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Relatório de Diagnóstico Social Técnica de Apoio e Acompanhamento: Zita S. Neves Julho de 2007 Comissão Social de Freguesia de S. Julião do Tojal

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Relatório de Diagnóstico Social

Técnica de Apoio e

Acompanhamento:

Zita S. Neves

Julho de 2007

Comissão Social de Freguesia

de S. Julião do Tojal

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Comissão Social da Freguesia de São Julião do Tojal

Julho 2007 Diagnóstico Social Rede Social de Loures

2

ÍÍ nnddiiccee

11.. II nnttrr oodduuççããoo…………………………………………………………………………………………………………………………………………....……....44

22.. MM eettooddoollooggiiaa…………………………………………………………………………………………………………………………………………....……55

PPaarr ttee II –– CCaarr aacctteerr iizzaaççããoo GGeeoo ee SSóócciioo--DDeemmooggrr ááff iiccaa ddaa FFrr eegguueessiiaa......………………………………....88

1. Caracterização física…………………………………………………...………...….8

1.1 Freguesia de S. Julião do Tojal…………………………………………...….….…..9

2. Caracterização demográfica………………………………………………...….......10

2.1 Estrutura etária e evolução demográfica………………………………………...…10

2.2 Outros indicadores de caracterização………………………………………………15

PPaarr ttee II II –– PPooppuullaaççããoo……………………………………………………………………………………………………………………………………....1188

1. Introdução…………………………………………………………………………..18

2. Apresentação de dados……………………………………………………………..18

2.1 Crianças, Adolescentes e Jovens…………………………………………………...18

2.2 Idosos……………………………………………………………………………….29

2.3 População em Geral………………………………………………………………...34

2.3.1 Emprego / desemprego…………………………………………………………...34

2.3.2 Pobreza / famílias carenciadas……………………………………………………38

3. Conclusões…………………………………………………………………………...41

4. Recursos disponíveis e propostas de intervenção……………………………………44

PPaarr ttee II II II –– HHaabbii ttaaççããoo ee II nnff rr aaeessttrr uuttuurr aass bbáássiiccaass…………………………………………………………………………..4488

1. Introdução……………………………………………………………………………48

2. Apresentação de dados………………………………………………………………48

2.1 Habitação…………………………………………………………………………...48

2.2 Infraestruturas básicas……………………………………………………………...51

3. Conclusões…………………………………………………………………………...52

4. Recursos disponíveis e propostas de intervenção……………………………………53

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3

PPaarr ttee II VV –– EEqquuiippaammeennttooss ee SSeerr vviiççooss PPúúbbll iiccooss……………………………………………………………………......……..5544

1. Introdução…………………………………………………………………………..54

2. Apresentação de dados……………………………………………………………..54

2.1 Segurança Pública…………………………………………………………………..54

2.2 Transportes Públicos e Acessibilidades…………………………………………….56

2.3 Saúde……………………………………………………………………………….57

2.4 Outros equipamentos e serviços……………………………………………………59

3. Conclusões…………………………………………………………………………...60

4. Recursos disponíveis e propostas de intervenção……………………………….…...62

CCoonncclluussõõeess ggeerr aaiiss…………………………………………………………………………………………………………………………………………......6644

BBiibbll iiooggrr aaff iiaa…………………………………………………………………………………………………………………………………………………………..6666

GGlloossssáárr iioo……………………………………………………………………………………………………………………………………………………....……....6677

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11 –– II nnttrr oodduuççããoo

O presente Diagnóstico surge por um lado em consequência da alteração da Comissão

Social Inter-Freguesias de Fanhões, Sto. Antão do Tojal e S. Julião do Tojal (constituída

em 25 de Março de 2004), que se transformou em Comissão Social de Freguesia de S.

Julião Tojal em 14 de Março de 2007, por outro lado pela necessidade de actualização

da evolução alcançada por esta Freguesia até ao presente momento.

Baseado no Diagnóstico Social da Freguesia foram apresentadas, pelo Presidente da

Comissão Social de Freguesia, as áreas de intervenção prioritária definidas: Educação e

Idosos. Neste processo têm participado, em estreita articulação, o Presidente da Junta de

Freguesia e a Técnica de Apoio e Acompanhamento desta Comissão, Zita Neves.

Tendo em consideração as distintas características da freguesia de S. Julião do Tojal do

Concelho de Loures, isto é, rurais e em expansão do seu tecido empresarial/urbano; as

especificidades dos constrangimentos que nela se podem encontrar (os quais apresentam

características muito distintas daqueles que se verificam em meios predominantemente

urbanos), foi privilegiada a utilização extensiva de metodologias qualitativas –

designadamente, entrevistas (individuais e colectivas) efectuadas pela técnica de apoio e

acompanhamento anterior – Dr.ª Sónia Paróla. A par destas recorreu-se ainda à recolha

e análise de dados estatísticos actualizados e contactos formais/informais com os

parceiros constituintes desta comissão social, de forma a cruzar os três tipos de

informação.

Neste sentido, pretende-se apresentar a evolução ocorrida entre a realização do

Diagnóstico Social elaborado em 2005 e o trabalho desenvolvido até ao presente

momento. E, atendendo às temáticas da Educação e Idosos, pretende-se na actualização

do Diagnóstico Social aprofundá-las, fundamentando a necessidade de construção da

valência de creche e de um lar de idosos pela Associação de Reformados, Pensionistas e

Idosos de S. Julião do Tojal. Pretende-se também apresentar uma proposta

metodológica de intervenção centrada na rede social de parceiros - Atendimento

Integrado, procurando assim realizar mais do que uma simples análise das situações-

problema, dar-lhes uma resposta concretizada no Gabinete de Apoio à Família. Este

processo deverá assim resultar numa intervenção fundamentada nas necessidades ao

nível das áreas dos idosos e educação, sendo esta última transversal a todas as áreas.

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O presente relatório, que começa por apresentar a caracterização da freguesia, está

estruturado em função das temáticas de análise (cujo quadro síntese se apresenta de

seguida). Cada uma destas foi caracterizada de acordo com as informações estatísticas

recolhidas, com as resultantes da análise de conteúdo das entrevistas, com as

decorrentes da observação directa e contactos realizados, salientando-se os problemas

ou constrangimentos que se lhes colocam. Para cada tema foram igualmente

apresentados os recursos disponíveis ao nível da freguesia e propostas de intervenção

para possíveis respostas a tais constrangimentos, fazendo-se também uma breve síntese

do tema em estudo.

Do final do relatório consta uma conclusão geral dos temas abordados, apresentando-se

os principais resultados, em termos sociais, obtidos para a freguesia de São Julião do

Tojal, a descrição da bibliografia utilizada, glossário e a apresentação dos documentos

considerados pertinentes em anexo.

22 –– MM eettooddoollooggiiaa

O processo de Diagnóstico Social baseou-se fundamentalmente em duas metodologias:

a análise qualitativa (de forma mais alargada) e a análise quantitativa. Relativamente ao

segundo caso, foram tidos em consideração dados estatísticos cuja fonte principal foi o

Instituto Nacional de Estatística (INE) – alguns dos quais já utilizados aquando da

realização do Diagnóstico Inter-freguesias –, documentos e informações provenientes da

Câmara Municipal de Loures, e outros considerados relevantes para o efeito1. Enquanto

metodologias de carácter qualitativo, serão apresentadas as entrevistas realizadas no

Diagnóstico Social anterior (individuais e colectivas, estas fundamentalmente realizadas

a idosos) e à população das diversas localidades que integram a freguesia, aos

representantes das instituições locais (designadamente, escolas, associações, entre

outros), e a representantes de outras instituições com relevância nas localidades,

nomeadamente, da Segurança Social e da GNR.

1 Salientamos a dificuldade de obtenção de informação em determinadas áreas em análise, nomeadamente, devido à inexistência de bases de dados em algumas instituições contactadas.

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A escolha desta metodologia prende-se com o facto de estarmos perante uma freguesia

com um número reduzido de população, dispersas por localidades relativamente

próximas e com características predominantemente rurais.

Quadro 1 – Temas considerados para Diagnóstico Social Categorias / Temas Sub-categorias

População - Crianças, Adolescentes e Jovens - Idosos - População em geral - Emprego / desemprego - Pobreza / famílias carenciadas

Habitação e Infraestruturas básicas - Habitação - Infraestruturas básicas

Equipamentos e Serviços Públicos - Transportes e Acessibilidades - Saúde - Educação - Forças de Segurança - GNR - Bombeiros Voluntários - Outros

O Relatório “espelha” a análise do discurso dos entrevistados, através de expressões

elucidativas.

O sistema de categorização utilizado surgiu a partir da consideração das categorias já

referidas, de sub-categorias inferidas e de indicadores, traduzidos, sempre que possível,

em unidades de registo retiradas do discurso dos entrevistados.

Para além das técnicas já referidas, foi igualmente tida em conta a observação directa

realizada em contexto da elaboração das entrevistas, bem como a resultante dos vários

períodos de tempo passados nas diferentes localidades, na própria Junta de Freguesia e a

informação recolhida pelo inicio dos contactos realizados com os vários parceiros que

fazem parte da Comissão Social da Freguesia de São Julião do Tojal.

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PPaarr ttee II –– CCaarr aacctteerr iizzaaççããoo GGeeoo ee SSóócciioo--DDeemmooggrr ááff iiccaa ddaa FFrr eegguueessiiaa

1. Caracterização física

Esta secção inicial pretende localizar espacialmente a freguesia de S. Julião do Tojal, no

Concelho de Loures. Atendendo ao mapa abaixo, verificamos que, no contexto global

das freguesias do município de Loures, esta se localiza na zona Este do mesmo.

Mapa 1 – Localização das freguesias no Concelho de Loures

Fonte: Câmara Municipal de Loures

Seguidamente, apresentamos a configuração espacial da freguesia, abordando também

um pouco o seu percurso enquanto freguesia, e realçando alguns elementos dos seus

patrimónios histórico-culturais.

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1.1 Freguesia de S. Julião do Tojal

FREGUESIA DE SÃO JULIÃO DO TOJAL

Área: 13.29 Km2

População: 3600 hab.

Dens. Populacional: 270.94 hab./Km2

Fonte: Câmara Municipal de Loures

SS.. JJuull iiããoo ddoo TToojj aall é uma freguesia muito antiga que, segundo a tradição, terá sido

fundada por um mouro cognominado “Monte Florido”. Posteriormente, em 1176, D.

Afonso Henriques terá dado a freguesia aos frades de S. Vicente de Fora, pelo que a sua

fundação é anterior a tal data. Outrora conhecida como “Tojalinho” ou Tojal (porque

fora em tempos coberta de tojos), a freguesia apresenta uma área de cerca de 13, 29

Km2, e uma densidade populacional de 270,94 hab./Km2, confinando com as freguesias

de Bucelas, Fanhões, Sto. Antão do Tojal e Unhos e com o concelho de Vila Franca de

Xira.

Esta freguesia, teve um forte crescimento entre as décadas de 1940 e 1960, e após 1970.

Posteriormente teve uma fase de estagnação, e inclusive regressão nas décadas de 80 e

90, está actualmente numa nova fase de crescimento sócio-económico, traduzido quer

pela expansão do tecido empresarial, quer pelo crescimento da construção urbana.

A nível geográfico integra os sítios de S. Julião do Tojal e Zambujal, os bairros da

Junqueira, do Olival Queimado e do Tazim.

A freguesia oferece, como locais de interesse, entre outros: a Igreja Matriz, que foi

mandada construir pelos religiosos do Mosteiro de S. Vicente de Fora (que foram os

seus padroeiros até 1834), cuja fundação deverá ter ocorrido entre os fins do séc. XII e o

início do séc. XIII; a Capela de S. Sebastião; a Capela do Espírito Santo; o Palácio da

Quinta da Abelheira (Zambujal); o Povoado do Moinho dos Bichos ou a Lapa da

Figueira (Zambujal – estações arqueológicas); entre outros.

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2. Caracterização demográfica

No último ponto desta primeira parte do relatório, pretendemos caracterizar, de uma

forma global, a freguesia em questão, apresentando os principais elementos

caracterizadores da população que a integra.

2.1 Estrutura etária e evolução demográfica

Quadro 2 – População residente / variação da população – 1991/2001 1991 2001 H M % H % M Var. 1991-2001

S. Julião do Tojal 3.403 3.600 1.774 1.826 49,3 50,7 5,79

Loures (Concelho) 190.154 199.059 97.285 101.774 48,9 51,1 3,6 INE, 1991/2001

De acordo com os Censos de 2001 (Quadro 2 e Gráfico 1), a freguesia de S. Julião do

Tojal, sofreu um aumento de cerca de 5,79%, superior ao registado no concelho de

Loures (3,6%). Relativamente à distribuição da população em termos de género, é

possível denotarmos a existência de um certo equilíbrio entre os dois sexos.

