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Relatório de estágio supervisionado realizado na Bambu Carbono Zero.
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UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU
CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS
CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL
RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO
VIVEIRO DE MUDAS – BAMBU CARBONO ZERO
ROBSON BELLI MARTIGNAGO
BLUMENAU
2014
1
ROBSON BELLI MARTIGNAGO
RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO
VIVEIRO DE MUDAS - BAMBU CARBONO ZERO
Relatório Final de Estágio
Supervisionado do Curso de Engenharia
Florestal do Centro de Ciências
Tecnológicas da Universidade Regional
de Blumenau.
Orientador: Prof. Dr. Lauri Armandio
Schorn
BLUMENAU 2014
2
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais Vanilda Belli Martignago e Raimundo Martignago pela
confiança, amor, incentivo e apoio incondicional.
A minhas irmãs Rayza Belli Martignago e Rosana Alves Antunes.
Aos amigos Ciro Duarte de Paula Costa e Valéria Mariano da Silva, Silas Belli
Nunes, Carlos Alexandre Gehlen e Roberta Saldanha Triviño por toda parceria e
companheirismo.
Aos proprietários Danilo Candia e Renata Tilli da empresa BAMBU
CARBONO ZERO que se comprometeram e possibilitaram a realização deste
sonho.
Aos demais funcionários, em especial ao Alonso Meireles de França
(Supervisor de Produção) pela total atenção durante todo o período de estágio.
A esta universidade e seu corpo docente que oportunizaram a janela que hoje
vislumbro um horizonte superior, eivado pela acendrada confiança no mérito e ética
aqui presentes.
Ao Prof.º Dr. Dagoberto Stein de Quadros por todo o apoio a mim fornecido
desde o início da graduação.
Ao meu orientador Prof.º Dr. Lauri Amândio Schorn pelo suporte no pouco
tempo que lhe coube e pelas suas correções.
E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o
meu muito obrigado.
3
ROBSON BELLI MARTIGNAGO
ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO VIVEIRO DE MUDAS
BAMBU CARBONO ZERO
Relatório final, apresentado a
Universidade Regional de Blumenau,
como parte das exigências para a
obtenção do título de Engenharia
Florestal.
Local, 25 de Novembro de 2014.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Prof.º Dr. Lauri Amândio Schorn
Orientador
________________________________________
Prof.ª Dr. Tatiele Anete Bergamo Fenilli
1ª Examinadora
________________________________________
Prof.ª Msc. Débora Vanessa Lingner
2ª Examinadora
________________________________________
Prof.º Dr. Dagoberto Stein de Quadros
Coordenador de Estágio Supervisionado do Curso de Eng. Florestal/FURB
4
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8
2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 10
2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 10
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 10
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 11
3.1 TAXONOMIA ....................................................................................................... 11
3.2 CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA................................................................ 11
3.2.1 FOLHAS ........................................................................................................... 12
3.2.2 RAMOS ............................................................................................................ 12
3.2.3 GEMAS ............................................................................................................ 13
3.2.4 FOLHAS CAULINARES ................................................................................... 13
3.2.5 RIZOMAS ......................................................................................................... 14
3.2.6 COLMOS .......................................................................................................... 14
3.2.7 FLORES E FRUTOS ........................................................................................ 15
3.3 CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS
ESPÉCIES ................................................................................................................ 15
3.3.1 LUMINOSIDADE E VENTOS ........................................................................... 15
3.3.2 TEMPERATURA .............................................................................................. 15
3.3.3 PRECIPITAÇÃO ............................................................................................... 16
3.3.4 SOLOS ............................................................................................................. 16
3.4 REPRODUÇÃO E PROPAGAÇÃO VEGETATIVA ............................................. 17
3.4.1 A REPRODUÇÃO DO BAMBU ........................................................................ 17
3.4.2 PROPAGAÇÃO VEGETATIVA DO BAMBU .................................................... 17
3.4.2.1 PROPAGAÇÃO POR BROTAÇÕES BASAIS DO RIZOMA (CHUSQUÍN) ... 18
5
3.5 SUBSTRATOS .................................................................................................... 18
3.6 ENRAIZADORES ................................................................................................ 19
4 ATIVIDADES EXERCIDAS NO ESTÁGIO ............................................................. 20
4.1 PRODUÇÃO DE MUDAS DE Guadua angustifolia. ............................................ 21
4.1.1 Descrição da Atividade ..................................................................................... 21
4.1.2 Método de Repicagem ..................................................................................... 21
4.1.3 Etapas da Produção de Mudas no Viveiro da Bambu Carbono Zero ............... 21
4.2 EXPERIMENTO DE PRODUÇÃO DE MUDAS DE Guadua angustifolia COM
DIFERENTES SUBSTRATOS E BIOESTIMULANTES ENRAIZADORES ............... 22
4.2.1 Descrição da atividade ..................................................................................... 22
4.3 DESCRIÇÃO DA ÁREA ...................................................................................... 23
4.4 MATERIAIS UTILIZADOS ................................................................................... 23
4.5 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL ................................................................... 25
4.6 COLETA E ANÁLISE DE DADOS ....................................................................... 28
4.7 RESULTADOS .................................................................................................... 30
5 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 33
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA ............................................................................ 35
6
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Estruturas vegetais que constituem os bambus lenhosos..........................11
Figura 2: Experimento realizado no estágio...............................................................22
Figura 3: Preparo das mudas (chusquínes) para realizar o experimento..................25
Figura 4: Arranjo espacial da metade do experimento instalado no viveiro de
mudas.........................................................................................................................26
Figura 5: Experimento coberto com sombrite de 75% em local sombreado..............26
Figura 6: Muda após preparo para avaliação.............................................................28
7
LISTA DE TABELAS
Tabela 01: Materiais utilizados no experimento.........................................................22
Tabela 02: Garantias do substrato fornecidas pela Vida Verde.................................23
Tabela 03: Tratamentos utilizados no experimento...................................................24
Tabela 04: Resultados das análises de variância......................................................29
Tabela 05: Resultados segundo o teste de Tukey.....................................................29
8
1 INTRODUÇÃO
Os bambus são gramíneas lenhosas ou arborescentes, distribuídas em mais
de 90 gêneros por todo o mundo, e de ocorrência natural em todos os estados
brasileiros (PEREIRA e BERALDO, 2007).
