empreender. Nessa situação, o autor classifica esse fenômeno como círculo das
relações primárias. Ele aborda que, ao começar um processo utopista, o empreendedor partirá
em busca de relações que possivelmente contribuam para o seu desenvolvimento e realização
de sua visão. Filion (1999) destaca que o empreendedor é um indivíduo que imagina,
desenvolve e realiza visões. Nesse sentido, a visão é uma idéia projetada no futuro, do espaço
que o empreendedor pretenderá preencher no mercado com os seus novos produtos/serviços.
Vale, Wilkinson e Amâncio (2008), citando os estudos de Leibenstein de 1978,
conceituam que o empreendedor é um indivíduo capaz de transpor vazios e brechas de
mercado e, consequentemente, usufruir, em condições privilegiadas, de vantagens advindas.
Segundo os mesmo autores, os estudos de Granoveter sobre as análises de rede, apresentam
28
grande analogia com os de Leibenstein, onde o mesmo discorre sobre o "poder dos laços
fracos", e afirma que, quanto mais fortes os laços conectados dos indivíduos, mais similares
são. Nesse sentido, Granoveter (1973), recorre ao conceito de "ponte", ou seja, "uma linha em
uma rede que provê a única passagem entre dois indivíduos", e destaca a importância desse
laço fraco como uma forma de conexão entre dois setores ou grupos de indivíduos. O
empreendedor nessa conjuntura é o indivíduo capaz de estabelecer pontes e de gerar conexões,
reunindo e somando recursos valiosos que possam ser compartilhados em grupos.
A seguir será abordada a história da análise das redes sociais.
2.2 História da Análise das Redes Sociais
Sob um contexto histórico na literatura, a análise de redes sociais tem como início a
ciência da Sociologia, da Psicologia Social e da Antropologia (FREEMAN, 1996). O foco
principal desse estudo é a análise das ligações relacionais entre atores sociais. Para os analistas
sociais, os atores cujas ligações são analisadas, podem ser indivíduos e organizações
analisados como unidades individuais ou sociais e coletivas (WASSERMAN; FAUST, 1999).
Nesse norte, a análise das redes sociais abre um leque para novas pesquisas no ambiente das
organizações, criando também diversas metodologias de análise que têm como base as
relações entre os indivíduos numa estrutura em forma de redes.
Figura 3: Apresentação da fundamentação teórica Fonte: O próprio autor
Estrutural Configuração da network
Relacional Conteúdos transacionados Dimensões do Capital Social
Amizade, informação e confiança. Régis, 2005.
História da Análise das
Redes Sociais
Cognitiva Papel da network no desenvolvimento do indivíduo
Mapas Cognitivos. Bastos, 2000.
Laços e Estrutura Granovetter, 1973.
29
A partir de 1970, iniciou-se a criação da teoria de redes aplicadas ao estudo de
fenômenos sociais. Para Wolfe (1978), esse interesse somente foi possível com os avanços em
algumas áreas (teoria social, experiência etnográfica, matemática e tecnologia de
processamento de dados) que possibilitou a explicação dos fenômenos sociais sob a ótica da
teoria das redes. Sendo assim, a teoria evoluiu fundamentada em um crescente interesse nas
relações, nos processos, na busca de fenômenos elementares e na construção de modelos
regenerativos.
O estudo sobre a análise das redes sociais remota teorias de correntes sociológicas,
resumidas por Scott (2000) na construção de uma figura clássica nos estudos históricos sobre
redes, que aborda o desenvolvimento da teoria de análise de redes sociais.
A figura 4 nos apresenta as fontes do estudo da análise de redes sociais, através da
teoria da Gestalt, com a Sociometria de Moreno, e outra vertente surgida da escola
Antroplógica com influências nas escolas de Harvard trabalhadas por Warner e Mayo, e da
escola de Manchester sob a orientação de Gluckmam. Scott (2000) explica que os estudos
sobre análise de redes sociais foram edificados sob três vertentes: (1) os analistas
Teoria da Gestalt Escola Antropológica
Sociometria (Moreno)
Escola de Harvard (Warner, Mayo)
Escola de Manchester (Gluckman)
Teoria Matricial (Homans)
Dinâmica de Grupo
Barnes, Bott, �adel
Teoria dos Grafos Mitchell Estruturalistas de
Harvard
Análise de Redes Sociais ____________________________________________________________________ Figura 4: As correntes que desembocariam na moderna Análise de Redes Sociais. Fonte: Scott, 2000, p.8
30
sociométricos, que, por volta dos anos 1930, pesquisavam em pequenos grupos e lançaram
muitos avanços técnicos com métodos da teoria dos grafos; (2) os pesquisadores de Harvard,
que, também nos anos 1930, exploraram padrões de relações interpessoais informais e a
formação de subgrupos; e (3) os antropólogos de Manchester, que usaram os conceitos das
duas primeiras vertentes para investigar a estrutura de relações comunitárias em sociedades
tribais e pequenas vilas. Estas correntes foram reunidas novamente por pesquisadores de
Harvard por volta de 1960 e 1970, quando construíram as bases da moderna teoria da análise
de redes sociais que a literatura hoje conhece.
A história da análise das redes sociais teve início com Jacob Moreno, através do uso
dos sociogramas e matrizes sociais. As formas ou configurações sociais, trabalhadas por
Moreno, seriam os resultados de padrões concretos de escolhas interpessoais, atração,
repulsão, amizade e outras relações nas quais as pessoas se envolvem (SCOTT, 2000).
Moreno desenvolveu os sociogramas como sendo uma representação gráfica das
configurações sociais que permite identificar líderes, indivíduos isolados, descobrir
assimetrias e reciprocidade, mapear cadeias de conexão, mapear canais de comunicação, uma
vez que representam forças de atração, repulsão e indiferença que operam nos grupos.
Aponta Scott (2000) que a intenção de Moreno era descobrir a estrutura de escolhas de
amizade em grupos, usando experimentação, observação controlada e questionários. Além
disso, ele tinha a intenção de explorar as maneiras pelas quais as relações entre as pessoas de
um grupo serviam como limitantes e oportunas para suas ações e, conseqüentemente, seu
desenvolvimento psicológico. Para o autor, a principal inovação de Jacob Moreno foi a
criação dos sociogramas que possibilitou aos pesquisadores visualizar as propriedades formais
de configurações sociais em uma rede. Esses sociogramas, desenvolvidos por Moreno, são
grafos onde os atores de uma rede representam-se por pontos e suas relações são representadas
por linhas que se ligam aos pontos, e essas linhas são os canais através dos quais as
informações poderiam fluir.
Os pesquisadores de Harvard, com a identificação dos padrões de relações
interpessoais informais e a formação de subgrupos, também contribuíram para a evolução dos
estudos das redes sociais. Segundo a literatura, os padrões dos estudos dessa escola serviram
como base para as pesquisas na fábrica de Hawthorne (comparativo entre as condições físicas
de trabalho e a produtividade) em que se utilizaram, pela primeira vez em situação real, os
sociogramas de Moreno para registrar as relações informais do grupo Pesquisado.
Com os estudos de Yakee City, descritos por Scott (2000), foi possível traçar o
conceito de cliques, quando os pesquisadores descreveram a configuração das relações
31
interpessoais informais. Essas relações seriam associações informais de indivíduos, com certo
grau de sentimento de grupo e intimidade e onde certas normas de conduta são tacitamente
estabelecidas e aceitas por todos. Contudo, um novo estudo denominado Old City, também
descrito pelo mesmo autor, conceituou os cliques como interseções de círculos sociais. A esse
estudo acrescenta-se uma novidade, a analise das afiliações dos cliques definidos pela idade e
pela classe social tentando explorar a estrutura interna da associação de indivíduos. Os
pesquisadores compreenderam que um clique pode ser dividido em três camadas: núcleo,
círculo primário e círculo secundário.
A estrutura dos “cliques” foi baseada nesses dois estudos, onde, no primeiro, foram
realizadas uma análise formal da estrutura e uma análise posicional ou distância geodésica das
estruturas definidas e, no segundo, foi feita uma interseção dos círculos sociais concluindo-se
com a análise interna dos cliques.
Assim, de acordo com as pesquisas de Hawthorne, de Yakee City e Old City, os
indivíduos são integrados às comunidades por meio de relações informais e pessoais da
família e dos subgrupos (cliques) e não só por meio das relações formais, advindas dos
aspectos econômicos e políticos. Nascia ali o embrião para o desenvolvimento das primeiras
pesquisas que adaptaram os diagramas antropológicos ao mapeamento de relações no contexto
organizacional. Este mapeamento demonstrou a existência e a importância de relações
informais não previstas no organograma formal das organizações (OPPEL-SILVA, 2007).
Em ato contínuo de evolução histórica, no final da década de 1940, George Homans
reuniu os estudos sociométricos e os resultados dos estudos de Hawthorne, Yankee City e Old
City para elaborar uma síntese onde acreditava ele que a teoria social deveria ser construída
sobre pilares de um profundo entendimento das interações sociais, em pequena escala.
Homans, na sua base teórica, demonstrou que a estrutura de um grupo precisa ser dividida em
um sistema interno, que expressa os sentimentos surgidos com a interação entre os membros e
um sistema externo que apresenta as atividades do grupo com relação a questões de adaptação
do ambiente.
Marinho-da-Silva (2003), citando George Homans (1951), diz que esse autor centrou
sua teoria em torno da idéia de que as atividades humanas levam as pessoas a interagirem
entre si, interações essas que variam em frequência, duração e sentido. Para ele, as interações
são a base sobre a qual os sentimentos entre as pessoas se desenvolvem, configurando assim, a
ação que se exerce mutuamente entre duas ou mais pessoas.
Conforme Marinho-da-Silva, os antropólogos de Manchester, principalmente John
Barnes, Clyde Mitchel e Elizabeth Bott, contribuíram para a evolução da análise das redes
32
aplicando os conceitos das vertentes anteriores, contudo, ressaltando em seus estudos uma
abordagem estrutural que reconhecia a importância do conflito e do poder tanto em estruturas
sociais estáveis quanto em momentos de mudança ou transformação. Nesse sentido,
Gluckman, nos seus estudos, combinou os elementos de conflito e poder que estavam sempre
presentes na estrutura social e, em suas análises, destacando as atividades de negociação,
barganha e coerção na produção de integração social. Dava-se maior importância às reais
configurações das relações que surgiam no conflito e poder nos grupos, em detrimento das
instituições e das normas formalizadas nas sociedades (MARINHO-DA-SILVA, 2003).
Mais precisamente por volta de 1960 e 1970, todas as correntes reuniram-se em
Harvard e estruturaram os pilares da moderna teoria de redes sociais. Por volta de 1969, com o
uso de conceitos de rede criado pelos antropólogos e sociólogos, houve um grande
crescimento da teoria de redes sociais. Nesse foco, é inegável a importância dos trabalhos de
Max Gluckman, John Barnes, Elizabeth Bott, Siegfried Nadel e Clyde Mitchell, juntamente
aos trabalhos do Prof. David Krackhardt que representam um marco para a análise de redes
sociais (OPPEL-SILVA, 2007).
O avanço da teoria foi possível graças à influência dos estudos de Barnes, com relação
aos relacionamentos de parentesco, que emprega o conceito de rede como instrumento para
investigar as várias formas tomadas pelas relações de parentesco; o de Elizabeth Bott, que
abordou o interesse da teoria com relação à psicoterapia; o de Barnes e Bott, que exploraram
os estudos da corrente sociométrica de Moreno, uma vez que o conceito de rede social parecia
ir ao encontro da necessidade de entender as sociedades mais complexas; e por último, o de
Siegfried Nadel, que influenciado pelos trabalhos de Barnes e Bott, adotou a abordagem
estrutural nos seus trabalhos de psicologia. Seu objeto de partida das pesquisas foi definição
de estrutura “como a articulação ou o arranjo de elementos para formar o todo” (MARINHO
DA SILVA, 2003).
Marteleto e Silva (2004) explicam que as redes são sistemas compostos por “nós” e
conexões entre eles que, nas ciências sociais, são representados por sujeitos sociais
(indivíduos, grupos, organizações, etc.) conectados por algum tipo de relação. Os mesmos
autores explicam que existe uma contenda epistemológica sobre a análise de redes sociais.
Afirmam estes que, para alguns autores, a análise de redes sociais é uma metodologia de
análise de dados relacionais que permite a adaptação de diversos fenômenos sociais que se
deseja estudar, segundo a teorização de uma área de conhecimento específica. No entanto,
outros autores afirmam que a análise de redes sociais é um novo paradigma de análise
estrutural. Degenne e Forsé (1994) utilizam o termo “interacionismo estrutural”. Existem
33
ainda, aqueles autores que defendem a análise de redes sociais como uma tentativa de se
introduzir um nível intermediário entre os enfoques micro e o macro na análise da realidade
social, ou entre o indivíduo e a estrutura, nas principais correntes da sociologia (Marteleto,
2001). É importante destacar que os métodos de coleta e análise de dados podem ser utilizados
em vários modelos teóricos, assim o objeto das ciências sociais pelo tema, especialmente na
sociologia, e suas aplicações não estão restritas a essa área.
A literatura nos apresenta que aos analistas sociométricos é apontada a criação da
teoria dos grafos, que seria um conjunto de axiomas matemáticos que possibilitam a resolução
de problemas complexos, por meio da representação gráfica, utilizando pontos, arcos, linhas e
setas, para demonstrar ligações entre os elementos – nodos ou nós – envolvidos na relação
(MARINHO DA SILVA, 2003; OPPEL SILVA, 2007). Com fundamento nesse conceito,
resume-se grafo em um conjunto de nodos ou nós, ligados entre si por linhas também
chamadas de arcos.
Segundo Régis (2005) a literatura vigente aborda redes como uma arranjo de
indivíduos, grupos ou organizações com o objetivo precípuo de desenvolver atividades e
recursos compartilhados. É importante destacar que no estudo de redes não existe a hierarquia
encontrada nas redes formais, assim sua estrutura somente é possível ser medida a
multiplicidade quantitativa e qualitativa dos elos entre seus integrantes associados. Entretanto,
existe a possibilidade da existência de relações de dependências no estudo da estrutura de uma
rede (MARTELETO, 2001).
A análise das redes sociais assim, é compreendida através do estudo das dimensões do
capital social, que permite entender a configuração de uma network, o conteúdo nela
transacionado e o papel da network para o desenvolvimento de um indivíduo ou grupos de
organizações. A figura 4 apresenta a estrutura teórica que nos permite visualizar a evolução da
análise das redes sociais em conjunto com o capital social.
A seguir trataremos da apresentação das redes sociais informais
34
2.3 Redes Sociais Informais
A presente pesquisa está fundamentada na teoria das redes sociais, com auxílio no
capital social, que aborda os relacionamentos entre os atores das redes. As redes sociais
consistem em uma temática recente nas abordagens sociológicas, sendo uma teoria que
constrói suas análises baseando-se nas relações entre os indivíduos e entre esses e as
instituições sociais.
Castells (1996) entende a rede como um conjunto de posições sociais interconectados,
sendo também estruturas predispostas a expandir, integrando novas conexões, que
possibilitem a comunicação e os recursos de forma compartilhada. Essas posições sociais,
também são conhecidas como relações sociais de interação individual ou em grupos. Para
Powell (1996), as redes contribuem ao desenvolvimento das organizações, porque elas
proporcionam acesso a conhecimentos e a recursos que, de outra maneira, não seriam
disponíveis. Segundo o autor, as fontes da inovação são originalmente encontradas nos
interstícios entre empresas, universidades, centros de pesquisas, fornecedores e clientes. Um
outro autor, Kraatz (1998), enfatiza a contribuição das redes para a adaptação das empresas às
mudanças ambientais. Segundo ele, os relacionamentos realizados através da rede permitem
que ela tenha acesso a diferentes fontes de informação e, consequentemente, podem
influenciar positivamente sua capacidade de reconhecer e de responder às oportunidades e
ameaças exteriores.
Recentemente as pesquisas têm apontado que os recursos advindos de uma rede social
informal sendo conhecidos e explorados podem gerar condições de desenvolvimento para o
grupo e todos os indivíduos inseridos nele. A rede, nesse sentido, é definida por Marteleto
(2001) como uma configuração de diversos participantes autônomos, que unem propósitos e
recursos em prol de valores e objetivos compartilhados.
É certo que, segundo Marteleto (2004), a construção de redes sociais e a consequente
aquisição de capital social estão condicionadas por fatores culturais, políticos e sociais. Com
base nesse conceito é importante entender como se constitui o capital social, uma vez que isso
conduz à otimização dos recursos disponíveis, promovendo o desenvolvimento, visto que
pelas redes sociais passam informações e conhecimentos. As relações entre os membros
podem ser facilitadas pela ligação entre eles. A cooperação entre seus membros é afetada pelo
baixo custo na obtenção e processamento da informação, gerando redes entre indivíduos
35
similares do ponto de vista de suas características demográficas, neste caso, capital social de
ligação. (MARTELETO, 2004)
Nahapiet e Ghoshal (1998) apontam que o capital social tem mostrado ser um
importante fator que explica o desempenho por toda a área do fenômeno. Assim, o capital
social, quando bem conectado entre si, traduz um valor social e é um componente bastante
significativo como fonte de desenvolvimento. Régis (2005) usou a abordagem teórica do
capital social para investigar como empresários buscam apoio nas suas redes de
relacionamentos, a partir da ótica de cada uma das três dimensões do capital social
apresentada por Nahapiet e Ghoshal (1998). Régis (2005) apresenta uma figura que explicita
as três dimensões do capital social como mostrado na figura (5).