INE, 1991/2001

Gráfico 1:Variação da população residente

34033600

0

1000

2000

3000

4000

5000

S. Julião Tojal N.º

1991

2001

H-2001

M-2001

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Quadro 3 – População residente por escalões etários, 2001 0-14 15-24 25-64 65 e + Total Jovens (%) Idosos (%)

S. Julião do Tojal 620 530 1837 613 3600 17,2 17,0

Loures (Concelho) 31510 29392 113763 24394 199059 15,8 12,3 INE, 1991/2001

Atendendo à estrutura etária da população, denotamos que esta se está a tornar

envelhecida na freguesia, na medida em que a percentagem de população idosa assume

valores na ordem dos 17% (contrastando com o valor apresentado ao nível do concelho

– 12,3%). Porém, não existem diferenças muito significativas quando comparamos tais

valores com os referentes à percentagem de população jovem. Em S. Julião do Tojal, a

faixa etária dos jovens (até aos 14 anos) regista um valor ligeiramente superior à faixa

etária dos idosos (65 e mais anos) – 17,2% e 17%, respectivamente. Assim, apesar da

população se estar a tornar envelhecida, podemos concluir que entre 1991 e 2001 a

freguesia de S. Julião do Tojal registou um crescimento populacional de 5,8% (valor

acima da média do concelho – 3,6%).

58,82

98,87

41,3

77,42

0

20

40

60

80

100

120

S. Julião Tojal

Concelho

Gráfico 2: Índices de envelhecimento, 1991/2001 (INE)

1991

2001

INE, 1991/2001

Entre os períodos censitários 1991/2001 (Gráfico 2): registou-se um aumento

substancial da população idosa, atingindo em 2001 quase o dobro dos valores registados

em 1991, ou seja, a tendência de envelhecimento observada ao nível da freguesia foi

superior ao crescimento populacional, podendo este facto ser comprovado se

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atendermos aos índices de envelhecimento2 registados. Esta tendência de

envelhecimento da população foi também acompanhada pelo concelho de Loures. Para

esta situação, contribui, igualmente, o facto de na freguesia se observar, entre o referido

período, um decréscimo no número de crianças nascidas entre os dois momentos de

recenseamento (Quadro 4 e Gráfico 3), traduzindo-se numa redução da taxa de

natalidade em S. Julião do Tojal (passando de 13,22% em 1991 para 10% em 2001). Por

outro lado, verificou-se também um ligeiro aumento de óbitos na freguesia

(maioritariamente verificados em função do número de idosos residentes – 3.ª e 4.ª

idades), contrariamente ao que acontece ao nível do concelho, onde se verifica uma

diminuição acentuada.

Quadro 4 – Nados-vivos e Óbitos, 1991/2001 Nados-vivos Óbitos

1991 2001 1991 2001

S. Julião do Tojal 45 36 36 39

Loures (Concelho) 3.659 2.320 2.159 1.518 INE, 1991/2001

INE, 1991/2001

O actual crescimento populacional da freguesia é visível através dos dados do

recenseamento eleitoral, quando comparados entre Dezembro de 2005 e Dezembro de

2006, demonstram um crescimento populacional, isto é, estavam inscritos 2580 eleitores

2 Índice de envelhecimento = (Pop. 65 e + anos/Pop. 0-14 anos)*100

Gráfico 3: Evolução da Taxa de Natalidade, 1991/2001 (%) – INE

13,22

10

19,24

11,65

0 5 10 15 20 25

Tx. Nat/91

Tx. Nat/01 Concelho

S. Julião Tojal

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12

em 2005 e 2590 em 2006, o que traduz um saldo positivo não registado em anos

anteriores.

No que concerne ao encargo que os grupos inactivos representam para o conjunto da

população activa, atendendo ao quadro abaixo, é possível reparar que relativamente aos

jovens (índice de dependência dos jovens)3, em 2001, esse encargo diminuiu na

freguesia considerada e também no concelho. Por sua vez, o índice de dependência dos

idosos4 sofreu um aumento por comparação a 1991, significando um aumento dos

encargos relativamente a esta população, reflectindo também a tendência de

envelhecimento constatada. As oscilações ocorridas ao nível dos dois grupos inactivos

não evitaram que os índices de dependência total5 registassem um aumento em 2001.

Quadro 5 – Índices de dependência – 1991/2001 Total Jovens Idosos

1991 2001 1991 2001 1991 2001

S. Julião do Tojal 48,20 52,09 30,40 26,19 17,90 25,90

Loures (Concelho) 36,30 39,05 25,00 22,01 11,30 17,04 INE, 1991/2001

Relativamente à presença de população com nacionalidades estrangeiras na freguesia

em causa, denotamos que S. Julião do Tojal acolhe 10,3% de população oriunda de

outros países, nomeadamente, de Cabo-Verde, Guiné Bissau e Angola.

Quadro 6 – Nacionalidade da população residente, 2001

População

Total Nacionalidade

Portuguesa População

Estrangeira %População Portuguesa

%População Estrangeira

S. Julião Tojal 3600 3134 370 87,06 10,3

Loures (Concelho) 199059 183209 13430 92,03 6,8 INE, 2001

É importante salientar que o índice de população estrangeira ultrapassa o valor

concelhio – 6,8%. Apesar disso, este valor não espelha a realidade da freguesia de S.

Julião do Tojal, ou seja, a população imigrante é caracterizada por um conjunto de

3 Índice de dependência dos jovens (I.D.J) = (Pop. 0-14 anos/Pop. 15-64 anos)*100 4 Índice de dependência dos idosos (I.D.I) = (Pop. 65 e + anos/Pop. 15-64 anos)*100 5 Índice de dependência total (I.D.T) = I.D.J. + I.D.I.

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13

problemas, que lhe estão normalmente associados, nomeadamente a ilegalidade, a

constante mudança de habitação, os trabalhos precários, que não permitem aferir os

valores concretos da realidade, pressupondo que este valor será superior ao apresentado.

Considerando que o concelho de Loures é habitado por um mosaico multicultural, a

freguesia de S. Julião do Tojal assume a necessidade de uma intervenção comunitária

junto destas populações, com a finalidade da sua integração e a valorização dos

imigrantes nas suas diferentes áreas sociais, atendendo às necessidades de educação,

emprego, saúde, ambiente, higiene pública, cultura e participação comunitária, por

forma a proporcionar a plena integração das populações abrangidas. Desta forma,

constatamos que, especificamente em relação ao bairro CAR, existe a necessidade de

aprofundar o diagnóstico da realidade local, de forma a delinear um projecto de

intervenção comunitária, definindo linhas de orientação que assentem no

estabelecimento de um processo formativo, de carácter social e educacional. Este

estudo está a ser pensado em articulação com os técnicos da Câmara Municipal de

Loures.

2.2 Outros indicadores de caracterização

Tomando em consideração a informação referente ao nível de instrução da população

desta freguesia, segundo dados de 2001, (Quadro 7 e Gráfico 4), apercebemo-nos da

existência de uma percentagem ainda significativa de indivíduos que não sabem ler nem

escrever e de indivíduos sem nenhum grau de ensino.

Quadro 7 – População residente segundo o nível de instrução, 2001

S/ saber ler

nem escrever Nenhum grau

de ensino

S. Julião Tojal 580 483

Loures (Conc.) 24510 20589

(cont) 1.º Ciclo Ens

Bás 2.º Ciclo Ens

Bás 3.º Ciclo Ens

Bás Ens Secund C. Médio Curso

Superior

Compl A

Freq Compl A

Freq Compl A

Freq Compl A

Freq Compl A

Freq A Freq

S. Julião Tojal 1180 219 440 150 553 118 303 130 7 59 66

Loures (Conc.) 53457 9899 22598 5391 33722 6161 28896 8340 1577 15061 8796 INE, 2001

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14

Gráfico 4: População residente segundo o nível de instrução, 2001 (N.º) - INE

580 1180

553 66

0 400 800 1200 1600

S. Julião Tojal

N.º

C. Superior C. Médio Ens. Secund. 3.º Ciclo EB 2. Ciclo EB 1.º Ciclo EB Nenhum grau ensinoS/ saber ler/escrever

INE, 2001

Verificamos uma predominância de níveis de escolarização relativamente baixa na

freguesia de São Julião do Tojal, na medida em que os valores mais elevados se

registam ao nível do 1.º ciclo do ensino básico – facto a que não é alheia a estrutura

etária desta e a existência de muitos idosos (tendência de envelhecimento da

população). Por outro lado, é possível observar uma prevalência da população com o 3.º

ciclo do ensino básico completo (com valores superiores aos assinalados no 2.º ciclo),

revelando, em parte, o aumento do número de anos correspondentes à escolaridade

obrigatória – 9.º ano. A frequência de cursos superiores é ainda algo diminuta, situando-

se o valor de 66 na freguesia.

S. Julião Tojal Concelho

Primário Secundário

Terciário

65,2 73,13

34 26,05

0,81 0,83

0

20

40

60

80

Gráfico 5: População residente por sectores de actividade (%), 2001 - INE

Primário Secundário Terciário

INE, 2001

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15

Quanto à estrutura da população activa (Gráfico 5), verifica-se que o sector primário

não assume uma grande expressão, apesar das características rurais desta freguesia. De

facto, é nos sectores terciário que apresenta maior expressão em S. Julião do Tojal –

65,2% e secundário – 34% que se distribui a grande maioria de activos nesta freguesia,

denotando-se, todavia, uma nítida predominância de activos no último sector referido.

Predominam os estabelecimentos ligados às actividades secundárias e terciárias,

designadamente, indústrias transformadoras diversas e de construção civil, comércio a

retalho e por grosso e serviços. No total existem 1067 empresas; 1044 estão instaladas

na freguesia há menos de 6 anos, o que demonstra o actual crescimento sócio-

económico da localidade em questão. Este crescimento traduz-se num total de 6130

empregos, sendo que destes 4471 foram criados nos últimos 6 anos.

As empresas estabelecidas na freguesia caracterizam-se por:

• constituírem na sua maioria micro-empresas (estas definidas por 0 a 9

empregados);

• de seguida, as pequenas empresas representam também um número elevado;

• as empresas de média dimensão são 8 (definidas de 100 a 499 empregados);

• e as grandes empresas são representadas com apenas uma na área geográfica.

É, ainda importante referir, que 4 novas empresas estão em fase de instalação no Parque

Industrial do Arneiro; está também em fase de construção o Núcleo Empresarial de São

Julião do Tojal (com capacidade para 72 empresas) e encontra-se ainda em fase de

construção o Loures Business Park. A instalação destas novas empresas na freguesia

prevêem a criação de 1500 novos postos de trabalho.

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16

PPaarr ttee II II –– PPooppuullaaççããoo

1. Introdução

A actualização do Diagnóstico Social reflecte a análise das diversas camadas da

população, atingindo, dessa forma, diferentes faixas etárias.

2. Apresentação de dados

As temáticas abordadas nesta secção estão caracterizadas em função das seguintes sub-

categorias: Crianças, Adolescentes e Jovens; Idosos e População em Geral.

2.1 Crianças, Adolescentes e Jovens

A incursão no terreno, e principalmente, os contactos realizados, permitiram-nos

perceber que existiam necessidades na freguesia, aquando da realização do Diagnóstico

Social em 2005, e que actualmente muitas foram ultrapassadas. Mantendo-se outras

necessidades, que se traduziram nas áreas de intervenção prioritária agora definidas:

Educação e Idosos.

Relativamente às crianças até aos 3 anos de idade pudemos verificar a não existência de

qualquer instituição / equipamento da rede pública ou solidária – isto é, com acordo de

cooperação com a Segurança Social – (nomeadamente, creches) que assegure o seu

acompanhamento. Neste sentido, o acompanhamento daquelas é efectuado por amas, as

quais, em regra, não dispõem de formação para o desempenho de tal tarefa, nem de

locais adequados para as manter durante o dia (apesar de, aparentemente, estas existirem

em menor número comparativamente a alguns anos atrás), ou acompanhadas por avós

ou outros familiares.

Alguns entrevistados demonstraram a sua preocupação com a existência de amas que

não têm acompanhamento em termos legais, referindo-se aos riscos de acidente a que

podem estar sujeitas as crianças, e ainda aos valores elevados que, actualmente, estão a

cobrar para tomar conta das mesmas (algumas asseguram o acompanhamento das

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crianças até completarem o 1.º ciclo do ensino básico – 4.º ano de escolaridade).

Contudo, são amas referenciadas positivamente (e de confiança), dando resposta às

necessidades sentidas pelas famílias da comunidade.

“Aqui também faltam infantários para as crianças de meses!” – S. Julião do Tojal

Quadro 8 – População residente 0 – 3 anos (2001) 0 anos 1 ano 2 anos Total

S. Julião Tojal 23 36 44 103 Loures (Conc.) 2231 2196 2101 6528

INE, 2001

Os avós têm, nesta freguesia, um importante papel no acompanhamento da educação

dos netos desde muito cedo. De facto, são eles o suporte das crianças enquanto não vão

para a escola ou Jardim-de-Infância e, mesmo após a sua entrada nos estabelecimentos

de ensino, têm ainda uma grande responsabilidade relativamente aos netos. Porém, é

reconhecido que aqueles, de uma forma geral, começam a não ser capazes de responder

às necessidades e exigências dos mais novos. Por outro lado, com a crescente instalação

de empresas na freguesia a necessidade de creche está a tornar-se ainda mais urgente.

Na freguesia de S. Julião do Tojal, e mais concretamente no Bairro CAR (Zambujal),

local onde existem muitas crianças e adolescentes, é algo frequente encontrarem-se

também crianças a tomarem conta de outras crianças, isto é, irmãos mais velhos a

tomarem conta de irmãos mais novos. Embora seja uma situação que já teve maior

expressão, continuam a verificar-se alguns casos do género, tendo-se já registado alguns

incidentes, até agora sem consequências de maior. Neste local, existem também casos

de idosos (alguns bastante idosos) a tomarem conta de um número elevado de crianças,

alguns dos quais em alojamentos com condições precárias e pouco adequadas para o

acompanhamento daquelas.

