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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL – atualizado em 10-03-2013
DIREITO ELEITORAL
1.1. Considerações iniciais acerca do Direito Eleitoral
De acordo com Marcos Ramayana (2009, p. 5) o Direito Eleitoral pode ser
conceituado como
[...] um conjunto de normas jurídicas que regulam as capacidades de votar e
ser votado, o processo de alistamento, no registro de candidaturas, a
propaganda política eleitoral, votação, apuração, proclamação dos eleitos,
prestação de contas de campanhas eleitorais e diplomação, bem como as
formas de acesso aos mandatos eletivos através dos sistemas eleitorais.
Como percebemos, o Direito Eleitoral regula todos os procedimentos
atinentes à ocorrência das eleições, ou seja, tanto a capacidade ativa
(direito de votar), como a capacidade passiva (direito de ser votado),
passando por todos os trâmites garantidores dessa capacidade passiva.
Outros autores também conceituam o Direito Eleitoral. Vamos conhecer outros
conceitos. Para Joel J. Cândido (2007, p. 25), o Direito Eleitoral é
[...] é o ramo do Direito Público que trata de institutos relacionados com
os direitos políticos e das eleições, em todas as suas fases, como forma de
escolha dos titulares dos mandatos eletivos e das instituições do Estado.
Ainda sobre o tema, Marcus Vinícius Furtado Coelho (2008, p. 67), leciona
que constitui objetivo do Direito Eleitoral
[...] assegurar e implementar um processo que respeite as normas, destinado
a garantir a soberana e livre manifestação da vontade popular na escolha
dos representantes que irão, em nome do povo, exercer o poder político nas
esferas legislativas e executivas.
Em outras palavras, visa [a] ordenar um devido processo legal capaz de
legitimar, através de eleições livres, a escolha das pessoas a quem o povo
outorga mandatos, cumprindo o art. 1º da Constituição Federal que
estabelece a democracia representativa no estado de direito como o regime
político da nação.
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O Direito Eleitoral viabiliza a concretização do processo democrático
conforme estabelece a Constituição da República Federativa do Brasil. Na
sequencia, veremos quais são as fontes do Direito Eleitoral.
1.2 Fontes do Direito Eleitoral
O significado de fonte em sentido lato pode ser compreendido como nascente,
fonte de água, ou ainda como o local de onde provém algo.
Aplicando essa metáfora ao Direito, teremos o significado de fonte como o
lugar de onde Direito se origina, ou ainda, de onde ele nasce.
O Direito Eleitoral, tal qual os demais ramos do Direito, para fins
didáticos, tem fontes específicas. Essas fontes podem ser classificadas, de
acordo com Queiroz (2006, p. 35-38), em fontes principais, próprias e
subsidiárias. Passemos, pois, ao seu estudo conforme o quadro 1.
Quadro 1 - Fontes do Direito Eleitoral
FONTE PRINCIPAL
a) Constituição Federal: Lei Fundamental. A Constituição
estabelece as diretrizes gerais do Direito Eleitoral
(direitos políticos e organização da Justiça Eleitoral).
b) Leis Complementares: regulamentam as normas
constitucionais que demandam essa regulamentação;
(necessidade deve vir expressa na norma constitucional).
Ex. 1 - LC 64/90 (disciplina a questão da inelegibilidade
em sentido material e processual). Ex. 2 - O Código
Eleitoral (Lei 4.737/65) que é uma lei híbrida (as
disposições sobre a organização e competência da Justiça
Eleitoral possuem status de lei complementar, e as demais
normas têm status de lei ordinária).
a) Código Eleitoral: como visto, o Código Eleitoral tem
status de Lei Complementar apenas quanto às normas de
organização e competência da Justiça Eleitoral. Os demais
assuntos têm status de Lei Ordinária (capacidade ativa e
passiva, do alistamento eleitoral, votação, apuração,
entre outros).
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FONTES PRÓPRIAS
b) Lei dos Partidos Políticos: regula o funcionamento dos
partidos políticos (art. 17 da CF/88), estabelecendo
normas de criação, fusão, extinção e regras para filiação
e desfiliação dos partidos.
c) Leis Eleitorais transitórias: elaboradas para
disciplinar uma eleição em particular. Ex.: Lei 8.214/91 -
regulamentou as eleições de 1992; a Lei 8.713/93 -
regulamentou as eleições de 1994; a Lei 9.100/95 –
regulamentou as eleições de 1996; e a atual Lei Eleitoral,
Lei n° 9.504/97, que foi editada para regulamentar as
eleições de 1998, mas acabou regulamentando, também, uma
vez que continua em vigor, as eleições seguintes,
ressalvando-se que revogou o Código Eleitoral, apenas
naquilo em que forem conflitantes.
FONTES
SUBSIDIÁRI
AS
a) Leis em geral: funcionam como fontes subsidiárias,
complementando as fontes primárias. Ex. o Código Penal
(conceitos como imputabilidade e punibilidade) e o Código
Civil (conceito de capacidade, maioridade e
responsabilidade). São ainda considerados, como fonte
subsidiária, o Código de Processo Penal e o Código de
Processo Civil.
b) Resoluções dos Tribunais Eleitorais: importante fonte
do Direito Eleitoral, pois em sua maioria são emanadas do
TSE, especialmente para regulamentar eleições e
disciplinar temas específicos do pleito.
c) Estatutos dos partidos: regem os seus respectivos
partidos, especialmente nas questões relativas à
composição de seus órgãos, os critérios de escolha dos
candidatos aos cargos eletivos, a filiação partidária,
entre outros.
4
Como você pode perceber, as fontes do Direito Eleitoral têm suas
características específicas, com o que se destaca o estabelecimento das
normas gerais na Constituição Federal, a necessidade de Lei Complementar
nos casos expressos na Constituição e o caso específico do Código Eleitoral
que tem natureza híbrida. Fontes próprias são caracterizadas por leis de
caráter transitório (regulam especificamente uma eleição), além de lei de
partidos políticos e do próprio Código, naquilo que se tratar de lei
ordinária.
Além dessas, destacam-se as Resoluções editadas pelo TSE, as leis em geral
e os estatutos dos partidos, constituindo o que a doutrina nominou de fonte
subsidiária. Depois de analisarmos as fontes do Direito Eleitoral,
examinaremos seus princípios.
1.3 Princípios do Direito Eleitoral
Você estudou acerca dos princípios no ordenamento jurídico brasileiro e,
portanto, sabe serem os mesmos uma das fontes do Direito que mais suscitam
discussões. Há autores que nem mesmo os consideram como tal. Inegável,
porém que a doutrina mais moderna empresta-lhes um status de norma jurídica
com características próprias, distinta da das regras. Celso Antonio
Bandeira de Mello citado por Coelho (2008, p. 83), assim, leciona sobre os
princípios
Mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição
fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito
e servindo de critério para a sua exata compreensão e inteligência,
exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no
que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico.
Os princípios específicos do Direito Eleitoral, como os demais princípios
jurídicos, além de nortearem a disciplina, emprestam-lhe força normativa.
E, de acordo com Coelho (2008, p. 83), os princípios eleitorais encontram-
se dispostos “na Constituição Federal, Código Eleitoral, Leis Eleitorais e
Resoluções do TSE”, entre os quais podemos destacar:
[...] o princípio do aproveitamento do voto, da celeridade, isonomia, da
devolutividade dos recursos, preclusão instantânea, anualidade,
5
responsabilidade solidária entre os candidatos e partidos políticos,
irrecorribilidade das decisões do Tribunal Superior Eleitoral.
Lembrando que o autor aponta alguns dos princípios reconhecidos pela
doutrina e que você poderá encontrar diversa nomenclatura e rol para
designar esses e outros princípios que deixamos de mencionar neste
capítulo, pois serão tratados em capítulo específico. Nos próximos,
analisaremos os princípios do Direito Eleitoral.
1.3.1 Princípio da celeridade
Conforme Coelho (2008, p. 84), no Direito Eleitoral, a celeridade é a
tônica, visto que tanto o processo eleitoral, como o pleito eleitoral
propriamente dito, têm períodos limitados. Assim, a Justiça Eleitoral
carece de maior celeridade. Leciona ainda que: a celeridade é
característica intrínseca ao processo eleitoral. O início e o término pré-
estabelecidos do processo impõem que as decisões eleitorais sejam
imediatas, evitando-se que se estendam para após as diplomações, que
constituem a sua última fase. (COELHO, 2008, p. 84) Inúmeros fatores
demonstram a especificidade da Justiça Eleitoral quanto ao princípio da
celeridade. É o que apresentamos no quadro 2.
Quadro 2 - Princípio da celeridade
Três dias para interposição de recursos ([Art. 258, CE]; e alguns em 24
horas [Art. 58, § 5º da Lei 9504/97].
24 horas para a Justiça Eleitoral proferir decisões nos processos e
direito de resposta [Art. 58, § 6º da Lei n. 9504/97].
Execução imediata das decisões, que poderá ser feita por ofício,
telegrama ou cópia de acórdão [Art. 257, parágrafo único, do CE].
Prioridade para os feitos eleitorais, no período do registro das
candidaturas até cinco dias após as eleições, ressalvados apenas os
habeas corpus e mandado de segurança [Art. 94 da Lei n. 9504/97].
Prazo de 48 horas para apresentação de defesa [representação do Art. 96
da Lei n. 9504/97].
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Continuidade dos prazos relacionados à impugnação do registro de
candidatura que não se suspendem aos sábados, domingos e feriados [Art.
16 da LC 64/90].
- Como demonstrado no quadro 2, a celeridade é fundamental para uma
prestação jurisdicional adequada. Os prazos para defesa, recurso e
impugnações são diferenciados tanto no quantitativo dos dias, como na forma
de contagem do prazo.
1.3.2 Princípio da Isonomia ou princípio da lisura das eleições
A isonomia é direito fundamental assegurado na Constituição Federal de
1988. Reforçando essa ideia, Coelho (2008, p. 84-85) assim dispõe sobre
esse princípio:
O regime democrático permite que quaisquer cidadãos no gozo de seus
direitos políticos, que preencham as condições de elegibilidade e que não
estejam limitados por alguma causa de inelegibilidade, disputem, em
igualdade de condições, os cargos eletivos que os conduzirão ao mandato
parlamentar ou executivo. Essa disputa, porém, deve ser pautada pela
igualdade de oportunidades e pela lisura dos meios empregados nas campanhas
sem privilégios em favor de determinada candidatura.
O princípio da isonomia, como qualquer outro direito fundamental, não é
absoluto, encontra limites impostos pela própria Constituição que
estabelece regras, por exemplo, quanto à idade mínima para candidatar-se a
determinados cargos ou ainda ao estabelecer que alguns cargos só podem ser
ocupados por brasileiros natos.
O que se quer resguardar com esse princípio é a lisura dos processos, bem
como a igualdade nas oportunidades, evitando que haja distinções em
prejuízo de um ou de outro candidato nas campanhas eleitorais.
Conforme Coelho (2008, p. 85), esse princípio aplica-se a todos os
envolvidos no processo eleitoral, como “Ministério Público, partidos, meios
de comunicação, candidatos e eleitores, a fim de que as regras sejam iguais
para todos”.
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O exemplo de como o legislador preocupou-se com a concretização do
princípio da igualdade está nos dispositivos a seguir mencionados.
Artigo 14, § 9º da CF/88
Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos
de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade
para o exercício do mandato, considerada a vida pregressa do candidato, e a
normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder
econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na
administração direta ou indireta.
Art. 23 da LC 64/90
O Tribunal formará sua convicção pela livre apreciação dos fatos públicos e
notórios, dos indícios e presunções e prova produzida, atentando para
circunstâncias ou fatos, ainda que não indicados ou alegados pelas partes,
mas que preservem o interesse público de lisura eleitoral.
Essa preocupação do legislador constitucional e infraconstitucional
encontra-se em consonância com a proteção que se quis reservar a esse
princípio.
1.3.3 Princípio da devolutividade dos recursos
Como regra, e em respeito ao princípio da celeridade, os recursos no
Direito Eleitoral têm apenas efeito devolutivo. De acordo com Coelho (2008,
p. 86), “a ausência de efeito suspensivo ao recurso faz com que a decisão
do juiz automaticamente seja cumprida, independente se a parte recorre ou
não, para que, assim, a celeridade ocorra”. A exceção a essa regra está
contida na própria lei. Como exemplo da mitigação dessa regra, o autor
destaca a Ação de Impugnação de Registro de Candidatura e de Recurso Contra
a Expedição do Diploma (CE Art. 216) e Art. 15 da LC 64/90, segundo a qual,
“transitada em julgado à decisão que declarar a ilegalidade do candidato,
ser-lhe-á negado registro, ou cancelado, se já tiver sido feito, ou
declarado nulo o diploma, se já expedido”.
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1.3.4 Princípio da preclusão
Sobre esse princípio, Coelho (2008, p. 86) leciona que O processo eleitoral
é constituído por uma sucessão de fases bem definidas e sucessivas, tendo
seu início com as convenções partidárias para a escolha dos candidatos e
sua última etapa a diplomação dos candidatos eleitos.
Assim sendo, o princípio da preclusão determina que, encerrada uma fase,
não mais poderão ser impugnados atos relativos às fases anteriores. As
impugnações e nulidades devem ser alegadas imediatamente, sob pena de
preclusão — perda da faculdade de agir.
Você já estudou acerca da preclusão, mas a título de relembrar o que você
estudou, temos que preclusão, de acordo com Fuher e Fuher (2009, p. 82), é
a “proibição de retorno a fases já superadas no processo (Art. 473 do CPC.
Corresponde à perda do direito de praticar determinado ato”.
Como exemplo de preclusão no âmbito do Direito Eleitoral, Coelho (2008, p.
86-87) ressalta que,
No momento da efetivação do voto do eleitor, ocorre a preclusão instantânea
temporal quanto a qualquer impugnação, como expresso no Art.147:
Art. 147, § 1º do CE, pelo qual “a impugnação à identidade do eleitor,
formulada pelos membros da mesa, fiscais delegados, candidato ou qualquer
eleitor, será apresentada verbalmente ou por escrito, antes de ser o mesmo
admitido a votar”.
[...]
Art. 149 do CE: “Não será admitido recurso contra a votação, se não tiver
havido impugnação perante a Mesa Receptora, no ato da votação, contra as
nulidades arguidas”.
O princípio estudado visa a resguardar o direito do cidadão que tenha
realizado o voto, descabendo, a partir desse ato, qualquer alegação sobre a
impugnação dele, que deveria ser oposta em momento oportuno como facultado
pela lei. Ressalta ainda Coelho (2008, p. 87) que a “preclusão não incide
em relação a matérias constitucionais e a erros na intimidade da justiça”.
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1.3.5 Princípio da Anualidade ou Princípio da Anterioridade da Lei
Eleitoral
Para Coelho (2008, p. 87), esse princípio consagra-se na máxima de que “não
se pode mudar as regras do jogo no meio do campeonato, que traduzindo para
seara jurídica eleitoral significa que, não se devem fazer leis casuísticas
para preservar o poder político, econômico ou autoridade”.
O Art. 16 da CF/88 dispõe que “a lei que alterar o processo eleitoral
entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que
ocorra até um ano da data de sua vigência”, com a redação dada pela EC
04/1993.
Como vemos o princípio da anualidade integra os direitos e as garantias
fundamentais assegurados na Constituição Federal de 1988.
Cerqueira citado por Coelho (2008, p. 86) ressalta a distinção entre
eficácia e vigência, que você também já estudou em Introdução do Estudo do
Direito. Segundo ele não se deve:
[...] confundir vigência [aplicação imediata — não incidência da vactio
legis] com eficácia [aplicação um ano após a sua promulgação]. Portanto,
toda lei que alterar o processo eleitoral, tem vigência imediata à data de
sua publicação. Porém terá apenas eficácia imediata [efeitos já aplicados],
se publicada um ano antes da eleição em trâmite e eficácia contida [para
próximas eleições]. Trata-se de eficácia condicionada ao intervalo de um
ano, preservando o princípio da rule of game, para impedir leis
casuísticas, eletistas e frutos de poder econômico ou político.
Como vemos, esse princípio está atrelado ao princípio da rule of game, em
que se impede a mudança das regras durante o jogo, isto é, proíbe-se a
edição de leis casuísticas. Essa proibição não se estende, porém, às leis
de cunho meramente instrumental e que não interfiram nas regras do processo
eleitoral, como as que digam, por exemplo, a respeito do preenchimento de
formulários entre outros.
1.3.6 Princípio da responsabilidade solidária entre candidatos e partidos
Políticos
10
Ao falar da responsabilidade solidária existente entre os candidatos e os
partidos políticos, Coelho (2008, p. 89-90) explica que:
Tanto o candidato (pessoa física) quanto os partidos políticos (pessoas
jurídicas) possuem solidariedade em relação à responsabilidade cível,
administrativa e penal pelos abusos e excessos cometidos por eles durante o
processo eleitoral, isso caracteriza o princípio da responsabilidade
solidária entre candidatos e partidos políticos.
Essa responsabilidade decorre de previsão expressa da Lei e da
jurisprudência como se apresenta no quadro 3.
Quadro 3 - Das responsabilidades do candidato e do partido político
Art. 241 do CE - Toda propaganda eleitoral será realizada sob a
responsabilidade dos partidos ou dos seus candidatos, por eles paga,
imputando-se-lhes solidariedade nos excessos praticados pelos candidatos
e adeptos.
Art. 17 da Lei n. 9.504/97 - As despesas da campanha eleitoral serão
realizadas sob a responsabilidade dos partidos políticos, ou de seus
candidatos, e financiadas na forma dessa Lei.
Art. 38 da Lei n. 9.504/97 - Independe da obtenção de licença municipal e
de autorização da Justiça Eleitoral a veiculação de propaganda eleitoral
pela distribuição de folhetos, volantes e outros impressos, os quais
devem ser editados sob a responsabilidade do partido, coligação ou
candidato.
Jurisprudência TSE - “II - Há solidariedade entre partidos políticos e
seus candidatos no tocante à realização da propaganda eleitoral destes”.
(TSE, Acórdão RESPE 21418, DJ 21/6/2004, p. 89).
Vale ainda ressaltar que também a doutrina aponta na mesma direção
sinalizada pela lei e pela jurisprudência. A única ressalva a se fazer é
quanto à responsabilidade penal que, de acordo com Coelho (2008, p. 90), a
própria Constituição Federal assegura ser pessoal e intransferível. De
forma que, ao prever, a Constituição veda a imposição de “sanção sobre quem
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não possui comprovadamente participação, ainda que omissiva, na
concretização”.
1.3.7 Princípio da irrecorribilidade das decisões do Tribunal Superior
Eleitoral
A irrecorribilidade das decisões do TSE está prevista no Art. 281 do CE,
com a seguinte disposição:
São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior, salvo as que declararem
a invalidade de lei ou ato contrário à Constituição Federal e as
denegatórias de habeas corpus ou mandato de segurança, das quais caberá
recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal, interposto no prazo de 3
(três) dias.
De acordo com Coelho (2008, p. 91), esse princípio está previsto na CF/88,
com certas ressalvas, que são justamente em relação às decisões que
contrariarem a Constituição e as denegatórias de habeas corpus e mandato de
segurança. De modo que, segundo o autor, o STF só é chamado a intervir
nessas hipóteses, o que faz do TSE o órgão de última instância em matéria
eleitoral.
Como exemplo de cases em que o STF foi chamado a intervir o autor aponta: a
verticalização das eleições, a perda de mandato por infidelidade partidária
e a inelegibilidade decorrente da vida pregressa, todos esses motivos são
de conotação constitucional.
Estudamos, no primeiro capítulo, as bases que nos servirão para
aprofundamento de nossos estudos no decorrer dos demais capítulos. Perceba
que iniciamos pelo conceito e pelo objeto do Direito Eleitoral, passando
pelo estudo de suas fontes e, por fim, destacamos os princípios que, além
das fontes normativas, orientam e norteiam a disciplina.
2. DOS PARTIDOS POLÍTICOS:
2.1. Definição:
O partido político, pessoa jurídica de direito privado, destina-se a
assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema
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representativo e a defesa aos direitos fundamentais definidos na
Constituição Federal.
A Lei no 9.096, de 19 de setembro de 1995, determina:
Art. 1º - Partido político, pessoa jurídica de direito privado, destina-se
a assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema
representativo e a defender os direitos fundamentais definidos na
Constituição Federal.
- Autonomia partidária - possui autonomia para estabelecer em seu estatuto,
a sua estrutura interna, organização e funcionamento e é livre para fixar
em seu programa seus objetivos políticos.
A autonomia partidária é assegurada pela Lei no 9.096/95. Institui a
referida lei:
Art. 3º - É assegurada, ao partido político, autonomia para definir sua
estrutura interna, organização e funcionamento.
2.2. São características dos partidos político :
- Âmbito de atuação nacional: assim definido no art. 5º da Lei: “A ação do
partido tem caráter nacional e é exercida de acordo com seu estatuto e
programa, sem subordinação a entidades ou governos estrangeiros”.
- Independente – partido político não se subordina a nenhum órgão ou
entidade pública, ficando limitado seus poderes apenas pela Constituição e
pela lei que os regulamenta.
Também é vedado ao partido político receber recursos financeiros de
entidades ou governo estrangeiro.
- Caráter não militar ou paramilitar: não pode o partido político adotar
organização militar e nem pode possuir um caráter militar ou paramilitar.
Segundo art. 6º, da Lei: “É vedado ao partido político ministrar instrução
militar ou paramilitar, utilizar-se de organização da mesma natureza e
adotar uniforme para seus membros”.
- O conteúdo programático: É a identidade do partido;
13
- Busca pelo poder: Para um partido não basta a influencia no poder, é
necessário a busca pelo poder.
2.3 . Criação de Partidos políticos:
A Constituição de 1988, no art. 17, caput, determina ser livre a criação,
fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, no entanto deve
respeitar os seguintes preceitos: caráter nacional; proibição de
recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou
de subordinação a eles; prestação de contas à Justiça Eleitoral e
funcionamento parlamentar de acordo com a lei.. A Lei no 9.096/95, ao
regulamentar este dispositivo constitucional, estabelece:
Art. 2º: “É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos
políticos cujos programas respeitem a soberania nacional, o regime
democrático, o pluripartidarismo e os direitos fundamentais da pessoa
humana”.
