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1 Plataforma Nacional da Sociedade Civil Moçambicana para participação nos Observatórios de Desenvolvimento Relatório Anual sobre os Desafios de Desenvolvimento (RAD) 2012/13 Actuais Constrangimentos e Desafios, rumo ao Desenvolvimento Abril de 2013

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Plataforma Nacional da Sociedade Civil Moçambicana

para participação nos Observatórios de Desenvolvimento

Relatório Anual sobre os Desafios de

Desenvolvimento (RAD) 2012/13

Actuais Constrangimentos e Desafios, rumo ao

Desenvolvimento

Abril de 2013

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Ficha Técnica

Título: Relatório Anual sobre os Desafios de Desenvolvimento (RAD) 2012/13: Actuais

Constrangimentos e Desafios, rumo ao Desenvolvimento;

Propriedade: G20 - Plataforma Nacional da Sociedade Civil Moçambicana para participação nos

Observatórios de Desenvolvimento;

Elaboração e Produção: G20;

Supervisão Técnica: Eufrigina Dos Reis Manoela e Humberto Tobias Zaqueu;

Capa e Fotos: G20;

Facilitação Geral e Coordenação Editorial: GMD (hospedeiro e membro do Grupo de

Coordenação do G20);

Maquetização e Impressão: CONSERV, Comunicação, Consultoria e Serviços;

Tiragem: 1000 exemplares;

Sob o No de Registo: 4465/RLIND/2005;

Ano: 2013.

Distribuição Gratuita

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PREFÁCIO

Volvidos alguns anos, o G20 relança o Relatório Anual da Pobreza (RAP), mas agora com a designação

sugestiva de “Relatório Anual sobre os Desafios de Desenvolvimento - RAD”, dada a avalanche de processos e

perspectivas que aconteceram, ao longo da última década, que também ditaram a mudança de Observatório da

Pobreza para Observatório de Desenvolvimento. Isto é a demonstração mais inequívoca da determinação de

actores da Sociedade Civil moçambicana em dar voz à população, mesmo em condições adversas de

funcionamento. Resulta também do reconhecimento e valorização deste esforço por alguns parceiros,

perspectivando o seu reforço e resultados mais sólidos.

A contribuição da Sociedade Civil nos processos de desenvolvimento, obviamente dentro das suas limitações,

tem vindo a ser positiva; notam-se vários sinais de mudanças concretas em benefício da população, desde o

maior envolvimento no diálogo, o aprimoramento de políticas públicas, até à refinação das estratégias de

desenvolvimento, indo ao encontro das demandas feitas.

A Sociedade Civil avalia positivamente as respostas que tem encontrado do lado do Governo e outros actores,

embora muito ainda haja a fazer. Aliás, é precisamente isso que inspira actors da Sociedade Civil a se

aplicarem, mesmo em condições difíceis.

Importa reconhecer que, o grau de dificuldades tende a aumentar à medida que que se vai descendo do nível

central para os níveis provincial e distrital. Por isso, o principais obreiros destes resultados, e também a quem

os mesmo se dedicam em primeira mão, são os actores de desenvolvimento ao nível das províncias e distritos.

O relançamento do RAP na forma de RAD não seria possível sem o apoio do Mecanismo de Apoio à

Sociedade Civil (MASC), e o persistente e sustentado apoio da Novib/AGIR, EED, KEPA e Action Aid

Moçambique, que providenciaram recursos financeiros e prestaram importante assistência ao desenvolvimento

institucional do GMD/G20.

Os membros ao nível central acompanharam o processo e contribuiram para o conteúdo deste RAD. Os pontos

focais provinciais do G20 e Núcleos Provinciais do GMD geriram todo o processo de auscultação ao nível

provincial até aos distritos.

Os Governos local, provincial e central têm, cada vez mais, propiciado o espaço para o diálogo e, por via disso,

estimularam o debate à volta da matéria deste RAD. As Assembleias Provinciais e a Assembleia da República

construiram importantes ligações de partilha de informação com actores da Sociedade Civil que foram cruciais

no rocesso.

A publicação deste RAD representa o culminar do esforço de todos estes actores; por isso, não haveria outro

forma de gratificá-los.

Esperamos, que este seja mais um contributo ao debate à volta dos desafios de desenvolvimento, em busca de

soluções mais consistentes e, ao mesmo tempo, contribuindo para a melhoria e consolidação da cultura de

diálogo para o desenvolvimento no país.

Eufrigina Duarte Dos ReisManoela

____________________________

(Coordenadora do GMD, em representação

do Secretariado Executivo do G20)

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ACRÓNIMOS

ATM – Autoridade Tributária de Moçambique;

BdPES – Balanço do PES;

DUAT – Direito de Uso e Aproveitamento da Terra;

FDD – Fundo de Desenvolvimento Distrital;

FMI – Fundo Monetário Internacional;

G20 – “Plataforma Nacional da Sociedade Civil para a participação nos ODs”;

GMD – Grupo Moçambicano da Dívida;

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano;

INE – Instituto Nacional de Estatística;

INEFP – Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional;

JUE – Janela Única Electrónica;

MAs – Membros Associados1;

MPD – Ministério de Planificaçào e Desenvolvimento;

Mt – “Abreviação da moeda moçambicana – o Metical”;

N1 – Estrada Nacional número 1;

N221 – Estrada Nacional número 221;

OD – Observatório de Desenvolvimento;

ODP – Observatório de Desenvolvimento Provincial;

OE – Orçamento do Estado;

PARP – Plano de Acção para a Redução da Pobreza;

PEDSA – Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Sector Agrário;

PERPU – Programa Estratégico para a Redução da Pobreza Urbana;

PES – Plano Económico e Social;

1 No âmbito do apoio programático.

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PIB – Produto Interno Bruto;

QAD – Quadro de Avaliação de Desempenho;

QIBB – Questionário de Indicadores de Bem-estar;

RAD – Relatório Anual sobre os Desafios de Desenvolvimento;

RAP – Relatório Anual da Pobreza;

SADC – “Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral”;

USD – “Abreviação da moeda norte Americana – o Dólar”.

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ÍNDICE

1. Introdução

2. Análise do contexto

3. Ranking de desempenho sectorial, 2011, e resumo de constatações e recomendações

4. Ranking de desempenho sectorial, 2012, e Principais Problemas

1º Ranking do desempenho sectorial do ano 2012

2º Principais problemas identificados pela população

A. Educação

B. Saúde

C. Agricultura

D. Água

E. Estradas

F. Emprego e geração de rendimentos (incluindo os “7 milhões”)

G. Macroeconomia

H. Governação

I. Aspectos Transversais

5. Algumas observações do Governo

6. Quadro de Objectivos/Resultados preconizados e Indicadores por sector/pilar, na perspectiva

da população

7. Considerações Finais

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1. INTRODUÇÃO

O presente documento é Relatório Anual sobre Desafios de Desenvolvimento (RAD), referente

ao ano 2012.

O RAD reporta as preocupações da população em relação aos constrangimentos e desafios

prevalecentes, ou novos, na luta contra a pobreza no país. Este documento é produzido pela

população, sob a facilitação do G20, e procura reflectir as preocupações da base de forma mais

clara e estruturada, de modo a permitir uma melhor comunicação com o Governo, Parceiros de

Cooperação e outros actores de desenvolvimento.

Tendo em vista a melhor estruturação da comunicação, para que seja relevante para a advocacia

e monitoria, mas também valorizando os instrumentos de planificação e gestão pública nacionais,

a abordagem e a estrutura do conteúdo obedece à perpectiva do Plano de Acção para a Redução

da Pobreza (PARP), mas de uma forma mais simples e comum ao povo.

É verdade que não é tudo e nem seria possível abordar tudo, mas aqui estão elementos de

destaque na actualidade, segundo as preocupações e interesse da população.

Este documento possui duas principais partes: a parte das constatações da população em relação

aos problemas e desafios a nível dos diferentes sectores e o quadro de resultados preconizados,

com os respectivos indicadores. As constatações do ano em debate (2012) são precedidas das

constatações do ano anterior (2011), com vista a avaliar os progressos registados e/ou novos

desafios. Sobre as preocupações apresentadas, está uma secção de esclarecimentos ou reacções

do Governo. A lógica é ter-se uma imagem mais equilibrada e informada do panorama e tornar o

exercício de advocacia e monitoria pela Sociedade Civil um exercício mais previsível, mais

harmonizado, mais consistente e mais relevante ao longo dos tempos, incrementando também a

qualidade dos resultados. Isto é introduzido numa altura em que a Sociedade Civil desenvolveu

modelos de pesquisa com maior rigor técnico, o que viabiliza este novo impulso.

