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Realização de Estudos Técnicos na Área de Transporte e Logística Título do Projeto: Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica, Financeira, Social e Ambiental do Sistema de Transporte Ferroviário de Passageiros de Interesse Regional, nos Trechos: Caxias do Sul (RS) Bento Gonçalves (RS) Resumo Executivo RESUMO EXECUTIVO TRECHO CAXIAS DO SUL BENTO GONÇALVES Fevereiro de 2011 Ministério dos Transportes Secretaria de Política Nacional de Transportes Universidade Federal de Santa Catarina UFSC Laboratório de Transportes e Logística LabTrans

Resumo Executivo Rs

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  • Realizao de Estudos Tcnicos na rea de Transporte e Logstica Ttulo do Projeto: Estudo de Viabilidade Tcnica, Econmica, Financeira,

    Social e Ambiental do Sistema de Transporte Ferrovirio de Passageiros de Interesse Regional, nos Trechos: Caxias do Sul (RS) Bento Gonalves (RS)

    Resumo Executivo

    RESUMO EXECUTIVO TRECHO CAXIAS DO SUL BENTO GONALVES

    Fevereiro de 2011

    Ministrio dos Transportes Secretaria de Poltica Nacional de Transportes Universidade Federal de Santa Catarina UFSC

    Laboratrio de Transportes e Logstica LabTrans

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    Realizao de Estudos Tcnicos na rea de Transporte e Logstica Ttulo do Projeto: Estudo de Viabilidade Tcnica, Econmica, Financeira, Social e Ambiental do Sistema de Transporte Ferrovirio de Passageiros de Interesse Regional, nos Trechos: Caxias do Sul (RS) Bento Gonalves (RS)

    COORDENAO GERAL Prof. Amir Mattar Valente, Dr. Engenheiro Civil CREA/SC 11036-8/D

    EQUIPE TCNICA Nome Formao Registro

    Rodolfo Carlos Nicolazzi Philippi Coordenador Tcnico Engenheiro Civil, MSc. CREA/SC 37925-3

    Eliana Bittencourt Engenheira Civil, Dra. CREA/SC 006801-0

    Luiz Antnio Aranovich Gelogo, MSc. CREA/RS 06126-D

    Luis Baldez Consutor Tcnico CREA/MA 3348-D

    Paulo Thimteo Consultor Tcnico -

    Thas dos Santos Ventura Engenheira Civil CREA/SC 099184-0

    Tiago Just Milanez Engenheiro Civil CREA/SC 056234-7

    APOIO TCNICO Nome Formao Registro

    Albano Aranovich Engenheiro Cartgrafo CREA/PR 21053 D

    Daniela Sehn Economista -

    Djssica Schrhaus Estagiria -

    Edsio Elias Lopes Engenheiro Agrimensor CREA/SC 088651-2

    Helena Carolina Medeiros Valverde Lic.Matemtica, MSc. -

    Jos Georges Chraim Economista CORECON/SC 1725-6

    Samuel Gomes Advogado OAB-PR 15.121

  • i

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Trecho ferrovirio entre Caxias do Sul, Farroupilha, Carlos Barbosa, Garibaldi e Bento Gonalves ................................................................................................................... 7 Figura 2 Faixas etrias da populao da AII 2000 e 2009. ............................................. 10 Figura 3 ndice de Envelhecimento em relao faixa de transio ................................. 11 Figura 4 Centros de mais alto nvel ................................................................................... 17 Figura 5 Mapa Caxias do Sul (RS) Capital Regional B (2B) ........................................... 19 Figura 6 Conexes externas de Caxias do Sul (RS) ......................................................... 20 Figura 7 Caractersticas de Caxias do Sul (RS) ................................................................ 20 Figura 8 Rede rodoviria federal e estadual na regio de estudo ..................................... 22 Figura 9 Bloco de cartes utilizado na Pesquisa de Preferncia Declarada ...................... 35 Figura 10 Postos de contagem previstos nas rodovias do RS .......................................... 37 Figura 11 Layout interno dos veculos tipo com e sem cabine fabricados pela Bom Sinal 46 Figura 12 Configurao e capacidade do veculo tipo fabricado pela Bom Sinal ............... 47 Figura 13 Frota Rio Grande do Sul ............................................................................... 52 Figura 14 Oferta Rio Grande do Sul .............................................................................. 53 Figura 15 Quilometragens/PMA Rio Grande do Sul ...................................................... 53 Figura 16 Frota alternativa 0 (RS) ................................................................................. 59 Figura 17 Pares ordenados de combinaes entre probabilidade e severidade e suas respectivas classificaes quanto ao risco ........................................................................... 72 Figura 18 rvore hierrquica proposta para avaliao das alternativas de investimento .. 75 Figura 19 Alternativas de traado para o trecho Caxias do Sul Bento Gonalves .......... 93 Figura 20 Sugesto da Prefeitura Municipal de Caxias do Sul .......................................... 96

  • ii

    LISTA DE TABELAS Tabela 1 Populao residente, taxa de urbanizao, densidade demogrfica e taxa geomtrica de crescimento anual, segundo os municpios da AII 2000, 2009 e 2010 ......... 8 Tabela 2 Populao das sedes e dos distritos dos municpios na AII 2000 ...................... 9 Tabela 3 ndice de Envelhecimento da populao da AII 2000 e 2009 .......................... 11 Tabela 4 Rendimento nominal mensal da populao da AII 2000 .................................. 12 Tabela 5 ndice de Desenvolvimento Humano dos Municpios da AII 1991 e 2000 ........ 13 Tabela 6 Mapa da pobreza e desigualdade dos municpios da AII 2003 ........................ 14 Tabela 7 Produto Interno Bruto per capita 2008 ............................................................. 15 Tabela 8 Deslocamento da populao residente para trabalho ou estudo ........................ 21 Tabela 9 Frota de veculos registrada na AII em 2009 ...................................................... 22 Tabela 10 Expanso Pesquisa Embarcada (RS) .............................................................. 42 Tabela 11 Expanso pesquisa com veculos de passeio (RS) .......................................... 44 Tabela 12 Custos de construo dos trechos ................................................................... 55 Tabela 13 Projeo da demanda alternativa 0 (RS) ....................................................... 57 Tabela 14 Clculo de tarifa da alternativa 0 (RS) ........................................................... 58 Tabela 15 Consequncias dos acidentes graves - 2009 ................................................... 70 Tabela 16 Acidentes registrados na malha sul no perodo de 2004 a 2008 ...................... 70 Tabela 17 Resumo da geometria horizontal e vertical do trecho Caxias do Sul Carlos Barbosa ............................................................................................................................... 77 Tabela 18 Resumo da geometria horizontal e vertical do trecho Bento Gonalves Carlos Barbosa ............................................................................................................................... 78 Tabela 19 Custos de construo dos trechos ................................................................... 83 Tabela 20 Custos de construo da alternativa 1 _ Caxias do Sul Bento Gonalves ..... 97 Tabela 21 Custos de construo da alternativa 2 _ Caxias do Sul Bento Gonalves ..... 97 Tabela 22 Nmero mdio de ocupantes no veculo (RS) .................................................. 99 Tabela 23 Propenso Transferncia de Modal dos Usurios de Veculos Particulares (RS) ................................................................................................................................... 100 Tabela 24 Projeo da demanda alternativa 1 (RS) ..................................................... 100 Tabela 25 Projeo da demanda alternativa 2 (RS) ..................................................... 102 Tabela 26 Clculo de tarifa da alternativa 1 (RS) ......................................................... 103

  • iii

    SUMRIO

    1 APRESENTAO ............................................................................................... 1

    2 INTRODUO ..................................................................................................... 2

    3 OBJETIVOS ......................................................................................................... 4

    4 METODOLOGIA .................................................................................................. 5

    5 FORMULAO DA BASE DE CONHECIMENTO ............................................... 7 5.1 DADOS DEMOGRFICOS E SCIOECONMICOS DOS MUNICPIOS ENVOLVIDOS ........ 7

    5.1.1 Aspectos demogrficos ............................................................................................... 7

    5.1.2 Aspectos econmicos ................................................................................................ 14

    5.2 INVASES DA FAIXA DE DOMNIO ........................................................................................ 16

    5.3 DADOS SOBRE O DESENVOLVIMENTO REGIONAL ........................................................... 16

    5.4 TRANSPORTE RODOVIRIO .................................................................................................. 21

    6 CARACTERIZAO DOS TRECHOS ............................................................... 24 6.1 INFRAESTRUTURA FERROVIRIA ........................................................................................ 24

    6.2 SUPERESTRUTURA FERROVIRIA ....................................................................................... 24

    6.3 ESTAES, OFICINAS E DEMAIS INSTALAES DE APOIO ............................................. 25

    6.4 MOVIMENTAO DE TRENS .................................................................................................. 25

    6.5 FAIXA DE DOMNIO ................................................................................................................. 26

    7 CRITRIOS ADOTADOS PARA O PROJETO .................................................. 27 7.1 VOLUMES DE CORTES E ATERROS ..................................................................................... 28

    7.2 OBRAS DE DRENAGEM .......................................................................................................... 29

    7.3 PASSAGENS DE NVEL E DE PEDESTRES .......................................................................... 29

    7.4 ELEMENTOS DA GRADE E INFRAESTRUTURA ................................................................... 31

    7.5 ESTAES, INSTALAES ADMINISTRATIVAS, CCO E OFICINAS .................................. 31

    8 PESQUISA DE CAMPO .................................................................................... 32 8.1 TIPOS DE PESQUISA ADOTADOS ......................................................................................... 32

    8.1.1 Pesquisa socioeconmica ......................................................................................... 33

    8.1.2 Pesquisa de Origem/Destino .................................................................................... 33

    8.1.3 Pesquisa sobre a propenso transferncia modal ............................................. 33

    8.2 PLANEJAMENTO DA PESQUISA ........................................................................................... 36

    8.2.1 Pesquisa Embarcada ................................................................................................. 36

    8.2.2 Pesquisa com Veculos de Passeio......................................................................... 37

    8.3 DETERMINAO DO PERFIL DOS ENTREVISTADOS ......................................................... 37

    8.4 ELABORAO DA MATRIZ ORIGEM E DESTINO DE VIAGENS .......................................... 38

    8.5 DETERMINAO DO POTENCIAL DE PROPENSO MUDANA ..................................... 39

  • iv

    8.5.1 Pesquisa Embarcada ................................................................................................. 39

    8.5.2 Pesquisa com Veculos de Passeio......................................................................... 40

    8.6 EXPANSO DA AMOSTRA ...................................................................................................... 41

    8.6.1 Pesquisa Embarcada ................................................................................................. 41

    8.6.2 Pesquisa com Veculos de Passeio......................................................................... 43

    9 MATERIAL RODANTE, VIA E TRAADO ......................................................... 46 9.1 MATERIAL RODANTE .............................................................................................................. 46

    9.2 VIA ............................................................................................................................................. 47