Figura 5: Perspectiva multidimensional do capital social Fonte: Régis, 2008
Para responder à pergunta de pesquisa “Até que ponto a rede de supermercados
sorriso e os conteúdos nela transacionados influenciam no desempenho financeiro das
organizações participantes?” é necessário abordar o capital social e suas dimensões, mais
detalhadamente, o que será apresentado a seguir.
Dimensão Relacional
Dimensão Estrutural
Dimensão Cognitiva
36
2.4 Capital Social
Os estudos recentes e o crescente uso do termo “Capital Social”, tem despertado
pesquisas na área comportamental buscando conceitos e ferramentas de mensuração. A
sociologia norte-americana utiliza o conceito de capital social para apresentar a importância
das redes sociais informais na constituição de relações sociais. O conceito de capital social
surgiu dos estudos das redes sociais. Granovetter (1973) foi um dos autores que mostrou os
recursos disponíveis através dos contatos ou conexões de uma rede de relacionamentos na sua
obra “the strength of weak ties”. O capital social pode ser compreendido como o conjunto de
normas de reciprocidade, informação e confiança presentes nas redes sociais informais
desenvolvidas pelos indivíduos em sua vida cotidiana, resultando em numerosos benefícios
diretos ou indiretos, sendo determinante na compreensão da ação social.
O conceito incorpora diversas tradições sociológicas, estando presente no pensamento
de Durkheim através do estudo da interiorização das normas sociais e sua funcionalidade; em
Tönnies, na análise do papel integrativo da comunidade; em Marx, na compreensão da
construção da solidariedade de classe; em Weber, na explicação do sentido da ação; em
Simmel, na caracterização da sociabilidade na metrópole, para ficarmos apenas nos clássicos.
Segundo Marteleto (2004), nos estudos e conceito de capital social, destacam-se quatro
teóricos bastante citados pelos pesquisadores, James Coleman (1988), que aplica o conceito na
área da educação e analisa o seu papel no crescimento do capital humano, em uma abordagem
baseada na escolha racional. Para este autor, o capital social é um recurso para o indivíduo que
pertence a uma determinada estrutura. Robert Putnam (1995) aplicou o conceito na
compreensão da participação e engajamento da sociedade e os seus efeitos nas instituições
democráticas e na qualidade do governo em algumas regiões da Itália. Os dois tratam o capital
social como um recurso coletivo baseado nas normas e redes de intercâmbio entre os
indivíduos. Nos dias atuais, o Capital Social tem se tornado um termo vago, uma "expressão
de lã", um perigo de significar todas as coisas a todas as pessoas, criando assim conceitos
enganosos. O pensamento de capital social como forma de desenvolvimento econômico,
contribuindo e fortalecendo a coesão social, tem sido bastante discutido. Para Kay e Pearce
(2003) o conceito de capital social deve ser dividido e trabalhado sobre cinco elementos que
possibilitam entender o significado do Capital Social utilizado para o estudo das redes. Para os
autores, a Confiança, a Reciprocidade, as Redes Sociais, as Normas Compartilhadas e o Senso
37
de Compromisso e Pertencendo apresentam uma evolução através do estudo das relações entre
as pessoas e organizações.
Os cinco elementos podem também ser compreendidos em três dimensões que definem
o capital social, estudados por Nahapiet e Ghoshal (1998) e Régis (2005). A Dimensão
estrutural, que envolve as redes sociais e reciprocidade, a Dimensão cognitiva, que envolve as
normas compartilhadas, e a Dimensão relacional, formada pela confiança e comprometimento.
Com capital social forte, os grupos podem determinar o que quer fazer mais facilmente e
como planejar a aquisição das outras formas de capital, como exemplo: financeiro (acesso ao
dinheiro); físico (acesso a edifícios, maquinaria); natural (acesso para matérias-primas e
água); e humano (habilidades, educação e conhecimento) (KAY E PEARCE, 2003). Os
elementos que compõem o capital social ocorrem e se desenvolvem através de relações entre
as pessoas e organizações, mostrando de forma direta uma estreita relação com os estudos de
redes sociais informais, principalmente no que se refere aos estudos de Granovetter sobre a
força dos laços a partir de 1973.
As pesquisas sobre a teoria do capital social têm sido reconhecidas por sua aplicação
para evidenciar inúmeros fenômenos sociais, como se depreende de pesquisas que realçam
certos benefícios por ele gerados, apontando-o como influenciador do desenvolvimento de
capital humano (COLEMAN, 1988); do capital intelectual das firmas (NAHAPIET e
GHOSHAL, 1998); de comunidades (PUTNAM, 2000); de organizações (LEANA e VAN
BUREN, 1999); ou de proposições que o designam como um atributo de atores individuais
que obtêm vantagens próprias em relação ao seu status relativo (USEEM e KARABEL,
1986); ou em função da localização dentro do grupo de que fazem parte ou das relações por
eles estabelecidas (BURT, 2000).
Para Nahapiet e Ghoshal (1998), o capital social pode ser entendido também como
incentivador da capacidade de ação coletiva que facilita a cooperação mútua necessária para a
minimização do uso de recursos materiais e humanos disponíveis, dessa forma elucidando
processos de desenvolvimento de capital humano, desempenho econômico das organizações,
regiões e nações. Nas organizações, o capital social nasce como pressuposto de que redes de
relacionamentos constituem um valioso recurso para se conduzir os negócios sociais,
provendo seus integrantes com um tipo de capital coletivamente possuído e uma credencial
que habilita a entidade a ser reconhecida sob múltiplos aspectos.
As pesquisas sobre redes sociais ressaltam os benefícios pessoais e coletivos, como
privilégios no acesso a conhecimento e informação, compartilhamento de recursos
administrativos, influências e uma melhor compreensão das normas sociais do grupo. Putnam
38
(1995) reconhece que o capital social está relacionado com o engajamento cívico. A união das
comunidades depende do relacionamento social, reconhecimento das normas de
comportamento e confiança. Ele afirma que esses componentes constroem o capital social em
comunidades e que é necessário para melhorar a qualidade de vida, o engajamento cívico e o
desenvolvimento da comunidade.
Salutar se faz destacar que o capital social não pode substituir outras formas de capital,
mas pode auxiliar na aquisição de novos capitais. A literatura tem mostrado que quanto mais
se usa o capital social, mais cresce a sua quantidade, nesse foco é importante que os
empreendimentos sociais estejam atentos ao uso do capital social e dar passos para criar e
construir um estoque utilizável.
Kay e Pearce (2003) citando Bourdieu (1986), mostram que o capital social caminha
lado a lado com o capital econômico e cultural e pode fazer parte das estratégias dos
indivíduos e grupos para produzir mais capital social e/ou converter isso em outras formas de
capital social. Hirschman, citado por Kay e Pearce (2003), usa o termo “energia social” e
sugere que o termo seja composto de três componentes – “amizade”, enfatizando o impacto
pessoal do capital social; “ideais”, os quais podem levar a compartilhar ideias baseadas em
valores; e “ideias”, as quais levam grupos e indivíduos a apresentarem novas soluções para os
problemas. Para Bourdieu (1986) o capital social é visto como uma soma dos recursos
decorrentes da existência de uma rede de relações de reconhecimento mútuo institucionalizada
em campos sociais.
Várias consequências são necessárias para a construção do capital social, tais como: a
construção de uma consciência sobre o capital humano no sentido de reforçar os valores
desenvolvidos na comunidade, incentivar as redes sociais, formar grupos de apoio comunitário
para ajudar na tomada de decisão, encorajar as interações sociais, especialmente em áreas
desprivilegiadas onde o capital social pode ser pouco observado; construir infra-estrutura
comunitária que suporte e promova o desenvolvimento do capital social local, compensando
os baixos níveis de capital humano. O baixo nível de capital humano pode-se entender como o
capital intelectual, em que haja pouca escolaridade entre o grupo (KAY; PEARCE, 2003).
O capital social é um recurso neutro e suas consequências podem ser negativas ou
positivas, dependendo de como é utilizado, com a possibilidade de excluir ou incluir
indivíduos ou grupos, dentro de uma rede. Um esforço para garantir o equilíbrio entre os laços
que unem e os que separam o capital social gera um maior equilíbrio, considerando que muita
união pode levar à exclusão e muitas pontes podem levar a uma diminuição da coesão do
grupo (KAY; PEARCE, 2003).
39
A literatura entende que o capital social nas relações pode fortalecer o senso de
identidade e propósito de um grupo de interesse que é frequentemente chamado de Capital
Social de União. As relações também podem construir laços com outras pessoas e corpos
externos para os grupos de interesse mais próximos que é conhecido como Capital Social de
Ponte. Existe ainda, o Capital Social de Ligação que compõe conexões com diferentes níveis
de poder e status social e se desenvolve como uma parte do Capital Social de Ponte. Nesse
norte, Kay e Pearce (2003) admitem a existência de “algo” entre indivíduos e organizações, e
relatam que este “algo” advém de relações que adiante possibilita o fortalecimento da
confiança. Os mesmos autores sugerem que através de compreensão mútua e por ações
recíprocas fundamentadas em normas compartilhadas e valores absolvidos por todos, se
compõem um estoque de capital social. Assim, os autores apontam que é possível reconhecer
o capital social através das conexões e nos contatos seguros ocorridos entre as relações
rotineiras, que provocam ações mutuas e recíprocas, contribuindo de forma direta e indireta
para o crescimento de uma comunidade ou organização.
Pela abordagem de Putnam (2000), o capital social facilita a cooperação espontânea,
contribuindo dessa forma para difundir conhecimentos e recursos numa organização ou
comunidade. Para o autor, a confiança que alimenta uma cooperação não deve ser cega, deve
ser uma confiança adequada às relações e aos objetivos que se espera do grupo. O capital
social é apresentado como sendo algo resultante das relações formais ou informais entre
pessoas de uma organização ou comunidade, que possibilita o crescimento do grupo de acordo
com os conteúdos transacionados. Nesse ponto, é importante pesquisar como identificar
capital social numa rede informal e estudar se esse capital possibilita acesso a algum recurso
dentro da rede, e se esse recurso contribui para o desenvolvimento da organização ou
comunidade.
Os conceitos de capital social, encontrados na literatura atual, conduzem os estudos de
forma que se entende que o uso do capital social auxilia indivíduos e grupos na busca pelo
desenvolvimento econômico, pessoal e social. Nesse sentido é importante reconhecer o que se
propõe do capital social, pois esse reconhecimento pode levar a um uso ativo, como recursos
para dentro da comunidade. A confiança entre os indivíduos é um elemento chave do capital
social, pois quanto mais se desenvolvem mais dão resultados possibilitando maior
entendimento de como as pessoas estão interagindo. A identificação do comprometimento dos
indivíduos possibilita a geração dos benefícios do capital social. A sociologia norte-americana
tem utilizado o conceito de capital social para demonstrar a importância das redes sociais
informais na construção de relações sociais nas quais interesses pessoais e coletivos se
40
imbricam. O conceito de capital social surgiu no âmbito dos estudos das redes sociais.
Granovetter (1973) foi um dos autores que mostrou os recursos disponíveis, através dos
contatos ou conexões de uma rede de relacionamentos na sua obra “The Strength of Weak
Ties”.
Lima (2001) considera que os relacionamentos são recursos disponibilizados pelas
redes para a ação social. Entendendo capital social como o conjunto de normas de
reciprocidade, informação e confiança presentes nas redes sociais informais desenvolvidas
pelos indivíduos em sua vida cotidiana, que resulta em benefícios diretos ou indiretos, sendo
determinantes na compreensão da ação social. O capital social é o resultado dos benefícios
causados pelas relações entre os indivíduos (RÉGIS, 2005). Para Putnam (2000), a confiança,
normas e cadeias de relações sociais são características de bens públicos, portanto podendo ser
usado por todos os indivíduos, diferentemente do capital convencional que em regra é privado,
fazendo com que haja restrição no acesso.
2.5 Dimensões do Capital Social
A identificação das dimensões que compõem o capital social é importante na
compreensão dos fenômenos sociais, no nosso caso, a rede de supermercados sorriso. O
presente estudo aborda o capital social com fundamento nas três dimensões trabalhadas por
Nahapiet e Ghoshal (1998), Inkpen e Tsang (2005) e Régis (2005) sendo elas: a dimensão
cognitiva, a dimensão estrutural e a dimensão relacional. Todas estas dimensões estão
evidenciadas na figura (6). Esta representação gráfica das dimensões do capital social foi
idealizada por Régis (2005) com base nos argumentos de Nahapiet e Ghoshal (1998) que
apresentam uma natureza multidimensional das relações sociais. No estudo do referido autor,
é considerado que estas dimensões operam de forma concomitante, para formar a
complexidade das relações em rede. Assim, a presente pesquisa considera para efeitos
metodológicos que estas dimensões operam de forma conjunta na formação das relações em
rede. Régis (2005) apresenta as três dimensões da seguinte forma:
A dimensão cognitiva, com base na teoria do capital social, com ilustração na parte
superior direita da figura (6), mostra as expressões que são divididas pelos indivíduos que
compõem a rede. Nesse sentido, os significados são ideias comuns, com relação a temas
41
diversos, que integram um contexto específico da rede e que orientam nas tomadas de
decisões e os comportamentos.
A dimensão estrutural, com a mesma base de fundamentação, e ilustrada na parte
inferior da figura (6), apresenta aparência a nível micro, como a força das relações e, aspectos
de nível macro, como a configuração da network. Nesse norte, a maioria dos estudos sobre
redes sociais limita-se a esta dimensão do capital social, incluindo aqui os estudos sobre
centralidade nas redes, que buscam identificar os atores em uma rede que dominam os
recursos e ferramentas utilizadas por todos.
A dimensão relacional, apresentada na parte superior esquerda da figura (6), destaca
os possíveis conteúdos transacionados e a diversidade das ligações entre os atores da network.
Nesse contexto, os estudos analisam os papéis que os atores assumem interna e externamente
à rede como: amigos, informantes, confidentes ou mentores.
Figura 6: Dimensões do capital social Fonte: Régis (2008)
idéia
idéia
idéia
idéia
idéia
idéia
Significados compartilhados
Dimensão Cognitiva
Dimensão
Relacional
Informação
Amizade
Confiança
Força dos laços
Dimensão Estrutural
Fortes
Fracos
Configuração da network
centralidade
densidade
42
2.5.1 Dimensão Estrutural
Granovetter (1973) argumentou que o grau de sobreposição das redes de amizade entre
duas pessoas varia em proporção direta com a força da ligação entre um e outro. Nesse
sentido, a dimensão estrutural do capital social relaciona os aspectos estruturais dos
relacionamentos entre os atores da network e poderá ser analisada a partir de duas
perspectivas: a perspectiva dos laços da network e a perspectiva da configuração da network
(NAHAPIEST e GHOSHAL, 1998). A maioria dos estudos sobre redes sociais limita-se a esta
dimensão do capital social, incluindo aqui os estudos sobre a força dos laços de Granovetter
(1973).
Assim, por volta de 1973, Mark Granovetter propôs que os laços fracos podem ser
muitas vezes, mais importantes que os laços fortes, para entender certos fenômenos baseados
na estrutura da rede de relacionamento. Pesquisas têm confirmado a teoria de Granovetter
(1973), porém duas questões têm sido negadas nessa linha de pesquisa. Primeiro, existe uma
considerável ambiguidade no que constitui laços fortes e o que constitui laços fracos.
Granovetter identificou quatro propriedades dos laços fortes: a quantidade de tempo, a
intensidade emocional, a intimidade e serviços recíprocos. Na prática, laços fortes têm sido
medidos de diferentes formas. Alguns medem a força dos laços como nominações recíprocas,
a fraqueza dos laços como nominações não recíprocas e a ausência de laços como sem
nominação (FRIEDKIN, 1983). Outras medidas incluem contato recente (LIN, DAYTON e
GRENWALD, 1978). Algumas vezes rótulos como “amigo”, “parente” ou “vizinho” são
usados para identificar laços fortes (LIN, ENSEL e VAUGHN, 1981).
Segundo Kuipers (1999), a medida da força dos laços ocorre através de questões que
abarcam não só a percepção individual sobre a proximidade numa relação, mas
consequentemente a duração da relação e a frequência dos seus contatos em rede. Borges Jr.
(2004), utilizando-se dos conceitos de Granovetter (1973), demonstra o papel que estes laços
têm no processo de inovação tecnológica para as organizações. O autor defende que os laços
fracos são os mais propícios para que ocorram modificações na estrutura interna de uma rede,
uma vez que estes laços fazem com que os indivíduos percebam outras realidades. A análise
da dimensão estrutural, quando se considera a configuração da network, se faz pela
determinação do padrão de ligações dentre os seus membros. Nahapiet e Ghoshal (1998) usam
a perspectiva da configuração como uma referência ao padrão geral de conexão entre os
atores, tais elementos de configuração como centralidade, densidade, conectividade e
43
hierarquia afetam a flexibilidade e a facilidade das trocas nas redes pela acessibilidade e
extensão dos contatos dos seus membros (KRACKHARDT, 1992; SCOTT, 2000;
WASSERMAN; FAUST, 1994).
A literatura apresenta, que pela análise da densidade e da centralidade de uma rede, é
possível avaliar de forma básica a estrutura de uma rede social. Para isso, é preciso que se
compreendam os seus conceitos.
Segundo Scott (2000), a Densidade encontra-se representada pelo número de ligações
existentes com relação ao número de ligações possíveis. Enquanto que a centralidade
encontra-se representada pela medida de quão acessível um determinado ator está para os
demais atores da rede, além da dependência do padrão de distribuição, ou da maneira como os
diversos atores estão interligados.
