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É com muita satisfação, e consciente da responsabilidade do ensino e da pesquisa como agentes transformadores da sociedade, por meio do conhecimento disseminado, que a FAE Centro Universitário disponibiliza à comunidade acadêmica a nova edição da Revista da FAE.
Citation preview
Revista da
FAE
v.1 4 , n . 2 , j u l . /d e z . 201 1
I S S N 1 5 1 6 - 1 2 3 4
F A E C e n t r o U n i v e r s i t r i o
Sumrio Summary
Processo de estratgia de marketing a Criatividade como seu resultado
Ana Maria Machado Toaldo, Fernando Bins Luce
Internet e composto de Marketing: o caso Unimed SegurosLuciano Augusto Toledo, Ana Carolina de Toledo
Indstria Eltrica Brasileira: o caso dos fabricantes e compradores industriais
Fernando Wolf, Eolo Marques Pagnani, Dirceu da Silva,
Luciano Augusto Toledo
Prticas de gesto ambiental e seus fatores determinantes em empresas de transporte coletivo urbano
Mnica Cavalcanti S de Abreu, Alexandra Alencar Siebra, Larissa Teixeira da Cunha, Sandra Maria dos Santos
Pesquisa Acadmica em sustentabilidade: comparao entre Brasileiros e europeus
Fernando Dudeque Andriguetto, Ubirat Tortato
Avaliao do emprego da tcnica de modelagem de equaes estruturais em teses e dissertaes de
universidades pblicas de alta performanceLeandro Campi Prearo, Maria Aparecida Gouva, Maria do
Carmo Romeiro
Poltica de Avaliao do MEC/INEP: Um estudo sobre a percepo dos agentes envolvidos no processo de
avaliao do curso de Cincias ContbeisCelma Duque Ferreira, Jorge Expedito de Gusmo Lopes,
Mrcia Maria dos Santos Bortolocci Espejo, Jos Francisco Ribeiro Filho, Marcleide Maria Macdo Pederneiras
Empreendimentos Solidrios: Uma abordagem fenomenolgica na associao comunitria dos quilombos
da Barra da Aroeira, Santa Teresa do Tocantins (TO).Rogrio Ferreira Teixeira, Lucas Barbosa e Souza
A Telefonia Mvel Celular na Cidade de So Paulo: uma descrio de sua indstria sob a tica das foras
competitivas de Michael PorterMarco Antonio Nogueira, Sergio Feliciano Crispim
Estudo de viabilidade econmico-financeira de implantao de uma empresa de processamento de resduos da
Construo Civil em CuritibaAdmir Roque Tel, Bruna Alves de Lima, Criciane Ferreira,
Lcia Maria Parapinski
Qualificao e salrio do trabalhador no segmento moveleiro do municpio de Arapongas Paran
Darli Gonalves Cordeiro, Paulo Mello Garcias
Tributao municipal e incentivos fiscais: um estudo de caso em So Jos dos Campos e Taubat SP
Marco Antonio Henrique, Qusia Postigo Kamimura, Fbio Ricci
Marketing strategy process the Creativity as its resultsAna Maria Machado Toaldo, Fernando Bins Luce
Internet and Marketing mix: the Unimed case studyLuciano Augusto Toledo, Ana Carolina de Toledo
Brazilian Electricity Industry: the manufacturers and industrial buyers caseFernando Wolf, Eolo Marques Pagnani, Dirceu da Silva,
Luciano Augusto Toledo
Environmental management practices and its determinant factors in urban public transport companiesMnica Cavalcanti S de Abreu, Alexandra Alencar Siebra, Larissa Teixeira da Cunha, Sandra Maria dos Santos
Academic Research in Sustainability: comparison between Brazilians and EuropeansFernando Dudeque Andriguetto, Ubirat Tortato
Evaluation of the use of the technique of structural equation modeling in theses and dissertations in public universities of high-performanceLeandro Campi Prearo, Maria Aparecida Gouva, Maria do Carmo Romeiro
POLICY ASSESSMENT MEC/INEP: A study on the perception of the agents involved in the process of assessing the course of AccountingCelma Duque Ferreira, Jorge Expedito de Gusmo Lopes, Mrcia Maria dos Santos Bortolocci Espejo, Jos Francisco Ribeiro Filho, Marcleide Maria Macdo Pederneiras
Solidary Enterprises: a phenomenological approach in Community Association of Barra da Aroeiras Quilombos, Santa Teresa do Tocantins (TO).Rogrio Ferreira Teixeira, Lucas Barbosa e Souza
Mobile Telephony in the city of So Paulo: a description of the industry from the perspective of competitive forces of Michael PorterMarco Antonio Nogueira, Sergio Feliciano Crispim
Financial and economic viability: installation of a company that recycles waste from Civil Construction in CuritibaAdmir Roque Tel, Bruna Alves de Lima, Criciane Ferreira, Lcia Maria Parapinski
Workers salary and Qualification in Furniture maker segment from Arapongas, ParanDarli Gonalves Cordeiro, Paulo Mello Garcias
Municipal taxation and tax incentives: a case study in So Jos dos Campos and Taubat - SPMarco Antonio Henrique, Qusia Postigo Kamimura, Fbio Ricci
06
20
38
52
68
80
100
114
130
148
164
180
Os artigos publicados na Revista da FAE so de inteira responsabilidade de seus autores. As opinies neles emitidas no representam, necessariamente, pontos de vista da FAE Centro Universitrio.
A Revista da FAE tem periodicidade semestral e est disponvel em www.fae.eduEndereo para correspondncia:
FAE Centro Universitrio - Ncleo de Pesquisa AcadmicaRua 24 de Maio, 135 - 80230-080 - Curitiba-PRTel.: (41) 2105-4093 - e-mail: [email protected]
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Marcus Vincius GuaragniCoordenador dos Programas de Ps-Graduao Lato Sensu
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Jos Henrique de FariaSecretrio-Geral
Eros Pacheco NetoDiretor do Instituto de Cincias Jurdicas
Srgio Luiz da Rocha PomboOuvidoria
Samar Merheb Jordo
Editor
Frei Nelson Jos Hillesheim, ofm
Coordenao Editorial Cleonice Bastos Pompermayer (coordenao editorial)
Priscilla Zimmermann Fernandes (reviso de texto)
Ana Maria Coelho Pereira Mendes (normalizao)
Edith Dias (normalizao bibliogrfica)
Braulio Maia Junior (diagramao)
Eliel Fortes Barbosa (diagramao)
Ewerton Diego Oliveira da Silva (diagramao)
Comit Editorial
Bruno Harmut Kopittke, Dr. (UFSC); Francisco Antonio Pereira Fialho, Dr. (UFSC); Glauco Ortolano, Ph.D (Lauder Institute/Wharton School/University of Phennsyl-vania); Harry J.; Burry, Ph.D (Baldwin Wallace); Helosa Lck, Ph.D (UFPR); Heloiza Matos, Dra. (USP); Jair Mendes Marques, Dr. (FAE Centro Universitrio, UTP); Joo Benjamim da Cruz Junior, Ph.D (UFSC); Cleverson Vitrio Andreoli, Dr. (USP); Mirian Beatriz Schneider Braun, Dra. (Unioeste); Christin Luiz da Silva, Dr. (UFSC).
Pareceristas
Alexandre Luzzi Las Casas, Dr. (UMC); Ana Maria Coelho Pereira Mendes, Dra. (FAE) ; Anapatrcia Morales Vilha, Dra. (UFABC); Antonio Carlos Giuliani, Dr. (UNIMEP); Carla Cristina Dutra Brigo, PhD (UFSC); Carlos Mello Garcias, Dr. (PUC-PR); Carlos Ubiratan da Costa Schier, Dr. (OPET); Cludio Damacena, Dr (PUCRS) ; Dilson Gabriel dos Santos, Dr. (USP); Eduardo Jos Marandola Junior, PhD. (UFF); Eduardo Regonha, Dr. (UNESP); Eliana Barreto de M. Lopes, Dra. (IFTO) ; Gilberto Perez, Dr. (UAM); Hlio Flvio Vieira, Dr. (FURB); Jos Garcia Leal Filho, Dr. (FURB); Jos Genivaldo Pereira, Esp. (UNINOVE); Liana Maria da Frota Carleial, PhD. (FAE); Mrcio Jacometti, Ms. (UTFPR); Marinalva da Silva, Dra. (UNICAP); Najila Rejanne Alencar Juliao Cabral, PhD (IFCE); Nelva Maria Zibetti Sganzerla, Dra. (UFPR); Nilda Stecanela, Dra. (UCS); Olindina Xavier Cunha, Dra. (SSP); Patrcia Whebber Souza de Oliveira, Dr. (UFRN); Roberto Borges Frana, Dr. (PUCPR); Sidnei Vieira Marinho, Dr. (UNIVALI); Silvia Anglica Domingues de Carvalho, PhD (UNICAMP); Solange Teles da Silva, PhD (UFRGS).
Projeto grfico: Editorial Design
IndexaoCAPES/Qualis
LatindexPortal Livre/CNEN
GeoDadosDistribuio
Comunidade Cientfica: 500 exemplaresPermuta: 150 exemplares
Revista da FAE, n.1/2, jan./dez. 1998 Curitiba, 1998
v. il. 28cm.
Semestral
Substitui ADECON: revista da Faculdade CatlicaAdministrao e Economia
ISSN 1516-1234
1. Abordagem interdisciplinar do conhecimento.I. FAE Centro Universitrio. Ncleo de Pesquisa Acadmica.
CDD 001
Coordenadores de Curso
Aline Fernanda Pessoa Dias da Silva (Direito)
lcio Douglas Joaquim (Informtica, Sistemas de Informao Empresarial e Curso Superior de Tecnologia em Sistemas para Internet)
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Apresentao
Prezados leitores
com muita satisfao, e consciente da responsabilidade do ensino e da pesquisa como agentes transformadores da sociedade, por meio do conhecimento disseminado, que a FAE Centro Universitrio disponibiliza comunidade acadmica a nova edio da Revista da FAE.
