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Acessibilidade garantida por leis. Pág . 08 Ano 01 - Nº 04 - Julho 2014 REVISTA DA SOCIEDADE DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA DO ALTO IRANI 7 898947 63589 7 VALOR SUGERIDO R$10,00 DIREITO URBANISTICO AGRONOMIA Código Florestal dentro da porteira. Pág. 20 Publicação: ENGENHARIA ARQUITETURA A casa do idoso. Mobilidade na área de banho Pág. 18

Revista área junho 2014

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Acessibilidade garantida por leis. Pág . 08

Ano 01 - Nº 04 - Julho 2014

REVISTA DA SOCIEDADE DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA DO ALTO IRANI

7 898947 63589 7

VALOR SUGERIDO R$10,00

DIREITO URBANISTICO

AGRONOMIACódigo Florestal dentro da porteira.

Pág. 20

Publicação:

ENGENHARIA

ARQUITETURA

A casa do idoso.Mobilidade na área de banho Pág. 18

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PALAVRA DO PRESIDENTEPrezados Associados,

É com muita satisfação que estamos lhes apresentan-do a edição de julho da revista Área, a nossa revista, de todos os associados da SEAI. Nesta edição teremos assuntos de grande interesse dos profissionais da Engenharia, Arquitetura e da Agronomia, sempre com informações de qualidade e importância para cada categoria profissional e para toda a sociedade.A Acessibilidade na visão da legislação e o Código Florestal são apenas dois dos temas que trazemos neste número da revista Área.Também está na revista o Curso de Manejo da Fer-tilidade de Solos para Alto Rendimento das Culturas de Milho e Soja, ministrado pelo Professor Engenhei-

ro Agrônomo Dr. Álvaro Vilela de Resende, um estu-dioso e grande conhecedor da área de fertilidade de solos, promovido pela Associação entre os dias 03 e 05 deste mês, cumprindo com nossa programação, onde oportunizamos para 50 colegas o privilégio de receber o conhecimento e as experiências de uma escola diferenciada, sempre buscando a excelência e conhecimento da mais alta tecnologia na produção agrícola. O curso foi um verdadeiro sucesso, atenden-do todas as expectativas de público, de organização e principalmente de comprometimento com a agro-nomia.Neste sentido, comprovamos mais uma vez que es-tamos investindo cada centavo dos nossos recursos com muito zelo e probidade, pois nosso objetivo é promover eventos que atendam as necessidades dos nossos associados, buscando oportunizar conheci-mento, tecnologias inovadoras e acima de tudo capa-citar nossos colegas profissionais para este mercado de trabalho cada vez mais competitivo.Estamos buscando também cada vez mais represen-tar os interesses dos associados na sociedade regio-nal, participando de reuniões, debates, fóruns, co-missões e conselhos. Onde estiver sendo discutido engenharia, arquitetura e agronomia a SEAI estará presente, pois o nosso maior patrimônio é o nosso associado, por isso clamo a todos que venham par-ticipar conosco, tragam suas ideias, nos ajudem a construir uma entidade cada vez mais forte e melhor.

Uma boa leitura e um grande abraço!

Engenheiro Agrônomo Juliano TonialPresidente da SEAI

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UTILIDADE

CONVÊNIOS SEAI

POLICLÍNICA CENTER MEDDr.º Mário Augusto Marques, Clínico GeralDr.ª Flávia R. Cedrez, Pediatra

CLÍNICA MATERNO INFANTILDr.º Luciano De Bortoli, PediatraDr.ª Iara De Bortoli, Ginecologista

PRÓ CARDIO – CLÍNICA DE CARDIOLOGIADrº Giuliano Faccini, Cardiologista Drº Leonardo Fábio Carelli, Cardiologista Drº Rafael Augusto Favero, CardilogistaDrª Débora R. Siqueira, Endócrina

VITTA CARDIO - CLÍNICA DE CARDIOLOGIADrº André Augusto Martins, Cardiologista

CLÍNICA DE FISITERAPIA ACCADROLLI – FISIOCENTERDrª Georgea Accadrolli Stähelin, Fisioterapeuta

POSTO ALTOS DA AVENIDA

CAUDURO SEGUROSRicardo Luiz Cauduro

RESTAURANTE O COSTELÃO

DIRETORIA GESTÃO 2013 / 2014

Eng. Agrônomo Juliano Tonial - PresidenteEng. Mecânico Alemberg LescanoDantas - Vice-presidenteEng. Mecânico Cristiano Ferronato - 1º TesoureiroAng. Agrônomo Airton Alberton - 2º TesoureiroEng. Civil Elisandro Antonio Gasparini - 1º SecretárioArquiteto Wallace José Chillemi - 2º SecretárioEng. Agrônomo Volmir Frandoloso - Diretor de Ativ. Tec. e CulturaisEng. Civil Charles Luiz Rabaiolli - Diretor de Ativ. SociaisEng. Produção Mateus Zanella - Diretor de Ativ. EsportivasAng. Agrônomo Arlindo Nava - Conselho FiscalEng. Civil Alessandro Winckler - Conselho FiscalEng. Agrônomo Luiz Mario Badotti - Conselho FiscalEng. Operação e Fabricação Mecânica Sergio Luiz Zanella - Conselheiro junto ao CREA/SC

INDICADORES

EXPEDIENTE

MÊS CUB MÉDIO (R$) % MÊS % ANO % 12

MESESJUL 1.408,59 2,71 7,56 9,24JUN 1.371,44 2,77 4,72 7,98MAI 1.334,42 0,29 1,90 9,32ABR 1.330,61 0,36 1,61 9,48MAR 1.325,89 0,53 1,25 9,58FEV 1.318,88 0,37 0,71 9,50JAN 1.314,05 0,34 0,34 9,16

CUB Residencial

Volume de Chuvas

Abril 334 mmMaio 155 mmJunho 225 mmJulho (até 20/07) 40 mm

Os artigos e opiniões aqui veiculados são de responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião da Revista Área e de seus diretores. As matérias assinadas são de exclusiva responsabilidade dos seus autores.