Nesse sentido, a centralidade de uma rede pode ser usada como atributo para medir a
acessibilidade de uma pessoa e o número de caminhos de comunicação que passam por ela.
Assim, quanto maior for o número de ligações entre os atores de uma rede, menor será a
probabilidade de atores centrais deterem o controle sobre o fluxo de informações. Ou seja, a
monopolização do fluxo de informações irá determinar o poder de um ator e o grau com que
ele transfere benefícios e serviços para outros integrantes da rede (MARINHO-DA-SILVA,
2003).
A centralidade pode ser avaliada através de três medidas que em sua grande maioria
são empregadas para a análise das redes sociais: centralidade de grau (degree), centralidade de
intermediação (betweenness) e centralidade de proximidade (closeness) (QUIROGA, 2003).
Assim, a centralidade de grau é medida pelo número de ligações que um ator tem e
pode se distinguir pelos graus de conectividade de entrada (indegree) e de saída (outdegree).
Nesse sentido, a centralidade de grau de entrada demonstra o número de ligações que um ator
recebe de outros atores, enquanto que a centralidade de grau de saída demonstra o número de
ligações que um determinado ator estabelece com outros atores de um grupo. Desta forma, a
centralidade de grau de entrada afere a receptividade de uma pessoa na rede, enquanto que a
centralidade de grau de saída mede a sua expansividade (WASSERMAN; FAUST, 1994).
Nesse norte, pode-se afirmar que a acessibilidade de uma pessoa a informações que
circulam pela rede é medida pela centralidade de grau. A centralidade de grau também pode
ser apontada como o grau em que um ator é capaz de influenciar ou ser influenciado pelos
componentes da rede (QUIROGA, 2003).
Contudo, a literatura afirma que a centralidade de grau apresenta algumas limitações
em analisar redes por não considerar as características demográficas. Assim, os atores com
44
maior quantidade de contatos diretos são elos importantes na rede social. Marinho-da-Silva
(2003) exemplifica esta questão mostrando que um ator conectado a 5 atores num grupo de
100 atores está em situação diferente de um outro ator igualmente conectado a 5 atores num
grupo de 15 atores. Da mesma forma, um ator conectado a 2 atores periféricos está em
situação diferente de um outro ator ligado a 2 atores centrais. Com o intuito de se reduzir esta
limitação, há a possibilidade de se usar a centralidade de intermediação.
A centralidade de intermediação é capaz de fornecer indicações sobre o controle
exercido por um ator sobre as interações entre outros atores na rede, servindo de
intermediador. Na medida em que dois atores não estejam posicionados lado-a-lado na rede,
eles dependem de um, ou mais de um, ator para poderem se relacionar indiretamente com
outra pessoa da rede. Desta forma, quanto mais um certo ator da rede estiver entre outros
atores, de forma a ser uma passagem obrigatória, mais elevada será a centralidade de
intermediação deste ator. Estes atores podem ser chamados de “pessoas pontes” (MARINHO-
DA-SILVA, 2003).
Nesse sentido, importante se faz inserir a seguinte questão norteadora:
Como está disposta a estrutura social da Rede de Supermercados sorriso?
A seguir serão apresentadas as teorias acerca da dimensão relacional, que visam
fundamentar a segunda questão norteadora.
45
2.5.2 Dimensão Relacional
A dimensão relacional tem como objeto de estudo a demonstração dos papéis dos laços
diretos entre os atores com relação aos conteúdos transacionados nas interações e suas
diversidades. Essa dimensão aborda o conteúdo transacionado entre os atores da network.
Consideram-se papéis, a parte que cada ator desempenha como amigo, informante e
confidente (RÉGIS, 2005). Entre os conteúdos transacionados na dimensão relacional,
encontramos a amizade, a troca de informações, o respeito, a confiança, as normas, as sanções
e a identificação (NAHAPIET; GHOSHAL, 1998).
A análise da dimensão relacional das redes pode ocorrer através da diversidade de
papéis e do conteúdo transacionado (INKPEN; TSANG, 2005), possibilitando mapear as redes
de amizade, informação e confiança. Os conteúdos transacionados podem ser definidos como
sendo materiais e não-materiais trocados entre dois atores, em uma situação ou relação
particular (BOISSEVAIN, 1974). Kuipers (1999) cita Tichy, Tushman e Fombrum (1979) que
identificam as redes baseados na troca entre os laços: a troca de informação, a troca de bens e
recursos e a troca de afeto. Os três elementos transacionados dependem, em parte, do papel e,
em parte, da maneira como o papel é desempenhado pelos atores. A importância do conteúdo
está na possibilidade que este permite de indicar os benefícios que os atores esperam obter do
relacionamento em grupo nas organizações. Kuipers (1999) é uma das pesquisadoras que
tratam das redes de amizade, de informação e de confiança no âmbito das organizações. Para a
autora, o conteúdo transacionado em cada um destes tipos de rede é específico. As definições
de Kuipers (1999) para estas três redes são apresentadas a seguir:
1) Rede de informação: é uma rede informal em que o conteúdo transacionado diz respeito ao que está acontecendo na organização como um todo, em relação a oportunidades de ascensão, processo decisório em outras divisões e/ou sucesso organizacional e que afeta todos os seus membros. 2) Rede de amizade: é uma rede informal baseada na troca de amizade e socialização que fornece apoio e melhora a auto-estima, além de encorajar certos comportamentos que aumentam a aceitação junto a grupos, dentro das organizações. 3) Rede de confiança: é uma rede de laços informais em que um ator corre riscos, ao abrir mão do controle dos resultados, por aceitar a dependência em relação a outro ator, sem força ou coação da relação contratual, estrutural ou legal. A análise de conteúdos de amizade, informação e confiança, transacionados nas
relações da uma rede informal, é vista por Kuipers (1999) como uma interação entre os
indivíduos, sendo própria ao contexto pelo qual a rede foi formada e os laços não devem ser
usados para transferências indiscriminadas de qualquer tipo de recurso. A autora entende que
o conteúdo transacionado em cada tipo de rede é específico á formação e composição dos
46
objetivos da rede. Santos (2004) sugere que os laços de confiança são mais centrados na
pessoa do que na posição ou no cargo que esta ocupa. Relações de amizade e suporte social,
por outro lado, desenvolvem-se rapidamente, exigindo um período de tempo mais curto para
ocorrerem, enquanto que o desenvolvimento de laços de confiança (correr riscos) requer mais
tempo e são mais duradouros.
O conceito de laços fortes tem sido confundido com ambiguidade e inconsistência o
entendimento sobre o conteúdo amizade. Krackhardt (1992) usa a palavra grega philos para
designar um tipo particular de laço, por causa da sua especial característica, com implicações
que o fazem diferente de outros tipos de laços. Ele usou a palavra philos como um construto e
utilizou regras que governam seu uso. A palavra philos, ao significar ‘amigo’, pode apresentar
que “A é philos de B” ou num caso simétrico, “A e B são philos”. Define-se um
relacionamento philos como aquele que encontra as três condições necessárias e suficientes a
seguir:
1) Interação – Para A e B serem philos, A e B devem interagir entre si. As implicações desse componente é que deve existir uma grande probabilidade de cada um ter acesso à informação de ambos. Desde que as freqüentes interações proporcionem oportunidades para troca de tais informações. 2) Afeição – Para A ser philos de B, A deve gostar de B, A deve sentir afeição por B. Esse componente avaliado permite sustentar os prognósticos da teoria do equilíbrio de Heider e os prognósticos da “transitive closure” de Granovetter. Heider (1958) também prognosticou sobre a simetria do relacionamento “gostar” e pode assumir que, na maioria dos casos, tais relacionamentos são simétricos. De qualquer modo, pode-se ocasionalmente imaginar, quando a afeição não é recíproca, resultando em um relacionamento assimétrico. 3) Tempo – A e B para serem philos, deve ter um histórico de interações que tenha durado certo período de tempo. Isto é, não existe um philos instantâneo. Uma implicação é que no relacionamento philos não pode ser estudado em experimentos de laboratório. Embora alguém possa induzir pequeno período de estado de afeição e estudar “gostar” (BYRNE, 1971), o estudo do philos é afastado do campo, em que os relacionamentos têm tempo suficiente para se desenvolver.
Com relação ao conteúdo de informação, a estrutura de uma rede social permite a troca
de informações e conhecimentos entre seus membros, através dos laços fortes e fracos que
servem de canais para essa transação e gera um capital social, definido anteriormente como
normas, valores e relacionamentos compartilhados (MARTELETO, SILVA, 2004). O
conteúdo transacionado na rede de informação refere-se a assuntos que afetam todos os
membros da organização, como oportunidades de ascensão, processos decisórios e/ou sucesso
organizacional (KUIPERS, 1999). O conceito de “laços fortes e fracos”, de Granovetter
(1973), sugere que os laços fortes não facilitam a troca de informação ou geram informações,
ao contrário dos laços fracos que facilitam a inovação e a troca de informação. Esse mesmo
autor salienta que o indivíduo, que é capaz de transpor o que ele denomina “buraco estrutural”
– lacunas existentes nas redes de um grupo com os demais –, usufrui das vantagens de ser o
47
intermediário da comunicação, seja ela dentro de seu grupo ou fora dele, e agrega valor ao
capital social de seu grupo através da utilização de informações obtidas na rede.
A análise de redes sociais permite identificar características importantes dos membros
da rede com relação à troca de informação, os chamados indivíduos conectores centrais e os
indivíduos considerados como gargalos. Os conectores, que agem de maneira positiva,
contribuem para o incremento da produtividade e são catalisadores entre os demais atores.
Outros podem gerar dependência e comprometer a dinâmica das demandas, com atraso nas
respostas (OPPEL-SILVA, 2007).
O sucesso das organizações depende da habilidade dos seus integrantes em criarem e
compartilharem conhecimentos que contribuam para o desenvolvimento de todos os
indivíduos do grupo. E, com essa finalidade, todos investem em capacitação, tecnologia e
infra-estrutura que possibilitem o crescimento de forma sustentável a todos. Entender como os
integrantes constroem e compartilham o conhecimento é um dos pontos que os estudos das
redes sociais buscam pela importância do conteúdo confiança transacionado para o sucesso da
organização. Dentro da dimensão relacional das redes sociais, existe um interesse na
confiança interpessoal como característica central do relacionamento que promove a criação e
o compartilhamento do conhecimento. Pesquisas mostram que a confiança leva a um aumento
na troca de conhecimento, tornando esse compartilhamento menos oneroso e aumentando a
percepção de que o conhecimento adquirido através de um colega é confiável e pode ser
utilizado.
Nesse sentido, a literatura tem definido confiança interpessoal como a predisposição de
um indivíduo em estar disponível para trocar informações com o outro. Pesquisas sugerem
duas dimensões da confiança que podem promover a criação e o compartilhamento do
conhecimento: a benevolência (você se preocupa comigo e está interessado em meu bem estar
e nos meus objetivos) e a competência (você tem experiência suficiente que lhe garante o
conhecimento sobre o assunto de que está falando) (ABRAMS, L. et al. 2003). Segundo
Kuipers (1999), a rede de confiança é a rede em que o indivíduo corre risco ao abrir mão do
controle dos resultados, por aceitar a dependência em relação a outro ator, sem força ou
coação da relação, seja contratual, estrutural ou legal.
Nesse sentido importante se faz inserir a seguinte questão norteadora:
Quais os conteúdos transacionados na Rede de Supermercados Sorriso?
A seguir serão apresentadas as teorias acerca da dimensão relacional, que visam
fundamentar a terceira questão norteadora.
48
2.5.3 Dimensão Cognitiva
Estudos apontam que a dimensão cognitiva representa as ferramentas disponibilizadas
pelo compartilhamento de significados entre os integrantes das redes, ou seja, suas
interpretações e sistemas de significados incluindo a linguagem, os códigos e as narrativas
compartilhadas (NAHAPIET; GHOSHAL, 1998). Esses significados são ideias comuns, com
relação a assuntos diversos, que fazem parte do contexto da rede e orientam as decisões e
comportamentos (RÉGIS, 2005). Autores como Nahapiet e Ghoshal (1998) destacam a
importância dessa dimensão por entenderem que a mesma representa uma série de avaliações
pouco estudadas na literatura sobre o capital social no que se refere à teoria das organizações.
Esses autores entendem que o capital social, através da dimensão cognitiva, possibilita o
desenvolvimento do capital intelectual, criando as condições necessárias para que aconteça a
troca e o compartilhamento entre os atores.
Para o estudo da dimensão cognitiva, define-se o capital intelectual como o
conhecimento único de cada indivíduo e a sua compreensão da capacidade da coletividade
social. Isso reflete a crença de que o capital intelectual é um fator social e que o conhecimento
e os significados estão inseridos no contexto social, ambos criados e sustentados através das
relações entre os atores da rede social. Pesquisadores reconhecem que a inovação geralmente
acontece através da combinação de diferentes conhecimentos e experiências e que a
diversidade de opiniões é uma maneira de expandir esse conhecimento. Uma parte essencial
dessa troca social é realizada através do compartilhamento da linguagem, dos vocabulários e
das narrativas coletivas. Esses elementos constituem facetas compartilhadas pela cognição que
facilitam a criação do capital intelectual, especialmente através da capacidade de
comunicação, agindo tanto como mediadores como produto na interação social (NAHAPIETH
e GHOSHAL, 1998).
2.6 Mapas Cognitivos
Segundo Weick e Bougon (1986), a noção de “mapas cognitivos” é entendida através
de uma metáfora, cujo sentido analisa a natureza do fenômeno “organização”. Os autores
afirmam que: “As organizações existem largamente na mente, e sua existência toma a forma
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de mapas cognitivos, nesse sentido o que une uma organização é o mesmo que vincula, ou
coloca junto, pensamentos” (WEICK; BOUGON, 1986:102). Para Laukkanen (1992), os
mapas cognitivos servem como instrumentos que demonstram as informações orais ou escritas
que expressam afirmações, explanações, regras e etc. de forma que se possa acessar os
pressupostos do investigado, mesmo que o mesmo tente esconder. No mesmo norte, Bastos
(2002) entende que os mapas cognitivos possibilitam apresentar, inclusive ao investigado,
pressupostos que nem mesmo ele ainda conhece.
A dimensão social dos processos cognitivos humanos resultou em uma área específica
de pesquisa na Psicologia Social, com interesses nos processos usados pelas pessoas, para
gerarem o conhecimento e a compreensão dos aspectos da vida cotidiana. Neste sentido, a
“cognição social” resgata, cientificamente, tópicos como, os processos de atribuição,
formação de impressões, estereótipos, atitudes, protótipos, schemas e scripts (BASTOS,
2001).
Bastos (2000a e 2001) aponta que além da dicotomia entre pessoas e organizações
cabe afirmar que “organizações” podem ser para diferentes pessoas, realidades distintas.
Tichy, Hornstein e Nisberg (1977) consideram que aquilo que se vê de uma organização
depende daquilo que se busca de acordo com os objetivos individuais. Juntos, o que se procura
e o que se vê determinam as ações e relações dos indivíduos. Zajonc e Wolf (1966) defendem
e apontam que os membros de uma organização perseguem diferentes objetivos.
Segundo Nicolini (1999, p. 836), a utilização pelos pesquisadores dos mapas
cognitivos nos estudos das organizações, poderá ser uma das táticas possíveis para representar
cognições sociais: “mapas poderiam ser considerados apenas instrumentos de descrição e
representação que ajudam na discussão e análise de alguns modos de pensamento e
explicações dos eventos”. Assim, para o autor, o trabalho de mapear estruturas cognitivas
envolveria “explorar as maneiras pelas quais essas entidades representacionais são unidas,
transformadas ou contrastadas”.
Na literatura atual, é bastante explorado o estudo dos tipos de mapas cognitivos com
foco na área das organizações. Nesse sentido, os estudos de Fiol e Huff (1992) são
predominantes quando apontam os seguintes tipos de mapas:
Mapas de identidade: tomam como base a análise de conteúdo para encontrar
conceitos e temas centrais nos discursos enunciados pelos indivíduos de uma rede, e assinalam
as principais características do terreno cognitivo e, as atividades envolvidas na sua construção
são básicas para todos os demais tipos de mapas;
50
Mapas de categorização: procuram delinear os schemas utilizados por gestores, ao
agruparem eventos e situações com base em suas semelhanças e diferenças. Esses mapas
possibilitam acesso ao sistema de categorias de pensamento utilizado e a dimensão de
hierarquia que existe entre esses conceitos;
Mapas causais: entre todos os mapas estudados, são os mais difundidos nos estudos
gerenciais e, por isso contribuem para uma compreensão dos vínculos que indivíduos
constituem entre ações e resultados ao longo do tempo das relações.
No presente estudo, será utilizado o mapa de identidade que servirá para capturar os
significados compartilhados pelos integrantes da rede e a compreensão deles com relação às
ações da rede e os resultados nas suas organizações. No momento oportuno, será apresentada
a metodologia, bem como as técnicas utilizadas para a elaboração destes mapas.
Nesse sentido, importante se faz inserir a seguinte questão norteadora:
Como os integrantes percebem a importância da Rede de Supermercados sorriso
nos resultados obtidos?
A seguir serão apresentadas as teorias sobre desempenho financeiro, que visam
fundamentar a quarta questão norteadora.
