Revista Do Paciente Oncologico 2007

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  • REVISTA DOPACIENTE

    ONCOLGICO

    NAPACAN - Educando Para Ter Sadewww.napacan.org.br

    Educando Para Ter Sade

  • REVISTA DO PACIENTE ONCOLGICOEducando para Ter Sade

    ANO VIII

    NAPACAN Ncleo de Apoio ao Paciente com CncerCNPJ 0.58.70/0001-66Cidadania em Oncologia

    Corpo Diretivo e Conselho do Napacan

    Presidente de HonraDr. Samir Acha Ex-Deputado Federal, Advogado e paciente oncolgico

    PresidenteDra. Graa Marques Psico Oncologista

    Vice PresidenteRubia Rita SAnt Anna

    Editora CientficaDra. Graa Marques

    Diretor CientficoDr. Paulo Jorge Valentin

    Desde 1999 distribumos 190.000 exemplares.

    www.napacan.org.br www.gotadeluzdosol.com [email protected] [email protected]

    Tel: 011 141.1444 / 141.1440 / 88199 / 819.4949

    Para a criao desta Revista contamos com a colaborao de:Dra. Nise Yamaguchi - Mdica oncologista;

    Dra. Graa Marques - Psico Oncologista;

    Enfermeira Lcia Marta G. da Silva e Prof. Dra. Maria Tereza C. Lagan(Escola de enfermagem do HIAE);

    Dra. Alisson Monteiro - Mdica Oncologista;

    Dr.Paulo Jorge Valentim - Mdico cirurgio de cabea e pescoo;

    Nvea Froes - Mestre e Doutor em Gentica-Universidade Estadual

    Paulista (UNESP) Ps-doutor pela Universidade do Texas, Departamento

    de Medicina Preventiva, Ramo Mdico de Galveston. EUA. (ex-paciente de cncer);

    Sandra Galeotti, escritora e responsvel pela revista da SBC;

    Sandra Genaro - nutricionista (mestra-professora) [colaborou com um pargrafo sobre vitaminas]

    A Capa foi Criada pelo Designer Alexandre Mota

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    Parte I

    O QUE VOC PRECISA SABER SOBRE CNCER ...................................................... 61. Quem Somos Ns ................................................................................................. 62. O que voc precisa saber sobre cncer ................................................................. 82. O que cncer e quais so as suas causas? ........................................................ 83. Artigos sobre cncer ............................................................................................ 114. Estou com cncer, o que devo fazer? .................................................................. 17

    Parte II

    O QUE VOC PRECISA SABER SOBRE MODOS DE TRATAMENTO ....................... 181. Internao Hospitalar e cirurgia ............................................................................ 18

    2. Sistema de Atendimento Ambulatoria .................................................................. 18

    3. O que Quimioterapia? ....................................................................................... 18 Modo de aplicao dos medicamentos quimioterpicos ................................................................. 19 Auto cuidado durante o tratamento quimioterpico ........................................................................ 19 Cuidados nos dias da aplicao ..................................................................................................... 20 Paciente com Catter Implantado (porte): o que , como implantado e para que? .................... 21 Auto cuidado com o porte ........................................................................................................... 21 Quimioterapia atravs de veias perifricas (mos e braos) ............................................................. 22

    4. O que Radioterapia? ...........................................................................................23 Simulao e planejamento do tratamento .........................................................................................23 Efeitos colaterais da Radioterapia .....................................................................................................23 Auto cuidado durante o tratamento radioterpico .............................................................................24

    5. O que Hormonioterapia?.....................................................................................25

    Parte III

    O QUE VOC PRECISA SABER SOBRE ALIMENTAO (NUTRIO) ..................... 6

    1. Por que nos Alimentamos? ................................................................................... 26 O que so Micronutrientes .............................................................................................................. 26 Aminocidos ................................................................................................................................... 26 cidos Graxos ................................................................................................................................ 27 Acares (glicdios) e amidos .......................................................................................................... 27 Vitaminas ........................................................................................................................................ 28 Enzimas .......................................................................................................................................... 28 Sais Minerais .................................................................................................................................. 29 Lactobacilos acidfilos e absoro de micro nutrientes ................................................................... 29

    2. Cuidados no manuseio e preparo de alimentos .................................................... 30

    3. O que deve ser evitado na alimentao do Paciente com Cncer ........................ 32

    4. Ento, o que Comer? ........................................................................................... 345. Indisposio gstrica devido a Quimioterapia? ..................................................... 38

    Parte IV

    CUIDE DA QUALIDADE DE VIDA ................................................................................ 4

    1. Introduo ........................................................................................................... 42

    2. O que qualidade de Vida? ................................................................................. 42

    3. Cuidados com sua sade emocional e espiritual .................................................. 43

    4. Recomendaes aos Familiares (e Amigos) e ao Paciente ................................... 435. Prezado paciente ...................................................................................................45

    Parte V

    SADE & BELEZA ....................................................................................................... 45 Alimentos inteligentes .................................................................................................................... 46

    Medicina Preventiva ...................................................................................................................... 47

    Parte VI

    VOC UM SOBREVIVENTE, LUTE, RECLAME E SEJA GRATO PELA VIDA .......... 47

    1. Reclame pelos seus direitos, faa denncias ....................................................... 47

    2. Apoio Espiritual .................................................................................................... 67

    3. Fontes de Pesquisas e Links ............................................................................... 70

    4. Bibliografia ........................................................................................................... 71

    APNDICE:

    Sugestes aos Familiares do Paciente e Tipos de Exames Preventivos; Um direito do usurio - Denuncie; Reclame, Tire Dvidas;

    Onde receber tratamento; Telefones teis... Direitos e Deveres do Paciente; Apoios; Agradecimentos; Quem somos.

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    I. O QUE VOC PRECISA SABER SOBRE CNCER

    1. Quem somos ns

    O NAPACAN _ Ncleo de Apoio ao Paciente com Cncer, foi criado no dia 26 de setembro de 1999 em So Paulo e contou com a ajuda e apoio de muitas pessoas que dedicaram seu tempo e conhecimentos para tornar real a idia de que sendo solidrio o Homem cresce e fica FORTE.

    O NAPACAN existe fundamentalmente para dar VOZ ao paciente na hora de receber atendimento, de saber de seus direitos, de ser informado adequadamente sobre o que o cncer, sobretudo ser informado que cncer tem cura quando se faz um diagnstico precoce e se recebe tratamento especializado na hora certa.

    Ns do NAPACAN, engajados neste movimento de conscientizao, lutaremos pelos direitos do paciente apontando as falhas possveis do atendimento do Sistema nico de Sade nos Hospitais bem como procurando solues para as mesmas. importante salientar, que a cura do cncer (que ainda tratado como um tabu), reside em aspectos de preveno, diagnstico precoce, acesso cirurgia, mas tambm na pesquisa clnica.

    O NAPACAN precisa do apoio dos nossos governantes para criar condies dignas de tratamento para TODOS.

    Se todos derem s mos formaremos uma REDE de solidariedade fundamental para tornar este Pas Humano e tico na hora de oferecer tratamento gratuito para o povo que no tem recursos para pagar um servio particular.

    Ns articulamos encontros de pessoas que lutam por viabilizar projetos que possam beneficiar o paciente com cncer para PLANTAR a idia da EDUCAO que salva vidas e criar servios eficazes mdicos de oncologia e psico oncologia gratuitos em todo o Brasil.

    O NAPACAN criou um Programa de Educao Continuada e distribui gratuitamente um Manual, uma Cartilha para o Brasil, e criamos uma home page na internet com informaes importantssimas para o paciente e seus familiares.

    O nosso Manual foi adotado a partir do ms de julho de 2000, como material pedaggico em cancerologia e oncologia para leigo, pelo Instituto Brasileiro de Controle do Cncer_ IBCC. Foram entregues .500 exemplares para seus pacientes.

    O NAPACAN, juntamente com a SBC instalou a Frente Parlamentar da Cancerologia em 5.11.1999.. Criou o Frum da Cidadania em Cancerologia com a SBC, a Frente Parlamentar da Cancerologia, representantes de Entidades Filantrpicas, Representaes do Ministrio da Sade, INCA e outros, que foi realizado em 18.10.000 em Brasilia.

    Entendemos que programas de Educao para a populao Salva Vidas e reduz custos com Hospitais e medicamentos.

    O NAPACAN est preparando novos projetos para mudar a vida das pessoas que procuram por sade e tica nos atendimentos mdicos e psicoterpicos.

    Estamos com um programa de preveno na conexo medica juntamente com o Instituto Avon, Rede Brasileira de Combate ao cncer, Fundao Faculdade de Medicina e Sociedade Paulista de Oncologia Clnica _ Educao, Preveno e Deteco precoce do cncer de mama (www.conexaomedica.com.br, www.mamaevida.com.br). Lanamos nosso jornal (Educando para ter Sade) eletrnico primeira edio no site www.napacan.org.br (olhe o menu onde se ler Jornal).

    Tambm Realizamos a primeira caminhada Brasil Unido Contra oTabaco dia 31 de maio de 2005, (em parceria com SBOC-SP, com apoio da AVON) dia mundial sem tabaco, com a inteno de chamar a ateno dos governantes sobre a importncia de aprovar a Conveno Quadro _ primeiro tratado internacional de sade pblica da histria da humanidade, criado em 1999 durante a 52 Assemblia Mundial da Sade, (OMS), fixa padres internacionais para o controle do tabaco, com providncias relacionadas propaganda e patrocnio, poltica de impostos e preos,...Dentre outras medidas. Este tratado no substitui as aes nacionais e locais para o controle do tabaco de nenhum pas, elas as complementa e fortalece.

    Se o governo pensasse na sade do cidado e de quanto custa trat-lo nos hospitais pblicos, ele j teria assinado este documento. Se ele pensasse que milhares de jovens sero fumantes desde os 12 anos e morrero mais cedo acometidos por doenas causadas pelo tabaco....

    [O Poder Legislativo APROVA O TEXTO DA CONVENO-QUADRO SOBRE CONTROLE DO USO DO TABACO, ASSINADA PELO BRASIL, EM 16 DE JUNHO DE 2003. DECRETO LEGISLATIVO N 1.012, DE 2005(*) Aprova o texto da Conveno-Quadro sobre Controle do Uso do Tabaco, assinada pelo Brasil, em 16 de junho de 2003].

    Consulte os links para parar de fumar:

    www.abqv.com.br, www.sesi.org.br, www.vidaqualita.com.br, www.niquitin.com.br, www.nicorette.com.br, e tele atendimento pelo 0800.266001, 0800.7037033 (este ltimo do INCA, instituto nacional do cncer _ www.inca.gov.br).

    So Paulo, 19 de janeiro de 007.

    Trabalhando pelo bem comum de todos e pela Paz, O Homem fica forte!

    Vamos Plantar esta Idia.

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    2 - O que voc precisa saber sobre cncer

    Nos ltimos cem anos, o ser humano tem sido exposto a uma quantidade cada vez maior de inmeros compostos qumicos novos (resultantes da atividade industrial), amplamente distribudos no ambiente e capazes de induzir danos ou leses no material gentico.

