Relatorio Anual_Segurança Interna - VD pag 88

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RELATRIO ANUAL DE SEGURANA INTERNA

2011

NDICE1. BALANO DA ACTIVIDADE E OPES ESTRATGICAS ................................ 1Balano da execuo das Orientaes Estratgicas para 2011 ............................... 1 Balano da execuo da Lei de programao de instalaes e equipamentos das Foras de Segurana....................................................................................... 2 Medidas legislativas adotadas .............................................................................. 8

2. CARACTERIZAO DA SEGURANA INTERNA .......................................... 26Ameaas globais segurana ............................................................................. 26 Anlise das principais ameaas Segurana Interna ........................................... 30 Criminalidade participada .................................................................................. 36Criminalidade geral ........................................................................................................ 37 Criminalidade por grandes categorias ............................................................................ 38 Criminalidade participada em cada Distrito e Regio Autnoma ................................... 39 Criminalidade violenta e grave ....................................................................................... 40

Criminalidade participada nalguns Pases da Unio Europeia .............................. 41 Anlise de dados ................................................................................................ 44Criminalidade geral ........................................................................................................ 44 Criminalidade pelas cinco grandes categorias ................................................................ 49 Criminalidade violenta e grave ....................................................................................... 55 Trfico de estupefacientes .............................................................................................. 59 Homicdio voluntrio consumado ................................................................................... 64 Roubo a postos de abastecimento de combustvel ......................................................... 66 Roubo a distribuidores de tabaco ................................................................................... 69 Roubo a farmcias.......................................................................................................... 72 Roubo a ourivesarias ...................................................................................................... 75 Roubo de viaturas .......................................................................................................... 78 Roubo em residncias ..................................................................................................... 81 Violncia domstica ....................................................................................................... 84 Imigrao ilegal e trfico de seres humanos ................................................................... 88 Crimes sexuais ................................................................................................................ 97Relatrio Anual de Segurana Interna

Moeda falsa ................................................................................................................. 101 Ilcitos em ambiente escolar ......................................................................................... 103 Incndios florestais ....................................................................................................... 105 Criminalidade grupal e delinquncia juvenil ................................................................. 107

3. AVALIAO DOS RESULTADOS OPERACIONAIS NO SISTEMA DE SEGURANA INTERNA........................................................................... 109Informaes ..................................................................................................... 109 Preveno ........................................................................................................ 113Programas gerais de preveno e policiamento ........................................................... 113 Programas e aes especficas de preveno e policiamento ....................................... 125 Aes de preveno criminal ........................................................................................ 134 Aces e operaes no mbito do controlo de fronteiras e da fiscalizao da permanncia de cidados estrangeiros ........................................................................ 141 Aes no mbito da segurana rodoviria .................................................................... 150 Exerccios e simulacros ................................................................................................. 151

Investigao Criminal ....................................................................................... 156 Segurana e Ordem Pblica .............................................................................. 160 Atividade de Polcia Administrativa .................................................................. 162 Sistema de Autoridade Martima ...................................................................... 170 Sistema de Autoridade Aeronutica ................................................................. 174 Sistema Integrado de Operaes de Proteo e Socorro ................................... 181 Sistema Prisional .............................................................................................. 187 Segurana Rodoviria....................................................................................... 192 Consequncias da atividade operacional .......................................................... 199

4. BALANO DA ATUAO INTERNACIONAL ............................................. 201Cooperao da Unio Europeia no Espao de Liberdade, Segurana e Justia .... 201 A Cooperao Bilateral e Multilateral das Foras e Servios de Segurana fora do contexto europeu ........................................................................................ 228 Cidados Nacionais Reclusos no Estrangeiro, Repatriados e Acordos de Extradio ........................................................................................................ 237

Relatrio Anual de Segurana Interna

Apresentao de alguns dados dos principais canais e gabinetes de cooperao policial internacional ..................................................................... 241

5. ORIENTAES ESTRATGICAS PARA 2012 ............................................. 248

Relatrio Anual de Segurana Interna

1.

BALANO DA ACTIVIDADE E OPES ESTRATGICAS

Balano da execuo das Orientaes Estratgicas para 2011

Tendo em conta que o XIX Governo Constitucional iniciou funes em 21 de Junho de 2011, a meio do perodo a que reporta o presente Relatrio Anual de Segurana Interna, envolvendo responsabilidades polticas repartidas, foi decidido no contemplar este captulo.

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Balano da execuo da Lei de programao de instalaes e equipamentos das Foras de SeguranaDados relativos a instalaes A Direo-Geral de Infra-Estruturas e Equipamentos (DGIE), enquanto organismo centralizador dos investimentos no Ministrio da Administrao Interna (MAI) e coordenador do programa oramental P010 - Lei de Programao das Instalaes e Equipamento das Foras de Segurana 1 que d expresso referida Lei, responsvel pela gesto e planeamento de todos os projetos inscritos que, para alm da DGIE, envolve as Foras de Segurana - Guarda Nacional Republicana (GNR) e Polcia de Segurana Pblica (PSP) - e outros servios do MAI. O referido diploma legal previa, para o ano 2011, uma execuo dos investimentos no valor de 89 milhes de euros. Este montante global oramentado, e aprovado em sede de Oramento de Estado, obteve a seguinte repartio, por fonte de financiamento: 58% de receitas prprias (51,5 milhes de euros), 39% de receitas gerais (34,9 milhes de euros) e 3% de financiamento comunitrio (2,5 milhes de euros). A execuo do citado programa oramental atingiu 23,1 milhes de euros da dotao global afeta (29,5 milhes de euros), ficando muito aqum do programado na referida Lei (89 milhes de euros), devido a diversos constrangimentos, de que se destaca a ausncia quase total de receita resultante de alienao de patrimnio, que limitou o arrecadar de receita prpria (467,426 milhes de euros), tendo sido a DGIE o organismo fortemente penalizado, dada a elevada dependncia desta fonte de financiamento. Tendo em considerao os referidos constrangimentos tornou-se difcil dar seguimento a todos os objetivos pelo que, as intervenes verificadas no decorrer de 2011, incidiram em 5 das 7 medidas estipuladas na Lei 61/2007, de 10 de Setembro:

1

Lei n. 61/2007, de 10 de Setembro Relatrio Anual de Segurana Interna 2011 Pgina 2

I. II. III. IV. V. VI. VII.

Instalaes de cobertura territorial Instalaes de mbito nacional Instalaes de formao Veculos Armamento e equipamento individual Sistemas de vigilncia, comando e controlo Sistemas de tecnologias de informao e comunicaoMedidas da Lei com execuo em 2011

No mbito das instalaes (medidas 1,2 e 3) foram desenvolvidas as seguintes aes: No ano 2011 foram concludas quatro novas instalaes, representando um investimento de, aproximadamente, dois milhes e quinhentos mil euros.Novas instalaes concludas em 2011LocalSetbal, Santiago do Cacm Viseu, Resende Lisboa, Sobral de Monte Agrao Bragana, Mirandela

BeneficirioGNR GNR GNR PSP

Tipo de intervenoConstruo - Posto Territorial Construo - Posto Territorial Construo - Posto Territorial Construo - Esquadra

Investimento 436 403,6 872 276,5 1 135 377,3 78 829,6

Total

2 522 886,9

Como se constata, a GNR registou o maior nmero de instalaes novas, para cerca de 97% do investimento efetuado. Em 2011, concluram-se sete obras de remodelao com um investimento de aproximadamente setecentos mil euros.Obras de remodelao concludas em 2011LocalAveiro, Arouca Guarda, Trancoso Aveiro, lhavo Faro, Silves Lisboa, Lisboa Porto, Porto Setbal, Setbal

BeneficirioGNR GNR GNR GNR GNR PSP PSP

Tipo de intervenoRemodelao das Infra-estruturas e Beneficiao no Posto Territorial/Unidade Arranjos Exteriores Remodelao para adaptao dos vos das janelas / Posto Territorial Trabalhos complementares Remodelao da Enfermaria de MedIcina Diversos Trabalhos Remodelao

Investimento 12 902,7 60 681,2 23 105,6 50 837,9 285 567,8 45 950,3 235 628,5

Total

714 673,9

A GNR absorveu cerca de 61% do investimento referido, em 5 intervenes.Relatrio Anual de Segurana Interna 2011 Pgina 3

Em 2011 iniciaram-se oito obras, as quais transitaram para o presente ano.Obras iniciadas em 2011 e transitadas para 2012 Novas InstalaesLocalLisboa, Lourinh Faro, Vila do Bispo Porto, Vila Nova de Gaia Porto, Vila Nova de Gaia

BeneficirioGNR GNR PSP PSP Sub-total

Tipo de intervenoConstruo - Posto Territorial Construo - Posto Territorial Construo - Esquadra Construo - Esquadra

Investimento estimado 1 400 000,0 1 057 145,0 884 804,0 845 350,0 4 187 299,0

Obras de remodelaoLocalLisboa, Lisboa Setbal, Seixal Santarm, Ourm Faro, Faro

BeneficirioPSP PSP PSP PSP Sub-total

Tipo de intervenoPalcio da Folgosa - 1 Diviso Construo de celas Remodelao de edeifcio para esquadra Div. Policial de Seg. Aeroporturia de Faro Alojamento e ginsio

Investimento estimado 2 383 421,6 1 011 550,8 243 942,8 989 911,6 4 628 826,9

Total

8 816 125,9

No caso das instalaes cujas intervenes foram iniciadas (4 de raiz e 4 remodelaes) em 2011 e transitaram para 2012, a PSP a Fora de Segurana que detm 72% do investimento. Para alm das intervenes mencionadas nos quadros anteriores, em 2011 houve necessidade de proceder aquisio de diverso equipamento, mobilirio e outros bens a fim de operacionalizar os empreendimentos das foras de segurana. Assim, elencam-se, por entidade beneficiria, a distribuio do investimento efetuado, para um valor global de 344.444 euros:

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Equipamento e mobilirio adquirido em 2011Entidade benificiriaGNR Silves GNR Trancoso GNR Janelas Verdes - Lisboa GNR Silves GNR Trancoso GNR Cercal do Alentejo GNR Sobral Monte Agrao PSP Mirandela PSP Bairro Alto - Lisboa PSP Castelo Branco PSP Castelo Branco e GNR Cercal do Alentejo COMETLIS PSP - Lisboa Carreira de Tiro de Portalegre PSP Ourm e GNR Trancoso PSP Setbal PSP Ourm PSP Cartaxo

Tipo de aquisioFornecimento de Mobilirio Fornecimento de Mobilirio Fornecimento de diverso equipamento electrico, ventilao e climatizao Forn. Mobilirio escritrio Forn. Mobilirio escritrio Forn. Mobilirio escritrio Forn. Mobilirio escritrio Fornecimento de Mobilirio Forn. Mobilirio escritrio Forn. Mobilirio Zonas de Atendimento Fornecimento de Mobilirio Fornecimento de Mobilirio Requalificao da fossa sptica Fornecimento de Mobilirio Fornecimento de Mobilirio Fornecimento de Mobilirio Fornecimento de Mobilirio

Investimento 3 398,5 8 677,7 3 232,0 2 256,4 10 881,0 7 531,3 38 564,2 46 118,6 36 629,2 61 217,2 39 611,8 26 217,4 2 038,2 12 569,4 28 131,8 17 123,9 246,0

Total

344 444,4

Dados referentes a aquisio de veculos, armamento e equipamento individual No perodo em anlise foram adquiridos, para a GNR, 9 veculos tipo Transporte Pessoal (TP) mdios II/Toyota, valor que ascendeu a um total de 252.193,14 euros. A despesa efetuada significativamente menor do que o montante previsto na LPIEFS (12,5 milhes de euros) para o ano 2011, sendo tambm de acrescentar que, em relao ao ano de 2010, verificou-se um decrscimo de 97%. O investimento em matria de armamento e equipamento individual foi de 5,23 milhes de euros, representando um acrscimo de 91% face ao ano 2010 (2,73 milhes de euros).

