144
i i

RENATA VALVANO CEREZETTI - pelicano.ipen.brpelicano.ipen.br/PosG30/TextoCompleto/Claudia Bianchi Zamataro_D.pdf · Agradeço especialmente a minha colega e grande amiga Profa. Dra

Embed Size (px)

Citation preview

  • i

    i

  • ii

    ii

    Para Rafaela.

  • iii

    iii

    Dies santificatus illuxit nobis...

    Deus Santificado iluminai-nos...

    memria de minha me Celina e de meu pai Eduardo. Amor e gratido sem fim.

    Ao meu irmo Eduardo, minha cunhada Maria Lcia e minha sobrinha Rafaela

    agradeo sempre e por tudo.

  • iv

    iv

    AGRADECIMENTO ESPECIAL

    minha queridssima orientadora, Profa. Dra. Denise Maria Zezell, por ser um

    exemplo de profissionalismo e elegncia. No ambiente acadmico foi um refgio de

    liberdade que proporcionou um convvio produtivo e harmonioso. Sua maneira nica

    de nos orientar, sua participao e seu empenho em nosso sucesso fazem toda

    diferena!

    Por seu amparo e por sua amizade,

    muito obrigada.

  • v

    v

    O segredo da felicidade fazer do seu dever o seu prazer

    Ulisses Guimares

    AGRADECIMENTOS

    Universidade de So Paulo, na pessoa do magnfico reitor Prof. Dr. Joo

    Grandino Rodas e ao Instituto de Pesquisas Energticas e Nucleares (IPEN-

    CNEN/ SP) na pessoa do ilustrssimo superintendente Prof. Dr. Nilson Dias Vieira

    Jnior, meus sinceros agradecimentos.

    Aos professores do Centro de Lasers e Aplicaes (CLA) nas pessoas dos

    Professores Doutores Anderson Zanardi de Freitas, Eduardo Landulfo, Gess

    Eduardo Calvo Nogueira, Martha Simes Ribeiro e Snia Lcia Baldochi pela

    contribuio cientfica, Prof. Dr. Niklaus Ursus Wetter e Prof. Dr. Wagner de Rossi.

    Obrigada por participarem desta etapa to significativa de minha vida.

    Agradeo especialmente a minha colega e grande amiga Profa. Dra. Patrcia

    Aparecida da Ana (UFABC) por ter me recebido e amparado desde meus primeiros

    dias nesta Instituio, assim como pela grandiosa contribuio no desenvolvimento

    deste trabalho. um privilgio desfrutar de sua amizade e convvio.

    Ao tcnico do Laboratrio de Biofotnica do CLA, meu amigo Valdir de Oliveira

    pela cumplicidade diria, pela ajuda no desenvolvimento desta tese e pela amizade.

    secretria do CLA, Sra. Sueli Venancio, pela presteza, graa e tranqilidade com

    que sempre me atendeu.

    Ao Jos Tort, Marco Hortellani e ao Marcos Antnio Scapin pelo inestimvel auxlio

    tcnico ao presente estudo.

    Aos tcnicos da oficina Marco Antnio Andrade e Paulo Csar da Silva por

    desenvolverem equipamentos especficos para o bom desenvolvimento desta

    pesquisa.

  • vi

    vi

    Aos funcionrios da segurana, Sr. Luiz Daniel Rosa e Sr. Rubens Gomes Alves por

    sempre me receberem com um sorriso e com o habitual bom humor, que contribuiu

    para o andamento da minha pesquisa me encorajando, mesmo nos momentos de

    exausto.

    funcionria da copa, Sra. Marta de Jesus da Silva por sempre cuidar de ns com

    tanto carinho.

    incansvel Dra. Flvia Rodrigues do Centro de Cincia e Tecnologia de

    Materiais do IPEN/CNEN-SP que colaborou na obteno das imagens de microscopia

    eletrnica de varredura.

    Ao Dr. Pablo Antonio Vasquez e Paulo de Souza Santos do Centro de Tecnologia

    das Radiaes pelo pronto atendimento s minhas solicitaes e pela gentileza e boa

    vontade com que sempre trabalham.

    Dra. Glucia Bueno Benedetti pelo auxlio nas anlises estatsticas e por sua

    inabalvel disponibilidade e boa vontade. Obrigada por sua amizade.

    Aos ex-colegas do Centro de Lasers e Aplicaes que so meus caros amigos

    Claudia Emlio, Felipe Albero, Jos da Silva Rabelo Neto, Melissa Santos Folgosi

    Correa, Renato Juliani Ribamar Vieira e Silvia Cristina Nuez por continuarem a

    nos inspirar.

    Aos colegas do Centro de Lasers e Aplicaes Ana Claudia Ballet de Cara, Antonio

    Jos Silva Santos, Caetano Padial Sabino, Danilo Mariano da Silva, Dbora

    Picano Aureliano, Eliane Gonalves Larozza, Fernando Rodrigues Da Silva,

    Gustavo Bernardes Nogueira, Ilka Tiemy Kato, Horcio Marconi da Silva, Ivanildo

    Antnio Santos, Jonas Jakutis Neto, Leandro Matiolli Machado, Letcia Bonfante

    Siachieri, Luiz Claudio Suzuki, Marcello Magri Amaral, Marcus Paulo Raelle,

    Matheus Arajo Tunes, Renata Facundes da Costa, Renato Arajo Prates, Rosa

    Maria Machado de Sena, Tania Mateus Ioshimura, Thiago da Silva Cordeiro e

    Walter Morinobu Nakaema, sempre tero minha profunda admirao, gratido e

    amizade. Obrigada pelo alegre convvio!

  • vii

    vii

    Aos inesquecveis amigos do Laboratrio de Biofotnica:

    Minha amiga de todas as horas, confidente e conselheira Carolina Benetti que

    contribuiu na irradiao das amostras, anlise estatstica, abastecimento dos materiais

    de consumo, administrao dos recursos e pela companhia at altas horas no

    laboratrio.

    Claudia Strefezza e ao Jos Quinto Jnior, colegas que compartilharam as

    angstias e alegrias do exerccio da profisso de dentista com o desenvolvimento da

    tese de doutorado.

    Ao Henrique Coli Schumann, que sua permanncia no grupo seja longa e frutfera

    uma vez que seu incio na vida acadmica foi marcado por sua inestimvel

    contribuio.

    Mara Franco de Andrade pela dedicao ao projeto e auxlio na esterilizao de

    materiais.

    Ao Marcelo Noronha Veloso querido crtico de todas as horas, amigo, msico

    talentoso que tambm contribuiu com a esterilizao das amostras biolgicas.

    Ao Moiss de Oliveira Santos que desde a concluso de meu mestrado tem me

    apoiado e me alegrado com sua adorvel companhia, me atualizando em todas as

    tecnologias que no domino.

    Ao querido Paulo Roberto Correa, com sua companhia tranquila e bem humorada

    que no se cansava de me recordar dos meus momentos de ausncia no laboratrio,

    pelo auxlio na organizao das amostras.

    Ao queridssimo Thiago Martini Pereira, o Tita, atrapalhado e inteligente como , meu

    grande amigo, por nos ajudar na manuteno do laser.

    Viviane Pereira Goulart, amiga carinhosa e devotada, sempre disposta a ajudar e

    que muito contribuiu na concluso da tese, apresentao, impresso, enfim esteve

    ombro a ombro comigo em momentos cruciais.

    Contriburam todos para a realizao desta tese como voluntrios, colaboradores,

    pesquisadores, co-orientadores... As palavras no alcanam meu carinho por vocs!

    Ao querido amigo Thiago Angelis por seu apoio inestimvel e sua amizade sincera e

    verdadeira. Sinto-me privilegiada por t-lo como amigo. Por t-lo como amigo,

    agradeo novamente Carol.

    Aos voluntrios desta pesquisa, toda minha gratido. No teria sido possvel a

    realizao deste sonho sem o empenho de vocs. A entrega de vocs permitiu um

    grande salto em minha vida! Reconheo a importncia que tiveram na contribuio

  • viii

    viii

    Cincia, espero que o desenvolvimento desta tese faa jus ao esforo de cada um de

    vocs.

    Ao meu ex-professor do Curso de Especializao, que tenho a ousadia de chamar de

    amigo, Prof. Dr. Tetsuo Saito da Faculdade de Odontologia da Universidade de

    So Paulo por sua amizade, por contribuir muito em minha formao acadmica e por

    me incentivar a buscar sempre mais.

    prottica Cristina da Silva Flores por sua dedicao, profissionalismo, eficincia e

    amizade durante longos vinte anos de parceria. Obrigada por sua inestimvel

    contribuio no planejamento e execuo dos dispositivos palatinos.

    minha assistente e querida amiga Tamra Santos que no s administrou minha

    ausncia no consultrio, mas tambm contribuiu muitssimo na organizao, preparo e

    execuo deste projeto. Obrigada, doutorinha.

    s colegas dentistas e grandes amigas Dra. Cristina Miotto Menezes Coronel,

    Profa. Dra. Nelita Del Vecchio Puplaksis que possibilitaram minha ausncia do

    consultrio. Obrigada pela cumplicidade e pelo harmonioso convvio.

    Aos colegas da FOP-UNICAMP que me acompanham h longos 22 anos. Que as

    futuras geraes desfrutem da sombra de nossa rvore e se inspirem em nossa

    amizade.

    Ao Prof. Dr. Renato Mazzonetto (in memorian) meu colega desde os tempos de

    graduao que muito me influenciou na busca da excelncia. Tive o enorme privilgio

    de desfrutar do seu convvio e de sua adorvel famlia. A comunidade acadmica

    perdeu uma de suas maiores referncias. Perdi um amigo. Obrigada por continuar

    existindo em nossas vidas. Obrigada Adriana, Rafaella e Lucca Mazzonetto.

    Secretaria de Sade do Municpio de So Paulo nas pessoas da Dra. Rosmari

    Lucchesi de Almeida, supervisora da Regio Sudeste, do Dr. Clio Matsushita e do

    Dr. Srgio Soeiro de Moraes pelo incentivo, apoio e compreenso durante o

    desenvolvimento deste trabalho.

  • ix

    ix

    Aos colegas do Ambulatrio de Especialidades Maurice Path, meus queridos

    amigos, nas pessoas das gerentes da Unidade Luclia de Ftima Auricchio e urea

    Bianchi. minha colega de consultrio Dra. Ana Rosa Sartorelli e minha auxiliar

    de consultrio A.S.B. Wilma Silva de Oliveira Arajo, pela amizade, apoio,

    compreenso e pacincia.

    Ao Alex, meu querido.

    FAPESP processos CEPID FAPESP 98/14270-8, 05/14270-8 e ao CNPq INCT /

    INFO processo 573.916/2008-0 e CAPES / Pr Equipamentos 074742/2010.

    Muito obrigada.

  • x

    x

    Nada na vida deve ser temido, somente compreendido.

    Agora hora de compreender mais para temer menos.

