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Relatório de Atividades Anuais 2012

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Relatório institucional referente às ações realizadas no ano de 2012 pelo Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador (CETRA).

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Page 1: Relatório de Atividades Anuais 2012

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Page 2: Relatório de Atividades Anuais 2012

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Sumário Apresentação ......................................................................................................................................................... 3

Nos caminhos de uma vida melhor .......................................................................................................... 5

O CETRA ................................................................................................................................................................ .... 8

Missão ................................................................................................................................................................ ......... 8

Público Acompanhado ........................................................................................................................................ 9

Referencial Metodológico Institucional .................................................................................................... 10

Projetos, ações e resultados ...................................................................................................................... 12

Projeto Dom Helder Câmara ......................................................................................................................... 12

Caminhos da Sustentabilidade: Agroecologia e Segurança Alimentar no Semiárido Cearense ................................................................................................................................................................ 14

Uma Terra e Duas Águas – P1+2 ................................................................................................................ 16

Programa Um Milhão de Cisternas - P1MC ............................................................................................. 19

Assentamentos em Ação para o Fortalecimento da Agricultura Familiar ................................. 20

Projeto Fundo Rotativo ................................................................................................................................... 23

Comercialização Solidária – Feiras e Mercado Institucional ............................................................28

Juventude Rural: Cultura, Organização e Protagonismo ................................................................... 33

Empoderamento e Autonomia de Mulheres Rurais ............................................................................. 40

Estratégias de Gestão ....................................................................................................................... 47

Eventos Realizados ........................................................................................................................................... 50

Conversa de Quintal ........................................................................................................................................... 50

Dia Internacional da Mulher .......................................................................................................................... 53

Encontros Territoriais de Agroecologia e Socioeconomia Solidária ............................................ 55

Representação Institucional .......................................................................................................................... 58

Participação em Eventos ................................................................................................................................. 58

Parcerias ................................................................................................................................................................ 59

Conquistas e desafios ........................................................................................................................................ 60

Anexos .................................................................................................................................................. 61

Page 3: Relatório de Atividades Anuais 2012

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APRESENTAÇÃO

O ano de 2012 foi intenso, de muita energia positiva e de ânimo

para fortalecer as ações voltadas para a Convivência com o Semiárido, os

cuidados com o meio ambiente, a participação das mulheres e da juventude.

Foi um período de muitas realizações e também de emoções, especialmente

quando feitas junto às famílias agricultoras do Ceará, lideranças rurais,

técnicos e entidades parcerias, seja diretamente nas comunidades, seja em

eventos locais, regionais e nacionais.

Esta sistematização de tudo que realizamos expressa a dinâmica

institucional referente ao ano de 2012. O intuito é partilhar as experiências

vivenciadas por diferentes sujeitos na produção agroecológica, na

comercialização solidária, na construção da equidade nas relações de gênero

e de gerações, na ampliação e na multiplicação de conhecimentos, visando o

desenvolvimento rural sustentável e solidário e a visibilidade institucional.

Acreditamos que a superação da pobreza exige mudanças estruturais –

econômicas, políticas, educacionais, culturais, ambientais - especialmente

aquelas ligadas ao modelo de desenvolvimento. O cotidiano, nesse contexto,

aparentemente desprovido de intencionalidade revolucionária, se desponta,

principalmente, porque é neste espaço, onde agricultores e agricultoras

garantem sua produção e reprodução e, ainda criam formas de resistência

contra tudo aquilo que ameaça sua forma de vida.

É na luta diária onde também são construídas as mudanças – na

família, no roçado, no quintal, na associação, no sindicato, na feira. Portanto,

uma vida digna no Semiárido passa, necessariamente, pelo empoderamento

dos sujeitos sociais, pelo reconhecimento das identidades, pelo respeito às

especificidades e por mudanças na direção das políticas públicas

relacionadas ao mundo rural. O CETRA, ao longo de sua história é

comprometido com essas mudanças e este relatório que é o resultado do

esforço coletivo: instâncias de gestão e equipe técnico-operacional. Seu

objetivo é apresentar ao público, especialmente a agricultores e agricultoras,

parceiros e apoiadores, o resultado das ações que repercutem no

Page 4: Relatório de Atividades Anuais 2012

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desenvolvimento das unidades familiares, na construção do conhecimento,

na apropriação de tecnologias sociais, na organização dos espaços sócio-

político-cultural e na comercialização solidária. Portanto, no desenvolvimento

rural sustentável.

Continuamos com o exercício de refletir nossa prática, rever os

processos institucionais e sistematizar experiências e aprendizados de uma

trajetória de 31 anos. Compartilhamos, além da descrição das atividades,

imagens e algumas falas que melhor expressam o que foi realizado nos

Territórios da Cidadania Vales do Curu e Aracatiaçu e Sertão Central durante

o ano. Este Relatório está sistematizado em dois formatos:

i) Versão completa em CD-ROM;

ii) Síntese impressa, indicando os itens gravados no CD-ROM. Com isso

buscamos oferecer um panorama geral das ações e também evitar o

desperdício de papel, atitude de proteção da natureza.

Coordenação Colegiada

Page 5: Relatório de Atividades Anuais 2012

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NOS CAMINHOS DE UMA VIDA MELHOR

Se olharmos um pouco para trás, a partir do ano de 1978, veremos

que a situação no campo era crítica, uma realidade que perversamente

combinava extrema miséria, violência, exploração e expropriação dos meios

de produção de milhares de trabalhadores e trabalhadoras rurais. Mas

também um tempo onde brotava a luta, a resistência e a organização social.

Foi nesse período que a semente do CETRA foi sendo semeada - na serra,

no sertão e na praia – passando, a partir de 1981, a possuir personalidade

jurídica

Dinâmica de interação em Oficina de Formação em Agroecologia - Arquivo CETRA

Nunca é demais lembrar nossa história, nossa caminhada, nossos

processos de construção de conhecimento e de novos saberes. Os processos

de organização social e política de trabalhadores rurais em luta por justiça no

campo. Hoje, passadas mais de três décadas e alcançadas algumas

conquistas, especialmente no que se refere aos direitos de trabalhadores e

Page 6: Relatório de Atividades Anuais 2012

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trabalhadoras rurais, o CETRA continua sua atuação no campo, no âmbito da

convivência com o semiárido na perspectiva do fortalecimento da agricultura

familiar agroecológica, da igualdade de gênero e da socioeconomia solidaria,

tendo em vista sempre, os direitos humanos e especialmente, a superação da

pobreza.

Sob um novo paradigma, a assistência técnica e social voltada

para a Agricultura Familiar e referenciada na Política Nacional de Assistência

Técnica e Extensão Rural (PNATER) contribui com a consolidação do meio

rural como um espaço social e de produção, ainda que, enfrentando muitos

obstáculos. A agricultura familiar no Brasil é responsável por cerca de 70% da

comida que chega à mesa do povo brasileiro, cumprindo, assim, o papel

vinculado a segurança alimentar do país, como revelam os dados do Censo

Agropecuário de 2006 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas –

IBGE/2009, enquanto que a maior parte da produção do agronegócio é

destinada ao mercado de exportação. As informações geradas pelo Censo

expressam a atualidade e a importância econômica e social da produção

agrícola familiar, além de demonstrarem que a concentração de terras no

país, representa um dos maiores impedimentos para a implantação de outro

estilo de desenvolvimento rural.

Assim, já se vão 34 anos desde o comecinho, com os primeiros passos

dessa história dados em 1978. História que é alimentada através de sonhos,

da reflexão crítica e do esforço coletivo de homens e mulheres de muitas

gerações – agricultoras, agricultoras, técnicos, acadêmicos, entre tantos.

Trata-se, portanto, da construção de um mundo justo, igualitário e

democrático.

As mudanças, fruto das lutas cotidianas desses sujeitos sociais,

despontam na realidade e na paisagem do Semiárido, pleno de

possibilidades. As mudanças observadas no Semiárido têm implicações

políticas e econômicas, sociais e culturais, de modo que, mesmo com a

severa seca que o Ceará atravessa, a vida no campo está muito diferente, é

outra vida comparada àquela de trinta e poucos anos atrás. É claro que isso é

o reflexo de políticas públicas voltadas para a agricultura familiar, que

finalmente chegaram ao campo.

Page 7: Relatório de Atividades Anuais 2012

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O CETRA é parte desses processos. Cresceu e hoje tem

abrangência estadual em razão dos diferentes projetos que desenvolve,

voltados para a convivência com Semiárido, para a justiça de gênero, para a

inclusão da juventude rural, enfim, para o desenvolvimento rural sustentável.

Neste relatório, procuramos compartilhar as experiências e o trabalho coletivo

realizado, prioritariamente nos Territórios da Cidadania Vales do Curu e

Aracatiaçu e Sertão Central, além da atuação em outras regiões e municípios

do Estado.

Agradecemos a agricultores e agricultoras participantes desse

processo, a toda equipe técnico-social que, com compromisso e criatividade,

colaborou efetivamente na construção de outra realidade: uma vida melhor.

Agradecemos também aos parceiros e financiadores que, em mais um ano,

creditaram confiança em nosso trabalho.

Antonio Pereira Neto Diretor Presidente

Maria Nair Soares Diretora Secretária

Page 8: Relatório de Atividades Anuais 2012

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O CETRA Missão

O CETRA tem por missão “Promover o Desenvolvimento Rural

Sustentável, considerando as dimensões, econômica, política, de gênero,

socioambiental e cultural junto a agricultoras e agricultores familiares com base

na agroecologia, na socioeconomia solidária na igualdade de gênero e na

universalização dos direitos humanos, visando uma sociedade justa e

igualitária”.

Sua visão de futuro diz respeito a tornar-se referência no

desenvolvimento de ações para a Convivência com o Semiárido, no campo

da agroecologia e da socioeconomia solidária, com ênfase em tecnologias

sociais e na comercialização em feiras agroecológicas e solidárias.

A entidade definiu seis estratégias de missão, através das quais

procura-se contribuir efetivamente para o cumprimento da missão, a partir da

agricultura familiar de base agroecológica, tendo em vista ações de

abrangência nos diferentes segmentos humanos – mulheres e homens,

jovens e adultos, povos tradicionais e quilombolas – que vivem em

comunidades rurais nos Territórios prioritários da atuação institucional –

Territórios da Cidadania Vales do Curu Aracatiaçu e Sertão Central.

Entretanto, também desenvolveu ações com famílias agricultoras

de outros Territórios e municípios do Ceará com programas de implantação

de tecnologias sociais de convivência com o Semiárido.

Durante esse ano desenvolveram-se projetos, relacionados com

as linhas estratégicas da Missão institucional, a saber:

1. Fomentar ações de convivência com o semiárido, contribuindo para o

fortalecimento da Agricultura Familiar;

2. Fomentar ações de enfrentamento à desertificação, priorizando a

preservação da biodiversidade da Caatinga e seu manejo

sustentável;

3. Contribuir na ampliação do acesso de agricultores e agricultoras às

diversas formas de financiamento, priorizando as iniciativas de

socioeconomia solidária;

Page 9: Relatório de Atividades Anuais 2012

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4. Apoiar iniciativas de comercialização solidária, que favoreçam a

geração de renda, priorizando as feiras agroecológicas e solidárias;

5. Apoiar processos de organização da juventude rural, em sua

dimensão social, ambiental, econômica, cultural e política,

fortalecendo o protagonismo juvenil;

6. Contribuir para o fortalecimento da organização das mulheres

trabalhadoras rurais, para o exercício da cidadania e a construção de

relações igualitárias de gênero.

A principal finalidade das ações é fortalecer a agricultura familiar,

objeto da estratégia institucional, a fim de criar condições favoráveis a uma

melhor convivência com o Semiárido e a boas oportunidades para produzir e

gerar renda, tendo acesso a créditos e à comercialização solidária.

A inserção da juventude rural nas áreas da cultura e geração de

renda e o empoderamento sociopolítico, econômico e cultural das mulheres

nos dois territórios da ação institucional são elementos essenciais ao

desenvolvimento integrado e sustentável, considerando o respeito aos

direitos humanos de agricultores e agricultoras familiares do Ceará.

O enfrentamento à desertificação é uma linha estratégica

importante para a entidade, haja vista que a maior parte do Território do

Estado do Ceará é situada no semiárido, antes conhecida como “Polígono

das Secas”, com predominância do Bioma Caatinga. Mesmo não tendo

ações diretas nessa estratégia durante este ano, trabalhou com 30 famílias,

remanescentes de projeto executado no ano anterior, que estimulou a

adoção de práticas de manejo da Caatinga no Território da Cidadania Sertão

Central, disseminando novos conhecimentos e revelando os benefícios

resultantes dessa prática de manejo deste importante e único Bioma, que só

existe no Nordeste do Brasil.

Público Acompanhado O público prioritário das ações do CETRA é constituído de homens

e mulheres de diferentes gerações. São pessoas assentadas da reforma

agrária, com propriedades de terra que variam entre 10 a 50 ha., parceiros e

meeiros que vivem em localidades dos municípios constantes da área

Page 10: Relatório de Atividades Anuais 2012

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geográfica da ação institucional. São, especialmente famílias de baixa renda,

que vivem na zona rural do Ceará, produzindo alimentos prioritariamente

para o autoconsumo, utilizando a mão-de-obra familiar. Outras características

do público acompanhado pelo CETRA são:

• Mais de 80% de sua renda vem da agricultura;

• Não utiliza mão-de-obra remunerada;

• Utiliza implementos agrícolas manuais;

• A maioria não tem acesso a crédito para produção e

comercialização;

• A maior parte das sementes empregadas corresponde a

variedades locais, próprias e ancestrais;

• A comercialização do excedente da produção, quando há, é feita

na comunidade e/ou em feiras agroecológicas e solidarias nos

municípios;

• Possui renda mensal familiar inferior a um salário mínimo;

• As pessoas adultas acima de 40 anos possuem baixo grau de

escolaridade, havendo ainda pessoas analfabetas;

• Enfrenta dificuldades no acesso aos serviços públicos,

principalmente de crédito, saúde, infraestrutura, saneamento

básico, cultura e lazer;

• Possui acentuada religiosidade.