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Investimento em armamentoDescrioAquisio de coletes balsticos * Aquisio de pistolas GLOCK Aquisio de coldres

Unidade (n)954 8250 8250

Investimento 2 369 835,0 2 587 612,5 273 900,0

Total

5 231 347,5

* Para alm dos coletes balsticos, foram tambm entregues 718 conjuntos de bolsas Molle

O equipamento individual e armamento descrito no mapa anterior foram afetos s Foras de Segurana, reforando a sua capacidade de interveno nas misses atribudas.

Sistemas de vigilncia, comando e controlo No que respeita a sistemas de tecnologias de informao e comunicao, foi realizado um investimento de 9,91 milhes de euros, que representou menos 54%, face ao ano 2010 (18,22 milhes de euros), uma vez que, neste ano, entre outros investimentos, tinha sido concluda a candidatura comunitria relativa aquisio dos 23.000 terminais TETRA, cuja execuo totalizou 14,96 milhes de euros. Assim, 77% (7,59 milhes de euros) do investimento realizado foi destinado implementao do SIVICC (Sistema Integrado de Vigilncia e Controle Costeiro) com o objetivo de combater atividades ilcitas na zona martima e permitir capacidade de comando e controlo de toda a atividade operacional de vigilncia costeira da Unidade de Controlo Costeiro da GNR, a decorrer em IV Fases operacionais. No obstante o facto do equipamento relativo I Fase do SIVICC ter sido adquirido e instalado em 2010, apenas foi rececionado formalmente em 2011, dado que no estavam concludos todos os requisitos inerentes concluso da primeira Fase. Por esse motivo, a liquidao do encargo correspondente foi realizada em 2011.

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tambm de assinalar que os trabalhos inerentes implementao das restantes fases do Sistema tm em vista a sua prossecuo para alm de 2011, sendo de destacar que as suas aes incorrero na aquisio de mais equipamento e instalao dos restantes Postos de Observao. Relativamente ao Servio de Emergncia 112, o mesmo teve como finalidade liquidar parte da fatura referente ao 1 semestre de 2011, no mbito do contrato estabelecido com o SIRESP (este ltimo fornece equipamentos, funcionalidades, consultadoria, desenvolvimento e manuteno do sistema de suporte ao servio respeitante ao Centro Operacional Sul do nmero nacional de emergncia 112.pt).

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Medidas legislativas adotadas

No decurso do ano de 2011 foi aprovado um conjunto de diplomas legais, e de outros atos normativos de relevo, no sentido da melhoria da qualidade e eficincia dos servios de segurana e proteo prestados aos cidados. As referncias legislativas e regulamentares constantes do presente Captulo foram ordenadas em 9 grandes reas temticas, a saber: Opes estratgicas, Estruturas Governativas e de Coordenao, com o subcaptulo dedicado transferncia das competncias dos Governos Civis; Poltica Criminal e Segurana Interna; Preveno Social e Apoio Vtima; Armas e Explosivos; Segurana Rodoviria; Proteo civil e Emergncia; Estatutos de Pessoal e Dignificao das Carreiras; e Fronteiras, Imigrao e Cooperao Internacional em Matria Penal.

Opes Estratgicas No mbito das Opes Estratgicas, a Lei n. 3-A/2010, de 28 de Abril, atravs da qual foram aprovadas as Grandes Opes do Plano para 2010-2013, continuou a sua vigncia, pelo que se remete para a abordagem mais aprofundada que foi feita, nesta sede, no anterior Relatrio Anual de Segurana Interna (2010). Em traos gerais, no captulo I.5.3. Melhor segurana interna, mais segurana rodoviria e melhor proteo civil da 5. opo estratgica, elegendo o objetivo da preveno e combate ao crime, com especial nfase para a criminalidade violenta, grave e organizada, enunciou um conjunto de medidas operacionais e legislativas para a sua prossecuo, das quais se do como exemplo: A melhoria da atividade operacional das foras de segurana, atravs do reforo do efetivo policial, requalificao das instalaes, apetrechamento e modernizao dos equipamentos, com destaque para a melhoria das infraestruturas tecnolgicas; O reforo do policiamento de proximidade e aprofundamento da segurana comunitria; A intensificao de parcerias internacionais j existentes (Frontex, Europol e Eurojust), e promoo da cooperao com Pases da Unio Europeia (UE) e

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Comunidade dos Pases de Lngua Portuguesa (CPLP) e organizaes internacionais, no reforo da Poltica de Imigrao e Controlo de Fronteiras; O aprofundamento da articulao entre Foras e Servios de Segurana (FSS) e outras entidades pblicas e privadas, designadamente a cooperao com os municpios e a sociedade civil; A ampliao da cooperao internacional bilateral e multilateral, e o desenvolvimento da Rede Europeia de Preveno de Criminalidade (EUCPN) e da rede nacional de preveno de criminalidade. No mbito da Segurana Rodoviria, as Grandes Opes do Plano para 2010-2013 incluram um conjunto de medidas operacionais e legislativas com o objetivo fundamental de colocar Portugal entre os 10 Pases da UE com mais baixa sinistralidade rodoviria, no que j vinha sendo proposto na Estratgia Nacional de Segurana Rodoviria (ENSR), para o perodo de 2008 -2015, e consolidar a segurana rodoviria em termos de mudana social, atravs da promoo de campanhas de sensibilizao e de preveno rodovirias, da investigao de acidentes, e de um conjunto de medidas essencialmente tecnolgicas. Por fim, em termos de Proteo Civil, as opes estratgicas previstas pela Lei n. 3-A/2010, de 28 de Abril, centraram-se em garantir uma qualidade acrescida proteo civil e ao socorro das populaes, designadamente atravs da consolidao do dispositivo coordenado pela Autoridade Nacional de Proteo Civil (ANPC), do reforo dos meios de preveno e de interveno, atravs do reequipamento, reabilitao e construo de instalaes de corpos de bombeiros e da ANPC, no aperfeioamento da articulao e coordenao de todos os agentes, e no reforo da mobilidade e flexibilidade do Dispositivo Integrado de Operaes de Socorro, de forma a manter os necessrios nveis de prontido e mobilizao durante todo o ano em funo dos ciclos de risco.

Estruturas Governativas e de Coordenao Na sequncia da formao do XIX Governo Constitucional da Repblica Portuguesa, foi aprovada a respetiva orgnica atravs do Decreto-Lei n. 86-A/2011, de 11 de Julho (Retificado atravs da Declarao de Retificao n. 29/2011, de 2 de Setembro), a qual veio definir a Misso do Ministrio da Administrao Interna, configurando-o como o departamento governamental encarregue da formulao, coordenao, execuo e

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avaliao das polticas de segurana interna, do controlo de fronteiras, de proteo e socorro, de segurana rodoviria e de administrao eleitoral, mantendo assim na sua esfera de atuao, as reas tradicionalmente consagradas, numa linha de estabilidade evolutiva e no fraturante. Assumindo a reduo da despesa do Estado e a racionalizao e o aumento da eficincia dos recursos pblicos, imperativos nacionais da mxima urgncia, o Decreto-Lei n. 126-A/2011, de 29 de Dezembro, que aprovou a Lei Orgnica da Presidncia do Conselho de Ministros, no que Segurana Interna diz respeito, procedeu extino do Gabinete Coordenador de Segurana (GCS) e extino, por fuso, do Conselho Nacional de Planeamento Civil de Emergncia sendo as suas atribuies integradas na ANPC, do MAI. Como notas adicionais, em nome de uma adequada reorganizao do Sistema de Segurana Interna, a extino do GCS apenas se tornar efetiva com a entrada em vigor da verso revista da Lei de Segurana Interna 2, e o Gabinete Nacional de Segurana (GNS), que funcionava junto do referido organismo, foi objeto de reestruturao, integrando os servios centrais no mbito da PCM, mantendo a sua misso e atribuies. No diploma orgnico da Presidncia do Conselho de Ministros, o Secretrio-Geral do Sistema de Segurana Interna (SGSSI), como rgo diretamente dependente do PrimeiroMinistro, ao qual compete a coordenao, a direo, o controlo e o comando operacional das foras e servios de segurana, mantido como estrutura a funcionar no mbito da PCM, bem como se mantm o Conselho Superior de Segurana Interna, na qualidade de rgo interministerial de audio e consulta do Primeiro-Ministro em matria de segurana interna, integrado, pela sua natureza, nos rgos consultivos da PCM. O Decreto-Lei n. 126-B/2011, de 29 de Dezembro, veio aprovar a Lei Orgnica do MAI. Prosseguindo o desgnio reformador da racionalizao e da maior eficincia na utilizao dos recursos pblicos, por parte da Administrao Pblica, e cumprindo os rigorosos objetivos de reduo da despesa pblica a que o pas est vinculado, a Lei Orgnica do MAI procedeu a um conjunto de significativas reformas na estrutura do Ministrio, das quais, nesta sede, apenas se destacaro as medidas de reorganizao com maior impacto na segurana interna.2

Esta extino s produzir efeitos data da entrada em vigor do diploma que proceda reviso da Lei de Segurana Interna (artigo 47. da Lei Orgnica da Presidncia do Conselho de Ministros, aprovada pelo Decreto-Lei n. 126-A/2011, de 29 de Dezembro). Relatrio Anual de Segurana Interna 2011 Pgina 10

Neste sentido, assume particular destaque o conjunto de medidas legislativas desenvolvidas no mbito do processo de extino dos Governos Civis, tema que adiante ser abordado em detalhe, mas o esforo de concentrao de atribuies e de racionalizao na distribuio de competncias entre os servios, teve como corolrios assinalveis a extino, por fuso, da Unidade de Tecnologias de Informao de Segurana (UTIS), cujas atribuies transitam para a Direco-Geral de Infra -Estruturas e Equipamentos, e da Estrutura de Misso para a Gesto dos Fundos Comunitrios (EMGFC), cujas atribuies so distribudas pela Direco-Geral de Administrao Interna (DGAI) e pela Secretaria-Geral do MAI (SGMAI), nos termos previstos no diploma orgnico em apreo. As fuses, e decorrentes reestruturaes, comeam apenas a produzir efeitos com a entrada em vigor das orgnicas dos servios centrais do MAI respetivos, as quais sero publicadas ao longo do primeiro trimestre de 2012. As Leis Orgnicas atrs referidas (PCM e MAI) apenas entraram em vigor no dia 3 de Janeiro de 2012 (5 dias aps a publicao), ou seja, em rigor fora do mbito do RASI 2011, mas optou-se pela sua incluso por duas ordens de razes, eventualmente discutveis: a data de publicao, no trmino do ano de 2011, e a sequncia lgica em relao Lei Orgnica do XIX Governo Constitucional.

