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RPCV (2018) 113 (605-606) 1-9 1 Revisão dos parasitas gastrointestinais em carnívoros selvagens na Europa Review of the gastrointestinal parasites in wild carnivores in Europe Ana I. Martins 1 , Ricardo Brandão 2 , Teresa L. Mateus* 1,3,4 1 Departamento de Medicina Veterinária, Escola Universitária Vasco da Gama, Coimbra, Portugal; 2 CERVAS - Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens, Gouveia; Portugal; 3 Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Ponte de Lima, Portugal; 4 EpiUnit Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, Porto, Portugal Resumo: A proximidade dos animais silvestres às áreas urbanas permite um maior contacto entre estes, os animais domésticos e o Homem, aumentando a probabilidade de transmissão de doenças zoonóticas. Grande parte das doenças, nomeadamente as parasitárias, que afetam humanos têm origem em animais selvagens. Com este artigo pretendemos fazer uma revisão dos estudos existentes na Europa sobre parasitas gastrointestinais de carnívoros selvagens, nomeadamente em lobo ibérico (Canis lupus signatus), lobo europeu (Canis lupus lupus), raposa vermelha (Vulpes vulpes), lince ibérico (Linx pardinus), marta (Martes martes), fuinha (Martes foina), texugo euroasiático (Meles meles) e gineta (Genetta genetta). Para o efeito, realizamos uma pesquisa bibliográfica online, nomeadamente nos sites PubMed e ResearchGate, colocando como palavras chave de pesquisa “parasites/parasitas” e o nome científico dos diferentes carnívoros estudados. A maioria dos parasitas identificados correspondem a agentes potencialmente zoonóticos (ancilostomatídeos, Taeniidae, Toxocara, entre outros), alertando para a importância dos estudos epidemiológicos nesta área, que podem gerar evidências da necessidade de aplicação de medidas profiláticas para minimizar a disseminação destes agentes, em prol da manutenção da saúde ambiental, animal e humana. Abstract: The so-called urbanization of the wild animals allows great contact between these animals, the domestic ones and humans, increasing the probability of transmission of zoonotic diseases. Most of the diseases, namely the parasitic ones, that affect humans, come from wild animals. This study intends to review studies in Europe on gastrointestinal parasites of wild carnivores such as iberian wolf (Canis lupus signatus), european wolf (Canis lupus lupus), red fox (Vulpes vulpes), iberian lynx (Linx pardinus), marten (Martes martes), stone marten (Martes foina), eurasian badger (Meles meles) and common genet (Genetta genetta). For this purpose, we carried out an online bibliographical research, namely in the sites PubMed and ResearchGate, placing “parasitas/parasites” as keywords for the search and the scientific name of the different carnivores studied. Most of the identified parasites correspond to potentially zoonotic agents (Ancylostomatidae, Taeniidae, Toxocara, among others). These results generate awareness on the importance of the epidemiological studies in this area, and evidence the need of applying prophylactic measures to minimize the dissemination of these parasites, protecting the environmental, animal and human health. *Correspondência [email protected]

Revisão dos parasitas gastrointestinais em carnívoros ... · infeção para o Homem e para os animais domésticos e selvagens, crendo-se que os animais selvagens funcionem como

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RPCV (2018) 113 (605-606) 1-9

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Revisão dos parasitas gastrointestinais em carnívoros selvagens na

Europa

Review of the gastrointestinal parasites in wild carnivores in Europe

Ana I. Martins1, Ricardo Brandão2, Teresa L. Mateus*1,3,4

1Departamento de Medicina Veterinária, Escola Universitária Vasco da Gama, Coimbra,

Portugal; 2CERVAS - Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais

Selvagens, Gouveia; Portugal; 3Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Viana

do Castelo, Ponte de Lima, Portugal; 4EpiUnit – Instituto de Saúde Pública da

Universidade do Porto, Porto, Portugal

Resumo: A proximidade dos animais silvestres

às áreas urbanas permite um maior contacto

entre estes, os animais domésticos e o Homem,

aumentando a probabilidade de transmissão de

doenças zoonóticas. Grande parte das doenças,

nomeadamente as parasitárias, que afetam

humanos têm origem em animais selvagens.

Com este artigo pretendemos fazer uma revisão

dos estudos existentes na Europa sobre parasitas

gastrointestinais de carnívoros selvagens,

nomeadamente em lobo ibérico (Canis lupus

signatus), lobo europeu (Canis lupus lupus),

raposa vermelha (Vulpes vulpes), lince ibérico

(Linx pardinus), marta (Martes martes), fuinha

(Martes foina), texugo euroasiático (Meles

meles) e gineta (Genetta genetta). Para o efeito,

realizamos uma pesquisa bibliográfica online,

nomeadamente nos sites PubMed e

ResearchGate, colocando como palavras chave

de pesquisa “parasites/parasitas” e o nome

científico dos diferentes carnívoros estudados.

A maioria dos parasitas identificados

correspondem a agentes potencialmente

zoonóticos (ancilostomatídeos, Taeniidae,

Toxocara, entre outros), alertando para a

importância dos estudos epidemiológicos nesta

área, que podem gerar evidências da

necessidade de aplicação de medidas

profiláticas para minimizar a disseminação

destes agentes, em prol da manutenção da saúde

ambiental, animal e humana.

Abstract: The so-called urbanization of the

wild animals allows great contact between these

animals, the domestic ones and humans,

increasing the probability of transmission of

zoonotic diseases. Most of the diseases, namely

the parasitic ones, that affect humans, come

from wild animals. This study intends to review

studies in Europe on gastrointestinal parasites of

wild carnivores such as iberian wolf (Canis

lupus signatus), european wolf (Canis lupus

lupus), red fox (Vulpes vulpes), iberian lynx

(Linx pardinus), marten (Martes martes), stone

marten (Martes foina), eurasian badger (Meles

meles) and common genet (Genetta genetta).

For this purpose, we carried out an online

bibliographical research, namely in the sites

PubMed and ResearchGate, placing

“parasitas/parasites” as keywords for the search

and the scientific name of the different

carnivores studied. Most of the identified

parasites correspond to potentially zoonotic

agents (Ancylostomatidae, Taeniidae, Toxocara,

among others). These results generate

awareness on the importance of the

epidemiological studies in this area, and

evidence the need of applying prophylactic

measures to minimize the dissemination of these

parasites, protecting the environmental, animal

and human health.

*Correspondência [email protected]

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Introdução

As atividades antropogénicas têm-se tornado

cada vez mais prejudiciais para a manutenção

dos ecossistemas, e fatores como a destruição de

habitats, a expansão da população humana e as

alterações climáticas têm levado a uma

proximidade dos animais silvestres às áreas

urbanas, permitindo um maior contacto entre

estes, os animais domésticos e o Homem

(Carmena e Cardona, 2014; Figueiredo et al.,

2016). Esta evidência aliada ao facto de cerca de

61% dos agentes considerados patogénicos para

o Homem serem zoonóticos, levaram à

emergência do conceito One Health, cujo

objetivo geral é atingir níveis ótimos de saúde

para os animais, para o Homem e para o

ambiente (Rabozzi et al., 2012; OIE, 2013;

Carmena e Cardona, 2014).

Sabendo que 71,8% das doenças emergentes em

humanos têm origem em animais selvagens

(Jones et al., 2008) e tendo em conta o forte

impacto que os parasitas podem ter nestes

animais, os estudos de prevalência e diversidade

de parasitas gastrointestinais na fauna selvagem

tornam-se fundamentais, nomeadamente nos

animais que se encontram em estado de

conservação ameaçado, já que estará em causa

não só a saúde animal e humana, mas também a

biodiversidade – condição absolutamente

necessária para a manutenção saudável dos

ecossistemas (Carmena e Cardona, 2014;

Figueiredo et al., 2016).

Neste artigo pretendemos fazer uma revisão dos

parasitas gastrointestinais mais prevalentes em

carnívoros selvagens da Europa, com base em

estudos realizados a partir de amostras

coprológicas e de cadáveres de espécies como o

lobo europeu (Canis lupus lupus), o lobo ibérico

(Canis lupus signatus), a raposa vermelha

(Vulpes vulpes), o lince ibérico (Linx pardinus),

a marta (Martes martes) e a fuinha (Martes

foina), o texugo euroasiático (Meles meles) e a

gineta (Genetta genetta). Para o efeito,

realizamos uma pesquisa bibliográfica online,

nomeadamente nos sites PubMed e

ResearchGate, colocando como palavras chave

de pesquisa “parasites/parasitas” e o nome

científico dos diferentes carnívoros estudados.

Parasitas gastrointestinais no lobo europeu

(Canis lupus lupus) e no lobo ibérico (Canis

lupus signatus) A população de lobo ibérico (Canis lupus

signatus) diminuiu ao longo do século XX (em

particular em Portugal), bem como a do lobo

europeu (Canis lupus lupus) que se encontra,

atualmente, em apenas algumas zonas limitadas

da Europa (Figueiredo et al., 2016; Hermosilla

et al., 2017).

Como grandes carnívoros que são, os lobos

são hospedeiros de uma elevada diversidade de

parasitas gastrointestinais, tendo sido relatada

por Craig & Craig (2005) a presença de 72

espécies de helmintes em lobos, 93% dos quais

foram identificados em necrópsias. A Tabela 1

apresenta uma compilação de estudos de

prevalência de helmintes identificados em

amostras fecais de lobos na Europa.

Os ancilostomatídeos e os ascarídeos são os

parasitas mais frequentes em carnívoros

selvagens de todo o mundo (Borecka et al.,

2013). Os ancilostomatídeos são nematodes que

podem ser hematófagos ou histiófagos que

parasitam o trato gastrointestinal de mamíferos

como os carnívoros domésticos, carnívoros

selvagens e o Homem. Em ancilostomoses

severas verifica-se a ocorrência de anemia,

perda de peso, fadiga, mau estado do pêlo, perda

de apetite, diarreia mucosa ou hemorrágica e

pode existir picacismo. Entre os

ancilostomatídeos, os que ocorrem com maior

frequência são Uncinaria stenocephala e

Ancylostoma caninum que, associados a fatores

de stress, podem ser fatais para animais jovens

(Seguel e Gottdenker, 2017). Ancylostoma

caninum é um parasita de grande interesse

devido ao potencial zoonótico que apresenta.

Este pode ser transmitido por via oral,

galactogénea, percutânea e a ingestão de

hospedeiros paraténicos também é importante

na perpetuação do seu ciclo.

Os ascarídeos são de grande importância

epizoótica para mamíferos predadores das

famílias Canidae e Felidae (Okulewicz et al.,

2012). Apesar de se ter verificado que a

prevalência de Toxocara canis decresceu nos

últimos 30 anos em cães domésticos, os níveis

de infeção em cães errantes continuam elevados,

a rondar os 25%. A contaminação ambiental de

zonas urbanas e rurais funciona como foco de

infeção para o Homem e para os animais

domésticos e selvagens, crendo-se que os

animais selvagens funcionem como principais

reservatórios (Guerra et al., 2012). A infeção

pode ocorrer por ingestão dos ovos embrionados

presentes no ambiente, por ingestão de tecidos

de roedores contendo estádios larvares dos

parasitas e, no caso de T. canis, por via

transplacentária e galactogénica. A baixa

prevalência de ascarídeos pode ser explicada

devido ao reduzido número de cachorros (lobos

com menos de 6 meses) nos estudos em causa,

uma vez que são estes os maiores reservatórios,

principalmente, da espécie T. canis (Hermosilla

et al., 2017).

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Tabela 1 - Prevalência (%) de helmintes identificados em amostras fecais de lobos (Canis lupus) na

Europa

País Trematodes % Cestodes % Nematodes % Referência

Bibliográfica

Alemanha n.i. - Taenia krabbei 77,0 n.i. - Lesniak et al.

(2017) Taenia hydatigena 15,0

Mesocestoides

litteratus

9,0

Croácia Alaria alata 0,

3

Taenia spp. 1,5 Ancilostomatídeos 13,1 Hermosilla et al.

(2017) Toxocara canis 2,8

Toxascaris

leonina

0,3

Espanha n.i. - n.i. - Ancilostomatídeos 15,5 Pereira et al. (2017)

Espanha n.i. - Taenia hydatigena 44,7 Ancilostomatídeos 71,4 Segovia et al.

(2001) Taenia multiceps 29,8 Toxocara canis 6,4

Dipylidium caninum 6,4 Toxascaris leonina

4,8

Mesocestoides

litteratus

4,2

Taenia serialis 2,1

Irlanda n.i. - n.i. - Toxocara canis 20,0 Stuart et al. (2013)

Polónia n.i. - n.i. - Trichuris vulpis 13,9 Borecka et al.

(2013) Toxocara canis 6,0

Portugal n.i - n.i. - Toxocara canis 9,09 Figueiredo et al.

(2016) Toxascaris

leonina

9,09

Portugal n.i. - Taeniidae 4,3 Ancilostomatídeos 45,7 Silva (2010)

Moniezia spp. 0,6 Strongyloides spp. 21,3

Eucoleus aerophila

4,3

Toxocara canis 7,3

Toxascaris

leonina

7,3

Trichuris spp. 3,7

Nematodirus spp. 0,6

Portugal n.i. - Taenia hydatigena 11,8 Toxocara spp. 11,8 Guerra (2012)

Taenia serialis 5,9 Ancilostomatídeos 17,6

Taenia pisiformis 2,9 Toxascaris leonina 7,4

Taenia polyacantha 1,5 Trichuris vulpis 5,9

Echinococcus granulosus

1,5 Strongyloides sp. 1,5

Sérvia n.i. - Taenia hydatigena 9,8 n.i. - Ćirović et al.

(2015) Taenia multiceps 3,9

Taenia polyacantha 2,9

Taenia taeniaeformis 2,0

Taenia pisiformis 1,0

Taenia serialis 1,0

Mesocestoides

litteratus

1,0

n.i. – não identificado

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A prevalência de cestodes foi baixa em

países como a Polónia, a Bielorrúsia, a Sérvia e

a Croácia, mas elevada na Alemanha e em

Espanha.

Embora com prevalências muito baixas,

esporadicamente podem aparecer ovos de

trematodes como Diphyllobothrium spp.,

Opisthorchis felineus e Alaria alata nas fezes

de lobos e de mustelídeos (Segovia et al., 2001;

Hermosilla et al., 2017). A presença destas

espécies de parasitas demonstra a capacidade de

adaptação destes carnívoros a diferentes

ecossistemas e diferentes fontes alimentares. A

transmissão de Alaria alata aos hospedeiros

definitivos (cão, gato, lobo, raposa, marta e

outros carnívoros selvagens) ocorre através da

ingestão do hospedeiro intermediário (molusco

gastrópode) e é também facilitada pela vasta

diversidade de hospedeiros paraténicos que

apresenta (anfíbios, répteis, aves e mamíferos)

(Cordero del Campillo et al., 1999). O género

Diphyllobothrium apresenta um primeiro

hospedeiro intermediário - crustáceos (Diemert,

2017) e pequenos invertebrados aquáticos

(Kelly e Mutengo, 2017) que funciona como

fonte de infeção para o segundo hospedeiro

intermediário (peixes anádromos e de água

salgada) (Diemert, 2017). Já Opisthorchis

felineus tem como hospedeiros intermediários

gastrópodes e peixes de água doce da família

Cyprinidae (Jones, 2015).

Comparando com os helmintes, há um

número mais reduzido de estudos sobre a

prevalência de protozoários em carnívoros

selvagens. Contudo, num estudo recente

realizado na Alemanha, foram identificadas 12

espécies do género Sarcocystis em carcaças de

lobos com uma prevalência total de 95%

(Lesniak et al., 2017). Este parasita apresenta

um ciclo de vida indireto, reproduz-se

sexualmente no intestino do carnívoro, que

funciona como hospedeiro definitivo, e a forma

infetante é libertada para o ambiente com as

fezes. Esta é, depois, ingerida pelo hospedeiro

intermediário onde invade o tecido muscular

cardíaco e esquelético. A transmissão ocorre

quando o carnívoro ingere a presa, normalmente

herbívoros, como os cervídeos e o javali,

contendo os quistos musculares com os

bradizoítos (Lesniak et al., 2017). Na Croácia, a

prevalência foi mais baixa (19,1%) (Hermosilla

et al., 2017), e em Portugal, ainda que com

prevalências ainda mais baixas, duas espécies

são referidas por Silva (2010), Sarcocystis canis

(7,9%) e Sarcocystis felis (0,6%). As espécies

dos géneros Cryptosporidium e Giardia

parecem ser menos frequentes, o que, e em

relação a Cryptosporidium, se pode dever ao

facto de ser mais difícil recolher amostras de

fezes de crias de lobo (Hermosilla et al., 2017).

Em Espanha, Pereira et al. (2017) reportam,

contudo, uma prevalência de 20% em amostras

de lobo ibérico para os géneros Giardia e

Cryptosporidium, o que revela a suscetibilidade

destes animais a estes agentes, assim como o

seu potencial papel enquanto disseminadores

dos mesmos. Mateo et al. (2017), também em

Espanha, identificaram Giardia duodenalis

numa amostra de lobo ibérico. Em Portugal,

Silva (2010) identificou os géneros

Cryptosporidium (13,5%), Eimeria (4,9%) e

Cystoisospora (3,7%).

Parasitas gastrointestinais em raposas

vermelhas (Vulpes vulpes) A raposa vermelha (Vulpes vulpes) é um

carnívoro selvagem cuja população se encontra

em expansão e está bem distribuída a nível

global. Este carnívoro é a espécie selvagem

mais estudada, devido à sua proximidade às

áreas urbanas e à facilidade de recolher

amostras fecais que lhe pertençam (Borecka et

al., 2013). No entanto, em Portugal, em

particular na região a Sul do rio Douro, os

estudos parasitológicos que a envolvem são

escassos (Figueiredo et al., 2016). Enquanto

espécie sinantrópica, a raposa permite a ligação

entre as áreas silvestres e zonas urbanas, o que

aumenta a probabilidade de transmissão de

zoonoses entre animais selvagens e domésticos

e o Homem (Figueiredo et al., 2016). A Tabela

2 apresenta uma compilação de estudos de

prevalência de helmintes identificados em

amostras fecais de raposas vermelhas (Vulpes

vulpes) na Europa.

As raposas vermelhas são vistas como

principal veículo de disseminação de ascarídeos

devido ao elevado número de hospedeiros

paraténicos ingeridos por esta espécie (Guerra et

al., 2012). Dentro deste grupo, as espécies

Toxocara canis e Toxascaris leonina são

parasitas muito importantes na medida em que

têm carácter zoonótico.

Os ancilostomatídeos caracterizam-se por

ser hematófagos, provocando anemia e morte

neonatal em cães e gatos domésticos. Dado o

seu caracter zoonótico, revestem-se de elevada

importância a nível médico e veterinário, uma

vez que podem ser transmitidos não só a

animais domésticos como ao Homem (Zajac e

Conboy, 2012)

.

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Tabela 2 – Prevalência (%) de helmintes identificados em amostras fecais de raposas vermelhas (Vulpes

vulpes) na Europa.

Países Trematodes % Cestodes % Nematodes % Referências

bibliográficas

Croácia n.i. - Echinococcus multilocularis 7,2 n.i. - Beck et. al. (2018)

Eslovénia Mesocestoides spp. 27,6 Uncinaria stenocephala 58,9 Rataj et al. (2013)

Taenia crassiceps 22,2 Toxocara canis 38,3

Taenia polyacantha 6,5 Toxascaris leonina 2,5

Taenia pisiformis 2,1 Trichuris vulpis 0,7

Dypilidium caninum 1,4

Echinococus multilocularis 2,6

Grã-Bretanha n.i. - n.i. - Toxocara canis 61,1

Uncinaria stenocephala 41,3 Smith et al. (2003)

Grécia n.i. - n.i. - Uncinaria stenocephala 43,9 Papadopoulos et al.

(1997)

Toxocara canis 28,6

Itália n.i. - Dypilidium caninum 57,3 n.i. - Magi et al. (2009)

Itália n.i. - Echinococcus multilocularis 9,2 n.i. - Casulli et al. (2005)

Letónia n.i. - Echinococcus multilocularis 17,1 n.i. - Bagrade et al. (2016)

Polónia n.i. - n.i. - Trichuris vulpis 64,4 Borecka et al. (2013)

Portugal n.i. - n.i. - Toxocara canis 15-40 Guerra et al. (2012)

Portugal n.i. - n.i. - Toxocara canis 37,1 Eira et al. (2006)

Portugal Trematodes 20,9 Taenia polyacantha 3,0 Ancilostomatídeos 43,5 Guerra (2012)

Taenia hydatigena 3,0 Capillaria sp. 6,4

Mesocestoides spp. 1,6 Physaloptera sp. 4,8

Hymenolepis spp.

1,6

Strongyloides sp. 4,8

Trichuris vulpis 3,2

Toxascaris leonina 3,2

Spirocerca sp. 1,6

Portugal n.i. - Anoplocephala spp. 1,2 Strongyloides sp. 42,0 Silva (2010)

Paranoplocephala spp. 1,2 Ancilostomatídeos 64,2

Toxocara canis 24,7

Eucoleus aerophilus 3,7

Trichuris spp. 2,5

Toxascaris leonina 1,2

Suíça n.i. - n.i. - Toxocara canis 14,0 Okulewicz et al.

(2012)

Toxascaris leonina 14,0

n.i. – não identificado

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O aumento da população de raposas que se

verificou devido ao sucesso dos programas de

vacinação contra a raiva permitiu uma expansão

na presença do cestode Echinococcus

multilocularis em várias capitais europeias da

Europa central e de leste, uma vez que este

animal funciona como o principal hospedeiro

definitivo do agente (Brossard et al., 2007;

Bagrade et al., 2016). Echinococcus é um

género de cestode da família Taeniidae, de

carater zoonótico e com distribuição mundial.

Na sua forma adulta, o parasita encontra-se no

intestino de canídeos (cães domésticos, chacais,

lobos, raposas, guaxinins), de felídeos (leões,

pumas e jaguares) e de hienas, e os ovos saem

para o exterior com as fezes. Os roedores e

ungulados ingerem os ovos do ambiente e

funcionam como hospedeiro intermediário,

desenvolvendo o metacestode. Os humanos

podem também ingerir os ovos e desenvolver

hidatidose (Echinococcus granulosus) ou

equinococose alveolar (Echinococcus

multilocularis). Apesar da elevada prevalência

que Echinococcus multilocularis apresenta em

carnívoros selvagens, a ocorrência em gatos e

cães domésticos na Europa é rara (Brossard et

al., 2007). Esta é uma doença grave e de elevada

mortalidade em humanos, e de disseminação

lenta em grande parte da Europa continental

(Learmount et al., 2012), mas que pode

contribuir para aumentar a ocorrência de ciclos

sinantrópicos entre os cães domésticos e os

roedores silváticos, aumentando a probabilidade

de transmissão deste parasita ao Homem.

