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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRO-REITORIA DE GRADUÇÃO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE DIREITO CALIAN COSTA OLIVEIRA ICARO LUIS DOS SANTOS FONSECA LAIS SANTOS OLIVEIRA. LUCAS ELIAS ALEMÃO SILVA LUCAS NASCIMENTO VEIGA SARA DANNY LIRA DOS SANTOS WALLACE WAGNER SILVA SANTANA YURI MATHEUS ARAÚJO MATOS MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES SERGIPE (MMM-SE)

Relatorio Ied II - Mmm - Se

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Projeto de pesquisa com um movimento social de cunho feminista

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRO-REITORIA DE GRADUÇÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE DIREITO

CALIAN COSTA OLIVEIRAICARO LUIS DOS SANTOS FONSECA

LAIS SANTOS OLIVEIRA.LUCAS ELIAS ALEMÃO SILVALUCAS NASCIMENTO VEIGA

SARA DANNY LIRA DOS SANTOSWALLACE WAGNER SILVA SANTANA

YURI MATHEUS ARAÚJO MATOS

MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES SERGIPE (MMM-SE)

SÃO CIRSTÓVÃO2014

CALIAN COSTA OLIVEIRAICARO LUIS DOS SANTOS FONSECA

LAIS SANTOS OLIVEIRA.LUCAS ELIAS ALEMÃO SILVALUCAS NASCIMENTO VEIGA

SARA DANNY LIRA DOS SANTOSWALLACE WAGNER SILVA SANTANA

YURI MATHEUS ARAÚJO MATOS

MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES SERGIPE (MMM – SE)

PROJETO DE PESQUISA APRESENTADO À DISCIPLINA DE INTRODUÇÃO AO DIREITO II (DIR0216 – T01) COMO REQUISITO PARA OBTENÇÃO DE NOTA REFERENTE À TERCEIRA UNIDADE PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE.

ORIENTADORA: PROFESSORA MESTRE SHIRLEY ANDRADE

SÃO CRISTÓVÃO

2014SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO..........................................................................................................5

1.1. OBJETO.....................................................................................................................5

1.2. OBJETIVOS...............................................................................................................5

1.3. JUSTIFICATIVA........................................................................................................5

1.4. METODOLOGIA.......................................................................................................6

1.5. MARCHA E OS DIREITOS HUMANOS.................................................................6

2 - POSTULADOS TEÓRICOS.....................................................................................7

3 - CONCLUSÃO..........................................................................................................23

4 - ATIVIDADES DOS COMPONENTES DO GRUPO.........................................24

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................24

ANEXO I: RELATÓRIOS DE ATIVIDADES COM A MARCHA MUNDIAL

DAS MULHERES ............................................................................................... 25

ANEXO II: – ENTREVISTAS COM REPRESENTANTES DA

MARCHA............................................................................................................38

ANEXO III: QUESTIONÁRIO UTILIZADO NAS ENTREVISTAS COM O

PÚBLICO PARA A REALIZAÇÃO DO RELATÓRIO E ELABORAÇÃO DO

DOCUMENTÁRIO..............................................................................................39

ANEXO IV: APRESENTAÇÃO DA COLETA DE DADOS QUALITATIVOS

REFERENTES AO QUESTIONÁRIO FEITO AO

PÚBLICO.............................................................................................................40

ANEXO V: ANÁLISE DOS DADOS QUANTITATIVOS DAS

ENTREVISTAS...................................................................................................58

ANEXO VI : PANFLETO SOBRE A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER .......60

ANEXO VII: AÇÃO DE PANFLETAGEM...................................................61

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1 – INTRODUÇÃO

1.1. - OBJETO

O corrente trabalho tem como objeto de estudo o movimento social denominado

Marcha Mundial das Mulheres (MMM). Um movimento amplamente difundido por

diversas partes do planeta e que tem sua origem em 2000 no Canadá. Porém, o recorte

dado a esta pesquisa é referente à articulação desta organização no estado de Sergipe

(SE), onde as atividades são iniciadas apenas no ano de 2010, quando se consolida a

primeira base de formação da MMM – SE.

1.2. – OBJETIVO

O objetivo desta pesquisa é, mediante uma análise diacrônica dos movimentos

feministas, traçar um paralelo com as atuações da Marcha como provedora de políticas

que incentivam a prática dos direitos humanos, mais precisamente no Estado de Sergipe.

Utilizando de método comparativo para destrinchar os avanços e as similaridades das

pautas presentes desde o surgimento do feminismo no século XIX até os dias atuais.

1.3. – JUSTIFICATIVA

A sociedade brasileira a exemplo da maioria dos países tem forte influência da

cultura do patriarcado – uma organização social que é baseada na determinação de que

as mulheres são subordinadas hierarquicamente aos homens – e devido a essa

naturalização da “inferioridade” do sexo feminino, estabelece práticas que consolidam a

concessão de privilégios ao indivíduo do sexo masculino.

O movimento feminista que tem sua primeira manifestação no século XIX,

busca descontruir a naturalização da prática social do machismo, à medida que em suas

fundamentações teóricas tem como principais objetivos a emancipação da mulher, nas

mais diversas esferas da sociedade, sejam elas políticas ou econômicas; e a promoção da

igualdade entre os sexos.

Dessa forma o presente projeto é de suma importância, pois a partir de pesquisa

empírica sobre a Marcha Mundial das Mulheres – analisando sua organização e sua

constante relação com teóricos que versam sobre a luta das mulheres na sociedade

contemporânea – nota-se que o movimento social escolhido adveio da necessidade de

problematizar acerca dessas questões naturalizadas a respeito do papel social da mulher,

bem como a subtração de alguns direitos fundamentais.

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1.4. - METODOLOGIA

A construção do trabalho utilizou como métodos de investigação a pesquisa

bibliográfica e a pesquisa empírica. A pesquisa bibliográfica foi desenvolvida a partir da

análise histórica da Marcha Mundial das Mulheres e dos movimentos de luta pelos

direitos das mulheres, bem como se deu a naturalização de certas “linguagens” para a

diferenciação dos gêneros. Da mesma forma, utilizamos material teórico para discutir a

própria categoria “gênero”. Já a pesquisa empírica pode ser subdividida em duas

vertentes: a observação participante e a pesquisa de campo. A observação participante

foi utilizada para conhecer mais profundamente como se organiza o Movimento da

Marcha Mundial das Mulheres, participando ativamente das ações promovidas pelo

mesmo, bem como de reuniões junto à organização e atos públicos construídos pela

Marcha Mundial das Mulheres. Da mesma forma, a pesquisa de campo foi feita através

de entrevistas com coleta de dados quantitativos e qualitativos relacionados ao tema da

situação das mulheres. A equipe realizou as entrevistas através do contato com o

público externo da Universidade Federal de Sergipe, do Instituto Federal de Sergipe e

no centro da cidade de Aracaju. Algumas entrevistas foram feitas com a transcrição,

outras por meio de gravação de áudio, e outras gravações foram realizadas por meio de

vídeo. Os três métodos ao todo totalizaram 46 entrevistados, sendo 24 mulheres e 22

homens. Esses valores foram utilizados para a elaboração dos gráficos que representam

os dados quantitativos. Além disso, as entrevistas feitas em áudio e em vídeo foram

transcritas e utilizadas com o objetivo de elaborar os dados qualitativos presentes no

relatório. Ressalta-se ainda que as entrevistas feitas por vídeo foram utilizadas para a

construção de um pequeno documentário relacionado à temática.

1.5. - MARCHA E OS DIREITOS HUMANOS

A Marcha Mundial das Mulheres é uma organização que tem como pilares

fundamentais a luta contra a violência de gênero, a defesa da liberdade e da igualdade

da mulher nas mais diversas áreas, incluindo uma maior participação das mulheres no

mercado de trabalho, no acesso à educação, bem como maior atuação política das

mesmas. Por essa razão é possível observar o perfeito enquadramento da atuação da

Marcha dentro da luta pela efetividade dos direitos humanos. Sendo assim, é importante

salientar a presença desses direitos em nossa Constituição Federal de 1988. Encontra-se

evidente a presença desses direitos nos seguintes artigos:

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Art. 3º §4º: promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação( CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, 1988).

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

§1º - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição. (Ibidem)

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

§20º - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;(Ibidem)

Da mesma forma é possível visualizar esses direitos na Declaração

Universal dos Direitos Humanos proclamada em 1948.

Art. 1º Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade (DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS, 1948).

Art. 7º Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação (Ibidem).

Art. 23º §1º Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.§2º Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho (Ibidem).

Um exemplo claro da relação entre a atuação da Marcha Mundial das

Mulheres e a defesa pelos direitos humanos é o fato da ONU (Organização das Nações

Unidas) ter criado uma entidade específica para promover a igualdade de gênero e o

empoderamento das mulheres, denominado ONU Mulheres.

2 – POSTULADOS TEÓRICOS

A Marcha Mundial das Mulheres (MMM), apesar de ser uma instituição que

busca a promoção dos direitos humanos relacionados ao gênero desde 2000, se

manifestou no estado de Sergipe no ano de 2010, onde começa a construção efetiva do

movimento, a partir da participação da marcha promovida no mesmo ano no estado de

São Paulo, que tinha como premissa o título “Seguiremos em Marcha até que todas

sejamos livres.”.

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Analisando o movimento da Marcha e utilizando a perspectiva da autora

Descarries (2000), podemos encontrar na organização características tanto da primeira

quanto da terceira corrente do feminismo. Sobre a primeira corrente denominada

Feminismo Solidário e Igualitário, tratava-se de lutas em busca de maior igualdade entre

os sexos. Já a respeito da terceira corrente denominada Feminitude, a busca é pelo

reconhecimento da feminilidade da mulher enquanto ligada à maternidade,

considerando que isso não é responsável pelo papel social que lhe foi imposto. Por isso,

essa corrente permanecia na busca pela igualdade de condições e acesso das mulheres à

educação, bem como o mercado de trabalho sem, no entanto, utilizar-se de radicalismos.

Apesar de já se terem passados cinco anos após o surgimento da MMM em

Sergipe, ele ainda possui poucas participantes, sendo coordenado por Ana Cristina,

Juliana Silva e Camila Siqueira. As diretrizes da Marcha para o ano de 2015 são

condizentes à análise da figura da mulher na representação política e incentivando o

plebiscito constituinte, organizado por outro movimento social, o Levante Popular Da

Juventude, busca inserir pautas que ampliem a participação da mulher nos poderes

executivo e legislativo do Estado brasileiro.

Esse movimento social age de maneira articulada com outras organizações

levando pautas a respeito da mulher para o interior dos mesmos. Alain Touraine (2006)

explicita a importância dessa atuação conjunta, pois é em decorrência dela que os

movimentos sociais englobam hoje pautas que antes eram restritas apenas ao âmbito

privado da vida das pessoas, tais como questões étnicas, de orientação sexual e também

as questões de gênero. Junto com esses movimentos atuam outros como o movimento

de luta por terras, o movimento de luta por distribuição de renda, e o movimento por

igualdade entre nações ou antiglobalização. Evidenciando assim que nenhum ator social

age sozinho, mas sim inserido em uma rede de movimentos sociais.

Os conceitos de atores-sujeitos e a articulação em redes propostas por

Touraine (2006) são extremamente pertinentes ao enxergar que os sujeitos não agem

apenas em proposito próprio sendo eles conectados e agindo em conjuntura. A ideia de

redes é importante por acabar com a noção de que os movimentos sociais possuem um

campo de atuação delimitado pelos sujeitos que o compõem. Isto é, com a interação de

mais de um grupo eles podem entrar em convergência em ralação a oportunidades e

objetivos, formando novos movimentos sociais nos pontos em que esses interesses se

comunicam. Desta forma é possível enxergar que os movimentos sociais são agora tão

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múltiplos quanto a quantidade de outros sujeitos com quem se comunicam inseridos em

suas redes.

Apesar da importância evidente dessa ação articulada é preciso ressaltar a

necessidade de expansão das bases e criação de um movimento independente, à medida

que, segundo a coordenadora do movimento, a maioria das ações realizadas é através

apenas da articulação com outras organizações, sendo essa pauta de protagonismo uma

das coisas que buscam fortalecer durante o ano de 2015.

Um importante pilar de sustentação da Marcha é a necessidade de promover

ações voltadas para a educação. Consoante Carmen Silva (2013), a educação é um

elemento fundamental dentro dos movimentos sociais feministas. Isso porque a

construção do sujeito político feminino necessariamente perpassa pelo processo de

autonomia e libertação da exploração e da opressão, sendo a práxis educativa um

instrumento de luta das mulheres pelos seus direitos e por uma nova construção social.

Dessa forma, entendendo que a atuação da Marcha Mundial das Mulheres é

voltada para as diversas lutas que as mulheres enfrentam na sociedade, precisamos

ressaltar que não é possível entender a história das mesmas sem aprofundarmos os

conhecimentos sobre as raízes históricas da luta pelos direitos da mulher. Antes de

traçarmos um panorama histórico da situação das mulheres, é preciso entender a história

da construção dos gêneros, uma vez que essa categoria é fundamental para entender os

papéis sociais que foram destinados às mulheres. O conceito de gênero chegou até nós

através das pesquisadoras norte-americanas que passaram a usar a categoria "gender"

para falar das "origens exclusivamente sociais das identidades subjetivas de homens e

mulheres"1. A ênfase colocada na "origem social das identidades subjetivas" não é

gratuita. De fato, não existe uma determinação natural dos comportamentos de homens

e de mulheres, apesar das inúmeras regras sociais calcadas numa suposta determinação

biológica diferencial dos sexos usadas nos exemplos mais corriqueiros, como ”mulher

não pode levantar peso” ou ”homem não tem jeito para cuidar de criança”. A

Antropologia Feminista tem mostrado que essa explicação da ordem natural não passa

de uma formulação ideológica que serve para justificar os comportamentos sociais de

homens e mulheres em determinada sociedade. No caso das sociedades ocidentais, a

biologia é uma explicação de grande peso ideológico, pois aprendemos que ela é uma

ciência e que, portanto, tem valor de verdade. Jane Flax, uma das teóricas feministas 1 O texto de Joan Scott intitulado “Gênero: uma categoria útil de análise histórica” é areferência básica para esta concepção. Elizabeth de Souza Lobo foi quem o divulgou inicialmenteno Brasil através de um texto apresentado na ANPOCS em 1987.

