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REVISTA ANUAL 2016

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REVISTA ANUAL 2016

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CÁRITAS BRASILEIRA

REGIONAL RIO GRANDE DO SUL

Rua Coronel André Belo, 452 - 3º andar

Bairro Menino Deus - CEP: 90110-020

Porto Alegre - RS

Fone: 51 3272 1700 | Fax: 51 3272 1721

[email protected]

www.rs.caritas.org.br

www.facebook.com/CaritasRegionalRS

DIRETORIA NACIONAL

presidente Dom João Costa

vice-presidente Irmã Lourdes Maria Staudt Dill

diretora-secretária Marilene Alves de Souza

diretor-executivo nacional Luiz Cláudio Lopes da Silva, Mandela

diretor-tesoureiro Udelton da Paixão

Relações de cooperação nacional e internacional

Cáritas Brasileira/Secretariado Nacional, KZE/MISEREOR,

Secours Catholique/Cáritas França, Cáritas Alemã, Sammelzentrale Aktion Hoffnung

Conselho Regional

Titulares: Ir. Darci Zacaron, Márcia Rodrigues, Maurício Queiroz, Nilza Mar Macedo

Suplentes: Franciel Bachi e Solange Guerra

Coordenação Colegiada

assessora - secretária regional Marinês Besson

assessora de projetos Jacira Teresinha Dias Ruiz

assessora de projetos Eliane Almeira Pereira Brochet

Equipe do Secretariado Regional

Aline Gallo, Eliane Almeida Pereira Brochet, Elisabete Pereira da Silveira,

Jacira Teresinha Diaz Ruiz, Patricia Machado Dias, Marinês Besson,

Marisa Rodrigues de Moraes, Marlei Fátima Dutra e Miéle Pereira Ribeiro

REVISTA ANUAL 2016 – CÁRITAS RS (Cáritas Brasileira – Regional do Rio Grande do Sul)

Organização e edição de textos: Aline Gallo, Assessora de Comunicação da Cáritas RS

Textos: Cáritas RS (Secretariado Regional), agentes das Cáritas Diocesanas/

Arquidiocesanas do estado e convidados Agentes Cáritas envolvidos: Ir. Ariete

D’Agostini, Maurício Queiroz, Oldi Helena Jantsch, Anna Marisa Werner,

Cinara Dorneles, Ir. Darci Zacaron, Solange Guerra, Ir. Lourdes Dill, Adriana Teixeira,

Lisiane Quevedo, Ir. Edna Rodrigues e Simone Zanetti

Revisão: Luciane Trentin

Fotos: Arquivo do Secretariado Regional e das Cáritas Diocesanas e

Arquidiocesanas do estado | Créditos “extras” descrito em cada imagem em específico

Projeto gráfico e diagramação: 3C arte e design | Carlos Tiburski

Tiragem: 2.500 exemplares

Impressão: Evangraf

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Bem Viver e Transformação SocialAos 60 anos, a Cáritas demonstra estar cada vez mais madura, o que não é algo fácil para uma rede tão diversa,

com presença em quase todo território nacional. Esta afirmação fica bastante clara ao olharmos para o marco

referencial aprovado no V Congresso Nacional da Cáritas Brasileira (V CNCB), realizado em novembro de 2016 em

Aparecida (SP), depois de um rico, profundo e tão participativo processo de reflexão sobre o sentido da Pastorali-

dade da Cáritas e sobre a maneira como esta vem contribuindo para as transformações que a sociedade brasileira

tem experimentado nas últimas seis décadas. O Congresso em Aparecida trouxe algumas decisões importantes.

A introdução da concepção do Bem Viver no marco referencial é uma delas. A reflexão feita no interior da rede

sobre esta perspectiva orienta que a Cáritas quer contribuir com essa construção a partir daquilo que vem acumu-

lando na última década em termos de debates sobre a sustentabilidade, a solidariedade e também a territorialidade.

Cremos que o Bem Viver se constrói sobre estes pilares, alinhado ainda à radicalização da democracia participativa.

Um segundo elemento importante é a perspectiva da Pastoralidade para a transformação social como um prin-

cipio da ação da rede. O tema, aprofundado no congresso, alimentou um sentimento de que os agentes Cáritas

precisam colocá-lo como horizonte e premissa de todas as ações e em todos os processos, programas e projetos. O

V Congresso Nacional foi o ápice deste profundo processo de reflexão. Que bom que pudemos vivenciar isso junto

e na casa da nossa Mãe Peregrina!

Luiz Cláudio Mandela

Diretor-Executivo da Cáritas Brasileira

Novo Marco Referencial da Cáritas BrasileiraMISSÃO INSTITUCIONAL Testemunhar e anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, defendendo e promovendo toda forma de vida e parti-

cipando da construção solidária da sociedade do Bem Viver, sinal do Reino de Deus, junto com as pessoas em si-tuação de vulnerabilidade e exclusão social.

DIRETRIZ GERAL DE AÇÃO Construção solidária, sustentável e territorial de um projeto popular de sociedade democrática e de direitos.

PRINCÍPIOS - Defesa e promoção da vida e construção da sociedade do Bem Viver; - Mística e espiritualidade libertadora, ecumênica e de diálogo inter-religioso; - Cultura de solidariedade transformadora; - Relações de equidade étnico-raciais, de gênero e de geração; - Protagonismo das pessoas em situação de vulnerabilidade, de risco e/ou de exclusão social; - Projeto popular de sociedade justa, solidária e sustentável; - Democracia participativa e justiça socioambiental; - Pastoralidade e transformação social; - Cáritas no coração da Igreja e na sociedade no serviço com os pobres.

PRIORIDADES INSTITUCIONAIS I - Promoção e fortalecimento de iniciativas locais e territoriais na construção da sociedade do Bem Viver; II - Defesa e promoção de direitos, construção e controle das políticas públicas; III - Organização, fortalecimento e sustentabilidade da Rede Cáritas; IV - Formação permanente do voluntariado.

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Carta de Aparecida

Cáritas Diocesana de Caxias do Sul

Cáritas Diocesana de Cruz Alta

Cáritas Diocesana de Erechim

Cáritas Diocesana de Novo Hamburgo

Cáritas Arquidiocesana de Passo Fundo

Cáritas Arquidiocesana de Pelotas

Cáritas Arquidiocesana de Porto Alegre

Cáritas Diocesana de Rio Grande

Cáritas Diocesana de Santa Cruz do Sul

Cáritas Diocesana de Santa Maria

Cáritas Diocesana de Santo Ângelo

Cáritas Diocesana de Vacaria

Secretariado Geral

Artigo | Frei Wilson Dallagnol

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O V Congresso da Cáritas Brasileira aconteceu em Aparecida/SP com a participação de mais de 500 represen-tantes de todas as regiões do Brasil, de representantes das Caritas irmãs e de entidades parceiras de algumas

partes do mundo, homens e mulheres; jovens e idosos; do campo e da cidade; das florestas e das águas que juntos vivenciaram, com a benção da Mãe Negra Aparecida, vieram concretizar um ano de celebrações dos 60 anos com presença e atuação da Cáritas Brasileira, tendo por tema Pastoralidade e Transformação Social.

Para seguidores e seguidoras de Jesus, o Bom Pastor, toda celebração tem sentido de JUBILEU: dar graças e alegrar-nos por tudo que representou o avanço na realização da missão; na identificação e superação das falhas e na defesa das novas prioridades como resposta aos recentes gritos e desafios dos pobres.

Mesmo sentindo-nos duramente afetados pela crise política que se aprofunda em nosso país e no mundo, com práticas de corrupção, golpes e ameaças aos direitos sociais que levam as pessoas a desacreditar na democracia; mesmo sentindo-nos em comunhão com a insegurança e sofrimento que um número crescente de pessoas vivencia por causa do paradigma de desenvolvimento promovido pelo sistema capitalista dominante; e mesmo sentindo-nos frágeis para enfrentar tantas ameaças e desafios como, por exemplo, o desemprego crescente, a violência contra os jovens negros, as pessoas em situação de rua, às lideranças sociais, contra os defensores de direitos humanos, as mulheres, e também contra a mãe, exemplificado pelo crime da contaminação e morte do Rio Doce e de tantos rios brasileiros. Nada! E nem ninguém nos roubará a esperança.

Como resposta aos apelos de Deus e na fidelidade do seguimento de Jesus de Nazaré, assumimos, corajosa-mente, a missão de Testemunhar e anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, defendendo e promovendo toda forma de vida e participando da construção solidária da sociedade do Bem Viver, sinal do Reino de Deus, junto com as pesso-as em situação de vulnerabilidade e exclusão social. Somos testemunhas dos avanços e conquistas dos grupos, das organizações e dos movimentos sociais, e queremos que todos se alegrem junto aos pobres. Reafirmamos que não devemos recuar: nenhum direito a menos.

É inaceitável para nós, e desejamos que o fosse também para todas as pessoas seguidoras de Jesus e que tem sentimento de humanidade, o domínio de um sistema que concentra nas mãos de 1% da população a mesma renda que nos outros 99%. É igualmente inaceitável que esta minoria continue promovendo o sistema de produção, con-sumo, descartes e especulação, fenômenos responsáveis pela fome, o aquecimento global e as mudanças climáticas que colocam em risco a vida na terra. Assumimos junto ao Papa Francisco que este é um sistema que mata, e que exclui os pobres e a terra.

Partimos deste jubileu de 60 anos com o compromisso de colocar em prática com maior empenho a mensagem profética da Mãe Negra Aparecida: estarmos juntos, e caminhar com os pescadores artesanais, povos indígenas e quilombolas e com todos os povos e comunidades tradicionais em suas lutas pelos seus territórios. Lutar, também, pelo fim da exploração, contaminação e envenenamento dos solos, das águas, dos rios e do mar, para que todas as pessoas participem do milagre da pesca e de alimentos agroecológicos abundantes que Deus Criador, a Mãe Terra e todos os trabalhadores e todas as trabalhadoras querem oferecer ao povo.

Em vista disso, assumimos novas prioridades e convidamos todas as pessoas a assumi-las também, participando da (I) Promoção e fortalecimento de iniciativas locais e territoriais na construção da sociedade do Bem Viver, da (II) Defesa e promoção de direitos, construção e controle das políticas públicas, da (III) Organização, fortalecimento e sustentabilidade da Rede Cáritas e da (IV) Formação permanente do voluntariado como concretização da nossa missão.

Que Deus nos mantenha firmes neste caminho de construção de uma sociedade brasileira e mundial assentadas na justiça, na cooperação, na simplicidade entre os seres humanos, assim como nas relações de amor, de cuidado e de harmonia com todos os seres da Mãe terra, sendo e vivenciando as sociedades do bem viver.

Cáritas BrasileiraAparecida, São Paulo, 12 de Novembro de 2016.

Carta de AparecidaOs direitos humanos são violados

não só pelo terrorismo, a repressão, os assassinatos, mas também pela existência de extrema pobreza e

estruturas econômicas injustas, que originam as grandes desigualdades.”

