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Relógio Humano
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Mariângela Padilha - Me Morte
Mariângela Padilha
PRIMEIRA EDIÇÃO - 2011
Produção:Prefácio:
Capa:
Me Morte - René OcinéGeralda Aparecida DiasRené Ociné
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte do conteúdo destelivro poderá ser utilizada ou reproduzida em qualquer meio ou forma,seja ele impresso, digital, áudio ou visual sem a expressa autorizaçãopor escrito da Autora sob penas criminais e ações civis.
Todos os direitos reservados a:
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00:00h – Na RuaCasais Apaixonados
01:00h – Na Pra�aOs carros estacionados
02:00h – Nos PostesMeninas de Pouca Sorte
03:00h – Nos CamposCorujas e Vento Forte
04:00h – Na Ro�aSeu “Z�” J� liga o R�dio
05:00h – Dona MariaTira o P�o do Arm�rio
06:00h – Os Quart�isAcordam Homens – Meninos
07:00h – Nas CasasSoam Alarmes Matutinos
08:00h – Nas LojasAs Vendas j� Correm Soltas
09:00h – Nas EscolasMeninos Limpam a Lousa
10:00h – Nos BaresPanelas V�o Borbulhando
11:00h – Nos LaresFam�lias se Alimentando
12:00h – o Sol CobreVarais de Roupas Torcidas
13:00h – Nos BancosVelhinhos Enfrentam Filas
14:00h – Os JornaisBatalham suas Mat�rias
15:00 – Nos BecosA Dor de Tanta Mis�ria
16:00 – O Tr�fegoFazendo suas V�timas
17:00h – L� LongeO Som do Carro de Pol�cia
18:00h – Na IgrejaO Canto da Ave Maria
19:00h – No �nibusA Volta Para a Fam�lia
20:00h – Na SalaCome�a o Jornal da Globo
21:00h – O de SempreNovela ou Algum Jogo
22:00h – A PatroaEspera Por um Afago Quente
23:00h – DescansoNo Sono de Toda Gente
00:00h – AnunciaVai Come�ar tudo de Novo
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Mariângela Padilha - Me Morte
Prefácio
“Tempo, tempo, tempo, fa�o um acordo contigo…” diz aletra da can��o, colocando o tempo como um ser animadocom quem podemos falar e tentar fazer um acordo. Quetipo de acordo far�amos com ele? Pedir�amos que passassemais devagar? Por�m, isso nos daria um t�dio terr�vel!Pedir�amos que voltasse para que pud�ssemos reformularnossa vida? Ser� que mudar�amos alguma coisa?Nietzsche, quando falava do tempo, dizia que viv�amos numeterno retorno. Para ele o tempo � algo circular e n�o linear.Penso que o fil�sofo tem raz�o: o tempo s�o ciclos que serepetem: embora n�o sejamos nunca os mesmos, vivemosciclos muitos parecidos.O fato de sermos finitos e de morrermos faz com quetenhamos medo da passagem do tempo que nos levainexoravelmente ao envelhecimento e � morte. Assim, ohomem busca na religi�o, nas artes, na literatura e emoutras tantas �reas do conhecimento humano respostaspara algumas quest�es.Mari�ngela Padilha, como toda boa poeta, tamb�m sedebru�a sobre essa quest�o do tempo e o faz com maestria.Suas poesias trazem essa inquieta��o que move os artistas,intelectuais, fil�sofos e todos os seres humanos: asang�stias que permeiam a nossa exist�ncia, a perplexidadediante dos fatos da vida que n�o entendemos muito bemcom a raz�o, mas que falam ao nosso sentimento.
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Relógio Humano
Nesse livro seus poemas falam de amor com lirismo, dedor com sentimento, de problemas sociais sem serpanflet�ria. Carregados de lirismo revelam a profundasensibilidade art�stica da poeta. Destilam emo��o semserem piegas.Para n�o alongar muito esse pref�cio, pois creio que osleitores est�o ansiosos pelos poemas, recorro a uma frasede Nietzsche: “A eterna ampulheta da exist�ncia ser�sempre virada outra vez - e tu com ela, poeirinha dapoeira!”.
