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Estudo da Importância do crédito rural para a Agricultura Familiar usando como local de estudo o Município de Sertão
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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO
RIO GRANDE DO SUL – CAMPUS SERTÃO
CURSO DE ENSINO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM
AGRONEGÓCIO
FERNANDO MOCELIN MACHADO
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR
SICREDI ESTAÇÃO – UNIDADE DE ATENDIMENTO SERTÃO
Sertão, Janeiro de 2013
2
INTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO
RIO GRANDE DO SUL – CAMPUS SERTÃO
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM AGRONEGÓCIO
RELATÓRIO DE ESTÁGIO Relatório apresentado como conclusão do Estágio Curricular do Curso Superior de Tecnologia em Agronegócio do IFRS – Campus Sertão.
ESTUDANTE: Fernando Mocelin Machado
ORIENTADOR: Msc. Welington Rogério Zanini
Sertão, Janeiro de 2013
3
FOLHA DE APROVAÇÃO
FERNANDO MOCELIN MACHADO
RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO DEFENDIDO E
APROVADO EM 10 DE JANEIRO DE 2013, PELA BANCA
EXAMINADORA:
_____________________________________________
Msc. Welington Rogério Zanini
_____________________________________________
Prof.ª Msc. Manuela Rösing Agostini
______________________________________________
Prof.ª Msc Carlisa Smoktunowicz Toebe
4
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8
1.1 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 8
1.2 OBJETIVO GERAL .............................................................................................. 8
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................. 8
1.3.1 Estudar a diversidade do uso de crédito rural .............................................. 8
1.3.2 Analisar o perfil dos Agricultores e investimentos dos entrevistados ........... 8
1.4 ESTÁGIO CURRICULAR ...................................................................................... 8
2 DESENVOLVIMENTO ........................................................................................... 10
2.1 APRESENTAÇÕES DA EMPRESA ................................................................. 10
2.1.1 O Sicredi .................................................................................................... 10
2.1.1.1 Estruturas do Sicredi ........................................................................... 11
2.1.2 Sicredi Estação RS .................................................................................... 12
2.2 ABORDAGENS TEÓRICAS REFERENTES À AREA DE ATUAÇÃO ........... 13
2.2.1 O Cooperativismo de Crédito e o Crédito Rural ......................................... 13
2.2.2 A Agricultura Familiar. ................................................................................ 14
2.2.3 PRONAF .................................................................................................... 15
2.2.3.1 Créditos de Custeio ............................................................................ 17
2.2.3.2 Créditos de Investimento ..................................................................... 17
2.2.3.3 Créditos para integralização de cotas-partes ...................................... 17
2.2.4 Seguro da Agricultura Familiar (SEAF) ...................................................... 17
2.2.4.1 Culturas Enquadradas no SEAF .......................................................... 18
2.2.5 Realidades do município de Sertão ........................................................... 19
2.3 ATIVIDADES DESENVOLVIDA ................................................................... 21
2.3.1 BUREAU .................................................................................................... 21
2.3.1.1 Sistema de Informações de Crédito do Banco Central (SCR) ............. 22
2.3.2 PESQUISA A CAMPO COM OS AGRICULTORES FAMILIARES ................................... 22
2.3.2.1 Créditos rurais operados pelo Sicredi Estação UA Sertão nos últimos 3
anos ................................................................................................................. 23
2.3.2.2 Intenção dos AFs em realizar investimentos dentro dos próximos anos
........................................................................................................................ 23
5
2.3.2.3 Bens Adquiridos Através das Linhas de Crédito Operadas Pelo Sicredi
UA Sertão. ....................................................................................................... 24
2.3.2.4 Bens que os AFs pretendem adquirir nos próximos anos ................... 25
2.3.2.5 Idade Média dos AFs do sexo masculino de Sertão. ........................... 25
2.3.2.6 Idade Média dos AFs do sexo feminino do município de Sertão. ........ 26
2.3.2.7 Quantidade e Idade Média dos Filhos dos AFs ................................... 27
2.3.2.8 Tamanho das Propriedades familiares ................................................ 28
2.3.2.9 Pecuária na Agricultura Familiar .......................................................... 29
2.3.2.10 Produção ........................................................................................... 30
2.3.2.11 Interesse de expansão em Área ........................................................ 31
2.4 SUGESTÕES E ALTERAÇÕES IMPLEMENTADAS NO PERÍODO NA EMPRESA ................. 31
2.5 DIAGNÓSTICO DE MELHORIAS PERCEBIDAS NO DECORRER DO TEMPO DE ESTÁGIO. ... 32
2.5.1 Consultas para operação de crédito .......................................................... 32
2.5.2 Atendimento de Saguão ............................................................................ 33
2.5.3 Eventos ...................................................................................................... 33
2.5.3.1 Etapa da Copa Norte de Veloterra em Colônia Araújo – Sertão .......... 33
2.5.3.2 Comemoração do Sicredi entre as 150 empresas para você trabalhar
........................................................................................................................ 33
2.5.3.3 Pesquisa de Campo ............................................................................ 34
2.5.3.4 Cursos Realizados no Decorrer do Estágio ......................................... 34
3 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 35
ANEXOS ................................................................................................................... 36
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 38
6
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Crédito Rural operado pelo Sicredi Estação UA Sertão no período de
2010/2012. ................................................................................................................ 23
Gráfico 2: Futuras Operações de Crédito Rural operado pelo Sicredi Estação UA
Sertão ........................................................................................................................ 24
Gráfico 3: Futuras Operações de Crédito Rural operado pelo Sicredi Estação UA . 25
Gráfico 4: Futuras Operações de Crédito Rural operado pelo Sicredi Estação UA
Sertão ........................................................................................................................ 25
Gráfico 5: Idade dos AFs sexo masculino no município de Sertão .......................... 26
Gráfico 6: Idade dos AFs sexo feminino no município de Sertão ............................. 27
Gráfico 7: Número e Idade Média de Filhos dos AFs no município de Sertão ......... 28
Gráfico 8: Estrutura Fundiária dos AFs no município de Sertão .............................. 29
Gráfico 9: Pecuária presente na Agricultura Familiar no município de Sertão ......... 29
Gráfico 10: Produção vegetal no município de Sertão ............................................. 30
Gráfico 11: Produção Animal no município de Sertão .............................................. 30
Gráfico 12: Interesse na expansão da Área ............................................................. 31
7
LISTA DE ANEXOS
Anexo 1: Ficha para levantamento de dados da propriedade .................................. 36
Anexo 2: Ficha para levantamento créditos acessados e futuros créditos ............... 37
8
1 INTRODUÇÃO
1.1 Justificativa
“Importância do crédito rural para a Agricultura Familiar”, pela importância em
que as linhas de crédito têm para a Agricultura Familiar, tanto pra investimentos
quanto para capital de giro.