Comparando com Echinococcus multilocularis,

a informação acerca de Echinococcus

granulosus é escassa. O ciclo silvático de

Echinococcus granulosus foi documentado

apenas num limitado número de países da

Europa, como a Finlândia (Hirvelä-Koski et al.,

2003), Itália (Guberti et al., 2004), Bulgária

(Breyer et al., 2004), Espanha (Sobrino et al.,

2006) e Portugal (Guerra et al., 2013).

No que diz respeito a protozoários há pouca

informação nesta espécie de carnívoro, no

entanto, em Portugal existe um estudo onde se

verificou a presença dos géneros

Cryptosporidium (22,1%) , Eimeria (11,1%) e

Cystoisospora (1,2%), assim como da espécie

Sarcocystis canis (1,2%) (Silva, 2010). Giardia

duodenalis e o género Cryptosporidium , ambos

com uma prevalência de 8%, foram reportados

em Espanha por Mateo et al. (2017) e na

Eslovénia foram identificados os géneros

Sarcocystis (2,8%) e Cystoisospora (0,4%)

(Rataj et al., 2013).

Parasitas gastrointestinais em linces ibéricos

(Linx pardinus)

O lince ibérico é o felídeo mais ameaçado do

mundo, segundo o International Union for the

Conservation of Nature (IUCN), e os estudos

parasitológicos nesta espécie são igualmente

raros. Na nossa revisão identificamos dois

estudos dos mesmos autores, que reportam a

ocorrência de Ancylostoma tubaeforme,

Toxocara cati, Joyeuxiella pasqualei, Taenia

polyacantha e Mesocestoides sp. em linces

ibéricos de Espanha (Milan e Casanova, 2007).

Vicente et al. (2003), também em Espanha

enfatizam a elevada prevalência de Ancylostoma

spp. (57,8%) nestes animais, e referem a sua

elevada prevalência e carga sobretudo em

animais jovens, que poderão ser mais

suscetíveis a este agente. Millan e Blanco-Costa

(2012) notam mesmo que os nematodes do

género Ancylostoma são parasitas muito

patogénicos para felídeos jovens e que A.

tubaeforme pode causar morbilidade e

mortalidade elevadas no lince ibérico.

Parasitas gastrointestinais em mustelídeos

Os estudos com mustelídeos são raros,

identificamos apenas quatro, um em Portugal,

um na Polónia e dois em Espanha. Os

mustelídeos, alimentam-se essencialmente de

roedores, apesar de também fazerem parte da

sua dieta aves, répteis, insetos e frutos. A marta

encontra-se distribuída por toda a Europa

continental (Segovia et al., 2007). Borecka et al.

(2013) na Polónia, identificaram os seguintes

parasitas em martas: Trichuris spp. (40,0%),

Toxocara cati (13,3%), Ancylostoma spp.

(13,3%) e Uncinaria spp. (6,7%). Em Espanha,

Segovia et al. (2007) referem Taenia martis

(5,88%) e Uncinaria criniformis (0,98%), sendo

que ambos os parasitas apresentam elevada

especificidade. Ainda em Espanha, Mateo et al.

(2017) reporta a ocorrência de Giardia

duodenalis numa amostra de fuinha (Martes

foina). Num estudo realizado recentemente em

Portugal, Crenosoma vulpis foi identificado

com elevada prevalência (31%), seguido do

género Toxocara (15%) (Figueiredo et al.,

2018). Neste mesmo estudo, os

ancilostomatídeos, e o género Strongyloides

também foram identificados com uma

prevalência de 8%, bem como a espécie

Toxascaris leonina (Figueiredo et al., 2018).

O texugo europeu é dentro da família dos

mustelídeos, a espécie mais estudada, mas ainda

assim, no que diz respeito a parasitas os dados

são escassos. Stuart et al. (2013) refere a

identificação de Uncinaria criniformis, com

uma prevalência de 40%, e Cystoisospora sp.

com uma prevalência de 16%. Mateo et al.

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Martins et al., RPCV (2018) 113 (605-606) 1-9

7

(2017) reporta a identificação de

Crysptosporidium sp. (3%).

Parasitas gastrointestinais em ginetas

(Genetta genetta)

Os estudos com ginetas também não são muito

frequentes. Casanova et al. (2000) realizaram

um estudo em Espanha com um número de

amostras considerável (n=299) e identificaram

uma grande diversidade de helmintes:

Brachylaima sp., Metorchis albidus, Taenia

parva, Mesocestoides sp., Joyeuxiella

pasqualei, Diplopylidium monoophorum, D.

triseriale, Trichinella sp., Ancylostoma

martinezi, Toxocara canis, T. genettae, Spirura

sp., Cyathospirura seurati, Mastophorus muris,

Physaloptera sp., Pterygodermatites affinis e P.

leiperi. Também em Espanha, Mateo et al.

(2017), identificaram Cryptosporidium sp. em

amostras desta espécie. Em Portugal, Mateus e

Barrocas (2012) reportaram Toxocara (60,7%) e

ancilostomatídeos (46,4%), em amostras de

gineta do norte do país.

Considerações finais

A diversidade de resultados obtidos pelos

diferentes estudos, quer no distinto número de

espécies de parasitas identificados, quer nas

suas prevalências, destaca a importância da

promoção e desenvolvimento de estudos à

escala local, já que as dietas destes animais

variam consoante os ecossistemas em que estão

inseridos, o que determina fortemente o risco de

infecção parasitária. Não alheio à diversidade de

resultados deverá também ser o muito variável

tamanho da amostra – desde estudos com menos

de 20 amostras até os que têm mais de 500 -,

assim como a origem das mesmas (ambiental ou

recolha em necrópsias). Finalmente, a

dificuldade maior na comparação de resultados,

passa também pela diversidade de métodos

coprológicos usados pelos diferentes estudos

(desde técnicas de flutuação com diferentes

soluções, técnicas de sedimentação, técnicas de

biologia molecular, entre outras).

Dado o forte impacto das parasitoses na

conservação de espécies selvagens e na

manutenção dos ecossistemas, e sabendo que

existe um elevado risco de transmissão destas

doenças para as espécies domésticas e para o

Homem devido à conhecida urbanização dos

animais selvagens, torna-se necessário

desenvolver estudos epidemiológicos,

principalmente nas espécies sinantrópicas.

No caso dos lobos, as parasitoses podem

reduzir drasticamente o número de indivíduos

em populações isoladas, mesmo em áreas

geográficas protegidas, pelo que, o

desenvolvimento de estudos que permitam um

melhor conhecimento acerca do parasitismo é

essencial, pois só assim se podem aplicar ações

corretivas e profiláticas que contribuirão para a

sua conservação.

A consciencialização de que existe uma

elevada probabilidade de disseminação de

doenças zoonóticas em áreas cosmopolitas deve

funcionar como catalisador para o

desenvolvimento de mais estudos na área da

parasitologia, uma vez que só aprofundando o

conhecimento acerca da epidemiologia do

parasita é que é possível proteger a saúde

ambiental, animal e humana, ou seja, no âmbito

de Uma Saúde.

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10

Os insetos do género Culicoides em Portugal e a sua relevância em

Medicina Veterinária

Insects of Culicoides genus in Portugal and their relevance in Veterinary

Medicine

David W. Ramilo§, Graça Alexandre-Pires§, Marcos Santos§ e Isabel Pereira da Fonseca§*

Centro Interdisciplinar de Investigação em Sanidade Animal (CIISA), Faculdade de

Medicina Veterinária, Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal

§Todos os autores contribuíram de igual modo para este trabalho.

Resumo: Os insetos do género Culicoides

compreendem um elevado número de espécies,

algumas das quais importantes vetores de

doenças com relevância em medicina veterinária

e humana. A vigilância destes insetos, a correta

identificação e a monitorização das espécies

capazes de veicular agentes de doenças, como

Língua Azul e Peste Equina Africana, é

essencial. Surtos da Língua Azul, doença que

causa elevada mortalidade e morbilidade nos

hospedeiros suscetíveis, ocorreram em Portugal

entre 1956-60 e entre 2004-2015 com elevado

impacto económico. Atualmente, as técnicas

laboratoriais disponíveis para identificação de

espécies de Culicoides englobam a microscopia

(estereoscópica, ótica e eletrónica) e as técnicas

moleculares, como a reação em cadeia da

polimerase, do inglês Polymerase Chain

Reaction, e as suas variantes (multiplex e real-

time), com importância em estudos

filogenéticos. Na última década, 22 espécies de

Culicoides foram referidas pela primeira vez em

Portugal, assim como uma nova espécie para a

ciência, Culicoides paradoxalis.

Abstract: The insects of the genus Culicoides

comprise a large number of species, some of

which are important vectors of diseases with

relevance in veterinary and human medicine.

The surveillance of these insects, their correct

identification and monitoring of species

carrying disease agents such as Bluetongue and

African Horse Sickness viruses, are essential.

Outbreaks of Bluetongue, a disease that causes

high mortality and morbidity in susceptible

hosts, occurred for the first time in Portugal

between 1956-60 and since 2004 until 2015

with high economic impact. Currently, the

available laboratory techniques for identifying

Culicoides species include microscopy

(stereoscopic, optical and electronic) and

molecular techniques, such as Polymerase

Chain Reaction and its variants (multiplex and

real-time), with importance in phylogenetic

studies. Over the past decade, 22 species of

Culicoides were reported for the first time in

Portugal, as well as a new species for science,

Culicoides paradoxalis.

*Correspondência: [email protected]

Introdução

Os insetos do género Culicoides (Diptera:

Ceratopogonidae) possuem dimensões muito

reduzidas (Fig. 1A e 1B), apresentam

distribuição cosmopolita e são conhecidas cerca

de 1401 espécies (Borkent, 2015). As fêmeas

adultas são hematófagas e alimentam-se num

vasto leque de hospedeiros como os mamíferos,

incluindo o Homem, anfíbios e aves; os machos

alimentam-se do néctar das plantas. Os

culicóides transmitem agentes patogénicos

causadores de diversas doenças com

importância em saúde pública e em medicina

veterinária nas quais se incluem a doença da

Língua Azul (febre catarral ovina) e de

Schmallenberg nos ruminantes, a Peste Equina

Africana nos equídeos, a doença epizoótica

hemorrágica nos veados e filarioses como

oncocercose e mansonelose, as quais afetam

animais e humanos. A picada destes insetos

pode ainda causar reações de hipersensibilidade

em equinos conhecidas por dermatite estival

(Linley et al., 1983; Mellor et al., 2000).

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Ramilo et al., RPCV (2018) 112 (605-606) 10-17

11

Figura 1 – Comparação do tamanho entre diferentes insectos: A) mosca do género Calliphora (1),

culicídeo do género Culex (2) e um inseto do género Culicoides (3); B) Exemplar de Culicoides fêmea do

grupo Obsoletus: 1 – Cabeça; 2 – Tórax; 3 – Abdómen; 4 – Asa; C) Cabeça de Culicoides vista ao

microscópio eletrónico de varrimento: a – antenas; b – palpos; c – olho composto; d – tórax e – 1.º par de

patas.

Os adultos das espécies de Culicoides com

interesse veterinário alimentam-se geralmente

em ruminantes e cavalos. Os ovos e as larvas

encontram-se em ambientes aquáticos ou

semiaquáticos (criadouros) nas imediações dos

estábulos. Os agentes etiológicos transmitidos

por estes insetos são introduzidos em novas

regiões quer através do vento que os transporta

quer por importação acidental de hospedeiros

infetados (Barros et al., 2007; WAHID, 2015).

Crê-se que as alterações climáticas têm sido

responsáveis pela propagação dos agentes

etiológicos na Europa (Purse et al., 2005;

Wilson and Mellor, 2008). Em Portugal

Continental, ocorreu, em 2004, um grande surto

da doença da Língua Azul, 44 anos após o

último caso registado.

Estes insectos possuem antenas divididas em

15 segmentos, observando-se, ao longo do

flagelo, diferentes tipos de sensilla - trichodea,

chaetica, coeloconica, basiconica e ampulácea.

O número e tipo de sensilla varia consoante a

espécie e o sexo (Jamnback, 1965; Rowley and

Cornford, 1972; Kline and Axtell, 1977; Wirth

and Navai, 1978; Delécolle, 1985; Kline and

Axtell, 1999). Alguns autores referem que as

sensilla dos palpos são sensíveis à estimulação

pelo CO2, um semioquímico que o inseto

associa à presença do hospedeiro vertebrado

(Grant and Kline, 2003).

No tórax localizam-se as asas e as patas

(Fig. 1B e C). As asas destes insetos são

importantes na identificação de espécies, pois

exibem padrões típicos que ajudam na

identificação das espécies e são frequentemente

utilizados em estudos epidemiológicos (Fig. 2B)

(Rawlings, 1996). Existem três pares de patas,

apresentando o quinto segmento tarsal um

empódio rudimentar e garras. A presença ou

ausência de espinhos no 4.º tarsómero das patas

medianas é muito importante para a

diferenciação de espécies de Culicoides (Fig.

2C). No que diz respeito à genitália, no caso das

fêmeas as espermatecas estão localizadas no

interior do abdómen e a sua arquitetura

morfológica, assim como o seu número, é usado

como carácter taxonómico (Fig. 2A).

Nos machos, a genitália é constituída por

várias estruturas (aedeagus, paraméros,

gonocoxitos, gonoestiletes, tergitos, lamelas e

membrana basal, entre outros) (Fig. 2D), com

grande importância na diferenciação de espécies

(Delécolle, 1985).

Técnicas laboratoriais aplicadas ao

estudo de Culicoides

Microscopia

Os insetos Culicoides, capturados com

armadilhas luminosas (Miniature CDC light

trap, Fig. 3), são primeiramente avaliados

intactos através de microscopia estereoscópica,

tendo como referência os padrões alares (Fig.

2B) (Delécolle, 1985; Rawlings, 1996; Pena,

2003; Mathieu et al., 2012; Ramilo, 2016).

Quando não é possível identificar as espécies

através do padrão alar procede-se à disseção do

inseto em diferentes partes corporais. Estas são

montadas entre lâmina e lamela usando meio de

Hoyer e secas a 37 ºC numa estufa durante 3 a 4

dias. A visualização das diferentes estruturas

morfológicas (Fig. 2) é efectuada ao microcópio

ótico composto e são usadas chaves de

identificação apropriadas para determinação da

espécie (Delécolle, 1985; Rawlings, 1996; Pena,

2003; Mathieu et al., 2012; Ramilo, 2016).

1

2 3

4

1

2

3

A B

200 m

C

a

b

c

d

e

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12

Figura 2 – Várias estruturas corporais de insetos Culicoides observadas ao microscópio ótico composto.

A) Espermatecas; B) Asa; C) Espinho no 4.º tarsómero da pata mediana (seta); D) Genitália masculina; E)

Palpos maxilares (1) e aparelho bucal (2); F) Olhos.

Quando se pretende a visualização de

estruturas tridimensionais para identificação de

espécies próximas (como as do grupo

Obsoletus) (Alexandre-Pires, et al., 2010),

recorre-se à microscopia eletrónica de

varrimento (Fig. 1C). Para tal, os insetos são

imersos em álcool etílico, fixados com

glutaraldeído em tampão calcodilato,

desidratados em concentrações crescentes de

acetona, colocados em suportes e revestidos por

uma liga de ouro-paládio.

Figura 3 – Armadilha luminosa Miniature CDC

Biologia Molecular

O desenvolvimento de técnicas de biologia

molecular veio trazer novas ferramentas na

identificação de espécies dentro do género

Culicoides. A utilização de técnicas moleculares

é particularmente relevante na diferenciação de

espécies próximas, como no caso de indivíduos

dos grupos Obsoletus e Pulicaris. A inclusão de

exemplares nestes grupos é relativamente fácil

através da análise dos seus padrões alares, mas a

distinção de espécies dentro de cada um dos

grupos requer a utilização de técnicas

morfológicas de maior detalhe e de técnicas de

biologia molecular.

Protocolos baseados em técnicas de PCR

(Polymerase Chain Reaction), como o PCR em

tempo real e PCR multiplex, que,

respectivamente, permitem visualizar a

amplificação da porção do gene alvo em tempo

real, obtendo-se uma maior sensibilidade, e a

amplificação de mais do que um alvo genético

ao mesmo tempo, assim como a própria

sequenciação de genes e porções de genes-alvo,

têm sido de extrema importância neste tipo de

análise. Alguns dos genes alvo utilizados nestas

técnicas são o marcador mitocondrial da

Citocromo Oxidase I (COI) (Ramilo et al.,

2013) e o espaço intergénico 2 (ITS2)

(Gomulski et al., 2006). Estas abordagens

possibilitam a elaboração de árvores

filogenéticas, onde se podem ordenar as

diferentes espécies de Culicoides, contribuindo,

assim, com mais alguma informação para além

da obtida através das características

morfológicas individuais de cada espécie. Os

estudos moleculares permitem a definição de

cada espécie a nível genético, possibilitando

também a descoberta de novas espécies para a

ciência e que de outra forma seria difícil

somente pela observação de caracteres

fenotípicos.

A B C

1 1 2

D E F

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Ramilo et al., RPCV (2018) 112 (605-606) 10-17

13

Estas ferramentas revelam-se também muito

importantes na detecção dos agentes da doença

da Língua Azul e da Peste Equina Africana

(transmitidos por C. imicola, C. pulicaris e

espécies do grupo Obsoletus) (Mellor et al.,

1990; Alexandre-Pires et al., 2010). No caso

particular do vírus da Língua Azul, apesar de se

usarem habitualmente protocolos de ELISA

(Enzyme-Linked Immunosorbent Assay) para

detecção de antigénios e anticorpos contra estes

agentes, estes tornam-se ineficazes na detecção

de todos os serótipos existentes (27 no caso da

Língua Azul) (Belbis et al., 2017) assim como

não confirmam a virémia do animal, somente o

seu contacto com o vírus (Shad et al., 1997).

Existem assim protocolos que recorrem ao PCR

convencional e PCR em tempo real tendo como

alvos habituais um de 10 segmentos existentes

no genoma do vírus (Jiménez-Clavero et al.,

2006; Shaw et al., 2007; Subhadra et al., 2014;

Maan et al., 2015). Estas abordagens têm-se

verificado muito promissoras na deteção dos

agentes, não só pela especificidade do protocolo

como também pela sua alta sensibilidade

quando comparadas com outras técnicas

utilizadas (Maan et al., 2015).

O género Culicoides enquanto vetor

de doenças em Portugal

A primeira referência à doença da Língua

Azul em Portugal remonta ao ano de 1956, onde

um surto matou cerca de 180 mil ovinos em

quatro anos na Península Ibérica, afetando as

regiões a sul do rio Tejo, excluindo o Algarve,

tendo a doença sido causada pelo serótipo BTV-

10 (Manso-Ribeiro et al., 1957; Barros et al.,

2007; Ribeiro et al., 2015).

Depois de um silêncio epizoótico de 44

anos, a doença da Língua Azul apareceu

novamente em Portugal Continental, em 2004,

afetando as áreas da região centro-oeste e sul de

Portugal Continental, perto da fronteira com

Espanha. Foi então criado um Plano Nacional

Entomológico de Vigilância para a doença da

Língua Azul (PNEVLA), abrangendo Portugal

Continental e os Arquipélagos dos Açores e da

Madeira, com o objetivo de recolher e

identificar Culicoides e entender a distribuição

das diferentes espécies capturadas.

Este surto, causado pelo serótipo BTV-4,

persistiu até ao final de 2006 (Barros et al.,

2007; Ribeiro et al., 2015). Um ano depois, em

setembro de 2007, o serótipo BTV-1 foi

detetado no Alentejo, perto com a fronteira

espanhola, dois meses depois deste serótipo ter

sido detetado em Espanha (DGAV, 2012). Entre

setembro e dezembro do mesmo ano foram

vários os focos da doença observados nas

regiões centro e sul do país. Contudo, em 2008,

este serótipo mostrou ter uma distribuição

diferente da registada para os dois serótipos

atrás mencionados, tendo 17% dos focos

ocorrido nas regiões do norte de Portugal

Continental. Em 2009, a maioria dos focos

ocorreu no norte do país (67%). Entre 2010 e

2012 alguns focos causados por este serótipo

voltaram a ser registados no centro e sul do país

(Ribeiro et al., 2015). Em 2013, o serótipo

BTV-4 reemergiu na região do Algarve

(DGAV, 2014), onde foram tomadas medidas

de controlo da doença, com a vacinação

obrigatória de ovinos e opcional em bovinos.

Em setembro de 2015, o serótipo BTV-1 foi

novamente detetado nas regiões do Alentejo e

do Algarve (DGAV, 2015). A 3 de novembro de

2017 entrou em vigor o Edital n.º 45 da Língua

Azul no qual Portugal se declara livre do

serótipo BTV-4, com levantamento da zona de

restrição e das condicionantes previamente

existentes no que concerne a movimentação

animal, deixando de ser obrigatória a vacinação

contra o referido serótipo, mas mantendo a

restrição de todo o território de Portugal

Continental para o serótipo BTV-1 (DGAV,

2017).

Até 2005, estavam descritas em Portugal 47

espécies dentro deste género (Capela et al.,

2003; Pena, 2003; Vila-Viçosa et al., 2009). No

âmbito do PNEVLA, verificou-se que C.

imicola (75,3%) foi a espécie mais prevalente

em Portugal Continental, seguida das espécies

pertencentes ao grupo Obsoletus (6,5%). Estas

últimas foram as mais prevalentes no

arquipélago dos Açores, representando 96,7%

do total de espécies identificadas.

Um dos principais objetivos do PNEVLA,

que decorreu durante 8 anos (2005-2013), foi a

análise das espécies de Culicoides presentes em

Portugal, assim como a sua distribuição

geográfica (Ramilo et al., 2012a). Todas as

espécies previamente mencionadas por outros

autores (com a exceção de C. brunnicans, C.

chiopterus, C. furcillatus, C. nuntius, C.

pictipennis, C. riethi, C. rochenus, C.

shaklawensis em Portugal Continental e C.

puncticollis no arquipélago da Madeira) foram

identificadas durante o PNEVLA (Ramilo et al.,

2012b, 2012c).

