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Café Rural Revista Ano 1 - N°2 I Junho/Julho/Agosto 2014 Porque não se redime uma injustiça com outra Questão Indígena: reportagem especial mostrando as sangrentas disputas envolvendo índios e fazendeiros que começaram em Pau Brasil, se estendeu na região sul e, agora ganhou força no extremo sul baiano.

Revista Café Rural Segunda edição

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A Revista Café Rural tem como objetivo produzir uma revista que através de suas matérias documenta a atividade agropecuária, mostra o agricultor, a sua cultura, suas tradições, as paisagens do campo, os pratos típicos, o efeito da agricultura na economia da nossa região, bem como as alternativas para lidar com os animais e as lavouras.

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Café RuralRevista

Ano 1 - N°2 I Junho/Julho/Agosto 2014

Porque não se redime

uma injustiçacom outra

Questão Indígena: reportagem especial mostrando as sangrentas disputas envolvendo índios e fazendeiros que começaram em Pau Brasil, se estendeu na região sul e, agora ganhou força no extremo sul baiano.

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Café RuralRevista

Carlos BritoEditor-Chefe

Ficha Técnica

Editor Chefe: Carlos Brito

Designer: André Rocha

Artes: Carlos Brito/André Rocha

Revisão de texto: Graziele Brito

Supervisão: Lina Paula

Direção de Jornalismo: Carlos Brito

RG: 2163-ES

Departamento Comercial:

Priscila Estrela

Contato: (73) 3294-1024

E-mail: [email protected]

Tiragem: 3.000 exemplares

Impressão: Rona Editora

As idéias con�das nos ar�gos assinados não

expressam, necessariamente, a opinião da revista e

são de inteira responsabilidade de seus autores.

Revista Café Rural e Brito Publicidade

Redação/Administração

Rua Princesa Isabel, 17 - sala 01 - Centro

CEP: 45836-000. Itamaraju/BA

Contato: (73) 3294-1024

E-mail: [email protected]

03Café RuralRevista

Ano 1 - N°2 I Junho/Julho/Agosto 2014

Distribuição

Alcobaça Caravelas Eunápolis Guara�nga Ibirapuã Itabela Itagimirim Itamaraju Itanhém Jucuruçu Lajedão Medeiros Neto Mucuri Nova Viçosa Porto Seguro Prado Santa Cruz CabráliaTeixeira de Freitas Vereda

Homem do campo: um forte!

O homem do campo é forte! É um homem de fé, muito importante para o desenvolvimento e sucesso da agricultura e economia do nosso país. O homem do campo é o�mista e com esperanças renovadas, lançou sua semente em solo fér�l acreditando na boa germinação e no desenvolvimento vegeta�vo sa�sfatório, precedendo uma promissora colheita.Colheita com boas produ�vidades é a expecta�va do homem do campo a cada nova safra, como prêmio pelo seu trabalho, entusiasmo, inovação e

inves�mento, atuando sempre com muito afinco e determinação almejando conquistas na produção rural.

O homem do campo é um forte. Forte, por que acredita, tem vocação e amor à sua terra, sendo um apaixonado pelo que faz. É forte, porque faz a sua parte e cumpre a sua missão, independente do governo ou mesmo do clima, que é fator imprescindível para o sucesso da safra.

O homem do campo é um forte! Forte, porque sabe que do seu suor e labuta diária de sol a sol depende a produção de alimentos e assim, a certeza de que milhões de pessoas serão alimentadas e terão a sua fome saciada, de norte a sul, e de leste a oeste do nosso país e também do mundo.

O homem do campo é um forte! Porque apesar dos cenários nem sempre desejáveis e promissores com relação às polí�cas econômicas, cambiais, agrícolas e dos preços nem sempre sa�sfatórios, ele não deixa de se fazer presente na parte que lhe cabe.

O homem do campo é, seguramente, um forte! Forte por ser um empreendedor rural sempre corajoso, esperançoso e persistente, e acredita que com a graça de deus suas safras serão bem melhores como recompensa ao seu trabalho e dedicação na sua a�vidade.

Por isso e muito mais, com orgulho, �ramos o chapéu para o homem do campo, que produz alimentos e ajuda o Brasil a crescer.

Essa é a nossa visão e nossa homenagem aos brasileiros que fazem essa país andar pra frente.

Boa leitura.

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NESTA EDIÇÃO

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23Questão IndiginaEspecial

O problema da centralização dos frigoríficos

15Veneza anuncia

Instalação de uma filial em Itamaraju

JBS/Friboi visita Itamaraju

Exemplo da força do agro em Itabela

Economia Rural

O exemplo de Sucesso da Fazenda Santa Elena

Entrevista Ednardo Oliveira

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30Entrevista Walter Miguel Ribeiro

Parque de exposição de Itamaraju será reconstruído

Pecu

ária

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Praça da Independência, 464 - Centro - Cidade BaixaCEP: 45.836-000 - Itamaraju - BA

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No ul�mo dia 22 de maio Edinardo Oliveira presidente do sindicato rural de Itabela nos recebeu para um bate papo em sua casa em Itabela. Na pauta o expressivo desenvolvimento que o agronegócio no município tem vivenciado nos úl�mos anos. Entre uma xícara de café e outra, Ednardo nos contou

como os produtores de Itabela transformaram o município numa referência quando o assunto é produção intensiva; os detalhes da nossa conversa você fica sabendo agora.

Café Rural: Ednardo, a que você atribui o desenvolvimento que o município de Itabela vive hoje?Ednardo: olha a diversificação ela é muito importante o carro chefe do município é a cultura do café, mais a gente entende que o café a cada década se você analisar a história do café, ele passa por alguns anos de dificuldades. Os anos terminados 0, 1 e 2 , se agente comparar os gráficos de preços, são anos mais di�ceis, então vem a necessidade de buscar outras alterna�vas, e essas outras alterna�vas, elas tem vindo não só nessas épocas, elas estão vindo e estão ficando. Itabela tem hoje uma fru�cultura muito forte , uma bacia leiteira crescente,tem uma parte de silvicultura também importante, e esse conjunto vão atraindo pessoas de conhecimento diferentes, e a cidade vai crescendo, ela vai amadurecendo, essa diversificação é saudável, pra qualquer município.Café Rural: na pecuária moderna não há mais espaço para a produção extensiva, por outro lado, o mundo tem visto no Brasil a grande esperança pra suprir necessidades por alimentos. Daí a necessidade de se produzir mais em menos espaço. É isso que vocês tem buscado aqui?

Ednardo: exato, a gente entende que o uso mais intensivo, o melhor aproveitamento é fundamental, não só para o desenvolvimento da cidade, mais para manter a a�vidade, para que a a�vidade seja interessante economicamente, o ambiente que nós temos hoje, a gente costuma falar que é 50%, o outros 50 % é essa evolução, a busca por uma gené�ca superior, melhor aproveitamento das áreas, maior respeito com o uso dos recursos naturais, principalmente os recursos hídricos. A pouco tempo atrás não havia tantas preocupações, então o produtor hoje esta preocupado em usar produtos menos agressivos,esta preocupado em ter seu solo mais conservado, em o�mizar mais os seus espaços, a exemplo nós temos hoje aqui a pecuária de leite, com pastejo rotacionado, irrigados, um leite produzido a pasto, porém com uma tecnologia, uma eficiência, simples, um manejo simples mais que tem trazido uma eficiência para essa produção. Essa evolução, ela é constante nesse momento a gente ver e percebe a vontade que o produtor tem de inovar, de se tornar mais compe��vo , até por necessidade, hoje nós temos escassez de mão de obra, que é um gargalo pra qualquer a�vidade, então agente tem que procurar ser o mais eficiente possível pra manter essas a�vidades compe��vas.

Café Rural: Ednardo para vocês produtores de Itabela o eucalipto tem sido um problema ou solução?

respostas: primeiro, o eucalipto, é uma cultura de fundamental importância hoje pra qualquer município agente não imagina que uma região, uma cidade, uma propriedade que se

desenvolva sem o eucalipto. Porque ,nossa principal cultura é o café, mas a principal fonte de energia pra secar o café é o eucalipto, então como fonte de energia o eucalipto é fundamental, não se cerca uma propriedade sem o eucalipto, a construção civil não funciona sem o eucalipto, sem as florestas renováveis, e o eucalipto é a solução mais viável e de melhor eficiência pra nossa região. O churrasco que a gente faz no final de semana o carvão é de eucalipto, então é uma madeira renovável e agente não entende por que o pessoal não consegue perceber a importância dessa cultura, é claro que tem que ser respeitado e nós de Itabela temos feito esse papel de diversificar , tem que ser respeitado a legislação e aonde agente não pode plantar não é plantado, a cada dia agente tenta conscien�zar os produtores e população, que a produção de eucalipto é fundamental, se nós não produzirmos vamos ter que comprar,então tem o frete, o impacto, nós temos uma região muito eficiente para produzir; quando agente fala eucalipto não é só celulose , a indústria também é interessante, ela traz desenvolvimento, ela ajuda a estruturar as estradas , ela tem um papel importante. nós temos uma fru�cultura forte, mamão, banana e as embalagens são feitas todas de eucaliptos. Só na construção de embalagens são gerados quase mil empregos diretos, então isso é importante; o silvicultor é um produtor rural e não vai ser tratado diferente, e agente sabe a importância dessa cultura.

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Entrevista Ednardo Oliveira

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Café Rural: E a festa do café para este ano quais são as novidades?

Resposta: então, a festa do café tem um papel fundamental em levar o nome da cidade e elevar um nome de uma cultura, uma cultura que tem um papel social muito importante. O café é responsável por 40 % da riqueza gerada em nosso município. E, é uma renda distribuída com colaborador que tem dificuldade de se inserir no mercado de trabalho hoje tão compe��vo, por isso que além de gerar riquezas o café tem um papel social tão importante.Essa riqueza produzida que é distribuída, ela não sai da cidade, o colhedor ele injeta diretamente no comércio local; é no açougue, no material de construção , é na loja de móveis, no comércio local, então agente nota o crescimento da importância da forma que é feita essa distribuição e o crescimento que acontece com a cidade. Por isso que a festa do café, é simplesmente mais do que comemorar uma colheita. Dentro da festa do café, acontecem palestras, e essas palestras tem trazido conhecimento, oportunidades... as principais empresas da região extremo sul, e norte do Espírito Santo , par�cipam desse evento. Nós �vemos aqui , palestrantes internacionais, agente tem os olhos da cafeicultura de conilon voltados pra Itabela nesse período; então é o principal evento do conilon na Bahia pelo número de par�cipantes; os maiores produtores par�cipam desse evento, por isso essa festa vem crescendo a cada ano. E notamos que além do café, existem outras a�vidades que tem crescido bastante na região, por isso veio a idéia de criar um outro evento, dentro da festa do café , o café com leite, uma forma de ajudar esse grupo de produtores de leite que necessitam de mais conhecimentos, mais oportunidades, chances de mostrarem o que estão fazendo, ajudá-los a crescer .

