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Relatório de aula de Técnicas de caracterização MEV.
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Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Pós – Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais
Disciplina: Técnicas microscópicas de caracterização
Discente: Demmys Kelsen Florentino de Sousa
Francisco Marcelo da Silva
Raquel Guilherme de Carvalho
RELATÓRIO
Natal/RN
2013
1
SUMÁRIO
Resumo..............................................................................................3
1. Introdução.......................................................................................4
2. Fundamentação teórica.....................................................................4
2.1 Níquel e suas ligas...................................................................4
2.1.1Superliga de Níquel......................................................4
2.2 Microscópio eletrônico de varredura............................................5
2.2.1 Princípio de funcionamento..........................................6
2.2.1.1 Elétrons Secundários(SE)..................................7
2.2.1.2 Elétrons Retroespalhados(BSE)..........................8
2.3 Espectroscopia de energia dispersiva de Raios-x............................9
3. Procedimento Experimental.............................................................9
3.1 Preparação da amostra............................................................9
4. Resultado e Discussão....................................................................13
5. Conclusão....................................................................................16
Referências Bibliográficas..................................................................18
2
Resumo
Este relatório apresenta os resultados obtidos na caracterização de uma amostra
metálica analisada em um microscópio eletrônico de varredura. Utilizando esta técnica
de microscopia eletrônica de varredura foi possível observar com mais detalhes a
microestrutura do material caracterizado, como a identificação dos precipitados e as
variações de composição química com realização de análise química na amostra
analisada.
3
1. Introdução
O Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) se tornou um instrumento
indispensável nas mais diversas áreas, tais como geologia, ciência e
engenharia dos materiais, engenharia metalúrgica e etc. Essa afirmação esta
relacionada ao fato do microscópio eletrônica de varredura se apresenta
como uma técnica que permite alcançar aumentos superiores ao da
microscopia ótica [1].
Através da técnica de microscopia eletrônica de varredura é possível
analisar e explicar corretamente os fenômenos que ocorrem na escala
micrométrica ou submicrométrica. O potencial desta técnica é ainda mais
desenvolvido com a adaptação na câmara da amostra detectores de raios X
que permiti a realização de análise química na amostra em observação [1].
Neste presente trabalho, uma amostra metálica foi analisada pela
técnica de microscopia eletrônica de varredura com o objetivo de obter
informações mais detalhas da microestrutura da amostra caracterizada.
2. Fundamentação teórica
2.1 Niquel e suas ligas
O metal níquel pode ser usado de forma tecnologicamente pura, em
diversos tipos, ou como metal base de diversas ligas para a constituição de
peças e estruturas de diferentes produtos metálicos onde são exigidas as
suas características fundamentais de resistência mecânica associada à
resistência à corrosão, tanto a temperatura ambiente como às temperaturas
elevadas.
4
O níquel e as ligas de níquel podem ser agrupadas da seguinte forma:
- níquel (de diversos graus de pureza);
- níquel ligado (com pequenos teores de elementos de liga);
- Ligas níquel-cobre
- ligas níquel – ferro – cromo;
- ligas níquel – molibdênio.
Além desses materiais, ainda se encontra o níquel em importantes
categorias de ligas: ligas cobre - níquel, superligas com níquel, ligas com
níquel para fins elétricos e magnéticos, aços com baixo teor de níquel e
aços inoxidáveis com níquel [7]
2.1.1 Superliga de Níquel
A estrutura cristalina cúbica de face centrada (CFC) da matriz γ
austenítica das superligas de níquel apresenta grande capacidade de
resistência à tração, à ruptura e boas propriedades de fluência em
temperaturas homólogas muito mais alta do que as ligas de matriz cúbica de
corpo centrado, por causa de vários fatores, como o módulo de elasticidade.
Os elementos em solução sólida promovem diferentes efeitos como o
aumento de resistência (molibidênio, tântalo e tungstênio), resistência a
oxidação(cromo e alunínio) e aumenta da fração volumétrica de precipitados
secundários (cobalto) [8].
2.2 Microscópio eletrônico de varredura
A principal função do microscópio é tornar visível ao olho humano o
que for muito pequeno para tal. Os microscópios ópticos convencionais
ficam, então, limitados a um aumento máximo de 2000vezes, porque acima
deste valor, detalhes menores são imperceptíveis. No caso do microscópio
eletrônico de varredura em vez de fótons usados no microscópio óptico, é
5
utilizado feixe de elétrons, o que permite solucionar o problema de resolução
relacionado com a fonte de luz branca [2].
Fig. 1 Diferença entre o microscópio óptico e o microscópio eletrônico de
varredura.[2]
O MEV é um dos mais versáteis instrumentos disponíveis para a
observação e análise de característica microestruturais de objetos sólidos. A
principal razão de sua utilidade é a alta resolução que pode ser obtida
quando as amostras são observadas; valores da ordem de 2 a 5 nanômetros
são geralmente apresentados por instrumentos comerciais, enquanto
instrumentos de pesquisa avançada são capazes de alcançar uma resolução
melhor que 1nm [3]
Outra característica importante é que o MEV tem aparência
tridimensional da imagem das amostras, resultado direto da grande
profundidade de campo permitindo também, o exame de pequenos
aumentos e com grande profundidade de foco, o que é extremamente útil,
pois a imagem eletrônica completa a informação dada pela imagem óptica.