    9.3 GEOMETRIA VERTICAL E HORIZONTAL DA VIA .................................................................. 47

    10 SISTEMAS DE CONTROLE DE TRFEGO ...................................................... 49

    11 OFICINAS E INSTALAES DE APOIO .......................................................... 50 11.1 EQUIPAMENTO PARA A OFICINA DE MATERIAL RODANTE .............................................. 50

    11.2 EQUIPAMENTO PARA MANUTENO DA VIA PERMANENTE ........................................... 51

    12 PROGRAMAO OPERACIONAL ................................................................... 52 12.1 Previso dos seguros que devem ser contratados ................................................................... 53

    13 CUSTOS E INVESTIMENTOS .......................................................................... 55

    14 CLCULO DE VIABILIDADE DO PROJETO ..................................................... 56 14.1 DEMANDA ................................................................................................................................. 56

    14.2 TARIFA ...................................................................................................................................... 58

    14.3 INVESTIMENTO EM MATERIAL RODANTE ........................................................................... 59

    14.4 CUSTOS DA CONCESSO ..................................................................................................... 59

    15 CENRIOS E SIMULAES ............................................................................ 61

    16 RESULTADOS DAS ALTERNATIVAS ZERO ................................................. 62

    17 ANLISE DE RISCOS ....................................................................................... 64 17.1 ANLISE DE RISCOS GEOTCNICOS ................................................................................... 64

    17.2 ANLISE DE RISCOS DE CUSTOS DE OPERAO E DEMANDA ...................................... 65

    17.3 ANLISE DE RISCOS DE RECEITA E INVESTIMENTOS ...................................................... 66

    17.4 ANLISE DE TECNOLOGIA DO MATERIAL RODANTE ........................................................ 67

    17.5 ANLISE DE MEIO AMBIENTE ................................................................................................ 67

    17.5.1 Vulnerabilidade da regio .......................................................................................... 68

    17.5.2 Caracterizao do empreendimento ....................................................................... 68

    17.5.3 Atividades operacionais ............................................................................................. 68

    17.5.4 Substncias nocivas envolvidas............................................................................... 69

    17.5.5 Identificao dos riscos ............................................................................................. 69

    17.5.6 Acidentes registrados na malha sul entre 2004 e 2009 ....................................... 69

    17.5.7 Avaliao dos riscos .................................................................................................. 71

  • v

    17.5.8 Gerenciamento dos riscos ........................................................................................ 73

    17.5.9 Consideraes finais .................................................................................................. 73

    18 ANLISE MULTICRITERIAL ............................................................................. 74

    19 INDICATIVOS PARA O PROJETO BSICO ..................................................... 77 19.1 SOLUO GLOBAL.................................................................................................................. 77

    19.2 CARACTERSTICAS TCNICAS DO PROJETO ..................................................................... 77

    19.3 PASSAGENS DE NVEL E DE PEDESTRES .......................................................................... 78

    19.4 OBRAS DE ARTE ESPECIAIS (OAE) ...................................................................................... 79

    19.5 DRENAGEM E OBRAS DE ARTE CORRENTES (OAC) ......................................................... 79

    19.6 TERRAPLENAGEM .................................................................................................................. 79

    19.7 MATERIAS E EQUIPAMENTOS ............................................................................................... 79

    19.8 MTODOS CONSTRUTIVOS ................................................................................................... 80

    19.9 INDICATIVOS PARA PLANO DE LICITAO ......................................................................... 80

    19.9.1 Para os servios relativos via frrea .................................................................... 80

    19.9.2 Para os servios relativos ao transporte de passageiros ..................................... 81

    19.9.3 Projeto Bsico ............................................................................................................. 82

    19.9.4 Programa de Explorao dos Servios ................................................................... 82

    19.10 ORAMENTO GLOBAL .................................................................................................... 83

    20 ESTUDO DE VIABILIDADE AMBIENTAL .......................................................... 84

    21 CONCLUSES E RECOMENDAES ............................................................ 92

    22 ESTUDO DE VIABILIDADE DAS ALTERNATIVAS ADICIONAIS SUGERIDAS NAS CONCLUSES ................................................................................................ 95

    22.1 ORAMENTOS DAS ALTERNATIVAS ADICIONAIS .............................................................. 95

    22.2 DEMANDA DAS ALTERNATIVAS ADICIONAIS ...................................................................... 98

    22.3 TARIFA .................................................................................................................................... 102

    22.4 INVESTIMENTO EM MATERIAL RODANTE ......................................................................... 103

    22.5 CUSTOS DA CONCESSO ................................................................................................... 103

    22.6 ANLISE DE VIABILIDADE DAS ALTERNATIVAS ADICIONAIS ......................................... 103

    22.7 ANLISE AMBIENTAL ............................................................................................................ 106

    23 CONSIDERAES FINAIS ............................................................................. 107 23.1 TRECHO DA SERRA GACHA ............................................................................................. 107

    23.1.1 Alternativa correspondente ao trecho existente .................................................. 107

    23.1.2 Alternativa 1 Ligao direta entre Caxias do Sul e Bento Gonalves .......... 108

    23.1.3 Alternativa 2 Ligao direta entre Caxias do Sul e Bento Gonalves, com ramal para Garibaldi e Carlos Barbosa ................................................................................. 109

  • 1

    1 APRESENTAO

    O presente trabalho contempla o Resumo Executivo do Estudo de Viabilidade Tcnica, Econmica, Financeira, Social e Ambiental para a implantao do Sistema de Transporte Ferrovirio de Passageiros de Interesse Regional no trecho Bento Gonalves Caxias do Sul (RS) e o resultado de um perodo de intensas trocas de informaes e discusses

    tcnicas multidisciplinares, decorrentes de atividades de estudo e pesquisa

    levadas a termo em dezembro de 2009 a fevereiro de 2011. Suas metas

    principais e seu contedo esto referidos a seguir.

    Cabe ressaltar que este resumo, assim como todo o estudo, desenvolve-

    se em conformidade com o disposto no Termo de Referncia elaborado pelo

    Ministrio dos Transportes e no Plano de Trabalho elaborado pela

    Universidade Federal de Santa Catarina, ambos constantes no Processo n

    50000.061631/2009-10 e aprovados mediante Portaria n 260, de 10 de

    dezembro de 2009, publicada no Dirio Oficial da Unio n 237 em 11 de

    dezembro de 2009.

  • 2

    2 INTRODUO

    O processo brasileiro de desmobilizao do transporte ferrovirio de

    passageiros de longa distncia culminou, nos anos 90, com a concesso da

    prestao dos servios de transporte ferrovirio de carga e o simultneo

    arrendamento dos ativos operacionais das ferrovias, no mbito da poltica de

    concesses dos servios de infraestrutura e do Programa Nacional de

    Desestatizao. Os Contratos de Concesso exigiram a manuteno, pelos

    operadores privados de carga, de apenas duas janelas dirias para a circulao de

    composies de passageiros, no definindo parmetros operacionais, nem

    delimitando horrios.

    Ao ser dada ao operador a alternativa de desativar as linhas remanescentes

    que no fossem de seu interesse, ficou selada a extino do transporte de

    passageiros por ferrovia. A eliminao dos servios existentes foi rpida e o

    transporte ferrovirio de passageiros praticamente desapareceu ao longo do Sculo

    XX. Atualmente, so poucas as linhas frreas que ligam cidades vizinhas, contudo

    um projeto do Governo Federal, com aes programadas pelo Ministrio dos

    Transportes, pretende alterar essa realidade.

    O Plano de Revitalizao das Ferrovias foi lanado em maio de 2003 e

    trabalha a idia de construir pequenos trechos que liguem a linha tronco a locais de

    produo, alm da revitalizao da malha ferroviria j existente. Particularmente o

    Programa de Resgate do Transporte Ferrovirio de Passageiros tem como

    finalidade criar condies para o retorno do transporte de passageiros s ferrovias,

    promovendo o atendimento regional, social e turstico, onde vivel, e a gerao de

    emprego e renda. Sero realizadas intervenes para implantao de trens

    modernos para transporte de passageiros regionais e interestaduais, especialmente

    entre cidades de alta concentrao populacional.

    No que diz respeito aos Trens Regionais, os objetivos so promover a

    integrao regional, desenvolver empreendimentos imobilirios e de servios ao

    longo do trecho e minimizar a ociosidade de trechos ferrovirios.

    Inicialmente foram identificados 64 trechos com potencial, segundo os

    aspectos empresariais, tursticos, desenvolvimento regional e desenvolvimento

    socioeconmico, onde pequenos investimentos resgatariam o transporte de

  • 3

    passageiros, sem prejuzo do transporte de carga, em regies que tivessem ao

    menos uma cidade polo com mais de 100.000 habitantes. Depois, com a finalizao

    do estudo de viabilidade econmico-financeira da retomada foram escolhidas ento

    15 ligaes ferrovirias, com distncia de no mximo 200 km entre as cidades

    atendidas para se iniciar o projeto. Entre essas, destaca-se a ligao Bento-

    Gonalves-Caxias do Sul (RS), objeto do presente estudo.

    Pelo projeto, os trens que interligaro alguns municpios brasileiros sero

    semelhantes aos que j circulam pelo continente europeu. A idia trazer um tipo

    especfico, o veculo leve sobre trilhos (VLT), que pode alcanar a velocidade de at

    100 km/hora. Para isso, foi disponibilizada uma linha de financiamento de pelo

    menos um bilho de reais para a construo de 15 trechos regionais at 20091.

    Entre alguns dos impactos positivos, pode-se citar: revitalizao urbana e

    requalificao dos espaos pblicos; dinamizao da economia regional; utilizao

    de material rodante produzido no Pas; reduo da emisso de gases e partculas

    poluentes, pelo uso de motores hbridos ou movidos a gs natural; elevada vida til;

    transporte seguro, pontual e de qualidade; operao privada; entre outros.

    1 Fonte:

  • 4

    3 OBJETIVOS

    Para a implantao do trem regional de passageiros nessas regies,

    necessrio que se faa um estudo preliminar que demonstre a viabilidade de

    operao e defina em que condies.

    Deste modo, a aplicao do plano de trabalho proposto tem como objetivo os

    seguintes produtos:

    Produto 1 Relatrio do levantamento de informaes e caracterizao

    dos trechos ferrovirios foco do estudo.

    Produto 2 Relatrio da anlise da demanda e caracterizao da

    oferta.

    Produto 3 Estudo de viabilidade tcnica, econmica, financeira, social

    e ambiental, para a implantao do servio de transporte ferrovirio de

    passageiros para os trechos em estudo, proposto no Termo de

    Referncia.

    Produto 4 Elaborao do Projeto Bsico com elementos suficientes

    para elaborao do Plano de Outorga pela ANTT.

    Produto 5 Relatrio Final e suporte apresentao do presente

    estudo, em Audincia Pblica.

  • 5

    4 METODOLOGIA

    A metodologia utilizada nas diferentes etapas do projeto foi detalhada nos

    respectivos relatrios.

  • 6

  • 7

    5 FORMULAO DA BASE DE CONHECIMENTO

    O trecho ferrovirio em questo tem incio no centro urbano de Caxias do Sul

    291018,46S e 511114,16O , desenvolvendo-se at o centro de Bento

    Gonalves 291025,17S e 513104,08O , passando pelas manchas urbanas

    de Farroupilha 291351,42S e 512031,21O , Carlos Barbosa 291519,45S

    e 513119,03O e Garibaldi 291701,74S e 512932,57O (Figura 1).