Geralda Aparecida DiasUm lindo dia de maio, outono de 2010
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Mariângela Padilha - Me Morte
Minutos Parecidos
Você anda apressadoContra o tempoDiz que é hora
De ir e vir
Você pensa e jogaOs planos todos fora
E diz que é horaDe partir
E os anos, tantos...Alentos que ficaram por aí
O aceno, prantos, nadaMais ninguém para te seguir
E minutos parecidosSão vividos quase sempre por aí
Sempre achando tudo lindoSó sorrindo, sem motivos para sorrir
00:00hNa Rua
Casais Apaixonados
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Relógio Humano
Best Seller
Uma lua, uma ruaPoesia tropical
Uma chuva, alguémNão faz malSó faz bem!
Uma casa, uma redeCéu aberto
Uma esquina, um desertoVocê por perto
Tudo bem!
Um carro, um cigarroDireção e meta
Toda incertaTua mãoTão bom!
Minha históriaTua história
Best Seller tecnicolorTodas brigasTodas rugasTudo amor
01: 00hNa Praça
Carros Estacionados
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Mariângela Padilha - Me Morte
Turmalinas decadentes...
No vento um perfume parcoE um toc, toc, de salto altoNos postes a pouca sorte
Nas bocas o batom forte...
Em cada esquina calado gestoEm cada sina, reflexo inerente
Inconsciente neblina...
Moças crianças, trazem suas lembrançasSeus ideais, desesperança fugaz
Velhas meninas, Caro linas, Catarinas...
Abençoadas loucas, turmalinas decadentesApaixonadas bocas, roucas de sina
E fé descrente...
No vento um perfume parcoE um toc, toc, de salto altoNo rosto o olhar sombrio
No gesto um convite frio...
02:00hsNos Postes
Meninas de Pouca Sorte
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Relógio Humano
Rio Manduva
Tempo bomSol e chuva
Um cheirinho de terraL� do rio Manduva
Perfumando a serra...
O campinho, a macieiraUm ranchinho, o arraial
E na pele morena trigueiraLeve gostinho de sal...
O andar de jeito agresteSegue o rio que longe vai darE de mo�a a menina se vestePr’um certo mo�o agradar...
Tempo bomSol e chuva
Perfume bom de cheirarPertinho do rio Manduva
Lugarzinho bom de morar...
03:00hsNos Campos
Corujas e Vento Forte
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Mariângela Padilha - Me Morte
Na lida, a enxada amiga.Moendo o corpo suado, ali...
Calado.Nunca reclama, sorri...
Na Roça, já liga o Rádio.Sibilando o adubo da mente, o tom,
Contente...No prenuncio de tempo bom.
Ali perto, o bule, o café...O pedaço de pão, a fatia
No albardão...Ah! Prestimosa Maria...
Tardezinha, o cavalo, o caminho...O justo sossego, o luar,
O apego...No aconchego do lar !
04:00 hsNa Roça
Seu Zé já Liga o Rádio
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Relógio Humano
Dona Maria e o Pão do Armário,Sempre Maria e o pão, às vezes...
O jeito minguado...O andar curvado...
Sertão nordestino, povo gentil!
Não sabe idade, o dia, os direitos,Sabe que o filho tem fome.
Ana quer esco la...José quer uma bola...
Povo valente, varonilA mesa posta, pratos vazios,
Na barriga um ronco pungenteNa TV novo presidente
No futuro, esperança pra gente...Terra adorada...
Pátria amada, Brasil!
05:00 hsDona Maria
Já Tira o Pão do Armário
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Mariângela Padilha - Me Morte
Sou anti - guerra exerço a paz.Da humanidade, fui sempre amigaUm homem dita por trás da mesa
E o meu filho arrisca a vida...
Cancerígeno
Dará tempo?As flores estão ali
Esperam-me, me devoramCom sede de ser feliz
Viver o pleno dos amores...Ou enfeitar meu túmulo
São acasos para meu deleiteEsperança vã de felicidadeAntes que ele me alcance...
Dará tempo?Ou perderei no meio do caminho
Tantos planos, desejosTantos beijos não sentidos
Amores não vividos
06:00 hsNos Quart�is
Acordam Homens – Meninos
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Relógio Humano
E se imortal for, como penseiEspere-me para breve
Pois sei que ireiE de todas as certezas
Só uma, partireiDará tempo de ser feliz?
Não sei...
Hoje meu filho perdeu a vidaNão ri, não chora, não vive maisE o mesmo homem, fala de paz...