“Há muita dificuldade… os pais pedem ajuda aos vizinhos, aqueles que têm condições

pagam pela guarda deles, e algumas ficam com os irmãos…” – Bairro CAR (S. Julião

do Tojal)

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“… há lá pessoas no bairro que nunca foram trabalhar e as suas casas são uma

autêntica creche… e há lá pessoas com cerca de 80 anos que têm sete e oito

crianças…” – Bairro CAR

O tipo de acompanhamento prestado a estas crianças e adolescentes, e o facto de

passarem longos períodos de tempo na rua, em grupos, sem qualquer forma de

acompanhamento familiar, tem conduzido a um aumento significativo de mães

adolescentes (entre os 12 e os 13 anos), mais notório após terminarem o 1.º ciclo de

escolaridade na EB 1 do Zambujal. O desacompanhamento que caracteriza a população

mais jovem deste bairro tem permitido que alguns jovens se relacionem com drogas e

outros tipos de actividades ilícitas, designadamente, furtos e roubos.

De forma muito precoce, esta caracterização, tem levado a que muitos jovens entre os

16 e os 20 anos, já cumpram penas de prisão, ou medidas de segurança e de coacção,

como a prisão preventiva, constituindo um índice deveras alto e anormal, quando

comparado com outras regiões de freguesia, concelho e até distrito.

“… as jovens acabam por ser mães muito jovens, sem terem capacidade de criar e

educar os seus filhos!” – Bairro CAR

“… é um problema que vem existindo aí muito! Principalmente depois de saírem da

escola… com 12 / 13 anos!” – Zambujal (S. Julião do Tojal)

Ainda ao nível destas faixas etárias, existia uma lacuna transversal à freguesia em causa:

a fraca oferta de actividades ou equipamentos de apoio e acompanhamento extra-aulas e

de carácter desportivo / cultural. De facto, não existiam actividades alternativas para

esta população após o termino das aulas. O inicio das actividades extra-curriculares e de

enriquecimento curricular, desde o ano lectivo de 2005/06 vieram suprir esta

necessidade, em todas as escolas da freguesia de S. Julião do Tojal.

Existem, ainda, outro tipo de actividades alternativas a oferecer a esta população,

nomeadamente a escola de música dos Bombeiros Voluntários do Zambujal e do Clube

União Recreativa de S. Julião do Tojal. Esta associação também promove actividades

desportivas dirigidas a diferentes faixas etárias, mas com pouca procura.

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Geralmente, as actividades que existem (ligadas ao desporto / futebol) só funcionam ao

fim da tarde ou noite. Podemos, assim, constatar a existência de alguns equipamentos

desportivos que poderiam ser um pólo de atracção para a população em causa.

Quadro 9 – Equipamentos desportivos (2001) Grandes campos

de jogos Pequenos campos de

jogos

Salas de desporto e Pavilhões

polivalentes

Equipamentos desportivos

especiais S. Julião

Tojal 1 2 3 -

DIG/CML, 2001

Quanto aos equipamentos de ATL, verificámos que desde o diagnóstico realizado em

2005 até ao ano lectivo de 2006/07 registou-se uma evolução significativa nos

problemas anteriormente diagnosticados, ou seja, neste momento a necessidade de apoio

à família em termos de ocupação de tempos livres está coberta na totalidade, não

existindo lista de espera em relação e estes equipamentos. No ano lectivo de 2006/2007,

os equipamentos de ATL apresentavam a seguinte composição:

Quadro 10 – N.º de crianças em ATL, 2006/2007 N.º de crianças

S. Julião do Tojal 25 Zambujal 52

Fonte: Escolas/ATL da freguesia de S. Julião do Tojal

Neste momento existem dois ATL`s na freguesia de S. Julião do Tojal: um está sedeado

na EB 1 do Zambujal, e a sua gestão é feita pela Associação de Reformados,

Pensionistas e Idosos de S. Julião do Tojal. Tem uma capacidade para 50 crianças e não

tem vagas por preencher.

Tendo em atenção o elevado número de adolescentes (entre os 10 e os 14 anos) com a

necessidade de frequentar um equipamento do género, constata-se a incapacidade

daquele para os integrar, registando-se, por isso, um número considerável de

adolescentes que estão sem um acompanhamento adequado durante o dia, vagueando

por longos períodos de tempo na rua. Ou seja, actualmente as necessidades centram-se

na ausência de integração das crianças/adolescentes que iniciam o 2º ciclo.

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O serviço de almoço é pago com base na tabela estipulada pela Câmara Municipal de

Loures, em relação ao per capita de cada agregado familiar (quem paga almoço, não

paga ATL).

O quadro seguinte permite comparar a evolução entre o ano lectivo de 2005/06 e

2006/07, reflectindo o inicio do Serviço de Apoio à Família, proporcionado pela

Câmara Municipal de Loures. Este serviço contempla: o serviço de refeição, o ATL e os

Prolongamentos dos Jardins de Infância e Escolas Básicas da freguesia.

EB 1 de S. Julião do Tojal

Ano Lectivo 2005/2006

JI EB1 ATL Ano Lectivo 2006/2007

JI EB1 ATL

Número de alunos 64 118 20 Número de Alunos 68 123 25

Almoços 33 82 Almoços 43 102

Apoio à Família 12 ___ ___ Apoio à Família 18 ___ ___

Alunos com auxilio 18 38 Alunos com auxílio 18 52

Fonte: EB1 S. Julião do Tojal, 2007

A remodelação efectuada na EB 1 de S. Julião do Tojal permitiu o inicio do ATL, que

tem inscritos no presente ano lectivo 25 crianças: 14 no período da manhã e 11 no

período da tarde.

EB1 Zambujal

Ano Lectivo 2005/2006

EB1 ATL Ano Lectivo 2006/2007

EB1 ATL

Número de alunos 51 50 Número de Alunos 52 50

Almoços 20 20 Almoços 46 46

Apoio à Família ___ ___ Apoio à Família ___ ___

Alunos com auxilio 46 Alunos com auxílio 45

Fonte: EB1 Zambujal

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JI Zambujal

Ano Lectivo 2005/2006

JI Ano Lectivo 2006/2007

JI

Número de alunos 39 Número de Alunos 44

Almoços ___ Almoços 39

Apoio à Família ___ Apoio à Família 20

Alunos com auxilio ___ Alunos com auxílio 20

Fonte: JI Zambujal

Em termos de equipamentos escolares para a infância, registámos que a freguesia de S.

Julião do Tojal dispõe de 2 JI, dando resposta às necessidades da população, ou seja, o

JI do Zambujal tem no presente ano lectivo 44 crianças integradas, sem existência de

lista de espera. A questão da incompatibilidade de horários dos JI e das escolas com os

horários de trabalho das famílias levantada no anterior diagnóstico foi ultrapassada,

dado que neste momento o JI funciona das 9h às 15.15m e assegura o prolongamento

até às 18.30h para as famílias que assim o pretendam. Na totalidade o número de

refeições cedidas aumentou significativamente, conforme os valores dos quadros acima

apresentados. Em relação às escolas, conforme referido anteriormente, o inicio das

actividades extra-curriculares e de enriquecimento curricular supriram também a

incompatibilidade de horários.

Com o objectivo de suprir estas e outras necessidades correlacionadas está a decorrer,

desde Dezembro de 2006, com duração até Outubro de 2009, o projecto “Construindo

Novas Cidadanias” – Centro de Recursos “PAZ” (Projecto de Apoio ao Zambujal) do

Programa Escolhas. Este projecto envolve como parceiros o Agrupamento de Escolas

João Villaret, enquanto entidade promotora; a Associação de Reformados, Pensionistas

e Idosos de S. Julião do Tojal é a entidade gestora; a Câmara Municipal de Loures; a

Junta de Freguesia de São Julião do Tojal e a Irmandade da Misericórdia de Loures.

Este projecto surge com a finalidade de melhorar meios humanos e materiais que

permitam criar situações que ajudem a solucionar os graves problemas de insucesso

escolar de crianças e jovens, conflitos relacionais, condutas de risco, desemprego, falta

de acompanhamento familiar e locais de ocupação de tempos livres, nas localidades da

zona de influência do Agrupamento de Escolas João Villaret.

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A sua sede é na Escola João Villaret e o pólo de intervenção na escola do 1º Ciclo do

Zambujal. A intervenção é desenvolvida através de 4 sub-projectos: GIP – Gabinete de

Intervenção Pedagógica para apoio a crianças e jovens e co-responsabilização das

famílias nos seus processos de desenvolvimento pessoal e social. Promovido por um

psicólogo. UNIVA – Unidade de Inserção na Vida Activa. Orientação escolar e

vocacional, encaminhamento para Certificação de Competências, frequência de Cursos

Profissionais e apoio à inclusão no mercado de trabalho. Também promovido por um

psicólogo. RECRI`ARTE – Espaço de Ocupação de Tempos Livres para a realização

de actividades lúdicas e pedagógicas, apoio ao estudo e socialização. Promovido por um

arquitecto e por técnicas de CATL. CID@NET – Em complementaridade com acções

desenvolvidas nas escolas e centros de recursos, procura dar respostas às necessidades

de: Formação em TIC; Apoio à inclusão escolar e profissional e Criação de dinâmicas

de grupo.

Atendendo ao quadro abaixo, podemos, de facto, constatar um número significativo de

famílias cujos educandos auferem auxílios económicos (SASE), podendo, de alguma

forma, ser indicador das dificuldades dos agregados familiares.

Quadro 11 – N.º de alunos com auxílios económicos (SASE) nas escolas da Freguesia de S. Julião do Tojal, 2006/2007

EB 1 Zambujal EB1 / JI S.

Julião Tojal

Freguesia de S.

Julião Tojal

45 42

Total 87

Fonte: Agrupamento de Escolas João Villaret

Estes e outros factores estarão na base da justificação para o facto dos avós (ou outros

familiares, geralmente, também idosos) terem ainda uma grande responsabilidade pela

educação dos netos, permitindo, assim, que os pais das crianças possam desempenhar as

suas funções profissionais. Provavelmente, enquanto houver este suporte familiar, as

famílias recorrerão com pouca frequência a equipamentos de apoio e acompanhamento

às crianças.

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As escolas de ensino básico da rede pública da freguesia apresentam boas condições em

termos de estrutura física. Os problemas apontados no anterior diagnóstico, referentes às

questões de segurança, após o encerramento da escola na EB 1 do Zambujal, estão a

desaparecer em função da abertura do novo posto da GNR localizado no centro do

Zambujal.

“… faltava-nos, de facto, aqui [na escola] uma coisa essencial, que é a segurança (…)

até ao momento em que nós aqui estamos, em que a escola está aberta, não temos

problemas, mas, depois da escola fechar isto serve para tudo! Porque, mais uma vez,

eles não têm para onde ir!” – Zambujal

Quadro 14 – Rede Escolas Públicas (2004/2005)

Jardins-de-Infância da rede pública

Escolas do 1.º Ciclo do Ensino Básico

Escolas do 2.º Ciclo do Ensino Básico

S. Julião Tojal

2 – Zambujal/S. Julião Tojal

2 – Zambujal/S. Julião Tojal

-

Loures (Conc.)

37 63 22

AGRE/DEJ/CML

As escolas da freguesia a que nos temos vindo a referir não são caracterizadas nem por

uma elevada taxa de insucesso escolar, nem por taxas de abandono igualmente

preocupantes; convém, no entanto, relembrar que nos estamos a referir exclusivamente

a escolas de 1.º Ciclo do ensino básico. No entanto, foi-nos manifestada alguma

preocupação relativamente aos alunos que frequentam a EB 1 do Zambujal,

maioritariamente, moradores no Bairro CAR, e de descendência africana. Estes alunos

revelam bastantes dificuldades de aprendizagem, nomeadamente, ao nível da Língua

Portuguesa (reflectindo-se, porém, também nas outras áreas disciplinares). Este facto

agrava-se se tivermos em atenção o facto destes passarem prolongados períodos de

tempo sem um adequado acompanhamento familiar, e o facto de, quando estão na

companhia de familiares, não falarem português, mas sim crioulo. Apesar do esforço

dos professores e dos monitores do ATL (no caso das crianças que o frequentam),

verificamos que estes alunos necessitam, em média, de seis anos para completarem o 1.º

ciclo do ensino básico, ainda que não o terminem bem preparados – o insucesso escolar

tem continuidade no 2.º ciclo.

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“São crianças de Cabo Verde, principalmente, e têm graves problemas de

aprendizagem do Português; e, ainda por cima, em casa falam o crioulo… depois

misturam aquilo tudo…é o grande problema da escola! (…) O insucesso deriva todo

disso!” – Zambujal

“Há muitos alunos que para fazerem o percurso de 4 anos, são necessários quase

sempre 6!” – Zambujal

As provas globais realizadas no presente ano lectivo demonstram a melhoria alcançada

ao nível do sucesso escolar, especialmente na EB1 do Zambujal. E, segundo o parecer

do coordenador desta escola os resultados do 4º ano foram óptimos. Está a ser

alcançado o estimulo pela aprendizagem.

