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RELATÓRIO FINAL
GT MAPEAMENTO
RIO GRANDE DO SUL
DEZEMBRO 2020
Coordenação do GT MAPEAMENTO
Simone Luz Ferreira Constante
Gabriela Gonçalves da Rosa Ferreira
Cristiano Max Pereira Pinheiro
Parceria:
Observatório Cultural: impactos da
pandemia Covid-19 no setor
cultural gaúcho (UFFS)
Adriana Donato dos Reis
Adriana Salete Loss
Alexandre Vargas
Bruno Prina
Eloá Ferreira do Carmo
Cristiano Max
Jorge Valdair Psidonik
Luis Fernando Santos Correa da Silva Marcela Alvares Maciel
Moisés Waismann
Neidmar Roger Charão Alves
Simone Luz Ferreira Constante
NOMINATA GT MAPEAMENTO (AGOSTO – DEZEMBRO 2020)
Alexandre Vargas / Vinicius Vieira
Cristiano Max Pereira Pinheiro
Marcela Maciel
Maria Fonseca Falkembach
Representantes dos Colegiados
Setoriais do RS
Álvaro Fraga Moreira Benevenuto Jr.
Antônio Carlos Pereira Machado
Gabriela Gonçalves da Rosa Ferreira
Leandro Silva / Plínio Mosca
Neila Baldi
Simone Luz Ferreira Constante
Representantes do Codic/FAMURS
Representantes do Comitê Cultura
Viva / Pontos de Cultura do RS
Dirce Maria Orth
Eloidemar Guilherme
Eugênio Barboza
Paola Mallmann de Oliveira
Duclerc João da Silva
João Timótheo Machado
Maristella Wetter
Priscila Nunes / William Szulczewski
Rosa Maria Panatieri
Rudinei Domingues
Sabrina Pereira de Freitas
Sérgio Corrêa Thaís
Bedin França
Representantes do Conselho
Estadual de Cultura do RS
Aline Rosa
Jeanice Dias Ramos
Léo Francisco Ribeiro de Souza
Lisete Bertotto Correa
Álvaro Fraga Moreira Benevenuto Jr.
Cristiano Max Pereira Pinheiro Dirce Maria Orth
Duclerc João da Silva
Gabriela Gonçalves da Rosa Ferreira
Léo Francisco Ribeiro de Souza
Lisete Bertotto Correa
Marcela Alvares Maciel
Maria Fonseca Falkembach
Neila Baldi
Simone Luz Ferreira Constante
Autores do Relatório:
Representantes da Sedac
PARTICIPAÇÃO DE TODA SOCIEDADE
Com o novo formato da conferência pelo Facebook, a parti- cipação da sociedade foi um grande diferencial na questão de comentários e visualizações das lives. Em todas elas os participantes respondiam questionamentos que foram colo- cados no chat da conferência, e através dos mediadores a seleção de perguntas era mais organizada. Além disso, também foram realizadas lives específicas somente para dúvidas que ainda não tinham sido sanadas.
O QUE FOI A CONFERÊNCIA?
A 5ª Conferência Estadual de Cultura já estava programada para acontecer em 2020, entretanto por motivos de pandemia e sanção da Lei Aldir Blanc sua data foi modificada. Com um total de três ciclos de trabalho on-line, realizados pela página do Facebook da Sedac (facebook.com/rs.sedac), com transmissão em rede pela TVE (canal 7.1) e rádio FM Cultura (107.7).
Ciclo I - Articulação e Pactuação
Incentivar os municípios a acessarem os recursos, qualificar a operação e regu- lamentação junto ao estado e municípios, além de incentivar e ampliar a partici- pação da sociedade civil nesse processo. Enquanto isso, a comissão organizadora irá pactuar junto aos grupos de trabalho e às instâncias do Sistema Estadual de Cultura as pautas para deliberação.
Ciclo II - Acompanhamento e Repercursão
Fornecer suporte, com intuito de consolidar a utilização, na íntegra, dos recur- sos destinados aos municípios.
Ciclo III - Avaliação dos Resultados
Avaliar os resultados dos trabalhos desenvolvidos pelos ciclos I e II, após aplica- ção dos recursos.
TEMÁTICA E CONVIDADOS DO PRIMEIRO CICLO DE DEBATES
O primeiro ciclo foi mediado pelo jornalista Newton Silva nas oito lives. Os temas e participantes foram:
1º encontro:
Tema: Operação e Regulamentação da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc
Participantes: Beatriz Araujo, Evandro Soares e Chris Ramirez.
Para assistir esse encontro leia o QR Code acima
2º encontro:
Tema: A constituição e o papel do Comitê de Política Cultural Participantes: Daniele Canedo e Airton Ortiz.
Para assistir esse encontro leia o QR Code acima
3º encontro:
Tema: Busca ativa e conjunta com entidades e movimentos sociais Participantes: Pedro Vasconcellos, Andréia Becker e André kryszczun.
Para assistir esse encontro leia o QR Code acima
4º encontro:
Tema: Visibilidade e descentralização
Participantes: Leandro Anton, Marcio Caires
e Marta Nunes.
Para assistir esse encontro leia o QR Code acima
5º encontro:
Tema: Fundo de Cultura
Participantes: Rafael Balle e Cláudia Pedrozo.
Para assistir esse encontro leia o QR Code acima
6º encontro:
Tema: Fiscalização e Plano de Cultura Participantes: Neidmar Alves, Rafael Passos e Marcelo Seixas.
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7º encontro:
Tema: Transversalidade e demandas setoriais
Participantes: Marlise Machado, Rafa Rafuagi
e Mário Mazzilli.
VISUALIZAÇÕES
O gráfico abaixo indica o número de visualizações das oito lives do primeiro ciclo (verde) e do segundo ciclo (vermelho). Os dados foram retirados da página do Facebook da Sedac.
Para assistir esse encontro leia o QR Code acima
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8º encontro:
Tema: Políticas Inclusivas e Afirmativas
Participantes: Mãe Carmen de Oxalá, Fernanda
Kaingáng e Marcos Rocha
REAÇÕES
O Facebook dá a possibilidade de reagir à live com emotions. Essas reações podem ser colocadas somente uma por pessoa e seus significados são: curtir, amei, haha, ual, triste, grr e força. No gráfico abaixo, estão indicados o número dessas reações por encontro.