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Mariângela Padilha - Me Morte
Você anda apressadoContra o tempo,Diz que é hora
De ir e vir.
Você pensa e jogaOs planos todos fora
E diz que é horaDe partir
E os anos, tantos...Alentos que ficaram por aí
O aceno, prantos, nadaMais ninguém para te seguir
E minutos parecidosSão vividos quase sempre por aí
Sempre achando tudo lindoSó sorrindo, sem motivos para sorrir
07:00 hsNas Casas
Minutos Parecidos
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Relógio Humano
Miragem
Nas ruas, faróis de carrosJuntos, lado a ladoSem romantismo...
Fecho os olhos numa viagem:O campo, o mar, a brisa... miragem
Fugir do abismo...
Nas Lojas, as Vendas SoltasNuma correria loucasob um céu gris...
Dói no peito uma saudade:Da nossa antiga amizade
De voltar a sorrir ...
No sonho os faróis são floresNas lojas estão vendendo amores
E você...LáSaio numa correria louca
Para sentir o toque de sua bocaSem acordar...
08:00hsNas Lojas
As Vendas já Correm Soltas
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Mariângela Padilha - Me Morte
O Brasil tem fome...
Fome de saber o nomeFome de oportunidadeFome que já foi de pãoE que agora é de direito
O Brasil quer respeito...
Respeito pela sua históriaPelos sonhos, por merecimento
Pelas lutas, que não foram poucasQuer Escolas e as limpas as Lousas...
O Brasil é homem...
Homem do futuroHomem do passadoDo tipo apaixonado
Que sempre... Manda floresE que ainda é muito amado!
09:00 hsNas Escolas
Meninos do futuro...
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Relógio Humano
Se bebum bebe, nem Deus entende!
Eu já li mil vezesEsse poema para entender
Não consigo!Alguém pode me falarO que eu tentei dizer?
Com a mente "encharcada"Eu bebia e escrevia
E saiu isso daí:
Eu estive com DeusNum bar ontem,
Ele comentou de ti,Cuidado!
Deus está bravo!
Tua orelha vai ser poucaPara braveza de sua boca!
Corto seus dias!Larga Maria!
Abusar, proibir, violentar,Quem tu pensas ser,Diferente do Alfredo
10:00 hsNos Bares
Panelas Vão Borbulhando
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Mariângela Padilha - Me Morte
Que abriu o gásE morreu?
Esse não fui eu,Mas também não foi José,
Apaixonado, confiado, doido,Corno de bobeira,Pois dei cérebro,
As asneiras eu não dei!
Deus bebeu!Contradições no copo,Tristezas e melancolia
Por ver a sua criaRespirando errado
E quando me viu ao ladoDisse: "te prepara pra nascer!"
Coitado do Barman,Agitando o coquetel,
Viu seu bar no "beleléu"E virou feito um conhaque
Todo líquido no eslaqueDa piranha que assistia!
Deus, misericórdia!O coitado só pedia
__Vai rezando Ave MariaE gritou:
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Relógio Humano
__Garçon mais um!E bebendo e soluçando
O fim do homem adiandoDisse a moça:
Enche o copo do bebum!Que esse aqui já viciou,
O conheço de outros baresE só lembra do "abate"Quando o copo esvaziou
Deus, coitado,Quando fez esse daí
Bem no meio cochilou!
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Mariângela Padilha - Me Morte
Só...
Já sinto o aroma...Talvez se fechar os olhos
Perceba o jasmim.Um toque amadeirado
Diz que, se eu olhar pro ladoVerei o carmim.
Visualizo o perfil...Talvez se fechar os olhosNão perceba a multidão...
Nos Lares, se Alimentando...Nos bares, socializando...
E eu sozinho
Já vejo a cor...Talvez se fechar os olhos
Não perceba a ogivaE num lampejo florente,
Te traga de volta à menteE à vida...
11:00hsNos Lares
Famílias se Alimentando
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Relógio Humano
Sem Sol...Sem Vida
O sol queima a peleE vai contornando o rio...
Apaga o frio,Ilumina a rua
E no mar reluz...O sol foge da lua
Como o diabo foge da cruz.
O Sol nas Roupas TorcidasNuma confusão de corpos
Traduzindo gostosDimensão e formas...
