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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL INSTITUTO SUPERIOR DE AGRONOMIA “PLANO DE ACÇÃO PARA A VITICULTURA PARA A VITICULTURA BAIRRADINA” RELATÓRIO FINAL Por: Rogério de Castro Amândio Cruz Manuel Moreira Dezembro 2005

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

INSTITUTO SUPERIOR DE AGRONOMIA

“PLANO DE ACÇÃO PARA A VITICULTURA PARA A VITICULTURA BAIRRADINA”

RELATÓRIO FINAL

Por: Rogério de Castro Amândio Cruz Manuel Moreira

Dezembro 2005

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

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INTRODUÇÃO Ao honroso convite que nos foi dirigido pela CVB para colaborarmos com a Região da

Bairrada reagimos com a maior boa vontade e empenho. Após profícuas reuniões com este

organismo e a DRABL entendeu-se que seria fundamental desenvolver certo trabalho

experimental em locais diversos e agentes económicos de diferentes características. Assim, a

componente formação poderia ser mais pragmática e apoiada nos próprios campos que

designaríamos como “observatórios”. Desde logo sentimos, como aliás já havia acontecido

em anteriores intervenções na Região, que a Baga constituía uma das questões centrais da

Região quer pela positiva quer pela negativa. Nos trabalhos desenvolvidos foi de facto a casta

alvo nas nossas abordagens, trabalhando-se também com Touriga Nacional e Fernão Pires

(foram ainda feitas tentativas, goradas, com as castas Syrah e Merlot que agronomicamente

vêm dando sinais muito interessantes na Região). Este relatório integra resultados de análises

laboratoriais e de microvinificações realizadas na EVB sob direcção do Engº José

Carvalheira, assim como das análises foliares (Engª Anabela Andrade). Na caracterização

sanitária das uvas e no fornecimento de dados meteorológicos tivemos apoio da Divisão de

Protecção das Plantas/DRABL (Engas Isabel Magalhães, Madalena Neves e Dolores Dias).

CAMPOS EXPERIMENTAIS (“OBSERVATÓRIOS”) INSTALADOS

Neste “Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina” foram instalados e acompanhados

durante os anos de 2004 e 2005 vários campos (“observatórios”) experimentais regionais. O

número de campos com a casta Baga foi predominante, tendo também sido implementados

campos na casta Fernão Pires (Maria Gomes) e Touriga Nacional. Para além de alternativas

de condução, foram também objecto de estudo deste Plano de Acção as intervenções em verde

(orientação da vegetação, desfolha e monda de cachos) e alternativas de manutenção do solo

(mobilização tradicional vs enrelvamento natural). Os campos instalados foram seleccionados

em visitas conjuntas da equipa do ISA, CVB e EVB (Engos Adriano Aires e César Almeida) e

ainda de algumas Cooperativas (Cantanhede, Mealhada, …) e são os seguintes:

Campos com alteração na forma de condução:

- Messias – Baga

- Messias – Touriga Nacional

- Campolargo – Baga

- Bageiras – Baga

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

3

- Luís Pato – Baga

A alternativa introduzida foi o sistema de condução tridimensional LYS (figura 1) criado em

Portugal, há mais de 20 anos, em comparação com o sistema tradicional. Para a introdução

deste sistema nos trabalhos experimentais foi necessária a adaptação da aramação, que se

apresenta na figura 2. A opção por esta forma de condução deve-se ao facto de estarmos

convictos que para uma região como a Bairrada, com frequente humidade atmosférica elevada

à vindima e para castas de porte retombante (casos da Baga e Touriga Nacional), este sistema

de condução com provas dadas ao nível de rendimento e qualidade já em vários países e

diferentes regiões, poderá ajudar a resolver parte dos problemas sanitários que frequentemente

assolam a região nesta época.

Figura 1.1 – Forma tridimensional do LYS em corte transversal, segundo Castro et al. (1995).

Figura 1.2 – Representação esquemática do sistema de condução LYS (In: Carbonneau et Cargnello, 2003. Architectures de la vigne et systèmes de conduite. Editions La Vigne, Dunod)

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

4

2º par fixo (185 cm altura)

25 cm 2ª posição móvel (160 cm altura) 20 cm 20 cm 1ª posição móvel (140 cm altura) 2º arame de formação (120 cm altura) 25 cm 2,5 m 1º arame de formação (95 cm altura) 95 cm sup. do solo 60cm

Figura 2 – Representação esquemática da aramação para o sistema de condução alternativo: LYS.

Campos com alternativas de intervenções em verde:

- Aliança – Baga

- Sogrape – Fernão Pires

- Adega Cooperativa de Cantanhede – Baga (2005)

Campos com alternativas de manutenção do solo:

- Luís Pato – Baga

- Sogrape – Fernão Pires

Ficaram também inicialmente definidas as tarefas e sua distribuição ao longo dos dois anos do

Plano de Acção pelos diferentes organismos envolvidos e que se apresentam de seguida.

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

5

Tabela 1 – distribuição de tarefas pelos vários organismos envolvidos (ISA, DRABL e CVB) no Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina.

DRABL

Tarefas Equipa Consultoria/ISA Est. Vitiv. da

BairradaEstação de

Avisos Comissão Vitivinícola

da Bairrada Agentes/ViticultoresCampos

experimentais/observatórios (propostas e selecção)

X (a) X (b) _ X (b) _

Delineamento dos campos X _ _ _ _Alterações dos "sistemas" e

respectivas "operações X _ _ _ X (c) Nutrição vegetal/análises de

terras e folhas - aconselhamento

_ X _ _ X (c)

Fitossanidade (monitorização) _ _ X _ X (c) Evolução da

maturação/colheita de bagos X _ _ _ _Microvinificações/análises

laboratoriais (bagos, mosto e vinhos)

_ X (d) _ _ X (c)

Equipamento ecofisiológico X (ii) X (i) _ _ _

Ecofisiologia - monitorização X _ _ _ _

Formação/Cursos (2) X X (iii) _ X (iii) _

(a) - Selecção(b) - Propostas e selecção(c) - Com apoio dos Agentes/Viticultores nas respectivas tarefas(d) - A EVB procederá a 14 microvinificações, análise corrente de bagos (evolução da maturação - 7 campos x 2 rep. x 2 modal. = 28 - cerca de 4 datas a definir), incluindo análise de antocianas e fenóis totais (na proximidade da vindima). As análises de antocianas serão efectuadas também "sobre a hora" para bem definir a data de vindima.Caso não seja possível estes bagos serão congelados e analisados posteriormente.

(i) - IRGA e câmara de pressão(ii) - outros equipamentos não incluídos em (i)(iii) - apoio logístico

APRESENTAÇÃO DOS PRINCIPAIS RESULTADOS

Em termos climáticos os anos de 2004 e 2005 foram na região, e no país em geral, bastante

atípicos. Foram anos que em termos hídricos se verificou uma reduzida precipitação não

tendo sido sequer repostas as reservas de água no solo durante o Inverno (figura 3.A). Esta

escassez de água associada a temperaturas elevadas, pontualmente extremas, no período

estival, conduziram a níveis de stress hídrico extremamente severos, sobretudo em 2005, com

graves consequências a nível fisiológico como veremos à frente, e que se traduziram numa

“queima” exagerada da folhagem (figura 3.B)

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

6

CLIMATOGRAMA - VILARINHO DO BAIRRO - 2003-2005

0

10

20

30

40

50

60

70

Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set

Tem

pera

tura

(ºC

)

0

40

80

120

160

200

Prec

ipita

ção

(mm

)

P (mm) 1967-96 P (mm) 2003, 2004, 2005 T (ºC) 1967-96 T (ºC) 2003, 2004, 2005

2003 20052004

Figura 3.A – Climatograma da região da Bairrada (Vilarinho do Bairro) nos anos de 2003, 2004 e 2005.

Figura 3.B – Aspecto da consequência do forte stress hídrico. Caves Messias, casta Touriga Nacional, 2005.

RESULTADOS DOS CAMPOS EXPERIMENTAIS

CAVES ALIANÇA 2004

O campo experimental foi instalado tendo em vista a comparação da orientação da vegetação

tradicional em comparação com um sistema Alternativo. Para tal introduziu-se um esquema

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

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de aramação alternativo como se pode observar na figura 4. Além deste factor em estudo

introduziram-se alternativas de monda diferenciada.

2º par fixo (170 cm altura)

25 cm 3ª posição móvel (145 cm altura) 25 cm 2ª posição móvel (120 cm altura) ≈ 1,70 M 25 cm 1ª posição móvel (95 cm altura) 25 cm arame de formação (70 cm altura) 70 cm sup. do solo 60cm

Figura 4 – Esquema de aramação alternativo, Caves Aliança, casta Baga.

O delineamento experimental é do tipo “split-plot” com duas repetições (figura 5).

ESQUEMA GERAL DO DELINEAMENTO DO ENSAIO-Caves ALIANÇA (casta Baga)

M 1 M 0

M 1 M 0

M 1 M 0 Sistema Alternativo

M 1 M 0 ( 4 linhas) REP I

Sistema Tradicional( 4 linhas)

M 0 M 1 M 0 M 1 M 0 M 1 Sistema Alternativo

M 0 M 1 ( 4 linhas) REP II

Sistema Tradicional( 4 linhas)

M 0 - Sem mondaM 1 - Com monda Figura 5 – Esquema do delineamento experimental, Caves Aliança, casta Baga.

Na figura 6 apresentam-se os dados relativos à estrutura do coberto vegetal no ano de 2004,

no que concerne ao número de camadas de folhas. Podemos constatar que em nenhuma das

modalidades se observam valores indicativos de cobertos vegetais demasiado densos, no

entanto a modalidade tradicional apresenta valores tendencialmente mais baixos em virtude da

desfolha e desneta efectuadas pela empresa.

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

8

Número de Camadas de Folhas - Caves Aliança - Baga

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5N

CF

(nív

el d

os c

acho

s)

Alternativa-com monda Alternativa-sem monda Tradicional

6 Julho 04 31 Agosto 04

Figura 6 – Efeito das alternativas de orientação da vegetação sobre o número de camadas de folhas.

O número de camadas de folhas reflectiu-se na quantidade de radiação PAR (radiação

fotossinteticamente activa) interceptada pelo coberto vegetal. Na figura 7 podemos constatar

que a meio da maturação (31 de Agosto de 2004), em nenhuma das modalidades introduzidas

se observam condições de luminosidade conducentes à senescência antecipada de folhas

(comportando-se como parasitas), visto os valores de radiação interceptada serem sempre

superiores ao ponto de compensação para a luz (~ 35-80 µmol.m-2.s-1).