1.2 Objetivo Geral
Estudar o uso do crédito rural por um grupo de Agricultores Familiares
entrevistados, vinculados ao SICREDI Estação RS Unidade de Atendimento Sertão.
1.3 Objetivos Específicos
1.3.1 Identificar a diversidade do uso do crédito rural entre os entrevistados,
analisando o uso e a intenção em termos de crédito rural.
1.3.2 Analisar o perfil dos Agricultores e investimentos dos entrevistados bem como
suas intenções para os próximos três anos.
1.4 Estágio Curricular
O Estágio Curricular Supervisionado realizou-se na Cooperativa de Crédito de
Livre Admissão de Associados da Grande Getúlio Vargas do Rio Grande do Sul
(Sicredi Estação – Unidade de Atendimento Sertão) localizada na Avenida Brasil
número 851, teve como objetivo identificar o acesso de crédito rural por Agricultores
Familiares (AF) no município de Sertão – RS. Analisou-se os investimentos
realizados pelos tomadores de linhas de crédito, identificando as famílias de
diferentes localidades do município de Sertão, o número de pessoas que sobrevivem
da propriedade e os bens e quantidade de terras presentes dessas famílias, e o
9
desejo de realizar mais algum investimento através das linhas de crédito operadas
pelo Sicredi, iniciando no dia 6 de Agosto de 2012 e com término no dia 05 de
Novembro de 2012 totalizando 366 horas.
O estágio foi realizado no munícipio de Sertão e as coletas de dados foram
feitas através de entrevistas com perguntas abertas de forma aleatória com a
população rural do munícipio, onde houve a participação das lideranças das
comunidades e dos gestores da Unidade de Atendimento Sertão para que assim
fossem escolhidos os entrevistados. Levou-se em consideração o mínimo de um
Agricultor Familiar por comunidade do município, assegurando-lhes a privacidade
dos seus nomes.
Com a realização do estágio curricular supervisionado na Unidade de
Atendimento Sertão, do Sicredi Estação RS, permitiu-se um total acompanhamento
de como uma cooperativa de crédito opera com suas linhas de crédito operadas
para a agricultura familiar. Na pesquisa realizada observam-se vários fatores
intrigantes que estão para acontecer nos próximos anos, onde os agricultores
familiares se apresentam fortes e produtivos, porem ocorrendo à tendência de
abandonar as atividades rurais e deslocarem-se para a zona urbana. Observam-se
também as potencialidades do município com a agropecuária, demonstrando-se
forte nas produções de grandes culturas assim como na bacia leiteira.
Os investimentos realizados pelos AFs do município vêm ocorrendo de forma
moderada e consciente, observaremos que os mesmos apresentam-se cientes que
sua propriedade deve se equiparar a uma empresa, e a mesma deve ser bem
administrada. O presente relatório enfatiza o cooperativismo de crédito e a
agricultura familiar, mostrando suas peculiaridades e seus respectivos trabalhos e
importância para a sociedade moderna. Hoje podemos ver agricultores familiares
modernizados e com grandes avanços tecnológicos alcançando destaque no cenário
econômico e agropecuário municipal.
10
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 APRESENTAÇÕES DA EMPRESA
2.1.1 O Sicredi
Com origem no setor primário, o Sicredi atua nos centros urbanos, por
intermédio das Cooperativas de Livre Admissão e/ou por meio das Cooperativas
Segmentadas, que são aquelas ligadas a categorias profissionais ou segmentos
econômicos específicos. Com o fortalecimento institucional do Sicredi e de outras
instituições de mesma natureza, foi crescendo a abrangência de atuação do
cooperativismo de crédito, com a significativa ampliação do volume de recursos
administrados, o aumento do contingente de associados e a disponibilização de uma
maior gama de produtos e serviços (SICREDI 2011).
O Sicredi tem como Visão: “Ser reconhecido pela sociedade como instituição
financeira cooperativa, comprometida com o desenvolvimento econômico e social
dos associados e das comunidades, com crescimento sustentável das cooperativas,
integradas em um sistema sólido e eficaz”, como Missão: “Como sistema
cooperativo, valorizar o relacionamento, oferecer soluções financeiras para agregar
renda e contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos associados e da
sociedade.” e Valores: Preservação irrestrita da natureza cooperativa do negócio,
Respeito à individualidade do associado, valorização e desenvolvimento das
pessoas, Preservação da instituição como sistema, Respeito às normas oficiais
internas e Eficácia e transparência na gestão (SICREDI 2011).
O Sicredi reúne 120 cooperativas de crédito, integradas horizontal e
verticalmente. A integração horizontal esta representada em 11 estados brasileiros
com mais de 1,1 mil Unidades de atendimento (UA). Na integração Vertical, as
cooperativas estão organizadas em quatro Centrais – acionistas do Sicredi
Participações SA -, uma Confederação, uma Fundação e um Banco Cooperativo que
controla empresas especificas que atuam na distribuição de cartões e de consórcios.
Em Dezembro de 2011 o sistema superou 2 milhões de associados e conta com
11
mais de 13 mil colaboradores, sendo a 6ª instituição financeira no Brasil em número
de unidades de atendimentos, segundo o Relatório Anual 2011 do Sicredi. A Central
Sicredi Sul reúne 54 cooperativas e 589 pontos de atendimentos em 464 munícipios
gaúchos e catarinenses, tendo 1.223.849 associados, sendo que no Rio Grande do
Sul o Sicredi está presente em 88% dos munícipios e é a instituição financeira com a
maior rede de atendimento no estado (SICREDI 2011).
2.1.1.1 Estruturas do Sicredi
Cooperativas de Crédito
Atuam no atendimento de associados, pessoas físicas e jurídicas que utilizam
os produtos e serviços financeiros do Sicredi, tendo como objetivos administrar os
recursos e conceder empréstimos aos associados e prestar serviços próprios de
uma instituição financeira, sendo as instancias decisórias do Sistema.
Centrais
Difundem o cooperativismo de crédito e coordenam a atuação das
cooperativas filiadas, apoiando-as nas atividades de desenvolvimento e expansão.
Sicredi Participações
Coordena a definição de objetivos estratégicos e econômico-financeiros e a
deliberação de politicas de compliance, ética e auditoria. É através da Sicredi
Participações (SicrediPar) que as decisões corporativas são formalizadas.
Confederação Sicredi
Provê serviços às empresas e entidades integrantes do Sicredi, nos
segmentos de informática e administrativo e nas áreas tributárias, contábil e de
folhas de pagamento.