COMENTÁRIOS
O gráfico abaixo indica o número de comentários das oito lives do primeiro ciclo, quanto a participação da sociedade. Os dados foram retirados da página do Face- book da Sedac.
TEMÁTICAS E CONVIDADOS DO SEGUNDO CICLO DE DEBATES
O segundo ciclo de debates sobre a Lei Aldir Blanc teve início dia 08 de setembro de 2020 e contou com um total de 09 encontros com a mesma temática - “Lei Aldir Blanc na Prática” - sendo cada um direcionado à realidade de uma das regiões funcionais dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Coredes).
1º encontro:
Direcionamento: Região Funcional 9 (Norte/ Serra do Botucaraí/Alto Uruguai)
Participantes: Rafael Balle, Bernardo Grings, Luis Antonio Pereira, Adriana Bagatini e Leandro Anton Mediação: Clarissa Lima e Flávia Biondo.
Para assistir esse encontro leia o QR Code acima
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2º encontro:
Direcionamento: Região Funcional 8 (Central/Vale do Jaguari/Alto Jacuí)
Participantes: Beatriz Araujo, Rafael Balle, Aline Zilli, Alessandra da Motta, Maristela Wetter e Paulo Tavares. Mediação: Clarissa Lima e Dinara Paixão.
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3º encontro:
Direcionamento: Região Funcional 7 (Missões/ Noroeste)
Participantes: Beatriz Araújo,Terezinha Angst, Lélio da Silva, Lúcia Pires e Vera Silva. Mediação: Carol Anchieta e Jacqueline Custódio.
4º encontro:
Direcionamento: Região Funcional 6 (Campanha/ Fronteira)
Participantes: Rafael Balle, Cássia Salgado, Paulo Leônidas, Vinicius Brito e Mestre Guto. Mediação: Carol Anchieta e Gilcéia Souza.
5º encontro:
Direcionamento: Região Funcional 5 (Sul)
Participantes: Rafael Balle, Cintia Langie, Alexandre Brito, Joyce Reis e Paola Mallmann. Mediação: Clarissa Lima e Daniel Amaro.
6º encontro:
Direcionamento: região runcional 4, Litoral Participantes:Rafael Balle, Iosvaldyr Bitten- court Jr., Paulo Leônidas, Adriana Sperandir, Mestre Ivan Therra. Mediação: Carol Anchieta e San Lopez.
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Para ver esse encontro scanei o QR Code
7º encontro:
Direcionamento: Região Funcional 3 (Campos de Cima da Serra/ Serra / Hortências)
Participantes:Rafael Balle, Edson Possamai, Leandro Dóro, Evandro Soares, Dirce Orth. Mediação: Clarissa Lima e Cristina Calcagnot- to.
Para assistir esse encontro leia o QR Code acima
8º encontro:
Direcionamento: Região Funcional 2 (Vale do Rio Pardo/ Vale do Taquari)
Participantes: Rafael Balle, Henrique Lahude, Michele Rolim, Adriano dos Santos e Marta Nunes. Mediação: Clarissa Lima e Sônia Luz.
Para assistir esse encontro leia o QR Code acima
9º encontro:
Direcionamento: Região Funcional 1 (Centro-Sul/ Região Metropolitana)
Participantes: Rafael Balle, Joel Santana, Patrícia Mello, Cláudia Mara Borges, Mãe Carmen de Oxalá. Mediação: Carol Anchieta e Rodrigo Marquez.
Para assistir esse encontro leia o QR Code acima
REAÇÕES
COMENTÁRIOS
CICLO III - AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS
Ao avaliar os resultados obtidos pela Conferência optou-se
pela ferramenta de análise da Matriz Swot, cujo termo é
derivado do inglês, e "Swot" é o acronômio para "Strengths,
Weaknesses, Opportunities and Threats“. Ao ser traduzido
para o português temos "Forças, Fraquezas, Oportunidades e
Ameaças". Essa ferramenta analisa o planejamento
estratégico e futuras mudanças, neste caso aplicada à
Conferencia Estadual de Cultura em seu formato remoto e
online.
Fatores positivos Fatores negativos
Fato
res
exte
rno
s Fa
tore
s in
tern
os Weaknesses
(Fraquezas)
W
O
Opportunities (Oportunidades)
Strengths (Forças)
S
T
Threats (Ameaças)
Nas páginas seguintes estão a Matriz Swot referente à 5ª
Conferência Estadual de Cultura e ao Mapa LAB,
consecutivamente.