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pós-modernas, ensina que a ciência surge no Ocidente com o Iluminismo. A ciência, tal

como a conhecemos, parece dar explicações "neutras" e "objetivas" para as relações

sociais. No entanto, a ciência que aprendemos desde a escola reflete os valores

construídos no Ocidente desde o final da Idade Média, os quais refletem apenas uma

parte do social: a dos homens, brancos e heterossexuais. Sempre aprendemos que

Homem com H maiúsculo se refere à humanidade como um todo, incluindo nela

homens e mulheres. Mas o que os estudos de gênero têm mostrado é que, em geral, a

ciência está falando apenas de uma parte desta humanidade, vista sob o ângulo

masculino, e que não foi por acaso que, durante alguns séculos, havia poucas cientistas

mulheres.2 O conceito de gênero está colado, no Ocidente, ao de sexualidade, o que

promove uma imensa dificuldade no senso comum – que se reflete nas preocupações da

teoria feminista – de separar a problemática da identidade de gênero e a sexualidade,

esta marcada pela escolha do objeto de desejo. Para ilustrar melhor a perspectiva teórica

adotada a respeito da problemática de gênero, refletiremos, nos itens que se seguem,

sobre a constituição individual da identidade de gênero e a forma como adquirimos

nossa identidade de gênero, feminina ou masculina.

I - O que é gênero?

Ora, o indivíduo não pode ser pensado sozinho: ele só existe em relação. Basta que haja relação entre dois indivíduos para que o social já exista e que não seja nunca o simples agregado dos direitos de cada um de seus membros, mas um arbitrário constituído de regras em que a filiação (social) não seja nunca redutível ao puro biológico (1996, HÉRITIER, p. 288)

Por “gênero”, eu me refiro ao discurso sobre a diferença dos sexos. Ele não remete apenas a ideias, mas também a instituições, a estruturas, a práticas cotidianas e a rituais, ou seja, a tudo aquilo que constitui as relações sociais. O discurso é um instrumento de organização do mundo, mesmo se ele não é anterior à organização social da diferença sexual. Ele não reflete a realidade biológica primária, mas ele constrói o sentido desta realidade. A diferença sexual não é a causa originária a partir da qual a organização social poderia ter derivado; ela é mais uma estrutura social movediça que deve ser ela mesma analisada em seus diferentes contextos históricos (1998, SCOTT, p. 15).

Françoise Héritier (1996), em sua coletânea sobre o pensamento da

diferença sexual, insiste sobre o fato de que o gênero se constrói na relação

homem/mulher, uma vez que não existe indivíduo isolado, independente de regras e de

representações sociais. Joan Scott (1998), em recente definição da categoria gênero,

ensina-nos que o gênero é uma categoria historicamente determinada que não apenas se

2 Grande parte das mulheres queimadas como “bruxas” pela Inquisição eram mulheres que faziam ciência e lidavam com plantas e processos de cura.

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constrói sobre a diferença de sexos, mas, sobretudo, uma categoria que serve para “dar

sentido” a esta diferença. Concordo com essas definições e penso que, em linhas gerais,

gênero é uma categoria usada para pensar as relações sociais que envolvem homens e

mulheres, relações historicamente determinadas e expressas pelos diferentes discursos

sociais sobre a diferença sexual. Gênero serve, portanto, para determinar tudo que é

social, cultural e historicamente determinado. No entanto, como veremos, nenhum

indivíduo existe sem relações sociais, isto desde que se nasce. Portanto, sempre que

estamos referindo-nos ao sexo, já estamos agindo de acordo com o gênero associado ao

sexo daquele indivíduo com o qual estamos interagindo. Por exemplo, alguma de vocês,

mulheres, já pensou alguma vez 6 em assinalar M e não F nos inúmeros formulários que

temos de preencher em nossa vida cotidiana? E vocês acham que a burocracia que lê

estes formulários age de forma igual frente a indivíduos classificados como M ou F? Na

verdade, sempre agimos como mulheres socialmente programadas e não, como

costumamos pensar, como mulheres biologicamente determinadas. É claro que podemos

(e devemos) modificar cotidianamente aquilo que é esperado dos indivíduos do sexo

feminino, pois o gênero (ou seja, aquilo que é associado ao sexo biológico) é algo que

está permanentemente em mudança, e todos os nossos atos ajudam a reconfigurar

localmente as representações sociais de feminino e de masculino. Na verdade, em todas

as sociedades do planeta, o gênero está sendo, todo o tempo, ressignificado pelas

interações concretas entre indivíduos do sexo masculino e feminino. Por isso, diz-se que

o gênero é mutável. Gênero seria, então, um sinônimo da palavra sexo, uma vez que

estamos falando de feminino e masculino? E os homossexuais, homens ou mulheres,

seriam outro gênero? E as/os travestis e transexuais? Existiria um terceiro gênero, um

gênero que não se apoiaria sobre os dois sexos? Um gênero radicalmente diferente que

não poderia ser associado a nenhum dos dois gêneros conhecidos? Não; quando falamos

de sexo, referimo-nos apenas a dois sexos: homem e mulher (ou macho e fêmea, para

sermos mais biológicos), dois sexos morfológicos sobre os quais "apoiamos" nossos

significados do que é ser homem ou ser mulher.

II - O que são papéis de gênero?

Papel é aqui entendido no sentido que se usa no teatro, ou seja, uma

representação de um personagem. Tudo aquilo que é associado ao sexo biológico fêmea

ou macho em determinada cultura é considerado papel de gênero. Estes papéis mudam

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de uma cultura para outra. A Antropologia, que tem como objetivo estudar a diversidade

cultural humana tem mostrado que os papéis de gênero são muito diferentes de um lugar

para outro do planeta. Num livro escrito em 1950 e já clássico para os estudos de

gênero, chamado Sexo e Temperamento, uma antropóloga norte-americana, Margareth

Mead, mostrou que, numa mesma ilha da Nova Guiné, três tribos – os Arapesh, os

Mundugumor e os Tchambuli – atribuíam papéis muito diferentes para homens e

mulheres. Agressividade e passividade, por exemplo, comportamentos que, em nossa

cultura ocidental, estão fortemente associados, respectivamente, a homens e a mulheres

quase como uma determinação biológica, entre estas tribos lhes eram associados de

outra forma. Num destes grupos, homens e mulheres eram cordiais e dóceis; no outro

ambos eram agressivos e violentos; e no terceiro as mulheres eram aguerridas, enquanto

os homens eram mais passivos e caseiros. A partir deste estudo, muitos outros foram

feitos em outros grupos humanos, mostrando que os papéis atribuídos a homens e a

mulheres não eram sempre os mesmos. O que acontecia até muito recentemente era que

muitos antropólogos olhavam para outras culturas com sua visão ocidental, contexto em

que as mulheres são vistas culturalmente como passivas, o que os impedia de perceber

variantes culturais do comportamento de homens e de mulheres. Mas, além de mudarem

de uma cultura para outra, os papéis associados a machos e a fêmeas também mudam no

interior de uma mesma cultura. No caso da cultura ocidental, na qual vivemos, podemos

observar a enorme importância dos movimentos sociais da segunda metade do século

XX para a transformação de modelos esperados até então para homens e mulheres –

modelos que se consolidaram no Ocidente com o Iluminismo e com a Revolução

Francesa. Muitos textos acadêmicos e panfletos feministas produzidos no Brasil

apresentam uma visão "neo-evolucionista" da situação das mulheres no Ocidente . Nesta

perspectiva, parece que as mulheres estariam evoluindo de uma situação de grande

opressão para uma de libertação. Estes textos começam, por exemplo, falando da

mulher no tempo do homem das cavernas, quando eram puxadas pelos cabelos; depois

falam do tempo de Jesus Cristo, quando as mulheres eram apedrejadas, como Maria

Madalena; passam pela Idade Média, com exemplos das bruxas queimadas nas

fogueiras; e finalmente chegam aos dias de hoje, falando dos avanços que as mulheres

conseguiram a partir de suas lutas. Estes textos, que seguidamente são divulgados em

datas comemorativas, como o dia Internacional da Mulher, o 8 de março, acabam, de

alguma forma reificando ideias “neoevolucionistas”, segundo as quais haveria uma

linha evolutiva na história das mulheres. Mesmo reconhecendo as inúmeras situações de

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opressão das quais as mulheres seguidamente foram vítimas ao longo da História, creio

que não é possível pensá-las independentemente de outros dados históricos e culturais.

Muitas historiadoras nos têm mostrado que, mesmo em épocas de grande opressão das

mulheres, havia situações e práticas nas quais elas detinham poder e reconhecimento

social. No campo da Antropologia, o mesmo tem sido feito quando se reflete sobre a

particularidade de cada sociedade, sendo possível perceber que, em muitas delas, há

espaços de poder eminentemente femininos. Para minha análise da questão, prefiro

localizar os papéis esperados de homens e de mulheres na consolidação da Sociedade

Moderna, ou seja, no advento do Iluminismo, na industrialização e na configuração do

modelo de representação política ocidental que se localiza no projeto revolucionário

iluminista. É neste projeto que se separam as esferas de público e privado, às quais são

associados os papéis de gênero contra os quais o feminismo tem lutado desde as

sufragistas.

III - O que é identidade de gênero?

No item anterior, falamos dos papéis de gênero e de como eles não são

biologicamente determinados e, portanto, como são mutáveis cultural e historicamente.

Abordarei, aqui, um outro aspecto da problemática de gênero, que é a questão da

identidade de gênero, algo um pouco mais complexo, porque remete à constituição do

sentimento individual de identidade. Um psicólogo norte-americano chamado Robert

Stoller (1978), o qual estudou inúmeros casos de indivíduos considerados à época

“hermafroditas” ou com os genitais escondidos e que, por engano, haviam sido

rotulados com o gênero oposto ao de seu sexo biológico, diz uma coisa impressionante:

que é " mais fácil mudar o sexo biológico do que o gênero de uma pessoa". Para ele,

uma criança aprende a ser menino ou menina até os três anos, momento de passagem

pelo complexo de Édipo e pela aquisição da linguagem. Este é um momento importante

para a constituição do simbólico, pois a língua é um elo fundamental do indivíduo com

sua cultura.

Para Stoller (1978), todo indivíduo tem um núcleo de identidade de gênero,

que é um conjunto de convicções pelas quais se considera socialmente o que é

masculino ou feminino. Este núcleo não se modifica ao longo da vida psíquica de cada

sujeito, mas podemos associar novos papéis a esta "massa de convicções". Este núcleo

de nossa identidade de gênero se constrói em nossa socialização a partir do momento da

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rotulação do bebê como menina ou menino. Isto se dá no momento de nascer ou mesmo

antes, com as novas tecnologias de detectar o sexo do bebê, quando se atribui um nome

à criança e esta passa a ser tratada imediatamente como menino ou menina. A partir

deste assinalamento de sexo, socialmente se esperarão da criança comportamentos

condizentes a ele. Caso tenha havido um erro nesta rotulação inicial (em raros casos de

intersexualidade ou “hermafroditismo”, como trata Stoller), será praticamente

impossível mudar a identidade de gênero deste indivíduo após os três anos de idade,

uma vez que ele tiver superado a fase do complexo de Édipo, momento no qual todo ser

humano descobre que é único e não a extensão do corpo da mãe. Portanto, pode-se

perceber que o gênero trata-se de uma construção histórica e cultural que ao longo do

tempo passou a ser questionada e que demonstra a necessidade de uma quebra de

paradigmas no que tange a essas questões.

Portanto, é possível observar o desenrolar das relações de gênero ao longo

da História. Assim, no início da história humana é difícil identificar qual era a real

posição da mulher durante a pré-história. Relatos desse período demonstram que ela era

responsável por tarefas que lhe exigiam grande esforço e existiam, ainda, aquelas que

eram guerreiras. O grande problema enfrentado por elas nesse tempo vai ser a

conciliação entre atividades externas e coletivas, e os efeitos provocados pela sua

própria realidade biológica. Estes provocam nela longos períodos de impotência, o que

levava a necessidade de proteção e garantia de recursos para a sobrevivência pelos

homens. Inicia aí uma relação de dependência ao sexo masculino, que começara a deter

o uso dos instrumentos de trabalho e ao que Beauvoir (1960) considera mais importante:

a arriscar a própria vida. Para a autora o fato de arrisca-la levou a superação da vida e

permitiu a criação da ideia de que mais importante que manter-se vivo é servir a

comunidade que habita. O homem a partir daí exerce autoridade sobre os demais e a

mulher, enquanto integrante deste grupo, passa a fazer parte deste jogo.

A fixação das pessoas no solo, um marco no início do período agrícola, é,

em certos aspectos, um período de grande prestígio para a mulher. Isto acontece porque

a manutenção do trabalho na terra exigia uma quantidade cada vez maior de pessoas e,

como biologicamente somente ela quem tem a possibilidade de gerar seres humanos,

houve nesse período uma extrema valorização da figura feminina. Afinal, era dela que

nasceriam os futuros trabalhadores do campo, necessários para a manutenção das

atividades agrícolas, para a continuidade do território sob o comando do mesmo clã e a

própria sobrevivência daquela comunidade. Essa importância feminina fez com que

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surgisse o que se chama de direito materno, era a partir da mulher que se definia quem

fazia parte de determinada linhagem, o que era extremamente significativo na definição

da hereditariedade da propriedade.

O homem enxerga o que é diferente como Outro e nessa concepção inclui-se

a mulher. Compreende-se então, que já existe o surgimento de um dualismo, não

necessariamente relacionado ao sexo de maneira estrita, mas que guarda uma relação e

um profundo significado. Afinal, o homem já não enxerga a mulher como semelhante. É

por isso, que, diferente de outros autores, Simone de Beauvoir não acredita que houve

nas sociedades primitivas uma dominação feminina. Para ela, o controle das relações

sempre esteve nas mãos dos homens e a chegada da idade do metal só colocou a mulher

em uma situação ainda maior de desvantagem. Com o início desse novo período, o

homem adquire o domínio da técnica e a razão é posta em destaque nas atividades

laborais. Ele agora não depende mais dos deuses para a agricultura, afinal, agora possui

ferramentas e certo conhecimento para desempenhar suas funções. Essa ideia de

independência é ampliada e chega até a mulher, que agora não passa de reprodutora e

mais, se antes o homem não era visto como importante no processo de reprodução,

agora ele divide as responsabilidade na geração de novos indivíduos. É dado o inicio ao

que se conhece como patriarcalismo.

