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das espécies da Terra são desconhecidas Ao menos 70% AMBIENTE revista do meio Rebia Rede Brasileira de Informação Ambiental Acesse: www.revistadomeioambiente.org.br ano VII • março 2013 57 9772236101004 ISSN 2236-1014 Um ruralista no comando da Comissão de Meio Ambiente O ano da água ONU prevê ‘catástrofe ambiental’ em 2050 Alimentação feminina contribui com o meio ambiente

Revista do Meio Ambiente 57

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Edição 57 da Revista do Meio Ambiente

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das espécies da Terra

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Ao menos 70%

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Acesse: www.revistadomeioambiente.org.br

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ISSN 2236-1014

Um ruralista no comando da Comissão de Meio Ambiente O ano da água

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nesta edição

capa24 Ao menos 70% das espécies da Terra são desconhecidas por Karina Toledo

saúde e meio ambiente5 Hábitos alimentares femininos contribuem para preservação ambiental por Terra Ciência

ecologia humana6 Relatório da ONU prevê ‘catástrofe ambiental’ no mundo em 2050

Dia Mundial da Água12 O ano da água por Mário Pino

política ambiental14 No Senado, ruralista assume presidência da Comissão de Meio Ambiente por Deborah Trevizan

• Ecologia interior• Cianobactérias na produção de biodiesel• Táxis elétricos começam a circular no Rio de Janeiro• Aquecedor solar caseiro feito com garrafas PET• Dilma quer tornar a água universal• Judiciário e as interpretações do novo Código Florestal• A compra do roto ambiental pelo esfarrapado climático • Práticas sustentáveis no cotidiano do governo• Tecnologias verdes• UE proíbe venda de cosméticos testados em animais• “Mais rápidos e baratos do que testes em cobaias”• Qual é a cara do seu consumo?• Felicidade mais associada a bem-estar do que a posse de bens• Agenda de eventos socioambientais 2013• Guia do Meio Ambiente

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Os artigos, ensaios, análises e reportagens assinadas expressam a opinião de seus autores, não representando, necessariamente, o ponto de vista das organizações parceiras e da Rebia.

• Saiba mais sobre a Rebia: www.portaldomeioambiente.org.br/pma/rebia-OSC/o-que-e-a-rebia.html• Participe do Fórum dos leitores e voluntários da Rebia: http://br.groups.yahoo.com/group/rebia/• Acompanhe a Rebia no Twitter: https://twitter.com/#!/pmeioambiente• Participe da Rebia no Facebook: www.facebook.com/groups/311542508874299/378356505526232/• Participe da Rebia no Orkut: www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=800116• Blog dos moderadores da Rebia: http://blog-rebia.blogspot.com/Rebia – Rede Brasileira de Informação Ambiental: organização da sociedade civil, sem fi ns lucrativos, com a missão de contribuir para a formação e mobilização da Cidadania Ambiental planetária através da democratização da informação ambiental e da educação ambiental com atuação em todo o território nacional, editando e distribuindo gratuitamente a Revista do Meio Ambiente e o Portal do Meio Ambiente. CNPJ: 05.291.019/0001-58. Sede: Trav. Gonçalo Ferreira, 777 - casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba - Niterói, RJ - 24370-290 – Site: www.rebia.org.brConselho Consultivo e EditorialAdalberto Marcondes, Ademar Leal Soares, Aristides Arthur Soffi ati, Bernardo Niskier, Carlos A. Muniz, David Man Wai Zee, Flávio L. de Souza, Keylah Tavares, Luiz A. Prado, Maurício Cabral, Paulo Braga, Raul Mazzei, Ricardo Harduim, Rogério Álvaro S. de Castro, Rogério RuschelDiretoria ExecutivaPresidente: Vilmar Sidnei Demamam Berna, escritor e jornalista Moderadores dos Fóruns RebiaRebia Nacional ([email protected]): Ivan Ruela – gestor ambiental (Aimorés, MG)Rebia Norte ([email protected]) – Rebia Acre: Evandro J. L. Ferreira, pesquisador do INPA/UFAC • Rebia Manaus: Demis Lima, gestor ambiental • Rebia Pará: José Varella, escritorRebia Nordeste ([email protected]) – Coordenador: Efraim Neto, jornalista ambiental • Rebia Bahia: Liliana Peixinho, jornalista ambiental e educadora ambiental • Rebia Alagoas: Carlos Roberto, jornalista ambiental • Rebia Ceará: Zacharias B. de Oliveira, jornalista, mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente • Rebia Piauí: Dionísio Carvalho, jornalista ambiental • Rebia Paraíba: Ronilson José da Paz, mestre em Biologia • Rebia Natal: Luciana Maia Xavier, jornalista ambientalRebia Centro-Oeste ([email protected]): Eric Fischer Rempe, consultor técnico (Brasília) e Fabrício Fonseca Ângelo, jornalista ambiental Rebia Sudeste ([email protected]) - Rebia Espírito Santo: Sebastião Francisco Alves, biólogo Rebia Sul ([email protected]) - Coordenador regional: Paulo Pizzi, biólogo • Rebia Paraná: Juliano Raramilho, biólogo • Rebia Santa Catarina: Germano Woehl Junior, mestre e doutor em Física. Rio Grande do Sul: Julio Wandam - Os Verdes de Tapes/RS e GT de Comunicação da Rede Bioma Pampa, fi liada a APEDeMA/RSPessoa JurídicaA Rebia mantém parceria com uma rede solidária de OSCIPs (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que respondem juridicamente pela fi nanças dos veículos de comunicação e projetos da Rebia:• Associação Ecológica PiratingaúnaCNPJ: 03.744.280/0001-30 • Sede: R. Maria Luiza Gonzaga, nº 217, Ano Bom - Barra Mansa, RJ • CEP: 27323-300 • Utilidade Pública Municipal e isenta das inscrições estadual e municipal • Prima – Mata Atlântica e Sustentabilidade(Ministério da Justiça - registro nº 08015.011781/2003-61) – CNPJ: 06.034.803/0001-43 • Sede: R. Fagundes Varela, nº 305/1032, Ingá, Niterói, RJ - CEP: 24210-520 • Inscrição estadual: Isenta e inscrição Municipal: 131974-0www.prima.org.br

Redação: Tv. Gonçalo Ferreira, 777 - casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba - Niterói, RJ - 24370-290 • Tel.: (21) 2610-2272

Editor e Redator-chefe (voluntário): Vilmar Sidnei Demamam Berna, escritor e jornalista. Em 1999 recebeu o Prêmio Global 500 da Onu para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas • escritorvilmarberna.com.br • escritorvilmarberna.blogspot.com • [email protected] • Cel (21) 9994-7634

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Equipe de voluntários ambientais “Amigos do Planeta” da Rebia: Lucas Freire Berna, Iris Freire Berna, Daniel Santos de Oliveira ‘Berna’

Revista ‘Neutra em Carbono’

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As escolhas que fazemos é que definem a pessoa que iremos nos tor-nar. E escolhemos a partir das informações e dos valores que recebe-mos. Se forem mentirosos ou manipulados, poderão influenciar em nossas escolhas. A paz, a amizade, a harmonia com a natureza, assim como a violência, a inimizade, a desarmonia com a natureza, podem re-sultar de nossas escolhas e não, necessariamente, de nossa natureza hu-mana ou das circunstâncias em que vivemos!

A sustentabilidade passa pela revisão de nossas ideias sobre felicidade. O mercado estimula uma felicidade baseada na posse ou exibição de bens materiais, mas é uma felicidade ilusória e mesmo falsa, além de exercer enorme pressão sobre os recursos naturais e gerar montanhas de lixo e ma-teriais desperdiçados, injustiças e exclusão social. A verdadeira felicidade é interior e não depende de condições externas, trata-se de um sentimento possível, mas que precisa ser construído e reconstruído, independente das circunstâncias à nossa volta.

Não é o Planeta ou a natureza que estão em risco e precisam ser salvos, mas é a própria espécie humana. Devido às escolhas que fizemos, ao longo da história humana, avançamos nos limites de sustentabilidade e já consu-mimos mais de trinta por cento da capacidade da natureza de se regenerar. Perdemos a noção de que somos parte do Planeta. A sustentabilidade irá re-querer de nós um novo pacto civilizatório, um novo olhar sobre a natureza e uma nova relação com o sagrado. Se o Criador nos deu a responsabilidade de dominar sob a sua Criação, não nos autorizou a destruí-la.

Entre as palavras e as ações para a sustentabilidade existe ainda um enorme vazio a ser preenchido com cidadania e capacitação, envolvendo desde a escola, o lar, a comunidade, as empresas, as relações de consumo. A boa notícia é que a mudança para a sustentabilidade já começou e pode ser percebida por muitos lados. Entre os desafios estão traduzir o ecolo-gês para chegar ao grande público e aumentar a velocidade da mudança, desafios possíveis de serem enfrentados com educação para a cidadania socioambiental, democratização da informação ambiental e capacitação para a gestão sustentável. A sociedade cada vez mais irá recusar um tipo de progresso que não respeite as pessoas ou o meio ambiente e quanto mais cedo o setor produtivo e a sociedade se der conta disso, menores serão os riscos e os danos.

Ecologia

Compartilhamos a natureza com outras es-pécies. Na convivência com elas podemos nos embrutecer ou nos humanizar, dependendo das escolhas que fizermos. O selvagem não é o animal que está dentro da jaula. Uma relação mais ética e cuidadosa para com os animais pode resgatar em nós nossa humanidade.

Todos nós dese jamos viver num mundo me-lhor, mais pací fico, fraterno e ecológico. O pro-blema é que as pes soas sempre esperam que esse mundo melhor comece no outro. É co-mum ouvirmos pessoas falando que têm boa vontade para ajudar, mas como ninguém as convida para nada, nem se organizam, então não podem contribuir como gostariam para um mu tirão de limpeza da rua, por exemplo, ou para plantio de árvores. Pessoas assim acabam achando mais fácil reclamar que nin guém faz nada, ou que a culpa é do “sistema”, dos gover-nantes ou empresas, mas não se perguntam se estão fazendo a parte que lhes cabe. Por outro lado, é importante não ficar es perando a per-feição individual – pois isso é inatingível.

O fato de adquirirmos consciência ambiental, não nos faz perfeitos. O importante é que te-nhamos o compromisso de ser melhor todo dia, procurando sempre nos superarmos. Também não podemos cometer o erro de subordinar a luta em de fesa da natureza às mudanças nas estruturas injustas de nossa sociedade, pois de-vem ser lutas interligadas e simultâ neas, já que de nada adianta alcançarmos toda a riqueza do mundo, ou toda a justiça social que sonhamos, se o planeta tor nar-se incapaz de sustentar a vida hu mana com qualidade.

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As mulheres se alimentam melhor do que os homens e, com isso, preservam o meio ambiente. É o que constata um estudo rea-lizado por pesquisadores da Universidade de Halle-Wittenberg, na Alemanha. Dados confirmam que se homens comessem como mulheres, 15 milhões de toneladas do gás carbônico seriam economizados. Os resulta-dos mostram também que, além da grande diferença entre os padrões de consumo dos dois sexos, os hábitos masculinos ocasio-nam um impacto de maior proporção para o aquecimento global.

O estudo teve como objetivo principal quan-tificar as emissões relacionadas a alimentos de origem vegetal, tendo como base o fator só-cio-demográfico da população avaliada. “Por serem produzidos com maior intensidade, d iferentes alimentos de origem animal ou ve-getal desempenham um papel relevante na avaliação dos impactos ambientais da nutri-ção humana”, revela Toni Meier, chefe de pes-quisas do Departamento de Agronomia Geral e Agricultura Orgânica da Universidade Mar-tin Luther, em entrevista à Deutsche Welle.

Segundo Meier, estas diferenças são causadas principalmente pela maior participação de pro-dutos de carne na dieta habitual dos homens, enquanto quase a metade da dieta feminina é composta de frutas e legumes. Se os homens mudassem sua alimentação nesse sentido, ha-veria uma redução de 12% do CO2, 60 mil tone-ladas de amônia seriam emitidos a menos, e 94 milhões de metros cúbicos a mais de “água azul” (da torneira) ficariam disponíveis.

Como a pesquisa foi realizadaOs efeitos de diferentes padrões de alimen-

tação foram comparados com o último levan-tamento de consumo na Alemanha, realizado em 2006. A análise nutricional baseou-se em entrevistas com 20 mil pessoas. Avaliaram-se taxas relacionadas ao aquecimento global, incluindo as emissões procedentes do uso di-reto do solo. Entre os alimentos típicos ale-mães analisados estavam tanto os de origem animal, carne, laticínios, ovos e peixe, como vegetais, grãos, frutas, batata, margarina, óle-os e derivados do açúcar.