PAR/nível dos cachos - Caves Aliança - Baga

0

100

200

300

400

500

MANHÃ MEIO-DIA TARDE

PAR

( µm

ol.m

-2.s

-1)

ALT/COM MONDA ALT/SEM MONDA TRADICIONAL

Figura 7 – Efeito das alternativas de orientação da vegetação na radiação interceptada no interior do coberto vegetal à meia maturação.

O sistema alternativo conduziu no entanto a uma palissada mais alta devido aos arames

pareados móveis e como consequência a sua Superfície Foliar Exposta foi superior.

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

9

FOTOSSÍNTESE - ALIANÇA - Baga

0,0

3,0

6,0

9,0

12,0

15,0

18,0

10 H 14 H 18 H 10 H 14 H 18 H 18 H 10 H 14 H 18 H

PAR

(mm

ol.m

-2.s

-1)

0

500

1000

1500

2000

2500Fo

toss

ínte

se ( µ

mol

.m-2

.s-1

)

PAR fotossíntese-ALTERNATIVA fotossíntese-TRADICIONAL

14 Jun 04 17 Set 0431 Ago 0426 Jul 04

Figura 8 – Efeito das alternativas de orientação da vegetação na evolução sazonal e diurna da taxa fotossintética.

Na figura 8, constata-se que em termos fotossintéticos não se encontram diferenças entre as

alternativas existentes no campo experimental, e que a casta Baga apresentou neste ano

(2004) uma actividade fisiológica elevada ao longo de todo o ciclo vegetativo, mesmo quando

a temperatura das folhas atingiu valores que na bibliografia são considerados excessivos e

conducentes à anulação da actividade fotossintética (figura 9).

TRANSPIRAÇÃO x Tfolha - ALIANÇA - Baga

0

3

6

9

10 H 14 H 18 H 10 H 14 H 18 H 18 H 10 H 14 H 18 H

Tfo

lha (

ºC)

0

9

18

27

36

45

Tra

nspi

raçã

o (m

mol

.m-2.s

-1)

Tfolha-ALTERNATIVA Tfolha-TRADICIONALtranspiração-ALTERNATIVA transpiração-TRADICIONAL

17 Set 0431 Ago 0426 Jul 0414 Jun 04

Figura 9 – Efeito das alternativas de orientação da vegetação na evolução sazonal e diurna da taxa transpiratória e da temperatura da folha.

Estes factos devem-se em parte a alguma disponibilidade hídrica do solo no período estival,

que se reflectiu nos valores dos potenciais hídricos foliares de base, que neste ano não

atingiram valores considerados de stress hídrico forte (figura 10). As chuvas ocorridas no mês

de Agosto elevaram o “potencial de base” (Ψf), afastando-o dos valores óptimos durante a

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maturação para a obtenção de vinhos de qualidade (- 0,4 a – 0,6 MPa) e tiveram como

consequência a ocorrência de podridão cinzenta dos cachos (Botrytis cinerea L.) (figura 13).

POTENCIAL HÍDRICO FOLIAR DE BASE - CAVES ALIANÇA - Baga

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

14-Jun-04 27-Jul-04 1-Set-04

Ψf b

ase

(MPa

)

ALTERNATIVA TRADICIONAL

Figura 10 – Efeito das alternativas de orientação da vegetação na evolução sazonal do potencial hídrico foliar de base.

A partir da meia maturação foram efectuadas colheitas semanais de bagos para controlo da

evolução da maturação (figura 11). Observa-se que ao longo da maturação não se verificam

diferenças significativas entre as modalidades em estudo e que apenas à vindima estas

diferenças se acentuaram. O facto mais relevante tem a ver com o brusco aumento do teor

alcoólico provável (TAP) de 21 de Setembro para a data da vindima (28 de Setembro), que

pensamos dever-se às elevadas temperaturas registadas neste mês e à ocorrência de

sobrematuração.

Caves Aliança - Baga

0

4

8

12

16

20

24-08-2004 31-08-2004 07-09-2004 14-09-2004 21-09-2004 à vindima(28/9/04)

Teor

alc

. pro

váve

l (%

v/v

)

Alternativa- não monda Alternativa-monda Tradicional

Figura 11 – Evolução da maturação em 2004.

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

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Qualquer das alternativas apresentou valores de TAP exagerados, tendo o sistema tradicional

apresentado o maior valor (figura 12). É óbvio que em termos enológicos esta situação é de

todo indesejada. Este baixo rendimento deveu-se a uma segunda monda efectuada após as

chuvadas de Agosto e início de Setembro, na qual foram retirados os cachos com podridão,

razão pela qual em termos percentuais a modalidade Tradicional apresentou menores taxas de

Botrytis (figura 13).

RENDIMENTO x QUALIDADE - C. ALIANÇA - Baga

2,9

4,13,0

19,6

15,2

17,3

0,0

4,0

8,0

12,0

16,0

20,0

ALTERNATIVA-COM MONDA ALTERNATIVA-SEM MONDA TRADICIONAL

Teo

r al

c. p

rová

vel (

% v

/v)

0,0

3,0

6,0

9,0

12,0

15,0

RE

ND

IME

NT

O (t

/ha)

REND TAP Figura 12 – Rendimento e teor alcoólico provável à vindima de 2004.

Caves Aliança - Baga - 2004

59,5

30,5

44,5

18

0

20

40

60

80

100

Alternativa Tradicional

Int.

Podr

idão

cin

zent

a (%

)

Rep IRep II

Figura 13 – Taxa de podridão cinzenta dos cachos à vindima de 2004.

ALIANÇA 2005

Durante a evolução da maturação de 2005 (figura 14) verificou-se que a alternativa não

mondada (M0) apresenta de uma maneira geral menor TAP (mas há que ressalvar que a

diferença foi muito pequena), principalmente devido à sua produção que foi próximo do

dobro das outras duas alternativas (figura 15 e 16). No entanto, em qualquer dos casos o TAP

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

12

à vindima foi relativamente baixo, reflexo do forte stress hídrico que nesta campanha se fez

sentir (por toda a região).

ALIANÇA

0

4

8

12

16

20

1-Set-05 7-Set-05 14-Set-05 21-Set-05 28-Set-05

Teo

r al

c. p

rová

vel (

% v

/v)

ALTERNATIVO M0 ALTERNATIVO M1 TRADICIONAL

Figura 14 – Evolução da maturação em 2005.

RENDIMENTO x QUALIDADE - ALIANÇA- 2005

12,9

6,7 6,4

0,0

4,0

8,0

12,0

16,0

20,0

Alternativo M0 Alternativo M1 T radicional

Teo

r al

c. p

rová

vel (

% v

/v)

0,0

4,0

8,0

12,0

16,0

20,0

RE

ND

IME

NT

O (t

/ha)

Rendimento TAP

Figura 15 – Rendimento e teor alcoólico provável à vindima de 2005.

0

3

6

9

12

15

ALT - M1 ALT - M0 TRAD - M1

Teor

Álc

ool (

% v

/v)

Aci

dez

Tota

l (g

ac.T

art./

l)

0

10

20

30

40

50

60

Índi

ce d

e Po

lifen

óis

Tota

is

Alcool Ac. Total IPT

Figura 16 – Caracterização dos vinhos de 2005 (a modalidade “Tradicional” foi toda mondada).

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

13

O ano anormalmente seco teve ainda como reflexo uma baixa intensidade de ataque de

podridão cinzenta dos cachos em quaisquer das modalidades, se bem que as duas modalidades

(com e sem monda) alternativas tenham apresentado tendencialmente valores médios mais

reduzidos, provavelmente virtude de uma palissada mais bem estruturada (figura 17).

Intensidade de podridão cinzenta (%) - ALIANÇA - 2005

0123456789

ALT Monda ALT Sem Monda TRAD

Inte

nsid

ade

de p

odrid

ão c

inze

nta

(%)

Figura 17 – Taxa de podridão cinzenta dos cachos à vindima de 2005.

Em termos globais poderemos dizer que no caso presente há “componentes” com maior peso

que os factores de variação introduzidos. Os materiais biológicos devem ser questionados, em

termos de rigor de estudo. Outras castas no mesmo local revelaram melhor comportamento.

Quer a monda quer as alternativas de gestão da vegetação neste caso não foram relevantes.

Porém estas questões poderão ser relevantes nesta região na casta Baga. Os mesmos estudos

devem ser feitos partindo de materiais biológicos “mais seguros” (identidade genética e

estado sanitário das plantas).

CAVES MESSIAS

Casta BAGA 2004

Neste campo fez-se a introdução do sistema de condução alternativo LYS. O delineamento foi

do tipo blocos casualizados com 2 repetições (figura 18).

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

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ESQUEMA DO ENSAIO (Caves Messias) - BAGARIBEIRA E

2 LINHA DE BORDADURA

W

Sistema Alternativo( 4 linhas) REP I

Sistema Tradicional( 4 linhas)

Sistema Alternativo( 4 linhas) REP II

Sistema Tradicional( 4 linhas)

Figura 18 – Esquema do delineamento experimental, Caves Messias, casta Baga.

Na figura 19 podemos observar que de um modo geral a modalidade tradicional apresenta

uma tendência para valores de TAP ligeiramente mais elevados nas últimas três datas,

incluindo à vindima (figura 20). Este facto deve-se principalmente a este ter sido um ano de

formação do sistema alternativo, o que apenas foi possível efectuar em “verde” pelo adiantado

do ciclo. A possibilidade de formar o sistema apenas em verde reflectiu-se na maior taxa de

podridão cinzenta dos cachos no sistema alternativo (figura 21).

Caves Messias - Baga - 2004

0

4

8

12

16

20

31-08-2004 07-09-2004 14-09-2004 21-09-2004 à vindima(24/9/04)

Teo

r al

c. p

rová

vel (

% v

/v)

Alternativa Tradicional

Figura 19 – Evolução da maturação em 2004.

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15

RENDIMENTO x QUALIDADE - CAVES MESSIAS - Baga - 2004

4,6

6,0

12,9

12,0

0,0

3,0

6,0

9,0

12,0

15,0

ALTERNATIVA TRADICIONAL

Teo

r al

c. p

rová

vel (

% v

/v)

0,0

3,0

6,0

9,0

RE

ND

IME

NT

O (t

/ha)

REND TAP Figura 20 – Rendimento e qualidade à vindima em 2004.

Caves Messias - Baga - 2004

24,5

69,54

0

20

40

60

80

100

Alternativa Tradicional

Int.

Podr

idão

cin

zent

a (%

)

Rep IRep II

Figura 21 – Taxa de podridão cinzenta dos cachos à vindima de 2004.

Casta BAGA 2005

Em 2005, nesta casta foi também decidido fazer monda (a cargo da empresa). Contudo só foi

mondada a modalidade tradicional. O reflexo da monda foi visível na evolução da maturação

(figura 22). No que ao sistema de condução se refere, e comparando apenas com o tradicional

não mondado, o sistema LYS é sistematicamente superior em termos de TAP.