A propriedade adquire durante o patriarcalismo uma grande importância na

definição das liberdades garantidas a mulher. Nesse período, ela já não é mais a pessoa

que define a hereditariedade do clã e já nem mais tem poder sobre si mesmo e seus

filhos. Ela própria tornou-se uma propriedade, inicialmente do seu pai e ao casar-se do

seu marido. Enquanto propriedade, a mulher devia limitar-se a reproduzir e a satisfazer

os desejos de seu marido, também não detinha nenhum direito e encontrava-se em uma

situação que lembra a do escravo, destituída de direitos, mas com a ressalva de não ser

submetida às rotinas desgastantes que eles sofriam.

Roma foi uma das poucas exceções à realidade história no que diz respeito à

liberdade concedida a mulher. O resultado da ampliação dos direitos concedidos a ela

foi fruto de uma disputa entre a aplicação de um direito fruto de um tribunal familiar ou

um estatal. Inicialmente, durante a oligarquia patrícia, a mulher era vitima de restrições

semelhantes aquelas ocorridas em outros locais, mas com o tempo , o surgimento e a

solidificação da República houve uma ampliação da atuação do direito estatal e o

consolidação de suas esferas de atuação. Foi aí que a mulher foi adquirindo uma série de

conquistas, como o dote e o divórcio, que a permitiram ser menos dependente da figura

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do marido. Essas garantias, no entanto, foram de certa maneira esvaziadas. Beauvoir

fala que:

[...] no momento em que a mulher se acha mais emancipada, praticamente, que se proclama a inferioridade de seu sexo, o que constitui um notável exemplo do processo de justificação masculina de que falei: como não limitam mais seus direitos como filha, esposa, irmã, é como sexo que lhe recusam a igualdade com o homem, pretextando, para dominá-la, a imbecilidade, a fragilidade do sexo (p. 116).

Saindo de uma perspectiva mundial podemos adentrar na história das lutas

femininas no Brasil. A partir da análise do livro Breve história do feminismo no Brasil

de Maria Amélia Telles é possível compreender como se deu esse processo. Durante a

Era Vargas as mulheres começaram a se mobilizar, especialmente as operárias e

intelectuais. Devido ao período ditatorial, essas mulheres concentravam suas lutas em

pontos como a democratização das instituições e combate ao fascismo. Com o fim da

Era Vargas surge em 1945, no Rio de Janeiro, o Comitê de Mulheres pela Democracia

que tinha entre suas pautas a igualdade de direitos no âmbito profissional, político,

cultural e administrativo. Embora esse grupo tivesse arregimentado um número

considerável de membros, suas reivindicações não repercutiram na Assembleia

Nacional Constituinte instalada em 1946. A elaboração da nova Carta não contou com a

presença de nenhuma figura feminina. Vale ressaltar que retrocessos em relação à

condição social da mulher se procederam na elaboração dessa Constituição, como a

omissão da discussão sobre a discriminação de sexo, fator salientado na carta anterior.

Contudo, observamos nesse período uma intensa mobilização de mulheres

que articuladas a movimentos sociais lutam contra problemas concretos como, por

exemplo, a situação de carestia na qual estava imerso vários brasileiros. No campo

político mulheres capitanearam atos em favor da democracia, e até mesmo da defesa das

nossas riquezas – como o caso do petróleo, insumo ameaçado pelo imperialismo

americano. Em defesa dessas reivindicações surge FMB (Fundação das Mulheres do

Brasil) e o jornal Momento Feminino. Já nos idos de 1963 foi realizado o Encontro

Nacional da Mulher Trabalhadora que já elencava algumas reivindicações específicas da

população feminina como a participação das mulheres nos movimentos sindicais e

também a extensão dos direitos trabalhistas à população feminina do campo. Apesar

desse notável engajamento por parte do público feminino nesse período, questões como

autonomia.

17

Durante o período militar as lutas femininas perderam força, só voltando a

aparecer em 1975 juntamente com o processo de sindicalização da mulher, visto que as

mulheres tornaram-se uma importante mão-de-obra nas indústrias pelas baixas

remunerações. Entretanto uma série de garantias trabalhistas foi burlada, como o código

relativo à proteção da maternidade, por exemplo. Diante desses problemas o operariado

feminino, integrado na sua maioria por mulheres oriundas da periferia de São Paulo,

começou a se reunir a grupos sindicais que por sua vez organizaram o Movimento do

Custo de Vida que lutava por melhores condições de vida e trabalho. Reivindicações

como a construção de creches e o aumento salarial estavam incorporadas no programa

do movimento. Nesse ínterim essas manifestantes tiveram contato com ideias

feministas. Apesar de serem considerados tabus assuntos como aborto, sexualidade e

lesbianismo já começavam a ser discutidos no seio do movimento.

Mas foi em 1975, considerado pela Organização das Nações Unidas como

Ano Internacional da Mulher, que os ideais feministas se disseminaram pelo país. Essa

ação da ONU proporcionou uma base legal para a discussão pública - fora dos pequenos

círculos sindicais e das ações clandestinas - dos problemas vivenciados pelas mulheres.

No bojo desse movimento foi realizado no Rio de Janeiro o 1° Encontro de Mulheres,

que reuniu diversas atividades intelectuais e culturais com o fito de congregar e

conscientizar mulheres em torno das questões feministas. Dois jornais surgem nessa

época e difundem as ideias e anseios do movimento: o Brasil Mulher, o Nós Mulheres e

O Mulherio. Tratavam de termas elementares no meio feminista: a democracia

doméstica, a igualdade salarial, a descriminalização do aborto, ampliação do número de

creches.

Em 1978, no Estado de São Paulo, aconteceu o I Congresso da Mulher

Metalúrgica. Dentre as demandas discutidas nesse evento estavam: salários iguais para

trabalhos iguais, criação de aparatos públicos que abrandasse a dupla jornada de

trabalho, segurança trabalhistas legislativa para mulheres casadas e gestantes e a criação

de departamentos femininos nos sindicatos. Mas, apesar desses avanços concernentes a

participação da mulher nas atividades sindicalistas, as reivindicações salientadas por

elas estavam incorporados entre os últimos itens pedidos. Isso se deve mormente a

constituição preponderantemente machista das fileiras sindicais naquele período.

Durante os anos que se seguiram surge os Congressos da Mulher Paulista.

Na primeira edição desse evento mais de novecentas mulheres dialogam acerca dos seus

cotidianos dentro da sociedade patriarcal onde todas estavam inseridas. Vários pontos

18

em comum foram evidenciados através desses depoimentos: a repressão sexual –

assunto tratado pela primeira vez em conferências; educação diferenciada em relação ao

gênero tanto no seio estudantil quanto no familiar. Na segunda edição os partidos

políticos que surgiram após a abertura política começam a se imiscuir ao movimento.

Várias feministas desaprovaram veementemente a atuação de agremiações partidárias

dentro do movimento, afirmando que os eventos funcionariam como trampolim para os

membros do partido capitalizar apoio nas eleições futuras. Alegavam também a omissão

desses grupos em relação a questões consideradas polêmicas como a legalização do

aborto e a liberdade sexual – considerados, por muitos, pautas sexistas que doravante

poderiam provocar fragmentações ideológicas dentro do próprio grupo. Contudo, muitas

feministas se organizaram junto a partidos que ofereceram subsídio para outros atos e

conferências.

Embora esses encontros tenham colocado em pauta vários problemas da

mulher em relação à sociedade opressora na qual estavam imersas, assuntos como a

violência doméstica permaneciam velados. Feministas denunciavam esse disparate, mas

sem muito sucesso já que não conseguiam evidenciá-los na sua concretude. Com a

denúncia de uma vítima oriunda da classe média alta de São Paulo (fato este

responsável por evidenciar que a violência doméstica não é um fenômeno meramente

produzido por péssimas condições econômicas), que se iniciou a campanha O silêncio é

cúmplice da violência. Impulsionadas por esse projeto o SOS - Mulher registrou só na

cidade de São Paulo mais de 700 casos de violência doméstica. O homicídio contra a

mulher também era negligenciado por parte do poder judiciário. Muitos réus que

cometiam homicídios contra mulheres eram absolvidos, pois alegavam defender sua

honra e que isso justificaria o crime. O estupro também recebia tratamento similar. Nas

páginas policiais atribuíam normalmente a culpa do estupro à mulher, que “andavam em

locais suspeitos e atiçavam a fantasia de loucos e tarados com roupas diminutas”. Vários

protestos eclodiram em relação à conivência das instituições nacionais com esses tipos

de crime. Em 1985 é criado em São Paulo o Centro de Orientação Jurídica e

Encaminhamento Psicológico (Coje) responsável por atender mulheres vitimadas pela

violência. No mesmo ano foi desenvolvida a Delegacia Policial de Defesa da Mulher

(DPDM). Com a criação desse órgão de defesa específico milhares de casos que

permaneciam ocultos afloraram.

O ano de 1986 representa um período histórico na luta feminista: dos 559

deputados federais eleitos, 26 eram mulheres. Apesar de parecer inexpressivo esse

19

número se mostra bastante significativo quando comparamos a situação da assembleia

com as demais, onde nenhuma mulher participava do poder político. Em 26 de agosto

de 1986, aconteceu, em Brasília, o Encontro Nacional da Mulher pela Constituinte que

cooptou mais 1500 participantes e visava levar à Carta Constitucional as demandas

relativas à melhoria das condições femininas nos mais variados âmbitos. Várias

reivindicações foram atendidas e incorporadas ao texto constitucional com exceção de

algumas mais polêmicas como a legalização do aborto, por exemplo.

Após esse panorama histórico, é notável que ocorreram alguns avanços na

luta pela ampliação do rol de direitos da mulher. Entretanto, basicamente as pautas

continuam sendo as mesmas ainda hoje dentro dos movimentos feministas, notadamente

na Marcha Mundial das Mulheres. Na contemporaneidade, ainda observamos que há

uma deficiência nas garantias legais relacionadas à mulher, bem como o fato delas

serem travestidas de certa “igualdade” na legislação do país, não significa

pragmaticamente falando, que elas dispõem efetivamente desses direitos que estão

teorizados.

Focalizando essa questão na cidade de Aracaju, dados colhidos pela Marcha

Mundial das Mulheres afirmam que há uma demanda de noventa creches, pois existem

apenas vinte. O próprio movimento tem atuado junto à Administração Pública numa

tentativa de regularizar essas questões por meio de ações legislativas. Outro problema

que deve ser evidenciado em todo o estado, como também no país inteiro, é a questão da

violência contra a mulher. As participantes da Marcha questionam a efetividade da Lei

Maria da Penha para a proteção da mulher, uma vez que na maioria das vezes as

mulheres que denunciam a violência não são assistidas pelo poder público. Esse fato

gera um grande problema, já que as mulheres muitas vezes são economicamente e/ou

emocionalmente dependentes dos seus companheiros, bem como muitas delas têm medo

e preferem não denunciar os casos de violência, pois acreditam que sua situação será

ainda mais agravada. No decorrer da nossa própria pesquisa, tivemos a oportunidade de

entrevistar mulheres e homens, podendo constatar que há legitimidade nas lutas

encabeçadas pelo movimento da Marcha, uma vez que a maioria dos entrevistados

acredita que apesar dos avanços há desigualdade salarial entre homens e mulheres,

pouca representatividade política das mulheres, ainda que tenhamos uma mulher no

posto mais alto do Executivo. Além disso, a maioria das entrevistas já sofreu algum tipo

de violência física relacionada ou conhece alguém que sofreu, bem como agressões

verbais.

20

Contudo, a grande questão é: Se esses problemas estão em pauta há tanto

tempo dentro dos movimentos feministas, por que ainda hoje é tão difícil avançar nas

conquistas relacionadas à situação da mulher?

A resposta para essa pergunta é complexa e só pode ser respondida quando

percebemos que toda a questão do gênero está relacionada a uma construção social que

colocou a mulher em um plano inferior em relação ao homem. Na obra O Segundo Sexo

de Simone Beauvoir o esforço da autora é demonstrar que mulher é formada dentro de

uma cultura que define previamente qual o seu papel na estrutura social, negando a sua

própria autonomia enquanto sujeito. Ou seja, a mulher não é vista enquanto elemento,

mas como complemento do homem. Um exemplo claro utilizado pela autora é a própria

narrativa bíblica a respeito da criação da mulher, sendo esta formada a partir de partes

do corpo do homem. Isso acarreta consequências notáveis em relação à visão que se tem

sobre a mulher, inclusive inferiorizando-a a partir de supostas diferenças fisiológicas.

Durante muito tempo a resposta para a pergunta sobre qual dos dois gêneros é o mais

importante na espécie foi fundamentada na fisiologia, ao passo que por vezes recorreu-

se a descrições estáticas. Outros procuram promover comparações matemáticas entre

homens e mulheres, definindo suas capacidades funcionais; chegou-se até a medir o

peso do encéfalo de ambos, onde o encéfalo feminino saiu em vantagem por ser

relativamente mais leve. Segundo Beauvoir, todas as tentativas de comparar machos e

fêmeas enquanto espécie humana trata-se de puro devaneio. Além disso, toda a questão

relacionada à mulher pode ser relacionada com a visão antropológica do Um e do Outro,

Beauvoir explica que a mulher é o Outro da sociedade na visão dos homens, mas ao

contrário de enxergar no homem Outro, ela mesma enxerga-se como Outro,

irremediavelmente e até mesmo sem perceber a mulher é colocada em um destino que

foge à sua própria escolha, embora tudo isso lhe seja apresentado como natural.

Outro autor que merece destaque é Pierre Bourdieu que na sua obra A

Dominação Masculina também defende que as características sexuais que diferem

homens e mulheres não são determinantes no processo de formação do machismo e sim

a construção histórica que fizeram sobre a imagem feminina. Ele acredita que essa

dominação masculina é fruto de uma violência simbólica, suave, invisível exercida

pelos meios simbólicos e de comunicação, fruto de um processo que integra os

indivíduos não só na esfera doméstica, mas também na Escola, nas Igrejas e nas

instituições estatais. O autor tenta mostrar que alguns aspectos sociais foram construídos

culturalmente e apresentam um aspecto de natural, essa naturalização do que é

21

culturalmente estabelecido recebe o nome de habitus. Nessa situação, a própria mulher

enquanto situação de dominada não tem consciência disso.