A metodologia básica para a produção deste relatório foi a condução do CRC Integrado2 (vide o

apêndice) ao nível dos distritos e capitais provinciais, em todas as províncias, excepto Maputo,

que se confinou à auscultação a instituições centrais. Após o apuramento e validação de dados,

foram 1837 informantes chave com contribuições directas ao conteúdo validadas, sendo 36%

mulheres. Os resultados foram intensamente calibrados com auscultações participativas abertas,

amplas e inclusivas, que contaram com gestores públicos séniores.

O CRC Integrado e auscultações participativas abertas e inclusivas foram conduzidos em

Ancuabe, Metuz e Pemba (província de Cabo Delgado); Cahora Bassa, Changara, Tete e Moatize

2 Sobre esta metodologia, remetemos o leitor ao primeiro relatório do CRC integrado, produzido pelo Grupo

Moçambicano da Dívida (GMD) em 2012, e que está devidamente referenciado na lista das referências

bibliográficas nas últimas páginas deste documento.

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(província de Tete); Sussundenga e Chimoio (província de Manica); Meconta, Monapo e

Nampula (província de Nampula); Lago e Lichinga (província de Niassa); Mocuba, Pebane e

Quelimane (província da Zambézia); Nhamatanda e Beira (província de Sofala); Maxixe,

Jangamo e Panda (província de Inhambane); Chókwè, Macia e Xai-Xai (província de Gaza). Na

província de Maputo foram administrados inquéritos de campo nos distritos de Boane e

Moamba. Instituições centrais, na cidade de Maputo, ofereceram a retaguarda principal na

sensura, discussão, integração e calibração de conteúdos, em consultas individuais e sessões

abertas participativas.

No total, foram envolvidos 27 distritos, ou seja, 21% do total de distritos do país.

Foram envolvidos actores da Sociedade Civil ligados a organizações sectoriais diversas,

Membros das Assembleias Provinciais, líderes comunitários, funcionários públicos (entre os

quais, professores, enfermeiros, técnicos da agricultura e outros), lideranças públicas provinciais

e distritais (entre os quais, Directores Provinciais, Directores Distritais, Secretários

Permanentes), membros de Conselhos Consultivos Distritais, líderes religiosos, entre outros.

Com a excepção dos distritos de Cahora Bassa, Jangamo, Macia, Meconta, Metuz e Pebane, os

restantes foram abordados desde 2011, tendo-se criado uma base para a monitoria contínua nos

anos subsequentes.

Importa ressaltar que o apuramento da tendência global obedece estritamente à significância

estatística observada pelo método CRC Integrado, cuja constituição da amostra privilegia

informantes “provadamente” chave, com uma satisfação de condições mínimas necessárias,

através da não reposição.

Possíveis erros previstos pelo método foram rigorosamente acautelados, aquando do processo de

validação de fichas. Contudo, o método é desafiado por situações de falta de honestidade do lado

de alguns participantes. Dai, a relevância de exercícios subsequentes, nos mesmos locais,

reconsiderando a estrutura de sectores e critérios, sobre uma base diferenciada e mais abrangente

de recolha de dados.

2. ANÁLISE DO CONTEXTO

O país tem vindo a registar um crescimento económico acelerado; a taxa annual de crescimento

do Produto Interno Bruto (PIB) tem estado à volta dos 7,0% na última década. Estatísticas

oficiais sobre a inflação também têm mostrado sinais de estabilidade, embora se experimentem

momentos de instabilidade, justificados particularmente por actos de expeculação interna e

inflação importada.

A tabela que se segue mostra as estatísticas, entre 2008 e 20113.

3 O ano 2012 não consta, porque na altura da produção deste relatório, as fontes de dados ainda careciam de

reconciliação.

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Tabela 1: Alguns Indicadores Macroeconómicos

Componente 2008 2009 2010 2011

Produto Interno Bruto, a Preços constantes, 2003=100 (10^6 MT)

161.635 171.873 184.050 197.524

Taxa de Crescimento 6,8% 6,3% 7,1% 7,3% PIB per capita (USD) 380 430 440 470 Taxa de inflação (%) 15,4 3,79 12,43 11,17

Fonte: Instituto Nacional de Estatísticas (www.ine.gov.mz). Banco de Moçambique: http://www.bancomoc.mz/estatísticas.

As exportações também continuam a crescer de forma substancial. O início da exportação do

carvão mineral deu um novo impulso à dinâmica imprimida pelos grandes projectos implantados

no país ao longo da última década.

O índice de fiscalidade tem vindo a aumentar substancialmente, tendo evoluido de 13,47%, em

2007, para 18,37%, em 2011, mas ainda inferior à média da zona da SADC que é de cerca de

21%, num contexo em que a contribuição fiscal dos mega-projectos em Moçambique, no seu

todo, continua inferior a 4%.

As receitas públicas conheceram um importante impulso com as reformas tributárias

introduzidas no país, nos auspícios da Autoridade Tributária de Moçambique (ATM); muito

recenteme (em 2009), foi criada a Janela Única Electrónica (JUE) que se está a traduzir num

incremento drástico das receitas provenientes dos direitos aduaneiros.

A ajuda externa continuou a fluir de forma sólida, mesmo num contexto internacional adverso. A

tabela a seguir mostra a dinâmica mais recente, embora não reflicta outros apois, particularmente

ao nível de projectos.

Tabela 2: Fluxos da ajuda externa para Moçambique, na perpectiva do Apoio Directo ao

Orçamento do Estado e Contribuições de Membros Associados (MAs).

2011 % 2012 Variação %

Total G19 (USD) 1,156,406,602 67% 1,264,764,563 108,357,961 9%

Estados Unidos 445,524,859 26% 406,549,211 -38,975,648 -9% Nações Unidas 126,532,847 7% 58,680,573 -67,852,274 -54%

Total MAs 572,057,706 33% 465,229,784 -106,827,922 -19%

Grande Total 1,728,464,308 - 1,729,994,347 1,530,038 0.1%

Fonte: Governo de Moçambique: Processo de Revisão Anual 2013, no Quadro do Memorando de Entendimento sobre o Apoio

Geral ao Orçamento; Avaliação Final do Governo de Moçambique ao Desempenho dos Parceiros de Apoio Programático (PAPs)

em 2012.

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Em contrapartida, a redução das taxas de incidência da pobreza tem sido um desafio: depois da

drástica redução registada de 1996 a 2003, designadamente, de 69,4% para 54%, no período

posterior, as estatísticas oficiais não mostraram mudanças significativas, tendo a taxa de

incidência da pobreza absoluta registado uma ligeira subida, de 54%, em 2003, para 54,1% em

2009.

Isto remete à necessidade de se refinar as estratégias de intervenção de acordo com as

necessidades específicas e mecanismos de transmissão das medidas de política.

O aspecto motivador é que o panorama acima mostra que a capacidade do país tem aumentado

de forma substancial, ano após ano, o que é consistente com as expectativas do povo em relação

à aceleração da redução dos índices da pobreza no país. O que é necessário é o reforço

qualitativo das medidas públicas, associado a um incremento da capacidade de alocação e gestão

dos recursos públicos.

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3. RANKING DE DESEMPENHO SECTORIAL, 2011, E RESUMO DE

CONSTATAÇÕES E RECOMENDAÇÕES

Foto: Comunidades de Ancuabe em sessão do CRC Integrado na sede do distrito.

Em relação a 2011, ao longo do ano 2012 foi feito um trabalho de base, a nível nacional, na

recolha de dados e informações junto a diferentes actores relevantes, desde a Sociedade Civil,

Assembleias Provinciais, representantes de Governos locais, líderes comunitários, entre outros.

Do trabalho feito, foram apuradas as principais prioridades que determinaram os sectores mais

prioritários que devem merecer maior atenção nos futuros esforços de afectação de recursos.