    Figura 1 Trecho ferrovirio entre Caxias do Sul, Farroupilha, Carlos Barbosa, Garibaldi e Bento Gonalves

    Fonte: AUNe, em base do Google Earth.

    Sobre os municpios envolvidos, buscou-se destacar as caractersticas mais

    importantes em termos socioeconmicos, alm do desenvolvimento regional da

    regio e da situao de sua infraestrutura relacionada ao transporte.

    5.1 DADOS DEMOGRFICOS E SCIOECONMICOS DOS MUNICPIOS ENVOLVIDOS

    5.1.1 Aspectos demogrficos

    Segundo dados da FEE, os municpios na regio do estudo ocupam uma rea

    de 2.785,8 km. Em 2009, somavam uma populao residente estimada em 636.924

    hab, com densidade demogrfica de 228,63 hab/km. De acordo com o Censo do

  • 8

    IBGE em 2000, a mdia das taxas geomtricas de crescimento anual dos municpios

    da rea de estudo foi de 2,37% em relao ao perodo de 1991 a 2000, maior que a

    estadual, de 1,23%, para esse perodo.

    De acordo com os resultados preliminares do Censo de 2010, Garibaldi teve

    crescimento aqum do estimado para 2009, como pode ser constatado na Tabela 1.

    Tabela 1 Populao residente, taxa de urbanizao, densidade demogrfica e taxa geomtrica de crescimento anual, segundo os municpios da AII 2000, 2009 e 2010

    MUNICPIO rea

    territorial (km2)

    Populao Taxa de urbanizao (%)

    Densidade demogrfica

    (hab/km)

    Taxa de crescimento anual (%)

    2000 (CENSO)

    2009 (estimada)

    2010 (CENSO) 2010 2000 2010 1991/ 2000

    Bento Gonalves 382,5 91.486 106.999 107.341 92,34 239,18 280,63 2,41

    Garibaldi 167,7 28.337 30.518 30.692 90,05 168,97 183,02 2,06

    Carlos Barbosa 229,9 20.519 25.866 25.193 79,36 89,25 109,58 2,59

    Farroupilha 361,8 55.308 63.375 63.641 86,51 152,87 175,90 2,35

    Caxias do Sul 1.643,9 360.419 410.166 435.482 96,29 219,25 264,91 2,45

    TOTAL 2.785,8 556.069 636.924 662.349 93,78 199,61 237,76 2,37

    Fontes adaptadas: IBGE e FEE/CIE/NPE

    Em 2010, Carlos Barbosa continua apresentando a menor densidade

    populacional: 109,58 hab/km2. A maior foi registrada em Bento Gonalves, seguida

    de Caxias do Sul, com valores muito prximos: 280,63 hab/km2 no primeiro e 264,91

    hab/km2 no segundo.

    O Censo de 2010 revelou que o municpio com a menor taxa de urbanizao

    na rea de estudo Carlos Barbosa, com 79,36%. Caxias do Sul registrou a maior

    taxa, alcanando 96,29%. Esse um dado importante para o planejamento urbano,

    incluindo o transporte coletivo de passageiros e o trnsito, alm das questes

    relacionadas ao trabalho e ao meio ambiente.

    Comparados com as respectivas sedes, os distritos municipais representam

    muito pouco em termos de distribuio da populao residente, de acordo com

    dados do Censo 2000 do IBGE (Tabela 2). Como essa informao subsidia as

    decises sobre os locais que requerem a implantao de uma estao para

    embarque e desembarque de passageiros, sua atualizao seria oportuna. Contudo,

    at a presente data, no foram disponibilizados dados detalhados obtidos pelo

    Censo 2010.

  • 9

    Tabela 2 Populao das sedes e dos distritos dos municpios na AII 2000

    Municpios e distritos Censo 2000

    Domiclios recenseados

    Populao residente

    % populao residente

    Total da rea 186.254 555.523 Sedes dos municpios 172.707 516.442 92,97% Distritos 13.547 39.081 7,03%

    Bento Gonalves 30.080 91.505 Sede 26.911 81.768 89,36% Tuiut 872 2.536 2,77% Pinto Bandeira 727 2.490 2,72% Faria Lemos 756 2.051 2,24% Vale dos Vinhedos 546 1.730 1,89% So Pedro 268 930 1,02%

    Carlos Barbosa 6.873 20.516 Sede 5.616 16.613 80,98% Santa Luiza 434 1.279 6,23% Arco Verde 333 951 4,64% Santo Antnio de Castro 267 900 4,39% Cinco da Boa Vista 223 773 3,77%

    Caxias do Sul 122.531 360.223 Sede 117.575 348.569 96,76% Fazenda Souza 896 2.321 0,64% Santa Lcia do Pia 908 2.223 0,62% Criva 966 1.959 0,54% Vila Cristina 728 1.937 0,54% Seca 927 1.901 0,53% Oliva 531 1.313 0,36%

    Farroupilha 17.627 54.951 Sede 14.476 44.575 81,12% Nova Sardenha 1.496 4.851 8,83% Nova Milano 1.009 3.257 5,93% Jansen 646 2.268 4,13%

    Garibaldi 9.143 28.328 Sede 8.129 24.917 87,96% Coronel Pilar 516 1.738 6,14% Marcorama 379 1.300 4,59% So Jos de Costa Real 119 373 1,32%

    Fonte: Censo 2000 do IBGE.

    Outra varivel significativa para o presente estudo a distribuio da

    populao segundo as faixas etrias. A Figura 2 mostra dados do Censo de 2000 e

    os que foram estimados para 2009, que revelam uma tendncia de envelhecimento

    da populao. Saliente-se que os dados do Censo de 2010 ainda no esto

    disponveis.

  • 10

    Figura 2 Faixas etrias da populao da AII 2000 e 2009. Fonte: IBGE/Censo 2000 e estimativa FEE/CIE/NIS para 2009

    Tal tendncia pode ser verificada a partir do ndice de Envelhecimento, que

    compara a populao idosa (60 anos de idade ou mais) com a populao jovem

    (menos de 15 anos). Esse ndice est relacionado com a transio demogrfica, que

    acontece quando, simultaneamente, h baixas taxas de natalidade e de mortalidade.

    A evoluo positiva dos valores do ndice de Envelhecimento indica a progresso da

    transio demogrfica. Valores altos esto associados ao envelhecimento da

    populao. Esses dados embasam a formulao de polticas pblicas voltadas

    principalmente para a rea da sade e previdncia social, mas tambm servem para

    subsidiar a tomada de decises no setor de transportes de passageiros, j que os

    idosos so beneficiados pela gratuidade no transporte.

    A Tabela 3 mostra a evoluo do ndice de Envelhecimento da populao da

    rea de estudo no perodo de 2000 a 2009, com valores estimados para esse ltimo

    ano. Observa-se que em 2000 os municpios j apresentavam valores que

    indicavam uma populao idosa, com o Municpio de Garibaldi destacando-se entre

    eles. A situao evoluiu, chegando a ndices elevados na estimativa para 2009.

  • 11

    Tabela 3 ndice de Envelhecimento da populao da AII 2000 e 2009

    Municpios ndice de Envelhecimento

    2000 2009

    Bento Gonalves 39,87 64,38

    Garibaldi 44,54 76,45

    Carlos Barbosa 42,49 65,26

    Farroupilha 32,57 48,94

    Caxias do Sul 33,25 45,46

    rea de estudo 35,03 50,44

    Fontes adaptadas: IBGE/Censo 2000 e FEE/CIE/NIS

    Na Figura 3 pode-se observar os valores dos ndices de Envelhecimento dos

    municpios em relao s linhas que estabelecem os limites da faixa de transio de

    uma populao jovem para uma populao idosa.

    Figura 3 ndice de Envelhecimento em relao faixa de transio Fontes adaptadas: IBGE/Censo 2000 e FEE/CIE/NIS

    Para estabelecer um perfil socioeconmico do usurio do transporte da regio

    de interesse, buscou-se, ainda, informaes relacionadas s condies

    educacionais e de renda da populao local.

  • 12

    O nvel de escolaridade, cujos valores referem-se a 2000, indica que 3,19% da

    populao no tinha instruo ou tinha menos de 1 ano de estudo, 11,28% tinha de

    1 a 3 anos de estudo, 41,56%, de 4 a 7 anos, 18,82%, de 8 a 10 anos, 19,03%, de

    11 a 14 anos, e 6,13% tinha 15 ou mais, ou seja, apenas cerca de 6% havia,

    possivelmente, concludo o nvel superior.

    O rendimento nominal mensal, relativo ao ano 2000, pode ser observado na

    Tabela 4. Acredita-se que os valores apurados expressam o nvel de qualificao

    dessa populao, onde 38,24% das pessoas com mais de dez anos de idade, com

    rendimento mensal, recebem at um salrio mnimo, e outros 15,24% recebiam

    entre um e dois salrios mnimos.

    Tabela 4 Rendimento nominal mensal da populao da AII 2000

    POPULAO E RENDIMENTO NOMINAL

    CENSO 2000

    Ben

    to

    Gon

    alv

    es

    Gar

    ibal

    di

    Car

    los

    B

    arbo

    sa

    Fa

    rroup

    ilha

    Cax

    ias

    do S

    ul

    TOTA

    L

    Pessoas residentes - 10 anos ou mais de idade - rendimento nominal mensal:

    Sem rendimento 28,12% 26,65% 22,80% 26,96% 31,00% 29,60%

    - at 1 salrio mnimo 9,32% 11,37% 10,47% 9,65% 8,00% 8,64%

    - de 1 a 2 salrios mnimos 15,52% 17,84% 15,98% 20,00% 14,21% 15,24%

    - de 2 a 3 salrios mnimos 13,24% 12,23% 13,67% 12,12% 10,89% 11,58%

    - de 3 a 5 salrios mnimos 13,77% 13,18% 18,76% 14,36% 13,99% 14,13%

    - de 5 a 10 salrios mnimos 12,79% 12,61% 12,78% 11,13% 13,71% 13,21%

    - de 10 a 20 salrios mnimos 5,28% 4,12% 3,85% 4,34% 5,77% 5,39%

    - mais de 20 salrios mnimos 1,97% 2,00% 1,68% 1,45% 2,43% 2,21%

    Fonte: IBGE, Censo Demogrfico 2000.

    Uma viso geral do nvel de desenvolvimento dessa populao oferecida

    pelo IDHM (ndice de Desenvolvimento Humano Municipal) registrado na Tabela 5.

    Verifica-se que, em 2000, quando o IDH brasileiro era de 0,789, o mais alto IDHM na

    regio em estudo foi 0,870, alcanado pelo Municpio de Bento Gonalves, portanto,

    superior ao nacional. Esse ndice mostrou-se superior ao estadual 0,814 e ao de

    Porto Alegre 0,865. No mesmo ano, os ndices mais baixos foram os de Garibaldi

    e Farroupilha, com 0,843 e 0,844 respectivamente, mas classificados na faixa de

    alto desenvolvimento humano, na qual situam-se os ndices superiores a 0,799.