Banco Cooperativo Sicredi
É o instrumento de acesso das cooperativas ao mercado financeiro e
programas de financiamento. Administra com escala os recursos e desenvolve
produtos e serviços corporativos e políticas de comunicação, marketing e gestão de
pessoas. Controla a Corretora de Seguros, a Administradora de Cartões e a
12
Administradora de Consórcios. Também atua na gestão de risco. O Rabo Financial
Institutions Development B.V (RFID) – braço de desenvolvimento do grupo Holandês
Rabobank – detém 24,91% do capital votante do Banco Cooperativo Sicredi, e a
SicrediPar, 75,09% deste capital.
Fundação Sicredi
Tem como objetivo estruturar, desenvolver e coordenar programas de
educação que promovam o cooperativismo de crédito e a formação de associados.
2.1.2 Sicredi Estação RS
Em 13 de maio de 1981, integrantes de uma cooperativa de produção
reuniram-se em assembleia e constituíram a Cooperativa de Crédito Rural de Getúlio
Vargas LTDA (CREDIGEL). Com a livre admissão de associados, aprovado pelo
Banco Central em 2006, a cooperativa passou a ter como razão social a seguinte
nomenclatura: Cooperativa de Crédito de Livre Admissão de Associados da Grande
Getúlio Vargas do Rio Grande do Sul, sendo nome fantasia: Sicredi Estação RS,
com sede na Avenida Lidio Tagliari, 1275 Estação – RS.
A Sicredi Estação fechou o ano de 2011 com mais de 9 mil associados e com
volume superior a R$ 93,5 milhões de ativos. Patrimônio de R$ 19,5 milhões, e no
ano de 2010 foram liberados mais de R$ 80,7 milhões de reais em empréstimos nas
diversas modalidades de crédito, e com mais de 100 produtos e serviços à
disposição dos associados o Sicredi estação se torna de grande importância para a
região tornando-se uma instituição financeira competitiva, dirigida e gerenciada por
pessoas da comunidade sendo sempre o associado respeitado e dirigido como o
dono do negócio.
Compõe a área de atuação da Sicredi Estação os munícipios de Estação,
Erebango, Getúlio Vargas, Ipiranga do Sul, Floriano Peixoto, Quatro Irmãos e
Sertão, sendo que em janeiro de 1998 a Cooperativa de Crédito Rural de Jacutinga
foi incorporada a cooperativa passando assim o município de Jacutinga a também
fazer parte da Sicredi Estação, sendo que nestes munícipios existem 73 casais
coordenadores, que são lideranças escolhidas em reuniões com a comunidade para
13
serem os denominados Coordenadores de Núcleo, sendo esses o elo entre a
cooperativa e os demais associados de cada comunidade/núcleo.
2.2 ABORDAGENS TEÓRICAS REFERENTES À AREA DE ATUAÇÃO
2.2.1 O Cooperativismo de Crédito e o Crédito Rural
O estágio curricular supervisionado foi realizado na Unidade de Atendimento
Sertão do Sicredi Estação RS, permitindo assim um total acompanhamento de como
funciona uma cooperativa de crédito e as linhas de crédito operadas para agricultura
familiar. Segundo Soares e Sobrinho (2008):
É possível inferir que a experiência brasileira com o cooperativismo de crédito vem de 1902, quando por iniciativa do imigrante padre suíço Theodor Amstad, foi criada a Sociedade Cooperativa Caixa de Economia e Empréstimos de Nova Petrópolis, que após inúmeras transformações ao longo do século passado, em março de 2007 foi autorizado o projeto de transformação para funcionar como “Cooperativa de Crédito de Livre Admissão de Associados Pioneira da Serra Gaúcha – Sicredi Pioneira RS” e a partir desta iniciativa surgiram inúmeras outras cooperativas da espécie que, diante do foco eminentemente rural, eram subordinadas ao Ministério da Agricultura.
Entre os reconhecimentos do papel dos Bancos Cooperativos podemos citar à
Lei 9.848, de 26 de Outubro de 1999, que, em seus artigos. 2º e 4º, permitiu que
essas instituições contratassem operações de crédito rural subvencionados pela
União, sob a forma de equalização de encargos (cobertura do diferencial verificado
entre o custo dos recursos para o banco e a remuneração do financiamento ao
produtor), e a mais recente atualização normativa relacionada ao funcionamento dos
bancos cooperativos veio com a edição da Resolução 3.188, de 29 de Março de
2004, que autoriza essas instituições a captarem depósitos da poupança rural,
sendo que esse fica limitado às cooperativas de crédito rural e às de livre admissão
de associados como no caso do Sicredi Estação RS.
Os sete princípios universais do cooperativismo aprovados pela Aliança
Cooperativista Internacional – ACI, em Manchester, na Inglaterra, em 1995 são as
linhas orientadoras através das quais as cooperativas levam a pratica os seus
valores, sendo estes segundo a OCB (2012):
14
1º - Adesão voluntária e livre - as cooperativas são organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas aptas a utilizar os seus serviços e assumir as responsabilidades como membros, sem discriminações de sexo, sociais, raciais, políticas e religiosas. 2º - Gestão democrática - as cooperativas são organizações democráticas, controladas pelos seus membros, que participam ativamente na formulação das suas políticas e na tomada de decisões. Os homens e as mulheres, eleitos como representantes dos demais membros, são responsáveis perante estes. Nas cooperativas de primeiro grau os membros têm igual direito de voto (um membro, um voto); as cooperativas de grau superior são também organizadas de maneira democrática. 3º - Participação econômica dos membros - os membros contribuem equitativamente para o capital das suas cooperativas e controlam-no democraticamente. Parte desse capital é, normalmente, propriedade comum da cooperativa. Os membros recebem, habitualmente, se houver, uma remuneração limitada ao capital integralizado, como condição de sua adesão. Os membros destinam os excedentes a uma ou mais das seguintes finalidades: Desenvolvimento das suas cooperativas, eventualmente através da criação de reservas, parte das quais, pelo menos será, indivisível; Benefícios aos membros na proporção das suas transações com a cooperativa; Apoio a outras atividades aprovadas pelos membros. 4º - Autonomia e independência - as cooperativas são organizações autônomas, de ajuda mútua, controladas pelos seus membros. Se firmarem acordos com outras organizações, incluindo instituições públicas, ou recorrerem a capital externo, devem fazê-lo em condições que assegurem o controle democrático pelos seus membros e mantenham a autonomia da cooperativa. 5º - Educação, formação e informação - as cooperativas promovem a educação e a formação dos seus membros, dos representantes eleitos e dos trabalhadores, de forma que estes possam contribuir, eficazmente, para o desenvolvimento das suas cooperativas. Informam o público em geral, particularmente os jovens e os líderes de opinião, sobre a natureza e as vantagens da cooperação. 6º - Intercooperação - as cooperativas servem de forma mais eficaz aos seus membros e dão mais - força ao movimento cooperativo, trabalhando em conjunto, através das estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais.7º - Interesse pela comunidade - as cooperativas trabalham para o desenvolvimento sustentado das suas comunidades através de políticas aprovadas pelos membros.
