203
Revista da FAE v.1 4 , n.2 , j u l./d e z. 2011 ISSN 1516 - 1234

Revista FAE Jul./Dez. 2011

Embed Size (px)

DESCRIPTION

É com muita satisfação, e consciente da responsabilidade do ensino e da pesquisa como agentes transformadores da sociedade, por meio do conhecimento disseminado, que a FAE Centro Universitário disponibiliza à comunidade acadêmica a nova edição da Revista da FAE.

Citation preview

  • Revista da

    FAE

    v.1 4 , n . 2 , j u l . /d e z . 201 1

    I S S N 1 5 1 6 - 1 2 3 4

  • F A E C e n t r o U n i v e r s i t r i o

    Sumrio Summary

    Processo de estratgia de marketing a Criatividade como seu resultado

    Ana Maria Machado Toaldo, Fernando Bins Luce

    Internet e composto de Marketing: o caso Unimed SegurosLuciano Augusto Toledo, Ana Carolina de Toledo

    Indstria Eltrica Brasileira: o caso dos fabricantes e compradores industriais

    Fernando Wolf, Eolo Marques Pagnani, Dirceu da Silva,

    Luciano Augusto Toledo

    Prticas de gesto ambiental e seus fatores determinantes em empresas de transporte coletivo urbano

    Mnica Cavalcanti S de Abreu, Alexandra Alencar Siebra, Larissa Teixeira da Cunha, Sandra Maria dos Santos

    Pesquisa Acadmica em sustentabilidade: comparao entre Brasileiros e europeus

    Fernando Dudeque Andriguetto, Ubirat Tortato

    Avaliao do emprego da tcnica de modelagem de equaes estruturais em teses e dissertaes de

    universidades pblicas de alta performanceLeandro Campi Prearo, Maria Aparecida Gouva, Maria do

    Carmo Romeiro

    Poltica de Avaliao do MEC/INEP: Um estudo sobre a percepo dos agentes envolvidos no processo de

    avaliao do curso de Cincias ContbeisCelma Duque Ferreira, Jorge Expedito de Gusmo Lopes,

    Mrcia Maria dos Santos Bortolocci Espejo, Jos Francisco Ribeiro Filho, Marcleide Maria Macdo Pederneiras

    Empreendimentos Solidrios: Uma abordagem fenomenolgica na associao comunitria dos quilombos

    da Barra da Aroeira, Santa Teresa do Tocantins (TO).Rogrio Ferreira Teixeira, Lucas Barbosa e Souza

    A Telefonia Mvel Celular na Cidade de So Paulo: uma descrio de sua indstria sob a tica das foras

    competitivas de Michael PorterMarco Antonio Nogueira, Sergio Feliciano Crispim

    Estudo de viabilidade econmico-financeira de implantao de uma empresa de processamento de resduos da

    Construo Civil em CuritibaAdmir Roque Tel, Bruna Alves de Lima, Criciane Ferreira,

    Lcia Maria Parapinski

    Qualificao e salrio do trabalhador no segmento moveleiro do municpio de Arapongas Paran

    Darli Gonalves Cordeiro, Paulo Mello Garcias

    Tributao municipal e incentivos fiscais: um estudo de caso em So Jos dos Campos e Taubat SP

    Marco Antonio Henrique, Qusia Postigo Kamimura, Fbio Ricci

    Marketing strategy process the Creativity as its resultsAna Maria Machado Toaldo, Fernando Bins Luce

    Internet and Marketing mix: the Unimed case studyLuciano Augusto Toledo, Ana Carolina de Toledo

    Brazilian Electricity Industry: the manufacturers and industrial buyers caseFernando Wolf, Eolo Marques Pagnani, Dirceu da Silva,

    Luciano Augusto Toledo

    Environmental management practices and its determinant factors in urban public transport companiesMnica Cavalcanti S de Abreu, Alexandra Alencar Siebra, Larissa Teixeira da Cunha, Sandra Maria dos Santos

    Academic Research in Sustainability: comparison between Brazilians and EuropeansFernando Dudeque Andriguetto, Ubirat Tortato

    Evaluation of the use of the technique of structural equation modeling in theses and dissertations in public universities of high-performanceLeandro Campi Prearo, Maria Aparecida Gouva, Maria do Carmo Romeiro

    POLICY ASSESSMENT MEC/INEP: A study on the perception of the agents involved in the process of assessing the course of AccountingCelma Duque Ferreira, Jorge Expedito de Gusmo Lopes, Mrcia Maria dos Santos Bortolocci Espejo, Jos Francisco Ribeiro Filho, Marcleide Maria Macdo Pederneiras

    Solidary Enterprises: a phenomenological approach in Community Association of Barra da Aroeiras Quilombos, Santa Teresa do Tocantins (TO).Rogrio Ferreira Teixeira, Lucas Barbosa e Souza

    Mobile Telephony in the city of So Paulo: a description of the industry from the perspective of competitive forces of Michael PorterMarco Antonio Nogueira, Sergio Feliciano Crispim

    Financial and economic viability: installation of a company that recycles waste from Civil Construction in CuritibaAdmir Roque Tel, Bruna Alves de Lima, Criciane Ferreira, Lcia Maria Parapinski

    Workers salary and Qualification in Furniture maker segment from Arapongas, ParanDarli Gonalves Cordeiro, Paulo Mello Garcias

    Municipal taxation and tax incentives: a case study in So Jos dos Campos and Taubat - SPMarco Antonio Henrique, Qusia Postigo Kamimura, Fbio Ricci

    06

    20

    38

    52

    68

    80

    100

    114

    130

    148

    164

    180

  • Os artigos publicados na Revista da FAE so de inteira responsabilidade de seus autores. As opinies neles emitidas no representam, necessariamente, pontos de vista da FAE Centro Universitrio.

    A Revista da FAE tem periodicidade semestral e est disponvel em www.fae.eduEndereo para correspondncia:

    FAE Centro Universitrio - Ncleo de Pesquisa AcadmicaRua 24 de Maio, 135 - 80230-080 - Curitiba-PRTel.: (41) 2105-4093 - e-mail: [email protected]

    Associao Franciscana de Ensino Senhor Bom Jesus

    PresidenteFrei Guido Moacir Scheidt, ofm

    Diretor GeralJorge Apstolos Siarcos

    FAE Centro Universitrio

    Reitor da FAE Centro Universitrio

    Diretor Geral da FAE So Jos dos Pinhais

    Frei Nelson Jos Hillesheim, ofmPr-Reitor Acadmico

    Diretor Acadmico

    Andr Luis Gontijo ResendePr-Reitor Administrativo

    Rgis Ferreira NegroDiretor de Campus FAE Centro Universitrio, Campus Centro

    Antnio Lzaro ConteDiretor de Campus FAE Centro Universitrio, Campus Cristo Rei

    Carlos Roberto de Oliveira Almeida SantosDiretor Acadmico FAE So Jos dos Pinhais

    Marcus Vincius GuaragniCoordenador dos Programas de Ps-Graduao Lato Sensu

    Gilberto Oliveira SouzaCoordenador dos Programas de Ps-Graduao Stricto Sensu

    Jos Henrique de FariaSecretrio-Geral

    Eros Pacheco NetoDiretor do Instituto de Cincias Jurdicas

    Srgio Luiz da Rocha PomboOuvidoria

    Samar Merheb Jordo

    Editor

    Frei Nelson Jos Hillesheim, ofm

    Coordenao Editorial Cleonice Bastos Pompermayer (coordenao editorial)

    Priscilla Zimmermann Fernandes (reviso de texto)

    Ana Maria Coelho Pereira Mendes (normalizao)

    Edith Dias (normalizao bibliogrfica)

    Braulio Maia Junior (diagramao)

    Eliel Fortes Barbosa (diagramao)

    Ewerton Diego Oliveira da Silva (diagramao)

    Comit Editorial

    Bruno Harmut Kopittke, Dr. (UFSC); Francisco Antonio Pereira Fialho, Dr. (UFSC); Glauco Ortolano, Ph.D (Lauder Institute/Wharton School/University of Phennsyl-vania); Harry J.; Burry, Ph.D (Baldwin Wallace); Helosa Lck, Ph.D (UFPR); Heloiza Matos, Dra. (USP); Jair Mendes Marques, Dr. (FAE Centro Universitrio, UTP); Joo Benjamim da Cruz Junior, Ph.D (UFSC); Cleverson Vitrio Andreoli, Dr. (USP); Mirian Beatriz Schneider Braun, Dra. (Unioeste); Christin Luiz da Silva, Dr. (UFSC).

    Pareceristas

    Alexandre Luzzi Las Casas, Dr. (UMC); Ana Maria Coelho Pereira Mendes, Dra. (FAE) ; Anapatrcia Morales Vilha, Dra. (UFABC); Antonio Carlos Giuliani, Dr. (UNIMEP); Carla Cristina Dutra Brigo, PhD (UFSC); Carlos Mello Garcias, Dr. (PUC-PR); Carlos Ubiratan da Costa Schier, Dr. (OPET); Cludio Damacena, Dr (PUCRS) ; Dilson Gabriel dos Santos, Dr. (USP); Eduardo Jos Marandola Junior, PhD. (UFF); Eduardo Regonha, Dr. (UNESP); Eliana Barreto de M. Lopes, Dra. (IFTO) ; Gilberto Perez, Dr. (UAM); Hlio Flvio Vieira, Dr. (FURB); Jos Garcia Leal Filho, Dr. (FURB); Jos Genivaldo Pereira, Esp. (UNINOVE); Liana Maria da Frota Carleial, PhD. (FAE); Mrcio Jacometti, Ms. (UTFPR); Marinalva da Silva, Dra. (UNICAP); Najila Rejanne Alencar Juliao Cabral, PhD (IFCE); Nelva Maria Zibetti Sganzerla, Dra. (UFPR); Nilda Stecanela, Dra. (UCS); Olindina Xavier Cunha, Dra. (SSP); Patrcia Whebber Souza de Oliveira, Dr. (UFRN); Roberto Borges Frana, Dr. (PUCPR); Sidnei Vieira Marinho, Dr. (UNIVALI); Silvia Anglica Domingues de Carvalho, PhD (UNICAMP); Solange Teles da Silva, PhD (UFRGS).

    Projeto grfico: Editorial Design

    IndexaoCAPES/Qualis

    LatindexPortal Livre/CNEN

    GeoDadosDistribuio

    Comunidade Cientfica: 500 exemplaresPermuta: 150 exemplares

    Revista da FAE, n.1/2, jan./dez. 1998 Curitiba, 1998

    v. il. 28cm.

