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Resumo expandido de um artigo.
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Nome do ET: Relações de gênero, Sexualidades e Corporeidades na Educação e na
Comunicação.
EM BRIGA DE MARIDO E MULHER... – UMA ANÁLISE DO PROCESSO
IDENTITÁRIO ATRAVÉS DA RELAÇÃO BLOGUEIRO/INTERNAUTA COM
RELAÇÃO A GÊNERO E SEXUALIDADE
Débora Araújo de Vasconcellos¹
¹ Universidade Federal de Pernambuco; E-mail: [email protected].
Palavras-Chave: Comunicação; Sexualidade; Identidade; Gênero; Internet.
RESUMO
Estudo analítico do blog “Mete a Colher – Em briga de marido e mulher,” sob
uma perspectiva de compreensão dos processos identitários de gênero e sexualidade
estabelecidos pelos blogueiros e internautas, observando a socialização brasileira e a
normatização dos relacionamentos humanos.
INTRODUÇÃO
No presente momento da sociedade brasileira que vivencia um momento de
intensa conectividade com o mundo virtual, podemos observar que há constantemente
informações das mais diversas nas “timelines” dos indivíduos internautas.
Como uma extensão do mundo real, a internet reproduz discussões reais que
perpassam a mente do sujeito moderno, sendo assim a sexualidade não poderia estar
ausente dos assuntos mais discutidos e retorcidos pelas páginas na web, sendo as
mídias: blogs, sites, páginas em redes sociais, colunas de jornais virtuais, etc. Estamos
diante de uma quantidade maciça de espaços onde as pessoas buscam informações,
dicas, conselhos, opiniões, espelhos... Com isso, será que podemos pensar que a
proliferação dessas mídias demonstra um desejo latente de buscar uma identidade da sua
sexualidade através do outro?
Neste presente trabalho acadêmico, que está em desenvolvimento, busco analisar
através dos posts do blog “Mete a Colher1”, a relação de construção identitária
1 “Mete a Colher – Em briga de marido e mulher,” consiste em um blog brasileiro, que se configura
atualmente como um site patrocinado, que pode ser visualizado através desse link:
<http://meteacolher.com.br/> . A página é desenvolvida por um casal heterossexual que autodenomina a
página como um “blog de relacionamento”, onde os internautas enviam dúvidas sobre os seus
relacionamentos e o casal do blog responde dando as suas opiniões e apresentando posts sobre temáticas
específicas. Ambos se nomeiam pelos codinomes “Neguinha” e “Môze”.
estabelecida entre os blogueiros da página e os internautas que frequentam a página,
observando nos textos produzidos pelo casal a reprodução de processos de socialização
da sociedade brasileira, a normatização dos comportamentos sexuais em uma
perspectiva de gênero e há ou não uma possível abertura nos meios de comunicação
virtuais para uma discussão da diversidade sexual e de gênero?
DESENVOLVIMENTO
Pela precocidade do projeto as análises estão em desenvolvimento, apesar disso
nas seguintes palavras trarei um panorama breve dos rumos que o estudo está seguindo.
Dentro do blog utilizado como objeto de análise observamos uma interação
internauta/blogueiro bastante interessante. Vários posts são pautados em
depoimentos/casos enviados por e-mail por visitantes da página onde o casal blogueiro
responsável pela página utiliza como base para as suas articulações, esses depoimentos
apresentam vários sinais da socialização brasileira ao campo sexual. Há posts de
depoimentos como “Ele me xinga de demônio, de desgraça, filha da puta, imbecil,
demente, que foi uma desgraça me conhecer… mas eu não quero terminar, eu quero
ele!”, que nos remete a uma relação de gênero desigual, onde há violência verbal por
parte do parceiro para com a sua parceira. Neste caso os conselhos também partem para
um processo de culpabilização da vítima, onde o blogueiro “Môze” expõe para a
internauta que o namorado dela deve pensar que pelo fato dela não se valorizar, ele não
deve valorizá-la. Este discurso reflete o processo de impor a culpa no comportamento
feminino, sendo a mulher a única responsável em modificar a sua situação.
Apesar de esse exemplo trazer uma reprodução do pensamento patriarcal
brasileiro, podemos observar a busca do sujeito pela sua identidade através do
julgamento do outro, o que nos remete a própria construção do “mim”, onde se torna
necessário para a construção de quem sou, a visão que os outros possuem de mim.
CONCLUSÃO
Além do post utilizado como exemplo, ao observar outros posts, que podem ser
mais bem destrinchados em um artigo do estudo, podemos ver uma normatização das
relações. Apesar da proposta do blog ser “sem preconceito” e de apoiar a “diversidade”
sexual, fica evidente o direcionamento da página a um grupo, o grupo de heterossexuais
que possuem um relacionamento estável. A exclusão de outros grupos não é demarcada
explicitamente pelos blogueiros, porém a forma como o blog é estruturado, o público
cujas postagens são direcionadas fica evidente pelo discurso dos textos.
É essencial para o debate de gênero no país, não apenas observarmos a presença
nos meios de comunicação de discursos de apoio a diversidade, mas também
encararmos a presença de veículos que reproduzem uma visão patriarcal, analisando a
partir de uma ótica feminista o discurso muitas vezes implícito dos preconceitos de
gênero e sexualidade por parte de posturas ditas em prol da diversidade e liberdade
sexual.