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DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE AGRICULTURA E PESCAS
DIVISÃO DA PROTECÇÃO E QUALIDADE DA PRODUÇÃO
RELATÓRIO DE ACTIVIDADES E BALANÇO FITOSSANITÁRIO
ESTAÇÃO DE AVISOS DO DÃO
ANO 2010
Viseu
2
ÍNDICE
1 ESTAÇÃO DE AVISOS DO DÃO 4
1.1 Localização 4
1.2 Recursos humanos 4
1.3 Instalações e equipamento 4
1.4 Postos de observação 4
1.4.1 Postos meteorológicos 4
1.4.2 Postos de observação fenológica e biológica (POB’s) 5
1.5 Utentes 6
2 ACTIVIDADES DA ESTAÇÃO DE AVISOS DO DÃO 7
2.1 Emissão de boletins fitossanitários 7
2.2 Ensaios realizados e divulgação 7
2.3 Outras actividades 8
3 RESULTADOS OBTIDOS EM 2010 E SUA ANÁLISE 10
3.1 Vinha 10
3.1.1 Estados fenológicos 10
3.1.2 Míldio (Plasmopara viticola Berl & de Toni) 11
3.1.3 Escoriose (Phomopsis vitícola Sacc.) Erro! Marcador não definido. 3.1.4 Oídio (Uncinula cinerea Pers.) Erro! Marcador não definido. 3.1.5 Podridão Cinzenta (Botrytis cinerea Pers.) 16
3.1.6 Podridão negra/Black Rot (Guignardia bidwellii (Ellis) Viala & Ravaz) 17
3.1.7 Esca da Videira (Phaeomoniella spp., Phaeoacremonium spp. e
Fomitiporia mediterranea) 17
3.1.8 Traças da uva 18
3.1.9 Cigarrinha Verde (Empoasca vitis Gothe) 20
3.1.10 Cicadelideo vector do fitoplasma da Flavescência Dourada 21
Quadro resumo dos avisos emitidos para a vinha 23
3.2 Macieira 24
3.2.1 Estados fenológicos 24
3.2.2 Pedrado (Venturia ineaqualis Cke.) 25
3.2.3 Bichado da fruta (Cydia pomonella L.) 27
3
3.2.4 Lagartas mineiras (Phyllonorycter blancardella F. e Leucoptera malifoliella
Costa) 29
3.2.5 Cochonilha de São José (Quadraspidiotus perniciosus Comstock) 30Erro! Marcador não definido. 3.2.6 Aranhiço vermelho (Panonychus ulmi Koch) 32
3.2.7 Piolhos Verde (Aphis pomi Pass.) e Cinzento (Dysaphis plantaginea
Fonsc.) 34
3.2.8 Mosca da fruta (Ceratitis capitata Wied.) 34
3.2.9 Sésia (Synanthedon myopaeformis) 35
3.2.10 Pulgão lanígero (Erisoma lanigerum) 35
Quadro resumo dos avisos emitidos para a macieira 37
3.3 Olival 38
3.3.1 Estados fenológicos 39
3.3.2 Traça da Oliveira (Prays olea Bernard) 39
3.3.3 Mosca da azeitona (Dacus olea Gmelin) 43
3.3.4 Euzophera pinguins Haw. 46
3.3.5 Olho Pavão (Spilocea oleagina Cast.) e Gafa (Colletotrichum spp.) 47
Quadro resumo dos avisos emitidos para o olival 49
3.4 Outras culturas 50
3.4.1 Pessegueiro 50
3.4.2 Cerejeira 50
3.4.3 Castanheiro 50
Quadro resumo dos avisos emitidos para o pessegueiro e cerejeira 51
Anexo I - Prospecção de Scaphoideus titanus Ball., insecto vector da flavescência
dourada 52
Anexo II - A confusão sexual no controlo do bichado da fruta 60
Anexo III - Aplicação de diferentes estratégias no controlo da mosca da fruta 67
4
ESTAÇÃO DE AVISOS DO DÃO
1.1 Localização
A Estação de Avisos do Dão é uma das cinco estações de avisos da unidade orgânica
Divisão de Protecção e Qualidade da Produção parte integrante da Direcção de
Serviços de Agricultura e Pescas da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do
Centro, encontrando-se sedeada na Estação Agrária de Viseu.
1.2 Recursos humanos
Em 2010, o grupo de trabalho foi o seguinte:
Maria Helena Cortês Pinto Marques – Eng.ª Agrícola (Chefe de Divisão da DPQP)
Jorge Manuel Esteves Carvalho Sofia – Eng.º Agrícola
Manuel Salazar – Eng.º Técnico Agrário
Vanda Cristina Azevedo da Costa Batista - Eng.ª Agrícola (a partir de 1 de Julho)
Fernanda Jesus Lopes Rodrigues – Assistente Administrativo
1.3 Instalações e equipamento
A Estação de Avisos do Dão está instalada no edifício principal da Estação Agrária de
Viseu, ocupando 2 gabinetes e um pequeno laboratório.
1.4 Postos de observação
1.4.1. Postos meteorológicos
De forma a aplicar as metodologias de previsão baseadas nos dados meteorológicos
da região, a Estação de Avisos do Dão dispõe de postos meteorológicos tradicionais
(2 principais e 6 secundários) e 8 postos meteorológicos automáticos (Figura 1). Os
postos principais estão localizados em Viseu e Foz de Arouce e os secundários em
Luzinde, Mangualde, Campo de Besteiros, Treixedo, Travanca de Lagos e Oliveira de
Frades. Os postos principais são constituídos por um pluviómetro e um abrigo do tipo
5
“Stevenson” equipado com um termómetro de máxima, um termómetro de mínima, um
psicrómetro e um termohigrógrafo “Richard” de rotação semanal. Os postos
secundários estão equipados com um pluviómetro e um abrigo do tipo Stevenson
equipado com um termómetro de máxima e de mínima.
As estações meteorológicas automáticas registam os dados horários e diários da
temperatura, humidade relativa, precipitação, número de horas de folha molhada,
velocidade e direcção do vento. Nos postos meteorológicos tradicionais as leituras são
feitas diariamente, pelos leitores responsáveis. As leituras são enviadas diariamente à
estação de Avisos, via postal de Março a Setembro. Durante o resto do ano, o envio
passa a semanal para os postos principais, e mensal para os postos secundários. Os
dados dos postos automáticos são recolhidos via GSM.
Figura 1 - Localização das estações meteorológicas automáticas e tradicionais
1.4.5. Postos de observação fenológica e biológica (POB)
As observações da fenologia das culturas da vinha, pomar e olival e da biologia dos
seus principais inimigos, foram efectuadas pelos técnicos da Estação de Avisos do
Dão nos locais onde estão instalados os postos meteorológicos principais e na área da
sua influência, ainda em Gouveia, S. Pedro do Sul e Tondela uma vez que são zonas
representativas da região. No caso da oliveira foram instalados mais dois postos em
duas zonas representativas da cultura – Nelas e Penalva do Castelo.
6
Os POB, localizados em Viseu, Foz de Arouce (Lousã), Canas de Santa Maria
(Tondela), S. Paio (Gouveia), Várzea (S. Pedro do Sul), Penalva do Castelo e Nelas,
são acompanhados semanalmente e para cada cultura são monitorizados os estados
fenológicos das culturas e as pragas e doenças referenciadas no Quadro 1.
Quadro 1 – Principais pragas e doenças acompanhados nos POB
Vinha
Pragas Pragas de quarentena Doenças
Traças da uva
Cigarrinha verde
Scaphoideus titanus
Escoriose
Míldio
Oídio
Podridão cinzenta
Podridão negra/Black Rot
Esca
Macieira
Bichado da fruta
Aranhiço vermelho
Piolhos verde e cinzento
Lagartas mineiras
Cochonilha de S. José
Mosca da fruta
Pedrado
Cancro
Olival
Traça da oliveira
Mosca da azeitona
Euzophera pingüis
Gafa
Olho de Pavão
Cercosporiose
1.5 Utentes
Em 2010 registaram-se 546 inscrições, de agricultores, Cooperativas Agrícolas,
Associações e outros particulares. Cumulativamente há ainda 41 inscrições
permanentes não pagas, para organismos do Ministério da Agricultura, leitores dos
postos meteorológicos tradicionais e demais colaboradores.
7
2. ACTIVIDADES DA ESTAÇÃO DE AVISOS DO DÃO
2.1 Emissão de boletins fitossanitários
Em 2010 foram enviadas 16 circulares com avisos e informações para tratamento das
principais pragas e doenças de pomóideas, prunóideas, vinha e olival. Foram ainda
enviados cinco SMS, quatro para pedrado e um para míldio.
2.2 Ensaios realizados e divulgação
A Estação de Avisos do Dão realizou os seguintes ensaios:
Confusão sexual no controlo do bichado da fruta na Estação Agrária de Viseu;
Aplicação de diferentes estratégias no controlo da mosca da fruta;
Ensaio comparativo de 5 fitofármacos para controlo de Doenças do Lenho da
Videira;
Controlo do pulgão-lanígero com a aplicação de uma nova substância activa.
Durante o ano de 2010 os técnicos realizaram e participaram em várias acções de
divulgação que tiveram como público-alvo agricultores, associações, técnicos, entre
outros:
Acção de Divulgação sobre com o tema “Confusão sexual na Estação Agrária de Viseu”-Estação Agrária de Viseu, 29 de Janeiro de 2010;
Acção de Divulgação sobre Castanheiro com o tema “Principais Doenças do
Castanheiro na Região do Dão – 12 de Março de 2010”;
Palestra a convite da empresa Bayercropscience Lda e inserida na
apresentação do manual “Bayvitis, fitossanidade da vinha”, em Azeitão, com
o tema “Doenças do Lenho da Videira” – 16 de Março de 2010;
Acção de divulgação “Enxertia do Castanheiro” – 9 de Abril;
Conferência a convite da organização do 8º Simpósio de Vitivinicultura do Alentejo, em Évora, sobre o tema “Esca da Videira na Região do Dão” – 5 de
Maio de 2010;
Acção de divulgação sobre Scaphoideus titanus em Nelas – 5 de Julho de
2010;
8
Acção de Divulgação sobre Scaphoideus titanus em Santar – 5 de Julho de
2010;
Acção de Divulgação sobre Scaphoideus titanus em São Pedro do Sul – 7 de
Julho de 2010;
Acção de divulgação “Dia Aberto Bayer” sobre “Estratégia Fitossanitária
Adoptada na Estação Agrária de Viseu para macieira” – 14 de Julho de 2010;
Acção de Divulgação sobre Scaphoideus titanus em São Pedro do Sul – 15
de Julho de 2010;
Comunicações orais e poster no 2º Encontro do Serviço Nacional de Avisos Agrícolas, em Anadia – 25 e 26 de Novembro de 2010:
o “A confusão sexual no controlo de bichado da fruta” (poster);
o “Ensaio comparativo de 3 fungicidas frequentemente referidos no
combate à escoriose na região do Dão” (comunicação oral);
o “Estratégias no combate à mosca da fruta na Estação Agrária de Viseu”
(comunicação oral).
2.3 Outras actividades
Além das acções atrás referidas, os técnicos dos Serviços de Avisos
desempenharam outras actividades nomeadamente:
Emissão de pareceres relativos à fitossanidade;
Assistência técnica aos agricultores no domínio da Sanidade Vegetal em
gabinete e no campo;
Apoio à exploração da Estação Agrária de Viseu nas seguintes actividades:
o Realização dos tratamentos fitossanitários efectuados durante 2010;
o Apoio na programação de rega;
o Transporte interno e externo dos produtos da exploração;
o Colheita, podas, trabalhos mecânicos e outras operações culturais.
Emissão de pareceres para isenção de análise de pesticidas em águas
destinadas a consumo humano;
Apoio em projectos da DRAPC no que se refere à protecção fitossanitária das
culturas;
Prospecção de Scaphoideus titanus, insecto vector da Flavescência Dourada,
na área de influência da Estação de Avisos do Dão;
9
Recepção e acompanhamento de grupos de formandos de cursos de
formação, escolas e politécnicos (visita à exploração e estação meteorológica);
Elaboração de listas de produtos homologados para posterior distribuição pelos
utentes do serviço;
Manutenção e desactivação de Estações Meteorológicas Tradicionais;
Participação em controlos de Eco-condicionalidade;
Elaboração de relatórios semanais, intercalares e final de actividades.
