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RESUMOS DE DISSERTAÇÕES DE MESTRADO E TESES DE DOUTORADO APRESENTADAS NA FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO - USP DE JANEIRO A MARÇO DE 2006 BIOLOGIA CELULAR E MOLECULAR ESTUDO DE RNAS REGULATÓRIOS EM LEISHMANIA POR GENÉTICA REVERSA 269 Medicina (Ribeirão Preto) 2006; 39(2): 269-322 NOTAS E INFORMAÇÕES Karina da Costa Nogueira Orientadora: Profa.Dra. Angela Kaysel Cruz Dissertação de Mestrado apresentada em 26/01/2006 O seqüenciamento do genoma de Leishmania levou à identificação de genes tendo como base a pre- dição de proteínas que esses genes codificam. Entre- tanto, seqüências que não possuem uma fase aberta de leitura mas que codificam RNAs como produto fi- nal foram ignoradas durante o processo de anotação. Há um grande número de ncRNAS descrito em vá- rios organismos, são transcritos que não codificam pro- teínas, mas que funcionam como RNAs, representan- do uma classe de moléculas com função estrutural ou catalítica. Nós investigamos três potenciais moléculas de ncRNAs de Leishmania, ODD1, ODD2 e ODD3; seus transcritos têm estrutura secundária que formam grampos conservados similares aos descritos para os microRNAs. Partindo de fragmentos isolados de cos- mídeos recombinantes, nós construímos clones ade- quados à expressão de cada um dos genes ODD iso- ladamente em Leishmania, os vetores plasmidiais empregados foram px63NEO ou pGEMT_neoKO. Os recombinantes foram analisados e transfectados em Leishmania para se obter transfectantes que supe- rexpressassem os genes ODD a partir da molécula circular; os transfectantes foram cultivados sob pres- são por droga de seleção (G418) para manter as cópias do epissomo e a expressão de seus genes. Esses novos transfectantes foram investigados quanto a mudanças fenotípicas e modificações dos níveis de potenciais mRNAs alvo (identificados por RT-PCR por Márcia Graminha). Mudanças no fenótipo não foram obser- vadas para os genes ODD1 e ODD2. Por outro lado, o superexpressor de ODD3 apresenta-se sobre efeito citostático claro em cultura axênica, sua morfologia mostra-se alterada sob microscopia de varredura e há modificações drásticas de sua ploidia. Nossos resulta- dos preliminares indicam haver modificação do nível de um dos mRNAs identificados como alvo de ODD3. CARACTERÍSTICAS DE VIRULÊNCIA, MORFOLÓGICAS E GENOTÍPICAS DE AMOSTRAS CLÍNICAS DE HISTOPLASMA CAPSULATUM Rodrigo Anselmo Cazzaniga Orientador: Profa.Dra. Claudia Maria Leite Maffei Dissertação de Mestrado apresentada em 03/02/2006 Histoplasma capsulatum var. capsulatum é um fungo que apresenta dimorfismo térmico, tem forma sexuada perfeita definida (Ajellomyces capsulatus), e que ao ser inalado pelo homem ocasiona uma doen- ça respiratória que pode ter regressão espontânea ou evoluir para um acometimento sistêmico. Indivíduos imunodeprimidos são mais susceptíveis a este patóge- no, que é encontrado naturalmente em substratos ri- cos em nitrogênio e fósforo (como as fezes de morce- gos), em diferentes regiões geográficas, principalmente no sul e meio oeste dos EUA, na América Central e na América do Sul. No Brasil, onde certamente há inúmeros reser- vatórios naturais do fungo, este vem adquirindo rele- vante importância em saúde publica. Motivados pela

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RESUMOS DE DISSERTAÇÕES DE MESTRADO E TESES DE DOUTORADOAPRESENTADAS NA FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO - USP

DE JANEIRO A MARÇO DE 2006

BIOLOGIA CELULAR E MOLECULAR

ESTUDO DE RNAS REGULATÓRIOS EM LEISHMANIA POR GENÉTICAREVERSA

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Medicina (Ribeirão Preto)2006; 39(2): 269-322 NOTAS E INFORMAÇÕES

Karina da Costa NogueiraOrientadora: Profa.Dra. Angela Kaysel CruzDissertação de Mestrado apresentada em 26/01/2006

O seqüenciamento do genoma de Leishmanialevou à identificação de genes tendo como base a pre-dição de proteínas que esses genes codificam. Entre-tanto, seqüências que não possuem uma fase abertade leitura mas que codificam RNAs como produto fi-nal foram ignoradas durante o processo de anotação.Há um grande número de ncRNAS descrito em vá-rios organismos, são transcritos que não codificam pro-teínas, mas que funcionam como RNAs, representan-do uma classe de moléculas com função estrutural oucatalítica. Nós investigamos três potenciais moléculasde ncRNAs de Leishmania, ODD1, ODD2 e ODD3;seus transcritos têm estrutura secundária que formamgrampos conservados similares aos descritos para osmicroRNAs. Partindo de fragmentos isolados de cos-mídeos recombinantes, nós construímos clones ade-

quados à expressão de cada um dos genes ODD iso-ladamente em Leishmania, os vetores plasmidiaisempregados foram px63NEO ou pGEMT_neoKO. Osrecombinantes foram analisados e transfectados emLeishmania para se obter transfectantes que supe-rexpressassem os genes ODD a partir da moléculacircular; os transfectantes foram cultivados sob pres-são por droga de seleção (G418) para manter as cópiasdo epissomo e a expressão de seus genes. Esses novostransfectantes foram investigados quanto a mudançasfenotípicas e modificações dos níveis de potenciaismRNAs alvo (identificados por RT-PCR por MárciaGraminha). Mudanças no fenótipo não foram obser-vadas para os genes ODD1 e ODD2. Por outro lado,o superexpressor de ODD3 apresenta-se sobre efeitocitostático claro em cultura axênica, sua morfologiamostra-se alterada sob microscopia de varredura e hámodificações drásticas de sua ploidia. Nossos resulta-dos preliminares indicam haver modificação do nívelde um dos mRNAs identificados como alvo de ODD3.

CARACTERÍSTICAS DE VIRULÊNCIA, MORFOLÓGICAS E GENOTÍPICAS DEAMOSTRAS CLÍNICAS DE HISTOPLASMA CAPSULATUM

Rodrigo Anselmo CazzanigaOrientador: Profa.Dra. Claudia Maria Leite MaffeiDissertação de Mestrado apresentada em 03/02/2006

Histoplasma capsulatum var. capsulatum é umfungo que apresenta dimorfismo térmico, tem formasexuada perfeita definida (Ajellomyces capsulatus),e que ao ser inalado pelo homem ocasiona uma doen-ça respiratória que pode ter regressão espontânea ou

evoluir para um acometimento sistêmico. Indivíduosimunodeprimidos são mais susceptíveis a este patóge-no, que é encontrado naturalmente em substratos ri-cos em nitrogênio e fósforo (como as fezes de morce-gos), em diferentes regiões geográficas, principalmenteno sul e meio oeste dos EUA, na América Central ena América do Sul.

No Brasil, onde certamente há inúmeros reser-vatórios naturais do fungo, este vem adquirindo rele-vante importância em saúde publica. Motivados pela

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

alta freqüência de Histoplasmose disseminada obser-vada nos últimos 5 anos no HC-FMRP/USP, princi-palmente em pacientes com AIDS, buscamos nestetrabalho estudar aspectos da biologia celular, molecu-lar e poder patogênico de 20 amostras clínicas de H.capsulatum var. capsulatum mantidas em micoteca.

Como o período de estocagem pode alterar ascaracterísticas morfológicas, antigênicas e de virulên-cia desse fungo, a maioria das amostras foram reati-vadas por passagem em animal, mas a análise dascaracterísticas macro e micromorfológicas sugere quenão ocorreu uma boa recuperação da capacidade re-produtiva dessas amostras uma vez que 85% delasapresentaram textura com preponderância de elemen-tos vegetativos (cotonosa, aveludada e membranosa)e 45% apresentaram pouca produção de micro ou ma-croconídios, mesmo crescendo em ágar-batata queestimula a conidiogênse pela carência de nutrientes.Os conídios, responsáveis pela infectividade das amos-tras quando inalados por mamíferos, são estruturas deresistência que possuem melanina em sua parede, com-ponente importante também para a virulência do fun-go na fase leveduriforme, uma vez que permite às le-veduras melanizadas escape da ação de reativos ati-vos do oxigênio liberados por macrófagos parasitados.Observamos que frente à compostos fenólicos (L-DOPA), as leveduras de H. capsulatum foram capa-zes de sintetizar melanina, embora em pequena quan-tidade, detectada pela pouca alteração da cor das co-lônias e pela distribuição irregular de grânulos eletro-densos desse pigmento na superfície da parede celu-lar de leveduras, documentada por microscopia detransmissão eletrônica.

A virulência das amostras também foi avaliadaem camundongos BALB/c inoculados endovenosa-mente com 5 x 106 leveduras através de curvas desobrevivência e análise histopatológica. Pela mortali-dade, as vinte amostras foram divididas em três gru-pos de virulência: Grupo 1 composto por 11 isoladosque ocasionaram a morte de 50% dos animais entre 5e 10 dias pós-infecção e 100% de morte aos 20 dias,Grupo 2 composto por 5 amostras que levaram à mor-

te 50% dos animais entre 20 e 30 dias pós-infecção, eGrupo 3 com 4 amostras que causaram a morte de50% dos animais apenas em períodos superiores a 40dias pós-infecção. O padrão de resposta tecidual nãofoi alterado pela virulência da amostra, mas observa-mos uma disseminação mais rápida e mais intensa comas amostras mais virulentas.

Por fim, a variabilidade genética dessas amos-tras foi avaliada por cariotipagem e seqüenciamentodas regiões ITS do gene 5.8S rDNA. A separaçãoeletroforética dos cromossomos de 18 amostras, feitapor PFGE revelou amostras com 3 e 5 cromossomos,cujos tamanhos variaram de 2,43 Mpb a 8,27 Mpb. Omapeamento das bandas cromossômicas permitiu aconstrução de um dendograma de similaridade quemostrou a existência de 16 diferentes cariótipos (A aP), com identidade total de 2 amostras nos grupos A(amostras 1391/2002 e 1436/2004) e H (amostras 856/2002 e 1986/2005). Após amplificação, os resultadosdo seqüenciamento e alinhamento das regiões ITS1 eITS2 indicaram que a seqüência de nucleotídeos das20 amostras em estudo não são idênticas, com varia-ções pontuais em 7 posições da região ITS1 e em 14posições da região ITS2, do total de 504 pb seqüen-ciados. Essas variações permitiram classificar as amos-tras em 7 tipos moleculares distintos, alguns apresen-tando subdivisões internas. O tipo molecular mais fre-qüente foi o III, apresentado por 45% das amostras.Considerando que as variações de nucleotídeos ob-servadas possivelmente são decorrentes de pressõesseletivas, construímos uma árvore filogenética pelométodo de máxima verisimilhança, que mostrou gran-de correlação evolutiva entre os 20 isolados, com pe-quenas divergências individuais.

Concluímos que embora não tenhanos obser-vado relação direta entre os diferentes parâmetros ob-servados (características morfológicas, genotípicas ede virulência), as amostras de H. capsulatum isola-das de pacientes da região de Ribeirão Preto apre-sentaram diferentes comportamentos fenotípicos egenotípicos que podem suscitar diferenças na relaçãoparasito-hospedeiro.

ESTUDO SOBRE A INTERAÇÃO DO VÍRUS COXSACKIE B5 COM CÉLULASINTESTINAIS

Francisco Fábio Marques da SilvaOrientador: Prof.Dr. Eurico de Arruda NetoTese de Doutorado apresentada em: 08/02/2006

Os enterovírus são adquiridos por via per-oral,replicam-se no intestino e disseminam-se sistemica-mente, causando infecções em múltiplos órgãos e teci-

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

Roberto RullerOrientador: Prof. Dr. Richard J. WardTese de Doutorado apresentada em 13/03/2006

Xilanases (1, 4 β -D xilanohidrolases EC 3.2.1.8)são endo-xilanases que hidrolisam aleatoriamente li-gações b-1,4 glicosídicas de xilose da estrutura da xilana(polissacarídeo da hemicelulose da parede celular ve-getal) liberando xilooligossacarídeos. Xilanases podemser usadas alternativamente no lugar de organocloradodurante o branqueamento da polpa de papel no pro-cesso Kraft. Para o uso industrial desta enzima é im-portante que a mesma seja termoestável, e neste sen-tido a pesquisa tem focado grande esforço para umaumento da atividade catalítica desta enzima em tem-peraturas elevadas. Com o intuito de entender as ba-ses moleculares da termoestabilidade das xilanases,nós escolhemos uma endo-xilanase do grupo G/11 deBacillus subtilis linhagem 168 como modelo para umestudo estrutural engenharia de proteínas combinan-do técnicas de evolução dirigida com análise termodi-nâmica baseado em técnicas espectroscópicas.

O gene para xilanase do grupo G/11 de Bacillussubtilis que codifica um polipeptídeo de 185 resíduosde aminoácidos, foi amplificado por PCR do DNAgenômico total de B. subtilis usando dois oligonucleo-tídeos complementares a região não codante 5´ e 3´ dolócus xylA da seqüência genômica do microorganis-mo. Após a clonagem no vetor pT7BsXA, a proteínaheteróloga foi purificada por cromatografia de trocacatiônica após precipitação com etanol e diálise do

sobrenadante da cultura de células de E.coli transfor-madas com o vetor. Géis de poliacrilamida (SDS-PAGE) corado com prata, espectrometria de massa,raio hidrodinâmico da molécula, juntamente o seqüen-ciamento N_terminal da proteína (nativa e recombi-nante), confirmaram a pureza, homogeneidade e ocorreto processamento pós-traducional da proteínasecretada. A proteína recombinante caracterizada teveum pH ótimo em 6,0 e temperatura ótima em 55ºC.

O processo de cristalização da molécula foi fei-to usando técnica de difusão a vapor sendo obtidosmonocristais quando a proteína foi equilibrada contrasolução-mãe de 1M de tartarato de sódio potássiopH 7.8. Os cristais obtidos foram congelados em 20%de glicerol e os dados de difração de raio-X foramcoletados no LNLS (Laboratório Nacional de LuzSincrotron, Campinas –SP) com um máximo de reso-lução de 1.8A.

A região codiificadora do gene da xilanase na-tiva foi submetido a reações de mutagênese aleatóriousando “error-prone PCR” (epPCR) e a bibliotecaaleatória resultante foi selecionada por marcação comvermelho Congo em placas de ágar contendo 1% dexilano após incubação a 65ºC. Das 90colônias sele-cionadas, 16 expressaram mutantes termoestáveis dexilanase e a análise da seqüência de aminoácidos des-tes mutantes mostraram que todos estes eram combi-nações de 6 mutações pontuais (Q7H, G13R, S22P,S31Y e S179C) que foi denominada de geração 1 (G1).Os genes dos 6 mutantes de G1 foram submetidos aum segundo ciclo de epPCR e após a varredura de

dos causando diversas manifestações clínicas. Os even-tos iniciais da replicação viral na porta de entrada po-dem ser importantes para a patogênese e eventos tar-dios da infecção pelos enterovírus. O vírus CoxsackieB5 é um patógeno humano que pertence a famíliaPicornaviridae, gênero enterovírus, sendo vírus deRNA. O mecanismo pelo qual estes vírus penetramno interior das células é pouco conhecido. Analisamosos eventos iniciais da infecção pelos vírus CoxsackieB5 (CoxB5). Para isto, observamos os efeitos de dro-gas que inibem a formação de vesículas revestidas porclatrina e cavéola. CoxB5 não consegue penetrar nascélulas CaCo-2 na presença de clorpromazina (com-

posto que inibe a endocitose mediada por clatrina) maso faz na presença de PMA/Nistatina (compostos queinibem a endocitose mediada por cavéola). Tambémobservamos que o CoxB5 produz alterações no cito-esqueleto nos períodos tardios da infecção, havendoum desarranjo dos filamentos intermediários e de actina.Entretanto, há uma clara reorganização dos microtú-bulos consequente da replicação do CoxB5 em célu-las CaCo-2, que foi predominante na regição corticaldas células. Também observamos que não existe co-localização do CoxB5 e o citoesqueleto mas que exis-te uma intensa colocalização com motores molecula-res baseados em microtúbulos (dineina e cinesina).

CRIAÇÃO DE UMA ENDO-XILANASE TERMOESTÁVEL ATRAVÉS DA EVO-LUÇÃO MOLECULAR IN VITRO

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

Joana Maria MuradOrientador: Prof.Dr. Fernando Luiz De LuccaTese de Doutorado apresentada em 21/02/2006

Os recentes estudos sobre o genoma humanorevelaram dados surpreendentes, entre os quais po-demos destacar a identificação de um número de ge-nes codificadores de proteínas bem menor do que oesperado por geneticistas e biologistas moleculares.Verificou-se ainda que apenas 1,4% do genoma hu-mano estava envolvido na produção de transcritoscodificadores de proteínas. Esses resultados tem des-pertado um grande interesse sobre os transcritos nãocodificadores de proteínas (noncodings RNAs ouncRNAs), os quais representam 98% dos transcritosproduzidos pela célula humana e admite-se que pode-rão desempenhar um papel relevante nos estudos dogenoma funcional. Deste modo nosso projeto vemsuprir uma grande lacuna existente no estudo dosncRNA, ou seja, na RNômica.

Tem sido revelado também que os ncRNAsregulam importantes funções celulares e, por esse

motivo, são denominados de RNAs reguladores. Onosso Laboratório tem investigado a indução da sínte-se de RNAs reguladores em linfócitos ativados du-rante o processo de imunização com células tumoraise com peptídeos sintéticos do HIV-1. Demonstramosque os RNAs reguladores obtidos desses linfócitosativados possuem atividade imunomoduladora, indican-do um possível potencial terapêutico destes riboregu-ladores em câncer e AIDS. A elucidação do mecanis-mo de ação e a caracterização dos RNAs regulado-res responsáveis pela indução de atividade anti-tumo-ral e anti-HIV constituem etapas fundamentais parase avaliar o verdadeiro potencial terapêutico dessesriboreguladores. Os nossos dados preliminares reve-laram que os efeitos imunomoduladores dos RNAsreguladores são mediados pela proteina quinase de-pendente de RNA (PKR) através da ativação do fa-tor de transcrição NF-êB.

No presente trabalho, utilizaremos o melanomaB16 murino como um modelo de neoplasia experimentalpara se estudar o efeito do desenvolvimento tumoralna síntese de RNAs reguladores nos linfócitos dosanimais portadores de tumor.

aproximadamente 9.000 clones a 75ºC, 7 novos mu-tantes termoestáveis foram isolados (geração 2 ou G2)(Q7H/S179C, Q7H/S22P, G13R/S179C, Q7H/V150A,N61K/S179C, S22P/H156L/S179C e Q7H/G13R/I107L). Posteriormente, ambas as gerações (G1 e G2)foram submetidas a reação de embaralhamento deDNA e novos mutantes foram identificados e selecio-nados por termo-seleção (thermo-screening) em pla-cas de 96 poços a 85ºC, posteriomente denominadade geração 3 ou G3 (Q7H/H156L/S179C, T3A/Q7H/G13R/S179C, Q7HN61K/P137L/S179C, Q7H/S22P/T126M/H156L/S179C, Q7H/G13R/S22P and Q7H/G13R/S22P/S179C). Os melhores mutantes das 3gerações foram expressados em E.coli, purificados ecaracterizados monitorados por mudanças na estru-

tura secundária por desnaturação térmica. O mapea-mento das substituições de aminoácidos das princi-pais mutações obtidas na estrutura cristalina da xila-nase nativa de Bacillus subtilis revelaram que muitosdos mutantes estão localizados de dois agrupamento(um principal denominado de domínio dedos e outro naα-hélice única da molécula. Após análise bioquímica ebiofísica dos principais mutantes, o mutante quádruplo(Q7H/G13R/S22P/S179C) foi escolhido como o me-lhor mutante (Tótima em 75ºC e termotolerância por maisde 5 minutos a 90ºC). Estes resultados sugerem queembora haja múltiplos fatores físico-químicos estejamenvolvidos na determinação da termoestabilidade pro-téica, o contexto estrutural através da qual estas for-ças agem também são altamente importantes.

BIOQUÍMICA

RNA REGULADORES DE LINFÓCITOS DE CAMUNDONGOS INOCULADOSCOM CÉLULAS B16-F10 DE MELANOMA MURINO

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Laura Letícia de SouzaOrientador: Prof. Dr. Eduardo Brandt de OliveiraTese de Doutorado apresentada em 07/03/2006

O leito arterial mesentérico isolado de rato(LAMR) é capaz de liberar endo e exopeptidases quese acumulam na solução de perfusão. Entre estas en-zimas a elastase-2 foi descrita como a principal enzi-ma formadora de Ang II no perfusato do LAMR. Alémdesta endopeptidase, atividades de carboxipeptidases(CPs) foram detectadas neste perfusato, utilizando-sesubstratos sintéticos e vasopeptídeos, como Ang I eBK. Assim, o objetivo do nosso trabalho foi fazer acaracterização estrutural e bioquímica destas proteí-nas. Inicialmente, nós isolamos as CPs de outras pro-teínas presentes no perfusato do LAMR através decromatografias de afinidade para investigar a partici-pação destas enzimas no processamento local de va-sopeptídeos. Observamos que estas enzimas são me-taloproteases, pois suas atividades foram completa-mente inibidas pelo EDTA e o-fenantrolina. Atravésde microsseqüenciamento e espectrometria de mas-sa, fizemos a caracterização estrutural das CPs doLAMR e detectamos a presença de três tipos de CPsneste perfusato. Esta análise estrutural mostrou iden-tidade de seqüência destas CPs com as CPA1, CPA2e CPB pancreáticas de rato e esta identidade estrutu-ral foi confirmada após a realização da clonagem e doseqüenciamento dos cDNAs para estas CPs, que mos-traram identidade de 99% entre elas. O espectro demassa dos fragmentos trípticos das amostras de CPstipo A e B gerados por MALDI-TOF permitiu mos-trar, por homologia com fragmentos in silico obtidosde banco de dados de proteínas, a existência de for-mas precursoras de CPA2 e CPB, indicando que asproCPs e as respectivas formas maduras coexistem

neste perfusato. Foi realizada a expressão das CPsrecombinantes em sistemas de fusão com GST eHistag, em bactérias, que não puderam ser obtidascom atividade enzimática, mas que foram utilizadasna geração de anticorpos contra a CPA1 e a CPA2que serviram para a identificação imunoquímica dasCPAs correspondentes. Os testes de especificidadeproteolítica frente às angiotensinas, com atividadesequivalentes de CPA1 e CPA2 estabelecidas atravésda hidrólise do substrato sintético ZVF, mostraram quea CPA1 foi mais eficiente na clivagem seqüencial daAng I, levando à formação de Ang 1-9, Ang II e Ang1-7. A eficiência catalítica da CPA1 para a conversãode Ang II em Ang 1-7 é cerca de 200 vezes maior doque a determinada para a reação catalisada pelaCPA2. Considerando-se este fato e as quantidadesrelativas destas CPs no perfusato do LAMR, pode-sesugerir que a CPA1 tenha uma participação mais ex-pressiva no metabolismo da Ang neste leito arterial.Avaliamos a expressão do RNAm para as CPs porRT-PCR em diferentes tecidos, inclusive nas artériasaorta e carótida e encontramos uma ampla distribui-ção tecidual, sugerindo funções regulatórias para es-tas CPs que são tradicionalmente reconhecidas porsuas funções digestivas no suco pancreático. Reunin-do as informações obtidas neste trabalho, concluímosque o perfusato do LAMR contém CPs tipos A e Bidênticas às CPs pancreáticas, cujas ações sobre osvasopeptídeos Ang I e BK formaram peptídeos ativoscomo Ang 1-9, Ang II e Ang 1-7, e BK1-8, constituin-tes dos sistemas renina-angiotensina e calicreína-cininas, respectivamente, envolvidos em diversos even-tos fisiológicos e patofisiológicos. A abundância dasCPAs e CPB no perfusato do LAMR, aliada às res-pectivas especificidades proteolíticas, são sugestivasda participação destas proteases em processos regu-latórios do sistema cardiovascular.

PURIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE CARBOXIPEPTIDASES PRESENTESNO PERFUSATO DO LEITO ARTERIAL MESENTÉRICO DE RATO

FATOR DE INÍCIO DE TRADUÇÃO EUCARIÓTICO 5A (eIF5A): PARTICIPA-ÇÃO NA EMBRIOGÊNESE DE CAMUNDONGOS E ANÁLISE DE SUA LOCA-LIZAÇÃO SUBCELULAR

Lucas Tabajara Parreiras e SilvaOrientador: Prof. Dr. Claudio Miguel da Costa NetoDissertação de Mestrado apresentada em 21/03/2006

O fator de início de tradução de eucariotos 5A(eIF5A) é uma proteína de 18kDa ubiquamente encon-trada em arquea e eucariotos, que parece estar en-

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

volvida em diferentes eventos bioquímicos e celula-res, tais como proliferação celular, síntese protéica,transporte núcleo-citoplasmático de mRNAs, entreoutros. Apesar de recentes estudos terem ajudado aelucidar as funções de eIF5A na síntese de proteínas,crescimento e diferenciação celular, o seu possívelpapel durante o desenvolvimento embrionário aindanão é relatado na literatura. Paralelamente, por meiode análises de alinhamento de seqüências, nosso gru-po identificou uma extremidade N-terminal mais es-tendida nas proteínas eIF5A de eucariotos, o que po-deria ser um sinal para localização subcelular em cé-lulas eucarióticas, uma vez que tal extensão não é ob-servada nas proteínas de arquea e, em tais organis-mos, não existem membranas.

Com base no exposto acima, decidimos anali-sar a participação de eIF5A durante a embriogênesede murinos, bem como a possível contribuição da ex-tensão N-terminal das proteínas de eucariotos para alocalização subcelular desta proteína.

Nossos resultados mostraram que a proteínaeIF5A e seu mRNA estavam presentes durante to-

Os animais foram divididos em três grupos:Controle, Anêmico e Recuperado. No grupo controleas ratas mães receberam uma dieta com 35mg de fer-ro/Kg durante todo o período de amamentação e seusfilhotes receberam a mesma dieta após o desmame.As ratas mães dos grupos anêmico e recuperado re-ceberam uma dieta com 4mg de ferro/Kg durante aamamentação, mas após o desmame (21 dias), os fi-lhotes receberam uma ração deficiente de ferro (4mgde ferro/Kg) no grupo anêmico, e rica em ferro (35mgde ferro/Kg) no grupo recuperado, até o 32° dia pós-natal, quando o sangue foi colhido para avaliação dosseguintes parâmetros: concentração de hemoglobinae porcentagem de hematócrito. Ainda nesse dia, osanimais de cada grupo foram profundamente aneste-siados e perfundidos por via intracardíaca com uma

das as fases da embriogênese de camundongos pós-implantação uterina, com maior expressão nos diasE10,5; E11,5; E12,5 e E13,5. Esta proteína tambémse mostrou aparentemente presente em todas as cé-lulas e tecidos embrionários do estágio E13,5; commarcações acentuadas nas seguintes regiões: ecto-derme, órgãos das regiões abdominal e torácica (fíga-do e coração), estomodeu, Sistema Nervoso Centrale olho, observadas em experimentos de imunohisto-química. Estas regiões passam por momentos críti-cos, tais como desenvolvimento e diferenciação, nes-te estágio embrionário (E13,5), corroborando com ahipótese de envolvimento de eIF5A em proliferaçãocelular, e também sugerindo uma possível participa-ção específica durante a diferenciação de alguns teci-dos e órgãos.

Com relação ao outro objetivo, nossos resulta-dos experimentais e análises de bioinformática, de-ram suporte à hipótese de que a extensão N-terminalpresente em eIF5A de eucariotos contribui para a lo-calização preferencial desta proteína na região peri-nuclear/nuclear.

Aline Santos de MamanOrientador: Prof. Dr. João José LachatDissertação de Mestrado apresentada em 01/02/2006

A deficiência em ferro tem sido considerada umdos problemas nutricionais de maior prevalência nomundo, atingindo em torno de 2,5 a 5,0 bilhões de pes-soas. O ferro é um elemento indispensável para o pro-cesso normal de mielinização, portanto, a via de trans-missão do sistema sensorial visual pode ser afetadaprecocemente em casos de deficiência de ferro. Oobjetivo deste trabalho foi avaliar os resultados da re-posição do ferro durante o período pós-lactação até32 dias de idade, em ratos que foram submetidos auma dieta deficiente em ferro durante todo o períodode lactação.

CLÍNICA CIRÚRGICA

ANÁLISE MORFOMÉTRICA DO NERVO ÓPTICO DE RATOS WISTAR APÓSRECUPERAÇÃO DA ANEMIA FERROPRIVA

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solução de salina tamponada (PBS) 0,05M em pH 7.3,seguido por uma mistura fixadora de paraformaldeídoa 2% e glutaraldeído a 1% diluídos em tampão fosfato0,1M em pH 7.3. Posteriormente, os nervos ópticosforam dissecados e imersos em tetróxido de ósmio a1% durante duas horas a 4°C, desidratados em con-centrações crescentes de acetona e incluídos em aral-dite. Secções transversas foram obtidas, montadas emlâminas histológicas, coradas com azul de toluidina a1%, analisadas ao microscópio de luz e fotografadaspara documentação. O estudo morfométrico foi reali-zado utilizando um microscópio com uma objetiva de100X (imersão) e uma ocular equipada com um retí-culo quadriculado com área total de 10.000µm². Asdensidades de vasos sanguíneos, oligodendrócitos, as-trócitos e fibras nervosas mielínicas lesadas foramavaliadas e submetidas a testes estatísticos.

O nível sérico de ferro nos ratos anêmicos foimenor que nos grupos controle e recuperado. Na aná-lise morfológica o grupo recuperado apresentou-sesimilar ao grupo anêmico, com espaço intersticial au-mentado e maior quantidade de fibras nervosas mielí-nicas lesadas. A análise morfométrica mostrou redu-ção das densidades de vasos sanguíneos e oligoden-drócitos nos nervos ópticos do grupo anêmico e, apósa reposição de ferro, a recuperação completa dessesparâmetros não foi atingida. Já a quantidade de astró-citos aumentou no grupo anêmico e manteve esta pro-gressão durante a reposição de ferro. O número defibras mielínicas lesadas no grupo recuperado reduziuem relação ao grupo anêmico, mas a reposição deferro no período analisado não foi suficiente para torná-lo similar ao grupo controle.

bomba de infusão contínua regulada para 0,1 ml/mi-nuto conectada em Y com o cateter de cistostomia(PE-50) ou cateter uretral (0,64mm) a um polígrafoNarco-Bioystem. A determinação de cada parâmetroestudado foi realizada por três medidas consecutivase a análise estatística da média desses valores foi fei-ta aplicando-se o método não paramétrico de Wilcoxon.