    Semestral

    Substitui ADECON: revista da Faculdade CatlicaAdministrao e Economia

    ISSN 1516-1234

    1. Abordagem interdisciplinar do conhecimento.I. FAE Centro Universitrio. Ncleo de Pesquisa Acadmica.

    CDD 001

    Coordenadores de Curso

    Aline Fernanda Pessoa Dias da Silva (Direito)

    lcio Douglas Joaquim (Informtica, Sistemas de Informao Empresarial e Curso Superior de Tecnologia em Sistemas para Internet)

    Cleuza Cecato (Letras, Portugus e Ingls)

    Daniele Cristine Nickel (Psicologia)

    rico Eleutrio da Luz (Cincias Contbeis)

    Frei Jairo Ferrandin, ofm (Filosofia)

    Helosa de Puppi e Silva (Cincias Econmicas)

    Jacir Adolfo Erthal (Cursos Superiores de Tecnologia em: Gesto de Recursos Humanos, Gesto Financeira, Logstica e Marketing)

    Julio Kiyokatsu Inafuco (Administrao e Negcios Internacionais)

    Marco Antnio Rgnier Pedroso (Desenho Industrial)

    Maria Paula Mansur Mader (Publicidade e Propaganda)

    Marjorie Benegra (Engenharia de Produo e Engenharia Mecnica)

    Silvia Iuan Lozza (Pedagogia)

    Tiago Lus Haus (Engenharia Ambiental)

    Coordenadores dos Ncleos

    Adriana Pelizzari (Ncleo de Extenso Universitria)

    Andr Lus Gontijo Resende (Ncleo de Legislao e Normas Educacionais)

    Areta Galat (Ncleo de Relaes Internacionais)

    Carlos Roberto Oliveira de Almeida Santos (Ncleo de Educao a Distncia)

    Cleonice Bastos Pompermayer (Ncleo de Pesquisa Acadmica)

    Eunice Maria Nascimento (Ncleo de Carreira Docente)

    Rafael Arajo Leal (Ncleo de Empregabilidade)

    Rita de Cssia Marques Kleinke (Ncleo da Pastoral Universitria)

    BibliotecasSoraia Helena F. Almondes (Biblioteca Campus Centro)Edith Dias (Biblioteca Campus Centro)Joana Paula Coradi (Biblioteca Campus Cristo Rei)Fernanda Prico Jorge (Biblioteca So Jos dos Pinhais)

  • Apresentao

    Prezados leitores

    com muita satisfao, e consciente da responsabilidade do ensino e da pesquisa como agentes transformadores da sociedade, por meio do conhecimento disseminado, que a FAE Centro Universitrio disponibiliza comunidade acadmica a nova edio da Revista da FAE.

    De cunho multidisciplinar, a Revista da FAE traz reflexo temas relacionados estrat-gia de marketing, gesto ambiental e sustentabilidade, educao e pesquisa, empreendedo-rismo, entre outros.

    Voltados para os estudos relacionados ao marketing, Ana Maria Machado Toaldo e Fernando Bins Luce apresentam o artigo Processo de estratgia de marketing a criatividade como seu resultado; e Luciano Augusto Toledo e Ana Carolina de Toledo, o artigo Internet e composto de marketing: o caso Unimed Seguros.

    Fernando Wolf, Eolo Marques Pagnani, Dirceu da Silva e Luciano Augusto Toledo analisam e discutem a relao entre os fabricantes e os produtos na cadeia de valor do setor de indstria eltrica, no artigo Indstria Eltrica brasileira: o caso dos fabricantes e compradores industriais.

    Os fatores que levam empresas a adotarem diferentes prticas de gesto ambiental o tema do artigo Prticas de gesto ambiental e seus fatores determinantes em empresas de transporte, com autoria de Mnica Cavalcanti S de Abreu, Alexandra Alencar Siebra, Larissa Teixeira da Cunha e Sandra Maria dos Santos.

    Fernando Dudeque Andriguetto e Ubirat Tortato tratam da sustentabilidade e de como esse tema abordado nos principais congressos de gesto de operaes do Brasil e da Europa, no artigo sob o ttulo Pesquisa acadmica em sustentabilidade: comparao entre brasileiros e europeus.

    Na sequncia, o artigo Avaliao do emprego da tcnica de modelagem de equaes estruturais em teses e dissertaes de universidades pblicas de alta performance, de Leandro Campi Prearo, Maria Aparecida Gouva e Maria do Carmo Romeiro, resultado de um amplo estudo sobre a adequao no uso de tcnicas estatsticas multivariadas em teses e dissertaes.

    O stimo artigo Poltica de avaliao do MC/INEP , cuja autoria de Celma Duque, Jorge Expedito de Gusmo Lopes, Mrcia Maria dos Santos Bortolocci Espejo, Jos Francisco Ribeiro Filho e Marcleide Maria Macdo Pederneiras, objetivou identificar a percepo dos agentes envolvidos no processo de avaliao e reconhecimento dos cursos de Cincias Contbeis de instituies pblicas.

    Rogrio Ferreira Teixeira e Lucas Barbosa e Souza, no artigo Empreendimentos solid-rios: uma abordagem fenomenolgica na Associao Comunitria dos Quilombos da Barra da Aroeira, Santa Teresa do Tocantins (TO), investigaram as prticas da economia solidria na referida associao.

    A telefonia mvel celular na cidade de So Paulo: uma descrio de sua indstria sob a tica das foras competitivas, de Michael Porter o tema do artigo de Marco Antonio Nogueira e Sergio Feliciano Crispim.

    Admir Roque Tel, Bruna Alves de Lima, Criciane Ferreira e Lcia Maria Parapinski apresen-tam um Estudo de viabilidade econmico-financeira de implantao de uma empresa de proces-samento de resduos da construo civil em Curitiba.

    Darli Gonalves Cordeiro e Paulo Mello Garcias investigam a qualificao da mo de obra e sua influncia nos salrios dos trabalhadores, no artigo Qualificao e salrio do trabalhador no segmento moveleiro do municpio de Arapongas Paran.

    O 12 artigo Tributao municipal e incentivos fiscais: um estudo de caso em So Jos dos Campos e Taubat/SP, com autoria de Marco Antonio Henrique, Qusia Postigo Kamimura e Fbio Ricci -, objetivou discutir as polticas de incentivos fiscais nos dois maiores municpios em termos econmicos da regio do Vale do Paraba Paulista.

    Espera-se que a leitura desta edio da Revista da FAE contribua, de algum modo, para a busca contnua da difuso do conhecimento.

    Paz e Bem!Frei Nelson Jos Hillesheim, ofm

    Editor

  • Processo de estratgia de marketing a Criatividade como seu resultadoMarketing strategy process the

    Creativity as its results

  • R e v . F A E , C u r i t i b a , v. 14, n. 2, p. 6-19, jul./dez. 20117

    Processo de estratgia de marketing a Criatividade como seu resultadoMarketing strategy process the Creativity as its results

    Ana Maria Machado Toaldo1 Fernando Bins Luce2

    Resumo

    Esta pesquisa enfoca o tema estratgia de marketing, estudando a repercusso do

    processo de estratgia na criatividade dos indivduos da organizao, propondo-se

    a verificar se as aes desenvolvidas para formular e implementar estratgias de

    marketing resultam em criatividade na organizao. Para atingir tal objetivo, ela-

    borou-se um mtodo que envolve duas etapas: uma exploratria e outra descritiva.

    A exploratria, a partir de entrevistas com executivos, busca compreender a relao

    entre criatividade e o processo de formao da estratgia de marketing, definindo

    os elementos para medir criatividade com a estratgia de marketing. A partir do

    conhecimento desses elementos, desenvolve-se a etapa descritiva, com uma pes-

    quisa realizada em 200 empresas, a fim de verificar a existncia de criatividade com

    a formulao e implementao da estratgia de marketing. A anlise dos resultados

    da pesquisa demonstrou que o processo da estratgia de marketing motiva a criativi-

    dade e as aes inovadoras nos indivduos, resultando em mudanas na organizao.

    Palavras-chave: criatividade, estratgia, marketing.

    Abstract

    This research focus on marketing strategy, studying the repercussion of strategy process

    of individuals creativity in the organization. It intends to verify if the actions developed

    to determine and practice marketing strategies result in organization creativity. In order

    to reach this goal, a two-stage method has been elaborated: an exploratory and ar

    descriptive one. The exploratory research, comprehending in-depth interviews with

    executives, contemplates the relationship between creativity and marketing strategy

    making process and also the definition of the elements necessary to measure creativity

    from marketing strategy. From the knowledge of such elements the descriptive

    research was developed with a survey in 200 companies aiming at verifying the existing

    creativity with the marketing strategy formulation and implementation. The analysis of

    the research results has demonstrated that the marketing strategy process motivates

    creativity and innovative actions on individuals, resulting in changes in the organization.

    Keywords: creativity, strategy, marketing.

    1 Doutora em Administrao pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professora do Programa de Ps-graduao em Administrao da Universidade Federal do Paran. E-mail: [email protected]

    2 Doutor em Administrao de Empresas pela Michigan State University, EUA. Professor do Programa de Ps-Graduao em Administrao da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. E-mail: [email protected]

  • 8Introduo

    As organizaes desenvolvem bens e ser-

    vios para atender s necessidades e desejos de

    pessoas que, cada vez mais, so expostas a vrias

    possibilidades de escolha em um mercado intensa-

    mente competitivo. O consumidor busca maximizar

    o valor de sua opo de compra, tendendo a atri-

    buir maior peso oferta que, em sua concepo,

    possui maior qualidade (KOTLER; KELLER, 2006).

    Notadamente, as atividades mercadolgi-

    cas tm papel fundamental na entrega de uma

    oferta de valor ao mercado, pois so responsveis

    pela definio e manuteno de uma vantagem

    competitiva que faa a organizao distinguir-se

    da concorrncia, contribuindo para o seu cresci-

    mento (WEBSTER, 1988; 1992). Esse caminho pre-

    cisa ser guiado pela estratgia de marketing, pois

    ela orienta as atividades levando efetivao da

    vantagem competitiva.

    preciso lembrar que uma estratgia

    envolve questes tanto de contedo como de

    processo, isto , pode-se estudar tanto o tipo de

    estratgia escolhida como as aes que levaram

    a organizao a se decidir e a implementar

    tal estratgia. Assim, o conhecimento sobre o

    processo leva ao entendimento tambm do seu

    contedo (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL,

    2000).Por isso, o processo de formao da

    estratgia de marketing, ou seja, o conjunto de

    atividades desenvolvidas para formular e para

    implementar essa estratgia, pode conduzir

    ao desenvolvimento do caminho na busca de

    vantagem competitiva para a organizao, uma

    vez que o valor ofertado ao mercado no est

    somente no objeto da transao, mas est tambm

    nas atividades e nas pessoas envolvidas antes,

    durante e depois de sua realizao. O enfoque no

    processo, e no em funes isoladas, decisivo.

    Esse precisa ocorrer desse modo, porque as aes,

    isoladamente, no tm condies de atingir os fins

    almejados. Somente o conjunto das etapas levar

    efetivao de estratgias (MENON et al., 1999;

    THOMPSON; STRICKLAND, 1998).

    O estudo do processo de formao da es-

    tratgia de marketing um tema pouco premiado

    na literatura nacional e internacional, seja no es-

    tudo de seus elementos formadores ou dos resul-

    tados que esse processo traz para a organizao

    (VARADARAJAN, 2010). Assim, esta pesquisa

    vem auxiliar no preenchimento dessa lacuna, in-

    vestigando os resultados do processo de formula-

    o e implementao da estratgia de marketing,

    ou seja, suas consequncias para a organizao.

    Mais precisamente, aqui a criatividade aborda-

    da como um dos efeitos do desenvolvimento e da

    operacionalizao de uma estratgia de marketing,

    seguindo o que foi encontrado no modelo de For-

    mao da Estratgia de Marketing Marketing

    Strategy Making (MSM), de Menon et al. (1999).