Nesta base, em termos de prioridades em relação aos esforços adicionais necessários no

alargamento infrastrutural e de meios e facilidades ao nível dos sectores considerados, a

população colocou: primeiro, o abastecimento de água; segundo, infrastruturas rodoviárias

(estradas e vias de acesso); terceiro, a geração de rendimentos; quarto, a saúde; quinto, o uso de

terra para agricultura e; sexto, a educação. E, globalmente, os problemas de qualidade e de grau

de acessibilidade do produto sectorial, foram os mais destacados. Em termos de

constrangimentos intrasectoriais, foi constatado o seguinte: Educação: debatia-se com problemas

de padrões de aprendizagem do aluno, qualidade de professores, materiais e equipamentos, e

localização das infrastruturas do sector, etc.; Agricultura: debatia-se com a exiguidade de capital

produtivo, exiguidade de serviços de extensão, exiguidade de insumos, exiguidade de

infrastruturas de conservação, debilidade de infrastruturas rodoviárias para o acesso aos

mercados, escassez de facilidades de transformação do excedente para o aumento do valor da

produção, etc.; Saúde: debatia-se com a insuficiência de pessoal técnico, falta de ética

profissional por parte de alguns técnicos do sector, exiguidade de equipamentos e medicamentos,

falta de determinados cuidados sanitários, particularmente para a mulher e para algumas doenças

específicas, etc. Os restantes sectores/componentes abordados, designadamente geração de

rendimentos, estradas e vias de acesso, e abastecimento de água, debatiam-se com problemas

mais gravosos e exigiam um trabalho mais redobrado, tanto ao nível do incremento infrastrutural

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e de meios e facilidades, como no aprimoramento de componentes sectoriais específicas que

geram utilidade à satisfação das necessidades da população.

Face a este panorama, e das demandas e solicitações da população, tinham sido feitas as

seguintes recomendações:

- A necessidade de reforçar o envolvimento da população local, tanto na definição de

prioridades, como no processo de monitoria da implementação dos planos públicos, incluindo a

afectação de recursos públicos;

- A necessidade de reforçar os mecanismos de diálogo e envolvimento local, tais como,

Observatórios de Desenvolvimento e Conselhos Consultivos Locais, renovando-os (em termos

da dimensão de participação de actores não governamentais e mecanismos de seguimento das

suas contribuições) e ligando-os, de forma consistente, ao processo de planificação pública;

- A necessidade de definir, de forma clara e consistente, responsabilidades aos diferentes níveis,

bem como o estabelecimento de mecanismos consistentes de comunicação entre os diferentes

actores;

- A necessidade de melhorar o acesso à informação pública, para maior sintonia entre actores na

percepção do contexto, importante para o estabelecimento dos baseline, relevante para a

monitoria dos progressos ao longo dos tempos;

- A necessidade de fortalecer o sistema de estatísticas ao nível nacional, particularmente a

cobertura dos distritos e localidades, para a melhor percepção dos desafios e seus contornos;

- A necessidade de reforçar a fiscalização pública, particularmente ao nível da base (províncias,

distritos e localidades), fortalecendo o papel das instituições públicas;

- A necessidade de aprimorar a qualidade dos instrumentos de planificação e gestão pública,

particularmente, a actualização da matriz de indicadores do Plano Económico e Social (PES) e,

consequentemente, do Quadro de Avaliação de Desempenho (QAD) do Governo e dos parceiros;

e

- A necessidade de melhorar a abordagem da afectação de recursos pelos parceiros de

cooperação, particularmente naquilo que tem sido a sua prática de consignação ao nível do apoio

programático, mas também dos projectos.

Em relação às recomendações feitas, ao nível sectorial, assistiu-se, em 2012, a um conjunto de

acções na componente de planificação pública, com a aprovação de planos e estratégias4, na base

de políticas específicas. E em relação aos aspectos gerais, foram implementadas importantes

iniciativas, sendo de salientar a persistência do Apoio Directo ao Orçamento do Estado, mesmo

num contexto internal adverso, o alargamento dos indicadores de avaliação do desempenho dos

Parceiros de Apoio Programático pelo Governo e a elaboração do Plano de Acção Nacional Pós-

Busan, com indicadores mais consensuais, num processo inclusivo e com uma maior

4 As duas secções seguintes apresentam algumas realizações, incluindo políticas, planos e estratégias elaborados

ao nível dos sectores.

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representatividade dos actores de desenvolvimento. Também continuou o processo de revisão

dos indicadores do QAD do Governo; foi aprovado o Plano Estratégico da Função Pública, que é

um importante instrumento para o reforço da prestação de serviços ao cidadão; foi agendada a

discussão da proposta de Lei do Acesso à Infornação, bem como partes do Pacote Anti-

Corrupção, o que representa importantes avanços para o fortalecimento dos mecanismos de

gestão da coisa pública.

Contudo, os sectores continuam a se debater com problemas específicos que se vislumbram

contraproducentes aos esforços investidos rumo à redução da pobreza. Aliás não seria doutra

maneira, pois o desenvolvimento é um processo e leva seu tempo, mas é preciso garantir que

haja maximização do uso de recursos públicos e que haja progressos no terreno.

A secção que se segue aborda os actuais constrangimentos, ano 2012, confrontados com o

cenário do ano anterior (2011) e que devem encontrar respostas públicas consistentes.

4. RANKING DE DESEMPENHO SECTORIAL, 2012, E PRINCIPAIS PROBLEMAS

1º Ranking do desempenho sectorial do ano 2012

O levantamento feito pela Sociedade Civil, no âmbito deste RAD, nos auspícios do G20,

permitiu actualizar os constrangimentos que cercavam os diferentes sectores considerados em

2012, em relação ao ano 2011.

Este novo levantamento, efectuado entre finais de 2012 e princípios de 2013, junto da população,

usando os mesmos indicadores e metodologias, apurou que, em cerca de 12 meses, não houve

mudanças comparativas significativas ao nível dos seis sectores (Educação, Saúde, Agricultura,

Água, Estradas e Emprego e Geração de Rendimentos). Assim sendo, o escalonamento se

manteve, em termos de grau de satisfação da população ou grau de necessidades de intervenção

pública, ou seja: Primeiro, o abastecimento de água, considerado o sector com pior desempenho;

segundo, estradas e vias de acesso (infrastruturas), logo a seguir ao abastecimento de água;

terceiro, a geração de rendimentos, cujos constrangimentos também são gravosos; quarto, a

saúde; quinto, o uso de terra para agricultura e; sexto, a educação, que continua a ser considerada

o sector com maior desempenho, embora em termos quantitativos, e com problemas e desafios

próprios, na sua maioria de natureza qualitativa.

2º Principais Problemas Identificados pela população

Na presente secção estão os destaques das actuais preocupações do povo em relação ao

desempenho dos diferentes sectores, tendo em vista a construção de respostas adequadas rumo à

aceleração do combate à pobreza.

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Para além dos seis sectores (ou componentes) considerados no ano passado (2012), em relação

ao ano 2011, acrescentam-se aqui três componentes, designadamente: questões

macroeconómicas, questões ligadas à Governação e um tratamento específico de algumas

questões Transversais, divididas em duas sub-componevtes, designadamente, Estatísticas e

Mulher e Género.

A. Educação

Mudanças dos últimos tempos

Para além do alargamento infrastrutural, que num passado recente se reconheceu, apraz também

saudar algumas iniciativas recentes que se acha que podem dar uma contribuição positiva,

conforme se segue:

- A aprovação, pelo Conselho de Ministros, da Estratégia de Desenvolvimento da Primeira

Infância;

- A criação do sistema de avaliação de competências básicas dos alunos do ensino primário;

- A elaboração da Estratégia de Educação Inclusiva.

Problemas/Desafios

Na percepção da população, o actual sistema nacional de educação tem como principal

característica “Gerar Quantidades”, sem criar competências necessárias para melhor

empregabilidade e auto-emprego! A questão que se coloca é: Que tipo de Educação pretendemos

e com que qualidade?

Constatações no terreno:

A Sociedade Civil ouviu a todos os segmentos relevantes da Sociedade a nível nacional e

constatou várias questões, das quais decidiu destacar as que se seguem no quadro:

- Funcionamento deficiente de escolas técnicas e de ofício [o impacto destas escolas não se faz

sentir];

- Passagens semi-automáticas são elas próprias um problema [pelo relaxamento e fraca

preparação dos alunos];

- Fraca preparação técnica e pedagógica de professores [e aqui uma das questões é, por exemplo:

como é que um indivíduo com nível médio lecciona também o nível médio?];

- Falta de lares de estudantes [que é um dos principais factores do insucesso escolar, após o

ensino primário, ao nível dos distritos e localidades];

- Limitado acesso à educação para crianças com necessidades especiais (deficientes).

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A população gostaria de saber do Governo central (já que o grosso das questões transcende os

níveis distrital e provincial) o que está a ser feito para resolver estes problemas?

B. Saúde

Mudanças dos últimos tempos

Neste sector, também foi reconhecido o alargamento infrastrutural ao longo dos últimos anos, o

que permitiu a expansão do acesso aos serviços de saúde através dos cuidados de saúde

primários. Também se notam esforços nos técnicos de saúde em cuidar de doentes ao nível dos

distritos sem hospitais de referência com Blocos Operatórios.