Resultados: Comparou-se a pressão vesicalmáxima por sonda uretral e por cistostomia e verifi-cou-se diferença estatística significante “p”= 0,003.Em relação ao tempo de contração vesical nestes doismétodos não houve diferença estatística significante;“p” =0,128. Ao se comparar o perfil pressórico uretralantes e após a desnervação cirúrgica da bexiga até ocolo vesical não houve diferença estatística significan-te para ambos os parâmetros estudados: pressãouretral máxima “p” = 0,13 e comprimento funcionaluretral “p” = 0.640. Quando comparado o método deavaliação da pressão uretral por cistostomia ao méto-do do perfil pressórico uretral verificou-se diferençaestatística significante antes “p” =0,002 e após a des-nervação vesical “p” = 0,002.

Conclusão: Os métodos de avaliação urodinâ-mica por cateter uretral e por cistostomia são diferen-tes. A presença do cateter na uretra pode ser um fa-tor obstrutivo, ocasionando aumento das pressões ve-sicais. A desnervação cirúrgica, até o nível do colovesical, não compromete a função uretral.

Ana Beatriz Gomes de SouzaOrientador: Prof. Dr. Haylton Jorge SuaidDissertação de Mestrado apresentada em 23/02/2006

Introdução: O estudo urodinâmico em rataspode ser realizado através de sondagem vesical porvia uretral ou por cistostomia. O objetivo deste estudofoi comparar estes dois métodos.

Métodos: Foram utilizadas 10 ratas da raçaWistar, peso médio de 250 gramas. O anestésico utili-zado foi uretana na dosagem 1,25 mg/kg de peso. Asmesmas ratas foram submetidas a todos os procedi-mentos do estudo de forma sequencial. Inicialmenteforam realizados os estudos por sonda uretral (0,64mm de diâmetro externo) para determinação da pres-são vesical (PV1) e tempo de contração (TC1), apósisto a mesma sonda foi tracionada (velocidade cons-tante de 0,05 cm/m) até sua exteriorização pelo meatouretral, avaliando-se a pressão uretral máxima (PU1)e o comprimento funcional uretral (CFU1). Fez-se,então, a cistostomia (sonda PE50) para determinaçãoda pressão vesical (PV2). A seguir, realizou-se des-nervação cirúrgica da bexiga e realizou-se novo re-gistro cistométrico para se inferir a pressão uretralindireta (PU2). Logo após, foi passada sonda uretralpara determinação da pressão uretral máxima (PU3)e do comprimento funcional uretral (CFU2). O siste-ma de registro das pressões foi constituído de uma

COMPARAÇÃO ENTRE DOIS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO URODINÂMICA EMRATAS

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Paulo Cesar EspadaOrientador: Prof. Dr. José Ivan de AndradeTese de Doutorado apresentada em 23/02/2006

Lesões isoladas do diafragma, causadas tantopor trauma contuso quanto penetrante na transiçãotoracoabdominal são raras em virtude da posição ana-tômica do diafragma e de sua movimentação cons-tante. Os pacientes que apresentam lesões isoladasdo diafragma geralmente encontram-se assintomáti-cos na admissão e o exame físico é pouco sensível.Apesar de toda gama de exames, a laparotomia é ain-da muito utilizada para o seu diagnóstico. O índice delaparotomia não terapêutica é em torno de 35% e re-duz o diagnóstico tardio em apenas 2,9% dos pacien-tes. A laparoscopia e toracoscopia podem reduzir onúmero de laparotomia não terapêutica. O tratamentonão operatório ou expectante das lesões, nas quais ossinais clínicos e radiológicos não são óbvios, pode serconsiderado como uma alternativa terapêutica. Algunsautores reportaram esta lesão em modelo animal enotaram cicatrização em torno de 30 a 120 dias. Como objetivo de estudar os ferimentos diafragmáticos

causados por agente pérfuro-cortante e avaliar umapossível regeneração do músculo diafragmático, divi-dimos nossa amostra de 60 animais (ratos Wistar) emquatro grupos de 15, sacrificados nas primeiras horasapós a lesão (grupo I – 24 horas; grupo II – 48 horas;grupo III – 72 horas; grupo IV – 1 semana). A lesãodiafragmática foi realizada por videolaparoscopia. Paraanálise microscópica feita em imersão, utilizamos acoloração de Hematoxilina-Eosina e Giemsa. A análi-se estatística utilizada foi o teste de Mood para medi-anas. Encontramos na borda da lesão predomínio deneutrófilos, eosinófilos, mastócitos e macrófagos nosgrupos I e II. Linfócitos, monócitos, vasos, fibroblas-tos e colágeno aparecem em maior quantidade nosgrupos III e IV. O número de vasos aumenta com odecorrer do processo inflamatório e o número demitoses é maior em 72 horas. A regeneração do mús-culo diafragmático foi evidente em todos os grupos.Constatamos um aumento significativo do número deregeneração muscular nos grupos III e IV. A evidên-cia de regeneração muscular pode contribuir para otratamento futuro das lesões diafragmáticas ocultasou isoladas.

FERIMENTO DIAFRAGMÁTICO: EVOLUÇÃO DO PROCESSO CICATRICIALE REGENERAÇÃO MUSCULAR

foi utilizado remendo de pericárdio bovino e veia autó-loga e Grupo II- foi utilizado remendo de PTFE e veiaautóloga. Através de uma inguinotomia os remendosforam suturados à artéria femoral (arterioplastia) sendoque o remendo de veia autóloga foi utilizado em todosos animais sendo considerado como controle. Os ani-mais foram acompanhados por 12 meses e submeti-dos à avaliação clínica, arteriográfica e ultrassonográ-fica “color-doppler”. No final do seguimento as pe-ças (remendo e artéria femoral) foram retiradas e ana-lisadas por meio da microscopia óptica.

Resultados: Não houve diferença significati-va na avaliação clínica e arteriográfica nos dois gru-pos. Os dados obtidos nos exames ultrassonográficosforam analisados usando-se os testes não paramétricosde Mann-Whitney, Wilcoxon e Friedmann e não apre-sentaram diferenças. Comparando-se o aspecto geral

Rosemary Furlan DanielOrientador: Prof. Dr. Jesualdo CherriDissertação de Mestrado apresentada 03/03/2006

Introdução: A endarterectomia da artéria ca-rótida é uma das cirurgias vasculares mais realizadasem todo o mundo. Sua indicação em doença ateros-clerótica extracraniana é consenso por ser um trata-mento efetivo das estenoses da artéria carótida. A dis-cussão está na escolha da técnica para o fechamentoda arteriotomia e na escolha do melhor remendo.

Objetivo: O objetivo deste trabalho foi com-parar os tipos de remendos (veia autóloga- jugularexterna, pericárdio bovino e PTFE) utilizados emarteriotomias da artéria femoral de cães.

Material e Método: Foram selecionados 10cães e divididos em 2 grupos de 5 animais: Grupo I-

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE A VEIA AUTÓLOGA, PERICÁRDIO BOVI-NO E O PTFE USADOS COMO REMENDO EM ARTERIOPLASTIA. ESTUDOEXPERIMENTAL EM CÃES

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Adriano Scaff GarciaOrientador: Prof. Dr. Benedicto Oscar ColliDissertação de Mestrado apresentada em 09/03/2006

A abordagem transesfenoidal é a via mais utili-zada no tratamento cirúrgico das lesões selares. Com-plicações desta via têm sido descritas, dentre elas, aperda visual pós-operatória. Estudos demonstram quedentre as causas estão a lesão direta causada pelaremoção de tumores aderidos aos nervos ópticos, quias-ma e tratos ópticos; a compressão direta das vias óp-ticas pelo tamponamento selar excessivo; a traçãocaudal como conseqüência da abertura da sela túrcicaabaixo dos nervos ópticos e o vasoespasmo pós mani-pulação cirúrgica. Além disso, a abertura especularexcessiva nos acessos transfenoidais, ocasionando le-são nervosa direta, também é descrita como causa deperda visual . No intuito de criar uma boa visibilizaçãocirúrgica da parede anterior do seio esfenoidal, a aber-tura especular muitas vezes torna-se traumática , vis-to o pequeno espaço entre o corneto médio e o septonasal, local onde será inserido o espéculo. Durante aabertura e exposição, fraturas dos canais ópticos eápices orbitais poderão acontecer, ocasionando destaforma, lesões diretas das vias ópticas.

Este estudo tem o objetivo de medir qual é aabertura especular máxima, optimizando a visibiliza-ção cirúrgica, sem que haja compressão ou lesão dosnervos ópticos, ápices orbitais e canais ópticos nascirurgias transfenoidais. As distâncias entre os nervos

ópticos foram comparadas utilizando-se o teste nãoparamétrico de Kruskal-Wallis análise de variância(ANOVA), e as medidas entre o corneto médio e onervo óptico contralateral e a maior largura do cornetomédio foram comparadas utilizando-se o teste nãoparamétrico de Wilcoxon para amostras pareadas.

Houve grande variabilidade individual na largu-ra dos cornetos médios que podem ser grandes o sufi-ciente para impedir a passagem do especulo nasal.Assim, a escolha da narina para a introdução doespéculo deve ser efetuada verificando-se, previamen-te ou no início do procedimento cirúrgico, o tamanhodos cornetos médios. As distâncias médias entre osnervos ópticos ao nível dos óstios do seio esfenoidal,0,5 cm e 1,0 cm posterior (dentro do seio esfenoidal)foram medidas em 22 espécimes. Também forammedidas a distância entre a porção póstero-medial doscornetos médios e o ponto de interssecção entre osnervos ópticos contralaterais e a parede anterior doseio esfenoidal (local da abertura especular) e a lar-gura dos cornetos médios (maior obstáculo à aberturae exposição da parede anterior do seio esfenoidal).

Os resultados das medidas entre os nervosópticos indicam que aberturas especulares acima de2,5 cm apresentam maiores chances de lesões dosnervos ópticos e a medida em que o espéculo avançadentro do seio esfenoidal esta distância reduz-se a 1,5cm. O deslocamento do espéculo para o lado opostodurante a abertura, devido à resistência oferecida pelocorneto médio, pode levar a lesão dos nervos ópticoscom aberturas ainda menores.

das neoíntimas nos cortes transversais das peças(microscopia óptica), não houve diferenças entre opericárdio bovino e o PTFE quando comparados coma veia autóloga (controle).

Conclusão: O pericárdio bovino quando utili-zado na forma de remendo em arterioplastias, mos-trou-se eficaz na artéria femoral de cães.

ESTUDO ANATÔMICO VISANDO A SEGURANÇA DA ABERTURA ESPECULARNAS ABORDAGENS TRANSESFENOIDAIS

AVALIAÇÃO DA EXCREÇÃO HEPATOBILIAR E DO REFLUXO ENTEROBI-LIAR EM RATOS SUBMETIDOS ÀS DERIVAÇÕES BILIODUODENAL EBILIOJEJUNAL

Robson Azevedo DutraOrientador: Prof. Dr. José Sebastião dos SantosTese de Doutorado apresentada em 30/03/2006

As derivações bilioduodenal (DBD) e biliojejunal(DBJ) parecem ser igualmente efetivas no tratamen-

to da obstrução biliar extra hepática mas, mesmo es-tando pérvias, podem ser acompanhadas de episódiosde colangite. O objetivo deste trabalho foi compararos efeitos da DBD e da DBJ em relação a parâmetrosbioquímicos, histológicos do fígado e do trânsito hepa-tobiliointestinal. Foram utilizados 72 ratos machos Wis-

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tar, onde 54 animais com 15 dias de obstrução biliar(OB) foram distribuídos em 3 subgrupos com 18 ani-mais cada: OB, OB1 e OB2, sendo os dois últimossubgrupos submetidos, respectivamente, à DBD e àDBJ e avaliados, em média, 90 dias após os procedi-mentos. Os ratos remanescentes serviram de controle(IS). Em todos os animais foram dosadas as bilirrubi-nas totais (BT) e frações, a fosfatase alcalina (FA) eas aminotransferases (AST e ALT) e realizou-se bi-ópsia hepática para análise histológica semi-quantita-tiva. A excreção hepática e a permeabilidade da viabiliar foram estudadas após infusão intravenosa deDISIDA- 99mTc. O trânsito gastrintestinal e o refluxoenterobiliar (REB) foram avaliados mediante adminis-tração de Fitato-99mTc por via orogástrica. No grupoOB, os valores médios das BT, da FA e da AST e ALTforam maiores que os valores registrados no grupo IS(p<0,0001). Esses valores, após DBD e DBJ não fo-ram diferentes daqueles observados no grupo IS(p=0.21). Houve regressão da proliferação ductal, maso infiltrado inflamatório e a fibrose nos espaços por-tais persistiram na maioria dos animais, de forma levee moderada, sem diferença entre DBD e DBJ. A per-centagem da radiatividade emitida pelo fígado e viasbiliares, após administração de Fitato- 99mTc por viaorogástrica, aos 15 minutos, foi, em média, de 5,55%para o DBD e de 0,34% para o DBJ (p=0,13) e, nas 4

horas, foi de 0,34% para DBD e de 1,53% para DBJ(p=0,81). Os valores médios, em segundos, da ativida-de hepática máxima (Tmax), após infusão intravenosade DISIDA- 99mTc, no grupo IS, foram de 106,16 seg,menor do que 790 seg, no grupo OB (p=0.002). Osvalores encontrados nos grupos DBD e DBJ foramde 186,16seg e 219,83seg, respectivamente (p>0.05).Todavia, quando comparado com o grupo IS, o grupoDBJ apresentou valor maior de Tmax (p=0.025). Osvalores médios do tempo para eliminação da metadedo elemento radiativo pelo fígado (T½,), em segundos,foram de 266,66seg, 446,66seg e 551,66seg para osgrupos IS, DBD e DBJ, respectivamente, sem dife-rença entre os grupos DBD e DBJ, mas com retardeno T½, para o DBJ em comparação ao grupo IS(p=0.017). O tempo para o aparecimento do elementoradiativo no intestino delgado foi menor para o grupoIS (105seg) em relação a DBD (171,66seg) e a DBJ(166,66seg) (p=0.005). Em conclusão, as duas moda-lidades de derivação biliar induziram ao REB, sendoque, na DBJ, houve retarde na excreção hepatobiliare no esvaziamento gástrico. Desta forma, a DBD quealém de ser mais fisiológica e de fácil execução, pro-duziu menor efeito no trânsito gastrintestinal e no flu-xo hepatobiliar e portanto representa, quando tecnica-mente viável, uma boa opção para o tratamento daobstrução biliar extra hepática.

CLÍNICA MÉDICA

ESTUDO CINTILOGRÁFICO DA DEGLUTIÇÃO NA DOENÇA DE CHAGAS

Fernanda Rodrigues GomesOrientador: Prof. Dr. Roberto Oliveira DantasDissertação de Mestrado apresentada em 16/01/2006

Introdução: As constantes interações patoló-gicas entre faringe e esôfago em diversas doençaspodem inerferir no transporte do bolus alimentar. Nadoença de Chagas acredita-se que essas interaçõespossam de alguma forma alterar também o transporteorofaringeano, porém em níveis diferentes.

Objetivos: O estudo teve como propósito ava-liar alterações da deglutição em doentes com esofa-

gopatia chagásica, independente da presença ou au-sência de disfagia, pelo método cintilográfico.

Material e Métodos: Os participantes do es-tudo foram selecionados a partir da doença pré-existen-te e da presença ou não de disfagia, sendo excluídos ospacientes chagásicos que não apresentavam esofago-patia. Foram avaliados ao todo 41 sujeitos, divididosem dois grupos, Grupo I (GI), 21 voluntários assinto-máticos (idade média de 55.90 anos) e Grupo II (GII),20 pacientes com doença de Chagas (idade média de55.05 anos), portadores de megaesôfago chagásico degrau I, II ou III. Durante a avaliação cintilográfica, os

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

Roberto da Justa Pires NetoOrientador: Prof. Dr. Benedito A. Lopes da FonsecaTese de Doutorado apresentada em 19/01/2006

A infecção pelo HIV/aids é um dos mais im-portantes problemas de saúde pública em todo o mun-do. Além do enorme contingente de portadores ofici-almente notificados, milhões de indivíduos no mundoconvivem com o HIV de forma assintomática, muitosdestes sem conhecer seu estado de portador. O HIVapresenta grande heterogeneidade biológica devido aofato de o mesmo possuir genoma com elevado poten-cial de variabilidade, foco de atenção de pesquisado-res no mundo todo. Apesar dos significativos avançosno combate a aids, obtidos com o advento da terapiaanti-retroviral, limitações existem e novos problemassurgiram. Dentre eles, a emergência de cepas viraisresistentes aos medicamentos anti-retrovirais que surgea partir de mutação única ou acúmulo de mutaçõesnos genes da transcriptase reversa e/ou protease. Aresistência do HIV às drogas anti-retrovirais repre-senta preocupante ameaça ao sucesso no controle dainfecção pelo HIV obtido com a terapia anti-retroviral.Esta ameaça forçou pesquisadores a desenvolveremmétodos laboratoriais capazes de detectar a presençade resistência do HIV a uma determinada droga. Es-tes métodos são denominados de testes de resistênciado HIV aos anti-retrovirais. O objetivo deste estudofoi avaliar, em condições reais de assistência, o em-prego do teste de resistência genotípica do HIV-1 comométodo auxiliar na terapia anti-retroviral de resgate

de pacientes em situação de falha à essa terapia. Fo-ram avaliados 112 portadores do HIV-1 em situaçãode falha terapêutica. Parte destes pacientes foi sub-metida a resgate terapêutico guiado por teste de re-sistência genotípica do HIV-1. Verificou-se que adisponibilização de teste de resistência genotípica doHIV-1 para a rede pública foi viável, sendo o testeutilizado de forma ampla e universal e atendendo acritérios estabelecidos. O acesso ao teste de resistên-cia genotípica do HIV-1 foi, de maneira geral, satisfa-tório e auxiliou na terapia de parcela significativa depacientes portadores de infecção pelo HIV/aids, pos-sibilitando tratamento de resgate mais adequado. Oacesso ao teste de resistência genotípica do HIV-1 narede pública foi, em parte, comprometido pela demoraentre a solicitação e a liberação do resultado final. Operfil de resistência do HIV-1 às drogas anti-retroviraisfoi variável e esteve relacionado com o grau de expo-sição prévia. Sexo masculino, antecedente de boa ade-são à terapia anti-retroviral, uso prévio de até quatrodrogas e não-exposição prévia às drogas da classedos inibidores da transcriptase reversa não-análogosde nucleosídeos foram fatores relacionados a umamelhor resposta à terapia anti-retroviral de resgateguiada por teste de resistência genotípica do HIV-1.Em estudo comparativo, a terapia de resgate guiadapor teste de resistência genotípica do HIV não foi su-perior à terapia de resgate convencional do ponto devista da durabilidade. Estratégias devem ser desen-volvidas para o uso mais racional do teste de resistên-cia genotípica do HIV-1 na rede pública.

participantes do estudo deglutiram uma pasta de ali-mento de 10 ml de refeição de prova de consistênciapastosa (“pasta”) a qual foi adicionado um marcador deradioatividade de fitato-coloidal ligado ao tecnécio99mTc, na consistência pastosa, com densidade de 2,6g/100ml. A partir deste exame, os dados da avaliaçãoforam analisados em computador através do protocolode aquisição da Gama-Câmara (Vison DST) e obtive-ram-se dados sobre o trânsito e resíduo na boca, trânsito,depuração e resíduo em faringe e esôfago, sendo esseúltimo dividido em esôfago proximal, medial e distal.

Resultados: A diferença não foi estatistica-mente significativa quando os GRUPOS I e II foram

comparados em relação ao trânsito oral e faríngeo,resíduo faríngeo e depuração faríngea, no entanto hou-ve diferença estatística entre o GRUPO I e o GRU-PO II na porcentagem de resíduos oral, respectiva-mente, 7,28% e 11,25%. Quando os grupos foramcomparados em relação à fase esofágica não detec-tou diferença estatística.

Conclusões: Nos pacientes com Doença deChagas, a cintilografia conseguiu detectar diferençasignificativa na porcentagem de resíduo oral quandocomparado ao grupo controle (P<0,05). Em relaçãoao tempo de trânsito e depuração oral e faríngea eresíduo faríngeo não houve diferenças estatística.

ANÁLISE DO TESTE DE RESISTÊNCIA GENOTÍPICA DO HIV-1 COMOMÉTODO AUXILIAR NA TERAPIA ANTI-RETROVIRAL DE RESGATE EMCONDIÇÕES REAIS DE ASSISTÊNCIA

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Carolina Cipriani PonziOrientador: Prof. Dr.Benedito A. Lopes da FonsecaDissertação de Mestrado apresentada em 20/01/2006

O Sarcoma de Kaposi é uma neoplasia que,antes do advento da Síndrome da ImunodeficiênciaAdquirida, acometia principalmente indivíduos de as-cendência judaica ou mediterrânea. Atualmente, é aneoplasia mais frequentemente associada à aids, emuitos estudos vêm sendo realizados com o intuitode definir suas características clinicas e epidemiológi-cas bem como seus fatores prognósticos e terapia deescolha. O presente estudo, realizado na UETDI doHC-FMRP-USP tem por objetivo avaliar as caracte-rísticas clínicas, epidemiológicas e laboratoriais dos pa-cientes com SK-AIDS, bem como avaliar o uso deetoposide e hidroxiuréia, associados à terapia anti-retroviral de alta potência, para o tratamento destaneoplasia. Durante 54 meses, avaliou-se 35 pacien-tes, dos quais 91,4% eram do sexo masculino e cujaidade variou entre 21 e 57 anos (mediana de 40+ 9,5anos). A contagem de linfócitos TCD4+ no início doestudo variou entre 1,8 e 784 células por milímetrocúbico (mediana de 74 células por milímetro cúbico) ea carga viral inicial variou entre 2,14 e 6,27 log (medi-ana de 4,16 log). Onze pacientes receberam etoposidee hidroxiuréia como tratamento, cinco receberam es-

quema ABV, 7 receberam apenas HAART e 12 re-ceberam esquemas com múltiplas drogas citotóxicas.Houve um abandono de seguimento durante o estudo.Doze pacientes acabaram evoluindo para óbito, dosquais, quatro pacientes eram do grupo de estudo. Emrelação aos efeitos adversos observados, os efeitoshematológicos foram os mais freqüentes, em todos osgrupos analisados. Entretanto, o único efeito adversocom relação estatística significativa associada ao gru-po de estudo foi a anemia (p 0,0416). Em relação àimunofluorescência para o HHV8, observou-se posi-tividade em 92,8% das amostras coletadas, dado con-dizente com a literatura. Concluiu-se que, apesar daassociação estatisticamente significativa com anemia,o uso de etoposide e hidroxiuréia para o tratamento deSK-AIDS, em conjunto com a HAART, é alternativasegura , tanto do ponto de vista hematológico como doponto de vista infeccioso, e pode constituir alternativaviável para o tratamento desta patologia. Ainda, asorologia para o HHV8 não constitui ferramenta di-agnóstica para o SK-AIDS, visto que este é realizadode forma clínica e anatomo-patológica, mas pode cons-tituir método relativamente sensível para a detecçãoda infecção por este vírus em pacientes com aids (apro-ximadamente 90% de sensibilidade em nossa casuís-tica, dado condizente com a literatura), e pode servircomo método de rastreamento de pacientes que este-jam sob risco de desenvolvimento de SK-AIDS.

ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS CLÍNICO-LABORATORIAIS DOS PACIEN-TES COM SARCOMA DE KAPOSI ASSOCIADO À AIDS SEGUIDOS NA UNIDA-DE ESPECIAL DE TRATAMENTO DE DOENÇAS INFECCIOSAS DO HOSPITALDAS CLÍNICAS DA FMRP-USP E A AVALIAÇÃO DE ESQUEMA DE QUIMIO-TERAPIA COM ETOPOSIDE E HIDROXIURÉIA

CLONAGEM E EXPRESSÃO DO FVIII DE COAGULAÇÃO HUMANO

Virginia Proença PicançoOrientador: Prof. Dr. Dimas Tadeu CovasTese de Doutorado apresentada em 20/01/2006

No Brasil existem cerca de 7000 hemofílicoscadastrados que são tratados, na sua maioria, comconcentrados de fator VIII obtidos a partir do plasmahumano. Este tipo de tratamento é caro e muitas ve-zes não disponível na quantidade necessária. Produziro fator VIII de coagulação por técnicas de engenhariarecombinante é desejável com base no pressuposto demenor custo e maior segurança, visto que seriam pro-

dutos praticamente isentos de agentes patogênicos, aocontrário do produto obtido do plasma humano.

Este trabalho teve como objetivo modificar, in-troduzir e expressar o fator VIII de plasma humanoem linhagens celulares para obter altos níveis de ex-pressão in vitro. Inicialmente, foram realizadas duasconstruções plasmidiais, uma para a cadeia leve e ou-tra para a pesada do FVIII, em vetores de expressãode células de mamíferos. Células CHO, Hek-293 eHepG2 foram transfectadas com as construções plas-midiais. O padrão de expressão foi analisado por RT-PCR e por microscopia de fluorescência. As análises

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de expressão por RT-PCR e imunocitoquímica suge-rem que todas as linhagens celulares utilizadas sãocapazes de expressar as cadeias leve e pesada doFVIII humano, mas em nenhuma destas linhagens foidetectado atividade de FVIII. Isto sugere que a quan-tidade da proteína secretada não seja suficiente paradetecção ou que a montagem do FVIII ativo foi defi-ciente. Posteriormente, cinco construções plasmidiaiscontendo o FVIII sem o domínio B foram construídascom diferentes promotores (CMV, EF1α, hAAT, fviii).A expressão foi analisada em células 293T, CHO eHepa1.6. O vetor contendo o promotor EF1a apre-sentou os maiores níveis de expressão de FVIII emtodas as linhagens celulares (293T= 184,4 ng/mL;Hepa1.6= 133,6ng/mL; CHO=38,4 ng/mL).

Neste trabalho, também foram utilizados vetoreslentivirais contendo, além dos promotores universaisCMV e EF-1α, promotores específicos de fígado,HAAT e F8p, para observar a especificidade dos pro-motores em linhagens celulares de fígado e 293T comocontrole. Em todas as construções realizadas foi utili-zado o cDNA do FVIII sem o domínio B. Todos ospromotores foram clonados upstream do FVIII∆Bdentro do vetor lentiviral 1054. As linhagens 293T,HepG2, Hepa1.6 e Sk-Hep foram transduzidas com ovetor lentiviral, as células positivas foram selecionadas eexpandidas. O vetor mais efetivo para a produção deFVIII foi aquele com o promotor CMV (1,85 IU/mLpara 293T IU/mL; 3,15 IU/mL para HepG2; 5,03 IU/mL para SkHep, 0,91 IU/mL para Hepa1.6). Os siste-mas mais eficientes para a produção de FVIII foramas linhagens Sk-Hep e HepG2 transduzidas com ovetor com o promotor CMV. O número de cópias dosvetores lentivirais integrados foi determinado por RealTime PCR. O número variou de 1 cópia por célula293T transduzida com o vetor contendo o promotorEF1-alpha a 68 cópias por célula SkHep transduzidacom o vetor contendo o promotor fviii. O FVIII foiproduzido mais eficientemente nas células transduzidascom o vetor contendo os promotores universais (CMVe EF1), quando comparado com os outros promotores. Eapesar do baixo número de cópias integradas dosvetores (com os promotores CMV e EF1-α), estes

apresentaram um alto nível de FVIII ativo. Isto podeindicar uma eficiência da transcrição sob controle dosrespectivos promotores, uma eficiência de secreçãode FVIII ou uma combinação de ambos. A maior pro-dução de FVIII por cópia de vetor integrado foi obser-vado em SkHep, sob o controle do promotor CMV.

Para melhor caracterização do FVIII recombi-nante secretado pelas linhagens, foi realizado Westernblot para análise da proteína. O FVIII foi coletado dosobrenadante das culturas celulares e analisado porSDS-PAGE e imunodetecção. As linhagens celularestransduzidas com nossos vetores apresentaram FVIIIprocessado corretamente nas cadeias leve e pesada,apresentando apenas uma pequena fração de FVIIInão-processado (170 kDa), indicando que a clivagemintracelular de FVIII nas cadeias leve e pesada podenão ter sido totalmente completa.

Paralelamente, experimentos utilizando a dro-ga Hyper-IL6, com o intuito de ativar a proliferaçãode hepatócitos e vetores lentivirais contendo a proteí-na EGFP, foram realizados in vitro e in vivo, com ointuito de avaliar se durante a proliferação de hepató-citos há um aumento da transdução lentiviral. Os ca-mundongos que receberam 4µg de Hyper-IL6 e 109

ou 108 partículas virais apresentaram uma maior quan-tidade de cópias integradas no fígado (estatisticamen-te significante).

Este estudo mostrou que é possível obter altosníveis de FVIII recombinante em cultura de células.Estabelecer linhagens celulares de mamíferos trans-formadas com construções lentivirais contendo o FVIIIque expressem a proteína em níveis elevados, seráum passo fundamental para novos avanços na tera-pêutica da hemofilia e na caracterização dos proces-sos envolvidos na biossíntese do fator VIII. Isto per-mitirá, também, estabelecer no Brasil a metodologiapara a produção de fatores de coagulação por meiode tecnologia de DNA recombinante.

Este trabalho também estudou a aplicação devetores lentivirais in vivo (terapia gênica) e sugereainda que estes vetores, num futuro próximo, podemser testados em camundongos hemofílicos para ob-tenção de níveis plasmáticos de FVIII.