Para além disso, vinte e duas espécies de

Culicoides foram mencionadas pela primeira

vez em Portugal (Ramilo et al., 2012a): C.

alazanicus, C. deltus, C. dewulfi, C. heliophilus,

C. jumineri semelhante a C. bahrainensis, C.

jurensis, C. kingi, C. lupicaris, C. malevillei, C.

montanus, C. paolae, C. picturatus, C. remmi,

C. riebi, C. santonicus, C. semimaculatus, C.

simulator e C. subfagineus em Portugal

Continental, C. obsoletus e C. scoticus nas ilhas

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Ramilo et al., RPCV (2018) 112 (605-606) 10-17

14

do arquipélago dos Açores onde ainda não

tinham sido referidas e C. circumscriptus e C.

newsteadi em todas as ilhas do arquipélago,

com exceção das Flores e do Corvo.

Aquando da avaliação de alguns exemplares

capturados verificou-se que o seu padrão alar

não correspondia a nenhum dos padrões

conhecidos até então, havendo algumas

semelhanças com os de C. newsteadi e C.

lupicaris. Após uma avaliação morfológica

desses exemplares usando várias técnicas

microscópicas (estereoscopia microscópica,

microscópia ótica composta e microscopia

eletrónica de varrimento) e moleculares (análise

do gene da COI) verificou-se que esses

exemplares correspondiam a uma nova espécie

para a ciência: Culicoides paradoxalis Ramilo

& Delécolle, 2013, formando esta um grupo

isolado doutras espécies de Culicoides

conhecidas (Ramilo et al., 2013). Na Tabela 1

estão referidas as espécies de Culicoides

referidas em Portugal até 2016.

Para além da importância do género

Culicoides na transmissão da doença da Língua

Azul, pode-se também referir o seu importante

papel na transmissão da Peste Equina Africana,

cujo último surto importante na Península

Ibérica foi observado entre 1987 e 1990,

matando um total de 202 cavalos nas regiões do

Algarve e do Alentejo, na fronteira com

Espanha (Pena, 2003).

A doença de Schmallenberg, descoberta pela

primeira vez em novembro de 2011 na região

alemã com o mesmo nome, provoca abortos e

malformações em ruminantes, tendo também os

insetos Culicoides como vetores (EFSA, 2014).

Esta doença já foi detetada em ovinos em

Portugal, nos quais se registou uma prevalência

estimada de 12,8% de anticorpos IgG contra o

vírus de Schmallenberg (Esteves et al., 2016).

Conclusões

Embora de dimensões reduzidas, os insetos

do género Culicoides apresentam grande

complexidade enquanto vetores de agentes

patogénicos de doenças animais e humanas e

também a nível morfológico. Tendo em conta a

expansão destes insetos nos últimos anos para

novas áreas geográficas devido ao aquecimento

global, é de extrema importância a avaliação das

espécies presentes em cada região/país usando

diferentes técnicas laboratoriais, de forma a

monitorizar e controlar futuros surtos de doença

que possam vir a surgir e, assim, prevenir a sua

propagação.

Agradecimentos: Ao Professor Doutor

Fernando Boinas, Coordenador do Plano

Nacional Entomológico de Vigilância para a

doença da Língua Azul (DGAV-

FMV/ULisboa), ao Dr. Telmo Nunes da

Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa,

pelo apoio na realização das técnicas de

microscopia eletrónica de varrimento e à Mestre

Ana Valente pela imagem (A) da Figura 1.

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Ramilo et al., RPCV (2018) 112 (605-606) 10-17

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Tabela 1 – Espécies de Culicoides referidas em Portugal até 2016.

Espécies de Culicoides

C. achrayi C. impunctatus C. parroti

C. alazanicus C. indistinctus C. picturatus

C. albihalteratus C. jumineri C. pseudopallidus

C. atripennis C. jumineri semelhante a C.

bahrainensis C. pulicaris

C. begueti C. jurensis C. punctatus

C. cataneii C. kibunensis C. puncticollis

C. circumscriptus C. kingi C. remmi

C. clastrieri C. kurensis C. riebi

C. corsicus C. longipennis C. sahariensis

C. deltus C. lupicaris C. santonicus

C. derisor C. malevillei C. scoticus

C. dewulfi C. maritimus C. semimaculatus

C. fagineus C. montanus C. simulator

C. fascipennis C. newsteadi C. subfagineus

C. festivipennis C. nubeculosus C. subfasciipennis

C. gejgelensis C. obsoletus C. tbilisicus

C. haranti C. odiatus C. univittatus

C. heliophilus C. pallidicornis C. vexans

C. heteroclitus C. paolae

C. imicola C. paradoxalis

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Ramilo et al., RPCV (2018) 112 (605-606) 10-17

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18

Efeito de extrato hidroalcoólico de pau-d’alho Gallesia integrifolia

(Sprengel) Harms sobre larvas infectantes de Haemonchus contortus de

ovinos in vitro

Effect of hidroalcoholic extracts of garlic's wood Gallesia integrifolia

(Sprengel) Harms on Haemonchus contortus infective larvae of sheep in

vitro

Anderson Silva Dias1*, Vitor Dalmazo Melloti2, Renan Melo Spadeto3

1Laboratório de Controle de Produtos Biológicos, Laboratório Nacional Agropecuário

Brasil, Av Romulo Joviano, s/n, Pedro Leopoldo, MG, Brasil, CEP 33600-000 2Faculdades Integradas Promove de Brasília e Faculdade ICESP

Curso de Medicina Veterinária, Campus Brasília, DF 3Instituto Nacional de Tecnologia, Inovação e Meio Ambiente

Conceição do Castelo, ES, Brasil

Resumo: Apesar de haver aumento significativo

de criação de ovinos no Brasil, verifica-se baixo

desenvolvimento zootécnico na criação desses

animais quanto a aspectos sanitários,

nutricionais e produtivos e poucos avanços no

controle de nematoides gastrintestinais que

parasitam e causam perdas produtivas a ovinos.

Nematoides gastrintestinais, principalmente

Haemonchus contortus, apresenta-se como a

principal causa de perdas produtivas em

ovinocultura no Brasil. Considerando o uso

quase restrito de antihelmínticos como

ferramenta para o controle desses nematoides, a

resistência a parasiticidas químicos no mercado

apresentam-se também como um grande entrave

e contribui para elevar as perdas produtivas. O

objetivo do presente trabalho foi testar a

eficácia, in vitro, de extrato hidroalcoólico de

folhas de Gallesia integrifolia no controle de

larvas de H. contortus parasito de ovinos. O

extrato hidroalcoólico de folhas de G.

integrifolia apresentou eficácia acima de 95%

em concentração à 10% (ou seja, o extrato foi

diluído 10 vezes em relação à solução

hidroalcoólica preparada previamente). Esses

resultados validam o uso tradicional de folhas

de pau d'alho como antihelmíntico eficaz no

controle de nematodioses gastrintestinais em

ovinos causada por H. contortus. Além disso,

esse é o primeiro trabalho a relatar a eficácia de

G. integrifolia in vitro sobre larvas infectantes

de H. contortus e possibilita futuras

investigações sobre compostos com potencial

antihelmíntico presentes em folhas de G.

integrifolia.

Summary: Although there is a significant

increase in sheep rearing in Brazil, it is verified

low development in the health, nutritional and

productive aspects and few advances in control

of gastrointestinal nematode that parasite and

causes productive losses to sheep.

Gastrointestinal nematodes, particularly the

specie Haemonchus contortus, is presented as

the main cause of productive losses in sheep

rearing in Brazil. Considering the use almost

restricted of anthelmintics as a tool for control

of this nematodes, the resistance to chemical

parasiticides on the market are presented also as

a major deterrent and contribute to increase the

losses in livestock. The aim of this study was to

test the efficacy in vitro of the hydroalcoholic

extract of leaves of Gallesia integrifolia in

control H. contortus infective larvae parasite of

sheep. Hydroalcoholic extract of leaves of G.

integrifolia showed efficacy above of 95% at

10% concentration (that is, the extract was

diluted 10 times in relation to the previously

prepared hydroalcoholic solution). These

results validate the traditional use of leaves of

wood d'garlic as an effective anthelmintic in the

control of gastrointestinal nematodiosis in sheep

caused by H. contortus. Also, this is the first

study to report the efficacy of leaves of G.

integrifolia in vitro on infective larvae of H.

contortus and open possible future research on

compounds with potential anthelmintic present

in leaves of G. integrifolia.

*Correspondência: [email protected]

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Dias et al., RPCV (2018) 113 (605-606) 18-22

19

Introduction

Apesar da expansão da ovinocultura no

Brasil, os nematoides gastrintestinais são os

principais responsáveis por perdas produtivas,

doença e mortalidade em criação de pequenos

ruminantes (Angulo-Cubillán et al., 2010;

Ferreira et al., 2013; Preet e Tomar, 2017).

Dentre os nematoides gastrintestinais, há uma

gama desses como Cooperia spp.,

Oesophagostomum columbianum,

Trichostrongylus colubriformis, Ostertargia

spp., porém, na maior parte do mundo,

Haemonchus contortus é o mais severo e

prevalente (Hajaji et al., 2018; Zouyed et al.,

2018), e o que apresenta os maiores problemas

relacionados a resistência anti-helmíntica no

Brasil e no mundo; (Angulo-Cubillán et al.,

2010; Jasso-Díaz et al., 2017; Hernández-Bolio

et al., 2018).

A planta Gallesia integrifolia (Sprengel)

Harmson, é conhecida por pau d'alho, por exalar

cheiro semelhante a tal, e pertence à família

Phytolaccaceae, sendo comum na região

Sudeste e nativa da Mata Atlântica do Brasil

(Akisue et al., 1986; Bacarin et al., 2016). No

conhecimento popular, essa planta é empregada

para tratamento de verminoses e infecções

bacterianas em humanos (Akisue et al., 1986).

Raimundo et al. (2017) verificou a eficácia de

G. integrifolia em larvas de carrapatos de

Rhipicephalus Boophilus microplus (parasito de

bovinos) indicando que esse formulação

fitoterápica pode apresentar-se promissora

também para o controle de nematoides, que

também possui alta resistência à anti-

helmínticos químicos. Arunachalam et al.

(2016) relatam efeito bacterida de extrato de G.

integrifolia, Arunachalam et al. (2017)

verificaram efeito protetor em úlceras gástricas.

É relatado que taninos, alcaloides e

cumarinas, substâncias presentes nas folhas de

pau d'alho (G. integrifolia) podem ser extraídas

em elevada proporção em extratos dessa planta

e apresentam elevada ação antimicrobiana

(Maia et al., 2013), indicando que essa planta

possui potencial a ser explorado (Arunachalam

et al., 2016; Bacarin et al., 2016). Não há relato

na literatura do emprego dessa planta no

controle de helmintos que causam perda na

pecuária, como nematoides gastrintestinais de

ruminantes, que apresentam grandes problemas

com resistência à anti-helmínticos químicos

(Castañeda-Ramírez et al., 2017; Ramos et al.,

2018). O objetivo do presente trabalho foi testar

a eficácia de extrato hidroalcoólico de folhas de

G. integrifolia in vitro no controle de larvas de

Haemonchus contortus parasito de ovinos.

Material e Métodos

Preparo do extrato de gallesia integrifolia

Folhas de G. integrifolia foram coletadas em

algumas propriedades localizadas na zona rural

de Castelo, estado do Espírito Santo, a seguir as

mesmas foram encaminhadas para o Laboratório

de Parasitologia Veterinária da Facastelo. Foi

preparado um extrato com 20% de folhas

moídas do pau d’alho e mantivera-se a mesma

por três dias em vidro âmbar em solução

hidroalcoólica 70% em 20% de massa de pau

d'alho, assim, após isso, foram preconizadas

concentrações a realizou-se a diluição dessa

solução a 100, 50, 25, 10, 5, 2,5 e 1% (Chagas

et al., 2016).

Obtenção de larvas

As larvas foram adquiridas de um rebanho

de ovinos de corte, criados em um sistema

semiextensivo na qual os mesmos pernoitavam

em uma área coberta, a propriedade era

localizada na zona rural de Castelo, estado do

Espírito Santo. Esses animais estavam

naturalmente infectados por nematoides

gastrintestinais, o que foi verificado através de

triagens por diagnóstico parasitológico de

exames de fezes realizado previamente, na qual

foram realizadas coproculturas para

identificação de larvas. Buscou-se realizar a

coleta de amostras fecais desses ovinos e as

mesmas foram encaminhadas para o Laboratório

de Parasitologia Veterinária da Faculdade de

Castelo, onde as mesmas foram processadas e

foi realizado a coprocultura, de acordo com o

preconizado por Roberts e O’Sullivan (1950),

na qual 20 gramas de fezes dos animais foram

misturados com vermiculita fragmentada e

umedecida e colocados em um frasco coberto

com papel alumínio perfurado e levadas à estufa

a 26 ºC, durante 14 dias, após o conteúdo da

coprocultura foi enrolado em uma gaze e

disposto em um funil com um tubo com um

recipiente na extremidade inferior, na qual na

extremidade do funil foi adicionado água de

torneira aquecida à 37 ºC de forma a todo

conteúdo ficar completamente cheio de água, as

larvas por serem termo-hidrotrópicas e

geotérmicas, descem para o recipiente disposto

abaixo do tubo do possibilitando a obtenção

dessas larvas de nematoides gastrintestinais.

Após isso, as larvas foram identificadas em

microscopia de luz em objetiva de 10x (ocular

em aumento de 10x) através dos procedimentos

descritos por van Wyk et al. (2004). Apenas

larvas de H. contortus foram consideradas nas

leituras e foram consideradas até o número de

100 larvas de H. contortus.

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Dias et al., RPCV (2018) 113 (605-606) 18-22

20

Teste de motilidade larval

Foi também realizado o teste de motilidade

das larvas no estágio três (L3) de acordo com os

procedimentos modificados por Ueno e

Gonçalves (1998). Esses ensaios tiveram

período de incubação de 24 horas em

incubadora a 27 ºC. As larvas (em volume de

100 µl) foram submetidas a concentrações

seriadas de extrato hidroalcoólico de G.

integrifolia de 100, 50, 25, 10, 5, 2,5 e 1% em

um recipiente com 30 ml de solução. Foram

considerados três grupos para controle: o

primeiro, na qual as larvas L3 foram desafiadas

em solução hidroalcoólica a 70%, o segundo, na

qual as larvas foram desafiadas em água

(comum) e um terceiro grupo, na qual as larvas

foram desafiadas com albendazole (diluído em

água comum a 10%). Foram avaliadas o

percentual de larvas sem motilidade em lâmina-

lamínula. Os resultados foram apresentados

como percentual de inibição de motilidade. Esse

teste foi realizado em triplicata. Foram

considerados apenas as larvas classificadas

como H. contortus na leitura de desse teste até o

número de 100 larvas dessa espécie com ou sem

motilidade.

Análise estatística

Análise de variância e teste de Kruskal-

Wallis foram realizados para verificar

diferenças entre os tratamentos a 1 e 5% de

significância.

A avaliação da eficácia dos tratamentos foi

conduzida de acordo com o proposto por

Niciura et al. (2009), na qual propõe que o

cálculo da eficácia de um antihelmíntico seja

baseada na razão da diferença da média do

número de ovos por gramas de fezes (OPG) do

grupo controle e o do grupo tratado sobre a

média do OPG e o resultado é multiplicado por

100.

Resultados

Uma alíquota do volume resultante das

coproculturas foram destinadas à identificação

de larvas em lâminas com solução lugol a 10%.

Do total dessas larvas identificadas, 79% foram

classificadas como H. contortus, 15% foram

classificadas como Cooperia punctata 6%

foram classificadas como Trichostrongylus

colubriformis. O extrato hidroalcoólico de G.

integrifolia apresentou-se eficaz no controle de

larvas de Haemonchus contortus na diluição a

10% (tabela 1), considera-se eficaz, apenas

quando a eficiência 90%. O albendazol a 10%

apresentou eficácia menor que 25% sobre as

larvas infectantes (L3) de H. contortus e uma

solução hidroalcoólica a 70% apresenta ação

sobre as larvas após 24 h em temperatura ideal

(27 ºC) menor que 15%.

Tabela 1 - Percentual de inibição de motilidade

de larvas infectantes (L3) de Haemonchus

contortus dos tratamentos com água, solução

hidroalcoólico a 70%, albendazole a 10%

(controles) e extrato hidroalcoólico a 20% de

folhas de Gallesia integrifolia a 100, 50, 25, 10,

5, 2,5 e 1% em placas de Petri, incubadas por 24

h a 27 ºC.

Repetição Inibição da

motilidade (%)

Água 0,00 ± 0,00

Solução

hidroalcoólica 70% 14,40 ± 1,30

Albendazole 10% 24,60 ± 4,50

Extrato1% 22,40 ± 3,20

Extrato 2,5% 48,30 ± 4,74

Extrato 5% 69,34 ± 3,20

Extrato 10% 97,80 ± 2,86

Extrato 25% 100,00 ± 0,00

Extrato 50% 100,00 ± 0,00

Extrato 100% 100,00 ± 0,00

Discussão

Algumas investigações relatam a presença

de resistência múltipla a antihelmínticos em

populações de H. contortus em várias regiões do

mundo, como a classes como benzimidazois e

lactonas macrocíclicas (Muchiut et al., 2018;

Politi et al., 2018; Ramos et al., 2018, Olivas-

Salazar et al., 2018). Verifica-se nesse presente

trabalho que a população de H. contortus

presente na propriedade de ovinos na qual as

amostras de fezes foram coletadas a presença de

resistência a benzimidazois confirmada. Esse

fato deve-se ao caso de que os benzimidazois

tiveram eficácia menor que 25% nos testes

realizados em larvas, verifica-se que o

fenômeno de resistência para uma população

helmíntica é determinado quando observa-se

eficiência menor que 90% de acordo com os

procedimentos descritos por Niciura et al.

(2009). Dessa forma, o extrato de G. integrifolia

pode ser considerado eficaz em diluição em até

10 vezes, ou seja, diluído a 10% (tabela 1).

Nesse presente trabalho, foram avaliados a

ação desses extratos unicamente sobre as larvas

classificadas como H. contortus, porque são

essas as principais responsáveis pelo fenômeno

de resistência (Ramos et al., 2018; Zouyed et

al., 2018) e esses estudos são conduzidos pela

maioria dos estudos em relação a essa espécie

de nematoide, que em geral também são os

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Dias et al., RPCV (2018) 113 (605-606) 18-22

21

principais responsáveis pelas perdas produtivas

(Castañeda-Ramírez et al., 2017).

Verifica-se que essas interações entre as

soluções e as larvas são avaliadas em condições

ideais na qual só há praticamente o meio e as

larvas em uma solução na qual elas foram

recuperadas e, portanto, a ação, após 24 h de

incubação, é direta sobre o revestimento das

mesmas, vale lembrar que essas larvas não se

alimentam, por isso essas substâncias testadas

apresentam ação quase estritamente via

tegumento das larvas (Castañeda-Ramírez et al.,

2017, Sharifi-Rad et al., 2017), que são

duplamente revestidas, portanto, mais

protegidas que as outras formas de vida

verificadas em outras fases desse nematoides.

Arunachalam et al., 2016 e Brito et al., 2018

relatam que o pau-d’alho possui elevadas

concentrações em sua folha de substâncias

voláteis do grupo de taninos, alcaloides e

cumarinas. Esses mesmos autores relatam, que

essas substâncias têm eficácia comprovada

sobre as cutículas de larvas de nematoides. A

análise fitoquímica do extrato dessa planta

deveria ser realizada de forma a identificar

potenciais moléculas antiparasitárias na mesma

(Akisue et al., 1986; Arunachalam et al., 2017;

Raimundo et al., 2018).

Conclusão

A eficácia da formulação de extrato

hidroalcoólico a 70% de folhas de G.

integrifolia sobre larvas infectantes L3 de H.

contortus foi avaliada após estudos prospectivos

e observou-se que a mesma apresentou eficácia

satisfatória acima de 97% desse extrato diluído

a 10%. Esse estudo apresenta-se como apoio

para futuros estudos fitoquímicos para

identificar possíveis moléculas ou grupos da

mesma com eficácia helminticida.

Agradecimentos: Gostaríamos de agradecer a

Facastelo pelo apoio técnico, atualmente,

Multivix Campus Castelo, Espírito Santo.

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18

Parasitas gastrointestinais em produção de frango ao ar livre

Gastrointestinal parasites in free-range chicken production

João M. Pestana Lozano1*, Lídia Gomes2, Luís M. Madeira de Carvalho2

1Instituto Superior de Agronomia - ULisboa, Tapada da Ajuda, 1349-017, Lisboa; 2Centro de Investigação Interdisciplinar em Sanidade Animal, Faculdade de Medicina

Veterinária, Universidade de Lisboa (CIISA-FMV-UL), Avenida da Universidade

Técnica, Lisboa

Resumo: A investigação em sanidade animal

realizada a nível nacional em sistemas

extensivos de produção de frango é essencial,

atendendo à frequente longa exposição dos

animais ao ambiente exterior e aos parasitas que

o contaminam. Estudos parasitológicos são

extremamente relevantes de forma a conhecer

quais as espécies parasitárias mais prevalentes e

ajudar os produtores a definirem melhores

medidas profiláticas. Esta pesquisa procurou

identificar os parasitas gastrointestinais

associados a este tipo de produção aviária e

ocorreu numa exploração agropecuária

localizada na extremidade noroeste do distrito

de Lisboa, onde foram avaliados Frangos do

Campo através de amostragem fecal aos 75 e 85

dias de idade. O parasitismo gastrointestinal foi

analisado através de métodos coprológicos

qualitativos, quantitativos e coproculturas para

obtenção de oocistos esporulados e larvas L3 de

nematodes estrongilídeos. Na 1ª amostragem, a

prevalência de Eimeria spp. totalizou 40,0%,

sendo Eimeria mitis (13,3%) e E. maxima

(11,7%) as mais prevalentes, tendo-se

identificado também ovos de Capillaria sp., (1,7

% de prevalência). Nas coproculturas de

oocistos, esporularam as seguintes espécies: E.

necatrix, E. mitis, E. praecox, E. maxima, E.

acervulina e E. tenella. Na 2ª amostragem, as

coccídeas continuaram a ser o grupo mais

prevalente, 90,0% de amostras positivas com

oito espécies identificadas, sendo de novo E.

mitis a espécie mais frequente (41,7%), seguida

por E. acervulina (26,7%) e E. tenella (25%).

Foram também observados ovos de Heterakis

sp. (3,33%) e novamente de Capillaria sp.