  • 13

    Tabela 5 ndice de Desenvolvimento Humano dos Municpios da AII 1991 e 2000

    UF / MUNICPIO IDHM IDHM Renda

    IDHM Longevidade

    IDHM Educao

    1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000 Maior IDHM brasileiro 0,842 0,919 0,832 0,896 0,782 0,886 0,913 0,975 Rio Grande do Sul 0,753 0,814 0,702 0,754 0,729 0,785 0,827 0,904 Porto Alegre 0,824 0,865 0,818 0,869 0,748 0,775 0,907 0,951 Bento Gonalves 0,799 0,870 0,749 0,799 0,787 0,873 0,860 0,938

    Garibaldi 0,773 0,843 0,727 0,795 0,743 0,818 0,848 0,916

    Carlos Barbosa 0,768 0,858 0,721 0,791 0,743 0,841 0,839 0,942

    Farroupilha 0,777 0,844 0,745 0,775 0,772 0,818 0,813 0,939

    Caxias do Sul 0,793 0,857 0,764 0,807 0,756 0,818 0,858 0,945

    Menor IDHM brasileiro 0,359 0,467 0,408 0,343 0,441 0,512 0,228 0,546

    Fonte: PNUD, Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil

    Consideradas as dimenses longevidade, educao e renda da populao,

    nesta ltima situava-se o pior desempenho dos ndices dos municpios da rea,

    embora Caxias do Sul encontrava-se na faixa de alto ndice de desenvolvimento e

    os demais, na faixa de mdio. Salienta-se que, para a avaliao da dimenso renda,

    o critrio usado a renda municipal per capita. No que diz respeito longevidade, traduzida pela esperana ao nascer, todos

    os municpios encontravam-se na faixa de alto desenvolvimento. Teoricamente, esse

    indicador sintetiza as condies de sade e de salubridade local, uma vez que,

    quanto mais mortes houver nas faixas etrias mais precoces, menor a expectativa

    de vida.

    Quanto ao indicador de educao, que em seu clculo considera a taxa de

    alfabetizao de pessoas acima de 15 anos de idade e a taxa bruta de frequncia

    escola, observa-se que todos os municpios estavam na faixa de alto

    desenvolvimento, com valores acima de 0,910.

    Associado ao IDHM na faixa de alto desenvolvimento, segundo dados do IBGE

    relativos a 2003, os cinco municpios da rea de estudo, apresentavam Incidncia da

    Pobreza2 em torno de 20%, o maior registrado em Bento Gonalves 21,13% e o

    menor em Carlos Barbosa 17,71% (Tabela 6). Os valores correspondentes

    Incidncia da Pobreza Subjetiva3 mostram que apenas cerca de 5% da populao

    no percebe sua real condio de vida. 2 A Incidncia da Pobreza (headcount ratio - H) indica a proporo de pobres em relao populao total. 3 Enquanto a Incidncia da Pobreza medida pela real condio dos entrevistados, a Incidncia da Pobreza

    Subjetiva calculada com base na opinio que os entrevistados tm sobre suas prprias condies de pobres ou no pobres.

  • 14

    Tabela 6 Mapa da pobreza e desigualdade dos municpios da AII 2003

    Municpio Incidncia

    da Pobreza (%)

    Incidncia da Pobreza Subjetiva

    (%)

    ndice de Gini

    Porto Alegre 23,74 17,10 0,45 Bento Gonalves 21,13 15,90 0,40

    Garibaldi 19,98 14,86 0,38

    Carlos Barbosa 17,71 12,03 0,37

    Farroupilha 20,20 15,08 0,39

    Caxias do Sul 20,93 15,84 0,40

    Fonte: IBGE, Censo Demogrfico 2000 e Pesquisa de Oramentos Familiares - POF 2002/2003. Nota: A estimativa do consumo para a gerao desses indicadores foi obtida utilizando o mtodo da estimativa de pequenas reas dos autores Elbers, Lanjouw e Lanjouw (2002).

    A Tabela 6 tambm relaciona a distribuio da riqueza dos locais de interesse,

    medida pelo ndice Gini4 que, baseando-se na renda domiciliar per capita, revela que ser mdia a desigualdade de renda na regio: prxima a 0,40. Tambm mostra uma

    homogeneidade dessa condio entre os municpios que a compem. Quando

    comparados com os ndices apresentados por Porto Alegre, verifica-se que os

    municpios da rea de estudo esto em melhor condio.

    O poder aquisitivo da populao tem reflexo direto sobre a demanda, e esta,

    sobre as condies de viabilidade dos servios prestados.

    5.1.2 Aspectos econmicos

    No perodo de 2000 a 2008, a mdia de crescimento do PIB per capita na rea de estudo foi de aproximadamente 117%, segundo dados da FEE, verificando-se

    certa heterogeneidade entre os municpios, como mostra a

    Tabela 7. Esses valores deixaram a regio muito prxima do valor registrado

    por Porto Alegre, que cresceu 115% no mesmo perodo, mas abaixo do Estado do

    Rio Grande do Sul, que registrou um crescimento em torno de 130%.

    4 Mede o grau de desigualdade existente na distribuio de indivduos segundo a renda domiciliar per capita. Seu

    valor varia de zero, quando no h desigualdade (a renda de todos tem o mesmo valor), at 1, quando a desigualdade mxima (um indivduo detm toda a renda).

  • 15

    Tabela 7 Produto Interno Bruto per capita 2008

    Municpio PIB per capita 2008

    Composio do PIB (R$mil) PIB a preos bsicos (R$mil)

    % crescimento per capita 2000-2008 Impostos Servios Indstria Agropecuria

    Bento Gonalves 21.884 229.561 1.204.404 777.894 49.177 2.261.036 90,23

    Garibaldi 26.277 66.988 339.310 345.746 24.450 776.494 113,43

    Carlos Barbosa 25.261 55.960 252.660 263.891 45.181 617.692 120,18

    Farroupilha 19.194 129.270 605.089 393.034 50.669 1.178.062 74,71

    Caxias do Sul 26.027 951.784 5.695.740 3.983.694 133.352 10.764.570 130,64

    TOTAL 24.669 1.433.563 8.097.203 5.764.259 302.829 15.597.854 117,34

    Fonte: FEE (populao 2008 estimada com base nos resultados do Censo 2010)

    Na composio do PIB da rea de estudo, a parcela correspondente aos

    servios a maior, alcanando 52% do total, seguida da correspondente indstria,

    com 37%.

    As exportaes, em 2008, corresponderam a U$ FOB 130.218.0546 em Bento

    Gonalves, a U$ FOB 73.045.07110 em Garibaldi, a U$ FOB 143.354.853 em Carlos

    Barbosa, a U$ FOB 53.759.24718 em Farroupilha e a U$ FOB 1.096.318.479 em

    Caxias do Sul.

    Em 2010, foram gerados 235.159 empregos na rea de estudo: 43.078 em

    Bento Gonalves, 11.677 em Garibaldi, 8.495 em Carlos Barbosa, 20.781 em

    Farroupilha e 151.128 em Caxias do Sul.

    De acordo com dados do Nutep, Bento Gonalves possui como atividades

    econmicas mais significativas a agricultura, produo de vinho, turismo, indstria e

    comrcio. J em Garibaldi, a avicultura, a vitivinicultura e a metalurgia so as mais

    expressivas.

    Carlos Barbosa possui um setor industrial bastante desenvolvido. Alm da

    Cooperativa Santa Clara, produtora de leite e queijos, o ramo metalrgico tambm

    destaque. A cidade sede do Grupo Tramontina, que possui entre suas fbricas a

    maior cutelaria do mundo. Outras empresas de grande porte esto presentes no

    municpio, como a American Tool (multinacional fabricante de brocas) e a Grendene, lder nacional no setor de calados. No municpio destacam-se tambm a produo

    de leite, o reflorestamento e o cultivo de batata e de milho.

    Farroupilha tem uma economia diversificada, sendo forte em diversos pontos,

    como o comrcio, onde se destacam as redes de lojas de mveis e

    eletrodomsticos, indstrias metalrgicas, coureiro-caladistas, malhas e

  • 16

    confeces, mveis e estofados, papel e embalagens, vinhos e sucos, indstria e

    comrcio de ferragens. Na agricultura, destaca-se a vitivinicultura e o plantio de kiwi.

    As principais atividades econmicas realizadas no Municpio Caxias do Sul

    so: indstria txtil, indstria de transformao de plsticos, polo metal mecnico,

    hortifrutigranjeiros, suinocultura, avicultura e pecuria.

    O Estado do Rio Grande do Sul o principal produtor de uva do pas e

    tambm o principal processador da fruta e seus derivados, respondendo por 90% da

    produo nacional de vinho. Nessa produo, na rea de estudo, destacam-se os

    municpios de Bento Gonalves, Farroupilha, Caxias do Sul e Garibaldi.

    Do ponto de vista do desenvolvimento regional e da gerao de empregos, a

    vitivinicultura constituiu um dos pilares da economia da Serra Gacha. O enoturismo

    uma atividade que vem apresentando grande crescimento, especialmente na

    regio de Caxias do Sul.

    5.2 INVASES DA FAIXA DE DOMNIO

    Tendo em vista a parcial desativao do trecho, o segmento no utilizado,

    entre Caxias do Sul e Carlos Barbosa, apresenta ocupao da faixa de domnio

    tanto por particulares, quanto pelo poder pblico. Os pontos mais expressivos

    encontram-se em Caxias do Sul, onde observam-se situaes em que a ferrovia

    passou a desempenhar a funo de vias pblicas. Pequenos comrcios, residncias

    e acessos a propriedades rurais tambm foram registrados diretamente sobre os

    trilhos.

    Alm das ocupaes antrpicas da faixa de domnio e da plataforma

    ferroviria, muitos segmentos esto tomados por vegetao.

    As ocorrncias so descritas no estudo ambiental preliminar do trecho,

    constante do Relatrio Ambiental.

    5.3 DADOS SOBRE O DESENVOLVIMENTO REGIONAL

    Independentemente da regionalizao formal como a mencionada, o IBGE

    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica - realizou em 2008 estudo de

    regionalizao das cidades brasileiras intitulado Regies de Influncias das Cidades

    2008.

  • 17

    O objetivo do estudo foi definir a hierarquia dos centros urbanos e delimitar as

    regies de influncia a eles associadas a partir dos aspectos de gesto federal e

    empresarial e da dotao de equipamentos e servios, de modo a identificar os

    pontos do territrio a partir dos quais so emitidas decises e exercido o comando

    em uma rede de cidades.

    Para tal, foram utilizados dados de pesquisa especfica e, secundariamente,

    dados de outros levantamentos tambm efetuados pelo IBGE, bem como registros

    provenientes de rgos pblicos e de empresas privadas.

    Pelo estudo, a cidade Caxias do Sul est inserida num conjunto de 40 cidades

    chamadas de rea de Concentrao Populacional ACPs. Essas 40 cidades que,

    se somadas s trs metrpoles nacionais (So Paulo, Rio de Janeiro e Braslia),

    representam todas as categorias superiores at o nvel de Capital Regional B.