- É um grande incen�vo para esse setor ?

Resposta: exato.Então vai acontecer o primeiro café com leite , dentro da festa do café. A principio no local onde será montada a estrutura , o circuito da festa, ela ainda vai trazer umas limitações pro leite , eu acho que no futuro, esse evento ele deve acontecer numa área maior numa estrutura com capacidade para estar trazendo animais .Esse ano agente ainda ta dimensionado o tamanho que vai ser, e as limitações que nós

vamos ter, mas a idéia já é criar o evento. Isso vai trazer a inquietude da falta de espaço e a necessidade de provocar o crescimento constante do evento,ele vai ser posi�vo, vai dar mais peso e de repente antecipar essa evolução, essa estruturação do setor.

Café Rural: Qual a importância do produtor rural para esta nação?

Ednardo: Grão nenhum , alimento nenhum é produzido por máquinas, por computador , de forma mecânica, todo alimento é produzido com muito suor , com sol, com chuva, é produzido no campo , é produzido com a maior das tecnologias e com a maior simplicidade também, que é a agricultura familiar, o produtor ele é cumpridor do seus deveres, ele não precisa enganar, ele não precisa roubar , ele não precisa fazer nada de errado,ele paga um preço muitas vezes muito alto , por não ter um ambiente protegido e uma garan�a que o seu suor seja recompensado . mais o produtor ele tem a simplicidade de que o seu suor produz de forma digna o alimento fundamental para todas as pessoas, que sem ele não vive, tem muitas vezes a oportunidade de cri�car , tem oportunidade de denegrir a imagem do produtor rural. Então às vezes como desabafo , quando agente vê, alguns ambientalistas serem contra, serem radicais e muitas vezes a roupa que ele usa , o alimento que ele come , tudo depende do produtor , então nosso país ainda tem uma dívida muito alta com o produtor rural . O produtor é responsável por manter o equilíbrio da balança comercial, é muito mais do que isso, é responsável por alimentar e ves�r , não só a população brasileira, mais grande parte da população mundial .A agricultura deveria ser polí�ca , primeiro de abastecimento , nós não vemos ainda esse compromisso e esse reconhecimento , mais agente espera .O produtor precisa de muito pouco pra ser feliz , muitas vezes uma chuva num período de escassez é o suficiente, e o produtor na maioria das vezes é simples e precisa de pouco , mas a dignidade que ele tem muitas vezes não reconhecidas por muitos que às vezes tem oportunidade, e afrontam, mas é isso ai é um desafio, é apaixonante, ser produtor, ser cafeicultor mais ainda, tomar, desfrutar de um bom café é sempre muito gra�ficante, e muito bacana.

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Entrevista Ednardo Oliveira

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alO problema da centralização dos frigoríficos

O incen�vo ao crescimento da economia regional tem sido um dos grandes fatores responsáveis pelo desenvolvimento de muitos países por todo o mundo. Este �po de ação é sempre pra�cado observando todos os aspectos econômicos de uma região, contemplando todos os segmentos locais sem que haja o favorecimento de um determinado setor em detrimento de outro. Estar atento a este �po de oportunidade e promover o crescimento do potencial econômico de um povo, aproveitando o potencial regional, é dever incontestável do poder público e de todos aqueles que prezam pelo desenvolvimento social.

A região conhecida como Extremo Sul e o Baixo Sul Baiano somada ao extremo norte do Espírito Santo e o extremo nordeste de Minas Gerais, contempla um rebanho bovino que totaliza quase 6.000.000 (seis milhões) de cabeça de gado, só no extremo sul da Bahia (vinte e um municípios) encontram-se aproximadamente 2.000.000 (dois milhões) de cabeças. Embora estes números apresentem uma esta�s�ca extremamente posi�va para uma região que a � n g e u m ra i o d e 3 0 0 Km ( t re ze n t o s Quilômetros), esta região conta com o reduzido número de 03 (três) frigoríficos para atender toda a sua demanda.

O grande problema desta região é justamente a insuficiência de frigoríficos para o atendimento de suas necessidades e, como este número reduzido é incapaz de atender a demanda, a grande maioria dos produtores tem que enviar os animais para serem aba�dos em outras cidades, principalmente em regiões metropolitanas, onde há uma concentração de frigoríficos, mesmo não possuindo um plantel condizente com o abate.

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Não podemos jamais entender que os frigoríficos disponíveis nas regiões metropolitanas representem uma solução adequada para a necessidade de nossa

agropecuária, a centralização dos frigoríficos tem sido a grande responsável por grandes prejuízos a todos, até mesmo para os consumidores que moram nas regiões de abate. Devemos ser cautelosos em observar todos os fatores que envolvem esta temá�ca, e assim todos concluiremos facilmente que o poder público, os produtores e a inicia�va privada devem se unir na busca de soluções apropriadas a esta questão.

Quando um produtor rural envia seu gado para o abate em um região distante ele passa a fazer parte de uma cadeia de logís�ca inadequada a sua produção e aos bons resultados almejados. Primeiro porque estando os frigoríficos concentrados em locais distantes, os animais são conduzidos por centenas de quilômetros através de um processo de transporte que dura diversas horas, o que fatalmente choca com as determinações legais como a portaria do Ministério da Agricultura que estabelece que o gado não deve ser transportado por um tempo superior a cinco horas. Também devemos acrescentar que o manejo inadequado além de causar estresse e sofrimento desnecessário, afeta diretamente a qualidade da carne em fatores como cor, pH, consistência e tempo de prateleira, além de reduzir significa�vamente o rendimento de carcaça, devido à incidência de hematomas e contusões.

Já apresentamos inicialmente os prejuízos quanto a qualidade trazidos pela não distribuição de frigoríficos nas regiões produtoras, mas também não poderíamos deixar de citar os prejuízos econômicos causados por esta situação. Inicialmente podemos falar no custo desnecessário com o transporte. Quando transportado vivo, o gado ocupa uma proporção de 20 (vinte) cabeças por caminhão, uma vez aba�do e devidamente condicionado para viagem, um caminhão com sistema apropriado de transporte, pode levar o equivalente a 80 (oitenta) cabeças de gado, gerando uma redução considerável nos custos de transporte que fatalmente será percebida no preço final do produto, onde quer que este seja consumido e, também gerando um maior desenvolvimento na região onde foi produzido. Abater na mesma região onde é produzido irá garan�r uma melhor qualidade ao produto final, garan�ndo economia e saúde ao mercado consumidor.

Por estas razões, en�dades de classe, donos de estabelecimentos comerciais, pecuaristas, prefeitos de cidades vizinhas e diversos interessados solicitam que seja tomadas providências para a implantação no sul da Bahia de unidades de frigoríficos capazes de atender a demanda regional e desta forma fomentar o desenvolvimento econômico de nossa região.

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alO problema da centralização dos frigoríficos

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Viabilidade de implantação de frigorífico no Extremo Sul Baiano

POLO I – ITAMARAJU – Raio de 100 km

Nº MUNICÍPIO QUANTIDADE DE ANIMAIS

1 Itamaraju 193.864

2 Jucuruçu 84.687

3 Prado 90.362

4 Alcobaça 39.685

5 Caravelas 56.057

6 Teixeira de Freitas 88.889

7 Vereda 66.656

8 Itabela 69.020

9 Guaratinga 169.352

10 Eunápolis 88.618

11 Porto Seguro 48.502

12 Itagimirim 70.617

TOTAL 1.066.309

Segundo dados da ADAB da vacinação de 2013 o Extremo Sul Baiano conta com um rebanho de 1.744.233 cabeças de gado, com maior ap�dão para a cria, recria e engorda e alta gené�ca, podendo ser divido em 03 polos diferentes, para facilitar a análise do inves�dor, conforme tabelas mostradas abaixo:

Rebanho Bovino – Extremo Sul – 2013

Dados ADAB

- O Polo I tem como sede o município de Itamaraju que possui o maior rebanho de toda a Bahia, e abrange também os outros três polos e podendo alcançar o Baixo Sul Baiano e até mesmo Minas Gerais.

t h [ h LL - TEIXEIRA DE FREITAS - Raio de 100 km

Nº MUNICÍPIO QUANTIDADE DE ANIMAIS

1 Teixeira de Freitas 88.889

2 Ibirapuã 56.500

3 Itanhem 160.213

4 Lajedão 53.585

5 Meideiros Neto 124.164

6 Vereda 66.656

7 Itamaraju 193.864

8 Prado 90.362

9 Alcobaça 39.685

10 Caravelas 56.057

11 Mucuri 46.246

12 Nova Viçosa 29.769

TOTAL 1.005.990

- O Polo II com sede em Teixeira de Freitas, consegue agregar o Polo I e uma parte dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo.

t h [ h LLL – EUNÁPOLIS - Raio de 100 km

Nº MUNICÍPIO QUANTIDADE DE ANIMAIS

1 Eunápolis 88.618

2 Guaratinga 169.352

3 Itabela 69.020

4 Itagimirim 70.617

5 Itapebi 85.806

6 Porto Seguro 48.502

7 Santa Cruz Cabralha 20.400

8 Itamaraju 193.864

9 Belmonte 41.778

TOTAL 787.957

- O Polo III, com sede no município de Eunápolis, consegue também agregar o Baixo Sul Baiano e uma parte de Minas Gerais, possui o menor rebanho dentre os outros Polos.

- Simulação de Abate

O Extremo Sul com suas 1.744.223 cabeças de gado, com um desfruto de aproximadamente de 25% (436.058 cabeças/ano) que divididos em 12 meses teríamos 36.338 cabeças para o abate. Considerando o abate de segunda a sexta (20 dias por mês) teríamos 1.817 cabeças ao dia para o abate. Possuindo apenas 01 Frigorífico (Teixeira de Freitas) que abate cerca de 300 cabeças ao dia (a confirmar) e outros pequenos abatedores que abatem outros 200, o Extremo Sul Baiano possui um saldo de aproximadamente 1.317 cabeças, que percorrem de 0 a 1.400 km para serem aba�dos devido à falta de frigoríficos de compra e prestadores de serviços na região. Também por não observar o descanso de 12 a 14 horas no mínimo, e hidratação necessária para o abate, o que fere a portaria do Ministério da Agricultura sobre o Bem Estar Animal, o consumidor se vê prejudicado por não conseguir mais ter em sua mesa a mesma carne com o alto grau de qualidade com que sai do campo.Observamos aqui a imensa viabilidade da implantação de Frigoríficos no Extremo Sul Baiano, que viria para solucionar todos os problemas com o transporte e abate, além de proporcionar um alto ganho econômico para a região e inves�dores.

