Revista Capital 26

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MATOLA Megaprojecto da Cidadela arranca em Abril

CINEMA Pas pode lucrar mais com Hollywood

ERNST & YOUNG Transmisso de terrenos e sua contabilidade

Publicao mensal da S.A. Media Holding . Fevereiro de 2010 . 60 Mt . 350 Kwz . 25 Zar . 4 USD . 3,5 EUR

A insegurana paira sobre ns

Insecurity is upon us

N 26 . Ano 03

OPINO

PUB TDM

2 Revista Capital

OPINO

TIGA DCC

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EditorialControlar preciso

O

incio de 2010 fica marcado pela tomada de posse do novo governo, a nomeao de um novo primeiro-ministro e a certeza de que as medidas scio econmicas do recm-empossado executivo continuaro na senda das anteriores, com a luta contra a pobreza como farol maior e as baterias assentes no distrito, como plo principal do desenvolvimento de todo o territrio. uma metodologia que j representou um esforco continuado no quinqunio anterior e resta agora esperar que se espevite a dinmica geral, de molde a consolidar as promessas que saram da primeira experincia, a transformar em frutos sumarentos e saborosos, as flores que brotaram nos ramos da rvore do poder. A medida que marca este reincio de actividade tambm a que justifica o tema central desta edio e diz respeito aos transportes, deslocao de pessoas e mercadorias ao longo do pas e para os pases limtrofes. Vem do mandato anterior toda a preparao para que entrem em vigor os centros de controle automvel que nasceram no dia primeiro deste ms. Parece opinio generalizada que a sua existncia de louvar e poder contribuir para o aumento da segurana rodoviria e para a diminuio do nmero de mortos nas estradas de Moambique. De facto, o controle peridico de todos os veculos permitir aquilatar do seu estado e do perigo que representam, ou no, para a circulao rodoviria. Mas existe toda uma srie de dvidas que os profissionais levantam e ainda carecem de respostas adequadas. Sendo do conhecimento geral que uma percentagem significativa dos veculos em circulao no rene (sem necessidade de qualquer controle) as condies mnimas para se fazer estrada, no teria sido mais interessante ter-se gizado uma ampla campanha de esclarecimento da populao sobre os objectivos que esta medida pretende atingir? E no se fale apenas nos particulares que possuem veculos ligeiros em condies deplorveis, atente-se em pormenor em grande percentagem dos chapas que circulam nos arredores e mesmo no centro das grandes cidades moambicanas, veja-se quantos deles possuem o pneu sobressalente, ou que oferecem condies mnimas de segurana. E, porque no, espreitar de perto alguns camies que so a coluna vertebral da indstria caseira da construo civil. v-los fugir s bsculas e desbravar caminhos nvios que destroem passeios e enfurecem moradores dos bairros perifricos. Com este panorama talvez fosse prefervel fazer coincidir a ampla campanha de consciencializao com a obrigatoriedade de passar pelo controle. E persiste um outro aspecto que urge levar em linha de conta. Apesar do grande esforo que se verifica na recuperao e construo de estradas e outras vias rodovirias, a verdade que estas no esto isentas de culpas no estado em que se encontram muitos dos veculos que agora so obrigados a ir ao check up. Com efeito parece inequvoco que as estradas moambicanas tambm carecem de ir ao controle, que como quem diz, o controle que deve ir s estradas. A aplicar-se a mesma metodologia haveria imensas que seriam reprovadas e nem l iriam com segunda inspeco. n

Ricardo Botas

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Ficha TcnicaPropriedade e Edio: Southern Africa Media Holding, Lda., Capital Magazine, Rua da S, 114 3. andar, 311 / 312 Telefone/Fax +258 21 329337 Tel. +258 21 329 338 [email protected] Director Geral: Ricardo Botas ricardo.botas@capital. co.mz Directora Editorial: Helga Neida Nunes [email protected] Redaco: Arsnia Sitoe; Srgio Mabombo sergio. [email protected] Secretariado Administrativo: Mrcia Cruz [email protected] ; Cooperao: CTA; Ernst & Young; Ferreira Rocha e Associados; PriceWaterHouseCoopers, ISCIM, INATUR Colaboradores: Ednilson Jorge; Ftima Mimbire Colunistas: Antnio Batel Anjo, Benjamin Bene, E. Vasques; Edgar Baloi; Federico Vignati; Fernando Ferreira; Gonalo Marques (Ferreira Rocha & ..885Associados); Hermes Sueia; Joca Estvo; Jos V. Claro; Leonardo Jnior; Levi Muthemba; Manuel Relvas (Ernst & Young); Maria Uamba; Mrio Henriques; Nadim Cassamo (ISCIM/IPCI); Nelson Sate; Paulo Deves; Ragendra de Sousa, Rolando Wane; Rui Batista; Samuel Zita, Sara L. Grosso Fotografia: Anbal Marques (Capa), Joca Faria; Luis Muianga; Sara Diva; 999 Ilustraes: Marta Batista; Pinto Zulu; Raimundo Macaringue; Rui Batista; Vasco B. Design e Grafismo: SA Media Holding Departamento Comercial: Neusa Simbine [email protected]; Mrcia Naene [email protected] Impresso: Magic Print Pty, Jhb Distribuio: Ana Cludia Machava - [email protected]; Nito Machaiana [email protected] ; SA Media Holding; Mabuko, Lda. Registo: n. 046/GABINFO-DEC/2007 - Tiragem: 7.500 exemplares. Os artigos assinados reflectem a opinio dos autores e no necessariamente da revista. Toda a transcrio ou reproduo, parcial ou total, autorizada desde que citada a fonte.

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SumrioMatOla

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Cidadela da Matola: um mega-projecto a replicarA Matola recusa o epteto de dormitrio da cidade de Maputo e avana a passos de gigante para o reforo da sua autonomia. Agora e integrada nas comemoraes do 38 aniversrio, foi a apresentao do mega-projecto da nova cidadela que inclui centro comercial e edifcios de escritrios e habitao. Uma promessa revolucionria para a recuperao do antigo terreno das antenas da RM, a que Arsnia Sithoye assistiu e aqui reporta, com fotografia de Lus Muianga.

EMPRESaS

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A importncia do ensino tcnico-profissional para o turismoComo pode o ensino tcnico-profissional contribuir para uma melhor prestao no mbito dos servios tursticos e responder procura crescente neste sector de actividade? Nadim Cassamo, Director Pedaggico do IPCI, responde pergunta e debrua-se ainda sobre a importncia deste tipo de ensino no eclodir das chamadas novas profisses.

EfEItO COlatERalChapas, para que vos quero!Dois anos aps o levantamento popular contra o agravamento das tarifas dos transportes semi-colectivos, Helga Nunes volta ao assunto, com uma retrospectiva do que se passou nesses dias. Uma verdadeira curta-metragem da crise do 5 de Fevereiro de 2008 que vai da origem do protesto s negociaes para a sada da crise e se estende actualidade, focando as novas regras de circulao e as medidas a tomar com vista sua implementao.

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tuRISMO

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PONtO dE MIRa

Para qu descentralizar a gesto dos Destinos tursticos em Moambique?O povo moambicano estar a defrontar-se com oportunidades de novos negcios vinculados prestao de servios ao turista. Esta uma das constataes de Federico Vignati, autor do livro Gesto de destinos tursticos, numa anlise em que o enfoque se concentra no caso moambicano mas onde o autor no se cobe de comparar a realidade de outros pases. 6 Revista Capital

Os transportes e as oscilaes de valor dos combustveisDando continuidade nova rubrica PONTO DE MIRA, onde mensalmente se convida um elemento de outro rgo de comunicao a falar sobre assuntos econmicos na CAPITAL, desta vez cabe a Paulo Deves, editor da publicao electrnica Raio X, o uso da palavra. O tema escolhido integra-se perfeitamente no assunto central desta edio.

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tRaNSPORtE

Inspeco e estradas pesam na balana da Segurana RodoviriaO binmio Inspeco/estradas parece influenciar directamente o futuro do sector de transportes, pelo menos no que concerne os micro e pequenos empresrios. Srgio Mabombo, no texto e Helga Nunes, nas fotos, fizeramse estrada e contam as preocupaes dos principais intervenientes que oscilam entre a necessidade de segurana rodoviria e o agudizar das condies de sustentabilidade dos seus negcios.

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EMPRESaSITC quer levar o conhecimento s transportadorasAs empresas de transportes semi-colectivos demonstraram pouco interesse em incentivar os seus funcionrios a frequentarem os cursos de formao profissional implementados pelo Instituto de Transportes e Comunicaes. Pelo menos este foi o desabafo de Lus Perdiz, director-geral do ITC, ante o fraco entusiasmo daquelas empresas. Srgio Mabombo registou esta e outras declaraes daquele responsvel, assim como as sugestes para melhorar o sector.

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fRICa dO SulVinte anos depoisA libertao de Nelson Mandela e as implicaes scio-polticas que esse acto acarretou para o futuro da frica do Sul, analisadas por E. Vasques, constituem um elemento de reflexo imprescindvel nos dias de hoje, quando das memrias j se apaga a ignonmia daquilo que representou a poltica do Apartheid.

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CINEMa

Pas pode lucrar mais com HollywoodSrgio Mabombo foi ao cinema, no o projectado na sala escura e no ecr gigante, mas aquele que se passa por detrs das cmaras e movimenta muitos milhes de dlares que constituem a alegria de produtores, realizadores e at de responsveis por cidades como Maputo que j viu por aqui passar actores como Will Smith e Leonardo Di Caprio, integrados em super produes Hollyowoodianas.Revista Capital 7

BOlSa dE ValORES

CapitoonEM ALTAAMBIENTE. No mbito do Programa de Educao, Comunicao e Divulgao Ambiental (PECODA), do Ministrio para a Coordenao da Aco Ambiental (MICOA), foram formados 300 educadores ambientais que vo trabalhar junto das comunidades na divulgao de aces de proteco ambiental, valorizando o conhecimento tradicional sobre gesto de recursos naturais. O programa dever abranger 300 localidades, nos prximos cinco anos, beneficiando mais de mil comunidades. FORMAO TURSTICA. Arrancaram na cidade de Cuamba, Provncia de Niassa, as obras para a construo de um centro de formao profissional em Hotelaria e Turismo, do Instituto Nacional de Emprego e Formao Profissional (INEFP), com a durao de cerca de trs anos, oradas em 23 milhes de meticais - montante disponibilizado pelos parceiros de cooperao do Governo do Niassa.

SOMA E SEGUEGUA. A guas de Portugal, detentora de 73 por cento na companhia guas de Moambique, consrcio que opera a rede de abastecimento de gua nas cidades de Maputo, Matola e distrito de Boane (na provncia de Maputo), afirma ter cumprido 50 por cento da sua parte na gesto da rede pblica de gua em Maputo, e assegura que completar a misso at 2014, ano em que deve devolver o empreendimento provncia de Maputo.

