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Remediação de solos contaminados com produtos ...recipp.ipp.pt/bitstream/10400.22/2510/1/DM_AnaPinto_2011_MEQ.pdf · Mestrado em Engenharia Química Ramo Tecnologias de Protecção

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  • Mestrado em Engenharia Qumica

    Ramo Tecnologias de Proteco Ambiental

    Remediao de solos contaminados com

    produtos farmacuticos

    Ana Rita de Castro Vidal Pinto

    Novembro de 2011

    Orientao: Hendrikus Petrus Antonius

    Co-orientao: Jos Toms Veiga Soares de

    Instituto Superior de Engenharia do Porto

    Mestrado em Engenharia Qumica

    Ramo Tecnologias de Proteco Ambiental

    Remediao de solos contaminados com

    produtos farmacuticos Oxidao / reduo

    qumica

    Ana Rita de Castro Vidal Pinto

    Petrus Antonius Nouws

    Veiga Soares de Albergaria

    Instituto Superior de Engenharia do Porto

    Mestrado em Engenharia Qumica

    Ramo Tecnologias de Proteco Ambiental

    Remediao de solos contaminados com

    / reduo

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    produtos farmacuticos Oxidao / reduo

    qumica

    Ana Rita de Castro Vidal Pinto

    Novembro de 2011

    Orientao: Hendrikus Petrus Antonius Nouws

    Co-orientao: Jos Toms Veiga Soares de Albergaria

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    Agradecimentos

    Ao Professor Hendrikus Nouws e ao Professor Toms Albergaria pela competncia com que

    orientaram esta minha tese e pelo tempo que generosamente me dedicaram transmitindo-

    me os melhores e mais teis ensinamentos, com pacincia, lucidez e confiana. Pelo

    acesso que me facilitaram a uma pesquisa mais alargada e enriquecedora e pelas suas

    crticas sempre to atempadas, como construtivas, bem-haja estou-lhes muito, muito grata.

    Aos meus companheiros polacos que me ajudaram neste trabalho e em conjunto

    conseguimos bons resultados.

    Sou muito grata a todos os meus familiares pelo incentivo recebido ao longo destes anos.

    Ao Miguel, aos meus pais e ao meu irmo, obrigada pelo amor, alegria e ateno sem

    reservas.

    O meu profundo e sentido agradecimento a todas as pessoas que contriburam para a

    concretizao desta dissertao, estimulando-me intelectual e emocionalmente.

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    Resumo

    Actualmente, a poluio do ar, gua e solo so problemticas nas quais se tm centrado

    diversos estudos. Reduzir ou eliminar a concentrao dos diversos poluentes presentes

    nestes meios uma meta que se pretende atingir. Neste mbito, tm sido desenvolvidos

    diversos estudos e trabalhos, utilizando diversas tecnologias, como qumicas e biolgicas,

    de forma a conseguir-se atingir este fim.

    Esta tese teve como principal objectivo estudar a remediao de solos contaminados com

    produtos farmacuticos recorrendo oxidao/reduo qumica.

    Assim, comeou por se estudar a remediao de gua contaminada com ibuprofeno, uma

    vez, que a matriz lquida mais fcil de estudar que o solo.

    Neste mbito escolheram-se os seguintes reagentes para estudar a descontaminao da

    gua: permanganato de potssio, reagente de Fenton e nanopartculas de ferro zero

    valente.

    Analisando os resultados obtidos nestas anlises, verificou-se que o permanganato de

    potssio no foi capaz de reduzir a concentrao de ibuprofeno presente na gua. No

    entanto, o reagente de Fenton e as nanopartculas produzidas a partir do extracto da casca

    de castanha e do ch conseguirem reagir com o ibuprofeno, apresentando taxas de

    degradao de 90 % e 77 %, respectivamente, nas melhores condies experimentadas.

    Com os resultados obtidos, passou-se a analisar solos contaminados com o ibuprofeno,

    utilizando o reagente de Fenton e as nanopartculas produzidas a partir de um extracto de

    ch. Verificou-se que estes reagentes conseguiram reduzir a concentrao de ibuprofeno

    presente no solo (areia) para valores residuais, obtendo-se taxas de degradao acima de

    95 % aps 5 dias de reaco.

    Conclui-se que, o objectivo principal desta tese foi cumprido pois foi reduzida, e quase

    eliminada, a concentrao do ibuprofeno presente no solo, recorrendo oxidao/reduo

    qumica.

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    Abstract

    Currently, air, water and soil pollution are problems to which several studies have been

    dedicated. In these studies the reduction of the concentration or the elimination of various

    pollutants is one of the major goals. Several studies have been developed for this purpose,

    including various techniques, such as chemical and biological technologies.

    The principal objective of this thesis was to study the remediation of soils contaminated with

    pharmaceutical products using chemical oxidation/reduction.

    Initially the remediation of water contaminated with ibuprofen was studied because this liquid

    matrix is easier to study that the soil.

    In this context, the following reagents for the remediation of contaminated water were

    chosen: potassium permanganate, Fenton's reagent and zero-valent iron nanoparticles.

    Analyzing the results obtained in these tests, it was found that potassium permanganate was

    not able to reduce or eliminate ibuprofen from water. However, Fenton's reagent and zero-

    valent iron nanoparticles, produced using chestnut peels and tea extracts, were able to react

    with ibuprofen, presenting degradation rates of 90 % and 77 %, respectively.

    Based on these results, soils contaminated with ibuprofen were analyzed using Fenton's

    reagent and nanoparticles produced using a tea extract. It was found that these reagents

    were able to reduce the concentration of ibuprofen in the soil (sand) to residual values,

    resulting in degradation rates above 95% after 5 days.

    It is concluded that the main objective of this thesis was achieved because the ibuprofen

    concentration in the soil was reduced, and almost eliminated, using chemical

    oxidation/reduction.

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    ndice

    INTRODUO .................................................................................................................................... 21

    1. Introduo .................................................................................................................................... 23

    1.1 Solo ....................................................................................................................................... 23

    1.2 Contaminantes .................................................................................................................... 24

    1.3 Ibuprofeno ............................................................................................................................ 26

    1.4 Oxidao qumica ............................................................................................................... 27

    1.4.1 Principais oxidantes ................................................................................................... 31

    1.4.2 Oxidao qumica in-situ por permanganato .......................................................... 32

    1.4.3 Oxidao quimica in-situ por reagente de Fenton ................................................ 34

    1.4.4 Oxidao qumica in-situ por ozono ........................................................................ 36

    1.4.5 Oxidao qumica in-situ por persulfato .................................................................. 38

    1.4.6 Reduo qumica in-situ por nanopartculas .......................................................... 39

    ENQUADRAMENTO LEGAL ............................................................................................................ 41

    2. Enquadramento legal ................................................................................................................. 43

    MATERIAL E MTODOS .................................................................................................................. 45

    3. Material e mtodos ..................................................................................................................... 47

    3.1 Reagentes ............................................................................................................................ 47

    3.2 Equipamento e material ..................................................................................................... 48

    3.3 Procedimentos de ensaio .................................................................................................. 48

    3.3.1 Metodologias analticas ............................................................................................. 48

    3.3.2 Produo de nanopartculas de ferro zero valente ............................................... 49

    3.3.3 Ensaios de remediao de solues aquosas ....................................................... 50

    3.3.4 Ensaios de remediao de um solo arenoso ......................................................... 50

    RESULTADOS E DISCUSSO ....................................................................................................... 53

    4. Resultados e discusso ............................................................................................................. 55

    4.1 Ensaios em gua ................................................................................................................ 55

    4.1.1 Oxidao com o permanganato de potssio (gua) ............................................. 55

    4.1.2 Oxidao com o reagente de Fenton (gua) .......................................................... 57

    4.1.3 Reduo com nanopartculas de ferro zero valente (gua) ................................. 58

    4.2 Ensaios com areia .............................................................................................................. 61

    4.2.1 Oxidao com o reagente de Fenton (areia) .......................................................... 61

    4.2.2 Reduo com nanopartculas de ferro zero valente (areia) ................................. 62

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    CONCLUSES E SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................ 65

    5. Concluses e sugestes para trabalhos futuros .................................................................... 67

    BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................... 69

    Bibliografia ........................................................................................................................................... 71

    ANEXOS .............................................................................................................................................. 75

    6. Anexos .......................................................................................................................................... 77

    6.1 Anexo I Curvas de calibrao ....................................................................................... 77

    6.2 Anexo II Dados experimentais ...................................................................................... 81

    6.2.1 gua .................................................................................................................................. 81

    6.2.1.1 Oxidao com o KMnO4 ........................................................................................ 81

    6.2.1.2 Oxidao com o reagente de Fenton .................................................................. 84

    6.2.1.3 Reduo com nanopartculas de ferro zero valente ......................................... 87

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    ndice de figuras

    Figura 1-1: Estrutura do ibuprofeno. [5] ................................................................................27

    Figura 1-2: Exemplo de uma aplicao in situ. O persulfato de sdio usado como oxidante

    e o calor usado para auxiliar a sua activao. [6] ..............................................................29

    Figura 1-3: Esquema das diferentes etapas de remediao por nanopartculas. ..................40

    Figura 3-1: Esquema representativo da coluna onde foi colocada a areia. ...........................51

    Figura 4-1: Evoluo da concentrao de ibuprofeno em solues de pH=11 na presena de

    KMnO4 (4,0010-5; 8,0010-5 e 2,0010-5 M). .......................................................................56

    Figura 4-2: Evoluo da concentrao de ibuprofeno em solues de pH=3 na presena de

    KMnO4 (2,0010-4 e 3,2010-4 M). ........................................................................................56

    Figura 4-3: Evoluo da concentrao de ibuprofeno em solues de pH=7 na presena de

    KMnO4 (1,2010-4 e 2,0010-4 M). ........................................................................................57

    Figura 4-4: Evoluo da concentrao de ibuprofeno numa soluo de pH=8 na presena do

    reagente de Fenton. .............................................................................................................58