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Page 15: Revista Café Rural Segunda edição

Agora sim... Para alegria dos pequenos, médios e grandes produtores de leite da região, Itamaraju irá contar com uma unidade da VENEZA em nossa cidade. O município que possui o maior rebanho bovino da Bahia e a maior bacia leiteira do Estado poderá contar, finalmente, com um la�cínio de grande porte em seu território. Depois de muitas negociações, a Coopera�va Agropecuária do Norte do Espírito Santo, que fabrica e comercializa os produtos Veneza decidiu implantar uma unidade em Itamaraju. O anuncio garan�ndo a instalação de uma filial na cidade foi feita pelo vice presidente da coopera�va Darli Vieira. "57% da nossa produção é comercializada na Bahia, razão pela qual nós optamos por uma filial no território baiano".

A nova unidade da Veneza será instalada numa área cedida pela prefeitura ao lado do terreno onde seria instalada a Delfa.

Segundo o prefeito Pedro da Campineira (PSD), que também é produtor de leite, “Esse é um empreendimento que vai fortalecer a produção leiteira no município. Disse ainda que este é um grande passo no fortalecimento do setor rural. " Com a Vezena, estamos dando um passo importante nessa direção, principalmente por se tratar de uma empresa séria, de muita tradição, que valoriza e apóia o produtor”.

Para o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais, Everaldo

Santos Melo, esta é uma excelente no�cia para os produtores rurais de Itamaraju, uma vez que eles passarão a contar com um elo fundamental da cadeia produ�va do leite, que é a indústria, setor primordial no processo de agregação de valor ao produto.

Fundada por 17 produtores rurais no ano de 1953, a Coopera�va Agropecuária do Norte do Espírito Santo – que fabrica e comercializam os produtos da marca Veneza – foi criada para ajudar na comercialização e buscar melhores condições econômicas e sociais para os produtores associados.

Em seus 61 anos de a�vidades, a coopera�va cresceu e tornou-se uma das principais geradoras de emprego e fonte de renda da região. Hoje, além dos mais de 1,2 mil cooperados que fornecem o leite e cerca de 457 funcionários, a coopera�va também é responsável pela criação de mais de 5 mil empregos indiretos.

Com mais de 2,4 mil clientes, espalhados pelo Espírito Santo, Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro e Pará, e receita anual de R$ 108 milhões, a Veneza atualmente é uma das maiores produtoras de queijo do Brasil e a oitava colocada no Ranking Setorial da Indústria de Alimentos do Espírito Santo, segundo a Federação das Indústrias do Estado (Findes) por meio do IEL-ES de 2011, sendo a quarta empresa do segmento de Alimentos e Bebidas que mais inova no Espírito Santo segundo a Futura.

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alVeneza anuncia - Instalação de uma filial em Itamaraju

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Foi lançado no dia 30 de maio no salão da maçonaria Deus, caridade e jus�ça em Itamaraju, o projeto de revitalização do parque de exposição Manoel Pereira. O projeto é uma parceria entre o sindicato rural e a agência Brito publicidade e revista Café Rural, que conta com a par�cipação de várias ins�tuições, empresários, a prefeitura municipal que se comprometeu com a parte elétrica e hidráulica do parque e principalmente dos produtores rurais de todo extremo sul baiano.

Para Rui Dias representante da Faeb/ Senar, resgatar o parque de Exposição Manoel Pereira significa, resgatar a história e a tradição de Itamaraju, o parque é um símbolo de um segmento produ�vo que representa muito em nossa economia e em nosso desenvolvimento e que certamente será responsável pelo avanço dessa região, não apenas nos próximos anos, mas na sua história, na sua cons�tuição e no seu desenvolvimento econômico e social.Ter um parque digno em nosso município significa agregar valor a produção da pecuária regional, é incen�var a produção de bovinos de corte, de leite, são oportunidades de desenvolvimento que chegam através das feiras onde estão inseridas outras a�vidades agrícolas que representam muito para a economia e para a sociedade. Por isso o parque de exposição é tão importante para Itamaraju; esta é a visão do presidente Everaldo Santos Melo, dos diretores e associados do sindicato rural, e da sociedade civil e organizada de Itamaraju.

Na opinião da arquiteta Líbera Dall’Orto e Leonardo Pithon da LL Projetos & Design, a reconstrução está baseada em um projeto bem fundamentado e baseado na agricultura do

futuro; com áreas verdes, cerca viva, madeiras de reflorestamento, um lago que será u�lizado para abastecer as necessidades do próprio parque e muitas outras inovações. "O Projeto de revitalização do Parque de Exposição Manoel Pereira foi pensado a par�r de um ponto crí�co de alagamento do terreno com água de chuva decorrente da própria topografia, formando uma área de bacia onde não era possível ser feita a drenagem natural do mesmo. Pensando em transformar o problema em solução, criamos um lago nesse espaço, que junto com o paisagismo deu vida ao complexo, além de economizar custos futuros reu�lizando essa água para o próprio consumo do parque; com irrigação da jardinagem, água para limpeza entre outros. Foram feitas melhorias nas estruturas já existentes e criados espaços necessários como: restaurante, baias para cavalos, redondel, área para eventos e área de exposição.

O grande legado que queremos deixar é: a união das classes que são o pilar da nossa economia, o setor ruralista e o comércio, disse o diretor da agencia Brito Publicidade, responsável pela elaboração do projeto e da captação dos recursos necessários para a revitalização.

um projeto inovador, pensado para ser um dos mais belos p a rq u e s d e ex p o s i ç õ e s d a B a h i a , M a s q u e s e j a economicamente viável, esse é o nosso obje�vo.O apoio de todos é muito importante para juntos reconstruirmos o símbolo da economia de desta cidade.Faça parte dessa história.

Mais informações e doações (73) 3294 - 1302 / 3294 - 1024.

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alParque de exposição de Itamaraju será reconstruído

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Page 18: Revista Café Rural Segunda edição

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casa num ambiente ideal, perfeito e protegido.

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Dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), afirmam que a produção de alimentos precisará crescer 20% até 2020, o Brasil poderia contribuir com até 40% dessa expansão, mas para que isso aconteça, o produtor precisa acompanhar o mercado de commodi�es, a

cotação do dólar, os mercados internacionais e conhecer logís�ca. Tem que gerir bem a produção, ganhar produ�vidade, conhecer técnicas modernas, e foi justamente este o caminho trilhado pelos produtores rurais do município de Itabela. A força das a�vidades agropecuárias no município vêm expressando a sua grandeza através dos produtos, bens e serviços gerados diariamente.

Esta posição de destaque é o resultado de uma economia p r i m á r i a d i ve rs i fi ca d a . U m b o m exe m p l o s ã o o s empreendimentos rurais da família Covre. A fazenda Luciana, propriedade de 1.700 HA no município de Itabela é dividida em várias a�vidades agrícolas."Hoje nós temos o café como principal a�vidade , temos a fru�futura, com o mamão papaia, a seringueira, em fase de implantação, pimenta do reino, silvicultura no caso do eucalipto, que entra pra gente apenas como uma cultura de diversificação , mais uma opção, e nós temos uma máquina de tratamento de eucalipto , uma empresa de imunização de madeira, e outra empresa que é um viveiro de muda de eucalipto; além da pecuária de corte, afirma Ricardo Covre um dos administradores da fazenda.

Não tem como falar de pecuária moderna e sustentável, sem falar na integração no sistema de produção; nas propriedades da família Covre essa já é uma prá�ca comum. Integração de mais de uma cultura dividindo o mesmo espaço tem trazido bons resultados à família, segundo Ricardo, "o consórcio café/mamão é um consórcio consagrado a muitos anos, consórcio perfeito, você não perde tempo, você planta o mamão, a par�r dos oito meses de idade, então vai da preferência do produtor, você já implanta o café, a muda do café, e quando você corta no final do ciclo, no final de dois anos, dois anos e meio no máximo, quando você corta o mamão você já está como o café formado todo aquele custo que você teria pelo café ele foi diluído pelo mamão; então esse é um consórcio muito bom. O da seringa com pimenta é uma coisa mais nova; agente reparou que geralmente um plan�o de pimenta se degrada com dez anos. e a formação da seringa é em média sete anos; então quando você planta a pimenta e depois de algum tempo você planta a seringa, quando a seringa passar pelo período de formação dela, a pimenta já vai está acabando , então você consegue da seguimento a dinâmica da terra, a terra não fica parada.

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Família Covre um exemplo da força do agro em Itabela

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Quando o assunto é eucalipto, as opiniões se dividem. A liberação do plan�o de eucalipto sempre gera debates acalorados entre opositores e defensores da cultura. Os crí�cos afirmam que essa cultura destrói o solo entre outras acusações,mas por ironia, em Itabela, região que o plan�o é liberado a história tem sido bem diferente da tese defendida pelos crí�cos que afirmam que o eucalipto transforma a região num deserto verde. Segundo Ricardo essa a�vidade, tem ajudado e muito a região. "O eucalipto tem nos ajudado, ela é uma cultura como qualquer outra, não tem diferença, pra gente como do eucalipto pra seringueira,do café, é uma cultura que ela entra nos auxiliando uma renda da propriedade, de forma de diversificação,então separamos uma área, uma porcentagem,uma determinada porcentagem do cul�vo de eucalipto, então quando a gente corta a gente vai renovando. Nós temos áreas em fazendas que já tem três ciclos de eucalipto, então a gente consegue melhorar a renda, sem problema nenhum sem comprometer a diversidade que é o que agente gosta".Mecanização

A expansão da economia brasileira, que já causava gargalos de mão de obra especializada nos grandes centros urbanos, invade também os campos da agropecuária do País. Com isso, a dificuldade para encontrar trabalhadores qualificados e operários braçais está cada vez maior. Nas lavouras de café da região extremo sul da Bahia não tem sido diferente. Este ano com as chuvas bem distribuídas na região o resultado foi o bom crescimento na produção. Cafezais carregados, maduros alguns já passando do ponto. A solução para garan�r a colheita foi inves�r na mecanização. "Neste ano, muitos cafeicultores �veram dificuldade na contratação de mão de obra temporária para a colheita do café, e a tendência é de que a dificuldade se acentue nos próximos anos. Inves�r numa colheitadeira foi a forma que encontramos para garan�r a colheita, afirma o empresário Ricardo Covre.

O equipamento escolhido pela familia foi a Double Master 4C,

uma colheitadeira que permite a passagem dos grãos e retém as folhas que são lançadas para fora. A peneira vibratória elimina o pó e pequenas impurezas enquanto os grãos são transportados para traseira da máquina. Um equipamento que além da facilidade operacional, também tem um custo baixo de manutenção. Isso sem perder a qualidade do produto colhido afirma o empresário Ricardo Covre.