Transferncia de Competncias dos Governos Civis

Com a exonerao dos Governadores Civis, operada pela Resoluo n. 13/2011 (II srie), de 30 de Junho, deu-se incio ao percurso legislativo e operacional tendente extino dos Governos Civis. Pela presente, foi o MAI mandatado, com carcter de urgncia, a legislar sobre a transferncia das competncias dos Governos Civis para outras entidades da Administrao Pblica, regime legal aplicvel aos funcionrios e liquidao do respetivo patrimnio. Nos termos da j citada Lei Orgnica do XIX Governo Constitucional, o exerccio das competncias dos Governadores e Vice -Governadores Civis passou a ser assegurado pelo Ministro da Administrao Interna, competncias passveis de delegao e de subdelegao, assegurando, posteriormente, atravs da Lei Orgnica do MAI, o

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remanescente das que no foram alvo de redistribuio por outros rgos ou servios da administrao do Estado. Diplomas determinantes neste processo foram, a Lei Orgnica n. 1/2011, de 30 de Novembro (transfere competncias dos Governos Civis e dos Governadores Civis para outras entidades da Administrao Pblica em matrias de reserva de competncia legislativa da Assembleia da Repblica), e o Decreto-Lei n. 114/2011, de 30 de Novembro (transfere competncias dos Governos Civis e dos Governadores Civis para outras entidades da Administrao Pblica, liquida o patrimnio dos Governos Civis e define o regime legal aplicvel aos respetivos funcionrios). Em termos de Segurana Interna, a Lei Orgnica n. 1/2011, de 30 de Novembro operou alteraes regulamentao do direito de reunio (Decreto-Lei n. 406/74, de 29 de Agosto), ao Regime do Estado de Stio e do Estado de Emergncia (Lei n. 44/86, de 30 de Setembro), ao regime sancionatrio aplicvel s transgresses ocorridas em matria de infraestruturas rodovirias (5. alterao Lei n. 25/2006, de 30 de Junho), e significativas alteraes Lei de Bases da Proteo Civil (Lei n. 27/2006, de 3 de Julho). Todas as atribuies ou competncias cometidas aos Governos Civis ou aos Governadores Civis resultantes de atos legislativos no mencionados na presente lei e que se incluam no mbito da competncia legislativa da Assembleia da Repblica so atribudas ao Ministro da Administrao Interna, com a faculdade de delegao e de subdelegao. Ainda no mbito da transferncia de competncias dos Governos Civis e dos Governadores Civis para outras entidades da Administrao Pblica, em reas relacionadas com a Segurana Interna da competncia legislativa do Governo, o Decreto-Lei n. 114/2011, de 30 de Novembro, procedeu, por seu turno, s alteraes e respetiva republicao do Decreto-Lei n. 297/99, de 4 de Agosto (regula a ligao s foras de segurana - PSP e GNR - de equipamentos de segurana contra roubo ou intruso que possuam ou no sistemas sonoros de alarme instalados em edifcios ou imveis de qualquer natureza), da Lei n. 30/2000, de 29 de Novembro (definio do regime jurdico aplicvel ao consumo de estupefacientes e substncias psicotrpicas, bem como a proteo sanitria e social das pessoas que consomem tais substncias sem prescrio mdica), do Decreto-Lei n. 130-A/2001, de 23 de Abril (estabelece a organizao, o processo e o regime de funcionamento da comisso para a dissuaso da toxicodependncia), do Decreto-Lei n. 35/2004, de 21 de Fevereiro (regula o exerccio da atividade de segurana privada), e, porRelatrio Anual de Segurana Interna 2011 Pgina 12

fim, da Lei n. 28/2006, de 4 de Julho (que aprova o regime sancionatrio aplicvel s transgresses ocorridas em matria de transportes coletivos de passageiros). Os diplomas alterados e no republicados pelo Decreto-Lei n. 114/2011, de 30 de Novembro, com relevo na rea da Segurana Interna, foram os seguintes: o Decreto-Lei n. 317/94, de 24 de Dezembro (organiza o registo individual do condutor), o Decreto-Lei n. 15/93, de 22 de Janeiro (rev a legislao de combate droga), o Decreto-Lei n. 124/2006, de 28 de Junho (medidas e aes a desenvolver no mbito do Sistema Nacional de Defesa da Floresta contra Incndios), a Lei n. 65/2007, de 26 de Novembro (define o enquadramento institucional e operacional da proteo civil no mbito municipal, estabelece a organizao dos servios municipais de proteo civil e determina as competncias do comandante operacional municipal), o Decreto-Lei n. 134/2006, de 25 de Julho (cria o Sistema Integrado de Operaes de Proteo e Socorro (SIOPS)), o Decreto-Lei n. 101/2008, de 16 de Junho (estabelece o regime jurdico dos sistemas de segurana privada dos estabelecimentos de restaurao ou de bebidas e revoga o Decreto-Lei n. 263/2001, de 28 de Setembro), e a Lei n. 39/2009, de 30 de Julho (estabelece o regime jurdico do combate violncia, ao racismo, xenofobia e intolerncia nos espetculos desportivos, de forma a possibilitar a realizao dos mesmos com segurana). O Decreto-Lei n. 114/2011, de 30 de Novembro definiu, ainda, a atribuio de um conjunto de competncias adicionais ao Ministro da Administrao Interna, ao Presidente da ANPC, ao comandante operacional distrital do Comando Distrital de Operaes de Socorro (CODIS) de Santarm e SGMAI, antes prosseguidas no mbito dos Governos Civis, e que, resumidamente, se enunciam:-

Competncias do Ministro da Administrao Interna: a concesso, nos termos legais, de licenas ou autorizaes para o exerccio de atividades de mbito distrital, tendo sempre em conta a segurana dos cidados e a preveno de riscos ou de perigos vrios que queles sejam inerentes, e a atribuio de financiamentos s entidades que desenvolvam atividades na rea da proteo e socorro, bem como todas as atribuies ou competncias previstas em diplomas legais ou regulamentares, da competncia legislativa do Governo, e todos os protocolos, contratos ou planos especiais da responsabilidade dos Governos ou Governadores Civis, que no estejam mencionados no Decreto-Lei n. 114/2011, de 30 de

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Novembro. Qualquer uma das referidas competncias pode ser objeto de delegao e subdelegao;-

Competncias do Presidente da ANPC: na iminncia ou ocorrncia de acidente grave, catstrofe ou calamidade, a competncia de, a nvel distrital, desencadear e coordenar as aes de proteo civil de preveno, socorro, assistncia e reabilitao adequadas em cada caso, e que pode ser objeto de delegao e subdelegao;

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Competncias do comandante operacional distrital do CODIS de Santarm: as resultantes do plano especial de emergncia para as cheias na bacia do Tejo; Competncias da SGMAI: assegurar o cumprimento das obrigaes resultantes de protocolos celebrados pelos Governos Civis relativos ao funcionamento dos Ncleos de Atendimento s Vtimas de Violncia Domstica.

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Cabe ainda destacar o Decreto-Lei n. 97/2011, de 20 de Setembro, que transferiu a competncia da concesso do passaporte comum dos governos civis para o Diretor Nacional do SEF (procedendo quarta alterao do Decreto-Lei n. 83/2000, de 11 de Maio, que aprova o regime legal da concesso e emisso do passaporte eletrnico portugus - PEP), bem assim como a Portaria n. 270/2011, de 22 de Setembro (Taxas de emisso do PEP) e a Resoluo do Conselho de Ministros n. 40/2011, de 22 de Setembro (no que ao PEP se aplica, em termos de administrao autrquica). Por fim, encerrando o tema da transferncia de competncias dos Governos Civis, a referncia ao Despacho n. 17667-Q/2011 (II srie), de 30 de Dezembro , que aprovou as listas de reafectao do pessoal respetivo pelas Foras de Segurana, organismos e servios dependentes do MAI.

Outros:

O Despacho n. 9634/2011 (II srie), de 3 de Agosto, procedeu a ajustamentos ao nvel da estrutura orgnica flexvel do Comando da GNR, tendo em vista uma correta adequao da mesma s necessidades de funcionamento e de otimizao de recursos, bem como a um criterioso controlo de custos e resultados, luz dos objetivos de modernizao e qualificao do Comando da Guarda e dos rgos superiores de comando e direo.

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Este ato normativo, surgido ao abrigo da Lei n. 4/2004, de 15 de Janeiro, nos termos da qual as unidades orgnicas flexveis so criadas, alteradas ou extintas por despacho do dirigente mximo do servio, a quem cabe igualmente definir as respetivas atribuies e competncias, no mbito do limite mximo previamente fixado pelo Decreto Regulamentar n. 19/2008, de 27 de Novembro, veio revogar o anterior Despacho n. 4501/2010, de 30 de Dezembro de 2010, com as alteraes introduzidas pelos despachos n. 15264/2010 e 15265/2010, de 23 de Agosto e de 30 de Agosto, respetivamente. No mesmo dia de publicao, o Despacho n. 9633/2011 (II srie), de 3 de Agosto, veio proceder passagem do posto territorial de Albufeira a subdestacamento territorial de Albufeira. O presente Despacho decorre da competncia prevista no artigo 11. da Portaria n. 1450/2008, de 16 de Dezembro, que estabeleceu a organizao interna das unidades territoriais, especializadas, de representao e de interveno e reserva da GNR, e visou adequar a orgnica do Comando Territorial de Faro atual realidade operacional e caractersticas prprias do meio em que se insere, dotando o anterior Posto Territorial de Albufeira dos necessrios meios humanos e materiais, e do comando por oficial subalterno, o que corresponde, nos termos legais, ao escalo subdestacamento, o que aconteceu a partir de 18 de Julho de 2011, data da entrada em vigor do referido Despacho.

Poltica Criminal e Segurana Interna Das medidas legislativas adotadas em termos de Poltica Criminal e Segurana Interna, no decurso do ano de 2011, salientam-se, por ordem cronolgica, as seguintes: As alteraes ao n. 2 do artigo 374 -A do Cdigo Penal (27. alterao), e ao n. 2 do artigo 19. da Lei n. 34/87, de 16 de Julho, relativa a crimes de responsabilidade de titulares de cargos polticos (4. alterao), operadas pela Lei n. 4/2011, de 16 de Fevereiro. A Resoluo da Assembleia da Repblica n. 32/2011, de 2 de Maro, que recomenda ao Governo a adoo de medidas de combate e preveno dos assaltos a ourivesarias, as quais passam pela elaborao de um plano de ao para combater os roubos em ourivesarias, com mbito nacional, criando e divulgando normas de segurana para os comerciantes atravs da realizao de campanhas de preveno, a realizao, por parte do GCS, de umRelatrio Anual de Segurana Interna 2011 Pgina 15

estudo nacional sobre o fenmeno que identifique, entre outros, os locais, os dias, as horas e as causas e motivaes dos autores destes crimes, o reforo dos meios materiais, humanos e informticos das FSS especificamente destinados ao combate a este crime e mais patrulhamento apeado nas zonas de risco identificadas, nomeadamente nos distritos de Lisboa, Porto, Setbal e Braga. A Resoluo da Assembleia Legislativa da Regio Autnoma dos Aores n. 15/2011/A, de 4 de Agosto, que recomenda o reforo dos meios de segurana pblica na Regio Autnoma dos Aores, atendendo ao aumento de 6,21 % na criminalidade participada ao longo dos ltimos seis anos e de 12,9 % da criminalidade violenta e grave em 2010, contribuindo para o aumento do sentimento de insegurana dos cidados residentes nos Aores, o qual agravado pela insuficincia dos meios humanos e operacionais ao dispor das Foras de Segurana na referida Regio Autnoma. E, com entrada em vigor j no final do ano de 2011 (15 de Dezembro), a aprovao da Lei n. 56/2011, de 15 de Novembro, que veio alterar o crime de incndio florestal e os crimes de dano contra a natureza e de poluio, tipificando um novo crime de atividades perigosas para o ambiente, procedendo 28. alterao do Cdigo Penal (novo artigo 279.-A), e transpondo para o ordenamento jurdico interno, respetivamente, a Diretiva n. 2008/99/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de Novembro, e a Diretiva n. 2009/123/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 21 de Outubro.

