Resumo XPTO- Elites

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ELITES E MOVIMENTOS

QUESTO DA ELITE

As sociedades no so estticas. Existe sempre 1 mudana k afecta as prprias estruturas da sociedade bem como a consistncia das nossas vises do mundo e da vida. As soc. seguem o seu curso, esto submetidas a influncias, chocam febres revolucionrias (opinio do politico americano Crane Brinton), conhecem diversos conflitos, mas no curto prazo mudam e no longo prazo mudam ainda mais.

A ideia da sociedade esttica e perfeita foi um fantasma nocivo que atacou as mentes ocidentais.

A sociedade de hoje j no igual de ontem. Muitas foram as mudanas ocorridas. Os socilogos, antroplogos e politlogos h mto k perceberam o problema. Criaram modelos de evoluo das sociedades baseados em factores k acharam essenciais e tentaram prever as sociedades futuras: a propriedade dos meios de produo e as suas consequncias, o progresso da cincia uma mescla de factores econmicos e polticos.

Os cientistas sociais tentam individualizar os factores de mudana; grandes foras k se encontram envolvidas na presso p/ a conservao daquilo k est e outras foras k se encontram apostadas em mudar o desconhecido.

Na realidade as sociedades dos homens continuam a ser grandes mistrios k fogem sistemtica/ previso, ao modelo, ao esforo voluntarista de um grupo determinado.

FACTORES DE MUDANA

As sociedades mudam pq so introduzidos novos factores ou pq velhos vectores conheceram 1 transformao. As mudanas sociais ocorreram devido presso externa, o k errada/ se costuma chamar Modernizao da sociedade ou seja ocidentalizao. As alteraes relevantes ocorridas nas sociedades apontam p/ diversas foras k se combinam na conjuntura, mas estas esto na origem da transformao k so aces dirigistas das elites sociais e o impacto poltico social dos movimentos sociais.

O actor individual, o heri tambm consegue mudanas substanciais.

Carlyle , entende k o factor individual precioso na aco da mudana. Indivduos singulares devido a circunstncias especiais, inauguraram 1 nova linha de aco no mundo e alteraram substancialmente as sociedades.

VECTORES GLOBAIS DA MUDANA

As elites sociais na sua globalidade e pluralidade, as elites polticas e depois os movimentos sociais, tornaram-se autnticos protagonistas. As elites sociais pelo seu poder e influencia tanto podem impedir a mudana como tentar desencade-la. Nem sempre so uma fora positiva.

CONCEITO DE ELITE: A VISO DA GUIA

O conceito de elite foi formulado por Vilfredo Pareto (1848/1923). Existiram diversas elites sociais em grupos restritos: elites de jogadores de futebol, elite dos professores universitrios, etc.

Pareto pensou k a elite + importante em termos de mudana social era a elite poltica, isto os homens k detinham o poder poltico e k lutavam para o conquistar ou manter.

Dividiu a elite poltica em 2 faces: Elite governante (detm os mecanismos do poder)

Elite no-governante (k se encontra numa posio alternativa e aguarda uma oportunidade de chegar ao poder legal). - A oposio poltica tem a sua elite (altos dirigentes) - A elite governante tem as suas faces visveis e a sua hierarquia de posies. Pareto pensou k a luta entre estas duas elites se faria custa da mobilizao das massas, atravs dos votos e cada 1 das faces da elite poltica teria de fornecer razes para chamar a si as simpatias.

Estas elites procuravam a sua legitimidade atravs do sufrgio popular.

As IDEOLOGIAS so as ideias, crenas e projectos k cada faco exibe. Pareto chamou-lhesderivaes.

As DERIVAES sairiam de um fundo psicolgico inerente elite considerada, variavam masmantinham a consistncia, porque correspondiam a um fundo bsico inaltervel: os resduos (fundos estruturais da psicologia dos homens)

PROBLEMA DOS RESIDUOS RESIDUOS favorveis mudana (ou instinto das combinaes, tipo raposa constitudo por homens): Versteis / Especuladores / Ambiciosos / Pouco enraizados / Internacionalistas / Sensveis a acordos / Pouco interessados no uso da fora RESIDUOS favorveis conservao (resistncia dos agregados e oposio mudana, tipo leo, constitudos por homens): Fortes convices / Poupados, s jogam pelo seguro /Patriotas /Enraizados /Nacionalistas, com conceitos de honra e fidelidade / Uso da fora

EXISTEM DOIS TIPOS DE PESSOAS:

RAPOSAS (Inclinadas negociao / Inclinadas especulao / Inclinadas ao encontro de solues vantajosas) LEOES (Inclinados para o uso da fora, at da violncia) No plano econmico: Tendncia no cultivo da poupana e na hostilidade inflao

Pareto diz K raposas e lees forjam as suas prprias derivaes (ideologias) e so somenteestas k variam no tempo das naes.

Massa divide-se segundo as suas inclinaes: Uma conservadora e enraizante e a Outra desenraizada e progressista

As elites polticas desfrutam de 1 poder enorme e decidem as polticas pblicas e isso significa afectar a mudana da sociedade de cada indivduo em particular.

PARETO BRINDOU-NOS C/ 1 TEORIA DE GDE MUDANA: REVOLUO

Se a elite poltica em conjunto se torna excessiva/ fechada, velha, caduca, pouco operativa, acumula fora de si, nas suas massas indivduos descontentes k tm vontade de ascender ao poder poltico. A atitude inteligente integrar os ambiciosos e dar-lhes oportunidades. A atitude menos inteligente fechar todas as entradas e reservar todos os lugares de destaque p/ 1 oligarquia de interesses e de famlias. Pareto considera tal posio insustentvel, visto k a elite envelhece degenera e muda p/ pior. A contra-elite, inserida nas massas acabar por conseguir imiscuir-se de outras formas.

CIRCULAO DAS ELITES: MUDANA E REVOLUO

A elite poltica deveria renovar-se peridica/ e adquirir pessoas novas p/ benefcio do equilbrio e da estabilidade.

PONTO DE VISTA DE PARETO

Se no existem consensos, nem so integrados novos valores c/as aspiraes ao poder no gde sistema, emerge 1 elite subalterna, k tem de atrair a massa e suscitar o descontentamento dos governados no sentido de os organizar a derrubar os dirigentes. Os 2 actos considerados so a preservao e a conquista do poder k suscitam derivaes k escondem os objectivos e racionalizam os resduos e os interesses. A elite governante usa astcia e fora como meios privilegiados, pq impossvel obter 1 consentimento total, o k torna o uso da fora inevitvel. O consentimento, obtm-se atravs da difuso de derivaes c/ eco nos governados. Os resduos enraizantes do vida a 1 ideologia conservadora, nacionalista, unitria k levar p/ 1 elite poltica do tipo leo face a 1 massa do mesmo tipo.

A religio, as leis, os mitos, a moral tm a funo conservadora e so teis elite dirigente na sua busca de consentimento popular.

Quando as derivaes no chegam, nem o progresso econmico e a melhoria do bem estar da populao, os governantes usam a fora. A fora a aplicao de meios institucionais na justa medida da sua utilidade e dentro de fins limitados.

A fora um factor importante na luta pelo poder, que garante por um lado a sobrevivncia de uma ordem e por outro a queda de uma elite. A fora no se identifica com a brutalidade pura e simples.

Pareto considera k as elites governantes dbeis e fracas sombra da violncia esto perto do fim e semeiam anarquia. Violncia no a mesma coisa k fora. A violncia acompanha a debilidade. A violncia est ligada ao uso cego, excessivo e frequente da fora de 1 forma socialmente intil.

Qdo a elite governante perde capacidade p/ utilizar a fora, sacrificando o seu uso nos altares das crenas humanitrias, perfilando a teoria de k o governo da razo suficiente em si mesmo, suposto estar-se na fase descendente.

O veculo de eleio p/ o consentimento a astcia, em k os resduos pertencem classe residual tipo raposa.

Pareto opina: para impedir a violncia, a classe governante usa a astcia, a fraude, a corrupo ou seja o governo passa dos lees s raposas. A classe governante astuciosa torna-se difcil de deslocar essencial/ se comear a absorver indivduos destacados da massa. A classe governada fica s/organizao p/ instituir algo k seja duradouro.

Astcia, fora e ideologias combinam-se numa trade de preservao do poder k visa o controlo das massas e tem por meta a neutralizao do melhor das massas.

Pareto diz: os homens gostam de consolar-se das misrias do presente construindo mundos imaginrios

Outras elites emergentes so as elites nacionais, verdadeiras contra-elites, k se tm formado na Europa nos grandes imprios, dotadas de base tnica e que lanam movimentos independentistas.

O HOMEM NO PODE VIVER SEM SONHOS

UM HOMEM TRANQUILO: O CONCEITO DE CLASSE POLITICA

Gaetano Mosca pensou k toda a sociedade era dirigida por 1 grupo qualificado a k chamou classe poltica dirigente. Deixou de lado, as classificaes antigas em monarquia, aristocracia e democracia como tipologia de pouco alcance. sempre 1 ncleo k dirige a sociedade e esse ncleo composto por 1 classe poltica dirigente k se caracteriza por 1 ncleo duro e por 1 classe perifrica dependente k executa c/legitimidade as decises do ncleo.

Como consegue a classe politica manter-se no poder? Atravs de 1 formula politica k o povo aceita pq acredita nos ncleos essenciais do discurso poltico do grupo. A frmula ter de ter credibilidade junto do povo.

TRES TIPOS DE LEGITIMAO CRIADOS POR WEBER QUE DO FUNDAMENTO AO EXERCICIO DO PODER:

As sociedades antigas tm 1 justificao tradicional (tradies, magia, religio, integram 1padro k suficiente p/o grupo k governa);

Nas sociedades modernas vigoraria o tipo burocrtico-racional (o imprio da lei, a hegemoniadas normas, etc)

Tipo carismtico em k a fundamentao a qualidade do personagem k o dirigente(capacidade de convencer, combater, dominar).

Em sociedades sem instituies fortes, a classe poltica est habilitada a fazer o k quer, principal/ a ficar c/ todos os bens do estado. Mosca no utiliza o termo classe poltica em termos de classe. Pretende identificar 1 grupo k detm o controle dos meios polticos. Aponta os tem o poder classe politica governante Aponta os que se encontram afastados do essencial classe poltica no governante So estas duas faces que compem a classe poltica de um pas, so especializados no poder.

AS QUESTES DA ORGANIZAO: ROBERT MICHELS

Robert M. introduziu 2 conceitos: organizao e oligarquia. das suas observaes k derivou a Lei de Ferro da Oligarquia (todos os partidos, todos os estados, enquanto organizaes esto submetidos a uma regra de ferro: a minoria dirigir a maioria e esta no ter alternativa. O segredo da dominao da minoria sobre a maioria a organizao. MINORIA: Est organizada e Trabalha estruturadamente Colabora em aces comuns e Distribui postos Esboa planos e Pe em marcha estratgias

A maioria carece de liderana. Como est desorganizada essa a sua fraqueza permanente.

