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REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR-LESTE MINISTÉRIO DA JUSTIÇA Direcção Nacional de Assessoria Jurídica e Legislação _______________________________________________________________ PROJECTO PARA CONSULTA A PARTIR DO SEMINÁRIO JUSTIÇA PARA CRIANÇA: “FORTALECENDO A DEMOCRACIA EM TIMOR-LESTE” TÍTULO I Disposições gerais do Sistema Justiça Juvenil CAPÍTULO I Princípios e definições Artigo 1º Do objecto da lei 1 – O Sistema de Justiça Juvenil em Timor-Leste, adiante referido abreviadamente como Sistema de Justiça Juvenil, visa a garantia dos direitos e a protecção especial da criança maior de 12 anos e menor de 15 anos, quando em conflito com a lei e a garantia dos direito e a protecção do adolescente enquanto pessoa maior de 15 e menor de 18 anos quando da prática de crime previsto em lei. 2 – O Sistema de Justiça Juvenil assegura o acompanhamento multi disciplinar do jovem adulto, maior de 18 anos e menor de 21 anos, quando arguido pela prática de crime, nos termos do Princípio do respeito pelos Direitos Humanos. Artigo 2º Dos Princípios São princípios do Sistema de Justiça Juvenil: a) Princípio do respeito pelos Direitos Humanos; b) Princípio do interesse superior da criança e do adolescente; c) Princípio da não discriminação; d) Princípio da dignidade da criança e do adolescente em conflito com a lei; e) Princípio do direito à protecção e ao acompanhamento da família; f) Princípio do direito à justiça especializada. Artigo 3º Princípio do Interesse Superior da Criança e do Adolescente O interesse da criança e do adolescente, enquanto pessoas em crescimento e em desenvolvimento, tem prioridade e orienta todas as decisões relacionadas com interesses de outra natureza. Artigo 4º Princípio do Direito à Presença da Família A família ou o seu representante legal deve acompanhar a criança e o adolescente em conflito com a lei em todas as etapas do processo, dando-lhes apoio emocional, material e moral, valorizando os vínculos proteccionais advindos dos laços afectivos e comunitários. Artigo 5º Princípio do Direito a Instância Especializada 1

REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR-LESTE MINISTÉRIO DA ... · CAPÍTULO I Princípios e ... valorizando os vínculos proteccionais advindos dos laços afectivos e ... Para os efeitos

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REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR-LESTEMINISTÉRIO DA JUSTIÇA

Direcção Nacional de Assessoria Jurídica e Legislação_______________________________________________________________

PROJECTO PARA CONSULTA A PARTIR DO SEMINÁRIO JUSTIÇA PARA CRIANÇA: “FORTALECENDO A DEMOCRACIA EM TIMOR-LESTE”

TÍTULO IDisposições gerais do Sistema Justiça Juvenil

CAPÍTULO IPrincípios e definições

Artigo 1ºDo objecto da lei

1 – O Sistema de Justiça Juvenil em Timor-Leste, adiante referido abreviadamente como Sistema de Justiça Juvenil, visa a garantia dos direitos e a protecção especial da criança maior de 12 anos e menor de 15 anos, quando em conflito com a lei e a garantia dos direito e a protecção do adolescente enquanto pessoa maior de 15 e menor de 18 anos quando da prática de crime previsto em lei.2 – O Sistema de Justiça Juvenil assegura o acompanhamento multi disciplinar do jovem adulto, maior de 18 anos e menor de 21 anos, quando arguido pela prática de crime, nos termos do Princípio do respeito pelos Direitos Humanos.

Artigo 2ºDos Princípios

São princípios do Sistema de Justiça Juvenil:a) Princípio do respeito pelos Direitos Humanos;b) Princípio do interesse superior da criança e do adolescente; c) Princípio da não discriminação; d) Princípio da dignidade da criança e do adolescente em conflito com a lei; e) Princípio do direito à protecção e ao acompanhamento da família;f) Princípio do direito à justiça especializada.

Artigo 3ºPrincípio do Interesse Superior da Criança e do Adolescente

O interesse da criança e do adolescente, enquanto pessoas em crescimento e em desenvolvimento, tem prioridade e orienta todas as decisões relacionadas com interesses de outra natureza.

Artigo 4ºPrincípio do Direito à Presença da Família

A família ou o seu representante legal deve acompanhar a criança e o adolescente em conflito com a lei em todas as etapas do processo, dando-lhes apoio emocional, material e moral, valorizando os vínculos proteccionais advindos dos laços afectivos e comunitários.

Artigo 5ºPrincípio do Direito a Instância Especializada

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A criança e o adolescente em conflito com a lei têm o direito de serem atendidos por profissionais especializados na área do direito da criança, sendo garantido ao adolescente o direito a um processo penal juvenil especial quando da prática de crime previsto na lei.

CAPÍTULO IIDas Definições

Artigo 6ºDefinição

1 – Para o melhor interesse das pessoas menores de 18 anos e para os fins do Sistema de Justiça Juvenil, a presente lei distingue “criança” de “adolescente” segundo as fases de crescimento, desenvolvimento e maturidade definindo-se:a) “Criança em conflito com a lei” como a pessoa maior de 12 anos e menor de 15 anos

que pratica facto descrito na lei como crime e que face à sua inimputabilidade tem direito a ser protegida pelo Estado através de mecanismos especiais não jurisdicionais;

b) “Adolescente em conflito com a lei” como a pessoa maior de 15 anos e menor de 18 anos, criminalmente imputável, que quando da prática de crime, tem o direito a ser protegida pelo Estado em face da sua condição de pessoa em desenvolvimento e encaminhada para o sistema penal juvenil.

2 – A presente lei define:a) “Jovem adulto” como a pessoa maior de 18 anos e menor de 21 anos que, quando da

prática de crime previsto na lei, é julgado conforme as determinações da legislação penal e processual penal, tendo o direito de ser assistido por equipa técnica multi disciplinar;

b) “Ofensa” como o facto descrito na lei como crime, quando praticado por pessoa menor de 15 anos;

c) “Medida de Protecção” como a de carácter exclusivamente proteccional, de natureza preventiva, garantida pelo Estado através do encaminhamento da criança e do adolescente a uma Equipa Técnica Multidisciplinar;

d) “Medida Sócio Educacional” como a aplicada pelo Tribunal ao adolescente em conflito com a lei na fase de julgamento, observado o devido processo legal e nos termos da presente lei;

e) “Processo Penal Juvenil Especial” refere-se ao processo que apura a prática de crime atribuído a pessoa maior de 15 anos e menor de18 anos.

Artigo 7ºAplicação

Salvo tratado ou convenção internacional em contrário e seja qual for a nacionalidade da criança em conflito com a lei e do adolescente ou do jovem adulto autor de crime, a presente lei é aplicável aos factos praticados no território de Timor-Leste e a bordo de navios ou de aeronaves de matrícula ou sob pavilhão timorense.

Artigo 8ºInimputabilidade da criança

1 – A criança, não sendo capaz de entender o carácter ilícito do facto e de determinar-se de acordo com esse entendimento, é inimputável.2 – A inimputabilidade da criança em conflito a lei:a) Não exclui a reprovabilidade da sua conduta quando da prática de facto descrito na lei

como crime;b) Autoriza a intervenção do Estado através de mecanismos especiais para garantia do

seu direito e para protecção da sua condição de pessoa em crescimento e em desenvolvimento;

c) Autoriza a intervenção do Estado no aconselhamento da família e no fortalecimento de uma rede articulada para o cumprimento da medida de protecção especial.

3 – Quando o comportamento da criança menor de 12 anos for considerado ofensivo, lei especial disporá sobre as medidas proteccionais específicas para a criança e para a sua família.

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4 – Para os efeitos da presente lei é considerada a idade da criança à data da prática da ofensa.

Artigo 9ºImputabilidade do adolescente

1 – O adolescente em conflito com a lei, abreviadamente denominado adolescente, sendo capaz de entender o carácter ilícito do facto e de determinar-se de acordo com esse entendimento, é imputável.2 – Para os efeitos da presente lei é considerada a idade do adolescente à data do facto descrito na lei como crime.

Artigo 10ºJovem Adulto

1 – A presente lei determina a actuação articulada do Sistema de Justiça Juvenil com o Sistema Penal com a finalidade exclusiva de assegurar o acompanhamento técnico multi disciplinar para a pessoa maior de 18 anos e menor de 21 anos.

Artigo 11ºProcesso Penal Juvenil Especial

1 – A presente lei cria o processo penal juvenil para assegurar todos os direitos do adolescente em conflito com a lei, para apreciar os processos relativos à apuração dos crimes praticados pelo adolescente e para aplicar e executar as medidas sócio educacionais.2 – O processo penal juvenil especial integra o Sistema de Justiça Juvenil.3 – A estruturação e o funcionamento de tribunal especial com competência para a Justiça Juvenil são definidos por lei posterior

Artigo 12ºDireito subsidiário

Ao processo penal juvenil aplicam-se as normas do código penal e do processo penal comum com as devidas adaptações.

CAPÍTULO IIISistema de Justiça Juvenil

Secção IEstrutura

Artigo 13ºDefinição do Sistema

O Sistema Justiça Juvenil define-se como uma rede múltipla, funcional e descentralizada que estrutura a co-responsabilidade do Estado, da família, da comunidade, da sociedade civil e das confissões religiosas, que, integrando-se com outros sistemas relacionados à pessoa menor de 18 anos na implementação dos direitos e os princípios previstos artigo 2º, assegura:

a) À criança e ao adolescente em conflito com a lei a observância dos seus direitos conforme previstos nos documentos internacionais ratificados por Timor-Leste;

b) Ao adolescente em conflito com a lei o cumprimento do processo legal previsto no processo penal juvenil, com a aplicação de sanções especiais e de carácter sócio educacional;

c) Ao jovem adulto um acompanhamento pela Equipa Técnica .

Artigo 14ºElementos estruturantes do Sistema Justiça Juvenil

São elementos estruturantes do Sistema Justiça Juvenil:a) As políticas para a prevenção do crime nas áreas de educação, cultura, lazer, prática

desportiva, assistência social, saúde, segurança, justiça, direitos humanos, comunicação e protecção ambiental;

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b) As políticas de desenvolvimento social e económico para as famílias;c) As políticas governamentais específicas para a criança e o adolescente em conflito

com a lei;d) As politicas e acções na área da justiça da criança visando a prevenção e o combate

da venda de armas, de droga, de tabaco e de álcool, a prevenção e o combate da prostituição infantil e da exploração sexual de crianças e adolescentes, o combate ao tráfico de pessoas, a prevenção da violência doméstica e da discriminação de género, a prevenção e o combate aos danos ambientais; a prevenção e o combate ao recrutamento de crianças e adolescentes para exército, milícias ou actividades militares ou paramilitares, a promoção dos direitos humanos e da construção da paz.

e) Os convénios, acordos, parcerias, intercâmbios, nacionais ou internacionais, de natureza académica, nas áreas da justiça da criança, da promoção dos direitos humanos e a construção da paz;

f) Os dados qualitativos e quantitativos relativos à população menor de 18 anos para monitorizar, avaliar e planear as políticas do Sistema Justiça Juvenil;

g) As directrizes e os regimentos para o Centro de Coordenação do Sistema da Justiça Juvenil.

Artigo 15ºAgentes do Sistema de Justiça Juvenil

São agentes estruturantes do Sistema Justiça Juvenil:a) O Tribunal, a Procuradoria Geral da República, a Defensoria Púbica, os Advogados, os

membros da Polícia Nacional e os profissionais da Equipa Técnica; b) Os Administradores de Distrito, os Administradores de Sub-Distrito, os Chefes de Suco,

os Conselhos de Suco e os Chefes de Aldeia;c) Os parceiros da sociedade civil e das confissões religiosas que desenvolvam projectos

específicos para criança e para o adolescente em conflito com a lei;d) O Centro de Coordenação do Sistema de Justiça Juvenil;e) Os Ministérios e as Secretarias de Estado que desenvolvam acções de apoio à a

família, à comunidade, à criança e ao jovem, independente de situação de vulnerabilidade pessoal, familiar ou social;

Secção IIDas Dimensões do Sistema Justiça Juvenil

Artigo 16ºDimensões do Sistema Justiça Juvenil

O Sistema Nacional de Justiça Juvenil tem três dimensões que se integram e se fortalecem:a) Dimensão preventiva;b) Dimensão sócio educacional;c) Dimensão restaurativa.

Subsecção IDa Dimensão Preventiva

Artigo 17ºFundamento

A dimensão preventiva do Sistema de Justiça Juvenil fundamenta-se na condição da criança enquanto pessoa em fase de crescimento e de desenvolvimento e integra:a) As políticas, programas, intercâmbios, convénios e directrizes governamentais de

prevenção da violência, de combate à impunidade, de combate ao uso e ao tráfico de drogas e de armas, de combate à discriminação, de compromisso com a justiça da criança, de incentivo à educação e à saúde da criança e do adolescente, de apoio aos vínculos familiares e comunitários, de incentivo à formação em direitos humanos e à educação para a paz;

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b) A medida de protecção especial para criança em conflito com a lei determinada pelo Ministério Público;

c) As práticas de mediação autorizadas pelo Ministério Público através do Painel de Mediação ou da Prática tradicional comunitária;

d) A oportunidade de mediação na fase de julgamento;e) A participação da escola no processo de formação da criança e do adolescente;f) As iniciativas da sociedade civil na prevenção da violência, na valorização e na

consolidação de uma cultura de paz e de direitos humanos.

Artigo 18ºObjectivos

A dimensão preventiva do Sistema de Justiça Juvenil visa:a) Proteger a criança em conflito com a lei mediante a actuação do Ministério Público

quando do encaminhamento da criança a uma Equipa Técnica;b) Proteger o adolescente em conflito com a lei mediante o seu encaminhamento para um

sistema alternativo ao sistema penal de adulto;c) Prevenir a repetição de qualquer facto semelhante ao praticado pela criança e pelo

adolescente quando em conflito com a lei;d) Fortalecer a elaboração de um projecto de vida.

Subsecção IIDa Dimensão Sócio Educacional

Artigo 19ºFundamento

A dimensão sócio educacional do Sistema de Justiça Juvenil fundamenta-se no carácter relacional e pedagógico de todas as etapas da actuação do Estado em face do adolescente em conflito com a lei.

Artigo 20ºObjectivo

A dimensão sócio educacional do Sistema de Justiça Juvenil visa promover o desenvolvimento do adolescente em conflito com a lei assegurando a actuação diferenciada do Estado enquanto tutelar dos direitos das pessoas menores de 18 anos em conflito com a lei assegurando:

a) A comparticipação de diferentes actores sociais e institucionais;b) A criação de mecanismos anteriores ao processo penal juvenil para garantir a actuação

do Ministério Público na autorização de etapa de mediação comunitária ou institucional;c) A audição da vítima, enquanto acto de aprendizagem sobre a repercussão do dano; d) A reflexão do adolescente sobre a reprovabilidade da sua conduta e a repercussão da

conduta na comunidade;e) O acolhimento pela família e pela comunidade;f) O efectivo cumprimento das medidas aplicadas;g) O reconhecimento das qualidades do adolescente em conflito com a lei enquanto

pessoa em crescimento e em desenvolvimento;h) A elaboração de um projecto de vida.

Subsecção IIIDa Dimensão Restaurativa

Artigo 21ºFundamento

A dimensão restaurativa do Sistema Justiça Juvenil fundamenta-se na reconciliação e na responsabilidade de reparar o dano causado pela conduta do adolescente em conflito com a lei e assegura: a) A participação na prática tradicional comunitária de mediação ou no painel de

mediação, com a perspectiva de resolução de conflito, de construção da paz, de

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aconselhamento e de restauração dos vínculos familiares, comunitários e sociais sempre que do comportamento do adolescente resultar facto descrito como crime;

b) A relação entre a família, a comunidade, a polícia, a defensoria, o advogado, a equipa técnica, o judiciário e o ministério público na actuação sobre efeitos da violência do acto e as suas repercussões para a vitima, para o adolescente em conflito com a lei e para a comunidade;

c) Os programas de apoio à vítima quando menor de 18 anos;d) Os programas de apoio à vítima quando do género feminino;e) Os procedimentos jurisdicionais para apuração do facto descrito na lei como crime e

praticado pelo adolescente;f) A execução das medidas sócio educacionaisg) O apoio profissional multi disciplinar para o jovem adulto quando da prática de crime

visando a sua reinserção social com dignidade e harmonia na comunidade.

Artigo 22ºObjectivo

A dimensão restaurativa do Sistema Juvenil visa:a) A reconciliação comunitária;b) A harmonização das relações entre a vitima, a família, a comunidade e o adolescente

em conflito com a lei;c) A superação da culpabilidade e da discriminação do adolescente em conflito com a lei;d) A reparação do sofrimento;e) A construção da paz.