Um claro exemplo do que Bourdieu expressou na questão da violência

simbólica é maneira como a própria História aborda a figura da mulher. A história das

mulheres é na maior parte das vezes renegada pelos próprios historiadores. É preciso

ressaltar que a análise da historia das mulheres, quando estas são mencionadas, partem

de estereótipos que tem como base fontes duvidosas e claramente preconceituosas

(TORRÃO FILHO, 2005).

Podemos relacionar algumas pautas da Marcha com explicações de

Bourdieu (2012) a respeito do tema. No que concerne à violência de gênero, o qual é

bastante discutido entre as participantes do movimento, é tida pelo autor como fruto de

uma construção social que atribui ao homem a característica de um indivíduo detentor

de virilidade.

A virilidade, entendida como capacidade reprodutiva, sexual e social, mas também como aptidão ao combate e ao exercício da violência (sobretudo em caso de vingança), é, acima de tudo, uma carga. Em oposição à mulher, cuja honra, essencialmente negativa, só pode ser defendida ou perdida, sua virtude sendo sucessivamente a virgindade e a fidelidade, o homem "verdadeiramente homem" é aquele que se sente obrigado a estar à altura da possibilidade que lhe é oferecida de fazer crescer sua honra buscando a glória e a distinção na esfera pública (Ibidem, p. 64).

Assim, os homens tendem a praticar atos de violência de gênero a fim de

demonstrar seu grau de superioridade e realizar a dominação. Outro tema importante

tratado pelo movimento é a baixa representatividade política feminina, o grau de

politização e a diferença sexual do trabalho. Bourdieu retrata que essa realidade advém

dos jogos diferenciados e diferentes enfoque na área de estudo dados às meninas e aos

meninos desde a infância.

A divisão sexual está inscrita, por um lado, na divisão das atividades produtivas a que nós associamos a idéia de trabalho, assim como, mais amplamente, na divisão do trabalho de manutenção do capital social e do capital simbólico, que atribui aos homens o monopólio de todas as atividades oficiais, públicas, de representação, e em particular de todas as trocas de honra, das trocas de palavras (Ibidem, p. 60).

Magnífica recordação, tornada possível pela comparação com esta espécie de efeito Pigmalião invertido ou negativo, que se exerce tão precoce e tão continuamente sobre as mulheres e que acaba passando totalmente despercebido penso, por exemplo, na maneira pela qual os pais, professores e colegas desestimulam — ou melhor, não estimulam — a orientação das moças para certas carreiras, sobretudo as técnicas ou científicas (Ibidem, p. 77).

22

A alienação genérica está na base de seu privilégio específico: os homens são educados no sentido de reconhecer os jogos sociais que apostam em uma forma qualquer de dominação; jogos estes que lhes são designados, desde muito cedo, e, sobretudo pelos ritos de instituição, como dominantes, e dotados, a este título, da libido dominandi; o que lhes dá o privilégio, que é uma arma de dois gumes, de se entregarem seguidamente aos jogos de dominação. Por sua vez, as mulheres têm o privilégio, inteiramente negativo, de não serem enganadas nos jogos em que se disputam esses privilégios e, na maior parte das vezes, de não se verem aí apanhadas, pelo menos diretamente, em primeira pessoa (Ibidem, p. 93).

Após essa análise do movimento social dentro da atuação do grupo e da

pesquisa bibliográfica, percebe-se que a Marcha Mundial das Mulheres, na opinião do

grupo, é uma importante ferramenta de luta para as mulheres. Isso porque o trabalho que

o Movimento se propõe a desenvolver perpassa desde a promoção de educação popular

voltada para a construção de uma sociedade com uma visão diferente acerca dos

gêneros, até ações específicas relacionadas às leis que atenderão demandas do público

feminino. A atuação articulada com outros movimentos sociais possibilita que esse

grupo possa levar as demandas específicas das mulheres para o interior das pautas das

demais organizações, tais como Mulheres da CUT, MOTU, Movimento dos

Trabalhadores Rurais, MST, entre outros. Assim, apesar dos grupos terem atuações

voltadas para áreas específicas e diferenciadas, a ação da Marcha Mundial demonstra

que as necessidades das mulheres são as mesmas, independente do campo abordado.

Entretanto, essa atuação articulada é também consequência do fato de não existir uma

instituição física específica onde o grupo pode desenvolver suas atividades. Dessa

forma, criam-se alguns problemas para o Movimento, já que o mesmo perde parte de

sua autonomia para a defesa de pautas próprias, tais como o aborto e a promoção de

ações pela atuação exclusiva da organização, sem que haja dependência de outros

Movimentos.

Outro ponto importante acerca da Marcha Mundial das Mulheres é o fato de

se tratar de uma organização que trabalha a questão de gênero de maneira muito madura

e lúcida, ao passo que não culpabiliza setores específicos da sociedade, tal como fazer

recair sobre o sexo masculino todo o processo histórico de segregação e inferiorização

da mulher. Assim, o grupo coloca a situação da mulher como algo construído no interior

da sociedade e suas instituições, sendo necessário, portanto, um amplo processo de

reeducação e reconstrução das relações sociais de gênero.

23

3 - CONCLUSÃO

Analisando o trabalho de pesquisa como um todo, pudemos perceber a

enorme contribuição do mesmo em nossa formação enquanto discentes, pois essa

proposta de pesquisa fez romper os muros que separam a Universidade das necessidades

reais da sociedade e das lutas sociais como um todo. Além disso, pudemos ampliar

nosso arcabouço teórico a respeito da situação histórica da mulher e as diversas lutas

sociais de gênero, pudemos estar envolvidos diretamente com prática e observando

como essas relações se desenvolvem no interior das estruturas sociais mais simples até

as mais complexas. Da mesma forma, tivemos a oportunidade de acompanhar de

maneira ativa como se constituiu o Movimento, os motivos que levaram as pessoas a

participarem dele e a maneira como desenvolvem as ações relacionadas às suas pautas.

Acreditamos que as contribuições que pudemos dar ao Movimento estão

relacionadas a ressaltar a necessidade de uma maior autonomia para o desenvolvimento

de pautas específicas, bem como a participação das ações juntamente com o grupo,

como a panfletagem. É necessário ressaltar a importância da atividade conjunta com a

Marcha, pelo fato de que constatamos por meio de entrevistas ao público que poucas

pessoas conhecem a Marcha Mundial das Mulheres, sendo essa atuação importante para

ajudar na promoção da visibilidade do Movimento. Por essa razão temos um evento

programado na segunda semana de fevereiro para auxiliar o grupo com uma palestra ao

público na Universidade Federal de Sergipe com temas relacionados à construção da

marcha do dia 08/03 e a sobre a representatividade política. O trabalho como um todo

também foi importante para o Movimento pelo fato de demonstrar que o ambiente

acadêmico também deve estar preocupado com os movimentos sociais e se propor a ser

uma ferramenta de auxílio aos mesmos.

Por fim, a partir das informações colhidas nas entrevistas com o grupo e nas

próprias entrevistas com a população, foi possível perceber que a sociedade ainda

necessita de amplas mudanças relacionadas ao papel da mulher e quebra de uma série de

preconceitos. Por isso, a Marcha no seu campo de atuação é importante para a

efetivação dos direitos humanos visto que ainda não há o efetivo cumprimento dos

mesmos, diante das desigualdades entre os gêneros.

24

4 - DIVISÃO DE TAREFAS DO GRUPO

Pesquisa

Bibliográfi

ca e

Relatório

sobre os

textos

Atas

das

Açõe

s

Realizaçã

o das

Entrevist

as

Formulaçã

o das

Entrevista

s

Presenç

a nas

ações

Construção

do

documentár

io

Construçã

o do

trabalho

teórico

C

Calian

Í

Ícaro

L

Laís

L

Lucas

L

Lucas E.

S

Sara

W

Wallace

Y

Yuri

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOURDIEU, Pierre. A Dominação Masculina. 11.ed. Tradução de Maria Helena Kühner. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.

BEAUVOIR, Simone. O segundo sexo: fatos e mitos. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1960a.

______. O segundo sexo: a experiência vivida. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1960b.

25

HÉRITIER, Françoise. Masculin/Féminin: la pensée de la différence. Paris: Ed. Odile Jacob, 1996.

SCOTT, Joan. “Gênero: uma categoria útil de análise histórica”. In: Revista Educação e Realidade. Porto Alegre: UFRGS, 1990.

_____. La Citoyenne Paradoxale: les féministes françaises et les droits de l’homme. Paris: Ed Albin Michel, 1998.

SILVA, Carmen Sílvia Maria da. Dálogo entre a educação popular e a pedagogia do movimento social feminista. Colóquio Internacional Paulo Freire, Brasil, ago. 2013. Disponível em: <http://coloquio.paulofreire.org.br/participacao/index.php/coloquio/viii-coloquio/paper/view/466/208>. Data de acesso: 19 Dez. 2014.

STOLLER, Robert. Recherches sur l’Identité Sexuelle. Paris: Gallimard, 1978 (tradução de “Sex and Gender”, cuja primeira edição é de 1968).

TELLES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1999.

TOURAINE, A. (2006). Na fronteira dos movimentos sociais. Sociedade e Estado. Dossiê Movimentos Sociais. Brasília, v. 21, n. 1, pp. 17-28.

TORRÃO FILHO, Amílcar. 2005. Uma questão de gênero: onde o masculino e o feminino se cruzam. Cadernos Pagu (24), janeiro-junho, pp.127-152.

ANEXO I – RELATÓRIOS DE ATIVIDADES COM A MARCHA MUNDIAL

DAS MULHERES

A) Relatório da reunião com a Marcha Mundial das Mulheres do dia 20/11/2014

O grupo se reuniu com uma liderança da MMM e podemos debater o

principal enfoque do Movimento, seus meios de atuação e sobre no que exatamente se

concentra a luta deles. Estivemos reunidos com Ana Cristina Oliveira e primeiramente

falamos a respeito do projeto de pesquisa da nossa equipe e da nossa intenção de estar

junto ao Movimento. Assim, o grupo se dispôs a contribuir com a pesquisa e abordou

acerca do Movimento, as pautas defendidas e seus mecanismos de atuação. As

principais pautas giram em torno do combate à violência contra a mulher, maior

representatividade política feminina, empoderamento das mulheres, atuação juntos aos

órgãos e instituições do legislativo para atender demandas das mulheres. Os

mecanismos de atuação estão relacionados principalmente à educação popular, seja

diretamente ao público ou através de reuniões com outros Movimentos, já que a Marcha

26

atua de maneira articulada. Assim, percebe-se que as lutas femininas não diferem

independente do movimento a ser tratado, sendo a ação da Marcha importante para

esclarecer no interior dos outros grupos, as problemáticas decorrentes do machismo e

necessidades das mulheres.

Participantes: Calian Costa, Laís Oliveira, Sara Danny.

B) Relatório de uma ação da Marcha do dia 25/11/2014

Nesse dia ocorreu uma atividade da Marcha Mundial das Mulheres Sergipe

no Calçadão da João Pessoa, a partir das 8h da manhã. Foi um ato de repúdio e de

conscientização acerca da violência contra as mulheres. Em Sergipe, até outubro desse

ano foram 2.100 boletins de ocorrência registrados. Ou seja, a violência contra mulher

está presente no cotidiano de milhares de mulheres em todo o mundo, no Brasil e

também em nosso estado, sendo expressa de forma física, psicológica, sexual, moral e

tantas outras formas. Nessa oportunidade, pudemos ver pela primeira vez a atuação

pública do movimento, afinal, o mesmo é um movimento popular, e portanto, precisa

constantemente promover esses atos de diálogo com a população, e principalmente, atos

de educação popular. Foram feitos nessa oportunidade panfletagem e outras

intervenções como teatro, stêncio e batucadas. Nesse dia tivemos a oportunidade de ter

a participação de outros grupos articulados com a MMM como as Mulheres da CUT,

Levante Popular da Juventude - SE, DCE UFS, Sindasse- Sindicato dos Assistentes

Sociais de Sergipe, SINTESE, MOTU, MMC, MMTR, e outras organizações que se

somam na luta. As pessoas visitavam amplamente o estande montando, muitas

mulheres sentaram-se, pudemos fazer perguntas. Enfim, foi extremamente produtivo e

enriquecedor.

Participantes: Ícaro Luís, Lucas Elias, Lucas Veiga.

C) Relatório da reunião de formação na CUT-SE do dia 01/12/2014

Estivemos presentes na reunião das mulheres da Marcha Mundial na CUTE.

Nessa reunião elas estiveram coordenadas com representantes de outros movimentos

sociais, como os que defendem direitos LGBT, Levante Popular da Juventude e outros

movimentos populares. Nessa reunião decidiram pela realização no dia 03/12 de um ato

público de repúdio às considerações feitas pelo vereador Agamenon. As mulheres

27

presentes estavam extremamente ofendidas e o clima era de muita revolta. Vários

debates aconteceram, entre eles: questões a respeito da violência contra a mulher, bem

como autonomia feminina e busca pela afirmação da mulher quebrando paradigmas de

uma sociedade machista. É importante ressaltar que em nenhum momento houve

“repúdio” aos homens, mas o problema é sempre colocado como algo eminentemente

social e histórico. Ao final, conversamos com algumas líderes do movimento, como

Ana Cristina Oliveira e Juliana Silva. Elas demonstraram ansiedade pela realização do

ato, mas estavam um pouco preocupadas em relação à agenda do movimento,

especialmente considerando o término do ano, comemorações natalinas, que fazem

esfriar a articulação das mulheres.

Participantes: Laís Oliveira, Sara Danny, Wallace Santana.

D) Relatório do ato público do dia 03/12/2014

Esse ato público foi realizado pela Marcha Mundial das Mulheres

juntamente com outros movimentos como o Levante Popular da Juventude, grupos

LGBT, entre outros no dia 03/12/2014. A manifestação foi realizada como forma de

repúdio às declarações feitas pelo vereador Agamenon Sobral. . Assim, as mulheres às

8:00 da manhã estavam reunidas em frente à praça portando calcinhas em alusão à

atitude da vereadora Lucimara. Havia uma média de 50 mulheres presentes no momento

portanto não apenas calcinhas, mas também sutiãs, cartazes em protesto com dizeres de

força (“PELAS MULHERES, PELA LIBERDADE”, “SOMOS DONAS DE NÓS

MESMAS”, “JUNTAS SOMOS FORTES”, “AGAMENON VC NÃO PODE ME

BATER”). Algumas mulheres, é importante ressaltar, portavam também objetos de uso

sexual e assim se colocavam na defesa pelos direitos sexuais da mulher e sua liberdade.

