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KratsPsique.com Fonte: Introdução a obra de Melanie Klein – Hanna Segal. Aulas de Psicanálise – Profa. Kátia Pavani. Página 1 MELANIE KLEIN Principais contribuições: Fundamentos da analise de crianças e do Complexo de Édipo; Formulação do conceito de posição depressiva e de mecanismos de defesa maníaca; O estudo dos estádios mais primitivos. Formulou o conceito de posição esquizo- paranóide. - Criou o método de análise através da Ludoterapia. Formulou que é possível checar ansiedades, angustias e sintomas, verificar o funcionamento dos mecanismos de defesa e fazer análise em crianças pequenas. - Formulou o conceito de fantasia, que é o representante psíquico dos instintos, que podem ser de diferentes naturezas, o que as leva a ocorrer de modos determinados ou específicos nas suas relações com a realidade externa. A ação de um instinto é expressa na vida mental pela fantasia da satisfação. Agem a partir do nascimento, a primeira fome e o esforço instintual para satisfazê-la são acompanhados pela fantasia de um objeto capaz de satisfazê-la. Os objetos fantasiados e a satisfação que é deles derivada são experimentados como acontecimentos físicos. Estando o principio do prazer-sofrimento em ascendência, as fantasias são onipotentes e não existe diferenciação entre ela e a experiência da realidade. A sua formação é uma função do ego, e a sua concepção pressupõe um grau de organização do ego muito maior do que o que foi postulado por Freud, que é capaz de formar relações objetais tanto na fantasia quanto na realidade. A partir do nascimento o bebê tem de lidar com o impacto da realidade e frustração de seus desejos. A realidade influencia a fantasia e a fantasia influencia a realidade. - O aspecto defensivo da fantasia: Quando o individuo produz uma fantasia de satisfação de desejo evita a frustração e a realidade externa e defende-se também de sua realidade interna. As fantasias podem ser usadas também como defesas contra outras fantasias. A diferença entre o uso da fantasia inconsciente como uma defesa e os mecanismos de defesa reside entre um processo verdadeiro e sua representação mental. - Fantasia e estrutura da personalidade: Freud descreveu o ego como um precipitado de catexias objetais abandonadas, ou seja, o ego é um lugar repleto de objetos físicos que estão associados a fortes sentimentos humanos. Quanto mais primitiva a introjeção, mais fantásticos são os objetos introjetados e mais deformados pelo que neles foi projetado. A medida que o desenvolvimento prossegue, o sentido de realidade opera mais plenamente, os objetos internos se aproximam mais das pessoas reais no mundo externo. O ego se identifica com alguns objetos (identificação introjetiva), que são assimilados ao ego, contribuindo para o seu crescimento. Outros permanecem como objetos internos, separados e o ego mantém relação com eles (ex. o superego que é o primeiro objeto introjetados pelo ego). O mundo interno é construído através do sentimento de relação dos objetos internos.

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Fonte: Introdução a obra de Melanie Klein – Hanna Segal.

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MELANIE KLEIN

Principais contribuições:

• Fundamentos da analise de crianças e do Complexo de Édipo;

• Formulação do conceito de posição depressiva e de mecanismos de defesa maníaca;

• O estudo dos estádios mais primitivos. Formulou o conceito de posição esquizo-paranóide.