CAPÍTULO IVDa Protecção e da Responsabilidade

Artigo 23ºDa responsabilidade conjunta

1 – No âmbito do Sistema de Justiça Juvenil são co-responsáveis em tutelar a garantia dos direitos da criança e do adolescente em conflito com a lei:

a) A família;b) As autoridades comunitárias e a sociedade civil; c) A escola;d) As confissões religiosas;e) O Estado.

2 – Os co-responsáveis indicados no número anterior promovem e incentivam, segundo suas responsabilidades, os Direitos Humanos.

Artigo 24ºDa responsabilidade da família

1 – A família é a responsável legal pela criança e pelo adolescente e deve acompanhar o seu desenvolvimento na escola, as suas condições de saúde e o cumprimento da sua medida de protecção quando em conflito com a lei.2 – A família é legalmente responsável para:a) Acompanhar e assistir a criança e o adolescente em conflito com a lei em todas as

etapas do processo;b) Informar a Equipa Técnica dando conhecimento da existência de qualquer enfermidade

física ou mental anterior ou actual da criança e do adolescente em conflito com a lei c) Colaborar com a Equipa Técnica para a elaboração do Plano de Protecção;d) Diligenciar o imediato registo civil da criança e do adolescente caso este ainda não

exista e incentivar a expedição do cartão eleitoral do adolescente em conflito com a lei quando atingida a idade prevista.

Artigo 25ºDa responsabilidade da escola

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A Escola é responsável por:a) Proteger a criança e o e o adolescente em conflito com a lei de agressões físicas ou

morais;b) Estimular a criatividade da criança e do adolescente em conflito com a lei,

acompanhando o seu comportamento e incentivando a disciplina segundo o seu amadurecimento;

c) Promover programas multi disciplinares de promoção da vida e da prevenção do crime estimulando a participação inter geracional;

d) Encaminhar à Equipa Técnica e ao Ministério Público notícia sobre facto que considere relevante a respeito da garantia do direito da criança e do adolescente em conflito com a lei na escola;

e) Participar das Reuniões com a Equipa Técnica disponibilizando apoio para o cumprimento do Plano de Protecção;

f) Integrar actividades educacionais com as áreas da saúde, da segurança, do serviço social na perspectiva do melhor interesse da criança em conflito com a lei;

Artigo 26ºDa responsabilidade comum

1 – A Sociedade Civil e as Confissões Religiosas agregam ao Sistema de Justiça Juvenil as suas experiências específicas mediante iniciativas para valorização dos Direitos Humanos;2 – Os programas da iniciativa da Sociedade Civil e das Confissões Religiosas para adolescente em conflito com a lei observam as regras de registo, credenciamento, organização, funcionamento e avaliação estabelecidas pela Coordenação de Justiça Juvenil.

Artigo 27ºDa responsabilidade do Estado

1 – O Estado é responsável pela organização do Sistema de Justiça Juvenil através do Centro de Coordenação do Sistema Juvenil e pela sua actuação nas dimensões preventiva, sócio educacional e restaurativa para garantia da paz social.2 – O Estado é responsável por:

a) Observar os princípios de direitos humanos e de direitos da criança e do adolescente conforme documentos internacionais ratificados;

b) Garantir os direitos sociais da criança e do adolescente em conflito com a lei com carácter contínuo e gratuito;

c) Implementar o Sistema de Justiça Juvenil através do Centro de Coordenação do Sistema de Justiça Juvenil;

d) Respeitar a participação das Autoridades Comunitárias na solução dos problemas próprios da sua comunidade mediante prática tradicional comunitária de mediação e de reconciliação entre o adolescente em conflito com a lei e a vítima;

e) Formar recursos humanos na área do direito da criança, mediação e resolução de conflitos;

f) Formar e especializar os membros da magistratura judicial, do Ministério Público, da Defensoria Pública, da Polícia e da Equipe Técnica na área do direito da criança;

g) Estruturar e implementar uma instância jurisdicional especializada para o direito da criança;

h) Definir uma política de comunicação na área do direito da criança assegurando a divulgação da Lei da Justiça Juvenil e programas que privilegiem as dimensões preventiva, sócio educacional e restaurativa do Sistema de Justiça Juvenil;

i) Promover convénios nacionais e internacionais para implementação do Sistema de Justiça Juvenil e a criação de programas especiais;

j) Avaliar a execução das medidas sócio educacionais institucionais e não institucionais;k) Instalar unidades sócio educacionais e preparar os seus profissionaisl) Incentivar a participação juvenil na implementação da Lei do Sistema Justiça Juvenil.

3 – O Estado define, através do Centro de Coordenação do Sistema de Justiça Juvenil, as regras para registo, credenciação, organização, funcionamento e avaliação de todos os

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programas que desenvolvam medidas sócio educacionais para adolescentes em conflito com a lei.

Artigo 28ºMedidas de Protecção

1 – O Estado garante a aplicação imediata de uma medida de natureza proteccional à criança maior de 12 anos e menor de 15 anos sempre que esta cometer uma ofensa e ao adolescente maior de 15 e menor de 18 anos que cometer um crime.2 – A Medida de Protecção é um Plano de Protecção autorizada pelo Ministério Público mediante Termo de Autorização e implementada a partir da actuação de uma Equipa Técnica Multidisciplinar.4 – As Medidas de Protecção são independentes de qualquer outra medida de carácter sócio educacional que o Juiz venha a aplicar à criança ou ao adolescente na fase de julgamento.

Capitulo VCoordenação do Sistema de Justiça Juvenil e Equipa técnica

Artigo 29ºDa criação do Centro de Coordenação

A presente lei cria o Centro de Coordenação do Sistema de Justiça Juvenil como um organismo com autonomia técnica e sob a tutela administrativa do Ministério da Justiça, para estruturar o Sistema de Justiça Juvenil em Timor-Leste actuando em conformidade com os princípios estabelecidos na presente lei.

Artigo 30ºDa actuação conjunta

O Centro de Coordenação do Sistema de Justiça Juvenil, adiante designado abreviadamente como Coordenação do Sistema Juvenil, na monitorização dos direitos da criança e do adolescente em conflito com a lei actua em conjunto com:

a) O Tribunal, a Procuradoria Geral da República, a Defensoria Pública e a Polícia Nacional;

b) Os órgãos governamentais que mantenham serviços ou políticas associadas à Justiça Juvenil;

c) A Comissão Nacional de Direitos da Criança.

Artigo 31ºDas atribuições específicas

A Coordenação do Sistema Juvenil é responsável por:a) Definir directrizes para a implementação e avaliação do Sistema Nacional de Justiça

Juvenil;b) Redigir e distribuir todos os documentos padronizados da área de Justiça Juvenil para

os Distritos;c) Registar, credenciar, acompanhar e avaliar os programas de protecção e os programas

sócio educacionais para crianças e adolescentes em conflito com a lei, de iniciativa da Sociedade Civil, das organizações e agências internacionais e das Confissões Religiosas;

d) Promover uma participação técnica especializada na definição de directrizes para campanhas na área da criança e do adolescente em conflito com a lei;

e) Registar as organizações não governamentais que trabalham na área do direito da criança;

f) Apoiar o governo e os órgãos do Estado na área específica de comunicação sobre a criança e o adolescente em conflito com a lei junto à média nacional e internacional;

g) Definir indicadores para a avaliação de programas de protecção, de medidas sócio educacionais e dos recursos humanos e materiais relativos à implementação do Sistema de Justiça Juvenil;

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h) Receber informações do Tribunal, do Ministério Público, da Defensoria e da Equipa Técnica para elaboração de dados estatísticos para monitorização do Sistema de Justiça Juvenil e planeamento de actividades preventivas;

i) Organizar e manter um ficheiro do Sistema de Justiça Juvenil.

Artigo 32ºDefinição da Equipa Técnica

1 – A Equipa Técnica integra o Sistema de Justiça Juvenil e está vinculada à Coordenação da Justiça Juvenil.2 – A equipa técnica é composta por, pelo menos, três profissionais das seguintes áreas:

a) Serviço Social;b) Psicologia;c) Educação.

3 - A actuação da Equipa Técnica é exercida em todo o território nacional para garantia dos direitos da criança e do adolescente em conflito com a lei.

Artigo 33ºRelatórios Técnicos

1 – A Equipa Técnica é responsável pela elaboração de Relatório Técnico sobre o atendimento à criança, ao adolescente e às respectivas famílias, assinado por, pelo menos, dois membros da Equipa.2 – A Equipa Técnica mantém um arquivo de todos os Relatórios Técnicos remetidos ao Ministério Público.

Artigo 34ºParticipação no Painel de Mediação

A Equipa Técnica integra o Painel de Mediação através da participação de, pelo menos, um membro que pode coordenar o Painel quando determinado pelo Ministério Público.

Artigo 35ºCompetência territorial

1 – A equipa Técnica exerce funções em todos os distritos do território nacional2 - A Coordenação do Sistema da Justiça Juvenil, mediante acção integrada com os Administradores Distritais, assegura a instalação física e operacional de cada Equipa Técnica.

Artigo 36ºAtribuições em relação à criança em conflito com a lei

São atribuições específicas da Equipa Técnica em relação à criança em conflito com a lei:a) Acolher a criança em conflito com a lei quando houver flagrante delito e localizar os

pais ou o representante legal da criança quando o Ministério Público não se encontre no Distrito;

b) Atender a criança em conflito com a lei quando encaminhada pelo Ministério Público para a elaboração de Plano de Protecção;

c) Definir, juntamente com a criança em conflito com a lei e sua família, um Plano de Protecção;

d) Apoiar a criança em conflito com a lei na elaboração e no cumprimento do seu Plano de Protecção;

e) Realizar levantamento psico-social da família da criança em conflito com a lei aconselhando os pais ou o responsável pelo acompanhamento do Plano de Protecção da criança;

f) Elaborar e encaminhar Relatório Técnico ao Ministério Público;g) Incentivar a família da criança em conflito com a lei para a participação em programa

comunitário ou oficial de tratamento, de alfabetização ou de acompanhamento psico-social quando se revele necessidade.

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Artigo 37ºAtribuições em relação ao adolescente em conflito com a lei

São atribuições específicas da Equipa Técnica em relação ao adolescente em conflito com a lei:a) Acolher o adolescente a quem se a atribua prática de crime para encaminhamento ao

Ministério Público;b) Definir, juntamente com o adolescente e a sua família, um Plano de Protecção; c) Realizar levantamento psico-social da família do adolescente identificando os laços

afectivos significativos para o adolescente;d) Explicitar a natureza proteccional da medida, o carácter multi profissional do

atendimento e a importância da participação do adolescente na elaboração conjunta do Plano de Protecção;

e) Apoiar o adolescente no cumprimento do seu Plano de Protecção f) Elaborar e encaminhar Relatório Técnico ao Ministério Público;g) Participar, sempre que solicitado, na audiência no processo penal juvenil;h) Apresentar Parecer Técnico quando determinado pelo Juiz.i) Apresentar ao Ministério Público e ao Tribunal os programas da sociedade civil que

estejam cadastrados no Sistema de Justiça Juvenil para cumprimento de medidas sócio educacionais.

j) Incentivar a família do adolescente em conflito com a lei para a participação em programa comunitário ou oficial de tratamento, de alfabetização ou de acompanhamento psico-social quando se revele necessário.

Artigo 38ºActividades integradas

Para programação de actividades integradas a Equipa Técnica deve, articular a sua execução com os demais agentes do Sistema de Justiça Juvenil, nomeadamente:

a) Com os professores e direcção da escola através da programação de actividades que fortaleçam a participação da criança e do adolescente em conflito com a lei para apoio ao Plano de Protecção;

b) Com os profissionais e auxiliares de saúde do Distrito através da programação de actividades de promoção da saúde que informem, promovam o direito à vida e fortaleçam a participação da criança e do adolescente,

c) Com as Autoridades Comunitárias através da programação integrada de actividades que valorizem a participação cívica da criança e do adolescente em conflito com a lei no cumprimento do Plano de Protecção;

d) Com os coordenadores dos programas de promoção dos direitos da mulher através da definição de actividades comuns de apoio à criança e ao adolescente do género feminino em conflito com a lei;

e) Com a polícia nos Distritos através da integração dos seus membros nas actividades de apoio às medidas de protecção à criança e ao adolescente.

Artigo 39ºEncaminhamento da Criança em Conflito com a lei

1 – A intervenção da Equipa Técnica em relação à criança em conflito com a lei pode ter início mediante:a) Intervenção extraordinária; oub) Intervenção ordinária.

2 – A intervenção extraordinária ocorre quando, na ausência de um representante do Ministério Público, a Policia encaminha a criança em conflito com a lei para a Equipa Técnica.3- A intervenção ordinária ocorre quando o Ministério Público encaminha através do Termo de Autorização de Medida de Protecção a criança em conflito com a lei para a Equipa Técnica.

Artigo 40ºMedida de Protecção a Criança em conflito com a lei

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1 – Quando ocorre uma intervenção extraordinária, a Equipa Técnica deve:a) Verificar a integridade física da criança e diligenciar atendimento médico, se

necessário;b) Localizar a família com a participação do Chefe do Suco ou da Polícia;c) Acolher a criança até à chegada dos pais ou responsável;d) Entrevistar a criança quando da chegada dos pais ou de representante legal,

esclarecendo sobre o Termo de Autorização de Medida de Protecção do Ministério Público a fim de regularizar o procedimento;

e) Aconselhar os pais e a criança em conflito com a lei;f) Entregar a criança aos pais ou ao representante legal mediante Termo de Entrega,

Aconselhamento e Responsabilidade;g) Preparar Relatório para entregar a criança ao Ministério Público.

2 – Quando ocorre uma intervenção ordinária, a Equipa Técnica deve examinar o Termo de Autorização de Medida de Protecção encaminhado pelo Ministério Público, elaborar o Plano de Protecção e dar inicio ao seu cumprimento, no prazo máximo de cinco dias.

TÍTULO IIA CRIANÇA NO SISTEMA DE JUSTIÇA JUVENIL

CAPÍTULO I Medidas de Protecção para a criança

Artigo 41º.Plano de Protecção da Criança

O Plano de Protecção é constituído constitui-se por um conjunto de documentos e actividades elaboradas pela Equipa Técnica e contém:

a) Um roteiro de actividades programadas em conjunto com a criança e a sua família segundo a maturidade da criança, a sua história de vida, a situação familiar e comunitária;

b) O histórico do comportamento da criança e não está centrado no facto descrito como crime, mas na condição de pessoa em processo de crescimento e de desenvolvimento, considerando a realidade do seu contexto social, cultural, económico e religioso e buscando o seu bem estar;

c) O acompanhamento das entrevistas da criança e da família pela Equipa Técnica;d) o atendimento por mais de um profissional da Equipa Técnica, conforme a natureza da

situação e de acordo com o melhor interesse da criança.

Artigo 42ºConteúdo do Plano de Protecção

1 - O Plano de Protecção para criança maior de 12 anos e menor de 15 anos quando da prática de ofensa, dispõe, pelo menos, sobre:

a) Frequência escolar e aproveitamento curricular;b) Integração familiar;c) Prática de desporto;d) Desenvolvimento de Actividade Artística;e) Apoio Psicológico;f) Eventual inserção da Família em programas ou regimes de apoio e assistência.

2 – A privacidade da criança é respeitada em todas as etapas do Plano de Protecção.

Artigo 43ºDuração do Plano de Protecção

1 – O Plano de Protecção tem a duração mínima de três meses e a duração máxima de seis meses, iniciando-se a partir do primeiro encontro da família e da criança em conflito com a lei com a Equipa Técnica.

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2 – A duração do Plano de Protecção pode ser redefinido com a criança e com a sua família ao longo do acompanhamento e da aceitação do plano.3 – O Plano de Protecção mantém-se mesmo que a criança em conflito com a lei complete quinze anos.

Artigo 44ºRedacção do Plano de Protecção da Criança

1 – O Plano de Protecção é elaborado pela Equipa Técnica, observando a participação da criança em conflito com a lei e da sua família.2 – A equipa técnica comunica à criança em conflito com a lei e à sua família o dever de comparecer para as entrevistas com a Equipa Técnica nos dias previamente acordados;3 – Na circunstância do pai, da mãe ou do responsável legal da criança estar impossibilitado de assinar o Plano de Protecção, é colhida a impressão digital.4 – Não tendo sido obtido acordo na redacção do Plano, a Equipa Técnica deve comunicar ao Ministério Público a não obtenção do acordo e identificar os obstáculos e os mecanismos adequados, nomeadamente junto da escola e da comunidade, para apoiar e garantir os direitos da criança à medida de protecção.5 – Recebida a comunicação da equipe técnica sobre a não obtenção de acordo e tendo sido recolhidos os elementos referido no numero anterior, o Ministério Público encaminha o processo ao Juiz do Tribunal competente para a realização de audiência para aplicação de medida sócio educacional.