    Esses autores testaram e validaram uma completa

    estrutura terica que, baseando-se na inovao,

    define a criatividade como um dos resultados do

    processo de estratgia de marketing.

    A criatividade desenvolvida em uma orga-

    nizao est voltada para aes que geram novi-

    dades significantes em termos de atividades e

    processos, originando inovaes para o mercado,

    as quais so responsveis por benefcios exclusi-

    vos em relao s ofertas concorrentes. Pode-se,

    ento, afirmar que aes criativas contribuem para

    o desenvolvimento de uma oferta de valor, auxili-

    ando no processo de busca e manuteno de van-

    tagem competitiva para a organizao empresarial

    (ANDREWS; SMITH, 1996).

    Motta (1998), por sua vez, considera que o

    gerenciamento das organizaes o gerenciamen-

    A criatividade desenvolvida em uma

    organizao est voltada para aes que geram novidades significantes

    em termos de atividades e processos, originando

    inovaes para o mercado.

  • R e v . F A E , C u r i t i b a , v. 14, n. 2, p. 6-19, jul./dez. 20119

    to da mudana e, nesse sentido, inovar introduzir

    a novidade, criar mostrando que alguma tecnolo-

    gia, habilidade ou prtica organizacional tornou-se

    obsoleta. Para tanto, o agente de mudana dire-

    ciona seus esforos para o entendimento e com-

    preenso de instrumentos de anlise e formulao

    estratgicas, aspectos tcnicos e comportamentais

    de deciso e de soluo de problemas.

    Dessa maneira, este trabalho busca atrair a

    ateno para a prtica da estratgia de marketing,

    visando compreender a relao da criatividade

    com o processo de formulao e implementao

    dessa estratgia e buscando entender se as ativi-

    dades desenvolvidas para constru-la e operacio-

    naliz-la geram criatividade para as organizaes.

    Nesse sentido, esta pesquisa apresenta, pri-

    meiramente, a fundamentao terica sobre estra-

    tgia de marketing, seu processo de formulao

    e implementao e sobre criatividade. Logo aps,

    expe o mtodo utilizado para atingir os objetivos

    propostos, e finaliza demonstrando os resultados

    encontrados e as consideraes finais do trabalho.

    1 Estratgia De Marketing

    A estratgia de marketing vem orientar

    as atividades, levando-as efetivao na busca

    e manuteno de vantagem competitiva nos

    trs nveis organizacionais (VARADARAJAN;

    JAYACHANDRAN, 1999; WEBSTER, 1992). No

    nvel corporativo, o problema estratgico definir

    qual negcio a empresa assumir e determinar

    a misso, o escopo e a estrutura da empresa.

    Nesse nvel, o papel do marketing : (a) buscar

    atratividade de mercado, analisando necessidades

    dos consumidores e ofertas da concorrncia nos

    mercados potenciais disponveis; (b) promover

    a orientao para o consumidor defendendo os

    interesses dele no processo de deciso gerencial, ou

    seja, cuidar da implantao do conceito de marketing;

    (c) desenvolver a proposta de valor da empresa

    (como reflexo de suas competncias, em termos

    das necessidades e desejos dos consumidores),

    articulando isso no mercado. No nvel da unidade

    estratgica de negcio, a questo estratgica

    como competir no negcio escolhido pela empresa

    (definido no nvel corporativo). A estratgia do

    negcio baseada em anlise mais cuidadosa

    e detalhada dos consumidores e competidores,

    como tambm dos recursos e habilidades da

    empresa para competir em segmentos especficos

    de mercado. As estratgias de marketing aqui

    desenvolvidas so a segmentao de mercado, a

    escolha do mercado-alvo e o posicionamento. No

    nvel operacional ou ttico, finalmente, a questo

    a implementao da estratgia do negcio a partir

    do desenvolvimento das estratgias do composto

    de marketing. o nvel das estratgias funcionais.

    Percebe-se que a colaborao do marketing

    ampla em uma organizao. O estudo das estra-

    tgias de marketing, independente do nvel a que

    se refira, oferece grandes condies para se obter

    sucesso com as estratgias implementadas, tra-

    zendo consequncias salutares aos objetivos or-

    ganizacionais.

    Day (1992) define estratgia de marketing

    como o desenvolvimento de atividades e toma-

    da de decises a fim de construir e manter uma

    vantagem competitiva sustentvel. Isso se d, em

    especial, pela sua contnua interao com o meio

    externo organizacional, no qual se relaciona com

    vrios pblicos e, particularmente, com o merca-

    do consumidor, buscando informaes e respon-

    dendo s demandas existentes. Por isso, o papel

    do marketing refere-se realizao de estratgias

    que configurem entrega de valor aos mercados.

    A questo do valor para o cliente configura-se na

    preocupao da formulao e implementao das

    estratgias de marketing. A fim de se obter vanta-

    gem competitiva, o maior empenho direcionado

    para o desenvolvimento e a manuteno de ativi-

    dades e aspectos especficos do negcio voltados

    para a entrega de valor superior aos clientes em

    relao s ofertas concorrentes (WEBSTER, 1988,

    1992). As estratgias de marketing so definidas

    para que essa oferta de valor ao mercado se con-

    cretize a partir da disponibilizao de produtos e

    servios com caractersticas adequadas s neces-

  • 10

    sidades e desejos dos clientes, levando a organiza-

    o a atingir seus propsitos.

    Os temas estudados em marketing, ao

    longo dos anos, abordaram mais estudos a

    respeito do contedo do que do processo de

    formulao e implementao da estratgia.

    Isso significa dizer que o enfoque das pesquisas

    sobre estratgia concentra-se mais no que

    ela e muito menos em como se chega at a

    definio e escolha de uma estratgia especfica,

    bem como nas aes necessrias para realiz-la

    (SHOHAM; FIEGENBAUM, 1999; VARADARAJAN;

    JAYACHANDRAN, 1999).

    O processo da estratgia fonte de vantagem

    competitiva duradoura, uma vez que ele mais

    difcil de ser imitado do que o prprio contedo das

    estratgias do composto de marketing, por exemplo.

    Isso ocorre quando se considera que um processo

    constitudo de um conjunto de aes de formulao

    e implementao, influenciado pela estrutura e

    cultura organizacionais, crenas e competncias

    de indivduos, enfim, construdo a partir das

    capacidades organizacionais. Essas ltimas so

    elementos particulares de cada organizao,

    sendo difcil o concorrente conhecer quais desses

    elementos e de que forma foram relacionados para

    gerar a estratgia avaliada. Por isso, pode-se dizer

    que um processo cuidadosamente desenhado um

    poderoso instrumento de competio, com menor

    vulnerabilidade de imitao do que a estratgia

    propriamente dita, a qual o resultado visvel desse

    processo (SHOHAM; FIEGENBAUM, 1999).

    Deve-se enfatizar a influncia negativa da

    utilizao da formulao e implementao como

    atividades distintas e sequenciais, e no como um

    processo contnuo e interativo (PIERCY, 1998).

    Um dos prejuzos, talvez o maior, dessa forma de

    tratar bietapicamente o processo da estratgia

    a repercusso no desempenho organizacional

    (MENON et al., 1999). Isso quer dizer que haveria

    perda da agilidade organizacional no momento

    que se esperasse o final da implementao para

    iniciar novas medidas de formulao quando

    outras oportunidades ambientais aparecessem.

    A formulao refere-se concepo da

    estratgia e engloba atividades desenvolvidas para

    definir a estratgia que ser colocada em prtica.

    A implementao, por sua vez, direciona-se

    realizao da estratgia, a qual propiciada por

    aes organizacionais que levam a sua efetivao

    (HUTT; REINGEN; RONCHETTO JR, 1988; MENON

    et al., 1999; MINTZBERG; QUINN, 2001; NOBLE;

    MOKWA, 1999; PIERCY, 1998).

    Considerar em separado a formulao da

    implementao isolar tambm o pensamento

    da ao, ou seja, durante a implementao no h

    reflexo do que se est desenvolvendo (FERREIRA,

    1988). Por isso, aborda-se a estratgia sob o ponto

    de vista processual, em que no h interrupo,

    mas sim a simultaneidade entre estudo, pesquisa,

    anlise, ao, reviso e nova ao. Ou seja, no se

    pode entender como fases isoladas e com fim em si

    mesmas, h um inter-relacionamento. So elementos

    interatuantes, em que a ao acompanhada pela

    investigao e crtica, no podendo uma existir sem

    a outra. Assim, conclui-se que a formulao e a

    implementao devem acontecer simultaneamente

    em um sistema com um contnuo feedback das

    aes pensadas e realizadas (VARADARAJAN;

    JAYACHANDRAN, 1999).

    O processo de formao da estratgia de

    marketing fundamentado teoricamente a seguir,

    apresentando o completo modelo de Menon

    et al. (1999), o qual discorre sobre a estrutura

    e os elementos necessrios formulao e

    implementao da estratgia de marketing, seus

    antecedentes e seus resultados.

    2 Modelo de formao da estratgia de marketing de Menon, Bharadwaj, Adidam e Edison (1999)

    O modelo de Formao da Estratgia de

    Marketing Marketing Strategy Making (MSM)

    (Figura 1) , desenvolvido, testado e validado por

  • R e v . F A E , C u r i t i b a , v. 14, n. 2, p. 6-19, jul./dez. 201111

    Os elementos que fazem parte da formao

    da estratgia de marketing, segundo Menon et al.

    (1999), divididos em trs grupos inter-relaciona-

    dos, so assim definidos:

    I) Antecedentes: correspondem aos fatores

    organizacionais que facilitam ou dificultam a for-

    mulao e a implementao da estratgia de mar-

    keting, sendo:

    a) Estrutura Organizacional enfatiza

    a centralizao, relacionada

    concentrao da tomada de deciso nos

    nveis mais elevados da organizao;

    e a formalizao, entendida pela

    maneira como regras, procedimentos,

    instrues e comunicaes so escritos

    e padronizados, bem como a clareza da

    definio dos papis.

    b) Cultura Organizacional aborda a

    inovao, a abertura a novas ideias e a

    resposta rpida s decises tomadas.

    II) Processo: contempla os elementos que

    compem a prpria formulao e implementao

    da estratgia de marketing na organizao, sendo:

    a) Anlise situacional anlise das foras

    e fraquezas, ameaas e oportunidades

    organizacionais.

    b) Abrangncia sistemtica identifica-

    o e avaliao profunda das mltiplas

    alternativas para escolher a estratgia.

    c) nfase nos ativos e competncias de

    marketing conhecimento dos recur-

    sos e habilidades desenvolvidos para a

    entrega de valor superior ao mercado.

    d) Integrao entre funes inter-relao

    dos setores e nveis da organizao.

    e) Qualidade da comunicao natureza

    da comunicao, formal e informal, du-

    rante o processo da estratgia.

    Menon et al. (1999), enfoca conjuntamente a formulao e a implementao de estratgias de marketing, bem

    como os elementos que influenciam esse processo e, tambm, os seus resultados.

    Ressalta-se que o grande diferencial desse modelo para outros trabalhos da rea a apresentao in-

    tegral de uma estrutura para formular e implementar estratgias de marketing, bem como sua preocupao

    com os elementos organizacionais, desenvolvendo uma viso sistmica, no contemplando somente a rea de

    marketing. Alm disso, tambm aborda o macroambiente no qual a organizao est inserida.