ESTUDO DO EQUILÍBRIO CORPORAL EM ADULTOS E IDOSOS SAUDÁVEISCOM A UTILIZAÇÃO DE PLATAFORMA MÓVEL

Maira Magaly Nepomuceno do ValeOrientador: Prof. Dr. Eduardo FerriolliDissertação de Mestrado apresentada em 24/01/2006

O equilíbrio corporal decorre da ação de trêssistemas sensoriais: vestibular, visual e proprioceptivo.A manutenção do equilíbrio na posição ereta torna-se

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Lilyan Walkyria Caleiro de FreitasOrientador: Prof. Dr. José Fernando de C. FigueiredoDissertação de Mestrado apresentada em 25/01/2006

A hemodiálise por meio de cateteres venosostem permitido a realização de diálise em situações emer-genciais nos casos de insuficiência renal aguda ou tem-porária nos nefropatas crônicos, enquanto não se dis-põe de fistulas arteriovenosas em condições de uso.Essa forma de diálise, no entanto, está associada acomplicações infecciosas relacionadas à colonizaçãobacteriana do cateter o que limita o seu uso prolongado eexige cautela no acompanhamento dos pacientes.

Objetivos: 1) Estudar a ocorrência de bacte-remia e colonização relacionada a cateteres em paci-entes em hemodiálise empregando cateteres de duplolúmem; 2) Investigar possíveis fatores de risco associ-ados à colonização bacteriana dos cateteres. 3)Avali-ar eventuais impactos clínicos dos episódios de infec-ção relacionada aos cateteres de hemodiálise.

Casuística e Métodos: Foram acompanha-dos, de janeiro a dezembro de 2004, por meio de cultu-ras do sangue periférico colhidas semanalmente, 29pacientes que faziam hemodiálise no Serviço de Ne-frologia de Ribeirão Preto (SENERP), utilizando cate-ter de duplo lúmem. Os pacientes foram incluídos noestudo logo após a implantação do cateter e foramacompanhados durante todo o período de permanên-

cia do mesmo. As hemoculturas foram monitoradaspor sistema automatizado contínuo BACT/ALERT(Organon Teknica) e as bactérias foram isoladas eidentificadas de acordo com as recomendações doCLSI. Os cateteres retirados por qualquer motivo ti-veram suas pontas removidas e foram avaliados mi-crobiologicamente empregando a técnica de Maki. Aocorrência de hemocultura positiva ou a colonizaçãodo cateter foram analisadas de acordo com a idade, osexo, o sítio de implantação do cateter, o tempo de per-manência do mesmo e a ocorrência de sinais ou sinto-mas de bacteremia. Resultados: foram analisadas 290amostras de hemoculturas, provenientes de 29 paci-entes que tiveram, no período do estudo, 55 cateteresimplantados. Dessas, 13,79% evidenciaram crescimen-to bacteriano e os microrganismos mais freqüentementeisolados foram Staphylococcus epidermidis (64,51%),Staphylococcus aureus, Micrococcus sp, Coryne-bacterium sp (6,45%) e Streptococus viridans, Kle-bsiella pneumoniae, Stenotrophomonas maltophilia,Pseudomonas fluorescens (3,23%). Vinte pacientes(68,9%) apresentaram pelo menos uma hemoculturapositiva durante o seguimento. A mediana do tempopara a infecção do cateter foi de 24,5 dias. Com rela-ção aos 55 cateteres implantados, 28 (50,9%) delesresultaram em colonização, o que correspondeu a 23,4episódios por 1000 cateteres-dia. Em 7 pacientes hou-ve concordância entre os isolados na ponta do cateter

mais difícil em situações com diminuição da base desustentação e da mudança do centro de gravidade eda posição vertical do corpo. O objetivo do estudo foimedir a oscilação corporal em adultos e idosos saudá-veis utilizando uma plataforma móvel computadoriza-da. Essa plataforma foi desenvolvida a fim de possibi-litar aos sujeitos estímulos homogêneos e repetitivos.Foram feitas medidas das oscilações corporais nossentidos ântero-posterior e látero-lateral, em 53 vo-luntários normais (20 adultos, 33 idosos). O teste foirealizado com duração de um minuto, nas condiçõescom olhos abertos e com olhos fechados. Em ambosos grupos, não houve diferença estatisticamente sig-nificativa entre as médias das medidas de oscilaçãocorporal no sentido ântero-posterior e látero-lateral,nem na condição com olhos abertos nem na com olhos

fechados. Entretanto, no grupo de idosos pode-se ob-servar uma tendência a ocorrer o contrário, em am-bas as condições, uma vez que os valores de p encon-trados são muito baixos. Não houve diferença estatis-ticamente significativa entre as médias de adultos eidosos, nem na condição com olhos abertos nem nacom olhos fechados. Entretanto, pode-se observar umatendência a ocorrer o contrário na condição com olhosfechados, no sentido ântero-posterior, uma vez que ovalor de p encontrado é muito baixo. No grupo deadultos, como no grupo de idosos, houve um incre-mento na oscilação corporal com o fechar dos olhos,nos dois sentidos. Nos dois grupos, esse incrementofoi maior no sentido látero-lateral. O incremento foimaior no grupo de idosos que no de adultos, nos doissentidos.

AVALIAÇÃO PROSPECTIVA DA COLONIZAÇÃO BACTERIANA EM CATETE-RES DE HEMODIÁLISE

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Bárbara Amélia Aparecida SantanaOrientador: Prof. Dr. Eduardo Magalhães RegoTese de Doutorado apresentada em 01/02/2006

A Leucemia Promielocítica Aguda (LPA) ca-racteriza-se pela infiltração de células leucêmicas namedula óssea (MO) e sangue periférico (SP), as quaisapresentam um bloqueio da diferenciação celular noestágio de promielócitos. A maioria dos casos de LPAestá associada a translocação t(15;17), levando à fusãodos genes: Receptor do Ácido Retinóico α (RARα) eLeucemia Promielocítica (PML), localizados nos cro-mossomos 17 e 15, respectivamente. A expressão dogene de fusão PML-RARα (PR) é essencial paraorigem da LPA. Camundongos transgênicos (CT) queexpressam o PR desenvolvem uma forma de leuce-mia muito semelhante à LPA humana. C/EBPα é umfator de transcrição essencial para a granulopoesenormal. Em camundongos, a inativação do C/EBPαocasiona a ausência de granulócitos maduros e morterápida após o nascimento devido ao comprometimen-to do metabolismo de glicogênio. Para verificar a im-portância dos níveis de expressão do C/EBPα no pro-cesso leucemogênico, foram estudados camundongosresultantes do cruzamento entre CT hCG (catepsinaG humana) PR e camundongos C/EBPα+/- haploinsu-ficientes. Camundongos PR C/EBPα+/- desenvolveramLPA após um longo período de latência, mas apenetrância da doença foi 14,9%, comparada com8,2% em CT PR (p=0,02). A morfologia e as conta-gens diferenciais da células mielóides da MO, do SP, edo baço, e o imunofenótipo do baço foram similares paracamundongos tipo selvagem (TS), C/EBPα+/- e PR ePR C/EBPα não leucêmicos. Camundongos leucêmi-cos PR e PR C/EBPα+/- apresentaram um padrão se-melhante de infiltração da MO, do SP e do baço porcélulas mielóides imaturas. Suspensões celulares do

baço de camundongos leucêmicos PR e PR C/EBPα+/-

foram infiltradas por células CD117+ CD34+ e CD117+

CD11b+. Portanto, células leucêmicas de camundon-gos PR e PR C/EBPα+/- caracterizam-se pela co-ex-pressão assincrônica de CD34, CD117 e CD11b. En-saios clonogênicos realizados em meio semi sólido demetilcelulose não demonstraram diferenças relevan-tes entre os genótipos na fase pré-leucêmica, mesmoapós a administração de doses farmacológicas deATRA (All- Trans Retinoic Acid). A fim de compararos padrões de expressão entre células leucêmicas PRe PR C/EBPα+/-, realizou-se experimentos de macro-arrays. RNA total de células leucêmicas foi obtido deMO total e seu cDNA foi hibridizado à membranascom 588 oncogenes murinos conhecidos. Um total de9 genes foram aparentemente reprimidos em CT PRC/EBPα+/-, mas a validação por PCR em tempo realnão confirmou os resultados do macroarray. Isso su-gere que o perfil de expressão gênica da MO totalpode ocultar possíveis diferenças que somente pode-riam ser detectadas em amostras de RNAm dos pro-mielócitos. Utilizando técnicas imunomagnéticas se-parou-se e caracterizou-se citologicamente células como seguinte fenótipo: CD34+, CD117+, CD16/32+ eCD11b+, a partir de amostras de MO e baço de ca-mundongos leucêmicos e não leucêmicos. Controlesmorfológicos das células isoladas acima revelaramgrande semelhança com promielócitos. Resultados dePCR em tempo real mostraram uma relação inversaentre a expressão dos genes C/EBPα+/- e PML-RARα nos promielócitos isolados de amostras de ca-mundongos PR C/EBPα+/- leucêmicos e não leucêmi-cos. Em conclusão, nossos dados sugerem que a pro-teína de fusão PML-RARα age como um produto do-minante negativo sobre a expressão do gene C/EBPαem um grupo específico de células mielóides imaturase contribui para a patogênese da LPA.

e do sangue, o que resultou em 9,2 episódios de bacte-remia por 1000 cateteres-dia. De 40 episódios de he-moculturas positivas, originados de 20 pacientes dife-rentes, em 15 deles (75%) não foram detectados si-nais ou sintomas indicativos de bacteremia. Conclu-sões: A alta incidência de hemoculturas positivas no

presente trabalho, a sua correlação com a positividadeda cultura da ponta do cateter, aliados à ocorrência denumerosos episódios de bacteremia assintomáticos,justificam a proposta de coleta rotineira de hemocultu-ras para o monitoramento da colonização bacterianaem cateteres de hemodiálise

DETERMINAÇÃO DO EFEITO DA HAPLOINSUFICIÊNCIA DO GENE C/EBP αααααNA GÊNESE DA LEUCEMIA PROMIELOCÍTICA AGUDA DO MODELO TRANS-GÊNICO hCG-PML-RAR ααααα

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Danielle Malta LimaOrientador: Prof. Dr. Benedito A. Lopes da FonsecaTese de Doutorado apresentada em 03/02/2006

A imunização com DNA plasmidial, expressan-do regiões imunogênicas da proteína E, constitui umanova estratégia na elaboração de uma vacina tetrava-lente contra o vírus dengue. Desde a década de 1970,a Organização Mundial de Saúde tem patrocinado di-versos estudos para a obtenção de vacinas para den-gue. Até o presente momento nenhuma vacina efici-ente e segura está disponível à população.

Neste trabalho foram construídos plasmídeosrecombinantes para a expressão dos genes responsá-veis por codificar o peptídeo sinal e as proteínas prMe E do vírus Den-4 (H-241). Os genes das proteínasprM e E foram amplificados pela técnica da reaçãoem cadeia da polimerase (PCR), a partir do genomado vírus dengue-4 obtido de células C6/36 infectadasin vitro. Após a amplificação, estes genes foram en-tão inseridos em um plasmídeo de expressão e, foirealizada a seleção dos clones recombinantes, queforam denominados: pCID4/CL4, pCID4/CL6, pCID4/CL10, pCID4/CL10N, pCID4/CL11, pCID4/CL12,contendo os genes de interesse. Estes plasmídeos foramanalisados com relação ao desenvolvimento de umaresposta imune específica. Camundongos BALB/cforam imunizados por via intramuscular com 100 µgde dose de cada um dos 6 clones recombinantes e doplasmídeo pCI. Foram realizadas três imunizações comintervalos de 15 dias entre elas; 15 dias após a 3aimunização, os animais foram sacrificados e a respos-ta imune foi avaliada. No intervalo de cada inocula-ção, o sangue destes animais foi coletado através de

punção do saco retroorbitário, processado para sepa-ração do soro e estocado a -70°C. Após as três imu-nizações, o baço dos animais imunizados foi divulsio-nado e as células foram cultivadas na concentraçãode 1x106 células/pocinho, para a realização dos ensai-os de dosagem de anticorpos neutralizantes, de citoci-nas [INF-γ e IL-2 (padrão Th-1) e IL-4 e 10 (padrãoTh-2)] por ELISA e ensaios de linfoproliferação. To-dos os animais inoculados com os clones recombi-nantes produziram anticorpos neutralizantes, contra ovírus dengue-4. Todos os plasmídeos recombinan-tes apresentaram índices de proliferação perante oestímulo específico, porém os candidatos vacinaispCID4/CL10 e pCID4/CL10N foram os que apresen-taram maiores índices de proliferação com relação aosoutros plasmídeos recombinantes e com relação aogrupo-controle negativo (pCI).

Todos os plasmídeos recombinantes induzirama produção da citocina IFN-γ. com relação ao estímu-lo específico. Porém, os candidatos vacinais pCID4/CL10 e pCID4/CL6 foram os que produziram as cito-cinas INF-γ. e IL-2, em níveis mais elevados em com-paração aos outros plasmídeos recombinantes e aogrupo-controle negativo (pCI). Com relação aos ní-veis de IL-10 os candidatos vacinais pCID4/CL10,pCID4/CL10N, foram os que induziram melhores ní-veis desta citocina em comparação aos outros plasmí-deos recombinantes. Os resultados sugerem que osplasmídeos recombinantes vacinais pCID4/CL10N epCID4/CL10 foram capazes de estimular uma res-posta imune específica contra estímulo específico.Também foi observada proteção após o desafio (50%e 80%). Dessa forma, estes plasmídeos recombinan-tes vacinais podem fazer parte de uma preparaçãopara uma vacina de DNA recombinante tetravalente.

ESTUDO DA IMUNOGENICIDADE DE DIFERENTES PLASMÍDEOS RECOM-BINANTES QUE EXPRESSAM AS PROTEÍNAS prM/E DO VÍRUS DENGUE-4

PARTICIPAÇÃO DO FATOR NUCLEAR-KB E DE MAP ( MITOGENIC-ACTIVATED PROTEIN) QUINASES NA EVOLUÇÃO DA LESÃO RENAL EMRATOS COM NEFRECTOMIA SUBTOTAL

Joana Carla da Silva Regueira CostaOrientadora: Profa. Dra. Terezila Machado CoimbraDissertação de Mestrado apresentada em 08/02/2006

Um dos modelos mais utilizados para o estudoda insuficiência renal crônica consiste da redução donúmero de nefros pela nefrectomia cirúrgica. O assim

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chamado modelo da nefrectomia subtotal ou 5/6 secaracteriza por perda progressiva da função renal, hi-pertensão arterial, proteinúria e alterações estruturais(expansão progressiva da matriz mesangial, glomeru-losclerose, fibrose) semelhantes àquelas observadasem algumas doenças humanas. Essas alterações es-tão associadas a um aumento dos níveis renais de an-giotensina II e hipertensão glomerular.

A fibrose intersticial caracteriza-se pelo acú-mulo de fibroblastos e de componentes da matriz ex-tracelular (MEC) no compartimento intersticial. É umprocesso complexo e envolve a interação de células ecitocinas. As células renais sob a influência de citoci-nas podem proliferar e sofrer modificações nos seusfenótipos e nas suas funções tornando-se potencial-mente capazes de produzirem mais colágenos e ou-tros componentes da MEC.

Estímulos extracelulares e intracelulares con-trolam a proliferação e a diferenciação das células,podendo contribuir para a evolução de determinadaslesões. Existem também evidências que mostram queas ativações do fator nuclear NF-kB e de MAP qui-nases podem estar relacionadas com a progressão dalesão renal em alguns modelos experimentais denefropatias. Ativações dessas vias de sinalização po-dem resultar no aumento da produção de substânciascomo moléculas de adesão, fatores quimiotáticos, ci-tocinas e enzimas que estão relacionadas com res-postas inflamatórias e proliferativas das células. Vári-os estudos têm mostrado o envolvimento da angioten-sina II na ativação dessas vias.

Esse estudo analisa a participação do fator nu-clear-kB (NF-kB) e de MAP (Mitogenic-Activacted

Protein) quinases na evolução da lesão renal em ratoscom nefrectomia subtotal. Sessenta e cinco ratas Wis-tar foram submetidas à nefrectomia subtotal ou à ope-ração fictícia com manipulação dos pedículos renais(Sham), sendo parte dos animais tratados com enalapril.O tratamento com enalapril foi iniciado 7 dias após oprocesso cirúrgico. A pressão arterial e a albuminúriaforam determinadas 15 e 90 dias após as cirurgias. Osanimais foram também submetidos a avaliação da fun-ção renal, pelo clearance de inulina, 15 e 90 dias apósas cirurgias. O rim esquerdo foi removido para estudohistológico e de avaliação imunohistoquímica. A avali-ação imunohistoquímica foi realizada utilizando os se-guintes anticorpos: anti-ED-1 (reage com antígenospresentes no citoplasma de macrófagos), anti-fibro-nectina, anti-NF-kB, anti-p-ERK e anti-p-JNK.

Os animais submetidos à nefrectomia subtotaldesenvolveram hipertensão e alterações de função(queda da taxa de filtração glomerular e albuminúria)e de estrutura renal (glomerulosclerose e alteraçõestúbulo-intersticiais). O enalapril conferiu proteção re-nal nos ratos com nefrectomia subtotal, reduzindo asalterações renais funcionais e estruturais. Os estudosde imunohistoquímica evidenciaram aumento da ex-pressão de fibronectina, NF-kB , JUNK, ERK e donúmero de macrófagos no córtex renal e nos glomérulosrenais dos ratos com nefrectomia subtotal. Esse au-mento foi prevenido pelo tratamento com enalapril.

Conclusões: os resultados mostram que o efei-to protetor do enalapril na evolução da lesão renal nosratos com nefrectomia a 5/6 está relacionado com aredução do processo inflamatório e das ativações dasvias do NF-kB e MAP quinases.

EXPRESSÃO DE QUIMIOCINAS EM PACIENTES COM LEUCEMIAS AGUDAS

Beatriz Maria de Carvalho PaixãoOrientador: Prof. Dr. Wilson Araújo da Silva JúniorDissertação de Mestrado apresentada em 09/02/2006

O grande aumento do número de células ob-servado nos tecidos neoplásicos ocorre devido à per-da da homeostase dos tecidos que é determinada peloequilíbrio entre a proliferação e a apoptose. As princi-pais causas deste desequilíbrio são as mutações dotipo fusões gênicas, deleções, inserções e substitui-ções. No desenvolvimento do câncer, as quimiocinas

exercem um papel importante. Citocinas quimioatrati-vas ou quimiocinas são uma superfamília de proteínassecretoras subdivididas entre quatro grupos baseadosna posição relativa de seus resíduos de cisteína. Emhumanos existem aproximadamente 50 tipos diferen-tes de quimiocinas. A produção de quimiocinas emcâncer está diretamente relacionada com a naturezae extensão da infiltração de leucócitos. No entanto,não estão totalmente determinadas quais são as qui-miocinas características de um determinado tipo decâncer humano. Identificando-se que, a produção de

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Karla Helena Coelho VilaçaOrientador: Prof. Dr. Julio Cesar MorigutiDissertação de Mestrado apresentada em 20/02/2006

A desnutrição é o distúrbio nutricional mais co-mum em idosos e está associada ao aumento da mor-talidade, da suscetibilidade às infecções e à reduçãona qualidade de vida. A determinação do estado nutri-cional de idosos requer métodos acurados e precisosde mensuração dos compartimentos corporais. Algunsfatores, como o consumo de alimentos e líquidos, sãotidos como influenciadores do resultado final da análi-se da composição corporal por alterar o volume deágua corporal total do indivíduo. No entanto, a quanti-dade de líquido, o tempo após a ingestão e quanto issopode afetar a mensuração no idoso ainda não foramestabelecidos. Assim sendo, o objetivo do presenteestudo foi verificar se houve mudança na massa cor-poral magra (MM) e na massa gorda (MG) de idososeutróficos e desnutridos uma hora após o consumo dealimentos e líquidos. Participaram do estudo 41 ho-mens com idade acima de 60 anos, selecionados noAmbulatório de Geriatria do Hospital das Clínicas daFMRP-USP, no Centro de Saúde Escola da FMRP-USP(CSE) e em instituições asilares de Ribeirão Preto-SP. Os grupos foram divididos entre eutróficos e des-

nutridos através do questionário Mini Avaliação Nu-tricional e as variáveis MM e MG foram avaliadaspor impedância bioelétrica (BIA) e absorcimetria deduplo fóton (DEXA). Não houve diferença significa-tiva quando comparamos as variáveis em jejum e umahora após a alimentação, tanto no grupo de eutróficoscomo no grupo de desnutridos. Em relação aos gru-pos, as variáveis: peso, IMC, MM e MG (DEXA/BIA)dos eutróficos foram estatisticamente menores emcomparação aos desnutridos. Em relação aos méto-dos utilizados, comparamos os resultados da MM en-tre a BIA e a DEXA na população estudada e encon-tramos uma boa correlação nos idosos eutróficos(r=0,91; p<0,0001) e nos idosos desnutridos (r=0,88;p<0,0001), bem como nos resultados de MG quandocomparamos os métodos nos idosos eutróficos e des-nutridos (r=0,85, p<0,0001; r=0,71, p<0,0003, respec-tivamente). Nossos achados indicam que a ingestãode uma refeição leve, não influencia as medidas decomposição corporal pelos métodos de DEXA e BIApelo equipamento monofrequencial em idosos eutrófi-cos ou desnutridos uma hora após o consumo. A BIAproduziu resultados estatisticamente similares aoDEXA, o que sugere uma forte associação entre osdois métodos de análise e nos deixa a opção de umrecurso de avaliação do estado nutricional mais eco-nômico, fácil e prático de realizar.

quimiocina é maior em cânceres em relação a tecidosnormais, é possível determinar que quimiocinas circu-lantes possam ser úteis ao tumor além de poderemser utilizadas como marcadores prognósticos. Pode-mos relacionar a expressão diferencial de quimioci-nas e seus receptores a processos de invasão e acú-mulo de células leucêmicas em diversos tecidos. EmLeucemia Mielóide Aguda (LMA), podemos encon-trar diferentes padrões de expressão de quimiocinasao longo dos diferentes subtipos classificados de acor-do com a FAB. Em Leucemia Linfóide Aguda (LLA)a migração e o tráfego de células precursoras malig-nas estão envolvidos com produção diferencial de qui-miocinas específicas. O estudo das quimiocinas vemsendo importante para o entendimento dos processosque regulam a migração e disseminação dos clonesmalignos. Os mecanismos envolvidos com a regula-

ção e tráfego de células leucêmicas não estão total-mente esclarecidos. Nosso trabalho demonstrou, atra-vés de análises qualitativas (RT-PCR), semi-quantita-tivas (RT-PCR) e quantitativas (Q-PCR), a expres-são diferencial de 5 genes : Paxillina (PXN), o recep-tor Interleucina 8 receptor beta (IL8RB), e seu liganteInterleucina 8 (IL8), o receptor de quimiocina da fa-mília CXC (CXCR4), e seu ligante CXCL12, em 23amostras de pacientes portadores de leucemias agu-das em comparação com 10 amostras de tecidos con-troles normais. Dos genes analisados, CXCR4 foi oque apresentou um melhor padrão de expressão dife-rencial entre amostras normais e tumorais, sendo maisexpresso em pacientes com leucemia, e entre LMA eLLA, sendo mais expresso dentro das LLAs.

O gene IL8 se mostrou com expressão elevadaem praticamente todas as amostras analisadas.

EFEITO DA INGESTÃO DE LÍQUIDOS E ALIMENTOS NA AVALIAÇÃO DACOMPOSIÇÃO CORPORAL DE IDOSOS DESNUTRIDOS

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

Erika Barioni MantelloOrientador: Prof. Dr. Julio Cesar MorigutiDissertação de Mestrado apresentada em 21/02/2006

A tontura é um sintoma que acomete a popula-ção mundial, sendo observada maior prevalência emidosos devido ao processo de deterioração funcionaldos sistemas auditivo e vestibular com o envelheci-mento e também devido à alta sensibilidade destes sis-temas a problemas clínicos situados em outras partesdo corpo humano, comumente relacionados à etiolo-gia vascular e metabólica. A Reabilitação Vestibular(RV) tem se mostrado uma importante e efetiva es-tratégia no tratamento de indivíduos com desordensdo equilíbrio corporal, proporcionando uma acentuadamelhora na qualidade de vida. O objetivo deste traba-lho foi avaliar prospectivamente o efeito da RV comoforma de tratamento das labirintopatias de origem vas-cular e metabólica sobre a qualidade de vida de indiví-duos idosos. O estudo foi delineado como um ensaioclínico prospectivo, longitudinal, observacional, com aparticipação de 40 indivíduos idosos de ambos os gê-neros, com faixa etária entre 60 e 84 anos, divididosem 2 grupos conforme o diagnóstico médico, tonturade origem vascular ou metabólica. Os pacientes pas-saram por anamnese, aconselhamento, avaliação daqualidade de vida (escala de quantificação da ton-tura e Dizziness Handicap Inventory brasileiro) e aRV propriamente dita que se baseou no protocolo deCawthorne e Cooksey. A análise estatística dos dados

foi feita através do teste t-Student, para comparaçõesde amostras pareadas, usando um teste de hipótesebilateral; os coeficientes de Pearson e de Spearmanforam usados no estudo de correlações. Observou-seque o idoso portador de labirintopatia de origem meta-bólica ou vascular, possui idade média de 70,2 anos,diagnóstico prevalente no grupo metabólico de diabe-tes mellitus e no grupo vascular de hipertensão arte-rial sistêmica. Pelas escalas utilizadas podemos ob-servar que os aspectos avaliados por meio do DHI(físico, emocional, funcional e geral) e escala de quan-tificação de tontura, melhoraram após a intervençãoterapêutica pela Reabilitação Vestibular nos idosos por-tadores de labirintopatias de origem vascular e meta-bólica. Contudo não se observou diferença significati-va nas escalas do DHI e quantificação da tontura pósRV entre os grupos metabólico e vascular. Observou-se ainda, neste estudo, correlação significativa entre aescala de quantificação da tontura com o DHI pré epós-tratamento. Pelas questões abordadas no DHIhouve um incremento na qualidade de vida de todosos idosos em estudo. O período de terapia medianteRV variou de quatro a dez sessões terapêuticas. As-sim, levando em consideração os dados epidemiológi-cos do envelhecimento no Brasil e sabendo que a gran-de parte dos idosos com afecções otoneurológicas temorigem vascular e metabólica, conclui-se que a RVbaseada nos protocolos de Cawthorne e Cooksey podeser utilizada de modo benéfico nesta população, tra-zendo inclusive impacto positivo na qualidade de vidasdestes indivíduos.

EFEITO DA REABILITAÇÃO VESTIBULAR SOBRE A QUALIDADE DE VIDADE IDOSOS PORTADORES DE LABIRINTOPATIAS DE ORIGEM VASCULARE METABÓLICA

Karina PfrimerOrientador:Prof. Dr. Eduardo FerriolliDissertação de Mestrado apresentada em 22/02/2006

O metabolismo protéico em idosos, analisadopela medida da velocidade de reciclagem, é um im-

portante fator para a análise da manutenção da mas-sa muscular e das atividades de vida diária. Dadoscoletados em idosos apontam uma redução da sínteseprotéica com o envelhecimento. Outros relatam seresta mantida e a degradação aumentada. Esta inves-tigação teve por objetivo avaliar o metabolismo pro-

AVALIAÇÃO DO METABOLISMO PROTÉICO EM IDOSOS BRASILEIROSINDEPENDENTES UTILIZANDO A GLICINA MARCADA COM 15N

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

Fabiola Rainato GabrielOrientador: Prof. Dr. José Eduardo Dutra de OliveiraDissertação de Mestrado apresentada em 23/02/2006

Em ressecções intestinais, ocorre uma diminui-ção da superfície absortiva e alterações na motilida-de, resultando em má-absorção e má-nutrição. Den-tre as deficiências nutricionais, a carência de ferromerece destaque. Os objetivos foram verificar a evo-lução do quadro eritrocitário e bioquímico relacionadoao metabolismo do ferro, pós-enterectomia; monitorara ferremia, após a ingestão de diferentes compostos edoses de ferro nestes pacientes. Realizou-se na Uni-dade Metabólica do HCFMRP-USP/RP e dividiu-seem duas etapas. Na primeira (1ª), coletou-se os dadoseritrocitários e bioquímicos de 37 pacientes, pós-ci-rurgia. Na segunda (2ª) participaram 13 pacientes vo-luntários de ambos os sexos. Os compostos de ferroavaliados foram: Sulfato ferroso (SF); Ferro EDTA(EDTA); Fração Celular Desidratada (FCD). Os pa-cientes foram distribuídos ao acaso, entre os grupos:Dose Farmacológica - DFA (120 mg) e Dose Fisioló-gica - DFI (5mg) e entre os compostos de ferro. Tam-bém, montou-se um grupo controle (C) de indivíduossem enterectomia, recebendo a FCD (5 mg). Os indi-víduos (n: 7) que receberam a DFA, participaram 2

dias de teste. Os que receberam (n: 6) DFI, submete-ram a 3 dias e o grupo C (n:7), a 1 dia, com intervalode um mês entre um composto e o outro. Os voluntá-rios permaneceram por 8 horas em jejum. As amos-tras foram coletadas em 0.25, 0.5, 1 e 2 horas. (1ª) Osdados eritrocitários e bioquímicos foram ajustados aum modelo de efeitos aleatórios. (2ª) Foram calcula-das as curvas de ferremia e a soma da área sob acurva, ajustadas um modelo linear de efeitos mistos(p<0,05). (1ª) Evidenciou-se que, 48,65% dos pacien-tes pós-enterectomia, tende a valores mais baixo deferritina e 78% a freqüência de concentração de he-moglobina abaixo da normalidade. Houve um aumen-to gradativo (p<0,05) do ferro sérico e alteração dosdados eritrocitários (p <0,05). (2ª) Os níveis séricosdo SF de 120 mg foram superiores (p < 0,005). Osresultados das áreas sob a curva demonstram dife-rença significativa entre SF 120 x C (p = 0,0065) e SF5 x C (p = 0,0067). Pudemos concluir que, vários pa-cientes pós-enterectomia apresentaram em algummomento, alterações eritrocitárias e bioquímicas ca-racterizando um quadro de anemia microcítica ehipocrômica. Os diferentes compostos de ferro resul-taram níveis séricos diferentes. O SF (120mg de ferroelementar) foi o composto mais biodisponível, com ní-veis séricos maiores em relação às outras doses ecompostos.

téico de idosos saudáveis e independentes utilizando aglicina, marcada com o isótopo 15N. Sete idosos sau-dáveis foram estudados. Foram feitas avaliações clí-nica, nutricional e bioquímica em todos os voluntários,sendo excluídos aqueles portadores de doenças ouusuários de medicamentos que interferissem no me-tabolismo protéico. Foi oferecida uma dose oral de200 mg de 15N-Glicina e coletadas amostras de san-gue e urina (basal, antes do consumo da glicina, qua-tro horas e meia e nove horas após a ingestão daglicina). Foram quantificados amônia, uréia e nitrogê-nio total e as amostras analisadas por espectrometriade massa, para a determinação do enriquecimento

isotópico (15N). Os voluntários tinham 65,4 ± 2,8 anos(média ± desvio padrão), quatro mulheres e três ho-mens, com IMC de 22,73 ± 2,4 Kg/m2. Total de nitro-gênio excretado de 3,31 ± 0,7 gN/9horas e a ingestãode 7,76 ± 1,0 gN/9horas, o fluxo de nitrogênio 15 foide 30,36 ± 6,3 gN/9horas, o balanço nitrogenado de4,46 ± 1,0 g/N. Os valores encontrados nesta pesqui-sa foram similares aos da literatura para idosos e me-nores que os referidos para jovens. Este estudo esta-beleceu os valores do metabolismo protéico em ido-sos saudáveis, ingerindo alimentação típica (arroz ecarne moída), o que permitirá posteriores estudos deintervenção.

