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lina bo bardi

revista aup!

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edição #zero / / / 01/2014

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lina bo bardi

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A CIDADE PODE SER ENTENDIDA como um corpo em constante mu-tação. Pode-se dizer que a sua alma mora nos espaços públicos, consti-tuídos pelas ruas e outras estrutu-ras, como um conjunto de artérias, veias e órgãos que conduzem o san-gue quente do contato humano e o transforma em vida. A cidade é, de fato, o acontecimento que tem lugar no espaço público, e o deslocamento é a única possibilidade do ser huma-no perceber e vivenciar o espaço que habita e garantir a sociabilidade. É sabido que os significados da cidade mudam conforme o tempo, as pessoas e as funções urbanas, e esta constatação reitera a importân-cia de uma busca constante pela sua compreensão, tanto do ponto de vista físico quanto sociocultural. A Revista AUP! coloca-se neste contexto como um veículo de discussão sobre a cidade e buscará sua consolidação como tal. Os cursos de Arquitetura e Urbanismo, além de formarem pro-fissionais da área, possuem grande importância como fórum de discus-sões sobre a cidade e seu processo de

produção. O Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário do Triângulo (UNITRI) completa 20 anos empenhados neste sentido. O caminho para formação de futuros profissionais passa por processos pedagógicos que procu-ram levar o estudante a refletir e propor alter-nativas na busca de espaços de qualidade. Por isso, nossa primeira edição apresenta reflexões de profissionais e professores sobre a produção do espaço da cidade e os melhores estudos de-senvolvidos pelos estudantes do curso em seu processo de formação. A revista possui ainda uma sessão disponibilizada para os profissionais apresentarem suas produções no âmbito da ar-quitetura, urbanismo, paisagismo e áreas afins. Os trabalhos dos estudantes resul-tam da formação periódica semestral e foram elaborados dentro de uma prática pedagógica que busca a interdisciplinaridade. São apre-sentados também alguns projetos oriundos do Trabalho Final de Graduação (TFG). Desejamos que a Revista AUP! transforme-se em um ve-ículo de comunicação capaz de gerar debates em torno da produção das cidades não somente para Arquitetos e Urbanistas mas também para todos aqueles que sobre ela se debruçam no afã de conhecê-las e, assim, torná-las melhor.

E D I T O R I A L

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UM OLHAR SOBRE A OBRA DE

E A IGREJA ESPÍRITO SANTO DO CERRADO

DESAFIOS E PERSPECTIVAS NA PRESERVAÇÃO DO

NA REGIÃO DO TRIÂNGULO MINEIRO E ALTO PARANAÍBA

///////////////// trabalhos

INTERDISCIPLINARES ///////////////// trabalhos

FINAIS DE GRADUAÇÃO

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ÉPOCA ARQUITETURA, U R B A N I S M O ,P A I S A G I S M O E RESTAURO

entrevis ta com

MOBILIDADENA ÁREA CENTRAL DE UBERLÂNDIA

//////////// A PRAÇA

E SUAS APROPRIAÇÕES

CONSELHO DEARQUITETURAE URBANISMO

DE MINAS GERAIS

SUSTENTABILIDADEE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO

EM BUSCA DA

LIVROS

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/////// editores do

NÚM E R 0 #ZER0

P R O F. D R . ADAILSON P. MESQUITAP R O F ª . M S . FERNANDA R. JORDÃOP R O F. E S P. CLAYTON F. CARILIP R O F ª . M S . ANA FLÁVIA FERREIRAD I S C E N T E MOISÉS BESERRA

CONSELHO EDITORIAL

P R O F ª . M S . DORALICE DA NÓBREGA VAZP R O F. D R . ADAILSON P. MESQUITAP R O F. E S P. CLAYTON F. CARILIP R O F ª . M S . FERNANDA R. JORDÃOP R O F ª . M S . ANA FLÁVIA FERREIRA DE CASTROP R O F. E S P. HÉLIO FERREIRA VAZ FILHOP R O F ª . M S . SELENA DUARTE LAGE E LAGEP R O F ª . D R A . CYNTHIA DE SOUZA SANTOS

P R O F. M S . SÉRGIO AUGUSTO P. PEIXOTO

ENDEREÇO

GESTORA DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO P R O F ª . M S . DORALICE DA NÓBREGA VAZ

ESCRITÓRIO MODELO DE ARQUITETURA / / / / CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMOCENTRO UNIVERSITÁRIO DO TRIÂNGULO / AV. NICOMEDES ALVES DOS SANTOS, 4 .545BLOCO E // SALA 261 / / / / TÉCNICO RESPONSÁVEL V ITOR HUGO CARDOSO MARTINS

E X P E D I E N T E

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E X P E D I E N T E

COLABORADORESALINE MARTINS QUEIROZ / ANA CAROLINA SOUZA SILVA / EDUARDA ALVES SIQUEI-RA / GABRIELA SEABRA SANTOS / GUILHERME CLEMENTE DA SILVA NETO / ISABEL-LE ARAÚJO NEIVA / JEFFERSON SILVA RAMOS / KAMYLA LIMA DA MATA / MARIA AMÉ-LIA MANGUSSI NOGUEIRA / MARIA ELIZA DE FREITAS OTONI / MARINA GALVÃO RAMOS / RAUL JOSÉ DA COSTA / ROGÉRIO RIBEIRO DE SANT’ANA / RUMAYANA JUNQUEIRA

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LCONSELHO FISCALD I s c e n t e MOISÉS BESERRAP R O F. E S P. CLAYTON F. CARILID I s c e n t e ROGÉRIO RIBEIRO DE SANT’ANA

JORNALISTA RESPONSÁVELISABELLA BEATRIZ PEIXOTO 0 0 1 8 8 9 7 / M G

REDAÇÃO, ARTE E DIAGRAMAÇÃOfo l ia dos re is / EQUIPE AUP!

FOTOLITOS E IMPRESSÃOGRÁFICA E EDITORA CÔRTES

REVISÃOISABELLA BEATRIZ PEIXOTO

CAPAIGREJA DO ESPÍRITO SANTO DO CERRADO,DE L INA BO BARDI , EM UBERLÂNDIA/MG.retrato de fo l ia dos re is

FALE,

LEITOR!

A REVISTA AUP! QUER SABER A SUA OPI-nião e contar com a sua participação nas nossas próximas edições. Para isso, nos envie um e-mail com seu texto, comentário, crítica, sugestão de pauta, trabalhos artísticos e/ou extracurriculares que você gostaria de compartilhar com os colegas da área. Vale lembrar que prezamos pela qualida-de do conteúdo, por isso, seu trabalho será avalia-do pelo nosso corpo editorial e, se aprovado, pas-sará pela revisão ortográfica e gramatical de nossa jornalista responsável Isabella Peixoto.

P a r t i c i p e

[email protected]

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_ O CENTENÁRIO DE LINA BO BARDI Lina Bo Bardi teve uma participação efetiva na afirma-ção da cultura brasileira, tendo se envolvido em áre-as como as artes plásticas, o teatro e a arquitetura. A contribuição de Lina transcende a mera atuação profis-sional na arquitetura, fundamentando-se na certeza de que a Arte é elemento vital para a formação de um povo. A artista nasceu em Roma e chegou ao Brasil em 1946 em companhia do marido Pietro Maria Bardi, que por muitos anos esteve a frente do Museu de Arte de São Paulo (MASP). Os dois foram responsáveis pela aquisi-ção do grande acervo do Museu. Se estivesse viva, Lina completaria 100 anos no dia 5 de dezembro de 2014. As comemorações para o Centenário da arquiteta estão em curso e várias instituições preparam eventos. Segundo

Anna Carboncini Masini, diretora do Instituto Lina Bo e P.M. Bardi, cogita-se uma exposição na Galeria Nacional de Arte Moderna de Roma, que seria uma espécie de vol-ta à cidade onde ela nasceu. O Sesc Pompéia, instituição para a qual Lina fez um dos seus melhores projetos, tam-bém se envolverá nas comemorações. Parte do acervo da obra de Lina Bo Bardi pode ser vista na Casa de Vidro (an-tiga residência dos Bardi, projetada por Lina) que sedia o Instituto que leva seu nome, e é aberta à visitação do pú-blico mediante agendamento. Lina Bo Bardi projetou para Uberlândia a Igreja Espírito Santo do Cerrado, solicitada a ela pelo amigo Frei Egídio Parisi. A igreja situa-se no Bairro Jaraguá, recebe fiéis regularmente para as celebra-ções, e está aberta a visitação em horários estipulados.

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_ RESTAUROA cidade de Lisboa, em Portugal, receberá nos dias 20 e 21 de novembro de 2014, o Congresso de Viollet-Le-Duc à Carta de Veneza, Teoria e Prática do Restauro em Espaços Ibero-Americanos. Os temas são variados, porém com eixo central na teoria do restauro, com ênfase nas práticas, evolução dos conceitos e técnicas da preservação dos bens culturais. Mais informações no site do congresso: http://viollet-le-duc.lnec.pt.

_PATRIMÔNIO De 21 a 24 de outubro de 2014 será realizado em Bau-ru/SP o XIII Congresso Internacional de Reabilitação do Patrimônio Arquitetônico e Edificado. O congresso está organizado em seis temáticas: patrimônio do trabalho, patrimônio dos transportes, patrimônio dos espaços institucionais, patrimônio residencial, patrimônio do la-zer, e gestão e preservação do patrimônio cultural. Con-fira mais em www.cicop2014.com.br.

_UFU PROMOVE SEMINÁRIO DE PRESERVAÇÃO FERROVIÁRIAAs ferrovias brasileiras tiveram uma importante participação na formação da rede urbana que possuímos atualmente. Em-bora seja inegável esta importância, nota-se um grande descaso com o patrimônio ferroviário, o que resulta em abandono e, consequentemente, na perda de importantes elementos formadores da memória das cidades e do Brasil. A Universidade Federal de Uberlândia (UFU) criou um grupo multidisciplinar para elaboração de um congresso internacional de preserva-ção ferroviária na cidade, programado para o segundo semestre de 2015, que reunirá renomados especialistas, lideranças e autoridades de todo o país para apresentação de projetos, realidades locais e discussão de propostas para preservação do patrimônio ferroviário.

_ ARQUITETURA DO UNITRI NO 19º LUGAR DO RANKING DA FOLHA DE SÃO PAULOO Curso de Arquitetura e Urbanismo do UNITRI ficou classificado em 19º lugar no ranking da Folha de São Paulo que avalia as instituições de ensino e os cursos das 30 carreiras com mais estudantes matriculados no país. Vários quesitos foram avaliados pela Folha, entre eles a qualificação do corpo docente. A pesquisa é reali-zada periodicamente pelo Datafolha.

N O T A 4 P E L O M E C (MAIO/2014)

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_PÓS-GRADUAÇÃOO III Encontro Nacional da Associação de Pesquisa em Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (ENANPARQ), será realizado nos dias 20 a 24 de outubro em São Paulo/SP. O tema este ano é “Arquitetura, cidade e projeto: uma construção coletiva”. Mais informações no site: http://www.cicop2014.com.br.

_PESQUISANDO AS CIDADESO Centro de Estudos Urbanos, Cultura e Paisagem (CEUCP) é um gru-po de pesquisa cadastrado no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e vem desenvolvendo pesquisas na sua área de atuação. O grupo se reúne regulamente no UNITRI para fóruns em que se discute a produção da cidade, a mobilidade, a paisagem urbana e o patrimônio cultural. O CEUCP tem procurado expandir as pesquisas, contando também com o apoio de profissionais de Araguari e demais cidades da região. Para participar das discussões, entre em contato com o grupo através do e-mail [email protected].

_ MOBILIDADE Nos dias 20 a 24 de outubro de 2014 será realizado em Rosário na Argen-tina o XVIII Congresso Latino-americano de Transporte Público e Urbano (CLATPU). O evento internacional terá como tema “Transporte Sustentá-vel: o desafio para o século XXI”. Congresso de grande importância para o desenvolvimento dos transportes na América Latina, o CLATPU tem mostrado grande vitalidade nas discussões sobre novas formas de pla-nejamento, gestão, novas tecnologias, entre outros assuntos inerentes ao sistema de transportes.

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_ARQUITETURA DO UNITRI PROMOVE JOARQPromovida semestralmente pelo Curso de Arquitetura e Urbanismo do UNITRI, a Jornada de Arquitetura e Ur-banismo (JOARC) deste semestre ocorreu nos dias 14 e 15 de abril e teve como tema o Centenário de Lina Bo Bardi. O evento contou com a apresentação de 18 tra-balhos de iniciação científica que envolvem temas como mobilidade urbana, preservação do patrimônio ferrovi-ário, polos geradores de viagens, e estruturas. A Jorna-da promoveu também um concurso de bolos-maquetes das obras de Lina. As maquetes, confeccionadas pelos próprios alunos, foram avaliadas por uma comissão jul-gadora formada por professores do curso. A exposição e degustação foram realizadas no saguão de eventos do Bloco E, junto com atividades artísticas coordenadas pela professora Iara Helena Magalhães. Dos cinco gru-pos que concorreram, foram escolhidos três vencedores, que receberam premiações:

1 º L U G A R

Luciene Almeida, Luciane Machado e Marcella Gon-çalves (9º D1)

2 º L U G A R

Haniely de Miranda, Layane Menezes, Jessyca Costa, Samir Rosa, Ketherlen Cotta, Amanda Carolina Santa-na Araújo e Dayane dos Santos Rocha (3º D2)

3 º L U G A R

Suellen Wunsch, Thaynara Weber, Marina Justino e Laysa Marques (5º D2)

A atividade marcou o início das comemorações do centenário de Lina Bo Bardi que terá ainda no se-gundo semestre um ciclo de palestras sobre a obra e a importância da arquiteta.

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fonte Clayton França Carili

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A CASA DE EMERENCIANO CANDIDO DA Silva, popularmente conhecido como “Capitãozinho”, foi erguida entre 1919 e 1920. O lote foi obtido por meio de uma carta de aforamento em nome de Francisca Mariana Pereira em 1919, na qual o foreiro se via obrigado a cons-truir a residência no prazo de dois anos. Tendo a obra ter-minado no ano de 1920, cumpriu-se o acordo especificado no elemento decorativo da platibanda.

Com o passar dos anos, a casa ficou perdida e sem cuidados, surgindo a neces-sidade de um projeto que restabelecesse a história da edificação e que atendesse à po-pulação nos dias atuais. Para isso, foi pen-sado um anexo, que visa a sustentabilidade da edificação e a preservação da cultura lo-cal, também um aspecto sustentável.

CAMILA MONTEIRO DE CASTRO

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CONCEITO E PROPOSTA PROJETUAL

O conceito “desenvolvimento sustentável” difun-diu-se à medida que a preocupação com o esgotamento dos recursos naturais tornou-se iminente. Muitos auto-res e pesquisadores ressaltam o fato de se tratar de um conceito amplo, sem uma definição precisa e, consequen-temente, adotada de forma distinta de acordo com o seg-mento social interessado. A origem da expressão “desenvolvimento sus-tentável” remete inquestionavelmente às questões ambientais, entretanto o assunto envereda por muitas frentes de discussão como a busca por formas alternati-vas de energia em substituição aos recursos não-reno-váveis, o manejo de florestas para evitar sua extinção, o exercício de uma arquitetura sustentável, a preservação de culturas locais, entre tantos outros. A proposta projetual é consequente de tal con-ceito. A intenção do restauro é tornar o espaço um centro de cultura e relembrar o aspecto saudosista daquele local, preservando a cultura e o meio inserido em busca de efi-ciência energética e qualidade de vida. A intenção é de um espaço convidativo, aberto para que as pessoas possam entrar e se apropriar do lugar, usufruindo de tudo que o projeto tem a proporcionar, sem esquecer de dar valor à ve-getação já presente no local e conscientizar os visitantes. O PROJETO

A árvore passou a ser o teto da edificação, re-metendo a uma arquitetura colonial, onde os telhados são de poucas águas, e decks que parecem alpendres. Criou-se espaços isolados para relaxamento, muitos bancos para conversação e uma encantadora loja de ar-tesanatos, para a venda dos objetos criados pelas cos-tureiras residentes na cidade de Martinézia, que serão confeccionados nas salas de oficina do centro cultural. Foi criado um teto verde em função e na busca por melhor qualidade de vida, reduzindo os ruídos exter-nos, provenientes principalmente das oficinas, aumen-tando ainda o conforto térmico, também beneficiado pelo uso de espelhos d’água. A ideia era amenizar o clima ao qual estamos submetidos, que é bastante seco.

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Houve pouca intervenção no terreno exis-tente e o que foi retirado foi utilizado na execução dos muros de adobe e na escada vegetal. Buscou-se respeito com o meio em todos os aspectos ecológicos. As calçadas foram tratadas com o mesmo cuidado da edificação, sendo arbori-zadas e permeabilizadas, de forma que o edifício se comunicasse com o entorno, preservando o prédio e, consequentemente, nomeando-o sustentável. As aberturas priorizaram a luz natural nas horas mais necessárias de utilização do edifício. Os móveis esco-lhidos foram executados com materiais renováveis, reutilizados ou reciclados. Vale ressaltar que a construção é de baixo custo, pois todas as matérias necessárias para sua execução são facilmente encontradas no local, mui-tas vezes reaproveitadas do próprio solo, e a mão de obra também seria local. Projeto contemplado com a 3 ° c o l o c a ç ã o

n o c o n c u r s o n a c i o n a l d e i d e i a s p a r a e s t u d a n -

t e s d e A r q u i t e t u r a e U r b a n i s m o “ S u s t e n t a b i l i -

d a d e e m E d i f i c a ç õ e s P ú b l i c a s ” de 2008.

Uma horta foi implantada no projeto com o in-tuito de proporcionar aos visitantes a possibilidade de colher seu próprio alimento tanto para levar para casa, quanto para ser preparado no bar, criado para aprecia-ção da leitura e da paisagem. Foram criadas portas basculantes que abrem e fecham conforme horário de funcionamento. Quando fechadas não privam a integração do edifício com o meio externo e quando abertas, servem de teto para o edifí-cio, criando uma paginação no piso, devido ao desenho da tela galvanizada quando recebe a luz solar. A fachada é marcada por cobogós, que preservam sem impedir a visão da rua e regulam a passagem de calor permitindo a passagem de ar para a ventilação cruzada. Foram escolhidos os cobogós de madeira do artista plásti-co Mineiro José Bento, em referência à cultura regional. Na fachada frontal, o anexo possui uma fachada verde que ajuda no sombreamento e também no padrão estético do edifício. A ventilação foi feita através de bri-ses de madeira, que permitem a entrada de ar, mas não a de calor. Foram utilizados sistemas de captação de água da chuva através de caixas d’água secundárias.

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“ O t r a b a l h o s e d e s t a c a p o r a s s o c i a r a v a n ç a d o g r a u d e d e s e n v o l v i m e n t o t é c n i c o à s i n g e l e z a

d e u m a p r o p o s t a d e e s c a l a r e d u z i d a n a q u a l c o n t e m p l a - s e a i n d a a t i v o u s o d e u m a e d i f i c a ç ã o

p r e e x i s t e n t e d e v a l o r h i s t ó r i c o , c o m a q u a l a p r o p o s t a d i a l o g a . O s a b u n d a n t e s r e c u r s o s d e

e c o n o m i a e n e r g é t i c a , v e n t i l a ç ã o p a s s i v a e e c o n o m i a d e á g u a m e d e i a m a r e l a ç ã o e n t r e a n o v a

e d i f i c a ç ã o p r o p o s t a e a c a s a h i s t ó r i c a , a r t i c u l a d a s e m t o r n o d e u m a á r e a v e r d e q u e a m p l i a o

e s p a ç o p ú b l i c o . O v i é s s o c i a l d o p r o g r a m a , i n c o r p o r a n d o a v a l o r i z a ç ã o d o a r t e s a n a t o l o c a l

p o r m e i o d e a t e l i ê s , c o n t e m p l a a i n d a u m a s p e c t o c o m p l e m e n t a r d e s u s t e n t a b i l i d a d e p o u c a s

v e z e s t r a t a d o e n t r e o s p a r t i c i p a n t e s d o c o n c u r s o ” fonte Site oficial do concurso (http://goo.gl/7CzYYy)

ORIENTADORES CLAYTON F. CARILLI / ADAILSON P. MESQUITA COLABORADORES MARIANA DE REZENDE ANDRADE

camila castro Arquiteta e urbanista graduada pelo Centro Universitário

do Triângulo (UNITRI), no ano de 2008. Atua em seu escritório Spazio C+ Arquite-

tura e Interiores, em Araguari-MG, desenvolvendo projetos para toda a região.

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ESCREVER SOBRE LINA BO BARDI NÃO É UMA TA-refa fácil, e os motivos que me levaram a ter esse pensa-mento, tornaram-se uma oportunidade para enfrentar al-guns desafios. Diante de inúmeros excelentes livros, artigos, dissertações e teses sobre a arquiteta, como escrever algo que não pareça repetido ou superficial? E já aviso de antemão que não é a intenção aqui, me igualar a esses pesquisadores. Entendido esse contexto, exponho meu segun-do desafio: como honrar o trabalho e acima de tudo a poesia da obra de Lina? Esse receio representar o quan-to admiro e respeito essa personagem que me encanta e surpreende a cada reencontro. Experimentar essa arquitetura foi fundamental. Lembro-me da primeira vez que conheci a obra de Lina, no início do curso de arquitetura. Entre as teorias e a história que sempre me encantaram, me surpreendi aos pés da escada do Museu de Arte Moderna da Bahia, o Solar do Unhão, em Salvador. Compreendi o projeto, os detalhes, os encontros dos degraus de madeira, seus encaixes perfeitos. Aquele projeto me surpreendeu de diversas maneiras, parecia que até a aura do local relu-zia. Entenda: esta não foi a primeira obra de Lina que co-nheci. Mas garanto entretanto que foi a primeira vez que meu olhar estava atento a reconhecer aquele espaço.

Por isso, abro um parêntese para enfa-tizar a importância do olhar enquanto percepção, ferramenta de entendimento. Não é aquela pis-cadela, ou aquela olhada rápida, é ver com aten-ção. Esse é o sentido do olhar que nos interessa, enquanto apreensão do conhecimento, criação de um repertório técnico e cultural que mantém viva a evolução do pensamento de cada indiví-duo. O olhar possui um apelo individual, podendo ser descrito como uma comunicação ativa que viabiliza construções perceptivas ricas de inte-rioridade. Podemos lembrar ainda o depoimento de Oscar Niemeyer que dizia ter “um museu par-ticular” e que guardava tudo aquilo que gostou na vida. Outra forma de identificar o olhar, é através de uma base fenomenológica, que diz respeito às escolhas: “P r i m e i r o e u o l h o , p a r a d e p o i s d e c i d i r

s e f e c h o o s o l h o s o u s e o s a b r o m a i s (…) Certo é que, uma vez estabelecido o olhar, o resultado desta ação permanece em algum lugar. Registro visível e invisível atado-marcado ao corpo”. Divido nesse breve espaço um olhar so-bre a obra de Lina Bo Bardi, e que ele incentive outros olhares, entre eles, o seu.

