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Revista Hebraica - Dezembro
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ANO LIII | Nº 610 | DEZEMBRO 2012 | KISLEV/TEVET 5773
Pequenos gestos, grandes resultados
palavra do presidente
Festival Carmel aqui, com os olhos em IsraelMinha esperança é que ao ser lida esta mensagem o cessar fogo alcançado por
meio de negociações diplomáticas se prolongue por muito tempo. Minha es-
perança é que os termos do acordo diplomático não se transformem em víti-
mas civis por conta de foguetes disparados de Gaza em direção ao sul de Isra-
el. Minha esperança é que os dirigentes de Gaza empenham o tempo e os re-
cursos despendidos na construção de túneis, foguetes, casamatas e todo apa-
rato militar, na melhoria das condições de vida e educação de seus cidadãos.
Lamentamos as perdas de vidas de civis israelenses e palestinos e nos mante-
mos fi rmes ao lado do Estado de Israel e de nossos irmãos.
Enquanto isso, nós, aqui na Hebraica, estamos envolvidos nos preparativos
do XXXII Festival Carmel. Este, em especial, marcará o início das comemo-
rações dos sessenta anos de fundação da Hebraica, a serem completados em
2013. Será um ano de muitas festividades e eventos que irão lembrar a traje-
tória de um clube que nasceu por iniciativa de um pequeno grupo de pionei-
ros e hoje, graças à dedicação, interesse, preocupação e competência das di-
retorias que o administraram ao longo destes anos, tornou-se um dos maio-
res centros comunitários do mundo e um dos grandes orgulhos da comuni-
dade paulista e brasileira.
O Festival Carmel exalta, mais uma vez, nossa ligação com o Estado judeu e
os seus costumes e tradições. Este festival, que há tempos conquistou a idade
adulta, é mais uma prova da centralidade da Hebraica como uma instituição
comunitária, que nesses dias do Festival ferve com a presença e a participação
de vários segmentos da comunidade judaica do Brasil e do exterior.
Para nós, é honroso ser o local de um encontro como esse e uma grande opor-
tunidade para demonstrar a organização e o envolvimento de vários departa-
mentos da Hebraica, que durante um ano inteiro se preparam para proporcio-
nar aos jovens, familiares e associados um fi nal de semana com música, dan-
ças e, principalmente, muito judaísmo, transmitindo de geração em geração,
nossos valores e tradições e mostrando ao mundo que o nosso principal sonho
é paz no mundo e muitas alegrias nos corações e mentes de todos.
O FESTIVAL CARMEL EXALTA, MAIS UMA VEZ, NOSSA LIGAÇÃO COM O ESTADO JUDEU E OS SEUS COSTUMES E TRADIÇÕES. ESTE FESTIVAL, QUE HÁ TEMPOS CONQUISTOU A IDADE ADULTA, É MAIS UMA PROVA DA CENTRALIDADE DA HEBRAICA COMO UMA INSTITUIÇÃO COMUNITÁRIA
ShalomChag Chanuká Sameach
Abramo Douek
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HEBRAICA | DEZ | 2012
5
6Carta da Redação
8Destaques
do Guia
A programação de
dezembro e janeiro
10Cartas
23cultural +
social
24Reveillon
Conversamos com
a chef responsável
pelo último jantar
do ano
26Galeria
A exposição
“Diálogo” trouxe
cinco artistas
consagrados
28 Biblioteca
Lançado o livro
com textos
premiados nos
últimos anos
30Coluna um /
comunidade
Os eventos mais
signifi cativos na
cidade
38Fotos e fatos
Os destaques do
mês na Hebraica e
na comunidade
43juventude
44Teatro
Grupo Gesto levou
ao palco a Segunda
Guerra
46Escola Maternal
Expoliterarte
reuniu pais,
professores e
alunos
48Festival Carmel
Acompanhe a
programação da
32ª. edição
53esportes
54Torneio Hirosi
Minakawa
Evento reuniu
judocas e
toneladas de
solidariedade
56Polo
Dois atletas
da Hebraica
acompanharão
a seleção na
Austrália
58Escola de
Esportes
Circuito Lúdico
transformou
Centro Cívico num
divertido Havaí
59Handebol
Juniores estão
na fi nal do
Campeonato
Paulista
60Personagem
Conheça uma
das mais antigas
funcionárias da
Hebraica
62Águas Abertas
Hebraica foi
homenageada no
Circuito Paulista
64Curtas
Na pauta, palestra,
futsal, tênis e
futebol de base
67magazine
68Política
Uma entrevista
exclusiva com um
grande pacifi sta
israelense
74Economia
O que as
start-ups realmente
signifi cam para
Israel?
76Gastronomia
Entenda porque o
húmus é o prato
típico israelense
82Segurança
Israelenses
realizam exercício
para enfrentar
terremotos
84Império otomano
Como um general
alemão protegeu
os judeus na
Primeira Guerra
88Viagem
Como vivem hoje
os judeus cubanos?
94Antissemitismo
A história do
Ajax durante a
ocupação nazista
98Cinema
Na Bienal, o
acervo fotográfi co
que inspirou um
grande fi lme
100A palavra
Entenda o
verdadeiro
signifi cado de
gematria
102Costumes e
tradições
Lembramos a
grande aventura das
imigrações judaicas
10410 notícias
O noticiário de
Israel ganha mais
destaque
106Chanuká
As origens de
uma linda festa de
libertação nacional
108Leituras
Os destaques
editoriais do mês
no mercado das
ideias
110Música
Onze lançamentos
imperdíveis, do
popular ao erudito
112Com a língua e
com os dentes
A infl uência do
vinho em algumas
culturas e
economias
europeias
114 Ensaio
É hora de derrubar
o mito que envolve
judeus e o abuso
de drogas
119diretoria
120Presidência
As sugestões do
associado no
encontro com
Abramo Douek
121Lista da diretoria
Veja quem é quem
no Executivo da
Hebraica
122Grandes Festas
Arquitetos avaliam
nova cenografi a das
sinagogas
138Conselho
Algumas mudanças
que nortearam a
penúltima sessão
de 2012
120
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sum
ário
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6
OS CONCEITOS EMITIDOS NOS ARTIGOS ASSINADOS SÃO DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DOS SEUS AUTORES, NÃO RE-PRESENTADO, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DE DIRETORIA DA HEBRAICA OU DE SEUS ASSOCIADOS.A HEBRAICA É UMA PUBLICAÇÃO MENSAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA “A HEBRAICA” DE SÃO PAULO RUA HUNGRIA, 1.000, PABX: 3818.8800
EX-PRESIDENTES LEON FEFFER (Z’l) - 1953 - 1959 | ISAAC FIS-
CHER (Z’l) - 1960 - 1963 | MAURÍCIO GRINBERG (Z’l) - 1964
- 1967 | JACOB KAUFFMAN (Z’l) - 1968 - 1969 | NAUM ROTEN-
BERG - 1970 - 1972 | 1976 - 1978 | BEIREL ZUKERMAN - 1973 -
1975 | HENRIQUE BOBROW - 1979 - 1981 | MARCOS ARBAITMAN
- 1982 - 1984 | 1988 - 1990 | 1994 - 1996 | IRION JAKO-
BOWICZ (Z’l) - 1985 - 1987 | JACK LEON TERPINS - 1991 - 1993
| SAMSÃO WOILER - 1997 - 1999 | HÉLIO BOBROW - 2000 -
2002 | ARTHUR ROTENBERG - 2003 - 2005 | 2009 - 2011 |
PETER T. G. WEISS - 2006 - 2008 | PRESIDENTE ABRAMO DOUEK
DIRETOR-FUNDADOR
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JORNALISTA RESPONSÁVEL
SAUL SHNAIDER (Z’l)FLAVIO MENDES BITELMAN
BERNARDO LERER
JULIO NOBRE
MAGALI BOGUCHWAL
TANIA PLAPLER TARANDACH
ELLEN CORDEIRO DE REZENDE
BENJAMIN STEINER (EDITOR)FLÁVIO M. SANTOS
JOSÉ VALTER LOPES
HÉLEN MESSIAS LOPES ALEX SANDRO M. LOPES
MARCELO CIPIS
RUA JERICÓ, 255, 9º - CONJ. 95 E-MAIL [email protected] CEP: 05435-040 - SÃO PAULO - SP
PAULO SOARES DO VALLE
CARMELA SORRENTINO
RODRIGO SOARES DO VALLE
SÔNIA LÉA SHNAIDER
PREVAL PRODUÇÕES
IBEP GRÁFICA AV. ALEXANDRE MACKENZIE, 619JAGUARÉ – SP
TEL./FAX: 3814.4629 [email protected]
BERNARDO LERER MTB 7700
ANO LIII | Nº 610 | DEZEMBRO 2012 | KISLEV/ TEVET 5773
calendário judaico :: festas
dom seg ter qua qui sex sábdom seg ter qua qui sex sáb
JANEIRO 2013Tevet | Shvat 5773
DEZEMBRO 2012Kislev / Tevet 5773
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
carta da redação
Sustentabilidade e uma muito atual entrevista de pazA prática da sustentabilidade é algo tão atual que o dicionário Houaiss de
há dez anos não a registra. Lá se lê apenas que se trata de um substantivo
feminino que diz respeito à “condição ou característica do que é sustentá-
vel”. Enquanto em muitos lugares é apenas um discurso, na Hebraica, no
entanto, é ato e é fato. E é isso que a repórter Magali Boguchwal conta em
prosa, o fotógrafo Flávio Mello registrou em fotos e o artista gráfi co Mar-
celo Cipis transformou em imagem de capa.
Essa edição revela em detalhes como será a festa de Réveillon cujos in-
gressos estão à venda e é preciso correr para garantir lugar; mostra o
novo espetáculo do grupo de teatro; a fantástica apresentação de dezenas
de crianças e adolescentes do judô; o desempenho das várias modalida-
des esportivas no clube e muito mais.
No “Magazine”, a entrevista exclusiva de nosso correspondente em Israel
Ariel Finguerman com o pacifi sta Uri Avnery, fundador do Gush Shalom
(Grupamento da Paz) é reveladora de como neste momento, após os oito
dias de confl ito na Faixa de Gaza, a paz é mais necessária do que nunca e
daí o título “A paz ou nada”; as empresas start-up, outra criação a inventi-
vidade israelense; um roteiro dos melhores húmus de Israel; a história de
um general alemão na então Palestina no início do século passado; mais
uma reportagem da série acerca dos judeus em Cuba; o futebol e o Holo-
causto; o editor adjunto Julio Nobre mostra como nasce um grande fi lme
e se conta que Chanuká, muito mais que a apregoada “festa das luzes”, foi
a primeira guerra de libertação nacional.
Aliás, Chag Chanuká Sameach.
Boa leitura – Bernardo Lerer – Diretor de Redação
OUVIDORIA
SUGESTÕES
PARA ANUNCIAR
3814.4629 / 3815.9159
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LIGUE:3818-8898/99 [email protected]
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PARA COMENTÁRIOS, SUGESTÕES, CRÍTICAS DA REVISTA LIGUE: 3818-8855
Fale com a Hebraica
Tu B’ShvatPrimeira Vela de Chanuká
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por Raquel MachadoHEBRAICA | DEZ | 2012
8
gdestaques do guia
AS FÉRIAS DAS CRIANÇAS VÊM AÍ E A PROGRAMAÇÃO DA HEBRAICA ESTÁ COM TUDO. EM DEZEMBRO, TEREMOS AS APRESENTAÇÕES DE ENCERRAMENTO DO TEATRO INFANTO-JUVENIL, AS ÚLTIMAS EDIÇÕES DO ANO DO CLUBE DE LEITURA, A GRANDE FESTA DE REVEILLON DA HEBRAICA E PREPARE-SE, PORQUE EM JANEIRO TEM COLÔNIAS DE FÉRIAS PARA A GAROTADA E OPERAÇÃO VERÃO PARA TODOS!
cultura + social juventude
De 14 a 25/1/13
Colônia de Férias do Ateliê 2013, 1 a 3 anosDe segunda a sexta, 8h30 às 12h
Fevereiro 2013
Seleção de Teatro do Grupo QuestãoDe 5 a 18 anos, garanta a sua vaga!
De 2 a 31 de janeiroOperação Verão 2013Consulte tabela de horários e modalidades
esportes
Horários do ônibus
• Terça a sexta-feira
Saídas Hebraica
11h15 , 14h15, 16h45, 17h, 18h20 e 18h30
Saída Avenida Angélica
9h, 12h, 15h, 17h30 e 17h45
• Sábados, domingos e feriados
Saídas Hebraica –10h30, 11h30, 14h30,
16h45, 17h, 18h20 e 18h30
Saídas Avenida Angélica
9h, 11h, 12h, 15h , 16h15, 17h30 e 17h45
• Linha Bom Retiro/Hebraica
Saída Bom Retiro – 9h, 10h
Saída Hebraica – 13h45, 18h30
De 14 a 25/1/13Colônia de Férias da Escola de Esportes, de 3 a 12 anossegunda a sexta, 8h30 às 17h
31/12
Réveillon 2013 - E o mundo não acabou!21h, no Salão Marc Chagal
8/12
Clube de Leitura: Livro: “O Centauro no Jardim” de Moacyr Scliar16h, na Sala do Conselho (com a mediadora:
Vivian Schlesinger)
RÉVEILLON HEBRAICA 2013, UMA SURPRESA ATRÁS DA OUTRA!
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HEBRAICA | DEZ | 2012
cartas do leitor
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FAÇA DA REVISTA “HEBRAICA” UM MEIO INTERATIVO PARA A TROCA DE IDÉIAS. ENVIE SUA OPINIÃO SOBRE OS ARTIGOS E REPORTAGENS PUBLICADOS. UTILIZE O ENDEREÇO ELETRÔNICO [email protected] OU LIGUE PARA 3818-8855
[email protected] com a Hebraica
CongratulaçõesGostaria de parabenizar e agradecer às professoras pelo belís-
simo trabalho, assim como às mães das comissões. Este bat seguramente está em nossa história como um dos momentos
mais emocionantes e felizes, e será sempre lembrado e comen-
tado por todos os que tiveram a felicidade de estar na Sinago-
ga. Às meninas, além de parabéns pela data, também pelo ato,
pela decisão, pela iniciativa, pela perseverança. Que bom ver
que elas se envolveram e usufruíram de cada momento, cada
ensinamento, cada oportunidade de conhecer pedaços impor-
tantes da sua história. Elas nos presentearam com o produto fi -
nal desse processo com dedicação, alegria, bom humor e emo-
ção. E o conteúdo estará com elas para sempre. Grande abraço
a todos e mazal tov.
Daniel, pai de Ariela Scherer
Valores humanitáriosParabéns pelo importante trabalho que vocês desenvolvem e
pela emocionante cerimônia de bat-mitzvá. Nestes “tempos lí-
quidos”, ter um porto seguro que nos remeta aos valores essen-
ciais da humanidade traz um respiro e uma promessa de que
podemos nos tornar pessoas melhores e, portanto, fazer um
mundo melhor. Foi um enorme prazer contar com vocês nes-
sa caminhada, não apenas pelo conhecimento, mas pelo cari-
nho, pelo envolvimento, pela intenção, pela alegria, pelo canto
e pela disciplina. Eternamente grata,
Bete, mãe de Gabi Sanovicz
Cerimônia emocionanteRealmente foi um momento muito especial e marcante para a
vida das nossas fi lhas e para todas as famílias. Vocês estão de
parabéns por terem conduzido o curso de bat-mitzvá durante
este ano, culminando em uma cerimônia linda, emocionante e
perfeita. Vocês mais do que superaram o desafi o de fazer com
que 29 meninas cantassem maravilhosamente e declamassem
textos muito inspiradores. Aliás, o tema escolhido para este
ano foi lindo, e esperamos que estes valores tão importantes
façam parte da vida das meninas e que sejam transmitidos por
elas para as próximas gerações. Parabéns a todos.
Leslie Benzakein, mãe de Yasmin
Ensinamentos para a vidaSó temos que agradecer. Foram lindos momentos que fi carão
guardados para o resto da nossa vida e que os ensinamentos
passados neste ano perdurem para sempre. Parte da nossa his-
toria está ligada a essa corrente de novas amizades e a passa-
gem para a maioridade será lembrada com carinho e sauda-
des. Muito obrigada pela paciência, compreensão e, acima de
tudo, amor que tiveram com nossas meninas. Um forte abraço,
Carol Birenbaum, mãe de Verônica
Laços de amizadeRealmente não existem palavras para agradecer todo o com-
prometimento de vocês com nossas fi lhas. Em nosso primeiro
encontro, Joyce frisou muito que seria um ano especial e real-
mente foi mais do que isto. Acredito que todas elas formaram
um grande laço de amizade, onde puderam entender os valo-
res da espiritualidade e do que é realmente um amigo, aquele
que está presente em todas as horas. Tanto no grupo como nas
morot, pois sem a confi ança que todas vocês transmitiram este
aprendizado não seria tão bem-sucedido.
A cerimônia foi extremamente emocionante, tanto para os
pais como para as meninas, e acredito que para vocês, que es-
tiveram todos esses meses trabalhando com elas, foi ainda
mais! Parabéns pelo belo trabalho. Um grande abraço.