Preveno Social e Apoio Vtima Nesta sede, destacam-se as alteraes introduzidas no regime jurdico aplicvel teleassistncia e aos meios tcnicos de controlo distncia, dois instrumentos fundamentais de proteo s vtimas do crime de violncia domstica, e a tipificao dos critrios de atribuio do estatuto de vtima de violncia domstica. A Portaria n. 63/2011, de 3 de Fevereiro, veio alterar a Portaria n. 220-A/2010, de 16 de Abril, a qual estabelece condies de utilizao inicial dos meios tcnicos de teleassistncia e dos meios tcnicos de controlo distncia previstos na Lei n. 112/2009, de 16 de Setembro, que estabelece o regime jurdico aplicvel preveno da violncia domstica, proteo e assistncia das suas vtimas, (respetivamente os nmeros 4 e 5 do artigo 20. e artigo 35.).Relatrio Anual de Segurana Interna 2011 Pgina 16

A Lei n. 112/2009, de 16 de Setembro, estabeleceu um perodo experimental de trs anos para as condies de utilizao inicial daqueles meios tcnicos, prevendo que, neste perodo, tal utilizao se limitasse s comarcas com os meios tcnicos necessrios. Neste sentido, a Portaria n. 220-A/2010, de 16 de Abril, estabeleceu que a utilizao inicial dos meios tcnicos de teleassistncia e de controlo distncia se aplicasse aos tribunais com jurisdio nas comarcas dos distritos do Porto e Coimbra, deixando a possibilidade de os mesmos serem aplicados noutras comarcas, cabendo agora Portaria n. 63/2011, de 3 de Fevereiro, a reviso do anterior regime, no sentido de estender a utilizao daqueles meios a todo o Territrio Nacional (TN), reforando, assim, os mecanismos de preveno da reincidncia junto de agressores e de apoio e proteo s vtimas, em conformidade com as principais orientaes internacionais e com o instrumento fundamental de polticas pblicas em matria de violncia domstica, o IV Plano Nacional Contra a Violncia Domstica, 2011 -2013. O Despacho n. 7108/2011 (II srie), de 11 de Maio, veio estabelecer os critrios de atribuio do estatuto de vtima da prtica do crime de Violncia Domstica, cuja fixao da responsabilidade da Comisso para a Cidadania e a Igualdade de Gnero, nos termos da Portaria n. 229-A/2010, de 23 de Abril.

Armas e Explosivos No incio do ano de 2011 foi publicada a Portaria n. 33/2011, de 13 de Janeiro, que aprovou a lista referencial de munies de calibres obsoletos, por fora do disposto no artigo 1., n. 3, do regime jurdico das armas e suas munies, aprovado pela Lei n. 5/2006, de 23 de Fevereiro, e alterado pela Lei n. 17/2009, de 6 de Maio. A Lei n. 12/2011, de 27 de Abril, veio criar um procedimento nico de formao e de exame para a obteno simultnea da carta de caador e da licena de uso e porte de arma para o exerccio da atividade venatria, procedendo 4. alterao Lei n. 5/2006, de 23 de Fevereiro, que aprova o novo regime jurdico das armas e suas munies, e republicando-a na sua verso revista e atualizada. Ainda no captulo dedicado s Armas e Explosivos, cumpre salientar as seguintes medidas legislativas relativas ao ano de 2011:

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A Resoluo da Assembleia da Repblica n. 104/2011 de 6 de Maio, veio aprovar o Protocolo contra o Fabrico e o Trfico Ilcito de Armas de Fogo, Suas Partes, Componentes e Munies, Adicional Conveno das Naes Unidas contra a Criminalidade Organizada Transnacional, adotado em Nova Iorque em 31 de Maio de 2001, o qual foi ratificado pelo Decreto do Presidente da Repblica n. 49/2011 de 6 de Maio. A PSP foi designada como o organismo nacional encarregue de assegurar a ligao de Portugal com os restantes Estados Partes. Seguiu-se a Lei n. 37/2011, de 22 de Junho, que veio simplificar os procedimentos aplicveis transmisso e circulao de produtos relacionados com a defesa, transpondo para a ordem jurdica interna as Diretivas n.s 2009/43/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 6 de Maio, e 2010/80/UE, da Comisso, de 22 de Novembro, e revogando o Decreto-Lei n. 436/91, de 8 de Novembro. A presente lei definiu, ainda, as regras e os procedimentos para simplificar o controlo do comrcio internacional de produtos relacionados com a defesa, observando a Posio Comum n. 2008/944/PESC, do Conselho, de 8 de Dezembro, no que respeita ao controlo das exportaes dos referidos produtos.

Segurana Rodoviria Nesta importante temtica, o ano de 2011 foi prolfico em medidas legislativas e regulamentares de diversa natureza: O Decreto Legislativo Regional n. 1/2011/M, de 10 de Janeiro, veio adaptar Regio Autnoma da Madeira a Lei n. 13/2006, de 17 de Abril, com a redao dada pela Lei n. 17-A/2006, de 26 de Maio, e pelo Decreto-Lei n. 255/2007, de 13 de Julho, que estabelece o regime jurdico do transporte coletivo de crianas e jovens at aos 16 anos. Seguiu-se o Decreto Regulamentar n. 2/2011, de 3 de Maro, que introduziu novos smbolos e sinais de informao relativos cobrana eletrnica de portagens em lanos e sublanos de autoestradas e aos radares de controlos de velocidades, procedendo 4. alterao do Regulamento de Sinalizao do Trnsito, aprovado pelo Decreto Regulamentar n. 22-A/98, de 1 de Outubro. O Despacho n. 6304/2011 (II srie), de 12 de Abril, procedeu definio dos critrios de bom uso da previso legal dos n.s 2, 7 e 8 do artigo 29. da Lei n. 27/2010, de 30 de Agosto, (que estabelece o regime sancionatrio aplicvel violao das normasRelatrio Anual de Segurana Interna 2011 Pgina 18

respeitantes aos tempos de conduo, pausas e tempos de repouso e ao controlo da utilizao de tacgrafos, na atividade de transporte rodovirio), respeitante ao depsito de cauo e apreenso provisria de documentos, apoiando o juzo prospetivo a formular pelos agentes de fiscalizao no momento do ato de fiscalizao, e, deste modo, definir padres harmonizados de aplicao da obrigao de prestao de cauo por parte das entidades com competncias de fiscalizao, no domnio dos transportes rodovirios. Posteriormente, a Lei n. 11/2011, de 26 de Abril, veio estabelecer o regime jurdico de acesso e de permanncia na atividade de inspeo tcnica de veculos a motor e seus reboques e o regime de funcionamento dos centros de inspeo, revogando, deste modo, o Decreto-Lei n. 550/99, de 15 de Dezembro. A mesma foi adaptada Regio Autnoma da Madeira, atravs do Decreto Legislativo Regional n. 19/2011/M, de 19 de Agosto. Seguiu-se o Decreto-Lei n. 57/2011, de 27 de Abril, que estabeleceu o regime jurdico aplicvel aos equipamentos sob presso transportveis, transpondo para a ordem jurdica interna, a Diretiva n. 2010/35/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de Junho, e revogando o Decreto-Lei n. 41/2002, de 28 de Fevereiro. Esto englobados no presente diploma, todos os recipientes sob presso usados para transportar, por via terrestre, produtos perigosos, designadamente as cisternas e os contentores e cartuchos de gs, com excluso dos aerossis, dos recipientes criognicos abertos usados no transporte de gases lquidos gelados, das garrafas de gs para aparelhos respiratrios e dos extintores de incndio. Ao reforar a segurana dos equipamentos sob presso aprovados para o transporte terrestre de mercadorias perigosas e assegurar a livre circulao destes equipamentos na UE e no Espao Econmico Europeu, incluindo a sua colocao e disponibilizao no mercado e a sua utilizao, atravs da marcao pi, o Decreto-Lei n. 57/2011, de 27 de Abril, introduz ainda as necessrias referncias ao Regulamento (CE) n. 765/2008, do Parlamento e do Conselho, de 9 de Julho, que estabelece os requisitos de acreditao e fiscalizao do mercado relativos comercializao de produtos, e ao Decreto-Lei n. 23/2011, de 11 de Fevereiro, que d execuo na ordem jurdica nacional ao mesmo regulamento. Com o objetivo do reforo da segurana dos condutores e dos passageiros de tratores agrcolas e florestais, o Decreto-Lei n. 81/2011, de 20 de Junho, veio regular os elementos e caractersticas dos tratores agrcolas ou florestais de rodas, transpondo para o DireitoRelatrio Anual de Segurana Interna 2011 Pgina 19

nacional as Diretivas n.s 2010/22/UE e 2010/52/UE, ambas da Comisso, de 15 de Maro e de 11 de Agosto. Do mesmo modo, procedeu 2. alterao ao Decreto-Lei n. 3/2002, de 4 de Janeiro, e 3. alterao ao Decreto-Lei n. 114/2002, de 20 de Abril. Merece referncia, ainda que no no mbito estrito da Segurana Rodoviria, porque o que se pretende a reduo dos custos das empresas de transporte pblico de mercadorias, o Decreto-Lei n. 82/2011, de 20 de Junho, que aprova o regime de cancelamento temporrio da matrcula dos automveis pesados de mercadorias afetos ao transporte pblico (que no estejam a circular, ou por falta de servio que justifique a sua utilizao ou por se estar a aguardar resposta candidatura aos incentivos para abate de veculos). O presente diploma legal veio alterar, pela 10. vez, o Cdigo da Estrada, aprovado pelo Decreto-Lei n. 114/94, de 3 de Maio. Por fim, o Despacho n. 7652/2011 (II srie), de 25 de Maio, veio determinar o modo de revalidao dos ttulos de conduo caducados h pelo menos dois anos, no que concerne ao local e ao modo como podem ser requeridas as provas das aptides e do comportamento e as provas prticas, necessrias para a revalidao daqueles ttulos caducados.