DANIELE FORLANI MASINI

UM OLHAR SOBRE A OBRA DE

E A IGREJA ESPÍRITO SANTO DO CERRADO

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e, em 1943, com Carlo Pagani dirigiu a revista Domus e Quaderni di Domus até 1945, quando a cidade é bombar-deada durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1946, Lina casou-se com Pietro Maria Bardi e, juntos, mudaram-se para o Brasil. Em 1951, torna-se cidadã brasileira:

“ Q u a n d o a g e n t e n a s c e , n ã o e s c o l h e n a d a , n a s c e p o r a c a s o . E u n ã o n a s -

c i a q u i , e s c o l h i e s t e l u g a r p a r a v i v e r . P o r i s s o , o B r a s i l é m e u p a í s d u a s v e -

z e s , é m i n h a ‘ P á t r i a d e E s c o l h a ’ , e e u m e s i n t o c i d a d ã d e t o d a s a s c i d a d e s , d e s -

d e o C a r i r i , a o T r i â n g u l o M i n e i r o , à s c i d a d e s d o i n t e r i o r e à s d a f r o n t e i r a ”

SITUANDO NO TEMPO E NO ESPAÇO

Achilina Bo nasceu na Itália, em 5 de dezembro de 1914. Graduou-se em Arquitetura pela Universidade de Roma em 1939. Em 1940 mudou-se para Milão, onde dividiu um estúdio com Carlo Pagani e colaborou com Gio Ponti na revista Lo Stile. Atuou ainda em várias revistas,

A arquiteta é responsável por importantes pro-jetos arquitetônicos, urbanos e design de mobiliário, além de navegar pelo universo do design de joias e de-sign de roupas. Fundou e dirigiu a Revista Habitat, or-ganizou diversas exposições culturais e de valorização da arte. Além disso lecionou nos cursos de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e Univer-sidade da Bahia, e no Curso de Desenho Industrial no Instituto de Arte Contemporânea (IAC), juntamente com Pietro Maria Bardi. Entre suas importantes obras, estão: Casa de Vidro, São Paulo (1951), Sede do MASP, São Pau-lo (1957), Casa do Chame-Chame, Salvador (1958), Res-tauro do Solar do Unhão – Sede do MAM-Ba, Salvador (1959), Igreja do Espírito Santo do Cerrado, Uberlândia (1976), Centro de Lazer SESC - Fábrica Pompeia, São Paulo (1977), Casa do Olodum, Salvador (1988), entre ou-tros. Lina nos deixou em 20 de março de 1992. Lina chega ao Brasil, num momento de efer-vescência da arquitetura moderna brasileira. Existe uma aproximação dos princípios da arquitetura moder-na, ligados às tradições locais de cultura, notadamente princípio também utilizado pelo arquiteto Lucio Costa. Como força do seu processo projetual, notamos a pre-

sença de dois universos: o popular, adquirido pela cultu-ra local, pela prática e pelo uso; e o erudito, entendido enquanto conhecimento instruído, ligado a academia. Lina demonstra um entendimento profundo da cultura brasileira, do homem comum. Suas obras não rompem com o passado, com sua história, ela afirma: “A a r q u i t e t u -

r a m o d e r n a é , c o m o t o d a s a s at i v i d a d e s h u m a n a s , o p r o d u t o

d a e x p e r i ê n c i a d o h o m e m n o t e m p o . N ã o e x i s t e f r at u r a e n t r e

o a s s i m c h a m a d o ‘ m o d e r n o ’ e a h i s t ó r i a , v i s t o s e r o ‘ m o d e r n o ’

a n t e s o p r o d u t o d a h i s t ó r i a ”. Bardi consegue criar grandes espaços de qua-lidade arquitetônica voltados para a população. É in-discutível a importância da praça formada pelo vão do MASP. Um espaço que abre-se num emaranhado de edifícios, um respiro, livre de amarras, muros, cercas e gradis. O edifício torna-se mais que um conjunto de tijolos, concreto e vidro, ele tem significado, torna-se marco, um presente para cidade. É onde acontecem fei-ras livres, manifestações populares, intervenções artís-tico culturais. Outro exemplo que alia qualidade e uso, é o conjunto do SESC Pompeia, que convida a conhecer seus espaços fabris, sentar nos bancos detalhadamente pensados, enfim apropriar-se do local.

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EM MINAS - OU MELHOR, EM UBERLÂNDIA

Diante de um olhar tão atento a cultura brasi-leira, Lina faz uma arquitetura rica, detalhada, utilizando materiais e técnicas locais, entendendo o contexto ur-bano e social, resultando em projetos de máxima quali-dade e poesia. É um presente a cidade contar com uma obra de alguém que possui esse olhar. O único exemplar mineiro é a Igreja do Espírito Santo do Cerrado, projeto de 1976, em conjunto com os arquitetos André Vainer e Marcelo Carvalho Ferraz, foi uma experiência que uniu a comunidade e a arquiteta. A obra foi executada pelo

sistema de mutirão e doações, construída pelas mãos da população. A Igrejinha foi tombada em 1991 pelo Municí-pio e em 1997 pelo Instituto Estadual do Patrimônio His-tórico e Artístico do Estado de Minas Gerais (IEPHA-MG). A paisagem do terreno da Igreja no final da dé-cada de 70 era bem diferente de hoje. O bairro Jaraguá não era tão ocupado e ela se destacava no seu contexto. A cidade cresceu, o entorno foi ocupado, mas a Igreja mantém-se enquanto referência visual e social impor-tante para a população.

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A vontade de perceber/entender o projeto, le-va-nos ao local para olharmos, com atenção, a obra en-quanto presença não só física, mas psicológica. Ao pri-meiro olhar, é interessante notar a implantação da igreja no terreno. O conjunto respeita o desnível da rua, en-tendendo volumes separadamente em níveis distintos – no nível mais alto encontra-se a Igreja; no nível inter-mediário os dormitórios dos Padres (hoje a administra-ção), abaixo dele o espaço de confraternização, e por fim a quadra que estava no nível da rua, hoje substituída por um salão paroquial (Projeto dos arquitetos Marcelo Ferraz e André Vainer). A edificação encontra a rua em diferentes níveis, não criando obstáculos ao seu acesso. Os volumes cilíndricos roubam toda atenção do observador. Neles se encontram uma forma pura, em diversas dimensões, que se tocam ou se unem de for-ma suave. Sua volumetria quase monolítica é atenuada pelos desníveis. O sistema construtivo utilizado reforça a unidade do conjunto. Ele é composto por um sistema

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS <<<

ARAUJO, Anna Rita Ferreira de. Sobre o olhar a percepção fe-

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FERRAZ, Marcelo Carvalho. Lina Bo Bardi. São Paulo: Empre-

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estrutural misto, contendo concreto armado, alvena-ria estrutural, aço e madeira. O fechamento externo foi feito em concreto armado e tijolos maciços e o telhado com telhas de barro e estrutura em madeira da região. A porta de entrada da Igreja, em madeira tre-liçada, está sob um pórtico em concreto. Ela abre-se por completo e dela enxerga-se todo o espaço interior. O altar-mor é banhado por uma luz natural que é feita pela troca do material das telhas, uma representação do poder divino. A estrutura do telhado encanta pelos encontros e encaixes, assim como a estrutura de fecha-mento da área de confraternização. Mesmo com modificações ao longo do tempo, e após a última obra de restauração, recém-entregue a população, a Igreja mantém a essência da obra de Lina Bo Bardi, a produção de uma arquitetura qualita-tiva, aliada a função comunitária e cada vez mais sendo apropriada pela comunidade.

PEREIRA, Juliano Aparecido. A ação cultural de Lina Bo Bardi

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n. 10, p. 05

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O CONCRETO ARMADO É O MATERIAL DE MAIOR utilização na construção civil desde tempos primórdios. O material como conhecemos hoje foi utilizado a par-tir do ano de 1849, porém as construções de concreto armado encontradas no Brasil são em sua maioria re-centes, com idade média inferior a 50 anos. Assim, a ne-cessidade de reabilitar e manter estruturas existentes, ditada por razões tão diversas quanto as de fundo eco-nômico, social, histórico ou de segurança está delinean-do uma nova área de pesquisa que respeita à concepção e o projeto estrutural e estuda as manifestações pato-lógicas observadas nas estruturas de concreto. As patologias possuem diversas origens e resul-tam de ações sobre essas estruturas, sejam elas de cará-ter físico, químico, ambientais ou mecânico, existem várias patologias que se manifestam nas estruturas de concreto, algumas tem maior incidência, como as apresentadas em fachadas de edifícios e devem ser cuidadosamente ava-liadas para que as mesmas não causem maiores danos à estrutura, o que pode resultar em prejuízos econômicos ou acidentes envolvendo seres humanos. Nos últimos anos o avanço dos processos cons-trutivos levaram os profissionais a produzir projetos de arquitetura e engenharia cada vez mais detalhados e com melhores especificações, viabilizando a racionali-zação da construção procurando evitar o aparecimento

de patologias nas edificações. Os projetos devem não apenas definir desenhos com detalhamentos constru-tivos, mas descrever como os processos e materiais devem ser executados, pois é nesta fase que surgem a grande maioria das patologias. Diante desse contexto não se pode negar que todos os avanços tecnológicos e desenvolvimento da ciência tem sido de fundamental importância para arquitetos e engenheiros na minimi-zação de erros construtivos. Entretanto, mesmo com todo esse desenvolvimento tecnológico, tem sido pro-duzidas edificações que apresentam problemas em seu comportamento estrutural, que afetam sua durabilida-de e características estéticas a esses problemas dá-se o nome de patologias (figuras 1 e 2). Embora ainda pouco estudadas, as patologias de fachadas podem ser consideradas preocupantes para a construção civil e é bastante comum a ocorrência desses danos, em vários tipos de edificações. Em es-tudos realizados sobre o tema encontraram registros documentais de que na Mesopotâmia foi instituído no Código de Hamurabi, regras de conduta para regula-mentar a relação entre construtor e usuário na questão relacionada com o aparecimento desses defeitos pato-lógicos, isto evidência o quanto é antigo esse problema. De acordo com AZEVEDO et.al. (2011) o código dispunha de cinco regras:

PROF. MS. FERNANDA RIBEIRO JORDÃO

0 1 S e o c o n s t r u t o r f a z u m a c a s a p a r a u m h o m e m e n ã o a f a z f i r m e e s e u c o l a p s o c a u s a a m o r t e d o d o n o

d a c a s a , o c o n s t r u t o r d e v e r á m o r r e r 0 2 S e c a u s a a m o r t e d o f i l h o d o d o n o d a c a s a , o f i l h o d o c o n s t r u -

t o r d e v e r á m o r r e r 0 3 S e c a u s a a m o r t e d e u m e s c r a v o d o p r o p r i e t á r i o d a c a s a , o c o n s t r u t o r d e v e r á d a r

a o p r o p r i e t á r i o u m e s c r a v o d e i g u a l v a l o r 0 4 S e a p r o p r i e d a d e f o r d e s t r u í d a , e l e d e v e r á r e s t a u r a r o q u e

f o i d e s t r u í d o p o r s u a p r ó p r i a c o n t a 0 5 S e o c o n s t r u t o r f a z u m a c a s a p a r a u m h o m e m e n ã o a f a z d e a c o r -

d o c o m a s e s p e c i f i c a ç õ e s e u m a p a r e d e d e s m o r o n a , o c o n s t r u t o r r e c o n s t r u i r á a p a r e d e p o r s u a c o n t a

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Embora o tema seja antigo nos dias atuais continuamos tendo problemas dessa natureza e mui-tas vezes mal intermediadas pela legislação. Esses da-nos tornaram-se problemas sérios e podem ocorrer em qualquer tipo de estrutura, tanto na fase de construção como no período de uso da edificação. Contudo podem ser minimizados a partir de melhorias aplicadas ao pro-cesso construtivo. A aplicação do termo patologia, particularmen-te no caso das estruturas de concreto, tem origem no tratamento dos problemas com o sentido de reabilitar as estruturas, o que corresponde a um processo tera-pêutico na medicina. Existem manifestações patológi-cas simples, aquelas que podem ser facilmente identifi-cadas (admitem padronização), e podem ser resolvidos sem grandes conhecimentos especializados. No entan-to, existem problemas patológicos que são mais com-plexos, esses não são identificados facilmente, pois não são alvos de mecanismos de fiscalização convencional e esquemas rotineiros de manutenção, o que obriga a ter um maior conhecimento de Patologias das Estruturas. As manifestações patológicas nas estruturas de concreto podem aparecer tanto na fase de constru-ção como durante o período de pós-ocupação. Pesqui-sas mostram que o mercado de recuperação estrutural, que antes era um seguimento voltado para edifícios an-

tigos, está sendo cada vez mais procurado por edifícios novos e até em construção, prejudicados pela falta de planejamento e acompanhamento técnico na execução das obras. Na fase de concepção da estrutura podem de-senvolver várias falhas. Elas podem ter origem durante o estudo preliminar, na execução do anteprojeto ou du-rante a elaboração do projeto executivo. Algumas pes-quisas realizadas em países europeus mostram que a origem de maior incidência dos problemas patológicos está na fase de projeto. Mesmo considerando as dife-renças do Brasil os problemas patológicos têm maior incidência na fase de execução, os dados servem para alertar os profissionais no intuito de dar maior atenção a essa fase. Um projeto melhor desenvolvido poderá di-minuir futuros problemas patológicos, como por exem-plo, nas fundações, pois se não forem bem executadas podem ser responsáveis por problemas como recalques diferenciais, o que leva ao aparecimento das fissuras, geralmente nas paredes e revestimentos (figura 3). A fase de manutenção é conhecida como o con-junto de atividades a serem realizadas para conservar ou recuperar a capacidade funcional da edificação e de suas partes constituintes de atender as necessidades e segu-rança dos seus usuários. Após a entrega da edificação, sendo as fases de projeto e execução realizadas ade-

Figura 1: Patologia por deterioração da pintura aplicada.

fonte Foto de Fernanda Jordão.

Figura 2: Patologia apresentada por tinta sintética sobre arga-

massa de cimento e areia. fonte Foto de Fernanda Jordão.

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quadamente, cabe ao usuário zelar do seu espaço para garantir que a estrutura tenha bom desempenho e não perca suas características durante sua vida útil. É ne-cessário também a elaboração de um plano de inspeção e manutenção periódica para corrigir falhas decorrentes da utilização, dos agentes agressivos do meio ambiente, que danificam principalmente as fachadas dos edifícios (figura 4) e de imprevistos impactos acidentais. De acordo com Souza e Ripper (2009), muitos problemas ocasionados pelo uso inadequado da obra podem ser prevenidos orientando os usuários sobre as possibilidades e as limitações do uso das edificações. Embora se tenha agregado conhecimento e novas téc-nicas construtivas ao longo do desenvolvimento da construção civil, muitos fatores ainda contribuem para a degradação da edificação, entre eles podemos citar as falhas involuntárias, utilização de material de baixa qualidade, utilização errada de materiais, diferentes ti-pos de imperícias, envelhecimento natural do empreen-dimento, erros projetuais. Não podemos deixar de citar ainda, a escassez de mão-de-obra qualificada, a execu-ção de obras em curto prazo, a utilização de materiais impróprios, a falta de acompanhamento de responsá-veis técnicos, entre outros fatores.

Muitas manifestações patológicas poderiam ser evitadas principalmente as de fachadas levando-se em consideração todos esses aspectos, mas princi-palmente as ocasionadas por agentes agressivos como as intempéries, visto que cada fachada estará sujeita a um tipo de exposição, sendo o detalhamento arquite-tônico na fase de projeto de fundamental importância e este levará em consideração os diferentes graus de exposição de cada uma, podendo neste momento serem especificados os materiais adequados para que se con-siga uma boa aparência dessas fachadas, durabilidade e consequente aumento da vida útil das edificações.

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PINI, 1998. 262p

fernanda jordão é mestre em Engenharia Civil–

Estruturas, professora do curso de Arquitetura e Urba-

nismo do UNITRI, atua no escritório Jordão Arquitetos As-

sociados. Mais informações: ferjordao.blogspot.com.br.

Figura 3: Fissuras resultantes do recalque da fundação.

fonte Foto de Fernanda Jordão.

Figura 4: Fachada externa bolhas e reboco/emboço apresentando

desplacamento e pulverulência. fonte Foto de Fernanda Jordão.

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ASSIM COMO ACONTECE NACIONALMENTE, A preservação do patrimônio ferroviário da região do Tri-ângulo Mineiro e Alto Paranaíba não é boa: bens cultu-rais abandonados e sem uso, vários edifícios já foram demolidos, e a maior parte dos que restam está em es-tado de arruinamento. Há ainda os que foram adapta-dos, sem projetos e ou estudos prévios para sua conser-vação e utilização, sendo utilizados com outras funções. Poucos receberam projetos de conservação e restauro, preservando tanto o edifício quanto a memória e a his-tória da ferrovia na região. O patrimônio cultural ferroviário é constituído tanto pelo patrimônio imóvel (edificações), como pelo patrimônio móvel (material rodante que inclui as má-quinas a vapor e vagões de passageiros, cargas, correio, troles, etc.). Tal patrimônio passou por distintas fases de abandono devido a vários fatores, entre os quais po-demos citar a desativação do transporte de passageiros, a retirada de trilhos e mudança do leito ferroviário, a desativação de ramais (que acarretou a obsolescência dos edifícios), seu abandono e, com isso, a deterioração e a perda de vários exemplares do patrimônio cultural ferroviário. Outro fator relevante foi a substituição da máquina a vapor pela movida a diesel, que não neces-sitava de um grande número de estações para parada e abastecimento de água, acarretando no abandono de inúmeras estações de pequeno e médio porte. Em algumas cidades, com o crescimento e a expansão urbana, os trilhos, que antes passavam fora

da malha, passaram a representar um corte na cidade, fazendo com que tanto os trilhos quanto a Estação pas-sem a ser vistos como um entrave. Esta situação, asso-ciada ao desprestígio e decadência deste meio de trans-porte, imporia, em inúmeros casos, sua remoção para novas áreas com a total perda do patrimônio original. A desativação, liquidação e extinção da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), com a concessão à inicia-tiva privada para exploração das ferrovias, ocasionou o abandono das estações e na falta de conservação e manutenção deste patrimônio, que não serviam aos in-teresses da concessionaria. Em 2007, o acervo de bens culturais com interesse de preservação foi reconhecido pela sua importância para a nação, o que resultou na promulgação da Lei Federal nº. 11.483/2007 imprimin-do uma visão ampla de sua constituição e ações de pre-servação com a catalogação deste acervo, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Se esta ação foi positiva, por outro lado, ao vincular a viabi-lidade de recursos ao Programa Nacional de Apoio a Cul-tura (PRONAC), através da Lei Rouanet (Lei 8.313/1991), o governo federal não destina, de fato, nenhum recurso para ser aplicado diretamente na proteção da memória ferroviária, que passa pelas mesmas dificuldades que a conservação do patrimônio cultural de modo geral tem no Brasil. Isto é, o governo reconhece e assume o com-promisso de administrar e promover a conservação e a difusão deste acervo, mas não disponibilizam, de fato, recursos para que o órgão responsável possa agir com

DESAFIOS E PERSPECTIVAS NA PRESERVAÇÃO DO

NA REGIÃO DO TRIÂNGULO MINEIRO E ALTO PARANAÍBA

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a eficácia e urgência necessárias. Como consequência, apenas as estações de maior importância e visibilidade tem uma melhor perspectiva de sobrevivência e a gran-de maioria das antigas estações, em especial aquelas de médio e pequeno porte que perderam sua função de transporte de passageiros, permanecem em grande ris-

arquitetônico. Poucas são as edificações que mantêm al-gum tipo de vínculo com seu uso original e, de modo geral, a memória da ferroviária se restringe à preservação de um único imóvel, ou seja, a estação ferroviária. É importante ressaltar que mesmo as interven-ções feitas em edifícios ferroviários de grande impor-tância, têm recebido críticas de especialistas pela falta de uma reflexão mais profunda, sob o ponto de vista da conservação. Estações que deveriam ser conservadas sofrem processos de intervenções que modificam seu agenciamento interno e não resguardam nem a história e nem a concepção do edifício. As estações apresentam novos usos desvinculados da função original e não valo-rizam a memória ferroviária e /ou que não se adaptam ao espaço preexistente dos edifícios. As intervenções implicam em alterações de grande impacto na sua es-trutura física, preservando-se apenas as fachadas. É este, por exemplo, o partido adotado nas in-tervenções de duas estações de São Paulo: no edifício administrativo da Estação da Luz (SP) para a introdução de um novo uso, o Museu da Língua Portuguesa, des-considerou-se o agenciamento interno, preservando apenas as fachadas e na Estação Júlio Prestes, houve a modificação do edifício para sua adequação a uma sala de conserto, entre outras funções. Mesmo comparti-lhando estes usos com algumas linhas de trens metro-politanos e/ou metros, estas soluções são chamadas por KÜHL de “fachadismo” que argumenta: A

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(200

8, p

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)

co de perda. Muitas delas têm sido mantidas por ini-ciativa das comunidades locais, o que é positivo, porém, nestes casos, as intervenções nem sempre são realiza-das de modo adequado ou sob a supervisão de um pro-fissional qualificado, com resultados pouco satisfatórios para uma efetiva preservação da memória do patrimônio

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No caso do Museu da Língua Portuguesa, o edi-fício preservava integralmente um dos raros exempla-

res de espaços administrativos com origem no final do século XIX, em São Paulo; e que KÜHL conclui:

U m a r e s ta u r a ç ã o d i g n a d e s s a d e n o m i n a ç ã o, d e v e r i a t e r r e s p e i ta d o a c o n f i g u r a ç ã o d a s vá r i a s fa s e s

d o c o n j u n t o e d o s e l e m e n t o s q u e c o m p u n h a m , o f e r e c e n d o a o p ú b l i c o, at u a l e d o p o r v i r , e s pa ç o e v o -

c at i v o d a s f o r m a s d e c o m p o r d o pa s s a d o, p r o m o v e n d o u m n o v o ( o u r e n o va d o ) u s o, n o p r e s e n t e , q u e

s e r i a i n s e r i d o c o m o u m n o v o e s t r at o d a h i s t ó r i a , s e m f e r i r o s d o c u m e n t o s e x i s t e n t e s. O u s e j a , va-

l o r i z a r o t o d o e s u a s pa r t e s, r e s p e i ta n d o o s e l e m e n t o s c a r a c t e r i z a d o r e s, q u e s ã o v e r d a d e i r o s d o -

c u m e n t o s q u e i n t e r e s s a m à h i s t ó r i a e m s u a s vá r i a s fa c e ta s ( e à s c i ê n c i a s e m g e r a l ) . N o q u e r e s p e i ta

e s p e c i f i c a m e n t e à a r q u i t e t u r a , p e l a r e l e vâ n c i a d e s o l u ç õ e s e s t r u t u r a l , p e l o s m at e r i a i s e m p r e g a-

d o s, p e l a f o r m a d e c o m p o r , p e l o s s e u s o r n a m e n t o s e p e l a d i s t r i b u i ç ã o d e s e u s a m b i e n t e s. (2008, p.193)

Conforme apontado em diversos documentos internacionais amplamente acatados pela comunidade especializada em conservação do patrimônio cultural, o que melhor deveria determinar o tipo de intervenção a ser realizado em um bem cultural, deveria ser a análise do seu estado atual de conservação, no caso das esta-ções paulistas citadas o estado de conservação era bom sendo que seria possível a conservação do agenciamen-to interno e pequenas adequações. No caso das esta-ções brasileiras a maioria encontra-se em processos de arruinamento e não é possível sua conservação e/ou restauro. Muitas necessitam de processos de restauro, sendo que o grau de intervenção deverá ser estudado caso a caso, a partir do seu estado atual, mas atento ao critério de intervenções mínimas e fundamentadas, pois qualquer intervenção implicara em transformações.