    FIGURA 1 - MODELO DE FORMAO DA ESTRATGIA DE MARKETING DE MENON, BHARADWAJ, ADIDAM

    E EDISON

    ANTECEDENTES RESULTADOS

    Varivel de Controle

    PROCESSO

    Centralizao

    Formalizao

    Cultura organizacional

    Criatividade

    Aprendizagem

    Desempenho de mercado

    Turbulncia

    Ambiental

    Anlise situacional

    Abrangncia

    nfase nos ativos e competncias

    de marketing

    Integrao funcional

    Qualidade da comunicao

    Comprometimento com o

    consenso da estratgia

    Comprometimento com os

    recursos da estratgia

    Fonte: extrado de Menon et al. (1999, p. 23).

  • 12

    f) Comprometimento com o consenso da

    estratgia comprometimento con-

    sensual da equipe em relao estra-

    tgia escolhida.

    g) Comprometimento com os recursos da

    estratgia existncia de recursos hu-

    manos, materiais e temporais adequa-

    dos e comprometidos com o processo.

    III) Resultados: representam as consequn-

    cias do processo de formao da estratgia de

    marketing, sendo:

    a) Criatividade desenvolvida na estrat-

    gia em questo quando comparada s

    anteriores.

    b) Aprendizagem apresenta o que a or-

    ganizao aprendeu com a estratgia.

    c) Desempenho de Mercado demonstra

    como se mediu o sucesso ou insucesso

    da estratgia.

    IV) Varivel de Controle: Turbulncia Am-

    biental refere-se aos elementos que influenciam

    os resultados da estratgia, ou seja, a concor-

    rncia, a inovao e a tecnologia da indstria, o

    comportamento dos consumidores e os fatores

    macroambientais.

    Pode-se, ento, ao interpretar o modelo,

    dizer resumidamente que os antecedentes repre-

    sentam os elementos internos organizao que

    influenciam as atividades de formulao e imple-

    mentao da estratgia, as quais, por sua vez, tra-

    zem resultados para a organizao. Esses ltimos

    sofrem a interferncia de fatores ambientais.

    Para Menon et al. (1999), o desenvolvimento

    da criatividade na organizao motivado pelo

    conjunto dos elementos do processo da estrat-

    gia. Isso significa que a prtica sistemtica e con-

    tnua da anlise dos recursos organizacionais e do

    ambiente externo, a identificao e avaliao de

    alternativas de estratgias, a integrao e a comu-

    nicao entre setores e nveis da organizao e o

    comprometimento entre os indivduos em relao

    estratgia impulsionam aes criativas.

    A criatividade inserida no modelo como um

    elemento que propicia alterao de comporta-

    mento com a estratgia, em termos de inovao,

    leva, consequentemente, a uma influncia positiva

    no processo de melhorias da organizao, uma vez

    que com atividades criativas busca-se, continua-

    mente, um aprimoramento do processo. Apresen-

    ta-se, ento, embasamento terico para o melhor

    entendimento do tema criatividade.

    3 A Criatividade

    A criatividade e a inovao so processos

    organizacionais contnuos e concomitantes, que

    prosseguem durante todas as fases de introduo

    e uso de ideias novas. A inovao pressupe que

    algo foi inventado, descoberto e projetado, por an-

    A criatividade e a inovao so processos

    organizacionais contnuos e concomitantes, que

    prosseguem durante todas as fases de introduo e uso

    de ideias novas.

    Inovar , antes de tudo, aplicar o incomum, o

    novo; uma espcie de soluo criativa para

    problemas que vo sendo detectados.

  • R e v . F A E , C u r i t i b a , v. 14, n. 2, p. 6-19, jul./dez. 201113

    tecedncia, o que indica uma criatividade prvia,

    sem, entretanto, significar que o processo criativo

    anteceda sempre, numa lgica sequencial, o pro-

    cesso de inovao.

    A transformao da criatividade em inova-

    o , em grande parte, um processo de converter

    ideais individuais em ideais coletivos. As ideias no-

    vas no so, por si mesmas, suficientes para pro-

    duzir inovaes; preciso que elas ultrapassem os

    limites do desejo individual e se tornem preocupa-

    es coletivas no contexto organizacional. Inovar

    , antes de tudo, aplicar o incomum, o novo; uma

    espcie de soluo criativa para problemas que

    vo sendo detectados. Refere-se, aqui, inovao

    como uma mudana no s de valores, mas que

    requer uma alterao significativa nos produtos,

    servios e padres comuns de deciso e operao

    da organizao (MOTTA, 1998).

    Nem todas as organizaes incentivam e

    valorizam a criatividade e a inovao. Machado-

    da-Silva, Vieira e Dellagnelo (1998) apresentam

    trs estgios de desenvolvimento pelos quais pas-

    sam as instituies: empreendimento o poder

    centralizado pelo empreendedor, as regras e pro-

    cedimentos so personalizados, havendo vulnera-

    bilidade da organizao ao ambiente fazendo com

    que ela adote estratgias reativas; formalizao

    enfoque na eficincia, no processo de deciso

    racional, no desempenho das tarefas e no controle

    do comportamento dos membros da organizao,

    buscando a padronizao da produo por meio

    de tecnologia repetitiva, sendo o produto tambm

    padro; flexibilizao preocupa-se com a reali-

    dade social, investindo na expanso do domnio e

    na descentralizao, com diversificao de produ-

    tos e de clientes, flexibilizando a linha de produo,

    enfatizando a pesquisa e o desenvolvimento.

    aqui que aparece a nfase das organizaes na

    inovao e criatividade.

    Esse terceiro estgio, o da flexibilizao,

    almejado para o desenvolvimento de estratgias

    no ambiente competitivo em que se encontram

    as instituies. Organizaes empresariais, nessa

    fase, promovem o aparecimento de grupos

    de trabalho e profissionais especializados,

    desenvolvendo mecanismos de adaptao,

    criatividade e inovao, motivando atividades e

    aes autorregulveis (MACHADO-DA-SILVA;

    VIEIRA; DELLAGNELO, 1998).

    Algumas empresas e instituies so mais

    agressivas e proativas no desejo de inovar, e,

    em virtude disso, mobilizam recursos e ateno

    para antecipar provocaes do ambiente

    socioeconmico. Montam grupos ou setores de

    pesquisa e desenvolvimento, alocam recursos e

    mobilizam, por vezes, parte substancial da ao

    organizacional para projetos de inovao. Dessa

    maneira, a mudana surge quando, por diferentes

    fatores organizacionais, existe algum tipo de

    mobilizao gerencial que provoca e facilita o uso

    de recursos de criatividade j existentes em cada

    indivduo, membros da organizao (MOTTA, 1998).

    Para Motta (1979, p. 175)

    a inovao organizacional no fruto do acaso. Ela

    exige um sentido de direo e uma inteno pr-

    determinada de mudar o estado organizacional

    existente. A inovao resulta, portanto, da combinao,

    com xito, dos seus elementos fundamentais: o desafio

    para superar os obstculos e melhorar o desempenho

    atual, a motivao, para gerar e implantar idias novas

    e o planejamento para mobilizar recursos e conduzir a

    mudana ao objetivo desejado.

    Menon et al. (1999) consideram a criativi-

    dade um dos elementos resultantes da formula-

    o e implementao da estratgia de marketing,

    a qual interfere nas atitudes e comportamentos a

    partir das atividades desenvolvidas no processo

    da estratgia, possibilitando melhorias inovativas

    no processo organizacional no qual a estratgia

    gerada e operacionalizada.

    Para a realizao de um programa de

    marketing criativo, segundo Andrews e Smith

    (1996), necessrio o desenvolvimento de algumas

    caractersticas: a) agregar conhecimentos sobre o

    objeto de interesse/tema para resolver problemas,

    a partir de informaes a respeito de variveis

    do ambiente interno e externo; b) ter motivaes

    internas, que levam o indivduo a dedicar-se ao

    processo de planejamento, pois as ideias criativas

    no ocorrem de simples insights, mas especialmente

  • 14

    de esforo de estudo e anlise da situao; c) pr-

    dispor-se a assumir riscos, devido s constantes

    alteraes ambientais; d) possuir um processo de

    planejamento razoavelmente formalizado, a fim

    de que possa servir de guia para os grupos de

    trabalho. Porm, ficar atento para que formalizao

    em excesso no diminua a capacidade criativa dos

    indivduos; e) adequar-se ao tempo disponvel;

    e f) interagir com pessoas alm do seu grupo de

    trabalho, fazendo com que as possibilidades de

    troca de informaes estimulem a criatividade.

    A partir da, apreende-se que, para se de-

    senvolver, a criatividade necessita atentar para as

    caractersticas das pessoas que esto realizando

    aes de marketing (seu conhecimento, sua mo-

    tivao e sua capacidade para assumir riscos), no

    processo que elas utilizam para desenvolver suas

    atividades e no ambiente no qual interagem. As-

    sim, expe-se o mtodo utilizado a fim de verificar

    a relao entre marketing e criatividade.

    4 Mtodo

    A presente pesquisa tem como objetivo in-

    vestigar se o processo de formao da estratgia

    de marketing ocasiona melhoria da criatividade

    na organizao. A fim de atingir esse objetivo, a

    pesquisa foi subdividida em duas etapas. Em um

    primeiro momento, desenvolveu-se a pesquisa ex-

    ploratria em dez grandes empresas do estado

    do Rio Grande do Sul para compreender a relao

    entre a criatividade e o processo de formao da

    estratgia de marketing, definindo os elementos

    para medir criatividade com a estratgia de mar-

    keting. As empresas foram escolhidas segundo o

    critrio de faturamento, a partir da publicao da

    Revista Exame Melhores e Maiores (2001), defini-

    das por julgamento dos pesquisadores, de acordo

    com a sua representatividade na indstria a que

    pertencem. Essas empresas so classificadas entre

    as trs maiores de seu setor em termos de mar-

    ket share e volume de negcios. Seus setores de

    atuao incluem alimentao, comrcio varejista,

    eletroeletrnico, telecomunicaes e automotivo.

    A tcnica utilizada para a coleta de dados,

    nessa primeira etapa, foi a de entrevistas em pro-

    fundidade, com 12 executivos da rea de marketing

    dessas organizaes (em duas delas foi realizada

    entrevista com dois profissionais, em cada empresa),

    em maio e junho de 2002. Essas entrevistas seguiram

    um roteiro semiestruturado, quando solicitado aos

    executivos que, para responder pesquisa, relem-

    brassem de uma estratgia de marketing recente

    que fosse possvel mensurar os resultados da sua

    implementao.

    As questes dissertadas pelo pblico-alvo da

    amostra entrevistada foram: a estratgia escolhida foi

    muito diferente daquelas desenvolvidas no passado

    nesta diviso? Em que sentido? Essa estratgia foi

    inovadora? Descreva como. As entrevistas foram

    gravadas e transcritas, utilizando-se a anlise

    de contedo para interpretar as colocaes dos

    executivos, agrupando-as em cada questo.