- Criou o método de análise através da Ludoterapia. Formulou que é possível checar ansiedades, angustias e sintomas, verificar o funcionamento dos mecanismos de defesa e fazer análise em crianças pequenas. - Formulou o conceito de fantasia, que é o representante psíquico dos instintos, que podem ser de diferentes naturezas, o que as leva a ocorrer de modos determinados ou específicos nas suas relações com a realidade externa. A ação de um instinto é expressa na vida mental pela fantasia da satisfação. Agem a partir do nascimento, a primeira fome e o esforço instintual para satisfazê-la são acompanhados pela fantasia de um objeto capaz de satisfazê-la. Os objetos fantasiados e a satisfação que é deles derivada são experimentados como acontecimentos físicos. Estando o principio do prazer-sofrimento em ascendência, as fantasias são onipotentes e não existe diferenciação entre ela e a experiência da realidade. A sua formação é uma função do ego, e a sua concepção pressupõe um grau de organização do ego muito maior do que o que foi postulado por Freud, que é capaz de formar relações objetais tanto na fantasia quanto na realidade. A partir do nascimento o bebê tem de lidar com o impacto da realidade e frustração de seus desejos. A realidade influencia a fantasia e a fantasia influencia a realidade. - O aspecto defensivo da fantasia: Quando o individuo produz uma fantasia de satisfação de desejo evita a frustração e a realidade externa e defende-se também de sua realidade interna. As fantasias podem ser usadas também como defesas contra outras fantasias. A diferença entre o uso da fantasia inconsciente como uma defesa e os mecanismos de defesa reside entre um processo verdadeiro e sua representação mental. - Fantasia e estrutura da personalidade: Freud descreveu o ego como um precipitado de catexias objetais abandonadas, ou seja, o ego é um lugar repleto de objetos físicos que estão associados a fortes sentimentos humanos. Quanto mais primitiva a introjeção, mais fantásticos são os objetos introjetados e mais deformados pelo que neles foi projetado. A medida que o desenvolvimento prossegue, o sentido de realidade opera mais plenamente, os objetos internos se aproximam mais das pessoas reais no mundo externo. O ego se identifica com alguns objetos (identificação introjetiva), que são assimilados ao ego, contribuindo para o seu crescimento. Outros permanecem como objetos internos, separados e o ego mantém relação com eles (ex. o superego que é o primeiro objeto introjetados pelo ego). O mundo interno é construído através do sentimento de relação dos objetos internos.

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- Fantasia e as funções mentais mais elevadas como o pensar: O bebê capaz de fantasiar sustenta o desejo diante da tensão com a ajuda da fantasia até que se possa obter alguma satisfação na realidade. Diante de uma frustração intensa o bebê tem pouca capacidade para manter a fantasia e a descarga motora ocorre geralmente acompanhada pela desintegração do ego. Então até que o teste de realidade e os processos de pensamento estejam bem estabelecidos, a fantasia preenche na vida primitiva algumas funções posteriormente assumidas pelo pensar. Comentários: Uma educação autoritária inibe e cria barreiras que privam a criança do uso de sua energia mental total. Quando a repressão começa a operar ocorre a passagem da identificação para a simbolização, nessa fase coisas diferentes podem ter o mesmo significado, por ex. o brincar com argila pode simbolizar as fezes da criança. Desse modo pode haver o deslocamento da libido para objetos prazerosos e socialmente aceitos. A repressão precoce impossibilita essa passagem da identificação para a simbolização. Melanie Klein cria normas de avaliação que possibilitam a análise de crianças menores de seis anos, que é quando ocorrem as situações edípicas segundo Freud, e que para Freud uma criança só poderia ser analisada nessa fase. A POSIÇÃO ESQUIZO-PARANÓIDE - Segundo Klein no nascimento já há ego suficiente para experimentar a ansiedade, usar mecanismos de defesa e formar relações de objeto primitivas na fantasia e na realidade. O ego imaturo é exposto desde o começo a ansiedade e ao impacto da realidade externa, que produz ansiedade e o trauma do nascimento. Quando confrontado com a ansiedade produzida pela pulsão de morte, o ego deflete, parte em projeção, e outra em agressividade. O bebê projeta a parte que contém angústia vinda da vivencia do instinto de morte para fora, para o seio, que é sentido como mau, ameaçador para o ego, dando origem ao sentimento de perseguição. A projeção do instinto de morte no seio é sentida como o dividindo em pedaços, o que faz com que o ego seja confrontado com vários perseguidores. O instinto de morte é projetado para fora a fim de evitar a ansiedade por contê-lo. - A relação com o objeto ideal: a libido é projetada, a fim de criar um objeto que irá satisfazer o esforço instintivo do ego pela preservação da vida. Desde o início o ego se relaciona com o seio dividido (seio bom e seio mau). - A fantasia do ego ideal: experiências gratificantes recebidas da mãe real. - A fantasia de perseguição: experiências de privação e sofrimento atribuídos pelo beb6e aos objetos perseguidores. - A gratificação e aniquilação: A gratificação preenche a necessidade de conforto, amor e nutrição e mantém encurralada a perseguição terrificante.