A escassez de pesquisas relacionadas ao cultivo do bambu em larga escala
é evidenciada pela falta de matéria-prima ofertada no mercado, devido à falta de
conhecimento da cultura dos bambus por parte dos agricultores. Para resolver este
problema, é vital o desenvolvimento de pesquisas quanto ao seu cultivo comercial,
com diferentes testes de adubação, espaçamento e manejo (GOMIDE et al. 1981;
BRITO et al. 1986). Além disso, OSTAPIV et al. (2009) apontam para a importância
do ensino e da inovação tecnológica, especialmente nas universidades, para o
desenvolvimento de uma cadeia produtiva do bambu, seja em âmbito regional ou
nacional.
Dentre as diversas propriedades de uso do bambu, destacam-se: seu
potencial para a indústria da celulose, apresentando comprimento de fibras
intermediário às fibras de Eucalyptus spp. (1,0 mm) e as do Pinus spp. (3,5 mm); na
indústria alimentícia, através da produção de brotos comestíveis; na indústria
moveleira, devido a sua alta versatilidade, maleabilidade e confiabilidade; como
elemento estrutural na construção civil seja na forma de colmos ou de madeira re-
engenheirada, principalmente por sua alta resistência mecânica; no uso estético
arquitetônico, explorando sua beleza natural; na elevada contribuição para retirada
de gás carbônico da atmosfera através de seu rápido desenvolvimento vegetativo e
brotações regulares (CASTRO e SILVA, 2010; PEREIRA e BERALDO, 2007; ZHOU,
2003).
Porém, mesmo diante de tantos usos econômicos do bambu, a consolidação
de sua cadeia produtiva nacional ainda é tida como uma realidade distante no Brasil.
A fim de acelerar este processo, foi instituída a Política Nacional de Incentivo ao
Manejo Sustentável e ao Cultivo do Bambu (Lei nº 12.484 de 8 de setembro de
2011), que visa a promoção do uso sustentável de variadas espécies de bambu com
valor econômico, como o Guadua angustifolia Kunth.
Dentro deste contexto apresentado, o presente documento relata as
atividades realizadas no viveiro da empresa Bambu Carbono Zero (BCZ), durante o
9
estágio realizado nos meses de agosto a novembro de 2014, no município de Cunha
– SP. Serão descritos as principais ações e os resultados do experimento realizado
para produção de mudas de Guadua angustifolia utilizando diferentes substratos e
bioestimulantes.
10
2 OBJETIVOS
As atividades realizadas no viveiro Bambu Carbono Zero atendiam aos
seguintes objetivos:
2.1 OBJETIVO GERAL
Realizar atividades relacionadas à Engenharia Florestal como parte dos
requisitos para cumprimento das atividades curriculares para conclusão do curso de
Engenharia Florestal, atuando em uma empresa produtora e processadora de
bambus.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Conhecer e participar na produção de mudas de bambu do viveiro BCZ;
Realizar prospecção de novos clientes;
Acompanhar negociações comerciais de venda de mudas, assessoria para
produção de mudas, plantio e colheita;
Acompanhar o beneficiamento de colmos de bambu;
Implantar um experimento e avaliar a produção de mudas de Guadua
angustifolia sob diferentes tratamentos.
11
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 TAXONOMIA
Os bambus estão classificados na subfamília Bambusoideae, da família
Poaceae, apresentando espécies de 10 cm de altura e 0,5 cm de diâmetro, atém 35
m de altura e 30 cm de diâmetro dos colmos (NUNES e VARGAS, 2005). No total,
são mais de 1.250 espécies distribuídas em 90 gêneros, que podem apresentar
colmos lenhosos ou herbáceos.
O Brasil, em relação aos demais países americanos, possui a maior
diversidade de bambus, compreendendo cerca de 234 espécies, sendo que dessas,
155 possuem colmo lignificado e 75 são herbáceos (FILGUEIRAS e SANTOS-
GONÇALVES, 2004).
A subfamília está dividida em diferentes tribos, sendo os bambus lenhosos
representados nas tribos Bambuseae e Guaduelleae, e os bambus herbáceos
distribuem-se nas tribos Olyreae, Parianeae, Buergersiochloeae e Puelieae
(OHRNBENGER, 1999).
3.2 CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA
Considerando que o presente trabalho trata exclusivamente das espécies de
bambus lenhosos, a descrição morfológica abordará as estruturas presentes neste
grupo de espécies.
Os bambus lenhosos são caracterizados morfologicamente por
apresentarem rizomas bem desenvolvidos, colmos lignificados, um complexo
sistema de ramificação, lâmina foliar do colmo decídua, com lígula externa e interna
e florações cíclicas com intervalos longos (SILVA FILHO, 2006).