Coisas que se dizemInfelicidade nas estradas Moambique vem conhecendo uma tragdia que preocupa cada vez mais as autoridades: a sinistralidade rodoviria. Os atropelamentos, choques entre viaturas ou contra obstculos fixos, os capotamentos e outros tipos de acidentes so o po nosso de cada dia nas estradas moambicanas. As causas so sobejamente conhecidas, mas os efeitos das medidas tomadas tardam em produzir resultados, Leonardo Jnior, a propsito da sinistralidade rodoviria em Moambique Maleitas provenientes do parque automvel

EM BAIXAAUTOCARROS CHINESES. A compra de cinco autocarros da China movidos a gs revelou-se um mau negcio e a operao no foi antecedida por nenhum estudo de viabilidade, segundo reconheceu a empresa Transportes Pblicos de Maputo (TPM). Inicialmente, o Governo, atravs da TPM, pretendia comprar 100 autocarros, mas entretanto um dos cinco veculos importados ficou completamente destrudo na sequncia de um incndio, ocorrido numa bomba de abastecimento disponvel, e os restantes avariaram em menos de um ano. PESCA ILEGAL. Produtos pesqueiros, capturados de forma ilegal em diversos pases, no podero ser comercializados no mercado europeu. Esta interdio encontra-se no Regulamento 1010/2009 da Comisso das Comunidades Europeias, que defende, entre outras medidas, a certificao de todo o tipo de produto. Segundo fundamenta o regulamento, esta deciso pretende-se prevenir, impedir e eliminar a pesca ilegal, no declarada e a que no possua normas e medidas de execuo das suas disposies. 8 Revista Capital

O excesso de velocidade, a conduo em estado de embriagus, a m sinalizao, ultrapassagens mal calculadas e as travessias irregulares dos pees esto entre as principais causas do elevado nmero de acidentes, num pas que tem vindo a assistir a um grande crescimento do seu parque automvel, IdemPetrleodependente assim mesmo!

Apesar da continuidade da dinmica do canteiro de obras, desacelerada por causa da diminuio das receitas do petrleo, o que mostra que o crescimento da economia no-petrolfera ainda no tem expresso, ao contrrio do que diz a verso oficial -, o pas (Angola), globalmente falando, no est melhor, Fernando Pacheco, in frica 21E ainda se fala de boas prticas governativas

De resto, manteve-se o nmero exagerado de ministros (Angola), a sua atitude gastadora, a promiscuidade entre gesto pblica e negcios, a falta de prioridade efectiva ao desenvolvimento institucional e dos recursos humanos, enfim, a ausncia de uma preocupao com a tica. A equipa econmica, em geral, piorou o seu desempenho, Idem

Cta

O estgio do dilogo pblico-privado em Moambiquecom o Primeiro-ministro; reunies trimestrais com os ministros de cada rea; reunies mensais com o focal point de cada um dos ministrios ou instituies; fruns empresariais provinciais, reunio entre os empresrios de cada provncia e os respectivos governadores, as reunies mensais entre o focal point e cada provncia, entre outras. Paralelamente, foram criados pelouros que se dividem em sectoriais e transversais, os quais junto dos respectivos ministrios discutem os assuntos que constam das matrizes. Os pelouros da CTA so: Sectoriais - Agro-negcios (agropecuria, florestas, produo e processamento); Indstria, Comrcio e Servios; Construo Civil; Turismo e Transportes. Os Transversais so Poltica Fiscal, Aduaneira e Comrcio Internacional; Poltica Financeira; Poltica Laboral e Aco Social; e Poltica de Servios Pblicos. O dilogo pblico-privado uma das premissas bsicas para o desenvolvimento de pases como Moambique, que acabam de sair duma economia centralmente planificada e que, por via do posicionamento do Estado - controlava tudo, incluindo as empresas - no criou espao para que o sector privado se desenvolvesse rapidamente. A importncia do dilogo assume a referida preponderncia se consideramos as grandes barreiras que limitavam o seu surgimento/crescimento. Destacam-se entre as barreiras, o facto de a classe empresarial (sector privado) ter tido que aprender, fazendo, ou seja, no possua experincia, no teve oportunidade de acumular capital, associado fraca ou baixa qualidade dos recursos humanos e, sobretudo, vria legislao que no favorecia o ambiente de negcios. Contudo, no obstante as dificuldades, Moambique vem conhecendo, de h pouco mais de uma dcada a esta parte, um dilogo pblico-privado saudvel que no s tem estado a trazer resultados palpveis como objecto de reconhecimento, tanto dentro como fora do Pas, o que foi atestado pelo director do Banco Mundial (BM) em Moambique, Michael Baxler, que considerou o dilogo entre o governo moambicano e o sector privado um caso de sucesso e exemplo a seguir por outros pases menos desenvolvidos. Como feito o dilogo em Moambique? O sector privado moambicano organizouse em associaes, federaes, cmaras de comrcio e numa confederao, essa que aglutina todas as anteriormente referidas. Isto visava, fundamentalmente, dar uma voz nica ao sector empresarial, dado que o que se assistia era um movimento desorganizado, onde cada empresrio abordava, usando as suas influncias, directamente os ministros e outros quadros do Governo para resolverem os seus problemas individuais. Tendo-se constatado que este mtodo lhes retirava o poder de influenciar polticas, uma vez que alguns problemas derivavam de polticas, alm de que apenas favorecia a um pequeno grupo de empresas/empresrios influentes, avanou-se para a criao, em 1996, da j referida confederao. Este pequeno intrito visa dar algum detalhe resposta da pergunta acima, que se segue: O dilogo feito por via de vrias reunies, das quais se destacam a realizao da Conferncia Anual do Sector Privado, uma reunio anual com o Presidente da Repblica, Conselho Alargado de Consulta, Estgio actual vs. resultados Actualmente, apesar das vrias barreiras ainda por resolver, pode-se considerar que o processo est num bom caminho. O Governo tem estado a fazer reformas de modo a que as empresas estabelecidas no Pas tenham facilidade na tramitao de expedientes, sejam mais competitivas atravs da reduo dos custos de transaco, enfim, de modo a que o ambiente de negcios seja favorvel ao investimento nacional e estrangeiro. O caminho ainda longo, como alis, atesta o posicionamento de Moambique em diversos rankings, com destaque para o Doing Business, onde o Pas se afigura entre os piores da regio. Contudo, tal como referia anteriormente, h boas perspectivas, essas que foram renovadas recentemente pelo Primeiro-ministro, Aires Ali, aquando da sua visita CTA, na qual se mostrou aberto ao dilogo e vincou a disponibilidade do Executivo de tudo fazer para acelerar as reformas, que tiveram um grande impulso com a aprovao pelo Governo anterior da estratgia para a melhoria do ambiente de negcios, que mais no seno a agenda do sector privado.n Cremildo Maculuve, CTA

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MOaMBIQuE SEGURANA RODOVIRIA Terminais e paragens de autocarros em total desordem rodoviria

porque no existe terminal. O terminal da Padaria Nampula conhecido tambm pela sua localizao por se encontrar situado junto Estrada Nacional Nmero 1 (EN1), local onde o ajuntamento de pessoas enorme e o trnsito uma desordem. E no terminal da Faina a situao no difere das outras duas.

Actualmente, a SA Airlink possui ligaes dirias entre a Beira e Joanesburgo, o que confere mais opes aos passageiros, sendo que a rota Maputo-Joanesburgo explorada pelas Linhas Areas de Moambique (LAM) e a sua congnere sul-africana SAA.

COMPANHIA AREA TARIFAS Preo da Travessia Governo nega licena TTA-AirLink entre Maputo e Catembe O Ministrio dos Transportes e Comunicaes (MTC) nega ter atribudo licena gera reclamaespara explorao da rota Maputo/Joanesburgo/Maputo ao consrcio comercial de aviao civil formado pela moambicana TTA e pela sul-africana Airlink. A TTA Airlink uma nova companhia area constituda pela Sociedade de Transporte e Trabalho Areo (TTA) de Moambique e a sul-africana SA Airlink, cujo incio das actividades se econtra previsto para breve. O MTC atravs de um documento nega ter, em algum momento, concedido licena de explorao companhia referida para operao na rota em questo. No documento, o Ministrio esclarece que companhia sul-africana TTA Airlink foi atribuda a licena provisria e certificado de operador areo. Todavia, ainda no lhe foi atribuda a rota Maputo-Joanesburgo e vice-versa. Como tal, a mesma no pode realizar voos regulares. O MTC refere ainda que pelo facto do Instituto de Aviao Civil de Moambique (IACM) ter concedido os direitos de explorao da rota Maputo-Joanesburgo-Maputo companhia TTA SARL, tal no implica que a rota possa vir a ser operada pela TTA- Airlink, alegadamente devidamente s licenas serem intransmissveis. Na TTA Airlink, a SA Airlink detm 49% das aces, sendo as remanescentes pertencentes TTA SARL. A reduo das tarifas de travessia para veculos de Maputo para Catembe, e viceversa dever abranger todos os utentes que usam aquela via, desde que estejam devidamente identificados pelas respectivas autoridades administrativas. A medida, que surgiu na sequncia de reclamaes de utentes, beneficia em grande escala os agentes comerciais, comeou a ser aplicada e visa aliviar os custos em funo dos preos que entraram em vigor no princpio de Fevereiro. Os preos ora em vigor variam entre os sete meticais e meio para as bicicletas e 660 para veculos pesados de passageiros e carga com peso entre 6.000 e 8.000 kg, respectivamente, nos dias teis. Aos fins-de-semana, os preos variam entre 12 e 770 meticais para o mesmo tipo de veculos. A reduo no preo varia entre 13 a 40 porcento, consoante o peso que cada veculo apresentar na altura em que pretender efectuar a travessia. O administrador da Transmartima, Ernesto Nhambi, explicou que a identificao dos agentes comerciais est a ser feita pelas autoridades municipais e distritais das zonas do outro lado da baa e s depois de identificados que se ir definir qual ser o mecanismo a ser aplicado para a cobrana de tarifas reduzidas.

As paragens e terminais de chapas e autocarros inter-provinciais e inter-distritais no municpio de Nampula parecem no obedecer a qualquer critrio de segurana rodoviria, de acordo com o Canal Moambique. Dentro da cidade, os locais previamente estabelecidos como paragem obrigatria dos chapa-100 que fazem as rotas urbanas, h muito que no so usados e a situao est a criar embaraos no trnsito rodovirio. Nas horas de ponta est a ser difcil circular por algumas artrias da cidade. No municpio, os condutores das viaturas de transporte de pessoas e bens no cumprem com as regras de trnsito. Nos terminais inter-provinciais e distritais, a situao complicada. As trs principais paragens, nomeadamente a do mercado do Nahaloco, Padaria Nampula e da Faina, revelam ser um autntico perigo para os transeuntes. Na paragem de Nahaloco, mais conhecida por paragem de Angoche, que simultaneamente d acesso aos distritos de Moma, Mogovolas, Angoche, Mogincual e provncia da Zambzia, os passageiros so obrigados a permanecer junto da estrada,

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OPINO EMPRESaS

Entrevista ao Director Geral do Inatur

A

nvel internacional quem fala de turismo, fala de regras, de directivas, de normas e, sobretudo, de profissionalismo e de formao adequada s inmeras tarefas que a presena de visitantes, originrios de outros pases ou de outras partes do pas, origina naturalmente.

