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Revista ACIM / 1
Revista ACIM / 3
A equipe econmica do presi-
dente interino Michel Temer anun-
ciou, em maio, dias depois do
afastamento da presidente Dilma
Rousseff, um teto para os gastos p-
blicos, com base na inflao do ano
anterior. A medida foi bem vista
por analistas e pela classe produti-
va, at porque esses gastos vm su-
bindo numa escalada maior que a
economia do pas. Outras medidas
de longo prazo da rea econmica
trouxeram novo nimo. Mas ainda
h dvidas em relao s medidas
de curto prazo para que haja a re-
tomada do crescimento. O ann-
cio de que o deficit entre receitas
e despesas chegar a R$ 170,5 bi-
lhes tambm trouxe pessimismo
no mercado e foi mais uma notcia
negativa para uma economia que
anda aos solavancos.
Nos ltimos 12 meses o pas fe-
chou 1,85 milho de postos de tra-
balho, o que significa que h 10,2%
dos trabalhadores fora do mercado.
Isso representa mais 10,4 milhes de
desempregados. O nmero reflexo
da queda na produtividade e do fa-
turamento das empresas. O crdito
est caro e em menor volume e a
inflao deve fechar o ano em cerca
de 7%, segundo analistas o nme-
ro superior ao teto de 6,5% do sis-
tema de metas do governo.
Os analistas, de acordo com re-
latrio do Banco Central, estimam
que a economia encolher 3,8% nes-
te ano, semelhante ao resultado de
2015, que foi o pior resultado desde
1990, quando a economia recuou
4,35%. Com tantos nmeros negati-
vos, a equipe econmica tem muito
trabalho pela frente.
Ainda que o governo no descar-
te aumento de impostos, entidades
como a Federao das Indstrias do
Estado de So Paulo (Fiesp) j se po-
sicionaram contra a medida. Num
momento em que a classe empre-
sarial sofre com a debandada de
consumidores e a queda do fatura-
mento, aumentar impostos no
prudente. Os governos tm que criar
mecanismos para conter os gastos
pblicos, em vez de aumentar ou
criar impostos.
Alm de medidas rpidas e ur-
gentes para cessar a crise econmi-
ca e poltica, os governantes preci-
sam ouvir o clamor da populao,
que quer mais transparncia e efici-
ncia na gesto pblica. Os brasilei-
ros no aguentam mais arranjos e
manobras para que os maus polti-
cos se perpetuem no poder. Este
ano eleitoral, e a populao poder
ajudar a tirar do poder aqueles que
no tm cumprido o seu papel e
que governam tendo vistas apenas
os interesses polticos e pessoais.
// Jos Carlos Valncio presidente da Associao Comercial e Empresa-
rial de Maring (ACIM)
Economia tem que voltaraos trilhos urgentemente
PALAVRA DO PRESIDENTE
Junho 2016
Revista ACIM / 5
ndice //
ENTREVISTA // RElACIoNAmENTo //
REPoRTAGEm
DE CAPA //
30
A ideia que o povo brasileiro pacfico no verdadeira, segundo o historiador e pro-fessor Leandro Karnal: ab-solutamente fantasioso. H uma longa linha de violncia e genocdio no Brasil. De pac-fico o povo brasileiro no tem absolutamente nada
Douglas do Amaral, da Aki Im-veis, investe em networking, afinal praticamente todas as pessoas vo precisar de um imvel. Por isso, importante estar na mente dos clientes quando esta hora chegar; veja como evitar a linha que separa bem-relacionados e chatos
Apoio Intitucional
O nmero de Microempreen-dedores Individuais (MEI) j soma mais de seis milhes no Brasil; entre eles est Mara Ca-legari, que vai dobrar o tama-nho do espao onde trabalha e, com o aumento do faturamen-to, est estudando a migrao para outra faixa tributria
8
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Revista ACIM / 7
lIDERANA // ATENDImENTo //
mERCADo //
Claudia Baioni comeou no McDonalds de Maring como atendente e hoje consultora de operaes; no cargo, ela faz questo de ou-vir opinies e sugestes dos subordinados, que uma das receitas de lderes bem--sucedidos
A vocao para vendas se so-breps timidez de Izabel Abiko, que trabalha desde a dcada de 70 na Genko; a dis-posio, o sorriso denotando o gosto pela profisso e a gra-tido so as sugestes dela; outros profissionais de vendas do dicas para o sucesso
Mesmo diante do mal mo-mento econmico brasileiro, a Ciaseg, de Clodoaldo de Rossi, deve faturar at 30% mais neste ano; para reduzir custos, empre-sas terceirizam servios como segurana e limpeza, mas antes de assinar o contrato, confira o que dizem os especialistas
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ano 53 edio 565junho/2016
Factory Totalnossa capa:
Junho 2016
Imaginar que todo o mal esteja numa pessoa ou partido ingenuidade. E se eliminssemos todos os atuais polticos e substitussemos por pessoas comuns, em quanto tempo este sistema estariaruim de novo?