Importante destacar que o novo uso deve respeitar o agenciamento interno, sendo feito pequenas adaptações sempre precedidas de estudos e fundamentações que justifiquem tais modificações. O programa proposto para as estações durante os processos de restauro deverão se adequar ao espaço preexistente e não ao contrário. Caso o uso provoque modificações no agenciamento, in-tervenções que modifiquem drasticamente o documento histórico, este deverá ser repensado e revisto. Outro elemento importante no processo de restauro é a manutenção do caráter simbólico do valor histórico do objeto como algo ligado a história com a importância da ferrovia e de seu significado para cada localidade onde está presente. VINÃS destaca estes ob-jetos com potencial de restauro e descreve o que são os objetos históricos:

L o s o b j e t o s h i s t ó r i c o s s o n a q u e l l o s q u e r e s u lta n ú t i l e s pa r a l a H i s t o r i a ( l o s o b j e t o s h i s -

t o r i o g r á f i c o s ) , p e r o ta m b i é n a q u e l l o s q u e s o n ú t i l e s pa r a r e c o r d a r s u s m o m e n t o s m á s d e s -

ta c a d o s, a u n q u e n o s e a n ú t i l e s pa r a l a H i s t o r i a ( l o s o b j e t o s r e m e m o r at i v o s ) . (2010, p.31)

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Portanto, quando o valor histórico e simbólico dos edifícios, no caso das estações, é desconsiderado para sua ocupação e valorização, o restauro não conse-gue resgatar essa memória e conservá-la. No caso da manutenção da memória e sua transmissão, o novo uso deve sempre estar atrelado à criação de espaços muse-ológicos que revelem a história do edifício e sua signi-ficância, não esquecendo jamais que o próprio edifício é um documento histórico e que também deve revelar às futuras gerações o que aí foi e sua importância cultural através deste espaço de memória. Como exemplos de ocupação de estações na região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, observe-mos dois exemplos distintos: O primeiro que desconsi-dera a história do edifício, a intervenção da Estação de Peirópolis. Está estação é de pequeno porte localizada

no distrito de mesmo nome do Município de Uberaba, Minas Gerais. Ao longo dos anos Peirópolis revelou-se como um dos mais importantes centros de paleonto-logia das Américas e o edifício da pequena estação foi restaurado para abrigar parte do Museu de Paleontolo-gia de Uberaba/MG. O projeto conservou a volumetria e as fachadas da antiga estação, mas, internamente, houve adequações e modificações para o funcionamen-to do “museu dos dinossauros”. Ao adentrar o museu, o visitante não consegue mais se lembrar de que encon-tra-se em um edifício ferroviário e a história da estação é totalmente substituída pela história dos dinossauros. Para os visitantes mais distraídos ou os mais jovens, é possível visitar o museu sem identificar que o edifício, originalmente, era uma estação ferroviária.

o n o v o u s o d e v e s e m p r e e s t a r a t r e l a d o à c r i a ç ã o d e e s p a ç o s m u -

s e o l ó g i c o s q u e r e v e l e m a h i s t ó r i a d o e d i f í c i o e s u a s i g n i f i c â n c i a

Antiga plataforma de embarque e desembarque da estação de Peirópolis. fonte Clayton França Carili

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O segundo, que considera a história da esta-ção e preserva seu agenciamento interno com pequenas adequações para adaptação ao novo uso é o Centro Ad-ministrativo e Cultural de Araguari, Estação da Estrada de Ferro Goiás, “Palácio dos Ferroviários”. O edifício per-tencente ao Complexo Arquitetônico e Paisagístico da Estrada de Ferro Goiás, constituído de uma estação de grande porte e é uma área tombada pelo município e pelo estado. O projeto de restauro foi realizado em 2004 por equipe multidisciplinar e por arquiteto especialista em restauro, sendo este aprovado pelo Instituto do Patrimô-nio Histórico e Artístico de Minas Gerais – IEPHA/MG. A

premissa do projeto foi que o uso é hospede do prédio e como tal deve se adequar ao espaço pré-existente sem descaracterizar o espaço interno, porém com pequenas intervenções para seu funcionamento, sendo identifi-cáveis as intervenções e reversíveis. O edifício abriga o gabinete do prefeito e seus principais assessores, além de um museu no térreo que resguarda a memória da es-tação e da ferrovia. O local era símbolo do transporte fer-roviário em Araguari e ficou abandonado por um grande período. Após seu restauro, o prédio em estilo eclético tornou-se uma referência na cidade e é símbolo do pro-cesso de preservação dos bens culturais no município.

O p r o j e t o c o n s e r v o u a v o l u m e t r i a e a s f a c h a d a s d a a n t i g a e s t a ç ã o , m a s , i n t e r n a m e n t e ,

h o u v e a d e q u a ç õ e s e m o d i f i c a ç õ e s p a r a o f u n c i o n a m e n t o d o “ m u s e u d o s d i n o s s a u r o s ”

Estação da Goiás (2005) fonte Bruno Vieira

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As ações de conservação do patrimônio ferrovi-ário citadas mostram situações diversas de intervenções e a complexidade da preservação, tanto com relação aos edifícios ainda abandonados, quanto às novas interven-ções. Conclui-se que a estas últimas devem se manter

atentas a critérios mais respeitosos à sua significação simbólica e que a preservação deste acervo cultural seja sempre feita no sentido de valorizar a memória da fer-rovia, tornando-a o principal objetivo dos projetos.

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clayton frança cariliArquiteto Urbanista formado pelo Centro Universitário do Triângulo (UNI-TRI) em 1999, Especialista em Revitalização Urbana e Arquitetônica pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 2000. É autor de di-versos projetos de restauro com destaque para o projeto de restauro da Estação da Estrada de Ferro Goiás – “Palácio dos Ferroviários”, que re-cebeu o primeiro lugar na categoria de obras construídas, conservação, reutilização e valorização do patrimônio construído, na 10° Premiação do Instituto dos Arquitetos do Brasil – Minas Gerais em 2008. Professor do Curso de Arquitetura do Centro Universitário do Triângulo (UNITRI) desde agosto de 2004. Mestrando do Programa de pós-graduação em Arquite-tura e Urbanismo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), PPGAU, 2013 sob a orientação da Professora Doutora Marília Maria Brasileiro Tei-xeira do Vale.

CONTATO [email protected] / claytoncarili@gmail.comwww.escolcaculturaepreservacao.blogspot.com

Estação da Goiás (1928) fonte Acervo público Dr. Calil Porto Estação da Goiás (2005) fonte Clayton França Carili

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///////////////// trabalhos

INTERDISCIPLINARES

A BUSCA DA MELHORIA DOS PROCESSOS de apren-dizagem tem sido a tônica da comunidade acadêmica há muitos anos. No entanto, a partir da década de 1980 estes estudos se acentuaram, culminado em um grande núme-ro de termos e propostas que incluem temas transversais como interdisciplinaridade, pluridisciplinaridade e multidis-ciplinaridade. A prática pedagógica nos cursos de Arquitetu-ra e Urbanismo possui nuances que requerem adaptações às especificidades do ensino de projeto, percepção da real-idade, formação do aluno crítico, entre outros desafios. O curso de Arquitetura e Urbanismo do UNITRI vem adotando há 12 anos uma prática que envolve a interdisciplinaridade como elemento preponderante na organização do trabalho pedagógico. Entendendo a interdisciplinaridade como uma busca da interatividade entre as disciplinas capaz de gerar processos críticos e entendimento da realidade de uma for-ma menos fragmentada. Os diferentes saberes são aborda-dos à luz de uma relação professor-aluno menos autoritária e mais integrada. A Revista AUP! selecionou e apresenta os melhores Trabalhos Interdisciplinares semestrais oriun-dos desta prática pedagógica. Nesta edição apresentamos apenas os trabalhos do turno diurno, programando para a próxima edição também aqueles oriundos do noturno.

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4º PERÍODO A INTENÇÃO PRIMORDIAL NA CRIAÇÃO FOI manter uma composição e integração com a natureza, buscando estabelecer um conjunto harmônico. A inspi-ração partiu da observação de árvores, sobretudo as do gênero Tabebuia, conhecidas como Ipê. Estas chamam a atenção pela estrutura profunda e pela beleza das flo-res que dão cor à árvore uma vez ao ano. A folha torna-se parte da volumetria, fazendo com que a edificação nasça como estrutura do bairro e a flor tem sua beleza refletida momentaneamente quan-do os visitantes adentram à edificação. O sistema estrutural adotado é composto ba-sicamente de concreto armado e vigas vierendeel, com cobertura metálica feita por treliças e telhas termoa-cústicas. Ressalta-se o uso de telhado verde em prol da sustentabilidade. O Centro Comercial conta com áreas comerciais e serviços, restaurantes e bares implantados em uma praça de alimentação, além de recreações e lazer, tor-nando-o ponto de convívio atrativo.

autoras <<

CÍNTHIA BORGES VIEIRA / KAMYLA LIMA DA MATA

2º PERÍODO O PROJETO FUNDAMENTA-SE NA PARTICULA-ridade da edificação – servir de espaço de trabalho para uma equipe de arquitetos – e total integração com o seu entorno. Busca-se o melhor aproveitamento da ventilação e iluminação naturais, além da utilização de meios artifi-ciais de umidificação, a exemplo da inserção de um espe-lho d’água como elemento de composição com a natureza. Assim, se dispõe um ambiente a um só tempo funcional, harmônico e que oferece conforto físico e psicológico. Nessa concepção, a área de serviço e as salas são ligadas apenas por uma marquise, tornando-as in-tegradas e, ao mesmo tempo, independentes. Desta for-ma cria-se o conceito básico estabelecido nas escolhas espaciais, com a marquise sendo o ponto de maior des-taque, isolando a área de serviço da área de trabalho. As principais cores trabalhadas no projeto con-trastam entre si, constrói-se então um projeto com for-te referência visual, aliado a uma arquitetura que busca unir os pedestres à obra. Assim, tem-se uma obra con-temporânea, funcional e atrativa.

>> autores

ADRIANO FLAUSINO / NAESSA GOULART

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2º PERÍODO O ATELIÊ TEVE COMO BASE A NECES-sidade de adequar os projetos de arquitetura ao lugar do qual eles farão parte. Tivemos assim a necessidade de buscar conceitos e ideias que proporcionassem algo que atendesse não só às necessidades de espaço, mas que também tor-nassem o Ateliê um projeto sustentável. A par-tir dessa contextualização de ideias e necessi-dades que o projeto deveria atender, buscamos ao máximo utilizar de forma adequada esses

princípios, tendo um projeto com formas simples, mas com uma estética que oferecesse uma identidade própria ao Ateliê. O uso de janelas em fitas proporciona iluminação natural, e a priva-cidade e tranquilidade são garantidas pelo paisagismo, propor-cionando harmonia e simplicidade ao projeto. Seu interior conta com salas que visam tornar o trabalho agradável e passam aos clientes a imagem de uma empresa sólida, capaz de atender suas necessidades.

>> autores LUCAS DUARTE / DEBORAH OLIVEIRA

2º PERÍODO O PROJETO DESTINA-SE A INSTALAÇÃO DE um ateliê de arquitetura. Edificação em apenas um pa-vimento, que possuirá salas de escritório, reunião, recep-ção, instalações sanitárias, copa e despensa. A obra será implantada no cruzamento entre as ruas Augusto César e Mercedes Brasileiro, no Bairro Fundinho, na cidade de Uberlândia, MG. O terreno possui aproximadamente 415 m², e a área construída é de 50m². A premissa básica foi a de criar uma linguagem funcional e confortável. Visando a otimização dos espaços, criamos um estacionamento com entrada na Rua Mercedes Brasileiro e saída na Av. Augusto César, para facilitar o acesso à edificação, con-siderando a particularidade das vias, na qual uma delas é uma movimentada avenida e a outra se trata de uma via estreita, no bairro que conta a história do início da cidade.

>> autores ELLISA GOSUEN / MARCELA RODRIGUES

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4º PERÍODO A ARQUITETURA É UMA JUN-ção de formas geométricas, composi-ção de volumes cheios e vazios, formas, tamanhos distintos, linhas sinuosas e atraentes. Desta maneira, ela precisa de formas para ser criada. Partindo deste princípio, foi desenvolvido um espaço

simétrico e geométrico, a fim de representar a arte da arquitetura. A maneira como uma imagem visível, compreendida pelos usuários. As formas fazem parte da vida das pessoas, estão por toda a parte e são de fácil compressão, criando uma identificação com o natural. Utilizando assim formas simples que compõe o entorno.

>> autores LAYSA MARQUES / MARINA JUSTINO

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4º PERÍODO AO ANALISARMOS O NOSSO ENTONO, NOS DEPARAMOS COM A COMPLEXIDADE DESTE BIOMA RICO E RE-pleto de belas formas. Projetamos um edifício aberto e sem paredes delimitantes, organizado em quatro blocos e com espaçamentos nos quais utilizamos pracinhas para que os clientes desfrutem de um ambiente ao ar livre com espécies do cerrado. As coberturas dos blocos têm formas que mesclam o curvo com o ortogonal, pois a to-tal ortogonalidade negaria a organicidade natural do bioma. Os pilares árvore que compõe a estrutura do prédio, remetem às árvores do nosso cerrado. O sistema construtivo utilizado foi a alvenaria e os pilares são em madei-ra. O centro comercial está inserido em uma área de 10000 m² (100x100), sendo que possui uma área construída de 4460 m² com 22 lojas, seis lanchonetes e um bar temático, além de possuir estacionamento para 99 vagas.

>> autoras GABRIELA SIPPERT / GABRIELLA KELLY

5º PERÍODO O PROJETO ARQUITETÔNICO DA CRECHE, LOCALIZADA EM UBERLÂNDIA E COM ENTRADAna Rua Professor José Inácio, tem como conceito o quebra-cabeça, este perceptível nos blocos individuais, que em conjunto formam uma unidade. O fluxograma foi definido de modo que cada bloco atendesse a uma faixa etária ou atividade. São três blocos de salas de atividades e repouso, sendo que um destes possui fraldário, lactário e solário e, portanto, destinado a crian-ças de 0 a 2 anos de idade. Outro bloco é destinado à secretaria, diretoria, sala dos professores e enfermagem. Tem-se também um bloco com a cozinha e refeitório e outro com espaço para funcionários. Os blocos foram dispostos de modo a receber o máximo de iluminação e ventila-ção natural, tendo-se os ventos dominantes a nordeste. A cobertura em laje impermeabilizada também forma um grande quebra-cabeça.

>> autores LAURA CAROLINA DE LIMA / RODRIGO BARBOSA

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4º PERÍODO O CONCEITO DO BAIRRO TEVE COMO BASE A INTEGRAÇÃO, com o intuito de oferecer através do loteamento uma melhor socializa-ção e atender às diferentes classes sociais presentes na área, localizada no Setor Oeste de Uberlândia/MG. Com a utilização de elementos sig-nificativos, como cul de sacs, áreas verdes, praças e um sistema viário amplo e ramificado, planejamos propôr um projeto orgânico que forne-cesse também uma boa qualidade de vida e conforto para a população. Com isso, foi projetado um centro comercial que garantisse ao bairro e seu entorno uma área comum para os moradores. Nos inspiramos nas tradições da cidade para compôr o seu conceito, neste caso na tecela-gem. Como elementos marcantes do projeto, utilizamos o brise da fa-chada principal como representação do tear e também uma área verde externa para convivência e identificação com o entorno.

>> autoras GEOVANA STRONA / MARCELLE ALMEIDA

6º PERÍODO PARTINDO DO CONCEITO “PERMACULTURA, A ESCOLHA DA VOCAÇÃO: ECOTURISMO SUSTENTÁVEL”, O projeto reúne referências e propostas visando a qualidade de vida e a integração com o meio ambiente, como a eco-vila Findhorn, na Escócia. A escolha da área com potencial para o turismo ecológico está cercada de cursos d’água e cachoeiras. Nela, a cidade foi implantada no platô mais alto, como um mirante de vista privilegiada, e de acesso facilitado pela rodovia MG 413. Vias locais amplas, vias coletoras com ciclovia central e vias arteriais com ciclovias e eixo para transporte público, todas com canteiros previstos em toda sua extensão definem o sistema viário. No eixo central foi implantado um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), cercado por um calçadão de movimentação restrita ao pedestre. Os bairros, integrados por este eixo central, são facilmente acessados por pedestres e ciclistas por vias especiais de acesso (calçadões) distribuídos por todo o perímetro, enquanto o fluxo de veículos se restringe para o acesso de veículos aos usuários daquele espaço. >> autoras ARIANE MACIEL / MARIA GABRIELA ALVES

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7º PERÍODO O CONCEITO ADOTADO EM TODO PROJETO FOIo simbolismo, contemplando o parque olímpico e a habi-tação de interesse social. O parque olímpico representa as diversas etnias através de seus participantes, cada uma com seus símbolos e crenças, tudo em um único lugar. Conta com ginásios de diversas modalidades e um par-que ecológico que garante a preservação da mata nativa e integração com o parque já existente. Composto por cin-co torres, o complexo habitacional conta com 990 apar-tamentos. Nossos edifícios habitacionais se dispõem de

maneira a remeter os anéis olímpicos, onde os cinco aros interligados representam a união dos cinco continentes e que mais tarde representará a união dos moradores. A volumetria reta dos blocos residenciais remete aos sím-bolos étnicos indígenas, pelo fato do evento ocorrer no Brasil. A habitação é implantada em quadra aberta, per-mitindo a utilização das áreas comuns, como playground e quadras poliesportivas, por todos os moradores.

>> autores ANA CAROLINA SILVA / JEFFERSON RAMOS

4º PERÍODO ESTE CENTRO COMERCIAL TEM COMO MODE-lo um shopping aberto. Sua inspiração deu-se pelo rio e os córregos que cruzam a área de um loteamento. Todo rio em sua formação, constitui-se de um vale e seus córregos possuem veredas: solos hidromórficos. Como a vereda é uma formação vegetal típica do Cerrado, nosso projeto leva o nome de Veredas Center. Em sua estrutu-ra há uma representação, quando se observa a abertura para a captação de água ao centro do prédio, fazendo alusão a tal formação. Consoante à ideia de vereda – re-

metendo a um grau de dificuldade para ser percorrida a pé ou uma área de proteção – a estética da construção vem complementar toda a obra. Uma vez que a mes-ma lembra um pássaro de longas pernas como a garça branca, comum dessas regiões. Dando um movimento figurativo a “lama”, o edifício nos dá liberdade para esse espaço proposto, com centro de exposições e uma vasta entrada de vento e luz natural.

>> autores CIBELE KORYANDER / HENRIQUE RODRIGUES

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3º PERÍODO CASA CARACOL, UNIFAMILIAR, COMPOSTA POR uma família convencional, um casal e duas filhas, que agregaram os avós maternos. De certo modo duas famí-lias. O caracol é um crustáceo cuja concha lhe serve de moradia e proteção. Se pudéssemos entrar nela, estaría-mos sempre nos deslocando para o centro, até seu pon-to inicial. O projeto busca uma hierarquização do centro dos caracóis, da casa, pois estes serão reservados prin-cipalmente aos espaços íntimos dos quartos. Percebe-se uma simetria bilateral na casa, dois caracóis espelhados

cada um representando uma família, e o dimensiona-mento é feita a partir da sequência de Fibonacci: 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55… A centralização dos espaços íntimos é a prioridade da casa, visto que está será frequentada por muitos familiares por ser uma casa de avós também. Logo, a organização espacial da casa será simétrica, hie-rarquizada e centralizada.

>> autores CAROLLINY BRUNNIÊ

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3º PERÍODO O PROJETO A CASA ESPIRAL FOI REALIZADA através da proposta de habitação unifamiliar, atenden-do três gerações. Utilizamos como conceito o “Espiral”, onde tudo gira em torno de um eixo (família). O projeto tem como prioridade a organização espacial, buscando a amplidão e versatilidade dos ambientes sociais unidas a elementos modernos e contemporâneos. O partido caracteriza a forma de maneira assimétrica com sim-plicidade, através das curvas. A casa foi implantada em um terreno de topografia irregular, sendo a mesma uti-lizada em seu favor. Como tecnologia, foram utilizados materiais como telha ecológica, tinta ecológica e piso grama. A obra foi idealizada buscando a integração en-tre trabalho, moradia e lazer, uma vez que foi projetado um ambiente comercial independente. Contudo, a casa revela suavidade, leveza e funcionalidade.

>> autores AKAILA ABREU / CAMILA AMADO

6º PERÍODO A CIDADE VERDE HORIZONTE FOI CRIADA na tentativa de descentralizar a microrregião de Uber-lândia, tendo o turismo, o setor universitário e polo tecnológico como vocação. A ideia é ressaltar o futuro movimento trago pelo turismo no rio Paranaíba, crian-do parques lineares, clubes, pesqueiro, chalés, bondes, ciclovias e passarelas, que auxiliariam no conforto dos pedestres. O projeto conta ainda com um grande bazar cultural com artesanatos e gastronomia, espelhado no Recanto Sonho Verde de Cascalho Rico e no Grande Ba-zar em Istambul. Para concretizar a descentralização da microrregião, foi idealizada uma Universidade, que desafogaria a cidade de Uberlândia. Além da faculdade, Verde Horizonte contaria com vários centros comerciais e recreativos e um hospital universitário, assim como na cidade de Campo Grande/MS. O conceito foi baseado na cheflera, um arbusto asiático, que possui um desenho inusitado, possibilitando um planejamento amplo com várias malhas hierarquizadas e orgânicas como o dese-nho da folha e servindo também dos preceitos da Cidade Jardim de Ebenezer.

>> autoras CAROLINA DE SOUZA / MARIANA GONTIJO

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4º PERÍODO PRIMEIRAMENTE FOI PROPOSTO PELO PROFESSOR DE PROJETO O DESENVOLVIMENTO DE um centro comercial em um bairro recém-projetado na região oeste da cidade de Uberlândia/MG. A partir disto, iniciamos o programa de necessidades a partir do conceito Fogo, pois este represen-ta o desenvolvimento e a mudança da natureza, bem como o comércio na humanidade, além de que o ser um elemento-chave para o desenvolvimento do ser humano. Pensamos numa forma que se utilizasse do princípio de sobreposição de uma fogueira, assim, as lojas principais foram orga-nizadas em torno de um pátio triangular e logo acima, no segundo pavimento, vem o restante das lojas e o espaço do lazer, que foram colocados com alguns vãos em balanço, criando a sensação de que se está dentro de uma fogueira. Para completar, utilizamos de outros elementos paisagísticos que remetem ao fogo devido a sua natureza ou cor.