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

16

MESSIAS - BAGA - 2005

0,0

3,0

6,0

9,0

12,0

15,0

1-Set-05 7-Set-05 14-Set-05 21-Set-05 28-Set-05

Teor

alc

. pro

váve

l (%

v/v

)

LYS TRADICIONAL M0 TRADICIONAL M1

Figura 22 – Evolução da maturação em 2005. M0-sem monda, M1-com monda.

Em virtude de não ter sido possível mondar o sistema Lys, à vindima decidiu-se apenas

vinificar as modalidades comparáveis, i.é, o sistema LYS vs o sistema tradicional. Tal como

na evolução da maturação, é notória a diferença de TAP e IPT em cada uma das modalidades

(figura 23 e 24). Neste ano em que o sistema Lys já se terá aproximado da fase “cruzeiro” em

termos de distribuição da vegetação (pluriespacial), para uma mesma quantidade de produção

este sistema permitiu a obtenção de cerca de mais 2 grau TAP que o sistema tradicional (11,5

vs 9,7).

Além disso, observamos à vindima uma menor taxa de incidência de podridão cinzenta dos

cachos no sistema LYS, embora mesmo no tradicional e em virtude do ano extremamente

seco as taxas de ataque desta doença terem sido bastante reduzidas (figura 24).

RENDIMENTO x QUALIDADE - CAVES MESSIAS - Baga

11,59,7

0,0

3,0

6,0

9,0

12,0

LYS TRADICIONAL

Teo

r al

c. p

rová

vel (

% v

/v)

0

4

8

12

16

20

RE

ND

IME

NT

O (t

/ha)

RENDIMENTO TAP (% v/v)

Figura 23 – Rendimento e qualidade à vindima em 2005.

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

17

0

3

6

9

12

15

LYS TRAD

Teor

Alc

oólic

o (%

v/v

)A

cide

z To

tal (

g ác

. Tar

t./l)

0

10

20

30

40

50

Índi

ce d

e Po

lifen

óis

Tota

is

alcool ac total ipt

Figura 24 – Caracterização dos vinhos de 2005. Casta Baga.

Intensidade de podridão cinzenta (% ) - MESSIAS - Baga 2005

0

2

4

6

8

10

ALT I ALT II TRADMonda I

TRADMonda II

TRAD SemMonda I

TRAD SemMonda II

(%)

Figura 25 – Taxa de podridão cinzenta dos cachos à vindima de 2005.

No cômputo nos dois anos, para o ensaio em questão poderemos referir que na casta Baga em

anos de elevadas produções, independentemente dos sistemas de condução, o recurso à monda

será de admitir e será mesmo obrigatório para vinhos de qualidade. A monda, se bem

efectuada, poderá ter ainda maior importância na qualidade dos vinhos pela “depuração

sanitária” (supressão de cachos afectados sanitariamente). Nesta casta o sistema Lys, mesmo

não sendo de raiz começa a indiciar resultados favoráveis.

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

18

CAVES MESSIAS

Casta TOURIGA NACIONAL 2004

Nesta casta, foi também introduzida a alternativa de condução LYS, e o delineamento

experimental foi de novo em blocos casualizados com duas repetições (figura 26).

Na figura 27 podemos constatar que ao longo da maturação não se verificam diferenças

significativas entre as duas formas de condução (LYS vs tradicional), pese embora este ter

sido o ano em que o sistema Lys foi formado, e em verde (já na fase activa do ciclo).

ESQUEMA DO ENSAIO (Caves Messias) - TOURIGA NACIONAL

RIBEIRA W

2 LINHA DE BORDADURA

E

Sistema Alternativo( 4 linhas) REP I

Sistema Tradicional( 4 linhas)

Sistema Alternativo( 4 linhas) REP II

Sistema Tradicional( 4 linhas)

Figura 26 – Esquema do delineamento experimental, Caves Messias, casta Touriga Nacional, ano 2004.

Caves Messias - Touriga Nacional

0

4

8

12

16

20

31-08-2004 07-09-2004 14-09-2004 21-09-2004 à vindima(22/9/04)

Teor

alc

. pro

váve

l (%

v/v

)

Alternativa Tradicional

Figura 27 – Evolução da maturação em 2004.

Em termos de rendimento podemos verificar que o sistema alternativo (Lys) produz

ligeiramente mais que o sistema tradicional, para um mesmo nível de maturação (figura 28).

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

19

RENDIMENTO x QUALIDADE - CAVES MESSIAS - Touriga Nacional

4,2 3,9

14,514,5

0,0

3,0

6,0

9,0

12,0

15,0

ALTERNATIVA TRADICIONAL

Teo

r al

c. p

rová

vel (

% v

/v)

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

REN

DIM

EN

TO (t

/ha)

REND TAP

Figura 28 – Rendimento e qualidade à vindima em 2004.

Em termos de podridão cinzenta dos cachos, verificou-se que em 2004 a incidência desta

doença foi baixa nesta casta e não se verificaram diferenças entre as duas formas de condução

(figura 29).

Caves Messias - T. Nacional - 2004

6 8,513,5 12

0

20

40

60

80

100

Alternativa Tradicional

Int.

Podr

idão

cin

zent

a (%

)

Rep IRep II

Figura 29 – Taxa de podridão cinzenta dos cachos à vindima de 2004.

Casta TOURIGA NACIONAL 2005

Neste ano e nesta casta, de modo a tirarmos mais partido do “observatório” instalado, foram

introduzidos outros factores de variação no estudo: monda de cachos e desfolha. O esquema

apresenta-se na figura 30. De referir que no sistema tradicional apenas se fez desfolha numa

data (bago de ervilha), o que é comum na empresa.

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

20

L1

L2

L3

L4

L5

L6

L7

L8

L9

L10

L11

L12

L13

L14

L15

L16

L17

L18

L19

L20

Rep

etiç

ão II

Rep

etiç

ão I

Cam

inho

S

Bor

d.Tr

adic

iona

lLY

STr

adic

iona

lLY

SB

ord.

DBE NMDBE M

DBE NMDBE M

ND NM DP NMDBE M ND M DP M

DBE NM

DP MDBE NMDBE M

ND NMND M

DP NM

NRibeiraPinhal

Figura 30 – Esquema do delineamento experimental, Caves Messias, casta Touriga Nacional, ano 2005. Legenda: NM- sem monda, M- com monda; ND- sem desfolha, DBE- desfolha ao bago de ervilha, DP- desfolha ao pintor.

Figura 31 – Aspecto da excelente distribuição espacial da vegetação e dos cachos no sistema LYS. Caves Messias, casta Touriga Nacional, 2005.

A figura 32 mostra-nos o NCF medido durante a maturação nas diferentes modalidades e da

sua análise podemos constatar que as diferenças entre as várias modalidades de desfolha, no

Lys, não foram significativas, isto porque se verificou uma acentuada senescência das folhas

basais provocada pelo forte stress hídrico (figura 31). Por outro lado o Tradicional, mesmo

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

21

sofrendo uma desfolha ao bago de ervilha, apresentou um NCF ao nível dos cachos que foi

significativamente diferente ao do Lys.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

DBE DP ND

NC

F ao

Nív

el d

os C

acho

s

LYS Trad

Figura 32 – Número de camadas de folhas ao pintor (DBE – Desfolha ao Bago de Ervilha; DP – Desfolha ao Pintor; ND – Sem Desfolha).

O potencial hídrico foliar de base (figura 33) teve uma evolução bastante anormal, ao longo

do ciclo. Desde cedo foram registados valores bastante baixos, indicadores de um stress

hídrico bastante elevado, em ambas as modalidades. Pode-se no entanto observar que no

Tradicional foram registados valores ligeiramente menos negativos que no Lys.

-1,2

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,07-Jun-05 12-Jul-05 4-Ago-05 15-Set-05

Ψ fo

liar

de b

ase

(MPa

)

LYS TRAD

Figura 33- Potencial hídrico foliar de base, medido a 07/06/2005, a 12/07/2005, a 04/08/2005 e a 15/09/2005.

A evolução diurna e sazonal da taxa fotossintética e da temperatura das folhas encontra-se na

figura 34 e nela podemos observar um decréscimo da taxa fotossintética e um aumento da

temperatura das folhas entre as duas medições. Este aumento da temperatura das folhas deve-

se à redução da água disponível para as plantas, que assim reduzem a transpiração, não

conseguindo arrefecer as folhas e levando mesmo ao escaldão.

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

22

0

10

20

30

40

50

60

10 14 18 10 14 18

Tem

pera

tura

da

Folh

a (ºC

)

-4

0

4

8

12

16

Foto

ssín

tese

( µm

ol.m

-2.s

-1)

LYS - Tfolha Trad - Tfolha LYS - A Trad - A

13/Jul/05 04/Ago/05

Figura 34 – Efeito das alternativas de orientação da vegetação na evolução sazonal e diurna da taxa transpiratória e da temperatura da folha.

É ainda de referir os valores extremamente baixos, mesmo negativos, da taxa fotossintética

registados no dia 4 de Agosto de 2005 aos quais correspondem temperaturas das folhas que

chegam aos 45ºC.

Ao longo da maturação houve uma evolução lenta dos açúcares (figura 35) e não houve

diferenças significativas entre o Lys e o Tradicional. No entanto podemos constatar que a

modalidade Com Monda teve sempre valores de TAP superiores aos da Sem Monda e que

esta diferença foi maior no Lys do que no Tradicional.

TOURIGA NACIONAL - 2005 - CAVES MESSIAS

0,0

3,0

6,0

9,0

12,0

15,0

24-Ago 1-Set 7-Set 14-Set 20-Set VINDIM A(20/9)

24-Ago 1-Set 7-Set 14-Set 20-Set VINDIMA(20/9)

TA

P (%

v/v

)

Com Monda Sem Monda

TRADLYS

Figura 35 - Evolução do TAP entre 24/08/2005 e 20/09/2005. Tradicional – MVA; Alternativa – Lys.

Na figura 36 encontram-se os dados de rendimento e TAP obtidos à vindima. Através da

análise da figura podemos constatar que a monda (M) reduziu significativamente o

rendimento, como aliás seria de esperar, e que a desfolha (D) não originou diferenças

significativas ao nível do rendimento, com excepção da desfolha ao pintor no Lys Sem

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

23

Monda (NM) onde houve uma perda de rendimento significativa em relação às outras

modalidades de desfolha. Podemos ainda constatar que o Lys produziu sempre mais que o

Tradicional e com valores de TAP semelhantes.