    Marie Curie

  • xi

    xi

    ESTUDO IN SITU DA RESISTENCIA DESMINERALIZAO DO ESMALTE

    DENTAL SUBMETIDO IRRADIAO COM LASER Er,Cr:YSGG

    ASSOCIADA AO USO DE PRODUTOS FLUORETADOS Claudia Bianchi Zamataro

    RESUMO

    A irradiao com o laser de Er,Cr:YSGG promove aumento da rea de

    superfcie do esmalte dental irradiado, o que pode resultar em uma maior reteno e

    um efeito prolongado do fluoreto (F-) presente em produtos fluoretados de diferentes

    concentraes. O produto formado na superfcie de esmalte originado de uma nica

    aplicao de flor fosfato acidulado (FFA 12.300 g F-/g) ou da frequente aplicao

    tpica de dentifrcio contendo 1.100 g F-/g poderia ter seu efeito cariosttico

    prolongado, pelo aumento de sua reteno na superfcie do esmalte dental irradiado.

    Uma vez que o esmalte dentrio livre de biofilme no sofre desmineralizao na

    cavidade bucal, sugerimos um estudo in situ onde se possa avaliar o prolongamento

    do efeito do destas associaes, tambm na presena de placa. As condies de

    irradiao do estudo in situ, foram determinadas, in vitro, com laser Er,Cr:YSGG no

    esmalte de maneira isolada ou combinada com as aplicaes tpicas de: 1- dentifrcio

    de concentrao 1.100 g F-/g ou 2- FFA, para posteriores anlises da formao e

    reteno de CaF2. Foram realizadas anlises morfolgicas por microscopia eletrnica

    de varredura, determinao da concentrao do flor solvel em lcali por meio do

    eletrodo on especfico e anlise da microdureza em corte longitudinal. Os resultados

    por microscopia eletrnica de varredura verificaram qualitativamente a formao de

    produtos na superfcie de esmalte na forma de CaF2. A anlise bioqumica para

    determinao quantitativa do F- solvel em lcali determinou como sendo

    estatisticamente diferentes (p0,05) os Grupos nos quais o laser foi utilizado

    previamente aplicao tpica dos dois tipos de produtos fluoretados de diferentes

    concentraes (dentifrcio e FFA), in vitro. Em seguida, foi realizado o estudo in situ

    quando voluntrios utilizaram dispositivos palatinos, contendo blocos de esmalte

    humano, previamente tratados, com o objetivo de acmulo da placa nativa sobre os

    mesmos. Durante a fase in situ, os voluntrios permaneceram utilizando dentifrcio F-

    para verificao da ao do mesmo na presena de biofilme sobre os blocos

    irradiados. Foram correlacionados os efeitos da formao de F-, decorrentes dos

    tratamentos propostos, na reduo da desmineralizao. A anlise bioqumica para

    quantificao do F- solvel em lcali determinou como sendo estatisticamente

    diferentes (p0,05) os Grupos nos quais o laser foi utilizado aps a aplicao tpica

    dos dois tipos de produtos fluoretados de diferentes concentraes (dentifrcio e FFA),

    in situ, sugerindo um efeito prolongado da sinergia dos tratamentos na diminuio da

    desmineralizao.

    Palavras-chave: laser, esmalte dental, Er,Cr:YSGG, preveno da crie.

  • xii

    xii

    IN SITU STUDY OF DENTAL ENAMEL DEMINERALIZATION RESISTANCE

    WHEN IRRADIATED WITH Er,Cr:YSGG LASER ASSOCIATED TO

    FLUORIDATED PRODUCTS

    Claudia Bianchi Zamataro

    ABSTRACT

    The effect of the Er, Cr: YSGG laser promotes increased surface enamel area,

    which can result in increased retention and prolonged effects of Fluoride (F-) present in

    products with different concentrations of fluoride. The cariostatic effect from product

    formed in the enamel surface originated from a single application of acidulated

    phosphate fluoride (APF 12 300 g F-/ g), or frequent topical application of dentifrice

    containing 1,100 g F-/ g, could be prolonged by increasing its retention on irradiated

    enamel surface. Once the biofilm-free enamel does not suffer demineralization within

    the oral cavity, it is proposed an in situ study where we can evaluate the prolongation

    of the effect of these associations, also in the presence of plaque. The irradiation

    conditions of the in situ study were determined in vitro with Er, Cr: YSGG laser

    irradiation of enamel surface either alone or combined with one of the topical

    applications: 1 - dentifrice F-1,100 g / g or 2 - APF For further analysis of the formation

    and retention of CaF2. Morphological analyzes were performed by scanning electron

    microscopy, determination of the concentration of alkali-soluble fluoride by specific ion

    electrode analysis and microhardness. The results of scanning electron microscopy

    verified qualitatively the formation of products in the enamel surface in the form of

    CaF2. Biochemical analysis for quantitative determination of F-soluble in alkali

    determined to be statistically different (p 0.05) Groups in which the laser was used

    prior to application of topical fluoride products of two types of different concentrations

    (APF and dentifrice) in vitro. Then, the study was conducted in situ when volunteers

    wore palatal appliances containing blocks of human enamel, pretreated aiming native

    plaque formation. During in situ experiment, the volunteers remained using F-dentifrice.

    Correlations with the effects of F-formation, resulting from treatments proposed in the

    reduction of demineralization were made. Biochemical analysis for quantitative

    determination of F- alkali soluble determined to be statistically different (p 0.05).

    Groups in which the laser was used after topical application of both types of different

    fluoride concentrations (APF and toothpaste), in situ, suggested an synergic effect,

    extending treatment efficiency in reducing demineralization.

    Key words: laser, dental enamel, Er,Cr:YSGG, caries prevention.

  • xiii

    xiii

    SUMRIO

    Pgina

    1- INTRODUO E JUSTIFICATIVA 01

    2- OBJETIVOS 06

    3- REVISO DA LITERATURA 07

    4- MATERIAL E MTODOS 21

    4.1- EXPERIMENTO IN VITRO 22

    4.1.1- Obteno e Polimento das Amostras de Esmalte Dental Bovino 25

    4.1.2- Tratamento das Amostras de Esmalte Dental Bovino 28

    4.1.3- Protocolo de Irradiao das Amostras 29

    4.2- ANLISES DO EXPERIMENTO IN VITRO 32

    4.2.1- Anlise Morfolgica por Microscopia Eletrnica de Varredura 32

    4.2.2- Anlise de Flor por Meio do Mtodo do Eletrodo on Especfico 34

    4.3- EXPERIMENTO IN SITU 37

    4.3.1- Obteno e Preparo das Amostras de Esmalte Dental Humano 40

    4.3.2- Determinao da Microdureza de Superfcie Inicial (Baseline) 42

    4.3.3- Esterilizao das Amostras por Radiao Gama 46

    4.3.4-Tratamentos das Amostras de Esmalte Dental para o Uso no Dispositivo

    Palatino 51

    4.3.5- Critrios de Incluso dos Voluntrios 53

    4.3.6- Montagem dos Dispositivos Palatinos 55

  • xiv

    xiv

    4.3.7- Uso do Dispositivo Palatino In Situ pelos Voluntrios 56

    4.3.8- Retirada dos Blocos 57

    4.4- ANLISES DO EXPERIMENTO IN SITU 57

    4.4.1- Determinao da Microdureza Longitudinal 57

    4.4.2- Anlise Morfolgica por Microscopia Eletrnica de Varredura 60

    4.4.3- Anlise de Fluoreto por Meio do Mtodo on Especfico 61

    4.5- ANLISE ESTATSTICA 62

    5- RESULTADOS 63

    5.1- RESULTADOS DO EXPERIMENTO IN VITRO 63

    5.1.1- Anlise Morfolgica por Microscopia Eletrnica de Varredura 63

    5.1.2- Anlise de Flor por meio do Mtodo do Eletrodo on Especfico 74

    5.2- RESULTADOS DO EXPERIMENTO IN SITU 79

    5.2.1- Anlise Morfolgica por Microscopia Eletrnica de Varredura 79

    5.2.2- Anlise de Flor por meio do Mtodo do Eletrodo on Especfico 80

    5.2.3- Anlise de Microdureza Longitudinal 84

    6- DISCUSSO 89

    7- CONCLUSO 98

    8- ANEXOS 99

    ANEXO A - Certificado do Comit de tica no Uso de Animais-IPEN/SP 99

    ANEXO B - Certificado do Comit de tica em Pesquisa FO-USP 100

  • xv

    xv

    ANEXO C - Laudos de testes biolgicos das amostras (esmalte humano) 102

    ANEXO D - Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) 108

    9- REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 115

  • xvi

    xvi

    LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SMBOLOS

    BDH: Banco de Dentes Humanos CaF2: Fluoreto de Clcio (Flor Fracamente Ligado ou Flor Solvel em lcali) CEP: Comit de tica em Pesquisa CEUA: Comit de tica no Uso de Animais CNEN: Comisso Nacional de Energia Nuclear Co: Cobalto (elemento qumico) CTR: Centro de Tecnologia das Radiaes Er, Cr:YSGG: Laser de xido de Glio, Escndio e trio dopado com Cromo e rbio F-: Fluoreto (forma inica do Elemento Flor) FO-USP: Faculdade de Odontologia da Universidade de So Paulo FFA: Flor Fosfato Acidulado IN SITU: Modelo experimental em humanos (latim) IN VITRO: Modelo experimental laboratorial (latim) IPEN: Instituto de Pesquisas Energticas e Nucleares J/cm2: Joules por centmetro quadrado (unidade de grandeza) K: Kelvin (unidade de grandeza) Kgf: Kilograma fora (unidade de grandeza) kGy: Kilo Grey (unidade de grandeza) KHN: Knoop Hardness Number ou Nmero de Dureza Knoop LASER: Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation Log: Funo Logartmica M: Mol ou Molar (unidade de grandeza) MDL: Microdureza Longitudinal MDS: Microdureza de Superfcie MEV: Microscopia Eletrnica de Varredura mJ: mili Joules (unidade de grandeza)

  • xvii

    xvii

    mV: milivoltagem (unidade de grandeza) NaF: Fluoreto de Sdio Nd:YAG: Laser de Neodmio Pbq: Peta Bequeris (ordem de magnitude) p/p: Peso por Peso (diluio) ppm: Partes por Milho (g/g) rpm: Rotaes por Minuto SAB: Meio de Cultura Sabouraud Dextrose Agar SIC: Segundo Informaes Colhidas TCLE: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido THIO: Meio de Cultura Fluid Thioglycollate TISAB: Total Ionic Strenght Adjustment Buffer ou Tampo de Ajuste da Fora Inica Total TSA: Meio de Cultura Tryptic Soy Agar TSB: Meio de Cultura Tryptic Soy Broth UFC: Unidades Formadoras de Colnia W: Watt (unidade de grandeza) % PDS: Porcentagem de Perda de Microdureza de Superfcie : Comprimento de onda %: Porcentagem : Variao

  • 1

    1- INTRODUO E JUSTIFICATIVA

    O uso do laser tem sido uma alternativa vivel para a preveno da crie,

    modificando a estrutura dos tecidos duros dentais e tornando-os menos solveis, de

    maneira isolada [Featherstone et al., 1997] e em associao com produtos fluoretados

    [Ana et al., 2007; Ana et al., 2012].

