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Elaboração de Plano de Redução de Riscos no Município de Suzano (SP) ELABORAÇÃO DE PLANO DE REDUÇÃO DE RISCOS NO MUNICÍPIO DE SUZANO (SP) RELATÓRIO FINAL 1. INTRODUÇÃO Em atendimento aos termos do contrato 1.251/2005, firmado entre a Prefeitura do Município de Suzano- PMS e a Fundação de Apoio à Pesquisa, Ensino e Extensão – FUNEP, uma equipe técnica constituída no Departamento de Geologia Aplicada (DGA), Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE), Universidade Estadual Paulista (Unesp) - Campus de Rio Claro (SP), realizou estudos referentes ao Projeto intitulado “Elaboração de Plano de Redução de Riscos no Município de Suzano (SP)”. O projeto citado foi executado por meio de estudos realizados no período de dezembro de 2005 a março de 2006, atendendo ao convênio firmado entre a Prefeitura do Município de Suzano e a Caixa Econômica Federal/Ministério das Cidades, por meio do Programa de Urbanização, Regularização e Integração de Assentamentos Precários. FUNDAÇÃO DE APOIO À PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO - FUNEP 1

Relatório Final

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Elaboração de Plano de Redução de Riscos no Município de Suzano (SP)

ELABORAÇÃO DE PLANO DE REDUÇÃO DE RISCOS

NO MUNICÍPIO DE SUZANO (SP)

R E L A T Ó R I O F I N A L

1. INTRODUÇÃO

Em atendimento aos termos do contrato 1.251/2005, firmado entre a

Prefeitura do Município de Suzano- PMS e a Fundação de Apoio à Pesquisa, Ensino

e Extensão – FUNEP, uma equipe técnica constituída no Departamento de Geologia

Aplicada (DGA), Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE), Universidade

Estadual Paulista (Unesp) - Campus de Rio Claro (SP), realizou estudos referentes ao

Projeto intitulado “Elaboração de Plano de Redução de Riscos no Município de Suzano

(SP)”.

O projeto citado foi executado por meio de estudos realizados no período de

dezembro de 2005 a março de 2006, atendendo ao convênio firmado entre a Prefeitura do

Município de Suzano e a Caixa Econômica Federal/Ministério das Cidades, por meio do

Programa de Urbanização, Regularização e Integração de Assentamentos Precários.

O Programa de Urbanização, Regularização e Integração de Assentamentos

Precários é gerido pelo Governo Federal, por meio do Ministério das Cidades, destinando

recursos financeiros aos estados, DF e municípios para que executem intervenções

necessárias à regularização fundiária, segurança, salubridade e habitabilidade de

população localizada em área inadequada à moradia, visando a sua permanência ou

relocação, por intermédio de um conjunto de ações, dentre elas a Ação de Apoio à

Prevenção e Erradicação de Riscos em Assentamentos Precários.

A Ação Apoio à Prevenção e Erradicação de Riscos em Assentamentos Precários

tem por objetivo o apoio aos Estados, municípios e ao DF na prevenção e erradicação de

riscos sócio-ambientais que atingem famílias de baixa renda, moradoras de

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assentamentos precários em localidades urbanas, por meio da transferência de recursos

do Orçamento Geral da União para o treinamento e a capacitação de equipes municipais,

o planejamento das ações de redução de risco e a articulação das ações dos três níveis

de governo.

O Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR) apresenta alguns referenciais

técnicos e gerenciais que permitem aos Poderes Públicos a implementação de ações

estruturais e não-estruturais, em prazos adequados aos recursos orçamentários do

município, do estado e da União, para reduzir e controlar as situações de riscos

associados a escorregamentos e solapamentos de margens de córregos que ameaçam a

segurança dos moradores e dificultam a inclusão dos assentamentos precários à cidade

formal.

Por solicitação da Prefeitura Municipal de Suzano, neste PMRR também foram

analisadas as condições de risco associadas a enchentes e inundações em áreas

indicadas pela contratante.

O presente relatório descreve detalhadamente os estudos realizados e apresenta

os resultados obtidos no âmbito do projeto “Elaboração de Plano de Redução de Riscos

no Município de Suzano (SP)”.

2. OBJETIVO DOS ESTUDOS

O desenvolvimento do projeto citado visou atingir os seguintes objetivos:

Mapeamento das situações de risco, com delimitação dos setores de risco e

indicação das moradias ameaçadas;

Indicação de alternativas de intervenções estruturais para controle e redução dos

riscos mapeados;

Estimativa de custos das intervenções estruturais indicadas;

Levantamento e análise da legislação urbanística;

Estabelecimento de critérios para priorização das intervenções estruturais;

Propostas para um programa de ações estruturais e não-estruturais para a

redução/erradicação dos riscos mapeados; e

Capacitação da equipe técnica municipal em mapeamento e gestão de riscos.

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3. REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL

3.1. Base Teórica Referente à Mapeamento de Risco e Processos Adversos

Acidente geológico ou geotécnico é definido como a ocorrência de um evento

adverso de natureza geológica (processo envolvendo o solo, a rocha e/ou a água) ou de

natureza geotécnica (comportamento do solo ou da rocha ante uma intervenção

antrópica), que tenha provocado conseqüências danosas ao homem ou a suas

propriedades.

A partir deste conceito, entende-se que risco geológico ou geotécnico corresponde

a uma condição potencial de ocorrência de um acidente, ou seja, uma situação na qual a

possibilidade de ocorrência de um processo geológico ou de um comportamento

geotécnico indica a possibilidade de registro de conseqüência social e/ou econômica caso

o evento adverso ocorra. Desse modo, conceitualmente, só há risco quando há alguma

possibilidade de perda ou dano.

A equação mais simples e didática utilizada para representar risco é:

R = P x C

sendo: R = risco

P = probabilidade (ou possibilidade) de ocorrência de um determinado evento

adverso

C = conseqüências sociais e/ou econômicas potencias

A grande maioria das equações de risco propostas por diferentes autores é

representada pelo produto entre dois ou mais termos. Tal fato se deve ao conceito

matemático denominado “convolução”, que indica concomitância e mútuo

condicionamento desses termos (CARDONA, 2001 apud NOGUEIRA, 2002). Assim,

sendo nulo um dos termos da equação (probabilidade ou conseqüências), o risco também

é nulo.

Um evento adverso potencial identificado (perigo) sempre deve estar associado a

um processo geológico ou geotécnico atuante no assentamento precário estudado.

Este trabalho deverá enfocar as situações de risco associadas a processos

atuantes de instabilização de taludes (escorregamentos e solapamentos) em encostas e

margens de córregos, que possam afetar a segurança de moradias implantadas nos

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assentamentos precários do município. Por solicitação da Prefeitura de Suzano, também

será executado o zoneamento de riscos associados à enchente/inundação nestes

assentamentos.

Estes processos no ambiente urbano podem ser resultados de causas naturais ou

antrópicas, mas a geração dos riscos associados a eles é sempre um processo social ou

ambiental urbano (NOGUEIRA, 2002).

Os escorregamentos e solapamentos urbanos podem movimentar, além de rochas,

solo e vegetação, depósitos artificiais (lixo, aterros, entulhos) ou materiais mistos,

caracterizando processos geológicos, geomórficos ou geotécnicos.

Escorregamentos são movimentos gravitacionais de massa que mobilizam o solo,

a rocha ou ambos, sendo que em geral são deflagrados por chuvas. O termo

escorregamento congrega vários processos que apresentam características distintas,

embora todos eles sejam resultantes da ação da gravidade. Dentre estes processos têm-

se os escorregamentos (slides) propriamente ditos, os rastejos (creep), as quedas de

bloco (falls), os rolamentos de matacões, os tombamentos e as corridas (flows). Por este

motivo, é comum observar a utilização do termo “escorregamentos e processos

correlatos” para se referir ao conjunto de processos citados.

As situações de risco associadas a processos de solapamento estão relacionadas

à faixa marginal de cursos d’água, portando sujeitas aos processos da dinâmica fluvial.

(VARNES apud SUMMERFIELD, 1991) classifica o solapamento como um dos tipos de

quedas associado a movimentos de massa, denominando estes processos associados às

margens de rios e córregos de “earth fall” ou “topple”.

As enchentes e inundações são processos de natureza fluvial associados à

dinâmica de escoamento das águas superficiais. As águas de chuva, ao alcançar um

curso d’água, causam o aumento na vazão por certo período de tempo. Este acréscimo

temporal na descarga d’água tem o nome de cheia ou enchente. Por vezes, no período de

enchente, as vazões atingem tal magnitude que podem superar a capacidade de

descarga da calha do curso d’água e extravasar para áreas marginais habitualmente não

ocupadas pelas águas. Esse extravasamento caracteriza uma inundação e a área

marginal, que periodicamente recebe esses excessos de água, denomina-se leito maior,

planície de inundação de um rio, ou ainda, várzea (DAAE, 1984).

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Nas áreas de assentamento urbano precário, em função de sua alta vulnerabilidade

determinada, na maioria das vezes, pela forma ou localização inadequada da ocupação,

pela ausência de infra-estrutura urbana (drenagem, pavimentação, saneamento) e de

serviços básicos (coleta de lixo, redes elétrica e hidráulica, etc.) e pela degradação do

ambiente associada, diversos tipos de riscos ambientais podem ser registrados. Esta

situação conduz a acidentes de qualquer porte, resultando muitas vezes em perdas de

vidas e ferimentos e, quase sempre, em danos materiais que constituem grave impacto na

capacidade de desenvolvimento da população pobre que reside nessas áreas.