Papa Francisco

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A caótica vida nas cidades, as sucessivas crises eco-nômicas, o aumento assombroso da desigualdade

social, a violência, os desastres ambientais, a ascensão de ideias fascistas, o individualismo, o consumismo, entre tantas outras questões, são temas que geram angústias naqueles que se preocupam com o futuro da humanida-de. Vivemos num momento da história em que a vida, não só a humana, está sob constante ataque. A cada dia que passa, há mais e mais incertezas em relação a tudo o que nos cerca. Permeia na sociedade um sentimento generalizado de descrença em relação a tudo e a todos.

Felizmente, em muitos corações ainda há esperança. E são esses corações esperançosos, capazes de incon-formar-se e de indignar-se diante da brutalidade do dia a dia, que sustentam, desde 2004, a Escola de Formação Fé, Política e Trabalho (EFFPT). Embora tenha surgido a partir de pessoas ligadas à Igreja Católica, o objetivo maior da EFFPT é contribuir para a articulação de lide-ranças nos diferentes âmbitos de atuação, embasadas no “sentir e agir cristão comprometido e responsável pela construção de uma sociedade solidária” (objetivo Geral da EFFPT), independentemente de suas convicções religiosas. O único critério para acessar e cursar a Esco-la é sentir-se incomodado diante da realidade e querer entender, discutir, pensar e buscar formas de superação do que está aí.

A EFFPT está em funcionamento há 13 anos e, sem sombra de dúvida, isso se deve principalmente à capaci-dade que as pessoas ainda têm de se indignarem diante das inúmeras situações negativas vividas no cotidiano e acolherem em seus corações tentativas de superação

dessa dura realidade. Já foram mais de 1200 alunos. A Cáritas Diocesana de Caxias do Sul fica responsável

por todo processo administrativo da EFFPT, pela infra-estrutura dos cursos e pelos contatos com os parceiros envolvidos: a Diocese de Caxias do Sul e a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), que, por sua vez, garante uma equipe de assessores(as) e/ou professo-res(as) altamente qualificados para a discussão dos temas abordados. Todos(as) eles(as), além do grau elevado de qualificação, atuam em movimentos sociais ou trabalham em pesquisas, em comunidades e, portanto, além do trabalho acadêmico, têm experiência prática. A maioria deles(as) está na Escola há muitos anos e permanecem porque acreditam na proposta.

Para a aluna Geneci Bertolini, a EFFPT foi uma expe-riência muito positiva e de qualidade em sua vida. Ela diz que se encantou, primeiramente, pela acolhida, de-pois pelos mestres capacitados, reflexivos e instigadores de reflexão, e também pelos colegas e professores que possuem uma multiplicidade de vivências. “Hoje, con-cluída as dez etapas previstas no programa, não tenho dúvidas em afirmar que vale a pena investir um tempo na Escola de Fé, Política e Trabalho para ampliar a nossa visão de mundo, de partilha e de fé, elevando a cons-ciência crítica e a espiritualidade”, completa. Ela ainda recomenda a Escola para aqueles que querem ampliar a sua consciência, que acreditam no mundo mais hu-manizado e que a partilha parte de dentro de cada um.

Todo conhecimento e discussões resultaram em ações concretas, como uma associação de microcrédito (ACRE-DISOL), uma feira regional de economia solidária, refei-

Escola de Formação Fé, Política e Trabalho: uma contribuição para um mundo melhor e de maior reflexão

Bispo Dom Alessandro Rufinonni fazendo a abertura das atividades da Escola

A violência, que está no coração humano ferido pelo pecado, vislumbra-se nos sintomas de doença que notamos no solo, na água, no ar e nos seres vivos.”

Laudato Si: Sobre o Cuidado da Casa Comum

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ções comunitárias ecológicas, campanha de recolhimento de óleo de cozinha para reciclar, criação da Pastoral da Saúde Para o Bem Viver e o incentivo à mudança de hábi-tos alimentares, utilizando, preferencialmente, alimentos orgânicos provindos de pequenas propriedades rurais da Serra Gaúcha.

História da EFFPT

Diante da necessidade de entender melhor a realida-de vivida, para que, através de uma compreensão mais apurada, as pessoas pudessem se intrumentalizar e agir na construção de um mundo melhor, surgiu em 2004, no Centro Diocesano de Pastoral, em Caxias do Sul, RS, a Escola de Formação Fé, Política e Trabalho.

A EFFPT começou a ser pensada muito antes de 2004, quando iniciou suas atividades. Por ocasião das celebra-ções do segundo milênio de nascimento de Jesus, um grupo de religiosos e leigos começou a pensar sobre qual seria a melhor forma de levar adiante a mensagem de Cristo, ampliando a discussão sobre seus ensinamentos para além dos espaços formais da Igreja. Pensavam em reunir as pessoas sistematicamente para que, através de assessorias qualificadas, pudessem ampliar seus conhe-cimentos, debater temas globais e, dessa forma, contri-buir para que pudessem agir dentro das suas famílias,

comunidades, espaços de trabalho, movimentos sociais, etc. A Doutrina Social da Igreja foi e ainda é a grande inspiradora de toda ação da escola.

Como funciona a EFFPT

A escola promove 10 encontros anuais, normalmente no terceiro final de semana do mês, iniciando os trabalhos às 8:30h da manhã de sábado e finalizando-os às 12:30h de domingo. As seis primeiras etapas se constituem de momentos de formação teórica, através do estudo de temas como a história do Brasil e da América Latina, as transformações socioeconômicas, a educação, a cultura, o mundo do trabalho, os avanços tecnológicos e suas implicações sobre o planeta. Essa parte é a base para a compreensão dos mecanismos que movem a socieda-de, pois contribui para que a realidade seja vista com outro olhar.

As últimas quatro etapas destinam-se a conhecer al-ternativas viáveis de organização, de economia, de tra-balho e políticas que permitem fazer frente ao modelo instituído, gerador de desigualdades, violência e outros males. Destinam-se também à reflexão e à construção de uma espiritualidade fundamentada, principalmente, nos valores transmitidos por Jesus Cristo, como solidariedade, respeito, cuidado com nossa casa comum, entre outros.

Turma de alun@s de 2011 e equipe de cordenação da EFFPT

Contatos da Escola de Formação Fé, Política e Trabalho

- Fone (54) 32115032

- [email protected]

- http://www.facebook.com/

EscolaFePoliticaETrabalho

- www.fepoliticaetrabalho.blogspot.com

Centro Diocesano de Pastoral

Rua Emílio Ataliba Finger, 685

Bairro Colina Sorriso, Caxias do Sul, RS

CEP 95032-470

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Diante do cenário de instabilidade política e econô-mica do país, o ano de 2016 foi desafiante para o

trabalho da Cáritas Diocesana de Cruz Alta. Além dessa instabilidade, os recursos financeiros advindos de órgãos internacionais tornaram-se escassos. Assim, este foi o ano de trabalhar a mobilização de recursos através de outros ângulos e prosseguir na caminhada. Com o apoio do Programa de Roupas da Cáritas (Bazares Solidários) e da Campanha da Solidariedade (Fundo Nacional de Solidariedade – FNS e Fundo Diocesano de Solidarieda-de – FDS) usamos a criatividade e ousadia para colocar em prática todos os objetivos planejados. Conseguimos realizar inúmeras atividades; dentre elas, destacamos o apoio para a implantação da Pastoral Carcerária na Dio-cese e o trabalho com quilombolas.

A implantação da Pastoral Carcerária foi um desafio colocado pela coordenação pastoral diocesana, diante da demanda por um trabalho solidário dentro do sistema prisional. Segundo Dom Lírio Meurer, Bispo Referencial da Pastoral Carcerária do Regional Sul 3, somente no Rio Grande do Sul, temos mais de 100 presídios onde estão

presos mais de 30 mil homens e quase 2 mil mulheres. Como igreja, faltam agentes para assumir essa missão. Sabemos que ser presença viva nesses espaços é um desafio e tanto, mas com boa vontade e com a força do Espírito Santo tudo fica mais fácil.

Nesse sentido, a Cáritas contribuiu para formar um pequeno grupo de pessoas advindas de outras pastorais e movimentos sociais, dando início a um diálogo com os encarcerados. Os encontros têm como objetivos primor-diais anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, colaborar para que os direitos humanos sejam garantidos, promover a inclusão social da pessoa presa, entre outros. Além do trabalho de visitação, foi aprovado um projeto de corte e costura industrial junto ao Fundo Nacional de Solida-riedade (FNS), que será executado em 2017 e destina-se a mulheres e homens apenados. Esse é apenas o início de um trabalho que se pretende expandir para outras regiões pastorais na Diocese.

A realização do IV Encontro de Comunidades Quilom-bolas também marcou o ano para a Cáritas Diocesana de Cruz Alta. Mesmo com poucos recursos foi possível dar

Esta manhã, antes do alvorecer, subi numa colina para admirar o céu povoado. E disse à minha alma: quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos

finalmente fartos e satisfeitos? E minha alma disse: não, uma vez alcançados esses mundos, prosseguiremos no caminho.”

Walt Whitman

Desafios e conquistas: implantação da Pastoral Carcerária e trabalho com quilombolas marcam ações da Cáritas de Cruz Alta em 2016

Participantes do IV Encontro de Comunidades Quilombolas que discutiram o tema “Conquistas, lutas. Saberes, fazeres, direitos e deveres” na Comunidade Rincão dos Caixões, em Jacuizinho/RS

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A Comunidade Quilombola de Júlio BorgesPor Cinara Dorneles Machado

Agente Voluntária da Cáritas e Mestre em Práticas Socioculturais e Desenvolvimento Social pela Unicruz

Ao estudar mais profundamente a comunidade quilombola de Júlio Borges durante minha pesquisa de mestrado, foi possível perceber que se trata de um agrupamento de pessoas que mantêm fortes características de seus antepassados na forma de produzir e viver, mas que são constantemente seduzidos pelos modelos comerciais praticados na atualidade.

A maioria dos agricultores quilombolas coloca em prática seus saberes tradicionais na produção agrícola, que são repassados de geração a geração, com a utilização de ferramentas manuais, como a enxada e os bois de arado. Viven-ciam a solidariedade e a reciprocidade, seja por meio de uma rede de trocas ou pelos mutirões de trabalho. Os alimen-tos advindos da terra servem de sustento alimentar para a família, os animais de criação; as sementes para trocas e ofertas entre os vizinhos, amigos e parentes. Cultivam primordialmente a mandioca, o milho, o feijão, a batata doce e o amendoim.

Recentemente, com o aumento da área de terra, 1/3 das famílias optou por iniciar com a produção de soja, o que demonstra uma forte tendência de seguir o modelo produtivo da região do Alto Jacuí. Desses produtos, apenas a soja desperta o interesse comercial dos agricultores quilombolas. O sustento econômico das famílias vem de fora da comu-nidade: da colheita de fumo, da extração de pedras ágatas e dos trabalhos em lavouras de soja, trigo e milho, em gran-jas vizinhas.