Problemas/Desafios

Não obstante o alargamento de facilidades acima, o acesso à saúde ainda é limitado, para a

maioria da população. Há um conjunto de factores que mesmo nas actuais condições podem ser

minimizados, incrementando de forma decisiva o acesso à saúde. Os principais problemas que

actualmente estão a fustigar a população na saúde em todo o país são os destacados no quadro

seguinte:

- Nos hospitais públicos, os medicamentos são exiguos e não chegam para todos;

- Exiguidade de maternidades e/ou respectivas facilidades, particularmente ao nível dos

distritos;

- Exiguidade de meios de transporte para a evacuação de doentes (ambulâncias) entre distritos e

localidades;

- Falta de ética, por parte dos técnicos de saúde, e mau tratamento nos hospitais públicos;

- Existência de medicamentos contrafeitos nas farmácias privadas.

A população quer saber: Primeiro, se existe alguma inspecção ao nível do sector da saúde?

Segundo, como é que o Governo está ou vai abordar estes problemas?

C. Agricultura

Mudanças dos últimos tempos

O sector da agricultura tem vindo a dar sinais positivos, na sua grande maioria, graças ao grande

potencial agro-ecológico que o país possui. E neste âmbito, nota-se o aumento das quantidades

produzidas, o que permitiu que o país passasse a ser excedentário nas principais culturas

alimentares, nomeadamente, o milho, a mandioca e os feijões, bem como o incremento das

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quantidades produzidas nas culturas de rendimento (algodão, cana-de-açúcar, banana, citrinos) e

na pecuária (frango, leite, ovos), o que já começa a responder com punjança à procura no

mercado doméstico. Também é de louver a introdução, a partir da campanha 2012/2013, de

prémios de melhor agricultor e melhor extensionista, o que cria alguma motivação.

Foto: Uma feira rural típica, que inclui facilidades de agroprocessamento.

Problemas/Desafios

Embora sejam reais os progressos acima, a produção familiar ainda está longe de ser a base do

desenvolvimento, e as condições infrastruturais, financeiras e tecnológicas ainda não são

favoráveis à transformação da agricultura tradicional ou ao crescimento do pequeno agricultor, o

que não assegura a cobertura das necessidades internas do país num futuro discortinável.

A Sociedade Civil ouviu a todos os segmentos relevantes da Sociedade a nível nacional e

constatou várias questões, das quais decidiu destacar as que se seguem no quadro:

- Dificuldades no acesso aos mercados (para aquisição de insumos e venda da produção a preços

justos);

- O Fundo de Desenvolvimento Agrário, que era esperança de muitos produtores, não está a ser

visível ou simplesmente não existe!;

- A actual tecnologia de tratamento químico do cajueiro, que é uma histórica cultura de

rendimento, está a ser desafiado por escassez de água nos campos de cultivo, uma vez as fontes

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estarem distantes;

- Em relação à pecuária, os provedores públicos de drogas para banhos carrapaticidas não as têm

com a devida regularidade, e quando as têm são muito diluidas e sem propriedades. Os tanques

também estão distantes dos criadores. As vacinas são igualmente exiguas. Os provedores

privados importam da África do Sul e de outros países vizinhos e disponibilizam a preços

bastante elevados (proibitivos para a maioria).

A população acredita que uma resposta consistente a estas quatro questões pode dinamizar de

forma substancial a agricultura no país, nas actuais condições. Assim sendo, a população, além

de estar espavorida com a situação, também está ávida em saber do Governo como vai dar

resposta a estes problemas? De igual maneira quer saber o que os parceiros de cooperação têm

a apoiar e como vão fazê-lo para a solução destes problemas e, consequentemente, a melhoria

da vida de milhões de moçambicanos?

D. Água

Dinâmicas dos últimos tempos

Em 2008, Moçambique e outros 31 países assinaram na cidade de Durban, África do Sul, uma

declaração que ficou conhecida como “Declaração de e-Tekwini”, na qual os países se

comprometeram a estabelecer uma linha orçamental específica para o saneamento e higiene.

Moçambique declarou que iria alocar 0.5% do PIB para este fim.

O BdPES, 2012, refere que foram construídos/reabilitados 112 fontanários contra os 343

planificados para o ano, o que representa uma realização de 27% do plano, intervenções essas

que beneficiaram a 314,965 pessoas adicionais. Entretanto, o número de pessoas por fonte

providencia-nos um rácio de aproximadamente 2800 pessoas/fonte, quando foi aprovado, nos

instrumentos de planificação do sector, cerca de 300 pessoas/fonte.

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Foto: Dilema da água em Ancuabe.

De 2009 a 2012, há uma redução contínua da contribuição dos recursos internos para o apoio à

água. E em 2012, a contribuição do Orçamento do Estado (OE) para água foi de apenas 15

milhões de Mt (ou seja 9.80% do total de recursos para água), o que também representou uma

diminuição galopante, uma vez que em 2011 a contribuição do OE para Água tinha sido de 60

milhões de Mt.

Contudo, os números de 2013, embora não sejam suficientemente esclarecedores, dão alguma

esperança à população, conforme mostra o quadro abaixo:

DESCRIÇÃO 2012 2013

% do Orçamento do Estado para Sectores Prioritários

66,9% 72,3%

Peso de recursos para Água e Obras Públicas, no total de recursos para sectores prioritários

2,7% 6,1%

Fonte: Proposta de OE para 2011; Proposta de OE para 2012; PRONASAR, 2012.

Problemas/Desafios

Em relação à água, que é hoje a maior necessidade da população em todo o país, a Sociedade

Civil voltou ao terreno (províncias e distritos) para averiguar o que estava a acontecer, depois do

levantamento feito em 2012. No trabalho, constatou-se um conjunto de constrangimentos, dos

quais se destacam os que se seguem no quadro:

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- Os pequenos sistemas de água canalizada ao nível dos distritos estão, na sua maioria, em estado

obsoleto ou paralizado;

- As fontes (fontenários) são insuficientes e a população consome longas horas em busca de

água. Enquanto isso, foi encontrado um grande número de fontenários avariados e sem qualquer

plano de reparação, mas que se continua a contabilizar a sua existência.

A população quer recordar ao Governo e aos parceiros de cooperação as preocupações que

endereçou em 2012, em relação a 2011, e saber que avanços foram dados ou quais são os

planos que existem para o alívio a este martírio da água?

E. Estradas

Mudanças dos últimos tempos

Até 2012, a população testemunhou obras em importantes estradas para a movimentação de

pessoas e bens, sendo de destacar:

- Obras de reabilitação da estrada Mapai – Chicualacuala, bem como a N221: Combomune –

Chicualacuala (Província de Gaza);

- Reabilitação das estradas Tete – Zumbo e Chitima – Mágue (Província de Tete);

- Obras de reabilitação da estrada Montepuez – Ruaça – Marrupa (para a ligação estratégica

Lichinga – Pemba).

Foto: Esta é uma estrada reabilitada e que beneficiou de um investimento público substancial para o acesso ao nosso

paraiso do Lago Niassa (Metangula).

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Problemas/Desafios

Não obstante os sinais acima, e algumas obras ao longo da N1 e outros, o país está desintegrado

e não está a “respirar” suficientemente pelo mau estado geral das estradas, pontes e vias de

acesso. O quadro que se segue destaca alguns problemas constatados:

- Há importantes estradas intransitáveis e simplesmente abandonadas (sem qualquer obra);

- Há desrespeito pelas especificações técnicas e tecnológicas de construção/reabilitação;

- Falta a fiscalização e responsabilização das autoridades públicas;

- Há casos de abandono pelos empreiteiros.

As principais estradas que a população pede ao Governo e aos parceiros uma acção urgente são:

- Lichinga – Lago (reabilitação que inclua a sua ampliação, particularmente as pontecas, que não

permitem a passagem de camiões e autocarros grandes);

- Lichinga – Montepuez, via Marrupa;

- Montepuez – Palma;

- Lichinga – Cuamba,

- Pebane – Nampula, atravessando o rio Ligonha;

- Pebane – Mocuba, passando por Maganja da Costa;

- Tete – Vila Mualazi, passando por Luia e Chifunde;

- Kambulatsitsi – Mutarara;

- Dondo – Marromeu, passando por Muanza e Inhaminga;

- Mapinhane – Mabote;

- Massinga – Funhalouro;

- Maxixe – Panda passando por Homoine;

- Macia – Espungabera, passando por Guijá;

- Guijá – Chicualacuala, passando por Mapai;

- Chissano – Chibuto;

- Chókwè – Chibuto.

Também há problemas sérios em algumas estradas principais:

- Inchope – Beira;

- Changara – Tete – Zóbwè.