Revelando o cotidiano, a lidaDos moradores expostos
No varal da vida.
Com o solVem sempre a sede
E na sombraTem sempre uma rede.As vezes, ele castiga...
Mas, sem solSem vida.
12:00hsO Sol Cobre
Varais de Roupas Torcidas
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Mariângela Padilha - Me Morte
Quem espera...
Quando a gente esperaO tempo passa
As pessoas passamE a gente fica...
Pior mesmo é queOs anos vãoOs dias vêm
E a gente, nada...
Quem espera dormeOs frutos não colhe
Pois, nunca plantou...
Quem espera assustaCom os cabelos brancosQue o espelho mostrou...
Frustração alcançaSe não entrou na dança
Se nunca dançou...
13:00hsNos Bancos
Velhinhos Enfrentam Filas
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Relógio Humano
Espera um afago quenteParado, indiferente
Espera um grande amor...
Quando a gente esperaSempre se alcançaA velhice mansa
A desesperança...
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Mariângela Padilha - Me Morte
Deus! Espie o Oriente!
SilêncioNão consigo olhar na janelaTão quieta agora, cerrada!
Meus olhos cegaram!Meu coração está ferido!
Qual será o próximo amigo?Ou serei eu?
No ar um cheiro de pólvoraIncomoda, alucina, arruína!
Na casa ao lado alguém morreu!O próximo, meu Deus!
Serei eu?
Um barulho, minúsculo, sorrateiroDenuncia que meu fim chegou
Entre tantos não será o primeiroUm jeito de bomba!
Um prenúncio de dor!
Deus!
Espere-me!Já vou!
14:00hsOs Jornais
Batalham Suas Matérias
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Relógio Humano
O enterro de Catherine
Rosas negras,Manchas roxas
E sonhos desfeitosFoste louca!Agora friaNesse leito
Vê se acordaFaz direito!
Antes que te cubram de terra...
15:00hsNos Becos
A Dor De Tanta Miséria
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Mariângela Padilha - Me Morte
Não quero irNão quero
NãoO cortejoO choroAs velasA covaA rezaA rosaE euPó
16:00 HsO TráfegoInevitável
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Relógio Humano
Ecos...
Duplica o instanteDuplica, o gesto
Eco é um protesto!Sons terríveisQue alarmam
Estonteantes...Um bebe que chora
Um cão que uivaSons incríveis
Que calamSons irritantes...
O toque do berranteO soco, o tapaSons horríveis
Que falamDo irrelevante
17:00hsLá Longe
O Som do Carro de Polícia
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Mariângela Padilha - Me Morte
O Som da PolíciaO da freada brusca
Sons terríveisQue abalam
Angustiantes...Um gemido, um soluço
Um tiro, uma rajadaEcos...
Duplica o instanteDuplica gesto
Infinito protesto!
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Relógio Humano
Dai-nos
A noite corria pela janelaE os anos pelos meus dedos
Enquanto milharesOravam à Ave Maria
Eu me prostituiaCom a cara e coragem...
E amontoava o pão de cada diaProfana sacanagem.
Que bobagem!
18:00hsNa Igreja
O som da Ave Maria
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Mariângela Padilha - Me Morte
A saudade...
Teu corpo é meuVelho, talvez, novo para mim
Perfeito para o sonhoPronto para o amor
Pleno, pois mesmo assimMe faz feliz!
Teu corpo é carmimMinha boca é contorno
De teu desejo...
19:00hsNo Ônibus
A Volta Para a Família
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Relógio Humano
Justiça dos homens
O tiro ecoa ao longeNo céu brilham metaisNo chão, alvos fataisE choros incontidos
Não foi Deus!Não fui Eu!Foram Eles!
No chão, leitos de sangueAbrigam corpos calados
Uns civis, outros soldadosE olhares sobreviventes
Oram a Deus!Pedem por Mim!Temem por Eles!
Seja eu a calar seu gritoA cravar seu peito insanoFazer justiça ao desumano
E tomar de volta a paz
20:00hsNa sala
(Descolorindo o Breque)Começa O Jornal da Globo
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Mariângela Padilha - Me Morte
Que Deus quer!Que Eu quis!
Que Me fez um deles!Cidades refletem nas chamas
A história de cada meninaSepultada nas ruínas
Num ritual antigoQue não é de Deus
Nem MeuÉ dos Homens!