0,0

4,0

8,0

12,0

16,0

20,0

24,0

LYS-M-DBE

LYS-M-DP

LYS-M-ND

LYS-NM-DBE

LYS-NM-DP

LYS-NM-ND

TRAD-M TRAD-NM

Ren

dim

ento

(t/h

a)

0,0

3,0

6,0

9,0

12,0

15,0

18,0

TA

P (%

v/v

)

Rend (t/ha) TAP (% v/v)

LYS TRAD

Figura 36- Rendimento e TAP à vindima, 2005.

O teor em antocianas das uvas das várias modalidades (figura 37) não apresenta diferenças

significativas, ainda que se note uma tendência de aumento do Tradicional Sem Monda para o

Lys Com Monda. As microvinificações indiciam maiores valores nas modalidades mondadas

em teor alcoólico e índice de polifenóis totais (figura 38).

CAVES M ESSIAS-TOURIGA NACIONAL -2005

0

200

400

600

800

1.000

1.200

LYS-M LYS-NM Trad-M Trad-NM

Ant

ocia

nas

(mg/

kg)

Figura 37 - Antocianas das as uvas à vindima.

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

24

Microvinificações - Touriga Nacional

0

2

4

6

8

10

12

14

16

LYS-NM Trad-NM LYS-M Trad-M

Teor

alc

oólic

o (%

v/v

)Ac

idez

tota

l (g/

l ác

tart)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Índi

ce d

e Po

lifenó

is T

otai

s

Teor alcoólico Acidez total IPT

Figura 38 – Caracterização dos vinhos de 2005.

Através da análise da figura 39 podemos constatar que, apesar dos baixos níveis de podridão

cinzenta observados neste ano, o Lys reduziu percentualmente, para menos de metade estes

valores em comparação com o Tradicional.

Intensidade de podridão cinzenta (% ) - MESSIAS Touriga Nacional - 2005

0

1

2

3

4

5

DBEMonda

DBESem

Monda

NDMonda

DBEMonda

DPMonda

ND SemMonda

DBESem

Monda

DP SemMonda

TRADICIONAL LYS

Figura 39 - Intensidade de ataque da podridão cinzenta (Botrytis cinerea). Tradicional – MVA; Alternativo – Lys.

BAGEIRAS

Delineamento Experimental

No ano de 2004 foi instalado, numa vinha da Quinta de Bageiras, um ensaio com o objectivo

de estudar comparativamente os sistemas de orientação da vegetação Monoplano Vertical

Ascendente (MVA – Sistema Tradicional), tradicionalmente usado na Bairrada, e Lys

(Sistema Alternativo) (figura 40).

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

25

Sistema Alternativo( 4 linhas) REP I

Sistema Tradicional( 4 linhas)

Sistema Alternativo( 4 linhas) REP II

Sistema Tradicional( 4 linhas)

Figura 40 - Esquema do delineamento experimental do ensaio instalado na Quinta de Bageiras. Sistema Tradicional – MVA; Sistema Alternativo – Lys.

Resultados em 2004

Na Figura 41 podemos observar a evolução do TAP ao longo da segunda metade da

maturação. A partir da análise do gráfico podemos observar que a evolução do TAP até à

última colheita antes da vindima foi lenta e que durante a última semana houve um aumento

muito rápido do TAP, devido a uma sobrematuração favorecida por elevadas temperaturas,

conduzindo a valores exagerados.

Bageiras 2004 - Baga

0

4

8

12

16

20

31-08-2004 07-09-2004 14-09-2004 21-09-2004 à vindima(28/9/04)

Teo

r al

c. p

rová

vel (

% v

/v)

Alternativa Tradicional

Figura 41 - Evolução do TAP entre 31/08/2004 e 28/09/2004. Tradicional – MVA; Alternativa – Lys.

Quanto às diferenças de rendimento entre os sistemas podemos, através da Figura 42 observar

que foram também diminutas. Podemos ainda constatar que os rendimentos em ambos os

sistemas foram baixos, o que se deve não só à sobrematuração das uvas mas também por se

tratar de uma vinha nova.

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

26

RENDIMENTO x QUALIDADE - BAGEIRAS 2004 - Baga

2,9 3,0

18,1

16,9

0,0

4,0

8,0

12,0

16,0

20,0

ALTERNATIVA TRADICIONAL

Teo

r al

c. p

rová

vel (

% v

/v)

0,0

2,0

4,0

6,0

RE

ND

IME

NT

O (t

/ha)

REND TAP

Figura 42 - Rendimento e TAP à vindima. Tradicional – MVA; Alternativo – Lys.

Na Figura 43 observa-se que não existiram diferenças significativas, na incidência da

podridão cinzenta (Botrytis cinerea), entre as duas modalidades.

Bageiras - Baga - 2004

59,59,5 6

0

20

40

60

80

100

Alternativa Tradicional

Int.

Podr

idão

cinz

enta

(%)

Rep IRep II

Figura 43 - Intensidade de ataque da podridão cinzenta (Botrytis cinerea). Tradicional – MVA; Alternativo – Lys.

Resultados em 2005

A evolução do TAP ao longo da maturação está registada na Figura 44 permitindo-nos

observar que a evolução do TAP foi lenta e que à vindima não existiram diferenças

significativas entre modalidades.

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

27

BAGEIRAS 2005 - BAGA

0,0

4,0

8,0

12,0

16,0

20,0

1-S et-05 7-S et-05 14-S et-05 21-S et-05 29-S et-05

Teor

alc

. pro

váve

l (%

v/v

)

LYS TRADICIONAL Figura 44 - Evolução do TAP entre 01/09/2005 e 29/09/2005. Tradicional – MVA; Alternativa – Lys.

Esta ausência de diferenças ao nível do TAP, aliada a uma produção de cerca do dobro do

Alternativo (5,2 t/ha) em comparação com o Tradicional (2,7 t/ha), leva-nos a concluir que,

mesmo sendo 2005 um ano anormal, o Alternativo foi bastante vantajoso em relação ao

Tradicional (figura 45), em todo o caso a seca extrema terá perturbado de modo generalizado

a maturação.

RENDIMENTO x QUALIDADE - BAGEIRAS 2005 - Baga

2,75,2

10,710,9

0,0

4,0

8,0

12,0

16,0

20,0

Lys Tradicional

Teo

r al

c. p

rová

vel (

% v

/v)

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

REN

DIM

EN

TO (t

/ha)

Rendimento TAP

Figura 45 - Rendimento e TAP à vindima. Tradicional – MVA; Alternativo – Lys.

Através da análise da Figura 46 constata-se que a intensidade do ataque de podridão cinzenta

(Botrytis cinerea) é bastante maior na modalidade Tradicional que na Alternativa, já que a

última favorece um melhor microclima da zona dos cachos, sem que isso tenha qualquer

significado económico.

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

28

Intensidade de podridão cinzenta (%) - BAGEIRAS - 2005

0,000,200,400,600,801,001,201,401,601,80

ALT I ALT II TRAD I TRAD II

Figura 46 - Intensidade de ataque da podridão cinzenta (Botrytis cinerea). Tradicional – MVA; Alternativo – Lys.

CANTANHEDE – José Matos

Delineamento Experimental

No ano de 2005 foi instalado, numa vinha de um sócio da Adega Cooperativa de Cantanhede

(Sr. José Matos), um ensaio com o objectivo de estudar alternativas de aramação da vinha na

casta Baga.

Nº LINHA1

2

3

4

5 REPETIÇÃO I

6

7

8

9

10

11

12

13

14 REPETIÇÃO II

15

16

17

18

LEGENDA:

Tradicional (como está - isto é, sem arames no topo dos paus)

Com 1 arame no topo dos paus

Com 2 arame no topo dos paus (pareados) Figura 47 - Esquema do delineamento experimental do ensaio instalado em Cantanhede.

Resultados

Na figura 48 podemos verificar que na altura da vindima se atingiram valores de potencial

hídrico foliar de base muito baixos, indicadores de um stress hídrico muito severo que se

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

29

reflectiu numa desfolha natural muito intensa, levando a uma paragem da maturação, como se

verá mais à frente.

POTENCIAL HÍDRICO - À VINDIMABAGA - CANTANHEDE - 2005

-1,5

-1,2

-0,9

-0,6

-0,3

0,01 ARAME 2 ARAMES TRAD

Ψ fo

liar

de

base

(MPa

)

Figura 48 - Potencial Hídrico Foliar de Base medido à vindima.

Na figura 49 podemos observar que o aumento do TAP ao longo de Setembro foi muito lento,

tendo havido inclusive várias paragens de maturação, devido ao forte stress hídrico já

referido. Será de questionar se se tratou de aumento de açúcar ou apenas aumento de

concentração por desidratação.

CANTANHEDE

0

3

6

9

12

1-S et-05 7-S et-05 14-Set-05 21-Set-05 29-S et-05Teo

r al

c. p

rová

vel (

% v

/v)

1 ARAME 2 ARAMES TRADICIONAL

Figura 49 - Evolução do TAP entre 01/09/2005 e 29/09/2005.

A figura 50 mostra-nos o Rendimento e o TAP das várias modalidades existentes neste

ensaio. Podemos então constatar que as modalidades alternativas com 1 ou 2 arames no topo

dos paus originaram, ao mesmo tempo, maior rendimento e maior TAP que o tradicional.

Pelas microvinificações (figura 51) verifica-se uma tendência para valores mais elevados quer

no teor alcoólico quer no índice de polifenóis totais nas modalidades de sebes maiores

(alternativas). Nas figuras 95 e 96 pode ver-se a configuração dos dois tipos de sebe

revelando-se, a alternativa, de “melhor qualidade” (sobretudo melhor relação altura x

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

30

entrelinha) a condução alternativa – e os resultados foram já favoráveis em 2005 não obstante

tratar-se de um anos de extrema secura.

0

3

6

9

12

15

18

1 ARAME 2 ARAMES TRADICIONAL

Ren

dim

ento

(t/h

a)T

AP

(% v

/v)

Rendimento TAP

Figura 50 - Rendimento e TAP à vindima.

Adega Coop. Cantanhede - Baga - 2005

48,952,3

48,6

0

3

6

9

12

15

Tradicional 1 arame 2 arames

Gra

u al

coól

ico

(% v

/v)

0

10

20

30

40

50

60

Índi

ce P

olife

nóis

Tot

ais

Grau alcoólico ipt

Figura 51 – Caracterização dos vinhos de 2005.

CAMPOLARGO

Delineamento Experimental

No ano de 2004 foi instalado um ensaio com o objectivo de estudar comparativamente os

sistemas de orientação da vegetação MVA (Sistema Tradicional), tradicionalmente usado na

Bairrada, e Lys (Sistema Alternativo), cujo esquema já foi descrito anteriormente.

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

31

Sistema Alternativo( 4 linhas) REP I

Sistema Tradicional( 4 linhas)

Sistema Alternativo( 4 linhas) REP II

Sistema Tradicional( 4 linhas)

Figura 52 - Esquema do delineamento experimental do ensaio instalado no Campolargo. Sistema Tradicional – MVA; Sistema Alternativo – Lys.