Gabriela Scalise Szpigel, mãe de Giovanna
Missão especialVocês são pessoas muito especiais na nossa vida. A sensação
que experimentamos aqui em casa é a de “queria mais”, mas
felizmente esta etapa foi cumprida com muito amor. Amor que
as meninas souberam passar lindamente para todos nós. A
missão de vocês é muito especial e vocês são pessoas ilumina-
das que souberam conduzir nossas fi lhas durante este ano. Bei-
jos e abraços com carinho,
Sheila, Sofi a e Marcelo Jesion
Um bat-mitzvá de eterna lembrança
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capa | sustentabilidade | por Magali BoguchwalHEBRAICA | DEZ | 2012
14
Jovens empreendemações ambientais
O FIT CENTER ADERIU AO PROJETO DO JOVENS SEM FRONTEIRAS DISTRIBUINDO GARRAFAS E ABOLINDO O TRADICIONAL E POLUENTE COPINHO DE PLÁSTICO
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HEBRAICA | DEZ | 2012
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S eparar o lixo, economizar ener-
gia, utilizar meios de transporte
não poluentes são práticas ado-
tadas por um número cada vez maior de
paulistanos. Essa tendência se confi rma
entre os associados, que procuram re-
produzir no clube os hábitos que man-
têm em casa. Iniciativas pontuais experi-
mentadas ao longo dos últimos anos res-
HEBRAICA SUSTENTÁVEL É UM NOVO SETOR CRIADO NO CLUBE PARA TRADUZIR EM AÇÕES CONCRETAS A PREOCUPAÇÃO DE SÓCIOS, DIRIGENTES E FUNCIONÁRIOS EM RELAÇÃO AO AMBIENTE >>
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HEBRAICA | DEZ | 2012
17
to Jovens Sem Fronteiras, que tem à sua
volta estudantes sensíveis a esse e ou-
tros temas”, acrescenta Gaby.
Segundo ele, o setor Hebraica Susten-
tável trabalha em acordo com a vice-pre-
sidência de Patrimônio e Obras. “Leva-
mos nossas ideias à equipe de diretores
e profi ssionais da área e a união de es-
forços já resultou em melhorias como a
substituição da iluminação no Ginásio
Os conceitos de sustentabilidade vão muito além do des-
carte de celulares, lixo ou o uso lâmpadas mais efi cientes.
A preservação da terra e da natureza tem menção obrigató-
ria sempre que se trata do assunto. Na Hebraica, o cuidado
com a natureza é levado a sério na manutenção e amplia-
ção de áreas verdes, plantas, pássaros e animais marinhos.
Prova disso é a comemoração do ano novo judaico das ár-
vores (Tu B’Shvat), que abre o calendário de eventos e marca
uma antiga parceria com as entidades Na’amat Pioneiras e
Keren Kayemet LeIsrael (KKL).
Este ano, Tu B’Shvat será em 27 de janeiro, quando as três
entidades realizarão um serviço religioso especial na Sina-
goga a partir das 10 horas. Segundo o diretor de Cultura Ju-
daica, Gerson Herszkowicz, para o domingo seguinte, dia 3,
foi programado um evento no clube, das 10h30 às 12 horas,
dirigido ao púbico de 5 a 9 anos, com atividades lúdicas ba-
seadas nos conceitos da festa.
“Nesse dia, a atração especial será o educador ambien-
tal e ecologista Alexandre Chut, vencedor do Prêmio Cida-
dão Sustentável 2012, que recentemente liderou movimen-
tos de plantio de milhares de árvores às margens dos rios
Pinheiros e Tietê. Ele e as crianças plantarão uma árvore em
uma das áreas verdes da Hebraica, simbolizando o ritual
anual dessa festa em Israel.”
Valores renovados em Tu B’Shvat
>>
dos Macabeus, a instalação de lixeiras
para material reciclável, torneiras que
fecham automaticamente depois de al-
guns segundos e outras alterações”, con-
ta o superintendente.
Segundo o engenheiro Luiz Henrique
Ribas Alça, o custo da reforma na ilumi-
nação da quadra do Ginásio dos Maca-
beus será recuperado em poucos meses
com a economia de energia e manutenção
garantida pelas lâmpadas de led. “O pre-
ço dessas lâmpadas vem caindo, então as
vantagens do mesmo tipo de iluminação
em fase de instalação nas quadras de tênis
será ainda maior”, enfatizou o engenheiro.
Para Bruno Kibrit, o trabalho no se-
tor Hebraica Sustentável abrange muito
mais do que o contato com engenheiros
e diretores de obras. “Durante o tempo
em que eu era o único integrante do se-
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capa | sustentabilidadeHEBRAICA | DEZ | 2012
16
surgem agora de forma organizada em
áreas verdes e abrigadas e despertam a
atenção das famílias.
Em 2011, por exemplo, a vice-pre-
sidência de Juventude transformou o
XXXI Festival Carmel em um Eco-Car-
mel e apresentou empresas e exemplos
de como materiais e ideias podem ser
reciclados e transformados em vez de
abandonados num lixão.
Segundo o diretor superintenden-
te da Hebraica Gaby Milevsky, recente-
mente foi estruturado um setor chama-
do Hebraica Sustentável para tratar di-
retamente de questões ligadas ao am-
biente.
“Queremos gente que pense, elabore,
discuta e execute ações visando – em
termos amplos – a preservação do pla-
neta e aplicando conceitos de sustenta-
bilidade ao dia-a-dia da Hebraica. E isso
nós temos”, explica. “Deleguei a tarefa
a Bruno Kibrit, um jovem já envolvido
com o tema e um dos líderes do proje-
A COLETA DE
ÓLEO DE COZINHA
JÁ PODE SER
CONSIDERADA
UM VERDADEIRO
SUCESSO
>>
Descarte correto Atualmente é possível descartar roupas usadas, brinque-
dos, material reciclável, óleo, baterias e pilhas e até equi-
pamentos eletrônicos. Desde a garagem até a portaria da
rua Hungria, ou seja, por todo o clube, há caixas de pa-
pelão e lixeiras sinalizadas com indicação do que pode e
deve ser deixado nelas.
Foto
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HEBRAICA | DEZ | 2012
19
Ângelo Fedele representa a Ecocel, empresa parceira da Hebraica no recolhimento
de celulares e acessórios que os usuários trocaram por modelos mais novos.
Foi uma visita à Nestlé que abriu seus olhos para um nicho de mercado. “Antes
de abrir a Ecocel, há nove meses, atuei vários anos na área de telecomunicações e
ao decidir abrir um negócio próprio, descobri por meio de um antigo cliente, a Nes-
tlé, que havia cerca de cinco mil celulares com pouco uso. As grandes empresas esti-
mulavam a troca frequente de aparelhos e nada era feito com os que sobravam. Foi
a partir desse material que iniciei a Ecocel”, revelou Fedele. Por coincidência, na dé-
cada de 1970, durante alguns meses, Ângelo integrou o time de basquete do clube.
“Meu técnico trocou de clube e me convidou a seguir com ele. Aceitei”, recorda.
Segundo ele, a Ecocel é a única empresa na América Latina a responder por seus
parceiros no Brasil e no exterior no caso de correta destinação dos componentes in-
ternos dos celulares. “Hoje as pessoas armazenam partes da vida nos celulares, e
por essa razão os aparelhos descartados devem passar por uma descaracterização
do software. O processo seguinte é a desmontagem e separação dos materiais, no
que chamamos de descaracterização de hardware. O plástico segue para a recicla-
gem básica e o metal passa por uma moagem nas instalações de uma empresa par-
ceira e é exportado para países como a Bélgica, que tem a tecnologia para separar o
ouro, a prata, o níquel e o lítio utilizados em baterias e carregadores desses apare-
lhos. Essa tecnologia inexiste no Brasil. Parte desse material volta para a cadeia pro-
dutiva dos eletroeletrônicos e parte é eliminada” descreve.
Hoje existem duas caixas de coleta da Ecocel disponíveis na Hebraica, uma na
portaria da rua Hungria e outra junto às catracas da piscina.
Lixo telefônico
Mais luzA iluminação do Ginásio dos Macabeus hoje é feita com
lâmpadas de led, mais duráveis e econômicas do que as
halógenas. Além de oferecer aos atletas mais luminosi-
dade, o gasto com manutenção é bem menor. No teto do
Ginásio dos Macabeus um painel solar auxilia no aqueci-
mento da piscina olímpica. A substituição das lâmpadas
nas quadras de tênis já está em curso, resultando em me-
lhores condições para os jogos e treinos noturnos.
Menos desperdícioOs Jovens Sem Fronteiras estão em campanha para redu-
zir a zero o consumo de copos descartáveis no Fit Center.
Para isso, os usuários receberam um squeeze (recipien-
te reutilizável ideal para atividades físicas) e são estimu-
lados a utilizá-los diariamente, ao menos naquele local.
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capa | sustentabilidadeHEBRAICA | DEZ | 2012
18
Fãs da bicicletaO número de participantes do Hebike aumenta a cada
passeio quinzenal e agora existe um ponto para emprés-
timo de bicicletas a poucos metros na rua Ibiapinópolis.
É mais um facilitador para quem quer adotar o transpor-
te em duas rodas.
Lições de preservação Nos oito núcleos educacionais – Escola Maternal e Infan-
til, Escola de Esportes, Ateliê, After School, Curso de Lí-
deres Meidá, Espaço Bebê e Brinquedoteca, Centro de
Danças, Centro Juvenil Hebraikeinu – crianças e adultos
são continuamente conscientizados a respeito da impor-
tância da preservação do ambiente.
Água preciosa As torneiras dos banheiros funcionam com temporizado-
res à prova de desperdícios e eventuais esquecimentos.
Há muito, sabe-se que duas folhas do toalheiro bastam
para secar as mãos.
tor, organizei o treinamento dos chefes
de equipes de limpeza para alcançar um
resultado melhor e mais amplo na sepa-
ração e acondicionamento do lixo. Tam-
bém estudei o formato das lixeiras para
o sócio visualizar facilmente no momen-
to de jogar um palito de sorvete ou uma
garrafa pet. Temos 150 delas espalhadas
pelo clube e em breve instalaremos al-
gumas ainda mais sofi sticadas nas áreas
cobertas”, informa o jovem universitário.
Ele hoje tem dois estagiários para
>>te descartava como podia e nem sem-
pre com a destinação correta”, observa
Kibrit.
Números e dados como o da Re-cicle
começam a chegar às mãos do trio res-
ponsável pelo Hebraica Sustentável. “O
Instituto Muda nos entregou um relató-
rio muito animador do trabalho de co-
leta realizado nesses poucos meses de
parceria. De resto, é contar com a boa
disposição dos sócios em colaborar”,
espera Bruno.
ajudá-lo com diferentes tipos de cole-
tas seletivas ainda em fase de implan-
tação na Hebraica. “Fizemos uma par-
ceria com o Instituto Muda para a cole-
ta de material reciclável. Com a Ecocel,
trabalhamos o descarte de materiais
eletrônicos e a Re-cicle recolhe todo o
óleo utilizado pelos concessionários
para a fabricação de biodiesel”, enume-
ra Kibrit. “Desde o início do ano, a Re-
cicle recolheu uma tonelada e meia de
óleo que anteriormente cada restauran-
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cultural
+ social
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cultural + social > réveillon
HEBRAICA | DEZ | 2012
24
S egundo o Departamento Social, 21
de dezembro – data prevista pelo
povo maia para o fi m do mundo – será
um dia como outro qualquer, seguido de
muitos outros mais, entre eles o 31, que
inevitavelmente trará com ele o 1º de ja-
neiro de 2013. Diante disso, nada mais
natural do que organizar uma festa de
Réveillon inesquecível para saudar o ano
novo com alegria, música e nenhuma
outra data fatal à frente.
Imersa nesse clima otimista, Lia Tul-
mann, banqueteira que assina grandes
Um brinde às previsões erradas “E O MUNDO NÃO ACABOU” É O TEMA DO RÉVEILLON, COM CARDÁPIO ASSINADO POR LIA TULMANN. HAVERÁ
TAMBÉM UM SHOW DE HELDER MOREIRA, TALENTOSO IMITADOR DE ELVIS PRESLEY
eventos na cidade, preparou um cardá-
pio especial para que a despedida do
ano e a recepção do novo tenham o to-
que original da sua cozinha.
“Gosto de mesclar sabores doces e sal-
gados, misturar texturas e fazer refeições
memoráveis”, afi rma Lia, fi lha de uma ju-
dia polonesa com a qual aprendeu a com-
binar ingredientes inesperados.
“Minha mãe estava na Inglaterra quan-
do estourou a Segunda Guerra Mundial.
Os pais a chamaram às pressas de vol-
ta para casa com medo do nazismo e a
trajetória da família incluiu anos na Si-
béria, em meio a condições duríssimas,
até meus avós conseguirem imigrar para
a América do Sul. Desejavam vir ao Bra-
sil, mas por engano, terminaram em Co-
chabamba, na Bolívia, lugar onde mi-
nha mãe teve de cozinhar com produtos
típicos. Ao vê-la em ação, anos depois,
aprendi a procurar alternativas aos pra-
tos comuns, como, por exemplo, fazer
nhoque com banana, em vez de batata.
Este é um dos toques inovadores da mi-
nha cozinha”, explica Lia.
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HEBRAICA | DEZ | 2012
25
Para o Réveillon na Hebraica, ela se
propôs a substituir o que os profi ssionais
chamam de coquetel passado por mesas
de serviço. “Prefi ro montar mesas para
os sócios se servirem à vontade, mesmo
aqueles que chegarem mais tarde para a
festa”, explica.
Jornalista e chef de cuisine, Lia idea-
lizou o Badebec, restaurante que, nos
anos 1990, foi reduto dos gourmets da
cidade. Hoje ela dirige o Bibi e o restau-
rante que funciona na antiga sede do Jo-
ckey Clube no centro da Cidade.
No cardápio do seu primeiro Réveillon
na Hebraica, ela incluiu algumas cria-
ções que já são marcas registradas da
sua culinária, como a terrina de beringe-
la e o strudel de Gruyère e damasco.
“Este será um Réveillon para as pesso-
as festejarem a vida e nada melhor do
que saborearem novidades ao lado de
pratos que conhecem e apreciam. Im-
porta que o jantar seja bem apresenta-
do, saboroso e que antes e depois da re-
feição as pessoas aproveitem o show e a
música com muita alegria”, diz a chef.
Elvis com HAlém do jantar gourmet, o programa do
Réveillon reserva outra surpresa: a apre-
sentação de Helder Moreira, ator brasi-
leiro que recentemente apresentou show
em homenagem a Elvis Presley em Las
Vegas, nos Estados Unidos.
Desde a década de 1980, Helder aper-
feiçoa o espetáculo no qual apresenta fi -
gurino, canções e coreografi as em que se
destacam a afi nação, tom e volume de
voz, além do visual iguais ao do cantor.
Com sucesso, ele e a banda já excursio-
naram pela Europa e América Latina.
No Brasil, Helder anima eventos corpo-
rativos e diante da difi culdade de assistir
a sua performance no circuito comercial,
o Departamento Social o escolheu como
atração especial do Réveillon. Os convites
já estão à venda na Central de Atendimen-
to, fones 3818-8888/8889. (M. B.)
Réveillon 2013
Salão Marc Chagall
Buffet – Lia Tulmann
Show de Helder Moreira
Decoração de Eduardo Honora
Dress code – branco e dourado
A GASTRONOMIA
DE LIA TULMANN
COMBINA
SIMPLICIDADE E
REFINAMENTO;
À DIREITA, O
INTERNACIONAL
HELDER MOREIRA
HOMENAGEIA ELVIS
PRESLEY
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cultural + social > galeria de arte
HEBRAICA | DEZ | 2012
26
C inco artistas contemporâneos fo-
ram reunidos na Galeria de Arte,
onde a cor branca local serviu de fundo
para várias estéticas. Na concepção de
Fernando Durão, “a mostra foi diagrama-
da como um teatro de arena, para que as
obras dialogassem entre si e com o ob-
servador, e este com os criadores”, daí o
nome da mostra.
Durão é fotógrafo, desenhista e cola-
borador de importantes mídias. Chegou
ao Rio de Janeiro no Carnaval de 1969,
Cinco visões da contemporaneidade
OS ARTISTAS CACIPORÉ TORRES, EDUARDO IGLESIAS, GUILHERME DE FARIA, FERNANDO DURÃO E YUTAKA TOYOTA CHAMARAM DE “DIÁLOGO”
A EXPOSIÇÃO DAS SUAS OBRAS NA HEBRAICA
deixando a ditadura de Salazar. Impres-
sionado com as cores tropicais, fez delas
uma constante em suas obras. “Nasci ar-
tista. A criação e a execução são um ato
natural”, diz Durão.
As esculturas de Caciporé Torres cha-
mam a atenção porque o artista traba-
lha com materiais duros e pesados,
como ferro e aço inox sucateado, e têm
como marca a solda, tornando-as ar-
ticuladas. Estudou história da arte na
Sorbonne, voltou ao Brasil e tem peças
em praças de cidades, das quais sessen-
ta só em São Paulo.
Perguntam a Eduardo Iglesias se sua
fase azul acabou. “Não, hoje está tudo
muito colorido. Cada um de nós tem
uma cor interior e isso é o que interessa”,
responde o artista.
“A pintura, a escultura e o monumento
estão profundamente ligados. Tudo é es-
paço cósmico, onde vivemos procuran-
do a paz”, fi losofa Toyota com o sotaque
do Japão, onde nasceu em 1931.
O pintor, desenhista e gravador Gui-
lherme Faria se vê rodeado por pesso-
as que desejam conhecer sua técnica. O
artista responde: “Não há esboços, nem
modelo, nem rasuras. Trabalho com um
estoque de papel Schiller, que guardo
há vinte anos. Descobri o pincel após
ver num fi lme a forma zen dos samu-
rais usarem a espada. Como uma ilumi-
nação, tirei as cerdas longas e sai dese-
nhando”. (T. P. T.)
A GALERIA DE ARTE RECEBEU NOMES CONSAGRADOS DA PINTURA E DA ESCULTURA
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cultural + social > biblioteca
HEBRAICA | DEZ | 2012
28
O Departamento Cultural, de que faz
parte a Biblioteca, reservou o Ca-
sual Mil para o lançamento da edição do
livro que reúne os textos vencedores de
três recentes edições do Concurso Literá-
rio Ben-Gurion. Na mesma tarde, foram
revelados os nomes dos vencedores des-
te ano, nas categorias conto, crônica e
poesia juvenil e adulto.