REVISTA ÁREA

Sociedade de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Alto Irani - SEAICNPJ 03.113.186/0001-83 - Inscrição Estadual: IsentaRua Selistre de Campos, 124 - Sala 02 – Centro - Xanxerê-SCTelefone (49) 3433-9216 - www.seai.com.br

Editora / Jornalista ResponsávelNileiza Durand(49) 8835-1684 - [email protected]

Marketing / ComercialVSD Marketing e Comunicação(49) 8825-0721 – [email protected]

Tiragem: 2.000 exemplaresDistribuição: Municipios do Alto Irani

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• ENGENHARIA • ARQUITETURA • AGRONOMIA •06

REPORTAGEM ESPECIAL

Aprimoramentos na adubação: aliando produtividade e rentabilidade

Nileiza Durand

Nos dias 03, 04 e 05 de julho a SEAI promoveu em Xanxerê o Curso de Manejo da Fertilidade dos Solos para Alto Rendimento das Culturas do Milho e Soja, ministrado pelo professor Álvaro Vilela de Resende, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, com a participação de mais de 50 agrônomos da região.O curso tem por base a experiência do pesquisador em sistemas de mi-lho e soja na região do serrado bra-sileiro, mas que segundo Resende pode ser aplicado em proprieda-des da região sul. “Tivemos a opor-tunidade de acompanhar algumas fazendas de alto investimento tec-nológico e a partir do diagnóstico da análise de solo, verificar o que está sendo exportado nos grãos em termos de nutrientes retirados com a colheita, solos com muita re-serva de fósforo, mas carentes de nitrogênio e potássio. Acreditamos que aqui na região sul também ocorram casos nesse sentido”, afir-ma o pesquisador. Conforme Resende o que se perce-be na maioria das lavouras é que sem a orientação e sem o manejo correto do solo o produtor coloca uma fórmula fixa de fertilizante com determinada concentração de fósforo, nitrogênio e potássio, acumulando mais fósforo que o ne-cessário, “no passado, o fósforo era o nutriente mais presente e as fór-mulas tradicionais são mais carre-gadas de fósforo. Hoje a situação se inverteu. Como o fósforo é pouco absorvido pelas plantas, fica retido no solo e torna-se necessário muita adubação para a planta aproveitar o nutriente. Com essas adubações sucessivas há uma saturação do solo em fósforo. Por isso é neces-sário o controle do solo através de uma avaliação. O agricultor precisa

se cercar de práticas agronômi-cas que permitam que ele conhe-ça a dinâmica dos nutrientes do solo para que, ao longo do tempo, tenha condições de balancear a demanda de nutrientes confor-me o sistema de manejo que ele vem aplicando”, ressalta .Ainda segundo o pesquisador, duas situações têm se tornado comuns nas regiões agrícolas do país: a primeira diz respeito ao agricultor que acha que aumen-tar as doses dos fertilizantes que está acostumado a usar é sempre garantia de colheitas crescentes. A segunda refere-se ao produtor que se acomodou e usa sempre a mesma adubação apesar de investir em sementes e tratos culturais mais modernos, que geram novos patamares de pro-dutividade. A eficiência no uso de fertilizantes pode ser baixa nos dois casos. O agricultor que exagera na adubação costuma ter um solo “saturado” de nutrien-tes, em que as aplicações adicio-nais não correspondem a ganhos de produtividade economica-mente compensadores, além de aumentar a chance de perdas e desequilíbrios nutricionais. Por outro lado, o agricultor que in-veste em novas tecnologias, mas não atualiza sua adubação, acaba comprometendo as reservas de nutrientes do solo, prejudicando a quantidade e a qualidade da matéria orgânica no plantio di-reto, além de não potencializar a renda que poderia usufruir de outras tecnologias, como, por exemplo, da utilização de cultiva-res de alto potencial genético.A visão de adubação do sistema e não de uma safra/cultura iso-ladamente tem se mostrado um

aspecto preponderante para o bom planejamento do manejo nutricional das lavouras. O padrão de alternân-cia das culturas e as produtividades obtidas têm implicações nos esto-ques e ciclagem de nutrientes no am-biente de produção. A partir de certo nível tecnológico, é oportuno procu-rar quantificar de forma mais precisa as entradas e saídas para se aprimo-rar a adubação de cada talhão. In-formações relativas às quantidades extraídas, exportadas e cicladas são fundamentais para se identificar a demanda de cada nutriente, confron-tar com o diagnóstico de análises de solo e foliares, estimar os créditos existentes no sistema e chegar à ne-cessidade de aplicação via fertilizan-te. Os ajustes serão mais confiáveis quando se dispuser de tais informa-ções atualizadas e aferidas localmen-te, o que exige monitoramento mais frequente dos talhões.Na interação da pesquisa com o pro-dutor, observa-se com frequência oportunidades de melhoria do ma-nejo da fertilidade do solo que pode-riam se refletir em maior competiti-vidade para o sistema de produção conduzido na fazenda. “Com a evolução dos sistemas de produção de grãos, justificam-se os esforços em informar, atualizar e conscientizar os profissionais de assistência técnica, agentes públi-cos e consultores privados, sobre as modificações na relação solo--nutriente-planta e as possibilidades de avanços gerenciais requeridos na agricultura moderna. O agricultor, como cliente das tecnologias, precisa conhecer e demandar tais avanços. Vale relembrar que também na ferti-lidade do solo a eficiência econômica deve ser o primeiro ponto a observar quando se fala em produção susten-tável”, finaliza Resende.

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ENGENHARIA

Direito Urbanistico: planejamento, legislação e acessibilidade para todos

“Espaço e luz e ordem. essas são as coisas de que os homens precisam tanto quanto precisam de pão ou de um lugar para dormir” (Le Corbusier)

Já é bem antiga a lição de Le Cor-busier, mas continua cada vez mais atual. Certamente o arquiteto suíço não chegou a presenciar a falta de espaço e de mobilidade nas cida-des pós-modernas ou as favelas brasileiras, mas já antevia com sabedoria que o planejamento ur-bano é tão importante quanto o ar que respiramos.Afinal de contas, é na cidade que mais de 90% da população resi-de. Nos tempos de Haussmann, o responsável pela reforma urbana de Paris em 1850, a proporção era praticamente inversa, e mesmo as-sim o foco das preocupações era também a ordenação das cidades, o bem estar do cidadão e não me-ramente o interesse econômico. E daí surgiram leis, decretos, princí-pios a respeito de um Novo Direito.Refiro-me ao ainda jovem Direito Urbanístico e falar dele na prática é o mesmo que falar em direitos do cidadão, direitos da cidadania, di-reitos de quem vive na cidade, de quem exerce seu ofício, educa seus filhos, nasce, cresce, cria, constroi, adoece e morre nas cidades. É falar de todos nós.Filho do Direito Ambiental e do Di-

