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ARQUITETURA AÇO ARQUITETURA AÇO & Uma publicação do Centro Brasileiro da Construção em Aço número 19 setembro de 2009 Uma publicação do Centro Brasileiro da Construção em Aço número 19 setembro de 2009 Residências II Residências II

Revista Arquitetura & Aço 19

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ARQUITETURA AÇOARQUITETURA AÇO&Uma publicação do Centro Brasileiro da Construção em Aço número 19 setembro de 2009Uma publicação do Centro Brasileiro da Construção em Aço número 19 setembro de 2009

Residências IIResidências II

POUCOS PROGRAMAS ARQUITETÔNICOS REVELAM tanto sobre seus ocu-pantes quanto uma residência e também sobre os arquitetos que as conce-beram, já que estas são a oportunidade para um laboratório de idéias sobre a arquitetura. Como afirmou Sérgio Bernardes, grande arquiteto carioca: "Sou intérprete de um programa. (...) Não estou fazendo esta casa para mostrar a ninguém, mas sim para o proprietário. É um espaço para ele morar e eu sou o intérprete dele. "

E, para isso, o aço é um material valioso e versátil, que permite incorporar leveza e transparência aos ambientes, além de facilitar a fluidez entre os espaços internos e externos. Pensando nisso, Arquitetura & Aço traz, nesta edição, dez projetos de residências em que o aço foi utilizado na estrutura, no revestimento e em outros elementos, compondo harmoniosamente com diversos materiais.

No bairro do Itanhangá, no Rio de Janeiro (RJ), elementos estruturais em aço permitiram “elevar” uma casa e aproximá-la da copa de árvores. No mesmo bairro, a estrutura em aço aparente da Casa Varanda é um dos aspec-tos mais marcantes do projeto. Para poder se abrir para uma das mais belas paisagens fluminenses, uma casa no Jardim Botânico se utiliza da estrutura em aço de forma a reduzir quase totalmente a interferência visual.

A Casa Corten, em São Paulo, marca a paisagem urbana com sua fachada em aço patinável. Já no Refúgio São Chico, o uso do light steel framing per-mitiu construir rapidamente uma casa com arquitetura moderna na serra gaúcha, enquanto um projeto em Minas Gerais valeu-se da agilidade e da precisão desse sistema construtivo.

Em Barra do Una, no litoral paulista, uma residência inspirada no modelo construtivo dos índios Yawalapiti aproveita a leveza da estrutura em aço. No Guarujá, uma casa se destaca pela estrutura que combina aço, madeira e concreto. Aço e vidro dialogam harmoniosamente em uma residência de Bragança Paulista. Já no Alto de Pinheiros, bairro nobre da capital paulista, a estrutura em aço favorece a integração entre os diferentes espaços de um anexo residencial. Bons exemplos de projetos que congregam a leveza do aço, a transparência do vidro e a linguagem contemporânea.Boa leitura!

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Espaços sensíveis

para viver

sumário12.10. 14.

20. 24. 26. 28.

Foto de capa:

Casa em Bragança Paulista,

projeto de Reinach Mendonça

Arquitetos Associados

Arquitetura & Aço nº 19

setembro 2009

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08.04.

04. Casa em Barra do Una (SP) une a tecnologia do aço à concepção habitacional indígena. 08. Uso estrutural

do aço permite construir uma “casa na árvore” no bairro do Itanhangá (RJ). 10. No Guarujá (SP), casa de veraneio

propõe bela combinação de aço, madeira e concreto. 12. Projeto em Minas Gerais aproveita potencialidades do

light steel framing. 14. No interior do Rio Grande do Sul, Refúgio São Chico aposta no light steel framing e foge

do convencional. 18. Na Casa Corten, em São Paulo, o aço da fachada é o seu elemento mais impactante. 20.

Em Bragança Paulista (SP), residência associa aço e vidro e faz belo diálogo visual com o entorno. 24. No Rio de

Janeiro, a Casa Varanda teve como inspiração obra de Mies Van der Rohe. 26. Em São Paulo, anexo residencial

aproveita a leveza da estrutura em aço. 28. No Rio de Janeiro, estrutura em aço compõe projeto poético e racional.

ENDEREÇOS 31

4 &ARQUITETURA AÇO

Inspiração que vem do Xingu

A estrutura é apoiada em pilares centrais, com balanços atirantados. A casa flutua sobre o terreno e a mata

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RESIDÊNCIA DE VERANEIO EM BARRA DO UNA, LITORAL DE SÃO PAULO, ALIA AS CONCEPÇÕES

HABITACIONAIS DOS ÍNDIOS YAWALAPITI COM A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO EM AÇO

O aço e o vidro, no estar à esquerda, integram os ambientes internos e externos. À direita, a piscina natural, cuja água do rio Pouso Alto circula livremente

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Os tetos de vidro têm estrutura de tubos de aço, formando grelhas de 100 x 100 mm

UNIR TECNOLOGIAS CONSTRUTIVAS modernas aos modelos dos índios Yawalapiti, do Alto Xingu, sem impactar o meio ambiente. Com este objetivo, os arquitetos Newton Massafumi Yamato e Tânia Regina Parma, do Gesto Arquitetura, criaram a Casa Pouso Alto, no litoral norte paulista, em uma região onde a Mata Atlântica ainda está preservada.

Os Yawalapiti relacionam suas casas com o corpo humano: a frente corresponde ao peito, os fundos são as costas, a porta é a boca e os pilares são as pernas. O espaço interno tem cozinha, depósito de alimentos no centro e, em frente à porta de entrada, local para receber visitas.

Foi esta a distribuição que inspirou a casa. A envoltória tem uma geometrização obtida por meio da referência dos Yawalapiti, enquanto o "miolo" corresponde às necessidades de uma residência

de veraneio. A estrutura mescla o aço, a madeira e o concreto e a edificação é suspensa do solo.

Nesta configuração, o aço foi a melhor solução construtiva graças às suas propriedades estruturais, pré-fabricação, facilidade de trans-porte e montagem. A estrutura em aço se apoia em apenas oito pilares, com balanços atirantados, reduzindo ao mínimo o impacto sobre o terre-no. Esta solução estrutural facilitou, sobremaneira, a montagem, feita com ligações soldadas e aparafusadas.