Artigo 45ºRelatório da Equipa Técnica

1 - A Equipa Técnica deve enviar ao Ministério Público o Relatório informando a realização do atendimento e da data do início do Plano de Protecção;2 – Deve ser elaborado mensalmente o Relatório da Equipa Técnica relativo ao cumprimento, pela criança, do Plano de Protecção e encaminhado ao Ministério Público.

Artigo 46ºPresença de Defensor

1 – A criança e a família têm direito a Defensor ou Advogado durante a entrevista com a Equipa Técnica para a redação do Plano de Protecção. 3 – A Equipa Técnica faz constar do Relatório para o Ministério Público a presença do Defensor ou do Advogado no processo de elaboração do Plano de Protecção.

CAPÍTULO IIDO PROCESSO SÓCIO-EDUCACIONAL DA CRIANÇA

SECÇAO IAplicação de Medida de Proteção

Artigo 47ºDa Polícia

1 – Quando adquirida a notícia da prática de uma ofensa por criança maior de 12 anos e menor de 15 anos, a Policia deve:a) Encaminhar ao Ministério Público a criança surpreendida em flagrante;b) Encaminhar a criança surpreendida em flagrante para o serviço de plantão da Equipa

Técnica caso o Ministério Público não se encontre no Distrito;c) Comunicar por meio telefónico ou rádio ao Ministério Público consignando a orientação

recebida via comunicação telefónica ou por outro meio;d) Colaborar na localização dos pais da criança em conflito com a lei;e) Diligenciar documento de comprovação da idade da criança;f) Elaborar auto de notícia e encaminhar ao Ministério Público para abertura do processo

sócio-educacional;

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g) Consignar a ocorrência no Livro de Registo de Protecção a Criança em Conflito com a Lei.

2 – Sendo a criança em conflito com a lei do género feminino, a Polícia encaminha a criança com a participação de policial do mesmo género e, não havendo no Distrito, a Polícia identifica uma professora para acompanhar a criança até o Ministério Público ou até a Equipa Técnica.

Artigo 48ºTermo de Apresentação da Criança surpreendida em flagrante

1 – Para o encaminhamento ao Ministério Público da criança surpreendida em flagrante conflito com a lei, a Polícia preenche um auto de notícia do qual constam as circunstâncias em que a criança foi localizada e o documento comprobatório da sua idade.2 - O encaminhamento da criança surpreendida em flagrante conflito com a lei para a intervenção extraordinária da Equipa Técnica, na impossibilidade de entregá-la directamente e de imediato ao Ministério Público, consuma-se pelo preenchimento do Termo de Apresentação da Criança, assinado pelo Profissional da Equipa Técnica de recepção, no qual consta a circunstância em que a criança foi localizada e a integridade física da criança.3 – Quando do facto descrito em lei como crime participar criança maior de 12 anos e menor de 15 anos juntamente com pessoa com idade superior, a Polícia observa o procedimento para a criança e procede da forma prescrita em lei para o adolescente e para o adulto.

Artigo 49ºTermo de Autorização

1 – Encaminhada ao Ministério Público ou notificada para comparecer criança maior de 12 anos e menor de 15 anos pela prática de ofensa, o Ministério Público certifica a sua inimputabilidade mediante apresentação de documento comprobatório de idade e redige, com a participação da família o Termo de Autorização de Medida de Protecção para que seja providenciado o Plano de Protecção.2 – O Termo de Autorização de Medida de Protecção é assinado pela criança, pela família e pelo Ministério Público, que explica à criança e à sua família o significado da medida de carácter proteccional e a responsabilidade da família e da criança junto à Equipa Técnica 3 – A família tem um prazo de cinco dias, a contar da recepção do Termo de Autorização de Medida de Protecção, para contactar a Equipa Técnica

Artigo 50ºCumprimento da medida de protecção

1 – A Equipa Técnica encaminha, no prazo de duas semanas, ao Ministério Público, o Relatório que informa a data do início do Plano de Protecção e o seu conteúdo.2 – Recebido o Relatório da equipe técnica, o Ministério Público encaminha-o ao tribunal competente para a homologação do Plano de Protecção pelo Juiz.3 – Homologado o Plano de Protecção, o Ministério Público promove o arquivamento do auto de notícia quando recebe da Equipa Técnica o Relatório de Cumprimento da Medida de Protecção pela criança em conflito com a lei.

Artigo 51ºNão cumprimento da medida de protecção

1 - Decorrido o prazo referido no numero 1 do artigo anterior e não recebendo o Ministério Público o Relatório da Equipa Técnica confirmatório do comparecimento da família com a criança para elaboração e início do Plano de Protecção, o Ministério Público notifica a família ou o representante legal da criança para comparecer nos serviços do Ministério Público, a fim de advertir a família ou representante legal das suas responsabilidades diante da criança, orientando para a entrevista com a Equipa Técnica.2- Mediante recusa da família ou do representante legal da criança para elaboração e o cumprimento do plano de protecção, o Ministério Público elabora relatório para o encaminhamento do processo para a fase judicial para a apreciação dos factos constantes do auto notícia e aplicação à criança de medida sócio-educacional não institucional.

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Artigo 52ºDo Uso de Substância Ilegal

Quando uma criança maior de 12 anos e menor de 15 anos é apresentada à Policia sob alegação de uso de álcool, estupefacientes ou substâncias psicotrópicas ou surpreendida em flagrante pela Polícia fazendo uso destas substâncias, a Polícia apreende a substância, com respeito aos direitos e garantias definidas em lei e procede nos termos do artigo 47º.

Artigo 53ºDo Estado de Saúde da Criança em conflito com a lei

1 – Quando uma criança maior de 12 anos e menor de 15 anos é apresentada à Polícia sob alegação de prática de ofensa ou surpreendida em flagrante pela Policia e se verifica alteração do seu estado de saúde física ou mental, a criança deve ser encaminhada, de imediato, para o serviço médico.2 – A Polícia deve localizar os pais ou representante legal pela criança e informar acerca do serviço de saúde onde a criança se encontra.

Artigo 54ºDa apreensão de arma

Quando uma criança maior de 12 anos e menor de 15 anos é apresentada à Polícia sob alegação de porte de arma de qualquer natureza ou surpreendida em flagrante pela Polícia quando do exacto momento em que transporta ou usa uma arma, a Polícia deve apreender a arma e encaminhar a criança para o Ministério Público nos termos do artigo 111º.

Artigo 55ºDa proibição de Restrição de Liberdade da Criança

A presente lei proíbe a detenção de criança em conflito com a lei e de qualquer medida que limite ou ameace a sua liberdade.

Artigo 56ºEntrega de Criança à Família

1 – A entrega da criança em conflito com a lei aos pais ou responsáveis após situação descrita nos artigos anteriores dá-se:

a) Através do Ministério Público mediante o aconselhamento aos pais e encaminhamento da criança e da família para a Equipa Técnica visando a Medida de Protecção.

b) Através da Equipa Técnica, em intervenção extraordinária, nos termos desta lei.2 - A Equipa Técnica encaminha Relatório ao Ministério Público sobre a orientação feita à família.

Artigo 57ºOfensa grave

Quando na abertura do processo sócio educacional, o Ministério Público identifica que a ofensa praticada pela criança corresponde a facto tipificado como crime cuja pena em abstracto corresponda pena superior a 8 anos, o processo é encaminhado para a apreciação do factos e aplicação de medida sócio-educacional não institucional em fase judicial.

SECÇÃO IIDa fase judicial do processo sócio-educacional

Artigo 58ºNatureza

1 – A fase judicial compreende:a) A recolha de elementos de provab) A comprovação judicial dos factos constantes do processo;

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c) A avaliação da necessidade de aplicação de medida sócio educacional não institucional;

d) A determinação da medida sócio educacional não institucional;e) A execução da medida sócio educacional não institucional.

2 – A fase judicial é presidida pelo juiz e obedece ao princípio do contraditório.

Artigo 59ºMedida sócio educacional para a criança

Na fase judicial o Juiz aplica à criança medidas sócio-educacionais, não institucionais nos termos dos artigos 96 e 97 e de acordo com as disposições previstas no presente diploma

Artigo 60ºRecebimento do processo sócio-educacional

Recebido o processo do Ministério Público para abertura da fase judicial, o juiz:a) Verifica se existem questões prévias que obstem ao conhecimento da causa;b) Ordena a realização das diligências de investigação necessárias para o apuramento de

indícios que comprovem a ocorrência dos factos;

Artigo 61ºMeios de Prova

Só são permitidos em processo sócio-educacional os meios de prova legal que salvaguardem a integridade física e psicológica da criança.

Artigo 62ºDespacho preliminar

1 – Reunidos indícios suficientes para a realização de audiência e apreciação dos factos atribuídos à criança, o juiz determina o prosseguimento do processo, proferindo despacho sobre:a) A indicação dos factos atribuídos à criança;b) Os pressupostos de conduta e de personalidade que justificam a aplicação de medida

sócio educacional;c) A proposta de medida sócio-educacional;

2 – O Despacho referido no numero anterior é notificado à criança, aos pais ou ao representante legal e ao defensor público ou advogado para:

a) Requerer diligências, no prazo de dez dias;b) Alegar, no mesmo prazo, ou diferir a alegação para a audiência;c) Indicar, no mesmo prazo, os meios de prova a produzir em audiência, se não

requererem diligências.

Artigo 63ºArquivamento

Observada a não existência de indícios suficientes para a realização de audiência para confirmação da ocorrência da pratica da ofensa pela criança, o Juiz profere Despacho fundamentado e ordena o arquivamento do processo.

Artigo 64ºDesignação da audiência

1 – A designação da audiência faz-se para a data mais próxima compatível com a notificação das pessoas que nela devem participar.2 – O despacho que designa dia para a audiência contém:

d) A indicação dos factos atribuídos à criança;e) Os pressupostos de conduta e de personalidade que justificam a aplicação de medida

sócio educacional;f) A medida proposta;g) A indicação do lugar, dia e hora da audiência;h) A indicação de defensor, se não tiver sido constituído.

5 – O despacho é notificado ao Ministério Público, à criança, aos pais ou representante legal,ao defensor público ou advogado e à vítima,

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Artigo 65ºNotificações

O despacho que designa dia para a audiência é notificado às pessoas que nela devam comparecer com a antecedência mínima de dez dias.

Artigo 66ºExclusão da publicidade

A audiência decorre com exclusão da publicidade, para salvaguarda da dignidade da criança, enquanto pessoa em fase de crescimento e de desenvolvimento.

Artigo 67ºParticipação na audiência

1 – Na audiência é obrigatória a participação: a) Da criança;b) Dos pais, representante legal ou quem tenha a guarda de facto da criança;c) Do ofendido;d) Do Ministério Público;e) Do Defensor Público.;f) Qualquer pessoa cuja participação seja necessária para assegurar as finalidades da

audiência.2 – Oficiosamente ou a requerimento, o juiz pode dispensar a comparência da criança ou de quaisquer outras pessoas ou ouvi-los separadamente, se o interesse da criança o justificar.

Artigo 68ºProtecção mediante assistência

1 – O juiz assegura que a prova seja produzida de forma a não ferir a sensibilidade da criança ou de outras crianças envolvidas e que o decurso dos actos lhes seja acessível, tendo em conta a sua idade e o seu grau de desenvolvimento intelectual e psicológico.2 – Para efeito do disposto no número anterior, o juiz determina a presença de profissional da Equipa Técnica.

Artigo 69ºAusência da criança

1 – Em caso de falta da criança a audiência é adiada e os pais, o representante legal ou quem tenha a sua guarda de facto devem apresentar justificação no próprio dia, em que se especifique a razão da impossibilidade e o tempo provável da duração do impedimento.2 – Sempre que possível, a justificação de falta é acompanhada de prova, sendo exigido atestado médico se o motivo for doença ou comunicação do chefe de suco se o motivo for dificuldade de transporte.

Artigo 70ºMandado de comparência

Se se tornar necessário para assegurar a realização da audiência, o juiz emite mandados para comparência da criança e determina as diligências necessárias para a realização da audiência no mais curto prazo que não pode exceder 72 horas.

Artigo 71ºFormalidades da audiência

1 – O Juiz, o representante do Ministério Público e o Defensor Público não devem utilizar durante a realização da audiência as vestes oficiais judiciais2 – Aberta a audiência, o juiz expõe, directamente ou através de intérprete, o objecto e a finalidade do acto, em linguagem simples e clara, mediante explicação acessível à compreensão da criança, tendo em atenção o grau de desenvolvimento e o contexto cultural.

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3 – De seguida, o juiz:a) Interroga a criança e pergunta-lhe se aceita a proposta de medida sócio-educacional;b) Ouve, sobre a proposta, os pais ou o representante legal da criança, o defensor e, se

estiver presente, a vítima.4 – Não tendo obtido consenso, o juiz pode procurar consenso para outra medida que considere adequada.5 – Quando não existir consenso sobre a proposta apresentada, o juiz determina a produção dos meios de prova apresentados e profere decisão quando considerar que o processo contém todos os elementos que comprovam a participação da criança na prática da ofensa;6 – Sempre que possível, a decisão é ditada para a acta da audiência.7 – Em caso de complexidade, é designada data para leitura da decisão, dentro de sete dias.

Artigo 72ºDas Provas

Para a formação da convicção do juiz e a fundamentação da decisão valem as provas produzidas ou examinadas em audiência, bem como outras que tenham sido anteriormente ordenadas pelo Juiz.

Artigo 73ºDeclarações e inquirições

1 – A criança, os pais, o representante legal ou quem tenha a sua guarda de facto são ouvidos pelo juiz.2 – As testemunhas, os peritos e os consultores técnicos são inquiridos directamente pelo Juiz3– O Ministério Público e o defensor podem sempre propor a formulação de perguntas adicionais.4 – Se o interesse da criança justificar, o juiz pode autorizar que o Ministério Público e o defensor inquiram directamente os pais, o representante legal ou quem tenha a guarda de facto da criança, as testemunhas, os peritos e os consultores técnicos.5 – A criança em conflito com a lei não presta juramento em caso algum.

Artigo 74ºDocumentação

1 – As declarações prestadas em audiência são documentadas em acta quando o juiz dispuser de meios idóneos para assegurar a sua reprodução integral.2 – Se o juiz não dispuser dos meios referidos no número anterior, o juiz dita para a acta uma súmula das declarações, podendo o Ministério Público e o defensor requerer que sejam aditados os elementos que se mostrarem necessários à boa decisão da causa.3 – O intérpete atua na audiência mediante convocação do juiz e documenta a tradução pelos meios disponíveis em cada Distrito.

Artigo 75ºAlegações

1 – Produzida a prova, o juiz concede a palavra ao Ministério Público e ao defensor para alegações, por quinze minutos cada uma das alegações, prorrogáveis por mais quinze, se o justificar a complexidade da causa.2 – Oficiosamente ou a requerimento, o juiz pode ouvir a criaça e os pais, o representante legal ou quem tiver a sua guarda de facto até ao encerramento da audiência.

Artigo 76ºDecisão

1 – A decisão inicia-se por um relatório que compreendea) As indicações tendentes à identificação da criança e dos pais, representante legal ou

de quem tenha a sua guarda de facto e da vítima, quando o houver;b) A indicação dos factos atribuídos à criança e a medida sócio educacional aplicável.

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2 – Ao relatório segue-se a fundamentação que consiste na enumeração dos factos provados e não provados e exposição, tão completa quanto concisa, das razões que justificam o arquivamento ou a aplicação de medida sócio educacional, com indicação das provas que serviram para formar a convicção do juiz.3 – A decisão termina pela parte dispositiva que contém:

a) As disposições legais aplicáveis;b) A decisão de arquivamento ou de aplicação de medida sócio educacional;c) A designação das entidades, públicas ou privadas, a quem é deferida a execução da

medida sócio educacional e o seu acompanhamento;d) O destino a dar a coisas ou objectos relacionados com os factos;e) A ordem de remessa de boletins ao registo;f) A data e a assinatura do juiz.

Artigo 77ºNulidade da decisão

É nula a decisão:a) Que não contenha a fundamentação articulada nos termos da enumeração dos factos

provados e não provados e da exposição das razões que justificam o arquivamento ou a aplicação de medida sócio educacional, com indicação das provas que serviram para formar a convicção do tribunal;

b) Que considere provados factos que constituam alteração substancial dos factos descritos no no Despacho preliminar para realização da audiência;

c) Que não faça referência às disposições legais aplicáveis.

Artigo 78ºLeitura da decisão

1 – É obrigatória a presença da criança na sessão em que for lida a decisão, salvo se, no seu interesse, for dispensada.2 – É também obrigatória a presença do Ministério Público e do Defensor Público.3 – A decisão é explicada à criança.4 – A leitura da decisão equivale à sua notificação.5 – Após a leitura, o juiz dita a acta e deposita a decisão, fazendo constar da acta que o secretário passa a ser o responsável.6 – O secretário ou funcionário que o substitua formalmente assina a acta conferindo o recebimento da decisão. 7 – Constam da acta os requerimentos apresentados após a leitura da decisão.