reito Administrativo, jovem, há pouco saído das fraldas. Caminha ainda com dificuldades, não lhe dão a atenção devida, nem mes-mo nas escolas de Direito, mas aos poucos vão se firmando seus princípios fundamentais: legali-dade, responsabilidade objetiva, prevenção-precaução, dentre ou-tros.Não ouso iniciar aqui um tratado sobre o tema. Além das minhas parcas condições intelectuais, o leitor não teria paciência e pas-saria ao próximo e certamente bem mais interessante artigo. Mas gostaria de ilustrar a neces-sidade de atentar ao amadureci-mento do Direito Urbanístico por parte dos ilustres profissionais que me leem com três regras que reputo fundamentais de Direito Urbanístico.A primeira delas, que está pre-sente em praticamente todos os Códigos de Obras dos municípios brasileiros razoavelmente orga-nizados, é a de que toda cons-trução, por menor que seja, deve ter seus projetos previamente aprovados pelos municípios em que se situam. Sim, o óbvio às ve-

zes precisa ser dito. Não se trata de mera formalidade, de mera burocra-cia, como até pouco tempo era enca-rada tal aprovação. É no momento da aprovação dos projetos que os departamentos de engenharia ana-lisam a conformidade da obra com as normas edilícias do município, com as regras de vizinhança, com o Plano Diretor. É a partir desta apro-vação que nascem importantes direi-tos e obrigações. É a partir dela, por exemplo, que se delimitam as nor-mas aplicáveis. As leis posteriores, via de regra, não podem retroagir para modificar um ato de aprovação anterior. As leis vigentes quando da aprovação é que nortearão a respon-sabilização do proprietário, do pro-fissional e inclusive dos responsáveis pela aprovação do projeto. É, por um lado, uma garantia ao bom profissio-nal, ao proprietário responsável. Se aprovado o projeto e executado de acordo com a aprovação, terá a se-gurança do direito adquirido. Ergui-da a obra sem projeto aprovado, por outro lado, qualquer nova alteração legislativa poderá interferir na edifi-cação, exigindo novos recuos, novos afastamentos e, na prática, afetando substancialmente a obra e o provei-

Promotor de JustiçaEduardo Sens dos Santos2ª Promotoria de Xanxerê

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to que se poderia legitimamente obter dela. É na aprovação que o servidor público responsável - e só ele, de forma livre e independente de pressões ou opiniões externas - analisa o projeto e verifica se está de acordo com as normas munici-pais, estaduais e federais a respeito. E é neste momento que este profis-sional público, concursado, efetivo, deve, sob pena de responsabilida-de, inclusive pessoal, exigir todas as correções necessárias para que a legislação que ele tutela neste al-tamente complexo ato de aprovar ou desaprovar seja de fato respei-tada. Como se vê, não é função sim-ples, não se trata de “apenas fazer um projetinho”. Os profissionais devem ser valorizados e devem ter total independência para a confec-ção e análise dos projetos.A segunda das regras básicas do Direito Urbanístico é a de que a execução do projeto deve estar de acordo com o projeto aprovado. Também parece óbvio demais es-crever isso numa revista de Enge-nharia, Arquitetura e Agronomia, mas infelizmente não é. Não são raros os casos de projetos apresen-

tados como mera formalidade que se transformam em aprovações meramente formais e que acabam sendo esquecidos no momento da execução, e que, por se investir tão pouco nos projetos, apostam em resolver todas as pendências durante a execução da obra. Aqui a responsabilidade é não apenas do proprietário, mas também do responsável técnico pela obra e in-clusive, dos fiscais de obras e dos responsáveis pela expedição das cartas de Habite-se e alvarás de funcionamento. O projeto apro-vado deve estar tal e qual uma fotografia da obra, sem mais nem menos. Sem que esta fotografia esteja absolutamente fiel, não se pode expedir o atestado de regu-laridade da obra, também conhe-cido como Carta de Habite-se, sob pena de responsabilização pessoal de vistoriadores e do expedidor do Habite-se. O bom profissional, aquele que zela pelo respeito às normas técnicas de sua profissão, dorme tranquilo. Sabe que edificou sua obra de acordo com o projeto e rapidamente receberá os compe-tentes alvarás; sabe que não preci-

sará pagar propinas; descansa ao final do dia de trabalho, sabendo que sua obra será entregue nos prazos e permitirá o legítimo re-torno financeiro de seu trabalho. O mau profissional vive na incerteza. Não sabe se terá mercado no dia de amanhã, se sua obra terá energia elétrica, se não será alvo de ações judiciais e perderá todo o lucro da atividade ou se obterá financia-mento para seus clientes.Entretanto, não é qualquer projeto que se aprova. E aqui segue a ter-ceira regra. Tal como não se dorme em qualquer lugar e não se come qualquer pão, também as edifica-ções não podem ser realizadas de qualquer modo. Le Corbusier con-tinua vivo. As edificações precisam de ordem e as diversas normas téc-nicas, da ABNT, da legislação em vigor, devem ser respeitadas. Uma delas, que vem cada vez mais sen-do exigida, por força de tratados in-ternacionais que o Brasil subscre-veu, é a norma técnica que trata da acessibilidade (ABNT 9050, dentre outras). Não que atualmente haja mais ou menos pessoas com defici-ência que no passado. Até há, por conta do violentíssimo trânsito das cidades brasileiras, mas não é sim-plesmente por causa disso. Em dezembro de 2014 uma das mais importantes leis so-bre acessibilidade completa 14 anos de vigência. A Lei Federal nº 10.098/2000 tratou da acessibili-dade não só das pessoas com de-ficiência, mas também de todas as pessoas com mobilidade reduzida, ou seja, reconheceu que a acessi-bilidade é um benefício não só de quem anda numa cadeira de rodas, mas de muito mais gente, de qual-quer um que, definitiva ou tempo-rariamente, esteja com a mobilida-de reduzida. Por isso, quando no início falamos em nascer, crescer, viver, adoecer e morrer nas cidades, tínhamos isso em mente. Crianças têm mobilida-de reduzida; pais com crianças no colo ou em carrinhos têm mobili-dade reduzida; grávidas têm mo-bilidade reduzida; craques de bola