Corte Longitudinal

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> Projeto arquitetônico: Newton

Massafumi Yamato e Tânia

Regina Parma (Gesto Arquitetura)

> Colaborador: Wilson Pombeiro

> Área construída:

1.022 m²

> Aço empregado: aço patinável,

de maior resistência à corrosão

> Projeto estrutural: eng. Yopanan

C. P. Rebello (Ycon Engenharia)

> Fornecimento da estrutura

metálica: Perlex

> Proteção da estrutura metálica:

eng. Alfredo Nogueira (Pint

Tecnologia de Pintura)

> Execução das peças metálicas

das passarelas: Carlos Augusto

Stefani (Ycon Engenharia)

> Execução da obra: Construtora

Porfírio e Plaza

> Local: Barra do Una,

São Sebastião, SP

>Data do projeto: 2000

>Conclusão da obra: 2003

As coberturas em curva, sustentadas por arcos perfis de 300 x 150 x 4,76 mm, a cada 4,8 m, e terças de 150 x 150 x 3,0 mm, a cada 1,5 m, são revestidas com piaçava. A abertura permite iluminação natural

O aço também foi utilizado nas estruturas secundárias de apoio dos pisos, na cobertura de vidro e nas conexões ou inserts da estru-tura de madeira da passarela, que interliga a área social à de lazer. A estrutura de sustentação do piso e da cobertura de vidro é for-mada por uma grelha de tubos metálicos com “vagonamento” em cabo de aço. “Esta solução, facilitada pela possibilidade de enrijeci-mento das conexões que formam a grelha, resulta numa estrutura leve e que viabiliza os vãos necessários. Já na estrutura de apoio da passarela em madeira, foram empregadas conexões metálicas muito competentes estruturalmente, o que só foi possível graças às características do aço”, afirmam os arquitetos.

O aço convive harmoniosamente com os outros elementos – vidro, alvenaria e concreto – e é aparente também nos ambientes internos. Devido a proximidade com o mar, foi usado aço patinável de maior resistência à corrosão, com uma proteção adicional em pintura epóxi.

Assim como nas casas dos Yawalapiti, a Casa Pouso Alto tem elementos que favorecem a ventilação e a iluminação natural e oferecem o máximo conforto térmico sem a necessidade de ar-con-dicionado. Foram usadas também soluções especiais de sombrea-mento, iluminação artificial, uso da água e tratamento do esgoto doméstico. O projeto recebeu o Prêmio Rino Levi em 2004. O aço, sem dúvida, facilitou esta conquista. (D.P.) M

8 &ARQUITETURA AÇO

NO PROJETO DE UMA CASA no bairro do Itanhangá, no Rio de Janeiro (RJ), o arquiteto José Armênio de Brito Cruz, do escritório Piratininga Arquitetos Associados, pensou em uma solução que interviesse o mínimo possível na natureza. Afinal, a residência seria construída em um terreno situado à beira de um córrego, rico em vegetação e repleto de árvores de porte e idade significativos.

O programa foi atendido por meio de dois blocos transversos, suspensos sobre pilotis e apoiados em 6 pilares, que tocam o solo o mínimo possível e constituem-se quase que numa "casa na árvore". O bloco maior, no senti-do longitudinal do terreno, abriga, no andar superior, os quartos, a sala de estar e o escritório, que tem uma entrada independente por uma passa-rela/rampa entre a copa das árvores, paralela à divisa do terreno. Por causa das melhores condições de insolação e iluminação, a maior parte da residên-cia se desenvolve no andar superior, próximo à copa das árvores.

Já o bloco menor, projetado como uma ponte formada por vigas de aço e lajes, liga o bloco maior à piscina e cons-titui-se em um terraço elevado, de onde

Na copa das árvoresESTRUTURA EM AÇO E CONCRETO

"ELEVA" RESIDÊNCIA CONSTRUÍDA

EM TERRENO REPLETO DE ÁRVORES

&ARQUITETURA AÇO 9

Na página ao lado, imagem do pavimento superior da residência, bem próximo à copa das árvores. Com melhores condições de insola-ção e iluminação, é lá que estão os principais ambientes. Acima, a elevação da residência. Abaixo, imagem da fachada, da área de refei-ções integrada ao jardim e do terraço elevado. Sustentada por poucos apoios, a casa toca minimamente o solo e poupa a vegetação

``> Projeto arquitetônico:José

Armênio de Brito Cruz (autor)

e Fabiana Stuchi (coordenadora)

– Piratininga Arquitetos

Associados

> Área construída: 400 m²

> Aço empregado: ASTM A36

> Projeto estrutural: Kurkdjian

& Fruchtengarten Engenheiros

Associados

> Fornecimento da estrutura

metálica: Metalfenas

> Execução da obra: Pedroza

Joppert Engenharia

> Local: Rio de Janeiro, RJ

> Data do projeto: 2001

> Conclusão da obra: 2003

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se pode enxergar a Pedra da Gávea, uma das grandes referências da paisagem carioca. Na sombra do terraço, estão a área de refeições, a cozinha e a área de serviço, protegidas por esquadrias que integram estes ambientes ao jardim.

Em um terreno com vegetação importante e próximo de um córrego, era preciso "elevar" a casa e susten-tá-la em poucos pontos. Para tanto, a opção foi por um sistema construtivo

misto, no qual empenas de concreto apóiam uma estrutura metálica transversa, que recebe lajes pré-moldadas. Já o sentido transversal é vencido por 12 vigas de aço, dispostas a cada 2 m, apoiando toda a estrutura do piso, com vão em torno de 8 m.

O uso do aço foi fundamental para atender às necessidades do programa. “O desenho das vigas permitiu sua instalação de forma racional, criando um shaft horizontal, possibilitando que a casa fosse quase suspensa sobre as árvores”, afirma José Armênio de Brito Cruz, autor do projeto. O aço permitiu também maior racionalização do canteiro de obras e reduziu tempo e custos de construção. (J.G.) M

Corte Longitudinal

10 &ARQUITETURA AÇO

Estilo livre CASA DE PRAIA EM MEIO À EXUBERANTE MATA NATIVA

BRASILEIRA É EXEMPLO DE DIÁLOGO INTELIGENTE ENTRE O

AÇO E OUTRAS TÉCNICAS CONSTRUTIVAS

LIBERDADE PARA DEIXAR CLICHÊS DE LADO, um terreno próximo do mar e cercado pela Mata Atlântica e entusiasmo para explorar as possibilidades construtivas de diferentes materiais. Com isso em mãos, os irmãos Lua e Pedro Nitsche, uma promissora dupla de jovens arquitetos brasileiros, iniciaram o projeto de uma residência de veraneio em um condomínio fechado no Guarujá, litoral de São Paulo. O resultado não apenas superou as expectativas dos clientes como se destacou entre a produção arquitetônica nacional de 2007.