Ostrogorki, socilogo russo viaja de Inglaterra para os EUA (a sociedade do futuro) p/ provar k ai tudo era limpo. Mas desilude-se profunda/ (v corrupo, compra e venda de votos, negcios escuros). Ficou impressionado c/a mquina. Esta era p/ ele a estrutura partidria interna s/cuja concordncia nada se podia fazer. Ostrogorki ficou impressionado c/a sua descoberta relativa/ democracia e competio entre partidos. Ele descobriu os refinamentos da organizao.

H UMA ELITE DE PODER? WRIGHT MILLS E OS SEUS CONTINUADORES

W.MILLS elite de poder - autor da expresso. Ele explica no seu livro k em determinadas circunstancias forma-se 1 elite nacional k integra as famlias de diversos crculos de poder.

TEMPOS DE CRISE - elite militar assumia o comando

TEMPOS DE BONANA elite financeira e dos gdes advogados, das gdes companhias eram os protagonistas. ELITE POLITICA - aquela k ocupa a cabea dos rgos de estado k formada pelos deputados, senadores, presidente e o seu staff.

John keneth galbraith foi o 1 a falar da importncia da tecno-estrutura e do complexo militar industrial nos EUA no livro o novo estado industrial. Ele atribua 1 papel decisivo estrutura tcnica na sua sociedade, sua coerncia e s suas intenes.

Mills apontou a existncia de 1 elite de poder nos EUA c/faces especializadas k iam tendo relevncia de acordo c/ a conjuntura. P/ ele a elite do poder tem a capacidade de decidir a evoluo das polticas pblicas e do seu impacto na vida dos cidados. Seria o grande agente de mudana e de conservao.

Outros socilogos querem identificar os verdadeiros agentes do poder e descortinar os agentes de mudana. Mills queixou-se de quebra de cidadania e responsabilidade civil.

As associaes civis e movimentos sociais caram no descrdito e na inaco deixando o campo livre ao desinteresse dos indivduos k passaram a preocupar-se c/coisas menores.

A justificao deste poder assenta em bases institucionais. Os homens fortes encontram-se em lugares intocveis, de topo, com as consequentes ligaes e conivncias.

WILLIAM DOMHOFF e THOMAS DYE coordenaram o livro organizations and power theory e definem elite de poder como 1 conjunto de indivduos k so autores individuais na estrutura do poder. Pq a ordem social mantida pela estrutura do poder estratificada c/gdes desigualdades de riqueza e rendimento e igual/ 1 sistema de dominao organizada, e a elite do poder usar a intimidao e coero sobre os seus crticos e oponentes, se isso for necessrio.

A IDEIA NOVA DE ALOYS SCHUMPETER

Joseph Aloys (1883/1950) ministro da economia da ustria e como socialista preocupou-se c/ evoluo capitalismo. As suas preocupaes so trs:

1.

Opina k o capitalismo se reorganiza. Tem 1 dinmica prpria e o empresrio entregue a si mesmo produzia e reconvertia o sistema. Opina tb k a elite econmica no se devia meter na poltica porque lhe faltava no s treino mas igualmente a vocao. O comando econmico sem aura, no pode ser transferido para a arca do poder poltico especfico da liderana. 2. A sua teoria de classe: ao longo da Histria verifica-se uma certa continuidade e isso positivo. A velha aristocracia recebia arrivistas dos negcios, mas mantinha gente sua no topo. A ruptura provocaria acefalia: uma classe sem experincia a lidar com uns pais desconhecido. Onde se verificou ruptura, a elite compsita que se chegou a formar e a exercer poder em alguns pases, no conseguiu fazer carreira e teve fracassos. Entendia que os dirigentes nacionais no deviam ter, por um lado, uma base aristocrtica conservadora e por outro o grupo de arrivistas, ricos e progressistas. 3. Polticos profissionais classe de pessoas que se dedica integralmente politica, deixando para trs tudo o resto. So a constituio de polticos a tempo inteiro, que dependem do seu emprego poltico e anseiam por conserva-lo. A sociedade capitalista criou meios para a constituio de um novo grupo moderno de gente adstrita aos assuntos polticos.

QUAIS SO AS PRETENSES DE 1 POLITICO PROFISSIONAL?

Tempo, tudo se regula por tempos, por reaces do pblico, k pela sano do voto derruba 1 faco e eleva outra. Definio tcnica de democracia efectuada por Aloys: no ser uma ideologia, uma forma de vida, uma utopia da classe dirigente, mas um processo tcnico de seleccionar uma oligarquia de polticos profissionais.

UM POUCO DE BOM SENSO: RAYMOND ARON (1905-1983) A SUA VISO DE ELITE DOIS TIPOS:

1.

ELITE DIVIDIDA caracterstica da sociedade de matriz europeia. A elite poltica est formada por faces k se opem. Isto acontece c/as elites econmicas, c/ as elites ideolgicas e c/ as politicas k competem no terreno. Toda a elite social est dividida. No poderemos tratar 1 elite nica e integrada: o k o panorama social oferece a diviso e o combate em todas as reas em k as elites sociais existam. Cada 1 tenta ultrapassar a outra numa competitividade legal, pacfica e

conhecida. 1 gde pluralismo reina na sociedade e as divergncias so aceites como alternativas credveis;

2.

ELITE UNIFICADA caracterstica das sociedades totalitrias. A elite social encontra-se unificada sem fraccionamentos, mas essencial/a elite politica est coordenada, s/ possibilidade de lutar em faces organizadas pelo controlo do poder politico. Esta elite provm de fundos histricos e constitui-se em sociedades onde a educao das largas massas no se encontrava feita e onde o atraso econmico no dera origem a 1 poder econmico alternativo. Exemplo: Rssia, no tinha concorrentes dentro do Estado.

ANALISE DAS ELITES

A elite dividida 1 formulao histrica de sociedades que desde cedo caminharam p/ autonomia dos poderes sociais. Elites dirigentes nos vrios sectores, contribuem p/ a direco da sociedade. A elite econmica k integra os k dirigem a economia, indivduos como os gestores, os dirigentes sindicais e os capitalistas.

A pluralidade torna-se evidente e estrutura-se sob funes bsicas da sociedade.

Os dirigentes embora possam entender-se entre si, tem de ganhar de facto o seu eleitorado e tem o limite na crtica da sociedade pluralista onde fazem politica. A legitimao pelo voto popular e os controlos populares fazem deste tipo de elite poltica a + desejvel.

A VISO DOS LIBERAIS: DAHL E OS OUTROS

A viso dos tericos das elites no inviabiliza a democracia. O grupo dirigente e o grupo perdedor debatem os seus direitos. A captura dos rgos de poder atravs de eleies competitivas. O facto de existirem classes polticas organizadas, nas democracias, no impede k outras se organizem p/ o mesmo fim. Robert Dahl tentou mostrar k emprica/ no se poderia provar a existncia da elite. Tentou ainda provar k o poder se encontra partilhado entre grupos que se bloqueavam mutua/.

A sua teoria assenta em estudos de comunidades, mas parece provar k em localidades americanas identificadas, as foras esto repartidas por grupos que se vigiam, colaboram ou opem. No existe elite de poder, h poderes.

O poder poltico usa a fora p/afastar as ameaas. A influncia serve p/ atrair as pessoas p/ as perspectivas desejadas e as fidelidades obrigam a 1 ajuda k no pode ser recusada.

O poder est distribudo de 1 forma desigual. Parsons entendia k a quantidade de poder k cada 1 poderia exibir dependia da proximidade do topo.

Mills defendeu k o poder 1 agente, entre outros, a criar e desenvolver os acontecimentos sociais.

Robert Dahl concli k cada grupo de poder para realizar as suas finalidades deve conseguir a cooperao de outros grupos.

A democracia seria assim 1 poliarquia sistema poltico onde diversos poderes jogam p/ alcanar os seus objectivos e onde todos so necessrios uns aos outros.

P/ UMA TIPOLOGIA QUADRIPARTIDA:

DAS

ELITES

POLITICAS

ANALISE

DA

CLASSIFICAO

EXISTEM QUATRO TIPOS PUROS DE TIPOLOGIAS DAS ELITES POLITICAS:

1.

ELITE UNIFICADA possui centro coordenador exclusivo, esta elite social encontra-se subordinada a 1 elite poltica muito dotada, como por exemplo 1 partido nico, o exercito ou 1 igreja. Esta coordenao implica obedincia a 1 credo, exige ortodoxia. O poder poltico social emana de 1 estrato restrito. 1 classe dominante k no admite a existncia de 1 contra-elite e apodera-se de todos os recursos sociais. Os dissidentes so liquidados. Existem diversas disputas internas pelo poder. H 1 gigantesco aparelho burocrtico. 1 elite k pode ser renovada por seleco coptativa. A sua estrutura conservadora. Como exemplo temos a antiga URSS .

2.

ELITE TENDENCIALMENTE UNIFICADA COM CENTRO COORDENADOR difere da elite unificada pq o centro nunca esteve interessado na monopolizao de toda a realidade social. Existem reas da elite social k escapam vigilncia e onde se desenvolve 1 contra-elite em sectores no polticos. Obedecem a 1 credo. Tem em si 1 poder emanado de 1 estrato restrito, k ainda assim capaz de conviver c/ outras fontes de influncia. Os modelos autoritrios e semiautoritrios realizam este tipo de elite (exemplo:Portugal de Salazar, a Itlia fascista ou a Espanha de Franco). notria a existncia de elites em sectores no-politicos. Gde parte dos recursos sociais est na posse do centro coordenador. Existe 1 gde mobilidade vertical dos quadros da classe dominante. A estrutura dominada por 1 elite dominante (militar ou financeira).

3.

ELITE FRAGMENTADA - aqui existem grupos de elites politicas alta/ competitivos e pouco sensveis aos valores coordenadores do quadro de competio. Existncia de elites e contra-elites detentores de foras armadas prprias, o k constrange a estabilidade de gesto do poder. Conflitualidade aberta entre elites k incluem elites militares e contra-elites, bem como dentro do ncleo das elites. As elites sociais so diminutas, a sociedade civil frgil e sobrevive em instituies como universidades ou igrejas.

4.

ELITE CONSENSUALMENTE DIVIDIDA (CATEGORIA POLEMICA) existe 1 elite politica governante profissional civil, 1 elite politica no governante e 1 contra-elite preconizadora de outro regime politico. A elite social no politica, diversificada e distribui-se pelas principais funes da sociedade onde decorrem conflitos pela oposio de interesses entre organizaes sectoriais. Esta elite aceita a circulao do poder pela institucionalizao do voto visando a sano dos governantes. Existe 1 diviso ideolgica e doutrinas scio-politicas consubstanciadas em organizaes competitivas. Utilizao do marketing pela faco da elite c/ vista captao do voto popular. O exemplo deste modelo reconhece-se no Ocidente desenvolvido. A aparente estabilidade deste tipo de modelo faz c/ k 1 parte da contra-elite seja absorvida e obrigada a aceitar o sistema e suas regras. O exemplo k comprova este modelo o destino dos partidos comunistas europeus em Frana, Espanha, Portugal, Itlia e pases nrdicos. O modelo animado por polticos por polticos profissionais de extraco social k assumem solues cada vez + tcnicas p/ os seus objectivos.