2.3.1 - Resumo para a criação do partido político:
1) Adquirir personalidade jurídica na forma da lei civil – esta aquisição é
feita através do registro do estatuto no Cartório de Registro Civil das
Pessoas Jurídicas, da Capital do Distrito Federal;
2) Após adquirir personalidade jurídica deve registrar o seu estatuto no
Tribunal Superior Eleitoral;
3) Para proceder ao registro no TSE, faz-se primeiro requerimento de
registro que deve ser subscrito pelos fundadores do partido, em número
nunca inferior a cento e um, com domicílio eleitoral em, no mínimo, um
terço dos Estados brasileiros (equivale a 9 Estados), acompanhado dos
documentos exigidos nos incisos I, II e III do art. 8º, da Lei.
4) Registro do estatuto de partido político que tenha caráter nacional:
deve-se buscar o apoio de eleitores correspondentes a pelo menos:
a) ½ por cento dos votos dados na última eleição geral para a Câmara dos
Deputados, não computados os votos em branco e os nulos;
14
b) as assinaturas acima conseguidas (apoio) devem estar distribuídas por um
terço, ou mais, dos Estados, com um mínimo de um décimo por cento do
eleitorado que haja votado em cada um deles.
Ex: Se na última eleição para a Câmara dos Deputados os votos válidos (não
computados brancos e nulos) foram 10.000.000. Meio por cento de tais votos
equivalem a 50.000 assinaturas. Estas devem estar distribuídas pelo menos
por 9 Estados e, em cada Estado, o número de assinaturas não pode ser
inferior a 1/10 por cento do eleitorado.
5) Registrado o estatuto no TSE, o partido adquire o direito de: receber
recursos do Fundo Partidário, ter acesso gratuito ao rádio e à televisão,
participar do processo eleitoral e ter exclusividade quanto ao uso do nome
do partido, sigla e símbolo.
2.4. Bi-partidarismo:
No sistema de bi-partidarismo não é obrigado existir apenas dois partidos,
aqui, o importante é a possibilidade de apenas dois dos partidos
existentes, terem acesso ao poder.
- Não se deve confundir o sistema de partido único com o de partido
hegemônico. Neste último a pesar de apenas um partido dominar o cenário
político, existe, em tese, a possibilidade de alternância no poder.
2.5. Leis de regência:
Os partidos políticos são atualmente regidos pela Constituição Federal art.
17 e pela chamada Lei Orgânica dos Partidos Políticos 9.096/95.
- O partido político tem que ter caráter nacional, não se admitindo
organizações partidárias somente nos Estados e Municípios.
- O partido político adquire a personalidade jurídica nos termos da lei
civil, ou seja, com o registro no cartório das pessoas jurídicas.
- Os partidos políticos, funcionam, nas Casas Legislativas, por intermédio
de uma bancada, que deve constituir suas lideranças de acordo com o
estatuto, as normas legais e o regimento respectivo.
15
- Os partidos não estão sujeitos à tutela da Justiça Eleitoral, em suas
quizilas internas, que deverão resolver no âmbito da Justiça Comum, sendo
importante referir que os partidos regem-se exclusivamente pelo disposto em
seus Estatutos, inclusive quanto à forma de fusão e incorporação.
- Por decisão de seus órgãos nacionais de deliberação, dois ou mais
partidos poderão fundir-se num só ou incorporar-se um ao outro.
§ 2º No caso de incorporação, observada a lei civil, caberá ao partido
incorporando deliberar por maioria absoluta de votos, em seu órgão nacional
de deliberação, sobre a adoção do estatuto e do programa de outra
agremiação.
- No que tange ao cancelamento do partido, este só pode resultar de decisão
judicial, com trânsito em julgado, assegurados o contraditório e a ampla
defesa, e nos moldes do art. 5º, XIX, da CF/88. Têm legitimidade para
propositura do cancelamento do partido o Ministério Público e qualquer
partido político com legítimo funcionamento. O cancelamento do registro
acarreta a perda da personalidade jurídica do partido, razão pela qual ele
deve ser registrado na forma da legislação civil.
- É Livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos
cujos programas respeitem a soberania nacional, o regime democrático, o
pluralismo e os direitos fundamentais da pessoa humana.
- Havendo fusão ou incorporação de partidos após o prazo estipulado no
caput, será considerada, para efeito de filiação partidária, a data de
filiação do candidato ao partido de origem.
- A constituição Federal art. 17, § 1º é assegurada aos partidos políticos
autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento e
para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações
eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em
âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos
estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária.
- A quota eleitoral de gênero estabelece que nas eleições proporcionais
cada partido ou coligação deverá preencher o mínimo de 30% e o máximo de
70% para candidaturas de cada sexo.
16
2.6. Sobre a infidelidade partidária;
A identidade política partidária, o plenário do Tribunal Superior
Eleitoral, por maioria de 6 X 1, respondendo a consulta CTA (1398) do
Partido da Frente Liberal, hoje com o nome de DEM (democratas), decidiu que
os mandatos conquistados pelos deputados federais da eleição de 2006, assim
como todos os eleitos pelo sistema de representação proporcional, no fundo,
pertencem aos respectivos Partidos Políticos e não aos parlamentares.
- Os partidos políticos, dentro da autonomia que possuem, podem estabelecer
normas de fidelidade partidária. A disciplina estatutária relativa à
fidelidade partidária é a que regula as relações entre o partido e o
afiliado.
2.7. Justa causa para desfiliação partidária:
CONSTITUCIONAL. ELEITORAL. FIDELIDADE PARTIDÁRIA. TROCA DE PARTIDO. JUSTA
CAUSA RECONHECIDA. POSTERIOR VACÂNCIA DO CARGO. MORTE DO PARLAMENTAR.
SUCESSÃO. LEGITIMIDADE.
O reconhecimento da justa causa para transferência de partido político
afasta a perda do mandato eletivo por infidelidade partidária. Contudo, ela
não transfere ao novo partido o direito de sucessão à vaga. Segurança
denegada.
- Justa Causa para desfiliação. Art. 1º - O partido político interessado
pode pedir, perante a Justiça Eleitoral, a decretação da perda de cargo
eletivo em decorrência de desfiliação partidária sem justa causa.
§ 1º - Considera-se justa causa:
I) incorporação ou fusão do partido;
II) criação de novo partido;
III) mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário;
IV) grave discriminação pessoal.
- Perda do mandado sem justa causa. É válido salientar que tal matéria,
perda de mandato em virtude de desfiliação partidária sem justa causa, não
17
está elencada nos principais diplomas eleitorais, mas tão somente na
Resolução 22.610/2007 do TSE. No art. 2º desta mesma resolução informa que
o TSE é responsável por processar e julgar os pedidos relativos a mandato
federal sobre perda de mandato em virtude de desfiliação partidária sem
justa causa, Já os demais serão julgados pelo TRE.
2.8. Verticalização:
Ficou decido que os partidos coligados nacionalmente devem manter nos
Estados a mesma coligação e que estão impedidos de se coligar com outros
partidos que não tenham candidato à presidência. Diz-se que os partidos
casados nacionalmente devem repetir o casamento nos Estados, sob pena de
invalidade da coligação. Já os partidos “solteiros”, ou seja, sem
candidatos à presidência da república, podem se unir (coligar) apenas com
outros partidos “solteiros”.
- Por fim, em decisão posterior e complementar ao teor da resposta da
consulta, o Colendo TSE adotou critério mais flexível em posição digna de
louvor de sua Excelência, o Ministro Marco Aurélio, adotando o critério
precedente nas eleições de 2002, permitindo que o partido que não
disputasse a eleição presidencial pudesse celebrar de forma livre as
coligações estaduais. Ainda determinou que as legendas coligadas
nacionalmente poderiam, nos Estados lançar de forma isolada suas próprias
candidaturas estaduais. Dessa forma, os partidos que não estão casados
nacionalmente (coligados) podem, nos Estados, estabelecer suas alianças de
forma livre.
2.9. O processo de cancelamento das atividades de partido político:
É iniciado pelo Tribunal à vista de denúncia de qualquer eleitor, de
representante de partido político, ou de representação do Procurador-geral
eleitoral. De partidos que estejam:
Recebendo recursos financeiros de origem estrangeira;
Estar subordinado a entidade ou governo estrangeiro;
Não ter prestado contas à Justiça Eleitoral;
Que mantém organização paramilitar.
18
2.10 Vedações aos partidos políticos:
É vedado ao partido receber, direta ou indiretamente, sob qualquer forma ou
pretexto, contribuição ou auxílio pecuniário ou estimável em dinheiro,
inclusive através de publicidade de qualquer espécie, procedente de:
I - entidade ou governo estrangeiro;
II - autoridade ou órgãos públicos, ressalvadas as dotações referidas no
art. 38;
III - autarquias, empresas públicas ou concessionárias de serviços
públicos, sociedades de economia mista e fundações instituídas em virtude
de lei e para cujos recursos concorram órgãos ou entidades governamentais;
IV - entidade de classe ou sindical.
- É vedado à entidade de classe ou sindical ceder seu cadastro de endereços
eletrônicos a candidatos, partidos ou coligações.
2.11. Constituição do fundo partidário:
O Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos (Fundo
Partidário) é constituído por:
I - multas e penalidades pecuniárias aplicadas nos termos do Código
Eleitoral e leis conexas;
II - recursos financeiros que lhe forem destinados por lei, em caráter
permanente ou eventual;
III – doações de pessoa física ou jurídica, efetuadas por intermédio de
depósitos bancários diretamente na conta do Fundo Partidário;
IV - dotações orçamentárias da União em valor nunca inferior, cada ano, ao
número de eleitores inscritos em 31 de dezembro do ano anterior ao da
proposta orçamentária, multiplicados por trinta e cinco centavos de real,
em valores de agosto de 1995.
19
- As doações em recursos financeiros devem ser, obrigatoriamente, efetuadas
por cheque cruzado em nome do partido político ou por depósito bancário na
conta do partido político.
- A pena de suspensão do repasse de cotas do fundo partidário por
desaprovação total da prestação de contas do partido não pode ser aplicada
caso a prestação de contas não seja julgada, pelo juízo ou tribunal
competente, após cinco anos de sua apresentação.
- RESOLUÇÃO 23.216/TSE. Art. 2º As doações mediante cartão de crédito
somente poderão ser realizadas por pessoa física, vedado o seu parcelamento
(Lei n° 9.504197, art. 23, III).
Art. 3º São vedadas doações por meio dos seguintes tipos de cartão de
crédito (Lei n° 9.504197, arts. 23 e 24):
I - emitido no exterior;
II - corporativo ou empresarial.
- É obrigatório o partido político enviar à Justiça Eleitoral o balanço
anual, até o dia 30 de abril do ano seguinte. Os partidos devem também
enviar balancetes mensais à Justiça Eleitoral, nos anos que ocorrem
eleições.
- No ano em que ocorrem eleições, o partido deve enviar balancetes mensais
à Justiça Eleitoral, durante os quatro meses anteriores e os dois meses
posteriores ao pleito.
- O balanço contábil do órgão nacional será enviado ao Tribunal Superior
Eleitoral, o dos órgãos estaduais aos Tribunais Regionais Eleitorais e o
dos órgãos municipais aos Juízes Eleitorais.
2.12. Filiação partidária:
É estabelecido um prazo de 1 ano de filiação para que o candidato possa
concorrer às eleições majoritárias e proporcionais.
- Em caso de duplas filiações ambas são consideradas nulas para todos os
efeitos.
20
- A competência para processo e julgamento da duplicidade identificada será
do juízo eleitoral em cuja circunscrição tiver ocorrido a filiação mais
recente, considerando-se a data de ingresso no partido indicada na
respectiva relação.
- A falta de prestação de contas ou sua desaprovação total ou parcial,
implica a suspensão de novas quotas do fundo partidário e sujeita os
responsáveis às penas da lei.
- A falta de prestação de contas ou sua desaprovação total ou parcial
implica a suspensão de novas cotas do Fundo Partidário e sujeita os
responsáveis às penas da lei.
- O exame da prestação de contas dos órgãos partidários tem caráter
jurisdicional.
2.13. Constatada a violação de normas legais ou estatutárias, ficará o
partido sujeito às seguintes sanções:
I- No caso de recursos de origem não mencionada ou esclarecida, fica
suspenso o recebimento das quotas do fundo de partidário até que o
esclarecimento seja aceito pela Justiça Eleitoral;
II- No caso de recebimento de recursos mencionados no art. 311, fica
suspensa a participação no fundo partidário por um ano;
III- No caso de recebimento de doações cujo valor ultrapasse os limites
previstos no art. 39, & 4º, fica suspensa por dois anos a participação no
fundo partidário por um ano.
2.14. O cancelamento imediato da filiação partidária verifica-se nos casos
de:
I- Morte;
II- Perda dos direitos políticos;
1 Art. 31. É vedado ao partido receber, direta ou indiretamente, sob qualquer forma ou pretexto, contribuição ou auxílio pecuniário ou estimável em dinheiro, inclusive através de publicidade de qualquer espécie, procedente de:I - entidade ou governo estrangeiros;II - autoridade ou órgãos públicos, ressalvadas as dotações referidas no art. 38;III - autarquias, empresas públicas ou concessionárias de serviços públicos, sociedades de economia mista e fundações instituídas em virtude de lei e para cujos recursos concorram órgãos ou entidades governamentais;IV - entidade de classe ou sindical.
21
III- Expulsão;
IV- Outras formas previstas no estatuto, com comunicação obrigatória ao
atingido no prazo de quarenta e oito horas da decisão.
2.15. São os seguintes os nºs de delegados dos partidos a serem nomeados:
- 3 Delegados perante o Juiz Eleitoral;
- 4 Delegados perante o TRE;
- 5 Delegados perante o TSE.
- A utilização, por Prefeito, de servidor público municipal não licenciado
em comitê de campanha eleitoral, partido político ou coligação, durante o
horário de expediente normal, sujeita o responsável a multa e o candidato
beneficiado a cassação do registro ou do diploma.
- O partido político que atenda o disposto no artigo 132 tem assegurado o
direito de veicular, em canal de rádio e televisão, um programa em cadeia
nacional e outro em cadeia estadual, de vinte minutos e a utilização de
quarenta minutos, para inserções de trinta segundos ou um minuto nas redes
nacionais, e de igual tempo nas emissoras estaduais. Os demais partidos que
não se enquadram nas condições anteriores, tem direito à realização de um
programa em cadeia nacional, em cada semestre, com duração de dois minutos.
- O quociente eleitoral e um mecanismo de cálculo determinado pela divisão
do número total de votos válidos pelo número de lugares na Câmara dos
Deputados, assembléias legislativas e Câmaras Municipais.
- Quociente partidário é o percentual obtido por partido ou coligação,
através da divisão do número de votos alcançados pela legenda pelo
quociente eleitoral. Atenção, os votos de determinado candidatos contam
para a legenda.
- Acaso nenhum partido atinja o quociente eleitoral, hão de ser
considerados eleitos os candidatos mais votados, desconsiderados quaisquer
critérios de proporcionalidade.
2 Art. 13. Tem direito a funcionamento parlamentar, em todas as Casas Legislativas para as quais tenha elegido representante, o partido que, em cada eleição para a Câmara dos Deputados obtenha o apoio de, no mínimo, cinco por cento dos votos apurados, não computados os brancos e os nulos, distribuídos em, pelo menos, um terço dos Estados, com um mínimo de dois por cento do total de cada um deles. (Vide Adins nºs 1.351-3 e 1.354-8)
22
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3. ÓRGÃO DA JUSTIÇA ELEITORAL
3.1. Informações gerais:
A Justiça Eleitoral brasileira não possui um quadro exclusivo de
magistrados eleitorais. Trata-se de uma composição formada por juízes e
advogados de diferentes áreas do direito. Todo juiz eleitoral vem para a
Justiça Eleitoral como empréstimo de outro ramo do Poder Judiciário.
- A Justiça Eleitoral do Brasil foi criada pelo Decreto nº 21.076 de 24 de
fevereiro de 1932, representando uma das inovações criadas pela Revolução
de 1930 (golpe de 1930). Em 1932 foi promulgado o Código Eleitoral
brasileiro, inspirado na Justiça Eleitoral.
- A Justiça Eleitoral não dispõe de quadro próprio de magistrados, sendo
estes selecionados de outros setores do Poder Judiciário, passando a atuar
através de mandatos periódicos (2 anos, renovável uma vez por igual
período), o que se afigura bastante salutar, já que a rotatividade
privilegia a imparcialidade do julgador, diante dos conflitos eleitoreiros.
- O Tribunal Superior Eleitoral e os Tribunais Regionais têm competência
para responder a consultas sobre matéria eleitoral. Os juízes eleitorais
não podem responder a consultas, pois a lei não lhes dá competência para
tanto.
- Somente podem formular consultas juiz, partido político ou coligação.
- São características das consultas: só podem ser respondida pelo TSE ou
pelo TRE; não faz coisa julgada e tem caráter pedagógico.
3.2. São órgãos da Justiça Eleitoral:
- O Tribunal Superior Eleitoral;
- Os Tribunais Regionais Eleitorais;
- Os Juízes Eleitorais;
23
- As Juntas Eleitorais.
- O número de juízes eleitorais não será reduzido, mas poderá ser elevado
até nove, mediante proposta do TSE.
- Os Juízes dos Tribunais Eleitorais, salvo motivo justificado, servirão
por dois anos, e nunca por mais de dois biênios consecutivos.
3.3.O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á:
I- Mediante eleição, pelo voto secreto:
Três juízes entre os Ministros do Supremo Tribunal Federal;
Dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça;
Por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis
advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo
Supremo Tribunal Federal.
- O TSE elegerá seu Presidente e o vice-presidente dentre os Ministros do
Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do
Superior Tribunal de Justiça.
- A nomeação pelo Presidente da República de Juízes da categoria de Jurista
deverá ser feita dentro de 30 dias do recebimento da lista tríplice enviada
pelo Supremo Tribunal Federal.
- Não podem fazer parte do Tribunal Superior cidadãos que tenham entre si
parentesco ainda que por afinidade, até 4º grau, seja o vínculo legítimo ou
ilegítimo, excluindo-se neste caso o que tiver sido escolhido por último.
- A nomeação dos advogados para compor o TSE não pode recair em cidadão que
ocupe cargos públicos de que possa ser demitido ad nutum; que seja diretor,
proprietário ou sócio de empresa beneficiada com subvenção, privilégio,
isenção ou favor em virtude de contrato com a administração pública, ou que
exerça mandado de caráter político, federal, estadual ou municipal.
- Não há participação de membros do MP em sua composição (exclusão do
“quinto”), não podendo haver indicação no lugar das vagas destinadas aos
advogados (a doutrina critica esta opção).
- Os provimentos emanados da Corregedoria geral vinculam os Corregedores
Regionais, que lhe devem dar imediato e preciso cumprimento.
24
- Exercerá as funções de Procurador Geral, junto ao Tribunal Superior
Eleitoral Procurador Geral da República.
- As decisões do Tribunal Superior, assim na interpretação do Código
Eleitoral em face da Constituição e cassação de registro de partidos
políticos, como sobre quaisquer recursos que importem anulação geral de
eleições ou perda de diplomas, só poderão ser tomadas com a presença de
todos os seus membros. Se ocorrer impedimento de algum juiz, será convocado
o substituto ou o respectivo suplente.
- Perante o Tribunal Superior, qualquer interessado poderá argüir a
suspeição ou impedimento dos seus membros, do Procurador Geral ou de
funcionários de sua Secretaria.
- poderá ser ordenada de ofício pelo Tribunal Superior Eleitoral quando o
total de transferências de eleitores ocorridas no ano em curso seja dez por
cento superior ao do ano anterior.
3.4. Os Tribunais Regionais Eleitorais serão compostos de:
Dois juízes eleito pelo voto secreto dos desembargadores do Tribunal de
Justiça;
Dois juízes de direito escolhidos pelo Tribunal de Justiça;
Um juiz escolhido entre os desembargadores dos TRF,s ou não havendo TRF
um Juiz Federal escolhido pelo tribunal respectivo;
Dois juízes nomeados pelo Presidente da República entre seis advogados
de notável saber jurídicos e idoneidade moral, indicados pelo TJ. Nesta
lista não poderá conter nomes de magistrados aposentados há menos de cinco
anos.
- Res.-TSE nos 20.958/2001, art. 12, p. único, VI, e 21.461/2003, art. 1º:
exigência de 10 anos de prática profissional; art. 5º, desta última:
dispensa da comprovação se já foi juiz de TRE.
- Necessidade, ainda, de participação anual mínima em 5 atos privativos em
causas ou questões distintas, nos termos do art. 5o do EOAB.
- O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e o vice-presidente
dentre os desembargadores.
25
- CF/88, art. 120, § 2º, c.c. o § 1º, I, a: eleição dentre os dois
desembargadores. Não havendo um terceiro magistrado do Tribunal de Justiça,
alguns tribunais regionais atribuem a função de corregedor ao vice-
presidente, cumulativamente, enquanto outros prescrevem a eleição dentre os
demais juízes que o compõem.
- Atuará como Procurador Regional junto a cada Tribunal Regional Eleitoral
o Procurador da República no respectivo Estado.
- Cada comarca brasileira tem seu Juiz Eleitoral, ou, no caso de cidades ou
comarcas maiores, seus juízes eleitorais. A seção judiciária presidida por
um juiz eleitoral se chama Zona Eleitoral.
- Não poderá servir como escrivão eleitoral, sob pena de demissão, o membro
de diretório de partido político, nem o candidato a cargo eletivo, seu
cônjuge e parente consangüíneo ou afim até o segundo grau.
3.5. As juntas eleitorais são compostas por:
Um presidente, juiz de direito, que será o presidente e de 2 ou 4 cidadãos
de notória idoneidade.
- Os membros das Juntas Eleitorais serão nomeados 60 dias antes da eleição,
depois de aprovação do Tribunal Regional, pelo presidente deste, a quem
cumpre também designar-lhes a sede.
- Art. 135. Funcionarão as mesas receptoras nos lugares designados pelos
juízes eleitorais 60 (sessenta) dias antes da eleição, publicando-se a
designação.
§ 3º A propriedade particular será obrigatória e gratuitamente cedida para
esse fim.
§ 4º É expressamente vedado uso de propriedade pertencente a candidato,
membro do diretório de partido, delegado de partido ou autoridade policial,
bem como dos respectivos cônjuges e parentes, consanguíneos ou afins, até o
2º grau, inclusive.
- Não podem ser nomeados membros das juntas, escrutinadores ou auxiliares:
Os candidatos e seus parentes, ainda que por afinidades, até o segundo
grau, inclusive, e bem o cônjuge;
26
Os membros de diretórios de partidos políticos devidamente registrados e
cujos nomes tenham sido oficialmente publicados;
As autoridades e agentes policiais, bem como os funcionários no
desempenho de cargos de confiança do Executivo.
