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I ORIGAMI DA EDUCAÇÃO: VERSATILIDADE NA AÇÃO DO PROFESSOR Relatório de Estágio Profissional Relatório de Estágio Profissional apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto com vista à obtenção do 2º Ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário ao abrigo do Decreto-lei nº74/2006 de 24 de março e o Decreto-lei nº43/2007 de 22 de fevereiro. Professora Orientadora: Professora Doutora Lurdes Ávila Professor Cooperante: Mestre António Portela Hugo Miguel Queirós Morais Porto, junho de 2015

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I

ORIGAMI DA EDUCAÇÃO: VERSATILIDADE NA

AÇÃO DO PROFESSOR

Relatório de Estágio Profissional

Relatório de Estágio Profissional apresentado à

Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

com vista à obtenção do 2º Ciclo de Estudos

conducente ao grau de Mestre em Ensino de

Educação Física nos Ensinos Básico e

Secundário ao abrigo do Decreto-lei nº74/2006 de

24 de março e o Decreto-lei nº43/2007 de 22 de

fevereiro.

Professora Orientadora: Professora Doutora Lurdes Ávila

Professor Cooperante: Mestre António Portela

Hugo Miguel Queirós Morais Porto, junho de 2015

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Ficha de Catalogação:

Morais, H. (2015). Origami da Educação: Versatilidade da ação do Professor.

Porto: H. Morais. Relatório de Estágio Profissional para a obtenção do grau de

Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário,

apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: ESTÁGIO PROFISSIONAL, RELATÓRIO DE ESTÁGIO,

EDUCAÇÃO FÍSICA, PROFESSOR, COORDENAÇÃO MOTORA

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III

Agradecimentos

À minha Orientadora de Estágio, Professora Doutora Lurdes Ávila, por toda a

ajuda, orientação, disponibilidade e conhecimento que me transmitiu.

Ao Professor Cooperante António Portela que, mais do que um supervisor, foi

um amigo sempre disponível a ajudar e a aconselhar com a sua experiência,

demonstrando-me o caminho a seguir.

A todos os Professores da Escola 2/3 Secundária de Águas Santas pelo

carinho, amizade, gargalhadas mas, acima de tudo, experiência transmitida.

Aos meus colegas de Estágio, Cládio Costa, que é como irmão para mim,

ainda que não do mesmo sangue, ajudou-me a cumprir, da melhor forma

possível, a minha tarefa como professor, e à Rita Coutinho, por ser uma

companheira incrível, com uma ingenuidade pura que tanto me fez sorrir ao

longo deste ano.

À minha namorada, Joana Veiga, que sempre me suportou ao longo de todo o

meu percurso académico. Graças a ela, num momento de menos entusiasmo

pela continuidade dos estudos, mostrou-me o melhor caminho a seguir e hoje,

sou o que sou, graças a ela.

À Catarina Veiga, por toda a paciência e dedicação na luta pela formatação de

todo o tipo de trabalhos.

Aos meus pais, José Morais e Fernanda Morais, por todo o suporte e

dedicação para que cumprisse o meu sonho.

Aos meus restantes amigos Alex Rodrigues, André Costa, Inês Gomes, João

Soares, Laura Graça, Mariana Silva e Tânia Vilas Boas pela amizade que levo

para toda a vida.

A todos eles, o meu MUITO obrigado!

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V

Índice

Agradecimentos ................................................................................................ III

Índice de Quadros ........................................................................................... VIII

Resumo ............................................................................................................. IX

Abstract ............................................................................................................. XI

Lista de Abreviaturas ....................................................................................... XIII

1. Introdução ...................................................................................................... 1

2. Enquadramento Pessoal ................................................................................ 5

2.1 Identificação Pessoal ................................................................................ 7

2.2 Expectativas em relação ao Estágio Profissional ...................................... 9

2.3 Entendimento do Estágio Profissional ..................................................... 11

3. Enquadramento Institucional ........................................................................ 13

3.1 Escola como Instituição .......................................................................... 15

3.2 Escola 2/3 Secundária ............................................................................ 15

3.3 A Turma .................................................................................................. 17

4. Realização da Prática Profissional ............................................................... 21

4.1 Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem ........................... 23

4.1.1 Conceção .......................................................................................... 24

4.1.2 Planeamento ..................................................................................... 26

4.1.3 Realização ........................................................................................ 31

4.1.3.1 Liderança: controlo desorganizado ............................................ 32

4.1.3.2 A Instrução, Feedback e Demonstração Pedagógica ................ 34

4.1.3.3 Planeamento em confronto com a realidade ............................. 35

4.1.3.4 Reflexão: uma alavanca para o sucesso ................................... 37

4.1.3.5 Observação de pares ................................................................ 40

4.1.4 Avaliação .......................................................................................... 41

4.1.4.1 Avaliação Diagnóstica ............................................................... 43

4.1.4.2 Avaliação Formativa .................................................................. 44

4.1.4.3 Avaliação Sumativa ................................................................... 46

5. Participação na Escola e Relações com a Comunidade .............................. 47

5.1 Desporto Escolar ..................................................................................... 49

5.2 Reuniões ................................................................................................. 50

5.2.1 Conselho de Turma .......................................................................... 50

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VI

5.2.2 Reuniões de Departamento .............................................................. 50

5.3 Corta-Mato Escolar ................................................................................. 51

5.4 Torneios Escolares: Basquetebol, Voleibol, Andebol e Futebol .............. 52

5.5 Formação de Futebol Americano com Tags e de Kin-ball ...................... 52

5.6 Supervisão de Exames de Filosofia e Inglês .......................................... 53

5.7 Atividade de EMRC ................................................................................. 53

5.8 Gala dos 40 anos da Escola ................................................................... 54

5.9 Atividade Dinamizadas pelo Núcleo de Estágio ...................................... 54

5.9.1 Pintar linhas de Atletismo ................................................................. 54

5.9.2 Jogos Sem Fronteiras ....................................................................... 55

5.9.3 Educação Sexual .............................................................................. 58

6. Estudo Investigação-Ação: Relação entre a Coordenação Motora e o

Rendimento Escolar dos alunos da escola 2/3 Secundária de Águas Santas . 61

6.1 Resumo ................................................................................................... 63

6.2 Abstract ................................................................................................... 63

6.3 Introdução ............................................................................................... 64

6.3.1 Uma evolução marginalizada ............................................................ 64

6.3.2 Enquadramento Teórico ................................................................... 66

6.4 Pertinência do Estudo ............................................................................. 68

6.5 Objetivos ................................................................................................. 68

6.5.1 Geral ................................................................................................. 68

6.5.2 Específicos ....................................................................................... 68

6.6 Amostra ................................................................................................... 69

6.7 Metodologia ............................................................................................ 69

6.7.1 Instrumento ....................................................................................... 69

6.7.2 Procedimentos Estatísticos ............................................................... 70

6.8 Apresentação de Resultados .................................................................. 71

6.9 Conclusões ............................................................................................. 76

6.10 Referências Bibliográficas ..................................................................... 77

7. Considerações Finais ................................................................................... 79

Referências Bibliográficas ................................................................................ 83

Anexos ............................................................................................................. 89

Anexo 1 – Grelha de Avaliação Diagnóstica de Futebol ............................... XVII

Anexo 2 – Unidade Didática d e Basquetebol .............................................. XVIII

Anexo 3 – Grelha de Avaliação Sumativa de Ginástica Acrobática ............... XIX

Anexo 4 – Teste Teórico do 1.º Período .......................................................... XX

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VII

Anexo 5 – Ficha de Registo do MABC 2 ...................................................... XXIII

Anexo 7 – Cartaz do Corta-mato Escolar ...................................................... XXV

Anexo 8 – Cartaz dos Jogos Sem Fronteiras ............................................... XXVI

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VIII

Índice de Quadros

Quadro 1 – Planeamento Anual apresentado pelo departamento de EF da

Escola .............................................................................................................. 27

Quadro 2 – Exemplo de cabeçalho de um plano de aula ................................. 31

Quadro 3 – Estatística descritiva das variáveis do teste MABC II no sexo

masculino e feminino e estatística inferencial (Mann Whitney test) da

comparação entre os dois grupos (Masculino vs. Feminino). .......................... 71

Quadro 4 – Apresentação da estatística descritiva das variáveis do teste MABC

II no sexo masculino e feminino em alunos do 2º ciclo e estatística inferencial

(Mann Whitney test) da comparação entre os dois grupos (Masculino vs.

Feminino). ........................................................................................................ 72

Quadro 5 – Estatística descritiva das classificações nas diferentes áreas

disciplinares no sexo masculino e feminino em alunos do 2º ciclo e estatística

inferencial (Mann Whitney test) da comparação entre os dois grupos (Masculino

vs. Feminino) .................................................................................................... 73

Quadro 6 – Estatística descritiva das variáveis do teste MABC II no sexo

masculino e feminino em alunos do secundário e estatística inferencial (Mann

Whitney test) da comparação entre os dois grupos (Masculino vs. Feminino). 74

Quadro 7 – Estatística descritiva das classificações nas diferentes áreas

disciplinares do sexo masculino e feminino nos alunos do Secundário e

inferencial (Mann Whitney test) da comparação entre os dois grupos (Masculino

vs. Feminino). ................................................................................................... 75

Quadro 8 – Valor de p da regressão linear entre o resultado final do teste de

coordenação motora e a classificação média de Expressões em alunos do sexo

masculino do secundário. ................................................................................. 75

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IX

Resumo

O Estágio Profissional foi uma grande oportunidade para o desenvolvimento

das minhas competências e capacidades profissionais como Professor de

Educação Física. O objetivo deste relatório é demonstrar de forma crítica e

reflexiva as experiências deste ano como professor estagiário. O estágio

decorreu na Escola 2/3 Secundária de Águas Santas, num núcleo de estágio

constituído por três elementos, com o acompanhamento de um Professor

Cooperante e de uma Professora Orientadora da Faculdade. A divisão deste

relatório foi feita em seis capítulos: Introdução, onde é feita uma primeira

abordagem ao que foi descrito ao longo de todo o documento; Enquadramento

Pessoal, onde é descrito o caminho percorrido até ao início deste ano letivo,

bem como o meu entendimento sobre o estágio profissional; Enquadramento

Institucional, no qual são expostas as características da escola e da turma em

que lecionei; Realização da Prática Profissional, que integra todos os

processos desde a conceção até à avaliação, dando especial destaque aos

aspetos mais marcantes da minha atuação enquanto professor; Participação na

Escola e Relações com a Comunidade, onde estão presentes as principais

atividades nas quais me envolvi ao longo do ano; Estudo de Investigação-Ação,

realizado com o objetivo de averiguar a relação entre a coordenação motora,

sexo e o rendimento escolar em função do sexo dos alunos; e, por ultimo,

Considerações Finais, onde se pode encontrar as conclusões de todo o meu

trabalho, incluindo as minhas perspetivas futuras.

PALAVRAS-CHAVE: ESTÁGIO PROFISSIONAL, PROFESSOR,

COORDENAÇÃO MOTORA, SEXO, RENDIMENTO ESCOLA

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XI

Abstract

The professional internship was a big opportunity to develop my knowledge

and skills as a Physical Education teacher. The goal of this report is to reveal, in

a critical and reflective way, all the experiences I've had over the past year as a

trainee teacher. The internship was completed in Escola Secundária 2/3 de

Águas Santas with a group composed of two more trainees and myself. We

were supervised by a Teacher Coordinator and an University Coordinator. This

report is divided into six chapters, which are as follows: Introduction, a brief

overview of what I'll be covering in the report; The Personal Dimension, a

description of my journey up until the beginning of this school year, as well as

my personal understanding of what a professional internship is; The Institutional

Dimension, looking at the characteristics of my school and class; Professional

Dimension, all the processes involved since conception through to the

assessment, highlighting the most memorable factors and situations of my

practice as a teacher; School Participation and Community Relationships a

summary of all the activities I've been a part of during my internship. Research,

analysis of a study done to research the relationship between motor

coordination and school performance according to sex; and at last Final

Considerations, the conclusions I've drawn from my work in addition to future

perspectives.

KEYWORDS: PROFESSIONAL INTERNSHIP, TEACHER, MOTOR

COORDENATION, SEX, SCHOOL PERFORMANCE

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XIII

Lista de Abreviaturas

AD – Avaliação Diagnóstica

AEC’s – Atividades de Enriquecimento Curricular

EE – Estudante Estagiário

EMRC – Educação Moral e Religiosa Católica

EP – Estágio Profissional

FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

MABC – Movement Assessment Battery of Children

MEC – Modelo de Estrutura de Conhecimento

NE – Núcleo de Estágio

NEE – Necessidades Educativas Especiais

PRESSE – Programa Regional de Educação Sexual em Saúde Escolar

SPSS – Statistical Package for the Social Sciences

UD – Unidade Didática

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1. Introdução

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3

Este Relatório de Estágio Profissional (EP) foi realizado no âmbito da

Unidade Curricular de Estágio Profissional inserida no segundo Ciclo de

Estudos em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da

Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP). Durante este ano

letivo o meu contributo como estudante estagiário foi exercido na Escola 2/3

Secundária de Águas Santas, na Maia, num núcleo de estágio constituído por

três elementos, com o acompanhamento de um Professor Cooperante e de

uma Professora Orientadora da Faculdade.

Fui responsável pelo processo ensino-aprendizagem da disciplina de

Educação Física de uma turma do décimo primeiro ano e, apenas durante o

primeiro período, fui também responsável por uma turma partilhada do sexto

ano, desde a conceção à avaliação de cada uma delas.

No meu entender, o EP é o ano mais rico de experiências na vida de um

professor, isto porque é exatamente neste ano que o estudante estagiário se

depara com os verdadeiros desafios desta profissão e, da melhor forma

possível, tem de dar resposta a todos eles. Neste sentido, este documento está

organizado de forma a descortinar esses mesmos desafios, os desejos, as

esperanças, mas também as conquistas e alegrias que este ano tão especial

me proporcionou.

Neste documento é possível encontrar diferentes capítulos, desde a

Introdução até às Considerações Finais, passando pelo Enquadramento

Pessoal, Enquadramento Institucional, Realização da Prática Profissional,

Participações na Escola e Relações com a Comunidade e um Estudo de

Investigação-Ação. No Enquadramento Pessoal, poderá compreender-se um

pouco do meu trajeto de vida e das minhas expectativas, bem como o meu

entendimento relativamente ao EP. Seguidamente, no Enquadramento

Institucional será apresentado o contexto no qual me encontrei ao logo do ano

letivo, dando destaque em particular à turma que desempenhou o papel

principal neste meu percurso. Na Realização da Prática Profissional

encontram-se todos os aspetos relativos ao desenvolvimento da minha

atividade enquanto professor, deslindando todos os momentos sobre os quais

a minha atuação se debruçou: a conceção, onde identifico as estratégias que

desenvolvi para me envolver e tomar conhecimento do meio ao qual ia

pertencer; Planeamento, no qual saliento os caminhos que percorri de forma a

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4

construir um plano de atuação para o ano letivo que se avizinhava; Realização

onde foco as competências que fui adquirindo ao longo deste meu ano de

estágio, como o capacidade de liderar um grupo de trabalho, responsabilidade

na correção de movimentos e ações, aprimoramento do ato de refletir, ação

fundamental no desenvolvimento da minha capacidade de docência; e por

último, a Avaliação, onde destaco as metas que estabeleci e formas de as

atingir. Relativamente à Participação na Escola e Relações com a Comunidade

enalta-se todas as atividades que foram desenvolvidas em conjunto com o

núcleo de estágio na escola. Por último, o Estudo de Investigação-Ação

realizado com o objetivo de averiguar a relação entre a coordenação motora e

o rendimento escolar em função do sexo dos alunos.

Este longo percurso, rico em experiências, mais positivas do que negativas,

levou-me à aquisição de competências na área da docência, mas,

fundamentalmente vi desenvolver a minha capacidade de socialização e

cooperação com a comunidade escolar. Este aspeto foi determinante na minha

forma de atuar perante situações de maior exigência ou simplesmente de maior

necessidade.

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2. Enquadramento Pessoal

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7

2.1 Identificação Pessoal

A ingenuidade e a imaginação das crianças leva-as para os mais diversos

lugares, construindo os mais variados sonhos e fantasias. É neste espaço

imaginário que é moldada a sua personalidade, mostrando, mais tarde, os

verdadeiros desejos e ambições. Foi exatamente em criança, ainda que

inconscientemente, que comecei a desenvolver o gosto, não pelo desporto na

sua generalidade, mas sim por uma modalidade específica, o Futebol. Por

influência do meu pai ser treinador, aos meus 6 anos comecei a dar os

primeiros chutos no clube onde ele orientava as equipas dos escalões de

escolas e infantis, o Futebol Clube de Infesta. Nesta altura, a prática por esta

modalidade era meramente lúdica, pois só era permitido competir a partir dos 8

anos de idade.

Aos poucos e poucos fui crescendo e o gosto por esta modalidade foi

aumentando exponencialmente. Mantive-me no clube durante toda a camada

jovem, fazendo-me representar como capitão de equipa durante vários anos.

Competi no campeonato nacional por diversas vezes, chegando a jogar contra

grandes clubes de Futebol, como: Porto, Boavista, Braga, Varzim, Salgueiros,

Setúbal, entre outros; mas sempre sem conhecer o gosto do título de campeão

nacional.

Já no escalão sénior, o meu percurso neste clube foi curto, representando-o

por 2 anos apenas. O ambiente que vivera neste tempo não fora o melhor,

sentindo-me fortemente injustiçado com as opções dos treinadores, onde as

suas escolhas baseavam-se no dinheiro que enchiam os seus bolsos e as

falsas amizades construídas com base no interesse, não valorizando o que

realmente interessava: dedicação, vontade e qualidade de um jogador.