    Portanto, essas trs cidades situam-se entre as 43 cidades mais importantes do

    Brasil, conforme demonstrado na Figura 4.

    Figura 4 Centros de mais alto nvel Fonte: IBGE

  • 18

    Ressalte-se que Caxias do Sul classificada como Capital Regional B, que,

    segundo o IBGE:

    Capital regional integram este nvel 70 centros que, como as metrpoles,

    tambm se relacionam com o estrato superior da rede urbana. Com capacidade de

    gesto no nvel imediatamente inferior ao das metrpoles, tm rea de infl uncia de

    mbito regional, sendo referidas como destino, para um conjunto de atividades, por

    grande nmero de municpios. Como o anterior, este nvel tambm tem trs

    subdivises. O segundo grupo b constitudo por 20 cidades, com medianas de

    435 mil habitantes e 406 relacionamentos.

    O conjunto de mapas e tabelas, a seguir, detalha a estrutura da rede e as

    interaes desses trs centros. Em cada pgina, no primeiro mapa, Regio de

    Influncia, destaca-se a estrutura da rede, indicando conexes diretas ao centro

    principal e conexes mediadas por um centro secundrio. No mesmo mapa est

    representada a hierarquia dos centros pertencentes a rede e daqueles a ela

    adjacentes. Alm disto, esto apresentadas, em cinza, todas as ligaes dos

    centros - acima do nvel local relativas busca por bens e servios, informadas no

    questionrio da pesquisa. A presena de uma ligao indica que o centro foi

    apontado como opo (de primeira, segunda, terceira ou quarta ordem) para

    algum(s) dos itenspesquisados.

    O segundo mapa o de conexes externas. Neste, so apresentadas as

    quatro principais ligaes de cada um dos centros da rede acima do nvel local.

    Neste caso, as ligaes representam o conjunto da intensidade de ligaes

    empresariais (Apndice) e da subordinao da administrao pblica federal. S

    esto representados no mapa com a sua hierarquia na rede aqueles centros que

    possuem alguma conexo.

    Finalmente, a tabela apresenta informaes para o conjunto da rede, a posio

    relativa do centro principal em relao ao conjunto da rede e a posio relativa da

    rede em relao ao Brasil.

  • 19

    Figura 5 Mapa Caxias do Sul (RS) Capital Regional B (2B) Fonte: IBGE

  • 20

    Figura 6 Conexes externas de Caxias do Sul (RS) Fonte: IBGE

    Figura 7 Caractersticas de Caxias do Sul (RS) Fonte: IBGE

  • 21

    5.4 TRANSPORTE RODOVIRIO

    Em vista das condies econmicas e da infraestrutura existente no municpio,

    a populao residente desloca-se para outros municpios e regies, especialmente

    para trabalhar e estudar. Essa situao pode ser observada na Tabela 8.

    Tabela 8 Deslocamento da populao residente para trabalho ou estudo

    Municpios de residncia

    e grupos de idade

    Censo 2000

    Deslocamento da populao residente para trabalho ou estudo (%)

    Trabalhavam ou estudavam no municpio de

    residncia

    No trabalhavam nem estudavam

    Trabalhavam ou estudavam em outro municpio da Unidade da

    Federao

    Trabalhavam ou estudavam em outra Unidade da Federao

    Trabalhavam ou estudavam em

    Pas estrangeiro

    Bento Gonalves 70,22 27,93 1,80 0,01 0,02

    Garibaldi 68,96 23,91 7,00 0,13 0,00

    Carlos Barbosa 69,30 24,08 6,49 0,13 0,00

    Farroupilha 70,07 25,86 3,99 0,04 0,04

    Caxias do Sul 68,99 30,07 0,86 0,07 0,00

    Total da rea 69,31 28,77 1,85 0,06 0,01

    Porto Alegre 65,29 32,73 1,85 0,11 0,02

    Fonte: IBGE, Censo Demogrfico 2000.

    Para atender s necessidades de deslocamento, a rea de estudo conta com

    uma rede viria na qual se destacam no eixo norte-sul: a BR 116, ligando Caxias do

    Sul a Porto Alegre; a RS 122, no eixo Farroupilha Novo Hamburgo; a RS 470, no

    eixo Bento Gonalves Garibaldi Carlos Barbosa. No eixo sudoeste nordeste,

    encontra-se a RSC 453, ligando Carlos Barbosa, Farroupilha e Caxias do Sul ao

    litoral. A Figura 8 mostra a disposio das vias na rede rodoviria.

    Segundo a Aune (2009), onde est localizada a AII, a regio de abrangncia

    dessa associao possui ligaes virias nicas ou com poucas alternativas entre os

    municpios e uma grande dinmica de troca de pessoas e mercadorias, havendo

    necessidades de solues de mobilidade regional. Nesse contexto a AUNE ressalta

    a existncia de uma linha frrea, h muito implantada, mas ainda em boas

    condies de preservao. Essa linha, no trecho Bento Gonalves-Caxias do Sul,

    o objeto do presente estudo.

  • 22

    Figura 8 Rede rodoviria federal e estadual na regio de estudo Fonte: AUNE, 2009.

    A frota municipal registrada em 2009 mostrada na Tabela 9, onde,

    evidentemente, o automvel ganha destaque.

    Tabela 9 Frota de veculos registrada na AII em 2009

    FROTA 2009

    Bento Gonalves

    Farroupilha Carlos Barbosa Garibaldi Caxias do Sul TOTAL

    Automvel 37.153 20.736 8.413 10.232 147.760 224.294

    Caminho 3.029 1.835 670 1.300 7.684 14.518

    Caminho trator 734 303 121 533 2.226 3.917

    Caminhonete 4.175 2.165 872 1.304 15.033 23.549

    Micro-nibus 207 210 45 63 1.184 1.709

    Motocicleta 7.124 3.612 1.772 2.002 23.898 38.408

    Motoneta 3.120 852 434 459 4.294 9.159

    nibus 286 165 82 100 1.444 2.077

    Trator de rodas 72 24 16 16 184 312 TOTAL 55.900 29.902 12.425 16.009 203.707 317.943

    Fonte: Ministrio da Justia, Departamento Nacional de Trnsito - DENATRAN - 2009.

  • 23

    Em 2007, nos 489 km das cinco rodovias estaduais no trecho Bento Gonalves

    Caxias do Sul, foram registrados 1.505 acidentes, totalizando 70 mortos e 1.013

    feridos, de acordo com dados divulgados pelo DAER/RS.

    A populao servida por servios de transporte coletivo sob a jurisdio

    municipal, estadual e federal. O Transporte Coletivo Rodovirio Intermunicipal de

    Passageiros no trecho em questo, diretamente relacionados com o objeto do

    presente estudo, esto sob a responsabilidade do DAER/RS. As linhas so

    operadas por trs empresas - Bento Gonalves, Danytur e Ozelame - com tarifas

    que variam de acordo com o trajeto e o tipo do servio prestado.

  • 24

    6 CARACTERIZAO DOS TRECHOS

    Na Serra Gacha, o servio foi facilitado pela ausncia de trfego no percurso

    entre Caxias do Sul e Carlos Barbosa (que foi percorrido inteiramente a p), e por

    um carro de linha, num dia livre de trfego, entre essa ltima cidade e Bento

    Gonalves. A maior dificuldade encontrada nesse trecho foi a densa vegetao que

    cresceu, tanto nos aterros, como nos cortes e teve que ser cortada com foices e

    faces.

    Tambm nesse trecho, o problema mais significativo a situao gerada pelo

    grande nmero de intersees com rodovias, especialmente nas reas urbanas.

    6.1 INFRAESTRUTURA FERROVIRIA

    A vantagem do trecho de da Serra Gacha que no necessitar de

    terraplenagem intensiva, apenas alguns servios de drenagem superficial, pequenos

    consertos em bueiros e construo de sarjetas nos cortes que no so formados de

    rocha.

    Somente a implantao de mais um viaduto ferrovirio est prevista.

    Eventualmente alguns viadutos rodovirios sero necessrios para superar

    problemas de ocupaes da linha por rodovias ou vias urbanas importantes em

    vrios pontos da linha.

    As passagens de pedestres sobre os trilhos um problema recorrente e

    difuso ao longo de toda a linha. Esses problemas so os mais crticos e sero

    resolvidos com passarelas, cancelas e sinais sonoro-luminosos ou obstculos

    passagem, onde couberem.

    6.2 SUPERESTRUTURA FERROVIRIA

    Tecnicamente, a via permanente5 apresenta-se fora dos padres modernos.

    Os dormentes so de madeira com comprimento de 1,9 a 2,0 m, com taxa de

    dormentao original de cerca de 1.850 dormentes/km, sendo varivel o

    5 Por via permanente entende-se os trilhos, os dormentes e os acessrios, tais como: placas de apoio, fixadores,

    almofadas, isoladores, parafusos, tirefondes, placas de juno etc.

  • 25

    distanciamento entre as peas individuais em funo de perdas totais por

    apodrecimento, furto, desaparecimento sob camadas de entulho ou vegetao.

    Esse panorama constante do trecho Caxias do Sul Carlos Barbosa.

    Embora uma parte dos dormentes de madeira pudesse ser aproveitada no

    trecho Bento Gonalves Carlos Barbosa, por pouco tempo, em uma nova grade

    com esse tipo de dormentao, desaconselha-se o seu uso por falta de informao

    sobre a sua parte inferior, quer seja, o contato entre os dormentes e o lastro, uma

    vez que eles no esto protegidos por placas de apoio.

    Justifica-se a substituio completa de todos os dormentes existentes entre

    Caxias do Sul Bento Gonalves por, preferencialmente, dormentes de concreto.

    A maior parte dos trilhos do tamanho TR-32 e raros TR-37 e alguns tipos

    desconhecidos foram registrados, todos com comprimentos de 12 metros ou

    pedaos menores, sem nenhuma solda, ligados entre si com placas de juno. Em

    sua maioria, os trilhos esto deformados, tanto longitudinal, como transversalmente.

    Justifica-se a substituio de todos os trilhos existentes por trilhos novos de

    um tipo em produo comercial cuja importao seja mais fcil.

    O lastro6 da ferrovia entre Caxias do Sul Carlos Barbosa est inutilizado pelo

    preenchimento dos vazios com material argiloso do subleito, por vegetao ou

    restos de vegetao. No trecho Bento Gonalves Carlos Barbosa a situao est

    um pouco melhor, mas, mesmo assim, no vale pena aproveitar um material to

    contaminado para uma nova ferrovia de passageiros.

    6.3 ESTAES, OFICINAS E DEMAIS INSTALAES DE APOIO

    As estaes no trecho Caxias do Sul Bento Gonalves esto, de uma forma

    geral, preservadas, embora com alguns problemas, descritos no Relatrio 1 item

    6.2.3.

