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Revista A Lavoura 678

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Veículo oficial da Sociedade Nacional de Agricultura, com artigos técnicos e matérias do setor de agronegócios.

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Page 1: Revista A Lavoura 678

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Page 2: Revista A Lavoura 678

2 JUNHO/2010 A Lavoura

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Page 3: Revista A Lavoura 678

A Lavoura JUNHO/2010 3A L

avoura

A Lavoura

ANO 113 - NO 678DIRETOR RESPONSÁVEL

Octavio Mello Alvarenga

EDITOR

Antonio Mello Alvarenga Neto

EDITORA ASSISTENTE

Cristina Baran

[email protected]

ENDEREÇO

Av. General Justo, 171 - 7º andar

20021-130 - Rio de Janeiro - RJ

Tel.: (21) 3231-6350

Fax: (21) 2240-4189

ENDEREÇO ELETRÔNICO

www.sna.agr.br

e-mails: [email protected]

[email protected]

DIAGRAMAÇÃO / EDITORAÇÃO ELETRÔNICA

Paulo Américo Magalhães

Tel: (21) 2580-1235 / 8126-5837

e-mail: [email protected]

COLABORADORES DESTA EDIÇÃO:

Ana Paula S. Afonso

Beatriz Marti Emygdio

Caio Albuquerque

Claudio A. S. da Silva

Clenio Araujo

Daniela Garcia Colares

Danielle Baia de Freitas

Dione Maria Firmino Pinto da Costa

Giovani Theisen

Gláucio Luis Mata Mattos

Ibsen de Gusmão Câmara

Jacira Collaço

Leonardo Melo

Luís Alexandre Louzada

Marcelino Ribeiro

Marilda P. Porto

Otávio Cabral Neto

Rubens Ricupero

Sylvia Wachsner

É proibida a reprodução parcial outotal de qualquer forma, incluindoos meios eletrônicos, sem préviaautorização do editor.

ISSN 0023-9135

Os artigos assinados são de responsabi-

lidade exclusiva de seus autores, não tra-

duzindo necessariamente a opinião da

revista A Lavoura e/ou da SociedadeNacional de Agricultura

Capa: Embrapa Milho e Sorgo

www.cnpms.embrapa.br

SNA 113 ANOS 06

PANORAMA 08

SOBRAPA 19

ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO 30

AGRONEGÓCIOS &

BIOTECNOLOGIA 33

EMPRESAS 36

OPINIÃO 38

FRUTICULTURA

Uso de cobertura morta aumenta

produtividade na cultura do melão

O plantio de melão com cobertura

do solo pode resultar em colheitas

200% maiores do que a

produtividade média 23

BIOCOMBUSTÍVEL

Do caprino ao biocombustível

A identificação de enzimas de

caprinos para a produção de etanol

de 2ª geração é inédita, pois

a maioria das pesquisas em

outros países é com bovinos 28

CARNES EXÓTICAS

Avaliação e rendimento de carcaça

de capivaras

A análise de rendimento de carcaça de

cortes comerciais é muito importante

para a avaliação do desempenho

da capivara durante seu

desenvolvimento 34

MILHO

Boa produção e qualidade

do grão obedecem requisitos

técnicos 12

MANEJO

Controle de parasitas na época

do periparto é fundamental

para garantir o bem-estar

das fêmeas 17

CASOS DE SUCESSO

Ecobras: mais ecológica e bem

brasileira 26

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Page 4: Revista A Lavoura 678

4 JUNHO/2010 A Lavoura

DIRETORIA TÉCNICA

LEOPOLDO GARCIA BRANDÃO

FRANCISCO JOSÉ V ILELA SANTOS

ROBERTO FERREIRA DA S ILVA P INTO

MARIA BEATRIZ BLEY MARTINS COSTA

ROSINA V ILLEMOR CORDEIRO GUERRA

SYLVIA WACHSNER

SYLVIA DE BOTTON BRAUTIGAM

RUY BARRETO

D ICK THOMPSON

JAIME ROTSTEIN

JOSÉ CARLOS DA FONSECA

ANTÔNIO DE ARAÚJO FREITAS JR .

DIRETORIA GERAL

P R E S I D E N T E

OCTAVIO MELLO ALVARENGA

1 ° V I C E - P R E S I D E N T E

ANTONIO MELLO ALVARENGA NETO

2° V ICE-PRES IDENTE

ALMIRANTE IBSEN DE GUSMÃO

CÂMARA

3° V ICE-PRES IDENTE

OSANÁ SÓCRATES DE ARAÚJO

ALME IDA

4 ° V I C E - P R E S I D E N T E

JOEL NAEGELE

D I R E T O R E S

NESTOR JOST

RONALDO DE ALBUQUERQUE

SÉRGIO GOMES MALTA

LUIZ MARCUS SUPL ICY HAFERS

HÉL IO ME IRELLES CARDOSO

JOSÉ CARLOS A ZEVEDO DE MENEZES

COMISSÃO F ISCAL

ROBERTO PARA ÍSO ROCHA

CLAUDINE B I CHARA DE OL IVE IRA

PLÁC IDO MARCHON LEÃO

SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA · Fundada em 16 de janeiro de 1897 · Reconhecida de Utilidade Pública pela Lei nº 3.459 de 16/10/1918Av. General Justo, 171 - 7º andar · Tel. (21) 3231-6350 · Fax: (21) 2240-4189 · Caixa Postal 1245 · CEP 20021-130 · Rio de Janeiro - Brasile-mail: [email protected] · http://www.sna.agr.brESCOLA WENCESLÁO BELLO / FAGRAM · Av. Brasil, 9727 - Penha CEP: 21030-000 - Rio de Janeiro / RJ · Tel. (21) 3977-9979

SNA - fundada em 1897

Sociedade Nacional

de Agricultura

Academia Nacional

de AgriculturaCADEIRA

01

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39

40

41

TITULAR

ROBERTO FERREIRA DA SILVA PINTO

JAIME ROTSTEIN

EDUARDO EUGÊNIO GOUVÊA VIEIRA

FRANCELINO PEREIRA

LUIZ MARCUS SUPLICY HAFERS

RONALDO DE ALBUQUERQUE

TITO BRUNO BANDEIRA RYFF

FLÁVIO MIRAGAIA PERRI

JOEL NAEGELE

MARCUS VINÍCIUS PRATINI DE MORAES

ROBERTO PAULO CÉZAR DE ANDRADE

RUBENS RICUPERO

PIERRE LANDOLT

ANTONIO ERMÍRIO DE MORAES

ISRAEL KLABIN

SYLVIA WACHSNER

ANTONIO DELFIM NETTO

ROBERTO PARAÍSO ROCHA

JOÃO CARLOS FAVERET PORTO

NESTOR JOST

OCTAVIO MELLO ALVARENGA

ANTONIO CABRERA MANO FILHO

JÓRIO DAUSTER

ANTONIO CARREIRA

ANTONIO MELLO ALVARENGA NETO

IBSEN DE GUSMÃO CÂMARA

DICK THOMPSON

JOSÉ CARLOS AZEVEDO DE MENEZES

AFONSO ARINOS DE MELLO FRANCO

ROBERTO RODRIGUES

JOÃO CARLOS DE SOUZA MEIRELLES

FÁBIO DE SALLES MEIRELLES

LEOPOLDO GARCIA BRANDÃO

ALYSSON PAOLINELLI

OSANÁ SÓCRATES DE ARAÚJO ALMEIDA

DENISE FROSSARD

EDMUNDO BARBOSA DA SILVA

ERLING S. LORENTZEN

PATRONO

ENNES DE SOUZA

MOURA BRASIL

CAMPOS DA PAZ

BARÃO DE CAPANEMA

ANTONINO FIALHO

WENCESLÁO BELLO

SYLVIO RANGEL

PACHECO LEÃO

LAURO MULLER

MIGUEL CALMON

LYRA CASTRO

AUGUSTO RAMOS

SIMÕES LOPES

EDUARDO COTRIM

PEDRO OSÓRIO

TRAJANO DE MEDEIROS

PAULINO FERNANDES

FERNANDO COSTA

SÉRGIO DE CARVALHO

GUSTAVO DUTRA

JOSÉ AUGUSTO TRINDADE

IGNÁCIO TOSTA

JOSÉ SATURNINO BRITO

JOSÉ BONIFÁCIO

LUIZ DE QUEIROZ

CARLOS MOREIRA

ALBERTO SAMPAIO

EPAMINONDAS DE SOUZA

ALBERTO TORRES

CARLOS PEREIRA DE SÁ FORTES

THEODORO PECKOLT

RICARDO DE CARVALHO

BARBOSA RODRIGUES

GONZAGA DE CAMPOS

AMÉRICO BRAGA

NAVARRO DE ANDRADE

MELLO LEITÃO

ARISTIDES CAIRE

VITAL BRASIL

GETÚLIO VARGAS

EDGARD TEIXEIRA LEITE

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Page 5: Revista A Lavoura 678

A Lavoura JUNHO/2010 5

Octavio Mello Alvarenga

SSSSSNANANANANACarta daCarta daCarta daCarta daCarta da

NNossa carta de apresentação des-

te número da revista terá como

base dois artigos de Rubens

Ricupero: “Brasil: potência de paz ou

de guerra?” e “Ilusões e autoenganos”.

Ricupero denuncia o atual governo:

em uma curiosa volta ao regime mili-

tar, parece cada vez mais embriagado

com sonhos de armas mirabolantes e

caras, compradas de países estrangei-

ros. “Há sentido em imitar países que

têm vivido quase em estado de guerra

permanente quando completamos 140

anos de paz com nossos dez vizinhos?”

pergunta o ex-ministro da Fazenda do

Governo Itamar Franco.

Em “Ilusões e autoenganos”,

Ricupero observa: “puxada pelo consu-

mo, a economia brasileira consome

mais do que produz e poupa, vivendo

acima dos seus meios. Depende de cres-

cente poupança externa o que agrava

seu débito em conta-corrente”.

E faz outras três indagações:

“Como sustentar a expansão do con-

sumo, se a poupança e o investimento

continuam raquíticos?”

“Como financiar o déficit se o câm-

bio desestimula as exportações e faz ex-

plodir as importações ? Serão, acaso, os

investimentos estrangeiros que em

2009 caíram no Brasil quase 50%, dez

pontos a mais do que a média mundial

de apenas 39%?”

“Como elevar os investimentos em

infraestrutura, hoje apenas em um ter-

ço dos de 1970, e ao mesmo tempo

manter a expansão de bolsas-família e

de aposentadorias?”

As televisões, sobretudo programas

específicos ligados à agricultura, têm

apresentado dados muito positivos, po-

rém, apesar do indiscutível progresso

de nosso agronegócio, não se pode es-

quecer os alertas de um observador

cauteloso como Rubens Ricupero.

Indagações

de Rubens Ricupero

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LÉRIA

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Page 6: Revista A Lavoura 678

6 JUNHO/2010 A Lavoura

O MEC, o Ministério da Cultura, além de outros ór-

gãos e instituições, receberam, para análise, proposta da

Comissão Permanente de Direito Agrário do IAB-RJ, que

Proposta sobre Direito Agrário chega ao MECOuvidoria Agrária, órgão do MDA, registrou 168 casos

de ocupações de terra. Em 2008, foram 234 casos, com

41 mortes.

A China está cada vez mais preocu-

pada com questões que envolvem segu-

rança alimentar. O país questiona, entre

outros aspectos, a qualidade da soja

transgênica, e se mostra cada vez mais

interessada no consumo da soja convenci-

onal do Brasil. Em visita à Sociedade Nacio-

nal de Agricultura, realizada em março, em-

presários da província de Jiangsu se manifesta-

ram a favor do aumento do volume de importação da soja

brasileira.

A China é o principal destino das exportações do agro-

negócio nacional. A previsão de analistas do setor, para este

ano, é de um índice superior a 43 milhões de toneladas de

soja exportadas, contra menos de 40 milhões em 2009.

Outra preocupação atual dos chineses diz respeito ao

seguro rural – área que recebe cada vez mais investimen-

tos. É o que ficou constatado durante a visita à SNA, em

abril, de representantes do setor agrícola de Beijing. A ci-

dade foi a primeira do país a pensar em um sistema de com-

pensação de produtores por eventuais prejuízos na safra

agrícola - na maioria das vezes em virtude de calamida-

des.

Na capital chinesa, há quatro companhias seguradoras

- duas privadas e duas estatais -, sendo que estas últimas

recebem verbas do governo. Após um período de cinco anos,

foi constatado um notável aumento dos lucros dessas com-

panhias, que incluem em sua lista de seguros, de 16 a 18

produtos, entre eles, melão doce e milho. Atualmente,

Beijing garante ao agricultor 80% de subsídios.

As recentes delegações chinesas que estiveram presen-

tes à SNA foram recepcionadas pela diretora técnica Sylvia

Wachsner.

SNA recebe novas delegações da China

defende a obrigatorie-

dade da inclusão da ca-

deira de Direito Agrá-

rio nas universidades.

Segundo o presidente

da comissão, Octavio

Mello Alvarenga, “sem

essa medida, nunca po-

derá haver Justiça

Agrária no país, pois

temos uma carência

muito grande de magis-

trados para atuar com

eficácia em processos

envolvendo invasões de

terra e violência no

campo”. De janeiro a

novembro de 2009, a

Com o objetivo de cha-

mar a atenção dos estu-

dantes universitários

para a importância do Di-

reito Agrário, a comissão

do IAB-RJ está organi-

zando, em parceria com a

Universidade Estadual do

Rio de Janeiro (UERJ),

um ciclo de palestras so-

bre o tema. Na ocasião, es-

pecialistas irão abordar

assuntos de interesse, en-

tre eles, “Função Social da

Propriedade”, “Educação

Agrária e Justiça Agrária”

e “Proteção Ambiental do

Espaço Rural”.

Comissão de Jiangsu: a favor do aumento da importação de soja do

Brasil (ao centro, a diretora da SNA, Sylvia Wachsner)

Chineses de Pequim, recepcionados por Sylvia Wachsner: incentivo

ao seguro rural

Reunião da Comissão de Direito Agrário, presidida por Octavio Mello Alvarenga

(à esq.): pela implantação da Justiça Agrária no país

ED

NA

MO

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Page 7: Revista A Lavoura 678

A Lavoura JUNHO/2010 7

Produtos orgânicos fluminenses,

que se destacam pelo aspecto inova-

dor, participaram, pela primeira vez,

de uma das maiores feiras de alimen-

tos, bebidas, equipamentos, serviços

e tecnologia da América Latina - a

OrganicsNet

na Super Rio ExpofoodCom a entrada da Novo Citrus no Projeto

OrganicsNet, sobe para 29 o número de inte-

grantes da rede de produtores orgânicos. A em-

presa, do Rio Grande do Sul, está no mercado

desde 1998, e comercializa sucos de laranja,

tangerina, uva, goiaba, maracujá e manga; do-

ces e geleias sem adição de açúcar (10 sabores)

e doces e geleias com açúcar mascavo (8 sabo-

res). Todos os produtos são certificados pela

Ecocert Brasil.

A Novo Citrus trabalha em parceria com 30

agricultores familiares, produtores de variados

tipos de frutas e outras culturas, além de diver-

sos fornecedores de insumos para processamen-

to na agroindústria e produção primária.

Novo Citrus: adesão

à rede de orgânicosSuper Rio Expofood, realizada em

março, no Riocentro.

O evento registrou um volume de

vendas de R$ 130 milhões, reuniu 48

mil pessoas, entre empresários e pro-

fissionais de diversos setores, e contou

com a presença de empresas ligadas

à rede OrganicsNet, da Sociedade Na-

cional de Agricultura. O estande do

Sebrae organizou o único espaço

temático na feira para a exposição dos

orgânicos.

Produtos diferenciados, como as

paçocas de castanha de caju da Cul-

tivar Brazil; o molho light para sa-

ladas, elaborado com sementes de

mamão papaia, da marca Epicuro;

o agave - adoçante natural do Sítio

do Moinho, feito a partir de um

cactus do México, e os pães de mel

da Rudá (sabores tangerina, gengi-

bre com caqui, kinkan e tradicional),

foram negociados com uma gama

variada de compradores de todo o

Brasil.

A exemplo do êxito alcan-

çado no ano passado, a Socie-

dade Nacional de Agricultura

levará para a próxima edição

do Rio Orgânico (dia 19 de ju-

nho, no colégio Notre Dame,

em Ipanema), os integrantes

da rede OrganicsNet, incluin-

do empresas que comerci-

alizam desde verduras, ali-

mentos à base de soja orgâni-

ca, pães, sucos, mel, biscoitos,

até cosméticos e insumos

agrícolas. Os participantes

vão expor seus produtos e pro-

mover contatos de negócios.

Este ano, o Rio Orgânico

será realizado em paralelo a

um importante evento que

mostrará a força do turismo

gastronômico no Brasil: o

Mesa Tur. Enquanto a feira

tem por objetivo destacar o

crescimento do setor orgânico,

mostrando produtos diferen-

ciados e inovadores, o Mesa

Tur vai aproximar dos consu-

midores e produtores, os res-

SNA participa do Rio Orgânico 2010taurantes, pousadas, hotéis e

spas que promovem a inclu-

são de produtos que valori-

zam a gastronomia regional e

sustentável, ligada à biodiver-

sidade brasileira.

Além da divulgação da

importância do consumo de

alimentos e produtos orgâni-

cos, será enfatizada a questão

da alimentação com produtos

regionais no setor de turismo.

O objetivo é valorizar a

gastronomia brasileira e sua

biodiversidade; fomentar o

mercado local, incentivando

parcerias entre estabeleci-

mentos e fornecedores; divul-

gar e promover o consumo

ético e responsável; constituir

mercado e cadeias de valor na

gastronomia e no turismo di-

ferenciado para a Copa de

2014 e as Olimpíadas de

2016; identificar oportunida-

des de negócios para empre-

sas já estabelecidas; prospec-

tar parcerias e investimentos

para novos projetos e iniciati-

vas, entre outros aspectos.

