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Revista 21 - Edição 25 - Maio/Junho 2016

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A disposição de participar, espontaneamente, de ações pelo bem comum, emprestando o próprio talento a ini-ciativas que ajudem a construir um mundo mais humano, atrai número crescente de homens e mulheres. Mais exa-tamente, um a cada dez cidadãos estaria engajado em trabalhos voluntários, de acordo com pesquisa da Funda-ção Itaú Social. Proporção três vezes maior já teve a ex-periência de atuar em projetos dessa natureza. A maioria, atraída pela expectativa de “sentir-se útil e fazer o bem”.

Cada vez mais, ser voluntário conta pontos, tam-bém, no status profissional, desenvolvendo competên-cias voltadas à liderança e ao relacionamento, como apontam consultores ouvidos pela Revista 21. Repor-tagem que começa na página 40 mostra pessoas que se encontraram no voluntariado, além de instituições e empresas identificadas com a prática, como o Corpo de Bombeiros e o Hospital Dona Helena. “O compromisso social se estende ao ambiente corporativo e reforça o perfil multifuncional dos times”, endossa Emerson Za-

ppone, diretor de operações da Embraco, que mantém programa de voluntariado há mais de 12 anos.

Também com forte viés público, o modelo dos chama-dos negócios sociais chega a Santa Catarina. Em maio, a Yunus Negócios Sociais anunciou a criação de uma repre-sentação regional em Joinville. Por definição, essa moda-lidade de negócio tem foco em soluções para problemas sociais ou ambientais, sendo autossustentável financei-ramente – o êxito desses empreendimentos não é men-surado pelo lucro, mas pelo impacto social. Reportagem sobre o tema pode ser lida na página 48.

Na mesma linha, a entrevista com o renomado de-signer Marcelo Rosenbaum, na página 8, mostra o êxito de um projeto que estimula pequenas comunidades dos recônditos do Brasil a trazer de volta a cultura de seus ancestrais, para a concepção de objetos de artesa-nato, em um trabalho que leva melhorias sensíveis para essas populações. São bons caminhos para a redução das desigualdades sociais no país.

MÃOS À OBRA

NESTA EDIÇÃO

AO LEITOR

60 VAMOS A BARCELONA?

ARQUIVO PESSOAL

8 Essência social do design 14 O balanço da gestão Martinelli 17 Casa do empresariado completa 10 anos 28 Toque japonês nos objetos de desejo 30 Giannetti analisa os cenários da economia 38 Os números do eleitorado joinvilense 40 O viés do voluntariado 50 Na hora das compras, a união faz a força 53 Produtos especiais para res-trições alimentares 56 Marcas locais vão às Olimpíadas 58 Vitae: o acordeonista do hotel 62 Marketing assertivo 64 Livros para sua cabeceira 72 Por que negociação é tensão

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O modelo atual de formação para a indústria acabou. Cerca de 65% das crianças de hoje estarão em empregos que ainda não existem. A chamada quarta revolução industrial já chegou, transformando as empresas – e a sociedade. Esse tema tão palpitante, que foi discutido em painel da Expogestão por executivos e representantes de institui-ções de ensino, deixa a certeza de que a principal matéria-prima dos novos tempos é a informação.

José Hahn Filho, presidente da Pollux Automation, advertiu em sua fala que as grandes empresas poderão ter as posições ameaçadas pe-las pequenas – mais rápidas e ágeis. Como são, também, as mudanças que transformam, todos os dias, a indústria global. Será preciso investir menos em máquinas e equipamentos e apostar, mesmo, na inteligên-cia. A interconectividade e a supercomputação, com ampla disponibi-lidade de dados em função da nuvem, tiram os principais projetos de dentro do espaço físico das fábricas. Para completar, Valsoir Tronchin, vice-presidente de vendas e inovação da SAP Brasil, destaca que os cus-tos desses projetos e processos devem cair ainda mais.

Uma das maiores preocupações do futuro que já chegou é a se-gurança cibernética. “A confiança vai ser, cada vez mais, o ativo mais importante das empresas e da nova economia.” O grande impacto cor-porativo dessa quarta revolução industrial é, ainda, o aperfeiçoamento, a massificação e a redução drástica dos investimentos em equipamen-tos. E quem vai estar à frente do processo? Quem vai preparar, enfim, crianças e jovens para a era digital? Quem será o principal personagem da verdadeira mudança de paradigmas – apontada como essencial, no sistema de ensino brasileiro? O desafio está lançado.

A OUTRA REVOLUÇÃO NECESSÁRIA

Número 25. Maio e junho de 2016

Em alusão ao novo século, pleno de desafios, a Revista 21, publicação bimestral da Associação Empresarial de Joinville (Acij), aponta, ao mesmo tempo, para o momento atual e para o futuro, para o contemporâneo e para o que está por vir. Tem por objetivo levar informação de qualidade ao leitor sobre os grandes temas de interesse da classe empresarial, sempre com visão local.

Conselho editorial Ana Carolina Bruske (diretora financeira)

Débora Palermo Melo (Acij)

Diogo Haron (Acij)

Carolina Winter (Winter Comunicação)

Simone Gehrke (EDM Logos)

Jornalista responsávelJúlio Franco (reg.prof. 7352/RS)

Produção/EdiçãoMercado de Comunicação/Guilherme

Diefenthaeler/(reg. prof. 6207/RS)

ReportagemAna Ribas Diefenthaeler, Letícia Caroline,

Mayara Pabst, Marcela Güther, Karoline

Lopes

Projeto gráfico, diagramação, ilustrações e infográficosFábio Abreu

FotografiaPeninha Machado, assessorias

de imprensa

ImpressãoTipotil Indústria Gráfica

(47) 3382-2238

Tiragem3,5 mil exemplares

[email protected]

Será preciso investir menos em equipamentos e mais em inteligência

Av. Aluisio Pires Condeixa, 2550

3461-3333

acij.com.br

twitter.com/acij

facebook.com/acijjoinville

BANCO DE IMAGENS

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“O Brasil tem mais 15 anos de bônus demográfico, mas, quando virar a taxa de dependência, a conta previdenciária, que já é pesadíssima, explode. Se não agirmos agora, só vai piorar”Eduardo Gianetti, economista e

cientista social, página 30

“Não acredito em responsabilidade social. Se você fala em responsabilidade social, de outro lado, significa que não está tendo essa responsabilidade. O sonho é integrar tudo, tudo ser responsabilidade social. Para que uma empresa trabalha? Para servir. O mesmo para os políticos. Para o trabalho. Tudo é social”Marcelo Rosenbaum, designer, página 11

“Neste contexto de instabilidade, a formação acadêmica para um

ambiente econômico produtivo exige parceria e cumplicidade dos centros de formação com as forças empresariais” Fabiane de Amarante, gestora de

Graduação e Pós-Graduação da Fundação

Cenecista de Joinville (FCJ), página 20

“A melhor estratégia é investir na valorização do cliente, fidelizá-lo à marca, personalizar o atendimento e o pós-venda” Márcio Nascimento, gerente do Grupo

Barigui, página 21

A REVISTA EM FRASES

Um achado na Feira de Antiguidades da Expoville. A dona de casa Fátima Hofmann, que gosta de frequentar feiras e sebos, encontrou a imagem ilustrando um cartão postal – e logo compartilhou no “Joinville de Ontem”, grupo de Facebook. Em cena, o Corpo de Bombeiros Voluntários, criado em 13 de julho de 1892. Resultado da cultura empreendedora e solidária dos imigrantes, a instituição foi pio-neira no Brasil. Na foto, a equipe traja uniforme e leva seus equipamentos, como bombas manuais e baldes de lonas. O registro foi originalmente utilizado em carta, com selo datado de 1992. O trabalho da corporação é enfocado em reportagem sobre vo-luntariado, nesta edição.

Se você tem uma imagem que retrate algum período da história de Joinville, en-

tre em contato com a redação pelo [email protected]. A

foto poderá ser publicada na capa em uma das próximas edições.

A FOTO DA CAPAARQUIVO PESSOAL

DIVULGAÇÃO

“Se a burocracia tributária brasileira pelo menos estivesse na média da América Latina, teríamos um país mais atrativo ao investimento estrangeiro” Evanildo Lins, sócio da Lins Karnopp &

Advogados, página 27

“O voluntário passa a valorizar mais as pequenas coisas, a vida, o meio ambiente e o patrimônio. Adquire maior senso de responsabilidade e segurança” Jaekel Antonio Souza, comandante

do Corpo de Bombeiros Voluntários de

Joinville, página 46

“Percebemos a oportunidade de ganhar volume juntando nossas compras. É bom para as empresas nucleadas e também para os fornecedores, que ganham 14 clientes qualificados” Francisco Hackbarth, engenheiro,

presidente do Núcleo de Construção da

Acij, página 51

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ABRE ASPAS

Por Guilherme Diefenthaeler Remoto povoado do sertão brasileiro, Várzea Queimada se situa no inte-rior do interior de Jaicós, cidadezinha de 18,5 mil habitantes a 352 qui-lômetros de Teresina, a capital do Piauí, no Nordeste brasileiro. A região é marcada pela seca – são oito meses por ano sem um pingo de chuva. As casas não têm infraestrutura básica, como água encanada ou energia elétrica, e a população vive da agricultura de subsistência. Pois há cinco anos uma equipe multidisciplinar de 47 profissionais comandados pelo designer Marcelo Rosenbaum escolheu esse ponto esquecido do mapa para implementar o projeto “A Gente Transforma”, embasado no resgate de culturas ancestrais e das raízes populares para a concepção de objetos de artesanato.

Em Joinville, onde ministrou concorrida palestra na Expogestão, Ro-senbaum informou que esse verdadeiro negócio social já promoveu me-lhorias sensíveis na comunidade de 900 moradores, dos quais 60 mulhe-res trabalham no artesanato. A atividade feminina é a criação de peças de palha e carnaúba, enquanto os homens reciclam borracha de pneus, que viram itens como tapetes, colares, chaveiros, anéis e rosários. Os produtos são vendidos em mais de 20 lojas de design de luxo, no Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e em outros grandes centros. O projeto foi tema da celebrada São Paulo Fashion Week, em 2012, inspirou exposição no Masp, e há boas perspectivas de ganhar o mundo, com a exportação das peças. Nesse embalo, o escritório de Rosenbaum encontrou oportunidades de repetir o modelo em outros lugares, do Maranhão ao Peru.

Em entrevista, o designer discorre sobre o conceito de “design essen-cial”, reitera que a ênfase do trabalho realizado está na proposta de co-criação e assinala o “potencial gigantesco” da economia criativa no país.

O que o design pode fazer pela humanidade?

MARCELO ROSENBAUM

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FOTOS: ANDRÉ KOPSCH/DIVULGAÇÃO

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Qual é a transformação que o design pode promover? Chamamos de design essencial. E aprendemos a fazer isso com o projeto “A Gente Transforma”. Va-mos para as comunidades do Brasil profundo, olhamos para a cultura a partir da ancestralidade dos saberes. Visualizamos os valores essenciais das comunidades, considerando que o país tem o tamanho de um conti-nente, onde já moravam os índios, foi construído por negros e até por volta de 1880 não tinha universidade. Ou seja, eram, todos, saberes de subsis-tência, misturando índios e negros com portugueses. Era tudo na mão, artefato mesmo, com técnicas espe-cíficas – o que foi se perdendo com o tal do desenvolvimento. E esse saber todo vem sendo desperdiçado. Nós nos posicionamos como um agente transparente, invisível; vamos con-versar com a comunidade, aprender a olhar e reconquistar esses saberes. A partir desse envolvimento é que a gente pensa no objeto, que pode se iniciar como um artesanato, em ver-dade, um produto de subsistência que, na origem, não foi feito para en-feitar. É a essência do design – por-que design é desígnio, pela própria etimologia. Designar a serviço do homem. Ninguém resolveu dese-nhar uma cadeira, simplesmente: o ser humano precisou sentar, chegou alguém e designou uma cadeira para aquele ato que não seria mais sobre o chão. A mesma coisa vale para um prato, uma casa etc. É tudo desígnio. Buscamos exatamente este inverso, reconquistar, trazer de volta, estimu-lar a comunidade a examinar o que os seus avós faziam, e pensar tam-bém no processo, no mercado, em formas de produção.

Então a ideia é buscar nas comunidades referências para o desenvolvimento de produtos? Sim, com elas mesmas. Uma cocria-

ção, é junto com a comunidade que a gente desenvolve esses objetos. O trabalho é uma memória dos seus ancestrais, eles já faziam e deixam de fazer porque hoje, com o 1,99, compram um balde de plástico, não precisam mais do cesto de palha. É mais barato, sai de recurso natural de petróleo, que vem da terra, vem de avião da China, chega aqui e ain-da é mais barato do que um cesto de palha – que você tira da árvore sem matá-la. Você faz à mão, junta as mulheres para conversar, promove um relacionamento entre elas. Nos-so trabalho é tirar esse produto que estava perdido e que as conecta com a pobreza, levar para outro mercado, onde a gente conta a história da he-rança disso, e retorna como dinheiro, por meio da cultura.

Em que locais este trabalho já foi implantado? Vários pontos do Brasil. No sertão do Piauí, em Várzea Queimada, na Chapada do Araripe, uma das regiões mais pobres do país, onde a popula-ção vive oito meses de seca por ano. Não é que lá não haja desenvolvi-mento humano – tem muito amor, muito “desenvolvimento”, um senso de integração e de família que vi em poucos lugares no mundo. O que eles não têm são oportunidades. Lá, começamos há seis anos. Com o saber do fazer o cesto de palha de carnaúba, que havia se perdido, con-seguimos identificar com elas uma peça que existia ainda, que chama-vam de lixo, iam jogar fora, e hoje é patrimônio imaterial brasileiro. Foi escrito um livro e produzido um do-cumentário sobre Várzea Queimada, a partir do saber do cesto que já foi lixo. A comunidade está pensando em turismo com base comunitária e já recebeu muitos visitantes. Uma forma de manter os recursos para a permanência da cultura – afinal, sem isso, o turismo deixa de existir.

Que outros impactos a ação produz? O dinheiro é reinvestido no centro comunitário que a gente construiu com eles, estão com a produção do artesanato para o ano inteiro com-prometida. Nessa comunidade, são 900 moradores e há 60 mulheres no artesanato. Instituímos uma associa-ção de moradores, com 30 lideranças, entre jovens, idosos, mulheres e ho-mens, que estão pensando no mode-lo para a comunidade. Basicamente, todos pertencem a duas famílias, os Barbosa e os Carvalho. Já estou apli-cando o modelo em uma aldeia indí-gena no Acre e o governo do Peru me contratou para esse trabalho de res-significação do artesanato peruano, por intermédio do Ministério do Co-mércio Exterior e Turismo do país. É, enfim, uma forma de olhar o design. A indústria Suzano também acabou de me contratar para aplicar a meto-dologia na Estrada do Arroz, no Sul do Maranhão, com as mulheres quebra-deiras de coco que estão perdendo sua tradição. O trabalho pode ser rea-lizado em qualquer lugar do mundo. Como é design, envolve processo, co-criação, essência. E se vê muitas em-presas que perderam a sua essência; tudo vira meta, para se atingir núme-ros e lucro. Nessa relação, perde-se a essência daquele fundador por onde tudo começou e de onde saiu tudo. Entender e valorizar esse saber é o que constitui a economia criativa.

Quais são as características de uma comunidade para tornar viável um trabalho nesses moldes? Já comecei a fazer esse projeto em uma comunidade urbana, uma fave-la. Mas, com tráfico de drogas insti-tuído, política, fica mais complicado. Várzea Queimada é um grande labo-ratório. Uma comunidade esqueci-da, abandonada, no sertão. Quando falei, em São Paulo, que iria levar um projeto ao Piauí, as pessoas estra-nharam, “o que você vai fazer lá?”.

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Chegando ao Piauí, falei que estava indo para Jaecós, que é o município onde Várzea Queimada se localiza. Amigos de Teresina não entenderam. Em Jaecós, com o pessoal da prefei-tura: “O que você vai fazer em Várzea Queimada?” É o esquecido do esque-cido do esquecido. Mas a comunida-de guarda todos os saberes, por con-ta desse abandono; está tudo lá, de alguma forma. Lá, também estavam comprando plástico de 1,99, olhando para a internet, o sonho deles é ter cerâmica supercolorida, janela nova de alumínio, telhado de fibrocimen-to no lugar do barro, fazer edifica-ções de outros formatos. Observam esse futuro e acham que o cesto de palha é pobreza. Não querem voltar àquilo. A mesma coisa no Maranhão. Os filhos das quebradeiras de coco que amam estar em contato com a natureza, que veem o babaçu como uma grande entidade, vão se diver-tir. Mas há sofrimento. A indústria de cosméticos compra aquilo como

commodity, estipula valor, paga R$ 5 pelo litro do óleo de babaçu, enquan-to nas feiras locais pode se vender por R$ 14 – mas aí tem que ir, emba-lar, ficar lá, é uma vez ou outra que se vende. As indústrias compram para sempre. Esses lugares são perfeitos para trabalhar, mas no Brasil isso se encontra em qualquer esquina.

ECONOMIA CRIATIVA

O futuro está na economia criativa? Você percebe as empresas se movimentando nesta direção? Há um potencial gigantesco de co-nexão, mas a economia criativa des-conectada dos saberes ancestrais é complicada. Gosto de pensar na ma-nutenção desses saberes. Tem várias possibilidades de economia criativa. Olho o aspecto das comunidades, fazer à mão e desenvolver um espa-ço desses. Mas, em um país como o nosso, o potencial é riquíssimo, um brilhante, uma mina de ouro.

E o que as empresas podem aprender com esse conceito? Primeiro: a gente chega nos lugares para escutar. Parte da metodologia é

não ir com nada preconcebido. Cha-mo sempre uma equipe multidisci-plinar, pesquisador, designer, produ-tora, designer gráfico. A gente não vai com uma ideia feita, pensando em porta-guardanapo ou apoio de mesa ou cesto. A imersão faz par-te do processo. Nesse movimento, existe um vazio, um caos, permitir--se escutar o vazio, deixar as coisas fluírem em um tempo que está lá, mesmo que não seja rápido. É é um aprendizado dos mais interessantes. Trocar, cocriar, discutir as ideias...

Você acha que o modelo também seria inspiração para os projetos de responsabilidade social das empresas? Não acredito em responsabilidade social. Se você fala em responsabili-dade social, de outro lado, significa que não está tendo essa responsa-bilidade. É um grande equívoco, uma crença errada. Temos que caminhar para ser integrais. O sonho é integrar tudo, tudo ser responsabilidade so-cial. Para que uma empresa trabalha? Para servir. O mesmo para os políti-cos. Para o trabalho. Tudo é social.

Nessa cocriação, vocês interferem no processo ou é apenas um resgate do que era feito originalmente? A gente interfere em acabamento, pega o fio da meada, o pensamento daquilo, considera proporções, pen-sando no mercado. Como vão tra-balhar coletivamente, pensamos em uma linha de produção. Agregamos valor. No Peru, trabalhei com tecela-gem, com algodão nativo, que já nas-ce com sete cores naturais, e o tear é um tear de cintura que os povos locais usavam ainda antes dos incas. E elas estão deixando de fazer o que seus avós faziam por conta de suve-nires. O artesanato corre este risco: quando falo para grandes empresá-rios que trabalho com artesanato, a primeira coisa que falam é que preci-

Cestos de palha de carnaúba produzidos no interior do Piauí são encontrados em lojas elegantes, nos grandes centros do país

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sam de brinde para a firma, “preciso de 4 mil brindes, será que vão entre-gar?” Não faço brinde, não é este o foco. Estou trabalhando com design. Sabe Hermès? Prada? São caras por-que são marcas e porque os produ-tos são feitos à mão e continuam tra-balhando as tradições. Todo mundo paga porque é chique. Por que o feito à mão no Brasil tem que ser barato?

Como é feita a distribuição destes produtos e a capacitação das pessoas? Não acredito em capacitação, é uma palavra de fora para dentro. Acredito no ritmo e no talento das pessoas. Sou capacitado mais do que eles, a partir do trabalho. Aprendo mais do que eles. É uma descolonização. Ob-servar como estão vivendo naquele ritmo. Chegar em uma comunidade dessas e esperar que vire uma indús-tria está errado, está colonizando. Saber o que e quanto vão ganhar? De repente, neste momento, a questão não é o dinheiro; são muitos pro-cessos relacionados, todo um movi-mento. Até saber o que se faz com o dinheiro, como divide, porque isso fica lá: a gente vê que os benefícios estão sendo colocados comunitaria-mente. Não é toda comunidade que trabalha. Causa ciúmes, como em qualquer lugar. E cada comunidade tem um certo perfil. Trabalhar com índios é muito diferente. O cacique é o “presidente” e é família. Lida com uma questão social complexa. Ao mesmo tempo, é o gestor de um Es-tado, a aldeia indígena, e uma família. Imagina você viver só com sua famí-lia, primos etc., e ter que gerir isso... É a realidade dos índios. E a realidade deles nunca foi trabalhar com dinhei-ro, não há pertencimento. Tanto que os portugueses chegaram e “desco-briram” o Brasil, porque os índios não acreditavam que aquilo era deles. Eles estavam apenas usando aquele território, dado pelo grande espírito.

Então, cada caso é um caso. Claro que tem um mercado, tem as necessidades de entrega, mas dessa forma dá muito mais certo.

Onde os produtos são vendidos? São mais de 20 pontos no Brasil, tudo loja de design. Tem possibilidades de levar para fora do Brasil, lojas bem legais de design interessadas no produto. Estamos avaliando a questão de exportação, mas já fizemos algumas vendas para França e Inglaterra, por exemplo. Vale dizer que o grande problema do Brasil é logística. Uma loucura, mas damos conta no amor. É uma emoção para cada pedido fechado. A comunidade pega um caminhão que está vindo para São Paulo, de um amigo, com a caçamba vazia... Eles interceptam o caminhão no meio da estrada, correm para levar as caixas, colocam no caminhão e os produtos chegam a São Paulo, de onde são distribuídos para outras lojas.