Artigo 79ºAdmissibilidade do recurso

1 – Só é permitido recorrer de decisão que:a) Ponha termo ao processo;b) Aplique ou reveja medida sócio educacional;c) Afecte direitos pessoais ou patrimoniais da criança ou de terceiros.

2 – O recurso é interposto para o tribunal que julga definitivamente, de facto e de direito.3 – O juiz do tribunal recorrido fixa provisoriamente o efeito suspensivo ou devolutivo do recurso.

Artigo 80ºPrazo de interposição do recurso

1 – O prazo para interposição do recurso é de quinze dias.2 – Se o recurso for interposto por declaração na acta, a motivação pode ser apresentada no prazo de quinze dias contado da data da interposição.

Artigo 81ºLegitimidade

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Têm legitimidade para recorrer:a) O Ministério Público, mesmo no interesse da criança;b) A criança, os pais, o representante legal ou quem tenha a sua guarda de facto;c) Qualquer pessoa que tiver a defender direito afectado pela decisão.

Artigo 82ºÂmbito do recurso

1 – O recurso abrange toda a decisão.2 – O recurso interposto da matéria de facto aproveita a todas as crianças que tenham sido julgadas no mesmo processo.

Artigo 83ºEfeito do recurso

No exame preliminar o relator verifica se deve manter o efeito atribuído ao recurso e confirma-o ou altera-o, determinando, no último caso, as providências adequadas.

Artigo 84ºConferência

O recurso é julgado em conferência, salvo quando tenha sido requerida renovação da prova.

Artigo 85ºExecução, revisão e registo da medida sócio-educacional

Para a execução, revisão e registo da medida sócio educacional observam-se com as devidas adaptações as disposições previstas nos artigos 207, 213 e 215 do presente diploma.

TÍTULO IIIADOLESCENTE NO SISTEMA DE JUSTIÇA JUVENIL

Capítulo IMedidas Protecção do Adolescente

Artigo 86ºTermo de Autorização para Medida de Protecção ao adolescente

Quando encaminhado ao Ministério Público adolescente maior de 15 e menor de 18 anos, suspeito pela prática de crime, o Ministério Público, abre os autos de Inquérito e promove, com a participação da família o Termo de Autorização para a aplicação de Medida de Protecção através da elaboração do Plano de Protecção com a Equipa Técnica.

Artigo 87ºPlano de Protecção do Adolescente

1 – O Plano de Protecção do adolescente constitui-se por um conjunto de documentos e actividades elaboradas pela Equipa Técnica que confere:a) Um plano individual de actividades programadas em conjunto com o adolescente, a

sua família e com a participação de profissionais do Serviço Social, Psicologia e Educação segundo a maturidade do adolescente, a sua história de vida, a situação familiar e comunitária;

b) A implementação simultânea à fase de inquérito e à fase de audiência, conforme procedimento previsto na lei;

c) O histórico do comportamento do adolescente, não estando centrado no crime que lhe é imputado, mas na condição de pessoa em processo de desenvolvimento, considerando a realidade do seu contexto social, cultural, económico e religioso e buscando o seu bem estar;

d) O acompanhamento pela Equipa Técnica atavés de entrevistas mensais.

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Artigo 88ºConteúdo do Plano de Protecção

O Plano de Protecção para adolescente a quem se atribui a práctica de crime, dispõe, nomeadamente, sobre:

a) Frequência à escola e aproveitamento curricular;b) Integração familiar sócio-familiar;c) Práctica de desporto;d) Apoio Psicológico;e) Apoio ao plano vocacional e de actividades laborais;f) Orientação para a saúde física e mental;g) Prevenção de doenças sexualmente transmissíveis;h) Prevenção do consumo de álcool e de substâncias psicotrópicas;i) Prevenção da reincidência;j) Incentivo à participação cívica;k) Inserção da Família em programa de apoio e assistencial.

Artigo 89ºDuração do Plano de Protecção do Adolescente

1 – O Plano de Protecção inicia-se a partir do primeiro encontro da família e do adolescente com a Equipa Técnica.2 – A duração do Plano de Protecção pode ser redefinida ou ampliada, verificadas as seguintes circunstâncias:

a) Prática de novo crime;b) Não cumprimento do estabelecido no plano inicial.

3 – O Plano de Protecção mantém-se mesmo que o adolescente complete 18 anos.

Artigo 90ºRedacção do Plano de Protecção

1 – O Plano de Protecção é elaborado pela Equipa Técnica, com a participação do adolescente e da sua família.2 – A equipa técnica comunica ao adolescente e à sua família o dever de comparecer para as entrevistas com a Equipa Técnica nos dias previamente acordados;3 – Na circunstância do pai, da mãe ou do responsável legal do adolescente estarem impossibilitados de assinar o Plano de Protecção, é colhida a impressão digital.4 – Não tendo sido obtido acordo na redacção do Plano, a Equipa Técnica deve comunicar ao Ministério Público a não obtenção do acordo e identificar os obstáculos e os mecanismos adequados, nomeadamente junto da escola e da comunidade, para apoiar e garantir os direitos do adolescente à medida de protecção.

Artigo 91ºPresença do Defensor

1 – O adolescente tem direito à presença de Defensor ou Advogado para acompanhar a entrevista com a Equipa Técnica.2 – Identificada a presença de Defensor ou de Advogado na entrevista para elaboração do Plano de Protecção, a Equipa Técnica apresenta o objectivo da Medida de Protecção.3 – A Equipa Técnica faz constar do Relatório para o Ministério Público a presença do Defensor ou do Advogado no processo de elaboração do Plano de Protecção.

Artigo 92ºRelatório da Equipa Técnica

1 - A Equipa Técnica deve enviar ao Ministério Público o Relatório informando a realização do atendimento e da data do início do Plano de Protecção;2 – Deve ser elaborado mensalmente o Relatório da Equipa Técnica relativo ao cumprimento, pelo adolescente, do Plano de Protecção e encaminhado ao Ministério Público.

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Artigo 93ºDeterminação Judicial

O Juiz que preside o processo penal juvenil, enquanto apura o facto descrito na lei como crime atribuído a um adolescente, pode determinar que a Equipa Técnica participe da audiência ou acompanhe o adolescente na fase de julgamento quando entende que a presença de um ou mais membros da Equipa Técnica garanta o melhor interesse do adolescente.

Artigo 94ºParticipação da Equipa Ténica

Durante a fase de inquérito ou audiência a Equipa Técnica pode encaminhar Relatórios, Pareceres ou informações ao Ministério Público e ao Juiz, por sua iniciativa ou sempre que for solicitado Parecer Técnico de natureza social, psicológico ou educacional.

Capítulo IIDas medidas sócio educacionais

SECÇÃO IDisposições gerais

Artigo 95ºFundamento

1- O Sistema de Justiça Juvenil garante ao adolescente em conflito com a lei, na condição de pessoa em desenvolvimento, a apuração do crime através de Processo Penal Juvenil, com a participação de profissionais especializados, oportunidade de mediação para crimes semi-públicos, substituição da pena prevista e punida nos termos do Código Penal por medida sócio educacional e a observância dos princípios constantes da presente lei.2 – As medidas sócio educacionais visam a educação do adolescente para o direito, a oportunidade de revisão dos seus valores e o planeamento de um projecto de vida digna, mediante a sua inserção responsável e participativa na vida em comunidade.3 – As causas que excluem ou diminuem a ilicitude ou a culpa são consideradas para a avaliação da necessidade e da espécie de medida.

Artigo 96ºMedidas Sócio Educacionais

São medidas sócio educacionais:a) A admoestação;b) A privação do direito de conduzir ciclomotores e veículos ou de obter permissão para

conduzir ciclomotores e veículos motorizados;c) A reparação ao ofendido;d) A realização de prestações económicas ou de tarefas a favor da comunidade;e) A imposição de obrigações;f) A frequência de programas formativos;g) A liberdade assistida;h) O semi internamento em unidade residencial comunitária;i) O internamento em unidade sócio educacional.

Artigo 97ºMedidas não Institucionais

As medidas realizadas com o apoio da família, da comunidade, da sociedade civil e das confissões religiosas são não institucionais.

Artigo 98ºMedida Institucional

O internamento em unidade sócio educacional constitui a única medida institucional.

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Artigo 99ºExecução da medida sócio educacional

A execução da medida sócio educacional pode prolongar-se até o jovem adulto completar 21 anos, momento em que cessa obrigatoriamente.

Artigo 100ºExecução concomitante da medida de protecção

1 – A medida sócio educacional aplicada pode ser executada sem prejuízo da medida de protecção autorizada inicialmente pelo Ministério Público para o adolescente desenvolver o Plano de Protecção com a Equipa Técnica.2 – O tribunal considera a participação do adolescente na medida de protecção para efeito da aplicação da medida sócio educacional

Artigo 101ºSubstituição da pena por medida sócio educacional

Para efeitos de substituição das penas previstas e punidas nos termos do Código Penal, o tribunal fixa a pena em concreto e procede à sua substituição, considerando que:

a) A pena de multa é sempre substituível por medida não instituticional; b) A pena de prisão é sempre substituível por medida não institucional ou medida

institucional.

Artigo 102ºCritério para escolha da medida sócio educacional

1 – Na escolha da medida sócio educacional aplicável, o tribunal dá preferência à medida que represente menor intervenção na autonomia de decisão e de condução de vida do adolescente e que seja susceptível de obter a sua maior adesão de seus pais, representante legal ou pessoa que tenha a sua guarda de facto.2 – Quando o adolescente for considerado autor da prática de uma pluralidade de factos qualificados como crime o tribunal aplica uma ou várias medidas sócio educacionais, de acordo com a concreta necessidade de educação do adolescente para o direito.4 – Quando se trata de adolescente do género feminino a escolha da medida sócio educacional aplicável deve ser adequada a fortalecer a sua identidade no contexto sócio cultural do seu Distrito, considerando o apoio da comunidade.

Artigo 103ºDuração da medida sócio educacional

1 – A medida sócio educacional deve ser proporcional à gravidade do facto e à necessidade de educação do adolescente para o direito manifestada na prática do facto e ao longo do cumprimento do seu Plano de Protecção, examinados os Relatórios da Equipa Técnica.2 – A duração da medida de internamento em unidade sócio educacional não pode ultrapassar dois terços do limite máximo da pena de prisão prevista para o crime correspondente ao facto.

Artigo 104ºConcurso de medidas sócio educacionais

1 – Quando forem aplicadas várias medidas sócio educacionais ao mesmo adolescente, no mesmo ou em diferentes processos penais juvenis, o tribunal determina o seu cumprimento simultâneo, quando entender que as medidas são concretamente compatíveis.2 – Quando considerar que o cumprimento simultâneo de medidas sócio educacionais aplicadas no mesmo processo penal juvenil não é possível, o tribunal, ouvido o Ministério Público, substitui todas ou algumas medidas por outras ou determina o seu cumprimento sucessivo, nos termos da presente lei.

Artigo 105º

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Substituição de medidas sócio educacionais

No caso de substituição de medidas sócio educacionais são considerados os critérios definidos na presente lei.

Artigo 106ºLimite ao cumprimento sucessivo de medidas

No caso do cumprimento sucessivo de medidas sócio educacionais, o tempo total de duração não pode ultrapassar o dobro do tempo de duração da medida mais grave aplicada, cessando o cumprimento na data em que o seu destinatário completar 21 anos.

SECÇÃO IIConteúdo das medidas

Artigo 107ºAdmoestação

A admoestação consiste na advertência solene feita pelo juiz ao adolescente, exprimindo o carácter ilícito da conduta e o seu desvalor e consequências e exortando-o a adequar o seu comportamento às normas e valores jurídicos e a inserir-se, de uma forma digna e responsável, na vida em comunidade.

Artigo 108ºPrivação do direito de conduzir

A medida de privação do direito de conduzir ciclomotores e veículo motorizado ou de obter permissão para conduzi-los consiste na cassação ou na proibição de obtenção da licença, por período entre um mês e um ano.

Artigo 109ºReparação à vítima

1 – A reparação à vítima ocorre quando o adolescente:a) Apresenta desculpas à vítima;b) Compensa economicamente a vítima, no todo ou em parte, pelo dano patrimonial,

desde que a vítima assim consinta perante o juiz;c) Exerce, em benefício da vítima, actividade que se relacione com o dano, sempre que

for possível e adequado.2 – A apresentação de desculpas à vitima consiste na atitude do adolescente exprimir o seu pesar pelo facto, mediante:

a) Manifestação, na presença do juiz e da vítima, do seu propósito de não repetir factos análogos;

b) Satisfação moral à vítima, mediante acto que simbolicamente traduza arrependimento.3 – O pagamento da compensação económica pode ser efectuado em prestações, desde que não desvirtue o significado da medida, atendendo o juiz, na fixação do montante da compensação ou da prestação, às disponibilidades económicas do adolescente e da sua família.4 – A actividade exercida em benefício da vítima não pode ocupar mais de dois dias por semana e três horas por dia e respeita o período de repouso do adolescente, devendo salvaguardar um dia de descanso semanal e ter em conta a frequência da escolaridade, bem como outras actividades que o tribunal considere importantes para a formação do adolescente 5 – A actividade exercida em benefício da vítima tem o limite máximo de doze horas, distribuídas, no máximo, por quatro semanas.

Artigo 110ºPrestações económicas ou tarefas a favor da comunidade

1 – A medida de prestações económicas ou de realização de tarefas a favor da comunidade consiste na participação do adolescente em actividade em benefício de entidade, pública ou

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privada, de fim não lucrativo, desde que esteja registrada no Centro de Coordenação do Sistema de Justiça Juvenil.2 – A actividade exercida tem a duração máxima de sessenta horas, não podendo exceder três meses.3 – A realização de tarefas a favor da comunidade pode ser executada em fins-de-semana ou dias feriados.

Artigo 111ºImposição de obrigações

1 – A medida de imposição de obrigações tem por objectivo contribuir para o melhor aproveitamento na escolaridade ou na formação profissional.2 – A imposição de obrigações pode consistir na obrigação do adolescente:

a) Frequentar um estabelecimento de ensino com sujeição a controlo de assiduidade e aproveitamento;

b) Frequentar um programa institucional ou não institucional de formação profissional;c) Submeter-se a programas de tratamento médico, médico-psiquiátrico, psicológico ou

equiparado junto de entidade ou de instituição oficial ou particular, em regime de internamento ou em regime ambulatório, conforme a recomendação constante no Parecer Técnico.

3 -A submissão a programas de tratamento visa, nomeadamente, o tratamento das seguintes situações:

a) Consumo habitual de álcool ou estupefacientes;b) Doença infecto-contagiosa ou sexualmente transmissível;c) Transtorno mental.

Artigo 112.ºParticipação em programas formativos

1 – A medida de participação em programas formativos registados no Centro de Coordenação do Sistema de Justiça Juvenil assegura a participação do adolescente em programas nas áreas de:a) Artesanato;b) Protecção Ambiental;c) Música;d) Língua estrangeira;e) Orientação profissional;f) Educação Sexual;g) Primeiros Socorros;h) Desporto;i) Agricultura; j) Pesca;k) Informática.

2 – A medida de frequência de programas formativos tem a duração máxima de um ano e a comprovação é feita através de certificado de frequência que é juntado ao processo penal juvenil.3 – A título excepcional, e para possibilitar a execução da medida, o tribunal pode decidir que o adolescente resida junto de pessoa idónea ou em instituição que faculte o alojamento necessário para a frequência do programa, depois de ouvir o Defensor Público, o Ministério Pblico, o parecer da Equipa Técnica e tendo sido informada a família.

Artigo 113ºLiberdade assistida

1 – A medida de liberdade assistida consiste na participação do adolescente em programa contínuo de actividades em conformidade com as do artigo anterior, mediante a assistência de um adulto da comunidade inscrito como assistente juvenil voluntário junto da Equipa Técnica e do Ministério Público segundo critérios determinados.

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2 – Durante a execução da medida o tribunal pode solicitar informações ao assistente juvenil voluntário sobre o desenvolvimento do adolescente.3 – Durante a medida de liberdade assistida o adolescente apresenta ao tribunal, relatório escrito ou oral da sua actividade mensalmente pelo período máximo de um ano.

Artigo 114ºO semi-internamento em unidade residencial comunitária

1 – A medida do semi-internamento em unidade residencial comunitária consiste na permanência do adolescente em uma residência comunitária de confissão religiosa ou não, inscrita no Centro de Coordenação do Sistema Justiça Juvenil segunto critérios ali determinados.2 – O adolescente pode sair para actividades escolares ou de formação durante o dia e retorna diariamente até as 18 horas.3 - O adolescente permanece pelo período mínimo de seis meses e máximo de um ano em semi-internamento, ouvido o Parecer da Equipa Técnica e recebido o relatório da unidade residencial comunitária.

