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VITÓRIA-ES SÁBADO, 05 DE MARÇO DE 2016 | ANO LXXVI | Nº 25.556 | FUNDADO EM 22/09/1938 | EDIÇÃO DE 76 PÁGINAS

AS S I N E3323 -6333

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Musa tatuadatira a roupa>AT 2

NELSON ALVES JR. / DIVULGAÇÃO

Ne n êvai abrirescolinha emVila Velha >44

AGÊNCIA ESTADO - 22/11/2015

Nov i d a d e sque vêmpor aí>Sobre Rodas

D I V U LG AÇ ÃO

LLLuuulllaaa ssseee bbbeeennneeefffiiiccciiiooouuu dddeeedddeeesssvvviiiooosss nnnaaa PPPeeetttrrrooobbbrrraaasss,,,dddiiizzz MMMiiinnniiissstttééérrriiiooo PPPúúúbbbllliiicccooo

O EX-PRESIDENTE LULA afirmou em entrevista na sede do PT, depois de ser liberado após depor em sala reservada no aeroporto de Congonhas, que se sentiu prisioneiro. Ele atacou a Lava a Jato

“A jararaca continua viva”,avisa o ex-presidente >8

Manifestantes contrae a favor de Dilma vão

às ruas no dia 13 >5

Felizardo foi o únicoganhador do prêmio . >21

Apostador deVila Velha ganhaR$ 2 milhõesna Quina

Assaltante emcadeira de rodassaqueia salão debeleza e é preso

CLAUDIA MATARAZZOComo escolher um bomazeite na hora da compra?E a manteiga? Virou vilã?E a margarina? >16

E AÍ, PROFESSOR?A palavra “bodas ” vem dolatim e significa “p r o m e ss a ”.Pronuncia-se com a vogal“o” (/bôdas/) fechada. >20

Conheça a nova geração de celulares que chega às lojas a partir de julho >33

>25

FERNANDO RIBEIRO/AT

REUTERS

Reportagem Especial2 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, SÁBADO, 05 DE MARÇO DE 2016

OPERAÇÃO LAVA A JATO

Lula se beneficiou, diz procuradorEx-presidente foi levadopela polícia para prestardepoimento. De acordocom a força-tarefa,ele recebeu R$ 30,7milhões de empreiteiras

REUTERS

LULA, depoisde prestardepoimento, foirecebido pormilitantes nasede do PT emSão Paulo, ondefalou sobre suahistória de vidae chorou(d e s ta q u e ) .Delação deex- p re s i d e n t edo PP devecomplicarainda maissua situação

Um dia após o escândalo coma suposta delação do sena-dor Delcídio do Amaral

(PT), nem bem amanheceu e no-vos escândalos envolvendo líderesdo PT no esquema de corrupção naPetrobras vieram à tona, ontem.

A força-tarefa do Ministério Pú-blico Federal (MPF) afirmou que oex-presidente Lula foi “um dosprincipais beneficiários” de crimescometidos no âmbito da estatal.

Como parte das ações da 24ª fa-se da Lava a Jato, chamada de Ope-ração Aletheia, logo às 6 horas Lulafoi alvo de mandados de conduçãocoercitiva (quando o investigado élevado por policiais para depor) ebusca e apreensão em seu aparta-mento em São Bernardo do Cam-po (SP). Ele foi encaminhado aoaeroporto de Congonhas, em SãoPaulo, onde prestou depoimento.

Além de Lula, entre os alvos daoperação estão a mulher dele, Ma-risa Letícia, os filhos e a nora.

Para os procuradores federais háevidências de que Lula recebeuvalores do esquema na estatal pormeio das reformas em um aparta-mento triplex no Guarujá (SP), deum sítio em Atibaia e também pormeio de doações e palestras.

Em nota, o MPF diz que, ao lon-go da Lava a Jato, “avolumaram- se

ev i d ê n c i a s ” de enriquecimento defuncionários da Petrobras, opera-dores e partidos políticos.

Além de mencionar os casos dosítio e do triplex, o MPF afirmaque há “fortes indícios” de que aempreiteira OAS pagou R$ 1,3 mi-lhão a uma empresa para armaze-nar pertences de Lula no períodoem que ele foi presidente.

Conforme os procuradores, “o

contrato teve seu real objeto es-condido porque a nota fiscal infor-mava que os itens armazenadoseram da OAS”.

Em entrevista coletiva em Curi-tiba (PR), o procurador CarlosFernando dos Santos Lima, que in-tegra a força-tarefa, disse, que nototal, R$ 30,7 milhões, entre pales-tras e doações, foram disponibili-zados para instituições ligadas a

Lula pelas cinco maiores emprei-teiras investigadas pela operação.

A Odebrecht, segundo o procu-rador, pagou a reforma do sítio deAtibaia (SP) tanto por meio do usode sua mão de obra, com o trabalhode engenheiros, quanto na comprade material de construção.

“Os pagamentos eram feitos emdinheiro, uma das formas maiselementares de lavagem de di-

nheiro, porque é difícil rastrear”,declarou o procurador.

Depois de prestar depoimento,Lula foi à sede do PT em São Paulo,onde foi aclamado por militantes ec h o ro u .

O ex-presidente do PP PedroCorrêa, preso na Lava a Jato, estáfechando uma delação bombásti-ca. Ele declarou que “Lula sabia dop e t ro l ã o ”.

“Busca da verdade”OPERAÇÃO ALETHEIA

Foi deflagrada na manhã de ontema 24ª fase da Operação Lava a Jato,que começou em março de 2014 e in-vestiga um esquema bilionário de la-vagem de dinheiro.

C U R I O S I DA D EEssa fase da operação foi batizada

de Aletheia, que faz referência à ex-pressão grega que significa “b us cada verdade”.

44 M A N DA D O Sjudiciais foram expeditos

33 M A N DA D O Sde busca e apreensão foram cumpridos

11 M A N DA D O Sde condução coercitiva (quando a pes-soa é obrigada a prestar depoimento)

CERCA DE 200 POLICIAIS federais e 30auditores da Receita cumpriram os man-dados, no Rio, em São Paulo e na Bahia.

NÚMEROS DA OPERAÇÃO

OUTROS ENVOLVIDOS

ENTENDA O CASO

ALVOS DE CONDUÇÃO COERCITIVA

DO PEDIDO À LIBERAÇÃO

LUIZ INÁCIO LULA DASILVA (ex- p r e s i d e n t eda República)

PAULO TARCISO OKA-MOT TO ( presidentedo Instituto Lula)

JOSÉ DE FILIPPI (ex-te -soureiro da campanhade Lula e Dilma)

PAULO ROBERTO VA-LENTE GORDILHO (fun -cionário da OAS)ROGERIO AURELIO PI-MENTEL (ex- a ss e ss o respecial de Lula no Pla-nalto que recebeu a mu-dança)

ELCIO PEREIRA VIEIRA(vulgo “Ma ra d o n a ”, ca-seiro de Lula)JOÃO HENRIQUE WORN(taxista que levou di-nheiro da UTC para Jo-sé de Filippi em 2010)PAULO MARCELINO

MELLO COELHO (moto -r i s ta )LUIZ ANTONIO PAZINE(ainda não identifica-dos)ALESSANDRO TOMAZI-L A (ainda não identifi-cados)

Ex-primeira damaO Ministério Público Federal ha-

via pedido ainda a condução coer-citiva da ex-primeira dama MarisaLetícia, mas o pedido foi negado pe-lo juiz Sérgio Moro.

Alvos de investigaçãoAlém da mulher de Lula, são alvos

também dessa fase da operação osfilhos do ex-presidente, Fábio LuisLula da Silva (Lulinha), Sandro LuisLula da Silva, Marcos Claudio Lulada Silva, além da nora dele, MarleneAraujo Lula da Silva. MARISA: pedido negado

Pe d i d o sO juiz federal Sérgio Moro cha-

mou a atenção ao determinar quenão fosse utilizada algema e, em hi-pótese alguma, fosse permitida afilmagem do deslocamento do ex-presidente até o local da colheitado depoimento.

Es c l a re c i m e n t o sO ex-presidente Luiz Inácio Lula

da Silva foi conduzido, então, pela

Polícia Federal ontem para prestaresclarecimentos sobre suspeitasinvestigadas pela Operação Lava aJato de que ele tenha recebidovantagens indevidas do esquemade desvios da Petrobras.