De cunho multidisciplinar, a Revista da FAE traz reflexo temas relacionados estrat-gia de marketing, gesto ambiental e sustentabilidade, educao e pesquisa, empreendedo-rismo, entre outros.
Voltados para os estudos relacionados ao marketing, Ana Maria Machado Toaldo e Fernando Bins Luce apresentam o artigo Processo de estratgia de marketing a criatividade como seu resultado; e Luciano Augusto Toledo e Ana Carolina de Toledo, o artigo Internet e composto de marketing: o caso Unimed Seguros.
Fernando Wolf, Eolo Marques Pagnani, Dirceu da Silva e Luciano Augusto Toledo analisam e discutem a relao entre os fabricantes e os produtos na cadeia de valor do setor de indstria eltrica, no artigo Indstria Eltrica brasileira: o caso dos fabricantes e compradores industriais.
Os fatores que levam empresas a adotarem diferentes prticas de gesto ambiental o tema do artigo Prticas de gesto ambiental e seus fatores determinantes em empresas de transporte, com autoria de Mnica Cavalcanti S de Abreu, Alexandra Alencar Siebra, Larissa Teixeira da Cunha e Sandra Maria dos Santos.
Fernando Dudeque Andriguetto e Ubirat Tortato tratam da sustentabilidade e de como esse tema abordado nos principais congressos de gesto de operaes do Brasil e da Europa, no artigo sob o ttulo Pesquisa acadmica em sustentabilidade: comparao entre brasileiros e europeus.
Na sequncia, o artigo Avaliao do emprego da tcnica de modelagem de equaes estruturais em teses e dissertaes de universidades pblicas de alta performance, de Leandro Campi Prearo, Maria Aparecida Gouva e Maria do Carmo Romeiro, resultado de um amplo estudo sobre a adequao no uso de tcnicas estatsticas multivariadas em teses e dissertaes.
O stimo artigo Poltica de avaliao do MC/INEP , cuja autoria de Celma Duque, Jorge Expedito de Gusmo Lopes, Mrcia Maria dos Santos Bortolocci Espejo, Jos Francisco Ribeiro Filho e Marcleide Maria Macdo Pederneiras, objetivou identificar a percepo dos agentes envolvidos no processo de avaliao e reconhecimento dos cursos de Cincias Contbeis de instituies pblicas.
Rogrio Ferreira Teixeira e Lucas Barbosa e Souza, no artigo Empreendimentos solid-rios: uma abordagem fenomenolgica na Associao Comunitria dos Quilombos da Barra da Aroeira, Santa Teresa do Tocantins (TO), investigaram as prticas da economia solidria na referida associao.
A telefonia mvel celular na cidade de So Paulo: uma descrio de sua indstria sob a tica das foras competitivas, de Michael Porter o tema do artigo de Marco Antonio Nogueira e Sergio Feliciano Crispim.
Admir Roque Tel, Bruna Alves de Lima, Criciane Ferreira e Lcia Maria Parapinski apresen-tam um Estudo de viabilidade econmico-financeira de implantao de uma empresa de proces-samento de resduos da construo civil em Curitiba.
Darli Gonalves Cordeiro e Paulo Mello Garcias investigam a qualificao da mo de obra e sua influncia nos salrios dos trabalhadores, no artigo Qualificao e salrio do trabalhador no segmento moveleiro do municpio de Arapongas Paran.
O 12 artigo Tributao municipal e incentivos fiscais: um estudo de caso em So Jos dos Campos e Taubat/SP, com autoria de Marco Antonio Henrique, Qusia Postigo Kamimura e Fbio Ricci -, objetivou discutir as polticas de incentivos fiscais nos dois maiores municpios em termos econmicos da regio do Vale do Paraba Paulista.
Espera-se que a leitura desta edio da Revista da FAE contribua, de algum modo, para a busca contnua da difuso do conhecimento.
Paz e Bem!Frei Nelson Jos Hillesheim, ofm
Editor
Processo de estratgia de marketing a Criatividade como seu resultadoMarketing strategy process the
Creativity as its results
R e v . F A E , C u r i t i b a , v. 14, n. 2, p. 6-19, jul./dez. 20117
Processo de estratgia de marketing a Criatividade como seu resultadoMarketing strategy process the Creativity as its results
Ana Maria Machado Toaldo1 Fernando Bins Luce2
Resumo
Esta pesquisa enfoca o tema estratgia de marketing, estudando a repercusso do
processo de estratgia na criatividade dos indivduos da organizao, propondo-se
a verificar se as aes desenvolvidas para formular e implementar estratgias de
marketing resultam em criatividade na organizao. Para atingir tal objetivo, ela-
borou-se um mtodo que envolve duas etapas: uma exploratria e outra descritiva.
A exploratria, a partir de entrevistas com executivos, busca compreender a relao
entre criatividade e o processo de formao da estratgia de marketing, definindo
os elementos para medir criatividade com a estratgia de marketing. A partir do
conhecimento desses elementos, desenvolve-se a etapa descritiva, com uma pes-
quisa realizada em 200 empresas, a fim de verificar a existncia de criatividade com
a formulao e implementao da estratgia de marketing. A anlise dos resultados
da pesquisa demonstrou que o processo da estratgia de marketing motiva a criativi-
dade e as aes inovadoras nos indivduos, resultando em mudanas na organizao.
Palavras-chave: criatividade, estratgia, marketing.
Abstract
This research focus on marketing strategy, studying the repercussion of strategy process
of individuals creativity in the organization. It intends to verify if the actions developed
to determine and practice marketing strategies result in organization creativity. In order
to reach this goal, a two-stage method has been elaborated: an exploratory and ar
descriptive one. The exploratory research, comprehending in-depth interviews with
executives, contemplates the relationship between creativity and marketing strategy
making process and also the definition of the elements necessary to measure creativity
from marketing strategy. From the knowledge of such elements the descriptive
research was developed with a survey in 200 companies aiming at verifying the existing
creativity with the marketing strategy formulation and implementation. The analysis of
the research results has demonstrated that the marketing strategy process motivates
creativity and innovative actions on individuals, resulting in changes in the organization.
Keywords: creativity, strategy, marketing.
1 Doutora em Administrao pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professora do Programa de Ps-graduao em Administrao da Universidade Federal do Paran. E-mail: [email protected]
2 Doutor em Administrao de Empresas pela Michigan State University, EUA. Professor do Programa de Ps-Graduao em Administrao da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. E-mail: [email protected]
8Introduo
As organizaes desenvolvem bens e ser-
vios para atender s necessidades e desejos de
pessoas que, cada vez mais, so expostas a vrias
possibilidades de escolha em um mercado intensa-
mente competitivo. O consumidor busca maximizar
o valor de sua opo de compra, tendendo a atri-
buir maior peso oferta que, em sua concepo,
possui maior qualidade (KOTLER; KELLER, 2006).
Notadamente, as atividades mercadolgi-
cas tm papel fundamental na entrega de uma
oferta de valor ao mercado, pois so responsveis
pela definio e manuteno de uma vantagem
competitiva que faa a organizao distinguir-se
da concorrncia, contribuindo para o seu cresci-
mento (WEBSTER, 1988; 1992). Esse caminho pre-
cisa ser guiado pela estratgia de marketing, pois
ela orienta as atividades levando efetivao da
vantagem competitiva.
preciso lembrar que uma estratgia
envolve questes tanto de contedo como de
processo, isto , pode-se estudar tanto o tipo de
estratgia escolhida como as aes que levaram
a organizao a se decidir e a implementar
tal estratgia. Assim, o conhecimento sobre o
processo leva ao entendimento tambm do seu
contedo (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL,
2000).Por isso, o processo de formao da
estratgia de marketing, ou seja, o conjunto de
atividades desenvolvidas para formular e para
implementar essa estratgia, pode conduzir
ao desenvolvimento do caminho na busca de
vantagem competitiva para a organizao, uma
vez que o valor ofertado ao mercado no est
somente no objeto da transao, mas est tambm
nas atividades e nas pessoas envolvidas antes,
durante e depois de sua realizao. O enfoque no
processo, e no em funes isoladas, decisivo.
Esse precisa ocorrer desse modo, porque as aes,
isoladamente, no tm condies de atingir os fins
almejados. Somente o conjunto das etapas levar
efetivao de estratgias (MENON et al., 1999;
THOMPSON; STRICKLAND, 1998).
O estudo do processo de formao da es-
tratgia de marketing um tema pouco premiado
na literatura nacional e internacional, seja no es-
tudo de seus elementos formadores ou dos resul-
tados que esse processo traz para a organizao
(VARADARAJAN, 2010). Assim, esta pesquisa
vem auxiliar no preenchimento dessa lacuna, in-
vestigando os resultados do processo de formula-
o e implementao da estratgia de marketing,
ou seja, suas consequncias para a organizao.
Mais precisamente, aqui a criatividade aborda-
da como um dos efeitos do desenvolvimento e da
operacionalizao de uma estratgia de marketing,
seguindo o que foi encontrado no modelo de For-
mao da Estratgia de Marketing Marketing
Strategy Making (MSM), de Menon et al. (1999).
Esses autores testaram e validaram uma completa
estrutura terica que, baseando-se na inovao,
define a criatividade como um dos resultados do
processo de estratgia de marketing.
A criatividade desenvolvida em uma orga-
nizao est voltada para aes que geram novi-
dades significantes em termos de atividades e
processos, originando inovaes para o mercado,
as quais so responsveis por benefcios exclusi-
vos em relao s ofertas concorrentes. Pode-se,
ento, afirmar que aes criativas contribuem para
o desenvolvimento de uma oferta de valor, auxili-
ando no processo de busca e manuteno de van-
tagem competitiva para a organizao empresarial
(ANDREWS; SMITH, 1996).
