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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
MUSEOLOGIA
SANDRA MARIA SALDANHA KROETZ
Ensaio acadêmico apresentado para obtenção de
avaliação parcial para a disciplina História da Civilização
Americana, do curso de Museologia da Universidade
Federal da Bahia.
Professor: Cândido Domingues
Salvador
2011
AMÉRICA LATINA COLONIAL – A Espanha e a América nos seculos XVI e XVII1. -
Leslie Bhettel2
Sandra Maria Saldanha Kroetz3
A conquista espanhola data de 1519, quando Henan Cortez conquistou o
império Asteca no México. Em 1531 foi a vez de Francisco Pizarro conquistar o Império
Inca no Peru. O processo de conquista foi extremamente violento, contribuindo para a
dizimação das populações nativas. O uso da violência deu-se pela ânsia da descoberta dos
metais preciosos e da vontade de escravizar os nativos da América.
Após a conquista dos territórios, a Espanha iniciou a organização de seu
imenso império colonial na América, por meio da imposição de estruturas políticas,
econômicas e administrativas que atendessem o seu interesse mercantilista, ou seja, a
acumulação de capitais.
A organização político-administrativa da área colonial foi dividida em quatro
vice-reinados (Nova Espanha, Nova Granada, Peru e Prata) e quatro capitanias gerais
(Cuba, Guatemala, Venezuela e Chile).
O Conselho das Índias foi criado em 1524, por Carlos V, e a ele cabia as
decisões políticas e administrativas em relação às colônias, nomeando Vice-reis e Capitães
gerais, autoridades militares e judicias.
O primeiro Órgão estatal foi a Casa da Contratação, criada em 1503 e
sediada em Sevilha, era encarregada do controle de todo o comércio realizado com as
colônias da América e pela da cobrança dos tributos e o poder era exercido por meio dos
Cabildos ou ayuntamientos, que eram equivalentes às câmaras municipais, formadas por
elementos da elite colonial, subordinados as leis da Espanha, mas com autonomia para
promover a administração local, municipal.
A Casa da Contratação foi responsável pelo estabelecimento do regime de
Porto Único, ou seja, ou seja, toda mercadoria originária das colônias americanas deveriam
desembarcar, obrigatoriamente, em um único porto na metrópole, a princípio Sevilha,
autorizada a realizar o comércio com as colônias, enquanto na América destacou-se o porto
de Havana, com permissão para o comércio metropolitano e anos depois os portos de Vera
Cruz, Porto Belo e Cartagena. Desenvolveu ainda o sistema de frotas anuais (duas); desde
1526 havia a proibição de navegarem os barcos isoladamente
1 ELLIOTT, J. H. “A Espanha e as América nos séculos XVI e XVII”. In: BETHELL, Leslie. História da América Latina: América Latina
Colonial, vol I. São Paulo: Edusp, 2008, pp. 283-338.2 Leslie Bethell, Bacharel em História e PhD em História pela University of London.3 Graduanda do 6º semestre do curso de Museologia da UFBA, turma 2009.
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Foram criados ainda os cargos de Juízes de Residência e de Visitador. O
Primeiro, responsável por apurar irregularidades na gestão de algum funcionário da
metrópole na colônia; o segundo, responsável por fiscalizar um Órgão metropolitano ou
mesmo um Vice reino, normalmente para apurar abusos cometidos.
A administração espanhola era bastante descentralizada e cada unidade
colonial era subordinada diretamente à metrópole.
O objetivo da colonização espanhola era obter, por meio da exploração,
produtos valiosos que pudessem auxiliar os Estados europeus na acumulação de capitais,
ficando a área colonial obrigada a comprar os excedentes produzidos na Europa.
A atividade econômica principal foi a mineração (ouro e prata), sendo que a
grande quantidade de ouro e prata retirada da América e enviada para a Europa,
comprometeu o desenvolvimento industrial da Espanha, gerando uma enorme inflação na
Europa, processo conhecido como a “revolução dos preços”, em virtude da desvalorização
da moeda e pelo aumento geral de preços.