Artigo 115ºInternamento

1 – A medida de internamento é aplicável quando se verifiquem cumulativamente os seguintes pressupostos:

a) Ter o adolescente cometido facto qualificado como crime a que corresponda pena mínima, abstractamente aplicável, de prisão igual ou superior a cinco anos;

b) Ter o adolescente cometido dois ou mais factos qualificados como crimes contra pessoas a que corresponda, respectivamente, uma pena máxima, abstractamente aplicável, de prisão igual ou superior a três anos.

Artigo 116ºDuração da medida de internamento

A duração da medida de internamento não pode ultrapassar dois terços do limite máximo da pena de prisão prevista para o crime.

Artigo 117ºNão cumulação

1 – Por um mesmo facto não podem ser aplicadas medidas sócio educacionais cumulativamente.2 – Excepciona-se do número anterior a medida de privação do direito de conduzir ciclomotores e veículos motorizados ou de obter permissão para conduzir.

Artigo 118ºPrestações económicas ou tarefas a favor da comunidade

1 – Se for aplicada medida de realização de prestações económicas ou de tarefas a favor da comunidade, o tribunal fixa, na decisão:

a) A modalidade da medida;b) Consoante o caso, o montante e a forma da prestação económica ou a actividade, a

duração e a forma da sua prestação;c) Consoante o caso, a entidade que acompanha a execução ou a entidade destinatária

da prestação.2 – O tribunal pode determinar que seja a Equipa Técnica a definir a forma da prestação da actividade.

Artigo 119ºImposição de obrigações e frequência de programas formativos

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1 - A aplicação das medidas de imposição de obrigações e de frequência de programas formativos é determinada segundo a capacidade e a necessidade de aprendizagem do adolescente; 2- O tribunal pode determinar que seja a Equipa Técnica a definir as obrigações adequadas ao adolescente e os programas formativos

Artigo 120ºParticipação da comunidade na execução das medidas

1 – O Tribunal associa à execução de medidas sócios educacionais não institucionais a participação da família, dos líderes da comunidade do adolescente e outras pessoas significativas para o adolescente, conforme as informações constantes no processo penal juvenil oriundas da Equipa Técnica.2 – O Ministério Público zela pela protecção especial da adolescente quando da aplicação de medida sócio educacional.

Artigo 121ºExecução cumulativa de medida e pena

Quando da práctica de um crime por pessoa com 18 anos que esteja a cumprir medida sócio educacional, fica o jovem adulto sujeito à execução da medida sócio educacional até a decisão do processo penal, findo o qual, havendo aplicação de pena, a medida sócio educacional é interrompida.

CAPÍTULO IIIMedidas cautelares

Artigo 122ºAdequação e proporcionalidade

As medidas cautelares devem ser adequadas às exigências preventivas ou processuais que o caso requerer e proporcionais à gravidade do facto e às medidas sócio educacionais aplicáveis, consoante as dimensões do Sistema de Justiça Juvenil.

Artigo 123ºTipicidade

1 - São medidas cautelares:a) A entrega do adolescente aos pais, representante legal, pessoa que tenha a sua

guarda de facto ou outra pessoa idónea, com a imposição de obrigações ao adolescente;

b) A guarda do adolescente em unidade residencial comunitária;c) A guarda do adolescente em área especial cautelar da unidade de sócio-educacional.

Artigo 124ºPressupostos

1 – A aplicação de medida cautelar pressupõe:a) A existência de indícios do facto;b) A previsibilidade de aplicação de medida sócio educacional; c) A existência fundada de perigo de fuga ou de cometimento de outros factos

qualificados pela lei como crime.2 – Para a aplicação de medida cautelar, a autoridade examina a verificação de mais de um dos pressupostos elencados, examinando os princípios que delimitam o Sistema de Justiça Juvenil.

Artigo 125ºFormalidades

1 – As medidas cautelares são aplicadas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, durante o inquérito.

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2 – A aplicação de medidas cautelares exige a audição prévia do Ministério Público, se não for o requerente, do Defensor e dos pais, de representante legal ou de pessoa que tenha a guarda de facto do adolescente e da Equipa Técnica.3 – O despacho referido no n.º 1 é notificado ao adolescente e comunicado aos pais, ao representante legal ou à pessoa que tenha a sua guarda de facto.

Artigo 126ºDuração

1 – A medida de guarda de adolescente em unidade sócio educacional ou em local definido pelo juiz, ouvidos o defensor público ou advogado e o ministério público, tem o prazo máximo de 6 meses, prorrogável até ao limite máximo de mais três meses em casos de especial complexidade devidamente fundamentados.2 – O prazo de duração das restantes medidas cautelares é de doze meses até à decisão do tribunal de 1.ª instância e de um ano até ao trânsito em julgado da decisão.

Artigo 127ºRevisão

1 – Pode o Juiz, concluindo que a medida aplicada não realiza as finalidades pretendidas, substitui-la.2 – As medidas cautelares são revistas pelo Juiz de dois em dois meses.3 – O Ministério Público e o Defensor são ouvidos, se não forem os requerentes.

Artigo 128ºCessação de Medida Cautelar

As medidas cautelares cessam logo que deixarem de se verificar os pressupostos da sua aplicação.

Artigo 129ºPedido de informação

A fim de fundamentar as decisões sobre a substituição e a cessação da medida de guarda em unidade sócio educacional, o juiz solicita informação sobre o comportamento e o desenvolvimento do adolescente à Equipa Técnica responsável pelo Distrito em que funciona a unidade.

Artigo 130ºExtinção

1 – As medidas cautelares extinguem-se:a) Quando tiver decorrido o prazo da sua duração;b) Com a suspensão do processo;c) Com o arquivamento do inquérito ou do processo;d) Com o trânsito em julgado da decisão.

2 – As medidas cautelares extinguem-se também quando a decisão de 1.ª instância, ainda que não transitada em julgado, não tiver aplicado qualquer medida ou tiver aplicado medida menos grave do que a de internamento.

CAPÍTULO IVDa Mediação no Sistema de Justiça Juvenil

SECÇÃO IDisposições Gerais

Artigo 131º.Fundamento

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O Sistema de Justiça Juvenil de Timor-Leste reconhece o direito do adolescente em conflito com a lei de participar em mediação em fase anterior à instauração do processo penal juvenil, desde que observados os critérios legais.

Artigo 132ºFormas de Mediação

A presente lei prevê as seguintes formas de mediação:a) Práctica Tradicional Comunitária;b) Painel de Mediação.

Artigo 133ºElementos prévios

O Ministério Público, quando recebe o adolescente a quem se atribui a prática de um crime, examina a existência dos elementos para a mediação:

a) A natureza do crime;b) O consentimento esclarecido da vítima;c) O consentimento esclarecido do adolescente.

Artigo 134ºCondições para mediação

1 – Quando se trata de crime semi-público e há consentimento esclarecido da vitima e do adolescente em conflito com a lei sobre a desistência do direito de queixa, sobre a natureza da mediação, o Ministério Público consigna a vontade livre da vítima e do adolescente. 2 – O Ministério Público esclarece a vítima e o adolescente que:

a) O acordo resultante de mediação em Prática Tradicional Comunitária ou em Painel de Mediação é consignado em documento trazido ao Ministério Público.

b) Quando a vítima e o adolescente não promovem o acordo, mesmo após a tentativa de mediação, o Inquérito prossegue nos seus termos.

3 – Se a vítima for criança ou adolescente menor de 18 anos ou incapaz, os pais ou representante legal expressam a sua vontade.4 – Havendo comparticipação de arguidos ou mais de uma vítima o Ministério Público deve esclarecer que todos devem estar de acordo sobre a participação no processo de mediação.

Artigo 135º.Direito de Escolha

1 – Configuradas as condições de mediação pelo Ministério Público, a vítima e o adolescente podem escolher entre a Prática Tradicional Comunitária e o Painel de Mediação. 2 – Definida a forma de mediação o Ministério Público lavra o Termo de Mediação, extraindo cópia e procedendo ao seu registo em Livro de Mediação.3 – Havendo discordância sobre a forma de mediação, o Ministério Público decide pelo Painel de Mediação e regista o termo em Livro de Mediação.

SECÇÃO IIPrática Tradicional Comunitária de Mediação

Artigo 136ºDefinição

Para os fins do Sistema de Justiça Juvenil define-se Prática Tradicional Comunitária como aquela de natureza de mediação e de reconciliação que se realiza na solução dos problemas próprios da sua comunidade quando do comportamento do adolescente em conflito com a lei decorrer facto descrito como crime.

Artigo 137ºObjectivo

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A Prática Tradicional Comunitária integrante do Sistema de Justiça Juvenil tem como objectivo o respeito do interesse superior do adolescente em conflito com a lei, garantindo a sua integridade e a sua dignidade, respeitando a sua condição de pessoa em desenvolvimento e visa:

a) Mediar e reconciliar;b) Ouvir a vítima e ouvir o adolescente em conflito com a lei;c) Promover a expressão das emoções da vítima e do adolescente;d) Restaurar as relações entre as famílias e promover o perdão;e) Promover o perdão entre a vítima e o adolescente em conflito com a lei;f) Promover a participação dos Katuas e dos Lian Nai conhecedores da cultura local

mediante o aconselhamento nos limites dos princípios legais;g) Reparar o dano causado pelo facto descrito na lei como crime;h) Desenvolver a identificação do adolescente em conflito com a lei com a sua cultura e

com a sua tradição com a troca inter-geracional;i) Garantir a expressão do adolescente e da vítima na sua língua;j) Superar a culpabilização e o remorso do adolescente em conflito com a lei e prevenir a

repetição de factos desta natureza;k) Restaurar as relações comunitárias; l) Fortalecer o poder local na solução dos problemas próprios da sua comunidade;m) Estimular a construção da paz.

Artigo 138ºRequisito Essencial

1 – São requisitos essenciais para a realização da mediação através da Prática Tradicional Comunitária que a vítima, o adolescente ou seu representante legal tenham sido informados e tenham assinado, perante o Ministério Público, o Termo de Consentimento Esclarecido sobre Mediação, no qual tenham expresso a preferência pela Prática Tradicional Comunitária.2 – Cumpridos os requisitos essenciais para a mediação, o Ministério Público comunica por meio de notificação ao representante da Autoridade Local Comunitária encaminhando os seguintes elementos:a) O Termo de Consentimento com a vontade das partes;b) Os Formulários padrão para preenchimento;c) A indicação dos princípios aplicáveis à mediação;d) A determinação de entrega do Documento do Acordo no prazo de vinte dias.

Artigo 139ºIntegrantes da Prática Tradicional Comunitária de Mediação

1 - Representam a Autoridade Comunitária na Prática Tradicional Comunitária de Mediação o Chefe da Aldeia ou o Chefe de Suco do local da mediação;2 - Além dos representantes referidos no número anterior, integram a mediação:

a) Pessoa reconhecida pela vítima ou pela sua família como Conselheiro da Aldeia;

b) Pessoa reconhecida pelo adolescente em conflito com a lei e sua família como Conselheiro da Aldeia;

c) A Vítima e os representantes da família da vitima;d) O adolescente em conflito com a lei e os representantes da sua família.

Artigo 140ºAcordo

1 – O acordo resultante da Prática Tradicional Comunitária observa os princípios do Sistema da Justiça Juvenil, podendo conter uma ou mais das seguintes recomendações:

a) Pedido de desculpa verbal ou escrito à vítima e à sua família;b) Pedido de desculpa verbal à comunidade através dos seus Representantes;c) Promessa verbal ou escrita de não vir a repetir facto desta natureza;d) Compensação pelo dano material causado;e) Promessa de respeitar a comunidade.

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2 – A compensação deve ser compatível com o valor do dano, com as condições da família e com a realidade sócio económica do Suco.3 – Sendo a vítima menor de 18 anos é sempre acompanhada ou representada pelos pais ou representante legal.3 – Na falta de indicação do local de mediação no Termo de Consentimento, prevalece o do local da prática do crime.

Artigo 141ºRespeito pelo Adolescente em Conflito com a lei

1 – Antes de encerrar a Prática Tradicional Comunitária a autoridade local faz saber aos presentes que o adolescente em conflito com a lei merece respeito, não devendo vir a ser objecto de comentários ou agressões de qualquer natureza ainda que relacionadas com facto descrito como crime.2 – O respeito da dignidade do adolescente em conflito com a lei constitui recomendação escrita no Documento do Acordo.

Artigo 142ºRespeito pela Vitima

1 – Encerrada a Prática Tradicional Comunitária de Mediação e sendo a vítima pessoa do género feminino, a autoridade comunitária entrega um Convite de Comparecimento junto de Equipa Técnica onde é aconselhada a frequentar programa de apoio à mulher.2 – Sendo a vítima pessoa do género feminino e menor de 18 anos, o convite é entregue à família.3 – O convite é um documento padronizado, escrito em Tetum e Português, entregue a todas as autoridades comunitárias pela Equipa Técnica do Distrito, do qual consta o horário e o local onde a vítima pode ser atendida e orientada.

Artigo 143ºDefinição de Documento Comunitário

O Documento Comunitário constitui um formulário padronizado e escrito nas línguas Tetum e Português para ser preenchido após a celebração da Prática Tradicional Comunitária.

Artigo 144ºElementos do Documento Comunitário

1 - Do Documento do Acordo celebrado mediante Prática Tradicional Comunitária constarão os seguintes elementos:

a) Nome da Aldeia e nome do Chefe da Aldeia;b) Nome do Suco e nome do Chefe do Suco;c) Nome, idade e género da vítima;d) Nome, idade e género da Criança em Conflito com a Lei;e) Nomes do Pai e da mãe da Criança em Conflito com a Lei;f) Informação sobre o Facto Ocorrido;g) Data do Facto;h) Data da Prática Tradicional Comunitária;i) Nomes das pessoas presentes na reunião da Prática Tradicional Comunitária;j) Finalização ou não do Acordo;k) Assinatura do Chefe do Suco;l) Assinatura dos presentes.

2 – No caso de se concretizar o acordo referido na alínea l, o documento indica os termos do acordo.

Artigo 145ºLeitura e Assinatura do Documento Comunitário

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1 – O Documento Comunitário deve ser lido pelo representante da autoridade local diante das pessoas presentes à Prática Tradicional Comunitária fazendo constar que:

a) Os signatários são responsáveis em preservar a privacidade da vítima e do adolescente;

b) A vítima e sua família sabem que a celebração do acordo equivale à desistência da queixa e ao arquivamento do Inquérito.

2 – Se algum dos presentes não puder assinar, a autoridade comunitária colhe a impressão digital.

Artigo 146ºDistribuição do Documento

A Coordenação do Sistema Nacional da Justiça Juvenil distribui, através da Administração Distrital, o formulário de Documento do Acordo padronizado e escrito nas línguas Tetum e Português.

Artigo 147ºEntrega do Documento Comunitário

Após o preenchimento do Documento Comunitário, o representante da autoridade comunitária remete-o ao Ministério Público no prazo de dez dias.

Artigo 148ºRecepção do Acordo no Ministério Público

1 – Recebido o Documento Comunitário, o Ministério Público analisa o preenchimento do formulário e, constatando a sua regularidade, apensa-o ao processo e encaminha-o para a homologação do Juiz.2 – O Ministério Público extrai quatro cópias do Documento Comunitário para serem entregues:a) Ao Chefe do Suco;b) Ao representante da autoridade comunitária;c) Ao Defensor ou Advogado do adolescente;d) A Equipa Técnica.

Artigo 149ºHomologação do Acordo do Documento Comunitário

1 - A homologação do acordo do Documento Comunitário pelo Juiz tem como efeito o arquivamento do inquérito pelo Mnistério Público.2 - No prazo de trinta dias após a data de envio de notificação do Ministério Público ao representante da Autoridade Local Comunitária para realização da Prática Tradicional de Mediação, não tendo sido obtido acordo, o Ministério Público prossegue com as diligências do inquérito.

SECÇÃO IVPainel de Mediação

Artigo 150ºObjectivo

O Painel de Mediação constitui uma oportunidade de solução do conflito e tem como objectivos:

a) Mediar e reconciliar;b) Ouvir a vítima e ouvir o adolescente em conflito com a lei;c) Promover a expressão das emoções da vítima e do adolescente;d) Restaurar as relações entre as famílias e promover o perdão;e) Reparar o dano causado pelo facto descrito na lei como crime;f) Superar a culpabilização e o remorso do adolescente em conflito com a lei e prevenir a

repetição de factos da mesma natureza;g) Estimular a construção da paz.

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Artigo 151ºComposição do Painel de Mediação

1 –O Painel de Mediação é composto por:a) Ministério Público;b) Vítima;c) Adolescente;d) Defensor ou Advogado;e) Membro da Família da vítima;f) Membro da Família do Adolescente;g) Membro da Equipa Técnica.

2 – É facultado à vítima e ao adolescente trazer, cada um individualmente, um representante da sua comunidade para acompanhar o Painel de Mediação.