Com tanta informalidade, como conseguem garantir prazos? Todo produto chega. Mas estamos profissionalizando o projeto. Começou com investimento do próprio escritório. É fruto de muito esforço. Tinha tudo para dar errado: a gente está falando de um lugar distante, que não traba-lhava com artesanato. Mas está funcionando. Com isso, ganhamos força e estamos conseguindo organizar. Já fizemos duas coleções. Sou curador do Museu de Arte Moderna de São Paulo, na parte de design, e uma das minhas missões era chamar cinco designers consagrados para criar produtos para os colecionadores do museu. Levei esses designers para Várzea Queimada, para atuar com a comunidade, dentro da metodologia do design essencial. Foi um sucesso. E os materiais foram para o museu. O projeto também envolve es-sas dimensões da mudança de opinião pública. Os produtos chegaram, leva-ram renda para a comunidade. Estou falando de uma startup, um exercício que vem acontecendo em lugares tão distantes quanto o Peru e uma aldeia indígena no Piauí. Também fui convidado pela Fundação Bradesco para fa-zer o projeto das novas moradias dos alunos de um dos internatos deles. E fui fazer esse trabalho de cocriação com os estudantes. Deu muito certo. A Fundação Amazônia Sustentável está me chamando para um trabalho com comunidades ribeirinhas, no Amazonas.

Projeto “A Gente Transforma” na comunidade do Parque Santo Antônio, em SP

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O advogado João Joaquim Martinelli assumiu a presidência da ACIJ há dois anos, em um momento político-econômico conturbado. Durante dois mandatos, trabalhou e defendeu as bandeiras da casa e da comu-nidade. “O cenário interferiu em tudo aquilo que pensávamos em fazer. Quando você fala, por exemplo, em investimentos em infraestrutura, sabe que o Estado e o município têm como principal preocupação pagar a folha, e fica difícil reivindicar muitas coisas”, afirma.

Prestes a entregar o comando ao sucessor, Martinelli faz um balanço da gestão e destaca, em entrevista, os principais desafios assumidos no comando da ACIJ, sublinhando a relevância pública da entidade.

O balanço de MartinelliGESTÃO

FOTOS: PENINHA MACHADO E DIVULGAÇÃO

INFRAESTRUTURAQuando assumimos, tínhamos algumas bandeiras importantes. Queríamos duplicar a Hans Dieter Schmidt – estamos com o projeto pronto, logo começaremos a ne-gociar com o governo estadual para verificar prazos e de onde virão os recursos. Também quere-mos a duplicação da Dona Fran-

Advogado identifica os principais desafios do trabalho, com ênfase em bandeiras de interesse público

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cisca e já conseguimos o projeto. Começa agora a batalha da busca de recursos. E queremos um novo acesso à BR-101. Mas, em todas essas vias, a duplicação esbarra em um negócio chamado dinhei-ro. É difícil discutir sobre dinheiro quando o quadro é de escassez de recursos.

HOSPITALLutamos pela construção de um novo hospital, mas, por enquanto, conseguimos a ampliação do Hospi-tal Hans Dieter Schmidt. A ideia con-tinua de pé. Não se trata de um hos-pital sustentado pelo Estado; é um hospital construído pelo governo, administrado pela iniciativa privada e doado para a comunidade.

SEGURANÇABrigamos também pela questão da segurança. Nesse item, que-ríamos chegar ao fim do mandato com 200 câmeras instaladas. Ao que tudo indica, teremos as 200,

mas queremos 300. E a ACIJ vai continuar insistindo. Adotamos uma frase: “Se a ACIJ não fizer, quem fará?”. Porque nós brigamos por essas coisas. As pessoas nos pedem para brigar com o governador por mais homens na polícia. Sabemos que precisamos de mais homens, o pro-blema é que o governador contrata xis homens, mas o contingente não aumenta porque outros xis se aposentam. Isso acaba dobrando a folha do Estado.

UFSCO que não andou mesmo foi a universidade. Não houve preocupação por parte do governo federal. A universidade não vai andar enquanto não houver dinheiro. Nosso temor começa por não perder o que está lá, aban-donado. Estruturas jogadas ao relento se deterioram. Ainda falta fazer a licitação do resto, do fechamento, do piso, do teto, do forro etc.

O complexo da universidade terá que ir adiante. Talvez não seja da ma-neira tradicional. Temos que fazer com que nosso campus seja indepen-dente do de Florianópolis. Isso é fundamental. Se não, o caminho fica mais longo. O primeiro passo é encurtar o caminho e tornar o projeto indepen-dente. O prefeito já está envolvido, as lideranças empresariais também estão apenas aguardando um cenário federal mais propício.

Ampliar rede de monitoramento em Joinville foi uma das reivindicações ao governo estadual: “Vamos continuar insistindo para chegar às 400 câmeras”, diz o presidente

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BOMBEIROSOs Bombeiros Voluntários são uma bandeira antiga da casa. Se a ACIJ não tivesse, como sempre, brigado por eles, não sei se ainda estariam aqui. Damos a eles uma predileção especial. Agora, parece que as coisas estão se encaminhando.

PARQUE TECNOLÓGICOO dono da área é parceiro e já fi-zemos inúmeras reuniões, para viabilizar uma “cidade” em torno do meio acadêmico. Mas as coisas ficam em espera: sem universida-de, não tem centro tecnológico. Sem o centro, é difícil ter uma uni-versidade que pretende ser tecno-lógica. As duas coisas estão inter-ligadas. O que não temos ainda é perspectiva sobre a universidade federal. Como se sabe, as obras fe-derais estão todas paradas.

GESTÃO PÚBLICANossa relação com a gestão muni-cipal também foi excelente. O pre-feito Udo Döhler foi sempre muito aberto e o governador também foi parceiro: sempre que precisamos, ele nos atendeu. A comunidade e os associados nos auxiliaram mui-to. Acredito que o papel de manter a ACIJ lá em cima foi cumprido.

AEROPORTOO aeroporto melhorou muito. Trouxemos a presidente da TAM, recentemente, e ela nos deu uma informação espantosa de que a companhia só pousava, quando estivesse chovendo, com 60% da capacidade. Como diminuir o va-lor da passagem se está forçando o equipamento a não embarcar passageiros?

A infraestrutura já melhorou muito. Mesmo sem a extensão da pista, o número de voos perdidos por condições climáticas caiu. É pre-ciso combinar a melhoria da infraes-trutura com a oferta e a procura por voos que saem daqui. Temos que fazer o joinvilense parar de pegar o avião em Curitiba.

CÓDIGO DE ÉTICAA ACIJ sempre foi uma organização extremamente ética. E sempre pri-mou por isso. Por óbvio, não adian-ta ter um código de ética e não ser ético. Resolvemos lançar o código para servir de exemplo para as-sociados e a comunidade. As pes-soas, às vezes, acham que ética é tema acadêmico, e não é assim. Diz respeito a comportamento diá-rio, de cidadania. A missão foi dar exemplo. Coincidentemente, veio

a calhar com o momento político. Acho que valeu o recado.

ACIJA ACIJ é uma entidade de enorme projeção pública. E está muito presente. Se você pegar todas as discussões da comunidade, a ACIJ está envolvida. As únicas coisas em que não nos envolvemos são pequenas, como pintura de faixa de pedestres. Não é o objetivo. No mais, não existe causa na cidade em que não tenhamos participa-ção. A entidade procura demons-trar que está sempre olhando a cidade como um todo. Aonde quer que você vá, a presença da ACIJ é muito forte, em feiras, eventos, palestras etc.

Nos dois anos da atual gestão, procurei cuidar mais da parte insti-tucional, dos eventos, da represen-tação, da divulgação da casa, e de-fendi as nossas bandeiras. Entendo que essa é a função do presidente. Busquei atender a imprensa, en-tidades públicas e empresários. Além de manter e levantar o prestí-gio da ACIJ. Imagino que o meu su-cessor vá receber a associação em um bom nível e continuar o traba-lho. Espero que ele melhore muito o que fizemos.

A SUCESSÃO

As eleições anuais para os conselhos e a diretoria da ACIJ ocorrem sempre na primeira quinzena de junho, ao término de cada mandato. Neste ano, o processo está marcado para 6 de junho. O candidato da chapa única é um dos atuais vice-presidentes da associação, Moacir Thomazi. Presidente do Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville, Thomazi já esteve à frente da ACIJ e deve suceder o atual presidente, João Martinelli. O jantar de posse da nova diretoria e dos novos conselhos – Superior, Deliberativo, Fiscal, dos Núcleos, das Entidades Patronais – e ainda dos presidentes dos núcleos e coordenadores do Gestão Compartilhada está programado para 27 de junho. O evento será realizado na Sociedade Harmonia Lyra.

Mais informações: (47) 3461-3333 ou [email protected]

DIVULGAÇÃO

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ACIJ17 REVISTA 21 17

s

A CASA DA ACIJ

10 anos de históriaA atual sede da ACIJ completa 10 anos em 2016. Antes do prédio localizado na Avenida Aluísio Pires Condeixa, a entidade atendia seus associados nos dois últimos andares do edifício Manchester, no Centro. A necessidade de um ambiente maior e mais estruturado era evidente. “O elevador do edifício era o mais antigo da cidade. Não raramente, estragava e tínhamos que subir ou descer a pé”, revela o vice-presidente Moacir Thomazi. A ideia de construir uma sede nova surgiu em 1998, na gestão do presidente Albano Schmidt: “Aque-les dois andares não haviam sido feitos para atender às nossas necessidades; eram salas comerciais, ambientes pequenos. Decidimos que o melhor cami-nho para viabilizar o projeto seria um fundo. Todo mês, 10% da arrecadação da ACIJ seria reservado para esse fundo”.

Ao assumir a presidência no ano seguinte, Thomazi estabeleceu algumas

premissas. “Primeiro, que o projeto seria escolhido em um concurso, para o qual

se inscreveram alguns escritórios. A segunda premissa é que deveríamos utilizar

o imóvel que havia abrigado o Centro de Desenvolvimento Biotecnológico

(CDB), o qual pertencia à ACIJ, para bancar a aquisição do terreno. Após muitas

negociações, doamos o imóvel para a prefeitura e fechamos o acordo”, relembra.

Foi estabelecido que a obra teria início no dia 4 de abril de 2004 (4/4/2004) e terminaria em 6 de junho de 2006 (6/6/2006). “Cravamos a primeira estaca em um domingo. Junto com o projeto, fomos construindo a equação finan-ceira. Estabelecemos uma dupla mensalidade, que era paga de forma espon-tânea, somada à venda de espaços e da antiga sede”, relata Thomazi. Assim como foi idealizada, a entrega da nova sede ocorreu dois anos e dois meses após o início do projeto. Instalada em 3.253 metros quadrados de área cons-truída, divididos em três pavimentos, hoje a ACIJ conta com um espaço ade-quado que permite o atendimento qualificado aos associados.

ACERVO ACIJ

Nas imagens, alguns momentos da obra que resultou na estruturação da atual sede da ACIJ: espaço que permite o atendimento adequado aos associados

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ACIJ18

s

BANCO SOCIAL

Iniciativa destina tributos para ações sociais em JoinvilleO Programa Centro de Excelência ao Esporte (CEE), administrado pela Fundação de Esportes, Lazer e Eventos de Joinville (Felej), con-templa formação, especialização e treinamento esportivo de cerca de 1.340 crianças e adolescentes de Joinville, nas modalidades de handebol, basquete, vôlei, vôlei de praia, ginástica rítmica e tênis de mesa. Dessa forma, o programa busca oportunizar vivências em competições oficiais, nos níveis regional e nacional, promovidos pelas federações e confederações, além de aumentar o número de atletas indicados para as seleções brasileiras nas diferentes modali-dades esportivas.

A partir de agora, os associados à ACIJ podem contribuir com esse e mais 12 outros projetos, por in-termédio do Banco Social. A inicia-tiva tem como objetivo capacitar instituições que promovem ações de impacto social na confecção de projetos e orientar para a captação de recursos financeiros oriundos de leis de incentivos e renúncias fiscais.

Entre os benefícios da ação, está o encaminhamento de tribu-tos que seriam destinados a outros fins para o município de Joinville, patrocinando ações de relevância para a melhoria da qualidade de vida, educação e cultura da comu-nidade. Há uma série de atividades previstas para os participantes do Banco Social, como a realização de palestras, fóruns e seminários com as empresas e a comunidade.

Para se inscrever, a empresa, instituição ou pessoa física responsável deve estar em dia com as obrigações contábeis, fiscais ou de prestação de contas, quando for o caso, junto aos órgãos públicos fiscalizadores. Tam-bém é necessário informar nome e detalhamento do projeto; indicação do órgão que autorizou a captação, número do processo e data da publicação, prazo de captação, valor aprovado, estatuto social registrado no cartório do registro civil de títulos e documentos, certidão vigente para as Oscips e CNPJ. Para mais informações: [email protected].

PROJETOS INSCRITOS NO BANCO SOCIAL ACIJ

l Escola do Teatro Bolshoi no Brasil

l Anderson Dresch Dias Correa

Projeto Alegria do Choro

l Instituto Festival de Dança de Joinville

l Hospital Infantil Jeser Amarante Faria

l Associação Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville

Polo de Produção Musical da Banda do CBVJ

l Instituto Priscila Zanetti

Se Faz Bem: Projeto de Prevenção ao Abuso Sexual Etapa 1

Se Faz Bem: Projeto de Prevenção ao Abuso Sexual Etapa 2

Cartilha dos Deveres e Direitos da Criança e do Adolescente

l Felej

Centro de Excelência ao Esporte

l Instituto da Cultura, Educação, Esporte e Turismo

Feira do Livro de Joinville

l Apiscae

Projeto CAPAZ

Projeto Monitoramento Funcional

l Cenef

Radar do BEM – Prevenção ao Abuso Sexual Infantil Etapa 1 e 2

Missão Criança

l Ananias Alves de Almeida

Música Instrumental nas Escolas

Escola Bolshoi é um dos projetos que podem receber recursos

DIV

ULG

ÃO

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ACIJ19 REVISTA 21 19

s

EVENTO

Paraguai mantém ritmo de crescimento

MEETING COMEX

Negócios internacionais em pauta

O Paraguai foi o país que mais cres-ceu na região em 2013 – aproxima-damente 14% – e, depois do ápice da crise mundial, segue mantendo o ritmo. A informação é do gover-nador do Alto Paraná, Justo Aricio Zacarías Irún. “Isso é possível graças a vários fatores, mas os principais são a baixa carga tributária, o baixo custo da energia elétrica para as in-dústrias e a mão de obra jovem que temos em abundância”, explica.

Irún esteve na ACIJ para o Encon-

tro Brasil-Paraguai 2016. O evento, realizado em abril, foi promovido em parceria com as Associações Empre-sariais de Guaramirim (Aciag) e São Bento do Sul (Acisbs), a Fundação Empreender e a Federação das Asso-ciações Empresariais de Santa Catari-na (Facisc). O objetivo foi discutir leis de incentivo ao Brasil e a busca por inovação e competitividade. “Muitos fabricantes brasileiros se integraram ao Paraguai para melhorar a sua ca-deia produtiva e, em diversos casos,

já conseguiram baixar o custo de fa-bricação de seus produtos”, aponta o governador.

Formado em engenharia elétrica

na Udesc de Joinville, Justo Irún já

ocupou o cargo de diretor executivo

de operações na Usina Hidrelétrica

Binacional de Itaipu, de onde se

desligou para disputar o cargo de

governador. Entrevista exclusiva

com Justo Aricio Zacarías Irún está

disponível no site da ACIJ.

Considerado o maior do Sul do país no modelo de workshop, o 5º Meeting Comex, promovido pelo Núcleo de Negócios Internacionais da ACIJ, contou com mais de 300 participantes de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. Realizado em abril, o evento teve como objetivo disseminar as melhores práticas de comércio ex-terior, com workshops, integrações

e palestras. “Os palestrantes foram assertivos nos temas, trazendo as melhores práticas do comércio in-ternacional, e um destaque certa-mente foi a oportunidade de net-working. Estamos animados para o 6º Meeting Comex”, observa Carla Pinheiro, presidente do núcleo.

Adilson Elias, representante da Brunswick Boat Group, elogia o cui-dados dos organizadores em mos-

trar aos participantes a importân-cia estratégica do setor, deixando de lado temas apenas burocráticos. “Exemplificaram setores que as empresas podem explorar para au-mentar a sua rentabilidade e parti-cipação no mercado. O networking também é algo marcante nesses eventos, possibilitando contato di-reto entre clientes e parceiros de negócios.”

Governador Justo Irún (com o microfone) veio falar sobre oportunidades no país vizinho

DIVULGAÇÃO

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ACIJ20

Ideologicamente, existe uma polêmica com a relação entre a dependência do processo educacional de uma sociedade e o crescimento e expansão eco-nômica. Mas admite-se que o nível de empreendedorismo em uma região, com as características inerentes de inovação, criatividade e consequente rentabilidade, é resultante do modelo de educação desenvolvido. Agências de análise econômica nacionais e internacionais preveem que a expansão brasileira, em 2016 e 2017, deverá registrar índices de PIB em torno -3,77% e 0,30%, respectivamente, em decorrência de altas taxas de inflação e de juros, bem como do desemprego, queda da renda da população e endividamento familiar, considerados ainda outros fatores macroeconômicos.

Nas organizações educacionais, o ambiente econômico não se apre-senta menos complexo, principalmente se considerarmos que o Plano

Nacional de Educação (PNE) passou por um corte or-çamentário de R$ 10 bilhões. Houve ainda uma redu-ção de recursos do Financiamento Estudantil (Fies), o que afetou o prosseguimento de estudos de apro-ximadamente 1,5 milhão de alunos. Tal realidade é consequência da descontinuidade da gestão educa-cional brasileira que, só no governo Dilma, teve três ministros de Educação, mesmo sob o signo de “Pátria Educadora”.

Nesse contexto de instabilidade, a formação aca-dêmica para um ambiente econômico produtivo exi-ge parceria e cumplicidade dos centros de formação com as forças empresariais, sejam estas de produção, de comercialização ou de serviços. Em Santa Catari-na, a Fiesc e a Fecomércio assumiram a liderança e protagonizaram um esforço de valorização da educa-ção como determinante dos níveis de competitivida-de das empresas. Dessa forma, consagrou-se o fator educacional como exigência à expansão e consolida-ção empresarial.

Em momentos de crise, fica ainda mais evidenciada a necessidade e exigência de um profissional qualificado para a manutenção da relação de trabalho ou até mesmo para a identificação de novas oportunidades ou re-colocação profissional. Portanto, é fundamental que a consciência da edu-cação continuada seja de todos os agentes envolvidos, tanto colaboradores quanto empregadores.

Às organizações educacionais, cabe, então, reconhecer as necessidades de mercado para atender às expectativas apresentadas, que objetivam a superação do ambiente de crise pelo desenvolvimento econômico com sus-tentabilidade. Na prática, implica oportunizar alternativas para o contínuo aperfeiçoamento dos talentos empresariais, aprimorando a capacidade de respostas assertivas e imediatas às exigências do mercado.

O papel fundamental da educação para superar a crise

FABIANE DE AMARANTE

VISÃO ACIJ

A formação acadêmica para um ambiente econômico produtivo exige parceria e cumplicidade dos centros de formação com as forças empresariais, valorizando a educação como determinante da competitividade.

Fabiane de Amarante Gestora na Faculdade Cenecista de Joinville (FCJ) e presidente do Núcleo de Educação Superior da ACIJ

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ACIJ21 REVISTA 21 21

Sempre existiram momentos de dificuldades – e sempre vão existir. Essas situações permitem uma renovação do mercado e uma reciclagem da meto-dologia adotada pelas empresas. Quem não souber se adaptar, ou não traçar estratégias sólidas e, ao mesmo tempo, criativas, que permitam ultrapassar os concorrentes, pode ser engolido pela crise e desaparecer.

Todos os setores sofreram o impacto causado por esta má fase econômi-ca, política e social do Brasil, e as concessionárias não conseguiram escapar ilesas: o setor de distribuição de veículos, por exemplo, continua crítico, com-parativamente ao primeiro trimestre do ano passado.

Apesar de a venda de veículos no Estado ter alcançado um aumento con-siderável, maior que 18%, no primeiro trimestre deste ano, relativamente

ao mesmo período do ano passado, ainda há uma queda considerável, superior a 22%. E esses dados vão de encontro à situação atual do país, que não passava por tal dificuldade havia mais de 15 anos. A crise é, de certa forma, inédita no ramo auto-motivo, que experimentou uma década de alto crescimento. Até mesmo grandes montadoras, dominantes no mercado, que entendem tudo do negócio, foram pegas de surpresa.

Apesar disso, nosso Estado tem uma economia rica e diversificada, podendo se situar no ranking das três regiões que mais crescem no ramo au-tomotivo do país. Mas é preciso ficar atento para voltar a crescer, levando em consideração a nossa realidade econômica.

A população encontra dificuldades na aquisição de bens de alto valor, especialmente na aprovação de crédito, e existe notável insegurança por parte do consumidor devido à instabilidade econômica. Dessa forma, a melhor estratégia é investir pesadamente na maior valorização do cliente, fidelizar o consumidor à

marca e atender às suas necessidades. Ele precisa sentir que a concessionária é de confiança e se importa com o seu bem-estar financeiro, que lhe dará as melhores condições de pagamento, as melhores vantagens e benefícios, caso decida inves-tir seu dinheiro em um veículo novo.

O preço é, sem dúvida, importante diferencial quando se trata de carros, porém o caminho mais acertado, quando as pessoas estão evitando maiores gastos, reside mesmo em personalizar o atendimento e o pós-venda, deixan-do-os mais humanizados. Essa, muitas vezes, pode ser a tática mais assertiva na conquista de clientes. É preciso também investir, criar oportunidades de negócio, fazer ações diferenciadas, feirões e eventos em conjunto, como tem sido a prática das concessionárias ligadas ao núcleo da ACIJ, para que possa-mos fortalecer o mercado e, juntos, vencer as adversidades.