10
3. RESULTADOS OBTIDOS EM 2010 E SUA ANÁLISE
3.1 Vinha
3.1.1. Estados fenológicos
O Quadro 2, abaixo, indica as datas de ocorrência dos diferentes estados fenológicos
da vinha nos vários Postos de Observação Biológica acompanhados pelos técnicos da
Estação de Avisos do Dão no decurso de 2010. A Figura 2 mostra a evolução
comparativa desses estados nos diferentes POB.
Quadro 2 – Evolução fenológica da cultura da vinha no ano de 2010
Datas Tondela Foz de Arouce Viseu S.Pedro do Sul GouveiaA 11-03-2010 11-03-2010 11-03-2010 11-03-2010 11-03-2010A/B 15-03-2010 15-03-2010 15-03-2010 18-03-2010 18-03-2010B 18-03-2010 18-03-2010 18-03-2010 25-03-2010 25-03-2010B/C 25-03-2010 25-03-2010 25-03-2010 27-03-2010 31-03-2010C 31-03-2010 31-03-2010 31-03-2010 31-03-2010 06-04-2010C/D 07-04-2010 02-04-2010 02-04-2010 02-04-2010 07-04-2010D 10-04-2010 07-04-2010 09-04-2010 09-04-2010 09-04-2010D/E 13-04-2010 09-04-2010 13-04-2010 12-04-2010 15-04-2010E 16-04-2010 10-04-2010 16-04-2010 15-04-2010 17-04-2010E/F 20-04-2010 12-04-2010 20-04-2010 20-04-2010 20-04-2010F 24-04-2010 13-04-2010 24-04-2010 22-04-2010 22-04-2010F/G 29-04-2010 16-04-2010 29-04-2010 24-04-2010 24-04-2010G 04-05-2010 20-04-2010 04-05-2010 27-04-2010 26-04-2010G/H 10-05-2010 05-05-2010 10-05-2010 29-04-2010 29-04-2010H 24-05-2010 07-05-2010 27-05-2010 07-05-2010 07-05-2010I 31-05-2010 20-05-2010 31-05-2010 31-05-2010 31-05-2010I/J 02-07-2010 31-05-2010 02-06-2010 02-06-2010 07-06-2010J 05-07-2010 05-06-2010 07-06-2010 07-06-2010 15-06-2010J/K 07-06-2010 07-06-2010 15-06-2010 11-06-2010 17-06-2010K 15-06-2010 15-06-2010 15-06-2010 15-06-2010 24-06-2010K/L 01-07-2010 24-06-2010 24-06-2010 02-07-2010 02-07-2010L 12-07-2010 01-07-2010 12-07-2010 12-07-2010 09-07-2010M 22-07-2010 12-07-2010 22-07-2010 22-07-2010 18-08-2010N 05-08-2010 05-08-2010 13-08-2010 13-08-2010 13-08-2010
Evolução fenológica da vinha durante o ano de 2010
11
Evolução dos estados fenológicos da vinha nos diferentes Postos de Observação Biológica
3-Dez22-Jan13-Mar
2-Mai21-Jun
10-Ago29-Set
AA/B BB/C CC/D DD/E E E/F FF/G GG/H H I I/J J J/K K K/L L M N
Estados fenológicos
Dat
as
TondelaFoz de ArouceViseuS.Pedro do Sul Gouveia
Figura 2 - Evolução comparativa dos estados fenológicos da vinha no decurso de 2010.
3.1.2. Míldio (Plasmopara viticola Berl & de Toni)
A metodologia utilizada para verificação da maturação dos oósporos de míldio, adiante
sumariamente descrita, permite verificar o seu estado de maturação, através do tempo
que demoram a germinar. Quando esta ocorre em menos de 24 horas, há indicação
de que os oósporos se encontram maduros e em condições de promover infecções.
Os fragmentos, colocados em condições de campo no Outono de 2009, começaram a
ser recolhidos semanalmente a partir de Março de 2010 e colocados em câmara
húmida numa estufa a incubar a uma temperatura de aproximadamente 22ºC.
O ano de 2010 mostrou-se adverso a esta técnica, pois embora em 2009 se
encontrasse um elevado número de oósporos, os fragmentos colocados no campo
sofreram uma forte destruição, sem dúvida devida ao Inverno extremamente chuvoso
que terá facilitado a decomposição acelerada do material vegetal. Este
condicionalismo diminuiu a quantidade de fragmentos disponíveis para observação
laboratorial.
A germinação dos oósporos foi primeiro detectada nos Postos de Observação
Biológica de Foz de Arouce a 03 de Março, Tondela a 24 de Março e Viseu a 06 de de
Abril (Quadro 3). Nos restantes postos verificou-se germinação de ósporos apenas
alguns dias após colocação em estufa, não se tendo verificado germinação de 24
horas após a colocação de qualquer fragmento.
12
Quadro 3 - Evolução da germinação dos oósporos (a vermelho, germinação em
menos de 24 horas.)
Data
M T M T M T M T M T M T M T M T M T M T
03-Mar C 0 0 0 1 0 S S D D 94 41 88 38 40 11 0 35 17 311-Mar 0 C 0 0 S S D D 50 23 128 30 42 20 7 8 2 1 S S22-Mar 0 C 0 0 8 6 54 15 34 12 S S D D 0 222 3 4 1 005-Abr C 0 54 14 42 14 23 7 15 10 S S D D 0 0 0 0 0 021-Abr 0 C 0 0 0 0 S S D D 7 0 0 2 0 2 0 0 0 029-Abr 0 C 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 S S11-Mai 0 C 0 0 T T 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0
02-Mar 0 C 20 3 14 27 35 37 S S D D 34 4 2 3 3 3 3 010-Mar 0 C 0 0 0 2 S S D D 111 13 7 23 5 4 0 2 4 018-Mar 0 C 0 1 S S D D 162 4 15 24 8 13 1 5 3 0 S S25-Mar 0 C 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 T F F S S07-Abr 0 C 0 0 0 0 S S D D 1 0 0 0 0 0 0 0 0 013-Abr 0 C 0 0 0 0 0 0 S S D D 2 0 0 0 0 0 0 020-Abr 0 C 0 0 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 029-Abr 0 C 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 S S12-Mai 0 C T T 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
02-Mar 0 C 0 0 3 1 13 27 S S D D 91 8 19 13 13 6 21 110-Mar 0 C 0 0 0 0 S S D D 89 4 28 7 8 6 2 1 0 118-Mar 0 C 0 1 S S D D 87 14 101 57 163 6 60 15 9 7 s s23-Mar 0 C 15 6 23 33 25 3 S S D D 0 47 0 0 0 3 0 T07-Abr 0 C 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0 0 013-Abr 0 C 0 0 0 0 0 0 S S D D 4 0 0 0 0 0 0 020-Abr 0 C 0 0 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0
11-Mar 0 C 0 0 S S D D 5 4 101 52 28 31 24 0 0 20 S S18-Mar C 0 0 2 S S D D 1 0 2 7 11 20 16 0 1 0 S S25-Mar 0 C 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0 F F S S06-Abr 0 C 0 0 0 0 0 0 S S D D 0 1 0 0 0 0 0 015-Abr 0 C 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 S S22-Abr 0 C 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 S S29-Abr 0 C 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 S S12-Mai 0 C T T 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
05-Mar 0 C S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 S S D D11-Mar 0 C 0 0 S S D D 42 8 49 27 41 9 19 6 0 1 S S18-Mar 0 C 0 0 S S D D 12 2 11 22 32 0 20 11 0 0 S S25-Mar 0 C 0 2 S S D D 0 0 28 9 27 0 0 T F F S S06-Abr C 0 0 0 0 3 30 7 S S D D 14 1 0 0 0 0 0 015-Abr 0 C 0 0 S S D D 11 2 0 0 0 0 0 0 0 0 S S22-Abr 0 C 0 0 S S D D 3 0 0 5 0 0 0 0 0 0 S S29-Abr 0 C 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 S S07-Mai 0 C S S D D 0 0 0 0 0 0 T T 0 0 S S D D12-Mai 0 C 0 0 T T S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Várz
ea4 10
Vise
uColocação em
estufa
1 2 3S.
Pai
o8 9
Foz d
e Ar
ouce
Lobã
o da
Bei
raPostos
Nº de dias de permanência dos fragmentos em estufa5 6 7
Tendo oósporos maduros, as condições para surgimento de manchas primárias de
míldio, nomeadamente estado fenológico, temperatura média e precipitação, reuniram-
se a 15/16 de Abril nas vinhas mais adiantadas da região (Figura 3).
13
Condições meteorológicas para a ocorrência de míldio em Abril
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29
Dias
Tem
pera
tura
(ºC)
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
Pre
cipi
taçã
o (m
m)
CHUVAT.MED
Figura 3 - Precipitação e temperatura média observadas no posto meteorológico da Estação
agrária de Viseu em Abril de 2010. As setas a vermelho indicam dois períodos consecutivos
favoráveis ao aparecimento de manchas primárias de míldio.
A previsão posicionou o aparecimento dessas manchas para o dia 27/28 de Abril para
o POB de Foz de Arouce e para a região de Viseu, tendo as mesmas sido detectadas
na povoação de Termas de S.Gemil a 26 de Abril, numa vinha abrigada e voltada para
o rio Dão e a 28 de Abril na vinha acompanhada pela EADão na Foz de Arouce. As
mesmas condições voltaram a reunir-se com a precipitação acumulada a 21 de Abril
(Figura 3), desta feita para toda a região, tendo para estas chuvas a previsão
apontado para o aparecimento de manchas primárias a 5/6 de Maio.
Tendo em consideração que as previsões meteorológicas não prenunciavam a
ocorrência de precipitação nos dias após o aparecimento da mancha primária prevista
para 27 de Abril, não havendo portanto condições para a ocorrência de manchas
secundárias, na Circular de Aviso nº 6/10 de 26 de Abril fez-se referência ao míldio
desaconselhando o tratamento.
A Circular de Aviso nº 7/10 de 5 de Maio, tendo em conta a existência de manchas
primárias e a possibilidade de ocorrência de precipitação nos dias subsequentes,
conforme se veio a verificar (Figura 4), recomendou o primeiro tratamento para o
míldio com recurso a um produto de natureza sistémica com acção preventiva e
curativa. Este tratamento permitiria prevenir infecções de míldio que iriam originar
manchas secundárias a 25/26 Maio. Junto com esta circular foi enviada informação
sobre os produtos homologados para o combate ao míldio da videira.
14
Condições meteorológicas para ocorrência de míldio em Maio
02468
10121416
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31
Dias
Pre
cipi
taçã
o (m
m)
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
Tem
pera
tura
(ºC
)
CHUVAT.MED
Figura 4 : Precipitação e temperatura média durante o mês de Maio de 2010, observadas no
Posto Meteorológico da Estação Agrária de Viseu.
A 19 de Maio foi emitida a Circular de Aviso nº 8/10 alertando para a necessidade de
continuar a proteger a vinha para esta doença, face à previsão de precipitação, estado
fenológico e presença de manchas da doença nas vinhas da região.
Foi recomendada a aplicação de um produto de acção sistémica, uma vez que a vinha
se encontrava numa fase de forte crescimento. A 4 de Junho foi emitida a circular nº
9/10 fazendo de novo referência ao míldio por haver previsão de ocorrência de
precipitação (Figura 5). Fez-se referência ao posicionamento do tratamento antes da
ocorrência das chuvas.
Condições meteorológicas para a ocorrência de míldio em Junho
05
1015202530
1-Ju
n
3-Ju
n
5-Ju
n
7-Ju
n
9-Ju
n
11-J
un
13-J
un
15-J
un
17-J
un
19-J
un
21-J
un
23-J
un
25-J
un
27-J
un
29-J
un
Dias
Tem
pera
tura
(ºC)
051015202530
Prec
ipita
ção
(mm
)
PRECIPITATEMP_MED
Figura 5 - Precipitação e temperatura média no mês de Junho de 2010 para a Estação
Meteorológica Automática de Nelas.
15
Tendo em conta a precipitação ocorrida, nalguns locais de 8 a 13 de Junho e a
possibilidade do tratamento recomendado a 4 do mesmo mês não ter sido efectuado,
fez-se a previsão do aparecimento de manchas resultantes dessa precipitação para o
fim-de-semana de 19 a 20 , pelo que se emitiu a Circular de Aviso nº10/10 a 14 de
Junho recomendando, nas vinhas a descoberto, que se posicionasse um tratamento
anti-míldio antes do aparecimento das referidas manchas.