A TRANSFORMAO DA ELITE POLITICA

Segundo Pareto a debilidade de 1 minoria estrita/ fundada na herana e na cooptao torna o grupo dirigente permevel, o k segundo Mosca potencia a renovao atravs da transformao das instituies democrticas. Pareto diz k a queda daqueles resulta da acumulao nos estratos superiores de elementos de qualidade inferior, enquanto nos estratos inferiores os elementos de qualidade superior, possuidores de resduos adequados ao exerccio do governo e k esto dispostos a utilizar at a fora, preparam a transformao/alterao da elite poltica. Contudo este o quadro de ruptura total, por processo revolucionrio.

nos clssicos k a elite se modifica, abrindo-se a outros elementos, transformando-se progressiva/ ao longo do tempo, ajustando-se s circunstncias, dos desafios externos e da emergncia de novas foras sociais k tentam ter representao poltica.

As alteraes substanciais devem-se normal/ a acontecimentos revolucionrios. Embora hajam elementos da elite anterior k so poupados e includos na nova; mas h sempre 1 importante reformulao em matria de nomes e ideias.

So as revolues k continuam a operar as + profundas alteraes na elite politica e at a convulsionar a elite social.

A elite poltica renova-se segundo a > ou < permeabilidade, sendo 1 dimenso importante, a permeabilidade no confere carcter, pois as elites tem tendncia defesa das ameaas exteriores 1 vez instaladas e o recrutamento de novos membros, fora dos crculos dos conhecimentos, no pode ser considerado como grande prova.

Os gdes factores de mudana autonomizam-se e as rupturas podem ser identificadas a partir das grandes crises c/ traduo violenta na vida social das naes.

A constituio de foras novas na sociedade pelo aparecimento de funes assentes nas transformaes econmicas, tcnicas, culturais e religiosas gera tenses c/ a velha elite, k seguindo a sua tendncia de imobilismo, se recusa a compreender as condies conjunturais em k vive e a encontrar remdio p/ a distncia entre estatuto social e estatuto poltico.

A anlise histria-social mostra k a ignorncia perigosa e k as elites politicas duradouras ou praticam 1 abertura inteligente ou governam em condies tcnicas e sociais quase imutveis.

AS GRANDES LINHAS DE TRANSFORMAO VERIFICAM-SE PELA VARIAO DAS DIFERENTES TIPOLOGIAS DE ELITE

a)

VARIAO DA ELITE FRAGMENTADA: condies a nvel interno favorecem a instalao de 1 poder militar enquanto centro coordenador e a elite militar k aparece como ncleo aglutinador de elites sectoriais p/ 1 nova etapa. A nova elite unificada pelo centro militar, k disciplina as elites sectoriais e pode eliminar a elite politica anterior. A elite quando dividida de comum acordo, pode ser desejvel.

b)

VARIAO DA ELITE CONSENSUALMENTE DIVIDIDA: qdo atinge a degradao partidocrtica, a elite consensual/ dividida cria condies p/ k aparea 1 contra-elite k denunciar a confiscao do espao sociopoltico por profissionais. A contra-elite poder notabilizar-se entre a fora militar, nos poderes econmicos, religiosos e culturais k tenham conscincia desta questo.

c)

VARIAO DA ELITE TENDENCIALMENTE UNIFICADA COM CENTRO COORDENADOR - acentua a impermeabilidade e insensvel existncia de outras foras sociais; pode derivar p/ 1 outra elite unificada sob 1 outro centro coordenador, bastando k a elite militar seja substituda e passe p/ 1 dimenso menos notria, mas a presso das contra-elites no sentido de criar 1 elite fragmentada k se estabilize numa elite consensual/ dividida.

d)

VARIAO DA ELITE UNIFICADA COM CENTRO COORDENADOR EXCLUSIVO: esta 1 realizao k pressupe sociedades civis frgeis e elites sociais debilitadas, tendo 2 vias de transformao. Por 1 lado, o colapso da administrao burocrtica e a ciso da organizao coordenadora central provoca 1 situao inquietante k pode levar afirmao da elite militar. Exemplo: unio sovitica e Romnia.

AS OUTRAS ELITES INFLUENTES

As elites polticas no so os nicos agentes de mudana. H 1 conjunto de elites nas sociedades, alm das polticas k tem 1 fora especial p/ imprimir velocidade e criar factores de mudana.

Guy Rocher diz k estas elites compreendem as pessoas e os grupos A elite tecnocrtica poderia ser dona dos poderes de estado.

Graas ao poder k detem ou influencia k exercem contribuem p/a aco histrica de 1 colectividade, seja pelas decises tomadas, seja pelas ideias, sentimentos ou emoes k exprimem ou simbolizam. Estas elites poderiam ser: elites tradicionais, elites carismticas, elites simblicas, elites ideolgicas, elites econmicas

AS ELITES SOCIAIS: UMA PERSPECTIVA

ELITES TRADICIONAIS fundamentam o seu poder em crenas k remontam p/ tempos distantes e inserem-se em estruturas sociais mto simples. Desde chefes tribais at dirigentes tnicos, todos participam numa legitimidade antiga. Estas sociedades so recolectoras, agropastoris ou nmadas. As suas actividades centram-se na terra e a cadeia hierrquica apodera-se dos excedentes p/ financiar a sua existncia.

ELITES CARISMTICAS foram definidas por Max Weber como sociedades k fundam a suaautoridade em caractersticas especiais k possuem. O k centra tal tipo de elite 1 homem, 1 chefe dotado de carisma, k se rodeia da burocracia. Qdo o chefe morre, a elite acaba por desaparecer a no ser k encontre algum altura. Exemplo: ex-URSS k produziu 1 conjunto de lideranas alta/ depuradas por 1 forte seleco interna.

ELITES SIMBOLICAS so mto interessantes do mbito sociolgico. So integradas porindivduos k representam p/ a sociedade 1 modo de agir. Este tipo de elite s funciona como smbolo. Por exemplo, os gdes estilistas ditam a moda p/ gde parte das sociedades. Este tipo de pessoas fornecem modelos s sociedades, apontam qualidades a cultivar. Esta elite carrega em si a mesma noo de juventude, beleza ou outro simbolismo.

ELITES IDEOLGICAS so integradas pelos intelectuais, capazes de formularem postulados eideias capazes de reforar e / ou destruir 1 sistema politico, atravs de 1 conjunto de mecanismos: Relao entre a frmula poltica e a elite Estilos educativos parentais

Tcnicas gerais: mtodos directos (observao e questionrios), psicanlise (mtodo indirecto) Tcnicas projectivas; visuais, ldicas e grficas

Ncleo essencial do discurso poltico do grupo. Interessa que funcione, no interessa a verdade. Marketing poltico

A TECNOCRACIA PODERIA VIR A SER UM PERIGO?

TEOCRACIA preponderncia do clero no governo de 1 nao ou regime politico de 1 pais em k o poder, considerado como emanao da divindade, exercido por sacerdotes

ELITES TECNOCRTICAS so formadas por pessoas competentes. So nomeados p/ cargos pblicos, ocupam lugares de destaque em empresas privadas, passam em concursos pblicos.

H quem pense k a elite tecnocrata se resume aos altos postos de funcionalismo pblico, mas ela alastra p/ os altos funcionrios ou gestores de empresas privadas, de confederaes e federaes industriais, financeiras e comerciais.

A TECNOCRACIA E O MEDO QUE ELA DESPERTA EST EXPOSTO EM DIVERSAS OBRAS

No ponto de vista acadmico, a elite tecnocrtica teve mtos crticos k consideraram o seu poder excessivo (Kenneth Galbrail) k sups existir 1 conspirao entre esta parte da elite social e a elite militar e poltica, c/o objectivo de sufocar os cidados. Ele chamou este aparelho de tecnoestrutura e controladora da sociedade. A vida civilizada, mto tcnica, baseada em mecanismos especifica/desenhados e preparados p/ os fins k se desempenham, no poder existir s/esta elite.

A partir de certo grau de complexidade desenvolve-se 1 elite tecnocrtica, k at pode no ter conscincia da sua existncia autnoma.

Estas elites contribuem p/a manuteno e funcionamento do sistema social e podem igual/injectar elementos de mudana.

H UMA ELITE ECONMICA?

A elite econmica 1 grupo social k foi objecto de diversos ataques ideolgicos k o consideraram responsvel por todos os males da sociedade. Karl Marx considerou os capitalistas, os exploradores das + valias das sociedades e entendeu k estes corporizavam 1 estrutura fixa e conivente.

Longe de constiturem 1 grupo coerente, consciente e conspirativo, a nvel nacional e global, a elite econmica 1 designao de convenincia.

Nas sociedades abertas os grupos econmicos enfrentam-se, defrontam-se ou fazem fuses p/ competir em melhores condies, chegam a efectuar serias disputas.

A elite dispe da > parte dos meios de produo pelo qual pode tb ser descrita como elite da propriedade. A sua influncia est p/l da propriedade dos meios de produo: pode financiar as faces polticas p/k lhe forneam garantias, pode criar os seus prprios polticos e lana-los p/ o centro.

Os gdes financeiros k integram esta elite dividida e competitiva, tm 1 poder econmico mto gde e 1 influncia poltica tb mto gde. Mas o principal proprietrio de terras, imveis, empresas e outros o Estado.

elite econmica ou propriedade no lhes chegam favores pontuais. Querem recompensas; isto implica 1 relao entre esta elite e a elite das polticas devida/ eleita. Ento os ministros k saem dos seus postos vo p/ cargos importantes na banca privada e na indstria. Vo p/empresas pblicas k ajudam a fechar ou a ter sucesso, consoante as suas capacidades de gesto.

Estas so duas elites muito ligadas.

A ACO DAS ELITES: TRES FUNES DAS ELITES SOCIAIS Tomada de deciso em ltima instncia, quer em resposta, quer por iniciativa poltica Definio das situaes Criao de modelos de imitao

1. 2. 3.

No existe dvida sobre a capacidade da elite p/ tomar decises polticas, econmicas, militares e religiosas k afectam toda a sociedade. Pergunta-se quem a elite bem como a sua formao e composio. As polticas pblicas so a sua principal formulao.

O oramento de Estado o seu instrumento e o documento + importante k 1 governo pode emitir relativa/e sua sociedade, pois ai k est consubstanciado o seu proc de recolha de fundos (impostos) e o plano de despesas.

A elite econmica queixa-se de constrangimentos estruturais e reivindica leis flexveis. O sistema de segurana social muito pesado para o governo e para as empresas.