Relativamente à participação dos pais e encarregados de educação na vida escolar dos

filhos, pudemos constatar que parece notar-se um aumento desta.

Mais uma vez, a tónica foi colocada na EB 1 do Zambujal, onde, segundo os

professores, os pais só vão em último recurso (se existirem problemas muito graves, ou

no final do ano para saber se os filhos transitaram ou não de ano). Contudo, através do

Programa Escolhas a participação dos pais tem vindo a melhorar. Por outro lado, os

professores deixaram transparecer durante a entrevista que têm ocorrido alguns

problemas (que podem estar relacionados com situações de racismo) entre os pais do

Bairro e os pais da vila do Zambujal; situações que também se fazem sentir entre os

alunos, existindo porém um ameno clima relacional entre todos. Os professores afirmam

que as suas tentativas de integração de ambas as comunidades não têm sido bem

sucedidas, pelo que se encontram algo desmotivados para o continuarem a fazer.

“Para aproximar as populações já desistimos, podemos fazer coisas para a escola,

para os alunos enquanto cá andarem, e isso nós já temos conseguido, porque cá dentro

não há racismo… eles brincam, dão-se bem… nunca houve problemas de racismo cá

dentro da escola… são amigos…” – Zambujal

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Atendendo ao número de alunos que frequentam o 1.º ciclo do ensino básico existente

na freguesia, e à sobrelotação das escolas de Loures e Bucelas, muitos entrevistados

reivindicaram a necessidade de criação de uma escola para os 2.º e 3.º ciclos do ensino

básico que servisse a freguesia em causa. Acresce a esta situação, o facto de se esperar

um aumento da população da freguesia nos próximos anos, a qual necessitará de

respostas ao nível dos equipamentos em geral, e da educação em particular.

Tendo por base os estudos levados a cabo na elaboração da Carta Educativa do concelho

de Loures, e concretamente a estimativa da população a escolarizar em 2015 (que

manteve a tendência de diminuição da população jovem por freguesia projectada pelo

PDM), prevê-se a seguinte distribuição de população total e por nível de ensino para

esse ano (Gráficos 6 e 7):

Gráfico 6: População total prevista para 2015

3600

5186

0 1000 2000 3000

4000 5000 6000

S. Julião Tojal N.º

2001 2015

Carta Educativa 2006

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26

157

222

313 325

0

50

100

150

200

250

300

350

N.º S. Julião Tojal

Gráfico 7: População por níveis de ensino prevista para 2015

JI 1.º Ciclo EB 2.º/3.º Ciclos EBSecundário

Carta Educativa 2006

Atendendo a esta estimativa, espera-se um aumento acentuado na freguesia de S. Julião

do Tojal. Desta forma, a nova Carta Educativa, a vigorar nos próximos 10 anos,

aprovada em Assembleia Municipal, realizada em 2007-03-27, prevê a instalação de

uma escola básica de 2º e 3º ciclos, correspondente ao território educativo SN4

(composto por 30% de território da freguesia de S. Antão do Tojal e 100% do território

de S. Julião do Tojal), cuja localização ficou definida no centro de S. Julião do Tojal.

Relativamente a equipamentos para as crianças, nomeadamente parques infantis,

constatámos a ausência deste tipo de oferta no Zambujal. Existem em S. Julião do Tojal,

no Bairro da Junqueira e, actualmente, no Bairro do Tazim.

2.2 Idosos

O envelhecimento da população na freguesia é uma realidade constatada pela população

em geral, e pelos entrevistados ao longo do processo de Diagnóstico Social, em

particular. Segundo dados de 2001, existe cerca de 17% de população idosa nesta

freguesia, isto é com mais de 65 anos, registando-se ainda um índice de longevidade6

(Gráfico 8) bastante significativo na freguesia de S. Julião do Tojal (42,3%, existindo 6 Relação entre a população mais idosa e a população idosa, definida habitualmente como o quociente entre o número de pessoas com 75 ou mais anos e o número de pessoas com 65 ou mais anos, por cada 100 pessoas com 65 ou mais anos.

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cerca de 42 idosos com idade superior a 75 anos por cada 100 idosos com mais de 65

anos), fazendo denotar a existência de população com mais de 75 anos de idade – a 4.ª

idade. Denota-se um peso superior das mulheres nestas circunstâncias.

Quadro 15 – População residente com mais de 65 anos (2001) Total Homens Mulheres

Mais 65 65-74 Mais 75 Mais 65 65-74 Mais 75 Mais 65 65-74 Mais 75

S. Julião Tojal 613 354 259 254 168 86 359 186 173

Loures (Concelho) 24394 15516 8878 10369 7138 3231 14025 8378 5647 DIG/CML, 2001

42,3

36,4

32

34 36

38 40

42 44

S. Julião Tojal Concelho

Gráfico 8: Índice de longevidade (%), 2001 (INE)

Índ longev.

Por outro lado, o número de pessoas idosas a viverem sozinhas é também revelador das

possíveis necessidades que possam apresentar, embora tenhamos registado,

predominantemente, a existência de uma rede de solidariedade familiar bastante

presente.

De acordo com dados de 2001, existiam cerca de 88 habitantes idosos a viverem

sozinhos, maioritariamente do sexo feminino.

Quadro 16 – Famílias com idosos, 2001

Famílias com 1 pessoa idosa (masculino)

Famílias com 1 pessoa idosa (feminino)

Total

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Julho 2007 Diagnóstico Social Rede Social de Loures

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S. Julião Tojal 23 65 88 Loures (Conc.) 970 3392 4362

INE, 2001

Uma parte substancial dos indivíduos em causa desempenhou ao longo da sua vida

activa funções profissionais ligadas à agricultura, pelo que aufere, actualmente, pensões

ou reformas agrícolas, cujos valores são bastante reduzidos.

Quadro 17 – População residente por condição perante a actividade económica,

2001

Reformado, Aposentado ou Reserva

M H HM S. Julião do Tojal 416 326 742

Loures (Concelho) 17210 14163 31373 INE, 2001

Em 2001, a distribuição dos habitantes da freguesia segundo a sua condição perante a

actividade económica, demonstra-nos que existia um número substancial de reformados

ou aposentados. Ao problema das reformas baixas auferidas pelos idosos (facto muito

referido pelos entrevistados), acrescem, não apenas as despesas do médico, mas também

as de alimentação, água, electricidade e outras, acentuando ainda mais as dificuldades

sentidas por esta faixa etária.

“… antigamente, as pessoas ganhavam pouco, descontavam pouco para a Segurança

Social; automaticamente, as reformas são escassas (…) é lógico que as pessoas têm

alguma dificuldade (…). No caso dos idosos, tem outro problema, porque acresce a

farmácia…” – Zambujal

Os entrevistados referiram, de uma forma geral, a existência de apoio familiar para os

idosos e de uma rede de solidariedade entre vizinhos e amigos no apoio a esta

população, podendo existir, de qualquer modo, situações pontuais de idosos com um

apoio mais deficitário. Contudo, atendendo às dificuldades económicas que se fazem

sentir actualmente ao nível das famílias, estas estão impossibilitadas de deixar de

desempenhar as suas funções profissionais para se dedicarem exclusivamente ao

acompanhamento dos seus idosos. Nestas circunstâncias, a necessidade de um lar

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comparticipado pela Segurança Social foi reivindicada quer pelos idosos quer pela

população de outros escalões etários, uma vez que só existem equipamentos privados

nesta região do concelho de Loures. Esta necessidade é tanto mais sentida quanto se

denota cada vez mais a necessidade de um acompanhamento permanente aos idosos

(durante o dia e a noite), o qual não é conseguido através dos serviços de apoio

domiciliário prestado na freguesia.

“Faz muita falta um lar… (…) Há muitas pessoas que precisam de ficar

acompanhadas… e são as tais reformas que não cobrem as despesas de um lar

particular!” – S. Julião do Tojal

“Os velhos, há muitos que não conseguem ir para um lar… e os filhos também não

podem ajudar…” – S. Julião do Tojal

Aquele serviço é levado às freguesias de Fanhões, Sto. Antão, S. Julião do Tojal e

Loures (Infantado), pela Associação de Reformados, Idosos e Pensionistas de S. Julião

do Tojal. Também em relação a este serviço, desde o diagnóstico realizado em 2005 até

ao presente momento, existiu uma melhoria no serviço prestado, ou seja, foi assinado

mais um acordo de cooperação com o Instituto de Solidariedade e Segurança Social,

para o serviço de apoio domiciliário integrado a 24 utentes. Este serviço teve inicio em

Julho de 2006, traduzindo-se em apoio domiciliário durante os 7 dias da semana. Para

além deste serviço a ARPI tem também acordos com o Instituto de Solidariedade e

Segurança Social para 40 utentes em Centro de Dia; 50 utentes em Serviço de Apoio

Domiciliário e 20 utentes em Centro de Convívio. No total Neste momento não existe

lista de espera para as necessidades solicitadas.

A Associação de Reformados, Idosos e Pensionistas de S. Julião Tojal reúne boas

condições, em termos globais, para os seus utentes, os quais demonstram graus elevados

de satisfação em relação ao seu funcionamento e aos benefícios que trouxe para a

freguesia.

Na localidade do Zambujal também existe uma estrutura de apoio aos idosos,

funcionando, sobretudo, enquanto Centro de Convívio.

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Outro problema verificado ao nível da freguesia prende-se, com a não participação da

população idosa do Bairro CAR, relativamente ao equipamento de Centro de Dia a

funcionar na vila do Zambujal, dado que estes, regra geral, não recorrem à ARPI do

Zambujal. Os entrevistados deste Bairro manifestaram algum descontentamento

relativamente à forma como são recebidos na instituição, e fizeram ainda referência ao

facto das suas características culturais não permitirem, de uma forma geral, que os

idosos destas etnias frequentem lares ou instituições equiparadas. Desta forma,

pensamos que o edifício da Associação de Moradores, poderá também ser dinamizado,

com o objectivo de dar resposta a esta necessidade. Tal facto foi salientado pelos

entrevistados no anterior diagnóstico, fazendo referência aos casos de idosos que só se

podem encontrar na rua ou nos cafés, ou que ficam confinados às suas casas,

estabelecendo pouco contacto com os restantes habitantes. O problema de base reside

no facto de, embora existindo os equipamentos de apoio referidos na freguesia, nem

todos os idosos se deslocam até eles por várias razões, nomeadamente, ou por

dificuldades de deslocação ou por não se quererem deslocar. De qualquer forma,

aqueles salientaram a necessidade de um equipamento destinado a esta população para

que possa ter acompanhamento e convívio durante o dia.

“… temos um bairro com pessoas idosas que não têm um acompanhamento

conveniente…” – Bairro CAR

“… precisavam de ter um espaço para o seu divertimento (…). Essas pessoas (…) estão

dentro de suas casas, de porta fechada… há uns cafés no bairro, mas não é o lugar

próprio para essas pessoas estarem a conviver…” – Bairro CAR

“… há uma distinção entre as pessoas aqui de baixo e as restantes… claro que aquela

casa é para todos, mas… as pessoas sentem receio, há barreiras, não são bem

recebidos à entrada… logo nos olhares das pessoas nota-se, portanto, os daqui tentam

não ir lá [ARPI Zambujal]!” – Bairro CAR

Podemos assim constatar que existe no Bairro CAR um edifício, disponibilizado pela

autarquia, e que não está a dar resposta às necessidades da população.

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Por fim, salientamos, novamente, o papel desempenhado por muitos idosos no

acompanhamento e apoio à educação das crianças e jovens. Apesar de muitos se

mostrarem satisfeitos com o facto de acompanharem o desenvolvimento daqueles, uma

grande parte também manifesta algum incómodo com a situação, pois, não podem

realizar outras actividades que lhes dariam prazer nesta fase da sua vida, faltando-lhes

tempo para dedicarem a si próprios. Por outro lado, e como já salientámos, os idosos

começam a não conseguir dar resposta às solicitações dos mais novos, sendo igualmente

os próprios a dizê-lo.

2.3 População em geral

Nesta categoria, englobámos a caracterização da população em geral, nomeadamente,

no que concerne ao emprego e desemprego, às situações de pobreza e às famílias

carenciadas.

2.3.1 Emprego / desemprego

Atendendo aos quadros abaixo, podemos verificar que a taxa de actividade na freguesia

considerada é ligeiramente inferior à taxa que se verifica no concelho de Loures

(49,6%), assumindo uma taxa de actividade de 44,7%. No entanto, a freguesia viu a sua

população activa aumentar no período 1991 / 2001.

Quadro 18 – Taxa de actividade, 1991/2001

Pop. Total População activa 1991 2001 1991 % 2001 %

S. Julião do Tojal 3403 3600 1441 42,3 1609 44,7

Loures (Concelho) 192143 199059 90198 46,9 98785 49,6 INE, 2001

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Quadro 19 – Desempregados e Taxa de desemprego, 1991/2001 Desempregados Procura 1.º Procura novo

1991 % 2001 % emprego-2001 emprego-2001 S. Julião do Tojal 68 4,72 175 10,88 33 142

Loures (Concelho) 5973 6,62 7471 7,56 1459 6012 INE, 2001

0 20 40 60 80

100 120 140 160 180

N . º S.Julião Tojal

Gráfico 9 : Desempregados 1991 / /2001 (INE

)

Desempregados/1991 Desempregados/2001 Procura 1 . º Emprego / 2001 Procura novo emprego/2001

Dados de 2001 mostram que a freguesia de S. Julião do Tojal apresenta um número

elevado de desempregados, representando cerca de 10,88% da sua população em idade

activa, tendo-se também registado um aumento do número de desempregados face a

1991; a taxa de desemprego nesta freguesia é superior à taxa de desemprego verificada

ao nível do concelho (7,56%).