A 25 de Junho, tendo em conta o elevado número de manchas de míldio presentes na
região e a previsão de precipitação, foi enviado um SMS a todos os utentes
recomendando um tratamento de imediato contra esta doença. Na sequência da
precipitação ocorrida e tendo, nalguns locais da região (concelhos de Nelas, Carregal
do Sal e algumas freguesias do concelho de Seia) ocorrido forte precipitação a 25 e 26
de Junho, muitas vezes acompanhada de granizo e prevendo-se a continuidade de
instabilidade meteorológica, emitiu-se a Circular de Aviso nº 11/10 de 28 de Junho,
recomendando o tratamento o mais próximo do aparecimento de manchas, previstas
para dia 30 desse mês
A última referência a míldio no ano de 2010 veio na Circular de Aviso nº 12/10 emitida
a 14 de Julho, face ao número de manchas presentes nas vinhas e apenas para as
vinhas onde tivesse ocorrido precipitação e/ou fortes orvalhadas. Dado o estado
fenológico foi recomendada a aplicação de um produto contendo cobre.
3.1.3. Escoriose (Phomopsis viticola Sacc.)
A escoriose tem sido uma preocupação constante nas Circulares de Aviso da EADão
pela importância crescente que tem vindo a adquirir na região e prejuízos decorrentes,
como a perda de madeira de poda, morte de gomos e lançamentos e debilitação das
videiras afectadas.
Em 2010 foram emitidas recomendações para escoriose em duas Circulares de Aviso.
A Circular de Aviso nº 01/10 de 25 de Janeiro aproveitou a época de poda para alertar
os viticultores para os sintomas da doença e medidas profiláticas passíveis de minorar
a sua acção. A Circular de Aviso nº 4 de 7 de Abril foi emitida face à maioria das
vinhas da região estar a entrar no estado fenológico C/D, sendo pois a altura indicada
para aplicação dos tratamentos de Primavera homologados para essa finalidade.
Nessa circular foram resumidas as diferentes opções e estratégias que poderiam ser
adoptadas pelos vitivinicultores:
16
Se a vinha se encontrasse pouco afectada:
Efectuar uma única aplicação entre os estados fenológicos C/D recorrendo a
um produto contendo azoxistrobina, azoxistrobina + folpete ou fosetil de
alumínio + folpete.
Ou efectuar uma única aplicação entre os estados C a E recorrendo a um
produto contendo metirame + piraclostrobina.
Se a vinha se encontrasse fortemente afectada:
Efectuar 2 aplicações recorrendo às substâncias activas: enxofre, azoxistrobina,
azoxistrobina + folpete, folpete, mancozebe, metirame, metirame + piraclostrobina,
propinebe ou fosetil de alumínio + mancozebe.
A 1ª aplicação com 30 – 40% dos gomos no estado fenológico D.
A 2ª aplicação com 40% dos gomos no estado fenológico E..
3.1.4. Oídio (Erysiphe necator Schwein)
O primeiro aviso para o oídio foi emitido com a circular nº06/10 do dia 26 de Abril
quando a maioria das vinhas se encontravam entre os estados fenológicos “E” -
Folhas livres e “F” – Cachos visíveis. Foi recomendada a utilização de enxofre em pó,
tendo sido enviada, juntamente com a circular, a lista de substâncias activas
homologadas para aquela doença e para aquela cultura.
A 19 de Maio, como as vinhas se encontravam próximo da floração foi recomendado
novo tratamento através da Circular de Aviso nº 08/10, recomendando enxofre em pó.
Esta recomendação foi renovada na floração/alimpa pela Circular de Aviso nº 10/10 de
14 de Junho.
A última recomendação surgiu a 28 de Junho, uma vez que a vinha se encontrava no
estado de fecho do cacho, procurando, de certa forma, que o tratamento aplicado,
pudesse ter acção no controlo do ataque de “Black rot” que se perspectivava na
sequência da forte chuvada sentida neste mês (Figura 5).
3.1.5. Podridão Cinzenta (Botrytis cinerea Pers.)
À floração/alimpa e atendendo à previsão de instabilidade meteorológica foi incluída
na Circular de Aviso nº 09/10 de 4 de Junho referência a esta doença, recomendando
a realização de um tratamento. Com esta circular foi também incluída a lista de
17
substâncias activas homologadas para a podridão cinzenta. A 28 de Junho foi incluída
nova referência a esta doença (Circular de Aviso nº 11/10) uma vez que a vinha se
encontrava numa fase de grande sensibilidade- fecho do cacho. Esta recomendação
foi reforçada com uma referência à forte precipitação e queda de granizo que se fez
sentir nalguns locais da região e consequente necessidade de proteger a produção
afectada.
3.1.6. Podridão negra/Black Rot (Guignardia bidwellii (Ellis) Viala & Ravaz)
Como foi referido atrás, no final de Junho (Figura 5) adveio um evento meteorológico
de forte precipitação acompanhada de queda de granizo. Este fenómeno, para além
dos estragos naturalmente provocados pela queda de granizo, despoletou a infecção
por Guinardia bidwellii, cujo inóculo estava presente em grande quantidade nas vinhas
da região, fruto de fenómeno idêntico ocorrido no ano transacto. Nas zonas onde
ocorreu a atrás referida precipitação foi evidente a instalação da doença,
nomeadamente no cacho, a manifestação de sintomas só começou a ser notada cerca
de 20 dias após a ocorrência das chuvas. Na Circular de Aviso nº 11/10 de 28 de
Junho, não foi feita nenhuma referência a esta doença, por não haver sintomas, nem
se tratar de um problema recorrente. No entanto, dada a intensidade que este
problema tem vindo a a atingir nas duas últimas campanhas, convirá aqui referi-lo e
quiçá começar a delinear uma estratégia para minorar os seus danos, nomeadamente
através da aplicação oportuna e combinada de substâncias activas também
destinadas ao combate ao oídio e míldio e com conhecido efeito no controlo desta
doença.
3.1.7. Esca da Videira (Phaeomoniella spp., Phaeoacremonium spp. e Fomitiporia mediterranea)
Dada a importância que esta doença tem vindo a alcançar na região do Dão foi feita
uma referência à mesma pela Circular nº 15/10 de 16 de Outubro, alertando para a
sua sintomatologia, sua importância e medidas profiláticas para melhorar as condições
sanitárias da vinha.
18
3.1.8. Traças da uva
Eudemis (Lobesia botrana Den & Schiff)
No início do mês de Março, foram colocadas armadilhas sexuais para a traça da uva
(Lobesia botrana) nos vários postos biológicos.
Como se pode observar no gráfico seguinte (Figura 6), Lobesia botrana teve três
gerações bem definidas. À semelhança dos anos anteriores foi no posto de Tondela
que se verificou o maior número de capturas.
020406080
100120140160
11-M
a r
11-A
br
1 1-M
a i
1 1-J
u n
11-J
u l
1 1-A
go
1 1-S
e t
1 1-O
ut
Datas das observações
Nº
de e
xem
plar
es c
aptu
rado
s
Viseu
S.Paio
Tondela
F. Arouce
Várzea
Figura 6 - Curva de voo de Lobesia botrana
Cochilis (Eupoecilia ambiguella Hb.)
No presente ano, optou-se pela colocação de apenas uma armadilha para esta praga
no Posto de Observação Biológica de S. Paio. Os adultos de Eupoecilia interceptados
foram em menor quantidade quando comparadas com as capturas de Lobesia
botrana, notando-se, na curva de voo um pico correspondente à primeira geração por
volta de início de Junho (Figura 7), seguindo-se novo pico durante o mês de Julho e
um pico mais forte em princípio de Setembro, correspondente a uma 3ª geração.
19
0
5
10
15
20
25
30
35
04-Mar 04-Abr 04-Mai 04-Jun 04-Jul 04-Ago 04-Set 04-Out
Datas das observações
Nº
de e
xem
plar
es c
aptu
rado
s
S.Paio
Figura 7 - Curva de voo de Eupoecilia ambiguella
No dia 16 de Abril, em função das primeiras capturas de traça foi dada a indicação
para a colocação dos difusores da confusão sexual, divulgada pela Circular de Aviso
nº 05/10.
A observação efectuada aos cachos ao longo do ciclo vegetativo não detectou
estragos da 1ª geração (ninhos) e detectou poucos estragos da 2ª geração (Figura 8),
sempre com valores muito abaixo do NEA em apenas 2 dos POB (Foz de Arouce e
Viseu)
Nº de cachos com estragos da 2ª geração de traça em 100 cachos
0123456
9-Ju
n
16-J
un
23-J
un
30-J
un
7-Ju
l
14-J
ul
21-J
ul
Datas das observações
Nº d
e ca
chos
com
es
trag
os ViseuF. Arouce
Figura 8: Nº de cachos com estragos da 2ª geração de traça em 100 cachos observados
20
Quanto à 3ª geração o mês de Agosto, extremamente quente e seco, não favoreceu o
desenvolvimento de posturas, veja-se a informação do Instituto de Meteorologia em:
http://www.meteo.pt/pt/media/noticias/newsdetail.html?f=/pt/media/noticias/arquivo/201
0/rel_clima_AGO_2010.html.
3.1.9. Cigarrinha Verde (Empoasca vitis Gothe)
O voo da cigarrinha verde foi acompanhado com o auxílio de placas cromotrópicas
amarelas instaladas em todos os postos. Registou-se um aumento de capturas
durante os meses de Junho e Julho (Figura 9).
-100
0
100
200
300
400
500
600
01-0
4-10
15-0
4-10
29-0
4-10
13-0
5-10
27-0
5-10
10-0
6-10
24-0
6-10
08-0
7-10
22-0
7-10
05-0
8-10
19-0
8-10
02-0
9-10
16-0
9-10
30-0
9-10
Datas
Nº d
e ex
empl
ares
cap
tura
dos
ViseuS.PaioTondelaF. ArouceVárzea
Figura 9 - Curva de voo da cigarrinha verde
Foram realizadas observações semanais em 50 folhas de videira da casta Tinta Roriz
nos POB de Foz de Arouce e Tondela. Como se depreende da observação da Figura
10, não foi atingido o nível económico de ataque nos nossos POB, pelo que não se
justificou nenhuma recomendação para tratar contra esta praga.
21
Percentagem de ninfas em 100 folhas
05
1015
2025
17-J
un
24-J
un
1-Ju
l
8-Ju
l
15-J
ul
22-J
ul
29-J
ul
5-A
go
12-A
go
Datas
Per
cent
agem
(%)
TondelaFoz de Arouce
Figura 10 - Contagem semanal de ninfas de cigarrinha verde em 100 folhas nos Postos de
Observação Biológicos de Tondela e Foz de Arouce.
3.1.10. Cicadelídeo vector do fitoplasma da flavescência dourada (FD) (Scaphoideus titanus Ball)
Embora Scaphoideus titanus não seja uma das pragas usualmente acompanhadas
pelo Serviço de Avisos, a sua presença na região e os riscos associados, implicaram
uma monitorização constante da situação deste insecto, a par com a prospecção
desenvolvida pelo Controlo Fitossanitário. Esta monitorização foi efectuada em toda a
região com recurso a armadilhas cromotrópicas. Tendo em conta as implicações da
sua presença para a viticultura regional, decidiu-se que assim que fosse detectada a
sua presença se emitiriam recomendações em oportuna Circular de Aviso com vista
ao seu controlo e possível erradicação, apenas para as freguesias onde tivesse sido
detectado. No seguimento desta decisão foram emitidas duas circulares com
indicações respeitantes ao vector da FD. A primeira referência surgiu na Circular de
Aviso nº 13/10 emitida exclusivamente para este problema a 28 de Julho do presente
ano. A circular recomendava o tratamento a todos os viticultores nas freguesias de
Santar (concelho de Nelas) e das freguesias de Várzea, Baiões e Serrazes (concelho
de S. Pedro do Sul) por nelas ter sido detectado o referido vector, pese a FD apenas
ter sido detectada na freguesia de Várzea, em 2009. Juntamente com esta circular foi
enviada a lista de substâncias activas homologadas para combate a S. titanus.
A Circular de Aviso nº 14/10, a 11 de Agosto, voltava a fazer referência a este
cicadelídeo indicando a necessidade de renovar o tratamento. Já numa fase posterior
à emissão do Aviso foi detectada a presença do vector na freguesia de Alcafache,
22
concelho de Mangualde, não se tendo recomendado a realização de tratamento dada
a proximidade da vindima.