A elite no recua nas decises tomadas e em elaborao, a no ser qdo mto ameaada por rgos poderosos na sociedade civil. Por isso, a elite poltica experimenta o k acha ser bom p/ o pais e p/ a sociedade.

A elite define as situaes p/ o publico. atravs dos maquinismos k controla na rea da comunicao k passa a mensagem e faz a interpretao do quadro politico, do quadro internacional e do quadro econmico.

Pareto opina k as contra-elites tentaro dar novas e ideias e desejar 1 futuro + radioso. A utopia est mto perto das elites ideolgicas, das carismticas e os comportamentos descansam nos modelos exibidos das elites simblicas.

O marketing j percebeu a situao e por isso usa as elites simblicas p/ vender produtos atravs de 1 publicidade intensa e isto que justifica os honorrios chorudos k so pagos.

Aos k se tornaram p/ as massas, smbolos sexuais, smbolos de elegncia, smbolos de estilo de vida,

O marketing poltico assumiu a mesma atitude, mas parte c/ gde desvantagem: os candidatos mtas vezes no se adaptam ou no conseguem assumir a sua condio de produto no mercado de votos. Isto mau.

Os >s especialistas nestas matrias e k trabalham na > democracia do planeta, americana, pensam k as operaes em democracia so reais operaes de gesto e gesto de imagem e marketing.

A ideologia e utopia tem k se cruzar no tempo e chocar a ideologia erigida em frmula pelo poder; como justificativo geral do executivo do poder por uns quantos; a utopia alcanada pela contra-elite pelos movimentos sociais.

A elite fornece modelos de comportamento, essencial/ as elites simblicas, k exercem 1 atraco sobre diversas camadas sociais, s/ k isso dependa da sua posio na pirmide social. Os hbitos e estilos de vida podem ser imitadas. Mas a elite poltica exerce igual/ essa funo de modelo. Porque os k ambicionam a rea do poder tem k identificar a faco da elite k lhe interessa e mostrarem-se teis aguardando ser recompensados. As elites so um poderoso factor de mudana.

Limites da Politica Institucional e Emergncia dos Novos Movimentos Sociais As virtudes e vantagens do Estado do bem-estar liberal democrtico (welfare state), que apostou decididamente na proteco social dos mais desfavorecidos e na melhoria das condies materiais dos cidados, atravs de uma distribuio mais justa da riqueza e de um reforo da concertao social, implicando os trabalhadores e os seus representantes na definio das polticas publicas de cariz econmico e diminuindo, em consequncia, a continuidade e animosidade polticas e sociais.

O perodo logo aps a Segunda Guerra Mundial foi marcado pela emergncia e consolidao do

partido de eleitores (catch-all peoples party), o que surge como resposta organizacional e tambm ideolgica aos novos desafios colocados, quer pela mudana social, resultante da segunda revoluo industrial, do aumento do nvel de vida dos cidados e da revoluo do consumo, quer pela mudana na comunicao poltica, resultante da penetrao dos meios de comunicao social na vida poltica e da modernizao das tcnicas der propaganda e das campanhas partidrias.

O perodo do ps guerra inaugura uma poca de consensos, caracterizada por um progressivo

abstencionismo eleitoral, fraca adeso aos partidos, perda de interesse pela vida poltica, decadncia dos ideais marxistas, inicio de mediatizao dos universos poltico, despolitizao da cidadania e maior especializao do pessoal poltico. Para muitos autores que anunciaram o crepsculo e o fim das ideologias, as chamadas posturas contra-culturais, que tiveram lugar no final dos anos 60 (Ex.: Maio de 68), foram vistos como surtos de negao politica (anarquia), enquanto o emburguesamento do socialismo e a humanizao do liberalismo e do capitalismo,

A tese do Apaziguamento ideolgico implica aceitar de igual forma, a tese da despolitizao

progressiva da sociedade poltica, ou seja a ideia de que nas democracias ocidentais estabilizadas a tendncia vai no sentido de conceber o Estado, mais enquanto uma estrutura articulada de instituies, e menos como resultado de opes ideolgicas diferenciadas e expresso da dominao de classe.

O modelo de partido catch-all foi o que mais se coadunou com o interclassismo dominante,

promovendo com a perda da filiao ideolgica e de classe dos eleitores, de forma a abarcar o maior nmero de adeptos e votos tudo isto, acrescido de uma cada vez maior indiferena pblica pela luta politico-ideologica.

Lipset (1992) chama a ateno para o fim de todas as ideologias racionalidade Mannheim no final dos anos 20, dando continuidade anlise Weber, reabilitou o declnio das

funcionalista.

doutrinas globais e a sua substituio por doutrinas pragmticas parciais, prprias da racionalidade funcional das sociedades industriais burocrticas, cada vez mais afastadas do utopismo poltico, da memria histrica e mais prxima da subordinao da poltica economia.

Para Otto Kirchheimer o declnio das ideologias de raiz partidria teve como consequncia

principal a transformao dos partidos de integrao de massas, fortemente ideologizados, em catch-all parties, apostados na minimizao das diferenas sociais e econmicas dos vrios segmentos da populao.

A diminuio dos antagonismos de classes e as conquistas da democracia econmica e social

contriburam para atenuar o combate ideolgico, tornando menos perceptveis e convincentes contrastes doutrinrios.

A posio de Lipset sobre a tese do declnio das ideologias O facto das ideologias dos partidos de esquerda terem entrado em crise e em declnio por

razes das conquistas de cidadania poltica, social e cultural das classes trabalhadoras das polticas sociais e econmicas do welfare state no obstruiu a continuao e at o revigoramento de algumas lutas sociais por parte dos excludos (grupos tnicos e religiosos) e dos inconformados (estudantes).

Para Lipset, Aron, Shis ou Bell a tese do declnio das ideologias no significou o termo da

ideologia em absoluto, estes autores no deixam de reconhecer tambm que esta tese no incua ideologicamente, detendo mesmo uma forte carga ideolgica, ou seja, a dedicao poltica do pragmatismos, s regras do jogo da negociao colectiva, mudana gradual, oposio simultnea, quer ao todo poderoso Estado central, quer laissez faire, constituem claramente partes componentes de uma ideologia.

Outra crtica endereada tese do fim das ideologias aponta que esta, em si mesma, consiste

numa ideologia que reprova implicitamente ou explicitamente a mudana e a transformao social e politicas radicais, constituindo-se como uma fora ideolgica legitimadora da manuteno da ordem social e economia vigente. Nesta perspectiva, a nova ideologia tecnocrtica correspondia s necessidades vitais do sistema capitalista, pretendendo-se neutra e imparcial mas no o sendo. No fim dos anos 60 inicio dos anos 70, o consenso conseguido no imediato ps-guerra foi posto

em causa, e assistiu-se a repolitizao da sociedade civil.

Para Claus Offe a repolitizao da sociedade civil era conformada por 3 fenmenos: O reforo das ideologias e das atitudes participativas.

1.

2.

A pratica crescente de formas no institucionais e no convencionais de participao

politica, de que a emergncia e profuso dos novos movimentos sociais, a partir de meados dos anos 60 na Europa Ocidental e nos Estados Unidos da Amrica, um exemplo paradigmtico. 3.

As exigncias e os conflitos polticos relacionados quer com a mudana das orientaes

valorativas quer com a formulao de novos problemas ou questes polticas. O projecto neoconservador e a emergncia dos novos movimentos sociais, que ganharam forma com as lutas estudantis dos nos 60 e se prolongaram at ao actual movimento antiglobalizao. Como observa Claus Offe, estas duas alternativas apesar de seguirem direces polticas contarias, tiveram na sua base o mesmo pressuposto: o reconhecimento da incapacidade dos actores polticos institucionais (partidos, parlamento, governo) em resposta ao alargamento do politico s esferas cultural, social e econmica, bem como obter resultados satisfatrios na resoluo de conflitos tpicos da ordem social emergente do ps-guerra.

As teorias Neoconservadoras da crise Segundo as quais a repolitizao conduziu a uma crise de governabilidade dos sistemas

polticos ocidentais. Tais teorias apontam para uma redefinio restritiva daquilo que se pode e deve ser considerado como poltico, defendendo a autonomia e o reforo da sociedade civil, ou seja, a reprivatizao da poltica. Assim de acordo com este entendimento, ficam de fora da esfera poltica um conjunto de questes e problemas confinados vida social, cultural e econmica seria possvel libertar as estruturas institucionais no politicas da dependncia da regulao pblica e descongestionar o Estado, retirando-lhe tarefas que habitualmente seriam da competncia da chamada sociedade civil.

As criticas s teorias Neoconservadoras da crise Ganhado voz por meio dos novos movimentos sociais, seria possvel s foras sociais culturais e

cvicas da sociedade emanciparem-se face ao controlo regulador do Estado e sua superviso poltica. O desenvolvimento de novas formas de aco politica, que na sua forma inicial assumiram uma direco politica anti-liberal e anti-capitalista. Estes movimentos reacenderam o debate ideolgico e dinamizaram uma nova prtica de cidadania complementando nuns casos o papel dos partidos polticos e noutros substituindo-se a eles.

Velhos e Novos Movimentos Sociais Os chamados velhos movimentos ganham hoje novas e reactualizadas roupagens, mantendo no

essencial os seus princpios e metas, como os denominados novos movimentos se inspiram, partem ou reagem aos velhos, sendo difcil descortinar os elementos de continuidade e os elementos de ruptura e de novidade.

j no sculo XX, que apesar de estruturados em moldes muito diferentes, e estimulados por

partidos polticos de feio autonmica, regionalista, nacionalista e anti-colonial, os velhos movimentos sociais reivindicadores da especificidade e identidade nacional seriam revisitados e refundidos por grupos de elites polticas e culturais que promoveram a identidade lingustica, tnica, cultural e religiosa como factor aglutinador e desencadeante de outros movimentos sociopolticos.

A modernidade industrial e as consequncias sociais e politicas do capitalismo ocidental deram

origem a um amplo movimento operrio que durante o final do sculo XIX e o inicio do sculo XX, foi acompanhado nos pases industrializados de inmeras ideologias anti-capitalistas, tais como o anarco-sindicalismo, o comunismo, o socialismo e a social-democracia. O movimento

operrio afirmava, entre outros, os valores do trabalho contra o capital, defendia o internacionalismo operrio, os direitos sociais, o igualitarismo social, o poder popular, etc.

Na primeira metade do sculo XX, e ainda na Europa Ocidental, assistiu-se formao de

movimentos sociopolticos de inspirao fascista e nacional-socialista, que reagiram contra a ordem internacional vigente, o esprito democrtico e a economia de livre iniciativa, e que granjearam forte apoio popular. A capacidade de liderana de Mussolini e de Hitler e a fora exortativa, apologtica e demaggica dos seus escritos constituram o seu modelo terico e a referncia simblica dos movimentos fascistas e nacional-socialistas que apresentavam um conjunto de princpios comuns, entre eles: o racismo, o nacionalismo, o imperialismo, a rejeio das leis internacionais, a defesa do sistema econmico corporativo, o anti-racionalismo, a negao da igualdade humana, o cdigo de conduta violento, o governo das elites, o totalitarismo do Estado, o idealismo mitolgico, o culto da personalidade, a propaganda exacerbada, etc.