>> autoras MARÍLIA OIWANE / ULYSSES SANTOS

2º PERÍODO O ESCRITÓRIO É COMPOSTO DErecepção, ateliê, sala de reunião, dois ba-nheiros acessíveis, copa e jardim de inver-no, e nele trabalhariam dois arquitetos e dois estagiários. O conceito geral do projeto é proporcionar equilíbrio entre a obra e o ambiente, harmonizando a união da arqui-tetura e do paisagismo. Além disso, a dis-posição dos cômodos varia de acordo com o princípio da funcionalidade, buscando uma maior facilidade ao se deslocar entre eles. A arquitetura clean e moderna da obra chama atenção, e a grande presença do vidro e da cor branca fazem referência à vertente ar-quitetônica de Le Corbusier.

autoras <<

CAROLINA MIYUKI / RAÍSSA TAVARES

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6º PERÍODO O PROJETO CONCEITUAL TRATA-SE DE UM edifício comercial no qual foi adotado a Metamorfose com parâmetro principal de desenvolvimento, levando em conta a liberdade das formas. Por trás de metaformas, o conceito traz o desenvolvimento de uma vida, desde a fase de agrupamento e proteção até a fase de liberdade, na qual o projeto adquire independência, mesmo em suas formas interligadas em um elo, pois a Metamorfose é uma passagem continua e finita. Definida de forma orgânica, a planta foi inspirada na forma livre do voo da borboleta, e em conjunto ao paisagismo as formas se intercalam, fazendo com que o observador perceba a transformação enquanto caminha. Revestida em aço e vidro, possui tam-bém um sistema de Dryvit Galvanizado em Poliestireno Expansível, com cobertura de manta em fibra de Titanium que recicla o ar quente e resfria todo edifício.

autores << IAGO CÉSAR CARVALHO / JÚLIA BERGER

6º PERÍODO O PROJETO DO EDIFÍCIO PARTE DO CONCEI-to de afunilar os fluxos, formando uma única área de circulação, proporcionando uma setorização imponen-te no mesmo e tendo como referência o Edifício Sesc Pompeia em São Paulo, da Arquiteta Lina Bo Bardi. A modernidade do edifício se revela através das técnicas construtivas e materiais de última geração, como spi-der glass e placas fotovoltaicas que geram energia ao mesmo. O acesso é feito pelas escadas e elevadores lo-calizados na parte circular, que se conecta as salas co-merciais através de passarelas verdes proporcionando conforto ambiental aos que ali transitam. O edifício é composto por lojas, salas comerciais, praça de alimen-tação, estacionamentos e um auditório independente. A acessibilidade é um ponto primordial no projeto, nota-da nos banheiros acessíveis, pisos táteis, utilização de rampas e elevadores. Na implantação o paisagismo cria uma extensa área sombreada que proporciona um clima ameno, tornando uma área de convívio e integração.

autoras <<

JULLYANA CUNHA / MARIA ELIZA OTONI

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6º PERÍODO O OBJETIVO DO TRABALHO ERA A ELABORAÇÃO de um projeto de um Complexo Empresarial composto de uma Torre Comercial, Auditório e Conjunto de Lojas, que atendesse às necessidades de Uberlândia e da importan-te via da cidade onde este seria locado, a Avenida João Naves de Ávila. O conceito do projeto propôs a integração de forma natural do Complexo Empresarial à via através de um ELO, que é o que esta via representa para a cida-de. No projeto, os elementos que compõem o Complexo foram interligados através de um eixo Integrador e uma

praça que permitiam o acesso a todos estes elementos. A estrutura do edifício conta com lajes nervuradas e pi-lares de concreto, além de divisórias internas de drywall. Para o fechamento externo, além do concreto foram uti-lizadas amplas janelas pivotantes em vidro temperado, que além de permitirem iluminação e ventilação natu-ral, garantem uma beleza contemporânea ao edifício.

autoras << EDITH MÁRCIA FIGUEIREDO / GRACIELE GAMA

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6º PERÍODO PARA O TRABALHO INTERDISCIPLINAR DO 6º período, projetamos o edifício ATN (Aliança Torre de Ne-gócios), um prédio que atendesse à demanda de espaços comerciais e escritórios para a cidade Aliança, também projetada neste período, que abrigava um polo tecno-lógico de design acadêmico e industrial. Seu programa de necessidades inclui um auditório, lojas comerciais no térreo, e pavimentos tipo para salas de escritório. A pala-vra “aliança” foi tomada como conceito do projeto devido

a seu sentido de união, que caiu perfeitamente ao parti-do, onde foram criados dois blocos distintos de concreto armado – um abrigando a torre de negócios e o segundo com o auditório – interligados por uma passarela sus-pensa com estrutura de concreto armado e fechamento em vidro na cor vermelha, sendo este o elemento de des-taque e único acesso de um bloco para o outro.

>> autoras CAMILA ÁVILA SILVA / LAIS ALAMY

6º PERÍODO COMO RESULTADO DE MUITO TRABALHO EM GRUPO, SURGE O PROJETO DO EDIFÍCIO ACHE, CUJO PRO-JETO se dá pela junção de uma torre mista com 10 andares de escritórios, dois andares comerciais e um auditório. O projeto do conjunto segue uma linha arquitetônica limpa e moderna, com traços rígidos e leves. Sua volumetria lembra um grande arco vazado, possibilitando a transição dos usuários por entre suas colunas e permite a perme-abilidade visual dos transeuntes da avenida na qual está locado. Além disso, o projeto conta com design moderno, o conjunto possui técnicas construtivas voltadas à preocupação ambiental, sendo constituído por um sistema es-trutural metálico, tendo seu revestimento feito com um tipo específico de cerâmica que, além de não necessitar de muita manutenção, capta e transforma a luz solar em energia. Por fim, seu posicionamento faz com que o edifício possa conter grandes aberturas envidraçadas que emolduram a paisagem local.

>> autores KARINA CUNHA PACHECO / MATHEUS PIRES

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6º PERÍODO ENTRE ARAGUARI E UBERLÂNDIA, APIÁRIAsurge, com aproximadamente 60 mil hectares, delimitada para inserção do novo município com o intuito de descen-tralização de Uberlândia. Inspirado na forma orgânica da colmeia, o conceito visa trabalho, organização e setoriza-ção, através de uma estrutura viária partindo do desenho da colmeia formando uma malha perpendicular de ruas cortadas por avenidas em diagonal, quarteirões de di-mensões distintas e uma avenida estrutural que contor-na a cidade. Com vocação para campo universitário, am-pliação da área de agronegócios através da implantação de uma Embrapa e destaque na parte cultural, a cidade propõe valorização do pedestre e conta com um parque linear, calçadas largas, ruas bem orientadas, ciclovias em uma rede verde, futura proposta de implantação de VLT, dentre outros, trazendo a concepção de cidades projeta-das que obtiveram sucesso como Maringá e Canberra.

>> autores NÉVITON MELO / RUI SALVINO

6º PERÍODO O TRABALHO APRESENTA O PROJETO DEuma cidade universitária e alto sustentável. Com um polo tecnológico instalado dentro dela, pesquisas e trabalhos darão oportunidade a vários moradores. O projeto possui um eixo com ciclovias e uma faixa de ônibus eletrônico que para nos principais locais da cidade como prefeitu-ra, rodoviária, faculdade, escolas, hospitais e etc. Como a cidade vai ter como principal lucro a tecnologia, pro-jetamos o edifício comercial Hearth, onde empresários podem montar seus escritórios e ficar mais próximos de seus investimentos. O edifício tem como conceito o tripé, pois ele com seus três grandes pilares sustentam todo seu peso e todo vasto leque de grandes empresas. O edifício possui 12 andares sendo os dois primeiros de lojas abertas aos moradores. Ambos os projetos se pre-ocupam principalmente com a segurança e conforto de toda uma sociedade que vai se fixar nessa nova cidade.

>> autores THIAGO GARCIA / ISABELLA BOAVENTURA

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6º PERÍODO O PROJETO TITULADO WIND TOWER, TERMO que significa “torre de vento” em inglês, foi desenvolvido no conceito bumerangue, inspirado na sua aerodinâmica e formato, resultando em um edifício com grande ventila-ção, econômico no quesito energia e de aparência inova-dora. No exterior do prédio há uma praça, seu estaciona-mento é subterrâneo e o pavimento térreo foi destinado às lojas. Os demais 10 pavimentos abrigam escritórios e o terraço possui academia e restaurante. Além disso, no edifício há um anfiteatro. Na área interna são encontra-

das praças lineares que se dispõem de forma alternada por andar. Nesta área o pé direito é duplo, suportan-do assim espécies de plantas de maior porte. Uma das tecnologias utilizadas no projeto é a laje nervurada que oferece vários pontos positivos como economizar aço e concreto, fornecer estrutura segura e otimizar vãos com maior envergadura. Além desta, utilizou-se o vidro de proteção solar, assim priorizando o conforto ambiental.

>> autores DOUGLAS PINHEIRO / MARCELO LARA

8º PERÍODO O PROJETO É UMA PROPOSTA DE RESTAURO da Oficina Cultural de Uberlândia, com a criação de um anexo. Das edificações existentes, dois blocos são tom-bados pelo Patrimônio Histórico, estes foram restaura-dos e adequados aos usos e acessibilidade. Um bloco concentra as exposições temporárias e o outro recepção, administração e exposição fixa sobre a história do local. O anexo concentra salas de oficina, auditório e área de convivência. O conceito “Despertar para a Cultura” busca incentivar a cultura na sociedade e o desejo do conheci-

mento. Esta relação se faz presente a partir dos mate-riais utilizados, como o vidro espelhado, permitindo ver somente de dentro para fora, de forma que só através do conhecimento podemos enxergar. Além disso, permite ver o edifício tombado espelhado no anexo, criando uma conexão entre eles, e é símbolo de autoconhecimento. Outros materiais remetem à ideia dos pontos de vista, como os cobogós, despertando mistério e curiosidade.

>> autores ANA FLÁVIA PRADO / LETÍCIA CONSTANTIN

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6º PERÍODO A PROPOSTA DO EDIFÍCIO HEVEA BUSINESS baseou-se no Bonsai, que não caracteriza-se apenas como uma técnica e uma representação de árvores em miniatura, mas também é vista como arte e sensibilidade, represen-tada pela luta da natureza para se adaptar ao terreno, ao clima, às rochas e ao vento. A proposta da estrutura surgiu da intenção de criar praças externas nos pavimentos de forma que as pessoas que frequentarem os escritórios te-rão a possibilidade de ter um contato com a natureza, além de proporcionar uma vista mais agradável para os ambien-tes através de uma obra de arte que será produzida pelo homem. Os jardins foram planejados e bem elaborados de forma a representar a natureza em uma proporção me-nor. Na estrutura projetou-se pilares aparentes nas áreas externas, sendo uma estrutura gigante de treliça feita de madeira e reforçada com aço (conhecida como “cogumelo”), para representar a estrutura de uma árvore.

>> autores JAINER ROSSETTO / LUCIANA LIBÂNIO

6º PERÍODO O EDIFÍCIO COMERCIAL VAN GOGH, LOCALIZA-do no setor sudeste da cidade de uberlândia, em um lote lindeiro à Avenida João Naves de Ávila, foi projetado com o objetivo de fomentar ainda mais o comércio da região além de tornar-se um marco arquitetônico em um lugar da cidade que é carente desse tipo de atrativo. O con-ceito do projeto, Equilíbrio, engloba um aspecto impos-sível de não citar hoje em dia, a sustentabilidade, que nada mais é do que promover a exploração de áreas ou o uso de recursos naturais de forma a prejudicar minima-

mente o equilíbrio no meio ambiente. Isto acontece no projeto através dos materiais escolhidos, na execução da obra, na preservação e na reutilização de energias não renováveis. Embora o conceito seja principalmente fundamentalista, podemos também observar na volu-metria, os grandes balanços e pilotis remetem ao con-ceito, fazendo com que o projeto se encaixe nele tanto plástica quanto teoricamente. >> autora EDUARDA ALVES SIQUEIRA

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7º PERÍODO ESTE TRABALHO CONSISTE NA PROPOSTA DE implantação de um Parque Olímpico na cidade de Uber-lândia/MG, onde, após a realização das competições, os alojamentos dos atletas serão destinados à habitações de interesse social. O conceito do parque baseia-se na articulação técnico-ambiental entre a prática de espor-tes, natureza, moradia e tecnologia, associados para uma perfeita integração entre o homem e o ambiente artificial em que vive e a natureza que o cerca. Para as habitações de interesse social, propôs-se a não segre-gação do público-alvo, adotando-se como conceito a ar-ticulação e a circulação. Considerando-se a diversidade

do público-alvo desde a concepção do projeto, as habitações foram planejadas para atender jovens solteiros, recém-casados, casais com filhos, casais de meia idade, idosos e portadores de necessidades especiais sem segregação de usuários. Para isso, cada pavimento conta com apartamentos de um, dois e três quartos, além de apartamentos de três quartos com acessibilidade plena. >> autores MARIA AMÉLIA MANGUSSI / ROGÉRIO RIBEIRO

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7º PERÍODO A PRIORI, CABE RESSALTAR QUE UBERLÂN-dia-MG será palco de um grande evento esportivo, numa área próxima ao Parque do Sabiá. O alojamento planeja-do para os atletas terá como legado a Habitação de Inte-resse Social, financiada pelo programa Minha Casa Minha Vida. O projeto que desenvolvemos atende 860 famílias e tem como conceito o “movimento” dos atletas, reme-tendo também ao movimento social em busca de me-lhores moradias, maior bem-estar e uma diversidade de composição de espaços para lazer, estudos e segurança. O sistema construtivo que utilizamos é de estrutura me-tálica com fechamento em placas cimentícias. O edifício suspenso sobre pilotis integra os jardins ao convívio dos moradores, e explicita a nossa preocupação com o meio ambiente, expressada também no jardim sobre laje, efi-ciência energética, aproveitamento das águas pluviais, etc. Enfim, buscamos propôr uma HIS para demons-trar que é possível morar bem em um programa social.

>> autores RAUL JOSÉ COSTA / RENATA APARECIDA VAZ

5º PERÍODO O PROJETO É O DESENVOLVIMENTO DA RE-qualificação da Avenida Monsenhor Eduardo, em Uber-lândia/MG. A ideia foi criar diretrizes para a melhoria na qualidade de vida dos habitantes da região, uma vez que a via é um dos grandes geradores de problemas so-ciais. A revitalização tem como conceito a “folha”, que vem como uma analogia para a criação de um projeto que traz um novo respiro para a cidade. O projeto to-mou como partido a criação de uma praça linear, que se estenderia por toda a extensão da avenida, com a presença de um túnel no subsolo, criando um ambiente propício para os pedestres, trazendo aos moradores a oportunidade de utilizar a via além do seu caráter de passagem. Um ambiente bem arbóreo, com um grande espaço destinado inteiramente à feira de domingo, que é um marco para a região. A mesma área será destinada ao lazer e socialização no decorrer dos dias úteis, geran-do um ambiente novo para a cidade.

autores << CARLOS VINÍCIUS VARALDO / GUILHERME CLEMENTE

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8º PERÍODO QUANDO SE TRATA DE UM PROJETO DE RES-tauro, é muito importante ter a sensibilidade de valo-rizar as memórias, histórias e impactos do local mes-mo ao se propor um novo projeto arquitetônico para compor o conjunto. Para o “Centro Cultural Jequitibá”, resolvemos fundamentar o nosso estudo no concei-to de semente, que é refletido no partido arquitetôni-co por meio da conexão da edificação existente com a construção do anexo, fazendo a analogia da “semente”

como o edifício existente “germinando” algo novo, con-trastando as duas fases ali expostas. A transição das fases até chegar ao novo, contemporâneo, é bem apli-cada e visível, isso porque criamos por meio de painéis de drywall um circuito que obriga o visitante a fazer um trajeto, retomando a história do prédio até chegar ao ponto final, que revela o contraste de linhas con-temporâneas com as linhas ecléticas do prédio antigo. >> autores DIOGO MENDES / KENICHE SANTOS

8º PERÍODO TODA EDIFICAÇÃO AO LONGO DO TEMPO ESTÁsujeita a inúmeras intempéries, assim necessitando de constante manutenção. Com a Oficina Cultural de Uber-lândia, construção do século 20, esta história não é dife-rente. Devido a esta problemática, o presente trabalho visa o restauro do bem tombado em 1985 e a criação de um anexo para o mesmo, baseado no conceito “Trazer luz ao que está no escuro”. Para gerar luz é preciso ter uma diferença de potencial elétrico entre dois pontos, sendo estes comparados no projeto como edificação

tombada e anexo proposto, onde a ligação de ambos re-sulta na luz. A volumetria do anexo foi pensada para remeter a explosão de luminosidade que ocorre ao ligar uma lâmpada, concretizada mediante ao formato não li-near da fachada e dos ambientes internos. O uso do vi-dro refletivo também intensifica essa similaridade, além do objetivo do projeto que através da cultura pretende tira a população da escuridão.

>> autoras MAÍRA MENDES / MARIANA SOUZA

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8º PERÍODO EM NOSSO PROJETO DE RESTAURO DA OFI-cina Cultural, utilizamos as bases contemporâneas do restauro, respeitando o bem original e buscando sua valorização por meio da implantação de anexos inte-gradores, que remetem ao edifício histórico, tendo como referências suas características mais fortes e tradu-zindo em uma releitura contemporânea. Ao estudar a história do edifício, percebemos que o seu uso sempre foi ligado à energia elétrica, servindo como sede e su-bestação das primeiras companhias elétricas da cidade, assim, utilizamos a energia como conceito do trabalho.

Desta influência, pudemos retirar as últimas tecnolo-gias do setor, combinadas de forma criativa com linhas que remetem ao tema, e um bom projeto de iluminação. Também utilizamos como princípios as sensações hu-manas, o que resultou em áreas totalmente novas e, em um museu interativo. Em geral, é um projeto inovador, com características que valorizam o edifício histórico e integram população, arte, conhecimentos, tecnologia, história e o contemporâneo.

>> autores MARCO TÚLIO VIOLATTI / SILAS FRANCO

3º PERÍODO A CASA RIO FOI PROJETADA POR MEIO DO conceito de movimento, fluidez, como acontece com as águas de um rio, que nunca passam duas vezes pelo mesmo lugar. Projetamos a casa de modo que atendes-se todos os membros da família, que é composta por duas crianças, os pais e os avós. Preocupados com a acessibilidade e com a inclinação do terreno, decidimos posicionar o quarto dos avós no pavimento térreo, dando a estes fácil acesso às áreas de convivência e cozinha, e

com garagem no mesmo pavimento. Esse foi o maior de-safio, enfrentar a topografia oferecendo acessibilidade. A casa está toda voltada para a área de lazer, onde ficam a piscina e o paisagismo, fugindo assim do convencional, já que na maioria dos projetos a piscina se localiza no fundo do terreno. O quarto dos pais recebeu uma área íntima, um terraço com cobertura verde e banheira.

>> autores GUSTAVO COELHO / MARIANA ALEXANDRE

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6º PERÍODO A PROPOSTA É UM EDIFÍCIO ALTO DE ESCRITÓRIOS COM TÉRREO COMERCIAL, CONTENDO UM AUDITÓRIO e praça de convivência. O conceito adotado foi “dança”, e ele está implícito onde se encontram os escritórios, com forma de movimento torçor, lembrando o movimento de uma bailarina clássica. No caso do auditório foi pensado no movimento de um casal dançando, e a dança nesse caso é o tango. O movimento torçor da torre foi pensado devido sua estética diferenciada, e para que não haja problemas com a chuva, foram colocadas sacadas em torno de todos os pavimentos, o que também possibilita um ambiente aberto com visão da cidade. A tecnologia adotada na estrutura do edifício foram o bloco de concreto e a laje treliçada, permitindo mais resistência e uma construção extensa sem neces-sidade de muitos pilares para sustentação, possibilitando escritórios amplamente abertos com visibilidade em 380°, já que não há parede externa, e sim vidro espelhado.

>> autoras GREICE KELLE DA SILVA / NATÁLIA DANTAS

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8º PERÍODO ESTE PROJETO DE REVITALIZAÇÃO E AMPLIAÇÃO DA oficina Cultural de Uberlândia teve como intuito promover maior acesso à arte, cultura, história, diversão e gastronomia. Para isso, o projeto contemplou espaços que possibilitem a realização de aulas, exposições, confraternizações, entre outras interações culturais que saciem a fome de arte e conhecimento, aliados ao prazer da comida e socialização. Foram projetados ambientes que casassem com o conceito “Comida, Diversão E Arte”, baseado na música Comida, lançada pela banda Titãs em 1987. O projeto

é composto por três anexos: um destinado à co-mida, outro à diversão nos prédios antigos e res-taurados, e um terceiro destinado à arte (novo anexo). Este último revestido propositalmente com vidro refletivo para demonstrar que a arte reflete a vida cotidiana do homem que envolve também comida e diversão (descanso e lazer).

>> autoras IRACILDA / LUCIANA

8º PERÍODO O ÂMBITO DO RESTAURO CRÍTICO/CRIATIVO está inserido na natureza deste trabalho, que se incorpo-ra na arquitetura em duas épocas: o presente atrelado ao passado. O conceito nasce do Propósito da Arte Cubista que promove a decomposição, fragmentação e geometri-zação das formas. Tal influência contribui imensamente para a evolução da arquitetura mundial e serve de inspira-ção para o nosso projeto. A materialidade da edificação se apresenta na exploração de atributos sensíveis dos mate-riais onde elementos da arquitetura moderna se mostram

presentes, tais como: a tendência à abstração, a ampla recorrência das formas geométricas puras, assimetria e as relações de transparência entre o interno e o ex-terno se elevam ao rigor técnico da estrutura metálica e a estética apurada do aço corten. As predominâncias absolutas da horizontalidade que harmonizam com a paisagem do encontro imediato, conferem uma forte noção de unidade ao projeto arquitetônico.

>> autoras JÉSSICA JUNIA NUNES / LUCIANE MACHADO

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6º PERÍODO A SEQUÊNCIA DE FIBONACCI É UMA SUCESSÃO DE números, que misteriosamente aparece em muitos fenômenos da natureza. Descrita no final do século XII, pelo italiano Leo-nardo Fibonacci, ela é infinita, e começa com 0 e 1. Os números seguintes são sempre a soma dos dois números anteriores, portanto, depois de 0 e 1 vêm 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, e assim por diante. Os termos da sequência, também estabelecem a cha-mada “proporção áurea”, muito usada na arte, na arquitetura e no design, por ser considerada agradável aos olhos. Seu valor é de 1,618 e quanto mais você avança na sequência de Fibonacci, mais a divisão entre um termo e seu antecessor se aproxima

desse número. Ao transformar esses números em quadrados e dispô-los de maneira geométrica, é possível traçar uma espiral perfeita, que também aparece em diversos organismos vivos. A obra ex-pressa seu conceito em vários elementos: um deles são os detalhes na fachada leste, cada terraço jar-dim, tem o comprimento igual à soma dos dois ter-raços jardim acima, e o complexo comercial e audi-tório segue a disposição de uma espiral incompleta.

>> autores CRISTIANA OLIVEIRA / JOESLEY MATEUS

7º PERÍODO COM FOCO NA INTEGRAÇÃO DOS ESPAÇOS públicos e privados, as tipologias foram acomodadas de forma a potencializar a constituição e identifica-ção de um núcleo comum, uma unidade de vizinhan-ça através da visualidade, dos espaços comuns, na sua dimensão vertical, por meio das sacadas e pela proposta de um boulevard que fica ao centro do con-junto habitacional, proporcionando aos moradores encontros, atividades de lazer, comercial e de ser-viços. Foram implantados 896 unidades de aparta-mentos distribuídos em 14 blocos de edifícios, que

foram posicionados no terreno de acordo com a insolação, de forma a garantir o conforto térmico. Os acessos serão feitos por ruas locais, ruas de vivência, caminhos e ciclovias, sendo diferenciados pela pavimentação. A rua local servirá apenas de acesso de transição para casos eventuais como: carga e descarga, e deslocamento para uma mobilidade re-duzida. Os estacionamentos representados por 344 vagas localizam-se próximos às entradas do conjunto habitacio-nal e dos edifícios.