Livro reúne prosa & versoUM EVENTO NO CASUAL MIL MARCOU O ANÚNCIO DOS VENCEDORES DA
SÉTIMA EDIÇÃO DO CONCURSO LITERÁRIO BEN-GURION E O LANÇAMENTO DO LIVRO COM OS TEXTOS PREMIADOS EM 2010, 2011, 2012
Os convidados foram saudados pelo
diretor-geral Social e Cultural Sérgio
Ajzenberg, pelo vice-presidente admi-
nistrativo Mendel Szlejf e pelo diretor
cultural Samuel Seibel. A escritora De-
borah Goldemberg anunciou os vence-
dores e coordenou a leitura de alguns
textos, principalmente daqueles classi-
fi cados em primeiro lugar em crônica,
Adulto
Modalidade Poesia
1º lugar – “Haicai”, de Rosa Broner Worcman
2º lugar – “Terminal”, de Vivian Schlesinger
3º lugar – “Por Debaixo da Terra”,
de Fernanda Vofchuk Markus
Modalidade Crônica
1º lugar – “Achuzat Bait”,
de Bernardo Kucinski
2º lugar – “Vidas Cruzadas”, de
Cláudia Hemsi Leventhal
3º lugar – “Velho”, de
Alexandru Solomon
Modalidade Conto
1º lugar – “Helena Telefonou”,
de Bernardo Kucinski
2º lugar – “Viviane”, de Magali
Boguchwal Roitman
3º lugar – “Morro do Samba”,
de Roland Fischmann
Modalidade Depoimento
1º lugar – “Alguém Disse”,
de Marcelo Brick
Juvenil
Modalidade Crônica
1º lugar – “Jogo de Futebol”,
de Tali Finger
Modalidade Conto
1º lugar – “De Pai para Filho”,
de Allan Davi Catach
VII Concurso Literário Ben-Gurion
poesia e as duas crônicas da categoria
juvenil.
Deborah participou da comissão jul-
gadora da sétima edição com Sônia
Mansky e Áurea Rampazzo. “Foram 42
textos e muitos sócios inscreveram tra-
balhos pela primeira vez. Alguns destes
estão entre os premiados”, afi rmou co-
ordenadora da biblioteca Maria Eunice
Lopes, responsável pela organização do
evento. Ela cita o depoimento de Marce-
lo Brick, único premiado nessa categoria
e o conto de Roland Fischmann.
“Este não é meu primeiro prêmio lite-
rário, mas só este ano fi quei sabendo a
respeito do Concurso Ben-Gurion. Con-
sidero uma iniciativa importante da He-
braica manter um concurso literário, pois
existem talentos aqui e é preciso valorizá-
los”, afi rmou Fischmann, diretor da Edi-
tora Andrei.
Já para Fernanda Vofchuk Markus, ter-
ceiro lugar em poesia, foi o retorno ao
concurso. “Participei de uma das primei-
ras edições, aos 17 anos, e minha poe-
sia foi a melhor na categoria juvenil. Na
época, também abordei o tema do Holo-
causto, que ainda mexe comigo. Meu de-
sejo é me dedicar à poesia depois de me
formar na faculdade e é uma honra estar
entre os premiados hoje”, afi rmou a jo-
vem estudante de relações públicas.
Além dela, a leitura dos textos de
Allan Davi Catach, 13 anos, vencedor na
categoria conto juvenil, e da crônica de
Tali Finger, 12 anos, foi muito aplaudida
pelo público. (M. B.)
LEITURA DE TEXTOS VENCEDORES NO RESTAURANTE CASUAL MIL
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30
coluna comunidade
por Tania Plapler Tarandach | [email protected]
CO árabe cristão e ministro na Supre-
ma Corte israelense Salim Joubran
passou por São Paulo e fez palestras a
respeito do “Sistema Jurídico em Israel
e o Papel da Suprema Corte em uma So-
ciedade Democrática” e do “Papel da Su-
prema Corte em Direitos Humanos” para
os alunos da Faculdade Zumbi dos Pal-
mares, debateu no Templo Beth-El, no
Tribunal de Justiça paulista e no Instituto
Fernando Henrique Cardoso à mesa do
qual estavam o cônsul de Israel em São
Paulo Ilan Sztulman, o diretor executivo
do iFHC Sérgio Fausto e o advogado Os-
car Vilhena.
Segundo Joubran, não há uma cons-
tituição formal em Israel, mas cogita-
se de criar duas leis: de direitos huma-
nos e de direitos sociais, a serem unifi -
cadas em uma constituição. “A Suprema
Corte é indispensável e importante para
manter a igualdade do cidadão e os direi-
tos humanos, a justiça não diferencia et-
nias. Há petições feitas por árabes israe-
lenses contra o governo e, em muitos ca-
sos, decisões obrigam o governo a fazer
algo pela igualdade”, explicou. Qualquer
um pode fazer uma petição, à mão, sem
advogado, e registrá-lo na Corte. Por ano,
são julgados perto de dez mil processos.
O tribunal secular não pode interferir
na decisão de um tribunal religioso, as-
sim como não pode tratar de assuntos
políticos, e seus membros não dão en-
trevistas. “A Suprema Corte só interfe-
re quando o tribunal religioso decide so-
bre casos que não são de sua alçada ou
decide contrariamente às regras da justi-
ça humana.” Em Israel, cada religião tem
o próprio tribunal: são mais de trinta tri-
bunais judaicos, onze muçulmanos e dez
cristãos.
Joubran nasceu de família ortodoxa
grega e maronita católica, em Haifa, em
1947, um ano antes da independência do
Estado. Formou-se na Universidade He-
braica de Jerusalém, fez carreira como
juiz, e em 2003 foi nomeado temporaria-
mente para o Supremo Tribunal e em de-
fi nitivo em 2004, tornando-se o primeiro
árabe cristão entre os quinze juízes. Ati-
vista na melhoria das relações entre ára-
bes e judeus em Israel, Joubran recebeu
o prêmio Marcos Sieff.
Árabe cristão na Suprema Corte
Edital de chamada em BrasíliaO diretor-geral do Centro da Indústria
Israelense para Pesquisa & Desenvol-
vimento (Matimop), Michel Hivert, e o
diretor de Operações e Iniciativas na
América Israel Shamay se reuniram
com o secretário de Inovação do Minis-
tério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior, em Brasília, para
lançar o segundo edital de chamadas
para apresentação de propostas de coo-
peração tecnológica entre Brasil e Israel.
Essa etapa está prevista no Memo-
rando de Entendimento sobre Coope-
ração Bilateral em P&D e Desenvolvi-
mento Industrial no Setor Privado, as-
sinado em 2007. Assim, empresas da
informação e comunicação, saúde e de-
fesa dos dois países deverão elaborar
propostas de cooperação em P&D para
desenvolver produtos, processos e ser-
viços de aplicação industrial.
CÔNSUL SZTULMAN, FAUSTO, JUIZ SALIM JOUBRAN E VILHENA
Filme israelense premiadoPreenchendo o Vazio, fi lme de Rama
Burshtein, venceu a 36ª. Mostra Inter-
nacional de Cinema de São Paulo, re-
cebendo o troféu Bandeira Paulista. No
último Festival de Veneza, a protago-
nista Hadas Yaron recebeu o prêmio de
melhor atriz.
Foto
Ma
rio
Pa
lha
res/
Fun
da
ção
IFH
C
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31
As fotos do
desembargador
Wálter Fanganiello
Maierovitch,
do publicitário
Washington
Olivetto e da
deputada federal
Mara Gabrilli faziam
parte da exposição
fotográfi ca “DNA
Italiano no Brasil”,
no Centro de
Integração
Empresa-Escola.
David e Golias,
A Arca de Noé e Moi-
sés são os e-books
comercializados
com sucesso pela
Lalubema. Myriam
Fischer é a voz
em português das
grandes atrizes que
atuam nesses clássi-
cos infantis.
O chefe do Labora-
tório de Patologia
Neuromuscular e
professor adjunto de
patologia cirúrgica
da Unifesp Beny
Schmidt e equi-
pe apresentaram
estudos na área de
órteses e próteses
biônicas voltados
à reabilitação de
defi cientes físicos
para o XXIII Con-
gresso Brasileiro de
Medicina Física e de
Reabilitação.
Os pratos artesanais
de Vera Kauffman
fi zeram sucesso na
24ª edição do Bazar
Espaço Diferenciado.
O diretor da Society
of Automotive
Engineering e
diretor executivo
da General Motors
Alberto Rejman teve
papel fundamental
na reestruturação
da engenharia
da empresa nos
Estados Unidos
para sobreviver
ao Chapter 11
(concordata). Agora,
ele passará três
anos na Alemanha,
trabalhando na Opel,
subsidiária da GM na
Europa, que também
passa por momentos
difíceis.
A Raro Carmim,
de Paula Mandel
e Carla Cozzolino
está de site novo
(rarocarmim.com.br),
mostrando “eventos
únicos” familiares e
empresariais.
André Zatz e
Sérgio Halaban,
da SB Jogos, são
especialistas em
gamifi cação para
treinamento. É deles
o jogo Otimize,
aplicado pela Tokio
Marine para mais de
mil colaboradores.
Bernardo Ajzemberg,
Ronaldo Wrobel, Ilan
Brenman e Mônica
Guttman participa-
ram em diferentes
mesas do VI Encon-
tro Brasileiro de
Estudos Judaicos,
realizado pelo Depar-
tamento de Ciências
Sociais, Programa
de Estudos Judaicos,
na Universidade do
Estado do Rio de
Janeiro.
Após Budapeste,
Haia e Amsterdã,
o XVII Circuito
Internacional de Arte
Brasileira aportou
em Maringá, Paraná,
onde o marchand
e artista plástico,
Henry Chaitz teve
obras expostas nessa
maratona artística.
Madrich é o segundo
livro de Nessim
Hamaoui, e neste
conta sua trajetória
comunitária, a impor-
tância do movimento
juvenil, principal-
mente a Chazit, da
Congregação Israelita
Paulista. Ele dedica o
livro a Sima e David
(z’l) Sztulman.
A segurança está na
ordem do dia e o con-
sultor Nilton Migdal,
diretor da Migdal
Consulting, está
com a agenda cheia,
participando de pa-
lestras que também
tratam de blindagem
automotiva.
César Romero deu
os nomes de “Faixa
Emblemática” e “To-
tem Emblemático”
a dezessete pinturas
e dez esculturas
expostas no Espaço
Cultural Citi, com
curadoria de Jacob
Klintowitz.
O presidente do
Conselho Estadual
Parlamentar das Co-
munidades de Raízes
e Culturas Estrangei-
ras (Conscre) Cláudio
Pieroni recebeu Lia
Diskin no Auditório
Tiradentes da As-
sembleia Legislativa
para falar de “Mis-
cigenação da Raça
Brasilíades – Cultura
de Paz”.
Todos têm fãs no
Facebook, mas a
Fisesp ultrapassou
os dez mil em sua
fanpage, o que faz
dela a maior rede
social no Brasil
entre as entidades
judaicas. É variada e
sempre atualizada,
um dos fatores desse
interesse. Para estar
por dentro, acesse
facebook.com/fede-
racaosp.
Alexandru Solomon
escreveu A Luta
Continua – Contos
e Crônicas. Este
é o seu décimo
segundo livro. Foi
lançado na Livraria
da Vila/Shopping
Higienópolis.
COLUNA 1 Projeto Anne Frank em ação A coordenadora de atendimento, pes-
quisa e educação do Arquivo Histórico
Judaico Brasileiro Lúcia Chermont par-
ticipou na Argentina do seminário “Ex-
periências em Educação sobre a Shoá e
Memória: Refl exão e Lembrança”, orga-
nizado pelo ministério da Educação e a
Casa de Anne Frank da Argentina e a co-
laboração da Casa Anne Frank na Holan-
da, da Casa de Conferência de Wannsee,
memorial e educacional na Alemanha, e
da Comissão 4 e 5 de Maio, na Holanda
e apoio do Grupo de Trabalho para a Co-
operação Internacional em Educação da
Shoá e Remembrance Research.
Lúcia integra o projeto Rede Anne
Frank no Brasil, idealizado pela Confe-
deração Israelita do Brasil (Conib) com
a Federação Israelita do Estado de São
Paulo (Fisesp). Foram relatadas expe-
riências de ensino da Shoá na Alema-
nha, Argentina, Chile, Costa Rica, Ho-
landa, Peru, Uruguai e Brasil.∂
∂
TÂNIA GONÇALVES DE MELLO, DA SECRETARIA ESTA-
DUAL DE EDUCAÇÃO, LÚCIA CHERMONT, DO AHJB,
E NORBERT HINTERFEITNER, DIRETOR DE EDUCAÇÃO
DA CASA ANNE FRANK DE AMSTERDÃ
De onde você veio?Filhos de imigrantes têm curiosida-
de em saber as origens da família. De
onde vieram pais, avós e bisavós, as
ocupações e os interesses deles, como
viviam e por que escolheram o Brasil.
Eva Strum e Sérgio Grinberg tinham as
mesmas dúvidas e estão coletando, re-
gistrando e disponibilizando esses da-
dos voluntariamente. Quem desejar
compartilhar informações da sua his-
tória, entre em contato com eles pelos
e-mails [email protected] e evas-
[email protected] que vão enviar um pe-
queno questionário.
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cultural + social > comunidade+coluna1
HEBRAICA | DEZ | 2012
32
É do designer Sérgio
Matos a nova coleção
que Cris e Abel
Reshef incorporaram
à sua Marché Art
de Vie, nas lojas
do Pacaembu e da
alameda Gabriel
Monteiro da Silva.
A escritora e
roteirista Juliana
Rosenthal K.
autografou Deu
Positivo, na Livraria
da Vila/Lorena. Fala
da sua gravidez,
da notícia ao
parto. Colaborou
o ginecologista e
obstetra Carlos
Eduardo Czeresnia
e Bruno Di Chico fez
as ilustrações.
O vice-diretor
da Faculdade de
Medicina do ABC
Marco Akerman e o
coordenador da Rede
Nossa São Paulo
Mauro Broinizi
foram debatedores
no seminário
“Cidades Saudáveis
e Sustentáveis:
Conceitos e Desafi os”
realizado no Fórum
Suprapartidário
por uma São
Paulo Saudável e
Sustentável.
Convidados pela
fi sioterapeuta Betty
Gervitz, a professora
Deborah Nefussi e
o músico Gabriel
Levy participaram
do encontro “Danças
Étnicas”, no
Centro de Estudos
Universais.
O ciclo de debates
“Direitos Humanos
e Desenvolvimento
Módulo III Gênero
e Direitos Huma-
nos” foi coordenado
por Sérgio Adorno e
teve a curadoria da
ex-senadora Eva Al-
terman Blay, Tamara
Amoroso Gonçalves
e Marcela Barroso.
Vivien Schlesinger
recebeu mais um
prêmio neste ano. É
o Mondiale di Poesia
Nosside, organizado
na Itália com mais
de seiscentos poetas
de 71 países. Seu
poema “Queda Livre”
recebeu menção
honrosa e fará parte
da antologia dos
vencedores, distribu-
ída mundialmente.
Leia-o no blog http://
vivianschlesinger.
blogspot.com.br.
No Museu da Casa
Brasileira, a designer
Jacqueline Terpins
foi um dos jurados
que escolheu os
vencedores do VII
Prêmio Tok & Stok
de Design
Universitário.
Os empresários
Mário Levi e Roberto
Sasso mais o ator
Henri Castelli
criaram o Dezoito
Bar & Movement.
É um ambiente
luxuoso e acolhedor,
criado por José
Ricardo Basiches, na
região do Itaim.
Confraternização
no Esporte
Club Sírio: Jaime
Dicker e Isaac
Ris, da Hebraica,
e Gilberto Makul,
do clube anfi trião,
venceram mais um
dos concorridos
torneios de tranca,
que unem fãs do
carteado associados
da Acesc.
Aliza Nahum tratou
de novos hábitos
alimentares em
quatro encontros
para o público
feminino no centro
de convivência
Eshet Chail.
Diretor de mais de
oitenta espetáculos,
Moisés Miastkowsky
está à frente de
O Casamento do
Pequeno Burguês, do
poeta, dramaturgo
e encenador Bertolt
Brecht. Lilian Blanc
faz parte do elenco
que se apresenta no
Teatro Augusta.
A Jornada de Poesia
Oriental reuniu os
escritores Khalid
Al-Maaly, do Iraque,
Yao Feng, da China,
Joung Know Pae,
da Coreia, e Ronny
Someck, de Israel. O
evento foi organiza-
do pelo Departamen-
to de Letras Orientais
da USP.
Na Sinagoga do
clube, Rosália e
Gerson Gerstler,
Daniel e Sheila
acompanharam
o fi lho e irmão
Eduardo na primeira
leitura da Torá.
COLUNA 1
∂
∂
Um dia de boas compras É cada vez maior o interesse pelos pro-
dutos da Feira da Comunidade, do Nú-
cleo de Geração de Renda de Na’amat
Pioneiras, e apoio da Hebraica. Os ex-
positores transformaram o Salão Marc
Chagall em vitrine para os seus produ-
tos, fomentando pequenos negócios e
serviços. “Esta feira é muito importan-
te e é sempre um prazer sediar o even-
to”, disse o presidente da Hebraica
Abramo Douek. Para a vice-presidente
de Na’amat e coordenadora do Núcleo
de Geração de Renda Clarice Shucman
Jozsef, “a preocupação em apresentar
produtos dentro das tendências atuais
e o novo visual da Praça de Alimenta-
ção foram um motivo a mais para o su-
cesso”. Quem passou por lá recebeu o
“Guia de Produtos e Serviços da Comu-
nidade”, que relaciona os fornecedores
cadastrados, também no site www.naa-
mat.org.br.
Jornalistas dão o recadoO diretor de Relações Institucionais da
Conib Jaime Spitzcovsky esteve em
Quito, Equador, no 12º. Encontro de Lí-
deres de Instituições Judaicas e Comu-
nidades da América Latina e Caribe. O
evento, organizado pelo Joint Distribu-
tion, reuniu quase quinhentos parti-
cipantes. Uma das mesas do encontro
homenageou o ativista Beirel Aizens-
tein (z’l).