Concessionárias desafiam o momento econômico do Brasil

MARCIO NASCIMENTO

A melhor estratégia é investir pesadamente na valorização do cliente, fidelizá-lo à marca, personalizar o atendimento e o pós-venda. É preciso, também, criar oportunidades de negócio e ações diferenciadas.

Marcio Nascimento Gerente do Grupo Barigui, responsável pela marca Volkswagen, e presidente do Núcleo de Concessionárias da ACIJ

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ACIJ22

ACIJ NA MÍDIA

A NOTÍCIA, BLOG DO LOETZ, 13/4

BMW vai à ACIJ

A Notícia, Adri Buch, 31/03

“Em parceria com o jornal A Notícia, o

Núcleo de Mulheres Empresárias da ACIJ

realizou, na noite de quarta-feira, o 5º

Painel Mulheres de Sucesso – Conquistas

e Desafios, com Cátia Bittencourt, da

Promacal; Kátia Siqueira, da Arte Maior

e Claudia Petry, da Sussurra Boutique

Sensual (foto acima). O encontro foi um

sucesso! Mulheres reunidas, engajadas,

dispostas a trocar e somar experiências.

As vivências relatas pelas painelistas

inspiraram as empresárias presentes

para que acreditem no seu potencial e

persistam nos seus sonhos. O cerimonial

foi realizado com maestria pela

Cássia Busanello e esta colunista foi a

mediadora do painel.”

“O presidente da ACIJ, João Martinelli, recebeu a visita do novo vice-presidente de operações da BMW em Araquari, Carsten Stoecker (segundo, da direita para a esquerda, na foto abaixo). Também participaram da reunião os vice-presi-dentes da ACIJ Ovandi Rosenstock, Moacir Thomazi e Clayton Salfer, além da diretora de relações governamentais da empresa, Gleide Souza. A BMW já está vinculada à Associação de Bombeiros e foi convidada a apoiar o trabalho vo-luntário da corporação. A ideia teve rápida adesão de Carsten.”

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Economia SC, 1/3

“Representantes de empresas de peso como

Embraco, Tigre, Tupy, Ciser, Schulz, Eletrolux,

Laboratório Catarinense, Allflex, Ven, WEG

e Wetzel já confirmaram presença no

workshop sobre robótica, promovido pela

Pollux e Universal Robots na ACIJ. As duas

empresas apresentam uma modalidade

inovadora de automação, inédita em todo

o mundo, apropriada para automatização

de linhas de produção, proporcionando

mais produtividade e competitividade em

um mercado cada vez mais dinâmico e

avançado.”

Correio Francisquense, 21/3

“O interesse pela prestação de contas das

atividades parlamentares do senador

Paulo Bauer lotou o auditório da ACIJ. Com

a casa lotada de empresários e políticos de

Joinville e região, o senador prestou contas

de suas atividades parlamentares no

Congresso Nacional à frente das comissões

e grupos de trabalho.”

A Notícia, 5/4

“Em meio à avalanche de denúncias

de corrupção no país, a ACIJ lançou em

fevereiro o seu primeiro código de ética.

O documento, em desenvolvimento há

mais de dois anos, norteia a conduta dos

funcionários da ACIJ e serve como guia para

o comportamento das 1.950 empresas

associadas à entidade. O presidente João

Martinelli diz que o lançamento mostra

que a entidade se preocupa com a conduta

empresarial e serve de alerta de que o país

vive um momento de crise ética.”

Adjori SC, 5/4

“O Movimento Santa Catarina pela

Educação, liderado pela Fiesc, foi apresentado

pelo presidente da entidade, Glauco José

Côrte, na ACIJ. A iniciativa busca mobilizar

e influenciar o poder público e a iniciativa

privada para melhorar a educação quanto

à escolaridade, qualificação profissional

e qualidade do ensino. Neste ano, o

tema central é gestão escolar, com foco

no aprimoramento dos processos de

gerenciamento.”

Page 23: Revista 21 - Edição 25 - Maio/Junho 2016

ACIJ23 REVISTA 21 23

DIVULGAÇÃO

Festival traz apresentações, cursos, oficinas e workshops gratuitos

13 a 16 de junho

Curso: Mentoria em gestão e

liderança – uma nova abordagem

Acij, Joinville

(47) 3461-3344/capacitacao@acij.

com.br

12 e 13 de julho

Treinamento: Método 8D de solução

de problemas e respostas de NC

Acij

(47) 3461-3344/capacitacao@acij.

com.br

12 a 14 de julho

Curso: Oratória

Acij

3461-3344/[email protected]

19 a 21 de julho

Curso: PDL – Programa de

desenvolvimento de líderes

Acij

3461-3344/[email protected]

16 e 17 de agosto

Curso: Gestão de Desempenho

Acij

3461-3344/[email protected]

16 a 18 de agosto

Curso: Redação empresarial com o

acordo ortográfico

Acij

3461-3344/[email protected]

22 a 24 de agosto

Treinamento: vendas que geram

resultados

Acij

3461-3344/[email protected]

13 e 14 de setembro

Curso: Gestão de conflitos no trabalho

Acij

3461-3344/[email protected]

20 e 21 de setembro

Curso: Legislação trabalhista preventiva

Acij

3461-3344/[email protected]

CURSOS & EVENTOS

CULTURA

Cidade da dançaDe 20 a 30 de julho, Joinville será palco do tradicional Festival de Dan-ça. Entre os destaques da programação, estão a São Paulo Companhia de Dança e o Balé do Teatro Guaíra, responsáveis pela Noite de Aber-tura e pela Noite de Gala, respectivamente. Além das apresentações, o festival também realiza cursos e oficinas, workshops gratuitos para os coreógrafos inscritos no evento, seminários de dança, projetos co-munitários, palestras, debates, entre outras ações. A programação completa está disponível no site www.ifdj.com.br. Mais informações: (47) 3423-1010.

Em famíliaMinistrado pela consultora Deise Engelmann, nos dias 14 e 15 de ju-nho, a ACIJ recebe o curso “Empresas familiares: potencializando for-ças da família empresária”. O evento vai abordar temas como modelos de gestão, profissionalização, sucessão e continuidade e preparação de sucessores. Mais informações: (47) 3461-3344 ou [email protected].

Page 24: Revista 21 - Edição 25 - Maio/Junho 2016

ACIJ24

FEITO EM JOINVILLE

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Com mais de 20 anos de experiência, a Arquivar tem cerca de 500 clien-tes espalhados pelo Brasil e em torno de 4 bilhões de documentos já tratados. Em Joinville desde 2014, o negócio foi trazido para a cidade por duas bibliotecárias paulistas.

Empresa de serviços e metodologias voltadas à gestão estratégica de documentos, a Arquivar é referência nacional em customização de tec-

ARQUIVAR

Facilidade para empresas

A WoodArt foi fundada no ano passado por dois jovens empreendedores com mais de 10 anos de experiência no ramo moveleiro. “Nossos principais produtos são móveis sob medida e personalizados para dormitórios, closets, cozinhas, salas de estar, home-theaters, lojas, escritórios etc. Atendemos qualquer necessidade do cliente em móveis”, explica Erik Pedro Melo, um dos sócios. Ele destaca como diferencial o padrão de acabamento, o respeito aos prazos e o comprometimento. “O mercado joinvilense tem bom potencial de vendas. Apesar da concorrência, existe campo para as boas empresas”,

Empresa tem 500 clientes e um total de 4 bilhões de documentos já tratados

Empresa atende qualquer necessidade do cliente em móveis

WOODART

Novidade no mercado moveleiro

nologias, trabalhando para agilizar o processo de busca e recuperação de documentos e informações, vi-sando ao aumento da produtivi-dade nas rotinas administrativas e operacionais. “Enxergamos o mer-cado de Joinville como promissor de'vido à quantidade de empresas com mudança de pensamento em relação à importância de seus do-cumentos”, ressalta a gerente Me-lissa Mazza.

Dentre os serviços oferecidos, estão microfilmagem, organização de arquivos, digitalização de docu-mentos, guarda de documentos, gerenciamento eletrônico de do-cumentos no sistema via web, oti-mização e padronização dos pro-cessos de trabalho com o sistema GED Arquivar.

Arquivar Gestão de Documentos (47) 3425-7015 e 3437-0841

www.arquivar.com.br

avalia. Os projetos desenvolvidos pela WoodArt têm como objetivo o melhor aproveitamento dos espa-ços, resultando em ambientes dife-renciados. A fabricação utiliza equi-pamentos industriais que garantem precisão no acabamento.

Sobre o mercado, Melo revela que a empresa busca investir em ações de marketing para se destacar: “Se o mercado estivesse mais aqueci-do, já estaríamos com volume maior de vendas. Mas procuramos atender plenamente nossos clientes, para que fiquem 100% satisfeitos e pos-sam dar boas referências”.

WoodArt Móveis Personalizados Rua Almirante Jaceguay, 3704

Costa e Silva – Joinville

(47) 3034-3566

www.woodartmoveis.com.br

Page 25: Revista 21 - Edição 25 - Maio/Junho 2016

ACIJ25 REVISTA 21 25

GESTÃO

Incentivo ao crescimento

Visitas técnicas e de negócios – missões empresariais constituem uma forma prática de atualização em ges-tão, além de desenvolver novos mercados, conhecer soluções e tecnologias e expandir os negócios. A ACIJ, por meio da sua área de consultoria e em parceria com a Fundação Empreender, promove missões para as mais importantes feiras internacionais.

Printe – o Programa de Proteção Intelectual foi de-senvolvido para facilitar o acesso à proteção do capi-tal intelectual das empresas, um relevante fator de competitividade, diferenciando produtos e serviços e determinando a permanência ou não das empresas no mercado.

XML Empresarial – serviço online de armazenamento de notas fiscais eletrônicas informatizado e compatível com qualquer software de gestão.

Rede de Vantagens – espaço gratuito no site da ACIJ para que as empresas associadas divulguem descon-tos em serviços e produtos. Os descontos são desti-nados apenas a outros associados. A porcentagem é estipulada pela empresa que a oferece a vantagem. Para participar, basta que a empresa seja associada há mais de um mês, esteja com as mensalidades em dia e ofereça condições diferenciadas.

Programa de Energia – consultoria gratuita aos associa-dos visa ajudar as empresas a baixar as contas de energia elétrica. Com esse suporte, algumas companhias já deixa-ram de gastar até R$ 1 milhão/mês. Iniciado em 2007, o programa já colaborou com 115 empresas.

Para incentivar o crescimento de seus associados, uma das ferramentas utilizadas pela ACIJ são os serviços ex-clusivos, como soluções de apoio ao crédito, registro de marcas e patentes, consultoria de eficiência energética e orientação empresarial. Associada desde 2012, a Socie-dade Educacional Santo Antônio (Inesa) adota o Útil Ali-mentação, sistema informatizado de cartões que atende uma das modalidades do PAT (Programa de Alimentação do Trabalhador). “Escolhemos pelo custo financeiro, facili-dade na gestão, pontos de aceitação e proximidade com a ACIJ”, revela Maikon Pereira, analista financeiro da Inesa.

POR QUE ACIJ

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CONHEÇA OUTROS SERVIÇOS

Rodada de negócios realizada na associação

Page 26: Revista 21 - Edição 25 - Maio/Junho 2016

ACIJ26

CONSULTORIA

Evanildo Lins

Segundo o relatório Doing Busi-ness, do Banco Mundial, no Brasil, uma empresa gasta cerca de 2.600 horas/ano para declarar e pagar tributos, enquanto a média dos paí-ses da América Latina e Caribe é de aproximadamente 320 horas. Essa diferença exemplifica bem o quan-to o Brasil está atrasado no quesito eficiência tributária, e o quanto a burocracia tributária impacta no dia a dia das empresas.

Não poderia ser diferente: en-quanto muitos países desenvolvidos não praticam mais que uma dúzia de tributos, o Brasil registra cerca de 90, se considerarmos impostos, taxas e contribuições devidas à União, Es-tados, Distrito Federal e municípios. Além do número elevado de tributos, o modelo tributário adotado pelo Brasil é muito complexo.

Com o Sistema Público de Escritu-ração Digital (Sped), esperava-se que diversas obrigações acessórias fos-sem extintas, mas o que ocorreu foi a necessidade de novos e consideráveis investimentos em licenças de soft-wares e ampliação da estrutura fis-cal interna, e muitas das obrigações e rotinas que deveriam ser extintas foram mantidas.

Agora, além de um setor fis-cal bem preparado, as empresas precisam ampliar seu suporte de profissionais da área de sistema de informações, pois, cada vez mais, a contabilidade fiscal depende desses serviços. Outro custo que deve ser in-

Estrutura necessária para atender à burocracia fiscal

SERVIÇO

Maior obrigatoriedade para o certificado digital

BANCO DE IMAGENS

PONTO DE VISTA

O certificado digital, identidade eletrônica que carrega os dados de identi-ficação de uma empresa, pessoa ou site, é um serviço oferecido pela ACIJ desde 2014. A partir de julho, mais empreendimentos deverão utilizar o do-cumento. O Comitê Gestor do Simples Nacional aprovou a Resolução CGSN nº 125, que altera alguns pontos da Resolução CGSN nº 94/2011. Entre as mudanças, está a alteração do limite de empregados para a obrigatorieda-de do certificado digital, que passa a se estender aos empregadores com mais de cinco funcionários.

De acordo com a redação, o certificado digital é exigido para o envio de

informações trabalhistas, fiscais e previdenciárias por meio da GFIP e do eSocial.

Conforme cronograma estabelecido, a partir de 2017, a obrigatoriedade se

aplicará também aos empregadores que tiverem mais de três funcionários.

A certificação digital atribui mais segurança e validade jurídica em documentos assinados eletronicamente, evitando que outras pessoas in-terceptem ou adulterem comunicações realizadas via internet. Também é possível saber quem foi o autor de uma transação ou manter dados confi-denciais protegidos contra a leitura por pessoas não autorizadas. Empresá-rios que ainda não dispõem da identidade digital devem adquiri-la de uma autoridade certificadora credenciada pela ICP-Brasil.

Certificado digital é uma espécie de identidade eletrônica da empresa

Page 27: Revista 21 - Edição 25 - Maio/Junho 2016

ACIJ27 REVISTA 21 27

PONTO DE VISTA

Entre as dezenas de desafios que o empreendedor enfrenta, um dos que muita gente (infelizmente) deixa em segundo plano está na co-municação. Via de regra, peca-se na hora de desenvolver uma estra-tégia nesse campo. Confira as dicas do Instituto Endeavor.

Micro, pequena e grande empresa. A comunicação é um campo democrático. Existem estratégias para todos os estilos, segmen-tos e bolsos. Você pode começar ao criar um logotipo profissio-

nal, em seguida investir em materiais institucionais, depois partir para um canal de comunicação com a imprensa, por exemplo.

Contrate profissionais. A marca do negócio e a forma como você se comunica serão responsáveis pela impressão que clientes e parceiros terão sobre a sua empresa. Contratar o so-

brinho pode até ser mais barato, mas você não deve deixar sua marca na mão de um amador.

Invista. Para ter sucesso nos negócios, seu time precisa estar alinhado, principalmente, com os valores da empresa. A cada boa experiência proporcionada ao cliente, novas indicações

se multiplicam e o famoso boca a boca só vai aumentando o saldo positivo. Mas, a cada experiência negativa, pode ter certeza de que o “menos” também entra no jogo.

Erros. Sabe quando aquele errinho de gramática passou desper-cebido e foi enviado no e-mail? Ou o folheto que saiu sem o site da empresa? Esses erros geram mais polêmica e repercussão nas

grandes empresas, é verdade, mas não é por isso que você vai deixar a sua parecer amadora e relevar tais falhas.

Não corte. Comunicação não é gasto, é investimento. Por isso, da próxima vez em que planejar cortes na verba de comunicação, pense se você não está colocando de lado sua fonte de receita.

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4

5

2

3

5 TOQUES

Como a comunicação pode auxiliar o negócio

FÁBIO ABREU

cluído na conta da burocracia fiscal é a ineficiência e o despreparo das pessoas que gerem e legislam sobre as questões tributárias. A impressão é que as decisões são tomadas sem um estudo prévio do impacto dessas medidas na vida das empresas e dos cidadãos. É comum depararmos com normas incompletas, obscuras ou que não são aplicáveis por falta de estrutura dos próprios órgãos liga-dos à administração tributária.

Essa desordem administrativa e legislativa gera custos para em-presas que já atuam no Brasil, e a incerteza afasta o investimento es-trangeiro. O reflexo de tamanha bu-rocracia pode ser sentido de formas diferentes, conforme o porte e ati-vidade da empresa, mas atormen-ta desde o microempresário até as grandes corporações.

Uma empresa de menor porte depende basicamente dos servi-ços de um escritório contábil, que precisa repassar aos seus clientes os custos operacionais necessários para prestar um serviço adequado. E empresas maiores, além de contra-tar escritórios contábeis, necessitam contratar serviços de advogados tri-butaristas, consultorias tributárias, e têm que manter uma estrutura interna, maior ou menor, com profis-sionais especialistas em contabilida-de fiscal e de sistema da informação.

Certamente, se a burocracia tri-butária brasileira pelo menos esti-vesse na média dos demais países da América Latina, teríamos um país mais atrativo ao investimento es-trangeiro e nossos produtos e servi-ços seriam muito mais competitivos nos mercados interno e externo.

Evanildo LinsEspecialista em direito

tributário, sócio da Lins

Karnopp & Advogados

Page 28: Revista 21 - Edição 25 - Maio/Junho 2016

ACIJ28

OBJETOS DE DESEJO

UMA ÁRVORE EM MINIATURABonsai, em japonês, significa “árvore em bandeja” ou “árvore em um vaso”. Nada mais é do que uma réplica em miniatura de uma árvore. Originalmente da cultura chinesa, era um presente de luxo na elite social desse país. Foi popularizado pelo Japão, que desenvolveu diversas técnicas e estilos. Na foto, o bonsai da espécie Liquidâmbar, originário das áreas temperadas do Leste da América do Norte e de regiões tropicais montanhosas do México e da América Central. Ostenta folhas em formato de tridente, apresentando cor avermelhada no outono.

www.idealbonsai.com.br

R$ 2.490

DECORAÇÃO PARA TODOS OS AMBIENTESAs lanternas orientais chouchin são muito utilizadas na decoração de diversos ambientes, dando um toque especial ao estilo japonês. Esta, de cor branca, traz a pintura de sakura e inscrições orientais. Fabricada pela Import, é produzida em papel de seda e armação interna em arame com acabamento simples. Não inclui sistema de iluminação.

Dimensões: 40cm (diâmetro)

Peso: 70 gramas

Preço: R$ 11,90

www.tnh.com.br

O bonsai Liquidâmbar pode ser cultivado a pleno sol (evitando o de meio-dia), com tempo

mínimo de três horas de exposição por dia. Adapta-se em ambientes internos, desde que

bem iluminados e com incidência de luz solar. A altura aproximada é de 65 cm

Superpotência cultural, o Japão tem estilos únicos em artesanato, gastronomia, design, artes, entre diversos outros campos. Também se caracteriza por manter tradições seculares, como a cerimônia do chá. A Revista 21 traz produtos que simbolizam a riqueza encontrada na Terra do Sol Nascente.

Sakura é

o nome

japonês para

a cerejeira

em flor

Page 29: Revista 21 - Edição 25 - Maio/Junho 2016

ACIJ29 REVISTA 21 29

O LIVRO DO CHÁSuperado o impacto inicial da abertura cultural e econômica ocorrida no Japão da Era Meiji, a cultura japonesa, então em crise devido a uma progressiva “ocidentalização”, começa a reagir. Artistas e pensadores passam a refletir sobre o ponto de equilíbrio a ser alcançado entre

renovação e tradição. Se a economia do país necessitava de modernização, o mesmo não se poderia aplicar indiscriminadamente a uma cultura secular como a japonesa. Nesse contexto surge, em 1906, este “O Livro do Chá”, o terceiro do escritor Kakuzo Okakura. Mais que um livro explicativo sobre chanoyu – a cerimônia do chá –, é um texto reflexivo, que conduz o leitor a compreender os significados por trás do cerimonial, um ritual que mistura princípios do taoísmo e do zen-budismo. À fugacidade e ao imediatismo que norteiam o mundo industrializado, o autor estabelece como contraponto estético e filosófico a cerimônia do chá – um culto ao presente, sim, mas também a busca da perfeição por meio da repetição secular do mesmo rito.

R$ 43

www.livrariacultura.com.br

PROSPERIDADE EM MICRO FOLHAS DE OUROOs saquês do tipo junmai se caracterizam por ser produzidos apenas com a utilização do álcool puro do arroz, sem adição de álcool etílico ou açúcar. Esse tipo de saquê, fabricado pela Hakushika, utiliza arroz do tipo Yamada Nishiki com leve polimento de cerca de 30% a 39% (aproveitamento de 61% a 70% do arroz). Deve ser consumido puro e harmonizado com pratos leves, mais salgados e saborosos, como tempurá e guioza. Por conter micro folhas de ouro, é um tipo de saquê para consumo em ocasiões especiais, celebrações e confraternizações. O ouro é muito utilizado em bebidas e alimentos no Japão, especialmente na época de Ano Novo, pois eles acreditam trazer boa sorte e prosperidade. A micro folha de ouro é um ingrediente utilizado em alimentos e bebidas.

Garrafa contendo 720ml

R$ 220

www.tnh.com.br

GASTRONOMIA ORIENTALDelícias da singular cozinha japonesa podem ser apreciadas neste kit, da linha Nihon. Quatro tigelas, quatro molheiras individuais de shoyo e um barquinho são perfeitos para servir o sushi. Todos são em ABS com acabamento em tinta poliuretano e aplicação de estampa. A caixa é em papel cartão revestido com papel cuchê. Pode ser utilizada como embalagem para presente ou porta-objetos.