Fraquezas
Mobilização e formação de
gestores municipais em relação à política
cultural
Forças
Compreensão do processo de gestão
da cultura
Número de mesas e
diversidade de assuntos
Instrumentalizar artistas, gestores e conselheiros de
cultura
Grupos de trabalho como gestão de conhecimento
Colegiados com
representação de diferentes
localizações
Possibilidade de participação de todos os municípios, acesso
amplo
Comunidade alojada
em distintos territórios
Queda de
audiência contínua com o tempo
Rotatividade de participantes dos
GTs e abertura das reuniões para o
público
Participação social reduzida aos grupos com
acesso à tecnologia
Inscrição em outros GTs para olhar os debates
foi infrutífero
Burocratização afastou muitos fazedores de
cultura
Bastante participação, mas pouca efetividade
Formato online
não foi democrático e acessível para
plena participação popular
Pouca divulgação para os artistas
Falta de diversificação das
dinâmicas
Equipe técnica insuficiente para tanto trabalho
Conexões frágeis no interior. Falta de infraestrutura
para os fazedores de cultura
Dificuldade da verba chegar na
ponta
Dificuldade de operacionalizar a consulta popular
Mobilização ampla nos
municípios
Ampliação das parcerias com Universidades
Favorece o interesse na
implantação dos Sistemas
Municipais de Cultura
Participação de representantes
dos distintos segmentos e de
territórios diferentes
Maior alcance dos públicos de interesse
Reforçar a
proposta da PEC 421 (vinculação de
recursos para cultura)
Qualificação empreendedora do
setor cultural
Preparar mais pessoas técnicas para compreender
a burocracia
Possibilidade de
um novo momento para a política
cultural: descentralização
de recursos
Criação do banco de pareceristas
técnicos remunerados para
avaliação de editais
Investir na construção de
bancos de dados e Sistemas de Indicadores
Sedac seguir com
a busca ativa e manutenção do
mapeamento feito pelo Mapa LAB
Articulação e mobilização do setor cultural
Modos alternativos de organização
burocrática
A comunidade cultural se ver como um todo
Oportunidades Ameaças
Falta de acesso aos canais de comunicação
Mudança de gestão nos
municípios durante a pandemia
Dicotomia entre Poder Público x
Sociedade Civil nas deliberações para
as políticas públicas de Estado para a
cultura
Distanciamento de
bases
Distanciamento
social e impessoalidade
Ausência histórica
de indicadores culturais
Momento frágil de desestabilização e
precariedade, inclusive
emocional
Gestores municipais sem formação em
cultura
Falta de acessibilidade
digital dificultou a chegada da informação e
participação social no processo
Exclusão digital de público-alvo (pandemia)
Esgotamento das pessoas ativas
nesses processos de representação
dos setores culturais
Excesso de
trabalho
Desconectar o
criativo para dar espaço ao técnico
burocrático
CONFERÊNCIA
Forças Fraquezas
Oportunidades Ameaças
Representatividade de respostas em termos populacio-
nais
Visão dos sistemas municipais de
cultura
Base de dados robusta
Visualização de dados (cartografia)
Ausência dos dados de operacionaliza-
ção dos outros grupos de trabalho da Lei Aldir Blanc
Fortalecer o Observatório
Cultural já estabelecido
Gestores
compreenderem melhor sua região, a
partir dos dados obtidos pelo Mapa
LAB
Uso dos dados para a implementação de políticas públicas de
cultura
Produção de base de dados para um
sistema de indicadores, outros
estudos sobre políticas culturais, rastreio da cadeia
de cultura
Base de dados
para a compreensão da Lei Aldir Blanc
Análise dos não respondentes
Descontinuidade das atividades do Observatório da
UFFS após o término da
Conferência
Descontinuidade do
banco de dados (troca de gestão)
Falta de visibilidade
e comunicação
Sobrecarga de tarefas para os
técnicos da cultura
Período eleitoral
durante o processo de coleta de
respostas do Mapa LAB
Primeira cartografia
da cultura no Rio Grande do Sul
Baixa adesão do
universo dos municípios
Perguntas não
obrigatórias
Ênfase apenas no
gestor público
Falta de treinamento para
responder ao questionário
No esforço de
divulgação houve exclusão dos municípios menores
Ausência dos dados
de operacionalização
dos dados dos outros grupos de
trabalho da Lei Aldir Blanc
Falta de conhecimento para
responder as perguntas
Questionário
demasiadamente extenso
Dados do Mapa LAB não serem
públicos
Mapa LAB
Mapa LAB
Mapa LAB
Mapa LAB
AVALIAÇÃO DA V CONFERÊNCIA ESTADUAL DE CULTURA DO RS
A metodologia de construção dessa avaliação foi totalmente colaborativa, visto que
foram definidos os tópicos/eixos de análise do processo da Conferência em reunião do GT
Mapeamento, já no começo do Ciclo III, sendo apresentados e validados em reunião da Comis-
são Organizadora da mesma. Após essa validação, criou-se um documento na ferramenta
Google Docs e todos os membros do GT puderam colaborar, sendo orientados pela Coordena-
ção que deveriam debater com seus pares nos Colegiados Setoriais, Comitê Cultura Viva, CEC
RS, Codic/FAMURS e Sedac, e somente depois dessa análise consensual preencher o docu-
mento com as contribuições em cada um dos eixos avaliativos. Ao longo desse processo, que
perdurou aproximadamente cinco semanas, todos tiveram amplo prazo para ler, complementar
e validar os tópicos respondidos. Feito isso, a Coordenação do GT fez a compilação em um
texto único, assinado pelo GT Mapeamento, disponibilizando-o para validação final do grupo.
Após esta aprovação, o documento será entregue à Sedac RS e apresentado em reunião da
Comissão Organizadora.
Destaca-se o amplo engajamento de alguns colegiados setoriais nessa análise, os quais
mantiveram-se ativos até o final dos trabalhos do GT, como é o caso do Colegiado dos Museus,
Colegiado da Dança, Colegiado do Audiovisual, Colegiado do Teatro e Colegiado da Diversida-
de Linguística. Também destaca-se a participação de representantes do Comitê Cultura Viva e
do Conselho Estadual de Cultura do RS, embora tenha sido difícil compilar uma avaliação de
consenso com seus pares. Quanto às contribuições dos representantes da Sedac, foram reali-
zadas entrevistas com alguns servidores envolvidos no processo da Conferência e Lei Aldir
Blanc, as quais foram transcritas e inseridas em cada eixo avaliativo.
Por fim, é importante salientar que poucos membros representantes do Codic tenham se
mantido ativos até o final dos encontros do GT e não foi possível organizar uma avaliação con-
junta com os pares dirigentes municipais de cultura, ou seja, não obtivemos uma análise oficial
do colegiado como contribuição ao processo. Deste modo, lamenta-se não ter havido uma
manifestação formal e oficial dos gestores municipais de cultura quanto a sua avaliação deste
processo, considerados agentes de extrema importância em todo o processo da Conferência,
desde a execução da Lei Aldir Blanc, até o engajamento com a ferramenta e resposta ao Mapa
Lab RS. Mas registra-se que houve manifestações verbais, individuais e pessoais de alguns
representantes do Codic que se mantiveram assíduos e participantes efetivos no processo.
1 - Quanto ao formato da conferência:
Os coletivos que representaram a sociedade civil no GT Mapeamento (Colegiados Seto-
riais, CEC R, e Comitê Cultura Viva) deliberaram que o formato virtual desta conferência, reali-
zada de forma extraordinária, foi o possível diante deste contexto de pandemia, porém há ques-
tões a serem reavaliadas e melhorias a serem feitas para as próximas edições, sobretudo se
considerado que há prevista uma edição em 2021 e que, possivelmente, ainda será realizada
no formato virtual ou híbrido (presencial e transmissão on-line).