Referencial Metodológico Institucional O referencial metodológico que orienta a realização das ações do

CETRA baseia-se no processo participativo, no diálogo e, principalmente, na

construção de conhecimento. Trata-se de um processo complexo que

compreende o saber gerado socialmente por técnicos/as e agricultores/as, os

saberes comuns a esses sujeitos e as trocas de experiências, sendo esse

fluxo responsável por gerar novos conhecimentos, ou seja, sintetizar as

aprendizagens coletivas e o espírito inovador humano, quando estimulado a

buscar resolução de problemas, questões, perguntas. A ação político-

pedagógica busca, portanto, estimular e potencializar esse fluxo de

conhecimentos, partindo da interação entre o saber técnico científico e o

Page 11: Relatório de Atividades Anuais 2012

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contexto de vida de agricultores e agricultoras, do saber/fazer, do

reconhecimento das identidades e dos aspectos sócios históricos e culturais.

Predomina na ação institucional o respeito à autonomia e à

autodeterminação dos sujeitos sociais – ativos, dinâmicos, protagonistas –

que são estimulados a liderarem as dinâmicas locais, inclusive atuando como

agentes multiplicadores/as de experiências em agroecologia, considerando,

especialmente, a construção de relações igualitárias entre homens e

mulheres, e entre adultos e jovens.

A abordagem metodológica – sensibilização, discussão, capacitação e

formação – contempla técnicas pedagógicas participativas, vivenciais e a

observação empírica da realidade em transformação.

Durante a realização das atividades, agricultores e agricultoras

participantes, são estimulados/as à troca de saberes e de experiências, em

nível local, regional, intermunicipal e interestadual.

Nos processos de formação e capacitação são adotados

procedimentos metodológicos e didático-pedagógicos, como dinâmicas de

grupo, práticas de campo, estudos dirigidos, interpretação de textos e sua

relação com a realidade, estudos de caso, dramatizações, elaboração de

diagnósticos, construção de mapas das unidades familiares, entre outras.

Nesse contexto, os intercâmbios de experiências são instrumentos

essenciais para estimular a troca de conhecimento.

Formação da equipe – Relações de gênero

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Projetos, Ações e Resultados

Os projetos a seguir compõem as linhas estratégicas institucionais. Eles

encontram-se relacionados e se complementam.

Projeto Dom Helder Câmara - PDHC

Da relação de parceria com o Projeto Dom Helder Câmara (PDHC), 899

famílias do Território da Cidadania Sertão Central receberam assistência

social e técnica para ampliar seus conhecimentos e dinamizar suas práticas

sobre as alternativas de convivência com o Semiárido em comunidades dos

seguintes municípios:

• Quixeramobim – Lagoa de São Miguel, Posto Agropecuário,

Recreio, Parelhas, Caraíbas, Camará, Serrinha e Lages;

• Quixadá – Sítio Veiga (Comunidade Quilombola), Café

Campestre, Lagoa do Mato, Boa Vista, Iracema, Campo Alegre,

Olivença e Palmares;

• Banabuiú - Boa Água, Jiqui, Logrador e Salgadinho.

As atividades realizadas neste ano nas comunidades constituíram-

se de reuniões, encontros, visitas técnicas, visitas de campo,

acompanhamento a grupos de jovens e mulheres em suas unidades

familiares em sua produção agrícola e não agrícola. Destacamos o

acompanhamento sistemático às Unidades de Produção Agroecológica e o

monitoramento do uso adequado de tecnologias sociais de convivência com

o semiárido (cisternas, cisternas calçadão, biodigestor, quintais produtivos

agroecológicos, entre outras).

A assistência técnica-social é um instrumento importante no

estimulo à adoção de inovações metodológicas, de tecnologias sociais com

base agroecológica e justiça de gênero que visem à geração de renda no

campo, com o mínimo de impactos negativos na natureza e o máximo de

ganhos ambientais na propriedade familiar para o desenvolvimento rural

sustentável.

O trabalho técnico de caráter participativo e com um sistema de

planejamento ascendente foi realizado a partir da construção de um

Page 13: Relatório de Atividades Anuais 2012

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Diagnóstico Rápido Participativo (DRP) que gerou um Plano de Manejo

Ambiental (PMA) com ações de desenvolvimento sustentável, propostas para

curto, médio e longos prazos e consequentemente a construção de Planos

Operativos Anuais (POAs) que são renovados anualmente, tendo sempre

como orientação o planejamento comunitário.

Uma equipe de 06 (seis) técnicos foi responsável pelo trabalho de

campo do PDHC na execução e desenvolvimento das ações no Território

Sertão Central e para isso, estabeleceu parcerias significativas locais com:

• Associações comunitárias (envolvidas nos projetos);

• Associação do Assentamento Conquista da Liberdade – AACL –

Quixeramobim;

• Centro de Defesa dos Direitos Humanos Antonio Conselheiro –

CDDH/AC – Senador Pompeu;

• Cooperativa de Crédito do Sertão Central do Ceará –

COCRESCE - Quixadá;

• Centro de Pesquisa e Assessoria – ESPLAR – Sertão Central;

• Instituto Antônio Conselheiro – IAC – Quixeramobim;

• Instituto de Estudos e Assessoria para o Desenvolvimento

Humano – SETAH;

• Sindicatos Rurais de Quixeramobim, Quixadá, Banabuiu e Choró.

RESULTADOS

• 88 (oitenta e oito) famílias das comunidades de Café Campestre

e Lagoa do Mato em Quixadá beneficiadas com a construção de

igual número de cisternas de placa (primeira água);

• 700 (setecentas) famílias cadastradas no Programa Seguro

Safra;

• 80 (oitenta) famílias acessando o PRONAF Estiagem com um

volume de recursos contratados na ordem de R$ 800.000,00

(oitocentos mil reais) e de outras propostas elaboradas na ordem

de mais de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais);

• 70 (setenta) famílias beneficiadas com a elaboração da Proposta

do FEDAF;

Page 14: Relatório de Atividades Anuais 2012

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• 30 (trinta) famílias beneficiadas com a construção de 30

barraginhas;

• 10 (dez) famílias utilizando a tecnologia de biodigestores (10),

que apresentam benefícios econômicos e ambientais para a

comunidade;

• 24 (vinte e quatro) famílias participando do projeto algodão e

adotando práticas agroecológicas de cultivo e produção de

espécie melhorada;

• 30 (trinta) agricultores e agricultoras adotando práticas de manejo

da caatinga em suas áreas produtivas, preservando este bioma e

disseminando os benefícios dessa prática em comunidades e

assentamentos rurais;

• 02 (dois) jovens contemplados com o prêmio do projeto “Jovem

Agente da Cultura”, no valor de R$ 9.000,00 para cada jovem

investir em suas atividades produtivas de quintal produtivo e

artesanato. Esse prêmio elevou a autoestima de jovens locais,

que pretendiam migrar para centros urbanos e decidiram

permanecer na comunidade;

• 04 (quatro) novos agricultores e agricultoras integrados e

participando das feiras agroecológicas dos municípios de

Quixeramobim e Quixadá;

• 10 (dez) intercâmbios intermunicipais, interterritoriais e

interestaduais para a multiplicação do saber popular sobre

agroecologia, quintais produtivos e outras tecnologias sociais de

convivência com o semiárido no Nordeste.

Caminhos da Sustentabilidade: Agroecologia e Segurança Alimentar no Semiárido

Page 15: Relatório de Atividades Anuais 2012

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Ainda na estratégia da convivência com o Semiárido, 900 (novecentas)

famílias receberam acompanhamento técnico e social. São famílias que se

encontram em processo de transição agroecológica, e a assistência técnica

e social para esse processo, se deu em comunidades dos municípios de

Apuiarés, Umirim, Itapipoca, Pentecoste, Choró, Quixadá, Quixeramobim,

Banabuiu e Canindé. Foram realizadas as seguintes atividades:

• 960 (novecentas e sessenta) visitas técnicas realizadas às

unidades de produção familiar, com assessoria técnica às

famílias nos aspectos produtivo, ambiental e social;

• 07 (sete) cursos abordando o tema manejo sanitário de ordenha,

manejo de galinhas caipira, irrigação alternativa e tecnologias de

convivência com o Semiárido;

• 01 (um) curso sobre produção de cajuína e beneficiamento de

mel;

• 02 (duas) oficinas de produção de compostagem, defensivos

naturais e biofertilizantes com abordagem, sobre técnicas de

manejo da Caatinga;

• 05 (cinco) reuniões comunitárias: i) 03 (três) tratando sobre a importância das sementes crioulas;

ii) 02 (duas) sobre segurança alimentar nutricional das famílias;

• 04 (quatro) reuniões para refletir sobre mecanismos de acesso

aos projetos do Fundo Estadual para Desenvolvimento da

Agricultura Familiar – FEDAF – e do PRONAF com visitas

subsequentes às unidades familiares para elaboração de

propostas de projetos de financiamento a serem apresentados;

• 02 (dois) intercâmbios de experiências: 01 (um) em quintal

produtivo agroecológico, no assentamento Boa Vista, município

de Quixadá; 01 (um) na Feira Agroecológica e Solidária de

Itapipoca.

Outras atividades não previstas no cronograma e que foram realizadas:

• 48 reuniões para discutir sobre diversos temas – produção

agroecológica, acesso ao crédito, elaboração de projetos

(FEDAF, PRONAFs), comercialização solidária, segurança

Page 16: Relatório de Atividades Anuais 2012

16

Tecnologia Social – Barreiro Trincheira

alimentar e nutricional, sementes crioulas, associativismo e

cooperativismo, participação das mulheres e da juventude;

• 900 (novecentos) diagnósticos;

• 01 (um) planejamento participativo;

• 1.200 (mil e duzentas) visitas técnicas às unidades familiares.

RESULTADOS • 18 (dezoito) projetos elaborados no Território do Sertão Central

para acesso ao Fundo Estadual para Desenvolvimento da

Agricultura Familiar – FEDAF no total de R$ 396.862,83;

• 16 (dezesseis) projetos elaborados no Território do Vales do Curu

e Aracatiaçu para acesso ao Fundo Estadual para

Desenvolvimento da Agricultura Familiar – FEDAF, no total de R$

100.135,60;

• 01 (um) planejamento participativo com a presença de todas as

comunidades através de suas representações;

Um resultado qualitativo relevante do ponto de vista sócio-político foi a

participação de 20 representantes dos municípios no VII Encontro Territorial

de Agroecologia e Socioeconomia Solidária – ETA, em Itapipoca. Essa

participação foi acompanhada de troca de conhecimento e intercâmbio de

ideias e experiências.

Projeto Uma Terra e Duas Águas – P1+2

Outro projeto, dentre muitos

dos executados pelo CETRA

em 2012, cujo objetivo é

ampliar a capacidade das

famílias de estocar água para

produzir alimentos a partir das

tecnologias sociais para a

melhoria do nível de segurança

alimentar e estratégias

desenvolvidas pelas

Page 17: Relatório de Atividades Anuais 2012

17

Tecnologia Social – Bomba popular

comunidades de armazenamento de alimentos e sementes crioulas é o

Projeto Uma Terra e Duas Águas – P1+2.

Com as ações deste projeto foram atendidas 380 (trezentas e oitenta)

famílias do Sertão do Ceará, o que representa cerca de 1.900 (mil e

novecentas) pessoas beneficiadas por essa política pública para produzir

alimentos, tendo como diretriz a metodologia da Articulação do Semiárido -

ASA, que coordena a iniciativa no Nordeste. A primeira etapa do projeto se

constituiu da identificação e seleção das famílias junto com as Comissões

Municipais do Fórum Cearense pela Vida no Semiárido, com base nos

seguintes critérios: as características das famílias com necessidade hídrica,

as possibilidades de implantação de tecnologias sociais para armazenamento

e manejo da água de chuva e/ou do subsolo para favorecer e estimular

práticas comunitárias do trabalho coletivo na produção de alimentos.

No período, ocorreu nas comunidades selecionadas a apresentação do

Projeto P1+2, que significa uma terra e duas águas. A discussão em torno

dos critérios de seleção para o cadastro das famílias buscou respeitar a

aptidão das unidades familiares, comunidades e municípios em relação às

tecnologias sociais.

Com a seleção das famílias, foi realizado seu cadastramento, utilizando-

se um questionário para facilitar o monitoramento e consultas de todas as

partes envolvidas. Realizaram-se

ainda oficinas de capacitação, com

destaque para a gestão de água para

produção de alimentos e sistema

simplificado de irrigação e de manejo

de águas. Houve socialização de

boas práticas por ocasião de

intercâmbios nas comunidades, com

vistas a valorizar a trajetória das

famílias. Assim, na construção

do mapa da propriedade fez-se reflexão sobre as tecnologias apropriadas ao

Semiárido, com trocas de experiências quanto à organização interna da

produção e práticas agroecológicas. As construções foram realizadas em

Page 18: Relatório de Atividades Anuais 2012

18

regime de mutirão, seguido da discussão sobre a estratégia de assessoria

técnica, respeitando o agroecossistema local.

RESULTADOS

• 380 (trezentos e oitenta) famílias diretamente beneficiadas,

considerando 225 (duzentos e vinte e cinco) com tecnologias

individuais com cisternas de placa, e 155 (cento e cinquenta e

cinco) com tecnologias coletivas com as barraginhas, barragens

subterrâneas, entre outras;

• 137 (cento e trinta e sete) mulheres beneficiadas diretamente

com tecnologias sociais de convivência com o Semiárido,

aumentando a capacidade de estocagem de água em suas

unidades familiares para produção de alimentos;

• 137 (cento e trinta e sete) mulheres capacitadas em gestão de

água e sistema simplificado de manejo da água para produção de

alimentos;

• 243 (duzentas e quarenta e três) tecnologias sociais de

estocagem de água para múltiplos usos implantadas em

comunidades difusas do Semiárido;

• 104 (cento e quatro) cisternas calçadão construídas;

• 38 (trinta e oito) cisternas de enxurrada construídas;

• 38 (trinta e oito) barraginhas construídas;

• 37 (trinta e sete) barreiros trincheira construídos;

• 08 (oito) barragens subterrâneas construídas;

• 10 (dez) tanques de pedra construídos;

• 08 (oito) bombas d’água popular instaladas;

• 225 (duzentas e vinte e cinco) unidades de caráter produtivo

implantadas com infraestrutura de cercas, viveiros, insumos,

ferramentas e equipamentos;

• 03 (três) casas de sementes crioulas e nativas fortalecidas na

comunidade de Lagoa do Porco em Madalena, comunidade de

Sítio do Meio em Pentecoste e comunidade de Juá em Itapajé;

Page 19: Relatório de Atividades Anuais 2012

19

• 01 (um) viveiro de mudas frutíferas, hortícolas e nativas

implantado no Assentamento Parelhas, em Quixeramobim,

através de um grupo de jovens;

• 10 (dez) eventos de capacitação para o grupo de jovens do

Assentamento Parelhas sobre coleta, armazenamento e

construção de um viveiro de mudas frutíferas com

aproveitamento de sementes nativas e aquisição de sementes

em área de reserva legal, e também sobre quintais

agroecológicos e unidades familiares de produção.