R$ 249,80

www.tokstok.com.br

Dicas para os “Objetos de desejo” da próxima edição? Escreva para [email protected]

FOTOS: DIVULGAÇÃO

O sakê é levemente

seco, indicado no

acompanhamento

de pratos leves e feito

de arroz maltado

fermentado, água,

álcool destilado e

flocos de ouro. Não

contém glúten

Page 30: Revista 21 - Edição 25 - Maio/Junho 2016

ACIJ30

BRIEFING

Economista analisa origens da crise econômica e aponta tendência de mudanças

Na abertura da Expogestão 2016, a uma semana do impeachment, o economista e cientista social Eduar-do Giannetti da Fonseca deslindou a crise econômica atual e não dourou a pílula: “O Brasil precisa desesperada-mente de mudanças”, pregou. Para o especialista, o governo Dilma foi marcado pela reversão de expecta-tivas, que teria se agravado a partir de 2011 – “até então, tudo parecia encaminhar para um período de alta performance”. Em sua palestra, de-fendeu reformas de fôlego em áreas como fiscal, previdenciária, trabalhis-ta e externa. Depois, concedeu entre-vista. Veja os principais pontos.

EDUARDO GIANNETTI

“O Brasil precisa desesperadamente de mudanças”

RAZÕES DA CRISE O pano de fundo da crise brasileira são dois fatores estruturais: o esgotamen-to do ciclo de expansão fiscal e a falência do presidencialismo de coalizão. O ambiente externo é coadjuvante e a piora da política econômica veio agravar a situação. Quanto a previsões, diria que este ano está “contratado”. Em um bom cenário, teremos número positivo no PIB em 2017, na ordem de 1% ou 1,5%, enquanto em 2016 deve ficar entre 3,5% e 4% negativos. É difícil que haja uma reversão com intensidade em tempo de alterar esse quadro.

MEDIDAS EMERGENCIAIS Uma prioridade é desvincular o orçamento, o que daria margem de ma-nobra para o governo fazer o ajuste fiscal. Cabe observar que 90% do or-çamento federal está gasto antes de arrecadado, é dinheiro “marcado”. E isso engessa enormemente a política fiscal brasileira. Esse é um primeiro passo. O governo tem condições de fazer uma mudança. Pode até ser em um período predeterminado, mas o ideal é caminhar para um orçamento que permita ao governo governar.

INFRAESTRUTURA Será necessária uma rodada de privatizações – há muita concessão parada por incertezas e insegurança jurídica. A lei atual pode ser aprimorada e dinamiza-da. O governo Dilma meteu os pés pelas mãos. Em um primeiro momento, achou que iria controlar tudo. Depois, aceitou que precisaria do capital privado e resolveu fazer algum tipo de concessão, envergonhadamente. Mas queria controlar a rentabilidade, a qualidade, e aí não andou. Finalmente, começou

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ACIJ31 REVISTA 21 31

DIVULGAÇÃO

FONTE: TESOURO NACIONAL

A EVOLUÇÃODívida pública brasileira no século 21. VALORES EM R$ TRILHÕES

a esboçar um arcabouço mais ade-quado ao ingresso do capital privado, mas outra vez não aconteceu. Agora, pode-se colocar as peças no lugar e ter a confiança de que o investidor precisa para fazer um aporte de ca-pital de longo prazo. A sociedade bra-sileira percebe que tem alguma coisa errada no Estado brasileiro, no setor público, que está asfixiando o país.

ACORDOS COMERCIAIS Existem acordos comerciais que o Brasil pode e deve fazer no curto prazo. Houve uma ideologização da política externa brasileira que foi muito prejudicial, e agora podere-mos lidar com isso de maneira mais séria, competente e pragmática. Interessa ao Brasil manter acordos de livre comércio fora do âmbito do Mercosul, com Europa, América do Norte, Ásia. O Brasil ainda é uma economia extremamente fechada: representamos 2,8% do PIB mundial e comparecemos com menos de 1% das exportações mundiais. Perde-mos espaço, já fomos melhores nas exportações do que somos hoje. Está faltando orientação e, na polí-tica externa brasileira, uma agres-sividade que abra possibilidades de colocação dos produtos brasileiros.

RETOMADA DA CONFIANÇA A mudança de governo teria muito mais confiança se tivesse a legitimi-dade do voto. O ideal, obviamente, seria um novo governo eleito. Mas a circunstância atual é de tama-nho desespero que as pessoas, os empresários, estão se agarrando a qualquer coisa que apareça que per-mita vislumbrar um caminho. Virou uma tábua de salvação. A solução ideal seria a impugnação da cha-pa pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas a Justiça não anda. Passa-ram-se quase dois anos da eleição e já tem evidência de sobra de que a eleição não foi limpa. O que eu não

me conformo, como cidadão, é que os empreiteiros estão presos, os di-retores da Petrobras estão presos, os operadores do esquema estão presos, e os políticos estão soltos. Tem alguma coisa profundamente errada na Justiça brasileira. São duas “justiças”, a do cidadão comum, que está funcionando bem, e a dos pri-vilegiados, que têm salvo-conduto e continuam mandando no país.

GASTOS PÚBLICOS É preciso examinar item por item do orçamento. Existem burocracias imensas em Brasília que não servem mais para nada, estão lá por inércia. Tem também a questão da Previ-dência, inevitável. Essa conta não fecha. O Brasil tem mais 15 anos de bônus demográfico, mas, quando virar a taxa de dependência, a conta previdenciária, que já é pesadíssima, explode. Se não agirmos agora, só vai piorar. Para modificar essa situação, a habilidade política de articulação é que vai fazer a diferença.

POLÍTICA SOCIAL O economista Ricardo Paes de Barros, que desenhou o Bolsa Família, tem propostas para torná-lo mais efetivo, no sentido de que o dinheiro chegue a quem realmente precisa, e não seja capturado por grupos que não de-claram a renda e acabam recebendo o recurso. Um programa como esse não pode ser modo de vida. É uma alavanca. Não pode ser algo perma-nente. Tem absoluta legitimidade, mas é uma estratégia de saída de uma condição para quem não conse-gue gerar renda, mas não um estado permanente de dependência. O que vai resolver o problema distributivo brasileiro é a igualdade de oportuni-dades, especialmente com educação fundamental de qualidade e univer-sal. Um agravante é a falta de sanea-mento básico, que prejudica a forma-ção das crianças, inclusive cerebral.

032000 07 11 15

0,45

0,63

1,08

1,62

2,13

Mar/162,88

Dívida pública alcançou 66,2% do PIB no fim de 2015

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ACIJ32

Equipe do novo escritório, que abriu as portas em maio

Florianópolis passa a contar com o reforço de uma marca que, desde a década de 60, é tradição em segurança, confiabilidade e resultado no setor financeiro: a Manchester Investimentos. Inaugurar a unidade na capi-tal foi iniciativa tomada após cerca de dois anos de análise do mercado catarinense. “Encontramos uma carência muito grande por consultoria financeira em Florianópolis”, ressalta Henrique Baggenstoss, sócio-dire-tor da Manchester, apontando um número expressivo como sinalizador: mais de R$ 13 bilhões aplicados em poupança, e perdendo para a inflação, na região de Florianópolis. “Nosso desafio será levar conhecimento para essas pessoas, mostrando outras for-mas de investir que tenham a mesma segu-rança da poupança mas resultem em melhor rentabilidade”, explica.

O escritório da capital vai proporcionar acesso a todo o portifólio de serviços da consultoria – com possibilidades de investi-mentos nas maiores instituições financeiras do Brasil e do Mundo, como Bradesco, CEF, JP Morgan, Golman Sachs e BNP Paribas. A

intenção é de que, em menos de dois anos, a unidade de Florianópolis já responda por 30% dos resultados da empresa.

Com carta de clientes de cerca de 1.800 contas, a Manchester é um dos mais consa-grados nomes do mercado catarinense de investimentos. A equipe de 20 consultores financeiros – mais quatro que atuarão na capital – ostenta três importantes certifica-ções de seu setor: a CPA20 (que a habilita a atender investidores qualificados, acima de R$ 1 milhão), CEA, certidão de especialista em investimentos Anbima, a associação de empresas do mercado de capitais, e CFP, o mais alto grau de qualificação do ramo.

Nascida na década de 60 como Manchester

Corretora S/A, a empresa deixou de ser

voltada apenas para o mercado de ações e

oferece, hoje, todos os produtos financeiros.

Desde 2007 associada à XP Investimentos,

atua com foco na integração da carteira de

investimentos dos clientes a um planejamento

financeiro completo e muito pessoal.

NEGÓCIOS

A Manchester na capital

Page 33: Revista 21 - Edição 25 - Maio/Junho 2016

ACIJ33 REVISTA 21 33

FOTOS: DIVULGAÇÃO

INVESTIDORES E A CRISENos últimos meses, os investidores começaram a se preocupar com seu patrimônio e investimentos mais do que quando passavam por tempos de bonança. Com isso, muitos viram como era necessário ter a ajuda de um especialista e de uma instituição focada nos interesses dos clientes. En-contramos, também, um movimento mais defensivo nas alocações e uma busca para se proteger da inflação e da desvalorização do real.

AMBIENTE ECONÔMICOVivemos um cenário extremamente desafiador – e que depende de mu-danças políticas para implementar medidas que levariam à sua resolução. Ocorre que, com a expectativa de mudanças positivas e maior visibilida-de, o mercado já começou a precificar esse cenário. O jogo ainda não está 100% definido e precisamos acompanhar os próximos movimentos. Para sair dessa inércia, é imprescindível uma mudança política e a conscientiza-ção, tanto da população quanto da classe política, de que são necessárias reformas para o país voltar a crescer no médio e longo prazo.

DICA DO ESPECIALISTA A diversificação é o único “free lunch” que temos no mercado. A regra sempre valerá, e é importante as pessoas atentarem para o fato de que a diversificação deve ser aplicada em todos os níveis, não apenas de instituições onde você tem investimentos, mas também classes de ati-vos, fatores de risco, moedas, países etc. Mas vale ressaltar: se diversifi-carmos demais, é provável que os resultados sejam pouco perceptíveis, e se diversificarmos pouco, corremos um risco exacerbado naqueles ativos concentrados. No momento, a demanda é crescente por fundos de renda fixa e também por fundos com exposição internacional, pela demanda de diversificação.

“O jogo não está definido”Parceira da Manchester, a XP Investimentos é uma das maiores empresas independentes de investimento do Brasil, com 500 profissionais e escritórios em São Paulo, Rio de Janeiro, Nova York e Miami. Consultor da XP, Rodrigo Fiszman esteve em Joinville para um treinamento com a equipe da Manchester e conversou com a Revista 21.

CONJUNTURA

Sinais de confiança no horizonteTermômetro que afere a percepção dos empresários catarinenses quan-to à economia brasileira, pesquisa mensal divulgada pela Fiesc registrou ligeira melhora em maio. A confiança do industrial na economia subiu 3,9 pontos sobre o mês anterior, che-gando a 41,4 pontos – ainda na linha do pessimismo, segundo o levanta-mento. As expectativas para os pró-ximos meses e a avaliação geral do quadro econômico também tiveram pequenos avanços. Carga tributária, juros altos, baixa demanda e alto preço das matérias-primas são fato-res prejudiciais à atividade industrial apontados pela pesquisa, sinalizan-do o que o empresariado espera ver equacionado com as mudanças em Brasília. Para o presidente da Fiesc, Glauco José Côrte, a tendência é de uma maior confiança no governo e na política econômica. “E confiança é um item indispensável para que a economia volte a crescer, deixando o setor produtivo mais confortável para investir”, avalia.

A Facisc divulgou nota na qual

pede “cautela e diálogo” para que

o país “saia do eixo recessivo”,

além de um “imediato choque

de gestão” por parte do governo

federal. “A classe empresarial não

suporta mais as dificuldades, a

total instabilidade econômica

gerada por uma política

econômica equivocada e pela

corrupção, que, pouco a pouco,

estão destruindo a segurança

jurídica, fundamental para o

mercado funcionar”, sublinha a

entidade.

Page 34: Revista 21 - Edição 25 - Maio/Junho 2016

ACIJ34

ANA KELLER/DIVULGAÇÃO

DIVULGAÇÃO

Joinville conta mais de 360 mil veículos circulando pelas ruas, o que exige ajustes urgentes na infraestrutura viária, sob pena de preju-dicar a vida da população e o funcionamento das empresas. Para o presidente do Perini Business Park, Marcelo Hack, as estrutu-ras viárias do Norte catarinense não recebem a atenção necessá-ria, o que emperra o crescimento e o desenvolvimento regional. Ele exemplifica: “As obras de duplicação da Dona Francisca nem começa-ram, e na Santos Dumont já evoluíram nas proximidades do aeroporto, mas a parte mais importante, perto do Centro, ainda está parada”, observa.

Em abril, o secretário de Estado de Infraestrutura, João Carlos Ecker, vistoriou a

Avenida Santos Dumont. “O trajeto perto do aeroporto poderá ser entregue neste

ano, mas o trecho central da duplicação, devemos entregar no final do contrato,

em abril do próximo ano”, detalhou. Simultaneamente à duplicação, estão sendo

executadas as obras do elevado entre a Santos Dumont e a Rua Tuiuti. “O elevado

depende da remoção da adutora de gás, mas essa obra também avança com a

escavação das alças”, complementa Ecker. Com oito quilômetros de extensão, há

serviços em andamento no trecho de cinco, divididos em três partes.

No final de março, o secretário entregou o projeto de duplicação do Eixo Industrial Norte, em evento na ACIJ, e destacou que o projeto da Dona Francisca está pronto, com custo estimado de R$ 80 milhões. São obras esperadas ansiosamente pelo empresariado. “As ações de infraestrutura têm a característica de proporcionar redução de custos de produção. Não só para os empresários, mas para a população em geral, qualquer tipo de investimento viário tende a melhorar o cotidia-no”, afirma Marcelo Hack.

CIDADE

Melhorias na infraestrutura e na competitividade

Trecho da Santos Dumont com novo asfalto: duplicação representa investimento de R$ 48 milhões, afora os custos das desapropriações

Campanhas de vacinação reduzem índices da doença

BEM-ESTAR

Gripes também preocupam empresáriosNo início do outono, o Brasil foi sur-preendido pela volta da gripe H1N1. Em Joinville, até o início de maio, ha-viam sido diagnosticados 32 casos, com três mortes. Até o final de abril, 411 pessoas haviam morrido em decorrência da doença no país. As empresas reagiram prontamente, com ações de vacinação, para con-ter o avanço da doença.

Na Schulz, a gripe é uma das prin-cipais causas de atestado nos meses de outono e inverno, representan-do 10% das ausências no trabalho. Neste ano, 80% dos funcionários foram vacinados gratuitamente. Para os dependentes, é oferecida a aplicação em clínicas parceiras, com desconto na folha de pagamento. “A gripe é 33% mais incidente em cola-boradores não imunizados”, afirma Francisco Reitz, gerente de Recursos Humanos. A empresa investe na co-municação interna e nas reuniões de liderança, divulgando o máximo de informações sobre o tema.

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ACIJ35 REVISTA 21 35

CÁSSIO DA ROSA/DIVULGAÇÃO

EXPANSÃO NO CLIFCom acréscimo de 20% em seu faturamento, o Centro Logístico Integrado Fastcargo (Clif) de Itapoá celebra o crescimento na unidade quase dois anos após sua inauguração. O avanço é atribuído, principalmente, a uma concessão autorizada pela Receita Federal, que permite oferecer aos clientes estrutura para desembaraço aduaneiro na importação e exportação, bem como para organizar operações em regime de entreposto industrial. O Centro Logístico está apto a operar grande diversidade de cargas, em função das licenças de órgãos anuentes, equipamentos adequados e investimento em capital humano. Com investimento inicial de R$ 120 milhões, a partir dos novos serviços, o principal objetivo do Clif é triplicar o faturamento em 2016.

Na Docol, os funcionários também

foram vacinados. No total, 75%

receberam a imunização. Além

disso, o benefício foi oferecido

aos dependentes, com desconto

posterior. De acordo com o diretor

de administração e finanças, Marco

Aurélio Gonçalves, os atestados não

vêm se alterando muito nos meses

de outono e inverno. Ele observa

que as ações de orientação e a

vacinação anual contribuíram para

esse quadro.

Para a médica Marylane Dantas, presidente do Núcleo de Gestores da Saúde da ACIJ, um dos maiores desafios enfrentados pelas empre-sas é o absenteísmo por causa mé-dica. “O cuidado com o bem-estar do trabalhador é item obrigatório do planejamento estratégico, por meio de ações de promoção de saú-de e qualidade de vida”, ressalta. Ela explica que os empresários preci-sam estar preparados para os me-ses de abril a julho, quando as infec-ções respiratórias afastam muitos trabalhadores. “A pessoa infectada não necessariamente desenvolverá a forma grave da doença, mas mes-mo a leve, altamente contagiosa, a obriga a permanecer em casa de um a cinco dias”, afirma.

Para a médica, as empresas de-vem obter informações sobre a doen-ça de fontes confiáveis e repassá-las às equipes da melhor maneira. “A vacina é uma das medidas mais efi-cazes na prevenção de complicações e casos graves. Estudos demonstram que a vacinação pode reduzir entre 32% e 45% o número de hospitali-zações por pneumonias e de 39% a 75% a mortalidade por complicações da influenza”, explica. O Núcleo de Gestores da Saúde da ACIJ atende as empresas interessadas com in-formações quanto ao diagnóstico e tratamento, bem como as medidas preventivas da gripe H1N1.

Page 36: Revista 21 - Edição 25 - Maio/Junho 2016

ACIJ36

TURISMO RURAL

De pai para filhosSanta Catarina é bem mais do que praia. De acordo com o Instituto de De-senvolvimento do Turismo Rural (Idestur), foram as propriedades de des-cendentes de colonizadores que consolidaram o turismo rural no Brasil. Em Joinville, o projeto Viva Ciranda, criado pela Fundação Turística em 2011, impulsiona a prática com visitas pedagógicas, fortalecendo o fluxo de tu-ristas ao longo do ano. Em maio, filhos de agricultores e produtores rurais ligados ao programa participaram do 1º Seminário Municipal de Políticas Culturais em Museus e Espaços de Memória.

Representantes da Família de Ango, da Agrícola da Ilha, do Apiário Pfau, do Sítio Vó Bia, do Recanto das Arrozeiras e do Sítio Canto dos Pássaros fala-ram sobre as oportunidades que o turismo proporciona às suas famílias e as expectativas que, como jovens, veem na atividade. Henrique Menestrina, do Recanto das Arrozeiras, formou-se em turismo e, depois de morar na área ur-bana, retornou às origens para dar novo rumo ao negócio da família. “O plantio de arroz já não é economicamente viável e, por isso, buscamos outra atividade. Deixei a vida no centro para morar e trabalhar no campo, onde encontrei mais qualidade de vida”, conta.

Para as filhas de Ango Kersten,

agricultor da Estrada Bonita e

precursor do turismo rural na

região, o desafio foi ampliar

a opção de produtos. Além de

trabalhar com agricultura e

melado, Juliana e Joice auxiliam na

confecção de pães, cucas, biscoitos e

artesanato. “Tudo é feito pela nossa

família. O turismo nos motivou a

permanecer na propriedade, dando

continuidade ao trabalho iniciado

por nossos avós”, ressalta Juliana.

A coordenadora do Viva Ciranda,

Anelise Rosa, sublinha que as

parcerias são fundamentais para

o desenvolvimento das atividades

turísticas. “É o comprometimento

de todos os envolvidos que garante

o sucesso do nosso turismo rural”,

destaca Anelise.

Page 37: Revista 21 - Edição 25 - Maio/Junho 2016

ACIJ37 REVISTA 21 37

SUSTENTABILIDADE

Reciclagem de lixo abaixo do idealOs números já foram menores, mas falta muito para que a por-ção reciclável do lixo produzido na casa dos joinvilenses tome o des-tino correto. Em maio, a prefeitura divulgou que o volume separado pelos moradores e recolhido pelo serviço de coleta seletiva oscila en-tre 5% e 8% – quando se estima em 35% a parcela dos materiais que poderia ser reaproveitada.

A coleta seletiva, existente des-de 2003 e sob a responsabilidade da empresa Ambiental, recolhe 1 mil toneladas de recicláveis/mês.

Poderia ser o dobro, ou mais. “Vemos muito material de qualidade no ater-ro sanitário”, aponta Pedro Ivo Barnack, da Secretaria de Infraestrutura Ur-bana (Seinfra). Sete unidades de reciclagem – quatro cooperativas – se en-carregam de processar esse “lixo que não é lixo”. O aterro sanitário recebe em torno de 11 mil toneladas de lixo domiciliar por mês.

Essencial para a reutilização e reciclagem de produtos e materiais, a coleta seletiva alcança 1.322 municípios brasileiros, o que representa apenas 23% das cidades. Segundo o Sistema Nacional de Informações de Saneamento (SNIS), o país ainda está longe do conceito de economia cir-cular, por meio do qual os resíduos são reaproveitados e transformados em novos produtos.

Em Joinville, uma boa experiência baseada na economia circular é o Nat.Genius,

modelo de negócio lançado em 2014 pela Embraco. A unidade transforma

equipamentos de linha branca e de refrigeração comercial ao final da vida útil

em novos produtos, agregando valor ao que é descartado ou vendido como

sucata. Gestor do Nat.Genius, Luiz Ricardo Berezowski assinala que, do ponto de

vista tecnológico, a economia circular “incentiva a inovação em campos ainda

pouco explorados por governos e grandes grupos econômicos, assim como

desenvolve bases para a criação de novos mercados consumidores”.

Page 38: Revista 21 - Edição 25 - Maio/Junho 2016

ACIJ38

EM NÚMEROS

As digitais de JoinvilleO recadastramento biométrico realizado em Joinville até o início de maio mudou o perfil do eleitorado local. Comparados a 2012, ano da última eleição para prefeito, os números divulgados pelo Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina em 1o de maio mostram um previsível aumento no número de títulos cancelados – o recadastramento permitiu retirar da lista de eleitores os já falecidos e quem não vive mais na cidade, por exemplo. Além disso, houve substancial melhora no nível educacional dos eleitores, aumento na participação dos jovens e até curiosidades como o fato de que, agora, ao contrário de 2012, existem mais eleitores casados do que solteiros em Joinville. O resultado definitivo, que deve ter pouca alteração, será divulgado em junho.