    Figura 4-5: Evoluo da concentrao do ibuprofeno (C0 1,2 ppm) em solues de pH 3,5;

    7 e 12 (Produo das nanopartculas: 5 mL de extracto do ch + 5 mL ferro(III) 0,100 M). ..59

    Figura 4-6: Evoluo da concentrao do ibuprofeno (C0 2,4 ppm) em solues de pH 5, 7

    e 9 (Produo das nanopartculas: 5 mL de extracto da casca de castanha + 5 mL de

    ferro(III) 0,100 M). ................................................................................................................60

    Figura 6-1: Curva de calibrao correspondente aos padres das diferentes concentraes

    de ibuprofeno a pH=3. ..........................................................................................................77

    Figura 6-2: Curva de calibrao correspondente aos padres das diferentes concentraes

    de ibuprofeno a pH=5. ..........................................................................................................78

    Figura 6-3: Curva de calibrao correspondente aos padres das diferentes concentraes

    de ibuprofeno a pH=7. ..........................................................................................................78

    Figura 6-4: Curva de calibrao correspondente aos padres das diferentes concentraes

    de ibuprofeno a pH=9. ..........................................................................................................79

    Figura 6-5: Curva de calibrao correspondente aos padres das diferentes concentraes

    de ibuprofeno a pH=12. ........................................................................................................79

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    ndice de tabelas

    Tabela 1-1: Principais propriedades fsico-qumicas de alguns frmacos. [1] .......................25

    Tabela 1-2: Oxidantes mais usados e respectivas reaces. ...............................................32

    Tabela 4-1: Concentraes de ibuprofeno na areia aps 5 dias de reaco com o reagente

    de Fenton ensaio 1. ...........................................................................................................62

    Tabela 4-2: Concentraes de ibuprofeno na areia aps 5 dias de reaco com o reagente

    de Fenton ensaio 2. ...........................................................................................................62

    Tabela 4-3: Concentraes de ibuprofeno obtidas aps 5 dias de reaco com as

    nanopartculas produzidas a partir do extracto de ch com soluo de ferro (III) ensaio 1.

    .............................................................................................................................................63

    Tabela 4-4: Concentraes de ibuprofeno obtidas aps 5 dias de reaco com as

    nanopartculas produzidas a partir do extracto de ch com soluo de ferro (III) ensaio 2.

    .............................................................................................................................................63

    Tabela 6-1: Evoluo da concentrao de ibuprofeno em solues de pH=11 na presena de

    KMnO4 (4,0010-5; 8,0010-5 e 2,0010-5 M). .......................................................................81

    Tabela 6-2: Evoluo da concentrao de ibuprofeno em solues de pH=3 na presena de

    KMnO4 (2,0010-4 e 3,2010-4 M). ........................................................................................82

    Tabela 6-3: Evoluo da concentrao de ibuprofeno em solues de pH=7 na presena de

    KMnO4 (1,2010-4 e 2,0010-4 M). ........................................................................................83

    Tabela 6-4: Evoluo da concentrao de ibuprofeno numa soluo de pH=8 onde foi

    adicionado reagente de Fenton (1,2010-3 M Fe2+ e 1,0610-2 M H2O2). ..............................84

    Tabela 6-5:Evoluo da concentrao de ibuprofeno numa soluo de pH=8 onde foi

    adicionado reagente de Fenton (4,0010-4 M Fe2+ e 3,5310-3 M H2O2). ..............................84

    Tabela 6-6:Evoluo da concentrao de ibuprofeno numa soluo de pH=8 onde foi

    adicionado reagente de Fenton (2,0010-4 M Fe2+ e 1,7610-3 M H2O2). ..............................84

    Tabela 6-7:Evoluo da concentrao de ibuprofeno numa soluo de pH=8 onde foi

    adicionado reagente de Fenton (4,0010-5 M Fe2+ e 3,5310-4 M H2O2). ..............................85

    Tabela 6-8: Evoluo da concentrao do ibuprofeno (C0 1,2 ppm) numa solues de pH

    3,5 (Produo das nanopartculas: 5 mL de extracto do ch + 5 mL ferro(III) 0,100 M). .......87

    Tabela 6-9: Evoluo da concentrao do ibuprofeno (C0 1,2 ppm) numa solues de pH 7

    (Produo das nanopartculas: 5 mL de extracto do ch + 5 mL ferro(III) 0,100 M). .............88

    Tabela 6-10: Evoluo da concentrao do ibuprofeno (C0 1,2 ppm) numa solues de pH

    12 (Produo das nanopartculas: 5 mL de extracto do ch + 5 mL ferro(III) 0,100 M). ........89

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    Tabela 6-11: Evoluo da concentrao do ibuprofeno (C0 2,4 ppm) numa soluo de pH 5

    (Produo das nanopartculas: 5 mL de extracto da casca de castanha + 5 mL de ferro(III)

    0,100 M). ..............................................................................................................................90

    Tabela 6-12: Evoluo da concentrao do ibuprofeno (C0 2,4 ppm) numa soluo de pH 7

    (Produo das nanopartculas: 5 mL de extracto da casca de castanha + 5 mL de ferro(III)

    0,100 M). ..............................................................................................................................92

    Tabela 6-13: Evoluo da concentrao do ibuprofeno (C0 2,4 ppm) numa soluo de pH 9

    (Produo das nanopartculas: 5 mL de extracto da casca de castanha + 5 mL de ferro(III)

    0,100 M). ..............................................................................................................................94

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    INTRODUO

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    Tese de Mestrado Tecnologias de Proteco Ambiental | Introduo 23

    1. Introduo

    Durante as ltimas dcadas o impacto da poluio qumica tem-se centrado, quase

    exclusivamente, nos poluentes convencionais.

    No entanto, o uso crescente de produtos farmacuticos, produtos de higiene pessoal e

    alguns herbicidas tm sido classificados como contaminantes dos chamados pases

    emergentes. Estes poluentes tornaram-se num novo problema ambiental, que tem

    despertado grande preocupao entre os cientistas nos ltimos anos. No entanto, existe

    ainda uma falta de conhecimento sobre os riscos que, a longo prazo, podem representar

    para os organismos, nomeadamente para a sade humana.

    Entre estes poluentes encontram-se os seguintes grupos: fenoxi, que so amplamente

    empregues na agricultura e na jardinagem para controlar o crescimento de diferentes

    espcies vegetais indesejveis em culturas; compostos farmacuticos, muitas vezes

    utilizados na preservao da sade humana e em aplicaes veterinrias, filtros para a

    proteco contra a radiao ultravioleta, empregues em protectores solares para proteger

    danos na pele devido exposio solar e em produtos de higiene pessoal, incluindo

    diversos cosmticos, loes, champs, batons, etc, e, tambm nas formulaes de produtos

    txteis, vernizes, repelentes de insectos [1].

    Assim, estes poluentes podem encontrar-se dissolvidos no meio aquoso e nos solos, como

    consequncia de descargas efectuadas nos colectores municipais (no caso de

    contaminao de meios lquidos) ou aplicaes de excrees animais em solos.

    1.1 Solo

    Segundo a definio universal, o solo a parte superficial mvel da crosta terrestre

    resultante da transformao da rocha-me [2].

    A estratgia temtica de proteco do solo reconhece o solo como um recurso vital no

    renovvel que desempenha um sem-nmero de funes chave e essenciais vida, tais

    como, ambientais, econmicas, sociais e culturais.

  • Remediao de solos contaminados com produtos farmacuticos Oxidao / reduo qumica 2011

    Tese de Mestrado Tecnologias de Proteco Ambiental | Introduo 24

    no solo que ocorre a deposio natural de materiais, cobrindo o substrato rochoso,

    produzida por desintegrao e decomposio fsica e qumica das rochas, podendo ou no

    conter matria orgnica.

    Assim, podem identificar-se como principais funes do solo as seguintes [2]:

    Produo alimentar e de biomassa;

    Fonte de matrias-primas minerais;

    Armazenagem, filtrao e transformao;

    Habitat e banco de genes;

    Ambiente fsico e natural da humanidade;

    Reservatrio de carbono;

    Conservao do patrimnio geolgico e arqueolgico.

    A contaminao do solo pode resultar da adio de compostos que modificam as suas

    caractersticas naturais, limitando o seu uso, pondo em risco a qualidade das guas

    superficiais ou subterrneas, e a sade pblica.

    Alm da constante contaminao por via humana a que o solo est sujeito, tambm est

    sujeito a crescentes presses naturais, tais como [2]:

    Eroso, salinizao e desertificao;

    Diminuio da matria orgnica;

    Impermeabilizao e compactao;

    Deslizamento de terras;

    Contaminao qumica;

    Diminuio da biodiversidade.

    Assim, de extrema importncia estabelecer uma base de trabalho comum para o

    desenvolvimento de polticas e de legislao que defendam o solo da degradao, e, que,

    promovam a sua recuperao e uso sustentvel enquanto suporte da actividade humana e

    dos ecossistemas [2].

    1.2 Contaminantes

    Os principais contaminantes do solo so os compostos resultantes de derrames de fuel,

    metais pesados (resultantes de efluentes de minas, instalaes de combusto, transportes),

    solventes, hidrocarbonetos clorados, fenis, agentes desengordurantes, agentes de

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    Tese de Mestrado Tecnologias de Proteco Ambiental | Introduo 25

    polimerizao, compostos orgnicos persistentes (resultantes do gs e processos de

    combusto incompletos) e explosivos (resultantes de actividades militares) [3].

    A acumulao destes poluentes pode causar efeitos adversos na sade humana e dos

    animais. Um grande nmero destes poluentes, assim como, produtos farmacuticos,

    incluindo sulfonamidas, tetraciclinas, hormonas ou drogas anti-inflamatrias tm sido

    detectados em diferentes matrizes, como por exemplo, carne, leite ou gua. As

    sulfonamidas so utilizadas como reagentes bacteriostticos para tratamento de seres

    humanos (inibio da sntese de cido flico em bactrias) e, como promotores de

    crescimento em animais [3]. Tetraciclinas so antibiticos de amplo espectro, devido s

    propriedades bacteriostticas so muito populares no tratamento de muitas infeces

    bacterianas, tais como infeces do trato urinrio, acne, gonorreia, entre outros [3].