51
2.7 Desempenho Financeiro
Segundo a literatura, para medir o desempenho de uma organização, é necessário um
conjunto de elementos que contribuam de forma direta na análise dos resultados almejados
pela administração. Assim, o ato de medir reúne um conjunto de atividades, pressupostos e
técnicas que, segundo Bandeira (1997), visa quantificar as variáveis e atributos de interesse do
objeto a ser analisado. No que se refere ao termo desempenho, ela encerra em si a idéia de
algo que já foi realizado, executado ou exercido, e no caso financeiro, a idéia de que os dados
acerca dos faturamentos ocorridos contam a história de uma organização.
Frost (1999) aponta que grande parte das organizações usava como indicadores de
desempenho os resultados financeiros. O mesmo autor afirma ainda que diferentes níveis
dentro das organizações se valiam dos “budgets” (orçamentos) para definirem os objetivos
com a gerência de nível imediatamente superior. O autor ainda relata que uma combinação de
fatores, como o aumento da demanda no mercado, associado a uma competição mais acirrada,
fez com que o tempo se tornasse mais curto, e dessa forma, exigia-se que tudo fosse melhor,
mais rápido e mais barato. De acordo com Nakamura e Mineta (2001), ao tratarem dos
indicadores de desempenho do balanced score card apontam que em uma tendência crescente,
estão se reavaliando os mecanismos de medição de desempenho das organizações e
formulando-se indicadores que possibilitem monitorar as estratégias e aplicar possíveis
alterações do foco competitivo.
Segundo Gonçalves (2002), todas as organizações precisam de um algum modelo de
avaliação de desempenho, uma vez que a realização contínua do processo de avaliação
permite que estas conheçam a eficiência e a eficácia de suas ações, bem como o
comportamento das pessoas, dos processos e dos programas da organização.
Com relação ao objeto de pesquisa, o indicador de desempenho mostra-se inserido em
um contexto que poderá corroborar outras variáveis comportamentais contidas no grupo.
Assim, entende-se como conceito de desempenho a quantificação de como estão sendo
realizadas as atividades organizacionais. Nesse norte, o indicador de desempenho deve servir
para quantificar especialmente a eficácia de uma tomada de decisão feita pela organização.
Miranda e Silva (2002) ressaltam que os indicadores de desempenhos desejáveis estão
relacionados à definição das mensurações que de fato devem ser consideradas, bem como dos
atributos de desempenho relevantes que serão adotados como referência de avaliação da
organização.
52
Kaplan e Norton (1997) sustentam que, de forma isolada, os indicadores financeiros
são inadequados para orientar e avaliar uma organização em um ambiente competitivo. Para
estes, os indicadores contam parte, mas não toda a história das ações passadas, bem como não
fornecem orientações adequadas para as ações que devem ser realizadas para o futuro.
Segundo Miranda et al. (2001), a literatura tem mostrado que, no passado, as empresas
tomavam decisões baseadas apenas em informações financeiras, obtidas através da
contabilidade das organizações. Atualmente, as tomadas de decisões envolvem um maior
número de variáveis, exigindo uma grande preocupação entre os gestores com indicadores
como: relações sociais, satisfação de clientes, campanhas sociais, qualidade dos produtos,
fidelidade dos clientes, inovação, habilidades estratégicas, entre outros. Essas medidas
financeiras têm sofrido críticas de estudiosos dedicados a esta temática, contudo, elas não
devem ser esquecidas quando da avaliação de resultados e desempenhos.
É importante destacar que estudos recentes têm mostrado que tais indicadores aliados a
outras variáveis como as relações sociais internas e externas as organizações, são capazes de
fornecer evidências concretas dos efeitos de todas as outras medidas. (PIAZZI FILHO E
OLIVA, 2007)
Várias são as metodologias e ferramentas utilizadas no meio científico e nas
organizações para medir indicadores de desempenho. A literatura aponta entre outros o SADO
– Sistema de Avaliação de Desempenho Organizacional, criado para órgãos públicos, tendo
como foco o poder executivo municipal. A nível teórico, também há o modelo BSC –
Balanced Score Card, desenvolvido por volta de 1990, pelos consultores: Robert Kaplan e
David Norton, considerada uma nova forma de mensuração do desempenho para a
administração estratégica. Tal ferramenta surgiu da necessidade que as organizações
apresentavam de terem um maior controle de suas perspectivas para atendimento às
necessidades dos stakeholders.
Nesse sentido, importante se faz inserir a seguinte questão norteadora:
Quais os resultados financeiros alcançados pelos integrantes, após a criação e
desenvolvimento da rede?
Em seguida, serão apresentados os procedimentos e ferramentas adotados pelo
pesquisador acerca da metodologia, que possibilitará a realização da investigação conforme
seus conceitos e paradigmas científicos.
53
3 METODOLOGIA
O propósito desse capítulo é apresentar os principais argumentos metodológicos em
que se baseou a edificação e a execução da investigação. Serão descritas informações sobre o
delineamento da pesquisa, a população e a amostra, bem como os instrumentos de coleta de
dados, a própria coleta de dados, a análise dos resultados e as limitações que permearão este
estudo investigatório.
3.1 Delineamento da pesquisa
A importância da metodologia na edificação do conhecimento é essencial a sua
pretensão de cientificidade. Segundo Demo (1996), a característica básica da constituição do
conhecimento cientifico traduz-se no questionamento sistemático. Nesse mesmo norte, Guba e
Lincoln (1994) assumem que um paradigma de pesquisa traduz todo um conjunto de crenças
básicas que o pesquisador carrega consigo no desenvolver da sua vida cientifica. Assim, é
natural, que junto a esse paradigma, acompanhem-se objetos de pesquisa, problemas
pesquisados e métodos de coleta e análise, que serão automaticamente influenciados pela
visão de mundo do pesquisador no decorrer de sua atuação como investigador dos fenômenos
sociais.
A afirmativa dos autores acima se reveste de veracidade quando se observam que as
crenças básicas do investigador encontram-se fundamentadas nos pressupostos ontológicos,
epistemológicos e metodológicos que demonstrarão a formação do pesquisador com relação à
natureza do mundo, lugar e as relações entre os fenômenos sociais em que se inserem os
indivíduos da sociedade e o próprio pesquisador.
Richardson et al. (2007) abordam que a estratégia utilizada em um determinado estudo
cientifico fundamenta-se em um conjunto de pressupostos ontológicos e da natureza humana
que definem o ponto de vista que o pesquisador tem do mundo que o cerca. Sendo assim, a
epistemologia refere-se à natureza da relação entre sujeito e objeto pesquisados. O método
deve ser buscado para resolver o problema, sendo devidamente adequado as suas
características e formalidades exigidas pelo fenômeno. Nesse sentido, a hermenêutica de Max
Weber nos ensina que o paradigma da compreensão é a interpretação de significado das coisas
54
e propõe a construção de modelos de representação de variáveis e de tipos como mecanismo
adequado a esse tipo de pesquisa cientifica (GONÇALVES; MEIRELLES, 2004).
Para Marteleto (2001), a análise de redes estabelece um novo paradigma na pesquisa
sobre a estrutura social. Para estudar como os comportamentos ou as opiniões dos indivíduos
dependem das estruturas nas quais eles se inserem, a unidade de análise não se refere aos
atributos individuais (classe, sexo, idade, gênero), mas ao conjunto de relações que os
indivíduos estabelecem através das suas interações com os outros. A estrutura é apreendida
concretamente como uma rede de relações e de limitações que pesa sobre as escolhas, as
orientações, os comportamentos e as opiniões dos indivíduos.
Após observar estas questões, optou-se pela pesquisa multimétodo, uma vez que os
objetivos da investigação foram alicerçados tanto no paradigma qualitativo quanto no
quantitativo, além da metodologia de estudo de análise das redes. Com relação a esses
paradigmas, encontram-se associadas técnicas, estratégias de pesquisa, métodos para coleta e
análise de dados que possibilitam abordar problemas, além de explicar, entender, prever ou até
sugerir ações fundamentadas nos pressupostos do pesquisador.
A nossa pesquisa baseou-se na técnica Ex-post-facto, considerada uma investigação
sistemática e empírica, na qual o pesquisador não tem controle direto sobre as variáveis
independentes, ou porque já ocorreram suas manifestações ou porque são intrinsecamente não
manipuláveis. Sendo assim, a manipulação da variável independente é impossível, elas
chegam ao pesquisador já tendo exercido os seus efeitos (RICHARDSON, 2007). Tal
justificativa reside na formatação do estudo que busca compreender os fenômenos já ocorridos
durante a formação e desenvolvimento da rede sorriso no período de 2003 a 2008.
A pesquisa teve como estratégia um Estudo de Múltiplos Casos (multiple case study),
e nesse aspecto Yin (1994) define que, embora essa estratégia tenha sido estereotipada como
fraca entre os métodos de Ciências Sociais, tem sido bastante utilizada na área, em campos
orientados pela prática e como estratégias nas pesquisas de teses e dissertações.
O mesmo autor assegura ainda que, por ser método próprio de explicar os fenômenos
ou problemas que apresentam características peculiares, alguma idiossincrasia com destaque
que justifique o esforço de pesquisa. O estudo de múltiplos casos permite principalmente
examinar acontecimentos contemporâneos, quando não se podem manipular os
comportamentos relevantes e representa uma maneira de investigar um tópico empírico,
seguindo-se um conjunto de procedimentos pré-especificados. Existem três situações que
justificam a escolha do estudo de múltiplos casos como método de pesquisa: para auxiliar na
55
construção de teorias, para descrever casos raros desviantes ou para revelar um fenômeno
pouco acessível ao investigador comum (YIN, 2001).
Estudos de múltiplos casos, por sua natureza mais específica e verticalizada, podem
contribuir com mais subsídios para uma análise particular desses processos em tipos
diferenciados de organizações, identificando as consequências para cada organização em nível
de estrutura, relações, cultura e resultados. Quanto ao controle de comportamentos, o método
do estudo de múltiplos casos possibilita a análise de uma situação na qual não se possam
realizar interferências no sentido de manipular comportamentos relevantes. Neste método, os
dados são coletados a partir de múltiplas fontes, todas baseadas em relatos, documentos ou
observações. Isto significa que podem ser utilizadas inclusive evidências (dados) de natureza
quantitativa que estejam catalogadas, conforme proposto por Stake, Denzin e Lincon (2001).
O estudo foi desenvolvido com base tanto em Surveys (quantitativo) como em
entrevistas (qualitativo) (GONÇALVES; MEIRELLES, 2004). Segundo Bryman (1995), é
uma estratégia em que a combinação entre métodos quantitativos e qualitativos traz resultados
positivos para o entendimento do problema, possibilitando o uso combinado de diferentes
instrumentos de coleta e análise de dados.
Segundo Richardson (2007), é possível estabelecer pontos de integração entre os
métodos quantitativos e qualitativos. Para o autor, na fase do planejamento, a discussão e o
uso de técnicas de entrevistas e a observação podem contribuir na formulação do problema de
pesquisa. Na fase de coleta de dados, o uso de técnicas qualitativas possibilitará um
aprofundamento detalhado de informações, que enriquecerão a pesquisa, enquanto que na
análise dessas informações as técnicas quantitativas permitirão averiguar os resultados dos
questionários e as relações descobertas pelo estudo.
A abordagem quantitativa preocupa-se com a quantificação de dados, utilizando para
isto recursos e técnicas estatísticas, podendo ser empregadas em pesquisas descritivas ou
conclusivas, enquanto a abordagem qualitativa tem sido frequentemente utilizada em estudos
voltados para a compreensão da vida humana em grupos. Com relação à análise das redes,
Wasserman e Faust (1994) apontam as características fundamentais desse tipo de análise
como: 1) o foco em relações e em padrões de relações requer um conjunto de métodos e
conceitos analíticos que são distintos dos métodos das estatísticas tradicionais e análise de
dados; 2) a análise de redes sociais é baseada na assimilação da importância do
relacionamento entre unidades de interação; 3) as relações definidas por vínculos entre
unidades são componentes fundamentais da teoria de redes; 4) a unidade de análise não é o
indivíduo, mas um grupo de indivíduos e os vínculos entre eles.
56
O estudo multimétodo apóia-se na afirmação de Marteleto (2001) sobre o interesse que
a análise de redes sociais desperta nos pesquisadores que tentam explicar o impacto dos
relacionamentos na vida social das pessoas. Bruyne, Herman e Schoutheete (1991) mostram
que, embora de cunho frequentemente qualitativo, o estudo de múltiplos casos pode se basear
em medidas diacrônicas de variáveis, construindo séries cronológicas que, em estudos sobre
mudança, por exemplo, permitem analisar relações de causa e efeito entre variáveis
intervenientes.
Segundo Cooper e Schindler (2003), a pergunta de pesquisa é fundamentada em fatos,
a partir dos quais, o pesquisador procura explicações para fornecer informações científicas,
diminuindo as lendas sociais e defendendo práticas profissionais mais embasadas e confiáveis.
Nesta pesquisa, ocorreram as seguintes perguntas que nortearam o estudo:
. Como está disposta a estrutura social da rede de supermercados sorriso?
. Quais os conteúdos transacionados na rede de supermercados sorriso?
. Como os integrantes percebem a importância da rede de supermercados sorriso
nos resultados obtidos?
. Quais os resultados financeiros alcançados pelos integrantes, após a criação e
desenvolvimento da rede?
Com isso, este estudo possibilita compreender o caso particular resumido na pergunta
de pesquisa reapresentada a seguir:
Até que ponto a rede de supermercados sorriso e os conteúdos nela
transacionados influenciam no desempenho financeiro das organizações participantes?
A seguir serão apresentadas a população e amostra que comporão o estudo.
57
3.2 População estudada
De acordo com o paradigma acima revelado, o estudo de caso escolhido contempla a
possibilidade de se encontrar resultados significantes que poderão contribuir para a literatura
das redes sociais com foco no desenvolvimento de micro e pequenas organizações em rede.
Além disso, oferece a oportunidade de observar e examinar o fenômeno da associação de
empreendedores através da análise das redes sociais.
A Rede de Supermercados Sorriso, fundada a partir de 2003, é composta atualmente
por 18 integrantes que atuam no ramo varejista de mercados de bairro na cidade de Sousa e
região do alto sertão paraibano. Além dos integrantes da rede, existe ainda um coordenador
administrativo que oferece suporte à rede no que se refere às questões de organização interna e
campanhas promocionais e sociais. Existem também os gestores de entidades representativas
de classes que dão apoio organizacional à rede de supermercados sorriso, como o SEBRAE, a
ASCISA, o SINDIEMPRESA e o CDL, todos com representatividade regional.
Nesta pesquisa, foram utilizados como respondentes, os atuais 18 integrantes da rede
sorriso. Estes integrantes representam os seus mercados de bairro com porte de pequenas e
micro empresas que, no geral, estão registradas sob razão social do próprio nome dos
participantes da rede. Em alguns poucos casos (6), as empresas estão registradas sob a razão
social do nome do cônjuge, do irmão (ã) ou do pai/mãe. Assim, todos os integrantes
pesquisados darão suporte aos objetivos e finalidades do estudo para a compreensão do
fenômeno pesquisado, conforme delineado no bojo desse trabalho.
A seguir será apresentada a instrumentação das variáveis que abordará como cada
questão norteadora será medida.
58
3.3 Instrumentação das variáveis
Como já apresentado no capítulo da fundamentação teórica, nosso problema de
pesquisa gerou as questões norteadoras que serão instrumentadas conforme segue abaixo:
Dimensão Estrutural
Para medir e construir a estrutura da rede foi elaborado um sociograma com base na
teoria de análise das redes sociais, baseado no instrumento utilizado por Régis (2005), com
uso da ferramenta UCINET (BORGATI, 2002) que possibilitou construir a rede geral, além
das análises de centralidade e densidade da rede e dos indivíduos, segundo a dimensão
estrutural do capital social, demonstrando como se encontra configurada à rede de
supermercados sorriso.
Dimensão relacional
Para medir e analisar os conteúdos transacionados na rede sorriso, utilizou-se da
aplicação do questionário de análise das redes sociais, criado e validado por Régis (2005) com
as adaptações necessárias à presente pesquisa, que possibilitou a identificação e construção
das sub-redes dos conteúdos transacionados.
Dimensão cognitiva
Para medir e compreender a importância da rede na percepção dos integrantes,
elaborou-se um roteiro de entrevista não estruturada, que buscou conhecer o que, como e por
que algo ocorre na rede (RICHARDSON; COLABORADORES, 2007), com a finalidade de
investigar como os integrantes perceberam a importância da criação da rede sorriso no
desenvolvimento de suas empresas.
Desempenho financeiro
Para medir os resultados financeiros alcançados depois da criação e desenvolvimento
da rede, efetuou-se um levantamento fiscal/financeiro (Apêndice E) junto aos integrantes da
rede e junto a um grupo de controle. Este levantamento registrou os valores trimestrais das
compras, das vendas e dos estoques no período de 2003 a 2008. Esse período justifica-se por
ser o ano inicial de criação da rede de supermercados sorriso, além de algumas empresas dos
dois grupos terem iniciados suas atividades após esse período de criação da rede. Com isso,
buscou-se analisar a evolução financeira durante o período citado. Segundo Gil (2007), os
59
dados são coletados e armazenados para serem utilizados pelas organizações, contudo, podem
também, ser muito úteis para estudos sociais.
Os dados levantados passaram pelo processo de atualização econômica como forma de
manter ajustado o seu valor financeiro. Para corrigir a defasagem econômica provocada nos
períodos levantados, foi efetuada a atualização pelo índice do IGP-M nos respectivos períodos
(anexo 02). O IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) é calculado pela FGV (Fundação
Getúlio Vargas), e formado por três taxas: Índice de Preços por Atacado (IPA) que
corresponde a 60% do IGP-M; Índice de Preços ao Consumidor (IPC) que responde por 40%
do IGP-M total; e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) que é 10% do IGP-M.