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de final de semana estão constante-mente com a mobilidade reduzida; pessoas carregando volumes pesa-dos; com as mãos ocupadas; com grau mais baixo de acuidade visual ou auditiva; idosos e idosas, todos nós, até os últimos dias de nossas vidas. Em outras palavras, todos nós ti-vemos, temos e teremos nossa mobilidade reduzida em muitos momentos de nossas vidas. Mal acostumados que somos, nos per-mitimos conviver com calçadas ir-regulares, com escadarias fora dos padrões técnicos, com portas mal instaladas, a não sair a pé em dia de chuva, a não sair a pé nem em dia de sol. É como no poema de Mari-na Colasanti: “Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia [...] A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o pei-to. A gente se acostuma para pou-par a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma”.Pois bem. Estão aí as leis e os de-cretos. Exigem que para a emis-são da Carta de Habite-se e para a concessão de Alvará de Funcio-

namento, além da observân-cia de toda a legislação federal, estadual e municipal, atente o servidor responsável (e como é responsável!) também pelo atendimento integral das regras de acessibilidade da ABNT, do Decreto nº 5.296/2004 e da Lei nº 10.098/2000, ou seja, que somente expeça Alvará de Fun-cionamento e Habite-se quando respeitadas todas as regras de proteção do cidadão, de todos nós, possuidores de deficiência em maior ou menor grau. Exige a legislação que as ARTs conte-nham, sob pena de responsabili-zação inclusive criminal dos pro-fissionais, um atestado de que o

trabalho atentou para as normas de acessibilidade (está lá, bem embaixo, podem conferir).Marina Colasanti que me perdoe, mas, brasileiro não se gasta, não se perde em si mesmo. Até sofre cala-do por um tempo, mas as manifes-tações de Junho de 2013 bem de-monstraram: o brio de nosso povo, este não se desgasta jamais. Somos feitos de carne e osso, erramos e acertamos, mas jamais nos confor-mamos com estarmos aquém do que merecemos. Queremos todos, engenheiros, advogados, servidores públicos, proprietários, empresá-rios, cidadãos, muito mais que boa mesa - queremos espaço e luz e or-dem.

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ENGENHARIA

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O nível do mar e o degelo no Ártico

Físico PhD em MeteorologiaPós-Doutorado em HidrologiaLuiz Carlos Baldicero Molion

O aumento do nível do mar devido às mudanças climáticas é uma das maiores preocupações, já que mais de 60% da humanidade vivem em regiões costeiras. As projeções divulgadas têm causado pânico e interferido no desenvolvimento social-econômico, particularmen-te nos países baixos e insulares. É verdadeira tal afirmação? A partir da média dos números enviados de vários satélites sobre a variação do nível do mar, em milímetros (mm), tal afirmação parecia fazer sentido até 2006/07. Os satélites america-nos JASON 1 e JASON 2, obviamen-te, mostraram valores maiores, pois o Grupo de Pesquisa em Nível do Mar, da Universidade do Colo-rado (USA), responsável pelo tra-tamento de seus dados, adicionou 0,3 milímetros a cada ano devido ao ajustamento isostático glacial. Mas, até mesmo os dados dos saté-lites americanos concordam que, nos últimos quatro anos, o nível do mar aparentemente deixou de au-mentar e está decrescendo.Existe um ciclo lunar que é chama-do precessão da órbita lunar ou dos nodos lunares, isto é, à medida que a Lua gira em torno da Terra, o plano de sua órbita vai bambo-leando no espaço e completa 360° em 18,6 anos. Neste processo ocorre um desnível entre 28,6º e 18,4º na inclinação da Lua em re-

lação a Terra. Sabemos compro-vadamente que a velocidade do deslocamento da Lua pela sua órbita e sua atração gravitacio-nal atuam diretamente sobre os mares e oceanos. Quando a Lua atinge o máximo do ciclo nodal, como ocorreu entre 2006-2007, ela atrai gravitacionalmente a superfície do mar até fora dos trópicos e gera um desnível en-tre os trópicos e os polos. Esse desnível (ou gradiente) hidráu-lico aumenta ligeiramente a ve-locidade das correntes marinhas que transportam mais calor dos trópicos para os polos. No caso do Atlântico Norte, essa água mais aquecida, cerca de 0,7ºC, entra no Ártico por debaixo do gelo flutuante e derrete, parcial-mente, sua parte submersa que, como é sabido, constitui 90% do volume de gelo total. Parcial-mente derretida, a parte sub-mersa não consegue suportar o peso da parte aérea, e então co-lapsa. Note, “colapsa”, “desmoro-na” e não, “derrete”, pois, mesmo no verão, as temperaturas do ar nessa região são negativas. E o colapso pode ser visto nos filmes que aparecem na web.A variação das anomalias pa-dronizadas da temperatura da superfície do mar (TSM) com relação à média do período

1948-2010 ao sul da Groenlândia, no domínio geográfico 50ºN-60ºN e 40ºW-50ºW apontam, claramente, o aumento de TSM ocorrido a partir de 1995, confirmando que o Atlân-tico Norte se aqueceu após aquela data. O intervalo entre o início do resfria-mento (1977/78) e o aquecimento (1995/96) é cerca de 19 anos, muito próximo do Ciclo Nodal Lunar ou Ci-clo Saros. O decréscimo da cobertura de gelo no Ártico começou em 1995/96, atin-giu o máximo em 2012 com 2,8 mi-lhões de km2 e agora está com 1,02 de acordo com o site The Cryosphe-re Today. O derretimento do gelo do Ártico, que já ocorreu inúmeras ve-zes no passado, está sendo atribuído ao aquecimento global antropogêni-co e seria uma das causas do aumen-to do nível do mar observado. Um artigo que foi publicado na revista científica Monthly Weather Review em novembro de 1922, informou que o Departamento de Comércio da Noruega mandou uma expedição ao Ártico, sob a chefia do Doutor Adolf Hoel. Essa expedição fez sondagens oceânicas até 3.100 metros de pro-fundidade na latitude 81°N e consta-tou que as águas da Corrente do Gol-fo estavam muito quentes e que esse aquecimento provavelmente mante-ria as condições de gelo favoráveis por algum tempo. O autor ao dizer