    Aps, com o entendimento da relao entre

    criatividade e estratgia de marketing e com a

    gerao dos elementos para medir criatividade

    com a estratgia de marketing, iniciou-se a

    segunda etapa desse estudo, que se refere a uma

    pesquisa descritiva e quantitativa, a qual tem por

    objetivo verificar, em um conjunto de organizaes,

    a existncia de criatividade com a formulao e

    implementao de estratgia de marketing.

    O instrumento de coleta de dados foi

    construdo a partir de questes do questionrio

    utilizado por Menon et al. (1999), e do resultado

    das entrevistas em profundidade da primeira

    etapa da pesquisa (ver Tabela 1). O questionrio,

    composto por questes objetivas, foi pr-testado

    na presena dos pesquisadores e, depois, durante

    o segundo semestre de 2003, foi remetido s

    empresas participantes pela internet, havendo

    contato inicial por telefone. As questes referiam-

    -se existncia de criatividade em decorrncia da

    implementao de uma estratgia do composto

    de marketing (produto/servio, preo, distribuio,

    comunicao/promoo) recente na organizao

    escolhida pelo respondente, utilizando uma escala

    de concordncia com cinco pontos que mediu a

    ocorrncia de cada varivel (Discordo totalmente;

  • R e v . F A E , C u r i t i b a , v. 14, n. 2, p. 6-19, jul./dez. 201115

    Discordo; Nem concordo nem discordo; Concordo;

    Concordo totalmente; No se aplica).

    Na segunda etapa da pesquisa, a populao

    era composta por empresas que atuavam no

    Brasil, de mdio e grande porte, ou seja, com um

    mnimo de cem funcionrios (classificao da

    Federao das Indstrias do estado do Rio Grande

    do Sul FIERGS). Para tal, foram utilizados dois

    bancos de dados: o da Revista Exame Melhores

    e Maiores (2001), o qual possua 500 empresas; e

    o da FIERGS, com 771 empresas listadas. Todas as

    empresas foram contatadas, dependendo de seu

    interesse em participar da pesquisa, caracterizando-

    -se, assim, uma amostra no probabilstica. Dos

    contatos realizados, obteve-se o retorno de 200

    questionrios respondidos. Desses, consideraram-

    -se, efetivamente, 180. Os 20 questionrios

    desconsiderados no estavam adequados ao perfil

    estipulado do respondente: executivo com cargo

    de gerncia ou direo de marketing/vendas/

    comercial; executivo com envolvimento direto

    com a estratgia ou, pelo menos, indireto com o

    recebimento de informaes e comunicaes a

    respeito da estratgia.

    Na etapa descritiva, os dados coletados

    foram processados pelo software estatstico

    Statistical Package for the Social Sciences (SPSS)

    em sua verso para microcomputadores, e tratados

    de forma quantitativa. Trabalhou-se com anlise

    de frequncias e utilizou-se a mdia como medida

    de tendncia central. Na sequncia, os resultados

    so expostos.

    5 Resultados

    Na primeira etapa da pesquisa, as entrevis-

    tas em profundidade com executivos vinculados

    diretamente formulao e implementao de es-

    tratgias de marketing demonstraram que a cria-

    tividade no desenvolvimento da estratgia incluiu

    alguns novos aspectos quando comparada s es-

    tratgias anteriores desenvolvidas pelas empresas

    pesquisadas. A estratgia foi inovadora no sentido

    da concepo do produto e da velocidade com que

    se desenvolveu essa nova ideia, e tambm por en-

    volver a todos na organizao. Ainda, houve inova-

    o em relao a determinadas aes de mercado

    e pela participao dos parceiros externos no de-

    senvolvimento de uma estratgia. Por ltimo, algu-

    mas empresas pesquisadas afirmaram que as estra-

    tgias anteriormente desenvolvidas no foram to

    detalhadas e pensadas como essa estratgia.

    Alm disso, os executivos entrevistados afir-

    maram que as inovaes e melhorias introduzidas

    pela estratgia analisada continuaram repercutin-

    do na organizao. No envolvimento com a estra-

    tgia, os indivduos passaram a se comprometer e a

    se envolver mais com o negcio, levando-os a uma

    maior proatividade.

    Novas prticas especficas na empresa sur-

    giram. As reaes e atitudes das pessoas em rela-

    o ao mercado foram alteradas. A busca de maior

    conhecimento sobre o que estava ocorrendo no

    ambiente, especialmente com a concorrncia,

    trouxe inspiraes para novas aes. Conclui-se,

    ento, que com o processo da estratgia foram

    aprendidas coisas novas, mas tambm elementos

    novos e diferentes foram criados. Passou-se, ento,

    a educar os grupos de trabalho para a inovao,

    indagando-lhes continuamente: o que h de dife-

    rente, de novo? O que vocs esto criando? Quais

    so as alternativas? Quais so as novas propostas?

    Dessa maneira, na segunda etapa da

    pesquisa, com a amostra vlida de 180 executivos,

    realizou-se a verificao do grau de ocorrncia dos

    elementos definidos na fase exploratria (Tabela

    1). Constatou-se a existncia de criatividade a

    partir das modificaes, e inovaes a partir da

    estratgia formulada e implementada. Mais de

    50% dos executivos entrevistados afirmaram que

    a estratgia analisada foi responsvel por aes

    diferentes das realizadas anteriormente. Mudanas

    foram detectadas tanto nas atividades para

    construo da estratgia como na implementao

    no mbito do produto e do mercado. Houve

    alteraes significativas com a implantao da

    estratgia, mesmo considerando os riscos que se

    poderia incorrer durante o processo.

  • 16

    Pode-se inferir que o processo da estrat-

    gia suscitou estmulo a um novo comportamento

    nos indivduos em relao ao desafio de implan-

    tar padres diferenciados, motivando a continui-

    dade dessa conduta nas reflexes e operaes

    subsequentes.

    Assim, os dados coletados nesta pesquisa

    confirmam o que foi estudado por Menon et

    al. (1999), ou seja, o processo de formulao e

    implementao da estratgia de marketing traz

    a proliferao de aes criativas na organizao.

    Parte-se para a exposio final das ideias

    apresentadas e a tentativa de inter-relacionamento

    da teoria com os resultados.

    Consideraes Finais

    A criatividade no uma varivel com fim

    em si mesma. O incentivo sua multiplicao na or-

    ganizao interfere no desenvolvimento das ativi-

    dades organizacionais de todas as reas. Influencia

    positivamente a busca de melhorias na organizao,

    uma vez que, com aes criativas, est se procu-

    rando uma melhor maneira de realizar o processo.

    Para Menon et al. (1999) a criatividade

    o elemento propulsor da aprendizagem

    organizacional e do desempenho de mercado, os

    quais se constituem em resultados do processo de

    formao da estratgia de marketing. Isso significa

    que o foco no desenvolvimento de processos

    criativos oferece melhorias agregadas pela

    formulao e implementao da estratgia, em

    termos de conhecimento do mercado, do produto

    e do negcio, nas habilidades, comprometimento,

    envolvimento e procedimentos das pessoas e

    no processo gerencial (TOALDO; LUCE, 2005),

    como tambm tende a influenciar positivamente o

    desempenho da organizao.

    Da mesma forma, Andrews e Smith (1996)

    defendem que programas criativos de marketing

    resultam em significativa diferenciao no merca-

    do perante os concorrentes, permitindo melhores

    resultados para a organizao em relao ao seu

    desempenho. Por isso, o fomento criatividade

    objeto de especial considerao, pois ele propicia

    melhorias e resultados mais significativos para a

    organizao.

    A criatividade, nesta pesquisa, demonstrou

    ser uma importante consequncia do processo

    de formao da estratgia de marketing, gerando

    inovaes. necessrio dar ateno, ento, cria-

    TABELA 1 - Frequncias, mdias e desvio-padro dos indicadores de criatividade

    Percentuais de resposta (%)

    Indicadores nDiscordo Totalm.

    DiscordoNem Conc. Nem Disc.

    ConcordoConcordo

    Totalm.NSA Mdia

    Desvio-padro

    1

    A estratgia escolhida foi muito diferente de outras desenvolvidas no passado por esta unidade.

    174 2,8 18,0 22,5 32,0 22,5 2,2 3,55 1,12

    2A estratgia era realmente inovadora.

    174 5,1 12,9 26,4 36,0 17,4 2,2 3,49 1,09

    3A estratgia quebrou algu-mas regras do jogo dentro do seu produto/mercado.

    174 2,2 17,4 19,7 34,8 23,6 2,2 3,61 1,10

    4

    Comparada s outras es-tratgias similares, desen-volvidas anteriormente, pelo menos algumas partes dessa estratgia foram arrojadas e arriscadas.

    174 1,1 8,4 19,7 39,9 28,7 2,2 3,89 0,97

    FONTE: Coleta de dados realizada pelos autores

  • R e v . F A E , C u r i t i b a , v. 14, n. 2, p. 6-19, jul./dez. 201117

    tividade no andamento das atividades gerenciais,

    pois h constantes modificaes na entrega de

    valor. Assim, precisa haver motivao para a inova-

    o no somente em relao ao produto e servio,

    mas tambm ao processo organizacional. Para tal,

    a criatividade dos indivduos tem um papel essen-

    cial no redesenho do processo de entrega de valor

    ao mercado. Pode-se, aqui, fazer uma ligao com

    os benefcios do desenvolvimento da capacidade

    dos profissionais serem empreendedores internos,

    buscando sempre novas oportunidades, nas quais

    o esprito criativo e inovador seja um elemento

    preponderante.

    A fim de gerenciar indivduos para a

    construo de aes criativas, de acordo com o

    pensamento de Webster (1997), os profissionais de

    marketing precisam substituir a nfase anterior de

    meros coletores e analistas de informaes, bem

    como de responsveis pela persuaso exclusiva do

    mercado consumidor, para passar a desenvolver

    habilidades que incluem negociao, resoluo

    de conflitos, gerenciamento de relacionamentos,

    comunicao e persuaso interna, construo

    de equipes de trabalho e interpretao de

    informaes. No trabalho em grupo, ressalta-se

    a necessidade do desenvolvimento do esprito

    de equipe, tendo a capacidade de trabalhar em

    equipes multidisciplinares, exercendo habilidades,

    como negociao e comunicao, pois a questo

    da maximizao do valor um trabalho integrado

    e contnuo, no qual vrias reas precisam estar

    Recebido em: 27/01/2011 Aprovado em: 17/08/2011

    presentes: desenvolvimento tecnolgico, desenho

    do produto, custos, produo, vendas, transporte,

    dentre outros. importante tambm a representao

    dos nveis organizacionais. A principal funo do

    profissional de marketing nos grupos de trabalho

    garantir o foco das atividades no consumidor e nas

    mudanas de definio de valor.

    Por fim, cabe ressaltar que a efetivao de

    estratgias de marketing, como enfatizado por

    Piercy (1998), necessita de otimizao das capaci-

    dades organizacionais, as quais sofrem interfern-

    cia da criatividade, do aprendizado e da experin-

    cia gerencial para utilizar os recursos tcnicos e

    humanos capacitados. O desenvolvimento desses

    elementos possibilita direcionar as atividades s

    reas que possuem as habilidades necessrias

    para a execuo da estratgia em questo e tam-

    bm construir uma organizao flexvel para en-

    contrar novos imperativos estratgicos, reiterando,

    assim, o desenvolvimento conjunto da formulao

    e implementao da estratgia de marketing, na

    qual reflexes e aes ocorrem simultaneamente.

    necessrio, ainda, dizer que esta pesquisa

    possui algumas limitaes, como o uso do

    Modelo Marketing Strategy Making de Menon et

    al. (1999), o qual exigiu cuidado na interpretao

    da escala utilizada, uma vez que utiliza elementos

    organizacionais, extrapolando a rea de marketing.