As que pertencem aos serviços eleitorais.
- Nos Municípios onde houver mais de uma junta eleitoral a expedição dos
diplomas será feita pelo que for presidida pelo juiz eleitoral mais antigo,
a qual as demais enviarão os documentos da eleição.
- Os juízes eleitorais são competentes para dividir a zona em seções
eleitorais.
3.6. Do Ministério Público Eleitoral:
A Constituição Federal não inclui na estrutura do Ministério Público a área
eleitoral, não havendo assim um Ministério Público Eleitoral próprio com
carreira específica e com quadro institucional diferenciado.
- A atividade eleitoral do Ministério Público é uma função do Ministério
Público Federal.
- O Ministério Público tem atuação em todas as fases (preparatória,
votação, escrutínio e diplomação) e instâncias (TSE, TRE, Juízes e Juntas
Eleitorais).
- Compete ao Procurador-Geral Eleitoral exercer as funções do Ministério
Público nas causas de competência do Tribunal Superior Eleitoral.
- O Procurador Regional Eleitoral poderá ser destituído, antes do término
do mandato, por iniciativa do Procurador-Geral Eleitoral, anuindo a maioria
absoluta do Conselho Superior do Ministério Público Federal.
- O Promotor Eleitoral será membro do Ministério Público local que oficie
junto ao juízo incumbido do serviço eleitoral de cada zona.
- A filiação a partido político é causa de impedimento absoluto para o
exercício das funções eleitorais do Ministério Público, até dois anos após
o seu cancelamento. Com a vigência da Emenda Constitucional nº 45/05ª a
27
atividade política partidária dos membros do MP foi vedada de forma
absoluta.
- As regras vedatórias aplicáveis aos juízes e membros dos Tribunais de
Contas passam a ser extensíveis aos membros dos Ministérios Públicos,
sendo-lhes vedado à filiação (condição constitucional de legibilidade) e,
por via de conseqüência, o registro de suas candidaturas, exceto nas
hipóteses de desincompatibilização por afastamento definitivo (exoneração
ou aposentadoria).
- Trata-se de dispositivo que impede o comprometimento ou suspeita de
envolvimento tendencioso do membro do Ministério Público com atribuições
eleitorais, pois, após se desfiliar deve ficar 2 (dois) anos sem atuar nas
funções eleitorais.
- Esta regra tem uma destinação temporária bem reduzida no âmbito interno
da instituição, porque sendo vedada à filiação aos membros de MP pela EC
45/05, os casos transitórios em breve findarão. Todavia, em relação aos
candidatos aprovados nos concursos públicos e recém-ingressos, o
dispositivo terá inteira aplicabilidade. Neste caso, os aprovados devem
providenciar, antes da posse, a devida desfiliação do partido político e
aguardar por 2 anos até estarem aptos a atuar em feitos eleitorais e nas
eleições.
- A questão é relevante e polêmica, inclusive em recente decisão, o
Conselho Nacional do Ministério Público apreciando o exercício da atividade
político partidária (Processo 06/2005), Relator Exmº nº Conselheiro Hugo
Melo, entendeu por maioria, que a vedação é absoluta para os ingressados
após a EC 45/05, mas permitiu a atividade aos membros ingressos de 1988 até
a EC 45/05. Destaca-se, os doutos votos vencidos dos Excelentíssimos
Conselheiros Hugo Melo, Ricardo Mandarino, Luiz Carlos Madeira, Alberto
Cascais e Janice Ascari, no sentido de que a vedação era absoluta para
todos, conforme precedente da Resolução do Egrégio Tribunal Superior
Eleitoral, ressalvando-se os mandatos em curso.
- Art. 75 da LC 75/93 - Incumbe ao Procurador-Geral eleitoral:
III - dirimir conflitos de atribuições.
- O Promotor de Justiça, no exercício de suas funções eleitorais, tem
atribuição para propor ação de investigação judicial eleitoral (AIJE), a
28
qual poderá ser ajuizada até a data da diplomação dos eleitos e intervirá
como autor ou custos legis nas representações por propaganda eleitoral
ilícita.
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4. PERDA E SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS E INSCRIÇÃO, ALISTAMENTO E
ELEGIBILIDADE
4.1. Considerações iniciais acerca dos direitos políticos
Os direitos políticos perfazem o rol de espécies que compõem os direitos e
as garantias fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988.
O professor André Ramos Tavares (2006, p. 696), os conceitua como: “o
conjunto de regras destinadas a regulamentar o exercício da soberania
popular”.
Para o autor, a expressão direitos políticos em sentido amplo significa:
a) O direito de todos participarem e tomarem conhecimento das decisões e
atividades desenvolvidas pelo governo.
b) O Direito Eleitoral.
c) A regulamentação dos partidos políticos.
Em suma, para Tavares (2006, p. 696), os direitos políticos constituem-se
como “o conjunto de normas que disciplinam a intervenção, direta ou
indireta, no poder”.
Para Celso Spitzcovsky e Fábio Nilson Soares de Moraes (2009, p. 1), os
direitos políticos “são aqueles voltados à regulação do exercício da
soberania dentro de determinado Estado”. Os autores fazem menção aos Arts.
1º parágrafo único e 14 da Constituição a seguir reproduzidos.
Art. 1° Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio
de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
29
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo
voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei,
mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
III - iniciativa popular.
De acordo com o lecionado, pode-se concluir que os direitos políticos podem
ser compreendidos como o direito de participação do cidadão na formação do
governo e sua atividade, abrangendo o direito de votar e ser votado nas
eleições, o direito de voto nos plebiscitos e referendos e direito de
manifestação por meio de iniciativa popular (Art. 14, incisos I, II e III
da CF).
Antes de adentrar ao tema propriamente dito vamos ao estudo de alguns
conceitos importantes.
4.2 Conceitos correlatos aos direitos políticos
O conhecimento de alguns conceitos correlatos aos direitos políticos é
essencial para adentrarmos em nosso estudo. Apresentamo-los no quadro 2.
Quadro 2 - Conceitos aplicáveis aos direitos políticos
Cidadania
1. A cidadania no direito positivo brasileiro está ligada
ao atributo eleitoral e político. Ser cidadão significa
ser o titular do direito de votar (cidadania ativa) e de
ser votado (cidadania passiva) (RAMAYANA, 2009, p. 41).
1. O voto é o instrumento, a ferramenta do direito de
sufrágio. Ex.: o eleitor considerado facultativo, se não
votar, não precisa justificar a ausência ou pagar multa,
pois seu voto é considerado um direito, se encontrado em
dia com suas obrigações eleitorais. O voto é igual para
todos. É um direito público subjetivo que expressa uma
função social da soberania popular. (RAMAYANA, 2009, p.
42).
30
Voto
2. O voto é personalíssimo (não pode ser exercido por
procuração), pode ser direto (como determina a atual CF)
ou indireto. É direto quando os eleitores escolhem seus
representantes e governantes sem intermediários. É
indireto quando os eleitores (denominados de 1.º grau)
escolhem seus representantes ou governantes por
intermédio de delegados (eleitores de 2.º grau), que
participarão de um Colégio Eleitoral ou órgão semelhante.
3. O voto é secreto para garantir a lisura das votações,
inibindo a intimidação e o suborno. O voto com valor
igual para todos é a aplicação do direito político da
garantia de que todos são iguais perante a lei.
Sufrágio
1. O sufrágio é um direito abstratamente assegurado. Ex.:
o maior de 70 anos tem direito ao sufrágio assegurado
pela Constituição Federal. A universalidade do sufrágio
por si só afasta eventual interpretação restritiva e
que possa limitar grupos de eleitores. Classifica-se o
sufrágio em:
a) sentido irrestrito: é o mesmo que sufrágio universal
(não aceita as restrições atinentes às condições de
fortuna ou capacidade intelectual), encontra limites, por
exemplo, em relação aos conscritos, os menores de 16
anos e os estrangeiros.
b) sentido restrito: compreende limitações a determinado
tipo de situações.
Mestre José Afonso da Silva citado por Ramayana (2009, p.
41) expõe que:
a) sufrágio capacitário: reserva o direito de voto para
pessoas que tenham um determinado grau de instrução;
b) sufrágio censitário: restringe o voto a determinadas
pessoas com certas condições de fortuna.
31
Os sufrágios capacitário e censitário não são mais
utilizados no Brasil. Os exemplos se referem ao período
da Constituição Imperial de 1824. Atualmente ainda
encontramos fragmentos do sufrágio restrito em relação
aos estrangeiros, conscritos e absolutamente incapazes
(RAMAYANA, 2009, p. 41- 42).
Representa o direito de votar e ser votado e é
considerado universal quando se outorga o direito de
votar a todos que preencham requisitos básicos previstos
na Constituição, sem restrições derivadas de condição de
raça, de fortuna, de instrução, de sexo ou de convicção
religiosa. Identifica um sistema no qual o voto é um dos
instrumentos de deliberação.
Os conceitos apresentados serão exaustivamente cobrados em todos os
capítulos daqui por diante. Procure fixá-los para melhor aproveitamento de
nosso conteúdo.
4.3. Perda e suspensão dos Direitos políticos:
A perda dos direitos políticos ocorrerá quando houver cancelamento da
naturalização por sentença transitada em julgado e no caso de perda da
nacionalidade.
- O indivíduo está no pleno gozo dos direitos político quando lhe é
possível alistar-se, votar e ser votado, participando das atividades do
Estado.
- A Constituição Federal veda a cassação dos direitos políticos, podendo
haver, apenas, a perda ou suspensão.
- A suspensão dos direitos políticos pode ocorrer por: incapacidade civil
absoluta; condenação criminal com trânsito em julgado enquanto durarem seus
efeitos, não cumprimento de obrigação a todos imposta e a prática de
improbidade administrativa.
- A suspensão permanece enquanto persistirem os motivos desta, ou seja,
enquanto não retoma a capacidade civil, o indivíduo terá seus direitos
políticos suspensos; readquirindo-a, alcançará novamente o status de
32
cidadão. Também são passíveis de suspensão os condenados criminalmente (com
sentença transitada em julgado) que, cumprida a pena, readquirem os
direitos políticos; no caso de improbidade administrativa, a suspensão será
da mesma forma, temporária.
- Súmula 9 do TSE: “A suspensão de direitos políticos decorrente de
condenação criminal transitada em julgado cessa com o cumprimento ou a
extinção da pena, independendo de reabilitação ou de prova de reparação dos
danos”.
- A Constituição Federal e também a Lei Complementar 64/90 declaram
inelegíveis para qualquer cargo os inalistáveis e os analfabetos. Os
inalistáveis são aqueles que se encontram definitivamente privados dos
direitos políticos, ou que os tenham suspensos, enquanto durar a suspensão.
- A privação definitiva denomina-se perda dos direitos políticos; a
temporária é suspensão.
- Também não podem se alistar como eleitores os estrangeiros e durante o
período o período militar obrigatório, os conscritos.
- Os eleitores que forem condenados por alguns crimes arrolados no artigo
1º , I, “e”, da Lei Complementar nº 64/1990, em decisão transitada em
julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, ficarão inelegíveis
desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o
cumprimento da pena. Neste período, o eleitor poderá votar após o
cumprimento da suspensão dos direitos políticos, mas não poderá ser votado.
4.4. Capacidade eleitoral ativa e passiva:
A capacidade eleitoral ativa consiste no direito de votar, caracterizando o
eleitor como seus titular. O brasileiro adquire a capacidade ativa com o
alistamento eleitoral, facultativo a partir dos dezesseis anos e
obrigatório a partir dos dezoito anos.
A capacidade eleitoral passiva consiste no direito de ser votado,
caracterizando o elegível. A capacidade eleitoral passiva tem como
pressuposto a capacidade eleitoral ativa, uma vez que ninguém pode ser
votado se não for titular do direito de votar.
33
- A filiação partidária – Só podem ser candidatos cidadãos que estejam
regularmente filiados a partidos políticos. O prazo mínimo de filiação é de
um ano antes do dia das eleições.
- Art. 20. É facultado ao partido político estabelecer, em seu estatuto,
prazos de filiação partidária superiores aos previstos nesta Lei, com
vistas a candidatura a cargos eletivos.
Parágrafo único. Os prazos de filiação partidária, fixados no estatuto do
partido, com vistas a candidatura a cargos eletivos, não podem ser
alterados no ano da eleição.
4.5. São condições de elegibilidade:
Nacionalidade brasileira – os cargos de Presidente e Vice-Presidente da
república são privativos de brasileiros natos, conforme determina o art.
12, & 3º da CF/88. Os demais cargos eletivos – Governador, Vice-Governador,
Senador, Deputado Federal, Deputado Estadual, Deputado Distrital, Prefeito,
Vice-Prefeito e Vereador – podem ser disputados e ocupados por brasileiros
naturalizados.
O pleno exercício dos direitos políticos – Só podem ser candidatos e de
conseqüência, ser eleitos os cidadãos brasileiros que estiverem no pleno
gozo de seus direitos políticos.
O domicílio eleitoral – O domicílio eleitoral na circunscrição, pelo
prazo que a lei estabelece, de um ano, no mínimo, antes do pleito, é uma
condição de elegibilidade, nos termos do que dispõe o art. 14, & 3º, IV da
Constituição Federal.
O alistamento eleitoral – O alistamento eleitoral é o processo pelo qual
o cidadão vai provar sua qualidade para se tornar eleitor, com base no que
será feita sua inscrição no cadastro de eleitores.
- Não é requisito indispensável ao requerimento para inscrição do eleitor a
prova documental do domicílio eleitoral.
- As inelegibilidades que não decorrem da suspensão dos direitos políticos
não comprometem a filiação partidária
34
4.6. Idade mínima – A constituição estabelece a idade mínima para que o
cidadão possa postular o mandato eletivo:
a) Presidente e Senador = 35 anos;
b) Governador = 30 anos;
c) Prefeito e Deputado = 21 anos e
d) Vereador = 18 anos.
- A idade mínima é na data da posse.
- Ementa: AÇÃO CAUTELAR. DECLARAÇÃO DE VACÂNCIA DE CARGO DE VEREADOR E POSSE DE
SUPLENTE. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ELEITORAL. Não compete à Justiça Eleitoral
declarar vago cargo de vereador, e ainda menos determinar a posse de suplente,
exaurindo-se a competência da Justiça Eleitoral com a diplomação dos eleitos.
Incompetência reconhecida. . AGIND ACORDAM os Juízes Membros do Tribunal Regional
Eleitoral do Pará, à unanimidade, declarar a incompetência da Corte, para determinar
o encaminhamento dos auto.
4.7. Inelegibilidade:
- A inelegibilidade para evitar abuso de poder se constitui em que certos
ocupantes de certas posições, e seus parentes mais próximos, disputem
eleições, para com isso evitar o uso indevido do prestigio e dos poderes do
cargo, ou decorrentes do exercício de alta função, para obtenção dos votos
para o próprio ou para pessoas cujo parentesco as faz bem próximas do mesmo
são inelegibilidade temporárias.
- São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os
parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do
Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito
Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro de seis meses
anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à
reeleição.
- A concubina e o companheiro (conforme entendimento do TSE) equiparam-se
ao cônjuge, por força do que dispõe o art. 226, & 3º da CF/88 que reconhece
a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar. O
concubinato, por outro lado, não gera parentesco, ou seja, a irmã ou irmão
da concubina são elegíveis.
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- A inelegibilidade do cônjuge e dos parentes do prefeito do Município-mãe
alcança a candidatura destas pessoas no Município desmembrado.
- Com o falecimento do titular, dissolve-se a sociedade conjugal, não mais
existindo a inelegibilidade da viúva e dos parentes afins. Porém, os
parentes consangüíneos ou por adoção do titular continuam inelegíveis para
o mesmo cargo, no período subseqüente.
- Ainda que o Prefeito tenha renunciado há mais de seis meses do cargo não
fica afastada a inelegibilidade do cônjuge e parentes (Súmula 6 do TSE).
Há, porém, uma exceção: se o chefe do executivo for reelegível e tiver se
afastado definitivamente até seis meses antes do pleito, o cônjuge e o
parente são elegíveis para o mesmo cargo.
- Todos os detentores de mandatos (membros do Congresso Nacional, das
Assembléias Legislativas, da Câmara Legislativa, das Câmaras Municipais,
governadores, vice-governadores, prefeito e vice-prefeito) que perderam
mandatos por infringência a dispositivo da Constituição Federal, ou das
Constituições Estaduais e Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos
municípios, são inelegíveis durante o período remanescente do mandato e nos
oito anos subseqüentes ao término do mandato para o qual tenham sido
eleitos.
- A inelegibilidade por abuso de poder econômico: o prazo de
inelegibilidade de oito anos, por abuso de poder econômico ou político, é
contado a partir da data da eleição em que se verificou (Súmula 19 do TSE).
- A inelegibilidade do condenado criminalmente: é aquela dos que forem
condenados criminalmente, com sentença transitada em julgado, pela prática
de crimes contra a economia popular, a fé pública, a administração pública,
o patrimônio público, o mercado financeiro, de tráfico de entorpecentes e
eleitorais, são inelegíveis pelo prazo de oito anos após o cumprimento da
pena.
- A inelegibilidade do administrador público beneficiado por abuso do poder
econômico ou político. Os detentores de cargos da administração pública
direta, indireta ou fundacional que por sentença transitada em julgado,
tiverem se beneficiado ou a terceiro por abuso de poder econômico ou
político, são inelegíveis nos oito anos seguintes ao término do mandato ou
de sua permanência no cargo.
36
- A inelegibilidade dos indignos do oficialato ou com ele incompatível: Os
que tiverem sido declarados indignos do oficialato, ou com ele
incompatíveis, são inelegíveis pelo prazo de quatro anos.
- A inelegibilidade por rejeição de contas: Os que tiverem suas contas
relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por
irregularidades insanáveis e por decisões irrecorríveis do órgão
competente, salvo se a questão houver ou estiver sendo objeto de apreciação
do Poder Judiciário. São inelegíveis para as eleições que se realizarem nos
oito anos seguintes, a partir da data da decisão.
- A inelegibilidade do administrador de empresa financeira liquidada ou em
liquidação: São inelegíveis os que hajam exercido cargo ou função de
direção, administração ou representação em estabelecimento de crédito,
financiamento ou seguro, que tenham sido ou estejam sendo objeto de
liquidação, judicial ou extrajudicial, nos 12 meses anteriores à
decretação, enquanto não sejam exonerados de qualquer responsabilidade.
- São inelegíveis os que tenham, dentro dos 4 meses anteriores ao pleito,
ocupado cargo ou função de direção, administração ou representação em
entidades representativas de classe, mantidas, total ou parcialmente, por
contribuições impostas pelo Poder Público ou com recursos arrecadados e
repassados pela Previdência Social.
- Os servidores públicos, estatutário ou não, dos órgãos ou entidades da
Administração Direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Municípios e dos Territórios, inclusive das fundações mantidas
pelo Poder Público, não se afastarem até 3 meses anteriores ao pleito,
garantido o direito à percepção dos vencimentos integrais.
- Um erro de apuração fez com que candidato a vereador não eleito tomasse
posse na vaga de outro candidato verdadeiramente eleito. O prejudicado,
após pedir judicialmente a recontagem de votos, foi diplomado e assumiu o
mandato somente dois anos após o início da legislatura. Reclamou
indenização por perdas e danos, inclusive danos morais. Compete a Justiça
Federal.
4.8. Desincompatibilização:
- Para concorrerem a cargo diverso dos que ocupam, os Chefes do Executivo
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devem renunciar aos respectivos mandatos seis meses antes do pleito. Este
ato chama-se desincompatibilização. Para a reeleição (mesmo cargo) não se
exige a desincompatibilização (Ação Direta de Inconstitucionalidade n.
1.805 - DF).
- O Vice-Presidente, o Vice-Governador e o Vice-Prefeito poderão
candidatar-se a outros cargos, preservando os seus mandatos respectivos,
desde que, nos últimos 6 (seis) meses anteriores ao pleito, não tenham
sucedido ou substituído o titular.
- Quanto aos vices, há que se observar que, desde a sua elaboração, a
Emenda Constitucional n. 16/97 foi criticada por sua péssima redação.
- Em primeiro lugar, é necessário relembrar que vice substitui o titular no
caso de impedimento e sucede-lhe no caso de vaga. São hipóteses diversas.
Enquanto substituto, é vice. Quando sucede, é titular do mandato.
- Nos termos da Emenda Constitucional n. 16/97, o vice que substitui o
Chefe do Executivo poderá ser reeleito (presume-se, para o mesmo cargo de
Vice) para um único período subseqüente. Caso seja reeleito vice e
novamente venha a substituir o Chefe no segundo mandato, não poderá ser
reeleito vice para um terceiro mandato subseqüente.
- O vice que sucede o titular também poderá ser reeleito para um único
período subseqüente. Aqui, há que se observar que, a partir da sucessão, o
vice passa a ser o titular da Chefia do Executivo e para este cargo (de
chefe) poderá se reeleger para um único período subseqüente, conforme
deliberou o Tribunal Superior Eleitoral na Consulta n. 689, apreciada em
9.10.2001.
- A exceção é o caso do vice que sucede o titular em um primeiro mandato e
novamente em um segundo mandato (no qual também era vice), exercendo por
duas vezes, de forma consecutiva e permanente, a Chefia do Executivo. Nesta
hipótese, não poderá concorrer a um terceiro mandato consecutivo de Chefe
do Executivo.
- A hipótese de inelegibilidade, em razão de parentesco ou casamento, é
conhecida por inelegibilidade reflexa. A Súmula n. 6 do Tribunal Superior
Eleitoral vedava candidatura ao mesmo cargo de Chefe do Executivo ainda que
houvesse desincompatibilização do titular seis meses antes do pleito. O
Tribunal, abrandando essa regra, assentou que o cônjuge e os parentes do
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Chefe do Executivo são elegíveis para o mesmo cargo do titular, quando este
for reelegível e tiver se afastado definitivamente até seis meses antes do
pleito (Acórdão n.º 19.442, de 21/08/2001, Resolução n.º 20.931, de
20/11/2001 e Acórdão n.º 3.043 de 27/11/2001).
- São inelegíveis pelo prazo de 8 anos, contados da decisão, os que forem
condenados em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial
colegiado, em razão de terem desfeito o vínculo conjugal ou de união
estável para evitar a caracterização de inelegibilidade.
- É possível a eleição de cônjuge ou parente até segundo grau do Chefe do
Executivo para cargo eletivo diverso, no mesmo território, desde que haja a
desincompatibilização definitiva do Chefe do Executivo seis meses antes do
pleito.
- Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) concluíram nesta quinta-
feira (16) a análise conjunta das Ações Declaratórias de
Constitucionalidade (ADC 29 e 30) e da Ação Direta de Inconstitucionalidade
(ADI 4578) que tratam da Lei Complementar 135/2010, a Lei da Ficha Limpa.
Por maioria de votos, prevaleceu o entendimento em favor da
constitucionalidade da lei, que poderá ser aplicada nas eleições deste ano,
alcançando atos e fatos ocorridos antes de sua vigência.
- O presidente do TRE autorizou a cessão de urnas eletrônicas e determinou
o fornecimento de listagem impressa com os nomes de todos os cidadãos com
domicílio eleitoral na capital — divididos por seção eleitoral (folhas de
votação), para utilização nas eleições dos conselheiros tutelares do
município.
Segundo resolução específica do TSE, para o conselheiro tutelar se
candidatar a outro cargo eletivo, ele deverá desincompatibilizar-se no
prazo mínimo de três meses da realização das eleições.
Conforme o art. 139 da Lei 8.069/90, "o processo de escolha dos membros
do Conselho Tutelar será estabelecido por lei municipal e realizado sob a
responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente, e a fiscalização do Ministério Público".
4.8.1. Desincompatibilização de Militares
- O militar alistável (excluído o conscrito) é elegível nos seguintes
termos:
39
Se contar com menos de dez anos de serviço militar, deve afastar-se da
atividade (passa automaticamente para a reserva – totalidade das pessoas
que se conservam à disposição não remunerada das Forças Armadas).
Se contar com mais de dez anos de atividade, o militar será
temporariamente agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade (artigo 14, §
8.º, da Constituição da República Federativa do Brasil), que será
remunerada caso o militar eleito preencha os requisitos para ser reformado
(espécie de aposentadoria do militar). Caso não seja eleito, o militar, que
tinha mais de dez anos de serviço ao lançar sua candidatura, voltará a
exercer suas funções militares.
- Agregação é a inatividade provisória de um militar sem que ele deixe de
pertencer aos quadros dos efetivos das Forças Armadas.
- O militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos
políticos (inciso V do § 3.º do artigo 142 da Constituição da República
Federativa do Brasil, acrescentado pela Emenda Constitucional n. 18/98).
- Assim, para poder candidatar-se, deve ser agregado (suspender o exercício
do serviço ativo) desde o registro da candidatura até a diplomação
(Resolução do Tribunal Superior Eleitoral n. 19.978/97 e artigo 82, inciso
XIV, da Lei n. 6.880/80).
- Conforme consta do Recurso Especial n. 112.477/RS (não conhecido),
julgado em 3.6.1997, 6.ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, “o militar
que conta com mais de dez anos de efetivo serviço, candidato a cargo
eletivo, será agregado pela autoridade superior, pelo que tem direito à
remuneração pertinente até a sua diplomação” (Jus Saraiva 21). O
entendimento, que segundo pensamos é correto, e apenas garante tratamento
igualitário aos servidores militares e civis, não é pacífico, pois o artigo
98 do Código Eleitoral (parcialmente revogado pelo § 8.º do artigo 14 da
Constituição da República Federativa do Brasil) equipara a agregação às
licenças não remuneradas daqueles que se afastam do serviço para tratar de
assuntos particulares.
- O prazo de filiação partidária exigível do militar candidato é o mesmo da
desincompatibilização, ou seja, a partir do registro de sua candidatura
40
seis meses antes do pleito (Resolução do Tribunal Superior Eleitoral n.
19.978/97).
- As mesmas regras são aplicáveis aos militares dos Estados, do Distrito
Federal e dos Territórios (§ 1.º do artigo 42 da Constituição da República
Federativa do Brasil/88).
4.9. Do alistamento eleitoral e transferência:
O alistamento antecede o voto e se realiza com a qualificação do indivíduo
perante a Justiça Eleitoral e a inscrição do eleitor no corpo eleitoral. O
alistamento é a viabilização do exercício efetivo do direito de voto. O
Juiz Eleitoral, verificando as condições de qualificação, defere o pedido,
determinando a inscrição do eleitor na listagem geral de eleitores.
- O índio pode votar, desde que tenha a possibilidade de exprimir-se na
língua nacional e seja habilitado pela FUNAI. Ademais, são aplicáveis aos
indígenas integrados, reconhecidos no pleno exercício dos direitos civis,
as exigências impostas para o alistamento eleitoral.
- O alistamento é obrigatório para os maiores de 18 anos, com exceção dos
inválidos e os que se encontrarem fora do país. Será facultativo aos
maiores de 70 anos e maiores de 16 e menores de 18 e por fim, será vedado
para os estrangeiros, aos conscritos, durante o serviço militar
obrigatório, os que estejam privados temporariamente ou definitivamente
(suspensão ou perda) dos direitos políticos.
- O brasileiro naturalizado deve se alistar até um ano após a aquisição da
nacionalidade.
- Segundo o entendimento do TSE, no ano em que se realizarem eleições, o
menor que completar 16 anos até o dia do pleito, inclusive, poderá requerer
o seu alistamento até o encerramento do prazo.
- O prazo para alistamento vai até os 19 anos, inclusive, se a inscrição
for requerida até 100 dias antes da eleição subseqüente ao aniversário.
- Caso seja indeferido o pedido do alistamento, cabe recurso do requerente
ao TRE e do despacho do deferimento é cabível recurso de qualquer delegado
do partido para o mesmo tribunal, em recursos que deverão ser julgados no
prazo de cinco dias.
41
- É obrigatória a remessa ao Tribunal Regional da ficha do eleitor após a
expedição do título.
- O eleitor ficará permanentemente vinculado à seção eleitoral indicada no
seu título, salvo se até 100 dias antes da eleição, provar, perante o juiz
eleitoral, que mudou de residência dentro do mesmo Município, de um
distrito para outro ou para lugar muito distante da seção em que se acha
inscrito.
- As certidões de nascimento e casamento, quando destinadas ao alistamento
eleitoral, serão fornecidas gratuitamente, segundo a ordem dos pedidos
apresentadas em cartório ou delegados de partido.
- Os empregados mediante comunicação com 48 horas de antecedência poderá
deixar de comparecer ao serviço, sem prejuízo do salário e por tempo não
excedente a 2 (dois) dias, para o fim de se alistar eleitor ou requerer
transferência.
- Os cegos alfabetizados pelo sistema braile, que reunirem as demais
condições de alistamento, podem qualificar-se. O juiz eleitoral
providenciará para que se proceda ao alistamento nas próprias sedes de
estabelecimentos de proteção aos cegos. Se no alistamento não se alcançar o
número mínimo, poderá ser completado com a inclusão de eleitores não cegos.
- No caso de perda ou extravio de seu título, requererá ao juiz do seu
domicílio eleitoral, até 10 (dez) dias antes da eleição, que lhe expeça
segunda via.
- Se o eleitor estiver fora do seu domicílio eleitoral poderá requerer a
segunda via do título até 60 dias antes do pleito.
- O conceito de domicílio eleitoral necessita de especial caracterização
por se confundir com o de domicílio civil.
Ac.-TSE no 16.397/2000: “O conceito de domicílio eleitoral não se confunde
com o de domicílio do direito comum, regido pelo Direito Civil. Mais
flexível e elástico, identifica-se com a residência e o lugar onde o
interessado tem vínculos políticos e sociais”. No mesmo sentido, Ac.-TSE
nos 21.829/2004 e 4.769/2004.
42
- A prova do domicílio eleitoral mediante conta de qualquer serviço público
prestado ao requerente deve ser do lapso temporal entre 12 e 3 meses
anterior ao início do processo de transferência para o novo local.
- O juiz, na dúvida sobre a veracidade das informações, poderá diligenciar,
in loco, a comprovação do domicílio eleitoral do interessado.
- Em caso de mudança de domicílio a transferência será admitida satisfeitas
as seguintes exigências:
Entrada do requerimento até 150 dias antes da eleição;
Transcorrência de pelo menos 1 ano da inscrição primitiva;
Residência mínima de 3 meses no novo domicílio, atestada pela autoridade
policial ou provada por outro meio convincente.
- Só será concedida transferência ao eleitor que estiver quite com a
Justiça Eleitoral.
- Com base na Resolução TSE 21.538 de 2003, análise.
I. A transferência do eleitor só será admitida após, pelo menos, um ano do
alistamento ou da última transferência.
II. A transferência só será admitida ao eleitor com residência mínima de
três meses no novo domicílio, declarada, sob as penas da lei, pelo próprio
eleitor.
III. O disposto nas afirmativas I e II não se aplica à transferência de
título eleitoral de servidor público civil, militar, autárquico, ou de
membro de sua família, por motivo de remoção ou transferência.
- Delegados de partido perante o alistamento. Perante o juízo eleitoral
cada partido poderá nomear 3 delegados. Perante os preparadores, cada
partido poderá nomear até dois delegados, que assistam e fiscalize os seus
atos.
- Nenhum requerimento de inscrição eleitoral ou transferência será recebido
dentro dos cento e cinqüenta dias da eleição.
43
- Os títulos eleitorais resultantes dos pedidos de inscrição ou de
transferência serão entregues até 30 dias antes da eleição. A segunda via
poderá ser entregue ao eleitor até a véspera do pleito.
- Em síntese: Para fins de transferência, o eleitor deverá comprovar estar
quite com a Justiça Eleitoral, o transcurso de pelo menos um ano da última
inscrição e declarar residência mínima de três meses no novo domicílio. Não
comprovada a quitação para com a Justiça Eleitoral, desde logo o juiz
eleitoral fixará a multa devida.
- O requerimento de transferência de domicílio eleitoral será imediatamente
publicado na imprensa oficial (na capital) ou em cartório (nas demais
localidades), podendo os interessados impugná-lo em 10 dias. Da decisão
cabe recurso para o Tribunal Regional Eleitoral nas mesmas condições do
alistamento deferido ou indeferido.
- As exigências temporais específicas não se aplicam aos servidores
públicos removidos ou transferidos e aos familiares que os acompanham.
- O cancelamento da inscrição é observada nas hipóteses de pluralidades de
inscrições, quando elas são canceladas, ou na transferência do eleitor para
outra zona ou circunscrição.
- A exclusão é feita contra o próprio eleitor, que deixa de ser eleitor,
até que cesse o motivo da exclusão, quando poderá novamente pleitear e
requerer a sua inscrição. São causas de cancelamento:
Infração dos arts 5º e 42; 3
A suspensão ou perda dos direitos políticos;
A pluralidade de inscrição;
O falecimento do eleitor;
Deixar de vota em 3 eleições consecutivas.
- A exclusão do eleitor poderá ser promovida ex officio, a requerimento de
delegado de partido ou de qualquer eleitor.
3 Art. 42. O alistamento se faz mediante a qualificação e inscrição do eleitor.Parágrafo único. Para o efeito da inscrição, é domicílio eleitoral o lugar de residência ou moradia do requerente, e, verificado ter o alistando mais de uma, considerar-se-á domicílio qualquer delas.
Art. 5º Não podem alistar-se eleitores:II - os que não saibam exprimir-se na língua nacional;III - os que estejam privados, temporária ou definitivamente dos direitos políticos.
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– Da decisão do juiz eleitoral caberá recurso no prazo de 3 dias para o
Tribunal Regional, interposto pelo excluendo ou por delegado de partido.
- Art. 81. Cessada a causa do cancelamento, poderá o interessado requerer
novamente a sua qualificação e inscrição.
- Os cegos alfabetizados pelo "Sistema Braille" que reunirem as demais
condições de alistamento, podem qualificar-se mediante o preenchimento da
fórmula impressa e a aposição do nome com as letras do referido alfabeto.
- A utilização, por Prefeito, de servidor público municipal não licenciado
em comitê de campanha eleitoral, partido político ou coligação, durante o
horário de expediente normal, sujeita o responsável a multa e o candidato
beneficiado a cassação do registro ou do diploma.
- Relativamente ao juiz de paz, a jurisprudência dominante do Supremo
Tribunal Federal entende de que a obrigatoriedade de filiação partidária
para os candidatos a juiz de paz decorre do sistema eleitoral
constitucionalmente definido.
- A justiça de paz, remunerada, é composta de cidadãos eleitos pelo voto
direto, universal e secreto, com mandato de quatro anos e competência para,
na forma da lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ou em face de
impugnação apresentada, o processo de habilitação e exercer atribuições
conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras previstas na
legislação. Uma das condições de elegibilidade para postular o cargo de
juiz de paz é a idade mínima de vinte e um anos.
- Em relação ao acesso às informações constantes do cadastro do eleitor,
com base na Resolução TSE:
As informações constantes do cadastro eleitoral serão acessíveis às
instituições públicas e privadas e às pessoas físicas.
Em resguardo da privacidade do cidadão, não se fornecerão informações de
caráter personalizado constantes do cadastro eleitoral.
O uso dos dados de natureza estatística do eleitorado ou de pleito
eleitoral obriga a quem os tenha adquirido a citar a fonte e a assumir
responsabilidade pela manipulação inadequada ou extrapolada das informações
obtidas.
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- A revisão do eleitorado é ordenada por tribunal regional eleitoral
quando, realizada correição em determinada zona ou município por ele
determinada, fica provada a fraude em proporção comprometedora.
==========================================================================
5. DAS COLIGAÇÕES
5.1. Conceito:
Conforme Queiroz (2006, p. 111), coligação é “a reunião de dois ou mais
partidos para lançar candidatos comuns às eleições, atendendo a razões de
conveniência partidária com o escopo de alcançar o poder”. Também prevista
no Art. 6° da Lei 9.504/97.
Art. 6º É facultado aos partidos políticos, dentro da mesma circunscrição,
celebrar coligações para eleição majoritária, proporcional, ou para ambas,
podendo, neste último caso, formar-se mais de uma coligação para a eleição
proporcional entre os partidos que integram a coligação para o pleito
majoritário.
Conforme o disposto no § 1° do Art. 6°, a coligação adquirirá nomenclatura
própria e a ela serão atribuídas as prerrogativas e obrigações de partido
político no que se refere ao processo eleitoral. O Art. 6°, § 3° da Lei
9.504/97 estabelece normas que deverão ser observada pelas coligações.
Quadro 3 - Normas aplicadas às coligações
I - Na chapa da coligação, podem inscrever-se candidatos filiados a
qualquer partido político dela integrante.
II - O pedido de registro dos candidatos deve ser subscrito pelos
presidentes dos partidos coligados, por seus delegados, pela maioria dos
membros dos respectivos órgãos executivos de direção ou por
representante da coligação, na forma do inciso III.
III - Os partidos integrantes da coligação devem designar um
representante, que terão atribuições equivalentes às de presidente de
partido político, no trato dos interesses e na representação da
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coligação, no que se refere ao processo eleitoral.
IV - A coligação será representada perante a Justiça Eleitoral pela
pessoa designada na forma do inciso III ou por delegados indicados pelos
partidos que a compõem, podendo nomear até:
a) três delegados perante o Juízo Eleitoral;
b) quatro delegados perante o Tribunal Regional Eleitoral;
c) cinco delegados perante o Tribunal Superior Eleitoral.
Todas essas regras reforçam o entendimento de que a candidatura é do
partido e não do candidato. E a elas todos os candidatos se submetem.
Assim, coligação é a união de dois ou mais partidos com vistas na
apresentação conjunta de candidatos a determinada eleição. A coligação
apesar de não possuir personalidade jurídica civil, como os partidos, é um
ente jurídico com direitos e obrigações durante todo o processo eleitoral.
É uma entidade jurídica de direito eleitoral, temporária (tem vida apenas
durante o processo eleitoral), com todos os direitos assegurados aos
partidos, e com todas as obrigações.
- Na propaganda para eleição majoritária, a coligação usará,
obrigatoriamente, sob sua denominação, as legendas de todos os partidos que
a integram; na propaganda para eleição proporcional, cada partido usará
apenas sua legenda sob nome da coligação.
- A coligação terá denominação própria, que poderá ser a junção de todas as
siglas dos partidos que a integram, sendo a ela atribuídas as prerrogativas
e obrigações de partido político no que se refere ao processo eleitoral, e
devendo funcionar como um só partido no relacionamento com a Justiça
Eleitoral e no trato dos interesses interpartidários.
- A denominação da coligação não poderá coincidir, incluir ou fazer
referência a nome ou número de candidato, nem conte pedido de voto para
partido político.
- Num determinado município, a convenção partidária realizada no último dia
do prazo legal deliberou a respeito da formação de coligação, deliberação
47
esta contrária às diretrizes legitimamente estabelecidas pelo órgão de
direção nacional, que, por isso, anulou a deliberação e todos os atos dela
decorrentes. Em vista disso, houve necessidade de escolha de candidatos.
Nesse caso, observadas as demais exigências legais, o pedido de registro de
novos candidatos deverá ser apresentado à Justiça Eleitoral nos dez dias
seguintes à deliberação relativa à anulação.
- A coligação será representada perante a Justiça Eleitoral pela pessoa
designada na forma do inciso III ou por delegados indicados pelos partidos
que a compõem, podendo nomear até;
Três delegados perante o juízo eleitoral;
Quatro delegados perante o Tribunal Regional Eleitoral;
Cinco delegados perante o Tribunal Superior Eleitoral.
- Nas unidades da Federação em que o número de lugares a preencher para a
Câmara dos Deputados não exceder de vinte, cada partido poderá registrar
candidatos a Deputado Federal e a Deputado Estadual ou Distrital até o
dobro das respectivas vagas; havendo coligação, estes números poderão ser
acrescidos de até mais cinquenta por cento. Lembrar que esta ressalva não
se aplica aos Municípios.
- Cada partido poderá registrar candidatos para a Câmara dos Deputados,
Câmara Legislativa, Assembléia Legislativa e Câmaras Municipais, até cento
e cinquenta por cento do número de lugares a preencher.
§ No caso de coligação para as eleições proporcionais, independente do
número de partidos que a integrem, poderá ser registrados candidatos até o
dobro do número de lugares a preencher.
A exceção é quando o número de lugares da Câmara dos Deputados é até 20.
REGRA: Partido: 150%
Coligação:200%
EXCEÇÃO:Partido:200%
Coligação:300%
==========================================================================
6. REGISTRO DE CANDIDATURA
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6.1. Conceito.
Os Arts. 10 a 16 da Lei 9.504/97 disciplinam o registro das candidaturas. O
pedido de registro (Art. 11 da Lei 9.504/97) será realizado por partidos
políticos e coligações junto à Justiça Eleitoral até as 19 horas do dia 5
de julho do ano das eleições. Sptizcovsky e Moraes (2009, p. 30) lembram
que o registro das candidaturas demanda a realização anterior de convenções
partidárias, as quais deliberarão sobre a lista de candidatos, bem como
acerca da aprovação, ou não, da formação de coligações, devendo-se realizar
no período de 10 a 30 de junho do ano das eleições.
O Art. 10 dispõe que os partidos políticos poderão registrar seus
candidatos para a Câmara dos Deputados, Câmara Legislativa, Assembléias
Legislativas e Câmaras Municipais, até 150% do número de lugares a
preencher. E ainda, no § 1°, que em caso de eleições proporcionais,
coligações poderão registrar até o dobro do número de vagas a preencher. Os
requisitos para o registro formal propriamente dito são os listados no Art.
11, que impõe ser o registro efetuado até as 19 horas do dia 5 de julho do
ano que se realizarem as eleições. Também os documentos que deverão
instruir o pedido de registro estão previstos no § 1° do Art. 11 da Lei
9.504/97. Confira os §§ 1° e 2° do Art. 11 da Lei 9.504/97.
Art. 11. Os partidos e coligações solicitarão à Justiça Eleitoral o
registro de seus candidatos até as dezenove horas do dia 5 de julho do ano
em que se realizarem as eleições.
§ 1º O pedido de registro deve ser instruído com os seguintes documentos:
I - cópia da ata a que se refere o Art. 8º;
II - autorização do candidato, por escrito;
III - prova de filiação partidária;
IV - declaração de bens, assinada pelo candidato;
V - cópia do título eleitoral ou certidão, fornecida pelo cartório
eleitoral, de que o candidato é eleitor na circunscrição ou requereu sua
inscrição ou transferência de domicílio no prazo previsto no Art.
9º;
49
VI - certidão de quitação eleitoral;
VII - certidões criminais fornecidas pelos órgãos de distribuição da
Justiça Eleitoral, Federal e Estadual;
VIII - fotografia do candidato, nas dimensões estabelecidas em instrução da
Justiça Eleitoral, para efeito do disposto no § 1º do Art. 59.
§ 2º A idade mínima constitucionalmente estabelecida como condição de
elegibilidade é verificada tendo por referência a data da posse.
Segundo Sptizcovsky e Moraes (2009, p. 30), o rol descrito no § 1° do Art.
11 amplia as condições de elegibilidade previstas pelo Art. 14, § 3°, da
Constituição Federal, que estabelece apenas as condições mínimas para fins
de registro. Veja quais são essas condições no quadro 5.
§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei:
I - a nacionalidade brasileira;
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral;
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
V - a filiação partidária;
VI - a idade mínima de:
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e
Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito
Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital,
Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
d) dezoito anos para Vereador.
50
Sptizcovsky e Moraes (2009, p. 30) lecionam que [...] as idades mínimas
exigidas pela Constituição, como condição de elegibilidade [Art. 14, § 3°,
VI], devem estar caracterizadas nos atos da posse, e não no momento do
registro da candidatura, como, já se viu ocasião em que será necessária
apenas a prova do cumprimento desse requisito, a teor do disposto no Art.
11, § 2°, da Lei 9.504/97.
Esse aspecto assume a importância na medida em que se revela de forma
acertada, que o requisito exigido pela Constituição justifica-se para o
exercício do mandato, e não para o simples registro da candidatura. Se o
candidato a cargo eletivo não contar, no momento do registro de sua
candidatura, a idade mínima exigida pela constituição, mas vier a completá-
la até o momento da posse, então seu pleito deverá ser deferido pela
Justiça Eleitoral. No entanto, cumpre observar que o conteúdo do § 2° deve
ser entendido de forma restritiva, não se aplicando para as demais
exigências estabelecidas no § 1°, que deverão estar cumpridas no momento do
registro. Assim, se porventura algum candidato, no momento do registro de
sua candidatura, não estiver na plenitude dos seus direitos políticos, será
considerado inelegível.
Os requisitos do § 1° do Art. 11 deverão ser preenchidos já no momento do
registro da candidatura, sob pena de tornar o candidato inelegível por não
preencher, na forma da Lei, os pressupostos, diferentemente da exigência de
idade mínima, que poderá ser preenchido até a posse do candidato.