No que se refere aos riscos de natureza geológica, é comum que as atividades que

resultam na identificação e análise ou avaliação dos riscos sejam realizadas por meio de

investigações geológico-geotécnicas de campo. Tais investigações requerem que sejam

consideradas tanto a probabilidade (ou possibilidade) de ocorrência do evento adverso

(no caso do presente estudo, os processos de instabilização associados a

escorregamentos em encostas, a solapamentos de margens de córregos, a

enchente/inundação e a ação direta das águas pluviais ou fluviais), quanto as

conseqüências sociais e/ou econômicas associadas.

Quanto às conseqüências, CARVALHO (2000) afirma que sua avaliação

“...envolve sempre um julgamento a respeito dos elementos em risco e de sua

vulnerabilidade. É comum que nas análises de risco em favelas apenas as moradias

sejam consideradas como elementos em risco (grifo nosso)”.

Certamente essa simplificação na consideração das conseqüências se deve à

dificuldade encontrada pelos profissionais que abordam os aspectos físicos dos riscos

geológicos em melhor caracterizar os elementos e fatores inerentes a essa componente

da análise de riscos.

NOGUEIRA (2002) descreve que a conseqüência decorrente de um acidente é

função da vulnerabilidade, esta dependente da suscetibilidade de pessoas e/ou bens

serem afetados, bem como da “resiliência” dos elementos expostos. O termo “resiliência”

empregado se apóia em um conceito da Física que, aplicado à área de risco, se traduz na

capacidade de resposta de uma determinada população supostamente afetada por um

acidente, ou seja, na habilidade das pessoas em reagir ao sinistro e em recuperar a

condição normal, anterior ao acidente.

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Já em termos da probabilidade (ou possibilidade) de ocorrência do processo

adverso, verifica-se o desenvolvimento de pesquisas visando uma determinação

quantitativa em muitos centros europeus, norte-americanos e brasileiros de atuação na

prevenção de acidentes geológicos.

Entretanto, é importante lembrar que NARDOCCI (1999) afirma que “mesmo que o

cálculo da probabilidade de ocorrência de um evento seja preciso, exato, será apenas

uma probabilidade. Medir com precisão a probabilidade de ocorrência de um evento não

trará a certeza de ocorrência ou não desse evento, tampouco permitirá conhecer-se o

momento em que ocorrerá”.

O IUGS Working Group - Committee on Risk Assessment (1997) reconhece dois

grandes tipos de abordagens para a realização da análise de risco de escorregamentos:

a) análise qualitativa e b) análise quantitativa. Considera ainda que os riscos resultantes

das análises qualitativas podem ser expressos por diferentes níveis ou graus,

escalonados. Nas análises de risco qualitativas mais sofisticadas, pode existir o

incremento de um componente quantitativo dos parâmetros técnicos analisados

(indicadores), mesmo que estes números resultem da experiência e do julgamento de

especialistas.

MORGENSTERN (1997) afirma que análises qualitativas, conduzidas por métodos

de hierarquização de riscos relativos variam em detalhamento e complexidade e, muitas

vezes, satisfazem as necessidades práticas de gestores, fornecendo elementos para a

mitigação dos riscos identificados.

CARVALHO (2000), considerando a prática atual, descreve que “... a maneira mais

simples de se tratar a probabilidade em análises de risco consiste em se atribuir, à

possibilidade de ocorrência do processo de instabilização, níveis definidos de forma literal

(possibilidade de ocorrência baixa, média ou alta, por exemplo). Esta é a base para as

análises de risco de caráter qualitativo, em que um profissional experiente avalia o

quadro de condicionantes e indícios da ocorrência do processo de instabilização, compara

as situações encontradas com modelos de comportamento e, baseado em sua

experiência, hierarquiza as situações de risco em função da possibilidade de ocorrência

do processo num determinado período de tempo (geralmente um ano)”.

CERRI (1993) discorre sobre as características dos mapeamentos de risco de

escorregamentos em encostas ocupadas. Resumidamente, o autor citado descreve que

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os trabalhos de mapeamento de risco de escorregamentos em encostas ocupadas podem

ser realizados em dois níveis de detalhe distintos: o zoneamento de risco e o

cadastramento de risco.

No zoneamento de risco são delimitados áreas – ou setores – nos quais

encontram-se instaladas várias moradias. Para cada área ou setor identificado é atribuído

um mesmo grau de risco, muito alto, por exemplo. Esse grau de risco é atribuído para

todo o setor, embora possa haver algumas moradias em meio a essa área que não

apresentem risco tão elevado e, eventualmente, ocorrem moradias até mesmo sem risco.

Já no cadastramento de risco de escorregamentos em encostas ocupadas, os

trabalhos de mapeamento são executados em grau de detalhe bem maior que nos casos

de zoneamentos, sendo que os riscos são identificados e analisados moradia por

moradia.

É bastante comum que, visando otimizar os trabalhos de identificação e análise de

risco, inicialmente sejam realizados zoneamentos de risco para, em seguida realizar os

cadastramentos nas áreas em qual tal nível de informação seja necessário para as ações

de gestão dos riscos identificados. Desse modo, pode-se afirmar que os resultados do

zoneamento de risco podem indicar as áreas prioritárias para a realização do

cadastramento, otimizando, deste modo, os trabalhos de campo a serem executados.

Em Geologia de Engenharia, a avaliação da probabilidade (ou possibilidade) de um

determinado fenômeno físico ocorrer em um local e período de tempo definidos, leva em

conta as características específicas do processo adverso em questão, especialmente a

sua tipologia, mecanismo, material envolvido, magnitude, velocidade, tempo de duração,

trajetória, severidade, etc.

Essa caracterização se faz, inicialmente, por meio de investigações geológico-

geotécnicas de campo, que ainda contemplam a identificação dos condicionantes naturais

e induzidos dos processos adversos, o reconhecimento de indícios de desenvolvimento

dos processos adversos, bem como de feições e evidências de instabilidades.

Mesmo reconhecendo-se as eventuais limitações, imprecisões e incertezas

inerentes à análise qualitativa de riscos, os resultados dessa atividade podem ser

decisivos para a eficácia de uma política de intervenções voltada à consolidação da

ocupação. Para tanto, é imprescindível a adoção de métodos, critérios e procedimentos

adequados, bem como a construção de detalhados modelos de comportamento dos

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processos adversos. Tais condicionantes, aliados à experiência da equipe executiva

envolvida nas atividades de identificação e análise de riscos, podem subsidiar a

elaboração de adequados programas de gerenciamento de riscos, que acabam por

reduzir substancialmente a ocorrência de acidentes geológicos, bem como tornam mínima

a dimensão de suas conseqüências.

A construção de modelos de comportamento dos processos adversos, ou seja, o

entendimento dos processos geológicos no nível e profundidade compatíveis com o

estudo que está sendo realizado assume papel determinante para o sucesso dos

resultados a serem obtidos nos mapeamentos de risco e, não menos importante, na

escolha da(s) alternativa(s) de intervenção mais adequada(s) a cada situação em

particular.

SANTOS (2002) propõe um roteiro de trabalho (Quadro 1) que visa organizar as

atividades do profissional frente a um determinado problema.

Quadro 1 - Roteiro e seqüência de atividades na Geologia de Engenharia (SANTOS, 2002).

Fases do trabalho Objetivo Principais cuidados

Circunscrição do problema

Identificação preliminar dos problemas potenciais ou ocorridos.Enquadramento geológico-geomorfológico do local.Delimitação e caracterização da área de trabalho.

Recolhimento de todos os registros bibliográficos e técnicos e de testemunhos de pessoal local.Caracterização das feições e dos processos geológico-geomorfológicos naturais locais e regionais presentes.

Análise e diagnóstico dos fenômenos

presentes

Caracterização dos parâmetros geológicos e geotécnicos necessários ao entendimento dos fenômenos envolvidos.Diagnóstico final e descrição qualitativa e quantitativa dos fenômenos implicados nas inter-relações solicitações / meio físico.

Pesquisa de situações semelhantes, especialmente na região.Identificação dos processos geológicos e geotécnicos originalmente presentes.Adoção de hipóteses fenomenológicas progressivas e esforço investigativo e observativo para sua aferição.

Formulação de soluções

Apoiar a engenharia na formulação das soluções adequadas

Zelo especial pela perfeita aderência solução / fenômeno.Busca do barateamento da solução encontrada.

A partir das considerações anteriores, fica patente a necessidade de um perfeito

entendimento dos processos adversos – no presente texto, também denominados de

“modelos de comportamento” ou “modelos teóricos” – para assegurar a eficácia e a

eficiência das atividades de identificação e análise de risco, bem como a indicação das

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alternativas de intervenção destinadas a reduzir os riscos identificados (perfeita aderência

solução-fenômeno).

3.2. Aspectos da Geologia e Geomorfologia da Área de Estudos

Suzano localiza-se próximo à borda sudeste da Bacia Sedimentar de São Paulo,

zona do Planalto Paulistano, subzona da Morraria do Embu (IPT, 1981).

A geomorfologia do município caracteriza-se pela dominância de formas de relevo

suavizadas, com altitudes entre 715 e 900 metros, organizada em sistemas de morrotes

alongados paralelos, morros baixos e morros paralelos. Cruzando uma larga faixa a

centro-norte do município está a planície aluvionar do rio Tietê, cujo principal afluente

local, o rio Taiaçupeba-Açu, está represado na porção territorial centro-leste de Suzano. O

relevo em torno da represa Taiaçupeba é marcado por colinas suaves.

No presente estudo, foram adotadas as seguintes definições para as feições

geomorfológicas registradas nas áreas estudadas (Quadro 2):

Quadro 2. Características das feições geomorfológicas presente na área de estudo.