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“favoráveis” refere-se a melhores condições de navegação se o Ártico ficasse sem gelo, contrariamente ao alarmismo de hoje.O outro aspecto, decorrente do má-ximo do Ciclo Saros, é que o nível do mar se eleva, em média, até 50º de latitude, aumento registrado por satélites e os marégrafos. Os níveis começaram a decrescer após o máximo de 2006/07, mesmo nos satélites americanos JASON1 e 2. Eles indicam elevação a uma taxa de variação de + 2,6 mm/ano. Um período de 18,6 anos (período do ciclo nodal) multiplicado por 2,6 mm/ano dá um total de cerca de 50 mm no ciclo. É muito provável, portanto, que a elevação do nível detectada pelos satélites esteja re-lacionada ao ciclo nodal lunar. Em 1956, os cientistas russos, Maksi-mov e Smirnov, analisando mais de 100 anos de registros de marégra-fos no Atlântico, mostraram que o nível do mar poderia variar de ± 6,5 cm com ciclo nodal lunar. Ou seja, o fato de o nível do mar oscilar de-

vido a esse ciclo já é conhecido há mais de 60 anos. Recentemente, Harand Yndestad, que em 2006 publicou um artigo chamado “The Influence of the Nodal Cycle on Arctic Climate” no “Journal of Marine Science” utili-zando análises espectrais, confir-mou a influência do ciclo nodal lunar em variáveis do clima do Ár-tico, que incluíram TSM, nível de mar e cobertura de gelo. O autor, porém, sugeriu que outro ciclo, de 74 anos (4 x 18,6 anos), existência de uma vida humana possa intro-duzir mudanças de amplitude, ou de fase, que mascarem a influência dominante do Ciclo Nodal Lunar. Curiosamente, a Oscilação Deca-dal do Pacífico (ODP), com suas fases fria e quente, apresenta um ciclo total que é múltiplo do Ciclo Saros (3x18,6 = 56 anos). Foram usadas taxas de elevação do nível do mar atuais para projetar seu nível para o ano 2100, afirmando que o aumento é devido a sua ex-pansão volumétrica e ao derreti-

mento das geleiras causados pelo aquecimento global antropogê-nico. O IPCC, no AR 5 (2013), foi “modesto” e previu um aumento de até 98 cm. Porém, Al Gore, em seu documentário laureado “Uma verdade Inconveniente”, afirmou que o mar subirá de 6 metros (20 pés). Em Ciência, têm-se uma hipótese de trabalho e usam-se os dados observados para comprovar a vali-dade da hipótese. Na “Ciência das Mudanças Climáticas”, os dados são “corrigidos” para se ajustarem à hipótese formulada. Se os da-dos dos satélites altimétricos não forem “ajustados”, existe grande chance que eles venham a compro-var, nos próximos 10 anos, que a variabilidade do nível do mar é na-tural e, muito provavelmente, está associada ao ciclo da precessão do plano da órbita lunar em torno da Terra. E que a projeção do aumen-to do nível do mar para 2100 não passa de uma afirmação sem fun-damentação científica alguma.

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ENGENHARIA

Corrosão em armaduras de concreto

Engenheiro CivilVictor Hogo Lodi, M.Sc.CREA-SC 17673-2

A corrosão pode ser definida como a interação destrutiva de um material com o meio ambien-te, seja por ação física (cativação e erosão), química (reações de expansão e de lixiviação dos com-postos hidratados da pasta de ci-mento Portland), ou eletroquími-ca (metais em meio aquoso) que implique a inutilização para uso.A corrosão das armaduras é uma das principais causas de deterio-ração das estruturas de concreto armado, afetando diretamente sua durabilidade, estando esta di-retamente relacionada com a po-rosidade da pasta de cimento, com a umidade e com a agressividade do meio.A carbonatação e o ingresso de íons cloretos no concreto são os principais agentes iniciadores da corrosão das armaduras, gerando sensível redução na vida útil das estruturas e um aumento nos seus custos de manutenção.O cobrimento do concreto tem a finalidade de proteger fisicamente a armadura e propiciar um meio alcalino elevado que evite a cor-rosão pela passivação do aço. Esta proteção depende das caracterís-ticas e propriedades intrínsecas do concreto. Assim, um concreto

bem dosado, pouco permeável, compacto e apresentando uma espessura adequada de cobri-mento estará bem protegido à formação de células eletroquí-micas pela estanqueidade e pela reserva alcalina. Essa proteção impedirá a entrada de agentes agressivos que venham a de-sencadear a despassivação das armaduras.O processo de corrosão depen-de do equilíbrio das reações de corrosão com o pH, podendo ser estabelecida uma relação em função deste. Sendo o concreto uma solução aquosa intersticial alcalina com valores de pH em torno de 12,5 e 13,5, fornece às armaduras um alto grau de pro-teção contra a corrosão. Para a corrosão no interior do concre-to se desenvolva, são necessá-rias algumas condições:existência de eletrólito: meio onde ocorrem as pilhas ou cé-lulas de corrosão de natureza eletroquímica, que conduzirá os íons, gerando uma corrente de natureza iônica e também para dissolver o oxigênio;existência de uma diferença de potencial-ddp: deverá obri-gatoriamente existir uma ddp

entre dois pontos aleatórios, seja pela diferença de umidade, aeração, concentração salina, tensão do con-creto ou aço, impurezas no metal ou outras heterogeneidades caracterís-ticas do concreto pela carbonatação ou pela presença de íons;existência de oxigênio: o oxigênio é o regulador de todas as reações de corrosão, estando presente por dis-solução nos poros do concreto;existência de agentes agressivos: como é o caso de íons sulfetos (S-), íons cloretos (Cl-), dióxido de carbono (CO2), etc., que atuam nas reações necessárias ao processo acentuando a ddp e facilitando a dissolução da camada de passiva-ção.A corrosão se desenvolve com a pre-sença das reações seguintes: nas zonas anódicas (regiões corroídas), ocorrem as reações principais de dissolução do metal (oxidação) e nas zonas catódicas (regiões não corroídas), ocorrem as reações de redução de oxigênio, que é o caso da armadura do concreto.Os produtos oriundos da corrosão criam expansões nas armaduras, causando danos ao concreto como a fissuração, produzindo uma varia-ção na distribuição de tensão sobre a secção o que gera um deslocamen-

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to angular no sentido do compri-mento da barra rígida e uma redu-ção na ligação armadura/concreto pela perda de confinamento.