O vice-presidente executivo da Fisesp,
Ricardo Berkiensztat, e o jornalista e
assessor de imprensa Carlos Brickman
falaram para mais de 130 mulheres, de
dez centros, reunidas no Rio de Janeiro
no XXI Congresso da Wizo Brasil.
O mar ao
fundo e a
lua acima da
hupá foram o
cenário para o
“sim” de Alice
e Paulo. Com
assinatura da
decoradora
Maia Peres,
Susana
(Muszkat) e
Bráulio Zemel, Bia (Farkas) e Flávio Bitelman
receberam convidados nos jardins do
Juquehy Beach Hotel.
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Cabos de aço,
ferragens e papel de
seda são os materiais
usados por Jac Leir-
ner para as obras
expostas na Galeria
Fortes.
Autor de mais de 250
trabalhos publicados
e reconhecidos
internacionalmente,
o médico Morton
Scheinberg,
PhD em Boston
e livre docente
em imunologia
pela USP, foi
homenageado com o
master ACR 2012 na
sessão de abertura
do Congresso
Americano de
Reumatologia, no
Walter E. Washington
Convention Center,
em Washington.
Entre vários
trabalhos de
Scheinberg destaca-
se um publicado
na Annals of
Internal Medicine,
conceituada revista
de clínica médica:
é sua experiência,
no ano 2000, com
um novo marcador
anti-CCP para artrite
reumatoide.
O programa “Sessão
de Terapia” repete
no canal GNT, o
mesmo sucesso dos
trinta países onde
o programa já foi
premiado. O pai da
ideia é o diretor,
produtor e roteirista
Hagai Levi, que
criou Be Tipul (“em
tratamento”, em
hebraico), em 2005,
para a TV israelense.
Ele trabalhou
também na versão
norte-americana “In
Treatment”, exibida
pela HBO.
Após receber a
medalha de mérito
Pedro Ernesto da
Câmara Municipal
do Rio de Janeiro,
o jornalista Mauro
Wainstock, diretor
do Alef News, ga-
nhou a medalha Al-
bert Sabin, iniciativa
da vereadora carioca
Teresa Bergher.
Marina Lafer
formou-se em ad-
ministração pública
pela FGV.
A revista Nature re-
gistrou que o imuno-
logista Michel Nus-
senzweig testou uma
vacina combinando
cinco anticorpos e
manteve os níveis do
vírus da aids abaixo
dos detectáveis por
mais tempo que os
tratamentos expe-
rimentais até então
usados.
∂
“A gronegócio Brasileiro: Situação
e Desafi os” foi o tema do pai-
nel da Câmara Brasil-Israel de Comércio
e Indústria, na Fecomercio, do qual par-
ticiparam o ex-secretário de Agricultu-
ra João Carlos de Souza Meirelles, o pro-
fessor da FEA/USP Décio Zylbersztajn,
o pesquisador do Instituto de Economia
Agrícola Celso Luís Rodrigues Vegro e o
presidente da multinacional israelense
do setor do agronegócio Netafi m, Daniel
Neves. O diretor da Cambici Nelson Mill-
ner foi o mediador.
Os expositores traçaram um panora-
ma atual do agronegócio nos dois países,
as potencialidades de intercâmbio tecno-
lógico, a contribuição mútua no setor, os
aspectos econômicos e os desafi os que o
mundo do “agro” apresenta ainda no Bra-
sil. Para Zylbersztajn, “devemos investir
Desafi os do agronegócio mais em uma aproximação das institui-
ções gestoras de conhecimento, as nossas
universidades trabalharem em conjunto
com as israelenses e aprofundar as rela-
ções com Israel”.
Rodrigues Vegro disse que “a indús-
tria brasileira está preparada para aten-
der ao consumidor doméstico e o ka-
sher, exigente e apreciador de produtos
certifi cados e de alta qualidade. Israel
e Brasil têm trocas dinâmicas no agro-
negócio e há espaço para aumentar as
transações comerciais entre os dois pa-
íses na área de biocombustíveis”. O pre-
sidente da Netafi m Brasil, Daniel Ne-
ves, contou que a tecnologia de irriga-
ção por gotejamento foi desenvolvida
há cinquenta anos em Israel e ainda é
pouco conhecida no mundo do agrone-
gócio brasileiro.
AGRONEGÓCIO EM FOCO: NEVES, SOUZA MEIRELLES, MILLNER, ZYLBERSZTAJN E VEGRO
A fi lha do grão-rabino de Israel Ova-
dia Yossef, Adina Bar Shalom, es-
teve na ofi cina de cultura judaica do Cha-
verim, a convite das voluntárias Sarita e
Thaís Saruê e recebida pela presidente
do grupo, Ester R. Tarandach, e se inte-
ressou em conhecer o programa desen-
volvido pelas ofi cinas e pelo grupo.
Adina queria estudar psicologia, mas
criou a Universidade Haredi de Jerusa-
lém, destinada a judeus ortodoxos sem
meios de fazer um curso superior. Mais
de 90% das pessoas lá formadas saem
empregadas.
Filha de rabino visita Chaverim
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Não é um sonhoA Vida de Theodor Herzl (It Is no Dre-
am), a mais recente produção da Mo-
riah Filmes, examina a vida e a épo-
ca de Herzl e mostra como um judeu
assimilado, nascido em uma famí-
lia tradicional judaica não religiosa,
na Budapest de 1860, muda sua vida
a partir do julgamento do capitão Al-
fred Dreyfus, que cobriu como jorna-
lista em 1895, em Paris. A história,
que mostra “o sonhador que se tor-
nou pai de uma nação”, é narrada por
Ben Kingsley e estrelada por Christo-
ph Waltz.
Primeiros-socorros no arO Fundo Comunitário e a Hebraica
convidaram para um encontro com o
paramédico Ziv Bitton, subofi cial da
aeronáutica que atuou por cinco anos
na equipe dos primeiros-ministros
Netanyahu, Peres e Barak. Bitton foi
voluntário em uma unidade das For-
ças de Defesa de Israel especializada
na evacuação médica e transporte aé-
reo, resgatando civis e militares em
situação crítica, e atualmente super-
visiona trezentos médicos e mais de
duzentos funcionários no Hospital de
Haifa.
“Todo cidadão israelense sabe que
vamos salvá-lo. Chegamos a qual-
quer acidente rodoviário, combate ou
guerra, muitas vezes fora dos limites,
como fi zemos na Bulgária, no Haiti,
na Turquia, onde Israel precisar”, dis-
se Bitton.
Em janeiro de 2009, resgatou quatro
soldados feridos na Faixa de Gaza. Um
deles, Aharon Karov, em estado críti-
co. Durante o voo, Bitton colocou um
tubo na traqueia de Karov que chegou
vivo ao Hospital Denison. Os médicos
estavam desesperançados. Karov so-
freu trinta cirurgias e, um ano e meio
depois, tornou-se pai de uma menina.
“A história desse tenente é um micro-
cosmo da população israelense”, disse
Bitton, que destacou a importância de
trazer o serviço de paramédicos para o
Brasil.
DEPUTADO VÍTOR SAPIENZA PRESIDIU A SESSÃO DA PREMIAÇÃO
O Concurso Wizo de Pintura e Dese-
nho Brasil-Israel 2012, realizado
em conjunto com a coordenadoria de ges-
tão da educação básica da Secretaria Mu-
nicipal da Educação, teve como tema “Je-
rusalém-Brasília: História e Modernida-
de”, chegando a escolas de toda a Rede
Pública do Estado de São Paulo. A premia-
ção, realizada no Auditório Franco Monto-
ro da Assembleia Legislativa, teve a pre-
sença da embaixatriz de Israel no Brasil,
Batia Eldad, o vereador Vítor Sapienza,
Roseli Ventrela, representando o secretá-
rio de Educação Herman Voorwald, o ge-
rente de eventos e marketing do Bradesco
Valmir Macedo e a artista plástica Miriam
Nigri Schreier e as presidentes honorária
e do executivo da Wizo, Sulamita Tabacof
e Iza Mansur. O Coral Sharsheret cantou
os hinos de Israel e do Brasil.
Além de exporem os trabalhos esco-
lhidos pelos júris ofi cial e aberto, os alu-
nos receberam prêmios, como tablet
Multilaser, home theater, caixas de pin-
tura, kits do Bradesco, etc. e o sorteio de
uma bicicleta Sodibike entre todos os jo-
vens, que vieram de cidades como Pratâ-
nia, Nuporanga, Igaraçu do Tietê e Gua-
riba, algumas distantes quinhentos qui-
lômetros da capital.
Premiação na Assembleia
Dois lançamentos literáriosO Homenzinho é a primeira obra escri-
ta por Mendele Moicher Sforim (Shiolem
Yakov) publicada em português. Tese de
doutorado de Genia Migdal, ela traduziu
do ídiche e o Centro de Estudos Judaicos
publicou. A tradutora foi orientada por
Nancy Rozenchan e teve o apoio de Ber-
ta Waldman.
O Imigrante Judeu na Obra de Érico
Veríssimo, dissertação de mestrado de
Adelgício José da Silva, propõe a análi-
se da imagem do imigrante judeu no ro-
mance O Tempo e o Vento, de Veríssimo.
A Editora Humanitas e a Livraria da Vila/
Fradique promoveram os lançamentos.
Conib integra o CnpirA Conib foi uma das entidades da socie-
dade civil aprovadas a integrar o Conse-
lho Nacional de Promoção da Igualdade
Racial (Cnpir) no biênio 2012-2014, re-
presentando a comunidade judaica.
O Conselho é consultivo, integrante
da Secretaria de Políticas de Promoção
da Igualdade Racial da Presidência da
República (Seppir), criada em 2003 pelo
então presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, atendendo às demandas do mo-
vimento afrodescendente no combate
à exclusão social. Para tanto, foi criada
uma secretaria especial, incluindo ou-
tras minorias, inclusive a judaica.
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cultural + social > comunidade+coluna1
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34
O secretário especial de Seguran-
ça para Eventos de Massas Val-
diño Caetano e os diretores de Seguran-
ça Mundial e dos Jogos José Hilário Nu-
nes Medeiros e Luiz Fernando Corrêa,
responsáveis pela segurança da Copa do
Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos
do Rio de Janeiro 2016, participaram da
Conferência de Segurança Interior em
Tel Aviv.
Eles lideraram a delegação de cerca de
trinta pessoas que tiveram contatos com
especialistas israelenses, que atuaram
Especialista em segurança no BrasilA Conib convidou Jonathan Fine
para vir ao Brasil. Ele é especialista
em segurança internacional do Ins-
tituto Interdisciplinar de Hertzlia,
um dos principais centros de estu-
dos estratégicos israelense. Foi entre-
vistado pelos jornais O Estado de S.
Paulo, Folha de S. Paulo e portal Ter-
ra e também esteve no Rio de Janei-
ro. Fine afi rmou que “o clima de ten-
são com o Irã é mais sério do que se
imagina e as declarações de Ahmadi-
nejad não têm sido encaradas como
‘piada’ pelo governo israelense, em-
bora a comunidade internacional ‘ig-
nore as ameaças’, como tem feito em
relação às atrocidades ocorridas na
Síria”. Doutorado pela Universidade
Hebraica de Jerusalém, Fine é gradu-
ado pelo curso de contraterrorismo
no Instituto Internacional Contrater-
rorismo e no Instituto Shechter Salo-
mon de Estudos Judaicos em Jerusa-
lém, onde foi ordenado rabino con-
servador.
Itália e Israel no roteiro Com o apoio do Keren Hayesod, a Fi-
sesp promoveu a quarta edição do
programa Hassefá Ba’Aretz (“Reunião
em Israel”) que passou pela Itália e
depois foi a Israel. A delegação de lí-
deres conheceu a Comunità Ebraica
di Roma, a mais antiga do mundo, as
catacumbas hebraicas de Villa Ran-
danini, o gueto judeu da cidade e foi
recebida na embaixada do Brasil na
Piazza Navona e pelo embaixador de
Israel na Itália. Em Israel, reuniram-
se com personalidades de várias áre-
as como o secretário-geral da Palesti-
ne National Initiative, Mustapha Bar-
ghouthi, os jornalistas Henrique Cy-
merman, Boaz Bismuth e Udi Segal e
o ex-primeiro-ministro Ehud Olmert.
Conheceram a tecnologia israelense
na visita ao Yahud Space Il Project,
foram ao Kotel no Shabat com o ra-
bino Sholom Duchman.
Brasileiros na Conferência de Segurançanos comitês dos Jogos Olímpicos em Pe-
quim e Londres.
“Nos últimos anos aumentou o inte-
resse nas tecnologias israelenses nesses
campos”, disse Roy Nir, adido comer-
cial de Israel em Brasília. O subdire-
tor do Instituto de Exportação de Israel
Lior Konitzky, um dos organizadores da
Conferência, destacou que a instituição
“defi niu o Brasil como um alvo impor-
tante para a produção israelense pelo
alto índice de crescimento e mudanças
na economia”.
N o Dia Nacional da Cultura, o ve-
reador Floriano Pesaro comemo-
rou a data com a colocação da escultu-
ra “Os Emigrantes”, do desenhista, gra-
vador, pintor e escultor Lasar Segall, nos
jardins da Praça Buenos Aires, numa
parceria entre a Secretaria Municipal
de Cultura e a Associação Cultural Ami-
gos do Museu Lasar Segall. Esta cópia foi
fundida em bronze a partir da original,
de 1934, exposta no museu que guarda o
acervo do artista.
“É importante destacar o benefício da
preservação da memória, em especial
de alguém que se dedicou muito ao Bra-
sil”, disse o prefeito Gilberto Kassab ao
lado do secretário de Cultura Carlos Au-
gusto Calil, que destacou o fato de não
haver nenhum trabalho do artista nos
parques paulistanos.
Presidente do Conselho Deliberativo do
Museu Lasar Segall, o ex-ministro Celso
Lafer disse que “é uma grande satisfação
para o Museu ver esta escultura num es-
paço público”. Prestigiaram o ato os netos
do pintor, Sérgio, Fábio e Lasar Segall.
Segall nasceu na Lituânia em 1891,
chegou ao Brasil em 1923 e foi o respon-
sável pela primeira mostra de arte mo-
derna nacional.
Segall na Praça Buenos Aires
ESCULTURA “OS EMIGRANTES” TEM LUGAR DE DESTAQUE EM MEIO AO VERDE
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Pitliuk lançou romance
O Homem que Venceu Hitler, lan-
çamento da Editora Gutenberg,
revela o romancista Márcio Pitliuk.
Com depoimentos reais de sobrevi-
ventes da Shoá, o autor junta fi cção e
episódios verídicos, como um fi lme. O
autor é cineasta. Através da perspecti-
va literária, Pitliuk remonta a história
de David, que vive no Brasil e decide
voltar à Europa para saber quem foi a
mulher que salvou o pai, quase garoto,
teve uma vida amorosa com ele e iria
entregá-lo aos nazistas. Além de pren-
der a atenção, o fi nal da história sur-
preende o leitor.
Segundo o publicitário Agnelo Pache-
co, “existem livros para você ler, não es-
quecer e se apaixonar. Este é um desses
raros livros”. Publicitário, escritor e ci-
neasta, Marcio Pitliuk tornou-se estudio-
O s velejadores Heloísa e Vilfredo
Schürmann inauguraram o ci-
clo de palestras beneficentes no Colé-
gio I. L. Peretz. Eles contaram a expe-
riência de velejar ao redor do mundo
e os 130 mil quilômetros, os 25 anos
no mar e sessenta países visitados em
companhia dos filhos Wilhelm, David
e Pierre, com 7, 10 e 15 anos em 1984,
quando a aventura começou. Conta-
ram a adoção de uma criança soropo-
sitiva que transformou a vida de cada
um deles durante os treze anos de con-
AVENTURAS NO MAR FORAM TEMA DE PALESTRA
Em Santiago de Compostela foi di-
vulgada a cooperação entre o minis-
tério de Turismo de Israel e a secre-
taria de Turismo da Galícia para pro-
mover duas trilhas turísticas de Israel
e da Espanha. A Trilha do Evangelho
em Israel foi lançada em 2011 para
divulgar a Galileia ao mercado cris-
tão. Com 62 quilômetros, começa
em Nazaré e termina em Cafarnaum
e possibilita ao turista escolher um
percurso de curta distância ou uma
caminhada de vários dias.
A Trilha do Evangelho e o Caminho
de Santiago estão ligados, pois, se-
gundo a tradição cristã, Tiago foi um
dos doze discípulos de Jesus na Gali-
leia. Essa conexão teológica e históri-
ca entre os dois locais poderá, no futu-
ro, aumentar o turismo receptivo, na
Espanha e em Israel.
Informações http://www.goisrael.
com.br/Tourism_Bra/Tourist%20Infor-
mation/Christian%20Themes/Paginas/
The-Gospel-Trail.aspx
Acordo promove turismo
so e divulgador da Shoá após fazer a Mar-
cha da Vida e produzir uma obra descre-
vendo a participação de jovens do mundo
todo nessa caminhada pelos campos de
concentração nazistas. Dirigiu e coprodu-
ziu o fi lme Sobrevivi ao Holocausto, com
Ciclo de palestras no Peretz
vivência, história relatada no livro Pe-
queno Segredo – A Lição de Vida de
Kat para a Família Schürmann.
previsão de lançamento em 2013. É au-
tor dos livros Idiche Mamma Mia, Afa-
gos Amargos, Luz Líquida; escreveu e
fi lmou Cem anos de Imigração Judai-
ca do Leste Europeu e Duzentos Anos de
Imigração Judaica do Mediterrâneo.
Juventude faz ato pela pazConvocada pela juventude, a comunida-
de reuniu-se no vão do Masp em pról da
paz no Oriente Médio
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cultural + social > comunidade+coluna1
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36
O empresário e jornalista João Doria
Jr. foi homenageado por promover
a aproximação entre Brasil e Israel, ini-
ciada quando comandou a Business Trip
2011. Na Mansão França, o presiden-
te dos Amigos da Universidade Hebrai-
ca de Jerusalém (UHJ) no Brasil Jayme
Blay e o presidente da Conib e do Hospi-
tal Israelita Albert Einstein Cláudio Lot-
tenberg, amigo do homenageado, entre-
garam o Prêmio Scopus e enalteceram a
trajetória pessoal e empresarial de Doria
e o motivo da premiação.