    A reduo da desmineralizao do esmalte irradiado foi verificada pela

    primeira vez por meio da irradiao do esmalte com o laser de rubi, quando se

    observou decrscimo da permeabilidade de difuso dos ons. No primeiro estudo in

    vitro [Stern et al., 1972], foi realizada a irradiao com laser de CO2 em esmalte, sob

    densidade de energia de 10 e 15 J/cm2. Por meio de microscopia eletrnica de

    varredura, observou-se que as regies irradiadas expostas ao ambiente cido

    permaneceram mais ntegras morfologicamente, ao passo que as no irradiadas

    mostraram caractersticas de desmineralizao. A perda de ons carbonato (CO3) da

    superfcie dental pode estar correlacionada ao comprimento de onda do laser e da

    densidade de energia utilizada, ocorrendo absoro da radiao pelo componente

    mineral e sendo convertido em calor de superfcie. De fato, pressupe-se que deva

    ocorrer a decomposio trmica dos cristais de apatita carbonatada para uma forma

    menos solvel. A irradiao laser pode possibilitar como coadjuvante ao tratamento

    convencional com produtos fluoretados, o aumento da formao, reteno e

    incorporao de flor no esmalte. Dentre os lasers mais estudados para este fim,

    destacam-se os lasers de CO2 [Meuerman et al., 1992; Featherstone et al., 2012],

    Nd:YAG [Zezell et al., 2008, Harazaki et al., 2011], Argnio [Nammour et al., 2003]i,

    Ho:YLF [Stern et al., 1972], Er:YAG [Del Bem et al., 2003] e, mais recentemente, o

    laser Er,Cr:YSGG [Apel et al., 2003].

    Foi relatada, anteriormente [Ana et al., 2012], a associao de vrios

    comprimentos de onda, com diferentes densidades de energia, ao flor fosfato

    acidulado (FFA), e os resultados apresentaram-se promissores. Tem sido

    demonstrado que a utilizao do laser associado aplicao tpica de flor pode

    reduzir potencialmente a progresso da leso de crie, sendo que a irradiao laser

    capaz de aumentar a difuso do F, fazendo com que ocorra maior absoro do on

    [Oho et al., 1990; Hicks et al., 2004]. Uma explicao para o mecanismo pelo qual o

    esmalte irradiado adquire resistncia desmineralizao a formao de

    microespaos devido remoo de componentes orgnicos do esmalte por meio da

    irradiao (gua e carbonato), os quais agiriam como stios para deposio de ons

    liberados pela desmineralizao [Caslavska et al., 1975]. Em acrscimo, o laser pode

  • 2

    propiciar a converso de hidroxiapatita em fluorapatita, por meio de fuso e

    solidificao das camadas de cristais de hidroxiapatita combinadas com a camada de

    flor incorporado pelo tratamento tpico, originando uma estrutura composta de

    fluorapatita mineral que seria mais resistente aos cidos de origem bacteriana [Phan et

    al., 1999].

    O laser de neodmio tambm tem sido amplamente estudado para

    preveno da crie, sendo reportado um aumento da resistncia desmineralizao

    do esmalte e dentina quando irradiados com este comprimento de onda [Kwon et al.,

    2003; White et al., 1996]. O potencial do laser Nd:YAG na preveno da crie dental

    tambm demonstrado por estudos clnicos prvios, associadas ou no a aplicao

    tpica de flor, contribuindo para uma diminuio da incidncia de leso inicial de crie

    em crianas [Oho et al., 1990; Zezell et al., 2001; Harazaki et al., 2001].

    A prevalncia da crie dental reduziu significativamente, tanto em pases

    desenvolvidos [Rlla et al., 1991] como nos pases em desenvolvimento [Fejerskov et

    al., 1994; Cury et al., 2004], nas ltimas dcadas do sculo XX. Apesar dos dados

    disponveis na literatura referentes reduo de crie serem segmentados,

    normalmente referentes a crianas em idade escolar, e os levantamentos utilizarem

    diferentes critrios [Rlla et al., 1991], as concluses de reduo significativa da

    doena no devem ser ignoradas. Esta reduo foi notada em diversos pases com

    diferentes mtodos de preveno de crie, sendo um fator comum o uso de

    dentifrcios fluoretados que atualmente tem sido considerados como a principal forma

    de auto-aplicao de fluoreto [Marinho et al., 2006]. Portanto, o uso do dentifrcio

    fluoretado tem sido apontado como a razo para a diminuio dos ndices de crie,

    uma vez que a disseminao de seu uso coincide com esta reduo. Alguns autores

    defendem que o uso isolado de dentifrcio fluoretado o responsvel por esta

    ocorrncia enquanto outros sugerem um efeito sinrgico com outros fatores como, por

    exemplo, com a higiene oral que, se considerada individualmente, provavelmente no

    pode ser apontada como fator responsvel para os ndices de reduo de crie

    observados. Por outro lado, a reduo do desafio cariognico, por meio do uso

    consciente de carbohidratos fermentveis, que tem ocorrido em determinados pases

    desenvolvidos, tambm no parece ser fator determinante ou preponderante, uma vez

    que a reduo da doena tem sido significativa tambm em pases onde o consumo

    de carbohidratos fermentveis aumentou [Rlla et al., 1991; Rlla & gaard, 1986].

    No Brasil, apesar de ter sido notada uma diminuio do desenvolvimento e

    progresso da doena, ela atinge de maneiras distintas as diferentes classes scio-

    econmicas. Em funo de serem poucas as medidas preventivas que atinjam toda a

    extenso do pas, trs fatores tm sido considerados importantes para a reduo de

  • 3

    crie: fluoretao da gua, programas preventivos em escolas pblicas e

    disseminao do uso de dentifrcios fluoretados. At o final da dcada de 80, apenas

    25% dos dentifrcios disponveis no mercado eram fluoretados, havendo uma mudana

    neste quadro quando foi adicionado F aos dentifrcios mais consumidos. Assim, na

    dcada de 90, a porcentagem de dentifrcios fluoretados comercializados no pas

    atingiu a proporo de 90%, beneficiando em termos de reduo de crie at mesmo a

    populao sem acesso gua de abastecimento pblico fluoretada. Este benefcio

    possvel, independente da presena ou no de gua fluoretada, pois dentifrcios so

    amplamente utilizados, sendo o Brasil o terceiro maior consumidor de dentifrcios

    fluoretados, depois de Estados Unidos e Japo [Narvai, 2000]. Adicionalmente, este

    consumo de dentifrcio tem aumentado desde o incio da dcada de 80 [Cury et al.,

    2004].

    Dentifrcios podem apresentar variao na concentrao de F presente em

    suas composies. Este fato relevante para a recomendao clnica de um

    dentifrcio levando-se em conta o balano de riscos e benefcios, uma vez que a

    biodisponibilidade de F na saliva similar quando utilizado um dentifrcio de

    concentrao convencional de F seguido de enxge e dentifrcio de baixa

    concentrao de F sem enxge [Zamataro et al., 2008]. A eficincia anti-crie dos

    dentifrcios contendo de 1.100 a 1.500 g F/g est amplamente relatada na literatura

    [Marinho et al., 2007] e acredita-se que o efeito predominante do fluoreto tpico,

    promovendo a remineralizao de leses de crie incipientes e diminuindo a

    desmineralizao do esmalte dentrio [Featherstone, 1997].

    Este mecanismo do efeito cariosttico dos dentifrcios fluoretados ocorre

    por meio da formao de partculas de fluoreto de clcio na superfcie do esmalte

    quando h presena de altas concentraes de fluoreto, conforme ilustra a Figura 1.

    Estas partculas so mantidas na superfcie do dente e constituem um reservatrio de

    liberao lenta de flor que mobilizado durante os ciclos de pH no biofilme [Rlla et

    al., 1991]. O efeito anti-crie dos dentifrcios fluoretados est relacionado a um grande

    aumento na concentrao de F na cavidade bucal imediatamente aps a escovao, e

    manuteno de concentraes acima das basais por cerca de 1 hora, em funo da

    liberao de fluoreto dos microreservatrios [Duckworth, 1991; Paes Leme et al.,

    2004; Cenci et al., 2008] e no fluido da placa at por 10 horas ou mais aps a

    escovao [Cenci et al., 2008]. A reao do F presente no dentifrcio com o esmalte

    dental, formando depsitos de fluoreto de clcio [Cruz et al., 1992], tambm funciona

    como um importante reservatrio do on durante os ciclos de pH, como pode ser

    observado na Figura 1.

    http://cochrane.bireme.br/cochrane/show.php?db=reviews&mfn=2428&id=&lang=pt&dblang=#O-10#O-10

  • 4

    Figura 1 Glbulos de fluoreto de clcio depositados no esmalte aps a aplicao de

    suspenso de dentifrcio contendo 1.000 g F-/g pelo perodo de 1 hora. Extrado de

    Cruz et al., 1992

    Estudo recente [Tenuta et al., 2009] demonstrou que os produtos

    fluoretados formados no esmalte dentrio, em decorrncia da aplicao de dentifrcio,

    aumenta a concentrao de F- nas pores slidas e lquidas da placa (estroma e

    fluido do biofilme) formada sobre o esmalte. Uma vez que o esmalte dentrio livre de

    biofilme no sofre desmineralizao na cavidade bucal e as trocas inicas necessrias

    para os processos de desmineralizao e remineralizao ocorrem na parte lquida do

    biofilme, os resultados do estudo citado sugerem que o F- presente no fluido do

    biofilme (placa) dental, remanescente aps a escovao, o principal responsvel

    pelo efeito anticrie dos dentifrcios fluoretados. Entretanto o efeito anticariognico do

    produto formado no esmalte em decorrncia do uso de dentifrcios associado

    irradiao laser, na presena de biofilme dental, no tem sido explorado na literatura.

    Desta maneira, propomos que a combinao de uma nica sesso de irradiao com

    o laser Er,Cr:YSGG associada ao uso domstico de dentifrcio fluoretado poderia

    potencializar a eficcia do dentifrcio, em casos isolados de pacientes com altos

    ndices de crie. Desta maneira, casos clnicos indicados se beneficiariam de ambas

  • 5

    as tcnicas, com a finalidade preventiva, por meio de interveno profissional de

    sesso nica associada a cuidados domsticos de higiene oral.

  • 6

    2- OBJETIVOS

    Este trabalho tem como objetivo avaliar a sinergia da associao da

    irradiao com o laser de Er,Cr:YSGG, com dentifrcio de concentrao 1.100 g F-/g,

    em comparao com a aplicao tpica de flor fosfato acidulado de concentrao

    12.300 g F-/g, em esmalte dental tambm na presena de biofilme dental.

    Objetivos especficos:

    1- Avaliar in vitro e in situ a formao e reteno de produtos na superfcie de

    esmalte (Flor fracamente ligado, CaF2) decorrentes destas associaes;

    2- Avaliar in vitro e in situ, quantitativamente, a formao de produtos solveis

    em lcali (Flor fracamente ligado, CaF2) decorrentes dos parmetros

    utilizados;

    3- Correlacionar, in situ, a formao destes produtos na reduo da

    desmineralizao do esmalte dental, na presena de biofilme.

  • 7

    3- REVISO DA LITERATURA

    O modelo in situ proposto de maneira pioneira por Kolourides e Volker em

    1964, e posteriormente modificado por Zero em 1992, consiste no estudo da crie e da

    pesquisa aplicada do papel dos alimentos e do flor nos processos de des-

    remineralizao em humanos sem causar interferncia em sua dentio natural. O

    modelo envolve o uso de dispositivo intra oral que cria condies definidas na

    cavidade oral de humanos para simular o processo de crie dental [Zero, 1995].