O partido, caracterizado por linhas retas, traçados que parecem desafiar as leis da gravidade e elementos estruturais aparentes,

reflete um estilo que vem se tornan-do marca dos irmãos Nitsche. Neste projeto, a dupla teve carta branca para proceder como quisesse. Os moradores fizeram exigências apenas quanto ao programa: desejavam uma casa com cinco suítes, ampla área de convívio social e lazer e ambientes de servi-ço reservados. Isto tudo respeitando a topografia acidentada da região e

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ocupando uma parcela mínima do lote, para preservar a vegetação.

A solução foi uma casa com três andares e circulação prática e racional. O pavimento intermediário, na cota térrea, abriga área social e de lazer. O piso superior, suspenso entre as copas das árvores, acomoda as suítes da famí-lia e de hóspedes. No inferior, estão as dependências de serviço.

Para os volumes distintos, optou-se por diferentes soluções estruturais, interligadas por meio de uma estra-tégia engenhosa: fundação e bases de concreto surgem do subsolo, dando sustentação para a plataforma tér-rea, construída do mesmo material; enquanto isso, a cota superior é estru-turada com vigotas de madeira, apoia-

das sobre duas vigas metálicas que vencem um vão de 17,5 m e quatro pilares de concreto, que se erguem da plataforma central.

As vigas metálicas aparentes – galvanizadas e pintadas de azul-turquesa – são mais que mero detalhe de um jogo estético. Segundo Lua Nitsche, o uso do aço foi decisivo para uma interface bem-sucedida entre os materiais. “Além de agilizar o processo construtivo, a flexibilidade do metal tornou possível a interação entre o peso do concreto (ideal para fundações e bases) com a leveza da madeira (perfeita para a criação do volume que quase flutua sobre a floresta)”. A ligação entre o concreto e o aço foi feita por meio de placas de metal acopladas a chumbadores, concreta-dos no interior dos pilares estruturais. Já para unir o metal com a madeira, a solução foi lançar mão de pinos metálicos soldados sobre as vigas em I, nos quais a estrutura de madeira foi encaixa-da e travada.

Ao defender o diálogo entre métodos construtivos, Lua Nitsche aposta em uma tendência promissora: “a arquitetura inteligente nunca esteve tão relacionada com a inserção de cada matéria-prima onde ela se mostra, de fato, mais útil”. (C.P.) M

> Projeto arquitetônico: Lua

e Pedro Nitsche (Nitsche

Arquitetos Associados)

> Colaboradores: Renata Cupini

e Suzana Barboza

> Área construída: 252 m²

> Aço empregado: ASTM A36

> Projeto estrutural: Engemetal

> Fornecimento da estrutura

metálica: Engemetal

> Execução da obra: Tecsa

Construtora

> Local: Guarujá, SP

> Data do projeto: 2004

> Conclusão da obra: 2007

Na página ao lado, em destaque, vista geral da residência: aço, concreto e madeira interagem em estrutura mista. Na foto menor, volume solto entre as copas das árvores. Nesta página, detalhes do aço nos guarda-corpos e nas vigas estruturais azuis-turquesa – de acordo com Lua Nitsche, o metal foi essencial para racio-nalizar a obra

12 &ARQUITETURA AÇO

Excelência estrutural USO DO LIGHT STEEL FRAMING PERMITE AGILIDADE NA CONSTRUÇÃO DE UMA CASA DE CAMPO

EM MINAS GERAIS, ALÉM DE ASSEGURAR A LEVEZA E A RESISTÊNCIA INDISPENSÁVEIS AO PROJETO

EM CONSONÂNCIA com o desejo dos proprietários de ter um imó-vel que priorizasse os espaços de convivência e que aproveitasse ao máximo a natureza e o clima agradável da região, a casa de campo em um condomínio fechado de Lagoa Santa, interior de Minas Gerais, projetada pelo arquiteto Gustavo Penna, apresenta genero-sos vãos livres e grande transparência.

A residência foi planejada em dois pavimentos, aproveitando o desnível do terreno. No superior, estão ambientes como sala, cozi-nha, os quartos, a ampla varanda e a piscina. Já o pavimento infe-rior abriga a sala de ginástica, sauna e área de descanso, escritório, a garagem e as dependências de serviço.

Um dos principais ambientes da residência, a sala de estar tem pé-direito duplo em um volume que se destaca da horizontalidade do projeto. Pensado, inicialmente, com uma estrutura convencional em concreto, decidiu-se utilizar a estrutura em light steel framing – sistema construtivo leve e ágil, já conhecido e aprovado pelo cliente – e com isso incorporar processos e materiais industrializados à cons-trução, como a pré-fabricação da estrutura em aço, chapas de OSB e cimentícias e a utilização de drywall nas paredes divisórias internas.

Após a execução da laje do piso, o processo de montagem da estrutura metálica começou pelo bloco da casa que abriga os quartos, a cozinha e o herbário. Enquanto esta etapa era exe-cutada, a equipe da obra preparava os seis pilares de concreto, dos quais qua-tro estruturam o volume sobre a sala de estar.

A segunda etapa foi a execução das lajes de cobertura da varanda e da sala de estar – que é dividida em dois ambientes e tem pé-direito duplo. Para tanto, primeiramente foram afixadas as treliças de aço aos pilares de concre-to. Depois foram colocadas as paredes que compõem a caixa da sala de estar – também afixadas aos pilares – sobre as quais parte da laje foi executada.

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O resultado foi uma casa com espaços bem abertos, caracteriza-da pela fluidez e integração entre os vários ambientes e adequada às necessidades dos proprietários. “E o light steel framing facilitou muito a execução da obra, por ser um sistema ágil, leve e fácil de montar fora da obra. Vamos, com certeza, considerar esta opção em futuros trabalhos”, afirma a arquiteta Laura Penna, coordenadora do projeto. (J.G.) M

Ideal para desfrutar do clima agradável de Lagoa Santa, a casa tem espaços abertos e integra-dos. À direita, imagens da mon-tagem da obra. Estrutura em light steel framing garantiu agilida-de construtiva e um canteiro de obras mais limpo

> Projeto arquitetônico: Gustavo Penna

(autor), Norberto Bambozzi e Laura

Penna (coordenadores) – Gustavo Penna

Arquiteto & Associados

> Colaboradores: Juliana Couri,

Laura Caram, Letícia Carneiro

e Priscila Almeida

> Área construída: 931 m²

> Aço empregado: aço galvanizado ZAR 230

> Projeto estrutural: Francisco

Carlos Rodrigues

> Fornecimento e montagem da estrutura

metálica: Flasan

> Execução da obra: Elaborar Arquitetura e

Construção

> Local: Lagoa Santa, MG

> Data do projeto: 2004

> Conclusão da obra: 2009Elevação Longitudinal

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IMAGINAR UMA CASA DE CAMPO em uma bucólica região serra-na do Rio Grande do Sul é lembrar-se do legado arquitetônico dos imigrantes europeus: telhado de duas águas, paredes de alvenaria, janelas e portas de madeira... Mas nada disso condiz com o Refúgio São Chico, projetado pelo arquiteto Luciano Andrades, do Studio Paralelo. A casa, localizada na pequena cidade de São Francisco de Paula, a 100 km de Porto Alegre, é um exemplo de arquitetura moderna e industrializada.