(10,0%) A carga parasitária fecal de oocistos na

1ª e 2ª amostragens foi de 370,8 ± 2055,3 OoPG

e 599,2 ± 1289,2 OoPG, respetivamente,

verificando-se um aumento superior a 60% do

valor médio deste parâmetro parasitológico da

1ª para a 2ª colheita. O crescimento da erva, a

idade e densidade animal, bem como o tempo de

exposição a parasitas com períodos pré-patentes

curtos, constituíram fatores chave para o

aumento da prevalência de oocistos de Eimeria

spp. e ovos de helmintes entre as duas

amostragens, em particular de espécies com

reconhecida patogenicidade. Isto permite-nos

concluir que no final da fase de engorda, as

cargas parasitárias são as mais elevadas

detetadas neste sistema de produção de Frango

do Campo, podendo desencadear patologia

associada e interferir com a sua performance

produtiva.

Summary: Animal health research performed at

national level in extensive chicken production is

essential, due to the frequently long exposure of

animals to the outdoor environment and the

parasites contaminating it. Parasitological

studies are extremely relevant in order to

identify the most prevalent parasitic species and

to help producers define the best prophylactic

methods. This research aimed the identification

of gastrointestinal parasites associated with this

avian production and took place in an

agricultural, livestock farm located in the

northwest end of the Lisbon district, where

faecal sampling of Free-Range Chickens at 75

and 85 days of age was performed for its

assessment. Gastrointestinal parasitism was

analysed by means of coprological methods,

namely qualitative, quantitative and faecal

cultures for oocyst sporulation and isolation of

L3 larvae of strongyle nematodes. In the 1st

sampling date, the prevalence of Eimeria spp.

was 40,0%, being Eimeria mitis (13.3%) and E.

maxima (11.7%) the most prevalent ones, as

well as Capillaria sp. eggs with 1.7%

prevalence. In faecal cultures for oocysts, the

following species were isolated after

sporulation: E. necatrix, E. mitis, E. praecox, E.

maxima, E. acervulina and E. tenella. In the 2nd

sampling date, coccidia continued to be the

most prevalent group of parasites, 90,0%

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Lozano et al., RPCV (2018) 113 (605-606) 18-28

19

positive samples with eight species isolated,

being again E. mitis the most frequent (41,7%),

followed by E. acervulina (26.7%) and E.

tenella (25%). Heterakis spp. eggs were also

identified (3.33%) and again Capillaria sp.

(10,0%). The faecal oocysts shedding in the 1st

and 2nd samplings were 370.8 ± 2055.3 OoPG

and 599.2 ± 1289.2 OoPG, respectively,

showing more than 60% increase of this

parasitic parameter between the first and second

collection dates. Pasture growth, age and animal

density, as well as, the time exposure to

parasites with short pre-patent periods, were key

factors that contributed to the increasing

Eimeria spp. oocysts and helminth prevalence

between the two samplings, particularly by well

know pathogenic species. This allows us to

conclude that at the end of the fattening phase,

the parasitic burdens reported in Free-Range

Chicken breeding system are the highest, may

trigger associated pathology and interfere with

their productive performance.

*Correspondência: [email protected]

Introduction

As razões pelas quais a carne de aves e,

neste caso específico a carne de frango, é eleita

pelo consumidor são várias: a sua fácil

confeção, as diversas faixas etárias que podem

alimentar-se de carne de aves, os baixos custos

associados à sua produção comparativamente

com outros segmentos da Produção Animal, a

ausência de limitações de carácter religioso e o

elevado valor nutritivo desta carne (Lordelo,

2016).

Episódios como a gripe aviária e a crise dos

nitrofuranos constituíram dois dos principais

motivos que levaram o consumidor a mudar

drasticamente a forma como encara a sua

alimentação diária e as questões de qualidade e

segurança alimentar (Baptista, 2010).

Assim, houve a necessidade de implementar

um sistema alternativo à produção de aves em

regime intensivo, o qual transmitisse por sua

vez maior confiança ao consumidor e a

ideologia associada a um produto final mais

saudável e natural: o Frango do Campo (Filho et

al., 2003).

A Produção de Frango do Campo define-se

com sendo uma atividade económica inserida na

Produção Animal, na qual os frangos possuem

acesso a espaços exteriores durante pelo menos

50 % do seu tempo de vida. Este abrange cerca

de 12 semanas, contrastando com as 5 semanas

com que um frango produzido em regime

intensivo/industrial é abatido (Lozano &

Mourato, 2016).

Desta forma, as questões sanitárias deverão

ser mais tomadas em conta, uma vez que ao

contactarem em grande parte do seu ciclo

produtivo com espaços exteriores, os animais

ficam expostos a um grande número parasitas,

quer de forma direta (pela ingestão das formas

parasitárias no ambiente), quer indireta (pela

ingestão de hospedeiros intermediários de

potenciais agentes parasitários), contrastando

neste aspeto com a produção em sistema

intensivo (Baptista, 2010).

O presente trabalho pretendeu estudar o

parasitismo gastrointestinal de Frangos do

Campo com base em duas amostragens de

elementos fecais de animais não-desparasitados

e na fase de engorda, numa exploração

agropecuária localizada no distrito de Lisboa,

alicerçado na utilização de técnicas

coprológicas, como forma de avaliar a sua

expressão na idade peri-abate.

Material e Métodos

O trabalho de campo foi efetuado numa

exploração agropecuária situada no distrito de

Lisboa, consistindo em duas amostragens no

respetivo parque de engorda, incluindo 60

amostras fecais (40 do exterior do parque e 20

do interior dos alojamentos) a 8 e 17 de Maio de

2017, provenientes de frangos perto da idade de

abate, com 75 dias e 85 dias de idade,

respetivamente.

A alimentação ingerida pelos animais era à

base de milho, cevada e bagaço de soja (regime

isento de antimicrobianos), bem como de uma

pastagem espontânea. Os cerca de 200 frangos

encontravam-se no parque (≈ 1200 m2) desde as

6/7 semanas até à idade de abate (3 meses),

sendo que durante o dia frequentavam o exterior

e à noite recolhiam para dois alojamentos, cada

um com 10 m2.

A identificação parasitológica foi realizada

através da pesquisa de elementos parasitários

nas fezes. As técnicas coprológicas quantitativas

e qualitativas realizadas foram as seguintes:

método de McMaster para contagem de oocistos

e ovos por grama de fezes, flutuação de Willis e

Sedimentação Natural para identificação de

ovos e oocistos e cálculo da prevalência de

género/espécie e coproculturas para obtenção de

oocistos esporulados de Eimeria spp. e larvas

L3 de Estrongilídeos Gastrointestinais.

As técnicas de McMaster, Flutuação e

Sedimentação Natural basearam-se no referido

por Thienpont et al. (1986) e Fazendeiro (1989),

sendo executadas de forma consecutiva.

Para o método de McMaster, a metodologia

específica foi adotada a partir de Anastácio

(2011) para classificar as cargas parasitárias de

oocistos de Eimeria spp. expressas em Oocistos

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20

por Grama de fezes (OoPG), adaptando-a a este

caso concreto e criando três classes de

eliminação: “0-100 OoPG” (eliminação fraca),

“100-500 OoPG” (média) e “>500 OoPG”

(forte). Este método também permitiu a

contagem do número de Ovos por Grama de

fezes (OPG) e, de acordo com Thienpont et al

(1986), com um limiar de deteção de 50 OPG.

O procedimento adotado para cada elemento

fecal consistiu numa primeira homogeneização

com solução saturada de açúcar com uma

densidade de 1,2, seguida de uma filtração da

mistura e sua transferência para uma câmara de

McMaster e visualização ao microscópio na

objetiva de 10x. Posteriormente, verteu-se a

mistura remanescente para um tubo de ensaio,

até se observar a formação de um menisco

convexo no topo, cobrindo-se de seguida com

uma lamela. Depois de retirar a lamela após a

flutuação, o sobrenadante remanescente foi

eliminado e observou-se o sedimento após

coloração com azul de metileno, cerca de 10-20

minutos depois. Tanto as lâminas de flutuação,

como as de sedimentação, foram observadas

com as objetivas de 10x e 40x.

Para a coprocultura de oocistos de Eimeria

spp., os autores basearam-se no procedimento

realizado por Baptista (2010) e Anastácio

(2011), utilizando papel de filtro em placa de

Petri, impregnado com dicromato de potássio a

2% (agente microbicida), sobre o qual foram

depositadas 5-10g de fezes. O conjunto foi

colocado na estufa a 26-27 °C e a sua

observação foi efetuada regularmente durante

uma semana.

Realizaram-se também coproculturas para

obtenção de larvas infetantes L3 de

estrongilídeos, a partir dos ovos presentes nas

amostras, em cada uma das datas de

amostragem. O procedimento baseou-se no

referido por Madeira de Carvalho (2001) e

Anastácio (2011), consistindo numa incubação

em copo descartável de plástico de 10g de fezes

em estufa a 26-27 °C durante 7 dias. Esta

cultura incluiu no total 6 copos (4 do exterior do

parque e 2 do interior dos alojamentos) por cada

data de colheita, secundada pela inversão dos

copos após os 7 dias de permanência na estufa,

seguindo-se o preenchimento do espaço

compreendido entre o bordo dos mesmos e a

parede das placas de Petri com água. Decorridas

24 horas, a solução de cada um destes espaços

foi transferida para 6 tubos de ensaio e após

agitação dos mesmos e transferência para

lâminas, efetuou-se a sua observação ao

microscópio ótico com as objetivas de 10x e

40x para pesquisa de larvas infectantes de

terceiro estádio (L3).

A compilação dos dados obtidos e o cálculo

de valores médios e desvio padrão foram

efetuadas com recurso ao software gratuito “R”

da R Foundation for Statistical Computing

(https://www.r-project.org) e o software

Microsoft Excel® 2010 da Microsoft

Corporation foi utilizado para armazenamento

de dados e construção de gráficos e tabelas.

Dado que a exploração na qual foram

efectuadas as amostragens se localiza no distrito

de Lisboa, foi efectuada uma caracterização

climatérica da região com base em dados

extraídos do Portal do Clima

(http://portaldoclima.pt/pt/).

Os dados meteorológicos afectos a cada dia

do mês de Maio de 2017, tendo em cono

período de amostragens e a região onde se

localiza a exploração agropecuária, foram

extraídos do website da AccuWeather Inc.

(https://www.accuweather.com).

Resultados

Segundo dados obtidos a partir da Estação

Meteorológica de Lisboa para o período entre

1971-2016, a precipitação média mensal

observada para o mês de Maio totalizou 55,64

mm, com mínimo de 0,3 mm e máximo de 156

mm. Já a temperatura média mensal observada

igualmente para o mês de Maio foi de 17,38 ºC,

com mínimo de 14,85 ºC e máximo de 19,6 ºC.

Entre as duas amostragens (8 e 18 de Maio

de 2017) verificaram-se os maiores índices de

precipitação, sendo que o máximo foi atingido

no dia 11 de Maio. Ao nível das temperaturas

máximas e mínimas, constatou-se um carácter

ameno das mesmas, sendo que o 2º maior valor

de temperatura máxima para o mês de Maio foi

atingido no dia 16 (31ºC) (Gráficos 1 e 2).

Na 1ª amostragem foram identificadas cinco

espécies diferentes de coccídeas do género

Eimeria, sendo as mais prevalentes Eimeria

mitis (13,3 %) e E. maxima (11,7%), tanto na

totalidade da amostra, como também no exterior

do parque de engorda. Já no interior dos

alojamentos, somente foram identificadas estas

duas espécies. A Tabela 1 ilustra os resultados

obtidos para este parâmetro na 1ª amostragem.

Os resultados obtidos para o parâmetro

“Prevalência de coccídeas na 1ª amostra” foram

subdivididos nos dois domínios amostrados,

sendo que para o exterior do parque e interior

dos alojamentos, as prevalências foram

respetivamente 50,0% e 20,0%, com o total da

1ª amostra a atingir uma prevalência de

coccídeas igual a 40,0 %.

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21

Gráfico 1 – Precipitação (mm) verificada no mês de Maio de 2017.

Gráfico 2 – Temperaturas Máximas e Mínimas (ºC) verificadas no mês de Maio de 2017

Tabela 1 – Prevalência de casos positivos para coccídeas, incluindo a sua prevalência total e por domínio,

na 1ª amostragem (N=60).

Espécie Casos

Positivos

Prevalência

Total (N=60)

Casos

Positivos

Exterior

Prevalência

Exterior

(N=40)

Casos

Positivos

Interior

Prevalência

Interior

(N=20)

E. mitis 8 13,3% 6 15,0% 2 10,0%

E. maxima 7 11,7% 5 12,5% 2 10,0%

E. necatrix 4 6,7% 4 10,0% 0 0,0%

E. tenella 4 6,7% 4 10,0% 0 0,0%

E. brunetti 3 5,0% 3 7,5% 0 0,0%

Coccídeas* 24 40,0% 20 50,0% 4 20,0%

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22

Na 2ª amostragem, constatou-se uma

alteração no panorama de agentes parasitários

identificados, sendo que apesar de E. mitis

continuar a ser a coccídea mais prevalente

(41,7%), outras espécies surgiram e com

prevalências consideráveis, nomeadamente E.

acervulina (26,7%) e E. tenella (25,0%). Realça-

se também que enquanto na 1ª amostragem

foram assinaladas cinco espécies, na 2ª foram

identificadas oito. Os resultados obtidos para

este parâmetro na 2ª amostra encontram-se na

Tabela 2.

Na totalidade da 2ª amostragem, a

prevalência de coccídeas foi de 90%, com o

exterior a totalizar 95,0% de casos positivos e o

interior dos alojamentos 80,0%.

A nível global (Tabela 3), E. mitis, E. tenella

e E. acervulina foram as espécies mais

prevalentes (27,5%, 15,8% e 13,3%,

respetivamente) e a frequência de coccídeas

atingiu no total 65,0% (72,5% no exterior e

50,0% no interior dos alojamentos).

Apesar de na 1ª amostragem e

comparativamente com as prevalências obtidas

para as diferentes espécies de coccídeas, os

valores obtidos para os ovos de helmintes e

pseudoparasitas serem quase desprezíveis,

merece especial atenção o facto de apenas terem

sido encontrados casos positivos no exterior do

parque, resultando em prevalências iguais a 1,7

%, tanto para Capillaria sp., como também para

os ovos de ácaros.

Já na 2ª amostragem (Tabela 4), foram

identificados também casos positivos de

Capillaria sp. e ovos de ácaros, bem como ovos

de Heterakis sp., género helmíntico que não foi

identificado na 1ª colheita.

As prevalências de helmintes na 2ª

amostragem foram superiores às que se

verificaram na 1ª, levando a que globalmente a

prevalência de Capillaria sp. atingisse

aproximadamente 6 % e a dos ovos de

Heterakis spp. cerca de 2 % (Tabela 4).

Em termos de carga parasitária fecal (OoPG

e OPG), na 1ª amostragem não foram

encontrados ovos de helmintes na câmara de

McMaster. Já na 2ª amostragem, apenas se

encontrou um caso positivo de Capillaria sp. na

câmara de McMaster e o helminte Heterakis sp.

foi detectado na Coprocultura para obtenção de

oocistos esporulados. As cargas parasitárias

fecais calculadas para estes dois nematodes

gastrointestinais foram 400 OPG e <50 OPG,

respetivamente.

Para além da distribuição dos valores de

OoPG pelas três classes estipuladas,

encontram-se presentes os valores médios e

desvio padrão obtidos para a 1ª e 2ª

amostragem, bem como para a amostra total

(Tabelas 5 e 6).

Verifica-se pela observação destas tabelas

um aumento do número de casos positivos para

classes de OoPGs mais elevadas e dos OoPGs

médios, da 1ª para a 2ª colheita.

Espécie Casos

Positivos

Prevalência Total

(N=60)

Casos Positivos Exterior

Prevalência Exterior (N=40)

Casos Positivos Interior

Prevalência Interior (N=20)

E. mitis 25 41,7% 20 50% 5 25,0%

E. acervulina

16 26,7% 16 40% 0 0,0%

E. tenella 15 25,0% 14 35,0% 1 5,0%

E. praecox 9 15,0% 9 22,5% 0 0,0%

E. necatrix 4 6,7% 2 5,0% 2 10,0%

E. maxima 2 3,3% 1 2,5% 1 5,0%

E. mivati 2 3,3% 1 2,5% 1 5,0%

E. brunetti 1 1,7% 1 2,5% 0 0,0%

Coccídeas* 54 90,0% 38 95,0% 16 80,0%

Tabela 2 – Prevalência de casos positivos encontrados para cada espécie de

Eimeria no total e por domínio, na 2ª amostragem (N=60).

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23

Tabela 3 – Prevalência de casos positivos encontrados para cada espécie de Eimeria no total e por

domínio, na amostragem total (N=120).

Espécie Casos

Positivos

Prevalência

Total

(N=120)

Casos

Positivos

Exterior

Prevalência

Exterior

(N=80)

Casos

Positivos

Interior

Prevalência

Interior

(N=40)

E. mitis 33 27,5% 26 32,5% 7 17,5%

E. tenella 19 15,8% 18 22,5% 1 2,5%

E. acervulina 16 13,3% 16 20,0% 0 0,0%

E. necatrix 10 8,3% 6 7,5% 4 10,0%

E. maxima 9 7,5% 6 7,5% 3 7,5%

E. praecox 9 7,5% 9 11,3% 0 0,0%

E. brunetti 4 3,3% 4 5,0% 0 0,0%

E. mivati 2 1,7% 1 1,3% 1 2,5%

Coccídeas* 78 65,0% 58 72,5% 20 50,0%

* Casos positivos de Coccídeas no Total, Exterior e Interior dos alojamentos, independentemente da espécie.

Tabela 4 – Prevalências de ovos de helmintes e pseudoparasitas identificados, no total e por domínio, na

2ª amostragem.

Espécie

2ª Amostragem

(+) Prevalência

Total (N=60)

(+)

Exterior

Prevalência

Exterior (N=40)

(+)

Interior

Prevalência

Interior (N=20)

Ácaros 9 15,0% 8 20,0% 1 5,0%

Capillaria sp. 6 10,0% 2 5,0% 4 20,0%

Heterakis sp. 2 3,33 % 0 0,0 % 2 10,0%

Espécie

Amostra Total

(+)

Prevalência

Total

(N=120)

(+)

Exterior

Prevalência

Exterior (N=80)

(+)

Interior

Prevalência

Interior (N=40)

Ácaros 10 8,3% 9 11,3% 1 2,5%

Capillaria sp. 7 5,8% 3 3,8% 4 10,0%

Heterakis sp. 2 1,7% 0 0,0% 2 5,0%

* (+) - Casos Positivos

A tabela 7 revela a evolução das espécies de

coccídeas que esporularam ao longo dos sete

dias de coprocultura, nas duas amostras. A 1ª

amostragem revelou que as espécies de Eimeria

spp. presentes esporularam a partir de 1,5 dias

de Coprocultura, embora a maioria tenha

esporulado só ao fim de 7 dias. Em

contrapartida, na 2ª colheita, todas as espécies

assinaladas do género Eimeria apresentaram

esporulação ao fim do 1º dia de cultura.

Relativamente às coproculturas para

nematodes, não foram encontradas larvas L3 de

estrongilídeos gastrointestinais (EGI) nas duas

amostras. Somente se visualizaram larvas e

adultos de nematodes de vida livre.

Discussão

O presente trabalho de cariz parasitológico

mostrou que os animais podem apresentar neste

sistema de produção avícola um parasitismo

gastrointestinal maioritariamente composto por

coccídeas do género Eimeria e nematodes como

os dos géneros Capillaria e Heterakis, em

particular no término da sua vida produtiva.

Na 1ª amostragem foram identificadas cinco

espécies de coccídeas (Eimeria tenella, E.

brunetti, E. mitis, E. maxima e E. necatrix),

sendo que a totalidade de casos positivos

identificados nesta amostra foi de 40 %. No

entanto, averiguou-se uma divergência

considerável a nível da prevalência de oocistos

no exterior do parque (50,0% e interior dos

alojamentos (20,0%). A espécie de coccídea

mais prevalente na 1ª amostra foi E. mitis (13,3

%) seguida por E. maxima (11,7 %).

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24

Tabela 5 – Frequências Absolutas e Relativas de Oocistos por Grama de Fezes na 1ª e 2ª amostragem no

total, exterior do parque e interior dos alojamentos.

Frequências Classes de OoPG

0-100 100-500 > 500

Frequência Absoluta Total

1ª 48 8 4

2ª 29 20 11

T 77 28 15

Frequência Relativa Total

1ª 80,0 % 13,3 % 6,7 %

2ª 48,3 % 33,3 % 18,33 %

T 64,2 % 23,3 % 12,5 %

Frequência Absoluta Exterior

1ª 28 8 4

2ª 15 14 11

T 43 22 15

Frequência Relativa Exterior

1ª 46,7 % 13,3 % 6,7 %

2ª 25,0 % 23,3 % 18,33 %

T 35,8 % 18,3 % 12,5 %

Frequência Absoluta Interior

1ª 20 0 0

2ª 14 6 0

T 34 6 0

Frequência Relativa Interior

1ª 33,3 % 0,0 % 0,0 %

2ª 23,3 % 10,0 % 0,0 %

T 28,3 % 5,0 % 0,0 % * 1ª – 1ª Amostragem; 2ª – 2ª Amostragem; T – Total.

Tabela 6 – Valor Médio e Desvio Padrão de OoPG no total, exterior do parque e interior dos

alojamentos, na 1ª e 2ª amostragem, bem como na amostra total.

Tabela 7 – Evolução das espécies que esporularam ao longo dos 7 dias de ensaio, utilizando elementos

fecais da 1ª e 2ª amostragem.

Domínio 1ª Amostragem 2ª Amostragem Total

Geral 370,83 ± 2055,29 599,167 ± 1289,215 489,06 ± 1718,80

Exterior 556,25 ± 2506,867 855 ± 1519,27 705,63 ± 2065,07

Interior 0 87,5 ± 99,835 46,05 ± 84,13

Espécie Dias após o início do ensaio – 1ª Amostragem Dias após o início do ensaio – 2ª Amostragem

1 1,5 2 5 6 7 1 1,5 2 5 6 7

E. tenella - - - X - X X X - - X -

E. brunetti - - - - - - X X - - - -

E. acervulina - - - - - X X - X - - -

E. mitis - - - - - X X X X - - -

E. maxima - X - - - - - - - - - -

E. necatrix - - - - - X X X - - - -

E. praecox - - - - - X X X - - - X

E. mivati - - - - - - - - - - - -

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25

Especial destaque para E. necatrix que, tal

como E. tenella, é extremamente patogénica e

responsável por causar hemorragias intestinais

e, por conseguinte, uma prevalência de 6,7 %

não deverá ser subvalorizada (Moyle et al.,

2014).