Com relação ao impacto causado pelo efeito estufa, as emissões de amoníaco, produto uti-

Ecologia

Hábitos alimentares femininos contribuem para

preservação ambientalPesquisadores alemães constatam que mulheres consomem em geral menos carne e produtos lácteos, ajudando a reduzir a emissão de CO2. Se homens fizessem o mesmo, 15 milhões de toneladas do gás seriam economizados por ano

saúde e meio ambiente

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lizado na fabricação de fertilizantes, são encontradas em quantidade bem mais baixa nos produtos geralmente consumidos pela população femini-na. O especialista enfatiza que, dentro de uma sociedade com distintos per-fis de dieta, já estão estabelecidos impactos ambientais notáveis.

“Essas diferenças podem ser vistas como ponto positivo para o forta-lecimento de perfis de dieta sustentáveis no país. Dados relacionados a grupos potencialmente subnutridos como os idosos, enfermos e grávidas também são de grande relevância, por fazerem uma considerável dife-rença nas pesquisas referentes ao impacto ambiental na saúde popular.”

Diferenças no BrasilUm estudo realizado pela Universidade de São Paulo, publicado em de-

zembro de 2012, mostra que o consumo de carne aumentou em cerca de 20%, entre os entrevistados. A ingestão excessiva do alimento foi observa-da em quase 75% das pessoas e o tipo de carne mais consumido foi a bovi-na, seguida de aves, porco e peixe. Foi constatado, ainda, que vem crescen-do o consumo de carne processada, como presunto, toucinho e linguiça, principalmente entre os adolescentes.

A qualidade da dieta foi inversamente relacionada com o consumo ex-cessivo de carne vermelha e processada pelos homens, o que revela uma baixa na qualidade da dieta masculina. O comportamento causou gran-de impacto ambiental em 2012, estimado em 18 milhões de toneladas de equivalentes de CO2. Tal representa cerca de 5% do total de CO2 emitido pela agropecuária brasileira em 2003.

Especialistas da universidade brasileira alertam que as carnes são boas fontes nutricionais, porém devem ser consumidas com moderação. O con-sumo excessivo de carne vermelha pode aumentar o risco de câncer de cólon e reto, doenças cardiovasculares, diabetes e excesso de peso. Fonte: Deutsche Welle

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ecologia humana

em 2050Apesar dos investimentos de vários países em energias renováveis e sustentabilidade, o mundo pode viver uma “catástrofe am-biental” em 2050, segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano 2013, apresenta-do pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

Ao fim dos próximos 37 anos, são estimadas mais de 3 bilhões de pessoas vivendo em situ-ação de extrema pobreza, das quais pelo me-nos 155 milhões estariam na América Latina e no Caribe. E essa condição demográfica e so-cial seria motivada também pela degradação do meio ambiente e pela redução dos meios de subsistência, como a agricultura e o acesso à água potável.

De acordo com a previsão de desastre apre-sentada pelo relatório, cerca de 2,7 bilhões de pessoas a mais viveriam em extrema pobre-za em 2050 como consequência do problema ambiental. Desse total, 1,9 bilhão seria com-posto por indivíduos que entraram na miséria, e os outros 800 milhões seriam aqueles impe-didos de sair dessa situação por causa das ca-lamidades do meio ambiente.

No cenário mais grave, o Índice de Desen-volvimento Humano (IDH) global diminui-ria 15% em 2050, chegando a uma redução de 22% no Sul da Ásia (Índia, Paquistão, Sri Lanka, Nepal, Bangladesh, Butão e Maldivas) e de 24% na África Subsaariana (todos os paí-ses ao sul do Deserto do Saara)

Mudanças climáticas e pressõesAs mudanças climáticas e as pressões sobre

os recursos naturais e ecossistemas têm au-mentado muito, independentemente do es-tágio de desenvolvimento dos países, segun-do o relatório. E o texto também destaca que, a menos que sejam tomadas medidas urgen-tes, o progresso do desenvolvimento humano no futuro estará ameaçado.

O Pnud aponta, ainda, que os protestos em massa contra a poluição ambiental têm cres-cido em todo o mundo. Por exemplo, mani-festantes em Xangai, na China, lutaram por um duto de águas residuais (provenientes de banhos, cozinhas e uso doméstico em geral) prometido, enquanto na Malásia moradores

Relatório da ONU prevê ‘catástrofe ambiental’ no mundo

de um bairro se opuseram à instalação de uma refinaria de metais de terras raras – 17 metais conhecidos como “ouro do século 21”, por serem raros, valiosos e de grande utilidade.

O relatório reforça também que as principais vítimas do desmatamento, das mudanças climáticas, dos desastres naturais e da poluição da água e do ar são os países e as comunidades pobres. E, para o Pnud, viver em um ambiente limpo e seguro deve ser um direito, não um privilégio. Além dis-so, sustentabilidade e igualdade entre os povos estão intimamente ligadas.

Desastres naturais em altaAlém disso, de acordo com o texto divulgado nesta quinta-feira, os de-

sastres naturais estão se intensificando em todo o mundo, tanto em fre-quência quanto em intensidade, causando grandes danos econômicos e perdas humanas. Apenas em 2011, terremotos seguidos de tsunamis e des-lizamentos de terra causaram mais de 20 mil mortes e prejuízos aos EUA, somando US$ 365 bilhões (R$ 730 bilhões) e 1 milhão de pessoas sem casas.

O impacto mais severo foi para os pequenos países insulares em desen-volvimento, alguns dos quais sofreram perdas de até 8% do PIB. Em 1988, Santa Lucía – localizado nas Pequenas Antilhas, no Caribe – perdeu quase quatro vezes seu Produto Interno Bruto (PIB) por causa do furacão Gilbert, enquanto Granada – outro país caribenho – perdeu duas vezes o PIB em decorrência do furacão Iván, em 2004.

Desafios mundiaisO relatório do Pnud ressalta, ainda, que os governos precisam estabe-

lecer acordos multilaterais e formular políticas públicas para melhorar o equilíbrio das condições de vida, permitir a livre expressão e partici-pação das pessoas, administrar as mudanças demográficas e fazer frente às pressões ambientais.

Um dos grandes desafios para o mundo, segundo o texto, é reduzir as emissões de gases que provocam o efeito estufa. Apesar de os lançamen-tos de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera parecerem aumentar com o desenvolvimento humano, essa relação é muito fraca, destaca o Pnud. Isso porque, em todos os níveis de IDH, alguns países equivalentes têm uma maior emissão de CO2 que outros.

Além disso, pode haver diferenças grandes entre as províncias ou esta-dos de um mesmo país, como é o caso da China. Esses resultados, de acor-do com o relatório, reforçam o argumento de que o progresso humano não demanda um aumento no uso de CO2, e que políticas ambientais melhores poderiam acompanhar esse desenvolvimento.

Segundo o Pnud, alguns países já têm se aproximado desse nível de de-senvolvimento, sem exercer uma pressão insustentável sobre os recursos ecológicos do planeta. Mas responder globalmente a esse desafio exige que todas as nações adaptem suas trajetórias.

Os países desenvolvidos, por exemplo, precisam reduzir a chamada “pegada ambiental”, ou seja, quanto cada habitante polui o planeta (como se fosse um PIB do meio ambiente). Já as nações em desenvolvimento devem aumentar o IDH, mas sem elevar essa pegada. Na visão do Pnud, tecnologias limpas e inovadoras podem desempenhar um papel importante nesse processo.

Pobreza extrema deve ser motivada também por degradação do planeta

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Mas, para reduzir a quantidade necessária de emissões de gases de efeito estufa, os países dos hemisférios Norte e Sul têm que chegar a um acordo justo e aceitável para todos, como compartilhar as responsabili-dades, informa o relatório.

Acordos e investimentosNa Rio+20, Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, rea-

lizada no Rio de Janeiro em junho de 2012, foi negociado entre os governos da região da Ásia e do Pacífico um acordo para proteção do maior recife de corais do mundo, o chamado Triângulo de Coral, que se estende desde a Malásia e a Indonésia até as Ilhas Salomão. A área é responsável por fornecer o sustento para mais de 100 milhões de pessoas.

Além disso, alguns países estão trabalhando juntos na bacia do Rio Congo para combater o comércio ilegal de madeira e preservar o segundo maior território florestal do mundo. Bancos regionais de desenvolvimen-to também apresentaram uma iniciativa que conta com US$ 175 bilhões (R$ 350 bilhões) para promover o transporte público e ciclovias em algu-mas das principais cidades do mundo.

Outra parceria envolve a China e o Reino Unido, que vão testar tecnolo-gias avançadas de combustão de carvão. Já os EUA e a Índia firmaram um acordo para o desenvolvimento de energia nuclear na Índia.

Alguns países também estão desenvolvendo e compartilhando novas tecnologias verdes. A China, o quarto maior produtor de energia eóli-ca do mundo em 2008, é também a maior fabricante global de painéis solares e turbinas para geração de energia pelo vento. E, na Índia, os in-vestimentos em energia solar aumentaram 62% em 2011, chegando a US$ 12 bilhões (R$ 24 bilhões) – os maiores do planeta. Já o Brasil elevou seus investimentos tecnológicos para energias renováveis em 8%, che-gando a US$ 7 milhões (R$ 14 milhões).

PromessasAté 2020, a China também prometeu cortar

suas emissões de dióxido de carbono por uni-dade de PIB em 40% a 45%. E, em 2010, a Índia anunciou reduções voluntárias de 20% a 25%. Além disso, no ano passado, políticos coreanos aprovaram um programa para reduzir as emis-sões de fábricas e usinas de energia. Na Rio+20, Moçambique anunciou ainda uma nova rota de economia verde. E o México promulgou re-centemente uma lei para reduzir as emissões de CO2 e apostar em energias renováveis.

No Fórum de Bens de Consumo da Rio+20, as empresas Unilever, Coca-Cola e Wal-Mart – classificadas entre as 20 melhores multinacio-nais do mundo – também prometeram elimi-nar o desmatamento de suas cadeias de abas-tecimento. Além disso, a Microsoft prometeu que em 2012 se tornaria nula em emissões de carbono. E a companhia Femsa, que engarra-fa bebidas – como a Coca-Cola – na América Latina, manifestou que obteria 85% de suas necessidades energéticas no México a partir de recursos renováveis.

Mas, apesar de muitas iniciativas promisso-ras, ainda existe ainda uma grande diferença entre as reduções de emissões necessárias e essas modestas promessas, destaca o Pnud. Fonte: midianews.com.br

Bombeiros trabalham em áreas afetadas pelas fortes

chuvas que atingiram Petrópolis, na região

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As cianobactérias – organismos unicelulares fotossintetizantes – são uma opção econômi-ca e viável para a produção de biodiesel, se-gundo pesquisa da USP. Um hectare de milho produz 168 l. de biodiesel, o equivalente ao mes-mo hectare de cianobactérias produziria 140 mil l. do cianodiesel. Além disso, em seu cultivo, po-dem ser utilizadas águas residuais e marinhas, por isso não há necessidade de terra cultivável, o que não interfere na produção de alimentos.

O cianodiesel é produzido com o lipídeo ex-traído desses organismos, que se multiplicam facilmente em meio aquoso em colônias, além de serem tolerantes a variações salinidade, tem-peratura e até mesmo poluição. Existem muitas linhagens de cianobactérias, inclusive algumas tóxicas, como as algas azuis que comprometem a qualidade da água de vários reservatórios. Na pesquisa não foram utilizadas espécies toxicas.

A pós-doutoranda Caroline Pamplona da Silva, que participou do projeto, disse que foram ava-liadas várias linhagens e duas apresentaram resultados bastante promissores. “Os óleos des-sas duas linhagens com características químicas adequadas foram testados na síntese de biodie-sel comercialmente aceito. No entanto, a pro-dução de biomassa em larga escala ainda é um desafi o”, afi rmou ela. A utilização de cianobacté-rias na produção de biodiesel tem várias vanta-gens, como diminuir a pressão sobre matérias-primas, como o milho, sorgo, soja, mamona e gi-rassol, que são fontes de alimentação mundial.

Caroline disse ainda que a necessidade nutri-cional das células de cianobactérias é simples; o período de produção de biomassa é curto e a concentração de óleo pode chegar a 50% da biomassa seca; menos emissões e contaminan-tes do que o combustível derivado do petróleo; o gás carbônico emitido pelas indústrias pode ser usado como fonte de carbono para seu culti-vo e, quando cultivadas em sistemas contínuos, podem ser colhidas diariamente.

A professora Heizir Ferreira de Castro disse que as cianobactérias são mais uma opção para a produção do biodiesel, mas não são “a salva-ção da lavoura”, ou seja, não podem substituir totalmente as outras matrizes. “Seriam uma opção porque têm maior produtividade. Nós re-tiramos o óleo vegetal delas e transformamos como se fosse qualquer outro óleo”, disse ela.

texto Vinícius Lisboa

Os veículos foram entregues pelo prefeito Eduardo Paes aos taxistas Breno de Souza Olveira, de 47 anos, e Arthur Marfi r, de 51 anos, que inte-gram cooperativa que atua no Aeroporto Santos Dumont. Os motoristas não terão que arcar com os custos de abastecimento nem repassar um percentual da corrida à montadora Nissan, fabricante dos carros.