Programa Um Milhão de Cisternas - P1MC Para a construção de equipamentos sociais de armazenamento de

água para consumo humano, o CETRA desenvolveu outro projeto apoiado

pelo Programa Um Milhão de Cisternas – P1MC – e pela Fundação Banco do

Brasil que permitiu a construção, no município de Quixadá, de 707

(setecentas e sete) cisternas de placa. Para isso, foram cadastradas 1014

(mil e catorze) famílias, capacitados 20 (vinte) representantes de Comissões

Municipais, 10 (dez) pedreiros e aproximadamente 1.000 (mil) pessoas

participaram de cursos de gestão de recursos hídricos (GRH).

Ainda em relação à Convivência com o Semiárido, foram adotadas

outras tecnologias sociais como as 348 (trezentas e quarenta e oito)

cisternas de enxurrada para garantir a produção nos quintais agroecológicos.

Foi uma ação estratégica resultante de convênio com a Secretaria do

Desenvolvimento Agrário (SDA) do Ceará, em municípios dos Territórios da

Cidadania Vales do Curu e Aracatiaçu (Itapipoca, Miraíma, Tejuçuoca,

Uruburetama, Irauçuba, Apuiarés, General Sampaio e Umirim), Sertões de

Canindé (Madalena, Caridade, Itatira, Paramoti, Boa Viagem e Canindé) e

Sobral (Cariré, Coreaú, Forquilha, Frecheirinha, Groaíras, Meruoca,

Mucambo, Pacujá, Reriutaba, Sobral e Varjota).

Realizaram-se processos de formação e capacitação de 93

(noventa e três) pedreiros, 222 (duzentas e vinte e duas) pessoas em gestão

de água para produção de alimentos, 2.673 (duas mil, seiscentas e setenta e

três) pessoas em gestão de recursos hídricos e 506 (quinhentas e seis)

pessoas beneficiadas com atividades de intercâmbios e trocas de

Page 20: Relatório de Atividades Anuais 2012

20

experiências. Foram beneficiadas com cisterna de placa 2995 (duas mil,

novecentas e noventa e cinco) famílias.

Em síntese, ao longo do ano de 2012, do total de 2700 (duas mil e

setecentas) pessoas envolvidas neste projeto, 1.350 (mil, trezentas e

cinquenta) são mulheres entre as quais 800 (oitocentas) são jovens. Em

termos de crédito, no Território Sertão Central 18 (dezoito) projetos foram

elaborados para acesso ao FEDAF no total de R$396.862,83 e no Território

Vales do Curu Aracatiaçu 16 (dezesseis) projetos foram elaborados, também

para acesso ao FEDAF no total de R$ 100.135,60.

Assentamentos em Ação para o Fortalecimento da Agricultura Familiar

Com o projeto Assentamentos em Ação para o Fortalecimento da

Agricultura Familiar – no contexto da Política e Programa Nacional de

Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar e Reforma

Agrária – foram assessoradas 901 (novecentas e uma) famílias no Território

da Cidadania Vales do Curu e Aracatiaçu. Destacando-se nos municípios de

Itapipoca e Trairi os assentamentos: Córrego dos Cajueiros, Croatá Ramada

I e Croata Ramada II, Escalvado, Fazenda Macaco, Lagoa da Cruz, Maceió,

Taboca Laginha, Várzea do Mundaú e Lagoa das Quintas.

Visitas técnicas sistemáticas se realizaram visando o

reconhecimento das famílias, a identificação das unidades de produção

familiar e o mapeamento das dificuldades e potencialidades das áreas para

qualificar e direcionar as ações de ATER. Nessa perspectiva houve

momentos sócio-educativos, com aprofundamento de reflexões sobre o

fortalecimento da gestão das associações, das unidades de produção familiar

e encontros de educação ambiental direcionados a crianças, jovens e

adultos. O fortalecimento dos quintais produtivos também esteve na pauta

com a realização de oficinas, dias de campo e intercâmbios, planejamento

das Unidades de Produção Familiar, considerando as cadeias ou arranjos

produtivos mais fortes nas áreas, da mesma forma, o acompanhamento da

implantação de crédito de instalação, visitas técnicas de orientação ao

manejo de culturas e rebanhos, capacitações com vistas à agregação de

valor aos produtos da agricultura familiar e elaboração e PRONAFs.

Page 21: Relatório de Atividades Anuais 2012

21

Realizaram-se igualmente, cursos sobre mercados convencionais, compras

governamentais e espaços de comercialização solidária, diagnósticos e

encaminhamentos nas áreas, social e educacional, elaboração e projetos

FEDAFs, oficinas de arte e educação focando prioritariamente a juventude

com musicalidade, teatro, dança, dentre outras.

Quanto à abordagem metodológica no campo da Agroecologia,

trabalhou-se a partir da concepção do outro olhar para a agricultura familiar.

Nessa perspectiva, o trabalho desenvolvido junto às comunidades buscou

compreender a complexidade dos sistemas produtivos (agroecossistema),

considerando suas interações biológicas, físicas, químicas, ecológicas,

sociais e culturais. Para a adoção das práticas de manejo agroecológico

pelas famílias e para a mudança de comportamento em relação ao

agroecossistema, a equipe trabalhou a transição agroecológica a partir da

diversidade dos subsistemas presentes nas unidades familiares, transitando

das ações de intervenção prática de conservação dos recursos naturais à

realização de momentos que proporcionaram uma melhor compreensão das

dimensões e relações de gênero e geração.

Considerando o contexto das ações descritas, reiteramos que toda

intervenção institucional nessas realidades, considerou um processo

amplamente participativo, no qual implicou no envolvimento dos sujeitos

presentes no contexto de suas ações. Marcado por um procedimento de

reflexão-ação, característico dos processos dialógicos adotados e de

experiências metodológicas participativas, envolveu técnicas pedagógicas de

vivências e estimulação a construção do conhecimento agroecológico.

RESULTADOS

• 60% (sessenta por cento) dos quintais produtivos diversificados;

• Experiências agroecológicas multiplicadas no Território;

• 50% (cinquenta por cento) das famílias assessoradas, pelo

menos, adotando adubo natural como cobertura do solo;

• Agricultores fortalecidos nas ações de produção, qualificação e

comercialização;

Page 22: Relatório de Atividades Anuais 2012

22

• Atividades culturais (quadrilhas, reisados, grupos de música e

dança) dinamizadas nos assentamento com o mapeamento e a

realização de noites culturais nos assentamentos, Maceió,

Escalvado, Macaco e Várzea do Mundaú.

Entre os impactos na vida das famílias acompanhadas, destacam-se:

• Crescente número de agricultores adotando tecnologias sociais

de convivência com o Semiárido, com procedimentos que

diminuem o consumo de água e que possibilitam uma produção

mais satisfatória em suas hortas e quintais produtivos.

• O aumento da capacidade de estocagem de água pelas famílias

ao gerar segurança hídrica ao longo do tempo possibilita às

mesmas colocarem em prática com os saberes adquiridos,

formas de reaproveitamento desse precioso e escasso líquido.

Essas condições, aliadas ao processo de transição

agroecológica, influenciam para que as famílias tenham um novo

olhar para a agricultura e contribui para a mudança das

paisagens do Semiárido.

Para aprimorar o desempenho na execução das atividades, o

CETRA realizou, junto ao quadro de instrutores, dois cursos: um de Gestão

de água para produção de alimentos e o outro voltado para pedreiros/as,

discutindo a Construção de equipamentos sociais.

Houve uma maior participação de jovens e mulheres nos

processos de capacitação e também nos intercâmbios, revelando, portanto, a

riqueza cultural das comunidades por meio das expressões dos grupos

musicais, de dança, de drama e de poesia. Esses grupos estão inseridos na

dinâmica interna das associações e das comunidades, dos projetos

produtivos e na discussão das principais linhas de crédito.

No Sertão Central, é expressiva a formação de novos grupos de

mulheres na organização social e produtiva, com negociações para acessar o

crédito, como foi o caso do grupo de mulheres organizadas com criação de

galinha caipira que vendem a produção para o mercado institucional -

Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE.

Page 23: Relatório de Atividades Anuais 2012

23

Além de acompanhar, sistematizar

as boas práticas e divulgá-las em

espaços como o Fórum Cearense

pela vida no Semiárido - FCVSA , a

ASA, a Rede ATER Nordeste e

demais Redes afins, foi uma tônica

que tomou força ao longo de 2012

na dinâmica do CETRA.

As ações relativas ao Financiamento de Atividades Produtivas

tiveram como prioridade a formação e a qualificação de agricultores e

agricultoras familiares para o acesso a crédito. A ampliação dos recursos do

Fundo Agroecológico Rotativo e Solidário – FRAS – foi de fundamental

importância para melhor atender às demandas da Região, Território da

Cidadania Vales do Curu e Aracatiaçu. Foi uma meta alcançada no ano.

Projeto Fundo Rotativo Solidário

Esse processo foi possível com a elaboração do Projeto Fundo

Rotativo Solidário para o Fortalecimento da Agricultura Familiar

Agroecológica e de Redes Sociais, apresentado ao Banco do Nordeste e

aprovado com a finalidade de mobilizar recursos justamente para ampliar o

FRAS e para fortalecer a Rede de Agricultores/as Agroecológicas/as e

Solidários/as deste Território da Cidadania tendo em vista a autonomia

financeira, a sustentabilidade ecológica e a organização socioeconômica das

famílias das comunidades envolvidas.

O projeto proporcionou a formação de lideranças integrantes do

Comitê Gestor do Fundo Rotativo e a capacitação sobre Gestão de Finanças

Solidárias e Organização Social, assessoria à Rede nos processos de

liberação de recursos e o acompanhamento técnico na gestão e em sua

aplicação em todas as fases.

As atividades realizadas envolvendo membros da Rede e técnicos do

CETRA no Território da Cidadania Vales do Curu e Aracatiaçu

compreenderam:

Encontro do FCVSA

Page 24: Relatório de Atividades Anuais 2012

24

• Assessoria projeto do Fundo Rotativo e à Rede nos

procedimentos de alteração do regimento interno;

• Assessoria no processo de avaliação e planejamento da Rede de

Agricultores/as em Itapipoca e Trairi;

• Assessoria à Assembleia Geral da Rede para aprovar o

Regimento Interno, deliberar sobre os primeiros grupos e/ou

associações a se beneficiarem com os recursos do Fundo e

sobre o respectivo Regimento Interno de cada grupo.

• Contribuição no processo de alteração no Regimento Interno do

FRAS, que melhoraram significativamente a participação de

agricultores/as e sua interação, consolidando as ações, e

consequentemente o entendimento sobre o Fundo e sua

visibilidade no Território.

O Fundo Rotativo favoreceu 130 (cento e trinta) pessoas do

Território da Cidadania Vales do Curu Aracatiaçu, procedentes de:

• Amontada: Comunidade – Leste;

• Apuiarés: Comunidades – Riachos do Paulo e Sabonete;

• Itapipoca: Comunidades – Lagoa do Juá, Escalvado, Sitio

Coqueiro, Bom Jesus, Barra do Córrego, Córrego Novo e

Humaitá;

• Trairi: Comunidades – Batalha, Córrego dos Furtados, Gengibre,

Purão, Salgado dos Ferreira, Tijipió, Várzea do Mundaú e Vieira

dos Carlos;

• Tururu: Comunidade – Novo Horizonte;

RESULTADOS

• 67 (sessenta e sete) agricultores/as beneficiados/as com a

liberação de Crédito e com consequente fortalecimento dos

grupos em que estão engajados;

• 100 (cem) Agricultores/as capacitados sobre processos de gestão

e finanças;

• 08 (oito) novos grupos formados e realizando a gestão de fundos

de crédito;

Page 25: Relatório de Atividades Anuais 2012

25

• 37 (trinta e sete) quintais melhor estruturados com a liberação de

recursos do FRAS;

• 12 (doze) agricultores/as acessaram o FRAS para fortalecimento

das feiras;

• 50 (cinquenta) FRAS sob a gestão de mulheres;

• 15 (quinze) FRAS sob a gestão de jovens.

A infraestrutura dos sistemas familiares de produção foi

aprimorada a partir do financiamento através do FRAS para melhoramento

de aprisco, apiário, casa de mel, galinheiro, campo de forragem, cerca,

aquisição de insumos – tela, sombrite, sistema simplificado de irrigação,

moto-bomba, forrageira, arado, máquina de costura, carroça p/animal de

tração, bomba elétrica, bomba d’água manual, entre outros.

Essa Rede de Agricultores e Agricultoras Agroecológicos/as foi contemplada por sua experiência, com o Prêmio Economia Criativa - Fomento a Iniciativas Empreendedoras e Inovadoras, na categoria

Modelos de Gestão de Empreendimentos e Negócios Criativos. O projeto foi

apresentado pelo CETRA a partir do Edital Economia Criativa, do Ministério

da Cultura. Os recursos se destinam à melhoria da infraestrutura das Feiras

no Território. Com essa premiação a Rede ganhou mais credibilidade,

visibilidade e responsabilidade no exercício de sua função de construção

coletiva do conhecimento agroecológico no Território, que se irradia através

das Feiras e Fundos Solidários no Semiárido e no Brasil.

O CETRA acompanhou também os encontros semestrais do

Grupo Gestor da Rede em cujos momentos são definidas as estratégias e

atribuições entre os membros, realizado planejamento e discutidas

estratégias para aprimorar propostas definidas em Assembléia Geral da

Rede.