Como um trailer estacionado em uma área verde, a casa de linhas retas, relativamente pequena (82 m2) e levemente elevada do solo, parece planar sobre o terreno de 1,6 mil m2, dialogando perfeitamente com a mata do entorno. Para conquistar este efeito e resultado, o arquiteto recorreu à construção em aço.

No entanto, apesar da opção pela estrutura metálica, o arquiteto não tinha pensado em light steel framing. Esta ideia surgiu quando foi conversar sobre o projeto diretamente com a equipe de enge-nheiros da Formac, empresa que forneceu os perfis de aço. A partir daí, o desenho da residência foi pensado para construção em light steel framing. “Para aproveitar melhor os materiais, modulamos a planta e o pé-direito conforme as dimensões da placa de gesso acar-tonado (1,2 m x 2,4 m). Esta foi a principal premissa: buscar otimizar ao máximo os materiais e evitar o desperdício”, afirma Andrades.

Assim, a casa foi projetada numa lógica estrutural e construtiva simples. Na primeira etapa da construção foi feito o preparo do terreno e executa-ram-se as fundações e a laje de concre-to armado, para 20 dias depois, após a cura do concreto, fixar-se a estrutura em steel frame. Esta estrutura – com-posta por perfis de aço galvanizado, formando paredes e vigas, nas quais são afixadas as placas de OSB – foi pre-parada em um galpão em Porto Alegre e, depois de pronta, transportada para São Francisco de Paula.

No canteiro de obra, as seções de paredes pré-montadas foram afixa-das à laje por pinos e unidos uns aos outros por parafusos autobrocantes. Para a ancoragem das paredes utilizou-se chumbadores e cantoneiras de aço. Erguidas as paredes, foram montadas as vigas de borda, colocadas as tesou-

&ARQUITETURA AÇO 15

Refúgioh i g h - t e c hCASA DE CAMPO NA SERRA GAÚCHA FOGE

DO CONVENCIONAL AO APOSTAR EM LINHAS

ORTOGONAIS E CONSTRUÇÃO METÁLICA

DE PONTA, SEM DEIXAR DE OFERECER O

CONFORTO TÉRMICO INDISPENSÁVEL AO

INVERNO RIGOROSO DA REGIÃO

O deck, que atravessa o corpo principal da casa e agrega a função de acesso entre os dois blocos e varanda, também é estruturado em aço e revestido de pinus autoclavado. Neste caso, vigas de aço projetadas em balanço de 9 m x 2,9 m se apóiam à estrutura de concreto armado. Neste espaço de transição, a cobertura transparente e a porta corrediça são um convite à paisagem do entorno

16 &ARQUITETURA AÇO

ras e executada a cobertura, com a mesma estrutura de perfis leves galvanizados do light steel framing, e revestidas com telhas trapezoi-dais do tipo sanduíche. No revestimento das fachadas, utilizaram-se lambris de pinus autoclavados e telhas onduladas de aço galvaniza-do – com uma liga de alumínio e zinco (55%Al-Zn).

A casa formada por dois volumes retangulares, que se intercep-tam por um deque de madeira (estruturado em aço e com cobertu-ra translúcida), foi erguida em pouco mais de duas semanas. Para Andrades, este prazo só foi possível devido à construção metálica. “Quando pensamos na pré-fabricação, agilidade construtiva e fide-lidade ao projeto sem desperdício de material, o aço é a melhor opção.” Além disso, ele ressalta que “as perspectivas em relação ao aço são as melhores: preço mais acessível, velocidade construtiva, adequação às novas demandas, e, principalmente, bom desem-penho ambiental, algo imprescindível na crescente e irreversível busca pelo desenvolvimento sustentável”. (I.G.) M

Construída em light steel framing, a casa vence suave declive do ter-reno apoiando-se em uma laje de concreto armado afastada do solo, de modo a protegê-la da umida-de ascendente. Na foto, estrutura em perfis leves antes de receber fechamento em painéis de OSB

Abaixo, detalhe da estrutura em steel frame e do chumbador. As guias foram afixadas as lajes por chumbadores e os painéis afixados uns aos outros. Acima, vista do interior da residência. Devido ao clima frio, foi usado isolamento térmi-co em lã de vidro, no vão interno das paredes

> Projeto arquitetônico: Luciano

Andrades (Studio Paralelo)

> Área construída: 82 m²

> Aço empregado: aço galvanizado

ZAR 230

> Projeto estrutural: Formac S.A

> Revestimento metálico: telhas

onduladas aluminio-zinco

> Fornecimento da estrutura

metálica: Formac S.A.

> Montagem da estrutura metálica:

Surya Frame

> Local: São Francisco de Paula, RS

> Data do projeto: outubro de 2006

> Conclusão da obra: agosto de 2007

18 &ARQUITETURA AÇO

Identidade urbanaO AÇO É PROTAGONISTA NA FACHADA DA CASA CORTEN. ALÉM DE DAR NOME AO PROJETO, AS CHAPAS

DE AÇO PATINÁVEL SÃO AS RESPONSÁVEIS PELA INUSITADA LINGUAGEM VISUAL DA RESIDÊNCIA, QUE SE

OFERECE COMO UM PRESENTE BEM-VINDO À CAÓTICA PAISAGEM DE SÃO PAULO

No imponente painel de aço patinável que envolve a fachada da Casa Corten, repou-sa a sombra de uma árvore da rua

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POUCAS RESIDÊNCIAS BRASILEIRAS contemporâneas ganharam tanto destaque na imprensa internacional quanto esta casa de linhas concisas e texturas provocantes, construída na capital paulistana, próxima ao Parque do Ibirapuera. Da badalada revista inglesa Wallpaper ao respeitado por-tal Arch Daily, a Casa Corten, assinada por Marcio Kogan, tornou-se assunto e referência inquestionável.