Motta (1998), por sua vez, considera que o
gerenciamento das organizaes o gerenciamen-
A criatividade desenvolvida em uma
organizao est voltada para aes que geram novidades significantes
em termos de atividades e processos, originando
inovaes para o mercado.
R e v . F A E , C u r i t i b a , v. 14, n. 2, p. 6-19, jul./dez. 20119
to da mudana e, nesse sentido, inovar introduzir
a novidade, criar mostrando que alguma tecnolo-
gia, habilidade ou prtica organizacional tornou-se
obsoleta. Para tanto, o agente de mudana dire-
ciona seus esforos para o entendimento e com-
preenso de instrumentos de anlise e formulao
estratgicas, aspectos tcnicos e comportamentais
de deciso e de soluo de problemas.
Dessa maneira, este trabalho busca atrair a
ateno para a prtica da estratgia de marketing,
visando compreender a relao da criatividade
com o processo de formulao e implementao
dessa estratgia e buscando entender se as ativi-
dades desenvolvidas para constru-la e operacio-
naliz-la geram criatividade para as organizaes.
Nesse sentido, esta pesquisa apresenta, pri-
meiramente, a fundamentao terica sobre estra-
tgia de marketing, seu processo de formulao
e implementao e sobre criatividade. Logo aps,
expe o mtodo utilizado para atingir os objetivos
propostos, e finaliza demonstrando os resultados
encontrados e as consideraes finais do trabalho.
1 Estratgia De Marketing
A estratgia de marketing vem orientar
as atividades, levando-as efetivao na busca
e manuteno de vantagem competitiva nos
trs nveis organizacionais (VARADARAJAN;
JAYACHANDRAN, 1999; WEBSTER, 1992). No
nvel corporativo, o problema estratgico definir
qual negcio a empresa assumir e determinar
a misso, o escopo e a estrutura da empresa.
Nesse nvel, o papel do marketing : (a) buscar
atratividade de mercado, analisando necessidades
dos consumidores e ofertas da concorrncia nos
mercados potenciais disponveis; (b) promover
a orientao para o consumidor defendendo os
interesses dele no processo de deciso gerencial, ou
seja, cuidar da implantao do conceito de marketing;
(c) desenvolver a proposta de valor da empresa
(como reflexo de suas competncias, em termos
das necessidades e desejos dos consumidores),
articulando isso no mercado. No nvel da unidade
estratgica de negcio, a questo estratgica
como competir no negcio escolhido pela empresa
(definido no nvel corporativo). A estratgia do
negcio baseada em anlise mais cuidadosa
e detalhada dos consumidores e competidores,
como tambm dos recursos e habilidades da
empresa para competir em segmentos especficos
de mercado. As estratgias de marketing aqui
desenvolvidas so a segmentao de mercado, a
escolha do mercado-alvo e o posicionamento. No
nvel operacional ou ttico, finalmente, a questo
a implementao da estratgia do negcio a partir
do desenvolvimento das estratgias do composto
de marketing. o nvel das estratgias funcionais.
Percebe-se que a colaborao do marketing
ampla em uma organizao. O estudo das estra-
tgias de marketing, independente do nvel a que
se refira, oferece grandes condies para se obter
sucesso com as estratgias implementadas, tra-
zendo consequncias salutares aos objetivos or-
ganizacionais.
Day (1992) define estratgia de marketing
como o desenvolvimento de atividades e toma-
da de decises a fim de construir e manter uma
vantagem competitiva sustentvel. Isso se d, em
especial, pela sua contnua interao com o meio
externo organizacional, no qual se relaciona com
vrios pblicos e, particularmente, com o merca-
do consumidor, buscando informaes e respon-
dendo s demandas existentes. Por isso, o papel
do marketing refere-se realizao de estratgias
que configurem entrega de valor aos mercados.
A questo do valor para o cliente configura-se na
preocupao da formulao e implementao das
estratgias de marketing. A fim de se obter vanta-
gem competitiva, o maior empenho direcionado
para o desenvolvimento e a manuteno de ativi-
dades e aspectos especficos do negcio voltados
para a entrega de valor superior aos clientes em
relao s ofertas concorrentes (WEBSTER, 1988,
1992). As estratgias de marketing so definidas
para que essa oferta de valor ao mercado se con-
cretize a partir da disponibilizao de produtos e
servios com caractersticas adequadas s neces-
10
sidades e desejos dos clientes, levando a organiza-
o a atingir seus propsitos.
Os temas estudados em marketing, ao
longo dos anos, abordaram mais estudos a
respeito do contedo do que do processo de
formulao e implementao da estratgia.
Isso significa dizer que o enfoque das pesquisas
sobre estratgia concentra-se mais no que
ela e muito menos em como se chega at a
definio e escolha de uma estratgia especfica,
bem como nas aes necessrias para realiz-la
(SHOHAM; FIEGENBAUM, 1999; VARADARAJAN;
JAYACHANDRAN, 1999).
O processo da estratgia fonte de vantagem
competitiva duradoura, uma vez que ele mais
difcil de ser imitado do que o prprio contedo das
estratgias do composto de marketing, por exemplo.
Isso ocorre quando se considera que um processo
constitudo de um conjunto de aes de formulao
e implementao, influenciado pela estrutura e
cultura organizacionais, crenas e competncias
de indivduos, enfim, construdo a partir das
capacidades organizacionais. Essas ltimas so
elementos particulares de cada organizao,
sendo difcil o concorrente conhecer quais desses
elementos e de que forma foram relacionados para
gerar a estratgia avaliada. Por isso, pode-se dizer
que um processo cuidadosamente desenhado um
poderoso instrumento de competio, com menor
vulnerabilidade de imitao do que a estratgia
propriamente dita, a qual o resultado visvel desse
processo (SHOHAM; FIEGENBAUM, 1999).
Deve-se enfatizar a influncia negativa da
utilizao da formulao e implementao como
atividades distintas e sequenciais, e no como um
processo contnuo e interativo (PIERCY, 1998).
Um dos prejuzos, talvez o maior, dessa forma de
tratar bietapicamente o processo da estratgia
a repercusso no desempenho organizacional
(MENON et al., 1999). Isso quer dizer que haveria
perda da agilidade organizacional no momento
que se esperasse o final da implementao para
iniciar novas medidas de formulao quando
outras oportunidades ambientais aparecessem.
A formulao refere-se concepo da
estratgia e engloba atividades desenvolvidas para
definir a estratgia que ser colocada em prtica.
A implementao, por sua vez, direciona-se
realizao da estratgia, a qual propiciada por
aes organizacionais que levam a sua efetivao
(HUTT; REINGEN; RONCHETTO JR, 1988; MENON
et al., 1999; MINTZBERG; QUINN, 2001; NOBLE;
MOKWA, 1999; PIERCY, 1998).
Considerar em separado a formulao da
implementao isolar tambm o pensamento
da ao, ou seja, durante a implementao no h
reflexo do que se est desenvolvendo (FERREIRA,
1988). Por isso, aborda-se a estratgia sob o ponto
de vista processual, em que no h interrupo,
mas sim a simultaneidade entre estudo, pesquisa,
anlise, ao, reviso e nova ao. Ou seja, no se
pode entender como fases isoladas e com fim em si
mesmas, h um inter-relacionamento. So elementos
interatuantes, em que a ao acompanhada pela
investigao e crtica, no podendo uma existir sem
a outra. Assim, conclui-se que a formulao e a
implementao devem acontecer simultaneamente
em um sistema com um contnuo feedback das
aes pensadas e realizadas (VARADARAJAN;
JAYACHANDRAN, 1999).
O processo de formao da estratgia de
marketing fundamentado teoricamente a seguir,
apresentando o completo modelo de Menon
et al. (1999), o qual discorre sobre a estrutura
e os elementos necessrios formulao e
implementao da estratgia de marketing, seus
antecedentes e seus resultados.
2 Modelo de formao da estratgia de marketing de Menon, Bharadwaj, Adidam e Edison (1999)
O modelo de Formao da Estratgia de
Marketing Marketing Strategy Making (MSM)
(Figura 1) , desenvolvido, testado e validado por
R e v . F A E , C u r i t i b a , v. 14, n. 2, p. 6-19, jul./dez. 201111
Os elementos que fazem parte da formao
da estratgia de marketing, segundo Menon et al.
(1999), divididos em trs grupos inter-relaciona-
dos, so assim definidos:
I) Antecedentes: correspondem aos fatores
organizacionais que facilitam ou dificultam a for-
mulao e a implementao da estratgia de mar-
keting, sendo:
a) Estrutura Organizacional enfatiza
a centralizao, relacionada
concentrao da tomada de deciso nos
nveis mais elevados da organizao;
e a formalizao, entendida pela
maneira como regras, procedimentos,
instrues e comunicaes so escritos
e padronizados, bem como a clareza da
definio dos papis.
b) Cultura Organizacional aborda a
inovao, a abertura a novas ideias e a
resposta rpida s decises tomadas.
II) Processo: contempla os elementos que
compem a prpria formulao e implementao
da estratgia de marketing na organizao, sendo:
a) Anlise situacional anlise das foras
e fraquezas, ameaas e oportunidades
organizacionais.
b) Abrangncia sistemtica identifica-
o e avaliao profunda das mltiplas
alternativas para escolher a estratgia.
c) nfase nos ativos e competncias de
marketing conhecimento dos recur-
sos e habilidades desenvolvidos para a
entrega de valor superior ao mercado.
d) Integrao entre funes inter-relao
dos setores e nveis da organizao.
e) Qualidade da comunicao natureza
da comunicao, formal e informal, du-
rante o processo da estratgia.
Menon et al. (1999), enfoca conjuntamente a formulao e a implementao de estratgias de marketing, bem
como os elementos que influenciam esse processo e, tambm, os seus resultados.
