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INFORME ECONÔMICO 10 de março de 2017
No Brasil, os dados de inflação e atividade surpreenderam para baixo na margem e, além disso, a
autoridade monetária reafirmou que tanto o ritmo como a duração do ciclo de flexibilização serão
avaliados ao longo do tempo. O presidente do Banco Central, em entrevista à imprensa, realçou que o
grau de afrouxamento pode ser maior ou menor, a depender essencialmente da conjuntura (inflação,
expectativas, atividade e reformas). O andamento das reformas, em especial, é importante na medida
em que impacta a taxa de juros no médio prazo. Além disso, admitiu que o atual processo de
desinflação encontra-se mais difundido e que a perspectiva é de melhora da atividade econômica à
frente, independente dos resultados já observados. Neste sentido, o PIB teve retração de 0,9% no último
trimestre de 2016 frente ao trimestre anterior, abaixo do esperado (-0,5%) e mostrando, pelo lado da
oferta, expansão de 1,0% na agropecuária e quedas de 0,7% e 0,8% na indústria e nos serviços, nesta
ordem. Pela ótica da demanda, os agregados de consumo (-0,6%) e investimento (-1,6%) tiveram
quedas, ao passo que os gastos do governo (+0,1%) ficaram praticamente estáveis. A despeito da
surpresa na margem, a variação interanual do PIB foi de -2,5%, em linha com o projetado e exibindo
quedas generalizadas entre todos os setores pesquisados. Mantemos, desta forma, nossa projeção de
crescimento ao redor de zero (0,2%) para este ano, com a ressalva de que o setor agrícola deve ter
impacto bastante positivo na atividade econômica já a partir do primeiro trimestre. Quanto à inflação
doméstica, o IPCA de fevereiro surpreendeu ao exibir variação de apenas 0,33% no mês, abaixo do
esperado (0,46%) e mostrando comportamento favorável tanto dos preços de alimentos (dentro e fora
do domicílio), como dos indicadores de núcleo e difusão. Reiteramos nossa visão de que o quadro
inflacionário mostra-se benigno tanto no curto como no médio prazo. Projetamos variações de 3,9% e
de 4,3% para o IPCA em 2017 e 2018, nesta ordem. Com isso, avaliamos que a taxa SELIC encerrará o
presente ano em 8,0% ao ano (a.a.).
RESENHA SEMANAL E PERSPECTIVAS
No Brasil, os dados de inflação e atividade surpreenderam para baixo. Nos EUA, a robustez
do mercado de trabalho reforça a perspectiva de normalização dos juros
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INFORME ECONÔMICO 10 de março de 2017
Nos EUA, o ritmo de geração de empregos continuou forte em fevereiro, reforçando a expectativa de
alta de juros na próxima reunião do FED. Segundo os dados do departamento de trabalho, a economia
americana abriu 235 mil vagas em fevereiro, acima das expectativas (200 mil). A criação de vagas foi
disseminada, com destaque para a forte geração de empregos na indústria e na construção civil, que
registraram abertura de 28 mil e 58 mil vagas, respectivamente. A taxa de desemprego, por sua vez,
recuou de 4,8% para 4,7% e essa queda ocorreu a despeito da entrada de 340 mil pessoas no mercado de
trabalho. Nesse ambiente de mercado de trabalho aquecido, os salários subiram 2,8% em termos
nominais, o que recoloca o seu ritmo de alta em patamar próximo ao máximo recente de 2,9% observado
em dezembro. A combinação de mercado de trabalho próximo do pleno emprego e a inflação caminhando
para a meta oficial do FED reforça a nossa expectativa de alta de 25 pontos base (p.b.) da taxa dos FED
funds na reunião da próxima semana.
Na Europa, o banco central reconheceu melhora na perspectiva para a economia regional, indicando
menor ímpeto para medidas adicionais de acomodação. Em linha com o esperado, o Banco Central
Europeu (BCE) manteve suas principais taxas de juros (refinanciamento e depósito) nas respectivas
mínimas históricas, além de confirmar que o atual ritmo de compras de ativos (€80 bi/mês) será reduzido
Fonte: IBGE, BRAM
Fonte: Bloomberg
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INFORME ECONÔMICO 10 de março de 2017
já a partir de abril (para €60 bilhões), permanecendo assim até dezembro (ou além). O presidente da
autoridade monetária, Mario Draghi, enfatizou também que os juros serão mantidos no patamar atual por
um longo período, mesmo após o fim do programa de Quantitative Easing (QE). Ademais, segundo Draghi,
a economia regional se encontra em recuperação cíclica, o que corrobora a expectativa de aceleração
inflacionária. Em termos de projeções, os números divulgados pelo BCE apontam para crescimento de
1,8%, 1,7% e 1,6% no triênio 2017/18/19, juntamente com inflação de 1,1%, 1,5% e 1,8% no mesmo
período. A respeito de indicadores econômicos, o PIB do 4T16 teve expansão de 0,4% na trimestre e de
1,7% interanual, confirmando os números preliminares divulgados anteriormente, com destaque positivo
para a aceleração dos agregados de investimento e consumo na margem. Com isso, o PIB do ano passado
teve variação de 1,7%. Julgamos que a economia deve continuar em trajetória positiva nos próximos
trimestres, conforme sugerido pelos indicadores antecedentes. Para 2017 como um todo, projetamos 1,6%
para o PIB da Zona do Euro.
