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2.RELÉS DE PROTEÇÃO 2.1 CONCEITUAÇÃO DE UM RELÉ DE PROTEÇÃO Como se vê na figura abaixo, o relé também é um dos dubsistemas integrantes do sistema de proteção. Figura 8: Subsistemas de um sistema de proteção; relés, transdutores (TC e TP), disjuntores e bateria da estação. O relé é o último e mais importante componente para nossa discussão de sistema de proteção. Trata-se de um dispositivo que responde à condição de suas entradas (tensões, correntes ou estados de contatos), de tal maneira que ele proporciona sinais de saída apropriados para abrir disjuntores quando as condições de entrada correspondem a faltas para as quais o relé tenha sido

RESUMO RELÉS

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Page 1: RESUMO RELÉS

2.RELÉS DE PROTEÇÃO

2.1 CONCEITUAÇÃO DE UM RELÉ DE PROTEÇÃO

Como se vê na figura abaixo, o relé também é um dos dubsistemas

integrantes do sistema de proteção.

Figura 8: Subsistemas de um sistema de proteção; relés, transdutores (TC e TP),

disjuntores e bateria da estação.

O relé é o último e mais importante componente para nossa discussão de

sistema de proteção. Trata-se de um dispositivo que responde à condição de suas

entradas (tensões, correntes ou estados de contatos), de tal maneira que ele

proporciona sinais de saída apropriados para abrir disjuntores quando as

condições de entrada correspondem a faltas para as quais o relé tenha sido

Page 2: RESUMO RELÉS

programado para operar. Os relés são os elementos lógicos de decisão em todo o

sistema de proteção.

O projeto de um relé (tanto analógico quanto digital) deve ser tal que todas

as condições de falta para as quais ele seja responsável, deve produzir uma saída

de disparo, enquanto que nenhuma outra condição deve gerar saída. As técnicas

de projeto e os algoritmos devem ser desenvolvidos de modo que estes requisitos

sejam satisfeitos.

Estes requisitos se relacionam com o conceito de confiabilidade. Para um

profissional de proteção, um relé confiável tem dois atributos: ele é preciso e

seguro. Precisão implica que o relé sempre operará para as condições

correspondentes àquelas programadas para sua operação. Um relé é dito ser

seguro se ele não operar para qualquer outro distúrbio no sistema de potência.

Dos dois atributos, precisão e segurança, o último é o mais difícil de se alcançar.

Toda falta nas vizinhanças da característica de um relé perturbará suas correntes

e tensões de entrada. Entretanto, o relé deveria desconsiderar aquelas condições

de tensão e corrente produzidas por faltas que não são de sua responsabilidade.

2.2 HISTÓRICO

Os relés mais antigos eram dispositivos eletromecânicos que consistiam de

êmbolos de atração axial, charneiras em balanço, discos e tambores de indução.

Com raras exceções, todos os tipos de relés eletromecânicos ainda estão em uso.

Tratam-se de relés robustos, tanto mecanicamente quanto do ponto de vista de

interferência eletromagnética (EMI).

Embora possam ser muito rápidos (tempo de operação de um quarto de

ciclo), de modo geral, são lentos – sua velocidade de operação é medida em

ciclos ou segundos. Eles demandam também uma quantidade de energia

Page 3: RESUMO RELÉS

relativamente alta para operar, requerendo, portanto, transformadores de corrente

e potencial com capacidade volt-ampere relativamente alta.

No final da década de 50, começaram a aparecer os relés de estado sólido.

Eles eram projetados com componentes eletrônicos discretos tais como diodos,

transistores e amplificadores operacionais. Em pouco tempo, os relés de estado

sólido eram contaminados por falhas de componentes devido a EMI e por defeitos

causados pelo alto índice de falhas dos antigos componentes de estado sólido.

Até certo ponto, alguns profissionais de proteção ainda consideram os relés de

estado sólido menos confiáveis que seus equivalentes eletromecânicos.

Contudo, para a maioria dos usuários, os relés de estado sólido vem se

tornando um importante elemento de projetos de sistemas de proteção modernos.

Os relés de estado sólido modernos são relativamente isentos de manutenção e

oferecem uma grande flexibilidade , tanto quanto requer as aplicações de

proteção. Sua velocidade de operação é alta – da ordem de um ciclo ou menos.

Em muitos sistemas de potência, o esquema de proteção consiste de uma

combinação de relés de estado sólido e relés eletromecânicos, sendo estes

frequentemente usados nas aplicações mais simples tais como proteção de

sobrecorrente, ao passo que os relés de estado sólido são dominantes em

aplicações mais complexas, tais como proteção piloto (comparação direcional) ou

proteção de distância por zonas.

2.3 CARACTERÍSTICAS FUNCIONAIS

2.3.1 Exatidão e segurança de operação

O relé só opera e desopera de maneira definitiva, quando as condições do

sistema que foram impostas para sua operação ocorrerem. Fora dessas condições

Page 4: RESUMO RELÉS

ele permanece inativo e não deve ser afetado por condições perturbadoras tais

como temperatura ambiente, campos magnéticos, etc.

2.3.2 Seletividade de operação

O relé deve ser capaz de identificar as partes do sistema que efetivamente

operam em condições anormais ou com defeito, separando-as do sistema,

desligando o menor trecho possível.

2.3.3 Sensibilidade

O relé deve ser suficientemente sensível para distinguir entre uma condição

normal de operação e uma condição de falta, istó é, a margem de tolerância entre

as zonas de operação e de não operação deve ser reduzida ao mínimo.

2.3.4 Rapidez de operação

O relé deve operar o mais rapidamente possível de modo a diminuir os

danos que poderiam ser causados no sistema pela permanência do defeito e,

principalmente, evitar a perda de estabilidade do sistema.

2.4 CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS RELÉS

Os relés podem ser classificados segundo diferentes critérios. Citaremos os

seguintes: quanto as grandezas elétricas, quanto à função, quanto ao tempo de

operação e quanto ao princío de funcionamento.

Page 5: RESUMO RELÉS

2.4.1 Quanto às grandezas elétricas

Basicamente, um relé é sensibilizado pelas gradezas da frequência, da

tensão e da corrente que atravessam. Porém, tomando-se como referência esses

valores básicos, pode-se construir relés que sejam ajustados para outros

parâmetros elétricos da rede, tais como impedância, relação entre as grandezas

anteriores, etc. De modo geral, os relés podem ser assim classificados:

• Relés de tensão;

• Relés de corrente;

• Relés de frequencia;

• Relés de potência;

• Relés de impedância.

Em geral, os relés de tensão utilizam a própria tensão do sistema e

comparam seu valor com aquele previamente ajustado para operação. O valor

medido pode estar acima ou abaixo daquele tomado como referência, originando,

daí, os relés de sobre e subtensão.

Os relés de corrente são, na realidade, os mais empregrados em qualquer

sistema elétrico, tornando-se obrigatório o seu uso, devido à grande variação com

que a corrente elétrica pode circular numa instalação, indo desde o estado a vazio,

(corrente basicamente nula), passando pela carga nominal, atingindo a sobrecarga

e, finalmente, alcançando o seu valor supremo, nos processos de curto-circuito

franco. Nestes dois últimos casos, os danos à instalação são muito grandes,

acarrentando, inclusive, prejuízo ao patrimônio, com incêndios em grandes

empreendimentos. Ao contrário da corrente, a tensão, de um modo geral, é

estável, atingindo somente valores elevados quando ocorrem fenômenos

normalmente externos à instalação, tais como descargas atmosféricas, pertubação

na geração, etc. São exceções a estes casos as sobretensões advindas dos curto-

Page 6: RESUMO RELÉS

circuitos monopolares em sistemas isolados ou aterrados sob uma alta

impedância, bem como as sobretensões resultantes de manobras de disjuntores.

Os relés de frequência utilizam essa grandeza do sistema, comparando-a

com o valor previamente ajustado para operação. Se há diferença, além dos

valores prescritos no ajuste, o relé acionará o mecanismo de desligamento do

disjuntor.