FEIÇÃO GEOMORFOLÓGICA

CARACTERÍSTICAS

Planícies aluviaisPredomínio de baixas declividades, inferiores a 5%; o nível freático é pouco profundo.

ColinasTopografia suavizada, com predomínio de amplitudes de 40 m e declividades de até 20%.

MorrotesPredominam amplitudes de 50 m e declividades de 20%; ocorrências restritas de áreas com declividades maiores que 30%.

Morros baixos Predominam amplitudes de 100 m e declividades de 30%.

Morros altosPredominam amplitudes e declividades elevadas, de 150 m e maiores que 30%, respectivamente.

A geologia do município (CPRM,1990, apud MELLO JÚNIOR, 1998) é

caracterizada pela presença de rochas cristalinas do embasamento pré-Cambriano,

sedimentos terciários da Formação São Paulo e sedimentos quaternários depositados nas

várzeas dos rios atuais.

De acordo com o mapeamento citado (vide ANEXO 1a), dois conjuntos litológicos

do complexo Embu ocorrem na região, em contato gradacional. No primeiro conjunto

estão descritos “... muscovita-biotita-quartzo xistos com abundantes porfiroblastos de

sillimanita e cianita, localmente feldspáticos e migmatizados. Associam-se pegmatitos.”

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Distinguem-se nos afloramentos, em geral, rochas parcial ou totalmente alteradas,

com tonalidades arroxeadas e/ou avermelhadas. Em alguns afloramentos, pode-se

observar a sillimanita sericitizada, transformada em caulinita cinza azulada, semelhante a

feldspato.

No segundo conjunto, aparecem “... migmatitos resultantes da fusão parcial de

seqüências supra-crustais, com paleossoma de xistos com sillimanita, pegmatóides,

metabásicas e gnaisses graníticos, podendo achar-se cizalhados até gnaisses miloníticos

em zonas de movimentação tectônica intensificada.”

Na porção central do município, de sudoeste até próximo à represa de Taiaçupeba,

o mapa geológico indica a presença de uma intrusão granítica em contato com migmatitos

e, estes, com o mica-xisto. O Rio Taiaçupeba Mirim encontra-se encaixado ao longo

destes contatos.

Os sedimentos terciários ocorrem na paleovárzeas do rio Tietê, tendo sido

depositados em ambiente de sistema fluvial meandrante (RICCOMINI, 1989, apud

AMARANTE, 1997). As principais litologias encontradas são: arenitos finos, localmente

conglomeráticos; siltitos e argilitos maciços e siltitos finos, por vezes conglomeráticos.

Os sedimentos quaternários estão associados aos depósitos aluvionares de

várzeas e terraços baixos ao longo das várzeas atuais e aos colúvios depositados nos

sopés das vertentes.

4. ATIVIDADES EXECUTADAS E RESULTADOS OBTIDOS

4.1. Critérios, Método e Procedimentos Adotados no Mapeamento de Risco.

Entre dezembro de 2005 e início de fevereiro de 2006, foram mapeados os riscos

em todas as áreas de favelas e loteamentos precários do município de Suzano onde, na

cultura técnica dos agentes públicos, houvesse moradias sujeitas a acidentes ou, ainda,

registro de ocorrência de acidentes associados a escorregamentos de encostas,

solapamento de margens de córregos, enchente/inundação ou ação direta das águas

pluviais ou fluviais. Participaram da seleção das áreas a serem estudadas agentes

públicos da Guarda Municipal, da Comissão Municipal de Defesa Civil e das Diretorias de

Habitação, de Meio Ambiente e de Planejamento da Secretaria Municipal de Políticas

Urbanas.

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Todas as áreas indicadas pela Municipalidade foram visitadas preliminarmente

para uma avaliação expedita de suas características e a obtenção de coordenadas

geográficas por meio de GPS (Global Position System) que pudessem delimitá-las

aproximadamente e orientar posteriormente o plano de vôo para tomada de fotos oblíquas

de baixa altitude. Algumas áreas que apresentavam situações de perigos pontuais,

localizados, foram fotografadas e mapeadas já durante a vistoria realizada.

A listagem das áreas mapeadas, com sua localização e coordenadas obtidas por

meio de GPS, é apresentada no Quadro 3 e no ANEXO 1b.

Quadro 3. Relação e localização das áreas objeto do mapeamento de risco.

Nº Nome da área LocalizaçãoCoordenadas em UTM

(m)1 Jardim Maitê Estrada do Areião 368.535/7.393.6552 Chácara Ceres Rua Rafael Anunciação Fontes 368.054/7.393.216

3

a) Cidade Miguel Badra / Zona Planalto

Rua Daniel dos Santos / Rua Emília Barrada Simões

365.925/7.399.844

b) Cidade Miguel Badra / Gleba 2

Ruas Morikichi Tokumo, 154, 149, 158 (início da Rua Agnaldo Cursino) e Avenida Admílson Rodrigues Marcelino.

364.563/7.401.621

c) Cidade Miguel Badra / Zona Jaguari

Ribeirão Jaguari 366.221/7.401.409

4 Estância Tijuco Preto Rua 1 369.239/7.382.8095 Jardim Ana Rosa Centro Maria Eliza Duarte 366.229/7.393.3316 Jardim Belém Rua S 368.358/7.396.3147 Jardim Brasil Rua Antônio Inácio 366.635/7.382.3288 Jardim Carmem Rua Domingos Esquilace. 367.681/7.400.5529 Jardim das Flores Rua Valdeci Ferreira dos Reis 365.453/7.392.723

10 Jardim Europa Rua F. 367.833/7.400.19011 Jardim Fernandes Rua C. 367.048/7.401.02712 Jardim Graziela Rua C. 369.592/7.401.02513 Jardim Ikeda Rua das Acácias. 366.854/7.389.70614 Jardim Leblon Rua Kami Yoshimoto. 367.499/7.391.39515 Jardim Luela Rua 13. 368.461/7.394.31316 Jardim Margareth Rua 4. 368.657/7.399.12417 Jardim Planalto Estrada do Pau a Pique. 365.722/7.386.512

18

a) Jardim Revista I Rua Francisco Marengo. 367.738/7.400.221b) Jardim Revista II Rua Cumbica. 367.277/7.399.198c) Jardim Revista III Rua Planalto. 367.572/7.398.738

d) Jardim Revista IVEstrada do Ronda com a Rua Francisco Morengo.

367.602/7.398.438

19 Jardim São Bernardino Rua 32. 370.152/7.400.59520 Jardim São José Rua T. 369.395/7.401.25721 Jardim Buenos Aires Rua 21. 364.982/7.385.51222 Cerejeiras Três Paus. 364.204/7.384.52223 Parque Heroísmo Estrada do Koyama. 366.056/7.383.36724 Parque Palmeiras Rua Sebastião Bastos da Silva. 364.546/7.384.76125 Parque Umuarama Avenida Brasiliana. 366.860/7.389.71226 Recanto Maria de Jesus Rua Avelino Mariano Pena. 364.289/7.384.380

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Nº Nome da área LocalizaçãoCoordenadas em UTM

(m)27 Recreio Santa Maria Rua 1. 365.534/7.383.37828 Sítio dos Moraes Estrada dos Moraes. 363.291/7.382.83729 Vila Colorado Rua Stefano Derosa. 368.038/7.393.46930 Vila do Sapo Estrada Fazenda Viaduto. 364.200/7.390.50231 Vila Fátima Rua Renyasu Sujimura. 363.711/7.385.91932 Vila Helena Rua Liberdade. 366.848/7.390.38933 Vila Nova Ipelândia Rua 7. 368.989/7.384.86134 Vila Real Rua 3. 366.075/7.384.46235 Vila Rica Rua Mussi Jorge Antônio. 365.742/7.384.52936 Vila São Pedro Rua Nhonho de Lima. 363.659/7.382.69537 Vila Monte Sion Rua Dr. Prudente de Moraes. 368.573/7.395.721

Em 28 das 37 áreas selecionadas para mapeamento de risco, foram obtidas fotos

oblíquas ou subverticais, por meio de vôo de helicóptero a alturas médias entre 100 a 150

metros do solo. Cópias das fotos obtidas neste vôo foram utilizadas para a delimitação

dos setores de risco identificados durante os trabalhos de campo. Destaca-se que em 09

áreas não foi necessária a obtenção de fotos de helicóptero, dado que os riscos

observados durante as vistorias de campo se caracterizaram por serem localizados, o que

dispensa o uso das fotos citadas.

Os limites das áreas estudadas foram sempre indicados por técnicos da Prefeitura,

que acompanharam a equipe de campo da FUNEP em todas as vistorias.

Os trabalhos de campo seguiram dois procedimentos distintos: um para as áreas

sujeitas a enchentes e inundações, e outro para os assentamentos de encostas e

margens de córregos, conforme descrito a seguir.

a) nas áreas indicadas pela PMS como sujeitas a enchentes e inundações, foram

realizadas entrevistas expeditas com os moradores sobre a ocorrência de inundações,

sua freqüência, suas causas e como elas afetaram a sua residência e as dos vizinhos. As

respostas obtidas orientaram o encaminhamento posterior da pesquisa, à medida que

demonstravam coerência entre si (várias pessoas indicando freqüência de ocorrência e o

grau de impacto na vizinhança não contraditórios). Quando foram coletadas informações

de que a enchente/inundação penetrava em uma ou mais moradias, a equipe de campo

buscou, dentro e fora das edificações, evidências da ocorrência (manchas em parede,

disposição dos bens móveis dentro da casa, existência de hortas ou jardins na área

relatada como atingida pelas águas). Em algumas vistorias, foi possível observar

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Page 13: Relatório Final

Elaboração de Plano de Redução de Riscos no Município de Suzano (SP)

diretamente a ocorrência de enchentes/inundações e suas conseqüências (como por

exemplo, no Jardim Europa - Área 10 e Jardim Margareth - Área 16). Em algumas

situações de ocupação de planícies aluvionares (caso das áreas Badra Gleba 2 – Área

3b; Badra Jaguari – Área 3c; e Jardim Fernandes – Área 11) pôde-se constatar a grande

contribuição da elevação do nível freático no alagamento das ruas e residências. Outros

casos indicaram inundações ocasionais, como por exemplo, na Vila São Pedro – Área 36,

com moradias afetadas pela enchente do córrego no final de dezembro de 2005,

resultante de um entupimento acidental da tubulação de drenagem. Segundo vários

moradores, a última enchente/inundação havia ocorrido há doze anos.