12
Figura 1 - Estruturas vegetais que constituem os bambus lenhosos
.Fonte: Kilombo Tenonde
Tal como as árvores, os bambus apresentam parte superior aérea e parte
inferior subterrânea. A parte aérea é dotada de uma estrutura de sustentação
denominada colmo, que é responsável por fixar os ramos e as folhas.
A parte subterrânea é constituída de rizomas e raízes, responsáveis pela
absorção de água e nutrientes.
3.2.1 FOLHAS
A maioria das espécies de bambus apresenta comportamento semidecíduo,
que perde parte das folhas em determinados período do desenvolvimento. A perda
das folhas é compensada pela rápida reposição foliar (GRECO, 2011).
3.2.2 RAMOS
Segundo Greco (2011), os ramos de bambu são classificados em dois tipos
básicos: os ramos apicais ou ramos laterais, e os ramos basais (chusquines).
Os ramos apicais tem crescimento ortotrópico, crescendo em direção ao Sol,
são dotados de folhas, e estão presentes em todas as espécies de bambus
lenhosos.
13
Já os ramos basais, ou chusquines, são exclusivos de algumas espécies do
gênero Guadua, onde os chamados ramos basais crescem nas regiões inferiores do
colmo, com crescimento plagiotrópico (crescimento horizontal), geralmente sem
folhas, e com elevado potencial para propagação.
3.2.3 GEMAS
Presentes na região dos nós dos colmos, ramos e rizomas, as gemas são
estruturas vegetativas que se classificam em gemas axiais, localizada na
intersecção dos pecíolos das folhas com os ramos, e as gemas nodais, presentes
nos nós dos rizomas, dos ramos e dos colmos.
Possuem grande importância para a reprodução vegetativa dos bambus,
sendo o vigor fisiológico das gemas uma das principais características para
determinar o sucesso de um propágulo gerar um novo indivíduo (GRECO, 2011).
3.2.4 FOLHAS CAULINARES
As folhas caulinares, popularmente chamadas de bainhas, possuem a
importante função de proteger os colmos e gemas durantes as fases iniciais de
desenvolvimento, e desprendem-se ao longo do amadurecimento dos colmos
(GRECO, 2011).
São formadas pela bainha, lâmina ou limbo, lígula franjada e duas aurículas
cerdadas, características que podem variar de acordo com cada espécie
contribuindo com sua identificação (LONDOÑO, 1993).
As espécies apresentam diferentes características taxonômicas como
formato, pilosidade e tamanho, sendo de grande valor para identificação das
espécies (GRECO, 2011).
14
3.2.5 RIZOMAS
Os rizomas são particularmente importantes para os bambus, tanto
ecologicamente quanto produtivamente. Eles controlam quando o colmo deve se
desenvolver e como deve ser realizada a sua dispersão, além de orientar as
técnicas de propagação vegetativa e transporte e estocagem de nutrientes (LIESE,
1998).
Uma das principais características das espécies de bambu é o seu
desenvolvimento por rizomas, ou caules subterrâneos. Os rizomas são órgãos
segmentados dotados de nós, entrenós e gemas nodais, semelhante aos colmos.
Os rizomas são classificados de acordo com suas características
anatômicas e de padrões de crescimento, sendo divididos em rizoma paquimorfo
(entouceirante), rizoma leptomorfo (alastrantes) e rizoma anfimorfo (hábito de
crescimento misto) (GRECO, 2011).
Como o rizoma é o órgão menos estudado dos bambus, pouco se sabe
sobre suas estruturas anatômicas, logo, as pesquisas aplicadas aos que apresentam
rizoma do tipo anfimorfo, são escassas.
3.2.6 COLMOS
Os colmos dos bambus são caracterizados por apresentar nós e entrenós
em todo seu segmento, podendo variar de diâmetro e comprimento de acordo com a
espécie. São tipicamente ocos, cilíndricos e interrompidos por seções transversais
também denominadas de diafragmas.
Os colmos consistem de três sistemas básicos de tecidos: o dérmico, o
fundamental e o vascular (SAJO e CASTRO, 2003), sendo que suas camadas
externas e internas estão diferenciadas em córtex e medula.
15
3.2.7 FLORES E FRUTOS
Os bambus apresentam três tipos básicos de floração: a floração
esporádica, que ocorre apenas em alguns indivíduos de uma população, sendo que
ao florescer a planta ou parte dela morre; a floração do tipo sincrônica, na qual todos
os indivíduos de uma população florescem simultaneamente, podendo a população
morrer ou não; e por fim, a floração de “stress”, que ocorre quando a planta é
submetida a uma agressão ou a uma forte adversidade ambiental. Nesse caso, pode
ocorrer a floração em apenas uma parte da planta.
De acordo com Pandali et al. (2002), os bambus apresentam frutos do tipo
cariopse, noz e baga, principal determinante para a garantia da sua longínqua
viabilidade.
3.3 CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS
ESPÉCIES
3.3.1 LUMINOSIDADE E VENTOS
De acordo com Greco (2011), os bambus lenhosos desenvolvem-se bem em
condições de insolação total, mas toleram o sombreamento.
Outro importante fator a ser observado é a influencia dos ventos sobre o
crescimento dos colmos. Por apresentar excelente resistência à flexão, os bambus
apresentam grande resistência à ação dos ventos, porém quando superior a 80 km/h
é possível que colmos mais jovens sofram danos mecânicos (HERRERA e
ESPINOSA, 2007).