>> autores NATÁLIA QUEIROZ / RUMAYANA JUNQUEIRA

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7º PERÍODO O PROGRAMA DE HABITAÇÃO FOI PENSA-do no conceito do jogo Tetris, a volumetria inspirada no formato em que os apartamentos denominados “tetraminós” são encaixados uns aos outros, dando a impressão do tetris, e nos espaços vazios que se formam entre os apartamentos foram posicionadas a maior parte das janelas. As sacadas são um des-taque, com cores fortes e utilização de cobogó nos corredores de circulação para melhor estética e maior ventilação. A habitação de interesse social possui

quatro tipologias: apartamentos de acessibilidade plena, três quartos, dois quartos e um quarto, sendo todos os ba-nheiros acessíveis. Sua estrutura é de alvenaria convencio-nal, pilotis e vãos-livres, em que no térreo está localizado o hall de entrada do prédio e comércios diversos, para aten-der nesses espaços vazios para a ventilação dos cômodos. Na fachada do edifício, os moradores ganham espaços de convivência, como salão de festas e sala de jogos.

>> autores BÁRBARA BAZAGA / THALES OLIVEIRA

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4º PERÍODO POR ANALOGIA, TEVE-SE COMO ESCOLHA para o conceito do centro comercial o caracol. O caracol nos remete à natureza, ponto de destaque na realização do projeto. Este tem como foco principal ser uma cons-trução sustentável, que atenda às necessidades do ho-mem de maneira que o ambiente não sofra tanto com as agressões. A partir da essência das formas de um ca-racol, foram desenvolvidas linhas sinuosas, que formam uma construção leve e que se adapta ao meio ambien-

te. A construção conta com grande arborização e áreas verdes por todo centro comercial, tanto no meio interno quanto externo, tornando o ambiente mais agradável e natural. Para concluir, criamos como ponto de encontro dos corredores a praça de alimentação, local destinado a eventos culturais, além de suas atividades habituais.

>> autores JERUSA SIQUEIRA / POLIANA FERREIRA

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5º PERÍODO O CONCEITO DA CRECHE SÃO OS QUATRO ELE-mentos da natureza: terra, água, fogo e ar. Estes elemen-tos são importantes para sobrevivência do ser humano e fundamentais no desenvolvimento das crianças. Por isso, inserimos tais elementos na arquitetura e essên-cia da creche. Formamos quatro blocos que interligados compõe um pátio aberto, onde as crianças terão contato

com estes elementos. Além disso, o projeto conta com várias propostas bioclimáticas, iluminação natural, ven-tilação vertical e horizontal, brises horizontais e verticais, pergolado, e parede dupla.

>>

autores ISABELLA FERNANDA / ADRIELLY MORAES

4º PERÍODO Centro comercial com conceito casulo de bor-boleta, aproveitando as duas fases da borboleta: a gracio-sidade das cores e leveza da forma e, na sua concepção inicial, a rigidez do casulo, utilizando materiais robustos como concreto aparente e estrutura metálica, com uma cobertura leve que parece flutuar sobre a edificação. O uso de cores nos pilares da estrutura foi pensado para quebrar a sobriedade do concreto e destacar a cobertu-ra, optando por cores vibrantes, assim como sua forma

curva quebrando o uso de traços simples e ortogonais da edificação. Para a pavimentação, optou-se por piso inter travado com piso tátil, garantindo mobilidade a todos os usuários. As fachadas das lojas são todas em vidro, com marquise de 1 m e com platibanda. Dados técnicos: 29 lojas; dois banheiros; um bar; uma praça de alimentação coberta e uma descoberta; 150 vagas de estacionamento.

>> autores HENRIQUE ALVES / ISABELLE NEIVA

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8º PERÍODO O PROJETO CANTO DE MINAS, É UM ANEXO na Oficina Cultural de Uberlândia que tem como função, além de ensinar sobre a gastronomia de Uberlândia e re-gião, servir os alimentos feitos pelos alunos, através de um centro de convivência ou uma praça de alimentação. O intuito é ensinar sobre a culinária para não deixar a cultura gastronômica uberlandense cair em esquecimen-to pelas novas gerações e poder servir essas comidas no

local, tendo como público-alvo os alunos e visitantes do centro cultural. Através do conceito elaborado, pensamos em fazer uma arquitetura que trouxesse à lembrança as características de Minas. Por isso, optamos pelo formato de cúpula, com tijolinhos à vista, remetendo à imagem de um forno de barro, um marco da cultura mineira.

>> autores LAYS ALVES / MARCELLA ANDRÉA

2º PERÍODO PARA CRIARMOS O NOSSO PROJETO, UTILIZAMOS OS CONCEITOS DE SIMPLICIDADE, MODERNIDADE E inovação. Por ser um ateliê de arquitetura, precisava ser bem elaborado pois os clientes tomarão como base o nosso local de trabalho. Aplicamos funcionalidade, mas sem esquecer a beleza. Foram observadas as condições climáticas da região, para que a circulação de ar e a temperatura dos ambientes fosse ótima, e para que tivéssemos uma boa iluminação. A otimização dos espaços, a forma e o conforto dos ambientes, pretendem contribuir com o desenvol-vimento intelectual e produtivo dos usuários, usufruindo, para isso, de todos os métodos construtivos atuais. O projeto possui influência da arquitetura contemporânea. Podemos observar nas obras a racionalização dos volumes passando fortemente por representações minimalistas. A funcionalidade pode ser observada atrelada ao conforto ambiental dos espaços internos, e o paisagismo foi planejado de acordo com o clima e tipo de vegetação da região.

>> autores BRUNA BASTOS / JÚLIA CAPARELLI

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2º PERÍODO O ATELIÊ DE ARQUITETURA DESENVOLVIDO, de nome Locus Arquitetura (“locus” do latim “blocos”), teve como ponto inicial a ideia de ser um projeto sus-tentável, tendo como conceito a natureza e utilizando de muita transparência com o uso de vidro em todas as por-tas e janelas. O centro do projeto é uma árvore (Ipê Ama-relo), jardim externo e interno com gramíneas, arbustos e pequenas árvores. Englobamos todo o projeto em torno da árvore central (Ipê), distribuindo os ambientes em tor-no da mesma como se fossem blocos colocados de forma precisa, com vista e acesso para o jardim interno e que usasse ao máximo a iluminação natural, fazendo uso de pergolados de vidro sustentados por pilares de madeira. A ideia foi transformar um dia de trabalho árduo em um dia agradável, unindo homem e natureza em um único lugar.

>> autores HANIELY DE MIRANDA / ISBELA SILVA

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2º PERÍODO O PROJETO FUNDAMENTA-SE NA PARTICU-laridade da edificação, que é servir de espaço de tra-balho para uma equipe de arquitetos, na total integra-ção com o entorno. Buscou-se o melhor aproveitamento da ventilação e iluminação naturais, além da utilização de meios artificiais de umidificação, a exemplo da in-serção de um espelho d’água. Assim, dispõe-se de um ambiente a um só tempo funcional e harmônico, ofere-cendo conforto físico e psicológico. Nesta concepção, a área de serviço e as salas são ligadas apenas por uma marquise, tornando-as integradas e, ao mesmo tempo,

independentes. Desta forma, cria-se o conceito básico estabelecido nas escolhas espaciais, com a marquise sendo o ponto de maior destaque, isolando a área de serviço da área de trabalho. As principais cores traba-lhadas no projeto contrastam entre si, constrói-se en-tão um projeto com forte referência visual, aliado a uma arquitetura que busca unir os pedestres à obra. Assim, tem-se uma obra contemporânea, funcional e atrativa.

>> autores ADRIANO FLAUSINO / NAESSA GOULART

d a n i s l a u × f o l i a × p o r c a s / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / / /

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5º PERÍODO O CENTRE VILLE É UM CENTRO COMERCIAL PRO-jetado para a cidade de Uberlândia, que teve como inspi-ração os quatro elementos da natureza. Integramos os quatro elementos no conceito, como forma de ressaltar o que está por toda parte no nosso planeta: a água, a terra, o fogo e o ar. Esses elementos referem-se ao que seria essencial à vida humana no planeta. Cada elemen-to é indestrutível, homogêneo e invariável. Pela mistura deles se originam os objetos, pela forma de combinação surgem suas qualidades, e por sua dissociação deixam

de existir. Dessa forma, utilizamos a água, presente na fachada; a terra, como uma abundante arborização; o fogo, com uma iluminação que remete as chamas, e o ar, ao projetar o centro comercial com uma abertura ao centro da edificação. Os quatro elementos combinados no centro comercial vem inovar o estilo de compra e proporcionar um ambiente agradável de lazer.

>>

autores ISABELLA MACHADO / CAROLINE CARVALHO

5º PERÍODO IDEIA INSPIRADA EM UMA COLÔNIA DE ABE-lhas, que tem um ritmo de vida baseado em organização e respeito mútuo, onde há uma hierarquia entre a abelha rainha, operárias e zangões. Trazendo isso para a educa-ção infantil, este ritmo de colaboração mútua, trabalho e cuidado uns com os outros, se torna interessante num convívio diário. A relação entre abelhas e flores é de ale-gria e reciprocidade, o que precisamos para tornar esse ambiente seguro. Utilizamos na estrutura materiais que se relacionam com conforto ambiental, como telhas ter-

mo isolantes, vegetação para interceptar a luz natural e o calor interno, a localização das janelas (dispostas de acordo com os ventos dominantes), piso vinílico, pé di-reito para melhor ventilação, e cobogós para barrar a luz e favorecer os ventos. O propósito é que a creche seja um ambiente colorido, composto por “colmeias” (setori-zação), conferindo originalidade e movimento.

>>

autores BÁRBARA FERRAZ / DAMONIELLE DE AGUIAR

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5º PERÍODO OS RECIFES DE CORAIS SÃO considerados um grande berçário, onde as espécies marinhas se refugiam e reproduzem, formando um lugar cal-mo, belo e seguro. foi proposto para o projeto características de um recife de corais, trazendo cores vibrantes e for-mas orgânicas para a edificação e sua estrutura, criando espaços lúdicos e amplos, com caráter acolhedor, neces-sário para este tipo de construção. a utilização de artifícios trouxe diferen-ciais no conforto térmico e na segu-rança dos usuários como telhado verde para isolamento térmico, janelas em fita para melhor observação das crian-ças, grandes aberturas para aprovei-tamento dos ventos dominantes, po-sicionamento planejado em relação ao sol para fins de conforto térmico, piso emborrachado nas áreas de recreação para proteção contra quedas e fixa-ção de esguichos no final da cobertura central com proposta de um chuveirão para as crianças.

>> autores FRANCIELE SILVAGUILHERME MUNDIM

6º PERÍODO A PROPOSTA DE SE PROJETAR UM EDIFÍCIO comercial com aditório anexo foi atendia sob conceito “tangram”, visivelmente aplicado em seu exterior atra-vés de sua forma retangular junto aos triângulos que são dispostos dando a sensação de quebra cabeça. As formas geométricas se repetem através do paisagismo, onde blocos de concreto formam pequenas cascatas es-palhadas através do pátio e em torno do audirório. Auxi-liando na definição da forma, se encontram grandes tri-ângulos formados por brises que atuam na proteção das faces mais afetadas pelo sol durante o dia. A proteção dos brises combina com vidro de proteção solar disposto ao redor dos 9 últimos pavimentos, auxiliando na ilumi-nação interna e filtrando os raios solares, evitando que raios UVA e UVB sejam transmitidos para o interior do prédio. Além do mais, ainda pensando em sustentabili-dade, o edifício conta com placas de aquecimento solar em sua cobertura, tal como telhado verde no auditório.

>> autores JULIETT ANGELLIS / THIEGO TOLENTINO

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O TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO (TFG) TEM uma dimensão grandiosa no se refere à formação do profissional. No curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário do Triângulo (UNITRI) é dada uma atenção especial a este momento da vida acadêmica, uma vez que é nele que o estudante conclui a primei-ra fase de trabalhos acadêmicos e pode exercer seu co-nhecimento das variáveis espaciais, o exercício da visão crítica, a produção pessoal em um nível elevado e uma posição mais firme sobre suas ideias e a aproximação com realidade. Vários trabalhos são realizados com enorme esforço e apresentam contribuições consideráveis ao estudo das cidades, no entanto não são publicados e jazem nas estantes dos cursos, limitados às consultas dos discentes da instituição. Dessa forma, é imperativo que aos mesmos seja dada a devida publicidade e que se garanta o acesso às ideias e sua continuidade. São apresentados alguns trabalhos seleciona-dos por apresentarem uma contribuição para a arquite-tura, urbanismo e paisagismo em um mundo que requer posturas mais críticas e o avanço no papel do arquiteto como agente da produção do espaço.

///////////////// trabalhos

FINAIS DE GRADUAÇÃO

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ESTE PROJETO ESTÁ LIGADO AO INTERESSE DO autor por aprender sobre sustentabilidade. Notou-se a falta de escolas destinadas a este ensino na região de Uberlândia, em meio à significativa quantidade de fac-uldades de arquitetura, design e engenharia. Por isto, a proposta é criar um centro de ensino de permacultura, que tenha aulas ligadas à sustentabilidade. O local es-colhido está situado no cerrado mineiro em Uberlândia, em uma área próximo ao córrego Bom Jardim. O projeto tem como modelo o EcoCentro IPEC, em Pirinópolis/GO, e o Ipema, em Ubatuba/SP, dentre outras escolas, as quais oferecem cursos de permacul-tura focados em bioconstrução. O público vai além dos profissionais da área. Crianças e adultos interessados em aprender práticas sustentáveis também podem uti-lizar o centro, existindo aulas voltadas para cada um, e também podem aprender vivenciando as práticas apli-cadas no próprio local. O programa de necessidade inclui: recepção, duas salas de aula internas, uma sala de aula ao ar livre, auditório, cantina, restaurante, oito chalés (cada um com acomodação para oito pessoas), casa do administrador, casa do caseiro, galpão de equipamentos, horta e pomar. Foi feita uma análise do solo, da vegetação e do declive, da insolação e ventos e das áreas úmidas, as-sim, obteve-se um mapa de sensibilidade, o qual indica as áreas para melhor utilização. Com esta informação,

foi feita a setorização do terreno em seis zonas perma-culturais, onde as construções estão na zona 0 e afa-stando desta as áreas menos visitadas pelos usuários. Com estas delimitações foram criadas as vias que sep-aram as áreas. Na região central as construções foram distribuídas visando uma organização holística de cada componente em relação aos outros, o que garante que de qualquer uma delas seja visualizado o todo. O prédio de entrada comporta recepção, restau-rante, banheiros, salas e auditório. O material de alve-naria é em tijolos ecológicos e uma barreira para o sol da tarde foi criada em solo cimento, com aberturas cir-culares que permitem a ventilação. O piso em madeira de reflorestamento se estende por uma passarela que leva à sala de aula aberta, um espelho d’água circun-da esta área, para tratar o microclima. Na sala aberta, temos uma base de concreto queimado, e uma divisão para a cantina. A cobertura desta área foi feita com mal-ha tencionada, fabricada com a reciclagem de garrafas pet. Os chalés dos estudantes seguem o desenho de uma catenária invertida, tem estrutura em eucalipto e alvenaria em tijolos de solo cimento. Os caminhos são de terra e cal. Mais em http://goo.gl/flFK3s.

autor BRENO OTTONI FRAGIORGE

orientador ADAILSON PINHEIRO MESQUITA

breno ottoni fragiorge é graduado em Arquitetura e Urbanismo pelo Centro Universitário do Triângulo

– UNITRI (2012), e pós-graduado em Gestão da Construção Civil pela Faculdade Pitágoras (2014). Trabalha com

desenvolvimento de projetos de arquitetura e cursos de curta duração em Maquetaria, Autocad e Scketchup.

_ECOCENTRO UBERLÂNDIAEnsino de Práticas Sustentáveis

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PARQUE TECNOLÓGICO É UM ESPAÇO FÍSI-co único, contendo empresas de base tecnológica e o apoio técnico-cientifíco de universidades, além da co-laboração dos poderes municipais, estaduais e federais, dotado de condições e serviços especializados com o objetivo de aumentar a competitividade das empresas da região, fomentar a criação de novas empresas e dis-seminar a cultura da inovação. O Parque Tecnológico proposto para a cidade de Catalão/GO é uma junção de um Parque Ambiental (Bosque), um Centro de Pesquisa e Tecnologia e um Loteamento Empresarial. O Parque Tecnológico visa o crescimento do desenvolvimen-to e da tecnologia da cidade e da região, alavancando o crescimento socioeconômico e ambiental, acompan-hado da melhoria da qualidade de vida. O objetivo da implantação do Parque Tecnológico em Catalão – GO é

autora AGDA DANIELLA RÊGO VAZ

orientador ADAILSON PINHEIRO MESQUITA

contribuir para o desenvolvimento de empresas de base tecnológica e instituições de ciência e tecnologia, ex-pandir a cultura de conhecimento e inovação de setores estratégicos de alta tecnologia da região. Os setores es-tratégicos do Parque serão especializados na pesquisa tecnológica em várias vertentes da indústria de bens duráveis, como: Fabricação de equipamentos e serviços de Informática; design; laboratórios de ensaios e testes de qualidade; instrumentos de precisão e de automação industrial e gestão de processo produtivo, entre outros segmentos. O Parque irá abrigar os negócios resultantes das inovações geradas na região, para isso disponibili-za também áreas para as empresas de base tecnológica interessadas em implantar suas edificações. O parque também contará com incubadoras de empresas nacio-nais e multinacionais de base tecnológica.

_PARQUE TECNOLÓGICOCatalão-GO

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NO PRESENTE TRABALHO REALIZAMOS UM estudo em Uberlândia/MG, em um trecho da rodovia 365/452, englobando parte dos bairros Martins, Presi-dente Roosevelt e Osvaldo Rezende, visto que é um tre-cho muito degradado tanto pela rodovia quanto pelos es-paços mal utilizados. Através de entrevistas e da realização de mapas e gráficos, foi feito um diagnóstico, que constou a falta de mobilidade entre os bairros cortados pela rodovia, de espaços para lazer e falta de segurança. Uma forma que vimos para resgatar a conexão da área com o entorno, foi renaturalizar o Córrego Tabocas, que atualmente é canalizado localizado abaixo da BR. O conceito do proje-to visou a conexão de diferentes formas, interligando a cidade, mobilidade, sociedade, bairros e o Córrego Tabo-cas, priorizando sempre os pedestres no trânsito. Um parque linear ao córrego Tabocas foi criado tentando solucionar o caso das grandes enchentes no local a partir da reabertura do canal e da determinação de dois tipos de calhas. A calha primária, que é capaz de receber toda a chuva e as enchentes naturais próprias de todo curso d’água, e a secundária, capaz de receber as chuvas torrenciais cujo período de acontecimento é mais que cinquenta anos. O parque proporciona diver-sas atividades para a população, com quiosques, novo mobiliário, educação ambiental e de trânsito, além de cinema ao ar livre. Para o aspecto da mobilidade, uma análise da demanda de transporte para a região foi necessária, resultando em uma tabela com as linhas de ônibus, a quantidade de veículos e o total de passageiros por veí-

autora EGLE CUSTÓDIO BORGES

orientador ADAILSON PINHEIRO MESQUITA

culo, totalizando 44.339 passageiros por dia. Visto que este é um número muito alto, a opção escolhida para a área foi a implantação de um veículo leve sobre tril-hos (VLT), com trajeto definido para ligar duas vias de bastante fluxo de veículos e pessoas: a Avenida Marcos de Freitas e a Avenida Monsenhor Eduardo. O percurso conta com oito estações, sendo duas de transferência e seis convencionais, interligadas com as linhas do siste-ma integrado de ônibus de Uberlândia e também com o cartão de integração temporal que, em vez de usar um passe para cada trajeto, permite fazer várias viagens em determinado tempo. A ciclovia proposta conta com dois sentidos de um metro e meio cada e semáforos exclusivos ligados no sistema cicloviário já existente. Foi implementado um sistema de binários, transformando as vias em sen-tido único melhorando o fluxo e a facilidade de retorno. Ao longo da rodovia as travessias de veículos foram de três para sete e as travessias de pedestres foram de seis para dezesseis. A reintegração do córrego na cidade é uma ação que possibilita diversas atividades e gera uma ren-ovação na área, com uma nova relação da população com o meio ambiente. A partir das pesquisas e estudos de caso, vimos que esta transformação é viável e que vale a pena pelas melhorias que proporcionam no es-paço urbano, e há sempre alternativas para a integração e segurança de pedestres e ciclistas no trânsito, deven-do apenas ser colocadas em prática.

_RENATURALIZAÇÃO E REQUALIFICAÇÃODO CÓRREGO TABOCAS Uberlândia-MG

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A IDEIA DE DESENVOLVER UMA ESCOLA DE música e artes surgiu quando em pesquisa de campo notou-se que o conservatório existente na cidade de Uber-lândia/MG, além de estar em condições e local inapropri-ados, era insuficiente para a demanda da cidade. Atual-mente existem 5300 pessoas esperando por uma vaga. O objetivo era propôr um novo conservatório que atendesse às necessidades de uma escola, que fosse acessível a todos e que pudesse incentivar o crescimento pessoal, intelectual e profissional do estudante. O projeto de 13.793,24m² foi desenvolvido em um terreno de 7.208,68m² no bairro Patrimônio e é ca-paz de atender dez mil alunos. Para a escolha do terre-no foram levados em consideração ventos dominantes, insolação, fluxo de pessoas e trânsito, o impacto da construção no entorno, adequação a zona, facilidade de acesso por transporte público, entre outros. Dispostos em seis pavimentos estão teatro, ca-marins, loja de souvenir, espaço para exposições tem-porárias, lanchonetes, biblioteca, gabinetes individuais para prática de instrumentos, salas de apresentação, setor administrativo, 96 salas individuais para aprendiza-do de instrumentos, cinco salas para aprendizado de in-strumento em conjunto, seis salas para o aprendizado de teatro, oito salas de aprendizado teórico, quatro salas para desenvolvimento de desenho, três salas de canto/coral, três salas de multimeios e um estúdio de gravação. Todos os andares possuem mezaninos com imenso balanço possível graças à laje de concreto ner-vurado protendido. Esse sistema construtivo possibilitou

autora IOLANDA RONE BERNARDINO

orientador ANA FLÁVIA FERREIRA DE CASTRO PAULA

também que em todo o projeto tivesse apenas uma pare-de pilar, sendo todo o restante das divisões em drywall. A música é dinâmica e instável, provoca sen-sações, e a vontade era de expressar essa inconstância no projeto. Para isso foram feitas linhas aleatórias, e depois, através das interseções, definiu-se a volumetria. A fuga dos ângulos retos proporciona uma melhor reverberação do som, consequentemente, uma melhor acústica. O conceito utilizado foi sinfonia das artes. O termo sinfonia designa um tipo de composição musi-cal que geralmente é composta por vários andamentos ou seções independentes. Podemos considerar que os andamentos são cada sala de aula destinada ao apren-dizado de um instrumento ou arte, e que, individual-mente, são apenas seções, mas quando em conjunto, formam a sinfonia, o conservatório. Foi pensado também em uma comunicação da escola com o exterior, que se dá através de grandes panos de vidro espelhado para que, durante o dia, quem está dentro do conservatório possa ver o que acontece na rua, e durante a noite, quando as luzes se acender-em, a escola revele seus segredos para a população que apenas passa por ele. O intuito do projeto é pensar um local dispersor de cultura, é atrair o público para novos interesses, e uma das formas pensadas, foi envolver todo o edifício por uma praça, trazendo mais um lugar de lazer para a população.