Alguns homens, em torno de cinco ou seis, estavam presentes no local e davam apoio às

mulheres. A meu ver, uma participação muito importante, já que estimulava a visão de

que os homens precisam atuar também nesse processo de construção social. Inclusive,

isso demonstra que muitos homens repudiam atuações atitudes como a do deputado.

Participante: Sara Danny

E) Relatório da reunião com a Marcha no dia 02/02/2015

Nessa oportunidade foi realizado um encontro com as líderes da Marcha,

Ana Cristina Oliveira, Juliana Silva e Camilla Siqueira. Pudemos então conhecer de

28

maneira mais profunda a Marcha e as problemáticas que circundam a atuação desse

grupo. Segue trechos da conversa feita com o Movimento.

ANA CRISTINA: No caso da história da Marcha acontecem esses tipos de

marchas a cada 5 anos. Então, em 2000 as mulheres se organizaram novamente, fizeram

um ato em vários países. Foi marcado em Nova York, mas foi também repercutido aqui

no Brasil também com o título “2000 razões para marchar contra a pobreza e a violência

sexista”. Então, é importante a gente pensar uma marcha em Nova York, mas a gente

fala em pobreza e violência sexista, mas que condiz com a realidade de outros países,

inclusive a nossa no Brasil. Em 2005 aconteceu uma outra marcha que foi uma carta

mundial das mulheres para a humanidade. Foi feita uma colcha de retalhos, cada país

fez, cada grupo fez em vários lugares e construiu uma colcha de retalhos grande para

representar, simbolizar, isso aí, de realidades diferentes, mas que conclamam por uma

mudança em comum, uma luta em comum, que foi isso, novamente sobre a violência,

mas com uma solidariedade entre as mulheres, porque era um símbolo de solidariedade.

Construir uma história a partir de retalhos de várias realidades de mulheres de muitos

países. E aí, em 2010, aconteceu aqui no Brasil, a cada 5 anos, uma marcha de

Campinas até São Paulo. Mulheres marcharam, foram ônibus de vários estados, a gente

ainda não estava na Marcha, a gente entrou em 2011, e aí, tinha um nome, toda marcha

tem uma chamada para esses eventos e nesse ano foi “Seguiremos em Marcha até que

todas sejamos livres”, a gente, hoje em dia, fala bastante isso, essa frase, e de novo ela

retratou essa solidariedade e essa luta por justiça social, pelo combate à violência contra

as mulheres, o fato das mulheres serem livres, pela vida das mulheres, porque a gente

sabe que muitas mulheres, hoje, morrem vítimas de violência e essa questão para que

todas as mulheres sejam livres é porque a gente tem hoje toda uma especulação, nosso

corpo é colocado em cheque em vários momentos, a gente sofre bastante essa questão

da mercantilização sobre o corpo das mulheres. São vários temas que percorrem, o que

aparece mais é relacionado a violência contra a mulher, mas tem outros mais que são

uma questão de violência, que são a mercantilização, a divisão sexual do trabalho (a

questão de que a gente ganha menores salários). E aí, em 2010 aconteceu essa marcha, a

gente marchou de Campinas até São Paulo e não passou sequer no Jornal Nacional,

passou em um veículo de mídia, assim, mostrou “Mulheres marchando atrapalham o

trânsito na Grande São Paulo”. Foi um momento bem bacana, porque as cidades foram

preparadas também para receber as mulheres. Marchava o dia inteiro durante o dia e à

noite cidade tal, digamos, a gente marchou até a Barra dos Coqueiros, lá a Barra dos

29

Coqueiros estava preparada para receber não sei quantas mil mulheres com

acampamento, cozinha e tal, para comer e no outro dia caminhar de novo e nesses

momentos fazia formação, fazia várias coisas e tudo construído por nós mesmas,

cozinha, saúde. Tinham muitas mulheres que passavam mal, algumas chegaram a

morrer de parada cardíaca, vários fatos que acontecem nesses momentos que são, assim,

históricos e que são marcados pela grandiosidade, se não for assim tão grande, não

chamaria tanta atenção quanto a gente gostaria que chamasse. E aí, chegamos em 2015,

esse ano a gente tem uma nova ação internacional, esse ano ele tem um caráter de não

ser concentrado em um só país, mas vai culminar no Peru, mas em todo mundo onde

tiver Marcha Mundial das Mulheres, França, Moçambique, Brasil, Canadá. Vamos fazer

atividades e aí vem o tema da territorialidade, a violência continua como um tema

também, mas a questão dos territórios, principalmente para as africanas e o pessoal da

Ásia, que tem sofrido bastante com isso de colonialismo e tal. É um movimento que

acolhe bastante essas outras pautas.

Trazendo para Sergipe, em Sergipe a gente começou a se organizar em 2009

para essa marcha que aconteceu em São Paulo em 2010. Então é um pouco do histórico

que a gente tem da Marcha aqui em Sergipe e em 2011, que é quando a gente chega e já

conhece o povo mais, porque, assim, a gente aqui em Sergipe funciona como uma

articulação, mas não era para ser só isso. A gente hoje tenta fazer com que o movimento

tenha próprias pernas no sentido de núcleos, núcleo da Marcha mesmo e hoje a gente se

organiza mais em articulação, vários movimentos se identificam como Marcha, mas só

que Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais são Mulheres Trabalhadoras Rurais

e a Marcha é um outro movimento. É como se fosse um dentro de outro, mas a gente

precisa um pouco diferenciar isso, não é desmembrar, isso aqui é Mulheres e isso é aqui

é Marcha, mas é tentar dar essa característica, essa identidade de Marcha entre nós e

continuar construindo essa unidade entre os movimentos sociais que existem auto

organizados por mulheres. Em 2011 a gente fez um ato de combate da violência contra a

mulher. Esse ano também foi marcado pelo encontro de mulheres campo x cidade, que a

gente fez, a gente também tem bastante articulação com os movimentos do campo, eu

falei das mulheres trabalhadoras rurais, mas também tem o MST e o MPA que estão

sempre presentes em nossas atividades, por a gente identificar, ter essa identidade,

assim, de projetos de lutas, um caminho a chegar, esses movimentos estão no nosso

hall, são parceiros nossos. Então, em 2011 e de lá pra cá, a gente faz todos os anos essa

luta no 8 de março, bem marcado os nossos anos com o 8 de março, a maioria deles foi

30

sobre violência, combate a violência contra a mulher, a gente vai sempre cobrar da

secretaria do estado, já fomos em delegacia levantar os números e agente consegue dar

uma certa visibilidade a esses casos de violência que a mídia tem colocado sempre.

Esses casos de violência, não que os casos tenham aumentado, mas que eles tem sido

mais vistos, tem sido mais evidenciados e a as mulheres estão procurando mais, de certa

forma, esse serviço de denúncia, mas não significa que as mulheres estejam finalizando

esses processos, nem sempre aqueles boletim de ocorrência vai resultar em uma pena

para aquele cara e isso é preocupante, porque apesar da lei existir, existem algumas

coisas que não garantem que essa mulher ainda não consiga finalizar esse processo, não

consegue que aquele cara seja preso, acontece de estar retirando essa queixa, acontece

muita coisa nesse caminho, que a gente sabe que é o medo, a dependência financeira,

que fazem com que essas mulheres desistam no meio do caminho e esse é um fato que a

gente até conversou com a defensoria pública do estado e estava muito evidente, aqui e

no brasil todo, as mulheres acabam desistindo, e a gente se questiona se esse esquema

da lei Maria da Penha, essa estrutura toda da justiça para acolher a mulher, se está

cumprindo com o que poderia cumprir, garantir que a mulher se sinta segura para isso,

porque no meio do caminho também tem as ameaças, tem a questão financeira que a

acaba a mulher que passou a vida inteira dependente daquele homem e de uma hora

para outra se vê sem nenhum recurso, nem dinheiro e nem tem trabalho, uma formação

adequada e precisa criar os filhos e fica numa situação complicada e é isso que a gente

observa bastante.

Para avançar um pouquinho, hoje em dia a gente tem trazido como pautas,

lutas nossa, não só a violência contra a mulher, mas o debate em relação as creches,

uma luta que é um direito nosso, um direito das crianças, é uma questão de educação

pública, mas é uma questão referente a vida das mulheres, porque as mulheres deixam

de trabalhar, deixam de fazer muitas coisas na vida porque tem que cuidar do filho, é

como se fosse um marco, assim, na vida das mulheres. A gente vê isso muito na

periferia, muitas jovens tem um filho, pronto, está ali fadada a ficar em casa no

ambiente doméstico, porque quem vai cuidar dos filhos dela? Vai deixar com a vizinha,

mas a vizinha é outra mulher. Vai deixar com a avó que também é outra mulher ou vai

precisar pagar para alguém, mas não tem dinheiro. E aí, a situação que a gente vê nas

creches hoje, são creches superlotadas e poucas, na verdade, para a demanda de crianças

que tem hoje no estado. Conseguimos fazer uma audiência pública ano passado e esse

foi um marco, a gente fez uma atividade em março que é o mês das mães e não

31

conseguimos mais avançar nessa pauta, e isso é um problema de administração pública,

o governo federal repassou uma verba para não sei quantas mil creches, e aí, as

prefeituras é que mandam os projetos, que mandam as demandas. Tem prefeitura que

não mandou, tem prefeitura que mandou só um projeto. Aracaju tem uma demanda de

90 creches, a gente tem 20 creches na cidade de Aracaju, sendo que a demanda é de 90,

estão sendo construídas mais umas 11 e que ainda não estão sendo concluídas. É uma

questão de administração pública que a gente precisa cobrar atitudes dos verdadeiros

responsáveis por essas coisas que acabam não acontecendo e agente vai perdendo esses

direitos que são fruto de administrações públicas mal geridas.

WALLACE SANTANA: Uma das questões que nós colocamos no nosso

trabalho foi fruto de uma conversa inicial com vocês, que vocês falaram que não tinham

uma autonomia de pautas, não sei afirmar tão precisamente quanto a pautas, mas não

tem uma distância dos outros movimentos, sempre agem em articulação com outros

movimentos.

JULIANA: Ainda não temos núcleo, né? Que ela falou que a gente não tem

um núcleo de mulheres que construam a marcha consolidada. Tem nós três e tem outras

meninas, que funciona mais como articulação.

WALLACE SANTANA: A gente colocou como umas das propostas de

contribuição, até gostaríamos de conversar com vocês sobre a questão da criação desse

núcleo para a Marcha Mundial das Mulheres aqui em Sergipe. Até mesmo com ações

para fazer uma espécie de formação política com as mulheres da universidade, já que

nós estamos em um ambiente universitário, em primeiro momento e para crescer esse

grupo e poder pautar várias coisas com mais força política.

ANA CRISTINA: Então, essa questão da articulação é mais uma questão

organizativa que a gente precisa resolver, não é que isso atrapalhe, até porque o que a

gente observa hoje é que as pautas das mulheres não são diferentes. A Marcha não está

falando diferente das mulheres ali do campo, basicamente a gente desenvolve as

mesmas pautas que eu estou falando aqui. Creches, o problema das creches é mais no

campo que é mais difícil ainda, nem vão trabalhar no campo porque lugar de mulher é

em casa mesmo, quem vai fazer o trabalho duro são os homens e as mulheres ficam para

fazer o trabalho de cuidar dos filhos e cuidar da casa e, por exemplo, a violência, a

divisão sexual do trabalho, não atrapalha a nossa questão de organização do movimento.

Porque é como Ju falou, somos três e mais algumas pessoas próximas e que estão se

aproximando. O desafio nosso é como se organizar e ter essa dinâmica de reuniões,

32

porque somos trabalhadoras, cada uma tem uma atividade e esse é um desafio de como

fazer, é claro que em outros estados acontecem há muito tempo. E é isso que a gente

precisa em 2015, que a gente consiga desenvolver mais o nosso grupo, de ter mais

atividades.

CAMILLA SIQUEIRA: E isso parte de um histórico daqui de Aracaju que

foi assim, antes a gente tinha, teve marcha aqui, o pessoal que antes geria aqui, era uma

pessoa. Essa pessoa era de um movimento, só que ela era um pouco idosa e não

articulava a marcha como deveria. E a gente conheceu a Marcha e a Marcha é assim

quem se reconhece como Marcha pode criar núcleos e começar a participar de

organizações. Tanto que no estado da Bahia tem coordenação estadual, municipal é

muito mais estruturado, porque lá tem muito mais tempo, tem histórico e tem diversos

grupos. Aqui não, como era personificado em uma mulher, o trabalho dela era mais

burocrático, oferecia geralmente oficinas, o trabalho dela era oferecer oficinas para

movimentos sociais. E a gente conhecendo a Marcha de uma outra forma, a gente, não,

bora começar uma luta que há muito tempo não se tinha unidade entre as organizações,

os sindicatos, o movimento de mulheres em geral, que foi o 8 de março de 2010. A

gente construiu o 8 de março e é por isso que hoje a gente se configura como um grupo

que consegue articular esses diversos sindicatos e movimentos. Porque a gente começou

assim, a gente convidou todas as organizações, sindicatos, CTB, CUT, partidos,

movimento do campo, MST, MPA, MOTU, a gente conseguiu trazer unidade na pauta

das mulheres que a gente não tinha há bastante tempo. E foi a partir disso que a gente

começou a se construir, a se referenciar nesses movimentos, a ajudar esses movimentos

de certa forma, mas também quando a gente era convidada. A gente tem uma

contribuição para o MOTU, no sentido da formação. Elas falaram “A gente está

precisando de uma formação sobre a violência contra mulher, tem como vocês irem lá e

contribuir?”. Mas o que a gente está sentindo falta é que esses movimentos eles já são

organizados, tem um trabalho deles se estruturarem no sentido deles terem ter um setor

de mulheres organizado, dentro de cada um deles, dentro de um movimento social

misto, que a gente sabe que é muito machista, quando a gente toca no movimento do

campo, e aí a gente vem trazendo essa reflexão, mas e as mulheres que não estão em

nenhum movimento? O que sobra é se organizar na marcha, e daí como a gente passou

muito tempo dando assistência aos outros movimentos, a gente meio que não se

autoconstruiu, a gente não se preocupou e trazendo essa reflexão esse ano, a gente está

trazendo essa preocupação da gente construir um espaço para as mulheres que não estão

33

organizadas em nenhum lugar. A gente iniciou um trabalho na periferia, lá no

Coqueiral, a gente tem algumas meninas, mas algumas entraram no movimento da

juventude. A gente está tentando retomar esses ano, a gente continua com a articulação

com os movimentos no sentido de organizar o setor de mulheres, mas a gente está com

essa preocupação atual de construir o núcleo da Marcha com mulheres que não estão em

lugar nenhum e que estão por ai, porque a gente sabe que a demanda é grande sobre a

violência, a precarização do trabalho com relação as mulheres, a questão do aborto que

a gente sabe que é uma pauta muito delicada, que a gente não consegue unidade com os

movimentos, que essa pauta existe sim e que a gente faz algumas atividades. A gente

fez uma atividade no RESUN, uma rádio feira, o microfone ficou aberto, algumas

pessoas se posicionaram contra, mas foi importante que abriu a discussão. Fizemos um

debate a noite, exibimos um filme. Então, é isso que é a Marcha hoje, mas existem

diversos núcleos espalhados pelo Brasil.