Foi então que aos meus 20 anos decidi deixar “o gosto pela camisola” que

tanto suei e à qual tanto me dediquei, para procurar um clube que acarinhasse

e valorizasse as minhas capacidades enquanto jogador. O Sport Clube Rio

Tinto foi o clube que se sucedeu. No primeiro dia que me apresentei neste

clube posso dizer que a minha receção não foi das melhores, tendo sido

mesmo colocados alguns entraves na receção de um jogador à experiência.

Contudo, o meu desempenho foi bastante bom, levando o treinador a abrir

mais uma vaga no seu plantel.

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8

Foi exatamente por esta altura que terminei o secundário (Curso de Ciências

e Tecnologias), tendo estado 2 anos a fazer apenas a disciplina de matemática.

Por esta altura ainda não tinha a certeza se queria prosseguir com os meus

estudos, pois achava que já muito tinha feito e que nem toda a gente teria,

necessariamente, de seguir quase um estereótipo de vida: faculdade, casar e

ter filhos. Foi exatamente neste mar de incertezas que a minha vida, de certa

forma, ganhou outra cor. Através de conversas com os meus pais, amigos e

namorada apercebi-me que as minhas capacidades eram muito mais do que se

fizera revelar no ensino secundário, nomeadamente com a matemática.

Apercebi-me que poderia ter uma vida muito mais feliz se canalizasse toda a

minha energia no que realmente era bom e que me fazia feliz, no Desporto. Foi

então com grande incentivo da minha namorada que resolvi arriscar num curso

superior exatamente nesta área.

Já mais tarde, ao fim de 3 anos neste clube (Sport Clube Rio Tinto) e com a

licenciatura terminada, fui convidado para treinar crianças de 4, 5 e 6 anos da

academia do clube. Foi então aqui que, pela primeira vez, me vi atrás de um

computador a planear um treino ou uma aula que teria de lecionar. A

experiência foi extremamente produtiva e agradável. A minha vocação para

ensinar estava a ser testada e finalmente percebera que era isto que gostaria

de fazer para o resto da vida - ensinar. Nesse mesmo ano, 2013, candidatei-me

ao 2º ciclo em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário na

Faculdade de Desporto Universidade do Porto, como forma de seguir o

percurso lógico para a concretização de uma profissão em ensino.

A par destes dois últimos anos de Mestrado, consegui colocação numa

escola do 1º ciclo - EB1 de Lordelo do Ouro, onde leciono Desporto nas

Atividades de Enriquecimento Curriculares (AEC’s). Embora seja uma escola

que está inserida num meio problemático e socioeconómico baixo, adoro o que

faço e considero que, de certa forma, me está a dar uma bagagem extra para a

minha construção profissional enquanto professor no EP.

Aludindo um pouco ao presente ano, vi-me obrigado a abandonar o Futebol,

visto que tinha noção que iria necessitar de canalizar a maioria do meu tempo

no EP. No entanto, continuo a lecionar nas AEC’s na escola EB1 Lordelo do

Ouro.

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2.2 Expectativas em relação ao Estágio Profissional

Mesmo antes do início deste ano de estágio, várias perguntas e inquietações

pairavam no meu subconsciente:

“Será que vou conseguir uma "boa" escola? Estarei suficientemente

preparado para esta etapa? E se vir que não tenho jeito para os miúdos? Vou

conseguir realmente ensinar alguma coisa?”.

Contudo, é com grande satisfação que, apesar de serem dúvidas e

incertezas perfeitamente plausíveis perante um ano tão importante para um

futuro professor, ao olhar para trás, vejo agora que fui pouco confiante nas

minhas capacidades.

No momento de escolha da escola para a qual gostaria de estagiar tinha

apenas dois aspetos que me preocupavam: a distância casa-escola, pois

mesmo tendo carro próprio era de todo meu interesse ter a facilidade de

almoçar em casa e, simultaneamente, não despender muito tempo em viagens

entre estes dois destinos; e com quem iria partilhar este ano de estágio, o

núcleo de estágio (NE) do qual eu iria ser parte integrante. Posso agora

afirmar, com toda a certeza, que não poderia ter tido mais sorte. A escola onde

fiquei colocado foi a minha primeira opção, Escola 2/3 Secundária nos

arredores do Porto, assim como formei núcleo de estágio com duas grandes

pessoas: um dos meus melhores amigos e uma amiga com a qual me dava

muito bem.

O facto de ter uma grande afinidade com o grupo que iria trabalhar

deixou-me, desde logo, bastante mais sereno, uma vez que sabia que iria ter

um grande suporte durante o ano que se avizinhava. Em todos os momentos,

desde os mais difíceis aos de maior sucesso, houve sempre colaboração e

partilha entre os estagiários. Foram eles que me ajudaram a perceber quando

estava errado, assim como a felicitar quando as coisas corriam da melhor

forma. Crescemos em conjunto e penso que superámos, com sucesso, um ano

de fortes emoções e desafios.

No momento de atribuir uma turma, foi decidido, por unanimidade, que o

mais correto seria sortear entre os professores estagiários e professor

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cooperante as turmas das quais dispúnhamos. Sabendo de antemão que

apenas me poderia ser atribuída uma turma do ensino secundário, encarei este

aspeto como um alívio, pois achava eu, nessa altura, que por ser uma turma

com alunos mais velhos e, consequentemente, mais maduros, seria uma turma

mais fácil de motivar e lidar. Realizado o sorteio, ficou-me destinado o décimo

primeiro ano. A minha ideia inicial de que ser professor de uma turma com

alunos mais velhos seria mais fácil de lecionar e que, simultaneamente, se teria

um maior controlo sobre a turma, transmitindo assim uma sensação de

gratificação, veio mais tarde revelar-se não muito verdadeira. Numa fase

posterior, já no decorrer das aulas, foi atribuído ao núcleo de estágio uma

turma do segundo ciclo de estudos (sexto ano), a fim de cumprir algumas

exigências por parte da nossa faculdade. Estas sugerem então que nós,

professores estagiários, tenhamos experiência como docentes em todos os

ciclos escolares. Foi precisamente nesta turma de sexto ano que me revi

verdadeiramente como professor. Com estes alunos senti que estava a

contribuir de forma determinante para a sua aprendizagem e não simplesmente

a reforçar conteúdos que já lhes foram transmitidos anteriormente, como era o

caso do meu décimo primeiro ano. Assim sendo, este foi mais um momento de

revelação pessoal, pois, uma vez mais, desvendei capacidades que não pensei

possuir e dei um passo avante no caminho da construção do eu profissional, do

eu professor.

Em relação ao eu como professor e à minha forma de encarar o EP, desde o

início tentei fazer salientar a minha capacidade de liderança e não ser mais um

dos muitos professores que os meus alunos tiveram ao longo do seu percurso

académico. Não! Queria ser um professor que marcasse e que fosse visto

como um modelo a seguir. Não me cingir simplesmente à transmissão de

saberes, mas sim, ser um professor dotado de conhecimentos científicos,

didáticos e pedagógicos, com capacidade reflexiva perante o trabalho realizado

no âmbito de aprimorar a eficácia da minha atividade letiva (Altet cit. por

Almeida et al., 2013).

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2.3 Entendimento do Estágio Profissional

O EP é uma prática de ensino supervisionada na qual temos de aplicar todos

os conhecimentos pedagógicos adquiridos ao longo de todos os processos de

aprendizagem como estudante. Autores como Keay e Jones e Straker cit. por

Batista & Queirós (2013) afirmam mesmo que é precisamente nos contextos de

ensino reais, em contacto com professores experientes e sua colaboração, que

nós, estagiários, nos apercebemos dos elementos que perfazem a atividade de

um professor, não existindo um “manual” definido que comporte a prescrição

do modo de estruturar as práticas de ensino em contexto real. Contudo, a

investigação sugere que a chave reside no procurar compreender, avaliar e

desenvolver o contexto particular em que a experiência é estruturada, de modo

que os contributos desta etapa formativa possam ser realmente relevantes

(Batista & Queirós, 2013).

Assim, de uma maneira mais formal, e segundo as Normas Orientadoras do

Estágio Profissional, EP entende-se como um “projeto de formação do

estudante com a integração do conhecimento proposicional e prático

necessário ao professor, numa interpretação atual da relação teoria prática e

contextualizando o conhecimento no espaço escolar. O projeto de formação

tem como objetivo a formação do professor profissional, promotor de um ensino

de qualidade. Um professor reflexivo que analisa, reflete e sabe justificar o que

faz em consonância com os critérios do profissionalismo docente e o conjunto

das funções docentes entre as quais sobressaem funções letivas, de

organização e gestão, investigativas e de cooperação” (Matos, 2014, p. 3).

Este ensino é norteado por duas identidades reguladoras e orientadoras: o

Professor Orientador e o Professor Cooperante. O Professor Orientador estará

encarregue de avaliar periodicamente a nossa intervenção na escola, enquanto

professores, mas também orientar os estudantes-estagiários na elaboração do

projeto em questão, como também na concretização de um relatório de estágio

e sua consequente defesa. Quanto ao Professor Cooperante, este terá um

papel muito mais interventivo e, possivelmente, mais determinante no que

alude ao desenvolvimento pessoal e profissional do estudante-estagiário (EE).

Ele terá a função de orientá-lo diariamente, responsabilizando-o para a dura

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tarefa de ser um bom professor, ajudando-o a colmatar e a superar todos os

obstáculos inerentes à profissão.

No meu entender, o EP serviu para crescer como professor. Durante todo

este processo de ensino-aprendizagem fui conseguindo desenvolver um pouco

do eu como professor, mas estou ciente de que levará muito mais tempo para

dizer que saberei algo sobre o que é ser docente pois, segundo Nóvoa (1992),

todo o bom docente está em constante mudança e em constante adaptação ao

meio que o envolve, às diferentes culturas, sempre com espírito crítico em tudo

o que faz. Considera-se que só dentro deste quadro se poderá, um dia, atingir

a excelência.

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3. Enquadramento Institucional

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3.1 Escola como Instituição

Partindo do pressuposto de que as organizações constituem núcleos e

tecidos sociais intencionalmente criadas para que se atinjam metas e se

cumpram objetivos comuns, a escola, então, também se constitui como uma

organização que, dadas as suas particularidades, assume um caráter deveras

complexo. Isto deve-se à sua composição heterogénea (alunos, docentes, não

docentes, pais, meio social, etc.) e, em seguida, devido às suas finalidades, à

diferenciação/especialização de funções e à forma como internamente se

estrutura e organiza.

Como definição, Carvalho (2006) sugere que a educação é hoje

unanimemente considerada um dos principais veículos de socialização e de

promoção do desenvolvimento individual. Inserindo-se num contexto histórico,

social e cultural mais amplo, os sistemas educativos acabam por ilustrar os

valores que orientam a sociedade e que esta quer transmitir. É neste sentido

que se pode falar, globalmente, de uma cultura que se cria e preserva através

da comunicação e cooperação entre indivíduos em sociedade e,

especificamente, numa cultura escolar, isto é, num conjunto de aspetos

transversais que caracterizam a escola como instituição.

De facto, como afirma Parsons (cit. por Carvalho 2006), a educação escolar

desempenha um papel de sociabilização, contribuindo para a interiorização

pelo indivíduo dos valores da sociedade. É neste sentido que a escola constitui

uma instituição de primeira linha na constituição de valores que indicam os

rumos pelos quais a sociedade trilhará o seu futuro (Sousa (cit. por Carvalho,

2006)).

3.2 Escola 2/3 Secundária

O meu EP foi realizado numa escola 2/3 secundária nos arredores da cidade

do Porto e, conforme o próprio nome indica, esta alberga desde o segundo

ciclo de escolaridade até ao ensino secundário, integrando também cursos

profissionais.

Consoante está estabelecido no Regulamento Interno do Agrupamento,

existe toda uma hierarquização do sistema de coordenação escolar. Os órgãos

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máximos como o Conselho Pedagógico e Diretor trabalham em parceria e

sempre em prole de um acompanhamento eficaz do percurso dos seus alunos.

Estas estruturas escolares estão divididas em quatro grandes áreas: área das

atividades curriculares; área da coordenação pedagógica de cada ciclo de

estudos; área das atividades de turma e a área da formação de pessoal

docente e não docente.

No que diz respeito às áreas das atividades curriculares, podemos encontrar

os mais diversos departamentos pedagógicos: o departamento da educação

pré-escolar; o departamento do primeiro ciclo do ensino básico; o

departamento de línguas; o departamento de ciências sociais e humanas; o

departamento das ciências matemáticas e experimentais; e o departamento

que está ligado diretamente com o meu EP, o departamento das expressões.

O grupo de Educação Física é constituído por dois grandes núcleos: o grupo

do terceiro ciclo e secundário (620) e o grupo do segundo ciclo (260). Mesmo

sendo de ciclos diferentes, foi notório desde muito cedo no EP que todos os

professores de EF estabeleciam uma relação entre si muito para além do

âmbito profissional. Todos relacionam-se como que se tratassem de amigos de

longa data. De certa forma, este espirito de amizade fez-se transmitir para o

nosso NE, fazendo com que a nossa integração fosse muito mais rápida e

agradável.

Paralelamente ao nosso NE, existe um outro NE pertencente ao Instituto

Universitário da Maia, com o qual estabelecemos desde logo uma relação de

amizade face aos estagiários que o constituíam. Esses estagiários eram

amigos conhecidos da nossa licenciatura, que fora feita nessa mesma

Instituição.

No que concerne às instalações, a escola é constituída por quatro edifícios

de salas de aula, um pavilhão desportivo, que funciona também, para além do

tempo letivo, como instalação desportiva da Câmara Municipal da Maia, e um

edifício com duas salas de ginástica. No exterior apresenta-se um campo de

jogos.

No que alude mais concretamente às aulas de educação física, existe uma

dinâmica muito particular desta área de ensino. Sendo que existem várias

turmas em simultâneo em tempo letivo de EF, foi necessário, com a

colaboração dos grupos 260 e 620, a criação de um processo de roulement

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para que os seis espaços disponíveis fossem ocupados de forma justa e

racional. Basicamente, este processo consiste na criação de uma matriz onde é

indicada a hora, o dia e a semana do espaço destinado a cada turma. A

rotação desses mesmos espaços era feita de semana para semana, consoante

o número de áreas disponíveis em cada espaço, estabelecendo assim a

seguinte ordem: três semanas no pavilhão, duas no ginásio e uma no exterior.

Este processo era importante, não só pelos fatores organizacional e racional

dos espaços, mas também pelo facto de existir pouca abundância de material

para cada modalidade. Assim, é possível desde logo realizar um planeamento

das Unidades Didáticas a lecionar durante todo o ano letivo, consoante o

espaço em questão.

3.3 A Turma

Como foi referido anteriormente, o ano que me foi destinado através do

sistema de sorteio fora o décimo primeiro. Esta turma, para grande admiração

minha, quando comparada com a infeliz realidade vivida em todas as escolas

do país onde se verificavam turmas de grandes dimensões, esta apenas

apresentava treze alunos. Desde logo a minha reação perante este número foi

de clara satisfação, uma vez que tinha um conhecimento prévio de alguns dos

problemas relacionados com o elevado número de alunos, como a falta de

espaço, pouca densidade motora ou, até mesmo, muito tempo de espera e que

saberia que, à partida, não iriam ser dilemas para esta turma. Assim sendo,

após o preenchimento das fichas biográficas, rapidamente me percebi do

panorama geral da turma: seis raparigas e sete rapazes, com média de idades

a rondar os 16 anos; praticamente todos eles tinham experienciado alguma

prática desportiva fora do contexto escolar, nomeadamente Andebol,

Basquetebol, Futebol e Artes Marciais; e nenhum aluno tinha necessidades

educativas especiais (NEE).

Ao longo deste ano, o trabalho que fui desenvolvendo com estes alunos foi

sempre num ambiente de respeito e seriedade. Desde o início deixei bem claro

que não iria tolerar comportamentos impróprios, tanto para com a aula como

para com os colegas. Assim, ficou estabelecido desde o primeiro dia de aulas

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que caso o comportamento e o empenho da turma fossem adequados nos

momentos destinados à aprendizagem, haveria espaço para uns minutos de

relaxamento e liberdade dentro das tarefas. Assim, conseguiria estabelecer um

compromisso de autonomia e responsabilidade com os alunos desde os

primeiros dias de aula.

Apesar de grande parte dos alunos serem bastante brincalhões, quando era

solicitado mais atenção, avinco e disponibilidade física, os alunos

empenhavam-se, sendo raras as vezes que não cumpriam as minhas ordens.

Obviamente que em algumas situações pontuais tive de me irritar e de “puxar

as orelhas” para que voltassem a ter um comportamento adequado. Uma das

dificuldades com que um professor se depara quando se relaciona

proximamente com os seus alunos prende-se com a noção do como e quando

se deve colocar um travão na confiança dada e voltar a desempenhar o papel

soberano na aula.

Contrariamente ao que perspetivei no início do ano quando me deparei com

um número reduzido de alunos, foram surgindo problemas de ordem

organizacional ou até mesmo de escolha de exercícios. Normalmente, estes

problemas advinham de um número exageradamente grande de alunos por

exercício, mas, no meu caso, o problema foi o oposto, o de não ter alunos

suficientes para um simples jogo de Basquetebol de 5x5, ora porque faltam

sem razão aparente, ora porque estavam doentes. Estes constrangimentos

vieram mesmo, por vezes, alterar completamente todo o planeamento de uma

aula, fazendo com que no momento, e de forma rápida e efetiva, tivesse que

reprogramar uma nova aula. Outro problema com o qual me debati várias

vezes, foi o cansaço psicológico e físico que os alunos apresentavam por

estarem em atividade constante e, consequentemente, em competição entre as

mesmas equipas. Ou seja, devido ao número reduzido de alunos era muito

difícil, independentemente da modalidade em questão, a formação de mais do

que duas ou três equipas.