L i b e ra ç ã oApós três horas de depoimento

em uma sala no aeroporto de Con-gonhas, em São Paulo, o ex-presi-dente Lula foi liberado.

O principal alvoO foco dessa fase da operação é o

ex-presidente Lula. Ele foi um dos al-vos de mandado de condução coerci-tiva (quando o investigado é levado pa-

ra depor por autoridade policial, semchance de recusa).

A determinação foi do juiz federalSérgio Moro, de Curitiba (PR).

Reportagem Especial

VITÓRIA, ES, SÁBADO, 05 DE MARÇO DE 2016 ATRIBUNA 3

AS SUSPEITAS CONTRA LULA

Para onde foi o dinheiro1 Instituto Lula e LilsPa l e s t ra s> EMPRESAS de Lula teriam recebido

dinheiro das empreiteiras por doa-ções e palestras entre 2011 e 2014.

> O MONTANTE SERIA repassado ao PTe a parentes do ex-presidente. A Po-lícia Federal investiga se as palestrase os serviços foram prestados. Se-gundo o juiz Sérgio Moro, os “va l o r e svultosos ”provocam “dúvidas sobre agenerosidade das aludidas empre-sas e autoriza pelo menos o aprofun-damento das investigações”.

> SEGUNDO O MPF, o “reduzido quadrode empregados”das empresas “indi -ca a vinculação dos recursos trans-feridos pelas empreiteiras com apessoa que melhor personifica asentidades: Lula”.

INSTITUTO LULA> PARA O INSTITUTO Lula teriam sido

pagos R$ 20.740.000 vindos dasempresas Camargo Corrêa, OAS,Odebrecht, Andrade Gutierrez eQueiroz Galvão, segundo a Federal.

LILS PALESTRAS> A LILS PALESTRAS teria recebido da

Camargo Corrêa, da OAS, Odebrechte Andrade Gutierrez o valor de R$9.920.898,56, segundo a polícia.

2 Reforma do sítio eapartamento no Guarujá

As empreiteiras OAS e a Odebrechtsão suspeitas de pagar pela reformado triplex e do sítio, entrega de móveisde luxo nos imóveis e armazenagemde bens de Lula por transportadora.

TRIPLEX NO GUARUJÁ> TERIAM SIDO GASTOS pelo menos

R$ 1 milhão, sem aparente justifica-tiva econômica lícita da OAS, pormeio de reformas e móveis de luxoimplantados no apartamento tipotríplex (R$ 777.189,13 em reformas eR$ 287 mil em móveis de luxo para acozinha e dormitórios).

> SEGUNDO O MPF, “embora o ex-pre-sidente tenha alegado que o aparta-mento não é seu, por estar em nomeda empreiteira, várias provas dizem

o contrário, como depoimentos dezelador, porteira, síndico, dois enge-nheiros da OAS, bem como dirigen-tes e empregado da empresa contra-tada para a reforma, os quais apon-tam o envolvimento de seu núcleo fa-miliar em visitas e tratativas sobre areforma do apartamento”.

SÍTIO EM ATIBAIA> OUTRA DENÚNCIA é relacionada à

compra do sítio por terceiros, sendoas reformas pagas por Bumlai, OAS eOdebrecht no valor de R$ 747.378,13e móveis em R$ 170 mil.

> SEGUNDO O MPF, os donos do sítioJonas Suassuna e Fernando Bittar“são sócios de Fábio Luis Lula da Sil-va (Lulinha, filho de Lula) como fo-ram representados na compra porRoberto Teixeira, notoriamente vin-culado ao ex-presidente Lula e res-ponsável por minutar as escrituras erecolher as assinaturas”.

3 Mudança de LulaSegundo o MPF, a OAS bancou a

mudança e armazenamento de bensde Lula, e o contrato foi dissimuladopara esconder seu real objetivo e as-sinado pelo presidente do InstitutoLula, Paulo Okamotto.

O valor arcado pela OAS para a ar-mazenagem de itens retirados do Pa-lácio do Planalto quando do fim domandato, em contrato assinado pelaempreiteira, seria de R$ 1.292.210,40

4 Filhos de LulaSegundo a decisão do juiz Sérgio

Moro que autorizou a expedição dosmandados de condução coercitiva, hápagamentos do Instituto Lula e à LilsPalestras para empresas dos filhos deLula.

Do total, R$ 1.349.446,54. do insti-tuto foram repassados para a empresaG4 Entretenimento e Tecnologia Digi-tal Ltda., cujo sócio administrador éFábio Luis Lula da Silva, filho do ex-presidente, e Fernando Bittar e KalilB i t ta r.

Outros R$ 114 mil do instituto teriaido para a empresa Flexbr TecnologiaLtda., com mesmo endereço da G4,mas por sócios e outros filhos do ex-presidente, como Marcos Claudio Lulada Silva, Sandro Luis Lula da Silva e anora Marlene Araújo Lula da Silva.

À Flexbr, teriam sido entregues pelaLils R$ 72.621,20 e R$ 227.138,85 daLils ao filho de Lula Luis Claudio Lulada Silva.

AGÊNCIA ESTADO — 24 / 0 1 / 2 0 0 7

LULINHA teria recebido dinheiro

AGÊNCIA ESTADO

OKAMOT TO,c o n s i d e ra d obraço direito doex- p re s i d e n t e ,foi à PolíciaFederal prestardepoimento

E m p re i t e i ra sdoaram R$ 20milhões aoInstituto LulaSÃO PAULO E CURITIBA

A Lava a Jato suspeita que di-nheiro do esquema de corrupçãoda Petrobras possa ter irrigado oscofres do Instituto Lula e da LILSPalestras, empresa do ex-presi-dente Luiz Inácio Lula da Silva.

Entre 2011 e 2014, Camargo Cor-rea, OAS, Odebrecht, Andrade Gu-tierrez, UTC e Queiroz Galvãodoaram R$ 20,7 milhões ao insti-tuto e pagaram R$ 9,920 milhõespor palestras, num total de R$ 30,7milhões. Para a força-tarefa, o pe-tista pode ter sido diretamente be-neficiado pelo esquema.

Para a força-tarefa da Lava a Jato,Lula teria sido beneficiado pelo es-quema criminoso instalado no go-verno federal, que usou recursosda Petrobras. “Se ele conhecia o es-quema e se recebeu vantagens in-devidas, estamos investigando”,disse o procurador Carlos Fernan-do Lima.

Associações de classe do mundojurídico – juízes, advogados e pro-curadores da República – s aí ra mem defesa da 24ª fase da Lava a Ja-to, que tem como alvo o ex-presi-dente Lula.

As entidades destacam que, nu-ma República, ninguém está imu-ne à investigação ou acima da lei.

FOLHAPRESS - 20/02/2014

MARCO AURÉLIO criticou juiz

OPERAÇÃO LAVA A JATO

“Ninguém está livrede ser investigado”SÃO PAULO

“E ste é um momento desermos republicanos.Não há ninguém isento

de investigação neste País.” Ass imque o procurador da RepúblicaCarlos Fernando dos Santos Limajustificou a condução coercitiva doex-presidente Lula, ontem, no iní-cio da coletiva sobre a 24ª fase daLava a Jato, Operação Aletheia.

Lula, que até então era investi-gado por ocultação de patrimônionas denúncias sobre o sítio em Ati-baia e o triplex no Guarujá, em SãoPaulo, agora é suspeito de lavagemde dinheiro e corrupção.

Além do ex-presidente, 11 pes-soas ligadas à investigação contrao petista foram obrigadas a prestardepoimento ontem, à Polícia Fe-deral. Agentes fizeram ainda bus-ca e apreensão em 33 endereços deSão Paulo, Rio e Bahia. “Investiga -mos apenas pessoas sem foro pri-vilegiado”, afirmou Lima.

E completou: “Nós procuramosfazer isso da forma o mais silen-ciosa possível. Entretanto, nós sa-bemos dos vazamentos.”

Por volta das 5h de ontem, osagentes da Polícia Federal já esta-vam na porta do prédio de Lula, na

cidade de São Bernardo do Cam-po, em São Paulo. Os investigado-res chegaram em carros descarac-terizados para evitar aglomera-ções. Os veículos foram estaciona-dos na garagem do edifício.

Assim que vazaram as primeirasinformações sobre Lula como alvoda operação, um grande númerode manifestantes pró e contra o ex-presidente se dirigiu ao edifício.