Estes movimentos distinguem-se ideologicamente dos movimentos dos operrios, no entanto

em termos de objectivos, incorporam igualmente valores materialistas (segurana, melhores condies materiais de vida, domnio fsico e territorial) e assumem estilos de interveno e formas de organizao interna semelhantes.

Na segunda metade do sculo XX, os chamados novos movimentos sociais surgem em

resultado da falncia do pacto Fordita e da crise generalizada do welfare state. Constituram-se em torno de questes polmicas e muito especficas, (pacifismo e anti-belicismo, luta pelos direitos das minorias tnicas, etc.), perdendo de vista as ambies de transformao societal global. Os novos movimentos que emergem no contexto das sociedades ps-industriais no s deixam de estar centrados na conflitualidade laboral, como no se esgotam nos interesses de uma determina classe social. As preocupaes destes novos actores colectivos atravessam a pirmide social e implicam estratos sociais antagnicos, mas unidos em defesa de defesa de valores e causas socialmente transversais, seno mesmo civilizacionais. Nos meios e instrumentos de aco utilizados encontramos diferenas entre os velhos e os novos movimentos sociais. Os primeiros recorriam no raramente, a meios violentos ou impetuosos de aco, tais como rebelies, insurrees, levantamentos populares, greves, aces clandestinas, etc. Os segundos, por sua vez, procuram viabilizar solues de compromisso com o poder institudo, intervir junto da opinio pblica e ensaiar novas modalidades organizativas e novos estilos de actuao, pautados sobretudo pela mobilizao cvica, pela pedagogia e consciencializao, pelas aces no convencionais pela criao de ncleos, seces e estruturas de apoio e por um sistema de comunicao eficaz, utilizando para o efeito os mdia e os novos meios tecnolgicos, como o caso da Internet.

Definio e tipos de movimentos sociais

O comportamento colectivo abrange uma diversidade de condutas que vo desde as reaces

espontneas das multides face a uma agresso policial, aco planificada e consertada de uma organizao de defesa dos direitos humanos que mobiliza amplos sectores da populao para intervir civicamente. O comportamento colectivo pode ser mais convencional, integrado e respeitador da normalidade vigente, ou mais marginal, desviante ou transgressor das leis e costumes adoptados e aceites.

O comportamento colectivo pode ter uma incidncia local manifestao dos moradores de um

bairro ou um alcance nacional e at internacional - desfiles e as viglias ou outras atitudes de solidariedade que juntam vrios pases.

o

Aspectos bsicos e aspectos secundrios do comportamento colectivo

As caractersticas elementares do comportamento colectivo encontram-se associadas ao seu

carcter emergente e extra-institucional, enquanto aco espontnea, informal, imprevisvel, pouco estruturada e pouco sistematizada define o comportamento colectivo emergente; o surgimento de valores e normas alternativas, opostas ou diferentes das reconhecidas institucionalmente, decorrentes dos acontecimentos suscitados pela conduta colectiva no institucional.

Os elementos secundrios do comportamento colectivo acham-se associados natureza

temporria, voltil, instvel e emotiva das aces desenvolvidas habitualmente por um elevado nmero de pessoas. Diversas expresses do comportamento colectivo so fortemente determinadas por motivaes emocionais (privao, vingana, avidez de poder, afirmao de fora, necessidade de revolta e protesto) que partam de situaes de conflito, ou que as podem provocar. Da as condies muitas vezes efmeras do comportamento colectivo, pois extinguemse com a resoluo do problema em causa, ou ento esmorece quando os intervenientes se confrontam com dificuldades e entraves.

No fcil diferenciar os movimentos sociais (e especialmente os novos) de outras formas ou

modalidades de comportamento colectivo, pois no s muitos movimentos sociais emergem, organizam-se e actuam num clima de espontaneidade, como em causa certas instituies polticas, sociais, econmicas e culturais, ou contra elas reagindo.

medida que cresce e se consolida a maioria dos movimentos sociais, vai adquirindo

caractersticas distintas, sendo de salientar, entre outras uma maior planificao e organizao interna, a persistncia das actividades no tempo, a racionalizao das tarefas e objectivos, a adopo de estratgias de interveno a mdio e longo prazo. Comportamento Colectivo - Espontneo; - Alheio ordem institucional; - Transitrio; - No organizado - Conduta pouco intencional e propositiva ; - Conduta expressiva Movimento Social - Mais planeado, menos espontneo - Oposto ordem institucional ; - Duradouro - Organizado ;- Conduta intencional e propositiva ; - Conduta instrumental Movimentos Emergentes - Mais espontneos; - Menos institucionalizados - Menos organizados ; - Grupos informais - Apoia-se em instituies estveis e grupos j estabelecidos - Actividades tpicas: aco directa e proselitismo ; - Membros informais: direco exercida pelo grupo - Durao breve ; Nmero limitado de membros Movimentos Maduros - Mais planeado; - Mais institucionalizado - Mais organizado; - Grupos formais - Apoiam-se na prpria estrutura organizativa do movimento

- Actividades tpicas: debates e reunies; - Membros formais: liderana - Durao mais prolongada;- Maior nmero de membros Significa isto que os movimentos sociais devem ser considerados como um dos actores polticos fundamentais, juntamente com os partidos polticos e os grupos de interesses ou de presso.

A aco poltica torna-se colectiva quando mobiliza indivduos que se sentem afectados por uma

tenso ou conflito que os envolve na sua condio comunitria geral (como cidados) ou na sua condio especfica e grupal (como trabalhadores, empresrios, negros, homossexuais, excludos ou privilegiados), e que se juntam e colaboram num colectivo (partido politico, movimento social, grupo de presso), de forma mais informal ou mais formal, mais ou menos organizada, para zelar e defender os interesses do grupo em que se incluem ou da sociedade que querem preservar ou melhorar.

Enquanto actores colectivos, os movimentos sociais partilham com os outros actores polticos,

um conjunto de caractersticas comuns, tais como: Associao voluntaria dos membros A relativa estabilidade e regularidade das suas actividades Uma certa comunidade de interesses e objectivos entre os seus membros Uma linha de aco coordenada e organizada

Valls prope trs critrios para diferenciar os actores polticosPartidos Polticos Movimentos Sociais Grupos de interesse ou de presso

1. Grau de Forte permanente e Oscilante e varivel. Semelhante dos Estruturao estvel partidos. 2. Discurso que Discurso dirigido Discurso de natureza Sectorializam a sua desenvolvem sociedade global, transversal, onde a actividade de acordo procuram o poder eleio de um tema com os objectivos e como um todo. como a descriminao interesses de cada acaba por implicar grupo. inmeros campos. 3. Cenrio ou Actuam no cenrio Preferem a sociedade Privilegiam os rgos espao de actuao institucional. e o grupo domnio de poder os partidos Parlamento, governo, extra-institucional. polticos e a opinio administrao pblica, publica. rgo de poder local.

Segundo Donatella Della Porta o conceito de movimento social refere-se a:

Redes de interaco informais. Os movimentos sociais no so organizaes formais,estruturando-se a partir de uma rede de relaes entre vrios actores, com vista a um envolvimento colectivo, mas sem que a participao de cada actor, implique necessariamente uma adeso formal. O desenvolvimento interno e o crescimento do movimento levam a que ele adopte solues organizativas menos informais e mais institucionais.

Um sistema de crenas e convices. O esforo colectivo que anima a rede relacional domovimento baseia-se num sistema de crenas e convices, capaz de justificar as solidariedades necessrias razo de ser do movimento e permitir a criao de um processo de identificao

colectiva que confira unidade e sentido actuao dos respectivos apoiantes, em torno de valores alternativos ou projectos de mudana e transformao social.

Novas tenses e conflitos. Estas crenas e convices geram-se em funo de novas tensese conflitos suscitados pelos processos de modernizao social em diversos momentos histricos, bem como pelas contradies e ambivalncias valorativas e ticas que se evidenciam nas sociedades contemporneas.

Formas de protesto no convencionais. Os movimentos sociais em especial os novosmovimento sociais utilizam frequentemente diversas formas de protesto no convencionais. A participao poltica no convencional e no institucional, a que novos movimentos sociais recorrem de modo a ganhar visibilidade meditica, mobilizar as novas geraes e exercer influncia eficaz junto da opinio pblica e lderes de opinio e, consequentemente, sobre rgo de poder politico, partidos polticos e grupos de interesse ou de presso.

Para Ibarra e Letamendia, o movimento social ser uma rede de interaces informais entre

indivduos, grupos e/ou organizaes que, em interaco habitualmente conflitual com autoridades politicas, elites oponentes, procuram produzir mudanas (s em potencia antisistmicas) no exerccio ou distribuio do poder em favor de interesses cujos titulares so colectivos ou categorias sociais indeterminados e indeterminveis. Tipos de Movimentos Sociais

Na tipologia de Aberle os movimentos sociais podem classificar-se de acordo com o tipo de

mudana que intentam operar. Segundo Aberle dividiam-se em Movimentos Alternativos, Movimentos de Redeno, Movimentos reformistas e Movimentos Revolucionrios. Esta tipologia apresenta uma lacuna, pois no contempla diversas conjugaes de possveis classificaes de movimentos sociais. Nos diversos graus de mudana, estas so inseridas na vertente social ou na vertente individual Na vertente individual esto includos os movimentos alternativos ( k so a correco de dfices pessoais e de hbitos nocivos. Novos estilos de vida. A sua interveno muitas vezes filosfica, existencial e psicolgica agindo sobre os hbitos e comportamentos dos indivduos. Ex: Grupos de Encontro, hippys, naturistas) isto em termos de mudana parcial. Outro tipo de movimento a inserir na vertente individual, mas de mudana total so os movimentos de redeno (converso do individuo e a sua total integrao no grupo tendo por fim a salvao do individuo e a sua libertao da degradao moral, propondo uma adeso total e incondicional ao movimento. Ex: Hare Krishna ou as seitas religiosas) Na vertente social, mas classificada como parcial so apontados os movimentos reformistas (convm no confundir com movimentos revolucionadores. Pois estes so reformas especificas na ordem social vigente. Procuram introduzir alteraes e mudanas em certos aspectos da vida social, politica, cultural e econmica. Pretendem reform-la para que se torne mais justa e menos discriminatria e conflitual. Ex: Direitos Civis, Feminista, ecologismo, direitos humanos). Na vertente social, classificada como total so apontados movimentos revolucionrios (mudana radical da ordem social; substituio por outra diferente. Ex. Bolcheviques Na tipologia de Alberto Melucci, os movimentos sociais podem distinguir-se de acordo com os objectivos dos seus apoiantes, membros e lderes.