Os táxis fi carão emprestados por cerca de três anos. Todos os dias, os dois motoristas deverão buscá-los em um prédio da prefeitura, em Botafogo, e levá-los ao aeroporto. Com carga que possibilita rodar até 160 quilôme-tros sem abastecer, os taxistas poderão recarregar em postos da Petrobras na Barra da Tijuca e na Lagoa. Para receberem os veículos, os profi ssionais passaram por treinamento de dois meses.

O prefeito destacou o caráter experimental da iniciativa: “É uma fase ex-perimental mesmo. O ideal é que a gente consiga desenvolver subsídios para que as pessoas possam adquirir esse tipo de carro. São experiências que vão criando uma cultura”.

O secretário municipal de Transportes, Carlos Roberto Osório, explicou que os dois taxistas foram escolhidos por terem experiência e boa conduta no trânsito. “Eles têm muitos anos de carreira, não têm multas nem infrações como taxistas no Rio. São comunicativos e têm noção de língua estrangeira. São motoristas referência e vão servir de espelho e exemplo para a categoria”.

Para Osório, a iniciativa desmistifi ca o transporte movido a eletricidade. “Quanto mais energia limpa estiver circulando na praça do Rio de Janeiro, é melhor. Com isso, a gente qualifi ca o serviço de táxi agregando o compo-nente da sustentabilidade. É uma possibilidade de o carioca ver nas ruas que esse negócio de energia elétrica movendo automóvel não é fi cção cien-tífi ca, é realidade. E acho que o táxi vai fazer essa apresentação”.

Além de investir na modernização dos veículos, o secretário informou que, este ano, será revista a regulamentação dos táxis da cidade, que é a mesma desde 1970. Um dos principais pontos da nova legislação será padronizar a frota, reduzindo as disparidades entre carros populares de baixa potência e carros de luxo, que prestam o mesmo serviço. Osório garantiu, no entanto, que a ideia não é onerar o passageiro com taxas diferenciadas. Fonte: Agência Brasil

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Cianobactérias na produção de

começam a circular no Rio de JaneiroO projeto piloto, uma parceria da prefeitura do Rio e a montadora Nissan, deverá levar 15 táxis desse tipo às ruas até o fi m do ano. A partir de 2014, a ideia é expandir o serviço. Os carros não emitem poluentes nem ruídos

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começam a circular no Rio de Janeiro

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energia

Aquecedor solar caseiro feito comgarrafas pet

Você lembra de um projeto de aquecimen-to solar caseiro feito com garrafas PET, criado em Santa Catarina e que ganhou as páginas dos noticiários nacionais em 2004? O projeto tinha três princípios bási-cos: simples, funcional e barato.

Para quem não lembra, o projeto ganhou vi-sibilidade nacional em 2004 quando ganhou o “Prêmio Superecologia” promovido pela re-vista Superinteressante. “Para nossa surpresa, o projeto não só obteve aceitação como interes-se de vários setores. Esse fato vem benefi cian-do um grande número de pessoas”, comemora José Alcino Alano, morador da cidade de Tuba-rão e inventor do aquecedor solar caseiro.

Mas depois de tanto tempo o que foi feito com a brilhante ideia? Para entender melhor, vamos ao início.

O projeto do aquecedor solar caseiroFoi quase por acaso que, em 2002, o catari-

nense José Alcino Alano criou um mecadinis-mo que retém o calor do sol e transforma em energia feito com garrafas PET, embalagens de leite e conexões de PVC.

“Ao guardar as embalagens do nosso próprio consumo em casa, o acúmulo foi inevitável. Como eu e minha mulher tínhamos um conhe-cimento básico sobre aquecimento por energia solar, em 2002 resolvemos construir um coletor solar com 100 garrafas”, explica José. Ele diz que o projeto se mostrou efi ciente, dentro das limi-tações de um aquecedor solar alternativo, dan-do um destino responsável ao lixo acumulado.

O aposentado patenteou o invento para ga-rantir que nenhuma empresa se apropriasse in-devidamente da criação e explorasse a invenção comercialmente. Na época, o custo total do pro-

Projeto criado em Santa Catarina ganha visibilidade nacional e ainda rende frutos

jeto não passou de R$ 83,00. Mas os frutos da experiência foram além dos 30% de economia na conta de energia. E José Alcino foi além. Criou um manual que ensina como montar o aquecedor passo à passo. O manual foi importante re-ferência para difundir o projeto e ajudar as pessoas interessadas em montar o seu aquecedor solar caseiro. Até mesmo o governo do estado do Paraná promo-veu em 2008 ofi cinas práticas no estado para difundir a ideia de Alcino. E não parou aí, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul também usaram a técnica.

O esquema para construção dos aquecedores solares caseiros é mesmo dos aquecedores solares produzidos industrialmente, conhecido tecnicamente de sistema termo-sifão. A diferença está justamente do material utilizado.

O melhor da ideia do casal é que qualquer um pode construir seu próprio aquecedor. Basta seguir as instruções do “Manual Sobre a Construção e Ins-talação do Aquecedor Solar Composto de Embalagens Descartáveis”, dispo-nível na Internet com um passo-a-passo para a produção e instalação.

O aquecedor solarO aquecedor solar caseiro tem os mesmos princípios de funcionamento

dos convencionais e pode esquentar a água a partir da luz do sol, sem a uti-lização de energia elétrica. “No início, ele foi dimensionado para atender o nosso consumo de água quente. Usamos então 200 garrafas para atender quatro pessoas”, conta o catarinense.

Um dos objetivos da invenção é conscientizar as pessoas sobre essa pos-sibilidade de gerar energia solar – e de maneira alternativa. “Em um país ensolarado como o Brasil, esse tipo de recurso precisa ser bem utilizado”, diz Alcino. Outra meta estipulada por José é retirar dos lixões uma grande quantidade de embalagens descartáveis, como as caixas de leite ‘Tetra pak’.

A invenção dele tornou-se projeto de governo. A Celesc (Companhia Ca-tarinense de Energia Elétrica) fi rmou um convênio de cooperação técnica para difusão dos aquecedores solares compostos por materiais descartá-veis. Com o nome “Energia do Futuro”, o projeto de José já benefi ciou mais de 8 mil pessoas em Santa Catarina. A Celesc promove até hoje, ofi cinas em várias comunidades de Santa Catarina, ensinando a replicar e criar o aque-cedor solar de baixo custo.

O projeto do aquecedor solar caseiro pode ter diferentes usos em uma re-sidência, mas mostrou-se valioso quando o assunto é uso do chuveiro elé-trico. O chuveiro é um dos itens que mais consome energia na maioria das residências. Ele é responsável por quase 50% do consumo de energia. Esses 50% de gasto com o chuveiro pode ser racionado apenas com o aquecedor solar, representando uma ótima diferença nas contas do fi nal do mês.

Simples assimNo sistema desenvolvido por Alcino e a esposa, os canos de PVC são ins-

talados dentro das garrafas PET, que têm a base cortada e levam recortes das embalagens longa vida. Ao passar pelos canos, a água chega aos 38°C no inverno. No verão, pode passar dos 50°C. O equipamento não exige mui-ta manutenção. O ideal é que as garrafas sejam trocadas a cada cinco anos e que as peças sejam bem lavadas antes da montagem. Fonte: procaveblog.com.br

O manual passo a passo para fazer o seu aquecedor solar está disponível sem nenhum custo em: www.myebook.com/ebook_viewer.php?ebookId=51338

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águaA previsão é de que o número de pessoas que vivem em áreas de grande stress hídrico passe de 2,4 bilhões (2002) para cerca de 3,5 bilhões (2032)Em dezembro de 2010, a Assembleia das Nações Unidas declarou o ano de 2013 como o Ano Internacional das Nações Unidas para a Cooperação pela Água, com base na proposta de um grupo de países liderado pelo Tajiquistão.

A Unesco, responsável pelas atividades do ano, promoverá maior inte-gração entre os países e debates sobre os desafios do manejo da água. É um importante momento e uma oportunidade para que nações e pessoas repensem suas atitudes em relação aos recursos hídricos.

Cerca de 70% do nosso planeta é constituída por água. Deste total, 97,5% é salgada e apenas 2,5% é doce, sendo que 77,2% encontra-se nas geleiras e calotas polares, 22,4% em aquíferos subterrâneos, 0,36% em rios e lagos e 0,04% na atmosfera. Sendo assim, resta-se somente uma pequena parcela de água doce em estado líquido e diversos tipos de uso. Segundo a ONU – Organização das Nações Unidas, a quanti-dade seria suficiente para que a população mundial vivesse de forma digna, se não fosse o desperdício e poluição deste recurso.

Puxado pelo crescimento populacional e econômico, o consumo de água triplicou nos últimos 50 anos, agravando as desigualdades na dis-ponibilidade desse recurso natural. De acordo com o Programa das Na-ções Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o cenário de escassez de água é o único aspecto que não apresenta evolução positiva no futuro.

A previsão é de que o número de pessoas que vivem em áreas de grande stress hídrico passe de 2,4 bilhões (2002) para cerca de 3,5 bilhões (2032).

O ano da

Além disso, de acordo com a Organização Mun-dial de Saúde (OMS), estima-se que anualmen-te 5 milhões de pessoas sucumbem às doenças transmitidas pela água e 6 mil crianças mor-rem diariamente por consumir água contami-nada. Projeta-se um aumento do consumo da água de até 2025 de 50% nos países em desen-volvimento e 18% nos países desenvolvidos.

Apesar do panorama desolador, o Brasil tem posição privilegiada no mundo em relação à disponibilidade de recursos hídricos, possuindo 12% da água doce superficial do mundo e par-te do maior reservatório de água subterrânea do planeta. Apesar disso, a distribuição da água é irregular. Várias bacias hidrográficas apre-sentam uma combinação de baixa disponibili-dade e grande utilização. Este é um diferencial importante em tempos de escassez planetária de água e traz consigo a responsabilidade de gestão estratégica desse patrimônio.

Diante deste cenário, as empresas têm papel fundamental no cuidado com este bem pre-cioso. As indústrias devem cumprir compulso-riamente os requisitos legais relativos ao uso consciente dos recursos hídricos, melhorar a eficiência de seus processos reduzindo a cap-tação de água do meio ambiente e aumentan-do o reuso de águas e reciclagem de efluentes. Além de atuar preventivamente para evitar os passivos ambientais poluidores dos ma-nanciais subterrâneos e recuperar os existen-tes, incentivar a participação de fornecedores e clientes na definição de práticas de gestão dos recursos hídricos. Desta forma, as empe-sas estão contribuindo para construir um di-ferencial competitivo, baseado na redução dos índices de consumo de água e da geração de efluentes líquidos, além de garantir a preser-vação dos mananciais e aquíferos subterrâne-os onde capta seus recursos.

Optar pelo desenvolvimento sustentável é reflexo do entendimento que o crescimento econômico pode acontecer em sinergia com o bem-estar dos povos. As soluções para os problemas ambientais e sociais estão sendo discutidas pelas nações do mundo todo, mas naturalmente não existem saídas simples. No entanto, não há dúvidas de que as empresas têm um papel de destaque e que o crescimen-to pode ser feito de forma ambientalmente responsável. As organizações que assim o fize-rem, serão parte da solução. *Mário Pino é mestre em tecnologias ambientais limpas e gestor corporativo em desenvolvimento sustentável na BraskemFonte: correio24horas.com.br

Criança toma banho em poço público na vila de Keelakaraikadu, em Tamil Nadu, Índia

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A presidente Dilma Rousseff confirmou que durante o seu governo pretende “universalizar o acesso à água” e concretizar os planos de investimento de 11,6 milhões de euros em obras contra a seca no Nordeste brasileiro

Cerca de 80% deste investimento, anun-ciado há dois anos e previsto até ao final de 2014, será dirigido a obras estruturais, que englobam represas e canais até esta-ções de tratamento de água, explicou a presidente no seu programa de rádio se-manal. Os outros 20% servirão para refor-çar o programa social conhecido como ‘Água para Todos’, que desde 2012 levou água potá-vel a cerca de 240 mil pessoas, que anterior-mente não tinham acesso a este serviço.

A maior parte dos investimentos será realizado no Nordeste do país, onde to-dos os anos registam-se enormes secas, afetando o desenvolvimento das popula-ções, que em grande parte dedicam-se à atividade agrícola.

Dilma Rousseff assegurou que o seu go-verno está fazendo “todo o esforço possível para enfrentar esse desafio importantíssi-mo para o país, que é o de universalizar o acesso à água”, tanto para o consumo como para a irrigação nas regiões agrícolas.