Hoje o Brasil conta com 1047 Cooperativas de Crédito tendo essas 4,6
milhões de associados (OCB, 2012).
2.2.2 A Agricultura Familiar.
Segundo a Lei n. 11.326 de 2006:
Agricultor familiar é aquele que pratica atividades no meio rural e que cumpre os seguintes quesitos:
15
I - Não deter área maior do que quatro módulos fiscais1 II - Utilizar
predominantemente mão de obra da própria família nas atividades do seu estabelecimento ou empreendimento. III - A Renda familiar ser predominantemente originada de atividades vinculadas ao próprio estabelecimento. IV – O estabelecimento ser dirigido pelo agricultor(a) com sua família
A agricultura familiar desempenha papel fundamental para o crescimento da
economia e da melhoria das condições de vida do povo brasileiro. Segundo Ferreira
(2011) “políticas públicas exercem importante função no seu fortalecimento e na sua
valorização, mas é necessário que os agricultores familiares conheçam essas
políticas e delas se apropriem para o desenvolvimento de suas atividades”.
O AF pode também, sem perder a condição de segurado especial segundo a
Lei 8213/91:
Contratar mão-de-obra externa por até 120 dias no ano; exercer mandato de dirigente sindical de organização de trabalhadores rurais; Exercer mandato de vereador no município onde desenvolve a atividade rural; ser dirigente de cooperativa rural constituída exclusivamente por segurados especiais.
A condição de segurado especial não fica descaracterizada nas seguintes
situações:
a) contrato escrito de parceria de até 50% de imóvel rural cuja área total não seja superior a 4 módulos fiscais, desde que os parceiros continuem a exercer a respectiva atividade, individualmente ou em regime de economia familiar; b) a exploração da atividade turística da propriedade rural, inclusive com hospedagem, por não mais de 120 dias ao ano; c) ser beneficiário ou fazer parte de grupo familiar que tem algum componente que seja beneficiário de programa assistencial oficial de governo; d) a utilização pelo próprio grupo familiar, na exploração da atividade, de processo de beneficiamento ou industrialização artesanal; e) a associação em cooperativa agropecuária.
2.2.3 PRONAF
O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) é
um programa do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) que disponibiliza
1 O módulo fiscal é uma unidade relativa de área, expressa em hectares, fixada para cada munícipio, e
instituída pela Lei n. 6.746, de 10 de Dezembro de 1979 que leva em conta o tipo de exploração predominante
do município; a renda obtida com a exploração predominante e outras explorações existentes no município
que, embora não predominantes, sejam expressivas em função da renda ou da área utilizada.
16
créditos para custeio, comercialização e investimentos das atividades produtivas dos
Agricultores Familiares (AF), visando o aumento da renda familiar e à criação de
novos postos de trabalho, além de estimular a produção de alimentos. Vale destacar
também que as opiniões sobre os avanços obtidos pela criação do PRONAF se
dividem em seu tempo de existência, de um lado temos os que defendem a ideia,
segundo Abramovay; Veiga, 1999, p 45-46 “está conseguindo produzir o ambiente
institucional necessário a ampliação da base social da política nacional de crédito e
desenvolvimento rural”. Enquanto outros o criticam com base no caráter politico que
aposta no desenvolvimento local e em potencializar atividades diversificadas
(industrialização, turismo e lazer) e insiste na profissionalização e apoio ao
“verdadeiro agricultor” (CARNEIRO, 2000, p. 124).
Segundo Ferreira et al. (2011, p. 9), para obter os créditos do PRONAF basta
os AF obterem junto às entidades credenciadas, Emater/RS, Sindicatos dos
Trabalhadores Rurais, a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), garantido
enquadrar-se nas seguintes condições:
Trabalhar na terra em condições de proprietário, posseiro, arrendatário, parceiro ou concessionário (assentado) do Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA); Residir na propriedade rural ou local próximo; Dispor de área inferior a quatro módulos fiscais, que é uma unidade de medida expressa em hectare fixada para cada município, variando de 5 a 100 hectares; Ter renda bruta familiar, nos últimos 12 meses, inferior a R$ 110 mil; e, Ter, no máximo, dois empregados, sendo que a mão de obra deve ser prioritariamente familiar.
Elaborar projeto com o apoio da assistência técnica, considerando o limite de
crédito, condições de crédito (taxa de juros, prazos, carências), como se dará a
assistência técnica, documentos necessários de serem providenciados, aspectos
ambientais, necessidade de licenciamento ambiental, mão de obra necessária, etc.,
apresentar o projeto e toda a documentação exigida pela Cooperativa de Crédito
para a liberação da operação de crédito, sendo essa documentação: projeto técnico,
documento original da propriedade, documentação pessoal, DAP, licenciamento
ambiental (FERREIRA et al. 2011 pág. 9). Entre o que pode ser financiado pelo
PRONAF podemos citar créditos destinados a custeio, investimentos ou
integralização de cotas-partes de agricultores familiares em cooperativas de
produção.
17
2.2.3.1 Créditos de Custeio
São aqueles destinados ao financiamento de atividades agropecuárias e não
agropecuárias de beneficiamento ou industrialização de produtos, e que além de
financiar despesas normais da atividade agropecuária podem também contemplar
verbas para (FERREIRA et al. 2011, pág. 8).
Manutenção do beneficiário e de sua família;
Aquisição de animais destinados à produção necessária a subsistência;
Compra de medicamentos, agasalhos, roupas e utilidades domésticas;
Outros gastos indispensáveis ao bem da família;
2.2.3.2 Créditos de Investimento
Segundo Ferreira et al. (2011, p.8) Crédito de investimentos são aqueles
destinados à:
Criação, ampliação ou modernização da infraestrutura de produção e serviços agropecuários ou não agropecuários, no estabelecimento rural ou em áreas comunitárias rurais próximas como exemplo de abatedouros, silos entre outros; e, Aquisição de equipamentos e programas de informática voltados para a melhoria da gestão dos empreendimentos rurais e das unidades agroindustriais, mediante indicação em projeto técnico.