3.3.2 TEMPERATURA
A temperatura é um dos fatores mais limitantes para o desenvolvimento dos
bambus, capaz de condicionar a adaptação de diferentes grupos a determinadas
16
condições climáticas. A temperatura média ideal para o desenvolvimento do Guadua
angustifolia é entre 18° e 25° C (INBAR, 2013).
3.3.3 PRECIPITAÇÃO
De acordo com Nieto (2004), a distribuição das chuvas é um importante fator
a ser considerado para o cultivo do bambu, pois em regiões que apresentam
estações secas prolongadas de três a seis meses, pode ocorrer o estresse hídrico,
principalmente nas plantas jovens.
De um modo geral, os bambus desenvolvem-se bem em regiões que
apresentam precipitações que variam de 1.800 a 2.500 mm anuais e umidade
relativa de 75 a 85% (INBAR, 2013).
3.3.4 SOLOS
O fator solo no cultivo do bambu é ainda um assunto pouco estudado no
Brasil.
Em condições naturais de desenvolvimento dos bambuzais, a capacidade de
disponibilidade de nutrientes do solo é a mais importante característica do solo
capaz de influenciar o crescimento dos colmos e a qualidade do bambuzal (GRECO,
2011).
Porém, de acordo com Kleinhenz e Midmore (2001), as características
físicas do solo tais como declividade do terreno, textura, densidade, capacidade de
retenção de umidade e temperatura, constituem importantes fatores para o
desenvolvimento dos bambuzais.
De acordo com Huberman (1959) citado por Montes et al. (1998), grande
parte das espécies de bambu encontradas no país se desenvolvem bem em
terrenos com boa drenagem e variações entre solos franco arenoso e franco
argiloso.
Ao estudar a espécie Guadua angustifolia, Nieto (2004) observou que a
deficiência de elementos como o nitrogênio, fósforo, potássio e boro reduzem sua
17
taxa de crescimento e apresentam folhas cloróticas, poucos brotos e colmos finos. O
autor ainda observou que solos com pH inferior a 5,0 com presença de alumínio são
limitantes para o crescimento da espécie, sendo determinado uma faixa de pH entre
5,9 e 6,9 como ponto ótimo de desenvolvimento.
3.4 REPRODUÇÃO E PROPAGAÇÃO VEGETATIVA
3.4.1 A REPRODUÇÃO DO BAMBU
Em geral, cada espécie possui uma forma apropriada de propagação devido
às suas condições genéticas, no entanto, a sua propagação pode ocorrer
frequentemente por reprodução sexuada.
A reprodução do bambu ocorre através da germinação de suas sementes,
que possibilita a obtenção de novos indivíduos com características genéticas
diferentes da planta mãe, garantindo uma maior variabilidade genética na produção
(GRECO, 2011).
Esta técnica é ainda pouco utilizada pela dificuldade de obtenção de
sementes de bambu, devido à sua esporádica floração e baixo poder de germinação
prolongado.
3.4.2 PROPAGAÇÃO VEGETATIVA DO BAMBU
Tendo em vista as dificuldades e a demora na obtenção de novas plantas
através da reprodução sexuada do bambu, surgiu a necessidade da utilização de
técnicas de propagação vegetativa para acelerar o processo de produção de mudas.
Através da sua reprodução assexuada por partes vegetativas da planta, tais
como ramos, gemas, colmos e rizomas, é possível realizar o plantio de grandes
áreas.
De acordo com Ostapiv (2007), a propagação vegetativa do bambu pode ser
realizada pela macropropagação, onde os colmos ou rizomas são separados da
18
planta-mãe e enraizados em substrato, ou ainda realizados pela micropropagação,
onde são retirados explantes da planta-mãe e cultivados em meio de cultura.
Por meio da técnica de micropropagação de mudas de bambu pode-se
maximizar a produção de mudas, pois permite gerar múltiplos indivíduos a partir de
uma pequena parcela da planta mãe.
Existem inúmeras formas de propagação vegetativa do bambu, tais como:
propagação por ramos basais e apicais, transplante de rizoma, placas de colmo,
frações do colmo (colmo enterrado), brotações basais do rizoma (chunquín), riendas,
mergulhia e cultura de tecidos (in vitro). Porém neste trabalho será apenas abordado
o método de propagação por brotações basais do rizoma ou chusquín, por ser o
método mais adequado para propagação de Guadua angustifolia (INBAR, 2013).
3.4.2.1 PROPAGAÇÃO POR BROTAÇÕES BASAIS DO RIZOMA (CHUSQUÍN)
Utilizada apenas para a propagação da espécie Guadua angustifolia, o
método de propagação do tipo chusquín consiste na extração de pequenas plântulas
provenientes de gemas basais de rizomas, ao qual são ativadas após o primeiro
mês de colheita de um colmo (GRECO, 2011).
Após a retirada da plântula, o transplante para o local de plantio deve ser
realizado de maneira imediata para garantia de sobrevivência. Já enraizado no
substrato, os chusquínes passarão a multiplicar-se por meio de novas brotações
(GRECO, 2011).
3.5 SUBSTRATOS
Responsáveis por suportar as raízes das plantas, os substratos auxiliam na
retenção de líquido de forma a disponibilizar água e nutrientes para as plantas
(MELLO et al. 2006).