A programação do Rio

Orgânico inclui palestras e

mesas-redondas reunindo

especialistas do setor; work-

shops de gastronomia com

renomados chefs, além de ex-

posição contando com a parti-

cipação de uma gama variada

de produtores, empresas e

instituições que atuam no

mercado de orgânicos. O

evento é realizado anualmen-

te pelo Planeta Orgânico, em

parceria com a Sociedade

Nacional de Agricultura, e

com o patrocínio do Sebrae-

RJ.

Christiano Gros e Rogério Knupp

(Epicuro): apostando no diferencial

A empresa fabrica geleias e doces certifica-

dos, sem adição de açúcar, e também com

açúcar mascavo

Com workshops de gastronomia, debates e exposição de produtos, o

evento promete repetir o êxito de 2009

VIC

EN

TE M

AU

ES

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Page 8: Revista A Lavoura 678

8 JUNHO/2010 A Lavoura

Uma nova cultivar de algodão colorido será lançada em se-

tembro pela Embrapa Algodão. O coordenador do proje-

to, o pesquisador Luiz Paulo de Carvalho, explica que a fibra

Algodão colorido:

nova cultivar com alto

rendimento de fibra

da nova cultivar tem cor marrom bem claro, com grande uni-

formidade. “Esta cultivar vem suprir a demanda desta colo-

ração pelas pequenas indústrias que trabalham com algodão

colorido, já que as cultivares existentes, com exceção da BRS

Verde, são de tonalidades marrom escura, a exemplo das BRS

Rubi, BRS Safira, e da cultivar BRS 200, – cuja cor se apro-

xima mais da nova cultivar. No entanto, a BRS 200, por apre-

sentar plantas com fibra branca, quase não é mais cultiva-

da, uma vez que o processo de separação das fibras brancas

e coloridas dificulta o trabalho dos produtores e das indústri-

as”, esclarece.

Segundo o pesquisador, a nova cultivar tem ainda a van-

tagem de possuir alto rendimento de fibra – 43,5% com óti-

mas características, superando as cultivares de fibra colori-

da existentes até o momento, como a BRS Safira, e equipa-

rando-se à cultivar BRS Araripe, de fibra branca. Além dis-

so, possui rendimento de algodão em caroço superior a essas

duas cultivares. “Como a nova cultivar possui maior percen-

tagem de fibra e maior rendimento de algodão em caroço do

que as outras cultivares citadas, também tem maior rendi-

mento de fibra por hectare em relação às demais”, ressalva.

O excelente desempenho da BRS Topázio não implica em

obsolescência das cultivares tradicionais como BRS Verde,

BRS Rubi e BRS Safira, mas na inclusão de mais uma tona-

lidade diferenciada de marrom a ser acrescentada ao leque

de cores já disponível, “além de favorecer a criatividade das

indústrias, na confecção das novas coleções de roupas e arte-

sanatos com algodão colorido”, finaliza o pesquisador da

Embrapa Algodão.

Safra de grãos

supera anterior

em 8,7%A produção de grãos no Brasil confir-

ma, mais uma vez, números recordes. O

resultado do oitavo levantamento do ciclo

2009/10, divulgado pela Conab, foi estima-

do em 146,87 milhões de toneladas. Esta

é a maior colheita da história, 8,7% supe-

rior às 135,13 milhões t da última safra.

Com relação ao mês passado (146,31 mi-

lhões t), o desempenho é 0,4% maior.

As variáveis responsáveis por isso são

o bom regime de chuvas nas áreas de

maior produção, a manutenção da boa

produtividade do milho dos estados do

Paraná e Goiás e a evolução na área do

milho segunda safra e de plantio da soja

em Mato Grosso. A soja deve alcançar

67,86 milhões t, 18,7% ou 10,70 milhões t

a mais que na safra anterior. Já o milho

segunda safra cresceu 16,8%, totalizando

20,26 milhões t. Somadas a primeira e a

segunda safras do cereal, a produção de-

verá atingir 54,18 milhões t, com ganho

de 6,2% em relação ao período passado. O

percentual representa 3,18 milhões t a

mais.

Quase todo o milho já foi colhido, ou

seja, cerca de 97%. Em todo o País, a situ-

ação da colheita é de 60% para o milho

primeira safra e de 76% para o arroz. O

feijão primeira safra está com a colheita

encerrada, enquanto que o de segunda

está ainda no início.

ÁreaCom a contribuição de algumas cultu-

ras para ampliação da área, o total plan-

tado é de 47,5 milhões de hectares, infe-

rior em 0,4% (172,1 mil ha) ao ciclo 2008/

09. A área total de milho deve chegar a

13,03 milhões de ha, com redução de 8,1%

sobre o último período (14,2 milhões de

ha) e de 15,9% na produtividade. O milho

segunda safra registrou aumento de

19,1% (288 mil ha), em Mato Grosso, e de

13,8% (51,3 mil ha), em Goiás. A soja tam-

bém teve elevação de área de 6,9% (1,49

milhão ha). Outros grãos não tiveram o

mesmo desempenho, como o arroz (- 115,4

mil ha), o milho primeira safra (-1,23 mi-

lhão ha), o feijão segunda safra (- 287 mil

ha) e o algodão (- 7,2 mil ha).

Safra de invernoPesquisa preliminar sobre a safra de

inverno indica que haverá redução na

área semeada com trigo. Os estados do Rio

Grande do Sul e Paraná respondem por

89% do total nacional. A previsão é de que

serão produzidos 4,43 milhões de t, ou

seja, 86,4% da totalidade no País (5,14

milhões de t). Estão em fase inicial de

plantio, além do trigo, as outras culturas

de inverno - aveia, cevada, centeio, canola

e triticale.

Os técnicos da Conab ouviram repre-

sentantes de cooperativas e sindicatos

rurais, órgãos públicos e privados em to-

dos os estados, no período de 22 a 28 de

abril.

Mais informações: www.conab.gov.br

RAIMUNDO ESTEVAM – CONAB

Algodão: nova cultivar tem cor marrom claro

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Soja deve alcançar 67,86 milhões de toneladas

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Page 9: Revista A Lavoura 678

A Lavoura JUNHO/2010 9

Agricultores familiares do oeste

paraense descobriram no curauá, es-

pécie de abacaxi amazônico natural

do Estado, uma nova fonte de renda.

A fibra da folha pode ser utilizada na

fabricação de tecidos, papel, plástico

e até como um tipo de anestésico.

Além disso, ela é dez vezes mais ba-

rata do que a fibra de vidro com a

vantagem de ser biodegradável.

Utilizada pelos índios na fabrica-

ção de arcos, redes, cestas e cordas, a

folha do curauá – cuja biomassa apre-

senta 6% de fibra – despertou interes-

se depois que a indústria automobilís-

tica passou a utilizar a fibra para con-

feccionar peças de revestimento e aca-

bamento interno dos carros.

Como a demanda nacional e inter-

nacional só vem aumentando nos úl-

timos anos, a Secretaria de Agricultu-

ra do Pará (Sagri) começou a traba-

Folha de curauá, espécie de abacaxi do Pará,

substitui fibra de vidro

Caruará: fibra da folha é bastante

aproveitável

TA

MA

RA

SA

RE/A

G.

PA

lhar na formação da cadeia produti-

va da lavoura através de investimen-

tos na organização da produção, ori-

entação técnica e beneficiamento do

produto.

Novas demandasNovas demandas para o setor

têxtil, que deseja utilizar o curauá

na composição da seda e viscose, e

para o setor de plástico injetável,

que pretende utilizá-lo em substi-

tuição à fibra de vidro, refletiram

na evolução do preço do quilo do

produto que saltou de R$ 0,80, em

2006, para R$ 4,00 atualmente.

Isso estimulou o aumento da produ-

ção que subiu de 15 toneladas de

fibras em 2007/2008 para 34 tone-

ladas, em 2009, um incremento de

mais de 100%.

Neste ano, a Sagri pretende tri-

plicar o volume de fibra seca bene-

ficiada e a área plantada, além de

consolidar novos modelos de consór-

cios do curauá com essências flores-

tais e frutíferas em sistemas

agrosilvipastoris.

No final da época de chuvas, inicia-se

o melhor período para o plantio do mara-

cujá no Cerrado. A recomendação é de

Fábio Faleiro, pesquisador da Embrapa

Cerrados. “O período que se iniciou em

abril e vai até maio é época interessante

para o plantio, pois as mudas no campo

sofrerão menos ocorrência de doenças”,

afirma. Além disso, ele explica que os dias

menores de inverno nos meses seguintes

não estimulam o florescimento da plan-

ta, que ocorre apenas em situações com

mais de 11 horas de luz por dia. Dessa

forma, a planta só vai apresentar flores

quando estiver maior, em condições mais

favoráveis para o desenvolvimento dos

frutos.

No plantio, o produtor precisa tomar

cuidado com o reaproveitamento de se-

mentes. “Não recomendamos essa práti-

ca, por causa de perdas provocadas

por genes indesejáveis”, explica o pes-

quisador. De acordo com ele, no maracu-

já há a diminuição do vigor e da produti-

vidade, de forma semelhante ao que ocor-

re com o milho. Ambas são plantas

alógamas, que dependem de polinização

cruzada e, nesse processo de reprodução,

algumas características interessantes

podem ser perdidas. No caso desse tipo de

planta, as pesquisas de melhoramento

trabalham para obter híbridos. “Eles são

Fim da chuva,

início do plantio

de maracujá

mais uniformes, oferecem mais produti-

vidade e resistência”, explica Fábio.

Em 2008, a Embrapa Cerrados lan-

çou três híbridos que estão em fase de

avaliação em todo o país e têm-se revela-

do bem produtivos na maioria das

condições. O BRS Sol do Cerrado

apresenta como vantagem a menor de-

pendência da polinização manual, além

de frutos grandes e arredondados. O BRS

Ouro vermelho apresenta uma parte dos

frutos com a coloração avermelhada na

casca, pois é resultado de cruzamento com

uma variedade nativa, de quem herdou

a maior resistência a doenças. O BRS

Gigante Vermelho tem frutos grandes e

tem muita produtividade. Segundo o pes-

quisador, essas fruteiras podem ser plan-

tadas em todo o país, em áreas que sejam

bem drenadas e não sujeitas a geadas.

Além da preocupação com a escolha

da semente, o pesquisador Fábio Faleiro

destaca que o produtor precisa ter em

mente a importância de adotar tecnolo-

gia para ampliar a produtividade da la-

voura. Uma delas é a polinização manu-

al, cuja utilização gera aumento de pro-

dutividade entre 40 e 50%. “Essa é uma

cultura que exige mão-de-obra e tecnolo-

gia, não deve ser plantada de forma

amadora”, defende.

Rumos da pesquisa

Fruta típica do Brasil, o maracujá tem

no Cerrado o principal centro de diversi-

dade. Por isso, a pesquisa sobre o fruto na

Embrapa Cerrados tem como um de seus

focos a obtenção de novos híbridos, com

boa produtividade e resistência a doen-

ças. Além disso, o trabalho de melhora-

mento tem buscado desenvolver plantas

com potencial ornamental, medicinal,

entre outras frentes.

Algumas espécies silvestres, como a

que produz frutos com características

semelhantes à jabuticaba ou que descas-

ca como mexerica, estão também com a

pesquisa de melhoramento em curso na

Unidade da Embrapa. Segundo o pesqui-

sador, o principal objetivo nessa linha não

é o plantio em grande escala comercial,

mas sim levar o conhecimento da diver-

sidade do fruto para a população e aten-

der nichos de agricultura urbana (fundos

de quintal e pequenas chácaras) e de pe-

quenos agricultores que comercializam

frutos em feiras comunitárias.

CLARISSA LIMA PAES – EMBRAPA CERRADOS

Muda do maracujá: menos doenças

EM

BRA

PA

CERRA

DO

S

!ALAV678-1-10-2.pmd 21/5/2010, 13:039

Page 10: Revista A Lavoura 678

10 JUNHO/2010 A Lavoura

Os agricultores brasileiros poderão

contar, a partir da safra 2010/11, com

duas novas cultivares de feijão desenvol-

vidas pela Embrapa Arroz e Feijão e par-

ceiros. A primeira delas é a BRS Estilo e

a outra é a BRS Esplendor.

A BRS Estilo é voltada aos produto-

res rurais que buscam alternativas de

cultivo com foco no grão carioca. A culti-

var é recomendada para a chamada sa-

fra das águas em Goiás, São Paulo, Pa-

raná, Santa Catarina, Pernambuco,

Sergipe e Rio Grande do Sul; para a sa-

fra de inverno em Goiás, Mato Grosso e

Tocantins e para a safra seca em Goiás,

Paraná, Santa Catarina, Rondônia, Mato

Grosso e Mato Grosso do Sul.

Dentre suas características de desta-

que, encontram-se o porte ereto de plan-

ta associado à alta produtividade de

grãos, que facilita a colheita mecânica

direta, e a resistência a oito raças do fun-

go causador da antracnose, uma das do-

enças fúngicas que causam grandes per-

das de produtividade na cultura do feijão.

A antracnose ocorre, principalmente,

em regiões de clima frio ou naquelas de

maior altitude e pode causar perda total

quando infecta as plantas no estágio ini-

cial de desenvolvimento da lavoura.

Além disso, a BRS Estilo é resistente

ao mosaico-comum, doença virótica que

vem diminuindo de importância devido

ao uso de cultivares resistentes.

No que tange ao potencial produti-

vo, a BRS Estilo obteve média 6,1% su-

perior (2.211 quilos por hectare), quan-

do comparada a duas outras cultivares

bem aceitas pelo mercado (2.084 quilos

por hectare), levando-se em conta o pe-

ríodo de 2003 a 2009.

Adicionalmente, a BRS Estilo apre-

senta ciclo normal (85 a 90 dias, da emer-

gência à maturação fisiológica) e a culti-

var possui ainda grãos claros com tama-

nho semelhante à cultivar Pérola, consi-

derada padrão de qualidade comercial de

grão pelo mercado de feijão carioca.

BRS Esplendor

Já a BRS Esplendor tem grão do tipo

comercial preto e é indicada para culti-

vo em São Paulo, Pernambuco, Sergipe

e Rio Grande do Sul na safra das águas;

em Tocantins na safra de inverno; em

Mato Grosso do Sul e Rondônia na safra

seca; em Mato Grosso nas safras de in-

verno e da seca; em Santa Catarina e no

Paraná na safra das águas e da seca e

em Goiás nas safras das águas, da seca

e de inverno.

A cultivar também se sobressai pelo

porte ereto de planta associado à alta pro-

dutividade de grão e apresenta ciclo nor-

mal (85 a 90 dias, da emergência à

maturação fisiológica), bem como resis-

tência a nove raças ao fungo causador da

antracnose e ao mosaico-comum.

Complementarmente, a BRS Esplen-

dor possui boa tolerância à doença fúngica

murcha de fusarium e ao crestamento

bacteriano comum, que são doenças sem

controle químico eficiente. A primeira é

comum nas regiões onde se cultiva a legu-

minosa, principalmente em cultivos que

utilizam irrigação via pivô central. A sua

ocorrência e severidade vêm aumentando

devido os poucos cuidados nos métodos

preventivos de controle e ao cultivo conse-

cutivo, sem rotação de cultura. As perdas

no rendimento têm sido pouco estudadas;

entretanto, sabe-se que são muito variá-

veis, podendo afetar apenas algumas plan-

tas ou até 80% da lavoura.

Já o crestamento bacteriano comum

é uma doença que apresenta ampla dis-

tribuição, ocasionando graves perdas na

produção, especialmente em regiões úmi-

das, com temperaturas de moderadas a

altas.

Na fase de testes finais entre 2003 e

2009, a BRS Esplendor foi avaliada em

147 experimentos em diferentes estados,

ambientes de cultivo e safras. Ela atingiu

média 7,5% superior em rendimento,

quando comparada à média de outras

duas cultivares padrão, ambas com boa

aceitação pelo mercado. Isso representa

uma produtividade de 2.156 quilos por

hectare contra 2.074 quilos por hectare.

A BRS Esplendor possui ainda boa

qualidade de grão, com uniformidade de

coloração e de tamanho, aspectos valori-

zados pela indústria, com tempo de

cozimento de 31 minutos e teor de 18% de

proteína.

Já está definida a imagem

do selo de qualidade “100%

Feijão”, que deverá estar es-

tampado nos pacotes das

principais marcas de feijão do

país a partir de junho. Até

agora, 25 empresas já aderi-

ram ao projeto e estão se ade-

quando às normas de qualida-

de exigidas pelo selo.

Segundo o presidente do

Conselho Administrativo do

Ibrafe, Marcelo Eduardo

Lüders, as adequações deve-

rão trazer benefícios tanto

certificação minuciosa e após

se habilitarem certamente te-

rão um inédito argumento de

vendas. Quanto ao consumi-

dor, quando bem informado,

ele reconhece e paga por um

produto seguro” afirmou.

Apresentada ao ministro

da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento, Reinhold

Stephanes e à Câmara Seto-

rial do Feijão e a Associação

Brasileira de Supermercados

(Abras) durante o mês de

março, a iniciativa foi aprova-

da. O Ministério acolherá as

eventuais denúncias de viola-

ções à legislação do “100%

Feijão” .

Selo 100% Feijão está pronto:

25 marcas terão o certificado

O selo é um certificado

concedido às empresas que

seguem as normas de mani-

pulação de alimentos, apre-

sentam no pacote as especi-

ficações corretas do grão e

produzam de forma susten-

tável.