NÚMERO DE ELEITORESO recadastramento permitiu um número mais realista dos eleitores. Em abril de 2016, eram 412.356 títulos de Joinville no cadastro do TRE/SC. Em 1o de maio, esse número caiu 16%. Abaixo, uma comparação com 2012

GRAU DE INSTRUÇÃO

ELEITORES APTOS PARA O VOTO

TÍTULOS SUSPENSOS OU CANCELADOS

ALTA

QUEDA

365.5552012

2012

2016

2016

354.243

81.030

18.809

2012

1o grau incompleto 101.472

1o grau completo 49.513

Superior completo 20.082

Superior incompleto 16.072

Sem instrução 3.423 1.5744.355

27.504

66.686

122.685

29.098

38.361

63.980

Lê e escreve 17.870

2o grau incompleto 80.1002o grau completo 77.019

2016

IDADE

2012

35 a 44 anos 76.131

25 a 34 anos 88.72145 a 59 anos 91.875

18 a 24 anos 56.264

17 anos 2.963

60 a 69 anos 29.201

Até 16 anos 951 1.5813.993

36.232

95.159

9.261

53.437

74.028

80.552

Mais de 69 anos 19.449

2016

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COMO JOINVILLE VOTOU EM 2012

Os mapas abaixo mostram o desempenho dos quatro candidatos mais votados no primeiro turno. Cada círculo representa uma seção eleitoral, e o tamanho dos círculos tem relação com o número de votos em cada seção

Abaixo, o tamanho dos círculos representa a diferença de votos entre os dois candidatos – Udo Döhler e Kennedy Nunes – que disputaram o segundo turno. Quando escuro, vantagem para Udo na seção eleitoral. Quando claro, vitória de Kennedy

Kennedy100.307 votos.Força no Leste da cidade, principalmente na região do Aventureiro

Udo85.899 votos.Foi o candidato com a votação mais equilibrada, com destaque para o Centro

Carlito57.594 votos. Mostrou certa força na região do Irirú, mas o Centro abandonou o então prefeito

Tebaldi45.741 votos. O ex-prefeito teve seu melhor desempenho nas regiões do Fátima e do Iririú

ESTADO CIVIL

GÊNERO

Homem

Homem

Mulher

Mulher

2012

2016

177.145188.410

168.242186.001

Solteiro

Solteiro

Casado

Casado

2012

2016

208.484

138.707

139.331

176.116

No primeiro turnoUdo concentrou suas vitórias na região central e nas zonas rurais. Kennedy conquistou as seções eleitorais do Leste

No segundo turnoUdo ampliou a vantagem obtida na região central, desidratou as conquistas de Kennedy na região Leste e venceu a eleição

Aventureiro

FONTE: TRE/SC

Iririú

Fátima

Centro

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Profissionais mais humanos

ESPECIAL

Por Marcela Güther

Tudo começou quando o consultor empre-sarial Wagner Giovani Silva, 36 anos, foi levar seu filho, em uma manhã de sába-do, para assistir à contação de histórias na Biblioteca Pública Municipal de Join ville. Lá, foi apresentado ao programa “Ledores Voluntários” e a seu coordenador, Osmar Pavesi. “Ele estava buscando interessados em proporcionar às pessoas com limita-ções visuais a oportunidade de conhecer as obras disponíveis na biblioteca, bem como contribuir com os deficientes vi-suais que frequentam curso técnico ou de graduação, para ter acesso aos materiais necessários de estudo”, explica. O interes-se foi imediato: Wagner se inscreveu para receber treinamento e, desde 2014, é vo-luntário, “doando” horas de leitura grava-da. Desde 2006, também integra a equipe de educadores do Instituto Internacional da Universidade da Família (UDF), em que os voluntários promovem cursos com te-mas voltados para a família, baseados em princípios cristãos.

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No Brasil, são 16,4 milhões de vo-luntários, segundo pesquisa da Fun-dação Itaú Social. Levantamento do Instituto Datafolha, com 2.024 brasi-leiros de 135 municípios, atestou que 11% da população atua como volun-tário e 28% realizou algum tipo de atividade informal não remunerada nessa mesma perspectiva. De acordo com a pesquisa, 58% dos entrevista-dos entraram nessa para ser solidá-rios, enquanto 18% se iniciaram na prática por influência de conhecidos ou instituições. Outros 17%, por sa-tisfação pessoal. Sensação de bem--estar (51%), sentir-se útil (40%) e gra-tificação pessoal (37%) é, na opinião dos brasileiros, o que se obtém ao exercer atividade voluntária.

“O voluntariado aprimora a ha-bilidade de se relacionar com os outros e motivá-los para a mudan-ça. Na minha atividade, com ges-tão estratégica de negócios, ajuda a elaborar cenários diferentes do modelo de negócio da organização, bem como a definir ações em di-versos segmentos”, frisa. De acor-do com o consultor, o voluntariado desenvolve duas competências es-pecíficas: tornar-se exemplo, pois um líder necessita incentivar seus liderados para o desenvolvimento profissional, social e pessoal, e a capacidade de transmitir conheci-mento e se comunicar.

Empresas que adotam ações so-ciais, segundo ele, motivam o cresci-mento de suas equipes, sendo este um diferencial competitivo. No dia a dia, tais projetos permitem iden-tificar lideranças, pois um profissio-nal de nível operacional pode vir a comandar uma dessas iniciativas e logo conquistar resultados de exce-lência. “Daí, pode liderar um setor ou outros projetos da organização que também alcancem resultados signi-ficativos. Os projetos sociais trazem outros benefícios, como a melhoria da capacidade de organização e pla-

nejamento, trabalho em equipe, novas experiências, novos conhecimentos, gestão por metas, poder de persuadir, capacidade de ensinar e o desenvolvi-mento da oratória”, elenca Wagner.

Um exemplo é Maribel Rosa, analista de gestão de pessoas no Catarinense Pharma.

A vontade de ajudar o próximo foi despertada no local de trabalho: ela participa

de vários projetos desde a fundação do Instituto A Fonte da Alegria (Iafa), em que

é coordenadora. O Iafa mantém projetos nas áreas ambiental, cultural, social,

profissional e de saúde. Maribel coordena, há cinco meses, um projeto chamado

Coração Solidário, voltado à assistência de famílias carentes. Ela visita entidades,

levanta necessidades, organiza eventos e incentiva a formação de grupos. “É uma

experiência de gratidão e evolução, faz com que me sinta mais valorizada e mostra o

quanto posso crescer como cidadã e profissional.”

A psicóloga Karen Sanches vai além: “Quem é mais ajudada sou eu”. Ela participa do programa Jogos para Vida, do Hospital Dona Helena. Desde 2015, visita pacientes jovens e adultos internados. O projeto tem como obje-

Na foto acima, Wagner Silva, acompanhado de Maria Pavesi, deficiente visual e assistente do departamento de braile da Biblioteca Pública Municipal Prefeito Rolf Colin. Na ocasião, o registro, em 2014, da entrega de uma lembrança de agradecimento, homenageando os idealizadores do projeto “Ledores Voluntários”. À direita, Maribel Rosa, coordenadora do Instituto A Fonte da Alegria (Iafa), do Catarinense Pharma

FOTOS: DIVULGAÇÃO

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tivo levar ao paciente uma atividade lúdica, para que ele vivencie um mo-mento sem pensar sobre a doença. A enfermagem direciona os jogos aos pacientes que estão há mais tempo internados. As reações são únicas. “Você não sabe realmente o que a pessoa vai falar, como está se sentindo. Dá uma satisfação ver que ela riu, ficou com o semblante mais animado. Possibilitar isso já faz a di-ferença”, evidencia. Para a psicóloga, o voluntariado fortalece o indivíduo. “Colocar-se no lugar dos outros e querer repartir o amor só faz crescer como ser humano.”

Para a professora aposentada Marlene Lucas, agente solidária há sete, esse trabalho a tornou uma ci-dadã mais completa. “O voluntariado ajudou a lapidar os meus propósitos de ter ouvidos e coração mais aber-tos, aceitar as diferenças em meio a tantas adversidades”, aponta. Marle-ne atua no Hospital Dona Helena e Maternidade Darcy Vargas. Mensal-mente, no Dona Helena, auxilia na entrega da ceia na capela e quartos. Quinzenalmente, visita os setores de crianças e adultos. Já na maternida-de, faz visitas e entrega enxovais para as mães carentes.

De acordo com Emerson Zappone, diretor de operações da Embraco, o trabalho voluntário leva o cidadão a valorizar as interações sociais. “A sensibilidade ao voluntariado é mais e mais reconhecida como atri-buto profissional, desde os processos de recrutamento e seleção. As empresas tendem a valorizar a dedicação do candidato a uma ‘causa’, a um propósito que esteja fora de seu dia a dia de trabalho e, por ób-vio, não se vincule à remuneração. O compromisso social se estende ao ambiente corporativo e reforça o perfil multifuncional dos times, característica vital nestes tempos de ‘crise’”, evidencia. “É, em síntese, uma relação ganha-ganha: eu, você, nós, o outro, a sociedade, todos se beneficiam de maneira efetiva.”

Há mais de 12 anos, a Embraco mantém o Prove, programa que estimula a

atuação dos funcionários em ações de voluntariado. São realizados projetos

em hospitais, escolas e instituições sociais. O ponto alto é o Prove Um Dia

Diferente, iniciativa que alcançou a sexta edição neste ano. Em abril, cerca

de 100 voluntários arregaçaram as mangas em atividades como pintura

de paredes e muros, revitalização de ambientes e construção de uma horta

pedagógica no Núcleo de Assistência Integral ao Paciente Especial (Naipe) de

Joinville. O objetivo foi oportunizar aos profissionais a experiência de um dia

de voluntariado na comunidade.

Um dos participantes foi o engenheiro civil Luiz Antonio Dalazen Riz-zo. O engenheiro é voluntário há mais de sete anos, desde os tempos de faculdade, tendo como espelho os seus pais, atuantes na comunidade. Na Embraco, costuma participar de ações desde que ingressou na em-

“Dedicação a uma causa”

O Prove Um Dia Diferente, iniciativa da Embraco, reuniu cerca de 100 voluntários para levar melhorias estruturais ao Naipe Joinville

Para as filhas de Ango Kersten,

agricultor da Estrada Bonita e

precursor do turismo rural na

região, o desafio foi ampliar a opção

de produtos da propriedade. Além

de trabalhar com agricultura e

produzir melado, Juliana e Joice

auxiliam na confecção de pães,

cucas, biscoitos e artesanato. “Tudo

é feito pela nossa família. O turismo

nos motivou a permanecer na

propriedade dando continuidade ao

trabalho iniciado pelos nossos avós”,

ressalta Juliana. A coordenadora do

Viva Ciranda, Anelise Rosa, sublinha

que as parcerias são fundamentais

para o desenvolvimento das

atividades turísticas. “É o

comprometimento de todos os

envolvidos que garante o sucesso do

nosso turismo rural”, destaca.

EDSON MIRANDA

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“A sociedade enaltece o vencedor, que conquista seu espaço, tem boa aparência. O palhaço é o oposto, o perdedor, aquele que a sociedade rechaça, o careca, gordo, disfor-me. Um ser atrapalhado, torpe, ingênuo. É um treinamento difícil para o voluntário, pois se é edu-cado para ser socialmente aceito, correto”, explica Ângela Finardi, professora dos cursos de medicina e de teatro, que ensina a técnica de clown desde o começo do Palha-çoterapia, projeto da Univille que completa 13 anos em 2016.

presa, em 2014. No Prêmio Embraco de Ecologia, iniciativa que tem como objetivo incentivar e reconhecer as práticas socioambientais adotadas nas escolas de Joinville, o engenhei-ro civil auxilia as escolas com seus conhecimentos na área.

No CEI Espinheiros, vencedor em 2014 do prêmio na categoria Transformação, com o projeto “Na Enchente da Maré: a Aventura Con-tinua”, Luiz elaborou um deck em estrutura de madeira plástica e eco-lógica, para a criação de uma área na qual alunos e comunidade pudes-sem conhecer e preservar o ecossis-tema do mangue. Em seu trabalho, o engenheiro nota reflexos no desen-volvimento dos profissionais, que são mais solícitos, compreensivos e convivem em um ambiente harmô-nico. “Ser solidário deve ser preocu-pação de todos. Qualquer empresa procura mais o funcionário que auxi-lia o próximo, entende a posição do outro, compreende seus problemas e observa de que forma ele pode ser ajudado”, sublinha o engenheiro.

Focado na humanização da área da saúde, o Palhaçoterapia foi criado pela professora Selma Franco, de Medicina, junto com outros três acadê-micos. Além de Selma e Ângela, o professor Alessandro Aleixo trabalha na preparação dos alunos para as visitas semanais ao Hospital Infantil Jeser Amarante Faria e ao Hospital São José. São cerca de 60 participantes do pro-jeto por ano. “O objetivo é proporcionar momentos lúdicos para crianças e adultos hospitalizados. Tirar a pessoa daquele ambiente tão duro que é o hospital”, explica Ângela. “O Palhaçoterapia também pretende fazer com que os acadêmicos vejam o outro de forma mais humanizada, desenvolvam empatia, de forma a não olhar o paciente como doente, mas um ser huma-no, com toda a sua condição biopsicossocial”, completa.

Segundo ela, ocorre uma inversão de valores aos médicos e profissionais da saúde em geral. “É preciso aceitar o seu lado ridículo cômico e ingênuo, rir de si mesmo. Isso provoca nos acadêmicos um olhar mais humanizado”, expõe Ângela. A formação do clown leva um semestre. No período letivo, os professores oferecem aulas de duas horas e meia, em que os participan-tes aprendem a técnica, com treinamentos corporais e vocais. “As aulas são recheadas de brincadeiras, exercícios e técnicas para nos soltar, criar con-fiança, incitar a criatividade, descobrir novos traços que existem em nós.

Expondo o seu lado ridículo

Voluntários da Embraco atuam em escolas e instituições: acima, o CEI Espinheiros, uma das escolares vencedoras do Prêmio Embraco de Ecologia; ao lado, o Naipe, que foi beneficiado pela ação realizada neste ano

FOTOS: DIVULGAÇÃO

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Além de aula, é uma terapia. É um momento em que esquecemos de toda nossa vida acadêmica, nossos problemas, e nos divertimos juntos”, explica a palhaça Fofolete, que frequenta os dois hospitais do projeto.

Fofolete é conhecida como Carolina Schimidt Mendes de Melo, estudante do

segundo ano de psicologia. Ela explica o nome de palhaça: “Eu me considero uma

palhacinha fofa, que adora dar abraços e arranjar sorrisos”. Camila se interessou pelo

Palhaçoterapia pelo fato de ser apaixonada por crianças. Demorou para “se soltar”,

pois não gostava de se expor demais, com receio de ser julgada. “Conforme as aulas

foram passando, criamos laços uns com os outros, e as brincadeiras ajudaram a

colocar a timidez de lado”, avalia.

Os acadêmicos trabalham com músicas, lendas, cantigas e jogos. Também recebem auxílio para lidar com pessoas internadas, tendo em vista a piora do estado clínico, os cuidados paliativos e a questão da morte. “Atuando no hos-pital, é necessário ter uma espontaneidade controlada, respeitar a doença do outro. Voluntário é o eterno fazedor de pontes”, define. Fofolete nunca esque-ce de uma situação especial que viveu no ano passado. “Uma menina tinha acabado de sair de um procedimento, estava abatida e triste. Assim que me viu pela janela do quarto, me chamou e ficou segurando a minha mão por cerca de três horas, sem soltar por um segundo. No fim, disse que me amava e perguntou se eu não poderia passar a noite com ela. Nunca tinha escutado um pedido desses”, lembra.

O resultado é visível. “Eu me tornei alguém mais preocupada com o pró-ximo e com vontade de mudar o mundo. Saio renovada do hospital. Aprendo muito a cada aula, a cada visita.” O projeto estimula a prática da empatia, res-peito ao limite e o a um olhar mais sensível ao próximo. “Percebo a diferença que faz quando consigo lidar com alguma situação sem dificuldades.”

Arriscando a vida pelo outro“Por algum tempo, fui a ovelha ne-gra da família. Meus pais me criti-cavam por este trabalho, me acha-vam louco por trabalhar de graça, correndo risco de me machucar e até morrer”, conta Jackson Renato Seidel, que ingressou no Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville em 2008, como motorista. Hoje, é subcomandante da corporação, responsável por toda a gestão do sistema de voluntários da corpo-ração, desde o ingresso de novos bombeiros, formação, treinamen-tos e gestão de horas e escalas.

Jackson atua também como coor-denador de desenvolvimento e planejamento de emergências ambientais na Secretaria do Meio Ambiente de Joinville. Como bom-beiro, ele cumpre de 120 a 150 ho-ras mensais de voluntariado por sua função – a média normal é 24 horas de plantão por mês. “Para ser bombeiro voluntário, é preciso ter tempo disponível e uma vida bem organizada, pois se concilia família, profissão e trabalho vo-luntário. Se tudo não estiver bem dividido, um dos lados acaba pre-judicado”, observa.

Em média, entre 10 e 12 bom-beiros voluntários atuam na cor-poração diariamente. Mas, para se

O Palhaçoterapia, da Univille, completa 13 anos: acadêmicos voluntários visitam semanalmente o Hospital São José e o Hospital Infantil Jeser Amarante Faria

FOTOS: CÁSSIA MARA CIPRIANO E ÉMILIN SOUZA

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engajar no grupo, existem requisi-tos. Para começar, um processo de seleção e testes de aptidão física e psicológica. Depois, um curso de formação, de 300 horas, traz ensi-namentos práticos e teóricos, em que se aprendem funções como combate a incêndio, resgate veicu-lar e resgate em altura. Se aprova-do, o novato inicia o estágio, de 240 horas em campo. Passada a avalia-ção final, passa a ser considerado um bombeiro voluntário formado.

“A principal dificuldade é de

absorver o conteúdo, diferente do de

outras profissões. Trabalhamos com

o imprevisível”, frisa Jaekel Antonio

Souza, comandante do Corpo

de Bombeiros. Jackson ressalta a

preparação psicológica que ser

bombeiro exige. “Temos exemplos

de pessoas que, quando entraram

na corporação, passaram por

problemas de adaptação, mas com

o tempo, atuando em ocorrência

e ganhando experiência, tiveram

uma mudança radical na vida.”

“O bombeiro voluntário dedica tempo e conhecimento a alguém que ele não conhece. Atua em situa-ções que provocam medo. É preciso reconhecer o seu próprio limite para enfrentá-las. Também desenvolve o espírito de equipe, a camaradagem, o respeito, a disciplina”, frisa Jaekel. “Ele passa a valorizar mais o meio ambiente e o patrimônio. Adquire maior senso de responsabilidade e segurança.” Jackson concorda e lem-bra que, quando o bombeiro está em ocorrência, entra em contato com as dificuldades enfrentadas por outras pessoas. “Vê a si mesmo em uma situação muito melhor, e isso o motiva para fazer de tudo para aju-dar o próximo. Esse sentimento mol-da o indivíduo”, completa Jackson. “Ser voluntário é fazer algo a quem precise – e de coração.”

QUEM É O VOLUNTÁRIO

Pesquisa patrocinada pela Fundação Itaú Social, realizada pelo Instituto DataFolha em 2013 e divulgada em 2014, buscou traçar um perfil da ação voluntária no Brasil. A maioria dos entrevistados nunca atuou antes em ações voluntárias, não sabe onde encontrar informações sobre o assunto, enquanto 63% discorda de que ajudar quem precisa é papel do governo. Confira mais informações da pesquisa no infográfico

FONTE: PESQUISA DA FUNDAÇÃO ITAÚ SOCIAL, REALIZADA PELO INSTITUTO DATAFOLHA. FORAM 2.024 ENTREVISTAS REALIZADAS POR TODO O BRASIL, ENTRE 9 E 12 DE SETEMBRO DE 2014, DISTRIBUÍDAS EM 135 MUNICÍPIOS, COM MARGEM DE ERRO MÁXIMA DE 2 PONTOS PERCENTUAIS PARA MAIS OU PARA MENOS, DENTRO DE UM NÍVEL DE CONFIANÇA DE 95%. PESQUISA QUANTITATIVA, COM ABORDAGEM PESSOAL EM PONTO DE FLUXO POPULACIONAL, MEDIANTE APLICAÇÃO DE QUESTIONÁRIO ESTRUTURADO EM TABLET. DESENHO AMOSTRAL COM BASE EM INFORMAÇÕES DO CENSO 2010/ESTIMATIVA 2013 (FONTE: IBGE).*OS ENTREVISTADOS PODIAM CITAR MAIS DE UM ITEM

72% nunca atuaram em ações voluntárias

28% já praticaram

ações voluntárias

11% continuam atuando voluntariamente

51% homens

50%

49% mulheres

51% sensação de sentir-se útil, de bem-estar e de fazer o bem

40%

sentir-se útil

29%

ajudar as pessoas e o país

Benefícios apontados*

Onde se informam sobre práticas voluntárias*

76% não sabem onde encontrar informações

33% em instituições religiosas

20% pela internet

18% em associações de bairro

17% com amigos e parentes

16% com pessoas que já foram voluntárias

40% Por falta de tempo

29% Nunca foram convidados

18% Nunca pensaram nisso

Por que não praticam*

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As gaúchas Adriana Tubino e Itiana Pasetti criaram, em 2013, a marca de mo-chilas, bolsas e acessórios Vuelo. O diferencial da Vuelo é que se trata de um negócio social: os produtos são feitos de câmaras de pneus e náilon de guar-da-chuvas. “A ideia era um projeto voltado à sustentabilidade, usando nossas habilidades ligadas ao design. E queríamos fazer de forma diferente, conceber um produto reutilizando um resíduo, diminuindo o problema de excesso de lixo, criando um ciclo produtivo sustentável”, detalha Adriana. Tendo em vista essa combinação de fatores, procuraram identificar materiais resistentes, se-melhantes ao couro. “Pesquisando e testando, chegamos à câmara de pneu, que é à prova de água e costuma ir para o aterro, demorando, em média, 500 anos para se decompor. Também escolhemos o náilon descartado nos guarda--chuvas, pois o que realmente estraga são as hastes de metal.”

