RELATÓRIO Visita de Estudo Prof. Luís Gonçalves: o percurso queirosiano

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  • 7/28/2019 RELATRIO Visita de Estudo Prof. Lus Gonalves: o percurso queirosiano

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    AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DR. JORGE AUGUSTO CORREIADireo de Servios da Regio do Algarve

    ES/3EB Dr. Jorge Augusto Correia; EB 2,3 D. Paio Peres Correia; EB1 n2 Tavira; EB1/JI Conceio; EB1 Cabanas

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    RELATRIO CRIATIVO DE UMA VISITA DE ESTUDO: O PERCURSO QUEIROSIANA

    Tavira, 10 de maio de 2037

    Afonso,

    Tenho pena de no te estar a contar isto pessoalmente, mas, sabes, por vezes a vida troca-nos as voltas e

    no espero outra coisa seno que te mantenhas forte e confiante, que levantes a cabea e sintas que, mesmo

    no estando ao teu lado, estarei sempre a olhar por ti.

    Esta carta surge da minha enorme vontade de te contar um episdio que marcou a minha adolescncia,

    assim como gostaria que marcasse a tua. Fazes hoje dezasseis anos e j te encontras no dcimo primeiro ano.Vais estudar uma obra que enriqueceu a nossa literatura, a literatura do nosso Portugal: Os Maias, de Ea de

    Queirs.

    Ora, a minha aventura iniciada em Tavira, algures em maro, na escola secundria que hoje j no existe

    como eu a conheci. Recordo-me como se estivesse l neste preciso instante. A alegria de todos os meus

    colegas e professores era contagiante e a boa disposio predominou durante toda aquela visita a Lisboa e

    Sintra. O objetivo, mais que cumprido, era executarmos o percurso Queirosiano nestas mesmas cidades.

    Estive l somente dois dias, mas, sinceramente, passaram to rpido como um piscar de olhos. O cansaoao final do dia j pesava nas pernas. Fomos a imensos stios, filho!

    A viagem foi longa para quem no gosta de andar de autocarro, mas penso que os amigos mudam todo o

    aborrecimento que pode existir nestes casos. Desde risos, gritos e jogos de cartas a conversas srias e

    lgrimas ao canto dos olhos, na hora de despedida. Esta foi uma das visitas da minha vida.

    Mal chegmos a Lisboa, deixaram-nos no antigo Museu da Electricidade, ainda hoje conhecido, onde vimos

    uma exposio bastante engraada acerca do riso. No meu tempo j existiam The Simpsons, desenhos animados

    que tu adoravas ver quando eu ainda estava a presente, e lembro-me que aparecia um episdio deles numateleviso muito antiga para aquela altura.

    Caso tenhas oportunidade de ir a uma visita deste gnero, no te esqueas de pedir ao professor para

    passarem por Belm porque, realmente, ir a Lisboa sem comer um pastel de Belm idntico a ir a Ftima sem

    visitar o Santurio, ou seja, no faz sentido nenhum. Infelizmente, nesse ano no tivemos oportunidade para o

    fazer porque o tempo apertava. Foi uma correria at ao ltimo segundo, momento em que nos atrasmos para

    a entrada no autocarro, j em Sintra, porque no queramos deixar para trs as famosas queijadas e os

    preciosos travesseiros.

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    AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DR. JORGE AUGUSTO CORREIADireo de Servios da Regio do Algarve

    ES/3EB Dr. Jorge Augusto Correia; EB 2,3 D. Paio Peres Correia; EB1 n2 Tavira; EB1/JI Conceio; EB1 Cabanas

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    Continuando, o nosso destino era agora o Cais do Sodr. Tivemos muita sorte visto que o professor

    conseguiu com que nos disponibilizassem duas guias, uma para cada turma, para nos acompanharem e

    explicarem, pormenorizadamente, cada local a visitar. Passemos, embora brevemente, pelo Cais do Sodr,belo lugar para um passeio num dia de sol. Seguidamente, fomos para a localizao do antigo Hotel Central,

    como ters oportunidade de ler este ano na rica obra que estudars.

    A metodologia da guia suscitava a nossa ateno. Em cada local a visitar, a senhora lia excertos da obra que

    muitos ainda no tinham comeado a ler.

    Posteriormente subimos at ao alto da Rua das Flores, onde se encontrava uma esttua de Ea de Queirs

    com a citao Sob a nudez forte da verdade, o manto difano da fantasia, retirada do livro de sua autoria A

    Relquia. Cansativo, no achas?!Pois bem, parmos no largo de Cames para recuperar energias. Este, no tempo de Ea, era um local de

    separao entre ricos e pobres, tambm conhecido por ser um local de grande comrcio, apresentando uma

    grande diversidade de profisses, devido s necessidades de ambas as classes sociais.