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A perseguição se torna não apenas falta de gratificação, mas também uma ameaça de aniquilação por perseguidores. - O objetivo do bebê: Manter dentro o objeto ideal que ele vê como algo que lhe dá vida e manter fora o objeto mau e as partes do self que contém o instinto de morte. - Ansiedade predominante: Paranóide. É a de que os objetos e perseguidores entrarão no ego e dominarão e aniquilarão tanto o objeto ideal quanto o self. - Contra a ansiedade e aniquilação o ego desenvolve mecanismos de defesa, sendo o primeiro mecanismo o uso defensivo da introjeção e da projeção. Há situações de que o seio bom é projetado a fim de mantê-lo a salvo do que é sentido como esmagadora maldade interna. E há perseguidores que são introjetados e até identificados na tentativa de manter controle sobre eles. - Em situação de angustia a divisão (Split) é ampliada, mantendo o objeto ideal longe do objeto perseguidor, tornando-o impermeável ao mal. Os perseguidores são sentidos hora como ameaça externa, hora dentro, produzindo temores. Mecanismos de defesa na posição Esquizo-Paranóide:

• Negação: nega a ameaça do objeto persecutório;

• Idealização: o peito idealizado salva o ego do aniquilamento;

• Onipotência: cria um universo idealizado e corta ligações coma realidade exterior;

• Abafamento das emoções: para tentar controlar os objetos maus perde-se o contato com as emoções surgidas da angústia;

• Identificação projetiva: o objeto projeta conteúdos para tentar manter o objeto bom e destruir o mau;

• Identificação introjetiva: o bebê introjeta o seio idealizado;

• Negação mágica onipotente: Quando a perseguição é muito intensa para ser suportada, ela pode ser completamente negada. Essa negação mágica se baseia numa fantasia de total aniquilação dos perseguidores.

- Idealização e negação onipotentes: Geralmente ocorre em pacientes esquizoides que parecem ter sido crianças perfeitas e vivenciado todas as experiências como boas e quando adultos não conseguem discriminar o bom e mau e fixam em objetos maus que têm que ser idealizados. - Identificação projetiva: 1- Pode ser dirigida ao objeto ideal a fim de evitar separação; 2- Pode ser dirigida ao objeto mau a fim de obter controle sobre a fonte de perigo. Inicia-se quando a posição esquizo-paranóide é primeiramente estabelecida em relação ao seio e persiste e se intensifica quando a mãe é percebida como objeto total. Várias partes do eu podem ser projetadas com diferentes objetivos: Partes más – a fim de se livrar delas, ou para atacar e destruir o objeto e Partes boas – a fim de evitar separação ou para mantê-las a salvo de coisas más internas. - Quando os mecanismos de defesa não dominam a ansiedade, a ansiedade invade o ego e pode ocorrer a desintegração como medida defensiva. O ego se fragmenta e se divide em