O comércio dos metais preciosos era controlado pela Casa da Contratação,
que adotou o sistema de porto único – todo metal precioso deveria ser enviado para Sevilha.
O trabalho adotado nas minas foi o trabalho compulsório dos indígenas, sob a
forma da encomienda: o colono tinha o direito de explorar o trabalho indígena, sem
remuneração, em troca de sua cristianização. Havia também uma outra forma de exploração
do nativo, exercida pela metrópole, que realizava o recrutamento em massa do indígena,
obrigando-o a realizar obras públicas, era o repartimiento.
Esta exploração era semelhante a Mita, uma forma de trabalho compulsória
que existia na época pré-colombiana, onde o trabalho era temporário (4 meses por ano) e
obrigatório ao índio nas atividades mineradoras, realizado em condições precárias e tinha
características de trabalho forçado, inclusive com salário reduzido.
Na agricultura, o desstaque era o plantation, que eram latifúndios voltados
para o mercado externo do açúcar, tabaco e cacau e as hanciendas, que eram latifúndios
que tinham como objetivo o mercado local e produziam trigo, milho, lã e erva-mate.
A Espanha, nesta época, ainda era um país basicamente feudal. Por isso, o
ouro e prata iam principalmente para o estado e a nobreza, pouco influenciando a
burguesia. Com esta riqueza a Espanha importava manufaturas inglesas ao invés de investir
no seu setor produtivo
A sociedade colonial da América Hispânica estava assim estruturada: os
chapetones, espanhóis que vinham para a colônia e ocupavam os cargos burocráticos e
administrativos; os crillos, constituída por espanhóis nascidos na América - eram os grandes
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proprietários de terras e escravos, formavam a elite econômica, muito embora ficassem
excluídos das funções políticas; os mestiços, resultado da miscigenação do branco com o
índio e os escravos negros.
A viagem de Colombo América em 1492 trouxe à Espanha perspectivas de
enriquecimento, pois acreditava o navegador ter encontrado um novo caminho para as
Índias. Mesmo nas expedições subsequentes, desde o ano seguinte, Colombo manteve a
mesma crença e conforme procurava as riquezas orientais fundou vilas e povoados,
iniciando a ocupação da América.
Na Espanha suspeitava-se que as terras descobertas por Colombo fossem
um obstáculo entre a Europa e as terras do oriente e essa suspeita confirmou-se com a
descoberta de Vasco Nunez Balboa, que chegou ao Pacífico, atravessando por terra a
América Central. Até a década de 20 os espanhóis ainda procuravam uma nova rota par as
Índias, modificando essa política a partir das descobertas de Cortez no México.
O processo de exploração da América colonial foi marcado pela pequena
participação da Coroa, devido a preocupação espanhola com os problemas europeus, o que
fez com que a conquista fosse comandada pela iniciativa particular, mediante o sistema de
capitulações.
As capitulações eram contratos em que a Coroa concedia permissão para
explorar, conquistar e povoar terras, fixando direitos e deveres recíprocos. Surgiram assim
os adelantados, responsáveis pela colonização e que acabaram representando o poder de
fato nas terras colonias, como Cortez e Pizarro que, apesar de incorporarem ao domínio
espanhol grandes quantidades de terra, não conseguiram implementar um sistema eficiente
de exploração, normalmente pela existência de disputas entre os que participavam da
atividade. Por este motivo, à medida que se revelavam as riquezas do Novo Mundo, a Coroa
ia centralizando o processo de colonização, anulando as concessões feitas aos particulares.
Dessa forma, a Espanha esperava poder controlar melhor os seus súditos do
Novo Mundo, porém, as mudanças só causaram problemas: a concentração dos altos
cargos da administração metropolitana nas mãos de espanhóis (chapetones) e a crescente
fiscalização das atividades políticas e econômicas na colônia geraram a insatisfação dos
criollos, americanos descendentes de espanhóis, senhores das terras, da mão de obra, do
comércio e do contrabando americano.