    As hormonas naturais, ou sintticas so utilizadas como antitrmicos para reduzir

    inflamaes. Devido sua alta degradabilidade e baixa solubilidade, estes frmacos polares

    merecem uma ateno especial. No que diz respeito anlise da gua, estudo anterior

    demonstrou que estes compostos so apenas parcialmente eliminados durante a

    coagulao [3]. Na tabela 1-1 esto apresentados os principais parmetros fsico-qumicos

    para a determinao quantitativa, por cromatografia lquida com um detector de

    espectrometria de massa (LC-MS), neste estudo. Dada a baixa concentrao do analito

    encontrado nas amostras de gua foi necessrio fazer uma pr-concentrao por extraco

    em fase slida antes da anlise. Concluiu-se que os adsorventes de fase reversa no so os

    adequados para molculas mais polares ou ionizadas, tais como, o ibuprofeno,

    sulfonamidas ou tetraciclinas.

    Tabela 1-1: Principais propriedades fsico-qumicas de alguns frmacos [3]. (IBU: ibuprofen; DCL: diclofenac; E1: estrone; E2:

    17--estradiol; EE2: 17--ethinyl estradiol; STZ: sulfathiazole; SMT: sulfamethazine; SMX: sulfamethoxazole; SDM:

    sulfadimethoxine; T: tetracycline; OTC: oxytetracycline)

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    Tese de Mestrado Tecnologias de Proteco Ambiental | Introduo 26

    Estes produtos qumicos foram detectados no ambiente, em gua, numa gama de

    concentraes de 1 ng/L a 1 g/L, dependendo do tipo de amostra, localizao geogrfica,

    entre outros factores [3].

    Um outro mtodo utilizado nestas anlises a cromatografia gasosa, no entanto, esta

    metodologia requer uma anlise demorada, uma vez que, muitos contaminantes ambientais

    so polares, tm baixa volatilidade, so termicamente sensveis, e, alguns so pouco

    adequados para a derivatizao. Isto levou a uma utilizao mais ampla da LC-MS, pois,

    tem capacidade de efectivamente analisar estes tipos de molculas [4].

    Contudo, o conhecimento sobre o destino final de produtos farmacuticos no ambiente ainda

    muito limitado.

    Consequentemente, h uma crescente necessidade de desenvolver metodologias analticas,

    que permitam uma resposta rpida, sensvel e selectiva, na determinao destes poluentes

    presentes em amostras ambientais em concentraes residuais.

    J esto disponveis vrias metodologias de anlise para a determinao de algumas

    classes particulares destes compostos em guas superficiais e efluentes.

    Na verdade, as metodologias analticas so ferramentas necessrias para fornecer um

    conhecimento confivel e mais amplo sobre a ocorrncia, bem como o acompanhamento da

    remoo, a partio e o destino final destes poluentes no meio ambiente.

    As anlises de vrios grupos de compostos com caractersticas fsico-qumicas bastante

    diferentes requerem um compromisso na seleco das condies experimentais, que

    nalguns casos, no significa obter o melhor desempenho para cada um dos compostos.

    1.3 Ibuprofeno

    A sntese de produtos farmacuticos de extrema importncia, uma vez que, estes produtos

    so amplamente utilizados, quer em animais, quer em humanos.

    A presena destes contaminantes em ambientes aquticos e terrestres tem provocado

    grandes danos ao nvel da fauna e da flora.

    O ibuprofeno (IBP) um dos analgsicos mais comuns e mais utilizado, tem propriedades

    de compresso pobres e tem estrutura hidrofbica, sendo a sua morfologia influenciada pela

    polaridade do solvente [5].

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    Tese de Mestrado Tecnologias de Proteco Ambiental | Introduo 27

    O ibuprofeno amplamente utilizado, com mais de setenta milhes de prescries anuais

    em todo o mundo, como anti-inflamatrio e antipirtico especialmente no tratamento da

    febre, cefaleia, dores musculares, artrite e dores de dentes [6].

    Actualmente, estima-se que a concentrao de IBP no ambiente situa-se entre 10 ng/L a

    169 mg/L [6].

    Estudos recentes confirmaram a presena de IBP em efluentes de guas residuais, no

    entanto, as rotas domsticas foram identificadas como as principais vias de contaminao

    em ambientes aquticos por IBP. A poluio industrial ocorre devido descarga de

    efluentes no tratados das empresas farmacuticas. Portanto, o IBP e os seus produtos

    metabolizados podem entrar nos ambientes aquosos atravs do tratamento de esgotos das

    fbricas.

    Por vezes, os metabolitos formados so mais prejudiciais do que os compostos originais.

    Assim, o tratamento desses efluentes importante antes de descarreg-los para o

    ecossistema.

    Na figura 1-1 est representada a estrutura do IBP.

    Figura 1-1: Estrutura do ibuprofeno. [7]

    1.4 Oxidao qumica

    Uma das tcnicas que permite a eliminao / reduo da concentrao de alguns poluentes

    no meio ambiente a oxidao qumica.

    Por volta de 1930, fizeram-se os primeiros tratamentos ex-situ em sistemas para remoo

    de contaminantes orgnicos do solo ou gua subterrnea. Nesta tcnica o material

    contaminado a ser tratado removido do seu local de origem. A oxidao qumica in-situ

    originou desta tecnologia [8].

    A oxidao qumica de compostos orgnicos a parcial ou completa converso destes

    compostos em dixido de carbono e gua sem a presena de microrganismos. No caso de

    uma oxidao parcial, os compostos originais podem ser parcialmente oxidados a

    substncias mais biodegradveis como lcoois, aldedos, cetonas e cidos carboxlicos [8].

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    Tese de Mestrado Tecnologias de Proteco Ambiental | Introduo 28

    A oxidao qumica pode ser utilizada como tratamento nico ou como pr tratamento,

    aumentando a biodegradabilidade ou toxicidade de certos efluentes, sendo estes ento

    reencaminhados para outros tratamentos, como o biolgico.

    A oxidao qumica pode ser in-situ ou ex-situ.

    A oxidao qumica in-situ consiste na injeco de oxidantes qumicos no solo, de forma a

    reduzir/eliminar a concentrao dos contaminantes. Esta tcnica tem o potencial de alcanar

    grandes redues de concentrao e fluxo de massa num curto espao de tempo, estando

    vrios aspectos em fase de desenvolvimento. Estes incluem [8]:

    Desenvolvimento de novos agentes oxidantes que so mais seguros / mais fceis de

    manusear, como p.ex. perxidos slidos (MgO2, CaO2, Na2CO3, 3H2O2);

    Desenvolvimento de novos meios de activao, como quelatos de ferro, por serem

    mais eficazes no aquecimento;

    A activao de persulfato de ocorrncia natural outra alternativa promissora, mas

    as suas aplicaes em campo ainda so escassas;

    Outro aspecto est dirigido para a reaco de radicais especficos que so mais

    reactivos com contaminantes especficos e menos reactivos para a matria inorgnica

    natural;

    Estratgias de tratamento, onde um tipo de pr-tratamento utilizado para optimizar

    a aco do oxidante, ou, o ps-tratamento, usado como uma etapa de polimento (muitas

    vezes de biorremediao).

    A oxidao qumica in-situ pode ser usada em combinao com outras tecnologias para

    aumentar a eficincia de um tratamento. De facto, 74% dos locais de estudo para o

    desenvolvimento desta tecnologia usaram uma abordagem de cadeia de tratamentos. Em

    alguns testes realizados com tratamentos em cadeia, foram atingidas redues de

    concentraes superiores a 90%. Esta tcnica pode ser combinada com outras, como por

    exemplo [8]:

    tecnologias que permitem reduzir a massa de contaminante a ser tratada e evitar a

    recontaminao do aqufero por infiltrao;

    aps o tratamento trmico de forma a rentabilizar a activao de persulfato;

    com a introduo de um tensioactivo a fim de aumentar a solubilidade dos

    contaminantes absorvidos;

    com o fracturamento hidrulico ou pneumtico no solo;

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    Tese de Mestrado Tecnologias de Proteco Ambiental | Introduo 29

    com uma posterior biorremediao natural. Isso pode ajudar a obter um custo da

    remediao eficaz, limitando a quantidade de rea e perodo de aplicao dos reagentes

    oxidantes no subsolo.

    Estudos recentes tm mostrado que a inibio causada pela oxidao qumica in-situ sobre

    os microrganismos nos aquferos apenas temporria, e, os processos de biodegradao

    podem retomar logo aps o uso da oxidao qumica [8]. Tsitonaki et al. estudou os efeitos

    do persulfato activado por calor sobre os microrganismos do solo e constatou que embora o

    nmero de clulas vivas no fosse afectado em concentraes at 10 g/L, a actividade

    microbiana foi inibida. [9] Foi demonstrado que a biodegradao aerbia decresceu em

    colunas de solo, e, poderia recuperar aps o tratamento com persulfato activado por calor

    (30 g/L). Os processos aerbios recuperam mais rapidamente porque so favorecidos pelas

    condies ps-tratamento [9].

    Como concluso, pode dizer-se que, a oxidao qumica in-situ uma tecnologia vivel para

    a remediao de solos e guas subterrneas. Nos ltimos anos, o desenvolvimento

    contnuo de novas metodologias e aplicaes de campo tm ajudado a aumentar e

    ultrapassar algumas das limitaes desta tcnica [8].

    A Figura 1-2 mostra uma aplicao conceptual da oxidao in situ, onde o oxidante

    injectado no subsolo recorrendo a uma sonda e activado pelo uso de calor.

    Figura 1-2: Exemplo de uma aplicao in situ. O persulfato de sdio usado como oxidante e o calor usado para auxiliar a sua activao (adaptada de [8]).