Estes problemas, apesar de não deixarem de ser encarados como

obstáculos, fizeram com que mais rapidamente sentisse a necessidade de

investigar e desenvolver estratégias para tentar minimizar ou colmatar estas

eventuais ocorrências, servindo também para desenvolver a minha capacidade

de improviso, tão necessária nesta profissão.

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Num primeiro momento de abordagem a esta turma, e pelo simples facto de

ser a minha primeira experiência como líder de uma turma, apesar de já ser

professor nas AEC’s, o modelo pelo qual orientei a minha prática pedagógica

foi o de Rosenshine (cit. por Mesquita & Graça 2009), um estilo de ensino mais

diretivo e prescritivo.

Consoante o tempo foi passando e eu próprio me senti mais confiante, fui

dando lugar ao modelo de ensino de Bunker e Thorpe (cit. por Mesquita &

Graça 2009), um modelo que visa a compreensão tática do jogo, sendo o

praticante confrontado com problemas que desafiam a compreender e atuar.

Durante as primeiras aulas do primeiro período, e dando seguimento às

exigências impostas pela Faculdade, foi atribuído ao NE uma turma do

segundo ciclo, para que experienciássemos a docência em todos os ciclos de

estudo, apesar de já ter tido a oportunidade de, no primeiro ano de mestrado,

lecionar algumas aulas nas escolas de Paranhos e Areosa ao terceiro ciclo.

Sendo o NE constituído por três elementos, facilmente adotámos a estratégia

de que cada um de nós estaria responsável pela lecionação de um período.

Tendo em conta as características do grupo, e sendo eu o estagiário que mais

experiência tinha em dar aulas, ofereci-me para ser o primeiro a abraçar este

desafio de lecionar à turma do segundo ciclo. Desta forma, poderei dizer que,

em termos de planeamentos e reflexões, este foi o período de tempo no qual

necessitei de uma maior organização e eficácia, uma vez que tinha no mesmo

período duas turmas completamente distintas tanto ao nível do comportamento,

como número de alunos, matérias a lecionar, nível dos alunos, entre outros. A

turma em questão era um sexto ano e era constituída por doze raparigas e

dezasseis rapazes, com uma média de idades de 10,8 anos. Como todas as

turmas com alunos inseridos nesta faixa etária, esta não fugia à regra e era

uma turma bastante energética e cheia de vida. Estavam sempre prontos para

qualquer tipo de atividade, coletiva ou individual, mais estática ou dinâmica.

Apesar de ser uma turma numerosa e irrequieta, todos os alunos eram bem-

educados e obedeciam sem questionar qualquer ordem dada por mim. Durante

os exercícios estavam sempre empenhados em dar o seu melhor e nunca

deixavam de querer ganhar ao seu colega. Nestas idades, de facto, o espírito

competitivo é levado a outro nível, sendo que por vezes

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confrontava-me com situações caricatas em que os alunos saíam do pavilhão a

chorar porque simplesmente tinham perdido um jogo ou falhado um lance.

Agora, distante dessa altura, e depois de alguns meses sem os ter como

alunos, reflito e vejo que dei um passo em frente na descoberta do eu como

professor. Neste momento estou plenamente convicto de que a faixa etária que

mais prazer me dá como professor é precisamente a do segundo ciclo. Nestas

idades, o conceito brincar ainda está muito presente, assim como o

conhecimento das suas capacidades muito enublado pela sua ingenuidade de

criança. Nestas idades, o conceito ensinar, para mim, ganha realmente uma

maior importância. É aqui que mais evolução se observa, que mais mudança

se dá.

Desta forma, foi mais do que gratificante ter tido esta experiência como

professor de segundo ciclo. Foi assim que me apercebi com que faixa etária,

no futuro, gostaria de trabalhar e me sentiria mais concretizado, caso tivesse a

oportunidade, embora que pouco provável, de escolher.

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4. Realização da Prática Profissional

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4.1 Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem

O objetivo desta área liga-se com a construção de uma estratégia de

intervenção, orientada por objetivos pedagógicos, que respeitem o

conhecimento válido no ensino da Educação Física (nos campos da conceção,

planeamento, realização e avaliação do ensino e da aprendizagem), para que o

processo de educação e formação do aluno na aula de Educação Física seja

conduzido com eficácia pedagógica (Matos, 2014).

Neste sentido, encontra-se neste capítulo todo um conjunto orientações,

abordagens, atuações e observações associadas ao reconhecimento do ponto

de partida para a minha a(tua)ção, definição de metas e objetivos, aplicação de

metodologias, assim como as decisões centradas nos programas de EF e

currículo escolar.

Deste modo, para a Conceção, torna-se imperativo a análise dos programas

de Educação Física, recorrendo aos Programas do Ministério da Educação,

através de um estudo autónomo e de conhecimentos anteriores. Assim, é

possível cruzar os planos curriculares da escola com as finalidades, objetivos,

conteúdos e indicações metodológicas a se adotar na construção de um

portefólio de atuação pessoal. O conhecimento das características da turma

torna-se igualmente imprescindível, através das fichas biográficas, mas, acima

de tudo, pela convivência ao longo das aulas, Desporto Escolar e Atividades

Extra Curriculares que se venham a organizar.

No que alude ao Planeamento, ressalvo a importância de este ser feito em

três níveis distintos não dissociáveis entre si: um planeamento abrangente, do

qual se pode orientar tarefas a longo prazo – Anual; por modalidade, de forma

a “traçar” o caminho a percorrer, com maior precisão, num curto prazo de

lecionação específico – Unidade Didática (UD); e, por fim, um planeamento

mais diário, de forma a auxiliar cada sessão de ensino – Plano de Aula. Estes

três timings de planeamento debruçam-se essencialmente sobre o momento de

análise (modalidade, envolvimento e turma); decisão (extensão e sequência de

conteúdos, definição de objetivos, determinação da avaliação e determinação

das sequências de aprendizagem); e aplicação, definidas pelo Modelo de

Estrutura do Conhecimento (MEC) de Vickers (1990).

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No que concerne à Realização, é pretendido que a condução e o auto

refinamento do processo de ensino-aprendizagem sejam aplicados segundo

alicerces teóricos, cuja prática ditará a sua eficácia e eficiência. Neste sentido,

a intervenção do professor deverá ser centrada nas características e aptidões

dos seus alunos e, assim, potenciar as suas qualidades, promover-lhes

ambição pela aprendizagem e coragem para crescerem através de

tentativa-erro. Apenas será possível a construção plena de um aluno

psicomotor evoluído, se o professor incluir toda a turma num processo contínuo

de evolução, melhorando a qualidade de instrução, capacidade de

relacionamento e transmissão de feedback pedagógico.

Relativamente à Avaliação, eximo as diferentes modalidades da sua

aplicação, sendo este um elemento regulador e promotor da qualidade do

ensino e aprendizagem e da avaliação do aluno. São estes elementos que

situam objetivamente as metas a serem atingidas, meios e estratégias a seguir,

levando à reflexão dos resultados obtidos para uma nova reformulação no

processo de intervenção.

4.1.1 Conceção

Segundo Bento (2003, p. 7), “(…) todo o projeto de planeamento deve

encontrar o seu ponto de partida na conceção e conteúdos dos programas ou

normas programáticas de ensino, nomeadamente na conceção de formação

geral, de desenvolvimento multilateral da personalidade e no grau de

cientificidade e relevância prático-social do ensino”.

Desta forma, após o momento da tomada de conhecimento sobre qual a

turma que iria debruçar a minha ação pedagógica, preocupei-me em estar a

par de todas as matrizes que iriam objetivar e conduzir esta minha demanda.

Para isso, consultei o programa estabelecido pelo Ministério da Educação

através do site da Direção Geral da Educação. Para esta consulta, a minha

atenção foi direcionada para as disciplinas que seriam “fundamentais” na

abordagem à EF na escola e para os objetivos traçados, de uma forma geral e

particular, para cada modalidade coletiva ou individual. Assim sendo, encaro

esta análise como importante, porque identifico o valor de um enquadramento

no qual a ação organizacional ocorre por referência a um plano de orientações

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instituídas (onde avultam regras formais-legais, predeterminadas e

centralmente produzidas), mas também de produção da ação instituinte, o que

atende ao funcionamento próprio da escola, às estratégias para ativar e

atualizar uma diversidade de regras reinterpretadas e representadas por

diferentes instâncias a gerir, e por vezes a gerar, formas de ação

contextualmente localizadas.

Mas, apesar deste reconhecimento, acredito que se o programa não for

implementado com um cunho pessoal e devidamente contextualizados à nossa

realidade específica, estaremos a entrar num campo de passagem de

conteúdos e não de transmissão de conhecimento e de aprendizagem.

Segundo Gudmundsdottir (cit. por Bento et al. 1999), a direção e sentido de

propósito são características do bom ensino. Concomitantemente, tem sido

sugerido que não pode haver qualquer excelência no ensino, a menos que os

professores tragam para as suas salas de aula o que eles valorizam e estimam

na sua matéria e na vida geral.

Dada a minha pequena, mas ainda importante experiência como docente,

sabia, de antemão, que o momento mais importante da conceção pedagógica

seria quando encarasse os alunos pela primeira vez e percebesse o seu nível

de desempenho, e, ainda mais importante, o que os motivava para a prática de

Desporto e da participação nas aulas de EF.

“As minhas expectativas iniciais para com esta turma apresentam-se

bastantes elevadas tendo em conta vários factores, como tamanho da turma,

comportamento e o facto de apresentar vários alunos envolvidos em atividades

desportivas extra curriculares (…)”

(Reflexão n.º1, 16 de setembro de 2014).

Esta foi uma das notas da reflexão do primeiro dia em que entrei em

contacto com os alunos na aula de apresentação. Assim sendo, percebi que os

alunos poderiam estar enquadrados, ainda que não na totalidade das

modalidades, no nível avançado preconizado no programa nacional de EF.

“O papel do professor na ecologia da aula pode ser definido em função das

tarefas que desempenha, ou das que delega, bem como da resposta que dá ao

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comportamento evidenciado pelos alunos, ou da forma como o procura

influenciar, para alcançar os níveis ideais de ordem como condição para o

sucesso das aprendizagens. Nesta lógica, entende-se que o professor é

responsável por preparar, conduzir, e avaliar os sistemas de tarefas de

instrução e de gestão como vetores primários do programa de ação, bem como

os papéis, expectativas e objetivos a atingir pelos alunos, de onde decorrem os

processos de supervisão, responsabilização e negociação, idealmente fazendo

emergir um clima ecológico propiciador de elevados níveis de ordem”

(McCaughtry, Tischler, & Flory (cit. por Costa, 2015)).

Este é outro ponto que gostaria de realçar, novamente fruto da minha

experiência. Era patente a necessidade de criação de rotinas, de forma a

promover boa ecologia de aula. Entenda-se por rotinas o conjunto de medidas

estabelecidas que visem a criação de hábitos que rentabilizem a aula com o

intuito de potencializar a aprendizagem dos alunos. Segundo Rink (1993) a

criação de rotinas, ajuda a estabelecer e a manter um clima de aprendizagem e

auxilia os alunos a serem cada vez mais independentes do controlo do

professor. A implementação destas rotinas pode consagrar mais tempo às

partes essenciais da aula.

Após toda esta análise e preparação, tanto ao nível do programa nacional e

curricular da escola, como do contexto dos alunos, fui capaz de avançar com o

planeamento de todo um ano de ensino e os respetivos conteúdos a abordar.

4.1.2 Planeamento

Segundo Bento (2003, p. 19), “A planificação do processo educativo é

extremamente complexa, pluridimensional emultiforme, dependendo também

de condições diversas. A programação e direção dos factores e momentos

essenciais e decisivos, fundamentais e orientadores, com os meios e formas

ajustadas, requerem dois níveis: o nível das indicações gerais e centrais, o

nível das indicações locais, relativas a cada situação, específicas e

particulares”.

Conduzir com eficácia a realização da aula, atuando de acordo com as

tarefas didáticas, atendendo às dimensões de intervenção pedagógica para

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promover aprendizagens significativas, foi um dos grandes objetivos a que me

propus este ano.

Após toda uma fase de investimento na conceção pedagógica, chegou a

fase que merecerá uma extrema ponderação e cuidado na sua elaboração,

pois este será o processo que distingue e assenta a base da profissão docente.

No início do ano letivo foi-me apresentado pelo departamento de EF uma

proposta do plano anual (Quadro 1), estabelecido e cumprido em anos

anteriores, para o referido ano que iria lecionar.

Quadro 1 – Planeamento Anual apresentado pelo departamento de EF da Escola

10ºANO 11ºANO 12ºANO

Em

todos o

s

anos le

tivos Testes de Condição Física – Facultativo

Com base na Bateria de testes Fitnessgram

Atletismo

Técnica de corrida

Resistência orgânica (a desenvolver ao longo do ano letivo)

PE

RÍO

DO

Voleibol

Basquetebol

Badminton

Futebol

Atletismo

Acrobática

Andebol

Ginástica

Atletismo

PE

RÍO

DO

Futebol

Atletismo

Acrobática

Andebol

Ginástica

Atletismo

Voleibol

Basquetebol

Badminton

PE

RÍO

DO

Atletismo

Andebol

Ginástica

Voleibol

Badminton

Basquetebol

Acrobática

Futebol

Atletismo

Este documento veio a revelar-se bastante útil na processo de construção de

um plano anual pessoal pois, de forma rápida e simples, consegui cruzar os

dados orientadores sugeridos pelo Ministério da Educação, com os dados

específicos e contextualizados da escola em questão. Este meu planeamento

anual foi logo à partida condicionado por um sistema de rotatividade de

espaços estabelecido na grande maioria das escolas portuguesas, o processo

de roulement. Este modo de orientação, como qualquer outro aspeto, tem

inerentemente vantagens e desvantagens associadas. Como vantagem

principal a enunciar destaco o facto de este processo tornar a ocupação dos

espaços justa entre todos os docentes. Cada professor está limitado a um

número específico de tempo e terá obrigatoriamente de o desocupar quando

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este terminar. Obviamente que esta rotação “obrigatória” foi, por diversas

vezes, contornada consoante a necessidade de um espaço em particular e

graças à amabilidade e compreensão por parte dos restantes professores.

Como desvantagem major considero que a interrupção de uma determinada

UD devido à mudança de espaço seja a mais prejudicial.

“De salvaguardar que a próxima aula será de consolidação de todos os

conteúdos abordados, sendo que para esse efeito a aula irá basear-se em

grande parte no jogo, servindo assim para cimentar alguns aspetos trabalhados

nesta aula. Um fator que espero que não venha a prejudicar, tanto ao nível

motivacional como ao nível do desempenho dos alunos, é o facto de apenas

daqui a umas semanas vir a realizar esta mesma aula, pois o processo de

roulement assim o ditou.”

(Reflexão n.º16, 6 de novembro de 2014).

Outro fator que afetou ao longo do ano este mesmo plano anual, obrigando

mesmo à sua constante reformação, foi o facto das condições climatéricas não

serem propícias à prática da aula de EF no espaço exterior. Quando deparado

com esta situação, apenas me restaria encaminhar os alunos para as

bancadas ou para o bar, uma vez que não se encontrava disponível nenhum

outro espaço alternativo para que a aula pudesse ser realizada.

No que diz respeito às disciplinas abordadas durante este ano letivo, é de

ressalvar que nem todas foram abordadas com a mesma carga horária. Um

exemplo disso foi o Atletismo, pois sendo uma modalidade que, na sua grande

maioria, é lecionada no espaço exterior, estava, desde logo, condicionado

pelos poucos momentos atribuídos pelo sistema de roulement. Outro

condicionante adicional a esta ocorrência foi o facto de algumas vezes, como já

proferi anteriormente, as condições climatéricas serem desfavoráveis à prática

desportiva.

Ainda aludindo sobre este mesmo assunto, gostaria de referir a alteração da

ordem de abordagem das modalidades descritas no quadro 1 acima

supramencionado, assim como a introdução de duas novas modalidade, ainda

que com uma carga horária bastante reduzida: Judo e Kin-ball.

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Uma das alterações que realizei, em conjunto com o professor cooperante,

foi a lecionação de Basquetebol no primeiro período, em vez de no terceiro

período. Esta modificação deveu-se essencialmente a uma sugestão do

professor cooperante, referindo que o terceiro período geralmente é um

período muito curto e poderia não ter tempo para uma passagem satisfatória

dessa mesma modalidade. Mais tarde, esta decisão veio a revelar-se

importante pois, revendo agora as aulas dadas neste último período, não

conseguiria, com toda a certeza, uma abordagem satisfatória e significativa

para os alunos.

Desta forma, o Judo e o Kin-ball foram introduzidas no último período, de

forma a colmatar a falta de uma disciplina que fosse possível abordar nos

espaços de ginásio e duas aulas soltas que surgiram no espaço de pavilhão,

respetivamente. Para mim, a escolha pela modalidade Judo foi extremamente

óbvia para ocupar o espaço de ginásio, preterindo-a a outras modalidades

como foi o caso da Dança. Isto deveu-se ao facto de não me sentir com

capacidades de demonstração necessárias para uma aula de Dança, mas,

principalmente, pelo facto de me despertar muito mais curiosidade a introdução

de uma modalidade pouco trabalhada nas escolas portuguesas, como é então

o caso do Judo. A opção pela abordagem do Kin-ball surgiu no âmbito da

necessidade do preenchimento de duas aulas que estavam inicialmente

previstas a não realizarem devido à realização de exames nacionais, mas que,

no fim, acabou por não se verificar. Esta modalidade foi uma opção única e

exclusivamente minha pois, como não iria sujeitar os alunos a nenhum tipo de

avaliação neste tempo, decidi abordar uma modalidade menos convencional e,

assim, proporcionar-lhes vivências diferentes e enriquecedoras.