Falar de turismo , tambm, conhecer melhor a estrutura de toda a organizao que se responsabiliza pelo enquadramento das vrias actividades desta rea de negcio. Para um completo esclarecimento destes e de muitos outros aspectos, nada melhor que perguntar ao Director Geral do Inatur, Dr. Bernardo Dramos, como, na realidade, tudo acontece. Do resultado dessa entrevista daremos conta neste e nos prximos nmeros. O que o Inatur, de onde vem, qual a sua misso? Na verdade, o Instituto Nacional do Turismo (Inatur) vem de um processo evolutivo, daquilo que era o Fundo de Turismo (Futur). O sector do Turismo, do ponto de vista do Governo, estruturouse, fundamentalmente, a partir da existncia do Ministrio do Turismo (Mitur). Na altura foi criado um brao executivo do Ministrio do Turismo que foi o Futur. Este, tinha, dentro do seu mbito de operao, algumas actividades importantes que eram, particularmente, promover o pas como um destino turstico e tambm fomentar o empreendedorismo no seio dos moambicanos, dar oportunidade aos moambicanos de ingressar no sector do turismo exercendo actividades empresariais, oportunidade de crescimento do sector, criando emprego e massificar a presena de instncias e actividades tursticas nos mais diversos cantos do pas. Aps todo um processo de crescimento que o sector observou, depois de cerca de dez anos, o Governo percebeu que j havia se atingido um certo nvel de crescimento nas vrias actividades que eram desenvolvidas pelo Futur, particularmente nestas duas, que havia necessidade de encontrar um outro organismo que tivesse uma capacidade e amplitude da sua operao muito mais alargada, porque o nvel de crescimento do sector j ultrapassava aquilo que era o escopo de operao do Futur. Foi assim que o Governo decide criar um Instituto, no lugar de um Fundo. nessa perspectiva que criado o Inatur, que uma entidade que tem toda a parte que era executada pelo Futur e muito mais. criado na perspectiva de continuar a ser uma instituio tutelada pelo Mitur, o qual exerce uma srie de outras actividades para alm daquelas que eram exercidas pelo Furur, neste caso a promoo

do pas como destino turstico e o incentivo ao pequeno e mdio empresariado, para ingressar no sector de turismo. Neste momento, temos o Inatur a operar nas reas de promoo de investimento no sector do turismo, temos o Inatur a exercer uma funo que era do Ministrio, que o processo de classificao e reclassificao de instncias hoteleiras, temos o Inatur a fazer a gesto do patrimnio turstico do Estado e temos o Inatur a exercer as actividades de formao, atravs de instncias prprias, como o Hotel Escola Andalucia, instituies do Estado que esto vocacionadas para a formao de profissionais do sector. Em linhas muito curtas, a misso do Inatur , efectivamente, traduzir aquilo que so as polticas e os objectivos do Governo, ao nvel central, para o sector do Turismo. O Inatur constitui o elo de ligao principal entre o Governo Central e os operadores tursticos. Tem a misso de promover o crescimento acelerado do sector do Turismo, promovendo a compreenso e a traduo dos objectivos das polticas para aspectos realizveis, fazer com que o sector privado compreenda, com maior facilidade, aquilo que so as polticas. Para alm de ser um orgo de fomento, tambm um orgo que exerce a actividade turstica. O Inatur tambm faz gesto de patrimnio turstico do Estado O patrimnio turstico do Estado, seja ele criado aps a independncia, como herdado, no processo das nacionalizaes, pertenceu, numa determinada fase, Empresa Nacional do Turismo. Paulatinamente este patrimnio transitou para o ex-Futur que hoje o Inatur. Estou a referir a uma propriedade importante do Estado como o Hotel Polana. O Polana uma propriedade turstica do Estado Moambicano que, neste momento, est adjudicado ao Inatur e, este, por sua vez, faz a sua prpria gesto. Estamos a Falar do Hotel Cabo Delgado, estamos a falar do Hotel Chuabo, do Hotel Tivoli e vrios outros empreendimentos... temos participaes financeiras especificamente do sector do Turismo, em que o Inatur representa o Estado, como a participao no Casino Polana, a participao na empresa Frexpo. H alguns ganhos importantes que preciso salientar. Um deles que melhora a compreenso do Inatur daquilo que seria a operacionalizao das instncias tursticas e, sendo o Inatur o elo de ligao entre o sector privado e o Mitur, facilita a nossa evoluo, como instituio. Por outro lado, o Inatur, sendo um instituto pblico, constituem aquelas instncias, fontes de rendimento para dar capacitao financeira ao Inatur para executar aquilo que so as actividades que o Ministrio do Turismo e o Governo dele espera.Revista Capital 11

MatOla

Cidadela da Matola: um m

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Arsnia Sithoye (texto) . Lus Muianga (fotos)

desenvolvimento scio-econmico do Municpio da Matola torna-se, cada vez mais, visvel e alargado a uma vasta zona que ainda possui diversos espaos por explorar e reas residenciais em franca expanso. Saltam vista os gigantescos condomnios erguidos em Tshumene e Malhampsene, alm das grandes manses existentes nos bairros da Matola Rio e de Belo-Horizonte, as estradas reabilitadas e as novas rotas de transporte. A aposta no engloba apenas o maior parque industrial do pas nem o interesse puramente residencial. A Matola j possui um Parque de Educao que junta algumas instituies de ensino superior, como o caso do Instituto Superior de Economia e Gesto (ISTEG) e o Instituto Superior de Arte e Cultura, entre diversas escolas primrias e jardins infantis. Mas a maior surpresa foi, sem dvida, o 12 Revista Capital

anncio pblico da construo do megaprojecto Cidadela da Matola, por altura das festividades do seu 38. aniversrio enquanto cidade. Trata-se de um projecto imobilirio que surgiu da parceria entre as empresas sulafricanas McCORMICK - Propriedade de Desenvolvimento, PIC - Public Investiment Corporation (detentora de 50% dos centros comerciais na frica do Sul), e a empresa moambicana SFI (consrcio moambicano constitudo por empresas de investimento) num esforo financeiro global estimado em cerca de 220 milhes de USD, (cerca de um bilio de randes). O administrador da Cidadela da Matola, Lcio Sumbana, referiu que o plano inicial do projecto (feito em 2007) consistia em executar o projecto na totalidade, e, mais tarde, convidar o mercado local explorao. Entretanto, a crise econmica de 2008 veio alterar o plano inicial e o grupo de investidores teve de optar por desenvolver

apenas os focos do seu interesse directo. Nesse sentido, a parceria ir responsabilizar-se pela construo do centro comercial, do edifcio do Governo da Provncia de Maputo, da zona residencial e de escritrios e do ginsio, num investimento estimado em 180 milhes de dlares, sendo que o mercado local ser convidado no sentido de desenvolver o remanescente. Se um privado est disposto a desenvolver o seu escritrio, pode escolher entre sermos ns a desenvolver e entregarmos as chaves, desenvolvermos em parceria com o interessado, desenvolvermos e o cliente pagar a renda atravs de Leasing, ou o cliente compra o espao e desenvolve pessoalmente. Porque pode aparecer um cliente que queira um prdio de 20 ou mais andares e no podemos prever o que o cliente vai querer e nem calcular os custos. Da a razo de no termos um valor exacto para este projecto , explicou Lcio Sumbana, acrescentando que a aquisio de espaos por parte dos clientes no poder alterar o plano urbanstico concebido para o projecto, tendo estes que adoptar o sistema j existente. Segundo aquele responsvel, j existem clientes que pretendem instalar-se na Cidadela, como o caso de uma empresa de Mdia, para alm de cinco hectares que j foram reservados para uma clnica de sade e outros empreendimentos.

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mega-projecto a replicarnosso desenvolvimento econmico e social e ser um campo aberto para prosseguirmos com o combate pobreza no nosso municpio, e no s. O edil da Matola sublinhou o facto de este ser um projecto com uma dimenso africana e mostrar as boas relaes de amizade existentes entre os moambicanos e sul-africanos. Quanto aos custos das infraestruturas, a diviso a seguinte: sistema de saneamento (quatro milhes de dlares), arruamentos (10 milhes de dlares), Centro Comercial (70 milhes de dlares), e o clculo para o desenvolvimento encontra-se prximo dos 220 milhes de dlares. Em relao ao centro comercial, o projecto conta com 65% de ocupao em termos de mostra de interesse para a 1. fase, no tendo assinado ainda nenhum contrato - o que ir decorrer dentro dos prximos cinco meses. A Cidadela ir gerar cerca de dois mil empregos de um total de oito mil, no fim do projecto, e ir disponibilizar servios existentes na frica do Sul, como o caso de lojas de marcas internacionais e locais, bem como produtos e servios encontrados nos centros comerciais de nvel internacional, mas com um toque da cultura moambicana. Segundo Jason McCormick, este centro ir facilitar o acesso de certos produtos e servios ao povo moambicano uma vez que estes exibiro preos acessveis. O mesmo ir acontecer com a clnica privada, onde se pretende disponibilizar servios de nvel internacional mais baratos e de maior qualidade. Feitas as contas, sero entre 110 e 120 lojas de produtos alimentares, e restaurantes de nomes sobejamente conhecidos. As obras do centro comercial podero comear em Julho deste ano e prev-se que durem entre 16 a 18 meses. O grupo, considera que, com o rpido crescimento da economia Moambicana, a falta de habitao tem sido um dos maiores problemas para os muncipes, principalmente para os jovens recm-formados, da ter-se projectado na Cidadela da Matola uma zona residencial para que estes possam adquirir casas (ou apartamentos) de qualidade a preos que variam entre 120 a 210 mil dlares. O edifcio pertencente Rdio Moambique (RM) que j existe no terreno ser transformado num Museu de Cultura e Histria da Comunicao Social em Moambique, sendo que as mquinas transmissoras l existentes desde 1926 e o gerador que em tempos de guerra garantia a energia elctrica zona da Matola sero alguns atractivos do mesmo. Apesar de se aguardar a aprovao do Conselho Municipal da Matola, a implementao do projecto poder ter incio em Abril, e sendo bem sucedido a ideia de uma Cidadela poder vir a ser replicada em outras urbes do pas.nRevista Capital 13

No que concerne ao ginsio, esto a decorrer negociaes com um grupo sul-africano para uma parceria em que cada uma das partes ir participar com 50 %. O recinto desportivo, ir servir para o treino de vrios atletas de Maputo e da Matola, bem como para as equipas locais e nacionais. Em termos do hotel, estamos a negociar com um grupo hoteleiro da frica do Sul que pretende que construamos a infraestrutura e eles iro gerir com um plano de arrendamento de 10 anos renovveis. Estas so as reas que j tm pessoas interessadas mas que vo trabalhar em parceria connosco. A clnica no ir trabalhar em parceria connosco, concluu. O projecto ser construdo no terreno do antigo Centro de Transmisso da Rdio Moambique na Matola, onde sero construdos um centro comercial de 46 mil metros quadrados, edifcios para escritrios, uma zona residencial, uma clnica privada e centro de sade, um centro desportivo e ginsio, uma zona hoteleira com centro de conferncias, zona para vendas e servios de produtos automveis, zona de mercado grossista e vrias reas para restaurantes, parques e jardins. Ser tambm erguido naquele terreno um complexo governamental de quatro edifcios com vrios departamentos do Governo da provncia de Maputo, e um para o Conselho Municipal da Matola.