Ao agradecer, Doria emocionou a to-
dos. “Tenho uma convivência com a co-
munidade judaica desde a infância e,
após a viagem com a Câmara Brasil-Is-
rael, a admiração aumentou. Essa con-
vivência me deu um grande aprendi-
zado e fi quei ainda mais entusiasmado
com os valores do judaísmo e de Israel,
um pequeno grande país onde os inves-
timentos na educação e na inovação são
fundamentais. Em Israel, descobri o va-
lor da paz, o entendimento de que Isra-
el não é um país que se constituiu para
guerrear, e sim uma nação formada por
jovens, homens e mulheres que desejam
a paz. Talvez este tenha sido o maior dos
aprendizados da minha visita a Israel.”
Estavam presentes a vice-presiden-
te da Yissum, Renée Ben-Israel, e o di-
retor de Relações Públicas da UHJ para
a América Latina, Espanha e Portugal,
Pablo Kizelstein. Ben-Israel explicou o
que é a Yissum Companhia de Desen-
volvimento de Pesquisa da HUJ, funda-
da em 1964 para proteger e comerciali-
zar a propriedade intelectual da Univer-
sidade. A Yissum registrou mais de sete
mil patentes de mais de duas mil inven-
ções e licenciou mais de quinhentas no-
vas tecnologias. Este modelo de negó-
cios e as parcerias comerciais geram
fundos para a continuidade das pesqui-
sas universitárias.
Empresa israelense premiadaA eWave do Brasil foi eleita a melhor
parceira IBM WebSphere pela Ação In-
formática, distribuidora multinacional
brasileira dos produtos IBM. Fundada
em 1999, a empresa eWave tem sede em
Israel e operações nos Estados Unidos,
Europa e América do Sul. Atua no Brasil
desde 2006, com escritórios em Curitiba
(PR), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG),
Brasília (DF) e Rio de Janeiro (RJ).
Viagem às raízes judaicas Com o apoio do Congresso Judaico La-
tino-Americano (CJL) e do historiador
Yoel Schvartz, a GSP Travel prepara
uma viagem, de 28 de abril a 8 de maio
de 2013, indicada para quem deseja fa-
zer uma visita à Polônia e República
Tcheca, conhecendo lugares históricos
da época da Segunda Guerra Mundial.
Informações pelo fone 3231-4422 ou
pelo e-mail raí[email protected].
Na Nova York judaicaConhecer a vida judaica num congres-
so em Nova York com mulheres do
mundo todo e de diferentes faixas etá-
rias é a proposta da viagem programa-
da para o fi nal de janeiro de 2013, e
preços muito especiais com um tour a
locais judaicos na metrópole: a primei-
ra sinagoga luso-espanhola, o Heritage
e o Jewish Children Museum, a sinago-
ga e o túmulo do rebe de Lubavitch, vi-
sita a um sofer e a uma fábrica de mat-
zá e compras no bairro judaico. Infor-
mações com Sarah, fone 3081-3081 ou
pelo e-mail [email protected].
AGENDA• 29/12 a 4/1 – Réveillon em Buenos
Aires com a B’nai B’rith. Seis noites no Hotel
Meliá BA, city tour e seguro-viagem. Reser-
vas, 3082-5844, com Roberta ou Henrique
• 14/1 a 7/2 – Em Israel. Mashav – “Capa-
citación de Educadores en Áreas de Pueblos
Originarios”. Curso em espanhol. Informa-
ções sobre os cursos e as bolsas de estudos:
Embaixada de Israel (61) 2105-0507 ou
Doria recebeu Prêmio Scopus
Clóvis Rossi na HebraicaO Congresso Judaico Latino-Americano e A Hebraica convidam para um bate-pa-
po com o jornalista Clovis Rossi, da Folha de S. Paulo.
Ele contará sobre sua viagem recente à Polônia, aos campos de concentração
de Auschwitz, o Museu Oskar Schindler e outros locais. Dia 13, às 20h, na Sala
Plenária.
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ção
JAYME BLAY E CLÁUDIO LOTTENBERG EN TREGARAM O PRÊMIO SCOPUS A JOÃO DORIA
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38
1. O ministro Salim Joubran é árabe cristão e está
na Suprema Corte de Israel; 2 e 6. Sheila Kraco-
chansky e Mônica Dajcz, Bobby Krell e Simone Gol-
tcher conferiram as novidades no “Catedral para
Casamentos”; 3 e 4. Prefeito Gilberto Kassab, auto-
ridades e netos de Lasar Segall na Praça Buenos Ai-
res; 5. A Casa Aberta de Betty Birger mostrou uma
nova arquitetura do trabalho na Casa Offi ce; 7 e
9. Dezoito Bar & Movement, a nova casa de Mário
Levy, Roberto Sasso e Henri Castelli; 8. Chaverim fa-
zem arte com Antônio Peticov; 10. Alice (Zemel) e
Paulo Bitelman em ambiente de magia
1. 2. 3.
5. 6.4.
7. 8.
9.
cultural + social > fotos e fatos
10.
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1, 2 e 4. Teatro Augusta: Lilian Blanc é a
idishe mame perfeita, em O Casamento
do Pequeno Burguês, de Brecht; 3. Milton
Waintraub ganhou autógrafo de Nessim
Hamaoui; 5. Sucesso o Almoço da Amizade
dos grupos Netzah Atid e Bat Yona, Na’amat
Pioneiras, no Casual Mil, da Hebraica; 6, 9 e
10. Na Wizo, o Dia de Estudos reuniu jovens
chaverot e palestrantes em torno de interes-
santes temas atuais; 7 e 8. Torneio de Tran-
ca premiou sócios do Sírio e da Hebraica
1.
4. 5.
2.
6.
9. 10.
7. 8.
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1 e 3. As Choronas e Entre Amigos foram as atrações no Hebraica Meio-
Dia; 2 e 5. Na Abav, o requisitado guia israelense Hugo Hurowicz ganhou
bolo de aniversário; Cleo Ickowicz e Suzan Klagesbrun (Ministério de Tu-
rismo) e Priscila Golczewski (El Al) no estande de Israel; 4. Ana Iosif levou
a sua turma para conhecer Israel com música; 6. Bia Doria e Meyer Nigri
em evento da Universidade Hebraica de Jerusalém; 7. Nasceu em Israel,
cresceu no Bom Retiro e vive no Rio. O ator Carlo Mossy (C ) veio rever os
amigos paulistanos; 8 e 9. Doadora de uma Torá para a a Sinagoga Cha-
bad do Morumbi, a família de Sidney Epelman comemorou com o rabi-
no Dovid Goldberg
1.
3. 4.
2.
5.
6.
8. 9.7.
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1. O Homenzinho, edição inédita, publica-
da pela Humanitas; 2, 3 e 6. Yutaka Toyo-
ta, Eduardo Iglesias e Guilherme de Faria
interagiram com o público na mostra “Di-
álogo”; 4 e 5. A mão na massa virou pizza
e os pratos D’Olivino foram degustados
no Espaço Gourmet; 7 e 8. Marcelo e Rafa-
el Knofelmacher; Betty Fromer, Marisa Orth
e Paula Weinfeld na noite de autógrafos de
Juliana Rosenthal K.; 9. Confraternização
entre jogadores de tranca
1. 2. 3.
5.4.
6. 7.
cultural + social > fotos e fatos
8. 9.
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“Non Grata” traz olhar femininoCOM O REFORÇO DE ATORES SAÍDOS DO PRUMO, GRUPO GESTO APRESENTOU A PEÇA NON GRATA, SOBRE O UNIVERSO DA GUERRA E DO HOLOCAUSTO PARTIR DE UM TEXTO DE BRECHT
Elenco
Camila Marx Cohen, Carol Sapiro, Cyn-
tia Z. Rabinovitz, Débora Holschauer,
Dinah Novema, Júlia Solomon, Lia Le-
vin, Michel Goldman, Renato Ghelfond,
Rosa B. Worcman, Rosane Nadanovsly,
Thiago Sak Moran, Yudah Benadiba
Direção e cenário – Heitor Goldfl us,
Dramaturgia –
Paulo Rogério Lopes
Assistência de direção –
Fernando Hazzan
Coassistência de direção –
Camila Marx Cohen e Júlia Solomon
Preparação de elenco e movimento –
Renata Zhaneta
Figurino – Luciane Strul
Direção musical – Demian Pinto
“Non Grata”
E m 2012, o grupo de teatro Gesto as-
sumiu a tarefa de levar ao palco do
Teatro Anne Frank um espetáculo iné-
dito cujo tema é o Holocausto. Dirigi-
dos por Heitor Goldfl us, os atores leram
e discutiram a pesquisa Terror e Miséria
no Terceiro Reich, de Bertolt Brecht, que
serviu de ponto de partida para a cons-
trução do enredo.
A partir das cenas sugeridas pelo gru-
po, o dramaturgo Paulo Rogério Lo-
pes costurou algumas peças de ato úni-
co, que tratam não só dos assassinatos
em massa, mas do sofrimento individu-
al dos sobreviventes. Enfocando histó-
rias passadas no Japão, Polônia, Brasil
e outros países que participaram da Se-
gunda Guerra, o grupo Gesto deu voz às
mães, primas, namoradas, enfi m à vi-
são feminina.
De cena em cena, o espectador é le-
vado partilhar o ódio, a dor e a malda-
de potencial de personagens femininos
aparentemente comuns. Aí está a razão
do acréscimo ao nome da peça... E essas
mulheres, como fi cam?
Num dos quadros mais fortes, uma vi-
zinha se depara com a descoberta de
que o sitiante com o qual negociava ino-
centemente fora, anos antes, um dos co-
laboradores de Hitler. Em outra cena, o
público riu da despedida do pracinha
brasileiro, às vésperas do embarque
para a Europa, deixando não uma, mas
duas namoradas a ver navios.
Figurino, trilha sonora e a excelente
atuação dos integrantes do Gesto foram
elogiados pelos três jurados do Festival
Acesc Interclubes de Teatro: Paulo Hes-
se, Beto Simões e Edna Falchetti que, ao
conversar com o elenco, depois da ses-
são de domingo, sugeriram a fi lmagem
da peça, pois “só assistindo ao espetácu-
lo, vocês, atores, terão noção do quanto
a atuação do grupo é contundente, sem
ser agressiva. O espetáculo me pegou de
uma maneira muito profunda”, afi rmou
Hesse, em nome dos colegas. O grupo
Gesto apresentou cinco sessões de Non
Grata, todas com casa cheia e aplausos
efusivos do público. (M. B.)
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44juventude > teatro
PRACINHA COM AS DUAS NAMORADAS EM MOMENTO CÔMICO DA PEÇA NON GRATA
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46juventude > escola maternal
E rnesto Neto, Dim Sampaio, Niki
de Saint Phalle, Ivan Cruz são no-
mes consagrados do cenário artístico
brasileiro e internacional. Sua história e
obras constaram do programa de aulas
da Escola Maternal e Infantil para dife-
rentes faixas etárias. Sendo parte da ro-
tina dos alunos, certamente nomes e fa-
tos sobre estes artistas plásticos entra-
Palavras e imagens ganham sentido
NUMA MANHÃ DE DOMINGO, AS SALAS DA ESCOLA MATERNAL E INFANTIL SE TRANSFORMARAM EM POLOS DE PRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO DA
ARTE E DA LITERATURA, COM MAIS UMA EDIÇÃO DO EXPOLITERARTE
ram nas conversas familiares e assim os
papais convidados à Expoliterarte 2012
tinham algum conhecimento sobre o
que viam nos trabalhos expostos e nas
atividades e brincadeiras propostas em
cada sala.
A exposição transformou a Escola
Maternal e Infantil em polo de divul-
gação e produção de arte. Papais e ma-
mães seguiam obedientemente os fi -
lhos de sala em sala. Na primeira, en-
contravam uma feira de livros e nas de-
mais vários materiais para trabalhos em
família. Cada sala oferecia um folheto
com a biografi a do artista retratado com
informações que os pequenos que ainda
não sabem ler absorveram por meio das
atividades propostas em classe.
Para cada turma, a Expoliterarte ofere-
ceu ao menos uma atividade relaciona-
da ao artista estudado pelas crianças, e
para o Infantil II, uma surpresa: o jurista
e escritor Milton Célio Oliveira, autor de
livros infantis que as professoras usam
como material didático conversou com
pais e alunos contando por que e como
escreve histórias em versos para crian-
ças. No fi nal, leu o conteúdo de um dos
seus livros e autografou alguns volumes
para os pequenos fãs. (M. B.)
O EXPOLITERARTE REUNIU PAIS E ALUNOS DA ESCOLA MATERNAL
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48juventude > festival carmel
DATA HOR. INICIO HOR. FINAL LOCAL20h30 23h Noite de Abertura o que é um heroi?? Centro Cívico00h 01h30 Arena Carmel Pça Carmel
8h30 10h Café da manhã Espaço Adolpho Bloch9h30 11h Harkadá 1 + chug Marc Chagall11h 12h Show 2 Coragem Teatro Arthur Rubinstein12h 14h Almoço dos coreógrafos + Worshop Kasher12h 14h Almoço Espaço Adolpho Bloch11h 17h Shuk Carmel Pça Carmel14h30 16h Show 3 – Atitude Teatro Arthur Rubinstein15h30 17h Harkadá 2 Marc Chagall17h 18H Workshop de body combat Centro de juventude18h30 20h Jantar Espaço Adolpho Bloch21h 22h30 Show 4 – Guiborim Teatro Arthur Rubinstein23h 24h Maratona – Super Heróis Marc Chagall23h 04h Show Especial Quarteto Fantástico pça carmel1h 03h Arena Carmel Pça Carmel
8h30 10h Café da manhã Espaço Adolpho Bloch10h 12h Show 5 Infanto – Escolar – Noah Centro Cívico12h 12h30 Harkadá Infantil – pequenos herois Marc Chagall12h30 13h30 Show de magica frente marc chagal11h 17h Shuk Carmel Pça Carmel12h30 14h Almoço Espaço Adolpho Bloch14h 15h Show 6 – Ativistas(Tnuot) Teatro Arthur Rubinstein14h30 16h Harkadá 4 – Jacques Katarivas Pça Carmel15h 17h Boteco Carmel em frente ao C. J.16h30 18h Show 7 – Perseverança Teatro Arthur Rubinstein18h 19h30 Jantar Espaço Adolpho Bloch20h 21h30 Show 8 Nós Centro Cívico
PROGRAMAÇÃO FESTIVAL CARMEL HERÓIS
7/dez
8/dez
9/dez
APRESENTAÇÃO DO GRUPO HAKOTZRIM
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50juventude > fotos e fatos
1. Daniel Grabarz orienta a havdalá que encer-
ra o Shabat durante a cerimônia de bat-mit-
zvá; 2. Na primeira fi la, integrantes da diretoria
acompanham o desempenho das adolescentes
em vias de se tornarem adultas perante a reli-
gião judaica; 3. A entrada das jovens bnot-mitzvá
emocionou pais e familiares; 4. Simone Ben-
zinsky, Joyce Szlak e Tânia Frenkiel Travassos di-
vidiram os elogios pela qualidade do curso e a
beleza da cerimônia; 5. As amigas partilham o
bolo do bat-mitzvá; 6. Este ano o curso reuniu 29
meninas, divididas em duas turmas
1.
3.
2.
5.
4.
6.
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51juventude > fotos e fatos
1. Brincadeiras ao ar livre durante a Expoliterarte; 2. Escritor Milton Célio Oliveira falou aos pais e
alunos do Infantil II; 3 e 4. Mendel Szlejf, Moysés Gordon, Samuel Seibel e Sérgio Ajzenberg posa-
ram para fotos com os autores juvenis Allan D. Catach e Tali Finger; 5. Thiago Sak Moran, Débora
Holschauer e Camila Marx Cohen numa das cenas cômicas de Non Grata; 6. Público presente à pa-
lestra da jornalista Vivian Goldmann, convidada do grupo Jovens Sem Fronteiras
1. 2.
4.3.
5. 6.
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53
esportes
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55
Judô arrecada cinco toneladas de alimentosOS 1.140 JUDOCAS INSCRITOS NA XVI COPA HIROSI MINAKAWA DOARAM 4.912 QUILOS DE ALIMENTOS NÃO PERECÍVEIS PARA DEZ ENTIDADES BENEFICENTES
“U m dia inteiro dedicado à pra-
tica de um esporte saudável e
à ajuda ao próximo.” Esta defi nição da
XVI Copa Interestadual de Judô Profes-
sor Hirosi Minakawa é correta, mas igno-
ra outros fatos importantes a respeito do
evento realizado em meados de outubro
na quadra do Centro Cívico.
A copa é um dos poucos eventos es-
portivos estaduais que não cobram ins-
crição e incentiva as entidades partici-
pantes a arrecadar alimentos não perecí-
veis para instituições benefi centes. Este
ano, os inscritos chegaram a 1.140 atle-
tas de vários municípios de São Paulo e
também do Maranhão, Rio de Janeiro,
Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Mi-
nas Gerais e Paraná.
Amigos e colaboradores da família
Minakawa se apresentaram voluntaria-
mente para atuar na arbitragem, pesa-
gem, controle de presença e outras ta-
refas, de modo que as lutas seguiram ri-
gidamente o cronograma previsto e o
público acompanhou o torneio com inte-
resse e incentivo aos judocas.
Este ano a Copa foi prestigiada pelo
presidente da Hebraica Abramo Dou-
ek, o vice-presidente de Esportes Avi
Gelberg, o vice-presidente da Federa-
ção Paulista de Judô Alessandro Pu-
glia e um dos patrocinadores, o casal
Mauro e Helena Zukerman, responsá-
veis pela Zukerman Leilões. A prefei-
tura de São Paulo e os Kimonos Shihan
também são apoiadores fiéis da Copa
Hirosi Minakawa.