Terminando esta fase de planeamento mais geral, foi tempo da elaboração

de um Modelo de Estrutura de Conhecimento (MEC) para cada uma das

modalidades. Este documento é um elemento central da construção do modelo

de instrução baseado no entendimento de que o desenvolvimento das

diferentes atividades desportivas assentam, por um lado, num conhecimento de

base comum a todas elas e, por outro, em estruturas do conhecimento

específicas resultantes das particularidades de cada uma das atividades

(Vickers, 1990).

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Segundo Bento (cit. por Silva 2014), “a duração das diferentes UD depende

do volume e dificuldade das tarefas de ensino e aprendizagem e também do

estado de desenvolvimento dos alunos”. No entanto, essas mesmas UD foram

concretizadas apenas após uma avaliação diagnóstica (AD) do conhecimento e

capacidades dos alunos nas determinadas modalidades. Para além da análise

cuidada dos programas nacionais e currículos escolares, é imprescindível

conhecer os alunos e centrar as aprendizagens nas dificuldades e lacunas que

os mesmos apresentam, assim como conciliar o espaço disponível para a

lecionação das mesmas.

A realização de uma UD não representa uma decisão estanque e obrigatória

da qual nos devemos guiar fielmente, mas sim como um documento ajustável à

evolução e enquadramento dos alunos ao longo de toda a sua extensão. Um

exemplo disso mesmo foi a introdução do serviço por cima em Voleibol. Esta

estava prevista ser introduzida aquando da manchete, mas, devido à fraca

prestação na aquisição da técnica de manchete, decidi, nesse momento,

prolongar a seu prática e preterir para uma aula posterior o serviço por cima.

O último momento de planeamento, o plano de aula, foi, na minha opinião, o

mais importante para a minha intervenção como docente. Apesar de inúmeras

vezes ter pensado “para quê tantos planos de aula?”, consigo agora, de uma

forma clara, perceber que foi esse mesmo documento que me fez crescer

como docente reflexivo e me ajudou a aprimorar o conhecimento mais técnico

de cada modalidade. Segundo Bento (2003), no momento que precede à aula,

o professor tem já um projeto da forma como ela deve decorrer, uma imagem

estruturada, naturalmente, por decisões fundamentais.

Neste plano de aula eram salientados todos os pontos fundamentais para o

enquadramento perfeito de todos os conteúdos a serem lecionados numa aula

em específico, como pode ser verificado no Quadro 3, onde mostro, a título de

exemplo, o cabeçalho de um plano de aula da modalidade de Voleibol.

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Quadro 2 – Exemplo de cabeçalho de um plano de aula

Este tipo de organização ajudou-me bastante, uma vez que estabelecia, de

uma forma clara, os objetivos a cumprir, assim como todas as componentes

críticas exigidas para a execução exímia de uma determinada tarefa. Uma

outra característica deste tipo de plano de aula era a representação gráfica,

sempre que possível, de todos os exercícios que propunha realizar. Desta

forma, o plano de aula tornava-se muito intuitivo e de fácil leitura para quem

não o realizou e pretenda compreender o que está planeado.

De salientar que todos estes tipos de planeamento devem estar recetivos a

uma adaptação natural que poderá ocorrer a qualquer momento do período

letivo, pois não é possível antecipar todos os acontecimentos ao longo do ano,

do período ou da aula, visto que lidamos com pessoas e estas não são, nem

devem ser previsíveis (Silva, 2014).

4.1.3 Realização

Este capítulo tem o intuito de recordar e refletir sobre os pontos

fundamentais da minha ação no decorrer do EP.

Na minha opinião, a realização pessoal está na base de tudo o que

fazemos, e o nosso sucesso é a base desse mesma realização. Partindo deste

pressuposto, a minha forma de encarar este estágio sempre foi num sentido

proactivo, recorrendo à reatividade sempre que a situação assim o exigia.

PLANO DE AULA

PROFESSOR: HUGO MORAIS ANO E

TURMA: 11ºD DURAÇÃO DA AULA: 90’ TEMPO EFETIVO: 70’

MATERIAL

NECESSÁRIO: - Bolas de

voleibol; - Redes de

Voleibol.

UNIDADE DIDÁTICA: - VOLEIBOL

AULA Nº

117 E 118 DATA: 12 DE MAIO DE

2015 HORA: 10H05: – 11H:35

FUNÇÃO DIDÁTICA: - Consolidação das habilidades

motoras anteriormente abordadas.

SESSÃO Nº

7 DE 8

OBJETIVO GERAL DA AULA: - Promover situações de

aprendizagem que visem a consolidação das habilidades técnicas e táticas em situação de jogo 2x2 e 3x3.

Nº DE

ALUNOS

PREVISTOS: 12

LOCAL: ESCOLA SECUNDÁRIA DE

ÁGUAS SANTAS ESPAÇO: P1

Pa

rte

SITUAÇÃO DE

APRENDIZAGEM

OBJETIVOS

ESPECÍFICOS

COMPONENTES

CRÍTICAS/CRITÉRIOS

DE SUCESSO

DESCRIÇÃO

GRÁFICA

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4.1.3.1 Liderança: controlo desorganizado

Lembro-me perfeitamente do primeiro dia, ou melhor, primeira noite pré-aula

que comecei a elaborar mentalmente a minha forma de atuação com base nas

experiências pessoais. O facto de ser ainda um

estudante-estagiário, poderia levar a que os alunos não me identificassem

como uma figura de autoridade, tendo, por isso, que ter uma atenção especial

ao controlar a turma, para que os alunos pudessem estar recetivos à

informação que lhes ia ser transmitida. O objetivo passava por um controlo não

autoritário e respeitador, tentando, sempre que possível, estreitar os laços

entre professor-aluno, de forma a atender às necessidades particulares de

cada um.

O conceito de controlo está intimamente associado ao conceito de liderança,

e eu, enquanto professor, tinha de me destacar dos alunos, pondo em marcha

um plano de ação com a atenção de todos.

Para Frias (2009) liderança envolve um processo que influencia as

atividades de um grupo organizado, que estabelece alvos ou objetivos, até

guiar ou controlar o comportamento de outros. Quanto mais os alunos me

identificassem como seu líder, maior controlo teria sobre a turma e maior seria

a possibilidade de atingir os objetivos para este ano letivo. Sabia que o controlo

teria de ser adquirido desde o início e, nesse sentido, as primeiras aulas e

interações com os alunos iriam ser cruciais nas atuações futuras. Segundo

Oliveira (2001), a manutenção da ordem na sala de aula ou ginásio terá de ser

exigida nas primeiras aulas, onde os procedimentos que representam a base

dessa ordem terão de ser sustentados e clarificados aos alunos para que o

ambiente seja favorável e sem perturbações.

Por não fazer parte da minha personalidade mas, acima de tudo, por não

acreditar que fosse a postura mais indicada para lidar com uma faixa etária na

qual a minha turma se enquadrava, procurei não ser um líder por força do

autoritarismo. Por oposição, procurei um tipo de liderança mais próximo dos

alunos, demonstrando uma atitude acessível, ainda que assertiva.

“(…) os alunos revelaram bastante autocontrolo no que toca ao

comportamento, respeitando as tarefas que estavam a ser solicitadas. Este

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ambiente descontraído ajudou, em parte, a que a aula não fosse tão

desmotivante para os alunos em espera e que, ao mesmo tempo, ajudasse

todos os alunos a focarem-se no exercício que se estava a realizar.”

(Reflexão n.º5, 1 de outubro de 2015).

Numa fase inicial, penso que esta minha estratégia repercutiu efeito, tendo

gerado uma boa ligação entre alunos e aluno-professor, como se pôde verificar

na reflexão de uma aula anteriormente mencionada.

Apesar de na grande maioria das aulas durante o ano este ter sido o

ambiente predominante, em determinadas alturas senti a necessidade de

reforçar a minha posição enquanto professor e fazer os alunos entender que a

sua confiança para comigo estava a levá-los a adotar posturas não aceitáveis

para um espaço de aula.

“(…) no final da aula, tive de ter uma conversa com toda a turma devido ao

comportamento que alguns alunos têm vindo a demonstrar. Penso que perante

a situação, esta foi a melhor atitude a tomar. Numa próxima aula, se estes

comportamentos se voltarem a repetir, terei de convidar esses alunos a

sentarem-se até ao final da aula”

(Reflexão n.º24, 5 de dezembro de 2014).

A minha rápida e assertiva intervenção perante esta situação veio a revelar-

se determinante para a tomada de consciência dos alunos e mudança de

comportamentos, já na aula seguinte, como se pode verificar na reflexão

seguinte:

“Nessa aula penso que os alunos se consciencializaram de que estavam a

tomar atitudes menos próprias para uma aula de Ed. Física e realizaram uma

aula exemplar a todos os níveis. Penso que sempre que acontecem estas

situações, devemos tomar medidas com prontidão e assertividade, para que os

alunos percebam que estão a “pisar o risco” e que dali já não podem passar”

(Reflexão n.º 25, 10 de dezembro de 2014).

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4.1.3.2 A Instrução, Feedback e Demonstração Pedagógica

O feedback é uma ferramenta de extrema importância na vida de um

professor, tanto pela sua eficácia pedagógica, como pelo processo de

comunicação com o aluno.

Para Rosado & Mesquita (2011), todos os comportamentos fazem parte da

instrução, verbais ou não verbais (exposição, explicação, demonstração,

feedback, entre outras formas de comunicação), pois estão intimamente

ligados aos objetivos de aprendizagem. Assim, não se pode dissociar do

processo de instrução, os processos de produção e emissão de feedbacks, e

de demonstração.

Desde o início do EP que a minha preocupação foi sempre tentar equilibrar a

quantidade de informação que transmitia aos meus alunos, bem como a ordem

de explicar os exercícios e a sua consequente demonstração. Este processo foi

algo demorado, pois nem sempre os alunos reagiam da mesma maneira

perante a minha forma de atuação. Por um lado, houve vezes que senti que ao

simplesmente explicar o exercício, alguns alunos não conseguiam entendê-lo

na sua totalidade, o que gerava alguma confusão no decorrer do mesmo. Por

outro lado, quando era demasiado pormenorizado na explicação, demorava

muito tempo para conseguir captar a atenção e compreensão de todos os

alunos, mesmo tendo um turma relativamente reduzida. Mais tarde passei a

realizar a explicação dos exercícios enquanto demonstrava a sua execução.

Aqui surgiu novamente o problema da distração de alguns alunos, voltando a

refletir-se no decorrer dos exercícios. Foi então que me despertou a ideia de

utilizar um meio intermédio neste processo: o recurso ao Ipad para a

explicação e demonstração do exercício. Desta forma, conseguia explicar a

todos os alunos cada etapa dos exercícios com recurso a imagens/vídeos,

estando logo a demonstração feita. Deste modo, consegui rapidamente

colmatar a falta de atenção de alguns alunos, assim como evitei eventuais

demonstrações menos bem conseguidas.

Segundo Metzler (2000, p. 102), “uma das funções de instrução mais

importantes do professor é proporcionar aos alunos informações sobre a

adequação do desempenho em tarefas concluídas. Esta é uma informação

chamada de feedback, e é crítica para o processo de aprendizagem”.

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Para que se proceda à emissão de um feedback pedagógico é necessário

recorrer a uma sequência de comportamentos por parte do professor, sendo

estes: a observação e identificação do erro, tomada de decisão (emitir

feedback ou não), feedback pedagógico informático, observação de mudanças

no comportamento do aluno, observação de uma nova tentativa do gesto e

emissão de novo feedback pedagógico (Rosado & Mesquita, 2011).

Neste campo, a minha forma de atuar sobre o erro foi sempre feita de uma

forma muito incisiva. Preocupava-me em estar sempre atento às falhas dos

alunos (tanto de ordem técnica, como por falta de conhecimento), chegando a

parar o exercício se assim fosse exigido. Penso que este seja um processo que

vai muito do à-vontade do professor perante a modalidade que está a lecionar

e seu respetivo conhecimento. Para estar constantemente a transmitir feedback

aos alunos é necessário um conhecimento profundo de todos os aspetos que

regem a modalidade em questão, caso contrário, este poderá cair no erro de

transmitir conteúdos menos corretos a alunos com experiência nessa mesma

modalidade, levando à descredibilização do próprio professor.

4.1.3.3 Planeamento em confronto com a realidade

A planificação funde-se numa consideração prévia da ação, não só tornando

todo o processo intencional, como ainda auxiliando a construção e transmissão

de conhecimento e competências de forma alicerçada e consistente. Assim,

perspetivada a planificação no foco do ensino, não menos verdadeiro é o facto

de todo o processo dever ser também planificado de acordo com os objetivos

de aprendizagem dos alunos (Rink, 1993). A ponte entre os dois polos é a

imagem de interatividade pretendida na ação educativa, de modo a que as

margens não se mantenham separadas pelo rio.

Assim, é fulcral que o docente planifique com coerência no que diz respeito

aos conteúdos que pretende ensinar, às metodologias a aplicar, aos objetivos a

atingir, às situações de aprendizagem e às competências a desenvolver, aos

instrumentos de avalização a utilizar, tudo em função das condições

contextuais do processo de ensino e aprendizagem. Uma planificação

consistente, não só viabiliza uma visão de conjunto sobre o processo (que visa

alcançar uma meta), como também contribui para a aquisição/apropriação de

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esquemas de atuação docente perante situações de imprevisibilidade e

incerteza.

“O ensino é criado duas vezes: primeiro na conceção e depois na realidade.

O ensino real tem naturalmente mais facetas do que aquelas que podem ser

contempladas no seu planeamento e preparação. No processo real de ensino

existe o inesperado, sendo frequentemente necessário uma rápida reação

situativa” (Bento, 2003, p. 16). Esta foi uma grande realidade em vários

momentos do meu EP. No momento de planificação da aula, podemos ter em

consideração mil e uma coisas, podemos pensar em todos os pormenores, e

até ter vários planos, mas depois na “hora h” tudo pode mudar. E isto por

razões várias, desde as condições atmosféricas à falta de material, falta de

alunos, até ocorrência de exames intermédios dos quais supervisionei.

A capacidade de adaptação do professor e de reajuste à nova situação é

importantíssima para o desenvolvimento e crescimento como professor.

Por algumas vezes durante este ano de estágio tive de reajustar, durante a

aula, os exercícios que tinha planeado. Uma das razões foi devido à forte

componente competitiva que estava implícita no espirito dos alunos,

levando-me a suprimir exercícios para que pudessem disfrutar do jogo e da

competição por mais uns minutos.

“De ressalvar ainda que estava previsto no plano de aula a realização de

alongamentos na parte final da aula de forma a devolver os valores físicos e

mentais à sua normalidade, mas que não foram realizados. Esta situação

ocorreu de forma consciente da minha parte, pois verifiquei que o exercício de

jogo estava a ser bastante positivo e proveitoso para os alunos, sendo que

decidi prolongar esta situação de aprendizagem, preterindo-a aos exercícios de

retorno à calma.”

(Reflexão n.º 15, 5 de novembro de 2014).

Outra razão pela qual tive de modificar o que estava estipulado lecionar em

determinadas aulas foi o facto de os alunos não estarem a ter o rendimento

que pretendia, quer por condicionantes técnicas, como por condicionantes

motivacionais.

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“No que diz respeito ao jogo 5x5 notei que alguns alunos não se estavam a

aplicar devidamente no processo defensivo, apenas preocupados com o jogo

quando tinham a posse de bola. Desta forma resolvi colocar uma variante ao

jogo, para além da marcação homem-a-homem, que já estava em vigor,

coloquei um pequeno “castigo” para o defensor que deixasse o seu homem

marcar ponto. Assim, vi de imediato o problema resolvido, tendo até ao final da

aula todos os alunos empenhados em se opor ao seu adversário para que este

não marcasse ponto mas também verifiquei um maior afinco na construção

ofensiva, para tentar que o colega fosse castigado.”

(Reflexão n.º 23, 3 de dezembro de2014).

Um outro constrangimento que me vim debatendo ao longo do ano foi o

facto da turma que me foi atribuída ser constituída por apenas doze alunos, o

que, se por um lado beneficiava em termos de controlo e condução das

atividades, por outro lado retirava-me margem de manobra, tanto para criar

maior competitividade entre os alunos, como na própria formação de equipas,

de forma a ter um número específico de participantes. Inicialmente doze até me

parecia um número bastante razoável, mas, na verdade, por várias vezes senti

a necessidade de ter mais alguns alunos, de forma a complementarem ou

apoiarem numa determinada tarefa.

“Devido a falta de um aluno, optei por estar dentro do jogo, apoiando as

raparigas que ficaram com menos um elemento para jogar.”

(Reflexão n.º51, 22 de maio de 2015).

Em parte, esta falta de alunos possibilitou-me o desenvolvimento de uma

maior proximidade com a turma, conseguindo assim estar muito mais atento à

sua performance e constante evolução.

4.1.3.4 Reflexão: uma alavanca para o sucesso

Todas as tarefas que se realiza na vida ou que se manda realizar

necessitam de uma reflexão final. Penso ser fundamental apontar, não só o

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que correu bem, mas também o que correu mal, como melhorar, entre outros

aspetos.