As secas severas, que anualmente se re-gistram no Nordeste, têm atingido durante a região nos últimos meses, como em Per-nambuco, que desde o fim de fevereiro está racionando o serviço de água em Recife. Fonte: noticiasaominuto.com

Dilma quer tornar a água

código florestaluniversalJudiciário e as interpretações do novo

No Direito Ambiental, não há a aplicabilidade do princípio da retroatividade da lei mais benéfica ao réu

Assim que o Novo Código Florestal entrou em vigência por meio da criação da polêmica Lei Federal n. 12.651/12, subsequente a tensos embates trava-dos entre ambientalistas e ruralistas dos quais certos assuntos perduram até hoje, certas questões decorrentes de interpretações distorcidas do texto legal passaram a ser suscitadas, inclusive no Poder Judiciário. O objetivo é o de se buscar a isenção/revogação de sanções impostas por órgãos ambientais oriundas de infrações apuradas quando da vigência do Código anterior.

Exemplo disso é o recente ajuizamento, por proprietário rural, de “ação de anulação de ato cumulada com pretensão indenizatória” que gerou deci-são proferida pelo Superior Tribunal de Justiça (Ministro Relator Herman Benjamin) a qual, expressamente, consignou a necessidade de manuten-ção das penalidades nos casos decorrentes de infrações ambientais come-tidas em período anterior a 2008 e, consequentemente, época de vigência do antigo Código Florestal (instituído em 1965).

Segundo o autor da ação, a nova legislação federal lhe concedeu isenção da punição sofrida, de modo que aquela infração cometida (exploração de Área de Proteção Permanente – APP sem licença ambiental) antes do ano de 2008 deveria se tornar isenta de sanção (multa pecuniária), enquanto que, em verdade, o Novo Código Florestal mantém a penalidade imposta anteriormente, com a possibilidade, porém, de que seja suspensa desde que o infrator cumpra uma série de requisitos (determinações do Ibama) para a devida recuperação da área degradada.

Ou seja, para alcançar a suspensão da penalidade imposta, deverá o in-frator passar por um Programa de Regularização Ambiental (PRA), confor-me artigos 59 e seguintes do Novo Código Florestal, que se trata de proce-dimento realizado no âmbito administrativo com o acompanhamento do Ibama, para que recupere a área degradada. Vale reiterar e deixar esclare-cido, mesmo com a entrada do Novo Código Florestal, os autos de infração lavrados antes de 2008, ou seja, com base no antigo Codex, continuam em vigor e, consequentemente, as obrigações e penalidades impostas deverão ser cumpridas, suspendendo-se sanções tão somente se atendido o progra-ma (PRA) e seus respectivos requisitos.

Cumpre informar, ademais, que para se fazer jus ao PRA, necessário ins-crever o imóvel (rural) no Cadastro Ambiental Rural (CAR) e o proprietário, por sua vez, deverá assinar Termo de Compromisso (TC) e, com isso, ficará condicionado a realizar todos os procedimentos exigidos pelo Ibama para se isentar do pagamento da sanção pecuniária, lembrando que este termo possui validade de título executivo extrajudicial e, por isso, poderá ser exe-cutado em caso de descumprimento do programa.

Assim, importante destacar que, em casos de natureza ambiental, não há a aplicabilidade do princípio da retroatividade da lei mais benéfica ao réu, uma vez que não pode ocorrer retrocesso legal de modo que atinja ato jurídico per-feito, direitos ambientais adquiridos e de abrangência difusa/coletiva, bem como a própria coisa julgada, sendo que não se pode reduzir, também, parâ-metros de proteção do meio ambiente (leia-se fauna e flora) sem que sejam implementadas as necessárias compensações/reparações ambientais. *Fabio Martins Di Jorge e Victor Penitente Trevizan, especialistas, respectivamente, nas áreas de Direito Administrativo e Direito Ambiental, e integrantes da área de Infraestrutura do Peixoto e Cury Advogados – [email protected] [email protected]

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O senador e ex-governador do Mato Grosso Blairo Maggi (PR-MT) assumiu a presidência da CMA (Comissão de Meio Ambiente, Defe-sa do Consumidor, Fiscalização e Controle) do Senado. Ele é da bancada ruralista e é considera-do um dos maiores produtores de soja do Brasil, o que gerou insatisfação por parte de ambienta-listas e políticos ligados ao setor ambiental.

O político, por meio do grupo familiar do qual faz parte, Ammagi, é responsável por 5% da produção anual de soja no país. A empre-sa é uma das maiores produtoras individuais de soja no mundo. Por ano, são colhidas mais de 400 mil toneladas. Juntando as culturas de milho, algodão e sementes, plantadas na mes-ma área, a média de produção anual dos últi-mos anos é de cerca de 700 mil toneladas. O grupo ainda atua na pecuária e extração da borracha. A empresa produz a metade das 170 mil toneladas de soja exportadas no mundo.

Além desses dados, que o colocam muito mais próximo de um dos lados do conflito tradicio-

nal entre produtores e ambientalistas, o senador não tem histórico de atuação na área ambiental.

Entre os projetos de lei propostos por Maggi, poucos abordam questões do setor, como o PLS 750/2011, sobre a política de gestão e pro-teção do bioma Pantanal; o PLS 435/2011, sobre a perda de gás natural decorrente do processo de exploração de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos sólidos, e a PEC 76/2011, que altera artigos da Constituição para assegu-rar aos índios participação nos resultados do aproveitamento de recursos hídricos em ter-ras indígenas.

Opiniões diversasPara o deputado federal Walter Feldman (PS-

DB-SP), o melhor seria que o Senado tivesse es-colhido alguém com mais condições de lidar com os conflitos relacionados ao meio am-biente, isto é, que não estivesse muito ligado a nenhum dos dois lados: nem dos ruralistas e nem dos ambientalistas.

No Senado, ruralista assume presidência da comissão de meio ambiente

Blairo Maggi é considerado um dos maiores produtores de soja do Brasil

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“O ideal seria ter alguém que pudesse equilibrar as relações. O presidente da comissão poderia, até, originar um papel de protagonista”, diz Feldman, acrescentando que o problema seria o mesmo caso fosse colocado na presi-dência da CMA, por exemplo, um ambientalista radical.

Para o presidente do Instituto Democracia e Sustentabilidade, João Pau-lo Capobianco, o fato de o senador estar na presidência da CMA não re-presenta, necessariamente, um problema. Ele considera que a ligação dele com o setor ruralista é longe do ideal e o melhor seria ter alguém com uma visão mais contemporânea. “Não é o nome que esperávamos, não é uma pessoa que tem uma ligação com o setor, no sentido de tornar a pró-pria atividade responsável, não é um nome identificado com a questão mais complexa da agenda ligada à sustentabilidade.”

Blairo Maggi afirma que as críticas não o preocupam e que não se acha representante de apenas um dos lados. “Essas questões aqui do meio am-biente têm que ter os dois lados, o lado da preservação e o lado da produ-ção, isso é sustentabilidade.”

Ele se acha a pessoa certa para isso, pois garante que entende os dois setores. A mediação de conflitos será possível, na visão do senador, pois ele conhece bem tanto o que os produtores, quanto as ONG’s ligadas ao meio ambiente, querem. E completa: “a gente não pode ser guiado nem pelos muito de esquerda e nem pelos muito de direita, o caminho sempre melhor é o centro. E se eu consegui fazer essa equação dar certo como governador, como produtor, posso muito bem conciliar e fazer o mesmo na CMA”, afirma Blairo Maggi.

Histórico ambíguoEm 2004, Maggi chegou a ser líder de uma ocupação predatória. Nes-

ta época, o Greenpeace chegou a tentar presentear Maggi com um prê-mio intitulado “Motosserra de Ouro” pela devastação excessiva. Depois fez uma reconversão com uma série de modificações nas próprias ações das empresas que administra.

Foi quando o então governador do Mato Grosso colocou em prática uma política de repressão ao desmatamento e, paralelamente, incentivou a re-gularização ambiental de áreas já abertas. Na mesma época criou o MT Legal, que promoveu a regularização ambiental dos imóveis rurais, per-mitindo maior controle do uso dos recursos ambientais e assinou, ainda, a moratória da carne, concordando com o veto internacional à carne mato-grossense que fosse produzida em áreas de desmate ilegal.

Mas, lembra Capobianco, em 2008 voltou a ter uma atitude contrária ao meio ambiente, quando liderou o veto a um decreto presidencial que

Penna é eleito presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS) elegeu por unanimidade o deputado Penna (PV/SP) presidente do colegiado para este ano. Também foram eleitos na mesma chapa os deputados Sarney Filho (PV-MA) como 1º vice-presidente, Arnaldo Jordy (PPS-PA) como 2º vice, e Antônio Roberto (PV-MG) como 3º vice.A decisão mantém o Partido Verde à frente da Comissão por mais um ano. Penna sucede Sarney Filho, que comandou os trabalhos em 2012. De acordo com o parlamentar, os desafios continuam. “Manterei o espírito de negociação, buscando o conforto para debates, às vezes tão acirrados, mas buscando o melhor para o futuro do Brasil”, afirmou.Para o ex-presidente da comissão, deputado Sarney Filho, a permanência do PV é uma vitória na luta pelas questões ambientais. “Isso reforça nosso compromisso na defesa dos temas ligados a sustentabilidade e pela qualidade de vida da população”, ressaltou. Entre os temas apontados como prioridade por Penna, para seu mandato na Comissão de Meio Ambiente para este ano, estão a questão energética, a questão hídrica e a questão indígena.Fonte : Liderança do PV

vinculava o crédito rural à inadimplência ambiental, um fato controverso e negativo, de acordo com o consultor ambiental. E, logo depois, várias ações que caminharam a favor da preservação do meio ambiente e da sus-tentabilidade. “Ele tem feito aproximações e eu espero que ele queira aproveitar a oportu-nidade para fazer história dentro da comis-são”, completa o presidente do Instituto De-mocracia e Sustentabilidade.

Outro motivo para que os ambientalistas não tenham muita confiança na nova presidência da CMA vem da posição dele em relação ao Có-digo Florestal. À época da votação, Maggi disse que o texto estava “muito bom para os produ-tores de Mato Grosso” e que não deveria pas-sar por nenhum reparo, enquanto choviam pe-didos de mudança por parte da bancada mais ligada ao meio ambiente. Ele avaliou de forma positiva o fato das áreas que têm no máximo 100 hectares ganharem uma legislação bas-tante flexível. E a opinião dele tinha uma visão voltada a sua região, Mato Grosso.

Partiu dele, também, o pedido para a alte-ração de um artigo da medida provisória que poderia prejudicar os proprietários de ter-ras do bioma amazônico, incluindo produto-res das regiões norte e médio norte de Mato Grosso. Outro ponto controverso foi quando reiterou a posição de que as propriedades de até quatro módulos fiscais ficassem dispen-sadas de recomposição de reserva legal, de-fendendo, apenas, que não aumentassem a área devastada.

Ele também teve uma vitória numa que-da de braço com o então presidente da CMA, Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), em torno da permissão para a exploração de 20% das áreas de florestas em propriedade da Amazônia. Fonte: Uol

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A compra do roto ambiental pelo esfarrapado climático

A CSA, em carga plena, emitirá 12 vezes mais GEE que todas as outras industrias do município do Rio de Janeiro juntas

com nosso dindim

A imprensa noticia que o BNDES vai finan-ciar a compra da CSA pela CSN. O passivo ambiental de ambas, somado, dá R$ 500 mi-lhões. O da CSA responsável por pelo menos dois graves episódios de poluição atmosfé-rica de efeito local, em Santa Cruz, respon-de por um quinto disso e a CSN, tradicional poluidora do Rio Paraíba do Sul e do ar em Volta Redonda pelo restante. A explicação é que o BNDES – leia-se governo Dilma – quer “nacionalizar” a siderurgia.

A CSN é uma empresa privada, foi desestatiza-da há duas décadas. Ela substituiria a Thyssen Krupp na sua sociedade com a Vale que for-ma a CSA. Qual a vantagem desse “abrasileira-mento” privado, nos tempos atuais, carece de uma demonstração convincente que pretendo exigir do BNDES assim que se reiniciarem os trabalhos legislativos na Câmara, via Comis-são de Meio Ambiente.

Pode ser que haja alguma vantagem para o Brasil que eu não esteja percebendo, a primei-ra vista, e talvez desse processo possam advir melhorias ambientais na performance de am-bas grandes poluidoras e emissoras de gases de efeito estufa (GEE). Mas falta o BNDES de-mostrar isso clara e convincentemente pois, até agora, os indícios vão em sentido contrário.

A CSA aparece hoje como produto de uma grande picaretagem internacional. Estou con-vencido que fez parte de uma megaoperação de burla ao Protocolo de Kioto utilizando suas brechas (avenidas, melhor dizendo...) Foi parte

de um grande processo de “deslocalização” de siderúrgicas, cimenteiras e outras indústrias altamente emissoras de GEE de países do Anexo I do Pro-tocolo de Kioto, basicamente Europa e Japão, que cumpriram uma parte de sua meta de redução de GEE simplesmente transferindo essas indústrias para países “em desenvolvimento” como a China ou o Brasil.