Para evitar confusão, ele foi reti-rado pela PF em um carro desca-racterizado, e levado ao aeroportode Congonhas. Na unidade da Po-lícia Federal, ficou em uma áreareservada a autoridades.

Lula depôs por três horas e meiaaos agentes da PF e procuradoresfederais, que vieram de Curitibapara interrogá-lo.

Apesar de ter o direito de ficarem silêncio, já que pela primeiravez ele é ouvido como investigado,o ex-presidente respondeu às per-guntas e se irritou.

De acordo com o deputado fede-ral Paulo Teixeira (PT-SP), o ex-presidente se mostrou incomoda-do pelo menos três vezes. O mo-mento de maior irritação ocorreuao ser questionado sobre os peda-linhosno sítio de Atibaia, que têmos nomes de dois dos seus netos.

AGÊNCIA ESTADO

CARLOS FERNANDO: “Procuramos fazer o trabalho de forma silenciosa”

Desvios da PetrobrasEntre as suspeitas na 24ª fase

da Operação Lava a Jato, está a deque o ex-presidente Lula tenha re-cebido vantagens indevidas do es-quema de desvios da Petrobras.

Empreiteiras investigadas te-riam repassado mais de R$ 30 mi-lhões a empresas de Lula e paga-do despesas do ex-presidente e deseus parentes, segundo o MPF.

Para ministrodo Supremo,juiz “at ro p e l o uas regras”

Primeira crítica contundente doSupremo Tribunal Federal à açãodo juiz Sérgio Moro contra o ex-presidente Lula ontem veio do mi-nistro Marco Aurélio Mello.

“Condução coercitiva? O que éisso? Eu não compreendi. Só seconduz coercitivamente, ou, comose dizia antigamente, debaixo devara, o cidadão de resiste e nãocomparece para depor. E o Lulanão foi intimado", afirmou.

Marco Aurélio diz que é preciso“colocar os pingos nos 'is'” e criti-cou o argumento de Moro, de que amedida foi tomada para assegurara segurança de Lula. "Nós, magis-trados, não somos legisladores, nãosomos justiceiros. Não se avançaatropelando regras básicas."

Reportagem Especial

4 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, SÁBADO, 05 DE MARÇO DE 2016

B AST I D O R ES

Do apartamentoao aeroportoA CHEGADA DA POLÍCIA

Quando policiais federais ba-teram à porta do ex-presidenteLuiz Inácio Lula da Silva na ma-nhã de ontem, o petista já osa g u a r d ava .

Três seguranças e um asses-sor de Lula estavam de plantãodesde a noite de quinta-feira, emseu apartamento em São Bernar-do do Campo (SP).

G A R AG E MOs policiais entraram com qua-

tro carros na garagem do prédio.Lá, interfonaram para falar comLula e foram atendidos por umempregado, que pediu para queeles aguardassem um pouco.

A PA RTA M E N TOEntanto isso, o porteiro ligou

para o síndico, que desceu ime-diatamente e acompanhou ospoliciais da garagem até o apar-tamento de Lula, que foi quemabriu a porta. OPERAÇÃO LAVA A JATO

Dia de pancadaria e revoltaManifestantes ficaramferidos e pelo menostrês foram detidos emprotestos pró e contraLula durante açãoda Polícia Federal

FOTOS: REUTERS

POLÍCIA MILITAR agiu diante da agitação de manifestantes em frente ao apartamento de Lula, em São Bernardo do Campo, e no aeroporto de Congonhas

SÃO PAULO

Grupos pró e contra o ex-pre-sidente Luiz Inácio Lula daSilva foram às ruas, em São

Paulo, na manhã de ontem, depoisque a Polícia Federal o levou paraprestar depoimento em razão dadeflagração de uma nova fase naOperação Lava a Jato, a Aletheia.

Houve tumulto e diversos con-frontos entre manifestantes pró econtra Lula. Algumas pessoas fica-ram feridas. A Polícia Militar pre-cisou intervir e pelo menos trêspessoas foram detidas.

Pelo menos dois locais forampalco de confrontos entre os mani-festantes, as ruas em torno do pré-dio onde moram Lula e a ex-pri-meira-dama, Marisa Letícia, emSão Bernardo do Campo, e o aero-porto de Congonhas, na Zona Sulda capital paulista, onde o ex-pre-sidente prestou depoimento à PF.Logo depois, ele saiu de carro emdireção ao diretório do partido.

No Aeroporto de Congonhas, osdois grupos saíram do lobby onde

ficam os portões de embarque e sedirigiram para a frente de outroescritório da PF na ala oficial emque são embarcadas e desembar-cadas autoridades, onde Lula eOkamoto prestaram depoimento.

No caminho, os dois grupos seenfrentaram com socos e ponta-pés. Vários parlamentares petistasapareceram nas janelas acenandopara a militância, que permaneceunas imediações.

O vereador do PCdoB JamilMurad foi até a frente da delegaciae começou a ser chamado de “va -gabundo” e “bandido” pelos mani-festantes. “O Brasil está entrandoem um regime de golpe, isso aqui éum golpe, um golpe jurídico con-tra quem foi eleito legitimamentep re s i d e n t e ”, disse ele.

Em São Bernardo, cerca de 200manifestantes ocuparam a rua emfrente ao prédio onde moram Lulae Marisa.

A Polícia Militar e a Guarda Civilforam acionadas para conter aconfusão entre os grupos e tenta-ram fazer uma barreira precáriacom fitas e cordas.

Ao menos três vezes os policiaisforam obrigados a conter os gru-pos e usaram gás de pimenta.

O entorno do Instituto Lula foi fe-chado pela PM para evitar a aproxi-mação de manifestantes e curiosos.Em São Paulo, na Superintendênciada Polícia Federal, o atendimento aopúblico foi cancelado.

“A p l a u s a ç o” contra petistaEm um ato marcado nas redes

sociais em apoio à 24ª fase da Lavaa Jato, várias pessoas foram às suasjanelas e aplaudiram a ação da Polí-cia Federal, que tem como seu prin-cipal alvo o ex-presidente Lula.

O “ap l a u s aç o ”, como o ato foichamado na rede em alusão aos“p a n el a ç o s ” contra a presidenteDilma Rousseff, começou por vol-ta das 20h30 (de Brasília) ontem.

Algumas pessoas não se conten-taram em apenas aplaudir a faseda operação desencadeada na ma-nhã de ontem e fizeram barulho

com gritos, vuvuzelas, buzinas eaté fogos de artifício.

Em São Paulo, foram ouvidosaplausos em bairros como Perdi-zes, Pinheiros, Higienópolis, San-tana, Vila Mariana, Jabaquara,Brooklin e Aclimação. Em algunslugares, também foram ouvidasbuzinas e fogos de artifício.

Em Minas Gerais, o protesto foiouvido em Belo Horizonte, nobairro da Savassi. Lá, também fo-ram usados fogos de artifícios. EmVitória, houve manifestação naPraia do Canto.

AGÊNCIA ESTADO

M A N I F ESTA N T ES soltam fogos de artifício em comemoração em São Paulo

AGÊNCIA ESTADO

PRÉDIO de Lula em São Bernardo

AGÊNCIA ESTADO

FEDERAL no sítio em Atibaia

REUTERS

POLICIAIS no Instituto Lula

PRONTO PARA SAIRO petista já havia tomado café

da manhã e estava pronto parasair de casa.

Vestindo um terno azul mari-nho bem escuro e calça jeans, oex-presidente entrou em um car-ro descaracterizado da PolíciaFederal e seguiu para o Aeropor-to de Congonhas, onde depôs por3 horas e 40 minutos. Ao final, foioferecido um cafezinho a ele.

CAL ADONo trajeto de ida, Lula ficou ca-

lado e aparentava estar abatido,“com cara de quem não dormiu anoite inteira”, segundo relatos deagentes. Ele não levou celular.

P E DA L I N H O SO deputado federal Paulo Tei-

xeira (PT-SP), que acompanhouo depoimento, disse que Lulamostrou irritação ao ser indaga-do sobre os dois pedalinhos, comnomes de seus netos, que estãono sítio de Atibaia, onde a PF

cumpriu ontem mandado de busca eapreensão. Ele disse, segundo o de-putado, que essa não é uma perguntaque está à altura da Polícia Federal.