6.2. As convenções.
A escolha dos candidatos pelos partidos e deliberação sobre coligações
deverão ser feitas nos períodos de 10 a 30 de junho do ano em que se
realizarem as eleições, lavrando-se a respectiva ata em livro aberto e
rubricado pela Justiça Eleitoral.
- Para concorrer às eleições, o candidato deverá possuir domicílio
eleitoral na respectiva circunscrição pelo prazo de, pelo menos, um ano
antes do pleito e estar com a filiação deferida pelo partido no mesmo
prazo.
- O registro da candidatura. Somente podem concorrer às eleições candidatos
registrados por partidos. A apresentação das candidaturas é exclusiva dos
51
partidos, não havendo em nosso direito a possibilidade de uma candidatura
independente (candidato sem partido).
- O candidato às eleições proporcionais indicará, no pedido de registro,
além de seu nome completo, as variações nominais com que deseja ser
registrado, até o máximo de três opções, que poderão ser o prenome,
sobrenome, cognome, nome abreviado, apelido ou nome pelo qual é mais
conhecido, desde que não se estabeleça dúvida quanto à sua identidade, não
atente contra o pudor e não seja ridículo ou irreverente, mencionando em
que ordem de preferência deseja registrar-se.
- tratando-se de candidatos cuja homonímia não se resolva pelas regras dos
dois incisos anteriores, a Justiça Eleitoral deverá notificá-los para que,
em dois dias, cheguem a acordo sobre os respectivos nomes a serem usados;
- não havendo acordo no caso do inciso anterior, a Justiça Eleitoral
registrará cada candidato com o nome e sobrenome constantes do pedido de
registro, observada a ordem de preferência ali definida.
- Lei Eleitoral brasileira, Lei n.º 9.504/1997, foi alterada, em 1999,
mediante projeto de lei de iniciativa popular, para abrigar a instituição
jurídica da captação de sufrágio, que se manifesta por doar, oferecer ou
entregar ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal
de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registro
da candidatura até o dia da eleição, inclusive, sob pena de multa e
cassação do registro ou do diploma.
- Não é permitido registro de candidatos, embora para cargos diferentes,
por mais de uma circunscrição ou para mais de um cargo na mesma
circunscrição.
- No processo de registro de candidatos, o partido que não o impugnou não
tem legitimidade para recorrer da sentença que o deferiu, salvo se se
cuidar de matéria constitucional.
6.3. Serão registrados:
- No Tribunal Superior Eleitoral: os candidatos a Presidente e Vice-
presidente da república;
52
- Nos Tribunais Regionais Eleitorais os candidatos a Senador, Deputado
Federal, Governador e Vice-Governador e Deputado Estadual;
- Nos Juízes Eleitorais os candidatos a Vereador, Prefeito, Vice-Prefeito e
Juiz de paz.
6.4. Candidatura nata
O STF considerou inconstitucional a candidatura nata, que consiste na
garantia de o candidato detentor de mandato de Deputado Federal, Distrital,
Estadual ou Vereador, e aos que tenham exercido esses cargos em qualquer
período da legislatura que estiver em curso, é assegurado o registro de
candidatura para o mesmo cargo pelo partido a que esteja filiado, é
situação jurídica em vigor no sistema eleitoral pátrio.
- Somente poderão inscrever candidatos os partidos que possuam diretório
devidamente registrado na circunscrição em que se realizar a eleição.
6.5. Em relação ao número de candidatos temos o seguinte:
a) Cada partido poderá registrar 150% do número de vagas e cada coligação
até 200% do número de vagas.
b) Nos Estados em que o número de deputados federais a serem eleitos forem
menor que 20, cada partido poderá registrar 200% e as coligações 300%.
- Os partidos e coligações solicitarão à Justiça Eleitoral o registro de
seus candidatos até as dezenove horas do dia 05 de julho do ano em que se
realizarem as eleições.
§ 1º O pedido de registro deve ser instruído com os seguintes documentos:
I - cópia da ata a que se refere o art. 8º;
II - autorização do candidato, por escrito;
III - prova de filiação partidária;
IV - declaração de bens, assinada pelo candidato;
53
V - cópia do título eleitoral ou certidão, fornecida pelo cartório
eleitoral, de que o candidato é eleitor na circunscrição ou requereu sua
inscrição ou transferência de domicílio no prazo previsto no art. 9º;
VI - certidão de quitação eleitoral;
VII - certidões criminais fornecidas pelos órgãos de distribuição da
Justiça Eleitoral, Federal e Estadual;
VIII - fotografia do candidato, nas dimensões estabelecidas em instrução da
Justiça Eleitoral, para efeito do disposto no § 1º do art. 59.
IX - propostas defendidas pelo candidato a Prefeito, a Governador de Estado
e a Presidente da República.
- A certidão de quitação eleitoral abrangerá EXCLUSIVAMENTE a plenitude do
gozo dos direitos políticos, o regular exercício do voto, o atendimento a
convocações da Justiça Eleitoral para auxiliar os trabalhos relativos ao
pleito, a inexistência de multas aplicadas, em caráter definitivo, pela
Justiça Eleitoral e não remetidas, e a apresentação de contas de campanha
eleitoral.
§ 8º Para fins de expedição de certidão de que trata o § 7º, considerar-se-
ão QUITES aqueles que:
I- Condenados ao pagamento de multa, tenham, até a data da formalização do
seu pedido de registro de candidatura, comprovado o pagamento ou o
parcelamento da dívida regularmente cumprido.
- Na hipótese de o partido ou coligação não requerer o registro de seus
candidatos, estes poderão fazê-lo perante a Justiça Eleitoral nas quarenta
e oito horas seguintes ao encerramento do prazo previsto no caput deste
artigo.
- Ao candidato que, na data máxima prevista para o registro, esteja
exercendo o mandato eletivo ou tenha exercido nos últimos quatro anos, ou
que nesse mesmo prazo se tenha candidato com um dos nomes que indicou, será
deferido o seu uso no registro, ficando outros candidatos impedidos de
fazer propaganda com esse mesmo nome.
54
- É facultado ao partido ou coligação substituir candidato que for
considerado inelegível, renunciar ou falecer após o termo final do prazo do
registro ou, ainda, tiver o seu registro indeferido ou cancelado.
- A escolha do substituto far-se-á na forma estabelecida no estatuto do
partido a que pertencer o substituído, e o registro deverá ser requerido
até 10 dias contados do fato ou da notificação do partido da decisão
judicial que deu origem à substituição.
- Nas eleições majoritárias, se o candidato for de coligação, a
substituição deverá fazer-se por decisão da maioria absoluta dos órgãos
executivos de direção dos partidos coligados, podendo o substituto ser
filiado a qualquer partido dela integrante, desde que o partido ao qual
pertencia o substituído renuncie ao direito de preferência.
- Nas eleições proporcionais, a substituição só se efetivará se o novo
pedido for apresentado até 60 dias antes do pleito.
Eleições majoritárias Eleições proporcionais
a) Até 10 DIAS após a ocorrência do
fato ou da notificação da decisão
judicial;
b) Até 24 HORAS antes das eleições.
a) Até 10 DIAS após a ocorrência do
fato ou da notificação da decisão
judicial;
a) Até 60 DIAS antes do início da
votação.
- Ação de impugnação de registro de candidatura. A impugnação ao pedido de
registro de candidatura é uma verdadeira ação de natureza eleitoral. Está
prevista no & 2º do artigo 97 do Código Eleitoral e está regulamentada pela
Lei Complementar 64/90. Publicado o edital dando conta do pedido de
registro de candidatura, começa a correr o prazo de cinco dias para que o
interessado (candidatos, partidos políticos, coligações e MP) possa
apresentar a impugnação que tiverem.
- Juntamente com o pedido de registro de seus candidatos, os partidos e
coligações comunicarão à Justiça Eleitoral os valores máximos de gastos que
farão por candidatura em cada eleição.
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7. DA PRESTAÇÃO DE CONTAS
55
7.1. Introdução:
Como lecionam Spitzcovsky e Moraes (2009, p. 83), a arrecadação de recursos
está regrada nos Arts. 17 a 27 da Lei 9.504/97, com as modificações
advindas da Lei 11.300/06. Segundo eles, essa matéria tem por objetivo
“estabelecer limites e transparência durante as eleições, de forma a
proteger o pleito contra a influência do poder econômico ou o abuso no
exercício de função, cargo ou emprego na Administração direta e indireta”.
É certo que, com a nova lei, as exigências tornaram-se mais rígidas, mas,
ao mesmo tempo, mais fácil de controlar os gastos, razão pela qual a
legislação eleitoral exige que os partidos e coligações comuniquem à
Justiça Eleitoral o limite por candidatura, o que deverá ser providenciado
juntamente com o seu registro, sujeitando o responsável pelos excessos
praticados, conforme disposição do Art. 18 da Lei 9.504/97. No mesmo
sentido, as despesas realizadas durante a campanha eleitoral são de
responsabilidade dos partidos, sejam eles isolados ou sob coligação, ou de
seus candidatos, nos moldes do Art. 17, também da Lei 9.504/97.
Outros aspectos que merecem realce quanto à arrecadação e prestação de
contas, citamos o Art. 17-A, da Lei 9.504/97, que determina que a cada
eleição caberá à lei, observadas as peculiaridades locais, fixar até o dia
10 de junho de cada ano eleitoral o limite dos gastos de campanha para os
cargos em disputa.
O § 3o do Art. 22 da Lei 9.504/97, com a redação da Lei 11.300/06, prevê
que o uso dos recursos financeiros destinados a pagamentos dos gastos
eleitorais que não sejam provenientes de conta específica, conforme
determinação do Art. 22 caput, implicará a desaprovação da prestação de
contas do partido ou candidato.
Caso esteja comprovado abuso do poder econômico, o candidato terá cancelado
o registro da sua candidatura, ou caso já ter sido diplomado, será cassado.
E o § 4o prevê que, caso haja rejeição das contas, a Justiça Eleitoral
remeterá cópia de todo o processo ao Ministério Público Eleitoral.
A prestação de contas está disciplinada nos Arts. 28 a 32 da Lei 9.504/97.
Spitzcovsky e Moraes (2009, p. 86), expõem que “o Art. 28 da Lei n.
9.504/97 estabelece uma clara distinção na prestação de contas dos
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candidatos a cargos majoritários e daqueles que concorrem às eleições
proporcionais.” Explicam que:
[...] enquanto para os candidatos às eleições proporcionais abriu-se a
possibilidade de a prestação de contas ser realizada pelo comitê
financeiro, ou pelo próprio candidato, para as majoritárias deverá ser
apresentada, tão somente, pelo comitê financeiro, devendo ser instruída com
as exigências fixadas no § 1º, que a seguir se reproduz:
Art. 28 [...] § 1º § 1º As prestações de contas dos candidatos às eleições
majoritárias serão feitas por intermédio do comitê financeiro, devendo ser
acompanhadas dos extratos das contas bancárias referentes à movimentação
dos recursos financeiros usados na campanha e da relação dos cheques
recebidos, com a indicação dos respectivos números, valores e emitentes.
Independentemente da modalidade escolhida, frisam Spitzcovsky e Moraes
(2009, p. 86) que “a prestação de contas deverá ser encaminhada à Justiça
Eleitoral até o trigésimo dia posterior à realização das eleições e,
havendo segundo turno, no mesmo prazo”. Outra inovação da Lei 11.300/2006
foi a inclusão do § 4° do Art. 28 da Lei 9.504/97, que estipulou a
obrigatoriedade de divulgação, pela internet, nos dias 6 de agosto e 6 de
setembro, de relatórios discriminando o uso de recursos financeiros pelos
partidos, coligações e candidatos.
- Candidatos e Comitês Financeiros estão obrigados à inscrição no Cadastro
Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ.
7.2. Questões diversas:
- Primeiro o TSE considera que bastava a apresentação das contas, depois
muda sua posição, exigindo que as contas devem ser apresentadas e
aprovadas. Agora (dia 28/06/2012) volta novamente ao posicionamento absurdo
anterior:
- Por maioria de votos, o plenário do TSE (Tribunal Superior Eleitoral)
Decidiu na noite desta quinta-feira os candidatos poderão obter a certidão
de quitação eleitoral e o registro de candidatura mesmo que não tenham sido
aprovadas as suas contas de campanha. O ministro Dias Toffoli havia
solicitado vista do pedido na sessão do dia 26 de junho, quando o
julgamento estava empatado em três votos a três. Hoje, ele desempatou a
decisão a favor da candidatura das contas não aprovadas. Segundo Toffoli, a
57
legislação eleitoral em vigor não exige a aprovação das contas eleitorais
para que os candidatos às eleições municipais deste ano obtenham o registro
de candidatura.
- Assim, basta que o candidato tenha apresentado a prestação de contas de
campanha eleitoral anterior, independentemente de sua aprovação pela
Justiça Eleitoral.
- O candidato é o único responsável pela veracidade das informações
financeiras e contábeis de sua campanha, usando recursos repassados pelo
comitê, inclusive os relativos à cota do Fundo Partidário, recursos -
próprios ou doações de pessoas físicas ou jurídicas, na forma estabelecida
nesta lei.
7.3. A prestação de contas será feita:
- A prestação de contas dos partidos políticos à justiça eleitoral é feita
por meio do envio do balanço contábil do exercício findo até 30 de abril do
ano seguinte, e, em anos eleitorais, por meio do envio de balancetes
mensais durante os quatro meses anteriores e os dois meses posteriores ao
pleito.
- As prestações de contas dos candidatos às eleições majoritárias serão
feitas por intermédio do comitê financeiro, devendo ser acompanhadas dos
extratos das contas bancárias referentes à movimentação dos recursos
financeiros usados na campanha e da relação dos cheques recebidos, com a
indicação dos respectivos números, valores e emitentes.
- 2º As prestações de contas dos candidatos às eleições proporcionais serão
feitas pelo comitê financeiro ou pelo próprio candidato.
- Na eleição presidencial é obrigatória a criação de comitê nacional e
facultativa a de comitês nos Estados e no Distrito Federal.
A falta de apresentação da prestação de contas anual implica a suspensão
automática do Fundo Partidário do respectivo órgão partidário, independente
de provocação e de decisão, e sujeita os responsáveis às penas da lei (Lei
nº 9.096/95, art. 37).
- É obrigatório para o partido e para os candidatos abrir conta bancária
específica para registrar todo movimento financeiro da campanha. O disposto
58
neste artigo não se aplica aos casos de candidatura para Prefeito e
Vereador em Municípios onde não haja agência bancária, bem como aos casos
de candidatura para Vereador em Município com menos de vinte mil eleitores.
- TSE, de 6.6.2006, no Ag n° 4.523: o não julgamento das prestações de
contas dos candidatos oito dias antes da diplomação não acarreta aprovação
tácita das contas. O prazo fixado neste dispositivo tem por objetivo
harmonizar o julgamento do exame das contas com a diplomação dos
candidatos, à vista do que dispõe o art. 29 desta lei.
7.4. As doações de recursos financeiros somente poderão ser efetuadas na
conta mencionada por meio de:
- Cheques cruzados e nominais ou transferência eletrônica de depósito;
- Depósito em espécie devidamente identificados até o limite fixado.
- A partir do registro dos comitês financeiros, pessoas físicas poderão
fazer doações em dinheiro ou estimáveis em dinheiro para campanha
eleitorais, obedecido o disposto nesta lei. Limitados a 10% dos rendimentos
brutos auferidos no ano anterior à eleição e no caso em que o candidato
utilize recursos próprios, ao valor máximo de gastos estabelecido pelo seu
partido, na forma desta lei.
- Ficam vedadas quaisquer doações em dinheiro, bem como de troféus,
prêmios, ajudas de qualquer espécie, feitas por candidatos, entre o
registro e a eleição, a pessoas físicas ou jurídicas.
- Toda doação a candidato específico ou a partido deverá ser feita mediante
RECIBO, em formulário impresso ou em formulário eletrônico, no caso de
doação via internet, em que constem os dados do modelo constante do Anexo,
dispensada a assinatura do doador.
É vedado, a partido e candidato, receber diretamente doação em dinheiro ou
estimável em dinheiro, inclusive por meio de publicidade de qualquer
espécie, procedente de:
- Entidade de governo estrangeiro;
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- Órgão da administração pública direta ou indireta ou fundação mantida com
recursos provenientes do Poder Público;
- Concessionário ou permissionário de serviço público;
- Entidade de direito privado que receba, na condição de beneficiária,
contribuição compulsória em virtude de disposição legal;
I - Entidade de utilidade pública;
II - Entidade de classe ou sindical;
III - Pessoa jurídica sem fins lucrativos que receba recurso do exterior;
IV - Entidade beneficente ou religiosa;
V - Entidade esportiva que receba recursos públicos;
VI - Organizações não governamentais que recebam recursos públicos;
VII - Organizações da sociedade civil de interesse público.
- O partido que descumprir as normas referentes à arrecadação e aplicação
de recursos fixadas nesta Lei perderá o direito ao recebimento da quota do
fundo partidário do ano seguinte, sem prejuízo de responderem os candidatos
beneficiados por abuso de poder econômico.
- A sanção de suspensão do repasse de novas quotas do Fundo Partidário, por
desaprovação total ou parcial da prestação de contas de partido, deverá ser
aplicada de forma proporcional e razoável, pelo período de 1 (um) mês a 12
(doze) meses, ou por meio do desconto, do valor a ser repassado, da
importância apontada como irregular, não podendo ser aplicada a sanção de
suspensão, caso a prestação de contas não seja julgada, pelo juízo ou
tribunal competente, após 5 (cinco) anos de sua apresentação. (Incluído
pela Lei nº 12.034, de 2009).
- Art. 2º da lei 6091/74 - Se a utilização de veículos pertencentes às
entidades previstas no art. 1º não for suficiente para atender ao disposto
nesta Lei, a Justiça Eleitoral requisitará veículos e embarcações a
particulares, de preferência os de aluguel.
60
Parágrafo único. Os serviços requisitados serão pagos, até trinta dias
depois do pleito, a preços que correspondam aos critérios da localidade. A
despesa correrá por conta do Fundo Partidário.
- A justiça eleitoral pode, em alguns casos, fornecer refeições a eleitores
de zonas rurais, correndo as despesas, nessa hipótese, por conta do fundo
partidário.
- Art. 1º Os veículos e embarcações, devidamente abastecidos e tripulados,
pertencentes à União, Estados, Territórios e Municípios e suas respectivas
autarquias e sociedades de economia mista, excluídos os de uso militar,
ficarão à disposição da Justiça Eleitoral para o transporte gratuito de
eleitores em zonas rurais, em dias de eleição.
- O prazo para a propositura, contra os doadores, das representações
fundadas em doações de campanha acima dos limites legais é de 180 dias,
período em que devem os candidatos e partidos conservar a documentação
concernente às suas contas, a teor do que dispõe o art. 32 da lei nº
9504/97.
7.5. São considerados gastos eleitorais entre outros:
I - Despesas com transporte ou deslocamento de candidato e de pessoal a
serviço das candidaturas;
II - A realização de comícios ou eventos destinados à promoção de
candidatura;
III - A produção de jingles, vinhetas e slogans para propaganda eleitoral.
- Ao receber as prestações de contas e demais informações dos candidatos
às eleições majoritárias e dos candidatos às eleições proporcionais que
optarem por prestar contas por seu intermédio, os comitês deverão
encaminhar à Justiça Eleitoral, até o trigésimo dia posterior à realização
das eleições, o conjunto das prestações de contas dos candidatos e do
próprio comitê.
- A inobservância do prazo para encaminhamento das prestações de contas
impede a diplomação dos eleitos, enquanto perdurar.
61
- Havendo indício de irregularidade na prestação de contas, a Justiça
Eleitoral poderá requisitar diretamente do candidato ou do comitê
financeiro as informações adicionais necessárias, bem como determinar
diligências para a complementação dos dados ou o saneamento das falhas.
- Até cento e oitenta dias após a diplomação, os candidatos ou partidos
conservarão a documentação concernente as suas contas. Estando pendente de
julgamento qualquer processo judicial relativo às contas, documentação a
elas concernente deverá até a decisão final.
- A Justiça Eleitoral exerce a fiscalização sobre a escrituração contábil e
a prestação de contas do partido e das despesas de campanha eleitoral,
devendo atestar se elas refletem adequadamente a real movimentação
financeira, os dispêndios e recursos aplicados nas campanhas eleitorais,
exigindo a observação das seguintes normas:
[...]
IV - obrigatoriedade de ser conservada pelo partido a documentação
comprobatória de suas prestações de contas, por prazo não inferior a cinco
anos;
- A lei eleitoral permite a doação oculta, que ocorre, sobretudo quanto a
recursos repassados a candidatos a cargos proporcionais.
- Foi mantida a atual lei eleitoral que estabelece 12 restrições para
doações diretas aos candidatos, o que acabou instituindo a doação oculta.
Para burlar as regras, entidades como concessionárias, sindicatos,
entidades beneficentes e religiosas, ONGs, por exemplo, que recebam
recursos públicos e empresas esportivas que recebam financiamento público
acabam fazendo doações para partidos, que passam os recursos para os
candidatos.
- Quando o material impresso veicular propaganda conjunta de diversos
candidatos, os gastos relativos a cada um deles deverão constar na
respectiva prestação de contas, ou apenas naquela do candidato que houver
arcado com os custos.
===========================================================================
8. DA PROPAGANDA ELEITORAL E PARTIDÁRIA
62
8.1. Conceito.
Propaganda é uma técnica de apresentação, argumentos e opiniões ao público,
de tal modo organizada e estruturada para induzir conclusões ou ponto de
vista favoráveis aos seus anunciantes.
- propaganda eleitoral é forma de captação de votos usada pelos partidos,
coligações e candidatos, em época determinada em lei, visando à eleição de
cargos eletivos.
- propaganda intrapartidária é a realizada pelo filiado visando convencer
os correligionários do partido, participantes da convenção para escolha dos
candidatos, a escolher seu nome para concorrer a cargo eletivo (vedado o
uso da mídia);
- A propaganda intrapartidária veiculada antes do dia seis de julho do ano
eleitoral deve ser imediatamente retirada após a realização da convenção
partidária.
- propaganda partidária é a divulgação genérica e exclusiva do programa e
da proposta política do partido, sem menção ao nome de candidatos, visando
angariar adeptos ao partido. Não obstante a diferença, o CE confunde os
conceitos.