Carbonatação

É o processo de neutralização da fase líquida intersticial saturada de hidróxido de cálcio e outros compostos alcalinos hidratados do concreto, recebendo este nome pela maior incidência de CO2 nas reações, que como resultado oca-siona uma diminuição do pH do concreto para valores próximos a nove.A velocidade de carbonatação au-menta quando o ambiente pos-sui maior concentração de CO2, principalmente em concretos com elevadas relações água/cimento, ocorrendo o transporte do CO2 através do sistema de poros da pasta de cimento endurecida. A ação do CO2 ocorre mesmo em concentrações pequenas como as que se observam em ambiente ru-ral, onde o teor de CO2 é cerca de 0,03% em volume e nas grandes cidades 0,3% podendo atingir até 1%.Vários são os fatores que influen-ciam a carbonatação, como desta-camos a seguir:umidade do ambiente: a veloci-dade de carbonatação está dire-tamente relacionada com a umi-dade do concreto, sendo máxima em umidades relativas do ar entre

50% e 70%. Quando os poros de concreto estão secos o CO2 se di-funde para o interior do concre-to sem a ocorrência da reação de carbonatação pela falta de água. Quando os poros estão cheios de água, a frente de carbonatação é impedida devida à baixa difusão do CO2 na água. Se os poros estão parcialmente preenchidos com água, a frente de carbonatação avança pela possibilidade de difu-são do CO2.tipo e quantidade de cimento: a quantidade de compostos alcali-nos para reagir com o CO2, depen-de do tipo de cimento empregado na produção do concreto. Os ci-mentos com adições apresentam um desempenho inferior aos ci-mentos Portland puros, no que se refere a resistência a carbona-tação, estando relacionados com a cura que cada tipo de cimento exige. A profundidade de carbo-natação diminui com a quantida-de de cimento por metro cúbico de concreto. relação água cimento: está relacio-nada à quantidade e ao tamanho dos poros do concreto endureci-do e às propriedades mecânicas finais do concreto. Maiores serão a porosidade e a permeabilidade quanto maior for a relação água/cimento, que facilita a difusão do CO2 através do concreto. Como a resistência a compressão é in-versamente proporcional a rela-ção água/cimento, torna lógica a

suposição de que a carbonatação diminui com o aumento da resis-tência a compressão do concreto. A relação água/cimento é um dos parâmetros mais importantes em todo contexto da corrosão, pelo fato de que ela determina a qua-lidade do concreto, ou seja, defi-ne as características de compaci-dade ou porosidade da pasta de cimento endurecida. O concreto, por sua vez, oferecerá maior pro-teção contra a corrosão da arma-dura a medida que ele for de mais alta qualidade. Uma baixa relação água/cimento retardará a difusão de cloretos, dióxido de carbono e oxigênio, além de dificultar a en-trada de umidade e agentes agres-sivos para o interior do concreto.condições de cura: quanto maior o tempo de cura, maior será o grau de hidratação do cimento, resul-tando menor porosidade e per-meabilidade e, em consequência, menor carbonatação.fissuras: quanto maiores as fissu-ras existentes no concreto, maior será a facilidade de penetração rápida de CO2 para o seu interior. Este processo de penetração, difu-são e reação de carbonatação de-pendendo também da quantidade de íons OH- e de água no interior da fissura, que pode originar a au-tocicratização da abertura devido

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a carbonatação.

Corrosão pelo ataque de Cloretos

A camada protetora de passivação na superfície do aço envolto pelo concreto é formada por y-Fe2O3, firmemente aderente ao aço, que protege o aço mantendo-o intacto. A entrada de íons cloreto para o interior do concreto destruirá está película e, com a presença de água e oxigênio ocorrerá a corrosão.Para que se inicie a corrosão, a ca-mada de passivação deve ser atra-vessada. Os íons cloreto ativam a superfície do aço formando o ano-do, sendo o catodo a superfície passivada. Os íons cloretos chegam ao con-creto de diferentes formas:• uso de aceleradores de pega que contem cloreto de cálcio;• impurezas indesejáveis nos agre-gados e na água de amassamento;• atmosfera marítima;• água do mar nas estruturas sub-mersas;• uso de sais de degelo em algu-mas regiões frias;• processos industriais.Os íons cloretos são encontrados no interior do concreto quimica-mente combinados (cloroalumi-natos) ou fisicamente adsorvidos na superfície dos poros de hidra-tação ou ainda livres na solução

dos poros do concreto. Existe um valor limite de concentração no qual os íons cloretos conse-guem romper a camada passi-vante dos óxidos e estimular a corrosão das armaduras.Os parâmetros que influenciam a penetração dos íons cloretos no concreto são os mesmos en-volvidos na penetração do CO2, entretanto nem sempre influen-ciam da mesma forma:composição e tipo de cimento: ci-mentos com baixas quantidades de aluminato tricálcio possuem pouca capacidade de imobilizar os íons cloreto, cuja reação nove forma um sal complexo e inso-lúvel, que reduz a concentração de íons cloreto livres na solução aquosa dos poros do concreto. Cimentos com adição, quando submetidos aos cloretos, apre-sentam comportamento contrá-rio àquele apresentado quando submetidos à carbonatação. Enquanto na carbonatação as adições influíam de forma nega-tiva na capacidade de retardar o ingresso de CO2, na iniciação de corrosão pelos cloretos as adições agem de forma a frear a penetração dos íons cloretos. A quantidade de cimento possui insignificante influência sobre a despassivação da armadura com relação ao ingresso de cloretos.

relação água/cimento, adensamen-to e cura: a obtenção de um concre-to mais denso, em analogia ao que ocorre na carbonatação, dificul-ta a difusão dos íons cloretos. Em concretos com diferentes relações água/cimento e, diferentes tipos de cimento, verificou-se que para cur-tos intervalos de exposição o efeito da relação água/cimento ficou limi-tado à camada superficial do concre-to. Em longos períodos de exposição o tipo de cimento apresentou maior influência sobre a profundidade de penetração de cloretos que a rela-ção água/cimento. As condições de cura modificam a estrutura dos po-ros da pasta de cimento, alterando a porosidade final e assim influen-ciando no transporte de íons cloreto na pasta endurecida.saturação dos poros: as condições do meio ambiente influenciam a pe-netração dos íons cloretos de forma diferenciada do CO2, que encontra nos poros parcialmente preenchi-dos pela água, a melhor forma de difundir e carbonatar o interior do concreto.fissuras: o processo de corrosão nas estruturas de concreto armado expostas à água, vapor ou solo que contém íons cloretos, será iniciado primeiramente nas regiões fissura-das, causando a formação de peque-nas regiões anódicas no interior das fissuras e regiões catódicas maiores fora delas.

Prevenção

A prevenção da corrosão de arma-duras no concreto está vinculada a ter etapas distintas, sendo: fase de projeto (avaliação dos agentes agressivos da atmosfera do local de implantação da obra; especificação de concretos de melhor qualidade e com cobrimentos maiores; evitar proximidade de diferentes metais; especificar concretos com relação água cimento superior à 0,55; uti-lizar na dosagem do concreto agre-gado graúdo com dimensão máxima menor que o cobrimento); fase de recepção dos materiais (determina-ção de possíveis agentes agressivos

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em agregados e na água de amas-samento; utilização de pastilhas plásticas para garantir o cobrimen-to especificado; rejeitar Barras de aço com processo de corrosão já instalado) e na etapa de execução (cuidados com o adensamento do concreto evitando nichos na con-cretagem; curar adequadamente o concreto durante 15 dias; evitar revestimentos neutros ou ácidos à base de gesso; promover a manu-tenção das superfícies de concreto aparente; etc.).

e demais agentes agressivos, en-quanto repõe a secção de concreto original.Este novo cobrimento poderá ser realizado com concreto projetado ou com a utilização de adesivos à base de epóxi; concretos e arga-massas poliméricas; ou concretos e argamassas especiais.