Cidadela: O motor econmico O grupo pretende que este projecto seja um mecanismo para arrancar a actividade econmica na Matola e reduzir a presso que se faz sentir na cidade de Maputo por falta de espao. O director geral da McCORMICK, Jason McCormick, revelou no discurso de lanamento que o projecto Cidadela da Matola conta com os fundos prprios provenientes do fundo de penses, resultante dos contribuintes sul-africanos e no depende da ajuda de outra instituio financeira e ou de antigas potncias colonizadoras. Pretende-se que este seja um projecto africano que conta com contribuies dos africanos e, atravs dele, queremos demostrar o quo podemos desempenhar em prol do desenvolvimento daquilo que so as nossas iniciativas para sairmos da situao de desespero em frica, afirmou Jason McCormick. Por seu turno, o presidente do Municpio da Matola, Aro Nhancale, referiu que este projecto de extrema importncia para o Municpio, que por sua vez participou na definio de alguns pormenores para a sua implementao, e que a Matola se sente projectada nele. O incio deste projecto vai certamente dinamizar a nossa economia, e, por conseguinte, o

MatOla

Novo plano define gesto do solo urbano na Matolauma altura em que as chuvas torrenciais tm fustigado a provncia de Maputo, particularmente as cidades de Maputo e da Matola, o Conselho Municipal da Cidade da Matola esboa um novo Plano de Estrutura Urbana com vista a melhorar a mobilidade e acessibilidade, bem como definir regras urbansticas claras de ocupao do solo. A ausncia de servios convenientemente distribudos pela cidade, a reconverso de indstrias em servios e comrcio, a expanso da cidade gerida sem regras urbansticas claras, a escassez de plos de actividade geradores e distribuidores de riqueza, so alguns dos problemas identificados naquela urbe. O Plano de Estrutura Urbana do Municpio da Matola procura definir de forma clara os passos a serem seguidos para o ordenamento territorial nos prximos 10 anos e constitui uma verso preliminar de como ser feita a gesto dos solos por parte das autoridades municipais. A elaborao do mesmo foi financiada pela Cooperao Espanhola no valor de 250 mil euros e contou com o apoio tcnico da Faculdade de Arquitectura e Planeamento Fsico da Universidade Eduardo Mondlane (UEM). Para conhecer o parecer dos muncipes relativamente ao novo Plano de Estrutura Urbana, foi realizada uma audincia pblica no Auditrio Municipal Carlos Tembe, presidida pelo Presidente do Conselho Municipal da Matola, Aro Nhancale. Iniciativa atravs da qual os participantes aconselharam a edilidade a proceder formao urgente de tcnicos capazes de assegurar a

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Arsnia Sithoye (texto). Lus Muianga (fotos)

execuo do projecto, e de encontrar mecanismos para reduzir o impacto que os custos sociais do plano podero causar. Em 2009, foi igualmente realizada uma audincia pblica e vrios encontros populares de onde saram opinies e idias que foram acrescentadas no plano preliminar ora apresentado. Durante a audincia foi proposta a construo de terminais regionais, internacionais, locais em diversos pontos identificados como viveis, a partir de onde se possa facilitar a circulao de pessoas e bens no territrio municipal. Esta proposta vem ampliar a idia j inscrita no dito Plano de construir uma nova estrada ligando a EN1 EN4 e reactivar as vias interiores, actualmente fora de uso, devido s ms condies de conservao, facto que ir facilitar a mobilidade no espao municipal. O novo plano foi esboado ciente de que a Matola para alm de ser uma rea residencial e industrial, poder ser melhor aproveitada como um centro multifuncional e de desenvolvimento de reas como o turismo, a educao, a sade e a cultura. Sendo assim, no mbito do plano, a cidade da Matola foi dividida em cinco reas distintas, nomeadamente a zona urbanizada, o espao multifuncional, a rea urbanizvel, a zona destinada implantao de indstrias no poluentes e uma outra destinada a equipamentos sociais e servios pblicos. Uma outra zona reservada agricultura, considerando que a Matola tambm pode funcionar como reserva agrcola da rea metropolitana. Os mentores do plano acreditam que, apesar do estatuto j alcanado, mesmo a zona urbanizada carece de intervenes de

forma a adequ-la melhor s novas exigncias impostas pelo crescimento da populao. E referiu, a ttulo de exemplo, zonas como Matola sede, Fomento e Liberdade que precisam de espaos de utilidade pblica, jardins e comrcio. O representante da Faculdade de Arquitectura e Planeamento Fsico da UEM, Joo Tique, considera que a participao da comunidade no processo extremamente importante, pois assim a mesma ir perceber a importncia de ter uma infraestrutura de utilidade pblica na sua zona e pode ceder alguns metros dos seus talhes, evitando a demolio de imveis e a remoo das famlias. Segundo Joo Tique, uma das componentes que tem dado maior nfase no plano a proteco de zonas imprprias para a construo. H um documento que constitui um mapa de condicionantes e nele aparecem zonas que no podem ser construdas como faixas das bermas das estradas, zonas de proteco de aquedutos, gasodutos, e de linhas de alta tenso e zonas baixas de fcil inundao, revelou. De referir que o plano s ser implementado depois de aprovado pelos rgos municipais, passando pela rectificao das entidades competentes, e, por fim, publicado no Boletim da Repblica. n

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tuRISMO

Para qu descentralizar a Gesto dos Destinos Tursticos em Moambique?

Federico Vignati * (texto) . Helga Nunes (foto)

medida que a actividade turstica em Moambique vem alcanando um novo patamar de desenvolvimento e que se revela nos melhores indicadores de gasto e permanncia do turista, hoje estimados pelo Ministrio do Turismo (Mitur) em 100 dlares norte-americanos e 2,8 dias em mdia, respectivamente, um conjunto de oportunidades de novos negcios vinculados a esta actividade econmica, vem-se tornando cada vez mais evidente. Dadas as condies de crescimento e estabilidade socioeconmicas e de polticas actuais, possvel estimar que em Moambique o investimento directo no turismo dever ganhar flego nos prximos cinco anos, superando em muito o histrico acumulado. Da mesma forma e numa velocidade cada vez maior, o povo moambicano estar a defrontar-se com oportunidades de novos negcios vinculados prestao de servios ao turista. Podendo-se destacar, principalmente, oportunidades no segmento de turismo receptivo (alojamento, transporte, alimentao, produo artstica e cultural).

Entretanto, para que a economia do turismo se desenvolva de maneira mais dinmica, resulta importante que os distritos estejam cada vez mais preparados e independentes em termos de capital humano e competncias legais. Para alcanarmos este novo patamar, preciso que seja executado um amplo processo de descentralizao da gesto pblica do turismo em Moambique, tendo aos distritos/municpios tursticos como principais responsveis pela gesto e planeamento. Se isto for possvel, o turismo em Moambique ir consolidar-se como segmento fundamental da economia nacional, ampliando a sua capacidade de distribuir renda, beneficiar directamente os mais pobres e estimular o empreendedorismo, principalmente no mbito das Micro, Pequenas e Mdias Empresas. Tendo esta preocupao, gostaria de destacar dois conceitos centrais e inerentes economia do turismo. O primeiro relacionado com a estrutura do mercado turstico e o segundo vinculado com a estrutura produtiva do sector. O meu objectivo fortale-

cer a ideia da descentralizao e trazer ao debate alguns dados que nem sempre so bvios. Sobre a estrutura de mercado turstico, veja que quando se pensa em turismo a primeira imagem que normalmente vem tona a de um estrangeiro que est a visitar Moambique. Esta imagem, embora comum, pode no estar totalmente correcta. A perspectiva do turista estrangeiro sustenta-se em, pelo menos, duas idias ultrapassadas. A primeira, no histrico colonialista de Moambique e que tambm partilham outros pases como o prprio Brasil, onde se tem (ou teve) a idia de que o turista aquela pessoa de fora, que imaginamos ter uma renda maior do que a nossa e, portanto, com condies de fazer turismo. Evidentemente esta imagem, embora enrazada no nosso imaginrio, no mais vlida e, como tal, a nvel de gesto pblica do turismo, temos de ter cuidado para no focarmos a energia e os recursos apenas neste segmento (turismo internacional), que embora extremamente importante para a economia moambicana, no o nico. A segunda que somente o turista esRevista Capital 15