Na China, as metas econômicas para 2017 foram oficializadas e os dados divulgados (exportações,
inflação e crédito) exibiram todos moderação na margem. O primeiro-ministro, Li Keqiang, em cerimônia
oficial, ratificou as principais metas para a economia do país neste ano. Destaque para a ligeira redução do
alvo para o PIB oficial, que passou de 6,5% / 7,0% (2016) para ao redor de 6,5%, juntamente com as metas
para o crescimento dos agregados de moeda (M2) e de crédito, ambos reduzidos de 13% para 12%, em
bases anuais. O resultado orçamentário, por sua vez, foi mantido em -3,0% do PIB. Quanto aos dados de
inflação, o CPI cedeu para 0,8% em fevereiro (consenso: 1,7%), em função principalmente da queda dos
preços de alimentos — favorecida pelas condições climáticas —, ao passo que os demais núcleos exibiram
todos modesta desaceleração. Por outro lado, a inflação no atacado (PPI) acelerou para 7,8%, influenciada
pelo comportamento altista das matérias primas industriais. Este ímpeto altista, em nossa avaliação,
perderá fôlego na segunda metade do ano, tal como sugerido pelos indicadores antecedentes do PMI. Com
isso, nossa expectativa é que a inflação atacadista encerre 2017 ao redor de 6,0%, colaborando para
manter o CPI em 2,3% (abaixo da meta oficial de 3,0%). A balança comercial, por sua vez, teve déficit de
US$ 9,1 bilhões em fevereiro, decorrente de queda abrupta (-1,3%) das exportações acompanhada por
expansão de 38,1% nas importações, ambos os dados afetados pelo feriado (móvel) do ano novo lunar. Por
Fonte: Markit, BRAM
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fim, os dados de crédito no país asiático exibiram alguma moderação em fevereiro, tanto os empréstimos
formais como os informais (shadow). A medida mais ampla de financiamento social total (TSF) alcançou
RMB 1,15 trilhão no mês, abaixo do esperado (RMB 1,45 trilhão) e implicando em queda de 1,0% na
margem após ajuste sazonal. Este indicador na margem, por sua vez, sugere que o ritmo dos investimentos
(residenciais principalmente) deve se reduzir nos próximos meses.
A respeito da agenda da próxima semana, ressaltamos a decisão de política monetária do FED, que deve
implicar em nova alta da taxa básica de juros norte americana. Ainda nos EUA, destaque também para os
números de inflação em fevereiro (CPI e PPI), além das vendas varejistas e produção manufatureira no
mesmo mês. Já na Europa, teremos os dados de produção industrial (janeiro), CPI (fevereiro) e expectativas
econômicas ZEW (março), além da decisão do Bank of England (BoE). Quanto à China, serão publicados os
indicadores de atividade (varejo, investimentos e indústria) — todos referentes a fevereiro.
Fonte: CEIC, Bloomberg, BRAM
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INFORME ECONÔMICO 10 de março de 2017
CALENDÁRIO E PROJEÇÕES
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INFORME ECONÔMICO 10 de março de 2017
Tel.: 3847-9171 [email protected]
As opiniões, estimativas e previsões apresentadas neste relatório constituem o nosso julgamento e estão sujeitas a mu-
danças sem aviso prévio, assim como as perspectivas para os mercados financeiros, que são baseadas nas condições
atuais de mercado. Acreditamos que as informações apresentadas aqui são confiáveis, mas não garantimos a sua exati-
dão e informamos que podem estar apresentadas de maneira resumida. Este material não tem intenção de ser uma ofer-ta ou solicitação de compra ou venda de qualquer instrumento financeiro. BRAM - Bradesco Asset Management é a em-
presa responsável pela atividade de administração de recursos de terceiros do Banco Bradesco S.A. BRAM - Bradesco Asset Management -
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Material produzido em 10/03/2017 às 11h30
Outras edições estão disponíveis no Site: www.bradescoasset.com.br,
MARCELO CIRNE DE TOLEDO
Economista Chefe [email protected]
ANA PAULA DE ALMEIDA ALVES
DANIEL XAVIER FRANCISCO [email protected]
DANILO OLIVEIRA IMBIMBO
HUGO RIBAS DA COSTA [email protected]
JOSE LUCIANO DA SILVA COSTA [email protected]
MARIANNE KOMORI GEHRINGER
THIAGO NEVES PEREIRA [email protected]