O programa pedia uma residência contemporânea com atmosfera acolhe-dora. Kogan, acostumado a tirar par-tido de edificações de formas puras, respondeu com uma construção de traços geométricos, porém fluidos, com ambientes generosos que se abrem para as laterais e para aos fundos.

A planta simplificada reserva gran-de parte do pavimento térreo a uma ampla sala de estar com pé-direito de 5,2 m, separada apenas por panos de vidro do deck e da lareira externa. No centro da sala, um volume solto de madeira abriga todo o programa de serviços e a cozinha. O mezanino, estrategicamente posicionado sobre este minicaixote, abriga o home thea-ter. O terceiro andar acomoda quartos e suítes. Por fim, na cobertura, uma área de relaxamento com ares de solá-rio minimalista valoriza a vista para a metrópole.

O elemento mais impactante do projeto, no entanto, mora do lado de fora. Trata-se de uma fachada cega (sem janelas ou qualquer tipo de abertura) que se ergue sobre a caixa de alvenaria, cobrindo-a completamente. O material eleito para o suntuoso “envelope” foi o aço patinável, também chamado de aço corten – daí, o nome da residência –, que oxida naturalmente com o passar do tempo, for-mando uma camada de proteção contra a corrosão.

Foram soluções práticas que conduziram ao grande efeito: o imponente painel de cerca de 35 m2 é composto por uma série de chapas de 2,12 x 0,92 m, aparafusadas a um chassi de perfis tubu-lares, também metálico, instalado diretamente sobre a alvenaria. A análise dos engenheiros calculistas considerou a carga das chapas de aço desprezível, tornando dispensável qualquer reforço estrutu-ral na fachada.

Para Marcio Kogan, o mérito da criação está no diálogo entre a textura oxidada do aço patinável e os distintos elementos que o cercam – muro de pedras, portão de madeira freijó e massa bran-ca sobre a alvenaria. Para completar a construção do espaço, um detalhe que vale como um toque de mestre: sobre o painel de aço repousa a sombra de uma árvore da rua, dando forma concreta a um encaixe perfeito entre arquitetura e natureza. (C.P.) M

> Projeto arquitetônico: Marcio

Kogan

> Coautores: Oswaldo Pessano,

Suzana Glogowski, Renata

Furlanetto (arquitetura) e

Diana Radomysler (coautoria

de interiores)

> Colaboradores: Samanta

Cafardo, Lair Reis, Carolina

Castroviejo, Eduardo Glycerio,

Maria Cristina Motta, Mariana

Simas, Gabriel Kogan e

Beatriz Meyer

> Área construída: 360 m2

> Aço empregado: aço patinável

ASTM A242

> Fornecimento da estrutura

metálica: Mantra Engenharia

> Execução da obra: Mantra

Engenharia

> Local: São Paulo, SP

> Data do projeto: abril de 2006

> Conclusão da obra:

junho de 2008

Corte

Visão privilegiada

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20 &ARQUITETURA AÇO

O pavilhão transparente com pé-direito duplo de 6 m estru-turado em aço tem sua maior fachada para o nascente. Assim, para conquistar o conforto tér-mico adequado, além das telhas metálicas e beirais, instalou-se um brise metálico

DESTAQUE DA CASA DE CAMPO CONSTRUÍDA NO INTERIOR PAULISTA, A TRANSPARÊNCIA DO VIDRO COM

A ESTRUTURA EM AÇO ESTABELECE UM DIÁLOGO VISUAL MODERNO COM A PAISAGEM DO ENTORNO

&ARQUITETURA AÇO 21

é um pequeno vão de apenas 6 cm entre a face inferior da cobertura e os volumes em alvenaria que ela cobre e por onde entra a luz.

Em perfis soldados, os pilares e as vigas utilizam aço ASTM A36, con-forme conta o engenheiro calculista Tales Pedro de Souza, da Benedictis Engenharia. A opção por estes perfis deve-se à fidelidade com que o proje-to de estrutura atendeu à geometria da arquitetura. Há, inclusive, vigas de inércia variável para provocar e refor-çar, nas bordas, o efeito de leveza da estrutura que serve de cobertura ao

A CASA DE VERANEIO projetada pelo escritório Reinach Mendonça Arquitetos Associados, situada em Bragança Paulista, cidade que fica cerca de 90 km da capital paulista, é composta basicamente por dois blocos bem definidos: uma caixa de aço e vidro e um pavi-lhão de concreto armado e alvenaria em forma de L. Assim, com um desenho simples, sóbrio e elegante, a obra implantada em um terreno de 4 mil m2 é um convite à observação, seja de seu interior ou de seu exterior.

A transparência que evoca a visão comunicante com a paisa-gem é garantida justamente pela caixa de vidro estruturada em aço com pé-direito duplo de 6 m. Sobre este bloco transparente, onde estão distribuídos os ambientes de estar, uma tampa metá-lica (feita com telhas de aço isotérmicas do tipo sanduíche) parece flutuar e invade suavemente o volume em alvenaria. Mas o toque de mestre, que faz a cobertura flutuar e tornar-se ainda mais leve,

Na caixa de vidro, aço e vidro são combinados com placas de concreto (piso) e madeira (forro). Para a casa acomodar-se à topografia do terreno, uma pequena rampa vence meio nível e interliga a área de estar às suítes

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22 &ARQUITETURA AÇO

&ARQUITETURA AÇO 23

espaço central da casa e do pavilhão de vidro que ali se forma, explica Souza.

Para o arquiteto Henrique Reinach, a escolha do aço nesta obra explica-se basicamente por ser o material mais adequado para vencer grandes vãos com leveza. Para compor a obra e aco-modar a área íntima em setor mais privativo, elaborou-se um bloco em L de concreto armado e fechamento em alvenaria, com cobertura também em telha metálica.

Com 440 m2 de área útil, a constru-ção mista ganhou, em 2005, o prêmio do Instituto dos Arquitetos do Brasil – São Paulo de melhor obra construída e virou referência da atual produção arquitetônica brasileira, a qual, como é visível nessa obra, tende a buscar referências históricas sem deixar de demarcar uma forte personalidade própria. (I.G.) M

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> Projeto arquitetônico: Henrique

Reinach e Maurício Mendonça

(Reinach Mendonça Arquitetos

Associados)

> Colaboradores: Fernanda Stucchi,

Denise Hino, Ernesto Hirakawa,

Luciana Maki, Maurício Takahashi,

Mirelle Alves e Rodrigo Nogueira

> Área construída: 440 m²

> Aço utilizado: ASTM A36

> Projeto estrutural: eng. Tales

Pedro de Souza, eng. Eduardo

Duprat e Virginia Schevisbisky

(Benedictis Engenharia Ltda.)