- Art. 41. A propaganda exercida nos termos da legislação eleitoral não
poderá ser objeto de multa nem cerceada sob alegação do exercício do poder
de polícia ou de violação de postura municipal, casos em que se deve
proceder na forma prevista no art. 40. (Redação dada pela Lei nº 12.034, de
2009)
§ 1o O poder de polícia sobre a propaganda eleitoral será exercido pelos
juízes eleitorais e pelos juízes designados pelos Tribunais Regionais
Eleitorais. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)
§ 2o O poder de polícia se restringe às providências necessárias para
inibir práticas ilegais, vedada a censura prévia sobre o teor dos programas
a serem exibidos na televisão, no rádio ou na internet. (Incluído pela Lei
nº 12.034, de 2009).
8.2. São princípios da propaganda política:
63
- Princípio da legalidade – Somente a lei pode limitar a propaganda
eleitoral. Esta lei deve ser federal.
- Principio da liberdade – A propaganda é livre na forma da lei. Tudo que a
lei não proíbe é permitido.
- Princípio da responsabilidade – A propaganda, qualquer que seja a sua
forma ou modalidade, deverá sempre mencionar a legenda partidária, de forma
que se torne possível identificar o responsável pela propaganda.
- O juiz eleitoral da comarca é competente para tomar todas as providências
relacionadas à propaganda eleitoral, assim como para julgar representações
e reclamações a ela pertinentes.
- Ao postulante a candidatura a cargo eletivo é permitida a realização, na
quinzena anterior à escolha pelo partido político, de propaganda
intrapartidária com vista à indicação de seu nome, inclusive mediante a
afixação de faixas e cartazes em local próximo da convenção, com mensagem
aos convencionais vedados o uso de rádio, televisão, outdoor e internet.
- A propaganda eleitoral somente é permitida após 5 de julho do ano da
eleição.
- Propaganda partidária. É a propaganda institucional dos partidos
políticos. Só poderá ser feita até o dia 30 de junho do ano eleitoral.
- A propaganda, qualquer que seja a sua forma ou modalidade, mencionará
sempre a legenda partidária e só poderá ser feita em língua nacional, não
devendo empregar meios publicitários destinados a criar, artificialmente,
na opinião pública, estados mentais, emocionais ou passionais.
8.3. São limitações gerais da propaganda eleitoral:
Feita em outra língua que não for nacional;
Empregar meios publicitários destinados a criar, artificialmente, na
opinião pública, estados mentais, emocionais ou passionais;
De guerra, de processos violentos para subverter o regime, a ordem
política e social, ou de preconceitos de raça ou de classes.
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Que provoque animosidade entre Forças Armadas ou contra elas, ou delas
contra as classes e instituições civis;
Que incite atentados contra pessoas ou bens;
Que instigue à desobediência coletiva ao cumprimento de lei de ordem
pública;
Que implique em oferecimento, promessa ou solicitação de dinheiro,
dádiva, rifa, sorteio ou vantagem de qualquer natureza;
Que perturbe o sossego público, com algazarra ou abuso de instrumentos
sonoros ou sinais acústicos;
Por meio de impressos ou objetos que pessoa, inexperiente ou rústica,
possa confundir com moeda;
Que prejudique a higiene e a estética urbana ou contravenha a postura
municipais ou a outra qualquer restrição de crédito de direito;
Que caluniar, difamar ou injuriar quaisquer pessoas, bem como órgãos ou
entidades que exerçam autoridade pública;
Que desrespeite os símbolos nacionais.
- No segundo semestre do ano da eleição, não será veiculada a propaganda
partidária gratuita prevista em lei nem permitindo qualquer tipo de
propaganda política paga, no rádio e na televisão.
- É vedada, desde 48 horas antes e 24 horas depois da eleição, qualquer
propaganda política mediante radiodifusão, televisão, comícios ou reuniões
públicas. Cuidado, não consta propaganda via internet.
- No dia da eleição é proibida qualquer propaganda onde haja contato com o
eleitor. É a chamada boca-de-urna, a propaganda realizada no dia das
eleições, geralmente com a distribuição de materiais a eleitores.
- A realização de qualquer ato de propaganda partidária ou eleitoral, em
recinto aberto ou fechado, não depende de licença da polícia. O candidato,
o partido político ou a coligação que promover o ato fará a devida
comunicação à autoridade policial com, no mínimo 24 horas de antecedência,
65
a fim de que esta lhe garanta, segundo a prioridade do aviso, o direito
contra quem usar o local no mesmo dia e horário.
- É vedada na campanha eleitoral a confecção, utilização, distribuição por
comitê, candidato, ou com a sua autorização, de camisetas, chaveiros,
bonés, canetas, brindes, cestas básicas ou quaisquer outros bens ou
materiais que possam proporcionar vantagem ao eleitor.
- É permitida, no dia das eleições, a manifestação individual e silenciosa
da preferência do eleitor por partido político, coligação ou candidato,
revelada exclusivamente pelo uso de bandeiras, broches, dísticos e
adesivos.
- É vedada, no dia do pleito, até o término do horário de votação, a
aglomeração de pessoas portando vestuário padronizado, bem como os
instrumentos de propaganda referidos no caput, de modo a caracterizar
manifestação coletiva, com ou sem utilização de veículos.
8.4 São vedados a instalação e o uso de alto-falantes ou amplificadores de
som em distância inferior a duzentos metros de:
Sedes dos Poderes Executivo e Legislativo da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, das Sedes dos órgãos judiciais, dos
quartéis e de outros estabelecimentos militares;
Dos hospitais e casas de saúde;
Das escolas, bibliotecas públicas, igrejas e teatros, quando em
funcionamento.
- O funcionamento de alto-falantes ou amplificadores de som, ressalvada a
hipótese contemplada no parágrafo seguinte, somente é permitido entre as
oito e as vinte e duas horas.
- Excepcionalmente pode ser utilizada a aparelhagem de sonorização fixa
durante a realização de comício no horário compreendido entre 8 horas e 24
horas.
- Existe um conflito aparente de normas em relação à aplicação de limites
de poluição sonora na propaganda eleitoral, uma vez que o artigo 39, § 3º,
da Lei 9.504/1997, ao editar dispositivo semelhante ao artigo 244, II, do
66
Código Eleitoral, suprimiu a expressão "com a observância da legislação
comum".
- Constitui crime, no dia da eleição, punível com detenção e multa, com
alternativa de prestação de serviços à comunidade, o uso de alto-falantes e
amplificadores de som ou a promoção de comício ou carreata.
- É proibida a realização de showmício e de evento assemelhado para
promoção de candidatos, bem como a apresentação, remunerada ou não, de
artista com finalidade de animar comício e reunião eleitoral.
- O uso de símbolos pelo candidato não pode trazer semelhança com os
utilizados por órgão de Governo, empresa pública ou sociedade de economia
mista.
- É vedada na campanha eleitoral a confecção, utilização, distribuição por
comitê, candidato, ou com a sua autorização, de camisetas, chaveiros,
bonés, canetas, brindes, cestas básicas ou quaisquer outros bens ou
materiais que possam proporcionar vantagem ao eleitor.
- Nos bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do poder público, ou que
a ele pertençam, e nos de uso comum, inclusive postes de iluminação pública
e sinalização de tráfego, viadutos, passarelas, pontes, paradas de ônibus e
outros equipamentos urbanos, é vedada a veiculação de propaganda de
qualquer natureza, inclusive pichação, inscrição a tinta, fixação de
placas, estandartes, faixas e assemelhados.
- Bens de uso comum, para fins eleitorais, são os assim definidos pelo
Código Civil e também aqueles a que a população em geral tem acesso, tais
como cinema, clubes, lojas, centros comerciais, templos, estádios, ainda
que de propriedade privada.
- Nas árvores e jardins localizados em áreas públicas, não é permitida a
colocação de propaganda eleitoral, mesmo que não lhes cause dano.
- Em bens particulares, independe de obtenção de licença municipal e de
autorização da Justiça Eleitoral a veiculação de propaganda eleitoral por
meio da fixação de faixas, placas, cartazes, pinturas ou inscrições, que
não excedam de 4m² e que não contrariem a legislação inclusive a que dispõe
sobre postura municipal.
67
- O candidato cujo registro esteja sub judice poderá efetuar todos os atos
relativos à sua campanha eleitoral, inclusive utilizar o horário eleitoral
gratuito para sua propaganda, no rádio e na televisão.
- É vedada a propaganda eleitoral por meio de outdoors, sujeitando a
empresa responsável, os partidos, coligações e candidatos à imediata
retirada da propaganda irregular e pagamento de multa.
- O uso de outdoors na propaganda eleitoral é proibido durante toda a
campanha, exceto nos comitês dos candidatos.
- Na propaganda dos candidatos a cargo majoritário, deverão constar,
também, o nome dos candidatos a vice ou a suplentes de Senador, de modo
claro e legível, em tamanho não inferior a 10% (dez por cento) do nome do
titular.
8.5. Propaganda na internet
- A propaganda eleitoral na internet somente será permitida na página do
candidato destinada exclusivamente à campanha eleitoral. Os candidatos
poderão manter página na internet com a terminação can.br, ou com outras
terminações, como mecanismo de propaganda eleitoral até a antevéspera da
eleição.
- A propaganda eleitoral pela internet será sempre gratuita.
- Os domínios com terminação can.br serão automaticamente cancelados após a
votação em primeiro turno, salvo os pertinentes a candidatos que estejam
concorrendo em segundo turno, que serão cancelados após esta votação.
- Por meio de blogs, redes sociais, sítios de mensagens instantâneas e
assemelhados, cujo conteúdo seja gerado ou editado por candidatos, partidos
ou coligações ou de iniciativa de qualquer pessoa natural.
- É livre a manifestação do pensamento, vedado o anonimato durante a
campanha eleitoral por meio da rede mundial de computadores.
- Art. 57-C. Na internet, é vedada a veiculação de qualquer tipo de
propaganda eleitoral paga.
§ 1o É vedada, ainda que gratuitamente, a veiculação de propaganda eleitoral
na internet, em sítios:
68
I - de pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos.
- É permitida, até a antevéspera das eleições, a divulgação paga, na
imprensa escrita, de propaganda eleitoral, no espaço máximo, por edição,
para cada candidato, partido político ou coligação, de um oitavo de página
de jornal padrão e um quarto de página de revista ou tablóide.
- Observadas as disposições da lei, é lícita a propaganda eleitoral
veiculada pela Internet nas quarenta e oito horas que antecederem as
eleições.
- A rede mundial de computadores, internet, é um meio eletrônico que
privilegia a livre manifestação do pensamento e o princípio democrático,
razão pelo qual o legislador, através da reforma promovida pela Lei
12.034/2009, estendeu o direito de resposta às ofensas irrogadas por
candidatos através dos meios eletrônicos.
- Não caracterizará propaganda eleitoral a divulgação de opinião favorável
a candidato, a partido político ou coligação pela imprensa escrita, desde
que não seja matéria paga, mas abusos e os excessos, assim como as demais
formas de uso indevido no meio de comunicação, serão apurados e punidos nos
termos do art. 22 da Lei complementar 64/90. O dispostos neste artigo,
aplica-se a reprodução virtual do jornal impresso na internet.
8.6. A partir de 1º de Julho é vedado às emissoras de rádio e televisão, em
sua programação normal e noticiário:
Transmitir, ainda que sob a forma de entrevista jornalística, imagem de
realização de pesquisa ou qualquer outro tipo de consulta popular de
natureza eleitoral em que seja possível identificar o entrevistado ou em
que haja manipulação de dados;
Usar trucagem ou outro recurso de áudio ou vídeo que, de qualquer forma,
degradem ou ridicularizem candidato, partido político ou coligação, bem
como produzir ou veicular programa com esse efeito;
Veicular propaganda política ou difundir opinião favorável ou contrária
a candidato, partido político ou coligação, a seus órgãos ou
representantes;
69
Dar tratamento privilegiado a candidato, partido político ou coligação;
Veicular ou divulgar filmes, novelas, minisséries ou qualquer outro
programa com alusão ou críticas a candidato ou partido político, mesmo que
dissimuladamente, exceto programa jornalístico ou debates políticos;
Divulgar nome de programa que se refira a candidato escolhido em
convenção, ainda quando preexistente, inclusive se coincidente com o nome
do candidato ou o nome por ele indicado para uso na urna eletrônica, e,
sendo o nome do programa o mesmo que o do candidato, fica proibida a sua
divulgação, sob pena de cancelamento do respectivo registro.
- O Supremo Tribunal Federal, em Ação Direta de Inconstitucionalidade,
suspendeu liminarmente, com fundamento na liberdade de imprensa, a eficácia
do inciso II do artigo 45 da Lei 9.504/1997 da expressão “ou difundir
opinião favorável ou contrária a candidato, partido, coligação, a seus
órgãos ou representantes”, bem como, por arrastamento, dos §§ 4º e 5º do
mesmo artigo que conceituam o termo “montagem” e “trucagem”. A ação
contesta os dispositivos que impedem as emissoras de veicular programas
humorísticos que venham a degradar ou ridicularizar candidatos nos três
meses que antecedem as eleições.
- É facultada a transmissão, por emissoras de rádio e televisão, de debates
sobre eleições majoritárias ou proporcionais.
- Prefeito, candidato à reeleição, vai a rádio para entrevista, concedida
em janeiro do ano da eleição municipal, quando tece comentários sobre
programas implantados pela Prefeitura é regular, porque a autoridade
administrativa deve dar continuidade aos atos de sua administração, não se
escusando do dever de informação, desde que não exista o intuito de
autopromoção.
- João Tibúrcio, candidato à reeleição ao cargo de Prefeito, veiculou
propaganda de obras sociais, constando seu nome, datas das realizações das
obras e símbolo utilizado para identificação dos projetos sociais
desenvolvidos na sua administração. Partido de oposição pediu abertura de
investigação judicial, relatando os fatos e indicando as provas que
pretendia apresentar. Em sua defesa, João Tibúrcio alegou que, uma vez que
as obras foram realizadas, inexistia desvio na sua conduta porque tão-
somente estava prestando contas de sua administração. No julgamento, o Juiz
Eleitoral acolheu o pedido formulado na investigação. Pergunta-se: a
70
decisão está correta? Sim, em razão do abuso de autoridade praticado pelo
candidato, o juiz deveria acolher a investigação e cancelar o registro do
candidato.
- O debate será realizado segundo as regras estabelecidas em acordo
celebrado entre todos os partidos políticos e coligações com candidato ao
pleito e a emissora de rádio ou televisão interessada na realização do
evento, o qual deve ser submetido à homologação pelo juiz eleitoral.
- Inexistindo acordo, o debate, inclusive os realizados na internet ou em
qualquer outro meio eletrônico de comunicação, seguirá as regras constantes
na legislação e será assegurada a participação de candidatos dos partidos
com representação na Câmara dos Deputados.
- Será permitida a realização de debate sem a presença de candidato de
algum partido político ou coligação, desde que o veículo de comunicação
responsável comprove tê-lo convidado com a antecedência mínima de 72 horas
da realização do debate.
- É vedada a presença de um mesmo candidato à eleição proporcional em mais
de um debate da mesma emissora.
- O horário destinado à realização de debate poderá ser destinado à
entrevista de candidato, caso apenas este tenha comparecido ao evento.
- O debate não poderá passar da meia-noite da véspera do encerramento da
campanha no rádio e na televisão.
- As emissoras de rádio e televisão e os canais de televisão por assinatura
reservarão, nos quarenta e cinco dias anteriores à antevéspera das
eleições, horário destinado à divulgação, em rede, da propaganda eleitoral
gratuita.
- Se houver segundo turno, as emissoras de rádio e televisão reservarão, a
partir de 48 horas da proclamação dos resultados do primeiro turno e até a
antevéspera das eleições, horário destinado à divulgação da propaganda
eleitora gratuita, dividido em 2 períodos diários de 20 minutos.
- Não serão admitidos cortes instantâneos ou qualquer tipo de censura
prévia nos programas eleitorais gratuitos.
71
- É vedada a veiculação de propaganda que possa degradar ou ridicularizar
candidatos, sujeitando-se o partido ou a coligação infratores à perda do
direito à veiculação de propaganda no horário eleitoral gratuito do dia
seguinte ao da decisão.
8.7. É considerada conduta vedada aos agentes públicos em campanha
eleitoral:
Nomear, contratar ou de qualquer forma admitir, demitir sem justa causa,
suprimir ou readaptar vantagens ou por outros meios dificultar ou impedir o
exercício funcional e, ainda, ex officio, remover, transferir ou exonerar
servidor público, na circunscrição do pleito a partir de 5 de julho até a
posse dos eleitos, sob pena de nulidade de pleno direito, ressalvadas;
- A nomeação ou exoneração de cargos em comissão e designação ou dispensa
de funções de confiança;
- Nomeação para cargos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos
Tribunais ou Conselhos de contas e dos órgãos da Presidência da República;
- Nomeação dos aprovados em concursos públicos homologados até o início
daquele prazo;
- Nomeação ou contratação necessária a instalação ou ao funcionamento
inadiáveis de serviços públicos essenciais, com prévia e expressa
autorização do chefe do Poder Executivo;
- A transferência ou remoção ex officio de militares, policiais civis e de
agentes penitenciários.
- No ano em que ser realizar eleição, fica proibida a distribuição de bens,
valores ou benefícios por parte da administração pública, exceto nos casos
de calamidade pública, de estado de emergência ou de programas sociais
autorizados em lei e já em execução orçamentária no exercício anterior,
casos em que o Ministério Público poderá promover o acompanhamento de sua
execução financeira e administrativa.
- A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos
públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social,
72
dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagem que caracterizem
promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.
- A partir de 5 de julho, na realização de inaugurações é vedada a
contratação de shows artísticos pagos com recursos públicos.
- É proibido aos candidatos a cargos do poder público do Poder Executivo
participar, nos três meses que precedem o pleito, de inaugurações de obras
públicas.
8.8 O ofendido, ou seu representante legal, poderá pedir o exercício do
direito de resposta à Justiça Eleitoral nos seguintes prazos contados a
partir da veiculação da ofensa:
- 24 (Vinte e quatro horas), quando se tratar do horário eleitoral
gratuito;
- (48) Quarenta e oito horas, quando se tratar da programação normal das
emissoras de rádio e televisão;
- (72) Setenta e duas horas, quando se tratar de órgão da imprensa escrita.
- Sem prejuízo das demais sanções legais cabíveis, será punido, com multa
de cinco mil a trinta mil reais, quem realizar propaganda eleitoral na
internet atribuindo indevidamente sua autoria a terceiro, inclusive
candidato, partido político ou coligação.
8.9. Pesquisas eleitorais.
- As pesquisas eleitorais embora não sejam elemento ou forma de propaganda,
podem influenciar na escolha do eleitor. A pesquisa eleitoral, ou pré-
eleitoral, é aquela realizada durante o processo eleitoral, a partir da
data fixada pelo TSE, para demonstrar a tendência do eleitorado em
determinado momento da campanha.
- A pesquisa para uso interno da campanha, ou seja, não tendo como objetivo
sua divulgação é livre e não necessita de registro. Por outro lado, a
pesquisa a ser divulgada pelos órgãos de comunicação deverão ser
registradas conforme as regras do art. 33 e 34 da lei nº 9.504/97. Se a
divulgação da pesquisa, porém, for fraudulenta (dados alterados, pesquisa
fantasiosa), irá configurar crime eleitoral.
73
- O Juiz Eleitoral, investido do poder de polícia, constatada grave
irregularidade em propaganda eleitoral, pode instaurar de ofício
procedimento para imposição de multa? Não. O Juiz Eleitoral não tem
legitimidade para, de ofício, instaurar procedimento com a finalidade de
impor multa pela veiculação de propaganda eleitoral em desacordo com a Lei.
===========================================================================
9. DA ELEIÇÃO
9.1. Introdução:
- No dia marcado para a eleição, o recebimento dos votos começará às 8:00
horas e terminará às 17:00 horas. Após esse horário, só poderão votar os
eleitores que tiverem recebido senha do Presidente e entregue seus títulos
à Mesa Receptora.
- O sufrágio é um direito público de natureza política que tem o cidadão de
eleger, ser eleito e participar da organização e da atividade do poder
estatal.
- Em caso de mudança de domicílio, cabe ao eleitor requerer ao Juiz do novo
domicílio a sua transferência, satisfeitas, dentre outras exigências, o
transcurso de, pelo menos, um ano do alistamento ou da última
transferência, bem como residência mínima de três meses no novo domicílio,
declarada, sob as penas da lei, pelo próprio eleitor.
- Os Juízes Eleitorais, sob pena de responsabilidade, comunicarão ao
Tribunal Regional, até 30 dias antes da eleição, o número de eleitores
alistados.
- As Seções Eleitorais, organizadas à medida que forem deferidos os pedidos
de inscrição, não terão mais de 400 eleitores nas capitais e de 300 nas
demais localidades, nem menos de 50 eleitores.
- Se, em Seção destinada aos cegos, o número de eleitores não alcançar o
mínimo exigido, este se completará com outros, ainda que não sejam cegos.
74
- A mesa é o lugar numa Seção Eleitoral onde ocorre a votação. É ela
encarregada de receber os votos dos eleitores. Os funcionários de uma mesa
receptora são chamados de mesários.
- Constituem a Mesa Receptora um Presidente, um Primeiro e um segundo
mesário, dois secretários e um suplente, nomeados pelo juiz eleitoral 60
dias antes das eleições.
- A votação eletrônica será feita no número do candidato ou da legenda
partidária, devendo o nome e fotografia do candidato e o nome do partido ou
a legenda partidária aparecer no painel da urna eletrônica, com a expressão
designadora do cargo disputado no masculino ou feminino, conforme o caso.
A urna eletrônica exibirá para o eleitor, primeiramente, os painéis
referentes às eleições proporcionais e, em seguida, os referentes às
eleições majoritárias.
Caberá à Justiça Eleitoral definir a chave de segurança e a identificação
da urna eletrônica de que trata o § 4o. (Redação dada pela Lei nº 10.740,
de 1º.10.2003)
A urna eletrônica contabilizará cada voto, assegurando-lhe o sigilo e
inviolabilidade, garantida aos partidos políticos, coligações e
candidatos ampla fiscalização.
O Tribunal Superior Eleitoral disciplinará a hipótese de falha na urna
eletrônica que prejudique o regular processo de votação.
9.2. Não podem ser nomeados Presidente e Mesários:
Os candidatos e seus parentes ainda que por afinidades, até o segundo
grau, inclusive, e bem assim o cônjuge;
Os membros de diretório de partidos desde que exerçam função executiva;
As autoridades e agentes policiais, bem como os funcionários no
desempenho de cargos de confiança do Executivo;
Os que pertencem ao serviço eleitoral;
75
- O serviço de mesário é obrigatório e gratuito. Somente em casos
excepcionais é que juiz poderá aceitar a recusa de um mesário. Se o mesário
se recusar ou abandonar o serviço, sem justa causa estará cometendo crime,
assim também como aquele mesário que sabendo estar impedido de atuar não
revelar o impedimento.