As empreendedoras iniciaram um circuito de recolhimento, compra e acerto

de valores com os responsáveis pela coleta dos materiais. Os produtos são

vendidos em site próprio e lojas parceiras. A marca passou a focar no público

corporativo, para pedidos em maior quantidade. As duas sócias também abriram

a consultoria Ação Reinvenção, para encontrar soluções e destinos sustentáveis

aos resíduos industriais.

Fator determinante para o voo da Vuelo foi a participação, em 2015, no programa de aceleração da Yunus Negócios Sociais Brasil. Trata-se de uma rede que desenvolve negócios sociais pelo país, por meio de seu fundo de investimentos, inspirando e capacitando pessoas e empresas na transforma-ção social e ambiental. A boa notícia é que a rede está chegando a Joinville.

NEGÓCIO SOCIAL

Novo modelo chega ao EstadoPara as sócias da Vuelo, os primeiros passos foram três meses recebendo consultoria em São Paulo. “A troca foi muito rica, recebemos consul-toria de diversos profissionais das mais diferentes áreas, como bran-ding, direito e gestão estratégica”, detalha Adriana. Mas o principal aprendizado foi a compreensão do próprio negócio – e as possibilidades para aumentar o impacto positivo, aumentando a escala, ou seja, pro-duzindo mais, sempre de forma sus-tentável. A Yunus desafiou a Vuelo a se expandir para mais lugares do Brasil. “Três meses depois, fecha-mos nosso maior trabalho de cliente corporativo, comercializando 16 mil produtos para a Sedex Brasil”, orgu-lha-se a empreendedora.

Adriana pôde contar um pou-co dessa experiência na ACIJ, no evento de estreia da Yunus que, a partir de 2016, amplia a atuação para Santa Catarina. Em maio, a

Da esq., Itiana e Adriana, empreendedoras da Vuelo, marca que participou do processo de aceleração da Yunus

DIVULGAÇÃO

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rede começou a se apresentar para todo o Estado, visitando Florianó-polis, Blumenau e Joinville. Na ACIJ, também palestraram a represen-tante da Yunus em Santa Catarina, Daniela Reis, e o coordenador da rede nacional, Victor Pucci. Para o lançamento da representação re-gional da unidade brasileira liga-da à Yunus Social Business Global Initiatives, a rede firmou parceria com a Nexus Consultoria em Sus-tentabilidade, além de receber apoio estratégico da ACIJ, Tigre e Sustentare Escola de Negócios – cada um desses pilares representa setores que podem se beneficiar com os negócios sociais, o principal conceito levantado pela Yunus.

Negócios sociais são empresas que têm como missão solucionar um problema social ou ambiental. São autossustentáveis financeira-mente e não distribuem dividendos. Por definição, o investidor recupera seu aporte inicial, mas o lucro gera-do é reinvestido no próprio empreen-dimento para ampliação do impacto social. E o sucesso não é medido pelo total de lucro gerado em um deter-minado período, mas pelo impacto criado para as pessoas ou meio am-biente. “A expectativa da Yunus é de representar um novo modelo, a ser incorporado por grandes empresas ou novos empreendedores”, explica Simone Faustini, parceira local da Yu-nus e proprietária da Nexus.

De acordo com Daniela Reis, os objetivos iniciais da Yunus no Es-tado são ampliar o conhecimento sobre negócios sociais, replicando o modelo entre empreendedores e atuando no processo de aceleração, além de estabelecer parcerias com empresas privadas que tenham gestão que se aproxime do conceito de negócios sociais e, ainda, firmar alianças com universidades, a fim de propor o modelo como alterna-tiva de mercado, incluindo-o como

disciplina ou curso de pós-graduação, por exemplo. Também está sendo or-ganizado um fundo para investir em negócios sociais.

A iniciativa global é liderada por Muhhamad Yunus, único economista a receber

o Prêmio Nobel da Paz pelo trabalho realizado à frente do Grameen Bank, que

tirou milhões de moradores da extrema pobreza em Bangladesh e impactou mais

de 800 mil pessoas ao redor do mundo, distribuindo aproximadamente US$ 8,6

milhões para fomentar negócios sociais. A Yunus Social Business acelera e financia

empreendedores locais, tendo alcançado mais de 800 mil pessoas por meio dos

mais de 500 empreendedores suportados e com 34 negócios sociais financiados

na Colômbia, Haiti, Tunísia, Bálcãs, Uganda e Brasil.

No Brasil, a Yunus Negócios Sociais levanta a bandeira no meio acadêmico, via palestras, workshops e eventos. Oferece também serviços de consultoria para empresas, governos, fundações e ONGs. Desde dezembro de 2015, pas-sou a contar com uma rede de gestores estaduais, entre os quais Santa Catari-na, com o objetivo de ampliar o potencial de impacto de negócios que possam tornar o mundo menos desigual. “A Yunus é um negócio global de cinco anos. Tem atuação no Brasil há três, com sede no Rio de Janeiro. Recentemente, fi-zemos um balanço para saber qual a dimensão de nosso impacto no país. Era pequeno. Estávamos centralizados em polos como São Paulo e Rio de Janeiro. Assim, vimos a possibilidade de expandir a rede, com representantes e parcei-ros locais em outras regiões”, justifica Simone.

Acima, à direita, Daniela Reis, gestora da Yunus no Estado, em palestra de apresentação da rede na ACIJ; à esquerda, produto sustentável da marca Vuelo; no topo, empresariado conhece o modelo de negócios sociais

FOTOS: JULIA CIMIONATTO

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Centrais de compras garantem economia média de 20% e inspiram concorrentes a atuar coletivamente

Juntos negociamos fortesCASE

Por Guilherme Diefenthaeler. Em vez da queda de braço, empresas dos mais variados segmentos vêm apostando na chamada relação ganha-ganha ao sentar à mesa com seus fornecedores. Um caminho para isso está na criação de centrais de compras, em que os participantes deixam de lado a rivalidade e negociam, conjuntamente, produtos ou insumos necessários a todos. O ápice dessa articulação é a formação de redes, constituídas por diferentes firmas que se apresentam ao mercado com marca única – caso das joinvi-lenses Concasa, de materiais de construção, e Unicerta, de supermercados. A metodologia nasceu há sete anos em Santa Catarina, concebida pelo Se-brae, e hoje é multiplicada em todo o país. No Estado, segundo o coordena-dor da Regional Norte do Sebrae, Jaime Dias Júnior, são nada menos que 80 grupos ativos, reunindo 2 mil empresas que faturam R$ 4 bilhões por ano. Compras conjuntas respondem por 30% dessa receita e garantem descon-

tos médios de 20%, ou a bagatela de R$ 240 milhões/ano.

No caso das redes – ou centrais de negócios, como denomina o pro-grama do Sebrae –, há outros pro-pósitos, além de melhores custos na hora das compras: capacitação de equipes, design de lojas padro-nizado, linhas de crédito em condi-ções mais favoráveis, campanhas de mídia, centros de distribuição para atender a todos os parceiros, planejamento coletivo de marke-ting e vendas. Mesmo quando não se chega a costurar uma associação com essas características, a busca de soluções comuns para proble-mas comuns entre concorrentes produz vantagens evidentes. E aí a diminuição dos custos é uma das primeiras bandeiras.

Foi o pleito que mobilizou as 14

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Francisco, do Núcleo de Construção: bom para empresas e fornecedores

BANCO DE IMAGENS

Como exemplo do que essas con-versas já renderam, Francisco men-ciona uma redução média de R$ 10 a R$ 20 por metro cúbico na aquisição de concreto pelas construtoras liga-das ao núcleo. “Nem sempre atingi-mos o objetivo, mas o saldo tem sido muito mais positivo que negativo”, avalia, convicto de que, nesse circui-to, as duas partes saem satisfeitas: “É bom para as empresas nucleadas e também para os fornecedores, que ganham 14 clientes qualificados. Em tempos de crise, um diferencial que pode garantir a sobrevivência”.

Os fornecedores concordam que a fórmula é boa para ambas as par-tes. A Famossul, que produz portas de madeira e componentes em Pién, no Paraná, amplia a cada ano a presença de Joinville no seu portifólio de clien-tes – já atende regularmente a 40 construtoras baseadas na cidade. “A parceria com o núcleo foi de extrema importância para o fortalecimento da nossa marca na região”, avalia o di-retor comercial Guido Greipel Junior,

que recebeu uma comitiva joinvilen-se para conhecer a fábrica da empre-sa. Do outro lado do balcão, o foco está em baixar preços, claro, mas não é só: “Alguns fornecedores oferecem atendimento especial, designando um vendedor específico para as nu-cleadas”, ressalta o engenheiro Rafael Alex Friedrich, da Construtora Casa Vita. “Em grupo, conseguimos preços e prazos melhores. Sozinhos, não te-ríamos esse ganho.”

Diretor comercial da Issan Em-preendimentos, Márcio Ishikawa lista mais algumas vantagens que não se limitam à hora das compras: desen-volvimento de novos fornecedores, melhores práticas, padrões constru-tivos e tecnologias, cursos, represen-tatividade nas relações com o setor público, e por aí vai. Ele participou da visita técnica à Famossul e também esteve na Top Fusion, indústria de tubos e conexões, que proporcionou treinamento para a equipe da cons-trutora. No capítulo custos, a Issan calcula ter poupado 14% nos gastos

integrantes do Núcleo de Constru-ção Civil da ACIJ. Logo que o grupo se estruturou, no final de 2014, essa demanda surgiu como unani-midade, ante a queda no ritmo do mercado imobiliário.

“Percebemos a oportunidade de

ganhar volume juntando nossas

compras de materiais e insumos

para obras”, relembra o engenheiro

Francisco Hackbarth, presidente

do núcleo. Conforme o impacto

de cada item no orçamento, os

fornecedores vêm sendo chamados

um a um. Em pauta, além de

valores, discutem-se temas

como forma de pagamento e até

questões técnicas. Votorantim,

Tigre, Tintomax, Famossul, Max

Mohr e Termotécnica são algumas

que já atenderam ao convite.

PENINHA MACHADO

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ACIJ52

com concreto e 20% no cimento, em seu último empreendimento, depois que o núcleo entrou em ação.

Outros segmentos, como imobiliárias,

estudam a possibilidade de avançar

nas negociações conjuntas com

fornecedores, premidos pela alta

de custos. Já os 30 supermercados

que fazem parte do núcleo setorial

caminham nessa direção. O

grupo planeja compras coletivas

de materiais de expediente e

suprimentos. Uma conquista

foi a redução média de 1 ponto

percentual nas taxas cobradas pelas

operadoras Rede e Visa, de cartões

de crédito e débito. “É um retorno

significativo para a rentabilidade dos

supermercados”, avalia o presidente

do núcleo, Marco Aurélio Mattiola.

Especialmente para micro e peque-nas empresas, a busca de compe-titividade desaconselha a postura individualista na luta por fatias de mercado. “Pelo contrário, faz-se necessário realizar projetos que in-centivem as MPEs a atuar de forma coletiva, visando prepará-las para uma visão global”, sublinha Jaime Dias Junior, do Sebrae. Esse é o es-pírito das redes fomentadas pelo programa batizado de Central de Negócios, que elegeram as com-pras conjuntas como um dos focos. Uma delas é a Concasa, implantada em 2009 e hoje com 20 associados que, além das negociações, têm em comum aspectos como o marketing e a própria gestão dos empreen-dimentos, mirando no desenvolvi-mento das empresas e na qualifica-ção dos trabalhadores. A rede soma 148 empregos e área de vendas to-tal de 4.900 metros quadrados.

Mais antiga, criada em 2000, a

Atuação coletiva fortalece empresas

Mattiola, do Núcleo de Supermercados: redução de taxas para cartões

Unicerta Rede de Supermercados reúne 15 lojas em Joinville, Araquari, Barra do Sul e Jaraguá do Sul. A união trouxe resultados de impacto, como a redução em até 25% dos custos de derivados de leite, a partir do momento em que a rede ganhou fôlego para comprar da indústria. Segundo o professor Valmir Ga-zzoli, que leciona no MBA de Gestão Moderna de Compras da escola Susten-tare, em Joinville, a falta de volume significativo no fechamento dos pedidos tende a inviabilizar compras de pequenas empresas em grandes fabricantes. “As centrais permitem que esses clientes voltem a ter acesso às condições e preços mais competitivos das maiores indústrias, em vez de adquirir produtos de atacadistas ou outros canais”, explica o professor.

O modelo é vantajoso, mas exige cuidados para ter êxito. Antes de mais nada, Gazzoli frisa que os envolvidos precisam alinhar com clareza suas cul-turas, estilos de negociação, processos decisórios e expectativas – e dar auto-nomia ao negociador para buscar as melhores soluções, seja na escolha dos fornecedores, seja nas condições de pagamento: “Algumas empresas querem ganhos de curto prazo, outras preferem parcerias de médio e longo prazos”.

Entre os casos bem-sucedidos que vão entrando para a bibliografia acadêmica

da gestão de compras, Gazzoli menciona a Rede Super, do Rio Grande do Sul. A

marca surgiu em 1996, na cidade de Santa Maria, integrando 22 supermercados.

Hoje, são 60 lojas, espalhadas por 30 municípios gaúchos, com 10 mil empregos

diretos e indiretos. “A iniciativa de comprar em grandes quantidades para vender

mais barato atraiu e conquistou os consumidores”, comemora a rede, em texto de

apresentação. “A partir desse momento, os mercados de bairro puderam competir

com as grandes redes em preço e em comunicação.”

PENINHA MACHADO

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ACIJ53 REVISTA 21 53

Devido às restrições alimentares do pequeno Arthur, Letícia Vergara é consumidora assídua de produtos voltados a esse público e assiste ao crescimento do setor

Quadro de limitações na dieta impulsiona setor de produtos especiais

O mercado das restrições alimentaresSAÚDE

A auxiliar jurídica Letícia Segal-la Vergara já sabia que sua vida mudaria muito depois da ma-ternidade. Novas atribuições, novas responsabilidades, novas rotinas. Mas não sabia que a die-ta alimentar também mudaria drasticamente. Foi o que ocorreu

quando, aos 6 meses do pequeno Arthur, Letícia descobriu que o filho era alérgico a leite e ovos. “Quando passei a introduzir a alimentação industrializada é que vieram os sintomas. Corremos para o hospital, foi um susto. Só quando ele completou 1 ano é que conseguimos fazer um exame específico, diagnosticando a alergia alimentar”, conta Le-tícia. Situações como essa, que se repetem em milhares de lares, vêm sendo acompanhadas pela oferta crescente de produtos especiais para pessoas com restrições alimentares, tanto em pequenos estabe-lecimentos quanto nos grandes supermercados.

Inaugurada em agosto de 2015, a SOS Alergias faz parte de uma rede de franquias com 13 unidades pelo país. Especializada em qua-tro tipos de alergias (insetos, contato, respiratória e alimentar), a loja atende à demanda de clientes com restrições alimentares, vendendo produtos sem glúten, sem leite, sem soja, sem ovos, entre outros. Tam-

FOTOS: PENINHA MACHADO

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ACIJ54

bém mãe de alérgicos e intolerante à lactose, a proprietária Maria Luíza Garcia observou uma demanda crescente de consumidores, ao lado de um mercado que ainda era restrito. Por isso, resolveu abrir o ponto. “Prestamos atendimento personalizado e os clientes podem esclarecer todas as suas dúvidas. Ainda existe uma confusão muito grande sobre o assunto e, por falta de informação, as pessoas podem acabar comprando algo que continue a fazer mal”, reitera Maria Luíza.

Os fatores que desencadeiam alergias e intolerâncias alimentares ainda

não foram devidamente esclarecidos, contudo, o consumo de produtos

industrializados, com aditivos, corantes e agrotóxicos, pode influenciar. “Essas

alergias são crônicas e pioram à medida que você continua introduzindo química

em seu corpo. Os hábitos alimentares têm tudo a ver com a tendência de mais

pessoas diagnosticadas com restrições. Existe também o aspecto genético, mas o

fator externo é muito forte”, explica a nutricionista Simone Ribeiro.

Tendência nas prateleiras

Mudança de hábitos

Algumas redes de supermercados mantêm um setor exclusivo de produ-tos para pessoas com intolerância ou alergia alimentar. É o caso do Giassi. Segundo o gerente de uma das lojas de Joinville, Maicon Figueró, há aproxi-madamente dois anos e meio, a rede começou a investir na oferta desses produtos, a partir de solicitações dos clientes. Também adepto da linha, o gerente registra que o preço é mais elevado, justificado pela natureza da produção dos alimentos, ingredientes e processo de fabricação. A rede dispõe de produtos de panificação, como pães, bolos, biscoitos e massas, laticínios, como leite, iogurte e queijos, além de chocolates sem lactose. Considerando a variedade restrita, Figueró reconhece que há espaço a ser explorado. “Para novas unidades, o Giassi já estuda a viabilidade da implan-tação de uma cozinha própria para produção de itens sem glúten.”

Figueró, do Giassi, aposta no crescimento da oferta e demanda

Em função da alergia do filho, a mãe Letícia Vergara precisou adaptar completamente sua dieta, excluindo qualquer alimento feito com leite e ovos, devido à transferência das substâncias ao organismo da crian-ça pela amamentação. Há dois anos, ela ficou sem saber o que fazer para encontrar os alimentos, porque não conhecia lugares que vendessem es-ses produtos. Para Letícia e o peque-no Arthur, hoje com 2 anos, a dieta está funcionando. Impossibilitando o contato do filho com os alimentos aos quais é alérgico, os sintomas de-sapareceram e, aos poucos, ao longo do tratamento, ela pensa em trazer alguns alimentos de volta à rotina da casa. A nutricionista Simone Ribeiro explica que, depois de um período sem contato com o alimento, o corpo para de produzir anticorpos. A partir daí, é possível ingerir alimentos co-muns aos poucos, para verificar as reações do organismo.

Dados da Mintel, empresa de

pesquisa de mercado, apontam que

5,9% dos lançamentos de comidas

e bebidas, em 2015, trouxeram

informações na embalagem

indicando quantidade reduzida ou

ausência de lactose. A fatia foi de

3,8% em 2014 e de 3,1% em 2013.

Já a parcela de produtos sem glúten

cresce apoiada na necessidade dos

portadores da doença celíaca, que

apresentam intolerância à proteína.

Segundo a Associação Brasileira de

Alergia e Imunologia, as reações

alimentares de causas alérgicas

acometem de 6% e 8% das crianças

com menos de 3 anos e de 2% a 3%

dos adultos. Para completar, esses

produtos também atendem a uma

parcela de consumidores que buscam

hábitos de vida mais saudável.

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ACIJ55 REVISTA 21 55

Diferenças entre intolerância e alergiaA intolerância é uma reação de sensi-bilidade não alérgica do organismo, causada por mecanismos não imuno-lógicos a alguns alimentos ou a subs-tâncias encontradas em um ou mais grupos de alimentos. As substâncias tóxicas provocam desequilíbrios de-vido à deficiência ou ausência de en-zimas digestivas para decompor os alimentos. A ingestão excessiva e con-tinuada de um determinado alimento pode levar à saturação do organismo e, se assim for, ele deixa de metabolizar esse alimento, o que provoca proble-mas de saúde e mal-estar. No fundo, a intolerância alimentar é uma resposta adversa e retardada do organismo, re-lativa à ingestão de alimentos que já eram ou passaram a se tornar nocivos. Normalmente, a resposta é lenta e as-sintomática, isto é, sem manifestações visíveis e imediatas após a ingestão dos alimentos. Com o tempo, a intolerância pode resultar em inflamações crônicas que se transformam em doenças debi-litantes, afetando o bem-estar e a qua-lidade de vida do ser humano.

Já a alergia é uma reação adversa a determinado alimento. Envolve um mecanismo imunológico e tem apre-sentação clínica muito variável, com sintomas que podem surgir na pele, no sistema gastrintestinal e respiratório. As reações podem ser leves, como sim-ples coceira nos lábios, até graves, que podem comprometer vários órgãos.

A alergia alimentar resulta de uma

resposta do organismo a determinada

substância presente nos alimentos. As

substâncias são combatidas pelo sistema

imunológico, podendo levar a processos

inflamatórios e ao aparecimento de

sintomas como fadiga, intestino irritável,

inchaço, enxaqueca e obesidade.

Simone investe no preparo dos alimentos e atendimento personalizado

“Cada vez mais pessoas estão tendo acesso aos diagnósticos de alergia ou intolerância alimentar. O público que busca uma alimenta-ção mais saudável, por sua vez, mesmo sem a necessidade, investe nos produtos em função dos cuidados com o corpo”, explica Simone, pro-prietária da Delicatessen Essência de Baunilha. O estabelecimento abriu as portas em 2010, visando à fabricação própria para revenda a pontos comerciais. Em 2012, mudou para uma nova sede.

O ambiente já se firmou como referência para pessoas com res-trições alimentares. A Essência de Baunilha vende produtos próprios em cinco pontos comerciais de Joinville, além de outras cidades dos três Estados do Sul. A loja também comercializa produtos de outras marcas e a proprietária estuda franquias. Otimista com a tendência de expansão, Simone explica que ainda falta difundir melhor o as-sunto na sociedade em geral. “As pessoas precisam ter mais acesso à informação fidedigna sobre o tema, entender por que determinada reação acontece, por que tirar determinada substância da sua dieta.”

Informação é o que busca a professora Elizabete Augusta dos Reis Rodrigues, a partir do encaminhamento dos exames que podem diag-nosticar e confirmar sua alergia ao glúten. Desde 2010, ela segue uma dieta restritiva, mas nunca teve diagnóstico preciso. “Comecei a sentir mal-estar, cansaço excessivo e dores no estômago. Aí me lembrei de uma situação parecida que ocorreu com uma amiga e resolvi tirar da dieta os alimentos com glúten. Como os sintomas passaram, adotei como definitivos os novos hábitos alimentares”, conta Elizabete.