ANA CRISTINA: É um processo que é como a gente falou, em 2010 a

gente começou a se articular, mas agora é que a gente está conseguindo discutir melhor

sobre a nossa participação e na importância de diferenciar as atividades, porque tem

algumas especificidades. Como é um movimento, todo movimento tem diretrizes

específicas e isso se modifica de acordo com os movimentos, a nossa agenda não é igual

a das mulheres do MMC, mas no ano a gente vai estar junto nos 8 de março, todo 8 de

março a gente tenta fazer de uma forma unitária, porque é tudo uma pauta só, mas tem

algumas prioridades, por exemplo, a Marcha está construído a Marcha das Mulheres

Negras, que vai acontecer em maio e essas do campo não estão construindo. A gente

tem uma demanda para cumprir, porque os outros estados estão fazendo, existe uma

instrução para que a gente faça, que a gente participe e que outros não vão participar,

mas essas são algumas diferenças que a gente vai ajustando e que a gente está

percebendo que precisa a gente ter mais foco naquilo que o movimento traz e discute

internamente, mas que não impede essa articulação. É claro que a gente quer expandir,

crescer, sabendo que a gente tem essas demandas nacionais e até internacionais. No

último ano, a gente tocou a pauta da reforma política, que a gente até faz parte da

Coordenação do Plebiscito por uma Constituinte exclusiva e soberana do sistema

político, que ocorreu a votação de 1 a 7 de setembro, aqui em Sergipe Ju representou o

movimento.

JULIANA SILVA: A gente ainda está na construção do plebiscito porque a

campanha ainda não acabou. Em 2014 foi a campanha pelo plebiscito popular, que a

34

votação aconteceu em setembro, cada estado fez a votação e a gente foi entre o período

entre o 1º e o 2º turno, lá em Brasília entregar os votos a presidenta Dilma. E, assim,

foram 490 organizações que construíram o plebiscito no Brasil inteiro, a gente

conseguiu colocar o plebiscito como a pauta central do debate do 2º turno e, Dilma

voltou a falar na reforma política. E agora em 2015 a campanha continua, mas pelo

plebiscito oficial, para consultar a população se é a favor ou não de uma Constituinte

exclusiva e soberana do sistema político, só que agora uma votação feita pelo TRE, a

Marcha participa da campanha, porque a reforma política tem a ver com a forma com

que a mulher é tratada no Congresso, na Câmara. E vários exemplos que a gente vê de

políticos machistas que fazem declarações escrotas contras as mulheres e tem a

legitimidade tanto dos próprios colegas parlamentares quanto da própria sociedade e a

pauta das mulheres fica ridicularizada.

CAMILLA SIQUEIRA: Um dos pontos que até estava sendo discutido era a

proposta do Estatuto do Nascituro, que o congresso estava discutindo direitos a um bebê

que nem nasceu, ai coloca a questão de dar direitos ao bebê, e não a questão da mulher

ter a opção de ter ou não o bebê. E aí, vocês sabem que o Senado e a Câmara tem uma

bancada evangélica e estava tendo uma discussão de manifestação contra o estatuto do

nascituro, de dar direitos a um feto e o direito da mulher em ter ou não ter fica de lado.

Ai tem várias questões, as condições financeiras, por exemplo. Chegou até a se

comentar em uma Bolsa Estupro, quer dizer a mulher vai se obrigada a ter um bebê

fruto de um estupro.

ANA CRISTINA: Esse projeto chegou a ser engavetado ano passado por

pressão dos movimentos de mulheres, mas ai o movimento Pró Vida da igreja católica

junto com a evangélica veio com tudo e conseguiu trazer de novo isso ai, e conseguiram

colocar em pauta essa Bolsa Estupro, onde a mulher recebe até os 18 anos do filho para

criar essa criança, e daí você percebe que fica anulado o estado laico.

CAMILLA SIQUEIRA: E a relação com a pauta da reforma política é

relativo a que projetos essas pessoas, já que hoje temos eleições representativas, estão

representando, estão decidindo lá, porque eles não defendem projetos, defendem

interesses de quem financia as campanhas. Eles não estão defendendo projetos de

mulheres, juventudes e negros, por exemplo. Então, a gente acha super complicado a

estrutura do sistema político atual e pra isso a gente precisa reivindicar pessoas que vão

lá e defendam projetos, que a gente tenha uma abertura maior para a participação de

mulheres e que não os homens decidam pelas vidas das mulheres, porque além da

35

bancada ser evangélica, a maioria é homem, eles não estão na situação de mulheres, a

gente sabe que as condições são totalmente diferentes e então, eles estão lá decidindo

pelas mulheres, pelos negros, pelos índios, pelos quilombolas, pela comunidade LGBT,

estão decidindo várias coisas e agente acha super preocupante o sistema político atual

do jeito que está e é por isso que a gente entrou nessa luta junto com outros grupos,

porque a gente acha interessante e necessário para mudar a vida das mulheres, porque

tem muita coisa que é decidida lá, por exemplo, a não educação com relação a questão

LGBT, quando foi proibido foi lá, porque quer queira quer não é uma realidade que é

discutida na matéria de ciências, de biologia, e aí o que a gente faz? Se isso é uma

realidade, uma necessidade, vai para lá para ser aprovado , é vetado, mas e aí? A

realidade na sala de aula a gente sabe que é isso, quando a gente começa a entrar no

assunto de sistema reprodutor, aí fica uns muxixos, tem jovem que já está grávida,

jovem de 14 anos que já é mãe, muitos estão iniciando a vida sexual precocemente, tem

gente que está se descobrindo homoafetivo, e aí? A gente não vai discutir isso, porque é

vetado? Eu discuto. Então, tem várias coisas assim não só na questão das mulheres, que

fizeram a gente entrar na luta pelo plebiscito. É claro, tem pautas dentro dessa pauta da

reforma do sistema político relativo às mulheres que poderiam significar mudanças e

que podem tentar uma participação maior, mas a gente sabe que não são só nós, tem

também os outros grupos que também são minorias.

ANA CRISTINA: A ideia agora é fazer um plebiscito oficial, a gente fez

um plebiscito popular no ano passado e agora é que ele seja oficialmente convocado,

que seja definido um grupo que faça as devidas reformas, claro que representando os

setores da sociedade. Eu acho que diferente de uma análise de conjuntura, deu para

perceber um pouco sobre a realidade das mulheres hoje, a partir das bandeiras que a

gente levanta acerca da vida das mulheres, mas que é como eu falei no início, não está

deslocada de uma realidade de mundo, de uma realidade que a gente está inserido no

sistema capitalista, luta pela igualdade das mulheres, entende-se que se a gente luta pela

igualdade admitimos também que há desigualdade e que as mulheres, negras e pobres

são as mais atingidas por esse sistema capitalista que acaba com a vida das mulheres e

tudo que a gente falou de aborto, violência, isso tudo são reflexos dessa opressão que é

histórica na vida das mulheres, uma exploração que a mulher luta até hoje pra ter uma

vida pública, porque a gente está fadada a ter uma vida privada, enquanto os homens

tem mais a vida pública. Os salários são maiores, os homens têm mais oportunidades até

nos cursos, né? Se a gente for traçar uma realidade das universidades, existe até curso

36

de homem e de mulher. Enfermagem, pedagogia tem a maioria de mulheres, enquanto

os cursos de engenharia e tudo mais tem maioria de homens, então já começa daí e até

da nossa criação, daqueles brinquedos, das cores de homem e de mulher. Isso tudo é

uma estrutura de sociedade e família que representa e contribui para o sistema

capitalista, um patriarcado, nós somos contra o patriarcado, que é exatamente isso, o

homem como chefe da família. Eu uso isso muito em casa, por que meu pai é o chefe da

família, se minha mãe também contribui em casa? Mas mesmo assim ele é o chefe da

família, porque ainda existe essa visão do homem como o provedor de tudo, sendo que,

hoje em dia, as mulheres conseguiram sair de casa para trabalhar, o voto tem pouco

tempo que as mulheres votam e nem muita coisa mudou, apesar da luta que a gente faz

há muito tempo. E, hoje em dia, a gente, apesar de ter o trabalho fora de casa, o trabalho

doméstico ainda continua sob nossa responsabilidade, o cuidado com os filhos, idosos

também. Então, muita coisa além de ir lá fora e conseguir dinheiro para sustentar essa

família. Apesar de algumas coisas mudarem outras não mudaram e permanecem com

uma estrutura arcaica, porque não é interessante para o sistema que as mulheres sejam

livres, a gente luta para ser livre dessa realidade, dessa estrutura da sociedade.

Participantes: Calian Costa, Ícaro Luís, Laís Oliveira, Wallace Santana.

37

Figura 1 – Reunião do grupo com representantes da Marcha Mundial das Marcha

Mundial das Mulheres - SE

F) Relatório da reunião sobre a construção da Marcha do dia 08/03 no dia

11/02/2015

A reunião realizada pela Marcha no dia 11/03 tinha como pauta a construção

da Marcha do dia Internacional da Mulher. Além das coordenadoras da Marcha,

estavam representantes de outros movimentos sociais como a CUT, MST, Levante

Popular da Juventude, Sintese, MOTU, Sindicato das Domésticas. Inicialmente ocorreu

uma apresentação dos que estavam na roda de conversa e posteriormente uma digressão

às pautas da reunião anterior. A presente reunião teve como objetivo unir as demandas

dos movimentos a fim de levar tais questões às ruas no dia do ato público. Alguns

problemas evidenciados foram: o MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores)

questiona o fechamento das escolas no Sertão; a Marcha traz a questão da luta pelo

problema do corte nas creches de turno integral, da falta de delegacias da mulher 24

horas e da violência de gênero; os outros movimentos questionam o preconceito

existente dentro das organizações quando as mulheres ganham mais voz e atuação

política; e a questão da mulher na Reforma Constituinte e uma maior participação e

representação política das mulheres. Em relação ao Plebiscito da Constituinte elas

citaram que o dia 12 de março constitui o dia da mobilização nacional, mas que elas

ocorrerão do dia 01 ao dia 15 do mesmo mês. Depois de deliberadas as pautas que serão

defendidas no ato, elas definiram que haverá uma mística em que falam da demanda

universal dos grupos e depois das questões mais particulares. Essa mesma tática será

utilizada na confecção de faixas e cartazes. No que concerne aos panfletos a serem

distribuídos ela designaram a quantidade e a elaboração, alguns sindicatos ficaram

responsáveis pela impressão. Com o interesse de atrair as mulheres que passassem nas

ruas elas sugeriram as distribuições de uma faixa para o cabelo, pauta que ainda estava

em movimento devido ao dispêndio da renda. O ato ficou definido para o dia 09/03,

com concentração às noves horas na Praça Fausto Cardoso, e depois a marcha seguirá

até a Avenida General Valadão. Outra reunião foi marcada para o fim de fevereiro com

o intuito de aprovar o panfleto e definir como se dividirá as equipes responsáveis por

saúde, segurança, mídia, transporte.

Participantes: Laís Oliveira, Sara Danny, Wallace Santana.

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ANEXO II – ENTREVISTAS COM REPRESENTANTES DA MARCHA

ENTREVISTA 01

DATA: 03/12/2014

DADOS: Ana Cristina Oliveira, Coordenadora da MMM-SE

1ª - Ana, qual a importância que você enxerga na participação das mulheres em

um ato como esse?

Acima de tudo é um ato por libertação. Aqui estamos em defesa pelas mulheres

e a participação delas é fundamental, pois tudo que for feito aqui é para o benefício de

todas e não de uma parcela. Esse ato é estritamente relacionado com as declarações de

Agamenon, mas não tem unicamente esse cunho. Essa é uma oportunidade de estarmos

reunidas, e juntas nós temos mais força e voz.

ENTREVISTA 02

DATA: 03/12/2014

DADOS: Juliana Silva, Coordenadora da MMM-SE

1ª - Em relação às declarações do deputado. Declarações como essas, feitas por um

agente público, influenciam ou são influenciados pelo contexto social e pela visão

que está cristalizada a respeito da mulher?

Declarações como essas são extremamente nocivas, mas eu acho que são as duas

coisas, tanto influenciam como são influenciados. Mas o que mais me faz refletir sobre

esse assunto é o fato da representação política das mulheres. Uma bancada com maior

número de mulheres poderia ter feito a diferença diante de uma declaração como essa.

Entretanto, (e essa é uma questão que merece debate), os representantes políticos em

geral não estão preocupados com a situação das mulheres, e inclusive, atuam muitas

vezes reforçando estruturas sociais. Só esclarecendo que o vereador Agamenon não foi

nem sequer efetivamente eleito, ele só entrou para a Câmara por conta da legenda

partidária, ou seja, ele realmente não nos representa.

39

ENTREVISTA 03

DATA: 03/12/2014

DADOS: Camila Siqueira, Coordenadora da MMM-SE

1ª - Posso ver que você trouxe vários objetos. E inclusive essa calcinha é um modelo

bastante antigo. Qual foi a sua proposta ao fazer isso?