CUMPRIMENTOS DE ALIADOSAo fim do depoimento, Lula foi até a

uma sala de embarque destinada aautoridades e recebeu cumprimen-tos de aliados e amigos, entre eles oministro-chefe da Secretaria do Go-

verno, Ricardo Berzoini.

No Instituto LulaAGUARDADOS ?

Ao cumprir mandado de busca eapreensão no Instituto Lula (SP), ospoliciais já eram aguardados peloporteiro, apelidado de “Ba ia ni nh o”,que facilitou acesso.

SUSPEITA DE VAZAMENTOOs auditores da Receita Federal

encontraram bem menos material doque imaginavam. Segundo relatos doporteiro, ele já esperava há dias queos agentes chegariam ao Instituto.

Detalhe: não havia nenhum armá-rio trancado à chave, um cofre estavavazio e as notas fiscais da entidadeentre 2010 e 2015 não estavam maisnos arquivos do instituto.

Reportagem Especial

VITÓRIA, ES, SÁBADO, 05 DE MARÇO DE 2016 ATRIBUNA 5

C a ss a ç ã oDilma e Temer são alvo de ação

junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE)que apura irregularidades nos gastos dacampanha de 2014.

O QUE PODE OCORRER:Se condenados, Dilma e Temer podem ter

o mandato cassado pela Justiça Eleitoral.

QUEM ASSUME:Se cassados nos dois primeiros anos de

mandato, ou seja, até o final deste ano, sãorealizadas novas eleições no prazo de 90dias. Se nos dois últimos anos de mandato,é realizada eleição pelo Congresso paraescolha do novo presidente.

OS CAMINHOS PARA A SAÍDA DA PRESIDENTE

R enúnciaÉ um ato pessoal do presidente

da República e pode ser tomado aqualquer momento.

QUEM ASSUME:O vice-presidente Michel Temer.

ImpeachmentDilma já é alvo

de um processo deimpeachment na Câmarados Deputados. Segundoo advogado MarcellusFerreira Pinto, os fatosconstantes na delaçãodo senador Delcídio doAmaral podem e dever seranexados à peça inicial.

O QUE PODEOCORRER :

Depois de abertoo processo por doisterços da Câmara epor dois terços doSenado, a Presi-dente pode perdero mandato se julga-do procedente.

QUEM ASSUME:O vice-presidente

Michel Temer.

2

31

OPERAÇÃO LAVA A JATO

Manifestantes contra e afavor de Dilma vão às ruas

As ruas da capital serão o ce-nário de um confronto deideias favoráveis e contrá-

rias ao governo federal no próxi-mo dia 13, quando manifestantespró-impeachment e membros daCentral Única dos Trabalhadores(CUT), movimentos sociais e doPT farão protestos.

Otimista e dizendo que a expec-tativa é de que mais de 120 mil ca-pixabas compareçam às ruas nodomingo, o representante estadualdo Vem pra Rua, WashingtonOlímpio, disse que as famílias po-derão vestir o verde e amarelo eprotestar de forma pacífica contraa corrupção instalada no País.

Ontem ele se reuniu com o Co-mando da Polícia Militar paraacertar os detalhes da segurança.“Nos foi garantido que teremos umforte esquema de segurança, o su-ficiente para proteger a população,inclusive com policiais à paisana.”

Ele contou que, no domingo, umgrupo sairá do Posto Moby Dick,na Praia da Costa, em Vila Velha, às15 horas, atravessará a TerceiraPonte, e irá se juntar a outro grupoque estará na Praça do Papa, naEnseada do Suá, em Vitória.

Mas o protesto contra o governofederal terá de dividir as atençõesdo domingo com a convocação fei-ta nacionalmente pela CUT.

“Inicialmente, a nossa concen-tração será na praça do pedágio, naTerceira Ponte. Esperamos o con-fronto, mas o confronto de ideias”,afirmou um dos diretores da CUTno Estado, Max Célio de Carvalho,que disse não ser uma manifesta-ção pró-governo mas “contra ogolpe político”.

Em entrevista coletiva ontem, opresidente estadual do PT, Geni-valdo Lievore, se posicionou favo-rável à manifestação. “O que estáem jogo é o Estado Democráticode Direito. Não vamos admitir umgolpe. Vamos para a rua porque fo-mos forjados nela quando não sepodia protestar.”

RODRIGO GAVINI - 15/03/2015

PROTESTO a favor da saída da Presidente vai acontecer ao mesmo tempo que manifestação em defesa do governo

“A nação passapor um períodod e l i c a d o”,afirma Renan

O presidente do Senado, RenanCalheiros (PMDB-AL), afirmouontem que “a nação passa por umperíodo delicado de sua história” edefendeu que as “instituições de-vem guardar os limites de suasatribuições legais”.

Em nota oficial, o peemedebistaafirmou ainda que qualquer politi-zação ou radicalização, indepen-dente da origem, neste momento éum desserviço ao País.

Sem mencionar a 24ª fase daOperação Lava a Jato, deflagradana quinta-feira, ou a ação da Polí-cia Federal contra o ex-presidenteLuiz Inácio Lula da Silva ontem,Renan afirmou em nota oficial que“qualquer investigação precisa serconduzida dentro do respeito à leie à Constituição Federal”.

Renan é investigado em pelomenos seis inquéritos no SupremoTribunal Federal (STF) que apu-ram o seu envolvimento com a La-va Jato.

O peemedebista já foi citado nadelação do ex-diretor da área in-ternacional da Petrobras NestorC e r ve ró.

AGÊNCIA BRASIL - 17/12/2015

RENAN C a l h e i ro s criticou operação

PSB anunciaque vai migraroficialmentepara a oposição

No momento em que o PT, o ex-presidente Lula e a presidente Dil-ma Rousseff enfrentam sua maiorprova de fogo desde o início da cri-se que dragou o Planalto, o PSBanunciou que migrará oficialmen-te para a oposição e que não acre-dita mais na recuperação do go-verno sob o comando da petista.

O partido, que tinha no ex-go-vernador Eduardo Campos suamaior estrela, já havia deixado abase de apoio do governo há doisanos, mas se classificava como “in -d ep e nd en t e”. Segundo o presi-dente da legenda, Carlos Siqueira,o agravamento da crise política eeconômica construiu uma posição“ma jo ri tá ri a” na legenda de quenão há mais como dar qualquersuporte à Presidente.

“Temos uma maioria muito am-pla que entende que a conduçãoque a Presidente vem dando à cri-se impede a recuperação do País”.

Bonecos gigantes serão usadosBonecos gigantes e em formatos

menores serão usados no protestodo próximo dia 13, no Estado.

O Pixuleco, que representa o ex-presidente Lula vestido com rou-pas de presidiário, terá oito metrose ficará em local de destaque naPraça do Papa, em Vitória.

O boneco também vem em ta-manho menor, de três metros, eganhará a companhia da “Acaraje -c a”, simbolizando a presidente

Dilma Rousseff. Eles irão “atraves -sar ” a Terceira Ponte no trio elétri-co, segundo a coordenadora esta-dual do Movimento Brasil Livre,Raquel Gerde.

“Ela ganhou o nome de Acaraje-ca por causa da Operação Acarajé,que prendeu o marqueteiro JoãoSantana. O projeto foi feito por umartista capixaba e a confecção estásendo feita em São Paulo.”

Raquel revelou que a Acarajeca

também virá em formato de 60centímetros e será vendida porR$ 15.

O representante estadual doVem pra Rua, Washington Olím-pio, contou que irão levar a “Ban -dilma”, de três metros de altura.

E hoje, haverá uma carreatasaindo às 14 horas da Praça do Ci-clista, em Itaparica, Vila Velha. Pe-la manhã, panfletagem, a partirdas 9 horas, na Glória.

Membros da CUT,do PT, de movimentossociais e defensoresdo impeachment vãodividir as ruas de Vitóriaem protesto no dia 13

BONECA da Dilma será vendida

Reportagem Especial

6 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, SÁBADO, 05 DE MARÇO DE 2016

FALA, LEITOR!

“Ac re d i toq ue

se foremconfirmadas asdenúncias contrao Lula, issose torna umcaso muito gravepara o País”JEANDRE BITENCOURT, 38, dentista

FOTOS: ANTONIO COSME/AT

“Pelo queouço falar,

tudo isso que estáacontecendo temsido uma coisaboa para o Brasil.Mas parece queestavam muitotranq uilos”KÁTIA FERRAÇO, 39, dona de casa

“Eu gostodo Lula.