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ACIJ56

Empresas joinvilenses marcam presença na maior competição esportiva do planeta

Oportunidades olímpicasMERCADO

Por Mayara Pabst. Quase 15 mil atle-tas, representando 206 países, em 28 dias de competição. Serão 834 provas com medalhas, em 65 modalidades diferentes. Números que dimensio-nam os dois maiores eventos espor-tivos do planeta. A realização dos Jogos Olímpicos (5 a 21 de agosto) e Jogos Paralímpicos Rio 2016 (7 a 18 de setembro) direciona os holofotes do mundo sobre o território brasilei-ro, especialmente a capital fluminen-se. Quem se faz presente na compe-tição alcança uma oportunidade de exposição raras vezes vislumbrada. Empresas de Joinville estarão repre-sentadas no evento mundial apro-veitam a visibilidade para expor seus padrões de excelência.

As provas das Olimpíadas Rio 2016 serão em 32 locais, de quatro regiões do Rio de Janeiro (Barra da Tijuca, Deodoro, Maracanã e Copa-cabana). Em alguns desses espaços, como nas arenas principais, centro de tênis, centro internacional de transmissões, parque radical e cen-tro nacional de tiro esportivo, esta-rão itens produzidos em Joinville, pela fabricante de metais sanitá-rios Docol. Destaque para tornei-

Ao lado, o símbolo dos Jogos; abaixo, Vinicius de Castro, da Tigre: “Não poderíamos ficar de fora”; na outra página, Marcus de Menezes, da Docol: retorno para a empresa vai muito além do financeiro

ras eficientes no quesito economia de água, chuveiros antivandalismo para banheiros e vestiários e uma linha de produtos desenvolvida para pessoas portadoras de neces-sidades especiais, nos 21 locais das competições paralímpicas.

Maior exportadora de metais da América Latina, a Docol já é re-conhecida no Brasil e no exterior. Segundo o diretor comercial e de marketing, Marcus Vinicius Cordei-ro de Menezes, o fornecimento de produtos para obras dessa magni-tude reforça o caminho percorrido pela empresa. “A importância vai muito além do retorno financeiro. Estar em um evento tão relevante, que recebe atletas do mundo intei-ro, dedicados a bater novos recor-des, competir e mostrar o trabalho de anos de dedicação e treino, é muito significativo”, orgulha-se Menezes.

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ACIJ57 REVISTA 21 57

FOTOS/DIVULGAÇÃO

A Docol ainda forneceu itens para

construções que não estão ligadas

diretamente aos jogos, mas fazem

parte do legado olímpico, como

o Parque Madureira, o Museu

do Amanhã e o Aeroporto do

Galeão, todos no Rio de Janeiro.

Com experiência em obras de

grande porte, a empresa também

disponibilizou produtos para estádios

da Copa do Mundo de 2014.

Já os fixadores da Ciser, a maior do setor na América Latina, contri-buem para a segurança da constru-ção dos espaços que vão abrigar as competições, como arenas multiu-so, complexo aquático, complexo de tênis e velódromo. Os itens foram utilizados principalmente nas es-truturas metálicas das edificações, com fixadores pesados e produtos para coberturas e fechamentos em construção seca. “Somente em uma das obras, foram utilizados, entre outros fixadores, aproximadamen-te 24 mil conectores de cisalhamen-to. A confiabilidade dos produtos reforça nossa representatividade nacional e serve como vitrine para o mercado da construção civil”, relata Flávio Mandelli, gerente de gestão, vendas e marketing.

A presença de joinvilen ses nas Olimpíadas se estende aos locais para acomodar os atletas e o comitê olímpico. A Tigre forneceu produtos para o Condomínio Ilha Pura, conjun-to de 32 prédios, e também para a Via Première, além de itens para arenas. “As vendas para as obras olímpicas colaboraram para atingirmos nossos objetivos nos segmentos de constru-ção formal, minimizando os efeitos da crise”, pondera o gerente nacional de vendas, Vinicius Miranda de Cas-tro, ressaltando que, em um evento dessa proporção, as obras devem ter um bom padrão, desde o projeto até o acabamento. “Como líder de mer-cado, a Tigre não poderia ficar fora.”

Símbolo dos Jogos vai passar por JoinvilleAlém da presença de empresas nos palcos principais das Olimpíadas e Paralimpíadas Rio 2016, a maior competição do mundo passa por aqui com o revezamento da tocha olímpica. No dia 13 de julho, a cidade volta suas atenções para o símbolo que representa os sentimentos de paz, união e amizade que inspiram a competição. O evento está sendo pre-parado, com o envolvimento da prefeitura, desde agosto de 2015, quan-do equipes do comitê olímpico estiveram em Joinville para definição de rota, segurança, marketing e condutores.

“Este dia será histórico para Joinville. É uma oportunidade ímpar para mostrarmos

as belezas da cidade, nossa capacidade de organização e o trabalho de nossa

gente, permitindo, ainda, que muitos joinvilenses tenham a honra de conduzir a

chama olímpica”, relata Carlos Eduardo Martins, gerente de eventos e cerimonial

da prefeitura. Cerca de 100 pessoas participarão do revezamento em Joinville,

escolhidas em promoções nos sites “Rio2016” e de seus patrocinadores.

O revezamento da tocha olímpica Rio 2016, que tem duração de 90 a 100 dias, contará com a participação de 12 mil condutores, percor-rendo 20 mil quilômetros. O revezamento será encerrado no dia 5 de agosto, quando o último condutor acenderá a Pira Olímpica durante a cerimônia de abertura dos jogos, no Estádio do Maracanã.

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ACIJ58

Por Letícia Caroline. No mais recen-te encontro da família Schmitz, em Antônio Carlos, município a 32 qui-lômetros de Florianópolis, a festa foi animada, pela primeira vez, por mú-sica ao vivo. Raulino Schmitz saiu de Joinville, com seu acordeon e a parti-

tura de “Noite Feliz”, para demonstrar seus dotes, adquiridos em dois anos de aula. “Hoje, para mim, é mais difícil tocar acordeon do que gerenciar um hotel”, diverte-se.

Raulino é dono do Hotel Sabrina, que fica no Centro de Joinville. Ao completar 60 anos, decidiu dar an-damento à sucessão do empreen-dimento para os filhos Rodrigo e Sabrina. Com tempo sobrando, re-solveu se dedicar a um instrumento musical. Já tinha apreço pelo acor-deon, atraído pela beleza de seu som. Procurou o Conservatório Be-

las Artes, próximo ao hotel, e come-çou a se desenvolver. “Não temos tradição musical na família. Meu objetivo é despertar esse interesse nas próximas gerações”, afirma.

Na opinião do empresário, aprender a tocar um instrumento exige a mesma dedicação neces-sária para tocar um negócio. Além das aulas nas terças e quintas-feiras, destina de dois a três dias para trei-nar em casa. Também já se adaptou aos palcos – a escola propõe apre-sentações mensais e nos finais de ano, com um grande espetáculo.

Ao chegar aos 60 anos, Raulino Schmitz, resolveu incluir os filhos no negócio para aproveitar mais a vida

Entre partituras e empreendimentos

VITAE

Netos e sobrinhos já estão desenvolvendo gosto pela música

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ACIJ59 REVISTA 21 59

Cida e Raulino já exploraram vários lugares do mapa. Conhecem boa parte do Brasil, Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai, Venezuela, Colômbia, Haiti, Panamá. Também passaram pelo Canadá e Estados Unidos. Na Europa, vi-sitaram Alemanha, França, Áustria, Suíça, República Tcheca e Itália. Raulino afirma que as viagens ajudam no negócio, já que um empresário nunca desliga o olhar analítico. Para este ano, a família pretende, pela primeira vez, levar filhos e netos a Bariloche. Além da música e das viagens, para aproveitar o tempo livre, Raulino anda de bicicleta, caminha e corre. “Não gosto de academia, acho muito monótono”, conta. Para ele, é preciso ter contato com a natureza durante a atividade física, o que é possível durante suas pedaladas e caminhadas.

Vivenciando a sucessão, Raulino se sente tranquilo em repassar conhecimentos aos

herdeiros. “Você pode trabalhar até 80 anos, e depois transferir o negócio, ou optar

em parar aos 60 e incluir os filhos, para que aprendam com a sua experiência”,

teoriza. É o que ocorre no Hotel Sabrina. Rodrigo e Sabrina são responsáveis pelo

empreendimento e contam com a ajuda dos pais para aconselhá-los. “Para o

negócio prosperar, é preciso conhecimento. Uma grande vantagem dessa nova

geração é que eles já vêm com muita teoria. Além disso, é preciso vestir a camisa,

assim, o lucro será consequência”, afirma.

Prevendo um ano difícil, o empresário se preparou para enfrentar 2016 com um caixa organizado. Mesmo com faturamento mais baixo compa-rado a 2015, afirma que a empresa tem fôlego para passar pelo momento difícil, mantendo visitas contínuas a terrenos próximos, para expandir o ne-gócio. “Já passei por várias crises, não tenho mais medo delas. O ideal é se prevenir, porque a crise vem e vai”, ressalta.

Em viagens, olhar para os negócios

Raulino e Cida empreenderam e agora vivenciam sucessão

A inspiração já está ganhando

adeptos, com sobrinhos aprendendo

violão, teclado e bateria. A ideia de

Raulino é de que, no final deste ano,

seja possível montar uma banda

com os parentes para apresentação

na festa da família, que envolve

umas 50 pessoas. O pensamento de

empreendedor faz com que vislumbre

um futuro para os netos Arthur,

4 anos, e Sofia, 8 meses. “Quero

influenciá-los também. Quando se

tem tradição musical na família, fica

mais fácil”, explica.

Aprender é uma das coisas que Raulino mais faz. Saído do interior, chegou a Joinville em 1976, depois de se formar em técnico mecânico para trabalhar na antiga Consul. Teve que se adaptar à rotina de cida-de grande e ir atrás de conhecimen-tos profissionais. O espírito inquieto logo fez com que se juntasse ao cunhado para empreender na área automotiva, montando uma oficina mecânica em sociedade.

Em algumas viagens, começou a prestar atenção no ramo hoteleiro e percebeu que seria uma boa opção. Foi aí que construiu o Hotel Sabrina. Em 1984, o primeiro endereço tinha 32 apartamentos. Hoje, são 82 e há estudos para a construção de uma nova unidade. “Encontrei todas as dificuldades porque não conhecia a área. Fomos aprendendo no dia a dia”, conta o empresário, formado em administração.

Na empreitada, Raulino sempre contou com a esposa Maria Apare-cida. Conhecida como Cida, foi ela que tocou a parte administrativa, enquanto ele se preocupava com as expansões e organização da in-fraestrutura. Casados há 38 anos, conheceram-se em Antônio Carlos, onde estudaram juntos. “A parceria entre o casal é muito importante. Se os dois não se entendem, como vão montar um negócio?”, questiona.

FOTOS: PENINHA MACHADO

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ACIJ60

A bela capital da CatalunhaA experiência de estar em Barcelona vale por si só. “Caminhar por suas ruas, conversar com sua gente e vivenciar a paixão pela cidade é encanta-dor”, diz Renata Cavalieri. Consultor de Marketing e Estratégia da Lab34, o marido Flávio Pinheiro foi o parceiro de aventuras. Renata, que é professora de espanhol, explica por que a capital da Catalu-nha é meio mágica: “Se o tema for gastronomia, Barcelona é um lugar repleto de aromas e sabo-res. Não apenas em função de seus mais diversifi-cados restaurantes, mas também porque lá você encontra todos os tipos de temperos e ingredien-tes que possa imaginar. Se preferir a arte, poderá conhecer no bairro Gótico um pouco mais sobre a obra de Pablo Picasso, em visita ao seu museu, que fica bem no miolo do bairro”.

Para os viajantes paulistanos que adotaram Joinville

há cerca de um ano, Barcelona abriga várias cidades

em uma só. Especialmente para quem é fascinado por

arquitetura, a cidade é uma imensa vitrine. A começar

pelas famosas obras de Antoni Gaudí.

Barcelona, Espanha

DIÁRIO DE VIAGEM20

16

No alto, Parque Güell, um dos pontos turísticos mais visitados na cidade e obra de Antonio Gaudí. No centro, Cascata Monumental Citadella. Acima, na Plaça Reial

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ACIJ61 REVISTA 21 61

Na foto maior, Montjuïc, de onde se tem privilegiado panorama da cidade antiga e do porto. À esquerda e embaixo, o bairro Gótico, outra das tantas belezas e muito visitado por quem aprecia arte e arquitetura

Acima, no Camp Nou,Flávio e Renata foram ver de perto a casa de um dos maiores times de futebol do mundo

Um dos lugares mais visitados de Barcelona é a Plaça Reial. O design de todas as Lanternas é de Antonio Gaudí

FOTOS: DIVULGAÇÃO

NONONONONONON

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ACIJ62

CONTRAPONTO

Sim, vivemos uma crise econômica. Os consumidores estão receosos. Mas pergunto: é possível estagnar? Não. Fechar as portas de seu negó-cio não é opção. Parar de consumir não é possibilidade, afinal, temos inúmeras necessidades. Mas o que fazer para superar essa fase delica-da? Poderia responder rapidamen-te com algumas opções. Vamos de benchmarking? Melhores proces-sos e ideias inovadoras devem ga-rantir o sucesso da sua marca. Que tal Inbound Marketing? Oferecer conteúdo relevante é a chave para melhores resultados. Presença digi-tal? Você fica para trás se não tiver. Outdoors, anúncios, comerciais de TV – tudo que faça sua marca não ser esquecida. E links patrocinados

para alcançar em cheio seu públi-co-alvo aonde quer que ele esteja? Site responsivo? Fundamental para mostrar o produto com eficiência. Agora, você pode me perguntar, isso tudo é errado? Não. Isso tudo está certo. E eu pergunto: se você faz tudo isso para sua marca, por que continua difícil vender? Porque exis-te um fator determinante esqueci-do – a reputação da marca.

Uns chamam de storytelling. Eu chamo de “o que você oferece de bom, real e consistente para seus consumidores”. Todas as ferramen-tas de marketing citadas são, de fato, muito importantes. Mas para que serve um site responsivo se você atrasa a entrega do produto? Por que fazer um comercial de TV se, ao

chegar à sua loja, o cliente não é bem atendido? Como vender seu serviço se as pessoas que trabalham com você não acreditam nele? O diferen-cial hoje, em meio à crise e entre tan-tas marcas que investem em ferra-mentas de marketing, é a reputação da marca. A história que ela conta ao consumidor é um diferencial decisivo na hora da compra. Transmite segu-rança e agrega valor. É preciso criar vínculos com seu target. Por isso, mais uma pergunta: sua marca tem reputação? Se a resposta for sim, nos vemos no outro lado da crise. Se a resposta for não, comece a construir a história da sua empresa.

Luiz Carlos PereiraPublicitário, sócio

diretor executivo da

Onze.ag e do Portal e

Revista Making Of

Reputação da marcaLUIZ CARLOS PEREIRA

FÁBIO ABREU

Como acertar o alvo do marketing em tempos de crise

Page 63: Revista 21 - Edição 25 - Maio/Junho 2016

ACIJ63 REVISTA 21 63

No universo do trade marketing, não há verdades universais. A cultura e as condições de consumo variam, o que se reflete em formas e níveis diferen-tes de maturidade para atuar com trade e vendas. Entretanto, o objetivo macro é o mesmo: promover a pro-posta de valor das empresas e seus produtos no ponto de venda. Diante das mudanças no hábito de compra, em decorrência, sobretudo, das no-vas tecnologias e da economia em recessão, o trade marketing enfrenta um desafio concreto: vender e fideli-zar o novo consumidor.

Segundo a Nielsen, as visitas aos pontos de venda caíram 4,7% em 2014, com aumento do tíquete mé-dio em 5,6% a cada visita. Ou seja, as pessoas estão indo menos à loja,

mas comprando mais a cada visita. Indústrias e distribuidores devem se diferenciar no PDV e proporcio-nar experiências mais relevantes ao consumidor. A conexão entre a loja física e a virtual é um dos grandes desafios do trade, que pretende ser estratégico. Afinal, como medir o impacto de uma ação de trade rea-lizada na loja física, mas que resulta em conversão via e-commerce?

Um dos caminhos é estabelecer uma operação híbrida, que forneça resultados mensuráveis, previsíveis, e que possibilite fazer o tracking das vendas com esse perfil. O marketing digital pode complementar ações híbridas, principalmente em vendas mais complexas. Desse modo, os contatos obtidos na visita ao PDV

Rodrigo LaminDiretor e cofundador

da Involves

Gestão inteligente RODRIGO LAMIN podem ser “nutridos”, mantendo um

relacionamento de longo prazo mes-mo fora do ponto de venda, de forma personalizada e assertiva.

Apesar do crescimento das com-pras digitais, algumas experiências só são possíveis pessoalmente, como um test-drive. Por isso, o trade marke-ting deve gerar experiências cada vez mais criativas e emocionais no PDV. A estratégia para 2016 deve priorizar também a consolidação de ferra-mentas tecnológicas que favoreçam a mensuração e a gestão de indica-dores. Em tempos conturbados, é importante garantir o controle sobre cada centavo investido.

Em tempos de crise, é usual cobrar melhores resultados das equipes de vendas – elas são, na maioria das ve-zes, elo entre empresa e clientes. Do outro lado, é rotineiro ouvir queixas e justificativas mil, mercado estagna-do, falta de confiança, concorrentes com condições inimagináveis etc. Fundamental diferenciar o que é comum do que é normal: por vezes, a repetição de determinadas situa-ções por longo tempo faz com que algumas situações que se tornaram comuns sejam entendidas como nor-mais e gerar acomodação.

Não conseguir fechar algumas vendas é comum para qualquer profissional, mas altos índices de não-conversão não são normais, só para citar um exemplo. Para apurar

as razões, investigue seus dados in-ternos, veja o que foi orçado, o que foi fechado e o que não foi concretizado. Quem não comprou, não o fez de nin-guém ou você perdeu para a concor-rência? Se isso ocorreu, para quem foi e por quê? Transforme os dados em informações e crie estratégias.

Mostre para a equipe de ven-das que o atendimento começa, hoje em dia, virtualmente. Quando se tem a oportunidade de um con-tato pessoal (mesmo por telefone), não se pode perder a oportunidade, pois, se o cliente está lhe dando essa chance, por algum motivo você con-seguiu chamar a sua atenção.

Há muito tempo que não temos um momento tão difícil. Por isso, até por ser novidade, corre-se o risco

Victor AguiarProfessor da Univille,

consultor e palestrante

nas áreas de vendas e

atendimento

Nem tudo que é comum é normalVICTOR AGUIAR de certo conformismo, pelo enten-

dimento de que dificuldades, perda de vendas, diminuição de resulta-dos, isso tudo é normal na crise; mas justamente nesse momento devemos entender o que é comum e diferenciar do que não é normal.

Lembro-me do presidente de uma multinacional na qual traba-lhei por 11 anos, na década de 1990. Nas reuniões de vendas, ele dizia em “bom portunhol” (era sueco e havia trabalhado no México): “Señores , sei que tenemos crisis pero, si los clien-tes van a comprar , van a comprar de alguien. Então , ese alguien tiene que ser nosotros. (sic)”.

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ACIJ64

CABECEIRA

“Leitura é chave para o conhecimento”

Como já é tradição, a Feira do Li-vro de Joinville, realizada em abril, trouxe autores de outros Estados para palestras e bate-papos com os leitores. A Revista 21 conversou com a gaúcha Cacá Melo. Natural de Porto Alegre, Cacá é professora há 19 anos. Ela tem três obras pu-

CACÁ MELO

Autora reflete sobre a experiência de escrever para crianças

DIVULGAÇÃO

blicadas: “Irmão? Que Confusão!”, “Dente Mole” e “Por quê?”. Também faz parte da Academia dos Escritores do Litoral Norte (Aeln), da Academia Literária do Vale do Rio dos Sinos (Alvales) e do Centro Literário de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul.

ESCREVER PARA CRIANÇASComo trabalho com os pequenos, resolvi escrever literatura infantil com temas voltados para os obstáculos que enfrentamos na sala de aula. O pri-meiro livro, “Irmão? Que Confusão!”, fala sobre a chegada do irmão mais novo e toda a angústia que essa notícia pode causar. O segundo, “Dente Mole”, aborda a troca dos dentes de leite e a magia da fada do dente. E o terceiro, “Por Quê”, lançado na Feira do Livro de Joinville, trata da fase de curiosidade em que a criança quer explicações para tudo. São esses três li-

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vros que já publiquei e, como faço parte de algumas academias literárias, tenho poesias e contos publicados em algumas antologias.

RELAÇÃO COM A LEITURANa verdade, escrevo desde a infância. Como compunha músicas e poesias, acabei escrevendo para a agenda da escola e para o jornal da comunidade. Mas, conforme o tempo foi passando, isso ficou meio afastado. Daí vieram os estudos, a família e os filhos. Em 2003, reiniciei esse projeto, publicando um livro, voltado à literatura infantil. É onde entra minha experiência como professora. Sou escritora e contadora de histórias, pois acredito que todo pro-fessor é um bom contador de histórias.

DESEJO DE SER ESCRITORAQuando criança e adolescente, isso parecia impossível. Hoje, é difícil conse-guir que uma editora publique seu livro, por ser caro. Mas, em 2013, deu o estalo e percebi que podia fazer isso.

O COMEÇOO primeiro livro, eu estava em uma reunião de professores e, em 10 minutos, escrevi. Foi bem rápido. Isso ficou arquivado, e, em 2013, a escola onde trabalho recebeu uma escritora e contadora de histórias. A partir dali, comecei a pensar nessa possibilidade. Na ocasião, percebi que poderia fazer a contação de histórias. E essa escritora tem uma pequena editora, pela qual eu publiquei “Irmão? Que confusão!”. Agora, o último foi em parceria com a editora AGE, de Porto Alegre.