As marcas que já terão o

selo em seus pacotes são as

seguintes: Flor do Sul, Barão,

Biju, Caipira, Caldo Bom,

Camil, Codil, Combrasil,

Delicia, Dona Cota, Du Rio,

Ferreirinha, Galante, Graos

Brasil, Kikaldo, Máximo, Na-

morado, Pantera, Pé Verme-

lho, Pereira Pink, Primavera,

Turquesa, Vitoria e Zaeli.

para as empresas do setor

como para o consumidor. “As

empresas passarão por uma

LEONARDO MELO

PESQUISADOR DA EMBRAPA ARROZ E FEIJÃO

Duas novas

cultivares

de feijão

BRS Esplendor tem alta produtividade do

grão

EM

BRA

PA

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FEIJ

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BRS Estilo: grãos claros e com padrão de

qualidade

EM

BRA

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ARRO

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FEIJ

ÃO

!ALAV678-1-10-2.pmd 21/5/2010, 13:0310

Page 11: Revista A Lavoura 678

A Lavoura FEVEREIRO/2010 11

!ALAV678-11-AN-OrganicsNet.pmd 21/5/2010, 12:3911

Page 12: Revista A Lavoura 678

12 JUNHO/2010 A Lavoura

Milho

Boa produção e qualidade do

grão obedecem requisitos técnicosGIOVANI THEISEN,

MARILDA P. PORTO,

CLAUDIO A. S. DA SILVA,

ANA PAULA S. AFONSO e

BEATRIZ MARTI EMYGDIO

PESQUISADORES DA EMBRAPA CLIMA TEMPERADO

Recomendações

importantes para

o cultivo de milho

na região de

Pelotas-RS são

aqui esclarecidas,

visando ao aumento

da produtividade

da região

Apesar da reconhecida impor-

tância do milho para a ali-

mentação animal na proprieda-

de rural, a área desta cultura vem dimi-

nuindo gradativamente na região sudeste

do RS. Na macrorregião de Pelotas, que

já cultivou mais de 150.000 ha de milho,

no início dos anos 2000, a redução na área

alcança a 50% e a produtividade média

(38 sacos por hectare) é uma das meno-

res do Estado. Essa condição é preocupan-

te e não atende à atual demanda regio-

nal de matéria-prima para rações e outros

produtos. A Cosulati abate cerca de

22.000 frangos por dia e produz 30.000 to-

neladas de ração por ano. Somente 30%

do milho utilizado em sua fábrica provêm

de lavouras próximas e o restante é ad-

quirido da região norte do RS ou de ou-

tros Estados. A baixa produção local de

milho onera esta região em mais de 16

milhões de reais por ano. Considerando

a produtividade média regional, a área de

milho comportaria, atualmente, um au-

mento em mais de 9 mil hectares, só para

atender à demanda existente.

O cultivo de milho deve atender a

Milho: boa produção e qualidade

dependem de cuidados técnicos

A

PA

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BRA

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Boa produção e qualidade do

grão obedecem requisitos técnicos

!ALAV678-12-16-Milho+.pmd 21/5/2010, 12:4012

Page 13: Revista A Lavoura 678

A Lavoura JUNHO/2010 13

algumas questões técnicas importan-

tes, caso contrário, a boa perspectiva

de negócio se transforma – facilmente

– em frustração. Alguns principais re-

quisitos técnicos para se obter boa pro-

dução e qualidade de milho são os se-

guintes:

Época de semeadura

Para semeadura do milho devem

ser considerados três aspectos: a dis-

ponibilidade de água no solo, a tem-

peratura e o ciclo da cultivar. A seme-

adura na época indicada evita que o

período mais sensível do milho, fase

entre o pendoamento e o início do en-

chimento de grãos, coincida com épo-

cas de veranicos ou estiagens, que na

região ocorrem principalmente nos

meses de dezembro e janeiro. À epoca

indicada de semeadura de milho por

município, ciclo e tipo de solo, de acor-

do com o Zoneamento Agrícola, é

publicada pelo Ministério da Agricul-

tura, Pecuária e Abastecimento todos

os anos e está disponível no site

www.agricultura.gov.br.

Fertilidade e manejo do solo

Os principais nutrientes requeri-

dos pelo milho são nitrogênio (N), fós-

foro (P) e potássio (K). A falta de algum

destes elementos reduz o potencial

produtivo da lavoura. Nesse sentido, a

análise do solo é o primeiro passo para

se planejar e adubar corretamente a

cultura. Para produzir 67 sacos, por

exemplo, um hectare de milho extrai

cerca de 70 kg de N, 80 kg de P2O5 e

70 Kg de K2O. Esses valores corres-

pondem a 280 kg/ha da fórmula 05-30-

25, que deverá ser complementada

com nitrogênio, aplicado de preferên-

cia parcelado, com metade da dose

quando o milho estiver com quatro fo-

lhas, e o restante por volta das oito

folhas. É pela análise que se verifica,

também, se há necessidade de aplica-

ção de calcário ao solo.

Para o cultivo do milho em solos

mal drenados, alguns cuidados devem

ser tomados, devido à grande sensibi-

lidade da cultura ao excesso de umida-

de no solo:

1. Semear o milho nas áreas natural-

mente mais bem drenadas, evitando-

se aquelas sujeitas às inundações;

2. Realizar a correção e limpeza de

drenos já instalados para o cultivo do

arroz irrigado;

3. Implantar um sistema de drenagem

com base em estudo prévio do relevo do

terreno, com a locação de drenos su-

perficiais eficientes na lavoura; Em

áreas muito planas (declive menor que

0,5%) e com declividade uniforme, uti-

lizar cultivos em camalhões de base

larga;

4. Em áreas sistematizadas, com ou

sem declive, pode ser utilizado o siste-

Densidade de plantio e o espaçamento entre as fileiras são importantes para o sucesso da

lavoura do milho

PA

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RTZ

/EM

BRA

PA

TRIG

O

ma sulco/camalhão, que além de ga-

rantir boa drenagem, possibilita a ir-

rigação por sulcos. As características

climáticas da região determinam a

necessidade da irrigação suplementar,

utilizando-se equipamentos de asper-

são, ou no caso do cultivo em várzeas,

a estrutura já instalada para a irriga-

ção do arroz. Neste segundo caso, rea-

lizam-se banhos rápidos, tendo-se o

cuidado com a instalação e a garantia

de um bom sistema de drenagem.

População de plantas

A escolha da densidade de plantio

e do espaçamento entre fileiras são de-

cisões independentes, que devem levar

em consideração vários fatores, como

a disponibilidade de água, de nutrien-

tes, etc. O espaçamento de 70 a 80 cm

entre linhas permite operações manu-

ais ou mecanizadas, como capinas,

aplicações de nitrogênio em cobertura

Milho

Milho: cada planta é importante na produção

final da lavoura

!ALAV678-12-16-Milho+.pmd 21/5/2010, 12:4013

Page 14: Revista A Lavoura 678

14 JUNHO/2010 A Lavoura

e de defensivos, colheita, etc. Em la-

vouras onde algumas destas operações

podem ser realizadas via aérea ou com

a adaptação de colheitadeiras, pode-se

reduzir o espaçamento entre fileiras,

para a faixa de 50 a 60 cm entre linhas,

com vantagens no mais rápido sombre-

amento do solo. Os espaçamentos es-

treitos melhoram o uso da área, o apro-

veitamento da água e dos nutrientes

disponíveis, além de auxiliar no con-

trole de plantas daninhas. Sugere-se

consulta o fornecedor da semente para

indicação de qual espaçamento e popu-

lação é o mais adequado à situação. O

milho é uma cultura com pouca capa-

cidade de compensação, assim cada

planta é importante na definição da

produção final da lavoura.

Cultivares

A escolha da cultivar mais adequa-

da de milho depende de fatores como

tamanho da lavoura, nível tecnológico

do produtor, capital financeiro dispo-

nível, época de semeadura, ciclo e tipo

de cultivar (híbrido ou variedade), de

modo a otimizar a produção de grãos

e/ou silagem. Existe um grande núme-

ro de cultivares comerciais de milho.

Quanto ao ciclo, são classificadas em

superprecoces, precoces e normais ou

tardias. Quanto ao tipo, são classifica-

das em dois grupos: híbridos e varie-

dades (cultivares de polinização aber-

ta). Os diferentes tipos de cultivares de

milho apresentam vantagens e des-

vantagens, que devem ser analisadas

sob os aspectos de uniformidade, pro-

dutividade e estabilidade de produção.

Os híbridos simples e triplos têm uni-

formidade e maior potencial produti-

vo, quando comparados aos híbridos

duplos e variedades melhoradas. No

entanto, como regra geral, apresentam

maior custo de sementes. As varieda-

des melhoradas, além do menor custo

da semente, não apresentam redução

no potencial produtivo, quando seme-

adas na safra seguinte, o que possibi-

lita aos produtores a produção de se-

mente própria, por um período de três

safras consecutivas. A relação dos hí-

bridos e variedades indicadas para

cultivo na safra 2008/2009 encontram-

se nas “Indicações Técnicas para cul-

tivo do milho e do sorgo no Rio Gran-

de do Sul.”, divulgadas no endereço

eletrônico www.cpact.embrapa.br.

Plantas daninhas e Insetos

A lavoura de milho geralmente de-

mora sombrear o solo, e este aspecto

define o período sensível de competição

com as invasoras por um tempo longo.

Em geral, deve-se manter a lavoura no

limpo até a fase de oito folhas. Em la-

vouras em que o controle é mecânico

(capina manual ou tratorizada), deve-

se aproveitar a primeira capina para

incorporar o adubo nitrogenado. Em

áreas de plantio direto, deve-se garan-

tir que a dessecação seja eficiente, re-

alizada pelo menos uma semana antes

do plantio, para que a semeadura seja

feita no limpo. Posteriormente, podem

ser aplicados herbicidas no plantio, ou

em pós-emergência.

Os insetos causam sérios prejuízos

ao milho e o seu manejo provavelmente

é uma das principais dificuldades na

condução da lavoura. A principal praga

é a lagarta do cartucho e, para seu con-

trole, os seguintes aspectos devem ser

observados: vistoriar frequentemente a

lavoura, procurando os ovos desde o iní-

cio da emissão das folhas do milho. Os

ovos são agrupados, geralmente cober-

tos por fina penugem e localizados do

lado de baixo das folhas, ou em partes

protegidas do sol direto. Outro indicador

do inseto são os sinais de raspagem nas

folhas. As medidas de controle devem

ser efetuadas em lagartas pequenas, no

início da raspagem das folhas.

Medidas de controle

Nessa fase, as lagartas são sensí-

veis aos inseticidas de baixo impacto

no ambiente e podem ser controladas

com mais facilidade. Após as lagartas

alojarem-se no cartucho, as aplicações

de inseticidas geralmente são

ineficientes. Para o controle químico

da lagarta do cartucho, deve-se, ain-

da, regular o pulverizador para volu-

me de calda próximo a 150 l/ha e evi-

tar aplicar sob sol intenso. Uma for-

ma de verificar a presença da lagar-

ta-do-cartucho na lavoura é a utiliza-

ção de armadilhas com feromônio.

Deve-se utilizar, no mínimo, uma ar-

madilha por hectare e o nível de con-

trole ocorre quando a armadilha pren-

der três mariposas. A aplicação deve

ser então realizada 10 dias após esta

amostragem, quando as lagartas ain-

da estarão pequenas, tornando-se

alvo mais fácil para o controle. No

caso de aplicação de inseticidas, suge-

re-se que a primeira pulverização seja

efetuada com produtos de baixo im-

pacto, para preservar os inimigos na-

turais da praga e diminuir a chance

de novas aplicações. Alguns insetici-

das indicados são o Bacillus thuringi-

ensis, espinosade, diflubenzuron,

lufenuron, metoxifenozida, novalu-

rom, tebufenozida, teflubenzuron e

triflumuron; estes produtos são ven-

didos com várias marcas comerciais.

Para o uso de produtos químicos (in-

seticidas e herbicidas) sugere-se con-

sulta a assistente técnico, ou ao ma-

nual com as indicações técnicas da

cultura, disponíveis na Embrapa Cli-

ma Temperado. A aplicação de agro-

químicos deve ser feita sob tempera-

tura amena, com ventos fracos e com

alta umidade relativa do ar. Essa con-

dição é dada, geralmente, no período

da manhã ou no final da tarde.

O milho é uma importante matéria-prima para rações e outros produtos

EM

BRA

PA

MIL

HO

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O

Milho

!ALAV678-12-16-Milho+.pmd 21/5/2010, 12:4014

Page 15: Revista A Lavoura 678

A Lavoura JUNHO/2010 15

Enquanto isso, algumas comu-

nidades rurais estão recebendo o

BRS Assum Preto, uma variedade

de alta qualidade proteica e maio-

res teores de aminoácidos essenci-

ais, como triptofano e lisina.

Uma das principais contribui-

ções que a pesquisa agropecuária

deve oferecer para o combate à des-

nutrição é o desenvolvimento de ali-

mentos mais nutritivos. Além de

características desejáveis como a

facilidade de serem produzidos,

processados e consumidos, tais ali-

mentos devem ser também acessí-

veis à dieta básica das populações,

em especial, das regiões mais po-

bres do mundo, como África, Ásia,

América Latina e Caribe, princi-

pais focos dos programas

HarvestPlus e AgroSalud, que no

Brasil configuram uma rede de cen-

tros de pesquisa coordenados pela

Embrapa Agroindústria de Alimen-

tos (Rio de Janeiro-RJ).

Biofortificação

A biofortificação de produtos

agrícolas para melhoria da nutri-

ção humana quer suprir a dificul-

dade de suplementação de vitami-

nas e minerais (pró-vitamina A,

ferro e zinco) em regiões sem infra-

estrutura adequada para a distri-

buição de alimentos processados.

Por isso, a proposta supera as limi-

tações a partir do uso de tecnologi-

as que têm como base a semente de

produtos agrícolas melhorados con-

vencionalmente (cruzamento de

plantas da mesma espécie).

Sementes com maiores teores

de micronutrientes são o diferenci-

al do programa. De acordo com o

pesquisador, o milho, devido à sua

amplitude e facilidade de produção

e consumo, é um dos cereais que

merece destaque nesta rede de pes-

quisa que também investiga arroz,

feijão, feijão caupi, abóbora, batata

doce, mandioca e trigo.

Milho

Milho biofortificado:

maior teor de carotenoide

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Milho

de alto valor

nutritivo

Milho

de alto valor

nutritivo

A Embrapa Milho e Sorgo ava-

liou 246 acessos de milho de

todo o Brasil para identificar o per-

fil de carotenoides. Seis linhagens

da Embrapa foram selecionadas e

utilizadas para o desenvolvimento

de uma variedade pró-vitamina A e

o resultado é uma seleção de grãos

com até 4 vezes mais carotenoides

que os encontrados em variedades

comuns. A pró-vitamina A, que a

partir de reações químicas no orga-

nismo transforma-se em vitamina

A, tem papel importante para a

saúde dos olhos.

Segundo o pesquisador Paulo

Evaristo de Oliveira Miranda, em

uma das variedades avaliadas, o

valor médio de pró-vitamina A foi

de 7,6 mg/g, enquanto as 20% me-

lhores espigas apresentaram valo-

res médios de 9,2 mg/g. “Estes va-

lores são, respectivamente, cerca de

3,5 e 4,2 vezes maiores que os en-

contrados em milho de grãos ama-

relos”, relata o pesquisador.

Ainda segundo ele, nas próxi-

mas duas safras a variedade sele-

cionada será avaliada quanto ao de-

sempenho agronômico na região

Nordeste e em outras regiões do

país. “Caso os testes indiquem boa

performance agronômica e melhor

qualidade nutricional, poderemos

ter uma nova cultivar com maiores

teores de carotenoides já este ano”,

afirma.

!ALAV678-12-16-Milho+.pmd 21/5/2010, 12:4015

Page 16: Revista A Lavoura 678

16 JUNHO/2010 A Lavoura

O milho é, hoje, um dos cereais mais expressivos cul-

tivados no país. A cada safra, são verificados aumen-

tos na produção total e na produtividade. A média da pro-

dutividade é menor do que 4.000 kg/ha, muito baixa se

considerados os potenciais que as sementes de milho têm,

sobretudo os híbridos. Já se obteve, a título de curiosi-

dade, mais de 16.000 kg/ha em concurso de produtivida-

de. Portanto, é perfeitamente possível se aumentar a

produtividade e, consequentemente, a produção do mi-

lho no Brasil sem grandes aumentos de área plantada.

Na cultura do milho, o correto manejo é fundamen-

tal para o sucesso da lavoura. Escolher bem a semente,

colher na hora exata é muito importante; mas nada dis-

so será suficiente se alguns passos, durante o crescimento

das plantas, não forem bem observados. O controle cor-

reto de doenças, pragas e plantas daninhas, por exem-

plo, é essencial.

Estar atento às condições do solo e do clima da região

onde será cultivado o milho também é muito importan-

te. Como o Brasil é um país muito grande, a diversidade

regional também é enorme. Para tentar suprir e acom-

panhar tamanha diversidade, existem hoje mais de 300

sementes diferentes de milho no mercado brasileiro. Ou

Manejo correto da

lavoura pode aumentar

a produtividade média

do milho

seja, existem sementes para todo tipo de produtor rural,

para toda região brasileira e para diferentes objetivos.

A densidade de plantio (número de plantas por uni-

dade de área) e o espaçamento (distância entre as filei-

ras) também são itens muito importantes para o suces-

so da lavoura do milho. Existe uma tendência para di-

minuição do espaçamento, que a cada safra tem sido

menor. Mas pesquisadores da Embrapa alertam que isso

é bom até certo ponto. Da mesma forma, no caso da den-

sidade existe a chamada “densidade ótima”, quando nor-

malmente o milho expressa todo seu potencial genético

de produtividade. A partir deste ponto, normalmente a

produtividade cai porque as plantas passam a competir

entre si por nutrientes.

CLENIO ARAUJO – EMBRAPA MILHO E SORGO

EM

BRA

PA

MIL

HO

E S

ORG

O

Milho

Milho: é possível o Brasil aumentar a produtividade e a produção

!ALAV678-12-16-Milho+.pmd 21/5/2010, 12:4016

Page 17: Revista A Lavoura 678

A Lavoura JUNHO/2010 17

Manejo

Controle de parasitas na épocado periparto é fundamentalpara garantir o bem-estar

das fêmeasO segundo semestre do ano - principalmente dos meses de agosto

e setembro -, concentra o maior número de parições nas vacas de corte

mantidas a pasto. Já se aproxima a hora de promover o tratamento

com vermífugos nos meses de julho e agosto para evitar

surpresas desagradáveis

Dentre os vários desafios que

os bovinos estão expostos ao

longo do ano, o periparto,

período que começa cerca de um mês

antes do parto e vai até um mês após

o parto, é um exemplo de fase delica-

da para as fêmeas. Tal momento exi-

ge cuidados especiais por parte dos

pecuaristas para evitar prejuízos com

a saúde do rebanho, comprometimen-

to da qualidade do leite e, consequen-

temente, perdas econômicas.