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pequenos pedaços a fim de evitar a experiência de ansiedade, o ego se desespera a fim de afastar a ansiedade criando uma ansiedade específica: a de se despedaçar. - A passagem para a posição depressiva ocorre quando há predominância das experiências boas. A POSIÇÃO DEPRESSIVA - Em boas condições de desenvolvimento o bebê começará a sentir que seu objeto ideal e impulsos libidinais são mais fortes do que o objeto e impulsos maus. Então ao sentir que seu ego está mais forte ele se sentirá menos temeroso de seus impulsos maus e terá menos necessidade de projetá-los. - A tendência para a integração: A projeção e a divisão diminuem e o impulso para integração do ego e do objeto se tornam preponderantes. O bebê começa a reconhecer o objeto total e se relaciona com ele. Reconhecer a mãe como objeto total significa reconhecê-la como um indivíduo que tem relações com outras pessoas, e assim o bebê descobre seu desamparo, sua completa dependência e seu ciúme dela em relação a outras pessoas. - Ao perceber o objeto como total o ego também se torna um ego total, a integração do ego e do objeto ocorre simultaneamente. A maior integração do ego vai ocasionar uma menor deformação na percepção dos objetos. A maturação do ego ocorre com a maturação do SNC, o que permite melhor organização das percepções que surgem em diferentes áreas fisiológicas, como ocorre com a memória. - Ambivalência: O bebê começa a perceber que ama e odeia a mesma pessoa e que ele também é apenas um com ambos os sentimentos. -Principal ansiedade na posição depressiva: é a de que os impulsos destrutivos do bebê destruam o objeto que ele ama (e odeia) e do qual depende totalmente. - Processos introjetados intensificados: Devido a diminuição dos mecanismos projetivos e descoberta do bebe de sua dependência do objeto que pode se afastar, a sua necessidade de possuir o objeto aumenta, assim como o desejo de protegê-lo contra sua própria destrutividade. Tem inicio na fase oral do desenvolvimento. A onipotência dos mecanismos introjetados orais leva a ansiedade de que poderosos impulsos destrutivos destruam o bom objeto externo e o bom objeto interno. - O bebê com o ego mais integrado pode lembrar e reter o amor pelo objeto bom mesmo quando o odeia. Sente culpa, experiência depressiva ocasionada do sentimento de ter destruído o objeto mau que também é bom. - Reparação: a experiência da depressão faz com que o bebe deseje reparar esse objeto, restaurar e recuperar os objetos amados perdidos. Acredita que seus ataques destruíram o objeto e que seu amor pode desfazer os efeitos de sua agressividade. - A relação com a realidade externa: O conflito depressivo é uma luta constante entre a destrutividade e os impulsos reparadores e de amor do bebê. O teste de realidade se torna

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mais estabelecido e com maior conexão com a realidade psíquica. Gradualmente o bebê descobre os limites de seu ódio e de seu amor e com o crescimento de seu ego descobre mais meios de afetar a realidade externa. - O caráter do superego: Nas fases iniciais da posição depressiva o superego ainda é sentido como muito severo e perseguidor. A medida que se estabelece mais plenamente a relação de objeto total, o superego perde alguns de seus aspectos monstruosos e se aproxima mais de pais bons. Passa a ser fonte de culpa e de amor já que auxilia a criança em sua luta contra seus impulsos destrutivos. - Sublimação e formação simbólica: O desejo de poupar seus objetos leva o bebê a sublimar seus impulsos sentidos como destrutivos. Sua preocupação com o objeto produz uma inibição dos impulsos instintuais anteriores. A medida que o ego se torna mais organizado as projeções enfraquecem e a repressão toma lugar da divisão, nesse ponto há a gênese da formação simbólica, a fim de poupar objeto, o bebê em parte inibe seus instintos e em parte os desloca ou os substitui. - Para MK a posição depressiva nunca é plenamente elaborada, a vida adulta sempre contém as experiências da infância, as ansiedades relativas a ambivalência e culpa, bem como as situações de perda. - Defesas Maníacas: Geradas pela culpa do individuo ao perceber os estragos feitos por ele, pois se sente incapaz de consertar o que danificou, e sua consciência moral o ameaça com uma carga de culpa e remorso maior do que ele é capaz de suportar. Então para se defender o sujeito passa a desvalorizar o objeto prejudicado, julgando-o não necessário, assim isentando-se da culpa e remorso e aplacando a angústia pelo risco de perdê-lo. Nega seus aspectos dependentes. Acredita que não pode contar com os outros, uma vez que se sente incapaz de preservar boas relações. Teme os sentimentos ternos, confunde fragilidade com humilhação e dependência com escravidão. Opta pelo cinismo e deboche. O outro é visto como algo a ser utilizado e descartado. As defesas maníacas são um modo de enfrentar sentimentos de culpa e perda. Caracterizam-se pela tríade, triunfo, controle onipotente e desprezo das relações objetais. - Psicopatologia – Síndromes Hipomaníacas: Síndromes hipomaníacas e maníacas são promovidas por predomínio de defesas maníacas, incluindo onipotência, identificação com o superego, introjeção, o triunfo maníaco e idealização maníaca. - Onipotência: resulta da identificação com um objeto bom idealizado e negação do resto da realidade. - Desprezo do objeto: a identificação com um superego sádico permite que objetos externos sejam tratados com desprezo. - Negação: A introjeção é manifestada como fome de objeto, com negação de perigo para e dos objetos. Há negação da importância dos bons e dos maus objetos e do id. - Triunfo sobre o objeto: triunfo maníaco é manifestado por um senso de ter conquistado o mundo.