Quadro 20 – Desempregados inscritos no Concelho de Loures, 1.º semestre de 2005

Desempregados Grupo etário Sit. face ao empreg Tempo inscrição Total H M < 25 25-44 45-54 >= 55 1.º Emp Nov emp < 12 m >= 12 m

S. J. T. 131 68 (51,9%) 63 24 51 25 31 7 124 81 50

Concelho 9377 4004 5373 776 3254 1775 2216 282 7739 4650 3351 IEFP, Junho de 2005

Segundo informações relativas aos desempregados inscritos nos Centros de Emprego do

Concelho de Loures, a freguesia de S. Julião do Tojal apresenta um total de 131

desempregados, sendo 51,9% do sexo masculino.

O grupo etário mais afectado corresponde ao dos 25 aos 44 anos, seguindo-se o de idade

igual ou superior a 55 anos.

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A maior fatia dos inscritos nos Centros de Emprego, procuram, maioritariamente, novo

emprego, tal como no concelho, encontrando-se nestas circunstâncias há menos de doze

meses, e possuindo 4 a 6 anos, ou 9 a 12 anos de escolaridade. Por seu turno, foi-nos

também permitido constatar que um número substancial daqueles corresponde, em

termos de grupos profissionais, a trabalhadores não qualificados, a pessoal dos serviços

e vendedores, a operários e artífices e a pessoal administrativo e similares.

As conclusões retiradas dos dados referenciados acima não estão em consonância com a

percepção da maior parte dos entrevistados em relação a esta matéria: muitas das

pessoas inquiridas, ou não têm muita percepção da existência de casos de desemprego,

ou os associam à população mais jovem, àquela que procura o primeiro emprego

(argumentando que vêm sentindo esta evidência nos últimos tempos), não o

percepcionando tanto nas camadas etárias superiores. Foram relatados casos de jovens

que, actualmente, não estudam e nem desempenham qualquer função profissional.

Foi a população entrevistada no Bairro CAR aquela que mais se aproximou da

informação estatística recolhida, afirmando que existem muitos desempregados até aos

30 anos de idade, sendo também evidente a presença de muitos jovens no bairro que não

têm qualquer actividade profissional ou outra. Ainda nesta localidade, foram salientados

os casos de algumas famílias em que ambos os cônjuges estão em situação de

desemprego.

“… há muito… jovens, então! (…) nós temos aqui jovens que não estudam e não têm

emprego! Isto é muito grave porque atrás disto vêm outras coisas…” – Bairro CAR

“… o grau de desemprego entre as pessoas com mais de 45 anos é forte, e até 20/22

anos também é muito forte.” – Bairro CAR

“Há casas em que trabalham o marido e a mulher, mas há também famílias em que só

trabalha uma pessoa… e há também situações em que estão o marido e a mulher em

casa sem trabalho!” – Bairro CAR

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Em termos de emprego, os entrevistados referem existir pouca oferta de postos de

trabalho, apesar da freguesia de S. Julião do Tojal reunir cada vez mais oferta de

trabalho, contudo, estas ofertas exigem uma escolaridade não compatível com a

adquirida pela população (conforme apresentado anteriormente, 35% da população tem

apenas o 1º ciclo do ensino básico; seguindo-se 16% da população sem saber

ler/escrever), pelo que a população tem de se deslocar para outras localidades para

trabalhar. Exemplo desta nova realidade é a empresa CTT Expresso, que exige, para

qualquer das suas áreas, o 12º ano. As unidades de trabalho recentemente criadas não

vieram trazer um acréscimo significativo de postos de trabalho para a população desta

área geográfica, e as actividades ligadas à agricultura, que outrora tiveram grande

expressão nesta zona do concelho de Loures, são agora representadas por um número

muito reduzido de famílias que se dedicam em exclusivo às actividades deste sector.

É possível encontrar, cada vez em maior número (segundo os entrevistados), mulheres

desempenhando funções na área das limpezas domésticas e de grandes superfícies (o

último caso foi mais notado entre as mulheres residentes no Bairro CAR), deslocando-

se diariamente para Loures ou para Lisboa; muitas vezes, desempenham estas tarefas

em mais do que um local de trabalho. Denota-se, portanto, um aumento gradual do

trabalho precário e não qualificado ao nível da freguesia, resultante, em alguns casos, do

encerramento de algumas fábricas existentes nesta área. A precariedade verificada

deverá estar em grande parte relacionada com a escolaridade relativamente baixa da

população desta freguesia, onde se regista uma elevada percentagem de pessoas que a

frequentou apenas até ao 1.º ciclo.

O presidente da Associação de Moradores do Bairro CAR apontou ainda para a fraca

protecção que a população imigrante tem ao nível do emprego.

2.3.2 Pobreza / famílias carenciadas

Quando inquiridos acerca da possível existência de famílias cujas dificuldades

económicas e sociais ultrapassassem os “limites do aceitável”, os entrevistados

referiram, na sua grande maioria, não ter conhecimento de situações deste tipo. Todos

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mencionaram o facto de as famílias terem, de alguma forma, dificuldades diversas no

seu quotidiano, designadamente, ao nível económico ou financeiro, mas os casos de

famílias em situação de pobreza (ou de miséria acentuada) não são do conhecimento

público.

Contudo, tal como a problemática do emprego, concluímos que a percepção da maior

parte dos entrevistados, em relação a esta matéria, não corresponde à realidade, ou seja,

actualmente existe um elevado número de famílias - 66 - que recebem periodicamente

ajudas do Banco Alimentar Contra a Fome, através da Santa Casa da Misericórdia de

Loures, com o apoio da Junta de Freguesia de São Julião do Tojal. Este numero poderá

reflectir o desconhecimento da população em relação a situações de carência sócio-

económica, até porque as solicitações actuais não se restringem a famílias do Bairro

CAR. A nova urbanização PER – Bairro Padre Américo/Casal da Espadaninha,

apresenta uma população carenciada, e que tem recorrido a este serviço.

Os casos de pessoas que chegam a passar fome foram revelados por diversos

entrevistados do Bairro CAR, incluindo os professores da EB 1 do Zambujal, os quais

partilham, entre si, da opinião de que muitos dos problemas sentidos pela população do

bairro se deve à ausência de regras ao nível das famílias (detêm uma organização

familiar algo difusa), que as leva a não saber gerir convenientemente os seus bens e a

sua vida, de uma forma geral.

“Eu acho que tudo isto é uma questão de gestão familiar (…) eles não têm normas, não

têm regras, não têm nada… aquilo não é uma falta de dinheiro, na maioria das vezes, é

mais um problema de gestão do dinheiro! Falta de organização (…) Traduz-se no facto

de os pais não ligarem à família propriamente dita… eles vêm do trabalho e vão para o

café (…) Há pessoas aí a passarem fome (…) a passarem fome por não terem dinheiro

há muito poucas!” – Zambujal

Ainda assim, neste local, o número de famílias recebendo Rendimento Social de

Inserção - RSI não é muito diferente do registado em toda a freguesia de S. Julião do

Tojal.

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Há a registar que os pedidos de auxílios relativos a problemas de saúde mental têm

vindo a aumentar (de acordo com a assistente social que presta serviço na freguesia de

S. Julião do Tojal).

“… essas pessoas vivem da ajuda do Banco Alimentar Contra a Fome, que ajuda

muito…” – residente no Bairro CAR

“… temos aqui pessoas com problemas… algumas nem têm rendimento mínimo, porque

não têm hipótese de o ter! – residente no Bairro CAR

“… há aqui pessoas que têm problemas de documentação e que não têm apoio pelo

facto de não estarem legalizadas… se a pessoa não tiver documentação não é aceite!”

– residente no Bairro CAR

No entanto, atendendo ao quadro referente aos requerimentos de Rendimento Social de

Inserção no 1.º trimestre de 2007, no Serviço de Acção Social de Loures, constatamos a

existência de casos que nos permitem concluir acerca da presença de famílias

carenciadas na freguesia.

Quadro 21 – Processos Familiares Entrados

Movimentados

Ano 2006 37 92

1º Trimestre 2007 7 27 CDSSSL / SASLoures

Quadro 22- Processos de RSI Activos Com Acordo de

Inserção N. Atendimentos

Ano 2006 (Em Dez) 21 12 63

1º Trimestre 2007 27 11 19

CDSSSL / SASLoures

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Quadro 23 – Propostas de Apoio Económico, Carência

social Fundo

fixo Lares

lucrativos HIV/SIDA N. Agregados Apoiados

Ano 2006 40 10 10 8 70

1º Trimestre 2007 17 3 8 6 34

CDSSSL / SASLoures

O maior número de atendimentos referente ao ano de 2006 foram realizados a utentes de

Acção Social - 166. As propostas de carência social têm também alguma expressão para

a freguesia - 40, assim como as referentes ao Fundo Fixo/Fundo Emergência e Lares

Lucrativos – 10.

A assistente social que efectua atendimento na freguesia alerta para as dificuldades que

alguns agregados familiares vêm sentindo (cada vez em maior número) no que se refere

ao pagamento das rendas habitacionais, que em média, rondam os 250€ mensais.

Apercebemo-nos, assim, da provável existência de casos em que as famílias sofrem

significativas privações quotidianas, face à redução dos seus orçamentos familiares.

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3. Conclusões

Da reflexão efectuada do tema descrito “População”, sobressaíram determinadas

evidências que demonstram a evolução efectuada, no sentido de dar resposta a algumas

necessidades colocadas pela população. Nomeadamente, ao nível da educação, ou seja,

actualmente existem refeitórios em todos os estabelecimentos de ensino da freguesia-

com a construção do novo edifício da EB1 de São Julião do Tojal, a partir do ano

lectivo 2005/2006, teve inicio o serviço de almoços - globalmente o aumento de

refeições passou de 50 para 133 e para 235 no ano lectivo 2006/2007. A construção

efectuada permitiu também o inicio do ATL e o prolongamento do horário do JI nesta

escola desde 2005/2006.

Assim, actualmente estão também a funcionar, em todos os estabelecimentos de ensino

da freguesia ATL´s. O serviço de prolongamento de horário no JI é assegurado às

famílias que o pretendam, desde o ano lectivo 2005/2006, na escola EB1 de São Julião

do Tojal e no JI do Zambujal desde o ano lectivo 2006/2007, passando a totalidade de

vagas de 100 para 150. De facto, o serviço de apoio à família, assegurado pela Câmara

Municipal de Loures, permitiu dar resposta a um conjunto de necessidades vivenciadas

anteriormente pela população.

Existem ainda outras necessidades que dificultam o quotidiano da população da

freguesia de S. Julião do Tojal. Em jeito de síntese, enunciamos as que nos parecem

mais visíveis.

Relativamente à sub-categoria “Crianças, Adolescentes e Jovens”, ficou registada a

inexistência de creches da rede solidária para as crianças até aos 3 anos de idade; as

insuficiências verificadas ao nível de OTL para os adolescentes/jovens, ou a fraca oferta

de actividades extra-aulas (que não devem passar apenas por actividades ligadas ao

futebol e à música) para essa faixa etária. Face a tais constatações, verificámos que

muitas crianças e adolescentes ficam ao encargo de avós ou outros familiares

(geralmente idosos) ou de amas (em regra, sem qualificações especificas, mas

constituindo quase sempre pessoas de confiança das famílias).

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Nesta medida, começam a registar-se alguns problemas ao nível do acompanhamento da

população destas faixas etárias, quer pela dificuldade que os idosos começam a sentir na

resposta às solicitações dos mais jovens (embora seja um facto quase assumido que as

famílias só recorrem a outras soluções quando não têm a família como suporte), quer

pela dificuldade sentida pelas famílias em assegurar aquele apoio em instituições

privadas ou em amas. Justifica-se, assim, a necessidade de intervir nesta área. Estes

problemas transversais a toda a freguesia de S. Julião do Tojal, acentuam-se no Bairro

CAR, tendo também em atenção o envelhecimento da população que se regista.

A ida das crianças para Loures ou Bucelas a partir do 2.º Ciclo de escolaridade (com 9 /

10 anos de idade) foi outra preocupação manifestada pelos entrevistados; estando

prevista, como anteriormente referida, a instalação de uma escola 2,3 que dará resposta

a este problema.

Relativamente aos idosos, foi constatada uma tendência de envelhecimento da

população na freguesia, denotando-se também uma percentagem significativa de

população com mais de 75 anos de idade. Atendendo aos baixos rendimentos desta

população, cujas funções profissionais estiveram, maioritariamente, ligadas ao sector

agrícola, e às dificuldades apresentadas pelas famílias no que diz respeito ao seu

acompanhamento, é preciso dotar a freguesia de recursos e equipamentos que dêem

resposta às necessidades daquela população.