Conclusão

A corrosão das armaduras no concreto armado é um fenômeno que ocorre quando as condições de proteção proporcionadas pelo cobrimento do concreto são insu-ficientes. Esta insuficiência pode ser causada por ineficiência do próprio concreto ou por ação de agentes agressivos com origem em diferentes fontes, sendo sem-pre necessário identifica-las a fim de que se possa lograr uma prote-ção efetiva e duradoura.A corrosão de armaduras de con-creto é o fenômeno mais frequente que qualquer outro fenômeno de degradação de concreto armado, comprometendo tanto do ponto de vista de segurança, quanto do estético, sendo sempre dispendio-so o seu reparo ou recuperação.A fiel observância dos cobrimen-tos mínimos, da qualidade do con-creto e da execução, poderá evitar este problema. De qualquer forma, sendo um fenômeno expansivo, torna-se visível a tempo, possibi-litando a tomada de medidas rápi-das de recuperação e proteção.

RecuperaçãoBasicamente, a recuperação des-te fenômeno patológico consiste nas seguintes etapas: limpeza ri-gorosa utilizando jato de areia e apicoamento do concreto solto e fissurado, removendo a camada de hidróxidos e óxidos das super-fícies das barras; avaliação da pos-sível diminuição da secção trans-versal das armaduras corroídas; executar novamente o cobrimen-to das armaduras, impedindo a entrada de umidade; do oxigênio

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A casa para o Idoso.Adequações necessárias na área de banho

ARQUITETURA

Arquiteta e UrbanistaElisete T. MoschettaEspecialista em Arquitetura de Interiores e Mobiliário e Arquitetura HospitalarCAU-SC A40718-6

“Um novo conceito de morar, oferecendo ao idoso uma ambientação adequada de seu lar, visando sua maior independência: uma vida caseira com qualidade e dignidade, pois para o idoso é muito importante a manutenção de sua residência, sua área de conforto conhe-cida, parte de sua história o que realça sua ideia de normalidade”.

Quando temos idosos e/ou cadeirantes em casa, é preciso ajustar os espaços a fim de facilitar sua utili-zação com conforto e segurança. Este cuidado serve

para a pessoa que irá usá-lo, bem como para cuidado-res. Pequenos detalhes podem facilitar ou dificultar muito o acesso e a independência do usuário.

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-> Portas, com largura adequada, abrindo para fora;-> Torneiras, preferencialmente ser do tipo pres-são e os misturadores monocomando (tanto na pia quanto no chuveiro); -> Maçanetas, do tipo alavanca;-> Barras de apoio em todo o banheiro, para uso do chuveiro, do vaso e da pia; -> O espaço livre no banheiro deve ser suficiente para manobrar a cadeira (para o giro de 360º, é ne-cessário um diâmetro de 1,5m livre);->Porta escovas, remédios em material inquebrá-vel;-> Lanterna, caneta e lente de aumento na gaveta, para ler e marcar remédios;-> Gavetas, sempre com trava de segurança;-> Os desníveis máximos no piso devem ser de 2cm;-> Porta escovas, remédios em material inquebrá-vel;-> Lanterna, caneta e lente de aumento na gaveta, para ler e marcar remédios;-> Gavetas, sempre com trava de segurança;-> Espelho frontal e iluminado, espelho de aumen-to.

O que não deve ser esquecido:

Sanitário com assento elevadoGabinete com área livre para movimentação das pernas; caso o idoso necessite de cadeira de rodas;Piso antiderrapante.

As portas dos boxes devem ter no mínimo 80 cm de lar-gura. Se possível, melhor que seja aberto, sem porta.

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A longa discussão para aprovar o projeto do novo Código Florestal Brasileiro, transformado na Lei 12.651 em 25/5/2012 regulamen-tada pelos Decretos 7.830/2012 e 8.235/2014 e IN 2/2014, nos re-mete a um enorme desafio, a sua implantação dentro da porteira das 5,2 milhões de propriedades rurais no Brasil, incluídas as 345 mil de Santa Catarina.A decisão política foi tomada pelo congresso nacional e pelo governo com sua Medida Provisória e ve-tos a serem apreciados. Também, pela Lei 14.675/2014 e Decreto 2.219/2014 do estado de Santa Catarina, agora as decisões e atos precisam ser eminentemente téc-nicos e científicos, sepultando definitivamente as exigências car-torárias, onerosas, ilegais e buro-cráticas da Averbação da Reserva Legal.Não há margem para errar na im-plantação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) nem na regulamen-tação e aplicação do Programa de Regularização Ambiental (PRA) a serem implantados pelos estados nas 5,2 milhões de propriedades rurais brasileiras. Seria como fazer a primeira declaração de renda er-rada para depois concertar ou jus-tificar, o injustificável.Se os setores da produção agro-pecuária não se unirem e fizerem uma profunda análise da nova legislação aprovada, suas conse-

quências e impactos, em curto prazo será criado um grande impasse entre a produção e as amarras ambientais, inviabili-zando grande parte da produção agropecuária, com repercussões desastrosas, principalmente para a pequena propriedade e a economia do país.Precisamos deixar claro o que é possível fazer por aqueles que vão pagar a conta, os agriculto-res, e os que apenas fazem o dis-curso que nada produzem, mas obrigam quem produz pedir autorização para fazê-lo, os am-bientalistas.Imaginemos o Brasil com seus 890 milhões de hectares, suas 5,2 milhões de propriedades rurais, com as mais diversas ati-

vidades, topografias, biomas, mon-tanhas, várzeas, rios, nascentes, li-toral, biodiversidade, cidades, vilas, rodovias, ferrovias, hidrovias, por-tos, aeroportos e sua gente, se ajus-tando na utopia do ambientalmente correto.O Brasil, de 513 anos, ocupado por quem quis, vindo de onde veio, se instalando onde achou melhor, sem nenhum planejamento de ocupação territorial urbano ou rural. Hoje co-brado de fazer tudo errado na visão ambiental e tendo que ser concerta-do apenas com uma lei florestal tra-vestida de ambiental.A pergunta é: o que fazer para come-termos menos erros possíveis? Sem dúvida, adotar as ferramentas legais e técnicas disponíveis e organizada-mente com cooperação de todos os