Quanto à edição de 2020, por ter sido uma conferência realizada integralmente no âmbito
virtual, se esperava que houvesse muitos impeditivos para a ampla participação popular, o que
se comprovou ao longo dos três ciclos. Em um momento de pandemia, considera-se que foi uma
solução viável, no entanto, o formato como foi organizada não se configura como um ganho
devido à baixa participação e falta de articulação entre os agentes que participaram.
Avalia-se que a plataforma proposta pela Sedac RS não funcionou como o esperado,
visto que durante as webconferências as pessoas assistiram apenas pelas redes sociais e
poucas de fato ingressaram nas salas de reunião para uma interação mais efetiva. Por haver
duas plataformas simultâneas, as pessoas que se comunicavam pelos dois chats paralelos (Fa-
cebook e Cisco Webex) não conseguiam ser vistas e interagir simultaneamente, dificultando
deliberações e diálogo efetivo com os painelistas/convidados das webconferências. Entende-se
ser necessária uma melhor qualificação tecnológica das plataformas digitais, além de maior
fluência de uso, tanto para a modalidade estritamente on-line, quanto para uma possível versão
híbrida. Nesse sentido, os temas centrais da Conferência devem ser resguardados ante a possi-
bilidade de “sequestros de pauta”, pois novas demandas emergenciais podem surgir, mesmo
tendo sido executada a Lei Aldir Blanc.
Também identifica-se uma comunicação insuficiente entre gestores e sociedade civil, pois
uma transparência de todo o processo e uma comunicação explícita, detalhada sobre todos os
pontos problemáticos, poderia garantir a deliberação de forma democrática. Faltou entender que
os agentes da cultura também têm responsabilidades e respeitam as questões administrativas
e jurídicas. Em certo aspecto, os gestores subestimaram os agentes da cultura e artistas, além
de ter se percebido, em alguns momentos, falta de empatia para compreender que os trabalha-
dores e trabalhadoras da cultura estão em situação altamente fragilizada e de real urgência no
repasse destes recursos. Quanto ao receio dos gestores em tratar de uma ação sem a real
experiência anterior para modular o processo, toda a classe trabalhadora da cultura compartilha
do receio de que a lei não seja devidamente aplicada e que isso seja impeditivo para a plena
implementação do Sistema Nacional de Cultura no país.
É inegável que a Conferência se constituiu como um processo de formação de gestores
municipais, muitos que até então nunca haviam buscado conhecer o Sistema Nacional de Cultu-
ra, ou desconheciam a diversidade da cultura e de agentes culturais de seus municípios. Quanto
à articulação e engajamento, identifica-se que os trabalhadores e trabalhadoras da cultura pude-
ram se fortalecer enquanto coletivo, mesmo que de forma paralela à conferência. Por fim, ques-
tiona-se qual o real alcance social destas plataformas e solicita-se à Sedac que disponibilize
esses dados, bem como informações relativas à participação popular nas quatro edições ante-
riores e presenciais, para repassar aos GTs.
Quanto aos representantes e trabalhadores da Sedac RS, a avaliação foi positiva, no
sentido de que a conferência cumpriu o seu papel, propiciando comunicação entre gestores e
sociedade civil. Porém estão de acordo que o formato em videoconferência dificultou o debate,
no sentido de uma “relação orgânica de raciocínio, de discussão, de avanços”. Mas, dentro das
circunstâncias, conclui-se que foi o caminho possível.
No que tange ao seu propósito, avalia que, embora a Lei Aldir Blanc não vise se consoli-
dar como política pública, por ser uma ação emergencial, a Secretaria de Cultura do Estado
deveria chamar uma conferência extraordinária, tendo como pauta única a execução da Lei Aldir
Blanc, por considerar que a conferência é a instância máxima do Sistema Estadual de Cultura.
Deste modo, somente em uma conferência seria possível fazer a validação da política cultural
do estado, principalmente por ser uma instância democrática (que envolve os colegiados seto-
riais, conselho estadual de cultura, comissão bipartite - gestores dos municípios - e SEDAC).
Diante do caráter emergencial, o formato da conferência foi criado e estruturado durante o
processo, sem tempo de elaboração, ocasionando problemas que foram sendo identificados ao
longo do caminho.
A Sedac RS avalia que o primeiro ciclo foi importante para a discussão e compreensão
da lei e suas especificidades (abrangência, população alvo, reconhecimento dos agentes da
cultura, por exemplo), a partir de diferentes perspectivas, e para apontar as possibilidades de
sua execução, dentro do contexto. O formato da conferência estabeleceu uma dinâmica que se
configurou mais como um espaço em que os diferentes grupos buscaram sua visibilidade, mos-
trar sua existência, do que uma construção coletiva em si. Por outro lado, a visibilidade das dife-
renças foi significativa, porque o espaço estava aberto para as tantas representações que exer-
ceram seus papéis, apresentaram as defesas de suas perspectivas. Nesse sentido, a Conferên-
cia trouxe fortalecimento dos Colegiados Setoriais.
A criação dos grupos de trabalho consultivos propiciou participação e um debate mais
aprofundado, porém pecou em não ter caráter deliberativo de fato, como presume uma confe-
rência pública. Quanto à ausência de caráter deliberativo dos GTs ou outras instâncias desta
Conferência, os representantes da Sedac RS justificam que haveria riscos administrativos e a
responsabilidade do gestor para uma operação inédita de transferência de recursos. Havia
receio por parte dos gestores de que a Conferência pudesse deliberar ações e pontos que
gerassem problemas na prestação de contas da gestão pública e ações de improbidade admi-
nistrativa. Por isso, a necessidade do gestor criar as condições e as regras para a execução dos
recursos. Por outro lado, aponta que poderia ter sido criado um comitê deliberativo a partir de
“um filtro” administrativo e jurídico. Poderia ter sido criado um grupo de trabalho no campo jurídi-
co, ampliado, para dar os subsídios necessários. Sendo assim, avalia que o corte deliberativo
desta Conferência ficou na Comissão Organizadora, com representantes da SEDAC, dos Cole-
giados Setoriais, do Conselho Estadual de Cultura, FAMURS, CODIC e Rede Cultura Viva -
numa disputa diária de cada uma das perspectivas.