O solo mineral foi o primeiro material utilizado como substrato no cultivo de
diferentes culturas. Hoje, a maior parte dos substratos são compostos de
combinações de dois ou mais componentes de forma a alcançar as propriedades
19
químicas e físicas adequadas às necessidades de cada cultura (FONTENO et al.
1981).
Dessa forma, diversos tipos de compostos são utilizados na formulação de
substratos para a produção de mudas, dentre eles a vermiculita, a areia, o composto
orgânico, os estercos suínos e bovinos, a serragem e o húmus.
Altamente utilizada na composição de substratos, a areia é responsável por
garantir uma boa estabilidade estrutural do substrato, inatividade química,
apresentar facilidade de limpeza e possuir um baixo custo.
Dentro deste contexto, para garantir a qualidade adequada ao
desenvolvimento da planta, diferentes composições comerciais de substrato têm
sido
3.6 ENRAIZADORES
Para a melhor formação da arquitetura radicular da planta objetivando
maiores produtividades, são utilizados enraizadores para estimular e aumentar a
formação de raízes do bambu (BERTICELLI; NUNES, 2008).
Tecnologias inovadoras vêm sendo empregadas com o intuito de aumentar a
produtividade de diferentes culturas no país, sobretudo a produção referente a
gramíneas.
20
4 ATIVIDADES EXERCIDAS NO ESTÁGIO
Ao longo dos 75 dias de estágio na empresa Bambu Carbono Zero,
destacaram-se dentre as diversas atividades realizadas:
Organização e adequação da infraestrutura do viveiro de mudas;
Responsável pela articulação da doação de 400 mudas de Dendrocalamus
giganteus para pesquisas entre a empresa Bambu Carbono Zero e as
instituições, Universidade Tecnológica Federal do Paraná e Centro
Paranaense de Referência em Agroecologia (CPRA);
Acompanhamento da colheita de Dendrocalamus spp., em fazenda de
produtor rural, no dia 21 de outubro de 2014, na companhia do coordenador
de produção, Alonso Meireles de França;
Participação e exposição da empresa no 10° Dia de Campo Florestal na
UNESP em Botucatu – SP;
Acompanhamento comercial em negociação de venda de mudas, assessoria
para produção de mudas, plantio e colheita;
Pesquisa comercial de possíveis silvicultores de bambu e empreendimentos
com possibilidade de mudança da matéria prima atual para bambu;
Acompanhamento do beneficiamento de bambu;
Visita aos plantios de Guadua angustifolia, Dendrocalamus spp.,
Phyllostachys aurea Riviere & C. Riviere no Instituto Jatobás;
Planejamento do segundo experimento (mesmos tratamentos, outro método
de propagação, por ramos secundários de Guadua angustifolia).
Além das ações supracitadas, a principal atividade do estágio se concentrou
na produção de mudas de bambu com fim comercial e experimental, por isso, o
presente documento e relato técnico concentram-se na produção de mudas de
bambu da espécie Guadua angustifolia.
21
4.1 PRODUÇÃO DE MUDAS DE Guadua angustifolia.
4.1.1 Descrição da Atividade
As matrizes de Guadua angustifolia utilizadas para repicagem são provindas
da Colômbia e originárias de chusquines. O “Chusquín” é uma pequena e fina planta
de bambu com folhas, colmo, rizoma e raízes. Tem como função a propagação da
espécie, são produzidas pela touceira quando sofre algum estresse, seja por fogo,
vento ou degradação antrópica, deixando as plantas adultas sem folhas. Cada
chunquíne é plantado em solo, onde brotará novos chusquínes para posterior
repicagem e produção das mudas. (INBAR, 2013).
4.1.2 Método de Repicagem
O método consiste na retirada das mudas do solo com o auxílio de uma
pazinha larga, sendo mergulhadas em água para desprendimento do solo aderido.
Destacam-se os indivíduos e podam-se as raízes e algumas ramas com folhas para
acomodação dos chusquínes em bandeja.
As bandejas utilizadas possuem dimensão de 54 cm de comprimento, 28cm
de largura e 09 cm de altura, possuindo 50 células com 80 cm³ de volume cada.
Durante a execução desta etapa no período de estágio, foram repicadas
4.550 mudas de Guadua angustifolia, em um período de sete dias, com 8 horas
trabalhadas por dia. Cada bandeja leva em média 35 minutos para ficar pronta, e
para cada saco de substrato são produzidas 11 bandejas com 50 mudas cada,
totalizando 550 mudas por saco.
4.1.3 Etapas da Produção de Mudas no Viveiro da Bambu Carbono Zero
A produção de mudas de bambu não se difere do sistema produtivo de
mudas florestais convencionais. Tal conclusão é obtida ao observar as práticas de
produção das mudas de Guadua angustifolia no viveiro da BCZ.
22
Enraizamento: as bandejas são armazenadas em abrigo coberto por três
sombrites 75%, em local sombreado e mantidas sobre irrigação por um
período que varia conforme o período do ano. O fator determinante é
verificado quando ocorre o aparecimento das primeiras folhas e/ou quando a
muda ganha a primeira ou segunda brotação.
Desenvolvimento: após esse período de enraizamento, as mudas são
transferidas para outro abrigo exposto ao sol com dois a três sombrites de
75%, dependendo da época do ano, com maior ou menor incidência de sol,
por um período de 60 a 90 dias, quando a muda apresenta um crescimento
significativo. Após esse período de crescimento vegetativo averiguado, inicia-
se a retirada dos sombrites. A cada 15 dias é retirado um sombrite, após a
retirada do último, as mudas passam para o período de rustificação.