    A amplitude de aplicao dos oxidantes para a transformao favorvel dos contaminantes

    da gua e do solo grande. Isto , muitos contaminantes ambientais podem reagir com os

    oxidantes. Portanto, possvel aplicar a uma ampla gama de classes de contaminantes o

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    tratamento oxidativo qumico. As misturas de contaminantes podem requerer tratamento

    envolvendo a aplicao sequencial de tecnologias para alcanar o objectivo do tratamento.

    A oxidao qumica pode ser implementada sob uma variedade de aplicaes, ou seja, quer

    nas zonas saturadas ou insaturadas do solo, ou, eventualmente, acima do solo, e sob uma

    variedade de ambientes hidrogeolgicos.

    A oxidao qumica um processo no qual o estado de oxidaode uma substncia

    aumenta. O oxidante reduzido ao aceitar electres libertados a partir da transformao

    (oxidao) do alvo. A oxidao de outras espcies no esperadas, incluindo compostos

    inorgnicos reduzidos, envolve tambm a perda de electres, no entanto, o principal alvo

    durante oxidao qumica envolve produtos qumicos orgnicos.

    A oxidao de compostos orgnicos pode incluir adio de oxignio, remoo de hidrognio,

    e / ou remoo de electres com ou sem a remoo de protes. O principal objectivo da

    oxidao qumica transformar as espcies qumicas indesejveis em espcies com menor

    toxicidade.

    Em sistemas de tratamento oxidativo, podem potencialmente ocorrer diversos processos,

    incluindo reaces cido-base, oxidao-reduo, precipitao, fenmenos de adsoro-

    dessoro, dissoluo, hidrlise, troca inica, etc. Muitas vezes, so necessrias inmeras

    reaces para alcanar produtos finais incuos, e muitos dos intermedirios da reaco

    nunca so identificados [8].

    Existem vantagens e desvantagens na aplicao desta tcnica [8].

    Vantagens:

    Aplicvel a uma ampla gama de contaminantes;

    Os contaminantes so destrudos in-situ;

    O tratamento in-situ pode reduzir os custos quando comparados com outras tecnologias;

    O calor de reaco aumenta a transferncia de massa, as taxas de reaco e actividade

    microbiana;

    Custo competitivo relativamente a outras tecnologias;

    O tratamento relativamente rpido.

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    Tese de Mestrado Tecnologias de Proteco Ambiental | Introduo 31

    Desvantagens:

    Curta persistncia de alguns oxidantes, devido s rpidas taxas de reaco no subsolo;

    Questes de sade e de segurana relativas manipulao de oxidantes fortes;

    Mobilizao de potenciais contaminantes.

    1.4.1 Principais oxidantes/redutores

    Os oxidantes/redutores mais comuns incluem ozono (O3), cloro, dixido de cloro, perxido

    de hidrognio (H2O2) e ferro (reagente de Fenton), persulfato (S2O82-), gua supercrtica,

    permanganato (MnO42-) e nanopartculas de ferro zero valente. Actualmente existem

    tambm combinaes destes oxidantes com radiao ultravioleta [8].

    O tipo e a forma fsica do oxidante indica a manipulao de materiais, em geral, e, os

    requisitos de injeco. A persistncia do oxidante importante pois afecta o tempo de

    contacto para o transporte advectivo e difusivo, por exemplo, possvel o permanganato

    persistir por longos perodos de tempo em materiais de baixa permeabilidade e percorrer

    longas distncias atravs de meios porosos.

    A oxidao qumica in-situ por permanganato est mais desenvolvida que a oxidao

    qumica in-situ recorrendo a outros oxidantes. O uso de permanganato em oxidao qumica

    in-situ aplica-se a uma diversidade de contaminantes bem como a vrias condies de

    campo, porm a investigao e o desenvolvimento adicionais so absolutamente

    necessrios.

    A oxidao qumica in-situ recorrendo ao reagente de Fenton foi implantada numagrande

    variedade de abordagens e envolve a utilizao de perxido de hidrognio e ferro. Em geral,

    esta tcnica envolve inmeros intermedirios reactivos e mecanismos.

    O ozono um forte oxidante que tem sido utilizado no subsolo, mas numa aplicao mais

    limitada do que com o permanganato e o reagente de Fenton.

    Na tabela 1-2 apresenta-se uma viso geral dos diferentes agentes oxidantes e as semi-

    reaces de reduo envolvidas [8].

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    Tese de Mestrado Tecnologias de Proteco Ambiental | Introduo 32

    Tabela 1-2: Oxidantes mais usados e respectivas reaces [8].

    Para a oxidao qumica ser uma tcnica vivel em relao a outras tecnologias,

    necessrio controlar as condies especficas do local, em conjunto com as caractersticas

    especficas do oxidante.

    1.4.2 Oxidao qumica in-situ por permanganato

    A oxidao qumica in-situ por permanganato ocorre na maioria das condies ambientais e

    pode ser aplicada em solos com pH entre 3,5 e 12. Em condies cidas (pH

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    Tese de Mestrado Tecnologias de Proteco Ambiental | Introduo 33

    o volume de oxidante injectado e do local onde aplicado. Permite uma penetrao mais

    profunda do oxidante em materiais do aqufero [8].

    Os reagentes no-alvo incluem, principalmente, matria orgnica e espcies qumicas

    reduzidas (p.ex. ferro).

    A precipitao de KMnO4 em tanques de mistura, ou no subsolo, pode ocorrer com KMnO4

    em elevada concentrao e em baixas temperaturas.

    A densidade de solues de permanganato , muitas vezes, maior que a da gua (1,00 g /

    ml). Por exemplo, o KMnO4 , geralmente, injectado como soluo 2-4%, que tem uma

    densidade de 1,02 a 1,04 g /mL, respectivamente. O que facilita o transporte vertical do

    oxidante, tanto em meios porosos como fracturados, e aumenta a distribuio e contacto

    entre oxidantes e contaminantes. Este mecanismo de transporte tem sido documentado em

    vrios estudos de campo [8].

    Impacto do MnO2:

    O principal impacto negativo deste composto a sua acumulao, podendo interferir com a

    transferncia de massa, e a reduo da permeabilidade. Alm disso, a distribuio no

    uniforme de MnO42- tambm contribui acumulao no-uniforme de MnO2. A reduo da

    permeabilidade tambm pode ser atribuda a partculas existentes no fluido injectado e/ou

    produo de gs. Alm disso, algumas misturas de MnO4 tm alto teor de slica, por isso,

    injectar grandes volumes de solues oxidantes pode resultar na acumulao de slidos

    (MnO2, silicatos) [8].

    As diferenas de temperatura entre a soluo no aqufero e o KMnO4 podem resultar na

    precipitao de KMnO4. necessria energia para alcanar a dissoluo de KMnO4 atravs

    da mistura antes da injeco. Se a agitao aplicada no processo de mistura muito baixa

    ou por tempo insuficiente, dever dissolver-se completamente o slido. A acumulao de

    partculas slidas de KMnO4 pode causar perda de permeabilidade [8].

    O dixido de carbono (CO2) um subproduto da oxidao e mineralizao de produtos

    qumicos orgnicos. Em estudos j efectuados, demonstrou-se que a permeabilidade

    diminuiu devido precipitao de MnO2 e formao de CO2. Portanto, a acumulao de CO2

    pode resultar num bloqueio do fluxo de gua no solo e reduo de permeabilidade. O

    aumento da permeabilidade devido dissoluo de CO2 e KMnO4 indicam que os

    mecanismos responsveis para a reduo da permeabilidade so reversveis. A reduo da

    permeabilidade pode ser evitada durante a oxidao qumica in-situ por filtrao de fludos,

    seleco de KMnO4 com baixo teor de silicato, e, garantir a mistura adequada de KMnO4. A

    injeco de reagentes qumicos (orgnicos e cidos inorgnicos, EDTA) no aqufero

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    enriquecido com MnO2 poderia dissolver o MnO2 na soluo e reduzir o impacto negativo

    (de acumulao) de MnO2 [8].

    1.4.3 Oxidao qumica in-situ por reagente de Fenton

    Em geral, a oxidao qumica em sistemas de tratamento recorrendo ao reagente de Fenton

    mais complexa do que a do permanganato. Isto atribudo principalmente aos inmeros

    intermedirios existentes nas reaces, e, aos vrios parmetros que afectam directa e

    indirectamente o reagente de Fenton originando novas reaces [6].

    So necessrios estudos para quantificar os mecanismos de reaco, esclarecer questes

    tcnicas, e optimizar o processo de tratamento. A reaco de Fenton clssica envolve

    especificamente a reaco entre H2O2 e Fe(II), formando o radical hidrxido (OH.) e Fe (III) e

    ies hidrxidos (OH-). O Fe (III) reage com H2O2 produzindo Fe (II). Esta sequncia de

    reaces, em geral, continua a ocorrer at o H2O2 ser totalmente consumido.

    Os processos de aplicao de perxido de hidrognio dividem-se em trs categorias

    distintas [10]:

    Aplicaes simples, com injeco directa de perxido;

    Processos avanados de oxidao, com a formao de radicais hidrxilo sem a

    presena de catalisadores metlicos (por exemplo, com utilizao de ozono ou

    radiao ultravioleta);

    Catalticas, onde se enquadra o Reagente de Fenton, e que compreendem o recurso

    a um catalisador metlico.

    H mais de um sculo, H.J.H. Fenton descobriu que usando um catalisador de ferro e

    perxido de hidrognio muitas molculas orgnicas poderiam ser facilmente oxidadas, em

    equipamento simples a presso e temperatura normais [10].

    Trabalhos posteriores levaram descoberta do mecanismo de reaco presente. O poder

    oxidativo do reagente de Fenton provm da diviso de H2O2 em OH- e radicais OH (cuja

    reactividade apenas ultrapassada pela Fluorina), em meio cido, sendo o passo chave do

    processo a formao destes radicais.