Já os relés de potência são acionados pelo fluxo de potência que circula em

seus bobinados. Ora, como grandezas naturais, somente a tensão, a corrente e a

frequência são parâmetros elétricos básicos. Para um relé de potência, é

necessário um par de bobinas, sendo uma de tensão e outra de corrente, para que

se obtenha o fluxo de demanda a cada instante. Os relés de potência são de

pouca utilização nas instalações industriais de pequeno e médio portes, chegando

a ter aplicação obrigatória em instalações de grande porte supridas por dois ou

mais alimentadores operando em paralelo. São utilizados, neste caso, os

conhecidos relés direcionais que atuam quando detectam o fluxo reverso de

corrente ou de potência no ponto de sua instalação. O mesmo uso é feito

largamente pelas companhias concessionárias de serviço público em suas

subestações de potência.

Os relés de impedância utilizam como parâmetros elétricos a tensão e a

corrente no ponto de sua instalação. Sabendo-se que a impedância, num

determinado ponto, é a relação entre a tensão e a corrente, o relé de impedância

nada mais afere do que o resulado desse quociente, para fazer atuar o seu

mecanismo de acionamento. É largamente aplicado nos sistemas de potência das

concessionárias de energia elétrica, na proteção de linhas de transmissão.

2.4.2 Classificação quanto à função

Page 7: RESUMO RELÉS

Os relés são classificados segundo uma numeração padronizada pelo

instituto de normas amaricano ANSI para simbolizar funções particulares,

conforme listagem a seguir:

2 - Relé de temperatura de partida ou fechamento

3 - Relé de verificação ou intertravamento

4 - Contator ou relé mestre

5 - Dispositivo de parada

12 - Dispositivo de sobrevelocidade

13 - Dispositivo de rotação síncrona

14 - Dispositivo de subvelocidade

15 - Dispositivo equalizador de velocidade e freqüência

16 - Dispositivo de controle de carga para bateria

21 - Relé de distância

25 - Dispositivo de sincronização ou verificação de sincronismo

26 - Dispositivo térmico (termômetros, termostato)

27 - Relé de subtensão

30 - Relé anunciador

31 - Dispositivo de excitação separada

32 - Relé direcional de potência

37 - Relé de sucorrente ou de subpotência

38 - Dispositivo de proteção do mancal

40 - Relé de campo

44 - Relé de partida

45 - Controlador de condições atmosféricas

46 - Relé de corrente de inversão de fase ou desequilíbrio de corrente

47 - Relé de seqüência de fase de tensão

48 - Relé de seqüência incompleta

49 - Relé térmico

50 - Relé de sobrecorrente instantâneo

51 - Relé de sobrecorrente temporizado

Page 8: RESUMO RELÉS

52 - Disjuntor de corrente alternada

53 - Relé de excitatriz ou gerador de CC

57 - Dispositivo de curto circuito ou de aterramento

58 - Relé de falta de retificação

59 - Relé de sobretensão

60 - Relé de equilíbrio de tensão

61 - Relé de equilíbrio de corrente

62 - Relé de temporização

63 - Relé de pressão de líquido ou gás - relé de vácuo

64 - Relé de proteção de terra

65 - Regulador de velocidade

67 - Relé de sobrecorrente direcional

68 - Relé de bloqueio

74 - Relé de alarme

78 - Relé de perda de sincronismo

79 - Relé de religamento em circuito CA

81 - Relé de freqüência

85 - Relé receptor de onda portadora

86 - Relé de bloqueio de religamento

87 - Relé diferencial

89 - Seccionadora CA

91 - Relé direcional de tensão

92 - Relé direcional de tensão e potência

94 - Relé de desligamento ou permissão de desligamento

95 - Chave de transferência

96 - 99 Futuras aplicações

2.4.3 Classificação quanto ao tempo de operação

Quanto ao tempo de operação, temos as seguintes classes de relés:

• Instantâneo

Page 9: RESUMO RELÉS

• Temporizado

Tempo definido

Tempo inverso

Tempo muito inverso

Tempo extremamente inverso

Tempo inverso, com mínimo definido.

A figura abaixo mostra exemplos das características de tempo de operação

dos relés.

Figura 9: Características tempo x corrente dos relés

2.4.4 Classificação quanto ao princípio de funcionamento

Page 10: RESUMO RELÉS

2.4.4.1 Relés de atração eletromagnética

Há, basicamente, dois tipos de relés de atração eletromagnética: armadura

axial e armadura em charneira. Esses relés são do tipo instantâneo e funcionam

tanto com grandezas contínuas quanto alternadas. A figura abaixo mostra as

armaduras axial e charneira.

Figura 10: Relés de atração axial e em charneira

A armadura axial consiste de uma bobina solenóide, a qual, energizada

eletricamente, atrai para o seu interior um núcleo de ferro. O movimento desta

peça atua direta ou indiretamente para o disparo do disjuntor.

A armadura em charneira consiste de uma armadura magnética móvel em

torno de um eixo, fechando um circuito magnético quando este for estabelecido

pela corrente elétrica no enrolamento da bobina do relé.

O conjugado de operação deste tipo de relé é proporcional ao quadrado da

força magnetomotriz desenvolvida no entreferro. Um conjugado de restrição

Page 11: RESUMO RELÉS

também está presente devido a atritos, gravidade e mola de restrição. Assim, a

equação do conjugado para este relé, será:

2

2

1KIKC −= , onde:

C=conjugado de operação;

I=corrente aplicada à bobina do relé;

1K =constante proporcional ao quadrado do número de espiras da bobina e outras

variáveis construtivas;

2K =constante proporcional às variáveis de restrição.

Este tipo de relé é bastante rápido e é usado geralmente guando não se

requer retardo. Os relés de atração magnética C.A não são apropriados para

funcionarem continuamente operados. Nesta condição há excessiva vibração,

provocando ruído e aquecimento. Esta vibração deve-se ao fato de que o relé

tende a desoperar a cada meio ciclo, quando o fluxo passa por zero.

2.4.4.2 Relés de indução eletromagnética

Os relés eletromagnéticos tipo indução, baseiam-se no princípio do motor de

indução. O conjugado de operação é desenvolvido pela ação de campos

magnéticos alternados sobre as correntes induzidas por esses campos em um

condutor móvel (rotor), constituído por um disco ou copo metálico. Estes relés só

operam em corrente alternada.

Há duas formas básicas de relés de indução: os relés temporizados, usando

um disco de alumínio como condutor móvel, e os de alta velocidade (ou

instantâneos), usando um copo ou tambor.

No relé tipo disco, este se movimenta no entreferro de um núcleo magnético,

excitado pelos enrolamentos do relé. Em geral, solidário com o eixo do disco,

Page 12: RESUMO RELÉS

existe um contato móvel para disparo do disjuntor. Podemos modificar o tempo de

operação através de um dial, variando-se o percurso total do contato móvel. A

figura abaixo ilustra a estrutura tipo disco de indução.

Figura 11: Relé tipo disco de indução e conjugado desenvolvido no disco do relé

O relé tipo tambor de indução consiste de um tambor ou copo condutor,

geralmente de alumínio, que se move no entreferro de um circuito magnético

múltiplo. O grande conjugado produzido neste tipo de relé e a pequena inércia do

rotor, proporcionam alta velocidade de operação. A figura a seguir mostra esse

tipo de estrutura.

Page 13: RESUMO RELÉS

Figura 12: Estrutura tipo tambor de indução

O conjugado de operação deste tipo de relé é proporcional aos fluxos e ao

ângulo de fase entre eles. Um fluxo só não produz conjugado: são necessários

pelo menos dois fluxos, defasados entre si. O conjugado resultante é máximo

quando o ângulo entre os dois fluxos é igual a 90°. Um conjugado de restrição

também está presente devido a atritos e mola de restrição. Assim, a equação do

conjugado para este relé, será:

2211KsenKC −= θφφ

ou

2211

KsenIIKC −= θ ,onde:

Page 14: RESUMO RELÉS

=C conjugado de operação ( FC ≈ );

1φ e

2φ = fluxos no entreferro;

1I e

2I = correntes aplicadas ao relé, responsáveis pelos fluxos

1φ e

2φ ;

=1

K constante proporcional a variáveis construtivas do relé;

=2

K constante proporcional às variáveis de restrição.