Conway & McKenzie (2007) constataram

que determinadas espécies de Eimeria apenas

eram identificadas em animais mais adultos, tais

como E. necatrix e E. brunetti. Por conseguinte,

uma vez que os frangos já se encontram em fase

de engorda e com cerca de 75 dias de idade, os

resultados obtidos encontram-se em

conformidade com os obtidos por estes autores.

Verificou-se também que a prevalência no

exterior superou a do interior dos alojamentos,

sendo que nestes últimos apenas se

identificaram E. mitis e E. maxima.

Poucos foram os ovos de helmintes, tais

como Capillaria sp. e Heterakis sp., e de ácaros,

identificados nestas amostras, sendo que a

prevalência de ambos totalizou 1,7 %. Apesar

de apenas ter sido encontrado um caso positivo

de Capillaria sp. na 1ª amostragem, constata-se

que o mesmo apareceu no exterior do parque. O

facto de os animais passarem a maior parte do

tempo no exterior, e portanto, contactando com

anelídeos, hospedeiros intermediários de

Capillaria sp., apoia o resultado obtido para este

helminte na 1ª amostragem. Radfar et al. (2012)

concluíram no seu trabalho em frangos

produzidos ao ar livre Irão, que elevadas

prevalências de determinados parasitas em

Frangos do Campo, tais como céstodes do

género Raillietina, poderão ter como principal

causa a elevada dispersão dos seus hospedeiros

intermediários, mais acessíveis para a sua

respetiva ingestão pelas aves.

Ashenafi & Eshetu (2004) identificaram

uma prevalência de ovos de Capillaria spp.

igual a 1,58 %, no seu trabalho efetuado com

frangos de diversas idades e também produzidos

ao ar livre, em explorações na Etiópia,

constatando-se que este valor não diferiu muito

do obtido neste trabalho para a 1ª amostragem.

Em termos de carga parasitária fecal,

verificou-se que 80% dos valores da 1ª amostra

se inseriam na classe “0-100 OoPG”. No

entanto, é necessário realçar que dos 48

elementos pertencentes a esta classe, 42 eram

nulos. Os restantes 20 % correspondiam a

elementos fecais com mais de 100 OoPG.

Destaca-se os quase 7% com mais de 500

OoPG, com um elemento a apresentar 15900

OoPG.

Ainda analisando este parâmetro, verifica-se

que os maiores valores foram identificados no

exterior do parque, comparativamente com o

que se verificou nos alojamentos. Assim como

Baptista (2010) referiu no seu trabalho com

Frangos do Campo, ou seja, que os animais

contactam com espaços exteriores em grande

parte do ciclo produtivo e por conseguinte com

maior exposição a um grande número parasitas,

no presente trabalho verificou-se também que

foi precisamente no exterior do parque que se

obtiveram os maiores valores de OoPG. De

realçar que as formas parasitárias do género

Eimeria possuem um ciclo de vida monóxeno

ou direto, não necessitando de um hospedeiro

intermediário para completarem o seu ciclo de

vida, perpetuando-se rapidamente pelo bando.

O valor de OoPG médio total da 1ª amostra

foi de 370,83 ± 2055,29 OoPG, sendo que

apenas o exterior (556,25 ± 2506,867 OoPG) foi

alvo de avaliação neste parâmetro, devido ao

facto de a técnica de McMaster ter dado

resultados negativos no interior dos

alojamentos.

O elevado desvio padrão obtido tanto para o

total como também para o exterior, poderá ter

sido influenciado pela elevada frequência de

elementos fecais com valor nulo de OoPG.

Ao nível da coprocultura para oocistos,

verificou-se que apenas nas 36 horas após o

início do ensaio é que começaram a surgir casos

positivos de coccídeas esporuladas (E. maxima).

De notar que se confirma o valor mínimo de 30

horas para a esporulação desta espécie referido

por Kaufmann (1996). Segundo o referido autor,

o período mínimo de esporulação das restantes

espécies isoladas na 1ª amostra varia entre 12 e

18 horas. No entanto, E. maxima, com um

período mínimo de esporulação superior às

restantes coccídeas isoladas, esporulou

primeiro.

Na 2ª amostragem, o panorama parasitário

sofreu grandes modificações, registando-se

diferenças tanto ao nível dos parasitas

identificados como também das suas

prevalências. A espécie E. mitis continuou a ser

a mais prevalente (41,7%), sendo que a sua

frequência sofreu um aumento de mais de 200

% relativamente à 1ª amostragem. Já a espécie

E. maxima passou a ser uma das menos

prevalentes (3,3%).

Destaque para outras espécies que apenas

foram identificadas na 2ª amostra, sendo as

prevalências de duas delas extremamente

interessantes e de relevar, nomeadamente E.

acervulina (26,7%) e E. praecox (15,0%). Este

facto corrobora os resultados obtidos por

Baptista (2010), na medida em que também na

sua investigação determinadas espécies

parasitárias apenas surgiram em animais com

uma idade mais avançada.

Ao nível da prevalência total de coccídeas,

este parâmetro atingiu 90 % na 2ª amostragem.

Kaboudi et al. (1016) identificaram no seu

trabalho com frangos do campo uma maior

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26

prevalência de coccídeas em frangos mais

jovens (idade < 10 semanas), comparativamente

com o que se verificou em frangos mais adultos

(idade > 10 semanas). A sua principal

explicação assentou na aquisição de imunidade

para coccídeas ao longo do ciclo produtivo. No

entanto, o presente trabalho foi efetuado em

frangos na mesma faixa etária (≈ 3 meses),

sendo que as duas amostragens foram realizadas

com um espaçamento de 10 dias. Neste caso, o

aumento da prevalência de coccídeas para 90%

poderá ser explicado sobretudo pelas condições

climatéricas que se verificaram entre as duas

amostragens (temperaturas amenas e elevados

índices de precipitação), bem como pelo tempo

de exposição dos animais às coccídeas.

Também se constatou que a prevalência de

coccídeas continuou a ser superior no exterior

do parque, apesar de se registar um aumento

percentual de coccídeas no interior dos

alojamentos, nomeadamente E. mitis e E.

necatrix, da 1ª para a 2ª amostragem.

Analisando os ovos de helmintes e ácaros

identificados na 2ª amostragem, também se

constatam grandes diferenças em relação ao

verificado na 1ª colheita.

Foi identificada uma prevalência de ovos de

Capillaria sp. e ácaros igual a 10,0% e 15,0 %,

respetivamente. No entanto, detetaram-se ovos

de Heterakis sp. com uma prevalência reduzida,

mas não negligenciável, de 3,33 % (dois casos

positivos no interior dos alojamentos), helminte

não identificado em animais 10 dias mais

jovens.

Em termos de carga parasitária fecal, 18%

dos elementos inseriram-se na classe “>500

OoPG”, revelando uma vez mais que o tempo

de exposição, a densidade de elementos

parasitários no parque de engorda e a idade dos

animais, poderão ser fatores explicativos da

maior prevalência e carga parasitária dos

parasitas identificados.

Na 2ª amostragem, a média de OoPG

calculada tanto para o total como para o exterior

do parque foram superiores às que se

verificaram na 1ª colheita (599,167 ± 1289,215

OoPG e 855 ± 1519,27 OoPG, respetivamente)

e, contrariamente ao obtido nesta, o valor médio

de OoPG no interior dos alojamentos não foi

nulo, atingindo 87,5 ± 99,835 OoPG.

Esta diferença poderá ser explicada não só

devido à maior densidade parasitária no parque

e idade dos animais, como também fruto da

elevada precipitação ocorrida entre as duas

amostragens, a qual levou a que os frangos

estivessem alojados mais tempo. Tal como

mostra o Gráfico 1, verificaram-se nos dias 10 e

11 do mês de Maio, os maiores índices de

precipitação.

Para além destes dois fatores, o decorrer do

tempo de permanência dos hospedeiros

infetados no mesmo ecossistema e uma

densidade animal elevada, terão contribuído

para a contaminação ambiental e, por

conseguinte, para uma maior infeção dos

hospedeiros suscetíveis. Segundo Baba et al.

(1982) e Singla et al. (2007), a densidade animal

constitui um fator chave para o aumento do

número de casos de coccidiose num bando.

O crescimento da pastagem também poderá

ter contribuído para este aumento na prevalência

de coccídeas e helmintes, sendo que na 2ª

amostragem a altura do coberto vegetal era

superior, fruto não só da precipitação ocorrida

entre as duas amostragens, como também das

temperaturas amenas registadas. Ao

alimentarem-se da pastagem, os animais

provavelmente acabaram por ingerir oocistos de

coccídeas e hospedeiros intermediários de

helmintes, tornando-se assim mais uma fonte de

infeção parasitária no exterior. Num estudo

efetuado por Percy et al. (2012) em Frangos do

Campo no Zimbabué, os autores concluíram que

os parasitas e respetivas prevalências associadas

variavam consoante a estação do ano, sendo que

no Verão, fruto do aumento no número de

hospedeiros intermediários e sua ingestão por

parte dos animais, as prevalências de

determinadas formas parasitárias foram

superiores.

O período pré-patente dos parasitas (período

que decorre desde a infeção dos hospedeiros até

estes começarem a emitir os seus ovos nas

fezes) é variável. O de Heterakis sp. ronda os

24-30 dias e o de Capillaria sp. totaliza 3

semanas (Permin et al., 1998). Este facto poderá

explicar também o incremento verificado na

prevalência de helmintes em animais com cerca

de 3 meses de idade.

Na coprocultura de oocistos da 2ª colheita,

verificou-se a esporulação de E. tenella, E.

brunetti, E. acervulina, E. mitis, E. necatrix e E.

praecox, sendo que não foi identificado

qualquer oocisto esporulado de E. maxima, bem

como foram necessárias apenas 24 horas de

incubação para que todas as espécies referidas

esporulassem.

Possivelmente a precipitação conjugada com

temperaturas amenas poderão ter estimulado o

desenvolvimento precoce dos oocistos, bastando

apenas 24 horas para induzir a esporulação.

Segundo Fanatico (2006), condições

meteorológicas medianas, em termos de

temperatura e humidade relativa, poderão

favorecer a esporulação dos oocistos no terreno,

pelo que no decorrer da coprocultura de oocistos

na 2ª amostragem, era expectável que fosse

preciso menos tempo de ensaio para se isolarem

as primeiras espécies esporuladas.

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Lozano et al., RPCV (2018) 113 (605-606) 18-28

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Em ambas as amostragens não foram

encontradas larvas L3 de estrongilídeos, sendo

que somente se identificaram larvas e adultos de

nematodes de vida livre. No seu trabalho com

Frango Campestre, Baptista (2010) também não

encontrou quaisquer formas larvares L3 no

grupo de frangos com idade compreendida entre

76 e 91 dias (idade de abate).

Globalmente, a espécie mais prevalente foi

E. mitis (27,5%), seguida por E. tenella (15,8%)

e E. acervulina (13,3%). Estes resultados

corroboram os obtidos por Baptista (2010), o

qual no seu trabalho também realizado com

Frangos do Campo, concluiu que E. mitis era a

espécie mais prevalente.

A prevalência total de coccídeas no exterior

e interior dos alojamentos foi de 72,5% e

50,0%, respetivamente, sendo que estes

resultados estão em conformidade com o facto

de os frangos contactarem com o exterior em

mais de metade do seu tempo de vida,

alimentarem-se de uma pastagem que entre as

duas amostragens cresceu de forma

considerável, devido à precipitação e a

temperaturas amenas. Além disso, a não

desparasitação dos frangos e um regime

alimentar desprovido de antimicrobianos,

também proporcionaram os resultados

parasitológicos obtidos.

Por último, a prevalência global de

Capillaria sp. e Heterakis sp. foi de 5,8% e

1,7%, respetivamente, resultados estes que

foram fortemente influenciados pelos fatores já

mencionados previamente à 2ª colheita, os quais

culminaram num aumento do número de

hospedeiros intermediários e consequentemente

na infeção dos frangos. Como já foi referido

anteriormente, estes resultados corroboram a

constatação que Percy et al. (2012) efetuaram,

na medida em que as condições climatéricas

constituem um fator chave na dispersão das

espécies parasitárias no bando.

O sistema de produção de Frangos do

Campo estudado pelos autores demonstrou um

parasitismo dominado pelas coccídeas do

género Eimeria e por alguns nematodes

gastrointestinais. Este panorama tende a

agravar-se no final da vida produtiva destes

animais, com aumento das prevalências e cargas

parasitárias dos agentes referidos, estando

associado em grande medida às características

extensivas deste tipo de exploração aviária.

A não-desparasitação dos frangos, poderá ter

sérias consequências zootécnicas num futuro

próximo, na medida em que os animais poderão

começar a não atingir as performances

expectáveis, traduzindo-se num agravamento do

índice de conversão global e, por conseguinte,

em perdas económicas para a exploração.

Verificou-se que foram precisos apenas 10

dias entre as duas amostragens para que

houvesse uma mudança substancial no

panorama parasitário gastrointestinal. A idade

dos animais e sua densidade, bem como as

condições climatéricas, reuniram as condições

ideais para que os frangos se infetassem com

helmintes e coccídeas.

Destaca-se também o aumento da

prevalência de coccídeas que se verificou no

interior dos alojamentos entre as duas

amostragens, alertando para a necessidade de se

executarem vazios sanitários mais frequentes e

eficazes.

Em relação à pastagem espontânea, até que

ponto é que compensa mantê-la e obter um

produto final diferenciado, mas em simultâneo

surgirem agravamentos na performance dos

frangos e, por conseguinte, aumentando as

perdas económicas?

Neste caso concreto, a manutenção da

pastagem apenas será viável se forem tomadas

medidas profiláticas como a monitorização

regular do parasitismo nos frangos por

intermédio da colheita e exame de amostras

fecais, a fim de se analisarem as respetivas

cargas parasitárias, pois com base nos resultados

obtidos, o produtor deverá decidir se os limiares

de patogenicidade foram ultrapassados e, em

caso afirmativo, recorrer aos serviços médico-

veterinários.

Futuros estudos são necessários neste

sistema de produção, como forma de se obterem

mais dados de carácter epidemiológico destas e

doutras parasitoses em Frangos do Campo,

alertando os produtores para esta temática e

visando o alcance de melhores eficiências

produtivas.

Agradecimentos: Em primeiro lugar,

gostaríamos de agradecer à Faculdade de

Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa

e ao seu Presidente, Professor Doutor Luís

Manuel Morgado Tavares, pelo facto de ter

permitido a execução deste trabalho no

Laboratório de Parasitologia e Doenças

Parasitárias e ao Centro de Investigação

Interdisciplinar em Sanidade Animal (CIISA)

por ter financiado esta componente laboratorial

através da Fundação para a Ciência e

Tecnologia (FCT) e do Projecto

UID/CVT/00276/2013 (CIISA, FMV,

Universidade de Lisboa).

Um agradecimento ao Dr. António Miguel

Palomero, da Faculdade de Veterinária de Lugo

(Universidade de Santiago de Compostela), pela

leitura, apreciação crítica e conselhos para a

melhoria do manuscrito.

Um obrigado especial também à exploração

agropecuária e seus técnicos que colaboraram

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Lozano et al., RPCV (2018) 113 (605-606) 18-28

28

connosco, os quais se demonstraram

prontamente disponíveis para nos receber e

cooperar com a realização das amostragens.

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RPCV (2018) 113 (605-606) 34-45

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Influence of origin and genetic background on veal quality

Influência da origem e genética na qualidade da carne de vitela

I.C. Antunes1,2, M.A.G. Quaresma*1, J.N. Matos Costa3, J.B. Fraga3, L.S. Correia3, S.P. Alves1, J.P.C. Lemos1, R.J.B. Bessa1, A.C.G. Monteiro2

1Centro de Investigação Interdisciplinar em Sanidade Animal (CIISA), Faculdade de

Medicina Veterinária, Universidade de Lisboa, Pólo Universitário Alto da Ajuda, 1300-

477 Lisboa, Portugal 2LEAF, Instituto Superior de Agronomia, Universidade de Lisboa, Tapada da Ajuda,

1349-017 Lisboa, Portugal 3Grupo Jerónimo Martins, Lisboa, Portugal

Summary: The study aimed to compare the

regular veal commercialized in Portugal from

different origins. Meat samples from crossbred

beef (CB) calves from Portuguese production

(PCB) and holstein-friesian (HF) calves from

Dutch (DHF), Spanish (SHF) and Portuguese

(PHF) production were used for comparison.

Veal from SHF and PHF were associated with

high pH (6.2 and 5.9, respectively) being

classified as DFD. Veal from HF calves of all

origins displayed higher contents of total fatty

acids, total saturated and total monounsaturated

fatty acids (SFA and MUFA, respectively) and

lower content of total polyunsaturated fatty

acids (PUFA) and total PUFA from the n-3

family (n-3PUFA) than veal from PCB.

Differences between HF and PCB extend to the

percentages of C18:0, C18:1trans-11, C18:2cis-

9,trans-11, C18:3n-3, C20:5n-3, C22:5n-3,

C22:6n-3, which were higher in PCB than HF.

It is also noteworthy that HF veal, no matter the

origin, presented a larger amount of C18:1trans-

10 than C18:1trans-11 and very low C18:2cis-

9,trans-11 which is indicative of deviation of

biohydrogenation pathways (i.e. trans-10 shift).

Regarding lipid quality indices, PCB revealed

healthier indices than HF calves. All veal

groups displayed a α-tocopherol content below

the minimum value required to retard lipid

oxidation. The study results revealed that veal

obtained from different origins enclosed an

intrinsic and undesirable variability with

potential consequences to retailers profit and

negative health concerns to consumers

Resumo: O estudo teve por objectivo comparar

a carne de vitela comercializada em Portugal

proveniente de diferentes origens. A

comparação foi realizada com amostras de carne

de vitela de cruzados de carne da produção

nacional (PCB) e Holstein-Frísia (HF)

proveniente da produção nacional (PHF), da

produção espanhola (SHF) e da produção

holandesa (DHF).

A carne de vitela SHF e PHF apresentou um pH

elevado (6,2 e 5,9, respectivamente), sendo por

essa razão classificada como carne DFD. A

carne de vitela HF, independentemente da

origem, apresentou um teor superior de ácidos

gordos saturados e monoinsaturados (SFA e

MUFA, respectivamente) e um teor inferior de

ácidos gordos polinsaturados (PUFA) e de

PUFA da família n-3 (n-3PUFA)

comparativamente à carne de vitela PCB. As

diferenças entre HF e PCB estendem-se às

percentagens de C18:0, C18:1trans-11,

C18:2cis-9,trans-11, C18:3n-3, C20:5n-3,

C22:5n-3 e C22:6n-3, que foram superiores na

carne de vitela PCB. É de salientar que a carne

de vitela HF, independentemente da origem,

apresentou uma quantidade superior de

C18:1trans-10 do que C18:1trans-11 e de

C18:2cis-9,trans-11, o que é indicativo do

desvio das vias de bio-hidrogenação (isto é,

mudança trans-10). Relativamente aos índices

de qualidade lipídica, a carne de vitela PCB

revelou índices mais saudáveis

comparativamente à carne de vitela HF. Todos

os grupos apresentaram um conteúdo em α-

tocoferol abaixo do valor mínimo necessário

para retardar a oxidação lipídica. Os resultados

do estudo revelaram que a carne de vitela

proveniente de diferentes origens apresenta uma

variabilidade intrínseca e indesejável com

potenciais consequências para o lucro dos

retalhistas e preocupações com a saúde dos

consumidores.

*Correspondência: [email protected]

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Antunes et al., RPCV (2018) 113 (605-606) 34-45

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Introduction

Portuguese production of beef is quite below

the country needs, with the self-sufficiency rate

estimated in 58%, which means that more than

40% of the overall beef sold in Portugal has to

be acquired from other regions, representing

around 68.3 thousand tons/year (G. P. P., 2015).

Among Portuguese consumers, price is the

prime decision factor influencing beef

acquisition (Monteiro, 2012). Therefore,

competitiveness of beef retail relies on the

purchase of bovine carcasses at low price,

which is essential to assure a constant delivery

of beef to the domestic market. Spain and

Netherlands are two of the major suppliers of

beef to Portugal, accounting for 65.8% and

15.3% of total beef acquisition, respectively (G.

P. P., 2015). Bovine carcass value in the market

is influenced by the conjugation of different

factors as age, breed and the production system.

Breed strongly influences beef cut category

yields, and differences between beef and dairy

breeds are well recognised, for this reason,

carcasses from holstein-friesian (HF) animals

are less valorised than those of beef breeds,

since it presents significantly lower yields of

prime beef cuts, due to higher bone and lower

muscle proportions (Knapp et al., 1989;

Agabriel, 2010). On the other hand, age has a

strong influence on meat sensory attributes, as

colour and tenderness, characteristics that are

much appreciated by consumers (Troy and

Kerry, 2010).

The quality of meat marketed in Portugal is

poorly studied and the purchasing decisions are

mainly based on price, deviating meat quality to

a second plan, which is undesirable. Such

situation contrasts with consumers demand for

quality. Therefore, and despite a regular

delivery of beef, it is associated with great

variability which confuses consumers and

creates distrust in the purchase act.

This research was planned to compare veal

quality attributes from the four major sources in

the Portuguese market. The comparison

encloses physicochemical parameters with

highest impact on consumers purchasing

choices (colour and tenderness) and the

nutritional quality of intramuscular fat, a prime

issue on consumer’s health.

Material and methods

Animals and samples

Veal used in this study represented the

regular veal commercialized in Portugal by one

of the prime supermarket chains. Meat samples

(n=10 from each variety) were obtained from

carcasses of HF bull calves (age 10-12 months

old) randomly selected among Dutch (DHF),

Spanish (SHF) and Portuguese (PHF)

production and also from crossbreed beef (CB)

bull calves from national production (PCB)

under the same age range.

Sampling was performed throughout a 10

week period (between March and May 2016),

randomly selecting one carcass from each group

in comparison. Two meat samples with different

thickness from each carcass were collected from

longissimus lumborum muscle at the L1-L3

level. The sample with 3 cm thick were used for

physicochemical analysis (colour assessment

and Warner Bratzler shear force (WBSF)

measurements), while the 1 cm thick samples

were used for pH evaluation and assessment of

intramuscular lipid composition (total fatty acid

content, fatty acid profile, total cholesterol,

vitamin E homologues and β-carotene).

Meat samples were trimmed from the major

connective and adipose tissues surrounding

muscle tissue. The thicker sample was vacuum

packaged, frozen and stored at -20 ºC until

analysis, while the thinner one was blended on a

food processor (Moulinex, France), and

afterwards divided in two portions: one was

weighted, frozen and stored at -20°C in a 50 ml

container (Greiner, Germany), while the other

was vacuum packaged, frozen and stored at -80

ºC.