Proteo Civil e Emergncia No que concerne s medidas legislativas no mbito da Proteo Civil e Emergncia, o ano de 2011 iniciou-se com a publicao da Portaria n. 75/2011, de 15 de Fevereiro, que procedeu 1. alterao Portaria n. 1358/2007, de 15 de Outubro, que definiu a composio e funcionamento das equipas de interveno permanente dos corpos de bombeiros detidos por associaes humanitrias de bombeiros. Com o objetivo de consolidar o modelo que levou criao de equipas de interveno permanente (EIP), em corpos de bombeiros detidos por associaes humanitrias previstas no n. 5 do artigo 17. do Decreto -Lei n. 247/2007, de 27 de Junho, e reguladas pela Portaria n. 1358/2007, de 15 de Outubro, as quais se revelaram como aptas a garantir a prontido na resposta s ocorrncias que impliquem intervenes de socorro s populaes e de defesa dos seus bens, designadamente em caso de incndio, inundaes, desabamentos, abalroamentos, naufrgios, ou outras intervenes no mbito da proteo civil, a atual Portaria veio introduzir ajustamentos anterior Portaria n. 1358/2007, de 15Relatrio Anual de Segurana Interna 2011 Pgina 20

de Outubro, no sentido de permitir s associaes humanitrias de bombeiros manter os elementos contratados para integrar as EIP para alm do perodo de trs anos previsto no n. 1, do artigo 7., daquela portaria. A Portaria n. 136/2011, de 5 de Abril, por seu turno, veio proceder 1. alterao Portaria n. 64/2009, de 22 de Janeiro, que regulamentou o regime de credenciao de entidades pela ANPC para a emisso de pareceres, realizao de vistorias e de inspees das condies de segurana contra incndios em edifcios, pela necessidade, demonstrada pela experincia adquirida, de se proceder alterao dos pr-requisitos para credenciao dos elementos dos corpos de bombeiros. De particular destaque surge o Decreto-Lei n. 62/2011, de 9 de Maio, que estabelece os procedimentos de identificao e de proteo das infraestruturas essenciais para a sade, a segurana e o bem-estar econmico e social da sociedade nos sectores da energia e transportes e transpe a Diretiva n. 2008/114/CE, do Conselho, de 8 de Dezembro. Com o relevante objetivo da proteo das infraestruturas essenciais para a sade, segurana e bem-estar da sociedade (por exemplo, aeroportos, portos, estradas e infraestruturas ligadas produo de eletricidade, gs ou petrleo), consideradas crticas, uma vez que a sua destruio ou perturbao da atividade teriam um impacto significativo na sade, segurana e bem-estar das pessoas, o presente diploma veio obrigar identificao das infraestruturas crticas, da competncia do Conselho Nacional de Planeamento Civil de Emergncia (CNPCE), at 31 de Dezembro de 2011. Os fatores a ter em conta na referida identificao decorrem das possveis e previsveis consequncias da sua perturbao ou destruio (designadamente, nmero de feridos ou mortos em caso de acidente, efeitos na populao e prejuzos econmicos e os efeitos negativos para o ambiente), e, uma vez considerada infraestrutura crtica europeia (ICE), cada uma ter, no prazo mximo de 1 ano aps ter sido considerada ICE, um plano de segurana da responsabilidade do seu operador, e revisto anualmente. Em razo da necessria articulao com o plano das Foras de Segurana e Proteo Civil, o plano de segurana do operador tem de obter um parecer prvio da fora de segurana competente e da ANPC, para ser, por fim, validado pelo SGSSI.

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A proteo das ICE facilitada pela existncia de pontos de contacto. Em Portugal, o CNPCE o ponto de contacto para a identificao das ICE e o SGSSI o ponto de contacto para a segurana das ICE. Por fim, esta rea da Proteo Civil e Emergncia no ficaria completa sem a meno dos seguintes diplomas: O Despacho n. 2613/2011 (II srie), de 7 de Fevereiro, procedeu alterao ao Despacho n. 2849/2009, de 22 de Janeiro, com a redao dada pelo Despacho n. 13876/2010, de 1 de Setembro, que aprovou o regime dos apoios extraordinrios s Associaes Humanitrias de Bombeiros, atribudos pela ANPC. O Despacho n. 10737/2011 (II srie), de 30 de Agosto, procedeu atualizao (automtica) do valor das taxas a cobrar pelos servios de segurana contra incndio em edifcios prestados pela ANPC, fixados pela Portaria n. 1054/2009, de 16 de Setembro. O Despacho n. 10738/2011 (II srie), de 30 de Agosto, aprovou o Regulamento para Acreditao dos Tcnicos Responsveis Pela Comercializao, Instalao e Manuteno de Produtos e Equipamentos de Segurana Contra Incndio em Edifcios. Por fim, o Acrdo do Tribunal Constitucional n. 485/2011, de 29 de Novembro, veio declarar, com fora obrigatria geral, a inconstitucionalidade da norma constante do artigo 153., n. 6, do Cdigo da Estrada, na redao do Decreto-Lei n. 44/2005, de 23 de Fevereiro, na parte em que a contraprova respeita a crime de conduo em estado de embriaguez e seja consubstanciada em exame de pesquisa de lcool no ar expirado.

Estatutos de Pessoal e Dignificao das Carreiras (Foras de Segurana) Ditado pela ordem cronolgica, o tema inicia-se com a publicao da Portaria n. 110/2011, de 16 de Maro, que aprovou o regulamento de fardamento do pessoal da carreira de investigao e fiscalizao do SEF. O modelo de farda e distintivo em uso datava da Portaria n. 787/98, de 21 de Setembro, no se revelando adequado eficaz atuao no cenrio de emprego operacional do servio exigido ao pessoal da carreira de investigao e fiscalizao do SEF, pelo que este diploma legal veio criar novos modelos de fardamento de caractersticas mais operacionais, mantendo-se o anterior fardamento exclusivamente para atos cuja relevncia assim o exija, bem como estabeleceu regras de utilizao, dotao e durao do fardamento.Relatrio Anual de Segurana Interna 2011 Pgina 22

A Portaria n. 123/2011, de 30 de Maro, veio aprovar o Regulamento de Continncias e Honras da PSP e respetivos quadros, com o objetivo de definir as normas do regime de continncias e honras policiais, e estabelecer procedimentos para a prestao de continncias e honras na PSP, de modo a dignificar estes atos e a obter-se um perfeito conhecimento do seu significado, fator indispensvel ao desenvolvimento do esprito de disciplina e do sentimento de coeso na PSP. Por seu turno, a Resoluo da Assembleia Legislativa da Regio Autnoma da Madeira n. 13/2011/M, de 9 de Agosto, deliberou no sentido da apresentao Assembleia da Repblica da proposta de lei que altera o Decreto-Lei n. 465/77, de 11 de Novembro, que torna extensivo aos elementos da PSP colocados na ilha de Porto Santo o disposto no artigo 1. e no 1. do Decreto-Lei n. 38 477, de 29 de Outubro de 1951 (subsdio de residncia para os funcionrios do Ministrio das Finanas colocados em servio na ilha de Santa Maria). A mesma foi retificada pela Declarao de Retificao n. 30/2011, de 30 de Setembro. A presente Resoluo da Assembleia Legislativa da Regio Autnoma da Madeira entrou em vigor com a publicao da Lei do Oramento de Estado para 2012, pelo que, em rigor, a sua meno ditada pela data de publicao. No final do ano de 2011, o Despacho n. 17667-A/2011 (II srie), de 30 de Dezembro, fixou a percentagem de acrscimo de remunerao correspondente ao subsdio de turno do pessoal operativo do Gabinete Nacional SIRENE.

Fronteiras, Imigrao e Cooperao Internacional em Matria Penal Neste largo mbito, o ano de 2011 iniciou-se com a publicao da Portaria n. 60/2011, de 2 de Fevereiro, a qual procedeu 1. alterao Portaria n. 1403-A/2006, de 15 de Dezembro, que regulou a aferio de conhecimentos da lngua portuguesa para a aquisio da nacionalidade portuguesa, e aprovou os respetivos modelos de teste de diagnstico. A experincia, entretanto recolhida, da aplicao prtica da Portaria n. 1403-A/2006, de 15 de Dezembro, veio demonstrar a necessidade da alterao dos procedimentos relativos publicitao dos resultados obtidos nos testes de diagnstico 3.

3

No sendo matria diretamente relacionada com a Segurana Interna, esta meno justifica-se por idnticas menes em anteriores RASI. Relatrio Anual de Segurana Interna 2011 Pgina 23

Por seu turno, atravs da Resoluo da Assembleia da Repblica n. 147/2011, de 11 de Novembro, em sede da proposta de Regulamento do Parlamento Europeu e do Conselho que altera o Regulamento (CE) n. 562/2006 para estabelecer regras comuns sobre a reintroduo temporria do controlo nas fronteiras internas em circunstncias excecionais [COM (2011) 560], a Assembleia da Repblica resolveu dirigir aos Presidentes do Parlamento Europeu, do Conselho e da Comisso Europeia, um parecer fundamentado sobre a referida proposta. Nos termos do referido parecer, a Assembleia da Repblica concluiu que tal iniciativa viola o princpio da subsidiariedade, na medida em que o Tratado sobre o Funcionamento da UE reservou estas matrias para a esfera de soberania nacional dos Estados-Membros e que o objetivo a alcanar ser mais eficazmente atingido atravs de cada um dos Estados-Membros de per si, do que por uma ao comunitria, e a matria em causa caber no mbito da sua competncia legislativa reservada. Uma breve meno ao Aviso n. 75/2011, de 27 de Maio, o qual torna pblico que foram recebidas notas em que se comunica terem sido concludos os requisitos constitucionais necessrios para a manifestao do seu consentimento de estarem vinculados ao Acordo entre o Governo da Repblica Portuguesa e o Governo do Reino de Marrocos sobre Cooperao no Domnio da Luta contra o Terrorismo e a Criminalidade Organizada, assinado em Lisboa em 28 de Abril de 1992. O presente Acordo, nos termos do seu artigo 10., entrou em vigor em 4 de Junho de 2011. Importa, tambm, assinalar, o Despacho do Ministro da Administrao Interna n. 15623/2011, que determina a colocao em permanncia de um Oficial de Ligao do SEF junto do Centro de Comando Operacional da GNR. Por fim, a Resoluo da Assembleia da Repblica n. 128/2011, de 17 de Outubro, aprovou o Acordo entre a Repblica Portuguesa e os Estados Unidos da Amrica para Reforar a Cooperao no Domnio da Preveno e do Combate ao Crime, assinado em Lisboa em 30 de Junho de 2009, o qual foi ratificado pelo Decreto do Presidente da Repblica n. 71/2011, de 17 de Outubro. Tendo presente que, atravs da cooperao entre parceiros, previne-se, mais eficazmente, o combate ao crime, em particular o terrorismo, mantendo o respeito pelos direitos e liberdades fundamentais, nomeadamente a privacidade, e, partindo do reconhecimento de

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que a partilha de informao uma componente essencial da luta contra o crime, em particular o terrorismo, surge o referido Acordo na sequncia do Instrumento assinado, em Washington, em 14 de Julho de 2005, entre a Repblica Portuguesa e os Estados Unidos da Amrica, conforme o n. 3 do artigo 3. do Acordo entre a UE e os Estados Unidos da Amrica sobre Auxlio Judicirio Mtuo, assinado em 25 de Junho de 2003. de salientar que, ao abrigo do Acordo entre a Repblica Portuguesa e os Estados Unidos da Amrica para Reforar a Cooperao no Domnio da Preveno e do Combate ao Crime, as competncias em matria de consulta nele previstas, devero ser exercidas apenas para efeitos de preveno, deteo, represso e investigao do crime, e que este abrange apenas os crimes que constituem uma infrao punvel nos termos do direito interno das Partes com pena privativa de liberdade de durao mxima superior a um ano ou com uma pena mais grave.