O grupo de controle foi composto por empresas do segmento de mercados de bairro,
com estabelecimentos medindo no máximo 250m², com exploração de atividades de gêneros
alimentícios, produtos, serviços domésticos e pessoais. Esse grupo foi escolhido porque
explora a mesma atividade do grupo de estudo no mesmo período de criação da rede. O
faturamento individual, anual, máximo nos dois grupos é de R$ 1.500.000,00 (um milhão e
quinhentos mil reais) e tem na sua carteira de clientes famílias de classe média baixa que
residem próximo ao estabelecimento.
A seguir será descrito os instrumentos que foram utilizados para coletar as questões
norteadoras.
60
3.4 Coleta de Dados
Para esse momento, foram apresentados os instrumentos de coleta de dados seguindo a
mesma ordem de cada questão norteadora conforme apresentado na seção anterior.
No primeiro momento, realizou-se um contato com cada integrante da rede de
mercadinhos para explicações do estudo e da aplicação dos instrumentos metodológicos. No
segundo momento, a aplicação ocorreu na seguinte ordem: entrevista, cartão identificador de
nomes, questionário. Quanto ao levantamento dos dados financeiros, este ocorreu em
momento anterior à aplicação da pesquisa, sendo identificado como informações exploratórias
e objetivou ainda, não influenciar a aplicação dos demais instrumentos metodológicos. No
decorrer da aplicação da pesquisa, os respondentes foram informados quanto ao sigilo das
informações e como proceder no caso de dúvidas das respostas como também sobre o material
e ferramentas utilizados na aplicação da pesquisa. A seguir, cada questão norteadora e seus
instrumentos de coleta.
Dimensão estrutural
Para coletar os dados da estrutura da rede, que foi a primeira variável da pesquisa,
aplicou-se o instrumento cartão identificador de nomes (Apêndice C) criado por Régis (2005),
que possibilitou construir a estrutura social geral da rede de supermercados sorriso, bem como
identificar atributos como a centralidade. A aplicação do cartão identificador de nomes
ocorreu de forma individual a cada integrante da rede e sempre após aplicação das entrevistas
para não gerar vieses. Nessa ferramenta, os integrantes da rede escreveram os nomes de até
seis pessoas que foram as mais importantes da sua rede de relações, para o desenvolvimento
de sua empresa, além da indicação do papel social dessas pessoas na sua rede (ex. amigo,
colaborador, sócio, pai ou funcionário).
Dimensão relacional
Com relação à variável relacional, aplicou-se o instrumento questionário, elaborado e
validado por Régis (2005) com escala likert (Apêndice D), que abordam as relações de
amizade, de troca de informações, de confiança e de mentoria, que permitirá identificar os
conteúdos transacionados na rede de supermercados sorriso. Sendo que no presente estudo
serão descartadas as relações de mentoria por não ser objeto de pesquisa. Assim, tiveram-se
18 questões iniciais para medir o conteúdo transacionado, através de afirmativas sobre os
61
comportamentos das pessoas da network através de uma escala tipo Likert, variando de 5
(sempre) até 1 (nunca). Além de outras 5 questões finais que foram utilizadas para medir as
informações sobre os relacionamentos no que se refere à força dos laços na rede.
Esse questionário seguiu como uma capa de identificação do pesquisador, orientador e
da instituição de ensino, juntamente a uma carta de apresentação (Apêndice A), explicando os
objetivos e responsabilidades da pesquisa e do pesquisador quanto à divulgação das
informações e resultados posteriores do trabalho.
Dimensão cognitiva
Para variável cognitiva aplicaram-se como instrumento as entrevistas não estruturadas
que visam interpretar como os integrantes perceberam a importância da rede no
desenvolvimento de suas empresas, com base na teoria do capital social. Para analisar essa
variável, utilizou-se da técnica da análise de conteúdo nas entrevistas realizadas nos
integrantes da rede. Na aplicação das entrevistas, os integrantes da rede foram solicitados a
fazer evocações livres sobre as ideias que possuem com relação à forma com que a rede
contribuiu para o desenvolvimento do seu empreendimento após a sua criação ou participação
deles na rede.
Nesse sentido, se fez importante aplicar as entrevistas em primeiro lugar, antes dos
questionários, para evitar viéses. Richardson (2007) resume a análise de conteúdo como um
conjunto de instrumentos metodológicos que se aplicam aos discursos diversos e buscam
compreender os significados do conteúdo expressado pelo indivíduo entrevistado no decorrer
das evocações por ele apresentada.
Desempenho financeiro
Com relação à questão da variável desempenho financeiro, o instrumento utilizado foi
documental. Levantaram-se os dados secundários advindos das informações
fiscais/financeiras, apresentadas através de relatórios internos dos respondentes com base em
valores trimestrais das empresas integrantes e do grupo de controle com características
próximas às dos integrantes da rede de supermercados sorriso. Esse grupo de controle serviu
para dar suporte à questão norteadora do desempenho financeiro, que possibilitou o confronto
entre os grupos de estudo e de controle, possibilitando a análise da evolução financeira no
período após a criação e desenvolvimento da rede sorriso. Assim, pôde-se comparar o
desenvolvimento financeiro de empresas participantes e não participantes da rede sorriso, de
62
forma a observar se o crescimento financeiro foi decorrente da participação na rede ou do
crescimento da demanda, provocado por aspectos econômicos.
A seguir, será apresentado como os dados serão analisados para cada questão
norteadora.
63
3.5 Métodos de análise
Para esse momento, apresentaram-se as formas de análises dos dados de cada questão
norteadora de acordo com a metodologia traçada no presente estudo.
Dimensão estrutural
Para analisar a estrutura, utilizou-se do método de análise das redes sociais, com
fundamento na teoria da Sociometria de Moreno, auxiliado pelo software de análise de redes:
UCINET 6.0 (BORGATTI, 2002). Os dados do cartão identificador de nomes e do
questionário alimentaram o software UCINET 6.0 que gerou os respectivos sociogramas
representativos da rede informal estudada (rede geral). O UCINET 6.0 possibilitou ainda a
entrada dos dados da força dos laços (rede dos laços) resultantes da escala (4-muito próximo a
1-distante) com relação ao item 23 do questionário (Apêndice D). Nesse sentido, o software
construiu uma representação gráfica da estrutura das redes e dados estatísticos com relação às
medidas das centralidades dos integrantes da rede.
Dimensão relacional
Para analisar as relações na rede, os dados do questionário aplicado receberam um
tratamento estatístico através da estatística descritiva, com o uso do software Microsoft Office
ExcelTM que auxiliou na digitação e na organização dos dados para em seguida serem
inseridas nos softwares Ucinet 6.0 (2002) e Netdraw 2.0. Estes dados nos permitiram
visualizar a rede geral dos integrantes e as sub-redes de amizade, informação e confiança.
Através dos resultados do questionário aplicado, foi possível identificar a magnitude das
relações sociais através do Ucinet e também foi possível visualizar, através dos sociogramas
do Netdraw, as transações internas e externas. São estas transações que geram o capital social
na rede, mais especificamente, as relações de amizade, informação e confiança, com enfoque
especial ao conteúdo de informação que poderá influenciar no desempenho das organizações.
Dimensão cognitiva
Para analisar os mapas cognitivos, efetuou-se uma análise de conteúdo das entrevistas
individuais dos integrantes da Rede de Supermercados Sorriso. A técnica aplicada consistiu
em solicitar a cada integrante da rede de supermercados sorriso que expressassem livremente
os seus pensamentos com relação as suas empresas antes e depois da participação deles na
rede de supermercados sorriso. À medida que os integrantes falavam as suas experiências, o
64
pesquisador transcreveu as ideias expressadas até um limite de 06 frases de cada entrevistado.
Ao término das entrevistas, as frases anotadas foram apresentadas aos entrevistados para que
fizessem a confirmação e dessem uma importância em termos de hierarquia (REGIS, 2005;
SOUZA; BASTOS, 2007). Esta hierarquização permitiu a identificação das frases mais
importantes quanto ao papel da rede para o desenvolvimento dos seus negócios
(MOSCOVICI, 1984; SÁ, 1998; VERGARA, 2005). Esses dados receberam um tratamento
estatístico, através do software Microsoft Office ExcelTM, que organizou as informações para
em seguida, proceder com os cálculos das médias e ordens de evocações e frequências.
Segundo Régis (2008), os cálculos da frequência média e da ordem média são feitos da
seguinte forma:
FME = Frequência Média das Evocações n
Fi
FME
n
i
∑== 1
onde:
Fi = Frequência de cada evocação
n = Número de evocações
i = iésima evocação
OMEi = Ordem Média de cada Evocação F
OEi
OMEi
F
i
∑== 1 onde:
OEi = Ordem em que a Evocação ocorreu para cada pesquisado que a citou
(ex. 1º lugar, 2º lugar...)
F = Freqüência de cada evocação
i = iésima evocação
OME = Ordem Média de todas as Evocações n
OMEi
OME
n
i
∑== 1
OMEi = Ordem Média de cada Evocação
n = Número de evocações
i = iésima ordem média de cada evocação
65
Desempenho financeiro
Para analisar os resultados financeiros, aplicou-se uma estatística descritiva nos dados
levantados das informações fiscal/financeiro interna dos grupos, através de séries temporais,
no período após a criação e desenvolvimento da rede. Esses dados foram tabulados através do
software Microsoft Office ExcelTM, que permitiu construir gráficos comparativos entre o
grupo integrante e o de controle, com seus valores devidamente corrigidos monetariamente.
Essa análise buscou compreender de que forma ocorreu a evolução financeira dos
integrantes pesquisados e dos empresários do grupo de controle nos respectivos períodos e se
tais resultados do grupo dos integrantes foram afetados pela criação da rede sorriso de
supermercados ou se ocorreu apenas por uma simples consequência de fatores econômicos.
A seguir serão apresentadas as justificativas acerca das decisões metodologicas que
contemplaram o presente estudo.
66
3.6 Limitações da pesquisa
É importante destacar que pela escolha do método, o estudo condiciona-se a limites
que justificam as decisões. Gonçalves e Meireles (2004) apresentam que uma grande limitação
de análise de caso reside geralmente na restrição do poder de generalização imediata, uma vez
que o método escolhido carrega pressuposto de sua estrutura paradigmática. O desenho deste
estudo dá ênfase à análise conjunta de várias organizações em rede, focando-se nos aspectos
comuns, em detrimento de uma análise mais aprofundada de cada empresa.
Com relação aos dados financeiros, é possível que os demonstrativos levantados pelo
pesquisador através dos dados financeiros (APÊNDICE E) não reflitam fielmente a realidade
das empresas pesquisadas, por se tratarem de registros informais e internos dos pesquisados. O
número de empresas pesquisadas também não permitiu a realização de uma regressão linear
que fornecesse as taxas de crescimento dos grupos de estudo e de controle, o que permitiria
uma comparação mais exata.
Com relação ao questionário, foi tomado o devido cuidado de aplicação individual,
com acompanhamento e explicações pelo próprio pesquisador. Para que o questionário não se
tornasse um instrumento de alienação, o pesquisador abordou a sua problemática de forma
clara. Assim, o questionário deve ser utilizado como meio de captação de informações, e não
como fim (RICHARDSON, 2007). Nesse foco, o pesquisador tomou os devidos cuidados
quando da aplicação do questionário, informando para os respondentes a importância de
compreender cada questão e exteriorizar suas respostas.
Com relação ao roteiro da entrevista, o pesquisador evitou formular perguntas dirigidas
que levassem o entrevistado a gerar respostas desejáveis. Sendo assim, na formulação, o
pesquisador utilizou-se da neutralidade para dar fluidez quando da aplicação aos respondentes.
Em seguida serão apresentados os resultados e discussões gerados pelo presente
estudo.
67
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Este capítulo apresenta os resultados do estudo e as respectivas discussões na tentativa
de responder às perguntas que nortearam a pesquisa. No início, são apresentados os dados dos
integrantes da rede. Em seguida, os resultados referentes à primeira questão norteadora, que
versa sobre a dimensão estrutural da rede de supermercados sorriso. Num terceiro momento,
são apresentados os resultados para a discussão da segunda questão norteadora, que trata da
dimensão relacional com os conteúdos de amizade, informação e confiança nas relações
existentes da rede sorriso. Num quarto momento, são apresentados os resultados para
discussão da questão norteadora, que trata da percepção dos integrantes sobre o papel da rede
sorriso para o desenvolvimento de suas empresas. Finalmente, são apresentados os resultados
para a discussão da questão norteadora de número quatro, que versa sobre a evolução
financeira (Compras, Vendas e Estoque) dos integrantes e de um grupo de controle no mesmo
período e condições. A seguir, apresentamos novamente as questões norteadoras e a pergunta
de pesquisa para destacar a sequência em que se apresentam os resultados e suas discussões
em consonância com os objetivos específicos e gerais do trabalho.
Questões norteadoras do estudo
. Como está disposta a estrutura social da rede de supermercados sorriso?
. Quais os conteúdos transacionados na rede de supermercados sorriso?
. Como os integrantes percebem a importância da rede de supermercados sorriso
nos resultados obtidos?
. Quais os resultados financeiros alcançados pelos integrantes, após a criação e
desenvolvimento da rede?
Pergunta de pesquisa do estudo
Até que ponto a rede de supermercados sorriso e os conteúdos nela
transacionados influenciam no desempenho financeiro das organizações participantes?
Nesse norte, é importante destacar que a presente pesquisa não teve como objetivo
identificar causalidade entre as variáveis estudadas. A pesquisa, nesse contexto, buscou sim,
68
identificar e entender as relações entre as variáveis estudadas para melhor compreender até
que ponto a rede sorriso contribuiu para o desenvolvimento dos seus integrantes.
Os resultados obtidos estão fundamentados no estudo da teoria do capital social que
apresenta os recursos e ferramentas que compõem uma rede de mercadinhos. A seguir, é
mostrada a TABELA 01 com os dados dos integrantes da rede sorriso, como: respondentes da
pesquisa e o número de vezes que receberam citações dos colegas integrantes.
Integrantes Idade Tempo na rede Escolaridade Sexo Citações recebidas
na pesquisa 1 44 3 2° grau M 1 2 47 5 1° grau M 5 3 50 5 2° grau M 1 4 46 5 1° grau M 3 5 31 5 2° grau M 1 6 40 5 2° grau M 2 7 49 5 2° grau M 13 8 46 5 2° grau M 4 9 44 4 1° grau M 3 10 51 5 2° grau M 3 11 41 5 2° grau M 3 12 44 2 1° grau M 1 13 39 5 3° grau M 14 14 50 5 1° grau M 3 15 39 3 1° grau M 3 16 29 5 2° grau M 3 17 45 5 2° grau M 5 18 39 4 2° grau F 1 Tabela 01: Dados dos integrantes da rede sorriso Fonte: O próprio autor
Os respondentes da pesquisa totalizaram 18 empreendedores integrantes da rede
sorriso, formada por 17 homens e apenas 1 mulher, sendo que, apenas um único integrante
possui nível de escolaridade superior, enquanto os demais têm formação de 1° e 2° graus. A
idade média dos integrantes é de 43 anos, o integrante mais novo com 29 anos de idade, e o
mais velho com 51 anos de idade.
A coleta de dados deu-se primeiramente através da entrevista para a captura dos mapas
cognitivos, posteriormente pelo preenchimento do cartão gerador de nomes para o
mapeamento das redes e por último, através das respostas ao questionário que mediu as
relações dos conteúdos de amizade, informação e confiança. A partir do cartão gerador de
69
nomes, os integrantes da rede citaram ainda 31 nomes de pessoas que não compõem a rede de
supermercados sorriso, sendo em grande parte pessoas com relações de parentesco (pai,
cônjuge, irmão, etc.).
Não houve dificuldades no agendamento e realização das entrevistas com os
integrantes da rede sorriso. O pesquisador, há muito, já vinha acompanhando as reuniões
semanais da rede sorriso e explicando sobre a importância da pesquisa e como os resultados
poderiam auxiliar a rede de negócio. Além disso, o pesquisador passou a ser um colaborador
da entidade, realizando capacitações em nível tributário e de planejamento administrativo. Por
serem empreendedores, os integrantes compreenderam a importância em participar do estudo
e colaboraram de forma responsável.
A seguir, serão apresentados os resultados e discussões referentes à primeira questão
norteadora (dimensão estrutural).
70
4.1 Dimensão estrutural
Os resultados da pesquisa referentes à dimensão estrutural são apresentados através
das vertentes: configuração da network e dos laços da network, investigadas na rede de
supermercados sorriso. Iniciaremos nos parágrafos seguintes com a configuração da 3etwork.
Para identificação da dimensão estrutural, utilizamos o cartão gerador de nomes e as
perguntas 19, 20, 21, 22 e 23 do questionário aplicado. Os 18 integrantes da rede foram
solicitados a preencher os 06 nomes das pessoas da sua network que foram as mais
importantes para o desenvolvimento de sua empresa na participação da rede de supermercados
sorriso. As respostas foram organizadas no software Microsoft Office ExcelTM, que auxiliou
na digitação e classificação inicial para, em seguida, serem inseridas nos softwares Ucinet 6.0
(2002) e Netdraw 2.0. Estes dados nos permitiram visualizar a rede geral dos integrantes e a
rede de laços fortes.