Resultados em 2004

Pode-se observar na figura 53 que houve praticamente uma paragem da maturação desde 31

de Agosto até 21 de Setembro e que na última semana houve um aumento brusco no TAP,

que provavelmente se deveu à entrada das uvas em sobrematuração.

Campolargo - Baga

0

4

8

12

16

20

31-08-2004 07-09-2004 14-09-2004 21-09-2004 à vindima (29/9/04)

Teo

r al

c. p

rová

vel (

% v

/v)

Alternativa Tradicional

Figura 53 - Evolução do TAP entre 31/08/2004 e 29/09/2004. Tradicional – MVA; Alternativa – Lys.

O Rendimento e o TAP à vindima estão apresentados na figura 54. Através da análise da

figura verifica-se que neste ano a modalidade tradicional apresentou um rendimento superior

ao da alternativa em 1,6 t/ha, com um TAP semelhante.

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

32

RENDIMENTO x QUALIDADE - CAMPOLARGO - Baga

4,1

5,7

17,2

16,8

0,0

4,0

8,0

12,0

16,0

20,0

ALTERNATIVA TRADICIONAL

Teo

r al

c. p

rová

vel (

% v

/v)

0,0

3,0

6,0

9,0

RE

ND

IME

NT

O (t

/ha)

REND TAP

Figura 54 - Rendimento e TAP à vindima. Tradicional – MVA; Alternativo – Lys.

A figura 55 mostra-nos que no ano de 2004 o ataque de podridão cinzenta (Botrytis cinerea)

foi superior na modalidade alternativa. Esta diferença tem origem no facto de o sistema Lys,

neste ano, estar em formação, realizada em fase avançada do ciclo, o que obrigou a baixar

toda a vegetação que não iria constituir os braços da videira, para não haver uma perda

significativa de produção, originando assim um pior microclima na zona dos cachos. Esta

maior intensidade do ataque de podridão cinzenta, na modalidade alternativa, é também

justificativa do menor rendimento obtido visto os cachos podres (sobretudo secos) serem mais

leves que os cachos sãos.

Campolargo - Baga - 2004

17,57,54,5 2

0

20

40

60

80

100

Alternativa Tradicional

Int.

Podr

idão

cinz

enta

(%)

Rep IRep II

Figura 55 - Intensidade de ataque da podridão cinzenta (Botrytis cinerea) em 2004. Tradicional – MVA; Alternativo – Lys.

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

33

Resultados em 2005

A figura 56 mostra-nos o potencial hídrico de base medido na altura da vindima e nela se

constata que os valores deste parâmetro se encontram muito baixos, indicando uma situação

de stress muito severo. Entre as duas modalidades podemos ver que o Lys sofreu de um stress

hídrico maior que o tradicional, o que é devido, provavelmente, à maior superfície foliar

exposta que se traduz numa maior superfície transpiratória originando uma maior perda de

água do solo na zona radicular. Este facto pode constituir um problema num ano

excessivamente seco, como foi o caso deste.

POTENCIAL HÍDRICO - À VINDIMABAGA - CAMPOLARGO - 2005

-1,6

-1,4

-1,2

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0LYS TRAD

Y fo

liar

de b

ase

(MPa

)

Figura 56 - Potencial Hídrico Foliar de Base medido à vindima.

Na figura 57 observa-se a evolução do TAP na metade final da maturação e podemos constatar

que a evolução foi semelhante nas duas modalidades e que durante a última semana houve uma

aproximação sendo a diferença, entre estas, nula há data da vindima. Observa-se ainda que os

níveis de TAP atingidos foram baixos, não se atingindo sequer os 12%.

CAMPOLARGO-2005-Baga

0

4

8

12

16

1-Set-05 7-Set-05 14-Set-05 21-Set-05 29-Set-05

Teo

r al

c. P

rov.

(%

v/v

)

LYS TRADICIONAL Figura 57 - Evolução do TAP entre 31/08/2004 e 29/09/2004.

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34

O rendimento e o TAP obtidos à vindima estão apresentados na figura 58, na qual se pode

observar que o Lys obteve um rendimento de cerca do dobro do tradicional, com um TAP

idêntico, sendo portanto, bastante mais vantajoso. Pelas microvinificações verifica-se nível

mais elevado em álcool e polifenóis no sistema Lys (Figura 59

RENDIMENTO x QUALIDADE - CAMPOLARGO - 2005 - Baga

5,810,3

11,812,1

0,0

3,0

6,0

9,0

12,0

15,0

18,0

Lys Tradicional

Teo

r al

c. p

rová

vel (

% v

/v)

0,0

3,0

6,0

9,0

12,0

15,0

18,0

RE

ND

IME

NT

O (t

/ha)

RENDIMENTO (t/ha) TAP (% v/v) Figura 58 - Rendimento e TAP à vindima. Tradicional – MVA; Alternativo – Lys.

0

2

4

6

8

10

12

14

LYS TRAD

Teor

Alc

oólic

o (%

v/v

)Ac

idez

Tot

al (g

ác.

Tar

t./l)

0

20

40

60

80

100

120

140Ín

dice

de

Polif

enói

s To

tais

Teor Alcoólico Ac. Total IPT

Figura 59 – Caracterização dos vinhos de 2005.

Quanto à intensidade do ataque de podridão cinzenta (Botrytis cinerea) podemos observar na

figura 60 que esta foi superior no tradicional em relação ao Lys. Ainda que estejamos a falar de

valores muito baixos como seria de esperar num ano tão seco, como foi o presente, estes

resultados revelam-nos a tendência do Lys para reduzir a intensidade dos ataques de podridão

cinzenta.

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35

Intensidade de podridão cinzenta (%) - CAMPOLARGO - 2005

0,000,100,200,300,400,500,600,700,800,90

ALT I ALT II TRAD I TRAD II

Figura 60 - Intensidade de ataque da podridão cinzenta (Botrytis cinerea) em 2005. Tradicional – MVA; Alternativo – Lys.

SOGRAPE (Fernão Pires, sin. Maria Gomes)

Delineamento Experimental em 2004

No ano de 2004 foi instalado na Sogrape um ensaio com o objectivo de estudar

comparativamente dois sistemas de manutenção do solo (entrelinha mobilizada como é

habitual na Bairrada e entrelinha enrelvada, técnica adoptada nesta vinha, com recurso a

vegetação espontânea = enrelvamento natural) e duas hipóteses de desfolha (desfolha do lado

nascente e desfolha dos dois lados da sebe).

ESQUEMA DO ENSAIO (Sogrape) - casta FERNÃO PIRES (sin. MARIA GOMES)

Lisboa Porto

A1

CEPA 1 CEPA n

D1 D0 D1 D0

ENRELVAMENTO

D1 D0 D0 D1

D0 D1 D0 D1MOBILIZADO

D1 D0 D1 D0

VINHA EVB

LEGENDA:D1 DESFOLHA DOS DOIS LADOSD0 DESFOLHA DO LADO NASCENTED1 DESFOLHA DOS DOIS LADOSD0 DESFOLHA DO LADO NASCENTE

Figura 61 - Esquema do delineamento experimental do ensaio instalado na Sogrape em 2004.

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

36

Resultados em 2004

No ano de 2004 foram efectuadas medições do NCF duas vezes ao longo do ciclo, a 7 de

Julho e a 1 de Setembro. Os resultados destas medições encontram-se na figura 62 e mostram-

nos que a 7 de Julho existiam diferenças entre o mobilizado e o enrelvado (nesta altura a

desfolha ainda não se havia realizado) e devido provavelmente ao menor vigor originado pelo

enrelvamento a modalidade enrelvada tinha um menor NCF ao nível dos cachos, originando

assim um melhor microclima para estes. Em 1 de Setembro pudemos constatar que o NCF já

não estava tão relacionado com a manutenção do solo, ainda que apresentasse uma ligeira

tendência para ser superior no mobilizado, mas sim com a intensidade da desfolha aplicada

sendo que a desfolha dos dois lados originou um menor NCF, em relação à desfolha só do

lado Nascente.

Número de Camadas de Folhas - Sogrape - Maria Gomes

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

NC

F (n

ível

dos

cac

hos)

Enre lvado Mobilizado Enrel/Desfolha Enrelv/Desf Nasc. Mobil/Desfolha Mobil/Desf Nasc.

7 Julho 04 1 Setembro 04

Figura 62 - NCF ao nível dos cachos, medido a 07/07/2004 e a 01/09/2004.

A PAR ao nível dos cachos é um parâmetro de avaliação do microclima a este nível que está

directamente relacionado com o NCF. Assim podemos constatar na figura 63 que a

mobilização do solo originou uma menor intercepção de PAR ao nível dos cachos, que o

enrelvamento, e que a desfolha só do lado Nascente da sebe teve o mesmo efeito, em

comparação com a desfolha dos dois lados.

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

37

PAR/nível dos cachos - SOGRAPE - Maria Gomes

0

100

200

300

400

500

600

Enr/Desfolha Enr/Desfolha nasc. Mob/Desfolha Mob/Desfolha nasc.

PAR

( µm

ol.m

-2.s-

1)

Figura 63 - PAR ao nível dos cachos, medida na altura da vindima.

Da análise das figuras 62 e 63 podemos concluir que as o enrelvamento e a desfolha

originaram uma redução do NCF ao nível dos cachos, com consequente aumento de

intercepção de PAR determinando a priori melhores condições de arejamento e de exposição

das uvas, o que melhora quer as suas condições sanitárias, quer, posteriormente, as

características organolépticas dos vinhos obtidos a partir destas.

Na figura 65 é apresentada a evolução do potencial hídrico de base ao longo do ciclo

vegetativo da planta. Podemos aqui observar que a evolução do potencial hídrico de base

teve um decréscimo entre 15 de Junho e 27 de Julho devido à ausência de precipitação

suficiente para aumentar a quantidade de água no solo, na zona das raízes. Houve no entanto

um aumento da água nessa zona, que é revelada pelo aumento do potencial hídrico foliar de

base, entre 27 de Julho e 1 de Setembro e que foi devida à precipitação que ocorreu no início

do mês de Agosto, terá reposto reservas hídricas no solo.

-0 ,6

-0 ,5

-0 ,4

-0 ,3

-0 ,2

-0 ,1

0,015-Jun-04 26-Jul-04 1-Set-04

Ψf b

ase

(MPa

)

ENRELVAMENTO MOBILIZAÇÃO Figura 65 - Evolução do potencial hídrico foliar de base ao longo do ciclo vegetativo das plantas, medido em 15/06/2004, 26/07/2004 e 01/09/2004.