Rustificação: As mudas ficam expostas a pleno sol, por um período de 30
dias e depois podem ser plantadas a campo.
O tempo total de permanência das mudas no viveiro é de aproximadamente
235 dias.
4.2 EXPERIMENTO DE PRODUÇÃO DE MUDAS DE Guadua angustifolia COM
DIFERENTES SUBSTRATOS E BIOESTIMULANTES ENRAIZADORES
4.2.1 Descrição da atividade
Com o intuito de testar diferentes substratos e estimulantes na produção de
mudas de Guadua angustifolia, foi instalado um experimento no viveiro de mudas da
Bambu Carbono Zero, avaliando o desenvolvimento de chusquines, testando o uso
de areia e substrato Tropstrato Florestal e dois bioestimulantes enraizadores.
O experimento foi realizado no período de 02 de outubro a 04 de novembro
de 2014.
23
Figura 2 – Experimento realizado no estágio.
4.3 DESCRIÇÃO DA ÁREA
O experimento foi realizado nas dependências do viveiro de mudas da
empresa Bambu Carbono Zero, localizado em Cunha – SP. A altitude média é de
1.050 m. Leitão Filho (1982) classificou sua vegetação natural primária como
Floresta Latifoliada Perenifólia do Bioma Mata Atlântica. Latossolos e Cambissolos
álicos são os solos predominantes do município (ARCOVA, 1996).
O município de Cunha possui clima úmido, com fortes influências da altitude
e dos efeitos orográficos da Serra do Mar, apresentando precipitação média anual
de 2.240 mm, distribuídos em um período chuvoso ou úmido (outubro a março) e um
período pouco chuvoso ou pouco úmido (de abril a setembro). A temperatura média
anual é de 16,5 ºC, com 79% de umidade relativa do ar (JICA, 1986; FURIAN, 1987;
ARCOVA et al. 2003).
4.4 MATERIAIS UTILIZADOS
Para realização do experimento, foram utilizados os seguintes itens e
respectivas quantidades:
24
Item Quantidade Unidade
Chusquínes de Guadua angustifolia 800 unid.
Bandejas para mudas – 28 x 27 x 09 cm (80
cm³/célula) 32 unid.
Substrato Tropstrato Florestal 18 kg
Areia lavada 26 kg
Gigamix 0,393 kg
Radimax 0,05 l
Plástico em rolo – 2 m de largura 1,5 m
Regador 10 litros 2 unid.
Pazinha larga 1 unid.
Tesoura de poda 1 unid.
Carrinho de mão 2 unid.
Pá Ajuntadeira 1 unid.
Sombrite – 75% – 14 x 04 m 3 unid.
Luva plástica 1 unid.
Balde – 10 litros 1 unid.
Tabela 1 - Materiais utilizados no experimento
O substrato Tropstrato Florestal da empresa Vida Verde, é à base de casca
de pinus e vermiculita expandida, enriquecido com macro e micronutrientes de
liberação lenta. As garantias fornecidas pela empresa estão descritas na tabela 1.
Tabela 2 - Garantias do substrato fornecidas pela Vida Verde.
Radimax® é um promotor de enraizamento a base de aminoácidos e
extratos vegetais. Ativa o metabolismo vegetal, e a divisão celular das raízes e dos
tecidos jovens, permitindo um melhor enraizamento das plantas, superando o
estresse causado pelos transplantes.
Gigamix® é um insumo mineral complexo que apresenta em sua
composição uma grande variedade de nutrientes obtidos de forma natural,
certificado pela ECOCERT Brasil. Promove o fortalecimento da planta, melhorando o
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desenvolvimento do sistema radicular, aumentando a tolerância das plantas a
estresses hídricos e de temperatura.
4.5 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL
O experimento foi realizado com 8 tratamentos e 4 repetições cada
tratamento, totalizando 36 unidades amostrais. Os tratamentos são descritos na
tabela abaixo:
Tratamentos Descrição
1 Controle (Areia Lavada)
2 Areia lavada + Radimax
3 Areia lavada + Gigamix
4 Areia lavada + Radimax + Gigamix
5 Substrato Tropstrato Florestal
6 Substrato Tropstrato Florestal + Gigamix
7 Substrato Tropstrato Florestal + Radimax
8 Substrato Tropstrato Florestal + Radimax + Gigamax
Tabela 3 - Tratamentos utilizados no experimento.
A instalação do experimento teve início com as mudas sendo retiradas do
solo com o auxílio de uma pazinha larga e posteriormente mergulhadas em água
para desprendimento do solo aderido. Após esta limpeza, os indivíduos foram
separados entre si, e realizada a poda de raízes e alguns galhos com folhas, para
melhor acomodação nas bandejas e menor transpiração das mudas (Figura 3).
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Figura 3 – Preparo das mudas (chusquínes) para realizar o experimento.
Nas bandejas, colocou-se o substrato em 1/3 do volume das células e
posicionaram-se os chusquínes no centro completando-se com substrato e
apertando-o para compactá-lo levemente, cobrindo os espaços vazios e
consequentemente removendo o ar.
O substrato utilizado foi o Tropstrato Florestal da empresa Vida Verde,
descrito na seção 3.5.
Na sequência, os tratamentos com Radimax foram regados com a dose
experimentada.