Ficou claro dentro do estudo, que a terra, muito além de ser um espaço de produção, é um espaço que traz a cimen-tação social do quilombola e garante a sua identidade. No entanto, a comunidade passa por um período de metamorfo-se no jeito de produzir, o que traz risco à identidade quilombola, pois há uma tendência de se perder a forma simples e tradicional de se produzir para agregar as tecnologias e transações do agronegócio regional.

Dentro desse contexto, vejo que a Cáritas tem um papel importante na proteção do patrimônio material e imaterial dos quilombolas. Através do próprio acompanhamento, onde é possível dar visibilidade à realidade que vivem, e também apoiando projetos alternativos de produção que possibilitam o desenvolvimento solidário, sustentável e territorial, que é a grande diretriz da ação Cáritas.

Dona Erocilda dos Santos, matriarca na comunidade Rincão dos Caixões

Resultado do projeto “Costurando com as Mulheres Quilombolas de Júlio Borges”: desfile com as roupas produzidas pelas próprias mulheres durante a oficina ao longo do ano

continuidade ao trabalho que vem sendo desenvolvido na Diocese desde 2013. Com o tema “Conquistas, lutas, saberes, fazeres, direitos e deveres”, o Encontro foi reali-zado durante a semana da Consciência Negra e contou com a participação de aproximadamente 160 pessoas, na Comunidade Rincão dos Caixões, em Jacuizinho/RS.

Dentre os temas discutidos, destacamos a assessoria do Sr. Domingos Soares da ONG Movimentação de Porto Alegre, que abordou o tema “Protagonismo do negro na atualidade”. A Universidade de Cruz Alta (Unicruz) cola-borou e participou do encontro, através dos alunos do mestrado em Práticas Socioculturais. Eles incentivaram um diálogo a partir do documentário “Malunguinho” e apresentaram os resultados da dissertação de mestrado da pesquisadora e agente Cáritas, Cinara Dorneles, que abordou as estratégias socioeconômicas dos quilombolas

de Júlio Borges (ver box). Também houve oportunidade para trabalhar o tema da preservação de sementes puras (crioulas), com os agentes Cáritas e da Comissão Pastoral da Terra (CPT), vindos da Diocese de Santa Cruz do Sul, Maurício Queiróz e Oldi Helena.

O fechamento do Encontro se deu com o desfile protagonizado pelas mulheres quilombolas que desen-volveram, durante o ano de 2016, o projeto “Costuran-do com as Mulheres Quilombolas de Júlio Borges”. As roupas utilizadas para o desfile foram produzidas pelas próprias mulheres durante as oficinas de corte e costura. Foram parceiros do evento, as Prefeituras de Jacuizinho e Salto do Jacuí, bem como a Emater de cada municí-pio, Unicruz e CPT. O V Encontro das Comunidades Quilombolas será no Município de Fortaleza dos Valos, no dia 18/11/2017.

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No último ano, a Cáritas Diocesana de Erechim pros-seguiu com sua missão na defesa da vida ameaçada,

dando assistência aos imigrantes haitianos e africanos, grupo que está sendo acompanhado desde que chegou à região da Diocese. Neste ano, no entanto, o cenário ficou mais difícil para os imigrantes: surgiram dificuldades para a conquista de novos postos de trabalho, já que para os próprios nativos da região também não está fácil. Por outro lado, sem dúvidas, houve avanços importantes e fortes parcerias estão sendo feitas para dar continuidade no apoio e prestação de auxílio a este público.

Por meio da solidariedade da população e de articu-lações feitas pela entidade, a Cáritas conseguiu forne-cer alimentação, roupas de cama, cobertores, medica-mentos e consultas médicas. Um grupo de instituições atuantes na questão migratória na região foi consoli-dado. Ele é coordenado pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e Missões (URI) — Campus de Erechim — e aglutinou diversas instituições como a Cáritas Diocesana de Erechim, Universidade Federal

Fronteira Sul, Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, Faculdade Anglicana de Erechim, Secretaria Muni-cipal de Educação de Erechim, Associação Comercial e Industrial, Emater-RS, Cooperal, Sicredi, entre outras. A união desse grupo permitiu, em primeira instância, a capacitação de 11 imigrantes para os postos de trabalho. O treinamento foi realizado pela Emater (Regional de Erechim) em parceira com a Cooperativa Sicredi (que financiou o treinamento) e a Cooperativa de Produtores do Alto Uruguai.

Dentro das inúmeras dificuldades enfrentadas pelos imigrantes, a falta de conhecimento da língua portuguesa, além do desemprego, foi outra questão que se sobres-saiu. Embora muitos deles dominem mais de um idioma, como francês e inglês, o fato de não saberem português os prejudica muito na busca de colocação no mercado de trabalho e os limita no acesso à informação e à as-sistência. Felizmente, existe um grupo de professoras muito dedicadas da Secretaria Municipal de Educação que estão ministrando aulas de português para eles, bem

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mCáritas Diocesana de Erechim continua com ações de assistência aos imigrantes e fortifica o trabalho com a consolidação de novas parcerias

Oficina de capacitação para o mercado de trabalho com os imigrantes da região de Erechim, na Escola Agrícola Ângelo Emilio Grando, em outubro de 2016

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como outras disciplinas, dentro do projeto EJA (Educação de Jovens e Adultos).

Em 2016 também foi realizado um novo censo de imigrantes haitianos e africanos que se mostrou muito útil para o planejamento de novas ações para o ano se-guinte. O ano terminou somando forças e parcerias de boa vontade, aumentando o crédito da solidariedade. Com novas possibilidades em vista para 2017, a Cári-tas Diocesana pretende seguir no apoio e incentivo às ações com o público dos imigrantes para que mais deles possam ser atingidos positivamente. Outros projetos já estão sendo articulados e devem contribuir para a am-

plitude de ações. São exemplos as oficinas de prevenção da saúde, apresentadas pelo curso de Enfermagem da URI, assim como a prestação de auxílio na aquisição de documentos, vistos permanentes e outras questões deste caráter, apresentadas pelo curso de Direito e da Justiça Federal da região.

Para encerrar, registramos sinceros agradecimentos a todos que, de uma forma ou outra, contribuíram com a Cáritas. Temos presente o que nosso Senhor Jesus Cristo nos orientou: “… quando tiverem cumprido tudo o que lhes mandarem fazer, digam: somos empregados inúteis; fizemos o que devíamos fazer” (Lc. 17, 10).

Atendimento aos imigrantes com aulas de Português. Eles também receberam donativos para o tempo de inverno, como roupas e afins, em junho de 2016

Reunião dos imigrantes com representantes dos grupos de entidades que estão desenvolvendo as ações de assistência com eles, na Diocese de Erechim, em maio de 2016

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Um dos destaques da Cáritas Diocesana de Novo Ham-burgo, em 2016, foi o trabalho de acompanhamento

às equipes de Cáritas Paroquiais, que, em consonân-cia com as orientações estratégicas de ação da Cáritas Brasileira (Defesa e promoção de direitos, construção e controle das políticas públicas), atuou diretamente junto a um público socialmente vulnerável da região. Na prá-tica, 46 equipes inscritas nos Conselhos Municipais da Assistência Social e da Criança e Adolescente contaram com um plano de ação e desenvolveram as atividades de forma organizada, continuada e articulada de acordo com a Rede Socioassistencial.

O trabalho realizado pelas equipes de Cáritas Paro-quias, a cada ano, vai se ampliando e fortalecendo nas comunidades por meio da solidariedade e da promoção humana. Somente em 2016, estima-se que o número de pessoas atendidas seja de 2.362 entre crianças, adoles-centes, idosos, usuários da Rede e indivíduos em situação de insegurança alimentar. Somados a esse número, ainda há 5.388 famílias em situação de vulnerabilidade social que receberam o atendimento.

As atividades desenvolvidas pelas equipes são diver-

sas. Entre elas estão: acolhimento às famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade social; mobilização do público para o acesso aos seus direitos sociais junto à rede de proteção social básica; repasse dos benefí-cios eventuais (cestas básicas, roupas, calçados, entre outros) para as famílias que necessitam; realização de oficinas de costura, reciclagem; debates de temas im-portantes com as famílias; atividades socioeducativas com crianças e adolescentes; cultivo de uma horta co-munitária e o oferecimento de um “sopão”, medidas de amenizar a situação de insegurança alimentar que a comunidade vive.

A Cáritas Diocesana de Novo Hamburgo acompanhou trimestralmente as equipes das Cáritas Paroquiais. No processo, primou-se pela vivência da mística na perspec-tiva de reavivar a esperança e assumir a missão da Cáritas: Igreja em saída com a prática de Jesus em seu modo de ser e agir junto aos mais empobrecidos, os marginali-zados, os excluídos e discriminados. Além disso, foram enfatizadas as dimensões ecumênicas e proféticas da Cáritas, tanto em relação à realidade sociopolítica quanto à eclesial; ou seja, tratou-se da ideia de debruçar-se, cada

Acompanhamento das equipes de Cáritas Paroquiais é a marca de Novo Hamburgo no último ano

Grupo de Convivência da Paróquia Santo Antônio, no bairro Liberdade. Participaram do diálogo sobre os Direitos...

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Muita gente pequena, em muitos lugares pequenos, fazendo coisas pequenas, mudarão a face da terra.”

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vez mais, sobre a realidade brasileira, procurar analisar os problemas sociopolíticos do cotidiano, sempre refle-tindo o papel da Igreja nesse cenário, ao mesmo tempo em que se busca alternativas que garantam os direitos humanos dos segmentos mais vulneráveis.

Neste sentido, no último ano ocorreu um retiro dio-cesano para todas as equipes de Cáritas Paroquiais de Novo Hamburgo com a temática do Ano da Misericórdia, sendo um convite para olhar ao próximo sem julgar e condenar, com amor sem medida. Para a coordenadora da equipe de Cáritas Paroquial de Estância Velha, Jus-sara Ramme, “o retiro foi uma parada rápida e é eficaz para nos reabastecermos com o que realmente importa na nossa caminhada Cáritas: os pobres e excluídos que estão na margem da nossa sociedade”.

Outra temática desenvolvida com as equipes foi o debate em torno dos direitos sociais, por meio dos estatutos do Idoso e da Criança e Adolescente, com a finalidade de contribuir com a formação permanente deles, preparando-os como multiplicadores capazes de informar e mobilizar os usuários finais da Rede So-cioassistencial para as políticas públicas de proteção

social básica e participação política nos espaços de controle social.

Já diretamente com os(as) usuários(as) Rede, a pedido dos(as) voluntários(as) das equipes, foi debatida a temá-tica da violência contra a mulher com base nas mudanças da Lei Maria da Penha, visto que, a cada cinco minutos, uma mulher é vítima de violência. Com grande adesão de público, percebeu-se na atividade o sofrimento estam-pado no rosto das mulheres, sendo elas, em sua grande maioria, mantenedoras das famílias, desempregadas, à mercê de uma sociedade machista e com grandes desi-gualdades sociais e econômicas.