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

38

A evolução, ao longo do ciclo, da fotossíntese e da PAR incidente na vinha está apresentada

na figura 66. Constatamos assim que o enrelvamento originou taxas fotossintéticas um pouco

menores (Junho e Julho), com excepção da última (Setembro), medição na qual foi a

modalidade mobilizada que apresentou menores taxas fotossintéticas. Podemos ainda

observar uma diminuição da taxa fotossintética de ambas as modalidades, entre a primeira e

segunda medição, devido à redução da água no solo já referida e uma manutenção destas

entre a segunda e a terceira medições.

FOTOSSÍNTESE - SOGRAPE - Maria Gomes

0

3

6

9

12

15

18

10 H 14 H 18 H 10 H 14 H 18 H 10 H 14 H 18 H

PAR

(mm

ol.m

-2.s

-1)

0

500

1000

1500

2000

2500

Foto

ssín

tese

mol

.m-2

.s-1

)

PAR fotossíntese-ENRELVADO fotossíntese-MOBILIZADO

12 Set 0427 Jul 0415 Jun 04

Figura 66 - Evolução da fotossíntese e da PAR ao longo do ciclo vegetativo das plantas, medido em 15/06/2004, 26/07/2004 e 12/09/2004.

A evolução do TAP não foi regular (figura 67), visto que houve um decréscimo entre

31/08/2004 e 06/09/2004. Este decréscimo deveu-se à precipitação que ocorreu nesta altura.

Não houve diferenças significativas entre modalidades.

Sogrape - Maria Gomes

0

3

6

9

12

15

24-Ago-04 31-Ago-04 6-Set-04

Teo

r al

c. p

rová

vel (

% v

/v)

Enrelvado-Desfolha Enrelvado-Desfolha nasc. Mobilizado-Desfolha Mobilizado-Desfolha nasc.

VINDIMA

Figura 67- Evolução do TAP ao longo da maturação e à vindima.

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

39

Na figura 68 pode observar-se que o rendimento não sofreu uma alteração estatisticamente

significativa em função das diversas modalidades. Quanto ao TAP à vindima vemos que este

também não sofreu variações significativas.

RENDIMENTO x QUALIDADE - SOGRAPE - Maria Gomes

10,5 10,7 11,610,9

13,512,9 12,8 12,7

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

Enr/Desf. Nasc. Enr/Desfolha Mob/Desfolha Mob/Desf. Nasc.

Gra

u pr

ováv

el (%

v/v

)

0,0

3,0

6,0

9,0

12,0

15,0

RE

ND

IME

NT

O (t

/ha)

REND GRAU

Figura 68 - Rendimento e TAP obtidos à vindima, 2004.

Ainda que ao nível do rendimento e do TAP não se tenham verificado diferenças

significativas entre as diferentes modalidades o mesmo não se passou com a intensidade do

ataque de podridão cinzenta (Botrytis cinerea), a qual para além de bastante elevada (entre 37

e 52%) foi reduzida quer pelo enrelvamento quer pela desfolha dos dois lados da sebe (figura

69).

Sogrape - Maria Gomes - 2004

524749

37

0

20

40

60

80

100

Mobilizado Enrelvado

Int.

Podr

idão

cin

zent

a (%

)

Desf nascenteDesf 2 lados

Figura 69- Intensidade do ataque de podridão cinzenta (Botrytis cinerea).

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

40

Delineamento Experimental em 2005

No ano de 2005 foram introduzidas algumas alterações no ensaio da Sogrape com o objectivo

de estudar comparativamente para além dos dois sistemas de manutenção do solo quatro

hipóteses de desfolha (desfolha ao bago de ervilha ou ao pintor e do lado nascente ou dos

dois lados da sebe).

ESQUEMA DO ENSAIO (Sogrape) - casta FERNÃO PIRES (sin. MARIA GOMES)

CEPA 1 CEPA n

T P2 BE2 P1 BE1

P1 BE2 BE1 P2 T

BE1 P2 P1 BE2 T

BE2 P1 P2 T BE1

LEGENDA: T - TESTEMUNHAENRELVADO BE1 - Com Desfolha ao Bago de Ervilha, do lado Nascente da sebe

BE2 - Com Desfolha ao Bago de Ervilha, dos dois lados da sebeMOBILIZADO P1 - Com desfolha ao Pintor, do lado Nascente da sebe

P2 - Com desfolha ao Pintor, dos dois lados da sebeFigura 70 - Esquema do delineamento experimental do ensaio instalado na Sogrape em 2005.

Resultados em 2005

Em 2005 observou-se, neste ensaio, uma grande diferença de vigor entre as modalidades de

manutenção do solo, como se pode ver pelo bastante menor peso médio da vara do enrelvado,

o que não acontece com as de desfolha (quadro 1). Este facto irá justificar muitas das fortes

diferenças existentes entre o enrelvado e o mobilizado, no seguimento da análise deste ensaio.

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

41

Quadro 1 - Influência do tipo de desfolha e de sistema de gestão do solo nos parâmetros da expressão vegetativa e vigor. BE1 – desfolha ao bago de ervilha do lado nascente da sebe; BE2 – desfolha ao bago de ervilha dos dois lados da sebe; P1 – desfolha ao pintor do lado nascente da sebe; P2 – desfolha ao pintor dos dois lados da sebe; T – testemunha; ENR – enrelvado; MOB – mobilizado.

Modalidades Nº varas/cepa

Peso da lenha de

poda (kg/cepa)

Nº varas/m Peso/vara (g) Índice de

Ravaz

MOB 16,3 0,96 13,0 61,2 4,5 ENR 14,5 0,59 11,6 41,0 3,7 Sig *** *** *** *** ** T 16,7a 0,88a 13,4a 53,5 4,0ab

BE1 15,0b 0,72b 12,0b 48,7 4,6a BE2 14,5b 0,74b 11,6b 52,6 4,3ab P1 15,7ab 0,76ab 12,5ab 48,8 3,8ab P2 15,1b 0,78ab 12,1b 52,0 3,6b Sig * * * n s *

Nota: Sig. – nível de significância; n.s. – não significativo ao nível de 5% pelo teste de F; * - significativo ao nível de 5%(*), 1%(**) e 0,1%(***), pelo teste de Duncan. Valores seguidos de letras iguais não diferem significativamente entre si ao nível de 5% pelo teste de Duncan.

Quadro 2 – Apreciação do estado nutricional da videira à plena floração.

N P Ca K Mg K/Mg B Zn Mn

MOBILIZADO 8,05 2,35 27 31,5 3,45 10,7 29,5 45,5 77

ENRELVADO 8,1 3 21 41,9 2,4 18 31 52,5 45

Intervalos Adequados 9 - 12 2 - 4 14 - 28 15 - 25 2,5 - 5 4 - 8 30 - 80 25 - 100 30 - 150

(mg/kg)(g/kg)

A observação do quadro 2 evidencia um desequilíbrio nutricional, ao nível dos nutrientes

magnésio e potássio. A razão K/Mg demonstra que é nas modalidades enrelvadas que mais se

sente este efeito. O excesso de potássio inibe a absorção de outros catiões, nomeadamente o

magnésio (átomo central da molécula de clorofila) e o cálcio através do fenómeno do

antagonismo iónico, podendo ser esta a maior causa para a diferença de vigor existente entre

as modalidades de manutenção do solo.

Como se pode observar na figura 71, o número de camadas de folhas (NCF) ao nível dos

cachos foi influenciado pela desfolha. Os valores da modalidade testemunha, quer no

enrelvado, quer no mobilizado são superiores, sendo os das modalidades BE2 e P2 os

menores. No entanto este efeito não se repercutiu de forma significativa na intercepção de

PAR ao nível dos cachos. Por outro lado o enrelvamento reduziu o NCF aumentando

significativamente a PAR interceptada ao nível dos cachos (figura 71).

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

42

0

200

400

600

800

BE1 BE2 P1 P2 T

PAR

ao

Nív

el d

os c

acho

s ( µ

mol

.m-2

.s-1

)

0

2

4

6

NC

F ao

Nív

el d

os C

acho

s

NCF ENR NCF MOB Rad ENR Rad MOB

Figura 71 - Número de camadas de Folhas e PAR interceptada ao nível dos cachos na Sogrape em 2005.

As diferenças no NCF, entre modalidades de gestão do solo são justificadas pela desfolha

natural que ocorreu, em toda a vinha, neste ano extremamente seco, como se pode verificar na

figura 72. Esta desfolha natural ocorreu em maior escala no enrelvado, em consequência do

menor vigor desta modalidade, o que justifica o menor NCF e a maior intercepção de PAR ao

nível dos cachos desta modalidade.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

BE1 BE2 P1 P2 T

% d

e Fo

lhas

Sec

as

ENRELVADO MOBILIZADO

Figura 72 - Percentagem de folhas secas.

Na figura 73 constata-se que não houve diferenças significativas do potencial hídrico foliar

de base, entre as modalidades de manutenção do solo. Para além disso observa-se também

que houve um ligeiro aumento deste parâmetro durante o mês de Agosto devido a alguma

precipitação que ocorreu neste período e que não foram atingidos valores de stress hídrico

severo.

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

43

-0,7

-0,6

-0,5

-0,4

-0,3

-0,2

-0,1

0,07-Jun-05 12-Jul-05 4-Ago-05 7-Set-05

Pote

ncia

l Híd

rico

Folia

r (M

Pa)

ENRMOB

Figura 73 - Evolução do potencial hídrico foliar de base ao longo do ciclo.

Ao analisar as taxas fotossintéticas, medidas em 12 de Julho e 2 de Agosto (figura 74),

podemos verificar que na primeira data as folhas fotossintetizavam a níveis razoáveis, ainda

que as videiras do enrelvado estivessem a fotossintetizar a níveis bastante abaixo das do

mobilizado. Na segunda data as diferenças entre modalidades atenuaram-se e as taxas

fotossintéticas baixaram para níveis reduzidos, apesar da temperatura das folhas se ter

mantido semelhante.

Visto estas diferenças nas taxas fotossintéticas não serem explicadas por diferenças na

quantidade de água disponível para as plantas, concluímos então que poderão ser os

desequilíbrios nutricionais que estão, mais uma vez, na origem das diferenças existentes entre

as duas modalidades de manutenção do solo.

0

10

20

30

40

50

10 14 18 10 14 18

Tem

pera

tura

da

Folh

a (ºC

)

0

4

8

12

16

Foto

ssín

tese

( µm

ol.m

-2.s

-1)

ENR - T Folha MOB - T Folha ENR - A MOB - A

12/Jul/05 02/Ago/05

Figura 74 - Evolução diurna e sazonal da fotossíntese e da temperatura das folhas.