> Execução da obra: CPA

Engenharia e Construções

> Local: Bragança Paulista, SP

> Projeto: 2002

> Conclusão da obra: 2004

24 &ARQUITETURA AÇO

PROJETADA PELA ARQUITETA Carla Juaçaba, a Casa Varanda é uma verdadeira “caixa de vidro” encravada na floresta do Itanhangá, no Rio de Janeiro (RJ), com fechamentos transparentes que permitem admirar a natureza exuberante do local. Declaradamente inspira-da em um ícone da arquitetura moderna, a Casa Farnsworth, do arquiteto alemão Mies van der Rohe, a Casa Varanda prima pela simplicidade e tem como elementos principais a estrutura em aço e o vidro.

A planta da Casa Varanda é compacta, simétrica e retangular. A sala de estar fica no centro, enquanto os quartos ocupam os extremos. As poucas paredes existentes estão dispostas trans-versalmente em planta, de forma a não obstruir a vista. Juaçaba afirma que as varandas são uma constante nas casas brasileiras, mas este projeto não precisou de uma, pois a sala se transforma em

ELEVADA POR ESTRUTURA EM AÇO, CASA VARANDA, NO RIO DE JANEIRO, TEM FECHAMENTOS TRANSPA-

RENTES QUE PERMITEM DESFRUTAR A BELEZA DA FLORESTA DO ITANHANGÁ

varanda quando seus painéis de vidro estão abertos.

Devido ao terreno lodoso – com até 20 m de profundidade – e aos alaga-mentos em dias de chuva constantes no local, uma das soluções empregadas pela arquiteta foi elevar a casa a 80 cm do chão usando estrutura em aço, esta-cas de concreto pré-moldadas e blocos de coroamento em concreto armado.

Segundo o engenheiro Pirajá dos Anjos, responsável pelo projeto estru-tural, a estrutura da casa é mista: no primeiro pavimento, as vigas principais

A casa de vidro

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são em perfis CE 300 x 76 e pilares em perfis CE 200 x 34, ambos em aço pati-nável de maior resistência à corrosão, que recebem pré-lajes em concreto armado; a cobertura, por sua vez, tem estrutura composta de perfis VEE 200 x 26 com vigas principais e terças em perfis em aço, que recebem telhas ter-moacústicas em aço galvanizado com revestimento alumínio-zinco. Uma sequência de vigas pré-moldadas de concreto (com 6 m de comprimento), encaixadas em vigas metálicas, con-figura a laje revestida com um piso cimentado claro.

A estrutura em perfis de aço foi sol-dada e montada em apenas 15 dias e o telhado, com as telhas aparafusadas nos perfis tubulares quadrados, e que se projeta 1,5 m para fora do perímetro

> Projeto arquitetônico: Carla

Juaçaba

> Colaboradores: Joana

Ramalhete (estagiária

UAL-Lisboa) e Nina Lucena

(estagiária PUC-RJ)

> Área construída: 140,4 m²

> Aço empregado: aço

patinável de maior

resistência à corrosão

> Projeto estrutural: Pirajá

Afonso Suppo dos Anjos

> Fornecimento e montagem

da estrutura metálica:

D´Angeli Serviços de

Engenharia Ltda.

> Telhas: Tuper

> Local: Itanhangá, RJ

> Data do projeto: 2005

> Conclusão da obra: 2007

da construção, foi colocado em apenas um dia. “Este foi o material mais adequado e leve para a estrutura metálica, e o aço nos per-mitiu ter rapidez no processo construtivo”, destaca Juaçaba. Como a casa fica próxima ao mar, os elementos em aço receberam a proteção de um fundo e de pintura de acabamento, ambos de base epoxídica, protegendo a estrutura contra a maresia.

Em um projeto totalmente integrado à natureza, uma das gran-des preocupações foi preservar todas as árvores do terreno. Por isso, o formato retangular da casa, que ocupa uma clareira. E o uso do aço favoreceu esta configuração. (D.P.) M

A casa se transforma numa grande varanda quando os painéis de vidro estão abertos. As poucas paredes estão dispostas transversalmente em planta, de forma a não obstruir a vista. A luz natural invade a casa pela claraboia que a corta longitudinalmente (acima, à direita)

26 &ARQUITETURA AÇO26 &ARQUITETURA AÇO

APESAR DA RELAÇÃO FORMAL DE CONTRASTE E INDEPENDÊNCIA, PAVILHÃO EM AÇO PROJETADO PELO

ARQUITETO EDUARDO DE ALMEIDA VEM ATENDER AOS USOS COMPLEMENTARES DA CASA PRINCIPAL

União independente

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OS PROPRIETÁRIOS de uma casa no Alto de Pinheiros, bairro nobre da capi-tal paulista, decidiram comprar o ter-reno vizinho para a construção de um pavilhão totalmente independente e equipado para receber amigos em reu-niões gourmets. Para isso, foi contrata-do o arquiteto Eduardo de Almeida.

Assim, com a premissa de criar um amplo espaço de convívio, convidati-vo e que prezasse a comunicação livre entre o interior e o jardim, o arquiteto criou um ambiente sem divisões inter-nas e optou pela dupla aço e vidro. “A ideia era criar uma construção muito leve, então, eu optei pela estrutura metálica que me daria a possibilidade de trabalhar de forma menos invasiva e facilitaria a relação interior-exterior”, revela Almeida.

Como um grande guarda-sol metá-lico, com vigas em arco que formam o corpo principal, e circundado por uma varanda, a estrutura em aço com cober-tura curva abriga balcão da cozinha, espaços de convívio, mesas para refei-ções ao ar livre, churrasqueira, home theater, entre outros equipamentos de

&ARQUITETURA AÇO 27

> Projeto arquitetônico:

Eduardo de Almeida

> Colaboradores: César

Shundi Iwamizu e Roberto

Zocchio Torresan

> Área construída: 386 m²

> Projeto estrutural: Heloísa

Maringoni (Cia de Projetos)

> Fornecimento da estrutura

metálica: Forte Metal

> Aço utilizado: perfis

tubulares sem costura,

terças e demais perfis em

aço ASTM A570, chapas e

elementos de ligação em aço

ASTM A36

> Construção: Construtora

Gustavo Halbreich Ltda.