    O corpo humano contm trilhes de clulas agrupadas para formar tecidos, como os msculos, ossos e pele. A maioria das clulas normais cresce, se reproduz e morre em resposta aos sinais internos e externos ao corpo. Se esses processos ocorrerem de modo equilibrado e de forma ordenada, o corpo permanece saudvel executando suas funes normais. No entanto, uma clula normal pode tornar-se uma clula alterada e isso ocorre quando o material gentico danificado.

    Material gentico toda a informao contida nos genes, formados pelo cido desoxirribonuclico ou DNA e localizados no ncleo celular. Os genes so responsveis pela produo de todas as nossas protenas, que determinam tudo, isto , desde a estrutura funo do nosso corpo, bem como o comportamento e aparncia normal das clulas, alm de conferir todas as caractersticas fsicas nicas que formam o conjunto de cada indivduo.

    A partir do momento em que uma clula carrega uma leso em seu material gentico (DNA), ela passa a ser uma clula alterada, sendo denominada mutada. Uma vez lesado o DNA, o corpo consegue, quase sempre, promover o reparo desses danos atravs de eficientes mecanismos que recompem as atividades celulares. Com o passar dos anos as alteraes que no foram reparadas vo se acumulando e, eventualmente, podem levar perda de controle dos processos vitais da clula, uma vez que a clula mutada no mais obedece aos sinais internos. Deste modo, a clula mutada passa a agir independentemente em vez de cooperativamente, dividindo-se de modo descontrolado, at formar uma massa celular denominada tumor.

    Um tumor denominado benigno quando ele no invade os tecidos vizinhos ou se transloca, via sangnea, para outros locais. Esses tumores so quase sempre facilmente removidos cirurgicamente.

    . O que cncer e quais as suas causas?

    Por outro lado, se as clulas tumorais crescem e se dividem, invadindo outros locais, so denominadas malignas ou cancerosas. Essas clulas podem ter a habilidade de se espalhar pelos tecidos sadios do corpo, por um processo conhecido como metstase, invadindo outros rgos e formando novos tumores.

    Portanto, o cncer (neoplasia maligna) pode ser definido como uma doena degenerativa resultante do acmulo de leses no material gentico das clulas, que induz o processo de crescimento, reproduo e disperso anormal das clulas (metstase).

    Existem aproximadamente 200 tipos diferentes de cncer, muitos deles curveis, se detectados precocemente. Trs so as principais categorias dos cnceres conhecidos: carcinomas, sarcomas, leucemias e linfomas. Os carcinomas incluem os cnceres que se originam de clulas que formam a epiderme - tal como o cncer de pele - ou tecidos que revestem os rgos internos, por exemplo o carcinoma de pulmo ou, ainda, formam

    as glndulas, como no caso do cncer de mama. Os sarcomas, por sua vez, representam os cnceres que se originam dos tecidos conectivos como os ossos e cartilagens (osteossarcoma ou cncer do osso) ou tecidos musculares (rabdomiossarcoma ou tumor maligno do msculo esqueltico).

    As leucemias e os linfomas esto relacionados, respectivamente, aos cnceres originados das clulas formadoras do sangue e das clulas do sistema imunolgico ou de defesa. Como exemplo de leucemia, temos a leucemia granuloctica que o cncer das clulas brancas do sangue; e de linfoma, o cncer que acomete os linfonodos, denominado linfoma de Hodgkins.

    O cncer constitui importante causa de mortalidade em todo o planeta, sendo a segunda causa de morte no Brasil, atrs apenas das doenas cardiovasculares. Sabe-se hoje que cerca de 1% de todos os cnceres so de origem hereditria1 e 16% so atribudos a agentes infecciosos2. Contudo, existem evidncias substanciais de que na origem de 80 a 90% de todos os tipos de cnceres haja o envolvimento dos agentes ambientais representados por compostos qumicos oriundos do tabagismo, alcoolismo e infeces parasitrias e, principalmente da dieta alimentar, bem como de agentes fsicos representados pela luz ultra-violeta ou solar, causa principal do cncer de pele. Assim sendo, as medidas preventivas devem incluir mudanas no estilo de vida.

    Alguns indivduos esto geneticamente predispostos a desenvolver um tipo particular de cncer em algum estgio de suas vidas, independente da ao do ambiente. Esses so ditos suscetveis ou predispostos. No entanto, pessoas que herdaram um gene mutado, podem no desenvolver a doena. Existem hoje testes e medidas preventivas eficazes no aconselhamento de pessoas que possuem histrico familiar de cncer.

    Em muitos casos, os sintomas do cncer s aparecem aps a doena ter se instalado. Embora o corpo humano possua mecanismos de defesa naturais, nosso estilo de vida e hbitos nocivos sade podem suplantar a capacidade desses mecanismos de defesa da clula contra a mutao. No entanto, cada um de ns deve ter em mente de que nunca tarde para melhorar nossos hbitos de vida. Tal atitude ajudar a reduzir as chances de desenvolvimento do cncer e melhorar sobremaneira, outros aspectos da sade. Alm disso, exames preventivos devem ser realizados periodicamente, para aumentar a chance de diagnstico precoce (ou seja, de se descobrir uma leso cancerosa ainda na fase inicial). Por exemplo, exame de prstata, Papanicolau, mamografia, ultrasonografias, hemograma completo, CA 15-3, radiografias e outros de acordo com a conduta de seu mdico. Sempre consulte uma segunda opinio se houver dvidas.

    A mutao gentica pode ser causada por repetidas exposies do organismo humano, em nosso cotidiano, aos inmeros agentes fsicos, qumicos ou biolgicos a que ele se expe, quer por inalao, por ingesto ou por contato da pele. Alguns exemplos de fatores de exposio que podem causar mutaes so dados a seguir:

    Fatores biolgicos: Pessoas que no herdaram genes mutados podem desenvolver cncer devido a alteraes genticas provocadas por certas infeces por vrus ou bactrias, tais como o cncer de fgado devido a hepatites B ou C (provocadas por vrus), cncer de colo uterino e cervical nas mulheres ou de pnis (causados por infeco por papiloma vrus), cncer de estmago (devido infeco por bactria Helicobacter pylorii prolongada e no tratada)3.

    Agrotxicos: Tambm podemos desenvolver cncer quando nosso corpo exposto a pequenas doses dirias de inseticidas como o BHC e o DDT tanto de uso caseiro

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    quanto por contaminao de cereais, frutas e legumes nas lavouras ao longo dos anos. Esses e outros agrotxicos acumulam-se em glndulas (como o fgado, as glndulas mamrias, a prstata, os testculos, etc.) e no sangue e, ao atingir certos nveis, causam mutaes genticas que podem resultar em cncer de mama, de prstata, de ovrio, etc. Nos Estados Unidos, o uso desses inseticidas est proibido desde 1972.4,5

    Poluentes atmosfricos6: presentes na fumaa do escapamento de veculos movidos a leo diesel, gasolina e lcool e outros aditivos que so misturados a eles, bem como o cigarro e os vapores qumicos de indstrias diversas (de refino de petrleo, de tratamento de madeiras, de solventes industriais, etc.) o p de amianto, os vapores de chumbo e outros qumicos presentes nas tintas de parede, vernizes, tinturas de cabelo, etc., tambm podem atuar como um dos fatores para o desenvolvimento de diversos tipos de tumores malignos.

    Alcoolismo e Tabagismo: Indivduos que bebem diariamente (happy hour) e/ou fumam, aumentam em at 60% suas chances de desenvolver cncer de pulmo, cncer de estmago, de fgado, cncer de laringe e boca, cncer de bexiga ou de prstata.7 O lcool, alm de retirar do corpo nutrientes importantes , do ponto de vista bioqumico, uma substncia txica e alucingena, pois tem uma atuao no crebro semelhante ao alcalide da maconha (responsvel pelo efeito relaxante desta erva): impede que as clulas nervosas do crebro utilizem a glicose (acar) para gerar a energia necessria ao seu bom funcionamento8.

    Alimentao rica em gorduras e frituras e pobre em verduras, frutas e cereais integrais9 tambm predispe a diversos tipos de cnceres, como os de intestino, mama, fgado, testculos, etc.. Carnes de boi e aves engordados com hormnios e peixes, camaro, lula, polvo, lagosta e crustceos (marisco, ostra, vieira, vongolli, etc.) contaminados com mercrio, inseticidas e outros detritos qumicos domsticos e industriais despejados em rios (que por sua vez levam a poluio para as guas litorneas), tambm contribuem de forma importante para o aparecimento do cncer.

    Exposio prolongada ao sol principalmente na infncia e adolescncia pode resultar em cncer de pele e melanoma (um tipo mais agressivo de cncer de pele) na idade adulta. importante compreender que, cada vez que irritamos a pele ao sol (bronzeamento, vermelhido, ressecamento ou bolhas e descamao), leses acontecem nas camadas mais profundas que no so reparadas. Essas leses vo se acumulando, com a repetio da exposio aos raios ultravioletas da luz do sol (mesmo em dias nublados) e podem acabar produzindo mutaes malignas, principalmente em pessoas de pele clara.

    Um estilo de vida com muitas tenses emocionais, presses, m alimentao, sono irregular, traumas ou episdios profundos e prolongados de depresso, podem contribuir para que todos os fatores j mencionados - ou vrios deles - causem uma mutao maligna em algum rgo, em algum ponto de nossas vidas.

    Teoricamente, o cncer deveria ser mais comum na velhice, quando nosso corpo j acumulou muitas leses devido ao estresse, poluio, contaminao com diversos cancergenos e, ao mesmo tempo, tem as suas defesas naturais enfraquecidas devido prpria idade avanada. No entanto, os nveis crescentes de poluio (do ar, das guas e dos alimentos), contaminao alimentar por carcinognicos, alimentao rica em frituras, gorduras e alimentos artificiais e conservados com qumicos nocivos sade, o cncer est aparecendo no mundo moderno cada vez mais cedo e em um nmero crescente de indivduos. Leve em conta que sua vida emocional e espiritual podem contribuir positiva

    ou negativamente para sua sade. Excesso de atividade fsica e falta de carinho fragilizam seu sistema imunolgico, deixam seu organismo suscetvel a doenas inmeras, por isso adote o caminho do meio _O Tao, o equilbrio de corpo, emoo, mente e esprito (TAO, Transformao da Mente e do Corpo Huai-Chin-Nan; Gestos de Equilbrio, Tarthang Tulku).

    4 . Artigos sobre cncerSarcomawww.sarcoma.com.br

    Sarcoma um tipo raro de cncer e, por isso mesmo, geralmente suscita dvidas e perguntas para as quais nem sempre achamos esclarecimentos. A proposta desta seo de perguntas e respostas tentar esclarecer, de maneira simples e despretensiosa, as dvidas mais comuns, aquelas que surgem logo que a pessoa se descobre portadora de sarcoma.

    O que o cncer?

    Todos os tipos de cncer comeam de uma clula em particular que sofre uma mutao. O DNA desta clula muda de forma que ela no pode mais crescer dentro das regras do seu tipo de clula e passa a crescer descontroladamente. O nome do cncer normalmente dado pelo tipo da clula da qual ela cresce e se transforma em tumor. Por exemplo, sarcomas de tecidos moles so cnceres nos quais o crescimento das clulas malignas ou cancerosas se originam dos tecidos moles do corpo. Os tecidos moles incluem a gordura, os vasos sanguneos, nervos, ossos, msculos, pele e cartilagem.