2.2.3.3 Créditos para integralização de cotas-partes
Para Ferreira et al. (2011, p.9) são destinados “ à Integralização de cotas-
partes dos agricultores familiares filiados em suas respectivas cooperativas de
produção; e, reforço de capital de giro, custeio ou investimento das cooperativas”.
2.2.4 Seguro da Agricultura Familiar (SEAF)
18
O Seguro da Agricultura Familiar (SEAF), mais conhecido como Proagro
Mais, foi criado para que o agricultor familiar possa desenvolver a sua lavoura com
segurança, funcionando também como seguro de renda. Para que o SEAF seja
viável, é importante promover o uso de tecnologias adequadas, ter cuidados com o
manejo dos recursos naturais e adotar medidas preventivas contra as adversidades
climáticas. Dessa forma, o AF estará menos exposto a riscos e terá melhores
condições de plantar e colher. O SEAF se torna automático e obrigatório no
momento em que o AF faz a contratação para as culturas que estão contempladas
no Zoneamento Agrícola de Risco Climático que foi elaborado pelo Ministério da
Agricultura (MA), pois a agricultura é uma atividade de risco estando sujeita a falhas.
(Ferreira, 2011)
2.2.4.1 Culturas Enquadradas no SEAF
No Rio Grande do Sul, podem ser amparadas pelo SEAF as culturas: Arroz,
cana-de-açúcar, canola, cevada, feijão, girassol, mamona, mandioca, milho, soja,
trigo, pêssego, pera, ameixa, banana, maçã, nectarina, uva americana, uva europeia
e todas as culturas irrigadas; sendo que somente é possível a indenização de
perdas para as culturas já implantadas, exigindo assim a emergência das plantas e
no caso das culturas não cobertas, o agricultor poderá optar pelo Proagro
Tradicional. O valor assegurado será igual ao valor financiado mais parcela de 65%
da receita líquida esperada, limitada a R$ 3500,00 por agricultor/ano, sendo também
garantias do SEAF sobre a cobertura:
Valor igual a 100% da quantia segurada mais os juros do
financiamento, deduzidas a receita bruta obtida com a colheita, às
parcelas do financiamento não aplicadas e as perdas por causas não
amparadas.
Perda maior que 30% causada por evento amparado pelo programa.
Os eventos cobertos são: chuva excessiva, geada, granizo, seca,
variação excessiva de temperatura, ventos fortes e frios, doenças
fúngicas ou praga sem método de controle.
19
Os eventos não cobertos são: incêndio de lavoura, enchente, evento
fora da vigência e eventos associados ao plantio em locais impróprios
ou sujeitos a riscos frequentes.
Não recebem o seguro aqueles agricultores que utilizam tecnologia ou manejo
inadequado, não realizam observância do zoneamento agrícola, causam erosão ou
a não conservação do solo, plantam culturas diferentes das financiadas, iniciam a
colheita antes da perícia, não comprovem insumos adquiridos e/ou usam tecnologia
incompatível com a produtividade prevista na contratação do financiamento.
Também, o AF não terá direito a cobertura quando o índice médio de perda for igual
ou inferior a 30% da receita bruta esperada, e os AF que receberem coberturas por
três vezes em um período de 60 meses para a mesma cultura não poderão financiar
a mesma novamente, porém, poderão acessar o financiamento de outras culturas
desde que recebam o apoio e orientação da assistência técnica. (Ferreira, 2011)
2.2.5 Realidades do município de Sertão
O Estágio Curricular Supervisionado foi realizado totalmente no munícipio de
Sertão, onde segundo os dados do Estudo de Situação do Munícipio de Sertão
realizado pela EMATER/RS em 17 de setembro de 2012, fica localizado na região
morfológica do Planalto Médio, na micro região colonial de Erechim (RS), sendo sua
população composta principalmente por descendentes de italianos, alemães e
caboclos. O município teve origem com a construção da estrada de ferro, tendo a
localidade sido fundada em 1918, por um grupo de italianos. O nome Sertão foi dado
em razão da abundância de florestas de matas nativas que cobriam a região, onde
se instalaram várias madeireiras (EMATER, 2012).
Segundo dados do IBGE (2010) o município conta com área de 439,472Km²
tendo 6.294 Habitantes sendo 718 AF registrados que obtiveram a DAP segundo a
EMATER/RS que também indica em seu estudo de situação que, a população tem
diminuído a cada década, principalmente pelo deslocamento das famílias do meio
rural para cidades maiores em busca de oportunidade de emprego fixo, pois o
município não desenvolveu o setor industrial. Os AF do município de Sertão
segundo dados da EMATER (2012), tem sua produção entre grãos e fruticultura as
culturas, feijão (80 ha); milho (5000 ha); soja (3000 ha); trigo (6000 ha); uva (7 ha) e
20
pêssego (4 ha), também citam que “a produção de grãos está embasada na soja,
milho e trigo, com tendência a continuar estável devido às áreas serem mecanizadas
e o valor alto do produto no mercado. A fruticultura é pouco significante, com
tendência de não crescimento, pois o município não possui empresas de fomento e
comercialização na região.”. Na produção animal destacasse a bovinocultura de
leite, onde o município apresenta alta produção de leite na região, podendo ainda
ser expandida com a ampliação do rebanho e aumento da oferta e qualidade do
alimento. A avicultura se apresenta como uma boa oportunidade para a pequena
propriedade, estando em fase de expansão (EMATER, 2012).
Nas últimas décadas a agricultura brasileira teve um forte crescimento.
Segundo Barros et al (2009):
Nossa hipótese é que grande parte deste crescimento pode ser atribuído a
dois fatores, que podem ser relacionados a dois tipos de choques sobre a
agricultura: relacionados à demanda e à oferta. Choques de demanda são
originados tanto da economia doméstica quanto dos mercados externos.
Utilizamos a metodologia de Blanchard & Quah (1989), para estimar as
importâncias relativas de ambos os choques sobre o crescimento agrícola
brasileiro. Nossos resultados indicam que os choques de oferta e demanda
têm efeitos permanentes sobre o produto e preços agrícolas. Estimamos
que o crescimento do produto agrícola é atribuído em grande proporção ao
aumento da produtividade. A integração aos mercados internacionais é
essencial para garantir a lucratividade do uso contínuo de novas tecnologias
que levam a ganhos de produtividade. Esse é o motivo pelo qual a taxa de
câmbio desempenha um papel relevante na explicação da performance da
agricultura brasileira. Se forem mantidos os investimentos em pesquisa e
desenvolvimento de tecnologia, e expandida à integração aos mercados
internacionais, o Brasil será capaz de aumentar substancialmente sua oferta
de produtos tanto no mercado doméstico, como no mercado internacional.