SOBRE O QUE AINDA NÃO ESCREVEUMeu primeiro livro se esgotou. Estou refazendo este. Os dois anteriores, eu mesma ilustrei, e para o “Por quê?” contratei um ilustrador. Vamos pintar todos os desenhos do primeiro em tela e lançá-lo novamente. No final do ano, vou lançar um novo título que deve trabalhar o tema da amizade.

RELAÇÃO DAS CRIANÇAS E JOVENS COM OS LIVROSÉ muito importante. Leitura é chave para o conhecimento, faz você sair da-quele mundo real para o lugar que quiser. Você mergulha no livro e vive em qualquer mundo. É importante o acesso da criança à leitura, principalmente, à leitura de qualidade. Também se deseja que órgãos públicos e entidades priva-das promovam a leitura, mesmo com a crise. Porque, às vezes, essas feiras (do livro) são os únicos momentos em que uma criança tem acesso à literatura.

KINDLE OU LIVRO IMPRESSO?Acredito que essas ferramentas acrescentam, sempre. Só creio que necessi-tamos do contato com o livro físico. Quando você perguntar para um leitor assíduo o que acha de ler somente por esses meios, ele vai falar que precisa do contato, precisa sentir o cheiro do livro. Acrescenta muito esse progresso digital, mas o contato e o manuseio são importantes.

CACÁ INDICA

PARA ADULTOSAna Sem TerraAlcy Cheuiche

L&PM Pocket

Alcy Cheuiche faz uma cuidadosa pesquisa his-tórica sobre a reforma agrária no Brasil para contar a trajetória de uma família de imigran-tes de origem alemã. Tra-çando um corte vertical em 40 anos da história brasileira, este romance perfila conflitos fundiá-rios, o profundo abismo existente entre as cama-das sociais e a sombra de um país imerso em pro-fundas contradições.

PARA CRIANÇASAté as Princesas Soltam PumIlan Brenman

Brinque Book

Laura é uma garotinha bem curiosa e uma das questões que mais a in-triga é saber se as prince-sas soltam ou não pum. Mesmo diante da realida-de, Laura descobre que as princesas dos contos de fadas continuam a ser as mais lindas princesas.

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Karyne Schubert Gomes, coordenadora

pedagógica do Yázigi Joinville

Em tempos de instabilidade, crise e preocupações, surgem diversos questionamentos sobre a impor-tância do planejamento estraté-gico, investimento, adaptação às mudanças, novas oportunidades e a necessidade de atualização cons-tante. Analisando o cenário atual do Brasil, é imprescindível discutir o futuro do país e o quanto real-mente estamos preparados para as mudanças.

O livro de Hamel e Prahalad abor-da o planejamento estratégico como ferramenta fundamental e neces-sária a todo o tempo, para que pos-samos estar à frente dos principais desafios. Entre os ensinamentos do livro, está a necessidade de cultivar

suas principais competências para não somente se adaptar aos novos tempos, mas também se antecipar às transformações.

Importante lembrar que, exata-mente no momento do caos ou das dificuldades, temos a oportunidade de criar a partir da desconstrução de ações e ideias pré-concebidas. Tempos de crise também repre-sentam tempos de oportunidade, e quando pensamos em mudança logo nos vem à mente a necessida-de de um momento de preparação e planejamento.

A análise do cenário atual junta-mente com o planejamento estraté-gico são ferramentas fundamentais para se antecipar às transformações. Estratégia, preparação, estudo, atua-lização constante e foco nas oportu-nidades podem minimizar o impacto

de alterações no cenário mundial, organizacional, político, econômico, comercial, educacional e empresarial.

A velocidade com que as mu-danças acontecem e os cenários se transformam é realidade não apenas no nosso país mas tam-bém mundialmente. Independente da realidade atual, é preciso estar preparado para as mudanças com olhos para o futuro. Quem está pre-parado, enxerga os momentos de dificuldades como momentos de oportunidade. Seja protagonista da sua vida e do seu futuro.

Competing for the FutureGary Hamel, C. K.

Prahalad

Editora Harvard Business

School Pr

CORPORATIVO

Estamos preparados para as mudanças?

Profetas do passadoJalusa Barcellos

630 páginas

R$ 64,90

Editora Record/Grupo

Editorial Record

LANÇAMENTO

28 visões sobre o quadro políticoA atriz e jornalista Jalusa Barcellos reúne, neste livro lançado em maio pela Record, nada menos do que 28 brasileiros ilustres – nomes da área cultural, da economia, da academia, do direito e da política – para analisar o momento político que o país atra-vessa. “Profetas do Passado” mostra, por exemplo, o economista Carlos Lessa detalhando as razões de sua demissão do BNDES, no governo do ex-presidente Lula.

Jalusa, que dedicou um ano in-teiro ao trabalho, garante que o Bra-sil nunca mais será o mesmo depois da Lava-Jato. “Nunca nos esqueça-mos de que só é possível projetar o futuro se houver um compromisso ético com o presente, que advém,

justamente, de tudo que apren-demos com o passado”, ressalta a autora, que é gaúcha, mas vive há muitos anos no Rio de Janeiro.

O prefácio é de Fernando Gabei-ra: “A participação dos intelectuais tem um papel decisivo: ela nos aju-da a colocar as perguntas certas, amplia nosso horizonte, ajuda a não desesperar, e não desesperar signifi-ca manter a cabeça fria, abrir-se para as possibilidades de superação, sem preconceitos.” Entre as mulheres, além de Bibi Ferreira, que escreveu a orelha, estão a acadêmica Rosiska Darcy de Oliveira, a antropóloga Alba Zaluar e a atriz Fernanda Montene-gro. Os outros “profetas” são: Luiz Al-berto Py, Daniel Aarão Reis, José Ser-

ra, Marco Antônio Villa, José Carlos Dias, Frei Betto, Luiz Werneck Vian-na, Marcello Cerqueira, Ziraldo, João Batista Ferreira, Luiz Eduardo Soares, Gaudêncio Frigotto, Joel Rufino, Al-berto Dines, Zuenir Ventura, Car-los Lessa, Ricardo Cravo Albin, Alba Zaluar, Merval Pereira, Paulo e Chico Caruso, Nelson Pereira dos Santos, Demétrio Magnoli, Roberto Romano da Silva, Augusto de Franco, Darcy de Oliveira e Marcio Tavares D Amaral.

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Contos Tirados de MimA Literatura no CárcereVários autores

94 páginas

Editora Giostri

SOCIAL

Sem algemasLançado em maio, “Contos Tirados de Mim” é uma coletânea de textos escritos por apenados de Joinville. Produto da iniciativa do juiz João Marcos Buch em promover a leitu-ra e a literatura como instrumen-tos de crescimento pessoal e rein-serção social, com apoio do editor Alex Giostri. Desde 2013, a leitura faz parte da rotina da Penitenciária Industrial e do Presídio de Joinville, que abrigam o projeto da remição pela leitura – foi montada uma bi-blioteca no presídio e ampliada a da penitenciária, a partir de uma cam-panha de arrecadação de livros.

Interessados tinham 20 dias para ler um livro e 10 para escrever a re-senha – que, homologada pelo juiz, reduziria em quatro dias a pena des-ses leitores. Já a coletânea foi con-sequência do primeiro projeto. Em 2015, quatro detentos declamaram poesias de sua autoria na Feira do Livro, o que chamou atenção da edi-tora. Os apenados foram convidados a enviar textos para avaliação. Alex Giostri coordenou oficinas literárias, que resultaram no livro. Retratos de vidas plenas de dificuldades, abando-no e mesmo algum arrependimento, os textos miram não apenas em re-mição – mas em redenção. Textos que tentam explicar o que é ser livre. Marcos Buch entende a iniciativa como um caminho dos mais relevan-tes para desconstruir a lógica da cul-tura do encarceramento em massa e contribuir efetivamente para o cres-cimento de cada um dos autores.

O QUE FAZER

Resumo da óperaCriada quase no mesmo ano de fundação de Joinville, a Sociedade Har-monia Lyra comemorou 158 anos no mês de maio e, para marcar a data, preparou uma programação especial. Nos dias 31 de maio e 1º de junho, foi apresentada no palco histórico a ópera La Traviata, do italia-no Giuseppe Verdi, na estreia do projeto “Ópera de Bolso”.

A iniciativa consiste na realização de espetáculos resumidos, sen-do apresentados ao público os principais trechos da ópera, com a par-ticipação dos personagens centrais. Em uma ação de cunho social, o público pôde trocar os ingressos para a La Traviata por três quilos de alimentos não-perecíveis.

Desde 1858, a Harmonia Lyra abrilhanta as noites de música, dança e eventos

em Joinville. Localizada na rua 15 de Novembro, a sede abriga retratos da

cultura no munícipio e chama atenção pelo arquitetônico esplendor de anos

passados.

Integrando inúmeras representações culturais na cidade, a Socie-dade Harmonia Lyra é palco de espetáculos que mexem com os sen-timentos e lembranças do público. O espaço também sedia as apre-sentações, ensaios e oficinas da Orquestra Cidade de Joinville, corpo artístico formado por músicos de Joinville, Corupá, Jaraguá do Sul, Ita-jaí, Florianópolis e Curitiba.

Tradicional palco da Harmonia Lyra, que completou 158 anos

DIVULGAÇÃO

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As Garotas da FábricaLeslie T. Chang

376 páginas

Editora Intrínseca

DESTAQUE

Moda e sustentabilidadeTaise Beduschi, gestora de

Sustentabilidade do Grupo Malwee

Em um troca-troca de livros que pra-ticamos há algum tempo no Grupo Malwee, deparei com “As Garotas da Fábrica”, escrito por uma america-na filha de imigrantes chineses que, como correspondente do The Wall Street Journal, vivenciou e relatou de forma singular a globalização do dra-gão asiático. Com o foco na migração da população rural para a área ur-bana que ocorreu na China, além da forte imigração para outros países, e como isso influenciou inúmeras famílias, a autora nos leva a refletir sobre as condições de trabalho a que o ser humano é submetido.

Na busca desenfreada pela redu-ção de custos e mão de obra barata, muitas empresas têm negligencia-do questões básicas, como saúde e segurança do trabalhador, e sequer consideram a qualidade de vida. No mundo da moda, há muito a evo-luir nesse sentido. Iniciativas como o Moda Livre, aplicativo que possi-bilita verificar o status de trabalho de uma grande parcela de marcas fashion brasileiras e contribui para um consumo mais consciente, são indicativos de que há olhares preo-cupados com a questão. Que as his-tórias contadas por Leslie possam inspirar a reflexão sobre o que con-sumimos e quais marcas estão por trás desses produtos.

PESSOAS

Para comunicar e cativar

Atributo da competitividade, a adequada gestão da produtivida-de se faz cada vez mais necessá-ria. A capacidade de gerir metas pessoais ou profissionais de forma a solucioná-las em prazos deter-minados com eficiência se tornou importante diferencial. Nesse ca-minho, Charles Duhigg apresen-ta uma explanação inovadora da ciência da produtividade.

Com base nas mais recentes descobertas da neurociência, psico-logia e economia comportamental, o autor explica que pessoas, empre-sas e organizações mais produtivas não apenas agem diferente: elas veem o mundo de modos profun-damente diferentes. Também autor do livro “O Poder do Hábito”, que ficou por mais de 20 semanas na lis-

Superar o nervosismo ao falar para centenas de pessoas, focar nos principais tópicos de seu discur-so com clareza e cativar o público são objetivos de palestrantes que buscam a excelência. De acordo com o livro, as conferências TED costumam ser conduzidas por um orador que acerta no alvo, com capacidade de inspirar o público. O autor Chris Anderson promete mostrar como o leitor pode fazer uma palestra inesquecível.

Desde que assumiu o comando do TED em 2001, Anderson se dede-dica a demonstrar o poder das pa-lestras curtas, francas e cuidadosa-mente elaboradas, compartilhando conhecimento, despertando empa-tia e gerando empolgação. O livro

CORPORATIVO

Fórmula para a produtividade

TED Talks: o Guia Oficial do TED para Falar em PúblicoChris Anderson

240 páginas

Editora Intrínseca

Mais Rápido e MelhorCharles Duhigg

358 páginas

Editora Objetiva

explica como alcançar o feito sem fórmulas, já que nenhum discurso deve ser igual a outro. A utilização de algumas ferramentas, sim, pode garantir o desempenho do orador. Nos bastidores do TED, o autor acompanhou de perto palestras individuais e revela suas descober-tas, que vão desde a formulação do conteúdo da conferência até como tirar melhor proveito do palco. O lançamento é um manual para a comunicação efetiva.

ta dos mais vendidos do “The New York Times”, Duhigg explica que, hoje, o modo de se pensa vale mui-to mais do que o pensamento em si. De acordo com o autor, a manei-ra como tomamos decisões, as am-bições que colocamos em primeiro lugar, a cultura que estabelecemos para estimular a inovação e o modo como interagimos com as informa-ções são as principais questões que separam os simplesmente ocupa-dos dos genuinamente produtivos.

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Cena do filme “Correntes”: média-metragem conta a história de meninas que cresceram às margens do rio

DIVULGAÇÃO

NAS TELAS

Um olhar sobre o CubatãoEm abril, Joinville se viu através das lentes da produtora Mídia Quatro Filmes e dos olhos da Casa Teatral. O patrocínio da Companhia Águas de Joinville proporcionou a produ-ção do filme “Correntes – Um Olhar Cinematográfico sobre a APA Estra-da Quiriri e o Rio Cubatão”. Total-mente rodado no município e com atores locais, o média-metragem conta a história de três meninas que cresceram às margens do rio e viveram sua infância no final da dé-cada de 90, quando a região passou a ser protegida, tornando-se a Área de Preservação Ambiental (APA) Serra Dona Francisca.

A produção foi vencedora do edital de patrocínio para projetos de educação ambiental e é focada

no principal manancial de Joinville, responsável por cerca de 70% do abastecimento de água local. Toda comunidade do Quiriri, aliás, mobi-lizou-se para ajudar no projeto e, além de ceder suas próprias casas para as locações, acompanhou de perto o trabalho.

Associar entretenimento com conscientização ambiental foi o principal desafio do projeto, diri-gido por Daniele Pamplona, que não esconde uma pontinha de or-gulho: “É o cinema com o nosso jeito, a nossa história, e todos vão se identificar”, afirmou a diretora, na expectativa de que “Correntes” possa ajudar, também as pessoas a refletir sobre sua relação com os recursos naturais. A produção, que

estreou em meados de abril, está sendo exibida para os moradores do Quiriri e entorno. Outras 300 có-pias serão distribuídas para as co-munidades que fazem parte da APA e entidades de preservação.

Outra nova produção jonvilense,

com o apoio cultural do Simdec,

Fundação Cultural e prefeitura,

é o curta “Inveja”, com roteiro e

direção de Eduardo Vieira. Com 14

minutos e também elenco local,

o curta estreou na metade de

abril e foi apresentado em vários

espaços culturais. Com Antônio

Tebaldi, André Klitzke e Caroline

Bressan, “Inveja” explora o impacto

imagético que as pessoas exercem

umas sobre as outras.

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Para ser um líder exemplarNesta edição, três livros indicam o caminho para liderar equipes de sucesso. As sugestões são do consultor credenciado do Sebrae, Marco Antonio Murara. Formado em administração, Marco é especialista em comunicação integrada de marketing e mestre em administração pela PUC/PR.

3 LIVROS

Gestão ética na cultura corporativa

Para além dos rótulos

A partir de 24 mil entrevistas reali-zadas em 20 empresas de diversas áreas e tamanhos, em um período de 10 anos, o trio de consultores apresenta o estudo inédito que aju-da a identificar o segredo do suces-so de equipes como as que criaram o iPod, na Apple, e outras tantas que viraram referência no mundo dos negócios. Ideal para quem quer maximizar a produtividade e o lu-cro da empresa, liderando melhor suas equipes.

Com exemplos de empreendedo-res brasileiros bem-sucedidos, o livro traz aplicabilidade imediata dos conceitos, sendo indicado para os iniciantes até mais experien-tes. Estruturado para que o leitor entenda a importância de ser em-preendedor, traz as diferenças de pensamento e a importância de se ir além dos rótulos, desmistifican-do a ideia de “empreendedor de sucesso”, trazendo elementos con-trários à teoria.

Ética na Gestão EmpresarialFrancisco Gomes de Matos

Editora Saraiva

Empreendedorismo na Prática – Mitos e Verdades do Empreendedor de SucessoJosé Carlos Assis Dornelas

Editora Campus

O Executivo e sua TriboDave Logan, John King e

Halle Fischer-Wright

Editora Planeta

Segredo para o sucesso

Ser ético significa que os valores internalizados, que formam a cul-tura corporativa, traduzem-se em competência transformadora, in-tegração e conduta produtiva. O que fazer com a ética diante da perplexidade gerada nos melhores espíritos, das distorções e habituais reflexões teóricas e subjetivas? O livro oferece um modelo de aplica-ção dos conceitos éticos às organi-zações, como também o ferramen-tal para a gestão ética.

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Adaptação do livro homônimo escrito por José Saramago, “O Homem Du-plicado” narra a história de Adam Bell (Jake Gyllenhaal), um professor que leva uma vida pacata e tediosa: do trabalho, vai para casa, encontra a na-morada, dorme e volta ao trabalho no dia seguinte, repetindo a mesma rotina. Até que um dia, companheiro do corpo docente sugere que ele veja a um filme do qual havia gostado. Adam resolve assistir ao tal filme e, em um dado momento, descobre um sósia entre os figurantes. Aí, o professor inicia uma jornada em busca do ator, chamado Anthony St. Claire. Enquan-to o primeiro vive uma esterilidade emocional num apartamento vazio em uma metrópole superpoluída, seu duplo é o oposto, mostrando-se explo-sivo, seguro e ameaçador.

Único ganhador do Prêmio Nobel de Literatura da língua portuguesa, José

Saramago já teve outras obras adaptadas para o cinema. A mais famosa,

talvez, seja “Ensaio Sobre a Cegueira”, filme que contou com a direção do

cineasta brasileiro Fernando Meirelles.

DICA 21

Caos é a ordem ainda indecifrada

O Homem Duplicado Lançamento: 2014

Duração: 1h30

Diretor: Denis Villeneuve

Elenco: Jake Gyllenhaal,

Mélanie Laurent, Sarah Gadon

Gênero: Suspense

País: Canadá , Espanha

DIV

ULG

ÃO

Filme com Jake Gyllenhaal é adaptação de livro de José Saramago

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aprender a ouvir – uma virtude fundamental para o negociador –, cumprir o combinado: bom vendedor não é aquele que vende uma vez, mas o que gera uma relação de tanta confiança e parceria que desenvolve um cliente permanente, que é o que as empresas querem. Também a questão da credi-bilidade. Há uma diferença entre o meu “cliente”, que é o criminoso, com o cliente do mundo corporativo: ele não gosta de mim, atira em mim e, se pu-der, me mata. Trazendo para o mundo corporativo, o sujeito fica mais resi-liente, consegue potencializar e dar outro sentido para o conflito, como algo natural nas relações interpessoais. E não só a harmonia e o entendimento, como nossa cultura judaico-cristã faz supor que seja. É o que aprendemos lá e serve para o mundo corporativo.

Em uma operação policial, alguém sempre sai perdendo. E, nas negociações empresariais, a ideia é a do ganha-ganha, não? Na negociação policial não é diferente: ganha-ganha, também. Quan-do o criminoso faz o refém, quer preservar a própria vida e, diante do

impacto midiático, começa a fazer exigências absurdas. O negociador não pode franquear nada além de eliminar o criminoso ou prendê-lo. E o objetivo é que vá para a cadeia feliz. A gente não quer que ele saia dali triste ou se sentin-do perdedor, isso não colabora com a credibilidade que uma polícia deve ter. É uma quebra de paradigma. Como foi minha experiência no Gate: inicialmente, entrava para resolver o problema “custe o que custar”, o que mudou para uma situação em que o criminoso deixa de ser visto como um inimigo.

Por que o sr. afirma que negociação necessariamente ocorre sob pressão?Negociação é tensão permanente. No mundo corporativo, pode ser uma tensão mais contida, deixa sinais mais sutis que no universo po-

licial. Mas todas implicam em tensão. Quando você vai preparado para o pior, está agindo de forma prudente. O estrategista nunca se prepara para o me-lhor cenário. Tem os seus momentos; da divergência, vai se acomodando até chegar à celebração do acordo. É nessa hora que a gente coloca as armas de lado porque o que quer, no fundo, é construir uma ponte dourada com a ou-tra parte, baseada em credibilidade. A gente não quer uma única negociação, quer negociações duradouras, clientes permanentes, fiéis. Meu sonho é que todas as pessoas tenham um mínimo entendimento do que é um processo de negociação, como relação interpessoal. Quando você incorpora isso ao seu repertório, sua vida muda, com a sua família, com os colegas.

Que paralelo o sr. faz da negociação em operações policiais com o meio corporativo?

Tropas especiais têm ritualísticas, técnicas e táticas apreciadas pelas empresas de alta performance. Um exemplo é o senso de pertencimen-to. Outro foi popularizado no filme “Tropa de Elite”: “missão dada, mis-são cumprida”, o que também ocor-re nas empresas, em que “a meta é obrigatória, o choro é opcional”. Há características comuns de lideran-ça, de trabalhar sempre buscando fazer o melhor. Na minha experiên-cia com negociações que envolviam vidas, retive algumas técnicas e táti-cas importantíssimas que também se aplicam no mundo corporativo, como obter informações, aprender a pensar com a cabeça do outro,

DIÓGENES LUCCACofundador do Grupo de Ações Táticas

Especiais (Gate) da Polícia Militar

A base de uma boa negociação é a credibilidade, e um dos ativos mais relevantes desse processo está na in-formação. Foi o recado que o tenen-te-coronel da reserva transmitiu em palestra na Expogestão, em Joinville. Segundo ele, tropas de elite têm mui-to em comum com empresas de alto desempenho. Aqui, a entrevista de Diógenes à Revista 21.

MARCELO KUPICKI, DIVULGAÇÃO EXPOGESTÃO

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