    O que um tumor primrio?

    E o primeiro tumor - que poder ou no dar origem a recorrncias ou metstases. onde a doena comeou a partir da diviso desgovernada da primeira clula mutante. Se o tumor primrio envia clulas atravs da corrente sangnea ou atravs do sistema linftico, estas funcionam como clulas sementes que vo gerar tumores secundrios ou metstases. Se o tumor primrio removido por meio de cirurgia com amplas margens de segurana, pode mesmo assim haver uma recorrncia ou recidiva no mesmo local.

    Sarcoma um cncer?

    Sim. O sarcoma um tumor maligno dos tecidos moles do corpo, como gordura, msculos, nervos, tendes e veias. Os sarcomas de "partes moles" so raros. De acordo com a Sociedade Americana de Cncer (American Cancer Society) aproximadamente 8.700 novos casos deste tipo de cncer so diagnosticados a cada ano em adultos e crianas nos Estados Unidos. No Brasil, no temos ainda estatsticas. Quando o sarcoma comea em alguma parte ssea do organismo chamado de sarcoma osteognicon ou, ocasionalmente, de chondosarcoma (sarcoma de cartilagens).

    Todos os sarcomas so iguais?

    No. Os sarcomas de partes moles englobam uma srie de tipos de tumores. Alguns crescem devagar, lentamente, outros so mais agressivos, crescem muito rapidamente e, s vezes, quando feito o diagnstico, j espalharam pelo corpo todo e podem no ter cura. Cada tipo um tipo e em cada pessoa cada tipo pode ter progresso ou comportamento diferente. Mas o fato que a maioria deles resistente quimioterapia e radioterapia, por isso se diz que o melhor tratamento para sarcomas o cirrgico.

    Que tipo de pessoa predisposta a ter sarcoma?

    Os sarcomas podem atacar qualquer pessoa, jovens ou velhos. Diferentes tipos de sarcoma ocorrem em diferentes faixas etrias. No sabemos se determinados tipos de comportamentos ou hbitos deixam a pessoa mais exposta ao risco de desenvolver um sarcoma.

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    O que significa o "grau" do sarcoma?

    Grau um termo descritivo que o patologista usa aps examinar o tecido do tumor (no caso, do sarcoma). O grau um indicativo do quo agressivo o tumor poder vir a ser. Os tumores de baixo grau so menos agressivos e os de alto grau so mais agressivos, crescem mais rapidamente.

    Para onde os sarcomas podem se espalhar?

    Depende de onde eles comeam, de onde se localiza o tumor primrio. O mais comum que a metstase seja no pulmo, mas podem tambm surgir metstases no fgado. Isto depende muito e somente o oncologista poder dizer com mais exatido.

    Diagnstico de sarcoma sentena de morte?

    No. A maioria dos pacientes pode conviver com a doena, com excelente qualidade de vida. Cerca de 90 por cento deles ultrapassam os 5 anos de sobrevivncia aps o diagnstico. As novidades cientficas e tecnolgicas nesta rea surgem a cada dia e os prognsticos podem mudar favoravelmente de uma hora para outra. At dois anos atrs os tumores gastrointestinais (GIST) matavam inapelavelmente. Hoje, com o gleevec, podem ser curados.

    Sarcoma di?

    No. Sarcoma no di e isso um dos problemas para ser rpido diagnstico - como no di, a pessoa no vai ao mdico e, geralmente, no descobre cedo a doena. Raramente o sarcoma causa dor, s quando o tumor est localizado em lugares muito raros e de difcil acomodao.

    O que devo perguntar a meu mdico antes do tratamento?

    O mais importante de tudo voc procurar um mdico que tenha experincia em Sarcoma, este tipo raro e difcil de cncer. Ter um mdico que entenda e tenha experincia no tratamento de sarcoma faz toda a diferena na corrida contra este tipo de doena. Exatamente por a doena ser to rara importante voc procurar um doutor que conhea este tipo de tumor. Isto importante no apenas para voc ter o melhor tratamento, mas tambm para evitar que voc seja submetido a tratamentos desnecessrios ou ineficazes. Geralmente os especialistas em sarcomas atuam em equipe multidisciplinar e levam em considerao sempre o fato de os sarcomas serem resistentes quimioterapia e radioterapia.

    Portador de sarcoma submetido quimioterapia?

    Apesar de os sarcomas serem, normalmente, resistentes a quimioterpicos, hoje em dia j se sabe que novas combinaes de medicamentos antigos ( como taxotere e gemzar) e medicamentos de ltima gerao ( como as plulas quimioterpicas gleevec e temodar) esto tendo excelente eficcia contra determinados tipos de sarcomas. Os portadores de sarcomas so, sim, submetidos a quimioterapia para reduo de tumores que sero operados ou em caso de tumores inoperveis. Cada caso um caso e apenas os oncologistas sabem quando se deve ou no usar a quimioterapia em sarcomas.

    Portador de sarcoma submetido radioterapia?

    A radiao comumente usada para limitar o risco de uma recorrncia do tumor aps sua extirpao por cirurgia. H novas tcnicas tambm de radioterapia intraoperatria, onde aps a retirada do tumor aplicada a radioterapia "in loco", durante a cirurgia. H tambm a braqueterapia, que a aplicao local de radioterapia atravs de pequenos tubos implantados sob a pele durante a cirurgia. Novamente, cada caso um caso e apenas o oncologista, o cirurgio e o radioterapeuta podem definir o melhor tratamento para cada paciente.

    Quando poderei dizer que estou curado?

    No caso dos sarcomas de partes moles 70 por cento dos pacientes que tiveram recorrncias elas aconteceram nos primeiros dois anos aps o surgimento do primeiro tumor. Entretanto,

    pacientes de sarcoma costumam ser estadiados (acompanhados cuidadosamente, com tomografias) por, no mnimo, dez anos. Pacientes podem ter recorrncias tardias, mas quanto mais tardias forem mais favorveis ao tratamento sero.

    Os sarcomas so hereditrios?

    Os sarcomas podem ocorrer em uma mesma famlia, mas isto tambm muito raro. Geralmente h uma doena anterior que conhecidamente aumenta a predisposio ao sarcoma. Por exemplo: um mioma que transforma-se em um leiomiosarcoma de tero. O mdico, especialista em sarcoma, tem familiaridade com estas doenas que causam ou transformam-se em sarcoma.

    Por que difcil diagnosticar sarcomas?

    Porque os sarcomas so tumores raros. Oncologistas lidam com cnceres todos os dias, mas muitas vezes passam toda a sua vida clnica sem se deparar com um sarcoma.

    Outros Tipos de Cnceres

    Cncer de Prstata

    A prstata uma glndula presente nos homens situada abaixo da bexiga urinria. nessa glndula que se desenvolve um dos tumores mais comuns dos homens aps os 50-60 anos: o cncer de prstata. Homens com parente de primeiro grau com a doena e homens da raa negra apresentam maior risco. Acredita-se que uma dieta rica em gordura e protena animal contribua para o desenvolvimento desse tumor; e que alimentos ricos em selnio, vitamina D, vitamina E e licopeno e derivados de soja sejam fatores protetores contra o cncer de prstata..Na fase inicial os sintomas no existem ou so muito discretos. Em geral, o paciente apresenta alteraes relacionadas com a mico (dificuldade para urinar, reteno de urina ). Porm estes sintomas tambm so comuns em outras doenas da prstata. Por isso, os exames de rotina para preveno e diagnstico precoces so muito importantes. importante fazer uma consulta com o mdico especialista que far toque retal e exame de PSA (Antgeno Prosttico Especifico). Ambos so exames simples passveis de serem realizados em qualquer ambulatrio medico. Essa preveno indicada para homens com idade superior a 50 anos. Homens negros ou aqueles de qualquer raa com histria comprovada de cncer em parentes de primeiro grau a idade 40 anos. Em caso de alguma suspeita, o mdico pedir exame de bipsia para confirmar o diagnstico. O tratamento poder ser cirrgico, radioterapia externa ou braquiterapia. Em todos estes tipos de tratamentos existem vantagens e desvantagens. A escolha de qual terapia utilizar deve ser conjunta do paciente e do mdico especialista, pois existem vrias nuances a serem consideradas. Para pacientes com doena avanada o tratamento o controle da doena com medicaes especificas a base de hormnios que bloqueiam o aumento do tumor. A preveno do cncer de prstata passa pela adoo de hbitos saudveis de vida. Atitudes como diminuir o consumo de alimentos ricos em gordura animal e aumentar o consumo dos derivados da soja, dos alimentos ricos em licopeno (tomate) , exposio ao sol (que produz um aumento de vitamina D ) , suplementao de selnio e vitamina so uma arma contra o cncer de prstata.

    Dr Paulo Jorge ValentimResidncia Mdica em Cirurgia Geral e Cirurgia OncolgicaEspecialista em Cirurgia de Cabea e Pescoo pela Sociedade Brasileira deCirurgia de Cabea e PescooMdico Assistente do Departamento de Cirurgia de Cabea e Pescoo doInstituto do Cncer Arnaldo Vieira de Carvalho _ SPVice Diretor Clnico do Instituto do Cncer Arnaldo Vieira de Carvalho _SPDiretor cientfico do napacan

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    Cncer de Pulmo

    O cncer pulmonar uma doena grave, que muitas vezes poderia ser evitada com eliminao do hbito de fumar cigarros. No h dvidas que o fator mais importante para o desenvolvimento do cncer de pulmo o hbito de fumar. A idade na qual a pessoa comeou a fumar e o nmero de cigarros consumidos por dia tambm interferem no risco de desenvolver a doena. Da mesma forma o fumante passivo apresenta risco de desenvolver cncer de pulmo. Pacientes no fumantes tambm desenvolvem cncer de pulmo, porm isso mais raro. Outros fatores considerados de risco so contato com asbesto, hereditariedade, histria pessoal e algumas doenas pulmonares prvias.Os principais sintomas so tosse e dor nas costas que no melhoram, falta de ar e cansao constante, escarro com sangue, perda de apetite ou emagrecimento. Como esses sintomas podem aparecer em vrias doenas do pulmo, importante consultar um mdico especialista. A suspeita do cncer atravs do exame clnico e radiografia de trax ou exame do escarro. Para confirmar a presena de cncer de pulmo e saber qual o tipo celular dever ser feita uma bipsia. O tratamento depende do tipo de cncer de pulmo, tamanho, localizao e extenso do tumor, e sade geral do paciente. Combinaes entre os tratamentos tambm so utilizadas. Podem ser utilizadas a cirurgia, radioterapia e quimioterapia. Os pacientes necessitam tambm de fisioterapia pulmonar para auxiliar o tratamento e melhora da falta de ar. A melhor maneira de prevenir o cncer de pulmo parar ou nunca comear a fumar. Nunca tarde para parar de fumar. Mesmo aps o diagnstico de cncer de pulmo, parar de fumar pode prevenir o desenvolvimento de um novo cncer. Como em todos os cnceres, o acompanhamento aps o tratamento do cncer de pulmo muito importante para verificar se o cncer est sob controle. Entre as consultas marcadas, as pessoas que tiveram cncer devem estar atentas ao surgimento de anormalidades: sintomas pulmonares, emagrecimento, fraqueza ou ndulos crescidos no pescoo e axilas.