    Modelos in situ tm sido utilizados, de maneira bem sucedida, para avaliar os

    processos de des-remineralizao tanto em esmalte quanto em dentina, uma vez que

    as condies criadas neste modelo so semelhantes s condies de um ensaio in

    vivo, na medida em que utiliza a cavidade bucal como ambiente experimental. As

    limitaes do modelo esto associadas variao individual dos voluntrios

    envolvidos e a adeso dos mesmos ao experimento. O dispositivo intra oral utilizado

    neste modelo pode ser palatal ou mandibular, tambm permitindo variao do

    substrato a ser analisado. Amostras de dentina ou esmalte, de origem humana ou

    bovina, tm sido utilizadas associadas ou no a materiais restauradores.

    O modelo in situ de curta durao, proposto por Brudevold e colaboradores

    em 1984, e posteriormente modificado por Zero e colaboradores em 1992, utiliza uma

    placa teste produzida a partir de estreptococos do grupo mutans. Apesar de no se

    tratar de um biofilme nativo, esta placa teste representa a resposta bacteriana aos

    ciclos de pH induzidos por desafio cariognico, e seus efeitos sobre o substrato de

    escolha. Por ser de curta durao, apresenta uma resposta rpida e mais acurada do

    que ensaios in vitro. Quando Zero, em 1995, prope um modelo in situ de longa

    durao, o dispositivo intra oral utilizado por perodo de tempo suficiente para

    formao in vivo de placa bacteriana multicelular. O desafio cariognico realizado de

    maneira extra oral, de modo a no interferir na dentio do voluntrio, porm pode-se

  • 8

    avaliar a capacidade tampo da saliva e demais variveis que ocorrem em ambiente

    bucal.

    A formao de biofilme necessria para a desmineralizao, porm,

    somente sua formao no suficiente para que ela ocorra. necessrio que o

    biofilme formado seja exposto sacarose para que ocorra a produo de cidos pela

    comunidade bacteriana, causando diminuio do pH na superfcie dental. Atingindo

    nveis crticos de pH (em torno de 4,5 a 5,5 para o esmalte, e em torno de 5,5 a 6,5

    para dentina), ocorre o processo de desmineralizao. Desta maneira, protocolos de

    desafios cariognicos podem variar, de acordo com as proposies. Ccahuana-

    Vsquez e colaboradores, em 2007, avaliaram o efeito da frequncia da exposio de

    sacarose na composio microbiolgica e bioqumica do biofilme dental formado e sua

    relao com a desmineralizao do esmalte. Em um estudo in situ de longa durao

    de trs fases, dez voluntrios com fluxo salivar considerado normal, residindo em

    municpio com fluoretao tima da gua, utilizaram por 14 dias dispositivos palatinos

    contendo dentes humanos. O desafio cariognico foi realizado na forma de

    gotejamento de soluo de sacarose 20% e os voluntrios utilizaram dentifrcio

    fluoretado, 3 vezes ao dia, para escovao de sua dentio natural. A frequncia do

    desafio cariognico variou de 0 (controle), 2, 4, 6, 8 ou 10 vezes ao dia. Quando se

    tratou da frequncia de 8 vezes ao dia, os horrios de gotejamento foram 8:00, 9:30,

    11:00, 14:00, 15:30, 17:00, 19:00 e 21:00 h. As escovaes foram realizadas com

    dentifrcio contendo 1.100 g F/g na forma de NaF e slica como abrasivo, aps as 3

    principais refeies do dia. Foram realizadas anlises microbiolgica e bioqumica do

    biofilme dental formado sobre as amostras de esmalte dental, que por sua vez tiveram

    sua microdureza longitudinal avaliada. Mudanas microbiolgicas e bioqumicas no

    biofilme foram observadas mesmo quando a soluo de sacarose foi utilizada em

    frequncia inferior a oito vezes ao dia. Foram observadas aumento da biomassa,

    aumento da produo de polissacardeos intra e extra celulares no biofilme formado.

  • 9

    Um aumento significativo da desmineralizao foi notado quando foi utilizada a

    soluo de sacarose 20% em frequncia maior do que 6 vezes ao dia, mesmo

    havendo sinergia da fluoretao da gua de abastecimento pblico e do dentifrcio,

    sugerindo desta maneira, que a alta frequncia do consumo de sacarose seria a

    responsvel pela perda mineral, a despeito do flor utilizado. Levou-se em conta que o

    biofilme no foi desorganizado mecanicamente pela escovao, possivelmente

    reduzindo ou impedindo o efeito do dentifrcio.

    O biofilme formado na presena de sacarose apresenta alteraes

    microbiolgicas e bioqumicas quando comparado ao biofilme formado na ausncia de

    sacarose. Corroborando o citado anteriormente, na presena de sacarose ocorre a

    formao de um biofilme menos celular, isto , com menor quantidade de

    microrganismos e com maior quantidade de polissacardeos intra e extracelulares que

    funcionam como uma reserva energtica para a comunidade bacteriana.

    Adicionalmente, pode haver reduo da concentrao de ons Ca, Pi e F no biofilme

    formado na presena de carbohidratos fermentveis [Tenuta et al., 2006].

    Com relao ao substrato das amostras utilizadas no modelo in situ,

    Ghaeth e colaboradores em 2011, realizaram reviso da literatura comparando o uso

    de dentes bovinos em substituio aos dentes humanos em estudos in vitro e in situ.

    Relatam como desvantagens e limitaes do uso de dentes humanos: dificuldade de

    obteno em quantidade e qualidade suficientes, uma vez que, atualmente, extraes

    so somente realizadas devido grande destruio do elemento dental; padronizao

    da fonte e origem da coleta do dente humano, que pode levar a grandes variaes nas

    anlises finais do estudo onde utilizado; relativamente, a rea do dente humano

    pequena e a anatomia curva tambm pode limitar a obteno de amostras de

    dimenses uniformes e regulares; risco de infeco cruzada ou contaminao do

    voluntrio; limitaes ticas de obteno dos dentes humanos. Relatam que, na

  • 10

    literatura, foram propostos substratos no humanos em substituio. So eles: dentes

    de primatas, bovinos, sunos, equinos e de tubaro. O dente bovino tem sido o mais

    amplamente utilizado em substituio ao dente humano e seu uso tem aumentado nos

    ltimos 30 anos, em funo de sua relativa fcil obteno em boas condies, com

    composio mais uniforme que o dente humano. Adicionalmente, a rea de superfcie

    do dente bovino, quando comparado ao dente humano, maior e no tem leses de

    crie ou outros defeitos que possam afetar a anlise nos estudos onde so utilizados.

    Entretanto, a validade do uso dos dentes bovinos e os resultados obtidos por meio de

    seu uso foram questionados, uma vez que sua estrutura e bioqumica no so

    idnticas ao dente humano. Desta maneira, foram revisados os seguintes aspectos:

    morfolgico, composio qumica, propriedades fsicas, cries, eroso/abraso dental,

    fora de adeso/unio, infiltrao marginal tanto em estudos in vitro quanto em

    estudos in situ. Mais de 50% destes artigos revisados no mostraram diferena

    significativa entre os substratos humano e bovino para, pelo menos, um dos aspectos

    citados.

    De acordo com Wolf & Sika, os mecanismos de ablao a laser, na rea do

    ultravioleta, em tecidos duros so de maneira geral, denominados de processos

    fototrmicos, muito embora, processos termomecnicos e processos fotoqumicos

    possam contribuir. Na rea do espectro infravermelho, o mecanismo mais eficaz de

    remoo tecidual se d por meio da exploso das molculas de gua contidas no

    tecido dental, quando utilizados comprimentos de onda de 3 a 10 m. Desta maneira,

    pode ser realizada uma remoo tecidual muito mais acurada em comparao aos

    instrumentos rotatrios. As principais razes para utilizao da ablao laser, em

    substituio aos instrumentos rotatrios na remoo de tecido duro dentrio durante a

    prtica clnica, so: diminuio da sintomatologia dolorosa possivelmente associada

    ao uso de instrumentos rotatrios; possibilidade de remoo tecidual selecionada,

    como por exemplo, remoo de tecido cariado em contraposio a tecido dentrio

  • 11

    sadio; tratamentos minimamente invasivos com confeco de cavidades

    conservadoras ou ultra conservadoras; diminuio da insalubridade da prtica clnica

    por meio da reduo da emisso de rudos causados por instrumentos rotatrios.

    citada tambm a relao positiva entre custo benefcio, uma vez que o equipamento

    laser para prtica clnica tem se tornado mais acessvel.

    A importncia de uma interveno mais conservadora, com especificidade

    de remoo tecidual e de selamento preventivo est em acordo com a reduo dos

    ndices da prevalncia da crie dental observados, tanto em pases desenvolvidos

    [Rlla et al., 1991] como nos pases em desenvolvimento [Fejerskov et al., 2005], nas

    ltimas dcadas do sculo XX. Leses incipientes, na impossibilidade de serem

    tratadas com instrumentos rotatrios sem remoo de tecido sadio, so apenas

    acompanhadas clinicamente pelo dentista. A mesma filosofia pode ser aplicada,

    quando as condies de irradiao laser so apropriadamente escolhidas, para a

    remoo de clculo dental sem ablao do tecido dental sadio adjacente. Apenas por

    esta aplicao, a utilizao do laser na prtica clnica diria j representa benefcios

    econmicos e de sade publica.

    O entendimento dos processos de ablao, que ocorrem com diferentes

    parmetros de irradiao, tem sido alvo de estudo na Literatura. H uma intrincada

    correlao entre os parmetros de irradiao e as caractersticas teciduais. Dentre os

    fatores que interferem nesta correlao esto o comprimento de onda do laser, o

    tempo de durao do pulso, a densidade de energia e a intensidade da irradiao.

    Com relao s caractersticas teciduais, os comportamentos mecnico, trmico e

    tico do tecido podem influenciar a ablao por irradiao com laser. A composio do

    tecido a ser ablacionado tambm deve ser levada em considerao, uma vez que o

    contedo de gua do mesmo representa papel fundamental no processo de ablao.

  • 12

    A remoo tecidual por meio da ablao mediada pela exploso das

    molculas de gua tem sido apontada como a maneira mais eficiente de remoo

    tecidual com mnima transferncia de calor para o tecido adjacente. Esta caracterstica

    da ablao laser corrobora o uso clnico, uma vez que diversos procedimentos

    odontolgicos geram elevaes de temperatura na estrutura dental, em especial

    quando so realizados com instrumentos rotatrios. A elevao de temperatura pode

    comprometer a integridade do delicado tecido pulpar que extremamente sensvel s

    variaes trmicas. Estes procedimentos seriam potenciais causadores de danos

    pulpares reversveis ou irreversveis (a partir de 5,5 C), podendo levar necrose

    [Zach, 1965].