Já o segundo ciclo possibilitou o envolvimento das pessoas através das diferentes regi-
ões funcionais, explicitando a importância e a falta de um sistema de formação e qualificação
dos agentes culturais em relação ao Sistema Estadual de Cultura, sob o risco desta falta de
capacitação e expertise de operacionalização resultar na perda de parte dos recursos da lei Aldir
Blanc. O ponto forte foi a aproximação com as universidades, o que trouxe a pesquisa para
dentro da Conferência e a oportunizou a construção de importantes indicadores para a análise
e construção de políticas públicas de cultura no Estado.
2 - Quanto ao alcance da participação social da Conferência:
De modo geral, o entendimento é de que este processo não foi de fato uma conferência
pública, pois não se teve delegados, discussões, conversas entre os agentes, espaço de troca
eficaz e deliberações. Inicialmente, a participação social era pretendida através do voto univer-
sal, porém ao ser excluído com a justificativa do pouco tempo para deliberação desta forma, a
participação da sociedade civil foi prejudicada. Supõe-se que as deliberações da sociedade civil
estariam contempladas nos GTs, que eram consultivos (mesmo papel dos colegiados, portanto)
e na Comissão, que seria deliberativa. Porém na Comissão foi insistentemente colocada a
impossibilidade de deliberação, sob pena dos delegados (representantes dos colegiados) não
poderem ser beneficiados pela Lei.
Outro ponto que prejudicou a participação e controle social foi o caráter fechado das
reuniões dos grupos de trabalho, pois se tivessem sido abertas e transmitidas ao vivo talvez
houvesse maior engajamento nas pautas em desenvolvimento. Entende-se que não há desenho
correto da dimensão de cada segmento cultural e há uma pré-definição quanto a priorizar o inte-
rior do RS e alguns segmentos entendidos como os mais fragilizados. O papel desempenhado
não foi deliberativo, eventualmente foi consultivo. Não obstante, a fiscalização ainda pode ser
feita pela sociedade civil, mesmo sabendo dos limites impostos, sobre os montantes finais apli-
cados da LABlanc e divulgação ampla dos recursos x aplicações x segmentos culturais x regiões
do RS.
Também pondera-se que a participação social que uma lei como a Aldir Blanc implica é
diferente da noção de participação que vinha sendo praticada. Nesse momento, não basta a
participação social das pessoas que já estão incluídas no sistema (tanto dos trabalhadores da
cultura como dos gestores), pois foi insuficiente. Por mais que o modelo de conferência pudesse
gerar uma participação social maior, em função de ser realizado virtualmente, ainda não esta-
mos preparados para uma Conferência nesse modelo. A dificuldade de participação de quem
não está incluído neste universo digital, produz ainda mais exclusão. É justamente esse o ponto
que gera o conceito de busca ativa.
Também se apostou nos dirigentes do CODIC e nas representações da FAMURS para o
estabelecimento do diálogo efetivo com os municípios de todo o Estado, especialmente no que
se refere à compreensão da importância de uma ferramenta como o Mapa Lab RS neste proces-
so, porém esbarrou-se na falta de retorno e engajamento dos dirigentes municipais, revelando
que a FAMURS não tem a capilaridade e inserção que se esperava.
O sentimento é de que as deliberações realizadas pelos grupos não foram acatadas em
sua grande maioria pela Secretaria de Cultura, o que se reflete na baixa adesão, na falta de
clareza dos editais no que diz respeito aos critérios, e na irresolução do acesso aos recursos
disponíveis. O atraso em sistematizar o processo por parte do governo, a falta de interatividade
e coletividade, influenciaram negativamente no andamento e conclusão dos objetivos da confe-
rência.
A análise dos representantes da Sedac é de que já tinham ideia de que não seria possível
atingir o estado como um todo, pois as instituições que representam a cultura não conseguiam
isso normalmente, durante o ano, antes da pandemia. Em função disso, foi criada uma metodo-
logia de busca ativa na tentativa de agregar o máximo de gestores municipais possível. Porém
não se conseguiu chegar na busca ativa direta, e não foi possível atingir todas as pessoas. Foi
possível uma busca indireta, através de mapeamentos já existentes, como por exemplo das
comunidades quilombolas. Assim, identifica-se a busca ativa como ponto frágil da conferência,
a qual não foi plenamente realizada.
Por outro lado, a Sedac considera que houve um alcance qualitativo, no sentido de envol-
ver pessoas de uma nova geração, de diferentes regiões, com grande potencial de contribuição,
de liderança e comprometimento com as ações de cultura. Ao final do processo da Lei, quando
obtiver a porcentagem de recursos repassados, será possível ter ideia do alcance da conferên-
cia.
3 - Quanto ao aprofundamento dos debates nas webconferências:
Considera-se que o aprofundamento dos debates foi prejudicado pela falta dos indicado-
res sobre a cultura e seus agentes no Estado. Além disso, havia dificuldade do debate avançar
por falta de sistematização dos temas e conclusões em cada um dos encontros. A sensação de
repetição e retorno às mesmas questões pode ser um dos motivos do esvaziamento da Confe-
rência ao longo dos ciclos. De modo geral, não se conseguiu debater em profundidade os assun-
tos abordados nas webconferências, aconteceram vários eventos com informações úteis esva-
ziados de público e, principalmente, sem engajar diversos agentes de cultura que estavam mais
afastados do processo. Além disso, as sugestões propostas para melhoria e qualificação desses
espaços, pelo que pudemos observar, não foram consideradas durante o processo, o que corro-
borou para o esvaziamento.
Na avaliação dos representantes da Sedac, o primeiro ciclo foi demasiado demonstrativo,
enquanto o segundo ciclo teve mais interação e trouxe visibilidade para os pontos de cultura,
culturas populares e para os territórios invisíveis. Porém, ao longo do tempo, a presença das
pessoas foi diminuindo.