Foi firmado um compromisso pelo pesquisador, explicado na carta anexa ao
questionário, de que os nomes dos entrevistados seriam substituídos por números, e assim, os
respondentes não seriam identificados quando da divulgação dos resultados. Por esta razão, os
nomes foram codificados em ordem de 01 a 49, sendo os 18 primeiros integrantes da rede
sorriso e os demais (31) citados pelos integrantes.
A seguir trataremos da configuração network.
Com relação à configuração da network investigada, a FIGURA 07 representa
graficamente a estrutura da rede de supermercados sorriso. Esta representação gráfica é
utilizada como base durante toda a apresentação dos resultados, sendo alteradas apenas as
cores que distinguem os integrantes e não integrantes da rede sorriso e os atributos
pesquisados. Em seguida, as próximas figuras mostram os atributos que dizem respeito aos
conteúdos transacionados de amizade, informação e confiança. A espessura das linhas será
aumentada para distinguir a proximidade das relações e será destacada a centralidade dos
laços entre os atores. Nesse sentido, os atores da rede não irão mudar de posição nas diferentes
representações gráficas que serão apresentadas nos resultados pesquisados.
71
Figura 07: Representação gráfica da rede geral Fonte: O próprio autor.
Nas representações gráficas das redes, que se iniciam com as FIGURAS 07 e 08, os
integrantes estão representados por triângulos e as pessoas que não compõem a rede sorriso
por eles citadas, estão representadas por círculos. Há casos em que as pessoas citadas pelos
integrantes são familiares ou outros empresários do mesmo segmento, porém que não
integram a rede sorriso. Neste caso, as ligações acontecem de triângulo para triângulo e de
triângulo para círculo.
A seguir, a FIGURA 08 traz a estrutura geral da rede com destaque para os integrantes.
A legenda mostra as cores utilizadas para os integrantes e os não integrantes por eles citados, e
que compõem a rede geral. Para os atores que compõem a rede geral, foi utilizada a cor
vermelha para representar os integrantes da rede sorriso dentro da rede geral e a cor azul para
representar os atores citados na rede geral, mas sem atuação direta na rede sorriso. Vale
destacar o número 20 que recebeu algumas citações nas relações da rede entre os integrantes,
por ser o coordenador administrativo da rede, apesar de não ser empresário.
Não Integrantes da rede sorriso Integrantes da rede sorriso
72
Figura 08: Representação gráfica da rede geral com destaque nos integrantes Fonte: O próprio autor
É importante destacar através da FIGURA 08 que vários integrantes pesquisados estão
interligados através do ator 7, que desempenha a função de presidente, e do ator 20 que
desempenha a função de coordenador administrativo da rede sorriso (Destacados em azul
claro). Essa interligação se concretiza nas reuniões semanais onde o presidente e o
coordenador discutem acerca dos objetivos e das metas da rede, além de desenvolverem
projetos e campanhas sob suas responsabilidades.
Com relação à densidade da rede, o Ucinet mostrou uma boa interligação entre os
integrantes (22,5%). Porém, quando são considerados os não participantes, a densidade geral
cai para 4,6%. Isto acontece porque os não participantes têm poucas ligações com outros
integrantes, a não ser com aqueles que os citaram. Assim, não houve nenhuma citação destas
pessoas, por não serem respondentes.
Os círculos azuis (31), mostrados anteriormente na FIGURA 08, representam em
grande parte os familiares (38%) dos integrantes, ou seja, as pessoas por eles citadas, mas que
não compõem a rede sorriso. O gráfico 01 apresenta os papéis sociais da network
demonstrando que além dos familiares já citados, é importante ressaltar os papéis dos
fornecedores com 27% e dos amigos com 21% da network. Esses resultados apontam para
Não Integrantes da rede sorriso Integrantes da rede sorriso
Centralidade de entrada
Centralidade de intermediação
73
uma rede heterogênea.
Gráfico 01: Papéis sociais da network
Fonte: O próprio autor
Quanto à centralidade de entrada, o estudo apresentou que os atores circulados na cor
verde (7 e 13) foram os que obtiveram a maior indicação nas relações. Quanto à centralidade
de saída, não houve distinção entre os atores, uma vez que a grande maioria citou 6 pessoas no
cartão gerador de nomes. Com isso, a centralidade de saída é igual a 6 para quase todos.
Quanto à centralidade de intermediação, o ator 13 (circulado na cor laranja) se
destacou na network apresentada. Ele dá acesso a outras pessoas da rede, mesmo sem ser o
presidente. Para a literatura, a centralidade de intermediação indica o poder exercido por um
ator sobre as interações entre dois outros atores na rede (RÉGIS, 2005), também destacada
como indivíduo que desempenha a função chamada de ponte na transferência de recursos
(MARINHO-DA-SILVA, 2003).
A seguir trataremos da força dos laços.
Como veremos, os laços fortes predominam nas relações entre os integrantes e as
pessoas de suas networks, o que é uma característica dos cliques, relações fortes e fechadas em
relação ao ambiente externo à rede sorriso, possivelmente para evitar a disseminação de
informações confidenciais. Com este resultado, se observa a relevância da força dos laços da
network. Assim, os laços dizem respeito à proximidade da relação (KUIPERS, 1999).
Na perspectiva dos laços, a FIGURA 09 mostra que os integrantes
(triângulos/vermelhos) estão ligados entre si como também com as pessoas da sua network,
principalmente através de laços fortes, ou muito próximos. Isto acontece especialmente entre
os integrantes e as pessoas fora de rede sorriso, devidamente explicado pelo grau de
Familiares
38%
13%
13%
2%
6% 4%
4% 21%
2% 6%
27%
2%Irmãos
Cônjuge
Filhos
Pais
Sobrinhos
Concorrentes
Amigos
Funcionários
Parceiro
Colaborador
Fornecedor
74
parentesco (familiares) e identificadas no cartão gerador de nomes (APÊNDICE B).
Para a medição da força dos laços, foram utilizados os dados coletados a partir do
questionário (APÊNDICE D) que tratou da proximidade da relação (KUIPERS, 1999). Este
resultado corrobora as argumentações de Granovetter (1973) que define laços fortes com base
na frequência dos contatos, na reciprocidade e na amizade existentes nos relacionamentos.
A FIGURA 09 ilustra os laços muito próximos e próximos que são representados pelas
linhas mais grossas e pelas linhas mais finas respectivamente. Vale lembrar que a posição dos
atores em relação à rede geral foi mantida. Assim, é importante destacar que os atores 13 e 7
são indivíduos centrais, apresentados na estrutura da rede por quadrados aumentados, eles
foram citados por vários integrantes. Com relação ao ator de número 7, é o atual presidente da
rede, isso demonstra que ele tem uma boa aceitação pelos membros, uma vez que ele foi
citado por 10 integrantes com relações de laços próximos. O outro destaque é para o ator 13,
que foi citado por 11 integrantes com relações de laços muito próximos (02) e próximos (09).
Esse resultado pode ser explicado pelo fato de que o ator 13 está sempre disponível
para atender os integrantes, além de ser o único na rede com formação superior. Este ator é
aquele que fica responsável por representar a rede, juntamente com o presidente, nos órgãos
externos e nas feiras e exposições. Pôde-se observar ainda, que o ator 13 é uma pessoa pro -
ativa, uma vez que grande parte das ideias da rede tem sua contribuição pessoal, ou seja, ele
inova no seu mercadinho e em seguida apresenta à rede para que todos possam testar essas
ideias nos seus estabelecimentos.
Figura 09: Representação gráfica dos laços fortes Laços muito próximos Laços próximos
75
Fonte: O próprio autor
A FIGURA 10 apresenta os integrantes apenas com os laços muito próximos, sendo
mantida a mesma posição dos integrantes da rede geral e excluídos os demais integrantes.
Vale destaque para a relação entre os atores 4 e 12 que formam um clique com reciprocidade
na relação. Outro fato relevante é que dois dos integrantes da rede (3 e 6) não possuem laços
muito próximos com nenhum dos integrantes da rede.
Figura 10: Representação gráfica dos laços fortes Fonte: O próprio autor
A seguir, a FIGURA 11 apresenta a reciprocidade dos integrantes, ou seja, aqueles em
que houve reciprocidade nas citações. Neste caso, são mostrados apenas aqueles atores em que
as setas são bidirecionais. Observa-se na ilustração que a reciprocidade entre os integrantes
existe, porém não há cliques de reciprocidade, isto caracteriza uma rede sem “panelinhas”, o
que demonstra o grau de justiça e equidade nos relacionamentos da rede. As relações de
reciprocidade promovem as trocas de experiências e o apoio mútuo nas relações. Vale
ressaltar que a reciprocidade na rede sorriso está ligada à proximidade física entre os
integrantes. Os atores 5 e 15 apesar de terem relações de reciprocidade não possuem relações
Não Integrantes da rede sorriso Integrantes da rede sorriso
76
recíprocas com os demais integrantes da rede, esse fato é justificado por eles estarem isolados
fisicamente, contudo, os dois têm localização próxima, ou seja, atuam no mesmo bairro, que
fica um pouco distante dos demais integrantes.
Figura 11: Representação gráfica da reciprocidade dos integrantes Fonte: O próprio autor
A seguir serão apresentados os resultados e discussões referentes à questão norteadora
da dimensão relacional.
77
4.2 Dimensão Relacional
A seguir, os resultados e redes com os achados da dimensão relacional e os respectivos
conteúdos transacionados pelos integrantes. Estes resultados foram encontrados após
aplicação do questionário (APÊNDICE D) através das perguntas 07 e 12 para identificação do
conteúdo amizade, 02 e 14 para o conteúdo informação, e 05 e 13 para o conteúdo confiança.
Assim, permitindo a construção do sociograma e visualização das sub-redes de amizade,
informação e confiança. As respostas do questionário viabilizaram a construção de
sociogramas diferentes para cada conteúdo transacionado na rede, com características
importantes para o estudo. Foi utilizado o software Ucinet 6.0 (2002) para tratamento dos
dados, os quais foram exportados como sociogramas através do software Netdraw 2.0. Os
integrantes da rede sorriso (respondentes) estão representados em forma de triângulos e as
pessoas não integrantes da rede são representadas na forma de círculos.
Na busca de melhor visualização, foram utilizadas cores diferentes para representar os
atributos em cada sociograma apresentado a seguir. Assim, em cada conteúdo transacionado,
utilizou-se a cor verde para as relações existentes de amizade, informação e confiança e a cor
cinza para representar a não existência das relações de amizade, informação e confiança na
rede.
O pesquisador aplicou o questionário junto aos integrantes para evidenciar os
conteúdos transacionados na rede sorriso. Uma vez que havia na escala utilizada itens
específicos que mediam a amizade, a informação e a confiança, foi possível construir as sub-
redes de amizade, de informação e de confiança. Para que isto fosse possível, as pessoas
citadas que obtiveram um valor médio maior ou igual a 4 (escala Likert de 1 a 5), nos itens
que mediram a amizade, a informação e a confiança foram identificadas pela cor verde.
Sub-rede de amizade
A seguir, é apresentada a sub-rede de amizade (FIGURA 12). Constata-se que as
relações de amizade são principalmente com pessoas não integrantes da rede sorriso, ou seja,
localizadas na periferia. Destaca-se que dos integrantes da rede sorriso, apenas dois atores (4 e
12) foram considerados amigos enquanto outros dezesseis não apresentaram esse conteúdo
conforme valores da TABELA 02. Como já comentado no gráfico 1 (papéis da network), dos
25 atores apresentados na sub-rede de amizade, 23 atores, na sua maioria, são parentes citados
pelo integrantes, o que justifica a característica de periferia da sub-rede amizade.
78
Figura 12: Representação gráfica da sub-rede amizade Fonte: O próprio autor
Tem Amizade Não Tem Amizade 02 16 Tabela 02: Classificação da amizade nos integrantes Fonte: O próprio autor
Sub-rede de informação
A seguir é apresentada a sub-rede de informação (FIGURA 13), que apresentou
quatorze relações de informação entre os integrantes (TABELA 03). Constata-se que nas
relações de informação ocorre exatamente o inverso da sub-rede de amizade, ou seja, os atores
periféricos que em sua maioria são parentes dos integrantes, não obtiveram respostas iguais ou
maiores que quatro para os itens que mediam o conteúdo de informação. Os atores 19, 20 e 40
não são integrantes da rede sorriso, contudo, aparecem como pessoas importantes nas relações
de informação. O ator 19, trata-se de um empresário de mercadinho de bairro que não compõe
a rede sorriso, porém está em contato com um integrante da rede. O ator 20, trata-se do
coordenador administrativo da rede sorriso, e nesse sentido, concentra sob sua
Existência de amizade Inexistência de amizade
79
responsabilidade a função de manter todos os integrantes informados das ações desenvolvidas
pela rede. O ator 40 é também um empresário de mercadinho de bairro, que colabora com
alguns integrantes da rede, além de ser um dos que esperam integrar a rede sorriso, uma vez
que já encaminhou seus dados para ingresso no grupo.
Como já foi falado anteriormente, com relação à ausência de “panelinhas” nas relações
recíprocas da rede, pôde-se constatar através da sub-rede de informação que as relações entre
os integrantes da rede sorriso são muito mais profissionais (informação) do que de amizade.
Isto reforça a seriedade e compromisso dos integrantes com as informações sobre os negócios,
mesmo sendo uma rede informal. A seguir, é apresentada a sub-rede de confiança.
Figura 13: Representação gráfica da sub-rede informação Fonte: O próprio autor
Tem Informação Não Tem Informação 14 04 Tabela 03: Classificação da informação nos integrantes Fonte: O próprio autor
Existência de informação Inexistência de informação
80
Sub-rede de confiança
Constata-se que nas relações de confiança, diferentemente das sub-redes de amizade e
informação, apareceram relações tanto das pessoas da periferia da rede, como também dos
integrantes, deixando a sub-rede de confiança mais heterogênia. Este fato é identificado
quando observamos que, dos integrantes, onze apresentaram a relação de confiança (TABELA
04). Neste caso, é importante destacar que o conteúdo confiança não se restringe apenas aos
parentes citados pelos integrantes. Nessas relações, destacam-se ainda 8 integrantes que
apresentaram relações de confiança com reciprocidade.
Figura 14: Representação gráfica da sub-rede confiança Fonte: O próprio autor
Tem Confiança Não Tem Confiança 11 07 Tabela 04: Classificação da confiança nos integrantes Fonte: O próprio autor
Existência de confiança Inexistência de confiança
81
Observando as FIGURAS 12, 13 e 14 que representam as sub-redes de amizade,
informação e confiança, podemos destacar que a sub-rede de confiança é a maior delas com
36 atores apresentando o papel de confidente, seguida pela sub-rede de amizade com 25 atores
apresentado o papel de amigo, e por último, a sub-rede de informação com 17 atores
apresentando o papel de informante. Este resultado difere dos resultados encontrados por
Kuipers (1999), Marinho-da-Silva (2003) e Santos (2004) que estudaram empresas em
contextos corporativos, diferentes dos processos de rede de mercadinhos. No contexto de
pequenas empresas, observou-se uma diferença aos achados de Régis (2005). Este autor
encontrou que, no ambiente de incubadoras, a sub-rede de amizade é maior do que a de
confiança, e a de informação vem em último lugar. Isso se justifica porque na rede sorriso não
há dados tecnológicos confidenciais das organizações integrantes.
Os dados apresentados com relação às dimensões da rede mostram que os integrantes
da rede sorriso possuem contatos internos que geram informações, e contatos externos que
geram amizade, enquanto que a confiança é mais heterogêneo. Estes resultados indicam uma
consequência do tipo de segmento e tamanho dessas empresas (mercadinhos de bairro)
formadas em geral por familiares. A explicação para essa situação pode ser o fato de que a
realização de todas as tarefas administrativas é exercida unicamente por eles, com auxílio dos
parentes, predominando assim, os laços familiares representados na sub-rede de amizade.
Um achado importante é que, considerando-se apenas os integrantes, a maior sub-rede
continuou sendo a de informação, porém a sub-rede de confiança prevaleceu sobre a de
amizade, que ficou restrita a dois atores. Apesar de serem concorrentes, a rede sorriso é uma
rede confiável e que fornece informações aos seus integrantes, reforçando mais uma vez o seu
aspecto profissional.
A seguir, serão apresentados os resultados e discussões referentes à questão norteadora
da dimensão cognitiva.
82
4.3 Dimensão cognitiva
A partir das evocações apresentadas pelas entrevistas, foi realizada a análise de
conteúdo para identificar as frases que se repetiam nas evocações dos entrevistados. O
resultado obtido por meio das evocações livres foi analisado pela técnica de quatro quadrantes
(RÉGIS, DIAS, FALK, BASTOS, 2008; MOSCOVICI, 1984; SÁ, 1998; VERGARA, 2005).
Esta técnica possibilita ao pesquisador analisar o número de vezes que uma frase foi falada
(Frequência) e levantar a ordem de importância aplicada a cada frase no processo de
hierarquização. Com o resultado das evocações de todos os entrevistados, efetuou-se o cálculo
da ordem média de cada evocação (OME).
Nesse sentido, ao calcular a frequência (F) e a ordem média de evocação (OME), esta
técnica possibilita a distribuição das frases construídas segundo o valor que elas têm para os
integrantes entrevistados. Assim, as frases que alcançaram maior frequência dentre todos os
pesquisados e, ao mesmo tempo, estiveram mais próximas do primeiro lugar na
hierarquização feita por cada um deles, são classificadas como sendo de ideias central, no
pensamento coletivo dos integrantes da rede sorriso.