    Assim, a ablao mediada pela exploso das molculas de gua

    considerada como o processo mais eficiente de remoo tecidual em termos de

    quantidade (espessura) de tecido removido por pulso. O rpido aquecimento da gua

    subsuperficial, confinada no interstcio do tecido duro dental, leva a um aumento da

    presso subsuperficial que, facilmente, excede o mdulo de resistncia do tecido

    dental levando remoo explosiva de material. A reduzida dimenso do interstcio

    contendo gua garante uma troca de calor eficiente (equalizao da temperatura)

    entre a gua e os componentes do tecido duro dental, em um perodo muito inferior a

    um microssegundo. Do ponto de vista prtico, a informao importante no que diz

    respeito ablao tecidual reside na taxa de ablao e a quantidade (ou frao) da

    energia do pulso laser residual no tecido no ablacionado. A eficincia da ablao

    efeito secundrio. A irradiao dos tecidos duros dentais resulta numa interao da luz

    laser com os componentes orgnicos e inorgnicos do tecido. Se absorvida, a energia

    irradiada convertida diretamente em calor. Este efeito trmico apontado como a

    causa de alteraes microestruturais causando, em consequncia, aumento da

    resistncia dos tecidos duros dentais dissoluo cida. Algumas teorias tentam

    explicar este aumento de resistncia cida. A mais amplamente difundida a teoria de

  • 13

    reduo da permeabilidade do esmalte dental pela remoo de stios de carbonato

    pelo aquecimento da irradiao laser resultando em uma forma menos solvel nos

    ciclos de pH [Featherstone et al., 1998]. Esta alterao da estrutura cristalogrfica, de

    uma forma mais solvel para uma forma menos solvel, parece ser mais facilmente

    obtida quando utilizado o laser Er, Cr: YSGG na ausncia de refrigerao com ar ou

    gua [Martins et al., 2012]. Assim, pode-se pensar que a utilizao do laser Er, Cr:

    YSGG no preparo de cavidades, ocasio em que h necessidade de refrigerao para

    evitar dano trmico pulpar, no oferece uma resistncia adicional ao aparecimento de

    cries secundrias por uma mudana cristalina do esmalte dentrio. Com relao ao

    aumento da resistncia cida, no parece haver diferena entre cavidades preparadas

    com laser, quando comparadas quelas preparadas com instrumento rotatrio. Sob

    este aspecto, no parece haver vantagem do laser em termos de aumento de

    resistncia ao aparecimento crie secundria, na prtica clnica [Apel et al, 2004].

    A matriz mineral dos tecidos duros dentais (esmalte e dentina) composta

    por uma estrutura cristalina de hidroxiapatita [Ca10(PO4)6(OH)2] carbonatada.

    Substituies de radicais na estrutura cristalina possivelmente causam uma mudana

    de fase, alterando a solubilidade do cristal, quando comparado hidroxiapatita pura.

    Entretanto, mesmo a incorporao inicial de carbonato na apatita biolgica um

    assunto controverso. A partir de estudo [Rabelo et al., 2010] por espectroscopia

    infravermelha transformada de Fourier (FTIR) acredita-se que o carbonato (tipo A)

    ocupe stios de hidroxila [OH-] causando uma alterao na estrutura cristalina, ou que

    o carbonato (tipo B) ocupe os stios de fosfato [PO43-] causando outro tipo de alterao

    no cristal. Assim, a incorporao do carbonato pode aumentar ou diminuir a

    solubilidade do cristal ao qual se incorpora por meio da mudana sua morfologia.

    Tambm mencionado [Bachmann et al., 2005 e 2009] que a irradiao com laser Er,

    Cr:YSGG promove a formao de uma fase menor, menos solvel, a partir de

    formao de Tetraclcio Fostato imerso em uma matriz de hidroxiapatita, tambm

  • 14

    confirmado por FTIR. Posteriormente [Bachmann et al., 2009], foi tambm observada a

    formao de Triclcio Fosfato na fase alfa e Triclcio Fosfato na fase beta.

    Apel e colaboradores, em 2005, realizaram um estudo com objetivo de

    investigar qualitativamente os efeitos da irradiao subablativa (sic) dos lasers de

    rbio no esmalte dental humano. Foram utilizados os lasers Er:YAG ( = 2.94) e

    Er:YSGG ( = 2.79) em estudos in vitro e in situ. Por meio de microscopia de varredura

    confocal a laser, foram avaliadas as alteraes morfolgicas da superfcie de esmalte.

    Foram observadas mudanas microscpicas, na forma de micro trincas na superfcie

    de esmalte irradiado sugerindo regies suscetveis desmineralizao em ambiente

    cido.

    O mesmo laser Er, Cr:YSGG que utilizado para o corte de esmalte e

    dentina ou canais radiculares, pode ser considerado tambm para preveno da crie,

    na medida em pode tornar o esmalte dental menos solvel em ambiente cido. Para

    esta ltima aplicao, a irradiao deve promover mudanas microestruturais no

    esmalte induzidas pela ao trmica do pulso [Apel et al, 2002 e 2004]. Da Ana e

    colaboradores, em 2007, realizaram um estudo in vitro avaliando o aumento de

    temperatura da superfcie e da cmara pulpar de dentes irradiados com laser Er,

    Cr:YSGG ( = 2,79 m), na presena e na ausncia de fotosensibilizadores. Uma vez

    que este comprimento de onda melhor absorvido pela gua e OH- presentes na

    hidroxiapatita do esmalte dental, ocorre um aumento de, aproximadamente, 800C na

    regio de incidncia do pulso. Assim, o comprimento de onda altamente absorvido e

    sua energia eficientemente convertida em calor, gerando mudanas cristalogrficas

    no esmalte dental, podendo resultar num aumento da resistncia aos cidos. A

    despeito da resistncia cida do esmalte ser relacionada, in vitro, a maiores

    densidades de energia, o aumento da temperatura pulpar em funo da dissipao de

    calor pode comprometer a vitalidade do elemento dental. Assim, o estudo citado

  • 15

    avaliou a determinao de parmetro de irradiao, visando o mximo de benefcio do

    aumento da resistncia cida com o mnimo risco de aquecimento pulpar. Para tanto,

    dentes terceiros molares humanos extrados foram submetidos irradiao com laser

    Er,Cr:YSGG ( = 2,79) isoladamente, ou associada ao uso de fotossensibilizador. As

    densidades de energia utilizadas foram de 2,8; 5,6 e 8,5 J/cm2 sem refrigerao com

    ar ou gua, por 30 segundos. Em seguida, os dentes foram avaliados com relao

    alterao morfolgica da superfcie, temperatura da superfcie e temperatura pulpar.

    Aps a irradiao, a superfcie observada no microscpio eletrnico de varredura

    mostrou morfologia tpica de reas de ablao apresentando crateras cnicas com

    exposio de prismas de esmalte, para todas as densidades de energia. Quando foi

    utilizada a densidade de energia de 8,5 J/cm2 associada ao uso de fotossensibilizador,

    sem refrigerao, no houve evidncia de carbonizao. A avaliao das temperaturas

    de superfcie e pulpar foram avaliadas com auxlio de cmera termogrfica. Na

    superfcie, para amostras irradiadas com 8,5 J/cm2, foi observada a temperatura

    247.630.2C quando no foi aplicado o fotossensibilizador e 211.822.6C com

    aplicao de fotossensibilizador. Ao trmino da irradiao, as temperaturas de

    superfcie apresentaram queda exponencial, retornando temperatura inicial aps,

    aproximadamente, 10 segundos da irradiao. Na cmara pulpar, para amostras

    irradiadas com 8,5 J/cm2, foram observados os maiores aumentos de temperatura, em

    relao s demais densidades de energias utilizadas. Houve um aumento de

    temperatura pulpar de 1.260.5C com uso de fotossensibilizador e 2.110.9C sem o

    uso de fotossensibilizador. Foi discutido o tempo de irradiao (30 segundos), e a

    espessura do esmalte e da dentina. Importante ressaltar que, na extrapolao para o

    uso clnico, a presena de leso levaria a um aumento do contedo de gua no tecido

    e maior proximidade ao tecido pulpar podendo haver maior transferncia de calor.

    Considerando a grande variao anatmica dos elementos dentais humanos, e

    levando-se em conta a baixa condutividade trmica da dentina, o operador deve julgar

    as condies do tecido dental para minimizar o risco de dano trmico em tecido pulpar.

  • 16

    Em 2010, Secilmis e colaboradores avaliaram o contedo mineral de

    esmalte dental humano irradiado com laser Er, Cr:YSGG ( = 2,79). As amostras

    foram irradiadas com 80% de gua e 90% de ar, em modo de no contato com

    densidade de energia de 17,68 J/cm2 e 1 W ou 35,36 J/cm2 e 2 W. Aps a irradiao,

    as amostras foram analisadas morfologicamente por microscopia eletrnica de

    varredura e tiveram seu contedo de Clcio, Potssio, Magnsio, Sdio e Fsforo

    determinados. No foram notadas diferenas significativas com relao ao contedo

    mineral das amostras de esmalte dental humano, para ambas as densidades de

    energias, aps a irradiao com laser Er, Cr:YSGG ( = 2,79). A anlise por

    microscopia eletrnica de varredura indicou que so observadas maiores alteraes

    morfolgicas quando utilizada uma maior densidade de energia (35,36 J/cm2 e 2 W).

    A irradiao laser tem sido apontada com um tratamento promissor tambm

    na preveno de crie, no s isoladamente, mas tambm quando associada ao uso

    de produtos fluoretados. O trabalho de Adrian et al. [1971], foi o primeiro a relatar os

    efeitos benficos do laser na associao com o fluoreto de sdio, onde o laser

    promovera aumento na absoro de flor e decrscimo na taxa de dissoluo de

    clcio em soluo cida.

    Estudo in vivo utilizando uma baixa densidade de energia (10,74 J/cm2) de

    laser de Argnio, associada aplicao de flor, mostrou que h um aumento

    significativo da reteno do flor na superfcie de esmalte, quando comparada com

    superfcies no irradiadas, por um perodo de tempo de at 6 meses [Nammour et al.,

    2005].

    Tagliaferro e colaboradores, em 2007, realizaram um estudo in vitro

    avaliando os efeitos do laser de CO2 ( = 10,6 m) utilizado isoladamente, ou

  • 17

    combinado com a aplicao de flor fosfato acidulado (FFA), na inibio da

    desmineralizao do esmalte de dentes decduos submetidos s leses artificiais de

    crie. As amostras obtidas a partir de 30 dentes decduos hgidos foram submetidas

    induo de leses artificiais de cries e, em seguida, submetidas aos tratamentos

    isolados (FFA ou laser) ou combinao dos tratamentos (FFA + laser ou laser +

    FFA). Aps a ciclagem de pH, foi analisada a microdureza longitudinal. Os resultados

    mostraram que a irradiao laser isoladamente, assim como a combinao laser +

    FFA reduziu significativamente a progresso da desmineralizao no esmalte de

    dentes decduos. Entretanto, no houve evidncias de um efeito adicional quando o

    esmalte foi tratado com a combinao dos tratamentos de laser CO2 ( = 10,6 m) e

    FFA.

    Em estudo in vitro realizado comparando o efeito na reduo de

    desmineralizao do esmalte dental humano por meio da irradiao com laser Er,

    Cr:YSGG (8,5 J/cm2) com o dentifrcio fluoretado (NaF) foi possvel observar que a

    irradiao laser leva a um aumento da resistncia cida comparvel ao efeito

    cariosttico obtido pelo uso do dentifrcio fluoretado, para os parmetros testados

    [Freitas et al., 2010].

    Com relao s mudanas cristalogrficas, no aumento da resistncia do

    esmalte dental submetido irradiao, quando foram comparados em estudos in situ

    [Apel et al., 2004], e in vitro [Zezell et al., 2010], os lasers de Neodmio (Nd:YAG) e

    rbio (Er, Cr:YSGG e Er:YAG), foi observado que todos os lasers indicam uma

    tendncia de diminuio significativa da desmineralizao. Quando aplicado o FFA

    previamente irradiao com laser Er, Cr:YSGG ocorre um efeito sinrgico dos

    tratamentos, com aumento significativo da reduo da desmineralizao, confirmando

    prvios estudos in vitro [Moslemi et al., 2009; Zezell et al., 2010]. O aumento da

  • 18

    reteno de CaF2, formado a partir da aplicao de FFA, por meio da posterior

    irradiao com laser sugere um maior potencial anticrie.