Ressalta-se que o grande diferencial desse modelo para outros trabalhos da rea a apresentao in-
tegral de uma estrutura para formular e implementar estratgias de marketing, bem como sua preocupao
com os elementos organizacionais, desenvolvendo uma viso sistmica, no contemplando somente a rea de
marketing. Alm disso, tambm aborda o macroambiente no qual a organizao est inserida.
FIGURA 1 - MODELO DE FORMAO DA ESTRATGIA DE MARKETING DE MENON, BHARADWAJ, ADIDAM
E EDISON
ANTECEDENTES RESULTADOS
Varivel de Controle
PROCESSO
Centralizao
Formalizao
Cultura organizacional
Criatividade
Aprendizagem
Desempenho de mercado
Turbulncia
Ambiental
Anlise situacional
Abrangncia
nfase nos ativos e competncias
de marketing
Integrao funcional
Qualidade da comunicao
Comprometimento com o
consenso da estratgia
Comprometimento com os
recursos da estratgia
Fonte: extrado de Menon et al. (1999, p. 23).
12
f) Comprometimento com o consenso da
estratgia comprometimento con-
sensual da equipe em relao estra-
tgia escolhida.
g) Comprometimento com os recursos da
estratgia existncia de recursos hu-
manos, materiais e temporais adequa-
dos e comprometidos com o processo.
III) Resultados: representam as consequn-
cias do processo de formao da estratgia de
marketing, sendo:
a) Criatividade desenvolvida na estrat-
gia em questo quando comparada s
anteriores.
b) Aprendizagem apresenta o que a or-
ganizao aprendeu com a estratgia.
c) Desempenho de Mercado demonstra
como se mediu o sucesso ou insucesso
da estratgia.
IV) Varivel de Controle: Turbulncia Am-
biental refere-se aos elementos que influenciam
os resultados da estratgia, ou seja, a concor-
rncia, a inovao e a tecnologia da indstria, o
comportamento dos consumidores e os fatores
macroambientais.
Pode-se, ento, ao interpretar o modelo,
dizer resumidamente que os antecedentes repre-
sentam os elementos internos organizao que
influenciam as atividades de formulao e imple-
mentao da estratgia, as quais, por sua vez, tra-
zem resultados para a organizao. Esses ltimos
sofrem a interferncia de fatores ambientais.
Para Menon et al. (1999), o desenvolvimento
da criatividade na organizao motivado pelo
conjunto dos elementos do processo da estrat-
gia. Isso significa que a prtica sistemtica e con-
tnua da anlise dos recursos organizacionais e do
ambiente externo, a identificao e avaliao de
alternativas de estratgias, a integrao e a comu-
nicao entre setores e nveis da organizao e o
comprometimento entre os indivduos em relao
estratgia impulsionam aes criativas.
A criatividade inserida no modelo como um
elemento que propicia alterao de comporta-
mento com a estratgia, em termos de inovao,
leva, consequentemente, a uma influncia positiva
no processo de melhorias da organizao, uma vez
que com atividades criativas busca-se, continua-
mente, um aprimoramento do processo. Apresen-
ta-se, ento, embasamento terico para o melhor
entendimento do tema criatividade.
3 A Criatividade
A criatividade e a inovao so processos
organizacionais contnuos e concomitantes, que
prosseguem durante todas as fases de introduo
e uso de ideias novas. A inovao pressupe que
algo foi inventado, descoberto e projetado, por an-
A criatividade e a inovao so processos
organizacionais contnuos e concomitantes, que
prosseguem durante todas as fases de introduo e uso
de ideias novas.
Inovar , antes de tudo, aplicar o incomum, o
novo; uma espcie de soluo criativa para
problemas que vo sendo detectados.
R e v . F A E , C u r i t i b a , v. 14, n. 2, p. 6-19, jul./dez. 201113
tecedncia, o que indica uma criatividade prvia,
sem, entretanto, significar que o processo criativo
anteceda sempre, numa lgica sequencial, o pro-
cesso de inovao.
A transformao da criatividade em inova-
o , em grande parte, um processo de converter
ideais individuais em ideais coletivos. As ideias no-
vas no so, por si mesmas, suficientes para pro-
duzir inovaes; preciso que elas ultrapassem os
limites do desejo individual e se tornem preocupa-
es coletivas no contexto organizacional. Inovar
, antes de tudo, aplicar o incomum, o novo; uma
espcie de soluo criativa para problemas que
vo sendo detectados. Refere-se, aqui, inovao
como uma mudana no s de valores, mas que
requer uma alterao significativa nos produtos,
servios e padres comuns de deciso e operao
da organizao (MOTTA, 1998).
Nem todas as organizaes incentivam e
valorizam a criatividade e a inovao. Machado-
da-Silva, Vieira e Dellagnelo (1998) apresentam
trs estgios de desenvolvimento pelos quais pas-
sam as instituies: empreendimento o poder
centralizado pelo empreendedor, as regras e pro-
cedimentos so personalizados, havendo vulnera-
bilidade da organizao ao ambiente fazendo com
que ela adote estratgias reativas; formalizao
enfoque na eficincia, no processo de deciso
racional, no desempenho das tarefas e no controle
do comportamento dos membros da organizao,
buscando a padronizao da produo por meio
de tecnologia repetitiva, sendo o produto tambm
padro; flexibilizao preocupa-se com a reali-
dade social, investindo na expanso do domnio e
na descentralizao, com diversificao de produ-
tos e de clientes, flexibilizando a linha de produo,
enfatizando a pesquisa e o desenvolvimento.
aqui que aparece a nfase das organizaes na
inovao e criatividade.
Esse terceiro estgio, o da flexibilizao,
almejado para o desenvolvimento de estratgias
no ambiente competitivo em que se encontram
as instituies. Organizaes empresariais, nessa
fase, promovem o aparecimento de grupos
de trabalho e profissionais especializados,
desenvolvendo mecanismos de adaptao,
criatividade e inovao, motivando atividades e
aes autorregulveis (MACHADO-DA-SILVA;
VIEIRA; DELLAGNELO, 1998).
Algumas empresas e instituies so mais
agressivas e proativas no desejo de inovar, e,
em virtude disso, mobilizam recursos e ateno
para antecipar provocaes do ambiente
socioeconmico. Montam grupos ou setores de
pesquisa e desenvolvimento, alocam recursos e
mobilizam, por vezes, parte substancial da ao
organizacional para projetos de inovao. Dessa
maneira, a mudana surge quando, por diferentes
fatores organizacionais, existe algum tipo de
mobilizao gerencial que provoca e facilita o uso
de recursos de criatividade j existentes em cada
indivduo, membros da organizao (MOTTA, 1998).
Para Motta (1979, p. 175)
a inovao organizacional no fruto do acaso. Ela
exige um sentido de direo e uma inteno pr-
determinada de mudar o estado organizacional
existente. A inovao resulta, portanto, da combinao,
com xito, dos seus elementos fundamentais: o desafio
para superar os obstculos e melhorar o desempenho
atual, a motivao, para gerar e implantar idias novas
e o planejamento para mobilizar recursos e conduzir a
mudana ao objetivo desejado.
Menon et al. (1999) consideram a criativi-
dade um dos elementos resultantes da formula-
o e implementao da estratgia de marketing,
a qual interfere nas atitudes e comportamentos a
partir das atividades desenvolvidas no processo
da estratgia, possibilitando melhorias inovativas
no processo organizacional no qual a estratgia
gerada e operacionalizada.
Para a realizao de um programa de
marketing criativo, segundo Andrews e Smith
(1996), necessrio o desenvolvimento de algumas
caractersticas: a) agregar conhecimentos sobre o
objeto de interesse/tema para resolver problemas,
a partir de informaes a respeito de variveis
do ambiente interno e externo; b) ter motivaes
internas, que levam o indivduo a dedicar-se ao
processo de planejamento, pois as ideias criativas
no ocorrem de simples insights, mas especialmente
14
de esforo de estudo e anlise da situao; c) pr-
dispor-se a assumir riscos, devido s constantes
alteraes ambientais; d) possuir um processo de
planejamento razoavelmente formalizado, a fim
de que possa servir de guia para os grupos de
trabalho. Porm, ficar atento para que formalizao
em excesso no diminua a capacidade criativa dos
indivduos; e) adequar-se ao tempo disponvel;
e f) interagir com pessoas alm do seu grupo de
trabalho, fazendo com que as possibilidades de
troca de informaes estimulem a criatividade.
A partir da, apreende-se que, para se de-
senvolver, a criatividade necessita atentar para as
caractersticas das pessoas que esto realizando
aes de marketing (seu conhecimento, sua mo-
tivao e sua capacidade para assumir riscos), no
processo que elas utilizam para desenvolver suas
atividades e no ambiente no qual interagem. As-
sim, expe-se o mtodo utilizado a fim de verificar
a relao entre marketing e criatividade.
4 Mtodo
A presente pesquisa tem como objetivo in-
vestigar se o processo de formao da estratgia
de marketing ocasiona melhoria da criatividade
na organizao. A fim de atingir esse objetivo, a
pesquisa foi subdividida em duas etapas. Em um
primeiro momento, desenvolveu-se a pesquisa ex-
ploratria em dez grandes empresas do estado
do Rio Grande do Sul para compreender a relao
entre a criatividade e o processo de formao da
estratgia de marketing, definindo os elementos
para medir criatividade com a estratgia de mar-
keting. As empresas foram escolhidas segundo o
critrio de faturamento, a partir da publicao da
Revista Exame Melhores e Maiores (2001), defini-
das por julgamento dos pesquisadores, de acordo
com a sua representatividade na indstria a que
pertencem. Essas empresas so classificadas entre
as trs maiores de seu setor em termos de mar-
ket share e volume de negcios. Seus setores de
atuao incluem alimentao, comrcio varejista,
eletroeletrnico, telecomunicaes e automotivo.