Como resultados qualitativos, são observados como positivos:

• Fortalecimento e a consolidação das ações da Rede de

Agricultores/as Agroecológicos/as e Solidários/as do Território

Vales do Curu e Aracatiaçu;

Page 26: Relatório de Atividades Anuais 2012

26

• Agricultores/as mais capacitados sobre processos de gestão de

finanças solidárias;

• Quintais Produtivos e Feiras Agroecológicas e Solidárias

dinamizadas, ampliadas e fortalecidas;

• Ações da Rede divulgadas no Território, com maior número de

mulheres em sua gestão e número de membros ampliado, além

de experiências sobre agroecologia, socioeconomia solidária e

convivência com o Semiárido socializadas;

• Aumento significativo da participação de mulheres no VII

Encontro Territorial de Agroecologia e Socioeconomia Solidária-

ETA;

• Alimentação das famílias diversificada e garantida,

proporcionando segurança alimentar e nutricional.

Apicultores que compõem a Rede de Apicultores Agroecológicos

do Território Vales do Curu e Aracatiaçu participaram de eventos de

formação que incluíram reflexão acerca da problemática de seca e as

possíveis alternativas para famílias rurais no contexto do Semiárido

Cearense.

Os objetivos programáticos foram cumpridos, em particular quanto

à ampliação do Fundo Rotativo Agroecológico e Solidário/FRAS no Território

Vales do Curu e Aracatiaçu e com iniciativas de geração de renda para

melhorar a qualidade de vida das famílias.

No Sertão Central ainda que a articulação de agricultores/as em

Rede esteja em fases preliminares, ocorrem reuniões periódicas entre

agricultores/as e, nesses momentos as famílias e os grupos organizados no

Território, discutem sua dinâmica, com vistas a uma articulação mais efetiva

entre esses sujeitos no sertão.

Para o acesso ao crédito neste Território, as famílias contam com

a Cooperativa de Crédito Rural do Sertão Central – COCRESCE, que tem

sede na cidade de Quixadá e oferece diferentes linhas de crédito.

1. Crédito pessoal Valor Financiado: Até R$ 700,00

Page 27: Relatório de Atividades Anuais 2012

27

Prazo Máximo: Oito meses

Carência: 30 Dias

Forma de Pagamento: Parcelas Fixas.

2. Micro crédito Valor Financiado: Até R$ 500,00

Prazo Máximo: Seis meses

Carência: 30 dias

Forma de Pagamento: Parcelas Fixas.

Garantias: Aval solidário;

Itens Financiáveis: Atividades geradoras de rendas.

3. Custeio Valor Financiado: Até R$ 800,00;

Prazo Máximo: Oito meses;

Carência: Até oito Meses;

Forma de Pagamento: Parcela única ou fixas;

Itens Financiáveis: Matéria prima e Equipamentos.

4. Desconto de cheque Valor Financiado: Até R$ 500,00 - Por cooperado/a;

Valor máximo por cheque: R$ 300,00;

Prazo Maximo: 2 meses.

5. Investimento Valor Financiado: Até R$ 1.500,00;

Prazo Maximo: 24 meses;

Carência: oito meses;

Forma de Pagamento: Parcelas fixas;

Itens Financiáveis: Avicultura, Artesanato, Horticultura, mercearia,

sacoleiras, piscicultura e ultras atividades geradoras de rendas.

As expectativas são otimistas, haja vista que se trata de realidades

bastante diferenciadas e diversificadas, no litoral, na serra e no sertão, que

Page 28: Relatório de Atividades Anuais 2012

28

possuem riquezas e potencialidades que, se bem aproveitadas pelas famílias

agricultoras, podem modificar sua vida e a paisagem.

Comercialização Solidária – Feiras e Mercado Institucional

A comercialização da produção agrícola e não agrícola de base

familiar sempre foi um desafio para agricultores/as que conviviam - e muitos

ainda convivem - permanentemente com a presença da figura do

atravessador que lhes tirava toda possibilidade de obter um resultado mais

expressivo de seu trabalho e, portanto, ter sua receita familiar aumentada. É

uma situação que se reproduziu na vida de agricultores durante anos. Foi

necessário um trabalho lento e persistente ao longo de anos para que

mudanças acontecessem e um contingente representativo de produtores

enxergasse suas potencialidades e acreditasse em sua capacidade de

realizar mudanças.

Nesse processo de longo prazo o CETRA através do trabalho de

formação de agricultores familiares – adultos e jovens – contribuiu para que

as famílias, aos poucos, descobrissem suas potencialidades e, trabalhando

de forma coletiva encontrassem novos jeitos de valorizar o produto de seu

trabalho. Começaram a vender sua produção nas comunidades, depois em

feiras próprias e também no mercado institucional – Merenda Escolar,

Programa de Aquisição de Alimentos – PAA, que atualmente têm acesso e

tornou-se mais efetiva a busca por alternativas de mercado.

O espaço próprio e muito significativo de agricultores/as familiares é a

Feira Agroecológica e Solidária que vem se multiplicando nos Territórios de

atuação do CETRA – nos municípios de Itapipoca, Trairi, Tururu, Apuiarés,

na ordem de sua instalação no Território Vales do Curu e Aracatiaçu e em

Quixeramobim e Quixadá e no Território Sertão Central.

A Feira Agroecológica e Solidária é uma Tecnologia Social utilizada por

agricultores e agricultoras agroecológicos, que tinham e ainda têm dificuldade

em relação à comercialização e encontraram nesse espaço, a alternativa

para comercializar sua produção de forma justa.

Page 29: Relatório de Atividades Anuais 2012

29

Feira Agroecológica e Solidária

Os depoimentos de agricultores e agricultoras revelam a relevância

desse importante espaço de comercialização, como se vê na declaração de

Dona Graça Patrício (Assentamento Novo Horizonte – Tururu):

Aqui não é uma feira tradicional, uma feira qualquer. A nossa feira é

diferenciada, por quê? Nós temos aqui um produto que não vem da roça. Nós temos amor, nós temos alegria, nós temos parceria, nós temos troca de

experiências e de saberes. (...) a pessoa vem aqui e pede uma receita; vem pra mandar um recado; vem pra conversar, bater um papo; vem porque sabe que

os alimentos são novos e são limpos, sem veneno. Tem muita coisa que conta para o nosso sucesso e para que o consumidor esteja sempre nos procurando.

É a qualidade de nosso produto. Aí, quando ele vai saindo (consumidor) diz assim: até na outra quarta.

Entre as estratégias utilizadas junto a agricultores na perspectiva da

comercialização, destaca-se a capacitação das famílias para fortalecer e

aumentar a produção e a produtividade agroecológica diversificada, garantir

a segurança alimentar e promover a comercialização solidária, considerando

a urgência na geração de renda para melhorar a vida das famílias do

semiárido cearense.

Pensando as estratégias de inovação e técnicas sustentáveis

condizentes com a realidade de cada Território, seus subsistemas e

condições familiares, realizou-se, planejamento participativo tendo em vista

aspectos relativos à construção coletiva do conhecimento com base na

agroecologia, na socioeconomia solidária, nas relações igualitárias de gênero

e cidadania, com participação do público masculino e feminino, adulto e

jovem. Cuidou-se para que a assessoria técnica e social estivesse presente

Page 30: Relatório de Atividades Anuais 2012

30

Oficina de beneficiamento com mulheres

em todas as etapas do planejamento da produção, da gestão das unidades

produtivas, do manejo dos agroecossistemas e da comercialização em feiras,

assim como nas redes e grupos solidários.

A meta institucional é o fortalecimento da agricultura familiar em

âmbito territorial, com incentivo à participação feminina e jovem nos

processos de formação para a cidadania, de construção coletiva do

conhecimento, com abordagens

temáticas especificas, seja nos

aspectos agroecológico da

convivência com o semiárido, da

comercialização solidária, seja

trabalhando os conceitos de

gênero e gerações, com vistas a

convivência social com respeito

aos direitos e as diversidades

humanas.

As ações desse projeto permitiram o acompanhamento a 100

(cem) famílias, desde o manejo da produção, aos empreendimentos

solidários para a comercialização, além da assessoria à Rede de

Agricultores/as Agroecológicos/as e à Rede de Apicultores/as do Território

Vales do Curu Aracatiaçu, obtendo durante o ano um avanço significativo em

seu quadro social, ampliado de100 (cem) para 150 (cento e cinquenta)

membros.

A Rede é um espaço de organização social, formação e

economia, haja vista os processos que dinamiza no Território. No âmbito

produtivo se destacam na assistência técnica e social, os dias de campo e

intercâmbios, em especial quanto ao preparo da terra para plantio e os

cuidados necessários - controle sanitário, produtivo e reprodutivo, colheita,

beneficiamento, armazenamento e comercialização de produtos de origem

animal e/ou vegetal. Da mesma maneira, foi incentivada a prática do registro

da produção. Com esse instrumento adotado, cada família teve condições de

avaliar seus processos produtivos e fazer os encaminhamentos necessários

à sustentabilidade do agroecossistema e, além disso, compartilhar e

Page 31: Relatório de Atividades Anuais 2012

31

multiplicar suas práticas para fortalecer, também, as relações de amizade,

companheirismo e especialmente a construção de conhecimentos, a partir da

práxis.

No acompanhamento técnico-social da produção e

comercialização solidária, a equipe também priorizou trabalhar o

beneficiamento de produtos agroecológicos, a partir da discussão do

processo higiênico-sanitário em todo o ciclo, ou seja, antes, durante e pós-

preparação, atentando para as condições adequadas do ambiente, utensílios

e higiene pessoal, atenção às embalagens, rótulos e envasamento. Além dos

cuidados com armazenamento e tempo de preparação, foram destacados

elementos fundamentais para a garantia sanitária com infraestruturas

mínimas padronizadas da produção beneficiada.

Uma oficina sobre o beneficiamento de caju para produção de

cajuína ocorrida no assentamento Batalha – Trairi foi destaque com a

participação de feirantes e de outros/as agricultores/as convidados/as com

debate sobre os benefícios da cajuína, por ser um alimento saudável de

qualidade superior, por gerar renda razoável e por se tratar de um produto

raro, de qualidade e aceitação comercial, muito procurado pelo publico

consumidor. A certificação participativa da produção é igualmente tratada

como uma forma de fortalecimento de grupos, comunidade, associações e/ou

cooperativas, além de estratégias de baratear o custo de produção e dar

visibilidade aos produtos da agricultura familiar.

Um evento diferente é o festival anual do mel na comunidade de

Riacho do Paulo, município de Apuiarés que é uma tradição local de

importante significado para a comunidade que reunir as pessoas que

participam com orgulho do evento na comunidade e envolve convidados.

Neste ano, o festival do mel envolveu 60 apicultores e teve a participação de

outros segmentos e a presença do poder público local, de estudantes da

Escola Técnica e demarcou politicamente a atividade apícola no território, ao

debater com o poder público sobre apoio e investimentos em assessoria

técnica, financiamento das ações de formação e do processo de

comercialização. Houve divulgação dos produtos apícolas - mel, cera, pólen,

própolis – e das boas práticas de manejo, preservação, reflorestamento e

beneficiamento do mel.

Page 32: Relatório de Atividades Anuais 2012

32

Primeira Feira Agroecológica de Quixadá

As Feiras são

eventos que dão

visibilidade à agricultura

familiar em nível municipal.

Desde a primeira Feira

iniciada em Itapipoca há

sete anos, o processo de

organização de agricultores

e agricultoras familiares é

crescente e, neste ano já são

quatro municípios que contam com este evento. O CETRA acompanhou as

famílias envolvidas diretamente da produção agroecológica e na

comercialização dessas 04 (quatro) Feiras Agroecológicas e Solidárias, no

Território da Cidadania Vales do Curu e Aracatiaçu sistematizou dados da

produção em quintais e, durante as feiras, observou o atendimento de

feirantes junto a consumidores e consumidoras, suas demandas, a forma de

organização dos produtos, os preços ofertados baseados em cálculos dos

custos de produção, a diversidade de produtos oferecidos, a higiene pessoal

e do ambiente. Estes são aspectos importantes debatidos nas reuniões com

feirantes vinculados à Rede. As feiras dos municípios de Apuiarés e Tururu

neste Território foram instaladas no segundo semestre de 2012.

Em 2012 houve a inclusão de mais 07 (sete) famílias na feira

Agroecológica e Solidária de Itapipoca e 02 (duas) famílias na feira de Trairi

que acontecem

semanalmente.

Essas experiências

estão se multiplicando e,

ainda em 2012, inaugurou-se

a Feira Agroecológica e

Solidária no município de

Quixadá, Território da

Cidadania Sertão Central, que

Page 33: Relatório de Atividades Anuais 2012

33

acontece semanalmente com a participação quatro famílias. Está no começo,

mas já aponta para seu fortalecimento em razão do interesse dos

participantes.

A estratégia de resistência para a manutenção das feiras é

fundamental para o CETRA, pois permite sua visibilidade no universo da

agricultura familiar nos territórios em que atua e que se baseiam nos critérios

da agroecologia e da socioeconomia solidaria como é a comercialização

solidária nesses municípios. É inegável o desafio manter o funcionamento

das feiras e a produção, convivendo com a estiagem prolongada.

O acesso a programas de compra governamental de produtos da

agricultura familiar, 03 (três) famílias conseguiram participar do Programa de

Aquisição de Alimentos (PAA), sendo 02 (duas) famílias do Território Vales

do Curu e Aracatiaçu e 01 (uma) do Sertão Central. No Programa Nacional

de Alimentação Escolar, são 10 (dez) famílias – 09 (nove) no Território do

Sertão Central e 01 (uma) no Território Vales do Curu e Aracatiaçu que

acessaram este mercado e há perspectiva de aumentar para 07 (sete)

famílias do município de Itapipoca, Território Vales do Curu em 2013.

Intercâmbios de Experiências: Tradição, Invenção e Criatividade - Os

intercâmbios entre feirantes foi uma das estratégias diferenciadas de

monitoramento e controle social adotadas pelo CETRA, para avançar na

certificação participativa da produção, sendo realizada pelas próprias famílias

envolvidas nas feiras, sob o acompanhamento da entidade. Aliada à

discussão sobre a certificação participativa, os intercâmbios desempenham

também um papel de formação, com a demonstração de práticas

agroecológicas, destacando-se o manejo do solo, da água e da caatinga, a

diversificação das áreas, a manutenção da flora nativa, sistemas alternativos

de irrigação, criação de pequenos animais, produção de compostagem

orgânica e de biofertilizantes e uso de defensivos naturais alternativos no

controle de insetos.