O relé pode funcionar com uma só grandeza (uma única tensão ou uma

única corrente), empregando-se uma estrutura tipo pólo dividido, de modo a obter-

se dois fluxos produzidos a partir de uma única corrente.

2.4.4.3 Relés térmicos

Os relés térmicos são aparelhos sensíveis à temperatura. Podem ser do

tipo em termopar, a bulbo, a lâminas bimetálicas e à imagem térmica.

Os relés a termopar baseiam-se no princípio que uma diferença de

temperatura pode se traduzir em uma variação de f.e.m. Um par termoelétrico é

constituído de dois condutores metálicos de naturezas distintas (cobre-constantã,

ferro-constantã, etc.) soldados entre si em uma das extremidades, conforme

podemos visualizar na figura abaixo. Se a temperatura entre os pontos A e B for

diferente, entre os terminais de termopar se manifesta uma diferença de potencial

(e), que pode ser, em primeira aproximação, considerada proporcional à diferença

de temperatura (∆θ), segundo um coeficiente (k) que depende da natureza dos

materiais empregados. Pode-se, portanto, escrever:

θ∆= .ke

As forças eletromotrizes que podem ser geradas com este método são

muito pequenas (40 a 50 µV/°C) pelo que, o sinal que se obtém não está em

condições de fornecer potência suficiente para uma ação direta em um órgão de

Page 15: RESUMO RELÉS

comando e, por isso, é necessário recorrer-se a dispositivos auxiliares do tipo

eletrônico para amplificar a tensão.

Figura 13: Relé térmico a termopar

Os relés a bulbo são baseados, ao invés, na dilatação que a temperatura

provoca nos líquidos. O princípio de funcionamento é indicado na figura 14:

quando ampola contendo o líquido é aquecida, o nível do líquido no capilar

aumenta e provoca o fechamento de dois contatos. Para este tipo de relé usa-se,

geralmente, o mercúrio. Seja para os relés em termopar, como para os de bulbo, o

elemento sensível é posto no ponto em que se quer controlar a temperatura, por

exemplo, no interior das máquinas.

Page 16: RESUMO RELÉS

Figura 14: Relé térmico a bulbo

Os relés de lâmina bimetálica utilizam o seguinte princípio: duas lâminas

metálicas de material diferente, são soldadas entre si e, visto que os materiais têm

coeficiente de dilatação diferente a cada variação de temperatura as lâminas

tendem a encurvar-se de uma parte ou de outra, e o movimento consequente

pode ser aproveitado para provocar direta ou indiretamente o movimento dos

contatos. A lâmina bimetálica pode ser percorrida diretamente pela corrente que a

aquece, ou pode ser colocada nas proximidades de condutores atravessados pela

corrente: em ambos os casos, a energia que se dissipa por efeito joule provoca o

movimento da lâmina. Um relé deste tipo apresenta uma característica de

intervenção que depende da função tI2 e, portanto, reproduz o que se verifica

nos condutores das máquinas elétricas, constituindo-se uma proteção contra as

sobrecargas.

Page 17: RESUMO RELÉS

Figura 15: Relé térmico à lâmina bimetálica

O relé de imagem térmica exerce esta função de modo mais preciso. O

elemento sensível não controla diretamente a temperatura de uma parte da

máquina elétrica, mas representa uma imagem térmica desta última. Isto significa

que os seus componentes são escolhidos de modo a reproduzir fielmente a

temperatura de um ponto particularmente importante da máquina (por exemplo, o

cobre das camadas mais altas do enrolamento de um transformador).

As soluções construtivas podem ser diversas e, por simplicidade de

exposição, apresentamos a figura abaixo como exemplo. A parte sensível do relé

é constituída de um cilindro metálico A, no qual está contido o aquecedor B, que é

Page 18: RESUMO RELÉS

percorrido por uma corrente proporcional à do enrolamento de máquina que se

quer controlar. O sistema de molas C e D permite converter a expansão

longitudinal do cilindro A em ação de fechamento de contatos K. Se a temperatura

aumenta lentamente, o calor tem tempo de propagar-se do cilindro A à massa

metálica E e o alongamento do cilindro A se dá segundo uma constante de tempo

que é função da massa total. Se, ao contrário, a sobrecorrente é muito elevada,

ela provoca o aquecimento rápido somente no cilindro A, com uma lei regida por

uma constante de tempo mais curta.

Figura 16: Relé à imagem térmica

2.4.4.4 Relés eletrônicos

Os relés eletrônicos são fruto do desenvolvimento tecnológico na área de

eletrônica dos sistemas de potência. São fabricados para atender todas as

necessidades de proteção dos sistemas elétricos, subdividindo-se em estáticos e

digitais.

Page 19: RESUMO RELÉS

• Relés estáticos

Os relés tipo estático, que sucederam os relés tipo eletromecânicos,

operam com base no funcionamento de circuitos lógicos eletrônicos de estado

sólido. O desenvolvimento dos relés estáticos acelerou-se com o advento dos

modernos componentes eletrônicos utilizando semicondutores e com a evolução

da técnica de circuitos impressos.

Funcionalmente, os relés estáticos são aplicados de maneira idêntica aos

relés eletromecânicos, entretanto, apresentam-se como equipamento de maior

operacionalidade, permitindo não só melhorar a atuação dos esquemas de

proteção tradicionais mas também desenvolver esquemas de proteção mais

avançados. Podemos visualisar na figura abaixo um exemplo de relé estático.

Figura 17: Relé estático

• Relés digitais

Os relés digitais surgiram como sucessores dos relés tipo estático. Os

primeiros trabalhos na área digital surgiram nos anos 60, quando s computadores

começaram a substituir ferramentas tradicionais na análise dos sistemas de

potência. Resolvidos os problemas de cálculo de curto-circuito, fluxo de potência e

estabilidade, as atenções voltaram-se para os relés de proteção que prometiam

ser um campo promissor. Mas logo ficou claro que o desenvolvimento tecnológico

dos computadores desta época, ainda não podia atender às necessidades das

funções de proteção, nem era economicamente atraente. O interesse sobre o

Page 20: RESUMO RELÉS

assunto ficou então restrito à área acadêmica onde os pesquisadores mantiveram

o desenvolvimento dos algoritmos de proteção, até que a aportunidade surgisse.

Com a evolução rápida dos computadores, a sofisticada demanda dos

programas de proteção pode ser atendida com velocidade e economia pelos

atuais microcomputadores. A tecnologia digital tem se tornado a base da maioria

dos sistemas de uma subestação, atuando nas funções de medição,

comunicação, proteção e controle. Desta forma, além das funções de proteção, o

relé digital pode ser programado para desempenhar outras tarefas, como por

exemplo, medir correntes e tensões dos circuitos.

Outra importante função deste tipo de relé é o autodiagnóstico (autoteste).

Esta função faz com que o relé realize uma supervisão contínua de seu hardware

e software, detectando qualquer anormalidade que surja e que possa ser reparada

antes que o relé opere incorretamente ou deixe de fazê-lo na ocasião certa.

Os relés digitais apresentam, ainda, as seguintes vantagens:

Oscilografia e análise de sequência de eventos – a habilidade dos sistemas de

proteção em armazenar amostras de quantidades analógicas e o status de

contatos em um intervalo de tempo possibilita a análise de perturbações.

Localização de defeitos – o principal benefício obtido é a redução do número de

faltas permanentes, através da manutenção corretiva em pontos indicados pela

reincidência de faltas transitórias, tais como as causadas por queimadas,

descargas atmosféricas ou isoladores danificados.