De fato, a Rede Cáritas na região da Diocese de Novo Hamburgo é a esperança de muitos homens e mulheres, crianças, adolescentes, idosos e doentes, que estão em situação de vulnerabilidade social e não conseguem ga-rantir as condições mínimas para sua subsistência e de seus familiares. Por último, a equipe da Cáritas Diocesana de Novo Hamburgo deixa aqui o seu profundo agrade-cimento aos 638 voluntários, entre homens e mulheres, que ao longo do último ano doaram o seu tempo para fazer o bem ao próximo.

...dos Idosos e demonstraram ser pessoas com vitalidade e grande interesse em conhecer os seus próprios direitos

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A Cáritas Arquidiocesana de Passo Fundo, em sua trajetória, sempre busca manter viva e efetiva a

participação em diversas instâncias de controle social, integrando fóruns, conselhos e conferências municipais. Essa atuação se dá a partir de uma das orientações es-tratégicas da Cáritas Brasileira, que trata sobre a “De-fesa e promoção de direitos, construção e controle das políticas públicas”.

A Constituição Federal de 1988 possibilitou aos ci-dadãos a participação na construção de políticas sociais públicas e no controle social nas três esferas de governo (federal, estadual e municipal). São espaços de conso-lidação do Estado Democrático e regulamentados por Leis Orgânicas. Funcionam como organização, capaz de estreitar a relação entre o governo e a sociedade civil a partir da participação popular. 

Os conselhos são espaços públicos de composição plural e paritária entre o Estado e a sociedade civil, de natureza deliberativa ou consultiva, cuja função é formu-lar e acompanhar a execução das políticas públicas. O exercício de gestão do que é público deve ser demo-crático e transparente. Neste sentido, eles são formados pelo mesmo número de representantes da sociedade civil (usuários, prestadores de serviços e profissionais das

áreas) e do governo. A Cáritas entende que a participação nos conselhos

municipais é uma forma de contribuir na construção de políticas públicas para a população e efetivar o exercício do controle social. Os conselheiros têm papel funda-mental na construção da cidadania, da defesa dos inte-resses da coletividade e dos princípios constitucionais possibilitando acesso às políticas sociais, à justiça e à igualdade social.

Ao mesmo tempo em que esses espaços são privi-legiados na construção de diálogo entre a sociedade civil e o poder público, há muitos limites na participação popular, no enfrentamento e na defesa de direitos, na correlação de poder que ainda se estabelece, tanto da sociedade como do poder público, e na diversidade de atores que representam diferentes interesses, sen-do necessário fortalecer a formação para atuar nesses espaços.

Os agentes de Cáritas são incentivados e capacita-dos a ocupar espaço de decisão, construção de políticas e controle social. Um exemplo disso é a voluntária da Cáritas Maria Isabel Teixeira, do grupo de mulheres da Vila Donária, em Passo Fundo, que atua junto ao Espaço Solidário e representa a categoria usuários, no Conselho

Cáritas Passo Fundo inserida em espaços de controle social

Conselho Municipal dos Direitos da Mulher prepara ações de combate à violência contra a mulher. Passo Fundo, RS

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Municipal de Assistência. “Através da formação e com-prometimento da Cáritas, hoje eu participo do conselho de assistência social como usuária, no qual sou titular e minha colega, Eneli, é suplente. É muito bom participar, pois ficamos cientes da realidade da assistência social do nosso município, o que acontece e o porquê que muitas coisas não acontecem. Há muitos anos atuo na minha comunidade, encaminho e acompanho as pessoas que precisam aos centros de referência da assistência social (CRAS) e às unidades de saúde. Estou sempre atenta para que os direitos das pessoas não sejam violados”, conclui Maria Isabel.

Para Simone Zanetti, assistente social da Cáritas de Passo Fundo, “os conselhos são meios de participação popular, de fortalecimento e formulação de novas pro-postas, a partir da realidade. Há uma participação efetiva nos diversos conselhos, ocupando espaço/cadeiras de conselheiros e também presidindo o Conselho Munici-pal de Assistência Social e dos Direitos da Mulher.” Ela ressalta que ainda participam dos conselhos de Segu-rança Alimentar e Nutricional, Saúde, Direitos das Pes-soas com Deficiência, Criança e Adolescente, Habitação e Meio Ambiente, em vários municípios de abrangência da Arquidiocese.

Os representantes da Cáritas nos conselhos são pes-soas do secretariado da entidade e agentes voluntários, que buscam colocar em prática as atribuições de um con-selheiro municipal: comparecer às reuniões ordinárias e extraordinárias, estudar e relatar os materiais e assuntos que foram discutidos, seguir as normas e procedimentos para o bom desempenho do conselho, informar a popu-lação e o seu segmento sobre as deliberações do con-selho, defender as propostas para o bem comum e não o individual ou exclusivo de sua organização. São ainda motivados a terem a liberdade de expor suas ideias sem coação de nenhuma forma, conhecer a política pública de que trata o conselho, ser capaz de exercer a escuta ativa e dialogar com respeito e tranquilidade, entre ou-tras coisas.

Diante de um cenário de desmonte das políticas so-ciais públicas, é preciso continuar participando, acreditan-do, fiscalizando, pois a utopia de um agente de Cáritas não pode ser abalada pelo descaso de nossos governan-tes. É urgente fortalecer nossa mística e espiritualidade libertadora e a esperança na luta por justiça social, para que, em parceria com outros atores sociais, possamos reconstruir um projeto popular de sociedade do Bem Viver, onde a democracia seja amplamente respeitada.

Representante da Cáritas e Presidente do CMAS na coordenaçãoda Conferência Municipal de Assistência Social em Passo Fundo, RS

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Na perspectiva de desenvolvimento de suas priori-dades em relação à valorização das culturas dos

povos tradicionais e de fortalecimento da Rede Cáritas, por meio de parcerias, a Cáritas Arquidiocesana de Pelotas, em conjunto com a Universidade Católica de Pelotas, vêm apoiando e desenvolvendo diversas ações junto à comunidade indígena Kaingang estabelecida no município. Nos últimos anos, a Cáritas compôs a equipe que estava articulando com o poder público para viabilização de um local permanente de mora-dia para 16 famílias indígenas que estavam morando às margens da BR, em frente à rodoviária de Pelotas, onde o risco de morte era constante devido ao fluxo intenso de veículos.

Das 16 famílias kaingangs, 12 já fizeram a transfe-rência. A Cáritas Arquidiocesana de Pelotas conseguiu disponibilizar R$ 16.000, por meio de um projeto envia-do à Fundação Socioambiental Casa, para viabilizar um poço artesiano na comunidade, compra de animais e rações para iniciar uma criação, custeio de passagens para o deslocamento dos indígenas, etc. A Feira da Fra-ternidade, um projeto social da Cáritas, contribuiu com

a doação de uma geladeira e um freezer para a conser-vação dos alimentos. Além disso, a entidade também fomentou uma campanha, feita entre os agentes Cáritas da região, para a coleta de recursos financeiros, cujo destino foi para comprar galinhas e ração, contribuindo para a autossustentabilidade e o fortalecimento interno da comunidade indígena.

Por meio de um projeto formulado pelo Professor Reinaldo Tillmann, Coordenador do Núcleo de Advocacia Popular (NAP) da Universidade Católica de Pelotas, so-licitando recursos financeiros ao Fundo Arquidiocesano de Solidariedade (FAS), foi possível suprir necessidades emergenciais de alimentação e auxílio no pagamento da conta de luz da comunidade kaingang. Já foram en-tregues 40 kg de frango, 22 kg de carne de porco, e 21 kg de banha. Estes alimentos serão fornecidos por um período inicial de seis meses, junto com 12 cestas básicas fornecidas pela Cáritas.

Em dezembro de 2016 foi inaugurada a primeira uni-dade de atendimento à saúde da população indígena do município, conquistada com muita luta das lideranças indígenas e parceiros envolvidos. O trabalho ainda segue

Cáritas Arquidiocesana de Pelotas e parceiros atuam junto com os indígenas da região para criar a primeira comunidade Kaingang do Município

Primeira unidade de Assistência à População Kaingang em Pelotas, dentro da nova aldeia, vai proporcionar aproximação de saúde, assistência social, cultura e educação entre os índios e o Município. Foi inaugurado em dezembro de 2016

Foto: Rafa Marin

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sendo realizado para o empoderamento desse povo que, há anos, vem sofrendo injustamente com a ganância do capitalismo. Cabe ressaltar que toda ajuda emergencial da Cáritas para a comunidade indígena é feita na perspec-tiva do fortalecimento da luta, contribuindo com a etapa de estruturação da comunidade para que, no futuro, eles possam ter autonomia financeira para administrarem a aldeia que estão formando.

A autonomia indígena pode ser considerada basica-mente como uma luta de resistência ao aculturamento imposto sobre esses povos tradicionais, que precisam rebelar-se para serem ouvidos em suas demandas. Uma luta que percorre séculos pelo direito a ter identidade cultural e organização política própria. Dessa forma, o resgate da autonomia organizacional e cultural dos povos indígenas depende de vários fatores, como, ter espaço de terra para plantio – situação que muitas ve-zes não ocorre, pois eles estão sendo cada vez mais espremidos em pequenos territórios ou vivendo à beira do asfalto. Outro exemplo é que não é possível que se tenha uma interculturalidade se não é disponibilizada uma educação bilíngue nas escolas onde há predomi-

nância de crianças indígenas.Em relação especificamente ao trabalho acompanha-

do pelo Serviço Social da Cáritas, cabe salientar que o terreno disponibilizado para os kaingangs com certeza não é suficiente para as 12 famílias, mas é uma possibi-lidade para dar início a uma nova vida: uma trajetória com mais dignidade, autoconfiança e com a certeza de poder desenvolver a cultura e os costumes de seus an-tepassados.

Por fim, é possível afirmar que quem mais ganha com a permanência definitiva dos índios kaingangs são os moradores do município de Pelotas, pois eles terão a chance de conhecer e aprender sobre outra forma de viver que proporciona uma maior sintonia com a natureza, valoriza o ser humano, o meio ambiente e toda fauna e flora existente, e ensina aos pequenos que eles têm o mesmo valor que os anciões ao mesmo tempo em que devem obediência e respeito a esses velhos sábios. Esses são valores que a sociedade, em geral, vem perdendo dentro da cultura capitalista dominante. Vários projetos serão desenvolvidos durante o ano de 2017 junto à co-munidade kaingang.

Reunião realizada na comunidade indígena logo no início do processo para fazer o levantamento das demandas mais urgentes. Presença da Cáritas (Assistente Social Carla Araújo), UCPEL(Professor do curso de direito Reinaldo Tillmann) e lideranças indígenas (Caciques Pedro e Alcir Salvador)

Ritual de agradecimento pelo recebimento da terra, oficialmente decretada Área de Interesse Cultural e Social do Município de Pelotas

Foto

: Rafa M

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Há 60 anos nascia o “Mensageiro da Caridade”, pro-jeto do Secretariado de Ação Social da Arquidiocese

de Porto Alegre (Cáritas Porto Alegre), com a expectativa de dinamizar a mobilização da comunidade no apoio às obras sociais católicas. Muito popular entre os moradores da região até hoje, a iniciativa recupera e dá um destino adequado aos bens que são doados, ao mesmo tempo que proporciona oportunidade de emprego, qualificação profissional e formação integral para os jovens contrata-dos. No último ano, 92 jovens de zonas marcadas pela vulnerabilidade social tiveram a primeira oportunidade de trabalho formal através do ingresso na instituição.