    Tambm se ressalta a utilizao da internet na

    coleta de dados, quando foram necessrios vrios

    estmulos para aumentar a taxa de resposta, o que

    influencia a prpria coleta.

    A continuidade dos estudos poderia seguir

    o caminho da verificao do relacionamento das

    variveis que compem o processo de formulao

    e implementao da estratgia de marketing

    com a criatividade organizacional, buscando

    conhecer quais elementos realmente interferem

    para a melhoria de aes criativas a partir da

    operacionalizao da estratgia.

    Programas criativos de marketing resultam em

    significativa diferenciao no mercado perante os

    concorrentes, permitindo melhores resultados para a organizao em relao

    ao seu desempenho.

  • 18

    Referncias

    ANDREWS, J.; SMITH, D. C. In search of the marketing imagination: factors affecting the creativity of

    marketing programs for mature products. Journal of Marketing Research, Chicago, v. 33, n. 2, p. 174-187, May 1996.

    DAY, G. S. Marketings contribution to the strategy dialogue. Journal of the Academy of Marketing Science, Greenvale, v. 20, n. 4, p. 323-329, Fall 1992.

    FERREIRA, F. W. Planejamento sim e no. So Paulo: Paz e Terra, 1988.

    HUTT, M. D.; REINGEN, P. H.; RONCHETTO JR, J. R. Tracing emergent processes in marketing strategy

    formation. Journal of Marketing, New York, v. 52, n. 1, p. 4-19, Jan. 1988.

    KOTLER, P.; KELLER, K. Administrao de marketing. 12. ed. So Paulo: Prentice Hall, 2006.

    MACHADO-DA-SILVA, C. L.; VIEIRA, M. M. F.; DELLAGNELO, E. H. L. Ciclo de vida, controle e tecnologia: um

    modelo para a anlise das organizaes. Organizaes e Sociedade, Salvador, v. 5, n.11, p. 77-104, jan./abr. 1998.

    MENON, A. et al. Antecedents and consequences of marketing strategy making: a model and a test. Journal of Marketing, New York, v. 63, n. 2, p. 18-40, Apr. 1999.

    MELHORES E MAIORES. Revista Exame, So Paulo, agosto 2001.

    MINTZBERG, H.; AHLSTRAND, B.; LAMPEL, J. Safri de estratgia: um roteiro pela selva do planejamento estratgico. Porto Alegre: Bookman, 2000.

    MINTZBERG, H.; QUINN, J. B. O processo da estratgia. Porto Alegre: Bookman, 2001.

    MOTTA, P. R. Diagnstico e inovao organizacional. In: MOTTA, P. R.; CARAVANTES, G. R. Planejamento organizacional. Rio de Janeiro: Record, 1979.

    _____. Gesto contempornea: a cincia e a arte de ser dirigente. 9. ed. Rio de Janeiro, Record, 1998.

    NOBLE, C. H.; MOKWA, M. P. Implementing marketing strategies: developing and testing a managerial theory.

    Journal of Marketing, New York, v. 63, n. 4, p. 57-73, Oct. 1999.

  • R e v . F A E , C u r i t i b a , v. 14, n. 2, p. 6-19, jul./dez. 201119

    PIERCY, N. F. Marketing implementation: the implications of marketing paradigm weakness for the strategy

    execution process. Journal of the Academy of Marketing Science, Greenvale, v. 26, n. 3, p. 222-236, Summer 1998.

    SHOHAM, A. FIEGENBAUM, A. Extending the competitive marketing strategy paradigm: the role of strategic

    reference points theory. Journal of the Academy of Marketing Science, Greenvale, v. 27, n. 4, p. 442-453, 1999.

    THOMPSON, A. A.; STRICKLAND, A. J. Strategic management: concepts and cases. Boston: Mc Graw-Hill, 1998.

    TOALDO, A. M. M.; LUCE, F. B. Resultados da estratgia de marketing: a aprendizagem organizacional.

    Revista Dilogo, Canoas, n. 7, p. 133-154, jul./dez. 2005.

    VARADARAJAN, R. Strategic marketing and marketing strategy: domain, definition, fundamental issues and

    foundational premises. Journal of the Academy of Marketing Science, v. 38, n. 2, p. 119-140, Apr. 2010.

    VARADARAJAN, P. R.; JAYACHANDRAN, S. Marketing strategy: an assessment of the state of the field and

    outlook. Journal of the Academy of Marketing Science, Greenvalle, v. 27, n. 2, p. 120-144, Spring 1999.

    WEBSTER JR., F. E. The rediscovery of the marketing concept. Business Horizons, New York, v. 31, n. 3, p. 29-39, May/June 1988.

    _____. The changing role of marketing in the corporation. Journal of Marketing, New York, v. 56, n. 4, p. 1-17, Oct. 1992.

    _____. The future role of marketing in the organization. In: LEHMANN, D. R.; JOCZ, K. E. Reflexions on the futures of marketing: practice and education. Cambridge, MA: Marketing Science Institute, 1997. p. 39-66.

  • Internet e composto de Marketing: o caso Unimed SegurosInternet and Marketing mix: the Unimed case study

  • R e v . F A E , C u r i t i b a , v. 14, n. 2, p. 20-37, jul./dez. 201121

    Internet e composto de Marketing: o caso Unimed SegurosInternet and Marketing mix: the Unimed case study

    Luciano Augusto Toledo1

    Ana Carolina de Toledo2

    Resumo

    O presente estudo foi estruturado sob a modalidade de pesquisa exploratria,

    sendo complementado por um estudo de caso em uma empresa do setor de

    seguros. O objetivo entender como o Composto de Marketing conduzido

    na internet. A empresa objeto de investigao foi a Unimed Seguros. Final-

    mente as atividades relacionadas ao marketing so de grande importncia

    para a gesto da empresa analisada. Com a utilizao da internet, a Unimed

    Seguros entrou em um processo de reduo de custos que possibilitou um

    direcionamento melhor de foras s atividades de marketing. A internet pas-

    sou a configurar um facilitador de conquista, manuteno de vantagem com-

    petitiva e complemento as aes do composto de marketing.

    Palavras-chave: Marketing, Composto de Marketing, Internet.

    Abstract

    This study was structured under the exploratory research set. The paper

    is complemented by a case study in an insurance industry company. The

    goal is to understand how the marketing mix is conducted on the Internet.

    The company studied was Unimed Seguros. Finally, the activities related

    to marketing are of great importance for the management of Unimed

    Seguros. With the Internet usage by the Unimed Seguros there was a cost

    reduction process that enabled better targeting to the marketing activities.

    The Internet has set a way to achievement, maintenance of the competitive

    advantage and complement to the marketing mix.

    Keywords: Marketing, Marketing Mix, Internet.

    1 Doutor em Administrao pela FEA-USP. Professor adjunto em Administrao na Universidade Presbiteriana Mackenzie-SP. Email: [email protected]

    2 Bacharel em Economia pela PUCSP. E-mail: [email protected]

  • 22

    Introduo

    Novos desafios se apresentam em frequn-

    cia e intensidades crescentes, potencializados

    por uma rede de mudanas ambientais, polticas,

    econmicas, sociais e tecnolgicas que pressio-

    nam a empresa a assumir novas posturas e pro-

    curar novos meios de se diferenciar de seus con-

    correntes (VALENTIM; GELINSKI, 2005). Dessa

    forma, a internet, segundo muitos autores, pode

    incrementar os negcios empresarias (LAROCHE,

    2010; SHEN; CHIOU, 2010).

    O surgimento da internet desempenha

    uma funo to importante quanto a inveno da

    mquina a vapor. Assim como a mquina a vapor

    foi a base da Revoluo Industrial, a internet tem

    representado a base de uma revoluo do uso

    da informao (DRUCKER, 2008). Ambas foram

    responsveis pela mudana do modo de produo,

    pelo surgimento de novas relaes sociais e de

    grandes corporaes mundiais (MOL; BIRKINSHAW,

    2009; FIFIELD, 2007; DRUCKER, 2008).

    As constantes e incontrolveis mudanas que

    ocorrem no ambiente de negcios contemporneo

    exigem adaptaes e ajustes permanentes em

    produtos e processos produtivos e administrativos,

    e aqueles que no procurarem adequar-se s novas

    condies ambientais enfrentaro dificuldades para

    crescer e sobreviver (KERIN; HARTLEY; RUDELIUS ,

    2009; MASTERSON; PICKTON, 2009; MCCARTHY;

    PERREAULT, 2002). As empresas esto expostas

    a drsticas mudanas de paradigmas gerenciais

    e culturais, e muitas delas esto desorientadas

    e sem rumo face s situaes prevalecentes no

    ambiente externo. Destaca-se que nesse cenrio

    de revoluo tecnocultural, destaca-se a figura da

    funo do Composto de Marketing e da internet

    como instrumentos colaboradores da melhoria

    da competitividade empresarial e impulsionadora

    do crescimento da corporao (BROOKS, 2011;

    KOTLER; KELLER, 2008; LAMBIN; CACERES, 2006).

    luz dessas consideraes preliminares,

    justifica-se a pertinncia de um trabalho que

    estude o Composto de Marketing de empresas

    brasileiras de servios no mbito da internet, co-

    locando, ainda, em relevo a utilizao das estrat-

    gias de marketing; a utilizao da internet; e, final-

    mente, a aplicao dos conceitos estudados no

    caso da empresa estudada.

    1 Procedimentos Metodolgicos

    O objetivo geral do mtodo de pesquisa

    encontrar respostas ou solues aos problemas

    por meio de uma investigao organizada, crtica,

    sistemtica, cientfica e baseada em dados obser-

    vados (COLLIS; HUSSEY, 2010; LAKATOS; MAR-

    CONI, 2008). Para a consecuo do objetivo deste

    trabalho, foi escolhida a utilizao do mtodo do

    estudo de caso, dentre outros mtodos de pes-

    quisa qualitativa, em funo de sua adequao ao

    problema proposto para a pesquisa de campo.

    Uma das singularidades da utilizao do

    mtodo do estudo de caso a comparao dos

    resultados levantados com a literatura existente

    (TOLEDO; SHIRAISHI, 2009), caracterstica que

    amplia a qualidade do trabalho cientfico (DEMO,

    1995; YIN, 2003). A utilizao do mtodo do

    estudo de caso pode envolver tanto situaes

    de estudo de um nico caso quanto mltiplos

    O surgimento da internet desempenha uma funo

    to importante quanto a in-veno da mquina a vapor. Ambas foram responsveis pela mudana do modo de produo, pelo surgimento de novas relaes sociais e de grandes corporaes

    mundiais.

  • R e v . F A E , C u r i t i b a , v. 14, n. 2, p. 20-37, jul./dez. 201123

    casos (EISENHARDT, 2011; SEVERINO, 2008).