    Dra Allisson Monteiro da Silva Residncia Mdica em Cirurgia Geral e Cirurgia Oncolgica Especialista em Cirurgia Oncolgica pela Sociedade Brasileira de Cancerologia Especialista em Cirurgia de Cabea e Pescoo pela Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabea e Pescoo Mestre em Medicina pela Universidade Federal de So Paulo - Unifesp Colaboradora do Grupo de Bipsia de Linfonodo Sentinela da Disciplina de Cirurgia Plstica - Unifesp

    [email protected] Cncer de Intestino

    Um dos tumores mais comuns no aparelho digestivo o cncer do Intestino grosso que pode afetar o clon, reto ou nus. Portanto chamado cncer colo-retal. Normalmente surge em pessoas entre 50-70 anos. Algumas vezes pode aparecer em pessoas bem mais jovens. Hbitos de dieta so considerados importantes para o desenvolvimento desse tipo de tumor. Sabe-se que pessoas com dieta pobre em fibras apresentam maior chance de desenvolver a doena. Pessoas com antecedentes familiares de cncer ou portadoras de retocolite ulcerativa ou polipose familiar do clon tambm apresentam maior chance de desenvolver cncer de clon. Os sintomas podem ser variados, mas geralmente afetam os hbitos intestinais do paciente. Pode haver desde constipao at diarria, que no melhoram com tratamentos comuns. Algumas vezes sangue ou catarro so visveis nas fezes. Clicas ou dor para evacuar, emagrecimento e anemia tambm so sintomas do cncer colo-retal. Na presena desses sintomas deve-se procurar o mdico especialista que far exame clnico e outros exames para afastar ou confirmar o diagnstico. Nesse processo importante o toque retal (exame de toque pelo nus), que por si s pode diagnosticar um tumor no reto ou nus. Outros exames podem ser feitos para realizao de bipsia. O tratamento inclui a cirurgia na maioria das vezes. Nos tumores de reto, dependendo da posio do tumor, pode ser necessrio a realizao de colostomia na cirurgia. A colostomia a ala do intestino conectada a parede abdominal para dar vazo as fezes. Essa ala intestinal ficar coberta por uma Bolsa prpria para a coleta das fezes (bolsa de colostomia), podendo ser provisria ou definitiva depende de cada caso. Essa situao no limita o convvio social, uma vez que a bolsa est totalmente oculta sob a roupa. Radioterapia e quimioterapia tambm podem ser utilizadas.Aps o tratamento, importante o paciente realizar exames peridicos de acompanhamento. Durante os intervalos desses exames, o paciente deve estar atento a presena de sangue nas fezes, emagrecimento, fraqueza ou crescimento ou dor na barriga.

    Como preveno deve-se optar por dieta rica em fibras vegetais.

    Dra Allisson Monteiro da Silva Residncia Mdica em Cirurgia Geral e Cirurgia Oncolgica Especialista em Cirurgia Oncolgica pela Sociedade Brasileira de Cancerologia Especialista em Cirurgia de Cabea e Pescoo pela Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabea e Pescoo Mestre em Medicina pela Universidade Federal de So Paulo - Unifesp Colaboradora do Grupo de Bipsia de Linfonodo Sentinela da Disciplina de Cirurgia Plstica - Unifesp

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    Cncer de boca

    Tumores da cavidade oral (boca) ou orofaringe (parte superior da garganta) podem aparecer nos lbios, lngua, soalho da boca, parte interna das bochechas, gengivas, plato mole e plato duro, regio das amdalas e parede posterior da garganta. So tumores que, se diagnosticados precoces, podem ser tratados e curados com poucas ou nenhuma seqela funcional. Por outro lado, o tratamento em fases avanadas dever deixar maiores seqelas e exigir maior reabilitao do paciente.

    Como a cavidade oral de fcil acesso, auto exames so estimulados para preveno e deteco precoce de cncer da boca. Da mesma maneira, deve-se fazer uma reviso com dentista pelo menos uma vez por ano.

    Tabagismo, alcoolismo, trauma crnico (uso de prteses dentrias mal-ajustadas), m higiene oral, m conservao dos dentes, baixo consumo de caroteno e histria familiar de cncer so considerados fatores de risco.

    Ateno especial deve ser dada aos lbios, j que tumores de lbio esto relacionados a exposio crnica ao sol, bastante comum em pases tropicais e com atividades rurais, sendo mais comum em pessoas brancas e no lbio inferior.

    O cncer na cavidade oral (boca) ou orofaringe (garganta) acomete principalmente tabagistas e/ou alcolatra, sendo que a associao das duas atividades aumenta consideravelmente o risco de desenvolvimento da doena, bem como distrbios de nutrio. mais comum em indivduos do sexo masculino acima de 50 anos.

    O principal sintoma deste tipo de cncer o aparecimento de ferida na boca que no cicatriza em uma ou duas semanas. Essas feridas podem ser superficiais ou mais profundas, indolores no incio, podendo sangrar ou no. Manchas esbranquiadas ou avermelhadas nos lbios ou na boca tambm so suspeitas.

    Nos estgios avanados podem surgir dificuldade de fala, mastigao e deglutio; emagrecimento acentuado, dor e ndulos no pescoo.

    Como Fazer o auto exame :

    O auto-exame da boca deve ser realizado a cada seis meses, em local bem iluminado, diante do espelho. Lave bem a boca e remova prteses dentrias para uma boa observao. Observe a pele do rosto e do pescoo, prestando ateno se h alguma alterao. Toque com a ponta dos dedos toda a regio, especialmente se notou alguma rea diferente. Puxe com os dedos, o lbio inferior para baixo, observe e palpe sua parte interna, repetindo a operao com lbio superior.Com a ponta do dedo indicador, afaste a bochecha para examinar a parte interna da mesma, dos dois lados. Com a ponta do dedo indicador, percorra toda a gengiva superior e inferior. Introduza o dedo indicador por baixo da lngua e o polegar da mesma mo por baixo do queixo e procure palpar todo o assoalho da boca. Incline a cabea para trs e abrindo a boca o mximo possvel, examine atentamente o cu da boca. Em seguida diga ... e observe o fundo da garganta. Observe e apalpe a parte de cima da lngua, bem como suas laterais.

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    Examine o pescoo, comparando os lados direito e esquerdo. Veja se existem caroos ou reas endurecidas.

    Devem ser observados sinais como mudana na cor da pele e mucosas, endurecimentos, caroos, feridas, inchaos, reas dormentes, dentes quebrados ou amolecidos e lcera rasa, indolor e avermelhada, placas esbranquiadas.

    Como prevenir o cncer de boca:

    O combate ao tabagismo um dos pontos mais importantes na preveno deste tipo de cncer. Deve-se:

    1 evitar o fumo e o lcool; - evitar exposio continuada aos raios solares; - utilizar protetor labial, chapus quando exposto ao sol por longos perodos; 4- evitar traumas crnicos na mucosa bucal, tais como: prtese mal adaptada, coroas dentais fraturadas, razes residuais; 5 - manter higiene adequada, escovando os dentes 4 vezes ao dia, principalmente aps a ingesto de alimento e fazer uso do fio dental6- Fazer o auto-exame da boca cada 6 meses7- fazer alimentao balanceada e completa 8- procurar seu Dentista ou Mdico em caso de aparecimento de qualquer leso que no regrida no espao de 7/14 dias.

    Com esses cuidados, alm de prevenir o cncer de boca, voc tambm estar colaborando para um estilo de vida bem mais saudvel.

    Allisson Monteiro da SilvaMdica Oncologista

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    Cncer de Testculos

    A grande preocupao com o cncer de testculo consiste no fato de ser a neoplasia maligna mais freqente em homens entre 20 e 34 anos de idade, perodo de plena atividade produtiva e reprodutiva. O testculo produz a maior parte da testosterona sendo responsvel pela manuteno do libido, alm disso, o rgo responsvel pela produo dos espermatozides e conseqentemente da fertilidade no homem.

    H pouco mais de 10 anos esses tumores eram curados em apenas metade dos pacientes, no entanto, devido ao diagnostico precoce e ao tratamento adequado, a sobrevida em 5 anos nos dias de hoje aproxima-se de 95% dos pacientes tratados.

    O principal fator associado ao cncer testicular a presena dos testculos posicionados fora da bolsa testicular, com risco 50 vezes maior para os indivduos com essa anormalidade. Outro grupo com maior incidncia deste cncer so os homens portadores de infertilidade, pois a presena do tumor pode ser a causa da diminuio da produo de espermatozides.

    O quadro clnico caracteriza-se por aumento do volume testicular ou pela presena de ndulo testicular indolor a palpao. Toda massa testicular, principalmente em adultos jovens, deve ser considerada um cncer at que se prove o contrrio, apesar disso, o diagnstico definitivo somente possvel aps avaliao microscpica do tumor. O retardo no diagnstico pode levar progresso da doena, uma vez que so neoplasias com intensa duplicao celular e rpida progresso. Alguns pacientes referem trauma local, porm este no tem relao de causa, apenas chama ateno para um processo j deflagrado. Em fases mais avanadas, sintomas e sinais de metstases podem estar presentes como falta de ar, massa abdominal e emagrecimento.

    As clulas tumorais produzem substncias no sangue que podem ser detectadas atravs de

    exames laboratoriais. Tais exames devem ser sempre dosados inicialmente sendo muito importantes no diagnstico, quantificao do grau de comprometimento da doena e acompanhamento aps o tratamento definitivo.

    Os diagnsticos diferenciais mais comuns so os processos inflamatrios ou infecciosos do testculo, toro testicular ou hidrocele. A apresentao clnica difere pouco em todas elas e necessitam de avaliao urolgica para diagnstico e tratamento o mais rpido possvel.

    A ultrassonografia do testculo tem papel fundamental no diagnstico, pois caracteriza a presena do tumor e sua relao com as estruturas vizinhas, alm de diferenciar das outras doenas (toro de testculo e inflamao testicular). Outra vantagem do ultrassom a capacidade de mostrar tumores no palpveis ao exame fsico do urologista, sendo estas leses diagnosticadas em fases iniciais facilitando o tratamento desses pacientes. A tomografia de abdome outro exame indispensvel na avaliao pr-operatoria e acompanhamento por diagnosticar a presena de doena metstase que ocorre principalmente no retroperitnio.

    O conhecimento da drenagem do testculo essencial no tratamento dos tumores tornando a bispia de um ndulo testicular contra-indicada pela possibilidade de disseminao da doena no trajeto da agulha. O tratamento correto consiste na retirada do testculo acometido realizada sempre atravs de abordagem na regio inguinal.