EVOLUÇÃO PÓS-ENTERECTOMIA DO QUADRO ERITROCITÁRIO, BIOQUÍ-MICO RELACIONADO AO METABOLISMO DO FERRO E MONITORAÇÃODA FERREMIA APÓS A INGESTÃO DE DIFERENTES COMPOSTOS E DOSESDE FERRO NESTES PACIENTES

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Aurélia de Freitas Anibal VilarOrientadora: Profa. Dra. Geruza Alves da SilvaDissertação de Mestrado apresentada em 23/02/2006

A síndrome de hipoventilação alveolar porobesidade (SHAO), caracteriza-se por obesidade,sonolência diurna e hipoventilação alveolar (hipóxia,PaO2 < 70 mmHg e hipercapnia, PaCO2 > 43 mmHg).Existe associação da apnéia obstrutiva do sono naSHAO e, quando presente, faz agravar o quadro clíni-co da hipoventilação alveolar. A perda de peso nestespacientes pode melhorar as alterações ventilatórias,porém geralmente ocorre em longo prazo. Os objeti-vos do presente estudo foram comparar a respostagasométrica (PaO2, PaCO2 e SatO2), identificar os ín-dices de esforço físico (Escala de Borg) e avaliar osono (índice de apnéia e hipopnéia - IAH, número dedespertares e dessaturação mínima de oxigênio) pré epós-treinamento muscular respiratório nos pacientescom SHAO. Foram selecionados dez pacientes comdiagnóstico de síndrome de hipoventilação alveolar

por obesidade, 6 do sexo feminino, idade de 50 + 9,4anos (média + D.P.) e índice de massa corporal (IMC)42,6 + 9,9 Kg/m2. Apresentavam valores gasométricospré-treinamento, PaO2 = 65,3 + 7,4 mmHg, PaCO2 =46,9 + 5,1 mmHg e SatO2 = 91,9 + 3,3.%. Após reali-zarem o treinamento muscular respiratório não expres-saram perda de peso significante pelo IMC (p =0,8196), mas atingiram melhora significante de PaO2;PaCO2 e SatO2 (p = 0,0013; p = 0,0023 e p = 0,0195respectivamente), obtendo ainda melhora do índice deesforço físico (p = 0,0020). Quanto aos dados do sonocomparados pré e pós-treinamento muscular respira-tório, não demonstraram diferença significativa para oIAH (p = 0,4044), dessaturação mínima de oxigênio (p= 0,5230) e número de despertares (p = 0,8860). Osexercícios respiratórios possivelmente melhoram osníveis de hipoxemia e hipercapnia e aumentam a re-sistência muscular respiratória observada pelo escalade Borg. Não houve alteração na qualidade do sono,baseada no IAH, no número de despertares e na des-saturação mínima de oxigênio.

EFEITO DA APLICAÇÃO DE EXERCÍCIOS RESPIRATÓRIOS EM PACIENTESCOM SÍNDROME DE HIPOVENTILAÇÃO ALVEOLAR POR OBESIDADE

a compor os grupos IL12+/+SC e IL12-/-SC, respec-tivamente. Os camundongos foram avaliados após 7 e14 dias do início do experimento através da albuminúria[índice (concentração urinária de albumina mg/mL)/concentração urinária de creatinina (mg/mL)], creati-nina sérica, análise histológica, análise morfométrica(área do tufo glomerular e número de células/tufo glo-merular) e da análise imunohistoquímica, pela qual foiavaliada a expressão no tufo glomerular de α-smoothmuscle actin (escore), colágeno IV, laminina, o núme-ro de células PCNA positivas (proliferating cell nu-clear antigen) e o número de células MAC-2 positi-vas (macrófagos). Os resultados estão apresentadoscomo mediana (primeiro quartil; terceiro quartil). Foiutilizado o teste não paramétrico de Mann-Whitney UTest para comparação entre grupos independentes.

Resultados: os camundongos dos gruposIL12+/+SC e IL12-/-SC apresentaram tecidos renais nosparâmetros da normalidade e dosagens indetectáveis dealbuminúria. Nos grupos IL12+/+SAM e IL12-/-SAM

Eloisa Modesto RussoOrientador: Prof. Dr. Márcio DantasDissertação de Mestrado apresentada em 02/03/2006

Alguns estudos vêm demonstrando que a inter-leucina-12 tem participação na fisiopatologia de algu-mas formas de glomerulonefrites experimentais, masos seus efeitos intraglomerulares ainda são pouco co-nhecidos. Este estudo teve como objetivo avaliar a in-fluência da IL12 na evolução da glomerulonefrite me-sangial aguda (GMA) induzida em camundongos peloanti-soro de carneiro anticélulas mesangiais (SAM),modelo experimental este recentemente descrito.

Materiais e Métodos: SAM foi administradona dose de 150 µL/dia por 3 dias consecutivos, pelavia intravenosa, em camundongos IL12 knockout (gru-po IL12-/-SAM) e em camundongos C57BL/6, sualinhagem de origem, IL12 positivos (grupo IL12+/+SAM). Outros camundongos IL12+/+ e IL12-/- rece-beram soro de carneiro não imunizado (SC) passando

INFLUÊNCIA DA INTERLEUCINA 12 ENDÓGENA NA PATOGÊNESE DAGLOMERULONEFRITE MESANGIAL AGUDA EM CAMUNDONGOS INDUZI-DA POR ANTI-SORO ANTICÉLULAS MESANGIAIS

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a relação entre a excreção urinária de albumina/crea-tinina no D7 foi de 48 (39,0; 61,5) e de 75, respectiva-mente (p=0,07) e no D14 foi de 68,0 (49,0; 96,5) e de176,5 (160,5; 205,0), respectivamente (p<0,05). A crea-tinina sérica (mg%) no D7 foi de 0,40 (0,25; 0,45) e de0,70 (0,35; 0,90) nos grupos IL12+/+SAM e IL12-/-SAM, respectivamente (p=0,08), e no D14 de 0,5 (0,4;0,6) e de 0,7, respectivamente (p<0,05). O número decélulas/tufo glomerular no D7 foi de 31,3 (30,5; 32,4)no grupo IL12+/+SAM e de 26,1 (21,9; 29,4) no grupoIL12-/-SAM (p<0,05) e, no D14, de 33,5 (31,5; 35,1) ede 26,9 (25,6; 30,5), respectivamente (p<0,05). O gru-po IL12-/-SAM sempre apresentou o número de célu-las/tufo glomerular, no D7 e D14, semelhante ao seugrupo controle IL12-/-SC. O número de células glo-merulares PCNA positivas no D7 foi de 2,16 (2,02;2,34) e de 0,60 (0,28; 1,20) nos grupos IL12+/+ e IL12-/-, respectivamente (p<0,05), ambos tratados com SAM,enquanto que no D14 não houve diferença estatística

4,00 ± 0,16 l/kg/h). A freqüência respiratória de GIIIfoi significantemente superior a dos demais grupos,tanto em condições basais (GI: 111,8 ± 2,4 ipm X110,9 ± 5,3 ipm X 150,6 ± 0,1 ipm X GIV: 136,4 ± 0,1ipm) como também após o uso de doxapran (GI: 140,5± 2,7 ipm X GII: 139,5 ± 7,0 ipm X GIII: 196,2 ± 7,0ipm X GIV:178,2 ± 2,4 ipm). O peso médio do múscu-lo gastrocnêmio diferiu de maneira significante entretodos os grupos (GI: 1,66 ± 0,15 g X GII: 1,87 ± 0,14 gX GIII: 0,77 ± 0,10 g X GIV: 0,96 ± 0,13 g), mas dife-renças significantes no peso diafragmático de GIII sóforam observadas em comparação a GI e GII (GI:0,65 ± 0,06 g X GII: 0,8 ± 0,13 g X GIII: 0,29 ± 0,05 gX GIV: 0,42 ± 0,09 g). O diâmetro mínimo médio dasfibras tipo I, IIa e IIb do GIII do gastrocnêmio diferiude maneira significantemente inferior dos valores detodos os grupos. Quanto às fibras diafragmáticas, aúnica diferença significante encontrada foi entre o di-âmetro mínimo médio das fibras tipo IIb do GIII. Osresultados sugerem que a creatina protegeu os ratoscontra os efeitos nocivos das altas doses de dexame-tasona sobre a composição corporal e desempenhomáxima de exercício, mas mostrou efeitos apenasmodestos nas mudanças do padrão respiratório indu-zidas pelo esteróide.

entre estes dois grupos. O número de macrófagos/tufoglomerular no grupo IL12+/+SAM foi de 0,64 (0,08;1,08) no D7, com tendência de maior número (p=0,066)em relação ao seu grupo controle IL12+/+SC, de 0,12(0,04; 0,22), mas esta tendência não ocorreu no D14quando o número de macrófagos glomerulares do gru-po IL12+/+SAM, que foi de 0,10 (0,06; 0,28), não di-feriu do grupo IL12+/+SC. Por outro lado, o grupo IL12-/-SAM apresentou, no D14, tendência de maior nú-mero de macrófagos intraglomerulares em relação aogrupo IL12+/+SAM, porém sem atingir significânciaestatística (p=0,059) e apresentou diferença estatísticaem relação ao IL12-/-SC (p<0,05). Em conclusão, osresultados da albuminúria e creatinina sérica mais ele-vados no D14, sugerem que a evolução da GMA nes-te modelo experimental mostrou-se mais prolongadana ausência da interleucina-12, associada à menor pro-liferação celular e tendência para infiltração de macró-fagos mais tardia nos camundongos IL12-/-.

Luciana Gomes MenezesOrientatdor: Prof. Dr. José Antônio Baddini MartinezDissertação de Mestrado apresentada em 02/03/2006

O presente estudo teve como objetivo estudaros efeitos da suplementação com creatina sobre a ca-pacidade máxima de exercício e parâmetros respira-tórios de ratos com miopatia induzida por altas dosesde esteróides. Foram estudados 44 ratos Winstar ma-chos submetidos a um teste de exercício máximoincremental. Eles foram então aleatoriamente distri-buídos em quatro grupos: GI, tratado com solução sa-lina subcutânea (SC) e intraperitoneal (IP); GII, trata-do com salina SC e creatina (250 mg/kg/dia) IP; GIII,tratado com dexametasona SC (7,5 mg/kg/dia) e sali-na IP e GIV, tratado com dexametasona SC e creatinaIP. Após 18 dias de tratamento, um novo teste de exercí-cio máximo e análise do padrão respiratório em condi-ções de repouso e após estimulação com doxapran (2mg/kg IP) foram realizados. Após o tratamento, o pesocorporal diferiu de maneira significante entre todos osgrupos (GI: 230 ± 12,9 g X GII: 259,6 ± 6,5 g X GIII:148,6 ± 2,8 g X GIV: 177,2 ± 2,8 g), assim como o consu-mo máximo de oxigênio (GI: 4,77 ± 0,14 l/kg/h X GII:5,73 ± 0,23 l/kg/h X GIII: 2,86 ± 0,27 l/kg/h X GIV:

EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO COM CREATINA EM PARÂMETROS RESPI-RATÓRIOS E NA CAPACIDADE MÁXIMA DE EXERCÍCIO DE RATOS POR-TADORES DE MIOPATIA POR CORTICOSTERÓIDES

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

Denissani Aparecida Ferrari dos Santos LimaOrientador: Prof. Dr.José Fernando de C. FigueiredoDissertação de Mestrado apresentada em 03/03/2006

O objetivo de nosso estudo foi avaliar o meca-nismo de disseminação intra-hospitalar de amostrasde Pseudomonas aeruginosa resistentes a múltiplosantimicrobianos, isoladas na Unidade de Emergênciado Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina deRibeirão Preto da Universidade de São Paulo (UE-HCFMRP-USP), com base na análise de fatores derisco e na genotipagem das amostras. As cepas bac-terianas analisadas em nosso estudo foram isoladasno período de janeiro de 2000 a junho de 2004. A par-tir de um total de 193 amostras de Pseudomonas ae-ruginosa, provenientes de 126 pacientes internadosna UE-HCFMRP-USP foram incluídas no estudo, 63amostras isoladas a partir do sangue (22 amostras) eda urina (41 amostras), por serem mais indicativas deinfecção hospitalar. Para avaliação dos fatores de ris-co, foram comparados, por meio de análise univaria-da, os resultados dos dados clínicos e epidemiológicosobtidos dos pacientes fonte das amostras bacterianas,multi-resistentes e sensíveis (n =43). A análise genotí-pica das amostras resistentes e sensíveis foi realizada

por meio de PFGE. Os fatores de risco avaliados ocor-reram em proporções semelhantes entre as duas po-pulações, portadoras de amostras MDR e sensíveisde Pseudomonas aeruginosa. Não houve diferençaentre as duas populações em relação aos locais emque os pacientes estavam internados quando as amos-tras foram isoladas, em relação ao tempo de perma-nência nestes locais, em relação ao regime de trata-mento com antimicrobianos, e ao levarmos em contaa duração total da internação e a evolução clínica fi-nal dos casos. A genotipagem evidenciou um únicoclone do microorganismo, que foi isolado de diferen-tes sítios e locais ao longo de todo o período do estudoe comprovou que a sua disseminação se deu por trans-missão cruzada. Com base nos resultados obtidos con-clui-se que a ausência de fatores de risco específicosnos pacientes, o modo de dispersão da bactéria noperíodo e o perfil genotípico único apontaram para asua disseminação por transmissão cruzada, por meiode profissionais da saúde. As mudanças verificadasna UE-HCFMRP-USP no período do estudo, em de-corrência de seu novo papel como Hospital de refe-rência terciária para a cidade de Ribeirão Preto e re-gião, possivelmente contribuíram para o surgimentoda cepa, sua persistência e disseminação no ambientehospitalar.

PSEUDOMONAS AERUGINOSA RESISTENTE A MÚLTIPLOS ANTIMICROBIA-NOS: AVALIAÇÃO DO SEU MECANISMO DE DISSEMINAÇÃO NA UNIDADEDE EMERGÊNCIA DO HCFMRP-USP COM BASE NA ANÁLISE DE FATORESDE RISCO DOS PACIENTES E NA GENOTIPAGEM DAS AMOSTRAS

MELHORIA DA ESPECIFICIDADE DA ULTRA-SONOGRAFIA NA CARACTE-RIZAÇÃO DE NÓDULOS MAMÁRIOS ATRAVÉS DA UTILIZAÇÃO DE MÉTO-DOS QUANTITATIVOS

Gustavo de Freitas CaetanoOrientador: Prof. Dr. Valdair Francisco MugliaDissertação de Mestrado apresentada em 03/03/2006

A ultra-sonografia é um método adjuvante fre-qüentemente utilizado para avaliar anomalias mamá-rias que são encontradas pelo screening mamográficoou durante um exame clínico das mamas. Apesar desua alta sensibilidade, comprovada por inúmeros au-tores, o método possui uma baixa especificidade, comlesões de diferentes etiologias se apresentando com

as mesmas características ecográficas. Isto tem le-vado a procura de avanços na técnica ultra-sonográ-fica e a outros métodos diagnósticos auxiliares.

Este presente estudo prospectivo teve comoobjetivo a utilização de técnicas de reconhecimento depadrão de textura para auxiliar o diagnóstico de cân-cer de mama através da caracterização automatizadade nódulos em exames ultra-sonográficos dos casosque foram considerados inconclusivos.

Foram desenvolvidos algoritmos computacionaispara realizar a extração de características e a quanti-

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José Carlos dos SantosOrientador: Prof. Dr. André SchmidtDissertação de Mestrado apresentada em 06/03/2006

A parada cardiorrespiratória intra-hospitalarapresenta características peculiares, em relação aoatendimento extra-hospitalar, pouco conhecidas parahospitais brasileiros. Este estudo analisou as princi-pais características clínicas e demográficas dos paci-entes com parada cardiorrespiratória em hospital ter-ciário de emergências, bem como sua evolução ime-diata e tardia, na tentativa de ampliar o conhecimentosobre dados que possam auxiliar a melhoria do atendi-mento prestado. Utilizou-se o modelo Utstein pararegistrar prospectivamente as características do aten-dimento de 811 pacientes (58,2±19,9 anos; 64,2% dosexo masculino) que apresentaram parada cardiorres-piratória entre 1º de fevereiro de 2002 e 31 de janeirode 2003. As manobras de reanimação foram imple-mentadas em 315 (TENT - 38,8%; 56,6±19,5 anos;64,4% sexo masculino) com sobrevida imediata de38,7%, sobrevida para alta hospitalar de 4,8% e so-

brevida com um ano de seguimento de 2,9%. A com-paração com o grupo de 496 pacientes em que asmanobras não foram iniciadas (NTENT - 61,2%;58,8±20,0 anos; 64,1% sexo masculino) mostrou dife-renças em relação ao tempo de internação (NTENT -10,2±17,6 dias x TENT - 4±8,9 dias), causa imediatado evento (NTENT – hipotensão - 53,6% x TENT -hipotensão - 38,8% e insuficiência respiratória -31,1%), presença de monitorização do ritmo cardíaco(NTENT – 58,8% x TENT -70,8%), intubaçãoendotraqueal (NTENT – 72% x TENT - 62,2%) e ouso de aminas vasoativas (NTENT – 51,2% x TENT- 40%), bem como quanto ao ritmo cardíaco inicial(NTENT – assistolia 45,8%; atividade elétrica sempulso 4,8%; fibrilação ventricular / taquicardia ventri-cular sem pulso 0,8% x TENT – assistolia 32,7%; ati-vidade elétrica sem pulso 27,6%; fibrilação ventricu-lar/ taquicardia ventricular sem pulso 15,6%). Dospacientes submetidos às manobras de reanimação, 122apresentaram recuperação da circulação espontânea(RCE - 56,5±17,7 anos; masculino: 56,6%) e suas ca-racterísticas foram comparadas com aqueles que nãoapresentaram recuperação da circulação (NRCE -

ficação de atributos de textura de nódulos presentesnas imagens de 31 pacientes, sendo 19 lesões benig-nas e 12 malignas. A caracterização foi feita baseadaem quantificação espectral (transformada Wavelet)dos padrões apresentados nas imagens. A propostafoi aumentar a especificidade do método de inspeçãovisual, agregando-se as informações quantitativas, semperda significativa de sensibilidade. Este trabalho fazparte de um sistema computadorizado ao auxílio aodiagnóstico (CAD – Computer Aided Diagnosis) emdesenvolvimento no Centro de Ciências das Imagense Física Médica (CCIFM). Assim, caso as imagensindeterminadas pelo exame mamográfico também nãoconsigam ser determinadas pelo exame ultra-sonográ-fico, o sistema colaborará permitindo informaçõesadicionais ao exame ultra-sonográfico.

Após comparação com os diagnósticos finaisobtidos, verificou-se que a utilização do algoritmo ob-teve, com base na estatística de concordância (esta-

tística-c), um valor de c (equivalente à área sob a cur-va ROC) igual a 0,695. Este valor é maior do que oobtido com base nas análises efetuadas pelos radiolo-gistas (0,645), o que mostra que a análise computado-rizada pode ser utilizada na avaliação de lesões ma-márias indeterminadas.

Foi possível observar que o desempenho daanálise qualitativa, desenvolvida por três radiologistasexperientes, foi bastante heterogênea. Este fato con-firma uma justificativa do emprego do CAD, que ésua utilização para fornecer uma segunda opinião semestar sujeita a subjetividade que pode ser influenciadapor fatores como estresse e cansaço individual.

Os resultados obtidos permitem supor que autilização deste algoritmo com a ultra-sonografia demama pode contribuir para a melhoria da especifici-dade do método. Além disso, o algoritmo pode dimi-nuir o componente subjetivo existente na interpreta-ção dos exames.

REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR INTRA-HOSPITALAR NA UNIDADE DEEMERGÊNCIAS DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICI-NA DE RIBEIRÃO PRETO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

Guilherme Vannucchi PortariOrientador: Prof. Dr. Alceu Afonso Jordão JúniorDissertação de Mestrado apresentada em 24/03/2006

Postula-se que o metabolismo do etanol gerasubstâncias de alta reatividade como o acetaldeído eradicais livres, que promovem o estresse oxidativo peloexcessivo consumo de substâncias do sistema anti-oxidante.

Embora não haja consenso na literatura, o usointravenoso de glicose em casos de intoxicação agudapor álcool é prática rotineira visando restabelecer asobriedade do paciente através de um possível aumentodo metabolismo do etanol.

Apesar de se acreditar em um possível benefí-cio do uso de glicose na intoxicação aguda por etanol,recentes estudos têm apontado que a hiperglicemiacausa autoxidação da glicose, glicação de proteínas, ea ativação do metabolismo de polióis. Estas mudan-ças aceleram a geração de espécies reativas de oxi-gênio e aumento na oxidação de lipídios, DNA e pro-teínas em vários tecidos, pela produção de produtosfinais de glicação avançada (AGEs - Advancedglycation end products).

Recentemente estudos têm apontado para umpossível papel antioxidante da tiamina frente ao es-tresse oxidativo.

Este trabalho teve como objetivo a padroniza-ção de uma técnica para dosagem de etanol por cro-matografia gasosa a fim de se estudar os efeitos so-bre o metabolismo desse álcool em ratos agudamentealcoolizados e submetidos a 3 tratamentos distintos queconsistiram na administração de etanol na dose de 5g/kg peso, administração de etanol e posterior infusão

endovenosa de glicose (0,06 mL de glicose em solu-ção 50%/100 g de peso) ou administração de etanol eposterior infusão endovenosa de tiamina (0,143 mg/100 g de peso), bem como verificar os efeitos sobre osistema antioxidante hepático, pela determinação dassubstâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS),glutationa reduzida (GSH) e vitamina E.

A padronização da técnica por cromatografiagasosa para dosagem de etanol em sangue e urina foirealizada, obtendo-se bons resultados quanto à, preci-são (C.V. entre amostras < 6%), exatidão (variaçãoda recuperação < 15%) e linearidade (r=0,9991), oque permitiu analisar a alcoolemia e a excreção uriná-ria dos grupos de ratos com diferentes tratamentos.Nesta determinação também foi possível a detecçãode substâncias relacionadas ao metabolismo do etanolcomo, acetaldeído, acetona e metanol.

Não foram observadas diferenças entre as cur-vas de etanolemia dos diferentes grupos. Entretanto,verificou-se uma excreção urinária cerca de 4 vezesmaior no grupo que recebeu tiamina. Observou-se umamenor produção de substâncias relacionadas com aperoxidação lipídica (TBARS) e um menor consumode antioxidantes (GSH e vitamina E) nos ratos trata-dos com tiamina, mesmo tendo-se verificado nestegrupo uma manutenção da hiperglicemia até o perío-do final de experimentação.

Desta maneira, conclui-se que o tratamento comglicose no quadro de intoxicação aguda por etanol foiineficaz na diminuição da etanolemia além de repre-sentar maior potencial de dano oxidativo. Em contras-te, a tiamina mostrou-se eficaz principalmente no quediz respeito à manutenção do sistema antioxidantehepático.

57,7±20,7 anos; masculino: 69,4%), sendo encontradodiferenças para o tempo de internação (NRCE -3,5±5,6 dias x RCE - 4,8±12,5 dias), para a causa ime-diata (NRCE – hipotensão 42% x RCE - hipotensão33,6%; insuficiência respiratória 33,6%), presença demonitorização do ritmo cardíaco (NRCE 78,2% X RCE86,9%), intubação endotraqueal (NRCE 56,5% X RCE71,3%) e o uso de aminas vasoativas (NRCE 39,9%X RCE 36,9%), bem como para o ritmo cardíaco ini-

cial (NRCE – assistolia 36,2%; atividade elétrica sempulso 22,8%; fibrilação ventricular / taquicardia ven-tricular sem pulso 13,5% x RCE – assistolia 27%; ati-vidade elétrica sem pulso 35,2%; fibrilação ventricu-lar/ taquicardia ventricular sem pulso 18,9%). O co-nhecimento destes dados permitiu uma análise críticado serviço, apontando para a necessidade de revisãodo processo do atendimento e da documentação doseventos como método rotineiro de qualidade.

INFUSÃO DE GLICOSE E TIAMINA EM RATOS TRATADOS COM DOSE AGU-DA DE ETANOL

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

Cleber Douglas Lucinio RamosOrientador: Prof. Dr. Fernando de Queiroz CunhaTese de Doutorado apresentada em 20/01/2006

Neste presente estudo, investigamos o envolvi-mento da quimiocinas MIP-1α, MIP-1β, RANTES,KC e MIP-2, tão bem como os receptores para qui-miocinas CC e CXC na migração de neutrófilos indu-zida por OVA em camundongos imunizados. O desa-fio i.p. com OVA em camundongos imunizados indu-ziu recrutamento de neutrófilos de maneira dose e tem-po dependente. A migração de neutrófilos induzida porOVA foi acampanhada pelo aumento da expressão deRNAm para MIP-1α, MIP-1β, RANTES, KC, MIP-2, CCR1 e CXCR2. Além disso, a produção de MIP-1α, RANTES, KC e MIP-2, mas não de MIP-1β foiverificada no lavado peritoneal de camundongos imu-nizados e desafiados com OVA. OVA faliu em induzirmigração de neutrófilos em camundongos MIP-1α-/-

imunizados ou em camundongos WT tratados comα-MIP-2. Entretanto, o tratamento com anticorpos α-RANTES, α-MIP-1β ou α-KC não inibiu o recruta-mento de neutrófilos induzido por OVA em camun-dongos imunizados. MIP-1α induz migração de neu-trófilos através da indução da sintese de TNFα, andLTB4, pois: a liberação desses mediadores foi detec-tada no lavado peritoneal de camundongos WT imuni-zadas, mas não em camundongos MIP-1α-/-; a admi-nistração de MIP-1α em camundongos WT induziumigração de neutrófilos de maneira dose dependente,sendo inibida pelo tratamento com α-TNFα, ou pelo usode camundongos deficientes para o TNFR1 (p55-/-),ou pelo tratamento com MK 886 (inibidor da 5-lipoxi-genase); e ao contrario de camundongos WT, MIP-1αfaliu em induzir a produção de LTB4 em camundongosp55-/-. Os resultados também demonstram que MIP-1α liga-se ao receptor CCR1 para induzir migraçãode neutrófilos, desde que, em contrate com camun-dongos CCR5-/-, OVA e MIP-1α faliu em induzir re-crutamento de neutrófilos em camundongos CCR1-/-.

Com o intuito de estudarmos a participação dequimiocinas CXC chemokines na migração de neu-trófilos induzida por OVA, camundongos BALB/cnaïve ou imunizados foram pré-tratados com reperta-xina (antagonista do CXCR2). Os resultados demons-tram que repertaxina foi efetiva em inibir a migraçãode neutrófilos induzida por OVA e MIP-2. Assim comoMIP-1α, os resultados mostram que a migração deneutrófilos induzida pela MIP-2 depende da produçãode TNFα and LTB4, uma vez que o pré-tratamentodos camundongos com α-TNFα ou MK886 signifi-cantemente inibiu o recrutamento de neutrófilos indu-zido por esta quimiocina. Seguidamente, testamos ahipótese de que MIP-2 estaria induzindo migração deneutrófilos dependentemente da liberação de MIP-1α.Deste modo, que MIP-2 faliu em induzir recrutamen-to de neutrófilos em camundongos MIP-1α-/-. Confir-mando este resultado, o anticorpo α-MIP-1α foi efe-tivo em inibir a migração de neutrófilos induzida porMIP-2. Além disso, MIP-2 induziu a produção de MIP-1α, TNFα e LTB4 e, este efeito foi bloqueado pelotratamento dos camundongos com α-MIP-1α.