A Associação Nipo-Brasileira de Judô
de Vila Carrão conquistou pela quin-
ta vez o Troféu Campeão da Solidarie-
dade com a tonelada de alimentos ar-
recadada este ano. Entidades como As-
sociação Pissarra de Judô, Associação
Desportiva Carlos Fassati, Associação
de Judô Kenshin, Judô Clube de Mogi
das Cruzes e Associação Pessoa de Judô
se destacaram cada um com mais de
duzentos quilos e fi caram com os tro-
Na primeira semana de novembro, coordenadores e professores de judô da
Hebraica estiveram na Unibes para a festa anual de encerramento do Proje-
to Campeão – Judô Cidadão, que oferece aulas de judô para as crianças assis-
tidas pela Unibes. Durante o evento, foram distribuídos 180 kits com roupas,
produtos de higiene pessoal e brinquedos que os pais e familiares de judocas
que treinam no clube juntaram.
Projeto da Unibes
féus do segundo ao sexto lugar.
Além do caráter benefi cente, a XVI
Copa Hirosi Minakawa se destacou pelo
alto índice técnico apresentado por atle-
tas das seleções paulista e brasileiras em
todas as classes.
A equipe da Hebraica se classifi cou
em primeiro lugar, mas por ser a anfi -
triã, coube ao Palmeiras/Mogi levar o
Troféu Hirosi Minakawa. Tricampeão, o
Palmeiras fi cou defi nitivamente com a
Taça, cuja posse, até então, era transi-
tória. São João Tênis Clube de Atibaia,
Judô Moura, de Mato Grosso do Sul, e
a Associação de Judô Ishikawa, de Em-
bu-Guaçu, classifi caram-se, respectiva-
mente, em terceiro, quarto e quinto lu-
gares. (M. B.)
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54esportes > copa hirosi minakawa
JUDOCAS DE VÁRIOS ESTADOS PARTICIPARAM DA COPA HIROSI MINAKAWA
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HEBRAICA | DEZ | 2012
56esportes > polo aquático
A s equipes de polo aquático da He-
braica estiveram em destaque
nos informativos da Federação Aquáti-
ca Paulista, Liga de Polo Aquático. O re-
gulamento da modalidade permite mis-
turar jogadores de categorias diferentes
para formar um time, por isso a equipe
vice no Campeonato Paulista Junior teve
composição semelhante à que disputou
o certame no Rio.
No Paulista Juvenil os garotos termina-
Medalhas do juvenil, junior e adulto
ALÉM DE CONQUISTAR MEDALHAS, OS ATLETAS DO POLO PEDRO VERGARA E LEON PSANQUEVICH FORAM CONVOCADOS PARA ACOMPANHAR
A SELEÇÃO BRASILEIRA JUVENIL NO MUNDIAL DA AUSTRÁLIA
ram invictos e são os atuais bicampeões
da categoria. Kevin Dayan, artilheiro da
competição com 69 gols, e o goleiro me-
nos vazado, Leonardo Bueno Kibrus, ga-
nharam troféus.
Em outro torneio, o da Liga Nacional
Divisão 1 adulto ( que corresponde à se-
gunda divisão da categoria) o time da
Hebraica foi terceiro colocado. “Nosso
time adulto é composto com 80% atle-
tas de juniores e juvenis, e isso nos ga-
rante ainda alguns anos de bons resulta-
dos”, afi rma o coordenador da modalida-
de Leonardo Vergara e pai de Pedro, um
dos dois atletas da Hebraica convocados
para o mundial júnior em Perth, na Aus-
trália, integrando a seleção brasileira de
polo aquático.
Ainda sob o impacto dos bons resulta-
dos, os atletas e técnicos de polo aquá-
tico receberam a seleção juvenil perua-
na que fez uma escala no roteiro de pre-
paração para o Mundial da Austrália. “É
uma seleção nova, com menos chan-
ces do que a nossa. Quando soube que
viriam para São Paulo, organizei tudo
para treinarem na piscina da Hebraica
e enfrentarem os times do Sesi, Hebrai-
ca, Pinheiros e outros. Temos de reforçar
o polo sul-americano e só o conseguire-
mos com um trabalho conjunto e em co-
laboração. Eu insisto muito”, comentou
Léo Vergara. (M. B.)
JOGADORES E TÉCNICOS BICAMPEÕES PAULISTAS FESTEJARAM O TÍTULO NA ÁGUA
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HEBRAICA | DEZ | 2012
58esportes > escola de esportes
O Circuito Lúdico é um dos eventos
mais esperados pelas famílias com fi -
lhos inscritos na Escola de Esportes. Nos tor-
neios e festivais promovidos durante o ano,
os adultos são quase meros espec tadores e
no Circuito Lúdico eles são convidados a em-
barcar na fantasia proposta pelos professo-
res e coordenadores da escola.
Este ano, o Centro Cívico foi dividido em
seis espaços, cada um reservado para uma
praia ou atração turística do Havaí. Logo
ao chegar, os viajantes recebiam colares tí-
picos e eram encaminhados para o primei-
ro estágio do circuito. A decoração e os fi gu-
rinos usados pelos professores representa-
vam cada local da ilha.
Nos mesmos espaços, os professores or-
ganizaram dois circuitos: um dirigido às
crianças (alunos ou não) de 3 a 5 anos, e ou-
tro com tarefas mais elaboradas para até 7
anos. Na companhia dos pais e dos amigui-
nhos, as crianças experimentaram a sensa-
ção de uma descida de paraquedas em Mo-
lokai, de surfar em Oahu, dançar no vulcão
de Kilawea ou tobogã na praia de Waykiki.
Segundo a coordenadora Ana Portaro, o
circuito serve também para a Escola divul-
gar horários para o ano letivo seguinte e
para despertar o interesse dos pais pela co-
lônia de férias da escola. “Esperamos um
aumento nas inscrições de crianças para
os horários das segundas e quartas-feiras.
Como a Escola Antonietta e Leon Feffer re-
manejou os dias de período integral para
terça, haverá um equilíbrio na demanda de
vagas e conseguiremos atender a um núme-
ro maior de alunos”, explicou. (M. B.)
Encantos do Havaí no Centro Cívico
PARA ENCERRAR O CALENDÁRIO DE EVENTOS DA ESCOLA DE ESPORTES, PROFESSORES E COORDENADORES ESCOLHERAM AS PRAIAS E DIVERSÕES
DO HAVAÍ COMO TEMA DO CIRCUITO LÚDICO
A colônia de férias da Escola de Espor-
tes será de 14 a 25 de janeiro. As inscri-
ções de crianças de 3 a 13 anos come-
çam a partir do dia 14 na secretaria da
Escola. Já os fanáticos por futebol entre
7 e 12 anos poderão participar do Soccer
Camp, de 19 a 22 de janeiro, um acam-
pamento em que todas as atividades
estão relacionadas ao futebol.
Compromisso para as férias
O CIRCUITO LÚDICO ENCERROU O CALENDÁRIO DE EVENTOS DA ESCOLA DE ESPORTES
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HEBRAICA | DEZ | 2012
59esportes > handebol
A ntes da partida decisiva contra o
São Caetano, os craques do clube
haviam derrotado a favorita Universida-
de Metodista, nas quartas-de-fi nal. No fe-
chamento desta edição, os fi nalistas He-
braica e Esporte Clube Pinheiros ainda
esperavam a defi nição de uma data para
disputar a taça 2012.
Outro título, inédito, foi conquista-
do pelas jogadoras da equipe adulta de
handebol depois de vencer a favorita
Mogi das Cruzes por 24 a 18. Duas der-
Juniores chegam à fi nalA EQUIPE JÚNIOR DE HANDEBOL
CLASSIFICOU-SE PARA A ETAPA FINAL DO CAMPEONATO
PAULISTA 2012 AO VENCER POR 36 A 27 O SÃO CAETANO, COM
PLAY OFF EM 2 A 0. A TAÇA SERÁ DISPUTADA COM O
PÌNHEIROS
rotas ainda na fase de classifi cação des-
pertaram algumas dúvidas quanto à per-
formance do time na decisão do título,
no estádio de Mogi. Com o resultado, as
atletas e a equipe técnica que as acom-
panhou foram muito elogiadas.
E em ritmo de fi nal de atividades de
ano, atletas e técnicos da modalidade
participaram de um torneio de mini-han-
debol do Departamento Geral de Espor-
tes, cujo objetivo foi integrar e divertir na
quadra do Centro Cívico. (M. B.)
O CENTRO CÍVICO TEVE A QUADRA ADAPTADA PARA UM DIVERTIDO TORNEIO DE MINI-HANDEBOL
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HEBRAICA | DEZ | 2012
60esportes > personagem
N ada escapa ao olhar de Cláudia
Barbizan quando ela está na pis-
cina coberta acompanhando as aulas de
natação. Atende a uma criança em difi -
culdades com a mesma gentileza que
responde a um professor na água. “Hoje
temos condições muito melhores para
ensinar crianças do que no passado. A
construção da piscina para bebês e as
camas que ajudam as crianças a se man-
ter na superfície foram salvadoras. Hou-
ve uma época em que os professores
usavam boias e as crianças se pendura-
vam nelas, porque a piscina era muito
funda”, recorda. “Minha próxima reivin-
dicação será um lugar para os professo-
res guardarem roupões ou se trocar de-
pois das aulas”, planeja.
A contratação de Cláudia pela Hebrai-
Trinta anos de dedicaçãoCLÁUDIA BARBIZAN FOI ADMITIDA COMO ESTAGIÁRIA DA ESCOLA DE ESPORTES EM 1980. TORNOU-SE
PROFESSORA E HOJE COORDENA A NATAÇÃO ACOMPANHANDO AS PRIMEIRAS BRAÇADAS DA GAROTADA
ca rende uma boa história. “Comecei
como estagiária quando cursava o ter-
ceiro ano da Fefi sa (Faculdade de Edu-
cação Física de Santo André). Trabalha-
va na ACM (Associação Cristã de Moços)
da rua Nestor Pestana e um colega me in-
formou da possibilidade de estagiar na
Hebraica. Já na minha primeira entrevis-
ta, ao ver as áreas verdes, as piscinas ao
ar livre, decidi que a vaga seria minha.
Além da beleza do clube, reencontrei o
professor que, no ginásio, inspirou mi-
nha escolha profi ssional. Durante o tem-
po em que trabalhamos juntos, meu res-
peito por ele só cresceu, assim como a
meu carinho pelo clube”, revela. Hoje ela
se divide entre a Hebraica e outra escola
onde leciona.
Ela lembra o tempo de casa com tran-
quilidade e se orgulha de ter acompa-
nhado todas as edições da Olimpíada
das Escolas de Esportes. “Num curto pe-
ríodo de seis meses em que decidi mu-
dar de atividade para melhorar os ga-
nhos, fi z questão de participar da Olim-
píada e assim que foi possível, pedi para
ser readmitida e voltei”, conta.
Para Cláudia, fazer o que se gosta re-
juvenesce. “Tenho um bom diálogo com
os estagiários e professores novos. Nos-
sa equipe hoje conta com profi ssionais
pós-graduados ou especializados em di-
ferentes áreas. Trabalhar com eles só me
estimula a procurar sempre crescer e me
aperfeiçoar. Meu dia-a-dia é muito pra-
zeroso e o contato com as crianças, em
aula ou nas colônias de férias é sempre
uma alegria.” (M. B.)
CLÁUDIA ESTÁ NA HEBRAICA DESDE 1980 E, PARA ELA, “É SEMPRE UMA ALEGRIA TRABALHAR COM AS CRIANÇAS”
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HEBRAICA | DEZ | 2012
62esportes > águas abertas
O s integrantes da equipe de águas
abertas sugeriram que a Hebraica
desse nome e apoio à nona etapa do Cir-
cuito Paulista de Águas Abertas, realiza-
da na Praia do Indaiá, em Bertioga. Tre-
zentos nadadores receberam camisetas
com o logo do clube. “Foi bonito ver tan-
ta gente, de outras agremiações, circu-
lando com o nome da Hebraica na cami-
seta”, comentou Enrique Berenstein, um
dos idealizadores da equipe.
Nesta prova especial, a Hebraica so-
Quando o bronze vale ouro“HEBRAICA” FOI O NOME DA NONA ETAPA DO CIRCUITO PAULISTA DE
TRAVESSIAS AQUÁTICAS; E NA DÉCIMA E ÚLTIMA OS NADADORES DO CLUBE FICARAM EM TERCEIRO LUGAR NO PLACAR GERAL DO TORNEIO
mou vitórias sufi cientes para terminar
como vice-campeã na prova dos três
mil metros e em sétimo lugar entre as 41
equipes inscritas nos mil metros.
“Os nadadores estreantes Mariana
e Daniel Zylbersztajn, Alex Halpern e
Beni M. Stern foram muito bem na pro-
va dos mil metros. A jovem Marcela de
Oliveira tentou e chegou em primeiro
lugar nos três mil metros”, destacou Ru-
bens Krausz, outro mentor da equipe.
A performance de Rodrigo Feller foi
premiada nesta e na última etapa do Cir-
cuito, o que lhe rendeu o título de atleta
do ano. A décima e última etapa foi dis-
putada no Guarujá e comemorada com
almoço de confraternização. A entrega
dos troféus será dia 9 de dezembro, em
um jantar promovido pela Aledo, em-
presa organizadora do circuito.
“Somados os pontos das dez provas, a
Hebraica terminou a temporada em ter-
ceiro lugar, mas o que mais vale é o nú-
mero cada vez maior de nadadores que
se juntam à equipe. Já começamos a pre-
paração para estrear na Macabíada, em
julho de 2013”, comemorou Berenstein
em seu último relatório para o Departa-
mento Geral de Esportes. (M. B.)
A HEBRAICA FOI HOMENAGEADA NA NONA ETAPA DO CIRCUITO PAULISTA DE ÁGUAS ABERTAS
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HEBRAICA | DEZ | 2012
64esportes > curtas
Quadrangular de futsalAinda no primeiro ano como integrantes da equipe sub-11, os
jogadores já haviam conquistado a taça de bronze do Campe-
onato Sindi-Clube de Futsal ao vencer o time de Ribeirão Pires
por 10 a 1 e o Clube Helvetia por 4 a 0, em jogos realizados no
Ginásio dos Macabeus da Hebraica.
Pais e dirigentes dos times de Ribeirão Pires e da Hebraica,
Paineiras do Morumby e Helvetia eram o público das partidas
de futsal do quadrangular fi nal da série bronze sub-11. Até er-
guer a taça, os atletas da equipe amarela da Hebraica dispu-
taram doze jogos, somaram dez pontos e se classifi caram em
nono entre os treze times inscritos no Campeonato.
Já os atletas da equipe azul sub-11 esperavam o anúncio de
uma data para a semifi nal da série ouro contra os garotos da
Associação dos Ofi ciais da Polícia Militar, com grande possibi-
lidade de mais um título na modalidade.
Os melhores em campoA Hebraica é a campeã da Copa Paulista de Futebol de Base
2012, categoria sub-13, modalidade praticada em parceria
com o Ceib Macabi, o que possibilitou a estreia do clube no
campeonato. Formado por atletas originários do futsal e do so-
ciety, o futebol de campo exigiu adaptação às dimensões e ca-
racterísticas do espaço.
“Nossa expectativa era disputar a Taça Ouro e talvez nos
classifi car entre os primeiros quatro fi nalistas, e não esperá-
vamos fi car invictos e vencer por grandes diferenças de gols.
Nossa primeira derrota, na última etapa da fase de classifi ca-
ção, para a equipe do CFA Macabi/São Carlos, escolinha manti-
da pelo clube no Tremembé, não abalou a segurança do grupo.
A semifi nal contra o Esporte Clube Sírio foi difícil e terminou
1 a 0, gol do artilheiro Henrique Drizun”, relata o supervisor
de Esportes Competitivos da Hebraica Carlos Inglez. A fi nal foi
no campo do Macabi contra o Jaraguá e o placar de 3 a 0 para a
Hebraica garantiu o título aos garotos.
Uma aventura na Mancha A palestra do nadador Harry Fin-
ger, protagonista de uma travessia
a nado no Canal da Mancha e tam-
bém secretário de Turismo de Ilha-
bela, reuniu 170 pessoas no Teatro
Anne Frank. O atleta respondeu às
questões do público e agradeceu a
doação de cinquenta quilos em ali-
mentos não perecíveis destinados
à Unibes.
Tênis Lúcia Pekelman Rusu (cam-
peã, 55 anos) e Susana
Mentone (campeã, 60 anos)
ampliaram a galeria de títu-
los da Hebraica ao vencer o
Torneio Sul-Americano da
Bolívia realizado pela Con-
federação Sul-Americana
de Tênis (Cosat) no Club de
Tênis de Santa Cruz de la
Sierra. (M. B.)
∂
∂
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HEBRAICA | DEZ | 2012
65esportes > fotos e fatos
1. Torneio Meyer Pesso de Gamão no mezzanino do Salão Marc Chagall; 2.Atletas
mirins da Hebraica se destacaram no Troféu Paulista de Ginástica Artística; 3. Aula
aberta de ginástica na Pista de Atletismo serviu como divulgação do Projeto Verão;
4. Foram arrecadadas um pouco menos de cinco toneladas de alimentos durante o
Torneio Hirosi Minakawa; 5. Pedro Vergara e Leon Psanquevich vão disputar o mundial
de polo na Austrália; 6. Judocas vieram de outros Estados e cidades para participar do
torneio que homenageia o introdutor da modalidade na Hebraica
2.1.
3. 4.
6.5.
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espaço saúde
HEBRAICA | DEZ | 2012
H á dois fenômenos populacionais ocor-
rendo na atualidade sem precedentes
na história da civilização, o que nos
impede de utilizar a experiência histórica e a
prudência para buscar soluções anteriores com
sucesso: a urbanização e o envelhecimento.
Nunca houve uma concentração habitacional
tão alta em grandes cidades. Esta tendência
não se esgotou, pois, enormes cidades ainda se
formarão na China e na Índia. De acordo com
a ONU a população urbana dobrará em 2050.