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    Foi teorizado um conjunto de reaces que levam formao de radicais hidroxilo e

    recuperao do ferro:

    Fe2+ + H2O2 --> Fe3+ + OH- + OH (1.1)

    Fe3+ + H2O2 --> Fe2+ + HO2

    + H+ (1.2)

    Dando-se ento o ataque por parte do radical hidroxilo a um composto orgnico RH

    qualquer:

    RH + OH --> R + H2O (1.3)

    R + O2 --> ROO (1.4)

    ROO + RH --> ROOH + R (1.5)

    Esta reaco deve ocorrer a pH entre 2 a 6, de modo a que o Fe (III) fique em soluo, em

    vez de precipitar como hidrxidos frricos, Fe(OH)3 e FeOOH, o que acontece a um pH

    superior. Esta propriedade utilizada, no entanto, para remover o ferro do efluente final,

    atravs da sua precipitao em lamas de hidrxido de ferro, permitindo a sua reutilizao.

    Existe um grande nmero de compostos passveis de oxidao por Fenton, onde se incluem

    cidos, lcoois, aromticos, aminas, etrs, cetonas, corantes, e vrios compostos

    inorgnicos.

    Existe, no entanto, um conjunto de compostos, que no se conseguem oxidar utilizando o

    reagente de Fenton, nomeadamente alguns cidos orgnicos.

    O perxido de hidrognio um metabolito natural de muitos microrganismos, que o

    decompem em oxignio e gua. tambm formado em pequenas quantidades pela aco

    da luz solar sobre a gua, sendo j um constituinte dos meios naturais. Assim a sua

    utilizao no possui os problemas de resduos qumicos associados geralmente a outros

    oxidantes. De referir, no entanto, que a catalise por ferro leva produo de lamas de

    hidrxido de ferro, que necessitaro de posterior tratamento. Devido a este facto se tem

    aprofundado os estudos sobre a utilizao de radiao ultravioleta como catalizador, o que

    implicaria a no existncia de resduos [10].

    Variveis do processo:

    As principais variveis do processo so a quantidade de ferro, de perxido de hidrognio e a

    razo entre os dois (Fe:H2O2), a concentrao de substrato, a temperatura e o pH.

    Mediante estudos realizados com vrios compostos, o aumento da concentrao de ferro

    leva a um aumento da velocidade de remoo de poluentes at um mximo onde a adio

    de mais ferro no tem efeito na velocidade.

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    recomendada a presena de algum ferro inicial na soluo, de modo a permitir um tempo

    de reaco razovel.

    A reaco altamente exotrmica, mas tambm favorecida pelo aumento de temperatura.

    Para valores superiores a 40-50 C o H2O2 decompe-se rapidamente em gua e oxignio,

    diminuindo em muito a eficincia do processo. Assim, a gama ptima para a maioria das

    aplicaes ser entre 20 a 40 C [10].

    O mtodo mais usual de avaliao da reaco (e do seu trmino) consiste na medio do

    potencial redox do meio. O consumo de radicais hidroxilo leva a uma diminuio do

    potencial redox. Quando a reaco tiver terminado, a acumulao destas radicais no meio

    levar a um aumento deste potencial.

    O acompanhamento da temperatura poder tambm ser um mtodo de determinar o fim da

    reaco para substratos concentrados, pois sendo uma reaco exotrmica, a estabilizao

    de temperatura indicar o fim desta.

    Uma outra possibilidade de acompanhamento ser por mtodos de fluorescncia. Faz-se

    uma deteco dos radicais livre no meio por reaco com cido benzico e deteco em

    fluormetro. [10]

    1.4.4 Oxidao qumica in-situ por ozono

    O ozono um gs e um oxidante forte, sendo a sua solubilidade relativamente baixa e

    dependente da temperatura e da presso parcial de ozono na fase gasosa [12].

    A decomposio muito mais rpida na fase aquosa que na fase gasosa, devido forte

    catalise da reaco pelo io hidrxido (OH-). Por exemplo, o tempo de meia-vida tpico de

    ozono gasoso e aquoso (pH=7), a 20 C, de trs dias e 20 minutos, respectivamente.

    Estes valores so baseados apenas na decomposio trmica. A decomposio aumenta

    com o aumento da temperatura e catalisada por vrias substncias, incluindo bases

    slidas, metais, xidos de carbono e humidade na fase gasosa. Dependendo da

    reactividade e da concentrao dos reagentes, temperatura e pH, a persistncia do ozono

    no ambiente e o grau de oxidao de contaminantes varia significativamente [12]. A

    instabilidade do ozono requer que seja gerado no local. Isso feito usando um processo

    simples, um gerador elctrico que produz ozono a partir do oxignio presente no ar. Ar, ar

    seco, ou oxignio atrado para um gerador de ozono que est carregado com alta tenso

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    Tese de Mestrado Tecnologias de Proteco Ambiental | Introduo 37

    ou radiao ultra-violeta, onde as molculas de oxignio so divididas em tomos de

    oxignio que reagem rapidamente para formar O3, ar e O2 puro [12].

    necessria a compresso de O3 para injectar o oxidante sob presso. Nesta condio, as

    vedaes hidrulicas e outros materiais utilizados na reparao de equipamentos devem ser

    compatveis para suportar o oxidante. Os materiais utilizados para transportar o ar injectado

    so: o teflon e o ao inoxidvel 316 [12].

    A transferncia de massa de compostos orgnicos volteis da fase aquosa para a fase

    gasosa ocorre por difuso muito perto dos canais de ar a uma rpida taxa em relao

    remoo de gua em regies saturadas. A baixa quantidade de O3 no contedo de ar

    injectado e a abundncia de reagentes no desejados contribuem para o que o processo

    seja ineficiente.

    Devido s baixas concentraes de O3 dissolvido nas guas subterrneas e o transporte

    deficiente de bolhas de O3, a chegada de O3 zona saturada demorada. A concentrao

    de O3 na gua subterrnea pode ser usada para avaliar o raio de influncia de O3 injectado.

    O teor de gua, a matria orgnica e os metais no solo so factores de grande influncia no

    transporte de O3 em meios porosos insaturados.

    O aumento do teor de gua no solo provoca um aumento de O3 devido dissoluo em

    gua.

    Este oxidante apresenta vantagens e desvantagens [12].

    Vantagens:

    O ozono reage com muitos, mas no com todos os contaminantes ambientais

    importantes;

    Vantagens de ozonizao in-situ na zona insaturada em relao zona saturada

    incluem: maiores concentraes de O3 podem ser injectadas, o O3 mais estvel em gs do

    que em gua, o transporte por difuso maior, e, podem ser alcanadas velocidades mais

    altas;

    A co-injeco e reaco de H2O2 e O3 pode formar um oxidante forte.

    Desvantagens:

    O O3 tem um tempo de reteno curto no subsolo, pois reage rapidamente com uma

    ampla gama de espcies indesejadas (minerais, matria orgnica);

    O O3 tem uma solubilidade relativamente baixa na gua e altamente vulnervel a

    um curto-circuito hidrulico como um gs na zona no saturada;

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    Tese de Mestrado Tecnologias de Proteco Ambiental | Introduo 38

    O transporte e distribuio de O3 (g) na zona saturada ocorre a distncias muito

    curtas a partir do canal de gs que se forma que na superfcie;

    Os orgnicos volteis e o O3 representam uma ameaa para a sade humana, a

    recolha das emisses volteis (off-gs), utilizando um sistema de extraco de vcuo pode

    ser necessria para minimizar as vias de potencial exposio.

    1.4.5 Oxidao qumica in-situ por persulfato

    O persulfato o mais recente oxidante a ser utilizado na oxidao qumica in-situ. Os sais

    de persulfato dissociam-se em solues aquosas para libertar o anio persulfato (S2O82-). O

    S2O82- um oxidante forte e pode reagir com muitos contaminantes ambientais, e, pode

    ainda ser catalisado com vrios reagentes para formar o radical sulfato (SO4-), um

    antioxidante mais poderoso. A catlise de S2O82- a SO4- pode ser obtida a uma temperatura

    moderada (35 a 40 C), com o ferro (II), atravs de radiao ultravioleta, com compostos

    bsicos (ou seja, pH elevado), ou com H2O2. A formao de SO4- pode iniciar a formao de

    OH e uma srie de radicais e reaces em cadeia podem ser transformadas [12].

    O persulfato de sdio (Na2S2O8) uma das formas utilizada na oxidao qumica in-situ. O

    persulfato mais estvel no subsolo que o H2O2 e que o O3, e, pode persistir no subsolo

    durante semanas. Estas caractersticas fazem do persulfato um oxidante atraente porque

    persiste na subsuperfcie, pode ser injectado em altas concentraes, pode ser transportado

    em meios porosos, e, vai ser conduzido por difuso em materiais de baixa permeabilidade

    [12].

    Em geral, quando termicamente assistida, a oxidao de persulfato rpida, e elevando a

    temperatura do material do aqufero e do solo, tecnicamente vivel, no entanto, a

    viabilidade econmica ainda no foi estabelecida. Os mtodos utilizados para aumentar

    temperatura em sistemas de subsuperfcie incluem a rdio frequncia e injeco de vapor.

    Liang et al. (2001) estudou a hiptese de que o persulfato de sdio (sendo um oxidante

    bastante forte, temperatura ambiente) poderia ter um papel importante na oxidao do

    solo orgnico. A destruio da matria orgnica do solo importante, pois ir diminuir a

    quantidade de oxidante natural do solo, permitindo que o oxidante possa ser usado de forma

    mais eficiente para os contaminantes alvos [13].

  • Remediao de solos contaminados com produtos farmacuticos Oxidao / reduo qumica 2011

    Tese de Mestrado Tecnologias de Proteco Ambiental | Introduo 39

    Este oxidante apresenta vantagens e desvantagens [12].

    Vantagens:

    O persulfato mais estvel no subsolo que o H2O2 e que o O3 e os radicais

    intermedirios, SO4-, so mais estveis que o OH. Isto conduz a uma menor transferncia de

    massa e limitaes no transporte;

    O persulfato no parece reagir to prontamente com a matria orgnica do solo

    como o permanganato.