A fase que engloba o periparto é

marcada por um relaxamento imuno-

lógico das fêmeas em função das mu-

danças hormonais e metabólicas que

as preparam para o parto, bem como

para permitir o pleno desenvolvimen-

to fetal e o estabelecimento da lacta-

ção. Por conta desta queda natural da

imunidade, as vacas ficam muito mais

vulneráveis aos efeitos nocivos dos

parasitas, fazendo com que a aplica-

ção de antiparasitários nessa época

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Na fase que engloba o periparto há um relaxamento imunológico natural das fêmeas

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Page 18: Revista A Lavoura 678

18 JUNHO/2010 A Lavoura

Manejo

seja extremamente necessária.

De acordo com Marcos Malacco,

médico veterinário e gerente técni-

co de produtos da Merial Saúde Ani-

mal, além do relaxamento imunoló-

gico aos vermes redondos, outro

agravante no periparto é a grande

demanda de energia, devido ao de-

senvolvimento do feto, que na mai-

oria das vezes, é maior do que a

energia fornecida pela ingestão dos

alimentos. “Isso tudo aumenta a

vulnerabilidade das fêmeas às

parasitoses. Portanto, o momento

ideal para o tratamento é o mais

próximo possível do parto. Neste

instante, o pecuarista deve sempre

optar por antiparasitários de eficá-

cia comprovada e, além disso, contar

com o respaldo de um médico vete-

rinário para indicar o período mais

propício para a aplicação”, afirma.

Para Malacco, pelo fato de no Bra-

sil o segundo semestre do ano con-

centrar o maior número de parições

nas vacas de corte mantidas a pasto

principal/ e em agosto e setembro, é

importante promover o tratamento

com vermífugos nos meses de julho e

agosto.

Vantagens da vermifugação

As vantagens em vermifugar o

plantel de fêmeas não se restringem

apenas ao período do periparto. A ado-

ção de um calendário estratégico de

controle de parasitas traz inúmeros

benefícios durante toda a vida das va-

cas. O combate às altas incidências dos

parasitos possibilita que as novilhas

alcancem o peso mínimo para a entra-

da na reprodução e apresentem cios

com regularidade já no início de sua

primeira estação de monta, contribu-

indo para altos índices de prenhezes,

menor descarte de novilhas e maior

quantidade de novilhas para reposição

ou ampliação do rebanho de vacas.

Novilhas capazes de reproduzir

mais cedo (primeiro parto entre os 24 e

27 meses), iniciam a vida produtiva

mais precocemente, deixando de serem

ociosas e possibilitando a geração de um

maior número de bezerros durante a

vida útil. Portanto, são mais lucrativas.

Nas vacas, o controle das vermino-

ses e dos parasitos externos no mo-

mento certo pode possibilitar maior

produção de leite e menor contamina-

ção das pastagens com ovos e larvas

de vermes redondos, auxiliando na

obtenção de bezerros mais saudáveis

e pesados ao desmame. Além disso,

também há possibilidades de maiores

índices nas taxas de prenhezes pós-

parto, quando estes animais são tra-

tados no periparto.

Sem o controle estratégico, vários

são os prejuízos ocasionados pelos pa-

rasitas às fêmeas, tais como: perdas

no desenvolvimento corporal e no ga-

nho de peso, menor produção leiteira,

alongamento do chamado Período de

Serviço – ou número de dias em aber-

to pós-parto, e menor resistência a ou-

tras doenças ou aos períodos de

estresse. Em termos fisiopatológicos,

o maior dano determinado pelos para-

sitos gastrointestinais, particular-

mente os vermes redondos (Nemato-

das), é a anorexia (redução no consu-

mo de alimentos), acompanhada por

distúrbios na conversão alimentar, re-

duzindo, assim, a digestibilidade e a

absorção dos nutrientes e interferin-

do no metabolismo de energia e pro-

teínas.

Passados os cuidados com relação

aos parasitas durante o periparto, logo

o pecuarista se depara com um novo

desafio: a fase dos nascimentos dos be-

zerros. Nesta etapa, é preciso prevenir

a instalação de miíases (bicheiras) no

coto umbilical, que se mostra bastan-

te atrativo para a mosca varejeira. A

prática de aplicação de endectocidas à

base de ivermectina é bastante eficien-

te, desde que o produto seja aplicado

no dia do nascimento do animal. Tam-

bém é preciso evitar infecções bacteri-

anas no coto umbilical por meio do tra-

tamento do umbigo.

“Como é possível ver, são diversas

as épocas-chave para controlar a in-

cidência de parasitoses nas proprieda-

des. No entanto, o pecuarista não

deve encarar essa prática como um

gasto. Pelo contrário. Os custos com a

sanidade animal representam uma

pequena parcela dos investimentos

das fazendas, em média representam

apenas 2 a 3% dos custos e, em con-

trapartida, trazem um retorno signi-

ficativo, já que gado vermifugado e va-

cinado é sinônimo de um rebanho pro-

tegido, forte e lucrativo”, ressalta

Malacco.

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Sem o controle estratégico, há prejuízos por causa dos parasitas

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Page 19: Revista A Lavoura 678

A Lavoura JUNHO/2010 19

Carta da S O B R A PASOCIEDADE BRASILEIRA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

Ibsen de Gusmão Câmara

Presidente

Em 2002, dez anos após a famosa Conferência das

Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento

Sustentável – mais conhecida como Rio 92 –, a 6ª. Con-

ferencia das Partes da Convenção sobre Diversidade

Biológica (6ª COP-CDB) adotou um Plano Estratégico

com a missão de “alcançar em 2010 uma significativa

redução da perda de biodiversidade em níveis global,

regional e nacional como contribuição para aliviar a po-

breza e beneficiar toda a vida na Terra”. Este objetivo

nobre, mas vago, entretanto não estabeleceu metas nu-

méricas ou sequer se referiu à maneira como ele seria

atingido.

A mesma deliberação foi mais tarde, em 2008, in-

corporada ao Objetivo 7 – Garantir Sustentabilidade

Ambiental, nas Metas de Desenvolvimento do Milênio

(Millennium Development Goals) estabelecidas pelas

Nações Unidas, uma vez mais de forma mal definida.

Para os ambientalistas, desde 2002, o propósito de

reduzir significativamente a perda de biodiversidade

até 2010 já se configurava problemático e suspeitava-

se de que ele nada mais era do que uma declaração para

fins meramente políticos.

Em 2006, o documento Visão Global da Biodiversi-

dade – Relatório no. 2, preparado pela Secretaria da

Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB), já re-

conhecia que “a perda de biodiversidade (...) provavel-

mente continuará no futuro previsível, e certamente

além de 2010.” Embora pessimista, ou apenas realis-

ta, mas demonstrando um fio de esperança, a Secreta-

ria da CDB acrescentou a opinião de que “a responsa-

bilidade principal para alcançar-se a meta de 2010 de

reduzir significativamente o ritmo de perda da biodi-

versidade cabe às Partes da Convenção [ou seja, aos pa-

íses que a aceitaram] ou, alternativamente, às

governanças e aos políticos” e que “alcançar a meta de

2010 é um considerável desafio, mas certamente não é

impossível”.

O ano 2010 chegou e obviamente pouquíssimo foi al-

cançado. A perda de diversidade biológica é ainda mais

intensa do que em 2002 e as ameaças de extinção já

atingem considerável proporção do total de espécies

vivas existentes, como o comprova com clareza a Lista

Vermelha da União Internacional para Conservação da

Natureza (IUCN). Nunca é demais relembrar que a

extinção das espécies é para sempre e absolutamente

irreversível.

A causa principal do insucesso é, sem dúvida, a bai-

xa prioridade que as Partes da Convenção e as

“governanças” e os “políticos” emprestaram ao longo

de todos esses anos à conservação da biodiversidade

Meta fracassadaem suas respectivas áreas geográficas de atuação.

Como exposto na edição anterior desta Carta (A La-

voura, fevereiro de 2010), são múltiplas e complexas

as ações para que, no entender da ONU, possa ser

feita uma defesa eficaz do patrimônio genético do pla-

neta. No que pese a importância primordial desse

objetivo para a economia de qualquer país, o bem-es-

tar de suas populações, a proteção dos solos, os inte-

resses da Ciência e todo o futuro da Vida na Terra,

certamente os políticos e os dirigentes preocuparam-

se muito mais com os problemas corriqueiros e de-

monstraram não estar dispostos a arriscar seus desíg-

nios pessoais imediatos para alcançar metas concre-

tas de proteção da vida, um benefício que se dilui em

um futuro indefinido.

A próxima versão do documento Visão Global da

Biodiversidade, que em breve será divulgada, certa-

mente irá reconhecer o fracasso da meta de 2010 e, com

melhor compreensão de que algo mais efetivo terá que

ser concretizado, espera-se que sejam iniciados com

maior objetividade os trabalhos preparatórios para a

reunião dos membros da CDB a realizar-se em Nagoya,

Japão, em outubro do corrente ano.

A biodiversidade do planeta continua em gravíssimo

declínio devido, dentre outros motivos, a algumas cau-

sas básicas que podem ser sintetizadas em (1) falta de

clareza quanto às metas a alcançar com as medidas

conservacionistas, (2) ausência de parâmetros numé-

ricos que as definam objetivamente, (3) precariedade

dos dados sobre as verdadeiras condições da biodiver-

sidade, o número real das espécies ameaçadas, e o rit-

mo das extinções, (4) falta de orientação concreta de

como alcançar as metas que forem estabelecidas, e

principalmente (5) ausência de vontade política para

enfrentar o problema.

Dentro deste quadro desolador da situação da vida

na Terra, é justo mencionar que o Brasil se destacou

nas medidas de conservação, pelo menos quanto à cri-

ação de áreas naturais protegidas — a mais efetiva

medida de conservação da biodiversidade — , com

destaque da atuação na Amazônia. De fato, o País se

situou como líder mundial na criação de unidades de

conservação. No que pese tais áreas terem sido esta-

belecidas quase exclusivamente “no papel”, com

pouquíssimas medidas práticas para real efetivação,

pelo menos tal postura indica uma ação condizente com

os objetivos antes previstos para 2010.

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Page 20: Revista A Lavoura 678

20 JUNHO/2010 A Lavoura

S O B R A PASOCIEDADE BRASILEIRA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

Citações

William James Durant, mais conhecido simplesmente por

Will Durant (1885 – 1981), destacado historiador e filósofo

norte-americano, certa vez declarou:

“A civilização existe graças a um consentimento geológi-

co, sujeito a mudanças sem aviso prévio.”

Em um decênio repleto de eventos catastróficos, como

erupções vulcânicas, grandes terremotos no Haiti, China,

Indonésia e Chile, tsunamis violentos no Sudeste da Ásia e

deslizamentos fatais em muitas regiões do globo, a declara-

ção faz muito sentido. Por vezes nos esquecemos de que a

Terra é um planeta ativo e que a crosta está sempre em cons-

tante movimento, eventualmente com extrema violência.

Milhões de pessoas, através dos tempos, já pagaram com a

vida terem ignorado ou esquecido esta verdade evidente, in-

sistindo em permanecer em áreas submetidas a risco perma-

nente, ou sendo obrigadas a isto pelas circunstâncias da vida.

Nossa civilização, no que pesem os grandes desastres por que

já passou, ainda teve sorte em não se ter envolvido em even-

tos excepcionais e apocalípticos, tais como a supererupção

vulcânica de Toba, ocorrida na atual Indonésia há 70.000

anos, ou a de Yellowstone, há 600.000, ambas com conseqü-

ências globais e potencial para arrasar países inteiros, ou

ainda não ter sido submetida a tsunamis comparáveis a al-

guns ocorridos no passado, identificados pelas suas evidên-

cias geológicas, tão arrasadores que os atuais em compara-

ção parecem constituir simples marolas.

Mas, em qualquer eventualidade, o crescimento

demográfico e as enormes e crescentes concentrações huma-

nas tornam tais ocorrências – que sempre continuarão a acon-

tecer – cada vez mais desastrosas, uma vez que elas fogem

totalmente ao controle humano.

Natureza em perigo

Um dos mais singulares exemplares de nossa fauna é o

pirá-brasília (Simpsonichthys boitonei), minúsculo peixe-

anual que atinge apenas seis centímetros de comprimento,

exibindo cor avermelhada, pontilhada com numerosas pin-

tas brancas. Como todos os peixes-anuais, vive em poças

d’água temporárias que desaparecem completamente na es-

tação seca. Por tal razão, têm um ciclo de vida muito curto,

atingindo rapidamente a maturidade sexual enquanto dura

seu efêmero ambiente aquático, e produzindo os ovos que se

mantêm em estado latente até que, com as chuvas, as poças

se formem novamente e inicie-se o ciclo de uma nova gera-

ção. Após a eclosão, os peixes se tornam sexualmente madu-

ros em apenas dois meses.

A curiosidade deste peixe é somente existir no Distrito

Federal, mais especificamente nos afluentes do lago Paranoá,

tendo sido descrito somente em 1959.

Até 1960, parece ter sido comum em diversos afluentes

do lago, mas a rápida urbanização de Brasília e arredores, a

poluição, a sobrepesca por aquaristas e a vulnerabilidade

geral de seus hábitats levaram a espécie a aparente extinção.

Mais tarde, em 1985, foi redescoberto, sendo que atualmen-

te só é conhecido em parte de um córrego, na bacia do ribei-

rão Gama, em trecho felizmente localizado dentro de uma

Reserva Ecológica pertencente ao IBGE. Sua sobrevivência

depende, consequentemente, da perenidade desta reserva e

da criação em cativeiro. Seria muito desejável que houvesse

um esforço para a reintrodução desse curioso e belo peixe em

áreas onde já existiu, desde que haja condições para mantê-

lo livre das pressões antrópicas que o levaram à beira da

extinção

Situação atual do efeito estufa

Os dados mais recentes indicam que em 2009, apesar das

medidas largamente anunciadas para limitarem-se os efei-

tos nocivos das mudanças climáticas, as emissões dos gases

do efeito estufa (GEE) continuam aumentando e suas concen-

trações totais na atmosfera estão acima das imaginadas no

pior cenário previsto. Além disto, é amplamente esquecido que

a meta de limitar-se o aumento de CO2e (conjunto de GEEs

equivalentes em CO2) em 450 ppm e o da temperatura em 2º

C apresenta apenas uma probabilidade de 50% de sucesso.

Mais alarmante ainda é que para atingir-se essa meta

serão necessárias maciças reduções globais, da ordem de 80%,

em relação aos níveis de 1990, além de grandes limitações

quase imediatas para que ela não seja ultrapassada. Com os

países se esquivando de ações efetivas, torna-se altamente

improvável que a meta de 450 ppm /2º C seja efetivamente

atingida.

Dentre os cenários estabelecidos pelo Painel Intergover-

namental para as Mudanças Climáticas, o mais favorável é

denominado B1, que prevê a estabilização da concentração

de CO2e em 450 ppm, o que causaria uma elevação de tem-

peratura de 2,1º C (entre 1,4 e 3,1º C). O pior seria 1.000 ppm

de CO2e, que se estima significar um elevação média catas-

trófica de 5,5º C (entre 3,7 e 8,3º C).

Fonte: Species, 50, 2009

As perdas de habitats naturais

Um estudo baseado em dados do WWF, do PNUD, do

Millennium Ecosystem Assessment e da Lista Vermelha da

IUCN, divulga a situação das perdas de hábitats naturais em

toda a Terra. No que pesem as possíveis imperfeições e a

deficiência dos dados disponíveis, o estudo evidencia uma

situação extremamente grave.

Os percentuais adiante indicadas mostram o que já foi

perdido em cada ecossistema:

Florestas tropicais 30%

Florestas temperadas 48%

Florestas boreais 2%

Pradarias, savanas e hábitats mediterrâneos 57%

Desertos e tundras 21%

Pradarias marinhas 29%

Manguezais 37%

Recifes de coral 20%

Nesses ambientes, o número de espécies ameaçadas ne-

les existentes é maior nos recifes de coral (27% do total no

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Page 21: Revista A Lavoura 678

A Lavoura JUNHO/2010 21

S O B R A PASOCIEDADE BRASILEIRA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

hábitat), florestas tropicais (22%), pradarias, savanas e

hábitats mediterrâneos (17%) e pradarias marinhas (16%).

Tais dados indicam o tamanho da “pegada ecológica” produ-

zida pela humanidade sobre os ambientes naturais do pla-

neta.

Fonte: Nature, 19-11-2009

Pesca ilegal de golfinhos

O Instituto Sea Shepherd Brasil ingressou na Justiça

Federal, em 2007, com uma denúncia de que mais de 80 gol-

finhos haviam sido capturados no litoral do Amapá para ser-

virem de isca na caça ilegal de tubarões, praticada por em-

barcações estrangeiras. A captura ou molestamento intenci-

onal de quaisquer cetáceos em águas jurisdicionais brasilei-

ras, incluindo obviamente os golfinhos, é crime previsto na

Lei 7.643/1987. O fato criminoso fora constatado na denomi-

nada Operação Furacão Silencioso, efetuada pelo Instituto em

resposta à inércia do IBAMA e da Justiça Federal, uma vez

que a ocorrência de tais capturas já havia sido largamente

divulgado.

A costa do Amapá, devido aos nutrientes descarregados

pelo rio Amazonas, é uma área rica em pescado frequente-

mente usada por embarcações estrangeiras, em desrespeito

às leis brasileiras.

Em audiência pública realizada neste ano, o réu, Jonan

Queiroz de Figueiredo, proprietário das embarcações envol-

vidas no ato ilegal, confessou que os 83 golfinhos massacra-

dos em 2007 haviam sido capturados intencionalmente e

entregues em alto-mar a embarcações envolvidas na captu-

ra de tubarões. Lamentavelmente, raras vezes o conhecimen-

to de práticas criminosas desse gênero, comuns na nossa cos-

ta, chega aos tribunais.

O Reino Unido cria uma enorme

reserva marinha

Autoridades do Reino Unido divulgaram recentemente a

notícia de que havia sido criada uma imensa área marinha

protegida, abrangendo o arquipélago de Chagros, no Oceano

Índico, ao sul da Índia.