Embora, por regra, se verifique a existência de apoio familiar (que, dada a vida

profissional dos familiares, passa, muitas vezes, pela visita aos idosos de manhã e ao

fim do dia – não podem deixar de trabalhar para cuidar dos seus idosos), constata-se a

necessidade de criação de espaços onde aqueles possam encontrar-se e conviver ao nível

da localidade. Apesar da presença de serviços de apoio domiciliário ao nível da

freguesia, e considerando a existência de idosos com necessidades de acompanhamento

permanente ou vivendo sozinhos e sentindo necessidade de companhia durante a noite,

justifica-se a existência de um lar comparticipado pela Segurança Social.

Encontram-se ainda muitos idosos que fazem a sua vida diária autonomamente e que

estão responsáveis por assegurar a educação dos seus netos enquanto os filhos

desempenham as suas funções profissionais. Apesar de gostarem da companhia dos

mais jovens, também se referem ao facto de tal constituir uma obrigação, não lhes

sobrando tempo para outras actividades que lhes dessem prazer.

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No que concerne à população em geral, e especificamente às áreas “Emprego e

desemprego” e “Pobreza / famílias carenciadas”, verificámos a existência de um

elevado número de casos que deverão ser alvo da melhor atenção por parte das

instituições mais indicadas para o efeito.

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41

4. Recursos disponíveis e propostas de intervenção

Tendo em consideração os constrangimentos descritos ao longo desta secção do

relatório e os recursos disponíveis na freguesia, não podemos deixar de considerar os

idosos (avós) como um deles, apesar das suas limitações. Não existindo alternativas

acessíveis às famílias (equipamentos públicos), estes, quer pelas relações afectivas que

estabelecem com os netos quer pelas suas experiências de vida, são um recurso que

deve ser sempre tido em conta.

A necessidade de respostas adequadas a cada grupo etário torna-se tanto mais necessária

quanto se percebe que existem crianças / adolescentes que não dispõem do recurso a que

nos referimos anteriormente – avós ou outros familiares. Neste sentido, dever-se-ão

encontrar respostas tendo por base os recursos disponíveis na freguesia / localidades,

nomeadamente: a criação de uma creche; analisar a possibilidade de criar um

equipamento de OTL com os meios necessários para que consigam ter capacidade para

integrar adolescentes/jovens; promover programas de formação para qualificar as amas

que existem na freguesia, assim como outras pessoas interessadas (tendo,

necessariamente, de estar em ligação com uma IPSS ou outra instituição para

desenvolverem o seu trabalho), contribuindo, simultaneamente, para a melhoria da

qualidade de vida das famílias e para colmatar algumas situações de desemprego que se

possam verificar nas localidades; entre outros.

Ainda para as camadas jovens, será preciso criar-se a sensibilidade para o

associativismo (algo que parece estar cada vez mais em declínio), demonstrando-lhes

que tal pode estar em plena sintonia com as novas tecnologias e com as actividades que

mais lhes agradem desenvolver. Será preciso que as colectividades desempenhem o seu

papel de “união” dos indivíduos em cada localidade, adequando-se aos novos desafios

que se colocam actualmente, e que não passam somente pela manutenção do serviço de

bar e por festas (bailes) esporádicas, mais direccionadas para a população mais velha.

Torna-se, portanto, urgente repensar os horários de funcionamento, bem como o tipo de

actividades a oferecer às populações, evitando que, particularmente, os jovens se

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tenham de deslocar quase obrigatoriamente para outras localidades para poderem

usufruir de actividades culturais e de lazer, desligando-se cada vez mais do seu local de

residência.

“… o Clube Desportivo proporciona ginástica e música a muitos alunos… é pago pelos

pais, depois das aulas, ao final da tarde.” – S. Julião do Tojal

Também no caso de situações mais complexas, como as que se encontram no Bairro

CAR, devem ser considerados os equipamentos já disponíveis, inclusive, as instalações

da Associação de Moradores, para promover o convívio dos idosos, levando-os a saírem

de casa, assim como para proporcionar actividades alternativas e do interesse das

crianças e dos jovens que, por diversos motivos, passam os dias na rua (correndo o risco

de se deixarem envolver em potenciais situações causadoras de problemas).

“… existem áreas que mereceriam intervenção: os jovens (um espaço que pudesse

integrar as crianças e os jovens, para terem uma actividade regular – que não seja um

ATL – talvez utilizando o próprio espaço da associação)…” – Bairro CAR

Por outro lado, será necessário “abrir” as portas do bairro à comunidade envolvente

como forma de alterar a imagem negativa que teima em caracterizar a globalidade dos

residentes deste local – começar por criar, ainda que através de eventos esporádicos, um

intercâmbio de culturas.

As dificuldades sentidas por estas crianças ao nível do ensino, bem como os seus

comportamentos – fruto de vivências familiares específicas (aparente ausência de

regras) –, poderão, de algum modo, ser colmatadas por um acompanhamento efectivo

de técnicos especializados constituintes da equipa multidisciplinar do Programa

Escolhas e em parceria com a técnica de serviço social da Junta de Freguesia. A

possível criação de um Gabinete de Apoio à Família (GAF) poderá ser uma mais-valia

para a integração das crianças/jovens e das suas famílias no seu meio envolvente. A

sinalização das situações mais graves de pobreza e exclusão social existentes na área

territorial pelos parceiros e apreciação de propostas de solução a partir dos recursos

locais com a técnica de apoio e acompanhamento desta comissão social de freguesia.

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A freguesia de S. Julião do Tojal apresenta uma taxa de desemprego elevada, casos de

famílias com apoio do Banco Alimentar Contra a Fome e propostas para apoio

económico da Segurança Social, estão a aumentar, reflectindo a necessidade de

implementação do Atendimento Integrado, a possível criação do Gabinete de Apoio à

Família (GAF) teria uma vertente de emprego – Bolsa de Emprego - dando resposta às

necessidades decorrentes da crescente implementação do tecido empresarial na

Freguesia e a integração sócio-económica das famílias no seu meio envolvente. Poder-

se-iam equacionar estratégias de desenvolvimento de acções de formação nas áreas para

as quais a freguesia esteja mais vocacionada. Criar um Observatório de Emprego onde

exista uma inter-relação continua entre os empresários e os técnicos do

GAF/Atendimento Integrado, de forma a criar respostas de carácter integrado,

compreendendo de forma holística os problemas do individuo/família; evitando

respostas fragmentadas e atendendo às necessidades globais das famílias.

Ao nível das famílias carenciadas há que salientar o trabalho desenvolvido pela Santa

Casa da Misericórdia de Loures, com o apoio logístico da Junta de Freguesia de S.

Julião do Tojal, no apoio alimentar cedido pelo Banco Alimentar Contra a Fome que

tem contribuído para atenuar as carências sentidas.

A distribuição de alimentos anteriormente efectuada às famílias mais carenciadas desta

freguesia, através de um programa gerido pela Segurança Social – Programa

Comunitário de Ajuda Alimentar a Carenciados - pela Associação de Reformados,

Pensionistas e Idosos de S. Julião do Tojal, está no momento a ser reavaliada.

Atendendo ao facto de alguns dos residentes neste bairro não estarem em Portugal num

regime legal, haverá que equacionar os mecanismos possíveis conducentes à

regularização da sua situação e correspondente integração no mercado de trabalho,

nomeadamente, através de uma sessão de esclarecimento a desenvolver pela equipa do

ACIDI.

Em função da problemática diagnosticada pelo grupo de trabalho: desorganização

familiar, está a ser iniciada, uma parceria entre a técnica de serviço social da Junta de

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Freguesia e o Programa Escolhas, para Formação Parental, às famílias sinalizadas para

este efeito, no bairro CAR.

A existência de um terreno disponível para a criação de uma escola de 2.º e 3.º ciclo,

virá combater a preocupação bastante presente na população que se prende com o facto

de crianças muito novas terem de se deslocar para escolas superlotadas em Loures, ou

mesmo para Bucelas.

Em termos de idosos, podemos perceber a necessidade cada vez mais urgente de um lar

comparticipado pela Segurança Social (ou equipamento equiparado) para a freguesia.

Por outro lado, existe a necessidade de dotar os equipamentos de apoio a idosos com os

meios necessários para um melhor serviço à população.

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45

PPaarr ttee II II II –– HHaabbii ttaaççããoo ee II nnffrr aaeessttrr uuttuurr aass bbáássiiccaass

1. Introdução

A habitação constitui um dos temas que nunca são deixados de abordar pelos

entrevistados quando inquiridos acerca dos problemas que sentem na sua freguesia /

localidade de residência. Este tema é, aliás, uma das grandes inquietações da população

da freguesia.

2. Apresentação de dados

Nesta secção, apresentar-se-á a caracterização dos problemas relativos às áreas da

habitação e das infraestruturas básicas na freguesia em causa.

2.1 Habitação

A saída de uma grande parte da população mais jovem para outras localidades (ou

concelhos) quando pretende casar parece constituir uma preocupação dos habitantes da

freguesia, e particularmente, dos seus residentes mais idosos. Se por um lado a

população está a tornar-se envelhecida, por outro verificamos que a actual construção

urbana está a permitir a fixação dos jovens nestas localidades.

Estes factos foram evidenciados por um grande número de entrevistados, fazendo ainda

referência ao custo das habitações mais recentes na freguesia, e à fraca oferta das

mesmas para os jovens, nomeadamente, a custos controlados, bem como à componente

fortemente restritiva do Plano Director Municipal para esta zona do concelho de Loures

em termos de construção.

A população, embora não querendo ver a sua freguesia descaracterizada (a imensa zona

verde e agrícola, e a qualidade do ar que se respira, entre outros aspectos que a

caracteriza), gostariam de ver a área de construção mais alargada, de modo a responder

às necessidades da população residente, mas também às de outras pessoas que começam

a procurar locais, cujas componentes “ambientais” lhes proporcionem uma melhor

qualidade de vida.

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“Eu espero bem que sim, que haja mais construção e que haja mais alguma abertura

(…) de modo a fixar mais os residentes…” – Zambujal

Por outro lado, há a salientar o número significativo de habitações em elevado grau de

degradação, muitas delas desabitadas, que precisariam de sofrer uma intervenção

profunda e que poderiam ser uma mais-valia para a fixação da população na freguesia,

ao invés de se procurarem locais onde seja possível construir habitação de raiz.

Existe ainda um outro problema, na opinião de alguns entrevistados, e que se prende

com o facto de existirem terrenos disponíveis para construção, mas que por

determinados motivos (os proprietários não gostarem da sua localização, ou as

entidades bancárias colocarem entraves ao empréstimo de dinheiro) não são alvo de

intervenção, e estão, não raras vezes, ao abandono.

O Bairro CAR, não sendo um bairro de génese ilegal (é pertença do IGAPHE, mas foi

abandonado quando estava ainda em construção, após o 25 de Abril de 1974), detém um

núcleo de construção que apresenta muitas deficiências. É constituído por cerca de 189

casas abarracadas (e alguns anexos) e 48 barracas, sendo nestas que se verificam as

maiores dificuldades em termos habitacionais e também sociais (apenas cinco estão

recenseadas no Plano Especial de Realojamento – PER). Ao todo, habitam neste bairro

cerca de 1000 pessoas, a sua maioria de origem africana, com maior incidência de cabo-

verdianos, muitas delas em condições de higiene muito precárias.

Estas habitações têm, em regra, uma elevada densidade populacional, morando, muitas

vezes, mais do que uma família por alojamento. Está em fase de estudo um projecto de

intervenção habitacional no bairro.

“… existe um problema grave que é a higiene! A partir daí vêm as doenças todas… eles

[crianças] não tomam banho, se tomam vestem a mesma roupa, dormem com os

irmãos, dormem com a roupa, dormem com os irmãos mais pequenos que fazem chi-chi

na cama e ficam com a roupa molhada, depois seca e vêm com aquele cheiro…” -

Zambujal

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O bairro CAR necessita de uma intervenção, de forma a dotá-lo de melhores condições

habitacionais e no seu espaço envolvente, proporcionando maior qualidade de vida aos

seus habitantes.

Quadro 24 – Bairros de génese ilegal, segundo o estado geral do bairro, 2004

S. Julião Tojal

Área de Génese Ilegal (m2)

Irrecuperável 139.200

Recuperação condicionada 128.650

Recuperável 414.172

Bairros de Génese Ilegal (n.º)

Irrecuperável 11

Recuperação condicionada 4

Recuperável 8

Fogos em Génese Ilegal (n.º)

Irrecuperável 240

Recuperação condicionada 172

Recuperável 722

DPAUGI/CML

É importante referir que estes dados não consideram o Bairro CAR, dado que se referem

apenas aos bairros de génese ilegal.

Na freguesia de S. Julião do Tojal existem 23 bairros nestas condições, sendo que oito

apresentam condições favoráveis de recuperação, onze estão em situação irrecuperável e

quatro dependem da revisão do PDM, actualmente em curso.

2.3 Infraestruturas básicas

Relativamente a infraestruturas básicas, como podemos verificar no quadro abaixo, são

poucos os alojamentos que não estão equipados com esse tipo de estruturas.

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48

0,4

2,9

1,1

0,3

2,0

1,3

0 0,5

1 1,5

2 2,5

3 3,5

S. Julião Tojal Média - Concelho

Gráfico 10 :Alojamentos sem infraestruturas básicas (%)

,

- 2001, INE

S/ electricidade S / água S/ esgotos

Podemos constatar que na freguesia de São Julião do Tojal os alojamentos sem

electricidade, é ligeiramente superior à média registada no concelho de Loures. O

número de alojamentos de residência habitual que não dispõem das infraestruturas

relacionadas com as ligações de água é também superior à média do concelho.