Segundo Cunha (2008, p. 74), “o educador profissional (professor) defronta-

se, na sua prática pedagógica, com situações complexas, instáveis e únicas,

que se definem, entre outros aspetos, pela especificidade dos locai, dos

agentes interventivos e das culturas. Esta diversidade e complexidade exige do

professor um conhecimento científico, técnico, rigoroso, profundo e uma

capacidade de questionamento, de análise, de reflexão e de resolução de

problemas, impondo-se necessariamente, um novo conceito de professor – o

professor reflexivo”.

Schon (1987) distingue três tipos de reflexão: Reflexão na ação, a qual

ocorre durante a ação, isto é, no confronto com situações indeterminadas em

que o professor se surpreende; Reflexão sobre a ação, que é posterior à ação

e geralmente verbal, onde o professor reconstrói mentalmente a ação para

tentar analisá-la retrospetivamente, tendo, geralmente, um carácter avaliativo; e

a Reflexão sobre a reflexão na ação, cujo olhar posterior para ação e para a

reflexão acerca do que aconteceu, do que observou e do significado atribuído

ao que aconteceu. É considerada fundamental para o desenvolvimento do

conhecimento profissional do professor, na medida em que é uma reflexão

proactiva que ajuda o profissional a determinar as suas ações futuras, a

compreender futuros problemas ou a descobrir novas soluções.

No meu desenvolvimento como professor, a reflexão teve um papel

determinante perante a minha personalidade. Talvez devido à minha educação

e experiência de vida, fui obrigado a nunca me dar por satisfeito com nada que

conquistara, pois sempre faltava algo ou poderia ser ainda melhor. Isso talvez

se tenha devido ao constante feedback que recebia em casa, sobretudo por

parte do meu pai, que muitas vezes me dizia: “não fizeste mais do que a tua

obrigação”. Se por um lado me tornou ambicioso e me fez ganhar a ambição de

ser melhor a cada dia, penso que, por vezes, não encaro bem as situações de

derrota. Porém, nunca desisti e insisti em ser sempre o melhor no que faço.

A reflexão ajudou-me imenso a melhorar toda a minha prática e não

considero qualquer minuto passado a refletir como tempo perdido, pois só

assim me tornei no professor que sou hoje.

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4.1.3.5 Observação de pares

Como professores aprendizes que somos durante este ano de estágio,

penso que a observação da ação dos vários colegas estagiários, assim como

de outros colegas de profissão, foram uma pedra basilar na minha formação

como professor.

Partindo do pressuposto de que não há professores iguais, podemos

aprender sempre com os nossos pares, desde “o que fazer” ao “o que não

fazer”, mas observando estamos sempre a aprender, e muito se pode refletir

após se observar.

Com a observação dos meus colegas estagiários vi duas realidades

completamente distintas. Numa, vi uma professora que receava os alunos e se

questionava sobre a sua capacidade de docência, turma complicada, de

décimo segundo ano. Apesar dessa primeira impressão de quando a observei

pela primeira vez, agora, depois de todo um ano de experiência e

aprendizagem, vejo-a uma pessoa totalmente diferente, tendo conseguido

evoluir de uma forma brilhante em todos os sentidos: confiança, liderança,

controlo de turma, colocação de voz, entre outras.

“Numa primeira observação, gostava de salientar uma boa postura

apresentada pela docente, assim como a intervenção oportuna e transmissão

de feedback nos momentos mais indicados. Penso que a professora apesar de

apresentar ainda alguma insegurança perante a turma, está num bom caminho

no que concerne à criação da sua identidade enquanto professora.”

(Reflexão das aulas observadas, nº1, 7 de outubro de 2014).

Por outro lado, vi um professor com uma personalidade muito forte, sempre

com uma postura autoritária, sem dar muita margem para aproximações por

parte dos seus alunos. Foi com bastante agrado que vi este professor evoluir

de uma forma exponencial e sem esforço aparente. Turma bastante volumosa

e, na sua grande maioria, constituída por alunos do sexo feminino.

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“O professor apresenta já um grande à-vontade com a turma, conhecendo

perfeitamente as formas distintas dos seus alunos responderem a um

determinado estímulo”.

(Reflexão das aulas observadas, nº4, 21 de janeiro de 2015).

Todas as condicionantes que lhes foram surgindo como turma grande para

1/3 de pavilhão para lecionar, comportamentos menos próprios de alunos

indisciplinados, alunos com grandes dificuldades motoras, posturas incorretas

para uma aula de Educação Física, falta de motivação para a sua prática, entre

outros, fizeram-me refletir e pensar na forma como eu agiria numa situação

semelhante.

As observações que mais me despertavam curiosidade eram as que foram

realizadas às aulas lecionadas pelo Professor Cooperante. A curiosidade

prendia-se com os aspetos como controlo de turma, implementação de rotinas

e gestão da aula, capacidades que se traduziam em anos de experiência

adquirida. As suas aulas tinham um aspeto necessariamente “limpo”, isto é,

tudo era controlado de uma forma natural, sem que os alunos dispersassem.

As rotinas que com um simples gesto os alunos sabiam exatamente o que

fazer naquele momento.

Por outro lado, e de forma informal, tive a oportunidade de observar algumas

aulas de alguns colegas do grupo de Educação Física, mas senti-me

desiludido, no sentido em que se afastavam, de um modo ou de outro, dos

bons princípios da prática pedagógica.

4.1.4 Avaliação

A avaliação é um elemento que acompanha o ser humano durante toda a

sua vida; desde que nascemos que somos avaliados, ou pela nossa altura,

pelo nosso peso ou pelo nosso conhecimento. E, segundo Bento (2003, p.

174), “conjuntamente com a planificação e realização do ensino, a análise e a

avaliação são apresentadas como tarefas centrais de cada professor”. A partir

do ato de avaliar, o professor consegue examinar todo o seu trabalho, desde a

sua planificação até à forma de lecionação.

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Segundo Fernandes (2005), qualquer processo de avaliação tem de ser

transparente, logo a avaliação deve ser precisa, tendo em conta as

características de um aluno (objeto de avaliação), de acordo com os

parâmetros escolares predefinidos.

O mesmo autor refere ainda que os objetivos, as aprendizagens a

desenvolver e todos os processos de avaliação devem ser claramente

expressos e devem estar disponíveis para que os alunos tenham acesso. Ou

seja, qualquer apreciação que se faça do trabalho dos alunos deve ter em

conta os respetivos critérios, devendo os alunos ser capazes de perceber, sem

quaisquer dúvidas, a sua situação face às aprendizagens que têm de adquirir

ou desenvolver.

A principal função dos professores é a de desenvolver nos alunos

capacidades físicas, cognitivas e socio afetivas, de acordo com a sociedade

(cultura), cumprindo os objetivos estipulados pelo Ministério da Educação. É

importante definir os objetivos, porque as estratégias usadas ao longo do

processo ensino-aprendizagem têm de ser coerentes com os objetivos

previamente estabelecidos. Ao mesmo tempo os alunos devem ter o

conhecimento dos objetivos propostos para saberem a que distância se

encontram das metas pretendidas, estes devem ainda adquirir competências

nos três domínios: do saber, do saber-fazer e do saber estar (Aranha, 2004).

Segundo Correia (2002), os objetivos da avaliação não devem ser

semelhantes para todos os alunos, a não ser que a turma seja homogénea e

por isso definem-se competências. Roldão (2005) distingue os dois conceitos:

assim, por objetivo entende-se o conteúdo ou conhecimento que se pretende

que o aluno aprenda, numa determinada situação de ensino e aprendizagem;

já por competência entende-se o objetivo último de vários objetivos que para

ela contribuem, sendo o objetivo que dá sentido aos outros objetivos.

Talvez devido ao excesso de exigência que tenho para comigo mesmo, a

avaliação foi um pouco complicada, principalmente no primeiro período. Tive,

inclusive, conversas com o Professor Cooperante a respeito da avaliação e

uma coisa não esqueci: se criar um critério e seguir sempre o mesmo caminho,

dificilmente correrei o risco de ser injusto seja com quem for.

O grupo de Educação Física forneceu as percentagens da avaliação relativa

aos domínios anteriormente abordados por: psicomotor (saber fazer), ao

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domínio cognitivo (saber) e ao domínio socio afetivo (saber estar). No que diz

respeito ao domínio psicomotor, realizei uma avaliação diagnóstica no início de

cada UD para saber o nível em que a turma se encontrava, e uma avaliação

Sumativa no seu respetivo final, de forma avaliar a sua evolução e

performance; no que diz respeito ao domínio cognitivo, os alunos eram

questionados (avaliação formativa) todas as aulas, de forma a que

mantivessem o foco físico, mas também mental em cada tarefa realizada,

assim como tinham de realizar um teste teórico no final de cada período; por

último, no que alude ao domínio socio afetivo, tinha em conta o

comportamento, o empenho e a assiduidade dos alunos nas aulas. A soma de

todos estes valores indicaria o nível final dos alunos.

4.1.4.1 Avaliação Diagnóstica

A avaliação diagnóstica possibilita-nos inferir o nível de desempenho dos

alunos antes do início de uma UD. Segundo Gonçalves et al. (2010, p. 47), “a

avaliação diagnóstica, como o próprio nome indica, não é ‘formular um juízo’

mas recolher informação para estabelecer prioridades e ajustar a atividade dos

alunos ao sentido do seu desenvolvimento”.

Durante o ano, realizei uma avaliação diagnóstica no início de todas as UD,

exceto em Judo, pois seria o primeiro contato que os alunos iriam ter com esta

modalidade.

A forma de como realizar as Avaliações Diagnósticas deu-me muito que

refletir. A primeira questão, e talvez a mais importante, prendeu-se com o facto

de que, durante o primeiro ano de Mestrado, tive acesso a várias grelhas de

avaliação, feitas por mim e por outros colegas que, apesar de estarem

completas e de incluírem todos os parâmetros que poderia visualizar numa

aula, eram grelhas que apenas estavam preparadas para avaliar um pequeno

número de alunos, enquanto simultaneamente outros colegas

encarregavam-se de dar continuidade à aula em questão. Ou seja, nunca

fomos preparados realmente para avaliar em situação de aula, onde vinte e tal

alunos estavam dependentes apenas da minha orientação, orientação essa

que tinha de ser multifacetada, de forma a puder lecionar, avaliar e gerir toda

uma aula de Educação Física. Desta forma, teria de ter algum tipo de

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estratégia que me ajudasse a gerir todas estas tarefas. Foi assim que decidi

diminuir os conteúdos a avaliar e cingir-me apenas aos mais relevantes

relativos à modalidade em questão, classificando a ação dos alunos como:

“não executa”, “executa com dificuldade” e “executa bem”.

Após esta avaliação consoante o seu nível de desempenho, poderia dividir

ou não a turma por níveis, de forma a manter os alunos empenhados e

interessados.

Durante o ano segui sempre este método para todas as modalidades.

“Em cômputo geral, após uma análise da grelha de observação da AD,

verifiquei que a turma se encontra num nível psicomotor acima do expectável.

Posto isto, nas próximas aulas não terei de dar grande ênfase aos aspetos

técnicos da modalidade, mas sim ir ao encontro das lacunas existentes, em

alguns alunos, no que toca aos elementos táticos.”

(Reflexão n.º14, 31 de outubro de 2014).

4.1.4.2 Avaliação Formativa

Segundo Ribeiro e Ribeiro (1990), os professores devem dominar a

avaliação formativa, pois é esta que deve acompanhar todo o processo

ensino-aprendizagem, identificando aprendizagens bem-sucedidas e as que

levantam dificuldades, para que se possa ultrapassar as últimas levando os

alunos à proficiência e ao sucesso.

Cardoso (1993) chega mesmo a referir que a melhor avaliação, a avaliação

digna desse nome, a única que vale a pena é a inerente à própria caminhada

da aprendizagem, é a de carácter formativo, a que é realizada a cada

momento.

Esta modalidade de avaliação foi-me extremamente útil durante todo o meu

EP. Ajudou-me no dia-a-dia a perceber a evolução dos alunos, de que forma

teria de atuar na aula seguinte, ou até mesmo ser fator decisivo na avaliação

sumativa de uma determinada UD. Através do questionamento ou

apontamentos pontuais de algum aspeto relevante numa determinada aula, foi

a forma que encontrei para que a minha avaliação fosse a mais justa possível.

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45

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46

4.1.4.3 Avaliação Sumativa

A avaliação sumativa foi também uma modalidade de avaliação que me

levou a refletir sobre a minha eficácia como professor, e, também, sobre as

capacidades dos alunos. Esta é a modalidade de avaliação que melhor

possibilita uma decisão relativamente à progressão ou à retenção do aluno,

pois compara resultados globais, permitindo verificar a progressão de um aluno

face a um conjunto lato de objetivos previamente definidos.

Ribeiro & Ribeiro (1990) referem-se à avaliação sumativa como sendo a

avaliação que procede a um balanço de resultados no final de um segmento de

ensino-aprendizagem, acrescentando novos dados aos recolhidos pela

avaliação formativa e contribuindo para uma apreciação mais equilibrada do

trabalho realizado. Segundo Lemos et al. (1998), a avaliação sumativa consiste

num balanço do que aprendeu, num juízo globalizante sobre o

desenvolvimento dos conhecimentos, competências, capacidades e atitudes do

aluno.

O método utilizado para esta forma de avaliação foi semelhante ao da

avaliação diagnóstica. Contudo, para atribuir um valor não pude esquecer todo

o empenho do aluno durante o decorrer da UD.

Através de um sistema de Checklist foi mais fácil realizar as avaliações de

todas as UD de forma eficaz.

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5. Participação na Escola e Relações com a

Comunidade

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5.1 Desporto Escolar

Ao longo deste ano de EP fiz parte da equipa de Desporto Escolar de

Basquetebol na escola onde estagiei. A época desportiva desta modalidade foi

um pouco conturbada, embora a escola fosse alheia a essa situação. Desde

logo teve um arranque tardio, levando as atividades a começarem apenas no

início do segundo período devido à falta de inscrições por parte dos alunos.

Depois, por meados de fevereiro, o professor responsável por essa modalidade

gozou da sua licença de paternidade durante cerca de um mês, levando a que

os treinos voltassem novamente a sofrer uma pausa. Assim sendo, o meu

percurso, ainda que bastante enriquecedor foi, infelizmente, curto. Assisti e

colaborei em diversos treinos mas, infelizmente, tive oportunidade de participar

em um jogo apenas. Como simultaneamente à frequência no ano de EP estava

a realizar um curso de Treino Funcional na CEFAD, o meu tempo ao fim de

semana ficava muito condicionado, levando a que não pudesse estar presente

nos jogos.

No que alude às dinâmicas de treino, os alunos já sabiam que tinham

determinadas rotinas de aquecimento, desde drible em movimento, lançamento

na passada, até jogo 1x1. As capacidades dos alunos para o basquetebol não

eram muito marcadas, mas notava-se que tinham um forte espírito competitivo

e isso, muitas vezes, sobreponha-se a uma capacidade técnica e tática menos

evoluída.

Relativamente ao jogo, decorreu no pavilhão da escola onde defrontámos a

escola de Oliveira do Douro e Rocha Peixoto. No primeiro jogo desse dia, os

jogadores apresentaram-se muito bem fisicamente, ganhando a maioria dos

ressaltos, embora pecassem muito na finalização. O resultado final desse jogo

foi de 14-13, saindo a nossa equipa vencedora. No segundo e mais difícil jogo

do dia, a equipa lutou com todas as armas que tinha, mas nem assim foi

suficiente para evitar uma derrota por números expressivos, 8-24. Claramente

a superioridade técnica e tática da Escola Rocha Peixoto superou largamente a

dos nossos jogadores, ditando assim esta pesada derrota.

Nestes dois jogos a minha função, embora tenha colaborado com algumas

opiniões sobre a forma de jogar e que jogadores escolher, debruçou-se

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essencialmente sobre as tarefas de secretariado, nomeadamente ao registo de

jogo e preenchimento de fichas e declarações de participação.

Penso que esta minha participação tenha sido muito proveitosa, uma vez

que prendi muito sobretudo como se organiza, treina e orienta uma equipa de

Basquetebol. Outro ponto que revejo com grande valor para a minha

aprendizagem foi o facto de ter sido secretário nos jogos que participei. Desta

forma, consegui adquirir conhecimentos que, no futuro, me permitirão

dinamizar e liderar uma equipa em Desporto Escolar.

5.2 Reuniões

5.2.1 Conselho de Turma

A participação em conselhos de turma e em reuniões de departamento fora

uma das atividades que mais curiosidade me despertava no que diz respeito à

parte burocrática de ser um Professor.

Relativamente à participação em conselhos de turma, foi gratificante

perceber o cuidado com que cada aluno é tido em conta, explorando-se todas

as suas virtudes e potencialidades. Antes de participar neste tipo de reuniões,

tinha uma opinião muito negativa de como seriam estas reuniões, pensando

sempre que não teriam qualquer utilidade. Mas prontamente mudei de opinião

ao assistir à minha primeira reunião. Todos os alunos eram referidos de uma

forma minuciosa, enaltecendo todos os aspetos que ao longo do período foram

influenciando, positivamente ou negativamente, o aluno.

O ambiente destas reuniões sempre foi muito agradável, onde reinava a

cordialidade, amizade, bom senso e, sobretudo, preocupação.

5.2.2 Reuniões de Departamento

No que concerne às reuniões de departamento, estas claramente ficam

marcadas na minha memória pela boa disposição que se fazia sentir em cada

sessão. Todos participavam de um forma muito efusiva, ainda que objetiva.