    Desvantagens:

    A oxidao qumica in-situ que envolve o persulfato uma tecnologia emergente,

    havendo poucos relatos de estudos de escala de campo;

    A falta de informaes relacionadas com a qumica fundamental e aplicaes em

    sistemas subsuperficiais sugere que h tambm uma limitada infra-estrutura de

    conhecimento e experincia. Esta limitao / desvantagem ir diminuir com o tempo

    baseada numa investigao fundamental e aplicada;

    So necessrios catalisadores na reaco de persulfato para produzir o radical

    sulfato;

    Provavelmente haver dificuldades em alcanar a melhor combinao de reagentes

    no subsolo, devido falta de ocorrncia natural, e devido diferena no comportamento de

    transporte de estes reagentes aps a injeco;

    O Na2S2O8 mais caro que o KMnO4 e que o H2O2.

    1.4.6 Reduo qumica in-situ por nanopartculas

    Actualmente, o avano no desenvolvimento de mtodos de produo de nanopartculas tem

    sido notrio.

    Como consequncia, tem-se verificado um crescimento na fabricao de novos produtos,

    utilizando nanoestruturas como base, cujas aplicaes se verificam, principalmente, no

    sector da sade e das cincias da vida, produtos qumicos, tecnologias energticas e

    ambientais, construo, segurana, indstria de alimentos e txtil.

    As nanopartculas tambm tm sido bastante utilizadas em tcnicas de remediao

    ambientais.

    A sua morfologia, composio e tamanho, altera-se medida que evoluem no ambiente, e,

    graas a esta propriedade que interagem com os compostos presentes no meio em que

    esto inseridas. Assim, em ambientes biolgicos, os efeitos txicos das nanopartculas no

  • Remediao de solos contaminados com produtos farmacuticos Oxidao / reduo qumica 2011

    Tese de Mestrado Tecnologias de Proteco Ambiental | Introduo 40

    dependem s das propriedades morfolgicas iniciais, como tambm, da evoluo fsico-

    qumica no ambiente [14].

    A nanoremediao tem o potencial de reduzir para nveis bastante baixos, ou, eliminar os

    contaminantes no solo, evitando o uso de tratamentos complementares. Tal facto pode

    explicar-se devido dimenso reduzida das nanopartculas, o que, por exemplo, em soluo

    permite uma elevada mobilidade.

    Figura 1-3: Esquema das diferentes etapas de remediao por nanopartculas (adaptada de [14]).

    Na Figura 1-3 est representado um esquema onde se pode verificar como actuam as

    nanopartculas nas tcnicas de remediao:

    1) Degradao dos contaminantes in-situ, pelas nanopartculas;

    2) Absoro dos contaminantes pelas nanopartculas;

    3) Conjugao das nanopartculas com outras molculas, como por exemplo,

    ciclodextrinas para absorverem poluentes orgnicos persistentes. [14]

    Actualmente, a utilizao de nanopartculas para tcnicas de remediao em solos ainda

    uma tecnologia considerada preliminar, uma vez, que ainda se esto a desenvolver os

    primeiros estudos.

    Esta tcnica baseia-se na interaco fsica entre as nanopartculas e os poluentes presentes

    no solo.

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    Tese de Mestrado Tecnologias de Proteco Ambiental | ENQUADRAMENTO LEGAL 41

    ENQUADRAMENTO LEGAL

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    Tese de Mestrado Tecnologias de Proteco Ambiental | ENQUADRAMENTO LEGAL 42

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    Tese de Mestrado Tecnologias de Proteco Ambiental | Enquadramento legal 43

    2. Enquadramento legal

    Actualmente, em Portugal, no existe nenhuma legislao especfica que imponha algum

    valor ou limite referente aos contaminantes presentes no solo, embora esteja para breve a

    publicao dessa legislao.

    Assim, na ausncia de legislao especfica portuguesa ou comunitria, a Agncia

    Portuguesa do Ambiente (APA) recomenda a adopo das normas do Estado Ontrio

    (Canad) [15]:

    Guidelines for use at contaminated sites in Ontario: este documento define o guia

    para o uso de solos contaminados no Estado Ontrio;

    Guidance on sampling and analytical methods for use at contaminated sites in

    Ontario: este documento fornece a orientao sobre uma vasta gama de mtodos de

    amostragem, analticos e de avaliao.

    No entanto, no ano 2008 foram publicados dois decretos-lei que visam definir quais as

    responsabilidades dos operadores na gesto dos resduos.

    Assim, no dia 5 de Setembro de 2006 foi publicado em Portugal o Decreto-Lei n. 178/2006.

    Este Decreto-Lei estabelece o regime geral da gesto de resduos, e, aplica-se s

    operaes de gesto de resduos, compreendendo toda e qualquer operao de recolha,

    transporte, armazenagem, triagem, tratamento, valorizao e eliminao de resduos, bem

    como s operaes de descontaminao de solos e monitorizao de locais de deposio

    aps o encerramento das respectivas instalaes [16].

    Em 29 de Outubro de 2008 foi publicado o Decreto-Lei n. 209/2008, que estabelece o

    regime de exerccio da actividade industrial (REAI), com o objectivo de prevenir os riscos e

    inconvenientes resultantes da explorao dos estabelecimentos industriais, visando

    salvaguardar a sade pblica e a dos trabalhadores, a segurana de pessoas e bens, a

    higiene e segurana dos locais de trabalho, a qualidade do ambiente e um correcto

    ordenamento do territrio, num quadro de desenvolvimento sustentvel e de

    responsabilidade social das empresas. Este Decreto-Lei aplica-se s actividades industriais

    e s actividades produtivas similar e local [17].

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    Tese de Mestrado Tecnologias de Proteco Ambiental | MATERIAL E MTODOS 45

    MATERIAL E MTODOS

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    3. Material e mtodos

    3.1 Reagentes

    Foram utilizados ao longo deste trabalho os seguintes reagentes:

    Permanganato de potssio (KMnO4) - Jos M. Vaz Pereira;

    Ibuprofeno (C13H18O2) - Sigma I110;

    Perxido de hidrognio 30% (m/V) (H2O2) - Panreac;

    cido sulfrico 98 % (m/m) (H2SO4) - Panreac;

    Hidrxido de sdio (NaOH) - Pronalab;

    Sulfato de amnio e ferro (II) hexahidratado ((NH4)2Fe(SO4)2.6H2O) - Pronalab;

    Cloreto de ferro (III) hexahidratado (FeCl3.6H2O) - Merck;

    Casca de castanha;

    Ch preto;

    Areia.

    Estes reagentes foram todos de qualidade pro analysi ou equivalente e foram utilizados sem

    purificao adicional.

    As solues utilizadas neste trabalho foram preparadas utilizando gua desionizada

    (resistividade igual a 15,0 M.cm) obtida atravs de um sistema de purificao de gua

    (Millipore Elix 3 Advantage).

    Prepararam-se vrias solues de ibuprofeno de 60; 2,4 e 1,2 ppm, dissolvendo-se 6,00 mg

    de ibuprofeno em 100,0 mL de gua para a soluo mais concentrada e 2,40 e 1,20 mg de

    ibuprofeno em 1,000 L de gua, para as solues de 2,4 e 1,2 ppm, respectivamente. Antes

    de perfazer o volume destas solues adicionou-se uma soluo de NaOH 0,02 M para uma

    melhor dissoluo do ibuprofeno. Para preparar a soluo de NaOH dissolveram-se 0,8 g de

    NaOH em 1 L de gua.

    Preparou-se uma soluo de KMnO4 0,010 M, atravs da dissoluo de 1,6 g de KMnO4 em

    1,000 L de gua. Para os ensaios com o reagente de Fenton foi preparada uma soluo de

    ferro (II) 0,100 M, atravs da dissoluo de 1,96 g de (NH4)2Fe(SO4)2.6H2O em 50,00 mL de

    gua, e uma soluo de H2O2 0,882 M, atravs da diluio da soluo de H2O2 30 % (m/V).

    Na sntese das nanopartculas de ferro utilizou-se uma soluo de ferro (III) 0,100 M, a qual

    foi preparada dissolvendo 2,70 g de FeCl3.6H2O em 100,0 mL de gua.

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    Tese de Mestrado Tecnologias de Proteco Ambiental | Material e mtodos 48

    3.2 Equipamento e material

    Alm do material e equipamento corrente de laboratrio, foram utilizados os seguintes

    equipamentos:

    Espectrofotmetro de absoro no ultravioleta/visvel (Thermo Scientific, Evolution

    300);

    Balana analtica (Mettler Toledo, MS205DU);

    Potencimetro (Metrohm, 632 pH-Meter) com um elctrodo combinado de vidro da

    mesma marca;

    Cromatgrafo lquido (Shimadzu LC20AD, com detector de fluorescncia Shimadzu

    RF-10AXL)

    (nota: este sistema foi utilizado sem a coluna cromatogrfica).

    3.3 Procedimentos de ensaio

    3.3.1 Metodologias analticas

    Na primeira fase deste trabalho comeou-se por estudar a metodologia analtica mais

    apropriada para a quantificao do ibuprofeno.

    3.3.1.1 Espectrofotometria de UV-VIS

    Primeiramente, estudou-se a possibilidade de deteco do ibuprofeno por

    espectrofotometria de UV-Vis na presena do io permanganato. Para isso, traaram-se os

    espectros de absoro de ibuprofeno e de permanganato e registaram-se os respectivos

    comprimentos de onda de absoro mxima.