Durante os intercâmbios também se discutiu sobre a rotulagem

nas embalagens, a importância de embalagens apropriadas a cada produto,

a exposição e organização dos produtos na barraca, os processos contínuos

de higienização dos produtos e do espaço, combinação de preços,

padronização, atendimento cordial aos consumidores, a a identificação de

Page 34: Relatório de Atividades Anuais 2012

34

feirantes através das batas padronizadas, planejamento contínuo da

produção e oferta planejada de produtos. Foram realizados 12 intercâmbios

nos dois territórios, durante o ano.

O acompanhamento à Rede de Agricultores/as Agroecológicos/as

do Território da Cidadania Vales do Curu, se deu em 06 (seis) reuniões com

representantes de 100 (cem) famílias envolvidas, cuja pauta incluiu a

construção de consensos em torno da organização da entidade enquanto

espaço de reflexão, deliberação e decisão. São ocasiões que voa além das

reflexões, são oportunidades de tirar dúvidas e entender os mecanismos de

acesso aos diversos programas disponíveis no Estado, as linhas de crédito

para infraestrutura, produção socioambiental e emergencial, organização,

acesso e acompanhamento na execução do projeto Fundo Rotativo

Agroecológico e Solidário – FRAS, resultante do Convenio com o Banco do

Nordeste do Brasil.

Juventude Rural: Cultura, Organização e Protagonismo

É importante a oficina, pois é uma oportunidade que

faz o grupo crescer. Estimula o grupo, pois o pessoal da comunidade não acreditava na gente, e nós mostramos

que podemos continuar e com a oficina vai fazer o grupo crescer. (Regilane Alves – Comunidade Sítio Coqueiro,

Grupo Balanço do Coqueiro - Oficina de Teatro)

O ano de 2012 foi um ano especial para o CETRA ao desenvolver

ações envolvendo a juventude rural através de três projetos: i) Terra Viva:

Um Novo Olhar da Juventude para o Meio Rural; ii) Fortalecendo

Organização – Reforçando Cidadania Feminina Rural; iii) Assentamentos em

Ação, com o visando promover a organização sócio política e cultural de

jovens, fortalecer sua identidade no espaço rural e proporcionar formação

que favoreça ocupação laborativa na perspectiva, também, da geração de

renda para que jovens de municípios do Território Vales do Curu e

Aracatiaçu, onde se realizam os projetos, permaneçam em suas

comunidades e assentamentos, valorizando sua terra, sua cultura, sua

estória e competências, fortalecendo seu sentimento de pertença.

Page 35: Relatório de Atividades Anuais 2012

35

Exposição fotográfica – Museu da Imagem e do Som

Exposição fotográfica – Museu da Imagem e do Som

Exposição fotográfica – Cuca Che Guevara

O projeto Um Novo Olhar da Juventude para o Meio Rural,

resultante do Prêmio Itaú de Excelência Social, proporcionou a realização

oficinas com atividades

artístico-culturais, com a

juventude rural que expressou

seu talento, seu potencial

lúdico, criativo e artístico, na

oficina de pintura em tecido

que teve a participação de 20

(vinte) jovens, que

trabalharam com pintura em

camisetas, demonstrando sua

identidade jovem rural. Esse

trabalho proporcionou a geração de renda para o grupo com a

comercialização de sua produção. O curso de fotografia realizado no

segundo semestre do ano anterior, proporcionou a incursão de jovens no

interior de suas comunidades, identificando imagens, que capturadas sob o

olhar de jovens em 45

(quarenta e cinco) imagens

fotográficas rurais que,

impressas e emolduradas,

destinaram-se à exposição

itinerante que circulou em

vários espaços em Fortaleza

no decorrer deste ano e

também, na Cúpula dos Povos

durante a Conferência da ONU, Rio

+ 20, na cidade do Rio de Janeiro.

Duas oficinas de arte e cultura trataram da criação de tambores e

outros instrumentos de percussão, com jovens e adolescentes das

comunidades de Sitio Coqueiro, Assentamento Maceió, município de

Itapipoca e Vieira dos Carlos e Várzea, assentamento Várzea do Mundaú,

município de Trairi. Nesses eventos teve muita criatividade e musicalidade

entre jovens na faixa etária de 12 a 22 anos, que se integraram facilmente.

Page 36: Relatório de Atividades Anuais 2012

36

Essas ações se realizaram através do projeto Fortalecendo Organização –

Reforçando Cidadania Feminina Rural que teve apoio de organização da

cooperação internacional e objetivou animar e fortalecer grupos culturais, o

que foi alcançado. Meninas e jovens tiveram oportunidade de construir

instrumentos de percussão de efeito - xequerê e ganzá - utilizando material

reciclável - garrafa pet, sementes diversas, madeiras, cabaças. Esse grupo

de jovens, no começo um pouco acanhado, soltou a voz e o corpo deixando

a energia fluir com o toque dos instrumentos que construíram nas oficinas.

Tocando ritmos nordestinos - baião, xote, ciranda, maracatu, coco e

marchinha - mulheres de diferentes gerações deram a tônica da oficina e

expressaram sua satisfação em participar das atividades. Vejamos mais um

depoimento de Regilane Alves, atuante do grupo Balanço do Coqueiro,

assentamento Maceió/Itapipoca:

Tá legal. O pessoal está interagindo muito e aprendendo ritmos e marcação do tempo.

Estamos aprendendo a ter mais ouvido para a música e organizar mais o nosso grupo culturalmente!

Ao final das oficinas, as participantes se organizaram e fizeram

uma apresentação cultural em sua própria comunidade Sitio Coqueiro,

proporcionando momentos de lazer demonstrando sua autoestima e o

reconhecimento do povo da comunidade.

As oficinas de arte e cultura tiveram continuidade também em

comunidades do município

de Trairi e permitiram

aflorar a musicalidade e a

criatividade de vinte e

cinco (25) jovens

assentados/as das

comunidades Vieira dos

Carlos e Várzea do

Mundaú, sendo 20 mulheres

participando de atividades artísticas que envolveram o canto, a dança e a

prática com instrumentos de percussão.

Festa Junina no Assentamento Várzea do Mundaú (Trairi)

Page 37: Relatório de Atividades Anuais 2012

37

Como parte do projeto Assentamentos em Ação, desenvolvido em

áreas de assentamento da reforma agrária, se realizaram 04 (quatro) oficinas

de Arte e Cultura para Jovens, utilizando a linguagem teatral, no

Assentamento Maceió, município de Itapipoca. Participaram onze (11) jovens

entre catorze (14) e vinte e cinco (25) anos das comunidades Barra do

Córrego, Sítio Coqueiro e Jacaré. O teatro foi a forma de expressão

escolhida pelos grupos, uma vez que a oficina objetivou potencializar os

grupos culturais já existentes. Por isso foram adotadas técnicas de

interpretação, jogos cênicos, improvisações coletivas e técnicas circenses

durante os dois dias de atividades, observando que o grupo respondia muito

bem aos exercícios referentes à corporeidade, a construção de um corpo

expressivo foi a pauta da oficina. Alongamentos e aquecimentos direcionados

a despertar um corpo em expressão, criativo, pronto a se comunicar no

contato com outros, foram elementos importantes no processo. Ainda em

relação à expressão corporal, utilizaram-se as técnicas circenses de

acrobacia e montagem de pirâmides humanas, na tentativa de transformar o

corpo, também em um instrumento de comunicação.

No Assentamento Macaco, também em Itapipoca, uma oficina de

arte, cultura e educação foi realizada a partir da demanda do assentamento

que já conta com 02 (dois) grupos de coral ativos, ambos de origem religiosa

- um da igreja católica e um de igreja evangélica. Na discussão sobre este

trabalho cultural, foi consenso a realização de uma oficina de Canto Coral de

Música Popular Brasileira, para crianças, jovens e adultos. A participação da

comunidade foi expressiva e as pessoas tiveram a oportunidade de conhecer

técnicas vocais, técnicas de respiração, dicção e divisão das vozes. Todas as

músicas praticadas são de origem popular, de compositores e intérpretes

brasileiros renomados como Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, p.ex. No

repertorio teve também músicas de domínio público do cancioneiro

nordestino. O grupo foi convidado a se apresentar no dia do aniversário do

Assentamento, dia 12 de março de 2012, quando o mesmo completou vinte e

cinco (25) anos da imissão de posse.

Se os livros são bons amigos que nos convidam a viajar, uma

oficina de contação de histórias complementa esse passeio, essa viagem,

com a dinâmica corporal, alçando a imaginação a vôos ainda mais altos.

Page 38: Relatório de Atividades Anuais 2012

38

Oficina de arte com este foco foi realizada no Assentamento Escalvado para

jovens e adultos, visando fortalecer o Ponto de Leitura local e mobilizar ações

culturais para o assentamento. Na dinâmica da oficina, procurou-se incentivar

e recuperar a tradição oral, uma das formas mais antigas de contar histórias

e fortemente presentes nas culturas tradicionais. Houve vários momentos de

aprendizagem. Técnicas de narração, canções infantis e expressão corporal

e vocal foram exploradas e socializadas durante a oficina, com expressiva

participação. Para estimular mais o grupo, foram exibidos dois

documentários: “Histórias” e “Doutores da Alegria”, seguidos de um ligeiro

debate no grupo. Um momento coletivo de contação de história contribuiu

para a comunidade apreciar novos meios e formas de trazer o lúdico para o

encantamento das histórias.

A comunidade Salgado do Nicolau, no assentamento Várzea do

Mundaú município de Trairi, entrou no ritmo das danças populares durante a

oficina de arte para dezoito (18) jovens, entre 13 e 29 anos, com a

participação de alguns integrantes do grupo de jovens local - Juventude e

União do Salgado do Nicolau - JUSANIO. Técnicas de danças populares -

como a dança do coco, a dança cabaçal e a ciranda, deram o tom a oficina.

Trabalhou-se técnicas corporais circenses para desenvolver o corpo que

dança, consciente de si e que carrega uma identidade cultural. Ao final, foi

realizada uma roda de conversa, aonde os jovens colocaram suas

impressões sobre o que vivenciaram: “Para nós, aqui da comunidade de

Salgado, a oficina foi importante porque nunca temos a oportunidade de

receber oficina de arte, de dança. Tudo é muito difícil. Mas todos nós

gostamos muito de aprender fazer pirâmides, dançar coisas novas, coisas

que nunca a gente tinha pensando em fazer”. E as pirâmides foram um

diferencial, pela aprendizagem de algo novo, ainda mais quando há adesão

massiva: “Nos ajudou a colocar o grupo pra frente, agora vamos nos

encontrar e sempre dançar e fazer pirâmides para melhorar a nossa

quadrilha”, observou Aldeni Carlos, líder e mobilizador do grupo JUSANIO.

Diálogo entre jovem Rural e Urbano - Um importante evento com

esse segmento, foi o intercâmbio entre jovens rurais do Território Vales do

Curu e Aracatiaçu e jovens urbanos do Centro Urbano de Arte, Ciência e

Esporte – CUCA Che Guevara em Fortaleza, ocorrido no Restaurante Dona

Page 39: Relatório de Atividades Anuais 2012

39

Chica em Fortaleza, que permitiu a troca de informações e experiências e a

visão de mundo de cada grupo sobre educação, trabalho, moradia e

expectativas de vida entre vinte jovens rurais e jovens urbanos. Na ocasião

foi inaugurada a exposição fotográfica “Um Novo Olhar da Juventude para o

Meio Rural” no espaço do restaurante. Trata-se de uma exposição itinerante,

já mencionada, com quarenta e cinco (45) imagens expostas em espaços de

relevância de visitação, que no ano anterior ocupou o Hall da Assembléia

Legislativa e em 2012, esteve no Restaurante Dona Chica, no CUCA Che

Guevara, no Museu da Imagem e do Som em Fortaleza.

Em julho a exposição seguiu para a cidade do Rio de Janeiro, com

grupos de jovens de três estados do Nordeste, resultado de parceria ente o

CETRA, a ASSEMA/Ma., o CAATINGA e o CENTRO SABIÁ/Pe., para

participar da Cúpula dos Povos durante a Conferência Rio + 20. Ali, a

juventude Rural desses estados do Nordeste, interagiu com outros grupos, e

expôs suas artes e comercializou suas produções artesanais.

A exposição esteve também no Encontro Nacional da Articulação

do Semiarido (EnconASA) que aconteceu em Januária - MG., e durante o II

ETA – Encontro Territorial de Agroecologia do Sertão Central ocorrido

Quixeramobim– CE. Essa oportunidade de mostrar o trabalho fotográfico da

juventude rural foi estratégica pela valorização e o reconhecimento à

importância dada pelas famílias ao trabalho de seus filhos/as que

transmitiram muita emoção.

O trabalho com a juventude foi de sensibilização sobre questões

políticas, sociais, culturais, ambientais e econômicas locais. A juventude está

muito mais presente na vida das comunidades, mostrando seu sentimento de

pertença e colaborando com atividades agrícolas, valorizando seu lugar de

origem, dando mais importância ao meio rural. As ações e atividades

envolveram um total de cento e vinte (120) jovens, sendo 80 mulheres, que

tiveram em mais de dois projetos desenvolvidos pelo CETRA que ajudaram a

fortalecer a organização de 11 (onze ) grupos de jovens no Território da

Cidadania Vales do Curu e Aracatiaçu.

Quatro (04) jovens das áreas de atuação institucional do CETRA

participaram do VI Fórum Social da Juventude Rural da Associação dos

Assentamentos do Maranhão – ASSEMA - no Campus da UFMA/Bacabal –

Page 40: Relatório de Atividades Anuais 2012

40

MA, que tratou sobre Juventude Rural: Agroecologia, Valores Ambientais e

Justiça Social. Dois representantes dos grupos de jovens de Itapipoca

participaram do VII Encontro Nacional da Articulação do Semiarido, em

Januária – MG – EnconASA, com a palavra de ordem “É no Semiárido que a

vida pulsa, é no Semiárido que o povo resiste”. Nesses momentos, o CETRA

se articulou com o Programa “Diz ai Juventude” do Canal Futura de TV,

juntamente com o Centro Sabiá, Caatinga de Pernambuco e ASSEMA do

Maranhão. Articulam-se para construir a Rede da Juventude Rural no

Nordeste.