No Crédito Rural, com a liberação de mais de R$ 4,32 bilhões no Plano Safra
2010/2011, em cerca de 140 mil operações, o Sicredi bateu mais um recorde na
liberação de recursos em um Plano Safra, conquistando a 5ª posição entre os
maiores agentes no Brasil. Deste montante, R$ 3,26 bilhões foram liberados para
operações de custeio, comercialização e investimento e mais R$ 1,06 bilhões em
operações com recursos do BNDES (SICREDI 2011).
21
Figura 1: Demonstração do Crédito por Produto e Segmento
Fonte: Relatório Anual do Sicredi, 2011.
2.3 ATIVIDADES DESENVOLVIDA
Entre as atividades desenvolvidas podemos citar a consulta de crédito, essa
ocorria a partir da entrega do projeto técnico, assim realiza-se uma consulta de
Crédito do AF e cônjuges assim como do avalista e cônjuges, através de um sistema
online do Sicredi, chamado BUREAU SICREDI, além de consultas no Tribunal de
Justiça e no sistema SGR (Sistema de Gestão de Carteira) após isso as consultas
eram analisadas, e então encaminhadas para o comitê de analise da UA, ou
conforme as condições encontradas eram repassadas para o comitê da SUREG
(Superintendência Regional).
2.3.1 BUREAU
Primeira ferramenta da nova plataforma tecnológica implantada em 2011, O
Bureau Sicredi opera como um centralizador de Consultas a fontes externas como
22
SCR, Serasa, SPC, Receita Federal entre outras, assim como de restritivos internos
do associado. Dessa forma o Sicredi gerou uma economia de aproximadamente R$
6 milhões ao ano com a centralização das consultas, o Bureau Sicredi permite o
reaproveitamento das informações e compartilhamento entre as cooperativas, o
monitoramento diário dos CPFs e CNPJs (Associados, Cônjuges e avalistas), além
de oferecer informações para estudos estatísticos (score) e créditos pré-aprovados.
O Bureau Sicredi, em suma, representa uma reforma estruturante nos processos de
crédito, atestando a visão de futuro do Sicredi, no sentido de se alinhar às
instituições mais competitivas do mercado (SICREDI, 2011).
2.3.1.1 Sistema de Informações de Crédito do Banco Central (SCR)
O Sistema de Informações de Crédito do Banco Central – SCR é um
instrumento de registro e consulta de informações sobre as operações de crédito,
avais e fianças prestados e limites de crédito concedidos por instituições financeiras
a pessoas físicas e jurídicas no país. Foi criado pelo Conselho Monetário Nacional e
é administrado pelo Banco Central do Brasil, a quem cumpre armazenar as
informações encaminhadas, e também disciplinar o processo de correção e
atualização da base de dados pelas instituições financeiras participantes. O SCR é o
principal instrumento utilizado pela supervisão bancária para acompanhar as
carteiras de crédito das instituições financeiras. Nesse sentido, desempenha papel
importante na garantia da estabilidade do Sistema Financeiro Nacional e na
prevenção de crises (BANCO CENTRAL, 2012).
2.3.2 Pesquisa a Campo com os Agricultores Familiares
No decorrer do Estágio Curricular Supervisionado, foi realizada uma pesquisa
a campo, atingindo 26 AFs, onde houve a participação das lideranças das
comunidades e dos gestores da Unidade de Atendimento Sertão para que assim
fossem escolhidos os entrevistados. Esses responderam o questionário na própria
23
UA e até mesmo com visitas na propriedade dos mesmos. Para esses foi levantado
o questionamento que segue em anexo.
2.3.2.1 Créditos rurais operados pelo Sicredi Estação UA Sertão nos últimos 3 anos
Perguntou-se então se os AFs teriam tomado alguma linha de crédito rural
nos últimos 3 anos, observou-se então que, nos últimos 3 anos de 26 entrevistados
25 acessaram linhas de créditos rural representando 96,15% e apenas 1
representando 3,85% não acessando nenhuma linha de crédito rural nesse período,
conforme mostra o gráfico a seguir:
Gráfico 1: Crédito Rural operado pelo Sicredi Estação UA Sertão no período de 2010/2012.
2.3.2.2 Intenção dos AFs em realizar investimentos dentro dos próximos 3 anos
Nesse campo a pesquisa se tornou interessante, nessa parte podemos
analisar que para os próximos anos a intenção de crédito rural no município de
24
Sertão diminuirá. Entre os 26 entrevistados, 18 ainda acessarão as linhas de Crédito
Rural do Sicredi estes representando 69,23% na pesquisa, conforme mostra o
gráfico a seguir, porém nessa mesma etapa, 8 AFs associados do Sicredi Estação
representando 30,77% não acessaram mais linhas de créditos rurais, sendo algum
desses argumentando o fato de pretensão de venda das propriedades de maneira
que migrem para a cidade investindo em imóveis para alugar, ou afirmando que os
bens presentes na propriedade já são o suficiente e em caso de financiamentos não
iriam necessitar financiar a lavoura na próxima safra, também foi citado quitar os
financiamentos atuais para posteriormente realizar novos investimentos.
Gráfico 2: Futuras Operações de Crédito Rural operado pelo Sicredi Estação UA Sertão
2.3.2.3 Bens Adquiridos Através das Linhas de Crédito Operadas Pelo Sicredi UA
Sertão.
Através da pesquisa podemos analisar os investimentos que os AFs
realizaram no período de 3 anos, os mesmos dados citados por eles através da
pesquisa, conforme mostra o gráfico a seguir.
25
Gráfico 3: Futuras Operações de Crédito Rural operado pelo Sicredi Estação UA Sertão
2.3.2.4 Bens que os AFs pretendem adquirir nos próximos anos
O seguinte gráfico indicará os bens em que os AFs pretendem adquirir nos
próximos anos através das linhas de créditos do Sicredi Estação UA Sertão.