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    3.3.1.2 Espectrofotometria de fluorescncia

    Aps o estudo por espectrofotometria de UV-Vis, seguiu-se o estudo da anlise do

    ibuprofeno por espectrofotometria de fluorescncia. Para esta anlise adaptou-se um

    sistema de cromatografia lquida: retirou-se a coluna cromatogrfica uma vez que a anlise

    no necessita de uma separao prvia dos constituintes das solues amostra. Assim, o

    espectrofotmetro de fluorescncia foi utilizado como detector num sistema de anlise por

    injeco em fluxo (FIA). Para facilitar a leitura do texto que se segue, este sistema

    designado por FLD. Neste sistema as solues amostra foram injectadas (V = 20 L) na

    soluo transportadora (gua; 0,3 mL/min). Os comprimentos de onda de excitao e de

    emisso foram de 220 nm e 290 nm, respectivamente. Para quantificar o ibuprofeno nas

    solues amostra utilizou-se o mtodo de calibrao directa. Para isso foram construdas

    vrias curvas de calibrao, a vrios valores de pH e recorrendo a solues padro de

    ibuprofeno de 0,0375 a 3,00 ppm, utilizando a rea dos picos obtidos por FLD (Anexo I). Na

    anlise das solues amostra, injectavam-se, aps filtrao (Filtros de porosidade 0,45 m)

    e com a ajuda de uma seringa, as respectivas solues no sistema e mediram-se as reas

    dos picos obtidos.

    3.3.2 Produo de nanopartculas de ferro zero valente

    As nanopartculas utilizadas neste trabalho foram sintetizadas segundo uma abordagem

    verde. Esta abordagem assenta na reaco entre o ferro (III) e uma soluo contendo um

    extracto vegetal com elevado poder redutor, nomeadamente o extracto do ch e da casca

    de castanha.

    3.3.2.1 Obteno do extracto de ch ou castanha

    O procedimento para a obteno do extracto vegetal foi o seguinte:

    A uma determinada massa de ch (aproximadamente 0,5 g) ou de casca de castanha

    (aproximadamente 5 g) foram adicionados 100 mL de gua. A mistura foi aquecida a 75 C e

    mantida a esta temperatura durante 5 minutos. Aps filtrao obteve-se o extracto.

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    Tese de Mestrado Tecnologias de Proteco Ambiental | Material e mtodos 50

    3.2.2.2 Sntese de nanopartculas

    A sntese das nanopartculas foi realizada directamente no seio da matriz que se desejava

    remediar e consistiu na mistura do extracto de ch ou casca de castanha com a soluo de

    ferro (III) 0,100 M. Esta mistura originou uma suspenso negra devido presena das

    nanopartculas de ferro zero valente.

    3.3.3 Ensaios de remediao de solues aquosas

    Nesta etapa, prepararam-se vrias solues aquosas de ibuprofeno com uma concentrao

    de cerca de 1,2 ou 2,4 ppm. A 250 mL destas solues foram adicionados volumes

    diferentes de solues dos reagentes de remediao de modo a obter concentraes

    diferentes. Foram estudados os seguintes oxidantes / redutores: permanganato de potssio,

    reagente de Fenton e nanopartculas de ferro zero valente produzidas a partir da mistura de

    extractos de casca da castanha e de ch com uma soluo de ferro (III).

    Ao longo deste estudo foram controlados os seguintes parmetros: tempo de reaco, pH

    do meio reaccional e concentrao dos oxidantes / redutores.

    3.3.4 Ensaios de remediao de um solo arenoso

    A areia utilizada foi recolhida numa praia em Lavra (Matosinhos) a uma profundidade de 25

    cm.

    Como agentes qumicos utilizaram-se o reagente de Fenton e as nanopartculas de ferro

    zero valente.

    Inicialmente, preencheu-se uma coluna, com cerca de 60 cm de altura e 3,2 cm de dimetro,

    com areia a qual foi induzida uma contaminao de cerca de 1,2 ppm de ibuprofeno.

    Nesta coluna foram injectados, nos vrios pontos de injeco distribudos pela coluna, como

    ilustra a figura 3-1, 2,5 mL da soluo de ferro (II) 0,100 M (em cada ponto), e, de seguida

    2,5 mL da soluo de perxido de hidrognio 0,882 M. Deixou-se actuar o reagente durante

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    5 dias e de seguida, retirou-se a areia da coluna, dividiu-se em nove pores, e, colocou-se

    cada poro num matraz. A este matraz adicionou-se cerca de 100 mL de gua

    desionizada, e, deixou-se em agitao durante 2 horas. Por fim, retirou-se cerca de 5 mL da

    soluo de cada matraz, filtrou-se e injectou-se no sistema de anlise FLD. A rea do pico

    obtido foi registada e calculou-se a concentrao de ibuprofeno recorrendo curva de

    calibrao.

    Figura 3-1: Esquema representativo da coluna onde foi colocada a areia.

    Todo este processo foi repetido quando se utilizaram as nanopartculas como agente de

    degradao, introduzindo, em cada ponto, 2,5 mL do extracto de ch e 2,5 mL da soluo

    de ferro (III) 0,100 M.

    140 g de areia

    5,6 mL H2O

    455 g de areia

    9,1 mL H2O

    9,1 mL Ibuprofeno

    140 g de areia

    5,6 mL H2O

    3,2 cm

    6,5 cm

    6,5 cm

    6 cm

    cm 6 cm

    60 7 cm

    7 cm

    7 cm

    7 cm

    6 cm

    7 cm

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    Tese de Mestrado Tecnologias de Proteco Ambiental | Material e mtodos 52

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    RESULTADOS E DISCUSSO

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    Tese de Mestrado Tecnologias de Proteco Ambiental | Resultados e discusso 55

    4. Resultados e discusso

    Neste captulo so apresentados e discutidos os resultados obtidos no decorrer deste

    trabalho.

    Nas primeiras experincias, referidas no subcaptulo 3.3.1.1, no se obtiveram resultados

    conclusivos, uma vez que o KMnO4 e o ibuprofeno apresentavam espectros de absoro

    muito semelhantes com os principais picos situados nos mesmos comprimentos de onda.

    Assim, no se conseguiu analisar o ibuprofeno por este mtodo devido a interferncia do

    permanganato e, por consequncia, no se conseguiu monitorizar a degradao do

    ibuprofeno.

    Devido a impossibilidade do estudo da degradao do ibuprofeno recorrendo ao

    equipamento de UV-VIS disponvel, consultou-se a bibliografia, e chegou-se concluso

    que se poderia estudar a degradao do ibuprofeno recorrendo a espectrofotometria de

    fluorescncia (FLD).

    Assim, a monitorizao da concentrao do ibuprofeno foi efectuada por FLD obtendo-se os

    resultados indicados nos subcaptulos seguintes.

    Os dados que permitiram a construo das figuras apresentadas neste captulo esto

    indicados nas tabelas do Anexo II.

    4.1 Ensaios em gua

    4.1.1 Oxidao com o permanganato de potssio

    Nesta fase, estudou-se a degradao do ibuprofeno (1,2 ou 2,4 ppm) utilizando o

    permanganato de potssio como oxidante. Efectuaram-se vrios ensaios, fazendo-se variar

    a concentrao de permanganato de potssio e o pH das solues.

    Nas Figuras 4-1 a 4-3 esto representados os resultados obtidos na anlise das diferentes

    amostras.

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    Tese de Mestrado Tecnologias de Proteco Ambiental | Resultados e discusso 56

    Figura 4-1: Evoluo da concentrao de ibuprofeno em solues de pH=11 na presena de KMnO4 (4,0010-5; 8,0010-5 e

    2,0010-5 M).

    Figura 4-2: Evoluo da concentrao de ibuprofeno em solues de pH=3 na presena de KMnO4 (2,0010-4 e 3,2010-4 M).

    0,0

    0,2

    0,4

    0,6

    0,8

    1,0

    1,2

    1,4

    0 5 10 15 20 25

    C /

    C0

    t (min)

    4,00x10-5 M

    8,00x10-5 M

    2,00x10-4 M

    0,0

    0,2

    0,4

    0,6

    0,8

    1,0

    1,2

    1,4

    0 5 10 15 20 25 30 35 40

    C /

    C0

    t (min)

    2,00x10-4 M - I

    2,00x10-4 M - II

    3,20x10-4 M

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    Tese de Mestrado Tecnologias de Proteco Ambiental | Resultados e discusso 57

    Figura 4-3: Evoluo da concentrao de ibuprofeno em solues de pH=7 na presena de KMnO4 (1,2010-4 e 2,0010-4 M).

    Tal como se pode verificar nas figuras, o KMnO4 no degradou o ibuprofeno presente nas

    solues. A concentrao inicial do ibuprofeno era de 1,2 ou 2,4 ppm, e, ao longo do tempo,

    com a adio de KMnO4, ao contrrio do que seria esperado, a concentrao do ibuprofeno

    no diminui. No se verificou nenhuma relao entre a degradao do ibuprofeno com a

    variao dos parmetros em estudo: pH do meio reaccional e concentrao de KMnO4,

    embora o intervalo de estudo do pH se tenha situado na gama indicada para a aplicao

    deste oxidante (3 < pH < 12).

    4.1.2 Oxidao com o reagente de Fenton (gua)

    Aps o estudo da degradao do ibuprofeno utilizando o permanganato de potssio, utilizou-

    se o reagente de Fenton como oxidante. Efectuaram-se vrias anlises, com uma

    concentrao de ibuprofeno de 2,4 ppm, fazendo-se variar a concentrao de reagente de

    Fenton nas solues. Neste estudo manteve-se o pH da soluo igual a 8, de modo a

    garantir que o Fe (II) ficasse em soluo, em vez de precipitar sob a forma de hidrxido, o

    que acontece a pH superior [12].

    0,0

    0,2

    0,4

    0,6

    0,8

    1,0

    1,2

    1,4

    1,6

    0 5 10 15 20 25 30 35

    C /

    C0

    t (min)

    2,00x10-4 M

    1,20x10-4 M

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    Tese de Mestrado Tecnologias de Proteco Ambiental | Resultados e discusso 58

    Na figura 4-4 esto representados os resultados obtidos na anlise das diferentes amostras.

    Figura 4-4: Evoluo da concentrao de ibuprofeno numa soluo de pH=8 na presena do reagente de Fenton.

    Tal como se pode verificar na figura 4-4, a concentrao de ibuprofeno diminuiu mais

    rapidamente medida que se foi aumentando a concentrao do reagente de Fenton. A

    concentrao inicial de ibuprofeno nas solues foi de 2,4 ppm, e, com a adio do ferro (II)

    e do perxido de hidrognio, esta foi diminuindo para valores muito baixos para as

    concentraes dos constituintes do reagente de Fenton mais elevadas.