Colour, pH and shear force measurements

The colour measurements were carried out

with a Minolta CR 300 colorimeter (Konica

Minolta Holdings Inc., Tokyo, Japan) with a C

iluminant and a 2º standard observer in the

CIELAB space, after 1 hour of blooming to

allow oxygenation. In each sample, colour

measurements were performed in triplicate,

recording lightness (L*), redness (a*) and

yellowness (b*). The Chroma (C*) was

calculated as √("(a*2+b*2)" ), and the hue angle

(hº) as tan-1 (b*/a*). The pH of each sample

was measured in triplicate with a HI 99163

portable pH-meter (Hanna Instruments, USA)

coupled with a perforating blade. For the WBSF

determination, the samples were thawed at 0–4

°C for 24 h and were grilled using the same

equipment and procedures previously used

(Monteiro et al., 2013). The veal sample

resistance to shearing was recorded in a force-

deformation plot. The maximum shear force in

kg corresponded to the highest peak of the

curve.

Analytical methods

The frozen samples stored in the 50 ml

containers were lyophilized (−60 °C and 2.0 h

Pa) until constant weight using a lyophilisator

Edwards Modulyo (Edwards High Vacuum

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Antunes et al., RPCV (2018) 113 (605-606) 34-45

36

International, West Sussex, UK). Lyophilized

samples were then grounded and homogenized

using a home-style coffee grinder and

maintained desiccated at room temperature.

The fatty acid methyl esters were

prepared from freeze-dried samples with 14%

boric trifluoride in methanol (Rule, 1997) and

further analyzed by gas-liquid chromatography

using a Shimadzu GC2010-plus (Shimadzu,

Kyoto, Japan) with flame ionization detection

and a fused-silica capillary column (BPX70, 60

m × 0.25 mm × 0.25 μm, SGE Europe Ltd, UK).

Helium was used as carrier gas at a flow rate of

1 ml/min. The oven temperature was

programmed to begin at 50ºC (kept for 1 min),

raised to 150 °C at 5 Cº/min (kept for 1 min),

raised at 1° C/min to 200 ºC (kept for 2 min),

and finally raised at 3 °C/min to 220 °C. The

injector and detector were maintained at 250 °C.

The simultaneous determination of

total cholesterol, tocopherols and tocotrienols

was performed as previously described (Prates

et al., 2006). The contents of total cholesterol,

tocopherols and tocotrienols were estimated in

duplicate for each sample based on the external

standard technique from the standard curve of

peak area versus compound concentration.

Lipid quality indices

The lipid quality indices and FA ratios were

calculated as follows:

- Peroxidability index (PI) = (% monoenoic

× 0.025) + (% dienoic × 1) + (% trienoic × 2) +

(% tetraenoic × 4) + (% pentaenoic × 6) + (%

hexaenoic × 8) (Arakawa and Sagai, 1986);

- Atherogenicity index (AI) =

(C12:0+4×C14:0+C16:0) / [(∑MUFA+∑(n−6)

+∑(n−3)] (Ulbricht and Southgate, 1991);

-Thrombogenicity index (TI) =

(C14:0+C16:0+C18:0)/[(0.5×∑MUFA)

+0.5×(n−6)+3×(n−3)+(n−3)/(n−6)] (Ulbricht

and Southgate, 1991);

- Hypocholesterolemic/hypercholesterolemic

ratio (h/H) = [(C18:1n−9 + C18:2n-6 + C18:3n-

3 + C20:4n−6 + C20:5n-3 + C22:5n−3 +

C22:6n-3) / (C14:0 + C16:0)] (Santos-Silva et

al., 2002b);

- Polyunsaturated/saturated fatty acid (P/S) =

[(18:2 n-6+18:3 n-3)/(14:0+16:0+18:0)] (British

Department of Health, 1994);

- (n-6/n-3) = [(∑n-6)/( ∑n-3)].

Statistical analysis

The variables in study were subjected to

analysis of variance (ANOVA), considering the

type of veal as a single effect, using the GLM

procedure of Statistical Analysis Systems

Institute (SAS Institute Inc., 2013). Whenever a

significant difference was detected in ANOVA,

least squares means were compared for alpha =

0.05, using the LSD test adjusted by Tukey

method.

Results

Beef colour, pH and Warner Bratzler shear

force

Data on veal ultimate pH, colour parameters

(lightness (L*), redness (a*), yellowness (b*),

hue angle (hº), chroma (C*)) and WBSF are

presented in Table 1. Meat pH showed some

significant differences between groups

(P<0.001). Among veal from HF calves, the

SHF veal displayed the highest pH value (6.2),

while DHF veal displayed the lowest value (5.5)

diverging significantly in between, while the

PHF calves presented a halfway value for veal

pH (5.9), not differing significantly from other

meats obtained from HF calves (P>0.05). Veal

from PCB calves displayed the lowest pH

values (5.4), not differing significantly from the

pH values observed on veal from DHF and PHF

calves. Meat displaying a pH value >6.0 is

classified as dark, firm and dry (DFD) (Mach et

al., 2008). Thus meat from SHF calves should

be classified as DFD, while meat from PHF

calves is near the threshold of DFD meat.

DFD meat is consequence of glycogen

depletion in muscle during the pre-slaughter

period. The absence of sufficient amounts of

glycogen at muscle level after slaughter does

not allow the formation of proper lactic acid

content and the subsequent pH decline.

Therefore, the ultimate conditions for

conversion of muscle into meat are not gathered

(Purchas et al., 1999). Meat with pH values

higher than 6.0 is undesirable because of its

dark colour, high variation in tenderness,

increased water holding capacity, poor

palatability and low microbiologic stability

(Muchenje et al., 2009). DFD meat is also a

problem for industry, since high ultimate pH

allows rapid bacteria proliferation (Lawrie,

1985) and the development of precocious

spoilage odours, which become evident at low

bacterial cell densities (Gill and Newton, 1979).

Regarding veal colour measurements, SHF

veal displayed the lowest L* value, being

significantly lower than all other groups, which

revealed no significant differences in between

(P>0.05). DHF veal presented the highest a*

value, which represents a redder meat, and no

significant differences were observed between

the SHF and PHF veal types. DHF veal

displayed a significantly higher b* value than

SHF veal (P<0.05), while the PHF veal

displayed an intermediate value, not differing

significantly from other veal types (P>0.05).

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Table 1 - Beef colour parameters (lightness (L*), redness (a*), yellowness (b*), hue angle (hº), chroma

(C*)), Warner Bratzler shear force (WBSF) and pH of longissimus lumborum muscle from veal with

different origins or genetic background

Veal Statistics

Type Holstein-Friesian Crossbred beef SEM P

Origin Spain Netherlands Portugal Portugal

pH 6.18a 5.51b 5.87a,b 5.42b 0.1124 <0.0001

L* 30.87b 35.20a 36.11a 37.59a 1.0025 0.0003

a* 15.52b 18.03a 14.34b 14.20b 0.5742 <0.0001

b* 1.42b 3.66a 3.00a,b 3.08a,b 0.5629 0.0481

hº 3.51 5.73 5.49 4.90 7.0543 0.3486

C* 15.79b 18.44a 14.75b 14.55b 0.5741 <0.0001

WBSF (kg) 4.87 6.78 5.54 7.75 0.837 0.0825

Different superscripts in the same row are associated with significant differences (P<0.05)

The highest redness and yellowness from

DHF veal resulted in the highest C*, which is a

reflex of these two colour coordinates and

depends on ultimate meat pH (Renerre, 2000).

No significant differences were observed in h⁰

value between veal groups, which means that

the wavelength of reflected light is similar

(Sahin and Summu, 2006).

With the exception of SHF veal, the L*

values (35.2-37.6) are in the range of values

previously found on autochthonous bovine

breeds (35.0-39.0) (Simões, 2006). On the other

hand, the values observed in this study for a*

(14.2-18.00) and b* (1.40-3.66) are on the edge

of values previously observed on autochthonous

bovine breeds for a* (15.9-18.2) and b* (1.9-

3.1) (Simões, 2006).

The lower L* values observed on SHF veal

represent a darker colour, which is consistent

with their higher pH value. On the other hand,

veal from PCB calves showed the lowest pH

value and the highest L* value. Besides pH,

meat colour is determined by the amount and

chemical state of heme pigments, mainly

myoglobin, responsible for 95% of total meat

iron after slaughter (Damodaran et al., 2008).

Abril et al. (2001) showed that DFD meat

(pH ≥ 6.1) had a significant influence on all

colour parameters, and that DFD meat was

associated with reduced L*, a*, b*, C* and hº,

which is in partial agreement with our results,

since veal from SHF was associated with lower

L*, a* and b*. On the other hand, DHF veal

displayed higher values of a*, which may be

dependent of pigment (myoglobin) content and

its redox state (Mancini and Hunt, 2005).

No statistical significant differences were

observed in WBSF between groups (p=0.08).

Although, SHF veal tended to be the less hard

(P=0.08) which can result from the highest pH

presented by this beef type, since DFD beef is

recognized as being tender, due to the highest

muscle enzyme activity post-mortem. The high

pH and the low WBSF values obtain in meat

from PHF and SHF calves seem to be in

accordance with the aforementioned. The high

WBSF observed on PCB has been previously

identified in another study (Monteiro, 2012) and

is probably a consequence of the crossbreeding

between native and exotic bovine breeds and the

Portuguese native bovine were not selected for

meat production.

Total fatty acid and total cholesterol

contents, fatty acid partial sums and lipid

quality indices

The total fatty acid and total cholesterol

contents of meat, as well as fatty acid partial

sums, fatty acid ratios and lipid quality indices

are presented in Table 2, while the detailed fatty

acid profile is presented in Table 3.

Veal from HF calves presented higher total

fatty acid contents, independently of their

origin, than veal from PCB calves (P<0.05).

Among HF calves, DHF and SHF veal

displayed the highest and lowest total fatty acid

content, differing significantly in between,

while the PHF veal presented a halfway content,

not differing significantly from the other

origins. The high intramuscular total fatty acid

content found in HF veal compared with those

from PCB cattle might be due to the feeding

management, as HF calves are weaned much

earlier (6 weeks versus 6 months) and thus are

fed high density diets for a longer period than

calves of PCB cattle. Moreover, HF animals,

start to deposit fat earlier than continental beef

breeds which means that at same age they

would have different carcass composition

(Agabriel, 2010).

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Table 2 - Total cholesterol content (mg/100 g of muscle), total fatty acid content (g/100 g of muscle),

partial sums of fatty acids (% w/w) and nutritional indices of longissimus lumborum muscle from veal

with origins or different genetic background

Veal Statistics

Type Holstein-Friesian Crossbred beef SEM P

Origin Spain Netherlands Portugal Portugal

Total cholesterol 44.55 45.06 46.85 42.78 7.694 0.379

Total fatty acids 6.37b 8.52a 7.13a,b 4.29c 0.554 <0.0001

Partial sums

SFA 40.60a 40.14a 37.95a 33.68b 0.693 <0.0001

SFA linear 40.35a 39.70a,b 37.52b 33.02c 0.694 <0.0001

SFA branched 0.25c 0.44b 0.43b 0.67a 0.024 <0.0001

DMA 5.88b,c 4.79c 6.79b 9.09a 0.396 <0.0001

MUFA 33.83b 40.67a 30.87b 25.72c 1.275 <0.0001

MUFA trans 4.69a 2.64b 3.46a,b 2.52b 0.337 0.0003

MUFA cis 29.14b 38.02a 27.41b,c 23.19c 1.171 <0.0001

PUFA 19.30b,c 13.82c 23.75b 30.47a 1.441 <0.0001

n-3PUFA 0.81b 1.32b 1.20b 8.36a 0.272 <0.0001

n-6PUFA 18.34a 12.40b 22.37a 22.01a 1.289 <0.0001

n-3LCPUFA 0.55b 0.90b 0.86b 5.66a 0.152 <0.0001

n-6LCPUFA 4.71b 4.14b 6.87a 7.15a 0.406 <0.0001

Others 0.38c 0.57b 0.64b 1.03a 0.037 <0.0001

Nutritional Indices

P/S 0.35b,c 0.22c 0.44a,b 0.55a 0.038 <0.0001

n6/n3 22.77a 9.60c 18.77b 2.70d 0.501 <0.0001

AI 0.58a 0.54a 0.47b 0.39c 0.019 <0.0001

TI 1.39a 1.28a,b 1.23b 0.66c 0.039 <0.0001

h/H 1.64c 1.82b,c 2.11b 2.47a 0.088 <0.0001

Different superscripts in the same row are associated with significant differences (P<0.05)

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Table 3 - Intramuscular fatty acid profile (g/100 g of total FA) of longissimus lumborum muscle from

veal with different origins or genetic background

Veal Statistics

Type Holstein-Friesian Crossbred beef SEM P

Origin Spain Netherlands Portugal Portugal

C14:0 1.87a 1.83a 1.41a,b 1.06b 0.134 0.0003

C14:1c9 0.31a,b 0.34a 0.20b,c 0.16c 0.031 0.0004

C15:0 0.33a 0.34a 0.26b 0.32a 0.017 0.0073

C16:0 23.04a 22.06a 19.71b 17.93c 0.443 <0.0001

C16:1c9 2.24a 2.48a 1.61b 1.19b 0.130 <0.0001

a-C17:0 0.13c 0.23b 0.23b 0.32a 0.014 <0.0001

C17:1c9 0.49b 0.81a 0.47b 0.43b 0.050 <0.0001

C18:0 14.90a 15.28a 15.94a 13.45b 0.396 0.0008

C18:1t10 3.39a 1.37b,c 2.26a,b 0.97c 0.336 <0.0001

C18:1t11 0.35b 0.52b 0.55b 1.08a 0.102 0.0001

C18:1t12 0.30a 0.21b 0.17b 0.17b 0.013 <0.0001

C18:1c9 23.05b 31.05a 22.09b,c 18.20c 0.020 <0.0001

C18:1c11 2.24 2.26 2.21 2.38 0.067 0.339

C18:1c12 0.21 0.21 0.24 0.22 0.027 0.746

C18:1c13 0.19a,b 0.25a 0.15b,c 0.12c 0.016 <0.0001

C18:1c15 0.15b 0.27a 0.15b 0.22a 0.015 <0.0001

C18:2n-6 13.54a 8.16b 15.40a 14.71a 0.909 <0.0001

C18:3n-3 0.25b 0.42b 0.34b 2.70a 0.127 <0.0001

CLA(cis-9,trans-11) 0.03b 0.08b 0.06b 0.19a 0.015 <0.0001

C20:3n-6 0.77c 0.65c 1.09b 1.36a 0.069 <0.0001

C20:4n-6 3.35b 2.91b 4.84a 5.43a 0.295 <0.0001

C20:5n-3 0.14b 0.20b 0.19b 2.18a 0.051 <0.0001

C22:4n-6 0.49b 0.47b 0.77a 0.28c 0.042 <0.0001

C22:5n-3 0.36 b 0.61 b 0.59 b 2.85a 0.085 <0.0001

C22:6n-3 0.05 b 0.08b 0.07b 0.55a 0.017 <0.0001

Others* 0.98b 1.05a 1.06a 1.15a 0.037 0.036

DMAs

DMA-C16:0 3.19b 2.45c 3.32b 4.96a 0.186 <0.0001

DMA-C18:0 1.89b 1.80b 2.59a 3.07a 0.187 <0.0001

DMA-C18:1 0.80b 0.54c 0.87b 1.06a 0.083 <0.0001

*Representing the sum to co-eluted fatty acids;

Different superscripts in the same row are associated with significant differences (P<0.05)

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40

Independently of the origin, veal from HF

calves displayed higher contents of total

saturated and monounsaturated fatty acids (SFA

and MUFA, respectively) and lower content of

total polyunsaturated fatty acids (PUFA), the n-

3 family PUFA (n-3PUFA) and long chain n-

3PUFA (n-3LCPUFA) than PCB calves. Muscle

fatness has a direct effect on fatty acid profile,

since phospholipids and triacylglycerols present

distinct fatty acid profiles and phospholipids

remains quite constant in muscle cell

membranes while the triacylglycerols

accumulates when muscle get fatter (Smet et al.,

2004). This explains that the veal displaying the

lowest total fatty acid content (PCB), presented

the lowest total SFA and total MUFA content,

which are the most predominant fatty acids of

triacylglycerols (Smet et al., 2004), as well as

the highest PUFA and dimethylacetals (DMA)

content, associated to phospholipids. DMA are

formed from cleavage of plasmalogens, a group

of glycerophospholipids which are structural

components of cellular membranes (Horrocks,

1972; Nagan and Zoeller, 2001), for that reason

leaner meat presented higher proportion of

phospholipids, including plasmalogens.

Fatty acid profile presented herein is similar

to those previously reported in both veal and

beef by other authors (Realini et al., 2004;

Nuernberg et al., 2005; Costa et al., 2006;

Alfaia et al., 2007, 2009) with C18:1cis-9,

C16:0, 18:0, C18:2n-6 and C20:4n-6 comprising

the majority of the fatty acids.

Besides the effect of muscle fatness,

differences observed between veal from HF and

PCB cattle could also be dependent of different

feeding management during the finishing

period, as higher percentages of C18:0,

C18:1trans-11, C18:2cis-9,trans-11, C18:3n-3,

C20:5n-3, C22:5n-3 and 22:6n-3 are usually

found in higher amounts on beef from pasture

grazing systems relatively to meat from animals

fed on concentrate feeding (Noci et al., 2005;

Nuernberg et al., 2005; Leheska et al., 2008).

It is noteworthy that HF veal, no matter the

origin presented a larger amount of C18:1trans-

10 than C18:1trans-11 and very low C18:2cis-

9,trans-11, which is indicative of the occurrence

of altered biohydrogenation pathways (i.e. trans-

10 shift) characteristic of ruminants fed high

concentrate diets (Bessa et al., 2015).

Considering the potential health effects of

C18:1trans-11 and C18:2cis-9,trans-11 and the

deleterious health effects of C18:1trans-10

(Mapiye et al., 2015), the fatty acid profile of

HF veal can be considered less favourable than

PCB veal.

Moreover, veal from the PCB calves

contained a significantly (P<0.001) lower

percentage of total SFA (33.7 versus 39.6% of

total fatty acids) and presented higher

percentage of branched chain SFA (BCFA).

BCFA in ruminant tissues arise from the

digestion of rumen microorganisms and the

absorption of bacterial structural lipids, the

content found on ruminant tissues is dependent

of rumen bacterial biomass outflow (Jenkins,

1994; Fievez et al., 2012). These fatty acids

have revealed an inhibitory effect on fatty acid

synthesis in tumour cells (Wongtangtintharn et

al., 2004), which has been recognised as a

useful approach in cancer therapy, since cancer

cells are more dependent on fatty acid

biosynthesis than healthy cells (Kuhajda, 2000).

Regarding fatty acid ratios and lipid quality

indices, the values found in veal from PCB

calves revealed a healthier profile, displaying

significantly higher P/S and h/H ratios and

lower TI and AI indices and also lower n6/n3

ratio than veal from HF calves. On the other

hand, veal from the PHF calves displayed the

most favourable results in the lipid quality

indices among HF, except for the n6/n3 ratio.

Within the trans-octadecenoates, major

intermediates formed during rumen

biohydrogenation, vaccenic acid can be

regarded as a “beneficial trans” fatty acid,

because of its conversion into rumenic acid, a

fatty acid with important health attributes.

Additionally, it has been suggested that

vaccenic acid, itself, could have beneficial

health effects (Turpeinen et al., 2002; Field et

al., 2009).

In the past, nutritional indices were regarded

as a useful tool to evaluate the health effect of

the fatty acids. However, their value as

indicators of lipid quality has been questioned,

since the P/S, was only based on the chemical

structure of FA, which may not be adequate to

evaluate the nutritional value of fat, because it

considers that all SFA are harmful and ignore

the effects of MUFA (Santos-Silva et al.,

2002a). Moreover, nowadays it is well known

that only a few saturated fatty acids, namely

lauric (C12:0), myristic (C14:0), and palmitic

(C16:0) acids, raise LDL-cholesterol and HDL-

cholesterol, being considered

hypercholesterolemic fatty acids (Skeaff and

Miller, 2009). On the other hand, the n-6/n-3

ratio assumes that lowering n-6 family PUFA

(n–6 PUFA) intake would have the same health

effects as increasing n–3 PUFA intake, which is

not correct (Smit et al., 2009). The

atherogenicity (AI) and thrombogenicity (TI)

indices, as the hypo/hypercholesterolemic (h/H)

ratio, are also used as lipid quality indicators

and regarded as more appropriated indicators as

they focus on the fatty acid contribution to

cardiovascular diseases and endogenous

cholesterol synthesis.

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41

It is important to notice that the BCFA, have

been neglected in their contribution to human

health, as they have not been included in any of

the nutritional ratios and indices. Nevertheless,

BCFA have shown some anti-cancer activity

against various cancer cell lines, and such

cytotoxicity was comparable to that of

conjugated linoleic acid (Wongtangtintharn et

al., 2004). Meat from the PCB calves displayed

significantly higher contents of BCFA than

meat from HF animals, independently of their

origin.

According to Givens and Gibbs (2008), the

nutritional quality of beef lipid fraction is not

solely dependent of nutritional indices, but is

also dependent on the amount of long chain

PUFA (LCPUFA) with recognized health

beneficial effects, like the n−3 PUFA

(C20:5n−3 (EPA) and C22:6 n−3 (DHA)).

Therefore, it was suggested the ingestion of 150

mg/day of EPA+DHA in order to prevent

chronic diseases. A portion of 150 g of veal, a

normal serving steak, contributes with 0.01-0.18

mg, representing 0.01-0.12% of the

recommended content. Despite veal low

contribution to EPA+DHA ingestion, veal from

the PCB calves provides 4.9-9.7 times more

EPA+DHA than veal from HF calves,

independently of their origin.

Total cholesterol

The total cholesterol contents in veal of all

groups are displayed in Table 2. The total

cholesterol content comprises free and esterified

cholesterol present in the muscle. No significant

differences were observed among groups in

total cholesterol content, which was expected,

since veal samples were all obtained from the

similar portion of the same muscle (sirloin

cranial portion), and differences in total

cholesterol content are commonly observed

between different muscles, due to differences in

their muscle fibre composition (Chizzolini et al.,

1999; Dinh et al., 2011).

Total cholesterol in a regular serving portion

(150 g fresh veal) would only contribute with

16.2% of the recommended maximum daily

cholesterol intake (<300 mg per day) (Krauss et

al., 2000). The total cholesterol content obtain

herein (42.8-46.9 mg/100 g of muscle) is in

agreement with the cholesterol content

previously quantified in veal and beef of several

Portuguese autochthonous breeds (Prates et al.,

2006; Monteiro, 2012; Quaresma et al., 2012,

2013).