    Estudo recente [Ana et al., 2012], sugere que irradiao com laser Er,

    Cr:YSGG no esmalte dental humano, quando utilizada uma densidade de energia de

    8,5 J/cm2, diminui a perda de dureza, porm no ocorre efeito sinrgico quando a

    irradiao laser combinada a aplicao tpica de flor fosfato acidulado (FFA). Nas

    amostras polidas de esmalte dental humano submetidas aplicao de FFA, foi

    realizada anlise pela espectroscopia de energia dispersiva de raio x (EDS),

    confirmando a formao de glbulos de CaF2 em decorrncia do tratamento fluoretado.

    Interessante notar que, quando avaliada a concentrao de on fluoreto fracamente

    ligado na superfcie de esmalte, submetida combinao dos tratamentos (FFA +

    laser Er, Cr:YSGG), h um aumento de formao e reteno do CaF2.

    O uso dos lasers na prtica clnica diria j uma realidade e a tendncia

    que ele seja usado tambm nos procedimentos de preveno. Estudo in vivo utilizando

    o laser de Nd:YAG em pacientes ortodnticos [Harazaki et al., 2001] mostrou que a

    densidade de energia de 40 J/cm2 aumenta a resistncia cida da estrutura dental.

    Foram tratados 10 pacientes com o parmetro citado e, em seguida, os mesmos foram

    submetidos aplicao tpica de FFA. Aps um ano, as leses de manchas brancas

    reduziram significativamente nos pacientes irradiados, em comparao com os no

    irradiados. Quando o laser de Nd:YAG foi utilizado in vivo em dentes posteriores de 33

    pacientes, utilizando a densidade de energia de 84,9 J/cm2 seguida da aplicao de

    FFA, foi observada uma reduo de manchas brancas aps um ano [Zezell et al.,

    2009]. O exame final foi realizado, de maneira cega por outro examinador calibrado,

    por meio de inspeo visual, inspeo ttil com auxlio de sonda exploradora e

    exames radiogrficos. No estudo citado, foram tambm realizados testes de vitalidade

    pulpar, atestando a segurana clnica da densidade de energia utilizada. Estes

  • 19

    resultados corroboram o acompanhamento clnico realizado por White e colaboradores

    [1994] em pacientes que foram irradiados com Nd:YAG (100 mJ/pulso), com a

    finalidade de remoo de cries, implicando numa maior proximidade ao tecido pulpar.

    O acompanhamento foi realizado at trs anos aps a irradiao e no houve

    sintomatologia ou evidncias de pulpite irreversvel ou necrose pulpar. No estudo in

    vivo de Zezell e colaboradores [2009], apesar de ter sido notada a reduo de

    manchas brancas aps um ano, no foi possvel determinar a durabilidade dos efeitos

    do laser na reteno de fluoreto. Porm, foi concludo que a utilizao do laser

    Nd:YAGG, nos parmetros citados, seguida da aplicao de aplicao tpica de flor,

    pode ser um tratamento clinicamente indicado para preveno da crie em dentes

    permanentes. Tambm foi recentemente relatado o uso pioneiro do laser de CO2 com

    a finalidade de preveno [Rechmann et al., 2009]. No estudo citado, foi realizada a

    irradiao com o laser de CO2 de pulsos curtos ( = 9,6 m) combinada apenas com o

    uso de dentifrcio fluoretado contendo 1.100 ppm F na forma de NaF. Os pacientes

    participantes do estudo citado residiam em regio com gua de abastecimento pblico

    otimamente fluoretada. Os resultados mostraram uma maior resistncia

    desmineralizao nos dentes irradiados, quando comparados com os no irradiados.

    Estes resultados corroboram prvio estudo in situ, quando o laser de CO2 ( = 9,6 m),

    utilizado de maneira isolada ou combinado com o fluoreto, mostrou uma inibio da

    perda mineral em ambiente cido [Rodrigues et al., 2006]. Neste estudo in situ citado,

    foi possvel notar uma sinergia dos tratamentos no aumento da resistncia mineral,

    mostrando que os parmetros estudados seriam eficientes nos tratamentos de

    preveno da crie.

    Flor fracamente ligado , por definio, o fluoreto adsorvido na superfcie

    do esmalte dental. Presume-se que este fluoreto o principal responsvel na

    preveno de crie, no que diz respeito perda mineral, uma vez que ele atua na

    cintica da dissoluo mineral do esmalte. A mxima inibio da dissoluo da

  • 20

    superfcie cristalina do esmalte, pelo fluoreto adsorvido, depende do aporte contnuo

    de fluoreto na forma lquida na cavidade bucal, uma vez que o flor fracamente ligado

    mobilizado nos ciclos de pH [Arends & Christoffersen, 1990]. Clinicamente, nos

    locais onde o biofilme no foi totalmente removido, o fluoreto ter ao, tanto ativando

    a remineralizao por todo o perodo de tempo que o pH estiver neutro, como

    reduzindo a desmineralizao quando o pH do biofilme cair pela exposio a

    acares.

  • 21

    4- MATERIAL E MTODOS

    O presente estudo est didaticamente descrito em duas etapas:

    experimento in vitro e experimento in situ. Na primeira etapa, aps iseno do Comit

    de tica no Uso de Animais (106 CEUAIPEN/SP), as amostras de esmalte obtidas a

    partir de dentes bovinos foram aleatorizadas entre 8 Grupos (n = 34 por grupo). O

    cronograma do delineamento experimental in vitro ilustra que os primeiros quatro

    Grupos so considerados controles e os outros quatro Grupos restantes so

    experimentais. O delineamento est reproduzido ao final desta seo. Aps a

    aleatorizao, as amostras foram submetidas aos respectivos tratamentos e em

    seguida o total de amostras de cada grupo foi dividido de maneira que metade deste

    total foi analisada morfologicamente por Microscopia Eletrnica de Varredura (MEV) e

    a metade restante deste total foi submetida a uma anlise quantitativa do fluoreto (F-)

    solvel em lcali, por meio do mtodo de eletrodo on especfico.

    Na segunda etapa, foi realizado um experimento in situ de longa durao

    onde, aps aprovao pelo Comit de tica em Pesquisa (34338 FO-USP), 15

    voluntrios adultos utilizaram dispositivos palatinos contendo oito amostras, obtidas a

    partir de blocos de esmalte dental humano. As amostras, de microdureza de superfcie

    previamente determinada, foram tratadas e submetidas ao uso in situ pelos

    voluntrios. A seguir, foram analisadas para avaliar o efeito da sinergia dos

    tratamentos propostos, diante da ao tpica de soluo de sacarose, na presena de

    biofilme dental formado in vivo. Para tanto, foram selecionadas, por meio da

    Microdureza de Superfcie (MDS), amostras que foram esterilizadas e utilizadas no

    dispositivo palatino seguindo o modelo boca dividida, que possibilita a utilizao

    simultnea de um controle (positivo ou negativo) e dos tratamentos experimentais. O

    dispositivo palatino foi utilizado por duas semanas, e sobre as amostras, foi gotejada

    extra oralmente uma soluo de sacarose 8 vezes ao dia. A aplicao extra oral dos

    tratamentos nas amostras utilizadas no dispositivo palatino, no interferiu na dentio

    do voluntrio quando o mesmo utilizou o dispositivo in situ. Aps este perodo as

    amostras foram retiradas e analisadas por meio de Anlise Morfolgica por

    Microscopia Eletrnica de (MEV), Anlise da Microdureza Longitudinal, Anlise do

    fluoreto (F-) solvel em lcali, por meio do mtodo de eletrodo on especfico.

  • 22

    4.1- EXPERIMENTO IN VITRO

    Para o estudo in vitro, aps iseno do Comit de tica no Uso de

    Animais-IPEN/SP (Anexo A), foi utilizado um delineamento cego utilizando dentes

    bovinos, previamente armazenados em gua destilada e deionizada e mantidos sob

    refrigerao a 4 C.

    De cada elemento dental foram obtidos, por meio de corte por disco

    diamantado, sob refrigerao, blocos de esmalte de dimenses aproximadas de 5 x 5

    x 2 mm. Os blocos foram posteriormente planificados e polidos, conforme descrito na

    literatura, e aleatorizados entre os Grupos descritos a seguir:

    Grupo 1 (Controle Negativo para CaF2): Amostras sem tratamento;

    Grupo 2 (Controle Positivo para CaF2): Amostras submetidas a aplicao de Flor

    Fosfato Acidulado (FFA concentrao 12.300 g F-/g);

    Grupo 3 (Controle Positivo para CaF2 a partir da aplicao de dentifrcio):

    Amostras submetidas a aplicao de dentifrcio contendo 1.100 g F-/g;

    Grupo 4 (Controle laser Er, Cr: YSGG): Amostras irradiadas com laser Er, Cr: YSGG

    8,5 J/cm2;

    Grupo 5: Amostras irradiadas com laser Er, Cr: YSGG 8,5 J/cm2 e submetidas a

    aplicao de dentifrcio contendo 1.100 g F-/g;

    Grupo 6: Amostras irradiadas com laser Er, Cr: YSGG 8,5 J/cm2 e submetidos a

    aplicao tpica de FFA 12.300 g F-/g;

    Grupo 7: Amostras submetidas a aplicao de dentifrcio contendo 1.100 g F-/g e

    irradiadas com laser Er, Cr: YSGG 8,5 J/cm2;

    Grupo 8: Amostras submetidas a aplicao tpica de FFA 12.300 g F-/g e irradiadas

    com laser Er, Cr: YSGG 8,5 J/cm2.

    Os Grupos foram codificados por cores para evitar identificao dos

    tratamentos nas anlises posteriores. Assim como os demais Grupos, os blocos do

    Grupo 1 (Controle Negativo para CaF2) foram armazenados em ambiente umidificado

  • 23

    com gua destilada e deionizada e refrigerados a 4 C at serem submetidos s

    anlises. Os blocos do Grupo 2 (Controle Positivo para CaF2) foram submetidos

    aplicao de gel de flor fosfato acidulado (12.300 g F-/g de flor, pH 3,6 3,9. DFL,

    Rio de Janeiro, RJ, Brasil) [Featherstone et al., 1991] por 4 minutos. Decorrido este

    tempo, os blocos foram lavados com fluxo contnuo de gua destilada e deionizada e,

    em seguida, secos com tira de papel absorvente. Os blocos do Grupo 3 (Controle

    Positivo para CaF2 a partir da aplicao de dentifrcio) foram submetidos a imerso em

    uma suspenso 1:3 (p/p) de dentifrcio contendo 1.100 g F-/g, na forma de NaF (Oral

    B Complete. Oral B, SP, Brasil), sob agitao por 10 minutos [Cruz et al., 1992]. As

    aplicaes de dentifrcio foram repetidas de 4 em 4 horas, num total de 3 aplicaes

    no perodo de 12 horas. Aps cada aplicao de dentifrcio fluoretado, os blocos foram

    lavados por 10 segundos com fluxo contnuo de gua destilada e deionizada e, em

    seguida, secos com tira de papel absorvente. As amostras do Grupo 4 (Controle laser

    Er, Cr: YSGG) foram irradiadas sob a forma de varredura sobre toda a superfcie das

    amostras, de maneira uniforme, evitando-se a aplicao por duas vezes sobre o

    mesmo ponto com auxlio de deslocador micromtrico de passo X-Y-Z automatizado,

    que deslocou-se somente nos planos X-Y. Os demais Grupos foram tratados com a

    varivel da aplicao dos produtos fluoretados ser feita antes da irradiao ou aps a

    irradiao. Aps os respectivos tratamentos, os Grupos foram armazenados em

    ambiente umidificado com gua destilada e deionizada e refrigerados a 4 C at serem

    submetidos s anlises.