O arquipélago e seus arredores contêm um dos mais sa-

dios ecossistemas marinhos daquele oceano, com sistemas de

recifes coralíneos em excelentes condições. A nova reserva

inclui grandes áreas de exclusão de pesca e mostra-se tão

importante para a conservação dos ambientes marinhos

quanto a famosa Barreira de Corais, na Austrália. A nova

reserva cobre uma área total de 544.000 km2, apenas pouco

inferior à superfície do Estado da Bahia, e representa uma

magnífica contribuição para a proteção do ambiente marinho.

Livro sobre as florestas do Brasil

Foi anunciada a publicação do livro Florestas do Brasil em

Resumo, com textos em português e em inglês, e indicações

sobre as florestas do País, incluindo aquelas que são planta-

das, as unidades de conservação, as taxas de desmatamento

e as características do diferentes biomas. Além de dar um

panorama florestal do Brasil, esclarece também conceitos

básicos e contém ainda explicações sobre gestão florestal e as

funções de órgãos governamentais, como MMA, Serviço Flo-

restal, IBAMA e ICMBio.

A publicação com 124 pp., contendo 60 tabelas e 20 ma-

pas, foi compilada pelo Serviço Florestal Brasileiro e está

disponível no site http://www.florestal.gov.br.

Fonte: MMA

Situação das florestas no mundo

A ONU divulgou o relatório Avaliação Global de Recur-

sos Florestais 2010, segundo o qual houve uma redução da

área em desmatamento no mundo, baixando de 16 milhões

de hectares anuais na década de 1990, para 13 milhões na

de 2000. Nos mesmos períodos, o Brasil apresentou também

uma substancial redução, passando de 2,9 milhões de hecta-

res anuais para 2,6 embora permanecendo como o país com

maior índice de desmatamento em todo o planeta.

Segundo a FAO, a perda mundial líquida de florestas foi

atenuada por grandes programas de reflorestamento, reali-

zados principalmente na China, Índia, Vietnã e Estados

Unidos da América.

O relatório da ONU indicou ter sido a América do Sul o

continente que acusou a maior perda de florestas na última

década, com quatro milhões de hectares anuais, sendo seguida

pela África, com 3,4 milhões. A Ásia registrou um aumento

de 2,2 milhões de hectares, devido aos programas de reflores-

tamento dos países regionais, tendo sido a China aquele que

apresentou o maior aumento.

Brasil, Indonésia e Austrália foram os países com maior

índice de perda de florestas, mas enquanto os dois primeiros

apresentaram redução na última década, na Austrália hou-

ve aumento, principalmente devido à intensificação das se-

cas e aos incêndios florestais.

Fontes: BBC Brasil e Soc. Bras. de Silvicultura (Bol. 30-03-2010).

O “Mundo Verde” progride

A Alemanha se tornou o principal país do mundo a aumen-

tar substancialmente suas fontes de energia renovável em um

curto espaço de tempo, que agora atingem 17% da eletricida-

de gerada no país, em comparação com apenas 6,3% há um

decênio. Mais de nove bilhões de euros foram aplicados nas

instalações que permitiram este avanço.

Uma lei introduzido nesse país em 2000 permite que os

proprietários de imóveis e fazendeiros conectem à rede geral

de eletricidade aquela produzida por suas fontes de energia

solar ou decorrente de sistemas de geração de biogás, garan-

tindo-lhes ainda um preço fixo para o excesso de energia que

produzam e vendam no mercado.

O exemplo alemão está sendo rapidamente seguido por

outros países, principalmente EUA, China e Japão. O Presi-

dente Barack Obama já anunciou que investirá centenas de

bilhões de dólares em energia solar, geotérmica, eólica, e em

biocombustíveis, com a meta de gerar de fontes renováveis

25% das necessidades internas de energia, até 2025. Em 2008,

os EUA ultrapassaram a Alemanha na capacidade instala-

da de energia eólica, seguido pela China.

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Page 22: Revista A Lavoura 678

22 JUNHO/2010 A Lavoura

S O B R A PASOCIEDADE BRASILEIRA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

SOBRAPA

Sociedade Brasileira de Proteção Ambiental

CONSELHO DIRETOR

PRESIDENTE

Ibsen de Gusmão Câmara

DIRETORES

Octavio Mello Alvarenga

Maria Colares Felipe da Conceição

Olympio Faissol Pinto

Cecília Beatriz Veiga Soares

Malena Barreto

Flávio Miragaia Perri

Elton Leme Filho

Rogério Marinho

CONSELHO FISCAL

Luiz Carlos dos Santos

Ricardo Cravo Albin

SUPLENTES

Jonathas do Rego Monteiro

Luiz Felipe Carvalho

Pedro Augusto Graña Drummond

Quanto à energia solar, Japão e Alemanha estão agora

quase empatados no percentual de geração de eletricida-

de com o uso de painéis fotovoltaicos, e os países árabes do

Oriente Médio e Norte da África também têm planos para

incrementar substancialmente suas instalações de energia

solar.

Fonte: Nature, 24-09-2009

Uma possível solução para a escassez

de pescado

É amplamente sabido que a pesca mundial está em crise

e que o aumento do esforço e a melhoria nas tecnologias de

captura não têm podido atender à demanda crescente de uma

humanidade em expansão e vêm levando diferentes estoques

de pescado ao colapso e à queda da produção.

Uma interessante solução foi recentemente sugerida

(Science, 02-10-2009, p. 44) para permitir manter os benefí-

cios do consumo de peixe, simultaneamente minimizando os

riscos para a saúde humana e a destruição dos cardumes.

Argumentam os autores (Eric Dewailly e Philippe Rouja)

que consumir as espécies situadas em altos níveis tróficos das

cadeias alimentares dos mares leva a escolhas incompeten-

tes sob o ponto de vista ecológico e nutritivo.

Lembram que, por diferentes razões, ingerir peixes situ-

ados no topo das cadeias alimentares oferece mais riscos à

saúde do que consumir aqueles referentes a níveis tróficos

mais baixos, pelo fato de aqueles concentrarem muito mais

em seus organismos os contaminantes presentes no meio

marinho.

A carne dos grandes peixes carnívoros normalmente cap-

turados em águas tépidas (grandes atuns, espadartes,

agulhões, marlins e tubarões) tem baixos teores de Omega-3

e altos de mercúrio/selênio, são muito menos abundantes e,

portanto, mais propensos a sobrepesca. No entanto, os peque-

nos peixes pelágicos, tais como sardinhas, arenques e encho-

vas não têm sido submetidos a tão grandes pressões

antrópicas, que vêm afetando as espécies maiores. Eles não

só são altamente nutritivos, mas também mostram baixos

níveis de poluentes comuns nas cadeias alimentares mari-

nhas. E são muito mais abundantes.

Assim, uma boa escolha por parte dos consumidores, cada

vez mais preocupados com a própria saúde, pode fazer uma

grande diferença, e poupará os peixes situados nos níveis mais

altos da cadeia alimentar, muito mais ameaçados.

Matriz energética limpa?

Afirma-se frequentemente que a matriz energética bra-

sileira é “limpa”, ou seja, são baixas as suas emissões dos

gases de efeito estufa e moderados os impactos ambientais.

Embora comparativamente com a de muitos outros países,

em particular os grandes poluidores como a China, EUA e

Índia, nossa matriz energética seja efetivamente menos

agressiva ao clima e ao ambiente em geral, nem por isto ela

é efetivamente limpa.

Segundo os dados divulgados pela Empresa de Pesquisa

Energética (EPE), 51,5% das nossas fontes de energia pro-

vêem de origem não renovável, sendo que 48,7% decorrem da

queima de petróleo e gás natural, um percentual nada des-

prezível. O carvão contribui com pouco (1,1%), mas com ten-

dência a crescimento devido às usinas termoelétricas em cons-

trução.

Da parcela dita renovável, 13,4% decorrem de

hidroeletricidade e 12,4% da queima de lenha. Quanto à

primeira modalidade, é preciso lembrar que as barragens

são enormemente prejudiciais aos ecossistemas fluviais,

por alterarem substancialmente o regime de fluxo das

águas e, muitas vezes, interromperem as migrações sazo-

nais dos organismos aquáticos; além disto, nos casos em

que o preenchimento dos reservatórios se deu sem a reti-

rada completa da vegetação, seu apodrecimento leva a uma

grande produção de metano, um gás do efeito estufa mui-

to mais poderoso do que o CO2. No que se refere à lenha,

parte significativa dela é retirada das florestas nativas,

sem reposição, significando um acréscimo permanente de

CO2 na atmosfera.

Pelo exposto, embora nossa matriz energética seja efeti-

vamente mais limpa do que a dos grandes poluidores, nem

por isso pode ser considerada ambientalmente sadia. Na re-

alidade, excetuando-se as usinas nucleares, o uso da lenha

proveniente das florestas plantadas e do bagaço de cana, e

as formas não convencionais de geração de energia (usinas

eólicas, solares, geotérmicas etc.), agredir sempre o ambien-

te, em maior ou menor grau, é o preço que pagamos pelo uso

de quantidades maciças de energia.

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Page 23: Revista A Lavoura 678

A Lavoura JUNHO/2010 23

Fruticultura

Uso de cobertura morta aumenta

produtividade na cultura do melão

Uso de cobertura morta aumenta

produtividade na cultura do melão

A cobertura do solo

pode ser um recurso

para impulsionar

avanços produtivos

para os agricultores

A cobertura do solo

pode ser um recurso

para impulsionar

avanços produtivos

para os agricultores

O plantio de melão com

cobertura do solo ou

“mulching” pode resul-

tar em colheitas 200% maiores que

a produtividade média - 20t/ha -

registrada no Vale do Submédio

São Francisco. Testes com cinco

materiais orgânicos e sintéticos -

polietileno preto, polietilieno du-

pla face, casca de coco, capim e

bagaço de cana - realizados por

pesquisadores da Embrapa Semi-

Árido registraram produções de

frutos entre 65 t/ha e 74 t/ha.

A maior colheita foi registrada

na área de teste que utilizou o ca-

pim buffel como cobertura de solo.

Nesta condição, a quantidade de

água aplicada à cultura foi a me-

nor de todos os outros materiais

Vista geral da área de testes realizados na Embrapa Semi-Árido

EM

BRA

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SEM

I-Á

RID

O

avaliados. O engenheiro agrônomo

Marcos Braga, pesquisador da

Embrapa Semi-Árido, esclarece

que para um ciclo de irrigação de

75 dias, a área coberta com capim

produziu 74 t/ha com o uso de 45

litros de água/kg de fruto. No cul-

tivo convencional, também avalia-

do neste estudo, a produção foi

menor - 59 t/ha - e a quantidade de

O

!ALAV678-23-25-Fruticultura.pmd 21/5/2010, 12:4423

Page 24: Revista A Lavoura 678

24 JUNHO/2010 A Lavoura

Fruticultura

água empregada foi a maior: 57 l/

kg.

Polo

Ele explica que, no estudo, a pro-

dutividade média do sistema con-

vencional superior à da região - 20

t/ha - se deve ao fato de que nos tes-

tes foram utilizadas mudas de boa

qualidade genética, irrigação con-

trolada e fertirrigação com base na

curva de absorção de nutrientes da

cultura do meloeiro - tecnologia não

muito usada na região. Todas as áre-

as submetidas aos variados tipos de

cobertura do solo receberam os mes-

mos tratos culturais, adubação e

quantidade de água, explica.

Este trabalho integra esforço

da Embrapa Semi-Árido para tor-

nar a região um polo produtor de

frutos de melão com qualidade

para ganhar, em especial, o merca-

do externo, aproveitando a logísti-

ca existente para as culturas da

manga e da uva. Nos anos 80, o

Vale do Submédio São Francisco

era um dos maiores produtores de

melão do país. Entre agosto de

1995 e julho de 1996, o Mercado

Produtor de Juazeiro chegou a co-

mercializar cerca de 28,5 milhões

de reais dessa fruta.

Produtividade

Desde então, a importância da

cultura na região tem decrescido. Os

testes de cobertura de solo procuram

O Instituto Nacional de Propriedade Intelectual – INPI – apro-

vou o pedido de Indicação de Procedência (IP) Vale do Submé-

dio São Francisco para empresas e agricultores filiados à União das

Associações e Cooperativas dos Produtores de Uvas Finas de Mesa

e Mangas dessa região, localizada em terras do sertão da Bahia e de

Pernambuco. A posse da IP garante aos produtores um instrumen-

to comercial importante para competir nos mercados do Brasil e do

exterior.

EM

BRA

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RID

O

Embora originárias de ambientes de clima temperado (uva)

e tropical úmido (manga), as duas frutas tiveram boa adapta-

ção ao cultivo irrigado sob o clima quente e seco do semiárido

sanfranciscano, a ponto de abrigar os pomares de onde, há cer-

ca de uma década, são colhidas mais de 90% dos volumes ex-

portados pelo país, principalmente para os Estados Unidos e

países da União Europeia. A IP valoriza o vínculo da qualida-

de das frutas com o cultivo nas condições ambientais do Vale

do Submédio São Francisco.

Identidade

No parecer que aprova o pedido de IP, técnicos do INPI re-

conhecem que as mangas e uvas finas de mesa possuem “pro-

funda conexão e identidade comum tanto na produção com uso

intensivo de tecnologia, quanto na comercialização”, além de

serem referidas em conjunto pela mídia como frutas do São

Francisco, o que transparece a afinidade da produção das duas

com a região. A Indicação de Procedência irá valer para as prin-

cipais variedades já implantadas nas áreas irrigadas do Sub-

médio: Festival Seedless, Thompson Seedless, Crimson

Seedless, Itália, Benitaka, Red Globe, Brasil e Itália Melhora-

da – no caso das uvas; e Tommy Atkins, Kent, Keith, Haden e

Palmer – dentre as mangas.

A temperatura e a luminosidade, que predominam no Vale

do Submédio São Francisco, induzem também características

EM

BRA

PA

SEM

I-Á

RID

O

Cultivo do melão: alternativa de renda

Mangueiras adaptadas

ao cultivo irrigado

Uvas finas de mesa e mangas cultivadas no

Vale do Submédio São Francisco ganham

selo de Indicação de Procedência

!ALAV678-23-25-Fruticultura.pmd 21/5/2010, 12:4424

Page 25: Revista A Lavoura 678

A Lavoura JUNHO/2010 25

Fruticultura

suprir a falta de competitividade dos

produtores do Vale. Os sistemas de

cultivo são marcados por recursos

técnicos obsoletos como a irrigação

por sulco e a baixa qualidade gené-

tica das sementes que usam para

plantar. O surgimento de doenças e

pragas complementa os fatores que

tornam elevado o custo de produção.

A esse conjunto de fatores Mar-

cos Braga atribui a obtenção de fru-

tos de baixa qualidade comercial

que têm pequenas oportunidades

de mercado. Atualmente, aproxi-

madamente 90% do consumo dessa

olerácea no país é abastecido pelos

produtores dos estados do Ceará e

Rio Grande do Norte. O cultivo de

melão é uma alternativa de renda

para pequenos e médios produto-

res. O uso da cobertura do solo com

um produto como o capim não é

apenas barato. A grande produção,

a boa qualidade dos frutos, o menor

uso de água são argumentos impor-

tantes para a introdução dessas

inovações técnicas pesquisadas por

Marcos Braga, Rita de Cássia Sou-

za Dias, Nivaldo Duarte Costa e

Gerado Milanez de Resende.

Entre 1970 a 2005, a área cultiva-

da com melão no Brasil passou de

4.777 ha para 15.981 ha – um aumen-

to da ordem de 234,5%. Neste perío-

do, os incrementos de produção e pro-

dutividade deram um salto: 6.656,2%

e 1.924,8%, respectivamente. Parte

expressiva destes aumentos é resul-

tado dos avanços proporcionados pela

pesquisa no manejo da cultura. A co-

bertura do solo pode ser um recurso

a impulsionar avanços produtivos

para os agricultores. Marcos Braga

não tem dúvida de que se trata de

uma alternativa para aumentar a

produtividade da cultura do meloei-

ro. Permite ainda a obtenção de fru-

tos com melhor aparência, pois,

como não ficam em contato com o

solo a incidência de doenças e danos

físicos diminuem. Por outro lado, o

valor de venda do produto aumenta,

garante.

MARCELINO RIBEIRO – EMBRAPA SEMI-ÁRIDO

originais nessas frutas como o aumento da atividade fisiológica das

plantas, que podem ser manejadas para produzirem em qualquer

período do ano e, no caso das videiras, colher duas safras anuais. É

uma situação diferenciada e que não é reproduzida em outras regi-

ões produtoras, afirma a engenheira agrônoma Maria Auxiliadora

Coelho Lima, Chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa

Semi-Árido.

No Vale do Submédio São Francisco, onde está concentrado o maior

polo de fruticultura irrigado do Brasil, as mangas são cultivadas em

cerca de 23.300 hectares e as uvas finas de mesa em aproximadamente

12.100 hectares. As áreas já em produção, contudo, são 19.400 e 9.900

hectares, respectivamente. Porém, nem todos os agricultores e empre-

sas irão se valer da IP conferida pelo INPI. Por se tratar de uma marca,

apenas os filiados à União das Associações e Cooperativas dos Produ-

tores de Uvas Finas de Mesa e Mangas do Vale do Submédio São

Francisco – Univale, organização que apresentou o pedido, terão o

direito ao selo. Este selo, porém, não será aferido para todo o volume

de produção dos associados. O uso requer o atendimento a padrões de

qualidade e técnicas de produção das frutas, instituídos em regula-

mento aprovado pela própria associação.

Cooperação

Na elaboração do pedido protocolado junto ao INPI com as for-

malidade legais exigidas para a obtenção da IP, a Univale contou com

a colaboração de várias instituições, a exemplo do Sebrae-PE, que

coordenou as ações, Sebrae Nacional, Embrapa Semi-Árido e Fede-

ração da Agricultura de Pernambuco – FAEPE, além da consultoria

de Roberto Castelo Branco. Vários documentos que forneceram as

justificativas técnico-científicas que embasaram a solicitação da or-

ganização dos produtores, foram elaborados por pesquisadores da

Embrapa Semi-Árido.