As concentrações de bioestimulantes (Gigamix e Radimax) utilizadas e os
métodos de aplicação são descritas a seguir:
GIGAMIX: 8,88 gramas por bandeja. Misturado com o substrato, sobre um
plástico, antes da repicagem. Aplicado a cada uma semana, após a
repicagem, através de irrigação com regador, utilizando-se uma dose de 3,13
gramas por bandeja. As aplicações ocorreram nas seguintes datas, 02, 09,
16, 23 e 30 de outubro de 2014.
RADIMAX: 1,56 mililitros por bandeja. Misturado em água, 0,625 litros por
bandeja e aplicado após repicagem por irrigação com regador e com nova
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aplicação de mesma dose 20 dias após a repicagem. As aplicações
ocorreram nos dias 02 e 22 de outubro de 2014.
O experimento ocupou uma área total de 13,2 m², e seu arranjo espacial no
viveiro pode ser observada na Figura 4.
Figura 4 - Arranjo espacial da metade do experimento instalado no viveiro de mudas.
As bandejas foram acondicionadas em ambiente de enraizamento, abrigo
coberto por três mantas de sombrite 75% em local sombreado e mantidas sobre
irrigação por um período de 32 dias para enraizamento (Figura 5).
Figura 5 – Experimento coberto com sombrite de 75% em local sombreado.
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O regime de irrigação foi de trinta minutos todos os dias nos seguintes
horários: 7:30, 10:00, 12:30, 15:00 e 17:00. O tempo e horário variou conforme as
condições climáticas do dia, como temperatura e incidência de sol e ventos.
O sistema de irrigação para o experimento é do tipo fixo, composto por uma
linha principal de 12,0 m de comprimento, irrigação por aspersores, com distâncias
entre si de 1 metro, vazão de 85 litros por hora e alcance máximo de 3,5 m com
pressão de serviço de 1 atm. O período total do experimento foi de 32 dias.
A análise das mudas após o término do experimento contemplou a avaliação
da taxa de mortalidade, comprimento da maior raiz emitida, número de raízes,
comprimento do maior broto, número de brotos, comprimento da maior folha e
número de folhas.
4.6 COLETA E ANÁLISE DE DADOS
Após o término do período de experimento, foram avaliadas variáveis
qualitativas e quantitativas, sendo elas descritas abaixo:
Mortalidade: qualidade atribuída as mudas que apresentaram sintomas
visuais de morte dos tecidos e órgãos vegetais, impossibilitando o desenvolvimento
da mesma;
Tamanho da maior raiz (R): mensuração da raiz com maior comprimento;
N° de raízes (NR): contagem das raízes/radículas emitidas;
Tamanho do maior broto (B): mensuração do broto com maior altura;
N° de brotos (NB): contagem dos brotos emitidos;
Tamanho da maior folha (F): mensuração da folha com maior crescimento;
N° de folhas (NF): contagem das folhas emitidas.
O método de coleta consistiu nas seguintes etapas: retirada de uma muda
por vez da bandeja, imersão e agitação em água para desprendimento do solo,
verificação visual da presença de raízes, brotos ou folhas, se presente, medição e
contagem das mesmas, (Figura 6).
A medição foi realizada com o auxílio de um paquímetro com faixa de 200
mm / 8", resolução de 0,02mm e 0,001" e exatidão conforme norma NBR
NM216:2000 de ±0,03mm e ±0,001".
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Os dados foram repassados para o Microsoft Excel 2010 e exportados para
o Assistat 7.7 Beta para análise estatística e diagnóstico do experimento.
Os experimentos foram conduzidos em delineamento inteiramente
casualizado com 4 repetições e 8 tratamentos.
Os dados foram processados no software Assistat 7,7 beta, onde as médias
dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Figura 6 – Muda após preparo para avaliação.
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4.7 RESULTADOS
Os resultados das análises de variância de cada variável avaliada estão
descritas na tabela 4.
VARIÁVEL FOBS Valor p
Maior Folha 1,1216 0,3823
Nº de Folhas 1,6598 0,1669
Maior Broto 4,6433 0,002
Nº de Brotos 1,2958 0,2945
Maior Raiz 1,2833 0,3001
Nº de Raízes 1,1988 0,341
Mortalidade 2,8001 0,0279
Tabela 4: Resultado das análises de variância para cada variável. F = razão da variância entre os tratamentos com a variância dentro dos tratamentos. Quando F < 0,05 existe a evidência de diferença significativa entre os tratamentos desta variável.
A análise de variância demonstrou que as variáveis, maior broto e
mortalidade obtiveram diferença significativa,
A análise estatística dos valores médios das variáveis mensuradas nos
diferentes tratamentos encontram-se na tabela 5.
Variáveis Mensuradas
Tratamento NF
(unid) F
(mm) B
(mm) NB
(unid) R
(mm) NR
(unid) Mortalidade
S+G 0,07a 2,47a 2,35c 0,10a 16,28a 0,77a 7,25ab
S 0,06a 1,85a 2,82bc 0,14a 16,32a 0,62a 11,00a
S+G+R 0a 2,87a 3,14abc 0,04a 25,27a 0,80a 5,50ab
S+R 0,02a 1,84a 2,97bc 0,17a 17,76a 0,57a 9,00ab
A+R 0,12a 3,03a 4,10abc 0,19a 25,49a 0,89a 4,00b
A 0,09a 3,01a 3,60abc 0,22a 18,65a 0,96a 7,00ab
A+G 0,05a 2,87a 5,66a 0,25a 13,82a 0,50a 5,50ab
A+G+R 0,25a 3,11a 5,14ab 0,25a 15,32a 0,62a 6,00ab
Tabela 5: Resultados segundo o Teste de Tukey. Tratamentos com letras diferentes demonstram que se tem diferença significativa entre os mesmos. Variáveis = NF: número de folhas, F: comprimento da maior folha; B: comprimento do maior broto, NB: número de brotos, R: comprimento da maior raiz, NR: número de raízes. Tratamentos = A: areia; S: substrato Tropstrato Florestal; G: gigamix; R: radimax.