Artigo 152ºRealização do Painel de Mediação

1 – O Painel de Mediação observa a técnica de mediação de conflito e garante a oportunidade:a) À vítima, de se expressar sobre o facto, sendo ouvida pelos presentes e pelo

adolescente; b) Ao adolescente em conflito com a lei de se expressar;

2 – O Ministério Público nomeia previamente um profissional da Equipa Técnica para coordenar o Painel de Mediação e, quando necessário, um intérprete.3 - O profissional que coordena o Painel de Mediação assegura que todos os participantes compreendam o que é dito e regista o acordo ao final.4 – O Defensor ou Advogado é orientado quanto à natureza especial do Painel de Mediação e tem o dever de colaborar para a conciliação.

Artigo 153ºAcordo

1- O acordo decorrente do Painel de Mediação é consignado na Acta do Acordo, na qual consta que os presentes estão cientes de que a celebração do acordo equivale à desistência de queixa e faculta o arquivamento do Inquérito.2 - A Acta do Acordo do Painel de Mediação é assinada pelos presentes e o original é entregue ao Ministério Público.3 – Recebida a Acta do Acordo o Ministério Público apensa ao processo.4 – O Ministério Público extrai quatro cópias do Documento Comunitário para serem entregues:

a) À vítima ou à sua família;b) Ao adolescente;c) Ao Defensor ou Advogado do adolescente;d) À Equipa Técnica

Artigo 154ºHomologação do Acordo do Painel de Mediação

A homologação do acordo do Painel de Mediação pelo Juiz tem como efeito o arquivamento do inquérito pelo Ministério Público..

Artigo 155ºInexistência de Acordo

Quando a vítima e o adolescente presentes no Painel de Mediação expressam que não conseguem fazer o acordo, é lavrado um Documento de Tentativa de Conciliação e anexado ao Inquérito, que prossegue nos seus termos.

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CAPÍTULO VDo processo penal juvenil

SECÇÃO IDos Princípios e Garantias

Artigo 156ºDos Princípios

1 – Quando da prática de crime por pessoa maior de 15 anos e menor de 18 anos, o Estado, através do Sistema da Justiça Juvenil, adopta os princípios constantes do artigo 2º da presente lei e os seguintes princípios:a) Do direito a assistência de profissionais com formação especial em Direito da Criança;b) Da oportunidade e da intervenção mínima;c) Do direito a cumprir a medida sócio educacional no próprio Distrito;d) Do direito a procedimento alternativo;e) Da brevidade da apuração do crime; f) Da protecção da privacidade e publicidade restrita das audiências;

Artigo 157ºDo Direito a profissionais com formação especial

A criança e o adolescente em conflito com a lei têm direito a profissionais multi disciplinares especializados em direito da criança e a profissionais legais com formação especial na área e à jurisdição especial.

Artigo 158ºDa Oportunidade e da Intervenção Mínima

O Ministério Público, considerando as circunstâncias específicas do contexto da vida do adolescente, da sua realidade familiar, social e cultural, a sua participação no facto descrito em lei como crime, considerando a ocorrência de mediação nos termos desta lei, pode abster-se de requerer ao Tribunal a abertura da fase jurisdicional, caso tenha sido alcançado um acordo entre a vítima e o adolescente e homologado pelo Juiz.

Artigo 159ºDo Direito a cumprir a medida no próprio distrito

1 – Tem o adolescente em conflito com a lei o direito de permanecer próximo da sua família e da sua comunidade para cumprimento da medida sócio educacional.2 – A medida a ser aplicada mediante o processo penal juvenil considera os prejuízos para o bem-estar do adolescente quando do deslocamento para outro Distrito e as dificuldades de acompanhamento familiar.

Artigo 160ºDa Brevidade da Apuração do Crime

O crime praticado por Adolescente será apurado observando-se o princípio da celeridade processual para todas as fases.

Artigo 161ºDa Protecção à Privacidade e publicidade restrita da audiência

Os direitos à privacidade e à protecção da imagem, ao nome e à identidade do adolescente em conflito com a lei é observado em todas as fases.

Artigo 162ºDo Direito a medida alternativa

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A lei assegura ao adolescente uma medida sócio educacional alternativa ao sistema penal e o direito a uma medida de protecção através de Equipa Técnica quando em conflito com a lei.

Artigo 163ºDireito aplicável

Ao processo penal juvenil aplicam-se as normas do código penal e do processo penal comum com as devidas adaptações constantes dos capítulos seguintes

SECÇÃO IIDireitos e deveres do adolescente

Artigo 164ºDireitos do Adolescente

1 – A participação do adolescente em qualquer diligência processual, ainda que sob detenção ou guarda, faz-se de modo a que se sinta livre na sua pessoa e com o mínimo de constrangimento.2 – Em qualquer fase do processo, o adolescente tem especialmente direito a:

a) Ser ouvido, por determinação ou quando o requerer, pela autoridade judiciária;b) Não responder a perguntas feitas por qualquer entidade sobre os factos que lhe forem

imputados ou sobre o conteúdo das declarações que acerca deles prestar;c) Não responder sobre a sua conduta, o seu carácter ou a sua personalidade;d) Ser constituído arguido;e) Ser assistido por membro da Equipa Técnica sempre que o solicite, para efeitos de

avaliação da necessidade de aplicação de medida sócio educacional;f) Ser assistido por Defensor Público em todos os actos processuais em que participe e,

quando detido, comunicar, em privado, com ele;g) Ser acompanhado pelos pais, representante legal ou pessoa que tiver a sua guarda de

facto, salvo decisão fundada no seu interesse ou em necessidades do processo;h) Oferecer provas e requerer diligências;i) Ser informado dos direitos que lhe assistem;j) Recorrer, das decisões que lhe forem desfavoráveis;k) Expressar-se na sua própria língua;l) Comunicar-se por escrito, caso não consiga falar pessoalmente com a autoridade

judiciária;m) Receber protecção e assistência da Equipa Técnica, da família, da escola, da

comunidade, da sociedade civil e confissões religiosas para o cumprimento da medida de protecção.

3 – Sendo o adolescente do género feminino e estando sob detenção, só pode ter acesso ao local para acompanhamento, segurança e comunicação com o adolescente, uma pessoa do mesmo gênero.4 – Todos os direitos, princípios e garantias definidos na presente lei e decorrentes de legislação internacional ratificada por Timor-Leste são observados para o bem-estar do adolescente em conflito com a lei.

Artigo 165ºDefensor

1 – O adolescente, tem direito a constituir Advogado ou a requerer Defensor Público em qualquer fase do processo.2 – No despacho em que determine a audição ou a detenção do adolescente a autoridade determina obrigatoriamente a presença de Defensor Público ou Advogado, que deve assegurar a defesa do adolescente até ao fim do processo.

Artigo 166ºConstituição do arguido adolescente

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1 – A constituição do arguido adolescente segue as regras processuais penais, observando-se a garantia dos direitos do arguido, em geral e os direitos específicos do adolescente em conflito com a lei.2 – No caso do arguido adolescente não ter identificação civil, deve ser regularizada a expedição.

Artigo 167ºInterrogatório do adolescente

Assistem ao interrogatório do adolescente o Defensor Público, o Ministério Público, o membro da Equipa Técnica, e os pais, o representante legal ou a pessoa que tiver a sua guarda de facto, quando autorizado pelo adolescente.

Artigo 168ºNotificações

Todos os actos para a notificação do arguido adolescente devem ser simultaneamente encaminhados para os pais, representante legal ou pessoa que tenha a guarda de facto.

Artigo 169ºDeslocação de adolescente

A deslocação e o transporte do adolescente deve realizar-se de modo a assegurar, em todos os casos, o respeito pela sua dignidade e condições específicas de maturidade física, intelectual e psicológica e a evitar qualquer constrangimento.

Artigo 170ºRestrição da publicidade

1 – Excepcionalmente é permitida, pelo Juiz, a publicidade dos actos processuais do processo penal juvenil.2 – A publicidade do processo penal juvenil faz-se com respeito pela personalidade do adolescente e pela sua vida privada.

Artigo 171ºCeleridade Processual

O processo penal juvenil observa as regras da celeridade processual.

SECÇÃO IIIIdentificação e detenção

Artigo 172ºFormalidades

O procedimento de identificação de adolescente obedece às formalidades previstas no processo penal, com as seguintes especificidades:

a) Na impossibilidade de apresentação de documento de identificação, o órgão de polícia criminal procura, de imediato, comunicar com os pais, representante legal ou pessoa que tenha a guarda de facto do adolescente;

b) O adolescente só pode ser conduzido ao posto policial quando um membro da Equipa Técnica e um Defensor Público o acompanhem;

c) O adolescente permanece no posto policial para efeito de identificação, pelo período máximo de cinco horas.

Artigo 173ºPressupostos da Detenção

1 – A detenção do adolescente é efectuada:a) Quando haja flagrante delito pela prática de crime punível com pena de prisão igual ou

superior a seis anos.

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b) Para assegurar a presença imediata ou, não sendo possível, no mais curto prazo, sem nunca exceder quarenta e oito horas, a fim de ser interrogado, para aplicação ou execução de medida cautelar, ou presença em acto processual presidido por autoridade judiciária;

c) Para sujeição, em regime ambulatório ou de internamento, a perícia psiquiátrica. 2 – A detenção fora de flagrante delito tem apenas lugar quando a comparência do adolescente não puder ser assegurada pelos pais, representante legal ou pessoa que tenha a sua guarda de facto. 3 - A detenção fora de flagrante delito é ordenada por mandado do juiz oficiosamente ou a requerimento do Ministério Público durante o inquérito.4 – Quando a detenção ocorrer em flagrante delito a polícia deve chamar a Equipa Técnica

Artigo 174ºDetenção em flagrante delito

1 – O adolescente apenas pode ser detido em flagrante delito quando praticar:a) Facto qualificado como crime punível com pena de prisão igual ou superior a seis anos,

sem prejuízo do disposto no número seguinte.b) Facto qualificado como crime contra as pessoas a que corresponda pena máxima,

abstractamente aplicável, de prisão superior a cinco anos ou c) Dois ou mais factos qualificados como crimes a que corresponda pena máxima

superior a três anos, cujo procedimento não dependa de queixa 2 – Fora dos casos referidos no número anterior a autoridade policial procede à identificação do adolescente e encaminha o auto de notícia ao Ministério Público para abertura de inquérito.

Artigo 175ºComunicação aos pais

1 – Salvo quando haja risco de inviabilizar a detenção fora de flagrante delito, esta é precedida de comunicação aos pais, ao representante legal ou à pessoa que tenha a guarda de facto do adolescente.2 – Sem prejuízo do disposto no número anterior, qualquer detenção é comunicada, no mais curto prazo e pelo meio mais rápido, aos pais, representante legal ou pessoa que tiver a guarda de facto do adolescente.

SECÇÃO IVDas Provas

Artigo 176ºDeclarações e inquirições

1 – Os pais, o representante legal ou quem tenha a guarda de facto do adolescente prestam declarações, mas não prestam juramento.2 – A inquirição sobre factos relativos ao perfil psicológico do adolescente, bem como às suas condições pessoais e à sua conduta anterior e posterior, é permitida, quer para prova do facto quer para avaliação da necessidade de medida sócio educacional e determinação da medida a aplicar.3 – Quando a vítima ou as testemunhas tenham idade inferior a 15 anos, a inquirição é dirigida por autoridade judiciária.

Artigo 177ºConvocação de adolescentes

As testemunhas ou quaisquer outros participantes processuais com idade inferior a 18 anos são convocados na sua pessoa e nas pessoas dos pais, representante legal ou quem tiver a sua guarda de facto, podendo o juiz fazer recair sobre estes as sanções devidas por falta injustificada.

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Artigo 178ºExames e perícias

1 – Os exames e as perícias têm carácter de urgência e, salvo quando outro prazo for exigido pela sua natureza, são apresentados no prazo máximo de um mês.2 – Apenas é permitida a realização de uma diligência pericial, excepto se uma nova perícia for exclusivamente no interesse superior do adolescente.3 – Sendo o adolescente do género feminino a realização das diligências periciais deve ser realizada por um profissional do mesmo género.

Artigo 179ºInformação da Equipa Técnica

1 – As informações de natureza social, psicológica ou pedagógica, constantes no relatório da Equipa Técnica auxiliam a autoridade judiciária no conhecimento do adolescente, incluída a sua conduta e inserção sócio-económica, educativa e familiar.2 – Os técnicos que subscreveram o relatório podem prestar informação complementar ou esclarecimentos quando solicitado.3 – Quando da aplicação de medida sócio educacional de semi internamento ou da medida de internamento, é obrigatória a elaboração de avaliação psicológica.

SECÇÃO VInquérito

Artigo 180ºAbertura

1 – Encaminhado ao Ministério Público ou notificado para comparecer adolescente suspeito pela prática de facto tipificado como crime, o Ministério Público certifica a sua responsabilidade criminal mediante apresentação de documento comprovativo de idade ou outro meio de prova e inicia o inquérito do processo penal juvenil.2 – Após ser constituído como arguido adolescente, o Ministério Público verifica sobre a necessidade de aplicação de medida cautelar ao adolescente, 3 – Evidenciada como desnecessária a medida cautelar e estando o adolescente em liberdade, o Ministério Público analisa a existência de requisitos legais para a mediação.

Artigo 181ºTermo de Autorização de Medida de Protecção

1 – Cumpridos os procedimentos previstos no artigo anterior, o Ministério Público elabora, com a participação da família, o Termo de Autorização de Medida de Protecção para que seja providenciado o Plano de Protecção e encaminha o adolescente e os pais para a Equipa Técnica.2 – O Termo de Autorização de Medida de Protecção é assinado pelo adolescente, pela família e pelo Ministério Público.3 – O adolescente e a família têm um prazo de cinco dias, a contar da recepção do Termo de Autorização de Medida de Protecção, para contactar a Equipa Técnica

Artigo 182ºAtendimento na Equipa Técnica

1 – Configurada a necessidade de medida cautelar, o Ministério Público informa a Equipa Técnica e o atendimento inicial ao arguido adolescente ocorre na própria instituição onde o adolescente se encontra, na presença de familiar e Defensor Público ou Advogado.2 – Na circunstância do adolescente se encontrar detido, o Ministério Público diligencia para que o atendimento da Equipa Técnica seja feito no local onde se encontra, observadas as condições de privacidade do adolescente e da presença de familiar ou representante legal e Defensor.

Artigo 183º

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Comunicação do Ministério Público sobre Mediação

Configurada a possibilidade de mediação e confirmado que o adolescente e a vitima tenham escolhido a participação no Painel de Mediação, o Ministério Público nomeia um elemento da Equipa Técnica para preparar o Painel de Mediação.

Artigo 184ºDirecção, objecto e prazo

1 – O inquérito é dirigido pelo Ministério Público e assistido por órgãos de polícia.2 – O inquérito compreende o conjunto de diligências que visam investigar a existência de facto qualificado pela lei como crime e determinar a necessidade de educação do adolescente para o direito, com vista à decisão sobre a aplicação de medida sócio educacional.3 – O prazo para a conclusão do inquérito é de seis meses, podendo, mediante despacho fundamentado, ser prorrogado por mais três meses, em razão de especial complexidade.4 – Se o arguido adolescente for sujeito a medida cautelar de guarda em unidade residencial comunitária ou em unidade sócio educacional, o prazo para a conclusão do inquérito é de três meses.5 – Do inquérito deve constar cópia do Termo de Autorização para Medida de Proteção e os Relatórios da Equipa Técnica.5 - O Ministério Público faz constar do Inquérito a justificação da Medida de Protecção e o recebimento dos Relatórios da Equipa Técnica.

Artigo 185ºAudição do adolescente

1 – Aberto o inquérito, o Ministério Público ouve o adolescente, no mais curto prazo e observa o princípio do seu interesse superior e da celeridade do processo.2 – A audição pode ser dispensada quando for caso de arquivamento liminar e pode ser adiada no interesse do adolescente.

Artigo 186ºCeleridade processual

1 – Os actos de inquérito efectuam-se pela ordem que o Ministério Público reputar mais conveniente à celeridade processual.2 – O Ministério Público indefere, por despacho, os actos requeridos que não interessem à finalidade do inquérito ou sirvam apenas para protelar o andamento do processo.

Artigo 187ºArquivamento

1 – O Ministério Público arquiva o inquérito logo que conclua pela:a) Inexistência do facto;b) Insuficiência de indícios da prática do facto;c) Homologação do Acordo Comunitário ou do Painel de Mediação pelo Juiz.

Artigo 188ºProsseguimento por Determinação

No prazo de trinta dias, contado da data da notificação do despacho de arquivamento, o imediato superior hierárquico do Ministério Público pode determinar o prosseguimento dos autos, indicando as diligências ou a sequência a observar.

Artigo 189ºRequerimento para abertura da fase audiência

Devendo o processo prosseguir, o Ministério Público apresenta acusação ao Juiz e requer a abertura da fase de audiência.