Um deles, que tratou dos “Subsídios Técnicos para Indicação Ge-

ográfica de Procedência do Vale do São Francisco: Uva de Mesa e

Manga”, expõe informações sobre a área geográfica e as caracterís-

ticas físicas, históricas e econômicas da cadeia de produção dessas

frutas. Outros dois foram: a “Viticultura no Vale do Submédio São

Francisco” e “Mangicultura no Vale do Submédio São Francisco”. De

acordo com Maria Auxiliadora, uma consequência para o produto que

recebe a marca da IP é a valorização comercial e a proteção contra

fraudes, coibindo o uso indevido do nome Vale do Submédio São Fran-

cisco nas frutas produzidas em outras regiões. O café do Cerrado Mi-

neiro, por exemplo, passou a ter cotação específica nas bolsas de mer-

cadorias e, em geral, tem preços internacionais 30% maiores que o

café não certificado da mesma região. No Vale dos Vinhedos, no Rio

Grande do Sul, as propriedades registraram uma valorização mé-

dia superior a 50%.

Vinho

Esforços semelhantes foram iniciados para a apresentação ao

INPI do pedido de IP para os vinhos do Vale do Submédio São Fran-

cisco. Também com a consultoria de Roberto Castelo Branco, a Em-

brapa Semi-Árido, organizações de produtores e empresas do setor,

iniciaram estudos técnico-científicos que irão documentar o vínculo

entre a região e os vinhos processados nas suas vinícolas.

EM

BRA

PA

SEM

I-Á

RID

O

Uvas: originárias de clima temperado, adaptaram-se ao clima quente

e seco do semi-árido

MARCELINO RIBEIRO – EMBRAPA SEMI-ÁRIDO

!ALAV678-23-25-Fruticultura.pmd 21/5/2010, 12:4425

Page 26: Revista A Lavoura 678

26 JUNHO/2010 A Lavoura

POR JACIRA COLLAÇO

M É D I C A V E T E R I N Á R I A

CASOSCASOSCASOSCASOSCASOSde Sucesso

A LAVOURA: Conseguiria resumir

o que vivenciou na empresa até agora?

De uma maneira bem geral, aprofundei

minha percepção de mercado para produção

orgânica e ecológica. Acredito que ela ainda

se expande, tem potencial, mas nem se sabe

a que velocidade, pois isso se deve a desco-

bertas que podem acelerar muitos processos.

A LAVOURA: Algo mudou em sua

postura de administração?

Não, pois já tenho uma certa maturida-

de, tanto de vida como de estruturação de

negócios. Posso me classificar de “pé-no-

chão”, tanto procurando parcerias interes-

santes como me aproximando dos funcioná-

rios, que considero o maior patrimônio da

empresa. Almejo agora uma “fábrica ecoló-

gica”, também para aumentar o patrimônio

nesse sentido.

A LAVOURA: Sua empresa continua

localizada em Pedra de Guaratiba, no

Rio de Janeiro?

Sim, mas em 2009, após contatos com

um empreendedor do ramo de tofu, fui para

São Paulo avaliar o mercado local. Acabei fi-

cando por oito meses, também levando pro-

dutos, mas parceria não foi mantida. Só que

observei que o mercado não tem comparação

com o do Rio de Janeiro, este último é bem

menor. Mesmo nessa escala, minha capaci-

dade produtiva no Rio já está bem próxima

ao limite, e tenho a intenção de instalar uma

nova fábrica em São Paulo, mais nova e com

mais potencial.

A LAVOURA: Em quais projetos a

Ecobras está envolvida?

Acredito que na América do Sul ainda

haja a possibilidade de expansão, utilizan-

do São Paulo para exportar e importar. Ti-

vemos ótimos contatos com a rede Pão de

Açúcar, além de negociações para firmar

uma parceria e patrocínio com a empresa

estatal alemã GTZ (que lida com projetos

sustentáveis). Esta última é que deverá

nos dar apoio para instalar uma “fábrica

ecológica” em São Paulo, como mencionei

antes, e que observará todos os aspectos

ecológicos da produção. Já a parceria fi-

nanceira é do BNDES e de uma institui-

ção financeira japonesa, com experiência

na produção de tofu.

Por outro lado, estão sendo contatadas

prefeituras do estado de São Paulo para a

instalação desse tipo de fábrica. Percebi que

todas elas têm interesse em recebê-la, pois

têm consciência da questão da saúde e con-

servação – acho que isso também já deve es-

tar claro para todo o planeta.

Outro projeto é um restaurante orgâni-

co para os funcionários, que não existe no Rio

de Janeiro, e uma escola de música. Acredi-

to que a música tende a congregar as dife-

Foi um longo caminho desde o primeiro contato

de A Lavoura com a empresa Ecobras,

que originou a entrevista da edição de setembro

de 2004. Muitos produtos, negócios e a

participação no OrganicsNet da SNA depois,

o diretor executivo Paulo Savino conversa

de novo com a revista, comentando as

novidades da Ecobras

Ecobras: mais ecológica e bem brasileira

EC

OB

RA

S

Corte da massa de tofu antes da defumação

!ALAV678-26-27-Casos.pmd 21/5/2010, 12:4526

Page 27: Revista A Lavoura 678

A Lavoura JUNHO/2010 27

CASOSCASOSCASOSCASOSCASOSde Sucesso

rentes classes, e quero possibilitar isso aos

funcionários e seus filhos.

A LAVOURA: Como é a sua estraté-

gia para criar novos produtos e/ou

ideias? Observar o mercado externo,

remodelar produtos já existentes, etc.?

Basicamente remodelar, pois já tenho

bastante conhecimento do mercado externo.

Quanto às ideias, eu tenho um baú cheio! Por

exemplo, para produzir um novo hambúr-

guer de soja, vendido pronto para servir, in-

vesti em novos equipamentos e extração do

leite de soja. Esse leite é a base para todos

os produtos da empresa, e agora estou

pesquisando um processo para fabricar sal-

sichas.

A LAVOURA: Analise o impacto que

os lançamentos têm sobre as vendas.

É relativo. Para cada produto novo é pre-

ciso fazer um marketing específico, e assim

se acaba divulgando toda a linha.

A LAVOURA: Os laboratórios ali-

mentares estão preparados para

pesquisar alimentos ou formulações or-

gânicas? Observou mudanças nesse as-

pecto?

Observei que a situação é precária. Os

laboratórios não têm informações especí-

ficas ou especializadas sobre esses alimen-

tos, enquanto os engenheiros de alimenta-

ção estão saindo das faculdades sem conhe-

cer os orgânicos. Contudo, em algum grau,

as mudanças acabarão acontecendo, mas

acredito que uma propaganda de esclare-

cimento do governo seria benéfica para o

setor.

A LAVOURA: A crise internacional

afetou as importações de produtos tra-

dicionais que a Ecobras realizava, como

o molho shoyo japonês? Houve reflexos

no mercado interno?

Não afetou tanto internacionalmente,

pois lido com um mercado de nicho, como, por

exemplo, o fornecedor de molho. Já interna-

mente sim, perdemos temporariamente al-

guns fornecedores porque eles quebraram,

mas depois de algum tempo conseguiram se

reabilitar.

A LAVOURA: Pode apontar o desafio

mais difícil ou específico para a comer-

cialização dos orgânicos?

Ele continua existindo, que é levar às

pessoas o conhecimento sobre esse mundo.

Geralmente as propagandas são enganosas;

além disso, como os alimentos orgânicos ain-

da são relativamente novos no mercado, di-

vulgar mais conhecimento sobre eles é um

processo caro, talvez até mais do que sua pró-

pria produção.

A LAVOURA: Quantos produtos a

Ecobras tem em seu portifólio?

Até agora, 15 produtos entre iogurtes,

pastas, sobremesas, sem contar os sabores de

cada um.

A LAVOURA: Em algum ponto de sua

carreira pensou em investir em produ-

tos convencionais? Por quê?

Nunca, porque abracei o conceito dos or-

gânicos por determinação. Passei muitos anos

trabalhando no mundo corporativo, no Rio de

Janeiro, e senti necessidade de mudar radi-

calmente. Fui para os Estados Unidos nos

anos 80, vi o início do movimento orgânico,

identifiquei-me e estou neste mundo até hoje.

A LAVOURA: Gostaria de dizer algo

aos novos empreendedores de orgâni-

cos?

Não precisam ficar tão preocupados

quanto eu já estive, pois os caminhos es-

tão mais livres. É difícil, mas não se inti-

midem.

SYLVIA

W

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SYLVIA

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Equipamento para dar forma aos hambúrgueres

Dois sabores de tofu já embalados

Hambúrgueres pré-assados, prontos para o consumo

!ALAV678-26-27-Casos.pmd 21/5/2010, 12:4527

Page 28: Revista A Lavoura 678

28 JUNHO/2010 A Lavoura

Biocombustível

Você sabe o que os caprinos

– bodes e cabras – têm em

comum com o combustível

com que você abastece o carro? Pode

parecer estranho, mas ao contrário do

que se pode imaginar, esses animais

Pesquisa está selecionando enzimas do rúmen de caprinos

para a produção de etanol de 2ª geração

representam um grande potencial

para a indústria do biocombustível.

Quer saber como? A Embrapa Agroe-

nergia (Brasília/DF), em parceria com

a Embrapa Caprinos e Ovinos

(Sobral/CE), a Universidade Católica

Do caprino ao biocombustívelDo caprino ao biocombustível

de Brasília (UCB) e a Universidade de

Brasília (UnB) estão desenvolvendo

pesquisas para a produção de

enzimas a partir do rúmen de

caprinos.

O projeto Metagenoma, como é

Por terem uma alimentação peculiar, os caprinos da raça moxotó foram escolhidos para um dos mais promissores estudos de biocombustível

EM

BRA

PA

C

APRIN

OS E O

VIN

OS

V

!ALAV678-28-29-Biocombustível.pmd 21/5/2010, 12:4628

Page 29: Revista A Lavoura 678

A Lavoura JUNHO/2010 29

Biocombustível

chamado o estudo financiado pelo

Conselho Nacional de Desenvolvi-

mento Científico e Tecnológico

(CNPq), começou em março de 2008

e já é considerado um dos melhores

indicadores de que o futuro dos bio-

combustíveis de 2ª geração está cada

vez mais perto. Com o desenvolvi-

mento dessas tecnologias, o Brasil

dará um salto na produção de

etanol. O etanol de 2ª poderá ser

produzido a partir de qualquer ma-

téria-prima que tenha em sua com-

posição material lignocelulósico. A

pesquisadora da Embrapa Agroe-

nergia, Betânia Quirino, responsá-

vel pelo trabalho, explica que qual-

quer planta possui celulose na sua

composição e a celulose é um políme-

ro de glicose que pode ser fermenta-

do para produzir etanol. “O foco da

nossa pesquisa é encontrar enzimas

que consigam degradar essa maté-

ria-prima para então utilizar o mé-

todo tradicional de fermentação

usando levedura. Com a pesquisa,

poderemos também usar o bagaço de

cana e outras plantas que possuam

celulose para produzir etanol”, sali-

enta Betânia.

O começo

À primeira vista, é difícil imaginar

o que as cabras da raça moxotó têm a

ver com a produção de etanol. Mas,

para um grupo de pesquisadores des-

sas instituições, os animais são fun-

damentais a um dos mais promisso-

res estudos na área de produção de bi-

ocombustíveis.

O início de tudo está no rúmen dos

caprinos, ou seja, a primeira parte do

estômago dos ruminantes. Dentro do

rúmen existem vários tipos de bacté-

rias que ajudam na digestão do pas-

to. O alimento é atacado pelas

enzimas das bactérias, que fazem a

“quebra” das fibras em unidades de

glicose que pode ser fermentada e con-

vertida em etanol. Identificar e carac-

terizar essas enzimas são os grandes

desafios desse trabalho, salienta

Quirino. “Em dois anos, já consegui-

mos identificar quatro tipos de

enzimas”, diz.

As pesquisas estão sendo desen-

volvidas no laboratório da UCB e os

resultados têm animado a equipe de

pesquisadores, professores e estudan-

tes de mestrado e doutorado. Mas, se

os laboratórios e os equipamentos de

alta tecnologia estão em Brasília, é do

sertão nordestino que vem a matéria-

prima, a origem da inspiração da

equipe.

Raça moxotó

“Escolhemos os caprinos da raça

moxotó, espécie nativa brasileira que

faz parte dessa unidade de conserva-

ção pelo fato de eles terem uma ali-

mentação peculiar e única, que é a ve-

getação do semi-árido nordestino”,

ressalta a mestranda Isabel Cunha.

Além disso, a identificação de enzi-

mas nestes animais é inédita, pois a

maioria dos trabalhos em outros paí-

ses é com bovinos.

Cristine Barreto, professora da

UCB, explica que a primeira fase do

estudo foi descrever a diversidade dos

microorganismos. “Descobrimos, atra-

vés da metagenômica, que conhecemos

no máximo 20% da diversidade bacte-

riana presente no rúmen desses ani-

mais”. Isso significa, constata Cristine,

que existe ainda muito a ser explora-

do em termos de buscas de novas en-

zimas. Isabel complementa: “Para ex-

plorarmos o potencial dessa diversida-

de microbiana fizemos a coleta do

rúmen de caprinos na Embrapa. Com

material total do rúmen, extraímos o

DNA para gerar uma biblioteca

metagenômica e fazer uma exploração

de novas enzimas com o intuito de apli-

car em indústrias sulcroalcooleiras”.

Na safra de 2008/2009, o Brasil

produziu 24,3 bilhões de litros de

etanol, sendo 83% destinados ao

mercado interno. Segundo a ANP, em

2009 foram comercializados no País

22,82 bilhões de litros de etanol, um

aumento de 16% em relação ao ano

anterior. Atualmente, o álcool comer-

cializado nos postos de gasolina vem

do caldo de cana-de-açúcar. Os avan-

ços tecnológicos que serão gerados

por essa e outras pesquisas deverão

contribuir para que o Brasil mante-

nha sua liderança no mercado mun-

dial, pois o etanol poderá ser produ-

zido a partir de outras matérias-pri-

mas.

Para explicar a produção de enzimas

a partir do rúmen dos caprinos, a Em-

brapa Agroenergia contou com a parce-

ria da Embrapa Informação Tecnológi-

ca, que produziu um vídeo que está

no site da Embrapa Agroenergia

www.cnpae.embrapa.br.

DANIELA GARCIA COLARES – EMBRAPA AGROENERGIA

LEO

NA

RD

O FERREIR

A

Pesquisadora da Embrapa Agroenergia seleciona enzimas do rúmen de caprinos para produzir

etanol de 2ª geração

!ALAV678-28-29-Biocombustível.pmd 21/5/2010, 12:4629

Page 30: Revista A Lavoura 678

30 JUNHO/2010 A Lavoura

Os cuidados ao lidar

com bichos de

estimação idososÀ medida que envelhecem, cães e gatostambém precisam de uma alimentação

e atividade física na dose certaFuturos donos de animais de estimação, ao se encantarem por

carinhas meigas e fofas e adquirirem um pet ainda filhote, raramen-

te se dão conta de que cães e gatos também ficam velhos. Ainda que

as fases de crescimento e de vida adulta sejam fundamentais para

uma velhice saudável, é importante que os donos estejam atentos

quanto às limitações e às necessidades na “melhor idade” dos pets,

fase que requer cuidados especiais.

Como nos humanos, na fase senil, há queda na atividade meta-

bólica do organismo de cães e gatos. Os animais reduzem a ativida-

de física, os dentes ficam enfraquecidos e muitas vezes aparecem

doenças geriátricas, como artrites e artroses.

Segundo a veterinária da Vetnil, Isabella Vincoletto, a alimen-

tação de um animal idoso é o primeiro cuidado a ser adotado pelo

dono. Além de um alimento mais tenro, de fácil mastigação, uma

alimentação balanceada, condizente com o gasto energético do pet,

é indispensável para que o animal não ganhe peso. “Na velhice, os

animais tendem a apresentar uma diminuição da massa muscular

e muitas vezes tornam-se obesos, mostrando a necessidade de uma

alimentação com uma quantidade adequada de proteínas de alta

qualidade para minimizar as perdas das reservas de proteína do

organismo”, esclarece Vincoletto.

A aparição de placas bacterianas e de mau hálito, além da per-

da de dentição também é muito comum durante a velhice, podendo

dificultar a ingestão dos alimentos e, em casos mais graves, ser a

causa da anorexia. Por isso, é importante o proprietário realizar a

A domesticação mudou os

hábitos alimentares dos pets,

por isso donos de animais de

estimação devem estar aten-

tos às necessidades de nutri-

entes que cães e gatos reque-

rem

Os animais necessitam de

nutrientes para diversas fun-

ções vitais, desde a formação

de tecidos e órgãos até a ma-

nutenção das funções metabó-

licas e o bom funcionamento

do organismo como um todo.

Um desses nutrientes é o cál-

cio. Com a domesticação, cães

e gatos passaram a ter certas

restrições alimentares e a in-

gerir uma quantidade insufi-

ciente de minerais.

Indispensável para a fase

de crescimento dos filhotes, o

cálcio é essencial para o desen-

volvimento das estruturas ós-

Cálcio, um nutriente de

grande importância para

a saúde de cães e gatos

veterinária da Vetnil, é impor-

tante que o leite oferecido pela

mãe seja de qualidade, para

não comprometer a nutrição e

propiciar o desenvolvimento

saudável do filhote. Animais

idosos requerem atenção redo-

brada quanto ao mineral.

De acordo com os veteriná-

rios da Vetnil, para que o cál-

cio desempenhe sua função no

organismo dos animais, há ne-

cessidade de que outras subs-

tâncias como a vitamina D e o

fósforo ajam em equilíbrio,

proporcionando uma melhor

absorção e utilização do cálcio.

Eles ensinam que a melhor

maneira de garantir o forneci-

mento do cálcio é por meio de

uma nutrição adequada ou do

uso de produtos que conte-

nham o mineral na quantida-

de certa. O CAL-D-MIX®, da

Vetnil, por exemplo, é um su-

plemento rico em cálcio, que

contém os principais elemen-

tos para o crescimento, desen-

volvimento e manutenção da

saúde dos animais de estima-

ção, concluem.

seas e de extrema importância

para as fêmeas em fase de gesta-

ção e lactação, já que os nutrien-

tes do leite são transmitidos ao fi-

lhote durante a amamentação.

