Resumo - Saber crítico e senso comum teórico dos juristas - Warat

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Ortodoxia epistemolgica do direito procura colocar a fala da cincia fora de dvidas e fora da poltica, alienando o conhecimento cientfico. reduz as significaes a conceitos. concebe o mundo social como sendo um sistema de regularidades objetivas e independentes.

"Senso comum terico dos juristas" discursos competentes que so forjados na prpria prxis jurdica. no deixa de ser uma ideologia no interior da cincia, uma doxa no interior da episteme: trata-se de uma episteme convertida em doxa executado atravs da praxis jurdica. se apresenta de um modo difuso na prxis jurdica; razo pela qual, sua localizao demanda uma trajetria rdua. como a voz "off" do direito, como uma caravana de ecos legitimadores de um conjunto de crenas. So constitudos por: uma srie mvel de conceitos, separados das teorias que os produziram; por um arsenal de hipteses vagas e, s vezes, contraditrias; por opinies costumeiras; por premissas no explicitadas e vinculadas a valores; por metforas e representaes do mundo. Obs.: Emprego estratgico dos conceitos na prxis jurdica: a separao dos conceitos de suas teorias produtoras permite a constituio de um sistema de verdades que no est vinculado a contedos, mas sim, a procedimentos legitimadores, determinantes para o consenso social. Os juristas chamam esses hbitos semiolgicos de cincia, conseguindo, com isto, a uniformidade dos pontos de vista. Principais regies do senso comum terico dos juristas "regio das crenas ideolgicas": fala das concepes do mundo que possuem os cientistas. Se trata dos elementos representativos da realidade, que, independentemente da vontade dos cientistas dominam suas conscincias. "regio das opinies ticas": identificao falaciosa entre a razo e a tica. "regio das crenas epistemolgicas": diz respeito s evidncias fornecidas pela prtica institucional dos cientistas. Pode-se falar dos hbitos intelectuais, que regulam as condies de produo do conhecimento; das interpretaes vulgarizantes dos conceitos, fruto de suas desvinculaes dos marcos tericos em que foram produzidos (como se os conceitos tivessem uma fora explicativa intrnseca); da crena na eficincia do mtodo para produzir a objetividade e a verdade. "regio dos conhecimentos vulgares": traduz necessidades em idias. Trata-se da atividade intelectual do homem comum. So as imagens cotidianas que criam a iluso de uma realidade composta de dados claros, que podem ser interpretados, com segurana, mediante uma razo comandada pela intuio. Todas essas regies influem, consciente ou inconscientemente, na formao do esprito jurdico; num saber que afasta os juristas da compreenso do papel do direito e do seu conhecimento na sociedade. Carter institucional do senso comum terico construdo no interior de marcos institucionais especficos (escolas de direito, tribunais, rgos legislativos) onde se produzem verses das teorias ajustadas s crenas e interesses legitimadas pelas instituies. Os marcos institucionais funcionam como lugares de interlocuo repressiva; estabelecem uma interpretao controlada; chegando a estabelecer verses estereotipadas dos conceitos com uma clara funo legitimadora; desmembra das matrizes tericas os conceitos que foram produzidos.

Conhecimento crtico do Direito um novo ponto de vista epistemolgico, que tem por objeto de anlise os discursos competentes da cincia e epistemologia jurdicas. proposta revisionista dos valores epistemolgicos. pode concretizar-se a partir do reconhecimento dos limites, relaes de fora e funes polticas da epistemologia jurdica oficial. procura mostrar o poder social do senso comum terico dos juristas. fornece bases para um questionamento social radical. Cria oposio do conhecimento cientfico s representaes ideolgicas, distinguindo a verdade do erro, distanciando o sentido referencial de suas evocaes conotativas, diferenciando as opinies comuns (a doxa) do conhecimento cientfico (a episteme). Obs.: O conhecimento cientfico seria o saldo purificado de todos os fatores ideolgicos do conhecmento. (Mas, quando observamos a forma em que esta concepo de racionalidade cientfica apropriada na prxis do direito, verificamos como nenhum dos fatores aparentemente rejeitados deixa de manifestar-se.) O passo decisivo para a elaborao de um discurso crtico ser dado: - pela compreenso do sistema de significaes; - pela introduo da temtica do poder como forma de explicao do poder social das significaes. Para compreendermos o poder das significaes, a anlise epistemolgica dever ser realizada, da seguinte forma: a) atravs de uma reflexo sobre a relao do sistema de conotao com a prtica jurdica b) atravs de uma leitura preocupada com a explicitao das funes sociais do saber jurdico.