    As amostras foram submetidas s analises quantitativa e qualitativa. Para

    esta finalidade, cada grupo de amostras foi dividido aleatoriamente em dois

    subgrupos, cada um contendo 50% do total das amostras. Foi realizada uma anlise

    qualitativa, em 50% do total das amostras de cada grupo, por meio de anlise

    morfolgica por Microscopia Eletrnica de Varredura (MEV) para avaliar a formao e

    reteno de produtos na superfcie de esmalte, verificando a formao de flor

    fracamente ligado (CaF2) em decorrncia das associaes propostas nos tratamentos.

    Foi tambm realizada uma anlise quantitativa, nos 50% remanescentes do total das

    amostras de cada grupo, por meio do mtodo on-especfico para avaliar a

    concentrao de produtos solveis em lcali formados na superfcie de esmalte (F-

    fracamente ligado) decorrente das associaes propostas.

    O diagrama da metodologia aqui descrita est representado no

    delineamento in vitro a seguir.

  • 24

  • 25

    4.1.1- Obteno e Polimento das Amostras de Esmalte Dental Bovino

    As amostras de esmalte dental para o estudo in vitro foram obtidas a partir

    de dentes bovinos, pois de acordo com a literatura, substratos de tecidos duros (como,

    por exemplo, dentina e esmalte) humano e bovino so muito semelhantes do ponto de

    vista estrutural [Ogaard et al., 1990; Mellberg JR, 1999], podendo este ltimo ser uma

    alternativa bastante aceitvel para o estudo da des-remineralizao tanto em modelos

    in vitro como em modelos in situ. Apesar do substrato de escolha ser o esmalte dental

    humano, deve-se levar em conta a dificuldade de obteno de suprimento adequado e

    questes ticas envolvidas na utilizao de dentes humanos. Levando-se em conta

    que a inteno deste estudo mimetizar uma situao bastante prxima ao que ocorre

    na cavidade bucal, minimizando o grau de artificialidade [Shellis et al., 2011], porm

    mantendo a viabilidade de obteno de amostras, o dente bovino foi a opo de

    escolha para esta etapa. Substratos artificiais como, por exemplo, hidroxiapatita em

    discos, apesar de evitar quaisquer questes ticas de obteno, foram descartados,

    pois os resultados no podem ser inferidos para estudos in situ [Shellis et al., 2011]

    Todos os dentes foram obtidos no mesmo frigorfico na regio da cidade

    de Bauru, Estado de So Paulo. Os dentes foram lavados com gua e limpos para a

    remoo de resduos grosseiros de material orgnico. Para o transporte, os dentes

    ficaram armazenados em gua destilada e deionizada. Aps a limpeza inicial, os

    dentes bovinos foram armazenados em soluo de Timol (concentrao 1 g/ L) e

    mantidos em refrigerador a 4o C, por 48 horas. Transcorrido este perodo, os dentes

    foram retirados da soluo e exaustivamente lavados em gua corrente. As razes

    foram removidas com um disco diamantado (Struers srie 641654H4, rotao mxima

    12.225 rpm. EUA) montado em uma cortadeira (Struers Accutom-5 rotao de 300 a

    3.000 rpm. EUA). Aps a remoo das razes, o tecido pulpar foi removido e as coroas

    foram examinadas visualmente de maneira macroscpica, apenas com auxlio de uma

    lupa estereoscpica provida de lmpada fria (Ramsor Indstria e Comrcio Ltda. SP,

    Brasil). Os dentes foram colocados em papel absorvente para remoo do excesso de

    umidade e selecionados. Foram utilizados somente aqueles com ausncia de

    manchas, trincas ou defeitos visveis, sendo os demais excludos. Aps o minucioso

    exame, os dentes selecionados foram colocados em um novo recipiente com gua

    destilada e deionizada, para evitar possvel desmineralizao durante o

    armazenamento. Os dentes foram mantidos sob refrigerao a 4o C e foi realizada

    troca peridica da gua de imerso, para evitar crescimento de microrganismos ou

    fungos. Por meio de corte com discos diamantados foram obtidos os blocos de

    esmalte (Figuras 2 e 3), para obteno das amostras, conforme descrito a seguir.

  • 26

    Figura 2 - esquerda: dente bovino com cortes realizados por meio de discos

    diamantados para remoo de bloco de esmalte de dimenses aproximadas de 5 x 5 x

    2 mm. direita: blocos de dentes fixados em suportes planos de acrlico para

    obteno das amostras polidas

    Figura 3 - Aumento dos blocos obtidos a partir de dentes bovinos antes da

    regularizao de dentina (A) e polimento do esmalte (B) para obteno das amostras

    Os dentes foram fixados em suportes planos de acrlico com auxlio de

    cera pegajosa (Kerr, EUA), de maneira que a face lingual do dente ficasse em contato

  • 27

    com o suporte para possibilitar o corte da face vestibular. Dois discos diamantados

    foram montados paralelamente na cortadeira com auxlio de um espaador com

    espessura de 5 mm posicionado entre eles. Os cortes foram realizados

    perpendicularmente, sob refrigerao com gua. Foi obtido, de cada elemento dental,

    o maior nmero possvel de blocos de esmalte com 5 x 5 mm de lado e com

    espessura mdia inicial de 3 mm.

    Aps a obteno, os blocos foram planificados e polidos conforme descrito

    na literatura [Cury et al., 2003]. Para facilitar o manuseio, cada um dos blocos obtidos

    foi fixado, individualmente, com auxlio de cera pegajosa, em um suporte de acrlico

    plano de maneira que o esmalte ficasse em contato com o suporte para possibilitar a

    regularizao da dentina. A dentina foi previamente regularizada manualmente

    utilizando discos de lixa gramatura 400 umedecidos com gua destilada e deionizada,

    para eliminao de pontas agudas. Aps a prvia regularizao manual, os blocos

    tiveram a dentina regularizada em politriz. O desgaste na politriz foi feito de 20 em 20

    segundos, sob refrigerao com gua, utilizando disco de lixa gramatura 400 e

    velocidade reduzida de 100 rpm. A cada 20 segundos, os blocos foram medidos com

    paqumetro (Mitutoyo. Suzano, SP, Brasil) digital e as espessuras mensuradas foram

    de 2,04 mm (mnima) a 3,66 mm (mxima). Aps a regularizao da dentina, os blocos

    foram descolados dos suportes de acrlico e invertidos de maneira que a dentina

    regularizada ficasse justaposta em contato com o novo suporte acrlico limpo para

    possibilitar o polimento do esmalte dentrio. O esmalte foi polido na politriz, sob

    refrigerao com gua, com discos de lixa de granulao crescente (600, 1.200, 2.500

    e 4.000 gros). O polimento inicial foi realizado com disco de lixa de gramatura 600

    por 15 segundos, aproximadamente. O exame visual de cada bloco foi feito,

    individualmente, aps a secagem do mesmo com papel absorvente macio especfico

    para este uso. Em seguida foi usado o disco de lixa de gramatura 1.200 por

    aproximadamente 10 segundos em cada bloco. O mesmo procedimento foi realizado

    para cada bloco com disco de lixa de gramatura 2.500 e 4.000. A seguir, sem

    refrigerao com gua, foi feito o ultra polimento com disco de feltro (Polishing Cloth,

    METADI, Buehler 40-7618, IL, USA) e suspenso diamantada com partculas de 1 m

    (METADI Diamond suspension, Color Polishing Water-spray base 40-6530, Buehler,

    IL, USA), por 1 minuto, em velocidade 300 rpm. Por meio de exame macroscpico

    cuidadoso foi verificada a qualidade do polimento e ausncias de riscos em cada um

    dos blocos secos. Aps o trmino do polimento, os blocos foram lavados em uma

    lavadora ultra-snica (Thornton, Unique Ind. e Com. Ltda., So Paulo/ SP, Brasil) para

    total remoo de resduos de sua superfcie de esmalte, a ser submetida aos

    tratamentos propostos. Foi utilizada a lavadora por um perodo de 30 minutos em dois

  • 28

    ciclos de 15 minutos. Os blocos de esmalte fixos aos suportes de acrlico foram

    posicionados na cuba da lavadora contendo gua destilada e deionizada. Entre os

    ciclos de lavagem de 15 minutos, os blocos foram retirados para a troca da gua e

    lavagem do recipiente da lavadora, antes de serem recolocados para o segundo ciclo

    de lavagem de 15 minutos.

    Os blocos permaneceram fixos em seus respectivos suportes de acrlico

    que foram numerados de 01 a 274, para aleatorizao entre os oito Grupos de

    tratamentos. A randomizao dos blocos entre os Grupos foi feita por meio do

    programa de software Excel que utiliza nmeros aleatrios. Em uma coluna foram

    colocados os nmeros das amostras de 01 a 274, e na coluna vizinha o programa gera

    nmeros aleatrios de zero a um. Em seguida, os nmeros aleatrios foram

    organizados em ordem crescente, randomizando os nmeros da primeira coluna

    referente s amostras. Cada um dos oito Grupos de tratamento recebeu 34 blocos de

    esmalte.

    4.1.2- Tratamento das Amostras de Esmalte Dental Bovino

    Neste estudo in vitro, foi utilizada a irradiao do esmalte dental bovino

    com laser Er, Cr: YSGG combinada com a aplicao tpica de FFA 12.300 g F-/g, ou

    com a aplicao de dentifrcio de concentrao convencional de F contendo 1.100 g

    F-/g. Para cada combinao da irradiao com laser, associada com a aplicao de

    produto fluoretado, h uma varivel da aplicao do produto fluoretado ser realizada

    antes ou aps a irradiao. As irradiaes foram realizadas sob a forma de varredura

    sobre toda a superfcie das amostras, evitando-se a aplicao por duas vezes sobre o

    mesmo ponto.

    Para as amostras submetidas s aplicaes de produtos fluoretados, de

    acordo com designado para cada Grupo, foi utilizado um dos seguintes protocolos:

    -Aplicao tpica de gel de Flor Fosfato Acidulado (FFA) com

    concentrao de 12.300 g F-/g de flor e 0,1 M de cido fosfrico, pH 3,6 3,9 (DFL,

    Rio de Janeiro, RJ, Brasil). A durao da aplicao foi de 4 minutos [Featherstone et

    al., 1991], conforme preconizado para o uso clnico.

    - Imerso em uma suspenso 1:3 (p/p) de dentifrcio contendo 1.100 g

    F/g, na forma de NaF (Oral B Complete. Oral B, SP, Brasil), em agitao por 10

    minutos [Cruz et al., 1992], a 36,5C. As suspenses foram preparadas com 50 g de

    dentifrcio fluoretado e 150 ml de gua destilada e deionizada. As aplicaes foram

    repetidas de 4 em 4 horas, num total de 3 aplicaes, no perodo de 12 horas.