Nas áreas que não foram cobertas pelo sobrevôo de helicóptero, os setores foram

delimitados nas ortofotos aéreas da BASE, do ano 2000, ou se tratavam de situações de

perigo localizado em uma moradia, situação que foi atendida por fotografias de campo.

O Quadro 4 apresenta o critérios utilizados para definição do grau de probabilidade

de enchentes/inundações nas áreas de risco mapeadas.

Quadro 4. Graus de risco de inundação adotados.

GRAU DE RISCO CRITÉRIO

R0 Risco baixo a inexistente (inundação não atinge a moradia).

R1 Risco de inundação ocasional, geralmente resultante de causas acidentais.

R2 Risco de inundação freqüente, atingindo as moradias em menos de 0,5 m.

R3 Risco de inundação freqüente, atingindo as moradias em mais de 0,5 m.

b) nos assentamentos de encostas e margens de córregos onde foram analisadas as

situações potenciais de escorregamentos e solapamentos, foram adotados os seguintes

procedimentos:

- vistorias em cada área, por meio de investigações geológico-geotécnicas de

superfície, visando identificar condicionantes dos processos de instabilização, evidências

de instabilidade e indícios do desenvolvimento de processos destrutivos (vide Quadro 5);

- registro em fichas de campo das características de cada assentamento estudado

e dos resultados das investigações geológico-geotécnicas (vide Quadro 6 e Figuras 1 e

2).

- delimitação dos setores de risco, representando-os nas cópias das fotografias de

helicóptero, ortofotos ou fotos de campo, conforme descrito anteriormente. Um setor de

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Page 14: Relatório Final

Elaboração de Plano de Redução de Riscos no Município de Suzano (SP)

risco indica um espaço definido dentro do assentamento, espaço este sujeito a sofrer um

determinado processo destrutivo, cujas evidências ou indicadores predisponentes foram

identificados em campo. Nas fotos utilizadas, as áreas vistoriadas foram delimitadas por

traço azul, enquanto os setores de risco identificados foram delimitados por traço

vermelho. Para registrar indicadores de risco observado no campo e que não estão

visíveis nas fotos aéreas ou de helicóptero, foram feitas fotografias de detalhe, obtidas

durante os trabalhos de campo.

Quadro 5. Check-list com condicionantes dos processos de instabilização, evidências de instabilidade e indícios do desenvolvimento de processos destrutivos a serem observados no campo.

CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL

Talude natural/ corteAltura do talude Aterro compactado/lançadoDistância da moradiaDeclividadeEstruturas em solo/rocha desfavoráveis Presença de blocos de rocha/matacões/ paredões rochososPresença de lixo/entulhoAterro em anfiteatroOcupação de cabeceira de drenagem

EVIDÊNCIAS DE MOVIMENTAÇÃOTrincas moradia/aterroInclinação de árvores/postes/murosDegraus de abatimentoCicatrizes de escorregamentosFeições erosivasMuros/paredes “embarrigados”ÁGUAConcentração de água de chuva em superfícieLançamento de água servida em superfíciePresença de fossas/rede de esgoto/rede de águaSurgências d’águaVazamentos

VEGETAÇÃO NO TALUDE OU PROXIMIDADESPresença de árvores Vegetação rasteiraÁrea desmatadaÁrea de cultivo

MARGENS DE CÓRREGOTipo de canal (natural/sinuoso/retificado)Distância da margemAltura do talude marginalAltura de cheiasTrincas na superfície do terreno

Quadro 6. Tipologias de ocupação utilizadas como referência para o preenchimento das fichas de campo.

CATEGORIA DE OCUPAÇÃO CARACTERÍSTICASÁrea consolidada Áreas densamente ocupadas, com infra-estrutura básica.

Área parcialmente consolidadaÁreas em processo de ocupação, adjacentes a áreas de ocupação consolidada. Densidade da ocupação variando de 30% a 90%. Razoável infra-estrutura básica.

Área parceladaÁreas de expansão, periféricas e distantes de núcleo urbanizado. Baixa densidade de ocupação (até 30%). Desprovidas de infra-estrutura básica.

Área mistaNesses casos, caracterizar a área quanto à densidade de ocupação e quanto à implantação de infra-estrutura básica.

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Elaboração de Plano de Redução de Riscos no Município de Suzano (SP)

- atribuição, para cada setor, de um grau de probabilidade de ocorrência de

processo de instabilização (escorregamento de encostas e solapamento de margens de

córregos), considerando o período de 1 ano, com base nos critérios descritos no Quadro

7.

- estimativa das conseqüências potenciais do processo de instabilização, por meio

da avaliação das possíveis formas de desenvolvimento do processo destrutivo atuante

(por ex., volumes mobilizados, trajetórias dos detritos, áreas de alcance, etc.), e do

número de moradias ameaçadas, em cada setor de risco;

FICHA GERAL DE CAMPO

Local: Área:

Equipe: Data:

Localização:

GPS:

Foto Aérea:

Fotos de Helicóptero:

Caracterização da Ocupação (padrão, tipologia das edificações, infra-estrutura):

Caracterização Geológica:

Caracterização Geomorfológica:

Setor nºGrau de

probabilidadeNº de moradias

ameaçadasAlternativa de intervenção

Figura 1. Ficha Geral de Campo.

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Elaboração de Plano de Redução de Riscos no Município de Suzano (SP)

FICHA DO SETOR

Encosta

Margem de Córrego

Local: Área nº: Setor:

Equipe: Data:

Referência:

Fotos:

Diagnóstico do setor (condicionantes e indicadores do processo de instabilização):

Descrição do Processo de Instabilização: (escorregamento de solo / rocha / aterro; naturais / induzidos; materiais mobilizados; solapamento; ação direta da água, etc):

Observações (incluindo descrição de fotos obtidas no local):

Grau de Probabilidade:

Indicação de intervenção:

Quantitativos para a intervenção sugerida:

Estimativa de n° de edificações no setor:

Figura 2. Ficha do Setor.

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Quadro 7. Critérios para definição do grau de probabilidade de ocorrência de processos de instabilização do tipo escorregamentos em encostas ocupadas e solapamento de margens de córregos.

Grau de probabilidade

Descrição

R1Baixo a

Inexistente

Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes (declividade, tipo de terreno, etc.) e o nível de intervenção no setor são de baixa potencialidade para o desenvolvimento de processos de escorregamentos e solapamentos.Não há indícios de desenvolvimento de processos de instabilização de encostas e de margens de drenagens.É a condição menos crítica.Mantidas as condições existentes, não se espera a ocorrência de eventos destrutivos no período de um ciclo chuvoso.

R2Médio

Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes (declividade, tipo de terreno, etc.) e o nível de intervenção no setor são de baixa potencialidade para o desenvolvimento de processos de escorregamentos e solapamentos.Observa-se a presença de alguma(s) evidência(s) de instabilidade (encostas e margens de drenagens), porém incipiente(s).Mantidas as condições existentes, é reduzida a possibilidade de ocorrência de eventos destrutivos durante episódios de chuvas intensas e prolongadas, no período de um ciclo chuvoso.

R3Alto

Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes (declividade, tipo de terreno, etc.) e o nível de intervenção no setor são de alta potencialidade para o desenvolvimento de processos de escorregamentos e solapamentos.Observa-se a presença de significativa(s) evidência(s) de instabilidade (trincas no solo, degraus de abatimento em taludes, etc.).Mantidas as condições existentes, é perfeitamente possível a ocorrência de eventos destrutivos durante episódios de chuvas intensas e prolongadas, no período de um ciclo chuvoso.

R4Muito Alto

Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes (declividade, tipo de terreno, etc.) e o nível de intervenção no setor são de alta potencialidade para o desenvolvimento de processos de escorregamentos e solapamentos.As evidências de instabilidade (trincas no solo, degraus de abatimento em taludes, trincas em moradias ou em muros de contenção, árvores ou postes inclinados, cicatrizes de escorregamento, feições erosivas, proximidade da moradia em relação ao córrego, etc.) são expressivas e estão presentes em grande número e/ou magnitude.É a condição mais crítica. Mantidas as condições existentes, é muito provável a ocorrência de eventos destrutivos durante episódios de chuvas intensas e prolongadas, no período de um ciclo chuvoso.

- indicação da(s) alternativa(s) de intervenção adequada(s) para cada setor de

risco, tendo por referência as tipologias apresentadas no Quadro 8.

- estimativa de quantitativos (extensões, áreas e/ou volumes), levantados

diretamente em campo ou graficamente, através da escala fotográfica, para posterior

estimativa de custos das intervenções sugeridas para cada setor de risco alto e muito alto.

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Elaboração de Plano de Redução de Riscos no Município de Suzano (SP)

Quadro 8. Tipologia de intervenções voltadas à redução de riscos associados a escorregamentos em encostas ocupadas e a solapamentos de margens de córregos.