Movimentos reivindicativos. Cuja finalidade principal consiste em levar o protesto no sentido da

alterao e criao de novas leis mais favorveis aos interesses dos que alinham num determinado movimento.

Movimentos polticos. O objectivo dos seus activistas e dirigentes influir no processo de Movimentos de classe. A meta definida pretende transformar o sistema produtivo, reconfigurar

tomada de deciso e intervir nos mecanismos de acesso e exerccio do poder poltico.

as relaes de classe e alterar ou substituir a ordem social e poltica. Nos nossos dias este tipo de movimento tornou-se menos significativo e foi perdendo filiao de classe.

Nas dcadas de 60/70 surgiram novos 4 movimentos sociais:

O movimento Estudantil. Surgiu na sequncia dos direitos civis dos negros norte-americanos e

afirmou-se contra o autoritarismo, a intolerncia e a discriminao. Foi protagonizado por uma gerao de universitrios norte-americanos com um estilo de interveno poltica irreverente, com rpida repercusso na Europa Ocidental.) O Maio de 68 em Frana foi a verso Europeia do movimento estudantil.

O movimento Feminista. Atingiu uma maior expresso com a luta das mulheres norte-

americanas pelos seus direitos no princpio do sec. XX. Consubstancia-se como movimento social no final da dcada de 60 e afirma-se na dcada de 70. No seguimento da luta pelos direitos cvicos, o feminismo viria a defender a emancipao da mulher em todas as esferas da vida social. Estuda a especificidade de gnero e combate a sociedade patriarcal. Luta pela igualdade dos sexos e pela libertao sexual da mulher.

O movimento Ecologista. Uns mais extremados outros mais institucionalizados e formais, dando

inclusivamente origem a partidos polticos, ou incorporando-se como alas nos partidos tradicionais. As preocupaes ecolgicas erguem-se contra a destruio irracional e contra a relao desequilibrada da poltica e da economia com o ambiente.

Movimento Pacifista. A vaga pacifista esboou-se no incio da dcada de 60 em oposio

participao das foras militares norte-americanas na Guerra do Vietname. Nos anos 80 o movimento fez-se notar pela necessidade de travar a corrida das duas super-potencias EUA e URSS produo de armas nucleares. Durante alguns anos o movimento arrefeceu, mas nos ltimos anos com a Guerra do Iraque, Invases no Afeganisto em consequncia de ataques terroristas entre outros, fizeram reacender o movimento. Estudos dos movimentos sociais Abordagem do comportamento colectivo como um fenmeno patolgico

A perspectiva Psicossocial abordagem entendeu o comportamento de massas como uma manifestao irracional e Pareto e Robert Michels pensadores da escola elitista italiana, negaram o

Esta

irreflectida. Vilfredo

protagonismo histrico das massas e defenderam a sua subjugao a uma elite ou a um lder esclarecido, inspirando os movimentos fascistas e um posicionamento ideologicamente conservador.

A perspectiva Psicanaltica

De

inspirao Freudiana frisou a identificao entre as massas e o lder, bem como a

incapacidade daquelas em assumirem uma vontade prpria perante o fascnio e o poder exercidos pela liderana. As

multides tornam-se ingovernveis e descontroladas porque reagem de forma impulsiva e

irresponsvel.

A perspectiva interaccionista de Chicago - Esta perspectiva apesar de manter um cunho marcantemente psicossocial,

Escola

preocupa-se em associar as transformaes sociais com as novas formas de percepcionar e compreender a realidade social e de actuar sobre ela segundo modelos de organizao poltica e modalidades de interveno colectiva alternativos, como era o caso dos movimentos sociais. Os

movimentos sociais deixaram de ser considerados como disfunes para passarem a ser

encarados como oportunidades de iterao. Teoria das tenes estruturais

Principal representante Neil Smelser, esta abordagem acentua a relao do contexto estrutural A explicao do comportamento colectivo, incluindo o fenmeno dos movimentos sociais, Seis condies que esto na origem do comportamento colectivo: estruturais propcias. Para que um movimento social se forme, tm que estar

das sociedades e a origem dos movimentos sociais.

envereda pela leitura sociolgica, sendo abandonada a matriz psicossocial. Condies

reunidas na sociedade, um conjunto visvel de situaes consideradas problemticas. Tenses

estruturais. Ganham maior significado social e agravam-se quando deflagra uma crise

econmica, se d uma contenda militar, se vive um brusco surto imigratrio ou acontece uma catstrofe natural. H problemas que perturbam a ordem social, aumentam a insegurana e o receio, e estimulam ressentimentos, vinganas, perseguies, gerando um ambiente de animosidade e intolerncia. Aparecimento

e difuso de uma crena generalizada. Em respostas s tenses estruturais pode

surgir um conjunto de propostas e solues para as dificuldades existentes, mesmo que sejam vagas e inconsistentes. Factores

ou incidentes precipitantes. Um acontecimento com consequncias graves como por

ex. um atentado terrorista, o aumento abrupto do preo dos bens, etc., podem fazer transbordar a tenso e insatisfao sentidas em certas camadas da populao e dar pretexto valido para a actuao do grupo de protesto e para que este ganhe alguma visibilidade na rua e nos media. Um movimento pode aguardar ou precipitar a oportunidade e o momento adequado para intervir e desencadear o processo efectivo de aco no terreno. Mobilizao

dos intervenientes para a aco. Tem de mobilizar recursos e conquistar apoiantes,

membros activistas, bem como o apoio de vrias organizaes que podem dar cobertura institucional, financiar ou colaborar nas actividades do movimento. Este recorre habitualmente a estratgias comunicacionais de forma a incitar adeptos aco e recolher o contributo dos seus parceiros e aliados. A propaganda, o marketing, a relao com os mass media, a capacidade organizativa, etc. Deficiente

controlo social. As reaces e actuao das autoridades institucionais podem

fortalecer um movimento social, mas tambm podem extingui-lo. Um uso desproporcionado da fora policial pode intimidar e refrear o mpeto de um movimento, mas tambm pode atear os

nimos, exaltar a animosidade face a um governo e reunir a simpatia de sectores da populao que podiam at no concordar com os propsitos iniciais do grupo de protesto. Uma excessiva tolerncia e permisso por parte dos rgos institucionais do poder face a um movimento podem abrir espao ao seu rpido crescimento e reforo e favorecer mesmo o surgimento de outros.

Criticas s tenes estruturais criticas realam o seu excessivo funcionalismo e mecanicismo, uma viso da

Algumas

sociedade como um todo equilibrado e ordenado em relao qual os movimentos sociais se apresentam como agentes de perturbao e desordem, demonstrando incapacidade das instituies e do controlo social. Os

seus participantes so vistos mais como produtos de tenso e menos como produtores de

tenses sociais, mais como formas de reaco disfuncionais os conflitos existentes na sociedade e menos como uma deliberao colectiva de transformao das instituies, das mentalidades e do sistema social.O

facto de Smelser ter negligenciado ou esquecido a importncia decisiva dos media e da

cooperao internacional. Smelser concebeu a sua teoria nos anos 60, e nessa altura eram fenmenos que estavam apenas a despontar. Para

Claus

Offe

os

movimentos

so

vistos

como

produes

colectivas

socialmente

inconsistentes e condenadas ao fracasso: O comportamento colectivo de acordo com Smelser, uma resposta irracional, histrica, que confunde o desejo com realidade, e em qualquer caso inadequada cognitivamente s coaces estruturais que gera o processo de modernizao. Teoria do conflito

A teoria do conflito encontra as suas razes sociolgicas nos escritos de Karl Marx e na sua A revoluo industrial produziu uma nova classe social o proletariado, e novas relaes de

analise do capitalismo industrial oitocentista.

trabalho ofensivas da dignidade dos operrios e trabalhadores em geral. Eram baseadas nas leis econmicas da mais-valia, nos direitos de propriedade privada, no controlo dos meios de produo e na dominao ideolgica da classe.

Para lutar contra a misria, as desigualdades sociais e a explorao da sociedade capitalista, o

movimento operrio comeou a ganhar forma. Os trabalhadores fortalecem a sua conscincia de classe e com o recurso a estruturas representativas sindicatos e partidos operrios socialistas, comunistas, sociais-democratas engrossam a contestao nacional e internacional ao sistema econmico vigente e sua ideologia dominante e legitimadora.

Coser adiantou um conjunto de proposies sobre funcionalidade positiva do conflito social,

reconhecendo que o conflito no inevitavelmente disfuncional como tambm necessrio para manter as instituies, libertando tenses evitando comportamentos desintegradores e de ruptura.

Ralf Dahrendorf avanou quatro teses fundamentais sobre a essncia das sociedades humanas

de acordo com a teoria do consenso e da integrao social, de teor funcionalista: Tese da estabilidade Tese do equilbrio Tese do funcionalismo Tese do consenso

A estas teses funcionalista Dahrendorf contraps outras 4 teses que esto na base

de uma teoria coactiva da integrao social: A tese da historicidade / A tese da explosividade / A tese da disfuncionalidade e produtividade / A tese da coao

Dahrendorf entendeu que como teoria geral do conflito social, a segunda era mais adequada. De acordo com as teses funcionalistas, o conflito era visto como um fenmeno extraordinrio,

passageiro e supervel, ou seja como uma patologia e no como uma fora produtiva e criadora; j a teoria coactiva da integrao social reconheceu a efectividade criadora de conflitos sociais, passando estes a ser considerados como um factor necessrio dos processos de mudana social. NO FUNCIONALISMO a sociedade um sistema bem integrado, ou seja um conjunto de elementos interdependentes, relativamente equilibrado e estvel. A vida social baseia-se no consenso e na cooperao entre os seus membros. O conflito anormal geralmente destrutivo. As mudanas na vida social so repentinas, provocando desequilbrios e tenses. NA TEORIA DO CONFLITO a sociedade caracteriza-se pelo confronto entre grupos e competem pelo controlo de recursos limitados (riqueza, poder e prestigio). A vida social gera inevitavelmente a diviso de interesses, objectivos opostos e conflitos. Os conflitos so normais e podem ser benficos. A mudana inevitvel e desejvel. Teoria da privao relativa

Para esta teoria a formao de movimentos sociais deve-se o facto de certos sectores da se sentirem privados de determinados privilgios, direitos e vantagens,

sociedade

comparativamente com os outros grupos ou sectores sociais que os usufruem.

na comparao com o que os outros detm que definido um estado de privao, de Coser serviu-se da teoria da privao relativa e das decepes e constrangimentos vividos pelos

necessidade e de sofrimento.

sectores sociais excludos e mais penalizados pelos processos rpidos de modernizao (os afroamericanos), para explicar as aces violentas e as perturbaes associadas aos perodos de transformao social.