A tcnica utilizada para a coleta de dados,
nessa primeira etapa, foi a de entrevistas em pro-
fundidade, com 12 executivos da rea de marketing
dessas organizaes (em duas delas foi realizada
entrevista com dois profissionais, em cada empresa),
em maio e junho de 2002. Essas entrevistas seguiram
um roteiro semiestruturado, quando solicitado aos
executivos que, para responder pesquisa, relem-
brassem de uma estratgia de marketing recente
que fosse possvel mensurar os resultados da sua
implementao.
As questes dissertadas pelo pblico-alvo da
amostra entrevistada foram: a estratgia escolhida foi
muito diferente daquelas desenvolvidas no passado
nesta diviso? Em que sentido? Essa estratgia foi
inovadora? Descreva como. As entrevistas foram
gravadas e transcritas, utilizando-se a anlise
de contedo para interpretar as colocaes dos
executivos, agrupando-as em cada questo.
Aps, com o entendimento da relao entre
criatividade e estratgia de marketing e com a
gerao dos elementos para medir criatividade
com a estratgia de marketing, iniciou-se a
segunda etapa desse estudo, que se refere a uma
pesquisa descritiva e quantitativa, a qual tem por
objetivo verificar, em um conjunto de organizaes,
a existncia de criatividade com a formulao e
implementao de estratgia de marketing.
O instrumento de coleta de dados foi
construdo a partir de questes do questionrio
utilizado por Menon et al. (1999), e do resultado
das entrevistas em profundidade da primeira
etapa da pesquisa (ver Tabela 1). O questionrio,
composto por questes objetivas, foi pr-testado
na presena dos pesquisadores e, depois, durante
o segundo semestre de 2003, foi remetido s
empresas participantes pela internet, havendo
contato inicial por telefone. As questes referiam-
-se existncia de criatividade em decorrncia da
implementao de uma estratgia do composto
de marketing (produto/servio, preo, distribuio,
comunicao/promoo) recente na organizao
escolhida pelo respondente, utilizando uma escala
de concordncia com cinco pontos que mediu a
ocorrncia de cada varivel (Discordo totalmente;
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Discordo; Nem concordo nem discordo; Concordo;
Concordo totalmente; No se aplica).
Na segunda etapa da pesquisa, a populao
era composta por empresas que atuavam no
Brasil, de mdio e grande porte, ou seja, com um
mnimo de cem funcionrios (classificao da
Federao das Indstrias do estado do Rio Grande
do Sul FIERGS). Para tal, foram utilizados dois
bancos de dados: o da Revista Exame Melhores
e Maiores (2001), o qual possua 500 empresas; e
o da FIERGS, com 771 empresas listadas. Todas as
empresas foram contatadas, dependendo de seu
interesse em participar da pesquisa, caracterizando-
-se, assim, uma amostra no probabilstica. Dos
contatos realizados, obteve-se o retorno de 200
questionrios respondidos. Desses, consideraram-
-se, efetivamente, 180. Os 20 questionrios
desconsiderados no estavam adequados ao perfil
estipulado do respondente: executivo com cargo
de gerncia ou direo de marketing/vendas/
comercial; executivo com envolvimento direto
com a estratgia ou, pelo menos, indireto com o
recebimento de informaes e comunicaes a
respeito da estratgia.
Na etapa descritiva, os dados coletados
foram processados pelo software estatstico
Statistical Package for the Social Sciences (SPSS)
em sua verso para microcomputadores, e tratados
de forma quantitativa. Trabalhou-se com anlise
de frequncias e utilizou-se a mdia como medida
de tendncia central. Na sequncia, os resultados
so expostos.
5 Resultados
Na primeira etapa da pesquisa, as entrevis-
tas em profundidade com executivos vinculados
diretamente formulao e implementao de es-
tratgias de marketing demonstraram que a cria-
tividade no desenvolvimento da estratgia incluiu
alguns novos aspectos quando comparada s es-
tratgias anteriores desenvolvidas pelas empresas
pesquisadas. A estratgia foi inovadora no sentido
da concepo do produto e da velocidade com que
se desenvolveu essa nova ideia, e tambm por en-
volver a todos na organizao. Ainda, houve inova-
o em relao a determinadas aes de mercado
e pela participao dos parceiros externos no de-
senvolvimento de uma estratgia. Por ltimo, algu-
mas empresas pesquisadas afirmaram que as estra-
tgias anteriormente desenvolvidas no foram to
detalhadas e pensadas como essa estratgia.
Alm disso, os executivos entrevistados afir-
maram que as inovaes e melhorias introduzidas
pela estratgia analisada continuaram repercutin-
do na organizao. No envolvimento com a estra-
tgia, os indivduos passaram a se comprometer e a
se envolver mais com o negcio, levando-os a uma
maior proatividade.
Novas prticas especficas na empresa sur-
giram. As reaes e atitudes das pessoas em rela-
o ao mercado foram alteradas. A busca de maior
conhecimento sobre o que estava ocorrendo no
ambiente, especialmente com a concorrncia,
trouxe inspiraes para novas aes. Conclui-se,
ento, que com o processo da estratgia foram
aprendidas coisas novas, mas tambm elementos
novos e diferentes foram criados. Passou-se, ento,
a educar os grupos de trabalho para a inovao,
indagando-lhes continuamente: o que h de dife-
rente, de novo? O que vocs esto criando? Quais
so as alternativas? Quais so as novas propostas?
Dessa maneira, na segunda etapa da
pesquisa, com a amostra vlida de 180 executivos,
realizou-se a verificao do grau de ocorrncia dos
elementos definidos na fase exploratria (Tabela
1). Constatou-se a existncia de criatividade a
partir das modificaes, e inovaes a partir da
estratgia formulada e implementada. Mais de
50% dos executivos entrevistados afirmaram que
a estratgia analisada foi responsvel por aes
diferentes das realizadas anteriormente. Mudanas
foram detectadas tanto nas atividades para
construo da estratgia como na implementao
no mbito do produto e do mercado. Houve
alteraes significativas com a implantao da
estratgia, mesmo considerando os riscos que se
poderia incorrer durante o processo.
16
Pode-se inferir que o processo da estrat-
gia suscitou estmulo a um novo comportamento
nos indivduos em relao ao desafio de implan-
tar padres diferenciados, motivando a continui-
dade dessa conduta nas reflexes e operaes
subsequentes.
Assim, os dados coletados nesta pesquisa
confirmam o que foi estudado por Menon et
al. (1999), ou seja, o processo de formulao e
implementao da estratgia de marketing traz
a proliferao de aes criativas na organizao.
Parte-se para a exposio final das ideias
apresentadas e a tentativa de inter-relacionamento
da teoria com os resultados.
Consideraes Finais
A criatividade no uma varivel com fim
em si mesma. O incentivo sua multiplicao na or-
ganizao interfere no desenvolvimento das ativi-
dades organizacionais de todas as reas. Influencia
positivamente a busca de melhorias na organizao,
uma vez que, com aes criativas, est se procu-
rando uma melhor maneira de realizar o processo.
Para Menon et al. (1999) a criatividade
o elemento propulsor da aprendizagem
organizacional e do desempenho de mercado, os
quais se constituem em resultados do processo de
formao da estratgia de marketing. Isso significa
que o foco no desenvolvimento de processos
criativos oferece melhorias agregadas pela
formulao e implementao da estratgia, em
termos de conhecimento do mercado, do produto
e do negcio, nas habilidades, comprometimento,
envolvimento e procedimentos das pessoas e
no processo gerencial (TOALDO; LUCE, 2005),
como tambm tende a influenciar positivamente o
desempenho da organizao.
Da mesma forma, Andrews e Smith (1996)
defendem que programas criativos de marketing
resultam em significativa diferenciao no merca-
do perante os concorrentes, permitindo melhores
resultados para a organizao em relao ao seu
desempenho. Por isso, o fomento criatividade
objeto de especial considerao, pois ele propicia
melhorias e resultados mais significativos para a
organizao.
A criatividade, nesta pesquisa, demonstrou
ser uma importante consequncia do processo
de formao da estratgia de marketing, gerando
inovaes. necessrio dar ateno, ento, cria-
TABELA 1 - Frequncias, mdias e desvio-padro dos indicadores de criatividade
Percentuais de resposta (%)
Indicadores nDiscordo Totalm.
DiscordoNem Conc. Nem Disc.
ConcordoConcordo
Totalm.NSA Mdia
Desvio-padro
1
A estratgia escolhida foi muito diferente de outras desenvolvidas no passado por esta unidade.
174 2,8 18,0 22,5 32,0 22,5 2,2 3,55 1,12
2A estratgia era realmente inovadora.
174 5,1 12,9 26,4 36,0 17,4 2,2 3,49 1,09
3A estratgia quebrou algu-mas regras do jogo dentro do seu produto/mercado.
174 2,2 17,4 19,7 34,8 23,6 2,2 3,61 1,10
4
Comparada s outras es-tratgias similares, desen-volvidas anteriormente, pelo menos algumas partes dessa estratgia foram arrojadas e arriscadas.
174 1,1 8,4 19,7 39,9 28,7 2,2 3,89 0,97
FONTE: Coleta de dados realizada pelos autores
R e v . F A E , C u r i t i b a , v. 14, n. 2, p. 6-19, jul./dez. 201117
tividade no andamento das atividades gerenciais,
pois h constantes modificaes na entrega de
valor. Assim, precisa haver motivao para a inova-
o no somente em relao ao produto e servio,
mas tambm ao processo organizacional. Para tal,
a criatividade dos indivduos tem um papel essen-
cial no redesenho do processo de entrega de valor
ao mercado. Pode-se, aqui, fazer uma ligao com
os benefcios do desenvolvimento da capacidade
dos profissionais serem empreendedores internos,
buscando sempre novas oportunidades, nas quais
o esprito criativo e inovador seja um elemento
preponderante.