Da análise dos dados do TAP e do rendimento obtidos à vindima (figura 75), podemos

concluir que não houve diferenças significativas de TAP entre as diferentes modalidades e

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

44

que, pelo contrário, as diferenças no rendimento foram altamente significativas. Mais uma

vez admitimos que estas diferenças no rendimento se deverão à diferença de vigor entre

mobilizado e enrelvado. No aspecto qualitativo as microvinificações ratificaram a

inexistência de diferenças entre modalidades (mobilizadas vs não-mobilizadas) quer em

álcool quer em acidez (figura 76).

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

16,0

BE1 BE2 P1 P2 T BE1 BE2 P1 P2 T

ENR MOB

Rend

imen

to (t

/ha)

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

Teao

r Alc

oólic

o P

rová

vel

(%v/

v)

Rendimento TAP

Figura 75 - Rendimento e TAP obtidos à vindima.

0

2

4

6

8

10

12

14

Álcool Ac Total

Teor

Álc

ool (

% v

/v)

Aci

dez

Tota

l (g

ac. T

art./

l)

ENR MOB

Figura 76 – Caracterização dos vinhos de 2005.

A questão da podridão cinzenta neste ano tão seco naturalmente não foi problema de

importante, vendo-se que não existiram diferenças significativas da sua intensidade entre

modalidades (figura 77). Há no entanto que notar que a modalidade testemunha no

mobilizado teve uma intensidade maior (sem significado económico), o que é natural dado

que também foi esta a modalidade que teve um maior NCF, o que conduziu a um pior

microclima dos cachos.

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

45

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

T BE1 BE2 P1 P2 T BE1 BE2 P1 P2

Inte

nsid

ade

de P

odri

dão

Cin

zent

a (%

)

Mobilizado Enrelvado

Figura 77 - Influência da desfolha e da gestão do solo na intensidade do ataque de podridão cinzenta.

Através da análise da figura 78 chegamos à conclusão que a percentagem mais elevada de

cachos escaldados, foi como já anteriormente tinha sido referido, a modalidade BE2/ENR. Tal

facto deve-se à menor densidade do coberto, e logo maior exposição dos cachos desta

modalidade, que apresenta um valor de 1,5 camadas de folhas ao nível dos cachos. Este valor,

contrariamente ao preconizado por Smart et al. (1990), revelou ser excessivamente reduzido

para as condições climáticas do ensaio e particularmente no ano 2005. Desta forma, o valor

mais adequado talvez se devesse aproximar de três, o valor considerado ideal por Castro

(1997) para a região do Dão.

0

20

40

60

80

100

BE1 BE2 P1 P2 T BE1 BE2 P1 P2 T

% d

e C

acho

sE

scal

dado

s

Nascente Poente

ENR MOB

Figura 78 - Influência da desfolha, da gestão do solo e do lado da sebe na % de cachos escaldados, no dia 01/09/05.

É ainda de assinalar a drástica diferença ao nível do escaldão do lado nascente da sebe,

quando comparado com o lado poente (figura 78). O lado poente foi bastante mais afectado,

pois encontra-se directamente exposto à radiação solar nas horas de temperatura mais elevada

(a partir das 13h).

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

46

As figuras 79, 80, 81 ilustram a percentagem de biomassa relativa de cada uma das espécies

identificadas nas três datas do ciclo em que se fizeram levantamentos florísticos.

Levantamento Florístico, 8 Junho 2005(% da Biomassa)

Erva-branca (91,7%) Malva (2,5%) Trevão (1,7%)

Olho-de-boi (1,7%) Cata-cruz (1,2%) Malva-bastarda (0,6%)

Trevo-da-pérsia (0,3%) Erva-das-mil-folhinhas (0,2%)

Figura 79 – Levantamento florístico do dia 8 de Junho 2005. % da biomassa de cada espécie identificada.

Levantamento Florístico, 2 Setembro 2005(% da Biomassa)

Erva-branca (68,2%) Grama (23%) Erva Camareira (5,9%) Azevém (3,0%)

Figura 80 - Levantamento florístico do dia 2 Setembro 2005. % da biomassa de cada espécie identificada.

Levantamento Florístico, 4 Novembro 2005(% da Biomassa)

Erva-branca (76,4%) Agulheira-moscada (13,3%) Bico-de-pomba-menor (3,9%)Labaça-cres pa (1,4%) Serradela-brava (1,4%) Cabelo-de-cão (1,1%)Corriola (0,8%) Saramago (0,8%) Saboneteira (0,3%)Mostarda-dos-campos (0,3%) Sapinho-roxo (0,2%) Trevo-das-folhas-reviradas (0,2%)Serralha-macia (0,1%) Malva-bastarda (0,0%)

Figura 81 - - Levantamento florístico do dia 4 Novembro 2005. % da biomassa de cada espécie identificada.

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

47

Através da análise das figuras que acima se apresentam conclui-se que existiu em todas as

datas uma espécie dominante, Holcus Lanatus (erva-branca). Esta gramínea é uma espécie

rizomatosa, que desta forma constitui um tapete que não permite o desenvolvimento da

restante flora espontânea. Sendo uma espécie perene, mantém-se no solo de ciclo para ciclo.

Esta espécie é referida por Amaro et al. (2001), como uma espécie preferencial a implantar

num sistema de enrelvamento.

LUÍS PATO

Delineamento Experimental em 2004

Neste campo, foi introduzida a alternativa de condução LYS e o enrelvamento, o

delineamento experimental foi em blocos casualizados com duas repetições (figura 82).

CEPA n CEPA 1

Sistema Alternativo( 4 linhas) REP I

Sistema Tradicional( 4 linhas)

Sistema Alternativo( 4 linhas) REP II

Sistema Tradicional( 4 linhas)

LEGENDA:

MOBILIZADO

ENRELVAMENTO (CAPINADEIRA)

Figura 82 - Esquema do delineamento experimental do ensaio instalado no Luís Pato em 2004.

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

48

Resultados 2004

Luís Pato - Baga

0

4

8

12

16

20

31-08-2004 07-09-2004 14-09-2004 21-09-2004 à vindima (24/9/04)

Teor

alc

. pro

váve

l (%

v/v

)

Alternativa Tradicional

Figura 83 - Evolução do TAP ao longo da maturação e à vindima.

A evolução do TAP, em 2004, foi muito lenta (figura 83), já que os acréscimos deste, desde o

dia 31/08/2004, foram muito pequenos. Podemos também verificar que não houve diferenças

significativas entre modalidades.

Os resultados obtidos à vindima, quer ao nível do rendimento e do TAP, não foram

significativamente diferentes entre as duas modalidades (figura 84), o que é resultado do facto

de este ser o ano de formação do Lys.

RENDIMENTO x QUALIDADE - LUÍS PATO - Baga

11,011,5

0,0

3,0

6,0

9,0

12,0

15,0

ALTERNATIVA TRADICIONAL

Teo

r al

c. p

rová

vel (

% v

/v)

0,0

3,0

6,0

9,0

12,0

15,0

RE

ND

IME

NT

O (t

/ha)

REND TAP

Figura 84 - Rendimento e TAP obtidos à vindima.

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

49

Delineamento Experimental em 2005

No ano de 2005 foram introduzidas algumas alterações no ensaio do Luís Pato com o

objectivo de estudar comparativamente, para além dos dois sistemas de condução da

vegetação e de manutenção do solo, uma alternativa de monda qualitativa.

CEPA n CEPA 1

Sistema Alternativo

( 4 linhas) REP I

Sistema Tradicional

( 4 linhas)

Sistema Alternativo

( 4 linhas) REP II

Sistema Tradicional

( 4 linhas)

LEGENDA:

MOBILIZADO D0 SEM MONDA QUALITATIVA

ENRELVAMENTO (CAPINADEIRA) D1 COM MONDA QUALITATIVA

Figura 85 - Esquema do delineamento experimental do ensaio instalado no Luís Pato em 2005.

Resultados 2005

No ano de 2005 foi feita uma medição do NCF durante a maturação, no dia 17/08/2005, cujos

resultados se encontram apresentados na figura 86. Podemos constatar que o NCF foi

reduzido pela modalidade com desfolha e com monda de cachos, ainda que no Lys essa

redução não tenha sido tão visível, devido ao seu já baixo NCF mesmo sem desfolha e sem

monda. O Lys apresentou menor NCF, que o Tradicional, quer na sebe ascendente quer na

retombante.

Como seria de esperar a PAR interceptada na zona dos cachos foi sempre maior nas

modalidades com desfolha e com monda, com excepção da sebe retombante do LYS ao meio-

dia solar, e foi sempre maior no LYS que no Tradicional, proporcionando assim um melhor

microclima dos cachos.

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

50

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0

LYS ASC LYS RET TRAD LYS ASC LYS RET TRAD LYS ASC LYS RET TRAD

NC

F (N

CA

CH

OS)

0

100

200

300

400

500

600

PAR

N C

AC

HO

S ( µm

ol.m

-2.s

-1)

SEM DESFOLHA e MONDA (NCF-N CACHOS) COM DESFOLHA e MONDA (NCF-N CACHOS)

SEM DESFOLHA e MONDA (PAR-N CACHOS) COM DESFOLHA e MONDA (PAR-N CACHOS)

MANHÃ MEIO-DIA TARDE

Figura 86 - Número de camadas de Folhas e PAR interceptada ao nível dos cachos em 2005.

O potencial hídrico foliar de base medido ao longo do ciclo (figura 87) apresentou-se muito

baixo, em especial a partir de 8 de Setembro, evidenciando o stress hídrico severo a que as

plantas foram sujeitas, durante a maturação. Podemos ainda observar que o LYS e as

modalidades enrelvadas mostraram uma ligeira tendência para valores mais baixos de

potencial de base, o que é explicado pela maior superfície foliar do LYS e a competição pela

água das infestantes, que originaram uma maior demanda transpiratória, num solo já

extremamente seco.

-1,2

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,007-06-05 11-07-05 03-08-05 08-09-05 21-09-05

Pote

ncia

l Híd

rico

Folia

r de

Bas

e (M

Pa)

TRAD Enr TRAD Mob LYS Enr LYS Mob Figura 87 - Evolução do potencial hídrico foliar de base ao longo do ciclo.

Apesar do forte stress hídrico e das elevadas temperaturas que se fizeram sentir durante o

Verão de 2005, a taxa fotossintética e a temperaturas das folhas (figura88), as quais estão

estreitamente relacionadas, apresentaram ainda assim valores razoáveis. No entanto podemos

constatar que a fotossíntese das folhas vermelhas, mediada no dia 21 de Setembro, é nula o

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

51

que é um factor importantíssimo para a explicação da lenta acumulação de açucares nos bagos

(figura 89) e dos baixos valores de TAP atingidos à vindima, dado que a proporção destas

folhas era bastante elevada.