    Mais da metade dos pacientes com tumor testicular tem doena metasttica no momento do diagnstico, tornando necessrio algum tipo de tratamento complementar aps a retirada do tumor primrio. Embora seja assustadora a alta freqncia de doena disseminada ao diagnstico inicial, estes pacientes ainda apresentam possibilidade de cura em aproximadamente 75% dos casos, devido a resposta favorvel desses tumores tanto a quimioterapia como a radioterapia. Muitos dos pacientes com cncer ainda no possuem uma famlia constituda, sendo assim, o tratamento pode representar um grande impacto na fertilidade desses indivduos. Aps quimioterapia ou radioterapia quase todos os pacientes tem a funo do testculo remanescente gravemente alterada por um perodo de aproximadamente 2 anos, quando um pouco mais da metade desses apresentam melhora importante com possibilidade de gravidez. Por esse motivo, todos os pacientes, sem famlia constituda, podem ter seus espermatozides congelados antes do tratamento definitivo, permanecendo assim a possibilidade de obteno de gravidez por mtodo de reproduo assistida.

    Quanto ao aspecto esttico, hoje em dia, existem prteses testiculares colocadas no mesmo ato da retirada do testculo sem deixar cicatrizes e imperceptveis visualmente quando comparadas ao testculo normal.

    O testculo produz a maior parte da testosterona no homem e responsvel pela manuteno do libido. Felizmente, tumores bilaterais ocorrem em menos de 1% dos casos, sendo assim, a necessidade de reposio hormonal e possvel dano na funo sexual so condies extremamente raras.

    Pela faixa etria jovem de acometimento desses tumores e a alta curabilidade da doena, as conseqncias do tratamento tornaram-se as principais preocupaes na atualidade. Cirurgia, radioterapia e quimioterapia possuem efeitos colaterais potencialmente prejudiciais a longo prazo na qualidade de vida desses pacientes. Sendo assim, os principais avanos no tratamento concentram-se na diminuio das conseqncias com permanncia de bons resultados.

    Dr. Jorge Hallak Mdico-Assistente Doutor, Diviso de Clnica Urolgica e Diretor-Executivo, Centro de Reproduo Humana do Hospital das Clnicas da

    FMUSP Responsvel pela Seo de Reproduo Humana, Infertilidade e Funo Sexual da Sociedade Brasileira de Cancerologia

    5. Estou com Cncer, O Que Devo Fazer?

    Hoje a Medicina j trata com sucesso um nmero cada vez maior de tipos de neoplasias (cncer). O diagnstico de um tumor em suas fases iniciais de desenvolvimento, aumenta a chance de cura total da doena. Porm, novos tratamentos para alguns cnceres em seu estgio avanado, encontram-se hoje em desenvolvimento, com resultados animadores. Entre esses novos recursos de tratamento, encontram-se as terapias rediferenciadoras (com formas cidas da vitamina A e D para alguns tumores e o trixido de arsnico, para alguns tipos de leucemia), a hormonioterapia,

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    como tratamento adjuvante para tumores de prstata e endomtrio uterino e mama, bem como algumas vacinas, como a Theratope, que se encontra em fase final de testes na Gr Bretanha, com mais de 900 pacientes com cncer de mama avanado. Novos medicamentos imunomoduladores que ajudam a aumentar as defesas naturais do corpo (sistema imunolgico) a combaterem tumores j esto sendo utilizados no Brasil. Alm disso, alguns tratamentos tradicionais continuam progredindo, como as diversas novas tcnicas de diagnstico precoce, de cirurgia, novos tratamentos com medicamentos quimioterpicos e novos avanos em radioterapia. Portanto, no caso de diagnstico de cncer, procure informar-se com seu mdico sobre as melhores estratgias de tratamento para o seu caso em particular.

    Uma crescente compreenso da importncia de uma alimentao equilibrada e apropriada para o paciente com cncer outro fator fundamental para melhorar a resposta aos tratamentos, promover sua qualidade de vida e diminuir ou evitar certos efeitos colaterais dos tratamentos.

    II O QUE VOC PRECISA SABER SOBRE OS TRATAMENTOS

    1. Internao Hospitalar e Cirurgia:

    Dos tratamentos mencionados anteriormente, a cirurgia o tratamento que quase sempre exige internao hospitalar, principalmente quando se tratam de tumores internos profundos ou em regies de difcil acesso. Muitas vezes, o paciente de cncer chega ao servio de sade em um grau profundo de desnutrio, devido falta de apetite ou dificuldade em alimentar-se. Nesses casos, o mdico responsvel pode decidir intern-lo por alguns dias para que ele possa receber alimentao por via enteral (sonda nasoenteral) ou parenteral (veia perifrica, ou veia central), enquanto realiza os exames adicionais necessrios para planejar a cirurgia.

    A cirurgia pode ser realizada com dois objetivos: extrair o tumor e/ou realizar a bipsia (exame que determina o tipo de tumor) e verificar se existem metstases na proximidade dele. (Metstases so formadas por clulas que saem do tumor principal e invadem outros rgos ou tecidos). Quando ndulos linfticos exibem invaso ou metstase, o mdico cirurgio extrai estes ndulos tambm, na maioria das vezes.

    Uma vez encerrada a etapa cirrgica, o mdico responsvel por seu tratamento ir decidir o tipo de terapia necessria a seguir:- quimioterapia, radioterapia ou ambas ou ainda, uma combinao de uma destas (ou de ambas) com outras terapias, tais como a imunomodulao e/ou uma terapia rediferenciadora. Geralmente, esses tratamentos so realizados sem internao, atravs de atendimento ambulatorial a menos que seu mdico decida que importante mant-lo internado por mais alguns dias.

    2. Sistema de Tratamento Ambulatorial

    realizado quando o mdico responsvel e o paciente decidem que o tratamento pode ser feito sem a necessidade de internao. Tanto a quimioterapia quanto a radioterapia podem ser feitas em ambulatrio e o seu mdico responsvel ir solicitar os servios de quimioterapia ou de radioterapia de um hospital ou clnica e orient-lo(a) a agendar com a enfermagem do servio os dias e horrios em que se deve comparecer ao setor para receber o tratamento. Pergunte a seu mdico se conveniente levar um acompanhante nos dias do tratamento.

    3. O Que Quimioterapia?

    um tratamento que utiliza medicamentos (remdios) que eliminam as clulas de cncer que formam os tumores e metstases. Quando o tumor muito grande e se encontra em uma regio do corpo que no permite sua extrao por cirurgia ou permite apenas a retirada de parte do tumor, a radioterapia

    pode ser utilizada em combinao com a quimioterapia ou uma e depois a outra dependendo do que seu mdico decidir ser mais recomendvel. A quimioterapia pode inclusive servir para diminuir o tumor e permitir que ele seja, ento, extrado atravs de cirurgia.

    Tratamento Adjuvante - Uma situao em que a quimioterapia e/ou a radioterapia podem ser utilizadas como tratamento preventivo (adjuvante), quando o tumor foi retirado na cirurgia, mas os estudos indicam que se o paciente fizer quimioterapia e/ou radioterapia, isso diminuir a probabilidade de clulas tumorais que possam ter emigrado para outras regies desenvolvam novos tumores.

    Existem muitos tipos de medicamentos quimioterpicos e aqueles que cada paciente ir receber, bem como a durao do tratamento, sero estabelecidos pelo mdico responsvel. A quimioterapia consiste na utilizao de agentes qumicos (remdios), isolados ou em combinao com outros tratamentos, com o objetivo de tratar uma doena. Os aspectos particulares sobre seu quadro clnico (doena) devero ser esclarecidos com o mdico responsvel.

    Modo de aplicao dos medicamentos quimioterpicos: os medicamentos so preparados e aplicados por uma equipe de enfermagem treinada e podem ser administrados por vrias vias de acesso (locais ou regies do corpo), tais como:

    Via Endovenosa (na veia): poder ser realizado atravs de uma veia perifrica (mos ou braos), ou por um catter (vide explicao posterior).

    b) Via Intramuscular (dentro do msculo): nos braos, pernas ou ndegas.c) Via Subcutnea (na regio acima do msculo): ndegas, barriga, braos ou pernas (coxas).d) Via oral (tomando comprimidos, cpsulas ou lqidos pela boca): seu mdico o informar

    sobre os medicamentos que ir receber, os possveis efeitos colaterais que podem acompanhar o tratamento e como agir caso estes ocorram. A medicao tomada em horrios definidos pelo mdico, para facilitar a sua absoro. Por exemplo, 1 hora antes ou 1 hora e 30 minutos aps a refeio. importante observar a orientao do mdico e no interromper a medicao sem inform-lo.

    Muitos desses medicamentos precisam ser administrados (tomados), a intervalos especficos (1 vez por semana ou a cada 1, 8 dias, etc.) para que o objetivo do tratamento seja alcanado. Portanto, no falte s sesses de tratamento que foram agendadas. importante seguir corretamente as orientaes do mdico responsvel. Se alguma coisa no ficou clara, no fique constrangido(a) em fazer perguntas. Seu mdico, os mdicos desse setor e a equipe de enfermagem, ficaro satisfeitos em respond-las da forma mais adequada possvel.

    Efeitos Colaterais - A ocorrncia de efeitos colaterais depende fundamentalmente dos tipos de medicamentos (remdios) prescritos e do prprio organismo de cada paciente. Isso significa que alguns efeitos colaterais desagradveis podem ocorrer com uma pessoa enquanto uma outra nada sente ou os tm de forma mais branda. A equipe de enfermagem estar continuamente acompanhando o tratamento, para detectar qualquer anormalidade e esclarecer dvidas. No caso de dvidas, pergunte!

    Alguns efeitos de medicamentos quimioterpicos so a diminuio de glbulos brancos e/ou de glbulos vermelhos e plaquetas. Quando o potencial deste efeito muito grande, o seu mdico poder indicar uma medicao subcutnea ou endovenosa (na veia) que ajude a restaurar esses componentes do sangue. Certos medicamentos quimioterpicos afetam o crescimento de cabelos, pelos do corpo e unhas, causando a queda de cabelos e enfraquecimento de unhas. Porm, na maioria das vezes, esses sintomas so temporrios e, uma vez encerrado o tratamento, eles voltam a crescer. Seu mdico ou a enfermeira do servio de oncologia podem orient-lo sobre isso.

    Auto Cuidado Durante o Tratamento:

    Durante o perodo de tratamento com quimioterpicos, mantenha sua boca e gengivas sempre limpas e utilize escovas de dente macias, escovando os dentes aps ingerir alimentos. No utilize cremes dentais abrasivos (com branqueadores) e faa bochechos com 1 colher (de caf) de bicarbonato de sdio dissolvido em um copo de

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    gua temperatura ambiente (nem quente nem gelada), trs vezes ao dia, e aps as refeies.

    Devido ansiedade ou preocupao com a doena e o tratamento, algumas pessoas no se sentem dispostas a manter relaes sexuais com seu parceiro(a). Se este for o caso, converse claramente com a outra pessoa. No deixe no entanto de manter um contato de afeto e carinho, onde o dar e receber podem ser muito construtivos e nutritivos para o bem estar emocional de ambos.

    Mulheres podem ter seu ciclo menstrual alterado ou ressecamento da vagina durante o tratamento. Caso isto ocorra, comunique o mdico responsvel e siga sua orientao. Mesmo com o ciclo irregular, pode ocorrer gravidez. Portanto, os cuidados de anticoncepo devem continuar, porque a maioria dos quimioterpicos interferem com o crescimento das clulas e podem causar malformaes no feto.