Para os casos em que se registem alojamentos sem estas infraestruturas, o responsável

pela autarquia em causa alega o facto de constituírem situações localizadas em bairros

clandestinos – muitas das vezes, as habitações dispõem de fossas –, ou de idosos que

habitem em casas antigas e que nunca efectuaram os respectivos pedidos de ligação

(facto também mencionado pelas assistentes sociais responsáveis pelas freguesias

aquando dos contactos mantidos).

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3. Conclusões

A maior preocupação das populações em relação à temática da Habitação prendia-se

com o facto da população jovem estar a deixar a freguesia em questão para residir

noutras localidades ou concelhos. Contudo, assistimos actualmente a um crescimento

urbano, que a curto prazo poderá revelar resultados positivos em relação a esta questão.

As justificações mais apontadas prendem-se com a restrição do Plano Director

Municipal quanto à construção na zona Norte do concelho de Loures, mas também com

os custos das novas habitações efectuadas nas diferentes localidades (pouca oferta de

habitação a custos controlados) e com as dificuldades de obtenção de empréstimos

bancários para construção de habitação.

Tais factores são apontados pelos entrevistados como potenciadores da tendência de

envelhecimento da população nestas áreas geográficas.

Existem habitações em adiantado estado de degradação, porém, a maioria, não

habitadas. O local em que o estado das habitações se revela mais preocupante é o Bairro

CAR (sendo o núcleo de barracas o local onde se verificam as condições habitacionais e

sociais mais alarmantes – os problemas em termos de higiene, apesar de se fazerem

sentir um pouco por todos os alojamentos, devido ao facto de serem ocupados por

muitas pessoas, são mais sentidos neste local).

A freguesia está, de uma maneira geral, abrangida pelas infraestruturas básicas – água,

electricidade e esgotos –, incluindo os locais de habitação mais precária. As situações de

falta de ligação destas infraestruturas encontram-se, maioritariamente, em locais cuja

construção seja de génese ilegal, ou em casos cujos moradores das habitações sejam

idosos que, por algum motivo não fizeram o pedido de ligação das mesmas.

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4. Recursos disponíveis e propostas de intervenção

A construção em curso na freguesia de S. Julião do Tojal - estão licenciados 200 fogos

ao nível da expansão urbana - beneficiará, especialmente, pessoas não oriundas destas

zonas (pessoas que pretendem uma maior qualidade de vida, nomeadamente, em termos

ambientais), em detrimento da população nascida nestas localidades. Tal deve-se, em

grande parte, aos motivos apresentados anteriormente.

Atendendo ao número de habitações desabitadas e em estado mais precário de

conservação (ou mesmo abandonadas), dever-se-á incentivar a reabilitação das mesmas,

através da criação de programas destinados a este efeito (IHRU-Proabita), levados a

cabo através de parcerias estabelecidas entre entidades bancárias (que teriam os imóveis

como garantia) e empresas de construção civil. Com esta medida, pretender-se-ia a

fixação da população jovem na freguesia de origem, a qual teria de ser acompanhada

com o reforço dos equipamentos e serviços de apoio já mencionados noutras secções

deste relatório, e, simultaneamente, uma renovação urbana, propagando uma melhor

imagem da freguesia em causa.

Por outro lado, tendo em atenção as características desta freguesia, que devem ser

preservadas ao seu limite, seria necessário que a revisão do PDM permitisse um

aumento das suas áreas de construção, limitados ao fecho dos perímetros urbanos

existentes.

Relativamente ao Bairro CAR, que apresenta condições de habitabilidade precárias, este

está, no momento, a ser alvo de análise profunda por parte das entidades responsáveis,

nomeadamente, Câmara Municipal de Loures, IHRU, e autarquia local, para que se

encontrem soluções concretas e que passará, obrigatoriamente, pela requalificação total

de todo aquele espaço urbano.

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PPaarr ttee II VV –– EEqquuiippaammeennttooss ee SSeerr vviiççooss PPúúbbll iiccooss

1. Introdução

Os equipamentos e serviços públicos (aqueles que ainda não haviam sido abordados)

existentes na freguesia foram alterados, nomeadamente através da abertura do novo

posto da GNR de S. Julião do Tojal, instalado na localidade do Zambujal.

2. Apresentação de dados

Considerámos para esta sessão equipamentos e serviços fundamentais para o dia-a-dia e

qualidade de vida da população da freguesia, nomeadamente: Segurança pública,

Transportes e acessibilidades, Saúde e Outros (englobando, por exemplo, os Bombeiros

Voluntários).

2.1 Segurança Pública

De uma maneira geral, esta é uma área que não apresenta actualmente problemas de

maior, sendo somente apontados alguns casos pontuais; este é também o sentimento das

pessoas quando questionadas sobre a ocorrência de problemas a este nível na freguesia

onde residem.

Estando a freguesia abrangida pelo posto da GNR de S. Julião do Tojal, inaugurado no

dia 04 de Abril do corrente ano, tentámos perceber quais os principais focos de

problemas – locais de incidência e tipos de ocorrências mais frequentes.

Na freguesia de S. Julião do Tojal os problemas mais notórios terão lugar no Bairro

CAR, incidindo, maioritariamente, nas camadas jovens (até aos 23 anos, mais ou menos

– jovens já nascidos em Portugal, embora filhos de pais imigrantes, particularmente, de

origem africana), e estão associados a furtos e roubos, como meio de vida. Também

aqui se verificam alguns problemas relacionados com drogas e álcool – atingindo

também habitantes mais velhos –, sendo o último um dos responsáveis pelos maiores

problemas das famílias residentes neste local (segundo os professores da EB 1 do

Zambujal, que conhecem muito bem aquela comunidade). As crianças e os jovens que

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passam muito tempo na rua, sem um acompanhamento adequado, estão muito

vulneráveis a enveredar pelos caminhos relacionados com o álcool e a droga.

Os moradores do bairro afirmam existir alguma mistura entre a população jovem do

bairro e a da vila do Zambujal, no que concerne a estes problemas, algo que não é

completamente confirmado pelo representante da força policial responsável pela área,

ao referir que não se tem verificado muito contacto entre ambas as partes e que a

população da vila aparenta um certo receio de alguns habitantes do bairro.

“O Zambujal tem um problema, não vale a pena estar a esconder, que é o bairro… o

bairro CAR!” – Zambujal

“… aqui no bairro, eu penso que o pior não é a droga, é o álcool!” – Zambujal

Este bairro é alvo de uma conotação bastante negativa em virtude dos problemas

assinalados (“tem má fama”), imagem que é transversal a toda a população residente,

algo que, segundo as forças de segurança e os entrevistados, não corresponde

completamente à verdade dos factos. Muitos dos habitantes do bairro são pessoas

honestas e trabalhadoras, que nunca se viram envolvidas em qualquer tipo de conflito,

mas são sempre conotadas negativamente em função dos problemas provocados (ou

parcialmente partilhados – por vezes, juntam-se no bairro jovens de outros bairros) por

alguns residentes.

“… é verdade que há um certo aproveitamento dessa fama (negativa)… existem alguns

comportamentos desviantes… mas isso não pode ser extrapolado a toda a

comunidade!” – Bairro CAR

“… há problemas, todos sabem disso, mas há sempre um certo empolamento… nós

reconhecemos que se diz mais do que efectivamente se passa… mas que há problemas

há!” – Bairro CAR

As situações de racismo que podem surgir têm de ser, de acordo com o representante da

GNR, bem analisadas, não podendo ser referidas de qualquer forma, e sem se

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compreenderem as posições tomadas pelos indivíduos residentes na comunidade de

acolhimento e pelos de origem estrangeira (imigrantes).

2.2 Transportes Públicos e Acessibilidades

No que concerne à rede de transportes públicos que está ao serviço da população da

freguesia em causa há, de uma forma geral, uma satisfação em relação à mesma, pese

embora alguns entrevistados tenham manifestado a necessidade de prolongar (reajustar)

alguns horários nocturnos e aos fins-de-semana. As acessibilidades constituem algumas

dificuldades para determinadas camadas da população da freguesia, tendo, por isso, sido

abordadas no período de realização das entrevistas.

Na freguesia de S. Julião do Tojal, o maior problema apontado pelos entrevistados

prende-se com o facto de existirem Bairros que não estão abrangidos pela rede de

transportes públicos, nomeadamente, o Bairro do Olival Queimado. Tal facto verifica-se

em virtude da reduzida rentabilidade que o serviço realizado nestas zonas teria para a

empresa de transportes responsável. Desta forma, os moradores daqueles bairros têm de

se deslocar a pé até à paragem de autocarros mais próxima ou esperar que algum

familiar ou vizinho faça o seu transporte. No caso de idosos que sejam utentes da ARPI

de S. Julião do Tojal, esta instituição assegura o seu transporte. Os entrevistados

referiram, ainda, a existência de algumas estradas não alcatroadas na freguesia,

nomeadamente nos bairros de génese ilegal, cujo processo de recuperação está

condicionado ou até afastado.

“Lá para baixo é a falta de transportes (…) os transportes ali fazem muita falta, só vão

até ali ao Tazim (…) as pessoas não podem fazer isto a pé!” – Olival Queimado (S.

Julião do Tojal)

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2.3 Saúde

Na área da Saúde, e especificamente no que concerne ao equipamento de saúde que

abrange a população da freguesia, foram identificados alguns constrangimentos que

impossibilitam a satisfação daquela face ao equipamento em questão.

Desde logo, os entrevistados manifestaram o seu descontentamento relativamente ao

funcionamento da Extensão de Saúde de Sto. Antão do Tojal, quer em termos de

atendimento quer em termos de condições da estrutura física do próprio equipamento. A

funcionar numa casa de habitação adaptada a Centro de Saúde, apresenta algumas

lacunas em termos de condições para atendimento dos utentes e para o desempenho das

funções dos profissionais que nele trabalham. O equipamento não apresenta,

nomeadamente, salas de espera adequadas aos utentes, ficando estes, não raras vezes, na

rua a aguardar a sua vez, e não dispõe de elevadores para o 1.º andar do edifício, para

transporte de doentes em cadeiras de rodas, onde são realizadas muitas das consultas a

idosos. Por outro lado, existe uma aparente falta de médicos para o atendimento dos

cerca de onze mil utentes (actuais) daquele serviço de saúde, encontrando-se, por isso,

sobrecarregados aqueles que prestam atendimento no local; o tempo de espera para

obter consulta sofre, assim, um acréscimo.

Já em 2001, existiam seis médicos de família nesta Extensão de Saúde, com cerca de

1600 doentes cada um (o número de médicos recomendado por lei é de 1500 inscritos,

verificando-se, por isso, uma sobrecarga dos mesmos), sendo que estavam ainda 811

utentes inscritos sem médico de família. Neste momento são 7 médicos, sendo que uma

das médicas reparte a sua actividade com a Extensão de Lousa. Em Março do corrente

ano estavam apenas 91 utentes sem médico de família (um dos mais baixos de todo o

Centro de Saúde). Acresce a este número 6 utentes que, inscritos, optaram por sua

própria iniciativa não terem inscrição em médico.

Quadro 25 – Extensão de Saúde de Sto. Antão do Tojal, 2007

N.º médicos família /

extensão saúde

N.º inscritos por

médico família

N.º inscritos por

extensão saúde

N.º inscritos sem

médico família Sto. Antão Tojal 7 1593,5 10372 91

INE, 2001

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É importante referir que em Março de 2007 estavam inscritos na extensão do Tojal,

residentes na freguesia de São Julião do Tojal, 3862 utentes. Este número, só por si, é

revelador do forte crescimento demográfico da freguesia.

Em função das dificuldades de atendimento nesta Extensão de Saúde, muitas pessoas

são “obrigadas” a recorrer a médicos particulares ou, em caso de urgência, ao CATUS

(que, segundo os entrevistados, não dá resposta conveniente aos utentes, prestando um

serviço demasiado rápido, sem o tempo necessário para observação dos doentes). A

transição deste serviço para Sto. António dos Cavaleiros é vista por muitos dos

entrevistados como mais um problema, este relacionado com as dificuldades de

deslocação àquele equipamento, nomeadamente, para as pessoas que não dispõem de

transporte próprio.

2.4 Outros equipamentos e serviços

Esta secção foi reservada a outros equipamentos e serviços não abordados

anteriormente, mas que foram referidos pelos entrevistados como merecendo alguma

atenção.

É o caso dos Bombeiros Voluntários que servem a freguesia, Bombeiros Voluntários do

Zambujal. Prestando um serviço diário essencial às populações da freguesia, e

particularmente, aos mais idosos, na sua deslocação ao médico/tratamentos vários, estes

apresentam, como noutras instituições do género espalhadas um pouco por todo o país,

falta de recursos humanos. A adesão dos mais jovens a estas actividades de voluntariado

tem vindo a diminuir ao longo dos últimos anos.

As necessidades dos Bombeiros Voluntários do Zambujal situam-se maioritariamente

ao nível dos meios humanos, uma vez que as suas instalações foram alvo de intervenção

recente, dotando-as de melhores condições físicas e para a formação dos próprios

recursos humanos.