Segundo o departamento de

A Pet Society lan-

çou o Desembaraçador

Cupuaçu. Este produto

chega ao mercado para

fazer parte da linha

Megamazon® For

Pets – desenvolvida

com extratos amazôni-

cos 100% naturais.

Por meio das carac-

terísticas emolientes

da manteiga de cupua-

çu, o Desembaraçador

Cupuaçu dá brilho e

maciez à pele e pela-

gem dos animais, além

de facilitar na hora de

pentear o cão ou o gato,

explica o fabricante.

O Desembaraça-

dor Cupuaçu contém,

também, ingredientes

Desembaraçadorde cupuaçu para

cães e gatos

ativos especiais que reduzem o tem-

po de escovação e desembaraço ge-

rando mais conforto ao animal.

Além disso, o produto tem como ca-

racterística prevenir e reduzir a for-

mação de nós na pelagem.

www.petsociety.com.br

PET SO

CIE

TY

VETN

IL

VETN

IL

Os dentes ficam enfraquecidos à medida que os animais envelhecem

CAL-D-MIX: rico em cálcio

!ALAV678-30-31-Animais.pmd 21/5/2010, 12:4730

Page 31: Revista A Lavoura 678

A Lavoura JUNHO/2010 31

escovação dos dentes do animal ou uma vez por ano levá-lo ao vete-

rinário para prevenir a formação de tártaro.

Outro cuidado para prevenir a progressão das mudanças meta-

bólicas naturais, resultantes do processo de envelhecimento, é a

prática de atividade física. Os exercícios contribuem para manter o

tônus muscular dos pets e favorecem a circulação do sangue. “A

manutenção do peso corporal é um dos fatores determinantes para

a prevenção de artrites e artroses. Cães em forma são menos pre-

dispostos a desenvolver problemas articulares”, explica Vincolleto.

Valer-se de paciência e atenção, além de dispensar uma parte

do tempo para brincar com o pet, também pode prevenir problemas

comportamentais, como resistência a mudanças da rotina diária ou

mesmo a depressão. Cães, ainda mais do que gatos, são animais de

grande sociabilidade e gostam de ter companhia.

Segundo a veterinária, o dono precisa estar atento para qual-

quer sintoma que fuja ao equilíbrio fisiológico do pet seja rapida-

mente diagnosticado. Para isso, a medicina veterinária tem desen-

volvido produtos cada vez mais completos para o bem-estar dos pets

também na velhice. “Hoje existem suplementos alimentícios que

possibilitam uma manutenção fisiológica e bloqueiam os fatores

oxidantes. Os tratamentos para problemas articulares também es-

tão mais eficazes com o uso de produtos orais à base de condroitina,

muito eficiente para a regeneração dos elementos perdidos duran-

te os processos de desgastes e proteção das articulações”, ressalta

Vincoletto.

De acordo com a Associação Cinológica do Brasil, a longevidade

dos cães varia conforme o porte da raça, sendo a expectativa média

de um cachorro de pequeno e médio porte cerca de 12 anos e dos

cães grandes ou gigantes mais curta. Essa idade, entretanto, não é

uma regra. Os cuidados recebidos desde a infância são

determinantes da expectativa de vida dos animais. Por isso, ao

adquirir um cão filhote, é bom ter em mente que o animal também

vai envelhecer e requerer cuidados geriátricos para viver mais. Es-

tar disposto a ter esse amigo fiel significará cuidar dele quando ele

mais precisar, na velhice.

A linha Super Premium da fa-

bricante de pet food Total Alimen-

tos passou por um processo de

reformulação e, entre as novidades,

está a incorporação da linha

Supreme – destinada a cães de

mini e pequeno porte – à linha

Equilíbrio. A mudança atende aos

pedidos dos consumidores.

Os novos alimentos trazem o

nome Equilíbrio Raças Peque-

nas e têm versões para cães filho-

tes, adultos, maduros e com ten-

dência à obesidade. Para facilitar a

adaptação do consumidor à novida-

de e estabelecer uma associação

entre as duas marcas, a empresa

decidiu manter por tempo

indeterminado o logo da antiga li-

nha – Supreme – impresso sempre

à esquerda nas novas embalagens.

Antes do primeiro ano –

Logo depois do desmame os filho-

tes passam para uma das fases

mais importantes de sua vida, a de

crescimento. Para esse período –

que vai dos 2 aos 10 meses de vida

– a Total desenvolveu a Equilíbrio

Cães Filhotes Raças Pequenas.

Elaborado para fornecer um alto

Linha Super Premium para cães de raças pequenas

nível de proteínas, que são essen-

ciais no desenvolvimento do orga-

nismo como um todo, o alimento

também traz partículas no tama-

nho ideal para os pequenos e subs-

tâncias prebióticas e probióticas,

que auxiliam no equilíbrio intesti-

nal. A erva Yucca schidigera, que

auxilia na redução do odor das fe-

zes e o hexametafosfato de sódio,

que contribui na prevenção da for-

mação do tártaro, também fazem

parte dos ingredientes do produto.

Um pequeno adulto – Com

10 meses de vida o animal já entra

na fase adulta e sua alimentação

deve ser alterada para garantir que

todas as vitaminas e minerais es-

senciais para manter em dia a saú-

de e a vitalidade do animal estejam

presentes em sua dieta. A Equilí-

brio Cães Adultos Raças Pe-

quenas possui uma formulação in-

gredientes vitamina E, selênio e

antioxidantes naturais, que auxili-

am no combate aos radicais livres,

o que contribui para o aumento da

longevidade e da saúde dos cães.

Conhecidos por ter um paladar exi-

gente, os cães de mini e pequeno

porte costumam ser muito seletivos

em sua alimentação, por isto este

produto possui sabor atrativo para

os animais. As substâncias respon-

sáveis pela prevenção da formação

do tártaro e da redução do odor das

fezes também estão presentes no

alimento.

Para os mais maduros – A

maturidade dos cães de raças pe-

quenas chega a partir dos 7 anos.

Essa fase de maturidade exige uma

atenção especial em relação à saú-

de das articulações e do coração,

por isso, além de todos os benefíci-

os presentes na versão para cães

adultos, a Equilíbrio Cães 7+

Raças Pequenas traz também

sulfato de glucosamina e condroi-

tina, que auxiliam na proteção das

articulações, contribuindo na

hidratação das cartilagens e um

baixo nível de sódio e potássio para

garantir um bom funcionamento

cardíaco e renal.

Light – Para os cães com

mais de 10 meses de idade que

têm tendência à obesidade ou que

estão em processo de emagreci-

mento, a Total Alimentos desen-

volveu a Equilíbrio Cães Light

Raças Pequenas que baixa

energia metabolizável e L –

carnitina, que auxilia na queima

de gorduras.

Outras informações em

www.totalalimentos.com.br | 0800

725 8575.

A marca Equilíbrio possui opções

para cães de mini e pequeno porte

adultos, filhotes, maduros e com

tendência à obesidade

TO

TA

L A

LIM

EN

TO

S

VETN

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A prática de atividade física é importante para cães idosos

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32 ABRIL/2010 A Lavoura

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A Lavoura ABRIL/2010 33

POR SYLVIA WACHSNER E JACIRA COLLAÇO

Orgânicos no Brasil: um desafio constanteO resultado do Censo realizado pelo

IBGE em 2006 divulgou que os estabele-

cimentos orgânicos brasileiros represen-

tavam 1,8% dos estabelecimentos agríco-

las entrevistados. Desse total, a produção

de lavouras temporárias representa 33%,

a criação de pequenos animais chega a

42% e as lavouras permanentes ficam

com 10%. Ainda hoje, uma boa parte dos

produtores orgânicos brasileiros é com-

posta por centenas de agricultores fami-

liares e pequenos produtores rurais. Por

outro lado, as estatísticas do IFOAM até

o fim de 2008 apontam que, no mundo, 35

milhões de hectares das terras agricultá-

veis estão certificadas. Isso representou

um acréscimo de 3 milhões se compara-

do ao ano anterior. O instituto constatou

também que o maior crescimento aconte-

ceu na América Latina e Europa.

Já o instituto inglês de pesquisa

Organic Monitor avaliou em 50 bilhões de

dólares o mercado global do setor nesse

mesmo ano, conduzido por quase 1,4 mi-

lhões de produtores orgânicos. Apesar do

crescimento no Hemisfério Sul, os maio-

res consumidores continuam na Améri-

ca do Norte e na Europa. Já no Brasil,

com uma certa estabilidade da economia,

vem se mantendo a demanda por produ-

tos orgânicos nas principais cidades bra-

sileiras. E, aos poucos, o conceito de ali-

mentos orgânicos começa a ser compre-

endido pelos consumidores, cada vez mais

interessados em alimentos saudáveis,

sem aditivos químicos ou conservantes.

No Brasil, a cadeia da produção orgâ-

nica está sendo construída gradualmen-

te. Mas há grandes obstáculos a serem

enfrentados, como os baixos investimen-

tos realizados nas agroindústrias e na

produção, que têm dificuldade de gerar

escala. Desta forma, a demanda dos con-

sumidores atraídos pelo conceito de ali-

mentos orgânicos ainda é bem maior do

que a oferta desses produtos. Também é

necessário um avanço quantitativo em

termos de pesquisa, assistência técnica

especializada e produção de insumos e

sementes. Embora a expressão “agricul-

tura orgânica” aparente uma atividade

simples, requisitos como a adubação na-

tural, conservação da área e proibição de

fertilizantes químicos, dentre outros, re-

querem cuidados específicos – e bem dis-

tantes da agricultura convencional, que

dispõe de ferramentas próprias.

Enquanto isso, os supermercados es-

tão percebendo o potencial do setor orgâ-

nico. A rede Pão de Açúcar foi a pioneira

a criar uma linha específica, Taeq, que

apresenta um crescimento contínuo, ali-

ado a um esforço de marketing que vem

sendo realizado: em 2009 o faturamento

chegou a R$ 57 milhões, meta pretendi-

da somente para 2012. Tal iniciativa tem

semelhança em outras redes, que ofere-

cem produtos orgânicos com marca pró-

pria e aumentam seu espaço de exibição

nas lojas. Outra tendência no mundo dos

supermercados brasileiros é a diminuição

de fornecedores. A intenção é buscar ne-

gócios com menos empresas que ofereçam

a maior diversidade de produtos possível,

o que pode se tornar um obstáculo aos pe-

quenos produtores. Limitados a poucos

produtos, mais uma vez a alternativa é

que eles se integrem e organizem – seja

em cooperativas ou grupos – melhoran-

do sua atratividade para os supermerca-

dos e favorecendo negociações.

Contudo, na contramão da expan-

são do mercado, a esperada certifica-

ção brasileira dos produtos orgânicos

por meio da implantação do selo único

“Orgânicos Brasil” não ocorreu em ja-

neiro de 2010. A prorrogação foi solici-

tada pelas empresas certificadoras

para se adequarem à nova legislação,

e espera-se que comece a partir de ja-

neiro de 2011. A implantação desse selo

em termos nacionais ajudará a organi-

zar os produtos ofertados no mercado,

deverá trazer transparência ao sistema,

construir estatísticas, levar informações

ao público sobre os produtos e alimentos

consumidos e firmar as bases do sistema

de rastreabilidade. Também espera-se

que, com a implantação do Sistema Bra-

sileiro de Avaliação da Conformidade Or-

gânica, os investimentos na agricultura

orgânica incrementem a oferta de insu-

mos e sementes que contribuam para o

aumento da produtividade.

O mercado interno continua sendo

muito importante para os produtores bra-

sileiros, sobretudo para as pequenas

agroindústrias e produtores familiares,

cuja produção é limitada. Isso porque a

exportação é um empreendimento muito

mais pesado, pois requer grande escala,

rastreabilidade, logística eficiente, esta-

bilidade e padronização na oferta de pro-

dutos e muitos outros aspectos que atu-

almente não estão ao alcance dos peque-

nos produtores. A consequência é que, ao

serem comparados aos similares encon-

trados nos mercados europeus e nortea-

mericano, os produtos brasileiros têm

preços bem superiores. Embora dura,

esta é uma observação da situação atual

de feiras e eventos internacionais: ela

mostra que os pequenos produtores ain-

da não alcançaram um nível de competi-

tividade que os permita se desenvolver no

mercado internacional. Além disso, a ex-

portação de orgânicos brasileiros conti-

nua marcada pelas commodities como

açúcar, soja e café, com pouca participa-

ção de produtos de alto valor agregado.

Porém, uma boa oportunidade de co-

mércio ainda no Brasil é a venda dos pro-

dutos orgânicos sob a bandeira do comér-

cio justo (“fair trade”). É uma prática bem

de acordo com os preceitos orgânicos, se-

guindo critérios de comercialização mais

favoráveis ao produtor. Dentre eles des-

tacam-se ações para reverter parte da

receita para projetos sociais dos produto-

res ou suas cooperativas; zelar pela ma-

nutenção e estabilidade do comércio e até

para diminuir a dependência dos produ-

tores de créditos bancários com altas ta-

xas de juros.

Pimentões e abóboras orgânicos em exposição na Biofach americana

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34 JUNHO/2010 A Lavoura

Carnes exóticas

Avaliação e rendimento

de carcaça de capivaras

Entre as carnes exóticas, a de capivara tem se

destacado por ser bastante nutritiva e apresentar

características como maciez e baixa densidade

calórica, tornando a criação dessa espécie uma boa

alternativa para a indústria de carnes e subprodutos

DANIELLE BAIA DE FREITAS

ALUNA DA FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRO-AMBIENTAIS – FAGRAM

OTÁVIO CABRAL NETO, GLÁUCIO LUÍS MATA MATTOS

E DIONE MARIA FIRMINO PINTO DA COSTA

PROFESSORES DA FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRO-AMBIENTAIS - FAGRAM

O mercado de carnes exóticas

chegou ao país em meados da

década de 80, quando restau-

rantes, churrascarias e frigoríficos resol-

veram investir na inclusão de carnes de

espécies pouco difundidas, atraindo as-

sim novos consumidores.

Dentre as carnes exóticas, no Brasil

destaca-se a carne de capivara (Hydro-

choerus hydrochaeris) devido a caracterís-ticas como maciez, baixa densidade caló-rica e excelente fonte de vitaminas docomplexo B, tornando-se com isso, umapromissora alternativa de mercado.

Além de ser o animal silvestre maisproduzido no Brasil, a capivara é o queapresenta maior potencial zootécnico vol-

tada para a produção de carne e couro.Hoje o consumo mensal de carne decapivara no país gira em torno de 35 to-neladas, sendo São Paulo o maior centroconsumidor e um dos maiores em índicede abate, perdendo somente para o RioGrande do Sul, segundo dados do SIPAs/DFAs (Serviço de Inspeção de Produtos deOrigem Animal / Delegacia Federal deAgricultura).

Com exceção da região nordeste, estaespécie está distribuída em todo o Brasil,com destaque para a região do pantanalmato-grossense, pois em busca de condi-ções favoráveis à reprodução estes ani-mais habitam regiões alagadas ou próxi-mas a lagoas e rios.

Para capivaras criadas em cativeiro,o ambiente ideal engloba um local compastagem, disponibilidade permanentede água e uma área não inundável comcobertura arbustiva para descanso dosanimais.

Na criação comercial de capivaras,além da carne, a gordura é subprodutoutilizado para a produção de um óleobastante apreciado pela indústria farma-cêutica e de cosméticos. O couro servecomo matéria-prima na fabricação deartefatos e é muito procurado pela suaelasticidade, resistência e suavidade,dentre outras propriedades ideais para aconfecção de sapatos do tipo mocassins eluvas utilizadas para golfe e beisebol. Ospelos são aproveitados na confecção depincéis.Características

A grande procura pela carne decapivara é decorrente do alto teor de pro-teína bruta (24%), superando os teoresdas carnes de suíno (20%) e de bovino(22%). Além disso, a carne de capivara érica em ácidos graxos ômega-3. Apesar dopreço elevado (o quilograma, atualmen-te, varia entre R$ 25,00 a R$ 28,00), aspartes nobres mais comercializadas, prin-cipalmente nas grandes cidades, são lom-bo e pernil.Técnicas de abate

Todo procedimento de abate é basea-do nas normas do RIISPOA - Regulamen-to de Inspeção Industrial de Produtos deOrigem Animal.

O abate é conduzido com as etapas derecepção, manejo pré-abate, insensibiliza-ção e sangria. Essas etapas, além demanterem o bem estar dos animais e asegurança dos operadores, têm importan-te influência na qualidade final da carne.

Durante as etapas de recepção e pré-abate, são feitos os procedimentos de je-jum, dieta hídrica e descanso, tendo-se ocuidado de diminuir, ao máximo, as con-dições de estresse dos animais.

A insensibilização causa um atordoa-mento no animal de modo que ele nãosinta dor ou angústia no momento doabate. Já a sangria causa falência circu-latória no animal, fazendo com que o san-gue seja removido da carcaça antes queo animal recobre a consciência.Avaliação de rendimento

de carcaça

Denomina-se carcaça o animal abati-do, sangrado, esfolado ou não, eviscera-do, desprovido da cabeça, patas, rabada,glândula mamária (quando fêmea), ver-ga (exceto suas raízes) e testículos (nosmachos).

Mesmo havendo alta demanda de car-ne de capivara nos grandes centros co-

O

Além da carne, a gordura é subproduto utiizado na indústria farmacêutica e de cosméticos

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A Lavoura JUNHO/2010 35

Carnes exóticas

merciais e alta procura para exportação,os estudos responsáveis pela definição deanálise e rendimento de carcaça e cortescomerciais, em capivaras, são quaseinexistentes e a técnica de avaliação uti-lizada é semelhante à usada para os ani-mais domésticos como bovinos, suínos eovinos.

A análise de rendimento de carcaça edos cortes básicos, também chamados decortes comerciais, feitos no abate, é desuma importância como complemento daavaliação do desempenho do animal du-rante seu desenvolvimento.

As variações que podem ser observa-das na composição de carcaças estão re-lacionadas ao manejo alimentar, sexo,idade, grupo genético e interação dessesfatores.