    Alguns problemas de pele podem ocorrer durante o tratamento, tais como pele seca, vermelhido, coceira, descamao e acne (espinhas). Portanto siga as seguintes instrues:

    No tome banho muito quente, para evitar o ressecamento da pele; Use sabonetes neutros (sabonetes para bebs so os melhores); Aps o banho, hidrate a pele de seu corpo com um creme hidratante testado

    dermatologicamente (pergunte a seu mdico o que ele recomenda); Se as irritaes da pele (coceira, descamao, acne e vermelhido) forem intensas

    ou persistentes, fale com seu mdico responsvel.Certos medicamentos podem modificar a colorao da urina. Portanto, lembre-se de

    tomar bastante gua, chs ou sucos de fruta (ou gua de coco verde) durante o perodo de tratamento. Caso note a presena de sangue em sua urina ou fezes; ou tenha sangramento nasal ou gengival, comunique o seu mdico o mais rpido possvel.

    Importante: Como os quimioterpicos podem diminuir os glbulos brancos e as suas defesas contra infeces, qualquer sinal de febre, calafrios, ardor urinrio ou tosse inesperada, deve ser comunicado ao mdico responsvel ou equipe mdica. Caso no o encontre, procure o Pronto Socorro e pea para entrarem em contato com seu mdico.

    Evite tomar sol durante a fase de tratamento quimioterpico. Quando tomar sol, faa uso de protetores solares. Os medicamentos podem aumentar a sensibilidade ao sol. Avise seu mdico.

    Cuidados nos dias da aplicao:

    Nos dias do tratamento quimioterpico, tome os seguintes cuidados:Coma alimentos mais leves e de fcil digesto, sem temperos irritantes (pimentas,

    mostarda, molho de tomate) e evite frutas cidas (abacaxi, laranja, morango). Veja no captulo sobre Nutrio do Paciente deste Manual outros alimentos que devem ser evitados.

    Alimente-se horas antes da sesso de quimioterapia e leve consigo uma fruta e biscoitos (bolacha maizena ou Maria, ou biscoitos de gua e sal).

    Se sentir sede durante a aplicao, pea enfermagem que lhe d gua ou ch (se houver).

    No caso de aplicao dos medicamentos por via endovenosa (na veia), comunique

    imediatamente enfermagem qualquer sensao de queimao, ardor ou irritao na regio da aplicao.

    Se sentir enjo (nuseas) ou vertigem (tontura), chame a enfermeira.Durante a aplicao dos medicamentos no ambulatrio, procure manter seus ps

    elevados, para evitar que seus ps e pernas inchem. Algum edema (inchao) pode ocorrer em ps, mos e rosto, devido ao tratamento. Reduza o sal de sua alimentao e beba bastante lqido.

    Paciente com Catter Implantado (port): O port um dispositivo implantado atravs de um procedimento cirrgico simples, com anestesia local ou geral. Consiste em um compartimento colocado sob a pele (abaixo), geralmente na regio superior do trax. A finalidade deste receber as medicaes (remdios) sem a necessidade de puncionar uma veia perifrica (furar as veias do braos e mos). Uma vez implantado o port, os pontos (suturas) no local da cirurgia devero ser retirados, entre sete e dez dias - ou de acordo com a orientao de seu mdico responsvel. Durante este tempo, devero ser realizados curativos e cuidados dirios por pessoa habilitada.

    Quando um medicamento vai ser aplicado, o port puncionado (perfurado com uma agulha especial) para que seja administrado o medicamento. O port pode ser puncionado por volta de 2.000 vezes e durar at oito anos e poder ser puncionado desde sua implantao, de acordo com a orientao mdica.

    O uso do port requer um procedimento peridico denominado heparinizao, que consiste em lavar o porte, injetando soro fisiolgico e soluo de heparina. Este procedimento feito pela enfermagem especializada do servio de quimioterapia e costuma ser agendado com antecedncia.

    Quando da Implantao do Port e Aps a Retirada dos Pontos, o paciente dever seguir as seguintes recomendaes:

    Lavar o local normalmente, todos os dias, durante do banho. O port fixado sob a pele, sendo assim importante manter a pele do corpo seca e limpa, incluindo a regio onde ele est implantado.

    No use objetos ou roupas que possam irritar ou comprimir a pele do local da implantao.

    No momento da cirurgia, talvez tenha sido feita uma raspagem de plos na regio do implante. Posteriormente, porm, no se deve rasp-los para evitar agredir a pele e causar pequenas leses.

    No dia do tratamento ambulatorial, o paciente ficar com um curativo simples no local da puno, que poder ser retirado aps 1h. Use, se possvel camisa ou blusa com botes, para facilitar o acesso regio do catter ou port.

    Caso note alteraes na regio de implantao como, vermelhido, aumento da temperatura do local, sada de algum lqido, dor, inchao ou tenha febre, comunique seu mdico imediatamente ou a enfermeira do ambulatrio.

    O fato de estar com o port, no altera suas atividades dirias.

    Depois de cicatrizado o local, pode-se dormir do lado em que est implantado o port.

  • Algumas pessoas so muito sensveis dor no momento da puno, se este for seu caso, converse com a enfermeira do ambulatrio, pois existem pomadas especficas para diminuir a dor local.

    Quando estiver em tratamento ambulatorial, comunique imediatamente enfermagem qualquer alterao como dor, queimao local, sensao que o curativo est molhado ou mal estar.

    Quimioterapia atravs de veias perifricas (mos e braos): Pacientes que recebem remdios quimioterpicos atravs de veias perifricas, localizadas nos braos ou nas mos, devem observar alguns cuidados importantes, como os descritos a seguir:

    Ao receber a medicao no ambulatrio, esteja atento a qualquer sinal de dor ou queimao e chame imediatamente um membro da equipe de enfermagem caso isso ocorra.

    Depois de receber a medicao o paciente ou um familiar dever aplicar uma pomada na regio da puno para estimular a circulao local (por exemplo, Hirudoid) trs vezes ao dia, durante dois dias no mnimo.

    Se ocorrer alguma alterao importante na regio (vermelhido ou dor), fale com o mdico responsvel ou a enfermagem do ambulatrio.

    Tenha certos cuidados para no machucar mos e braos.

    Se suas mos estiverem um pouco inchadas, no use anis ou aliana.

    Se sua pele estiver ressecada, use um creme hidratante indicado pelo seu mdico.

    Durante o tratamento quimioterpico, voc poder notar algum edema (inchao) de regio perifrica (mos e ps) e na face. Procure manter os ps elevados durante o tratamento no ambulatrio.

    Se sentir enjo (nuseas) ou forte dor de cabea durante a aplicao ou depois dela, avise a enfermagem ou o mdico responsvel.

    Preservao das veias durante o tratamento, podem ser necessrios muitos exames de sangue. Converse com a enfermagem e o mdico sobre informe-se sobre as veias que sero mais usadas para a quimioterapia e pea indicao dos melhores laboratrios de anlise clnica dentre aqueles cobertos pelo seu convnio de sade. Ao comparecer no laboratrio para coleta de sangue, explique a eles que voc precisa preservar tais e tais veias para a quimioterapia, conforme explicado pelo seu mdico.

    Importante:

    1. Lembre-se de que o seu mdico seja ele consultado atravs de um convnio de sade ou de uma clnica ou hospital conveniado ao SUS ou visto particularmente - o profissional responsvel pelo seu tratamento e deve ser informado sempre que algum sinal de anormalidade, como febre, inchao no local da aplicao, ou outras sensaes de mal estar, como as descritas em alguns dos itens acima ocorrerem.

    . No caso de no conseguir entrar em contato com seu mdico responsvel, outro mdico que o esteja substituindo ou atendendo ao planto do Servio Oncolgico em que voc est se tratando deve ser procurado.

    . Com o seu pronturio em mos (relatrio em que os mdicos e enfermeiros registram seu histrico clnico, os exames e diagnsticos feitos e os nomes dos medicamentos que voc est tomando), ele(a) poder dar a voc a assistncia necessria (que tambm ser registrada no pronturio).

    4. Mantenha uma caderneta com os telefones de seu mdico ou do Servio de Sade em que voc est se tratando. Informe-se com eles dos endereos e telefones dos servios de emergncia oncolgica e internao que atendem o seu convnio (ou o SUS) e nos quais seu mdico se encontra cadastrado, para poder procur-los em casos de emergncia.

    4. O Que Radioterapia?

    Radioterapia um tratamento que busca destruir as clulas do tumor atravs da irradiao de ondas de energia originadas de material radioativo (ou seja, material que emite essas ondas), como por exemplo, o Raio X, o cobalto, o iodo radioativo, etc. Esses raios so invisveis, no tm cheiro e voc no sente dor durante a aplicao.

    O tratamento radioterpico feito no Servio de Radioterapia de um ambulatrio equipado para isto ou de um hospital, mas no exige que voc seja internado especificamente para este procedimento. O seu mdico poder indicar a radioterapia, quando for necessrio, encaminhando-o a um mdico especializado neste tipo de tratamento.

    Simulao e Planejamento: Antes do incio das sesses de radioterapia o mdico radioterapeuta e a enfermagem especializada em radioterapia iro examin-lo(a) e orient-lo(a), esclarecendo as dvidas que voc tiver. Sero feitas vrias radiografias da regio de seu corpo em que as aplicaes sero feitas. Em seguida, ser marcada uma sesso de simulao (ensaio), para estudar a posio em que voc deve permanecer durante a aplicao, estabelecer o local exato da aplicao, a dose e o tipo de radiao e o nmero de aplicaes necessrias. Durante a simulao no feita nenhuma aplicao, porque a simulao tem o objetivo de ajudar no correto planejamento de seu tratamento. Uma vez que o seu tratamento esteja devidamente planejado, as sesses de aplicao sero agendadas.

    Aps o trmino do tratamento, haver um perodo de acompanhamento, em que o mdico responsvel pela radioterapia far um exame peridico do(a) paciente para avaliar possveis efeitos tardios da radiao e estabelecer tratamento adequado para eles.

    O mdico e a enfermagem iro recomendar algumas medidas de auto-cuidado que devem ser seguidas pelos pacientes durante e aps o tratamento, para evitar complicaes desnecessrias. Durante o perodo de tratamento com radioterapia, o mdico radioterapeuta far consultas regulares de avaliao do paciente.

    Efeitos colaterais da radioterapia - Os efeitos colaterais gerais da radioterapia so reaes da pele (descamao seca ou mida), sensao de cansao e alteraes do apetite. Os efeitos colaterais especficos esto associados com a regio do corpo em que a radiao aplicada. Eles podem ser agudos, sub-agudos ou tardios.

    Agudos - so os que ocorrem durante o tratamento e at 6 meses aps seu trmino, tais como: nuseas; vmitos; febre; hemorragia; diarria; dor local; queimaduras; fadiga (cansao); alopecia (queda de cabelos); inflamaes locais.