6
2.2.1 Princípio de funcionamento
O Microscópio eletrônico de varredura (MEV) consiste em utilizar feixes
de elétrons com diâmetro pequeno que explora ponto a ponto a superfície da
amostra por linhas sucessivas transmitindo o sinal do detector a uma tela
catódica cuja varredura está perfeitamente sincronizada com aquela do feixe
incidente. Através de um sistema de bombina de deflexão, o feixe pode ser
guiado de modo a varrer a superfície da amostra segundo uma malha
retangular. O sinal de imagem resulta da interação do feixe incidente com a
superfície da amostra.
Dentre os sinais emitidos, os mais utilizados para a obtenção da
imagem são originários dos elétrons secundários e/ou dos elétrons
retroespalhados [2].
2.2.1.1 Elétrons secundários (SE)
Englobam todos os elétrons de energia inferior a 50 eV.
Essencialmente, compreendem os elétrons da camada de valência perdidos,
que, face a sua baixa energia, emergem das proximidades da superfície da
amostra possibilitando a visualização topográfica da amostra, com elevada
profundidade de foco.
7
Fig. 2 Foto da microestrutura em um microscópio utilizando elétrons
secundários.[5]
2.2.1.2 Elétrons Retroespalhados(BSE)
Compreende o espalhamento elástico de elétrons cuja trajetória
foi desviada em mais de 900 em relação a direção do feixe incidente.
Mostram estreita relação de dependência com o número atômico e a energia
dos elétrons (50eV até valores correspondentes à energia do feixe
incidente). Permite a individualização de fases através de contraste de tons
de cinza em função do número atômico médio (Z) (diferenças de AZ
crescentes com o número atômico).[4]
8
Fig. 3 Foto da microestrutura em um microscópio utilizando elétrons
secundários.[5]
2.3 Espectroscopia de energia dispersiva de Raios-x (EDS)
Os microscópios eletrônicos em geral possuem equipamentos para
microanálise, permitindo a obtenção de informações químicas em áreas de
ordem de micrometros, as quais (qualitativas e quantitativas) são obtidas
pela detecção dos raios-x resultantes da interação entre o feixe primário e a
amostra. Na análise por EDS é usado material semi-condutor para detectar
os raios-X e um anaisador multicanal, que converte a energia em raios –X em
uma contagem eletrônica; que resulta em um espectro que representa a
análise química da amostra.[6]
3. Procedimento experimental
3.1 Preparação da amostra
Primeiramente para ser realizada a análise foi realiado na amostra as
técnicas metalográficas usuais (embutimento, lixamento e polimento). A
amostra já foi entregue cortada e embutida(Figura 4) onde posteriormente
9
foi feito o lixamento dela com as lixas na sequência 80, 240, 400, 600 e
1200 mesh lubrificada com água corrente (Figura 5) seguido pelo polimento
fino em uma polimetriz com pano tipo camurça e lubrificante a base de
alumina 1 μm e 0,5 μm (Figura 6).
Fig. 4 Foto da amostra fornecida ao grupo pelo professor.
Fig. 5. Lixamento manual lubrificado com água corrente.
10
Fig. 6 Polimento da amostra em uma politriz.
Na Figura 7, vemos as imagens da superfície da amostra que foi
submetida a sequência do trabalho metalográfico.(a) a surperfície da
amostra antes do lixamento (como foi entregue), (b) lixa #240, (c) #400, (d)
#600, (e) #1200 e (f) polida com Alumina 1μm e 0,5 μm.
11
(a) (b)
(c) (d)
Fig.7 Amostra antes do lixamento (a), lixa 240 (b), lixa 400 (c), lixa 600 (d),
lixa 1200 (e) e amostra polida com alumina Al2O3 (f) todas as figuras estão
com um aumento de 50x no microscópio óptico.
Logo após ao polimento com a amostra seca (com auxílio de álcool e
um secador) fez-se o ataque realizado dentro da estufa onde foi utilizado
como reagente a Glicerégia(específica para superligas), assim,
encaminhamos a amostra pronta para a análise em MEV de bancada Hitachi
TM-3000 similar ao da figura 8, onde, além de ter sido fotografadas no
próprio aparelho, foi realizada também análises por EDS,s para identificar os
elementos presentes na matriz e os precipitados.
Fig8. MEV de bancada Hitachi TM-3000 [9]
4. Resultado e Discussão
12
(e) (f)
A amostra foi submetida à análise de microscopia eletrônica de
varredura de bancada (MEV) e Espectroscopia de Energia Dispersiva de
Raios-X (EDS) para determinação de sua microestrutura e composição
química. A figura 9 mostra imagem de uma área da zona fundida presente
no material, nela podemos observar de uma forma mais clara a presença de
predominante de três fases; além da matriz γ pode ser identificado duas
fases; uma mais clara e outra mais escura de precipitados (M23C6).