A fim de gerenciar indivduos para a
construo de aes criativas, de acordo com o
pensamento de Webster (1997), os profissionais de
marketing precisam substituir a nfase anterior de
meros coletores e analistas de informaes, bem
como de responsveis pela persuaso exclusiva do
mercado consumidor, para passar a desenvolver
habilidades que incluem negociao, resoluo
de conflitos, gerenciamento de relacionamentos,
comunicao e persuaso interna, construo
de equipes de trabalho e interpretao de
informaes. No trabalho em grupo, ressalta-se
a necessidade do desenvolvimento do esprito
de equipe, tendo a capacidade de trabalhar em
equipes multidisciplinares, exercendo habilidades,
como negociao e comunicao, pois a questo
da maximizao do valor um trabalho integrado
e contnuo, no qual vrias reas precisam estar
Recebido em: 27/01/2011 Aprovado em: 17/08/2011
presentes: desenvolvimento tecnolgico, desenho
do produto, custos, produo, vendas, transporte,
dentre outros. importante tambm a representao
dos nveis organizacionais. A principal funo do
profissional de marketing nos grupos de trabalho
garantir o foco das atividades no consumidor e nas
mudanas de definio de valor.
Por fim, cabe ressaltar que a efetivao de
estratgias de marketing, como enfatizado por
Piercy (1998), necessita de otimizao das capaci-
dades organizacionais, as quais sofrem interfern-
cia da criatividade, do aprendizado e da experin-
cia gerencial para utilizar os recursos tcnicos e
humanos capacitados. O desenvolvimento desses
elementos possibilita direcionar as atividades s
reas que possuem as habilidades necessrias
para a execuo da estratgia em questo e tam-
bm construir uma organizao flexvel para en-
contrar novos imperativos estratgicos, reiterando,
assim, o desenvolvimento conjunto da formulao
e implementao da estratgia de marketing, na
qual reflexes e aes ocorrem simultaneamente.
necessrio, ainda, dizer que esta pesquisa
possui algumas limitaes, como o uso do
Modelo Marketing Strategy Making de Menon et
al. (1999), o qual exigiu cuidado na interpretao
da escala utilizada, uma vez que utiliza elementos
organizacionais, extrapolando a rea de marketing.
Tambm se ressalta a utilizao da internet na
coleta de dados, quando foram necessrios vrios
estmulos para aumentar a taxa de resposta, o que
influencia a prpria coleta.
A continuidade dos estudos poderia seguir
o caminho da verificao do relacionamento das
variveis que compem o processo de formulao
e implementao da estratgia de marketing
com a criatividade organizacional, buscando
conhecer quais elementos realmente interferem
para a melhoria de aes criativas a partir da
operacionalizao da estratgia.
Programas criativos de marketing resultam em
significativa diferenciao no mercado perante os
concorrentes, permitindo melhores resultados para a organizao em relao
ao seu desempenho.
18
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Internet e composto de Marketing: o caso Unimed SegurosInternet and Marketing mix: the Unimed case study
R e v . F A E , C u r i t i b a , v. 14, n. 2, p. 20-37, jul./dez. 201121
Internet e composto de Marketing: o caso Unimed SegurosInternet and Marketing mix: the Unimed case study
Luciano Augusto Toledo1
Ana Carolina de Toledo2
Resumo
O presente estudo foi estruturado sob a modalidade de pesquisa exploratria,
sendo complementado por um estudo de caso em uma empresa do setor de
seguros. O objetivo entender como o Composto de Marketing conduzido
na internet. A empresa objeto de investigao foi a Unimed Seguros. Final-
mente as atividades relacionadas ao marketing so de grande importncia
para a gesto da empresa analisada. Com a utilizao da internet, a Unimed
Seguros entrou em um processo de reduo de custos que possibilitou um
direcionamento melhor de foras s atividades de marketing. A internet pas-
sou a configurar um facilitador de conquista, manuteno de vantagem com-
petitiva e complemento as aes do composto de marketing.
Palavras-chave: Marketing, Composto de Marketing, Internet.
Abstract
This study was structured under the exploratory research set. The paper
is complemented by a case study in an insurance industry company. The
goal is to understand how the marketing mix is conducted on the Internet.
The company studied was Unimed Seguros. Finally, the activities related
to marketing are of great importance for the management of Unimed
Seguros. With the Internet usage by the Unimed Seguros there was a cost
reduction process that enabled better targeting to the marketing activities.
The Internet has set a way to achievement, maintenance of the competitive
advantage and complement to the marketing mix.
Keywords: Marketing, Marketing Mix, Internet.
1 Doutor em Administrao pela FEA-USP. Professor adjunto em Administrao na Universidade Presbiteriana Mackenzie-SP. Email: [email protected]
2 Bacharel em Economia pela PUCSP. E-mail: [email protected]
22
Introduo
Novos desafios se apresentam em frequn-
cia e intensidades crescentes, potencializados
por uma rede de mudanas ambientais, polticas,
econmicas, sociais e tecnolgicas que pressio-
nam a empresa a assumir novas posturas e pro-
curar novos meios de se diferenciar de seus con-
correntes (VALENTIM; GELINSKI, 2005). Dessa
forma, a internet, segundo muitos autores, pode
incrementar os negcios empresarias (LAROCHE,
2010; SHEN; CHIOU, 2010).
O surgimento da internet desempenha
uma funo to importante quanto a inveno da
mquina a vapor. Assim como a mquina a vapor
foi a base da Revoluo Industrial, a internet tem
representado a base de uma revoluo do uso
da informao (DRUCKER, 2008). Ambas foram
responsveis pela mudana do modo de produo,
pelo surgimento de novas relaes sociais e de
grandes corporaes mundiais (MOL; BIRKINSHAW,
2009; FIFIELD, 2007; DRUCKER, 2008).
As constantes e incontrolveis mudanas que
ocorrem no ambiente de negcios contemporneo
exigem adaptaes e ajustes permanentes em
produtos e processos produtivos e administrativos,
e aqueles que no procurarem adequar-se s novas
condies ambientais enfrentaro dificuldades para
crescer e sobreviver (KERIN; HARTLEY; RUDELIUS ,
2009; MASTERSON; PICKTON, 2009; MCCARTHY;
PERREAULT, 2002). As empresas esto expostas
a drsticas mudanas de paradigmas gerenciais
e culturais, e muitas delas esto desorientadas
e sem rumo face s situaes prevalecentes no
ambiente externo. Destaca-se que nesse cenrio
de revoluo tecnocultural, destaca-se a figura da
funo do Composto de Marketing e da internet
como instrumentos colaboradores da melhoria
da competitividade empresarial e impulsionadora
do crescimento da corporao (BROOKS, 2011;
KOTLER; KELLER, 2008; LAMBIN; CACERES, 2006).
luz dessas consideraes preliminares,
justifica-se a pertinncia de um trabalho que
estude o Composto de Marketing de empresas
brasileiras de servios no mbito da internet, co-
locando, ainda, em relevo a utilizao das estrat-
gias de marketing; a utilizao da internet; e, final-
mente, a aplicao dos conceitos estudados no
caso da empresa estudada.
1 Procedimentos Metodolgicos
O objetivo geral do mtodo de pesquisa
encontrar respostas ou solues aos problemas
por meio de uma investigao organizada, crtica,
sistemtica, cientfica e baseada em dados obser-
vados (COLLIS; HUSSEY, 2010; LAKATOS; MAR-
CONI, 2008). Para a consecuo do objetivo deste
trabalho, foi escolhida a utilizao do mtodo do
estudo de caso, dentre outros mtodos de pes-
quisa qualitativa, em funo de sua adequao ao
problema proposto para a pesquisa de campo.
Uma das singularidades da utilizao do
mtodo do estudo de caso a comparao dos
resultados levantados com a literatura existente
(TOLEDO; SHIRAISHI, 2009), caracterstica que
amplia a qualidade do trabalho cientfico (DEMO,
1995; YIN, 2003). A utilizao do mtodo do
estudo de caso pode envolver tanto situaes
de estudo de um nico caso quanto mltiplos
O surgimento da internet desempenha uma funo
to importante quanto a in-veno da mquina a vapor. Ambas foram responsveis pela mudana do modo de produo, pelo surgimento de novas relaes sociais e de grandes corporaes
mundiais.
R e v . F A E , C u r i t i b a , v. 14, n. 2, p. 20-37, jul./dez. 201123
casos (EISENHARDT, 2011; SEVERINO, 2008).
A utilizao de um nico caso apropriada em
algumas circunstncias: quando se utiliza o caso
para se determinar se as proposies de uma teoria
so corretas; quando o caso em estudo raro ou
extremo, ou seja, no existem muitas situaes
semelhantes para que sejam feitos estudos
comparativos; quando o caso revelador, ou seja,
quando ele permite o acesso a informaes no
facilmente disponveis (EISENHARDT, 2011).
Para o desenvolvimento do estudo de caso
utilizado nesta pesquisa, utilizou-se com unidade
de anlise (YIN, 2003) as aes intrnsecas ao
Composto de Marketing no mbito da internet.
Foram entrevistados os responsveis pela gesto
de marketing, gesto de internet, gesto estratgi-
ca, gerncia de produtos e servios, gesto de tec-
nologia de informao e gerncia de ps-venda da
empresa estudada. Foi utilizada, alm da anlise
documental, a observao do pesquisador e a en-
trevista semiestruturada (LAKATOS; MARCONI,
2008; PDUA, 2004; SEVERINO, 2008).
O instrumento utilizado para coleta de
dados foi um roteiro seguido de entrevista, com
questes abertas, considerada como investigao
semiestruturada. No mbito da anlise de dados
foi utilizada a modalidade adequao ao padro, a
qual prope comparar padres com base emprica
com os padres previstos (YIN, 2003). Se os pa-
dres coincidem, os resultados ajudam a aumen-
tar a sua validade interna. Dessa forma, realizou-se
uma descrio do estudo de caso e posterior com-
parao dos dados coletados com os pressupos-
tos tericos apresentados neste trabalho.