    Sub-Agudos - so os que persistem ou ocorrem aps 6 meses do trmino do tratamento,

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    como: anemia, maior tendncia a pegar resfriados e outras infeces, leso de pele (vermelhido, descamao seca ou mida); mucosites (aftas, pele da lngua e gengivas vermelhas e irritadas); alteraes de paladar (gosto metlico na boca, sensao de que os alimentos tm um gosto diferente); anorexia (falta de apetite); mal estar geral (sensao vaga de peso nas pernas, sensao de ossos ou juntas doloridas; alopecia (queda de pelo e cabelos); astenia (sensao de desnimo, fraqueza ou cansao); hipovitaminose (deficincia ou carncia de vitaminas e outros nutrientes); desidratao (diarria) ; Tardios - pneumonite (inflamaes pulmonares); retite (inflamao do reto); cistite (inflamao da bexiga); cataratas; e dependem da regio irradiada.

    Para que se possa prever os possveis efeitos colaterais, necessrio pensar nas reas que sero irradiadas, embora algumas reaes sejam comuns a todos os pacientes, independente do local a ser irradiado: - fadiga, reaes cutneas e inapetncia.

    Reaes da Pele - Se a pele for o alvo da radioterapia (cncer de pele ou linfoma de pele), ela ficar mais sensvel ou podero ocorrer alteraes cutneas mais intensas, que no dependem exclusivamente da dose, mas tambm da rea e regio irradiada, como descamao, eliminao de lqido claro, bolhas ou at feridas dolorosas e modificaes na colorao da pele.

    Cuidados com a Pele Irradiada: Voc deve contribuir para diminuir os riscos de complicaes, tomando os seguintes cuidados com o local de sua pele onde a radiao est sendo aplicada:

    No aplique loes e cremes, se aplicados na rea de tratamento, porque podem interferir com a absoro da dose de radiao recebida, algumas vezes aumentando a dosagem recebida pela pele.

    Conserve o local de tratamento seco e livre de irritaes (no coce, no passe a unha, no arranque a pele que est descamando (descascando) e no passe pente ou escova;

    No use loes, cremes, talcos, produtos caseiros (emplastos e outros curativos no recomendados pelo seu mdico), lcool ou produtos que o contenham;

    Lave a pele do campo de tratamento com gua morna e sabonete neutro (de bebs ou outro recomendado pelo seu mdico) e sem perfume;

    Ao secar a pele e pregas da pele, tome cuidado para no esfregar a toalha. Porm seque bem pele e dobras de pele;

    Evite usar roupas justas, para no comprimir ou irritar o local irradiado, com o atrito da roupa;

    No use esparadrapo ou adesivos sobre a pele irradiada;

    Evite expor a pele irradiada a extremos de calor ou frio, como por exemplo, luz do sol, calor de fogo ou forno ou o ar frio de geladeira e freezer;

    Evite o contato de tecidos sintticos com a rea tratada - ou seja, todos os tecidos que no sejam de algodo puro, linho puro ou seda pura. A l, mesmo pura, pode ser irritante. Portanto, coloque uma camisa, blusa ou camiseta (ou cala) de algodo puro sob o agasalho de l;

    Nas reas com pelos, tais como pernas (mulheres) e barba (homens), evitar depilar. Se muito necessrio, usar somente barbeador eltrico, at que todas as reaes tenham desaparecido. No usar lmina, navalha ou cera depilatria;

    Proteger a rea da exposio solar, usar FPS mximo. No entanto, lembre-se que a melhor proteo contra os raios solares no tomar sol no local da irradiao, protegendo-o com roupa ou no caso de pele da cabea, pescoo ou rosto usar, alm do protetor solar, tambm um chapu, sombrinha (ou guarda chuva) ou leno. Persista com esta precauo durante no mnimo 6 meses a 1 ano aps o tratamento. Preferencialmente, jamais exponha a regio ao sol pelo risco de danos tardios severos, inclusive tumores malignos.

    Mantenha seu corpo hidratado, bebendo gua, ch verde, gua de coco e sucos em grande quantidade durante o dia.

    Alimente-se regularmente, seguindo as orientaes do prximo captulo deste Manual, para evitar as complicaes e/ou o agravamento de efeitos colaterais, devido falta de vitaminas e outros nutrientes importantes. Alimente-se! Mesmo que no sinta fome, comendo menores quantidades vrias vezes ao dia (a cada ou horas, no mximo).

    Examine a pele cuidadosamente em busca de leses e/ou sinais de infeco, ao trocar de roupa ou na hora do banho, todos os dias. Se notar inchao, mal cheiro, pus ou sensao de dor por latejamento no local do tratamento, procure o mdico responsvel ou a enfermagem do servio de radioterapia.

    Se tenha febre, com ou sem sinal de gripe ou resfriado, avise o mdico o mais rpido possvel ou procure o planto do servio de radioterapia em que est se tratando. Caso isso no seja possvel, procure o Pronto Socorro do hospital e, aps ser visto pelo mdico do planto, pea a ele que entre em contato com seu mdico.

    5. O Que Hormonioterapia?

    Alguns tumores (de prstata no homem e de mama ou do endomtrio uterino na mulher) podem depender de hormnios para crescerem. Assim, pode fazer parte do tratamento oncolgico o bloqueio da produo de certos hormnios pelo corpo ou o uso de hormnios que antagonizem aquele hormnio que estimula o crescimento do tumor. Esse bloqueio hormonal pode ser realizado com medicaes orais e, quando esta a via de administrao, importante que o paciente no pule dias, nem interrompa a medicao sem ordem mdica. Outros hormonioterpicos so injetveis por via intramuscular ou subcutnea e sua aplicao obedece uma estratgia definida pelo mdico que deve ser seguida risca.

    Efeitos colaterais: Podem surgir sinais de menopausa ou andropausa precoces, disfunes sexuais, ressecamento vaginal, ondas de calor. Comunique a seu mdico quaisquer desses sintomas e siga sua orientao. Apesar desses inconvenientes, a hormonioterapia pode ser um tratamento muito eficaz, valendo a pena suportar seus efeitos colaterais, frente a seus benefcios potenciais, quando bem indicada.

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    III - O QUE VOC PRECISA SABER SOBRE ALIMENTAO CNCER E ALIMENTAO:

    Cncer formado por mais de 100 doenas que tm em comum o crescimento desordenado de clulas que invadem os tecidos e rgos, podendo espalhar-se para outras regies do corpo. Dividindo-se rapidamente, estas clulas tendem a ser muito agressivas e incontrolveis, determinando a formao de tumores ou neoplasias malignas2.

    Segundo o Informe Mundial sobre Cncer, a incidncia da doena pode aumentar em 50% at 2020, ano para o qual so projetados 15 milhes de novos casos. Este crescimento se deve principalmente ao envelhecimento da populao mundial, ao tabagismo, aos hbitos alimentares e a um estilo de vida pouco saudvel3.

    As caractersticas que diferenciam os diversos tipos de cncer dependem da sua localizao (carcinoma: incio em tecidos epiteliais - pele ou mucosas; sarcoma: incio em tecidos conjuntivos - osso, msculo ou cartilagem) e tambm da velocidade de multiplicao das clulas e a capacidade de invadir tecidos e rgos vizinhos ou distantes (metstases)2.

    De acordo com o Instituto Nacional de Cncer (INCA), h relao de que a alimentao tem um papel importante nos estgios de iniciao, promoo e propagao do cncer e est relacionada com a conservao, preparo, tipo e quantidade do alimento consumido. Muitos componentes da alimentao tm sido associados com o processo de desenvolvimento da neoplasia, principalmente de mama, clon (intestino grosso) reto, prstata, esfago e estmago. Aproximadamente trs milhes de casos de cncer no mundo poderiam ser evitados com medidas dietticas2, 4. 1. Por Que nos Alimentamos?

    Uma nutrio (alimentao) adequada e apropriada para cada fase da vida indispensvel a todos os seres vivos, para a manuteno da sade, diminuio de riscos de doenas e tambm para a restaurao da sade (quando ficamos doentes), atravs da recuperao, reconstruo, desintoxicao e reparo de clulas, rgos e tecidos ao longo de nossas vidas. Nosso sistema imunolgico (que nos defende de infeces) e demais funes vitais dependem dos micro-nutrientes extrados dos alimentos que ingerimos. Vamos, portanto, falar um pouco sobre esses diversos micro nutrientes, fornecendo uma viso geral de sua importncia e os alimentos onde so encontrados.

    O Que So Micro-nutrientes? So substncias que nosso corpo extrai dos alimentos, atravs do processo de digesto. Esses micro-nutrientes so absorvidos atravs das paredes do intestino delgado para dentro das artrias (vasos sangneos). Atravs da circulao do sangue, os micro nutrientes so distribudos s clulas dos diversos rgos e tecidos que compem o nosso corpo, de forma a mant-los saudveis, gerando energia e oferecendo matria prima para a reconstruo e a renovao celular e para a proteo das clulas contra a intoxicao produzida pelo cansao, doenas, ferimentos e toxinas (substncias txicas ou venenosas) de diversas origens (poluio ambiental, inflamatria, infecciosa, certos medicamentos, etc.). Os micro nutrientes esto classificados conforme descreveremos a seguir: (Alguns autores classificam como micronutrientes Vitaminas, minerais... outros como oligoelementos, quando utilizado com os macronutrientes, protenas, carboidratos e lipdeos mais utilizado nutrientes)

    Aminocidos: so a matria prima das diversas protenas que compem os msculos, pele, rgos, tendes, cabelo, unha. Alguns dos 22 aminocidos so produzidos pelo nosso corpo, a partir de outros elementos mais simples. Porm, existem 8 aminocidos essenciais que nosso corpo precisa extrair j prontos dos alimentos porque no consegue produzi-los a partir de nutrientes mais simples.

    Mesmo a carncia de um nico aminocido, pode impedir que o corpo produza uma ou mais protenas de que necessita, originando doenas. Os alimentos que ingerimos no possuem todos as mesmas quantidades de aminocidos ou todos os 8 essenciais. Portanto, nossa alimentao deve ser variada, incluindo diversos tipos de alimentos durante o dia.

    As protenas (que so a fonte de aminocidos em nossa alimentao) esto presentes em maior concentrao nas carnes (peixe, frutos do mar, carne bovina, frango), nos ovos, castanhas, nozes, amndoas, germe de trigo, levedo de cerveja. Tambm so encontradas nas frutas e outros vegetais - sendo que o feijo de soja e seus derivados (leite de soja, farinha de soja, miss, tof) e as leguminosas (outros feijes, tais como: feijo preto, branco, vermelho, fradinho, azuki, jalo, lentilha, fava, ervilhas, etc.) so boas fontes de diversos aminocidos.

    cidos graxos: os cidos graxos so os componentes das gorduras (lipdios) que, junto com as protenas, sais minerais e acares, formam as estruturas de nossas clulas. Os cidos graxos so usados pelo corpo para a construo de diversas substncias que participam de muitas funes vitais: desde o fornecimento de energia, at a produo de hormnios. As fontes mais saudveis de lipdios so os gros de cereais (soja, gergelim, milho, aveia, trigo integral, centeio, cevada, etc.), as nozes, castanhas e azeitonas. Tambm esto presentes em laticnios (queijos, leite, coalhada, iogurte, manteiga), carnes (mesmo as carnes magras) e margarinas feitas de leo extrado de cereais.