    4.1.3 Reduo com nanopartculas de ferro zero valente

    (gua)

    Outro reagente utilizado para a degradao do ibuprofeno foram as nanopartculas de ferro

    zero valente. Neste estudo, utilizaram-se nanopartculas produzidas a partir da mistura de

    um extracto de ch, ou de casca de castanha, com uma soluo de ferro (III) 0,100 M.

    Na figura 4-5 est representada a degradao do ibuprofeno ao longo do tempo, em

    solues com diferentes valores de pH, com a utilizao de nanopartculas produzidas a

    partir do extracto do ch. Inicialmente, a concentrao de ibuprofeno presente na soluo

    era de cerca de 1,2 ppm, e para a soluo com o pH=3,5, a concentrao diminuiu cerca de

    25 % aps 50 horas. Para a soluo com o pH=7 a concentrao de ibuprofeno diminuiu

    0,00

    0,20

    0,40

    0,60

    0,80

    1,00

    1,20

    0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0

    C /

    C0

    t (min)

    4,00x10-5 M Fe(II) + 3,53x10-4 M H2O2

    2,00x10-4 M Fe(II) + 1,76x10-3 M H2O2

    4,00x10-4 M Fe(II) + 3,53x10-3 M H2O2

    1,20x10-3 M Fe(II) + 1,06x10-2 M H2O2

  • Remediao de solos contaminados com produtos farmacuticos Oxidao / reduo qumica 2011

    Tese de Mestrado Tecnologias de Proteco Ambiental | Resultados e discusso 59

    cerca de 55 %, e, para a soluo com pH=12, a concentrao de ibuprofeno diminuiu cerca

    de 15 %.

    Figura 4-5: Evoluo da concentrao do ibuprofeno (C0 1,2 ppm) em solues de pH 3,5; 7 e 12 (Produo das

    nanopartculas: 5 mL de extracto do ch + 5 mL ferro(III) 0,100 M).

    Na Figura 4-6 est representada a degradao do ibuprofeno ao longo do tempo, em

    solues com diferentes valores de pH, com a utilizao de nanopartculas produzidas a

    partir do extracto da casca de castanha.

    0,0

    0,2

    0,4

    0,6

    0,8

    1,0

    1,2

    1,4

    0 10 20 30 40 50

    C /

    C0

    t (h)

    pH=3,5

    pH=7

    pH=12

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    Figura 4-6: Evoluo da concentrao do ibuprofeno (C0 2,4 ppm) em solues de pH 5, 7 e 9 (Produo das nanopartculas:

    5 mL de extracto da casca de castanha + 5 mL de ferro(III) 0,100 M).

    Tal como era de esperar, aps o ensaio com o extracto de ch, tambm, neste caso, a

    concentrao de ibuprofeno diminuiu ao longo do tempo. Inicialmente, a concentrao de

    ibuprofeno presente na soluo era de cerca de 2,4 ppm, e para a soluo com o pH de 5 a

    concentrao diminuiu cerca de 77 % aps 70 horas. Para a soluo com o pH=7 a

    concentrao de ibuprofeno diminuiu cerca de 32 %, e, para a soluo com pH=9, a

    concentrao de ibuprofeno diminuiu cerca de 15 %.

    Avaliando os resultados, verifica-se que as nanopartculas produzidas a partir de misturas

    de extractos vegetais com solues de ferro (III) reagem com o ibuprofeno, degradando-o.

    Este processo ocorre devido reaco dos polifenis existentes nos extractos vegetais com

    o ferro (III), onde se forma ferro zero valente (presente nas nanopartculas). O ferro zero

    valente reage com o ibuprofeno formando ferro (II) ou ferro (III) e produtos da degradao

    do ibuprofeno (que no foram identificados nem quantificados).

    De uma forma geral, verificou-se que para solues com valores de pH ligeiramente cidas

    e neutras a percentagem de ibuprofeno que reduzida mais elevada.

    0,0

    0,2

    0,4

    0,6

    0,8

    1,0

    1,2

    0 10 20 30 40 50 60 70

    C /

    C0

    t (h)

    pH=5

    pH=7

    pH=9

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    4.2 Ensaios com areia

    Aps o estudo do comportamento e degradao do ibuprofeno na gua, estudou-se a

    degradao deste composto no solo, utilizando a areia como matriz. O objectivo foi estudar

    a degradao do ibuprofeno em solos contaminados com este frmaco.

    A areia utilizada era proveniente de uma praia. Esta areia foi contaminada com

    concentraes de ibuprofeno conhecidas (1,2 ppm) para, posteriormente, se estudar a

    evoluo da concentrao deste quando na presena de agentes oxidantes/redutores.

    Analisando os resultados obtidos anteriormente, conclui-se que, dos reagentes estudados,

    permanganato de potssio, reagente de Fenton, e, nanopartculas produzidas a partir de

    extractos da casca da castanha ou do ch com soluo de ferro (III), aqueles que

    degradaram o ibuprofeno foram o reagente de Fenton e as nanopartculas. Ento, foram

    estes os reagentes utilizados para degradar o ibuprofeno presente na areia.

    Ao contrrio dos estudos em gua, no se controlou o pH, uma vez que bastante

    complicado controlar o pH no solo / areia em ensaios em coluna fechada.

    4.2.1 Oxidao com o reagente de Fenton (areia)

    O reagente de Fenton foi o oxidante utilizado de forma a estudar a degradao do

    ibuprofeno presente na areia.

    Aps a recolha da areia da coluna, dividiu-se a areia por 9 matrazes, de forma a que cada

    matraz contivesse uma poro de areia correspondente zona de injeco de 2,5 mL da

    soluo de ferro (II) e 2,5 mL da soluo de perxido de hidrognio na coluna.

    Nas Tabelas 4-1 e 4-2 apresentam-se os resultados obtidos, aps a anlise dos picos

    obtidos, quando se utilizou o reagente de Fenton como oxidante.

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    Tabela 4-1: Concentraes de ibuprofeno na areia aps 5 dias de reaco com o reagente de Fenton ensaio 1.

    Matraz 1 2 3 4 5 6 7 8 9

    [ibuprofeno] (ppm) 0,05 0,05 0,05 0,05 0,04 0,03 0,03 0,05 0,03

    Tabela 4-2: Concentraes de ibuprofeno na areia aps 5 dias de reaco com o reagente de Fenton ensaio 2.

    Matraz 1 2 3 4 5 6 7 8 9

    [ibuprofeno] (ppm) 0,01 0,02 0,02 0,02 0,01 0,01 0,03 0,01 0,01

    Como se pode verificar, quando se utilizou o reagente de Fenton como oxidante, a

    concentrao do ibuprofeno diminui para concentraes muito baixas. As mdias das

    concentraes presentes na areia aps 5 dias de reaco foram de 0,042 ppm para o

    ensaio 1 e de 0,016 ppm para o ensaio 2. Estas concentraes correspondem a

    percentagens de degradao de 96,5 % e de 98,7 % para o ensaio 1 e 2, respectivamente.

    Os motivos que podem explicar esta diminuio da concentrao do ibuprofeno so os

    mesmos que foram referidos no ponto 4.1.2. O reagente de Fenton promove a degradao

    do ibuprofeno.

    4.2.2 Reduo com nanopartculas de ferro zero valente

    (areia)

    As nanopartculas foram formadas in-situ, i.e. foram formadas directamente no solo atravs

    da introduo de um extracto de ch juntamente com uma soluo de ferro (III). Nas tabelas

    4-3 e 4-4 apresentam-se os resultados obtidos quando se utilizaram as nanopartculas como

    reagente degradante.

    A concentrao inicial de ibuprofeno em cada amostra era de 1,2 ppm.

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    Tabela 4-3: Concentraes de ibuprofeno obtidas aps 5 dias de reaco com as nanopartculas produzidas a partir do

    extracto de ch com soluo de ferro (III) ensaio 1.

    Matraz 1 2 3 4 5 6 7 8 9

    [ibuprofeno] (ppm) 0,04 0,05 0,05 0,06 0,05 0,06 0,05 0,06 0,05

    Tabela 4-4: Concentraes de ibuprofeno obtidas aps 5 dias de reaco com as nanopartculas produzidas a partir do extracto de ch com soluo de ferro (III) ensaio 2.

    Matraz 1 2 3 4 5 6 7 8 9

    [ibuprofeno] (ppm) 0,03 0,02 0,04 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05

    Tal como quando se utilizou o reagente de Fenton como oxidante, quando se utilizaram as

    nanopartculas, a concentrao do ibuprofeno diminui para valores muito baixos. As mdias

    das concentraes presentes na areia aps 5 dias de reaco foram de 0,052 ppm para o

    ensaio 1 e de 0,043 ppm para o ensaio 2. Estas concentraes correspondem a

    percentagens de degradao de 95,7 % e de 96,4 % para o ensaio 1 e 2, respectivamente.

    Uma explicao possvel para este processo , novamente, a reaco que ocorre entre os

    polifenis existentes nos extractos vegetais com o ferro (III), formando-se ferro zero valente

    (nanopartculas). O ferro zero valente reage com o ibuprofeno formando ferro (II) ou ferro

    (III) e produtos da degradao do ibuprofeno (que no foram identificados nem

    quantificados).

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    Tese de Mestrado Tecnologias de Proteco Ambiental | CONCLUSES E SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS

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    CONCLUSES E SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS

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    Tese de Mestrado Tecnologias de Proteco Ambiental | CONCLUSES E SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS

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    Tese de Mestrado Tecnologias de Proteco Ambiental | Concluses e sugestes para trabalhos futuros

    67

    5. Concluses e sugestes para trabalhos futuros

    Este trabalho teve como objectivo estudar a remediao de solos contaminados com

    produtos farmacuticos recorrendo oxidao / reduo qumica.

    Analisando os resultados obtidos, verifica-se que os reagentes