O serviço nasceu com o intuito de recolher doações nas residências para ajudar aos pobres. Mais tarde, as-sumiu a missão de recolher donativos e fomentar a co-operação da comunidade para auxiliar na edificação da Cidade de Deus, vila localizada no Bairro Cavalhada, em Porto Alegre/RS. Na década de 1970, com a inauguração

da era dos bens descartáveis, o Mensageiro da Carida-de instalou as oficinas de reparo dos donativos. Esse foi um passo decisivo para a nobre missão que o serviço de caráter de promoção social adquiriu, desde então, na oferta de ocupação e qualificação dos jovens que ali colocam seu conhecimento em prática.

Com o passar dos anos, o Mensageiro da Carida-de tornou-se uma das âncoras de sustentabilidade do Secretariado de Ação Social da Arquidiocese e o elo de solidariedade da população com as famílias em si-tuação de vulnerabilidade da região. Com o apoio da entidade, somente no ano de 2016, mais de 45.700 pessoas foram atendidas e puderam reconstruir suas vidas através de doações de móveis e utensílios, roupas, calçados, alimentos e acompanhamento social. Também foi articulada uma parceria com uma fundação ligada à iniciativa privada, assegurando a distribuição de 50 toneladas de arroz por mês, iniciativa que beneficiou

Mensageiro da Caridade assegura

Equipe de colaboradores do Mensageiro da Caridade em dezembro de 2016. No último ano, o Projeto ofereceu...

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mais de 57.000 famílias em 2016. Na procura de um trabalho para ajudar no sustento

de seus quatro irmãos, Vladimir da Cruz Flores encontrou mais que um emprego. O Mensageiro da Caridade se constituiu numa oportunidade de vida. Morador da Vila Santa Isabel de Viamão, Vladimir está há vários anos na instituição. Além de aprender muito rápido o funciona-mento dos equipamentos eletrônicos, ele aprendeu que o conhecimento precisa ser partilhado. Realizou seu sonho de tornar-se instrutor de outros meninos. “Quero que a oportunidade que eu tive possa ser oferecida a outros jovens que precisam de uma profissão, um emprego, porque aqui eu sou feliz. Aqui a gente aprende como numa família. Tenho orgulho de fazer parte da equipe do Mensageiro da Caridade”.

Outro exemplo de resgate e superação é o caso de Rodrigo Cardoso Vieira que chegou no Mensageiro da Caridade com 17 anos de idade, convidado por um colega

que trabalhava na entidade: “Tudo consegui, inclusive a construção de minha casa, com o meu esforço aqui no Mensageiro da Caridade”. O menino cresceu e foi qualificado. Hoje, Rodrigo é coordenador do serviço de coleta. Ele conta que o Mensageiro da Caridade foi uma escola de vida: “Eu não sei o que seria de mim sem o Mensageiro da Caridade. Aprendi a me relacionar bem com as pessoas, porque todos os dias a gente está em contato com a população de Porto Alegre. Respeitar as pessoas foi uma regra que assimilei. Esta é uma norma que aqui aprendi e levo para minha vida”, afirma o jovem.

Assim, o Mensageiro da Caridade, hoje, é uma es-cola de vida para muitos adolescentes e jovens que ali encontram a oportunidade de formação e ingresso no mercado de trabalho. É uma fonte de resgate da dig-nidade e da cidadania para milhares de famílias, que asseguram seus direitos básicos a partir da iniciativa da Cáritas Porto Alegre.

Promoção Social e Cidadania

...à 92 jovens de zonas marcadas pela vulnerabilidade social a primeira oportunidade de trabalho formalEquipe de colaboradores do Mensageiro da Caridade em dezembro de 2016. No último ano, o Projeto ofereceu...

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Nos seus últimos anos, a Cáritas de Rio Grande tem se destacado em sua caminhada pelo intenso trabalho

com as populações em mobilidade. Em 2016 foi dada a continuidade nas atividades junto a esse público, mas as forças da entidade na região também voltaram-se para ampliar as ações com outros grupos que também estão em situação de vulnerabilidade na região, abrangendo de forma direta as populações das cidades de Rio Gran-de e de São José do Norte, ambas localizadas no sul do Rio Grande do Sul.

No marco de uma cultura de solidariedade por meio de ações desenvolvidas pelas Pastorais Sociais, foi colo-cado em prática um Projeto com o objetivo de fortalecer e ampliar a capacidade dos seus integrantes ao intervir nos grupos que atendem, assegurando, assim, uma efe-tiva promoção, defesa e garantia de direitos do público final – pessoas em vulnerabilidade social. Coordenado pela Cáritas Diocesana de Rio Grande, formou-se um coletivo envolvendo as coordenações das pastorais da Criança, da Aids, do Migrante, da Juventude e da Saúde

para planejar as ações que abrangem os usuários de cada Pastoral, em específico, e suas principais fragilidades. Os recursos para as ações do Projeto vieram por meio do Fundo Nacional de Solidariedade (FNS).

Ao longo do ano foram realizadas várias capacitações, mobilizações, campanhas, visitas, acompanhamentos, re-tiros e celebrações de vida com as lideranças das comuni-dades e agentes das Pastorais Sociais. Além de dar mais visibilidade às ações de cada Pastoral, o Projeto acrescentou na qualidade do trabalho no atendimento e no acompa-nhamento às populações em situação de vulnerabilidade, fazendo delas conhecedoras e sujeitos de seus direitos. Ampliaram-se as parcerias, com destaque ao poder público, que incidiu nas políticas do Município e abriu a possibilidade de criação de políticas públicas que beneficiem os grupos de pessoas atendidos pelas Pastorais Sociais.

A coordenadora paroquial da Pastoral do Migrante, Ir. Aidete Maria Vicensi, de São José do Norte, expressa a importância do Projeto da Cáritas: “foi fundamental esta contribuição para a formação da Equipe de Agentes da

Fortalecimento das Pastorais Sociaisé o foco na Diocese de Rio Grande

Ação preventiva da Pastoral da Aids, na vila da Quinta, realizadas pelos agentes de Pastoral e da saúde da Rede

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Pastoral que conta com 10 voluntárias. A produção de material vem contribuindo para a sensibilização e man-tendo sempre atual o tema migratório na Paróquia.” Ela ainda comenta que os migrantes, tendo uma rotatividade alta, precisam de uma acolhida com auxílio para a inser-ção deles na vida das comunidades, e, com a Pastoral fortificada, foi possível criar um ambiente receptivo e adequado: “Conseguimos criar um espaço de convivência fraterna, de respeito às diferentes culturas, expressões de fé e de perceber que o diferente agrega e não divide. Em nome de todos os envolvidos, queremos agradecer pela contribuição e esperamos que o Deus da Vida os recompensem”.

Maria de Lourdes Escouto, Coordenadora Diocesana da Pastoral da Aids, também ressalta que a Pastoral da Aids da Diocese do Rio grande pode, através do apoio que recebeu da Cáritas, fortalecer e ampliar as ações de prevenção da doença, de acompanhamento às pessoas que convivem com o HIV e sensibilizar a sociedade para a atual situação da epidemia na cidade, que hoje ocupa

o 7º lugar no ranking do RS. A Coordenadora ainda sa-lienta que o trabalho em conjunto das Pastorais somados ao lado libertador da igreja católica foram fundamentais: “Vale destacar que foi um processo coordenado pela Cáritas Diocesana, a qual, através de uma metodologia de conjunto oportunizou condições de crescimento das pastorais sociais envolvidas no projeto. Digo isso, porque os encontros de planejamento, de avaliação durante o processo e na sua conclusão mostrou o rosto de uma igreja humilde, que quer aprender e que necessita des-te apoio; ao mesmo tempo articulada, comprometida e pedagogicamente libertadora, onde cada um é discípulo e protagonista”, afirma.

Entre tantos outros depoimentos positivos, para o ano corrente está o desafio de dar continuidade a este Projeto, qualificando as atividades das Pastorais Sociais na Diocese de Rio Grande. Pretende-se que haja reuni-ões periódicas para realizar momentos de formação para fortalecer o agir, concretizando o ser “Bom Pastor” como Jesus nos convoca, conforme o Evangelho.

Líderes da Pastoral da Criança capacitadas para realizarem as próximas ações

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Em dezembro de 2016 foi concluída a construção do primeiro biodigestor, com apoio da Ação Social da

Diocese de Santa Cruz do Sul (Cáritas de Santa Cruz do Sul - ASDISC), na propriedade da família do jovem agricultor Fernando Martin, localizada na comunidade de Malhada, município de Passo do Sobrado, região central do estado. Com a proposta de popularizar a tec-nologia do biodigestor no estado, a Cáritas Regional do Rio Grande do Sul (Cáritas RS) viabilizou recursos para a concretização da experiência, que poderá servir de modelo a ser seguido por outros agricultores e agricul-toras da região.

O uso dos biodigestores nas propriedades agrícolas reduz os danos ao meio ambiente, qualifica e aumenta a produção agroecológica com o uso de adubo orgânico, e dá mais autonomia às famílias do campo (leia mais no box). O interesse de Fernando no assunto surgiu quando ouviu falar do biodigestor no 11º Encontro Diocesano de Sementes Crioulas em 2011. Na oportunidade, um casal de agricultores do município de Passa Sete, Osvaldo e Marlene Rech, relataram a experiência do biodigestor que construíram há 30 anos e, desde então, nunca mais compraram gás e a maior parte da adubação dos cultivos

da propriedade deles é do biofertilizante, processado no biodigestor.

Fernando Martin, ainda quando adolescente, era como muitos outros filhos de produtores rurais do inte-rior: tinha grandes chances de deixar a vida no campo para procurar emprego na cidade grande. Tudo mudou quando, em 2000, teve a oportunidade de participar da Escola de Jovens Rurais (EJR), uma iniciativa da ASDISC que, justamente, trabalha a permanência dos jovens no campo e a agroecologia. Foi o que aconteceu. Hoje, com 35 anos, ele diz: “decidi ficar na roça e trabalhar com a agroecologia. Agora acho que o biodigestor vai ajudar bastante”.

Atualmente, a Família Martin se destaca na região como uma das Guardiãs de sementes crioulas, cultivan-do hortaliças, milho, feijão, batatinha, feijão de porco, cebola, alho, ervilhas, tomates, vassoura, batata doce, entre outros tantos cultivos, e ainda cria alguns animais para produção de leite, ovos, carne e tração animal. Tudo o que é produzido é levado para a pequena cidade de Passo do Sobrado, onde vendem de casa em casa. Além disso, a família, que ainda está em fase de transição para a agroecologia pura, é uma das poucas da região que

Biodigestor é construído em propriedade rural apoiada pela Cáritas

Fernando Martin e o biodigestor, que na época ainda estava em fase de construção. A instalação foi concluída em dezembro de 2016 e teve apoio da Ação Social da Diocese de Santa Cruz do Sul (Cáritas de Santa Cruz do Sul - ASDISC) e da Cáritas RS. Martin é um jovem agricultor que decidiu ficar no campo depois da EJR e influenciou seus pais com a agroecologia. Hoje ele e sua família se destacam na região como Guardiões de sementes crioulas e são uma das poucas da região que não depende da prática da monocultura do tabaco

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não depende do cultivo de tabaco, provando, portanto, que é possível viver da agricultura sem depender de uma monocultura como o fumo.