Deteção de defeitos incipientes em transformadores – a maioria dos defeitos

internos em transformadores começa com descargas parciais que podem ser

detectados através da monitoração de espectro de frequência de TC’s ligados

nestes transformadores.

Page 21: RESUMO RELÉS

Monitoração de disjuntores – o tempo de abertura e fechamento de um disjuntor

também pode ser monitorado através dos relés usados para disparo e

religamento. Podemos observar na figura abaixo alguns tipos de relés digitais.

Figura 18: Relés digitais (Siemens, Alstom e GE)

2.5 CARACTERÍSTICAS COMUNS DOS RELÉS

2.5.1 Regime de contatos

Os contatos do relé que fecham ou abrem circuitos externos para atuar os

disjuntores, energizar relés auxialires, acionar alarmes, etc., devem ser adequados

para o nível de corrente previsto para o circuito que será acionado por eles. O

contato é dito normalmente aberto ou tipo “a”, quando permanece aberto com o

relé desoperado e, fechado com o relé operado, como mosta a figura abaixo.

Page 22: RESUMO RELÉS

Figura 19: Contato normalmente aberto (tipo a)

Por outro lado, um contato é dito normalmente fechado ou tipo “b”, quando

permanece fechado com o relé desoperado e, aberto com o relé operado, como

mostra a figura abaixo.

Figura 20: Contato normalmente fechado (tipo b)

2.5.2 Bandeirola e contato de selo

A maioria dos relés terá um indicador de operação. Este é geralmente

referido a uma bandeirola (targeta) e pode ser combinado com um elemento de

selo. Quando o relé opera, a bandeirola muda para uma posição na qual é

facilmente visualizada pelo operador. A bandeirola em geral é recomposta

manualmente, uma vez que o operador deve tomar conhecimento da operação do

relé.

Para proteger o contato principal do relé contra danos resultantes de uma

interrupção acidental de corrente da bobina de disparo do disjuntor, alguns relés

são equipados com bobina e contato de selo. A figura abaixo mostra o contato de

selo e a bandeirola do relé, inseridos no circuito de abertura do disjuntor.

Page 23: RESUMO RELÉS

Figura 21: Diagrama esquemático com bandeirola e contato de selo

2.5.3 Pick-up

É o menor valor da grandeza atuante capaz de operar o relé, abrindo seus

contatos tipo “b” e fechando seus contatos tipo “a”.

2.5.4 Drop-out

É o maio valor da grandeza atuante capaz de desoperar o relé, abrindo

seus contatos tipo “a” e fechando seus contatos tipo “b”.

Page 24: RESUMO RELÉS

2.5.5 Reset

Resetear um relé é colocá-lo em condições de uma nova operação, isto é,

voltar o relé à sua condição inicial. O reset pode ser mecânico ou elétrico.

2.6 TIPOS DE RELÉS MAIS UTILIZADOS 2.6.1 Relés de Sobrecorrente 2.6.1.1 Introdução

Os relés de sobrecorrente são fabricados em unidades monofásicas e

alimentados por transformadores de corrente ligados ao circuito que se quer

proteger. São utilizados na proteção de subestações industriais de médio e grande

porte, na proteção de motores e geradores de potência elevada, banco de

capacitores e principalmente, na proteção de subestações de sistemas de

potência das concessionárias de energia elétrica.

Os relés de sobrecorrente podem ser classificados quanto à construção

como:

• Relés de sobrecorrente de indução

• Relés de sobrecorrente estáticos

• Relés microprocessados

2.6.1.2 Relés de sobrecorrente de indução

Características construtivas:

Page 25: RESUMO RELÉS

Construtivamente o relé de indução é composto por um disco de alumínio

que pode girar com um mínimo de atrito sobre o seu próprio eixo, quando a sua

bobina de indução é percorrida por uma corrente de magnitude compatível com o

valor do ajuste realizado. Uma mola de tensão mecânica adequada se contrapõe

ao movimento do disco, formando um par antagônico de forças, cuja resultante é

função da intensidade da corrente. Os relés de indução são compostos de

unidades que serão vistas a seguir.

• Unidade de indução

Também conhecida como unidade de sobrecorrente, é constituída de uma

bobina provida de várias derivações, montada sobre a coluna central de um

núcleo de ferro laminado, responsável pelo fluxo magnético principal. Um segundo

fluxo defasado do fluxo principal é produzido por um anel divisor, cujo resultado é

o aparecimento de um conjugado mecânico que impulsiona o disco numa direção

preestabelecida. A figura abaixo mostra as principais partes componentes da

unidade de indução.

Page 26: RESUMO RELÉS

Figura 22: Principais partes de uma unidade de indução

Na estrutura do disco de indução há um contato que é o responsável pelo

fechamento do circuito de abertura da bobina do disjuntor. A posição inicial do

disco é ajustada a partir de um dial provido de uma escala circular, contendo, em

geral, dez divisões, cada uma delas correspondendo a uma curva da família das

curvas consideradas. Essas curvas de temporização são obtidas projetando-se

adequada-mente a quantidade de ferro e o número de espiras da bobina da

unidade de indução. Dessa forma, cada relé é fabricado para uma família de

curvas, cujas características básicas de atuação são adequadas a cada projeto

específico de atuação.

Page 27: RESUMO RELÉS

As derivações da unidade de indução, ou simplesmente tapes, são desti-

nadas a adequar o relé a uma larga faixa de corrente de carga do circuito que se

quer proteger. Cada tape corresponde a uma corrente mínima de atuação.

As derivações não modificam as curvas de atuação dos relés. A figura

abaixo mostra esquematicamente uma unidade de indução com a respectiva

bobina, destacando-se a posição dos tapes.

Figura 23: Unidade de indução com os enrolamentos divididos em tapes

A unidade de indução é também conhecida como unidade de sobrecorrente

temporizada. Seu funcionamento se baseia nos mesmos princípios do motor de

indução. O disco de indução da unidade de sobrecorrente temporizada contém,

além do seu eixo, uma saliência periférica de fim de curso. O disco leva consigo

um contato móvel e sua rotação é frenada por uma mola. O ajuste de tempo é

obtido variando-se a abertura do ângulo entre o contato fixo do relé e o contato

móvel, fixado ao disco. Quanto maior este ângulo, maior será a distância angular

entre estes dois contatos e, conseqüentemente, maior será o tempo de atuação.

Cada posição ajustada do ângulo corresponde a uma curva de temporização

registrada num pequeno dial com a numeração correspondente. O ajuste é obtido

girando-se o dial num ângulo que corresponda à curva de temporização desejada.

A figura abaixo mostra o disco de indução e os seus elementos básicos de

operação.

Page 28: RESUMO RELÉS

Figura 24: Disco de indução e seus elementos básicos de operação

A bobina da unidade de indução geralmente está em série com a bobina da

unidade instantânea. É comercializada com faixas de operação compreendidas

normalmente entre 0.5 a 16A, encontrando-se em alguns casos unidades com até

0,10A como limite de corrente de tape.

• Unidade de bandeirola e selagem

Também conhecida como unidade de chaveamento, é constituída por uma

estrutura em forma de charneira, um núcleo e uma armadura móvel que contém

um contato duplo, operando normalmente aberto por ação de uma mola.

Essa unidade tem a sua bobina em série, e seus contatos, em paralelo com

os contatos da unidade de sobrecorrente temporizada, conforme pode ser

observado pelo esquema abaixo. A atuação desta unidade provoca o acionamento

da bandeirola indicadora, que só pode ser rearmada manualmente.

Page 29: RESUMO RELÉS

A unidade de bandeirola e selagem possui um contato em paralelo com um

contato da unidade temporizada, cuja função é curto-circuitar esse contato,

impedindo, para uma pequena corrente de acionamento, a formação de um arco

entre os contatos fixo e móvel, em virtude da pequena pressão que possa existir

entre eles.

Essa unidade, como se pode observar através da figura abaixo, é

alimentada em corrente contínua através de uma fonte, que pode compreender

um banco de baterias ligado a uma unidade retificadora ou a um grupo gerador de

corrente contínua. O mais comum, no entanto, é a utilização da primeira

alternativa. As tensões contínuas, em geral, adotadas são: 24 – 48 – 125 e 220V.