    6.4 MOVIMENTAO DE TRENS

    O trecho, originalmente utilizado para o transporte de cargas, encontra-se

    desativado para tal servio. Apenas entre os Municpios de Bento Gonalves e

    6 O lastro e sub-lastro so considerados sob a designao de infraestrutura.

  • 26

    Carlos Barbosa est em operao um servio de transporte turstico, no chamado

    Vale dos Vinhedos, realizado pela Giordani Turismo Ltda, sediada em Bento

    Gonalves. O transporte realizado com frequncia de duas viagens dirias de ida

    e volta, utilizando uma locomotiva muito antiga, com propulso a vapor, e seis

    vages de passageiros, desenvolvendo uma velocidade mdia de 20 a 30 km/h.

    No restante do trecho, entre Caxias do Sul e Carlos Barbosa, a via est

    praticamente abandonada, observando-se falta de trilhos em alguns segmentos.

    6.5 FAIXA DE DOMNIO

    A faixa de domnio, no trecho Caxias do Sul Carlos Barbosa, encontra-se

    ocupada por instalaes de todos os tipos, inclusive por construes industriais,

    casas, etc. A descrio da faixa de domnio e sua anlise apresentada no

    Relatrio Ambiental.

  • 27

    7 CRITRIOS ADOTADOS PARA O PROJETO

    O atual trecho ferrovirio entre Caxias do Sul e Bento Gonalves possui uma

    configurao geomtrica da primeira dcada do Sculo XX, isto , com rampas que

    atingem at 2,4% e raios de curva mnimos de 150 m. De acordo com estudos

    operacionais iniciais, essas caractersticas impedem velocidades mximas maiores

    que 40 km/h. Considerando ainda as paradas em desvios e estaes, a velocidade

    efetiva dos trens provavelmente no ultrapassar os 30 km/h. Isso pode significar

    que uma viagem entre Caxias do Sul e Bento Gonalves (mesmo em uma viagem

    direta) dever durar no menos do que duas horas. Por outro lado, h a vantagem

    de se ter uma infraestrutura aparentemente pronta para instalar um servio de

    transporte ferrovirio de passageiros, com custo relativamente baixo.

    Outra caracterstica da linha que as cidades existentes ao longo dos

    percursos desenvolveram-se em torno da ferrovia. Essa situao torna a passagem

    de um trem no meio das cidades um transtorno inevitvel, com intersees com vias

    urbanas muito movimentadas e algumas importantes vias na zona rural.

    A anlise das intersees existentes no trecho indicou a necessidade da

    construo de 17 viadutos rodovirios e a instalao de 56 cancelas automticas e

    de 36 sinais sonoro-luminosos. Porm, 10 desses viadutos deveriam ser instalados

    na rea urbana de Caxias do Sul. Para construir cada um dos 10 viadutos, de cerca

    de 7,0 m de altura, seriam necessrios aproximadamente 100 m de rampa para

    cada lado, de forma a alar o greide de uma interseo a essa altura. Considerando

    as caractersticas locais, no haveria espao fsico para construes com essas

    especificaes.

    Existem duas solues para esse problema:

    a) no fazer os viadutos e substitu-los por passagens em nvel com

    cancelas automticas em um trajeto de cerca de trs quilmetros. A soluo, em vez

    de desafogar o trfego de Caxias do Sul, aumentaria os engarrafamentos j

    existentes;

    b) a outra soluo seria rebaixar a linha frrea, logo na sada da estao de

    Caxias do Sul, e faz-la voltar superfcie somente a cerca de 3 km da sada, logo

    aps a interseo com a Av. Perimetral. A prpria estao de passageiros teria que

    ser subterrnea para evitar desenvolvimentos da linha fora do ptio ferrovirio

    existente em Caxias do Sul.

  • 28

    Essa ltima soluo requereria a construo dos 10 viadutos (para

    ultrapassar a galeria) acima referidos e mais uma galeria de cerca de trs

    quilmetros de extenso no sudoeste da cidade. Na atual circunstncia (estudos

    preliminares, sem sondagens previstas), no se sabe quais tipos de fundao sero

    encontradas no local da galeria solo ou rocha, alm de outros problemas

    relacionados com os mtodos construtivos de galerias urbanas dessa extenso.

    Problemas similares so encontrados na rea urbana de Farroupilha. As outras

    cidades cruzadas pela ferrovia no apresentam problemas to graves como as

    outras duas cidades citadas acima.

    Assim sendo, entre as alternativas de construo de novo traado e a

    recuperao da ferrovia existente, optou-se pela segunda alternativa.

    7.1 VOLUMES DE CORTES E ATERROS

    A linha Caxias do Sul Bento Gonalves est pronta, porm abandonada

    desde 1968, ou seja, 42 anos (em 2010). Nesse perodo, a linha foi ocupada por

    residncias irregulares, por vias urbanas, marginais, rodovias e vegetao baixa e

    arbrea, aterros, complexos industriais, agricultura etc. Em uma extenso de 234 m,

    a cerca 2,5 quilmetros da estao de Caxias do Sul, a linha est alagada por

    lmina dgua de mais de 0,5 m.

    Em alguns pontos especficos a infraestrutura foi em at 50% removida, como

    se verifica no km 2,36 contado a partir da estao de Caxias do Sul. Em outros

    pontos, a plataforma de terraplenagem foi solapada por ao das guas ou de

    escavaes prximas.

    Exceto pela ocorrncia do km 2,36 na qual se cubou um volume de cerca de

    7.500 m a ser recomposto. Para as ocorrncias de pequenas degradaes da

    plataforma, considerou-se um volume de cerca de 10.000 m de recomposio com

    material de primeira categoria.

    Ainda quanto plataforma, sua limpeza dever incluir:

    a) capina geral, destocamento de rvores eventualmente localizadas na

    plataforma e de outras que se encontrem fora dela, mas com perigo de carem;

    b) desmonte, carregamento e transporte dos elementos da antiga grade

    ferroviria trilhos e dormentes;

    c) desmonte e transporte de construes sobre a linha e faixa de domnio;

  • 29

    d) esgotamento de depsitos de gua e raspagem dos materiais saturados e

    consequente recomposio do greide;

    e) recuperao do greide de pequenas degradaes da plataforma; e

    f) escarificao e colocao na umidade tima de compactao do solo da

    plataforma e sua consequente compactao a 100% da energia normal.

    7.2 OBRAS DE DRENAGEM

    A verificao de inmeros bueiros existentes no trecho mostrou que se tratam

    de estruturas de pedra argamassada de seo quadrada com lados de 0,6 ou 0,8 m.

    Esses bueiros provavelmente no necessitaro de reparos, mas eventualmente de

    algum servio de limpeza ou construo de protees contra a eroso ou eventuais

    obras de proteo s propriedades lindeiras faixa de domnio da ferrovia.

    As obras de drenagem superficial convencionais de plataforma praticamente

    no existem no trecho considerado e tero que ser feitas ou refeitas integralmente.

    O solo da plataforma no est erodido devido grande resistncia dos

    latossolos da serra do Rio Grande do Sul. Alm disso, o clima mido que atua nessa

    regio mantm uma vegetao vigorosa que ajuda a proteger o solo.

    No foram verificados cortes ou aterros altos o que dispensa a construo de

    banquetas intermedirias e a sua consequente drenagem com sarjetas e escadarias.

    A maior parte dos servios diz respeito construo de sarjetas de concreto

    em cortes, em solo, e alguma previso de drenos profundos, tambm em solo.

    7.3 PASSAGENS DE NVEL E DE PEDESTRES

    Existem apenas dois viadutos ferrovirios ao longo do trecho entre Caxias do

    Sul e Bento Gonalves. De forma geral, essas obras parecem aceitveis

    observao visual, no necessitando, em princpio, de qualquer reparo, exceto

    servios de recomposio das bordas degradadas nas juntas de dilatao etc.

    Esto previstos 7 viadutos rodovirios a serem construdos para dar maior

    segurana via e queles que a cruzam. Considerou-se que os viadutos rodovirios

    devero ter, em mdia, 12 m de largura e 10 m de comprimento, com rea de laje de

    120 m por obra e rea total 840 m.

  • 30

    As intersees existentes podem ser com vias locais urbanas ou rurais,

    pavimentadas ou no, ou com rodovias estaduais e federais. Os critrios de

    tratamento estabelecidos, visando principalmente segurana dos veculos,

    passageiros e pedestres, foram:

    a) para as intersees com vias urbanas e rurais no pavimentadas,

    geralmente de menor trfego, com boa visibilidade, estabeleceu-se a utilizao de

    sinais sonoro-luminosos (semforos) em todas elas;

    b) para as intersees com vias urbanas e rurais, no pavimentadas,

    geralmente de menor trfego, mas sem a visibilidade adequada, seja pela presena

    de talude de corte, curva ou vegetao, estabeleceu-se a utilizao de cancelas

    eletrnicas, que incluem sinais sonoro-luminosos;

    c) para vias urbanas locais, pavimentadas, com baixo a mdio volume de

    trfego, estabeleceu-se a utilizao de cancelas eletrnicas, que incluem sinais

    sonoro-luminosos;

    d) para vias urbanas locais, pavimentadas, com alto volume de trfego ou

    em situao de baixa visibilidade ou de difcil operao de cancelas, estabeleceu-se

    a implantao de viadutos, rodovirios ou ferrovirios, dependendo do caso e das

    condies locais;

    e) para as intersees com rodovias estaduais e federais, no

    pavimentadas, geralmente de menor trfego, estabeleceu-se a utilizao de

    cancelas eletrnicas, que incluem sinais sonoro-luminosos; e

    f) para as intersees com rodovias estaduais e federais pavimentadas,

    estabeleceu-se a implantao de viadutos, rodovirios ou ferrovirios, dependendo

    do caso e das condies locais.

    Na poca da execuo dos projetos bsicos e executivo de engenharia as

    passagens de pedestres que cruzam a linha devero ser completamente

    regularizadas, eliminando-se vrias passagens muito prximas umas das outras.

    Para tanto ser necessria a pesquisa da demanda dos pedestres e a definio da

    localizao dos cruzamentos, no menor nmero possvel, sem deixar de considerar

    o conforto das pessoas.

    Para as passagens de maior trfego sero utilizadas passarelas sobre as

    linhas ferrovirias. Os cruzamentos voluntrios das linhas nas redondezas das

    passarelas devero ser completamente evitados com barreiras cercas fsicas ou

    vivas. As passarelas para pedestres sero construdas de acordo com o que prev a

  • 31

    ABNT NBR 9050:2004, em atendimento Lei n 10.098, de 19 de dezembro de

    2000, que estabelece normas gerais e critrios bsicos para a promoo da

    acessibilidade das pessoas portadoras de deficincia ou com mobilidade reduzida, e

    ao Decreto n 5.296, de 2 de dezembro de 2004, que a regulamenta.

    Nos cruzamentos, em zonas urbanas de menor trfego dever ser adotada

    cancela eletrnica, com barra mvel, sinais sonoros e visuais. Nas passagens de

    pedestres em reas rurais podero ser utilizados apenas sinais sonoro-luminosos.

    A sinalizao e a cancela sero controladas eletronicamente pela passagem

    do trem, ao lado de um sensor, num ponto escolhido de tal forma que no necessite

    que se reduza demais a velocidade antes do cruzamento e que, adicionalmente, no

    oferea risco aos pedestres.