Para enquadramento e sensibilização dos agricultores das freguesias onde o problema
tinha sido detectado foram realizadas diversas acções de divulgação com a
colaboração das respectivas Juntas de Freguesia (Várzea, Nelas e Santar), Câmaras
Municipais (São Pedro do Sul e Nelas) e Centro de Estudos Vitivinícolas do Dão
(Nelas). Nestas acções procurou-se descrever o problema e alertar para a
necessidade de efectuar os tratamentos prescritos por eventuais Circulares de Aviso a
emitir, caso o insecto fosse detectado.
23
Circulares emitidas Escoriose Mildio Oídio Podridão
Cinzenta Traça da
uva Cigarrinha
da FD Esca
Nº 1
25 de Janeiro
Nº 2
9 de Março
Nº 3
29 de Março
Nº4
7 de Abril
Nº 5
16 de Abril
Nº 6
26 de Abril
Nº 7
5 de Maio
Nº 8
19 de Maio
Nº 9
4 de Junho
Nº 10
14 de Junho
Nº 11
28 de Junho
Nº 12
14 de Julho
Nº 13
28 de Julho
Nº 14
11 de Agosto
Nº 15
6 de Outubro
Nº 16
3 de Novembro
Total de Recomendações 2 6 4 2 1 2 1
24
3.2. MACIEIRA
3.2.1. Estados fenológicos
Lobão da Beira Várzea S. Paio Viseu Foz de Arouce Estados
Fenológicos Gold. Stark. Gold. Stark. Gold. Stark. Gold. Stark. Gold. Stark.
26/2 26/2 26/2 26/2 26/2 26/2 26/2 26/2 26/2 26/2
18/3 18/3 18/3 18/3 18/3 18/3 18/3 18/3 18/3 18/3
25/3 20/3 25/3 20/3 25/3 20/3 25/3 25/3 25/3 25/3
11/4 7/4 10/4 7/4 11/4 8/4 9/4 5/4 10/4 7/4
12/4 12/4 12/4 12/4 12/4 12/4 12/4 12/4 12/4 12/4
13/4 13/4 13/4 13/4 13/4 13/4 13/4 13/4 13/4 13/4
20/4 18/4 20/4 18/4 20/4 18/4 20/4 18/4 20/4 18/4
20/4 20/4 20/4 20/4 20/4
29/4 29/4 29/4 29/4 29/4 26/4 29/4 29/4 29/4 29/4
10/5 10/5 8/5 3/5 7/5 7/5 7/5 7/5 4/5 4/5
20/5 20/5 12/5 12/5 12/5 12/5 12/5 12/5 10/5 10/5
25
3.2.2. Pedrado (Venturia ineaqualis Cke.)
No Inverno de 2009 foram recolhidas folhas de pedrado e colocadas em condições de
campo. A partir de Março de 2010 foram analisadas, semanalmente, algumas
peritecas de cada POB com a finalidade de observar ao microscópio a evolução dos
ascósporos. O início da maturação verificou-se no posto de Tondela, no dia 18 de
Março, onde se observou a presença de ascos com ascósporos bem formados. No dia
16 de Abril a maturação das peritecas era generalizada em todos os postos
acompanhados.
De forma a monitorizar a projecção dos ascósporos foram colocadas 3 lâminas com
vaselina sobre as folhas. Esta metodologia permite avaliar o número de ascósporos
que são projectados após a queda pluviométrica, o que permite determinar o risco de
infecção. O gráfico seguinte demonstra essa evolução, fazendo a correlação entre a
precipitação ocorrida e o número de projecções contabilizadas. No mês de Março
verificou-se um aumento no número de projecções tendo sido o seu máximo no dia 20
de Março.
Figura 10 – Precipitação e projecções de Março 2010
No mês de Abril verificou-se um aumento no número de projecções. A precipitação
concentrou-se essencialmente nos dias 14 a 22 de Abril, onde se contabilizaram 362
ascósporos. Em Maio a chuva também foi distribuída ao longo do mês. A evolução da
maturidade das peritecas foi notória verificando-se um elevado número de projecções
no dia 10 de Maio (887 ascósporos).
26
Figura 11 – Precipitação e projecções de Abril 2010
Figura 12 – Precipitação e projecções de Maio 2010
Embora tivessem sido registadas projecções aquando da precipitação de 14 a 20 de
Março as macieiras ainda não se encontravam no estado fenológico sensível C3-D.
Deste modo, o primeiro aviso para o pedrado apenas foi emitido em 29 de Março.
Nesta altura algumas variedades mais precoces começavam a atingir o estado C3-D e
o Instituto de Meteorologia previa a ocorrência de precipitação. O segundo aviso foi
emitido no dia 7 de Abril pois estava prevista chuva a partir de 14 de Abril. Nesta data
todas as variedades já se encontravam no estado fenológico C3-D sendo oportuna a
recomendação. A quantidade de chuva ocorrida nos dias 14 e 15 provocou a lavagem
de produto, pelo que foi emitida nova recomendação no dia 16 de Abril.
27
A 26 de Abril foi emitida nova circular tendo em conta a previsão de condições de
instabilidade e o aparecimento de manchas. Esta situação apenas se aplicava aos
fruticultores que não tiveram a oportunidade de tratar atempadamente. Mais uma vez
se reforça a necessidade de fazer o correcto posicionamento dos produtos atendendo
ao seu modo de acção: preventivo ou curativo.
No dia 5 de Maio recomendámos a realização de um tratamento antes das chuvas que
se previam para 7 de Maio. O controlo destas infecções foi fundamental pois foi nesta
altura que se atingiu o máximo de projecções. A precipitação decorreu do dia 8 a 14
de Maio atingindo um acumulado de 31,7 litros (dados do POB de Viseu). No dia 19 de
Maio renovou-se a intenção de realizar novo tratamento devido à previsão de
precipitação a partir do dia 23.
No mês de Junho apenas ocorreu precipitação a 10 e 11, tendo sido emitido novo
aviso no dia 4 de Junho a recomendar a realização de um tratamento preventivo. No
dia 9 de Junho foi difundido um SMS pelos utentes a relembrar a necessidade de
efectuar este tratamento, tendo em conta que estava previsto o aparecimento de
manchas.
A 28 de Junho foi aconselhada a realização de um novo tratamento atendendo que
ocorreu precipitação em algumas zonas da região nos dias 25 e 26. Esta
recomendação foi complementada com o envio de um SMS (25 de Junho). No dia 14
de Julho ocorreu precipitação nocturna e uma forte orvalhada. Ambos os factores
seriam suficientes para provocar novas infecções essencialmente nos pomares onde
já existiam manchas, deste modo, foi emitida a Circular nº 12/2010.
Após essa data as condições meteorológicas não foram favoráveis ao
desenvolvimento da doença não havendo necessidade de emitir tratamento. No dia 6
de Outubro foi recomendado o tratamento à queda da folha com ureia.
3.2.3. Bichado da fruta (Cydia pomonella L.)
Os primeiros adultos de bichado da fruta foram interceptados no dia 20 de Abril no
POB de Tondela. No dia 16 de Abril foi emitida a Circular nº 5/2010 a recomendar a
instalação dos difusores da confusão sexual pois o somatório de temperaturas já tinha
sido atingido.
28
No dia 29 de Abril foram observadas as primeiras posturas no POB de Foz de Arouce.
Esta observação conduziu à emissão do Aviso de 5 de Maio, para posicionamento de
produtos com acção ovicida. As primeiras emergências no insectário foram
observadas a 3 de Maio. Nesse dia foi colocado um casal na manga de postura. As
primeiras posturas foram observadas no dia 18 de Maio e as perfurações no dia 25 de
Maio. Na sequência das observações realizadas foi emitida Circular nº 08/2010 no dia
19 de Maio, a recomendar o tratamento ovicida-larvicida. Esta indicação contemplava
também a possibilidade de lavagem pois a precipitação ocorrida de 8 a 14 de Maio
provocou, em algumas zonas da região, a lavagem do produto aplicado. Um novo
aviso foi emitido no dia 4 de Junho (Circular nº 09/2010) alertando para o
posicionamento do tratamento após a ocorrência das chuvas.
Em meados de Julho, as armadilhas sexuais colocadas nos POB´s registaram um
aumento do número de capturas. Foi emitido um novo aviso a recomendar a
realização de tratamento no dia 28 de Julho. Esta situação manteve-se até meados de
Agosto. A 2ª geração de bichado foi bastante intensa sendo visíveis perfurações nos
frutos nos finais do mês de Agosto. Na parcela F8 da Estação Agrária de Viseu, sujeita
ao método da confusão sexual, foram observados 16 frutos perfurados com lagarta
viva em 1000 frutos, situação que ilustra o ataque ocorrido no mês de Agosto. No
Anexo II encontra-se o relatório do ensaio da aplicação do método da confusão sexual
nos pomares da Estação Agrária de Viseu.
Figura 13 – Curva de voo de bichado da fruta
29
3.2.4. Lagartas mineiras (Phyllonorycter blancardella F. e Leucoptera
malifoliella Costa)
A Estação de Avisos do Dão acompanha duas espécies de lagartas mineiras, a
mineira pontuada e mineira circular. Não são consideradas praga-chave, visto os
estragos que causam serem muito reduzidos.
Apenas foram colocadas armadilhas sexuais nos POB´s de Viseu, Foz de Arouce e
Várzea. Como tem sido referido em relatórios anteriores o voo da lagarta mineira
pontuada teve inicio mais cedo. No dia 3 de Março foram interceptados os primeiros
adultos nos POB´s de Foz de Arouce e Várzea.
Conforme se pode observar na figura seguinte o voo da lagarta mineira pontuada, no
POB de Várzea, é intenso com capturas semanais muito elevadas. Apesar da
população de adultos ser intensa os estragos provocados por esta espécie não são
representativos. No POB de Viseu e Foz de Arouce o comportamento da praga foi
muito semelhante. As capturas foram em menor número, sendo ligeiramente superior
no POB de Foz de Arouce.
Figura 14 – Curva de voo da lagarta mineira pontuada
Os primeiros adultos de lagarta mineira circular surgiram no dia 25 de Março no POB
de Foz de Arouce. Nos restantes postos o seu aparecimento ocorreu sensivelmente
após 1 mês, Viseu a 28 de Abril e Várzea a 21 de Abril. O voo da 1ª geração da praga
manifestou uma significativa intensidade no POB de Foz de Arouce.
30
Figura 15 – Curva de voo da lagarta mineira circular
3.2.5. Cochonilha de S. José (Quadraspidiotus perniciosus Comstock)
Em meados do mês de Março foram instaladas as armadilhas cromotrópicas brancas
com feromona sexual nos postos de Viseu, S. Paio, Tondela, Foz de Arouce e Várzea.
Os primeiros adultos foram interceptados no dia 7 de Abril nos POB´s de Viseu e Foz
de Arouce. O início do voo dos machos hibernantes foi marcado por um elevado
número de capturas conforme é visível no gráfico seguinte. As capturas foram mais
intensas nos POB’s de Viseu e S. Paio.
Figura 16 – Curva de voo dos machos da cochonilha de S. José
31
Segundo a bibliografia existente o aparecimento das ninfas surge aproximadamente
um mês após os adultos. Esta situação verificou-se nos postos de Viseu, Tondela e
Foz de Arouce. O aparecimento das ninfas verificou-se 43 dias após o aparecimento
dos adultos nos POB´s de Viseu e Foz de Arouce e 41 dias no POB de Tondela.
Quadro 4 – Datas relativas ao aparecimento das ninfas
POB Adultos Ninfas Dias
Viseu 7 Abril 19 Maio 43
S. Paio 21 Abril - -
Tondela 14 Abril 24 Maio 41
Foz de Arouce 7 Abril 19 Maio 43
Várzea 21 Abril - -
Relativamente à eclosão das ninfas estas foram monitorizadas recorrendo à colocação
de 8 cintas de fita-cola de dupla face. O gráfico seguinte demonstra a evolução das
intercepções. As primeiras ninfas foram interceptadas no POB de Foz de Arouce no
dia 19 de Maio. O pico registou-se uma semana depois. O aparecimento das ninfas
em Viseu foi mais tardio. Os primeiros adultos também foram interceptados no dia 19
de Maio (17 ninfas) mas o pico de eclosões registou-se mais tarde, dia 7 de Junho.