É o primeiro ano de u�lização deste equipamento na propriedade. Neste período os custos com mão-de-obra já �veram uma redução de 50%. Ricardo está confiante que o valor inves�do será recompensado já no primeiro ano; segundo Ricardo, tudo inves�mento em tecnologia na propriedade tá pagando a conta. "ta, ta fechando, ta pagando, ano passado a gente teve um ano ruim, ano passado foi um ano que conseguimos honrar os compromissos mais não conseguimos ter muito lucro; esse ano, nesse primeiro semestre, a melhora nos preços pagos ao produtor já facilitou mais as coisas. Mas o é assim, você tem que ser produ�vo, tem que ser sustentável, tem que ser compe��vo, se não você não consegue pagar a conta , você tem que ser serio, tem que viver daquilo ali se não, não fecha, mais nós temos conseguido".Hoje os empreendimentos da família gera 90 empregos diretos de carteira assinada, sem contar os contratados de forma temporária durante o período da colheita do café. As a�vidades estão divididas em: café, mamão, pecuária de corte, eucalipto, seringueira, pimenta, reserva legal,APP. Uma referencia com aproveitamento total da área.

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- - Rações Adubos Sementes Produtos Agropecuários

Material e Material Irrigação

em Geralde Construção

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A origem

Os primeiros registros da ocupação da terra pelos índios remonta a 1651 .

A par�r de 1940, com a expansão da cultura do cacau no sul do estado, o Serviço de Proteção ao Índio promoveu assentamentos para não-indígenas dentro da reserva indígena, o que gerou conflitos fundiários entre os índios e os ocupantes. Nas décadas de 1960 e 1970, o governo estadual distribuiu �tulos de propriedade aos fazendeiros ocupantes.

A par�r da Cons�tuição Federal do Brasil de 1988, o ar�go 231 reconhece o direito dos povos indígenas sobre suas terras tradicionais, sendo esses direitos originários, inalienáveis e imprescri�veis.

Ainda em 1982, a FUNAI entrou com processo pedindo a anulação dos �tulos. Em 24 de setembro de 2008 entrou na pauta do Supremo Tribunal Federal, sendo o voto do relator, o ministro Eros Grau, favorável aos índios. A par�r de janeiro de 2012, os índios passaram a ocupar as áreas dentro da reserva indígena anteriormente demarcada que são atualmente exploradas por fazendeiros não-indígenas, como forma de pressão para reaver seu território. Isto vem gerando tensão na região, que culminou com a morte de índios e fazendeiros.

No dia 2 de maio de 2012 o Supremo Tribunal Federal considerou nulos os �tulos de propriedades de terras concedidas a fazendeiros e agricultores dentro da reserva indígena. O STF determinou também que a União é que deve decidir como e quando os fazendeiros devem desocupar as fazendas - e se estes até então proprietários devem ser indenizados. Eis o X da questão.

Diante desta decisão do supremo, várias autoridades vêm alertando sobre o risco de um “derramamento de sangue”, se o governo não apresentar uma solução para a questão que tem sido a causa de conflitos entre índios e produtores rurais que disputam territórios considerados pela Fundação Nacional do Índio (Funai) como reserva indígena.

Tragédia anunciada

Conflitos por um pedaço de terra, não é coisa de agora. Nos úl�mos anos acompanhamos nos no�ciários os relatos envolvendo índios e fazendeiros. Conflitos que já causaram a morte de muita gente em várias regiões do Brasil.Na Bahia, as disputas sangrentas que começaram em Pau Brasil, vem se estendendo na região sul nos municípios de Ilhéus, una e Buerarema e, agora ganhou força no extremo sul baiano.

Esta tragédia anunciada teve início com o estudo antropológico elaborado pela FUNAI, que levou a uma ampliação do território indígena na região. No laudo altamente contestado, a Fundação nacional do índio FUNAI, estendeu o território indígena de 8 mil para mais de 50 mil hectares. "Processo e estudos que aconteceram às escuras", segundo produtores rurais da região.

Cansados de esperar por uma posição do governo, em 23 de abril, cerca de 500 pessoas oriundas das diversas aldeias situadas no território Pataxó de Barra Velha, extremo sul baiano, decidiram ocupar fazendas consideradas como não produ�vas – do ponto de vista das lideranças indígenas – que de imediato começaram cul�var essas áreas. Com a colaboração dos parentes de diversas aldeias os Pataxós iniciaram a ocupação próxima ao distrito de Mon�nho, município de Itabela. As fazendas de café e mamão não foram ocupadas pois a idéia é não causar prejuízo, mas sim lutar pelos direitos territoriais garan�dos pela Cons�tuição Federal de 1988. segundo o cacique Corrupixá.

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Desde 2008, quando foi publicado pela Funai o Relatório Circunstanciado de Iden�ficação e Delimitação da Terra Indígena Barra Velha do Monte Pascoal, reconhecendo a super�cie de 52.748 hectares como território tradicionalmente ocupado pelo povo Pataxós, os índios anseiam pela consolidação de seus direitos territoriais através da Declaração da Terra Indígena. O impasse envolve a negociação governamental entre a Funai, o Ins�tuto Chico Mendes para a Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Ins�tuto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), devido a existência de Unidade de Conservação e assentamentos rurais instalados na Terra Indígena, além da indenização de ocupantes de boa-fé que possam ter benfeitorias no território.

A Portaria Declaratória, que garante o prosseguimento do processo demarcatório, a ser expedida pelo Ministério da Jus�ça, fora prome�da diversas vezes e não se concre�zou.

De acordo com as lideranças indígenas, as ações de retomada foram realizadas de forma pacífica, alguns fazendeiros re�raram o gado das terras. No entanto, houve reações de “pistoleiros”, como os Pataxó denominam os contratados pelos fazendeiros para cuidar da segurança das fazendas. O cacique Corrupixá nos levou ao local onde segundo ele, um veículo da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) foi alvejado por disparos de arma de fogo ao transportar pacientes (uma mulher indígena em trabalho de parto) pelo território, e houve ataques noturnos ao local retomado, com disparo de �ros de forma alheia.

O que agrava toda essa situação é a forma como o governo quer indenizar os produtores rurais de áreas demarcadas. Atualmente, pela lei, o governo só pode pagar pelas benfeitorias feitas pelo fazendeiro no local para que desocupem a terra. Já os proprietários defendem o direito de receber também pelas propriedades. Uma medida de compensação financeira, segundo produtores e autoridades resolveria a maioria dos conflitos por terra. "Cerca de 90% dos casos seriam solucionados se houvesse um mecanismo de compensação àqueles �tulos de boa fé outorgados pelo Estado. Além de reivindicar uma compensação justa pelas terras e indignados com a inércia dos governos federal e estadual na solução dos problemas gerados devido a invasão de propriedades rurais no extremo –sul baiano, produtores rurais dos municípios de Porto Seguro, Itamaraju, Prado, Ilhéus, Olivença e Buerarema, bem como, integrantes dos assentamentos da reforma agrária, agricultura familiar e trabalhadores rurais se manifestaram fechando a BR 101 nos municípios de Itamaraju e Itabela.

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O obje�vo é chamar atenção para outro ponto de discórdia nessa questão. As a�tudes da FUNAI consideradas arbitrárias, visto que, a ânsia de ampliar ao máximo as reservas indígenas promove a violência na região. Segundo os produtores rurais, pessoas que se declaram índios e detentores das propriedades obtém respaldo de ONGs e outros órgãos que patrocinam, até mesmo financeiramente, a elaboração de laudos fraudulentos, com interesses escusos, violando o direito de propriedade. As invasões acontecem de forma violenta e já foram registrados seqüestros, u�lização de armas, ameaças de morte e destruição de produções agrícolas.

As mobilizações que aconteceram, defende a suspensão imediata de todos os processos em andamento de demarcação de terras indígenas e anulação das demarcações oriundas de laudos considerados fraudulentos da FUNAI, até que as novas regras sejam postas em vigor pelo Governo Federal.Diante de todo esse impasse, não há como não perguntar: O que há por trás de tudo isso?

Por que a vida de tanta gente é afetada como se fossem um rebanho bovino sendo transferidos de um posto para outro? Será minério? Terras férteis? Por que órgãos internacionais estão no meio destas questões? Porque um monarca de uma país distante faz doações milionárias em prol da causa indígena? São muitos pontos obscuros em meio a tudo isso. Porque o governo não age?

Os laudos da FUNAI.

Não é de hoje que os laudos elaborados pela FUNAI vem sendo cri�cados, inclusive por autoridades do próprio governo. Tomamos como base o deputado federal Geraldo Simões PT/BA. Em seus pronunciamentos ele chama atenção para vários pontos negros que envolvem as disputas.

O laudo que a FUNAI se baseou e que é fruto de muita controvérsia, tá apoiado em um trabalho acadêmico desenvolvido pela antropóloga Susana Dores de Matos Viegas. Para sua tese de doutorado, defendida na universidade de Coimbra em Portugal. Foi baseado nisso que em 1995 houve a primeira reivindicação pela suposta posse indígena. Em 2002 a então coordenadora, geral de estudos e pesquisa da FUNAI, Deuscreide Gonçalves Pereira, através de nota técnica, encaminha parecer final sobre o reconhecimento étnico oficial do grupo tupinambá u�lizando o critério de “auto iden�ficação”. No extremo sul baiano o trabalho antropológico foi realizado pela antropóloga Leila Silvia Burger So�o Maior, subs�tuta da Srª Maria do Rosário antropóloga que deu início aos trabalhos de pesquisa e entrevista com os indígenas.

Em 2009, a FUNAI intensifica o cadastramento de forma indiscriminada, reconhecendo como indígena todos os que se declaram como índio. É a par�r daí que começa a inquietação, a ansiedade, o medo e o pavor entre os não índios nas regiões sul e extremo sul da Bahia.

O laudo da FUNAI foi amplamente contestado por vários outros antropólogos que emi�ram parecer contrario. Os agricultores reclamam que nas terras demarcadas pela FUNAI não há ocupação tradicional a que se refere à cons�tuição federal. Sustentam também, que o laudo antropológico da FUNAI é no mínimo uma peça de ficção, com sérios indícios de fraudes. Até mesmo o ministro da jus�ça José Eduardo Cardoso afirmou na comissão de agricultura do senado, que o governo federal possui clareza de que o processo de demarcação de terras indígenas precisa ser aperfeiçoado. Diante da falta de clareza e na forma arbitrária que a FUNAI demarca as terras várias autoridades chamam atenção para o tratamento desigual. O uso de dois pesos e duas medidas para tratar dois segmentos sociais.

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Ainda segundo o deputado Geraldo Simões, “não é justo resolver hoje a situação de um determinado segmento social, mesmo em nome de uma pretensa jus�ça, em detrimento dos direitos dos demais”. O mesmo ainda pede cautela sobre os riscos das exacerbações nos processos de demarcação nas terras indígenas.

Na sua visão trata-se da u�lização precipitada e por que não dizer abusiva.