F. Emprego e Geração de Rendimentos (incluindo os “7 milhões”)

Mudanças dos últimos tempos

Os recursos naturais nacionais estão a atrair fluxos crescentes de capital estrangeiro. Isto cria

oportunidades para o país pôr a indústria extractiva ao serviço do desenvolvimento, através de

transferências e dinâmicas subnacionais, que passam pelas ligações económicas e infrastruturais

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locais que estimulam os outros sectores, bem como os pacotes de responsabilidade social

coorporativa, que podem também estimular a vida social local, etc. Espera-se também que sejam

construidas capacidades humanas para que os moçambicanos consigam beneficiar das

oportunidades criadas pela abundância de recursos naturais no país e forte influxo de

investimentos para a indústria extractiva.

O Fundo de Investimento de Iniciativa Local, no âmbito do Fundo de Desenvolvimento Distrial

(FDD), também cria oportunidades para o estímulo à geração de rendimentos pela população e o

auto-emprego.

Foto: Comercialização de cereais fruto dos “7 milhões” em Mocuba.

O BdPES, 2012, diz que foram criados 270.267 empregos, sendo: Sector Público 92.140

(INEFP, 16.840; Função Pública, 16.606; PERPU, 5.137; FDD, 59.557) e 178.127 pelo Sector

Privado, incluindo o recrutamento para a República da África do Sul, dos quais 42.940 foram

mulheres, o que representa, no total, 104.7 % de realização da meta planificada de 255.162, e um

decréscimo comparativo na ordem de 14% em relação ao ano anterior (315.707).

Problemas/Desafios

Os moçambicanos estão apavorados com a fraca dinâmica do emprego no país, com todas as

riquezas naturais que o país possui, e algumas pessoas estão, inclusivamente, a ser sacrificadas

das suas pequenas propriedades por força do capital estrangeiro e dos grandes interesses

nacionais implantados à sua volta. As principais queixas da população circunscrevem-se à volta

dos destaques que se seguem no quadro:

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- Fracas oportunidades de geração de emprego e rendimento, com particular destaque para a

indústria extractiva;

- Emprego precário (que reduz a credibilidade das estatísticas propaladas);

- Em relação aos “7 milhões”, há grande demanda local e a população já apresenta iniciativas

concretas nas áreas de comércio, produção agrícola, entre outros. A população louva a iniciativa,

mas há factores que estão a manchá-la:

O desalinhamento entre valores solicitados nos projectos e os desembolsos efectivos, o

que inviabiliza os projectos e compromete o reembolso do dinheiro;

A fraca capacidade de concepção e gestão de projectos pela população;

A falta de fiscalização específica de órgãos competentes.

A população já sente alguma fadiga em estar a participar ao Governo o fraco usufruto dos

recursos naturais que o país possui, assim como, não percebe o persistente silêncio das

autoridades públicas perante tantos factos de mau uso dos “7 milhões”. Que respostas

concretas se equaciona para estas questões?

G. Macroeconomia

Dinâmicas dos últimos tempos

A taxa de crescimento económico continuou robusta. E dados oficiais sobre a inflação têm

mostrado sinais de estabilidade sustentada, embora se tenha experimentado momentos de

instabilidade, justificados particularmente por actos de expeculação interna e inflação importada.

As reservas externas continuam sólidas, mesmo num contexto económico internacional difícil,

pese embora o facto das mesmas, segundo o Governo, estarem a ser significativamente corroidas

pelas demoras nos desembolsos dos doadores. Dados do Banco de Moçambique, mostram ainda

que a taxa de cobertura bancária distrital passou de 45,3%, em 2011, para 48,4%, em 2012, com

a abertura de balcões ou agências em mais 04 dos 128 distritos do país, o que se traduziu num

total de 479 balcões no país e uma cobertura dum total de 62 distritos, até finais de 2012. De

acordo com os dados do Governo, as exportações também continuaram a crescer de forma

acelerada, com um peso determinante dos grandes projectos, incluindo a indústria extractiva.

Problemas/Desafios

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Embora os números mostrem forte desempenho macroeconómico, o mesmo já não se traduz no

“bolso” e no bem-estar da maioria da população. A Sociedade Civil recolheu as principais

preocupações da população na base, e as mesmas se resumem nos destaques que vão no quadro

que se segue:

- O crescimento económico não está a ser notório no bem-estar da maioria da população;

- Há percepções díspares em relação à inflação, dependendo da localização geográfica, o que

pode ter que ver com o maior poder de compra concentrado numa minoria em zonas de

concentração do investimento estrangeiro na indústria extractiva, e os desequilíbrios

infrastruturais regionais e persistentes fragilidades na comunicação inter-regional;

- Existem distritos sem agências bancárias e não há uma coordenação com o alargamento da e-

folha no pagamento dos salários dos funcionários públicos; a actividade económica ao nível local

também não encontra sustentação adequada em capital financeiro e meios de pagamento por falta

de agências bancárias na maioria dos distritos do país.

Perante estas questões, a população quer saber que estratégias concretas existem para a

promoção da redistribuição do rendimento? Como vai ser resolvido o problema das bolsas

inflacionárias em zonas distintas, que dificultam mais a vida à população mais pobre? Até

quando o Banco de Moçambique pensa em atingir a cobertura integral dos distritos em termos

de agências bancárias, e que mecanismos transitórios são equacionados para facilitar medidas

de reforma fiscal e o comércio nos distritos onde ainda não existem agências bancárias?

H. Governação

Mudanças dos últimos tempos

Nesta área, notam-se importantes iniciativas que a população faz a questão de sublinhar:

- O pacote anti-corrução submetido à Assembleia da República;

- A reconsideração da proposta de Acesso à Informação para o debate na presente ronda se

sessões da Assembleia da República;

- Algumas decisões do 10º Congresso da FRELIMO, que criam bases para o reforço da

Governação no país;

- A sustentação dos espaços de diálogo entre actores de desenvolvimento, com destaque para os

Observatórios de Desenvolvimento ao nível central e das províncias.

Problemas/Desafios

Embora se notem estes sinais positivos, a população sente que os avanços estão a ser muito

lentos nesta área e, por isso, o país continua a se debater com altos níveis de corrupção a todos os

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níveis. E existem factores que debilitam a governação e limitam a participação da população,

sendo de destacar os que se seguem no quadro:

- A falta de envolvimento de todos os actores relevantes na planificação pública [quem planifica

é a administração pública, mas os outros actores (Sociedade Civil, Assembleias Provinciais, e

fracamente os partidos políticos) são chamados a monitorar e fiscalizar];

- A fraca integração dos planos públicos (o que não permite a maximização dos resultados dos

recursos disponíveis);

- A fraca publicação das normas/leis e limitada observância da sua implementação;

- O limitado acesso à informação;

- Os persistentes altos índices de corrupção a todos os níveis.

A população quer saber do Governo qual é a situação em relação ao Pacote Anti-Corrupção e

ao Anteprojecto de Lei do Acesso à Informação, submetidos à Assembleia da República? Que

resultados a população deve esperar nos próximos tempos? Onde e quando é que a população

deve se envolver na planificação pública?

I. Transversais

a) Estatísticas

Dinâmicas dos últimos tempos

A população está consciente de alguns aspectos tomados como positivos, mas que ao mesmo

tempo despertam algumas curiosidades e interrogações:

- Moçambique ocupou o segundo lugar no Índice Africano de Desenvolvimento de Estatística

(ASDI), pontuando 0,692 (ano 2012);

- Moçambique também foi eleito primeiro vice-Presidente do “StatCom”, graças ao desempenho

considerado.

Problemas/Desafios

As interrrogações que pairam na população emergem precisamente pelo facto do que se diz não

estar em clara consonância com o que se vê e se vive ao nível local. Os destaques das

preocupações da população são os que se seguem no quadro:

- Os documentos e relatórios oficiais sobre a conjuntura não reflectem cabalmente a situação real

no terreno, e os distritos têm sido lesados naquilo que são as respostas em termos de políticas e

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estratégias públicas (ex.: A diferença entre estatísticas oficiais e os níveis de preços no terreno; a

diferença entre as estatísticas oficiais da saúde e a realidade ao nível local, em termos de acesso

aos serviços de saúde, entre outros);

- Em termos de cumprimento das metas, há divergências entre o que os relatórios dizem e o que

localmente acontece (Ex.: Obras Públicas: escolas, hospitais, estradas ou vias de acesso);

- Noutro ângulo, dados sobre importantes variáveis para a análise das políticas e monitoria dos

progressos não são actualizados com regularidade (Ex.: Estatísticas sobre Empresas, Estatísticas

sobre Emprego, Estatísticas sobre Dinâmicas na redução da Pobreza, etc.)