    O total de intersees localizadas no trecho, e j otimizadas, produziu o

    seguinte quantitativo:

    a) 7 viadutos rodovirios;

    b) 1 viaduto ferrovirio;

    c) 66 cancelas com barra mvel;

    d) 36 sistemas de alerta sonoros luminosos; e

    e) 8 passarelas para pedestres.

    7.4 ELEMENTOS DA GRADE E INFRAESTRUTURA

    Para os elementos da grade ou via permanente consideram-se dormentes,

    trilhos e acessrios. No caso particular do trecho Caxias do Sul e Bento Gonalves,

    os trilhos e os dormente sero totalmente novos, uma vez que os trilhos e dormentes

    que se encontram na linha esto degradados.

    7.5 ESTAES, INSTALAES ADMINISTRATIVAS, CCO E OFICINAS

    Esto previstas estaes ferrovirias para embarque e desembarque de

    passageiros em Caxias do Sul (duas), Farroupilha, Carlos Barbosa, Garibaldi e

    Bento Gonalves (duas). A oficina, as instalaes administrativas e o CCO devero

    ser implantadas, provavelmente, em Bento Gonalves ou Caxias do Sul, onde existe

    uma rea junto estao.

  • 32

    8 PESQUISA DE CAMPO

    O termo de referncia refere-se a pesquisas nos polos geradores de trfego

    mais representativos, em cada uma das cidades pesquisadas, e que, no caso dos

    municpios de maior porte, em decorrncia da grande quantidade de entrevistas

    necessrias, recomenda a tcnica de entrevistas diretas com os usurios dos

    nibus nos terminais rodovirios e com os motoristas de automveis nas rodovias

    intermunicipais ao longo dos trechos ferrovirios em estudo.

    Entretanto, com base em experincias anteriores, na realizao de estudos

    semelhantes, ao invs da nfase em pesquisas nos terminais e em locais

    considerados possveis polos geradores, optou-se pela pesquisa embarcada. Essa

    pesquisa realizada com pesquisadores dentro dos nibus, em viagens regulares,

    entrevistando usurios do transporte rodovirio de passageiros, em viagens de

    linhas regulares cujos itinerrios praticamente coincidem com os trechos ferrovirios

    j implantados.

    Justifica-se tal proposta pelo fato da pesquisa embarcada tender a apresentar

    resultados melhores e mais especficos, com maior aproveitamento das

    informaes, uma vez que cem porcento dos entrevistados estaro fazendo o

    deslocamento do trecho em estudo, com maior possibilidade de serem usurios em

    potencial do modal ferrovirio. Nos polos geradores, a possibilidade de se

    entrevistar esses potenciais usurios, estatisticamente, cai de maneira significativa.

    Assim sendo, no que diz respeito demanda reprimida, esta poder ser melhor

    caracterizada a partir das entrevistas nas rodovias, com os condutores de veculos

    particulares.

    Em resumo, na pesquisa foram considerados, como usurios potenciais do

    modal ferrovirio, os atuais usurios de linhas intermunicipais regulares de transporte rodovirio e os usurios de transporte individual.

    8.1 TIPOS DE PESQUISA ADOTADOS

    As informaes que foram coletadas junto aos usurios referem-se:

    ao perfil socioeconmico;

    origem e ao destino das viagens, para os usurios que viajam no

    trecho, pelo menos, uma vez por semana; e

  • 33

    pesquisa de preferncia declarada, tambm para os usurios que

    viajam no trecho, pelo menos, uma vez por semana.

    8.1.1 Pesquisa socioeconmica

    Todos os entrevistados e viajantes do trecho foram caracterizados em termos

    socioeconmicos, conforme: sexo, idade, grau de instruo, renda familiar, posse de

    automveis no domicilio, etc.

    8.1.2 Pesquisa de Origem/Destino

    A Pesquisa de Origem e Destino (O/D) consiste de entrevistas com os

    usurios do transporte, coletivo e individual, os quais so indagados sobre:

    a) municpio de origem do deslocamento;

    b) municpio de destino do deslocamento;

    c) motivo da viagem.

    Tambm so anotados dados sobre a viagem, tais como: placa, horrio,

    deslocamento antes e depois daquela viagem no caso da pesquisa com usurios

    do transporte coletivo e tempo para estacionar no caso da pesquisa com

    usurios do transporte particular.

    8.1.3 Pesquisa sobre a propenso transferncia modal

    Os questionamentos referentes propenso de transferncia de modalidade

    de transporte adotaro como critrios dois fatores relativos s viagens observadas:

    tempo de viagem da origem at o destino e tarifa ou custo associado. Para a

    pesquisa embarcada foi utilizado o mtodo de pesquisa de Preferncia Declarada,

    enquanto que para a pesquisa com veculos de passeio, o mtodo de pesquisa de

    Preferncia Revelada.

    8.1.3.1 Mtodo de Pesquisa de Preferncia Declarada

    De forma geral, pode-se dizer que a manifestao das preferncias dos

    indivduos em relao a certo produto ou servio, reflete o seu comportamento

  • 34

    frente a um conjunto de opes disponveis. As TPD so baseadas em entrevistas

    nas quais se apresenta ao entrevistado um conjunto de opes, que so cenrios

    ou alternativas hipotticas, construdas pelo pesquisador. O entrevistado, mediante

    um leque de opes, registra suas preferncias. Os dados coletados so

    processados por modelos estatsticos que ajustam os parmetros de forma a definir

    uma funo utilidade.

    As principais caractersticas das TPD so:

    o entrevistado submetido a uma srie de escolhas, sendo o conjunto

    de alternativas construdo de tal forma que considere os principais

    fatores que influenciam o problema de escolha relativo ao objeto do

    estudo;

    o conjunto de opes apresentado ao entrevistado consiste em

    alternativas hipotticas, que no fazem parte do conjunto atual de

    alternativas, mas se aproximam o mximo possvel da realidade;

    cada alternativa representada por um conjunto de atributos que

    identificam o produto ou o servio, devendo-se incluir no experimento

    aqueles atributos que mais identificam o produto ou o servio a ser

    analisado. A identificao desses atributos pode ser realizada atravs

    de uma pesquisa prvia;

    os nveis dos atributos em cada alternativa so especificados pelo

    pesquisador e apresentados ao entrevistado na forma de opes de

    escolha. A diferena entre os nveis considerados deve ser perceptvel

    aos entrevistados. A quantidade de nveis no deve ser grande, pois

    isso poderia prejudicar o processo de escolha;

    o conjunto de alternativas especificado com base num projeto

    experimental;

    os indivduos, em geral, so solicitados a informarem as suas

    preferncias com relao s alternativas, de trs formas: colocando-as

    em ordem de preferncia (ranking), submetendo-as a uma escala de

    avaliao (rating) ou escolhendo a opo preferida do conjunto de

    alternativas disponveis (choice).

  • 35

    O mtodo de entrevista utilizado neste estudo foi do tipo face-a-face, onde os

    vrios conjuntos de escolhas foram apresentados aos usurios sob a forma de

    cartes. Cada um desses cartes formava um bloco de duas alternativas, que

    representavam as combinaes dos atributos definidos para a pesquisa modal,

    tarifa e tempo -, como ilustrado na figura 6. Na aplicao da pesquisa, foi utilizado o

    mtodo choice, onde os entrevistado eram solicitados a fazer apenas uma escolha

    dentre as alternativas que lhe eram oferecidas dentro de cada bloco.

    Figura 9 Bloco de cartes utilizado na Pesquisa de Preferncia Declarada

    Foram confeccionados blocos de cartes de pesquisa, cada um apresentando

    trs alternativas de escolha, perfazendo um total de 18 blocos, que foram divididos

    em 3 conjuntos. A cada entrevistado foi apresentado um dos conjuntos, resultando

    em 06 (seis) escolhas, uma por bloco. O experimento previu a distribuio dos

    conjuntos completos, ou seja, completava-se um ciclo a cada aplicao de trs

    conjuntos.

    A modelagem da estrutura de deciso dos usurios, com dados coletados

    atravs de TPD, foi feita tendo por base o modelo Logit, e o mtodo de calibrao

    dos parmetros do modelo logit multinomial utilizado, foi baseado no princpio

    estatstico da mxima verossimilhana, usando-se o software Alogit7.

    7 Comercializado pela Hague Consulting Group.

  • 36

    8.1.3.2 Mtodo de Pesquisa de Preferncia Revelada

    O uso da tcnica da preferncia revelada baseado nas observaes das

    escolhas reais do indivduo. As respostas usualmente configuram escolhas simples.

    No caso, foi perguntado diretamente ao usurio do transporte particular se ele

    se transferiria para o novo modal e porque.

    8.2 PLANEJAMENTO DA PESQUISA

    Para garantir uma amostra alm da mnima requerida, dentro dos limites

    impostos pela disponibilidade de recursos, a pesquisa abrangeu viagens em dois dias teis, em um sbado e um domingo.

    Para a realizao da pesquisa, foram escolhidos, em ambos os Estados da

    Federao envolvidos, perodos que no coincidissem com festas ou feriados

    regionais e nacionais. Essas datas foram estabelecidas em comum acordo com as

    entidades locais, de cada um dos municpios, segundo critrios pr-estabelecidos. A

    pesquisa de demanda no Rio Grande do Sul foi executada nos dias 13, 14, 15 e 17 de agosto de 2010 e contou com colaborao da Universidade de Caxias do Sul (UCS).

    8.2.1 Pesquisa Embarcada

    Para a pesquisa embarcada, entre as linhas que fazem a ligao entre os

    municpios ao longo do trecho do Rio Grande do Sul, foram selecionadas aquelas

    com origem e/ou destino nas cidades localizadas nos extremos dos dois segmentos

    que compem o trecho Caxias do Sul, Carlos Barbosa e Bento Gonalves , pois,

    em sua maioria, atendem os municpios intermedirios Farroupilha e Garibaldi.

    Foram elencadas todas as linhas desses pares de pontos, ou de O/D, inclusive as

    semidiretas e diretas, quando existentes. Portanto, os pares selecionados foram:

    Caxias do Sul - Bento Gonalves;

    Caxias do Sul - Carlos Barbosa;

    Bento Gonalves - Carlos Barbosa.

  • 37

    8.2.2 Pesquisa com Veculos de Passeio

    Para a pesquisa com veculos de passeio, foram selecionados cinco pontos

    nas rodovias junto polcia rodoviria, que so apresentados a seguir. Tambm

    foram feitas contagens classificatrias de veculos nesses mesmos pontos.

    Figura 10 Postos de contagem previstos nas rodovias do RS

    8.3 DETERMINAO DO PERFIL DOS ENTREVISTADOS

    O perfil obtido se mostrou coerente com as caractersticas scio-econmicas

    da regio levantadas. Alm de concordar com resultados j levantados em outras

    pesquisas scio-econmicas com usurios do transporte coletivo e/ou particular.