> Local: São Paulo, SP

> Data do projeto: 2002

> Conclusão da obra: 2003

Acima e abaixo, estrutura em aço do pavi-lhão abriga o balcão da cozinha, mesas para refeições e churrasqueira, entre outros equi-pamentos. O arquiteto apostou na leveza da estrutura metálica para poder trabalhar de forma menos invasiva e facilitar a integração interior-exterior

lazer. E, aos fundos, ajustando-se ao desenho-limite do terreno, em outro bloco, ficam dispostos os ambientes de apoio – cozinha (su-perequipada para as reuniões culinárias), suíte de hóspede e pátio privativo.

Para fazer a cobertura do pavilhão e garantir conforto térmico e acústico, utilizou-se telha de aço, do tipo sanduíche, com isola-mento em lã de vidro. “Esta telha cobre apenas o pavilhão. A parte fechada é coberta com laje impermeabilizada”, ressalta Almeida.

Apoiada em quatro pilares tubulares de aço e na laje de concre-to no fundo, a estrutura em aço, pintada de branco com esmalte alquídico sobre primer epóxi, apresenta perfis soldados, compostos por chapas. A projetista estrutural Heloisa Maringoni detalha que, por se tratar de uma estrutura espacial, as ligações das escoras com pilares e quadros principais foram feitas por pinos em flanges e, as demais ligações, aparafusadas. “Para fixação dos caixilhos, em fun-ção da grande mobilidade da estrutura [panos de vidro deslizantes de 3 m], todos os encaixes são telescópicos”, informa.

Para o arquiteto Eduardo de Almeida, a estrutura metálica exige um grande rigor no projeto e no detalhamento arquitetônico. Os encontros precisam ser muito precisos e a execução corresponder a isso. E essa obra, sem dúvida, é o resultado desta conjunção de fatores. (I.G.) M

Corte longitudinal

28 &ARQUITETURA AÇO

AO PROJETAR UMA RESIDÊNCIA no bairro do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro (RJ), o escritório Indio da Costa AUDT seguiu a premissa de produ-zir uma obra que fosse racional, mas sem abdicar de uma porção poética e orgânica. O cliente desejava que a casa aproveitasse ao máximo a vista privilegiada para os cartões-postais da cidade: a Lagoa Rodrigo de Freitas, o Cristo Redentor e a Pedra da Gávea, na frente, e o Pão de Açúcar e a Baía de Guanabara, aos fundos.

Como o terreno tinha topografia irregular e fora todo cortado em pla-tôs por um antigo proprietário, esta configuração resultou em uma casa com quatro patamares encaixados nestes cortes. No nível mais baixo está

ESTRUTURA EM AÇO AJUDA A CON-

CRETIZAR PROJETO ARQUITETÔNICO

RACIONAL E POÉTICO DE UMA RESIDÊN-

CIA QUE APROVEITA PLENAMENTE A

VISTA DOS MAIS FAMOSOS CARTÕES-

-POSTAIS DO RIO DE JANEIRO

Ao lado, imagem externa da residência. Estrutura em aço permitiu posicionar a casa com exatidão em um terreno com topografia irregular. Dividida em quatro patamares, a casa permite avistar alguns dos locais mais famosos da cidade, como o Pão de Açúcar e a Lagoa Rodrigo de Freitas. Um amplo jardim permite o acesso à residência e dá mais leveza ao projetoR

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Paisagem valorizada

&ARQUITETURA AÇO 29

a garagem, enquanto nos dois inter-mediários estão escritórios, quarto de empregada, área técnica e lavanderia. O nível mais alto foi reservado aos cômodos principais – quartos, sala de estar, cozinha, varanda e deck –, para que todas as possibilidades das vistas fossem amplamente desfrutadas.

A estrutura foi projetada em perfis Ide aço de maior resistência à corrosão, ancorado no terreno, de um lado, e com um grande balanço, do outro. Um amplo jardim, que permite o acesso à residência e a envolve em seus dife-rentes patamares, faz um contraponto ao rigor da estrutura em aço e suaviza o projeto, conforme explica a arquiteta e coautora Carlota Sampaio.

A estrutura em aço está organizada em 16 pilares com alturas que variam entre 10 e 3m, ligados por vigas perifé-ricas com dimensões de 50 x 30 cm, e encaixou-se com perfeição na porção “racional” de um projeto marcado pelo despojamento conceitual. A estrutu-ra aparente, que recebeu uma pintura epóxi azul-marinho, ajuda a destacar a residência no cenário exuberante da capital fluminense. “Quando temos a possibilidade de utilizar a estrutura metálica, sua linguagem permite que ela acabe fazendo parte do próprio acabamento”, afirma Carlota Sampaio.

O uso do aço na estrutura permi-tiu uma grande precisão na locação da

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30 &ARQUITETURA AÇO

casa no terreno. “A casa era bem estrei-ta, com apenas uma quina tocando o muro limítrofe do terreno”, diz a arqui-teta. Sua locação foi feita em função da melhor vista para a lagoa Rodrigo de Freitas. “O construtor criou um sistema de ajuste por porcas, inserido no ponto em que o pilar encontra a sapata, que permite nivelar o pilar na exata posi-ção pretendida. Assim, a casa pôde ser posicionada com exatidão.”

A leveza e as possibilidades carac-terísticas do aço fizeram com que ele estivesse presente também em cha-pas para o piso de passarelas e no apoio dos forros. “Para essa residência, a estrutura em aço era a opção mais rápida, mais precisa e mais economi-camente viável,” finaliza a coautora do projeto. (J.G.) M

Organizada em 16 pilares de aço com alturas entre 10 e 3 m, ligados por vigas periféricas no mesmo material, a estrutura em aço aparente se destaca no projeto da residência, e se encaixa perfeitamente na porção “racional” do projeto

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> Projeto arquitetônico: Luiz

Eduardo Indio da Costa (Indio

da Costa AUDT) e Carlota

Sampaio (coautora)

> Colaboradores: Claudia Amorim,

Ana Slade e Maurício Duarte

> Área construída: 320 m²

> Aço empregado: aço patinável de

maior resistência à corrosão

> Projeto estrutural: Agapito

Martins

> Fornecimento da estrutura

metálica: Eco-Rio

> Execução da obra: Eco-Rio

> Local: Rio de Janeiro, RJ

> Data do projeto: 2001

> Conclusão da obra: 2003

&ARQUITETURA AÇO&ARQUITETURA AÇO

Endereços

31

> ESCRITÓRIOS DE ARQUITETURA

Carla JuaçabaTel.: (21) 8202-2229E-mail: [email protected]