Figura 17 – Curva de eclosão das ninfas de cochonilha de S. José
Foz de Arouce
Viseu
32
Estes dados foram essenciais para emissão das circulares de aviso. O primeiro aviso
foi emitido no dia 9 de Março e visava a aplicação de óleo de Verão a 4% para
controlo das formas hibernantes. Neste aviso foi feita a referência à utilização da
substância activa piriproxifena, pois foi concedida autorização para a sua utilização até
20 de Maio.
No dia 19 de Maio foi emitido aviso a aconselhar tratamento para as formas móveis.
Esta decisão teve como fundamento dois factores: o somatório para o aparecimento
das ninfas e a sua intercepção nas cintas dos POB´s de Viseu e Foz de Arouce. As
ninfas da 2ª geração surgiram em meados de Julho razão pela qual foi emitida a
circular nº 12/2010 no dia 14 de Julho. O pico das eclosões registou-se a 4 de Agosto
no POB de Foz de Arouce e 13 de Agosto no POB de Viseu.
No quadro seguinte estão relacionadas as datas e o somatório de temperaturas
registadas para o aparecimento dos adultos da geração hibernantes, ninfas da 1ª
geração e 2ª geração. Apenas estão em análise os POB´s de Viseu, Foz de Arouce
pois nos restantes não houve capturas suficientes o que não permitiu fazer essa
relação.
Quadro 5 – Somatório de temperaturas para adultos e ninfas da 1ª e 2ª geração
POB Adultos Somatório Temp.
Ninfas 1ª Geração
Somatório Temp.
Ninfas 2ª Geração
Somatório Temp.
Viseu 7 Abril 150.35 19 Maio 413.55 12 Julho 1139.10
Foz de
Arouce 7 Abril 281.80 19 Maio 642.6 12 Julho 1337.35
3.2.6. Aranhiço vermelho (Panonychus ulmi Koch)
Para determinar o início das primeiras eclosões dos ovos de Inverno colocaram-se,
nos diferentes postos biológicos, duas tábuas de eclosão, com dois fragmentos. Cada
fragmento continha ovos de Inverno de aranhiço vermelho e, para impedir a fuga das
larvas, foi colocada vaselina em toda a volta.
O inicio da eclosão verificou-se no POB de Foz de Arouce no dia 3 de Março. Nos
postos de Tondela e Viseu esta situação registou-se no dia 9 de Março e no dia 18 de
Março nos postos da Várzea e S. Paio.
33
Esta situação conduziu à emissão da circular nº 02/2010 onde se fez a recomendação
de óleo de Verão a 4% a alto volume e alta pressão de forma a molhar bem as
árvores, o mais próximo possível da rebentação (Inchamento do gomo).
O gráfico seguinte ilustra a evolução da eclosão das larvas. O pico da eclosão foi
registado no dia 20 de Abril em todos os POB´s com excepção de Foz de Arouce onde
verificou no dia 29 de Abril. Tendo em conta este factor foi recomendado tratamento
na circular nº 06/2010.
Figura 18 – Curva de eclosão de aranhiço vermelho
Foram emitidos mais 2 avisos para o controlo da praga (4 de Junho e 14 de Julho). Os
ataques incidiram com alguma severidade em alguns pomares da região. Esta
situação pode estar relacionada com a falta de eficácia do tratamento de Inverno, pois
durante o mês de Março a precipitação ocorrida (Viseu – 160.8 l/m2) provocou a
lavagem do produto aplicado. Em ambas as circulares emitidas foi aconselhada uma
observação em 100 folhas e caso se verificasse a existência de 50-75% de folhas
ocupadas, deveria ser realizado um tratamento.
34
3.2.7. Piolhos Verde (Aphis pomi P.) e Cinzento (Dysaphis plantaginea F.)
O primeiro tratamento para formas hibernantes desta praga foi emitido a 12 de Março.
O tratamento deveria ser posicionado, o mais próximo possível da rebentação
(Inchamento do gomo), com óleo de Verão a 4%, a alto volume e alta pressão, de
forma a molhar bem as árvores. Conforme o observado em anos anteriores verificou-
se a presença das pragas à floração dos pomares. No dia 26 de Abril foi emitido um
aviso para ambas as pragas recomendando a observação de 100 rebentos e a
realização de tratamento caso fosse observado 15% ou 2 a 5% de rebentos infestados
para o piolho verde e cinzento, respectivamente. Em Junho foi observada a presença
de piolho verde nos POB´s sendo necessário proceder ao envio de nova circular no
dia 14 de Junho.
3.2.8. Mosca da fruta (Ceratitis capitata Wied.)
Para monitorizar o voo da mosca da fruta foi utilizada a garrafa mosqueira com
trimedlure e fosfato de amónio a 5%. O aparecimento dos primeiros adultos, em
macieira, apenas se verificou no dia 20 de Setembro no POB de Viseu. Nesta altura o
grosso das variedades com interesse comercial já tinha sido colhida o que justificou a
não emissão de aviso. O pico de capturas verificou-se no dia 26 de Outubro. Nesta
altura foram observados frutos picados com postura. Os ataques severos da praga
verificaram-se na fruta caída ou nas variedades regionais mais tardias.
Figura 19 – Curva de voo de mosca da fruta
35
3.2.9. Sésia (Synanthedon myopaeformis)
No pomar da Estação Agrária de Viseu foi colocada uma armadilha para monitorizar o
voo dos adultos de sésia. O pico do voo registou-se no dia 30 de Junho com 30
capturas.
Figura 20 – Curva de voo da sésia
3.2.10. Pulgão-lanígero (Erisoma lanigerum)
No âmbito do acordo celebrado entre a Estação Agrária de Viseu e a empresa Bayer
foi testado um produto de nome comercial Movendo para controlo do pulgão-lanígero.
Este produto possui algumas especificidades de aplicação, nomeadamente, o seu
posicionamento aquando a presença dos adultos. Após acompanhamento o
tratamento foi realizado no dia 17 de Junho a uma concentração de 100 ml/100 litros
de água e foram gastos 300 litros de calda. A aplicação foi realizada apenas numa
linha na variedade Fuji da parcela 4 e deixada uma linha como testemunha.
De modo a realizar a monitorização do ensaio foram realizadas observações semanais
das árvores tratadas e não tratadas (testemunha). As diferenças não foram muito
marcantes ao longo de várias semanas. A praga manifestou a sua sintomatologia
característica (aparecimento de algodão) em ambas as modalidades.
No dia 22 Julho eram visíveis alguns pulgões mortos na modalidade tratada. A
testemunha manifestava algumas zonas com mais algodão. No dia 30 de Julho
36
observou-se, em ambas as parcelas, uma elevada taxa de parasitismo traduzindo-se
numa redução do algodão. Na observação realizada à lupa verificou-se uma menor
mobilidade dos adultos na parcela tratada. Em Agosto a situação manteve-se muito
idêntica, ou seja, uma redução do algodão e uma elevada taxa de parasitismo.
As observações realizadas não permitiram retirar conclusões relativamente ao produto
aplicado. No próximo ano será oportuno proceder à renovação do ensaio para
aprofundar o conhecimento sobre a eficácia do produto.
É de salientar que, em ambas as linhas destinadas ao ensaio, as operações de
colheita foram dificultadas, pois foi necessário limpar os frutos por estes se
apresentarem enegrecidos devido ao ataque da praga.
37
Circulares emitidas Pedrado Cancro Bichado Cochonilha
de São José
Piolhos Verde e
Cinzento
Aranhiço vermelho
Mosca da fruta
Nº 1
25 de Janeiro
Nº 2
9 de Março
Nº 3
29 de Março
Nº4
17 de Abril
Nº 5
16 de Abril
Nº 6
26 de Abril
Nº 7
5 de Maio
Nº 8
19 de Maio
Nº 9
4 de Junho
Nº 10
14 de Junho
Nº 11
28 de Junho
Nº 12
14 de Julho
Nº 13
28 de Julho
Nº 14
11 de Agosto
Nº 15
6 de Outubro
Nº 16
3 de Novembro
Total de Recomendações 10 1 7 3 3 4 0
38
3.3. OLIVAL
3.3.1. Estados fenológicos
Estados
Fenológicos
Lobão da Beira S. Paio Viseu Várzea Foz de
Arouce Penalva Canas
A
26/2 26/2 26/2 26/2 26/2 26/2 26/2
A/B 11/3 a 18/3
11/3 a 18/3
11/3 a 18/3
11/3 a 18/3
11/3 a 18/3
11/3 a 18/3
11/3 a 18/3
B 24/3 25/3 24/3 25/3 25/3 25/3 25/3
C 13/4 15/4 13/4 15/4 13/4 15/4 13/4
D 29/4 29/4 26/4 29/4 29/4 29/4 29/4
D/E 24/5 20/5 24/5 24/5 20/5 20/5 24/5
E 31/5 27/5 27/5 27/5 24/5 27/5 27/5
F 2/6 31/5 2/6 2/6 27/5 2/6 2/6
1 7/6 7/6 7/6 7/6 1/6 7/6 7/6
G 24/6 15/6 15/6 15/6 7/6 15/6 15/6
H 22/7 22/7 22/7 22/7 22/7 22/7 22/7
I 8/10 10/10 10/10 15/10 13/10 19/10. 13/10.
J 11/11 16/11 14/11 11/11 8/11 14/11 11/11
39
3.3.2. Traça da oliveira (Prays olea Bernard)
Esta praga teve três gerações anuais distintas. A 1ª e a 2ª geração foram muito
intensas como se pode observar no gráfico seguinte.
Figura 21 – Curva de voo dos adultos de traça da oliveira
Nos postos de observação biológica de Penalva do Castelo e S. Paio, foram
realizadas observações semanais para as diferentes gerações da traça da oliveira.
Para a 1ª geração, ou geração filófaga, observaram-se 100 rebentos, 2 por árvore em
50 árvores. Foi registado o nº de galerias, rebentos roídos e larvas vivas.
No POB de Penalva do Castelo observaram-se as primeiras galerias a 18 de Março.
Foi contabilizado um maior nº de galerias no olival de Penalva do Castelo. A migração
das larvas para os rebentos coincidiu com uma intensa queda pluviométrica, factor que
pode ter contribuído para um reduzido nº de rebentos roídos.
O NEA referenciado para a geração filófaga é de 10% de rebentos roídos. Este valor
foi alcançado, em ambos os POB´s, na observação de 15 de Abril com 12 rebentos
roídos. No dia 22 de Abril atingiu-se um valor máximo de 18 rebentos roídos no posto
de Penalva do Castelo.
Esta geração não provocou estragos significativos pelo que não foi necessário
efectuar recomendação para tratamento de árvores jovens.
40
Figura 22 – Evolução da geração filófaga no posto de Penalva do Castelo
Figura 23 – Evolução da geração filófaga no posto de S. Paio
Não foram observados estragos da geração antófaga. As condições meteorológicas
condicionaram a ocorrência de posturas. As observações da geração carpófaga
tiveram início nos finais de Junho sendo visíveis as 8 primeiras posturas no dia 2 de
Julho no POB de Penalva do Castelo. O pico das posturas registou-se na semana
seguinte, tornando-se visíveis as primeiras perfurações a 15 de Julho.
41
Figura 24 – Evolução da geração carpófaga no posto de Penalva do Castelo
No POB de S. Paio as primeiras posturas também foram observadas no dia 2 de Julho
mas não houve registo de perfurações.
Figura 25 – Evolução da geração carpófaga no posto de S. Paio
Nos POB´s localizados a sul de Viseu (Tondela, Nelas e Foz de Arouce) já tinham sido
observadas posturas pelo que foi emitida a circular nº 11/2010, de 28 de Junho, a
recomendar tratamento. Apenas foram observados 3 orifícios de saída no POB de
Penalva do Castelo e 1 em S. Paio no dia 10 de Setembro.
42
No olival varietal da Estação Agrária de Viseu também foram aplicadas as
metodologias descritas anteriormente. Não foi possível realizar observações em todas
as variedades existentes, pelo facto, de não haver frutificação na maioria das
variedades. Deste modo, as variedades em análise foram a Galega, Cobrançosa e
Picual. O gráfico seguinte ilustra a evolução da geração filófaga nas três variedades
em análise. Observaram-se as primeiras galerias (10) na variedade Cobrançosa no dia
30 de Março. Nas restantes variedades foram observadas galerias no dia 5 de Abril. O
pico do nº de galerias foi registado no dia 26 de Abril. Na observação de 5 de Abril
também se observou a presença de larvas vivas nas variedades Galega e Picual. Na
variedade Cobrançosa apenas se observou 1 larva viva no dia 20 de Abril. O número
de rebentos roídos foi mais significativo nas variedades Cobrançosa e Galega.