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51

Apesar de terem sempre uma opinião acerca do assunto em discussão, esta

vinha sempre agregada a uma piada ou brincadeira.

Penso que, essencialmente, estas reuniões me fizeram perceber que, pelo

menos nesta escola, todas as decisões, por mais pequenas que fossem,

tinham sempre em consideração a opinião de todos os docentes envolvidos.

5.3 Corta-Mato Escolar

Esta atividade teve lugar no último dia de aulas do primeiro período, tendo

sido dinamizada pelo grupo de Educação Física.

Nesta atividade, todos os professores disponíveis foram distribuídos pelas

várias tarefas que a prova exigia. O percurso desta prova foi previamente

pensado e idealizado consoante os escalões que iriam participar, isto é, quanto

mais velhos os alunos fossem, maior era a distância ou o número de voltas

percorridas.

No decorrer desta atividade fui desempenhando várias tarefas, mostrando

também o meu lado polivalente. Numa primeira fase estive, com a ajuda de

outros professores, a delimitar o percurso do corta-mato e na preparação do

sistema de som. De seguida, em colaboração com outro professor, estive na

mesa de entrega dos dorsais dos escalões de infantis e iniciados. Por último,

desempenhei tarefas como vigilante de prova e de atribuição de classificações.

Mediante a classificação dos alunos, estes eram selecionados para depois

competirem no corta-mato distrital.

Para grande admiração minha, mas, provavelmente por não ter um carinho

especial por esta modalidade, fiquei perplexo com a quantidade de alunos

inscritos nesta prova. Desta forma, percebi que esta escola tem um apreço

especial por atletismo e que fomenta muito este tipo de atividades.

Penso que esta atividade tenha sido muito importante na minha formação, já

que consegui perceber de que forma e quais os procedimentos necessários

para a organização de uma atividade desta dimensão.

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52

5.4 Torneios Escolares: Basquetebol, Voleibol, Andebol e

Futebol

Estes foram, uma vez mais, atividades promovidas pelo departamento de

Educação Física, em medida de fortalecimento e estreitamento de laços entre

alunos e professores.

Em todos estes torneios, com a exceção do de Andebol, fui destacado para

árbitro desses mesmos encontros.

É com bastante entusiasmo que recordo estes torneiros. O espírito com que

são encarados por parte dos alunos é incrível, sendo que deliram com qualquer

vitória, golo ou ponto marcado. É realmente um ambiente competitivo muito

bom de se presenciar. À semelhança do corta-mato, estes torneios tiveram

igualmente grande adesão, o que fez com que se prolongasse a atividade por

um dia inteiro.

No que diz respeito à minha aprendizagem, penso que esta vivência como

árbitro de diversos jogos fez com que crescesse ao nível do conhecimento dos

regulamentos de cada uma das modalidades.

5.5 Formação de Futebol Americano com Tags e de Kin-ball

Ao longo deste ano de EP, várias foram as tentativas dos professores de

Educação Física da escola na promoção de novas formações e atividades que

viessem enriquecer não só o currículo, mas também o seu conhecimento.

Apesar de todos os constrangimentos, principalmente financeiros, o

departamento de Educação Física conseguiu realizar duas formações: uma de

Futebol Americano com recurso aos conhecidos Tags usados no Rugby,

estando assim adaptado ao meio escolar; outra foi a de um desporto pouco

conhecido no seio da comunidade estudantil, o Kin-Ball.

Ambas as formações foram orientadas por pessoas formadas nas áreas

específicas, sendo que o formador de Futebol Americano era de nacionalidade

Americana, estando cá em Portugal a promover a modalidade, enquanto que a

formação de Kin-ball foi dada por um professor da escola que promoveu essa

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mesma atividade. Um aspeto que achei extremamente interessante foi o facto

de termos tido, para além da já normal componente teórica, uma componente

prática. Desta forma, os jogos e regras associadas foram entendidos muito

mais rapidamente.

Penso que estas formações foram uma mais-valia para mim como futuro

docente. Novas ideias e novas modalidades são uma necessidade real das

escolas de hoje em dia. A mudança de um currículo estagnado há vários anos

é uma vertente com a qual vejo com “bons olhos”.

5.6 Supervisão de Exames de Filosofia e Inglês

Esta foi uma das atividades que, por força maior, tive de ficar encarregue.

Sendo que a minha turma pertencia ao décimo primeiro ano, estes estavam

sujeito aos exames intermédios das disciplinas de Filosofia e de Inglês, tendo

em conta o curso que estavam a frequentar. Uma vez que os horários das

provas coincidiam precisamente com o horário da minha aula, isto levou ao

meu recrutamento para a supervisão, em conjunto com o professor cooperante,

desses mesmos exames.

Penso que esta experiência tenha sido bastante enriquecedora e muito

curiosa, tendo em conta que já tive do lado dos alunos e não tinha noção da

facilidade com que um professor tem em dirigir um exame com tantos alunos e

do facto de que facilmente se distingue os alunos que tentam ultrapassar, de

forma ilícita, as regras de realização de uma prova.

5.7 Atividade de EMRC

No âmbito da Educação Moral e Religiosa Católica o grupo de Educação

Física, mais concretamente o núcleo de estágio da FADEUP, foi solicitado para

a participação na organização de um Pedipaper, o qual envolveria a parceria

entre a escola 2/3 Secundária de Águas Santas e escola do primeiro ciclo da

Pícua.

Nesta atividade, o núcleo desempenhou as tarefas de animador, tentando

que nos momento “mortos” as crianças estivessem ocupadas e entretidas,

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sendo que desempenhou também funções de organização dos alunos em

equipas, distribuindo crachás identificativos e chapéus para proteção do sol.

5.8 Gala dos 40 anos da Escola

Este ano, no decorrer do meu EP, a escola estava de parabéns. Desta

forma, conseguiu-se promover uma atividade para comemorar os seus

quarenta anos de existência, sendo que dinamizou toda a estrutura da escola,

desde alunos, auxiliares, professores e até mesmo pais.

Esta atividade decorreu no anfiteatro do Fórum da Maia, onde se pôde

contar com atuações de grupos de teatro, música, dança e leitura de poesia.

Para que esta comemoração pudesse ser bem-sucedida, foi necessário um

esforço extra, principalmente por parte dos professores de Educação Física e

respetivos professores estagiários. Uma das tarefas pré-gala que foram

solicitadas ao núcleo de estágio foi a elaboração de crachás identificativos para

as mais diversas funções do corpo organizacional que iria estar no Fórum. Já

durante as atuações, aqui as funções foram variando consoante a necessidade

do momento: ora estávamos a acompanhar os grupos para os seus lugares,

ora estávamos a dirigir os pais para a plateia.

Penso que esta atividade, no seu global, foi bem-conseguida, tendo tido

feedback dos respetivos assistentes do excelente trabalho que foi feito para

que este evento pudesse ser realizado. A participação na organização de um

evento desta grandeza fez-me perceber a quantidade de recursos monetários e

humanos que são precisos para que tudo funcione de uma forma fluída e

eficaz, assim como eventuais detalhes que poderiam ter corrido melhor e que

servirão de exemplo para uma eventual futura atividade.

5.9 Atividade Dinamizadas pelo Núcleo de Estágio

5.9.1 Pintar linhas de Atletismo

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No decorrer deste ano de EP foram sempre surgindo alguns

constrangimentos. Um desses mesmos constrangimentos foi a falta de

marcações no recinto exterior para a prática de atletismo.

Para colmatar esta lacuna, eu, junto dos meus colegas de estágio,

propusemo-nos, mediante os recursos materiais da escola, a pintar, pelo

menos, os corredores para a prática da velocidade na modalidade de atletismo.

Como esta tarefa foi-se prologado ao longo de todo o ano letivo, o nosso

núcleo não usufruiu diretamente desse mesmo trabalho, mas temos a certeza

que, tanto os professores da escola, como os próximos professores estagiários,

irão beneficiar deste mesmo trabalho, pois a lecionação desta modalidade será

muito mais apelativa e organizada com estas condições que conseguimos criar.

Apesar de ser um trabalho que, em certa medida, nos custou um pouco a

realizar, penso que toda a comunidade escolar beneficiou desse mesmo

trabalho. Apesar disso, conseguir deixar um pouco de mim nesta escola onde

passei bons momentos, e sabendo que melhorei, de certa forma, as condições

de trabalho para os meus colegas e as de aprendizagem para os alunos em

geral, faz-me partir com o sentimento de dever cumprido.

5.9.2 Jogos Sem Fronteiras

Vivenciarmos as dificuldades e os prazeres de desenvolver uma atividade

que envolvesse toda a comunidade escolar, estando apenas única e

exclusivamente o núcleo de estágio responsável por essa tarefa, foi um dos

maiores desafios deste meu ano de EP.

Como tem sido habitual nesta escola, todos os anos, os núcleos de estágio

têm vindo a promover diversas atividades, como atividades de encerramento

do ano letivo, visitas de estudo, atuações, saraus, entre outros. Este ano, e

visto que se comemorava os quarenta anos de existência da escola, o nosso

núcleo pensou em sair um pouco do registo de anos anteriores, tentando assim

proporcionar novas e diferentes experiências.

Apesar de termos idealizado que seria uma tarefa relativamente fácil de

organizar, a realidade encarregou-se de rapidamente nos fazer ver todos os

constrangimentos e dificuldade que se avizinhavam.

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Numa primeira etapa, lembro-me perfeitamente de termos uma reunião com

o professor cooperante e este nos perguntar se já tínhamos elaborado um

documento sobre a atividade para ser levado a discussão em conselho

pedagógico. Nesta altura, eu e os meus colegas respondemos calmamente que

ainda não tínhamos dialogado de forma a chegarmos a um consenso sobre

que atividade iríamos desenvolver. Rapidamente o tempo foi passando, e a não

mais de dois meses da data prevista do evento, entregámos a nossa proposta

de atividade para ser considerada por todo o corpo escolar responsável pelas

atividades. A atividade idealizada seria no âmbito do combate ao sedentarismo

e obesidade, promovendo assim um torneio de jogos de Crossfit onde iríamos

aglutinar tarefas relacionadas com as modalidades desportivas comumente

lecionadas na escola, como o futebol, andebol, basquetebol, entre outros.

Nesta altura, tanto o núcleo como o professor cooperante acharam uma ideia

muito boa, dentro da atualidade e inovadora. Após uns dias a “marinar” sobre

esta atividade, chegou-se à conclusão que, apesar de ser uma ideia inovadora,

a adesão dos alunos poderia não ser assim tão vasta quanto se gostaria,

devido há ainda pouca informação existente sobre a modalidade de Crossfit em

Portugal.

Posto isto, uma nova atividade teria de ser ponderada e rapidamente

idealizada, pois o tempo começava a escassear. Surgiu-nos então a ideia de

realizar um jogo muito conhecido e jogado por todos os jovens, o jogo da glória.

Com esta atividade o nosso objetivo passava por cativar a atenção da maior

“fatia” da escola no que toca à comunidade estudantil, isto é, segundo e

terceiro ciclos, garantindo assim assistência e participações suficientes para a

dinamização da mesma. Em nova reunião de núcleo com o professor

cooperante, esta ideia foi do agrado de todos de uma forma geral, mas tendo

em consideração todos os constrangimentos que iríamos enfrentar com essa

atividade, mais uma vez, acabámos por desistir e passar para uma ideia onde

os prós e contras não divergissem tanto.

Como se costuma dizer, à terceira é de vez e, de facto, foi mesmo. Após

muitas deliberações, o núcleo conseguiu chegar à atividade que satisfazia

todos os nossos requisitos, tendo apenas que enfrentar um único dilema,

dilema este que seria comum a qualquer atividade que fossemos promover,

onde arranjar dinheiro para salvaguardar todas as despesas que iriam surgir.

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Este projeto passava por fazer recriar um jogo que era transmitido em canal

aberto na televisão de seu nome “Jogos Sem Fronteiras”. O objetivo do jogo

era criar uma competição entre equipas formadas por elementos de cada turma

sobre a forma de estafetas.

Assim, depois de toda a burocracia tratada e com o nosso projeto aprovado,

colocámos pés ao caminho e a imaginação a trabalhar e fomos arranjar

patrocinadores. Definitivamente este foi o obstáculo mais difícil de enfrentar e

ultrapassar, o frio na barriga que em cada loja se apoderava de mim só de

saber que iria quase “mendigar” por dinheiro. O facto de desde muito cedo

ganhar o suficiente para me sustentar sem que tivesse de recorrer aos meus

pais ainda agravava mais esta situação. Mas, com força de vontade e ajuda

dos meus colegas de estágio, depois de tantos estabelecimentos aos quais

fomos apelar, conseguimos finalmente um único mas bom apoio que nos

forneceu uma quantia de dinheiro suficiente para cobrir todas as despesas que

se avizinhavam.

Após reunirmos todas as condições de cariz monetário, partimos para a

segunda etapa desta longa preparação: conceber os exercícios e

construir/comprar todo o material necessário. Vários dias foram passados entre

a escola e lojas de construção para que tudo tivesse pronto no dia do evento.

Durante este momento, surgiram novos constrangimentos, nomeadamente com

o local da atividade, isto porque a Câmara Municipal de Maia tinha requisitado

o pavilhão para esse mesmo dia. Desta forma, muita coisa tinha de ser alterada

ou minimamente repensada pois poucas alternativas nos restavam: ou

antecipávamos a data do evento, ou então alterávamos o local da atividade

para o espaço exterior. Felizmente, após a situação do espaço ter mudado

mais do que uma vez, conseguimos novamente voltar ao pavilhão e agora de

forma definitiva.

Chegado o dia do evento, o núcleo reuniu-se bem cedo na escola (7.30h)

para ultimar apenas alguns pormenores e montar todas as estações com o

devido rigor.

As atividades começaram com grande tranquilidade e naturalidade. Tudo

estava a funcionar como se costuma dizer na gíria “cinco estrelas”. A meio da

atividade fizemos uma pausa, de forma a darmos os jogos concluídos do

segundo e terceiro ciclos, para depois retomarmos apenas com o ensino

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secundário. Nesta pausa tivemos a participação de monitores de Zumba de

forma a dinamizarmos uma mini aula de vinte minutos, aberta a toda a

comunidade escolar. A meu ver, esta atividade foi um tremendo sucesso pois,

apesar de a adesão poder ter sido bem maior, contámos com umas boas

dezenas de alunos e uma “mão cheia” de professores a participar nesta bonita

festa.

Após este intervalo, retomámos a nossa atividade e, até ao fim da mesma,

não houve qualquer circunstância menos feliz.

No final, procurámos ter algum feedback por parte de alunos e professores,

dos quais obtivemos manifestações muito positivas em torno de toda a

atividade e capacidade de organização.

Em jeito de reflexão pessoal, penso que esta atividade foi conseguida com

bastante sucesso mas, apesar de tudo, existem alguns aspetos que poderão

ser melhorados numa próxima edição deste evento, nomeadamente a escolha

de exercícios, isto é, existir menos tempos mortos entre exercícios e, se

possível, cadenciá-los em forma de estafeta, de forma a que os alunos percam

menos tempo em explicações e mais em atividade.

Com este evento tínhamos também a intenção de fazer uma pequena

doação de material desportivo à escola, sendo que esta apresenta algumas

carências a este nível. No entanto, tal não foi possível devido aos gastos

acrescidos que tivemos com esta mesma atividade, não sobrando assim

dinheiro do nosso patrocinador.

5.9.3 Educação Sexual

Durante este ano letivo foi posta em prática uma campanha de

sensibilização através do PRESSE (Programa Regional de Educação Sexual

em Saúde Escola), através da implementação de aulas de educação sexual

nas escolas de uma forma estruturada e sustentada.

O programa PRESSE tem como população-alvo alunos e professores do

primeiro, segundo e terceiro ciclos do ensino básico e ensino secundário,

envolvendo também pais, encarregados de educação, pessoal não docente e

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restante comunidade, possuindo todos estes atores um papel ativo no

desenvolvimento deste programa.

Desta forma, foi solicitado ao núcleo de estágio que ficasse responsável pela

sensibilização das turmas de décimo primeiro ano que o nosso professor

cooperante possuía. Assim sendo, esta sensibilização teve duas etapas

distintas: a primeira onde realizaram um Pedipaper em busca da

desmistificação de mitos sobre a sexualidade, denominada “A culpa é do

Tabú”; a segunda etapa foi uma aula teórica, com a exposição de alguns

vídeos e apresentações sobre a temática de atividade sexual na sua

generalidade.

Foi com alguma admiração que observei os alunos interessados e bastante

interventivos com questões muito pertinentes. Da melhor forma possível,

apesar de não sermos nenhuns especialistas nesta área nem nos sentirmos

completamente à vontade, fomos, dentro do nosso conhecimento,

esclarecendo as mais diversas dúvidas.

No final destas duas sessões, tivemos o feedback do professor cooperante,

dando-nos os parabéns pela boa prestação perante um assunto constrangedor,

tanto para os alunos como para os próprios professores que dirigiram esta

sessão.

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6. Estudo Investigação-Ação: Relação entre a

Coordenação Motora e o Rendimento Escolar dos

alunos da escola 2/3 Secundária de Águas Santas

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63

6.1 Resumo

Este estudo de investigação foi realizado com o intuito de averiguar a

relação entre a coordenação motora e o rendimento escolar nas diferentes

áreas disciplinares em função dos sexos dos alunos (masculino vs. feminino).