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- Sentimento de Onipotência: Idealização maníaca é manifestada por fantasias de fusão com Deus. O COMPLEXO DE ÉDIPO PRECOCE - Estado primitivo caracterizado pela ambivalência, predominância das tendências orais e pela escolha incerta do objeto sexual. - Ambos os pais são desejados e odiados e o ataque é dirigido ao seu relacionamento mútuo. Durante o desenvolvimento varia a escolha entre os pais e os objetos libidinais e agressivos varia. - Superego precoce – Sentimento de culpa é o resultado da introjeção dos objetos amorosos edipianos, sendo assim produtos da formação do superego. Superego implacável proveniente do sentimento de culpa e do rigor sádico proveniente da fase anal e oral. - Castração: Intensificação da frustração acentuando o complexo de castração. O corpo da mãe é visto como palco de todos os processos e desenvolvimentos sexuais. - Fases do desenvolvimento libidinal:

• Fase sádico oral: Sofrimento do primeiro trauma severo, o desmame;

• Fase sádico anal: sofrimento do segundo trauma severo: a mãe agora interfere em seus prazeres anais. Isso reforça a tendência a se afastar da mãe, pois a privação lhe causa um desejo sádico, resultando em ódio. Ao mesmo tempo a influencia dos impulsos genitais levam o menino a se voltar para a mãe enquanto objeto amoroso.

- Na posição sádico anal: a criança ainda possui o desejo de se apropriar do corpo da mãe que é seguido por uma curiosidade em conhecer este corpo, fase do desenvolvimento marcada pela identificação com a mãe: fase de feminilidade. - Fase de feminilidade: Calcada na posição sádico-anal, as fezes são igualadas ao bebê que a criança deseja ter. A fase de feminilidade envolve um desejo frustrado por parte dos meninos: não possuem o órgão especial. Tendências de roubar, destruir, estão ligadas aos órgãos de fecundação e seios. O menino teme ser punido, mutilado (castrado) por causa desse desejo. O desejo de ter um filho + impulso epistemofilico permite ao menino deslocar para o plano intelectual. Assim, a desvantagem é ocultada e supercompensada pela superioridade de ter um pênis. Agressividade excessiva também está relacionada a esta fase de feminilidade no menino. A luta prolongada entre as posições pré-genital e genital da libido. O auge caracteriza o conflito edipiano. - Desenvolvimento do complexo de édipo nas meninas: Objetivo oral e receptivo dos órgãos genitais exerce uma influencia determinante sobre a escolha do pai como objeto amoroso. Por consequência do desmame e privações anais a menina se afasta da mãe. As tendências genitais passam a operar e o desenvolvimento genital se completa com o deslocamento da libido da zona oral para a genital. O caráter receptivo do órgão e a inveja e ódio da mãe fazem com que a menina se volte para o pai no período inicial de manifestação dos impulsos edipianos. A menina sente falta do pênis e

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odeia a mãe por isso, mas o sentimento de culpa faz com que aceite a punição. O complexo de castração nas meninas é vivido com frustração e amargura. O ódio e a rivalidade com a mãe faz com que a identificação com o pai seja abandonada e este volte a ser seu objeto de amor. Enquanto o menino possui o pênis, a menina possui o desejo insaciável de ser mãe, existe também a fantasia do útero danificado, que são tendências destrutivas dirigidas ao corpo da mãe. A ansiedade da menina quanto a sua feminilidade é análoga ao medo de castração do menino, pois ela ajuda a refrear os impulsos edipianos. A ansiedade no menino é mais aguda e na menina é crônica.