A população quer saber o que o Instituto Nacional de Estatísticas (INE) prevê ou está a fazer

para mudar este cenário? Que mudanças se pode esperar nos próximos tempos?

b) Mulher e Género

Dinâmicas dos últimos tempos

A população nota a existência de instrumentos condicionantes diversos, entre eles:

- Legislação favorável ao empoderamento do género;

- Adopção de políticas favoráveis ao empoderamento do género;

- Desenvolvimento, nas esferas pública e privada, de algumas atitudes e práticas favoráveis ao

equilíbrio do género.

Problemas/Desafios

Embora os aspectos acima sejam importantes sinais de consciência e acção, a população nota que

os desequilíbrios do género continuam incólumes a todos os níveis, o que continua a constituir

um risco ao desenvolvimento do país. As principais constatações da população são destacadas no

quadro que se segue:

- Ao nível rural, a mulher não tem a mesma facilidade do DUAT e do acesso aos recursos que o

homem possui, embora seja ela a que mais trabalha a terra;

- Os níveis de absorção da mão-de-obra feminina pelo mercado de trabalho continuam bastante

baixos [O BdPES, 2012, mostra claramente esta discrepância, quando apresenta que a

percentagem de mulheres absorvidas pelo mercado de trabalho, em 2012, foi de

aproximadamente 15% do total do emprego];

- Ao nível dos “7 milhões”, a população também sente a falta de uma política específica de

empoderamento da mulher para o acesso a este recurso produtivo.

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A população quer saber do Governo que políticas existem ou que medidas são equacionadas

para acelerar o empoderamento da mulher em relação ao emprego e acesso a meios de

produção?

5. ALGUMAS OBSERVAÇÕES DO GOVERNO

Face às preocupações da população aqui patentes, que foram apresentadas ao Governo e aos

parceiros de cooperação na 13a sessão de Observatório de Desenvolvimento, foram feitas

algumas considerações pontuais pelos sectores governamentais que, embora não tenham sido

todos os sectores, ou não se tenha apresentado maior detalhe, são relevantes para a percepção

mais aprofundada da abordagem dos elementos sob debate, servindo também como indicações

para informações adicionais.

A seguir vão as diferentes notas feitas pelos sectores.

Educação

Em relção aos problemas apresentados pela população, o Ministério refere que há uma estratégia

aprovada em 2012, que ataca parte significativa daqueles.

Refere, por exemplo, que, na formação de professores, em 2012 foram introduzidos novos

módulos para o incremento da qualidade.

Em relação aos lares de estudantes, o Ministério refere que há esforços, mas que ainda assim, a

principal estratégia é trazer as escolas (até ao nível secundário) para junto da comunidade,

desencorajando internamentos, pelo menos até ao ensino secundário.

Em relação à qualidade do ensino, em geral, releva-se o papel da revisão curricular para o

incremento da qualidade e grau de preparação dos alunos.

No campo de escolas especiais, o Ministério refere também haver esforços, mas reconhece que

as escolas ainda não estão adequadamente equipadas para atender as necessidades específicas

deste grupo vulnerável. Destaca-se, por exemplo, a falta de rampas e casas de banho próprias

para deficientes nas escolas.

Saúde

Em relação aos problemas apresentados, relacionados com este sector, o Ministério de Saúde

refere que tem-se o objectivo de incrementar o alargamento da rede sanitaria na base de Planos

Indicativos. E, no âmbito disso, está, por exemplo, o projecto de construção do Hospital Central

de Quelimane.

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No plano global, estão a ser adquiridas ambulâncias, mas não serão suficientes e, actualmente,

muitas se encontram avariadas e sem grandes capacidade institucionais para a sua reparação.

Em relação ao comportamento dos técnicos de saúde, o Ministério está a implementar um plano

de humanização da saúde a nível nacional, que visa, essencialmente, o encorajamento à

identificação de comportamentos não profissionais e prevaricações. Neste plano, já se notam

alguns resultados, uma vez existirem já hospitais premiados por terem identificado e combatido

comportamentos não profissionais.

Em relação à possível circulação de medicamentos contrafeitos, o Ministério da Saúde refere que

a inspecção do sector está atenta, mas pede a colaboração do povo nas denúncias de casos

suspeitos junto das autoridades.

Agricultura

Em relação aos problemas levantados pela população, o Ministério da Agricultura refere estar

plenamente consciente da sua existência. Contudo, refere que recentemente houve um trabalho

ao nível da planificação que se espera que venha a imprimir nova dinâmica no sector. Tal é o

caso do Plano Estratégico de Desenvolvimento do Sector Agrário (PEDSA), que foi aprovado

em 2012. Também refere que foram aprovadas uma Estratégia para o Investimento, uma

Estratégia para o Agro-negócio e uma Estratégia de Fertilizantes.

Em relação ao Fundo de Desenvolvimento Agrário, o Ministério refere que este existe, mas que

está consciente que falta a sua divulgação, e essa é a principal preocupação daquela instituição de

tutela do sector. Contudo, o Ministério refere ter tomado nota desta preocupação, com a devida

dimensão, e promete reforçar acções de divulgação, incluindo os mecanismos de acesso.

Água

O sector das obras públicas reconhece a fraca realização do subsistema de fontenários, em 2012,

que não foi para além dos 27%, mas refere também que em contra-partida as ligações

domiciliárias registaram mais de 100% de realização, em relação ao planificado, a nível nacional.

No que diz respeito a cifra actual de cerca de 2800 pessoas por fontenário, contra a meta de entre

200 a 300 pessoas por fontenário, o sector refere que isto mostra que muito há ainda que fazer e

que ainda se está aquém do desejável. Refere, adicionalmente, que há um trabalho de

ajustamento das metas, para torná-las mais realísticas.

Em relação ao grande número de fontenários avariados, o sector diz estar consciente e, adianta

que, nas suas contas, cerca de 20% do total de fontenários abertos até finais de 2012 devem estar

inoperacionais. Mas em relação a este problema, o sector refere estar a actualizar os dados junto

dos distritos, para depois se atacar o plano de reparações.

Indústria Extractiva

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Em relação à indústria extractiva, o Governo refere que tem havido expectativas excessivas que é

preciso redimensioná-las e sensibilizar a população. Que num futuro descortinável, a indústria

extractiva não vai gerar tanto emprego directo, senão através doutros sectores. Refere também

que é preciso dar a conhecer aos reassentados, que muitas vezes têm aparecido como primeiras

vitimas na implantação dos investimentos na indústria extractiva, que os seus direitos já estão

salvaguardados na Estratégia de Reassentamento que o Governo elaborou.

De acordo com as notas concedidas pelo Governo, nos últimos tempos, este trabalhou num

conjunto de instrumentos legais e reguladores/orientadores, sendo de destacar:

- A Produção da Estratégia de Reassentamento;

- A Revisão da Lei de Minas;

- A Revisão da Lei do Petróleo;

- Está em elaboração a Política de Responsabilidade Social; e

- Está em discussão a Estratégia de Uso de Recursos Naturais.

O Governo também nota que o processo de elaboração destes instrumentos tem sido envolvente,

uma vez precisar de contribuições de todos os actors relevantes.

Estatísticas

O Instituto Nacional de Estatísticas (INE) refere que, a monitoria da pobreza já é um processo

anual, através de instrumentos como Questionário de Indicadores de Bem-Estar (QIBB); este

exercício providencia uma boa visão sobre dinâmicas da pobreza no país.

O sistema nacional de estatísticas também já cobre o nível distrital; contudo, o esforço ainda

carece de consolidação.

Mais promissor ainda é o trabalho que o Instituto Nacional de Estatísticas está a desenvolver

junto do Ministério de Planificação e Desenvolvimento (MPD) no sentido de sustentar os

balanços anuais do PES com dados estatísticos fiáveis.

Segundo o INE, é importante ter-se patente que existem outras instituições, paralelamente ao

INE, que são importantes fontes de informações, como é o caso do Banco de Moçambique.

Portanto, a dimensão de cobertura de estatísticas deve ser vista nesta perspectiva multisectorial.

Mas, o INE reconhece a gravidade da discrepância de dados entre fontes bem como as

dificuldades que advem do âmbito da sua utilização. Como exemplo disto, a instituição refere

que Moçambique está a ser fortemente penalizado pela nova metodologia de cálculo do Índice de

Desenvolvimento Humano (IDH), pelas Nações Unidas, sendo uma das principais razões o uso

de outras fontes de dados e não dados oficiais em posse da instituição.

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O INE secunda a necessidade premente de se harmonizar os dados estatísticos entre as diferentes

fontes, para a facilitação da sua utilização nas mais diversas finalidades, com implicações

importantes na formulação de políticas e estratégias de desenvolvimento no país.