Davies, Fainstein e Gurr, a privao era entendida como um estado que depende da percepo

que os sujeitos tm da sua situao em funo do que merecem ter, das expectativas que criam e do que os outros desfrutam, quer em relao a bens materiais, quer em relao a direitos, oportunidades, reconhecimento de status e possibilidade de afirmao pessoal, cultural e politica.

Criticas teoria da provao relativa

O facto de no explicar a estrutura e o modo de vida interno de um movimento social, mas apenas as causas ou as razes do seu aparecimento. A privao relativa poder ser em vrias situaes, uma razo necessria mas no uma razo suficiente para o surgimento dos movimentos sociais, s por si no permite saber quando um movimento passa a estar iminente e a constituir-se. Muitas vezes, a tomada de conscincia da privao acontece quando um grupo de indivduos decide formar um movimento, mas j como resultado da actividade e propaganda de um movimento que se formou ao servio de ideias e causas mais globais e at abstractas (nova concepo de justia). A teoria da sociedade de massas

De acordo com esta abordagem o aparecimento dos movimentos sociais ficaria a dever-se ao

facto destes fenmenos colectivos concederem aos indivduos sem laos sociais fortes ou at isolados socialmente um sentimento de pertena a uma comunidade ou grupo.

O mbil da participao nos movimentos encontrar-se-ia, na solido social dos indivduos que, Os movimentos mais radicais e revolucionrios recrutariam as pessoas mais facilmente

devido a essa condio, se mostram fragilizados e susceptveis de obedecer a lderes autoritrios.

manipulveis e mais disponveis, exactamente por no estarem protegidos por vnculos sociais, enquanto os indivduos socialmente mais integrados ofereciam uma maior resistncia adeso e participao em movimentos dessa natureza.

A teoria da sociedade de massas no explica com rigor como que indivduos desamparados e

isolados socialmente se mobilizam para formar ou integrar movimentos sociais. Desconsidera o papel fulcral, que as redes de contacto e de recrutamento desempenham, na estruturao de vontade individual e na escolha pela aco colectiva.

TEORIAS CLSSICAS DOS MOVIMENTOS SOCIAIS PRINCIPAIS CARACTERISTICAS TEORIA PSICOSSOCIAL DO COMPORTAMENTO COLECTIVO o comportamento no convencional das massas considerado como uma manifestao irreflectida, irracional e patolgica do inconsciente colectivo. As massas so inaptas politicamente, obedecendo passiva e acriticamente a elites manipuladores. TEORIAS DAS TENSES ESTRUTURAIS os movimentos sociais so o resultado das tenses e disfunes sociais, de forma que os desafios se comportam so encarados como elementos negativos a reabsorver o mais depressa possvel. TEORIA DO CONFLITO os movimentos sociais resultam da competio entre grupos que lutam entre si pelo controlo de recurso limitados. As tenses e os conflitos que esto na origem dos movimentos, so interpretados como normais, inevitveis e at desejveis. TEORIA DA PRIVAO RELATIVA a formao dos movimentos sociais deve-se privao de bens, oportunidades, direitos e outros. Que certos sectores da populao sentem comparativamente com outros. O sentimento de privao aferido subjectivamente pelos membros de um grupo em funo da situao vivida pelo grupo de referncia. TEORIA DA SOCIEDADE DE MASSAS os movimentos sociais surgem para satisfazer as necessidades humanas do tipo comunitrio no contexto de sociedades altamente massificadas e individualizadas, onde as relaes interpessoais se tornam distantes, racionais e frias. TEORIAS CONTEMPORNEAS DOS MOVIMENTOS SOCIAIS A teoria da aco colectiva

Principal expoente de Mancur Olson (1965) Esta teoria recai sobre o comportamento racional do actor, avaliado em termos de

custos/benefcios, e sobre as dificuldades de transposio da racionalidade individual para a participao na aco colectiva, identificando o jogo estratgico que est implicado nos processos de mobilizao e interaco social com vista a obteno de bens colectivos.

H autores que o situam no mbito da teoria da mobilizao de recursos. Olson estabeleceu as bases tericas do que se viria a denominar teoria das escolhas Um dos mritos de Olson foi ter distinguido a lgica da aco colectiva da lgica da aco a comunidade de interesses mesmo quando um dado evidente para todos, no

racionais.

individual suficiente para desencadear a aco comum que permite promover o interesse de todos. A homogeneidade de interesses no constitui condio suficiente para que a aco colectiva se verifique. Os actores pesam os ps e contas da participao nos esforos de aco colectiva.

A noo de bens colectivos reconfigura bens ou servios que favoream um grupo

determinado, independentemente da colaborao directa que este possa dar para a sua obteno. Ex. O reforo dos direitos das minorias tnicas, o aumento salarial dos trabalhadores ou a melhoria das condies laborais numa empresa.

Free Riders. Os que usufruem da situao conseguida sem intervir ou colaborar na obteno Incentivos selectivos. Outra noo introduzida por Olson que diz respeito aos recursos e

do bem colectivo.

vantagens, tais como o reconhecimento social, o poder, o prestigio, a autoridade, o status e os bens materiais, que influenciam a participao de um actor na aco organizada com vista o a conquista de bens colectivos. Uma das crticas teoria de Olson foi a formulada por Fireman e Gamson (1979), para quem a

participao dos actores na aco colectiva com o objectivo de obter um bem colectivo de deve conscincia que os participantes tm de que o bem no se consegue se cada um ficar espera que os outros actuem.

Oberschall, 1980 e Oliver 1984 chamam a ateno para o facto de que a percepo que cada

individua tem do sucesso da sua participao, aspecto decisivo na deciso de intervir, estar muitas vezes dependente da quantidade de elementos do grupo e da importncia que concedida sua colaborao. A teoria da mobilizao de recursos

Seguindo o modelo da participao racional no mbito da aco colectiva de Olson, Oberschall A participao dos actores num movimento deve ser analisada em funo da relao

1973, McCarthy e Zald 1977 e Tilly 1978, deram origem teoria da mobilizao de recursos.

custos/benefcios, da existncia e natureza dos incentivos selectivos, das formas permitidas aos participantes de reduzir custos e dos recursos disponveis para serem mobilizados.

Esta teoria encara os movimentos como uma realidade normal, organizada e racional das

sociedades contemporneas, marcadas pelo dinamismo social, pelas mudanas rpidas e pela conflitualidade.

Na Europa germinavam as teorias dos novos movimentos sociais, a teoria da mobilizao dos

recursos seria desenvolvida sobretudo nos EUA, sustentando que um movimento social para surgir e se consolidar tem de conseguir reunir um conjunto diverso de recursos essenciais, tais como: meios financeiros, organizao consistente e articulada, apoios e alianas interiores e exteriores ao movimento.

Oberschall destacou sobretudo o papel das redes comunitrias de interaco social na Oberschall no ignorou a necessidade de uma boa gesto dos recursos na canalizao e

mobilizao e integrao dos membros dos movimentos.

organizao do descontentamento social, posto que s atravs de uma competente mobilizao de recursos que um grupo de protesto poderia atingir os resultados pretendidos.

John McCarthy e Mayer Zald 1977, vem os conflitos e a contestao social como fazendo parte Mais uma vez os pressupostos da mobilizao residem na racionalidade do actor, que decide de A existncia de free riders obriga a considerar a relevncia e a gesto dos recursos aselectivos. Os autores vo conceder especial ateno organizao, ponto de partida para algumas

da vida normal das sociedades avanadas.

acordo com o custo/benefcio.

distines conceptuais.1 Nvel Organizao de um movimento Social Estrutura capaz de levar a cabo os objectivos do movimento 2 Nvel Indstria do movimento social Totalidade das organizaes que se identificam com as suas metas 3 Nvel Sector dos movimentos sociais Conjunto das industrias dos movimentos sociais que existem numa sociedade

Esta diferenciao entre as vrias modalidades organizativas permite distinguir um movimento

social enquanto correntes de opinies e crenas e os seus suportes organizativos, que visam mobilizar recursos, integrar membros e efectivar actividades de modo a melhor concretizar os ideais em causa.

Os recursos so necessrios para assegurar a subsistncia, o desenvolvimento e a continuidade prprias , organizaes, para que possam sobreviver, assegurando despesas de

das

funcionamento e os custos das suas actividades.

Em termos de recursos, estas exigncias conduzem a uma progressiva profissionalizao das

organizaes dos movimentos sociais, que desinvestem no recrutamento massivo de membros e apostam numa liderana profissional, num acesso mais frutuoso aos meios de comunicao, em campanhas ambiciosas de marketing e mtodos de gesto sofisticados.

Se a burocratizao e profissionalizao das organizaes dos movimentos scias tira

espontaneidade e informalidade participao nos movimentos, por outro lado acrescenta uma maior racionalidade e eficcia na gesto dos recursos e nas vrias actividades associadas ao movimento.

Charles Tilly 1978 estudou a investigou as consequncias produzidas pela expanso dos mdia Tilly defende que nem sempre a confrontao e o descontentamento geram uma aco

e inovao tecnolgica na estrutura interna dos movimentos.

colectiva, logo devem estar reunidas uma srie de condies que a partir de um conflito ou de uma injustia possam levar aco colectiva: Os interesses comuns unio solidria dos interesses comuns

A organizao ordem e coordenao na liderana e na definio de tarefas Mobilizao de Recursos meios logsticos, financeiros, militares, comunicacionais Oportunidade Politica a escolha do momento oportuno para intervir muito importante

Como sublinha Pasquino: no memento em que entram em contacto uns com os outros, os

grupos e actores desenvolvem interesses (). Nesse caso entra em campo a organizao, ou seja, a conscincia da pertena a uma identidade comum ().

A teoria da mobilizao de recursos tambm foi alvo de crticas. Turner e Kilian 1987 dirigiram-nas ao carcter pouco preciso da noo de

recursos.

Fireman e Gamson 1979; Zurcher e Snow 1981; Turner 1991, apontaram o

reducionismo da teoria que ao circunscrever a deciso de participao na aco colectiva a uma mera lgica calculista/instrumental de custos/benefcios individuais, exclui ou desconsidera a dedicao altrusta, a filiao ideolgica como factor motivacional suficiente, a solidariedade com causas e ideais, as lealdades morais e afectivas. A teoria da estrutura de oportunidades politica

Tambm designada por teoria do processo poltico. O contexto poltico influencia no apenas a criao dos movimentos sociais mas tambm a sua

sobrevivncia e o sentido das suas actividades, dado que tido como um dos recursos da aco colectiva, quer pelas oportunidades que proporciona (abertura, tolerncia, disponibilidade para alianas, etc.), quer pelos obstculos que impe (represso, controlo social, constrangimento legal, etc.).

Sidney Tarrow ( 1985, 1988, 1989), Dog McAdam (1988) e Hanspeter Kriesi (1992) ,

introduziram novas variaveis, no processo de acesso aos mecanismos de deciso politica, os movimentos sociais devem considerar certos elementos na estrutura de oportunidades politicas:

O sistema institucional. Quanto maior for a descentralizao administrativa e territorial e quantomaior for a separao e independncia dos poderes legislativo e judicial face ao executivo, mais hipteses tm os movimentos sociais de aceder ao poder e maior a capacidade de mobilizao atingem.