Assim, a força de cada evocação foi definida a partir da frequência e da ordem média
em que ocorreu. Para a pergunta “Fale um pouco sobre sua empresa antes da rede”
(APÊNDICE B) tivemos como exemplo as evocações “Falta de relacionamento” e “Falta de
organização”. Para a pergunta “Fale um pouco sobre sua empresa depois da rede” tivemos
como exemplo as evocações “Campanhas de divulgação”, “Organização da empresa” e
“Parcerias” como sendo evocações fortes.
Em seguida, é apresentada de forma ilustrativa a técnica dos quadrantes para as
situações: Antes da participação na rede (Quadro 01) e Depois da participação dos
entrevistados na rede (Quadro 02). Observa-se pelas direções das setas que o quadrante que
detém as evocações com posição central é aquele em que a ordem média de suas evocações
tende para o 1º lugar e a frequência de suas evocações tende para a frequência da evocação
mais citada.
83
Pergunta 01: “Fale um pouco sobre sua empresa antes da rede”
ORDEM MÉDIA DAS EVOCAÇÕES – OMEi FME=4,8
FREQÜÊNC IA
Evocações de maior força: OMEi < 2,5 e F > 4,8 - Falta de relacionamento (2,3/9) - Falta de organização (2,3/6) - Falta de divulgação (1,5/6)
Evocações Intermediárias: OMEi >= 2,5 e F > 4,8 - Falta de conhecimento do negócio (2,8/10) - Porte pequeno (3,3/10)
Evocações Intermediárias: OMEi < 2,5 e F <= 4,8 - Falta de criatividade (1,5/4) - Falta de acesso aos fornecedores (1,7/3) - Poder de barganha baixo (1,5/4)
Evocações Periféricas: OMEi >= 2,5 e F <= 4,8 - Localização distante da cidade (3,5/2) - Falta de Planejamento (3,0/1) - Falta de prestação de Serviço (3,0/1) - Desmotivação (3,0/1)
Zero 1º lugar... OME = 2,5 12º lugar
Quadro 01: Técnica de quatro quadros para a situação “fale um pouco sobre
sua empresa antes da rede”
Fonte: Adaptado de Régis, Bastos e Dias (2008)
O QUADRO 01 apresenta as evocações de maior força referentes à pergunta “Fale um
pouco sobre sua empresa antes da rede”. Essa técnica destacou as frases “Falta de
relacionamento”, “Falta de organização” e “Falta de divulgação” como sendo as ideias mais
centrais que permeiam as mentes dos empresários integrantes da rede sobre o período anterior
à participação deles. Essas frases se justificam por apresentarem uma frequência de citação
maior que a média 4,8 e uma ordem na hierarquia menor que 2,5.
Isso representa como os relacionamentos e as informações da rede têm contribuído
para o desenvolvimento dos integrantes. Assim, é possível ver que antes da participação dos
integrantes na rede lhes faltava relacionamentos com outros donos de mercadinhos de bairro,
para que viessem a organizar melhor os seus estabelecimentos, bem como uma divulgação em
parceria como acontece hoje.
Dentre as evocações intermediárias, vale destacar as frases “Falta de acesso aos
fornecedores” e “Porte pequeno” que demonstram a fragilidade destes empresários antes de
terem o apoio da rede. É importante destacar ainda, o “Poder de barganha baixo” que
demonstra como os integrantes não conseguiam criar condições competitivas.
84
Pergunta 02: “Fale um pouco sobre sua empresa depois da rede”
ORDEM MÉDIA DAS EVOCAÇÕES - OMEi
FME=4,3
FREQÜÊNC IA
Evocações de maior força: OMEi < 2,8 e F > 4,3 - Campanhas de divulgação (1,4/7) - Organização da empresa (2,6/9) - Parcerias (1,6/5)
Evocações Intermediárias: OMEi >= 2,8 e F > 4,3
- Aquisição de conhecimento: preços (2,8/9) - Novos relacionamentos com concorrentes (2,9/8) - Crescimento da empresa (3,1/12) Evocações Intermediárias:
OMEi < 2,8 e F <= 4,3
- Melhorias nas negociações (1,0/3) - Acesso a fornecedores (1,0/2) - Ideias inovadoras (1,7/3) - Melhorias na estrutura (1,0/1)
Evocações Periféricas: OMEi >= 2,4 e F <= 4,3
- Não melhorou as vendas (4,5/2) - Motivação para crescer (3,3/3) - Melhoria no atendimento ao cliente (5,0/1) - Aquisição do prédio próprio (6,0/1) - Agregou novos serviços (3,0/1) - Experiência compartilhada (3,5/2)
Zero 1º lugar OME = 2,8 16º lugar
Quadro 02: Técnica de quatro quadros para a situação “fale um pouco sobre
sua empresa antes da rede”
Fonte: Adaptado de Régis, Bastos e Dias (2008)
O QUADRO 02 apresenta as evocações de maior força referentes à pergunta “Fale um
pouco sobre sua empresa depois da rede”. Esta técnica destacou as frases “Campanhas de
divulgação”, “Organização da empresa” e “Parcerias”, como sendo as ideias mais centrais que
permeiam as mentes dos empresários integrantes da rede no período posterior à participação
deles. Essas frases se justificam por apresentarem uma frequência de citação maior que a
média 4,3 e uma ordem na hierarquia menor que 2,8.
Isso demonstra como a rede possibilitou o desenvolvimento das empresas através do
acesso a recursos gerenciais e financeiros, disponibilizados coletivamente e ressaltando a
força do associativismo, em especial, para os micro e pequenos empresários.
Dentre as evocações intermediárias, vale destacar as frases “Aquisição de
conhecimentos” e “Experiências compartilhadas” que apontam para uma melhoria dos
estabelecimentos na rede, à medida que os relacionamentos contribuem para a aprendizagem
gerencial dos integrantes.
85
É importante destacar que a evocação sobre a “divulgação” das empresas passou de
intermediária para central, demonstrando assim, uma melhora percebida pelos integrantes pela
nova forma de atuação em conjunto que a rede permitiu.
Com relação às frases “Baixo poder de barganha”, da situação anterior, e “Melhoria
nas negociações”, da situação atual, continuam sendo consideradas como evocações
intermediárias. Isso aponta a necessidade de que ainda há potencial na rede para fortalecer o
poder da rede junto aos fornecedores, ou seja, maior poder de barganha nas negociações.
A seguir, serão apresentados os resultados e discussões referentes à questão norteadora
do desempenho financeiro.
86
4.4 Desempenho financeiro
Os resultados do estudo referente à questão norteadora do desempenho financeiro
foram levantados através da aplicação do demonstrativo fiscal/financeiro (APÊNDICE E) de
todos os 18 integrantes da rede sorriso e do grupo de controle com 18 empresários do
segmento de mercadinhos de bairro. Esses dados referem-se a períodos trimestrais iniciando
em 2003 e finalizando no terceiro trimestre de 2008.
Os dados levantados foram tabulados no software Microsoft Office ExcelTM, que
permitiu organizar os valores trimestrais de compras, vendas e estoques de cada empresa
individualmente. Em seguida, os valores de compras, vendas e estoques nos períodos
pesquisados, foram totalizados para o grupo de estudo, composto pelos integrantes da rede, e
para o grupo de controle, também composto por 18 empresários. Posteriormente, foram
construídos gráficos comparativos entre os dois grupos: de estudo e de controle.
Os dados, antes da tabulação, foram atualizados monetariamente com base nos índices
inflacionários dos respectivos anos. Essa correção possibilitou atualizar os valores financeiros
dos dois grupos pesquisados mantendo seus patamares de evolução atrelados apenas ao
crescimento da demanda e não ao efeito da inflação.
Para fins de resultado do estudo, foi solicitado por parte dos pesquisados que não
houvesse divulgação dos respectivos valores numéricos das compras, vendas e estoques nos
resultados da pesquisa. Dessa forma, os resultados aparecerão nos gráficos em forma de linha
que traça a evolução financeira nos períodos levantados, para os dois grupos.
A seguir, será apresentado e analisado o comparativo das compras referente aos dois
grupos.
87
Comparativo das compras
O gráfico 02 apresenta a evolução das aquisições de mercadorias efetuadas pelo grupo
de integrantes e de controle nos períodos trimestrais de 2003 a 2008. Sendo importante
destacar que até o terceiro trimestre de 2004, as compras dos grupos eram próximas, contudo,
nota-se uma elevação na inclinação da curva no grupo dos integrantes da rede sorriso a partir
do quarto trimestre de 2004 até o terceiro trimestre de 2008.
O gráfico apresenta que os dois grupos tiveram aumento nas compras, com ressalva ao
segundo trimestre de 2008 onde o grupo dos integrantes teve uma diminuição, com posterior
recuperação, mas mantendo a taxa de crescimento maior do que o do grupo de controle. Esse
fato da taxa de crescimento maior pode ser explicado pelo uso de ferramentas da rede sorriso,
como a realização de leilões de mercadorias por fornecedores, que ocorrem uma vez por
semana na própria sede da rede.
Comparativo das Compras
R$0
R$500.000
R$1.000.000
R$1.500.000
R$2.000.000
R$2.500.000
R$3.000.000
R$3.500.000
R$4.000.000
2003.1 2003.3 2004.1 2004.3 2005.1 2005.3 2006.1 2006.3 2007.1 2007.3 2008.1 2008.3
Gráfico 02: Comparativo das compras (integrantes e grupo de controle)
Fonte: O próprio autor
A seguir, será apresentado e analisado o comparativo das vendas referente aos dois
grupos.
Integrantes
G. Controle
88
Comparativo das vendas
O gráfico 03 apresenta a evolução das vendas de mercadorias efetuadas pelos grupos
integrantes e de controle nos períodos trimestrais de 2003 a 2008. Sendo importante destacar
que até o quarto trimestre de 2004, as vendas dos grupos eram próximas, contudo, nota-se
uma elevação do grupo dos integrantes da rede sorriso a partir do primeiro trimestre de 2005
até o terceiro trimestre de 2008.
Esse fato pode ser explicado pelo poder das campanhas de divulgação da rede, através
de encartes patrocinados, em regra, por fornecedores.
Comparativos das Vendas
R$0
R$500.000
R$1.000.000
R$1.500.000
R$2.000.000
R$2.500.000
R$3.000.000
R$3.500.000
R$4.000.000
R$4.500.000
2003.1 2003.3 2004.1 2004.3 2005.1 2005.3 2006.1 2006.3 2007.1 2007.3 2008.1 2008.3
Gráfico 03: Comparativo das vendas (integrantes e grupo de controle)
Fonte: O próprio autor
A seguir, será apresentado e analisado o comparativo dos estoques referente aos dois
grupos.
Integrantes
G. Controle
89
Comparativo dos estoques
O gráfico 04 apresenta a evolução dos estoques de mercadorias dos grupos integrantes
e de controle nos períodos trimestrais de 2003 a 2008. É importante destacar que o grupo de
integrantes da rede sorriso tem uma evolução compatível com os gráficos 02 e 03 (compras e
vendas) com ênfase em um aumento no estoque a partir do primeiro trimestre de 2007 onde
também houve evoluções significativas das compras e vendas de mercadorias.
Com relação ao grupo de controle, nota-se uma elevação anormal no período do
terceiro trimestre de 2007, fato que não ocorreu no grupo de integrantes. Essa anormalidade
pode ser explicada pelo fato de que os dados levantados referem-se a informações internas dos
pesquisados. Assim, pode ter ocorrido erro no registro dos estoques de algum(ns) dos
membros do grupo de controle.
No comparativo, está apresentado que o grupo de integrantes da rede sorriso teve uma
evolução gradativa do estoques de mercadorias, enquanto o grupo de controle não conseguiu
essa evolução nos estoques de suas de mercadorias. Esse fato pode ser explicado pela
realização dos repasses das mercadorias com pouca rotatividade entre os integrantes da rede
sorriso.
Comparativo dos Estoques
R$0
R$200.000
R$400.000
R$600.000
R$800.000
R$1.000.000
R$1.200.000
2003.1 2003.3 2004.1 2004.3 2005.1 2005.3 2006.1 2006.3 2007.1 2007.3 2008.1 2008.3
Gráfico 04: Comparativo dos estoques (integrantes e grupo de controle)
Fonte: O próprio autor
A seguir, serão apresentadas as conclusões sobre os resultados acima descritos, como
também as sugestões para novas pesquisas.
Integrantes
G. Controle
90
5 CO�CLUSÕES E SUGESTÕES PARA �OVAS PESQUISAS
Conclusões
Este estudo procurou revisar conceitos teóricos importantes sobre network, capital
social e desenvolvimento de pequenos e micro empresários no segmento de mercados de
bairro. Neste capítulo, são apresentadas as conclusões para cada objetivo específico
devidamente relacionado com as questões norteadoras e os achados do estudo.
Com relação à estrutura da network da rede de supermercados sorriso, construída no
bojo desse trabalho, foi identificado que, além dos atores com alta centralidade de entrada (7 e
20), o ator 13 se destaca como sendo um indivíduo que, mesmo sem desempenhar qualquer
função formal (presidente ou coordenador) na entidade, está sempre disponível para atender
aos integrantes da rede em suas necessidades. Essa situação foi visualizada através da medição
da centralidade de intermediação da rede geral onde o ator 13 ficou em primeiro lugar
(APÊNDICE F). Com esse achado, os integrantes passam a ter um novo canal de acesso
através da estrutura social da qual fazem parte e as informações acessadas por este ator são
relevantes e podem auxiliar os integrantes a utilizarem melhor a estrutura social de rede, para
obter mais recursos, além de expandir o estoque de capital social existente na rede.
Os resultados contribuem também por apresentarem os papéis sociais dos integrantes
da rede, principalmente com relação aos laços muito próximos (familiares). Nesse sentido, o
estudo contribui para a teoria apresentando novas formas de relações entre atores de uma rede
de mercadinhos, com foco em pequenas organizações localizadas fora dos grandes centros
urbanos.
Nos dados apresentados para a dimensão relacional, ficou evidente que os integrantes
da rede sorriso possuem contatos internos que geram informações e contatos externos que
geram amizade, enquanto que a confiança mostrou-se mais heterogêneo. Considerando apenas
os integrantes, a maior sub-rede apresentada foi a de informação seguida por confiança, isso
demonstra que, mesmo sendo concorrentes, a rede sorriso é uma network confiável e que
fornece informações aos seus integrantes, reforçando mais uma vez o seu aspecto profissional.
Com isso, pode-se dizer que o conhecimento do conteúdo informacional da rede poderá
auxiliar os integrantes na busca de alcançarem objetivos individuais ou coletivos que de outra
forma (isolamento) eles não conseguiriam. Outro fator importante, é que as relações de
91
informações podem contribuir para o desempenho do grupo, tornando a rede sorriso ainda
mais competitiva (MARTELETO, 2004). Esse achado reforça de forma significativa a teoria,
mostrando inclusive resultados diferentes de outros pesquisados anteriormente, onde tem
prevalecido a rede de amizade como conteúdo predominante nas relações sociais.
Com relação à percepção dos integrantes, o estudo identificou que os relacionamentos
e as informações geradas pela rede contribuíram de forma significativa para o
desenvolvimento dos integrantes. Isto é, antes da participação dos integrantes na rede, lhes
faltava relacionamentos com concorrentes, para que pudessem observar e repetir as ideias de
sucesso desenvolvidas por estes. Assim, esse estudo apontou também para uma melhoria dos
estabelecimentos na rede à medida que os relacionamentos contribuíram para a aprendizagem
gerencial dos integrantes, conforme destaque das evocações intermediárias “Aquisição de
conhecimentos” e “Experiências compartilhadas”.
A rede contribuiu também para dar poder de barganha dos empresários junto aos
fornecedores. Os resultados corroboram com essa afirmativa, através da análise às evocações
“Falta de acesso aos fornecedores” e “Porte pequeno” que, apesar de aparecerem como
intermediárias, demonstram a fragilidade destes pequenos empreendedores antes de terem o
apoio da rede.
A rede mostrou que de forma conjunta é possível competir no mercado. Isso ocorreu
principalmente com a evocação “divulgação” que passou de intermediária (quadro 01) para
central (quadro 02), demonstrando assim, uma melhora percebida pelos integrantes na nova
forma de atuação, em conjunto, que a rede possibilitou.
Esse achado é de suma importância para fortalecer ainda mais as relações dos
integrantes, mostrando a todos que, atuando de forma compartilhada, as possibilidades de
desenvolvimento aumentam ainda mais. Assim, o desenvolvimento das empresas, após o
ingresso na rede, foi possível porque estas passaram a ter acesso a recursos gerenciais e
financeiros, disponibilizados de forma coletiva. Esse achado reforça a teoria das redes sociais
de que estas podem contribuir para o desenvolvimento de organizações sociais,
principalmente com pequenos empreendedores que atuam de forma associativista. Sendo
fundamental para continuarem sobrevivendo (CASAROTTO; PIRES, 1999).
Os dados apresentados nos demonstrativos apontam para uma melhoria nas compras e
vendas do grupo de integrantes. Esses crescimentos foram proporcionados pelo uso de
ferramentas disponíveis na rede sorriso, conforme apontou as dimensões relacional e
cognitiva.