2 Referencial Terico
2.1 Aspectos Inerentes Internet e ao Composto de Marketing
A internet pode ser usada, acredita-se que
em todas as quatro reas do Composto de Mar-
keting esto sendo ampliadas pelas atividades
de marketing na internet (HARTLINE; FERRELL,
1996; KOTLER; KELLER, 2008; TOLEDO; TOLEDO;
CAMPOMAR, 2006). A utilizao da internet est
mudando principalmente a busca pela informao.
Lembra-se, ainda, que o mercado formado por
consumidores tradicionais (no compram on-line),
compradores virtuais (que somente compram on-
line) e compradores hbridos (realizam as duas
coisas). A seguir, apresentada uma sntese con-
ceitual das principais implicaes e mudanas pro-
vocadas pela internet no mbito do Composto de
Marketing (TOLEDO; PERROTTA, 2006).
Sob a tica do produto, uma das mais
importantes contribuies da internet s
decises de produto parece ser a maior facilidade
de customizao, ou seja, oferecem-se ao
consumidor condies de solicitar um produto
feito especialmente para ele, respeitando suas
especificaes, de maneira mais gil. Em consonncia
customizao, refere-se ao oferecimento de
produtos e solues singulares para consumidores
especficos (KENNY; MARSHALL, 2000; LAROCHE,
2010; TOLEDO; NAKAGAWA; YAMASHITA, 2002;
WEI, 2005). o caso, por exemplo, da www.closet.
com.br, a primeira camisaria sob medida digital do
Brasil, na qual o consumidor pode escolher vrios
tecidos, cores, colarinhos, bolsos e montar sua
prpria camisa, de acordo com suas medidas. No
entanto, uma vez que o produto comercializado
pela internet no pode ser tocado nem provado
A despeito dos avanos propiciados pela internet
como instrumento facilitador das decises de distribuio, o custo da logstica talvez seja um dos gargalos a ser
superados.
24
no ato da compra, que as cores visualizadas no
monitor do computador provavelmente no so
exatamente iguais s originais, e que os sistemas
de simulao de odores ainda se encontram em
seus estgios iniciais, o que mudou com a utilizao
da internet como ferramenta comercial de suporte
s decises sobre produtos foi a possibilidade de
proporcionar incremento de seus atributos para os
clientes, diferenciando-os e tornando a sua seleo
uma experincia atrativa e vantajosa (ALBERTIN,
2010; KENNY; MARSHALL, 2000; MENG, 2010).
Sob a tica da praa, classifica-se a distri-
buio (praa) on-line em quatro modalidades
principais (KENNY; MARSHALL, 2000; TOLEDO;
NAKAGAWA; YAMASHITA, 2002):
Promoo e indicao: essa estratgia
fornece um grande volume de
informaes sobre os produtos e
catlogos on-line, procurando levar
o consumidor compra, porm no
permite que os clientes comprem on-
line, indicando um canal de vendas que
revenda o produto;
Vendas limitadas e muitas indicaes:
oferece aos clientes vrias opes de
compra on-line, mas limita o escopo
ou variedade de produtos e servios a
serem escolhidos, indicando aos clientes
outros canais que vendam produtos
desejados no disponveis no website;
Venda e indicao: praticada por muitas
empresas, essa estratgia objetiva
assegurar que o produto esteja onde os
clientes desejam compr-lo, deixando
que eles escolham seu canal preferido
de vendas, podendo comprar on-line,
por telefone, em revendedores;
Venda estratgica: muitas empresas
esto desenvolvendo estratgias na in-
ternet para aumentar seus esforos de
vendas diretas, particularmente para
clientes grandes e estratgicos, prin-
cipalmente de produtos de significa-
tivo envolvimento, criando uma nova
sinergia e um novo equilbrio entre as
vendas diretas e o comrcio eletrnico,
os quais so crticos para sustentar a
satisfao do cliente e melhorar as
margens de lucro.
Para os gestores de marketing, uma sria
limitao presente no sistema de distribuio pa-
rece ser a entrega dos produtos ao consumidor
final. A despeito dos avanos propiciados pela in-
ternet como instrumento facilitador das decises
de distribuio, o custo da logstica talvez seja um
dos gargalos a ser superados (DANN, 2011, DANN;
DANN, 2010; KENNY; MARSHALL, 2010). E assim
que, no Brasil, empresas de entregas rpidas,
como os correios, esto sendo bastante requisita-
das. Entretanto, o custo do frete est sendo repas-
sado para os clientes.
Dessa forma, pode-se supor que o comr-
cio pela internet torna disponvel uma poderosa
ferramenta de distribuio, desde que haja logsti-
ca competente que leve o produto ao cliente num
prazo e condies aceitveis. uma questo fun-
damental para o relacionamento da empresa com
seus clientes. Alm disso, uma logstica eficaz re-
quer um gerenciamento adequado da cadeia de
fornecimento, o que envolve a integrao desde
os fornecedores de matrias-primas, passando
pelo processo de produo e chegando movi-
mentao fsica dos bens produzidos at os cli-
entes (DANN, 2011, DANN; DANN, 2010; KENNY;
MARSHALL, 2010).
Sob a tica do preo, as decises so de-
cisivas para o alcance dos resultados econmicos
e financeiros, para o posicionamento estratgico
competitivo da empresa, para a consecuo de
objetivos relacionados ao volume de vendas e ao
prestgio. Os efeitos da internet e da determina-
o de preo sobre vendedores e compradores
podem ser observados de cinco formas (KENNY;
MARSHALL, 2010; OREILLY, 2010; TOLEDO; NAK-
AGAWA; YAMASHITA, 2002):
Comparaes instantneas: a internet
utilizada como um meio eletrnico de
comparao de preos, caractersticas,
R e v . F A E , C u r i t i b a , v. 14, n. 2, p. 20-37, jul./dez. 201125
tempo de entrega e outros atributos
entre os diversos ofertantes on-line;
Definio de preos: a utilizao de
alguns websites que possibilitam os
clientes definirem o preo que est
disposto a pagar por algo;
Produtos grtis: aquisio de softwares
de cdigo aberto;
Monitorizao: a internet utilizada
como mecanismo de monitorizao de
clientes, a fim de se definir preos indi-
viduais, de acordo com caractersticas
especficas dos compradores on-line;
Bolsas on-line: a negociao de
preos em leiles na internet.
H vrios modelos de precificao utiliza-
dos na internet, tais quais:
Precificao dinmica: trata-se de um
mecanismo que concilia oferta e de-
manda por meio de uma estrutura de
preos, o qual utilizado para troca de
aes e em mercados de commodities;
Precificao varivel: esse recurso de
uso frequente no segmento de con-
sumo, e tem por objetivo gerar vendas
e receitas incrementais pela variao
do preo de um item. Um produto, a
ttulo de experimentao, pode ser
oferecido com desconto, para ento
ser vendido ao preo inicialmente de-
terminado, depois de aprovado.
A internet, como salientado anteriormente,
ampliou o poder de barganha do consumidor, ao
possibilitar o surgimento de quatro poderosas fer-
ramentas (DANN, 2011, DANN; DANN, 2010; KEN-
NY; MARSHALL, 2010):
Comparao instantnea de preos:
recorrendo comparao instantnea
de preos, obtm-se maior transparn-
cia de mercado e o consumidor pode
verificar o preo do bem que deseja
comprar em vrias lojas digitais, simul-
taneamente, e escolher o menor preo
disponvel;
Leilo reverso: o leilo reverso
era at ento utilizado quase que
exclusivamente pelos governos em
suas licitaes. Dado um determinado
produto ou servio, o fornecedor que
oferecia o menor preo ganhava o
direito de vender a ele. Websites de leilo
como www.arremate.com.br ou www.
mercadolivre.com.br oferecem esse tipo
de servio para pessoas comuns;
Mecanismo defina seu preo ou faa
seu preo: o consumidor define o preo
que deseja pagar por uma mercadoria
e o website busca fornecedores que
aceitem atender aquele consumidor.
O mesmo mecanismo vem sendo
utilizado por consumidores brasileiros
mediante websites, como www.bargain.
com.br e www.mercadolivre.com.br;
Grupos de compras e descontos:
consiste na criao de grupos de
consumidores interessados na aquisio
do mesmo bem e negociam com
vrios fornecedores, obtendo menores
preos. Websites, como www.agrupate.
com.br e www.maisdescontos.com.
br, desempenham a funo de criar
um ambiente para os compradores.
enfatizado que websites de descontos
podem ajudar a atrair clientes para um
website e, assim, ficarem familiarizados
com os produtos e servios de uma
empresa.
Sob a tica da promoo, a internet mais
racional do que emocional, o que implica um
processo de persuaso e no apenas de informao,
o que pode variar, evidentemente, conforme o
tipo de produto ou servio. Tem-se, ainda, que as
aes promocionais tm os seguintes objetivos:
fornecer informaes para consumidores e outros
interessados, aumentar a procura, diferenciar
um produto ou servio, incrementar valor de um
26
produto ou servio, estabilizar as vendas (CARR, 2011;
HONEYCUTT; FLAHERTY; BENASSI, 1998; KOTLER;
KELLER, 2008; LAROCHE, 2010). apontado, ainda,
que os websites constituam um meio de comunicao
com clientes existentes e potenciais, uma vez que
as empresas podem oferecer informaes sobre si
mesmas e seus produtos e cultivar relacionamentos
duradouros. observado que as empresas on-line
enfrentam desafios crescentes para expandir seus
negcios na internet.
Com o advento da utilizao da internet
como mdia eletrnica alternativa de propagan-
das, muitos achavam que haveria uma inundao
de telas de promoes nos computadores (CARR,
2011; HONEYCUTT; FLAHERTY; BENASSI, 1998;
KOTLER; KELLER, 2008; LAROCHE, 2010), porm
essa projeo para o futuro no se sustentava e
por fim no ocorreu. Na internet, as pessoas tm
o controle da situao e no esto dispostas a ler
anncios ou qualquer forma de propaganda ou de
publicidade, e por se tratar de uma mdia intera-
tiva, o usurio tem o poder de rejeit-la. Isso no
quer dizer que no haver propaganda na internet,
mas que ela no ser uma mdia como a televiso.