4 - Quanto às contribuições trazidas pelo GT Mapeamento na busca ativa e mapeamento
da execução da LAB no RS:
As avaliações que o GT Mapeamento recebeu foram muito positivas, em diversas instâncias,
sendo considerado um dos pontos fortes e potentes desta Conferência. Tanto o trabalho interno
do grupo, quanto o externo foram conduzidos de maneira colaborativa, ética, profissional e com
vistas a potencializar a gestão e viabilizar o controle social dos recursos da Lei Aldir Blanc. O
principal produto construído coletivamente pelo GT, em parceria com a equipe do projeto “Ob-
servatório Cultural: impactos da pandemia Covid-19 no setor cultural gaúcho” foi a ferramenta
Mapa Lab RS, tornando-se um importante mecanismo de acompanhamento e análise da
implementação da Lei Aldir Blanc junto aos 497 municípios do RS.
Avalia-se que o fato do GT Mapeamento, formado pelos diferentes agentes da cultura, ter
sido concebido também com a tarefa de avaliar a conferência é um ponto positivo da conferên-
cia, pois garante que os documentos sobre o processo não sejam determinados por uma única
perspectiva, geralmente a de governo. Espera-se que o trabalho de mapeamento e busca ativa
seja continuado pela SEDAC para que os próximos editais e políticas públicas de cultura
possam ser baseados em dados concretos de indicadores e diagnóstico da realidade estadual.
Exemplo: Onde estão os artistas de cada setor? Quais as demandas? Temos que ter esses
números organizados e conhecer nossos públicos, disponibilizando essa base de dados para
acesso de todos os colegiados e CEC RS.
A análise dos representantes da Sedac RS é de que todos os GTs trouxeram grande con-
tribuição, com debate forte da sociedade civil sobre os temas, ampliando as perspectivas. Res-
salta a importância do GT Mapeamento e o acerto de agregar várias pessoas já envolvidas com
atividades de pesquisa, o que conseguiu fazer um desenho do processo de execução da lei. A
partir das ações desse GT foi possível um avanço real para a construção da política pública,
devido ao seu olhar específico para o sistema de indicadores - que orienta as necessidades de
formação e qualificação do setor.
5 - Quanto à avaliação da ferramenta Mapa Lab RS:
Ao avaliar o processo de construção, implementação e resultados dessa ferramenta de
gestão e acompanhamento da Lei Aldir Blanc, foram identificadas como forças: a representativi-
dade das respostas dos municípios em termos populacionais; uma visão geral dos sistemas
municipais de cultura; construção de uma base de dados robusta para a gestão do Sistema
Estadual de Cultura do RS; possibilidade de visualização de dados em formato de cartografia,
sendo a primeira iniciativa de cartografia das políticas públicas de cultura no Rio Grande do Sul.
Quanto às fraquezas da ferramenta, foram elencadas: baixa adesão do universo dos municí-
pios, já que apenas 156 responderam ao questionário nesta primeira fase; as perguntas não
obrigatórias deixam campos em aberto que dificultam alguns comparativos; falta de conheci-
mento para responder às perguntas do questionário; o formulário ficou demasiadamente exten-
so; falta de treinamento para responder ao questionário; a ênfase foi apenas no gestor público
como respondente, não havendo campos a serem preenchidos por outros agentes dos sistemas
municipais, como conselheiros, artistas e demais trabalhadores da cultura locais; no esforço de
divulgação houve menor ênfase nos municípios menores, dificultando o engajamento de um
volume grande de cidades; ausência dos dados de operacionalização dos outros grupos de
trabalho da Lei Aldir Blanc.
Quanto às oportunidades foram identificadas: o fortalecimento do Observatório Cultural já
estabelecido para continuidade da pesquisa e acompanhamento da Lei Aldir Blanc no RS;
produção de base de dados potente para consolidar o Sistema Unificado de Informações e Indi-
cadores Culturais, previsto na estrutura do Sistema Estadual de Cultura; possibilidade de uso
dos dados para a
implementação de políticas públicas de cultura, observando as especificidades de cada região
do Estado; a ferramenta potencializará uma melhor compreensão dos gestores sobre sua região
a partir dos dados obtidos pelo Mapa LAB; disparador para outros estudos sobre políticas cultu-
rais; rastreio e mapeamento da cadeia produtiva da cultura; importante base de dados para a
compreensão da Lei Aldir Blanc e análise dos não respondentes.
Como ameaças foram identificadas: a possível descontinuidade do banco de dados (em
virtude de troca de gestão, extravio da plataforma em que a base estará hospedada, etc); a pos-
sível descontinuidade das atividades do Observatório Cultural gerenciado pela UFFS após o
término da Conferência; falta de visibilidade e comunicação sobre a importância dessa ferra-
menta na gestão da Lei Aldir Blanc; os dados do Mapa LAB não serem disponibilizados para
consulta pública; sobrecarga de tarefas para os técnicos da cultura e concorrência com os
prazos de elaboração de plano de ação e editais da Lei para recebimento dos recursos; conco-
mitância com o período eleitoral durante o processo de coleta de respostas com os dirigentes
municipais e prefeitos.
6 - Quanto à articulação dos agentes do Sistema Estadual de Cultura e construção de indi-
cadores culturais:
Acredita-se que uma boa forma de garantir a participação dos colegiados e demais
instâncias representativas da comunidade cultural na execução da Lei Aldir Blanc seja a conti-
nuidade das ações de mapeamento, busca ativa e desdobramentos desses dados em nível
setorial. Nesse sentido, sugere-se a elaboração de questionários que sejam desdobrados a
partir das informações obtidas pelo Mapa Lab RS, através do levantamentos de dados e produ-
ção de cartografias específicas dos diferentes segmentos culturais no RS, a exemplo do Mapea-
mento da Dança no RS. Esta será uma forma de verificar como os setores estão organizados e
distribuídos nas diferentes regiões do RS, buscando analisar se há instâncias representativas e
democráticas em cada localidade, como conselhos municipais, colegiados, fóruns e outros tipos
de coletivos que discutam e acompanhem as políticas públicas de cultura. Além disso, possibili-
tará acesso aos contatos de cada conselho/colegiado nos municípios, permitindo a ampliação
das redes, formação de mailings setoriais para comunicação dirigida, viabilização de políticas
setoriais mais efetivas (planos setoriais, sistemas de indicadores setoriais, mecanismos de
fomento e incentivo setoriais).