tuRISMOtrangeiro traz benefcios para a economia do pas. Esta idia est parcialmente correcta, pois o turismo traz divisas para o pas e oxigena o comrcio exterior, ao passo que o mercado domstico (interno) possui caractersticas prprias que o tornam extremamente importante. O mercado domstico exerce um papel dinamizador de num conjunto de variveis econmicas fundamentais, podendo destacar sua capacidade de estimular a incluso social das camadas mais pobres e de distribuir a renda, isto porque o mercado nacional reconhece e aceita melhor a cultura e o produto moambicano. Assim mesmo, o mercado domstico, quando mais desenvolvido, contribui com o aumento da escala produtiva do sector privado, permitindo a reduo dos custos operacionais e estimulando a entrada de novas empresas e de maiores investimentos. Por exemplo, contando com a fora do mercado domstico moambicano, que um mercado bem mais estvel e potencialmente maior que o internacional, que seria possvel imaginar quatro ou cinco empresas do segmento areo competindo entre si em Moambique, oferecendo passagens para viagens internas a preos mais razoveis. Contando apenas com o mercado internacional, tal fica economicamente invivel. A realidade que o principal mercado turstico que detm um pas o mercado domstico. Evidentemente esta no pode ser a realidade de pases que vivem em guerra, na extrema pobreza ou de ilhas com baixa densidade populacional. Embora Moambique ainda seja um pas com problemas sociais e econmicos que ainda precisa resolver, tambm um pas que, nos ltimos cinco anos, apresentou importantes nveis de crescimento econmico, acumulando no perodo de 20052010 mais de 30% de expanso do PIB. Este crescimento materializa-se nas milhares de pessoas que alcanaram estabilidade laboral, melhoria na renda, acesso a melhores empregos e inclusive ampliaram a sua capacidade de poupana e consumo. Um indicador disto a exploso no nmero de veculos que vemos hoje circulando no pas, outro a crescente expanso e valorizao imobiliria. Estes milhares de moambicanos que beneficiaram do crescimento econmico experimentado so turistas domsticos em potencial, com capacidade de contribuir de maneira mpar com a distribuio da renda neste pas e com o desenvolvimento de uma actividade turstica economicamente mais expressiva. De acordo com o Estudo da Cadeia de Valor do Turismo realizado pela SNV em parceria com o Mitur e os membros do Grupo Consultivo do Turismo da Cidade de Maputo, 44% dos turistas que visitam Maputo, so moambicanos. Este dado extremamente importante, no sentido de verificar que o mercado domstico j exerce uma importante influncia no desenvolvimento de Maputo, o principal destino turstico do pas. Mas, entretanto, preciso conhecer este segmento mais a fundo e estimul-lo cada vez mais. O turista moambicano um gigante que precisa de entrar em cena para viabilizar maiores investimentos pblicos, a entrada de novas empresas de aviao, rodovirias, hoteleiras, assim como a expanso de milhares de novas Pequenas e Mdias Empresas (PMEs). Tem um dado que gosto de partilhar, uma vez que ilustra bastante estas ideias. No Brasil, circulam 50 milhes de turistas domsticos por ano. Em contrapartida, so 5 milhes de turistas estrangeiros que visitaram o Brasil em 2008. Na sua opinio, ser que a indstria brasileira de turismo teria a mesma fora se manifestasse uma grande dependncia do mercado internacional? Poderia o Brasil possuir cinco empresas areas competindo entre si e movimentando mais de 43 milhes de viagens areas internas sem um mercado domstico forte? Feita esta reflexo, agora vejamos o segundo ponto, aquele vinculado estrutura produtiva do turismo, para isto, apresento alguns indicadores econmicos. De acordo com pesquisas recentes, foi identificado que mais de 85% da indstria do turismo de Frana est constituda por PMEs, no Brasil o segmento das PMEs corresponde a 85% da indstria e na Espanha atinge 90%.1 Estes dados revelam uma caracterstica essencial da estrutura produtiva do turismo. O turismo eminentemente uma actividade constituda por PMEs. Evidentemente a presena de estruturas bsicas de logstica, comunicao e segurana, so fundamentais. E, entretanto, atendidas estas estruturas bsicas, o corao do sector estimulado pela inovao e criatividade dos pequenos e mdios empreendedores. com esta conscincia, sobre a importncia do mercado domstico e da relevncia das PMEs que o sector pblico precisa olhar com muito carinho para um programa de descentralizao da gesto dos destinos tursticos em Moambique. O turismo um fenmeno local, cujas problemticas precisam ser compreendidas e resolvidas neste mbito. Como tal, os distritos e municpios de Moambique ocupam um papel central no sentido de ordenar o territrio e planear estmulos que encorajem todos aqueles que sonham e se arriscam como empresrios a ter sucesso, e, com isto, ajudar ao desenvolvimento de seu pas - Moambique. A SNV em Moambique actua a nvel nacional com o MITUR, INATUR e AHSM e nos destinos de Maputo e Inhambane, com o objectivo de poder viabilizar aces que permitam o desenvolvimento do mercado domstico e o estmulo a uma economia cada vez mais pro-pobre e justa. Que viva o empreendedor moambicano. Que viva o mercado domstico, e, por favor, viajem! n(*) Assessor Snior de Desenvolvimento Econmico da SNV Autor do LivroGesto de Destinos Tursticos, publicado no Brasil pela Editora SENAC. www.federicovignati.blogspot.com

Fonte: SEBRAE (2007) , TURESPANHA (2005) e WTTC (2005),

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EMPRESaS

Nadim Cassamo Director Pedaggico do Instituto Profissional de Comunicao e Imagem (IPCI)

A importncia do tcnico-profission

a actualidade, o mercado de trabalho impe srias dificuldades a quem procura estabilidade no seio do trabalho. Em todas as reas necessrio conhecer bem o ambiente profissional para se ter uma oportunidade. Outro dado extremamente importante neste momento o das incertezas em relao ao mundo de trabalho no que diz respeito s mudanas no perfil profissional que est actualmente muito voltado para o conhecimento como principal ferramenta de trabalho. O conhecimento , cada vez mais, o motor da nossa sociedade. A qualificao dos recursos humanos, com particular relevncia para a elevao das qualificaes da populao activa constitui uma das prioridades. A melhoria dos nveis de qualificao assume uma importncia estratgica sendo essencial sustentao de um novo modelo de desenvolvimento, e baseada na inovao e no conhecimento. Duas realida18 Revista Capital

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des que asseguram a renovao do modelo competitivo da nossa economia e promovem uma cidadania de participao. Assim, encarar uma profisso como uma simples ocupao destinada a garantir a sobrevivncia j no possvel. Factores como a orientao vocacional, a persistncia, a criatividade, a autoconfiana, a responsabilidade a par com os conhecimentos e o desenvolvimento de competncias essenciais e transversais so determinantes no s para o sucesso profissional individual, mas tambm para o da instituio. Alm do impacto vocacional existem outros elementos determinantes, como a iniciativa, a determinao, a criatividade, a persistncia, a autoconfiana, os conhecimentos tcnicos e o sentido de profissionalismo, os quias representam mais do que encarar a profisso como uma simples ocupao destinada a garantir a sobrevivncia. Os futuros profissionais, durante a graduao, devem ter acesso a uma viso abran-

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o ensino nal para o turismocialmente o Ingls), so requisitos bsicos para quem se aventura no mercado e deseja ter sucesso. O potencial do turismo moambicano inegvel, tendo em conta que dispe de uma extensa e variada gama de recursos tursticos naturais, culturais e histricos, podendo apostar nas diversas vertentes do turismo, desde o turismo de aventura, lazer, negcios, at ao ecoturismo e ao turismo religioso. Nos ltimos anos, tem-se verificado que o turismo em Moambique est gradualmente a evoluir. O crescimento do nmero de turistas, o crescimento dos investimentos, a expanso da capacidade de alojamento e dos servios inerentes ao turismo e a melhoria da qualidade do produto so factores que testemunham o futuro encorajador desta indstria. No entanto, e apesar das suas potencialidades, o turismo moambicano caminha a passos curtos e assume uma projeco ainda longnqua. Precisa ser avaliado e planeado de forma a que possa competir de igual para igual com outros pases que no possuem a dimenso da matria-prima que detemos, mas que devido a uma cuidada gesto e eficincia profissional se encontram no patamar dos pases mais procurados. Num mundo to mutvel e flexvel, como orientar os futuros profissionais de modo a que correspondam s exigncias de forma criativa e inovadora? Talvez a resposta passe pelo investimento em segmentos do turismo diferenciadores que permitam que o turista se interesse em explorar actividades desvinculadas do turismo de massa (sol e mar), como por exemplo o ecoturismo ou o turismo de aventura. No adianta investir em equipamentos hoteleiros, se no houver profissionais qualificados no atendimento ao turista, que contribuam para que as expectativas dos clientes sejam positivas. Para tal, necessrio investir na Marca Moambique, no s vendendo-a no Exterior - destacando as suas potencialidades naturais e culturais - mas procedendo a uma explorao inteligente, rentvel e significativa da mesma, gerando um retorno mensurvel. O Turismo est a crescer cada vez mais no nosso pas e urge desenvolver o Projecto de Educao Turstica nas escolas. Moambique, de facto, poder ser uma das grandes referncias mundiais na rea do turismo de qualidade, da que o binmio educao/formao assuma particular relevncia para o sector do turismo. nRevista Capital 19

gente, completa e realista do que a profisso e o mercado turstico representam. Para isso, essencial que o seu percurso seja orientado por um projecto pedaggico consistente, cujos objectivos sejam claros e desafiadores. Ciente da necessidade do mercado face exigncias do sector turstico, o IPCI (Instituto Profissional de Comunicao e Imagem) incluiu no seu leque de ofertas o curso de Turismo, alm das reas de Marketing, Relaes Pblicas e Publicidade; Jornalismo; Multimdia; Gesto e Contabilidade; Design Grfico, de Moda e de Comunicao 3D. Nesse sentido, o tcnico mdio tcnicoprofissional em Turismo ser formado de modo a possuir e fazer uso de conhecimentos e competncias fundamentais. Ser formado para se tornar um profissional qualificado, realizado individual e socialmente, podendo desempenhar funes bastante diversificadas em diversos sec-

tores da actividade turstica. A ttulo de exemplo, os futuros profissionais podero ocupar cargos no sector privado, nomeadamente na hotelaria, nas agncias de viagens e de turismo, nas companhias areas e no sector de transporte, assim como na rea de eventos (exposies e feiras comerciais e indstriais). Por outro lado, o capital humano formado no IPCI ser capaz de desenvolver cabalmente actividades no sector de recreao e lazer; marketing e venda turstica; centros de informao, documentao e pesquisas tursticas; rgos oficiais de turismo, instituies de carcter misto para fomento, planeamento, pesquisa e controlo de actividades tursticas. Independentemente do local onde trabalhar, o profissional da rea de turismo ir certamente enfrentar um mercado exigente e em constante mutao. As mudanas dizem respeito, especialmente, s novas tecnologias e importncia crescente do sector tercirio na economia. E os conhecimentos de informtica, aliados ao domnio de lnguas estrangeiras (espe-

tRaNSPORtES

Encurtamento de rotas com os dias contadosSrgio Mabombo (texto) . Lus Muianga (fotos)

encurtamento de rotas por parte dos operadores semi-colectivos de passageiros tem os dias contados, segundo garantias dadas por Taibo Bacar, alto responsvel da Direco Nacional dos Transportes de Superfcie. Para combater a prtica, a partir do presente semestre, o Governo s passar a concessionar o direito de circulao aos operadores que se apresentarem no mercado com o estatuto de empresa. Em paralelo, a atribuio do direito de explorao de rotas ser feito a ttulo de exclusividade, o que ir permitir uma maior facilidade de combater o fenmeno, uma vez que ser uma nica empresa a explorar determinada rota, segundo explicou a mesma fonte. A prtica do encurtamento de rotas permite aos chapeiros ganharem duas ou trs vezes mais o que o trajecto normal lhes permitiria, facto que se verifica com a actual carncia de transportes colectivos a nvel do pas. Assim, os autocarros de 15 lugares, nos quais o passageiro paga 7.5 meticais nas rotas inter-urbanas, permitem auferir 135 meticais por viagem. Com o encurtamento da rota, o valor pode duplicar ou triplicar alcanando uma soma que varia entre 270 e 405 meticais. Para fazer face actual carncia de transporte, o pas ir beneficiar de 350 autocarros com capacidade para 40 lugares e 200 txis, uma iniciativa resultante das Parcerias Pblico Privadas (PPPs). Os autocarros iro juntar-se anterior frota que, at 2008, era composta por 176 viaturas. Na anterior frota, a provncia de Maputo beneficiava de maior nmero de autocarros com uma soma de 116, seguindo-se a Beira com 31, enquanto que em Inhambane e Quelimane a frota foi reforada para seis. A contribuio do Governo na referida parceria tem consistido na iseno de taxas aduaneiras e do Iva, enquanto o sector privado disponibiliza os montantes que entretanto, no foram revelados. Na esteira das PPPs, Taibo Bacar da opinio segundo a qual os operadores semi-colectivos deveriam estabelecer as 20 Revista Capital