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Artigo 190ºRequisitos da Acusação

1 – A acusação contém:a) A identificação do adolescente, dos seus pais, do representante legal ou de quem

tenha a sua guarda de facto;b) A descrição dos factos, incluindo o lugar, o tempo, a motivação da sua prática e o grau

de participação do adolescente;c) A qualificação jurídico-criminal dos factos e a identificação das normas substantivas

aplicáveis;d) A indicação de condutas anteriores, contemporâneas ou posteriores aos factos e das

condições de inserção familiar, educativa, cultural e social que permitam avaliar a maturidade, o perfil do adolescente e a necessidade da aplicação de medida sócio educacional;

e) Os meios de prova;f) A data e a assinatura.

2 – Junto com a acusação o Ministério Público remete o plano de protecção elaborado pela Equipa Técnica para homologação do Tribunal ou na sua ausência apresenta o relatório justificativo da Equipa Técnica.

SECÇÃO VIDa Fase de Julgamento

Artigo 191ºNatureza

1 – A fase de julgamento compreende:a) A comprovação judicial dos factos;b) A avaliação da necessidade de aplicação de medida sócio educacional;c) A determinação da medida sócio educacional;d) A execução da medida sócio educacional.

2 – A fase de julgamento é presidida pelo juiz singular ou colectivo e obedece ao princípio do contraditório.

Artigo 192ºHomologação do Plano de Protecção

Recebidos os autos do processo penal juvenil o juiz homologa o plano de protecção.

Artigo 193ºAutorização da publicidade

1 – O juiz, oficiosamente ou a requerimento, pode autorizar, por despacho fundamentado, a assistência do público ou determinar que a audiência decorra publicamente,.4 – A leitura da decisão é sempre pública.

Artigo 194ºProtecção do Adolescente

1 – O juiz pode ordenar que o adolescente seja temporariamente afastado do local da audiência, quando houver razões para crer que a sua presença possa afectá-lo na sua integridade psíquica, diminuir a sua espontaneidade ou prejudicar a sua capacidade de reconstituição dos factos.2 – Voltando ao local da audiência, o adolescente é resumidamente informado pelo juiz do que se tiver passado na sua ausência.

Artigo 195ºProtecção mediante assistência

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1 – O juiz assegura que a prova seja produzida de forma a não ferir a sensibilidade do adolescente ou de outros adolescentes envolvidos e que o decurso dos actos lhes seja acessível, tendo em conta a sua idade e o seu grau de desenvolvimento intelectual e psicológico.2 – Para efeito do disposto no número anterior, o juiz pode determinar a presença da Equipa Técnica ou de pessoa da confiança do adolescente e determinar a utilização dos meios técnicos ou processuais que lhe pareçam adequados.

Artigo 196ºParticipação na audiência

1 – É obrigatória na audiência a participação: a) Do Ministério Público; b) Do defensor;c) Do adolescente;d) Dos pais, representante legal ou de quem tenha a guarda de facto do adolescente;e) Do ofendido;f) De qualquer pessoa cuja participação seja necessária para assegurar as finalidades da

audiência.

Artigo 197ºMandado de Detenção

Se se tornar necessário para assegurar a realização da audiência, o juiz emite mandados de detenção do adolescente e determina as diligências necessárias para a realização da audiência no mais curto prazo que não pode exceder quarenta e oito horas.

Artigo 198ºDas Provas

1 – Para a formação da convicção do tribunal e fundamentação da decisão valem apenas as provas produzidas ou examinadas em audiência.2 – Ressalvam-se do disposto no número anterior as provas contidas em actos processuais cuja leitura em audiência seja permitida nos termos dos artigos seguintes.

Artigo 199ºLeitura de autos em audiência

Os conteúdos de natureza profissional do Psicólogo, do Educador e do Assistente Social, enquanto membros da Equipa Técnica, são preservados pelo juiz e pelo Ministério Público, sendo proibida a leitura em audiência.

SECÇÃO VIIDa execução das medidas

SUBSECÇÃO IPrincípios gerais

Artigo 200ºExequibilidade das decisões

A execução de medida só pode ter lugar por força de decisão reduzida a escrito e transitada em julgado que determine a medida aplicada.

Artigo 201ºExecução das medidas sócios educacionais

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1 – A execução das medidas sócios educacionais corre nos próprios autos, perante o juiz do processo penal juvenil constituído como tal.2 – Compete ao juiz:

a) Tomar as decisões necessárias à execução das medidas sócios educacionais aplicadas;

b) Ordenar os procedimentos que considere adequados face a ocorrências que comprometam a execução e que sejam levadas ao seu conhecimento;

c) Decidir sobre a revisão da medida sócio educacional aplicada;d) Acompanhar a evolução do processo do adolescente através dos relatórios de

execução das medidas;e) Decidir sobre os recursos interpostos relativamente à execução das medidas sócios

educacionais;f) Decidir sobre os pedidos e queixas apresentados em quaisquer circunstâncias de

execução das medidas susceptíveis de pôr em causa os direitos dos adolescentes;g) Realizar visita às unidades sócio educacionais, unidade residencial comuntária e aos

programas sócio educacionais, contactando com os adolescentes.

Artigo 202ºEntidades que acompanham as medidas sócio educacionais

1 – Na decisão o tribunal fixa a entidade encarregada de acompanhar e assegurar a execução da medida aplicada mediante informação obtida com a Equipa Técnica.2 – O tribunal pode encarregar a execução da medida sócio educacional não institucional a serviço público, instituição de solidariedade social, organização não governamental, associação, Conselho de Suco, confissões religiosas e qualquer outra entidade, pública ou privada, ou pessoa, a título individual, considerados idóneos, nos termos da presente lei.

Artigo 203ºDever de informação

1 – As entidades encarregadas de acompanhar e assegurar a execução das medidas informam o tribunal, nos termos e com a periodicidade estabelecida na lei ou, sendo esta omissa, por este determinados, sobre a execução da medida aplicada, bem como sempre que se verifiquem circunstâncias susceptíveis de fundamentar a revisão das medidas.2 – O adolescente, os pais, o representante legal ou quem tenha a sua guarda de facto e o defensor têm acesso, nos termos previstos na lei, às informações referidas no número anterior, sempre que o solicitem e o tribunal autorize

Artigo 204ºPasta individual do adolescente em medida sócio educacional

1 – A informação relativa a adolescente em cumprimento de medida sócio educacional ou internado em unidade sócio educacional integra uma pasta individual que é mantida sob responsabilidade da direcção da entidade ou da unidade.2 – O acesso à pasta individual é reservado às entidades e pessoas previstas na lei, podendo o juiz, nos casos em que esteja em causa a intimidade do adolescente ou de outras pessoas, restringir o direito de acesso.3 – As pastas são obrigatoriamente destruídas decorridos cinco anos sobre a data em que os jovens a quem respeitam completarem 21 anos.

Artigo 205ºExecução sucessiva de medidas sócios educacionais

1 – Quando for determinada a execução sucessiva de medidas sócios educacionais no mesmo processo, a ordem pela qual são executadas é fixada pelo tribunal.2 – No caso de execução sucessiva de medidas sócios educacionais a execução efectua-se por ordem decrescente do grau de gravidade, salvo quando o tribunal entender que a execução prévia de uma determinada medida favorece a execução de outra aplicada ou entender que a situação concreta e o interesse do adolescente aconselham execução segundo ordem diferente.

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3 – Para efeito do disposto no número anterior, a execução de medida institucional prevalece sobre a execução de medida não institucional, cujo cumprimento se suspende, se for o caso.4 – O grau de gravidade das medidas sócios educacionais afere-se pela ordem crescente da sua enumeração e relativamente às modalidades de cada uma, pelo grau de limitação que, em concreto, impliquem na autonomia de decisão e de condução de vida do adolescente.

Artigo 206ºExtinção das medidas sócios educacionais

O tribunal competente para a execução declara extinta a medida, notificando por escrito o adolescentes, os pais, o representante legal ou quem tenha a sua guarda de facto, o defensor e a entidade encarregada de acompanhar e assegurar a execução.

SUBSECÇÃO IIExecução das medidas não institucionais

Artigo 207ºExecução

1 – A execucção das medidas sócio educacionais observa os princípios que delimitam o Sistema de Justiça Juvenil e as dimensões do sistema.2 – A medida de admoestação é executada imediatamente, se houver renúncia ao recurso, ou no prazo de oito dias contado do trânsito em julgado da decisão.3 – A admoestação é feita na presença do Defensor do adolescente e do Ministério Público, podendo o juiz autorizar a presença de outras pessoas, se a considerar conveniente, observados os princípios do interesse superior do adolescente e as dimensões do Sistema de Justiça Juvenil que orientam a presente lei.4 – Durante a admoestação entendendo o juiz ser da conveniência do interesse do adolescente, os pais do adolescente, o representante legal ou quem tiver a sua guarda de facto podem estar presentes.5 – A privação do direito de conduzir ciclomotores ou de obter permissão para conduzir ciclomotores é feita mediante expedição de comunicação ao sector de expedição de licença para conduzir.6 – A reparação à vítima, a realização de prestações económicas ou de tarefas a favor da comunidade, a imposição de obrigações, a frequência de programas formativos são feitas mediante a participação da Equipa Técnica e dos voluntários regularmente inscritos como colaboradores.7 – A liberdade assistida é acompanhada por voluntário assistente e os relatórios são juntados ao processo penal juvenil.8 – O semi internamento em unidade residencial comunitária observa o regulamento da comunidade quanto à disciplina e aos horários, sendo o adolescente acompanhado pela pessoa que assume a direcção da unidade inscrita no sistema de justiça juvenil

SUBSECÇÃO IIIInternamento em unidade sócio educacional

Disposições gerais

Artigo 208ºUnidade Sócio Educacional

1 – A execução da medida de internamento em unidade sócio educacional, bem como a execução de todos os internamentos determinados em processo penal juvenil sobre medida cautelar de guarda e detenção e internamento para perícia de transtorno mental observam o regimento da unidade sócio educacional escrito em comparticipação de representantes do Tribunal, do Ministério Público, da Equipa Técnica e da sociedade civil. 2 – O Regimento dispõe sobre os direitos e deveres do adolescente em cumprimento de medida sócio educativa de internamento, em cumprimento de medida cautelar de guarda e detenção, em internamento para perícia de transtorno mental.

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3 – O Regimento contém as medidas disciplinares e a dinâmica da unidade, desde o encaminhamento do adolescente mediante decisão até a sua libertação, nos termos da lei. 4 – O Centro de Coordenação do Sistema de Justiça Juvenil registra o Regimento da unidade sócio educacional e dá a conhecer mediante sua divulgação, recebendo cada adolescente uma cópia do regimento.5 – Todos os funcionários da unidade sócio educacional dispõem de uma cópia do regimento.

Artigo 209ºAcordos de cooperação

1 – A unidade sócio educacional é coordenada pelo Estado, sendo facultada a cooperação de organizações não governamentais, entidades particulares ou agências para elaboração de acordos específicos nas áreas de oficinas, formação profissional, ensino de línguas, actividades culturais e de desporto;2 – O Centro de Coordenação do Sistema de Justiça Juvenil do Timor Leste analisa a conveniência e a oportunidade dos acordos de cooperação a partir das dimensões do sistema de justiça juvenil, dos estatutos do cooperante e do interesse superior do adolescente.3 – A unidade sócio educacional pode receber doações de particulares e de outras instituições desde que sejam feitas através do Ministério de Justiça enquanto responsável pela administração da unidade e da sua dotação orçamental.

Artigo 210ºFiscalização da unidade

1 – Sem prejuízo da competência dos tribunais, do Ministério Público, da Defensória Pública e da Provedoria de Direitos Humanos e Justiça e demais entidades a quem incumbe a defesa da legalidade, o funcionamento da unidade sócio educacional é acompanhado por uma comissão independente e paritária da sociedade civil e do governo, consoante definição do Centro de Coordenação do Sistema de Justiça Juvenil.2 – A Comissão é constituída mediante Diploma Ministerial do Ministério da justiça e as suas actividades são previstas no regimento da unidade.3 – A comissão pode solicitar informação sobre o funcionamento da unidade, visitar sempre que o julgue necessário acompanhando a implementação dos princípios constantes na presente lei.

SUBSECÇÃO IVRevisão das medidas sócios educacionais

Artigo 211ºPressupostos

A medida sócio educacional é revista quando:a) A execução se tiver tornado impossível, por facto não imputável ao adolescente;b) A execução se tiver tornado excessivamente onerosa para o adolescente;c) No decurso da execução a medida se tiver tornado desajustada ao adolescente por

forma que frustre manifestamente os seus fins;d) A continuação da execução se revelar desnecessária devido aos progressos

educativos alcançados pelo adolescente;e) O adolescente se tiver colocado intencionalmente em situação que inviabilize o

cumprimento da medida;f) O adolescente tiver violado, de modo grosseiro ou persistente, os deveres inerentes ao

cumprimento da medida.

Artigo 212ºRevisão das medidas sócios educacionais

1 – A revisão tem lugar oficiosamente, a requerimento do Ministério Público, do adolescente, dos pais, do representante legal, de quem tenha a sua guarda de facto, do defensor e da Equipa Técnica.

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2 – A revisão oficiosa pode ter lugar a todo o tempo, sendo obrigatória decorridos seis meses após:

a) O início da execução da medida;b) A anterior revisão;c) A aplicação de medida cuja execução não se tiver iniciado, logo que for cumprido

mandado de condução do adolescente ao local que o tribunal tiver determinado.

3 – Para dar início ao processo de revisão nos termos da alínea a do número anterior, as entidades encarregadas de acompanhar e assegurar a execução da medida comunica, de imediato, ao tribunal competente a data do início da execução.4 – A medida de internamento é obrigatoriamente revista semestralmente.5 – A revisão, a requerimento, de medidas sócios educacionais pode ter lugar a todo o tempo, salvo no caso da medida de internamento, observado o interesse superior do adolescente.6 – A revisão, a requerimento, da medida de internamento pode ter lugar três meses após o início da sua execução ou após a última decisão de revisão.7 – Nas revisões o juiz ouve o Ministério Público, o Defensor Público, a Equipa Técnica e o adolescente.8 – A decisão de revisão é notificada ao adolescente, aos pais, ao representante legal ou a quem tenha a sua guarda de facto, ao defensor e às entidades encarregadas da execução.

Artigo 213ºRevisão das medidas sócio educacionais não institucionais

1 – Quando proceder à revisão das medidas não institucionais, o tribunal pode:a) Manter a medida aplicada;b) Modificar as condições da execução da medida;c) Substituir a medida por outra mais adequada, igualmente não institucional, após

manifestação da Equipe Técnica sobre a capacidade do adolescente para acompanhar a medida;

d) Reduzir a duração da medida;e) Pôr termo à medida, declarando-a extinta.f) Advertir o adolescente quando a sua conduta comprometer a execução da medida;g) Modificar as condições da execução da medida quando a conduta do adolescente não

revelar assimilação da natureza da medida;h) Ordenar o semi internamento em unidade residencial comunitária, por período de um

mês quando a conduta do adolescente revelar necessidade de imposição de limite;

2 – A substituição da medida pode ser determinada por tempo igual ou inferior ao que falte para o cumprimento da medida substituída.3 – A revisão é fundamentada e observa as dimensões do Sistema de Justiça Juvenil e os princípios que o delimitam.

Artigo 214ºRevisão da medida de internamento

1 – Quando proceder à revisão da medida de internamento o tribunal pode apreciar e determinar:a) A manutenção da medida aplicada;b) A redução da duração da medida;c) A substituição da medida de internamento por qualquer medida não institucional, por

tempo igual ou inferior ao que falte cumprir;d) O termo da medida aplicada, declarando-a extinta.

2 – Quando proceda à revisão da medida de internamento em unidade sócio educacional pela conduta do adolescente, o tribunal pode:a) Advertir solenemente o adolescente para a gravidade da sua conduta e para as

eventuais consequências dela decorrentes;

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b) Prorrogar a medida aplicada por um período até um sexto da sua duração, nunca excedendo o limite máximo legal de duração previsto, no caso do adolescente não cumprir a medida.

CAPÍTULO VIIRegisto de medidas sócios educacionais

SECÇÃO IDo registo

Artigo 215ºRegisto e estatística

1 – Estão sujeitas a registo as decisões judiciais que apliquem, revejam ou que declarem a cessação ou extinção de medidas sócio educacionais.2 – O registo de medidas sócio educacionais tem por finalidade a recolha, o tratamento e a conservação das decisões judiciais de forma a possibilitar o conhecimento das decisões proferidas.3 – As medidas sócio educacionais aplicadas são anotadas em mapas de estatísticas para encaminhamento ao Centro de Coordenação do Sistema de Justiça Juvenil.4 – O Centro de Coordenação do Sistema de Justiça Juvenil mantém um ficheiro central com cópias dos mapas de medidas sócio educacionais e cada instância mantém seu ficheiro de decisões.5 – O registo de medidas sócio educacionais deve processar-se no estrito respeito pelos princípios da legalidade, da autenticidade, da veracidade, da univocidade e da segurança.