Empoderamento e Autonomia de Mulheres Rurais

A troca de informação pra gente é muito

boa. Se dá muito quando a gente anda no

quintal e vai cochichando com as outras

mulheres. A gente fala das dificuldades

da gente, no trabalho da casa e do

quintal. O tempo vai passando e quando

a gente vê já acabou o encontro. Passa

rápido. (Dona Rosa - Comunidade -

Gengibre – Município de Trairi)

O CETRA é pioneiro no apoio à organização social e política de

mulheres trabalhadoras rurais do Ceará e, ao longo do ano de 2012, manteve

essa tradição, realizando ações junto ao público feminino, através do projeto

“Fortalecendo Organização Reforçando Cidadania Feminina Rural” com

suporte financeiro proveniente de fundos públicos brasileiro e da cooperação

internacional. O projeto teve por objetivo promover o empoderamento de

Page 41: Relatório de Atividades Anuais 2012

41

mulheres trabalhadoras rurais a partir da organização sócio-produtiva em

seus quintais, com base nos princípios da agroecologia e da socioeconomia

solidária e da equidade de gênero, a fim de garantir a segurança alimentar e

nutricional das famílias envolvidas, comercializar de forma solidária o

excedente, quando houver, gerar renda, e promover especialmente, a

autonomia financeira e o empoderamento político das mulheres.

Visou igualmente, contribuir na superação da pobreza, da violência

sexual e doméstica das mulheres e promover o desenvolvimento rural

sustentável, no contexto da agricultura familiar, num esforço conjunto para

alcançar as metas do milênio da ONU.

Na realização das ações, o diálogo fluiu mais efetivamente entre

grupos de mulheres adultas e jovens que se organizam socialmente e

desenvolvem atividades econômico-produtivas de pesca, artesanato,

(rendas, bordados, confecção de roupas), agropecuária, extrativismo,

comércio e serviços (saúde e educação) nas regiões geográficas prioritárias

da intervenção institucional: Territórios da Cidadania Vales do Curu e

Aracatiaçu e Sertão Central. As atividades deste projeto se realizaram em

comunidades de 05 (cinco) municípios do Território Vales do Curu e

Aracatiaçu - Amontada, Apuiarés, Itapipoca, Trairi e Tururu e em 04 (quatro)

municípios do Território Sertão Central - Banabuiu, Choró, Quixadá e

Quixeramobim.

Processos de formação e informação se efetuaram junto a grupos

de mulheres adultas e jovens com enfoque na promoção da igualdade de

gênero, na inclusão das mulheres na economia a partir capacitação para o

manejo sustentável de quintais produtivos agroecológicos, a autogestão de

empreendimentos (artesanato – bordados, renda de bilro, redes de dormir) e

no acesso ao crédito (PRONAF Mulher, Fundo Rotativo Solidário), visando

sua autonomia econômica e seu empoderamento sócio-político e cultural.

Esses processos constituíram-se de oficinas temáticas, cursos de formação,

encontros, reuniões, visitas técnicas, intercâmbios, tudo visando diversificar e

beneficiar a produção, qualificar o artesanato, aprimorar a gestão do

empreendimento e estimular a participação em redes, fóruns, movimentos de

mulheres, sindicatos e conselhos, tendo sempre em vista a igualdade de

gênero.

Page 42: Relatório de Atividades Anuais 2012

42

A assessoria técnico-social do CETRA foi assegurada no

acompanhamento às unidades de produção. Os intercâmbios tiveram grande

importância na troca de experiências entre os grupos, em nível local,

intermunicipal e interestadual, facilitados que foram, pelas parcerias com

outras organizações de mulheres e mistas, que estimulou a participação em

feiras agroecológicas e solidárias nos municípios de Itapipoca, Trairi e

Apuiarés que se sensibilizaram igualmente, para boas práticas com a adoção

dos princípios da agroecologia, da solidariedade, da afirmação das mulheres

enquanto cidadãs de direitos que passaram utilizar a tecnologia social

“quintal produtivo agroecológico” com outro olhar e como uma ferramenta

para alcançar melhores níveis de vida. O Quintal é considerado um espaço

primordial para produção de alimentos sob a gestão feminina. O Quintal

Produtivo não é mais simplesmente a extensão da casa. É um espaço de

produção qualificada, que proporciona a segurança alimentar da família e

assegura uma receita própria para as mulheres que comercializam sua

produção na comunidade, nas feiras agroecológicas solidárias e até no

mercado institucional.

Sempre na perspectiva de fortalecer a organização sócio-politica,

econômica e cultural de mulheres trabalhadoras rurais, realizaram-se oficinas

temáticas sobre planejamento familiar, saúde e direitos sexuais, saúde e

direitos reprodutivos, direitos humanos das mulheres, que se constituíram

espaços de aprofundamento dos conceitos e dimensões de gênero entre

mulheres jovens e adultas e entre grupos mistos. Encontros

intercomunitários, intermunicipais e interterritoriais propiciaram debates

interessantes a respeito da condição feminina no mundo rural, a violência

contra as mulheres no contexto da Lei Maria da Penha, a questão do

preconceito etino-racial e as políticas públicas para mulheres, a fim de

construir conhecimento coletivo sobre os direitos de cidadania das mulheres

e da importância de sua participação política, para romper com todas as

formas de violência e preconceitos exercidos contra as mulheres, atitudes

remanescentes do patriarcado, que ainda são vigentes na nossa sociedade.

Estava previsto neste projeto o envolvimento de 100 (cem)

mulheres do Território da Cidadania Sertão Central e 140 (cento e quarenta)

do Território da Cidadania Vales do Curu e Aracatiaçu. Levou-se em conta a

Page 43: Relatório de Atividades Anuais 2012

43

possibilidade de 10 mulheres por grupo tendo a participação de mulheres

indígenas e remanescentes de quilombos. No entanto, com os recursos

mobilizados as ações deste projeto se concentrassem no Território Vales do

Curu e Aracatiaçu, cuja meta prevista de atingir cento e quarenta (140)

mulheres, foi superada em 26.42%, ou seja, um universo de 176 mulheres se

envolveu diretamente nas ações do projeto.

A intervenção institucional nessa temática fortaleceu o trabalho em

rede, articulou com outras organizações de mulheres em nível estadual e

regional - Fórum Cearense de Mulheres, Programa de Formação de

Formadoras do Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Nordeste -

MMTR/NE, parcerias locais com a Rede de Agricultores Agroecológicos e

Solidários de Itapipoca, a Rede de Apicultores do Território Vales do Curu e

Aracatiaçu, Sindicatos de Trabalhadores/as Rurais de Itapipoca, de Trairi, de

Apuiarés e de Tururu, Sindicato de Servidores Públicos Municipais de

Itapipoca e Tururu - SINDSEP e Associações Comunitárias.

RESULTADOS

• 176 (Cento e setenta e sete) mulheres dos grupos envolvidos

recebendo assessoria técnica e social continuada;

• 15 (Quinze) mulheres com acesso ao Fundo Rotativo

Solidário/FRAS;

• 65 (Sessenta e cinco) mulheres jovens envolvidas diretamente

nas ações do projeto e na vida comunitária;

• 25 (Vinte e cinco) agricultoras capacitadas nos temas gênero,

agroecologia e socioeconomia solidária;

• 05 (Cinco) unidades demonstrativas de Quintais Produtivos

Agroecológicos, implantadas e gerenciadas por mulheres em

todo o processo de produção, gestão e comercialização;

• 02 (Duas) mulheres comercializando sua produção na feira

agroecológica de Apuiarés;

• 40 (Quarenta) mulheres envolvidas no projeto participaram do VII

Encontro Territorial de Agroecologia e Socioeconomia Solidaria –

ETA, com intervenção qualificada nas discussões;

Page 44: Relatório de Atividades Anuais 2012

44

• 06 (Seis) mulheres engajadas na Rede de Agricultores/as

Agroecológicos e Solidários de Itapipoca e mais próximas do

Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais do

Nordeste/MMTR-NE.

Ações e projetos envolvendo grupos específicos de mulheres

tiveram destaque no Território da Cidadania Sertão Central com atividades

que envolveram noventa e seis (96) mulheres organizadas em 05 (cinco)

grupos no município de Quixadá e em 04 (quatro) grupos no município de

Quixeramobim. As atividades se constituíram de oficinas temáticas, reuniões

e assistência técnica, com abordagem nos temas gênero, agroecologia,

tecnologias sociais, comercialização, gestão de empreendimentos e

artesanato, geração de renda e contribuíram com o fortalecimento dos

seguintes grupos:

• 14 (catorze) do grupo de mulheres da comunidade Lages -

Quixeramobim, com participação ativa nas feiras feministas e

com projeto de banco de matéria prima em funcionamento;

• 12 (doze) mulheres da comunidade Parelhas-Quixeramobim,

participando ativamente na feira da agricultura familiar e

comercializando sua produção artesanal uma vez por semana

nas feiras que acontecem ao longo do ano;

• 12 (doze) mulheres do Grupo da comunidade Olho D’água –

Quixeramobim, participando da feira da agricultura familiar,

comercializando sua produção agrícola e, uma vez por semana

comercializa seus artesanatos, inclusive na feira feminista;

• 16 (Dezesseis) mulheres da comunidade Veiga – Quixadá,

organizadas em grupo de produção de galinha caipira para

postura através de Projeto ECOELCE/UECE, comercializando na

feira da agricultura familiar e na feira feminista, quando acontece;

• 24 (vinte e quatro) mulheres de grupos das comunidades

Olivença e Palmares/Quixadá e Posto Agropecuário/

Quixeramobim, organizadas e participando da feiras feminista,

com efetiva participação nos movimentos sociais;

Page 45: Relatório de Atividades Anuais 2012

45

• 12 (Doze) mulheres da comunidade Boa Vista, município de

Quixadá, trabalhando com quintais produtivos, beneficiando o

leite de cabra para a produção de queijos e gestão feminina na

pousada rural local. Produtos da agricultura familiar sob gestão

das mulheres (hortaliças, frutas, queijo de cabra) e artesanato

comercializados na feira que acontece semanalmente cidade de

Quixadá e junto a hóspedes da pousada;

• 06 (seis) mulheres da comunidade Café Campestre – Quixadá,

desenvolvendo projeto de corte e costura e comercializando sua

produção na feira feminista que acontece mensalmente em

Quixadá;

• 09 (nove) meninas adolescentes engajadas nas ações do projeto

Juventude Rural participaram de um curso serigrafia e estão

produzindo camisetas, o que está começando a gerar renda

própria.

• Outras ações envolvendo mulheres aconteceram

simultaneamente em diferentes lugares do estado aonde o

CETRA desenvolveu projetos, resultando em:

• 1.350 (Mil, trezentos e cinquenta) mulheres recebendo

acompanhamento técnico e social (ATER) em vários municípios

do Ceará;

• 137 (Cento e trinta e sete) mulheres capacitadas em gestão de

água e sistema simplificado de manejo da água para produção de

alimentos (Projeto P1+2);

• 137 (Cento e trinta e sete) mulheres capacitadas em gestão de

recursos hídricos e beneficiadas diretamente com tecnologias

sociais de convivência com o semiárido - Cisternas Calçadão,

Cisternas de Enxurrada, Barraginhas, Tanques de Pedra e

Bombas d’Água Popular, ampliando a capacidade de estocagem

de água para produção de alimentos nas unidades familiares;

• 36 (Trinta e seis) mulheres acessando crédito do Fundo Rotativo

Agroecológico e Solidário de Itapipoca;

Page 46: Relatório de Atividades Anuais 2012

46

• 50 (Cinquenta) Fundos Rotativos Solidários – FRAS, sob a

gestão das mulheres.

Os resultados qualitativos revelam aumento significativo na

participação das mulheres em todo o ciclo da produção, desde o

planejamento à comercialização do produto final, com destaque para a forma

mais organizada da produção e comercialização solidária familiar, quando da

participação direta das mulheres no processo, assim como da maneira como

as mulheres preservam a sabedoria popular e tradicional em seus afazeres e

vivências diárias.

Com o exercício da participação das mulheres nas ações do

projeto, em particular na comercialização nas feiras e na participação na

Rede Agroecológica e Solidária de Itapipoca, o protagonismo feminino

repercutiu na dinâmica local com a renovação de lideranças femininas nas

comunidades e com mais visibilidade em nível municipal e/ou regional.

Momentos importantes propiciaram a reflexão sobre o

reconhecimento do trabalho da mulher nos espaços de decisão (Sindicatos,

Cooperativas, Conselhos), produtivos, na economia e na comunidade, e o

aprofundamento da reflexão sobre a divisão sexual do trabalho na família e a

releitura dos processos históricos das comunidades assentadas, com

relevância à visibilidade das atividades realizadas por mulheres. Foi

estimulado o exercício de um olhar diferenciado sobre o Quintal Produtivo

enquanto tecnologia social e como espaço de produção destinado à

segurança alimentar e nutricional e de combate a fome, como também a

introdução de técnicas de estilização em produção artesanal junto a dois

grupos de artesãs de renda de bilro nos assentamentos Maceió/Itapipoca e

Várzea do Mundaú/Trairi.

Nos distintos momentos de capacitação em rede e dos eventos do

Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste - MMTR/NE., foram

formadas agentes multiplicadoras em gênero e cidadania, planejamento,

monitoramento, avaliação e controle social de políticas públicas.

Por outro lado, a divulgação de boas práticas de gestão de

empreendimentos pelas mulheres na edição especial do Boletim Tecendo

Redes, a experiência do Projeto Fortalecendo Organização Reforçando

Cidadania Feminina Rural, coordenado pelo CETRA, tem caráter importante

Page 47: Relatório de Atividades Anuais 2012

47

para a visibilidade do trabalho que tem abrangência temática diversificada.

Neste sentido, a entidade foi convidada pelo Instituto Nacional do Câncer –

INCA, do Rio de Janeiro, para participar do I Encontro de Lideranças de

Movimentos de Mulheres do Nordeste, que abordou especificamente a saúde

da mulher, com foco no e contribuir na discussão sobre o câncer do colo do

útero e da mama que afeta um número cada vez mais elevado de muitas

mulheres e as dificuldades no atendimento de qualidade e eficiente às

mulheres no campo das políticas de saúde.