Eduardo de Almeida Arquitetos AssociadosRua Chilon, nº 310 – São Paulo (SP)Tel.: (11) 3849-0815 E-mail: [email protected]

Gesto Arquitetura Ltda.Av. Pedroso de Morais, nº 580, 10º andar, cjs. 101/102 – São Paulo (SP)Tel.: (11) 3815-4345E-mail: [email protected]

Gustavo Penna Arquiteto & AssociadosAv. Álvares Cabral, nº 414 – Belo Horizonte (MG) Tel.: (31) 3275-2400www.gustavopenna.com.br

Indio da Costa AUDTRua Pinheiro Guimarães, nº 101 – Rio de Janeiro (RJ)Tel.: (21) 2537-9790 www.indiodacosta.com.br

Marcio Kogan Alameda Tietê, nº 405 – São Paulo (SP)Tel.: (11) 3081-3522www.marciokogan.com.br

Nistche Arquitetos AssociadosRua General Jardim, nº 645 – cj. 12 – São Paulo (SP)Tel.: (11) 2892-6004www.nitsche.com.br

Piratininga Arquitetos Associados Rua General Jardim, nº 482 – São Paulo (SP)Tel.: (11) 3256-7077www.piratininga.com.br

Reinach | Mendonça Arquitetos AssociadosRua Santonina, nº 75 – cj. 32 – São Paulo (SP)Tel.: (11) 3032-1110www.rmaa.com.br

Studio Paralelo Rua Santo Antônio, nº 366 - Porto Alegre (RS)Tel:. (51) 3312-6574www.studioparalelo.com

> PROJETO ESTRUTURAL Benedictis Engenharia Ltda. Rua Apinagés, nº 1.985 – cj.123 – São Paulo (SP)Tel.: (11) 3711-3902E-mail: [email protected]

Cia de ProjetosRua Mourato Coelho, nº 69 – cj. 6 – São Paulo (SP)Tel.: (11) 3061-2603

EngemetalRua Pedro Paulo Celestino, nº 150 – Diadema (SP)Tel.: (11) 4070-7070www.engemetal.com.br

FlasanRua Homem de Mello, nº 2.400 – Belo Horizonte (MG)Tel.: (31) 3078-2400www.flasan.com.br

Kurkdjian & Fruchtengarten Engenheiros Associados Rua George Eastman, nº 160 – 6º andar – São Paulo (SP)Tel.: (11) 3758-8416E-mail: [email protected]

Pirajá Afonso Suppo dos Anjos (D'Angeli Serviços de Engenharia Ltda.)Av. Leandro da Mota, n° 1.279 – Duque de Caxias (RJ)Tel.: (21) 3659-5710www.dangeli.com.br

Yopanan C.P. Rebello – Ycon EngenhariaRua Fidalga, n° 27 – São Paulo (SP)Tel.: (11) 3816-0441E-mail: [email protected]

> CONSTRUTORAS

CPA Engenharia e ConstruçõesAv. Nove de Julho, nº 4.877 – cj. 91 B – São Paulo (SP) Tel.: (11) 3702-2030 www.cpaeng.com.br

Construtora Gustavo Halbreich Av. Brigadeiro Faria Lima, nº 1.931 – 13º andar – São Paulo (SP)Tel.: (11) 3813-5611 www.halbreich.com.br

Construtora Porfírio e PlazaAv. Rouxinol, n° 74 – São Paulo (SP)Tel.: (11) 5536-9011E-mail: [email protected]

Elaborar Arquitetura e ConstruçãoRua Laranjal, nº 266 – Belo Horizonte (MG)Tel.: (31) 3221-4624E-mail: [email protected]

Mantra Engenharia Rua Professor Carlos de Carvalho, nº 28 – cj. 93/94 – São Paulo (SP)Tel.: (11) 3078-7674www.mantraengenharia.com.br

Pedroza Joppert EngenhariaRua Eng. Neves da Rocha, nº 390 – Rio de Janeiro (RJ)Tel.: (21) 2492-8266

> ESTRUTURA METÁLICA

D'Angeli Serviços de Engenharia Ltda.Av. Leandro da Mota, n° 1.279 - Duque de Caxias (RJ)Tel.:(21) 3659-5710 E-mail: [email protected]

Eco-Rio Estrada do Gabinal, nº 1.621 – Rio de Janeiro (RJ)Tel.: (21) 2445-2441www.eco-rio.com

Formac S.A.Rua Sérgio J. Dieterich, nº 710/14 – Porto Alegre/RSTel.: (51) 2123-8727www.formacbrasil.com.br

Forte MetalRua Wisard, nº 389, cj. 04 – São Paulo (SP)Tel.: (11) 3816-1714www.fortemetal.com.br

MetalfenasRua Engenheiro Manoel Segurado, n° 312 – Rio de Janeiro (RJ)Tel.: (21) 3104-7070www.metalfenas.com.br

PerlexR. Wilson Vallin, n° 29 – São Paulo (SP)Tel.: (11) 5565-1502E-mail: [email protected]

Pint Tecnologia de PinturaRua Manoel Guedes, n° 135, cj. 114 – São Paulo (SP)Tel.: (11) 3168-9955/3167-3134 Surya FrameRua Ouro Branco, nº 200 – bl. 3, sl. 204 – Rio de Janeiro (RJ)Tel.: (21) 3796-7925 www.suryaframe.com.br

Tecsa Construtora Av. Adhemar de Barros, nº 1.347 – 3º andar, cj. A – Guarujá (SP) Tel.: (13) 3308-1717www.tecsaconstrutora.com.br

Tuper Soluções ConstrutivasAv. Pref. Ornith Bollmann, n° 1.709 – São Bento do Sul (SC) Tel.: (47) 3631-5180 www.tupersc.com.br

32 ARQUITETURA AÇO&

expediente

NÚMEROS ANTE RIO RES:

Os núme ros ante rio res da revista

Arquitetura & Aço estão dis po ní veis para

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Indústrias II

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podem ser enviadas para o CBCA e serão ava-

liadas pelo Conselho Editorial de Arquitetura

& Aço. Entretanto, não nos comprometemos

com a sua publicação. O material enviado

deverá ser acompanhado de uma autorização

para a sua publicação nesta revista ou no site

do CBCA, em versão eletrônica. Todo o mate-

rial recebido será arquivado e não será devol-

vido. Caso seja possível publicá-lo, o autor

será comunicado.

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ções em mídia digital: desenhos técnicos do

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do projeto, projetista estrutural e construtor)

e dados do arquiteto (endereço, telefone de

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