TIPO DE INTERVENÇÃO DESCRIÇÃO

SERVIÇOS DE LIMPEZA E RECUPERAÇÃO

Serviços de limpeza de entulho, lixo, etc. Remoção de bananeiras. Recuperação e/ou limpeza de sistemas de drenagem, esgotos e acessos. Também incluem obras de limpeza de canais de drenagem. Correspondem a serviços manuais e/ou utilizando maquinário de pequeno porte.

OBRAS DE DRENAGEM E PROTEÇÃO

SUPERFICIAL

Implantação de sistema de drenagem superficial (canaletas, rápidos, caixas de transição, escadas d´água, etc.). Implantação de proteção superficial vegetal (gramíneas) ou biomanta em taludes com solo exposto. Implantação de proteção superficial por meio de “argamassa chapada”. Eventual execução de acessos para pedestres, como por ex. calçadas, escadarias, lajes de concreto, integrados ao sistema de drenagem. Proteção vegetal de margens de canais de drenagem. Predomínio de serviços manuais e/ou com maquinário de pequeno porte.

RETALUDAMENTO

Alteração da geometria do terreno por meio da execução de cortes e/ou aterros localizados, visando a obtenção de taludes com ângulos de inclinação menores. Predomínio de serviços manuais e/ou com maquinário de pequeno porte.

DESMONTE DE BLOCOS E MATACÕES

Desmonte de blocos rochosos e matacões, por meio de serviços manuais, eventualmente com o uso de explosivo.

OBRAS DE DRENAGEM DE SUBSUPERFÍCIE

Execução de sistema de drenagem de subsuperfície (trincheiras drenantes, DHP, poços de rebaixamento, etc.). Correspondem a serviços parcial ou totalmente mecanizados.

ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO DE

PEQUENO PORTE (hmax ≤ 3 m)

Implantação de estruturas de contenção (localizadas ou não), como muros a flexão (em concreto ou alvenaria estrutural), muros de gravidade, como gabiões, “bolsacreto”, muro de solo cimento ensacado (“rip-rap”), muros sobre estacas escavadas. Correspondem a serviços manuais ou parcialmente mecanizados.

ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO DE MÉDIO

A GRANDE PORTE(hmax > 3 m)

Implantação de estruturas de contenção (localizadas ou não), envolvendo muros em concreto a flexão, muros de gravidade (gabiões), chumbadores, solo grampeado, microestacas e cortinas atirantadas. Poderão envolver serviços complementares de terraplenagem. Predomínio de serviços mecanizados.

OBRAS LINEARES DE PROTEÇÃO DE

MARGENS DE CANAIS

Obras lineares de proteção de margens de canais, por meio de obras de gravidade (gabiões, muros de concreto, massa, etc.) ou pré-moldados em concreto armado. Correspondem a serviços parcial ou totalmente mecanizados.

REMOÇÃO DE MORADIAS

As remoções podem ser definitivas ou preventivas e temporárias, por exemplo, para implantação de uma obra.

4.2. Resultados do Mapeamento de Risco e Indicação de Alternativas de

Intervenções Estruturais

Nas 37 áreas selecionadas para o mapeamento de risco foram delimitados 90

setores de risco, sendo os seguintes os principais resultados:

51 setores sujeitos a processos de escorregamentos, com 46 setores

apresentando somente processos de escorregamentos, 04 escorregamentos

combinados com erosão e 01 escorregamento e inundação;

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22 setores sujeitos a enchente/inundação, com 13 setores sujeitos somente a

enchente inundação, 06 com inundação associada a alagamentos e 02 com

solapamento;

09 setores sujeitos a erosão, com 05 setores sujeitos somente a erosão e outros 04

combinada com escorregamento;

05 setores apresentam-se sujeitos somente a processos de solapamento; e

em 04 setores não foram observadas feições indicativas de desenvolvimento de

processos adversos à época dos trabalhos de campo.

Conforme descrito, os setores de risco indicam uma determinada zona dentro do

assentamento, sujeita a sofrer um determinado processo destrutivo, cujas evidências ou

indicadores predisponentes foram identificados em campo.

Para as áreas de encosta estudadas, predominam quase absolutamente riscos

associados a processos de escorregamentos de solo em taludes de corte, demonstrando

a decisiva influência das características da ocupação na geração do risco.

A cada setor foi atribuído um grau de risco, relativo à probabilidade de ocorrência

do processo destrutivo identificado, de acordo com os critérios específicos, descritos

adiante.

Em relação à ocorrência de escorregamentos e solapamentos, do total de 90

setores delimitados, 27 apresentam probabilidade ALTA (18 setores) ou MUITO ALTA (09

setores), com 22 setores com grau de probabilidade MÉDIO, 16 grau Baixo ou

INEXISTENTE e 03 setores Sem Risco.

Quanto ao grau de probabilidade de ocorrência de enchentes/inundações, 04

setores apresentaram grau MUITO ALTO, 06 setores grau ALTO, 05 setores grau MÉDIO

e 08 setores graus Baixo ou Inexistente.

Foi estimado um total aproximado de 1045 moradias ameaçadas nos setores

estudados, sendo que 59 foram indicadas para remoção, 02 precisam ser removidas para

implantação de obras de engenharia e outras 81 moradias dependem de decisão do

Poder Público, já que foram propostas remoções ou implantação de medidas estruturais.

Os casos mais críticos de remoção foram comunicados diretamente, por meio de

ofício, à Prefeitura de Suzano para ação imediata. Entretanto, para as demais sugestões

de remoção, considera-se que não devam ocorrer pontualmente, mas devem ser

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Page 20: Relatório Final

Elaboração de Plano de Redução de Riscos no Município de Suzano (SP)

decididas quando forem executadas intervenções globais na área. Remoções isoladas

quase sempre resultam em reocupação, sem eliminação ou redução do risco.

Quanto às intervenções indicadas para a prevenção de acidentes e controle do

risco é importante destacar que foi procurada a aderência entre a função da intervenção e

as características dos processos adversos observados. Assim, para cada setor foi

proposta uma tipologia de intervenção específica. Por outro lado, além da necessidade de

implantação da intervenção específica, pôde-se constatar que, em função das

características do risco tipicamente sócio-ambiental, também é recomendado, par todos

os setores, a implantação de obras de drenagem superficial, destinadas a coletar e

disciplinar o escoamento das águas pluviais e servidas.

Também foram propostas ações de monitoramento da situação para o Setor 1 –

Área 1 – Jd Maitê; Setor 1 - Área 11 - Jd Fernandes; Setor 1 - Área 15 Jd Luela; Setor 1 -

Área 18a - Jd Revista I; Setor 2 - Área 18b – Jd Revista II e Setor 3 – Área 21 – Jd

Buenos Aires.

No ANEXO 2 é apresentado um quadro-síntese reunindo os principais resultados

do mapeamento de risco em cada setor identificado.

4.3. Estimativa de Custo das Intervenções Estruturais para Redução de Riscos

Para cada setor de risco identificado com grau de probabilidade alto ou muito alto

foram sugeridas intervenções estruturais para redução de riscos e indicados quantitativos

para estas intervenções. Com base nessas informações, foi elaborada uma estimativa de

custos das intervenções estruturais recomendadas para todos os setores com grau de

probabilidade alto e muito alto. Trata-se de uma estimativa específica para as

intervenções estruturais voltadas à estabilidade de taludes e ao controle da erosão hídrica

do solo. Não foram feitas recomendações específicas para as áreas sujeitas a inundação.

Medidas estruturais e não-estruturais voltadas aos processos de enchentes/inundações

são descritas no ANEXO 3.

Foram adotadas como referências a tipologia de obras apresentada no Quadro 8 e

as tabelas de preços unitários da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (URBEL),

do mês de maio de 2005, da Secretaria de Infra Estrutura Urbana da Prefeitura de São

Paulo, do mês de julho de 2005 e a Tabela de Custos Sintética - PINI - São Paulo, de

novembro de 2005.

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Elaboração de Plano de Redução de Riscos no Município de Suzano (SP)

A planilha apresentada no Quadro 9 engloba os principais itens que compõem as

estimativas de custos para as intervenções propostas.

Quadro 9. Planilha de custos composta pelos principais itens que compõem as estimativas de custos para as intervenções propostas.