Considera-se que a Sedac RS poderia ter se organizado de forma mais funcional, criando
equipes técnicas para orientar os gestores de tantos municípios. Depois da primeira comunica-
ção e alerta sobre a Lei, sobre a chegada dos recursos, muitas dúvidas surgiram e o modo de
saná-las foi disperso. A falta de empenho dos gestores dos municípios para responder ao Mapa
Lab RS em função de inúmeras questões, mostra que ainda não compreenderam a importância
da construção dos indicadores. Esse cenário ressalta que, mesmo com a possibilidade de
repasse de recursos, há desvalorização do trabalho e da economia nos setores da arte e da
cultura.
Constata-se que o Conselho Estadual de Cultura esteve afastado dos demais, no entanto os
Colegiados puderam se conhecer melhor, apesar da falta de sistematização de espaços para
isso.
Na avaliação dos representantes da Sedac, esse foi o momento, no Rio Grande do Sul,
de maior articulação entre os agentes da cultura e de maior adesão dos gestores. O número de
solicitações de informações que chegam para a Secretaria da Cultura do Estado nunca foi tão
grande. A fragilidade disso é que exatamente nesse momento há mudança de gestão nos muni-
cípios e o trabalho de articulação com os novos gestores deverá ser retomado desde o início.
7 - Quanto às expectativas projetadas x resultados alcançados:
As expectativas diziam respeito à sistematização para execução da lei Aldir Blanc, temáti-
ca única da Conferência, as quais não foram plenamente alcançadas. Houve desgaste desne-
cessário dos agentes participantes e o processo de interpretação da Lei teve muitas divergên-
cias. De modo geral, o objetivo da execução foi cumprido através da Sedac RS, em conjunto
com uma instância recomendativa, que tinha participação da sociedade civil através da repre-
sentação dos colegiados (comissão), somada a outros GTs também consultivos (mapeamento,
fomento, subsídio e renda), que resultou em diretrizes para execução da lei pela Sedac RS.
Visto dessa forma, o objetivo foi cumprido, porém além dessas duas instâncias, a participação
da sociedade civil foi apenas como ouvinte das webconferências, sem participação direta e efeti-
va, visto que as decisões finais não foram resultado de votação por voto universal ou delegado,
e sim decisões da Secretaria tendo como base informações oriundas destas instâncias. Apesar
da frustração com o caráter pouco deliberativo da Conferência, houve possibilidade de alcançar
a sociedade nos esclarecimentos sobre a Lei Aldir Blanc e subsidiar à Sedac na execução da lei
ainda segue em processo.
Por outro lado, do ponto de vista econômico, há que se mensurar em que medida se con-
seguiu atender emergencialmente os artistas que mais necessitavam dos recursos. Ao longo da
conferência, e mesmo em debates anteriores a ela, discutiu-se o fato de que a grande maioria
das pessoas teria dificuldade de ser amparada pelo inciso I, em função das restrições da lei
como, por exemplo, aquela que determina o ano de 2018 como o referente para definir a renda
do agente da cultura. Assim, era de conhecimento dos gestores que o inciso III também teria que
garantir o repasse de manutenção desses trabalhadores e trabalhadoras em vulnerabilidade
desde o início da pandemia. Nesse sentido, considera-se um grande problema o formato dos
editais do estado, que não levaram em conta esse dado e que, assim, se desviaram da ideia de
uma lei de repasse de recursos emergenciais, para garantir a salvaguarda da cultura e das pes-
soas trabalhadoras nesse momento de extrema carência e inviabilidade de manter suas ativida-
des econômicas no setor cultural.
Na avaliação dos representantes da Sedac, a expectativa era garantir o repasse do valor
total dos recursos da Lei Aldir Blanc no estado e municípios gaúchos. Para isso, mesmo sem o
devido caráter deliberativo da conferência, buscou-se ter o maior número de representações,
olhares e vozes para organizar a destinação desse dinheiro público.
Havia a expectativa de que a participação de todas as instâncias fortaleceria o diálogo e a
chegada das informações a todos os gestores municipais, pois era perceptí- vel a falta de
interesse em diversos municípios, principalmente devido às dúvidas relacionadas à prestação
de contas, por tratar-se de um ano eleitoral. No caso do Estado, a Secretaria da Cultura investiu
numa perspectiva que não propõem um atendimento imediato, mas uma postura que amplia a
aplicação de recursos ao longo do tempo, em médio prazo. Foi essa postura que determinou
os modelos dos editais lançados pelo Estado, voltados à produção de atividades culturais em
formatos permitidos durante a pandemia.
Além disso, os representantes da Sedac avaliam que as ações dessa Conferência e das
mobilizações paralelas, as operações para o repasse da verba, o conjunto dos cadastros e
inscrições em editais mudaram a história de governamento e de construção de política cultural
no Estado, uma vez que teremos um mapeamento. Há um sistema no qual não se sabe onde e
como se distribuem as ações e trabalhadores de cultura no Estado - onde estão as fragilidades,
os pontos fortes. Espera-se que o resultado de todo esse trabalho produza dados para a cons-
trução de um sistema que possa ampliar as ações de políticas culturais para todo o estado.
Nesse sentido, ainda há o perigo de que não se entenda a importância desse sistema, que não
pode se transformar em um depósito de dados, já que o sistema precisa ser um mecanismo de
projeção para as políticas do estado.
8 - Sugestões de melhorias para a próxima conferência de 2021:
Sugere-se que seja realizada uma próxima conferência em formato híbrido, de forma a
possibilitar encontros presenciais e, ao mesmo tempo, manter as transmissões das atividades
pela internet. Não deverá abrir mão de recursos de comunicação que possibilitem um maior
alcance de públicos que não podem acessar de forma presencial.
É fundamental, como preparação para a conferência, uma análise detalhada, realizada
por equipe de pesquisadores, que estabeleça indicadores a partir dos cadastros e inscrições nos
editais do estado e dos municípios. Também é oportuno investir no mapeamento dos setores
culturais e consolidar melhor o Sistema Estadual de Cultura, de modo a oportunizar que os
resultados finais sejam votados nas devidas instâncias representativas dos agentes (sociedade
civil, poder público municipal e poder público estadual), cabendo à Sedac respeitar as delibera-
ções.