A implantação do biodigestor na propriedade da fa-mília Martin foi muito positiva para eles na questão da produção e de aumento de autonomia. Boa parte dos cultivos da família já são produzidos com sementes pró-prias – as “sementes crioulas”, aquelas que são herdadas de pais para filhos; agora, com a soma do biodigestor, eles podem produzir adubo orgânico próprio e ter gás gratuito para cozinhar. O próximo passo pode ser pro-duzir a própria energia elétrica usada na propriedade.

O apoio da Cáritas foi fundamental em todo o proces-so, desde a disposição de recursos até o apoio técnico e de trabalho. Ao de lado Fernando, Maurício Queiroz e Oldi Jantsch, agentes Cáritas, coordenaram toda a construção do biodigestor. Eles também contaram com o conhecimento do agrônomo Luiz Antônio Rocha Bar-cellos, técnico da EMATER, que ajudou na definição das medidas e das técnicas específicas utilizadas na instala-ção. Atualmente, o projeto está em fase de conclusão e a família de Fernando continua sendo acompanhada pelos agentes Cáritas da Diocese de Santa Cruz do Sul.

Oficina do projeto “Sementes Crioulas Sementes da Vida” sobre o biodigestor, que, nessa fase já estava concluído. No fundo da foto é possível ver o estábulo, a caixa de coleta dos dejetos e a caixa de descarga, onde fica o Biodigestor. Comunidade de Malhada, em Passo do Sobrado/RS

Foto: Maurício Queiroz

Benefícios do biodigestor em propriedades rurais

Economia com o aproveitamento do esterco dos bovinos para a utilização dos dejetos como adubo orgânico: com isso, pode-se reduzir ou até eliminar por completo os adubos químicos industriais (que são ca-ros), sendo ótimo também para a produção orgânica, livre de agrotóxicos. É uma tecnologia ambientalmen-te correta.

Redução dos danos ambientais: uma vez que o es-terco deixa de ficar exposto ao ar livre, evita-se a conta-minação dos mananciais de água e os currais ficam mais limpos, com animais mais saudáveis, já que o risco de contaminação com verminoses e moscas também dimi-nui. Além disso, o gás metano produzido pelas fezes, um dos maiores influenciadores do aquecimento global, pas-sa a ser utilizado de forma sustentável.

Autonomia: o gás produzido pelo biodigestor pode ser usado como, por exemplo, gás de cozinha e de com-bustível para gerar energia elétrica; os adubos químicos também não precisam mais ser comprados, tornando a propriedade praticamente autossustentável.

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Cerca de 700 crianças oriundas de acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária de mais de 50

municípios, de 12 regiões do Rio Grande do Sul, parti-ciparam do 18º Encontro Estadual dos Sem Terrinha/RS, realizado em outubro de 2016, em Santa Maria/RS. Promovido pelo setor de Educação do Movimento dos Sem Terra (MST) do RS, o evento contou com apoio do Projeto Esperança/Cooesperança da Arquidiocese de Santa Maria (Cáritas Santa Maria) que cedeu o espaço — Centro de Referência de Economia Solidária Dom Ivo Lorscheiter — e colaborou com toda a organização e ar-ticulação das equipes de trabalho voluntário. O Encontro teve como tema norteador a “Alimentação Saudável: um direito de todos”.

A marcha dos Sem Terrinha até o Ministério Público Estadual foi um dos ápices do evento. No local, houve uma respeitosa reunião das crianças e lideranças do MST com o Promotor Público responsável pelo setor da educação.

Foi reivindicado o aumento dos recursos destinados à merenda escolar das crianças, que hoje é de R$ 0,30 por dia. Na oportunidade, os Sem Terrinha também exigi-ram diversidade de alimentos e valorização de produtos orgânicos e agroecológicos na alimentação escolar. As crianças entregaram um documento ao Promotor, que o acolheu com muita responsabilidade e interesse de dar os devidos encaminhamentos às reivindicações, também nas outras regiões do RS, tão logo aconteça a próxima reunião da coordenação a nível estadual.

Já o Dia da Criança, 12 de outubro, foi celebrado com uma refeição com produtos naturais, ecológicos e integrais, sem nenhum produto químico, vindos dos pró-prios assentamentos participantes. Do Encontro, foram tirados uma série de compromissos a serem implanta-dos em cada uma das regiões. No final dos três dias foi realizado um bonito mutirão entre todos, que deixou os espaços novamente limpos e organizados.

18º Encontro Estadual dos Sem Terrinha do Rio Grande do Sul aborda temas da alimentação saudável com as crianças

Cerca de 700 crianças do MST que participam do 18º Encontro Estadual dos Sem Terrinha em Santa Maria, região Central do Rio Grande do Sul, marcharam por direito à alimentação saudável nas escolas

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Durante o evento, foi possível notar o vigor, a co-ragem e o interesse das crianças ao estudar o tema da alimentação que favorece a vida, a saúde e a longevida-de, além de vê-las participarem de todas as diferentes atividades culturais, troca de experiências e oficinas de práticas interativas, conforme o interesse de cada uma. “O Encontro foi marcante, educativo e histórico para a nossa entidade, tanto quanto para as crianças do Sem Terrinha”, afirma Ir. Lourdes Dill, coordenadora do Projeto Esperança/Cooesperança.

Todos os custos foram assumidos pelos regionais dos assentamentos (ônibus, alimentação, materiais diversos, coordenação e divulgação). O Projeto Esperança/Cooes-perança cedeu gratuitamente o espaço, possibilitando alojamento, alimentação, lazer, recreações, entrevistas, atividades culturais e acolhida aos visitantes que foram conhecer a experiência. Foram, também, organizadas vá-rias equipes de serviços de voluntariado que contribuíram

para que o encontro ocorresse com uma tranquilidade total. No final do evento, uma quantia significativa de alimentos orgânicos, vindos dos assentamentos, foi do-ada ao Centro de Apoio à Criança com Câncer (CACC), comunidades indígenas (Kaigangs e Guaranis), catadores e também aos alunos da Escola Irmão José Otão, parceira na cedência de espaços para as atividades de formação.

Como Coordenadora do Projeto Esperança/Cooes-perança e Vice-Presidente da Cáritas Brasileira, expresso, neste pequeno relato, minha gratidão por essa formação pessoal e coletiva que visa contribuir na construção de um mundo mais justo, fraterno e solidário, integrando, cada vez mais, o campo e a cidade. O provérbio chinês que retrata a importância deste movimento é o seguinte: “Se quiseres fazer planejamento para um ano: plante cereais. Se quiseres fazer planejamento para trinta anos: plante árvores. Se quiseres fazer planejamento para cem anos: organize e motive a organização do povo!”.

Ir. Lurdes, coordenadora da Cáritas Santa Maria, e representantes dos Sem Terrinha se reúnem com o Promotor Público responsável pela educação para pedir aumento nos recursos destinados à merenda escolar. Eles também reivindicaram maior diversidade de alimentos e valorização de produtos orgânicos e agroecológicos na alimentação fornecida pelo estado

Quer saber mais?Assista ao vídeo que a equipe do “TV Santa Maria” fez sobre o Encontro.Acesse: http://bit.ly/video_18_Encontro_Estadual_Sem_TerrinhaRS

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Crianças mostram, orgulhosas, os alimentos agroecológicos produzidos nos seus assentamentosC

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Agrobiodiversidade& sementes crioulas

A Cáritas Diocesana de Santo Ângelo engajou-se pela luta da agroecologia e preservação das sementes

crioulas no ano de 2016. Com recursos oriundos do Fun-do Nacional de Solidariedade (FNS) ao Projeto “Apoio à formação dos grupos de Guardiões de sementes crioulas e à preservação da biodiversidade nos Territórios Missões e Fronteira Noroeste do RS” foi possível executar o II En-contro da Agrobiodiversidade Missioneira e três oficinas de formação com as Guardiãs de sementes crioulas da região.

No total, foram 334 pessoas envolvidas entre o En-contro e as oficinas, contando com agricultores familiares, mulheres camponesas, estudantes universitários, profes-sores, pesquisadores, extensionistas, lideranças e religio-sos de 24 municípios da abrangência da Diocese de Santo Ângelo. O II Encontro da Agrobiodiversidade Missioneira aconteceu em Cerro Largo, a 60 km de Santo Ângelo, no

dia 18 de agosto de 2016. A abertura do evento foi por conta do Bispo Diocesano Dom Liro Meurer, que fez a mística inicial e deu a benção às sementes crioulas que seriam trocadas no final do evento. Na sequência, foram apresentadas as experiências da Cooperativa Bionatur Sementes Agroecológicas, pela Sra. Roberta Coimbra, e da Diocese de Santa Cruz do Sul com os bancos comu-nitários de sementes, pelos agentes da Cáritas de Santa Cruz do Sul, Maurício Queiroz e Oldi Helena Jantsch.

Como resultado, a execução do Projeto trouxe o reco-nhecimento de 50 agricultores(as) familiares Guardiões(ãs) de sementes crioulas e contribuiu para a fortificação de uma rede de troca de sementes entre as diferentes re-giões do Rio Grande do Sul. Além disso, as iniciativas motivam os Guardiões e Guardiãs de sementes, que fi-cam comprometidos(as) com a comunidade a levar uma variedade delas para casa e devolver solidariamente nos próximos encontros. O trabalho com as sementes criou-las tem suma importância, pois é um gesto concreto de

A Agrobiodiversidade e a Solidariedade marcaram as ações da Cáritas Diocesana de Santo Ângelo

Experiência dos bancos comunitários de sementes crioulas é apresentada para o grande público pelos agentes Cáritas da Diocese de Santa Cruz do Sul, Maurício Queiroz e Oldi Helena Jantsch, no II Encontro da Agrobiodiversidade Missioneira, Cerro Largo/RS

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preservação da agrobiodiversidade presente nos biomas Pampa e Mata Atlântica dos territórios de abrangência da Diocese, bem como ajuda a promover a segurança alimentar na agricultura familiar camponesa.

O encontro contou com a união de esforços das se-guintes entidades: Cáritas Diocesana de Santo Ângelo, UFFS - Campus Cerro Largo, EMATER/ASCAR, FEAB, MMC, REMAF, Rede Ecovida, STR - Cerro Largo, EMBRA-PA - Clima Temperado e Prefeitura Municipal Cerro Largo. O Projeto continuará no ano de 2017 com a realização do III Encontro da Agrobiodiversidade Missioneira no município de Pirapó/RS.