_ESCOLA DE MÚSICA E ARTES CPCUberlândia-MG

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_EDIFÍCIO EXECUTIVOUberlândia-MG

A CONSTRUÇÃO DE GRANDES EDIFÍCIOS EM Uberlândia iniciou-se na década de 1950, e os mesmos foram construídos naquelas que se constituíam nas prin-cipais avenidas comerciais, tais como Avenida Afonso Pena e Avenida Floriano Peixoto. A proposta deste TFG é a construção de um Edifício Executivo situado em Uberlân-dia - MG, Setor Central: Bairro Brasil, na Avenida Rondon Pacheco entre as Ruas Paraná, São Paulo e Cesário Alvim. O estudo da localização levou em consideração todos os aspectos do entorno, usos, clientes, rotina dos bairros vi-zinhos, demanda de investimentos imobiliários, acessos a aeroporto, centro, Prefeitura, rodovias, áreas de entrete-nimento, hotéis e principalmente a vocação do local, que possui no entorno edifícios destinado ao Poder Judiciário e outras instituições. O projeto foi ancorado pelo Estatuto da Cidade que forneceu instrumentos importantíssimos para que o município tivesse autonomia para a gestão urbana. Propõe-se a utilização de Operações Urbanas Consorciadas que se que articulam um conjunto de inter-venções com finalidade de promover uma transformação estrutural de uma área da cidade a partir do redesenho ur-

autora KARLA MIRANDA SILVA SOARES

orientador CLAYTON FRANÇA CARILLI

banístico, econômico e social em suas interfaces públicas e privadas. A região onde está inserido o projeto está pas-sando por alterações de uso e vocação em função de uma regionalização de serviços e equipamentos urbanos equi-valentes. O Edifício Executivo visa atender essa demanda, viabilizando o negócio e valorizando a região valorizando a paisagem e sua dinâmica. As áreas particulares concen-tram-se nos pisos executivos divididos em duas torres: TORRE A 1º ao 20º pavimentos TORRE B 1º ao 15º pavimentos Os seus acessos são restritos aos proprietários e convidados com sua entrada controlada por catracas e recepção. Os acessos às torres são feitos pelo 1º pavi-mento no nível da Av. Rondon Pacheco. Por possuir plan-ta livre, cada profissional ou empresa poderá adquirir a área que melhor lhe atender, desde 34,50 m² até o pavi-mento completo com até 535,42 m².

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AS INTERVENÇÕES FUNDAMENTAM-SE NAS fases anteriores onde elaborou-se a caracterização e o diagnostico físico ambiental de Estrela do Sul-MG. O plano está inserido num contexto metodoló-gico que busca preservar a característica cultural e am-biental da cidade e que seja capaz de absorver o dina-mismo da comunidade envolvida. Como um conjunto de propostas, objetiva ordenar as futuras intervenções de caráter físico-espacial e a elaboração de uma cartilha de desenho urbano com força de lei que possa direcionar a estrutura espacial da cidade, num conceito metodológi-co classificado em três eixos principais: histórico-am-biental (parque linear), histórico-espacial (conjuntos urbanos e patrimônio cultural) e simbólico. Assim, o manual considera os aspectos principais abordados dentro do plano de intervenção os seguintes itens: USO E OCUPAÇÃO DO SOLO gabaritos, afasta-mentos, taxas de ocupação e coeficientes de aproveita-mento, usos específicos em zoneamento a determinar;

CIRCULAÇÃO infraestrutura básica nas calça-das, implantação de calçadão numa hierarquização viá-ria para pedestres, estacionamentos, alem de módulos de lazer e comércios locais (lanchonetes, bares e afins) para atender à infra-estrutura do parque; PATRIMÔNIO CULTURAL zoneamento de con-juntos históricos e suas dimensões de caráter principal, secundário e de complementação, alem de preservação paisagística num primeiro plano, projeto cromático das fachadas dos bens culturais, revitalização de jardins históricos, sinalética urbana, novas tipologias, mobiliá-rio urbano, galeria (hall urbano) para locação de exposi-ções sobre a história e tradições locais; RECUPERAÇÃO AMBIENTAL parque linear e co-nexões com a envolvente paisagística da cidade, praças de contemplação. O Plano busca aproveitar o espaço urbano de-gradado e fortalecer as atividades comerciais já existen-tes através do incentivo à diversificação de outros usos, como o institucional, residencial e o lazer cultural, que atrairá população consumidora, a recuperação do espaço público, através do estabelecimento de normas especí-ficas de uso e ocupação do solo, além da compatibili-zação das atividades econômicas e institucionais com a preservação do patrimônio, arquitetônico, histórico e cultural, abordando ainda o ordenamento das atividades econômicas consideradas informais.

autora ANDRÉ LUIZ BORGES DE ÁVILA

orientador CLAYTON FRANÇA CARILLI

_ESTRUTURA ECOLÓGICA E PROPOSTA DEDESENHO URBANO Estrela do Sul-MG

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_PARQUE TECNOLÓGICOUberlândia-MG

O PARQUE TECNOLÓGICO DE UBERLÂNDIA BUSCA o conceito de fractais devido sua relação com três áreas intimamente ligadas ao projeto: ciência, tecnologia e artes. Como vocação, a biotecnologia. Mais em: http://bit.do/tfg

autora PRISCILA MOREIRA

orientador CLAYTON FRANÇA CARILI

priscila moreira é formada em Arqui- tetura e Urbanismo pelo Centro Univer-sitário do Triângulo - UNITRI e atua no escritório Época Arquitetura.

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O PROJETO SURGIU COM A NECESSIDADE DE desenvolver um Centro das artes marciais cujo ensina-mento precede não só o combate físico, mas também, o combate espiritual e mental. São dois prédios em um só terreno, onde elementos utilizados em um, desse conti-nuidade no outro mas com dois estilos de arquitetura. O prédio Brutalista foi criado especialmente para a parte de treinamento e administração, nele está as salas de treinamento com os “tatames”. Já o outro prédio onde eram instalados os antigos galpões do “boca quente”, foi aproveitado o esqueleto dos galpões mantendo a es-trutura e se originou o prédio de uma arquitetura mo-derna, aproveitando do prédio de treinamento algumas características como as curvas e a cor vermelho que compõe a fachada de concreto aparente. Outro ponto de partida foi a “integração” da praça Sergio Pacheco no espaço de convivência do prédio, onde está uma bar/ lanchonete que funcionará durante o dia e a noite,bus-

autora RAFAELA PONTES

orientador ANA FLÁVIA FERREIRA DE CASTRO

cando trazer as pessoas que caminham na praça para se interagir com o prédio de Artes Marciais como se ele tivesse uma continuidade da praça, a solução seria aproveitar o espaço e garantir harmonia entre o espaço, a cidade, o público e as edificações. Basicamente suas formas orgânicas e brutalis-ta se originou da espiritualidade das Artes marciais, e outro ponto específico que idealizou o estilo e formas, foi o encontro das duas pontas para amarrar o “KIMO-NO”, que tem um significado filosófico, baseado no equi-líbrio, foi a partir dai que surgiu a busca do equilíbrio entre os dois prédios, com estilos diferentes mas pro-curando não impactar uma arquitetura com a outra. E como toda a arquitetura nos desperta im-pressões quando nela estamos, intencionalmente, o CAM , propiciará estas “impressões” como fio condutor de sua funcionalidade e Integração entre o meio urbano e a edificação.

_CENTRO DAS ARTES MARCIAIS - CAMUberlândia-MG

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O ESCRITÓRIO ÉPOCA - ARQUITETURA, URBA-nismo, Paisagismo e Restauro, tem sua sede na cidade de Araguari/MG (Rua Marechal Deodoro, 429), no largo da Matriz. O escritório é formado por arquitetos e desig-ners de interior que atuam em conjunto, prestando ser-viços à comunidade local e regional em prol da melhoria da qualidade dos espaços projetados, aliando estética e funcionalidade, além da preservação do patrimônio cul-tural e ambiental. Nos seus 12 anos de funcionamento vários projetos foram desenvolvidos, sendo eles, resi-denciais unifamilares e multifamiliares, comerciais e de serviços relacionados a saúde. O escritório vem atu-ando também na preservação dos bens culturais com ênfase na região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba e já desenvolveu os seguintes trabalhos: EM ARAGUARI Projetos de Manutenção e Res-tauração da Câmara Municipal, Projeto de Restauração da Capela do Fundão, Projeto de Restauração da Ca-pela de Florestina, Assessoria para o desenvolvimento de projeto de restauro na Casa de adôbe da Praça da Matriz, Projeto de restauro e acompanhamento na exe-cução da obra da casa conhecida como Palacete do Sr. Jovino de Araújo e Projeto de restauro e execução da obra da casa vernacular da praça da igreja do Rosário. EM UBERLÂNDIA Assessoria no acompanha-mento das obras de restauro da Casa da Cultura de Uberlândia e da Igreja do Rosário. EM MONTE CARMELO Assessoria no acompa-nhamento da obra de restauro da Escola Melo Viana. Nesta primeira edição da revista AUP! os arquitetos apresentam dois trabalhos desenvolvidos na área de preservação do patrimônio cultural em Araguari/MG: a casa conhecida como Palacete do Sr. Jovino de Araújo tombada pelo Patrimônio Cultural e a casa colonial da Praça da Igreja do Rosário, inventariada.

R E S I D Ê N C I A P A L A C E T E J O V I N O D E A R A Ú J O

O projeto teve como objetivos a restauração e a manutenção de elementos originais e a adequação do imóvel ao novo uso, que é tombado pelo município. O bem cultural passou a ter o uso misto com a adminis-tração da clínica médica e espaço cultural. O novo uso proposto abriga a administração no pavimento superior e, no pavimento térreo, recepção, sala de exposições, área multimídia para palestras e projeções, sanitários e copa.

ADAPTAÇÕES AO NOVO USO

No pavimento térreo foram abertos dois vãos para integração das salas e ampliação do espaço de exposições com a colocação de perfis metálicos mos-trando a intervenção executada, porém preservando as pinturas parietais superiores. Foi retirada a cobertura que descaracterizava a fachada posterior do imóvel e inserida uma nova cober-tura em perfis metálicos e policarbonato cristal possibi-litando a interligação do bem cultural ao anexo existente. Inserção de fechamento em vidro temperado no anexo existente, propondo a ampliação deste e inte-grando-o com a garagem. Com a demolição de algumas alvenarias, inclusão de dois novos espaços - DML e co-zinha com platibanda. Dois banheiros existentes foram remodelados sendo adaptado um deles para portador de necessidades especiais. O muro lateral foi demolido com a integração de todo o pátio, ampliando assim, a área de jardim. O piso foi executado em pedra portugue-sa bege e vermelha. No jardim optou-se pela manuten-ção da linguagem do jardim inglês e na área ampliada foi ampliado um jardim tropical com a inserção de espécies da flora brasileira.

EQUIPE AUP!

ÉPOCA ARQUITETURA, U R B A N I S M O ,P A I S A G I S M O E RESTAURO

arqui te tos

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MANUTENÇÃO DE ELEMENTOS ORIGINAIS

O telhado foi mantido com a substituição de te-lhas quebradas e revisão de calhas e rufos. As esquadrias foram restauradas com a troca de partes que estavam comprometidas, foi executada a limpeza e manutenção dos pisos em ladrilho hidráulico, os tacos foram lixados e sintecados, revistas todas as instalações elétricas toma-das e interruptores e realizada a pintura do bem cultural. No jardim da parte histórica foi executada a manutenção com a retirada das plantas que estavam comprometidas e sua substituição por outras de mesma espécie.

O projeto seguiu os princípios do restauro críti-co-criativo, onde é valorizada a unidade potencial da obra, restaurando seus elementos originais e mantendo a fa-chada e a volumetria, inserindo intervenções reversíveis e que destacam o bem cultural existente. Tais princípios podem ser notados no palacete com a ampliação do anexo e a criação do volume com platibanda, telhas metálicas e a cobertura em que se destacam pelos materiais utilizados.

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C A S A D A P R A Ç A D A I G R E J A D O R O S Á R I O

A casa em técnicas tradicionais é inventariada pelo patrimônio histórico e cultural de Araguari e é de propriedade particular. Ela é um exemplar da arquitetura vernacular do município. Implantada na esquina da Praça do Rosário, possui estrutura mista com tijolos de barro e pilares e vigas em madeira. Implantada no alinhamento da rua, com janelas e portas em madeira, resguarda as características singelas da arquitetura colonial. O projeto teve como principal premissa a exe-cução de medidas conservativas com o restauro da co-bertura, esquadrias, assoalho, manutenção do ladrilho hidráulico de alguns espaços e adequação tanto dos ba-nheiros quanto da cozinha.

O paisagismo, um dos pontos de maior des-taque do projeto, foi executado mantendo as espécies do pomar e agregando espécies ornamentais, criando caminhos com dormentes e um pátio pavimentado. No passeio foram utilizadas as mesmas pedras existen-tes (laje de pedra), que foram entremeadas por pedras portuguesas na cor bege. A casa integra-se novamente com a paisagem da cidade tornando-se referência na praça do Rosário. É de extrema importância ressaltar que os dois bens apresentados foram preservados e restaurados respeitando os elementos existentes e agregando no-vos, graças à sensibilidade de seus proprietários que perceberam a importância dos mesmos para a história de sua cidade e, consequentemente, para preservação de sua própria história.

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A preservação do patrimônio cultural em nos-sas cidades é fundamental para a perpetuação da me-mória e valorização da arquitetura e história de nossas

comunidades como testemunho do modo de construir, pensar e habitar a cidade. Rossi (1982, p.22) descreve:

O i m p u l s o d e p r e s e r va r o p a s s a d o é p a r t e d o i m p u l s o d e p r e s e r va r o e u . S e m s a b e r o n d e e s t i -

v e m o s , é d i f í c i l s a b e r p a r a o n d e e s ta m o s i n d o . O p a s s a d o é o f u n d a m e n t o d a i d e n t i d a d e i n -

d i v i d u a l e c o l e t i va ; o b j e t o s d o p a s s a d o s ã o a f o n t e d a s i g n i f i c a ç ã o c o m o s í m b o l o c u lt u r a l .

Portanto, vamos continuar construindo as nos-sas cidades, conservando e preservando o patrimônio

cultural, possibilitando assim o entendimento do pas-sado e, de outro lado, projetando o futuro.

clayton frança carili é arquiteto ur-banista formado pelo Centro Universitário do Triângulo (UNITRI) em 1999, Especialista em Revitalização Urbana e Arquitetônica pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 2000. Professor do Curso de Arquitetura do Centro Universitário do Triângulo (UNITRI) desde agosto de 2004. Mestrando do Progra-ma de pós-graduação em Arquitetura e Urba-nismo da Universidade Federal de Uberlândia.

ana beatriz alves oliveira é arquite-ta urbanista formada pelo Centro Universitá-rio do Triângulo (UNITRI) em 2004, Especialista em Iluminação e Design de Interiores pela Fa-culdade Ávila de Ciências Humanas e Exatas.

priscila moreira soares silva é arquiteta ur-banista formada pelo Centro Universitário do Triângu-lo (UNITRI) em 2012.

luciana pessoa borges de carvalho é decorado-ra, formada pela Universidade Federal de Uberlândia.

Siga o escritório: www.epocaarquitetura.blogspot.com

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ARQUITETO E URBANISTA HÁ 21 ANOS, PAULO Schaan formou-se pelo Centro Universitário Moura La-cerda em Ribeirão Preto/SP, tendo iniciado seu curso em 1989 e concluído em 1993. Conversando com o ar-quiteto, descobrimos que sua carreira teve um início inusitado. “ D e s c o b r i a a r q u i t e t u r a a t r a v é s d e u m d o s

p r i m e i r o s n a m o r o s f i r m e s q u e e u t i v e n a m i n h a v i d a . Ela era secretaria de um arquiteto e por um acaso eu fui buscá-la, em um final de semana, e encantei-me com o lugar, que achei muito bonito, e, como já gostava de de-senhar, me interessei pelo assunto. Na época, li um livro que ele tinha no escritório. Até hoje tenho o livro, agora utilizado pela minha filha, que está fazendo arquitetu-ra. Fiz um curso por correspondência que se chamava Desenho Arquitetônico. Chegavam as ‘tarefinhas’ e eu fazia”, conta Schaan. O despertar para a arquitetura como trabalho e arte veio depois, com o primeiro emprego. “Meu pai me arrumou emprego com um amigo dele que era En-genheiro Civil e meu interesse pela arquitetura cresceu ainda mais. Foi aí que fui cursar a faculdade. Nesse pe-ríodo, fiz diversas coisas, trabalhei para outros arquite-tos”, afirma. O surgimento da arquitetura informatizada criou em Schaan a necessidade de descobrir um pouco

mais sobre o assunto. “Me empenhei para aprender e comecei a dar aulas particulares para colegas, até que consegui começar a carreira acadêmica também na UNITRI (acho que foi em 1995). Daí aconteceram diver-sas coisas. Projetos comerciais, residenciais, trabalhar para empresas”. Há dez anos, o arquiteto iniciou o trabalhar no mercado de execução de obras. “Foi uma grata surpre-sa porque ele complementa todo trabalho do escritório. Você tem as etapas do início ao fim e, financeiramente falando, tem como distribuir e equilibrar sua vida pro-fissional durante os períodos do seu ano, porque nem sempre projetos existem. E projetos são trabalhos de tempos curtos (três a quatro meses de atividade), en-quanto obras são trabalhos de um ano a um ano e meio. Então você estende mais o recurso que te dá sustenta-ção para você crescer e alçar novos voos no trabalho”, comenta Schaan. Para ele, os principais trabalhos de sua carreira são o p r o j e t o u r b a n í s t i c o e p a i s a g í s t i c o p a r a G o i â n i a , o C e n t r o d e C o n v í v i o e m U b e r l â n d i a – que foi agraciado com uma menção honrosa na 6° Bienal de Arquitetura de São Paulo –, e o p r o j e t o e c o n s t r u ç ã o d e s u a p r ó p r i a

r e s i d ê n c i a , em Uberlândia/MG.

entrevis ta com

ISABELLA PEIXOTO

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A U P ! Vamos começar com a sua trajetória profissional. Conte-nos mais um pouco.

S c h a a n Depois de formado em 1993, fui trabalhar com um arquiteto na construtora CCO e quando esta fechou, eu fui trabalhar com o arquiteto Paulo Carrara. Fiquei com ele uns 4 meses. Depois vieram Schimidt e Finott, que eram sócios e arquitetos famosos aqui, e me convi-daram a trabalhar com eles. Na época, eles estavam in-formatizando o escritório e eu fui lá pra fazer esse tra-balho. Fiquei lá dois meses. Aí uns colegas vieram pra cá e me chamaram pra montar um escritório, naquele mo-mento eu já havia mandado um currículo para a UNITRI

para tentar dar aulas, fazia uns dois anos. Eu tentava de tudo. Procurava trabalho, precisava trabalhar! Daí, coincidentemente me chamaram para dar aulas na UNI-TRI e para montar o escritório ao mesmo tempo. Como eu teria pelo menos uma “rendazinha” fixa, que seria da escola, eu acreditei. Ficamos juntos aqui por uns qua-tro anos. Um desses colegas foi para os Estados Unidos fazer curso fora e o outro ficou aqui até que rompemos e eu fiquei sozinho. Naquele momento eu vi o abismo.

A U P ! Por que?

S c h a a n Porque fiquei sozinho nesta casona e não tinha dinheiro para pagar nada. Não dava conta, já era difícil dividindo com dois, imagine sozinho? Comecei a chamar gente, pra tentar juntar. Um deles foi o Sérgio Oliva e uma outra arquiteta que também tinha se formado com a gente. Montamos uma espécie de sociedade, só que também durou muito pouco, uns seis meses. Depois sa-íram, vieram outros colegas... Mas resolvi ficar sozinho mesmo. E já estou aqui há doze anos mais ou menos. Hoje eu tenho arquiteto que trabalha para mim, tenho estagiários em obra, em desenho. Tenho uma equipe grande de obra e sustento o escritório sozinho.

A U P ! Como funciona seu processo criativo?

S c h a a n Bom, meu processo criativo inicia-se sempre com uma entrevista com o cliente que é o mais interes-sado, daí nós temos um processo de organização entre um programa, uma pesquisa, um levantamento de da-dos, uma coleta de informações sobre gêneros sobre in-formações diversas, preferências. Enfim, nós traçamos uma linha de pensamento e daí iniciamos primeiramen-te com pequenos sketches feitos a mão e paralelamen-te ao computador, que hoje é um recurso fundamental para você ter desempenho e conseguir também cumprir prazos com qualidade no seu trabalho de apresentação.

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A U P ! Você tem a ideia de como será o projeto imaginando a edificação pronta, como um todo, ou inicia por algum elemento específico (um croqui, uma planta baixa, volumetria, corte esquemático, etc.)?

S c h a a n Geralmente eu idealizo através de uma volumetria porque e u a c r e d i t o m u i t o e m u m a f i l o s o f i a d e q u e a

f o r m a s e g u e a f u n ç ã o . Então eu trabalho muito paralelamente com isso e eu sempre idealizo uma volumetria um tanto quanto assim irresponsável do ponto de vista de liberdade pra depois aplicar a técnica. Porque eu sempre percebo que a técnica acaba tolhendo uma série de elementos que você poderia dar mais liberdade ao projeto. Po-rém é indispensável a técnica fazer uma integração ideal que harmonize e promova uma execução do ponto de vista custo-benefício próximo ao ideal.

A U P ! Defina sua linguagem arquitetônica.

S c h a a n Como a gente tem um escritório extremamente comercial, não que nós esqueçamos toda a filosofia e os princípios do trabalho que a faculdade nos ensinou, eu defino minha arquitetura como uma arquitetura contem-porânea, ela aplica elementos atuais e com raríssimas

exceções nós temos clientes que nos permitem a liberda-de de definir a tipologia, a forma. Nós trabalhamos muito com referência de imagens que nos são trazidas por esses clientes. Então nós seguimos muito uma arquitetura con-temporânea. No sentido dessa arquitetura atual do dia.

A U P ! Quem é influência ou referência para o seu trabalho? E de que forma essa influência se dá?

S c h a a n Olha, u m a g r a n d e i n f l u ê n c i a q u e e u t i v e n a

f a c u l d a d e f o i u m c a r a c h a m a d o F r a n k L l o y d W r i g h t que tem uma arquitetura orgânica muito bonita, tam-bém R i c h a r d M e i e r e depois o nosso querido N i e m e y e r , que nós sempre reverenciamos. Na questão do início do trabalho, o Richard é um arquiteto que tem uma or-ganização de início de trabalho através de tramas, de

malhas de uma organização muito severa. Então isso me favoreceu muito a ter mais tranquilidade e condição para desenvolver temas através dessa forma de pensar arquitetura. São essas referências e brasileiro também tem, além do Niemeyer, o L e l é que era um cara brilhante e na época uma referência.

A U P ! Qual foi sua vivência mais marcante como arquiteto e urbanista?

S c h a a n Como arquiteto minha vivência mais marcante acredito que foi no início da carreira onde tive a oportu-nidade de trabalhar em uma grande construtora (CCO) onde eu percebi que a a r q u i t e t u r a n ã o s e f a z a p e n a s

d e p r o j e t o . A visão e amplitude que nós temos que ter é muito maior e infelizmente a faculdade não te dava essa noção e essa percepção para que você possa ver

além do horizonte. Urbanisticamente falando, eu traba-lhei muito pouco na área de urbanismo então não tenho muita referência. Fiz alguns trabalhos na área mas não é muito a minha área de atuação. Apesar de dois gran-des projetos que participei com colegas que tem a carac-terística de intervenção urbana e projeto arquitetônico.

A U P ! Como você avalia o mercado de arquitetura em Uberlândia e região?