    A utilizao de um nico caso apropriada em

    algumas circunstncias: quando se utiliza o caso

    para se determinar se as proposies de uma teoria

    so corretas; quando o caso em estudo raro ou

    extremo, ou seja, no existem muitas situaes

    semelhantes para que sejam feitos estudos

    comparativos; quando o caso revelador, ou seja,

    quando ele permite o acesso a informaes no

    facilmente disponveis (EISENHARDT, 2011).

    Para o desenvolvimento do estudo de caso

    utilizado nesta pesquisa, utilizou-se com unidade

    de anlise (YIN, 2003) as aes intrnsecas ao

    Composto de Marketing no mbito da internet.

    Foram entrevistados os responsveis pela gesto

    de marketing, gesto de internet, gesto estratgi-

    ca, gerncia de produtos e servios, gesto de tec-

    nologia de informao e gerncia de ps-venda da

    empresa estudada. Foi utilizada, alm da anlise

    documental, a observao do pesquisador e a en-

    trevista semiestruturada (LAKATOS; MARCONI,

    2008; PDUA, 2004; SEVERINO, 2008).

    O instrumento utilizado para coleta de

    dados foi um roteiro seguido de entrevista, com

    questes abertas, considerada como investigao

    semiestruturada. No mbito da anlise de dados

    foi utilizada a modalidade adequao ao padro, a

    qual prope comparar padres com base emprica

    com os padres previstos (YIN, 2003). Se os pa-

    dres coincidem, os resultados ajudam a aumen-

    tar a sua validade interna. Dessa forma, realizou-se

    uma descrio do estudo de caso e posterior com-

    parao dos dados coletados com os pressupos-

    tos tericos apresentados neste trabalho.

    2 Referencial Terico

    2.1 Aspectos Inerentes Internet e ao Composto de Marketing

    A internet pode ser usada, acredita-se que

    em todas as quatro reas do Composto de Mar-

    keting esto sendo ampliadas pelas atividades

    de marketing na internet (HARTLINE; FERRELL,

    1996; KOTLER; KELLER, 2008; TOLEDO; TOLEDO;

    CAMPOMAR, 2006). A utilizao da internet est

    mudando principalmente a busca pela informao.

    Lembra-se, ainda, que o mercado formado por

    consumidores tradicionais (no compram on-line),

    compradores virtuais (que somente compram on-

    line) e compradores hbridos (realizam as duas

    coisas). A seguir, apresentada uma sntese con-

    ceitual das principais implicaes e mudanas pro-

    vocadas pela internet no mbito do Composto de

    Marketing (TOLEDO; PERROTTA, 2006).

    Sob a tica do produto, uma das mais

    importantes contribuies da internet s

    decises de produto parece ser a maior facilidade

    de customizao, ou seja, oferecem-se ao

    consumidor condies de solicitar um produto

    feito especialmente para ele, respeitando suas

    especificaes, de maneira mais gil. Em consonncia

    customizao, refere-se ao oferecimento de

    produtos e solues singulares para consumidores

    especficos (KENNY; MARSHALL, 2000; LAROCHE,

    2010; TOLEDO; NAKAGAWA; YAMASHITA, 2002;

    WEI, 2005). o caso, por exemplo, da www.closet.

    com.br, a primeira camisaria sob medida digital do

    Brasil, na qual o consumidor pode escolher vrios

    tecidos, cores, colarinhos, bolsos e montar sua

    prpria camisa, de acordo com suas medidas. No

    entanto, uma vez que o produto comercializado

    pela internet no pode ser tocado nem provado

    A despeito dos avanos propiciados pela internet

    como instrumento facilitador das decises de distribuio, o custo da logstica talvez seja um dos gargalos a ser

    superados.

  • 24

    no ato da compra, que as cores visualizadas no

    monitor do computador provavelmente no so

    exatamente iguais s originais, e que os sistemas

    de simulao de odores ainda se encontram em

    seus estgios iniciais, o que mudou com a utilizao

    da internet como ferramenta comercial de suporte

    s decises sobre produtos foi a possibilidade de

    proporcionar incremento de seus atributos para os

    clientes, diferenciando-os e tornando a sua seleo

    uma experincia atrativa e vantajosa (ALBERTIN,

    2010; KENNY; MARSHALL, 2000; MENG, 2010).

    Sob a tica da praa, classifica-se a distri-

    buio (praa) on-line em quatro modalidades

    principais (KENNY; MARSHALL, 2000; TOLEDO;

    NAKAGAWA; YAMASHITA, 2002):

    Promoo e indicao: essa estratgia

    fornece um grande volume de

    informaes sobre os produtos e

    catlogos on-line, procurando levar

    o consumidor compra, porm no

    permite que os clientes comprem on-

    line, indicando um canal de vendas que

    revenda o produto;

    Vendas limitadas e muitas indicaes:

    oferece aos clientes vrias opes de

    compra on-line, mas limita o escopo

    ou variedade de produtos e servios a

    serem escolhidos, indicando aos clientes

    outros canais que vendam produtos

    desejados no disponveis no website;

    Venda e indicao: praticada por muitas

    empresas, essa estratgia objetiva

    assegurar que o produto esteja onde os

    clientes desejam compr-lo, deixando

    que eles escolham seu canal preferido

    de vendas, podendo comprar on-line,

    por telefone, em revendedores;

    Venda estratgica: muitas empresas

    esto desenvolvendo estratgias na in-

    ternet para aumentar seus esforos de

    vendas diretas, particularmente para

    clientes grandes e estratgicos, prin-

    cipalmente de produtos de significa-

    tivo envolvimento, criando uma nova

    sinergia e um novo equilbrio entre as

    vendas diretas e o comrcio eletrnico,

    os quais so crticos para sustentar a

    satisfao do cliente e melhorar as

    margens de lucro.

    Para os gestores de marketing, uma sria

    limitao presente no sistema de distribuio pa-

    rece ser a entrega dos produtos ao consumidor

    final. A despeito dos avanos propiciados pela in-

    ternet como instrumento facilitador das decises

    de distribuio, o custo da logstica talvez seja um

    dos gargalos a ser superados (DANN, 2011, DANN;

    DANN, 2010; KENNY; MARSHALL, 2010). E assim

    que, no Brasil, empresas de entregas rpidas,

    como os correios, esto sendo bastante requisita-

    das. Entretanto, o custo do frete est sendo repas-

    sado para os clientes.

    Dessa forma, pode-se supor que o comr-

    cio pela internet torna disponvel uma poderosa

    ferramenta de distribuio, desde que haja logsti-

    ca competente que leve o produto ao cliente num

    prazo e condies aceitveis. uma questo fun-

    damental para o relacionamento da empresa com

    seus clientes. Alm disso, uma logstica eficaz re-

    quer um gerenciamento adequado da cadeia de

    fornecimento, o que envolve a integrao desde

    os fornecedores de matrias-primas, passando

    pelo processo de produo e chegando movi-

    mentao fsica dos bens produzidos at os cli-

    entes (DANN, 2011, DANN; DANN, 2010; KENNY;

    MARSHALL, 2010).

    Sob a tica do preo, as decises so de-

    cisivas para o alcance dos resultados econmicos

    e financeiros, para o posicionamento estratgico

    competitivo da empresa, para a consecuo de

    objetivos relacionados ao volume de vendas e ao

    prestgio. Os efeitos da internet e da determina-

    o de preo sobre vendedores e compradores

    podem ser observados de cinco formas (KENNY;

    MARSHALL, 2010; OREILLY, 2010; TOLEDO; NAK-

    AGAWA; YAMASHITA, 2002):

    Comparaes instantneas: a internet

    utilizada como um meio eletrnico de

    comparao de preos, caractersticas,

  • R e v . F A E , C u r i t i b a , v. 14, n. 2, p. 20-37, jul./dez. 201125

    tempo de entrega e outros atributos

    entre os diversos ofertantes on-line;

    Definio de preos: a utilizao de

    alguns websites que possibilitam os

    clientes definirem o preo que est

    disposto a pagar por algo;

    Produtos grtis: aquisio de softwares

    de cdigo aberto;

    Monitorizao: a internet utilizada

    como mecanismo de monitorizao de

    clientes, a fim de se definir preos indi-

    viduais, de acordo com caractersticas

    especficas dos compradores on-line;

    Bolsas on-line: a negociao de

    preos em leiles na internet.

    H vrios modelos de precificao utiliza-

    dos na internet, tais quais:

    Precificao dinmica: trata-se de um

    mecanismo que concilia oferta e de-

    manda por meio de uma estrutura de

    preos, o qual utilizado para troca de

    aes e em mercados de commodities;

    Precificao varivel: esse recurso de

    uso frequente no segmento de con-

    sumo, e tem por objetivo gerar vendas

    e receitas incrementais pela variao

    do preo de um item. Um produto, a

    ttulo de experimentao, pode ser

    oferecido com desconto, para ento

    ser vendido ao preo inicialmente de-

    terminado, depois de aprovado.

    A internet, como salientado anteriormente,

    ampliou o poder de barganha do consumidor, ao

    possibilitar o surgimento de quatro poderosas fer-

    ramentas (DANN, 2011, DANN; DANN, 2010; KEN-

    NY; MARSHALL, 2010):

    Comparao instantnea de preos:

    recorrendo comparao instantnea

    de preos, obtm-se maior transparn-

    cia de mercado e o consumidor pode

    verificar o preo do bem que deseja

    comprar em vrias lojas digitais, simul-

    taneamente, e escolher o menor preo

    disponvel;

    Leilo reverso: o leilo reverso

    era at ento utilizado quase que

    exclusivamente pelos governos em

    suas licitaes. Dado um determinado

    produto ou servio, o fornecedor que

    oferecia o menor preo ganhava o

    direito de vender a ele. Websites de leilo

    como www.arremate.com.br ou www.

    mercadolivre.com.br oferecem esse tipo

    de servio para pessoas comuns;

    Mecanismo defina seu preo ou faa

    seu preo: o consumidor define o preo

    que deseja pagar por uma mercadoria

    e o website busca fornecedores que

    aceitem atender aquele consumidor.

    O mesmo mecanismo vem sendo

    utilizado por consumidores brasileiros

    mediante websites, como www.bargain.

    com.br e www.mercadolivre.com.br;

    Grupos de compras e descontos:

    consiste na criao de grupos de

    consumidores interessados na aquisio

    do mesmo bem e negociam com

    vrios fornecedores, obtendo menores

    preos. Websites, como www.agrupate.

    com.br e www.maisdescontos.com.

    br, desempenham a funo de criar

    um ambiente para os compradores.

    enfatizado que websites de descontos

    podem ajudar a atrair clientes para um

    website e, assim, ficarem familiarizados

    com os produtos e servios de uma

    empresa.

    Sob a tica da promoo, a internet mais

    racional do que emocional, o que implica um

    processo de persuaso e no apenas de informao,

    o que pode variar, evidentemente, conforme o

    tipo de produto ou servio. Tem-se, ainda, que as

    aes promocionais tm os seguintes objetivos:

    fornecer informaes para consumidores e outros

    interessados, aumentar a procura, diferenciar

    um produto ou servio, incrementar valor de um

  • 26

    produto ou servio, estabilizar as vendas (CARR, 2011;

    HONEYCUTT; FLAHERTY; BENASSI, 1998; KOTLER;

    KELLER, 2008; LAROCHE, 2010). apontado, ainda,

    que os websites constituam um meio de comunicao

    com clientes existentes e potenciais, uma vez que

    as empresas podem oferecer informaes sobre si

    mesmas e seus produtos e cultivar relacionamentos

    duradouros. observado que as empresas on-line

    enfrentam desafios crescentes para expandir seus

    negcios na internet.