Na segunda parte deste estudo, investigamosos mecanismos envolvidos no recrutamento de neu-trófilos induzido por KC e MIP-2 para a cavidadeperitoneal de camundongos. Primeiramente, observa-mos que a administração i.p. de KC ou MIP-2 induzmigração de neutrófilos de maneira dose e tempo de-pendente. Os resultados indicam que o acúmulo deneutrófilos induzido por estas quimiocinas é dependenteda produção e liberação de TNFα e LTB4, pois o pré-tratamento dos camundongos com α-TNFα ou MK886inibiu significantemente a migração de neutrófilos in-duzida por KC e MIP-2. Confirmando o envolvimentodo TNFα, MIP-2 e KC induziram reduzida migraçãode neutrófilos para a cavidade peritoneal de camun-dongos p55-/-, quando comparados com os camundon-gos WT. Além disso, a migração de neutrófilos induzi-da por KC, mas não por MIP-2 foi significantementeinibida pelo tratamento com IL-1ra (antagonista do

FARMACOLOGIA

PARTICIPAÇÃO DAS QUIMIOCINAS MIP-1 ααααα E MIP-2 NO RECRUTAMENTODE NEUTRÓFILOS NA INFLAMAÇÃO DE ORIGEM IMUNE. MECANISMOSENVOLVIDOS NA MIGRAÇÃO DE NEUTRÓFILOS PARA A CAVIDADEPERITONEAL INDUZIDA POR KC E MIP-2

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

João Walter de Souza da SilveiraOrientador: Prof. Dr. William Alves do PradoDissertação de Mestrado apresentada em 17/02/2006

Embora a maioria dos estudos envolvendo ocontrole descendente da dor tenha focado o controleinibitório de processos nociceptivos espinais, estudosmais recentes apontam para a existência de mecanis-mos descendentes facilitatórios paralelos. Loci comunsem várias áreas encefálicas dão origem a vias quelevam à facilitação ou inibição da transmissão noci-ceptiva espinal. A existência de múltiplos neurotrans-missores liberados de diferentes tipos de neurônios nocorno dorsal, torna complexo o estudo da modulaçãoespinal da nocicepção. Além disso, é sabido que umúnico neurotransmissor pode mediar tanto a facilita-ção quanto a inibição através da ativação de múltiplossubtipos de receptores acoplados a diferentes meca-nismos de transdução intracelular, ou então, de umúnico tipo de receptor localizado em diferentes clas-ses de neurônios alvos funcionalmente diferentes. Oobjetivo desse estudo foi avaliar a mediação espinalda via descendente facilitatória da nocicepção. Paratanto, foi feita administração intratecal de antagonis-tas antes de incisão na pata direita de ratos. Duas ho-ras após a incisão, os animais foram sacrificados esuas medulas retiradas para realização de imunohisto-química c-Fos. Numa primeira etapa, vimos que anta-gonista de receptores serotoninérgicos, mas não coli-

nérgicos muscarínicos nem α-adrenérgicos, impediuparcialmente, o aumento do número de células c-Fos-imunorreativas (IR-Fos) nas lâminas I/II e V do cornodorsal da medula espinal especialmente no ladoipsilateral, desencadeado pela incisão. Numa segundaetapa, vimos que a metiotepina (antagonista de recep-tores serotoninérgicos 5-HT1a/b/d, 5-HT2a/c, 5-HT5a,5-HT6 e 5-HT7) inibiu o aumento da IR-Fos desenca-deado pela incisão, nas lâminas I/II e V do corno dorsale no corno ventral, bilateralmente, e na lâmina X. Já aketanserina (antagonista de receptores serotoninérgi-cos 5-HT2a/c) inibiu na lâmina V contralateral, na lâmi-na X e no corno ventral ipsilateral, de forma seme-lhante ao LY 278,584 (antagonista de receptores sero-toninérgicos 5-HT3) que também inibiu nas lâminas I/II no lado contralateral. Analisando nossos resultadosem conjunto com dados já existentes na literatura, su-gerimos que mecanismos facilitatórios descendentesse utilizam principalmente de receptores serotoninér-gicos do tipo 5-HT1a presentes em interneurônios ini-bitórios na medula espinal. Efeitos facilitatórios des-cendentes são mediados por múltiplos subtipos de re-ceptores serotoninérgicos na lâmina V no lado contra-lateral à incisão. Muito provavelmente refletindo aimportância da facilitação descendente no desenvolvi-mento de hipernocicepção secundária na pata contra-lateral. No corno ventral, é provável que os recepto-res serotoninérgicos 5-HT3, 5-HT2a e 5-HT7 sejam osresponsáveis pelos efeitos serotoninérgicos descenden-tes facilitatórios nesse nível.

receptor da IL-1), sugerindo o envolvimento destacitocina na migração de neutrófilos induzida por KC.

A migração de neutrófilos induzida por MIP-2e KC é dependente de macrófagos residentes perito-neais, desde que a administração destas quimiocinasem camundongos pré-tratados com tioglicolato indu-ziu exarcebada migração de neutrófilos quando com-parado com camundongos controle. Confirmando adependência de macrófagos, a administração i.p. como sobrenadante de macrófagos estimulados in vitrocom KC ou MIP-2 induziu significante migração deneutrófilos em camundongos naive. Além disso, signi-ficante concentração de IL-1β, TNFα e LTB4 foi ve-rificada nestes sobrenadantes. Surpreendentemente,a administração de KC e MIP-2 em camundongosdepletados de mastócitos residents peritoneais induziu

uma potencializada migração de neutrófilos quandocomparada com os camundongos controle.

Em resumo, nossos resultados demonstram quea migração de neutrófilos observada no modelo deimunização e desafio com OVA é mediada pela inte-ração entre MIP-2/CXCR2, induzindo a produção deMIP-1α, que por sua vez, agindo via CCR1, induz aliberação sequencial de TNFα e LTB4. Com relaçãoa migração de neutrófilos induzida por MIP-2 e KC,os resultados sugerem que estas quimiocinas induzemrecrutamento de neutrófilos para a cavidade peritoenalde camundongos dependentemente de macrófagos re-sidentes, e liberação de TNFα e LTB4. Interessante-mente, observamos também que mastócitos contro-lam negativamente a migração de neutrófilos induzidapor estas quimiocinas.

MEDIAÇÃO ESPINAL DA VIA DESCENDENTE FACILITATÓRIA DANOCICEPÇÃO

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

Leonardo Resstel Barbosa MoraesOrientador: Prof. Dr. Fernando M. de Aguiar CorrêaTese de Doutorado apresentada em 17/02/2006

Tem sido atribuída à porção ventral do córtexpré-frontal medial (vCPFM) a capacidade de influen-ciar a atividade cardiovascular em ratos. Essa influ-ência do vCPFM sobre a atividade cardiovascularparece ser apenas modulatória, uma vez que sua des-truição ou inativação não altera os valores basais dapressão arterial e freqüência cardíaca.

A modulação do sistema cardiovascular exer-cida pelo vCPFM pode ser observada sobre a ativida-de do barorreflexo. Dentre vários neurotransmissorespresentes no vCPFM, envolvidos com respostas car-diovasculares, o L-glutamato (L-glu) aparece comocandidato a neuromodulador da atividade do baror-reflexo. Além disso, pouco se sabe sobre a influênciada neurotransmissão glutamatérgica do vMPFC so-bre o sistema cardiovascular.

Nossos dados mostram que o sistema glutama-térgico do vCPFM modula tonicamente a atividadeparassimpática do barorreflexo, sem alterar o compo-

nente simpático, através de receptores NMDA. Alémdisso, a administração de L-glu no vCPFM de ratosnão anestesiados causa aumento da pressão arterial,como conseqüência do aumento da freqüência cardí-aca, dependente da atividade simpática cardíaca. Damesma forma que a modulação da atividade do baror-reflexo, as respostas cardiovasculares desencadeadaspela administração de L-glu no vCPFM também sãodependente de receptores NMDA.

A síntese de óxido nítrico pela isoforma neuronialda oxido nítrico sintase (nNOS) esta associada a ativa-ção de receptores NMDA no sistema nervoso central.Com base nesse dado, nós observamos que tanto a mo-dulação do barorreflexo quanto as respostas cardiovas-culares causadas pela ativação de receptores NMDAdependem da síntese de óxido nítrico via nNOS.

Em resumo, nossos resultados sugerem que osistema glutamatérgico presente no vCPFM, intera-gindo com o sistema nitrérgico através de receptoresNMDA, está envolvido com a modulação cardíaca,mais especificamente facilitando tonicamente o com-ponente parassimpático do barorreflexo e aumentan-do a atividade simpática cardíaca.

NEUROTRANSMISSÃO GLUTAMATÉRGICA DO CÓRTEX PRÉ-FRONTALMEDIAL ENVOLVIDA NA MODULAÇÃO DO SISTEMA CARDIOVASCULARDE RATOS: UMA VIA RECEPTOR NMDA/ ÓXIDO NÍTRICO

EFEITOS DO TRATAMENTO CRÔNICO COM A CLOMIPRAMINA NAMEDIAÇÃO DE RESPOSTAS AVERSIVAS PELO ÓXIDO NÍTRICO

Fabrício de Araújo MoreiraOrientador: Prof. Dr. Francisco Silveira GuimarãesTese de Doutorado apresentada em 31/03/2006

O óxido nítrico (NO) é um neurotransmissorgasoso, sintetizado pela sintase do óxido nítrico (NitricOxide Synthase, NOS). A distribuição dessa enzimano sistema nervoso central pode ser avaliada por meiode uma técnica denominada NADPH-diaphorase. Asua expressão é significativa em estruturas encefáli-cas implicadas na elaboração de comportamentos aver-sivos e relacionadas a transtornos psiquiátricos comoansiedade generalizada e pânico. Uma dessas estru-turas é a matéria cinzenta periaquedutal dorsolateral(MCPDL), onde a injeção de doadores de NO induz

reações aversivas em ratos. Além disso, em ratos ex-postos a um predador, há um aumento na expressãoda proteína Fos em neurônios positivos para a NADPH-diaforase nessa e em outras estruturas, sugerindo queesses neurônios estão ativos frente a essas situações.Tais estudos sustentam a hipótese de que o NO possaser um dos neurotransmissores responsáveis pela ela-boração de reações de natureza aversiva. Porém, nãoestá claro se os seus efeitos são atenuados pela ativa-ção de receptores que modulam essas reações, a exem-plo dos receptores de serotonina e benzodiazepínicos,ou pela administração de fármacos utilizados no trata-mento dos transtornos de ansiedade e do pânico. Por-tanto, o primeiro objetivo deste estudo foi testar a hi-pótese de que a reação de fuga induzida pelo NO na

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

Adriana Santos MorenoOrientador: Prof. Dr. Celso Rodrigues FranciTese de Doutorado apresentada em 24/01/2006

Os neurônios produtores de hormônio liberadorde gonadotrofinas (GnRH) representam a via finalcomum da rede neural que integra sinais endógenos eambientais para regular a secreção de gonadotrofinaspela adeno-hipófise. O estrógeno (E2) e a progestero-na (P4) exercem retro-alimentação negativa sobre asecreção de hormônio luteinizante (LH) na maior partedo ciclo ovariano e retro-alimentação positiva na fasede proestro para gerar o pico pré-ovulatório de LH.Vários neuropeptídeos e neurotransmissores inibitóri-os e excitatórios alteram a atividade dos neurôniosGnRH direta ou indiretamente para o controle da se-creção de GnRH durante o ciclo estral, entre eles es-tão a angiotensina II (A II) e óxido nítrico (NO). Con-siderando que neurônios GnRH não expressam NOS(óxido nítrico sintase), mas são freqüentemente cir-cundados por neurônios NOS e evidências recentes so-

bre a interação de AII e NO, este estudo investigouse: neurônios GnRH e NO do órgão vasculoso da lâminaterminal (OVLT) e área preóptica medial (MPOA)expressam receptores para angiotensina (ATRs); neu-rônios NOérgicos expressam receptores para estró-geno (ERα ou ERβ); neurônios que expressam AT1

também expressam ERα ou ERβ. Ratas Wistar, natarde do proestro, receberam microinjeções de AIIconjugada com Alexa Flúor 488 no ventrículo lateral e2 minutos após foram sacrificadas. Os cérebros fo-ram congelados e submetidos a imunofluorescênciapara GnRH ou NOS. As duplas marcações foram ana-lisadas em microscópio confocal para confirmação deco-localização. Em outros grupos, ratas Wistar, na tar-de do proestro, foram perfundidas e os cérebros sub-metidos à técnica de dupla imunofluorescência paraNOS e ERα, NOS e ERβ, AT1 e ERα ou AT1 e ERβ.

Nossos resultados mostraram que: 1) Parte dosneurônios GnRH e NOS do OVLT e MPOA expres-sam ATRs; 2) Não há expressão de ERα no OVLT;3) Neurônios NO expressam ERα e ERβ na MPOA

MCPDL poderia ser inibida por agonistas de recepto-res de serotonina ou benzodiazepínicos. Testou-se tam-bém a hipótese de que a clomipramina, uma drogainibidora da re-captação de serotonina e de noradre-nalina e utilizada no tratamento do transtorno do pâni-co, intensificaria os efeitos aversivos dos agonistas deserotonina. O segundo objetivo foi testar a hipótese deque a ativação de neurônios positivos para NADPH-diaforase, induzida pela exposição a um predador, po-deria ser inibida pelo tratamento com a clomipramina.A injeção na MCPDL do agonista de receptores5HT2A/2C de serotonina (DOI, 8 nmol) ou do benzo-diazepínico midazolam (80 nmol), mas não do agonista

5HT1A (8-OH-DPAT, 8 ou 16 nmol), inibiu a reaçãode fuga induzida pela injeção local do doador de NOSIN-1 (150 nmol). Esses efeitos não foram modifica-dos pelo tratamento crônico (21 dias) com a clomipra-mina (10 mg/kg/dia). A exposição de ratos a um gatoinduziu respostas defensivas e um aumento na expres-são de Fos em neurônios positivos para a NADPH-diaphorase, efeitos parcialmente atenuados pelo trata-mento com a clomipramina (20 mg/kg/dia). Em con-clusão, os presentes resultados mostram que a partici-pação do NO em respostas aversivas pode ser modu-lada por receptores de serotonina e benzodiazepíni-cos, e por um fármaco de ação panicolítica.

FISIOLOGIA

ASPECTOS MORFO-FUNCIONAIS DA REDE NEURAL PARA CONTROLE DASECREÇÃO DE HORMÔNIO LIBERADOR DE GONADOTROFINAS (GNRH):EXPRESSÃO DE ÓXIDO NÍTRICO SINTASE, RECEPTORES PARA ANGIOTEN-SINA II E PARA ESTRÓGENO (A E B)

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

Lisandra Oliveira MargathoOrientador: Prof. Dr. José Antunes RodriguesTese de Doutorado apresentada em 27/01/2006

Neste estudo investigamos os efeitos de micro-injeções bilaterais do agonista serotoninérgico 5HT2a/HT2c DOI (hidrocloreto de dimetoxi-4-iodoanfetami-na) ou antagonista serotoninérgico metisergida no nú-cleo parabraquial lateral (NPBL), sobre a excreçãocumulativa de sódio, potássio, volume, osmolalidadeurinária em resposta à expansão isotônica do volumedo líquido extracelular (EVEC) em ratos.

Sete dias antes dos experimentos, cânulas deaço inoxidável foram implantadas bilateralmente noNPBL. Os resultados obtidos indicaram que os ratospré-tratados com metisergida (2,0 ou 8,2 nmol) noNPBL, apresentaram, em resposta à EVEC (NaCl0,15M, 2ml/ 100g peso corporal), uma atenuação doaumento na excreção de sódio, potássio e volume uri-nário, normalmente observada em resposta à EVECnos primeiros 20 min do início da coleta de urina. Osratos pré-tratados com DOI (2,8 ou 14,0 nmol) noNPBL, apresentaram, em resposta à EVEC, um in-cremento na excreção de sódio, potássio e volumeurinário nos primeiros 20 min da coleta de urina.

Esses resultados sugerem que a metisergidareduz o aumento na excreção de água e eletrólitos emresposta à EVEC, no entanto, estes resultados tam-bém apresentam uma informação adicional sobre opapel dos mecanismos serotoninérgicos do NPBL nocontrole da homeostase dos líquidos corporais, comomostrado previamente pela facilitação da ingestão desódio após o bloqueio dos mecanismos serotoninérgi-

cos do NPBL (Menani e cols, 1996; 1998).Paralelamente, foram conduzidos experimentos

com o objetivo de se avaliar a participação do NPBLna mediação das alterações da concentração plasmá-tica do peptídeo natriurético atrial (ANP), vasopressi-na (AVP) e ocitocina (OT), normalmente observadosem resposta à EVEC. Os resultados obtidos a partirda dosagem de OT e ANP plasmáticos sugeriram queem animais que receberam injeções de metisergida (8,2nmol) no NPBL houve uma atenuação na concentra-ção plasmática de OT e ANP, normalmente observa-da em resposta à EVEC e um aumento da concentra-ção plasmática da AVP, em comparação aos valoresobtidos nos animais controles. DOI (14,0 nmol) noNPBL induziu um incremento na concentração plas-mática de OT e ANP e a concentração plasmática deAVP não foi modificada em resposta à EVEC, em com-paração aos valores obtidos nos animais controles.

Em adição, avaliamos a imunorreatividade aproteína c-Fos e a marcação citoplasmática para aocitocina, vasopressina, serotonina (5HT) e tirosinahidroxilase (TH) em diferentes regiões do sistema ner-voso central. Os resultados demonstraram a partici-pação de grupos celulares específicos (vasopressinér-gicos-ocitocinérgicos) do núcleo paraventricular (NPV)e supraóptico (NSO), grupos celulares serotoninérgi-cos do núcleo dorsal da rafe (NDR) e catecolaminér-gicos do núcleo do trato solitário (NTS) em respostaao mesmo paradigma experimental descrito anterior-mente. Os ratos que receberam injeções de DOI (14,0nmol) no NPBL e submetidos à EVEC, apresentaramaumento significativo no número de neurônios imunor-reativos (ir) à proteína c-Fos-OT na subdivisão medial

e ERβ no OVLT. 4) Há co-expressão de ERα e AT1,bem como ERβ e AT1 em neurônios da MPOA e ERβe AT1 no OVLT.

Os dados sugerem que a AII pode atuar dire-tamente em neurônios GnRH e talvez indiretamente(via transináptica) devido à presença de ATRs emneurônios ao redor destes. Em adição, a expressão deATRs em neurônios NOS corrobora nossos resulta-

dos prévios que NO pode ser um mediador da ação daAII sobre os neurônios GnRH. As co-expressões deER/AT1 e ER/NO podem caracterizar uma via transi-náptica para controle da liberação de GnRH/LH queintegra o mecanismo de retro-alimentação do E2 so-bre a secreção de LH. Portanto, a participação daAII e do NO na rede neural para o controle dessasecreção pode ser modulada pelo E2.

PARTICIPAÇÃO DE MECANISMOS SEROTONINÉRGICOS DO NÚCLEOPARABRAQUIAL LATERAL NA MODULAÇÃO DAS RESPOSTAS NEUROEN-DÓCRINAS E RENAIS ENVOLVIDAS NO CONTROLE DA HOMEOSTASE DOSLÍQUIDOS CORPORAIS

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Daniel Breseghello ZoccalOrientador: Prof. Dr. Benedito H. MachadoDissertação de Mestrado apresentada em 16/02/2006

Ratos submetidos à hipóxia crônica intermiten-te (HCI) apresentam um moderado aumento da pres-são arterial média (PAM), cujos mecanismos não es-tão bem esclarecidos. No presente estudo, foi verifi-cado que ratos expostos a uma FiO2 de 6% por 40segundos, a cada 9 minutos, 8 horas por dia, durante35 dias (grupo HCI) apresentaram um aumento signi-ficativo na PAM (115 ± 2 vs 104 ± 1 e 105 ± 1 mmHg)e na freqüência cardíaca (383 ± 6 vs 357 ± 6 e350 ± 5 bpm) quando comparados com ratos manti-dos nas câmaras controles em normóxia (grupo CH)ou no biotério de manutenção (grupo CB), respectiva-mente. A atividade da NOS, avaliada pela taxa deconversão da L-[14C]-arginina em L-[14C]-citrulina em“punches” do NTS, RVLM e PVN, não foi diferenteentre os grupos experimentais. A análise espectral dapressão arterial sistólica e do intervalo de pulso mos-trou que a modulação simpática para o sistema car-diovascular não foi alterada após a HCI. Além disso,os bloqueios ganglionar e α1-adrenérgico produziramreduções semelhantes na PAM e na resistência vas-

cular, respectivamente, nos grupos experimentais. Aavaliação do débito cardíaco pelo método da termodi-luição mostrou uma redução significativa de aproxi-madamente 30% desse parâmetro no grupo HCI emrelação aos grupos CH e CB. Além disso, a resistên-cia periférica total, calculada pela razão PAM/DC, foisignificativamente maior no grupo HCI. A análise domiocárdio mostrou que o grupo HCI também apre-sentou um aumento da massa ventricular direita e es-querda quando comparado com os grupos CH e CB.Outra importante observação foi o aumento de apro-ximadamente 2 vezes na concentração plasmática decorticosterona no grupo HCI em comparação aos gru-pos controles, enquanto que nenhuma alteração foi ob-servada em relação as concentrações plasmáticas deANP e OT. Esses resultados mostram que o aumentoda PAM em ratos submetidos à HCI é mais depen-dente de influências hormonais sobre a resistênciavascular, como a corticosterona, do que um aumentoda atividade simpática. A hipertrofia cardíaca e a re-dução do DC indicam que a função cardíaca está afe-tada neste modelo experimental, o que poderia expli-car, pelo menos em parte, porque os ratos HCI nãoapresentam níveis da PAM ainda mais elevados doque aqueles observados.

magnocelular do NPV (PaMM) e no núcelo acessóriocomissural anterior (AC) em comparação aos ratoscontroles. Os resultados também mostraram aumentono número de neurônios ir-c-Fos-AVP em ratos quereceberam injeções de metisergida (8,2 nmol) no NPBLna subdivisão lateral magnocelular do NPV (PaLM) eno NSO em comparação aos ratos controles em res-posta à EVEC. Além disso, os ratos que receberaminjeções de DOI no NPBL e submetidos à EVEC,apresentaram redução no número de neurônios ir-c-Fos-5HT no NDR em comparação aos animais trata-dos com veículo. Os ratos que receberam injeções demetisergida, apresentaram, em resposta à EVEC, au-mento significativo no número de neurônios ir-c-Fos-TH no NTS, em comparação ao veículo.

Nesse estudo identificamos também os gruposneuronais que apresentaram aumento na imunorreati-vidade à proteína c-Fos em resposta ao estímulo agu-do da EVEC isotônica e que se projetam diretamente

ao NPBL, utilizando para isso o marcador retrógradode vias, Fluorogold (FG). As áreas prosencefálicas queforam ativadas em resposta à EVEC e projetaram-separa o NPBL foram: amígdala central (ACe), PVN eo núcleo da estria terminal (BST) em comparação aosseus respectivos controles. As estruturas do troncocerebral ir-c-Fos-FG em reposta à EVEC foram: NTS,NDR e locus coeruleus (LC). Nossos resultados tam-bém mostraram o padrão de imunorreatividade triplan o NDR: proteína c-Fos-FG-5H. Os resultados obti-dos mostraram que os neurônios serotoninérgicos doNDR são ativados pela EVEC e conectam-se direta-mente ao NPBL. Concluindo, os presentes resultadossugerem que o sistema serotoninérgico presente noNPBL constitui um dos responsáveis pela regulaçãoneuroendócrina do volume dos líquidos orgânicos mo-dulando a excreção de água e eletrólitos, bem como aliberação de AVP, OT e ANP em resposta à EVECisotônica.

FUNÇÃO CARDIOVASCULAR DE RATOS SUBMETIDOS À HIPÓXIA CRÔ-NICA INTERMITENTE

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

Valter Joviniano de Santana FilhoOrientador: Prof. Dr. Rubens Fazan JuniorDissertação de Mestrado apresentada em 17/02/2006

A amiodarona (AM) é um agente antiarrítmico,comumente utilizado para o tratamento de arritmiasventriculares e supra ventriculares. AM possui efeitoshemodinâmicos complexos e não completamente co-nhecidos. O presente estudo objetivou avaliar os efei-tos da administração, aguda ou crônica, de AM sobrea pressão arterial (PA), freqüência cardíaca (FC), dé-bito cardíaco (DC) e resistência periférica total (RPT),em ratos anestesiados. Ratos Wistar (300 ± 25 g) fo-ram anestesiados com uretana (1 g/kg) e implantadoscom cânulas de polietileno na artéria e veia femoral, ejugular direita. Também foi introduzido um sensor detemperatura, pela carótida direita, até a aorta ascen-dente. Sob registro contínuo da PA e FC os ratos tive-ram o DC medido antes e 1, 3, 10 e 30 min após AM(50 mg/kg i.v.) ou veículo. A resistência periférica to-tal (RPT) foi calculada pela razão PAM/DC. Para oestudo crônico, um grupo de ratos recebeu AM (100mg/kg/dia) na água de beber, durante 6 semanas, en-quanto um grupo controle recebia apenas água. Antesde iniciar, e no último dia de tratamento, os animaisforam anestesiados com tribromoetanol (2,5 mg/kg)para avaliação eletrocardiográfica. Dois dias após asegunda avaliação eletrocardiográfica, os animais fo-ram anestesiados com uretana e instrumentados paraavaliação hemodinâmica conforme descrito anterior-mente. O DC e RPT foram mensurados em triplicata

sendo, em seguida administrado prazosin e mesuradonovamente em triplicata o DC e RPT enquanto a PAe FC avaliada continuamente. Na avaliação do trata-mento agudo nos ratos que receberam AM houve umaredução acentuada da PA com uma recuperação par-cial. Quanto a FC, observou-se uma bradicardia noprimeiro minuto após AM, que perdurou até o final doexperimento. Comportamento semelhante à FC apre-sentou a +dP/dt(max) e o DC que sofreram uma re-dução imediata, após AM, permanecendo até o finaldo experimento. A RPT caiu no primeiro minuto, mas10 minutos após AM, já havia recuperado e, ao finaldo experimento, tendeu a se elevar. Nos animais quereceberam veículo não foi observada nenhuma altera-ção nos parâmetros estudados. Quanto ao tratamentocrônico, foi observado ao exame eletrocardiográfico,aumento dos intervalos P_R e Q_T nos animais trata-dos tratados com AM. Na avaliação hemodinâmicanão foram observadas alterações no período basal entreos grupos. Porém, após administração de prazosin,houve uma queda de menor magnitude na PAM e RPTnos animais tratados com AM enquanto que na FC, aqueda foi maior nesses animais, quando comparadosaos não tratados. Com isso conclui-se que a AM, ad-ministrada agudamente, tem um efeito depressor daatividade cardíaca (bradicardia e redução do DC) quepersiste por pelo menos 30 minutos, e também, deter-mina uma vasodilatação periférica (queda da RPT)que desaparece em alguns minutos. E quando admi-nistrada cronicamente a AM causa uma bradicardia euma redução do tono simpático vascular.

AVALIAÇÃO HEMODINÂMICA DE RATOS TRATADOS AGUDA OU CRONICA-MENTE COM AMIODARONA

REGULAÇÃO NEUROENDÓCRINA DO PICO DE PROLACTINA DO ESTRO

Raphael Escorsim SzawkaOrientadora: Profa. Dra. Janete A. Anselmo FranciTese de Doutorado apresentada em 02/03/2006

As concentrações plasmáticas de prolactina(PRL) apresentam variações rítmicas característicasdurante o ciclo estral, influenciadas principalmentepelas flutuações nas concentrações plasmáticas deestradiol. Um pico pré-ovulatório de PRL ocorre natarde de proestro e um pico secundário deste hormô-nio foi recentemente descrito na tarde de estro. A se-creção de PRL é tonicamente inibida pela dopamina

de origem hipotalâmica. Por outro lado, aumentos agu-dos na liberação deste hormônio dependem da açãoestimulatória de fatores liberadores de PRL. Ainda,neurotransmissores como a noradrenalina e a seroto-nina parecem ser importantes na geração de picos dePRL. Estudos prévios deste laboratório demonstramque o núcleo noradrenérgico locus coeruleus (LC)participa na gênese do pico de PRL do proestro e dospicos de PRL induzidos por esteróides ovarianos emratas ovariectomizadas. Portanto, considerando-se acomplexa regulação da secreção de PRL, este traba-lho teve por objetivo avaliar a participação de diferen-

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

tes componentes neuroendócrinos na gênese do picode PRL do estro. Para tanto, inicialmente foi confir-mada a ocorrência fisiológica do pico de PRL do estroe, a partir de então, avaliou-se: 1) o efeito da lesão doLC no pico de PRL do estro e nas concentrações denoradrenalina na área pré-óptica medial (APOM), hi-potálamo médio basal (HMB) e núcleo paraventricu-lar (PVN); 2) a atividade dos neurônios do LC duran-te o estro, determinada por dupla marcação imunohis-toquímica para Fos e tirosina hidroxilase (TH); 3) aliberação de noradrenalina na APOM durante o cicloestral, determinada por microdiálise;/ /4) a taxa de /turnover /dopaminérgico e serotoninérgico da APOMe HMB durante o estro e 5) o efeito da ovariectomiano pico de PRL do estro. Os resultados destes estu-dos demonstraram que a lesão do LC no estro reduziuas concentrações de noradrenalina na APOM, HMBe PVN e bloqueou o pico de PRL deste dia. Ainda,demonstrou-se um aumento da imunorreatividade àFos nos neurônios do LC às 14:00 h do estro, sugerin-do um aumento de atividade do núcleo neste período.O estudo de microdiálise demonstrou aumentos mar-cantes na liberação de noradrenalina na APOM du-rante as tardes de proestro e estro, precedendo tem-

poralmente os picos de secreção de PRL, o que suge-re uma ação estimulatória da neurotransmissão nora-drenérgica da APOM na gênese dos mesmos. Obser-vou-se também um aumento no /turnover /dopaminér-gico na APOM e HMB ocorrendo simultaneamentecom o pico de PRL do estro, sugerindo a participaçãoda dopamina hipotalâmica na regulação deste pico.Por outro lado, não se verificou alteração no /turnover/serotoninérgico durante o mesmo período. A ovariec-tomia na manhã do proestro, embora tenha reduzidoas concentrações de estradiol e progesterona, nãomodificou o pico de PRL do estro, sugerindo que asecreção de esteróides ovarianos no proestro não deveser importante na geração deste pico. Os dados emconjunto indicam que a deflagração do pico de PRLdo estro parece não depender diretamente das con-centrações de esteróides ovarianos, mas sim, da ati-vação de projeções noradrenérgicas do LC para o hi-potálamo e do aumento da liberação de noradrenalinana APOM. Ainda, as altas concentrações de PRLdurante o pico poderiam estimular a atividade dopa-minérgica do hipotálamo, contribuindo para a reduçãoda sua própria secreção por um mecanismo de retro-alimentação negativa.

ESTUDO MORFOFUNCIONAL DO NERVO DEPRESSOR AÓRTICO DE RATOSDIABÉTICOS

Jussara Marcia do CarmoOrientador: Prof. Dr. Hélio César SalgadoTese de Doutorado apresentada em 06/03/2006

O objetivo do presente estudo foi investigar osaspectos morfológicos e funcionais do nervo depressoraórtico (NDA) de ratos, aos 5, 15 e 120 dias após ainstalação do diabete induzido pela estreptozotocina(STZ), e analisar possíveis correlações entre estesaspectos funcionais e morfológicos.