Pensámos que o facto de desenvolvermos um trabalho específico de

coordenação nas aulas de Educação Física pudesse contribuir, de alguma

forma, para o sucesso escolar dos alunos. A amostra do nosso estudo foi

constituída por cento e dezasseis alunos (cinquenta e nove do sexo masculino

e cinquenta e sete do sexo feminino), de duas turmas de sexto ano e três do

décimo ano de escolaridade, da escola 2/3 Secundária nos arredores do Porto,

com idades compreendidas entre 11 e 16 anos de idade. Recorremos ao

Assessment Battery for Children - 2 (MABC 2), desenvolvido por Henderson et

al. (2007), para avaliar a coordenação motora dos sujeitos, que foi aplicada

durante as aulas de Educação Física do segundo período. No que diz respeito

ao rendimento escolar nas diferentes áreas disciplinares, foram recolhidas as

classificações dos alunos obtidas no final do segundo período. Depois de

relacionadas as diferentes componentes deste estudo, foi apenas encontrado

um resultado com significado estatístico: habilidades oculo manuais (destreza

manual e/ou atirar e agarrar). Para futuros estudos, sugerimos uma amostra

mais abrangente, utilizando as mesmas variáveis de coordenação, mas, desta

vez, comparando-as com componentes mais específicas das diferentes

disciplinas, nomeadamente a escrita, a matemática e a leitura.

PALAVRAS-CHAVE: COORDENAÇÃO MOTORA; RENDIMENTO ESCOLAR;

SEXO.

6.2 Abstract

The goal of this research study is to analyse the relationship between motor

coordination and students performance in school; how the skills developed in

Physical Education could transfer to other subjects. The results are divided by

gender.

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We believe that, by completing a specific activity, the coordination benefits

gained during the Physical Education classes could contribute to their school

success.

The sample of our study was composed of one hundred and sixteen students

(fifty-nine male and fifty-seven female), from two classes of the 6th grade and

three of the 10th grade (age range between 11 and 16) of escola 2/3

Secundária around Porto city.

We used the Assessment Battery for Children - 2 (MABC 2) developed by

Henderson et al. (2007) to assess the coordination of the sample, which we

applied during PE classes in the second term. To assess the academic

performance of the students in their other subjects we reviewed their final

grades at the end of the second term.

After evaluating all of the research from this study, only one result with

statistical significance was found: visuospatial abilities (manual dexterity and /

or shoot and grab). For future studies we suggest a broader sample using the

same coordination variables but instead comparing them with more specific

components of different subjects, like writing, math and reading.

6.3 Introdução

6.3.1 Uma evolução marginalizada

Ao longo da história, a Educação Física tem vindo a ser usada como um

instrumento ideológico e de manipulação. Segundo Guimarães et al. (2001) a

Educação Física esteve ligada às instituições militares e à classe médica,

sendo estes vínculos determinantes para a conceção da disciplina e das suas

finalidades, direcionando o seu campo de atuação e a forma como devia ser

ensinada. Visando a educação do corpo tendo em vista um físico saudável e

equilibrado, a Educação Física esteve ligada aos médicos higienistas que

procuravam modificar os métodos de higiene da população (Guimarães et al.,

2001).

Mais tarde, devido à forte industrialização do país, a Educação Física

passou a ser encarada como forma de fortalecer e melhorar a capacidade de

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produção dos trabalhadores, visando o desenvolvimento do espirito de

cooperação para benefício coletivo. Por volta dos anos 70, a educação através

do Desporto foi encarada praticamente como hoje ela é vista, uma abordagem

psicomotora na qual é responsável por “Promover a formação de hábitos,

atitudes e conhecimentos relativos à interpretação e participação nas estruturas

sociais, no seio dos quais se desenvolvem as atividades físicas”1

Assim, foi sendo traçado o conturbado caminho da Educação Física através

da história. Entendemos que este complexo histórico aliado a uma insuficiente

qualificação profissional foram alguns dos aspetos que levaram à

marginalização da nossa área disciplinar.

Agravando esta situação, mas que em parte é o reflexo dessa mesma

marginalização, cada vez mais as crianças têm estilos de vida sedentários,

levando consequentemente a uma aumento considerável da obesidade infantil

no nosso país.

Observando esta situação revoltante, é em voz de revolta que avançamos

para um estudo que, de certa forma, pretende mostrar alguns argumentos que

desafiam algumas das razões usadas pelo Ministério da Educação e Ciência

(MCE) e pela Confederação Nacional de Associações de Pais (Confap), por

exemplo, sobre a classificação de Educação Física não contar para a média

final do secundário. Segundo estas instituições com responsabilidade no

ensino no nosso país, esta medida “É uma medida positiva, porque vai libertar

os alunos de uma pressão desnecessária" o que nos parece não ter qualquer

fundamento (Esteves, 2012).

Assim, procedemos ao desenvolvimento de um estudo com alunos na faixa

etária entre os onze e dezasseis anos, onde pretendemos averiguar a relação

entre a sua Coordenação Motora e seu desempenho nas restantes áreas

disciplinares. A nossa análise teve ainda em consideração o sexo dos alunos.

1 http://www.dge.mec.pt/sites/default/files/ficheiros/eb_ef_programa_3c.pdf consultado em 12-05-2015

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66

6.3.2 Enquadramento Teórico

Surgindo um problema, ou surgindo o interesse por uma temática é

necessário que o investigador cumpra um caminho. O primeiro passo na

investigação é ir à procura de literatura de base para que novos conhecimentos

e estratégias surjam e outra forma de atuação seja encontrada. Assim sendo,

começamos por procurar na base de dados EBSCO e SportDiscus, onde

limitamos as datas de publicação a partir do ano de 2010, para as palavras

“Motor Coordination”, “Motor Dexterity”, “Atividade Física”, “Exercício Físico” e

“Rendimento Escolar”.

Não fora surpresa para nós encontrar mais de dez mil resultados sobre

estes temas. Para a primeira palavra, Motor Coordination, de acordo com

Grosser (1983) esta é uma capacidade que permite aos sujeitos realizar

movimentos de uma forma correta, de reagir rapidamente, manter-se em

equilíbrio ou executar gestos ritmados. Este autor está de acordo com o que

Schmidt & Wrisberg (2000) referem acerca da destreza motora (segunda

palavra pesquisada) ser uma capacidade que tende a respeitar custos mínimos

na sua realização, ou seja, espera-se que, na execução das habilidades

motoras, o nível de dispêndio energético seja reduzido.

Ainda segundo Schmidt & Wrisberg (2000), a destreza motora é uma

capacidade complexa que permite ao sujeito realizar com sucesso ações

motoras de difícil execução e sob constrangimento temporal. Esta capacidade

coordenativa complexa funciona como pré-requisito para a maioria das

atividades motoras e é frequentemente solicitada na prática das modalidades

desportivas.

Também segundo Gallahue & Ozmun (2005), as capacidades coordenativas,

como a capacidade de reação, o ritmo, o equilíbrio, a orientação espacial, a

destreza manual e a destreza podal, são fundamentais para um bom

desenvolvimento dos padrões motores básicos e para a aprendizagem das

habilidades motoras especificas das várias modalidades desportivas.

Aludindo agora um pouco sobre a terceira e quarta palavra pesquisada,

Atividade Física e Exercício Físico, segundo Sallis & Owen (1999) a atividade

física é um comportamento humano complexo e multidimensional, que inclui

todo o movimento corporal a que se atribui um significado diferenciado em

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função do contexto em que se realiza. Biddle (1991) utiliza igualmente o termo

Atividade Física, para se referir a todos os movimentos que resultem em

energia despendida, incluindo desde movimentos de baixa intensidade, não

associados usualmente a ganhos na condição física até ao desporto. Muitas

vezes a Atividade Física e o Exercício Físico são confundidos mas estes

termos não são sinónimos. Exercício Físico é uma Atividade Física planeada,

estruturada e repetitiva que tem como objetivo a manutenção do

condicionamento físico (ACSM, 2010).

Definindo por último, a última palavra pesquisada, Rendimento escolar,

segundo López (1994) encontramos diferentes enfoques para definir o conceito

de rendimento escolar sendo concedido uma maior ou menor relevância numas

ou noutras variáveis. De acordo com este autor, o rendimento escolar pode ser

definido segundo: (a) uma conceção centrada no aluno, baseada na vontade

ou na capacidade do mesmo; (b) uma conceção assente no resultado do

trabalho escolar, isto é, no resultado de uma conduta (aprendizagem do aluno)

suscitada pela atividade do professor; (c) e uma conceção teórico-prática,

segundo a qual o rendimento escola é fruto de um conjunto de fatores

derivados do sistema educativo, da família e do próprio aluno.

De acordo com Taras (2005), a atividade física melhora a circulação em

geral, aumenta o fluxo sanguíneo para o cérebro e aumenta os níveis de

noradrenalina e endorfinas, o que contribui na redução do stress, na melhoria

do humor, na produção de um efeito calmante após o exercício e talvez como

resultado, a melhoria do rendimento escolar.

Field et al. (2001) realça que se a correlação entre o nível de atividade física

e o rendimento escolar pode ser estabelecida, é difícil investigar se é a

atividade física que afeta o desempenho escolar, ou este último é que facilita

ou dificulta a participação na atividade física, ou um terceiro fator que

determina tanto o desempenho escolar e a participação em atividade física.

Assim sendo e tendo em conta estes estudos realizados no âmbito da

atividade física e do rendimento escolar, procuraremos perceber até que ponto

a capacidade coordenativa pode estar intrinsecamente ligada à obtenção de

melhores resultados escolares.

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68

6.4 Pertinência do Estudo

Este estudo tem como objetivo averiguar a relação entre a coordenação

motora e a sua importância no rendimento escolar, tendo em conta o sexo dos

sujeitos, em turmas do 6.º e 10.º ano de escolaridade da Escola 2/3 Secundária

de Águas Santas.

Desta forma, tendo em conta os estudos já realizados no âmbito da

coordenação motora e do rendimento escolar, pretendemos perceber a

possível ligação entre a obtenção de melhores resultados escolares, tanto ao

nível da Educação Física como às restantes áreas disciplinares, com a

capacidade coordenativa dos alunos. Neste enquadramento será levado em

consideração também o sexo dos sujeitos, percebendo desta forma a possível

existência de características particulares entre o sexo feminino e masculino.

No caso de existir uma relação positiva entre estas variáveis, podemos

considerar a importância do trabalho da coordenação nas aulas de Educação

Física, bem como a adaptação a algumas características dos alunos.

6.5 Objetivos

6.5.1 Geral

Averiguar a relação entre os níveis de coordenação motora e o rendimento

escolar em função do sexo dos alunos.

6.5.2 Específicos

1. Verificar a relação entre a coordenação motora e o rendimento escolar;

2. Verificar as diferenças, em função do sexo dos alunos, dos níveis de

coordenação motora;

3. Verificar as diferenças, em função do sexo dos alunos, das classificações

nas diferentes áreas disciplinares.

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6.6 Amostra

A amostra deste estudo foi constituída por cento e dezasseis alunos,

cinquenta e sete do sexo feminino e cinquenta e nove do sexo masculino,

pertencentes a duas turmas do 6.º ano e três turmas 10.º ano.

Os sujeitos analisados têm idades compreendidas entre os onze e dezoito

anos, sendo a média das mesmas 13,86 ± 2,13 anos. Na sua maioria, os

alunos tem um passado desportivo nas mais diversas áreas, nomeadamente

Andebol, Basquetebol, Futebol e Desportos de Combate.

6.7 Metodologia

6.7.1 Instrumento

Para a avaliação das variáveis relacionadas com a destreza e coordenação

motora utilizou-se a bateria de testes denominada de Movement Assessment

Battery for Children – 2 (Henderson et al., 2007). Esta bateria de testes é

composta por vários testes que estão reunidos em grupos de interesse, isto é,

existem testes que avaliam a destreza manual, outros habilidades com bola, e

ainda outros avaliam o equilíbrio, dinâmico e estático. A avaliação das

diferentes qualidades é feita de forma diferenciada consoante a faixa etária que

se pretenda avaliar, situando assim os avaliados em três patamares: a primeira

dos três aos seis anos, a segunda dos sete aos dez e os dos onze aos

dezasseis de idade. Para efeitos deste estudo, cuja idade da amostra se

encontra na terceira faixa etária de avaliação, utilizamos os seguintes testes:

para avaliar a coordenação utilizamos (i) Girar Pinos (Turning Pegs), (ii)

Triângulo com Porcas e Parafusos (Triangle with Nuts and Bolts), (iii) Delinear

Percurso da Bicicleta 3 (Drawing Trail 3); para avaliar as habilidades com bola

utilizamos (iv) Agarrar com uma mão (Catching with one hand), (v) Atirar a bola

para alvo na parede (Throwing at Wall Target); e para a avaliação do equilíbrio

utilizamos (vi) Equilibrar sobre uma Trave (Two-Board Balance), (vii) Caminhar

em calcanhar-pontas para trás (Walking toe-to-heel Backwards), (viii) Salto em

zigue-zague (Zig-Zag hopping).

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Para cada grupo de testes (destreza manual, habilidades com bola e

equilíbrio) foi calculado o valor médio dos desempenhos relativos aos testes

que compõem cada um desses grupos. Finalmente foi calculado o somatório

dos resultados totais estandardizados de cada conjunto de tarefas motoras, o

qual permitiu situar o sujeito num sistema de referência denominado Traffic

Light System (Semáforo) (Henderson et al., 2007). Partindo destes resultados

com a idade dos sujeitos obteve-se um resultado padrão total estandardizado

que deriva da tabela de referência da bateria de testes. Ressalva-se que a

soma dos quatro resultados totais estandardizados equivale a uma pontuação

que varia de <29 a 108+ pontos, estando relacionado com um percentil. Neste

sistema, a cor vermelha significa “desordens da coordenação motora” (ponto

de corte: <56 pontos), a cor amarela significa “propensão para essas

desordens “ (ponto de corte: 57 a 67 pontos) e a cor verde significa “ausência

de desordens da coordenação motora” (ponto de corte: <67 pontos).

Para aceder ao desempenho dos alunos nas várias áreas disciplinares,

foram usadas as classificações finais do segundo período de cada um dos

indivíduos da amostra, de onde se calculou a média e o desvio padrão de cada

área disciplinar. As áreas disciplinares serviram para agruparmos as diferentes

disciplinas que os alunos frequentavam, pois tendo uma amostra de alunos de

áreas curriculares diferentes poderia levar-nos a um problema de

uniformização da amostra. Assim sendo, agrupamos nas seguintes áreas:

Línguas, constituída por Português, Inglês, Francês e Espanhol; Ciências,

constituída por Matemática, Geografia, História, Filosofia e Psicologia; e por

último Expressões, constituída por Educação Física, Educação Musical,

Educação Visual, Educação Tecnológica, Educação Cívica e Educação Moral.

6.7.2 Procedimentos Estatísticos

Relativamente à análise estatística, após a recolha de todos os dados,

procedemos à sua organização e análise, recorrendo ao programa estatístico

Statistical Package for the Socal Sciences (SPSS) versão 21.0.

Seguidamente foi utilizada a estatística descritiva (média, desvio padrão,

mínimo e máximo) nas variáveis em estudo. No que diz respeito à estatística

inferencial, devido à amostra ser relativamente pequena, aplicou-se o teste

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Mann-Whitney para a comparação das diferentes variáveis (quer de

Coordenação motora quer de rendimento escolar) das medidas independentes

(sexo feminino vs. sexo masculino).

Por fim, procedemos à análise da regressão linear entre as variáveis

dependentes (médias das classificações das diferentes áreas disciplinares)

relativamente às variáveis independentes (testes de coordenação motora) de

forma a averiguarmos a relação entre estas variáveis.

O nível de significância em todos os testes estatísticos foi fixado em p≤0,05.

6.8 Apresentação e Discussão de Resultados

No Quadro 3 apresentamos a estatística descritiva e inferencial das variáveis

em estudo relativas aos testes de coordenação motora aplicados através da

bateria de testes MABC II.

Quadro 3 – Estatística descritiva das variáveis do teste MABC II no sexo masculino e feminino e estatística inferencial (Mann Whitney test) da comparação entre os dois grupos (Masculino vs. Feminino).

Sexo

Variáveis

Masculino (n=59) Feminino (n=57)

Mínimo Máximo dp Mínimo Máximo dp P Z

Destreza manual 10,0 37,5 28,0 6,7 17,5 40,0 29,5 4,9 0,444 -0,766

Atirar e agarrar 9,0 45,0 30,4 7,9 9,0 41,0 23,5 6,6 0,000* -4,634

Equilíbrio 8,0 36,0 28,6 7,2 15,0 37,0 29,8 7 0,315 -1,005

Score (Total) 48,0 118,5 87,1 14,5 60,0 106,5 82,6 12,4 0,032* -2,144

Legenda: *p≤0,05

Como se pode observar no Quadro 3, em termos gerais, o nível de

coordenação motora de toda a amostra é bastante elevado, sendo que o sexo

masculino apresenta um valor médio de coordenação geral de 87,1 e o sexo

feminino 82,6. Enquadrando estes valores numa tabela de referência do Traffic

Light System podemos observar que os valores iguais ou acima de 67

encontram-se na zona verde, o que significa ausência de desordens de

coordenação motora. Um fator que pode influenciar a inferência destes

resultados é que uma boa parte dos sujeitos da amostra são ou foram

praticantes de alguma modalidade desportiva, variável que não foi controlada

neste estudo.

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72

Analisando ainda o Quadro 4, através da coluna de valores de P, podemos

observar que a variável “atirar e agarrar” apresenta diferenças significativas

(p=0,000), resultado da diferença entre os valores médios apresentados pelo

sexo masculino (30,4) quando comparados com os valores obtidos pelo sexo

feminino (23,5), obtendo um percentil de 99 e 84, respetivamente. Este valor

encontrado veio estabelecer um resultado geral com significado estatístico

(0,032) ao nível coordenativo, diferenciado o sexo masculino e feminino. Assim,

de uma forma geral podemos concluir, através dos resultados obtidos no score

final que o nível coordenativo está diretamente relacionado com o sexo,

destacando assim o sexo masculino como o sexo mais coordenado.