Enquanto isso a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) aumentou a quan�dade de estudos para demarcações de territórios indígenas em diversas regiões do país. Para a�ngir este obje�vo, teria se u�lizado de laudos antropológicos forjados e viciados, abusos, documentos manipulados, entre outros. Sob esta suspeita, o deputado federal Luís Carlos Heinze (PP-RS) apresentou à mesa diretora da Câmara dos Deputados a Proposta de Fiscalização e Controle (PFC) 61/2011.

O documento, entregue em dezembro, pede que a Comissão de Agricultura e Pecuária inves�gue os procedimentos administra�vos e eventuais excessos ou omissões por parte da FUNAI com respeito às demarcações de terras indígenas. Nas suas jus�fica�vas, a proposta destaca que os procedimentos de demarcação não estariam levando em conta as garan�as fundamentais previstas na Cons�tuição. Cita o ar�go 5º, incisos XXII (garan�a do direito de propriedade), XXXVI (a lei respeitará o direito adquirido) e LV (que assegura ampla defesa e o contraditório para os li�gantes.

Além dos atropelos legais, o documento diz que a FUNAI não pode ampliar as demarcações de terras indígenas. Isso porque o Supremo Tribunal Federal, ao decidir pela demarcação con�nua da Raposa/Serra do Sol (Roraima), em 2009, também exarou o seguinte entendimento: “É vedada a ampliação da terra indígena já demarcada.”

Conforme o parlamentar gaúcho, ‘‘a queixa generalizada é de que nunca houve, nem há, critérios seguros para a demarcação desses territórios. A sociedade fica à mercê do entendimento pessoal do antropólogo contratado ou indicado para elaborar o laudo”.

O deputado Alceu Moreira (PMDB/RS) alega que falta um marco legal para definir critérios para a demarcação de terras indígenas. Hoje, os agricultores correm o risco de perder as propriedades sem indenização. Para Alceu Moreira, os laudos arqueológicos que embasam o trabalho da FUNAI são fraudulentos.

- O processo começa com a memória oral. Alguém encomenda uma história contada. A par�r dessa história, a Funai contrata um antropólogo para fazer jus�fica�va. Ele enterra osso, enterra pedaço de panela, faz tudo o que for necessário para mostrar que o laudo antropológico está certo. E aí quem es�ver dentro desse território terá sua propriedade ex�nta, o registro dado pelo próprio Estado perde o valor. Isso é inconsistente do ponto de vista jurídico!

O Congresso instalou uma comissão especial para avaliar a Proposta de Emenda à Cons�tuição 215. A PEC re�ra o poder da Funai e do Poder Execu�vo de promover a demarcação das terras indígenas e quilombolas no país e transfere para o Congresso a palavra final sobre os processos. Procurada pela ConJur, a FUNAI preferiu não se manifestar.

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A farra da antropologia oportunista

As dimensões con�nentais do Brasil costumam ser apontadas como um dos alicerces da prosperidade presente e futura do país. As vas�dões férteis e inexploradas

garan�riam a ampliação do agronegócio e do peso da nação no comércio mundial. Mas essas avaliações nunca levam em conta a parcela do território que não é nem será explorada, porque já foi demarcada para proteção ambiental ou de grupos específicos da população. Áreas de preservação ecológica, reservas indígenas abarcam, hoje, 77,6% da extensão do Brasil. Se a conta incluir também os assentamentos de reforma agrária, as cidades, os portos, as estradas e outras obras de infraestrutura, o total alcança 90,6% do território nacional. Ou seja, as próximas gerações terão de se contentar em ocupar uma porção do tamanho de São Paulo e Minas Gerais. E esse pedaço poderá ficar ainda menor. O governo pretende criar outras 1 514 reservas e des�nar mais 50. 000 lotes para a reforma agrária. Juntos, eles consumirão uma área equivalente a de Pernambuco. A maior parte será entregue a índios e comunidades de remanescentes de quilombos. Com a intenção de proteger e preservar a cultura de povos na�vos e expiar os pecados da escravatura, a legislação brasileira instaurou um rito sumário no processo de delimitação dessas áreas.

Os mo�vos, pretensamente nobres, abriram espaço para que surgisse uma verdadeira indústria de demarcação. Pelas leis atuais, uma comunidade depende apenas de duas coisas para ser considerada indígena: uma declaração de seus integrantes e um laudo antropológico. A maioria desses laudos é elaborada sem nenhum rigor cien�fico e com claro teor ideológico de uma esquerda que ainda insiste em ex�nguir o capitalismo, imobilizando terras para a produção. Alguns relatórios ressuscitaram povos ex�ntos há mais de 300 anos. Nesta reportagem, são apresentados casos nos quais antropólogos, a�vistas polí�cos e religiosos se associaram a agentes públicos para montar processos e criar reservas. Parte delas destrói perspec�vas econômicas de toda uma região. Certas inicia�vas são mo�vadas pela idéia maluca de que o território brasileiro deveria pertencer apenas aos índios, tese refutada pelo Supremo Tribunal Federal. Há, ainda, os que advogam a criação de reservas indígenas como meio de preservar o ambiente. E há também – ou principalmente – aqueles que, a pretexto de proteger este ou aquele aspecto, querem tão somente faturar. "Diante desse quadro, é preciso dar um basta imediato nos processos de demarcação", como já adver�u há quatro anos o antropólogo Mércio Pereira Gomes, ex-presidente da Funai e professor da Universidade Federal Fluminense.

Os laudos antropológicos são encomendados e pagos pela Fundação Nacional do Índio (Funai), mas muitos dos antropólogos que os elaboram são arregimentados em organizações não governamentais (ONGs) que sobrevivem do sucesso nas demarcações. A quan�dade de dinheiro que elas recebem está diretamente relacionada ao número de índios que alegam defender. Para várias dessas en�dades, portanto, criar uma reserva indígena é uma forma de angariar recursos de outras organizações estrangeiras e mesmo do governo

brasileiro. Não é por outro mo�vo que apenas a causa indígena já tenha arregimentado 242 ONGs. Em dez anos, a União repassou para essas en�dades 700 milhões de reais. A ganância e a falta de controle propiciaram o surgimento de uma aberração cien�fica. Antropólogos e indigenistas brasileiros inventaram o conceito de "índios ressurgidos". Eles seriam herdeiros de tribos ex�ntas há 200 ou 300 anos. Os laudos que atestam sua legi�midade não se preocupam em cer�ficar se esses grupos mantêm vínculos históricos ou culturais com suas pretensas raízes. Apresentam somente reivindicações de seus integrantes e argumentos estapafúrdios para jus�ficá-las. A leniência com que a Funai analisa tais processos permi�u que comunidades espalhadas pelo país passassem a se apresentar como tribos desaparecidas. As reg iões Nordeste e Norte l ideram os pedidos de reconhecimento apresentados à Funai. Em dez anos, a população que se declara indígena triplicou. Na Bahia, catorze populações reivindicam reservas. Na sua maioria são grupos que de repente se descobriram índios. Em vários desses grupos, ninguém é capaz de apontar um ancestral indígena nem de citar costumes tribais. A revista Veja denunciou comunidades usando cocares comprados em lojas de artesanato. Em uma delas, há pessoas que aderiram à macumba, um culto africano, pensando que se tratasse da religião do ex�nto povo Anacé. No Pará, um padre ensina aos ribeirinhos católicos como dançar em honra aos deuses daqueles que seriam seus antepassados.

Casos assim escandalizam até estudiosos benevolentes, que aceitam a tese dos "índios ressurgidos". "Não basta dizer que é índio para se transformar em um deles. Só é índio quem nasce, cresce e vive num ambiente de cultura indígena original", diz o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, do Museu Nacional, no Rio de Janeiro. Declarar-se índio, no entanto, além de fácil, é uma farra. No governo do PT, basta ser reconhecido como índio para ganhar Bolsa Família e cesta básica. O governo gasta 250% mais com a saúde de um índio – verdadeiro ou das Organizações Tabajara – do que com a de um cidadão que (ainda) não decidiu virar índio. O paradoxo é que, em certas regiões, é preciso ser visto como índio para ter acesso a benesses da civilização. As "tribos" têm direito a escolas próprias, o que pode ser considerado um luxo no interior do Norte e do Nordeste, onde milhões de crianças têm de andar quilômetros até a sala de aula mais próxima. "Aqui, só �nha escola até a 8ª série e a duas horas de distância. Depois que a gente se tornou índio, tudo ficou diferente, mais perto", diz Magnólia da Silva, Neotupinambá baiana. Isso para não falar da segurança fornecida pela Polícia Federal, que protege as terras de invasões e conflitos agrários. "Essas vantagens fizeram as pessoas assumir ar�ficialmente uma condição étnica, a fim de obter serviços que deveriam ser universais", constata o sociólogo Demétrio Magnoli.

Índio que não é índio, negro que não é negro, reservas que abrangem quase 80% do território nacional e podem alcançar uma área ainda maior: o Brasil é mesmo um país único. Para esper�nhos e espertalhões.

Publicação original revista Veja.

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Fone: 73 3294-9999 / 3294- 5792Pça. Castelo Branco, 330 A - Centro - CEP 45836-000 - Itamaraju - Bahia

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Nos úl�mos dois anos temos recebido com freqüência diversas autoridades do setor rural que não cansam de dizer que esta é uma terra que se plantando tudo dá! Muitos produtores que compar�lham da visão "pé atrás" observam desconfiados esses argumentos. Já outros, mesmo que em menor número, tem procurado com muita sede implantar em suas propriedades as inovações tecnológicas disponíveis no campo. Em busca do desenvolvimento da agricultura na região empresas pr ivadas tem exerc ido um papel fundamental neste sen�do.

Um bom exemplo é a Campo Verde Agronegócios do empresário Cantarele Nunes, anualmente ele tem sido responsável por levar em parceria com o grupo Facholi um grupo de produtores da região para o maior evento do agronegócio da America la�na e a terceira maior do mundo a agrishow. Um dos contemplados foi o empresário rural Jorge Almeida que, após visita o evento não parou mais de inves�r e intensificar a produção em suas propriedades. Inves�mento que foram destaque na primeira edição desta revista. café, abacaxi, melancia, banana, eucalipto, mogno, cedro e agora o milho, mamão e o recém lançado sistema de pastejo rotacionado para gado de corte. Segundo Jorge a integração pecuária com lavouras e floresta, vem melhorando ainda mais o aproveitamento da terra. "Propicia a elevação da produção de carne por hectare, e com isso aumento a área disponível para o plan�o agrícola, é o que venho fazendo". Numa área de 200 hectares o empresário trabalha com uma média de 400 bois. Graças ao volumoso de qualidade e o energé�co no cocho, a média de ganho de peso é de 900 gramas/boi/dia.