    Acares (glicdios) e amidos: A vida , fundamentalmente, doce. Os acares ou glicdios (frutose, lactose, dextrose, maltose) e amidos (farinha de trigo, maizena, arroz, etc.) dos alimentos so transformados pelo nosso corpo em glicose, que o acar utilizado como combustvel por nossas clulas e sua principal fonte de energia. A glicose participa da estrutura de muitas protenas (conhecidas como glicoprotenas) e tambm da estrutura de nosso DNA, que a molcula que contm todo o cdigo gentico que nossos pais nos transmitiram e que regula todas as atividades de nosso corpo.

    Nosso corpo faz reservas de acares em msculos - para que possamos ter energia para nos movimentar, para que o corao possa bombear o sangue, para que os pulmes possam expandir-se e contrair-se, levando oxignio ao sangue. As glndulas, tecidos e rgos, ou seja, todas as clulas do corpo, extraem a energia de que precisam dos acares ou glicdios que ingerimos.

    Fontes de Glicose: Os acares, geralmente sob a forma de carboidratos, esto presentes nas frutas (este acar chamado frutose), no leite e laticnios (lactose), nos amidos dos cereais, mandioca, batatas, inhame, e nas farinhas feitas a partir deles (maltose), no mel de abelhas, no milho (dextrose), na cana de acar (sucrose), etc.

    Fibras vegetais: Nas folhas de verduras, nas cascas das frutas e dos gros de cereais integrais existe um tipo de acar, a celulose, que ns humanos no digerimos. Porm, essas fibras de celulose so importantes em nossa alimentao porque formam um bolo pastoso no intestino, que estimula os movimentos do tubo intestinal e nos ajuda a combater a priso de ventre ou o intestino preguioso.

    Alm, disso, essa massa fibrosa remove resduos alimentares que aderiram anteriormente s dobras das alas do tubo intestinal, eliminando, assim, matria intestinal putrefada (apodrecida) e toxinas ali acumuladas inclusive algumas toxinas que podem causar cncer de intestino.

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    Nos cereais integrais (em que essa pelcula de celulose no foi retirada), diversas vitaminas importantes permanecem nos gros. Porm, nos cereais beneficiados elas se perdem e somente o amido permanece.

    Vitaminas: todos os seres vivos que respiram o oxignio (chamados organismos aerbicos) necessitam de um verdadeiro arsenal de vitaminas para que possam sobreviver ao prprio oxignio. Precisamos do oxignio para queimar reservas de acares e extrair deles a energia que nos mantm vivos, do mesmo modo que o motor de um carro precisa do oxignio para queimar o combustvel (gasolina, lcool ou diesel) para gerar a energia que movimenta o carro. Por outro lado, o oxignio um gs txico. Por esta razo, todos os organismos que respiram oxignio utilizam um verdadeiro arsenal de vitaminas e enzimas (um tipo de protena) para controlar e neutralizar os efeitos txicos do oxignio sobre as clulas e rgos10.

    As diversas vitaminas so tambm necessrias para o bom funcionamento de todos os rgos, ajudando na cicatrizao e renovao de tecidos (pele, mucosa, ossos, etc.), garantindo o bom funcionamento do sistema imunolgico (que nos defende de infeces), protegendo o colesterol e outras gorduras do corpo contra a rancidificao produzida pelo contato com o oxignio.

    As melhores fontes de vitaminas so as verduras, legumes, frutas11 - consumidos crus e os gros integrais (em sopas, pes e bolos). As vitaminas tambm esto presentes no leite integral e laticnios e carnes cruas (sushi, sashimi e quibe cru). Contudo, grande parte delas se perde no processo de pasteurizao ou outro tipo de processamento industrial, bem como no cozimento caseiro, porque a maioria delas sensvel ao calor (algumas vitaminas se degradam rapidamente, mesmo temperatura ambiente, quando esta superior a 25o C e exposio luz (solar ou artificial) e ao oxignio do ar; por exemplo, a vitamina C.

    Enzimas: so pequenas protenas, muito importantes para que o nosso organismo possa realizar uma enorme quantidade de tarefas vitais. Algumas enzimas participam do processo de digesto dos alimentos e so conhecidas como enzimas digestivas; outras, ajudam o nosso corpo a construir protenas maiores; outras, protegem nossas clulas contra a intoxicao pelos derivados do oxignio e de outras toxinas. Existe uma outra famlia de enzimas que protege nossos genes e diminui a possibilidade de as clulas degenerarem. Muitas doenas so conseqncia da degenerao de um determinado grupo de clulas; entre elas, o prprio cncer.

    Quando estamos deficientes de enzimas digestivas, no conseguimos reduzir os alimentos a micro nutrientes; nossa digesto fica lenta e difcil e... o que pior, no extramos dos alimentos os nutrientes que nosso corpo necessita absorver. Algumas enzimas digestivas so produzidas pelo prprio corpo e outras so encontradas em alguns alimentos.

    As melhores fontes de enzimas so os alimentos crus, pois elas so destrudas com o calor do cozimento. O mamo e o abacaxi so ricos em enzimas digestivas (papana e bromelina). A casca do pepino contm enzimas digestivas que nos ajudam a digerir o prprio pepino. Os vegetais frutas e verduras so uma fonte rica em uma variedade de enzimas, assim como a levedura (ou levedo) de cerveja, a gemada (i.e., gema de ovo cru batido com acar), o sashim, o sush e o quibe cru.

    Sais Minerais: existem vrios minerais que participam de diversas funes em nosso corpo: desde a formao e manuteno de ossos at o bom funcionamento das clulas de nossos rgos, como por exemplo, msculos, corao e crebro. Alguns dos minerais que nosso corpo extrai dos alimentos, so: clcio, potssio, magnsio, ferro, selnio, ltio, sdio, zinco, etc. Todos os alimentos citados anteriormente so fontes de diversos sais minerais e - o que mais importante - os minerais dos alimentos encontram-se em propores fisiolgicas e ligados a protenas, o que facilita a sua absoro.

    Lactobacilos acidfilos e absoro dos micro nutrientes: os lactobacilos so bactrias amigas e, quando as hospedamos em nosso intestino, nos ajudam a manter uma boa sade, porque favorecem a absoro dos micro-nutrientes pelo nosso corpo. Quando nossa flora intestinal se encontra carente de lactobacilos acidfilos, tendemos a hospedar outras bactrias que so menos amigveis ou at mesmo hostis. Algumas delas podem causar infeces intestinais, diarria, clicas, gases ou priso de ventre e, ainda, consumir grande parte dos micro nutrientes, antes que eles possam ser absorvidos pelas paredes do intestino delgado e colocados na circulao sangnea. Portanto, devemos cultivar uma flora de lactobacilos, para impedir que essas outras bactrias nos roubem a nossa preciosa nutrio.

    Nossa flora intestinal amigvel (e no amigvel) pode ser destruda pela ao de antibiticos, radioterapia e medicamentos quimioterpicos. Assim, importante repor essa flora atravs da ingesto diria de alimentos ricos em lactobacilos.

    As melhores fontes de lactobacilos acidfilos so a coalhada caseira, preparada a partir de fermentos lcteos (encontrados em supermercados, para se fazer queijo) ou a ingesto diria (mais de uma vez ao dia) de preparados como o Chamito e o LCI (tambm disponveis nos supermercados). Existem tambm lactobacilos acidfilos liofilizados, em cpsulas, de origem estrangeira, que seu mdico pode eventualmente recomendar.

    O iogurte industrializado no uma fonte confivel de lactobacilos, mas uma boa fonte de clcio e protenas. Mas d preferncia coalhada caseira!

    Receita de coalhada caseira: Ferva trs litros de leite tipo B, despeje em uma tigela ou pirex fundo e deixe esfriar, at aproximadamente a temperatura de 45o C. Use um termmetro culinrio ou seu prprio dedo, para testar a temperatura. No caso do dedo, ao mergulh-lo no centro do leite, este deve estar bem quente, sem no entanto causar queimadura. Retire a camada de nata que se formou com uma escumadeira e acrescente ento o fermento lcteo, na medida recomendada pelo fabricante e misture bem. Tampe a panela e enrole-a em papel alumnio e uma toalha grossa, para que esfrie muito lentamente. Aps umas oito horas (se o tempo estiver frio, aguarde 10 horas), destampe, faa vrios cortes em xadrez na coalhada com uma faca e coloque o vasilhame na geladeira para resfriar. Isso far com que o soro acabe de separar da massa do coalho, o qual fica com uma consistncia cremosa firme. Lembre-se: se o fermento lcteo for acrescentado ao leite muito quente, a coalhada ficar cida; se estiver morninho, a produo de lactobacilos ser prejudicada. A temperatura ideal entre 50 e 45o C.

    Para evitar gases e acidez estomacal, no adoce a coalhada com mel ao ingeri-la. Procure acostumar-se ao sabor dela, de preferncia, sem acar... use-a no preparo de molhos para saladas.

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    Molho de coalhada para saladas: xcara de coalhada, uma pitada de sal, umas gotas de limo e azeite de oliva. Misture bem e use para temperar a salada.

    Outra Receita: 1 pepino japons lavado e picado em cubinhos com a casca (que rica em enzimas digestivas e evitam a famosa azia do pepino comido sem casca); descasque e pique um pouco de nozes ou de castanhas do Par, acrescente uma colher (de sopa) de uvas passas com ou sem sementes, e misture com o molho de coalhada para salada descrito acima. Se no tiver gastrite, acrescente um dente pequeno de alho espremido no amassador de alho. Misture tudo e bom apetite!

    Curiosidade: O soro da coalhada, tomado puro em jejum, utilizado h milnios em vrios pases do Oriente Mdio e da Europa Oriental, para dissolver clculos renais (pedras nos rins).

    A Importncia de Uma Nutrio Equilibrada Uma dieta ou nutrio equilibrada e apropriada s circunstncias de uma enfermidade, ajuda o organismo a reagir melhor ao tratamento, melhora a disposio do paciente e contribui de forma fundamental para a promoo de uma boa qualidade de vida. Tal dieta deve levar em conta todos os fatores descritos anteriormente, para garantir a ingesto diria de uma combinao de diferentes alimentos, durante as vrias refeies do dia e deve considerar, tambm, o problema de absoro dos nutrientes, em funo da flora intestinal12.

    Alm disso, a dieta deve ser preparada com base nas condies individuais do prprio paciente - sua capacidade de ingerir alimentos slidos ou no visto que alguns remdios quimioterpicos provocam nusea, outros intoxicam o fgado ou provocam diarria, o que acaba por comprometer tanto a ingesto de alimentos quanto a sua digesto e absoro.

    muito importante no sobrecarregar o fgado com alimentos ricos em gordura pois, durante o tratamento, este rgo que responsvel por mais de quinhentas funes bioqumicas vitais (o fgado realiza a sntese de colesterol, participa do ciclo de metabolismo da glicose, produz complementos para a resposta imunolgica, produz blis para a digesto, participa de processos de desintoxicao do sangue, etc.), ser muito solicitado na eliminao de toxinas derivadas de medicamentos, radiao, processos inflamatrios, etc. Tambm importante ajudar os rins a eliminar toxinas atravs da urina. Portanto, beba lqidos saudveis (gua, sucos, chs e gua de coco v