Figura 26 – Evolução da geração filófaga no posto de Viseu
À semelhança dos POB´s de Penalva do Castelo e S. Paio também não se
observaram estragos provocados pela geração antófaga. Foram observadas posturas
no dia 8 de Julho que evoluíram tendo atingido o seu máximo no dia 15 de Julho. As
primeiras perfurações foram observadas no dia 22 de Julho não se observando um nº
significativo nas três variedades. O mês de Julho foi pautado por temperaturas
elevadas o que condicionou a evolução das posturas. O nº de orifícios de saída
observados foi reduzido, sendo apenas registado 1 fruto com orifício de saída na
variedade Galega no dia 24 de Setembro.
43
Figura 27 – Evolução da geração carpófaga no posto de Viseu
3.3.3. Mosca da azeitona (Dacus olea Gmelin)
Foi realizada, em todos os postos biológicos, a contagem semanal do nº de moscas
capturadas na placa cromotrópica amarela com feromona. A captura de adultos teve
início na primeira semana Julho nos postos de Viseu e Lobão da Beira. Foi registado
um maior número de capturas no POB de Foz de Arouce. O tempo seco e quente
verificado no mês de Agosto contribuiu para um voo menos significativo e só a partir
da 2ª semana de Setembro é que o voo começou a ficar mais intenso.
Figura 28 – Curva de voo dos adultos
44
Os estragos causados começaram a ser visíveis no dia 12 de Agosto no olival varietal
da Estação Agrária de Viseu. A variedade mais susceptível foi a Maçanilha onde foram
observadas 6 picadas sem postura e 2 galerias com lagarta viva. Nas restantes
variedades apenas se observou 1 picada sem postura na variedade Galega. A 17 de
Agosto foram observadas no POB de Castelões (Tondela) algumas azeitonas com
picadas. Foram contabilizados 9 ovos e 10 picadas sem postura. Nos POB´s de
Penalva do Castelo e Nelas não foram observados frutos picados. Em S. Paio apenas
se observou 1 ovo. Na Estação Agrária de Viseu verificou-se uma pequena evolução
embora os estragos encontrados fossem muito reduzidos. A escassa frutificação não
permitiu realizar observações em cada uma das variedades. O gráfico seguinte
reflecte a situação observada a 18 de Agosto no olival varietal da Estação Agrária de
Viseu.
Figura 29 – Ataque de mosca da azeitona no dia 18 de Agosto na EAViseu
Na semana seguinte tornaram-se visíveis galerias com lagarta viva no POB de
Castelões (Fig. 28). No início do mês de Setembro o nº de picadas sem postura era
elevado ao contrário do nº de ovos e galerias com lagarta viva. No olival da Estação
Agrária de Viseu a única variedade mais atacada continuava a ser a Maçanilha com 7
ovos e 5 lagartas vivas.
45
Figura 30 – Evolução do ataque em Castelões, Tondela.
No dia 2 de Setembro o NEA foi atingido na variedade Maçanilha da EAViseu com a
presença de 10 lagartas vivas. Esta situação foi pontual o que não justificava a
emissão de aviso. Durante o mês de Setembro não se verificou uma evolução
significativa dos estragos causados pela praga. Em todos os POB´s se registou um
ataque inferior ao NEA – 8 a 12% de larvas vivas.
O quadro seguinte resume o contabilizado nos POB ao longo do mês de Setembro.
Figura 31 – Evolução do ataque no mês de Setembro
46
A 6 de Outubro foi observado uma significativa evolução da praga. Na variedade
Galega do olival varietal da EAViseu foram registados 13 larvas vivas e 54 ovos, em S.
Paio 8 larvas vivas e no POB da Várzea 8 larvas vivas e 5 ovos. Atendendo ao
elevado nº de posturas aliado à redução da temperatura pareceu-nos oportuna a
emissão do aviso nº 15/2010, de 6 de Outubro.
A partir desta data os níveis de ataque mantiveram-se acima do NEA havendo a
necessidade de recomendar a repetição do tratamento no dia 3 de Novembro. Os
POB´s a norte de Viseu foram os mais afectados com a presença de 19 larvas vivas e
6 ovos no POB de S. Paio e 8 larvas vivas e 9 ovos no POB de Penalva do Castelo.
No POB de Viseu foi efectuada uma avaliação em 5 de Novembro, onde se registou
um decréscimo do ataque resultante do tratamento efectuado.
3.3.4. Euzophera pinguins Haw.
Esta praga não tem grande expressão na região sendo acompanhada somente no
olival varietal da Estação Agrária de Viseu. Os primeiros adultos surgiram no dia 20 de
Maio. O gráfico seguinte ilustra o voo dos adultos que teve o seu pico a 12 de Junho
com a intercepção de 31 adultos. A partir desta data houve um decréscimo no número
de capturas.
Figura 32 – Curva de voo da Euzophera pinguins Haw.
47
3.3.5. Olho Pavão (Spilocea oleagina Cast.) e Gafa (Colletotrichum spp.)
A 29 de Março, foi emitido um aviso a aconselhar um tratamento para o Olho Pavão,
com um produto à base de cobre, pois os olivais encontravam-se no estado fenológico
B – início vegetativo. Este tratamento teria de ser renovado sempre que ocorressem
chuvas até ao aparecimento dos botões florais. No dia 26 de Abril foi renovada a
recomendação para a realização de tratamento.
Nos avisos emitidos a 6 de Outubro e 3 de Novembro foi feita referência à
necessidade de aplicar cobre devido à precipitação ocorrida nestes meses.
O primeiro fruto gafado foi observado no dia 24 de Setembro no olival varietal da
Estação Agrária de Viseu. O aparecimento da doença resultou das infecções
provocadas pela chuva ocorrida em 7 e 8 de Setembro. A precipitação foi apenas de 7
mm pelo que não houve necessidade de emitir aviso, pois as infecções resultantes
não seriam mínimas.
A partir de mês de Outubro as condições meteorológicas alteraram significativamente.
O mês começou chuvoso sendo oportuna a emissão de aviso de 6 de Outubro, pelo
facto, do tratamento ser posicionado após as chuvas.
Figura 33 – Precipitação ocorrida no mês de Outubro e posicionamento do aviso
As chuvas ocorridas no mês de Novembro foram distribuídas ao longo do mês. A
emissão da circular nº 16/2010, de 3 de Novembro, resultou da precipitação ocorrida
no final de Outubro e início de Novembro.
Aviso
48
A quantidade de chuva ocorrida nos dias 29, 30 e 31 de Outubro e 1 de Novembro
(110 mm) provocou a lavagem do produto aplicado e consequentemente novas
infecções.
Figura 34 – Precipitação ocorrida no mês de Novembro e posicionamento do aviso
A precipitação do dia 14 de Novembro (29 mm) provocou a lavagem do produto mas a
emissão de aviso nesta altura seria tardio devido ao estado de maturação da azeitona.
À colheita foram observados frutos gafados. Estes não foram contabilizados mas sim
observados visualmente aquando a realização da colheita.
Aviso
49
Circulares emitidas Olho Pavão Gafa Traça da
Oliveira Mosca da Azeitona
Nº 1
25 de Janeiro
Nº 2
9 de Março
Nº 3
29 de Março
Nº4
7 de Abril
Nº 5
16 de Abril
Nº 6
26 de Abril
Nº 7
5 de Maio
Nº 8
19 de Maio
Nº 9
4 de Junho
Nº 10
14 de Junho
Nº 11
28 de Junho
Nº 12
14 de Julho
Nº 13
28 de Julho
Nº 14
11 de Agosto
Nº 15
6 de Outubro
Nº 16
3 de Novembro
Total de Recomendações 4 2 1 2
50
3.4. Outras culturas
3.4.1. Pessegueiro
Lepra (Taphrina deformans)
A informação para a realização de tratamentos contra a lepra do pessegueiro foi
enviada a 25 de Janeiro. Aconselhou-se um tratamento, após a poda e próximo do
abrolhamento, com um produto à base de cobre. No dia 9 de Março foi emitida uma
nova circular a recomendar a renovação de tratamento para a lepra. Nesta altura a
cultura já se encontrava no inicio da floração, pelo que foi realçada a não utilização de
cobre devido ao risco de fitoxicidade. No verso da circular constou um quadro com as
substâncias activas autorizadas para a cultura. Em 29 de Março ocorreu a emissão da
circular nº 3/2010, com recomendação para tratamento atendendo que as condições
continuavam favoráveis ao desenvolvimento da doença. A mesma indicação foi
referida nas circulares nºs 04/2010, 05/2010 e 06/2010, de 7, 16 e 26 de Abril,
respectivamente. O último aviso emitido para a doença foi a circular nº 07/2010 do dia
5 de Maio.
3.4.2. Cerejeira
Mosca da cereja
No dia 14 de Maio foi colocada nas cerejeiras da Estação Agrária de Viseu uma
armadilha para monitorização da mosca da cereja. Em 21 de Maio foram interceptados
2 adultos. A recomendação para a realizar de tratamento para a praga foi integrada na
circular nº 09/2010 emitida a 4 de Junho.
Esta recomendação foi oportuna visto o número de capturas ter aumentados nas duas
semanas seguintes: 52 adultos a 8 de Junho e 136 adultos a 17 de Junho.
3.4.3. Castanheiro
Bichado da castanha
A praga foi monitorizada no souto da Estação Agrária de Viseu tendo sido instalada
uma armadilha delta com feromona para interceptar os machos adultos. As capturas
foram praticamente nulas com excepção do dia 30 de Agosto onde foi capturado um
adulto. Nas restantes semanas não se observou a presença de nenhum exemplar.
51
Circulares emitidas Lepra do pessegueiro
Pessegueiros
Mosca da Fruta
Mosca da cereja
Nº 1
25 de Janeiro
Nº 2
9 de Março
Nº 3
29 de Março
Nº4
7 de Abril
Nº 5
16 de Abril
Nº 6
26 de Abril
Nº 7
5 de Maio
Nº 8
19 de Maio
Nº 9
4 de Junho
Nº 10
14 de Junho
Nº 11
28 de Junho
Nº 12
14 de Julho
Nº 13
28 de Julho
Nº 14
11 de Agosto
Nº 15
6 de Outubro
Nº 16
3 de Novembro
Total de Recomendações 7 1 1
52
ANEXO I
PROSPECÇÃO DE SCAPHOIDEUS TITANUS BALL.,
INSECTO VECTOR DA FLAVESCÊNCIA DOURADA
1. INTRODUÇÃO
A Flavescência Dourada (FD), é uma doença provocada pelo fitoplasma Grapevine
flavescence dorée MLO, transmitido de forma epidémica na vinha pelo cicadelídeo
Scaphoideus titanus Ball (ST) durante o seu processo de alimentação. Embora o
Scaphoideus titanus Ball. não seja uma das pragas usualmente acompanhadas pelo
Serviço de Avisos, a sua presença na região e os riscos associados, implicaram uma
monitorização constante da situação deste insecto, a par da prospecção desenvolvida
pelo Controlo Fitossanitário. Esta monitorização foi efectuada em toda a região com
recurso a armadilhas cromotrópicas. A doença foi detectada, em 2009, no POB da
Várzea em S. Pedro do Sul.
2. REGIÃO DEMARCADA DO DÃO
O acompanhamento do vector S. titanus incidiu em 44 locais de prospecção,
localizados em 13 concelhos com a seguinte distribuição: 2 concelhos do distrito da
Guarda e Coimbra e 9 concelhos do distrito de Viseu. O gráfico e quadro seguintes
ilustram a distribuição dos pontos prospectados no Dão, em 2010.
Figura 1. Distribuição dos pontos de prospecção. Dão, 2010.
53
Tabela 1. Concelhos e freguesias alvo de trabalhos de prospecção ST. Dão, 2010.
No dia 22 de Setembro procedeu-se à colheita de material vegetal para análise. Foram
colhidas 20 amostras (Fig. 2), as quais foram devidamente identificadas e remetidas
para o INRB - Instituto Nacional de Recursos Biológicos.
Concelho Concelhos alvo de prospecção ST
Freguesias alvo de prospecção ST
Nº de locais de prospecção
Viseu Silgueiros, Ranhados e S. João de Lourosa
3
Carregal do Sal Cabanas de Viriato,
Beijós (viveiro) 4
S. Pedro do Sul
Baiões, S. Pedro do Sul, Serrazes, Várzea,
Bordonhos (viveiro), S. Cristovão de Lafões e Sta.