0

10

20

30

40

50

10 14 18 10 14 18 10 14 18

Tfo

lhas

(ºC

)

-2

0

2

4

6

8

10

12

A ( µ

mol

.m-2

.s-1

)

Tfolha-LYS Tfolha-TRAD Tfolha - F. VERMELHAS A-LYS A-TRAD A - F. VERMELHAS

11 Julho 05 03 Agosto 05 21 Setemb 05

Figura 88 - Evolução diurna e sazonal da fotossíntese e da temperatura das folhas.

0

2

4

6

8

10

12

24-08-2005

01-09-2005

07-09-2005

14-09-2005

21-09-2005

27-09-2005

24-08-2005

01-09-2005

07-09-2005

14-09-2005

21-09-2005

27-09-2005

LYS TRADICIONAL

Teor

Alc

oólic

o Pr

ováv

el (%

v/v

)

D0 ENR D0 MOB D1 ENR D1 MOB

Figura 89 - Evolução do TAP ao longo da maturação e à vindima.

Na figura 90 pode-se observar que o LYS originou maiores rendimentos que o Tradicional e

que a monda associada à desfolha provocaram uma quebra de rendimento bastante

significativa. Ao nível dos parâmetros da qualidade observa-se que D1 provocou incrementos

tanto ao nível das antocianas e polifenóis totais como ao nível do TAP. Ao nível da qualidade

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

52

a modalidade que claramente se destaca é o LYS D1 que apresenta um TAP idêntico ao do

Tradicional, mas com ganhos significativos de antocianas e polifenóis totais.

LUÍS PATO - BAGA - 2005

0,0

8,0

16,0

24,0

32,0

40,0

LYS - D0 LYS - D1 TRAD - D0 TRAD - D1

Ren

dim

ento

(t/h

a)T

AP

(% v

/v)

Polif

enói

s tot

ais

0

200

400

600

800

1000

Ant

ocia

nas (

mg/

Kg)

Rendimento (t/ha) TAP (% V/V) Antocianas (mg/Kg) Polifenóis totais

Figura 90 – Rendimento, TAP, Polifenóis Totais e Antocianas obtidos à vindima.

Por sua vez as microvinificações (figura 91) não revelaram diferenças qualitativas devidas à

manutenção do solo.

0

3

6

9

12

15

M0 M1 M0 M1

Teor

Alc

oólic

o (%

v/v

)A

c. T

otal

(g a

c. ta

rt/l)

0

10

20

30

40

50

Índi

ce d

e Po

lifen

óis

Tota

is

Teor Alcoólico AC. TOTAL IPT

Enrelvado Mobilizado

Figura 91 – Caracterização dos vinhos de 2005.

REFLEXÃO GLOBAL

No trabalho realizado ao longo destas duas campanhas procurou-se monitorizar tão

exaustivamente quanto possível e tendo em conta quer variáveis elementares quer compósitas.

É sabido hoje que não basta conhecermos os valores referentes às diversas componentes do

solo ou do clima, mas sobretudo conhecer o modo como a própria planta (máquina biológica)

funciona, isto é, como tira partido de tais potencialidades. A cepa, o coberto vegetal, … ,

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

53

função das suas características (genéticas, sanitárias,…) serão um elemento fundamental na

avaliação da vinha e consequente valor do seu produto.

O resultado do trabalho desenvolvido foi intenso, mas está inevitavelmente afectado (leia-se

“mascarado”) por duas campanhas atípicas. A Bairrada actual tem na Baga o seu potencial e

suas limitações. Os trabalhos experimentais são imprescindíveis, mas terão de se alicerçar em

materiais credíveis (genética e sanitária). Se assim não for, o avanço do conhecimento será

cinzento e futuro poderá ser negro. Partindo de materiais seleccionados e adequando sistemas

de condução às características dos materiais (clones) a casta Baga terá bom desempenho, seja

em monoplano ascendente (fig 96) seja, e preferencialmente pluriespacial (figuras 1.1 e 1.2)

recuperando o “clássico regional” sistematizado, e adequado à conjuntura actual

(operacionalidade/mecanização). Os mesmos princípios se aplicam à casta Touriga Nacional.

Castas introduzidas e com provas dadas na região (Syrah, Merlot, ...) de porte

tendencialmente erecto e de fácil condução terão bom desempenho em monoplano

ascendente, desde que sujeitas a adequada relação H/E (0,8 ± 0,2) relação entre a altura da

sebe e o valor da entrelinha. Em todo o caso será importante ter presente que também nesta

casta há clones com diferentes hábitos de vegetação, nomeadamente de porte retombante

como são o caso do clone 383 da Syrah, ou o clone 181 da Merlot. Em materiais com tais

características aplica-se o já recomendado para Baga ou Touriga Nacional (LYS). As castas

brancas serão menos problemáticas a este nível. Mais importante que a forma (o monoplano

ascendente satisfaz), será importante rever e adequar decisões sobre desfolhas e mondas.

Estes aspectos são mais relevantes em certas castas como a Baga (monda) ou Maria Gomes

(desfolha), cujos resultados experimentais, ao longo dos últimos anos, têm sido muito

aleatórios. Porém, no caso da Baga, para vinhos de alta qualidade (para vinhos “vulgares” há

castas mais fáceis!) estas duas operações bem conjugadas deverão ser tomadas como

obrigatórias.

Em síntese poderemos assegurar que a Bairrada tem potencialidades, porém se as “máquinas

biológicas” não funcionarem (não fotossintetizarem – figuras 92 e 93 - seja por razões

sanitárias, genéticas ou nutricionais) não há eficiente maturação e não há tecnologia vitícola

que resista!

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

54

Figura 92 – Medição da fotossíntese em folhas com vermelhão

0

5

10

15

20

25

30

35

40

10 14 18

Tem

p Fo

lha

(ºC)

-2,0

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

A ( µ

mol

.m-2

.s-1

)

Temp-FOLHAS VERMELHAS Temp-FOLHAS VERDES

A-FOLHAS VERMELHAS A-FOLHAS VERDES

21 Setemb 05

Figura 93 – Actividade fotossintética em folhas com vermelhão em comparação com folhas verdes (de qualidade), casta Baga, 2005.

Figura 94 – Aspecto de vinha frequente na Bairrada.

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

Figura 95 - Sebe tradicional da Bairrada. Cantanhede 2005. Deficiente relação H/E e desfavorável microclima na zona produtiva (sobretudo em anos chuvosos no período pré-vindima).

Figura 96 - Sebe “alternativa” com a colocação de 2 arames pareados no topo dos esteios já existentes. Cantanhede 2005. Relação H/E adequada. Microclima favorável na zona produtiva.

• Gestão do solo – mobilização vs enrelvamento No clima mediterrânico em geral a gestão da água é determinante. Há riscos de erosão

sobretudo em zonas declivosas e solo nu, principalmente quando mobilizado. O

encharcamento do solo quando há mobilizações em zonas planas e certo teor de argila poderá

originar grandes dificuldades operacionais, sanitárias, … , nomeadamente no período

primaveril. Por outro lado quando as reservas hídricas não são repostas (no Inverno) e em

todo o ciclo activo não chove (stress severo) e finalmente há uma antecipação das chuvas

outonais, antes do final da maturação, haverá mesmo o risco de perda da campanha.

A manutenção do solo na região da Bairrada é geralmente marcada por dois extremos o mais

tradicional e frequente é o recurso à mobilização total - solo nu, predominantemente no

Inverno (época das chuvas), ora em profundidade ora superficialmente recorrendo à fresa,

mesmo em solos pedregosos – indesejável! Pontualmente nesta região a manutenção do solo é

também feita com o recurso a enrelvamento com sucessivos cortes da vegetação mas sem

quaisquer mobilizações. As características pedológicas e climáticas da Bairrada recomendam

o princípio da não mobilização (Inverno e Primavera) eventualmente conjugado com

mobilização mínima ao longo do período de actividade, bloqueando fissuras e vasos capilares

evitando perdas de água e mantendo o terreno (piso) o mais operacional e estabilizado

possível quer para as máquinas quer para os operadores em geral.

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

56

Figura 97 - Manutenção duplamente errada num bom solo argilo-calcário na região da Bairrada

Figura 98 – Fenda causada pela secura. Importância da mobilização superficial em anos de extrema secura como o de 2005 – assim, mesmo não havendo infestantes há perda de água.

Esta Região, a atravessar um período difícil, tem vários pontos fortes (e alguns fracos).

Será a Região do país com maior índice de contactos internacionais. É reconhecido o prestígio de

vários agentes económicos ora actuando só na Bairrada ora também noutras regiões, que desde longa

data privilegiam o espaço extra-muros seja em negócios directamente seja em eventos das mais

diversas índoles – feiras, provas, concursos… Isto é ou poderá ser extraordinário.

No outro extremo temos a escassez de monitorização no domínio da viticultura. O enorme fosso entre

estas duas componentes cria o espaço propício à perda de ideias porventura interessantes (mas carentes

de testes e triagem) e criando-se assim condições para decisões técnicas fragilmente sustentadas que

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Plano de Acção para a Vitivinicultura Bairradina RELATÓRIO FINAL

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proporcionam a criação de tabus técnicos e o afrontamento, em vez do tão desejável confronto de

resultados, imprescindível para o avanço desta como de qualquer região.

Entre estes dois polos (boa comunicação e conhecimento do Mundo vs difícil monitorização na

viticultura) existe um espaço intermédio, ambíguo ou álibi – as castas.

A Baga é uma casta de excelência para nichos de excelência – uvas sãs e bem maduras (a). Quando as

uvas não atingem bom estado de maturação não dão vinhos que mereçam o nome Baga (servirão para

o denegrir!) será então de optar por outras, mais temporãs (Syrah, Merlot, Aragonez, …) todas com

adaptação provada. Nunca perdendo de vista que se na casta Aragonez se facilitar na produção

(tendencialmente excessiva) facilmente se cai nos inconvenientes da Baga. Porém, à partida existem

três importantes vertentes – estas castas atingem níveis de maturação satisfatórios bastante mais cedo

que a Baga (fugindo às chuvas) são mais fáceis e baratas de conduzir e há materiais seleccionados

com diferentes características e disponíveis no mercado. Mais uma vez a questão das castas brancas é

(felizmente), bem menos complicada, dispensamos aqui e agora manifestação de preocupações – o

caminho faz-se caminhando!

(a) A questão da maturação (ou da evolução da maturação) é de primordial importância. É urgente agilizar e estudar conjuntamente evolução da maturação alcoólica e da maturação fenólica na Baga – em síntese a maturação. Apesar de se fazerem esforços neste sentido tal não foi conseguido e será dos caminhos mais importantes a seguir, mas inevitavelmente de modo sinérgico – viticultura / enologia.

Rogério de Castro Amândio Cruz Manuel Moreira