Porém, com o decorrer do tempo foi ocorrendo o declínio: nos primeiros 150
anos da colonização espanhola, a metrópole manteve o controle das colônias, escravizando
os indígenas, promovendo a exploração das riquezas minerais e desenvolvendo centros de
colonização, onde os chapetones eram a classe dominante, o que justifica o
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desenvolvimento de centros urbanos e de vida cultural.
Porém, ocorreu uma inversão dos fatos com o declínio da produção
mineradora, talvez pela diminuição da pressão aos colonos e pelo fortalecimento das elites
agrárias e mercantis.
Foram ocorrendo suscessivas transformações que comprometeram o domínio
da ‘‘grande potência espanhola”:
− A decadência da mineração nas colônias que ocorria desde o século XVII, o que
privou a Espanha de sua principal fonte de riqueza, além de o gastos com as
guerras não permitirrem a acumulação das riquezas;
− A vitória da Inglaterra na Guerra de Sucessão Espanhola, com a ascensão de
Felipe V, um dos Bourbons que abdicou dos direitos que possuía na França;
− O predominio comercial inglês, que teve direito ao asiento – direito de
fornecimento anual de escravos à colônia.) e ao permiso – venda direta de
produtos manufaturados à colônia .
Todas estas mudanças favoreceram a elite espanhola porém
comprometeram o colonianismo, uma vez que deu-se início à ruptura do Pacto Colonial,
onde a partir do século XVII ocorreram inúmeras transformações: com a abolição das frotas
anuais as colônias puderam realizar o comércio entre seus portos, extinguindo o sistema
de Porto Único na metrópole.
A partir daí a Espanha passava a sofrer influências de outros países, mas
queria manter o controle de Felipe V sobre as colônias, além de aumentar o lucro da
burguesia e do Estado; além de a influência inglesa ter criado campo para novas relações
comerciais, indo contra o pacto colonial, propiciando uma mentabilidade mais aberta
influenciada pelo iluminismo, fazendo com que parte da elite se distanciasse da metrópole.
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desenvolvimento de centros urbanos e de vida cultural.
Porém, ocorreu uma inversão dos fatos com o declínio da produção
mineradora, talvez pela diminuição da pressão aos colonos e pelo fortalecimento das elites
agrárias e mercantis.
Foram ocorrendo suscessivas transformações que comprometeram o domínio
da ‘‘grande potência espanhola”:
− A decadência da mineração nas colônias que ocorria desde o século XVII, o que
privou a Espanha de sua principal fonte de riqueza, além de o gastos com as
guerras não permitirrem a acumulação das riquezas;
− A vitória da Inglaterra na Guerra de Sucessão Espanhola, com a ascensão de
Felipe V, um dos Bourbons que abdicou dos direitos que possuía na França;
− O predominio comercial inglês, que teve direito ao asiento – direito de
fornecimento anual de escravos à colônia.) e ao permiso – venda direta de
produtos manufaturados à colônia .
Todas estas mudanças favoreceram a elite espanhola porém
comprometeram o colonianismo, uma vez que deu-se início à ruptura do Pacto Colonial,
onde a partir do século XVII ocorreram inúmeras transformações: com a abolição das frotas
anuais as colônias puderam realizar o comércio entre seus portos, extinguindo o sistema
de Porto Único na metrópole.
A partir daí a Espanha passava a sofrer influências de outros países, mas
queria manter o controle de Felipe V sobre as colônias, além de aumentar o lucro da
burguesia e do Estado; além de a influência inglesa ter criado campo para novas relações
comerciais, indo contra o pacto colonial, propiciando uma mentabilidade mais aberta
influenciada pelo iluminismo, fazendo com que parte da elite se distanciasse da metrópole.
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