A atividade do NDA foi registrada, simultanea-mente, com a pressão arterial (PA), sob anestesia dopentobarbital sódico. A função barorreceptora foi es-tudada por meio da curva de PA versus atividade doNDA, ajustada por meio de uma regressão logísticasigmoidal, onde foram obtidos o ganho (inclinação dacurva) e a pressão arterial média (PAM) correspon-dente a 50% da atividade máxima do barorreceptor(PAM_50 ); também, por meio da análise espectralcruzada entre a PA e atividade do NDA, foi calculada

a função de transferência (razão da potência entre aPAM e a atividade do NDA) a qual representa o gan-ho do barorreceptor. A análise espectral cruzada foiaplicada durante oscilação de 0,3 Hz na PA, induzidapor meio da retirada e reinfusão de sangue na artériafemoral, a fim de simular a modulação simpática so-bre o tônus vascular. A análise espectral cruzada foiaplicada, também, durante as oscilações espontâneas(0,75-3 Hz) da PA decorrentes da respiração.

Os níveis glicêmicos se apresentaram mais ele-vados nos ratos diabéticos quando comparados aoscontroles aos 5, 15 e 120 dias. Os níveis de PAM dosdiabéticos se apresentaram mais baixos do que os con-troles aos 5 dias, 15 dias e 120 dias. O mesmo ocorreupara a freqüência cardíaca, aos 5 dias, 15 dias e 120dias. A PAM_50 dos animais diabéticos foi menor aos5 e 120 dias.

O ganho do NDA foi semelhante quando cal-culado pelo percentual basal nos animais diabéticos econtroles aos 5 e 120 dias. A magnitude da função de

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

transferência, obtida por meio da análise espectral cru-zada entre a PA e a atividade do NDA foi semelhanteentre diabéticos e controles durante as oscilações in-duzidas de 0,3 Hz quando a atividade foi normalizadaem função da atividade basal do NDA, aos 5 dias, 15dias e 120 dias; e, também, quando da normalizaçãopelo máximo da atividade do NDA aos 5 e 120 dias.Resultados semelhantes foram encontrados duranteas oscilações espontâneas da PA decorrentes da res-piração (~1,7 Hz), quando a atividade foi normalizadaem função da atividade basal do NDA aos 5, 15 e 120dias; e, também, quando da normalização pelo máxi-mo da atividade do NDA aos 5 dias e 120 dias. Osresultados da análise espectral nas diferentes fases(5, 15 e 120 dias) mostraram que a sensibilidade doNDA, avaliada por meio da curva de PAM vs ativida-de do NDA e da análise espectral cruzada, não sofreualteração com o diabete.

Os aspectos morfológicos mostraram que aárea fascicular foi semelhante entre diabéticos e con-troles aos 5 dias e aos 15 dias, porém diferente aos120 dias. A área da bainha de mielina foi semelhanteentre os diabéticos e os controles aos 5 dias. Estamedida foi significativamente menor nos animais dia-

béticos quando comparado aos controles aos 15 diase 120 dias. Não foi observada correlação entre os pa-râmetros funcionais e morfológicos nos protocolos es-tudados. Porém, a correlação foi positiva entre a áreade mielina (mm^2) e o diâmetro axonal (mm)^ nos 3protocolos.

Conclui-se, por meio de 2 diferentes métodosde análise da sensibilidade do barorreceptor, que a ati-vidade do NDA não foi alterada pelo diabete em dife-rentes períodos (5, 15 e 120 dias). Entretanto, os da-dos morfológicos das fibras mielinizadas demonstra-ram alteração a partir do 15º dia de evolução do dia-bete. Estes resultados sugerem que a função barorre-ceptora se encontra preservada, provavelmente, de-vido ao fato de que as pequenas fibras mielinizadassão mais resistentes aos efeitos deletérios do diabete,em contraste com as grandes fibras mielinizadas, asquais parecem ser mais sensíveis a alterações meta-bólicas, tais como hiperglicemia. Conclui-se, também,que não existe correlação entre os parâmetros funci-onais analisados por meio do registro multifibras e osdados morfológicos no NDA, embora exista correla-ção entre a área de mielina e o diâmetro axonal nosanimais controles e diabéticos.

ingestão de sódio e água, natriurese, assim como asconcentrações plasmáticas de sódio, ocitocina (OT),peptídeo natriurético atrial (ANP) e vasopressina(AVP). Neste protocolo, microinjetamos no (i) SFO, oantagonista de receptores AT1 de angiotensina II,ZD7155 (2 e 5 nmol/0,2µL/rato); (ii) no DRN, o ago-nista ou o antagonista de receptores 5-HT1a, respec-tivamente o 8-OH-DPAT (7,5 nmol/0,2µL/rato) e WAY100635 (2 nmol/0,2µL/rato); e (iii) no MRN, o ZD 7155(5 nmol/0,2µL/rato). Avaliamos a ingestão espontâ-nea e induzida de sódio após a administração sistê-mica aguda e crônica do 8-OHDPAT (25, 50, 125 e250 µg/kg). Utilizando técnicas de imuno-histoquími-ca para FOS, e “fluorogold”, um traçador neuronalretrógrado, injetado no DRN, identificamos neurôniosda lâmina terminal, que estão ativados e projetam axô-nios para o DRN após a ingestão induzida de sódio.Os resultados demonstraram que a IMO inibiu a in-

Daniel Badauê Passos JuniorOrientador: Prof. Dr. José Antunes RodriguesTese de Doutorado apresentada em 31/03/2006

O controle do apetite e saciedade por sódio cons-titui função fisiológica essencial para a manutençãodo balanço hidro-eletrolítico corporal. Nesta tese ob-jetivamos elucidar a interação de estruturas encefáli-cas da lâmina terminal [órgão subfornicial (SFO), nú-cleo preóptico mediano e órgão vasculoso da lâminaterminal], com os núcleos dorsal (DRN) e mediano darafe (MRN) neste controle. A ingestão de sódio foievocada pela associação de furosemida (20 mg/kg,sc) com dieta baixa em sódio. Neste modelo, obser-vamos o efeito do estresse de imobilização (IMO)sobre a ingestão induzida de sódio. Nestas condições,investigamos a atividade angiotensinérgica pela admi-nistração de captopril (5 e 50 mg/kg, ip). Avaliou-se a

CONTROLE DO APETITE E DA SACIEDADE AO SÓDIO: EFEITOS DO ES-TRESSE DE IMOBILIZAÇÃO E RESPOSTAS NEUROENDÓCRINAS INDUZIDASPELA DEPLEÇÃO DE SÓDIO EM RATOS

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

Marcelo Picinin BernuciOrientadora: Profa. Dra. Janete A. Anselmo FranciDissertação de Mestrado apresentada em 31/03/2006

A função ovariana está sob controle, entre ou-tros, dos hormônios hipofisários e da inervação sim-pática periférica. Alterações na homeostasia destessistemas regulatórios têm sido relacionadas ao desen-volvimento de patologias ovarianas, como a síndromedos ovários policísticos (SOP), uma das maiores cau-sas de infertilidade feminina. O ovário possui tambémconexões com vários núcleos cerebrais incluindo onúcleo noradrenérgico locus coeruleus (LC), o qualestá intimamente relacionado ao controle da funçãodo eixo hipotálamo-hipófise-gonadal. Por outro lado,estresses crônicos são capazes de interferir na home-ostasia deste sistema e causar alterações morfo-fun-cionais no ovário de ratas, resultando em deficiênciasna função reprodutiva. Desde que o LC é responsivoao estresse, nós investigamos se o estresse por friopor oito semanas seria capaz de induzir a formaçãode cistos e se a ativação do LC por este modelo deestresse estaria relacionada à formação destes. Ratascom ciclo estral regular foram submetidas à lesãoeletrolítica do LC (grupo estresse-lesão) ou cirurgiafictícia (grupo estresse-sham), ou então sem nenhu-ma manipulação central (grupo estresse). Após sete

dias, os animais foram submetidos ao estresse por frio(4°C-3 horas/dia/8 semanas). Os animais do grupocontrole foram mantidos em temperatura ambiente.Após este período os animais foram sacrificados natarde da fase do estro do ciclo estral, quando os ová-rios e uma amostra de sangue foram colhidos. Os ová-rios foram processados para análise morfológica e onúmero de óvulos nas tubas uterinas foi contado. Asconcentrações plasmáticas de estradiol, progestero-na, testosterona, LH e FSH foram determinadas porradioimunoensaio. As diferenças estatísticas foramanalisadas por meio do teste de análise de variância(ANOVA) de uma via seguida do pós-teste deNewman-Keuls. Os animais estressados apresenta-ram ciclos estrais de maior duração. Em conseqüên-cia, estes animais apresentaram no período estudadoum menor número de ciclos estrais completos. O nú-mero de óvulos encontrados no interior das tubas ute-rinas dos animais submetidos ao estresse foi inferiorao observado nos animais não estressados e estressa-dos com lesão do LC. O estresse reduziu o número defolículos pré-antrais normais e folículos antrais peri-ovulatórios, induziu a formação de folículos antraiscom hipertrofia das células da teca, um acúmulo defolículos antrais de pequeno tamanho e o aparecimen-to de cistos foliculares. Não houve diferença entre asconcentrações plasmáticas de LH, FSH e progeste-

gestão induzida de NaCl 0,3 M (P<0,001). Dose baixade captopril reverteu a inibição provocada pela IMO,enquanto dose alta bloqueou a ingestão induzida desódio (P<0,001). Durante o dia da depleção de sódio,observou-se redução da ingestão de água (P<0,01),com elevação da excreção de água (P<0,01) sem al-terar a carga excretada de sódio. Ela também reduziuas concentrações plasmáticas de sódio, OT, ANP eAVP. Observou-se expressiva ingestão de sódio apósa reapresentação de NaCl 0,3 M. Neste momento,observamos um significativo aumento das concentra-ções plasmáticas de OT (P<0,001). ZD7155microinjetado no SFO reduziu o efeito da ingestão in-duzida de sódio, enquanto a mesma droga no MRNnão interferiu na ingestão do eletrólito, mas elevou aingestão de água (P<0,01). 8-OH-DPAT no DRN pro-moveu o consumo exagerado de NaCl 0,3 M (P<0,05),

enquanto o antagonista não modificou a resposta. Otratamento agudo sistêmico com 8-OH-DPAT elevoua ingestão de sódio em ratos normo-hidratados e cro-nicamente reduziu a ingestão induzida de sódio. Aimuno-histoquímica mostrou que neurônios localizadosna lâmina terminal são ativados durante a saciedade ese projetam para o DRN. Em suma, estes resultadosdemonstram que os ajustes neuroendócrinos, renais ecomportamentais dependem de uma complexa redede integração de sinais neuroquímicos, onde os núcle-os mesencefálicos serotoninérgicos, DRN e MRN sãoimportantes sítios integrativos implicados na inibiçãoda ingestão de sódio e água. Ademais, a redução dasconcentrações plasmáticas de OT e ANP, assim comode AVP, demonstrou a necessidade de evitar a perdade sódio e a retenção de água durante a depleção.

PARTICIPAÇÃO DO LOCUS COERULEUS NA INDUÇÃO DE OVÁRIOSPOLICÍSTICOS INDUZIDOS PELO ESTRESSE EM RATAS

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

Maria Silvina Juchniuk de VozziOrientadora: Profa. Dra. Lúcia Regina MartelliDissertação de Mestrado apresentada em 13/02/2006

A infertilidade masculina e as anormalidadescromossômicas estão intimamente relacionadas, sen-do que 10 a 15% dos homens inférteis apresentamaberrações cromossômicas. Os portadores de trans-locações podem apresentar infertilidade secundária,com diferentes graus de oligoastenoteratozoospermiaou produção elevada de espermatozóides cromos-somicamente anômalos. Podem produzir de 3,4 a 40%de espermatozóides anormais e embora sejam fenoti-picamente normais, contribuem para o desequilíbriogenético em sua descendência. O efeito intercromos-sômico, possível influência dos cromossomos envolvi-dos em rearranjos sobre outros pares cromossômicos,também tem sido descrito em pacientes com translo-cações Robertsonianas, podendo modificar o risco decromossomopatias para a descendência de um casalinfértil. O objetivo deste trabalho foi analisar, por meioda técnica de FISH em espermatozóides, os mecanis-mos de segregação e o efeito intercromossômico emamostras de dois homens inférteis, portadores de

translocação robertsoniana. O primeiro (PE1) apre-sentava duas linhagens cromossômicas, com cariótipo45, XY, der(13;13)/45,XY,der(13;14) e o segundo(PE2) 45,XY, der(13;14) cromossomos. A hibridaçãocom as sondas LSI 13q14, Tel 14q (protocolo 1) eWCP13 spectrum green e WCP14 spectrum orange(protocolo 2) evidenciou maior proporção de gametasnão equilibrados na amostra PE1, correspondente a71,2% dos espermatozóides, sendo que a proporçãode gametas não equilibrados representou 35,4% dosnúcleos analisados de PE2. O protocolo 1 mostrou-semais eficiente quanto à taxa de hibridação porém oprotocolo 2 foi mais informativo para PE2, possibili-tando a diferenciação entre os gametas normais e equi-librados da segregação alternada. No paciente PE1 omecanismo de segregação adjacente foi o mais fre-qüente, a diferença do paciente PE2 que foi o meca-nismo de segregação alternada. A frequência dedissomias dos cromossomos sexuais dos dois pacien-tes avaliados foi superior (0,0528 e 0,0928) à frequênciade dissomias dos mesmos cromossomos do controle(0,006), sugerindo que existe um efeito intercromos-sômico em gametas de pacientes com translocaçõesrobertsonianas.

rona de todos os grupos estudados. Já as concentra-ções de estradiol e testosterona foram significativa-mente superiores às encontradas nos animais contro-le e lesados. A lesão do LC preveniu as alteraçõesmorfológicas e hormonais encontradas nos animais es-

tressados. Estes dados sugerem que 8 semanas deestresse crônico e intermitente por frio é capaz deinduzir a formação de cistos ovarianos e que este efei-to parece ser mediado pelos neurônios noradrenér-gicos do LC.

GENÉTICA

ESTUDO DA SEGREGAÇÃO MEIÓTICA EM PORTADORES DE TRANSLOCA-ÇÕES ROBERTSONIANAS

AGRUPAMENTO DE MENINGIOMAS HUMANOS BASEADO NO PERFIL DEEXPRESSÃO GÊNICA AVALIADA POR cDNA MICROARRAYS

Aline Renata EspanholOrientador: Prof. Dr. Geraldo Aleixo da Silva JuniorTese de Doutorado apresentada em 14/03/2006

Os meningiomas são os tumores os mais co-muns do sistema nervoso central (SNC), contabilizando26% de suas neoplasias. Embora, freqüentemente con-

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

siderados como benignos 20% destes apresentam ca-racterísticas histológicas agressivas com estatísticasignificativa em relação à morbidade e mortalidadedos pacientes.

Ainda que as medidas terapêuticas adjuvantespossam prolongar a sobrevida em vários pacientes,é importante ressaltar que seu efeito é ainda limitadoe que a maioria dos tumores primários do SN não épassível de cura. Supomos que esforços para aper-feiçoarmos os métodos já existentes, ou até mesmo ainclusão de novos métodos na caracterização finadestas neoplasias poderia contribuir com a patologiaclínica.

A tecnologia dos cDNA microarrays associa-da a análise bioinformatizada dos dados, permite oagrupamento tanto de amostras, no caso os tumores,como de genes diferencialmente expressos. É ummétodo de muito interesse para patologia clínica emedicina diagnóstica, pois ao mesmo tempo em quepodemos classificar um grande número de amostrascom base estatística e matemática, podemos tambémguardar a precisão do detalhe molecular, acessando aseqüência nucleotídica de cada gene diferencial-mente expresso.

Isto posto, levantamos a seguinte hipótese detrabalho; meningiomas humanos dos diferentes graustêm um conjunto de genes que se expressam em ní-veis diferentes ao ponto de permitirem agrupamentosegundo o grau de agressividade.

Desta forma, o principal objetivo deste estudofoi a avaliação dos perfis de expressão gênica dife-renciais entre os diferentes graus de meningiomas

(graus I, II e III) de acordo com World HealthOrganization (WHO) comparados com meninge nor-mal (controle).

O algoritmo de agrupamento hierárquico Cluster& Tree View (não supervisionado) além de possibili-tar traçarmos assinaturas de hibridação característi-cas de cada grau de meningiomas e de meninge nor-mal, permitiu-nos apontarmos seis genes induzidos emmeningioma de grau I, dois genes reprimidos emmeningioma de grau II e oito genes induzidos emmeningioma de grau III.

Já o algoritmo estatístico SAM possibilitou-nosdoze genes de expressão induzida em meningiomasde grau I, vinte e quatro genes induzidos em grau II etrês genes em grau III.

Além disso, analisamos o conjunto de genes di-ferencialmente expressos (dados do programa SAM)pelo algoritmo de Venn (diagrama de Venn) possibili-tando evidenciarmos três genes exclusivamente ex-pressos pelos meningiomas de grau III, três genes deexpressão compartilhada pelos meningiomas de grauI e II, sete genes de expressão compartilhada pelosmeningiomas de grau II e III e quatro genes de ex-pressão compartilhada por todos os graus.

Estes dados, confirmam a hipótese anteriormen-te formulada, mostrando que os diferentes graus demeningiomas apresentam expressão diferencial degenes e que a tecnologia dos cDNA microarrays, juntocom os programas de bioinformática utilizados, foi ade-quado no agrupamento não supervisionado das amos-tras dos tumores, o que poderá ter implicação na pa-tologia clínica de classificação de meningiomas.

POLIMORFISMOS GENÉTICOS E PESO AO NASCER

Débora Gusmão MeloOrientador: Prof. Dr. Aguinaldo Luiz SimõesTese de Doutorado apresentada em 24/03/2006

Com o objetivo de verificar uma possível corre-lação entre os diferentes fenótipos de quatro marca-dores genéticos polimórficos (ESD, GSTT1, GSTM1e do microssatélite da região promotora do gene IGF1)e o peso ao nascer, foram tipadas amostras de mães eRNs de duas maternidades do município de RibeirãoPreto, Estado de São Paulo. A primeira é composta por509 duplas de mãe/RN, procedente da Maternidade

do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina deRibeirão Preto, da Universidade de São Paulo (HC) ea segunda é composta por 339 duplas, procedente daMaternidade do Complexo Aeroporto (Mater). Paraexcluir o efeito de outros fatores que sabida ou supos-tamente interferem no peso ao nascer foram conside-radas várias informações dos prontuários médicos dasgestantes (idade, número de gravidezes, de abortos ede partos prévios, número de consultas, hábitos de ta-bagismo e etilismo na atual gravidez, a presença demorbidades durante a gestação e também o tipo san-guíneo) e dos RNs (sexo, peso, comprimento, idade

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

Érica Cristina de Carvalho SilvaOrientadora: Profa. Dra. Maura Helena ManfrinDissertação de Mestrado apresentada em 31/03/2006

O grupo repleta, um dos maiores e mais com-plexos grupos de espécies do gênero Drosophila, cons-titui um importante modelo biológico para estudosevolutivos. É subdividido em seis subgrupos, dos quais osubgrupo fasciola é o único que tem a maioria de suasespécies encontrada em regiões de matas úmidas dasAméricas Central e do Sul, sendo composto por 21espécies, das quais 13 tiveram ocorrência registradano Brasil. Os objetivos deste estudo foram inferir rela-ções filogenéticas entre espécies do subgrupo fasciola,utilizando seqüências de genes mitocondriais (COI e

COII) e nucleares (EF-1αF1 e tra), inferir relaçõesfilogenéticas entre representantes dos subgrupos dogrupo repleta, em uma tentativa de acrescentar infor-mações sobre a origem e evolução desse grupo, e fa-zer uma análise comparativa entre os dados obtidoscom aqueles disponíveis na literatura. Seqüências par-ciais dos genes COI, COII, EF-1αF1 e tra foram ob-tidas para todas as espécies do gênero Drosophilautilizadas neste estudo. A partir das seqüências gênicasforam realizadas análises filogenéticas, utilizando má-xima parcimônia. Todas as hipóteses filogenéticas ob-tidas sugerem que o grupo repleta é monofilético; con-siderando as relações filogenéticas entre subgrupos dogrupo repleta, os subgrupos mercatorum e repletaforam sugeridos como táxons irmãos, assim como os

gestacional, APGAR no primeiro e quinto minuto devida e presença de alguma anomalia detectada ao nas-cimento, além do tipo sanguíneo). O peso ao nascerfoi cotejado com os fenótipos dos quatro marcadoresmoleculares, considerando-se concomitantemente osdiversos parâmetros pelo Modelo Linear Generaliza-do. Os resultados obtidos encerram uma antiga dúvidasobre o desequilíbrio da ESD na população brasileira,sugerindo que o desequilíbrio anteriormente relatado édecorrente de artefato técnico, já que não se repetiucom o uso das técnicas moleculares. O presente estu-do é o primeiro relato de freqüências do locus IGF1em populações sul-americanas, o que dificulta a com-paração, no entanto, a alta incidência de IGF1*21apenas nas amostras asiáticas sugere que este aleloé um bom marcador para etnia oriental, enquanto amaior freqüência de IGF1*18 nas amostras de afro-descedentes poderá vir a ser considerado característi-co de populações africanas. O perfil das freqüênciasalélicas e fenotípicas da ESD, GSTM1 e GSTT1 ésemelhante ao descrito em outras amostras da popu-lação brasileira, sendo compatível com a composiçãotrihíbrida da mesma. A amostra Mater possui menorvariância do peso ao nascer, mas exibe semelhançacom a amostra HC no que diz respeito às freqüênciasalélicas dos marcadores moleculares. Contudo, do pontode vista epidemiológico as duas amostras diferem, pois

há maior incidência de morbidades entre as mães eRNs do HC. Embora estatisticamente não significan-te, os números indicam menor peso entre os RNs cu-jas mães são ESD*2/*2, quando comparados àquelescujas mães exibem outros genótipos e esta diferençase torna significante quando os dados não são ajusta-dos segundo as diferentes variáveis pelo Modelo Li-near Generalizado. Em função da raridade genótipoESD*2/*2 é necessário ampliar o estudo para confir-mar se esta diferença é verdadeira, já que do ponto devista biológico ela é expressiva. Não foi encontradaassociação entre os fenótipos materno e fetal daGSTM1 e GSTT1 e o peso dos RNs, é possível que asassociações dos fenótipos GSTT1- e GSTM1- combaixo peso em filhos de mães tabagistas, previamenterelatadas na literatura, sejam indiretas, isto é, estesfenótipos talvez estejam associados à idade gestacio-nal que, sabidamente, se associa a baixo peso ao nas-cer. Alguns alelos do locus IGF1 mostraram correla-ção com peso ao nascer: na amostra Mater observou-se uma forte associação entre RNs homozigotosIGF1*22/*22 e menor peso ao nascer e esta associa-ção se manteve na amostra total; o genótipo IGF1*20/*20 nos RNs da Mater exibiu associação com maiorpeso ao nascer. Estes dados, somados aos da literatu-ra, sugerem fortemente que este marcador module ouesteja ligado a moduladores do peso ao nascer.

ANÁLISES FILOGENÉTICAS DO GRUPO REPLETA (GÊNERO DROSOPHILA)COM ÊNFASE NO SUBGRUPO FASCIOLA UTILIZANDO GENES MITOCON-DRIAIS E NUCLEARES

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

Ana Carolina da Silva MarchesiniOrientador: Prof. Dr. Francisco José Candido dos ReisDissertação de Mestrado apresentada em 19/01/2006

Introdução: a ultra-sonografia é o exame me-nos invasivo capaz de detectar alterações de pequenovolume na região anexial e o estudo Doppler coloridopermite uma avaliação indireta do metabolismo da le-são. No entanto, as neoplasias malignas podem apre-sentar áreas de tecido ovariano benigno e dificultar odiagnóstico diferencial ultra-sonográfico.

Objetivos: este estudo objetivou avaliar a vali-dade e a reprodutibilidade do estudo Doppler no diag-nóstico diferencial das massas anexiais; e verificar sealgum parâmetro específico da doplervelocimetria (PVS,EDV, IP ou IR) teria maior eficácia diagnóstica.

Métodos: foi realizado estudo tipo observacio-nal prospectivo incluindo 15 (21,12%) pacientes comdiagnóstico de neoplasia maligna e 56 (78,88%) comdiagnóstico de doença benigna do ovário. Para o estu-do Doppler as massas eram setorizadas em quatroquadrantes a partir dos cortes longitudinal e transver-so. Todos os quadrantes foram insonados individual-mente para amostragem doplervelocimétrica.

Resultados: na avaliação dos quadrantes ape-nas 46,47% das massas (33 lesões) apresentaram vas-

cularização arterial nos quatro quadrantes. O coefici-ente de variação (CV) para os diversos parâmetrosdo Doppler variou entre os seguintes valores: para oIR de 11,7 a 41,7%, para o IP de 21,1 a 32,9%, para oPVS de 35,0 a 55,4%, e para o VDF de 40,1 a 50,2%.A ultra-sonografia morfológica apresentou sensibili-dade de 86,7%, especificidade de 53,6%, VPP de33,3% e VPN de 93,75%; com área sob a curva iguala 0,69 (IC 95%: 0,57 e 0,81, p = 0,0009). Quando seassociou a doplervelocimetria aos achados morfológi-cos, a sensibilidade do método foi de 93,3%, especifi-cidade de 62,5%, VPP de 40% e VPN de 97,22%;com área sob a curva igual a 0,80 (IC 95% 0,70 e0,90, p < 0,0001). Comparando o método morfológicocom o mesmo método acrescido do estudo Doppler,observou-se melhor desempenho do exame utilizandoos dois métodos com diferença estatística significati-va (p = 0,0003).

Conclusões: os resultados permitem concluirque o índice de resistência foi o parâmetro doplervelo-cimétrico com menor variabilidade, portanto o maisreprodutível. Apenas uma medida doplervelocimétricada massa ovariana não foi representativa das caracte-rísticas vasculares da lesão. O estudo Doppler melhorouos parâmetros de sensibilidade e especificidade do exa-me ultra-sonográfico no estudo de massas ovarianas.

GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA

REPRODUTIBILIDADE E VALIDADE DA AVALIAÇÃO DOPLERVELOCIMÉ-TRICA NO DIAGNÓSTICO DE MASSAS OVARIANAS

subgrupos fasciola e hydei. As relações filogenéticasobtidas a partir da análise das seqüências do geneEF-1αF1 e das análises simultâneas corroboram a mo-nofilia do subgrupo fasciola, e sugerem que Droso-phila moju representa uma linhagem distinta em rela-ção às demais espécies amostradas neste trabalho.Todas as filogenias indicam que Drosophila ellisonie D. fascioloides são espécies irmãs, resultado queestá de acordo com dados citogenéticos e morfológi-cos. Drosophila carolinae, D. onca e D. senei tam-

bém são agrupadas em todas as filogenias, com exce-ção daquela gerada a partir de seqüências parciais dogene EF-1αF1. Os genes mitocôndrias sugerem queD. carolinae e D. senei são espécies irmãs, no en-tanto, dados morfológicos indicam fortemente a pro-ximidade evolutiva entre D. carolinae e D. onca,como sugerido no cladograma gerado a partir de se-qüências parciais do gene tra. Tal fato pode ser expli-cado pela discrepância que pode existir entre filogeniasde genes e filogenias de espécies.

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

de coagulante, in vitro, compatível com as necessida-des deste trabalho, puderam-se identificar três clonescapazes de inibir a atividade coagulante da toxina.Esses clones foram utilizados para a produção de frag-mentos solúveis de anticorpos, porém, devido à au-sência de marcadores que facilitam a detecção des-tes anticorpos, não foi possível purificar os scFv. Vi-sando a obtenção de scFv puro, os sobrenadantes dosclones selecionados foram submetidos a purificaçãoparcial em gel Sephadex- G75, de onde foram eluidasduas frações de proteínas, denominados de F1 e F2. Amaior quantidade de moléculas de scFv encontrou-sena fração F1, porém ensaios de atividade coagulantedemostraram que a fração F1 dos clones seleciona-dos não provocavam inibição da atividade coagulanteda toxina. Por outro lado as frações F2 dos clonesinibiram fortemente. Portanto algum fator do sobre-nadante de bactéria provocou inibição da atividadecoagulante da toxina BjussuSP-I. Ensaios realizadosem seguida, mostraram que essa atividade inibitóriapresente na fração F2 atua de maneira dose respostainibindo a atividade coagulante da toxina e de venenosbrutos. Esta ação inibitória não é produzida apenaspelos clones selecionados, mas também por cepas deE. coli não infectadas. Ainda, a expressão dessa ativi-dade de inibição da fração F2 apresenta diminuiçãode expressão quando as culturas sofrem indução comIPTG (isopropil-b-D-tiogalactosídeo). A fração F2 tam-bém foi capaz de promover aglutinação de eritrócitosde carneiro além de inibir a atividade coagulante datoxina BjussuSP-I. Estas atividades foram suprimidasquando as frações F2 foram incubadas previamentecom EDTA e/ou glicoproteina (fetuina).

André Oliveira Mota JúniorOrientador: Prof. Dr José Elpídio BarbosaDissertação de Mestrado apresentada em 25/01/2006

Venenos de serpentes são ricas fontes de pro-teínas e peptídeos ativos. Proteínas de veneno comatividade procoagulante são úteis para o tratamentode complicações trombóticas e hemostáticas e aindacolaboram para o entendimento das reações molecu-lares. As enzimas trombina- símiles, grupo de glico-proteínas do veneno de serpentes com propriedadespro-coagulantes, são serinoproteases de cadeia únicaque compartilham alto grau de homologia com atrombina humana. A serinoprotease denominadaBjussuSP-I isolada do veneno bruto de B. jararacussuapresenta potencial terapêutico como agente desfibri-nogenante. Produzir anticorpos contra essa toxina paraauxílio co-terápico de acidentes ofídicos ou para com-preensão dos mecanismos de ação dessa proteina po-derá levar, futuramente, ao desenvolvimento de mo-delos para novos fármacos. Neste trabalho foi explo-rado o uso da biblioteca de anticorpos humanosGriffin.1 para o isolamento de fragmento de anticor-pos (scFv) contra a toxina BjussuSP-I.