É importante lembrar que a escolha do tape da bobina de selo pode resultar

numa queda de tensão elevada e, consequentemente, numa tensão abaixo da

mínima admitida nos terminais da bobina do disjuntor. Em geral, a unidade de

bandeirola e selagem fica localizada na parte frontal do relé, juntamente com o

bloco de tapes. Podemos observar na figura abaixo um circuito básico de um relé

de sobrecorrente; contendo as bobinas de bandeirola, unidade temporizada e

instantânea.

Page 30: RESUMO RELÉS

Figura 25: circuito básico de um relé de sobrecorrente

• Unidade Instantânea

Também conhecida como unidade de chaveamento instantâneo, é

constituída por uma estrutura em forma de charneira, um núcleo e uma armadura

móvel que contém um contato duplo, geralmente operando aberto por ação de

uma mola. Esta unidade tem seus contatos, normalmente, ligados em paralelo

com os contatos da unidade temporizada e sua bobina está em série com a

mesma.

A bobina da unidade instantânea é alimentada em corrente alternada, pois

está em série com a unidade de indução. Ao contrário desta, a unidade

instantânea é sensível ao componente contínuo da corrente de curto-circuito de

valor assimétrico que deve ser considerada na determinação do seu ajuste.

Temos abaixo a uma imagem do relé de sobrecorrente.

Page 31: RESUMO RELÉS

Figura 26: funcionamento básico de uma unidade instantânea

Figura 27: Relé de sobrecorrente temporizado / instantâneo

Características elétricas:

Page 32: RESUMO RELÉS

Os relés de indução, como elementos de proteção, são dotados de

características definidas a fim de se ajustarem às várias condições impostas pelo

sistema de proteção. Uma dessas características mais importantes são as curvas

de temporização.

A partir da declividade e do tempo de operação em função da grandeza da

corrente de atuação, pode-se especificar o relé adequadamente para o esquema

de proteção desejado. As curvas de operação de um relé de sobrecorrente podem

operar por tempo definido ou inverso. Observamos nas figuras a seguir exemplos

desses dois casos.

Figura 28: Gráfico de operação de um relé com tempo definido

Page 33: RESUMO RELÉS

Figura 29: Gráfico de operação de um relé com tempo inverso

2.6.1.3 Relés de sobrecorrente estáticos

O desenvolvimento da tecnologia de componentes estáticos de alta

confiabilidade permitiu a fabricação dos relés de sobrecorrente eletrônicos, cuja

simplicidade das partes mecânicas e elétricas confere ao relé grande facilidade de

instalação, nenhum cuidado maior para sua manutenção e possibilidade de testes,

mesmo quando em funcionamento.

Os relés de sobrecorrente estáticos apresentam algumas vantagens sobre

os relés de indução:

• Baixo consumo;

• Faixas de ajustes contínuos;

• Compacticidade;

• Circuito de alimentação auxiliar não polarizado;

Page 34: RESUMO RELÉS

• Precisão nas grandezas aferidas;

• Corrente de atuação independente da forma de onda, peculiar aos casos

em que ocorre saturação do transformador de corrente.

• Contêm, numa só unidade, todas as funções 50/51 e 50/51N relativas às

fases e ao neutro.

Podemos observar na figura abaixo um exemplo de relé de sobrecorrente

estático.

Figura 30: Relé de sobrecorrente estático

Page 35: RESUMO RELÉS

2.6.1.4 Relés de sobrecorrente microprocessados

São relés de última geração, em que todas as suas funções são

microprocessadas, dispondo ainda de memória de massa para registro de

determinados eventos. A figura 30 apresenta a imagem de um relé

microprocessado de sobrecorrente.

Figura 31: Relé de sobrecorrente microprocessado

2.6.2 RELÉS DE TENSÃO

2.6.2.1 Relé de tensão temporizado

São aplicados tanto em instalações industriais como em sistema de

potência e apresentados com disco de indução em unidades monofásicas

extraíveis. Os relés de tensão são acionados por uma bobina operada por tensão,

montada em um imã laminado em forma de U. No eixo do disco, à semelhança

dos demais relés eletromecânicos, está montado o contato móvel. O eixo tem a

sua rotação controlada por uma mola em forma espiralada que fornece uma força

em oposição à força do campo. Preso ao eixo, se acha um disco de indução que

se movimenta sob efeito de um imã permanente, cuja ação fornece a

temporização adequada. Além do mais, apresenta uma unidade de bandeirola e

Page 36: RESUMO RELÉS

selagem. Essa unidade tem a sua bobina em série e os seus contatos em paralelo

com os contatos principais, semelhante ao que já foi exposto para o relé de

sobrecorrente.

• Relés de sobretensão

Quando utilizados nessas circunstâncias, os relés de sobretensão protegem

o circuito para um excesso de tensão em condições operacionais ou em defeitos

de fase-terra. Como se sabe, esse tipo de faltas provoca sobretensões no sistema

que devem ser eliminadas rapidamente. São ligados ao sistema através de um

transformador de potencial que deve suportar pelo menos três vezes a tensão

nominal da rede, fato que ocorre devido à tensão de sequência zero nos sistemas

trifásicos não aterrados.

Uma das principais aplicações dos relés de sobretensão é na proteção de

sistemas isolados ou aterrados com alta impedância, quando da ocorrência de um

defeito para a terra.

Os relés de sobretensão são ajustados para atuar somente com a elevação

de tensão, fechando os seus contatos para a tensão determinada por uma

percentagem do valor do tape. Atuam de acordo com uma curva característica de

tempo x tensão dada na figura abaixo. O ajuste do seletor de tempo permite que

se afaste o contato fixo do móvel a uma certa distância que determina o tempo de

atuação.

Page 37: RESUMO RELÉS

Figura 32: Curva característica tempo x tensão de um relé de sobretensão

A figura 33 apresenta o diagrama simplificado de ligação de um relé de

sobretensão, enquanto na figura 34 está representado o diagrama unifilar

correspondente. As ligações internas do relé podem ser vistas na figura 35.

Page 38: RESUMO RELÉS

Figura 33: Diagrama simplificado de ligação de um relé de sobretensão

Page 39: RESUMO RELÉS

Figura 34: Diagrama unifilar de um relé de sobretensão

Page 40: RESUMO RELÉS

Figura 35: Ligações internas do relé de sobretensão

• Relés de subtensão

São aplicados ao sistema que não pode operar em condições de tensão

inferior a um determinado valor. É comum a sua aplicação no caso de motores de

grande porte, quando se quer impedir o seu funcionamento, a partir de uma queda

de tensão no sistema que possa trazer perigo à integridade da máquina. Os relés

de subtensão, na maioria dos casos, são dotados de uma unidade de

sobretensão.

• Relés de sub e sobretensão

Nos relés de sub e sobretensão a tensão de operação para um determinado

tape é a tensão mínima para a qual os contatos do lado esquerdo se fecham. Já

os contatos do lado direito se fecham para uma determinada percentagem da

Page 41: RESUMO RELÉS

tensão de operação. As curvas da figura abaixo mostram as características de

operação desses relés de fabricação GE.

Figura 36: Curvas características de um relé de fabricação GE

Os relés de sub e sobretensão apresentam normalmente contatos de dupla

posição. Os contatos da esquerda se fecham quando a tensão se eleva a um valor

predeterminado. Já os contatos da direita se fecham quando a tensão do sistema

cai a um determinado valor também predefinido. Se a tensão do sistema variar

entre os dois valores de tensão definidos nos ajustes anteriores, o relé não atua.

2.6.2.2 Relé de tensão instantâneo

Page 42: RESUMO RELÉS

É um relé eletromagnético dotado de armadura articulada. Os relés de

tensão instantâneos eletromecânicos são oferecidos em dois modelos distintos;

subtensão e sobretensão.