PLANILHA DE CUSTOS - PMRRITEM DESCRIÇÃO UN QTE PR. UNIT (R$)

1 ESCAVAÇÃO MANUAL m3 1 19,002 CARGA E REMOÇÃO m3 1 5,003 REMOÇÃO (1Km a 17Km) m3 1 14,004 ESPALHAMENTO E REMOÇÃO - BOTA-FORA m3 1 2,005 ESCAVAÇÃO MECÂNICA m3 1 10,006 COMPACTAÇÃO m3 1 14,007 ESCAVAÇÃO MANUAL CÓRREGO m3 1 31,00

8MURETA EM BLOCO DE CONCRETO CHEIO E = 15cm, H = 60cm – FUNDAÇÃO ESTACA BROCA Ø 0,20m e CINTA 0,20 X 0,30m

m 1 91,25

9 ESCADA DE CONCRETO ARMADO 15 MPA APOIADA NO SOLO m2 1 82,6910 ESCADA DE ACESSO EM BLOCO CONCRETO CHEIO E = 0,20m m2 1 61,2311 PISO DE CONCRETO COM TELA SOLDADA m2 1 24,3312 PASSEIO DE CONCRETO PADRÃO SUDECAP C-PIGMENTO m2 1 17,05

13PROTEÇÃO DE ENCOSTA COM TELA GRAMEADA E ARGAMASSADA

m2 1 40,00

14MURO EM BLOCO DE CONCRETO SOBRE ESTACA BROCA H = 1,0m

m 1 240,0

15 MURO EM BLOCO DE CONCRETO SOBRE TUBULÕES H = 1,4m m 1 355,0016 MURO EM BLOCO DE CONCRETO SOBRE TUBULÕES H = 1,6m m 1 410,0017 MURO EM BLOCO DE CONCRETO SOBRE TUBULÕES H = 1,8m m 1 480,0018 MURO EM BLOCO DE CONCRETO SOBRE TUBULÕES H = 2,0m m 1 525,0019 MURO EM BLOCO DE CONCRETO SOBRE TUBULÕES H = 2,2m m 1 595,0020 MURO EM BLOCO DE CONCRETO SOBRE TUBULÕES H = 2,4m m 1 650,0021 MURO EM BLOCO DE CONCRETO SOBRE TUBULÕES H = 2,6m m 1 770,0022 MURO EM BLOCO DE CONCRETO SOBRE TUBULÕES H = 2,8m m 1 860,0023 MURO EM BLOCO DE CONCRETO SOBRE TUBULÕES H = 3,0m m 1 970,0024 MURO EM BLOCO DE CONCRETO SOBRE TUBULÕES H > 3,0m m 1 1.500,0025 SOLO GRAMPEADO m2 1 1.100,0026 ESGOTO LINEAR m 1 11,0027 ESGOTO ÁREA m2 1 3,0028 CANALETA PRÉ-MOLDADA (MEIA CANA) m 1 22,0029 LAJE (Máx 5,0m X 10,0m) - 1 2.000,0030 GRAMA EM PLACA m2 1 5,0031 GABIÃO MANTA (0,23m) m3 1 202,0032 GABIÃO CAIXA (1,0m X 1,0m) m2 1 150,0033 CANAL H = 2,0m m 1 1.700,0034 CANAL H = 3,0m m 1 3.100,0035 MURO GABIÃO H = 2,0m (sem proteção superficial) m 1 800,0036 MURO GABIÃO H = 2,0m (com proteção superficial) m 1 900,0037 MURO GABIÃO H = 3,0m (sem proteção superficial) m 1 1.700,0038 MURO GABIÃO H = 3,0m (com proteção superficial) m 1 1.800,0039 MURO GABIÃO H = 4,0m (sem proteção superficial) m 1 2.700,0040 MURO GABIÃO H = 4,0m (com proteção superficial) m 1 2.800,0041 ESCADA D`AGUA (até 15,0m) - 1 2.000,0042 SERVIÇÕS DE LIMPEZA m3 1 52,00

43CONCRETO PROJETADO E = 0,06 + TELA (10,0m X 10,0m – Q138 – PESO 2,2Kg/m2) + VERGALHÕES

m2 1 90,00

44 Bolsacreto com concreto 7,5 Mpa com manta geotextil m3 1 230,00Obs1: em “canal” considera-se a composição de preços para: gabião caixa e colchão, areia, bidin, escavação e aterro.Obs2: em “esgoto” considera-se a composição de preços para: PVC (4´´), escavação por metro linear e aterro.

Na totalização dos orçamentos individualizados foram incluídos serviços

complementares (10%), BDI (23%) e projeto (3%) básico ou executivo.

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Page 22: Relatório Final

Elaboração de Plano de Redução de Riscos no Município de Suzano (SP)

As remoções sugeridas foram estimadas em R$20.000,00 por moradia envolvida.

É necessário ressalvar que estes valores referem-se a uma estimativa geral de

custos, com o intuito de nortear ações futuras nos setores de grau de probabilidade alto e

muito alto. Apenas após a execução de projetos será possível estabelecer o valor exato

das obras ou serviços.

O custo total estimado das intervenções sugeridas é de R$ 4.588.385,00, sendo

que cerca de R$ 1.748.385,00 referem-se às obras de engenharia indicadas (vide ANEXO

2) e R$ 2.840.000,00 constituem a estimativa de custos para a remoção de 142 moradias.

Note-se que, para 81 das 142 moradias indicadas para remoção, há como alternativa a

implantação de obras de engenharia que totalizam R$ 668.861,00. O custo estimado de

81 moradias é de R$ 1.620.000,00.

A opção por implantação da obra ou remoção das 81 moradias citadas deve ser

realizada caso a caso.

4.4. Levantamento e Análise da Legislação Urbanística

No contexto dos assentamentos precários com áreas de risco, o Plano Municipal

de Redução de Riscos deve ser considerado uma diretriz importante tanto para a

implementação das políticas públicas de desenvolvimento urbano, como para a política

habitacional do município.

O município de Suzano tem, como único instrumento de ordenamento e regulação

do território, a Lei Complementar nº 025/19961, que dispõe sobre o zoneamento

municipal.

Com relação à localização das áreas de risco no zoneamento municipal, estima-se

que a maioria das áreas (aproximadamente 85%), encontra-se localizada na Z.03 - Zona

de Média para Alta Densidade Demográfica e na Z.09 - Zona de Baixa Densidade

Demográfica, dentro da área de Proteção a Mananciais. O restante das áreas (cerca de

15% do total), distribui-se principalmente entre as Z.04 - Zona de Média Densidade

Demográfica, Z.05 - Zona de Média para Baixa Densidade Demográfica, Z.08 - Zona de

Expansão Urbana, de Baixíssima Densidade Demográfica, Z.10 - Zona Rural dentro da

área de Proteção a Mananciais, e ZDD - Zona de Uso Diversificado.

1Lei Complementar nº 025/1996. Dispõe sobre a divisão do território do Município em Zonas de Uso; regula o parcelamento e a ocupação do solo; dispõe sobre os imóveis e as edificações em geral, e dá outras providências. (Em vigor)

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Page 23: Relatório Final

Elaboração de Plano de Redução de Riscos no Município de Suzano (SP)

As áreas situadas nas zonas Z.09 e Z.10 também estão submetidas à Lei Estadual

Nº 9866/972 e, portanto, às restrições especificas para a aplicação de dispositivos

normativos de proteção, recuperação e preservação dos mananciais e para a

implementação de políticas públicas, a partir das restrições especificas das Áreas de

Intervenção: I - Áreas de Restrição à Ocupação; II - Áreas de Ocupação Dirigida; e III -

Áreas de Recuperação Ambiental (vide mapas apresentados no ANEXO 4).

O município conta, ainda, com o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado - Lei

Complementar N° 145/20043, ainda não aplicado. Neste momento, o município inicia o

processo de revisão do Plano Diretor. Portanto, a espacialização das áreas de risco nas

zonas propostas pelo referido Plano Diretor poderá subsidiar tanto as reuniões do

processo de revisão do Plano como as decisões técnicas, no que diz especificamente às

áreas de risco4.

Com relação ao Macrozoneamento (vide ANEXO 4, página 1), as áreas de risco

estudadas encontram-se majoritariamente na Macrozona de Preservação Ambiental e

Ocupação Restrita5, na Macrozona Urbana em Consolidação, na Macrozona Urbana

Consolidada e na Macrozona Urbana de Ocupação Controlada.

Nas Zonas Especiais de Desenvolvimento Rural (vide ANEXO 4, página 2), Zonas

de Especial Interesse Ambiental (vide ANEXO 4, página 3) e Zonas de Especial Interesse

Industrial (vide ANEXO 4, página 4), a presença de áreas de risco é pouco expressiva.

As ZEIS - Zonas de Especial Interesse Social – ainda não foram regulamentadas

no município. No Plano Diretor, apenas as ZEIS 26 foram delimitadas (vide ANEXO 4,

página 5). Pode-se notar que esta delimitação não atenta especificamente para os limites

das áreas de risco estudadas; algumas não estão inseridas nas áreas delimitadas de

ZEIS 2, outras tangenciam seus limites ou mesmo encontram-se parcialmente inseridas.

Entretanto, é significativo o número de áreas de risco com características de ZEIS 3 7,

2Lei Estadual Nº 9866/97. Dispõe sobre diretrizes e normas para a proteção e recuperação das bacias hidrográficas dos mananciais de

interesse regional do Estado de São Paulo e dá outras providências. 3Lei Complementar N° 145/2004. Institui o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado do Município de Suzano e dá outras providências. (Este Plano Diretor não foi aplicado e encontra-se em revisão)4A espacialização das áreas de risco sobre o Plano Diretor foi feita por meio da sobreposição dos pontos de GPS sobre imagens disponíveis do Plano Diretor, fornecidas pela prefeitura. Isto quer dizer, que as resultados desta analise não apresentam precisão cartográfica, mas apresentam uma espacialização relativa do problema. 5 A Macrozona de Preservação Ambiental e Ocupação Restrita compreendem as áreas legalmente protegidas por legislação estadual - Área de Proteção de Mananciais. Leis n° 898/75, 1172/76 e Lei Complementar N° 145/2004.6Zona de Especial Interesse Social 2 (ZEIS 2) - caracterizadas por áreas ocupadas irregularmente por habitações informais e população de baixa renda, destinadas prioritariamente à urbanização e reurbanização e passíveis de regularização fundiária7Zona de Especial Interesse Social 3 (ZEIS 3)- caracterizadas por áreas ocupadas irregularmente, por habitações informais e de população de baixa renda, localizadas em Área de Proteção de Mananciais, destinadas à urbanização, reurbanização e regularização fundiária no que couber, obedecendo a legislação estadual especifica da Área de Proteção e Recuperação de Mananciais (APRM).

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Page 24: Relatório Final

Elaboração de Plano de Redução de Riscos no Município de Suzano (SP)

predominantemente na porção sul do município, na Macrozona de Preservação Ambiental

e Ocupação Restrita, que devem ter um tratamento específico por situarem-se em Área

de Proteção de Mananciais (APM), conforme legislação estadual.