Vitamin E and β-carotene

The longissimus lumborum total vitamin E

(α- and γ-tocopherols) and β-carotene contents

-Tocopherol was the

major vitamin E homologue in veal, ranging

between 1.0 and 2.8 μg/g of meat (84.3-96.6%

-tocopherol was

accountable for 0.10-0.37 μg/g of meat (3.4-

15.7% of vitamin E). Veal from PCB calves had

-

-

carotene content in veal from national

production (independently of the genetics) was

more than twice the value observed on veal

from SHF and DHF (P<0.05). Veal from SHF

and DHF showed no significant differences in

between the aforementioned variables,

displaying the lowest values of all groups for

- -carotene.

Regardin -tocopherol, PHF calves displayed

-tocopherol content (0.37 μg/g of

meat) followed by the SHF veal (0.21 μg/g of

meat) and DHF veal (0.13 μg/g of meat). Veal

-

tocopherol value (0.10 μg/g of meat), but not

significantly different from the DHF veal.

Previously, a study performed in veal from

Portuguese native breeds raised on pasture

-tocopherol contents (0.09-

0.12 μg/g of meat) (Quaresma et al., 2013).

All veal groups displayed a total vitamin E

content below the minimum value required to

retard lipid oxidation (3.0 µg/g of meat)

(Faustman et al., 1989; Mitsumoto et al., 1991),

which can compromise meat colour and lipid

oxidative stability. Veal from PCB animals

presented the highest value (2.91 µg/g of meat),

which was close to the aforementioned

minimum value required to retard lipid

-carotene content found on

veal from calves raised in Portugal suggests that

the feeding regime of these animals included

fresh green forage, considering that green forage

- -

tocopherol (Arnold et al., 1992; Realini et al.,

2004; Descalzo et al., 2005; Insani et al., 2008;

De la Fuente et al., 2009; Daley et al., 2010;

Quaresma et al., 2012). β-Carotene is an

important fat-soluble antioxidant that quenches

sites localised within the hydrophobic region of

biological membranes, contrasting with the

-tocopherol close to the

membrane surface (Fukuzawa et al., 1998). The

higher β- -tocopherol contents of

veal from PCB animals suggest that this meat is

less prone to lipid oxidation and displays for a

longer period the red cherry colour appreciated

by consumers. However, veal from PCB calves

presented also the highest peroxidability index

(PI) being more prone to lipid peroxidation, due

to the higher degree of unsaturation of its fatty

acid profile.

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42

Table 4 – Total vitamin E, prime tocophero - - -carotene and the

peroxidability index (PI) of longissimus lumborum muscle from veal with different origins or genetic

background

Veal Statistics

Type Holstein-Friesian Crossbred beef SEM P

Origin Spain Netherlands Portugal Portugal

Total vitamin E* 1.44c 1.14c 2.35b 2.91a 0.149 <0.0001

-tocopherol* 1.23c 1.01c 1.98b 2.81a 0.143 <0.0001

-tocopherol* 0.21b 0.13c 0.37a 0.10c 0.013 <0.0001

-carotene* 0.05b 0.03b 0.11a 0.11a 0.006 <0.0001

PI 36.4b,c 31.5c 48.5b 82.2a 3.30 <0.0001

* μg/g of meat; Different superscripts in the same row are associated with significant differences (P<0.05)

Conclusion

The study results showed that veal obtained

from different origins enclosed an undesirable

variability with potential consequences to

retailers profit and negative health concerns to

consumers. Spanish veal received the DFD

classification, which encloses a variety of

unfavourable features to both consumers and

retailers, which recommend their avoidance. On

the other hand, veal from SHF and DHF

revealed a lipid profile similar to beef obtained

from intensive production systems based on

concentrate feeding, and low concentration of

major lipid-soluble antioxidants. Among veal

from national production, it was observed

important differences between the two varieties

in comparison. Veal from PCB displayed a

healthier lipid profile and higher contents of

vitamin E and β-carotene. Nevertheless, veal

from all varieties in comparison displayed

vitamin E content below the concentration that

is required to delay the oxidation process.

In Europe, beef market value is

associated with the animal’s genetic background

and carcass classification, while the animal’s

feeding management and diet composition has

no influence on beef market value, despite their

influence on meat composition.

The study revealed that the national

limitations on beef production recommend the

establishment of quality standards that should

be used throughout negotiation. Such standards,

as the establishment of a meat pH limit would

be particularly useful to avoid acquisition of

DFD meat. The establishment of quality

standards on vitamin E content seems to be of

great value to the retailer, since vitamin E is of

prime importance has it delays the development

of oxidation reactions, stabilizing the

appreciated red-cherry colour of beef

throughout a longer period. On the other hand,

the establishment of standards on the nutritional

quality of meat lipid profile, does not seem

realistic at this point, still, we think that it would

contribute to the improvement of meat

nutritional value and the valorisation of less

intensive feeding regimes.

Acknowledgments:

We are grateful to Ana Maria Reigado for all

the help provided in Biochemistry Laboratory,

Faculty of Veterinary Medicine, University of

Lisbon;

We are grateful to Sourcing Talho of

Jerónimo Martins, namely Sr. Salgueirinho, for

providing us the conditions necessary for beef

sampling throughout a 10 week period;

We would like to thank CIISA-FMV-

ULisboa, under project CIISA:

UID/CVT/00276/2013 provided the funding for

sample analysis.

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Performance and quality of quail eggs submitted to different light

programs

Desempenho e qualidade de ovos de codornas japonesas submetidas a

diferentes programas de luz

Luiz Felipe M. Souza1, Mônica Patrícia Maciel2*, Cinara C. S. Carvalho2, Felipe S. Aiura2, Daiane B. Silva2, Vítor Hugo S. Moura2

1Granja Avis, Janaúba, MG, Brasil 2Universidade Estadual de Montes Claros, Janaúba, MG, Brasil

Summary: The use of intermittent lighting

programs has already been studied frequently

with layer hens, with good results. However,

there are still few studies with laying quails that

demonstrate that these programs can be applied

at breeding, without affecting performance.

Therefore, this experiment was conducted to

evaluate the use of lighting programs on the

performance and egg quality of quails. A total

of 600 quails with an initial age of 14 weeks

were subjected to the following treatments:

Increasing Natural Photoperiod; Intermittent

Photoperiod 1(one period of 15 min of artificial

light/day); Intermittent Photoperiod 2 (two

periods of 15 min of artificial light/day);

Continuous Photoperiod with 15 h of light and 9

h of darkness; and Continuous Photoperiod with

17 h of light and 7 h of darkness. The

experimental design was completely

randomized, with five treatments, and four

replicates, totaling 20 plots with 30 birds in

each. Lighting programs had no effect on egg

weight; eggshell weight, yield, and thickness;

specific weight; or Haugh Unit. The quails that

received only natural light had worse results for

egg production, feed intake, and feed

conversion in kg of diet/dozen eggs and in kg

diet/kg eggs. Intermittent lighting programs can

be adopted for quails at the age of 14 to 26

weeks as they reduce artificial lighting time

without affecting egg quality and egg quality

Resumo: A utilização de programas de luz

intermitentes já vem sendo estudados com

frequência com galinhas poedeiras, com a

obtenção de bons resultados. Porém, não se sabe

se estes mesmos programas podem ser aplicados

às codornas, sem afetar o desempenho. Portanto,

o experimento foi conduzido para avaliar a

utilização de programas de luz sobre o

desempenho e a qualidade de ovos de codornas.

Foram utilizadas 600 codornas com idade inicial

de 14 semanas, as quais foram submetidas aos

seguintes tratamentos: Fotoperíodo Natural

Crescente; Fotoperíodo Intermitente 1 (um

período de 15 minutos de luz artificial/dia);

Fotoperíodo Intermitente 2 (dois períodos de 15

minutos de luz artificial/dia); Fotoperíodo

Contínuo com 15 horas de luz e 9 de escuro e

Fotoperíodo Contínuo com 17 horas de luz e 7

de escuro. O delineamento experimental foi o

inteiramente casualizado com 5 tratamentos e 4

repetições, totalizando 20 parcelas de 30 aves

cada. Não houve efeito dos programas de luz

sobre o peso dos ovos; peso, rendimento e

espessura da casca; peso específico e Unidade

Haugh. As codornas que receberam somente luz

natural apresentaram piores resultados de

produção de ovos, consumo de ração e

conversão alimentar em kg de ração/dúzia e em

kg de ração/kg de ovos. Os programas de

iluminação intermitentes podem ser adotados,

para codornas em postura na idade de 14 a 26

semanas, pois reduzem o tempo de iluminação

artificial, sem afetar o desempenho zootécnico e

a qualidade dos ovos.

*Correspondência: [email protected]

Introduction

Quail farming is a poultry activity that has

stood out in world and that has become another

important segment of the poultry industry. Such

growth is explained by the fact that quails

(Coturnix coturnix japonica) have desirable

animal-production features such as easy

adaptation, rapid growth, early sexual maturity,

high egg production, low feed intake, and high

resistance to disease. Moreover, raising these

birds requires little labor, management is easy,

and it can generate good profitability.

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Souza et al., RPCV (2018) 113 (605-606) 46-51

47

Overall, quails are subjected to the same

management applied to hens, with manipulation

of light as one of these factors. According to

Gewehr et al. (2005), in quail farming, long

days are used for increasing egg production.

However, an interesting aspect of the

physiology of layer birds is that they do not

need to be subjected to continuous long days.

This phenomenon is called “subjective day”, in

which adult birds in the laying phase ignore

periods of darkness between the 12 and 15

stimulatory hours. The “subjective day” denotes

the period during which the bird remains awake,

physiologically active, even in the dark. This

phenomenon allows for the use of intermittent

lighting period for layer birds, which can be

defined as one of those formed by more than

one light (photophase) and darkness

(scotophase) period in a 24-h cycle.

In hens, this concept has already been

extensively studied, with satisfactory results

demonstrating no harms to their performance

and egg quality (Lewis et al., 1992; Morris and

Butler, 1995; Freitas et al., 2005; Freitas et al.,

2010), in addition to the advantage of energy

saving (Freitas et al., 2005). However, it is not

known, for certain, whether intermittent

programs can be used for quail without harming

the performance and quality of eggs

Research evaluating intermittent programs

with laying quails is scarce, especially with

birds at the beginning of laying. There is also no

consensus as to how much lighting time should

be given in the evening to compose the

intermittent lighting.

In research with quail, Gewehr et al.(2005)

evaluated continuous and intermittent lighting

programs on egg production. The continuous

program included a photoperiod of 15 h 30 min

(natural + artificial) and main night of 08 h 30

min. The intermittent program 1 counted on 2

photoperiods totaling 15 h 30 min and with a

main night of 8 h 30 min, but the lights were on

for 30 min at dawn, followed by a scotoperiod

until dawn. The intermittent program 2 was

composed of 3 photoperiods, also totaling 15 h

30 min, with a scotoperiod of 8 h 30 min, but

with the lights on in two periods of 30min at

night. The lamps were turned on at dawn for 30

min, followed by a dark period until dawn with

the sequence of the natural photoperiod, and

after sunset, the second moment of dark

occurred and the lamps were lit at night for

30min. The authors concluded that the

intermittent periods reduce the artificial

illumination time, without affecting production,

egg weight and mass, or feed conversion per

dozen eggs. However, feed intake was reduced

and feed conversion per egg weight was

improved with the intermittent regime 1.

Given the above, this study aimed to

evaluate the action of different lighting

programs on the performance and egg quality of

quails at the beginning of the laying phase.

Material and methods

The experiment lasted 12 weeks, and was

held on a commercial farm located in Janaúba,

MG, Brazil. A total of 600 quails with an initial

age of 14 weeks were housed in a conventional

shed for laying quails. Birds received water and

feed ad libitum. The diet, based on corn and

soybean meal, contained 18.71% of crude

protein and 2,800 Kcal/kg of metabolizable

energy. Before the onset of the experiment,

quails went through a period of acclimation of

seven days to the environment, management,

and experimental treatments. Before arriving at

the experimental site, birds were accustomed to

receiving 17 h 30 min of continuous

photoperiod and 6 h 30 min of the dark.

Five treatments were tested, according to

five different lighting programs, as follows:

INP= increasing natural photoperiod (11 h 11

min at the beginning and 12 h 37 min at the end

of the experiment); IP 1= intermittent

photoperiod 1 (one period of 15 min of artificial

light/day); IP 2= intermittent photoperiod 2 (two

periods of 15 min of artificial light/day); CP 1=

continuous photoperiod with 15 h of light and 9

h of darkness; and CP 2= continuous

photoperiod with 17 h of light and 7 h of

darkness. The intermittent photoperiod 1 (IP1)

presented two photophases (light periods)

divided in 15 h and with a main night

(scotoperiod) of 9 h. The bulbs were lit at dawn,

with a 15 min photophase, followed by a

scotophase (dark period) until dawn. The time

elapsed between the lighting of the lamps at

dawn and the natural nightfall was composed of

15 h. The intermittent photoperiod 2 presented

three photophases, with a main night of 9 h. The

lamps were turned on at 4h and turned off at 4 h

15 min (first artificial photophase), followed by

a dark period until dawn. After sunset, the other

moment of dark occurred and the lamps were lit

at 18 h 45 min and off at 19 h (second artificial

photophase). The time elapsed between the

lighting of the dawn lamps (4 h) and the erasing

of the lamps at night (19 h) was composed of 15

h. To compose the experimental rooms, two

layers of black plastic canvas were used to

avoid the incidence of light from one room to

another. A 25-W fluorescent bulb was used per

room, installed in front of the cages such that all

birds received luminosity equally (5 lux).

Each environment (except for that in which

only natural light was used) was equipped

individually with a timer to control the

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Souza et al., RPCV (2018) 113 (605-606) 46-51

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illumination time. The light intensity was

similar between the environments and was

checked regularly with a light meter and the

temperature within the shed was recorded daily,

during the entire experimental period, using dry

and wet bulb thermometers placed in each

environment that obtained the average

temperature and humidity.

The following characteristics were

evaluated: feed intake (g/bird/day); egg mass

(g); feed conversion (kg of diet/dozen eggs and

kg diet/egg weight); total egg weight (%

eggs/bird/day), production of marketable eggs

(% of viable eggs, excluding broken and

cracked eggs and those without a shell or with a

soft shell); egg weight (g); eggshell weight (g),

thickness (mm), and yield (% - ratio between

shell weight and egg weight × 100); specific

weight (g/cm3); and Haugh Unit.

The experimental design was completely

randomized, with five treatments and four

replicates, totaling 20 plots. Each plot consisted

of three cage separators, each containing 10

birds, totaling 30 birds/plot.

The data were subjected to analysis of

variance, using Sisvar computer software

(Ferreira, 2011), and when the F test indicated

significance, means were evaluated by the

Scott-Knott test at 5% probability level.

Results and Discussion

Performance results are shown in Table 1.

There was an effect (P <0.05) of treatments on

egg production, feed consumption and feed

conversion.

Quails raised under continuous programs (15

h or 17 h) or intermittent programs of 15 h had

similar egg production. The explanation for this

result may be the concept of “subjective day”,

which explains that birds ignore the scotophases

and remain with their reproductive tract active

even in the darkness. These results demonstrate

the physiological phenomenon mentioned by

Sauveur (1996), who stated that even in dark

periods, birds produce sex hormones once

stimulated by even a quick contact with light.

This allows the time of artificial illumination to

be shortened with no harm to egg production.

Gewehr et al.(2005) found similar results for

egg production in layer quails reared in open

sheds under an intermittent photoperiod with

two 30-min photophases in the early morning

(totaling 15 h 30 min of light) compared to a

continuous photoperiod of 15 h 30 min of light.

This result also confirms the feasibility of using

intermittent systems.

Worse results for egg production (P<0.05)

were obtained when increasing natural light was

used, which culminated in lower feed

conversions (kg/kg and kg/dz). This result can

be explained by the amount of light provided by

this treatment being less than that required by

laying birds. According to Etches (1996), short

days do not stimulate the reproductive tract of

birds; on the contrary, long photoperiods

stimulate the sexual function of layers and

increase egg production, with a long day

considered to be that with a light period longer

than 12 h. Contrasting results to those obtained

in the present experiment were found by Freitas

et al.(2005), who, working with white-egg layer

hens, subjected to continuous and intermittent

15 h light programs and a growing natural light

program (natural photoperiod) observed that the

birds reared only with increasing natural light

managed to maintain their egg production.

This result confirms those found by Charles

and Tucker (1993), who, in a review on layer

hybrids, observed that these birds are so

genetically predisposed to laying that they

almost appear to be refractory to changes in the

light regime. However, this is not yet the case of

quails, because they have not yet undergone

such intense genetic breeding, thus requiring an

accrual in artificial light to maintain their laying

rate at satisfactory levels.

Feed intake was lower (P<0.05) in the birds

that received only natural light. This can be

because the birds from that treatment received a

shorter light period than the others did (11 h 11

min at the beginning of the experiment and 12 h

37 min at the end) and thus had less time for

consumption, which may occur in the

scotophase (Lewis et al. 1995).

There was no difference in feed intake

between intermittent and continuous treatments

(P> 0.05). This result differs from that found by

Gewehr et al. (2005), who observed a reduction

of 1.6% in the consumption of Japanese quails

submitted to an intermittent program (half an

hour of light at dawn) when compared to the

consumption of those of the continuous program

(16 h of light). According to the authors, the

birds submitted to the intermittent program

decrease the consumption due to the lower

nutritional need caused by the reduction of the

physical activity of the birds without the

presence of light (in the scotophase). However,

in the present experiment, scothophases in

intermittent programs did not affect

consumption. Lewis and Perry (1990) cite that,

in intermittent regimes, there is a decrease in the

feeding activity of laying hens in the

scotophase, however, a slightly higher

consumption in the photophases. This may be

related to compensatory consumption.

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Table 1: Egg production (PROD), feed intake (FI), egg mass (EM), feed conversion per kg (FCK) and

per dozen eggs (FCD), and egg weight (EW) of Japanese quails under different lighting programs.

Lighting program*

Variable**

PROD FI EM FCK FCD EW

(%) (g/bird/day) (g) (kg/kg) (kg/dz) (g)

INP 85.09B 27.96A 7.93A 2.88A 0.396A 11.47

IP 1 92.69A 28.63B 7.95 A 2.72B 0.369B 11.70

IP 2 94.85A 28.44B 8.16 A 2.60B 0.360B 11.53

CP 1 95.37A 28.98B 8.33 A 2.66B 0.364B 11.41

CP 2 95.00A 29.03B 8.27 A 2.66B 0.368B 11.75

CV 2.15 2.83 3.13 3.73 2.33 2.29

PROB 0.0000 0.0020 0.1360 0.0153 0.0002 0.3531

*INP = increasing natural photoperiod; IP 1= intermittent photoperiod 1 (one period of 15 min of

artificial light/ay); IP 2= intermittent photoperiod 2 (two periods of 15 min of artificial light/day); CP 1=

continuous photoperiod with 15 h of light and 9 h of darkness; CP 2= continuous photoperiod with 17 h

of light and 7 h of darkness.**Means followed by different letters in the column differ by the Scott-Knott

test (p<0.05).

According to the authors, the birds

submitted to the intermittent program decrease

the consumption due to the lower nutritional

need caused by the reduction of the physical

activity of the birds without the presence of

light (in the scotophase). However, in the

present experiment, scothophases in intermittent

programs did not affect consumption. Lewis and

Perry (1990) cite that, in intermittent regimes,

there is a decrease in the feeding activity of

laying hens in the scotophase, however, a

slightly higher consumption in the photophases.

This may be related to compensatory

consumption.

Freitas et al. (2005) observed lower intakes

by white-egg layer hens reared under

intermittent and natural light. However, in the

experiment developed by these authors, the

birds from the treatment with intermittent light

received only a “flash” of 15 s in the early

morning, which did not contribute to

complementary intake. The birds from the

present experiment reared in the intermittent

photoperiods might have consumed in a

compensatory manner in the 15 min of light that

they received at night, which might have led

them to reach similar intake values to those in

the continuous photoperiod. This assertion

agrees with those made by Lewis et al. (1995),

who found that laying hens decrease their

feeding activity in the scotophase and increase it

in the photophases, displaying the compensatory

effect.

Egg weight was not influenced by the

different treatments (P>0.05). Similar results

were found by Gewehr et al. (2005), with quail,

and by Freitas et al. (2005), with white-egg

layer hens. Besides genetics, the room

temperature, nutritional levels, and photoperiod

influence a bird’s weight, which is directly

linked to its egg weight. In this experiment, the

only source of variation was the lighting

programs. According to Gewehr et al. (2005), in

the physiological aspect, it is noted that, in

intermittent regimes, the endocrine functions

and activities of the oviduct and ovary are likely

maintained in relation to egg formation.

No effects (P>0.05) of the lighting programs

were detected on the egg quality variables

(Table 2).

Lighting programs had no influence on

eggshell weight. Agreeing with this result,

Lewis and Perry (1990), in an experiment with

four lines of white-egg layer hens, and Freitas et

al.(2010), with brown-egg layers, also did not

observe differences in this variable with the use

of intermittent light as compared with the

continuous program. Eggshell yield also did not

vary with the programs, but this was an

expected result, since there was no effect on

eggshell weight or egg weight, either.

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Table 2: Eggshell weight (SW), eggshell yield (SY), eggshell thickness (ST), specific weight (SW), and

Haugh Unit (HU) of eggs from Japanese quails under different lighting periods.

Lighting

program*

Variable

SW SY ST SW HU

(g) (%) (g) (g/cm3)

INP 0.985 8.42 0.238 1.078 89.71

IP 1 1.000 8.42 0.238 1.077 90.61

IP 2 1.032 8.57 0.237 1.077 89.59

CP 1 1.002 8.53 0.240 1.078 89.37

CP 2 0.995 8.44 0.241 1.077 90.08

CV 2.69 1.78 3.23 0.09 1.73

PROB 0.1944 0.5140 0.9408 0.8734 0.8101

*INP = increasing natural photoperiod; IP 1 = intermittent photoperiod 1 (one period of 15 min of

artificial light/ay); IP 2 = intermittent photoperiod 2 (two periods of 15 min of artificial light/day); CP 1 =

continuous photoperiod with 15 h of light and 9 h of darkness; CP 2= continuous photoperiod with 17 h

of light and 7 h of darkness.