No que se refere a questão dos mecanismos de fomento, entende-se que é fundamental
desburocratizar o processo ao máximo, sobretudo quando se trata de entraves para fazer o
dinheiro chegar na ponta, considerando a complexidade dos formulários a serem preenchidos
pelos candidatos aos recursos e o excesso de leis e regras que cada um precisava conhecer.
Caso contrário, o dinheiro ficará sempre concentrado nos mesmos agentes/proponentes.
Também faz-se necessário realizar reuniões de esclarecimento e oficinas de projetos com a
comunidade cultural de todas estas regiões funcionais.
Na avaliação da Sedac, o formato híbrido deverá articular debates presenciais com virtu-
ais, com mais estrutura e recursos. Fazer um trabalho de agregar todas as pessoas que se
envolveram nessa conferência e também ouvir quem ainda não conseguiu ser ouvido. Será
possível olhar para os resultados da Lei Aldir Blanc e entender quem nós somos, além de criar
estratégias (um sistema de formação) para garantir a apropriação, pelo conjunto dos agentes da
cadeia produtiva da cultura, de seus direitos, seus deveres. Projeta-se a reforma do Plano Esta-
dual de Cultura e o estabelecimento de metas como pauta desta próxima Conferência em 2021.
9 - Sugestões de melhorias para o processo avaliativo de novos editais e mecanismos de
fomento por parte da Sedac:
Sugere-se a divisão do processo em duas etapas: habilitação documental realizada por
técnicos servidores da Sedac e seleção/avaliação de mérito realizada por pareceristas técnicos
externos e contratados para esse serviço. Avalia-se que, mesmo com os prazos curtos da Lei
Aldir Blanc para o repasse dos recursos, o tempo seria otimizado e os problemas minimizados
através do filtro prévio dos documentos e revisão do cumprimento das regras do edital, funções
a serem desempenhadas por equipe técnica especializada da Sedac RS, possibilitando aos
proponentes que apresentassem recursos para essa fase primeiramente.
Quanto à fase de seleção, poderia ter sido realizada de forma mais ágil e focada na ava-
liação de mérito dos projetos, em relação aos critérios estabelecidos nos editais, sem que cou-
besse aos avaliadores externos, de forma subjetiva, julgar os enquadramentos dos projetos para
hablitação/inabilitação. Como ocorre em outras comissões do FAC RS, por exemplo, também
teria sido de suma importância que todos os avaliadores se reunissem para avaliar o quadro
geral de notas, percebendo as discrepâncias entre as avaliações, as repetições de projetos por
proponente e/ou beneficiando os mesmos espaços/instituições e, assim, pudessem compor o
resultado final de forma mais equânime e justa, considerando que os recursos eram limitados e
atendem uma realidade emergencial no setor cultural.
Feita a fase de seleção, faz-se necessária a divulgação pública dos projetos habilitados
e classificados, com seus respectivos proponentes, cidades de origem e valores contemplados,
a fim de que se possa mensurar a abrangência e equidade na distribuição dos recursos, sobretu-
do no sentido da não concentração dos valores nos mesmos proponentes ou instituições afins,
profissionais que se repetem nas fichas técnicas, bem como em determinados setores culturais.
Essas informações também serviriam para que se pudesse mensurar a quantia de projetos
inscritos de proponentes do interior do RS em relação à de proponentes da capital, de forma que
seja possível considerar essa equivalência para a divisão dos recursos disponíveis, em relação
à demanda x oferta.
Sugere-se também a revisão de alguns critérios dos editais, especialmente no que tange
aos regramentos que resultam em inabilitação e desclassificação dos projetos. Neste sentido,
caberia maior clareza e especificidade no texto quanto ao limite de rubricas consideradas como
serviços de gerenciamento (limite de 10%), evitando assim más interpretações e erros de plane-
jamento por parte dos proponentes, bem como tornaria o processo de avaliação mais
transparente e objetivo para as comissões de seleção. Bons projetos podem ter sido prejudica-
dos nas avaliações por falta de entendimento sobre este item, uma vez que os editais não espe-
cificaram quais serviços e despesas seriam consideradas como gerenciamento (ex: custos
administrativos, assessoria jurídica, assessoria contábil, assessoria de comunicação, assesso-
ria de planejamento, taxas bancárias, impostos, etc);
Por fim, sugere-se que, para a avaliação de futuros editais em 2021, seja realizado
previamente pela Sedac RS um edital de credenciamento de pareceristas técnicos, que exija
formação e experiência comprovada na avaliação de projetos culturais, especialmente em suas
áreas de atuação e linguagens artísticas. Esses profissionais atuariam conforme a demanda de
cada edital, sendo remunerados pela quantia de pareceres emitidos, de forma a profissionalizar
essa importante atividade da cadeia produtiva da cultura e tornando o processo de avaliação
cada vez mais profissional, ético e transparente. Deste modo também seria evitado que artistas
e produtores tivessem que optar entre atuar como proponentes nos editais ou fazer parte das
comissões julgadoras, criando muitas vezes problemas de ordem ética relacionados aos confli-
tos de interesses entre agentes da cadeia produtiva da cultura. Para tanto, pode ser oportuna a
oferta de curso de formação para pareceristas técnicos, possibilitando que esses recursos
humanos sejam capacitados e orientados de acordo com as exigências dos mecanismos de
fomento e incentivo próprios do Pró-Cultura RS.
Rio Grande do Sul, 15 de dezembro de 2020.
Grupo de Trabalho Mapeamento
Produziram esse relatório:
Álvaro Fraga Moreira Benevenuto Jr.
Cristiano Max Pereira Pinheiro
Dirce Maria Orth
Duclerc João da Silva
Gabriela Gonçalves da Rosa Ferreira
Léo Francisco Ribeiro de Souza
Lisete Bertotto Correa Marcela Alvares Maciel
Maria Fonseca Falkembach
Neila Baldi
Simone Luz Ferreira Constante