Desde que começamos a debater o agronegócio em nosso programa de rádio, o pecuarista Urbano Correia vem defendendo o plan�o do grão nas fazendas da região. Mais uma vez o empresário rural Jorge Almeida em parceria com Amarildo, deram o ponta - pé inicial desta a�vidade agrícola na região. Os resultados ob�dos nesta área de 100HA mostram que Itamaraju tem muito espaço, clima favorável e condições ideais para produzir durante o ano todo diversos �pos de alimentos em grande quan�dade. O esforço dos produtores tem contribuído para desenvolver uma agricultura capaz de plantar e colher alimentos com alto rendimento, em todas as estações do ano, sem parar.Toda essa produção tem como des�no a própria região. Os compradores são criadores de frango, cujo sistema produ�vo tornou a avicultura brasileira um modelo.

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a Deu certo no Oeste e esta dando certo no extremo-sul baiano

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Leite dá Lucro? Foi com essa interrogação que começamos nossa entrevista para o programa e revista Café Rural com o engenheiro agrônomo Walter Miguel Ribeiro, coordenador do Programa Balde Cheio em Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia.

A resposta do engenheiro foi rápida e obje�va: Pode dá!

Segundo Walter, "Para ganhar dinheiro com leite dois fatores precisam ser bem trabalhados: de um lado volume de leite, preço do leite, qualidade do leite, preço dos animais, de outro lado o custo. Mas ganhar dinheiro com leite não é só reduzir custo. Não adianta produzir leite a qualquer custo. A idéia é produzir com lucro máximo e não com custo mínimo. Cortar custo a qualquer custo pode levar a menor rentabilidade ou até a prejuízo. Portanto lucro é o resultado das coisas bem feitas, guardem isso! É um olho tomando conta da receita, outro olho tomando conta do custo. E não é custo alto nem custo baixo é custo equilibrado com o sistema de produção em uso".

Para Walter o desafio que se coloca para produtores e técnicos é encontrar o ponto de equilíbrio de cada propriedade, fazendo com que ela seja eficiente e capaz de produzir mais e melhor com menos. Esse deve ser o obje�vo, e isso explica a tendência de se ter grandes produtores em pequenas áreas, porque se o�miza o uso do curral, da ordenhadeira, da mão-de-obra, produzindo mais por hectare. E o melhor sistema de produção não tem segredo: é aquele que faz com que o produtor ganhe mais dinheiro. "Tem coisas que em qualquer lugar do mundo uma propriedade leiteira tem que fazer, não importa o quanto produz nem o tamanho do negócio. É preciso gerenciar as contas da casa, fazer a gestão do negócio, parar de pensar que tudo é ruim. Existe muito pequeno produtor de cabeça aberta que faz gestão e cresce e grande produtor de cabeça fechada que não faz gestão e quebra", afirmou o engenheiro agrônomo. Para

ele o produtor de leite tem que gostar de vaca, tem que gostar de leite, mas tem que gostar de dinheiro também. E para isso tem que fazer conta, tem que anotar, tem que vender bem, comprar bem, tem que gerenciar, acompanhar, porque leite é detalhe, e isso é que faz a diferença.

"Produzir bem, reduzir o intervalo de partos, idade mais precoce ao primeiro parto, ter maior produ�vidade, fazer uma boa recria, são estratégias que só tem sen�do se resultarem em mais dinheiro no bolso. Nem sempre o ó�mo produ�vo se equivale ao ó�mo econômico. Nem sempre produzir o máximo significa ganhar mais dinheiro. Cada propriedade tem seu ponto de ó�mo econômico, e esse 'pulo do gato' é que produtores e técnicos tem que descobrir, tanto em relação a inves�mentos quanto ao caixa", argumentou o engenheiro agrônomo.

Volumoso de qualidade é pré-requisito para ganhar dinheiro na a�vidade leiteira. Sabendo que a nutrição concentra 50% do custo de produção, quem quer trabalhar com custo menor não deve cortar comida, mas ser mais eficiente na qualidade e quan�dade do volumoso, com custo equilibrado. Isso tudo será potencializado pela gené�ca, equilíbrio de rebanho e ambiência.

Equilíbrio de rebanho, de acordo com o técnico, significa manter um percentual de vacas em lactação, de animais em cria e recria, de vacas secas. Quando o rebanho está em desequilíbrio o produtor terá baixa liquidez, o que significa problemas no caixa. No mínimo deve-se ter 40% de vacas em lactação sobre o total do rebanho.

Dificilmente uma propriedade ganha dinheiro com esses itens desequilibrados: custo total de produção, gasto com mão-de-obra equilibrada, produ�vidade da mão-de-obra e gasto com concentrado. Esses quatro itens são os mais importantes para ter sucesso na a�vidade leiteira na parte econômica e zootécnica.

Leite

dá Lucro?Por Carlos Brito

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sta Entrevista com Walter Miguel Ribeiro

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Qual é mais importante para aumentar a margem líquida, para fazer sobrar no bolso do produtor: o custo ou o preço do leite?

Estudos feitos com vários grupos de produtores de Minas Gerais revelaram que quando se compara preço X margem líquida, teve produtor que vendeu leite a quase R$ 1,20 por litro e teve prejuízo, e teve produtor que vendeu a R$ 0.90 e ganhou dinheiro. Quando se faz a mesma analise entre custo X preço, observa-se que é muito mais forte o custo total correlacionando-se com a margem líquida do que o preço. Isso reforça a afirmação de que o custo total tem uma influência muito forte na rentabilidade. Quem produziu com custo total menor foi quem mais ganhou dinheiro com o leite.

Walter concluiu es�mulando os produtores: "não tenham medo de crescer lentamente; andem devagar mas andem para frente, tentando buscar e sendo compe��vos, com equilíbrio ambiental, social e tecnológico".Walter Miguel Ribeiro é engenheiro agrônomo formado pela UFSCar (Universidade Federal de São Carlos). Na sua vida acadêmica, tem também duas pós-graduações envolvendo teses de forragicultura e pastagem.Sua base profissional foi alicerçada na Embrapa Pecuária Sudeste, onde atuou durante dois anos no sistema de produção de leite. Atualmente coordena o Programa Balde Cheio em Minas, Espírito Santo e Bahia.

Após a entrevista em nosso programa diário de rádio, acompanhamos o engenheiro agrônomo até uma propriedade onde funciona uma unidade d e m o n st ra� va ( U D ) d o p ro g ra m a b a l d e cheio,desenvolvido pela Embrapa, o Programa promove o desenvolvimento da pecuária leiteira, transferindo tecnologia para técnicos dos serviços de extensão rural de en�dades públicas e privadas, que atuam como mul�plicadores em suas regiões. A inicia�va consiste na adoção de técnicas de manejo de pastagem, controle zootécnico e gestão da propriedade. Pequenos produtores com pouco acesso à assistência técnica e gerencial são os mais beneficiados e relatam maior eficiência na produção de leite e, conseqüentemente, aumento da produ�vidade e dos lucros. um bom exemplo é a fazenda Monte Alegre, pequena propriedade de 60 hectares no município de Prado. Jackson proprietário conta que antes de conhecer o projeto, esta mesma fazenda �nha um plantel de vinte animais, com

produção de 30 kg de leite, média de 1,5 kg/vaca/dia.

após uma visita ao estado de Minas Gerais, na viagem, Jackson conheceu algumas fazendas que já u�lizavam o pastejo rotacionado, sistema de produção que chamou atenção do proprietário. Em 2007 ele recebeu a primeira visita de uma equipe do projeto balde cheio, comandado pelo Engenheiro agrônomo Walter Ribeiro. "Eu me lembro que quando o Walter nos falou que a p r o d u ç ã o p o d e r i a c h e g a r a 2 0 k g d e leite/vaca/dia, minha mãe me chamou e disse: sai fora que isso é golpe. Onde já se viu uma vaca dar tanto leite?". Mesmo com o pé atrás, Jackson aderiu ao projeto. ele lembra que o primeiro passo foi preparar as pastagens, uma estrutura para receber o gado. Com ajuda da esposa construiu os piquetes, em seguida, inves�u nos primeiros animais de alta lactação. O cruzamento escolhido foi o girolando 5/8. "Quando meus amigos viram os animais, todos diziam que eu �nha comprado pra morrer; ninguém acreditava que essas vacas suportariam as nossas condições climá�cas". Jackson confessa que quase chorou ao escutar essas afirmações,mas não �nha como voltar atrás. Só que para surpresa dos incrédulos, os animais não só sobreviveram, foram além, alcançando médias de até 30 kg/vaca/dia, para Walter esse deve ser o obje�vo, e isso explica a tendência de se ter grandes produtores em pequenas áreas. Outro fato que chamou atenção nos animais foi o peso corporal, para o técnico, bem acima dos animais da região. " você vê que os animais estão mais bonitos que o gado da região. O problema não são os animais, o problema é o manejo que você dá para um animal de produção alta. O que vemos aqui é que o Jackson preparou uma estrutura para receber os animais; comida boa, sombra, água de qualidade, manejo bem feito".

A história deste produtor rural começou mudar animais com esse grau de sangue requer sim alguns cuidados, segundo Jackson, nada que não possa ser feito. "se comprar esses animais e jogar num rapador, ai sim, é prejuízo na certa! Mas se você der o que o gado precisa o resultado vem".

E foi assim, com muito trabalho e persistência, que hoje o produtor se tornou uma referência, e sua área é a mais nova unidade demonstra�va do projeto balde cheio; a produção pulou ao longo do tempo de 30 kg/leite/dia para 100 kg/leite/dia c o m a p e n a s c i n c o a n i m a i s . M é d i a d e 20kg/vaca/dia.

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sta Entrevista com Walter Miguel Ribeiro

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Rancho SulComércio e Representações

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Nos tempos dos meus avós, exis�a uma filosofia que funcionava da seguinte forma: Desmatava uma determinada área para cul�var, quando aquele pedaço de terra não se mostrava mais produ�va, par�a então para desmatar uma nova área e, assim, consegui um bom volume de produção. a chamada produção extensiva.

a medida que os anos foram passando, a falta de mão-de-obra, e as questões ambientais tornaram esse modelo de a�vidade inviável. Com isso, foi preciso o setor rural evoluir e se modernizar. Chegou a hora da inovação, de adotar prá�cas mais eficientes, de passar da produção extensiva para a chamada produção intensiva sustentável, de produzir mais em cada hectare, transformar pastagens degradadas em áreas produ�vas novamente.com o crescente aumento da população mundial e a demanda por alimentos que precisará dobrar nos próximos anos, veio a necessidade de �rar o Máximo proveito das propriedades.

o que antes parecia impossível já é realidade na região. Um bom

exemplo disso é a fazenda Santa Helena no município de Porto Seguro, a 18 km de Itabela. Os resultados ob�dos nesta propriedade é a prova de que pequenas áreas podem sim alcançar grandes resultados. A área total da propriedade são 81 hectares, 25 de reserva legal, a outra parte é des�nada puro e exclusivamente a pecuária leiteira.