Código Florestal dentro da porteira

AGRONOMIA

Engenheiro AgrônomoValdir ColattoCREA-SC 4161-8

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atores do processo, buscar solu-ções sustentáveis.Primeiro: os entes federativos, Municípios, Estados e União as-sumirem suas responsabilidades e competências delegadas pela lei complementar 140/2011 implan-tando suas estruturas suficientes determinadas pela legislação e fazer a sua parte na liberação das licenças ambientais, na descentra-lização ambiental eficiente e des-burocratizada.Segundo: os estados convenian-do com o IBAMA, assumindo a responsabilidade e os serviços de sua competência legal das licen-ças e fiscalizações ambientais e os municípios conveniando com o órgão ambiental estadual (FAT-MA), se responsabilizando no que lhe define as competências da Lei 140/2011.Com a descentralização ambien-tal implantada nos municípios e estados, poderemos efetivamente começar a implantação do Novo Código Florestal Brasileiro através do Cadastro Ambiental Rural-CAR.O CAR, definido Pelo Ministério do Meio Ambiente - MMA, iniciado em 6/5/2014, é declaratório e de responsabilidade do proprietário do imóvel rural, que tem o prazo de até um ano, por via eletrônica, para entregar preferencialmente

nas prefeituras municipais, também sindicatos, cooperativas e outras en-tidades.Entregue o CAR, pelos proprietários rurais, os órgãos ambientais inicia-rão a analise do Cadastro e farão as recomendações para a regulariza-ção ambiental de cada propriedade o Plano de Regularização Ambiental (PRA), com prazos estabelecidos tecnicamente.O CAR também poderá ser feito pelo município ou estado de forma global num projeto ambiental de todo o seu território contratando os serviços especializados, basta ter a decisão política dos prefeitos ou go-vernadores, o que tornaria as coisas mais fáceis e menos onerosas e bu-

rocráticas.Na implantação do Código Flo-restal dentro da porteira das propriedades rurais, teremos muitos desafios surpreenden-tes entre a realidade e a lei, so-luções e impasses por não ter a lei, em muitos casos, respeitan-do o Brasil real. Se isso ficar cla-ro e comprovado na prática, al-tera-se a lei, pois mudar cursos de água, montanhas e florestas será impossível. Além disso, a agropecuária terá a missão de continuar produzindo alimen-tos para o povo brasileiro e ga-rantindo o superávit da balança de pagamento, exportando o excedente para outros países.

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O Cadastro Ambiental Rural (CAR) é o atual sistema de ca-dastramento de áreas ambien-talmente protegidas no Bra-sil - Reserva Legal e as Áreas de Preservação Permanente (APPs). Ele isenta a averbação da reserva legal em cartório. O programa tem como obriga-toriedade cadastrar todos os imóveis rurais brasileiros, inde-pendente do tamanho. Sua criação foi a partir da lei 12.651 de maio de 2012 - Capí-tulo VI - Artigo 29 que cita: “É criado o Cadastro Ambiental Rural - CAR, no âmbito do Sis-tema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente - SINIMA, registro público eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade de integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais, compondo base de dados para controle, monitoramento, pla-nejamento ambiental e econô-mico e combate ao desmata-mento.”Cada Estado fica responsável por um programa (SICAR) para a inscrição e acompanhamen-

A regularização de imóveis rurais através do Cadastro Ambiental Rural - CAR

AGRONOMIA

Engenheiro AgrônomoEspecialista em Geotecnia e Avaliação de Propriedades RuraisJacir Ilário CoratoCREA-SC 14.418-8

CoautoraJulia Cristina CoratoFormanda em Agronomia pela UFRGS

tos futuros quanto à regu-larização da área. Segundo o parágrafo primeiro da Lei 12.651, é obrigatória a identi-ficação do proprietário, com-provação da posse da terra e a identificação da proprie-dade contendo as coordena-das geográficas, através do memorial descritivo, para fa-cilitar a delimitação das pro-priedades rurais. As imagens têm uma resolução espacial de cinco metros, o que facilita o monitoramento das áreas. O CAR traz benefícios para os agricultores, possibilidade de regularização das APPs e/ou Reserva Legal, suspensão de sanções, obtenção de cré-dito agrícola, contratação do seguro agrícola, dedução das Áreas de Preservação Per-manente, de Reserva Legal e de uso restrito, e isenção de impostos para os principais insumos e equipamentos. A partir de 28 de maio de 2017, obrigatório para o cadastro para crédito agrícola (art. 78-A). O sistema também trouxe vantagens para os órgãos

ambientais como: distinguir en-tre desmatamento legal e ilegal, facilitar monitoramento e o com-bate ao desmatamento, apoiar o licenciamento ambiental, ins-trumento para o planejamento de políticas, melhorar a gestão ambiental no âmbito rural, entre outros. Através do decreto 8.235 de 5 de maio de 2014, iniciou o prazo de um ano para o cadastro dos imó-veis rurais de todo o país. Nesse prazo, todos devem se cadastrar para evitar quaisquer problemas com os órgãos ambientais brasi-leiros.Apesar das dificuldades que os operadores do sistema SICAR estão enfrentando em função da novidade do sistema, ele veio para facilitar a visualização dos principais problemas ambien-tais enfrentados hoje, que são desmatamentos desenfreados e queimadas, além disso, ele faci-lita o cadastro para os agriculto-res, que não necessitaram pas-sar por grandes burocracias nos cartórios. Portanto, os proveitos foram para ambos os interessa-dos: proprietários rurais e os ór-gãos ambientais.

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Curiosidades

O CAR é o primeiro passo para que os proprietários possam im-plantar o Programa de Recuperação Ambiental (PRA), que tem como finalidade auxiliar o proprietário regularizar ambientalmen-te a propriedade. Este programa não é obrigatório, porém traz vantagem para propriedades que estão à mercê de multas am-bientais antes de 22 de julho de 2008, sendo que após a assina-tura de um termo de compromisso para recuperação das áreas de preservação permanente e reserva legal é feito o plantio de espécies nativas e também permitido as exóticas (Decreto 7.830 17 de outubro de 2012).

O Decreto 8.235, de 5 de maio de 2014 criou um programa de apoio ao PRA, o Mais Ambiente Brasil, que visa a educação am-biental, assistência técnica e extensão rural, produção e distribui-ção de sementes e mudas, gestores capacitados no processo de regulamentação ambiental.

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