    No caso dos usurios do transporte coletivo, eles so mais jovens do que os

    usurios do transporte particular, sendo que houve um equilbrio em relao ao

    gnero dos usurios de nibus e a maioria dos usurios do transporte particular foi

    masculina. Quanto escolaridade, na pesquisa embarcada a maioria dos

    participantes possui 2 ou 1 graus completos, enquanto que na pesquisa nas

    rodovias a maior parte possua 3 ou 2 graus completos.

    Em relao renda familiar dos entrevistados, a maioria dos usurios

    contemplados possua renda familiar na faixa de dois a quatro salrios mnimos

    tanto na pesquisa embarcada quanto nas rodovias. A diferena que na pesquisa

  • 38

    embarcada em segundo lugar ficaram os usurios com renda familiar at dois

    salrios mnimos, enquanto que na pesquisa nas rodovias ficaram em segundo

    lugar os usurios com renda familiar de quatro a sete salrios mnimos ou acima de

    sete salrios mnimos.

    No geral, a maior parte dos entrevistados possua casa prpria e dividiam com

    at cinco pessoas. Grande percentagem dos usurios de nibus no possui

    veculos carros e/ou motocicletas -, e a maioria dos usurios de veculos de

    passeio declarou que possuam pelo menos um carro.

    Um nmero considervel dos participantes foi classificado como rotineiros,

    visto que realizam aquele deslocamento em, pelo menos, uma vez por semana.

    Desses entrevistados rotineiros, os que realizam aquele percurso diariamente - de

    cinco a sete vezes por semana - constituem maioria. O motivo de viagem mais

    escolhido entre as opes foi estudo/trabalho, seguido geralmente por visita a

    parentes e turismo.

    8.4 ELABORAO DA MATRIZ ORIGEM E DESTINO DE VIAGENS

    As matrizes de O/D da pesquisa embarcada apresentaram resultados

    semelhantes s demandas de passageiros existentes no transporte coletivo. Isso

    pode ser explicado pelo fato de serem oferecidos mais servios de nibus para os

    trechos mais carregados e foi pesquisada a mesma proporo de horrios para

    cada trecho.

    Transporte Coletivo

    BG G CB F CS

    BG 1

    G 86 2

    CB 95 55 2

    F 117 33 19 12

    CS 360 113 64 215 1

    Transporte Coletivo

    BG G CB F CS

    BG 0,1%

    G 7,3% 0,2%

    CB 8,1% 4,7% 0,2%

    F 10,0% 2,8% 1,6% 1,0%

    CS 30,6% 9,6% 5,4% 18,3% 0,1%

    Ressalta-se ainda que como foram disponibilizados poucos pontos para

    pesquisa nas rodovias pela polcia, as matrizes de O/D destas no apresentaram

  • 39

    resultados consistentes, uma vez que os municpios de origem/destino que tiveram

    um maior nmero de respostas eram os municpios da regio de entorno dos pontos

    de aplicao da pesquisa.

    Transporte Particular

    BG G CB F CS

    BG 5

    G 161 24

    CB 136 97 69

    F 197 111 113 206

    CS 288 114 86 370 17

    Transporte Particular

    BG G CB F CS

    BG 0,3%

    G 8,1% 1,2%

    CB 6,8% 4,9% 3,5%

    F 9,9% 5,6% 5,7% 10,3%

    CS 14,4% 5,7% 4,3% 18,6% 0,9%

    8.5 DETERMINAO DO POTENCIAL DE PROPENSO MUDANA

    Sobre a percentagem de usurios com propenso transferncia de modal,

    os valores foram bastante otimistas, tanto que na pesquisa de preferncia declarada

    os usurios deram maior importncia ao prprio modal trem do que tarifa e/ou ao

    tempo. Isso pode indicar certo entusiasmo por uma novidade, pelo menos para a

    maioria das pessoas que nunca andou de trem de passageiros ou para aqueles que

    sentem nostalgia pelo seu passado da Rede Ferroviria Federal.

    Depois de passada essa primeira fase de entusiasmo vai pesar para os

    passageiros de menor renda, a tarifa, e para aqueles, mais abastados, que viajam a

    negcios, o tempo. Portanto, acredita-se que essa percentagem de transferncia s vlida no caso da oferta de servio apresentar benefcios diretos em relao tarifa cobrada, ao tempo de viagem, ao conforto, acessibilidade, entre outros.

    8.5.1 Pesquisa Embarcada

    A calibrao dessa funo utilidade foi feita com o uso do software ALOGIT, o

    qual utilizado, com muita freqncia, nesta rea de preferncia declarada. O

    software em questo maximiza uma funo de verossimilhana, determinando os

    valores dos coeficientes da funo utilidade e a significncia estatstica de cada um

    Edwin Francisco F. Silva

  • 40

    deles. Os resultados da calibrao desses dados podem ser vistos a seguir.

    = 0,1858 Modal (1) Tarifa (2) Tempo (3)Coeficientes -0,7965 -0,384 -0,0228 Trem nibus Trem nibus Trem nibus

    t-student -10,1 -5,1 -6,1 -0,37 -0,9 -0,34 -0,97 72% 28%

    = 0,0857 Modal (1) Tarifa (2) Tempo (3)Coeficientes -0,6429 -0,1933 -0,0195 Trem nibus Trem nibus Trem nibus

    t-student -13,5 -6,3 -16 -0,63 -0,8 -0,55 -0,92 60% 40%

    = 0,2282 Modal (1) Tarifa (2) Tempo (3)Coeficientes -0,8607 -0,5109 -0,0369 Trem nibus Trem nibus Trem nibus

    t-student -14,3 -9,4 -14,9 -1,1 -2,7 -1,05 -2,89 73% 27%

    Elasticidade Direta Elasticidade Cruzada

    Diviso Modal

    Diviso Modal

    Diviso Modal

    Bento Gonalves - Carlos Barbosa

    Bento Gonalves - Caxias do SulElasticidade Direta Elasticidade Cruzada

    Elasticidade Direta Elasticidade Cruzada

    Carlos Barbosa - Caxias do Sul

    Analisando os dados obtidos nota-se que o atributo modal teve um peso muito

    maior para os usurios entrevistados do que os outros atributos. O valor negativo

    indica que os usurios deram maior preferncia ao modal Trem. Quanto ao valor

    dado ao tempo, seu coeficiente muito baixo indica que estes usurios no deram

    importncia a este atributo na escolha do modal.

    Esses resultados podem ser explicados pelo fato de a comunidade estar muito

    envolvida com o assunto, pela grande divulgao dos estudos de implantao do

    trem na regio. Durante as reunies tcnicas, realizadas nas regies do estudo,

    observou-se o engajamento direto das organizaes governamentais e no-

    governamentais, envolvidas no processo, como tambm da mdia, em geral, local.

    Quanto propenso transferncia de modal, os valores da coluna Diviso

    Modal indicam a percentagem de permanncia dos usurios em cada modal, para

    exemplificar: a propenso de transferncia dos usurios de nibus para o trem no

    trecho Bento Gonalves Carlos Barbosa de 72%.

    Para saber sobre elasticidades e outros coeficientes, ver Relatrio 2 item

    5.1.2.

    8.5.2 Pesquisa com Veculos de Passeio

    Com o objetivo de se obter resultados mais precisos, optou-se por analisar os

    cinco pontos de pesquisa separadamente.

    No Ponto A (Ponto Tramontina: trecho Carlos Barbosa Caxias do Sul) obteu-

    se uma percentagem de 47,9 de propenso transferncia de modal.

  • 41

    No Ponto B (Ponto Posto do Avio: trecho Bento Gonalves Garibaldi)

    obteu-se uma percentagem de propenso transferncia de modal de 48,7%.

    No Ponto C (Ponto ISFAN: trecho Carlos Barbosa - Farroupilha) obteu-se uma

    percentagem de propenso transferncia de modal de 46,9%.

    No Ponto D (Ponto Burati: trecho Bento Gonalves Caxias do Sul) obteu-se

    uma percentagem de propenso transferncia de modal de 46,9%.

    No Ponto E (Ponto Mercedez/Forqueta: trecho Caxias do Sul - Farroupilha)

    obteu-se uma percentagem de 45,4 de propenso transferncia de modal

    Cabe ressaltar que foi feita uma investigao prvia sobre os motivos que

    levaram os entrevistados a responderem que se transfeririam para o trem, e

    chegou-se concluso que essas respostas s seriam vlidas caso o novo servio

    se mostrasse favorvel, ou seja, se o servio tivesse economia de tempo e/ou custo,

    e se o mesmo apresentasse boa acessibilidade (estaes bem localizadas,

    frequncia de horrios, conforto da superestrutura etc) e segurana adequada.

    8.6 EXPANSO DA AMOSTRA

    8.6.1 Pesquisa Embarcada

    Para a expanso da pesquisa embarcada foram utilizados dados de demanda

    mensal de linhas intermunicipais regulares, operadoras na regio, fornecidos pela

    Metroplan, relativamente ao perodo de outubro de 2009 a setembro de 2010.

    A taxa de transferncia de cada trecho foi aplicada aos pares de pontos

    intermedirios, presumindo-se que o resultado da pesquisa abrange todos os

    possveis deslocamentos dentro do trecho e no apenas entre os pontos extremos.

    Os resultados podem ser vistos na Tabela 10.

    Chegou-se numa demanda estimada de 3.687 passageiros/dia oriundos da

    transferncia do modal nibus.

  • 42

    Tabela 10 Expanso Pesquisa Embarcada (RS)

    Nome da Empresa Cdigo da Linha O/DDemanda/

    msDemanda/

    msDemanda/d

    ia % Transferncia VMDA Estimada

    BENTO GONALVES C630 1.069BENTO GONALVES C630A 2.875BENTO GONALVES C631 4.084BENTO GONALVES C631A 184

    OZELAME C121 15.623OZELAME C122 17.301OZELAME C122D 11.630OZELAME C123 1.375OZELAME C130 CB - CS 24.775 24.775 826 0,73 603OZELAME RT802 BG - F - - - 0,60 -

    BENTO GONALVES C601 1.429BENTO GONALVES C601A 511BENTO GONALVES C601B 661BENTO GONALVES C601C 1.337BENTO GONALVES C601D 190BENTO GONALVES C608 1.373BENTO GONALVES C608A 1.007BENTO GONALVES C608B 1.866BENTO GONALVES C608C 963BENTO GONALVES C608D 954BENTO GONALVES C608E 937BENTO GONALVES C608F 395BENTO GONALVES C608G 1.098BENTO GONALVES C609 2.655BENTO GONALVES C650 1.746BENTO GONALVES C650A 1.368BENTO GONALVES C650B 1.250BENTO GONALVES C430 CB - F 3.764 3.764 125 0,73 92

    OZELAME C140 49.405OZELAME C140B 193DANYTUR C113A 2.203DANYTUR C113B 411OZELAME C150 CS - G 6.614 6.614 220 0,60 132

    - 161.246 5.375 - 3.687

    BG - CB

    BG - CS

    BG - G

    CS - F

    1.531

    274

    0,60

    0,72

    919

    197

    52.212

    45.929

    19.739

    8.212

    TOTAL

    0,72

    0,73

    474

    12701.740

    658

    Cabe ressaltar que a esse valor foi acres