    Com o advento da utilizao da internet

    como mdia eletrnica alternativa de propagan-

    das, muitos achavam que haveria uma inundao

    de telas de promoes nos computadores (CARR,

    2011; HONEYCUTT; FLAHERTY; BENASSI, 1998;

    KOTLER; KELLER, 2008; LAROCHE, 2010), porm

    essa projeo para o futuro no se sustentava e

    por fim no ocorreu. Na internet, as pessoas tm

    o controle da situao e no esto dispostas a ler

    anncios ou qualquer forma de propaganda ou de

    publicidade, e por se tratar de uma mdia intera-

    tiva, o usurio tem o poder de rejeit-la. Isso no

    quer dizer que no haver propaganda na internet,

    mas que ela no ser uma mdia como a televiso.

    Enfatiza-se que a utilizao da propaganda

    na internet motivou a criao de uma nova lingua-

    gem e um formato mais adequado nova mdia

    interativa. Uma das oportunidades geradas pela

    internet a propaganda many-to-many, ou melhor,

    de muitos para muitos (CARR, 2011; HONEYCUTT;

    FLAHERTY; BENASSI, 1998; KOTLER; KELLER,

    2008; LAROCHE, 2010; TOLEDO; NAKAGAWA;

    YAMASHITA, 2002).

    3 Resultado e anlise da pesquisa

    3.1 Estrutura da Unimed Seguros

    A Unimed Seguros consiste na marca que

    representa a Unimed Seguradora e sua controlada,

    a Unimed Seguros Sade. Suas operaes tiveram

    incio no ano de 1989 com o objetivo de atender

    as demandas do Sistema Unimed, formado pelas

    386 cooperativas, 98 mil mdicos cooperados e 12

    milhes de clientes em todo o Brasil. Atualmente,

    a empresa conta com 3,8 milhes de segurados e

    encontra-se entre as maiores empresas do setor.

    Com matriz em So Paulo e escritrios re-

    gionais em 21 cidades distribudas pelo Brasil, que

    atuam como verdadeiras unidades de negcio, a

    Unimed Seguros uma empresa de seguros de

    classe mundial, que busca continuamente o apri-

    moramento de processos e o conhecimento das

    necessidades de seus clientes.

    Atuando no ramo de pessoas, oferece 24

    produtos segmentados nas linhas Vida, Previdncia

    e Sade. A preocupao permanente da Unimed

    Seguros em desenvolver e oferecer as melhores

    solues em produtos e servios, de criar um

    ambiente melhor e de contribuir para o bem-estar

    da comunidade faz dela uma empresa reconhecida

    e respeitada pela sua competncia e capacidade.

    3.2 Anlise dos Dados

    No transcorrer da coleta de dados mediante

    aplicao de questionrio semiestruturado,

    verificou-se que as atividades relacionadas ao

    marketing so de grande importncia para a gesto

    da Unimed Seguros. As atividades inerentes ao

    marketing constituem um sistema de atividades

    de negcios que envolvem as aes de planejar,

    A utilizao da propagan-da na internet motivou a criao de uma nova

    linguagem e um formato mais adequado nova

    mdia interativa.

  • R e v . F A E , C u r i t i b a , v. 14, n. 2, p. 20-37, jul./dez. 201127

    precificar, promover e distribuir produtos que

    satisfaam os desejos do mercado-alvo (DOYLE,

    2004; MASTERSON; PICKTON, 2009; MCCARTHY;

    PERREAULT, 2002). Nesse contexto, deve-se

    considerar que o marketing deve iniciar com uma

    ideia sobre um produto que satisfaa o desejo do

    cliente e no deve encerrar at que esses desejos

    sejam completamente satisfeitos.

    Relata-se que o marketing oferece subsdios

    tcnicos que possibilitam empresa tomar decises

    especficas quanto ao desenvolvimento e oferta de

    solues adequadas em produtos e servios, alm

    de gerar valor a seus clientes no sentido de manter

    sua competncia. Tem-se que o marketing um

    conjunto de atividades que implicam trocas entre

    os diversos agentes que compem uma cadeia de

    valor (LAMB; HAIR; MCDANIEL, 2008). E, nesse

    sentido, as atividades de marketing so forjadas e

    executadas com o objetivo primordial de satisfazer

    os desejos e necessidades dos clientes, e, inclusive,

    atender aos objetivos da empresa (DOYLE, 2004;

    MASTERSON; PICKTON, 2009; MCCARTHY;

    PERREAULT, 2002).

    Para atingir tais objetivos, os gestores

    devem estar cientes das caractersticas do

    segmento em que se encontra o mercado em que

    operam, pois ser fundamental para a concepo

    de compostos de marketing que possibilitaram a

    empresa satisfazer seus clientes e seus objetivos

    enquanto empresa (KOTLER; KELLER, 2008;

    LAMB; HAIR; MCDANIEL, 2008). Em complemento,

    esclarece-se que quando se fala em marketing,

    pertinente lembrar que ele atua em duas frentes

    uma estratgica e outra operacional. A operacional

    representa o brao comercial de uma empresa,

    sem a qual o melhor plano estratgico no

    produziria resultados. Faz parte do operacional,

    o composto de marketing, plano de marketing,

    oramento, a realizao e controle.

    No mbito estratgico, tem-se a anlise das

    necessidades do mercado, anlise da atratividade,

    anlise da competitividade, escolha de estratgia

    de desenvolvimento e definio do segmento-alvo

    (BRITO; TOLEDO; TOLEDO, 2009).

    No obstante, o resultado da consulta de

    material interno da empresa e informaes cole-

    tadas no transcorrer do roteiro de entrevistas, foi

    identificado que as atividades de marketing pos-

    sibilitam empresa manter seus negcios focados

    nos seus nichos especficos. Destaca-se:

    Seguro Sade: oferece um conjunto

    completo de produtos do Ramo Vida.

    Tm-se solues em seguros, como

    o Unimed Vida e o Unimed Acidentes

    Pessoais, que proporciona tranquilidade

    e segurana a milhares de pessoas;

    Previdncia: oferece planos previden-

    cirios de acordo com as necessidades

    especficas de seus associados.

    Nesse contexto, fica implcito que na Unimed

    Seguros as atividades de marketing ocupam um

    lugar estratgico na empresa. Desempenhando a

    funo de coordenao de aes que possibilitam

    empresa oferecer valor ao cliente. Logicamente,

    segundo dados levantados na pesquisa de campo,

    todas as aes desenvolvidas de marketing devem

    estar inclinadas misso da empresa: Oferecer

    produtos de qualidade em Seguros de Sade, Vida

    e Previdncia, atendendo as necessidades das Co-

    operativas e do mercado em geral.

    Ainda, ao se analisar a misso da empresa,

    fica evidente que os clientes da empresa so

    no somente as pessoas fsicas, como tambm

    as jurdicas, as quais so compostas pelas

    empresas que operam no mercado e as prprias

    cooperativas que fazem parte do conglomerado

    Unimed, destacando-se: Cooperativas de Crdito

    Unicreds; Fundao Unimed; Unimed Tecnologia;

    Unimed Administrao e Servios; Transporte

    Areo mdico; Unimed Participaes.

    Apurou-se que a estratgia de marketing

    fundamental para a gesto da empresa. Por

    um lado, tem-se a necessidade de se definir os

    segmentos nos quais a empresa tem interesse

    em operar. Sequencialmente, torna-se oportuno

    definir o mercado-alvo e, posteriormente, a forma

    de se posicionar nesse mercado (IKEDA, 2000;

    LAMB; HAIR; MCDANIEL, 2008).

  • 28

    A estratgia de marketing essencial para

    se identificar por meio de anlises, novas oportuni-

    dades de mercado. Por meio dessa estratgia as

    empresas podem identificar no ambiente em que

    atuam, ou em que pretendem atuar, segmentos

    mais atrativos (TONKS, 2000). Posteriormente,

    tem-se a definio de mercado(s)-alvo e aes de

    posicionamento, que implicaro ajustes no Com-

    posto de Marketing para que a empresa atinja seu

    objetivo de marketing (MCDONALD; DUNBAR,

    2007). O(s) objetivo(s) de marketing consiste(m)

    em uma declarao do que deve ser atingido por

    meio das atividades de marketing (SHOHAM, 1996;

    TELLIS, 2006).

    No caso da empresa, no h um posiciona-

    mento isolado por preos competitivos (baixos),

    mas sim preos adequados oferta de servios

    com a qualidade que o consumidor deseja. lem-

    brado, nesse momento, que a Unimed Seguros

    uma empresa competitiva que busca, por meio da

    inovao, manter-se no mercado em uma posio

    excelente, ou seja, de 38 empresas de previdncias

    privadas que operam no Brasil, ela se destaca na

    posio de nmero 16. Das 102 empresas do ramo

    de seguros de vida operantes em territrio nacio-

    nal, a Unimed Seguros se encontra na posio 16.

    Constatou-se que as atividades de marketing

    possibilitam a alta gesto da empresa em adequar

    seus produtos e servios s necessidades de seus

    clientes. As necessidades e desejos dos clientes

    devem fazer parte dos objetivos do marketing

    de uma empresa (LAMB; HAIR; MCDANIEL,

    2008; SHOHAM, 1996). Assim, de fundamental

    importncia compreender as necessidades e o

    comportamento do consumidor (4,4 milhes de

    associados).

    Nesse ponto, um dos entrevistados co-

    menta que no se deve esquecer que a funo do

    marketing tambm a de definir de que forma o

    produtos devem se adequar s necessidades dos

    clientes seja pessoa fsica ou jurdica, assim como

    a definio de seus preos, sua comercializao e

    sua promoo. Todas essas atividades so delega-

    das ao departamento de marketing. Em comple-

    mento, citado que cada cooperativa integrante

    do conglomerado Unimed tem total autonomia no

    desenvolvimento de suas atividades de marketing.

    Aps uma anlise apurada do mercado e seleo

    do(s) mercado(s)-alvo e estratgia de posiciona-

    mento, os gestores de marketing de uma empresa

    devem estar aptos a definir as estratgias do Com-

    posto de Marketing (TELLIS, 2006), o qual deve

    ser estruturado de forma a gerar valor ao cliente

    (LAMB; HAIR; MCDANIEL, 2008).

    Adentrando ao tema internet, foi identi-

    ficada no transcorrer da interpretao dos dados

    obtidos, que a Unimed Seguros utiliza-se da inter-

    net como um canal eletrnico adicional aos seus

    negcios, nitidamente observado em um dos ser-

    vios do website da empresa, a Loja de Seguros.

    A internet est mudando a forma de competir, a

    dinmica do relacionamento que as empresas

    tm com os clientes, a velocidade do atendimento

    do pedido e a natureza da liderana empresarial

    (CARR, 2011; KALAKOTA; ROBINSON, 2002). No

    aspecto canal, os modelos podem ser entendidos

    como meios de: divulgao de informaes da

    empresa para o pblico em geral; coleta de infor-

    maes das empresas sobre cliente