Gráfico 4: Futuras Operações de Crédito Rural operado pelo Sicredi Estação UA Sertão
2.3.2.5 Idade Média dos AFs do sexo masculino de Sertão.
26
Realizou-se também uma verificação na média de idade dos AFs, na intenção
de analisar a proximidade dos mesmos a se tornarem Aposentados Rurais, onde
segundo a EMATER/RS o município apresentou em 17 de setembro de 2012, 1158
Aposentados Rurais, e onde segundo a Previdência Social (2012) a idade de
Aposentadoria Rural é 60 anos para homens e 55 anos para as mulheres. A média
da idade masculina no munícipio, entre os entrevistados, apresentou-se em 51 anos,
onde podemos analisar que o entrevistado mais jovem apresentou 24 anos e o mais
antigo 72 Anos, conforme podemos analisar no gráfico a seguir:
Gráfico 5: Idade dos AFs sexo masculino no município de Sertão
2.3.2.6 Idade Média dos AFs do sexo feminino do município de Sertão.
Na mesma intenção de pesquisa de Idade do Sexo Masculino, realizou-se a
pesquisa de Idade do Sexo Feminino com as cônjuges dos AFs entrevistados,
querendo assim identificar a média de idade da mulher no campo, tendo essa
pesquisa como a mulher mais jovem 32 Anos e a mais antiga 74 Anos, tornando-se
como média na pesquisa, AFs do sexo feminino com idade média de 40 anos,
sendo idade para aposentadoria rural feminina 55 anos, segundo a Previdência
Social.
27
Gráfico 6: Idade dos AFs sexo feminino no município de Sertão
2.3.2.7 Quantidade e Idade Média dos Filhos dos AFs
Esses dados foram levantados para análise de quantidade de filhos que os
AFs têm, e a idade média dos mesmos, pois segundo a EMATER/RS as principais
aspirações dos jovens no meio rural são: possuir renda fixa mensal; ter direito a
férias; acompanhar a modernidade, e as principais dificuldades dos mesmos seria
então: falta de autonomia nas propriedades; trabalho braçal sem horário pré-
determinado; tendência de acompanhar os jovens da cidade (EMATER 2012).
Na pesquisa a média de filhos bateu o valor de 2 filhos por AF, sendo que o
menor número de filhos por entrevistado foram 1 e o maior número foi 6, tendo
esses idade média de 26 anos, sendo o mais jovem tendo 2 anos e o mais antigo 54
anos, conforme o gráfico a seguir:
28
Gráfico 7: Número e Idade Média de Filhos dos AFs no município de Sertão
2.3.2.8 Tamanho das Propriedades familiares
Segundo a EMATER (2012), “86,35% do público rural são AFs, sendo que
15,75% da Estrutura Fundiária são menores que 5 hectares, ao mesmo tempo em
que 0,40% são mais de 1000 hectares, sendo a maior parcela de 5 a 20 hectares,
representando 34,60%, e de 20 a 50 hectares, representando 33,60%”, para bater
esses dados pediu-se o tamanho da propriedade (própria ou arrendada). Segundo
os dados levantados percebeu-se que: 82,51% das terras são próprias enquanto
17,49% são arrendadas, somando um total de 1453,1ha próprios e 308,1ha
arrendados em um total de 1761,2 ha totais da pesquisa; percebemos também que
o tamanho das propriedades esta variado entre 11-300 ha, apresentando apenas 5
entrevistados (representando 21,7% na pesquisa) com propriedade superior a 100
ha, deixando 21 AFs entrevistados (representando 78,3% da pesquisa) com
extensão menor do que 100 ha, como representado no gráfico 8.
29
Gráfico 8: Estrutura Fundiária dos AFs no município de Sertão
2.3.2.9 Pecuária na Agricultura Familiar
Assim como a produção vegetal, a pecuária apresenta grande relevância
entre as atividades de sustentabilidade da Agricultura Familiar, no município de
Sertão podemos destacar a alta produção de leite que se encontra na faixa de
130770 Litros/mês, conforme os gráficos a seguir:
Gráfico 9: Pecuária presente na Agricultura Familiar no município de Sertão
30
2.3.2.10 Produção
Segundo a EMATER/RS, o município de Sertão sobre as grandes culturas foi
responsável por 40 mil toneladas de milho cultivados em 5 mil hectares por 270
produtores. Assim também como 90 mil toneladas de soja produzida em 30 mil
hectares por 780 produtores e também 19800 toneladas de trigo produzindo em 6
mil hectares por 230 produtores, também se encontram feijão, pastagens e as
produções animais como leite e outros, conforme os gráficos a seguir:
Gráfico 10: Produção vegetal no município de Sertão
Gráfico 11: Produção Animal no município de Sertão
31
2.3.2.11 Interesse de expansão em Área
Outro fato interessante na pesquisa, podemos observar nessa etapa que nem
todos os AFs estão interessados em ampliar as suas propriedades, uns citam já
estarem satisfeitos com sua propriedade e não interessados assim em ampliá-la,
outros justificaram o não interesse por questões financeiras.
Podemos aqui analisar que 76,92% dos entrevistados estão interessados em
logo ampliar suas propriedades contra 23,08% que não estão interessados em
ampliar sua área e produção, notamos assim que dentro dos próximos anos o índice
de crédito rural para ampliação poderá sofrer uma queda, o gráfico a seguir mostra o
grau de interesse dos entrevistados em aumentarem sua propriedade.
Gráfico 12: Interesse na expansão da Área
2.4 Sugestões e alterações implementadas no período na Empresa
Durante o período de realização do estágio curricular, uma das ideias
repassadas aos superiores, foi o Sicredi Estação UA Sertão, começar a se
comunicar mais com o associado, como forma de fazer o mesmo notar em que
realmente é dono do negócio, através de atitudes simples como: ligar ao associado
32
em datas comemorativas (aniversário, aniversário da conta, entre outras), a ideia foi
discutida entre os gestores e ficou programada para entrar em funcionamento a
partir de 2013, fazendo assim a comunicação direta da UA com o associado,
“familiarizando” as relações e o diálogo entre as partes, assim motivando o
associado a estar realmente fazendo parte da gestão da cooperativa e criando elo
direto entre ele e seus gestores.
A pesquisa a campo foi de grande importância para que os gestores da
Unidade de Atendimento Sertão preparem-se para a tendência de modificação no
número de linhas de crédito e também para um melhor planejamento estratégico
para o período 2013-2015, sabendo assim o que uma pequena fatia de associados
planeja para esse período. Também apresentou importância para a atualização de
dados desse AFs no seu cadastro com a cooperativa, cadastro esse que também
tem importância na hora de futuros investimentos.
2.5 Diagnóstico de melhorias percebidas no decorrer do tempo de estágio.
Entre as melhorias podemos citar a realização de tarefas como consultas para
operação de crédito, atendimento de saguão, organização do setor esses agilizando
os processos dentro da UA, e também eventos onde o Sicredi Estação UA Sertão
esteve presente.
2.5.1 Consultas para operação de crédito
No decorrer do estágio foram realizadas inúmeras liberações de Linhas de
Crédito Rural, Crédito para Pessoa Física e Crédito para Pessoas Jurídicas, onde a
participação com a operação do Bureau Sicredi na realização de consultas de
crédito, para a liberação dos mesmos, fez com que os gestores de carteira
pudessem estar disponíveis para atender os associados ao invés de ficarem
ocupados com as consultas.