Artigo 216ºAcesso à informação no registo

Estão autorizados a aceder aos dados contidos no registo de medidas sócios educacionais exclusivamente:

a) O titular dos dados e o seu defensor;b) Os pais do adolescente e o seu representante legal, até o adolescente completar 18

anos;c) Os magistrados judiciais e do Ministério Público para a instrução de outro processo

penal juvenil;d) A Equipa Técnica para elaboração de Plano de protecção do adolescente;e) As entidades autorizadas pelo Ministério da Justiça para a prossecução de fins de

investigação científica ou estatísticos.

TITULO IVO ADULTO NO SISTEMA DE JUSTIÇA JUVENIL

CAPÍTULO IJovem Adulto

Artigo 217ºMedida de Acompanhamento

A pessoa maior de 18 anos e menor de 21 anos, a quem se atribui a prática de facto descrito na lei como crime, pode ser-lha aplicada, ao abrigo da presente lei, uma Medida de Acompanhamento a partir da abertura do Inquérito até o cumprimento da execução da pena.

Artigo 218ºDefinição da Medida de Acompanhamento

A Medida de Acompanhamento consiste na elaboração, com o jovem adulto e a Equipe Técnica, de um Plano de Acompanhamento, com ênfase na sua vida futura, na escolha do seu trabalho futuro, promovendo a sua capacidade de escolha com base nos valores do respeito pela vida em sociedade.

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Artigo 219ºJovem Adulto na área Penal

1 – O Ministério Público, quando abre o Inquérito para investigar crime cuja prática é atribuída a pessoa maior de 18 anos e menor de 21 anos, pode encaminhar o jovem adulto para a Equipa Técnica.2 – O Defensor Público ou o Advogado podem requerer, a qualquer tempo, a Medida de Acompanhamento para que o arguido seja atendido e acompanhado pela Equipa Técnica

Artigo 220ºDeterminação Judicial

A Equipa Técnica assume, quando determinado pelo Juiz que julga o processo criminal, o atendimento do jovem adulto na elaboração do seu Plano de Acompanhamento, encaminhando ao Juiz relatório mensal.

Artigo 221ºJovem adulto privado de liberdade

Estando o jovem adulto em prisão preventiva ou em cumprimento de pena, a Equipa Técnica responsável pelo seu Plano é aquela do Distrito no qual se encontra o estabelecimento prisional.

Artigo 222ºMedida para o Jovem Adulto

1 – O Tribunal determina a participação da Equipa Técnica para o Plano de Acompanhamento do jovem adulto quando da recepção de requerimento do Ministério Público ou de outro Tribunal, nos termos da presente lei.2 – O Tribunal recebe da Equipa Técnica os Relatórios relativos ao jovem adulto e determina que sigam para o respectivo processo criminal, com vistas ao Defensor Público ou ao Advogado e ao Ministério Público.

TITULO VDisposições Transitórias

Artigo 223ºCentro de Coordenação do Sistema Justiça Juvenil

Enquanto não estiver estruturado o Centro de Coordenação do Sistema Justiça Juvenil, o Ministério da Justiça:a) Determina uma Direcção Nacional para assumir as responsabilidades na área da

Justiça de Juvenil;b) Elabora um Regimento provisório para a Unidade Sócio Educacional;c) Estabelece os convénios necessários para concretização da presente lei.

Artigo 224ºEquipa Técnica

Enquanto não estiverem instaladas as Equipas Técnicas pelo Centro de Coordenação do Sistema de Justiça Juvenil, o Ministério da Justiça define os profissionais para elaborar os Planos de Protecção junto das crianças e dos adolescentes e junto dos jovens adultos.

Artigo 225ºInstância especial

Enquanto não for criada instância especial com competência jurisdicional no âmbito do Sistema de Justiça Juvenil, o tribunal distrital é o tribunal competente para o Processo Sócio Educacional e o Processo Penal Juvenil.

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Artigo 226ºFormulários

Os modelos de Formulário para Acordo Comunitário, Acta de Acordo do Painel de Mediação, documentos de notificação e de Termo de Autorização de Medida de Protecção são aprovados por diploma ministerial do Ministério da Justiça.

PROJECTO JUSTIÇA JUVENIL

TÍTULO I Disposições gerais do Sistema Justiça JuvenilCAPÍTULO I Princípios e definiçõesArtigo 1º Do objecto da leiArtigo 2º Dos PrincípiosArtigo 3º Princípio do Interesse Superior da Criança e do AdolescenteArtigo 4º Princípio do Direito à Presença da FamíliaArtigo 5º Princípio do Direito à Instância EspecializadaCAPÍTULO II Das DefiniçõesArtigo 6º DefiniçãoArtigo 7º AplicaçãoArtigo 8º Inimputabilidade da criançaArtigo 9º Imputabilidade do adolescenteArtigo 10º Jovem AdultoArtigo 11º Processo Penal Juvenil EspecialArtigo 12º Direito subsidiárioCAPÍTULO III Sistema de Justiça JuvenilSecção I EstruturaArtigo 13º Definição do SistemaArtigo 14º Elementos estruturantes do Sistema Justiça JuvenilArtigo 15ºAgentes do Sistema Justiça JuvenilSecção II Das Dimensões do Sistema Justiça JuvenilArtigo 16º Dimensões do Sistema Justiça JuvenilSubsecção I Da Dimensão PreventivaArtigo 17º FundamentoArtigo 18º ObjectivosSubsecção II Da Dimensão Sócio EducacionalArtigo 19º FundamentoArtigo 20º ObjectivoSubsecção III Da Dimensão RestaurativaArtigo 21º FundamentoArtigo 22º ObjectivoCAPÍTULO IV Da Protecção e da ResponsabilidadeArtigo 23º Da responsabilidade conjuntaArtigo 24º Da responsabilidade da famíliaArtigo 25º Da responsabilidade da escolaArtigo 26º Da responsabilidade comumArtigo 27º Da responsabilidade do EstadoArtigo 28º Medidas de ProtecçãoCapitulo V Coordenação do Sistema de Justiça Juvenil e Equipa técnicaArtigo 29º Da criação do Centro de CoordenaçãoArtigo 30º Da actuação conjuntaArtigo 31º Das atribuições específicasArtigo 32º Definição da Equipa Técnica

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Artigo 33º Relatórios TécnicosArtigo 34º Participação no Painel de MediaçãoArtigo 35º Competência territorialArtigo 36º Atribuições junto à criança em conflito com a leiArtigo 37º Atribuições na protecção ao adolescente em conflito com a leiArtigo 38º Actividades integradasArtigo 39º Encaminhamento da Criança em Conflito com a leiArtigo 40º Medida de Protecção a Criança em conflito com a leiTÍTULO II A CRIANÇA NO SISTEMA DE JUSTIÇA JUVENILCAPÍTULO I Medidas de Protecção para a criançaArtigo 41º Plano de Protecção da CriançaArtigo 42º Conteúdo do Plano de Protecção Artigo 43º Duração do Plano de Protecção Artigo 44º Redacção do Plano de Protecção da CriançaArtigo 45º Relatório da Equipa TécnicaArtigo 46º Presença de DefensorCAPÍTULO II DO PROCESSO SÓCIO-EDUCACIONAL DA CRIANÇASECÇAO I Aplicação de Medida de ProteçãoArtigo 47º Da PolíciaArtigo 48º Termo de Apresentação da Criança surpreendida em flagranteArtigo 49º Termo de Autorização Artigo 50º Cumprimento da medida de protecçãoArtigo 51º Não cumprimento da medida de protecçãoArtigo 52º Do Uso de Substância IlegalArtigo 53º Do Estado de Saúde da Criança em conflito com a leiArtigo 54º Da apreensão de armaArtigo 55º Da proibição de Restrição de Liberdade da CriançaArtigo 56º Entrega de Criança à FamíliaArtigo 57º Ofensa graveSECÇÃO II Da fase judicial do processo sócio-educacionalArtigo 58º NaturezaArtigo 59º Medida sócio educacional para a criançaArtigo 60º Recebimento do processo sócio-educacionalArtigo 61º Meios de ProvaArtigo 62º Despacho preliminarArtigo 63º ArquivamentoArtigo 64º Designação da audiência Artigo 65º NotificaçõesArtigo 66º Exclusão da publicidadeArtigo 67º Participação na audiência Artigo 68º Protecção mediante assistênciaArtigo 69º Ausência da criançaArtigo 70º Mandado de comparênciaArtigo 71º Formalidades da audiência Artigo 72º Das ProvasArtigo 73º Declarações e inquiriçõesArtigo 74º DocumentaçãoArtigo 75º AlegaçõesArtigo 76º DecisãoArtigo 77º Nulidade da decisãoArtigo 78º Leitura da decisãoArtigo 79º Admissibilidade do recursoArtigo 80º Prazo de interposição do recursoArtigo 81º LegitimidadeArtigo 82º Âmbito do recursoArtigo 83º Efeito do recursoArtigo 84º ConferênciaArtigo 85º Execução, revisão e registo da medida sócio-educacionalTÍTULO III ADOLESCENTE NO SISTEMA DE JUSTIÇA JUVENILCapítulo I Medidas Protecção do AdolescenteArtigo 86º Termo de Autorização para Medida de Protecção ao adolescenteArtigo 87º Plano de Protecção do AdolescenteArtigo 88º Conteúdo do Plano de Protecção Artigo 89º Duração do Plano de Protecção do AdolescenteArtigo 90º Redacção do Plano de Protecção Artigo 91º Presença do DefensorArtigo 92º Relatório da Equipa Técnica

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Artigo 93º Determinação JudicialArtigo 94º Participação da Equipa TénicaCapítulo II Das medidas sócio educacionaisSECÇÃO I Disposições geraisArtigo 95º FundamentoArtigo 96º Medidas Sócio EducacionaisArtigo 97º Medidas não InstitucionaisArtigo 98º Medida InstitucionalArtigo 99º Execução da medida sócio educacionalArtigo 100º Execução concomitante da medida de protecçãoArtigo 101º Substituição da pena por medida sócio educacionalArtigo 102º Critério para escolha da medida sócio educacionalArtigo 103º Duração da medida sócio educacionalArtigo 104º Concurso de medidas sócio educacionaisArtigo 105º Substituição de medidas sócio educacionaisArtigo 106º Limite ao cumprimento sucessivo de medidasSECÇÃO II Conteúdo das medidasArtigo 107º AdmoestaçãoArtigo 108º Privação do direito de conduzirArtigo 109º Reparação à vítimaArtigo 110º Prestações económicas ou tarefas a favor da comunidadeArtigo 111º Imposição de obrigaçõesArtigo 112.º Participação em programas formativoArtigo 113º A liberdade assistidaArtigo 114º O semi-internamento em unidade residencial comunitáriaArtigo 115º InternamentoArtigo 116º Duração da medida de internamentoArtigo 117º Não cumulaçãoArtigo 118º Prestações económicas ou tarefas a favor da comunidadeArtigo 119º Imposição de obrigações e frequência de programas formativosArtigo 120º Participação da comunidade na execução das medidasArtigo 121º Execução cumulativa de medida e penaCAPÍTULO III Medidas cautelaresArtigo 122º Adequação e proporcionalidadeArtigo 123º TipicidadeArtigo 124º PressupostosArtigo 125º FormalidadesArtigo 126º DuraçãoArtigo 127º Revisão Artigo 128º Cessação de Medida CautelarArtigo 129º Pedido de informaçãoArtigo 130º ExtinçãoCAPÍTULO IV Da Mediação no Sistema de Justiça JuvenilSECÇÃO I Disposições GeraisArtigo 131º FundamentoArtigo 132º Formas de MediaçãoArtigo 133º Elementos préviosArtigo 134º Condições para mediaçãoArtigo 135º Direito de EscolhaSECÇÃO II Prática Tradicional Comunitária de MediaçãoArtigo 136º DefiniçãoArtigo 137º ObjectivoArtigo 138º Requisito EssencialArtigo 139º Integrantes da Prática Tradicional Comunitária de MediaçãoArtigo 140º AcordoArtigo 141º Respeito ao Adolescente em Conflito com a leiArtigo 142º Respeito à VitimaArtigo 143º Definição de Documento ComunitárioArtigo 144º Elementos do Documento ComunitárioArtigo 145º Leitura e Assinatura do Documento ComunitárioArtigo 146º Distribuição do DocumentoArtigo 147º Entrega do Documento ComunitárioArtigo 148º Recepção do Acordo no Ministério PúblicoArtigo 149º Homologação do Acordo do Documento ComunitárioSECÇÃO IV Painel de MediaçãoArtigo 150º ObjectivoArtigo 151º Composição do Painel de Mediação

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Artigo 152º Realização do Painel de MediaçãoArtigo 153º AcordoArtigo 154º Homologação do Acordo do Painel de MediaçãoArtigo 155º Inexistência de AcordoCAPÍTULO V Do processo penal juvenilSECÇÃO I Dos Princípios e GarantiasArtigo 156º Dos PrincípiosArtigo 157º Do Direito a profissionais com formação especialArtigo 158º Da Oportunidade e da Intervenção MínimaArtigo 159º Do Direito a cumprir a medida no próprio distritoArtigo 160º Da Brevidade da Apuração do Crime Artigo 161º Da Protecção à Privacidade e publicidade restrita da audiênciaArtigo 162º Do Direito a medida alternativa Artigo 163º Direito aplicávelSECÇÃO II Direitos e deveres do adolescenteArtigo 164º Direitos do AdolescenteArtigo 165º DefensorArtigo 166º Constituição do arguido adolescenteArtigo 167º Interrogatório do adolescenteArtigo 168º NotificaçõesArtigo 169º Deslocação de adolescenteArtigo 170º Restrição da publicidadeArtigo 171º Celeridade ProcessualSECÇÃO III Identificação e detenção Artigo 172º FormalidadesArtigo 173º Pressupostos da DetençãoArtigo 174º Detenção em flagrante delitoArtigo 175º Comunicação aos paisSECÇÃO IV Das ProvasArtigo 176º Declarações e inquiriçõesArtigo 177º Convocação de adolescentesArtigo 178º Exames e períciasArtigo 179º Informação da Equipa TécnicaSECÇÃO V InquéritoArtigo 180º AberturaArtigo 181º Termo de Autorização de Medida de ProtecçãoArtigo 182º Atendimento da Equipa TécnicaArtigo 183º Comunicação do Ministério Público sobre MediaçãoArtigo 184º Direcção, objecto e prazoArtigo 185º Audição do adolescenteArtigo 186º Celeridade processualArtigo 187º ArquivamentoArtigo 188º Prosseguimento por DeterminaçãoArtigo 189º Requerimento para abertura da fase audiênciaArtigo 190º Requisitos da AcusaçãoSECÇÃO VI Da Fase de JulgamentoArtigo 191º NaturezaArtigo 192º Homologação do Plano de ProtecçãoArtigo 193º Autorização da publicidadeArtigo 194º Protecção do AdolescenteArtigo 195º Protecção mediante assistênciaArtigo 196º Participação na audiênciaArtigo 197º Mandado de DetençãoArtigo 198º Das ProvasArtigo 199º Leitura de autos em audiênciaSECÇÃO VII Da execução das medidasSUBSECÇÃO I Princípios geraisArtigo 200º Exequibilidade das decisõesArtigo 201º Execução das medidas sócios educacionaisArtigo 202º Entidades que acompanham as medidas sócio educacionaisArtigo 203º Dever de informaçãoArtigo 204º Pasta individual do adolescente em medida sócio educacionalArtigo 205º Execução sucessiva de medidas sócios educacionaisArtigo 206º Extinção das medidas sócios educacionaisSUBSECÇÃO II Execução das medidas não institucionaisArtigo 207º ExecuçãoSUBSECÇÃO III Internamento em unidade sócio educacional

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Artigo 208º Unidade Sócio EducacionalArtigo 209º Acordos de cooperaçãoArtigo 210º Fiscalização da unidadeSUBSECÇÃO IV Revisão das medidas sócios educacionaisArtigo 211º PressupostosArtigo 212º Revisão das medidas sócio educacionaisArtigo 213º Revisão das medidas sócio educacionais não institucionaisArtigo 214º Revisão da medida de internamentoCAPÍTULO VII Registo de medidas sócio educacionais SECÇÃO I Do registoArtigo 215º Registo e estatísticaArtigo 216º Acesso à informação no registoTITULO IV O ADULTO NO SISTEMA DE JUSTIÇA JUVENILCAPÍTULO I Jovem AdultoArtigo 217º Medida de AcompanhamentoArtigo 218º Definição da Medida de AcompanhamentoArtigo 219º Jovem Adulto na área PenalArtigo 220º Determinação JudicialArtigo 221º Jovem adulto privado de liberdadeArtigo 222º Medida para o Jovem AdultoTITULO V Disposições TransitóriasArtigo 223º Centro de Coordenação do Sistema Justiça JuvenilArtigo 224º Equipa TécnicaArtigo 225º Instância especialArtigo 226º Formulários

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