Então eu trouxe uma calcinha num modelo típico utilizado pelas mulheres nos

anos 1800. Calcinha tipo calção. Em geral uma calcinha reforçada em panos grossos e

com alusão à questão da castidade. Só a partir de 1860 as calcinhas começaram a se

modificar. Trouxe essa calcinha com a proposta de protestar pela atitude do Agamenon,

pq provavelmente ele deve ter algum projeto de lei pra fazer obrigatório o uso dessas

peças de 1800 (risos). A mulher precisa ter liberdade, precisa quebrar esses grilhões.

Nós somos reprimidas desde que nascemos, a maneira como nos obrigam a brincar, a

nos portar, a repressão à nossa sexualidade. Cara, nada se compara.

Por fim, assistir ao ato foi bastante enriquecedor e foi uma oportunidade de

ver a MMM articulada em um ato público, pois antes só havíamos presenciado reuniões

e eventos mais fechados. Observar a atuação delas efetivamente em público e rodeados

de curiosos e curiosos, foi uma oportunidade inclusive de divulgar o movimento e

despertar algumas mulheres, inclusive que passavam por aquele local no momento.

ANEXO III – QUESTIONÁRIO UTILIZADO NAS ENTREVISTAS COM O

PÚBLICO PARA A REALIZAÇÃO DO RELATÓRIO E ELABORAÇÃO DO

DOCUMENTÁRIO

1) Você acha que é importante a atuação de grupos feministas? Se sim, por quê? Se

não, você não acha que a luta desses movimentos é válida, pois tem uma relação

com os direitos humanos?

2) Na sua concepção, quais os maiores problemas enfrentados na atualidade?

3) Como você analisa o fato de as mulheres serem maioria do eleitorado brasileiro

e minoria nas representações políticas?

4) Acredita que as condições de entrada no mercado de trabalho são as mesmas

entre homens e mulheres?

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5) Algumas convenções, a exemplo de mulher tem mais aptidão para áreas

humanas ou lugar de mulher é na cozinha, condizem com o verdadeiro papel da

mulher na sociedade ou são apenas questões naturalizadas como verdadeiras?

6) Conhece a Marcha Mundial das Mulheres?

a) Sim

b) Não

7) Você já sofreu algum tipo de violência física de gênero?*

a) Sim

b) Não

8) Conhece alguém que sofreu?*

a) Sim

b) Não

9) Já sofreu algum tipo de abuso verbal?*

a) Sim

b) Não

*Perguntas específicas para mulheres entrevistadas.

ANEXO IV – APRESENTAÇÃO DA COLETA DE DADOS QUALITATIVOS

REFERENTES AO QUESTIONÁRIO FEITO AO PÚBLICO

Questionário - Mulher

Resposta 1

1) Tanto faz.

2) Desigualdade e corrupção.

3)Porque ninguém confia nas mulheres nessas posições.

4) Acredito que sim.

5) São coisas naturalizadas porque assim como mulher tem mão pra cozinhar o homem

também tem.

6)Não

7) Não

8) Sim

9) Sim

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Resposta 2

1) Sim, porque para alcançar os direitos, e para mostrar a força da mulher no mercado e

na sociedade, para uma sociedade mais igualitária e menos preconceituosa.

2)Cybberbullying e pré conceito na internet.

3) Não alcançam credibilidade pelo fato de serem mulheres, até mesmo pelas outras

mulheres.

4) Hoje em dia acredito que sim.

5) Foram construções naturalizadas, mas apensar disso a mulher hoje em dia possui

dupla jornada, acumulando tarefas.

6) Sim

7) Não

8) Sim

9)Sim

Resposta 3

1)Sim, pois a mulher precisa continuar defendendo seus direitos na sociedade.

2)Preconceito, desigualdade salarial, agressão física e verbal.

3)Pois vivemos em uma sociedade cuja história mostra que a mulher foi preparada para

ser mãe e dona de casa e não para a vida publica.

4)Não, as empresas priorizam o trabalho masculino.

5)Questões naturalizadas como verdadeiras.

6)Não

7)Não

8)Sim

9)Sim

Resposta 4

1)Sim, pois a reivindicação da igualdade social é importante

2)Baliza, violência doméstica, falta de creches, DSTs.

3)Uma questão de oportunidade e de discriminação, baseada na visão que uma mulher

não tem nível para gerenciar um governo

4)Não

5)São fantasias, pois mulheres fazem tudo que os homens são capazes

6)Sim

42

7)Não

8)Sim

9)Sim

Resposta 5

1)Acredito que é importante, mas não defendo exageros. Acho que, pela igualdade,

devem tratar diferentemente os diferentes, ou especialmente. A exemplo de que uma

diferença inegável é a maternidade.

2)Preconceitos ligados à fragilidade de comando, à exigência de beleza e ainda a real

diferença da força física, submetendo-as à violência.

3) As mulheres ainda não convenceram de que podem comandar com segurança e que

serão respeitadas.

4) Não. Assim como não são as mesmas para jovens e idosos, pobres e ricos, "bonitos"

e "feios".

5) Creio que existam diferenças orgânicas entre homens e mulheres a exemplo da

questão hormonal que influencia totalmente no cotidiano e consequentemente na relação

com as diversas atividades profissionais. Sobre as aptidões, acredito haver uma

estatística... cujo resultado pode até ser mudado dependendo da cultura, e necessidade

da sociedade. Sobre papel, acho que há diversidade, e que inclusive é mutante para a

mesma pessoa.

6)Não

7)Não

8)Sim

9)Sim

Resposta 6

1)Sim. Pois ajudam a externalizar a situação da classe e colaboram com o pensamento

crítico no que diz respeito ao atual modelo social sobre o "papel de homens e mulheres".

2)Opressão, discriminação, preconceito, padrões de beleza.

3)Devido ao encargo cultural, em que se tinha no passado essas profissões como cargos

masculinos. E também pelo preconceito que se tem quando se pensa nas mulheres como

líderes na política.

4)Não

43

5)Questões aceitas como verdades por causa da cultura.

6)Sim

7)Não

8)Sim

9)Sim

Resposta 7

1) Sim, eles possibilitam que as mulheres adquiram mais direitos.

2)Serem reconhecidas por suas atividades e suas escolhas

3)A cultura brasileira ainda ter conceitos machistas muito influentes, portanto muitos

não confiam que uma mulher tenha competência para assumir cargos de chefia.

4)Não

5)São questões culturais, ideias que são passadas para as crianças, e que acabam se

tornando verdades.

6)Sim

7)Não

8)Sim

9)Não

Resposta 8

1) Sim, pois a opinião e participação das mulheres em varias decisões é tão importante

quanto a dos homens. somos iguais e também sofremos as consequências de nossas

escolhas.

2) O machismo dos homens e até mesmo de algumas mulheres em pensar que somos

diferentes de qualquer homem.

3) A maioria das mulheres vota por obrigação e não por realmente querer participar das

escolhas do pais então não são todas as mulheres que realmente querem participar da

política.

4) Não, por conta do machismo. um exemplo claro disso é que homens dizem que

mulheres dirigem mau, e quantas vezes você já viu uma mulher caminhoneira ou

motorista de ônibus?

5)Acho que isso é algo imposto às mulheres desde pequenas e elas aceitam como agora

natural então acaba sendo uma "verdade", já que quase todos aceitam.

6)Sim

44

7)Não

8)Não

9)Sim

Resposta 9

1)Sim.

2)Atualmente, no Brasil, as maiores dificuldades são culturais.

3) É algo extremamente negativo, pois é uma maioria mal representada.

4) Não, pois em algumas áreas os homens ainda são maioria ou conseguem emprego

mais facilmente.

5)São questões consideradas verdadeiras e enraizadas na nossa cultura.

6)Sim

7)Não

8)Sim

9)Sim

Resposta 10

1)Sim, pois as mulheres percorreram um grande caminho para conquistar o que

atualmente possuem e mesmo tendo um grande caminho a percorrer os grupos

femininos tiveram grande importância nesse processo

2)Discriminação por serem vistas como o "sexo frágil", incapazes de fazer o que os

homens fazem

3)por serem maioria no eleitorado considero questões demográficas e minorias nas

representações acredito q seja pela sociedade ainda ser machista

4)Não, pela ideia de que mulheres não são capazes de lidar com o trabalho pesado.

5)São ideias falsas

6)Sim

7)Não

8)Não

9)Sim

Resposta 11

1)Sim, pois há uma série de violações e desrespeitos que ocorrem às leis que deveriam

as proteger.

45

2)A disparidade no mercado de trabalho e opressão em regiões onde não há delegacias

especializadas nem suporte jurídico.

3)Uma certa visão machista ainda influencia o pensamento feminino, o que faz com que

as próprias mulheres não se sintam representadas por aquelas que se candidatam.

4)Não.

5)São questões passadas pela tradição patriarcal, geralmente, muito machista, na

tentativa de colocar a mulher num patamar inferior e não deixar com que ela desenvolva

sua capacidade.

6)Sim

7)Não

8)Sim

9)Não

Resposta 12

1) Acho que sim porque apesar de uma certa igualdade as mulheres sabem que ainda

tem algumas coisas que nós sofremos mais, na vida amorosa por exemplo, os homens

podem muito mais que nós.

2)Acho que é a hipocrisia e incompetência dos nosso governantes.

3)Eu acho que as mulheres são pouco unidas, se a gente tivesse mais união poderíamos

fazer mais coisas, mas as próprias mulheres não gostam disso.

4) Acredito que sim, pelo menos aqui nas cidades maiores tem uma igualdade maior.

5)Acho que sempre ensinaram as mulheres essas coisas, então meio que é naturalizado,

mas é difícil fugir dessas coisas.

6) Não

7) Sim

8)Sim

9) Sim

Resposta 13

1) Acho que não, acho que nós ganhamos mais trabalhando duro, protestar nunca levou

a nada.

2) A ganância das pessoas, hoje em dia as pessoas passam por cima de qualquer coisa

pra ter o que querem, ninguém tem mais respeito.

46

3) As mulheres tem mais coisas pra fazer, não tem muito tempo pra ficar falando de

política, acho que é isso.

4) Se a mulher se esforçar ela consegue sim as mesmas coisas.

5) Tem coisas que só uma mulher pode fazer bem, as meninas sabem mais algumas

coisas e outras coisas os homens sabem mais, as vezes isso não acontece, mas acho isso

normal.

6) Não

7) Não

8)Sim

9) Não

Resposta 14

1) Acho que esses protestos só prejudicam a mulher, ninguém ganhou nada por essas

meninas ficarem mostrando os peitos.

2) Acho que é a preguiça, cada vez mais as pessoas gostam menos de trabalhar.

3) Acho que é porque os homens gostam mais de política que as mulheres, as mulheres

gostam mais de outras coisas que não se envolvem com política.

4)Sim.

5) Acho que as meninas aprendem sim desde crianças a serem assim, mas isso é muito

importante, porque são coisas que a mulher faz mas todos precisam disso.

6) Não

7) Não

8)Não

9) Não

Resposta 15

1)Mais ou menos, as mulheres que não apoiam os homens e são meio marrentinhas.

3) Deveria ser mais aberta, a gente é representado por uma presidente, mas somos

afastadas do meio político.

4)Não são as mesmas.

6)Sim

7)Sim

8)Sim

47

9)Sim

Resposta 16

1)Sim. Olha, eu não sou tão jovem assim, eu já alcancei a luta das mulheres por seus

direitos como o direito de votar. Então a luta é constante pela conquista de espaço. Tem

a história da guerra do feminismo que esbarra em muitos preconceitos.

3) Estamos conquistando aos poucos, mas ainda há muito a batalhar.

4) Totalmente diferente, existe ainda o preconceito e a batalha para defender nossa

posição. A mulher se posiciona muito bem no mercado de trabalho, mas ainda não é

valorizada.

6)não

7)Não

8)Sim

9)Não

Resposta 17

3) É óbvio que as mulheres não são tão representadas quanto os homens. Apesar de hoje

termos uma mulher presidente, isso não muda o fato de haver uma distância muito

grande das mulheres no cenário político

4) Com certeza não. Muitas vezes mulheres que ocupam os mesmos cargos e que

possuem a mesma qualificação recebem salários bem inferiores. Então com certeza não.

5) Puramente naturalizadas

6) Sim

7) Não

8) Não

9) Sim

Resposta 18

1) O feminismo é um movimento de luta pelos direitos das mulheres. É um movimento

importante já que trouxe muitas conquistas que hoje nós ainda desfrutamos.

3) As mulheres não estão tão evidentes no cenário político quanto os homens, mas isso

não é um fato isolado. É claro que as próprias eleições são resultados do que a

48

sociedade pensa. A sociedade que é repleta de preconceitos e machismos é a mesma que

escolhe como maioria os homens para representarem a todos.

4) Não tenho dados que me norteiem mas acredito que há uma diferença salarial entre

os homens e mulheres e as oportunidades com certeza não são as mesmas.

5) São questões que historicamente passaram a ser “verdades”, mas obviamente que elas

não são naturais.

6) Sim

7) Não

8) Sim

9) Não

Resposta 19

1)Não sei o que é.

3) A representatividade política das mulheres melhorou, hoje podemos observar uma

mulher na presidência.

4)A remuneração das mulheres são menores, e ainda há separação dos cargos.

6)Sim

7)Sim

8)Sim

9)Sim

Resposta 20

1)Mais ou menos.

3) A representatividade política ainda não é a mesma.

4)A questão da remuneração é diferente.

6)Não

7)Sim

8)Sim

9)Sim

Resposta 21

1)Sim. Seria a luta das mulheres.

3) Não é a mesma representatividade. Na igreja mesmo ainda há muito preconceito

quando as mulheres estão à frente.

49

4) As oportunidades são diferentes.

6)Não

7)Não

8)Sim

9)Não.

Resposta 22

1)Sim. Trata dos direitos das mulheres.

3)Não há uma forte representação política.

4)Financeiramente não são as mesmas oportunidades.

6)Sim

7)Não

8)Sim

9)Sim

Resposta 23

1)Não

3)Ainda não é a mesma representatividade, pois há muito preconceito.

4)Acho que melhorou, mas ainda há preconceitos em determinadas áreas.

6)Não

7)Não

8)Não

9)Sim

Resposta 24

1)Depende do feminismo.

4)Mesmo conseguindo avançar não são as mesmas oportunidades.

6)Não

7)Não

8)Sim

9)Sim

50

Questionário - Homem

Resposta 1

1) Sim, porque elas servem como uma representação das mulheres que não possuem

voz.

2) o preconceito e a ignorância.

3) culparia os próprios partidos que não dão espaço para as mulheres.