  • 29

    A aplicao tpica de gel de flor fosfato acidulado foi realizada com

    auxlio de uma almotolia plstica totalmente limpa e previamente abastecida com o gel

    que foi dispensado diretamente sobre a amostra, mantendo uma quantidade excessiva

    de FFA pelo perodo de tempo determinado. Cada aplicao de dentifrcio fluoretado

    foi realizada por meio da imerso das amostras em um recipiente contendo a

    suspenso, que permaneceu em mesa agitadora (Marconi Incubadora e

    Refrigeradora. Marconi Equipamentos para Laboratrio. Piracicaba, SP, Brasil), com

    temperatura constante de 36,5C, pelo perodo de tempo determinado. Aps cada

    aplicao de ambos os produtos fluoretados, pelo tempo determinado, as amostras

    foram lavadas com fluxo contnuo de gua destilada e deionizada por 10 segundos, e

    secas com tira de papel absorvente macio de 10,5 cm de comprimento. A lavagem e a

    secagem das amostras foram realizadas com intuito de evitar a contaminao por

    resduos dos produtos. Desta forma, as anlises avaliaram apenas os depsitos de

    fluoreto de clcio formados e retidos na superfcie do esmalte das amostras, assim

    como a sinergia destes depsitos formados e retidos em associao com a irradiao

    com laser Er, Cr: YSGG.

    As amostras do Grupo 4 (Controle laser Er, Cr: YSGG) foram irradiadas

    conforme o protocolo descrito a seguir e, imediatamente aps as irradiaes,

    armazenadas em ambiente umidificado com gua destilada e deionizada, e refrigerado

    a 4 C, at serem submetidas s anlises.

    4.1.3- Protocolo de Irradiao das Amostras

    De acordo com o tratamento proposto, as amostras foram irradiadas com o

    laser de xido de glio, escndio e trio dopado com cromo e rbio, o Er,Cr:YSGG

    (Millenium, Biolase, San Clemente, EUA) do Laboratrio de Biofotnica do

    IPEN/CNEN-SP processo CEPID FAPESP 98/14270-8. Este laser apresenta

    comprimento de onda de 2,79 m, largura de pulso temporal entre 140 e 200 s, taxa

    de repetio de 20 Hz, com potncia mdia ajustvel entre 0 a 6 W e energia por pulso

    at 300 mJ. O sistema de entrega composto por uma fibra tica e pea de mo

    metlica com ponta de safira modelo S 75, de 750 m de dimetro e comprimento de 6

    mm, que possui uma luz guia vermelha que indica a focalizao do feixe, que no

    opera em contato. No presente estudo foi empregada a densidade de energia de 8,5

    J/cm2 [Ana et al., 2012] em forma de varredura sobre toda a superfcie da amostra. A

    energia emitida no feixe foi mensurada por um medidor de potncia (powermeter,

    Coherent FieldMaster GS e Detetor LM-P10I. Coherent, CA, EUA).

  • 30

    O protocolo de irradiao deste estudo in vitro foi realizado com a varivel

    da aplicao de produtos fluoretados ser feita antes da irradiao, ou aps a

    irradiao, para anlise do efeito das alteraes cristalogrficas promovidas pelo laser

    em sinergia com a presena de CaF2 formado e retido na superfcie da amostra. As

    amostras foram irradiadas de maneira que os Grupos foram intercalados,

    sucessivamente, para aleatorizao de possveis alteraes dos equipamentos ou vis

    do operador, conforme protocolo de randomizao de anlise.

    As amostras foram removidas dos suportes de acrlico, toda a cera de

    fixao foi removida. Em seguida, foi utilizada fita dupla face para fixao em novos

    suportes acrlicos totalmente limpos. Esta manobra visou evitar o aquecimento da cera

    de fixao durante a irradiao e, consequentemente, possveis respingos que

    poderiam deixar resduos sobre a superfcie irradiada. A pea de mo metlica do

    sistema de entrega do feixe de laser foi mantida fixa sobre mesa tica por meio de um

    aparato especfico com suporte metlico para que a sua ponta de safira fosse mantida

    imvel em posio perpendicular a amostra. Cada suporte acrlico contendo uma

    amostra foi posicionado em um deslocador micromtrico (Model ESP 300, Newport

    Corporation, CA, EUA) em ngulo reto com relao ponta de safira mantendo uma

    distncia padro menor de 1 mm da mesma, conforme ilustram as Figuras 4 e 5. O

    deslocador micromtrico de passo X-Y-Z automatizado foi especificamente

    programado para que as amostras fossem deslocadas de maneira padro na razo da

    distncia de 8 mm no eixo X por 8 mm no eixo Y a uma velocidade de 7,5 mm/s com

    distncia entre as linhas de 0,375 mm percorrendo um total de 22 linhas por amostra.

    A distncia entre as linhas foi determinada como sendo (1 1/e) do dimetro do feixe

    laser. Desta forma, cada uma das amostras foi submetida irradiao de toda sua

    superfcie de esmalte de rea de 25 mm2 evitando que o mesmo ponto fosse irradiado

    duas vezes ou que houvesse pontos falhos, no submetidos irradiao. O laser foi

    ligado a um estabilizador de voltagem e programado para atuar com 1,25 W de

    potncia mdia, correspondente a uma densidade de energia de 8,5 J/cm2 com 0% de

    gua e 0% de ar. A cada 12 amostras irradiadas, a energia por pulso foi mensurada e

    aferida por um medidor de potncia (powermeter), mantendo a mdia de energia por

    pulso (33,30 mJ/ pulso). A Figura 6 ilustra todo o equipamento utilizado para a

    irradiao das amostras.

  • 31

    Figura 4 - Aparato de fixao da pea de mo metlica do sistema de entrega do feixe

    de laser. A ponta de safira foi mantida imvel, a 1 mm da amostra, durante a irradiao

    Figura 5 - Detalhe do aparato onde se observa o suporte de acrlico contendo amostra

    sobre deslocador micromtrico automatizado em ngulo reto em relao ponta de

    safira

  • 32

    Figura 6 - esquerda: laser de Er, Cr:YSGG Biolase. direita abaixo: aparato de

    fixao do sistema de entrega do feixe posicionado sobre deslocador micromtrico

    automatizado e a direita acima: medidor de potncia de energia.

    4.2- ANLISES DO EXPERIMENTO IN VITRO

    4.2.1- Anlise Morfolgica por Microscopia Eletrnica de Varredura

    A anlise por Microscopia Eletrnica de Varredura (MEV) possibilita a

    gerao de uma imagem da superfcie de esmalte das amostras por meio da emisso

    de um feixe de eltrons onde uma parte dos eltrons primrios incidentes pode ser

    retida nos tomos da amostra deslocando simultaneamente eltrons das rbitas

    destes tomos. Os eltrons ejetados pelo feixe de eltrons primrios so referidos

    como eltrons secundrios que quando emitidos promovem um desequilbrio

    energtico, pois os eltrons secundrios possuem um nvel de energia inferior ao dos

    eltrons primrios. Esta diferena de energia dissipada em forma de Raios X, que

    caracterstico em termos de energia e de para cada elemento exposto ao feixe de

    eltrons primrio. Porm deve-se levar em conta que a parte da amostra que emite

    eltrons secundrios captados para a gerao da imagem, de superfcie e restringe-

  • 33

    se rea iluminada pelo feixe e que define a resoluo da MEV (Kitajima e Leite,

    1999).

    Aproximadamente metade do total das amostras de cada Grupo (n = 17)

    foi submetida anlise por MEV. As amostras foram removidas dos suportes acrlicos

    e transferidas para incio do preparo para anlise morfolgica por MEV. Aps a fixao

    inicial em soluo de glutaraldedo 2%, durante 2 horas, foram realizadas 3 lavagens

    de 5 minutos com soluo de tampo fosfato 0,1 M e a seguir as amostras foram

    deixadas em soluo de tampo tetrxido de smio por 20 minutos. Novamente as

    amostras foram submetidas a 3 lavagens de 5 minutos com soluo de tampo fosfato

    0,1 M. A seguir, foram submetidas desidratao progressiva em solues de

    concentraes crescentes de lcool (25%, 50%, 70%, 90% e 100%), onde foram

    submersas por 15 minutos em cada soluo. A desidratao progressiva evita a

    deformao dos glbulos de CaF2 formados e retidos na superfcie do esmalte das

    amostras, mantendo a fidelidade da imagem final obtida. Aps a desidratao

    progressiva, as amostras foram fixadas em Hexamethyldisilazane (HMDS) por 20

    minutos e secas em capela por 2 horas e mantidas secas em dissecador por, no

    mnimo, 24 horas antes de serem submetidas ao incio da metalizao. At o momento

    da obteno das imagens, as amostras foram mantidas em dissecador com slica para

    evitar alterao da superfcie preparada. Os Grupos foram codificados por cores para

    evitar identificao nas anlises, mantendo o delineamento cego de estudo.

    As amostras foram examinadas em dois diferentes Microscpios

    Eletrnicos de Varredura. Foi utilizado o microscpio Phillips XL 30 (Eindhover,

    Holland) do Centro de Caracterizao de Materiais do IPEN-CNEN/SP, com tenso de

    20 K, e o microscpio TM 3000 Tabletop Microscope (Hitachi, Japan) do Centro de

    Lasers e Aplicaes IPEN-CNEN/SP, com tenso de 5 K.

    Quando foi utilizado o microscpio Phillips XL 30 foi necessria a

    metalizao das amostras. Neste caso, aps o trmino do processo de desidratao

    progressiva, cada uma das amostras foi fixada com fita adesiva condutora feita base

    de carbono em suportes metlicos (stubs) tambm apropriados para conduo de

    ons, e sobre elas foi depositado durante 120 segundos um filme fino de ouro com

    espessura aproximada de 10 m. Para a metalizao das amostras foi utilizado o

    equipamento Sputter Coater (TEC SCD050, Bal Tec, Zurich, Ge). Quando foi utilizado

    o microscpio TM 3000 Tabletop Microscope, no houve necessidade de metalizao

    das amostras aps a desidratao progressiva.

    As amostras foram analisadas de maneira que os Grupos previamente

    codificados foram intercalados sucessivamente para aleatorizao de possveis

  • 34

    alteraes dos equipamentos de MEV ou vis do operador, conforme protocolo de

    randomizao de anlise.

    Para cada amostra analisada foram obtidas, no mnimo, quatro imagens

    em diferentes aumentos pr determinados: a primeira imagem foi realizada com a

    magnificao de 50 X para verificao da superfcie da amostra, seguida por imagens

    de 700 X, 2.000 X e 4.000 X de aumento ou mais.

    Foram observados os aspectos estruturais e morfolgicos do esmalte,

    decorrentes da irradiao com o laser de maneira isolada, e das combinaes da

    irradiao com o FFA, ou com o dentifrcio fluoretado.

    4.2.2- Anlise de Flor por Meio do Mtodo do Eletrodo on Especfico

    H vrios mtodos que identificam a presena do flor associado a outros

    elementos. O mtodo on especfico aqui utilizado pode determinar somente a

    presena de fluoreto e tambm possui como vantagens a simplicidade da tcnica e o

    menor custo operacional [Aguilar, 2002]. No presente estudo, em