33
2.5.2 Atendimento de Saguão
Atendimento de Saguão nada mais é do que estar disponível para o
associado sanar suas dúvidas e evitar filas de atendimento podendo realizar suas
operações nos terminais de atendimento, operações como saque, extrato, consulta
de saldo, pagamento de boletos entre outras operações disponíveis nos caixas
eletrônicos, também realizada a abertura de novas contas correntes e poupanças,
assim como aplicações, pedidos de cartões e auxílios gerais.
2.5.3 Eventos
Entre elas podemos citar a participação em eventos, como Veloterra onde o
Sicredi esteve presente, na comemoração do Sicredi entre as 150 melhores
empresas para você trabalhar e também cursos realizados no decorrer do estágio.
2.5.3.1 Etapa da Copa Norte de Veloterra em Colônia Araújo – Sertão
O Sicredi compareceu, patrocinando e apoiando a Etapa da Copa Norte de
Veloterra em Colônia Araújo, comunidade do interior de Sertão, onde esteve
presente atendendo os seus associados e sanando dúvidas sobre linhas de Crédito
Rural.
2.5.3.2 Comemoração do Sicredi entre as 150 empresas para você trabalhar
Em 2012, pelo 2º ano consecutivo, o Sicredi se apresentou entre as 150
melhores empresas para trabalhar, segundo o Guia 2012 Você/AS - As Melhores
Empresas Para Você Trabalhar, da Editora Abril, por esse motivo realizou-se um
jantar comemorativo com palestras motivacionais para que os colaboradores
continuassem motivados a crescer cada vez mais, o evento teve como objetivo
34
parabenizar os colaboradores por mais essa conquista e motivá-los sempre a
esforçar-se para um crescimento profissional coletivo.
2.5.3.3 Pesquisa de Campo
A pesquisa de campo foi de total importância para os gestores da Unidade de
Atendimento Sertão, fazendo com que os mesmo mantenham-se informados sobre
as tendências assumidas pelos AFs sobre os futuros investimentos, deixando assim
um comprometimento com a continuação desse trabalho pela sua relevância para
um melhor planejamento estratégico. Espera-se que esse tipo de relação com o
associado continue, crescendo assim a comunicação e o envolvimento do mesmo
na cooperativa.
2.5.3.4 Cursos Realizados no Decorrer do Estágio
No decorrer do estágio realizaram-se cursos de formação cooperativistas e
para atividades desenvolvidas. O SICREDI dispõe de um sistema online chamado
SICREDI @PRENDE. O SICREDI @prende é um ambiente virtual de aprendizagem,
que tem por objetivo propiciar o desenvolvimento profissional e pessoal dos
colaboradores (empregados ou membros estatutários) do SICREDI. Nesse período
realizaram-se cursos como: Consórcio Contemplação – Bens Móveis, Jeito SICREDI
de Ser no Atendimento, Introdução ao Percurso 1 do Programa Crescer, Programa
SICREDI Pertencer, Percurso 1 do Programa Crescer – Rota Associar-se, Percurso
1 do Programa Crescer – Rota Planejar, Percurso 1 do Programa Crescer – Rota
Acompanhar, Percurso 1 do Programa Crescer – Rota Deliberar, Percurso 2 do
Programa Crescer – Rota Mobilizar, Percurso 2 do Programa Crescer – Rota
Representar, Percurso 2 do Programa Crescer – Rota Coordenar. Cursos estes de
grande importância para o crescimento pessoal e profissional.
35
3 CONCLUSÕES
Ao término desse período de estágio, percebe-se a importância de relacionar
teoria e prática, nas atividades na área de Crédito Rural operadas pelo Sicredi
Estação UA Sertão para a Agricultura Familiar. Na pesquisa realizada os resultados
revelam a diversidade de possibilidades de crédito, ao mesmo tempo em que,
mostra que alguns Agricultores Familiares, são conscientes de seus compromissos,
evitando perder o controle financeiro de sua atividade.
Há também entre os entrevistados, uma diminuição significativa no número de
acessos a linhas de crédito e expansão de área, porém a grande maioria continuará
investindo em benfeitorias e tecnologias e também expandido sua área de trabalho.
Entrevistados que não tem a intenção de continuar acessando créditos e/ou
expandir a área alegam interesse em migrar para a cidade, já os interessados em
seguir as atividades demonstram interesses diversos, entre eles destacamos a
bovinocultura de leite e suinocultura na pecuária, e grandes culturas na produção de
grãos.
Entre as dificuldades encontradas nesse período podemos citar a dificuldade
para obter os dados para a pesquisa. Muitos dos AFs não se sentiram à vontade
para responder as perguntas que lhes foram feitas, embora cientes da maneira
impessoal como seriam utilizadas e divulgadas as informações.
Outras pesquisas de demanda e acesso ao crédito podem ser realizadas,
e talvez com outros instrumentos de informação, haja visto às
dificuldades relatadas. Contudo, sugere-se que o SICREDI adote um
instrumento de pesquisa para melhorar ainda mais o crédito rural
ofertado aos associados.
38
REFERÊNCIAS
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EMATER/RS – ASCAR, 2011. 44p Revista comemorativa dos 30 anos do Sicredi Estação RS, publicação única / Patrícia Mello Scherer – Tiragem 3000 exemplares. Estudo de Situação / Marcos Antônio Gobbo; Irene Gobbo; Tania X. Andreguetti. –
Sertão – RS: EMATER/RS – ASCAR, 17 de Setembro de 2012. 13p Guia de Aposentadoria da Previdência Social (Disponível em http://www.previdencia.gov.br/conteudoDinamico.php?id=15 acessado 13 de dezembro de 2012) Microfinanças: o papel do Banco Central do Brasil e a importância do
cooperativismo de crédito / MM Soares, ADM Sobrinho. – Brasília: BCB, 2008. 202
p.
SICREDI 2011 – Relatório Anual do SICREDI 2011 – Superintendência de
Comunicação e Marketing do Banco Cooperativo SICREDI S.A. – Gerência de
Comunicação Institucional
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OCB – Organização das Cooperativas Brasileiras – Números do Cooperativismo
de Crédito – disponível em: http://www.ocb.org.br/site/ramos/credito_numeros.asp ,
Acessado em 10 de janeiro de 2012
OCB – Organização das Cooperativas Brasileiras – Princípios Cooperativistas –
disponível em: http://www.ocb.org.br/site/cooperativismo/principios.asp , Acessado
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IBGE- CIDADES-, Sertão, Rio Grande do Sul, disponível em
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2012.