Solidariedade &Campanha SOS Haiti

Como amplamente divulgado pela mídia, em outubro de 2016 o Furacão Matthew deixou rastros de destruição no Haiti - país mais pobre das Américas - atingindo um

milhão de pessoas. Frente a isso, a Cáritas Brasileira, junto com a CNBB Nacional, lançou a campanha “SOS Furacão no Haiti”,  que, em solidariedade às vítimas, vem coletando recursos financeiros para ajudar na reconstru-ção de muitas vidas no país e em ações de emergências locais, como fornecimento de água potável, alimentos, cobertores, kits de higiene, etc.

No Rio Grande do Sul, tanto as Cáritas (Arqui)Diocesa-nas quanto o Secretariado da Cáritas no estado (Cáritas RS) se organizaram para enviar sua contribuições financeiras para essa Campanha de Solidariedade. Como o destaque, a Diocese de Santo Ângelo disparou nas doações, mostran-do ter um povo muito solidário. No total, foi arrecadado e repassado o valor de R$ 66.717,80. O Reverendo Dom Liro Vendelino Meurer, presidente da Cáritas Diocesana de Santo Ângelo, mobilizou todas as paróquias da Dioce-se em prol da campanha humanitária, como testemunho concreto do serviço à vida, que ajudará os irmãos que ainda sofrem com as consequências do evento climático.

Os 50 agricultores e agricultoras familiares Guardiões(ãs) de sementes crioulas foram reconhecidos com um certificado. Eles têm a importante missão de contribuir com a rede de troca de sementes no estado do RS

Campanha “SOS Furacão no Haiti”

A Cáritas Brasileira continua com a Campanha ativa e, inclusive, já divulgou mensagens de agradecimentos de alguns haitianos que receberam ajuda com os valores que estão sendo coletados na conta bancária divulgada da Campanha. Participe você também e faça a diferen-ça na vida de tantas pessoas que estão precisando da nossa solidariedade. Faça a sua colaboração:

• Banco do Brasil Agência: 3475-4 | Conta Corrente: 33781-1• Caixa Econômica Federal Ag.: 1041 | Operação: 003 | Conta Corrente: 3943-9

CNPJ da Cáritas Brasileira: 33.654.419.0001/16

Para mais informações sobrea Campanha, acesse:

caritas.org.br/soshaitifuracao

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Em meio a turbulências vividas em nível de Brasil e de mundo, a Cáritas Diocesana de Vacaria não deixou

de semear esperança e fé no ano de 2016. Sabemos que é necessário nos imbuirmos destas duas palavrinhas que têm uma força imensa quando articulamos, organizamos e, principalmente, agimos em nossas atividades. O Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó é o mesmo Deus de Jesus, João, Maria, Paulo, Madalena, José e de tantos pais e mães de famílias, filhos desempregados - vítimas da crise que os meios de comunicação querem nos passar. Porém, os filhos das trevas não são mais espertos que os filhos da luz!

Por este motivo nos empenhamos para somar, recriar, articular e alimentar o ser de cada indivíduo na coletivida-de. Acreditamos que, juntos, somos e fazemos mais diante das pequenas ações que construímos e realizamos em nosso cotidiano de esperança e de fé. O Espírito Santo de Deus age onde há abertura, desinstalação, vontade, criatividade, movimento, sonhos e, novamente, esperan-ça e fé. E ele nos convoca a fazer o mesmo.

Diante dessa convocação, a nossa primeira intuição foi descer, ouvir, somar e auxiliar as bases através da espiritualidade, formação, convivência e defesa da vida. Fomos ao encontro dos menos favorecidos e espoliados: dos agricultores e famílias; das crianças, adolescentes, jovens e pessoas idosas; dos grupos organizados e apoia-dos pelo Projeto de Prevenção de Emergências (PPE); e demais projetos sociais atendidos pelo Fundo Diocesa-no de Solidariedade (FDS). Damos destaque ao Projeto

Recriar Esperança que, ainda em versão piloto, tem por objetivo promover o desenvolvimento humano integral nos assentamentos agrários da Diocese de Vacaria.

O Projeto iniciou no mês de outubro na Fazenda Estre-la, que, com mais de 45 famílias trabalhando na produção e cultivo de produtos orgânicos, recebeu uma oficina de artesanato, utilizando-se de materiais alternativos e reci-clados, trazidos pelos próprios assentados. Em novembro, houve a segunda edição e, em seguida, encerrou devido ao envolvimento das famílias na poda das amoreiras, que ocorre em dezembro. A oficina contou com o apoio de voluntárias do Grupo da Pastoral do Pão (Mercado Pú-blico). Participaram cerca de 60 pessoas entre mulheres assentadas, crianças e adolescentes da Escola Estadual Chico Mendes (filhos e filhas dos assentados).

O dinamismo, o testemunho, a simplicidade, a von-tade de querer aprender mais, a partilha de vida e das necessidades enfrentadas no cotidiano dos assentados foram tecidos na terra que não se vê - o coração. En-quanto Cáritas, mais aprendemos do que ensinamos. Nos imbuímos da força da esperança e da fé dos pequeninos de Deus aos quais a sabedoria da vida lhes é revelada.

Para o ano de 2017, queremos estender o Projeto Recriar Esperança a outros assentamentos da Diocese e dar sequência nas formações, oficinas e cursos de acordo com o que for sugerido pelos grupos, visando a conti-nuidade do desenvolvimento humano integral e do (re)estabelecimento da fé no coração de cada um e cada uma.

Projeto Recriar Esperança leva conhecimento para Assentamentos Agrários na Diocese de Vacaria

Recria tua vida, sempre, sempre. Remove pedras,planta roseiras e faz doces. Recomeça.

Cora Coralina

Mulheres agricultoras assentadas, participando da oficina de artesanato – “patchwork e decoração em garrafas”. Fazenda Estrela, Diocese de Vacaria/RS

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A Cáritas do Rio Grande do Sul promoveu em 09 se-tembro de 2016, o Seminário Estadual: Mudanças

Climáticas, Matriz Energética e Justiça Social para con-tinuar o debate sobre como as mudanças climáticas es-tão afetando a vida da Mãe Terra e os seres que nela habitam, em especial no estado do Rio Grande do Sul. O evento também visou debater as causas e consequên-cias destas alterações, dando visibilidade às alternativas sustentáveis e de resistência que estão sendo vividas e implementadas pelas comunidades e grupos nas dife-rentes regiões do estado.

O Seminário foi em parceria com Fundação Lutera-na de Diaconia (FLD), Avesol (Centro de Referência em Direitos Humanos da Avesol), Centro de Inteligência Ur-bana (CIUPOA) e Defesa Civil de Porto Alegre (GADEC). A atividade trouxe à Capital Gaúcha aproximadamente 90 participantes, vindos de 25 municípios do RS, e serviu como uma grande troca de experiências e de conheci-mento na área, tanto com estudiosos do clima e do meio ambiente, como com representantes das organizações e movimentos étnicos e comunitários.

O ambientalista e agrônomo, Arno Kayser, o Professor da UFRGS e pesquisador, Francisco Aquino, e o assessor nacional do Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social (FMCJS), Ivo Poletto trataram, respectivamente, sobre a matriz energética e o modelo de desenvolvimento do RS; as mudanças climáticas e os impactos na região sul do Brasil e, por último, a 21ª Conferência do Clima (COP21). Kayser apresentou dados que evidenciam a nossa de-pendência do petróleo e seus derivados para produção energética, a principal fonte de gases de efeitos estufa

e motivo de muitas guerras, esquemas de corrupção e fortes interesses das multinacionais.

O Professor e pesquisador Francisco Aquino diz que os desastres naturais associados ao clima, mensurados desde 1980 para cá, só aumentam; e este fato está extre-mamente relacionado ao humor da atmosfera da Terra: “e ela anda muito mal-humorada”, afirma o pesquisador.

Já Aquino tem a convicção de que a ação do ser humano, ao contrário do que alguns teóricos afirmam, alterou e está alterando o clima da Terra, que se apresenta cada vez mais quente. Os desastres naturais associados ao clima, mensurados desde 1980 para cá, só aumentam e este fato está extremamente relacionado ao humor da atmosfera da Terra: “e ela anda muito mal-humorada”, afirma o pesquisador. O nível de gás carbônico atual bate recorde com números extremamente altos sobre qualquer outro nível que já existiu no nosso Planeta, mesmo em época de extinções de espécies. Analisando números de suas pesquisas, somados ao que está acontecendo no macroambiente, Aquino conclui que “o cenário é pior do que o previsto”. Lembrou, ainda, dos últimos desas-tres que aconteceram recentemente no estado – como o tornado em Porto Alegre e outro na região das mis-sões – e prevê tempestades maiores e mais intensas na região sul do país.

Ivo Poletto, do Fórum de Mudanças Climáticas e Jus-tiça Social, tratou sobre a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática – COP21, realizada em Paris, de 30 de novembro à 11 de dezembro de 2015, da qual participou como observador, representando a Cáritas In-ternacional. Poletto questiona o porquê, somente agora,

Seminário Estadual discute o impacto das mudanças climáticas no Rio Grande do Sul

Público presente no seminário: aproximadamente 90 participantes, de 25 municípios do RS. Entre eles estão representantes de entidades, de movimentos sociais, estudantes, agentes de Cáritas e das pastorais sociais, Defesa Civil, pesquisadores da temática ambiental, pecuarista familiar, camponeses, povos indígenas, quilombolas e de terreiro

Foto: Marcel Ribeiro

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depois de 21 Conferências Internacionais e 40 mil pessoas mobilizadas em cada uma delas, se chegou ao primeiro acordo possível de colocar em prática – o Acordo de Paris – mas que ainda não estabelece prazos para o cumpri-mento das metas nele definidas: “o Acordo agora tem reconhecimento, coloca meta de desejo, mas não tem prazo! Deveria ter uma ação que todos assumissem juntos e com datas de execução. É a lógica! E no documento não está assim”, afirma o assessor. Por outro lado, ele diz que o Acordo, diferentemente de publicações como as do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change), foi capaz de acabar com a polêmica internacional de que o aquecimento global e a mudança climática não estão acontecendo: este fato foi politicamente reconhecido e aceito pelos 190 países presentes no encontro chegando à conclusão que estamos frente a um grave desafio pla-netário, em processo de aquecimento constante.

O seminário promoveu também uma roda de con-versas com representantes de grupos e comunidades debatendo a relação entre direitos sociais e ambientais, onde cada um deles apresentou suas experiências alter-nativas locais sustentáveis. O “Direito da Mãe Terra”, foi abordado sob diferentes perspectivas por Marília (as-sentada da reforma agrária em Herval e articuladora de projetos sustentáveis em escolas de sua região), Marcos (pecuarista familiar da região sudeste do estado), An-tonio Braga do MST (Cruz Alta), Sr. Dorvalino (indígena kaingang de São Leopoldo), Nilo Dias (Quilombo do Algodão em Pelotas) e o Sr. Daniel Soares (represen-tando povo do terreiro).