O Tratamento 8 (A+G+R) apresentou melhor desempenho nas variáveis NF
e F.
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Quanto a variável NB, os tratamentos 7 (A+G) e 8 (A+G+R) apresentaram
os melhores desempenhos. O tratamento 7 também se destacou nos resultados na
variável B.
Quanto as variáveis que avaliam o enraizamento das mudas, o tratamento 5
(A+R) produziu as maiores raízes com média de 25,49 mm, e o tratamento 6 (A)
teve a maior quantidade de raízes por mudas, produzindo em média 0,96
raízes/muda.
Sendo assim, considerando os resultados encontrados, notou-se que alguns
tratamentos apresentaram diferença significativa nos diferentes parâmetros e
tratamentos.
Na variável B os tratamentos 1 (S+G) e 7 (A+G) obtiveram diferença
significativa entre si, sendo que o uso de areia + gigamix proporcionou brotos com
maior altura.
Já na variável mortalidade, os tratamentos 2 (S) e 5 (A+R) apresentaram
diferença significativa. O uso do substrato testado, mostrou-se prejudicial, ocorrendo
a maior mortalidade entre todos os tratamentos.
Uma melhor avaliação dos resultados poderia ser obtida, caso o tempo de
permanência do experimento fosse prolongado.
4.8 DISCUSSÃO
A falta de um método adequado de propagação de bambu é o principal fator
limitante para o seu cultivo em grandes áreas.
De acordo com Valle e Caldeira (1978), um dos principais fatores
responsável pelo sucesso do enraizamento das mudas de bambu é o substrato, que
deve apresentar boas condições de drenagem e estrutura.
Adicionalmente, SINGH et al. (2004), comenta a importância do uso de
estimulantes junto ao substrato apropriado, onde a produção de mudas pode ser
acelerada e ter ganhos de qualidade e vigor.
Quanto ao uso de estimulantes em espécies de bambu, diversos
experimentos já foram realizados com diferentes espécies apontando melhor
32
desenvolvimento radicular e foliar das mudas quando se fez uso de estimulantes
(AZZINI et al. 1995; AZZINI e SALGADO, 1993; VAMIL et al. 2011).
Finalmente, considerando os resultados supracitados observa-se que o
tempo de avaliação das mudas deveria ser estendido por pelo menos 60 dias, o que
iria permitir um melhor desenvolvimento e crescimento das mudas, contribuindo na
avaliação estatística entre os tratamentos utilizados.
33
5 CONCLUSÃO
Diante do que foi exposto no presente trabalho, conclui-se que são
necessárias maiores investigações quanto às melhores técnicas de propagação
vegetativa do Guadua angustifolia, visando seu melhor enraizamento.
Adicionalmente, conclui-se que houve diferença significativa entre alguns
tratamentos e variáveis analisadas. Essa observação poderia ser mais evidente com
uma diminuição no número de tratamentos, reduzindo a quantidade de variáveis e
os dados, e aumentando do tempo de execução do experimento.
A vivência proporcionada pelo estágio na empresa Bambu Carbono Zero foi
de extrema valia para a formação acadêmica. As atividades realizadas durante o
estágio possibilitaram a aplicação prática dos conhecimentos técnicos adquiridos
durante o curso de Engenharia Florestal de forma a complementar a formação
técnica profissional.
As recomendações para as atividades exercidas na empresa seriam:
Melhoria na infraestrutura do viveiro: adequação de espaços para a
produção de chusquínes, criação de valetas com 15 cm de
profundidade e preenchidas com areia, para brotação. Ampliação do
berçário. Mudança dos locais de produção das etapas de
desenvolvimento e rustificação.
Adequação e automatização do sistema de irrigação: remontagem do
sistema de irrigação, diminuindo distância entre local de captação da
água e linhas de irrigação; eliminação de linhas terciárias,
permanecendo apenas linhas principal e secundárias. Instalação de
timers para acionamento automático das bombas de irrigação.
Criação de programa de fomento: uma saída para aumentar a venda
de mudas e estimular a introdução do bambu nas propriedades rurais.
Venda das mudas a um preço mais baixo ou mesmo a doação das
mesmas, garantia de assistência técnica na implantação do plantio,
fornecimento dos insumos, e garantia de compra dos colmos para uso
na própria bambuzeria da empresa.
Criação de escalabilidade para beneficiamento de colmos: Produção de
produtos em escala, diminuindo perdas de matéria prima, aumentando
34
oferta de produto e consequentemente reduzindo preço de venda,
tornando o bambu mais acessível para as classes de consumidores.
O presente trabalho é apenas um grão de areia no oceano se comparado a
todo estudo ainda necessário sobre bambu em nosso país.
Esta classe de plantas já se mostrou de grande poder econômico, social e
ambiental em vários outros países e agora é a vez do Brasil iniciar sua caminhada
para transformar esta planta imensamente marginalizada em um recurso florestal de
grande valor. Somente o incentivo do governo e principalmente, a iniciativa científica
poderão tornar o bambu uma saída para a produção florestal sustentável em nosso
país.
35
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