Cruz da Trapa
7
Vouzela
Fataunços 1
Nelas Nelas, Vilar Seco, Vila Ruiva, Santar, Moreira,
Carvalhal Redondo 10
Mangualde Cunha Baixa, Alcafache e Mangualde 6
Sátão
Abrunhosa (viveiro) 1
Penalva do Castelo
Ínsua, Sezures 2
Viseu
Tondela Tonda, Canas Sta. Maria, Castelões e Santiago de
Besteiros (viveiro) 4
Tábua Midões 1
Coimbra
Lousã Foz de Arouce 1
Gouveia S. Paio de Gouveia e Lagarinhos
3
Guarda
Seia Paranhos da Beira 1
54
Figura 2. Locais de prospecção do fitoplasma da Flavescência Dourada. Dão, 2010.
3. RESULTADOS
As primeiras capturas do cicadelídeo S.titanus Ball., na Região Demarcada do Dão,
foram registadas no dia 24 de Julho, nas freguesias de Baiões, Serrazes e Várzea
(concelho de S. Pedro do Sul), e as últimas foram verificadas durante a segunda
quinzena de Setembro (Fig. 3). Este concelho destacou-se dos restantes relativamente
ao nº de capturas do insecto vector.
Figura 3. Evolução do vector nas freguesias de S. Pedro do Sul.
55
Fazendo uma análise detalhada do concelho de S. Pedro do Sul (Fig. 4), refere-se o
registo de um número elevado de capturas na freguesia de Baiões, que decresceu nas
freguesias de Serrazes e Várzea, devido à realização de tratamento, após notificação
dos proprietários. Nas freguesias de S. Cristovão de Lafões, Sta. Cruz da Trapa,
Bordonhos e S. Pedro Do Sul não se registou a presença do insecto.
O mapa seguinte ilustra a distribuição dos pontos de prospecção no concelho de S.
Pedro do Sul. A vermelho o local onde, em 2009, foi detectado o foco de Flavescência
Dourada, a azul os locais onde foi interceptado o insecto e a verde os locais onde não
se observou a sua presença.
Flavescência dourada e S. titanus
Scaphoideus titanus
Sem ambos
Figura 4. Distribuição dos pontos de prospecção ST e FD no concelho de S. Pedro do Sul e
Vouzela. Dão, 2010.
Relativamente ao concelho de Nelas, o vector já tinha sido identificado, em 2009, na
freguesia de Santar (Casal Sancho). Nesse ano foi colhido material para analise mas o
resultado foi negativo. O espectro da prospecção foi alargado às freguesias vizinhas e
abrangeu freguesias de Nelas, Mangualde e Viseu.
56
Em 2010, registou-se a presença do vector nas freguesias de Moreira e Carvalhal
Redondo (Nelas), Alcafache (Mangualde) e Silgueiros (Viseu). Os primeiros adultos
foram observados no dia 23 de Julho na freguesia de Santar. A detecção do vector
nas freguesias de Carvalhal Redondo e Moreira foi mais tardia, mas o número de
capturas foi igualmente elevado. A vinha localizada em Casal Sancho/Santar foi alvo
de tratamento no dia 7 de Agosto, o que explica o decréscimo do nº de capturas (Fig.
5). As restantes vinhas não foram sujeitas a tratamento específico para o cicadelideo
da Flavescência Dourada.
Figura 5. Evolução do vector nas freguesias de Nelas
No concelho de Mangualde foi detectada a presença do vector apenas na freguesia de
Alcafache. Nesta freguesia foram instalados dois pontos de prospecção: Casal
Sandinho e Aldeia de Carvalho. Os primeiros adultos foram detectados em Agosto. O
gráfico seguinte (Fig. 6) mostra a evolução da praga, havendo a ressalva que na vinha
Quinta foi realizado tratamento no dia 24 de Agosto após intercepção dos primeiros
adultos a 19 de Agosto. Em Viseu apenas foi observado 1 adulto no dia 6 de
Setembro.
57
Figura 6. Evolução do vector na freguesia de Alcafache, Mangualde
Flavescência dourada e S. titanus
Scaphoideus titanus
Sem ambos
Figura 7. Distribuição dos pontos de prospecção ST e FD no concelho de Nelas,
Mangualde e Viseu. Dão, 2010.
58
O gráfico seguinte ilustra a dimensão da presença da praga nos concelhos onde a sua
presença foi positiva. Conforme o referido anteriormente os concelhos onde se
registou uma maior pressão do vector foi em S. Pedro do Sul e Nelas, seguido de
Mangualde e Viseu. Na figura 9, é possível observar o número de capturas distribuidas
por cada freguesia/concelho prospectado em 2010.
Figura 8. Nº total de capturas por concelho. Dão, 2010.
Figura 9. Nº de capturas distribuídas por freguesia/concelho. Dão, 2010.
59
4. MEDIDAS DECORRENTES
A primeira referência surgiu na Circular de Aviso nº 13/10 emitida exclusivamente para
este problema, a 28 de Julho do presente ano. A circular recomendava o tratamento a
todos os viticultores nas freguesias de Santar (concelho de Nelas) e das freguesias de
Várzea, Baiões e Serrazes (concelho de S. Pedro do Sul) por nelas ter sido detectado
o referido vector, pese a Flavescência Dourada apenas ter sido detectada na freguesia
de Várzea. Juntamente com esta circular foi enviada a lista de substâncias activas
homologadas para combate a S. titanus.
A Circular de Aviso nº 14/10 voltava a fazer referência a este cicadelídeo indicando a
necessidade de renovar o tratamento. Já numa fase posterior à emissão do Aviso foi
detectada a presença do vector na freguesia de Alcafache, concelho de Mangualde.
Na Região Demarcada do Dão, para enquadramento e sensibilização dos agricultores
das freguesias onde o problema havia sido detectado, foram realizadas diversas
acções de divulgação (4) com a colaboração das respectivas Juntas de Freguesia
(Várzea, Nelas e Santar), Câmaras Municipais (São Pedro do Sul e Nelas) e Centro de
Estudos Vitivinícolas do Dão (Nelas). Nestas acções procurou-se descrever o
problema e alertar para a necessidade de efectuar os tratamentos prescritos por
eventuais Circulares de Aviso a emitir, caso o insecto fosse detectado. Paralelamente
foram informados, via telefone e correio electrónico, os presidentes de Junta das
freguesias onde foi detectado o vector. Foram entregues exemplares do aviso para
distribuição nas freguesias e sua afixação em locais visíveis a toda a população. Os
mesmos contactos foram estabelecidos com as Câmaras Municipais de S. Pedro do
Sul, Nelas e Mangualde.
60
ANEXO II
A CONFUSÃO SEXUAL NO CONTROLO DO BICHADO
DA FRUTA
1 – Introdução
O bichado da fruta (Laspeyresia pomonella L.) é a principal praga das pomóideas. Nos
últimos anos começaram a verificar-se fenómenos de resistência a algumas
substâncias activas, aumentando assim o número de aplicações por ano. Existem
métodos de combate alternativos à luta química que têm como objectivos evitar
fenómenos de resistência e reduzir os resíduos no produto final, nomeadamente, a
confusão sexual.
A confusão sexual é um método que pretende reduzir a incidência da praga,
modificando o comportamento dos machos adultos mediante a saturação da atmosfera
com feromona sexual sintética da fêmea. A saturação da atmosfera provoca a
desorientação dos machos o que os impede de localizar as fêmeas, dificultando o
processo de acasalamento e, consequentemente, a reprodução da espécie.
O presente relatório visa analisar os resultados obtidos, no ano 2010, com a aplicação
do método da confusão sexual nos pomares da Estação Agrária de Viseu.
61
2 – Material e Métodos
Na Estação Agrária de Viseu estão implementadas diversas parcelas de pomar (fig. 1)
que possuem características distintas em função do porta-enxerto, área, variedade e
compasso de plantação.
Figura 1. Distribuição das parcelas de pomar da Estação Agrária de Viseu
Em 2004, foi instalado pela primeira vez o método da confusão sexual nos pomares de
macieira da Estação Agrária de Viseu (EAV). Os resultados obtidos em 2004 e 2005
revelaram que o ataque foi superior no ano 2005, provavelmente devido às elevadas
temperaturas que se fizeram sentir, obrigando à realização de tratamentos. As zonas
mais problemáticas foram as parcelas isoladas com áreas reduzidas.
Em 2007 e 2008, foi adoptada uma nova estratégia onde foram instalados difusores
apenas nas parcelas F2, F8, F9 e Biológico, as restantes foram sujeitas a tratamento
químico. Também se optou por colocar difusores Isomate OFM para controlo da Cydia
molesta.
Em 2009 não se verificaram estragos significativos não sendo necessário efectuar
tratamentos nas parcelas sujeitas à confusão sexual. Em 2010, os difusores foram
colocados nos dias 21 e 22 de Abril, após a intercepção dos primeiros adultos no POB
de Tondela a 20 de Abril. Foram utilizados difusores Isomat C Plus da empresa
Biosani nas parcelas F8, F2 e F9. Na F2 (bordadura) foram colocados 155 difusores,
358 difusores na F8 e 1154 difusores na F9.
62
A figura seguinte demonstra a evolução da estratégia ao longo dos anos.
Figura 2. Evolução da distribuição dos difusores nas parcelas
O ano 2010 foi marcado por um forte ataque no final do mês de Agosto sendo
necessário realizar um tratamento nas parcelas de variedade Bravo (F8 e F9). É de
salientar que as perfurações observadas na parcela F9 resultaram da acção da Cydia
molesta.
63
3 – Monitorização
A monitorização da praga é realizada com recurso a um conjunto de metodologias que
nos permite avaliar os períodos de risco e acompanhar eficazmente o seu
desenvolvimento (Fig. 3).
As cintas de cartão canelado permitem interceptar as lagartas hibernantes para
posterior colocação em insectário. A emergência dos adultos é controlada diariamente
tendo-se verificado os primeiros adultos no dia 3 de Maio. Os casais são colocados em
mangas de postura para observação de posturas. As primeiras posturas foram
detectadas no dia 18 de Maio.
A monitorização dos adultos, com recurso a armadilhas sexuais, e as observações
visuais semanais constituem duas metodologias preciosas para o adequado
posicionamento das estratégias de controlo.
Figura 3. Metodologias de monitorização da praga
Foram instaladas armadilhas sexuais nos postos de observação biológica. Em 2010, o
voo foi intenso sendo o nº de capturas semanal superior ao NEA (2 a 3
machos/ha/armadilha/semana) em todos os POB´s (Fig. 4).
64
Figura 4. Curva de voo de bichado da fruta
4 – Resultados e Discussão
Foram efectuadas observações semanais em 1000 frutos/parcela. Nas parcelas
sujeitas à luta química foram realizados 5 tratamentos. Nas parcelas sujeitas à
confusão sexual também foi necessário fazer tratamento químico. A F8 foi a parcela
onde se verificou um maior nº de frutos bichados sendo necessário efectuar 3
tratamentos (16 de Junho, 28 de Julho e 30 de Agosto). Na parcela F9 foram
efectuados 2 tratamentos e apenas um tratamento na parcela F2. Na tomada de
decisão foi considerado o NEA estabelecido para a praga: 0,5 a 1% de frutos
atacados.
Quadro 1 – Tratamentos realizados nas parcelas
Data Parcelas Produto Observações
21 de Maio F3, F3A, F4, F12/15 Coragen
16 de Junho F2, F8 e F9 Coragen
16 de Junho F3, F3A, F4, F12/15 Calypso
05 de Julho F3, F3A, F4, F12/15 Coragen
28 de Julho F3, F3A, F4, F12/15 Alsystin
28 de Julho F8 Alsystin
24 de Agosto F3, F3A, F4, F12/15 Calypso
30 de Agosto F8 e F9 Calypso Cydia molesta – F9
Cydia pomonella – F8
NEA
65
Os tratamentos efectuados nas parcelas em confusão sexual tiveram como base de
decisão as observações efectuadas aos frutos. No dia 14 de Junho foram observados
8 frutos bichados na parcela F8 sendo 5 frutos sem lagarta e 3 frutos com lagarta viva.
Na parcela F9 apenas se observou 1 perfuração sem lagarta viva e na parcela F2 não
se observou nenhum fruto bichado. A decisão de tratamento prendeu-se com o ataque
verificado na parcela F9 e nas restantes por uma questão de prevenção.