Foi uma burla do espírito de Kioto porque, na verdade, essas emissões de efeito global – há um estudo chinês que calcula que correspondem a 25% das reduções dos países do Anexo I – continuaram acontecendo. Nesse caso pouco importa se do CO2 ou o metano são emitidos no Rhur, em Santa Cruz ou na periferia de Xangai. Dá no mesmo para o clima no planeta.

A CSA, em carga plena, emitirá 12 vezes mais GEE que todas as outras indus-trias do município do Rio de Janeiro juntas. Isso é estatisticamente expurga-do do inventário de emissões da cidade que vai sediar os Jogos Olímpicos se-não seriam risíveis nossas metas de redução publicamente assumidas.

Como se não bastasse a CSA protagonizou pelo menos dois grandes “in-cidentes” com a chamada “chuva de prata” por deficiências do seu planeja-mento para situações emergenciais (mas perfeitamente previsíveis) que o processo de licenciamento não detectou, previamente.

O licenciamento da CSA ignorou completamente a questão das emis-sões de GEE – resultado do paradigma de Kioto que permitia aos países “em desenvolvimento” emitirem livremente. Aliás, a empresa só realiza inventários de emissões porque uma emenda de minha autoria obrigou-a para tanto, quando da votação de uma lei prorrogando um incentivo fis-cal questionável mas para o qual a Câmara Municipal tinha ampla maio-ria sob pressão dos governos do Estado e municipal. Resta saber – ainda não consegui que me informassem – se esse inventário está de fato sendo apresentado a contento. As multas em função das “chuvas de prata” ainda não foram pagas.

Nesse contexto, o BNDES vai ter muito que explicar antes de financiar essa compra do roto ambiental pelo esfarrapado climático com nosso dindim. Em tempo: com todos os problemas da CSA, em termos de emis-sões de GEE a CSN é muito pior. Fonte: alfredosirkis.blogspot.com.br

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Imprimir nos dois lados da folha, utilizar um copo retornável para be-ber água, realizar compras públicas sustentáveis que priorizem crité-rios ambientais são exemplos de atitudes incentivadas pelo programa Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P). Desenvolvida pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), a iniciativa tem como objetivo es-timular a reflexão sobre a responsabilidade socioambiental e a mudança de atitude no ambiente de trabalho.

“Pequenos gestos podem trazer grandes resultados, no que diz respeito à consciência ambiental”, afirma a gerente de Projeto da A3P do MMA, Ana Carla de Almeida. Das 178 instituições que participam do programa, 78 correspondem à esfera federal, 60 da estadual e 40 da municipal. O Minis-tério do Meio Ambiente apoia, tecnicamente, os órgãos interessados em implementar o programa e promove o Prêmio Melhores Práticas da A3P como incentivo e reconhecimento do esforço das instituições. O prêmio existe desde 2009 e sua quarta edição aconteceu ano passado, com um número recorde de projetos inscritos (74).

Responsabilidade“As instituições públicas devem dar o exemplo de ações conscientes”, ex-

plica Ana Carla Almeida. A agenda pode ser desenvolvida em toda a admi-nistração pública, nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, nas esfe-ras federal, estadual e municipal. A adesão tem duração de cinco anos.

O programa, criado em 2005, também prevê a sensibilização e capaci-tação dos servidores, a gestão adequada dos recursos naturais utilizados e dos resíduos gerados, além da promoção da melhoria da qualidade de vida no ambiente de trabalho.

Obrigatoriedade A Agenda Ambiental na Administração Pública é parte integrante do

Projeto Esplanada Sustentável, iniciativa para incentivar os órgãos e instituições públicas federais a adotarem um modelo de gestão organi-zacional focado na sustentabilidade ambiental e socioeconômica.

A Agenda também é um referencial para a elaboração dos Planos de Gestão de Logística Sustentável (PLS), instituídos pela Instrução Norma-tiva nº 10, de 12 de novembro de 2012. Os PLS são ferramentas de planeja-mento para que as entidades possam estabelecer práticas de sustentabi-lidade e racionalização de gastos e processos na administração pública.

Com isso, as instituições da administração pública federal direta, autár-quica, fundacional e empresas estatais dependentes estão elaborando seus planos de logística sustentável, que devem ser apresentados até maio deste ano, quando se encerra o prazo estipulado na Instrução Normativa. Sendo assim, a A3P vai se tornar obrigatória para esses órgãos. A meta é al-cançar cerca de 30 mil prédios públicos e 600 mil servidores.

Saiba maisNa prática, o Programa A3P ensina a usar os recursos naturais e bens pú-

blicos de forma econômica e racional, evitando o desperdício. Isso inclui o uso racional de energia, água e madeira, além do consumo de papel, copos plásticos e outros materiais de expediente.

Outro ponto é a gestão adequada de resíduos, que passa pela adoção da po-lítica de 5Rs: repensar, reduzir, reutilizar, reciclar e recusar consumir produtos

Práticas sustentáveis no cotidiano dogoverno178 órgãos públicos participam do programa do governo

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que gerem impactos socioambientais significa-tivos. A proposta é pensar, primeiramente, em reduzir o consumo e combater o desperdício, para, só então, destinar o lixo corretamente.

A reciclagem é uma das alternativas vanta-josas de tratamento de resíduos sólidos, tanto do ponto de vista ambiental, pois reduz o con-sumo de recursos naturais, poupa energia e di-minui o volume de lixo e poluição; quanto dos pontos de vista social e econômico, pois, quan-do há um sistema de coleta seletiva bem estru-turado, a reciclagem pode ser uma atividade econômica rentável e socialmente inclusiva.

A qualidade de vida no trabalho também é um dos destaques da A3P. A administração pública deve promover ações para o desenvolvimento pessoal e profissional dos seus servidores. Um exemplo de ação para promover a saúde no tra-balho é a ginástica laboral. Entre os benefícios da atividade está a prevenção de doenças carac-terísticas da atividade exercida, maior disposi-ção e integração entre colegas de trabalho.

Outro eixo do Programa consiste em cons-cientizar os gestores e servidores públicos quanto à responsabilidade socioambiental. Para que isso aconteça, podem ser realizadas campanhas e eventos como palestras, cursos e fóruns que busquem chamar a atenção para temas socioambientais relevantes.

A administração pública também deve pro-mover a responsabilidade socioambiental nas suas compras. Esse processo deve priorizar cri-térios ambientais e não somente os econômi-cos e de menor preço. Por exemplo, a aquisição de impressoras que imprimam frente e verso e a compra de papel reciclado. Fonte: Ministério do Meio Ambiente

Copos retornáveis: exemplo de sustentabilidade

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Há tempos a sustentabilidade virou palavra de ordem. Virou moda se-parar o lixo, optar por alimentos orgânicos, trocar o carro pela bicicle-ta, mas algumas práticas e hábitos continuam lá, estabelecidos dentro de casa. É justamente no ambiente doméstico que boa parte da energia e dos recursos são desperdiçados – seja num banho quente mais longo, seja no abuso do ar condicionado ou em iluminações lindíssimas, conseguidas mediante o uso de lâmpadas nada econômicas.

Olhe para a sua própria casa: que práticas e equipamentos você po-deria modificar para torná-la ecologicamente correta? Além de esco-lher aparelhos domésticos contemplados com o selo Procel (o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica), por sua eficiência, uma série de medidas podem ser adotadas desde já para preservar o planeta – e o seu bolso.

A seleção foi elaborada com a colaboração do professor Felipe Guana-es, do Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (Nima) da PUC-Rio, e da arquiteta Alexandra Lichtenberg, criadora do premiado Projeto Eco House – em que ela implementou uma série de medidas e tecnologias para transformar seu próprio lar numa casa sustentável. Uma inspira-ção e tanto. Confira a lista abaixo.

Aquecimento solar de águaSabe-se que o chuveiro elétrico é um dos principais vilões da conta de luz, res-

ponsável por um elevado gasto de energia. Os sistemas a gás são menos custo-sos mas, ainda assim, trata-se de um recurso não renovável da natureza, sujei-to a variação de preços. Para substituí-los sem abrir mão dos banhos quentes e poupar energia do planeta, a melhor opção hoje é optar pelo aquecimento solar de água. No site do Departamento Nacional de Aquecimento Solar (www.dasolabrava.org.br). Ali constam as principais informações para ade-rir à tecnologia, como indicações dos equipamentos etiquetados com o selo Procel de eficiência e a lista de profissionais qualificados para a instalação. “É importante contratar um instalador competente porque a engenharia do aquecedor é básica, dominada aqui no Brasil, mas não é qualquer um que sai-ba executá-la da maneira correta”, alerta a arquiteta Alexandra Lichtenberg.

Reaproveitamento da água da chuvaÉ possível coletar e armazenar a água da chuva para usos em que não

seja necessária a água potável – regar o jardim, lavar o quintal ou mesmo nas descargas dos vasos sanitários, por exemplo. “Se estiver construindo sua casa ou pensando em reformar a tubulação, considere um projeto que contemple essa funcionalidade”, sugere o professor Felipe Guanaes, da PUC-Rio. A natureza e o seu bolso agradecem.

Aproveitar a luz do solDica preciosa para quem está construindo: ainda na fase da planta, no

momento de definir onde ficarão as janelas da casa, dê preferência às fa-chadas leste e sul, que recebem menos radiação e, portanto, sofrem menos com o aquecimento. Você conseguirá deixá-las abertas e utilizar a ilumina-ção natural nestes ambientes por mais tempo. “A luz do dia torna o espaço muito mais confortável e produtivo”, garante Alexandra.

Tecnologias Você já pode adotar uma série de práticas e tecnologias para tornar a sua casa mais sustentável. Saiba quais são elas

Equipamentos economizadores de águaExistem ainda opções para evitar o desperdí-

cio de água em outros dispositivos. Digamos que você more no 2º andar de um prédio de dez andares. A água chegará ao chuveiro e às tor-neiras com uma pressão muito maior, saindo com muito mais força – logo, em maior quan-tidade. Para interferir nessa dinâmica, basta instalar uma válvula de retenção na tubulação do chuveiro. “É um procedimento simples que vai reduzir bastante o fluxo de água”, afirma Alexandra. No bico das torneiras, instale um aerador, uma pecinha que mistura a água com o ar e, com menor quantidade de água, dará a sensação de que o jato é maior.

Sombra nas janelasUma medida simples pode evitar que a ra-

diação solar direta atinja e superaqueça a casa: a instalação de toldos e brises, que protegem as janelas e são um recurso funcional para melhorar a climatização dos ambientes.

Descarga com caixa acopladaA descarga também é uma das principais

responsáveis pelo desperdício de água nos do-micílios. Uma maneira de minimizar as per-das é trocar o modelo tradicional pelas descar-gas de caixa acoplada. Com opção de 3 e 6 li-tros, ela apresenta dois botões diferentes que limitam a quantidade de água usada a cada descarga. Se optar pelo botão menor, menos água será despejada; se precisar de um fluxo maior, aperte o botão grande. A descarga co-mum, cujo encanamento é instalado na pare-de, vai despejar o fluxo enquanto o botão esti-ver sendo pressionado – um desperdício enor-me de um recurso tão valioso.

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Desde o dia 11/03 não é mais permitida a comercialização na União Europeia de cosméticos que tenham sido testados em animais. A regra se aplica não apenas aos produtos fabricados no continente, mas também aos importados, e marca a última etapa da proibição gradual dos testes de ingredientes cosméticos em animais.

As restrições foram aprovadas pelo Parlamento Europeu em 2003 e começaram a entrar em efeito no ano seguinte, com a proibição de testes de cosméticos prontos em cobaias. Desde 2009 a comercializa-ção de produtos assim testados está proibida, mas ainda era possível importá-los de outras partes do mundo. Agora a interdição vale tam-bém para cosméticos vindos de países não-europeus.

A Associação Alemã de Proteção aos Animais comemorou a medida. “A indústria teve tempo suficiente para buscar métodos alternativos de testar seus produtos, antes de comercializá-los”, afirmou a vice-presidente da associação, Brigitte Rusche. Assim sendo, “era apenas lógico que a comercialização desses produtos chegasse ao fim”. Sua organização vem lutando desde os anos 70 para erradicar os testes em animais da produção de cosméticos.

Exemplo europeu para o mundoO diretor do grupo europeu de defesa dos animais Eurogroup for

Animals, Reineke Hameleers, descreveu a proibição como “um suces-so”. Ele considera, no entanto, que o trabalho não está ainda termina-do, e conclama outros países como os Estados Unidos e a China a se-guirem o exemplo da UE. Além disso, a Comissão Europeia e a indús-tria devem continuar a investir na busca por alternativas aos testes de animais, ressalta Hameleers.