Por que só agoraque essas coisasaparecem? Porque também nãoforam atrás deoutros, comoF H C? ”CLÁUDIA SANTOS, 46, autônoma

“Pe l o sindícios,

acho importanteque se investigue.É uma formade mostrar quenada pode ficarimpune. Nem nopatamar dele”TATIANE MACHADO, 27, consultora de vendas

“Sete m

mandado, tem deinvestigar. Massem provas,acho que foid e s re s p e i to.Corrupção vemde antes”SARAH TAVARES, 28, secretária

OPERAÇÃO LAVA A JATO

Bancada fica divididasobre ação da FederalParlamentares apoiarama condução de Lula eapostam na prisão doex-presidente. Petistaschamaram episódio de“espetáculo midiático”

A bancada federal capixabano Congresso apoiou a açãoda Polícia Federal na 24ª fa-

se da Operação Lava a Jato, quecumpriu mandado de conduçãocoercitiva do ex-presidente LuizInácio Lula da Silva (PT) para de-por na manhã de ontem.

De acordo com os parlamenta-res, “ninguém está acima da lei”.Eles ainda defenderam o prosse-

guimento das investigações contrao petista.

O senador Ricardo Ferraço(PSDB) classificou ontem comoum “dia histórico”. “Ninguém estáacima da lei”. Rose de Freitas(PMDB) afirmou que é preciso es-clarecimento dos fatos para evitari n j u st i ç a s.

Por sua vez, Magno Malta (PR)ressaltou que não houve ilegalida-de na operação. “Lula não está aci-ma do bem e do mal. Vão ter des-dobramentos daqui pra frente”.

O deputado Lelo Coimbra(PMDB) cobrou respostas rápidas.“Ninguém está acima de ninguém.Tudo deve ser apurado”. Para Car-los Mannato (SD), há motivos paraa prisão de Lula. “Se fosse qual-quer mortal estaria preso”. Já o de-

putado Paulo Foletto (PSB) disseque Lula não explicou as acusa-ções. “Há motivos para ser preso”.

O deputado Marcus Vicente (PP)avaliou que a operação sinaliza ofim da impunidade. Já Jorge Silva(PHS) afirmou que os fatos aproxi-mam as investigações ao Palácio doPlanalto e reforçam o impeach-ment. Max Filho (PSDB) descar-tou que tenham sido praticados ex-cessos pela Polícia Federal.

Os dois deputados do PT — Hel -der Salomão e Givaldo Vieira —classificaram a operação como“espetáculo midiático”. “O que es-tá em curso é uma tentativa deses-perada da direita de retornar aopoder a qualquer custo”, disseHelder. Evair de Melo (PV) nãoatendeu às ligações.

LUIS MACEDO/CÂMARA DOS DEPUTADOS - 30/06/2015

DEPUTADOS DURANTE VOTAÇÃO: parlamentares defenderam prosseguimento das investigações contra o petis ta

Prefeitos estão preocupadosOs resultados políticos e até

mesmo econômicos da 24ª fase daOperação Lava a Jato gerarampreocupação entre alguns dos pre-feitos da Grande Vitória.

De acordo com os gestores ouvi-dos, o cenário atual não favoreceos municípios e pode piorar comos ataques feitos ao ex-presidenteLuiz Inácio Lula da Silva.

“Com o que vinha acontecendo,o País já estava estagnado e vai pio-

rar para os municípios. Porqueagora existe uma política de tentarproteger a imagem do ex-presi-dente. Isso interfere muito na polí-tica em geral”, afirmou o prefeitode Cariacica, Geraldo Luzia Ju-nior, o Juninho (PPS).

Quem também teme um retro-cesso é o prefeito da Serra, AudifaxBarcelos (Rede). “A situação é ex-tremamente preocupante. O Paísprecisa de rumo, definição das coi-

sas. Eu, particularmente, defendoque haja novas eleições neste País.A população não aguenta esperarmais”, comentou o prefeito.

A crise nos municípios tambémfoi lembrada pelos prefeitos, quedeixaram de arrecadar mais deR$ 300 milhões em 2015.

Rodney Miranda (DEM - VilaVelha) e Luciano Rezende (PPS -Vitória) não foram encontradospara comentar.

“Dia histórico”“A ação da Polí-

cia Federal na ca-sa do ex-presi-dente Lula mos-tra que ninguémestá acima da lei.É um dia histórico.”

Ricardo Ferraço (PSDB),senador

D E P O I M E N TO S D E P O I M E N TO S

“Faz lambança”“Não aceito es-

ta distorção deque é o ex-operá-rio, o ex-presi-dente, e que, porisso, não mereciaisso. Ninguém está acima da lei.Só merece quem faz lambança.”

Magno Malta (PR), senador

“Trabalho exemplar”“A Polícia Fede-

ral tem feito umtrabalho exem-plar, mas precisa-mos esclarecer osfatos para queninguém seja injustiçado.”

Rose de Freitas (PMDB),s e n a d o ra

“Pr i s ã o”“Acredito que o

impeachment ga-nha força comLula e a delaçãode Delcídio. Nãovai demorar paraLula ser preso.”

Carlos Mannato (SD),deputado federal

“Es p e tá c u l o”“Defendo que

todas as denún-cias sejam apura-das. Mas não dápara aceitar esseespetáculo midiá-tico.”

Helder Salomão (PT),deputado federal

“Impeachment ”“A ação poten-

cializa o impeach-ment e vai fazercom que estimuleas pessoas a iremàs ruas no protes-to marcado para o dia 13.”

Jorge Silva (PHS),deputado federal

“I l e ga l i d a d e ”“Co m e t e ra m

grave ilegalidadee injustiça contraLula e sua família.Entraram em suacasa e o levaramsem justificativa.”

Givaldo Vieira (PT),deputado federal

“I n ve s t i ga ç õ e s ”“Ninguém está

acima da lei. Luladeve se explicar.As investigaçõesestão chegandoperto do Palácio eda Presidente.”

Lelo Coimbra (PMDB),deputado federal

“Sem excesso”“Não creio ter

sido excesso. Oex- pr e s i de nt etentou de todasas formas esca-par desse depoi-mento.”

Max Filho (PSDB),deputado federal

“Sem explicação”“Lula falou e

não explicou na-da sobre as acu-sações. Justiça éigual para todos.Existem motivospara ele ir para a cadeia.”

Paulo Foletto (PSB),deputado federal

“I n s ta b i l i d a d e ”“Essa nova fa-

se da Lava a Jatoa g r a v a a i n d amais a instabili-dade do governod a p r e s i d e n t eDilma, fortalecendo o discursoda oposição.”

Sérgio Vidigal (PDT),deputado federal

“A m a d u re c i m e n t o”“Todos nós es-

tamos sujeitos àlei pelo amadure-cimento das insti-tuições. Começa-mos a ter certezado fim da impunidade.”

Marcus Vicente (PP),deputado federal

Reportagem Especial

VITÓRIA, ES, SÁBADO, 05 DE MARÇO DE 2016 ATRIBUNA 7

OPERAÇÃO LAVA A JATO

Oposição decidebarrar votaçõesB R AS Í L I A

No dia em que o ex-presiden-te Lula foi alvo da 24ª faseda Lava a Jato, os líderes da

oposição manifestaram apoio aosinvestigadores e centraram ataquesna presidente Dilma Rousseff.

Os parlamentares da oposiçãodecidiram paralisar as votações naCâmara até que seja instalada aComissão do Impeachment. Ospartidos fazem ainda convocaçãopara que a população participe dosprotestos de rua marcados para odia 13, pela saída de Dilma.

Mas pediram “serenida de” p a raevitar confrontos entre lulistas eopositores do ex-presidente.

O presidente nacional do PSDB,senador Aécio Neves (MG), disseque esse é um assunto para ser re-solvido nos tribunais, e não “nob ra ç o ”. “Os líderes da Câmara vão,a partir da segunda-feira, inter-romper as votações até que se ins-tale a Comissão do Impeachment.É a oportunidade para se discutiros problemas graves que afetamtodos os brasileiros”, afirmou.

O processo de impeachment foiparalisado porque o presidente daCâmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), recorreu da decisão do Supre-

mo Tribunal Federal (STF) queanulou a eleição da comissão deimpeachment, realizada em 2015.

Deputados oposicionistas espe-ram que Cunha desista do recursopara tentar acelerar o trâmite. Opresidente da Câmara reiterouque não pretende abrir mão de re-cursos, mas disse acreditar que oSTF os julgue neste mês.