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“Hoje, o problema desta casa diz respeito à massa humana (…) temos criado alguns

incentivos (…) a adesão não é assim tão forte quanto isso!” – Zambujal

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3. Conclusões

Através das informações recolhidas junto da população entrevistada e das forças de

autoridade com actuação na freguesia, podemos concluir que os níveis de segurança

pública ao nível desta área geográfica é bastante satisfatória. Anteriormente existiam

determinados casos pontuais causadores de maior instabilidade, mas com a abertura do

novo posto da GNR actualmente não se encontram focos de permanente insegurança.

Os casos mais problemáticos apontados pelos entrevistados estão, segundo as

autoridades, identificados, tendo sido efectuadas acções de intervenção que se

traduziram numa menor incidência actual desses casos (geralmente, relacionados com

ocorrências de roubos e furtos).

O local que, pelas características da sua população residente e da sua forma de conviver

em comunidade, representa uma maior instabilidade será o Bairro CAR. Pelos

problemas já identificados que afectam sobretudo as camadas mais jovens daquela

população (referidos anteriormente) e pela “imagem” negativa, relativamente ao bairro

e aos seus habitantes, que parece impor-se, este é apontado como o território mais

complicado em termos de segurança pública da freguesia em questão.

Em termos de transportes públicos e acessibilidades, em algumas localidades da

freguesia de S. Julião do Tojal verifica-se a necessidade de existência de transportes

públicos no interior das mesmas, uma vez que as habitações distam cerca de 500 metros

(ou até mais) das paragens de autocarros, reflectindo-se tal problema, sobretudo, na

população idosa, mas também ao nível da restante população.

Apesar da satisfação geral relativamente aos transportes públicos, são sempre referidos

aspectos que têm a ver com a necessidade de reajustamento de determinados horários

das carreiras, ou com a necessidade do seu número ser aumentado aos fins-de-semana e

à noite.

No que concerne a acessibilidades, foram apontados alguns problemas que interferem

directamente com a qualidade de vida das populações, nomeadamente, no que se refere

ao tempo que passam em filas de trânsito na ida para os empregos e no regresso a casa

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(designadamente, na estrada nacional 115, em horas de ponta). Será, portanto, a criação

de estruturas alternativas a esta situação como forma de descongestionamento do

tráfego pela autarquia local responsável dessa área geográfica.

A área da saúde assume determinados constrangimentos nesta freguesia que é, de algum

modo, transversal às restantes localidades do país.

A incapacidade, em termos de infraestruturas e de meios humanos, para dar resposta às

solicitações dos utentes da Extensão de Saúde que abrange esta freguesia, situada em

Sto. Antão do Tojal, tem gerado uma insatisfação generalizada nos utentes deste

equipamento. Neste sentido, reconhece-se a necessidade urgente de intervenção por

parte das entidades competentes nesta área, como forma de minorar a actual situação,

que tenderá a piorar em função do acréscimo de população previsto para os próximos

anos.

A incapacidade de respostas adequadas às necessidades dos doentes desta freguesia

estende-se também à distância da extensão de Centro de Saúde de Stº António dos

Cavaleiros. A possível realização de rastreios periódicos à população idosa prevê

diminuir, prevenindo, algumas destas necessidades.

Os Bombeiros Voluntários da freguesia de S. Julião do Tojal foram igualmente

abordados neste processo de diagnóstico, sendo-lhes constatada a necessidade de

recrutamento de meios humanos para fazer face às solicitações da população.

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4. Recursos disponíveis e propostas de intervenção

Atendendo à especificidade dos problemas suscitados na área da Segurança Pública, ao

nível da freguesia, parece-nos importante a actual localização do posto da GNR no

centro da vila do Zambujal, que veio restabelecer os níveis de segurança da população.

As situações mais complexas verificam-se com alguma frequência no Bairro CAR,

aparentemente o local de maior instabilidade da freguesia. Este local deveria ser alvo de

uma intervenção integrada, abrangendo, para além da área da segurança, as outras que

foram sendo apontadas ao longo deste relatório como constituindo áreas problemáticas:

famílias carenciadas, crianças e jovens sem acompanhamento diário, droga e

alcoolismo, entre outras. Neste sentido, parece-nos importante a união de esforços

locais, mas também de entidades externas, por forma a criar condições de integração

desta população (sobretudo, no caso dos jovens que não trabalham nem estudam) na

comunidade envolvente, nomeadamente, no mercado de trabalho, impedindo que

enveredem por vias causadoras de problemas. Neste sentido, a parceria com o Programa

Escolhas tem como objectivo geral criar situações que ajudem a solucionar os graves

problemas de insucesso escolar de crianças e jovens, conflitos relacionais, condutas de

risco, desemprego, falta de acompanhamento familiar e locais de ocupação de tempos

livres.

Ao nível das lacunas em termos de transportes públicos, dever-se-á restabelecer os

contactos já mantidos (pela Junta de Freguesia e município) com a empresa Rodoviária

de Lisboa, de forma a encontrarem-se soluções para assegurar o transporte no interior

das localidades não abrangidas pela rede pública.

As propostas a apresentar poderão passar pela utilização de autocarros mais pequenos –

à semelhança do transporte inter-aldeias utilizado em algumas localidades da freguesia

de Bucelas – percorrendo as localidades a determinadas horas do dia. Ou, poder-se-ia

também equacionar a criação de linhas ou redes de transportes urbanos municipais (com

utilização de pequenos autocarros), podendo abranger, igualmente, outras freguesias que

registem problemas de deslocação específicos (por exemplo, alguns bairros de S. Julião

do Tojal), funcionando em parceria com empresas de transportes públicos da região. Tal

transporte deveria ter uma paragem junto à Extensão de Saúde, facilitando, deste modo,

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a deslocação dos seus utentes, nomeadamente, dos idosos com mais dificuldades de

acesso ao equipamento.

No que se refere aos constrangimentos detectados na área da saúde, e especificamente,

na Extensão do Centro de Saúde em Sto. Antão do Tojal, aqueles dizem respeito não

apenas à insuficiência de médicos para responder às solicitações do actual número de

utentes, mas também às carências em termos de estruturas físicas do próprio

equipamento (não esquecendo a previsão de crescimento populacional para os próximos

anos).

Ainda nesta área há a salientar os serviços de saúde prestados, periodicamente, à

população da freguesia de S. Julião do Tojal, vigiando, particularmente, os níveis de

colesterol, diabetes e tensão arterial, beneficiando (e alertando para possíveis

problemas), sobretudo, a população mais idosa, na Associação de Reformados,

Pensionistas e Idosos de São Julião do Tojal.

Em relação às necessidades sentidas pelos Bombeiros Voluntários, especificamente, ao

nível de recursos humanos, será, provavelmente, necessário equacionar possibilidades

de realização de acções de sensibilização para o trabalho voluntário neste tipo de

instituições, as quais deverão incidir fundamentalmente, nas camadas mais jovens

(despertando-os para o espírito do voluntariado).

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CCoonncclluussõõeess GGeerr aaiiss

Terminada a reflexão em torno das problemáticas consideradas mais pertinentes ao

longo da anterior fase do processo do Diagnóstico Social na freguesia de S. Julião do

Tojal e, após a identificação dos principais factores conducentes a situações de

exclusão, a reformulação do Diagnóstico referente a 2005, impõe a apresentação do

trabalho desenvolvido entre esse período e a actualidade, após a consequente

priorização das problemáticas que foram alvo de intervenção.

É, assim, importante apresentar os resultados obtidos até ao presente momento,

consequentes da transformação da realidade em que existimos, e intervimos.

Sobressaíram determinadas evidências que demonstram a evolução efectuada, no

sentido de dar resposta a algumas necessidades colocadas pela população.

Nomeadamente, ao nível da educação, ou seja, actualmente existem refeitórios em todos

os estabelecimentos de ensino da freguesia (globalmente o aumento de refeições passou

de 50 para 133 e para 235 no ano lectivo 2006/2007). A construção efectuada na EB1 de

São Julião do Tojal permitiu também o inicio do ATL.

Assim, actualmente estão também a funcionar, em todos os estabelecimentos de ensino

da freguesia ATL´s. O serviço de prolongamento de horário no JI é assegurado às

famílias que o pretendam, desde o ano lectivo 2005/2006, na escola EB1 de São Julião

do Tojal e no JI do Zambujal desde o ano lectivo 2006/2007, passando a totalidade de

vagas de 100 para 125 (passou de 4 para 5 salas). De facto, o serviço de apoio à família,

assegurado pela Câmara Municipal de Loures, permitiu dar resposta a um conjunto de

necessidades vivenciadas anteriormente pela população.

Relativamente à segurança pública na freguesia, constatamos também uma evolução,

traduzida através da abertura do novo posto da GNR de S. Julião do Tojal, instalado na

localidade do Zambujal. Podemos concluir que os níveis de segurança são actualmente

satisfatórios. Anteriormente existiam determinados casos pontuais causadores de maior

instabilidade, mas com a abertura do novo posto da GNR estes foram extintos.

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Pelo facto de estarmos perante problemas relativos a áreas sociais distintas, atingindo

grupos etários e populações igualmente distintos, foi tomada a decisão de

hierarquização das problemáticas num processo revestido de bastante complexidade.

Neste sentido, a decisão foi tomada com a máxima colaboração dos parceiros desta

Comissão Social de Freguesia, tentando-se, desta forma, que as opções de intervenção a

tomar sejam tão participadas quanto possível, em função de um objectivo comum –

Desenvolvimento Social Local .

Sabendo, à partida, que a resolução de determinados problemas detectados depende,

fundamentalmente, de órgãos e instituições do poder central, e da iniciativa local, deve

esta Comissão ter também a função de estimular a participação dos vários parceiros

sociais na identificação, reflexão e procura de soluções integradas e partilhadas dos

problemas (alertando para os constrangimentos e necessidades mais prementes e para as

populações afectadas) junto de tais entidades competentes.

É assim necessário continuar a desenvolver a colaboração dos parceiros locais e

parceiros sociais, de forma a concertar esforços e procurar respostas em função dos seus

recursos e potencialidades – Atendimento Integrado, conducentes ao desenvolvimento

da Freguesia.

Ainda que alguns dos problemas assinalados no diagnóstico anterior tenham sido alvo

de uma intervenção concertada, com transformações concretas na qualidade de vida da

população, consideramos que outros problemas estão hoje na agenda desta Comissão

Social de Freguesia, reflexo do trabalho actualmente em desenvolvimento. Desta forma,

apesar de alguns dos problemas registados não configurarem, para já, situações com

contornos extremamente preocupantes, será preciso equacionar tais realidades nos

próximos anos, isto é, a curto e médio prazos. Neste sentido, deverão ser considerados,

entre outros aspectos, a tendência de envelhecimento das populações, a diminuta

fixação das camadas jovens versus a evolução sócio-económica da freguesia, a taxa de

desemprego e a actual (reduzida) oferta de serviços disponibilizados nas várias

localidades, assim como a aparente incapacidade das famílias para colmatar alguns dos

constrangimentos detectados.

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MMaaiiss qquuee rreessuull ttaaddooss vviissíívveeiiss aa ccuurrttoo pprraazzoo ((ttaammbbéémm iimmppoorrttaanntteess)),, oo ttrraabbaallhhoo aa

ddeesseennvvoollvveerr ddeevveerráá vviissaarr mmuuddaannççaass ccoonnccrr eettaass nnaa vviiddaa ddee ccaaddaa cciiddaaddããoo aacctt iivvoo,, ppaarraa

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““ SSee qquuiisseerreess uumm aannoo ddee pprroossppeerr iiddaaddee,, sseemmeeiiaa cceerreeaaiiss.. SSee qquuiisseerreess ddeezz aannooss

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PPrroovvéérrbbiioo cchhiinnêêss:: GGuuaannzzii ((664455 aa.. CC..))

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BBiibbll iiooggrr aaff iiaa

� CDSSS/Serviço de Acção Social de Loures

� CML (2005), Carta Educativa e de Reordenamento da Rede Educativa do Concelho

de Loures

� CML (2006), Carta Educativa e de Reordenamento da Rede Educativa do Concelho

de Loures

� CML/Departamento de Desenvolvimento Sócio-Económico (Maio, 2001), Estudo

Sócio-Económico do Concelho de Loures

� CML (Dezembro, 1997), Carta de Equipamentos para Idosos

� CML/Observatório de Segurança de Loures (Dezembro, 2002), Vitimação e

Segurança no Concelho de Loures

� CML (2005), Roteiloures – Roteiro e Guia Comercial, Industrial e Turístico do

Concelho de Loures

� DEJ/AGRE – Divisão de Educação e Juventude / Área de Gestão Escolar, Câmara

Municipal de Loures

� DIG – Divisão de Informação Georeferenciada, Câmara Municipal de Loures

� DPPM – Direcção de Projecto do Plano Director Municipal, Câmara Municipal de

Loures

� GUERRA, Isabel (2000), Fundamentos e Processos de uma Sociologia de Acção –

O Planeamento em Ciências Sociais, Cascais: Principia

� IEFP – Instituto do Emprego e Formação Profissional (Junho, 2005),

Desempregados inscritos no concelho de Loures

� Instituto Nacional de Estatística, Censos 1991, 2001

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GGlloossssáárr iioo

AATTLL ––Actividades De Tempos Livres

AACCIIDDII –– Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural

EB1 – Escola Básica do 1º Ciclo

EB 2,3 – Escola Básica do 2º e 3º Ciclos

IIHHRRUU – Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana

JJII – Jardim de Infância

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