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6. QUADRO DE OBJECTIVOS/RESULTADOS PRECONIZADOS E INDICADORES POR SECTOR/PILAR, NA

PERSPECTIVA DA POPULAÇÃO

Sectores/

Componentes

Objectivos/Resultados

Intermédios almejados pelo

povo

Indicadores do interesse da população, que serão usados para a

monitoria dos progressos

Educação

População moçambicana

com competências

técnicas relevantes para a

transformação dos

recursos naturais que o

país possui em valor,

munindo-a também de

capacidades adequadas

para competir, num

mundo cada vez mais

integrado e globalizado.

1. % de graduados, nos últimos 3 anos, das escolas técnicas e de ofício com

emprego na respectiva área, por província e ao nível nacional;

2. Índice de empregabilidade dos nacionais em investimentos directos

estrangeiros;

3. O grau de aproveitamento de alunos em níveis superiores aos de passagens

semi-automáticas;

4. Critérios de avaliação e transição do aluno em vigor;

5. Nível de formação dos professores aos diferentes níveis de ensino;

6. Domínio técnico-científico e pedagógico demostrados pelos professores;

7. O rácio lares de estudantes por escolas secundárias, por distrito;

8. Número de escolas especiais por nível por província;

9. Rácio número de escolas com facilidades para os deficientes pelo total de

escolas por cada nível de ensino;

10. Número de disciplinas por cada nível de ensino;

11. Rácio alunos/professor;

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12. O quadro mínimo de exogências disciplinares ao aluno, por nível.

Saúde

Acesso aos cuidados

básicos de saúde para

todos;

Redução da mortalidade

e reforço da saúde

materno-infantil.

13. Número de distritos com Hospitais Rurais (com blocos operatórios de

referência);

14. Frequência de casos/períodos de inexistência de medicamentos

receitados/necessários por distrito por ano;

15. Número de unidades sanitárias com facilidades de maternidade no total de

unidades sanitárias por distrito por ano;

16. Rácio partos institucionais por parteira por distrito por ano;

17. Proporção dos partos institucionais no total dos partos, por distrito, por

província;

18. Número de ambulâncias em funcionamento por distrito por ano;

19. Rácio população por ambulância por distrito por ano;

20. Número de casos de prevaricação (mau tratamento aos pacientes) pelo

pessoal da saúde registados por cada unidade sanitária por distrito por ano;

21. Tendência de casos suspeitos de medicamentos contra-feitos devidamente

evidenciados pelos utentes das farmácias privadas por província.

Agricultura

Incremento dos

rendimentos e

transformação da

agricultura de

subsistência;

Auto-suficiência

22. Tendência do número de produtores beneficiários de financiamento

bancário e de fundos específicos, por distrito (excluindo os “7 milhões”);

23. Facilidades e mecanismos existentes para a aquisição de insumos, alfaias

agrícolas, serviços de extensão e comercialização da produção por distrito;

24. Tecnologias de produção em uso (e sua “adequabilidade”, na visão dos

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32

alimentar do país;

Reforço do agro-negócio,

como fonte predominante

de emprego, e

fortalecimento da ligação

entre a agricultura e a

indústria nacional.

produtores) por cada cultura, nas suas principais zonas de produção;

25. Distância média dos criadores de gado bovino aos tanques carrapaticidas;

26. Qualidade evidenciada dos banhos carrapaticidas;

27. Número de farmácias veterinárias por distrito;

28. Frequência de casos/períodos de inexistência de drogas nas farmácias

veterinárias existentes por ano;

29. O nível de acesso às drogas evidenciado em relação ao seu custo.

Água

Água potável para o

consumo humano, como

importante fonte de

saúde, disponível para

todos.

30. Grau de cobertura do sistema de água canalizada por distrito;

31. Rácio fontenários em funcionamento pelo total de fontenários abertos nos

últimos 5 anos;

32. Número de pessoas por fontenário em funcionamento por distrito;

33. Proporção da participação de privados no total dos sistemas de

abastecimento de água, por distrito.

Estradas

As estradas estratégicas

que dão importantes

acessos aos centros de

produção e com potencial

para facilitar a circulação

de pessoas e bens, com

importantes implicações

sobre os preços e o custo

de vida, reabilitadas e

transitáveis.

34. Proporção de estradas, por província, e vias de acesso, por distrito,

intransitáveis, no total da rede local de estradas e vias de acesso;

35. Obras em curso evidenciadas, sua localização e cobertura por região;

36. Especificicações técnicas evidenciadas e provadas por cada obra por

região;

37. Regularidade das missões de fiscalização das obras evidenciadas e

testemunhadas por cada obra;

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38. Obras de reabilitação/construção iniciadas e abandonadas por região.

Emprego e

Geração de

Rendimentos

(incluindo os 7

milhões)

Rápido crescimento do

emprego, em linha com

o crescimento do

investimento na indústria

extractiva e na agro-

indústria intensiva em

mão-de-obra;

Maior dinamismo do

auto-emprego,

maximizando as

oportunidades oferecidas

pela abundância de

recursos naturais;

Redução do emprego

precário e melhoria das

condições de trabalho.

39. % de moçambicanos no total da mão-de-obra nas empresas de capital

estrangeiro que operam na indústria extractiva, e tendência relativa do tipo de

ocupação, por província/investimento;

40. % da (ou tendência de casos de) população economicamente activa com

trabalho por um período inferior a um ano, no total da população

economicamente activa a trabalhar ao longo do mesmo período;

41. Discrepâncias salariais sectoriais, ou na mesma indústria, para

trabalhadores com competências, productividade e responsabilidades

equiparáveis;

42. % de projectos dos “7 milhões” financiados parcialmente, no total de

projectos financiados por distrito;

43. % de mutuários com ideias/registos mínimos consistentes sobre

perspectivas do empreendimento, fluxos de caixa, activos e passivos do

negócio, e esquemas de amortização da dívida, por distrito;

44. Mecanismos e procedimentos instituídos e em implementação no terreno

para o acompanhamento e supervisão dos mutuários, por distrito.

Pilar de Apoio de

Macroeconomia

Crescimento económico

inclusivo e sustentável;

Estabilidade de preços;

Acesso ao capital e

facilitação de meios de

pagamentos.

45. O ritmo de crescimento do emprego de factores para a geração de

rendimentos, evidenciado pela população;

46. As dinâmicas no poder aquisitivo, evidenciadas pela população;

47. O grau de cobertura do sistema bancário ao nível dos distritos (Número de

distritos com agências bancárias).

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Pilar de apoio de

Governação

Maior transparência e

responsabilidade nos

actos governativos;

Valorização e exercício

do poder do povo e de

cidadania nas opções de

políticas e estratégias

para o bem da população.

48. Plataformas de diálogo existentes ao nível local e seu alinhamento com o

processo de Planificação Pública nacional;

49. Mecanismos de envolvimento da população e sistemas de feedback

existentes;

50. Plano nacional integrado (existência ou não) e o seu reflexo nos planos

sectoriais e subnacionais;

51. Depositários existentes, níveis, formas e formatos de publicação das leis;

52. Grau de observância das leis existentes, do ponto de vista da população;

53. O grau de abertura e acessibilidade das fontes de informação pública;

54. Instrumentos reguladores do acesso à informação existentes e o grau de

seu respeito pelas instituições públicas;

55. Tendência de casos de corrupção evidenciados aos diferentes níveis.

Assuntos

Transversais:

Estatísticas

Estatísticas à altura

(quantitativa e

qualitativamente) de

sustentar, de forma

sólida, a formulação de

políticas e estratégias de

desenvolvimento, bem

como a monitoria dos

progressos registados.

56. Fontes e locais de captação de dados e sua relevância;

57. Grau de desagregação de dados em unidades de medição e localização;

58. Horizontes temporais cobertos e a actualidade dos dados disponibilizados;

59. Grau de alinhamento entre as estatísticas providenciadas por fontes

oficiais diferentes.

Reforço do status

económico e social da

60. Políticas, medidas e iniciativas de discriminação positiva existentes no

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Assuntos

Transversais:

Mulher e Género

mulher, reduzindo

substancialmente o seu

grau de vulnerabilidade.

terreno para o reforço do acesso ao emprego e meios de produção pela

mulher;

61. % da força de trabalho feminina empregue no total do emprego registado

num ano aos níveis nacional e local;

62. % de mulheres no total dos mutuários dos “7 milhões” por distrito por

ano.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Quadro apresentado acima, constituido por 62 indicadores, pretende-se que seja a principal

base de monitoria dos progressos à volta dos sectores/componentes em consideração, que será

usado pela sociedade civil junto da base e dos diferentes actores relevantes.