A 26 de Julho foram observados 25 frutos bichados na F8 (18 sem lagarta e 7 com
lagarta viva) o que conduziu à realização do tratamento em 28 de Julho.
O final do mês de Agosto foi marcado por um forte ataque sendo necessário realizar
um tratamento nas parcelas de variedade Bravo. Na F9 foram observadas perfurações
de Cydia molesta e Cydia pomonella. Foi realizado um tratamento no dia 30 de Agosto
pois a observação de 27 de Agosto revelou um ataque de Cydia pomonella inferior ao
NEA (3 frutos bichados) mas um elevado ataque de Cydia molesta, tendo sido
contabilizados 21 frutos atacados. Esta praga não é controlada pelos difusores pois
estes são específicos para Cydia pomonella e a parcela encontra-se localizada junto a
um pomar de pessegueiros.
Na parcela F8 foram registados 26 frutos com perfurações recentes (10 sem lagarta e
16 com lagarta viva) no dia 27 de Agosto. A parcela F8 encontra-se isolada e
relativamente afastada das restantes. Ambos os factores poderão explicar o elevado
ataque verificado ao longo da campanha. O gráfico seguinte ilustra a evolução do
ataque nas parcelas sujeitas a confusão sexual.
Figura 5. Evolução do ataque nas parcelas F2, F8 e F9
66
5. Conclusões
Relativamente ao ano 2010 podemos concluir o seguinte:
O método da confusão sexual destaca-se pela importância que tem no
combate a pragas com importância económica como o bichado da fruta;
Este revelou ser eficaz mas torna-se economicamente inviável caso se tenha
de realizar mais de dois tratamentos químicos;
O método foi economicamente inviável na parcela F8, tendo em conta que
foram necessários 3 tratamentos para controlar a praga;
As características da parcela F8 poderão justificar o grau de ataque verificado.
O ano 2010 foi marcado por um forte ataque no final do mês de Agosto facto
que levou à realização de um tratamento nas parcelas de variedade Bravo (F8
e F9).
As perfurações observadas no dia 30 de Agosto na parcela F9, resultaram da
acção da Cydia molesta.
O método da confusão sexual pode ser um dos meios de luta mais barato, se utilizado
correctamente, tendo em conta os seguintes aspectos:
Não utilizar em áreas de pequena dimensão e estreitas,
Utilizar o número correcto de difusores por hectare,
Reforçar as bordaduras das parcelas, colocar os difusores antes da
emergência das fêmeas;
Conhecer o histórico da parcela;
Ter em conta a especificidade da feromona;
Considerar o declive do terreno.
Este método revela mais-valias ecológicas e na saúde do consumidor pois não
interfere no ecossistema do pomar e não deposita resíduos nos frutos.
67
ANEXO III
APLICAÇÃO DE DIFERENTES ESTRATÉGIAS NO
CONTROLO DA MOSCA DA FRUTA
1 – Introdução
Ao abordar o tema da mosca-da-fruta faremos uma pequena retrospectiva sobre a
evolução da praga, ao longo dos anos, na região do Dão. Esta avaliação reporta-nos a
1990, altura em que foi emitido, pela Estação de Avisos do Dão, o primeiro aviso para
a praga. O ano 2004 poderá ser considerado o ponto de viragem, pois os seguintes
foram marcados por ataques severos que causaram prejuízos económicos aos
fruticultores da região. Perante este cenário houve a necessidade de encontrar novas
soluções para o controlo da praga.
A Estação de Avisos do Dão desenvolve, desde 2005, ensaios na Estação Agrária de
Viseu, alternativos à luta química. Nessa altura foram instalados dois métodos de
combate alternativo à mosca da fruta designados por “Atracção e Morte” e “Captura
em massa”. O método de captura em massa foi implementado recorrendo ao uso de
garrafas de plástico com solução de fosfato di-amónio a 5% e a armadilhas Tephri com
conjunto Ferag. O método de atracção e morte era constituído por dispositivos de
cartão com bicarbonato de amónio e trimedlure com insecticida. Em 2007 foram
introduzidas duas novas estratégias, Adress e Spintor C, que foram alvo de estudo
este ano.
O presente relatório tem como objectivo avaliar os resultados obtidos no
acompanhamento da praga nos pomares da Estação Agrária de Viseu, no ano 2010.
68
2 – Material e Métodos
Na Estação Agrária de Viseu estão implementadas diversas parcelas de pomar (Fig. 1)
que possuem características distintas em função do porta-enxerto, área, variedade e
compasso de plantação.
Figura 1. Distribuição das parcelas na Estação Agrária de Viseu
Nas parcelas F3, F3A e F4 foi instalado o método ADRESS e nas parcelas F2, F8, F9
e biológico, o SPINTOR C. As restantes seriam sujeitas a tratamento químico caso se
justificasse a sua aplicação (Fig. 2).
Figura 2. Distribuição dos métodos de controlo pelas parcelas
69
2.1 – ADRESS
Segundo a empresa Syngenta os iscos Adress provocam a inviabilidade dos ovos e a
consequente não-eclosão das larvas, após a ingestão do gel pelas fêmeas. São
atractivos específicos da Mosca-do-Mediterrâneo dispostos num cilindro central com
orifícios e um prato com gel alimentar com 3% de lufenurão.
Foram colocados no dia 15 de Julho com uma densidade de 24 iscos por hectare, a 20
m de distância, em losangos e no lado mais sombreado das árvores.
.
Figura 3. Isco Adress e pormenor do prato com gel alimentar
2.2 – SPINTOR C
O produto Spintor C é específico para o controlo de dípteros, cuja substância activa
(spinosad) se obtém de forma natural por fermentação do microorganismo do solo
Saccharopolyspora spinosa. Possui 6 atractivos para mosca com diferentes
velocidades de libertação e poder de atracção. O Spinosad, uma matéria activa com
elevada actividade insecticida, é obtido de forma natural por fermentação da bactéria
aeróbia Saccharopolyspora spinosa.
À semelhança de anos anteriores a aplicação do produto seria determinada em função
do número de capturas nas armadilhas de monitorização e das observações visuais
realizadas semanalmente.
A aplicação obedece a uma metodologia específica em que esta deve ser efectuada
através de um esguicho direccionada à parte superior da copa.
70
2.3 – Monitorização
Foi efectuada a monitorização da praga em todas as parcelas, recorrendo-se a
diferentes tipos de armadilhas: copos Tephri, garrafa mosqueira e Easy trap. Nos
copos Tephri e as armadilhas Easy trap foi colocado um isco atractivo e um isco
insecticida DDVP. Nas garrafas mosqueiras foi colocado o atractivo trimedlure e
fosfato di-amónio a 5%.
O esquema seguinte representa a distribuição das armadilhas em função das
parcelas.
Figura 4. Distribuição das armadilhas de monitorização
71
3 – Resultados e Discussão
3.1 – Resultados Obtidos
A mosca da fruta não representou, este ano, uma ameaça para os pomares da região.
O seu aparecimento foi tardio e não houve necessidade de emitir nenhum aviso para o
seu controlo.
Na Estação Agrária de Viseu verificou-se o aparecimento dos primeiros adultos no dia
12 de Agosto. Foi observado 1 adulto na garrafa mosqueira colocada nos
pessegueiros (Fig. 5). O ataque nos pessegueiros foi mais significativo no inicio do
mês de Setembro, sendo visíveis picadas com posturas.
Figura 5. Evolução das capturas nas armadilhas colocadas na parcela Pessegueiros
Em 23 de Setembro foram interceptados os primeiros adultos nas armadilhas de
monitorização colocadas nas parcelas F4 e F3A (Fig. 6 e 7). Esta situação poderá ser
explicada pelo facto da parcela F4 ser a que está mais próxima de outras árvores de
fruto, situadas nas habitações vizinhas e a parcela F3A por estar localizada junto aos
pessegueiros. Em ambas as parcelas não se verificaram picadas no período pré-
colheita.
72
Figura 6. Evolução das capturas nas armadilhas colocadas na parcela F3A
Figura 7. Evolução das capturas nas armadilhas colocadas nas parcelas F3 e F4
A 8 de Outubro foram interceptados os primeiros adultos no pomar Biológico. Foram
contabilizados 1 macho na armadilha Easy e 1 fêmea na garrafa mosqueira. A
situação evoluiu e após uma semana eram visíveis picadas sem ovos e o número de
capturas tinha aumentado. Deste modo, foi realizado o tratamento no dia 19 de
Outubro com Spintor C nas variedades em produção: Malápio da Ponte, Durázio,
Tromba de Boi e Lila. Nas restantes parcelas (F2, F8 e F9) não foi realizado nenhum
tratamento pois não foram observadas capturas e frutos picados.
73
Figura 8. Evolução das capturas nas armadilhas colocadas na parcela Biológico
Nos POB`s foi registado um maior número de capturas após o dia 21 de Outubro.
Nesta altura já tinha decorrido o período de colheita.
Figura 9. Curva de voo dos adultos de mosca da fruta
No dia 27 de Outubro foi efectuada uma avaliação pós-colheita na parcela F9, onde
não se observaram frutos picados. Na F2 foi realizado um tratamento direccionado à
árvore e chão apenas nas variedades regionais tardias pois foram contabilizados 27
frutos picados com postura/50 frutos.
74
3.2. – Factores limitantes
Existem alguns factores climáticos que condicionam o desenvolvimento da praga. As
várias fases de actividade são afectadas pela temperatura, humidade relativa, vento,
luz e precipitação:
Temperatura:
10º a 12º C – Limite inferior de desenvolvimento
16º C – Limite inferior de postura
16º a 18º C – Limite inferior de acasalamento
33º C – Limite máximo de desenvolvimento
Humidade Relativa (HR):
Baixas HR obrigam à procura de outros locais
Precipitação:
Chuva distribuída e temperatura acima dos 15º C
Luz:
Meio de orientação
Evitam zonas ensombradas e com pouca luminosidade
Vento:
Altera os movimentos direccionais e a percepção de estímulos
Os factores climáticos terão contribuído para a limitação natural da praga. A queda de
neve ocorrida durante o Inverno foi determinante para a mortalidade das pupas. As
condições verificadas nos meses de Julho até meados de Setembro também
afectaram o desenvolvimento da mosca da fruta.
A análise comparativa dos climatogramas demonstra que a elevada temperatura e a
reduzida humidade relativa verificadas no mês de Agosto, contribuíram para a fraca
actividade da praga. O climatograma indica que a maior parte dos dias esteve entre os
limites impossível e não favorável.
75
Figura 10. Temperatura máxima, mínima e precipitação, Agosto 2010
Figura 11. Climatograma, Agosto 2010
A partir do mês de Setembro a situação alterou-se havendo uma distribuição dentro
dos limites não favorável e favorável. Nos meados do mês registou-se um decréscimo
da temperatura associada a um aumento da humidade relativa.
76
Figura 12. Temperatura máxima, mínima e precipitação, Setembro 2010
Figura 13. Climatograma, Setembro 2010
A precipitação ocorrida ao longo do mês de Outubro contribuiu para o aumento
da humidade relativa, facto que possibilitou uma maior actividade do insecto.
77
Figura 14. Temperatura máxima, mínima e precipitação, Outubro 2010
Figura 15. Climatograma, Outubro 2010
78
4 – Conclusões
O ano 2010 revelou ser um ano de fraco ataque de mosca da fruta. A sua actividade
foi intensa no período pós-colheita e nas variedades tardias, o que não afectou as
variedades com importância comercial. As condições meteorológicas adversas
verificadas no Inverno e Verão foram determinantes no controlo natural da praga.
Os métodos utilizados revelam várias vantagens, nomeadamente:
Redução da incidência da praga
Alternativa à luta química
Redução de impacto ambiental
Redução do risco para o operador
Redução de resíduos nos frutos – saúde do consumidor
Impedem o acasalamento e reprodução
Continuam a sua acção pós-colheita
A luta cultural abrange determinadas operações que são fundamentais para o controlo
da praga:
Antecipação da época de colheita;
Retirar a fruta sem valor comercial (caída no chão) ou enterrar a 50-60 cm de
profundidade;
Em solos ácidos é aconselhável aplicar cal viva para acelerar a sua
decomposição;
Mobilizar o solo, à volta do tronco e na área de projecção da copa, de modo a
trazer as pupas à superfície;
Eliminar outros hospedeiros que se encontrem nas parcelas /bordadura ou
realizar os tratamentos adequados;
Fruta para exportação:
Submeter a fruta a temperaturas na ordem dos 2ºC durante 18 dias.