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Relógio Humano
Saudosismo...
Desbaratinando, descentralizandoVai, vai, Brasil
Varonil de direita, juventude eleitaVai desmoronar
Visualizando, barriga roncandoVai, vai, Brasil
Gentil de fome, atropela o homemVai te matar
Na sala, começa na GloboMauricinho gritando, trombadinha roubando
Vai, vai, BrasilVerde amarelo pobreza, distribuindo riqueza
No exterior
Descolorindo o breque, falsificando o chequeVai, vai, Brasil
Gigante por natureza, papéis cobrindo a mesaNa CPI do horror!
21:00hsO de Sempre
Novela ou Algum Jogo
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Mariângela Padilha - Me Morte
A tua voz...Quebrando o silêncio da noiteAdoçando os meus sentidos
Tua mão...Num único gesto de amorFirmes, coladas, comigo
Teu cheiro...Que os anos não apagaram
Como o perfume do mar
Inexplicável que te amo...
Como explicar?Estava ali
Teu cheiro, teu jeitoInspirando noites imensuráveis
Em que meu corpo asfixiava o seuEra um mundinho a partePoesia misturada a sexo
Formas e sons desconexosEpilogando uma história de amor
22:00hsA Patroa
Espera por um Afago Quente
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Relógio Humano
Eu era felizOs brados dos ignorantesRuminavam altivos lá fora
E mesmo o contorno da auroraMe cegava os olhos,confusos
Dou vida, pra te terDou ar, pra te viver
Teu ser me basta, e como!Por alguns momentos sou feliz
E o mundo corre lá fora...
Inexplicável que te amo...
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Mariângela Padilha - Me Morte
Vozes
RisosConversas
Na água corrente...Fecho os olhos
E o passado se faz presente
Seriam espíritosOu a vã consciência?
De fato estão ali:Amontoados, amaldiçoados...
Desenhando uma vivênciaBreve, talvez insana
Fechem as torneirasDesse tom de remorso!Vozes não dizem nada
A não ser quando estão mortosE para falar, só os vivos!
23:00hsDescanso
No Sono de Toda Gente
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Relógio Humano
E a água jorraCada vez mais lúcida!
Voz de mulher, criança...Um mediúnico explicaUm cético complica
Desesperança!
E assim prossigoSem respostas, só ouvindo
E cada choro profanoLembra dos meus desenganosE dos anos que vão-se indo
E a água se esvaindoPelo cano...
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Mariângela Padilha - Me Morte
Todas as andorinhas andam nuas...
Me visto de sangue
Ando soz inho...Todas as andorinhas andam nuas
Todo horizonte é como a luaIntocável
Me visto de ódio
Vou perseguindoVelhos inimigos invisíveis
Belas lutas sempre invencíveisFalta coragem
Me visto de Trevas
Trago o rosto marcadoDos meus dissabores, de tudo
00:00hAnuncia
Vai Começar tudo de Novo!
39
Relógio Humano
E todas as dores do mundoTrago nas mãos
Na solidãoNo viver
Me visto de choro
Ando sozinhoSou como a luaE as andorinhasSó andam nuas...
Me visto de amor...
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Mariângela Padilha - Me Morte
Biografia
Mari�ngela Padilha, nascida cidade de Vacaria, Rio Grandedo Sul em e residente em Minas Gerais desde os dozeanos de idade, em Pouso Alegre desde 1976.Trabalhou na Empresa Brasileira de Correios e Tel�grafosdurante o ito anos; fo i Coordenadora do Centro deReeduca��o Municipal – CREM, atualmente trabalha na �reaadministrativa da Secretaria Municipal de Esportes e Lazerde Pouso Alegre - MG.Na �rea liter�ria foi colaboradora durante dois anos doJornal “Sul das Geraes”, participou de v�rias antologiaspelo Brasil, concursos e exposi��es.Na internet possui oheter�nimo g�tico “Me Morte” e desenvolve um projeto deliteratura sombria com participa��o deescritores e artistas em geral.“A Lenda do Corpo Seco” � seuprimeiro livro impresso, umromance infanto juvenil inspiradonuma lenda urbana da cidademineira de Pouso Alegre, lan�adoem agosto de 2009.
Mariângela Padilha