Este quadro reflecte dimensões de percepção mais simples, mas consistentes, pelo cidadão

comum, cuja construção resultou dum exercíciou participativo desenvolvido junto à base,

incluindo diferentes actores, nas suas abordagens correntes aos problemas de desenvolvimento.

O processo de monitoria é um processo rolante e o processo de desenvolvimento é um processo

dinâmico. Aliás, o quadro apresentado não inclui tudo, mas sim o essencial; ao longo dos tempos

novos elementos poderão ser integrados, de acordo com a sua relevância. Mas, a perspectiva é

manter um quadro essencial, ao longo dos tempos, para permitiu a monitoria dos progressos e

das dinâmicas.

O exercício efectivo de monitoria, com base neste quadro, continuará a basear-se numa

auscultação ampla e inclusiva a nível nacional, privilegiando debates abertos e participativas.

Neste processo, os distritos são o enfoque principal, bem como a sua articulação ao nível de cada

província.

É nesta base que deverão ser julgados os resultados do trabalho da Sociedade Civil ao nível do

RAD.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS RELEVANTES

CEDSIF - Centro de Desenvolvimento de Sistemas de Informação de Finanças. Relatório Anual

de Actividades e de Execução Orçamental 2011. Maputo, Setembro de 2011.

G20. Documento de Posição da Sociedade Civil para a 11ª Sessão do OD central. Março de

2012.

G20. Documento de Posição da Sociedade Civil para a 12ª Sessão do OD central. Outubro de

2012.

G20. Documentos de Posição da Sociedade Civil para os ODPs (vários documentos não

padronizados; anos 2011 e 2012).

GMD (2012). Novos Tempos, Novos Desafios, Rumo ao Desenvolvimento: Relatório de

Pesquisa de Opinião sobre o Grau de Satisfação da População em Relação aos Bens e Serviços

Públicos Providenciados; Algumas Implicações sobre a Planificação Estratégica e Operacional, e

sobre Responsabilidade dos Parceiros de Desenvolvimento. GMD: Maputo, Moçambique.

Governo da República de Moçambique e Parceiros de Apoio Programático. Revisão Anual 2011:

Aide- Mémoire. Maio de 2011.

Governo da República de Moçambique e Parceiros de Apoio Programático. Revisão Anual 2012:

Aide- Mémoire. Maio de 2012.

Governo da República de Moçambique. Processo de Revisão Anual 2013, no Quadro do

Memorando de Entendimento sobre o Apoio Geral ao Orçamento. Avaliação Final do Governo

de Moçambique ao Desempenho dos Parceiros de Apoio Programático (PAPs) em 2012. Abril de

2013.

Governo de Moçambique (2005), [Perfis dos Distritos de Ancuabe, Changara, Mocuba,

Monapo, Panda, Metuz, Moatize, Cahora Bassa, Pebane, Jangamo, Maxixe e Sussundenga],

Edição 2005, Ministério de Administração Estatal.

Governo de Moçambique. Balanço do Plano Económico e Social de 2011. Fevereiro de 2012.

Governo de Moçambique. Balanço do Plano Económico e Social de 2012. Fevereiro de 2013.

Kaufmann, D. and Kraay, A., Governance Indicators: Where are we, where should we be going?,

Policy Research Working Paper 4370, The World Bank.

República de Moçambique (2001), Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta

(PARPA) 2001-2005, Versão Final Aprovada pelo Conselho de Ministros, Abril de 2001.

República de Moçambique (2006), Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta

(PARPA) 2006-2009, Versão Final Aprovada pelo Conselho de Ministros, Maio de 2006.

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38

República de Moçambique (2011), Plano de Acção para a Redução da Pobreza (PARP) 2011-

2014, Aprovada na 15ª Sessão Ordinária do Conselho de Ministros, Maio de 2011.

The World Bank:

http://web.worldbank.org/WBSITE/EXTERNAL/TOPICS/EXTSOCIALDEVELOPMENT/EXT

PCENG/0,,contentMDK:20507680~pagePK:148956~piPK:216618~theSitePK:410306,00.html

Thindwa, J. et al (2005), Community Based Performance Monitoring (CBPM): Empowering and

Giving voice to Local Communities, World Bank Social Development Department (SDV).

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APÊNDICE

O presente apêndice é apresentação aprimorada da metodologia (CRC Integrado), que foi

desenvolvida pelo GMD, ao longo dos últimos quatro anos.

O CRC Integrado permitiu o relançamento do engajamento da Sociedade Civil nas plataformas

de diálogo, com particular ênfase para os Observatórios de Desenvolvimento, através dum

aprimoramento da recolha de evidências e fortalecimento do diálogo entre actores,

particularmente ao nível da base, tendo, consequentemente, permitido a melhoria qualitativa do

engajamento da Sociedade Civil.

Fruto do mérito e resultados que a metodologia demonstrou e proporcionou, o G20 capitalizou a

sua aplicação, no âmbito da produção do presente RAD que, aliás, se desenvolveu nos moldes

dos documentos de posição dos últimos dois anos, que teriam já beneficiado dos rudimentos da

metodologia, permitindo o controle dos progressos ao longo dos tempos.

A seguir se faz uma colocação sumária da metodologia.

Composição

Dado o seu potencial de contribuição para a concepção de programas de desenvolvimento mais

consentâneos com as prioridades locais, e não precisando de dados de arquivos oficiais, que

muitas vezes são protegidos e de acesso ainda mais difícil para actores da sociedade civil, o

GMD adoptou o CRC Integrado, uma composição de princípios lógicos apreendidos de várias

metodologias como CRC (Citizen Report Card// Cartão de Pontuação do Cidadão) e CSC

(Comunity Score Card// Cartão de Pontuação Comunitária) originais, CPIA do Banco Mundial,

OBI, IMI, MPI (vide o significado no texto principal acima) etc., tendo-as integrado e

desdobrado ao nível do campo de análise, passando a ser multisectorial, e critérios de avaliação,

que passaram a ser média de elementos/critérios de avaliação em análises unisectoriais originais,

oferecendo, seguidamente, a opção de generalização/extrapolação de tendências. O exercício

envolvido tem a representação algébrica que vai no quadro que segue.

De forma sumária, a metodologia tem a representação algébrica seguinte:

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Y = f(x1, x2, x3, … xn); onde “Y” é a satisfação pública e “x” é representação sectorial.

Sendo Y* a satisfação total, Y

* = ; x = f(β1

µ1, β2

µ2, β3

µ3, …, βn

µn); onde

“β” é representação de critérios de avaliação, aplicados aos elementos sectoriais específicos “µ”.

Os elementos sectoriais específicos “µ” são tomados do seu lado positive, assumindo,

consequentemente, que: ∂xi/∂βiµi

> 0.

Sendo “x*” satisfação sectorial, x

* = ( / βi

µi); 1 ≤ / βi

µi ≤ 5.

No processo de globalização para o apuramento de tendências, cada nível cimeiro “Gi” é o

somatório dos agregados do nível anterior, tanto na perspectiva de cruzamento entre localização

e critérios de avaliação, como na do cruzamento entre localização e sectores considerados. Uma

forma de abordar a escadaria de níveis, em termos geográficos e na perspectiva crescente, seria:

famílias, num bairro; bairros numa localidade; localidades num posto administrativo; postos

administrativos num distrito; distritos numa provincial; províncias num país; países num

continente; continentes no planeta terra; planetas no universo, assumindo que há vida noutros

planetas além da terra; o universo, “o céu e o inferno”, subjectivamente considerados, no

infinito…

Assim sendo:

Gk = f(G1(k-1), G2(k-1), G3(k-1), …, Gn(k-1)) ; GK* = ( GK/ Gi(k-1)).

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“Informação da Contra-Capa”

G20 é a Plataforma Nacional da Sociedade Civil Moçambicana para a Participação nos

Observatórios de Desenvolvimento (OD) aos níveis provincial e nacional.

O Relatório Anual sobre Desafios de Desenvolvimento (RAD) serve de instrumento de

comunicação da Sociedade Civil congregada nesta plataforma, reportando as preocupações da

população aos diferentes parceiros de desenvolvimento, com destaque para o Governo, Parceiros

de Cooperação e Assembleia da República, em busca de soluções mais apropriadas, num

contexto em que a pobreza continua o principal factor que enferma a sociedade moçambicana,

pesem embora a abundância de recursos naturais no país, o rápido crescimento económico e os

fluxos crescentes de investimento directo estrangeiro nos últimos anos, particularmente para a

indústria extractiva.

G20, Secretariado Nacional:

Rua Príncipe Godido No 91, Malhangalene, Maputo, Moçambique;

Tel. + 258 21 419523, Fax: + 258 21 419524, E-mail: [email protected]