O protocolo adotado para a seleção dos fagos-anticorpos contra BjussuSP-I foi o de imobilização dasproteínas em imunotubo. Foram realizados três turnosde seleção e os fagos-anticorpos selecionados do pri-meiro turno apresentaram maior título de anticorposespecíficos para a proteína e foram escolhidos para aprodução de fagos-anticorpos monoclonais. Após a pa-dronização de um método de quantificação da ativida-

IMUNOLOGIA BÁSICA E APLICADA

INIBIÇÃO DA ATIVIDADE DE UMA NOVA SERINOPROTEASE ISOLADA DOVENENO DE B. JARARACUSSU UTILIZANDO A BIBLIOTECA DE FRAGMEN-TOS DE ANTICORPOS RECOMBINANTES GRIFFIN.1

DESENVOLVIMENTO DE VACINAS DE SUBUNIDADE BASEADAS NA PROTEÍ-NA Hsp65 E ADJUVANTES FORMULADOS EM MICROESFERAS: AVALIAÇÃO DAIMUNOGENICIDADE E PROTEÇÃO CONTRA TUBERCULOSE EXPERIMENTAL

Sandra Aparecida dos SantosOrientador: Prof. Dr. Célio Lopes SilvaTese de Doutorado apresentada em 30/01/2006

A tuberculose (TB) é uma das doenças infec-ciosas que mais matam em todo o mundo e apesar daintrodução da vacina BCG e de drogas a dissemina-

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

ção da TB ainda não foi controlada. Assim, a otimiza-ção da vacina BCG e/ou o desenvolvimento de novasvacinas profiláticas e terapêuticas é essencial para ocombate a essa doença. Dentre as potenciais vacinasrecentemente priorizadas pela Organização Mundialda Saúde para iniciar os ensaios clínicos em humanosnos próximos anos, encontra-se a baseada no antíge-no Hsp65, desenvolvida por nosso grupo. Embora avacina de DNA codificando a proteína Hsp65 tenhasido a melhor dentre as formulações avaliadas, aindaé necessário otimizá-la visando o aumento da imuno-genicidade e eficácia protetora contra TB. Nesse con-texto avaliar o uso das vacinas de subunidade basea-das em antígenos recombinantes também é pertinenteporque essas vacinas são seguras, de fácil formula-ção, administração e produção. Assim, com o intuitode formular uma vacina de subunidade de dose únicapropôs-se o uso de microesferas biodegradáveis(PLGA) e imunoestimulantes (Poliarginina, KLK ouCpG) para formular novas vacinas baseadas na pro-teína Hsp65 recombinante. Uma dose única dessasformulações vacinais foi administrada a camundon-gos isogênicos (i.m.) para análise da resposta imune(humoral e celular) induzida e também para avaliaçãoda eficácia protetora contra a infecção experimentalpor M. tuberculosis H37Rv. Nossos resultados mos-traram que as formulações contendo a proteína ou a

proteína e os adjuvantes foram capazes de induzir res-postas imunes específicas. As formulaçõesHsp65+Poliarginina e Hsp65+CpG induziram uma res-posta de padrão Th1 enquanto a vacina contendoHsp65+KLK induziu uma resposta mista Th1/Th2.Apesar de ter estimulado esse padrão de resposta aformulação contendo Hsp65+KLK reduziu em 100vezes a carga bacilar em relação ao grupo controle,bem como, preservou a estrutura do parênquima pul-monar. Além disso a utilização de uma proteína commaior quantidade de LPS na formulação que tambémcontem KLK induziu uma proteção de maior duração,sugerindo que o adjuvante LPS também desempenhaimportante papel na resposta induzida. Pode se con-cluir desse trabalho, que é possível formular uma va-cina para a administração em dose única baseada naproteína recombinante Hsp65. Assim, como perspec-tivas futuras, além do estudo mais detalhado sobre osmecanismos envolvidos na proteção, pretende-se oti-mizar a vacina Hsp65+KLK visando aumentar a du-ração da resposta induzida por ela. Para isso preten-de-se utilizar como estratégia a administração de umadose de reforço com a proteína e adjuvante, utilizandoo conceito de “prime-boost” homólogo de dose únicaatravés da combinação de microesferas que liberemo antígeno em diferentes intervalos de tempo duranteum período maior.

mente eficiente na profilaxia e terapia contra a tuber-culose experimental. Nesse trabalho, avaliamos o pa-pel de outra construção também carreadora do geneda Hsp65 de M. leprae, o pVAX-Hsp65, aplicada pelarota intramuscular, utilizando-se o plasmídeo nu na dosede 300 µg ou veiculado em diferentes estruturas lipídi-cas nas doses de 50 µg ou 100 µg. Avaliamos, ainda, oefeito da administração intranasal de tais estruturasna dose de 25 µg. A administração intramuscular dopVAX-Hsp65 na dose de 300 µg, utilizando-se DNAnu, ou de 50 µg, veiculada em diferentes formulaçõesde lipossomas não induziu proteção contra o posteriordesafio com M. tuberculosis, apesar de induzir pro-dução de citocinas do perfil TH1. A vacinação com asformulações induziu principalmente, a produção deanticorpos Hsp65 específicos da subclasse IgG2a, en-quanto que o DNA nu induziu a produção tanto de

Rogério Silva RosadaOrientadora: Profa.Dra. Arlete A. M.Coelho-CasteloDissertação de Mestrado apresentada em 02/02/06

As vacinas de DNA têm sido amplamente utili-zadas nos últimos 10 anos como uma nova estratégiade vacinação para diferentes patologias. Apesar daeficiente indução da resposta imune em modelos ex-perimentais e, em algumas situações, em humanos, adose de DNA plasmideal utilizada é relativamente alta.Desse modo, estratégias que visem diminuir a doseadministrada com a manutenção da resposta imunetêm sido alvo de inúmeras pesquisas. A vacina de DNA-Hsp65 de Mycobacterium leprae quando veiculadana dose de 300 µg em DNA plasmideal – pcDNA3-Hsp65- pela via intramuscular tem se mostrado alta-

VACINA DE DNA pVAX-Hsp65 CONTRA A TUBERCULOSE EXPERIMENTAL,VEICULADA POR DIFERENTES CONSTRUÇÕES LIPOSSOMAIS, APRESENTAPROTEÇÃO DEPENDENTE DA DOSE E ROTA DE ADMINISTRAÇÃO

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

IgG2a quanto IgG1. Quando os animais foram vacina-dos com duas doses das formulações lipossomais con-tendo 50 µg, houve uma redução significativa (0,57log) na unidade formadora de colônia (CFU) de amos-tras pulmonares, mostrando assim um claro efeito pro-tetor. Inesperadamente, a vacinação pela via intranasalcom apenas 25 µg de DNA carreados em lipossomasconferiu uma proteção muito superior a todas as ou-tras estratégias. Tal fenômeno pode ser evidenciadopela redução de 1,02 log na CFU obtida do pulmão e

pela manutenção da arquitetura pulmonar. Esses re-sultados ressaltam a importância tanto da rota de imu-nização quanto da dose de DNA empregado nessasvacinas, bem como a forma como é oferecida ao sis-tema imune para indução de uma imunidade proteto-ra. Além disso, abrem perspectivas para o estudo denovas rotas e formulações para uso de vacinas de DNAcontra a tuberculose experimental, com sensível redu-ção na quantidade de DNA plasmideal utilizado, con-tribuindo para a biossegurança das mesmas.

EFEITO DO ADJUVANTE NA MODULAÇÃO DA RESPOSTA IMUNE INDUZIDAPOR ANTÍGENOS SECRETADOS POR MYCOBACTERIUM TUBERCULOSIS

Denise Morais da FonsecaOrientadora: Profa. Dra. Vânia Luiza Deperon BonatoDissertação de Mestrado apresentada em 22/02/2006

A tuberculose (TB), doença causada pelo baciloMycobacterium tuberculosis, é considerada uma dasmaiores causas de mortalidade por doenças infeccio-sas no mundo. Embora exista a vacina BCG (Bacilode Calmete-Guérin), usada para prevenção da TB, eterapia para os indivíduos que desenvolvem a doença,alguns fatores estão associados com a dificuldade emrestringir o elevado número de casos, como: o aban-dono da quimioterapia, o surgimento de cepas multir-resistentes às drogas e a eficácia variável da vacinaBCG. Esse contexto levou a necessidade de se desen-volver uma nova vacina contra TB, que seja mais efi-ciente que o BCG e segura para indivíduos imunocom-prometidos. O objetivo deste trabalho foi testar umaestratégia profilática na TB experimental imunizandocamundongos com uma solução de proteínas secreta-das por M. tuberculosis (PFC- Proteínas de Filtradode Cultura) administrada em presença de motivos CpG,como adjuvante. Camundongos BALB/c receberam3 imunizações com intervalos semanais, por via sub-cutânea, com uma solução contendo 50 µg de PFC e50 µg de CpG 1826. Como controles, grupos de ani-mais receberam PFC emulsificado em adjuvante in-completo de Freund (AIF), PFC e CpG 2041 (não es-timulatório) ou apenas PBS. A imunogenicidade dasestratégias de imunização foi avaliada 15 dias após aúltima imunização através da detecção de anticorposséricos e de citocinas produzidas por células de baçomediante estimulação in vitro. Para avaliação da efi-cácia protetora da preparação vacinal, os animais fo-ram imunizados e, após 60 dias, desafiados por viaintratraqueal com uma cepa virulenta de M. tubercu-

losis. Setenta dias após o desafio realizou-se o ensaiode proteção através da contagem do número de Uni-dades Formadoras de Colônia (UFC), a detecção decitocinas produzidas em homogenato de pulmão e ava-liação do fenótipo celular no pulmão. Em relação aosensaios de imunogenicidade, observamos que a imuni-zação com o antígeno PFC acrescido de CpG 1826,CpG 2041 ou AIF induziu produção significativa deanticorpos IgG1 antígeno-específicos. Entretanto, ape-nas os animais imunizados com PFC e CpG 1826 sin-tetizaram níveis significativos do isotipo IgG2a. Essesanimais também produziram concentrações mais ele-vadas de IFN-γ, enquanto a imunização com PFC emAIF induziu produção de IFN-γ, IL-5 e IL-10 por célulasde baço estimulas com o antígeno especifico in vitro.Contudo, após o desafio com M. tuberculosis, nãoverificamos proteção no grupo de animais imunizadocom PFC e CpG 1826. No pulmão desses animais,detectamos concentrações mais altas de IFN-γ e me-nores de TGF-β, além de um alto grau de comprome-timento do parênquima pulmonar em relação ao grupode animais imunizados com PFC em AIF, no qual hou-ve uma redução significativa do número de UFC. Osanimais imunizados apenas com o antígeno protéico,em presença de CpG 2041 que não possui efeito esti-mulatório, não apresentaram alteração na respostaimune induzida e no número de UFC em relação aosanimais não imunizados e infectados. Na tentativa deotimizar a eficácia da imunização com PFC e CpG1826, avaliamos também a via de imunização intranasal.Entretanto, camundongos que receberam PFC e CpG1826 pela via intranasal apresentaram um aumento sig-nificativo no número de UFC. Dentro do contexto dosdados obtidos, discutimos neste trabalho a complexarelação M. tuberculosis-hospedeiro e suas conseqü-ências no desenvolvimento de vacinas contra a TB.

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

Vera Cristina Terra-BustamanteOrientador: Prof. Dr. Américo Ceiki SakamotoTese de Doutorado apresentada em 21/02/2006

A epilepsia na população pediátrica é intratávelem alguns casos, especialmente quando consideradosos quadros sintomáticos associados a anormalidadesdo exame neurológico. Vários autores têm demons-trado uma resposta favorável ao tratamento cirúrgico,com seguimento a longo prazo, com resultados seme-lhantes aos observados na população de pacientesadultos. Serão analisados os achados demográficos,os exames de investigação e a resposta ao tratamentocirúrgico de um grupo de pacientes com idade entrezero e 18 anos com crises epilépticas refratárias ava-liados no programa de cirurgia pediátrica do Centrode Cirurgia de Epilepsia de Ribeirão Preto.

Foram analisados neste estudo 126 pacientesoperados no período de julho de 1994 a dezembro de2003. Foram considerados aspectos demográficoscomo a idade da realização da cirurgia, tipo de crise,achados histopatológicos e controle pós-operatório dascrises epilépticas. Os pacientes foram analisados deacordo com as normas previamente aprovadas peloComitê de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicasde Ribeirão Preto. Os dados foram analisados retros-pectivamente, considerando-se para o controle dascrises a data atual. Não houve diferenças estatistica-mente significantes na distribuição por sexo. Crisesparciais complexas ocorreram em 34,9% dos pacien-tes, seguidas das crises tônicas (25,3%) e das crisesfocais motoras (12,7%). Crises diárias ou estado demal epiléptico foi observado em 69,8% dos pacientes.

O registro eletrográfico (EEG) revelou uma maior in-cidência de padrões atípicos difusos, sendo que a aná-lise individual dos pacientes operados no lobo tempo-ral revelou uma grande variabilidade dos achados ele-trográficos, com a identificação de um padrão inicial-mente difuso e posteriormente localizado no lobo tem-poral, mesmo em pacientes com esclerose mesial tem-poral. As etiologias mais encontradas foram as mal-formações do desenvolvimento cortical (24,6%), se-guida dos tumores (15,9%), da esclerose mesial tem-poral (11,5%) e da Encefalite de Rasmussen (7,5%).Cirurgias no lobo temporal foram realizadas em 29,4%dos casos, sendo o maior grupo. Controle pós-opera-tório satisfatório foi encontrado em 71,2% dos paci-entes, considerando-se os casos com classificação I eII de Engel. Os pacientes submetidos à lobectomiatemporal apresentaram a melhor evolução e os paci-entes submetidos à calosotomia foram os que apre-sentaram pior prognóstico cirúrgico. Apenas 27 paci-entes apresentaram complicações pós-operatórias,sendo que a complicação mais comum foi piora dahemiparesia pré-existente, seguida de pneumonia pós-operatória.

Em conclusão, o controle de crises no pós-ope-ratório foi bastante semelhante na população alvo desteestudo, quando comparada com os achados da litera-tura para pacientes adultos, embora uma maior inci-dência de pacientes com epilepsias extratemporaistenha sido observada. Estes achados sugerem que,assim como em adultos, o tratamento cirúrgico paraepilepsia deve ser considerado em crianças e adoles-centes, mesmo na presença de alterações eletrográfi-cas atípicas.

A recuperação funcional pós-isquemia cerebraltem sido associada à reorganização cortical, mas os me-canismos que envolvem este processo não estão com-

Sônia Maria Fioravante de CarvalhoOrientador: Prof. Dr. Dráulio Barros de AraújoDissertação de Mestrado apresentada em 08/03/2006

CONTRIBUIÇÃO DA IMAGEM FUNCIONAL POR RESSONÂNCIA MAGNÉTI-CA PARA O ESTUDO DA REORGANIZAÇÃO DO CÓRTEX MOTOR PÓS-AVCI

NEUROLOGIA

CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DAS EPILEPSIAS FARMACORRESISTENTESDA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA: ASPECTOS CLÍNICOS E CIRÚRGICOS

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pletamente esclarecidos. A Imagem por RessonânciaMagnética funcional – functional Magnetic ResonanceImaging (fMRI) - tem contribuído muito para o conheci-mento da neuroplasticidade. O objetivo deste estudofoi estabelecer padrões de ativação cerebral através domapeamento por fMRI, em pacientes na fase crônicade um AVCI (território da ACM). Sendo assim, 27pacientes foram submetidos ao exame de fMRI, ondeuma tarefa motora foi solicitada (abrir e fechar a mão).Destes, 13 tiveram que ser excluídos, principalmentepor apresentar artefatos de movimento, totalizando umaamostra final de 14 pacientes. Para a aquisição das ima-gens, utilizamos um scanner de 1,5 T Siemens (MagnetonVision) com seqüências do tipo EPI-BOLD. Os ma-

pas estatísticos foram obtidos através do programaBrain Voyager, usando o método Modelo Geral Line-ar. Os resultados demonstram ativação predominantenas áreas motoras contralaterais (M1, AMS e CPM),durante a realização da tarefa motora pela mãoparética. A ativação na periferia da lesão, giro do cíngulo,ínsula, putamen e cerebelo também estavam presentesem alguns pacientes. Ainda, um efeito condizente como de habituação, foi observado em apenas um pacien-te estudado. Este trabalho nos proporcionou visualizaros padrões de ativação encefálica presentes após AVCI,como também, o melhor conhecimento das dificulda-des metodológicas e limitações da fMRI, fornecendoinformações para futuras investigações.

lidade dos nervos, bem como aqueles mais utilizadosnas investigações patológicas. Segmentos proximaise distais foram estudados, pois muitas neuropatias têmseu início nos segmentos distais, acometendo os pro-ximais somente em estágios mais avançados da doen-ça. O nervo depressor aórtico (NDA) de ratos Wis-tar, adultos jovens, foi preparado com técnicas histo-lógicas para inclusão em resina epóxi e estudado emnível de microscopia de luz. A análise morfométricados fascículos e das fibras mielínicas, nos segmentosproximais e distais, foi realizada manualmente, a par-tir de fotomicrografias, em um sistema analisador deimagens acoplado à uma mesa digitalizadora (Mini-MOP). Para a análise morfométrica semi-automáti-ca, as imagens obtidas a partir dos negativos, que ge-raram as fotomicrografias utilizadas na análise ma-nual, foram digitalizadas em um microcomputador.A análise morfométrica dessas imagens foi realizadacom o auxílio de um sistema analisador de imagenscomputacional (KS-400). As mesmas imagens foramanalisadas pelos dois métodos, para que se pudessecompará-los apropriadamente. Nossos resultadosmostraram que o NDA é um nervo de proporçõespequenas e morfometricamente simétrico ao longo desua extensão. A simetria longitudinal desse nervo foidemonstrada por ambos os métodos morfométricos.Houve uma discreta variação entre os dados obtidoscom os métodos morfométricos manual e semi-auto-mático, sendo que essa variação não alcançou níveisde significância. Nossos dados indicam que, para ner-vos pequenos, o método manual não introduziu erros

André Pelegrino Demétrio da SilvaOrientadora: Profa. Dra. Valéria Paula Sassoli FazanDissertação de Mestrado apresentada em 23/03/2006

Os métodos quantitativos constituem ferramen-tas importantes no estudo de neuropatias experimen-tais. Também, técnicas morfométricas têm sido utili-zadas para as definições de parâmetros normais denervos periféricos, tanto no homem quanto em ani-mais de laboratório, sendo os dados obtidos, importan-tes nas comparações com os danos causados pelasdoenças que acometem o sistema nervoso periférico.A morfometria pode ser realizada de forma manual,automática ou semi-automática. Acredita-se que a téc-nica manual seja inadequada e imprecisa, em decor-rência da chance de erros nas contagens e medidaspor causa do grande número de fibras nas amostras,do exaustivo trabalho do pesquisador e da dificuldadenas contagens das fibras pequenas. Por outro lado, ométodo automático, sem a intervenção do pesquisa-dor, pode falhar nas contagens das fibras pequenas e/ou acrescentar nas contagens, artefatos e outras es-truturas que não as fibras nervosas. Acredita-se queo método semi-automático seja uma boa escolha, porpermitir uma interação entre o pesquisador e o com-putador, eliminando os erros dos métodos automáticoe manual. Os objetivos do presente trabalho foramrealizar um estudo comparativo entre as técnicas ma-nual e semi-automática, na morfometria de nervospequenos, levando em consideração os parâmetrosmais comumente utilizados nas descrições de norma-

MORFOMETRIA DE NERVOS PERIFÉRICOS: COMPARAÇÃO ENTRE MÉTO-DOS MANUAL E SEMI-AUTOMÁTICO NA ANÁLISE DE NERVOS PEQUENOS

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Ricardo Marcelo Jacob NoronhaOrientador: Prof. Dr. Erasmo RomãoTese de Doutorado apresentada em 17/01/2006

A endoftalmite é caracterizada por uma res-posta inflamatória ocular a invasão dos tecidos ou flui-dos intra-oculares por bactérias, fungos ou mais rara-mente parasitas. É uma doença grave e geralmenteocorre como complicação após cirurgia ocular ou trau-mas oculares. As bactérias podem encontrar-se orga-nizadas no organismo hospedeiro, podendo estar en-voltas por uma camada protetora formada de muco-polissacarídeos denominada biofilme. A presença destepode resultar na dificuldade do controle de infecçõespor dificultar a ação dos antibióticos e do sistema imu-ne do hospedeiro.

Objetivos: Verificar a freqüência de positivi-dade de bactérias produtoras do biofilme entre os Es-tafilococos coagulase negativo isolados de pacientescom endoftalmite; verificar se a produção do biofilmeestava associada com maior resistência à terapiaantimicrobiana comumente usada no tratamento dasendoftalmites e se a produção do biofilme estava as-sociada com pior prognóstico visual nesses pacientes.

Material e métodos: Participaram do estudo

107 pacientes (n=107). Para cada paciente, havia umaamostra da bactéria causadora da endoftalmite no ban-co de estoque de bactérias do laboratório de micro-biologia. Para verificar a produção do biofilme pelasmesmas, foi usado o método de Christensen (teste dotubo). Os resultados foram analisados e comparadoscom os dados clínicos contidos nos prontuários de cadapaciente. A análise estatística foi realizada por meiodo Teste Exato de Fisher.

Resultados: Bactérias produtoras do biofilmeforam encontradas em 47,66% dos casos. Sensibili-dade à vancomicina foi encontrada em todos os casosem que esta droga foi testada, independente da pre-sença do biofilme. Não houve diferença estatistica-mente significativa (p>0,60) com relação ao prognós-tico visual final entre os casos produtores e não produ-tores do biofilme.

Conclusão: No presente estudo a presença dobiofilme não causou maior gravidade da endoftalmitee também não induziu um pior prognóstico visual apóso tratamento. Novos estudos, utilizando outros méto-dos para detecção do biofilme, deverão ser realizadospara comparação e melhor compreensão sobre comoagem as bactérias produtoras do biofilme nos casosde endoftalmite bacteriana.

na morfometria. Assim, essa técnica pode ser utiliza-da nesses casos, com a vantagem de ser uma técnicabarata e que não requer equipamentos sofisticados paraa execução das análises. Entretanto, como houve uma

variação entre os dados obtidos com as duas técnicas,embora não significativa nessa amostra pequena, su-gerimos que nervos maiores sejam analisados comcautela.

OFTALMOLOGIA

ENDOFTALMITES CAUSADAS POR ESTAFILOCOCOS COAGULASE NEGA-TIVO PRODUTORES DE BIOFILME: FREQÜÊNCIA, RESISTÊNCIA AOSANTIBIÓTICOS COMUMENTE USADOS NO TRATAMENTO E PROGNÓS-TICO VISUAL

NEUROPROTEÇÃO DA RETINA DOS OLHOS DE COELHOS ALBINOS (RAÇANOVA ZELÂNDIA) SUBMETIDOS À VITRECTOMIA COM SUBSTITUIÇÃO DOVÍTREO POR ÓLEO DE SILICONE

Mila Wiermann PaquesOrientador: Prof. Dr. Wagner Ferreira dos SantosTese de Doutorado apresentada em 03/02/2006

Neuroproteção consiste na estratégia de se tra-tar uma doença pela prevenção da morte neuronial. Oobjetivo deste estudo, utilizando-se um modelo expe-

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rimental de lesão crônica da retina, que envolve a rea-lização de vitrectomia via pars plana (VVPP) e inje-ção de óleo de silicone (IOS), na câmara vítrea decoelhos albinos (Nova Zelândia), é testar os efeitosneuroprotetores de: cetamina (i.m.; 50 mg/kg), lamo-trigina (v. o.; 25 mg/kg), cetoprofeno (i. m.; 10 mg/kg)e suas associações. Quarenta coelhos (de 2,0 a 2,5Kg) foram submetidos à VVPP e IOS em um de seusolhos. Após a cirurgia, os coelhos foram divididos ale-atoriamente em 8 grupos. Os coelhos do Grupo I re-ceberam injeção intramuscular diária de solução sali-na tamponada (operados-salina). As retinas dos olhoscontralaterais dos coelhos do Grupo I foram utilizadascomo controle, formando mais um grupo (Grupo II,controles-salina). Os coelhos do Grupo III receberaminjeção intramuscular diária de cetamina, enquanto queos do Grupo IV receberam lamotrigina por via oral; osdo Grupo V, cetoprofeno por via intramuscular; os doGrupo VI cetamina + lamotrigina por via oral; os doGrupo VII receberam cetamina + cetoprofeno por viaintramuscular; os do Grupo VIII lamotrigina + ceto-profeno por via oral; e os coelhos do Grupo IX cetami-na + lamotrigina + cetoprofeno por via oral. Todos oscoelhos foram tratados por 4 semanas, quando entãoforam sacrificados. Foram feitas análises qualitativase quantitativas das retinas coradas com H.E. (hema-toxilina-eosina) usando microscópio Zeiss Axiophot eo programa KS 400. As mesmas retinas foram prepa-radas para o método de TUNEL e analisadas em mi-croscópio de fluorescência, utilizando filtro para FITC(fluoresceína isotiocianato), a fim de detectar a pre-sença de apoptose. A análise qualitativa demonstrouedema mais extenso e desorganização celular nas re-tinas dos coelhos do Grupo I, quando comparadas comos demais grupos. O mesmo ocorreu, de forma menosexpressiva, nas retinas dos coelhos dos Grupos IV (ope-rados-lamotrigina), V (operados-cetoprofeno) e VIII

(operados-lamotrigina+cetoprofeno). O método deTUNEL mostrou apoptose nas camadas da retina doscoelhos do Grupo V. As densidades celulares (células/mm2) na camada nuclear externa (CNE), camada nu-clear interna (CNI) e camada de células ganglionares(CCG) da retina de coelhos do Grupo I foram signifi-cativamente menores (p<0,05) quando comparadascom as retinas dos coelhos do Grupo II. Houve uma gra-dação, dentre os agentes neuroprotetores, na proteçãoda retina. Na CNE, a ordem da maior para menor pro-teção foi a seguinte: cetamina (96%), cetoprofeno(82%), cetamina + lamotrigina + cetoprofeno (80%),cetamina + lamotrigina (74%), lamotrigina + cetopro-feno (69%), cetamina + cetoprofeno (67%) e lamotri-gina (56%). A CNI mostrou esta ordem: cetamina(100%), cetamina + lamotrigina + cetoprofeno (99%),lamotrigina + cetoprofeno (91%), cetoprofeno (90%),cetamina + lamotrigina (89%), cetamina + cetoprofe-no (67%) e lamotrigina (52%). Na CCG: cetamina +lamotrigina (96%), lamotrigina + cetoprofeno (87%),cetamina (72%), cetoprofeno (49%), cetamina + la-motrigina + cetoprofeno (48%), lamotrigina (41%),cetamina + cetoprofeno (37%). Pode-se concluir quea VVPP e IOS foi associada à morte e desorganiza-ção de células da retina de coelhos albinos. A presen-ça de núcleo picnótico, edema intracelular, desorgani-zação celular, menor número de células da CNE, CNIe CCG, edema extracelular e desorganização da ma-triz nas CPE e CPI além de vacuolização do citoplas-ma nas células ganglionares evidenciaram a necrose eoutras lesões celulares nos Grupos I, IV, V e VIII en-quanto que o Grupo V não mostrou proteção contraapoptose, sugerindo que a morte celular após VVPP eIOS envolve mecanismos apoptóticos e de necrose.Após todas as análises, verificou-se que a cetamina,lamotrigina, cetoprofeno e suas associações, foramcapazes de proteger a retina contra esses efeitos.

VANCOMICINA LIPOSSOMAL PARA TRATAMENTO DE ENDOFTALMITEEXPERIMENTAL EM COELHOS

Luciana de Sá Quirino MakarczykOrientador: Prof. Dr. Rodrigo JorgeTese de Doutorado apresentada em 07/02/2006

Os antibióticos utilizados para o tratamento deendoftalmites possuem curto tempo de meia-vida ealguns pacientes necessitam de re-injeções. Lipos-

somos como carreadores de antibióticos são uma re-cente aplicação em oftalmologia e estudos farmaco-cinéticos apontam um efeito de liberação prolongadodas drogas encapsuladas após injeção intravítrea. Nopresente trabalho, estudamos a eficácia clínica, mi-crobiológica e toxicidade da vancomicina lipossomal.Para as análises clínica (n=30 olhos) e microbioló-

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André Márcio Vieira MessiasOrientador: Prof. Dr. Antonio Augusto Velasco e CruzTese de Doutorado apresentada em 17/02/2006

Objetivo: Determinar as características espa-ciais e cronológicas do desenvolvimento de fixaçãoexcêntrica em pacientes com doença de Stargardt.

Métodos: O local de fixação encontrado naanálise do exame de campimetria é equivalente ao lócusde fixação na retina. Os locais de fixação foram de-terminados com perimetria de Tubingen, medindo-seo deslocamento da mancha cega com o auxílio de umsoftware especialmente desenvolvido para essa fina-lidade. A amostra foi composta por 349 olhos de 175pacientes com diagnóstico de doença de Stargardt, nosquais foram realizados 725 campos visuais durante oseguimento clínico.

Resultados: Fixação excêntrica foi encontra-da desde a primeira consulta em 116 olhos (33%), en-quanto 80 olhos (23%) apresentaram transição entrefixação excêntrica em 2,8 anos de seguimento é de50%. A análise da posição do novo lócus de fixaçãomostrou que em 78% dos casos foi preferida a regiãoabaixo do escotoma no campo visual, ou seja, na por-ção superior à mácula. No restante da amostra, 10%fixaram à esquerda do escotoma no campo visual, 9%à direita e 3% acima. Após escolher um novo lócus defixação, 67% dos olhos o mantiveram na mesma área.

Conclusões: Apesar do escotoma central, pa-cientes podem manter fixação central durante dife-rentes intervalos de tempo. Em aproximadamente 3anos, tais pacientes passam a fixar excentricamente.A maioria deles apresentou novo lócus de fixação abai-xo do escotoma central, o que é considerado favorá-vel para a estratégia fisiológica de leitura.

gica (n=54 olhos), os coelhos previamente infectadoscom inóculo intravítreo de Staphylococcus epidermidis(1,0 x 107 unidades formadoras de colônias [UFCs]/0,1 mL), foram divididos em três grupos: 1. tratadocom vancomicina lipossomal (1,0 mg/0,1mL) 24 horasapós inoculação, 2. tratado com a forma aquosa doantibiótico (1,0 mg/0,1mL) 24 horas após inoculação e3. grupo controle. A análise clínica foi realizada pormeio de análise comparativa dos sinais inflamatórios einfecciosos oculares e a eficácia microbiológica foi ava-liada de forma quantitativa (número de UFC/ 0.1mL)utilizando-se materiais vítreos obtidos. A toxicidadeocular foi estudada por meio de análises histopatoló-gica (n=8 olhos) e eletroretinográfica (n=10 olhos).Para ambos estudos, nos olhos direitos de coelhos não

infectados foi administrado 1,0 mg/0,1mL de vanco-micina lipossomal e os olhos esquerdos foram utiliza-dos como controle. Vancomicina encapsulada emlipossomos mostrou efeitos clínicos similares compa-rando-se com a forma aquosa. A formulação lipossomallevou a uma mais rápida esterilização das culturas ví-treas em relação à aquosa. A vancomicina lipossomalnão é tóxica às estruturas oculares, o que foi demons-trado pelos estudos histopatológicos e eletroretinográ-ficos, apesar do encapsulamento do antibiótico aumen-tar sua permanência intravítrea. A vancomicina en-capsulada em lipossomos pode, portanto, no cenárioclínico, servir para tratar as endoftalmites bacterianasagudas e diminuir o número de re-injeções deste anti-biótico.