Fig. 9 Imagem geral obtida por MEV da zona fundida.
A Tabela 1 logo abaixo mostra a composição da região em estudo, a
partir de uma análise semiquantitativa, utilizando o a técnica de EDS.
Tabela 1 – Composição do material na zona fundida.
Element Weight % Weight % σ Atomic %
Aluminum 1.117 0.175 2.253
Silicon 1.055 0.164 2.044
Chromium 27.045 0.617 28.295
Manganese 1.978 0.451 1.958
Iron 35.750 0.750 34.823
13
Nickel 33.054 0.851 30.627
A título de especificação, prosseguimos com as análises pontuais nas
regiões que apresentam diferenças de contrastes (fases). A figura 10 mostra
a análise de EDS no precipitado claro, enquanto a Tabela 2 detalha sua
composição. Nela percebemos a predominância de Ni, Cr e Fe.
Fig. 10 Detalhe da análise pontual no precipitado claro.
Tabela 2 – Composição do precipitado claro.
Element Weight % Weight % σ Atomic %
Silicon 1.059 0.157 2.079
Chromium 25.627 0.557 27.174
Manganese 2.234 0.402 2.242
Iron 36.425 0.699 35.960
Nickel 34.655 0.789 32.544
14
Em seguida apresentamos a Figura 11 mostrando um ponto no precipitado
escuro, o qual por análise com EDS apresentou a composição descrita na Tabela 3.
Nesse região encontramos uma maior quantidade de precipitados de Cr.
Fig. 11 Análise pontual no precipitado escuro.
Tabela 3 - Composição do precipitado escuro.
Element Weight % Weight % σ Atomic %
Silicon 0.820 0.147 1.555
Chromium 70.012 0.818 71.694
Iron 15.386 0.557 14.669
Nickel 12.597 0.680 11.425
Molybdenum 1.185 0.491 0.657
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Por último, a Figura 12 detalha o ponto no qual é feita uma análise de EDS. Os
resultados obtidos encontram-se na Tabela 4.
Figura 12 – Análise pontual na matriz.
Tabela 4 – Composição da matriz na região da zona fundida.
Element Weight % Weight % σ Atomic %
Silicon 0.989 0.184 1.950
Chromium 21.400 0.610 22.797
Manganese 2.087 0.459 2.104
Iron 39.204 0.839 38.883
Nickel 36.321 0.928 34.267
5. Conclusão
No presente trabalho graças a resolução do MEV foi visualizado na amostra a
presença de três fazes, o que não deu para visualizar quando foi feito o trabalho
apenas com o microscópio óptico. Já o EDS por mais que não seja uma ferramenta
100% confiável, nos reveleou a presença de elementos a mais do que foi pesquisado
no trabalho anterior. Observando as imagens pode - se confirmar a presença de três
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fases distintas no material, na matriz γ austenítica composta predominantemente por
Ni, Cr e Fe a formação de precipitados, provavelmente o M23C6 (fase escura onde M de
acordo com a porcentagem seja o Cr) que confere uma maior resistência à oxidação ao
material e por último a presença de um precipitado claro com composição semelhante
à matriz, porém sua geometria pode influenciar na propriedade. A grande quantade de
níquel na amostra (mais de 30%) revela que a amostra se trata muito mais de uma
Superliga de Níquel do que um aço inoxidável.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 – MALISKA, A. M. Microscopia Eletrônica de Varredura e Microanálise, Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC.
2 - DEDAVID, B. A.; GOMES, C.I.; MACHADO. G. Microscopia eletrônica de
varredura : aplicações e preparação deamostras : materiais
poliméricos, metálicos e semicondutores.Porto Alegre : EDIPUCRS,
2007.
3 - NAGATANI, T.; SAITO S,; SATO, M.; YAMADA, M. Development of an
ultra high resolution scanning electron microscope by means of a
field emission source and in-lens system. Scanning Microscopy. v.11.
1987.
4 - KAHN, H. Microscopia electronica de varredura e microanálise
química.Disponível em:
http://www.angelfire.com/crazy3/qfl2308/1_multipart_xF8FF_4_MEV_PMI-
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5 - MANSUR, H.S. Técnicas de caracterização de materiais. Disponível
em :http://www.biomaterial.com.br/capitulo7part01.pdf Acesso : 01/06/2013
6 - Técnicas de análises. PUC-RIO. Disponível em: http://www2.dbd.puc-
rio.br/pergamum/tesesabertas/0721806_2012_cap_4.pdf. Acesso:
01/06/2013.
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7-UNICAMP. Seleção de materiais. Disponível em:
ftp://ftp.fem.unicamp.br/pub/EM833/Parte%20II%201.3.b%20%20Niquel
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8 - SOUSA, G.R.X. de. Processamento da superliga de níquel X-750
para fabricação de molas helicóidais. Universidade Federal do Rio de
Janeiro, 2010.
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http://www.dpunion.com.br/Produto_Detail.aspx?D=233. Acesso: 01/06/2013.
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