Tonio Borg, comissário europeu para Saúde e Defesa do Consumidor, explica que a comissão “se compromete a seguir apoiando o desenvolvi-mento de métodos de teste alternativos, e insta os demais países a ado-tar o nosso modelo europeu”. Borg afi rma que a UE continuará a buscar alternativas, “pois até o momento ainda não é possível a total substitui-ção dos testes em animais por métodos alternativos”. Fonte: Deutsche Welle

testados em animaisUE proíbe venda de cosméticos

Telhado mais frescoSe você mora embaixo da laje de cobertu-

ra, pode pintá-la com tinta branca, que aju-da a diminuir a transmissão de carga térmi-ca para o ambiente interno. O branco refl ete a luz, reduzindo o potencial do concreto para absorver calor. Uma outra alternativa verde – no sentido literal – tem sido cada vez mais adotada por cidadãos em busca de uma re-sidência ecologicamente correta: o telhado verde, que consiste na plantação de espécies na laje/cobertura de uma construção. “É uma boa opção para reduzir calor, mas precisa ser projetado por especialistas. A impermeabili-zação deve ser muito bem feita, assim como o caimento do telhado e a escolha das plantas”, avisa o professor Felipe Guanaes. A arquiteta Alexandra Lichtenberg destaca a necessidade de opção por plantas adaptadas ao clima lo-cal. “Em geral, elas devem ter resistência ao calor e raízes curtas”, resume.

Iluminação de LED“Assim como as fluorescentes, as lâmpadas

de LED são bem mais econômicas e ecologi-camente corretas do que as incandescentes”, diz a Alexandra. Deste último tipo, as dicroi-cas, por exemplo, utilizadas na iluminação de quadros, paredes e pontos de luz em in-teriores, emitem 80% de calor contra 20% de luz. O resultado? Dá-lhe ar condicionado para aliviar o aquecimento produzido por ela. Hoje existem lâmpadas led com o mes-mo efeito e que não emitem quase nada de calor. Aposte nelas.

Esquadrias de alumínio ou madeiraApesar de práticas, as de PVC, que estão na

moda, passam por um processo de fabricação tóxico para os operários. Quando queimado, o PVC não solta labaredas: ele derrete e solta uma fumaça preta, altamente tóxica e causa-dora de câncer. “Na Europa o material já está sendo erradicado e na Escandinávia é proibi-do. Na Inglaterra já está em curso um estudo para buscar uma nova formulação do PVC pra eliminar esse efeito colateral”, conta Alexan-dra arquiteta Alexandra Lichtenberg.

MadeiraOptou pela madeira? Na hora de escolher

a matéria prima, utilize apenas aquela cer-tificada. Isso garante que ela não seja fruto da exploração ilegal na Amazônia. Qualquer pessoa que compre madeira ilegal está con-tribuindo para o desmatamento da maior floresta do mundo. Fonte: Veja Rio

UE proíbe venda de cosméticos

Ativistas dos animais comemoram última

fase da interdição da venda na União

Europeia de cosméticos testados em

cobaias. Comissário: substituição por

métodos alternativos não é possível. Decisão

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DW-World: Consta que os experimentos em animais são, até o momento, insubstituíveis, sobretudo na pesquisa de medicamentos, já que não se pode provar se são inofensivos para os seres humanos sem o emprego de cobaias. Como o senhor vê esta afirmativa?Heinz Brandstetter: Existe uma série de de-terminações legais, segundo as quais toda nova substância liberada no meio ambiente tem que ser testada quanto a seu grau de se-gurança e nocividade potencial. Em muitos casos, a única opção no momento são os ex-perimentos com cobaias, quer uma empresa ou cientista ache bom ou não. Por outro lado, temos aqui também um grande potencial para a busca de métodos complementares. Como esses testes em geral são sempre rea-lizados da mesma forma, vale a pena ir atrás de um método alternativo.

Esses métodos alternativos podem substituir inteiramente as experiências envolvendo animais?HB: Completamente, não é possível. No fim das contas, o desenvolvimento de métodos complementares também se baseia em expe-rimentos com cobaias. A partir destes, desen-volvemos novos testes, comparando se são tão conclusivos quanto os que envolvem ani-mais. Mesmo neste caso, não é tão simples assim convencer as autoridades competentes de que um novo teste seja tão eficiente quan-to um experimento comprovado, com que se trabalha há muitos anos.

Pit bull é agredido e enterrado vivo no interior de São PauloUm cão da raça pit bull conseguiu sobreviver após ser espancado por um grupo de jovens e enterrado vivo no bairro São Conrado, em Sorocaba, interior de São Paulo. O caso aconteceu no dia 9 de março.De acordo com testemunhas, os agressores enterraram o animal acreditando que ele estava morto.. Mas o cão conseguiu escapar cerca de quatro horas depois e foi encontrado por uma mulher que mora próximo ao local. Ela pediu ajuda à veterinária Carolina Guitierres Pellizzer, que o levou a uma clínica.Segundo ela, o fato da terra estar molhada em função da chuva pode ter contribuído para que ele escapasse. “Ele deve ter sentido a água da chuva, quando começou a tentar sair da cova. A forma como ele conseguiu é um mistério, já que ele estava gravemente ferido na cabeça”, explicou em entrevista ao G1.Na clínica, o cão foi batizado “Highlander”. Até o momento, os suspeitos não foram encontrados.Fonte: Yahoo

testes em cobaias”“Mais rápidos e baratos do que

Judith Weber, da DW-World, entrevistou Heinz Brandstetter, do Instituto Max Planck de Bioquímica

Qual o maior obstáculo para que os métodos alternativos se imponham?HB: O maior obstáculo é o reconhecimento. Pois quando se tem um teste alternativo, muitas coisas correm mais rápido e barato, pode-se desenvolver e liberar medicamentos mais depressa. Existe um grande interesse na pes-quisa em si, tanto nas universidades como por parte das firmas produtoras de remédios. Experimentos em animais estão entre os procedimentos mais trabalhosos e caros, ninguém está seriamente interessado neles.

Porém, a proteção do consumidor tem grande peso em nossa sociedade. É preciso provar que um teste de proveta realmente pode substituir um empregando organismos completos, que são muito mais próximos de seres humanos. Pois uma coisa não pode acontecer: que após cinco anos se cons-tate que algo escapou ao exame. Aqui a responsabilidade dos políticos e da instituições é muito grande.

Desde novembro de 2004, vigora na União Europeia a proibição da experimentação com cobaias para produtos de higiene e beleza. Com isso, o uso de cobaias no ramo da cosmética tornou-se coisa do passado?HB: Segundo a legislação europeia e alemã, nenhum animal pode ser uti-lizado no desenvolvimento de cosméticos. No entanto, estes se compõem de substâncias que precisam ser testadas. A UE está tentando forçar a in-dústria cosmética a adotar somente testes não-animais, dentro do possível.

Paralelamente, corre o chamado Programa Reach, da UE. Segundo este, todos os antigos produtos químicos, já há décadas no mercado, têm que voltar a ser testados. Porque há 30, 40 anos não havia testes tão eficientes quanto hoje em dia. Isso constitui um problema, do ponto de vista da pro-teção ao consumidor da UE, pois significaria uma enorme elevação do nú-mero de experiências com cobaias, obrigatórias por lei. Assim, é do grande interesse de todos – também da indústria – que se possa evitar isso, ou pelo menos encontrar métodos que não obriguem o emprego de animais. Fonte: Deutsche Welle

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desconhecidasA boa notícia é que as paisagens também se regeneram naturalmente e além do débito de extinção existe o crédito de recuperação

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Embora o conhecimento sobre a biodiver-sidade do planeta ainda esteja muito frag-mentado, estima-se que já tenham sido descritos aproximadamente 1,75 milhão de espécies diferentes de seres vivos – incluin-do microrganismos, plantas e animais.

O número pode impressionar os mais de-savisados, mas representa, nas hipóteses mais otimistas, apenas 30% das formas de vida existentes na Terra.

“Estima-se que existam outros 12 milhões de espécies ainda por serem descobertas”, dis-se Thomas Lewinsohn, professor do Depar-tamento de Biologia Animal da Universida-de Estadual de Campinas (Unicamp), duran-te a apresentação que deu início ao Ciclo de Conferências 2013 organizado pelo programa Biota-Fapesp com o intuito de contribuir para o aperfeiçoamento do ensino de ciência.

Mas como avaliar o tamanho do desconhe-cimento sobre a biodiversidade? “Para isso, fa-zemos extrapolações, tomando como base os grupos de organismos mais bem estudados para avaliar os menos estudados. Regiões ou países em que a Biota é bem conhecida para avaliar onde é menos conhecida. Por regra de três chegamos a essas estimativas”, explicou.

Técnicas mais recentes, segundo Lewinsohn, usam fórmulas estatísticas sofisticadas e se baseiam nas taxas de descobertas e de descrição de novas espécies. Os valores são ajustados de acordo com a força de trabalho existente, ou seja, o número de taxonomistas em atividade.

“No entanto, o mais importante a dizer é: não há consenso. As estimativas podem chegar a mais de 100 milhões de espécies desconhecidas. Não sabemos nem a ordem de grandeza e isso é espantoso”, disse.

Lewinsohn avalia que, para descrever todas as espécies que se estima haver no Brasil, seriam necessários cerca de 2 mil anos. “Para descre-ver todas as espécies do mundo o número seria parecido. Mas não temos esse tempo”, disse.

Algumas técnicas recentes de taxonomia molecular, como código de barras de DNA, po-dem ajudar a acelerar o trabalho, pois permi-tem identificar organismos por meio da aná-

Ao menos 70% das espécies da Terra são

Estima-se que ao perder 90% do habitat, deveríamos perder 50% das espécies endêmicas. Na Mata Atlântica, há cerca de 16% de floresta remanescente. O esperado seria uma extinção em massa, mas nosso registro tem poucos casos. Ou nossa teoria está errada, ou não estamos detectando as extinções, pois as espécies nem sequer eram conhecidas. (Jean Paul Metzger, professor do Instituto de Biociências da USP)

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lise de seu material genético. Por esse método, cadeias diferentes de DNA diferenciam as espécies, enquanto na taxonomia clássica a classificação é baseada na morfologia dos seres vivos, o que é bem mais trabalhoso.

“Dá para fazer? Sim, mas qual é o custo?”, questionou Lewinsohn. Um artigo publicado recentemente na revista Science apontou que seriam necessários de US$ 500 milhões a US$ 1 bilhão por ano, durante 50 anos, para descrever a maioria das espécies do planeta.

Novamente, o número pode assustar os desavisados, mas, de acordo com Lewinsohn, o montante corresponde ao que se gasta no mundo com armamento em apenas cinco dias. “Somente em 2011 foram gastos US$ 1,7 trilhão com a compra de armas. É preciso colocar as coisas em perspectiva”, defendeu.

Definindo prioridadesMuitas dessas espécies desconhecidas, porém, podem desaparecer do

planeta antes mesmo que o homem tenha tempo e dinheiro suficien-te para estudá-las. Segundo dados apresentados por Jean Paul Metzger, professor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), mais de 50% da superfície terrestre já foi transformada pelo homem.

Essa alteração na paisagem tem muitas consequências e Metzger abordou duas delas na segunda apresentação do dia: a perda de habitat e a fragmentação. “São conceitos diferentes, que muitas vezes se con-fundem. Fragmentação é a subdivisão de um habitat e pode não ocorrer quando o processo de degradação ocorre nas bordas da mata. Já a cons-trução de uma estrada, por exemplo, cria fragmentos isolados dentro do habitat”, explicou.

Para Metzger, a fragmentação é a principal ameaça à biodiversidade, pois altera o equilíbrio entre os processos naturais de extinção de espé-cies e de colonização. Quanto menor e mais isolado é o fragmento, maior é a taxa de extinção e menor é a de colonização.

“Cada espécie tem uma quantidade mínima de habitat que precisa para sobreviver e se reproduzir. Não conhecemos bem esses limiares de extinção”, alertou. Metzger acredita que esse limiar pode variar de acordo com a configuração da paisagem, ou seja, quanto mais fragmentado es-tiver o habitat, maior o risco de extinção de espécies. Como exemplo, ele citou as áreas remanescentes de Mata Atlântica do Estado de São Paulo, onde 95% dos fragmentos têm menos de 100 hectares.

“Estima-se que ao perder 90% do habitat, deveríamos perder 50% das espécies endêmicas. Na Mata Atlântica, há cerca de 16% de floresta re-manescente. O esperado seria uma extinção em massa, mas nosso re-gistro tem poucos casos. Ou nossa teoria está errada, ou não estamos detectando as extinções, pois as espécies nem sequer eram conhecidas”, afirmou Metzger.

Há, no entanto, um fator complicador: o período de latência entre a mudança na estrutura paisagem e mudança na estrutura da comuni-dade. Enquanto as espécies com ciclo curto de vida podem desaparecer rapidamente, aquelas com ciclo de vida longo podem responder à perda de habitat em escala centenária.

“Cria-se um débito de extinção e, mesmo que a alteração na paisagem seja interrompida, algumas espécies ficam fadadas a desaparecer com o tempo”, disse Metzger.