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2.

CARACTERIZAO DA SEGURANA INTERNA

Ameaas globais seguranaTendo por referncia o ano de 2011, possvel elencar diversos fenmenos que se configuram como ameaas (potenciais ou reais) globais segurana, tais como o terrorismo, os diversos trficos (pessoas, armas, estupefacientes), que se desenvolvem no contexto da criminalidade organizada transnacional, a espionagem, as ciberameaas e a proliferao de armas de destruio em massa. No decurso do perodo em anlise, o nvel da ameaa terrorista islamista na Europa no sofreu agravamento. Porm, no contexto internacional, continuaram a existir condies propcias para a persistncia desta ameaa com origem na ideologia da Al Qaida Core, que alimenta o projeto da Jihad global e a fonte de inspirao de organizaes afiliadas e associadas, bem como de pequenos grupos e de indivduos isolados. A alterao significativa das condies de segurana noutras regies do globo, nomeadamente no Mdio Oriente, Norte de frica e Pases da regio do Sahel, poder criar novas oportunidades para o recrudescimento da atividade das organizaes terroristas afiliadas ao movimento jihadista. O terrorismo islamista uma ameaa permanente e evolutiva que obriga a um elevado nvel de vigilncia, apesar dos xitos contraterroristas, em particular dos que conduziram eliminao fsica de Bin Laden e de outras figuras emblemticas do jihadismo global e das dificuldades na execuo de atentados terroristas fora do mundo rabe e muulmano. Para alm disso, as convulses nos pases do Mdio Oriente e Norte de frica demonstraram a irrelevncia para as sociedades rabes das propostas da Al Qaida e do projeto da Jihad global para a resoluo dos seus problemas polticos, econmicos e sociais. Do ponto de vista do impacto desta ameaa na Europa, os fenmenos da radicalizao violenta associados ao aparecimento, nos Pases europeus, de pequenos grupos ou de indivduos isolados ou solitrios envolvidos no planeamento de atentados, encontram-se no centro das preocupaes contraterroristas, a par das atividades dos grupos terroristas de matriz internacional, que continuam a procurar desenvolver as suas capacidades para cometer atentados em solo europeu.Relatrio Anual de Segurana Interna 2011 Pgina 26

No mbito do crime organizado transnacional, as atividades das redes ligadas ao trfico de estupefacientes e ao fenmeno da imigrao ilegal apresentaram-se como temas de interesse para os Servios de Informaes. Tanto ao nvel do trfico de droga, como ao nvel da imigrao ilegal, foi possvel avaliar vrias tendncias de desenvolvimento do fenmeno, quer no que concerne aos grupos envolvidos, quer no que concerne aos espaos geogrficos afetados e modi operandi adotados pelos grupos criminosos envolvidos. Assim, em termos do narcotrfico, destaque para o trfico de cocana, nomeadamente quanto s questes das plataformas atlnticas, da presena de redes internacionais na frica Ocidental e dos grandes atores do narcotrfico no eixo transatlntico. O impacto deste fenmeno nos Pases africanos de lngua oficial portuguesa, mormente por fora de potenciais reflexos das dinmicas de narcotrfico em TN, constituiu-se, igualmente, como uma linha da fora da produo de informaes. Foram ainda observadas outras tendncias de desenvolvimento ao nvel do trfico internacional de estupefacientes (herona e drogas sintticas), com o objetivo de identificar e antecipar indcios de potenciais riscos/ameaas que possam impender sobre TN, visando, de igual forma, definir as tendncias do fenmeno, em especial no que concerne capacidade das redes internacionais, os modi operandi, os meios, os agentes envolvidos e as rotas, bem como as crescentes ligaes entre agentes do crime organizado e grupos terroristas. No que diz respeito imigrao ilegal, as preocupaes centram-se nos fluxos para territrio europeu provenientes de frica, da Amrica Latina e da sia, na identificao das principais rotas e agentes facilitadores e anlise das consequncias que, ao nvel poltico, social, econmico e securitrio deles resultam para os espaos de origem, de trnsito e, sobretudo, de destino. Neste quadro, o agravamento dos fluxos migratrios na rota do Mediterrneo Central, com impacto direto na situao italiana, constituiu-se como uma questo de acompanhamento prioritrio, em virtude, no s da urgncia do acompanhamento da situao e do seu impacto na estabilidade e na segurana europeia, mas, tambm, por fora da necessidade de equacionar outras ameaas decorrentes da desestruturao dos sistemas de vigilncia costeira dos Pases do Mediterrneo sul. Constituram ainda objeto de monitorizao, as tendncias dos fluxos migratrios atravs de frica, em funo, quer dos impactosRelatrio Anual de Segurana Interna 2011 Pgina 27

sociossecuritrios em Pases considerados como prioridade para Portugal, quer da sua utilizao como entrepostos para a circulao, mormente com destino Europa, de migrantes oriundos de frica e de outros Continentes, apresentando-se o continente africano como plataforma de sustentao das redes migratrias. Adicionalmente, o ano transato obrigou a uma redobrada ateno aos pontos de contacto com outras ameaas, nomeadamente o terrorismo islamista. Em 2011 foi conferido particular destaque ao acompanhamento dos riscos decorrentes do potencial estabelecimento de alianas/instrumentalizao de tipologias de ameaa diversificadas como seja narcotrfico/financiamento de organizaes terroristas, ou facilitao da imigrao ilegal/circulao de extremistas , que tm orientado o esforo de avaliao das ameaas de origem externa segurana internacional e nacional. No ano de 2011, marcado por uma crise econmico-financeira mundial, e particularmente europeia, assistiu-se a um esforo sustentado e consistente, por parte de potncias emergentes, no sentido de melhor promoverem a sua posio no contexto internacional. Numa ordem global caracterizada por uma crescente escassez de recursos, a mltiplos nveis, e marcada por um aumento da incerteza, insegurana e instabilidade, potenciadoras de uma maior conflitualidade, testemunhou-se uma cada vez mais intensa competio na defesa de interesses que, a prazo, se afiguram como suscetveis de poderem vir a configurar novos realinhamentos geopolticos. Os recentes desenvolvimentos ocorridos, no Norte de frica e Mdio Oriente, e que conduziram queda dos regimes autocrticos tunisino, egpcio e lbio, embora constituindo-se como relevantes oportunidades do ponto de vista poltico, no podem deixar de suscitar preocupaes, designadamente no contexto do terrorismo. No que concerne proliferao foi mantido o acompanhamento das atividades de Estados que se configuram como potenciais ameaas para a paz e segurana mundiais. Neste contexto merece particular destaque, o alargamento das sanes internacionais, quer do Conselho de Segurana das Naes Unidas, quer da UE, em relao aos programas nuclear e de msseis do Iro, a outros setores, como o energtico e financeiro, e que tiveram como consequncia a intensificao de procedimentos, no sentido de prevenir eventuais tentativas de transferncias de bens e tecnologia, em particular as de duplo uso, com destino aos referidos programas.Relatrio Anual de Segurana Interna 2011 Pgina 28

Igualmente relevante, do ponto de vista das ameaas globais segurana, a ciberameaa, cujos desafios colocados segurana dos Estados e de organizaes, como o caso da Aliana Atlntica, que a integrou no mbito do seu Novo Conceito Estratgico aprovado aquando da Cimeira de Lisboa, emergem como sendo cada vez maiores, devendo esta crescente preocupao funcionar como catalisador para a implementao de uma efetiva estratgia nacional neste domnio.

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Anlise das principais ameaas Segurana InternaNo mbito da criminalidade, foi observado que, apesar do decrscimo na criminalidade violenta e grave registado durante o ano de 2011, o facto de estes crimes estarem enformados de contornos progressivamente mais violentos e mais graves, acompanhados de uma intensa mediatizao, poder vir a agravar o sentimento de insegurana das populaes. Na prtica de crimes violentos concorreram, para alm de cidados portugueses ou residentes em TN, especialmente residentes em zonas urbanas sensveis (ZUS) e malhas degradadas dos grandes centros urbanos, grupos estrangeiros de dimenso varivel os quais, de modo persistente, praticam uma criminalidade itinerante em TN, explorando um amplo leque de ilcitos criminais, recorrendo a modi operandi inovadores e conexos com um elevado nvel de organizao, planeamento, sofisticao e, em alguns casos, inusitada violncia. Deve registar-se a atividade de alguns grupos biker, que, em determinados casos, esto associados a diversas prticas criminais, inclusive de natureza violenta. Durante o perodo em anlise, este sector alargou as estruturas de apoio sua atuao em Portugal. No mbito da atividade criminosa foi, tambm, detetado o florescimento de prsperos nichos de mercado, ao qual no sero alheios a difcil conjuntura econmica e os sucessivos recordes de cotao que o ouro tem atingido nos mercados internacionais, tornando os estabelecimentos de comrcio de ouro e as prprias residncias dos cidados alvos privilegiados da ao de indivduos e grupos criminosos. Do mesmo modo, tambm o elevado preo das matrias-primas com destaque para os metais no preciosos est a servir de mote para a forte intensificao de furtos, em especial de cobre, mas tambm de ferro, bronze, alumnio e outros metais, criando um mercado criminal onde coexistem o crime de oportunidade e aes evidenciando um elevado nvel de profissionalismo. A frequncia deste tipo de crimes, a sua ampla disperso em TN, mesmo em zonas mais remotas, e a extraordinria diversidade de alvos selecionados, vem agravar o sentimento de insegurana e ampliar os nveis de criminalidade registados, criando, simultaneamente, problemas de manuteno de servios assentes nas infraestruturas crticas visadas por tais atos. Em 2011, as ZUS, essencialmente concentradas nas reas Metropolitanas de Lisboa e do Porto, configuraram-se como espaos que mantm a sua forte relevncia no aparelhoRelatrio Anual de Segurana Interna 2011 Pgina 30

securitrio, no apenas pela concentrao de grupos e de atividades criminosas, mas tambm por se assumirem como territrios eficazes para a mobilizao de indivduos com predisposio significativa a aes de subverso contra a autoridade do Estado. Estas reas comportam diversos fatores de risco que, pela sua matriz criminosa, justificam uma abordagem, a ttulo preventivo, no quadro de ameaas segurana interna. Embora, em 2011, o cenrio de crise generalizada no tenha causado situaes de tenso nas ZUS, mantm-se elevado o grau de risco, tendo em conta a permeabilidade destas populaes instrumentalizao e mobilizao para a ao subversiva, por parte de grupos de interveno social antissistema, que exploram, de forma oportunista, os problemas reais das comunidades, direcionando responsabilidades e motivando indivduos jovens para a integrao de plataformas de luta antissistema e/ou movimentos de resistncia contra a autoridade do Estado. Em matria de extremismos ideolgicos, 2011 ficou marcado pelo desenvolvimento das plataformas de protesto iniciadas para a contestao da cimeira da North Atlantic Treaty Organization4 (NATO), em NOV10, s quais se deu continuidade com a reciclagem de causas e frentes de interveno pblica, facto que teve a sua expresso visvel mais significativa no movimentos das Acampadas, organizadas em diversas cidades do Pas, mimetizando o fenmeno das Puertas del Sol (MADRID), no vero de 2011. Conjugadas diversas condies, designadamente os fatores de instabilidade econmica aliados ao desencantamento das populaes em relao ao universo politico e a criao de movimentos alargados de protesto global de rua, como so exemplos o 12MARO e o 15OUTUBRO, os grupos mais atuantes no espectro radical da extrema-esquerda aproveitaram o movimento de indignao geral para uma reorganizao de meios e uma redefinio de objetivos mais orientados para a crise. Ainda que alguns destes grupos e indivduos defendam perspetivas ideolgicas extremistas e violncia poltica sobre o sistema, e apesar do forte dinamismo revelado ao longo do ano, a sua ao, em 2011, limitou-se a iniciativas de impacto meditico reduzido, muitas das quais integradas nos protestos gerais da chamada Gerao rasca e do Indignados, motivados pelo clima de instabilidade econmica e social. Por outro lado, a extrema-direita no revelou alteraes significativas em relao a 2010, sendo apenas de salientar a circunstncia atual de recuo que se vive no setor, sem prejuzo4