Eggshell thickness was not influenced by the

different programs. Contrasting results were

found by Rowland (1985), Sauveur and Mongin

(1983), and Lewis and Perry (1990), who

observed an improvement in the shell thickness

of eggs from laying hens with the use of

intermittent light compared with continuous

programs. The authors explained that these

responses may be linked to the locomotor

activity of the bird, which is reduced to its

lowest in periods of darkness. As their

movement is reduced, the energy expenditure is

also reduced, which causes their feed efficiency

to increase in intermittent programs, resulting in

better availability of calcium for the formation

of the egg. In the present experiment, the

darkness periods did not contribute to

improving the use of nutrients to improve shell

thickness, and even in the birds from the

treatment with natural light, which consumed

less feed than the others, this fact did not

contribute for them to produce eggs with thinner

shells.

The results for specific weight demonstrate

there was no effect of the different programs on

this variable. Similar results were found by

Freitas et al. (2010) and Gewehr et al. (2012),

who also did not observe an effect of

continuous, natural, and intermittent programs

on the specific weight of eggs from brown-egg

layer hens. According to Gewehr et al. (2012),

the analysis of this variable has been used as a

routine practice on farms to evaluate shell

quality. This procedure is supported by the fact

that the albumen and yolk of fresh eggs have

almost the same density as that of water,

whereas the density of the eggshell is 2.2 times

higher than that of water. Therefore, the

eggshell quality increases as the specific weight

is increased (Castelló Llobet et al., 1989).

The Haugh unit is a method utilized to

evaluate the albumen quality. It is the result of

albumen height corrected for egg weight, and its

use is universal due to its easy applicability and

high correlation with the appearance of the egg

once it is cracked (Williams, 1992). Because the

programs had no effects on this variable, it can

be stated that the intermittent light did not affect

the physiology of the oviduct in the egg white

synthesis negatively. Similar results were

observed by Freitas et al.(2010), in studies with

brown-egg layers.

Overall, based on the results of the research

studies cited here and on those found in the

present experiment, intermittent programs do

not change the quality of the eggs, and so this

can be an alternative to be adopted by the quail

farmer as a way to reduce electric power

consumption.

Conclusion

The use of increasing natural light during the

period of experiment was detrimental to the

performance of laying quails at the age of 14 to

26 weeks, as it compromised egg production

and feed conversion in kg of feed / dozen eggs

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in kg of feed / kg of eggs. However, there is a

need for more research, in longer natural

photoperiods, to see if the results would be

different than those presented in this research.

Lighting programs with intermittent

photoperiods can be used to raise quails in the

laying period from 14 to 26 weeks of age, since

it does not compromise their productive

performance or egg quality.

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RPCV (2018) 113 (605-606) 52-58

52

Effect of transport and lairage period on veal ultimate pH

Efeito do transporte e do tempo de permanência na abegoaria no pH final

da carne de vitela

I.C. Antunes1,2, M.A.G. Quaresma*1, L.S. Correia3, J.B Fraga3, J.N. Matos Costa1,3

1Centro de Investigação Interdisciplinar em Sanidade Animal (CIISA), Faculdade de

Medicina Veterinária, Universidade de Lisboa, Pólo Universitário Alto da Ajuda, 1300-

477 Lisboa, Portugal 2CEER, Instituto Superior de Agronomia, Universidade de Lisboa, Tapada da Ajuda,

1349-017 Lisboa, Portugal 3Grupo Jerónimo Martins, Lisboa, Portugal

Summary: The present study evaluates the

influence of different ante-mortem management

measures related to transport (type and duration)

and lairage resting time on veal ultimate pH

(pHu) according to animal’s sex and breed

(Holstein- Friesian (HF) and Crossbred beef

(CB)).

Indirect transport to the slaughterhouse was

associated with higher pHu than was observed

on direct transport type (P<0.001; 5.78 versus

5.68). In indirect transport, the pHu value varied

positively with the number of animal loading

events, while in direct transport, longer

distances corresponded to higher pHu values.

Irrespective of the transport type and the lairage

resting time, the HF veal presented higher pHu

mean value than CB counterparts (P<0.001;

5.73 versus 5.65). The results also suggested

that males react to indirect transport in a more

stressful way than females, since their pHu

appeared significantly higher (P<0.05; 5.80

versus 5.60). Such differences between sexes

were not observed under direct transport.

Lairage resting periods equal or higher than 15

and 20 hours were associated with significant

higher pHu values in male and female calves,

correspondingly. On the other hand, CB calves

seem to be more tolerant to the lairage

environment than HF calves, since lairage

resting periods higher than 10 hours result in a

significant pHu rise on HF, while in CB calves

such was only observed in resting periods

longer than 20 hours.

Resumo: O presente estudo avalia a influência

de diferentes medidas de maneio ante-mortem

relacionadas com o transporte (tipo e duração) e

período de tempo em abegoaria no pH último

(pHu) da carne de vitela em função do sexo e

raça dos animais (Holstein-Frísia (HF) e

Cruzados de carne (CC)).

O transporte indirecto para o matadouro

originou um pHu mais elevado do que o

observado no transporte directo (P<0.001; 5,78

versus 5,68), tendo aquele valor variado na

razão directa do número de carregamentos

efectuados. No transporte directo, a viagens

mais longas corresponde um valor de pHu mais

elevado. Independentemente do tipo de

transporte e do período em abegoaria, a carne

dos vitelos HF apresentou um valor médio de

pHu superior aos de origem CC (P<0.001; 5,73

versus 5,65). Os resultados sugerem ainda que

os machos reagem ao transporte indirecto com

maior nível de stress acumulado, pois

apresentaram um valor de pHu superior ao das

fêmeas (P<0.001; 5,80 versus 5,60). Estas

diferenças entre sexos não foram observadas no

transporte directo.

Períodos de repouso em abegoaria iguais ou

superiores a 15 e 20 horas foram associados

com valores de pHu significativamente mais

elevados nos machos e fêmeas, respectivamente.

Por outro lado, os vitelos CC parecem tolerar

melhor o ambiente de abegoaria do que os

vitelos HF, uma vez que, nestes últimos,

períodos de abegoaria superiores a 10 horas

contribuem para um aumento significativo do

pH, enquanto nos vitelos CC isso só se verifica

em períodos de abegoaria superiores a 20 horas.

*Correspondência: [email protected]

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Antunes et al., RPCV (2018) 113 (605-606) 52-58

53

Introduction

Purchasing decisions related to red meat are

mostly influenced by its appearance, more than

any other quality attribute. The bright cherry-red

colour is perceived as an indicator of

wholesomeness, while purple and brownish

colours are believed to come from older animals

and to be less suitable for consumption,

respectively (Mancini and Hunt, 2005).

The final stage of animal husbandry is

associated with several procedures that usually

induce stress, which is detrimental to both

animal welfare and meat quality (Trunkfield and

Broom, 1990; Van de Water et al., 2003;

Schwartzkopf-genswein et al., 2012).

Transportation can be associated with various

stressors, as restrain, loading and unloading, fast

or forced movements, breakdown of social

groups, noise, vibrations, climatic conditions,

etc. (Marenčić et al., 2012). The lairage

environment can also be stressful by either

psychological or physical factors, such as

restraint, handling, the novelty of the lairage

environment, hunger, thirst, fatigue, injury or

thermal extremes (Grandin, 1997; Fazio and

Ferlazzo, 2003; Apple et al., 2005). Stress

throughout the pre-slaughter period promotes an

intense activation of the sympathetic nervous

system, with the consequent release of

catecholamines, which are responsible for

increased heart rate and glycogenolysis

stimulation at muscle level (Tarrant, 1989;

Lensink et al., 2001), which may result in

muscular depletion of energy reserves, as ATP

and glycogen, leading to meat with a higher

ultimate pH (pHu) (Kannan et al., 2002).

Bleeding in the slaughter process makes the

oxygen and nutrient delivery to the tissues

impossible, and glucose metabolism involved in

ATP synthesis shifts from aerobic to anaerobic,

which results in lactate production and the pH

decline. The pH decline is of crucial importance

in the conversion of muscle to meat and to the

meat quality status (Immonen et al., 2000).

Therefore the ante-mortem decline of glycogen

reserves, results in low lactate production after

slaughter, leading to meat with pHu values

above 5.5 and, and in extreme cases to pHu

values above 5.8, which are associated with

quality problems (Marenčić et al., 2012). Such

high pHu condition results in a dark, firm and

dry meat, known as DFD meat (Ngapo and

Gariépy, 2006), which is depreciated due to its

unattractive dark colour, reduced shelf life and

weaker beef flavour (Immonen et al., 2000).

The aim of this study was to evaluate the

effect of transportation (type, distance and

number of loads) and lairage resting period on

meat pHu.

Material and methods

A population of 553 calves with 8 months

old (150 females and 394 males) and two

genetic backgrounds: Crossbred beef (CB) (335

animals) and Holstein-Friesian (HF) (218

animals) were used in this study. In each

animal, the right half-carcass was used to

measure the ultimate pH (pHu) (24 hours post

mortem), which was performed in two muscles

(longissimus thoracis and semitendinosus) with

a potentiometer with glass membrane electrode

sensitive to hydrogen ions coupled with

perforating blade (Testo, Hampshire,

Inglaterra). The potentiometer calibration was

performed on a daily basis, and was conducted

in pH 4 and pH 7 buffering solutions.

The transport to the slaughterhouse was

performed by two ways: direct transport, when

animals were transported directly from a single

loading point to the slaughterhouse; and indirect

transport, when animals loaded from different

farms were included in the same vehicle to the

slaughterhouse. The groups of each loading

were kept isolated inside the truck, and those

animals loaded earlier travelled a longer

distance, and expectably suffered an higher

level of stress associated to the repeated vehicle

stops. The vehicle used in this study was a

double decker truck with the capacity to carry a

total of 60 calves under a density of 0.87

animal/m2, that was the animal density used

throughout the study. Animal loading and

unloading to the first deck was made by a ramp,

while the transfer from the first to the second

deck was made with a lift

In direct and indirect transportations, the

travel was previously defined before

transportation start and a tachograph was used

to measure the distance and travel time.

At slaughterhouse, independently of

transportation type, all unloaded animals were

allowed to rest in lairage pens, for no less than 2

hours. Considering that animals were held in

lairage for quite variable period, the lairage

resting period was also recorded.

To assess the effect of time on transport

(expressed on minutes) on pHu, this variable

was grouped into 3 classes (<60; 60-120; >120

minutes), likewise, transport distance (expressed

on km) was also divided into 3 classes (<50; 50-

100; >100 km). The so called lairage resting

period was converted into 3 classes (<5;10-15;

15-20; >20 hours) to access the effect on pHu.

Statistical analysis

The statistical analysis was accomplished

using the MIXED procedure of SAS (SAS Inst.,

Cary, NC, USA), version 9.3. Since pHu

measurements on two different muscles from

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Antunes et al., RPCV (2018) 113 (605-606) 52-58

54

the same animal are not independent

observations, pHu was treated as repeated

measure within the same animal. Considering

the Mixed procedure of SAS, firstly we tested

the effect of Sex, Breed and Muscle and the

existence of a statistical significant interaction

between these three main effects, which was not

confirmed. Afterwards, we tested the influence

of several main effects on pHu, and tested them

in pairs, including the existence of a statistical

significant interactions between these main

effects, namely: Breed (B) Transport (T) and

B*T; Sex (S) Transport (T) and S*T; Breed (B)

Time (T) and B*T; Sex (S) Time (T) and S*T;

Breed (B) Stops (S) and B*S; Sex (S) Lairage

(L) and S*L; Breed (B) Lairage (L) and B*L.

Least square means were presented and

compared using the LSMEANS/PDIFF option

when interaction effect was significant

(P<0.05).

Results

The analysis of the results revealed that sex

(S), breed (B) and muscle (M) had a highly

significant influence on pHu (P<0.001; Table

1), but no significant interactions were observed

between main effects S*B, S*M and B*M

(P=0.13; P=0.31and P=0.10, respectively; data

not shown). Males displayed higher pHu (5.72)

than females (5.66), and HF veal presented

higher pHu (5.73) than was observed on CB

veal (5.65). The longissimus thoracis (LT)

muscle presented higher pHu (5.72) than was

observed on semitendinosus (ST) muscle (5.66).

The effect of transport type on pHu (Table

2) revealed that indirect transport to

slaughterhouse was for both genetics associated

with higher pHu than was observed on their

counterparts transported directly to the

slaughterhouse. On the other hand, a statistical

significant interaction was observed between

sex and transport type (P<0.001) showing that

direct transport to the slaughterhouse did not

contribute to pHu differences between sexes,

while higher pHu was observed on males (5.80)

than females (5.60), whenever multiple loads

were used (Table 3).

Under direct transport to slaughterhouse, the

effect of distance and breed on pHu (Table 4)

and the effect of distance and sex on pHu (Table

5), revealed a significant interaction (P<0.001)

between breed and transport distance (B*D),

showing that in HF calves, a transport distance

between 50 and 100 km was associated with

higher pHu (5.84) than was observed in shorter

transports (<50 km; pHu=5.69), conversely in

CB calves higher pHu values were observed in

shorter (<50 km; pHu=5.67) or longer transport

distances (>100 km; pHu=5.69) than on

intermediate transport distances (between 50-

100 km; pHu=5.60). In direct transport, still it

was observed that veal from male calves tended

(P=0.09) to present higher pHu than when it was

obtained from female calves.

When considering the number of stops for

loading (Table 6), it was observed that higher

number of loading stops was associated with

higher pHu. The results also suggest that a

single stop in HF calves was associated with

superior levels of stress than was experienced

by CB calves in equal or superior number of

stops (between 1 and 3 stops), since HF veal

presented higher pHu values.

The pre-slaughter period ends in lairage

environment that is regarded as a resting period,

but it can still be associated with some stress.

Regarding the effects of sex and lairage time

(Table 7), an interaction was observed between

these two variables (P=0.006) revealing that in

male calves resting periods up to 15 hours had

lower pHu than those kept for longer resting

periods (5.64 versus 5.83), while in females

calves resting periods until 20 hours were

associated with lower pHu than longer periods

(5.62 versus 5.78). Similarly, a statistical

significant interaction was observed between

breed and lairage resting period (Table 8;

P=0.02), evidencing that CB calves can rest

with lairage environment up to 15 hours without

any significant change on pHu value, while for

HF calves changes in pHu occurred much

earlier (somewhere between 5 and 10 hours).

Discussion

Considering the overall data, the average

pHu values presented for both genetic groups

(HF and CB) and sexes were below 5.8, the

limit value for beef DFD status (Van de Water

et al., 2003). Nevertheless, the study presented

herein showed that, even at younger ages,

animal characteristics as sex and genetic

background influences meat pHu and the

muscle used for pH assessment is also an issue

of prime relevance to meat pHu. Male calves

were associated with higher pHu than female

calves, independently of the genetic

background. The results presented herein for

veal pHu are in agreement with the results

previously reported by Mach and Bach (2008),

in which the incidence of DFD beef (pHu>5.8)

tended to be higher in males than in females (P

= 0.08). Moreover, when considering older

animals, an higher incidence of DFD beef

(pHu>5.8) was observed in males (bulls and

steers) than in females (Viljoen, 2000).

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Table 1 – Effect of sex, breed (Holstein-Friesian (HF) and Crossbred beef (CB)) and muscle

(longissimus thoracis (LT) and semitendinosus (ST)) on veal pHu

Sex Breed Muscle P

Male Female HF CB LT ST Sex Breed Muscle

pHu 5.72 5.66 5.73 5.65 5.72 5.66 <0.001 <0.001 <0.001

Table 2 –Effect of Transport type and breed on veal pHu

Direct Indirect P

HF CB HF CB Breed Transport B*T

pHu 5.73 5.62 5.86 5.69 <0.001 <0.001 0.18

Table 3 –Effect of transport type and sex on veal pHu

Direct Indirect P

Male Female Male Female Sex Transport S*T

pHu 5.69b 5.63b,c 5.80a 5.60c <0.001 0.06 <0.001

Table 4 –Effect of breed and transport distance (km) on veal pHu

CB HF P

Distance <50 50-

100

>100 <50

50-

100 Breed Distance B*D

pHu 5.67b 5.60c 5.69b 5.69b 5.84a <0.001 0.08 <0.001

Different superscripts correspond to statistical significant differences (P<0.05)

Table 5 –Effect of sex and transport distance (km) on veal pHu

Male Female P

Distance <50 50-

100

>100 <50

50-

100

>100 Sex Distance S*D

pHu 5.69 5.71 5.74 5.65 5.60 5.68 0.09 0.65 0.36

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Table 6 –Effect of Breed and Number of Stops on veal pHu

CB HF P

0 1 2 3 0 1 Breed Stops B*S

pHu 5.62 5.68 5.71 5.79 5.73 5.85 0.001 <0.001 0.44

Table 7 –Effect of Sex and Lairage Resting Period on veal pHu

Male Female P

<5 10-

15

15-

20

>20 <5

10-

15

15-

20

>20 Sex Lairage S*L

pHu 5.59b 5.66b 5.79a 5.87a 5.58b 5.62b 5.62b 5.78a 0.001 <0.001 0.006

Table 8 –Effect of Breed and Lairage Resting Period on veal pHu

CB HF P

<5 10-

15

15-20 >20 <5 10-15

15-

20

>20 Breed

Lairag

e

B*

L

pH

u

5.59

d

5.56

d

5.69b,

c

5.82

a

5.64c,

d

5.75a,

b

5.81

a

5.88

a

<0.00

1 <0.001

0.0

2

Concerning differences observed between

breeds, HF calves presented higher pHu values

than CB calves, which is in agreement with the

higher incidence of DFD meat previously

observed by Mach and Bach (2008) and may be

explained by differences in reactiveness to

stressful handling manoeuvres between breeds

(Shackelford et al., 1994; Önenç, 2004), which

could influence muscular glycogenolysis rate

(Mach and Bach, 2008). In our study differences

between breeds could be due to differences in

the maturity stage, i.e., despite equal age at

slaughter, HF calves tend to enter puberty

earlier (10-12 months) than CB animal (11-15

months) (Jainudeen and Hafez, 2016).

Higher pHu values were obtained from the

longissimus thoracis muscle than from the

semitendinosus muscle. Differences observed

between different muscles from the same animal

may be explained by: 1) the muscle fibre type

composition; 2) variability of glycogen reserves

among different muscle fibres; 3)

glycogenolytic response to epinephrine is

variable between different muscle fibre types

(Tarrant, 1989; Alasnier et al., 1996; Larzul et

al., 1997). The muscle fibre composition of

longissimus thoracis and semitendinosus

muscles reveals some dissimilarities, i.e.,

semitendinosus muscle comprises a higher

percentage of fibre type IIB (53-68% of total

muscle fibres) than longissimus thoracis (40-

53% of total muscle fibres), (Vestergaard et al.,

2000). The type IIB fibres possess higher

glycogen reserves than other muscle fibre types

(Klont et al., 1998). After slaughter, these

glycogen reserves are potentially converted into

lactate, which is responsible for a lower pHu

observed on the semitendinosus muscle.

The pre-slaughter phase includes the

conditions and practices that allow the

movement of the animals from the farm to the

slaughterhouse. During this period, animals can

be exposed to a broad range of stress factors,

such as handling and increased human contact,

strange environments, food and water

deprivation in long distance transport, mixing of

animals and changes in climatic conditions

(Ferguson and Warner, 2008). The intensity and

length of those stress factors and also the

susceptibility of the animal to stress will result

inevitably in product quality and quantity losses

(Ferguson et al., 2001). The results presented

herein shown that indirect transport (mixed

loads) encloses higher pHu values than direct

transport (single load). The explanation for this

may rely on the fact that, cattle interactions lead

to the establishment of a social hierarchy that is

based on a dominant-subordinate nature

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(Jainudeen and Hafez, 2016) established by

agonistic behaviour, particularly in young bulls.

Such agonistic behaviour is associated with

intense physical activity and, consequently,

consumption of muscular glycogen reserves

(Warriss, 1990), compromising meat quality

(Ferguson et al., 2001). Therefore, mixing

animals from different social groups has been

associated with poor animal welfare (Broom,

2005). When animals from different social

groups are mixed in the vehicle during transport

to slaughterhouse, they are kept mixed on

lairage and it might stimulate dominance

behaviours, even in young calves with just 6

months of age (Trunkfield and Broom, 1990).

Herein, mixed loads were associated with higher

pHu values, but only in males suggesting that

the establishment of a social hierarchy in males

comprises more physical activity or is

associated with an increase level of stress than

occurs in females.

The total transport event (loading, journey,

unloading and new environment) is stressful for

calves, even if it concerns only a short journey

(Van de Water et al., 2003). In contrast with our

results, Mach and Bach (2008) observed that

longer transport distance/time (≥150 km or

≥3.45 h), had no effect on meat pHu, which

suggest that stress factors associated with this

transport distance/time were probably too low to

exert negative effects on meat pHu. Moreover,

Villarroel et al. (2003) demonstrated that

transport time (30 min, 3 h or 6 h) had no effect

on pHu. The explanation for the contradictory

results may be on the use of different animal

breeds and different conditions prevailing

during the journeys between studies, since these

are two aspects that will meddle the influence of

transport stress in cattle (Ferguson and Warner,

2008).

Węglarz (2011), considered that transport is

less stressful than lairage for bulls, if they are

kept in groups, because fights and attempted

mounts are unavoidable. Additionally, Raj et al.

(1992) suggest that the mixture of animals in

lairage, even in a short period of time, must be

avoided to prevent the occurrence of DFD meat

(pHu> 5.8). In our study, the animals that stayed

for long periods in lairage had a higher pHu

value, independently of gender or breed, which

is in agreement with the results obtained by

Mach and Bach (2008).The explanation for this

fact may be on lairage environment, that is

different from usual, a higher animal density,

breakdown of social group or mixture of

animals from different farms. However,

Mounier et al. (2006) reported contradictory

results, in which the meat pHu of bulls

decreased when lairage resting period was

greater. Moreover, these authors suggested that

bulls should stay at slaughterhouse more than 17

h to avoid high meat pHu.

Conclusion

The study results shows that even in younger

ages the ante-mortem period should be planned

carefully. Special attention should be given to

male calves, and particularly to HF calves,

which revealed to be more sensible to stressors

and prone to higher pHu. Moreover, in the

direct transport attention should be given to

reduce the distance between farm and

slaughterhouse, while in indirect transport the

number of loads should be reduced, to avoid

high pHu. Concerning the lairage resting period,

shorter periods embrace lower pHu values,

being for that reason recommended.

Acknowledgments: We are grateful to

Sourcing Talho of Jerónimo Martins, namely Sr.

Salgueirinho, for providing us the conditions

necessary for pH assessment.

We would like to thank CIISA-FMV-ULisboa,

under project CIISA: UID/CVT/00276/2013

provided the funding for sample analysis.

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