4.5. Critérios para priorização das intervenções

Visando o estabelecimento de uma ordem de prioridade entre as áreas e setores a

serem atendidas por intervenções estruturais de redução de risco, foram adotados os

critérios descritos a seguir. Destaca-se que as áreas sujeitas a inundações e alagamentos

não foram objeto da citada priorização, dado que o presente estudo não apresentou

sugestões de intervenção específicas para estas áreas.

1. O grau de risco (probabilidade de ocorrência de processos destrutivos);

Setores de risco muito alto (R4) > alto (R3) > médio (R2) > baixo (R1);

2. O porte do setor (número de moradias beneficiadas diretamente com a intervenção

proposta);

Setor de grande porte (>50 moradias em risco);

Setor de médio porte (entre 10 e 50 moradias);

Setor de pequeno porte (menos que 10 moradias em risco).

3. A relação custo/moradia da intervenção estrutural;

Com prioridade para as situações q apresentaram menor relação.

4. A inclusão da área ou setor em programas municipais de urbanização, regularização

fundiária ou saneamento.

Com prioridade para as situações envolvidas nos programas citados, desde que

não seja registrada inversão de prioridade definida pela aplicação dos demais critérios.

O Quadro 10 apresenta os indicadores utilizados para a priorização das áreas de

risco mapeadas no que se refere à implantação das intervenções sugeridas.

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Elaboração de Plano de Redução de Riscos no Município de Suzano (SP)

Quadro 10. Indicadores para aplicação de critérios de prioridade.

NOME DA ÁREA

EN

CO

ST

A

MA

RG

EM

SetorGrau de

risco

Nº de moradias diretamente

afetadas

Estimativa de custo (R$)

Relação custo / moradia atendida

1. JARDIM MAITÊ X 1 R1 ~80 Não estimado2. CHÁCARA CERES X 1 R3 08 Não estimado

3. CIDADE MIGUEL BADRA

3a. Cidade Miguel Badra

/ Zona Planalto

X 1 R1 282.200,00

78,50

X 2 R1 194.488,00160,00

X 3 R3 01 14.121,60

X 4 R2 033.380,00 + 40.000,00

14.460X 5 R1 31 Não estimado

3b. Cidade Miguel Badra

/ Gleba 2

X 6 R4 0360.000,0020.000,00

X 7 R3 027.100,003550,00

X 8 R4 01 Não estimado

X 9 R3 0211.505,00

5.752,5

X 10 R2 ~50896,0018,00

3c. Cidade Miguel Badra

/ Zona Jaguari

X 11 R2 0211.040,005.520,00

X 12 R2 054.000,00800,00

X 1 R2 11 Não estimadoX 2 R3 02 Não estimadoX 1 R0 0 Não estimado

4. ESTÂNCIA TIJUCO PRETO

X 1 R1 01 Não estimado

5. JD. ANA ROSA CENTROX 1 R4 04

1.000,00 + 80.000,0020.250,00

X 2 R2 02660,00330,00

6. JD. BELÉM

X 1 R1 0 Não estimado

X 2 R2 263.300,00127,00

X 3 R0 ~24 Não estimado

7. JARDIM BRASILX 1 R2 01 2.412,00

X 2 R4 0110.603,00 ou

20.000,00

8. JARDIM CARMEM X 1

R0: inundação

R1: solapamento

12 Não estimado

9. JARDIM DAS FLORES

X 1 R2 0741.920,005.988,00

X 2 R4 17340.000,0020.000,00

X 3 R2 024.800,002.400,00

10. JARDIM EUROPA X 1 R3 06 Não estimado

11. JARDIM FERNANDESX 1 R2 01 Não estimadoX 2 R2 ~25 Não estimado

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Elaboração de Plano de Redução de Riscos no Município de Suzano (SP)

NOME DA ÁREA

EN

CO

ST

A

MA

RG

EM

SetorGrau de

risco

Nº de moradias diretamente

afetadas

Estimativa de custo (R$)

Relação custo / moradia atendida

12. JARDIM GRAZIELA

X 1 R2 01186.582,00

9951,04

X 2 R2 113.256,00 + 220.000,0020.296,00

13. JARDIM IKEDAX 1 R3 02

3.100,001.600,00

X 2 R1 25 Não estimado14. JARDIM LEBLON X 1 Sem risco 0 Não estimado15. JARDIM LUELA X 1 R1 ~60 Não estimado

16. JARDIM MARGARETHX 1 R1 ~32 Não estimado

X 2 R2 06 Não estimado

17. JARDIM PLANALTOX 1 R0 13 Não estimadoX 2 R1 04 Não estimadoX 3 R2 04 Não estimado

18. JARDIM

REVISTA

18a. Revista I

X 1 R3 0115.000,00

18b. Revista II

X 1 R4 0429.871,009957,00

X 2 R3 0715.000,002.143,00

18c. Revista III

X 1 R3 0324.554,008.185,00

18d. Revista IV

X 1 R3 101.430,00143,00

19. JARDIM SÃO BERNARDINO

X 1 R1 11 Não estimado

20. JARDIM SÃO JOSÉ X 1 R1 1362.530,004810,00

21. PARQUE BUENOS AIRES

X 1 R2 082.200,00275,00

X 2 R3 ~15361.604,0024.107,00

X 3 R2 12 Não estimado

22. PARQUE CEREJEIRAS

X 1 R1 ~25 Não estimadoX 2 Sem risco 0 Não estimado

X 3 R4 ~12240.000,0020.000,00

23. PARQUE HEROÍSMO X 1 Sem risco 0 Não estimado

24. PARQUE PALMEIRASX 1 R1 10 Não estimadoX 2 R3 01 Não estimado

25. PARQUE UMUARAMA X 1 R2 01 Não estimado26. RECANTO MARIA DE

JESUSX 1 R0 13 Não estimado

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Elaboração de Plano de Redução de Riscos no Município de Suzano (SP)

NOME DA ÁREA

EN

CO

ST

A

MA

RG

EM

SetorGrau de

risco

Nº de moradias diretamente

afetadas

Estimativa de custo (R$)

Relação custo / moradia atendida

27. RECREIO SANTA MARIA

X 1 R2 0837.260,00 (para

todos os setores)828,00

X 2 R3 1528.000,001.867,00

X 3 R1 12 Não estimadoX 4 R2 10 Não estimado

X 5 R1 ~30 Não estimado

28. SÍTIO DOS MORAESX 1 R4 10

24.000,002.400,00

X 2 R3 01 20.260,00

29. VILA COLORADO X 1

R1: solapamento

R0: inundação

~42 Não estimado

30. VILA DO SAPO X 1 R2 03 6.000,00

31. VILA FÁTIMA

X 1 R3 0747.200,006.743,00

X 2 R3 1176.780,006.980,00

X 3 R2 044.000,001.000,00

X 4 R1 ~102.200,00220,00

X 5 R2 02 Não estimadoX 6 R0 11 Não estimado

32. VILA HELENAX 1 R0 01 Não estimadoX 2 R2 01 Não estimado

33. VILA NOVA IPELÂNDIA

X X 1 R1 01 Não estimado

34. VILA REAL

X 1 R3 1176.000,006.909,00

X 2 R2 13 Não estimadoX 3 R4 01 20.000,00

X 4 R2 041.040,00260,00

X 5 R3 01 10.012,00X 6 R3 01 9.000,00

35. VILA RICAX 1 R2 05

5.500,001.100,00

X 2 R3 1531.400,002.093,00

36. VILA SÃO PEDRO X 1 R1 12 Não estimado

37. VILA MONTE SIONX 1 R3 44

880.000,0020.000,00

X 2 R1 ~62 Não estimado

Apresenta-se no Quadro 11 uma escala de prioridades entre os setores de riscos

alto e muito alto (R3 e R4) mapeados, adotando os três primeiros critérios e que deve

servir como referência para as ações de redução de riscos.

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Page 28: Relatório Final

Elaboração de Plano de Redução de Riscos no Município de Suzano (SP)

5. O PLANO MUNICIPAL DE REDUÇÃO DE RISCOS DE SUZANO

Para a elaboração de um plano estratégico de redução de riscos é indispensável a

análise do ambiente urbano , mas também a compreensão de como se dá a gestão do

ambiente urbano e, mais particularmente, das políticas públicas voltadas para as áreas de

assentamento precário, a porção informal, vulnerável e, freqüentemente, degradada da

cidade.

Quadro 11. Proposta de ordem de prioridade para a execução de intervenções estruturais

para redução de riscos.

Ordem de prioridade

Número e nome da área Setor

1

9. Jardim das Flores 222. PARQUE CEREJEIRAS 328. SÍTIO DOS MORAES A1 15. ANA ROSA CENTRO 13A.BADRA PLANALTO 63A. BADRA PLANALTO 818B. JARDIM REVISTA 17. JARDIM BRASIL 234. VILA REAL 3

2 37. VILA MONTE SION 1

3

18D. JARDIM REVISTA 135. VILA RICA 227. RECREIO SANTA MARIA 234. VILA REAL 131. VILA FÁTIMA 221. PARQUE BUENOS AIRES 2

4

3A. BADRA PLANALTO 913. JARDIM IKEDA 118B.JARDIM REVISTA 23A.BADRA PLANALTO 731. VILA FÁTIMA 134. VILA REAL 634. VILA REAL 53A. BADRA PLANALTO 318A. JARDIM REVISTA 128. SÍTIO DOS MORAES 2

A gestão dos riscos urbanos compreende o conjunto de medidas de organização e

operação institucional para o tratamento das situações de risco existentes, mas sua

eficiência é diferenciadamente maior quando estas ações são parte da gestão do

ambiente urbano e compreendem, além do gerenciamento dos riscos, políticas públicas

de desenvolvimento urbano, de provisão habitacional, de proteção e recuperação

ambiental e de inclusão social e mecanismos de regulação e aplicação dessas políticas.