Estratégias de Gestão Durante esse período o Conselho Diretor e a Coordenação

Colegiada empreenderam esforços, juntamente com suas equipes

operacionais das atividades meio e fim, para cumprir as recomendações do

Plano Estratégico em relação às linhas estratégicas da gestão na perspectiva

de aprimorar o desempenho face aos desafios da sustentabilidade

institucional, política e financeira, da efetividade na comunicação, no

processo de formação das equipes, nas temáticas e áreas geográficas da

atuação da entidade, nas atividades meio e fim.

O CETRA mobilizou e acessou recursos para desenvolver projetos

que contemplam as linhas estratégicas da missão e da gestão. Sobre a

sustentabilidade institucional, tanto política quanto financeira, as instâncias

diretivas o Investiu esforço na mobilização de recursos públicos e privados,

nacional e internacional. Participou de Editais Públicos a fim de acessar

recursos para a realização de ações junto a agricultores e agricultoras

familiares, para superar a pobreza, gerar renda e conviver com a realidade

do semiarido, considerando sempre a participação feminina e a igualdade de

direitos e de gênero.

Na perspectiva, ainda, da sustentabilidade institucional, dois

momentos importantes de mobilização de reforços se destacaram: a)

elaboração de projeto para o segmento juventude rural em consórcio com a

organização Associação Cristã de Base/ACB – Crato - Ceará, para a

Petrobras; b) elaboração do projeto do edital Petrobras ambiental. Os

resultados devem ser divulgados em 2013.

Page 48: Relatório de Atividades Anuais 2012

48

Também participou do Edital da Secretaria Estadual do

Desenvolvimento Agrário – SDA, nos lotes de projetos para a construção de

equipamentos sociais de convivência com o Semiárido e de produção de

alimentos – cisternas de placa, quintais produtivos. Tomou a iniciativa de

concorrer ao Prêmio Economia Criativa, através de Edital do Ministério da

Cultura – MINC, destinado a fortalecer a Rede de Agricultores

Agroecológicos e Solidários de Itapipoca com a reestruturação das Feiras

Agroecológicas locais. As fontes de recursos para financiamento da ação

institucional durante o ano de 2012 tiveram procedência nacional e

internacional, pública, privada e da sociedade civil, a saber:

Mobilização de recursos I. Públicos e Privados:

- Ministério do Desenvolvimento Agrário - /MDA;

- Banco do Nordeste do Brasil – BNB (Instituição Financeira);

- Fundação Branca do Brasil – FBB (Instituição Jurídica de Direito

Privado sem fins lucrativos);

- Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA;

- Projeto Dom Helder Câmara - PDHC;

- Fundo Itaú de Excelência Social (Remanescente do Prêmio de 2011);

- Secretaria do Desenvolvimento Agrário do Ceará – SDA.

II. Cooperação Internacional: - Manos Unidas – Espanha;

- Comitê Alemão do Dia Mundial de Oração – Alemanha.

III. Sociedade Civil – Brasil: - Rede ATER Nordeste;

- Articulação do Semiárido – ASA Brasil.

Essas duas últimas organizações são parceiras institucionais com

atuação na região Nordeste. A Rede ATER resulta de uma articulação entre

13 organizações sociais da Região que trabalham na perspectiva da

construção de novas relações sociais, econômicas, políticas e culturais no

Page 49: Relatório de Atividades Anuais 2012

49

contexto da agricultura familiar do semiárido. As organizações membros

realizam ações nas áreas de assistência técnica e social, a partir de recursos

mobilizados através de projetos da Rede.

A relação com a ASA Brasil data da década passada, mais

precisamente do ano 2002 quando da sua criação. Atualmente o CETRA,

compõe a Coordenação Executiva e é uma das Unidades Gestores

Microregionais. A ASA é uma Rede articulada nos estados que possuem

clima semiarido, que vai para além da região Nordeste e dos limites do

Bioma Caatinga. O CETRA participa da proposta pioneira da ASA de

construir um milhão de cisternas de placa para armazenar água da chuva

para consumo humano nos períodos de verão, atendendo às necessidades

das famílias rurais de baixa renda que vivem no semiarido cearense.

Trabalha também com outras tecnologias - Cisternas Calçadão, componente

do Programa “Uma Terra e Duas Águas” = P1 + 2. A entidade representa a

ASA em espaços em nível nacional como o Conselho Nacional de

Desenvolvimento Rural Sustentável – CONDRAF, órgão colegiado do

Ministério do Desenvolvimento Agrário.

Em 2012 o CETRA intensificou sua participação no Fórum

Cearense pela Vida no Semiárido, Rede Cearense de Socioeconomia

Solidária, Rede ATER Nordeste, Rede Cearense de ATER e na Articulação

do Semiárido Brasileiro com maior articulação e visibilidade de suas ações.

Ainda, com vistas ao fortalecimento institucional, realizou em

julho, sob a consultoria de Domingos Corcione, a oficina “Enfrentando a Crise

e Construindo o Futuro”, inicialmente com um balanço sobre a realidade

política, econômica, social e cultural da entidade.

Os processos de formação da equipe interdisciplinar aconteceram

ao longo do ano conforme as condições e as disponibilidades institucionais.

Realizou-se um curso de formação modular sobre a temática de gênero, com

a equipe permanente, das atividades meio e fim que teve assessoria de

consultoria especializada no assunto. Outros momentos de formação da

equipe se deram internamente, refletindo sobre temas relacionados às

estratégias da ação em estreita relação com o trabalho institucional de

campo.

Page 50: Relatório de Atividades Anuais 2012

50

Na área de comunicação, o CETRA contou com profissional da

área e avançou e o sistema de comunicação virtual e impressa recebeu

atualização da página institucional web e a criação de uma página virtual em

Rede Social - Face Book – denominada Cetra Trabalhador. São dois espaços

virtuais são alimentados frequentemente com divulgação de todos os eventos

e ações institucionais. O Boletim Tecendo Redes teve 07 edições Impressas.

Esse processo deu mais visibilidade institucional com a divulgação das ações

junto a agricultores e agricultoras familiares.

Portanto, o aprimoramento dos processos de comunicação interna

e externa criou as condições necessárias para ampliar a visibilidade

institucional com a divulgação das ações e atividades da instituição no estado

do Ceará, com a efetiva participação dos principais protagonistas –

agricultores e agricultoras familiares de todas as gerações e da equipe

interprofissional engajadas das atividades do CETRA.

Eventos Realizados Conversa de Quintal

Conversa de Quintal é um projeto sócio-político do CETRA que se

realiza desde 2008 e vem sendo dinamizado no decorrer dos anos e se

constitui um espaço de articulação política .

Em 2012, foram realizadas cinco edições:

1. Homenagem, Inauguração do Quintal das Margaridas e Conversa de Quintal sobre Políticas para Mulheres

A primeira Conversa do ano se deu com a inauguração do Quintal

das Margaridas no mês de março, quando foram homenageadas quinze

militantes femininas históricas, atuantes nas áreas, social e política. A

homenagem considerou o papel de cada uma dessas lideranças na

transformação social, onde quer que tenha sido sua atuação e seu tempo.

Foram homenageadas in memorian, a trabalhadora rural, assentada da

reforma agrária, liderança feminina rural e poeta Nazaré Flor, a sindicalista

rural Margarida Maria Alves - Paraíba, a militante de ação católica e

fundadora do CETRA Maria Dolores Borges, a missionária religiosa Irmã

Dorothy - Pará e a militante da agroecologia Daniele Medeiros. As demais,

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são a militante do movimento de mulheres rurais de Pernambuco, Vanete

Almeida que faleceu em setembro de 2012, a assistente social e militante

política Margarida Pinheiro, a agricultora agroecológica Maria José Alves

(Zeza), a militante de movimentos sociais urbanos Maria Edite, a militante da

Pastoral da Terra, Luizinha Camurça, a advogada paraibana e militante

política Irmã Cleide Fontes, a trabalhadora rural assentada da reforma

agrária Luiza Souza, a socióloga e ex-prefeita de Fortaleza Maria Luiza

Fontenelle, a professora e missionária da causa indígena Maria Amélia Leite

e aquela que dá nome à Lei de combate a violência contra a mulher, Maria

da Penha Fernandes, que somam um total de 15 homenageadas no espaço

do Quintal. Cada uma diretamente ou através de representantes recebeu

uma placa simbólica com um pequeno texto sobre sua trajetória.

Na ocasião foi realizada Conversa de Quintal sobre políticas

públicas para mulheres e para puxar a conversa, teve como convidada a

assistente social Elisabeth Ferreira, militante feminista engajada no Fórum

Cearense de Mulheres e na Articulação de Mulheres Brasileiras - AMB.

2. Agrotóxicos e a saúde humana A segunda Conversa de Quintal aconteceu no dia 3 de maio sob o

tema “Agrotóxico e Saúde Humana” que tratou da forte presença dos

defensivos agrícolas pesados, de qualidade venenosa na agricultura,

especialmente na produção de alimentos. A convidada foi a professora

doutora, da Universidade Federal Ceará, Raquel Rigotto, médica,

pesquisadora e estudiosa do assunto. Sua abordagem se baseou na

pesquisa realizada na região dos perímetros irrigados do Vale do Jaguaribe –

Ceará, com destaque para o agronegócio de fruticultura no município de

Limoeiro do Norte, onde a monocultura de frutas para exportação cresce e o

uso de veneno é indiscriminado, causando doenças e morte de trabalhadores

rurais que lidam com esse trabalho ou ocasionam doenças crônicas. Tudo

isso é um mal para consumidores que têm o veneno em sua própria mesa.

3. Agroecologia e Gênero No dia 12 de julho a Conversa de Quintal aconteceu no Quintal do

CETRA de Itapipoca, abordando o tema agroecologia e gênero. Teve como

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convidada para puxar a conversa, a Economista Doméstica Karolline

Abrantes, que se baseou em sua monografia, cuja pesquisa se concentrou

nas experiências de Quintal Produtivo de Maria José - Zeza e Antonio

Raimundo, ambos do Assentamento Maceió, Itapipoca. Na apresentação,

destacou a importância de trabalhar agroecologia e gênero juntos, já que são

as mulheres que iniciam o processo da transição agroecológica. Chamou-lhe

a atenção nos quintais a autonomia das famílias ao consumirem o que

produzem ali e comercializam o excedente nas próprias comunidades ou nas

feiras solidárias. Isso contribui para expandir e dar visibilidade a agroecologia

na sociedade,seja pela qualidade dos produtos sem agrotóxicos, seja pelas

novas relações sociais construídas, inclusive com consumidores/as.

4. A juventude rural e os desafios na afirmação da identidade camponesa.

A quarta Conversa de Quintal realizou-se em 16 de agosto, reuniu

a equipe, convidados/as e jovens de comunidades rurais para debater o tema

em destaque, com a colaboração de Alexandre Pires, da entidade parceira,

Centro Sabiá de Pernambuco. Alexandre enfatizou a importância do debate

sobre Juventude Rural, tendo em vista as limitações desse segmento em

relação ao acesso à cultura, às novas tecnologias e a oportunidades de

trabalho que proporcione sua autonomia e sua satisfação morando no

campo. No debate, Fabiana Menezes, jovem do assentamento Várzea do

Mundaú – Trairi, que participou do projeto do CETRA, Um Novo Olhar da

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Juventude sobre o Meio Rural, desde o início de 2011, disse: “Eu morei oito

anos em Fortaleza e não queria ser agricultora, tinha preconceito. Voltei e fui

aprendendo a valorizar e hoje ajudo meus pais”.

5. Da Saciologia á Sacizada A quinta e ultima edição da

Conversa de Quintal do ano

refletiu sobre nossa cultura

histórica, enfocando figuras

folclóricas e personagens

de nossas matas, que

fazem parte da literatura

infantil onde se destacam

figuras e personagens de

Monteiro Lobato, que nos

encantam. O escritor Flavio

Paiva, convidado do dia, que também tem seus personagens – Benedito

Bacurau, Saci Pererê, animou essa Conversa e interagiu com convidados

sobre este fascinante no contexto de nossa cultura. Flávio escreveu livros

infantis, inclusive um que trata justamente da Saciologia. Ele que é estudioso

das obras de Monteiro Lobato, falou de outros personagens de nossa cultura

que estão em nossas florestas e enriqueceu a conversa enfocando o

personagem que deu titulo ao tema de nossa conversa, o Saci Pererê. Os

convidados presentes, inclusive, jovens rurais, tiveram participação ativa no

debate.

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

O CETRA, o Movimento da Mulher Trabalhadora Rural de Itapipoca, se

articulou com os Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do

Pólo através da FETRAECE Regional, Sindicato de Servidores Públicos

Municipais de Itapipoca/SINDSEP, Associação de Agentes de Saúde de

Itapipoca e representantes União Brasileira de Mulheres/UBM, para realizar o

ato político por ocasião do Dia Internacional da Mulher. O evento foi

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precedido de reuniões, encontros, entrevistas em radio e se realizou no dia

dez (10) de março, sábado, reunindo

cerca de 500 mulheres dos

municípios do Território da

Cidadania Vales do Curu e

Aracatiaçu. O ato constou de

Concentração na Praça da Matriz

de Itapipoca, seguido em

caminhada em direção à sede da

Associação Atlética Banco do

Brasil/AABB, onde se realizou um

ato público com reflexão sobre os

direitos humanos das mulheres e a violência de gênero. Vieram das

comunidades, grupos organizados de dança e de música (sanfona, bandeiro

e viola) executados pelas mulheres, inclusive, apresentação de dança do

Torém, do povo Tremembé da comunidade Buriti/São José, município de

Itapipoca.

Território Vales do Curu e Aracatiaçu (Itapipoca) Território Sertão Central (Quixeramobim)

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Encontros Territoriais de Agroecologia e Socioeconomia Solidária - ETA

Em sua sétima edição, em 2012, o Encontro Territorial de

Agroecologia e Socioeconomia Solidária – ETA, do Território da Cidadania

Vales do Curu e Aracatiaçu, abordou o tema “As tecnologias Sociais

transformam o Semiárido e constroem agroecologia”. Teve participação de

cento e cinco (105) agricultores e agricultoras, dos quais, 57 mulheres e

quarenta e quatro 48 homens. O compromisso de fortalecer a agricultura

familiar agroecológica e solidária no Território foi reafirmado. Pela primeira

vez em sete anos o ETA saiu de Itapipoca para ter lugar no município de

Trairi. Esse município possui diferentes agriculturas, porém predomina a

agricultura familiar agroecológica com experimentadores/as, que produzem

em sua terra e comercializam em sua própria feira agroecológica municipal

ou nas próprias comunidades ou ainda, no mercado institucional (PAA,

Merenda Escolar).