• Relé de subtensão instantâneo

Seu campo de aplicação compreende, entre outros, a atuação em casos de

subtensão por afundamento da tensão de serviço, transferências de cargas etc.

Quando utilizado em circuitos industriais providos de motores de grande porte,

deve-se tomar precauções durante o seu arranque devido à queda de tensão

correspondente, que poderá fazer o relé atuar, já que não existe possibilidade de

introduzir qualquer retardo adicional.

• Relé de sobretensão instantâneo

Este relé atua quando a tensão aumenta de um valor preestabelecido na

regulagem. Sua aplicação se faz sentir principalmente na proteção de linhas de

transmissão com defeito à terra em sistemas não aterrados ou aterrados com alta

impedância.

2.6.2.3 Relé de tensão microprocessado

É um aparelho composto por relés eletrônicos de medição de tensão a

tempo independente, com operação instantânea ou temporizada. Na mesma

unidade podem-se ajustar os valores de sub ou sobretensão para disparo do

disjuntor. A figuras 37 e 38, mostram o esquema funcional básico de um relé

microprocessado e sua imagem, respectivamente.

Page 43: RESUMO RELÉS

Figura 37: Esquema funcional de um relé microprocessado

Page 44: RESUMO RELÉS

Figura 38: Relé de tensão microprocessado

2.6.3 RELÉ DIFERENCIAL DE CORRENTE

Por definição, um relé diferencial é aquele que opera quando o vetor da

diferença de duas ou mais grandezas elétricas semelhantes excede uma

quantidade pré-determinada. Assim sendo, quase que qualquer tipo de relé,

quando conectado de uma certa maneira, pode operar como um relé diferencial.

Há, basicamente, os relés diferenciais amperimétricos e a porcentagem.

Page 45: RESUMO RELÉS

A proteção diferencial não é sensibilizada pelas correntes de defeito

resultantes de falhas ocorridas fora da zona protegida, podendo atuar devido aos

erros inerentes aos transformadores de corrente. Em suma, um relé diferencial é

aquele que compara as correntes que entram e saem dos seus terminais. Caso

haja uma diferença entre essas correntes, superior a um determinado valor

ajustado, o relé é sensibilizado, enviando ao disjuntor o sinal de disparo. O

princípio de funcionamento do relé diferencial para uma falta externa à zona

protegida pode ser entendido analisando-se 39 e 40.

Figura 39: Falta fora da zona de proteção diferencial

Para uma falta no ponto F da figura 39, resulta uma corrente de defeito

elevada, de valor Icc. Em correspondência, surge nos secundários do TC uma

corrente de valor Is, que percorre o circuito diferencial, conforme indicado na

figura. Como as correntes nos secundários dos TC’s são praticamente iguais e de

mesmo sentido e percorrem as duas metades da bobina de restrição (BR), não há

nenhuma corrente circulando na bobina de operação (BO), o que resulta na não-

operação do relé diferencial, como é desejado, ou seja: ∆I=0, já que Is≈Ip. Neste

Page 46: RESUMO RELÉS

caso, a bobina de restrição age fortemente no sentido de manter o relé inoperante

devido ao conjugado proporcionado pelas correntes Is e Ip atuando no mesmo

sentido de restrição.

Figura 40: Falta dentro da zona de proteção diferencial

Já na figura 40, o defeito se verifica no interior da zona protegida. Neste

caso, a corrente Icc alimenta a falta no ponto F e percorre o transformador de

corrente primário TCp, resultando no seu secundário uma corrente Ip. Assim, a

bobina de restrição é percorrida pelas correntes Is e Ip, e a bobina de operação

pela corrente ∆I=Is+Ip, fazendo atuar os disjuntores do transformador. Vale

observar que, no primário do transformador de corrente secundário TCs, não

circula nenhuma corrente, a não ser aquela que responde à contribuição da carga.

Neste caso, a bobina de restrição é atravessada pelas correntes Is e Ip em

sentidos opostos, enfraquecendo o conjugado de restrição. Como a corrente que

percorre a bobina de operação é elevada, já que Is e Ip se somam (∆I=Is+Ip), o

conjugado desta unidade é grande, fazendo operar o relé.

Page 47: RESUMO RELÉS

Os transformadores de corrente não devem apresentar erro superior a 20%

até uma corrente correspondente a oito vezes a corrente do tape a que o relé está

ligado, a fim de evitar uma atuação intempestiva do disjuntor. A ligação do

transformador de corrente deve ser executada de forma que, para o regime de

operação normal, não circule nenhuma corrente na bonina de operação.

2.6.3.1 Relé diferencial amperimétrico

Conforme a figura abaixo, trata-se simplesmente de um relé de

sobrecorrente instantâneo, conectado diferencialmente, e cuja zona de proteção é

limitada pelos TCs. Ainda que bastante usada esta conexão, devemos lembrar

que há erros quase sistemáticos na proteção diferencial amperimétrica e devidos,

principalmente:

• Ao casamento imperfeito dos TCs;

• Existência de componente contínua da corrente de curto-circuito, não-nula

em pelo menos duas fases;

• Ao erro próprios dos TCs

• Além disso, no caso de transformadores, deve-se considerar a corrente de

magnetização inicial e a existência de dispositivo trocador automático de

tapes.

Nessas condições, é necessário utilizar uma conexão menos sensível, ou

seja, menos susceptível de falsas operações que o relé diferencial amperimétrico.

Page 48: RESUMO RELÉS

Figura 41: Relé diferencial amperimétrico

2.6.3.2 Relé diferencial com restrição percentual

Com o objetivo de contornar as limitações do relé amperimétrico, foi

desenvolvido o relé diferencial percentual que tem como finalidade desensibilizar,

de forma controlada, a unidade amperimétrica de operação, para que ela não

opere devido aos fatores mencionados anteriormente. A filosofia da unidade

diferencial percentual é criar um pickup variável em função da corrente passante

no relé. Abordaremos o modo de funcionamento do relé diferencial e suas

principais características no próximo capítulo.

O relé diferencial percentual é utilizado para prover alta sensibilidade para

faltas internas de pequena intensidade, porém, mantendo alta seletividade quanto

a faltas externas. Conforme observa-se na figura 42, os circuitos secundários dos

TCs são conectados nas bobinas de restrição. Correntes passando por estas

bobinas inibem a operação do relé. Associada com as bobinas de restrição, tem-

se a bobina de operação, sendo que, dependendo do nível de corrente passando,

pode-se ter a operação do relé.

Page 49: RESUMO RELÉS

Figura 42: Ligação básica da proteção diferencial percentual

O princípio de funcionamento da unidade diferencial percentual pode ser

entendido a partir da balança de conjugados, como mostrado na figura 43 a

seguir.

• a bobina de operação de NO espiras age no sentido de fechar os contatos;

• a bobina de restrição de NR espiras age no sentido de abrir os contatos;

• a mola age no sentido de abrir os contatos.

A C

B i1

i2

operação

restrição

i1 - i2 mola

No

NR/2

NR/2

contatos

Figura 43: balança de conjugados (modelo de funcionamento) O conjugado (C) na balança pode ser escrito como:

MOLARESTRIÇÃOOPERAÇÃOTOTAL CCCC −−=

Passando a expressão em função da força magneto motriz (ampéres espiras) do circuito magnético, tem-se:

Page 50: RESUMO RELÉS

( )[ ] MOLA

2

2R

1R2

21O1TOTAL Ci2

Ni

2N

2kiiNkC −

+⋅−−⋅⋅=

Onde k1 e k2 são constantes de proporcionalidade. Como NO e NR são constantes, a expressão pode ser escrita como:

( ) MOLA

221

22

211TOTAL C2

iikiikC −

+⋅′−−⋅′=

Ou ainda:

MOLA2R2

2O1TOTAL CikikC −⋅′−⋅′=

Onde:

• iO é chamada de corrente de operação ⇒ 21O iii −=

• iR é chamada de corrente de restrição ⇒ 2

iii 21R

+=

Para o levantamento da característica de operação supõe-se inicialmente

duas condições:

• despreza-se o efeito de mola (CMOLA = 0);

• verifica-se o limiar de operação (CTOTAL = 0).