Este momento, profundamente rico, evidenciou que o modelo de desenvolvimentista não respeita o ser hu-mano nem a ecobiodiversidade. Na lógica capitalista e rentista não cabem os direitos, as tradições e as cultu-ras dos povos e comunidades. E são exatamente estes aspectos que fazem com que os diferentes coletivos ali representados resistam, lutem e criem alternativas de cuidado, preservação e respeito ao outro, ao planeta, aos ancestrais, às futuras gerações, às identidades, etc. A roda de conversa concluiu seu momento envolvendo todos num círculo de dança e afetividade, tão necessária

ao bem-viver, cantando ao som do berimbau: abraça eu Mamãe, embala eu Mamãe, cuida de mim!

O fechamento do seminário foi com Marcel Ribeiro, da Cáritas de Umuarama (Paraná) e representante do movi-mento 350.org Brasil (NO Fracking Brasil) que apresentou para o grupo a grande ameaça que é a extração do gás de xisto, uma “nova” fonte de produção energética, e as suas consequências avassaladoras e irreversíveis para o Planeta Terra. O gás de xisto é retirado do interior das rochas no subsolo e para sua extração é usada a técnica de fraturamento das mesmas por meio de pressão hi-dráulica com um vasto coquetel de produtos químicos, o que ocasiona solo improdutivo em um raio de até 80 km, polui o ar, as águas (inclusive o lençol freático), esti-mula o acontecimento de terremotos, entre tantos outros efeitos prejudiciais à vida na Terra. Este projeto criminoso se instala silenciosamente nas regiões, explorando essa riqueza em forma de gás e deixando devastação, doen-ças, morte e contaminação dos recursos.

Foi unânime a opinião dos presentes no Seminário que existe um grande desafio a ser enfrentado por todos. Como ressaltou Poletto, é necessário reavaliarmos o que realmente significa o termo desenvolvimento econômi-co para a humanidade. Segundo os dados apresentados e relatos do IPCC, o recado é que vamos ter que mudar o nosso sistema que vivemos, o modo que consumimos, pois, como diz o último lema do movimento do Grito dos Excluídos “este sistema é insuportável: exclui, degrada e mata!”. Para as entidades, ficou o compromisso de levar este tipo de conhecimento também para o interior do estado, de maneira descentralizada.

Ainda foi ressaltada a importância da Encíclica Lau-dato Si – Sobre o cuidado da Casa Comum – onde Papa Francisco deixa um apelo sobre a necessidade de uma conversão ecológica, compreendendo que tudo está re-lacionado e por isso a urgência no cuidado com o Plane-ta. Faz-se, assim, necessário uma mudança de atitudes cotidianas e compromisso com a justiça social, já que são os pobres os que mais sofrem as consequências da degradação ambiental, aquecimento global, mudança climática e desigualdades.

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– Sobre a COP 21 (Nações Unidas): https://nacoesunidas.org/cop21– O que é fracking?! Acesse naofrackingbrasil.com.br e saiba mais sobre a Campanha Não Fracking Brasil.

Momento rico de troca de experiências e debate dos “direitos da terra” por representantes de grupos/comunidades que estão criando alternativas locais sustentáveis

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Durante o V Congresso Nacional da Cáritas Brasileira, realizado em novembro de 2016 em Aparecida do Norte (SP), foi aprovado um novo marco referencial, um conjunto de orientações estratégicas de ação para os próximos 4 anos da entidade. Agora, os termos “Pastoralidade e transformação social” fazem parte dos princípios de ação de toda a Rede Cáritas Brasileira. Mas afinal, você sabe o que significa Pastoralidade?! Nosso parceiro de caminhada, Frei Wilson Dallagnol, nos ajuda a entender. Leia a seguir.

Seguindo a própria metodologia transformadora, que aprendemos aplicar com a Cáritas e as Pasto-

rais Sociais, precisamos adotar o caminho correto para compreender a realidade, discerni-la à luz do Evangelho de Jesus, afim de adotarmos uma prática coerente e transformadora.

Então, o mundo está aí, à nossa frente, ao nosso redor, dentro de nós. Ele é lugar de nossa Pastoralidade, de nossa ação. No mundo de hoje, encontramos todo tipo de situação e sujeitos. Encontramos pessoas oprimidas, exploradas, maltratadas, vilipendiadas, extorquidas... Muitos seres humanos têm seus direitos suprimidos. O seu trabalho não é dignamente recompensado. Muitos são os rostos humanos sofredores, contatados em Puebla (1979) e Aparecida (2007), que precisam de solidariedade e libertação.

Os direitos humanos são violados não só pelo ter-rorismo, a repressão, os assassinatos, mas também pela existência de extrema pobreza e estruturas econômicas injustas, que originam as grandes desigualdades (Papa Francisco). A Pastoralidade tem a ver com tudo isto. Quem é cristão ou não, mas que se preza como pessoa huma-na, não pode se omitir ou passar indiferente à realidade contextualizada.

Recorrendo à imagem do pastor, encontramos, no livro do profeta Ezequiel (capítulo 34), os falsos pastores e o verdadeiro pastor; ou ainda “o Senhor é meu Pastor (Sl 23); ou ainda Jesus, o modelo de Pastor (Jo 10,7-21), que devolve a consciência e a liberdade usurpada (Mc 1,21-28). A ação do verdadeiro pastor é o que podemos dizer ser Pastoralidade. Para seguidores e seguidoras de Jesus, o Bom Pastor, toda celebração tem sentido de

JUBILEU: dar graças e alegrar-nos por tudo que represen-tou o avanço na realização da missão; na identificação e superação das falhas e na defesa das novas prioridades como resposta aos recentes gritos e desafios dos pobres (Carta final, V Congresso Nacional da Cáritas Brasileira).

O Secretário da Cáritas Internacional, Michel Roy, en-coraja os participantes do V Congresso da Cáritas Brasi-leira a ir adiante, na linha da integração da Pastoralida-de transformadora. Em sua Carta final, os participantes do Congresso se alimentam naquela que é a verdadeira mística transformadora de uma entidade que tem o es-pírito e a prática do Evangelho de Jesus: Como resposta aos apelos de Deus e na fidelidade do seguimento de Jesus de Nazaré, assumimos, corajosamente, a missão de testemunhar e anunciar o Evangelho de Jesus Cris-to, defendendo e promovendo toda forma de vida e participando da construção solidária da sociedade do Bem Viver, sinal do Reino de Deus, junto com as pessoas em situação de vulnerabilidade e exclusão social. Somos testemunhas dos avanços e conquistas dos grupos, das organizações e dos movimentos sociais, e queremos que todos se alegrem junto aos pobres. Reafirmamos que não devemos recuar: nenhum direito a menos.

Portanto, Pastoralidade tem a ver com qualidade daquele que é chamado, assume, realiza em sua vida e age do jeito de Jesus de Nazaré, em comunhão com os seguidores e seguidoras do Mestre, construindo sempre relações comunitárias e solidárias, éticas e transforma-doras, justas e libertadoras. Pastoralidade não tem nada a ver com quantidade de ações, mas com qualidade de relações libertadoras e transformadoras que tornam sujei-tos aqueles e aquelas que estão à margem da sociedade, das Igrejas, das rodas socais.

Ser pastor, do jeito de Jesus de Nazaré, é ir além dos ditames (cercas) de uma Igreja, seja ela Católica ou não. É ultrapassar as fronteiras de doutrinas, dogmas, leis, limites... É ser capaz de ir ao encontro do ser humano concreto e real. É uma ação humanizante e humaniza-dora, que resgata a dignidade do ser humano em sua plenitude. Ação pastoral (prática concreta da Pastorali-dade) é o agir transformador de todo discípulo de Jesus de Nazaré. Sem ação não existe Caridade (Cáritas). O amor cristão é ação (cf. Mt 25,31-46). É quando vemos qualquer ser humano em necessidade e nos colocamos em ação. Eis a qualidade da Pastoralidade transforma-dora e libertadora da Cáritas.

Afinal, o que é Pastoralidade?!

Por Frei Wilson DallagnolFrei Wilson Dallagnol é capuchinho, formado em Teologia Sistemática pela Pontifícia

Universidade Católica Gregoriana de Roma, Professor de Teologia Pastoral na Estef

(Porto Alegre/RS) e Pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus (Canoas/RS).

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Secretariado Regional RSRua Cel. André Belo, 452/3º andarCep: 90110-020 | Menino DeusPorto Alegre - RSFone: 51 3272 [email protected]: /CaritasRegionalRSwww.rs.caritas.org.br

Ação Social Diocesana de BagéRua Marcílio Dias, 1590Cep: 96.400-021 | Bagé - RSFone: 53 3241 [email protected]: /Caritas.Bage

Cáritas Diocesana de VacariaRua Ramiro Barcelos, 806Cep: 95200-970 | Vacaria - RSFone: 54 3231 [email protected]

Cáritas Diocesana de Novo HamburgoRua Joaquim Nabuco, 543Cep: 93310 -002 | Novo Hamburgo - RSFone: 51 3035 [email protected]: /caritasdiocesanadenovohamburgo

Cáritas Arquidiocesana de PelotasAv. Fernando Osório, 1280Cep: 96055-000 | Pelotas - RSFone: 53 3223 [email protected]: /Caritaspel

Ação Social da Arquidiocese Santa MariaRua Silva Jardim, 1704Cep: 97.010 - 490 | Santa MariaFone: 55 3219 4599 ou 55 [email protected]@yahoo.com.br

Cáritas Diocesana Caxias do SulRua: Emilio Ataliba Finger, 685Cep: 95.032-470 | Caxias do Sul - RSFone: 54 3211 [email protected]

Cáritas Diocesana de Santo ÂngeloRua Marques do Herval, 1113Cx Postal 1090 | Santo Ângelo – RS – Cep: 98801-610Fone: 55 3313 5308 ou 55 3313 [email protected]

Secretariado e Ação Social da Arquidiocese de Porto AlegreAv. Ipiranga, 1145Cep: 90160 -093 | Porto Alegre - RSFone: 51 3223 [email protected]: Cáritas Arquidiocesana de Porto Alegre - SAS

Cáritas Diocesana de EreximAv. Sete de Setembro, 1251Cep: 99709-298 | Erechim - RSFone: 54 3522 [email protected]

Cáritas Diocesana de Cruz AltaRua Duque de Caxias, 729Cep: 98005 -020 | Cruz Alta - RSFone: 55 3322 [email protected]: /caritas.cruzalta

Cáritas Arquidiocesana de Passo FundoRua Paissandu, 1868Cep: 99001 -970 | Passo Fundo - RSFone: 54 3045 [email protected]: /CaritasPF

Cáritas Diocesana de Rio GrandeRua Vinte e Quatro de Maio, 532Cep: 96.000 -200 | Centro - Rio Grande - RSFone: 53 3231 [email protected]: Cáritas De Rio Grande-rs

Ação Social Diocesana de Santa Cruz do SulRua Ramiro Barcelos, 1017Caixa Postal, 86Cep: 96810-054 | Santa Cruz do Sul - RSFone: 51 3715 [email protected]: Asdisc Caritas Santa Cruz Do Sul

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