    Durante o percurso, tive a oportunidade de admirar o prestigiado caf/restaurante Tavares, parte das

    muralhas que dividiam a cidade, o Casino Lisbonense, o teatro de So Carlos, o Grmio Literrio (situado na

    rua onde viviam Maria Eduarda e Cruges, personagens de Os Maias), a casa do Ea, a Avenida da Liberdade, o

    local do possvel consultrio da personagem principal, Carlos da Maia, e aproveitmos para ver o caf queFernando Pessoa, que estudars no prximo ano lectivo, frequentava, assim como a sua casa.

    Depois do cansativo passeio, fomos para o hotel de autocarro. Durante a viagem, nos semforos, tivemos

    direito a entretenimento, onde dois engraados malabaristas ganhavam a vida a deixar cair as bolas e as

    maas. Mas deixemo-nos de rodeios. Chegmos ao hotel. Deixa-me que te diga, ao incio eu e as minhas amigas

    ficmos maravilhadas, mas essa sensao no durou muito. O entusiasmo era imenso. Foi quando fomos para o

    quarto que a tal sensao terminou. Os mveis desajeitados e as colchas, para ser sincera, bastante floridas

    deu-nos razes para um certo desprezo. ramos adolescentes, raparigas, ainda por cima, e apesar de termosficado um bocado desiludidas com o nosso quarto, ultrapassmo-lo instantaneamente. Foi fcil! Havia um

    ambiente de pura amizade e companheirismo, onde os chocolates, bolachas e o filme de terror intervieram,

    juntamente com uns quantos jogos de cartas, em plena descontraco.

    Na manh seguinte, o sono predominava em todo o autocarro. Dirigamo-nos agora para a rica e bonita

    cidade de Sintra, cidade esta que Ea venerava pelas suas caractersticas nicas. J nesta, tivemos novamente

    uma guia que nos acompanhou durante todo o percurso Queirosiano. O cansao acumulava-se e a ateno j no era a

    mesma que a do dia anterior. Nem imaginas o que andmos, Afonso!

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    AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DR. JORGE AUGUSTO CORREIADireo de Servios da Regio do Algarve

    ES/3EB Dr. Jorge Augusto Correia; EB 2,3 D. Paio Peres Correia; EB1 n2 Tavira; EB1/JI Conceio; EB1 Cabanas

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    Com base no captulo VIII de XVIII (ufa, finalmente tenho o orgulho de te dizer que li, do incio ao fim, aquela

    extraordinria obra!), tivemos a oportunidade de visitar o Hotel Nunes que, na minha altura, j no existia em tais

    dimenses e com o mesmo nome (chamava-se Hotel Tivoli Sintra) e onde Eusebiozinho se encontrara com duas

    espanholas, o Hotel Lawrence, onde Carlos supunha que estava a sua donzela, o Jardim dos Seteais com uma vista

    lindssima e um jardim enorme, e por fim, a Quinta da Regaleira, o stio de que a mam mais gostou. Desculpa tratar-te

    assim, afinal, a partir de hoje, tens dezasseis aninhos, mas sers sempre o meu beb. Nesta ltima, lembro-me que

    estvamos todos com sede e havia uma espcie de fonte onde pudemos beber gua e encher garrafas para o resto do

    percurso. Era enorme! Descemos umas escadas com a forma de um caracol e atravessmos uma pequena ribeira onde o

    meio de transporte eram pedras, em que s faziam sentido se comessemos com o p direito, se no me engano. Ento

    no que houve um grande amigo meu que trocou os ps e quase caa na gua?! Ah ah ah, meu pequeno Afonso!

    Falar-te de tudo isto estranho porque s entenders quando realmente leres o livro e caso vs a estes locais, mass o fao porque sei que s um rapaz curioso que gosta de aprender. Espero que este assunto te chame ateno no

    sentido de querer saber mais.

    Por ltimo, e porque deves estar cansado de tanto ler, quero dizer-te que aqui vai um beijinho enorme de parabns,

    cheio de amor e carinho, como sempre te dei. Espero que te tornes num homenzinho e que tenhas cabea suficiente para

    tomar as tuas prprias decises. Quase me esquecia da moral desta pequena carta: os verdadeiros amigos contam-se

    pelos dedos; medida que fores crescendo, aprenders isso. O companheirismo e o esprito de equipa so essenciais em

    atividades como estas. No te deixes levar por ms companhias, no faas nada que no queiras s para ser fixe, como

    eu dizia quando tinha a tua idade, mas tambm no te isoles do mundo. Sei que o pai e a av esto a fazer um excelente

    trabalho a cuidar de ti, no os desiludas! Podes contar com eles para o que precisares.

    PS.- Aproveita esta carta como motivao para ler Os Maias e espero que te tenha ajudado a entender algumas

    partes que estudars.

    Um beijo da me que te adora,

    Madalena

    Adriana Correia, n3

    Ins Garcia, n12

    Joana Guerreiro, n14

    11A4

    Trabalho orientado pelo professor de Portugus: Lus Gonalves

    Maio 2013