Mas a boa notícia é que as paisagens também se regeneram natural-mente e além do débito de extinção existe o crédito de recuperação. O pe-ríodo de latência representa, portanto, uma oportunidade de conservação.

“Hoje, temos evidências de que não adianta restaurar em qualquer lu-gar. É preciso definir áreas prioritárias para restauração que otimizem a conectividade e facilitem o fluxo biológico entre os fragmentos”, defen-deu Metzger.

Colhendo frutosAo longo dos 13 anos de existência do Bio-

ta-Fapesp, a definição de áreas prioritárias de conservação e de recuperação no Estado de São Paulo foi uma das principais preocu-pações dos pesquisadores.

Os resultados desses estudos foram usados pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente para embasar políticas públicas, como lem-brou o coordenador do programa e professor do Instituto de Biologia da Unicamp, Carlos Alfredo Joly, na terceira e última apresenta-ção do dia. “Atualmente, pelo menos 20 ins-trumentos legais, entre leis, decretos e reso-luções, citam nominalmente os resultados do Biota-Fapesp”, disse Joly.

Entre 1999 e 2009, disse o coordenador, houve um investimento anual de R$ 8 mi-lhões no programa. Isso ajudou a financiar 94 projetos de pesquisa e resultou em mais de 700 artigos publicados em 181 periódicos, entre eles Nature e Science.

A equipe do programa também publicou 16 livros e dois atlas, descreveu mais de 2 mil novas espécies, produziu e armazenou infor-mações sobre 12 mil espécies, disponibilizou e conectou digitalmente 35 coleções biológi-cas paulistas.

“Desde que foi renovado o apoio da Fapesp ao programa, em 2009, a questão da educação se tornou prioridade em nosso plano estraté-gico. O objetivo deste ciclo de conferências é justamente ampliar a comunicação com pú-blicos além do meio científico, especialmente professores e estudantes”, disse Joly.

A segunda etapa do ciclo de palestras está marcada para 21 de março e terá como tema o “Bioma Pampa”. No dia 18 de abril, será a vez do “Bioma Pantanal”. Em 16 de maio, o tema será “Bioma Cerrado”. Em 20 de junho, será abordado o “Bioma Caatinga”.

Em 22 de agosto, será o “Bioma Mata Atlân-tica”. Em 19 de setembro, é a vez do “Bioma Amazônia”. Em 24 de outubro, o tema será “Ambientes Marinhos e Costeiros”. Finalizan-do o ciclo, em 21 de novembro, o tema será “Biodiversidade em Ambientes Antrópicos – Urbanos e Rurais”. Fonte: Agência Fapesp

Somente em 2011 foram gastos US$ 1,7 trilhão com a compra de armas. É preciso colocar as coisas em perspectiva.(Thomas Lewinsohn, professor do Departamento de Biologia Animal da Unicamp)

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Qual é a cara do seu

Quando você vai ao supermercado e escolhe um produto, o dinheiro que você paga vai para uma marca impessoal ou para algumas famílias? Quero dizer: vai para um lugar desco-nhecido, uma megacorporação transnacional, ou fi ca na sua região, com famílias de donos e trabalhadores de pequenas e médias empre-sas? Nunca parou para pensar nisso? Pois con-sumo tem tudo a ver com a maneira como lida-mos com o mundo, se gostamos da coisa como está ou se temos vontade e intenções efetivas de mudar um pouquinho o rumo da história, pro-mover uma economia mais solidária e menos “grandiosa” no quesito crises atuais (já reparou no quanto a tal crise econômica/fi nanceira pa-rece ser, aos olhos do senso comum, muito maior do que a crise ambiental, por exemplo?).

Hoje, no café da manhã, comentei com meu marido sobre alguns produtos que estavam à mesa: iogurte artesanal produzido na minha ci-dade, manteiga e pão integral da cidade vizinha (15 km daqui), frutas da ecovila e de produtores locais. E isso me fez pensar sobre como a relação entre fabricantes e consumidores pode ser me-nos impessoal e menos anônima, especialmen-te nas cidades de menor porte. Explico: consumo sustentável precisa de “cara”, de um rosto, sabe? Precisa vir de empresas e produtores que você conhece e nos quais confi a. Melhor ainda se eles forem da sua região, pois isso ajuda a economia local, deixa o dinheiro circulando no seu pedaço – e não a milhas e milhas da sua cidade.

Outro dia, meu marido foi ao mercado e, dis-traído, trouxe um mamão formosa que, embo-ra parecesse saborosíssimo, jamais poderia ter entrado aqui em casa. Sabe qual era a origem da fruta? Difícil dizer, mas o mamão era do Ce-ará! Do Ceará!! Pode uma coisa dessas? Isso signifi ca que ele viajou milhares de quilôme-tros, consumiu petróleo adoidado, teve de ser

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embalado para não ser danifi cado e, provavelmente, veio de alguma grande monocultura convencional (afi nal, pequenos produtores têm mais difi cul-dade em comercializar para mercados distantes, certo?).

Pode parecer bobagem, exagero, mas não é. Precisamos nos conscientizar de que aquilo que compramos fi nancia e apoia, de alguma maneira, todo um sistema industrial e agroindustrial, bacana ou nem tanto. Por isso, sou do tipo que investe tempo lendo rótulos, buscando a origem do produto. Para mim, mais importante do que saber a quantidade de calorias ou de vitaminas in-troduzidas artifi cialmente é checar a origem do produto: cidade e fabricante.

Quando compro um queijo branco no mercado local, posso escolher entre o queijo “Da Dona Dita”, do “Seu Zé”, da “Dona Helena”, e de outros tantos moradores que produzem queijo para ajudar na renda da família. Ou, se for do meu agrado, posso comprar de uma grande empresa do Sul do país, para quem nunca vou poder dizer “obrigada” diretamente – e que faz parte de um modelo de produção desacreditado por mim, muito aquém dos meus anseios, e que fi nancia uma cadeia involutiva, um jeito torto (tanto quanto o PIB, talvez) de medir nossas riquezas ou nosso desenvolvimento.

Comprar dos pequenos e próximos é o mesmo que dizer: “continuem pro-duzindo e melhorando seus produtos”. Da mesma forma, se eu entro numa grande rede de sanduíches e compro um hambúrguer, também estou di-zendo a mesma coisa e mais um pouco: “obrigada, deuses do fast food, por disseminarem uma alimentação ruim nos quatro cantos do planeta, por colaborarem com as epidemias de diabetes, os índices de obesidade e as monoculturas transgênicas de soja e milho, além dos horríveis CAFOs* (Concentrated Animal Feeding Operations), gigantescos matadouros de ani-mais”. É por isso que jamais entro numa loja dessas.

Quanto mais próximo estiverem produtores e clientes, mais sustentável será seu ciclo econômico, porque menos energia será perdida no caminho (na forma de combustível, embalagens, atravessadores, revendedores etc.) e mais condições teremos, como consumidores, de conhecer nosso fornece-dor, seu jeito de produzir, seus valores, enfi m, em última instância, teremos mais condições de infl uenciar o que é produzido e como.

Aí, cabe ao consumidor uma função importantíssima: a de valorizar as boas iniciativas e os bons produtores locais. Muita gente ainda entoa o mantra de que grandes marcas são sinônimos de mais qualidade. Isso não é verda-de sempre. É preciso prestar atenção e se abrir para novos conceitos. De que adianta uma fruta com a casca uniforme, sem manchas, se ela veio de ou-tro estado, longe, muito longe de você? Não seria melhor comprar uma fruta mais “feinha” (porque, é bom lembrar, a natureza das coisas – e o bonito delas – está também na imperfeição), mas de um pomar pertinho de você? Quando optamos pelos distantes, estamos reduzindo a força de nossa cidade ser mais autônoma e dinâmica, de termos mais contato com as famílias que susten-tam suas empresas, acreditando no mercado consumidor local.

Dinheiro voador não é muito sustentável. Lembre-se disso. Ele viaja de-mais, roda demais e perdemos a noção de onde ele pousa e do que ele gera lá na frente. Dinheiro que passa de mão em mão, ao contrário, tem escala humana, é mais sustentável. Cabe a você escolher que modelo mais refl e-te o mundo em que você quer viver. Fonte: planetasustentavel.abril.com.br

Para quem tiver estômago, recomendo: www.cafothebook.org

O que compramos fi nancia e apoia todo um sistema industrial e agroindustrial, seja bacana ou não

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“Para você, o que é felicidade?” Essa foi uma das perguntas que o Instituto Akatu fez a 800 brasileiros de todas as regiões do país no final de 2012. O resultado da pesquisa re-vela que os entrevistados – independente-mente de fatores como classe social ou faixa etária – associam sua felicidade muito mais ao bem-estar físico e emocional e à convivência social do que aos aspectos financeiros e à pos-se de bens. A divulgação desses dados nesta semana marca o Dia Mundial do Consumidor e o aniversário de 12 anos do Akatu, ambos ce-lebrados em 15 de março.

Quando questionados sobre o que conside-ram ser felicidade, dois terços dos entrevista-dos indicaram que estar saudável e/ou ter sua família saudável é um fator essencial. Para 60% do público que respondeu à pesquisa, conviver bem com a família e os amigos tam-bém os aproxima mais da felicidade. Apenas três em cada 10 brasileiros indicaram a tran-quilidade financeira em suas respostas.

“Segundo a nossa pesquisa, para os brasilei-ros, ir ao encontro da felicidade hoje não é au-mentar o consumo, mas trabalhar pela saúde e prover condições para o verdadeiro bem-viver, com suficiência material e tempo para desfru-tar a vida em companhia dos amigos e familia-res, num ambiente seguro e acolhedor”, analisa Helio Mattar, diretor-presidente do Akatu.

A tendência de valorizar o bem-estar se con-firmou quando os entrevistados foram convida-dos a priorizar seus desejos. O resultado mostra que, coerentemente com sua visão sobre felici-dade, os brasileiros são fortemente atraídos pelo caminho da sustentabilidade. Em cinco dos oito temas propostos (afetividade, alimentos, água, mobilidade, durabilidade, energia, resíduos e saúde), os entrevistados preferiram as alternati-vas mais ligadas ao caminho da sustentabilida-de do que as ligadas ao do consumismo.

O tema afetividade destaca-se como o que possui maior diferença entre os que preferem o cenário mais sustentável (passar tempo com as pessoas – com índice de prioridade de 8,3 em uma escala de 0 a 10) ao invés do consumista (comprar presentes – índice de 2,6), o que leva a uma reflexão sobre os hábitos relacionados às compras de presentes de qualquer natureza.

Em seguida, outros três temas (alimento, água e mobilidade) são os que contam com uma preferência bem maior para os cenários do caminho sustentável, com a qualidade de vida (expressa por alimentos saudáveis, uso racional da água e boa mobilidade) sendo

posse de bens

bem mais valorizada do que o modo consumista tradicional (expresso por alimentos práticos, uso irresponsável da água e ter carro próprio).

Merecem destaque as escolhas relacionadas à mobilidade: se deslocar pela cidade com rapidez, segurança, conforto e flexibilidade alcançou um índice de 7,9, enquanto ter carro próprio obteve apenas 4,9 em um escala de 0 a 10. Até mesmo para quem não usa um carro próprio em seu cotidiano (82% dos entrevistados), a preferência é fortemente em favor da mobilidade (7,7).

O aspecto específico da durabilidade também mostra uma tendência fa-vorável ao caminho da sustentabilidade, na contramão da obsolescência planejada e da descartabilidade: os respondentes demonstraram um in-teresse proporcionalmente bem maior por produtos que durem bastante e que possam ser atualizados do que por produtos baratos e substituíveis.

Nos temas energia e resíduos, há um virtual empate entre respostas as-sociadas ao modelo consumista em vigor e as propostas sustentáveis para o mesmo tema. Apenas na questão relacionada à saúde, em que as opções eram ter um bom plano de saúde ou ter um estilo de vida mais saudável, houve prevalência da alternativa mais relacionada ao consumo. “A resposta parece revelar não uma preferência pelo modelo consumista, mas sim uma preocupação com a precariedade do sistema de saúde. E, mais ainda, uma atitude que prioriza a segurança, pois a garantia de assistência médica em caso de necessidade vai ao encontro da primeira prioridade dos brasileiros quando pensam em sua felicidade: ter saúde”, explica Mattar.

Em todas as classes sociais se verifica maior aspiração pelo caminho sus-tentável do que pelo caminho atual, da sociedade de consumo. Nesta ten-dência, um exemplo de destaque: quando solicitados para priorizar entre “ter tempo para estar com quem gosta” e “comprar presentes”, os entre-vistados de todas as classes sociais mostram preferência bem maior pela primeira opção, a mais sustentável. “Possivelmente pela carência de aces-so a bens e serviços básicos, as classes mais baixas mostram aspiração pe-las soluções oferecidas pela sociedade de consumo em alguns tópicos, mas, ainda assim, as opções sustentáveis prevalecem em suas escolhas de longo prazo”, comenta Aron Belinky, coordenador técnico da pesquisa.