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parcerias no s com o Governo mas tambm com outros agentes privados, essencialmente os bancos de crdito. Refira-se que os veculos de transporte

de passageiros licenciados at 2008 totalizavam 178 na carreira interprovincial, enquanto os semi-colectivos cifravam-se em 848. n

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Chapas, para queLus Muianga (foto)

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Helga Nunes

oi h dois anos. No dia 4 de Fevereiro, j circulavam mensagens por telemvel a anunciar uma greve em virtude do agravamento da tarifa dos transportes semi-colectivos, que iria entrar em vigor no dia seguinte, devido ao aumento dos preos dos combustveis. A 5 de Fevereiro, a populao resolveu discordar do aumento do preo dos vulgos chapas de forma violenta e, por volta das sete da manh, diversos grupos de indivduos tomavam de assalto as ruas que do acesso cidade de Maputo. Em causa estava a aplicao das tarifas de 7,5 meticais (para o permetro urbano) e de 10 meticais (fora do permetro urbano) - que acusavam um aumento de 2,5 MT cada - acordada pelo Governo e pela Federao Moambicana das Associaes dos Transportadores Rodovirios (FEMATRO). A periferia e os acessos capital de Moambique estiveram afectados por manifestaes de desagrado levadas a cabo pela populao, e os bairros mais conturbados foram os de Zimpeto, Magoanine, Kongo22 Revista Capital

lote, Benfica, Misso Roque, Hulene, Chamanculo, Mikadjuine, Mahlazine, Xiquelene, Urbanizao, Polana-Canio e Triunfo (na Costa do Sol). Os utentes dos chapas no gostaram da medida anunciada e decidiu demonstrar o seu total desacordo, manifestando-se agressivamente. Queimou pneus, ergueu barricadas, apedrejou viaturas de particulares e vandalizou estabelecimentos comerciais. Grandes barricadas constitudas por contentores do lixo, pedregulhos, troncos, rvores abatidas, carcaas de viaturas, postes de transporte de energia, entre outros, foram depositadas em diversas avenidas impossibilitando o acesso e o trnsito de automveis. O fumo e a cinza invadiram a metrpole. E a queima de pneus foi a tnica comum, numa ntida manifestao de violncia. Contudo, o coro popular que se alargou Matola e arredores no clamava apenas pela reduo das tarifas de transporte. No cerne das queixas encontrava-se igualmente o aumento do po, o preo da energia, e o ntido encarecer do custo de vida que fazia antever uma crise econmi-

ca eminente. Ao longo do dia, os canais de televiso (TVM, MIRAMAR e STV) foram dando conta das notcias e das reaces recolhidas. Ttulos como Cenrio de guerra nas Estradas (Notcias), Chapas encurralam Governo (O Pas), Basta! (Savana), Povo encosta Governo parede (Zambeze) foram publicados em letras garrafais nos jornais da praa. O ministro dos Transportes e Comunicaes de ento, Antnio Munguambe, face greve popular afirmou que o aumento dos preos dos transportes era inevitvel, tendo em conta que Moambique no produzia petrleo - o que ainda hoje no faz, pois no extrai nem refina. Por seu turno, o presidente da FEMATRO, Rogrio Manuel, perante as cmaras de TV e diante dos jornalistas concedeu uma trgua de trs dias ao Governo para se encontrar uma soluo que permitisse evitar os tumultos populares, tendo-se dado ento incio s negociaes. No dia 6 de Fevereiro, a populao tentou retornar normalidade, mas a maior parte dos chapas no se encontrava a circular.

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e vos quero!Muita gente percorreu quilmetros e quilmetros a p e andou de boleia em carrinhas de caixa aberta para poder ir trabalhar e contornar a percentagem de absentismo. Os nicos autocarros de passageiros que se encontravam a operar eram os dos Transportes Pblicos de Maputo (TPM), embora em nmero insuficiente para responder demanda. Ao fim da tarde, j haviam sido removidos os obstculos, os resduos e os materiais partidos nas diversas artrias e alguns dos estabelecimentos saqueados e vandalizados j haviam retomado as suas actividades, embora mantendo uma certa cautela. As negociaes entre Governo e FEMATRO continuaram at que, no dia 7, finalmente surge a to almejada luz verde. anunciado publicamente que o Governo e os transportadores se decidiam pela manuteno da tabela de 5 e 7,5 meticais e que o Estado iria subsidiar parte dos custos envolvidos. Uma medida que durou at que fossem fixados os valores actuais do combustvel, que ainda se encontram subsidiados pelo Governo. bulantes, ou a kamikases a cu aberto, vo comear a sofrer com a caa ao automvel em mau estado de conservao e manuteno. E j no era sem tempo, quanto mais no seja em prol do bem-estar pblico. Alm da poluio que provocam com os seus tubos de escape fumegantes, o chiar dos seus pneus no desmente o seu estado careca, nitidamente derrapante e perigoso. As suas caixas de mudana, suspenses, carters e demais componentes mecnicos teimam em escapar vigilncia de qualquer mecnico e a sua chaparia contorcida foge a sete ps ao bate-chapas, j para no dizer que aos motoristas faltam condies indispensveis como o bom senso, a tica e a competncia profissionais. Alguns deles nem cartas de conduo possuem! E mais Conduzem de forma mais atacante do que defensiva, com as viaturas sobrelotadas de gente e trouxas correspondentes. Contudo, algo vai mudar nas estradas de Moambique. Talvez, dentro em breve, os transportadores comecem a cumprir os requisitos mnimos de segurana e mximos de ateno, o que constitui um ponto a favor da maior parte da populao que se faz deslocar atravs dos inmeros chapas 100. O ponto negativo talvez venha a revelar-se num sbito encarecimento do servio prestado, mas como se ousa dizer: No h bela sem seno! e se no for graas s inspeces peridicas, ser certamente devido ao aumento dos combustveis que, mais cedo ou mais tarde, vai acontecer. n

E agora?Hoje, e volvidos dois anos, o problema das tarifas parece constituir um mal menor para transportadores e transportados. Inicia agora a saga das Inspeces Peridicas de Viaturas (com carcter obrigatrio) e colocam-se algumas questes pertinentes em cima da mesa. Ser que a maior parte dos chapas ir cumprir as regras do jogo e submeter-se de bom grado s inspeces? Partindo do princpio que cumprem, ser que a atitude de continuidade ter sustentao financeira da sua parte? Ser que a inspeco obrigatria no ir encarecer o preo das tarifas? Ser que a fiscalizao ter um pulso forte face ao no cumprimento do estabelecido pela lei? A ver vamos Mas a atestar pela quantidade de vezes que se focou o no corrupo, aquando da inaugurao do Centro de Inspeces Peridicas de Malhampsene, j comeo a acreditar que sim. A medida bem vinda. Digo isto porque muito embora a segurana rodoviria deva ser um apangio de todos, nem sempre os chapas a tm cumprido e persistem em circular em estado de risco eminente ( semelhana de outro tipo de automveis, certo), mas colocando em risco a vida de milhares de pessoas por dia. No fundo, esses transportes semi-colectivos que mais se assemelham a cancros am-

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PONtO dE MIRa

Paulo Deves, Editor da publicao Raio X

Os transportes e as oscilaes de valor dos combustveis

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s transportes so um dos sectores vitais para a economia de qualquer pas. A posio estratgica de Moambique a nvel da regio Austral de frica uma oportunidade de gerar receitas para o pas tendo em conta que serve de entrada (portos) para os pases do Interior. Os corredores de desenvolvimento (Limpopo, Beira e Nacala), rodovirios e ferrovirios so corredores desenvolvidos desde o perodo colonial tendo em vista servir pases como a frica do Sul, Botswana, Zimbabwe, Malawi, entre outros. Estes corredores incluem transportes rodovirios e ferrovirios e os principais portos moambicanos encontram-se ligados a estes corredores, existindo igualmente uma ligao rodoviria ou ferroviria com os pases do Interior. O transporte areo gira em torno da empresa LAM, companhia de bandeira nacional, que estabelece a ligao entre as capitais provinciais e a cidade de Maputo, e esta com os pases da regio SADC e outros. O transporte rodovirio aquele que pode ser considerado o mais importante e dinmico, tendo em conta o impacto scio-econmico tanto para o pas como para as populaes de um modo geral. O transporte rodovirio garante o transporte de produtos para os stios mais recnditos do pas, e faz as ligaes inter-provinciais a custos relativamente acessveis quando comparados com os do transporte areo. Os transportes rodovirios de mercadoria tm na cabotagem martima o seu principal concorrente mas continua sendo o mais importante para as populaes dada a possibilidade de chegar aos destinos que as vias de comunicao lhes permitem. Os transportes rodovirios (de passageiros e cargas) ainda so dominados por privados que possuem uma ou duas viaturas para explorar. A concorrncia tal que as empresas tradicionais deste sector (algumas com tradio desde o tempo colonial) foram desaparecendo, a pouco e pouco, deixando saudades que vo durar um certo tempo a desaparecer. Empresas que dominavam as ligaes inter-provinciais como Auto Viao do Sul do Save,Lda., Empresa de Transportes Ngonhamo, Lda, Oliveiras Transporte e Turismo, Transportes Virginia, Lda., TSL, entre outras, desapareceram e hoje fazem parte da histria do transporte rodovirio do pas. Hoje esto a surgir alguns operadores tais como a TCO, Etrago, TTT s para citar estes que fazem

ligaes inter-provinciais regulares. Contudo, o fim previsvel se considerarmos a experincia anterior dos operadores de transportes rodovirios. As ligaes inter-distritais so realizadas com qualquer meio de transporte que no tem em conta as mais elementares normas de segurana rodoviria. Podemos encontrar viaturas para transporte de carga carregadas de pessoas, animais de todo o tipo e de bens diversos. Os transportes urbanos constituem outra dor de cabea no pas. O que se passa na cidade capital do pas, Maputo, pode ser considerado pouco e no espelha o problema real do pas em matria de transporte de passageiros. Podemos encontrar na cidade de Maputo viaturas em bom estado mas nas provncias so poucas as viaturas que se encontram em condies de serem usadas para o transporte de pessoas. A maioria das viaturas usadas no transporte semi-colectivo de passageiros pertena de particulares e raros so os casos de pessoas organizadas em empresas. Situao que facilita a falncia destas empresas em nome individual por razes bvias. Por outro lado, o mau estado das estradas contribui para o encurtamento da vida til das viaturas agravado tambm pelo excesso de passageiros (quase o dobro do limite de passageiros definidos por lei so transportados nestas viaturas). Outro custo com peso significativo est relacionado com os combustveis. O preo dos combustveis fixado pelo Governo observados alguns dos critrios definidos previamente. H mais de dois anos, o