Os partidos de oposição divulga-ram nota em que manifestam“apoio e confiança nas instituiçõesnacionais e ao trabalho de investi-gação realizado pela Lava a Jato”.

“É hora de exigir respeito a umdos mais importantes pilares doEstado Democrático de Direito,que determina que nenhum brasi-leiro está acima das leis e da Cons-tituição, e que todos, sem exceção,devem responder pelos seus atosperante a Justiça”, diz a nota.

A reunião da oposição contoucom a presença de deputados e se-nadores de PSDB, DEM, PPS,PTB, PRTB e PSB. O governadorde São Paulo, Geraldo Alckmin(PSDB), que participou de reuniãocom Dilma, declarou que o ex-pre-sidente Lula não pode usar “sub -terfúgios para fugir da Justiça”, epediu ainda que a votação do im-peachment seja acelerada.

AGÊNCIA ESTADO

AÉCIO disse que a crise é para ser resolvida nos tribunais, e não “no braço”

Delegados querem autonomia da Polícia Federal

É o fim do projeto do PTA sexta-feira, 4 de março de 2016, é um dia histórico e divide apaixo-

nadamente a opinião pública do Brasil, onde Luiz Inácio Lula da Sil-va nasceu nos rincões áridos do Nordeste, cruzou o país continental

num pau-de-arara, comeu o pão que o Diabo amassou, foi o maior lídersindicalista e virou o presidente da República mais popular em décadas. Éum dia profundamente triste, mas é também um marco: ninguém, nemmesmo Lula, está acima da lei.

A condução coercitiva de Lula ede seu primogênito, Fábio Luis,não foi nenhuma surpresa nomundo político, mas é daquelesfatos que todo mundo espera,mas, quando acontecem, são co-mo uma explosão atômica.

Com Lula depondo na PolíciaFederal e acossado, junto com apresidente Dilma Rousseff, peladelação premiada do ex-líder dogoverno Delcídio Amaral, não háoutra conclusão possível senão aóbvia: é o fim do projeto do PT, ofim de uma era.

Até por isso, a Justiça, o Minis-tério Público, a Polícia Federal e aReceita Federal cercaram-se detodos os cuidados. Há meses vi-nham dando indícios de que Lulaseria preso, mas isso só ocorreriaquando as provas fossem consis-tentes, inquestionáveis.

“Não podemos morder o Lula.Quando chegarmos nele, é paraengolir ”, diziam os investigadores,ilustrando a consciência de que,deixar brechas de contestação, se-ria não apenas implodir a Lava aJato, mas também desmoralizaras instituições responsáveis.

Hoje, a Lava a Jato engoliu Lulae, com ele, o projeto de eterniza-ção do PT no poder. De uma for-ma simples e direta, há provas deque havia uma triangulação cri-minosa: o dinheiro saía da Petro-brás, passava pelas empreiteiras eparte dele ia para o ex-presidenteem forma de pagamentos dissi-mulados de palestras, viagens pe-lo mundo, o sítio de Atibaia e o tri-plex do Guarujá.

Lula, portanto, seria beneficiá-rio dos desvios da maior compa-nhia brasileira, hoje uma dasmaiores empresas mais endivida-das do mundo. Sem falar na Ope-ração Zelotes...

A condução coercitiva de Lula,a prisão do marqueteiro dele e deDilma, a delação do ex-líder dogoverno sobre o envolvimento deDilma na compra suspeitíssimada refinaria de Pasadena e na ten-

tativa de manipular o Judiciáriopara soltar empreiteiros amigos...tudo isso configura um cerco aLula e a Dilma que, apesar de de-penderem visceralmente um dooutro, entram na dolorosa fase do“salve-se quem puder” ou, de ou-tra forma, “cada um por si”.

Como pano de fundo, a crisepolítica e a economia. Por umamacabra coincidência, ou não, o

resultado da economia em 2015saiu no dia do vazamento da dela-ção de Delcídio e na véspera dacondução coercitiva de Lula e deseu filho.

O Brasil teve uma recessão de3,8% e ficou em 30º lugar entre 32países pesquisados, só atrás da

Venezuela, que quebrou, e daUcrânia, que vem perdendo partedo seu território para a Rússia.

Tudo somado, Dilma está to-talmente isolada em seus palá-cios, enquanto Lula se despe daroupagem do “Lulinha paz eamor ” e conclama suas tropaspara a guerra.

A possibilidade de impeach-ment de Dilma é cada vez mais

real e a próxima etapa de todo es-se processo deve ocorrer nas ruas.Vêm aí as manifestações do dia 13contra Dilma, Lula e o PT, mas,antes delas, já começam os con-frontos. As bandeiras vermelhas,em minoria, vão tentar ganhar nogrito — ou na pancadaria.

Antes do dia 13, já começam os confrontos.As bandeiras vermelhas, em minoria, vão

tentar ganhar no grito — ou na pancadaria

ELIANECA N TA N H Ê D E

Dilma é a próxima, diz tucanoOs membros capixabas do PSDB

elogiaram a 24ª fase da OperaçãoLava a Jato e disseram que já espe-ram que as investigações cheguemà presidente Dilma Rousseff (PT).

Segundo o presidente do Ban-des, Luiz Paulo Vellozo Lucas, aqueda de Dilma não é esperadaapenas pelos tucanos brasileiros.

“Normalmente quando um go-verno ameaça cair, o dólar sobe. No

Brasil é o contrário porque estãotodos querendo que isso aconteça.O fato é que o mercado já espera aqueda da Presidente”, afirmou.

Já o deputado federal Max Filhofala de amadurecimento do Judi-ciário brasileiro. “Acho que signifi-ca o amadurecimento do EstadoDemocrático de Direito, no qualninguém está acima da lei”, afir-mou o deputado.

A Associação Nacional dos Dele-gados da Polícia Federal lança, napróxima quarta-feira, uma campa-nha nacional pela autonomia da PF.

Os delegados querem que a insti-

tuição deixe de ser subordinada eaté mesmo vinculada ao Ministérioda Justiça. O pedido de autonomiaserá feito em uma carta aberta a serpublicada durante o lançamento da

campanha. “A PF precisa ter a mes-ma autonomia já conquistada pelaDefensoria Pública e pelo MinistérioPú b l i c o”, diz o comunicado da asso-ciação de delegados.

Reportagem Especial

8 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, SÁBADO, 05 DE MARÇO DE 2016

OPERAÇÃO LAVA A JATO

“Jararaca continua viva”O ex-presidente Lulaclassificou a conduçãocoercitiva como ofensapessoal e afirmou estarsendo vítima de umshow de pirotecnia

REUTERS

LUL A voltou a dizer que não é dono dos imóveis investigados na Operação Lava a Jato e criticou o juiz federal Sérgio Moro, que autorizou a ação da Federal

SÃO PAULO

Em discurso emocionado paracentenas de apoiadores, nocentro de São Paulo, o ex-

presidente Luiz Inácio Lula da Sil-va afirmou ontem que encarou co-mo uma “ofensa pessoal” a condu-ção coercitiva realizada pela Polí-cia Federal em sua residência, emSão Bernardo do Campo.

“Foi um desrespeito a alguémque dedicou a vida a esse País”,disse Lula na noite de ontem, nopalco da quadra do Sindicato dosBa n c á r i o s.

Mais cedo, na sede do PT, tam-bém na capital paulista, Lula afir-mou que o que viu ontem foi umshow de pirotecnia e mandou seurecado: “A jararaca continua viva”.

Cercado por várias liderançassindicais e políticas, Lula voltou adizer que não é dono dos imóveisinvestigados na Operação Lava aJato e criticou o juiz federal SérgioMoro, que autorizou a ação.

“Ele não precisava ter feito”,afirmou, lembrando as vezes emque se colocou à disposição paraprestar esclarecimentos à Justiça.“Se eles (o juiz Sério Moro e osprocuradores), juntos, forem R$ 1mais honestos do que eu, desistoda vida política”, acrescentou.

Lula chegou a chorar em algunsmomentos de seu discurso, quan-do lembrou de avanços sociais aolongo de seus dois mandatos. De-

pois de citar o crescimento da ge-ração de emprego e o aumentoreal do salário mínimo, provocou oex-presidente Fernando HenriqueCardoso. “Essas coisas ele não es-creve nos livros dele”, disse.