Organizao do Tratado do Atlntico Norte (OTAN). Relatrio Anual de Segurana Interna 2011 Pgina 31

das aes de recrutamento no meio skinhead neonazi. Portugal, merc da sua localizao geoestratgica, continua a ser considerado, por diversas estruturas criminosas transnacionais, sobretudo como um territrio com elevado potencial de trnsito de diversos produtos e bens traficados e contrabandeados. Neste sentido, as infraestruturas porturias e aeroporturias continuam a constituir alvos privilegiados do crime organizado para, atravs da identificao e aproveitamento de eventuais vulnerabilidades, procederem introduo e escoamento de bens de natureza ilcita. semelhana da tendncia verificada nos ltimos anos, o TN encarado como uma das mais relevantes portas de entrada da cocana sul-americana no espao europeu, muitas vezes com utilizao das plataformas africanas, assumindo igual protagonismo como Pas de trnsito nas rotas de trfico de haxixe provenientes do Norte de frica, com destino ao resto da Europa, tirando partido da longa costa portuguesa, particularmente a sudoeste e algarvia. Neste mbito, verifica-se uma interao com grupos nacionais, que fornecem logstica adequada para esses trnsitos. Pese embora as tendncias migratrias com destino a Portugal venham registando uma evoluo descendente, em virtude da crise scio-econmica que se vive atualmente, continua a registar-se alguma atividade por parte dos grupos criminosos que, tradicionalmente, operavam na facilitao da imigrao ilegal e trfico de seres humanos, diversificando as suas atividades noutros mercados criminais. O mercado do comrcio ilcito de armas tem mantido as suas dinmicas promovidas por redes informais, utilizando, especialmente, as ZUS, no s para a venda direta mas, tambm, para o aluguer de armas a utilizar na prtica de crimes. A atual conjuntura econmica e financeira, e as vulnerabilidades da decorrentes, potenciaram, durante 2011, a explorao ilcita de alguns setores de atividade, em reas como a consultoria financeira, a concesso de crdito, a insolvncia e a recuperao de empresas ou o comrcio de ouro e metais preciosos, entre outros delitos econmicos, de maior ou menor dimenso. As concomitantes dificuldades no acesso ao crdito e a falta de liquidez, sentidas em diversos setores de atividade, promovem uma maior abertura dos agentes econmicos nacionais, face a investimentos com origem potencialmente ilcita. Neste quadro, so particularmente relevantes quer o potencial agravamento de umaRelatrio Anual de Segurana Interna 2011 Pgina 32

situao financeira dos agentes econmicos nacionais, j de si debilitada, expostos agora a prticas de cariz fraudulento, quer o incremento do risco de incorporao na economia nacional de fundos provenientes da atividade de estruturas criminosas transnacionais. Esta conjuntura , tambm, passvel de potenciar o crescimento da economia paralela, tornando particularmente relevante a deteo e monitorizao de ilcitos relacionados com a fraude/evaso fiscal. A crescente preocupao com as ciberameaas marcou o ano de 2011, tendo sido muito sentida a necessidade de reforar os dispositivos de segurana, designadamente atravs da aprovao de uma estratgia nacional de cibersegurana e de um centro nacional de cibersegurana. O ano ficou, ainda, marcado pela ao dos coletivos Hacker e, com muito menor impacto meditico, pelo incremento do nmero e complexidade de instncias de cdigo malicioso, com particular destaque para os trojans orientados para as plataformas da banca online. A ameaa corporizada pelo terrorismo jihadista, de matriz islamista, conotado com a AQ e grupos afiliados, particularmente a Al Qaida no Magreb Islmico (AQMI) e a Al Qaida na Pennsula Arbica (AQPA), no obstante o movimento jihadista mundial ter sofrido um significativo revs com a morte de vrios dos seus mais destacados lderes, foi alvo de permanente monitorizao, visando identificar as tendncias de evoluo. Neste mbito, o estabelecimento de novos santurios/novas frentes da Jihad e a promoo da Jihad individual constituiu preocupao permanente. Foi, igualmente, acompanhada a evoluo da ameaa terrorista na Europa, numa dupla perspetiva: externa e endgena ou homegrown, tendo sido conferida especial ateno s relaes estabelecidas entre extremistas europeus e os palcos internacionais de Jihad. Ainda na Europa, foi acompanhado o potencial de conflitualidade e crispao social, decorrente das tenses entre as comunidades muulmanas e as sociedades europeias, tanto no que concerne ao possvel aprofundamento do sentimento anti-islmico, como no respeitante ao potencial aumento da recetividade a ideais extremistas e eventual radicalizao no seio das comunidades muulmanas. De entre os grupos terroristas que podero visar o desenvolvimento de atividades em TN salienta-se a AQMI, que tem vindo a dar sinais de aumento da sua capacidade operacional e de influncia crescente nas regies do Magreb e do Sahel. Esta ameaa, embora seja h

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muito alvo de ateno dos Servios de Informaes, dever merecer um maior esforo operacional no decurso dos prximos anos, dada a proximidade geogrfica ao Norte de frica e a facilidade de movimentao de extremistas atravs das fronteiras externas da UE. No plano do terrorismo basco, o facto de a ETA ter anunciado a "cessao definitiva da sua atividade armada" no afasta o risco de reutilizao do TN como base de recuo ou de fuga de operacionais ou como local de retaguarda para a sua eventual reorganizao operacional. Em 2011, constatou-se a ocorrncia de um quadro de crescente complexidade das atividades de espionagem, num contexto em que, visando tirar partido do atual momento de crise econmica, Pases que aspiram a tornar-se potncias emergentes procuraram promover o seu posicionamento, em termos globais, face aos polos de poder existentes. Assistiu-se, pois, a um recrudescimento das atividades dos Servios de Informaes, como forma de assegurar os interesses dos respetivos Pases, quer por via da influncia de decisores, quer, ainda, pela obteno de conhecimentos crticos para a sua almejada capacidade de projeo de poder, em consonncia com os objetivos e prioridades estratgicas estabelecidas, em ordem a potenciar uma maior expresso das suas potencialidades. No contexto da agenda externa de Portugal, como membro no permanente (durante o binio 2010-2012) no Conselho de Segurana das Naes Unidas, incumbido de liderar a Comisso sobre a Coreia do Norte e o Grupo de Trabalho sobre os Tribunais Internacionais (sob a gide da Organizao das Naes Unidas - ONU), os Servios de Informaes procuraram apoiar o exerccio dessa liderana. Tambm merecedoras de especial ateno, em termos de anlise e preveno, foram as convulses polticas e sociais ocorridas no Norte de frica e Mdio Oriente suscetveis de se constiturem como atentatrias da segurana nacional, nomeadamente ao nvel da atividade de elementos relacionados com Servios de Informaes, na dependncia dos regimes cessantes ou emergentes, com particular destaque para a Lbia. Face aos desafios colocados, pelo agravar das crises das dvidas soberanas, em particular na UE, continuou a verificar-se um interesse acrescido de Servios de Informaes estrangeiros por matrias de ndole poltica em TN, a par de atividades de espionagem econmica e industrial, junto de setores estratgicos, e de reas relacionadas com oRelatrio Anual de Segurana Interna 2011 Pgina 34

conhecimento, nomeadamente as que se encontram associadas inovao. A ateno de certos Pases por tecnologia inovadora pode ser entendida como uma ameaa, no apenas ao nvel da proteo dos interesses econmicos mas, tambm, no domnio da contra proliferao, tendo como horizonte o propsito de obstar a que bens de uso dual possam vir a ser utilizados em programas de ADM.

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Criminalidade participadaOs dados apresentados no presente Captulo tm por fonte a Direo-Geral da Poltica de Justia (DGPJ)5, do Ministrio da Justia, e so relativos criminalidade participada aos/pelos OPC de competncia genrica (GNR, PSP e PJ), mantendo-se a metodologia adotada h mais de uma dcada para a elaborao dos Relatrios Anuais de Segurana Interna 6 (RASI). Para alm dos trs OPC atrs referidos, a DGPJ recebe e sistematiza, tambm, dados relativos criminalidade participada pelas seguintes entidades: SEF, Polcia Martima, Autoridade de Segurana Alimentar e Econmica (ASAE), Autoridade Tributria e Aduaneira (AT) 7 e Polcia Judiciria Militar (PJM). Durante o ano de 2011, as entidades atrs referidas participaram um total de 9.905 ilcitos criminais, menos 6,1% em relao ao ano anterior. No que respeita aos dados do ano de 2010, estes sofreram pequenas correes, enviadas pela DGPJ a este Gabinete, correes estas que foram remetidas pela GNR e PSP quela Direo-Geral. Contudo, tais correes no afetaram os totais nacionais mas, apenas, a distribuio geogrfica dos dados em quatro Distritos. As correes em causa foram efetuadas nos dados da GNR e da PSP, tendo, nos dois casos, sido corrigida a associao de algumas entidades aos respetivos Municpios e Distritos. Estas correes foram acompanhadas e confirmadas pelas respetivas Foras de Segurana, tendo-se traduzido no seguinte: a) No Distrito de Lisboa os valores passaram de 106.998 para 107.861; b) No Distrito do Porto os valores passaram de 66.569 para 65.706; c) No Distrito de Santarm os valores passaram de 16.470 para 16.379; d) No Distrito de Aveiro os valores passaram de 25.645 para 25.736.

5

Entidade competente para assegurar a recolha, utilizao, tratamento e anlise da informao estatstica da Justia e promover a difuso dos respetivos resultados, no quadro do sistema estatstico nacional, nos termos do Artigo 2, n. 2 do Decreto-Lei n. 123/2007, de 27 de Abril. 6 Mapa para Notao de Crimes (instrumento para notao do Sistema Estatstico Nacional, nos termos da Lei n. 6/89, de 15 de Abril). 7 Inclui dados dos Servios Aduaneiros e dos Servios Tributrios. Relatrio Anual de Segurana Interna 2011 Pgina 36

Criminalidade geralDurante o ano 2011, a GNR, PSP e PJ registaram um total de 405.288 participaes de natureza criminal. A tabela abaixo representada apresenta as 14 tipologias criminais mais participadas (peso relativo igual ou superior a 2% no global):CRIMES MAIS PARTICIPADOS EM 2011Outros furtos Furto em veculo motorizado Furto em residncia c arromb Escal Ou chaves falsas Ofensa integridade fsica voluntria simples Violncia domstica contra cnjuge ou anlogos Conduo de veculo com taxa de lcool igual superior a 1,2 Outros danos Furto de veculo motorizado Conduo sem habilitao legal Ameaa e coao Furto em edif Comerc Ou indust C arromb Escal Ou chav Furto por carteirista Roubo na via pblica exceto por estico Roubo por estico

46.685 38.090 28.299 27.895 23.741 23.274 20.806 19.478 17.083 15.808 15.393 11.325 8.396 7.918 Total

304.191

Este conjunto de crimes representa, aproximadamente, 75% do global das participaes registadas no ano em anlise.