O sistema estratgico. Este constitudo pelas modalidades a que o poder institudo recorrepara lidar com os grupos de protesto: reprimindo e excluindo, oi aceitando e viabilizando as exigncias postas. A natureza da estratgia dominante, excludente ou integradora, no equivale a nenhum tipo particular de Estado (mais centralizador ou mais descentralizador).

O sistema de alianas e o sistema de conflitos, que composto pelos actores polticos queapoiam o movimento social, e os que se lhe opem e o combatem. O sistema de alianas fornece recursos e cria oportunidades polticas para os desafiadores, o sistema de conflito tende a piorar aquelas condies.

A noo de ciclos de protesto foi definida por Tarrow (1998), como uma fase de intensificao

dos conflitos no sistema social caracterizada por uma rpida difuso da aco colectiva dos sectores mais mobilizados ou menos mobilizados.

A generalizao e rapidez do protesto, promovidas por uma elite contestatria com capacidade

de multiplicar as reivindicaes e mobilizar a aco de outros grupos, fazem com que se crie um efeito bola de neve de consequncias imprevisveis, obrigando o sistema de poder vigente a tomar medidas adequadas, de conteno e represso do protesto ou de aceitao condicional e negocial das demandas.

Das crticas formuladas sobressai a de reducionismo poltico, por esgotar no tipo de

funcionamento do sistema politico e nas condies do ambiente politico envolvente as oportunidades de interveno ou de desmobilizao dos movimentos sociais, desvalorizando outras variveis igualmente relevantes para as decises de envolvimento colectivo.

A teoria da estrutura de oportunidades poltica refere oportunidades e recursos, mas no

define objectivamente o que sejam essas realidades, remetendo-as apenas para a avaliao, expectativas e ponderao racional dos sectores sociais. As teorias da identidade colectiva

Constituindo uma minoria dos elementos do grupo confrontam-se com a necessidade de obter

ou de dar continuidade a uma identidade favorvel, que permita subsistncia do grupo e inverta a imagem negativa que a minoria, e os valores minoritrios que prossegue, tem junto de grande parte da opinio publica.

Os movimentos sociais permitiam aos indivduos revalorizar-se e reencontrar uma dignidade A identidade colectiva faz parte do processo de criao dos movimentos sociais e desempenha

entretanto ofendida por processos de excluso social, de despersonalizao e de isolamento.

diversas funes fundamentais para a sua sobrevivncia e continuidade, nomeadamente: ajuda a definir as metas globais do movimento e a sua ideologia base; informa a natureza e tipo de movimento, distinguindo-o dos outros e dos restantes grupos; cria nexos de solidariedade intragrupal, dando sentido pertena e participao, reforando a capacidade mobilizadora do movimento junto de potenciais adeptos e sinalizado (pela autodefinio, partilha e aco conjunta dos membros do grupo) as oportunidades, limites e possibilidades da aco colectiva.

A perspectiva construtivista de Melucci considera a identidade colectiva como um processo que

serve de para o clculo dos custos e benefcios da aco colectiva, podendo assumir uma forma mais organizada e institucionalizada, com um sistema formal de regras, cdigos e liderana, ou consistir numa estrutura cognitiva que possibilita ao actor vislumbrar os ganhos e as perdas associadas a uma deciso.

So referidas trs dimenses de identidade colectiva:

Cognitiva que diz respeito s condies e objectivos da aco; Interactiva ou relacional, que organiza os fluxos comunicacionais e negoceia entre actores no processo de tomada de decises; Emocional, que possibilita aos intervenientes reconhecerem-se e identificarem-se entre si e face aos outros colectivos.

A identidade colectiva constitui pois, um processo atravs do qual os actores produzem

estruturas cognitivas comuns que lhes permitem valorar o ambiente e calcular os custos e os benefcios da aco; as definies que formulam so por um lado, o resultado das interaces negociadas e das relaes de influncia e, fruto do reconhecimento emocional.

As teorias dos novos movimentos sociais - DA SOCIEDADE INDUSTRIAL SOCIEDADE PS-INDUSTRIAL Enquanto critrios de actividade econmica principal, a sociedade industrial tinha a produo de bens, j a sociedade ps-industrial tinha os servios de informao. As ocupaes preponderantes na sociedade industrial assentavam em operrios e administradores. A sociedade ps-industrial tinha profissionais tcnicos e servios. Em termos de recurso mais importante na sociedade industrial era o aproveitamento de energia, j na sociedade ps-industrial era o conhecimento terico e capital humano. Como fonte de poder, a sociedade industrial tinha a propriedade do capital e controlo do trabalho. A sociedade ps-industrial tinha o controlo das novas tecnologias e acesso ao conhecimento.

Estes movimentos que nasceram na dcada de 60 e 70. De entre os chamados novos movimentos sociais destacam-se geralmente os movimentos

feministas, ecologias, pacifistas, de luta pelos direitos humanos, de defesa das minorias tnicas e sexuais, de solidariedade para com os pases do Hemisfrios Sul e, outros mais circunscritos, como o caso dos movimentos de consumidores, de utentes de servios pblicos e provados, de moradores, etc.

Esta perspectiva terica consagrar o modelo da identidade, recebendo tambm a influncia

das teorias do conflito e da sociedade de massas, especialmente de autores oriundos da Escola de Frankfurt. O Novo e o Velho Paradigma podem ser classificados em diversas vertentes, sendo a primeira a Base Ideolgica. Neste mbito no Novo Paradigma encontramos a critica da cultura e da modernizao, a critica da democracia representativa e a orientao para valores gerais e objectivos concretos. No Velho Paradigma encontrado o conformismo cultural e conformismo com a democracia representativa, tal como a orientao para as ideologias em sentido tradicional. Em termos de valores o Novo Paradigma classificado pela Autonomia pessoal e identidade. Pelo ps materialismo: direitos humanos, paz, qualidade de vida, trabalho no alienante. E ainda pela obteno de bens ou benefcios colectivos. J o Velho Paradigma em termos de valores classifica-se pela liberdade e segurana no consumo privado e progresso material. Em termos de materialismo aponta-se para o crescimento econmico e distribuio, bem como segurana militar e social e controlo social. A sua obteno de bens ou benefcios est direccionada para a vertente individual. No mbito da Base Social de Apoio o Novo Paradigma classifica-se pela ausncia de estrutura de classe, ainda que predominem os membros das novas classes mdias. Opostamente o Velho Paradigma classifica-se pela estrutura de classe e classes economicamente desfavorecidas. Em termos organizacionais, o Novo Paradigma detm redes informais de interaco, a sua organizao descentralizada, anti-hierarquica assemblearia. As suas associaes so horizontais e praticam a democracia directa. O Velho Paradigma classifica-se por estruturas formais de interaco, uma organizao centralizada, hierarquizada e burocratizada.

Nas suas formas de aco o Novo Paradigma utiliza uma politica de protesto, aces para influenciar a opinio publica e os governantes. E aces extraordinrias que atraam a ateno dos meios de comunicao social. Neste mbito o Velho Paradigma usa a competio entre partidos polticos, com a regra da maioria. Ope-se aco directa. Caractersticas dos novos movimentos sociais

Uma nova orientao ideolgica anti-sistema, mas muitas vezes assistemtica e fragmentada, que repudia os modelos polticos tradicionais, a dominao patriarcal, a democracia formal e representativa, o investimento belicista dos Estados e uma concepo do progresso assente na produtividade e no crescimento econmico a qualquer custo, oferecendo o ambiente e os estilos de vida mais simples. Em alternativa proposta uma concepo de democracia participativa e com maior empenhamento cvico, a sustentabilidade do desenvolvimento, a conscincia ambientalista e ecolgica, a emancipao da mulher e a cooperao pacfica entre os povos. Um novo sistema de valores, que visa superar o materialismo, o autoritarismo, o consumismo, a obsesso pela segurana e bens estar material, o conformismo, e afirmar, por sua vez, os valores ps materialistas como sejam: a expressividade e autonomia pessoais, a paz e a solidariedade entre povos, a cidadania poltica, econmica e social, a participao na vida cvica e cultural, valorizao do esttico, etc. Ao nvel dos membros dos movimentos j no so mobilizados e recrutados de acordo com a classe social. A pertena a uma classe deixa de constituir uma forte motivao para os indivduos decidirem integrar um movimento dado que este rompe com a fidelizao classista e absorve vrias sensibilidades interclassistas. Novas modalidades organizativas, caracterizadas pela enorme receptividade informalidade, desburocratizao e descentralizao, de modo a conseguir atrair mais participantes para o movimento social, flexibilizar a comunicao, democratizar o processo de tomada de decises (atravs do recurso a formas de democracia directa) e proporcionar um maior envolvimento dos membros nas tarefas e actividades do movimento. visvel um esforo de maior independncia e demarcao face organizaes partidrias, tidas como representantes por excelncia da politica convencional. Um novo estilo de actuao. As aces de protesto dirigidas pela espectacularidade e pela visibilidade meditica, as iniciativas de sensibilizao dos cidados, as intervenes e denncias simblicas, as mobilizaes espontneas de contestao, etc., so agora formas de actuao caractersticas do paradigma dos novos movimentos sociais.

Lgicas de aco dos novos movimentos sociais observadas por Rutch (1992)

A lgica instrumental. Cuja estratgia dirigida ao poder politico, procurando alterar as politicas publicas ou influenciar o processo de tomada de decises: os movimentos pelo desarmamento nuclear ou pela defesa do ambiente seguem esta lgica de aco. A lgica expressiva. O movimento social que ambiciona no tanto o poder nem influir na sua distribuio e exerccio, a afirmao terica e a expresso cvica, social, cultural e artstica de identidades pessoais e colectivas, bem como o seu estudo, proteco jurdica e alterao dos modelos morais e culturais dominantes. Enquadram-se nesta linha de interveno o movimento feminista e o movimento pela defesa das minorias sexuais.

A promoo e expresso social, cultual e cvica desse novo quadro de valores ditos ps-

materialistas onde pontificam a participao, a autonomia, o prazer esttico, a qualidade ambiental, a expressividade e a identidade pessoal, a pertena a redes sociais de solidariedade, etc. Teriam necessariamente de encontra outros interpretes colectivos, outros actores sociais, portadores de novas orientaes axiolgicas e capazes de dar resposta a novos temas com diferentes solues e estratgias de actuao.

Para que os novos temas e os novos valores tivessem acolhimento e expresso nos movimentos A nova classe mdia pode permitir-se uma atitude crtica ante os velhos valores do

sociais, foram necessrias duas condies essenciais. Claus Offe sintetiza-as da seguinte forma:A.

crescimento e segurana devido ao efeito de saturao derivado do facto de que os membros desta classe