Por vezes foi interrompido pelaplateia com gritos de apoio. “O Lu-la é meu amigo, mexeu com ele,mexeu comigo”, cantaram.

Orgulhoso de seus feitos, Lulaafirmou que foi o melhor presi-dente do País e o melhor presiden-te do mundo no começo do séculoXX. “O mundo inteiro admirava oque a gente tinha feito”, disse.

“E a elite brasileira, que nós cha-mamos de coxinha, não consegueaceitar a ideia de uma mulher go-vernar um País como esse”, disse oex-sindicalista, em referência àpresidente Dilma Rousseff.

Falou, inclusive, que a Presiden-te não tem de fazer política voltadapara o mercado, mas sim para queo brasileiro volte a consumir.

Lula afirmou no Sindicato dosBancários que está “vi vo”, numareferência à disputa presidencialde 2018. “Cutucaram o cão comvara curta e, portanto, quero meoferecer a vocês”, afirmou Lula.

REUTERS

LUL A recebe o apoio dos bancários

C E N ASAGÊNCIA ESTADO

CAR RO do ex-presidente Lula é cercado por militantes aodeixar o diretório central do PT, no centro de São Paulo, on-de fez pronunciamento após depor na Polícia Federal.

AGÊNCIA ESTADO

LUL A é recebido com festa por militantes na chegada à suaresidência, em São Bernardo do Campo. Ele foi cercado esua segurança pessoal teve trabalho redobrado.

Lula e Moro frente a frente dia 14Além da condução coercitiva

para prestar depoimento ontemna 24ª fase da Operação Lava Jato,o ex-presidente Lula também devedepor no próximo dia 14.

Desta vez, porém, Lula será ou-vido como testemunha de defesado pecuarista José Carlos Bumlai,na ação que ele responde na 13ªVara Federal de Curitiba.

Ontem, a oitiva foi como investi-gado. O depoimento de Lula deveser prestado em São Paulo e serátransmitido por videoconferênciaa Curitiba, onde ocorrerá audiên-cia da ação penal, conduzida pelojuiz federal Sérgio Moro.

Durante a audiência, Lula deveser interrogado por Moro, peloMinistério Público e pelos advoga-dos. Como o processo é público, o

vídeo do seu depoimento deve serdivulgado na internet logo depois.

D E P O I M E N TONeste caso, o depoimento com

data marcada previamente con-traria o argumento usado pelo juizSérgio Moro para ter autorizadoontem a condução coercitiva: deque o aviso prévio, no caso da oiti-va à Polícia Federal, poderia pro-vocar tumultos e confusão entrem a n i f e st a n t e s.

Bumlai atualmente se encontrapreso preventivamente em Curiti-ba e foi denunciado sob acusaçãode corrupção, lavagem de dinheiroe gestão fraudulenta, por suspeitade ter participado do esquema decorrupção na Petrobras e de ter re-passado dinheiro ao PT.

REUTERS - 01/12/2015

BUML AI está preso em Curitiba

“Se quiserammatar a

jararaca, nãobateram na cabeça,bateram no rabo,porque a jararacaestá viva”

“Todo mundopode, menos

esse m... dessem e ta l ú rg i c o”

“Se o juiz SérgioMoro quisesse

me ouvir, era só termandado ofício”

“Hoje neste Paísser amigo do

Lula parece quevirou uma coisaperigosa. É precisocriminalizaro PT”

Reportagem Especial

VITÓRIA, ES, SÁBADO, 05 DE MARÇO DE 2016 ATRIBUNA 9

OPERAÇÃO LAVA A JATO

Dilma defende Lulae ataca DelcídioB R AS Í L I A

Foi um dia longo e marcadopela tensão e nervosismo,ontem, no Palácio do Planal-

to. Diante da inesperada conduçãocoercitiva do ex-presidente Lula,além de desabafos internos, a pre-sidente Dilma Rousseff e minis-tros petistas saíram publicamenteem defesa do ex-presidente, pormeio de notas e em um pronuncia-mentos à imprensa.

Ela se disse inconformada com aação da Polícia Federal e a chamoude desproporcional e desnecessá-ria. Citando a Constituição, a Pre-sidente afirmou que o respeito aosdireitos das pessoas exige que asmedidas tomadas em investiga-ções não sejam mais fortes do queo necessário para esclarecer os fa-tos. Ela lembrou que Lula já haviacomparecido para depor esponta-neamente várias vezes.

“Quero manifestar o meu maisabsoluto inconformismo com o fa-to do ex-presidente Lula, que porvárias vezes compareceu, de for-ma voluntária, para prestar escla-recimentos perante às autoridadescompetentes, seja agora submeti-do a uma desnecessária conduçãocoercitiva para prestar mais um

outro depoimento. O respeito aosdireitos individuais passa, nas in-vestigações, pela adoção de medi-das proporcionais que jamais im-pliquem em providências maisfortes, ou seja, mais gravosas doque aquelas necessárias para o es-clarecimento dos fatos”, declarouDilma num púlpito no Palácio doPlanalto, onde apareceu cercadapor 10 ministros.

Ao receber um grupo de 40 pre-feitos para fazer mais um apelo pe-lo apoio à recriação da CPMF, às10 horas, Dilma deu o tom do queviria pela frente.

Num desabafo, disse que a Ope-ração Lava a Jato estava “fugindoda normalidade democrática” echamou a ação da Polícia Federalde “exa g e ra d a ”.

Em seguida, telefonou para Lulae, segundo auxiliares que presen-ciaram a ligação, manifestou soli-dariedade ao ex-presidente e dissea ele que considerava exagerada aação da PF.

Em resposta à delação premiadado senador Delcídio Amaral, aPresidente afirmou que o petistafez as acusações por um desejo“im oral ” e “m es qu in ho ”. Para ela,as suspeitas tiveram como únicoobjetivo atingi-la.

REUTERS

DILMA manifestou solidariedade ao ex-presidente e disse a ele que considerava exagerada a ação da Federal

O QUE A PRESIDENTE DISSE

Inconformismo“Quero manifestar o meu mais ab-

soluto inconformismo com o fato doex-presidente Lula, que por várias ve-zes compareceu, de forma voluntária,para prestar esclarecimentos peranteas autoridades competentes, sejaagora submetido a uma desnecessáriacondução coercitiva para prestar maisum outro depoimento”.

“O respeito aos direitos individuaispassa, nas investigações, pela adoçãode medidas proporcionais, que jamaisimpliquem em providências mais for-tes, ou seja, mais gravosas do que

aquelas necessárias para o esclareci-mento dos fatos.”

Va z a m e n t o“É lamentável que ocorra ilegalmen-

te o vazamento de uma hipotética de-lação premiada que teve como objeti-vo único atingir minha pessoa pelo de-sejo imoral e mesquinho de vingançade quem não defendeu, quem não po-deria ser defendido pelos atos quep rat i c o u . ”

Indicação de ministro do STJ“O senador Delcídio teria dito que eu

negociei de forma imoral a indicaçãode ministro do STJ para conseguir a li-bertação de investigados presos. Ja-mais falei com o senador a esse res-peito.”

Estratégia para ter apoioEm um discurso de 11 minutos, a

presidente Dilma Rousseff dedi-cou menos de dois minutos à defe-sa de seu antecessor no Palácio doPlanalto. Mas apesar de dedicarpouco tempo à defesa de Lula, apetista decidiu fazê-lo publica-mente, diferentemente de episó-dios anteriores. A estratégia foitentar reconquistar o apoio da mi-litância petista, insatisfeita com acondução da política econômica.

Dilma também liberou ministrospara irem a São Paulo participar deato em apoio a Lula e cogitou, elamesma, ir à capital paulista para seencontrar com o ex-presidente, masfoi desaconselhada por sua segu-rança por conta dos tumultos.

A Presidente rebateu cada refe-rência feita a ela na delação pre-miada e, novamente, não citou asacusações contra o seu antecessorno Palácio do Planalto tambémpresentes no depoimento.

ROBERTO STUCKERT FILHO/PR

P R O N U N C I A M E N TO em Brasília

Ministra nega pedido de suspensãoA ministra Rosa Weber, do Su-

premo Tribunal Federal (STF),negou ontem pedido apresentadopela defesa do ex-presidente LuizInácio Lula da Silva para suspen-der duas investigações sobre umtriplex em Guarujá (SP) e um sítioem Atibaia (SP) ligados a ele.