Conhece-se o fato de que essa concentração, ou
urbanização, leva à adoção de estilos de vida
nada saudáveis, porque o ambiente das mes-
mas em geral é tóxico. Quando falamos em es-
tilos de vida referimo-nos ao tabagismo, ao se-
dentarismo, dietas não saudáveis e o compro-
metimento da saúde mental. Estes fatores são
fundamentais na gênese de várias doenças e,
por isso, chamados de fatores de risco.
As doenças em pauta, entre outras, são as do-
enças cardiovasculares, a doença cérebro vas-
cular, a obesidade, o diabetes e as doenças pul-
monares crônicas, entre outras. Essas doenças
comprometem a qualidade de vida, reduzem a
funcionalidade motora e cognitiva dos doentes
e impactam negativamente o envelhecimento.
Hoje existem cerca de seiscentos milhões de pes-
soas com mais de 60 anos. Em 2050 essa popula-
ção será de cerca de dois bilhões, ou em torno de
20% da população mundial. Neste mesmo ano, o
Brasil será o sexto pais do mundo em termos de
contingente de idosos. A França, por exemplo,
levou quase cem anos para aumentar a prevalên-
cia de idosos de 7% para 14% da sua população –
no Brasil foram necessários trinta anos.
Isso signifi ca que há uma necessidade urgente
de se criar uma cultura do envelhecimento em
todos os setores da comunidade, o que quer di-
zer, instalar mudanças estruturais, atitudinais e
assistenciais. A transição tem sido muito rápi-
da. Políticas públicas não acompanharam essa
tendência. A procura da sustentabilidade desse
processo é o desafi o maior.
O desafi o está nos idosos mais comprometi-
dos que frequentam hospitais despreparados
para o atendimento e a assistência a esta po-
pulação mais dependente do ponto de vista
motor e cognitivo.
Prevenir é muito importante. Com isso, saber
que idoso se deseja ser e comprometer-se com
um estilo de vida que reduza os fatores de risco
asseguram uma qualidade de vida melhor, um
envelhecimento muito mais saudável, com me-
nor perda funcional e cognitiva, além de me-
nos onerosa para o sistema de saúde. Este, se-
gundo o conceito de equidade, deve fornecer
estruturas adequadas em termos de complexi-
dade à necessidade de cada cliente, sem deixar
de buscar expandir as oportunidades de resta-
belecimento através de uma assistência centra-
da nas necessidades do cliente e com ênfase na
reabilitação.
Por outro lado, a experiência recomenda que
o idoso independente permaneça no seio da
comunidade, exposto aos mais diferentes es-
tímulos, mantendo um estilo de vida saudá-
vel e, quando possível, conservando seus im-
portantes laços afetivos com os familiares, fa-
tor este muito importante para a estabilidade
emocional e a saúde mental.
A cultura do envelhecimento também signifi ca
envelhecer com dignidade, com respeito e con-
sideração por partes de todos, com autonomia
e compartilhando a formidável e rica experiên-
cia não somente de vida, mais da vida.
Envelhecimento
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DR. JOSÉ ANTÔNIO MALUF DE CARVALHO
GERENTE MÉDICO DE PACIENTES CRÔNICOS DO
HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN
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A os 89 anos, Uri Avnery ainda é o mesmo ho-
mem cheio de energia que há décadas partici-
pa da política israelense em favor de um acor-
do de paz com os árabes. O líder do movimen-
to Gush Shalom (“Bloco da Paz”) aparenta ser bem mais
jovem, fala sem difi culdade e atende a vários telefone-
mas enquanto conversa com o correspondente da revista
Hebraica. Na sala do seu apartamento, em Tel Aviv, com
uma bonita vista para o Mediterrâneo, o destaque é uma
foto ao lado de Yasser Arafat.
Nasceu Helmut Ostermann, na Alemanha, e se deu o
nome de Uri depois que a família imigrou para a Palesti-
na, com a ascensão dos nazistas. Avnery começou cedo na
política, quando se alistou aos 14 anos de idade no Irgun, o
movimento armado de direita que lutava contra a presença
dos ingleses em Eretz Israel. Mas logo começou a criticar os
métodos da organização e virou para a esquerda.
Foi ferido gravemente durante a Guerra da Independên-
cia, comandou uma unidade de combate da Brigada Giva-
ti no front egípcio. Mas fi cou mesmo famoso em 3 de julho
de 1982, quando entrou na Beirute cercada por tropas isra-
elenses para encontrar-se com Arafat, nesta que seria a pri-
meira vez em que o líder palestino conversou com um is-
raelense. Consta que, em razão disto, foi retirado do testa-
mento da mãe.
Apesar de atualmente os movimentos pacifistas se-
rem considerados peças marginais na política israelen-
se, Avnery é uma personalidade relevante e no dia se-
guinte à nossa entrevista teria uma reunião com o chan-
celer brasileiro Antônio Patriota, em visita a Israel e o
Oriente Médio.
A paz ou o nadaEM ENTREVISTA EXCLUSIVA À REVISTA HEBRAICA, URI AVNERY, A LENDA VIVA DO MOVIMENTO PACIFISTA DE ISRAEL, ALERTA PARA O PERIGO DE NÃO SE FAZER UM ACORDO COM OS PALESTINOS
Hebraica – Há dez anos, entrevistei o se-
nhor para esta mesma revista Hebrai-
ca, época em que Israel estava envolvi-
do na sangrenta segunda intifada, e o
sr. comentou que toda aquela situação
era inadequada ao jovem israelense, que
pretende estudar, trabalhar, viver bem e
não se envolver com violência. No entan-
to, parece que a tendência deste mesmo
jovem será votar na direita como o res-
tante dos eleitores, nas eleições antecipa-
das para janeiro de 2013?
Uri Avnery – É verdade que uma par-
te da população votará na direita, mas
não necessariamente este jovem de que
você fala. Considere a mudança demo-
gráfi ca que vem acontecendo no país. Os
ortodoxos têm um enorme crescimen-
to natural, enquanto os seculares dimi-
nuem de número. Todas as escolas orto-
doxas se inclinam para a extrema direi-
ta e são contrárias a um processo de paz,
favorecendo a anexação da Cisjordânia.
Então, não acho que os jovens seculares
optaram pela direita. Alguns inclusive
estão deixando o país. Temos uma enor-
me fuga de cérebros, gente que foi estu-
dar fora e resolveu fi car por lá.
A violência palestina durante a segunda
intifada mudou a sua visão de mundo?
Considere
a mudança
demográfi ca
que vem
acontecendo
no país. Os
ortodoxos têm
um enorme
crescimento
natural,
enquanto
os seculares
diminuem de
número. Todas
as escolas
ortodoxas se
inclinam para
a extrema
direita e são
contrárias a
um processo
de paz
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magazine > política | por Ariel Finguerman, em Tel Aviv
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E o Hamas? Como o sr. pensaria em lidar com eles num proces-
so de paz?
Avnery – O Hamas é um movimento palestino legítimo, e
precisamos conversar com eles. É um movimento complicado,
um ramo da Irmandade Muçulmana, mas veja como esta go-
verna o Egito, até com muita moderação.
Mas não é difícil conversar com alguém que prega a destruição
por ideologia religiosa?
Avnery – É uma situação complicada. Ideologias religiosas
se distanciam de posições práticas. Mas o Hamas já afi rmou
que se a Autoridade Palestina assinar um tratado de paz com
Israel, e se isto for confi rmado por referendo pelos palestinos,
eles também aceitariam. O Hamas nunca dirá diretamente que
fará paz com Israel. Para eles, do ponto de vista religioso, é im-
possível. Pela mesma razão que há setores da sociedade israe-
lense que nunca aceitarão ceder partes de Eretz Israel.
Os radicais da religião
A infl uência do extremismo religioso se amplia em toda a re-
gião. A situação tenderá a piorar?
Avnery – Há décadas que alerto para isto. Dizia que se
não fizéssemos a paz com seculares como Yasser Arafat e al-
guns países árabes, tudo ficaria mais difícil, o conflito fica-
ria mais perigoso. Conflitos nacionais podem terminar com
compromissos, mas conflitos religio-
sos são mais difíceis e complicados.
Falta liderança política na esquerda de
Israel?
Avnery – Muito. Não há nenhum líder,
ninguém. A direita tem Netaniahu, que
não é carismático, mas é esperto e sabe
falar muito bem na TV. Talvez na dinâ-
mica das eleições apareça alguém. Tam-
bém tivemos há um ano um movimento
de protesto social que atraiu centenas de
milhares de pessoas. Talvez surja algum
jovem dessas fi leiras.
O senhor tem um retrato de Arafat aqui,
na sua sala, mas em Israel ele ainda é vis-
to como um oponente sanguinário.
Avnery – Arafat foi uma fi gura his-
tórica, o autor de duas grandes revolu-
ções. A primeira foi criar o movimento
nacional palestino, similar ao que fez
Simon Bolívar na América Latina. Ele
colocou o problema palestino na pauta
da política mundial. A segunda foi sua
Não há
realmente um
confl ito entre
Irã e Israel. Há
alguns anos
éramos até
aliados. Toda
esta tensão
é artifi cial,
manipulada
por políticos
dos dois lados
por questões
domésticas.
Para
Netaniahu, é
uma desculpa
para não
tratar do
problema
palestino, nem
dos temas
sociais
FOTO COM ARAFAT, EM DESTAQUE NA SALA DE ESTAR DE AVNERY
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magazine > política
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Avnery – Absolutamente não. Era exatamente o que eu es-
perava. Um ano antes de explodir o confl ito, escrevi um arti-
go alertando para isto. Hoje a situação mudou, não há mais
violência com os palestinos na Cisjordânia, e há muito pou-
co com os de Gaza. Por esta razão os israelenses não estão
preocupados com os palestinos. A situação parece estável,
fi cará assim por alguns meses. Mas, de fato, nada é estável,
é uma situação intolerável para os palestinos. As colônias ju-
daicas se expandem a cada dia e os palestinos que vivem ali
estão conscientes disso. Já o israelense não percebe o que
acontece por lá, parece tão longe quanto a Lua. Mas com cer-
teza, um dia, aquilo explodirá novamente e teremos uma
terceira intifada.
Hoje, quando o seu movimento Gush Shalom promove uma
manifestação pela paz nas ruas, qual a reação do público?
Avnery – Indiferença. Netaniahu teve êxito em fazer desa-
parecer completamente o problema palestino do mapa, e nin-
guém mais fala a respeito. Agora que Israel se prepara para
eleições, a palavra “paz” desapareceu, tanto do programa dos
partidos de direita, quanto dos de esquerda. Falam de outras
coisas, como Irã, segurança, situação social.
Recentemente o senhor fez uma manifestação, diante da casa
do ministro da Defesa Ehud Barak, contra a política do gover-
>>
AVNERY EM UMA MANIFESTAÇÃO DE SEU AGRUPAMENTO POLÍTICO, O GUSH SHALOM EM 1955, FICOU FERIDO E FOI DETIDO EM UMA UMA TENTATIVA DE SEQUESTRO
no em relação ao Irã. Qual sua alternati-
va em relação à ameaça iraniana?
Avnery – Escrevi há alguns meses
um artigo no qual jurei que não have-
rá guerra com o Irã. É impossível. Nin-
guém atacará o Irã, nem os Estados
Unidos, nem Israel. Veja o mapa, ali ao
lado fi ca o Estreito de Ormuz, por onde
passam 60% do petróleo mundial. Para
os iranianos, é fácil fechá-lo e toda a
economia mundial entraria em colap-
so. Não me preocupo muito com o Irã.
Se chegarem a fabricar a bomba, pode-
rá haver um balanço de terror, como há
entre Índia e Paquistão, mas nenhum
iraniano sonha usar uma bomba con-
tra nós, eles sabem que Israel destruiria
o país em 24 horas. Não há realmente
um confl ito entre Irã e Israel. Há alguns
anos éramos até aliados. Toda esta ten-
são é artifi cial, manipulada por políti-
cos dos dois lados por questões domés-
ticas. Para Netaniahu, é uma desculpa
para não tratar do problema palestino,
nem dos temas sociais.
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magazine > política
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decisão de fazer a paz com Israel, algo para o qual ele tra-
balhou durante trinta anos de forma lenta mas constante, no
sentido de convencer o próprio povo dessa necessidade.
O senhor admirava Arafat?
Avnery – Admirava a sua determinação em fazer a paz,
pela mesma razão que admirava Itzhak Rabin. Ambos, em
idade avançada, mudaram de posição em favor da paz. Rabin
era uma pessoa lógica, e Arafat um homem impulsivo. Mas
os dois perceberam que, para o bem dos dois povos, deve-
riam fazer um acordo. Arafat tinha falhas, mas acho que os
pontos positivos eram muito mais importantes que os pon-
tos negativos.
Quanto ao atual líder palestino, Mahmoud Abbas, as opiniões
se dividem em Israel. Alguns o consideram um parceiro sincero,
outros o veem como um segundo Arafat somente com melhor
marketing pessoal.
Avnery – Realmente Abbas tem a mesma visão política
que Arafat. Ele foi um dos fundadores da OLP, mas com a di-
ferença de ser um civil por natureza e mais moderado. Abbas
coloca as mesmas condições para a paz: um Estado palesti-
no na Cisjordânia e Gaza, com capital em Jerusalém Oriental
e uma solução simbólica para a questão dos refugiados. Esta
posição, aliás, é da maioria do mundo árabe.
Então Israel está perdendo uma oportunidade com Abbas?
Avnery – Claro, e perdeu uma oportunidade ainda maior
com Arafat, que tinha poder para levar o povo a aceitar um
acordo, incluindo o Hamas. Este acordo poderia ser feito
amanhã de manhã. Se me dessem esta
oportunidade, faria em uma semana.
O problema é que, com a existência
das colônias judaicas, não haverá ne-
gociações. Como dizem os palestinos,
alguns de nós queremos negociar uma
pizza, mas por enquanto estão comen-
do a pizza.
O senhor está otimista com o futuro de
Israel?
Avnery – Sou sempre otimista. Em
minha longa vida, vi coisas mudarem
de forma inesperada, por isso acredi-
to em mudanças. Mas hoje é mais fácil
ser pessimista. Se a situação atual con-
tinuar, a possibilidade de solucionar o
conflito com dois Estados desaparece-
rá. Ficaremos apenas com um Estado,
mas logo os árabes serão maioria e te-
remos um apartheid. Haverá violência,
muitos israelenses vão preferir morar
no Brasil ou nos Estados Unidos e a
população judaica ficará cada vez me-
nor, até chegar ao que era aqui no co-
meço do sionismo. Há um enorme ice-
berg na frente do nosso navio, mas não
queremos ver. Preferimos falar que
nosso navio é bonito.
COM A FAMÍLIA NA ALEMANHA, EM 1930, DE ONDE IMIGRARIA PARA A ENTÃO PALESTINA, TRÊS ANOS DEPOIS
>>
Arafat foi
uma fi gura
histórica,
o autor de
duas grandes
revoluções.
A primeira
foi criar o
movimento
nacional
palestino,
similar ao
que fez Simon
Bolívar na
América
Latina. Ele
colocou o
problema
palestino
na pauta
da política
mundial. A
segunda foi
sua decisão
de fazer a paz
com Israel
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“vale do silício sabra” é que muitos desses empreendimentos
nem chegam à idade adulta. Segundo levantamento recente,
um terço das empresas high tech fecham depois de cinco anos
de atividade.
Um editorial do jornal Haaretz alertou: “Enquanto delega-
ções de todo o mundo correm para a Terra Santa para estudar a
fórmula israelense, nós temos de debater se este foco nas start-
ups é realmente bom. Criar empresas com o objetivo explícito
de vendê-las não seria uma sabotagem ao futuro do país?”
As start-ups estão formando uma cultura de negócios em Is-
rael que, para alguns críticos, é negativa. Sempre que os jor-
nais noticiam a venda milionária de uma dessas empresas,
paira no ar a mensagem de que o ideal é se tornar rico de uma
tacada só, sem fazer muito esforço para criar raízes empresa-
riais mais sólidas.
Outros dizem que o fenômeno das start-ups em Israel ape-
nas esconde a falta de oferta de bons executivos no mercado
local. A proposta de constituir empresas rapidamente apoiada
em um produto inovador, e não numa linha duradoura, seria
uma alternativa à falta de material humano especializado para
criar empresas.
A diferença na geração de empregos entre uma start-up e
uma empresa tradicional é enorme. A primeira atrai basica-
mente programadores e engenheiros. A segunda emprega se-
cretárias, pessoal administrativo, de vendas, marketing. Em-
presas tradicionais também pagam mais impostos e provocam
maior impacto no conjunto da economia.
Não que Israel nunca tenha produzido grandes empresas no
estilo tradicional. Algumas são até motivo de orgulho nacio-
nal. Um exemplo é a Iscar, a segunda maior fabricante de fer-
ramentas de metal no mundo, fundada por Stef Wertheimer,
imigrante judeu alemão tão pobre que faltou dinheiro para es-
tudar. Hoje tem subsidiárias em 52 países e a família – que de-
tém o controle acionário – é a mais rica do país, com patrimô-
nio de mais de sete bilhões de dólares.
Sexo e famíliaA sede da Iscar é na Galileia, região considerada periférica. A
empresa cresceu de maneira discreta, só percebida por gente
do ramo. Mas há seis anos chamou a atenção ao ser comprada
pelo multibilionário americano Warren Buffett, um dos maio-
res investidores do mundo, em sua primeira aquisição de uma
empresa fora dos EUA.
A diferença entre a Iscar e uma start-up pode ser medida
pelo tratamento dado aos funcionários. Enquanto nas fi rmas
de tecnologia o emprego depende das oscilações diárias nas
bolsas de valores, em uma empresa tradicional a história é
outra. Que o digam Aviva e Noam, pais do soldado sequestra-
do Gilad Shalit, que trabalhavam na área de marketing da Is-
car. A empresa concedeu uma licença para o casal durante os
longos anos de negociação para a libertação do fi lho e até ce-
deu um apartamento em Jerusalém para poderem atuar na
capital do país.