A�vidade que segundo o casal LAURIETE e seu DENILTON começou meio que por acaso, em depoimento ela nos contou que, os primeiros animais foram adquiridos como pagamento de uma dívida. Na época 10 animais girolando. Não demorou muito para que o casal descobrisse na pecuária leiteira mo�vos de sobra para comemorar e con�nuar inves�ndo na a�vidade.

O que começou de improviso; com o passar do tempo se transformou na principal a�vidade da propriedade, hoje o plantel conta com 160 cabeças da raça girolando Meio sangue e 5/8, desse total, um terço está em lactação e produz em média 700 kg/dia. volume que garante ó�mos rendimentos ao casal.

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teO exemplo de Sucesso da Fazenda Santa Elena

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O Sr Denilton (leitoa como é conhecido) não acreditava muito nesta a�vidade, mas com muita força e coragem, transformou a propriedade em uma referência quando o assunto é leite.

Para acompanhar o desempenho dos animais e manter o controle da fazenda, Leitoa, dividiu os animais em grupos; as de maior e menor produção diária; em média o rebanho produz 15,2 kg/vaca/dia, o outro grupo são as de alta lactação, com média de 25 kg/vaca/dia.

Contrariando os pessimistas quando o assunto é leite e gado vindo de Minas, a fazenda Santa Helena é a prova de que; se respeitada as necessidades desses animais, é possível sim conseguir resultados posi�vos sem grandes inves�mentos. Em Conversa com o proprietário, descobrimos que não foram necessários grandes inves�mentos na a�vidade. Seguindo as orientações do técnico o proprietário construiu os piquetes que são u�lizados no sistema de pastejo rotacionado, o pasto é formado pelas variedades mombassa, ��on e braquiara.

Para não deixar faltar volumoso de qualidade no coxo o produtor inves�u na renovação e correção das pastagens e um sistema de irrigação eficiente, e assim chegou a uma média de 10 animais por Há.No inicio a ordenha era de forma manual, com o aumento da produção, surgiu a necessidade do inves�mento em tecnologia, primeiro um sistema de ordenha balde ao pé e hoje o casal Denilton e dona Lauriete, mostram com orgulho a mais nova conquista da fazenda Santa Helena, uma ordenhadeira canalizada com capacidade de produção acima dos 1.000 kg/leite/dia.

Exemplo claro que pequenas propriedades podem sim ser grandes em produ�vidade.

Por Carlos BritoAgradecimentos Leandro - Rancho Sul.

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teO exemplo de Sucesso da Fazenda Santa Elena

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eIATF - Uma ferramenta importante para o desenvolvimento da pecuária no Brasil

Promover o desenvolvimento da pecuária Brasileira, melhorando a qualidade dos animais, através do melhoramento gené�co e reprodu�vo do rebanho nacional. este é o obje�vo de técnicas de manejo como a IATF.

Em rebanhos comerciais, o sistema de monta mais primi�vo u�lizado é aquele em que o touro permanece com o rebanho durante o ano todo. Era desta forma que a fazenda Lagoa da Esperamça no município de Prado a 31 km de Itamaraju trabalhava. Hoje com toda tecnologia disponível no campo, e a necessidade de se produzir cada vez mais em menos espaço de terra, esse �po de manejo primi�vo perde cada vez mais espaço na pecuária moderna.

Segundo o medico veterinário Franklin Dantas, nesse sistema, os nascimentos em épocas inadequadas prejudica o desenvolvimento dos bezerros, devido à maior incidência de doenças e de parasitas, ou à menor disponibilidade de pastagens para as matrizes, durante o período de lactação. A maior desvantagem, entretanto, que limita a u�lização da monta durante todo o ano, diz respeito à dificuldade do controle zootécnico e sanitário do rebanho, devido à falta de uniformidade (idade e peso) dos animais. Fatores que segundo Franklin, acabam prejudicando a seleção dos bovinos de maior potencial reprodu�vo, em detrimento da fer�lidade do rebanho.Como, no sistema de criação extensivo de bovinos de corte, a fer�lidade do rebanho apresenta variações vinculadas às condições climá�cas, o estabelecimento de uma estação de monta limitada é uma decisão importante e de grande impacto na fer�lidade. Ela possibilita um melhor controle sobre o rebanho de cria, adequando o período de maior exigência nutricional (lactação), com o fim da estação seca e início das águas. Como resultado desta prá�ca as fêmeas terão tempo e

condições suficientes para se recuperarem, fisiologicamente, até a monta subseqüente. A concentração dos nascimentos na época mais adequada do ano resulta em lotes uniformes de bezerros e permite a adoção de diferentes prá�cas de manejo, que visam à redução da mortalidade e ao aumento do peso à desmama. Segundo o técnico, Desta forma, os esquemas de vacinação, vermifugação, castração e desmama de bezerros, ocorrerão nas idades e épocas corretas. Essa concentração de parições, além de disciplinar as referidas a�vidades ro�neiras de manejo reprodu�vo, facilita também a adoção de outras prá�cas, tais como, a desmama precoce, a suplementação dos bezerros, a sincronização dos cios e a inseminação das matrizes. Em úl�ma análise, lotes uniformes de bezerros proporcionam facilidade na comercialização dos animais, ou para a recria na própria fazenda.

Seguindo essas diretrizes, a realidade da fazenda Lagoa da Esperança mudou de forma posi�va o aproveitamento do rebanho, passando de 300 para 550 bezerros/ano, quase o dobro de nascimentos registrado.

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A IATF é uma tendência mundial e uma ferramenta importante para o desenvolvimento da pecuária no Brasil, permitem aos criadores de bovinos ampliarem a sua produ�vidade, podendo obter da sua matriz uma gestação por ano.

Vantagens

Inseminar um grande número de animais em um curto espaço de tempo. Dispensa a necessidade de observação de cio. Permite que a inseminação seja feita no melhor momento. Aumentar o número de bezerros de IA, acelerando o melhoramento gené�co. Antecipar a prenhez, reduzindo o intervalo entre partos e aumentando o número total de bezerros nascidos. Evita o desperdício de sêmen. Induz a ciclicidade da fêmea.

Diminui o intervalo entre os partos.

Possibilita o nascimento e o desmame em épocas mais favoráveis ao bezerro.

Aumenta o número de bezerros nascidos.

Diminui gastos com touro.

Concentra e o�miza a mão-de-obra da propriedade, possibilitando a programação dos Recursos financeiros.

Padronização dos lotes de bezerros, obtendo melhores preços na venda.

Difunde material gené�co superior.

Gera maior produ�vidade de carne e leite, permi�ndo assim, suprir os mercados interno e externo com maior lucra�vidade.

Economia na reposição de touros para repasse, pelo aumento do número de vacas prenhes de IA. vido por M2 Solução

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No mês de maio, entre os dias 12 e 13 Itamaraju recebeu a visita de dois representantes do grupo Jbs/Friboi, o gerente de compras Eduardo Hagge da unidade de Itape�nga e Hercio Dias diretor da divisão de carnes originação do JBS. Visita que segundo Eduardo, serviu para fortalecer as parcerias já existentes com os fornecedores e uma boa oportunidade para ver de perto as potencialidades de futuros inves�mentos do JBS na região. A pousada Vista da Pedra foi o local escolhido pelos dois para receber a equipe da revista Café Rural e pecuaristas do município. Durante o jantar foram deba�dos assuntos como: a instalação de uma unidade de abate do JBS em Itamaraju. Proposta defendida pelos pecuaristas Urbano e Gustavo Correa que contou com o apoio do empresário rural Jorge Almeida e do empresário do setor agropecuário Cantarele Nunes da Campo Verde Agronegócios. Outros temas como: A demanda por carne de qualidade, inves�mentos em gené�ca, relacionamento do JBS com os fornecedores, bem estar animal e questões ambientais marcaram o encontro. No dia seguinte Eduardo e Hercio par�ciparam do programa de Radio Café Rural em seguida os representantes foram conhecer algumas fazendas na região. Animados com o que viram os dois defenderam a instalação de um confinamento para até vinte mil bois no município. Outro assunto que mereceu destaque durante a visita foi a união da classe ruralista, segundo Hercio esse é um ponto indispensável para o sucesso do agronegócio no extremo sul baiano. Levando em conta os aspectos dessa visita, não seria exagero afirmar que bons ventos estão prestes a soprar por essas bandas, trazendo inves�mentos do grupo JBS para o município que é detentor do maior rebanho bovino do estado.

JBS/Friboi visita ItamarajuPec

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Imagine uma fusão entre a Volks e a Fiat, as duas maiores montadoras de automóveis instaladas no Brasil. Ou adicione todas as empresas de telefonia fixa do País, como Oi e Telefônica, e inclua ainda a Embratel. Numa terceira experiência, coloque no mesmo bolo as três maiores redes de supermercados – Walmart, Pão de Açúcar e Carrefour. Em qualquer alterna�va, a soma dos faturamentos será menor do que o tamanho do grupo JBS Friboi, comandado pelo empresário Joesley Ba�sta. Trata-se da maior empresa privada do Brasil, com 125 mil funcionários e uma receita bruta es�mada em R$ 60,6 bilhões. Os números já a colocam até à frente da Vale, que foi afetada pela queda dos preços do minério de ferro. Hoje, à frente do grupo JBS, há apenas a estatal Petrobras.Até bem pouco tempo atrás, discu�a-se quando as grandes empresas internacionais viriam ao País comprar marcas valiosas na área de alimentos. Hoje, o Brasil é quem tem nada menos que três entre as maiores empresas do setor – incluindo o líder JBS Friboi. Fonte: Revista Isto E Dinheiro

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O desenvolvimento sustentável é o caminho que o agronegócio busca como solução mi�gadora para seu crescimento de forma que possa suprir a demanda por alimentos e energia renovável, adotando prá�cas que seja ambientalmente correta, economicamente viável e socialmente justa. Baseando-se nesses aspectos a Embrapa coloca a disposição do produtor rural a ILPF – Integração Lavoura, Pecuária e Floresta que tem como obje�vo integrar os sistemas de produção de alimentos, fibras, energia e produtos madeireiros e não madeireiros realizados na mesma área, em cul�vo consorciado, em sucessão ou rotação, para aperfeiçoar os ciclos biológicos de plantas e animais, insumos e seus respec�vos resíduos. Além desses aspectos, ainda é possível com esse sistema o produtor recuperar as áreas que se encontram degradadas como Áreas de Preservação Permanente, Pastagens Degradadas e Reserva Legal. O produtor que aderir aos sistemas de produção sustentáveis só tem a ganhar, pois a ideia é integrar a Lavoura, Pecuária e Floresta de forma que possa aumentar seu rendimento e consequentemente ofertar mais empregos, recuperar e preservar o meio ambiente. O crescimento do agronegócio na região Extremo Sul é extenso em relação a outras regiões do estado, segundo a ADAB (Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia), alguns municípios estão em crescente evolução do rebanho bovídeo no Estado. Um deles é Itamaraju, berço da pecuária de corte, que passou de 178.287 cabeças em maio, para 194.512 em novembro de 2013. O município detém o maior rebanho do Estado com um crescimento de quase 10% em apenas seis meses. Os três maiores rebanhos estão localizados no Extremo Sul da Bahia, já que Guara�nga está em segundo lugar com 168.366 cabeças e em terceiro aparece Itanhém com 166.177 bovídeos existentes. Rica em sua diversidade de culturas, mas a pecuária extensiva é hoje uma das grandes preocupações