S c h a a n E x c e l e n t e . Sempre vou acreditar que é excelen-te. Nunca vou pensar que é ruim. Eu acho que todo pro-

fissional que acorda pra trabalhar se ele pensar que o mercado tá ruim ele fica em casa.

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A U P ! Como você avalia a relevância da arquitetura na região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba no cenário da arquitetura nacional?

S c h a a n Eu avalio ela de forma regular dentro do contexto de projetos de relevância arquitetônica e conceituados e pautados numa arquitetura bem elaborada eu vejo

poucos elementos. Talvez em função do perfil do nosso cliente local de exigir uma arquitetura muito comercial e de uma remuneração não tão ideal para esses trabalhos.

A U P ! Quais os principais desafios enfrentados pelos arquitetos na nossa região?

S c h a a n Eu acho que como todos os desafios de todas as profissões, o desconhecimento da sua área de atuação, como você pode ser presente prestando sua atividade

ao seu cliente e a própria cultura local que ainda pouco valoriza o trabalho do arquiteto.

A U P ! Na sua opinião, qual é a principal qualidade de um bom arquiteto?

S c h a a n Na minha opinião é v o n t a d e d e t r a b a l h a r e

a c e r t a r . Porque erros nos cometemos sempre mas o mais importante é a vontade de acertar. Visando todos os recursos que ele conhece e ter humildade pra apren-der sempre a cada dia. Porque a cada dia mesmo sendo

o mesmo tema é uma novidade. Nos lidamos com o ima-ginário e mesmo que nos consigamos abstrair o todo, nós temos essa capacidade, nós adquirimos isso com o tempo, o mais importante é ter essa humildade de sem-pre aprender a cada dia com novas oportunidades.

A U P ! Como você avaliaria o processo de desenvolvimento do projeto arquitetônico nas escolas?

S c h a a n Na minha humilde opinião o projeto de arqui-tetura é uma disciplina extremamente complexa, pois ela lida com criação e com tecnologia, duas coisas que se confrontam. E também pela ausência da formação profissional do professor no sentido da pratica profis-sional na maioria das escolas. Então eu entendo que apesar das exigência das universidades, do próprio MEC da qualificação profissional é ainda necessário louvar a qualificação profissional do pratico profissional. Ele de-

veria ser conceituado também pelos seus anos de ex-periência afinal de contas se um cara está no mercado há dez, vinte anos e já com “n” trabalhos executados eu acho que ele deveria ter sua oportunidade para con-tribuir no processo acadêmico. Eu acho que a discipli-na Projeto Arquitetônico peca pela ausência da pratica que é um elemento que falta para que essa mistura promova uma harmonia e favoreça bons resultados.

A U P ! Você acredita que a melhoria no processo pedagógico do ensino de projeto auxiliaria na formação de futuros arquitetos? De que forma?

S c h a a n Contribui sempre contribui, porque ele te esti-mula a fazer a pesquisa, a leitura a busca e isso é sem-pre uma contribuição. Eu acredito nesse ponto de vista. Mas reforço que ainda falta esse elemento pratico pra

poder fazer com que essa receita seja eficiente. Isso não significa que nós não tenhamos bons arquitetos por falta desse elemento na sua orientação. Mas eu acho que seria mais uma pitada pra poder promover grandes resultados.

n ó s t e m o s q u e p e n s a r d e f o r m a c o l e t i v a , n ó s t e -

m o s q u e n o s a p o i a r c o m o c o l e g a s e a m i g o s

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A U P ! O que você pensa sobre o futuro da profissão de arquiteto e urbanista no Brasil?

S c h a a n E u s e m p r e a c r e d i t e i n a a r q u i t e t u r a desde o momento que eu me predispus a fazer o curso e sempre me pautei nos grandes exemplos, tantos nos arquitetos, nos urbanistas, nos paisagistas e nas outras profissões então pra você fazer com que o futuro seja promissor, primeiro nós temos que pensar de forma coletiva, nós temos que nos apoiar como colegas e amigos. Acho que esse é o caminho que todos profissionais precisam. Se há um descompasso em qualquer área é porque não há união. Em qualquer atividade precisa ter união, seja no campo, lá na obra ou no escritório. Se não houver união, não há resultado positivo. Se você consegue ter união, essa união vai ser fundamental para seu crescimento da seguinte forma. Você pode contar com seus colegas nos momentos que você tem dificuldades, te ajudando a ter trabalhos, te encaminhar. Porque t e m é p o c a s q u e v o c ê

e s t á n o e s c r i t ó r i o e q u e v o c ê e s t á c h e i o d e t r a b a l h o

e v o c ê p o d e d i s t r i b u i r , v o c ê p o d e c o n v i d a r p a r c e i r o s . Mas nem todos fazem isso. Eles preferem ficar abarro-tados de trabalho, atrasar o cliente e deixar o colega à mingua. Eu acho que o primeiro passo seria esse, a apro-

ximação maior dos profissionais. Acho que isso é fun-damental, isso nasce na escola. Isso deveria nascer na escola, mas isso não é fomentado na escola. Não há isso, sempre há grupos, isso desde a época que eu estudei até na época que você está estudando agora e vai continuar enquanto não mudar o conceito da forma de se pensar. Inclusive está sendo promulgada uma lei que para qual-quer reforma, intervenção em edificações terá a obriga-ção da contratação de um arquiteto ou engenheiro civil. E com a vinda do CAU que é nosso conselho isso melhorou muito mais para nós arquitetos que teremos mais voz ativa. Claro, o conselho ainda é um recém-nascido ele tá ainda se organizando, conhecendo e nós precisamos apoia-los e a reciproca pode ter certeza que será verda-deira. Então e u a c r e d i t o m u i t o n a a r q u i t e t u r a . Eu não posso falar outra coisa, e u q u e r o m o r r e r p r o j e t a n d o se possível, então eu acredito sempre. E u a c r e d i t o n a r a -

p a z i a d a . Entendeu? E acho que vocês também precisam acreditar. Sempre. Nós temos ótimos exemplos ai saídos da Unitri da Ufu, tem colegas ai que estão super bem, projetando e fazendo “n” projetos, começaram do nada.

A U P ! Fale um pouco mais sobre a sua iniciação no aprendizado do AutoCAD.

S c h a a n Sempre fui um apaixonado por desenho e na época não havia a arquitetura informatizada, então eu sempre desenhei a mão, sempre gostei de querer de-senhar mas nunca consegui acertar desenho algum e o desenho arquitetônico foi o meu sucesso porque eu adorava e tinha prazer em ficar horas desenhando e de-senho todos sabem que precisa ter muita paciência e eu sempre tive muita paciência pra desenho. Então ai eu cresci com isso, fiz faculdade e não existia ainda os softeres para auxiliar na minha arquitetura, formei, fui trabalhar em uma construtora e daí surgiu a necessida-de de aprender o CAD. E eu fui muito resistente porque eu sai de uma situação romântica que era o desenho a mão pra uma situação mecânica, fria como é o compu-tador, aquilo criava uma resistência muito grande, uma barreira muito forte pra você poder ingressar naquilo. Largar isso e ingressar naquilo, que é a informática.

Daí me obrigaram a fazer um curso de informática que era um princípio do CAD no Brasil. E esse curso foi feito numa escola muito genérica digamos assim, como era iniciação dessa novidade na cidade. Na época a constru-tora teve um momento crítico de mercado e ela encer-rou suas atividades na área de empreendimentos. Ela fechou e eu fui mandado embora. Então o que acontece, nesse momento eu me vi desesperado porque eu já era casado, tinha filho, sem recurso pra fazer o que? E o CAD me salvou naquele momento, porque ninguém sabia e eu sabia menos ainda, mas o famoso “em terra de cego

quem tem um olho é rei”. Eu comprei um “bíblia” e comecei a estudar. Eu trabalhava e estudava dali comecei minha carreira no CAD ai eu fui gostando fiz outros cursos e fui lendo e estudando. Tive uma ascensão grande até depois que mudou um pouco meu ritmo de trabalho, eu comecei a ter mais projetos a ter obra e hoje mexo pouco

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HÁ MUITO TEMPO VEM SE QUESTIONANDO O papel da universidade na sociedade. Nos tempos atuais muitas perguntas continuam sendo feitas e muitas de-las ainda permanecem sem respostas. A perspectiva da ação tripla e indissociável Ensino-Pesquisa-Extensão no entanto continua sendo tão válida quanto em momentos anteriores. A universidade sempre se pautou pela dinâ-mica interna capaz de adequá-la às transformações re-queridas pelas mudanças sociais e tecnológicas, contri-buindo como agente efetivo em busca de uma sociedade melhor. Entretanto, em vários momentos as contribui-ções que estas instituições podem dar à comunidade se resumem puramente à expansão da demanda pelo ensi-no superior a partir da reprodução do conhecimento hu-mano já adquirido e perpassado aos alunos por meio do ensino, normalmente restrito às salas de aula. É muito pouco para instituições nas quais se deposita tamanha esperança na produção e disseminação do conhecimento científico e protagonista de mudanças sociais. Bombardeada por grandes demandas científi-co-tecnológicas, a universidade por vezes se deixa su-cumbir ao engano da priorização deste setor em detri-mento dos aspectos da formação do aluno cidadão ou de um maior compromisso com a comunidade. O desafio é estabelecer o devido equilíbrio entre tais setores, seja em universidades, centros universitários ou faculdades, embora compreendamos as diferenças legais e os obje-tivos de cada um destes segmentos. Abordando especificamente os cursos de Ar-quitetura e Urbanismo pode-se compreender a grande necessidade da busca do equilíbrio mencionado ante-riormente. A formação de arquitetos e urbanistas re-quer intrinsecamente o estabelecimento dos nexos

entre o ensino, a busca da contextualização e compro-missos mais efetivos com a comunidade, e a busca do desenvolvimento científico-tecnológico. As demandas sociais, principalmente aquelas referentes à produção da cidade, requerem profissionais preparados para res-ponder a elas de forma coerente contribuindo para a criação de ambientes mais justos e espaços de melhor qualidade. Por outro lado as escolas devem incentivar os alunos a desenvolverem senso crítico capaz de en-xergar os problemas e a partir dai investigá-los para o desenvolvimento de proposições. É durante o período de graduação que o estu-dante deveria dar os primeiros passos para a pesquisa científica, erroneamente associada somente às carrei-ras acadêmicas. Se incentivada durante a graduação, a prática da pesquisa científica é facilitada no decorrer da vida profissional. E é por isso que a iniciação científica cumpre um papel tão importante neste contexto. Os programas de iniciação científica são ofere-cidos por algumas instituições de ensino e fomentadas com bolsas oferecidas pelas próprias escolas, agências governamentais e/ou outras, entre elas o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). Embora o fomento financeiro auxilie demasiadamente o proces-so de iniciação científica, a preocupação dos alunos com sua formação têm levado a um crescente voluntariado. A prática da pesquisa na iniciação científica dá ao aluno uma primeira aproximação com a necessidade do olhar sobre os problemas de diversas naturezas e sua formu-lação, e a superação dos mesmos.

PROF. DR. ADAILSON PINHEIRO MESQUITA

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85

A divulgação das pesquisas na iniciação cientí-fica é facilitada pela existência do Congresso de Iniciação Científica em Arquitetura e Urbanismo (CICAU), evento que ocorre concomitantemente com o Encontro Nacional de Estudantes de Arquitetura (ENEA) e Encontro Regional de Estudantes de Arquitetura (EREA). Dessa forma os es-tudantes podem dar evidência nos seus trabalhos, divul-gar os Grupos de Pesquisa e trocar experiências capazes de enriquecer a experiência pessoal e contribuir para o desenvolvimento dos trabalhos.

M A T H E U S P I R E S S I L V A A formação acadêmica sem-

pre pode ser preenchida de diversas formas, sendo elas

extremamente importantes na formação profissional.

No caso de alunos de arquitetura, essa busca se faz

mais necessária, pois a criatividade do arquiteto requer

não somente a matéria aprendida e debatida em sala

de aula, mas também a vivência com o mundo e a busca

por novas e diferentes formas de conhecimento. Sendo

assim, programas como o “Ciência Sem Fronteiras” o e

projeto de extensão iniciação científica podem e devem

ser cogitados e desenvolvidos durante a formação.

Sendo um aluno que participou de um proje-

to de extensão (iniciação científica), digo por causa

própria o quão importante foi, e ainda é, na minha

forma de pensar e de desenvolver novos projetos, pois

o mesmo me vez ir muito além dos livros empregados

em sala de aula, me inserindo na realidade do projeto

e também no contexto de seu desenvolvimento.

Já o programa “Ciência Sem Fronteiras”, do

qual participarei, surgiu com o apoio da universidade,

como uma nova oportunidade de aprimorar e adquirir

conhecimento, além da vivência que me trará ao morar

em um outro país, e por fim, e não menos importante, a

possibilidade da formação em uma língua estrangeira.

Por fim, gostaria de novamente ressaltar a

importância de buscar novas formas de aprendizado,

pois como aluno de arquitetura e urbanismo vi e ainda

vejo a grande contribuição que esse tipo de iniciativa

trará para a minha vida acadêmica e profissional.

Organizado anualmente por estudantes des-de 2001, o evento constitui hoje um importante mar-co de divulgação dos grupos de pesquisa nos cursos de graduação espalhados pelo país. Os eventos ocorrem nacionalmente, criando um ambiente de troca de ex-periências e informações entre os estudantes das mais diversas instituições de ensino superior envolvidos ou interessados na área de pesquisa.

c a r o l i n a d e s o u s a b e s e r r a O curso de Arquitetu-

ra e Urbanismo é formado por teoria e principalmente

por prática, e é essa prática que nos encanta e faz se-

guir a cada semestre. Num dado momento da faculda-

de senti a necessidade de aprender outra língua, para

poder experimentar tudo que ouvia com tanto entu-

siasmo em sala de aula. Aí surgiu a ideia de participar

do programa “Ciência Sem Fronteiras” que me abriria

portas e caminhos ímpares.

Dentro da faculdade precisava de um auxílio

mais específico para alcançar meus objetivos, é onde

entrou a Iniciação Científica, que me daria embasa-

mento direto para ter experiência nos problemas atu-

ais, reconhecê-los e agir. Foram feitas leituras, viagens

e artigos que me trouxeram uma vontade ainda maior

de conhecer o mundo fora da teoria, uma experiência

acadêmica única.

E para ressaltar ainda mais a importância da

Iniciação Científica, conto por vivência própria que a

IN foi pré-requisito para conseguir minha vaga/bolsa

entre tantos no Brasil no programa federal “Ciências

Sem Fronteiras”.

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A ÁREA CENTRAL DE UMA CIDADE É O POLO PRINCIPAL DE ATRAÇÃO DE PESSOAS EM razão da concentração de uma grande diversidade de atividades comerciais e de serviços, além de também ser lugar do encontro, do lazer, do ócio. A confluência de grupos sociais diversos que pos-suem desejos e comportamentos distintos faz dessa região um lugar extremamente heterogêneo onde os conflitos pelo uso e apropriação do espaço, quando não mediados, são constantes. Ár

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PROF. DR. WILLIAM RODRIGUES FERREIRA

MOBILIDADENA ÁREA CENTRAL DE UBERLÂNDIA

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ro de conflitos diversos e as tentativas de mi-nimizá-los demonstram, com poucas exceções, uma preocupação pontual em relação à fluidez automotiva e ao condicionamento dos lugares às prerrogativas do transporte privado, acentuando a segregação socioespacial e a degradação des-sas áreas, onde os valores que envolvem aspec-tos relativos à humanização e urbanidade são raramente considerados.

Nas áreas centrais o sistema viário as-sume papel relevante nas intervenções públi-cas, pois, a rua, além de possibilitar condições de acesso às atividades comerciais, de serviços e de lazer, condiciona o nível de conforto, aces-sibilidade, mobilidade e o convívio no espaço público, em especial, do pedestre, pois nos des-locamentos realizados nessa área, com raras exceções, o modo a pé se estabelece de manei-ra acentuada. Somos pedestres em algum mo-mento, com maior ou menor intensidade. Assim, a necessidade de condições adequadas para a circulação e segurança dos pedestres é imprescindível. Na cidade de Uberlândia-MG, a situação insatisfatória para a circulação dos cidadãos em estreitas e ina-dequadas calçadas em toda a área urbana, mas em especial na área central, faz com que

Essa centralidade se apresenta em todas as cidades, indistintamente. Mesmo naquelas que desenvolvem centros comer-ciais ou de negócios em outras regiões com o propósito de promover a descentralização e dispersão de atividades, a área central “tradi-cional” continua constituindo-se, como afirma Ferreira (2002, p.88), como sendo o setor mais importante do espaço urbano, o foco maior de atração. Verifica-se nela um crescente núme-

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haja uma busca constante e conflituosa por, pelo menos, condições mínimas de fluidez e, por ve-zes, em áreas não destinadas aos mesmos, como o leito carroçável e as faixas destinadas a esta-cionamento veicular, tornando mais grave a situ-ação de conflito. As vias públicas em Uberlândia-MG, via de regra, apresentam calçadas com dimensões insuficientes, piso irregular e ausência de aces-sibilidade; precariedade e/ou descontinuidade das conexões dos caminhos; obstrução de calça-das por vendedores ambulantes, disposição de lixo, equipamentos urbanos e bancas de expo-sição de mercadorias; excesso de publicidade de diversos tipos e tamanhos; presença de pedintes e comércio informal; crescente número de aci-dentes de trânsito; criminalidade, entre outros, que somados à ausência de conforto ambiental

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88

e urbanístico, à poluição visual e à poluição so-nora e do ar caracterizam esses espaços como precários, degradados, inseguros e insalubres. Pesquisas realizadas na área central (FERREIRA, 1997 e 2002; PMU, 2008) apontam o crescente aumento do fluxo/volume de pedes-tres e o agravamento dos Níveis de Serviço das calçadas, a exemplo da Av. Afonso Pena, que apresenta níveis D, E e F. No entanto, exceto a ação de Requalificação da Av. João Pinheiro em 2003, nenhuma outra intervenção foi im-plementada nas vias da região nos últimos 50 anos, que dirimisse os problemas enfrentados pelos pedestres, deteriorando de forma acele-rada as relações que se estabelecem neste es-paço, afetando negativamente a qualidade de vida das pessoas.

O ambiente da área central em Uber-lândia-MG contraria as tendências de requa-lificação do espaço urbano onde a Mobilidade Sustentável e Inclusiva deve ser a tônica. Ci-dades brasileiras como Maringá, Londrina, São José dos Campos e Curitiba ou de outros paí-ses como Amsterdam, Berlim, Santiago, Nova Iorque, Lima, Madri, Valência, Portland, Cope-nhagen entre outras, têm apresentado resulta-dos excelentes nessa perspectiva, priorizando pedestres, ciclistas e o transporte público em suas vias públicas. Ações se fazem urgente em nossas cidades para promover a execução de projetos que garantam a acessibilidade universal com conforto e segurança prevendo a implantação de calçadas adequadas, sistemas de ciclovias,

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sinalizações viárias necessárias para a minimização dos conflitos e ambiência agradável, que induza o uso des-ses espaços para o convívio coletivo. É importante que se realizem contínuas pes-quisas no intuito de analisar e monitorar as condições de circulação dos pedestres, no intuito de fomentar as

discussões sobre a qualidade dos espaços públicos e as ações necessárias para sua melhoria. Políticas Públicas devem promover ações que tornem nossas cidades caminháveis e aprazíveis, com ruas que nos “convidem” a participar com prazer e urba-nidade da vida urbana.

A “rua”, com seus diversos papéis, dimensões e conteúdos, muito além de ser apenas local de pas-sagem e de acesso aos lugares, deve ser o lócus das interações urbanas, da vida pública, do convívio, o lugar

dos encontros (mesmo que casuais) e desencontros, da manifestação da coletividade, da urbanidade, da cultura, da diversidade, da criatividade, o espaço público de ex-celência e por excelência.

BIBLIOGRAFIA <<

FERREIRA, William Rodrigues. O espaço público nas áre-

as centrais: a rua como referência – um estudo de caso em

Uberlândia-MG. São Paulo: FFLCH/DEGEO-USP, 2002. (Tese

de Doutorado) Disponível em: http://goo.gl/Nvk1Vf.

. Áreas centrais congestionadas: a questão dos

pedestres - um estudo de caso. Brasília: MTU-UnB, 1997.

(Dissertação, Mestrado)

PMU. Prefeitura Municipal de Uberlândia. Projeto de Requa-

lificação da Área Central e Fundinho – propostas da Mobili-

dade Urbana. Uberlândia: PMU, 2008.

À esquerda, via pública em Amsterdam, Holanda. À direita, cena urbana em Lima, Perú (2009) fonte William Rodrigues Ferreira

william rodrigues ferreira é geógrafo, mestre em Transportes Urbanos (UnB),

doutor em Geografia (USP) e professor da Geografia da UFU (graduação, mestrado e doutorado).

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Relatos de histórias e viagens reais. Relatos de histórias e viagens imaginárias. Narrativas que nos transportam para um espaço, um

cenário, uma paisagem; e para um tempo, passado, presente, eventualmente futuro. Narrativas que recorrem à memória, num esforço de verossi-

milhança do que é familiar e conhecido, ou que procuram atender à expectativa da novidade, do exótico e do inusitado. Narrativas que visam um

público leitor, que pretendem entreter e, também, informar e fazer pensar. Representações do mundo, ficções que o arranjam, dando-lhe sentido

e inteligibilidade, sobre diversos pontos de vista1

Os centros urbanos guardam aspectos impercep-tíveis de um cotidiano a todos os que transitam por deter-minado local. Assim ocorre todas as vezes que passamos e até mesmo paramos para observar os acontecimentos

ocorridos dentro e nos arredores da praça Tubal Vilela – praça central da cidade de Uberlândia. A praça traz boas recordações à memória do povo, conforme Ribeiro:

“A praça é o espaço aberto, externo… é o espaço das conquistas”2. Onde acontecia o footing, que, nas décadas de 1940/50, ocorria na

Av. Afonso Pena entre as ruas Goiás e Olegário Maciel, os moços geralmente parados frente ao cinema ou em algum bar, as moças passando e

paquerando de forma recatada e, como conta um dos entrevistados, “tudo se dava da forma mais saudável… e com o maior respeito”3

Foi na década de 1950, aproximadamente 1955, que o footing passou para a praça da República. Algu-

mas fotos de época dão-nos o local exato onde o footing acontecia, como nos foi relatado por várias pessoas:

E isso e só no domingo. Isso aqui, acontecia maior intensidade desse passeio aqui, era no domingo. Sábado era, sábado todo mundo ia pros

bailes, a gente ia pros bailes, casamento. Era a coisa mais bonita, cê olhava assim todo mundo de terno e de gravata, não é hoje esse pessoal com essas

calças jeans, esses tênis fedorento, que eles usa aí não4

Quando perguntamos se havia tratamento di-ferenciado entre as pessoas nos dias do footing, boa parte dizia, chegando a afirmar, que não. Outros já não se sen-tem incomodados e revelam que, apesar de ser aberto às diversas camadas sociais, existiam restrições e estas eram

percebidas claramente por quem frequentava o footing. Caldeira esclarece-nos que essa não era uma prática que ocorria somente aqui na cidade ou nas capi-tais, como no Rio de Janeiro, São Paulo, mas, de acordo com ela, isso vem desde o século XVIII, quando:

A burguesia emergente precisa afirmar sua superioridade social no espaço da cidade. O exibir-se pelos territórios da cidade, o ‘andar

pelas ruas, enquanto uma atividade social’, irá adquirir uma importância jamais observada, particularmente em Paris e Londres, mas também, nas

principais cidades europeias. A divulgação destes hábitos e costumes transformou-se num ritual, concretizado na ideia do footing5

//////////// A PRAÇA

E SUAS APROPRIAÇÕES

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À medida que vamos compondo os acontecimen-tos na praça, esta vai criando formas, estilos e histórias antes ocultas vão surgindo do e no interior da praça. Ao conversar com as pessoas idosas da cidade, estas nunca sabem como referir-se à praça, pois, para muitos, ainda é a praça da República (homenagem a um acontecimento histórico), para outros, a dos Bambus (apelido dado pela população, já que ali existiam muitas moitas de bambus) ou Benedito Valadares (homenagem ao Governador do Estado de Minas Gerais, estratégias para conseguir que este voltasse seu olhar para a ci-dade), raramente se referindo a ela como Tubal Vilela (homenagem a um homem que, com suas ações, soube elevar o nome da cidade).