Saber que o potencial de adesão ao consumo consciente já se expressa nos desejos dos consumidores indica um descompasso entre o que a socie-dade quer e o que se oferece a ela. “Quanto tempo mais será necessário para que as empresas e o Poder Público reconheçam essa situação e busquem atender a essas demandas da sociedade, em vez de incentivar um mode-lo insustentável e esgotado do consumo pelo consumo em si e não como instrumento de bem-estar?”, questiona Mattar. A resposta a essa pergunta determinará o nosso futuro.

Sobre a pesquisaOs dados sobre felicidade e desejos dos brasileiros fazem parte de uma pes-

quisa realizada periodicamente pelo Instituto Akatu sobre a percepção do bra-sileiro em relação ao seu consumo, à sustentabilidade e à responsabilidade so-cial das empresas. O relatório completo da pesquisa será divulgado em maio. Fonte: CDN Comunicação Corporativa

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Pesquisa do Akatu aponta também que entrevistados preferem as alternativas mais ligadas ao caminho da sustentabilidade do que ao do consumismo

No Brasil, felicidade está mais associada a bem-estar do que a

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mar 2013revista do meio ambiente

posse de bens AgendAde eventos socioambientais 2013

21 e 22/05/2013Brasília DF - Brasil

Os participantes receberão certifi cado com carga horária

Participação gratuita com inscrição prévia via site:

www.greenmeeting.org

MarÇo

Data Local Evento Site Contatos

Todo o mês

Memorial da América Latina São Paulo (SP)

Exposição: Exemplos a seguir! Expedições em estética e sustentabilidade

www.memorial.org.br/2013/01/sustentabilidade-e-tema-de-mostra-gratuita-no-memorial/

20 a 25 Universidade de Brasília Brasília (DF)

I Encontro Nacional de Estudantes de Ciências Ambientais – I ENECAmb

http://ienecamb2013.blogspot.com.br/ www.facebook.com/groups/373431829340235/

23 Brasil Hora do Planeta 2013 – das 20h30 às 21h30 www.wwf.org.br/participe/horadoplaneta/

27 Campus Experimental do Litoral Paulista – Unesp – São Vicente (SP) Seminários de Gerenciamento Costeiro Integrado www.clp.Unesp.br/#286,286

abriL

Data Local Evento Site Contatos

1 a 7 Memorial da América Latina São Paulo (SP)

Exposição: Exemplos a seguir! Expedições em estética e sustentabilidade

www.memorial.org.br/2013/01/sustentabilidade-e-tema-de-mostra-gratuita-no-memorial/

17 a 19 Sheraton Vitória (ES) XIII Congresso Brasileiro do Ministério Público de Meio Ambiente www.abrampa.org.br/congresso_vitoria/

21 a 26 Foz do Iguaçu (PR) Protected Areas and Place Making – International Union of Forest Research Organizations - IUFRO

http://canjerana.esalq.usp.br/PAPM2013/doku.php?id=home

25 Anfi teatro E1 - Universidade Sagrado Coração - USC – Bauru (SP)

Seminário: Nitrato nas Águas Subterrâneas no Estado de São Paulo: Desafi os Frente Ao Panorama Atual

http://igeologicosp.blogspot.com.br/p/blog-page_14.html

25 e 26 Centro de Eventos da Universidade Federal de Goiás - UFG – Goiânia (GO)

II Congresso Internacional Transdisciplinar de Proteção à Fauna

www.congressofauna.com.br/secao.php?categoria=Inscricao

26 Univille – Joinville (SC)

Encontro de Trabalho: Ambientalização, Sustentabilidade, Educação Ambiental, Meio Ambiente e Universidade em Santa Catarina – Integração, Análise, Levantamento de Estratégias e Busca de Novos Rumos

(47) [email protected]

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Este é mais um serviço gratuito da Rebia para estimular o encontro e os debates em torno das questões socioambientais e da sustentabilidade

XIII Encontro Verde das Américas

* GREENMEETING 2013 *

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mar 2013 revista do meio ambiente

agenda

Maio

Data Local Evento Site Contatos

5 e 6Universidade Federal de Goiás (UFG) – Campus II Samambaia Goiânia (GO)

1° CTurTI - 1° Colóquio “Turismo em Terras Indígenas”: Turismo, Territórios Identitários e Conflitos Interétnicos em Debate http://laboter.iesa.ufg.br/pages/41971

19 a 25 Florianópolis (SC) 4º Congresso Brasileiro de Biologia Marinha www.abbm.net.br/congressos-da-abbm/cbbm

22 a 24 São Paulo (SP) 4º Workshop Internacional sobre Avanços em Produção Mais Limpa

www.advancesincleanerproduction.net/fourth/ptbr/site/home.html

24 a 26 Parque Ibirapuera – São Paulo (SP) 9ª Edição do Viva Mata www.sosma.org.br/eventos/viva-a-mata-2013-

reserve-a-data/

27 a 29Campus de São Cristóvão - Universidade Federal de Sergipe Aracaju (SE)

2º Encontro Interdisciplinar de Comunicação Ambiental www.licaufs.blogspot.com.br/

junho

Data Local Evento Site Contatos

A definir Porto Alegre (RS)

Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (FBSSAN) Tema: Que alimento (não) estamos comendo

www.fase.org.br/v2/pagina.php?id=3785

4 a 6 Auditório Ibirapuera – São Paulo (SP) New Cities Summit 2013 – Tema: Cidade Humana (Humanizada) www.newcitiessummit2013.org/

4 a 6 Universidade Federal de São Carlos - UFSCar – São Carlos (SP)

2º Seminário Internacional Ruralidades, Trabalho e Meio Ambiente www.ufscar.br/ruras

17 a 21 Faculdade Frassinetti - Fafire – Recife (PE) I Congresso Internacional de Ecotoxicologia Marinha – Ecomar http://ecotoxmar.com.br/index.html

27 a 30 Pavilhão da Bienal – Parque Ibirapuera – São Paulo (SP)

9ª Feira Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia - Bio Brazil Fair 2013 www.biobrazilfair.com.br

juLho

Data Local Evento Site Contatos

7 a 10 Instituto de Biociências – Unesp – Rio Claro (SP)

VII Encontro de Pesquisa em Educação Ambiental: Problematizando a temática ambiental na sociedade contemporânea

www.epea.tmp.br/circular1epea7.pdfwww.viiepea2013.net/

11 a 14 Barreiras (BA) 32º CBE - Congresso Brasileiro de Espeleologia www.sbe.com.br/noticias.asp

agoSto

Data Local Evento Site Contatos

26 e 27 Cuiabá (MT) Congresso Internacional: A Constituição e o Meio Ambiente www.abrampa.org.br/eventos_listar.php?idEvento=195 (65) 3336-2214

SEtEMbro

Data Local Evento Site Contatos

23 a 26 PUCPR – Campus Curitiba Curitba (PR)

XI Congresso Nacional de Educação (Educere), II Seminário Internacional de Representações Sociais – Educação (Sirsse) e VI Seminário Internacional sobre Profissionalidade Docente (SIPD/Cátedra Unesco – Tema: Formação docente e sustentabilidade: um olhar transdisciplinar

www.pucpr.br/educere

outubro

Data Local Evento Site Contatos

13 a 18 Diamantina (MG) XIV Congresso Brasileiro de Geoquímica / Simpósio Latino-Americano de Mapeamento Geoquímico www.sbgq.org.br/14cbgq/

16 a 18Campus Maracanã da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ Rio de Janeiro (RJ)

II Congresso Nacional de Planejamento e Manejo de Trilhas http://llcnpmt.wordpress.com/

24 a 27 Brasília (DF) IV Conferência Nacional do Meio Ambiente www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/conferencia-nacional-do-meio-ambiente/iv-conferência

novEMbro

Data Local Evento Site Contatos

11 a 15 Rio Branco (AC) IX Congresso Nacional de Ecoturismo / V Encontro Interdisciplinar de Ecoturismo em Unidades de Conservação www.sbecotur.org.br/conecotur-ecouc

13 a 18 Brasília (DF) IV Conferência Nacional Infanto-juvenil pelo Meio Ambiente http://ws.mp.mg.gov.br/biblio/informa/060717513.htm

20 a 24 Brasília (DF) 5ª Conferência Nacional das Cidades www.cidades.gov.br/5conferencia/

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PROGRAMA RECLAMAR ADIANTA

RÁDIO BANDEIRANTESAM 1360 (RJ) COM ÁTILA NUNES FILHO

Permitir que dezenas de ouvintes diaria-mente entrem no ar para reclamar, protes-tar, denunciar, sem censura. Essa é a fórmu-la do sucesso de audiência do Programa Reclamar Adianta que vai ao ar de segun-da à sexta feira pela Rádio Bandeirantes AM 1360 (RJ). Na verdade, esse sucesso é um re-sultado, e não o objetivo. O objetivo sempre foi - e é - de dar voz aos cidadãos que não tem acesso aos veículos de comunicação para externar seus pontos de vista.

Todas as reclamações dirigidas à empresas ou às autoridades, recebem nossa atenção – de forma personalizada – que não se encer-ra quando acaba o programa ao meio dia. A partir desse instante começa o atendi-mento fora do ar. O monitoramento dessas reclamações pela nossa equipe continua no restante do dia, às vezes, do resto da sema-na, até a se alcançar a solução.

O alcance dos assuntos foi ampliado, esten-do-se às reclamações dos ouvintes em rela-ção aos órgãos do governo federal, gover-nos estaduais e prefeituras.

Dezenas de profissionais trabalham hoje in-teiramente dedicados à milhares de ouvin-tes que acompanham o programa ao vivo pela Rádio Bandeirantes ou pela internet, com o fundamental apoio do serviço de in-teresse público Em Defesa do Consumidor (www.emdefesadoconsumidor.com.br).

A central telefônica, criada para atender durante as duas horas de programa, hoje funciona 24 horas por dia.

As três dezenas de profissionais que atuam no Programa Reclamar Adianta preparam-se para ampliar o atendimento nacionalmente.

Tudo isso se deve, contudo, aos milhares de ouvintes que sintonizam a Rádio Bandeiran-tes AM 1360 do Rio de Janeiro, de segunda à sexta-feira, das 10h ao meio dia.

Obrigado a todos.

E guarde o número de telefone de nossa Cen-tral de Atendimento: (021) 3282-5588. Se pre-ferir, nos mande um e-mail. O atendimento é 100% gratuito e personalizado.

A equipe doPrograma Reclamar Adianta

PROGRAMA RECLAMAR ADIANTARÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ)

De 2ª à 6ª feira, entre 10h e meio dia,Acesse pela internet: www.reclamaradianta.com.br

Central telefônica 24h: (021) 3282-5588twitter: @defesaconsumowww.emdefesadoconsumidor.com.br

PROGRAMA PAPO MADURORÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ)

De 2ª à 6ª feira, ao meio dia,Acesse pela internet: www.papomaduro.com.br

Central telefônica 24h: (021) 3282-5144

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são desconhecidas

Guia do Meio Ambiente Aqui o seu anúncio é visto por quem se importa com o meio ambiente

A Revista do Meio Ambiente (revistadomeioambiente.org.br) é elaborada a partir das colaborações da Rede Rebia de Colaboradores e Jornalistas Ambientais Voluntários (RebiaJA – rebia.org.br/rebiaja) e é distribuída de forma dirigida e gratuita, em âmbito nacional, em duas versões: 1) versão impressa – distribuída em locais estratégicos e durante eventos ambientais importantes que reúnam formadores e multiplicadores de opinião em meio ambiente e demais públicos interessados na área socioambiental (stakeholders) diretamente em stands, durante palestras, ou através de nossas organizações parceiras, empresas patrocinadoras, etc.; 2) versão digital – disponível para download gratuito no site da Revista bastando ao interessado:

a) estar cadastrado na Rede Brasileira de Informação Ambiental (Rebia) – rebia.org.br (cadastro e associação gratuitas); b) estar logado no momento do download; c) preencher o campo do formulário com o comentário sobre o porque precisa da Revista do Meio Ambiente.

Quem patrocina a gratuidade? A gratuidade deste trabalho só é possível graças às empresas patrocinadoras e anunciantes, às organizações parceiras e à equipe de voluntários que doam seu esforço, talento, recursos materiais e financeiros para contribuir com a formação e o fortalecimento da cidadania ambiental planetária, no rumo de uma sociedade sustentável.

IMPRESSO

DEVOLUÇÃO GARANTIDADR

RJ

Revista do Meio AmbienteRedação: Trav. Gonçalo

Ferreira, 777 Casarão da Ponta da Ilha,

Jurujuba, Niterói, RJCEP 24370-290

Telefax: (21) 2610-2272ano VII • ed 57 • março 2013 ISSN 2236-1014