- Qualquer partido poderá reclamar contra nomeação de mesa receptora ao
próprio Juiz Eleitoral, no prazo de cinco a contar da audiência, devendo a
decisão ser proferida em 48 horas. A decisão caberá recurso para o Tribunal
Regional Eleitoral no prazo de 3 dias.
- Nos estabelecimento de internação coletiva de hansenianos, membros das
mesas receptoras serão escolhidos de preferência entre os médico e
funcionários sadios do próprio estabelecimento.
- Cada partido poderá nomear 2 delegados em cada município e 2 fiscais
junto a cada mesa receptora, funcionando um de cada vez.
- A impugnação não recebida pela Junta Eleitoral pode ser apresentada
diretamente ao Tribunal Regional Eleitoral, em quarenta e oito horas,
acompanhada de duas testemunhas.
- A designação dos lugares para o funcionamento das mesas receptoras é
feita pelos juízes eleitorais sessenta dias antes da eleição, publicando a
designação pela imprensa.
- Da designação dos lugares de votação poderá qualquer partido e o
Ministério Público, reclamar ao juiz eleitoral, dentro de 3 dias a contar
da publicação, devendo a decisão ser proferida dentro de 48 horas.
- Ao Presidente da Mesa Receptora e ao Juiz Eleitoral cabe a policia dos
Trabalhos eleitorais.
- A força armada conservar-se-á a 100 metros da Seção Eleitoral e não
poderá aproximar-se do lugar da votação, ou nele penetrar, sem ordem do
Presidente da Mesa.
- Observada a prioridade assegurada aos candidatos, tem preferência para
votar o juiz eleitoral da Zona, seus auxiliares de serviços, os eleitores
de idade avançada, os enfermos e as mulheres grávidas.
76
- O recebimento dos votos começará às 8 horas e terminará, salvo o disposto
no art. 153, às 17 horas.
- Poderão votar fora da seção: O Presidente, mesário, suplente e os
delegados e fiscais de partido, desde que a credencial esteja visada na
forma do art. 131, & 3º. Também o Juiz eleitoral, o Presidente da
República, em qualquer seção eleitoral, nas eleições presidenciais e em
qualquer seção do Estado nas eleições de âmbito estadual; Os Governadores,
vice-governadores, Senadores, Deputados Federais e Estaduais, em qualquer
Seção do Estado, nas eleições de âmbito nacional e estadual e em qualquer
Seção do Município de que sejam eleitores, nas eleições municipais; Os
Prefeitos, Vice-prefeitos e vereadores em qualquer Seção do Município; os
militares, removidos ou transferidos dentro do período de 6 meses antes do
pleito, poderão votar nas eleições para Presidente e vice-presidente da
república na localidade em que estiverem servindo e por fim os policiais
militares em serviço.
- O analfabeto, quando não souber assinar o nome, aporá a impressão digital
de seu polegar direito no requerimento e na folha de votação.
9.3. Voto em separado.
O voto em separado é aquele recebido pela mesa receptora, em caráter
excepcional, por alguma razão. É chamado “em separado” porque a cédula a
ele correspondente é depositada no interior da urna dentro de um envelope
padronizado fornecido pela Justiça Eleitoral. Há três hipóteses de voto em
separado:
Voto em separado por impugnação;
Voto em separado por omissão de listagem;
Voto em separado ad cautelam.
- Às 17 horas, o Presidente fará entregar as senhas a todos os eleitores
presentes e, em seguida, os convidará, em voz alta, a entregar à Mesas seus
títulos, para que sejam admitidos a votar.
- A apuração é a terceira fase do processo eleitoral. Consiste basicamente
no cálculo dos votos e o seu devido registro em documentos apropriados.
9.4 Competência para apuração dos votos:
A apuração dos votos nas eleições obedece a seguinte competência:
77
Eleições Municipais – Juntas Eleitorais;
Eleições Gerais – Tribunais Regionais Eleitorais;
Eleições Presidenciais – Tribunal Superior Eleitoral.
- À medida que os votos forem sendo apurados, poderão os Fiscais e
Delegados de partido, assim como os candidatos, apresentar impugnações, que
serão decididas de plano pela junta. As juntas decidirão por maioria de
votos as impugnações. De suas decisões cabe recurso imediato, interposto
verbalmente ou por escrito, que deverá ser fundamentado no prazo de 48
horas para que tenha seguimento.
- Não será admitido recurso contra a apuração se não tiver havido
impugnação perante a Junta, no ato da apuração, contra as nulidades
argüidas.
- Os candidatos eleitos, assim como os suplentes, receberão diploma
assinado pelo Presidente do Tribunal Superior, do Tribunal Regional ou da
Junta Eleitoral, conforme o caso.
- Enquanto o Tribunal Superior não decidir o recurso interposto contra
expedição do diploma, poderá o diplomado exercer o mandato em toda a sua
plenitude.
- Na aplicação da lei eleitoral, o juiz atenderá sempre aos fins e
resultados a que ela se dirige, abstendo-se de pronunciar nulidades sem
demonstração de prejuízo. A declaração de nulidade não poderá ser requerida
pela parte que lhe deu causa nem a ela aproveitar.
- Se a nulidade atingir a mais da metade dos votos do país nas eleições
presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do Município
nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações, e o
Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 a 40 dias.
- Nas eleições para Presidente e Vice-presidente da República, poderá votar
o eleitor que se encontrar no exterior. Para que se organize uma Seção
Eleitoral no exterior, é necessário que na circunscrição da missão
diplomática ou do consulado-geral haja um mínimo de 30 eleitores inscrito.
- Até 30 dias antes da realização da eleição, todos os brasileiros
eleitores residentes no estrangeiro comunicarão na sede da missão
78
diplomática ou ao consulado-geral em carta, telegrama ou qualquer outra
via, a sua condição de eleitor e sua residência.
- Encerrada a votação, as urnas serão enviadas pelos cônsules-gerais às
sedes das missões diplomáticas. Essas remeterão, pela mala diplomática, ao
Ministério das Relações Exteriores, que delas fará entrega ao Tribunal
Regional Eleitoral do Distrito Federal, a quem competirá a apuração dos
votos e julgamento das dúvidas e recursos que hajam sido interpostos.
- São legitimados para impugnação de locais escolhidos para votação: o
partido político e o promotor eleitoral.
10. RECURSOS E PROCESSO ELEITORAL
10.1. São características do Processo Eleitoral:
- Celeridade – Os prazos são bem mais reduzidos em relação aos outros ritos
processuais (em geral, três dias);
- Rigor do princípio da preclusão – Impede, salvo matéria constitucional,
que se recorra de fases já passadas.
- O Código Eleitoral, em matéria de ato judicial recorrível, adotou
especificamente o princípio da preclusão, salvo quando no recurso se
discute matéria constitucional.
- Impugnações e recursos não devem ser confundidos. A impugnação é um ato
de oposição, no âmbito do Direito Eleitoral. O recurso é medida de que se
vale o interessado depois de praticado um ato ou tomada de decisão. Por
exemplo, à medida que os votos forem sendo apurados, poderão os fiscais e
delegados de partido, assim como os candidatos, apresentar impugnações que
serão decididas de plano pela junta. Da decisão da Junta cabe recurso
imediato, interposto verbalmente ou por escrito.
- No sistema eleitoral brasileiro a regra geral é a de que os recursos não
têm efeito suspensivo. Em conseqüência, a execução de qualquer acórdão será
feita imediatamente, em principio, através de comunicação por oficio ou
telegrama.
79
- A regra geral do Direito Eleitoral, relativamente a prazo é a seguinte:
quando a lei não fixar prazo especial, o recurso deverá ser interposto em
três dias contados da data da publicação do acórdão, da sentença, do ato,
da resolução ou do despacho que se deseja reformar.
- O juiz eleitoral possui prerrogativa de realizar o juízo de retratação
nos recursos eleitorais.
- Os recursos contra atos das Juntas Eleitorais independem de termo e deve
ser interpostos por petição devidamente fundamentada, acompanhada, se assim
entender, o recorrente, de novos documentos.
- A nulidade de qualquer ato, não decretado de oficio pela Junta, só poderá
ser arguida quando de sua prática, não mais podendo ser alegada, salvo se a
argüição se basear em matéria superveniente ou de ordem constitucional.
- O recurso inominado é interponível contra ato, resolução ou despacho do
Presidente do TRE no prazo de três dias, quando não cabível outro recurso.
- Os recursos das decisões das Juntas Eleitorais serão interpostos por
petição devidamente fundamentada dirigida ao Juiz Eleitoral.
- À medida em que os votos forem sendo apurados, impugnações poderão ser
apresentadas pelos fiscais, delegados dos partidos e candidatos.
- Dos atos, resoluções ou despachos dos Presidentes dos Tribunais Regionais
Eleitorais caberá, dentro de 3 dias, recurso para o próprio Tribunal
Regional Eleitoral.
- Do despacho que indeferir o requerimento de inscrição, caberá recurso
interposto pelo alistando no prazo de cinco dias e, do que o deferir,
poderá recorrer qualquer delegado de partido político no prazo de dez dias,
contados da colocação da respectiva listagem à disposição dos partidos, o
que deverá ocorrer nos dias 1º e 15 de cada mês, ou no primeiro dia útil
seguinte, ainda que tenham sido exibidas ao alistando antes dessas datas e
mesmo que os partidos não as consultem (Lei nº 6.996/82, art. 7º).
- Contra a decisão originária do Tribunal Regional Eleitoral cabe recurso
ordinário para o Tribunal Superior Eleitoral (incisos III e IV do § 4.º do
artigo 121 da CRFB). Contra a decisão originária do Tribunal Superior
80
Eleitoral poderá ser cabível o mandado de segurança (Súmula n. 267 do STF)
ou o Recurso Extraordinário para o Supremo Tribunal Federal.
10.2. Os recursos podem ser interpostos perante:
a) As juntas e Juízes eleitorais;
b) Os Tribunais Regionais;
c) O Tribunal Superior Eleitoral.
10.3. Os recursos podem ser:
a) Parciais;
b) Especiais;
c) Ordinários;
d) Embargos de declaração;
e) Agravo regimental;
f) Agravo de instrumento;
g) Extraordinário (em casos especialíssimos).
- O julgamento de decisões do TRE caberá recurso ao TSE (REsp e RO).
- Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso
quando:
I - forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição ou de
lei;
II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais
tribunais eleitorais;
III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições
federais ou estaduais;
IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais
ou estaduais;
V - denegarem "habeas-corpus", mandado de segurança, "habeas-data" ou
mandado de injunção.
81
10.4. Recurso Especial:
Art. 121
§ 4º - Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá
recurso quando:
I - forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição ou de
lei;
II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais
tribunais eleitorais;
10.5. Recurso Ordinário:
III - versarem sobre inegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições
federais ou estaduais;
IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais
ou estaduais;
V - denegarem "habeas-corpus", mandado de segurança, "habeas-data" ou
mandado de injunção.
- O mandado de segurança e o habeas corpus, o habeas data e o mandado de
injunção são admitidos em matéria eleitoral, embora não sejam
especificamente recursos, mas remédios especiais.
- As decisões das Juntas e dos Juízes podem ser reformadas,
respectivamente, pela própria Junta ou pelo próprio Juiz Eleitoral. Não
havendo reforma da decisão, o juiz determinará o encaminhamento do processo
ao exame de instância, o TRE.
- Os embargos de declaração são opostos quando há acórdão, obscuridade,
dúvida ou contradição. Os embargos serão opostos dentro de 3 dias da data
da publicação do acórdão. Os embargos de declaração suspendem o prazo para
interposição de outros recursos.
- Interposto recurso especial contra decisão do Tribunal Regional, a
petição será juntada nas 48 horas seguintes e os autos conclusos ao
Presidente dentro de 24 horas. Denegado o recurso especial, o recorrente
82
poderá interpor, dentro de 3 dias agravo de instrumento. O Presidente do
Tribunal não poderá negar seguimento ao agravo, ainda que interposto fora
do prazo legal.
- Recursos perante o Tribunal Superior Eleitoral. A regra é a
irrecorribilidade das decisões do Tribunal Superior Eleitoral. A primeira
exceção diz respeito ao Recurso Extraordinário, em três dias, para discutir
matéria civil ou criminal, quando a decisão contrariar preceito
constitucional, bem como declarar inconstitucionalidade de tratado ou lei
federal, ou julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da
Constituição. Tem-se entendido, também, caber o extraordinário quando se
tratar da diplomação do Presidente e Vice-presidente da república.
- O recurso ordinário, segunda exceção, será interposto, em três dias, das
decisões denegatórias de mandado de segurança e habeas data.
- A distribuição do primeiro recurso que chegar ao Tribunal Regional
Eleitoral ou Tribunal Superior Eleitoral prevenirá a competência do relator
para todos os demais casos do mesmo Município ou Estado.
11. AIRC (Ação de Impugnação de Registro de Candidatura):
O registro da candidatura é feito no dia 5 de junho do ano das eleições.
O Prazo para ingressar com a ação é de até 5 dias da publicação dos pedidos
de registros de candidato.
Baseia-se para dar cumprimento às exigências da Elegibilidade (art. 14,
§ 3º, CF e também art. 11 da lei 9.504/97).
Legitimados: Partidos políticos, coligações, candidatos e MP.
12. AIJE (Ação de Investigação Judicial Eleitoral):
Objetivo: combater ou investigar abuso de poder econômico ou político
ocorridos antes, depois ou durante a campanha eleitoral (art. 14, § 9º, da
CF);
Natureza: acusatória – devendo atender todas as garantias do
contraditório e ampla defesa.
83
Efeitos: poderá atingir seu objetivo antes ou depois da diplomação. Ou
seja, se antes será atribuída à cassação do registro da candidatura; se
depois, será cassado o diploma.
Legitimados: Partidos Políticos, coligação, candidato e o MP;
13. RCED (Recurso Contra Expedição de Diploma):
Prazo: 3 dias da seção de diplomação ou se for decretada novas eleições.
Não tem efeito suspensivo.
Serve para infirmar (invalidar) a diplomação.
14. AIME (Ação de Impugnação de Mandato Eletivo)
- Ações de impugnação de mandato eletivo que tramitará em segredo de
justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta
má-fé, no prazo de quinze dias, contados da diplomação, instruída a ação
com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.
- Finalidade: Impugnar mandato eletivo, pressupondo que o mandato já tenha
sido conquistado, após a diplomação (art. 14, §§ 10º e 11º, da CF).
Corre em segredo de justiça. Deve ser instruída com prova de abuso de
poder econômico ou político.
Prazo: 15 dias após a diplomação.
Combater o poder econômico, corrupção ou fraude.
- A ação de impugnação de mandato eletivo possui previsão na Constituição
Federal, o recurso contra a diplomação possui previsão na Lei 4.737/65
(Código Eleitoral) e a ação de investigação judicial eleitoral possui
previsão na Lei Complementar 064/90 (Lei das Inelegibilidades).
84
1. PROCESSO DE REPRESENTAÇÃO PARA INVESTIGAÇÃO JUDICIAL.
A representação para investigação judicial visa coibir e apurar as
transgressões às normas protetivas da normalidade e legitimidade das
eleições.
Resolução nº 23.367, de 13.12.2011.
Art. 22. Nas eleições de 2012, o Juiz Eleitoral será competente para
conhecer e processar a representação prevista na Lei Complementar nº 64/90,
exercendo todas as funções atribuídas ao Corregedor-geral ou Regional,
cabendo ao representante do Ministério Público Eleitoral em função da Zona
Eleitoral as atribuições deferidas ao Procurador-Geral e Regional
Eleitoral, nos termos do inciso I a XV do art. 22 e demais normas de
procedimento previstas na LC nº 69/90.
O processo de representação tem cabimento:
1. Em transgressão;
2. Abuso do poder econômico e político;
3. Uso indevido.
- Tem legitimidade para esta ação os partidos políticos ou coligação,
candidato ou Ministério Público. Compete ao Juiz Eleitoral processar e
julgar a representação de investigação.
- Qualquer partido político, coligação, candidato ou Ministério Público
poderá representar à Justiça Eleitoral, diretamente ao Corregedor-Geral ou
Regional, relatando fatos e indicando provas, indícios e circunstâncias e
pedir abertura de investigação judicial para apurar uso indevido, desvio ou
abuso do poder econômico ou do poder de autoridade, ou utilização indevida
de veículos ou meios de comunicação social, em benefício de candidato ou de
partido político.
- Julgada procedente a representação, o Tribunal declarará a
inelegibilidade do representado e de quantos hajam contribuído para a
prática do ato, cominando-lhe sanção de inelegibilidade para as eleições a
se realizarem nos 8 anos subseqüentes à eleição em que se verificou, além
da cassação do registro do candidato diretamente beneficiado pela
85
interferência do poder econômico e pelo desvio ou abuso do poder de
autoridade, determinando a remessa dos autos ao Ministério Público
Eleitoral, para instauração de processo disciplinar, se for o caso, e
processo-crime, ordenando quaisquer outras providências que a espécie
comportar.
- Os efeitos são: se o julgamento for antes da eleição acarreta a
inelegibilidade do candidato e dos infratores e a cassação do registro; se
for após a eleição só ensejará a inelegibilidade por 8 anos contados da
data da eleição. Neste caso, o legitimado poderá utilizar o recurso contra
diplomação ou a ação de impugnação do mandato eletivo.
- O legitimado só poderá arrolar até 6 testemunhas.
- Nas eleições municipais, o Juiz Eleitoral será competente para conhecer e
processar a representação prevista na Lei Complementar, exercendo todas as
funções atribuídas ao Corregedor Geral ou Regional, constantes dos incisos
I a XV do art. 22, cabendo ao representante do Ministério Público Eleitoral
em função da Zona eleitoral as atribuições deferidas ao Procurador-Geral e
Regional Eleitoral observadas as normas do procedimento previstas na lei.
2. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO A REGISTRO DE CANDIDATO.
- Esta ação tem a finalidade de impedir o deferimento da candidatura de
candidato que não preencha as condições legais de elegibilidade.
- A impugnação ao pedido de registro de candidatura é uma verdadeira ação
de natureza eleitoral. Está prevista no & 2º do artigo 97 do Código
Eleitoral e está regulamentada pela Lei Complementar 64/90. Publicado o
edital dando conta do pedido de registro de candidatura, começa a correr o
prazo de cinco dias para que o interessado (candidatos, partidos políticos,
coligações e MP) possa apresentar a impugnação que tiverem.
- Os recursos parciais, entre os quais não se incluem os que versarem
matéria referente ao registro de candidatos, interpostos para os Tribunais
Regionais no caso de eleições municipais, e para o Tribunal Superior no
caso de eleições estaduais ou federais, serão julgados à medida que derem
entrada nas respectivas Secretarias.
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- O pedido de registro do candidato, a impugnação, a notícia de
inelegibilidade e as questões relativas à homonímia serão processadas nos
próprios autos dos processos dos candidatos e serão julgados em uma só
decisão.
Esquematiza-se o rito procedimental da AIRC:
Publicação do edital com a relação nominal dos pré-candidatos;
Impugnação ao pedido de registro de candidatos (5 dias a partir da
publicação do edital);
Contestação (7 dias da notificação);
Dilação probatória (4 dias) – Com no máximo 6 testemunhas;
Diligências (5 dias após a audiência);
Alegações finais e manifestação do Ministério Público (5 dias depois das
diligências);
Encerrado o prazo para alegações, os autos serão conclusos ao Juiz ou ao
Relator, no dia imediato, para sentença ou julgamento pelo Tribunal.
A partir da data em que é protocolizada a petição de recurso relativo a
decisão sobre pedido de registro de candidatura, passa a correr o prazo
para apresentação de contrarrazões recursais, notificado o recorrido em
cartório.
- Nas ações de impugnação de registro de candidatos podem ser parte ativa
nesta ação:
1. A coligação ou partido político;
2. O candidato;
3. O Ministério Público.
- Se houver uma coligação entre partidos, somente a coligação poderá ser
parte ativa no processo de impugnação, não sendo permitido o partido
isoladamente. Para que o candidato seja pólo ativo na referida ação, não é
necessário que tenha sua candidatura deferida, bastando que tenha sido
escolhido pela convenção e tenha o seu pedido de registro ajuizado, pois
este também se encontra no período de processamento do seu registro.
Inclusive o candidato impugnado poderá impugnar outro candidato, até que
seja julgada procedente a sua impugnação. O eleitor não poderá ser parte
ativa desta ação, poderá apenas representar perante o Juiz Eleitoral.
87
- Não poderá impugnar o pedido de registro o membro do Ministério Público
que nos dois anos anteriores à impugnação tenha disputado cargo eletivo,
integrado Diretório de Partido ou exercido atividade político-partidária. A
regra do artigo 3.º, § 2º, da Lei Complementar n. 64/90, que previa o prazo
de quatro anos, foi derrogada pelo artigo 80 da Lei Complementar n. 75/93,
conforme explicita o § 2.º do artigo 36 da Resolução do Tribunal Superior
Eleitoral.
- O prazo para contestar é de sete dias, contados da notificação do
candidato, partido ou coligação.
- Nos pedidos de registro de candidatos a eleições municipais, o Juiz
Eleitoral apresentará a sentença em Cartório 3 dias após a conclusão dos
autos, passando a correr deste momento o prazo de 3 dias para interposição
de recurso para o Tribunal Regional eleitoral. Se o Juiz Eleitoral não
apresentar a sentença no prazo do artigo anterior, o prazo para recurso só
começará a correr após a publicação da mesma por edital, em cartório.
- É facultado ao partido político ou coligação que requerer o registro do
candidato considerado inelegível dar-lhe substituto, mesmo que a decisão
passada em julgado tenha sido proferida após o termo final do prazo de
registro, caso em que a respectiva Comissão Executiva do Partido fará a
escolha do candidato.
- A declaração de inelegibilidade do candidato à Presidência da República,
Governador de Estado e do Distrito Federal e Prefeito Municipal não
atingirá o candidato a vice, assim como a destes não atingirá aqueles.
- De acordo com a Súmula n. 11 do Tribunal Superior Eleitoral, “no processo
de registro de candidato, o partido que não o impugnou não tem legitimidade
para recorrer da sentença que o deferiu, salvo se cuidar de matéria
constitucional”.
