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6Ponto de Vista
Cláudia Villela
QUE TIPO DE EMPREENDEDORISMO DEVE SER INCENTIVADO PELA ESCOLA?
“Empreendedor é alguém capazde fazer algo por esforço próprio,promover mudanças, investir em
melhorias pessoais e coletivas”
O promover mudanças, investir em melhorias pessoais e
coletivas, ser empreendedor. Trata do potencial que
todos nós temos de realizar algo, da força motriz que
nos impulsiona para a ação. O empreendedorismo não
acontece de fora para dentro, e sim de dentro para
fora. Começa pelo autoconhecimento e culmina no
pleno alcance de uma meta, na plena realização de
um sonho e na otimização do talento individual em
benefício próprio e do contexto em que se está inseri-
do. O empreendedorismo que proponho inserirmos
nas escolas é aquele que oferece subsídios para que
docentes e discentes desenvolvam as características em-
preendedoras pessoais e sejam capazes de construir a
própria realização e a dos que estão à sua volta.
O momento é propício para entrarmos em cena
por questões muito claras: o
educador já é empreendedor
em sua prática diária. Falta-lhe
ter consciência de seu papel de
educador empreendedor e apri-
morar os recursos que utiliza.
Falta-lhe saber melhor “o seu tex-
to”, para atuar com maior segu-
rança, e ter direção, para que o
sucesso venha como conseqüên-
cia. Outro aspecto que favorece
entrarmos em cena é o ceticismo
instaurado em relação à educa-
ção e ao momento social que
estamos vivendo. Alunos, docentes e cidadãos em ge-
ral sentem-se aprisionados, com suas necessidades bá-
sicas não atendidas. Isso aprisiona também a capaci-
dade de sonhar, de acreditar no país, na educação, na
escola e em si próprio. Distancia o prazer e a capaci-
dade de se sentir realizado.
mundo está exigindo, cada vez mais, que as
pessoas saiam da escola com capacidade
para aprender a aprender, a pensar, a resol-
ver problemas, a ser criativo, crítico, autôno-
mo, capaz de interagir com outras pessoas. O mundo
precisa de pessoas que tenham condições de se comu-
nicar eficientemente e competência para atuar de ma-
neira consciente, responsável, construtiva e solidária na
sociedade. O mundo precisa de pessoas encantadas! É
aí que entra o empreendedorismo na escola.
Usarei a metáfora de uma peça de teatro: há um
roteiro belíssimo, de respeitáveis fontes, a ser seguido,
existe a demanda por parte da sociedade, o momento
é propício e há atores em condições de aprimorar seus
papéis e interagir com o texto para atuar com sucesso.
Chamo de roteiro a ser se-
guido o ponto de vista dos
estudiosos da educação
sobre a prática docente,
somado à proposta peda-
gógica do empreendedo-
rismo na educação. Cabe
aqui desmistificar o em-
preendedorismo: não é
algo que diz respeito so-
mente à formação de
empresas. Apesar de ter
sua origem no contexto
empresarial, o empreen-
dedorismo aplica-se a todo segmento, a toda condi-
ção profissional e pessoal. Sendo o indivíduo dono ou
não de um negócio, é possível ser empreendedor.
O empreendedorismo que proponho levar para
nossas escolas é aquele que trata das questões relati-
vas a alguém capaz de fazer algo por esforço próprio,
O EDUCADOR ÉEMPREENDEDOR EM
SUA PRÁTICA DIÁRIA
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QUE TIPO DE EMPREENDEDORISMO DEVE SER INCENTIVADO PELA ESCOLA?
O ponto de partida para a transformação desse cená-
rio, sem sombra de dúvida, é o corpo docente das insti-
tuições educacionais. Ainda lidamos com professores,
coordenadores e dirigentes de escolas que mantêm uma
postura arcaica, tirana, egocêntrica, que acreditam estar
fazendo bem a sua parte na educação nacional. Se o
propósito é empreendedorismo, torna-se necessário em-
preender a própria prática pedagógica, a própria vida.
Empreendedorismo na educação é tarefa básica do
corpo docente. Só se desempenha o papel de educa-
dor empreendedor se há convicção da importância do
empreendedorismo na educação. Não se consegue
passar aquilo em que não se acredita. É como se as
palavras perdessem a força e as ações denunciassem tal
incoerência. Fica claro: o discurso é um e a prática é
outra, totalmente distantes um do outro, quase antagô-
nicos. É urgente unirmos esforços para mudar esse ce-
nário. É urgente estudar o texto, entender o contexto,
saber a hora de entrar em cena, envolver a platéia e
deixar o nosso recado com maestria; atuar com a alma,
e não simplesmente decorar nossas falas. É a nossa vez
de atuar, pois nós, educadores, é que estamos em cena
O EMPREENDEDORISMOAPLICA-SE A TODO
SEGMENTO,A TODA CONDIÇÃO
PROFISSIONAL E PESSOAL
neste momento da história da educação. Para desem-
penhar esse papel, precisamos de educadores capazes
de adotar uma postura e uma prática empreendedoras
a fim de formar alunos empreendedores, competentes
para agir empreendedoramente, para fomentar o de-
senvolvimento de uma sociedade empreendedora e
pautada na conduta ética.
Fica aqui o convite para criarmos uma rede de rela-
cionamentos e inserir o empreendedorismo na escola,
em primeiro lugar para fazer da escola um espaço de
construção da felicidade. É possível inserir esse enfoque
em todos os conteúdos e disciplinas pedagógicas. Pes-
soas felizes tornam-se mais receptivas, amáveis e aber-
tas. Tornam-se mais criativas, autoconfiantes e segu-
ras. Elas têm maior disposição para colaborar, dividir,
partilhar. A escola pode estimular a capacidade dos
alunos de encontrar a felicidade em um processo de
compreensão da sociedade na qual estão inseridos e
do momento que estamos vivendo; ela pode fazer com
que os alunos sintam-se atuantes, responsáveis e ca-
pazes de interferir para modificar o meio sob uma óti-
ca positiva e ética; ela pode inserir o empreendedorismo
na escola para o resgate da auto-estima dos alunos;
ela pode, enfim, aprimorar competências e habilida-
des através de estratégias diferenciadas.
Cabe a cada um de nós fazer a diferença no ambi-
ente em que atuamos, persistir, manter o ritmo, realizar,
amar aquilo que fazemos. Este é o verdadeiro motor do
empreendedorismo na educação: a atitude de cada um
de nós. Não há papel que não tenha sucesso quando
ensaiado e desempenhado com amor e competência.
Cláudia Villela é educadora, pedagoga,
consultora de Relações Interpessoais e
Facilitadora de Metodologias Participativas
e Metodologia CEFE – Crescimento Econômico
através da Formação de Empreendedores
(GTZ-Alemanha).
E-mail: [email protected]
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