Acreditamos na importância que a praça re-presentou em suas vidas, pois, naquele momento, era o lugar de sociabilidade de suas mocidades. Pessoas que criaram uma identidade com o local, e que, frente às fo-tografias, não reconhecem a praça de hoje, mas a praça do passado, de seu tempo. Embora a praça Tubal Vilela tenha sido um es-paço que veio sendo feito, desfeito e refeito, ela ainda é referência para a cidade, conserva seus significados an-teriores pela memória de seus frequentadores. Ela con-tinua sendo um lugar de lazer numa dimensão menor que a de outrora, e hoje, continua como palco, expondo diferentes representações sociais e oferecendo espetá-culos múltiplos aos vários personagens que ali circulam.

1 NAXARA, Márcia Regina Capelari. Sobre Campo e Cidade –

Olhar, Sensibilidade e Imaginário: em Busca de Um Sentido Ex-

plicativo para o Brasil no Séc. XIX. Tese Doutorado. Campinas,

S.P [1.n], 1999. p. 242, 243 2 RIBEIRO, Antonieta Jaci Macha-

do. Posição e Oposição: A Praça (Estudos Semiótico da Praça

Enquanto Texto da Cultura). Dissertação de Mestrado. PUC.

S.P, 1992, p.49 3 Décio Tavares, entrevistado em 30/10/2001 4 Ibidem 5 CALDEIRA, Júnia Marques. Praça: Território de So-

ciabilidade. Uma Leitura Sobre o Processo de Restauração da

Praça da Liberdade, em Belo Horizonte. UNICAMP, 1998. p.41.

josefa aparecida alves é historiadora e

mestre em História pela Universidade Federal de

Uberlândia e integrante do Arquivo Público Municipal.

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ARQUITETURA E ARTE SÃO DUAS EX-pressões que acompanharam as civilizações imediatamente quando estas sentiram (e con-tinuam insistindo na) necessidade de vasculhar os desejos sociais e representá-los por meio das diversas técnicas inventadas para dominar a natureza e, assim, se impor no mundo. O ter-mos gregos téchné (arte) e tékton (carpinteiro) mantinham estreitas relações entre si por meio da madeira. Assim, a extração das formas da arte e da arquitetura partiram da madeira, vin-do depois dela o mármore e o ferro.

À esquerda, Fauno Barberini, artista desconhecido, es-cultura de mármore, 250 a.C. – 200 a.C, 217 cm. fonte mora.sns.it. À direita, Escorço elaborado por Michelan-gelo para a criação de Adão, século 16, fonte google.com

O significado de artista, na antiguidade clás-sica, esteve atrelado aos de artifício e artificial (FLUS-SER:2010). Isso talvez explique porque artistas gregos e romanos se propunham a investigar a estética das pro-porções humanas pelo artifício da escultura. Os esculto-res, aparentemente, não pretendiam solucionar nenhum tipo de problema de ordem funcional, ao contrário, bus-cavam nos traços refinados da forma humana os moti-vos para esculpir e, sempre esteve presente, o artifício de dar ao mármore o aspecto artificial do homem. Na atualidade, a presença de outros materiais sofisticados permitiram explorar ainda mais esta artificialidade.

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Já a arquitetura, diferentemente da arte, traz consigo um conjunto de re-gras de ordem prática, que pretende so-lucionar parte dos problemas humanos. E os problemas da fabricação dela, muitas vezes, também foram solucionados pelo desenho. No Quattrocento, Bruneleschi investigou os mecanismos para a constru-ção da cúpula de Santa Maria del Fiori, de modo que a execução dela não parecesse tão difícil. Sendo assim, a cúpula deveria surgir como um ato divino (ARGAN: 1992), livre de todas os artifícios criados para torná-la real; também se apropriando do desenho, pela técnica da perspectiva, para investigar o interior da Igreja do Espírito Santo em Florença. Ou seja, da arquitetu-ra, da pintura e da escultura finalizadas, o desenho desaparecia e desaparecia com ele o desenho-estudo do projeto.

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REFERÊNCIA <<

FLUSSER, Vilém. Uma filosofia do design / a for-

ma das coisas. São Paulo: Relógio d’água, 2010.

ARGAN, Giulio Carlo. História da arte como his-

tória da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

Já no movimento moderno, o desenho se desprende dos mecanismos da fabricação das coisas e adquire status de arte, torna-se uma linguagem autônoma; desprende-se do traço mecânico e dos estilos históricos e torna-se mais abstrato. No caso da arquitetura, ao notarmos o desenho de Oscar Nie-meyer e Norman Foster, vemos que estes guardam as noções de estruturação das ideias, da investiga-ção formal, da escala, do conceito, do partido em ar-quitetura. Notamos também que antes a perspecti-va buscava a referência da pedra e da madeira para materializar a arquitetura e as máquinas enquanto os croquis tinham como premissa os materiais mo-dernos para idealizar palácios e centros de arte.

As noções de profundidade do dese-nho clássico obtidas pela marcação ritmada do compasso e da régua (perspectiva) cede à liberdade gestual do traço, que exprime outras sensações de profundidade e estruturação da paisagem. Mas, independentemente do dis-tanciamento histórico, os desenhos exigem da mão, do crayon, do papel, dos instrumentos técnicos (ou não) e da imaginação, a experi-mentação da expressão arquitetônica e artísti-ca. Se por um lado o desenho esteve rebaixado como arte porque acusava os mecanismos, no movimento moderno e na pós-modernidade, ele ainda expressa a livre imaginação de artis-tas e arquitetos.

rodrigo moretti é professor dos

cursos de Arquitetura e Urbanismo e De-

sign da UFU e da UNIUBE. Artista plástico,

pesquisa sobre crítica social e fotografia. Dese

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CRIADO PARA REGULAMENTAR E PROMOVER ações para o aperfeiçoamento do exercício da profissão de arquiteto e urbanista no estado, o Conselho de Arqui-tetura e Urbanismo de Minas Gerais (CAU/MG), além de fiscalizar e zelar pela qualidade do exercício da profissão, incentiva reflexões sobre o papel e responsabilidades dos arquitetos e urbanistas na qualificação dos espaços em que moramos, trabalhamos, circulamos e nos diver-timos. O foco é o desenvolvimento urbano harmônico e sustentável, a valorização do nosso patrimônio histórico e cultural e a contribuição para a formação acadêmica adequada. É com estes desafios que o CAU/MG chega à Uberlândia, através de um posto avançado de atendi-mento, localizado na Av. Governador Rondon Pacheco, nº 381, sala 102, Bairro Tabajaras. A instalação da es-trutura física do Conselho na cidade contou com o apoio do Arq. Urb. Rogério C. de Mello Franco e da Arq. Urb. Marilia Maria Brasileiro Teixeira Vale, Conselheiros do CAU/MG e representantes da região. Com mais esta instalação, o CAU/MG preten-de otimizar os processos e agilizar o atendimento dos

profissionais e empresas requerentes. Além de oferecer orientações sobre a RRT e certidões, o novo posto do Conselho em Uberlândia está apto a realizar a coleta de dados biométricos. A nova unidade de atendimento do CAU/MG está localizada em região estratégica, o que facilitará a mobilidade e aumentará o raio de atuação do Conselho. Inicialmente, o espaço será exclusivo para atendimen-to de profissionais e empresas, mas, posteriormente, o Conselho pretende agregar outros serviços de interesse da população. O horário de funcionamento é de 12 às 17h, de segunda a sexta-feira. Segundo o arq. urb. Joel Campolina, Presidente do CAU/MG, a instalação de postos avançados/escritó-rios regionais torna o CAU/MG mais presente nos mu-nicípios mineiros, contribuindo e abrindo espaço para o atendimento de profissionais e empresas. “Em Minas Gerais, em apenas um ano e meio, dos 853 municípios, já estamos presentes em tempo real em 322 cidades. Onde há um arquiteto o Conselho existe! Até o 2014 estaremos com seis escritórios em importantes cidades polo mineiras”, salienta Campolina.

CONSELHO DEARQUITETURAE URBANISMO

DE MINAS GERAISISABELLA PEIXOTO E EQUIPE AUP!

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O Arq. Urb. Rogério C. de Mello Franco, Conselhei-ro do CAU/MG, conce-deu uma entrevista para a Revista AUP!, falando sobre o novo posto avan-çado e as expectativas do Conselho para a região.

AUP! O CAU/MG acaba de inaugurar um posto avançado de atendimento em Uberlândia. Como a cidade foi escolhida?

Rogério Um dos pilares de trabalho do Conselho de Ar-quitetura e Urbanismo de Minas Gerais é estar presente onde existir um Arquiteto e Urbanista. Em Minas Gerais há 853 municípios e o CAU/MG está presente em pelo menos 2/3 destes municípios. Considerando que o CAU existe há pouco mais de dois anos, podemos dizer que o Conselho está muito bem distribuído e representado geograficamente no Estado. Estabelecer uma estrutura física em uma região como o Triangulo Mineiro e Alto Paranaíba é extremamente importante e estratégico. Os benefícios para os profissionais da classe e para a so-ciedade como um todo são inúmeros. Além de ser uma região responsável por cerca de 1/4 do PIB do Estado, o

Triângulo Mineiro e o Alto Paranaíba congregam cerca de 10% dos profissionais arquitetos e urbanistas inscri-tos no CAU/MG. Além disso, a região ainda concentra cinco escolas de arquitetura, sendo três em Uberlândia, uma em Patos de Minas e outra em Uberaba. Portan-to, o Conselho precisa estar presente em uma cidade como Uberlândia que é um dos polos da região. Trata-se de uma região com grandes demandas e que precisa de uma representatividade e atuação mais agressiva do CAU/MG. O Conselho defende o direito do cidadão a arquitetura e urbanismo. Isso é um ganho para os pro-fissionais da classe e, principalmente, para a sociedade.

A U P ! Quais as principais ações e conquistas do CAU/MG na região?

R o g é r i o As ações têm sido cada vez mais incisivas. Al-guns projetos ainda são embrionários porque o Conselho ainda é recente. Mas, já é possível mensurar resultados interessantes na região. Atualmente, o CAU/MG possui convênio de cooperação e colaboração com a Prefeitura de Uberlândia. Também já estabeleceu convênio semelhante com Associação dos Municípios do Vale do Paranaíba, que representa mais de 20 municípios da região. O Conselho já conquistou importante espaço e representatividade na região e o foco de trabalho agora será o de maior apro-ximação com os municípios do Triangulo Mineiro e Vale Paranaíba. O desafio atual é estabelecer convênios de

cooperação com as prefeituras de cada um destes mu-nicípios. Apesar do pouco tempo de trabalho, o CAU/MG em parceria com a Prefeitura de Uberlândia já conquistou importantes vitórias. Atualmente, o CAU/MG faz parte do Conselho Municipal do Plano Diretor da Cidade, instituído por lei, e também compõe o Conselho de Meio Ambiente Municipal. Ainda têm várias outras ações que o CAU/MG está executando e desenvolvendo na região, sempre com o foco de estar mais presente e participativo. O Conselho tem trabalhado em projetos para estar mais presente nos Conselhos Culturais, Conselhos de Conservação, Conse-lhos do Patrimônio Histórico da cidade, etc.

A U P ! Quais as expectativas do CAU/MG para a região?

R o g é r i o O Triângulo Mineiro e o Vale Paranaíba pos-suem 66 municípios onde o CAU/MG quer ter uma pre-sença cada vez mais forte. O Conselho pretende, em ritmo acelerado, oferecer condições cada vez melhores para a população no que diz respeito a arquitetura e ur-

banismo de boa qualidade e também auxiliar no apri-moramento do planejamento urbano e regional de boa qualidade. Em síntese, os planos do CAU/MG para a re-gião em 2014 é fortalecer a parceria com os 66 municí-pios que formam a região.

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LIVROS

CONVERSA DE ARQUITETO

oscar niemeyer

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editora revan e editora ufrj

Obra constituída por pequenos textos do mestre Oscar Niemeyer, Conversa de Arquiteto é um livro para quem busca uma aproximação com os métodos e a visão do autor sobre a essência da arquitetura, abordando temas como: espaço arquitetural, leveza na arquitetura e técni-ca. De leitura rápida, o livro utiliza-se de uma linguagem sensível, tratando o tema com leveza e autenticidade.

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DESENHO ARQUITETÔNICO – 4ª ED.

gildo a. montenegroeditora edgard blucher

Destinado a estudantes, arquitetos e engenheiros, De-senho Arquitetônico é um livro de consulta para inte-ressados em aprender sobre desenho e suas normas. A obra traz normas técnicas, formas de desenho, conven-ções gráficas, instrumentos de desenho, dentre outros assuntos pertinentes à área. Bem ilustrado, o livro aju-da na visualização na parte teórica sem se tornar chato.

Arquitetura dos Índios da Amazônia é um livro que explora a questão sustentável na arquitetura com base nos métodos indígenas de cons-trução. A publicação mostra o senso aguçado dos índios para a arquite-tura, lembrando-nos que é possível utilizar saberes ancestrais – como a relação harmoniosa entre relação entre homem, arquitetura e natureza vivenciada pelos índios – no desenvolvimento de projetos que não pre-judiquem o meio ambiente.

ARQUITETURA DOS ÍNDIOS DA AMAZÔNIA

johan van lengen editora b4 editores

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ATLAS DE DETALHES CONSTRUTIVOS

peter beinhauer editora gg

O livro tem como principal função ser uma ferramenta de apoio para arquitetos, engenheiros e estudantes. Possi-bilita a análise dos pormenores primordiais para cons-trução de um projeto bem desenvolvido. O guia possui diversas situações que podem ser inseridas nas fases de um projeto divididas por temas: paredes externa e inter-nas, portas, lajes, fundação, escadas, entre tantos outros.

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ATLAS DE DETALHES CONSTRUTIVOS REABILITAÇÃO

peter beinhauer editora gg

Complemento do primeiro volume, Atlas de Detalhes Construtivos Reabilitação também é um guia para ar-quitetos e engenheiros interessados no assunto. O atlas destina-se a tratar da documentação na fase de execução de um projeto. Nesse contexto relata as pato-logias e anomalias dos edifícios, a fim de encontrar um meio de reabilitação para tais problemas.

HISTÓRIA ILUSTRADA DA ARQUITETURA

emily cole (edição geral) editora publifolha

O livro apresenta os diversos estilos arquitetônicos em ordem cronológica, do Egito Antigo ao Pinturesco. Para atrair a atenção do leitor, a obra expõe diversas imagens e gravuras que retratam os principais elementos arqui-tetônicos de cada época. A publicação traz ainda um glossário abrangente, agradando não apenas estudan-tes e profissionais da área, mas também interessados e curiosos quanto à história da arquitetura.

AS LINHAS DO TECIDO URBANO

adailson pinheiro mesquita editora roma

O livro apresenta uma visão da evolução urbana de Uber-lândia a partir do sistema de transportes. É uma contri-buição para a pesquisa da história da cidade, contada a partir da mobilidade urbana e seus condicionantes.

R$ 25 [email protected] pro século xxi

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EM PAÍSES DESENVOLVIDOS A QUESTÃO da sustentabilidade tem seu foco no aspecto am-biental, já que as questões econômicas e sociais de forma geral se encontram melhores resolvidas. Desta forma, se desenvolvem edifícios protótipos, no qual se emprega a avançada tecnologia para aprimorar o seu desempenho ambiental. Os green-buildings são possíveis nesses países devido ao alto grau de racionalização da construção civil. Já nos países de terceiro mundo, temos a defasagem nos aspectos social, ambiental e econô-mico amarrados de maneira sistêmica. Falta qualifi-cação da mão de obra e há inviabilidade econômica da racionalização devido à má remuneração dela, a construção civil é em sua maior parte regida pelo mercado informal, as condições de trabalho são pés-simas e a produção de insumos da construção civil geralmente não possui regularização e muito menos um procedimento ambientalmente correto. Este panorama vem sendo modificado e, entre os anos de 2009 e 2012, o número de edi-fícios brasileiros que obtiveram certificação verde cresceu 412%. Já somos, inclusive, o quarto país com mais empreendimentos certificados pelo LEED (Leadership in Energy and Environmental Design). Em 2013, o instituto norte-americano Cradleto (Cradle Products Innovation) lançou um desafio para que as fabricantes de materiais de construção apresentassem produtos inovadores de menor im-pacto ambiental. Especialistas do setor analisaram 144 inscrições e selecionaram 10 ideias finalistas, considerando critérios como segurança, salubrida-de, preço acessível, impactos sociais e reutilização. Conheça as ideias selecionadas:

SUSTENTABILIDADEE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO

ARQ. MS. SÉRGIO AUGUSTO PEREIRA PEIXOTO

01 ECOVATIVE Material isolante a base de fungos que subs-titui a utilização de espumas plásticas.

02 BELLWETHERMATERIALS Outra opção de isolante feito com lã de ovelha, que utiliza pouca energia na produção e é seguro para pessoas, ambiente e animais. A lã ainda absorve poluentes do ar e é de difícil combustão em caso de incêndio.

03 TINTAS ECODOMUS MATTE Derivadas de minerais na-turais, não contém toxinas e são hipoalergênicas, além de impedir o surgimento de bactérias do mofo e absorver CO2.

04 PAINÉIS STORMWALL Sistema de paredes, piso e forro es-truturais que substituem o uso de drywall. Absorvem mais de três vezes a quantidade de CO2 emitida em produção.

05 COBERTURA GR GREEN Restos de pedra calcária e plás-tico reciclado (garrafas de leite e sacolinhas plásticas) com-põem o produto que custa menos que os concorrentes, tem longa duração (pelo menos 50 anos) e pode ser reciclado.

06 BIOBRICK Bactérias produzem materiais de uma espécie de cimento natural, que possuem custo e desempenho se-melhantes à alvenaria tradicional.

07 ECOCOCON Painéis de palha para construções pré-fabri-cadas de custo acessível e bom isolamento.

08 HAPLOBUILT Materiais biodegradáveis ou recicláveis também utilizados em construções pré-montadas. Dispen-sam o uso de água e podem ser desmontados e reutilizados em uma nova construção.

09 PAINÉIS ECOR Feitos de fibra de celulose, são fabricados em um ciclo que reutiliza 99,5% da água necessária para a produção.

10 DUTCH DESIGN INITIATIVE Painel reforçado de cimento, madeira e lã, é resistente ao fogo, à água, a insetos, não apodrece e ainda por cima é um isolante térmico e acústico.

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A FORMA DE UMA CIDADE MUDA MAIS rápido, infelizmente, do que um coração mortal. Assim escreve o poeta francês Charles Baude-laire ao percorrer as ruas de uma Paris cheia de escombros das renovações empreendidas na cidade em meados do século XIX pelo Barão de Haussmann. Baudelaire é flâneur, perambula e observa a cidade em meio à multidão, a cidade a ele se oferece, é alimento para os sentidos. As cidades de Baudelaire e Rimbaud são repletas de sentidos, signos e significados e tudo que a ela ainda poderá ser atribuído. Não falamos de nostalgia, falamos de sensação de pertencimento gerado pelo estabelecimento de conexões espaçotemporais.

EM BUSCA DA

PROF. DR. ADAILSON PINHEIRO MESQUITA

L a f o r m e d ’ u n e v i l l e . C h a n g e p l u s

v i t e , h é l a s ! Q u e l e c o e u r d ’ u n m o r t e l

Na cidade moderna o transeunte é desatento e a cidade também a ele não se oferece, sua paisagem é contínua e amorfa. O transeunte é melancólico, cede ao canto de sereia do consumo e se mistura à multidão em um sobe e desce de escadas rolantes de grandes lojas de departamentos, por vezes desafiados por mo-ças que vendem cartões de créditos como vales-transportes para o paraíso. Pedestres atônitos esbarram-se em calçadas estreitas e enfrentam veículos motorizados de forma desafiadora em um grande “salve-se quem puder”. Sobra um pouco de romantismo no cheiro de pequi que exala das bancas dos vendedores destas iguarias que se apoderam dos espaços públicos misturados ao mercado linear de guloseimas de crianças, brinquedos e um sem número de artefatos fabricados na China. A cidade é consumida, apenas consumida, no máximo torna-se pano de fundo em ins-tantâneos que envelhecem em menos de um dia.

O que será da cidade para uma socie-dade “forever young”? A cidade não pode enve-lhecer. A cidade de instantâneos não têm lugar na memória, torna-se uma coleção fragmenta-da em um álbum indecifrável. No Brasil, estamos repetindo erros no século XXI que já tiveram seus questionamen-tos na década de 1960. Espaços fragmentados, paisagens banais e anacrônicas se fundem em um caldeirão de conflitos sociais mascarados por uma falsa ideia de fim da história.

Ao mesmo tempo em que nos deliciamos em espaços patrulhados, em um frenesi de consumo (comprar é antidepres-sivo), tornamo-nos agorafóbicos e negamos a essência da vida nas cidades: a convivência nos espaços públicos que estabelece princípios de tolerância com o próximo. A busca incessante da cidade perdida nos leva a perguntar quais são as lógicas e os códigos da formação daquelas que marcam indelevelmente nossas mentes e instalam-se em nossas memórias. Estas cidades parecem complexas e indecifráveis para quem as vê de longe, somente uma imersão revelará seus códigos. Há também pobres cidades oriundas da ganância da multiplicação do capital.

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a É preciso ter um pouco mais de respeito com essas tantas cidades dentro e fora de nós, é preciso que não entendamos o tempo como resíduos que se acu-mulam em um aterro sanitário da memória, mas como uma intrincada obra barroca presente em Ouro Preto ou Praga, ou na tatilidade das obras de Gaudi. A cida-de é uma obra “humana, demasiadamente humana”, um efetivo produto espaçotemporal. A cidade dentro de nós não é feita de escombros, mas de memórias. Estamos negando a essência materna e feminina da cidade, como então poderíamos, como em Cidades Invisíveis de Íta-lo Calvino, estabelecer incontáveis Dorotéias, Tamaras, Anastácias, Fedoras e tantas outras no nosso imaginá-rio? Com certeza mesmo as nossas mais humilhantes e desiguais cidades ocuparão seus espaços na memória... Com outros nomes... Talvez masculinos. As cidades se reinventam, uma vez que elas também são produtos de cada tempo e de cada cultura. Qual será o futuro das cidades atuais? Talvez a resposta esteja nas cenas finais do ótimo filme Matrix Reloaded, proferidas pelo arquiteto criador da Matrix:

adailson mesquita é Eng. Civil, especialista em Trânsito (UFU), mestre em Transportes Urbanos (UnB) e Doutor em Geografia (UFU). É consultor em planejamen-to urbano e de transportes e professor do Centro Uni-versitário do Triângulo e da Universidade de Uberaba.

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