4) Em teoria sim.

5) Todos os papeis foram dados pela sociedade e pela historia da humanidade.

6) Não

Resposta 2

1) Sim, pois tem objetivo de quebrar o paradigma da sociedade binária, de homens e

mulheres no caso.

2) Na falta de solidariedade e a exploração de grande parte da população

por uma pequena parte que usufrui dos frutos do trabalho dessa população.

3) As mulheres são educadas de forma que veem apenas no homem a representação de

poder e liderança, é natural que isso se reflita em nossa sociedade que dá prioridade as

homens.

4) Depende da área, em áreas onde há digamos uma "tradição feminina" há sim

igualdade, ou até preferência pelas mulheres, mas essa separação de papeis de homens e

mulheres ainda é bastante forte em várias áreas.

5) São sim coisas naturalizadas, durante a nossa historia a mulher recebeu diversas

tarefas e elas foram naturalizadas apenas como função da mulher, isso é bastante

prejudicial pois esses valores nem sempre condizem com a verdadeira vontade da

população feminina.

6) Não

Resposta 3

1)Não acho, acho que as mulheres já tem tudo que precisam, são quase como homens

então está tudo bom pra elas.

2) A corrupção da nossa sociedade.

3) As mulheres nem se interessam, acho que não é muito coisa de mulher isso.

4) Acho que sim, hoje em dia tem mulher em tudo que é lugar.

51

5) Um pouco dos dois, porque a mulher tem as obrigações dela mas também pode fazer

outras coisas que as pessoas dizem que elas não podem.

6) Não

Reposta 4

1) Depende, eu sou contra as radicais de hoje em dia, mas acho que em alguns lugares

como no oriente médio e África tá precisando disso.

2) Acho que é porque as pessoas são muito egoístas.

3) Acho que é porque as maiorias dos políticos vem de famílias tradicionais, que

geralmente gostam mais de apoiar os filhos homens.

4) Acho que sim, aliás, as mulheres são até mais estudiosas, talvez no futuro elas que

serão maioria nos bons trabalhos.

5) Acredito que em parte são sim coisas construídas, mas realmente tem coisas que são

naturais como o papel de cuidar dos filhos, um homem nunca poderá ocupar o papel de

uma mulher.

6) Não

Resposta 5

1) Acho que sim, porque ainda tem muitas mulheres que apanham em casa e não

conseguem ter os seus direitos garantidos.

2) Acho que é a impunidade com os ricos, eles fazem o que querem mas nada acontece,

quando é o filho do pobre num instante vai preso.

3) Acho que elas ainda não se acostumaram com essa igualdade, mas aos poucos elas

vem ganhando mais candidatas, até a nossa presidenta é mulher.

4) São sim, desde que elas sejam competentes acho que é tudo igual.

5) Acho que tem sim essa separação, mas algumas mulheres até preferem assim, são

acostumadas com serviço de casa e tudo mais.

6) Não

Resposta 6

1) Acho que podem ter alguma legais, que fazem um trabalho bacana, mas tem muitas

que só querem chamar a atenção e até atrapalham as outras que fazem algo sério.

52

2) No momento vou responder que é a ignorância das pessoas mesmo, muitas vezes as

pessoas não entendem nem coisas fundamentais de suas vidas e ficam conformadas com

isso.

3) Antigamente as mulheres nem podiam votar, então, acho que os homens ainda tem

muita vantagem por saberem mais se colocar nesse mundo que é novo para muitas

mulheres.

4) Acredito que os direitos delas já foi assegurado, ao menos no Brasil, mas ainda falta

cumprir esse direitos no caso de algumas delas.

5) Acho que a criação das crianças é muito importante nisso, algumas coisas que são

ensinadas desde pequenininhos ficam pra sempre, mas a educação tem coisa mudado

bastante, tanto que acho que as pessoas nem se acostumaram com isso ainda.

6) Não

Resposta 7

1)Acho que são desocupadas, porque poderiam estar trabalhando ou estudando mas

ficam fazendo barulho pra nada.

2) As leis são muito brandas, por isso que nesse mundo todo mundo faz coisa errada e

sabe que logo depois vai ser solto.

3) Acho que as próprias mulheres não confiam nelas próprias.

4) Acredito que até tenham mais mulheres bem por aí, porque os caras não sabem ficar

focados, mas mulheres são mais centradas e não querem saber de muita brincadeira.

Tipo, é claro que tem muita mulher que também curte, mas tem muito mais menina

estudiosa do que cara estudioso.

5) Não sei né, acho que talvez essas coisas de matemática e tal seja mais coisa de

homem, mas acho que cada caso é um caso, as vezes tem menina que sabe muito de

matemática. Talvez no fundo seja tudo igual mesmo e isso seja só uma ideia de

separação que a gente tem.

6) Não

Resposta 8

1)Sim, pois tais grupos trazem diversos benefícios para a sociedade

2)Baliza, desemprego, abusos, preconceito.

3)Que a situação deveria ser mais igualitária

4)Não

53

5)Sim

6)Sim

Resposta 9

1)Sim. Pois elas sofrem uma grande desigualdade de direitos e deveres no trabalho e na

sociedade.

2)A falta de reconhecimento da sua capacidade, sempre achando que é inferior ao de um

homem.

3)Ainda existe uma, por parte da população, de reconhecer as capacidades das

mulheres.

4)Não. A mulher é mais sobrada, recebe um salário menor e ainda, em sua grande

maioria, sofre abuso moral.

5)São apenas estereótipos antigos criados pela sociedade. Não é predeterminado que

uma mulher seja melhor em humanas e pior em exatas. Existe muito e esforço por trás

disso. Esse estereótipo só serve para justamente criar essa situação, pois certas mulheres

acreditam que realmente são melhores em humanas e piores em exatas.

6)Sim

Resposta 10

1) Sim. Porque os grupos representam as mulheres que sofrem abusos físicos ou

verbais, e também desenvolver mudanças sociais, politicas , e até mesmo econômicas já

que mesmo nos dias de hoje mulheres ainda acabam sofrendo baixas em salários para

cargos igualitários ou com a mesma formação.

2)Preconceito, salários baixos, dificuldade para frequentar certos locais por conta da

banalidade que acaba sendo algumas "cantadas" e etc.

3)De certa forma a carga histórica e preconceituosa, até mesmo racista acaba

envolvendo pensamentos religiosos daqueles que invadiram o brasil.

4)Não são, visto que até mesmo nas escolas elas sofrem separações em brincadeiras ou

formas de avaliação, vendo desta forma isto afeta inclusive a forma como ela se

encontrará no mercado de trabalho.

5)Na verdade isso são questões racistas e históricas visto que mulheres não tinham total

aptidão para trabalhos físicos sendo forçada a trabalhar na cozinha ou na limpeza de

certos locais.

6)Sim

54

Resposta 11

1)Não necessariamente. Uma vez que a luta social dita feminina toma unicamente

partido de um grupo que sofre por um problema, em detrimento a uma realidade em que

todos os grupos membros da sociedade sofrem de forma direta ou indireta com o

modelo de sociedade atual. Tomar partido das lutas de somente um grupo, tendo-o

como única vítima de uma opressão é dizer, ainda que indiretamente, que nenhum outro

grupo sofre, ou pior, que os outros grupos são coniventes ou mesmo causadores desta.

2)Preconceito (principalmente no que se remete a questões de liberdade sexual), que de

certa forma resulta na maioria dos demais problemas.

3)Uma questão meramente histórica , e uma possível falta de incentivo por parte do

meio em que vivem.

4)Sim.

5)São questões que não deveriam ser regradas, já que são baseadas em estatísticas;

Estatisticamente, isso condiz com a realidade, havendo uma maioria que prefere uma

área a outra (no caso, humanas e exatas, respectivamente). "Lugar de mulher é na

cozinha" é proveniente de uma carga histórica e cultural onde durante séculos o papel

desempenhado às mulheres limitava-se a trabalhos domésticos, fato esse mudando

somente no período contemporâneo, repetido por línguas mal instruídas, alheias à

realidade atual.

6)Não

Resposta 12

1)Não tem relação com os direitos humanos, elas utilizam esses movimentos para

igualar com os homens e seus direitos.

2)Preconceito no mercado de trabalho, violência domestica, dependência financeira em

relação o homem.

3)É uma questão cultural tradicional da sociedade de séculos passados que ainda

permanecem a existir, mas de uma maneira reduzida.

4)Não. Em algumas áreas antes dominadas por homens, principalmente nas áreas de

tecnologia, as mulheres ainda são encaradas com certa desconfiança.

5)É um fato que vem modificando-se ao longo do tempo e o desenvolvimento da

sociedade tenta mostrar que isso é algo que é encarado como pensamento "machista".

6)Não

55

Resposta 13

1)Sim. Em minha opinião homens e mulheres devem ter direito iguais.

2)Serviço militar não é obrigatório para a mulheres

3)Que elas mesmas são machistas

4)Mulheres tem a vantagem do teste do teste do sofá.

5)São apenas naturalizadas como verdadeiras.

6)Não

Resposta 14

1) Sim, pois deve existir igualdade de gênero na sociedade.

2)Os problemas relacionados com os salários no mercado de trabalho.

3)Acredito que a política está masculinizada.

4)Com certeza não.

5)São apenas estereótipos que se estabeleceram por questões preconceituosas.

6)Sim.

Resposta 15

1) O feminismo luta pelas mulheres.

3) A representatividade política não é a mesma, mas está muando porque tem uma

mulher na presidência.

4) Não são as mesmas, os direitos não são os mesmos, não se vê mulher no cargo de

chefe por exemplo.

5) Foram construções sociais.

6) Não

Resposta 16

1) Sim. Hoje o feminismo é diferente do que foi no passado. No passado era favorável

porque as mulheres não tinham muitos direitos, por exemplo, não podiam trabalhar e

sofriam com isso. Atualmente, em alguns países árabes, por exemplo, existe isso, as

mulheres não podem votar, não podem dirigir.

3) A representatividade política é a mesma, no passado não era. Isso mudou muito.

4) Em algumas áreas são as mesmas

56

5) Em parte é natural. Mas por exemplo, hoje existem homens chefes de cozinhas,

metres. Já em casa é mais comum a mulher fazer as coisas. A mulher tem vocação pra

cuidar, é mais uma missão do que obrigação.

6) Não

Resposta 17

1) Feminismo era um movimento lá do passado que tinham mulheres que saíam às ruas.

Acho que começou nos Estados Unidos. Elas lutavam por mais igualdade.

3) Eu acho que hoje em dia isso já mudou. Temos até mulher na presidência.

4) Não. Hoje não existe mais essa diferença. No passado existia. Inclusive minha

mulher ganha muito mais do que eu.

5) Isso não é verdade. Tanto o homem quanto a mulher podem fazer.

6) Não.

Resposta 18

1) No sentido original era um movimento que lutava pelos direitos das mulheres. Mas

hoje em dia corromperam o sentido.

3) A questão não é colocar mulheres lá no Congresso porque acho que isso não resolve

a situação. As mulheres precisam estar atuantes na política fazendo mais pressão,

buscando estar mais ativas.

4) Existe diferença mas só em algumas áreas.

5) Não é natural, mas isso é besteira. Quem quiser fazer atividade doméstica, faz e

quem não quiser, não faz. Independente de ser homem ou mulher.

6) Sim.

Resposta 19

3) A representação política não é a mesma.

4) Com certeza há muita desigualdade de oportunidade no mercado de trabalho

5) São questões que se tornaram naturalizadas ao longo da história. Mas com certeza

elas precisam ser desconstruídas. Esse é um esforço que tem que partir de toda a

sociedade, homens e mulheres, por isso a ação dos grupos feministas é importante.

6) Não.

Resposta 20

57

1 ) É um movimento das mulheres buscando a luta pelos seus direitos e que ajudou

muito as mulheres ao longo da história.

3) Não é a mesma. Os homens ainda dominam a política.

4) Em muitas áreas o acesso ainda não é igual, assim como os salários.

5) Não são naturais, mas é aquela questão: Se alguém sussurra no seu ouvido durante a

sua vida toda que uma mentira é uma verdade, aquilo passa a ser uma “verdade”.

Nossos pais, nossos colegas, todos influenciam na construção dos preconceitos.

6) Não.

Reposta 21

1) Dizem que é um movimento que luta por igualdade. Mas qual igualdade? Porque pra

dividir a conta do lanche as mulheres não querem igualdade, nem pra servir ao exército.

3) Acho que a representação ainda não é a mesma mas melhorou muito.

4) Acho que as condições hoje em dia são iguais. As mulheres inclusive ocupam muitas

áreas que os homens não ocupam: os setores de atendimento ao público. Normalmente

elas tem mais facilidade. Esse já é um ponto em favor delas.

5) Não são naturais, mas se tornou uma prática habitual.

6) Não

Resposta 22

1)Já ouvi falar.

3) A representatividade política das mulheres ainda é baixa.

4) Falta algo pra ser inserida igualmente.

5)A sociedade construiu essa imagem da mulher.

6)Não

58

ANEXO V – ANÁLISE DOS DADOS QUANTITATIVOS DAS ENTREVISTAS

39%

61%

Conhecimento sobre a Marcha Mundial das Mulheres

SimNão

Figura 2 – Gráfico sobre o conhecimento da população sobre a Marcha Mundial das

Mulheres

28%

72%

Igualdade no acesso ao mercado de trabalho

SimNão

Figura 3 – Gráfico referente à crença da igualdade dos gêneros no acesso ao mercado de

trabalho.

59

17%

83%

Sofreu violência de gênero

SimNão

Figura 4 – Gráfico referente ao percentual de mulheres que já sofreu violência

relacionada ao gênero.

79%

21%

Conhece alguém que sofreu violência de gênero

SimNão

Figura 5 – Gráfico referente ao conhecimento acerca de pessoas que já tenham sofrido

violência relacionada ao gênero.

60

74%

26%

Sofreu algum tipo de abuso verbal

SimNão

Figura 6 – Gráfico referente ao percentual de mulheres que já sofreu algum tipo de

violência verbal.

ANEXO VI – PANFLETO SOBRE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Figura 7 – Frente do Panfleto

61

Figura 8 – Verso do Panfleto

ANEXO VII – AÇÃO DE PANFLETAGEM

Figura 9 – Lucas Elias na ação de panfletagem

62

Figura 10 – Yuri e Lucas Veiga na ação de panfletagem