Então:

0ikik0 2R2

2O1 −⋅′−⋅′= ⇒ tetancons

kk

ii

1

2

R

O =′

′=

A equação anterior é do tipo y = ax, ou seja, uma reta que passa pela

origem, conforme mostra a figura 44 a seguir.

Page 51: RESUMO RELÉS

iO

iR

operação

bloqueio

limiar operação/ bloqueio do relé

Figura 44: característica operação/bloqueio sem efeito de mola

A partir da característica mostrada na figura anterior, defini-se a declividade

do relé (slope) que é dada por:

%100ii

%eDeclividadR

O ×=

Para considerar o efeito da mola, acha-se inicialmente o ponto que, para a

corrente de restrição igual a zero, ou seja, a corrente de operação mínima

necessária para fechar os contatos do relé (chamada de corrente de pickup

mínima), ou seja, o limiar de operação:

MOLA2O1 C0ik0 −−⋅′=

mínimapickup1

MOLAMINO itetancons

kC

i ==′

=

A corrente de pickup mínima (iO MIN) é aquela necessária para vencer

exclusivamente o efeito de mola na ausência da corrente de restrição (iR). A mola

é utilizada para evitar que o relé opere com baixas correntes presentes no circuito

primário, como por exemplo a corrente a vazio de transformadores.

No caso dos relés eletromecânicos, evita-se também a operação indevida face a

trepidações mecânicas que possam ocorrer com o relé.

À medida que a corrente de restrição aumenta, para o fechamento dos

contatos do relé, necessita-se de uma maior corrente de operação. Dessa forma,

Page 52: RESUMO RELÉS

uma vez que o conjugado de mola é um valor constante e pequeno face aos

conjugados de restrição e de operação na presença de altas correntes, este efeito

de mola tende a desaparecer. Colocando-se o efeito de mola superposto à

característica operação/bloqueio do relé, obtém-se uma nova característica,

conforme mostra a figura 45 a seguir.

iO

iR

operação

bloqueio

limiar operação/ bloqueio do relé

ipickup mínima →→→→

δ (declividade)

Figura 45: característica operação/bloqueio com efeito de mola Assim, concluí-se que:

>

×δ

>

aminmípickupO

RO

ii

ei100

%i

o relé opera

⇒×δ

< RO i100

%i o relé bloqueia

⇒×δ

= RO i100

%i o relé encontra-se no limiar

operação

Na figura 45, a abscissa é a corrente de restrição e, na ordenada, temos a

corrente de operação ( Iop ), requerida para operar o relé. Nos relés

eletromecânicos, pode-se encontrar desde ajustes fixos até ajustes variáveis,

através de tapes. Nos relés digitais, estes ajustes passam a ser parâmetros,

podendo-se parametrizar praticamente qualquer valor para a curva de restrição

(dentro, é claro, dos limites estabelecidos pelo fabricante). A relação entre

Page 53: RESUMO RELÉS

ordenada e abscissa é chamada de declividade, ou slope, do relé. Normalmente, a

declividade é dada em valor percentual. Podemos visualizar na figura abaixo um

exemplo de relé diferencial digital.

Figura 46: Relé diferencial digital

Teoricamente, a corrente diferencial é nula em caso de falta externa à

região protegida, sendo uma imagem da corrente total em caso de falta interna.

Na prática, os inevitáveis erros intrínsecos ao relé e aos transformadores de

corrente aliados aos erros impostos pelo sistema elétrico inviabilizam qualquer

aplicação simplória do conceito diferencial. O erro intrínseco ao relé é quantificado

por sua classe de exatidão. Os erros intrínsecos aos transformadores de corrente

advêm inevitável-ente da corrente de excitação (o que determina a exatidão), o

que remete a seu comportamento transitório, bem como à possibilidade de

relações de transformação diferentes, sendo facilmente compensáveis neste caso.

2.6.4 RELÉ DIRECIONAL

2.6.4.1 Introdução

A proteção direcional é feita com relés que só "enxergam" as correntes de

falta em um determinado sentido previamente ajustado (sentido de atuação do

relé) . Se a falta provocar uma corrente no sentido contrário (corrente inversa ou

reversa), estes não "vêem" , portanto não atuará.

Page 54: RESUMO RELÉS

Alguns relés são inerentementes direcionais, isto é, são projetados e

fabricados para desenvolverem esta característica. Outros não são, portanto nece-

ssitam que unidades direcinonais sejam acopladas. A característica direcional é

necessária em relés de sistema que permite a inversão de corrente de falta, caso

de linhas em anel, como visto na figuta abaixo. Esta inversão cria dificuldade de

seletividade entre os relés não direcionais, impossibilitando a eliminação

sequencial de faltas. Os relés direcionais inibem as medições de corrente reversas,

evitando atuações indevidas.

Figura 47: Circuito em anel protegido por relés de sobrecorrente direcionais, com excessão de “e” e “5”

Na Figura 47, considerando-se os relés com os sentidos de atuação dados

pelas setas e com a temporização: t5 > t4 > t3 > t2 > t1 (sentido horário) e te > td >

tc > tb > ta (sentido antihorário), pode-se observar que o sistema de proteção é

seletivo, pois uma falta em qualquer trecho será eliminada pela ação de dois relés

mais próximos desta. Uma falta em F1, por exemplo, será limpa pela atuação dos

relés de 4 e b.

Os relés direcionais caracterizam-se por duas grandezas de entrada, uma

de operação ou atuação e outra de polarização ou referência. A identificação da

"direção de atuação" é feita utilizando o ângulo de defasagem da grandeza de

operação em relação à grandeza de polarização. As unidades direcionais mais

comuns são do tipo corrente-corrente (as grandezas de polarização e atuação são

duas correntes) e tensão-corrente (a grandeza de polarização é a tensão e a de

atuação é a corrente).

Page 55: RESUMO RELÉS

2.6.4.2 Equação característica de um relé direcional

O relé direcional é basicamente composto de uma balança de torques, na

qual no lado da operação (que produz conjugado positivo, no sentido de fechar os

contatos) tem-se um elemento direcional e no lado de bloqueio (para abrir os

contatos) tem-se uma mola, conforme a figura 48.

Figura 48:Balança de torques para o relé direcional 67

A equação de torques deste relé é dada por:

KmolaKVIT −−= )cos( τθ

Onde;

T é o torque resultante na balança - se “+” o relé opera, se “-” o relé bloqueia)

K é uma constante de proporcionalidade

V é o valor eficaz da tensão na bobina de potencial

θ é o ângulo de defasamento entre a tensão e a corrente

τ é o ângulo de máximo torque do relé

2.6.4.3 Tipos de polarização

Page 56: RESUMO RELÉS

• Corrente-corrente

É alimentado por duas correntes retiradas do sistema protegito através de

TCs (figura 49).Uma será tomada como grandeza de referência e a outra como

grandeza de atuação (figura 50).Tipicamente é aplicado na proteção de neutro ou

terra de linhas de transmissão ou alimentadores com múltiplas fontes de corrente

de sequência zero.

Figura 49: Esquema de alimentação de um relé direcional tipo corrente-corrente

Figura 50: Diagrama fasorial funcional de um relé corrente-corrente

Page 57: RESUMO RELÉS

• Tensão – corrente

Este é o tipo de relé direcional mais comum. É conectado ao sistema prote-

gido por meio de TPs e TCs (figura 51). A corrente é a grandeza de operação e a

tensão, a grandeza de polarização. Geralmente é empregado para a proteção de

faltas envolvendo somente as fases. A figura 52 representa fasorialmente essa

relação.

Figura 51: Esquema de alimentação de um relé direcional monofásico tipo tensão-corrente

Figura 52: Diagrama fasorial funcional de um relé tensão-corrente

Page 58: RESUMO RELÉS

2.6.4.4 Conexões de relés direcionais

As polaridades dos circuitos de corrente e potencial, através dos correspon-

dentes TCs e TPs determinam as condições de operação dos relés direcionais.