entrevista // Leandro KarnaL
O historiador e professor Leandro Karnal questiona: algum imagina que as mesmas empreiteiras que construram a Itaipu, Transamaznica e a ponte Rio-Niteri eram poos de candura e honestidade e, de repente, ficaram infestadas de gente do mal? No, s que naquela poca no se podia investigar // Graziela Castilho e Rosngela Gris
No de hoje que escndalos de
corrupo na poltica brasileira so
destaques em noticirios dentro
e fora do pas. E nem poderia ser
diferente, j que, segundo o histo-
riador e professor Leandro Karnal,
a corrupo no Brasil uma he-
rana do perodo colonial. O que
torna o momento atual histrico
que, diferentemente de dcadas
passadas, os holofotes se voltaram
para polticos e empreiteiros li-
gados presidente afastada Dil-
ma Rousseff (PT). Na histria do
Brasil, tica era algo a ser cobrado
da oposio anterior, destaca o
professor da Unicamp, doutor em
Histria Social. Para ele, a mudan-
a um sinal de independncia
do Judicirio e de fora da Polcia
Federal.
Em passagem recente por Ma-
ring, a convite do Instituto Cultu-
ral Ing (ICI) e da Associao Brasi-
leira de Recursos Humanos (ABRH)
Regional Noroeste, Karnal falou
tambm sobre a crise brasileira, o
trabalho da imprensa e as relaes
humanas. Confira:
Corrupo no Brasil endmica e estrutural
Qual a natureza real da crise brasileira: econmica, poltica ou moral? um conjunto dos trs. H a crise
econmica internacional, com a
desacelerao do crescimento chi-
ns, que est impedindo o cresci-
mento das exportaes brasileiras.
Existe a dificuldade com a inflao,
que chegou a 83% ao ms no go-
verno Sarney, e agora est prxima
de 11% ao ano. Parece pouca coisa,
mas temos uma juno de crise de
legitimidade e representao, que
nasceu em junho de 2013, quando
a populao deixou de reconhecer
nos partidos polticos, no voto e na
democracia representativa as ni-
cas vias para se expressar. Isso pode
ser muito rico, mas perigoso. A po-
ltica discutida na rua no ruim.
O problema que o pas est bi-
polarizado e as pessoas s querem
taxar, adjetivar, classificar. Ningum
Revista ACIM / 9
Quem ?Leandro Karnal
O Que FAZ?Historiador e professor da
Unicamp
destAQue pOR?
Doutor em Histria Social e autor de
diversos livros
Walter Fernandes
escuta ningum. No momento em
que se decide que o indivduo
petralha ou coxinha, morreu a fi-
losofia poltica e passamos para o
campo da adjetivao.
e a natureza da corrupo no brasil? endmica e estrutural, e est pre-
sente desde o perodo colonial. Hoje,
graas abertura democrtica, h
condies de investigao. Algum
imagina que as mesmas empreitei-
ras que construram a Itaipu, Tran-
samaznica e a ponte Rio-Niteri
eram poos de candura e honesti-
dade e, de repente, ficaram infesta-
das de gente do mal? No, s que
naquela poca no se podia inves-
tigar. Hoje so investigadas tanto a
corrupo passiva, do poltico, quan-
to a ativa, do empresrio. Estamos
discutindo a tica nacionalmente.
Um milionrio empreiteiro preso no
Brasil um fato indito. Prendemos
apoiadores do governo que estava
em curso, e na histria do Brasil ti-
ca era algo a ser cobrado da oposi-
o anterior. Getlio Vargas mandou
prender Washington Luiz, a ditadura
mandou prender JK [Juscelino Ku-
bitschek]. Sempre investigvamos
o governo anterior. a primeira vez
que prceres do ento governo fo-
ram para a cadeia. um bom sinal
da independncia do Judicirio e
de fora da Polcia Federal.
o senhor afirmou Que as pessoas felizes no brasil so as Que acreditam Que a corrupo est a cargo de um partido. nos ltimos anos, o dio poltico se intensificou e esta polarizao continua. como explicar esse movimento?Gostamos de polarizao, uma for-
ma de pensamento simples. Pensar
dialeticamente, contraditoriamente
ou filosoficamente mais compli-
cado. bom pensar que h certo e
errado. Defendo que se algum par-
tido for comprovadamente corrupto
deve ser punido. Porm, imaginar
que todo o mal esteja numa pes-
soa ou partido ingenuidade. E se
eliminssemos todos os atuais po-
lticos e substitussemos por pesso-
as comuns, em quanto tempo este
sistema estaria ruim de novo? Se o
problema estivesse no partido ou no
poltico seria muito fcil porque ele
ser derr