PADRÃO DE FIXAÇÃO EM DOENÇA DE STARGARDT. UM ESTUDO LONGI-TUDINAL

ESTUDO CLÍNICO-ECOGRÁFICO DA VITREOSQUISE POSTERIOR EMUVEÍTE POSTERIOR FOCAL NECROSANTE

Daniel da Rocha LucenaOrientador: Prof. Dr. Rodrigo JorgeTese de Doutorado apresentada em 10/03/2006

Objetivos: determinar a prevalência da vitreos-quise posterior nos olhos com uveíte posterior focal

necrosante, correlacioná-la com a localização e o ta-manho das lesões e com o haze vítreo, e caracterizaras formas de apresentação da vitreosquise posterior.

Pacientes e métodos: foram examinados pa-cientes com idade entre 10 e 45 anos e diagnóstico deuveíte posterior focal necrosante atendidos no Am-

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Adriana Clemente Mendonça de ÁvilaOrientador: Prof. Dr. Cláudio Henrique BarbieriTese de Doutorado apresentada em 30/01/2006

Os efeitos da baixa intensidade de irradiaçãoultra-sônica pulsada sobre a cicatrização por segundaintenção em lesão total circular de pele com 1cm dediâmetro produzidas na região dorsal de ratos foramestudados. Sessenta rachos machos da linhagem Wis-tar com peso médio de 300g foram usados e divididosem dois grupos de 30 animais cada de acordo com otratamento: Grupo 1, irradiação simulada (equipamentoaplicado desligado); Grupo 2, irradiação efetiva (fre-qüência fundamental de 1,5 MHz, freqüência de re-petição de pulso de 1KHz, largura de pulso de 200µs,intensidade de 30mW/cm2 (SATA), 10 minutos deaplicação em dias alternados). Cada grupo foi dividi-do em três subgrupos, de acordo com o período pós-operatório de irradiação ultra-sônica, de 3, 7 e 14 dias,e a cicatrização foi avaliada através de análise ma-croscópica, histológica e morfométrica. Sob o aspec-to macroscópico as lesões cicatrizadas apresentaram-se com maior maturação no 14º dia no grupo 2. A

análise histológica envolveu o uso de dois processosdiferentes de coloração (Tricrômico de Masson e Siriusred) e mostrou que o processo de cicatrização foi maisavançado em todas as fases no grupo 2 em compara-ção ao grupo 1, bem como a organização das fibrascolágenas, no entanto jnão foram encontradas dife-renças significantes entre os grupos. A área da epi-derme foi menor no grupo 2 aos 14 dias, provavelmen-te demonstrando uma aceleração no processo de ma-turação da cicatriz, a área da derme foi praticamentesimilar no grupo 1, não foram encontradas diferençassignificantes entre os grupos. Houve um decréscimosignificante (p< 0,05) no número de células inflamató-rias no grupo 2 (2196.56 ± 234.93 cel/mm2) quandocomparado ao grupo 1 (2611.68 ± 432.82 cel/mm2),associado a um aumento da formação de novos vasosdesde o período mais precoce de 3 dias. Os autoresconcluíram que a irradiação ultra-sônica de baixa in-tensidade não apresenta efeitos deletérios e estimulamoderadamente a cicatrização cutânea por segundaintenção em condições experimentais, como nesta in-vestigação, com potencial para aplicação clínica emsituações similares em humanos.

bulatório de Oftalmologia do Hospital das Clínicas daFaculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Univer-sidade de São Paulo no período de março de 2003 anovembro de 2005. Foram realizadas oftalmoscopiabinocular indireta e ecografia ocular modo B com son-da de 10Hz.

Resultados: 131 pacientes foram incluídos noestudo. A prevalência de vitreosquise posterior foi de73,28%. Lesões maiores do que 2DD e haze vítreomaior do que 2+/4+ foram associados significativamen-te com o desenvolvimento de vitreosquise posterior.Nenhuma associação foi encontrada entre a localiza-ção da lesão e o desenvolvimento de vitreosquise pos-

terior. Foram caracterizados 3 tipos de vitreosquise pos-terior: o tipo I, caracterizado por descolamento de ví-treo posterior (DVP) parcial; o tipo II caracterizadopor DVP total; e o tipo III caracterizado por DVP“pseudototal”, quando o folheto externo da vitreosqui-se posterior se desprende totalmente do corpo vítreo,permanecendo aderido à membrana limitante internada retina.

Conclusões: a prevalência da vitreosquiseposterior foi de 73,28%, e o seu desenvolvimento foirelacionado positivamente com o tamanho da lesão eo haze vítreo. Foi possível caracterizar a vitreosquiseposterior em tipos I, II e III.

ORTOPEDIA

EFEITOS DO ULTRA-SOM PULSADO DE BAIXA INTENSIDADE SOBRE ACICATRIZAÇÃO POR SEGUNDA INTENÇÃO DE LESÕES CUTÂNEAS TOTAISEM RATOS

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Vanessa Vilela Monte-RasoOrientador: Prof. Dr. Cláudio Henrique BarbieriTese de Doutorado apresentada em 31/01/2006

Foi avaliada a reprodutibilidade entre examina-dores do método de avaliação do Índice Funcional doCiático (IFC), medido por um programa de computa-ção desenvolvido para este fim. Foram empregados20 ratos Wistar, cujo nervo ciático direito era abordadosob anestesia geral e esmagado num segmento de 5 mmproximal à sua trifurcação com um dispositivo especial,com carga fixa de 5 kgf por 10 minutos. Impressõesdas pegadas dos animais foram obtidas na fase pré-operatória e, depois, semanalmente, da 1ª à 8ª semanapós-operatória, em uma pista de marcha. As impres-

sões eram digitalizadas, armazenadas e avaliadas, pelamedida de parâmetros pré-determinados, por quatroexaminadores, seguindo sempre a mesma seqüênciade marcação dos parâmetros. Os resultados foram sub-metidos à análise estatística, que mostrou haver umalto índice de correlação entre examinadores na avali-ação pré-operatória e nas 3ª, 4ª, 5ª, 7ª e 8ª semanas(igual ou maior que 0,82), com queda casual na 6ª se-mana, mas manteve significante como as demais(pF<0,01). Na 1ª e 2ª semanas, o índice de correlaçãofoi próximo de zero, mostrando a pouca reprodutibili-dade do método nesse período, em que a variabilidadeentre os animais não diferiu da variabilidade entre osexaminadores (pF=0,24 e 0,32, respectivamente), de-vido à pouca definição das impressões das pegadas.

ÍNDICE FUNCIONAL DO CIÁTICO NAS LESÕES POR ESMAGAMENTO DONERVO CIÁTICO DE RATOS. AVALIAÇÃO DA REPRODUTIBILIDADE DOMÉTODO ENTRE EXAMINADORES

urgência em 7,69% dos casos. A anestesia geral ex-clusiva foi realizada em 17 pacientes e associada coma peridural em 57 pacientes, com a raquianestesia em11 e com a raqui-peri combinadas em 19. O tempocirúrgico variou de 120 a 510 minutos enquanto que otempo de clampeamento aórtico variou de 30 a 165minutos. Houve um óbito no período intra-operatórioe a causa foi choque hipovolêmico e 10 óbitos até ovigésimo dia pós-operatório. Sessenta e seis pacien-tes receberam concentrado de papa de hemácias du-rante o período intra-operatório, mas só em 43,27%desses casos a indicação esteve suportada por examelaboratorial. Oitenta pacientes foram extubados aindana sala de cirurgia, enquanto que os demais (23) per-maneceram intubados no período pós operatório e 19necessitaram de suporte ventilatório que teve tempoque variou de 3 a 96 horas com média de 42,31 horas.Apenas quatro pacientes fizeram pós-operatório ime-diato no Centro de Terapia Intensiva enquanto que osdemais permaneceram na Sala de Recuperação Pós-Anestésica.

Conclusão. Não existe um protocolo único paraa realização de anestesia para aneurismectomia deaorta no HCFMRP-USP e a técnica anestésica utili-zada não influenciou o morbi-mortalidade.

Breno José Santiago Bezerra de Lima Orientador: Prof. Dr. Luís Vicente GarciaDissertação Mestrado apresentada em 07/02/2006

Introdução. A morbi-mortalidade durante eapós anestesia para aneurismectomia de aorta abdo-minal é alta, pois esta doença acomete pacientes apósa sétima década de vida e que possuem várias doen-ças concomitantes.

Objetivos. Analisar e discutir as condutasanestésicas utilizadas nos períodos pré e intra-opera-tório no Serviço de Anestesiologia do HCFMRP-USP.

Casuística e Método. Foram analisados osprontuários de 104 pacientes submetidos à aneuris-mectomia de aorta no tocante às condutas utilizadaspelos anestesiologistas para a condução destes casos.

Resultados. Apenas um paciente possuía me-nos de 40 anos de idade, 76,80% estavam na sétimaou oitava década de vida e 88,46% eram do sexomasculino. A hipertensão arterial acometeu 70,19%dos pacientes e 26,92% possuíam coronariopatia. Pa-cientes com obesidade foram a minoria (26,92%). Oecocardiograma pré-operatório demonstrou que agrande maioria dos pacientes apresentava função ven-tricular normal. A cirurgia foi realizada em regime de

ANESTESIA PARA ANEURISMECTOMIA DE AORTA ABDOMINAL INFRA-RE-NAL: EXPERIÊNCIA COM 104 CASOS CONSECUTIVOS NO HC-FMRP-USP

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

Ricardo Violante De SouzaOrientador: Prof. Dr. Marco Andrey Cipriani FradeDissertação de Mestrado apresentada em 10/02/2006

A regeneração de defeitos ósseos pode ocor-rer de maneira parcial ou total, com uma técnica co-nhecida como regeneração óssea guiada (ROG).Esta técnica consiste na separação de tecidos dife-rentes (mineralizados e não-mineralizados) através deuma barreira membranosa sendo criando um espaçovoltado para o tecido ósseo (tecido mineralizado) quepossibilite seu lento desenvolvimento sem ser afetadopela rápida formação de outros tecidos não minerali-zados como por exemplo o tecido cicatricial (não-mineralizado). Biomateriais ósteo-indutores, ósteo-condutores ou osteogênicos buscam favorecer a re-organização do tecido ósseo, importante para o su-cesso da ROG. A biomembrana de látex (BML) ex-traído da seringueira Hevea brasiliensis tem se mos-trado indutora na cicatrização de úlceras de perna, pédiabético, prótese timpânica e esofágica. Os autoresbuscam avaliar a eficácia da biomembrana na ROG

no modelo de calvária de rato. Foram anestesiados 18ratos Wistar, machos, submetidos à cirurgia de calvária,sendo criados dois defeitos ósseos circulares de 5 mmde diâmetro, um em cada osso parietal, denominadossítios controle à esquerda e experimental à direita, nosquais foram cobertos com o tecido de origem e a bio-membrana respectivamente. Após 30 dias os animaisforam sacrificados e as calotas cranianas dissecadas,fixadas, radiografadas e digitalizadas e as áreas dosdefeitos ósseos analisadas no programa Image J®,além de serem submetidas à análise histológica. Osresultados foram avaliados pelo teste T de Wilcoxon.A formação óssea no sítio experimental foi superiorao sítio controle em 15 animais (p<0,01), com o fe-chamento completo em quatro sítios. Histologicamente,observou-se uma grande quantidade de vasos no sítioexperimental o que parece corresponder ao fatorestimulador para osteogênese, fato não observado nossítios controles. Os resultados sugerem que a biomem-brana de látex, por sua potente atividade neoangiogê-nica, constitui-se num importante biomaterial indutorda ROG.

REGENERAÇÃO ÓSSEA GUIADA PELA BIOMEMBRANA DE LÁTEX NATU-RAL E SUA PROPRIEDADE ANGIOGÊNICA

como verificar diferenças nos valores de LDP e in-tensidade de dor relativos a PM entre estes grupos decrianças. Foram selecionadas aleatoriamente a partirde uma amostra de 600 crianças, 27 que apresenta-ram relato de dor nos músculos mastigatórios ou naarticulação temporomandibular (ATM) e 73 que nãorelataram dor, a partir da aplicação de uma versãoadaptada de um índice anamnésico. Em cada sessãode avaliação foram registradas três medidas conse-cutivas de LDP e as medidas relativas a intensidadede dor a PM através da aplicação de uma Escala Facialde Dor (EFD) de 6 e 4 categorias. Dois examinado-res previamente treinados aplicaram a algometria (ve-locidade de aplicação de 0.5kg/cm2/seg) e a PM (pres-sões de aproximadamente 0.7 kg/cm2 e 1.5 kg/cm2)nas estruturas do sistema estomatognático das crian-

Thaís Cristina ChavesOrientadora: Profa. Dra. Débora Bevilaqua GrossiDissertação de Mestrado apresentada em 23/02/2006

A dor orofacial pode ter seu surgimento na in-fância. No entanto, em crianças a avaliação da dorinduzida por pressão, método amplamente utilizado paraavaliar a Disfunção Temporomandibular (DTM), podeser menos confiável do que em adultos. Assim, torna-se importante a verificação de técnicas mais adequa-das e confiáveis para avaliar a dor nessa faixa etária.Portanto, o objetivo deste estudo foi verificar a con-fiabilidade intra e interexaminadores do Limiar de Dorpor Pressão (LDP) e da Palpação Manual (PM) e acorrelação entre essas técnicas em crianças com esem relato de dor orofacial relacionada a DTM, bem

CONFIABILIDADE INTRA E INTEREXAMINADORES DO LIMIAR DE DORPOR PRESSÃO (LDP) E SUA CORRELAÇÃO COM A PALPAÇÃO MANUAL (PM)DE ESTRUTURAS DO SISTEMA MASTIGATÓRIO DE CRIANÇAS COM E SEMRELATO DE DOR OROFACIAL RELACIONADA À DISFUNÇÃO TEMPORO-MANDIBULAR (DTM)

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

ças. Para análise dos dados foi utilizado o Coeficientede Correlação Intraclasse (ICC) para avaliação dosníveis de concordância das variáveis contínuas e oKappa ponderado para as variáveis categóricas. Paraanálise da variabilidade foi calculado o Coeficientede Variação. Foram verificados níveis excelentes(ICC>0.75) de confiabilidade intra e interexaminadorespara o LDP para a maioria das estruturas avaliadaspara as crianças que não relataram dor orofacial eníveis excelentes e moderados para as crianças querelataram dor. O procedimento de descartar a primei-ra medida de três mensurações elevou os valores deICC em ambos os grupos. Para as avaliações obtidasem diferentes dias tal procedimento reduziu os valo-res de ICC nas crianças que relataram dor. Foramobservados níveis de kappa entre moderados, razoá-veis e leves para a PM em ambos os grupos, pioresvalores de confiabilidade interexaminadores e pioresvalores de confiabilidade intra-examinador com a apli-cação da EFD de 4 categorias em relação a aplicaçãoda EFD de 6 categorias. Ambas as técnicas foramcapazes de diferenciar crianças com e sem classifi-cação de DTM de acordo com o índice anamnésicoaplicado, mas apenas a PM foi capaz de diferenciarcrianças com e sem relato de dor orofacial. Foi obser-vada fraca correlação negativa entre as técnicas, ape-

sar dos maiores níveis de correlação constatados nascrianças que relataram dor (-0.38<r<-0.62) em rela-ção às crianças que não relataram dor (-0.23<r<-046).Os resultados desse estudo demonstraram que paraavaliações conduzidas em diferentes dias em crian-ças que apresentam relato de dor orofacial a médiade três medidas consecutivas de LDP seja utilizadaem detrimento da média de duas medidas consecuti-vas. A algometria para obtenção do LDP demonstroumaiores níveis de confiabilidade que a técnica de PMe como a PM demonstrou níveis aceitáveis apenaspara a confiabilidade intra-examinador, em avaliaçõesconduzidas em dias diferentes e por examinadores dis-tintos recomenda-se o uso da Algometria para obten-ção do LDP. A maior correlação observada entre oLDP e a PM, no grupo de crianças que relataram dor,sugere que menores variações fisiológicas ou, limia-res na dor, são melhor traduzidas em termos de per-cepção de intensidade de dor em crianças que rela-tam dor. Como o relato de dor pode ser considerado o“padrão-ouro” para avaliação da dor, o estudo decrianças que relatam dor, mas não procuraram aten-dimento clínico especializado e, portanto, podem apre-sentar níveis de dor subclínicos, pode auxiliar no en-tendimento dos fatores envolvidos no desenvolvimen-to de dor orofacial ao longo do tempo.

pos populacionais, de acordo com a magnitude dalordose lombossacra, de modo a separar os indivíduospertencentes aos extremos da curva de distribuição.Os componentes da curvatura lombar (corpos verte-brais e discos intervertebrais) foram comparados nes-tes três subgrupos. A medida da curvatura lombossacrano grupo inicial foi -60,9º (-33º a -89º). Os corpos ver-tebrais eram cifóticos em L1 (2,15º), tendiam ao neu-tro em L2 (-0,36º) e eram progressivamente lordóticosde L3 (-1,56º) a L5 (-9,23º). Os discos intervertebraiseram progressivamente lordóticos (variando de -4,99ºem L1-L2 a -15,58º em L5-S1). Os corpos vertebraise discos intervertebrais apresentaram participaçãoprogressivamente maior no sentido crânio-caudal. Osdiscos intervertebrais participaram com cerca de 80%da curvatura lombossacra, sendo que os elementosmais caudais (corpos vertebrais L4 e L5 e discos in-tervertebrais L4-L5 e L5-S1) corresponderam a mais

Luiz Henrique Fonseca DamascenoOrientador: Prof. Dr. Helton L. A. DefinoTese de Doutorado apresentada em 28/03/2006

Foi avaliada a participação dos corpos verte-brais e discos intervertebrais na lordose lombar e, acontribuição destes nas curvaturas lombares de dife-rentes magnitudes. Foram avaliadas as radiografiaslombares em perfil de 350 adultos assintomáticos (143homens e 207 mulheres, idade média 29 anos). Forammensuradas a curvatura lombossacra (L1S1), a cur-vatura lombolombar (L1L5), a angulação de cada corpovertebral e cada disco intervertebral por meio de umavariação do método de Cobb. A participação percentualdos corpos vertebrais e dos discos intervertebrais nacurvatura lombossacra também foi determinada. Com-parações entre os sexos e as faixas etárias foram re-alizadas. Os indivíduos foram divididos em três subgru-

AVALIAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO DOS CORPOS VERTEBRAIS E DISCOSINTERVERTEBRAIS NA COMPOSIÇÃO DA LORDOSE LOMBAR

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

de 65% da curvatura lombossacra. Os indivíduos maisidosos apresentaram medidas das curvaturas lomba-res maiores cerca de 4º em comparação aos indiví-duos mais jovens, havendo diferença significante paraas medidas dos corpos vertebrais L2 e L5 e o discointervertebral L3-L4, sendo maiores as medidas nosindivíduos mais idosos. As medidas das curvaturas lom-bares e dos corpos vertebrais L2 e L4 apresentaramdiferença estatisticamente significante entre os sexos,sendo as medidas maiores nos indivíduos do sexo fe-minino. A curvatura lombossacra apresentou médiade -46,9° no subgrupo lordose menor; -61,59° no sub-grupo lordose intermediária e; -74,13° no subgrupolordose maior. A curvatura lombolombar apresentoumédia de -33,28° no subgrupo lordose menor; -45,34°no subgrupo lordose intermediária e; -56,96° no sub-grupo lordose maior. Os corpos vertebrais e os discosintervertebrais apresentaram medidas absolutas me-nores no subgrupo lordose menor do que as dos subgru-pos lordose intermediária e lordose maior, mas a par-ticipação dos discos intervertebrais na curvaturalombossacra no subgrupo lordose menor (88%) foi mai-or que nos subgrupos lordose intermediária (81%) eno subgrupo lordose maior (75%). Complementarmen-te, os corpos intervertebrais apresentaram maior par-

ticipação nos subgrupos lordose maior e lordose inter-mediária. Individualmente, os corpos vertebrais apre-sentaram maior participação no subgrupo lordosemaior, exceto pelo corpo vertebral L5 que apresentoumaior participação no subgrupo lordose menor. A maiorparticipação percentual dos discos intervertebrais nosubgrupo lordose menor era devida à inclinação cifóticados corpos vertebrais mais cefálicos (especialmenteL1 e L2) no subgrupo lordose menor do que nos de-mais subgrupos, que, por um efeito compensatório, cau-sava uma maior participação discal nas curvaturas me-nores. Os demais subgrupos apresentavam os corposvertebrais cefálicos com inclinação muito maislordótica do que o observado no subgrupo lordosemenor. Concluímos que os discos intervertebrais sãoos principais responsáveis pela curvatura lombar e quea contribuição dos corpos vertebrais e discos inter-vertebrais na lordose lombar difere entre indivíduoscom curvaturas de diferentes magnitudes. Apesar deocorrer um aumento gradual do acunhamento lordóticodo corpo e disco a cada nível vertebral conforme au-menta a medida da lordose, as vértebras mais cefálicasprovocam uma diferença na contribuição percentualentre discos intervertebrais e corpos vertebrais nascurvaturas de tamanhos diferentes.

dados bucais, de crianças HIV+ atendidas no HCRP.Foi realizado um estudo transversal, através de umaamostra de conveniência composta por mães/cuida-doras de crianças HIV+ que faziam acompanhamentono ambulatório da UETDI do HCRP, de maio a outu-bro de 2005, totalizando 50 voluntários. Uma sessãode aconselhamento sobre saúde bucal foi realizada,com todas as mães/cuidadoras individualmente, cujasinformações foram coletadas através de um questio-nário, numa entrevista estruturada, coletando dadossobre qualidade de vida, nível socioeconômico e as-pectos relacionados com a percepção, promoção e

Patrícia Lima BalboOrientador: Prof. Dr. Antonio Luiz Rodrigues Júnior Dissertação de Mestrado apresentada em 13/03/2006

A entrada da mulher na causalidade da aids pro-vocou o aumento da transmissão vertical. A assistên-cia aos casos de aids pediátrica deve considerar o aten-dimento odontológico, para prevenir, promover e recu-perar a saúde bucal destas crianças. O objetivo desteestudo foi abordar, de maneira descritiva/exploratória,os fatores sociais associados ao cotidiano das mãesou cuidadoras responsáveis, no que se refere aos cui-

SAUDE NA COMUNIDADE

EPIDEMIOLOGIA DE FATORES SOCIAIS RELACIONADOS À SAÚDE BUCALRELATADOS PELAS MÃES OU RESPONSÁVEIS POR CRIANÇAS HIV+/AIDSATENDIDAS NO HCRP

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

Marcos Lázaro MoreliOrientador: Prof. Dr. Luiz Tadeu Moraes FigueiredoTese de Doutorado apresentada em 18/05/2005

Hantaviroses são zoonoses distribuídas mundi-almente, associadas a roedores (família Muridae) etransmitidas ao homem pela inalação de partículasvirais contidas nas excretas destes roedores. OsHantavírus são causadores de duas doenças princi-pais: a Febre Hemorrágica com Síndrome Renal, debaixa letalidade, que ocorre na Ásia e Europa e a Sín-drome Pulmonar e Cardiovascular por Hantavírus(SPCVH) que ocorre nas Américas, associada a roe-dores da subfamília Sigmodontinae. Hantavirus sãoum gênero na família Bunyaviridae. São envelopa-dos, com 80 a 110 nm, possuindo RNA de fita simples

e polaridade negativa, divididos em 3 segmentos, ogrande (L), o médio (M) e o pequeno (S), que codifi-cam respectivamente a polimerase viral, as glicopro-teínas de superfíce (G1 e G2) e a proteína donucleocapsídeo (N). Vários Hantavírus tem sido iden-tificados em países da América do Sul, incluindo oBrasil, onde são conhecidas as espécies, Juquitiba(JUQ), Araraquara (ARA), Castelos dos Sonhos(CAS), Anajatuba (ANJ) ou Rio Mearim (RIME). ASPCVH é problema de saúde pública na região deRibeirão Preto, Estado de São Paulo, onde já se noti-ficou 37 casos desde 1998, com alta letalidade. O di-agnóstico de infecções por Hantavírus no país temsido feito por ELISA, detectando anticorpos contra aproteína N dos vírus Sin Nombre e Andes. Um méto-do alternativo ao ELISA é a RT-PCR. Como parte

cuidados de saúde bucal. Estas informações somenteforam usadas para a finalidade da pesquisa após asessão de aconselhamento sobre saúde bucal e apóso consentimento livre e esclarecido. Foi usada a me-todologia do WHOQoL-bref, para avaliar os domíniosde qualidade de vida (Físico, Psicológico, Social e Meioambiente); o método CCEB foi empregado para obteruma categorização socioeconômica; e uma “EscalaOdontológica”, que foi construída com a finalidade demensurar os conhecimentos sobre saúde bucal desteestudo (Percepção, Promoção, Cuidados), à semelhan-ça dos indicadores compostos. A análise estatísticados dados foi realizada pelo método multivariado deagrupamentos (análise de clusters), usando os domí-nios do WHOQoL-bref e da “Escala Odontológica”;o método de Cronbach foi usado para a verificaçãoda consistência interna dos instrumentos; tabelas emedidas descritivas foram usadas. Do ponto de vista

da qualidade de vida, foram encontrados dois gruposdistintos: o grupo com melhores níveis de qualidade devida relatou ter menos dificuldade no atendimentoodontológico, uma maior parcela de residentes em casaprópria e, dentre as informantes que já haviam levadoseus filhos ao dentista, foi encontrado uma menor pro-porção de integrantes da categoria socioeconômicamais baixa (D+E). A “Escala Odontológica” gerou seisgrupos sendo que um dos grupos sempre se destacoupor apresentar melhores níveis de satisfação com asaúde, de qualidade de vida, de percepção de necessi-dades e também foram os que receberam mais orien-tações relacionadas à saúde bucal. Os resultados desteestudo remetem à necessidade de se conhecer as de-mandas dos indivíduos HIV+, para adequar os servi-ços odontológicos dentro de programas multiprofis-sionais de assistência à saúde.

RESUMO DE TESE DE DOUTORADO APRESENTADA NA FACULDADEDE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO - USP EM MAIO DE 2005

CLÍNICA MÉDICA

DIAGNÓSTICO DE HANTAVÍRUS POR DETECÇÃO GENÓMICAS COM ESTUDOFILOGENÉTICO E PRODUÇÃO DE UMA PROTEÍNA N RECOMBINANTE

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

deste trabalho, selecionou-se primers em regiões dealta similaridade entre distintos Hantavírus, para utili-zação em RT-PCR. Por esta técnica, o gene N deHantavirus foi detectado em 8 de 9 amostras séricasde pacientes com SPCVH (88,9%) e em todas as 9amostras por uma nested-PCR (100%). Seqüenciou-se nucleotídios dos amplicons da RT-PCR e danested-PCR evidenciando alta similaridade destas se-qüências com o gene N do Hantavírus ARA (94,8% a99,1%). A RT-PCR e a nested-PCR mostraram-semétodos úteis ao diagnóstico de infecções porHantavirus, prestando-se seus produtos a estudosfilogenéticos. Também, selecionou-se primers paraamplificação por RT-PCR dos genes G1 e G2. De 10pacientes que tiveram amplicons de G1, G2 e N se-qüenciados, fez-se análise filogenética. Para tanto,seqüências foram primeiramente alinhadas pelo pro-grama ClustalW, versão 1.7, editadas com o progra-ma BioEdit Sequence Alignment Editor, versão 7.02e a análise filogenética feita com o programa POY3.0.1.1 baseada em máxima parsimônia utilizandoalgoritimo de otimização direta para seqüências nãoalinhadas para análise individual e simultânea dosgenes de N, G1 e G2. A edição de árvores foi feitano programa WinClada versão 1.00.08 e mostrou 3grupos distintos de vírus da América do Sul. O dovírus Andes (AND), o de outros vírus Argentinos,Pergamino (PRG), Maciel (MAC), Lechiguanas,Hu39694 e o do vírus Araraquara (ARA), que seagrupou com as seqüências de fragmentos genômicos

obtidos dos pacientes. A proximidade filogenéticamostra que o Hantavírus causador de SPCVH na re-gião de Ribeirão Preto foi o ARA. Também,seqüenciou-se todo o segmento S do ARA, e com estebuscou-se expressar o gene da proteína N. Para tan-to, selecionou-se vários primers e com eles, produziu-se amplicons de ~500, ~1400, ~1500 e ~1700 pb, queforam clonados e seqüenciados. O segmento S inteirode ARA possui 1858 nucleotídios (nt) e a sua regiãocodificadora de N, 1287 nt. Comparou-se filoge-neticamente o gene inteiro de N com o de outrosHantavírus, tendo este se mostrado-se mais similaraos vírus MAC e PERG. Expressou-se o gene de Ncom novos primers e um amplicon com tamanho es-perado foi diretamente clonado no vetor de expressãopET 200D, cujo o plasmídeo foi utilizado para trans-formar colônias de Escherichia coli BL21 StarTM

DE3. Esta bactéria, induzida com IPTG, produziu al-tos teores de uma proteína detectável em WesternBlotpor anticorpos de soros de pacientes convalescentesde SPCVH. Avaliou-se o grau de solubilidade e purifi-cou-se esta proteína N por coluna de afinidade Ni-NTA, quantificou-se o produto e utilizou-se o mesmoem ELISA juntamente com controle negativo(Escherishia coli, contendo plasmídeo sem gene deN). O ELISA foi testado em 24 amostras de sorosutilizando a proteína N recombinante de ARA comoantígeno, sendo que 17 destas foi detectado anticor-pos IgG contra Hantavírus e pode ser utilizado rotinei-ramente no diagnóstico da SPCVH.