- Recurso para o TSE. Só poderá haver recurso especial para o TSE em casos
expressamente contrários a lei e em caso de dissídio jurisprudencial.
3- RECURSO CONTRA DIPLOMAÇÃO
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- Está subordinado ao exame da diplomação, como pressuposto de
admissibilidade.
- O recurso contra a diplomação está previsto no artigo 262 do Código
Eleitoral e pode ser interposto pelo Ministério Público, partido político,
coligações ou candidatos. No pólo passivo, além do eleito, figurará na
condição de litisconsorte passivo necessário o seu partido político.
- O recurso contra expedição de diploma caberá somente nos seguintes casos:
I - inelegibilidade ou incompatibilidade de candidato;
II - errônea interpretação da lei quanto à aplicação do sistema de
representação proporcional;
III - erro de direito ou de fato na apuração final, quanto à determinação
do quociente eleitoral ou partidário, contagem de votos e classificação de
candidato, ou a sua contemplação sob determinada legenda;
IV - concessão ou denegação do diploma em manifesta contradição com a prova
dos autos, nas hipóteses do art. 222 desta Lei, e do art. 41-A da Lei no
9.504, de 30 de setembro de 1997.
- O prazo para a interposição do recurso é de três dias, contados da
diplomação, devendo o pedido inicial ser instruído com prova pré-
constituída (obtida na investigação judicial prevista nos artigos 19 e 24
da Lei Complementar n. 64/90 na hipótese do inciso IV do artigo 262 do
Código Eleitoral).
- Está subordinado ao exame da diplomação, como pressuposto de
admissibilidade.
- Não admite a antecipação dos efeitos da tutela.
- É admissível nos casos de abuso de poder econômico.
- Este recurso tem natureza jurídica de ação constitutiva negativa do ato
de diplomação, levando-se em conta a natureza administrativa do ato de
diplomação.
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É majoritariamente aceita a tese segundo a qual o RCD não é recurso, mas
ação eleitoral de cunho impugnativo à diplomação, isto é, ação constitutiva
negativa do ato de diplomação. Nesse sentido, vide (ALMEIDA, Roberto
Moreira de. Curso de direito eleitoral. 6.ª edição. Salvador: JusPodivm,
2012, p. 666/671).
- O recurso é interposto perante o órgão diplomador (juiz eleitoral ou
Tribunal Regional Eleitoral) para remessa ao órgão imediatamente superior
(Tribunal Regional Eleitoral ou Tribunal Superior Eleitoral).
- Estando de posse das provas necessárias, o Promotor Eleitoral de certo
município pretende interpor Recurso contra a Diplomação do candidato a
Prefeito eleito e recém diplomado. Esse recurso deverá ser interposto
perante o Juízo da Zona Eleitoral respectiva, onde será processado, mas
será remetido ao Tribunal Regional Eleitoral para julgamento.
- Caso a diplomação seja efetivada pelo Tribunal Superior Eleitoral
(Presidente e Vice-Presidente da República), à falta de recurso específico,
poderá se mostrar cabível a impetração de mandado de segurança junto ao
Supremo Tribunal Federal, por interpretação a contrário senso da Súmula n.
267 do Supremo Tribunal Federal.
- Enquanto pendente o recurso, o diplomado exerce seu mandato, nos termos
do artigo 216 do Código Eleitoral.
- Nesta ação, se a alegação for errônea interpretação da lei quanto à
aplicação do sistema de representação proporcional, o partido prejudicado
deverá integrar a lide na condição de litisconsorte passivo necessário.
4- AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO.
- Esta ação não é contra a diplomação, mas ocorre depois desta. A Justiça
Eleitoral exerce sua competência até a expedição dos diplomas aos eleitos,
excetuada a ação de impugnação de mandato eletivo. É uma ação de natureza
civil, não ensejando pena criminal.
- Cabimento. Quando o candidato for eleito mediante fraude, corrupção ou
com abuso de poder econômico. A Constituição Federal determina que a ação
de impugnação de mandato eletivo deverá tramitar em segredo de justiça.
90
- A ação dever ser proposta após a diplomação e no prazo decadencial de 15
dias. Conforme leciona Joel José Cândido,4 “são partes legítimas para propô-
la o Ministério Público, os Partidos Políticos, as coligações e os
candidatos, eleitos ou não”.
Esquematiza-se o rito procedimental da AIME:
Petição Inicial em 15 dias da diplomação;
Contestação em 7 dias
Alegações finais em 5 dias
Sentença;
Recurso em 3 dias.
- Na ausência de regramento próprio, a jurisprudência assentou que,
tratando-se de ação de impugnação de mandato eletivo, são legitimadas
ativamente para a causa as mesmas pessoas legitimadas para a investigação
judicial eleitoral.
- Conforme leciona o Ministro Sepúlveda Pertence, no Acórdão n. 11.951 do
Tribunal Superior Eleitoral, de 14.5.1991, a perda do mandato eletivo é
“conseqüência do comprometimento objetivo da eleição por vícios de abuso de
poder econômico, corrupção ou fraude”.
- Ao contrário do recurso contra a expedição do diploma, a ação de
impugnação de mandato eletivo comporta dilação probatória, tudo a indicar a
suficiência da inicial que não esteja totalmente despida de elementos
probatórios (deve demonstrar o fumus boni juris eleitoral).
- A ação de impugnação de mandato eletivo, tratando-se de mandatos de
natureza municipal, deve ser processada e julgada pelo juiz eleitoral de
primeiro grau, não se aplicando o disposto no artigo 29, inciso X, da
Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB. Recurso TSE n.
9.453).
- Cuidando-se de mandatos obtidos com base em votos de circunscrição
estadual ou distrital (governador e vice, senador, deputado federal,
estadual e distrital), a competência é do Tribunal Regional Eleitoral.
Quanto aos mandatos dos eleitos nas eleições presidenciais (Presidente da
República e seu Vice), a competência é do Tribunal Superior Eleitoral.
4 Direito Eleitoral Brasileiro. 8.ª ed.São Paulo: Edipro, 2000. p. 264.
91
Nesse sentido as lições de Roberto Amaral e Sérgio Sérvulo da Cunha5, bem
como de Joel José Cândido.6
- A ação corre em segredo de justiça e é gratuita (excetuadas as hipóteses
de lide temerária ou de má-fé – Lei n. 9.507/97).
5- AÇÃO DE CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO: ART.41-A
- A Lei Eleitoral brasileira, Lei n.º 9.504/1997, foi alterada, em 1999,
mediante projeto de lei de iniciativa popular, para abrigar a instituição
jurídica da captação de sufrágio, que se manifesta por doar, oferecer ou
entregar ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal
de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registro
da candidatura até o dia da eleição, inclusive, sob pena de multa e
cassação do registro ou do diploma.
- Assim, para caracterizar a captação de sufrágio, prevista no art. 41-A,
três elementos são indispensáveis: a) a prática de uma ação (doar, prometer
etc), b) a existência de uma pessoa física (eleitor) e c) o resultado a que
se propõe o agente.
- Quanto à aferição do ilícito previsto no art. 41-A, este corte já decidiu
que o termo inicial é o pedido do registro da candidatura até o dia da
eleição.
- O STF entende que o prazo para ajuizamento da ação de captação ilícita de
sufrágio é de 5 dias do conhecimento do fato captativo, sob pena de
preclusão.
- A lei diz que será observado o procedimento previsto no art. 22 da Lei
Complementar nº 64, mas não esclarece se é um procedimento autônomo ou
integra um pedido dentro da ação de investigação judicial eleitoral.
- Os pedidos da ação são: cassação do registro ou do diploma e multa. Se
julgada até antes da eleição acarreta a cassação e a aplicação da multa
eleitoral; se for julgada após enseja a cassação do diploma e multa. Não é
necessário propor o recurso contra diplomação ou a ação de impugnação ao
mandato eletivo.
5 Manual das Eleições. Rio de Janeiro: Forense, 1998. p. 53.6 Op. cit. p. 226.
92
- Se houver cumulação de pedidos numa mesma ação em que se pede o
reconhecimento do abuso do poder econômico e/ou político e a compra e venda
de votos, o autor deverá propor o recurso contra a diplomação ou ação de
impugnação ao mandato eletivo, pois, neste caso ele pretende uma decisão de
inelegibilidade.
O rito é o mesmo da ação de investigação judicial eleitoral.
- RESOLUÇÃO 22610 DO STF:
O Supremo Tribunal Federal nos Mandados de Segurança nº 26.602, 26.603 e
26.604, resolve disciplinar o processo de perda de cargo eletivo, bem como
de justificação de desfiliação partidária, nos termos seguintes:
Art. 1º - O partido político interessado pode pedir, perante a Justiça
Eleitoral, a decretação da perda de cargo eletivo em decorrência de
desfiliação partidária sem justa causa.
§ 1º - Considera-se justa causa:
I) incorporação ou fusão do partido;
II) criação de novo partido;
III) mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário;
IV) grave discriminação pessoal.
§ 2º - Quando o partido político não formular o pedido dentro de 30
(trinta) dias da desfiliação, pode fazê-lo, em nome próprio, nos 30
(trinta) subseqüentes, quem tenha interesse jurídico ou o Ministério
Público eleitoral.
§ 3º - O mandatário que se desfiliou ou pretenda desfiliar-se pode pedir a
declaração da existência de justa causa, fazendo citar o partido, na forma
desta Resolução.
Art. 2º - O Tribunal Superior Eleitoral é competente para processar e
julgar pedido relativo a mandato federal; nos demais casos, é competente o
tribunal eleitoral do respectivo estado.
93
Art. 3º - Na inicial, expondo o fundamento do pedido, o requerente juntará
prova documental da desfiliação, podendo arrolar testemunhas, até o máximo
de 3 (três), e requerer, justificadamente, outras provas, inclusive
requisição de documentos em poder de terceiros ou de repartições públicas.
Art. 4º - O mandatário que se desfiliou e o eventual partido em que esteja
inscrito serão citados para responder no prazo de 5 (cinco) dias, contados
do ato da citação.
Parágrafo único – Do mandado constará expressa advertência de que, em caso
de revelia, se presumirão verdadeiros os fatos afirmados na inicial.
Art. 5º - Na resposta, o requerido juntará prova documental, podendo
arrolar testemunhas, até o máximo de 3 (três), e requerer,
justificadamente, outras provas, inclusive requisição de documentos em
poder de terceiros ou de repartições públicas.
Art. 6º - Decorrido o prazo de resposta, o tribunal ouvirá, em 48 (quarenta
e oito) horas, o representante do Ministério Público, quando não seja
requerente, e, em seguida, julgará o pedido, em não havendo necessidade de
dilação probatória.
Art. 7º - Havendo necessidade de provas, deferi-las-á o Relator, designando
o 5º (quinto) dia útil subseqüente para, em única assentada, tomar
depoimentos pessoais e inquirir testemunhas, as quais serão trazidas pela
parte que as arrolou.
Parágrafo único – Declarando encerrada a instrução, o Relator intimará as
partes e o representante do Ministério Público, para apresentarem, no prazo
comum de 48 (quarenta e oito) horas, alegações finais por escrito.
Art. 8º - Incumbe aos requeridos o ônus da prova de fato extintivo,
impeditivo ou modificativo da eficácia do pedido.
Art. 9º - Para o julgamento, antecipado ou não, o Relator preparará voto e
pedirá inclusão do processo na pauta da sessão seguinte, observada a
antecedência de 48 (quarenta e oito) horas. É facultada a sustentação oral
por 15 (quinze) minutos.
94
Art. 10 - Julgando procedente o pedido, o tribunal decretará a perda do
cargo, comunicando a decisão ao presidente do órgão legislativo competente
para que emposse, conforme o caso, o suplente ou o vice, no prazo de 10
(dez) dias.
Art. 11 - São irrecorríveis as decisões interlocutórias do Relator, as
quais poderão ser revistas no julgamento final, de cujo acórdão cabe o
recurso previsto no art. 121, § 4º, da Constituição da República.
Art. 12 - O processo de que trata esta Resolução será observado pelos
tribunais regionais eleitorais e terá preferência, devendo encerrar-se no
prazo de 60 (sessenta) dias.
- O reconhecimento de justa causa para transferência de partido político
não dá ao novo partido do detentor de mandato o direito de sucessão à vaga.
===========================================================================
15. DOS CRIMES ELEITORAIS
15.1 São considerados crimes eleitorais
Os que buscam atingir as eleições em qualquer das suas fases (desde a
inscrição do eleitor até a diplomação). Por atingirem diretamente a ordem
política do Estado, os crimes eleitorais são classificados como espécie do
gênero crimes políticos (crimes dirigidos contra a ordem política e social
do Estado). Há crimes eleitorais previstos no Código Eleitoral e na Lei
Geral das Eleições (Lei Complementar n. 64/90).
Quais são os principais crimes eleitorais?
Corrupção eleitoral ativa: doar, oferecer ou prometer dinheiro,
presente ou qualquer outra vantagem, inclusive emprego ou função pública,
para o eleitor com o objetivo de obter-lhe o voto, ainda que a oferta não
seja aceita;
Corrupção eleitoral passiva: pedir ou receber dinheiro, presentes ou
qualquer outra vantagem em troca do voto;
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- TSE, de 23.02.2010, HC 672: "exige-se para a configuração do ilícito
penal que o corruptor eleitoral passivo seja pessoa apta a votar."
Usar de violência ou grave ameaça para coagir alguém a votar, ou não
votar, em determinado candidato ou partido, ainda que os fins visados
não sejam conseguidos;
Fornecer alimentação ou transporte para eleitores, tanto da zona rural
quanto da zona urbana, desde o dia anterior até o posterior à eleição
(*somente a Justiça Eleitoral poderá realizar transporte de eleitores);
Promover desordem que prejudique os trabalhos eleitorais;
Recusar ou abandonar o serviço eleitoral sem justificativa;
Utilizar serviços, veículos ou prédios públicos, inclusive de
autarquias, fundações, sociedade de economia mista e entidade mantida
pelo Poder Público, para beneficiar a campanha de um candidato ou
partido político;
Votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem;
Violar ou tentar violar os programas ou os lacres da urna eletrônica;
Causar, propositadamente, danos na urna eletrônica ou violar informações
nela contidas;
Destruir, suprimir ou ocultar urna contendo votos ou documentos
relativos à eleição;
Fabricar, mandar fabricar, adquirir, fornecer, ainda que gratuitamente,
subtrair ou guardar urnas, objetos ou papéis de uso exclusivo da Justiça
Eleitoral;
Alterar, de qualquer forma, os boletins de apuração;
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Falsificar ou alterar documento público ou particular para fins
eleitorais;
Fraudar a inscrição eleitoral, tanto no alistamento originário quanto na
transferência do título de eleitor;
Reter indevidamente o título eleitoral de outrem.
- A polícia das eleições é a Federal, embora, por solicitação dessa ou por
requisição da Justiça Eleitoral, a Polícia Civil e a Polícia Militar possam
atuar concomitantemente.
- No âmbito da justiça eleitoral, cabe ação penal privada subsidiária, mas
é inadmissível ação penal pública condicionada à representação do ofendido,
em razão do interesse público ínsito à matéria eleitoral.
Procedimento dos crimes na Justiça Eleitoral:
- Os crimes eleitorais são apurados mediante ação penal pública
incondicionada (artigo 355 do CE). O prazo para o oferecimento da denúncia
é de dez dias (esteja o acusado preso ou solto) e, em regra, a competência
para o seu julgamento é do juiz eleitoral.
Alegações finais – prazo: 5 dias.
Sentença – 10 dias
- Da sentença, cabe apelação no prazo de 10 dias. Peculiaridade: junto com
a petição de interposição devem ser apresentadas as razões. O mesmo ocorre
com os demais recursos (Ex. RSE – prazo: 3 dias, razões apresentadas
juntamente com a petição de interposição.
- Tal prazo aufere-se do art. 258 CE, que estabelece que quando não houver
prazo fixado será de três dias. Há quem diga que vale o prazo do CPP. A
apelação tem eficácia suspensiva.
- Se a ação penal for de competência originária dos Tribunais eleitorais,
além do procedimento do CE será aplicado, segundo entendimento do TSE, o
rito da Lei nº 8.038/90, aplicável aos Tribunais Regionais pelo disposto na
Lei nº 8.658/93.
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- A lei nº 19.732/2003 passa a estabelecer a necessidade de depoimento
pessoal do acusado, o qual era dispensado.
- Caso o autor do delito desfrute de prerrogativas funcionais, o julgamento
poderá ser deslocado para o Tribunal Regional Eleitoral (exemplo: crime
eleitoral praticado por um juiz eleitoral, um promotor eleitoral ou um
prefeito), para o Superior Tribunal de Justiça (exemplo: crime eleitoral
praticado por um governador) ou para o Supremo Tribunal Federal (exemplo:
crime eleitoral praticado pelo Presidente da República, por Deputado
Federal ou Senador).
- Não há previsão de interrogatório, o qual poderá ser facultado pelo juiz
eleitoral ao acusado. Recebida a denúncia, o acusado é citado para
contestar em dez dias, seguindo-se com a colheita dos depoimentos das
testemunhas e com as alegações finais (arts. 355 a 364 do CE).
- Não havendo pena expressamente prevista, aplicam-se os prazos mínimos
previstos no artigo 284 do Código Eleitoral (15 dias para os crimes punidos
com detenção e um ano para os crimes punidos com reclusão).
- Quando a lei determina a agravação ou atenuação da pena sem mencionar o
quantum, deve o juiz fixá-lo entre um quinto e um terço, guardados os
limites da pena cominada ao crime. (1/5 e 1/3).
- Nos crimes eleitorais cometidos por meio de imprensa, do rádio ou da
televisão, aplicam-se exclusivamente as normas deste Código e as remissões
a outra lei nele contempladas.
- A execução da pena por crime eleitoral será realizada pelo Juízo das
Execuções Criminais, nos termos da Súmula n. 192 do Superior Tribunal de
Justiça. O acompanhamento de medidas suspensivas decorrentes do artigo 89
da Lei n. 9.099/95 é feito pelo próprio Juízo eleitoral (Juízo
processante), conforme decidiu o Superior Tribunal de Justiça no Conflito
de Competência n. 18.673, DJU de 19.5.1997. Durante os efeitos da
condenação, o sentenciado fica com seus direitos políticos suspensos
(artigo 15, inciso III, da Constituição da República Federativa do Brasil).
- Quando o Código Eleitoral não indica expressamente no tipo penal,
presume-se que a pena mínima de detenção é de quinze dias e a de reclusão é
de um ano, nos crimes nele previstos.
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- A competência para conhecer e processar as transgressões pertinentes ao
abuso do poder econômico ou político nas eleições municipais é do Juiz
Eleitoral. Nas demais eleições, compete ao Corregedor Geral e Corregedores
Regionais apurar, mediante investigações jurisdicionais, o abuso do poder
econômico ou político.
- O Código Eleitoral, em matéria de ato judicial recorrível, adotou
especificamente o princípio: da preclusão, salvo quando no recurso se
discute matéria constitucional.
- Constitui crime a promoção de comício ou carreata, no dia da eleição,
mesmo após o horário previsto para encerramento da votação.
- Quanto aos direitos políticos passivos (elegibilidade), há que se
observar que os condenados criminalmente, com sentença transitada em
julgado, pela prática de crimes contra a economia popular, a fé pública, a
administração pública, o patrimônio público, o mercado financeiro, por
crimes eleitorais e por tráfico de entorpecentes, permanecerão inelegíveis
por oito anos após o cumprimento da pena (artigo 1.º, inciso I, alínea “e”,
da Lei Complementar n. 64/90).
- Das sentenças condenatórias ou absolutórias cabe recurso (normalmente
denominado apelação criminal) no prazo de dez dias (artigo 362 do CE). Esse
recurso é o único com efeito suspensivo.
- Contra as decisões previstas no artigo 581 do Código de Processo Penal
cabe o recurso em sentido estrito no prazo de cinco dias.
- Em face das decisões do Tribunal Regional Eleitoral cabem recurso
especial (artigo 121, § 4.º, incisos I e II, da Constituição da República
Federativa do Brasil) ou recurso ordinário (artigo 121, § 4.º, inciso V, da
Constituição da República Federativa do Brasil), no prazo de três dias.
Contra decisão do Presidente do Tribunal Regional Eleitoral que negue
seguimento ao recurso especial cabe agravo de instrumento, em três dias
(artigo 279 do CE).
- Contra as decisões do Tribunal Superior Eleitoral cabem recurso
extraordinário ou recurso ordinário (se decisão denegatória de habeas
corpus ou mandado de segurança), em três dias.
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- No processo e julgamento dos crimes eleitorais e dos crimes comuns que
lhe forem conexos, assim como nos recursos e na execução que lhes digam
respeito, aplicar-se-á, como lei subsidiária ou supletiva, o Código de
Processo Penal (artigo 364 do CE).
Art. 236. Nenhuma autoridade poderá, desde 5 (cinco) dias antes e até 48
(quarenta e oito) horas depois do encerramento da eleição, prender ou deter
qualquer eleitor, salvo em flagrante delito ou em virtude de sentença
criminal condenatória por crime inafiançável, ou, ainda, por desrespeito a
salvo-conduto.
§ 1º Os membros das mesas receptoras e os fiscais de partido, durante o
exercício de suas funções, não poderão ser detidos ou presos, salvo o caso
de flagrante delito; da mesma garantia gozarão os candidatos desde 15
(quinze) dias antes da eleição.
- Com base na Resolução TSE 21.538 de 2003, em relação à hipótese de
ilícito penal:
Manifestando-se o Ministério Público pela existência de indício de
ilícito penal eleitoral a ser apurado, o processo deverá ser remetido, pela
autoridade judiciária competente, à Polícia Federal para instauração de
inquérito policial.
Arquivado o inquérito ou julgada a ação penal, o juiz eleitoral
comunicará, sendo o caso, a decisão tomada à autoridade judiciária que
determinou sua instauração, com a finalidade de tornar possível a adoção de
medidas cabíveis na esfera administrativa.
Não sendo cogitada a ocorrência de ilícito penal eleitoral a ser apurado,
os autos deverão ser arquivados na zona eleitoral onde o eleitor possuir
inscrição regular.
A espécie, no que lhe for aplicável, será regida pelas disposições do
Código Eleitoral e, subsidiariamente, pelas normas do Código de Processo
Penal.
- Art. 235. O juiz eleitoral, ou o presidente da mesa receptora, pode
expedir salvo-conduto com a cominação de prisão por desobediência até 5
(cinco) dias, em favor do eleitor que sofrer violência, moral ou física, na
sua liberdade de votar, ou pelo fato de haver votado.
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