Com relação aos resultados no comparativo dos estoques, o estudo apresentou uma
92
elevação anormal apenas no grupo de controle. Essa anormalidade pode ser explicada pelo
fato de que, os dados levantados referem-se a informações internas dos pesquisados. Assim,
pode ter ocorrido erro no registro dos estoques de algum(ns) dos membros do grupo de
controle. Esse desempenho melhor do grupo de integrantes pode ser explicado pelos recursos
(informação) que a rede forneceu aos seus integrantes. Esses resultados podem auxiliar a rede
sorriso em tomadas de decisões futuras, para ações estratégicas voltadas para o desempenho
financeiro de cada integrante e da rede sorriso. Com relação à teoria, os achados financeiros
não foram suficientes para uma conclusão mais apurada. Serão necessários mais casos que
permitam o uso da regressão linear e, por conseguinte, a possibilidade de generalização.
De forma geral, esses achados do estudo de caso podem responder à pergunta de
pesquisa, uma vez que o conjunto de resultados apresentados neste trabalho aponta para uma
contribuição, principalmente em termos de informação, confiança e experiências que
influenciaram diretamente na melhoria dos integrantes da rede sorriso de supermercados.
Sugestões para futuras pesquisas
Frente aos resultados do caso analisado e suas contribuições para a evolução da teoria,
esse estudo contribuiu para a teorização sobre redes de forma multidisciplinar através das três
dimensões do capital social (RÉGIS, 2005), atrelado ainda a desempenho financeiro. É certo
que a análise de redes sociais aliada ao capital social, ainda necessita de várias pesquisas para
o desenvolvimento da sociedade de forma séria, responsável e sustentável. Contudo, os
resultados dessa pesquisa ajudaram a entender como uma rede de mercadinhos pode criar
condições que influenciam no desempenho financeiro de pequenos empreendedores do
segmento de mercados de bairro através dos conteúdos nelas transacionados com fundamento
na teoria do capital social.
Com relação ao resultado da dimensão cognitiva, foi identificado que as frases “Baixo
poder de barganha” (antes da rede), e “Melhoria nas negociações” (depois da rede), continuam
sendo consideradas como evocações intermediárias. Assim, é importante buscar novos estudos
que possam explicar a necessidade de ampliar a ferramenta de compras utilizada hoje pela
rede sorriso. Outro aspecto que merece uma atenção especial em futuras pesquisas, refere-se à
omissão, na fala dos respondentes, dos órgãos de apoio à rede sorriso, que não foram citadas
por nenhum dos integrantes.
93
Os achados desse estudo permitiram avançar na teoria das redes sociais. Além disso,
foi possível perceber que existem ainda muitos campos a serem pesquisados com o auxílio da
metodologia das redes sociais. Em futuras pesquisas, poderá se trabalhar com redes de outros
segmentos ou procurar descobrir como os empreendedores desenvolvem suas relações de
forma individual. Outro fator que reforça a necessidade de futuras pesquisas, é que este
trabalho focou seus objetivos de pesquisa nos integrantes. Porém, novas pesquisas poderão
ampliar o objeto de estudo para as entidades de apoio.
94
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101
Apêndices
Apêndice A – Carta de Apresentação Enviada aos Integrantes da Rede de
Supermercados Sorriso
FACULDADE BOA VIAGEM CPPA – CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO Recife, 31 de outubro de 2008.
Aos Integrantes da Rede de Supermercados Sorriso Sousa/PB At.: Prezados Senhores, Sou aluno do curso de Mestrado em Administração de Empresas na Faculdade Boa Viagem – FBV e minha dissertação estudará as relações sociais informais na rede de supermercados sorriso, motivo esse que venho solicitar contar com a participação de todos os integrantes da rede. O interesse surgiu pela observação exploratória de como essa rede tem se destacado na alto sertão paraibano. As informações fornecidas serão tratadas com o devido sigilo e conhecidas apenas pelos pesquisadores, conforme as recomendações éticas da pesquisa científica. Declaro e comprometo-me formalmente a fazer a devolução e apresentação dos resultados da pesquisa, posteriormente à sua conclusão. O relatório final somente será entregue à biblioteca da FBV após a sua aprovação. Coloco-me à disposição para quaisquer dúvidas sobre a pesquisa e fico no aguardo de suas respostas. Cordialmente, _______________________________ Francisco Dinarte de Sousa Fernandes Matrícula nº. 200716149 Contatos: [email protected] / (83) 9444-0831
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Apêndice B – Roteiro da Entrevista
Roteiro para entrevista
Informações gerais 1. Nome ____________________________ Entrevista ________ 2. Local e data da entrevista______________________________ 3. Nível de escolaridade__________________________________ 4. Gênero? ( ) Masculino ( ) Feminino 5. Qual a sua idade? _________________________ 6. Há quanto tempo você integra a rede? _____________ 7. Fale um pouco sobre sua empresa antes e depois da rede
Frases
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Rede de relacionamento 8. A rede foi importante para o desenvolvimento da sua empresa?
Frases 9. Quais pessoas da rede você acredita ter influenciado no desenvolvimento da sua empresa? De que forma elas o influenciaram?
Frases Atualização das perguntas 10. Há alguma questão que você deseja completar ou que não abordamos e você acha importante? 11. Posso entrar em contato com você caso tenha dúvida? 12. Posso entrar em contato com as pessoas citadas por você? 13. Você pode me fornecer o contato?
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Apêndice C – Cartão Gerador de Nomes
Cartão de Respostas
Seu nome: __________________________
C:______________ ________________ Papel social:______ _________________
F:________________________________ Papel social:_______ _________________
Exemplo: X: Dinarte Fernandes Papel social: Amigo, Colaborador, Sócio, Pai, Funcionário e etc.
A:________________________________________________ Papel social:_______________ ________________________
B:________________________________________________ Papel social:_______________ ________________________
E:__________________________________________ Papel social:____________ _____________________
D:__________________________________________ Papel social:____________ ____________________
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Apêndice D – Questionário Final
PESQUISA DA DISSERTAÇÃO
Rede de relacionamento – �ETWORK
Mestrando: Francisco Dinarte de Sousa Fernandes Orientador: Prof. Dr. Helder Pontes Régis
NOME: _________________________________Idade:___________anos
E-mail:__________________________________________________
Empresa:_________________________________________________
Recife - 2008
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Bem vindo ao meu trabalho de dissertação de mestrado sobre Redes de
Relacionamento (3etwork). Obrigado por disponibilizar um pouco do seu tempo para
responder a este questionário.
Quero lhe assegurar o caráter confidencial da pesquisa, tanto que as informações
fornecidas serão tratadas com sigilo e conhecidas apenas pelos pesquisadores. Nenhuma outra
pessoa mais terá acesso a estas informações. Quando da divulgação dos resultados, os nomes
não serão revelados, em hipótese alguma. Os nomes citados no cartão de Respostas (Anexo)
serão codificados, de maneira a preservar a confidencialidade dos dados.
Todos os colaboradores receberão um sumário executivo com os resultados da
pesquisa. A defesa da dissertação, perante a banca examinadora, será um evento público e
desde já todos os colaboradores estão convidados a comparecer, tão logo seja marcada, avisá-
los-ei.
Obrigado!
FRANCISCO DINARTE DE S. FERNANDES
[email protected] / Cel. (83) 9444-0831
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Primeiro, pense um pouco sobre os integrantes da rede de supermercados sorriso
com quem você mantém contato, ou manteve, no papel de membro e que são ou foram,
relevantes para o desenvolvimento do seu supermercado na rede. Elas podem manter com
você, ou ter mantido vários tipos de relacionamentos. Exemplo: amizade (alívio das pressões
da empresa), informação (como se administra um supermercado) e confiança (assuntos
confidenciais sobre as atividades do supermercado).
Use o cartão de respostas (Anexo) para listar os nomes das pessoas que são ou foram,
as mais importantes para o desenvolvimento do seu supermercado. Em seguida, com relação a
cada uma destas pessoas, por gentileza, indique com que frequência elas se comportam, ou se
comportaram, da forma apresentada nos itens da próxima página.
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Use a seguinte escala:
5 – Sempre 4 – Frequentemente 3 – Ocasionalmente 2 – Raramente 1 – �unca
Obs.: As letras, C, D, E e F foram omitidas por questões de espaço, Elas contêm o mesmo formato das letras A e B apresentadas abaixo.
Esta pessoa . . . A B
1) ...tem indicado ou indicou meu nome para participar de cursos, feiras, exposições, congresso no setor de supermercados. 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1
2) ...fornece, ou forneceu, informações de como as coisas funcionam na rede sorriso ou informações sobre os procedimentos que devem ser adotados para que o supermercado funcione no seu dia-a-dia.
5 4 3 2 1 5 4 3 2 1
3) ...me orienta, ou orientou, na formação de uma rede de contatos com pessoas importantes para o desenvolvimento do meu supermercado.
5 4 3 2 1 5 4 3 2 1
4) ...me mostra, ou mostrou, fontes de financiamento (ex: bancos oficiais, investidores privados, ou órgãos de apoio). 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1
5) ....é, ou foi, convidada por mim para discutir as ideias inovadoras, antes de pô-las em prática. 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1
6) ...tem me ajudado, ou ajudou, a lidar com as preocupações que tenho como empresário. 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1
7) ...participa, ou participou, do meu grupo de companheiros (ex.: torcemos pelo mesmo time, frequentamos a mesma igreja, a mesma escola ou o mesmo grupo social).
5 4 3 2 1 5 4 3 2 1
8) ...me ajuda, ou ajudou, a terminar tarefas ou a cumprir prazos que de outra forma seriam difíceis de conseguir.
5 4 3 2 1 5 4 3 2 1
9) ...se comporta, ou se comportou, de maneira que merece ser imitada.
5 4 3 2 1 5 4 3 2 1
10) ...me orienta, ou orientou, na tomada de decisões com relação à administração do supermercado (ex.: marketing, investimentos, preços, contabilidade etc.).
5 4 3 2 1 5 4 3 2 1
11) ...tem feito com que clientes, fornecedores, empresários ou órgãos de apoio vejam o meu trabalho, isto é, ela amplia, ou ampliou, minhas oportunidades futuras.
5 4 3 2 1 5 4 3 2 1
12) ...é, ou foi, do meu grupo de amigos (ex.: saímos para jantar, visitamos um ao outro e conversamos pelo telefone). 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1
13) ...mantém, ou manteve, em segredo os assuntos compartilhados com ela. 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1
14) ...é, ou foi, importante fonte de informação com relação ao que está acontecendo no ambiente de negócios de supermercados.
5 4 3 2 1 5 4 3 2 1
15) ...age, ou agiu, com princípios: seu comportamento demonstra atitudes ou valores com os quais concordo.
5 4 3 2 1 5 4 3 2 1
16) ...tem indicado, ou indicou, o meu nome a fornecedores. 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1
17) ...fornece, ou forneceu, orientações técnicas de como organizar os produtos no supermercado e depois me informou se as mudanças feitas foram corretas.
5 4 3 2 1 5 4 3 2 1
18) ...é, ou foi, paciente para ouvir nas nossas conversas. 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1
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Informações sobre os Relacionamentos A B 19. Há quanto tempo, aproximadamente, cada pessoa foi, ou é parte da rede de relações - Network?
________ Anos ________ Anos
20) Indique o nível de equivalência da idade desta pessoa com relação à sua. 1- Acima de 10 anos mais novo do que eu 2- �o máximo 10 anos mais novo do que eu 3- Possui idade igual à minha. 4- �o máximo 10 anos mais velho do que eu 5- Acima de 10 anos mais velho do que eu.
1
2 3 4 5
1
2 3 4 5
21) Indique a frequência com que você interage, ou interagiu, com esta pessoa: 1 -Várias vezes ao dia 2 - Uma vez ao dia 3 - Algumas vezes por semana 4 - Uma vez por semana 5 - Algumas vezes por mês 6 - Uma vez por mês 7 - Algumas vezes por ano.
1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7
22) Indique a frequência com que o seu negócio requer, ou requereu, interação com esta pessoa: 1 - Várias vezes ao dia 2 - Uma vez ao dia 3 - Algumas vezes por semana 4 - Uma vez por semana 5 - Algumas vezes por mês 6 - Uma vez por mês 7 - Algumas vezes por ano.
1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7
23) Indique o seu nível de relacionamento com esta pessoa: 1 - Muito próximo (Um de meus contatos mais próximos no momento) 2 - Próximo (Eu gosto de estar com esta pessoa, mas não a considero um de meus contatos pessoais mais próximos) 3 - Menos que próximo (Eu não me incomodo de interagir com esta pessoa, mas não tenho nenhuma intenção de desenvolver laços fortes) 4 - Distante (Eu só disponibilizo tempo para estar com esta pessoa se absolutamente necessário)
1 2 3 4 1 2 3 4
110
Comentários
Sinta-se à vontade para acrescentar quaisquer comentários ou sugestões que considerar
pertinentes.
111
Apêndice E – Demonstrativo Fiscal/Financeiro
Obs: Informações prestadas pelo empresário ( )integrante da rede ( )grupo de controle
Razão Social _____________________________________________
Ano Compras Vendas Estoques Trimestre
2003 1º
2º
3º
4º
2004 1º
2º
3º
4º
2005 1º
2º
3º
4º
2006 1º
2º
3º
4º
2007 1º
2º
3º
4º
2008 1º
2º
3º
112
Apêndice F – Centralidade de intermediação
FREEMAN BETWEENNESS CENTRALITY -------------------------------------------------------------------------------- Important note: this routine binarizes but does NOT symmetrize. Un-normalized centralization: 7253.000
1 2 Betweenness nBetweenness
13 13 187.000 8.289 14 14 186.167 8.252 02 02 180.250 7.990 06 06 162.833 7.218 17 17 160.250 7.103 07 07 129.000 5.718 08 08 126.750 5.618 11 11 116.583 5.168 15 15 109.250 4.843 04 04 95.500 4.233 10 10 83.500 3.701 18 18 68.333 3.029 16 16 68.000 3.014 09 09 59.250 2.626 12 12 54.333 2.408 05 05 52.833 2.342 03 03 48.167 2.135 01 01 22.000 0.975 19 19 0.000 0.000 … … … 49 49 0.000 0.000 DESCRIPTIVE STATISTICS FOR EACH MEASURE 1 2 Betweenness nBetweenness 1 Mean 38.980 1.728 2 Std Dev 59.853 2.653 3 Sum 1910.000 84.663 4 Variance 3582.421 7.039 5 SSQ 249989.656 491.184 6 MCSSQ 175538.641 344.901 7 Euc Norm 499.990 22.163 8 Minimum 0.000 0.000 9 Maximum 187.000 8.289 Network Centralization Index = 6.70% Output actor-by-centrality measure matrix saved as dataset FreemanBetweenness Running time: 00:00:01 Output generated: 30 nov 08 14:10:30
113
Anexos
Anexo 01
Encarte promocial de outubro de 2008 Fonte: Rede de supermercados sorriso
114
Anexos
Anexo 02
Índices percentuais do IGP-M
Fonte: FGV – Fundação Getúlio Vargas
JA� FEV MAR ABR MAI JU� JUL AGO SET OUT �OV DEZ ACUMULADO
1989 - - - - - 19,68 35,91 36,91 39,92 40,64 40,48 47,13 805,76%
1990 61,46 81,29 83,95 28,35 5,93 9,94 12,01 13,62 12,80 12,97 16,86 18,00 1.699,87%
1991 17,70 21,02 9,19 7,81 7,48 8,48 13,22 15,25 14,93 22,63 25,62 23,63 458,38%
1992 23,56 27,86 21,39 19,94 20,43 23,61 21,84 24,63 25,27 26,76 23,43 25,08 1.174,67%
1993 25,83 28,42 26,25 28,83 29,70 31,49 31,25 31,79 35,28 35,04 36,15 38,32 2.567,34%
1994 39,07 40,78 45,71 40,91 42,58 45,21 4,33 3,94 1,75 1,82 2,85 0,84 869,74%
1995 0,92 1,39 1,12 2,10 0,58 2,46 1,82 2,20 - 0,71 0,52 1,20 0,71 15,23%
1996 1,73 0,97 0,40 0,32 1,55 1,02 1,35 0,28 0,10 0,19 0,20 0,73 9,18%
1997 1,77 0,43 1,15 0,68 0,21 0,74 0,09 0,09 0,48 0,37 0,64 0,84 7,73%
1998 0,96 0,18 0,19 0,13 0,14 0,38 -0,17 -0,16 -0,08 0,08 -0,32 0,45 1,78%
1999 0,84 3,61 2,83 0,71 - 0,29 0,36 1,55 1,56 1,45 1,70 2,39 1,81 20,10%
2000 1,24 0,35 0,15 0,23 0,31 0,85 1,57 2,39 1,16 0,38 0,29 0,63 9,95%
2001 0,62 0,23 0,56 1,00 0,86 0,98 1,48 1,38 0,31 1,18 1,10 0,22 10,37%
2002 0,36 0,06 0,09 0,56 0,83 1,54 1,95 2,32 2,40 3,87 5,19 3,75 25,30%
2003 2,33 2,28 1,53 0,92 - 0,26 - 1,00 - 0,42 0,38 1,18 0,38 0,49 0,61 8,69%
2004 0,88 0,69 1,13 1,21 1,31 1,38 1,31 1,22 0,69 0,39 0,82 0,74 12,42%
2005 0,39 0,30 0,85 0,86 - 0,22 - 0,44 - 0,34 - 0,65 - 0,53 0,60 0,40 - 0,01 1,20%
2006 0,92 0,01 - 0,23 - 0,42 0,38 0,75 0,18 0,37 0,29 0,47 0,75 0,32 3,84%
2007 0,50 0,27 0,34 0,04 0,04 0,26 0,28 0,98 1,29 1,05 0,69 1,76 7,74%
2008 1,09 0,53 0,74 0,69 1,61 1,98 1,76 -0,32 0,11 0,98 0,38 - 9,94%