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Page 29: Relatório Final

Elaboração de Plano de Redução de Riscos no Município de Suzano (SP)

Com esta perspectiva presente, é indispensável estabelecer também estratégias

específicas para o gerenciamento dos riscos identificados. Adotam-se aqui as quatro

estratégias de ação a seguir descritas, adaptadas da metodologia proposta pela agência

das Nações Unidas voltada para a redução de desastres (UNITED NATIONS

DISASTERS RELIEF OFFICE – UNDRO, 1991):

Identificação e análise dos riscos (conhecimento dos problemas);

Planejamento e implementação de intervenções estruturais para a redução ou

erradicação dos riscos;

Monitoramento permanente das áreas de risco, atendimento de emergências e

implantação de planos preventivos de defesa civil;

Informação pública, capacitação e mobilização social para ações preventivas e de

autodefesa.

As duas primeiras estratégias estão sistematizadas por este relatório. Sugere-se

que o mapeamento de riscos aqui apresentado seja utilizado para ações preventivas e

monitoramento de campo durante os períodos críticos de pluviosidade. A implantação de

Planos Preventivos de Defesa Civil nos períodos chuvosos é indispensável para a

garantia da segurança dos moradores das áreas mais críticas até que se execute a

intervenção estrutural planejada. Um plano preventivo de defesa civil envolve ações

públicas que antecedem a ocorrência de acidentes, por meio do estabelecimento de

indicadores de situações críticas e da observação, em campo, de evidências de

instabilidade, no sentido de evitar suas conseqüências.

Os resultados do mapeamento e as intenções do PMRR devem ter ampla

divulgação pública, tanto no sentido de informar e comprometer a sociedade civil com as

propostas de redução de riscos, quanto para capacitar os moradores das áreas de risco a

desenvolver parceria com a Prefeitura de Suzano em ações preventivas e de autodefesa.

5.1. Considerações Gerais

Foram identificados, no município de Suzano, 27 setores de risco em que a

probabilidade de ocorrência de escorregamentos é alta ou muito alta, envolvendo um total

de 202 moradias ameaçadas (vide ANEXO 2). Em outros 10 setores de rico, foram

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Page 30: Relatório Final

Elaboração de Plano de Redução de Riscos no Município de Suzano (SP)

identificadas as probabilidades Alta e Muito Alta de ocorrência de enchentes/inundações,

envolvendo 66 moradias ameaçadas (vide ANEXO 2).

As intervenções estruturais sugeridas e apresentadas neste PMRR estão

subordinadas, quase que exclusivamente, à avaliação das condições de risco (ao

processo adverso identificado, ao seu estágio de desenvolvimento e à tipologia de obra

adequada à erradicação ou redução do processo destrutivo). À municipalidade de Suzano

caberá optar por solução diversa daquela indicada se, porventura, às alternativas de

intervenção para redução de risco se sobrepuserem projetos de interesse coletivo, de

proteção ambiental ou de desenvolvimento urbano que requisitem a remoção de

assentamentos ou de moradias.

Para algumas das áreas estudadas, particularmente naquelas em que as moradias

estão assentadas sobre a planície de inundação, onde o nível freático está muito próximo

da superfície e aflora rapidamente nas situações de cheias; ou naquelas edificadas sobre

terraços fluviais baixos ou ainda nas muito próximas à margem dos córregos, poucas são

as alternativas estruturais viáveis que resultem na eliminação dos problemas que as

afetam. Sugere-se à municipalidade, dentro de seus recursos e capacidade, estabelecer

formas de convivência com o risco que reduza os danos, ainda que temporariamente, ou

optar pela remoção destas comunidades.

Esta demanda poderá ser atendida com as unidades habitacionais de interesse

social previstas pelo convênio entre a PMS e o CDHU.

Durante as vistorias de campo pôde-se observar a existência de infra-estrutura

urbana (rede de esgotos e de drenagem, guias e pavimentação viária) implantada ou em

fase de implantação na maioria dos assentamentos estudados e, em alguns casos, ações

de manutenção (limpeza e aprofundamento de canais, por exemplo) que tiveram reflexo

direto na situação de risco encontrada. Por outro lado, constata-se que a maioria das

situações de risco identificadas está associada à ausência ou deficiência de infra-

estrutura urbana, especialmente de drenagem.

Considera-se, por isso, que o eixo das ações para redução dos riscos identificados

neste estudo esteja associado diretamente às melhorias urbanas em infra-estrutura e à

sua permanente manutenção.

Para este período em que a população de Suzano discutirá e decidirá a revisão do

Plano Diretor, fica a sugestão de que a temática dos riscos ambientais aqui tratada esteja

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Page 31: Relatório Final

Elaboração de Plano de Redução de Riscos no Município de Suzano (SP)

permeando o debate e que o resultado do mapeamento sirva como uma das referências

para a gestão das áreas estudadas.

5.2. Propostas de Ações Não Estruturais

Fortalecer e aprimorar as ações de controle da ocupação urbana e do

adensamento, especialmente nas áreas de risco;

Atualizar permanentemente o conhecimento dos riscos no município,

sistematizando e registrando informações coletadas durante vistorias periódicas de

fiscalização e monitoramento dos assentamentos precários;

Implantar anualmente, durante o verão, um plano preventivo de defesa civil que

implique: a) na avaliação prévia de todas as áreas sujeitas a risco e na adoção de

ações emergenciais e preventivas que antecedam o período chuvoso; b) na

realização de reuniões com moradores para informar sobre os riscos existentes e

orientar sobre as medidas preventivas ou emergenciais a serem adotadas; c) na

organização de estrutura institucional para o monitoramento das áreas de risco

durante os períodos chuvosos, para a ação preventiva em situações críticas

identificadas e para o atendimento de emergências, quando necessário;

Constituir, junto aos moradores das áreas de risco e voluntários, núcleos de defesa

civil (NUDECs) e capacitá-los para o compartilhamento com a gestão municipal das

atividades de prevenção, autodefesa e atendimento emergencial.

5.3. Proposições Gerais

Que a política municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano para as áreas de

assentamento precário realize intervenções estruturantes fundiárias,

socioeconômicas e urbanísticas, nas quais estejam incluídas e associadas, as

intervenções indicadas para a erradicação das situações de risco;

Que a Prefeitura do Município de Suzano discuta e defina com a população,

durante o processo de revisão do Plano Diretor, um prazo para a erradicação das

situações de risco alto e muito alto mapeadas; considera-se aqui que seja possível

esta meta apontar como prazo máximo o final desta década;

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Page 32: Relatório Final

Elaboração de Plano de Redução de Riscos no Município de Suzano (SP)

Que recursos e dotações específicos para a execução de intervenções estruturais

nas áreas de risco sejam incluídos já no próximo Plano Orçamentário Anual do

Município e que tenham como referência a ordem de prioridades apresentada no

PMRR;

Que o Governo Federal, por meio do Ministério das Cidades e da Secretaria

Nacional de Defesa Civil/ Ministério da Integração Nacional, e o Governo Estadual,

por meio da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, da CDHU e de outros órgãos,

estabeleçam meios de cooperação com a Prefeitura do Município de Suzano para

a captação de recursos e no estabelecimento de parcerias para as intervenções

estruturais nas áreas de risco para o cumprimento de sua meta a erradicação de

todas as situações de risco alto e muito alto até o final desta década;

Que sejam realizadas gestões junto ao Conselho Gestor da APA da Várzea do

Tietê para inclusão do risco nos programas e projetos, especialmente no Plano de

Manejo da APA;

Que sejam realizadas gestões junto a CATI, no Programa de Micro Bacias

Balainho e Guaió, para inclusão do risco nos programas e projetos;

Que sejam realizadas gestões junto à CEF para a viabilização e destinação de

linhas de crédito de programas habitacionais específicos para melhorias das

condições de habitabilidade, onde essa condição configura o risco - assistência

técnica e cesta de materiais de construção.

6. REFERÊNCIAS

AMARANTE, A. Comportamento geoquímico de matais pesados em sedimentos argilosos da Bacia de  São Paulo, Suzano, SP. Dissertação (Mestrado em Geologia, Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo), 1997. CARVALHO, C.S. Análise quantitativa de riscos e seleção de alternativa de intervenção: exemplo de um programa municipal de controle de riscos geotécnicos em favelas. In: Workshop sobre Seguros na Engenharia, 1. São Paulo: ABGE, 2000, P.49-56.

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Page 33: Relatório Final

Elaboração de Plano de Redução de Riscos no Município de Suzano (SP)

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INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO - IPT Mapa Geomorfológico do Estado de São Paulo - escala 1:1.000.000. São Paulo: Divisão de Minas e Geologia Aplicada. 2v. (IPT, Série Monografias, 6). 1981b.

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MELLO JÚNIOR, R. F. Geoquímica da contaminação industrial do solo e do subsolo por metais pesados na região de Suzano, SP. Dissertação (Mestrado em Geologia, Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo), 1998.

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NARDOCCI, A.C. Risco como instrumento de Gestão Ambiental. Tese (Doutorado) - Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo – USP, São Paulo, 1999. 135p.

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Rio Claro, 15 de março de 2006.

____________________________________________

Leandro Eugenio da Silva CerriGeólogo - Professor Adjunto

Depto Geologia Aplicada – IGCE / Unesp-Rio Claro (SP)CREA N 0601471874

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