Relatrio Anual de Segurana Interna 2011 Pgina 37

Criminalidade por grandes categoriasAs grandes categorias de crimes apresentam uma distribuio idntica registada nos ltimos anos: os crimes contra o patrimnio continuam a ser a categoria que observa maior nmero de registos, com um total de 228.261 ocorrncias, representando um peso relativo de 56,3% na criminalidade participada a nvel nacional. Em segundo lugar, surgem os crimes contra as pessoas, com um peso relativo de 22,5%, seguidos dos crimes contra a vida em sociedade (11,5%), dos crimes previstos em legislao penal avulsa (8,2%) e dos crimes contra o Estado (1,5%). 8

Peso relativo das grandes categorias criminais no globalPatrimnio

56,3 %

Pessoas Vida em Sociedade Leg. Penal Avulsa Estado

22,5 % 11,5 % 8,2 %

1,5 %

8

Na categoria criminal dos crimes contra a identidade cultural e integridade pessoal foram registadas, durante o ano de 2011, apenas 4 participaes (0,001%). Relatrio Anual de Segurana Interna 2011 Pgina 38

Criminalidade participada em cada Distrito e Regio AutnomaNa tabela seguinte so apresentados os registos totais das participaes efetuadas em cada Distrito e Regio Autnoma, tendo por referncia a localizao do departamento policial onde foi formalizada a participao (no caso da GNR e PSP), ou local onde ocorreu o crime (no caso da PJ), em conformidade com as metodologias de notao definidas pela DGPJ.

PARTICIPAES CRIMINAIS POR DISTRITO E REGIES AUTNOMAS EM 2011Aveiro Beja Braga Bragana C. Branco Coimbra vora 24.156 4.240 25.794 5.084 5.554 14.663 4.715 Faro Guarda Leiria Lisboa Portalegre Porto Santarm 26.576 4.254 17.509 105.980 3.540 64.632 16.245 Setbal Viana Castelo Vila Real Viseu R.A. Aores R.A. Madeira S/ referncia 36.469 8.922 7.105 9.892 10.234 7.389 2.335

Total 405.288

Os dados que vm sendo fornecidos DGPJ pelos OPC, ao longo dos ltimos anos, no permitem referenciar geograficamente o local da prtica do crime, mas apenas o departamento policial 9 responsvel pela elaborao da participao e respetiva notao criminal.

Ao nvel do Posto, no caso da GNR, e ao nvel da Esquadra, no caso da PSP. No que respeita PJ, a indicao do Distrito tem por suporte o local da prtica do ilcito, quando possvel identificar. Relatrio Anual de Segurana Interna 2011 Pgina 39

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Criminalidade violenta e graveA criminalidade violenta e grave, constituda pelos crimes que mais afetam o sentimento de segurana dos cidados, representada na tabela abaixo, tendo sido registado um total de 24.154 participaes.

CRIMINALIDADE VIOLENTA E GRAVE EM 2011Homicdio voluntrio consumado Ofensa integridade fsica voluntria grave Rapto, sequestro e tomada de refns Violao Roubo por estico Roubo na via pblica (exceto por estico) Roubo a residncia Roubo de viatura Roubo a banco ou outro estabelecimento de crdito Roubo a tesouraria ou estaes de correio Roubo a farmcias Roubo a ourivesarias Roubo em posto de abastecimento de combustvel 117 809 507 374 7.918 8.396 733 392 89 37 107 137 250 Roubo a outros edifcios comerciais ou industriais Roubo em estabelecimento de ensino Roubo em transportes pblicos Roubo a transporte de valores Outros roubos Extorso Pirataria area e outros crimes contra a segurana da aviao Motim, instigao ou apologia pblica do crime Associaes criminosas Resistncia e coao sobre funcionrio Outras organizaes terroristas e terrorismo internacional Organizaes terroristas e terrorismo nacional 907 43 444 47 853 178 9 7 53 1.744 1 2

Total

24.154

Nota: os valores inferiores a 3 so ocultados respeitando o prncipio do segredo estatstico

Relatrio Anual de Segurana Interna 2011 Pgina 40

Criminalidade participada nalguns Pases da Unio EuropeiaNeste captulo, semelhana do que tem vindo a suceder em anteriores RASI, continuam a subsistir dificuldades na obteno de dados que nos permitam, com rigor, efetuar comparaes entre Pases da UE, no que respeita criminalidade participada. Para este efeito, optou-se por se recorrer ao Gabinete de Estatsticas da UE (Eurostat 10) sendo que, este Organismo apenas tem disponvel, ao nvel das estatsticas criminais, dados relativos ao ano de 2009. Neste contexto, e uma vez que no foi possvel recorrer ao Balance 2011, do Ministrio do Interior de Espanha 11, instrumento que se tem invocado para a elaborao da comparao estatstica entre Pases Europeus, recorreu-se ao relatrio Crime and Criminal Justice, 2006-2009, do Eurostat 12. De acordo com os dados deste relatrio 13, Portugal continua a apresentar a 2. menor taxa de criminalidade por 1.000 habitantes, sendo apenas superado pela Grcia:Pas Sucia Blgica Dinamarca Finlndia UK Holanda Alemanha ustria Luxemburgo Frana Espanha Itlia Portugal Grcia N Habitantes Crimes - 2009 Crimes/1.000 Habit. 9.256.347 10.753.080 5.511.451 5.326.314 61.595.091 16.485.787 82.002.356 8.355.260 493.500 64.366.894 45.828.172 60.045.068 10.627.250 11.260.402 1.405.626 1.044.242 491.792 431.598 4.785.771 1.232.482 6.054.330 591.597 32.378 3.521.256 2.335.034 2.629.831 416.05814

152 97 89 81 78 75 74 71 66 55 51 44 39 34

386.893

Organizao estatstica da Comisso Europeia que produz dados estatsticos para a Unio Europeia e promove a harmonizao dos mtodos estatsticos entre os estados membros. 11 Este ano, at data de elaborao do presente RASI, o Ministrio do Interior espanhol ainda no tinha divulgado as estatsticas criminais de 2011. 12 Ver: http://epp.eurostat.ec.Europa.eu/portal/page/portal/crime/data/database. 13 UE (15), embora no sejam contemplados dados da Irlanda, por no constarem no documento. 14 Dados do RASI 2009. Relatrio Anual de Segurana Interna 2011 Pgina 41

10

Por outro lado, de acordo com os dados inscritos no Relatrio do Eurobarmetro 76 tabela de resultados15 - Public Opinion in the European Union publicado em Dezembro de 2011, o crime/insegurana surge em 4. lugar na mdia das principais preocupaes dos cidados europeus16, em resposta pergunta Neste momento, quais so os dois problemas mais importantes a enfrentar (pelo nosso Pas)? Nas respostas dadas por cidados nacionais, este item surge na 5. posio das suas preocupaes (com um valor de 8%), abaixo da mdia europeia, que apresenta um valor de 11%.

Percepo do CRIME como uma das prioridade para o pasChipre Romnia Rep. Checa Reino Unido Eslovnia Frana Alemanha Irlanda Bulgria Dinamarca Holanda Blgica Litunia Grcia UE (27) ustria Eslovquia Hungria Sucia Luxemburgo Portugal Estnia Espanha Letnia Finlndia 22 20 19 18 16 14 14 13 13 13 12 12 12 11 11 10 9 8 8 8 8 7 6 6 6

Dados: EUROBARMETRO 76 Dezembro 2011

Cf. http://ec.Europa.eu/public_opinion/archives/eb/eb76/eb76_anx_en.pdf - dados relativos ao Outono de 2011. Em 1. lugar surge a situao econmica (46%); em 2. lugar, o desemprego (45%); em 3. lugar, a inflao (27%); em 4. lugar, a criminalidade/insegurana (11%), em 5. lugar, os impostos (7%), em 6. lugar, o terrorismo (4%) e em 7. lugar, a defesa/negcios estrangeiros (1%).16

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Relatrio Anual de Segurana Interna 2011 Pgina 42

No mesmo Relatrio, quando confrontados com o papel dos Governos nacionais e da UE no combate ao terrorismo 17, 70% dos portugueses inquiridos consideraram que as decises neste mbito devero ser tomadas de forma concertada no seio da UE (27) e apenas 23% entenderam que devero ser tomadas pelos Governos. A mdia da UE de 78% na primeira resposta e de 37% na segunda.

Papel da Unio Europeia / Governos Nacionais no combate ao terrorismoAlemanha Eslovquia Letnia Estnia Rep. Checa Finlndia Sucia Portugal Polnia Hungria Blgica Chipre Dinamarca Litunia Reino Unido Eslovnia ustria Holanda Luxemburgo Itlia UE (27) Bulgria Romnia Espanha Grcia Malta Frana Irlanda 85 87 90 87 87 79 90 70 82 84 86 86 92 89 62 85 72 89 92 73 78 87 73 72 69 86 85 73 21 22 25 31 10 13 20 35 14 27 11 7 23 16 14 14 13 7 8 12 12 7 11 12 19 9

3711

Dados: EUROBARMETRO 76 Dezembro 2011

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No Eurobarmetro 74 referido no RASI 2010 a questo colocada prendia-se com o papel dos Governos nacionais e da UE no combate criminalidade/insegurana. Relatrio Anual de Segurana Interna 2011 Pgina 43

Anlise de dados

Criminalidade geralEm 2011, os OPC de competncia genrica (GNR, PSP e PJ) registaram um total de 405.288 participaes, o que representa um decrscimo de 2% (-8.312 ocorrncias criminais registadas), quando comparado com o ano anterior, consolidando, assim, a tendncia de descida observada nos ltimos 3 anos.

Total de participaes 2003 - 2011440.000 420.000 400.000 380.000 360.000 340.000 320.000 300.000 Ano 2003 Ano 2004 Ano 2005 Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009 Ano 2010 Ano 2011 409.509 405.605-1,0% 2,0% 0,1% 7,5%

421.037 391.085 383.253-5,5%

0,5 0 416.058-1,2%

391.611

413.600-0,6%

405.288-2,0 %

-0,5 -1 -1,5 -2 -2,5

Analisando os crimes com maior representatividade, destacaram-se, desde logo, os crimes associados ao furto, na sua generalidade, com especial incidncia no furto em veculo motorizado e no furto em residncia. Analisando os crimes que compem a tabela seguinte, distinguiram-se, pela positiva, os decrscimos observados no roubo na via pblica (exceto por estico), com uma diminuio de 1.079 casos (-11,4%), no furto em veculo motorizado, com menos 2.932 casos (-7,1%), na violncia domstica contra cnjuge ou anlogo, com menos 1.385 casos (-5,5%) e no furto de veculo motorizado, com menos 809 casos (-4%). Em sentido contrrio, realaram-se os acrscimos registados nos crimes de roubo por estico, com mais 1.386 casos (+21,2%), no furto em residncia, com mais 1.658 casosRelatrio Anual de Segurana Interna 2011 Pgina 44