Na sexta passada, advogados dopetista pediram para suspender

apurações sobre reformas nosimóveis, que teriam sido feitas emfavor da família do petista porconstrutoras investigadas no es-cândalo da Petrobras.

Ontem, a defesa ainda pediu asuspensão dos procedimentos da24ª fase da Operação Lava Jato, in-titulada Aletheia (busca da verda-de). A defesa de Lula apontou

“conflito de atribuições”, alegandohaver duas investigações relacio-nadas aos mesmos fatos, uma con-duzida pelo Ministério PúblicoFederal e outra pelo MinistérioPúblico de São Paulo. Rosa Webernegou a suspensão argumentandonão ter observado “ilegalidade irre-futável, patente e de imediata com-p re e n s ã o ” nas duas investigações.

“O respeitoaos direitos

individuais passa, nasinvestigações, pelaadoção de medidasproporcionais ”

Reportagem Especial

10 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, SÁBADO, 05 DE MARÇO DE 2016

OPERAÇÃO LAVA A JATO

Injeção de ânimo no mercadoDepoimento de Lulapara a Polícia Federalfez a cotação dodólar cair e papéis deestatais e índices daBolsa se valorizarem

A nova fase da Operação Lavaa Jato levou ontem uma in-jeção de ânimo aos merca-

dos, com o dólar recuando e a Bol-sa de Valores de São Paulo (Boves-pa) em forte alta. O índice Iboves-pa, referência da Bolsa, saltou4,01%, aos 49.084.

Na máxima, chegou a subir 6%,aos 50.023 pontos — maior pata-mar desde agosto de 2015. O volu-me negociado foi de R$ 15,7 bi-lhões, equivalente a mais de duasvezes e meia a média de fevereiro.

Já a moeda americana recuou1,10%, a R$ 3,761. Na mínima, pelamanhã — enquanto o ex-presiden-te Luiz Inácio Lula da Silva estavadepondo na Polícia Federal —, odólar chegou a R$ 3,656.

A fim de evitar uma valorizaçãoexcessiva do real em tão curto es-paço de tempo, o Banco Centralreduziu o tamanho da rolagem doscontratos de swap cambial, que re-presentam a venda de dólares nomercado futuro. Em vez de 9,6 milcontratos, o BC rolou 8 mil.

A operação de ontem encerrouuma semana como há muito tem-po não se via no mercado. Na se-gunda e na terça-feira, o corte doscompulsórios bancários na Chinafoi o estopim da valorização dominério de ferro, o que deu impul-so aos mercados emergentes.

Na quinta-feira, o vazamento de

parte do teor da delação premiadado senador Delcídio do Amaral(PT) levou a um salto nas ações.

Assim, a Bovespa registrou altaem todos os dias, acumulando va-lorização semanal de 18%, a maiordesde outubro de 2008. Já o dólarcomercial desabou 6% na semana,de R$ 4 para R$ 3,76.

O dólar turismo acompanhouesse movimento, com o papel-moeda cotado a menos de R$ 4.

Em casas de câmbio e corretorasdo Rio, a moeda americana eravendida entre R$ 3,87 em espécie— o menor valor desde agosto de2015 — a R$ 4,20 no cartão de dé-bito, já com o Imposto sobre Ope-rações Financeiras (IOF), de0,38% e 6,38%, respectivamente.

VA LO R I Z AÇÃOOs papéis de empresas estatais

tiveram forte valorização ontem,

em meio ao otimismo do mercado.As ações ordinárias da Petrobrassaltaram 9,55%, a R$ 9,98, enquan-to as preferenciais avançaram9,89%, a R$ 7,22. A Eletrobras tevealta de 3,31%, a R$ 10,93.

O Banco do Brasil ON subiu9,87%, para R$ 18,25. As maioresaltas percentuais vieram de side-rúrgicas, cujo endividamento emdólar é elevado. A CSN, por exem-plo saltou 16,31%, a R$ 7,56.

AGÊNCIA ESTADO

PREGÃO DA BOVESPA: Bolsa de Valores teve a maior valorização semanal desde outubro de 2008

Pedido de respostarápida pelo governo

A situação atual da economiaexige respostas rápidas, afirmouontem o ministro da Fazenda, Nel-son Barbosa, após reunião com osgovernadores no Palácio do Pla-nalto, citando os desafios da Ope-ração Lava a Jato.

No encontro, o governo apre-sentou novamente a proposta dealongamento de até 20 anos dasdívidas dos estados com a União.

O ministro fez a avaliação depoisde ser questionado se o momentopolítico atrapalha a aprovação demedidas no Congresso Nacional.

“Eu tenho certeza que o contex-to político, os parlamentares e go-vernadores estão todos interessa-dos na recuperação mais rápida daeconomia. Então, nós vamos con-seguir construir um consenso so-bre essas propostas”, declarou ele.

P R EÇ O SEmpresários capixabas apostam

que os preços de produtos que te-nham relação com o valor do dólarpossam ter queda em breve. Issoinclui derivados do trigo, comopães e massas, e aparelhos eletroe-

l e t rô n i c o s.O superintendente da Associa-

ção Capixaba de Supermercados(Acaps), Hélio Schneider, confir-ma essa tendência.

“O impacto no preço dos ali-mentos não vem de imediato, mascom o dólar mais baixo, o valor dosprodutos importados, como o tri-go, deve baixar”, explicou.

“Economia está à deriva”,diz presidente da Findes

As sucessivas revelações sobre opossível envolvimento de autori-dades brasileiras em casos de cor-rupção investigados pela PolíciaFederal na Operação Lava a Jatoalarmaram o presidente da Fede-ração das Indústrias do EspíritoSanto (Findes), Marcos Guerra,que comparou a economia brasi-leira a um barco desgovernado.

“A economia está à deriva. Emesmo que mude o comando doPaís, não podemos esperar muitode quem venha a assumir: é preci-so um tempo. Não podemos espe-rar resolver com um toque de má-gica”, analisou.

Mas, ao mesmo tempo, Guerraalimenta esperanças de melhoriasna economia com o andamento daLava a Jato.

“Acho que é bom, deu uma sacu-dida, mostrou que realmente nãovai ter impunidade nesse processotodo. Percebe-se um grau de oti-mismo no mercado. Hoje (ontem)recebi centenas de mensagens di-zendo agora vai, agora decola”, re-latou o presidente da Findes.

Mesmo sentimento otimistacompartilha o presidente da Fede-ração de Comércio (Fecomércio-ES), José Lino Sepulcri, que apostaem uma injeção de ânimo para osalto das vendas nas lojas com umaeventual continuação da queda dacotação do dólar.

Já o presidente do Sindicato daConstrução Civil (Sinduscon-ES),Aristóteles Costa Neto, aposta queeste seja o início de um momentopara aquecer a venda de imóveisno Espírito Santo. O setor acumu-lou quedas no metro quadrado dealgumas regiões.

ADEMIR RIBEIRO — 24 / 0 7 / 2 0 1 4

MARCOS GUERRA comparou economia brasileira a um barco desgovernado

AGÊNCIA BRASIL — 19/02/2016

NELSON BARBOSA: obser vação

Es p e c i a l i s taaponta quereação é decurto prazo

Ex-presidente do Banco Central(BC), o economista Gustavo Loyo-la apontou que a alta da bolsa e aqueda do dólar que ocorreram nosúltimos dias são reações de curtoprazo em relação aos recentes epi-sódios políticos que aumentaram aprobabilidade de interrupção domandato da presidente DilmaRo u s s e f f.

Para ele, o cenário é incerto e osmovimentos da polícia e da políti-ca vão determinar a trajetória dom e rc a d o.

“O mercado está refém da Lava aJa t o ”, disse o ex-presidente do BC,que emendou:

“O cenário continua bastantenebuloso. A diferença dos últimosacontecimentos é o aumento daprobabilidade da interrupção domandato da presidente Dilma(Rousseff ) antes de 2018. Isso evi-dentemente mexe com o preçodos ativos: dólar, juros, bolsa. Osmercados reagiram”.

Loyola explicou que a reação daeconomia vai depender de fatoresnão econômicos e que não vê umpadrão para que haja queda contí-nua do dólar.

“O momento é muito incerto. Osmercados financeiros vão ter mui-ta volatilidade nas próximas sema-nas. Acho que os movimentos dapolítica e da polícia é que vão de-terminar a trajetória do mercadof i n a n c e i ro ”, finalizou.