Por exemplo, os relés direcionais tensão-corrente podem ser conectados a um

sistema elétrico trifásico de diversos maneiras. Isto é, o ângulo entre a tensão e a

corrente no relé define a tipo de ligação do mesmo.

O tipo de conexão ou ligação é determinado pelo ângulo entre a tensão

aplicada ao circuito de potencial e a corrente ao circuito de corrente, considerando

o sistema com fator de potência unitário e sequência direta. As conexões mais

usuais são: 90° , 30° , 60° e 0° , estão mostradas nas figuras 53 a 56, dadas a

seguir.

Figura 53: conexão 0°

Page 59: RESUMO RELÉS

Figura 54: conexão 90°

Figura 55: conexão 30°

Page 60: RESUMO RELÉS

Figura 56: conexão 60°

Os relés de sobrecorrente direcionais (67), têm ângulos de sensibilidade

máxima que podem ser ajustados numa faixa que varia geralmente entre 20° e 80°,

entretanto, as faixas de atuação vão de aproximadamente -120° a +120° , em

relação a reta de máxima sensibilidade.

Procura-se ajustar este ângulo em conjunto com o ângulo de ligação do

mesmo, a fim de que se possa obter o melhor desempenho possível na operação

do relé. A título de exemplo, considere-se o diagrama fasorial da figura 57, onde

estão representadas a característica de um relé 67, com τ = 45° , ligação 90° e as

correntes de curtos-circuitos de um sistema trifásico aterrado.

Figura 57: características de um relé 67 e correntes de curtos-circuitos

Observando-se a figura 57, concluí-se que o relé apresenta melhor

desempenho para o curto bifásico envolvendo as fases 1 e 2 e para o curto fase1-

terra (correntes próximas da reta de máxima sensibilidade). No caso do curto

Page 61: RESUMO RELÉS

bifásico entre as fases 1 e 3, não terá uma boa performance (corrente mais

afastada da reta de máxima sensibilidade).

2.6.5 RELÉ DE FREQUÊNCIA

Os relés de frequência podem ser ajustados tanto para atuação em

situações de subfrequência como no caso de sobrefrequência. Sabe-se que os

geradores quando operam em determinados instantes, fornecendo uma potência

inferior à exigida pela carga, podem fornecer ao sistema frequências abaixo do

valor nominal. Isso é comum quando se verifica um aumento brusco de carga.

Já o fenômeno de sobrefrequência ocorre, em geral, quando determinados

blocos de carga são desligados do sistema de forma intempestiva, provocando,

consequentemente, sobrevelocidade nos geradores da usina. Nesses casos, são

empregados esquemas de inserção de carga, através da entrada escalonada de

disjuntores dos circuitos atingidos, de forma a levar o sistema a sua condição

normal de operação.

Nesses dois casos utilizam-se os relés de frequência, cujos ajustes devem

ser feitos para as condições desejáveis.

2.6.6 RELÉ DE RELIGAMENTO

Os relés de religamento somente devem ser aplicados nas subestações de

potência para proteção de alimentador de distribuição ou em alguns casos linhas

de transmissão. Nesses sistemas é muito grande a percentagem de defeitos

transitórios como, por exemplo, o toque de galhos de árvore nos cabos condutores

aéreos durante a passagem de uma onda de vento mais forte. O defeito é logo

removido sem a necessidade de deslocamento de uma turma de manutenção.

Caso contrário, sem o emprego do relé de religamento, a turma de manutenção

deveria percorrer o alimentador à procura de anormalidades que geralmente não

iria encontrar neste caso específico.

Page 62: RESUMO RELÉS

Para reduzir as pertubações no fornecimento ao consumidor, torna-se

necessário ter-se um ciclo de religamento com o tempo de extinção do arco,

denominado ciclo rápido, que fica geralmente em cerca de 0,3 s. Com a

persistência do defeito, entra em ação o segundo ciclo, denominado ciclo longo.

Tem-se utilizado, mesmo que raramente, um terceiro ciclo longo, devendo-se,

neste caso, analisar as consequências negativas para o sistema. Nessas

condições, a capacidade de ruptura do disjuntor fica reduzida, os transformadores

de medida podem sofrer aquecimento exagerado, bem como as chaves

seccionadoras e outros equipamentos que estejam instalados no alimentador com

defeito.

Colocar a foto de um relé de religamento

2.6.7 RELÉ DE BLOQUEIO POR OSCILAÇÃO

Esse relé tem como função bloquear a atuação da proteção de distância,

para as variações dinâmicas do carregamento, ou seja, oscilações e perdas de

sincronis-mo.

Em essência, esse relé deve discriminar as condições de falta, das

condições de variações dinâmicas do carregamento :

• A impedância medida vai do ponto de operação para a posição de falta muito rapidamente, caracterizando situação de falta.;

• A impedância medida varia lentamente num fenômeno dinâmico, situação característica de transitório eletromecânico.

2.6.8 RELÉ DE GÁS OU RELÉ DE BUCHHOLZ

O relé de gás, também chamado de BUCHHOLZ, é empregado

normalmente em transformadores de força que possuem tanque auxiliar e tem a

finalidade de proteger o transformador contra defeitos internos que produzam

Page 63: RESUMO RELÉS

gases ou movimento brusco do óleo, tais como: descargas internas, avarias no

isolamento com formação de arco, perdas de isolamento entre chapas do núcleo

ou nos tirantes de amarração, alta resistência nas ligações, etc. O relé de gás

ainda atua quando o nível de óleo baixa além do ponto em que está situado. É

colocado entre o tanque do transformador e o conservador, como mostra a figura

abaixo.

Figura 59: Relé de gás

O buchholz consta essencialmente de duas bóias (vistas na figura abaixo),

cada qual possuindo um contato de mercúrio. O funcionamento das mesmas será

descrito a seguir.

Page 64: RESUMO RELÉS

Figura 60: Partes do relé de gás

2.6.8.1 Processo de operação do relé

• Bóia superior (flutuador): opera para defeitos que produzem gás

lentamente. Imagine uma falha no isolamento entre duas espiras ou uma

ligação que começa a apresentar defeito. Tais fatos ocasionam excessivo

calor nos pontos onde ocorrem. O calor produz a volatização do óleo, isto é,

transforma o óleo em gás. Este gás sobe e vai para a parte mais alta que é

o conservador. Ao passar pelo relé, no entanto, ele se acumula na parte

superior do mesmo, empurrando o óleo aí existente para baixo. Em

consequência, não havendo óleo, o flutuador baixa e fecha os contatos que

fazem soar o alarme e aparecer uma indicação visual.

• Bóia inferior: um curto-circuito entre as espiras do transformador ou ainda o

rompimento de uma espira, pode acarretar na formação de um arco. Neste

caso, forte calor desenvolvido ocasiona a formação de grandes bolhas de

gás, o que força o óleo a passar com grande velocidade pelo relé em

direção ao conservador. O fluxo de óleo e gás empurram a bóia inferior,

Page 65: RESUMO RELÉS

fazendo com que o contato de mercúrio feche o circuito de disparo da

proteção.

O relé buchholz ainda pode operar para baixo nível de óleo e para

sobrecargas elevadas.Quando o nível de óleo cai a um ponto abaixo da bóia

superior, soa um alarme. Quando o nível de óleo baixa mais ainda, a bóia inferior

se desloca e fecha o circuito de disparo da proteção do transformador.

Para o caso de sobrecargas violentas, que produzem grande aquecimento

nos enrolamentos do transformador, o relé de gás também pode operar. Isto

acontece porque, se a temperatura do enrolamento atingir cerca de 150° C ou

mais, o óleo começa a se volatilizar. Se isto ocorrer em boa parte dos

enrolamentos, haverá formação brusca de várias bolhas, acarretando o

deslocamento do óleo em direção ao conservador. Ao passar pelo relé de gás,

empurra a bóia inferior e fecha o contato de mercúrio.