Governo decidiu subsidiar os transportes semi-colectivos de passageiros (chapa 100) para no aumentar os preos das passagens. uma medida que durou at que fossem fixados os actuais preos de combustvel que se encontram, por sua vez, bastante subsidiados pelo Governo. O ano de 2009 foi marcado pelas eleies gerais no pas e o assunto dos combustveis poderia criar perturbaes graves na vida das populaes e das instituies em geral Veja-se o que se passou a 5 de Fevereiro de 2008. O barril do petrleo ronda, actualmente, os 80 dlares, depois do seu valor ter andado volta dos 50. O Governo, a qualquer altura, ver-se- obrigado a retirar os subsdios aos combustveis por razes bvias. E nesta altura que se aguarda com enorme expectativa, uma vez que so sobejamente conhecidas as fragilidades oramentais do Governo que no poder, por muito tempo, suportar os subsdios actuais dados aos combustveis. A subida do preo dos combustveis tem, naturalmente, um efeito multiplicador em termos de aumento de preos: vo subir os preos das passagens, vo subir os preos dos produtos em cujo processo de fabrico entram os combustveis ou ser o mesmo que dizer que vai subir tudo! A aposta do Governo em promover alternativas para o uso de outro tipo de combustveis que no o petrleo s ter impacto entre 10 a 20 anos, considerando os investimentos necessrios para a materializao destas polticas, mas o importante comear j.nRevista Capital 25 Revista Capital 25

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Inspeco e estradas p na balana da SeguranSrgio Mabombo (texto) . Helga Nunes (fotos)

risco de comprar uma viatura em segunda-mo tornou-se mais reduzido com a inaugurao do primeiro dos quatro centros de Inspeco Peridica Obrigtria (IPOs) a veculos e reboques no Pas, durante o ms de Fevereiro. O empreendimento traz a possibilidade ao comprador da viatura em segunda-mo de exigir a realizao da Inspeco antes de efectuar o pagamento e a alterao da titularidade do direito de propriedade sobre o veculo, segundo o ministro dos Transportes e Comunicaes, Paulo Zucula. As habituais burlas aquando da venda de veculos com dados do livrete diferentes das do veculo, o estado mecnico defeituoso, entre outras, passam agora a ser detectveis atravs do mecanismo de inspeco e o comprador da viatura obtm assim o to almejado equilbrio entre custo e benefcio. Os servios de inspeco compreendem um investimento de 1.500.000 euros. O valor foi aplicado na construo das obras e na aquisio de equipamento para cada um dos centros de Tchumene, no municpio da Matola, e do Zimpeto, no municpio de Maputo. J os centros de Tete e Lichinga foram os que consumiram oramentos menos dilatados, tendo totalizado a fatia de 500 mil euros cada. Entretanto, as inspeces j comearam a ser feitas e esto a ser acatadas com algumas reservas por parte de certos proprietrios de viaturas. Estevo Mapsanganhe, um micro-empreendedor na rea de fretes para carga e passageiros, segundo a avaliao que faz do estado mecnico da sua prpria viatura, garante que a mesma apenas iria sair da inspeco (a reboque) e directamente para a sucata. Os fretadores, que operam sobretudo nos mercados grossistas localizados na cidade de Maputo e arredores, possuem carros na sua maioria em ms condies mecnicas, o que lhes permite uma receita mdia de 800 meticais por dia, constituindo este negcio a base da sua subsistncia. Doravante, e com a introduo das inspeces, os fretadores, segundo Estevo Mapsanganhe, prevem um cenrio que no lhes favorvel, pois segundo os mesmos no se pensou num mecanismo prvio de facilitao face aquisio de viaturas de acordo com as 26 Revista Capital

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novas exigncias. Quando procuramos os propalados leasings para automveis junto das instituies financeiras, somos questionados se temos Conta Salrio ou um depsito de 300 mil meticais no mnimo, observou Mapsanganhe. O mesmo empreendedor refere que se tivesse os 300 mil meticais no precisaria de ir ao banco, mas sim a um stand para comprar uma viatura nova. No que concerne periodicidade da inspeco, as viaturas particulares devem ser inspeccionadas uma vez por ano, enquanto as de transporte semi-colectivo de passageiros so obrigadas a faz-lo duas vezes anualmente. Loureno Guirrute, condutor de transporte semi-colectivo de passageiros, da opinio que o actual cenrio de diminuio dos vulgo chapa 100 ir agudizar-se devido prtica das inspeces peridicas. Guirrute refere ainda que mais de metade dos autocarros que operam no pas so importados em segunda-mo, com os adicionais desgastes mecnicos. Facto que ir seguramente pesar na factura, uma vez que os encargos das inspeces iro tornar o negcio daqueles transportes menos lucrativo. Segundo dados do Instituto Nacional de Viao (INAV), Maputo provncia e cidade

possuem cada qual cerca de 100 mil veculos que, ao serem inspeccionados, oferecem a previso de boas receitas aos cofres do Estado. Os mesmos dados apontam ainda a existncia de cerca de 350 mil veculos a nvel de todo o territrio moambicano. Os centros de Tchumene e Zimpeto possuem capacidade para inspeccionar entre 320 e 600 veculos por dia, cuja tabela de preo varia entre 702 meticais (para motociclos) e 1.053 meticais para viaturas com peso bruto maior ou igual a 16 toneladas. A inspeco ao reboque com peso bruto maior do que 35 toneladas custa 760 meticais, po-

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pesam na Rodoviriativa das inspeces tenham um acompanhamento mais slido em termos de investimento e no que concerne reabilitao e construo das estradas nacionais, que na sua maioria se encontram num estado nitidamente degradado. O porta-voz do Instituto Nacional de Viao (INAV), Filipe Mapangane, reconhece o facto mas garante que a sua instituio em coordenao com a Administrao Nacional de Estradas (ANE) e os governos municipais possuem aces em curso no sentido de melhorar a transitabilidade das vias e reduzir o impacto negativo que o mau estado de conservao causa s viaturas. O presente brao-de-ferro ocorre numa altura em que o embaixador de Moambique no Japo veio recentemente a pblico anunciar que a reconstruo e asfaltagem da estrada Nampula-Cuamba dever iniciar no segundo semestre deste ano. E o Governo do Japo j desembolsou para o efeito 60 milhes de dlares. O apelo boas estradas, contudo, s poder encontrar uma resposta a longo prazo, pois os troos actualmente em reabilitao dependem da ajuda externa para a sua efectivao. Segundo Srgio Picciolo, da Construtora CMC frica Austral, a reconstruo do troo entre Vanduzi e Changara (na provncia de Manica), que engloba uma extenso de 270 quilmetros, encontra-se quase concluda. A empreitada, avaliada em 50 milhes de dlares, contou com o financiamento do Banco Africano de Desenvolvimento (30 por cento) e do Governo moambicano com uma fatia de 70 por cento. O governo moambicano, no mbito do plano econmico-social de 2009, previa a recuperao de seis troos de estrada em diversas provncias, podendo mencionar-se o troo entre Xai-Xai e Chissibuca, que liga as provncias de Gaza e Inhambane, numa distncia de 96 quilmetros e que ir usufruir de 54 milhes de dlares. Prximo de Quissico e Chidinguele existem dois troos de estrada que j se encontram em obras, mas o seu estado preocupa condutores e passageiros devido prevalncia de buracos e zonas perigosas. Os buracos que mais se assemelham a autnticas crateras, alm de furar pneus, do cabo das supenses e provocam outras anomalias mecnicas graves s viaturas, j para no falar na ausncia de segurana e de conveniente sinalizao ao longo dos percursos em causa.n

dendo pagar 585 meticais se a balana oscilar entre 300 e 3.500 quilos. Na presente fase de introduo dos servios de inspeces, as mesmas iro centrarse mais em aspectos como os sistemas de travo, iluminao, a emisso de gases, a direco e a suspenso das viaturas, elementos considerados fundamentais por constiturem elementos de segurana na circulao automvel. A inspeco de veculos automveis uma actividade cuja explorao o Governo optou por conceder ao sector privado, cabendo ao frum estatal a sua regulamentao e fiscalizao.

Segurana tambm pede boas estradasA introduo das inspeces peridicas obrigatrias de viaturas, embora no alargada a todo o territrio, representa em si uma medida benvinda em termos de segurana rodoviria. Contudo, existe um problema a ter em conta: As condies precrias das estradas no pas so apontadas como a principal causa da danificao precoce dos veculos, de acordo com os automobilistas. Neste contexto, os mesmos apelam que a iniciaPreos da Inspeco Peridica Obrigatria (IPO) Motociclos Ligeiros Reboque (300kg pb3.500kg) Semi-reboque300kgpb3500kg Pesados PB 16.000kg Pesados PB >16 000 kg Reboque PB>3500kg Semi-reboque 702 Meticais 702 Meticais 585 Meticais 505 Meticais 875.50 Meticais 1.050 Meticais 760.50 Meticais 760.50 MeticaisRevista Capital 27

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Crdito e custos operacionais minam sector dos transportesSrgio Mabombo (texto) . Lus Muianga (foto)

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falta de crdito e os custos operacionais influenciaram negativamente no desempenho de cerca de 57 por cento das empresas de transportes que operam no mercado moambicano, durante os ltimos trs meses de 2009, embora o Indicador de Confiana do sector de transportes tenha aumentado de uma forma lenta, durante o mesmo perodo, segundo dados do Instituto Nacional de Estatstica (INE). Durante os ltimos dois meses de 2009, a falta de crdito cifrou-se em 1.6 por cento em Novembro enquanto em Dezembro se quedava em 34.9 por cento. No obstante, o sector dos transportes que actualmente recebe duas vezes menos crdito bancrio do que o sector do comrcio, cresceu a dois dgitos durante o quinqunio 2005-2009. O referido crescimento resulta da especial ateno que o Governo actualmente dedica ao sector, sobretudo ao transporte rodovirio cujo crescimento passou dos 12.1 por cento registados, em 2005, para 15.5 por cento, em 2008. J o transporte areo, que recentemente passou a contar com mais uma operadora (TTA Airlink) que ir ligar Maputo e Joanesburgo, a sua taxa de crescimento evoluiu de 5.7 %, em 2005, para 10.5%, em