Enfatiza-se que a utilizao da propaganda
na internet motivou a criao de uma nova lingua-
gem e um formato mais adequado nova mdia
interativa. Uma das oportunidades geradas pela
internet a propaganda many-to-many, ou melhor,
de muitos para muitos (CARR, 2011; HONEYCUTT;
FLAHERTY; BENASSI, 1998; KOTLER; KELLER,
2008; LAROCHE, 2010; TOLEDO; NAKAGAWA;
YAMASHITA, 2002).
3 Resultado e anlise da pesquisa
3.1 Estrutura da Unimed Seguros
A Unimed Seguros consiste na marca que
representa a Unimed Seguradora e sua controlada,
a Unimed Seguros Sade. Suas operaes tiveram
incio no ano de 1989 com o objetivo de atender
as demandas do Sistema Unimed, formado pelas
386 cooperativas, 98 mil mdicos cooperados e 12
milhes de clientes em todo o Brasil. Atualmente,
a empresa conta com 3,8 milhes de segurados e
encontra-se entre as maiores empresas do setor.
Com matriz em So Paulo e escritrios re-
gionais em 21 cidades distribudas pelo Brasil, que
atuam como verdadeiras unidades de negcio, a
Unimed Seguros uma empresa de seguros de
classe mundial, que busca continuamente o apri-
moramento de processos e o conhecimento das
necessidades de seus clientes.
Atuando no ramo de pessoas, oferece 24
produtos segmentados nas linhas Vida, Previdncia
e Sade. A preocupao permanente da Unimed
Seguros em desenvolver e oferecer as melhores
solues em produtos e servios, de criar um
ambiente melhor e de contribuir para o bem-estar
da comunidade faz dela uma empresa reconhecida
e respeitada pela sua competncia e capacidade.
3.2 Anlise dos Dados
No transcorrer da coleta de dados mediante
aplicao de questionrio semiestruturado,
verificou-se que as atividades relacionadas ao
marketing so de grande importncia para a gesto
da Unimed Seguros. As atividades inerentes ao
marketing constituem um sistema de atividades
de negcios que envolvem as aes de planejar,
A utilizao da propagan-da na internet motivou a criao de uma nova
linguagem e um formato mais adequado nova
mdia interativa.
R e v . F A E , C u r i t i b a , v. 14, n. 2, p. 20-37, jul./dez. 201127
precificar, promover e distribuir produtos que
satisfaam os desejos do mercado-alvo (DOYLE,
2004; MASTERSON; PICKTON, 2009; MCCARTHY;
PERREAULT, 2002). Nesse contexto, deve-se
considerar que o marketing deve iniciar com uma
ideia sobre um produto que satisfaa o desejo do
cliente e no deve encerrar at que esses desejos
sejam completamente satisfeitos.
Relata-se que o marketing oferece subsdios
tcnicos que possibilitam empresa tomar decises
especficas quanto ao desenvolvimento e oferta de
solues adequadas em produtos e servios, alm
de gerar valor a seus clientes no sentido de manter
sua competncia. Tem-se que o marketing um
conjunto de atividades que implicam trocas entre
os diversos agentes que compem uma cadeia de
valor (LAMB; HAIR; MCDANIEL, 2008). E, nesse
sentido, as atividades de marketing so forjadas e
executadas com o objetivo primordial de satisfazer
os desejos e necessidades dos clientes, e, inclusive,
atender aos objetivos da empresa (DOYLE, 2004;
MASTERSON; PICKTON, 2009; MCCARTHY;
PERREAULT, 2002).
Para atingir tais objetivos, os gestores
devem estar cientes das caractersticas do
segmento em que se encontra o mercado em que
operam, pois ser fundamental para a concepo
de compostos de marketing que possibilitaram a
empresa satisfazer seus clientes e seus objetivos
enquanto empresa (KOTLER; KELLER, 2008;
LAMB; HAIR; MCDANIEL, 2008). Em complemento,
esclarece-se que quando se fala em marketing,
pertinente lembrar que ele atua em duas frentes
uma estratgica e outra operacional. A operacional
representa o brao comercial de uma empresa,
sem a qual o melhor plano estratgico no
produziria resultados. Faz parte do operacional,
o composto de marketing, plano de marketing,
oramento, a realizao e controle.
No mbito estratgico, tem-se a anlise das
necessidades do mercado, anlise da atratividade,
anlise da competitividade, escolha de estratgia
de desenvolvimento e definio do segmento-alvo
(BRITO; TOLEDO; TOLEDO, 2009).
No obstante, o resultado da consulta de
material interno da empresa e informaes cole-
tadas no transcorrer do roteiro de entrevistas, foi
identificado que as atividades de marketing pos-
sibilitam empresa manter seus negcios focados
nos seus nichos especficos. Destaca-se:
Seguro Sade: oferece um conjunto
completo de produtos do Ramo Vida.
Tm-se solues em seguros, como
o Unimed Vida e o Unimed Acidentes
Pessoais, que proporciona tranquilidade
e segurana a milhares de pessoas;
Previdncia: oferece planos previden-
cirios de acordo com as necessidades
especficas de seus associados.
Nesse contexto, fica implcito que na Unimed
Seguros as atividades de marketing ocupam um
lugar estratgico na empresa. Desempenhando a
funo de coordenao de aes que possibilitam
empresa oferecer valor ao cliente. Logicamente,
segundo dados levantados na pesquisa de campo,
todas as aes desenvolvidas de marketing devem
estar inclinadas misso da empresa: Oferecer
produtos de qualidade em Seguros de Sade, Vida
e Previdncia, atendendo as necessidades das Co-
operativas e do mercado em geral.
Ainda, ao se analisar a misso da empresa,
fica evidente que os clientes da empresa so
no somente as pessoas fsicas, como tambm
as jurdicas, as quais so compostas pelas
empresas que operam no mercado e as prprias
cooperativas que fazem parte do conglomerado
Unimed, destacando-se: Cooperativas de Crdito
Unicreds; Fundao Unimed; Unimed Tecnologia;
Unimed Administrao e Servios; Transporte
Areo mdico; Unimed Participaes.
Apurou-se que a estratgia de marketing
fundamental para a gesto da empresa. Por
um lado, tem-se a necessidade de se definir os
segmentos nos quais a empresa tem interesse
em operar. Sequencialmente, torna-se oportuno
definir o mercado-alvo e, posteriormente, a forma
de se posicionar nesse mercado (IKEDA, 2000;
LAMB; HAIR; MCDANIEL, 2008).
28
A estratgia de marketing essencial para
se identificar por meio de anlises, novas oportuni-
dades de mercado. Por meio dessa estratgia as
empresas podem identificar no ambiente em que
atuam, ou em que pretendem atuar, segmentos
mais atrativos (TONKS, 2000). Posteriormente,
tem-se a definio de mercado(s)-alvo e aes de
posicionamento, que implicaro ajustes no Com-
posto de Marketing para que a empresa atinja seu
objetivo de marketing (MCDONALD; DUNBAR,
2007). O(s) objetivo(s) de marketing consiste(m)
em uma declarao do que deve ser atingido por
meio das atividades de marketing (SHOHAM, 1996;
TELLIS, 2006).
No caso da empresa, no h um posiciona-
mento isolado por preos competitivos (baixos),
mas sim preos adequados oferta de servios
com a qualidade que o consumidor deseja. lem-
brado, nesse momento, que a Unimed Seguros
uma empresa competitiva que busca, por meio da
inovao, manter-se no mercado em uma posio
excelente, ou seja, de 38 empresas de previdncias
privadas que operam no Brasil, ela se destaca na
posio de nmero 16. Das 102 empresas do ramo
de seguros de vida operantes em territrio nacio-
nal, a Unimed Seguros se encontra na posio 16.
Constatou-se que as atividades de marketing
possibilitam a alta gesto da empresa em adequar
seus produtos e servios s necessidades de seus
clientes. As necessidades e desejos dos clientes
devem fazer parte dos objetivos do marketing
de uma empresa (LAMB; HAIR; MCDANIEL,
2008; SHOHAM, 1996). Assim, de fundamental
importncia compreender as necessidades e o
comportamento do consumidor (4,4 milhes de
associados).
Nesse ponto, um dos entrevistados co-
menta que no se deve esquecer que a funo do
marketing tambm a de definir de que forma o
produtos devem se adequar s necessidades dos
clientes seja pessoa fsica ou jurdica, assim como
a definio de seus preos, sua comercializao e
sua promoo. Todas essas atividades so delega-
das ao departamento de marketing. Em comple-
mento, citado que cada cooperativa integrante
do conglomerado Unimed tem total autonomia no
desenvolvimento de suas atividades de marketing.
Aps uma anlise apurada do mercado e seleo
do(s) mercado(s)-alvo e estratgia de posiciona-
mento, os gestores de marketing de uma empresa
devem estar aptos a definir as estratgias do Com-
posto de Marketing (TELLIS, 2006), o qual deve
ser estruturado de forma a gerar valor ao cliente
(LAMB; HAIR; MCDANIEL, 2008).
Adentrando ao tema internet, foi identi-
ficada no transcorrer da interpretao dos dados
obtidos, que a Unimed Seguros utiliza-se da inter-
net como um canal eletrnico adicional aos seus
negcios, nitidamente observado em um dos ser-
vios do website da empresa, a Loja de Seguros.
A internet est mudando a forma de competir, a
dinmica do relacionamento que as empresas
tm com os clientes, a velocidade do atendimento
do pedido e a natureza da liderana empresarial
(CARR, 2011; KALAKOTA; ROBINSON, 2002). No
aspecto canal, os modelos podem ser entendidos
como meios de: divulgao de informaes da
empresa para o pblico em geral; coleta de infor-
maes das empresas sobre cliente