Seguidamente apresentamos os resultados e sua discussão, relativamente

às diferenças encontradas entre os dois sexos em cada ciclo de ensino,

nomeadamente no segundo ciclo e no secundário.

No quadro 4 apresentamos a estatística descritiva e inferencial das variáveis

relativas à coordenação motora em estudo relativamente ao 2º ciclo de ensino.

Quadro 4 – Apresentação da estatística descritiva das variáveis do teste MABC II no sexo masculino e feminino em alunos do 2º ciclo e estatística inferencial (Mann Whitney test) da comparação entre os dois grupos (Masculino vs. Feminino).

2º Ciclo

Sexo

Variáveis

Masculino (n=33) Feminino (n=23)

Mínimo Máximo dp Mínimo Máximo dp P Z

Destreza manual 20,5 37,5 29,6 5,8 24,5 33,5 28,4 2,9 0,242 -1,170

Atirar e agarrar 18,0 45,0 30,4 8,1 10,0 29,0 21,7 4,9 0,000* -3,750

Equilíbrio 15,0 36,0 27,8 6,9 15,0 37,0 28,1 8,7 0,566 -0,573

Score (Total) 62,5 118,5 88,0 14,4 60,0 97,5 78,2 11,2 0,006* -2,752

Legenda: *p≤0,05

Analisando o Quadro 4, relativamente aos valores de coordenação totais,

podemos verificar que, conforme sugeria o Quadro 4 anteriormente

apresentado, o sexo masculino obteve valores mais elevados (88,0) quando

comparados com os obtidos no sexo feminino (78,2), apresentando diferenças

significativas (75 e 50 de percentil respetivamente).

Seguindo a mesma tendência do quadro geral (quadro 1) e de certo modo

comprovando o valor de p=0.006 anteriormente obtido, aqui também

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verificamos, quando analisada a coluna P, que existe uma variável que

apresenta diferenças significativas (p=0,000).

Ainda a este respeito (teste atirar e agarrar) é interessante perceber as

diferenças nos valores máximos deste teste 45,0, obtido pelo sexo masculino, e

29,0 obtido pelo sexo feminino. Um fator, conforme proferido anteriormente,

que poderá ter influenciado os valores obtidos é facto de os sujeitos do sexo

masculino serem desportivamente mais ativos do que os sujeitos do sexo

feminino, estando envolvidos, em maior número, em atividades

individuais/coletivas organizadas. Nas restantes variáveis não encontramos

diferenças significativas.

No quadro 5 apresentamos a estatística descritiva e inferencial nas

diferentes áreas disciplinares relativamente ao 2º ciclo de ensino.

Quadro 5 – Estatística descritiva das classificações nas diferentes áreas disciplinares no sexo masculino e feminino em alunos do 2º ciclo e estatística inferencial (Mann Whitney test) da comparação entre os dois grupos (Masculino vs. Feminino)

2º Ciclo

Sexo

Variáveis

Masculino (n=33) Feminino (n=23)

Mínimo Máximo dp Mínimo Máximo dp P Z

Média - línguas 2,0 4,5 3,3 0,65 2,5 5 3,4 0,73 0,863 -0,173

Média - ciências 2,3 4,7 3,4 0,73 2,3 4,7 3,6 0,77 0,460 -0,738

Média - expressões 2,3 4,5 3,4 0,56 2,8 4,8 3,6 0,52 0,192 -1,306

Nota Educação Física 3 5 3,7 0,59 3 4 3,7 0,49 0,861 -0,861

Média - classificação 2ºperiodo 2,4 4,3 3,4 0,54 3,1 4,8 3,7 0,49 0,177 -1,351

De acordo com o Quadro 5, podemos verificar que não existem diferenças

significativas na comparação entre as classificações das diferentes áreas

disciplinares entre os alunos do sexo feminino e o sexo masculino do 2º ciclo.

No entanto quando analisamos os valores máximos podemos verificar que são

os alunos do sexo feminino aqueles que obtiveram classificações máximas na

área disciplinar de línguas e os alunos do sexo masculino obtiveram essas

classificações em Educação Física.

No entanto o facto de os alunos serem do sexo feminino ou masculino não

discriminou os resultados nas mais diversas áreas disciplinares.

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No Quadro 6 podemos observar a estatística descritiva e inferencial nas

diferentes áreas disciplinares relativamente ao ensino secundário.

Quadro 6 – Estatística descritiva das variáveis do teste MABC II no sexo masculino e feminino em alunos do secundário e estatística inferencial (Mann Whitney test) da comparação entre os dois grupos (Masculino vs. Feminino).

Secundário

Sexo

Variáveis

Masculino (n=26) Feminino (n=34)

Mínimo Máximo dp Mínimo Máximo dp P Z

Destreza manual 10,0 35,5 26,1 7,2 17,5 40,0 30,3 5,6 0,029* -2,179

Atirar e agarrar 9,0 44,0 30,3 7,9 9,0 41,0 24,7 7,4 0,003* -2,937

Equilíbrio 8,0 36,0 29,5 7,6 17,0 36,0 30,9 5,3 0,643 -0,463

Total 48,0 104,0 85,9 14,7 60,0 106,5 85,6 12,4 0,541 -0,612

Legenda: *p≤0,05

Analisando o Quadro 6 acima apresentado, podemos deslindar que os

resultados obtidos no secundário apresentam um nível de semelhança muito

próximo do quadro anteriormente observado, referente ao segundo ciclo de

ensino (Quadro 4), nomeadamente na variável “atirar e agarrar” que se

apresenta com um valor de p=0,003, sendo portanto um valor com significado

estatístico. Neste caso também, podemos verificar que é o sexo masculino

aquele que apresenta valores superiores neste teste relativamente ao sexo

feminino.

Outra variável que apresenta diferenças significativas é a “destreza manual”.

Neste caso são os alunos de sexo feminino aqueles que apresentam valores

superiores relativamente ao sexo masculino. Um fator que aqui pode ser

relevante para explicar os resultados alcançados, é o facto de grande parte do

grupo da amostra do sexo masculino estar envolvido em modalidades

desportivas cujo objeto de jogo apresenta dimensões mais volumosas, como o

Basquetebol e Andebol. Já os sujeitos do sexo feminino tendencialmente estão

mais ligadas a modalidades como a dança e ginástica, onde a necessidade de

manuseamento de objetos mais pequenos ganha outra importância.

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No Quadro 7 apresentamos a estatística descritiva e inferencial nas

diferentes áreas de ensino relativamente ao ensino secundário.

Quadro 7 – Estatística descritiva das classificações nas diferentes áreas disciplinares do sexo masculino e feminino nos alunos do Secundário e inferencial (Mann Whitney test) da comparação entre os dois grupos (Masculino vs. Feminino).

Secundário

Sexo Variáveis

Masculino (n=26) Feminino (n=34)

Mínimo Máximo dp Mínimo Máximo dp P Z

Média - línguas 8,0 16,0 11,5 2,19 7,7 18,0 12,2 2,39 0,176 -1,354

Média - ciências 7,0 17,3 11,7 2,31 7,0 18,0 12,1 2,81 0,282 -1,075

Média - expressões 11,0 20,0 15,8 2,38 9,0 19,0 14,8 2,63 0,217 -1,234

Nota Educação Física 11 20 15,9 2,38 9 19 14,8 2,63 0,217 -1,234

Média - classificação 2ºperiodo 9,0 17,1 12,4 1,93 7,6 17,8 12,8 2,37 0,276 -1,089

À semelhança da análise realizada no Quadro 5, neste Quadro 7 podemos

também perceber que o facto de os alunos serem do sexo feminino ou

masculino não se revelou como fator importante na distinção das classificações

nas diferentes áreas disciplinares.

No Quadro 8 apresentamos os valores relativos à regressão linear efetuada

entre a média final dos testes de coordenação e a classificação média da área

disciplinar de expressões.

Quadro 8 – Valor de p da regressão linear entre o resultado final do teste de coordenação motora e a classificação média de Expressões em alunos do sexo masculino do secundário.

Secundário – Sexo masculino

P Resultado final de Coordenação

0,02* Classificação de expressões

Legenda: *p≤0,05

Como podemos observar no Quadro 8, a relação entre o resultado final dos

testes de coordenação MABC II e a média das classificações obtida na área de

expressões apresenta um valor com significado estatístico (p=0,02), podendo

então dai perceber que estas duas variáveis estão diretamente relacionadas.

Dos resultados obtidos, à medida que os valores de coordenação motora

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aumentaram, no sexo masculino, no ensino secundário, maior foi a

classificação na área de expressões.

Um fator a ter em conta na obtenção destes resultados é que no ensino

secundário, a única disciplina que se enquadra na área de expressões é a

disciplina de Educação Física, logo seria de esperar que a percentagem de

melhoria na nota de expressões fosse mais relevante do que nas restantes

disciplinas, nomeadamente nas disciplinas “teóricas”. Nas restantes variáveis

consideradas neste estudo, não foi encontrado qualquer valor com significado

estatístico.

Após analisar todos os quadros anteriormente apresentados podemos

verificar que há um efeito positivo de níveis mais elevados de desempenho

escolar, quer nas várias áreas teóricas, quer ao nível da Educação Física em

particular.

No que diz respeito ao efeito do desempenho escolar nos níveis de

coordenação motora, em estudos semelhantes embora numa faixa escolar

diferente, Silva & Beltrame (2011) inferiram que crianças sem dificuldades de

aprendizagem tiveram melhor desempenho na maioria das habilidades

avaliadas, além de que houve associação entre o indicativo de problemas

motores com as dificuldades em escrita, matemática e leitura.

As habilidades oculo manuais (neste caso habilidades com bola) são

segundo McGrew (2008) tipicamente aferidas por tarefas que envolvem a

perceção e transformação, de figuras, formas e imagens visuais bem como por

tarefas que envolvem manter a orientação espacial relativa a objetos que se

movem no espaço. Esse aspeto pode advir do facto dos melhores alunos

praticarem desportos fora da escola onde essas habilidades são trabalhadas.

6.9 Conclusões

Com a realização deste estudo pretendíamos averiguar a relação entre a

capacidade coordenativa dos sujeitos e o seu rendimento escolar, tendo em

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conta o sexo e o ano de escolaridade dos alunos. Podemos concluir, tendo em

conta a nossa amostra, que apenas as classificações na área disciplinar de

expressões se relacionou positivamente com os níveis de coordenação motora

dos alunos do sexo masculino.

Desta forma, podemos referir que há um efeito positivo de níveis mais

elevado de desempenho escolar, quer nas várias áreas mais cognitivas, quer

ao nível da Educação Física, nos níveis de coordenação motora no geral e nas

habilidades oculo manuais, em particular. Pensamos que este constitui-se

como mais um argumento em defesa da Educação Física na escola.

A maior limitação deste estudo pensamos ter sido o agrupamento das

diferentes disciplinas com as diferentes cotações. Assim, sugerimos a

realização de um estudo com uma amostra mais abrangente, utilizando as

mesmas variáveis de coordenação e de sexo mas desta vez comparando com

componentes mais específicas das disciplinas teóricas, nomeadamente a

escrita, a matemática e a leitura.

6.10 Referências Bibliográficas

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Biddle, S. (1991). Promoting health-related physical activity in schools. In Issues In Physical Education (pp. 155-169). Cassell, London.

Esteves, B. (2012). Educação Física não vai contar para a média. Consult. 13-05-2015, disponível em http://www.sabado.pt/ultima_hora/detalhe/Educacao-Fisica-nao-vai-contar-para-a-media.html

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7. Considerações Finais

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As vivências que o Estágio Profissional me proporcionou são imprescindíveis

à formação de um professor. Esta mudança de papel, ou seja, a passagem de

aluno para professor, retirou-me algumas das muitas dúvidas que tinha,

proporcionou-me outras, e trouxe-me também algumas certezas.

O ato de refletir após a ação tornou-me melhor profissional. Fez-me olhar

para o que era certo e errado fez-me procurar soluções para a resolução de

problemas. A reflexão não se ficou apenas pela escrita no papel e pela

introspeção. A troca de ideias com vários colegas estagiários, e também alguns

colegas de profissão com conceções mais ou menos atuais foi muito

importante. Com esta partilha de conhecimento, cresci e fui deixando para trás

cada vez mais o papel de aluno e mantendo mais firme o papel de professor,

como se de uma metamorfose se tratasse.

Deste ano de estágio claramente destaco valores como amizade,

cumplicidade, divertimento e extrema aprendizagem. Todas as amizades que

alimentei durante este ano, com professores, pessoal não docente e alunos

foram absolutamente inesquecíveis. Todos os ensinamentos que consegui

retirar de conselhos ou desabafos de outros colegas fizeram-me ver a realidade

como ela é neste capítulo negro do ensino na sua generalidade. Os meus

colegas de estágio que foram incansáveis e de uma cooperação incrível foram

sem dúvida um pilar neste ano cheio de emoções.

Mas bem, chegou ao fim mais um ano letivo, ano letivo que marca uma

paragem ainda considerável até à realização do Doutoramento, que

certamente, um dia mais tarde, se irá concretizar, e espero, que na mesma

“casa” que me tanto marcou em tão pouco tempo, a FADEUP.

Num futuro próximo as minhas perspetivas de emprego passam, em forma

definitiva, por explorar o mercado do fitness no estrangeiro, mais

concretamente em Inglaterra. Infelizmente, emigrar é a palavra da ordem do dia

e eu, como muitos outros recém-docentes pensamos da mesma maneira. Esta

é a altura de nos lançarmos no mercado e tentar na nossa sorte. A escola sem

dúvida é a minha “praia”, a área que me dá mais prazer trabalhar mas não

posso fechar as portas a novas oportunidades, que apesar de diferentes têm

foco nas pessoas e nas suas dificuldades e aprendizagens, logo estarei a

desenvolver a minha capacidade de “influência positiva” sobre o próximo como

sempre desejei.

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Referências Bibliográficas

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Anexos

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XVII

Anexo 1 – Grelha de Avaliação Diagnóstica de Futebol

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XVIII

Anexo 2 – Unidade Didática d e Basquetebol

DATA 30/10 30/10 04/11 04/11 06/11 06/11 02/12 02/12 04/12 04/12 09/12 09/12 11/12 11/12

ESPAÇO P2 P2 P3 P3 P3 P3 P1 P1 P1 P1 P2 P2 P3 P3

AULA Nº 25 26 27 28 29 30 43 44 45 46 47 48 49 50

DURAÇÃO 45’ 45’ 45’ 45’ 45’ 45’ 45’ 45’ 45’ 45’ 45’ 45’ 45’ 45’

Sessão

Conteúdos 1 2 3 4 5 6 7

Hab

ilida

de

s M

oto

ras

cn

icas

Pa

sse

Peito AD AD I / E E E E E E E E C C AS AS

Picado AD AD I / E E E E E E E E C C AS AS

Receção AD AD I / E E E E E E E E C C AS AS

Dri

b

le Proteção AD AD I / E E E E E E E E C C AS AS

Progressão I / E E E E E E C C AS AS

La

n

ça

m

en

to Em apoio AD AD I / E E E E E E E E C C AS AS

Na passada AD AD I / E E E E E E C C AS AS

Ressalto Ofs / Def AD AD I / E E E E E E C C AS AS

Receção no solo (1 e 2 pés) AD AD I / E E E E E E E E C C AS AS

Rotação do pé-eixo AD AD I / E E E E E E E E C C AS AS

Posição básica de jogo Ofs / Def AD AD I / E E E E E E E E C C AS AS

tica

s

Ofe

nsiv

a

Corte direto AD AD I / E E E E E E E E C C AS AS

Corte em “V” AD AD I / E E E E C C AS AS

Aclaramento AD AD I / E E E E C C AS AS

Bloqueio AD AD I / E E E E E E C C AS AS

Transição Def - Atq AD AD I / E E E E E E E E C C AS AS

Defe

ns

iva Marcação Individual AD AD I / E E E E E E E E C C AS AS

Ajudas AD AD I / E E C C AS AS

Transição Atq - Def AD AD I / E E E E E E E E C C AS AS

3 x 3 AD AD I / E E E E E E E E C C AS AS

5 x 5 - - I /E E E E E E C C AS AS

Cultura Desportiva

História - - - - - - - - - - AS AS

Regulamento - - AS AS

Terminologia - - AS AS

Conceitos

Psicossociais

Autonomia - -

Cooperação - -

Empenho - -

Respeito - -

Con

diç

ão

Fís

ica e

Fis

iolo

gia

Cap

acid

ad

es

Mo

tora

s -

Con

dic

ion

ais

Força - -

Flexibilidade - -

Resistência - -

Velocidade - -

Cap

acid

ad

es

Mo

tora

s -

Coo

rde

na

tiva

s

Diferenciação

Cinestésica - -

Orientação Espacial - -

Orientação Óculo-

manual - -

Capacidade de Reação - -

Equilíbrio - -

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XIX

Anexo 3 – Grelha de Avaliação Sumativa de Ginástica Acrobática

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XX

Anexo 4 – Teste Teórico do 1.º Período

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XXI

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XXII

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XXIII

Anexo 5 – Ficha de Registo do MABC 2

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XXIV

Anexo 6 – Cartão de Controlo – Educação Sexual

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XXV

Anexo 7 – Cartaz do Corta-mato Escolar

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XXVI

Anexo 8 – Cartaz dos Jogos Sem Fronteiras