2008. E a tendncia evolutiva, segundo as expectativas, ser para aumentar sobretudo forte aposta no turismo. Actualmente, h perspectivas de um maior impacto no sector dos transportes pois as aces ps 2008 so em grande medida impulsionadas pelo crdito do Banco

Mundial, que totalizam o valor de 100 milhes de dlares. Grande fatia do crdito destina-se, sobretudo, melhoria do sistema de transporte e ir igualmente estimular o desenvolvimento dos mercados do sector, gerar crescimento e diminuir os custos operacionais.n

Tabela das limitaes no sector dos transportes Ms Outubro Novembro DezembroFonte: INE

Baixa procura 50% 34% 0.25%

Elevados custos operacionais 0.0% 14.8% 15.5%

Falta de crdito 0.0 % 1.6 % 3 4.9%

Outros factores 0.0% 35.2% 1.6%

Taxas de crescimento do sector dos transportes Designao Transporte ferrovirio Transporte rodovirio Transporte por oleodutos Transporte martimo e cabotagem Transporte areoFonte: MTC

2005 4.9% 12.1% -16.9% -4.0% 5.7%

2006 5.6% 13.8% -18.6% 30.3% 28.4%

2007 -3.0% 14.8% 35.1% 19.7% 28.0%

2008 0.8% 15.5% 27.1% -38.8% 10.5%

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Paulo Deves Editor of the Raio X publication

Transports and the fluctuation of fuel priceransport is one of the vital sectors to the economy of any country. The strategic position of Mozambique in the Southern region of Africa is an opportunity to generate income for the country, taking into account that it is the means of access (ports) to inland countries The development corridors (Limpopo, Beira and Nacala) road and railway are corridors which were developed since the beginning of the Colonial period with the view of serving countries such as South Africa, Botswana, Zimbabwe, Malawi, amongst others. These corridors include road and rail transports, and the main Mozambican ports are connected to these corridors, and there is also a road or rail connection with inland countries. Air transport strolls around LAM, a national flag company, which establishes the connection between the provincial capitals and Maputo, and this one with other SADC region and others. The road transport is the one considered the most important and dynamic, taking into account the socialeconomic impact both for the country and for the population in general. Road transport guarantees the transport of products to the most concealed places in the country, and makes the inter-provincial connections relatively accessible when compared to air transport. Road transporting of goods consider coastal traffic its main competitor, but it is the most important to the population given the opportunity of arriving at the destinations which the road allows them. Road transport (passengers and cargo) are still dominated by private people who still own one or two vehicles to explore. There is so much competition that the traditional companies of this sector (some with tradition from the colonial period) started disappearing, gradually, leaving a void which will take time some time to heal. Companies which dominated the inter-provincial connections such as Auto Viao do Sul do Save Ltd., Empresa de Transportes Ngonhamo Ltd., Oliveiras Transporte e Turismo, Transportes VirginiaLtd., TSL, amongst others, have disappeared and today they are part of the countrys road history. New operators,

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such as TCO, Etrago, TTT just to mention a few are appearing and making regular interprovincial connections. However, the end is predictable if we consider the previous experience of the road transport operators. The inter-district connections take place with any means of transport not taking into account the most elementary safety road regulations. We find vehicles for the transport of cargo loaded with people, all sorts of animals and goods. Urbane transports are another headache to the country. What happens in the capital city of the country, Maputo, is considered minor and does not reflect the real countrys problem as far as public transport is concern We can find good vehicles in Maputo, but in other provinces there are very few which are considered adequate for the transport of people The majority of the vehicles used in semicollective public transport belong to private people and rare is the case of people organized in companies. This situation obviously facilitates the bankruptcy of these companies in individual names. On the other hand, the bad conditions of the roads contribute to the shortening of the vehicleslifespan, aggravated too by the excess of passengers (almost double of the limit of passengers defined by law are transported in these vehicles) Another heavy cost is related to fuel. The price of fuel is settled by the government

observing some criteria previously defined. More than two years ago the government decided to subsidize semi-collective public transport (Chapa 100) in order not to raise ticket prices. This was a measure which lasted until the actual fuel prices were settled - which are, by the way, highly subsidized by the Government. 2009 marked the countrys general elections and the matter of fuels could have created severe disturbance in the lives of the people and of institutions in general.- See what happened on 5th February 2008. A barrel of petrol goes presently for 80 dollars, after its value having been around 50. The government, at any time, will be compelled to withdraw the subsidies to fuel for obvious reasons. This is awaited with enormous anticipation, as everyone is well aware that the budgetary weaknesses of the Government will not be able to sustain the present subsidies granted to fuels. The raise in fuel price has, naturally, a multiplying effect in terms of price increases: ticket prices will increase, fuel bi-products will increase, and we can say everything will go up! The bet of the Government in promoting alternatives for the use of other types of fuel other than petrol will only have an impact in 10 to 20 years, considering the necessary investments for the materialization of these politics, but whats important is to start now.nRevista Capital 29

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Inspections and Roads weigh on the scale of Road Safety

Sergio Mabombo (text) Helga Nunces (photos)

he risk of purchasing a second hand vehicle has been reduced due to the inauguration of the first of four centers of Compulsory Periodic Inspections to vehicles and towages in the country during the month of February. The undertaking gives the purchaser of the second hand vehicle the opportunity to demand that an Inspection be carried out before paying for it and having it transferred into his name, according to the Minister of Transports and Communications, Paulo Zucula. The usual frauds on the sales of vehicles with different data in the registration booklet from that of the vehicle, mechanical defects, amongst others, can be detected during the inspection of the vehicle, and the purchaser of the vehicle can thus obtain the desired balance between the cost and the benefits. 1.500.000 euros have been invested in the Inspection Services. This value was used in the construction of the buildings and in the purchase of equipment for each center in Tchumene, Matolas Municipality, and 30 Revista Capital

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in Zimpeto, Maputo Municipality. Those centers in Tete and Lichinga consumed less expanded quotes, having cost 500 thousand euros each. In the meantime the Inspections are taking place and are being observed with some reservation by certain vehicle owners. According to Estevo Mapsanganhe, a micro-entrepreneur in the area of cargo and passenger freights, according to the evaluation made to his own vehicle, guarantees that after the inspection it would be going (towed) directly to the scrap-yard. Loaders, the majority of which operate in the wholesale and retail markets in Maputo and surroundings, possess vehicle in bad mechanical conditions which give them an average revenue of 800 meticais per day, making this their livelihood. In future, and with the introduction of the inspections, loaders foresee a not so favourable scenario according to Estevo Mapsanganhe, as they had not thought of a previous mechanism to facilitate the purchase of the vehicles as per the new demands. When we search for the published vehicle leasings at the financial institutions, they ask us whether we have a Bank Account

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into which our salaries are deposited or, at least a deposit of 300 thousand meticais, said Mapsanganhe. The same entrepreneur said that should he have the 300 thousand meticais he would not have needed to go to the bank, but he would rather go to a stand to purchase a new vehicle. In what concerns the periodicity of the inspection, private vehicles should be inspected once a year, and the semi-collective passengers transports must have them inspected twice a year. Loureno Guirrute, a semi-collective passenger transport driver, is of the opinion that the use of the peoples Chapa 100 will decrease due to the periodical inspections. Guirrute also said that more than half of the buses operating in the country are imported second-hand with the additional mechanical wear and tear. This will certainly impact on the invoice, as the costs of the inspections will render the business less profitable. As per data from the National Traffic Institute ,Province and city of Maputo have each around 100 thousand vehicles which, after inspection have offered the provision of good revenue to the State safes. The same data points out the existence of around 350 thousand vehicles at the level of the entire Mozambican territory. Tchmune and Zimpeto centers have the capacity to examine between 320 and 60 vehicles daily, with prices ranging between 702 meticais (for motocycles) to 1.053 meticais for heavy weight vehicles with gross weight of 16 tons or more. The inspection in tow with a gross weight above35 tons will cost 760 meticais, but 585 can be paid if the scale fluctuates between 300 and 3.500 kilos. During this present phase of introduction of the inspection services, we will focus more on break systems, lights, gas flow, steering and the vehicle suspension, as these are considered fundamental elements for the safety of circulation of the vehicle. The inspection of the vehicles is an activity which exploitation the Government chose to grant to the private sector, and the State Forum is in charge of making it regulations and surveillance. Safety also requires good road The introduction of the periodical compulsory inspections of the vehicles, despite not being yet spread throughout the entire territory, represents a welcome measure in terms of safety. However, there is a problem to take into account. According to the drivers it is the precarious conditions of the roads in the country that are pointed out as being the

main cause of the premature damaging of the vehicles. In this context they appeal that the initiative of the inspections be accompanied more solidly in terms of investment and in what concerns the rehabilitation and construction of national roads which are, in their majority, in a degrading state. The spokesperson of the National Institute of Traffic, Filipe Mapangane, acknowledges the fact but guarantees that his institution in coordination with the National Roads Control and municipal government are in the process of enhancing the use of roads thus reducing the negative impact which their bad state of conservation has been causing to vehicles. The present wrestling match occurs at the time when the Mozambican Ambassador to Japan recently announced that the reconstruction and the asphalting of the road Nampula-Cuamba will start in the second semester of this year. And the Japanese Government has already paid out 60 million dollars for this project. The appeal to good roads, however, can only find a long-term solution, because the pieces being presently rehabilitated will depend on foreign assistance for its effectiveness.

According to Srgio Picciolo, of Construtora CMC Africa Austral, the reconstruction of the fragment between Vanduzi and Changara (in the province of Manica), which covers an extension of 270 kms, is almost concluded. This job, estimated in 50 million dollars, was financed by the Banco Africano de Desenvolvimento (30 percent) and 70% by the Mozambican government. In the scope of the social-economic plan for 2009, the Mozambican government had foreseen the recovery of six fragment of roads in several provinces, one of them being the fragment between Xai-Xai and Chissibuca, which connects the Provinces of Gaza and Inhambane in a distance of 96kms and which will benefit from 54 million dollars. There are two fragments of road which are under construction near Quissico and Chidinguele, but the predominance of potholes and dangerous zones is a constant worry to drivers and passangers. Those potholes which resemble the mouth of a volcano not only puncture vehicles tyres but also ruin their suspensions and provoke other severe mechanical anomalies. Furthermore, there is also the lack of safety and adequate road signs all along the route in question.n

Cost of the Compulsory Periodical Inspection Motocycles Vehicles Towing (300Kg pb 3.500kg) Semi-towing 300kgpb 3.500kg) Heavy PB>.16.000kg Heavy PB >16.000kg Towing PB > 3.500 kg Semi-towing 7