Em cada ano observam-se novidades entre os participantes do

ETA, que carregam suas estórias, causos, curiosidades e surpresas.

Algumas pessoas participaram do evento pela primeira vez e se encantaram

com a organização, a dinâmica e o jeito de mostrar o fazer agroecológico.

Pessoas originárias do sertão, nunca tinham visto o mar e se surpreenderam

Encontro Territorial de Agroecologia e Socioeconomia Solidária – ETA

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com sua imensidão e grandiosa beleza. A presença de mulheres jovens é

crescente, marcante e significativa.

Durante os dois dias e meio de encontro, as diferentes tecnologias

sociais para convivência com o semiárido - Barraginha, Cisterna Calçadão,

Produção Agroecológica Integrada e Sustentável/PAIS, Quintais

Agroecológicos, Casa de Sementes e o acesso ao crédito nos caminhos

socioeconomia solidária através, principalmente, do Fundo Rotativo

Agroecológico e Solidário/FRAS, foram apresentadas, discutidas e

aprofundadas por agricultores e agricultoras e técnicos presentes no evento.

Experiências que estão dando certo no Território Vales do Curu e Aracatiaçu

foram visitadas, como parte da programação do encontro, por agricultores

vindos dos municípios de Apuiarés, Pentecoste, Itarema, Amontada,

Itapipoca, Umirim, Paraipaba, Irauçuba, Tururu e Trairi, pertencentes a esse

Território e dos municípios de Quixadá e Quixeramobim do Território Sertão

Central.

A sistemática do evento constituiu-se de reuniões plenárias,

trabalho em grupo, visitas de intercâmbio a experiências locais com oficinas

demonstrativas de atividades que fazem acontecer mudanças na vida das

famílias. No ETA as atrações e manifestações populares do Território têm

seu espaço garantido. As noites são embaladas por diversas apresentações

da cultura local, como, reisado, drama e forró tradicional, permitindo

descontração e maior integração entre as pessoas presentes –

agricultores/as, técnicos/as e convidados/as. O ambiente é preparado com

primor, oferecendo um cenário colorido de chitas e símbolos característicos

do meio rural.

É pratica do ETA realizar um cortejo pelas ruas da cidade, para ter

visibilidade e chamar a atenção da população, mostrando ao povo em geral o

que acontece ao seu redor, que é visto por poucos. É assim que a agricultura

familiar agroecológica e solidária mostra sua cara. Animado pelos

participantes do Encontro, o cortejo é ritmado por batuques, músicas do

repertório brasileiro e palavras de ordem demarcando a que veio a agricultura

familiar agroecológica.

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II Encontro Territorial de Agroecologia no Sertão Central – II ET Sertão Central

O VII ETA reafirmou o compromisso com a construção de um

projeto político diferenciado, pautado numa lógica de desenvolvimento

sustentável no semiárido, tendo por base os pressupostos da agroecologia,

da socioeconomia solidária, da equidade nas relações de gênero e gerações.

Neste ano aconteceu o II Encontro Territorial de Agroecologia no

Sertão Central – II ETA, Sertão Central, que teve como pauta principal as

tecnologias sociais de convivência com o semiarido e se realizou no

município de Quixeramobim com a participação de cerca de 100

agricultores/as, tendo

também a presença

de agricultores/as

convidados/as do

Território da

Cidadania Vales do

Curu e Aracatiaçu,

que com suas

experiências,

qualificaram o debate

sobre a agroecologia e a

socioeconomia solidária no

semiárido durante o ETA do Sertão Central. Assim como no ETA do Territorio

Vales do Curu, o Sertão Central seguiu a metodologia, com sessão plenária

de abertura, grupos de trabalho e intercâmbios de experiência com oficinas

sobre experiência locais de uso de tecnologias sociais. O II ETA do Sertão

Central encerrou-se com a leitura da Carta Política (anexo) aprovada pelos

participantes.

Representação Institucional O CETRA se articula em nível municipal, estadual e nacional e está

representado na composição de Associações, Conselhos, Fóruns e Redes,

listados a seguir:

• Associação Brasileira de ONGs – ABONG;

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• Camara Técnica do Conselho Estadual de Segurança Alimentar –

CONSEA/CE;

• Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente;

• Conselho do Desenvolvimento Territorial do Território da

Cidadania Vales do Curu e Aracatiaçu;

• Conselho de Bacias do Território da Cidadania Vales do Curu e

Aracatiaçu;

• Coordenação Executiva da Articulação do Semi-Árido - ASA

Brasil;

• Rede ATER Nordeste;

• Rede Cearense de ATER;

• Rede Cearense de Sócio-Economia Solidaria;

Participação em Eventos

• I Encontro de Lideranças de Movimentos de Mulheres do Nordeste

para a discussão sobre câncer do colo do útero e da mama, em

Jaboatão dos Guararapes – Pe.

• Cúpula dos Povos, durante a Conferência Rio + 20, o CETRA esteve

presente com duas representantes. Uma delas acompanhou o grupo

de jovens resultante da parceria com as organizações do Nordeste:

SABIÁ - Centro de Desenvolvimento Agroecológico, Associação em

Áreas de Assentamento do Estado do Maranhão - ASSEMA e a ONG

Caatinga- Pe.

• VIII Encontro Nacional da ASA - EnconASA, realizado em Januária,

estado de Minas Gerais, teve a participação de seis representantes da

entidade;

• Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente;

• Conferencia Nacional de ATER.

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EnconASA, realizado em Januária, estado de Minas Gerais

Parcerias

• Articulação do Semi-Árido - ASA

• Associações Comunitárias nos dois Territórios;

• Centro de Assessoria e Apoio a Trabalhadores/as e Instituições

Não Governamentais Alternativas – Caatinga – Pe.

• Centro de Desenvolvimento Agroecológico SABIÁ – Pe.

• Federação de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do Estado

do Ceará – FETRAECE;

• Fórum Cearense pela Vida no Semiárido;

• Fundação Esquel;

• Rede ATER Nordeste;

• Rede Cearense de Socioeconomia Solidária;

• Rede Cearense de ATER;

• Rede de Agricultores/as Agroecológicos/as e Solidários/as do

Território Vales do Curu/Aracatiaçu;

• Rede de Apicultores do Território do Vales do Curu Aracatiaçu;

• Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de

Itapipoca, Trairi, Apuiarés e Tururu;

• STTR de Quixadá e Quixeramobim.

Conquistas e Desafios

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Ao final cada ano a entidade avalia sua trajetória junto a

agricultores e agricultoras familiares, particularmente nas áreas geográficas

de sua atuação prioritária e constata que seu trabalho está surtindo efeitos e

resultados positivos.

O envolvimento mais efetivo de mulheres e da juventude nas

ações de fortalecimento da agricultura familiar, de geração de renda para

melhorar a qualidade de vida no campo, o interesse de agricultores/as em

adotar inovações na agricultura, as tecnologias sociais de convivência com o

semiarido, animam e fundamentam o compromisso institucional de continuar

sua atuação, na perspectivas de mudanças significativas na qualidade de

vida das famílias acompanhadas.

Este ano, além das áreas prioritárias da ação institucional, o

CETRA desenvolveu ações de convivência com o semi-árido em quase todo

o estado do Ceará, ampliando sua presença para os Territórios Sertões de

Canindé e Sobral. Para isso estabeleceu convênios e parcerias com

organismos públicos e privados e Organizações da Sociedade Civil, na busca

constante de condições que favoreçam a sustentabilidade da ação

institucional, política e financeira.

A entidade fecha o ano, com a aprovação do Convênio entre o

CETRA e a Fundação Banco do Brasil para a execução do Projeto

Comercialização Solidária da Produção Agroecológica de PAIS. Este

convênio é uma prova da confiança adquirida pela instituição por seu

desempenho na condução de ações de fortalecimento da agricultura familiar

de convivência com o semiárido e na construção de relações igualitárias

entre homens e mulheres. Para isso o CETRA procura frequentemente

aprimorar sua intervenção social e política junto ao publico de sua atenção.

Fica, pois, o desafio de cumprir os compromissos assumidos,

executando com qualidade a responsabilidade a construção de outras

relações, de outra agricultura, que leve em conta a qualidade da produção e

o cuidado com os recursos da natureza.

ANEXOS

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I. Carta Política do II Encontro Territorial de Agroecologia e Socioeconomia Solidária – Sertão Central – Ce

O semiárido, de vida e possibilidades, é construído por nós,

mulheres e homens, agricultoras e agricultores agroecológicos, apoiados e

incentivados por organizações da sociedade civil organizada e organizações

de trabalhadores e trabalhadoras rurais. Por isso dizemos que o semiárido é

lugar de gente feliz, que somos nós.

Nesses dois dias em que nos reunimos no II ETA do Sertão Central,

foram as experiências, depoimentos e partilhas de conhecimentos que nos

fizeram reafirmar a solidez de um outro olhar e de um novo fazer no meio

rural, alicerçado nos princípios da agroecologia e socioeconomia solidária,

que acontece e se reproduz em cada quintal, em cada roçado, em cada casa,

enfim, em cada espaço em que nós, agricultores e agricultoras

agroecológicos nos desafiamos a viver e a construir outras formas de cuidar

do nosso lugar.

Aqui, no II ETA, reunimos 80 agricultoras e agricultores do

Sertão Central e de vários municípios e regiões do Ceará, juntando com

profissionais de entidades parcerias, para refletir sobre o tema: Experiências

Agroecológicas Fortalecidas pelas Tecnologias Sociais no Semiárido.

Nestes dois dias, mergulhamos, especialmente nas

vivências de famílias agricultoras que protagonizam cotidianamente no meio

rural experiências exitosas de convivência com o semiárido e de construção

de conhecimento agroecológico.

Das experiências, dos intercâmbios e dos debates, tiramos

muitos ensinamentos, dos quais destacamos:

1. As Tecnologias Sociais vem para ampliar e consolidar as

experiências já existentes no Semiárido, incentivando práticas

agroecológicas de famílias no Meio Rural;

2. As Tecnologias Sociais fortalecem as estratégias das famílias

agricultoras nas suas terras e na relação com o seu território;

3. Frente as Adversidades climáticas, as Tecnologias Sociais incidem

na resiliência dos agroecossistemas da Agricultura Familiar no Semiárido.

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4. Valorização do Conhecimento das Famílias Agricultoras através da

Sistematização de suas Experiências;

5. Ampliação da produção de alimentos pela estocagem de água nas

suas mais diversas formas, pelas tecnologias sociais no Semiárido;

6. Recuperação dos Ecossistemas Naturais pela nova forma de relação

com a terra, através de uma agricultura mais sustentável e biodiversa;

7. Fortalecimento de relações igualitárias de gênero no meio rural;

8. O fortalecimento das feiras agroecológicas e solidárias, como forma

de viabilizar a geração de renda das famílias no meio rural;

Saímos deste encontro, mais fortalecidos no nosso papel de

multiplicador para a construção do conhecimento agroecológico em nossas

comunidades, cuidando e criando as tecnologias sociais como forma de

conviver melhor com o semiárido, se preparando frente aos momentos

difíceis e conscientes do nosso papel social. Temos o poder de promover as

mudanças necessárias para melhorar a qualidade de vida de cada um e cada

uma. Por isso denunciamos a ausência e/ou a fragilidade das políticas até

hoje executadas pelo poder público de ações efetivas para convivência com

o semiárido, principalmente nos momentos de seca. Assim, exigimos do

poder público a efetivação de políticas públicas que façam a diferença na

vida das famílias no meio rural.

É por isso que saímos daqui levando conosco a luta de sempre:

• Defesa do apoio e ampliação das tecnologias sociais de

estocagem para o Semiárido;

• O combate à desertificação e incentivo às diversas práticas

agroecológicas de Agricultores Familiares no Semiárido;

• Garantia do direito das Famílias do Semiárido a Assistência

Técnica permanente e de qualidade, de acordo com as normas

da PNATER;

• Permanência e Fortalecimento dos programas da ASA –

Articulação do Semiárido Brasileiro, como o P1MC para as

cisternas de placas e o P1+2 para as tecnologias de 2ª Água.

• Inclusão dos municípios que estão fora do semiárido legal, no

programa de cisternas de placas.

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• Defesa do direito a alimentação saudável em qualidade e

quantidade.

• Fortalecimento ao protagonismo e a organização dos agricultores

familiares no Semiárido

• Construção de propostas que minimizem os impactos de grandes

obras para os povos tradicionais, como as mineradoras.

• Segurança alimentar e alimentação saudável para todos/as;

• Ampliação e fortalecimento de estratégias de estocagem e

distribuição de sementes crioulas, tradicionais e da

sociobiodiversidade para uma política pública.

• Elaboração de estratégias e ações efetivas para a Agricultura

Familiar, de convivência com o Semiárido;

Neste dia em que saímos às ruas da cidade de Quixeramobim em

cortejo, expressando nossos saberes, nossa cultura e solidariedade,

finalizamos o II ETA e nos juntamos aos milhares de agricultoras e

agricultores experimentadores do semiárido brasileiro que, vivenciando a

agroecologia, estão construindo uma nova realidade e uma outra forma de

conviver com o Semiárido.

Viva o Semiárido! Viva as Mulheres e os homens do Semiárido!

Quixeramobim, 01 de novembro de 2012

II. Publicações

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Boletim O Candeeiro (P1+2). Experiência de Ernesto e Dona Duca, agricultores do Assentamento Várzea

do Mundaú (Trairí). Texto: Flavia Cavalcante (CETRA)

Boletins de Compartilhando Experiências – Publicação do

Caatinga com apoio da Rede ATER-NE e MDA. Experiência de

Arimatéia Mesquita (Trairí) e Maria Lindomar Queiroz (Quixeramobim). Textos: Margarida Pinheiro, Neila Santos e Joana Vidal (CETRA).

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Boletim de Informativo do CETRA, publicado periodicamente. Apresenta matérias jornalísticas sobre atividades

realizadas pela instituição. Foram produzidas também edições especiais

trazendo sistematização de experiências.