Conforme vimos, a pecuária extensiva é realmente uma das grandes preocupações, já que no Brasil a a�vidade pecuarista é considerada uma das principais causas de conflitos ambientais relacionadas ao desmatamento, compactação e erosão dos solos além da perda da biodiversidade, segundo o MAPA ( Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento) o Brasil possui cerca de 30 milhões de hectares de áreas de pastagens em algum estágio de degradação, com baix íss ima produ�vidade para o alimento animal. Recuperar 15 milhões de hectares de áreas de pastagens degradadas entre os anos de 2010 e 2020 é uma das metas do Ministério da Agricultura para o programa do governo federal de redução da emissão de gases de efeito estufa. O solo degradado é consequência da perda de sua capacidade �sica e química (fer�lizantes) de con�nuar produ�vo, o que o impossibilita de reter gás carbônico (Co2). A degradação ambiental impõe elevados custos à sociedade, além do empobrecimento do produtor rural. O uso correto de tecnologias e de boas prá�cas agropecuárias torna possível reinseri-los ao processo produ�vo. A recuperação de áreas degradadas é fundamental para a sustentabilidade da pecuária bovina e pode ser feita por recuperação direta ou por meio de integração com lavoura Pecuária (iLP) ou integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF).

A maior revolução rural já está em campo

iLPF - Integração Lavoura - Pecuária - FlorestaEsp

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O obje�vo da iLPF segundo a Embrapa é recuperar ou reformar pastagens que se encontram degradadas, uma das formas de fazê-lo é no primeiro ano inserir a floresta num espaçamento 20mx2m, que é considerado um espaçamento muito bom em relação aos modelos u�lizados que eram

12mx2 ou 15mx2, que pode ser o eucalipto, muito u�lizado em 95% das pesquisas feitas, e que se mostrou um grande aliado ao sistema, ao contrário do que se pensava na iLPF não se mostrou um drenador de solo, mas um aliado a recuperação do solo degradado, junto a floresta inserir a lavoura, que no caso da região pode ser o milho ou sorgo, que tem boa aceitação e comercialização, ou o produtor pode u�lizar os grãos produzidos para alimento dos animais fazendo silagem. Após um ano ou dois anos de crescimento da floresta dependendo da espécie plantada o produtor pode inserir a pastagem, que vai aproveitar os nutrientes da lavoura e a floresta entra como sombreamento para o conforto térmico dos animais. É importante ressaltar que se a pastagem for inserida no segundo ano, os animais que poderão se alimentar são bezerros, de preferência após apartação. As vantagens da recuperação de áreas degradadas são muitas. Entre as principais estão à redução de custos e de riscos de pragas, o melhor uso da terra, o aumento da eficiência no uso da mão de obra e dos recursos de produção e de energia, além da redução de emissões de gases de efeito estufa por unidade de produto ob�do.

Esse sistema permite ao produtor um rendimento muito maior que a média nacional que é de 45 quilos de carne em equivalente carcaça por hectare. Com sistemas recuperados e melhorados, essa produ�vidade salta facilmente para 120 kg por hectare, em sistemas de cria-recria e engorda (ciclo completo).

Os resultados ob�dos com a ILPF de acordo dados pesquisados pela Embrapa apontam que ela é uma alterna�va economicamente viável, ambientalmente correta e socialmente justa para o aumento da produção de alimentos seguros, fibras e agroenergia, possibilitando a diversificação de a�vidades na propriedade, a redução dos riscos climá�cos e de mercado, a melhoria da renda e da qualidade de vida no campo, contribuindo para a mi�gação do desmatamento, para a

redução da erosão, para a diminuição da emissão de gases de efeito estufa e para o sequestro de carbono, enfim, possibilitando a produção sustentável e proporcionando um mundo melhor para as próximas gerações.

No Brasil, em cerca de 18 milhões de hectares de pastagens são adotados sistemas com manejo e recuperação das pastagens. A adoção dessas tecnologias tem aumentado e o Brasil assumiu o compromisso internacional de recuperar 15 milhões de hectares de pastagens degradadas até 2020, e com isso reduzir entre 83 milhões e 104 milhões de toneladas de CO2 equivalente*. A meta faz parte do Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), coordenado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que tem como obje�vo ampliar a produção de alimentos e bioenergia com a redução dos gases de efeito estufa.

As vantagens da recuperação de áreas degradadas são muitas. Entre as principais estão a redução de custos e de riscos de pragas, o melhor uso da terra, o aumento da eficiência no uso da mão de obra e dos recursos de produção e de energia, além da redução de emissões de gases de efeito estufa por unidade de produto ob�do.

Atualmente, a produ�vidade média brasileira é em torno de 45 quilos de carne em equivalente carcaça por hectare. Com sistemas recuperados e melhorados, essa produ�vidade salta facilmente para 120 kg por hectare, em sistemas de cria-recria e engorda (ciclo completo).

Os bene�cios para o meio ambiente também são evidentes. A recuperação das pastagens tem potencial para reduzir em um ano a idade de abate dos animais.

Por Ana Lúcia

Formada Em Administração De EmpresasEspecialista Em Gestão De ProjetosEspecialista Em Contabilidade Do AgronegócioEspecialista Em Gestão Estratégica De CustosMba Execu�vo Em NegóciosMba Em AgronegóciosMba Em Gestão Ambiental

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iLPF - Integração Lavoura - Pecuária - FlorestaEsp

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O cascudo também é conhecido como peixe gato. Existem mais de 200 peixes da espécie na América do sul. Ele vive na água doce e é um dos principais alimentos na Amazônia, pantanal e nas regiões nordeste e sudeste do país. Quando a�nge a vida adulta chega a medir 30 cen�metros. Os cascudos também são conhecidos por limpa-fundos, pois se alimentam de par�culas que são mais densas que a água e que ficam no fundo dos rios. É muito apreciado por aquaristas devido a sua beleza. Ele é um �po de peixe que pode respirar sem auxilio das brânquias, pois seus estomago também funciona como espécie de pulmão adaptado.

Moqueca de cascudo ao leite de côco

Ingredientes:

6 cascudos médios limpos3 tomates picadinhos,3 dentes de alho amassados1 pimentãoSal a gosto3 colheres de azeite de dendê1 vidro de leite de coco(200ml)½ cebola cortada em cubinhos1 xicara de cheiro verde para enfeitar

Pirão:2 copos(americanos) do molho da peixada2 copos(americanos) de farinha de mandioca1 copo de água½ cebola picadinhaCheiro verde picadinho

Modo de preparo:

Coloque o peixe de molho (sal preso) por +ou- 2.30 minEm uma panela, aqueça um pouco de óleo e refogue o alho, a cebola e os tomates, deixando cozinhar de 10 a 15 minutos. Tempere com sal e tampe a panela.Quando o molho es�ver pronto, adicione o azeite de dendê, o leite de cocô, o peixe inteiro, limpo e sem ou com a “casca”(ao gosto): em seguida coloque o cheiro verde deixe cozinhar por 20 minutos ou até a cauda do peixe começar a abrir. Leve ao fogo uma panela de barro com um pouco de óleo. Quando es�ver bem aquecida, coloque a peixada e apague o fogo. Re�re da peixada 2 copos de molho para fazer o pirão e enfeite a peixada com cebolinha verde.

Pirão:

Bata o molho no liquidificador com a agua em uma panela, despeje o molho ba�do e leve ao fogo acrescentando os temperos. Acrescente aos poucos a farinha de mandioca, mexendo até ficar na consistência desejada. Se ficar muito grosso, adicione um pouco mais de agua. Deixe cozinhar durante uns 15 a 20 minutos. Sirva a seguir.

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ia Receita Cascudo - Enviado por Alíne Silva

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Coisa da Roça

Caipira é uma denominação �picamente paulista. Nascida da primeira miscigenação entre o branco e o índio. "Kaai 'pira" na língua indígena significa, o que vive afastado, ("Kaa"-mato ) ( "Pir" corta mata ) e ( "pira"- peixe). Também o cateretê, inicialmente uma dança religiosa indígena, na qual os Índios ba�am palmas, seguindo o ritmo da ba�da dos pés, deu origem a "ca�ra". A ca�ra passou a ser um costume de caboclos, an�gamente chamados de "cabolocos". Com o avanço dos brancos em direção ao Mato Grosso e Paraná a cultura caipira foi junto, levada principalmente pelos tropeiros. Hoje o termo "Caipira" generalizou-se sendo para o citadino uma figura estereo�pada. Mas esse ser escorregadio e desconfiado por natureza, resiste às imposições vindas de fora. Tem uma espécie de cultura independente, como a dos Índios. Infelizmente alguns intelectuais passaram de modo errôneo a imagem do caipira. Hoje as festas "caipiras" que se encontram nas cidades e nas escolas não passam de caricaturas de uma realidade maior. Foi criada uma deturpação do que o povo brasileiro possui de mais profundo e encantador em suas raízes. "A primeira mistura", a pedra fundamental.

O falar errado do caipira não é proposital. Permanecendo ele afastado das cidades, mantém no seu dialeto, muito conhecimento, que o homem da cidade já perdeu, com sua prosperidade aparente. O caipira conhece as horas apenas olhando para o céu e vendo a posição do sol. Sabe se no dia seguinte virá chuva ou não, pois conhece a fundo o mundo natural. Tem um chá para cada doença, uma simpa�a para cada tristeza... Para o citadino o caipira virou mo�vo de diver�mento, quando deveria ser o exemplo de amor à terra. Do antepassado Índio ele herdou a familiaridade com a mata, o faro na caça, a arte das ervas, o encantamento das lendas. Do branco a língua , costumes, crenças e a viola, que acabou sendo um dos símbolos de sua resistência pacífica. Muitos são os ritmos executados na viola, da valsa ao cateretê. Temos Cateretê baião; Chula polca; Toada de reis: Cateretê- batuque, Landú, Toada; Pagode, etc. Apesar de parecer um homem rús�co, de evolução lenta, nas suas mãos calejadas ,ele mantém o equilíbrio e a poesia da fusão duas etnias. E traduz seu sen�mento acompanhado da viola, companheira do peito, onde canta suas esperanças, tristezas e as belezas do nosso país.

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