Para que seja feita a predição de ren-dimento, a carne deve ser dissecada poroperadores treinados. A dissecação é re-alizada em cortes específicos da carcaçaque são: pernil, copa, lombo e barrigada,que possuem maior correlação com seuvalor comercial.

Os padrões de corte de carne têm comoobjetivo contribuir para um melhordirecionamento da produção de animaisdestinados para açougue e das matérias-

primas que são beneficiadas industrial-mente, além do aperfeiçoamento das con-dições de comercialização do produto final.Rendimento de carcaça de

capivaras criadas no campus

da Faculdade de Ciências

Agro-Ambientais - FAGRAM

O principal objetivo do Criadouro Ci-entífico de Capivaras da Sociedade Na-cional de Agricultura (SNA), que se si-tuava no campus da FAGRAM era gerarinformações a respeito da criação semi-confinada da espécie Hydrochoerus

hydrochaeris no que concerne ao mane-jo geral, alimentação, reprodução,etologia, instalações, monitoramentosanitário, como também informaçõesanátomo-fisiológicas e variação da com-posição corporal.

Em pesquisa realizada no referidocampus, determinou-se o rendimento decarcaça quente (RCQ) de capivaras coma utilização dos seguintes parâmetros:a) rendimento de carcaça quente (RCQ)= peso da carcaça quente (PCQ) / peso

vivo (PV), correspondente ao abate x 100;b) rendimento de carcaça (RC) = peso dacarcaça quente / peso do corpo vazio (PV);

Conforme demonstra o quadro abai-xo, a média de RCQ encontrada nos ani-mais da SNA/FAGRAM foi de 51,17%.Este resultado se equipara com os descri-tos por Bressan et al. (2002), que obtevemédia de 51,33% e Pinheiro et al. (2007)com 52,00%. Há divergências, no entan-to, em outros índices, como por exemplo,o pernil quente (não resfriado). Tais da-dos evidenciam a necessidade de se con-tinuarem os estudos envolvendo rendi-mento de carcaça desta espécie, principal-mente com o avanço no consumo de suacarne no país e no mundo.

A carne de capivara possui excelentesqualidades e a criação dessa espécie éuma alternativa para a indústria de car-nes e subprodutos como couro, pelos egordura. No entanto, é primordial quemais estudos sobre rendimento de carca-ça sejam realizados para visando a explo-ração econômica desta espécie.

Comparativo de rendimento de carcaça quente dos cortes

comerciais e rendimento de abate de capivara

(Hydrochoerus hydrochaeris)

Cortes comerciais CriadouroBressan et Pinheiro et

al. (2002) al. (2007)

Peso vivo (kg) 46,0 63,80 38,96

Rendimento da carcaça quente (%) 51,17 51,33 52,00

Dianteiro quente (kg) 4,00

Rendimento do dianteiro (%) 16,63

* Costado quente (kg) 3,00

Rendimento do costado (%) 12,47

Pernil quente (kg) 8,15 13,25 31,70

Rendimento de pernil (%) 33,89 35,20 33,89

* Paleta quente (kg) 4,50 18,57

Rendimento de paleta (%) 18,71 21,77 18,71

Lombo quente (kg) 4,40 9,47

Rendimento de lombo (%) 18,30 18,30

* Peso referente às duas peças, direita e esquerda

Carne de capivara in natura em centro de

abate autorizado

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Lote de animais do criadouro científico de capivaras da SNA

Pernil de capivara assado: prato exótico

bastante apreciado

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Page 36: Revista A Lavoura 678

36 JUNHO/2010 A Lavoura

Cycloar é a revolução na armazenagem

Equipamento muito simples,

de tecnologia brasileira, está

solucionando um grande problema

dentro dos silos e armazéns

Cerca de 3% do total de grãos colhidos são perdidos dentro das

unidades de armazenagem, fato que é considerado “normal” entre

todos que operam estes equipamentos.

A perda de grãos dentro de silos e armazéns é causada por mofo,

deterioração e germinação dos grãos na camada que fica no topo

da pilha de grãos ou nas laterais dos silos. O fato acontece por que

os equipamentos de armazenagem são feitos com chapa de aço,

produto que sofre aquecimento e esfriamento conforme o clima na

região. O efeito que o calor provoca é de forte aumento na tempe-

ratura interna do silo. Quando a noite vem, a chapa de aço e a mas-

sa de grãos esfriam, produzindo vapor que ao tocar na chapa,

condensa, formando gotas d’água. Estas ao caírem podem provo-

car o mofo e outros problemas.

Solução

A experiência trazida da área industrial permitiu a Werner

Uhlmann, técnico mecânico de formação, criar uma solução de

aeração intensificada para as unidades de armazenagem. Depois de

pesquisar por vários anos a dinâmica das temperaturas dentro dos

silos, ele criou o Cycloar, um exaustor natural que é instalado no

teto dos silos ou dos armazéns e que acaba em definitivo com os

problemas que o calor interno destas instalações provoca nos grãos.

O Cycloar é construído com dois cilindros estáticos dentro dos

quais há uma “turbina” movida pela ação do vento. Como o calor

do ambiente costuma subir para a parte mais alta, a ação do vento

puxa o ar quente para fora, diminuindo a temperatura interna dos

silos e os problemas que ela causa nos grãos. Conforme explica

Werner, a instalação deste equipamento traz como benefícios a uni-

formidade na massa de grãos, aeração permanente, inibe a prolife-

ração de pragas, evita a compactação da camada superior dos grãos

e traz economia de energia em até 50%, pois diminui a necessida-

de de estar com o equipamento de aeração ligado constantemen-

te”, afirma.

O empresário diz que o produto já foi instalado em 620 clientes

e possui no mercado mais de 14 mil equipamentos em operação.

Ele acredita que pelo potencial de crescimento dos sistemas de ar-

mazenagem que o Brasil tem, pois a demanda é maior que a oferta,

o mercado para o Cycloar é bem promissor. “E é uma solução a

baixo custo – se paga em até três meses –, que melhora muito a

qualidade do produto e aumenta significativamente os lucros do

produtor e de todos que operam com armazenagem”, finaliza.

A Socil, uma das marcas da

Evialis, reformula sua linha de pro-

dutos voltada para as criações ca-

seiras que a partir de agora contam

com novas fórmulas e embala-

gens.

A empresa esclarece que a

Linha Nature Multivita é produzi-

da com elementos 100% vegetais

e nutricionalmente balanceados,

gerando assim um produto mais

Linha é específica

para criações

caseiras

saudável aos animais, enriquecido

com vitaminas e oligoelementos,

que asseguram um crescimento

harmonioso e um desempenho de-

sejável.

Os animais – pintos, poedei-

ras, frangos, codornas e coelhos –

possuem alimentações próprias,

com características específicas

para cada tipo de criação. Um

exemplo disso é o extrato de

urucum, presente na ração das

poedeiras, garantindo ovos com

gemas mais amarelas, além do

extrato de cenoura na alimentação

dos coelhos, tornando mais

palatável a ração.

A Socil explica que a linha foi

elaborada pensando na praticidade

para o pequeno produtor e na nu-

trição precisa de cada espécie.

As criações caseiras têm

crescimento contínuo ao longo

dos últimos anos, pois servem

como alternativa a pessoas que

queiram aumentar a renda famili-

ar, criam por lazer ou, ainda, pre-

firam conhecer a origem de sua

alimentação, tornando-a mais na-

tural, saudável e diferenciada a um

custo compatível.

Cicloar: exaustor natural instalado no teto dos cilos ou dos

armazéns

Ração para avicultura

e cunicultura

Linha Nature Multivita

SOCIL

AGROPRESS

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Page 37: Revista A Lavoura 678

A Lavoura JUNHO/2010 37

A Merial Saúde Animal relançou

as vacinas Riniffa T e Parvoruvac,

oferecendo aos produtores de suí-

nos soluções para a sanidade do

seu plantel, uma vez que as duas

Suinocultura:

soluções para

manter a sanidade

nas granjas

Soluções

destinadas à

prevenção de

problemas

reprodutivos e de

rinite atrófica

vacinas previnem importantes do-

enças que afetam a produtividade

da granja.

O fabricante esclarece que, no

caso da Riniffa T, a vacina se

mostra eficiente na prevenção da

rinite atrofica, causada pela

Bordetella bronchiseptica e, se-

cundariamente, pela Pasteurella

multocida. Esses problemas influ-

enciam diretamente na conversão

alimentar, retardando o ganho de

peso em animais doentes e au-

mentando os custos de produção,

com um atraso no ciclo produtivo

do suíno.

Já a outra solução, a vacina

Parvoruvac, destina-se ao contro-

le de problemas reprodutivos cau-

sados pelo parvovírus suíno

(PPV) e doenças causadas pelo

Erysipelothrix rhusiopathiae, que

também causam grande impacto

na atividade suinícola, sendo a

parvovirose a doença viral mais

difundida e capaz de produzir

transtornos reprodutivos na espé-

cie suína.

De acordo com o fabricante,

Parvoruvac e Riniffa T são

indicadas para uso em fêmeas –

sendo Parvoruvac para fêmeas em

período pré-gestação e Riniffa T

aplicada no final da gestação, para

proteger passivamente os leitões via

colostro. As duas vacinas da Merial

apresentam resultados de produti-

vidade e elevado retorno de investi-

mento. “Estas duas novas soluções

agregam de forma bastante signifi-

cativa os esforços dos suinoculto-

res na prevenção das patologias-

alvo”, acrescenta Edson Bordin,

médico veterinário patologista e

gerente técnico da Merial.

Formifu é uma pasta ade-

rente antiformiga, sem veneno.

Não tóxica, porém bastante efi-

caz, foi desenvolvida com a fi-

nalidade de evitar o acesso de

insetos que usem pernas para

sua locomoção, atuando como

uma barreira física por seis me-

ses a um ano. É um produto pa-

tenteado e liberado pelo Minis-

tério da Agricultura.

As principais características do produto

são: não tóxico, não irritante a pele, durável,

de alta pegajosidade, repelente a água, elás-

tico, isento de metais pesados e econômico.

A aplicação pode ser realizada de duas

formas:

Manualmente - Recomenda-se aquecer o

produto em banho-maria ou ao sol em tem-

po suficiente para que ele amoleça e, após,

com auxílio de um pincel com cerdas corta-

das ou luva descartável, espalha-se o Formifu.

Mecanicamente - Através de aplicadores

especiais (aquecidos) pulveriza-se o Formifu.

As utilizações do FORMIFU podem ser:

Barreira contra formigas em plantas:

aplica-se uma faixa de 4,0 cm de largura apro-

ximadamente, formando um círculo em torno

do caule e na altura máxima do tronco antes

da ramificação. Pode ser utilizado em reflores-

tamento aplicando o produto nas mudas an-

tes do plantio - neste caso recomenda-se não

atritar o produto sobre a superfície (casca da

planta) e não utilizar material metálico na apli-

cação. O Formifu é emprega-

do intensamente na fruticul-

tura, seja no plantio das mu-

das ou no período de brota-

ção. Além disso é amplamen-

te utilizado na jardinagem.

Proteção de colmeias: o

produto é aplicado nos suportes

das caixas e dessa forma evita

a subida de insetos, principal-

mente formigas. Por não ter

cheiro, o Formifu não atrai as

abelhas. A faixa recomendada é

de 4,0 a 6,0 cm.

Armadilha para captura de insetos: a

pasta é aplicada na parte exterior de uma gar-

rafa plástica (descar te de refrigerante)

revestida com um filme plástico flexível em sua

superfície. No seu interior, é colocado um atra-

tivo que pode ser: vinagre, melaço, suco de

fruta, leite ou até mesmo feromônio. A arma-

dilha é fixada em pomares, pocilgas, aviários

ou próximo a residências. Pode ser utilizado

para monitoramento de mosca da fruta ou para

captura de mosca doméstica.

Barreira de contenção: cerca-se todo o

contorno do canteiro de hortaliças com um

perfil metálico/plástico ao qual associa-se

Formifu e óxido de cálcio. Desta forma impe-

de-se a passagem de formigas, lagartas, les-

mas e caracóis.

Cicatrizante de podas: com a adição de

um agente fungicida em pó ao Formifu apli-

ca-se a pasta nos cortes realizados após a

poda e assim consegue-se uma proteção à

entrada de doenças fúngicas.

www.formifu.com / Tel: (54) 3441-8165

Pasta aderente

antiformiga

A Biogénesis-Bagó, empresa especializada

em Soluções Sanitárias e Reprodutivas para bo-

vinos, ovinos, caprinos e equinos, possui entre

seus produtos as vacinas Bioclostrigen J5,

Bioraiva e Biobrucelose 19, utilizadas para o

combate de doenças endêmicas. Esses biológi-

cos podem ser utilizados na aplicação junto com

a vacina da febre aftosa, conferindo melhor cus-

to/benefício e mais facilidade para os produto-

res rurais.

A Bioclostrigen J5 é uma vacina polivalente

contra carbúnculo sintomático, gangrena gaso-

sa, enterotoxemia e endotoxemia. Apresenta-se

em frascos de 125 ml para 25 doses e em 250

ml para 50 doses.

A Bioraiva, comercializada em frascos de

50 ml, é uma vacina para a prevenção da raiva

dos bovinos, doença que é transmitida por mor-

dedura do morcego Desmodus Rotundus.

Já a Biobrucelose 19, também da linha de

biológicos (vacinas), apresenta-se em frasco

com 20 ml, aplicada via subcutânea com dose

de 2 ml. É indicada na prevenção de brucelose

bovina e dos bubalinos ou aborto contagioso

destas fêmeas, induzindo a proteção das matri-

zes por toda sua vida.

Vacinas

ajudam no

combate a doenças endêmicas

Vacinas previnem

doenças

endêmicas

BIOGÉNESIS-BAGÓ

Formifu:

pasta sem veneno

MERIAL

FORMIFU

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Page 38: Revista A Lavoura 678

38 JUNHO/2010 A Lavoura

Brasil: potência de

paz ou de guerra?RUBENS RICUPERO

MEMBRO DA ACADEMIA NACIONAL DE AGRICULTURA, DIRETOR DA FACULDADE DE ECONOMIA DA FAAP E DO INSTITUTO FERNANDO

BRAUDEL DE SÃO PAULO, FOI SECRETÁRIO-GERAL DA UNCTAD (CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE COMÉRCIO E

DESENVOLVIMENTO) E MINISTRO DA FAZENDA (GOVERNO ITAMAR FRANCO)

Do grupo dos Bric (Bra-

sil, Rússia, Índia e

China), somos o único

país que não é potência nucle-

ar, nem militar convencional,

uma vez que nossa força é me-

ramente defensiva. No lin-

guajar do professor Joseph

Nye, que nos visita, temos

apenas “soft power” (poder

suave ou de persuasão, de

exemplo), quase nenhum

“hard power” (poder duro, de

constranger por meios milita-

res ou econômicos). Isso é

bom ou ruim?

Para alguns, trata-se de

anomalia a ser corrigida o

mais rápido possível. É o caso

do atual governo, que, numa

curiosa volta ao regime mili-

tar, parece cada vez mais em-

briagado com sonhos de armas

mirabolantes e caras, compra-

das com créditos de países es-

trangeiros que terão de ser

pagos pelos sucessores. Ou-

tros chegam à insensatez de

querer reviver o programa

nuclear clandestino proibido

pela Constituição e liquidado

pela Nova República.

Há sentido em imitar paí-

ses que têm vivido quase em

estado de guerra permanente

quando completamos 140

anos de paz com nossos dez

vizinhos? Se nos armarmos,

inclusive com bombas atômi-

cas, como se sentirão os que

nos cercam? Ficarão impassí-

veis ou voltarão, como Argen-

tina no passado, a reiniciar a

corrida de armas com o Bra-

sil? Estaremos mais seguros

ou uniremos os demais contra

nós?

Se as ameaças não vêm dos

vizinhos, de onde procedem?

Dos distantes chineses ou rus-

sos, dos mais próximos ameri-

canos? É altamente duvidoso,

mas, se fosse certo, teríamos

alguma chance de igualar

seus gigantescos arsenais? Te-

ríamos de desviar recursos já

insuficientes para ter estra-

das e aeroportos decentes, o

dinheiro que falta para permi-

tir a milhões de brasileiros

uma moradia segura e digna?

A recente e ligeira melhora

em nossas condições econômi-

cas e sociais parece ter subi-

do à cabeça dos que já nos

vêem como país próspero, a

esbanjar dinheiro e a arrotar

grandezas. Basta olhar em

torno, porém, para ver o abis-

mo de miséria que nos cerca.

A catástrofe do Rio de Janei-

ro deveria servir ao menos

como choque de realidade ca-

paz de nos restituir o senso

das prioridades.

Enquanto fazemos malaba-

rismos de imaginação para

tentar identificar inimigos ex-

ternos num futuro indetermi-

nado, os deslizamentos ma-

tam centenas de brasileiros

humildes forçados a morar em

cima de um monte de lixo.

Que país queremos ser, a

Rússia armada até os dentes,

onde a expectativa de vida di-

minui a cada ano, ou o Cana-

dá, campeão em desenvolvi-

mento humano? O que faz a

grandeza de uma sociedade

não é a glória militar ou o po-

derio de armas. É a capacida-

de de garantir a cada pessoa

a possibilidade de se realizar

como ser humano, o direito de

buscar da felicidade, como se

dizia na época da Revolução

Americana. Todos os índices

de bem-estar, educação, saú-

de, cultura, ausência de crime

e de corrupção mostram que

não são as grandes potências

a ocupar os primeiros luga-

res, mas as nações que priori-

zaram as necessidades huma-

nas básicas. Em um país

como o nosso de pesada he-

rança de desigualdades, esse

dever se impõe ao governo de

forma ainda mais premente.

Com humildade e sóbrio

realismo, deveríamos tentar

construir uma potência não

em armas, mas em direitos

humanos e em ambiente, em

educação e em equilíbrio soci-

al. Descobriríamos com sur-

presa que o nosso “soft power”

daria ao Brasil um poder de

influência e exemplo que ja-

mais atingiríamos pelas ar-

mas.

Fonte: Folha de São Paulo, 11/abril/2010

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A Lavoura OUTUBRO/2009 51

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