Eitan Wertheimer, atual presidente
da Iscar, desdenha do conceito de start-
up nation, afi rmando que toda a atenção
dada às empresas de alta tecnologia de-
corre da falta de tradição administrativa
na cultura local. Outro fator para a proli-
feração dessas empresas, segundo o em-
presário, seria a falta de savlanut (“paci-
ência”, em hebraico) típica do israelen-
se, que atrapalha o surgimento lento de
empresas de maior porte.
“A diferença entre uma start-up e uma
grande fi rma é como a diferença entre
fazer sexo e constituir uma família. É
bastante parecido, mas leva mais tempo
para formar uma família”, ironiza o em-
presário.
Os números também mostram que
empresas tradicionais têm uma função
estratégica muito mais duradoura para
toda a economia quando comparadas
às start-ups. Somente sete megaempre-
sas tradicionais de Israel são responsá-
veis, cada uma, por vendas no exterior
de mais de um bilhão de dólares. Ob-
servadores dizem que Israel precisa de
mais empresas deste tipo, e menos de
start-ups.
O jornalista Saul Singer, coautor de
Start-Up Nation, defende o modelo: “O
mundo todo inveja a habilidade de Isra-
el em criar tantas start-ups e tenta copiar
o fenômeno. Se todos querem ser como
nós, então provavelmente as coisas não
estão tão más, mesmo que essas empre-
sas de tecnologia sejam vendidas e desa-
pareçam rapidamente”, pondera.
O resultado de todo esse debate en-
volvendo start-ups e empresas tradi-
cionais parece estar em um meio ter-
mo. A vocação da economia israelense
é a tecnologia de ponta e, portanto, se o
objetivo é criar empresas mais sólidas,
muito provavelmente o material huma-
no virá do pessoal das start-ups. Como
diz Haim Shani, ex-presidente da Nice,
uma empresa israelense líder no mer-
cado mundial de tecnologia de segu-
rança em sistemas computadorizados:
“Num país onde a tecnologia é respon-
sável por boa parte do PIB, deve haver
lugar para todos, e todo tipo de empre-
sa adicionará valor”.
A proposta
de constituir
empresas
rapidamente
apoiada em
um produto
inovador, e não
numa linha
duradoura,
seria uma
alternativa
à falta de
material
humano
especializado
para criar
empresas mais
sólidas
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magazine > economia | por Ariel Finguerman, em Tel Aviv
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T udo começou há quatorze anos, quando a Mirabi-
lis, empresa de tecnologia fundada por três israe-
lenses na faixa dos 20 anos, foi vendida após dois
anos de funcionamento por US$ 407 milhões para
o gigante AOL. Estava dada a largada para a transformação
de Israel numa máquina de produção de start-ups, isto é, em-
presas high tech que desenvolvem algum produto inovador e
são vendidas em seguida por somas milionárias.
Israel inova com as
ISRAEL É CONHECIDO COMO O “PAÍS DOS START-UPS”, NOME QUE SE DÁ A EMPRESAS DE TECNOLOGIA QUE NASCEM DE MANHÃ E À NOITE SÃO VENDIDAS
POR VALORES MILIONÁRIOS. MAS ISTO É BOM PARA O SEU FUTURO?
Nos últimos anos, especialistas de
Cingapura, Alemanha e China vieram
para cá tentar descobrir a fórmula do
sucesso da start-up nation, título de um
livro a respeito do fenômeno israelense
que virou best-seller internacional. Em
razão do êxito destes empreendimen-
tos, a marca “made in Israel” se tornou
sinônimo de produtos inovadores ao re-
dor do mundo.
Mas todo este sucesso tem um lado
menos glamoroso e até preocupante.
Em Israel as start-ups representam um
mercado relativamente pequeno, que
contrata pouca gente e, quase sempre,
de perfi l jovem. Quando uma dessas
empresas de tecnologia é vendida por
milhões, quem lucra mesmo são pou-
quíssimas pessoas.
Para complicar o quadro, um elemen-
to pouco divulgado quando se fala no
start-ups
SAUL SINGER, QUE ESCREVEU START-UP NATION, VEIO A SÃO PAULO PARA PALESTRA NA CÂMARA DE COMÉRCIO BRASIL-ISRAEL
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HEBRAICA | DEZ | 2012
magazine > gastronomia | por Rotem Maimon
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C om todo o respeito ao falafel e ao schnitzel, em um
plebiscito para escolher o alimento nacional o hú-
mus ganharia com vários pratos de diferença. Mas
convém ser honesto e confessar que foi adotado dos
vizinhos e quase recentemente pois a Guerra da Independên-
cia, em 1948, expôs muitos israelenses à cozinha árabe pela
primeira vez, e o húmus pegou, porque eram tempos de auste-
Caminhos do húmus por terras de Israel
HÁ ALGUMAS EDIÇÕES, NOSSA COLEGA DESIRÉE NACSON REVELOU A INDIGNAÇÃO DOS OFENDIDOS PELO FATO DE, SEGUNDO ELA, TÃO
POUCOS JUDEUS BRASILEIROS VISITAREM ISRAEL. PARA OS QUE VIAJAREM AO ESTADO JUDEU, EIS O APETITOSO ROTEIRO DOS MELHORES LUGARES
DE TEL AVIV PARA COMER HÚMUS
ridade econômica e oferecia uma refeição
satisfatória por muito pouco dinheiro.
Desde então, o húmus passou a ser
comido de várias maneiras. Há os que
o comem apenas nas tardes de sexta-
feira, aqueles que só no Shabat, e fi nal-
mente os que o ingerem o tempo todo.
Alguns comem com pita e outros que
o preferem sem ela. Há os que fi zeram
desse ato parte de certos rituais muito
específi cos, por exemplo, somente ao
ler as páginas de esporte ou bebendo
suco de uva, e há aqueles que insistem
A PRODUÇÃO DO PROGRAMA DE ANTHONY BOURDAIN AINDA NÃO DESCOBRIU A DELICIOSA COMIDA DE RUA DO SHUK HACARMEL
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HEBRAICA | DEZ | 2012
77
em determinados temperos ou coberturas.
A busca pelo tesouro dos melhores húmus de Tel Aviv e arre-
dores revelou um novo mundo: húmus feitos com receitas tão
secretas como a da Coca-Cola, métodos diferentes de prepará-
lo e variedade de texturas. O mais surpreendente é a existên-
cia de tantos amantes de receitas de húmus, como há israelen-
ses. De todo modo, se há um consenso geral de o húmus é óti-
mo, ele se desfaz no detalhe de que cada pessoa sabe onde se
faz o húmus favorito.
Para encontrar os cinco lugares que servem húmus, foram
provadas dezenas de versões, em Tel Aviv e em outros lugares,
e o autor sobreviveu para contar a história.
O “TRIPLO” DO ALI KARAVANEm Yafo existem dois tipos de fãs do húmus: aqueles que gos-
tam do Kalboni (certamente, um bom húmus) e aqueles adep-
tos do Ali Karavan, que são muitos e confi rmado pelas fi las e
pela aglomeração nos fi nais de semana ou qualquer hora.
Karavan também era conhecido como Abu Hassan e come-
çou em 1959 com um pequeno quiosque de húmus na Rehov
Hadolphin, perto do porto de Yafo. A freguesia aumentou tanto
que em 1972 ele abriu um restaurante de verdade, próximo de
Shderot Yerushalaim (rua central de Yafo, que une Tel Aviv a
Bat Yam). Logo também o restaurante se tornou pequeno e Ka-
ravan abriu mais um, do outro lado da rua. Ali Karavan morreu
em 2007, e deixou um húmus glorioso como herança.
Prato vencedor: o triplo, uma porção de húmus, ful (favas, um
tipo de feijão) e massabachá, mas que massabachá! Legiões de
comensais decidiram o que é bom para eles – isto é, tudo. Peça
o húmus simples, mas é o triplo que vai revelar as raras quali-
dades que fi zeram deste lugar um sucesso estrondoso: húmus
quentes, de delicada textura, quase cremosa e sutil, uma massa-
bachá feita com carinho, transcendendo o sabor de tahini, alho
e limão. O ful dá um toque de profundo sabor ao prato, e todo o
prato é temperado com cominho, páprica, azeite de oliva e um
pouco de molho de pimenta. Se tudo tem um gosto tão bom,
quem se importa de compartilhar a mesa e uma multidão de es-
tranhos olhando? Resumo: este é o único húmus pelo qual vale a
pena esperar na fi la. Preço: dezenove shekalim, acompanhados
de muito barulho, cebola crua, molho de pimenta, e pitas.
EndereçoAli Karavan / Abu Hassan – Rehov Shivtei Yisrael 14, Yafo
O BARATO MASSABACHÁ NO HÚMUS HACARMELAlguém pode passear anos pelo shuk Hacarmel sem notar
que lá se vende um húmus surpreendente. Mas o que faz dele
surpreendente? Primeiro, o tamanho do quiosque, dois espa-
ços enormes escondidos atrás de barracas. Segundo, o pre-
ço, pois este húmus é o mais barato de Tel Aviv. Terceiro, o
sabor. É um húmus simples, feito como se deve e saboroso. É
um ótimo lugar para visitar em qualquer circunstância – com
fome do cansativo passeio pelo shuk ou especialmente para
conhecê-lo.
O prato vencedor e o massabachá. É
claro que o barato pode deixar a pessoa
cismada com a qualidade. Mas é tudo
bom, mesmo sem fanfarras ou recep-
cionistas. O consumidor vai até o balcão
pede húmus ou massabachá, o preço é
o mesmo. O massabachá vem quente e
denso, enche um prato grande com um
gosto rico de tahini em bruto, caroços in-
teiros de grão-de-bico, azeite de oliva de
qualidade e temperos.
Em resumo: surpreendentemente sa-
boroso, prova que barato não signifi ca
necessariamente que se tem de aceitar
qualquer coisa. Preço: dez shekalim e
acompanha duas grossas pitas artesa-
nais. Por este preço qualquer um ima-
gina que não haveria quaisquer acom-
panhamentos, mas tem picles fatiados
bem fi ninhos e molho de pimenta no
prato de húmus. Misturando tudo, fi ca
delicioso.
EndereçoHúmus Hacarmel – Hacarmel 11, Tel Aviv (a rua central do Shuk Hacarmel)
O LOCAL: MASHAWSHÁ NA MASHAWSHÁHá muitos bons lugares de húmus no
centro, mas no Mashawshá é melhor,
desde a atmosfera de bairro até o hú-
mus, confessadamente excepcional.
Mashawshá é o prato mais popular de
húmus nas aldeias árabes da Alta Gali-
leia e signifi ca “desigual ou irregular”,
referência à textura irregular do húmus.
O mashawshá é o prato vencedor. Um
dos problemas com o húmus, por mais
bem feito que seja, é o fato de repou-
sar pesadamente no estômago. Mas esta
mashawshá parece que está cheia de ar,
isto é, excepcionalmente arejada, e leve,
o que pode ter relação com a prepara-
ção dos grãos-de-bico, imprensados logo
após o cozimento e misturados com tahi-
ni, suco de limão e azeite. Pode ser refor-
çado com um pouco da excelente tahini
e mais alguns grãos-de-bico.
É uma iguaria das mais delicadas
da qual se come facilmente um prato e
meio. Este é sem dúvida um dos melho-
res lugares de húmus no centro da ci-
dade. Preço: 22 shekalim para a masha-
Em Yafo
existem dois
tipos de fãs
do húmus:
aqueles que
gostam do
Kalboni
(certamente,
um bom
húmus) e
aqueles
adeptos do Ali
Karavan, que
são muitos e
confi rmado
pelas fi las
e pela
aglomeração
>>
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magazine > gastronomia
78
wshá, dois shekalim para o tahini adicional e os grãos-de-
bico.
É um dos poucos lugares onde se encomenda uma pita de
trigo integral. Faz parte do pedido picles caseiro de legumes, e
as famosas azeitonas do lugar. Num bom dia tem repolho em
conserva muito saboroso acompanhando as saladas prelimi-
nares. Há a cebola, e confi ra se veio o molho verde, inocente
somente na aparência. É picante.
EndereçoMashawshá – Rehov Pinsker 40, Tel Aviv (vindo pela Dizen-gof, na Kikar Dizengof em direção ao mar)
O SEGREDO: HÚMUS COM GRÃOS-DE-BICO NO SHLOMO E DORONO Kerem Hateimanim, o bairro iemenita, é o verdadeiro paraíso
para os amantes de húmus de todos os tipos. Lá há grande varie-
dade de húmus, mas os entendidos em húmus do bairro, como
os de Yafo, se dividem em dois grupos: aqueles que amam o do
Húmus Hasuri (é bom, mas ...), e os fãs do Shlomo e Doron, um
segredo conhecido por todos do pedaço, uma casa aberta em
1937 por Shlomo a que o neto Doron deu continuação.
O prato vencedor é o húmus com grãos-de-bico. A suges-
tão dos proprietários é o húmus e ful, mas o húmus com grão-
de-bico dispensa ful ou qualquer outra coisa. Coma o húmus
como tal, ou no formato de massabachá. Não tem vez para
arrependimento. O sabor desse húmus é muito delicado, de
boa textura e vem com grãos-de-bico cozidos. Uma sugestão
é uma boa espremida no limão. Aqueles
que preferem a massabachá será servi-
da bem temperada, com cominho, pá-
prica, limão e alho.
Em resumo o pessoal do Kerem Hatei-
manim sabe o que é bom para eles. Preço:
dezenove shekalim por um prato pequeno,
na verdade muito grande e acompanha
molhos de limão, de cebola e de pimenta.
As pitas são normais, mas quando quentes
não se consegue parar de comê-las.
EndereçoShlomo e Doron – Rehov Yashkon 29, Tel Aviv.
O MAIOR: HÚMUS COM FUL NO ASSAFO Húmus Assaf está no seu local atual na
Rehov Hahashmonaim (próximo do co-
meço da Ibn Gvirol, ao lado da cinema-
teca de Tel Aviv, a menos de três quadras
da embaixada do Brasil) há dois anos e
meio, um lugar bem melhor do que as
encarnações anteriores. A vantagem está
nas porções são generosas, o serviço é
acolhedor e, principalmente, é grande a
variedade de itens que se podem adicio-
O DELICIOSO SHAKSHUKA
QUE NENHUM
RESTAURANTE ÁRABE
DE SÃO PAULO
INCLUI NO CARDÁPIO ;
FILA NA PORTA DO ALI
KARAVAN, UMA CASA DE
HÚMUS QUE SE VÊ LOGO
À CHEGADA DE YAFO
>>
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Para quem não é iniciado nos comes e bebes locais, é importante expli-
car o que é muito popular e comum. Na área ao redor do shuk Hacarmel,
em Tel Aviv, existem vários lugares no qual se come ful. O ful é um tipo de
fava ou feijão, servida em um prato fundo e pequeno ao qual se acres-
centam húmus, tahini, azeite de oliva, ovo duro, com pitas, quartos de ce-
bola crua fria, pepino azedo fatiado e pimentas picantes, geralmente
preparadas como picles, picantes mas não muito. O ful é quente; o hú-
mus e a tahini não.
É normal nas ruas em torno do shuk encontrar pessoas sentadas a
mesas de fórmica. Algumas pessoas bebem um aperitivo preparando o
estômago para o verdadeiro ataque que vai sofrer. A cebola crua faz par-
te de quase todas as comidas ditas “populares” e os verdadeiramente
iniciados nesse hábito não prescindem dela.
E são os iniciados que pedem a versão comblet. É “comblet” porque em
árabe não existe um som equivalente ao “p” e por isso é automatica-
mente substituído pelo “b”. Portanto, peça um “comblet”, o nome gené-
rico dessa combinação de ful, húmus e ovo duro, regado a óleo de oliva.
Os tipos de comida mais populares daqui são o húmus, ful, tahini,
massabachá, mashawshá, maluta, shakshuka, falafel, bureka, e sanduíche
tunisiano. Todos, menos os dois últimos, podem ser pedidos no prato
ou na pita.
A massabachá e a mashawshá são variedades do húmus.
A shakshuka é um cozido de tomates e pimentões vermelhos, no qual
se fritam ovos, temperado com sal, pimenta, cúrcuma, cominho, e pápri-
ca, que os viciados preferem picante. O epicentro da shakshuka é a praça
do relógio de Yafo. Lá está o restaurante chamado Dr. Shakshuka.
Procure a Rehov Yefet. Nesta rua, que sai da praça, está localizado o
Abuláfi a, a loja de massas mais famosa do país com pitas, beigale e etc.,
na rua 3338, que é um beco no interior do prédio de esquina. No Abu-
láfi a e em outras boas casas do ramo se vendem massas recheadas
com queijo búlgaro, batata cozida, etc., e com uma mistura de folhas de
za’atar (origanum syriacum) com gergelim e sal. O za’atar vem em um sa-
quinho de papel, e a pessoa aplica a mistura colocando pedaços da pita
ou do beigale no saquinho, e come suspirando.
O falafel de boa qualidade vem acompanhado por uma grande varie-
dade de saladas e molhos, e no Paamonim, em Ramat Hasharon, funcio-
na o sistema conhecido por tosafot chofshiot, ou seja, o freguês faz acrés-
cimos à vontade de saladas e molhos e o preço é fi xo. Exemplos típicos:
salada de tabule, dois tipos de saladas de cebola, de verduras, de toma-
tes, picles diversos, batatas fritas, tahini, amba (molho indiano à base de
manga e curry), e cerca de quinze tipos diferentes de pimentas.
O sanduíche tunisiano é servido em baguete com atum, ovo duro,
cebola, limão em conserva com sal, alho e páprica, salada, pimenta
verde frita, batata cozida. O centro está localizado próximo do shuk de
Netânia.
As burekas são feitas com massa assada, recheadas de espinafre ou
queijo búlgaro, e servidas com huevos chaminados, isto é, ovos duros cozi-
dos durante horas na mesma panela do tchulent, ou chamin para os sefa-
radim. Têm origem turca.
Comida de rua em Israel
nar ao húmus, como bolinhos de carne,
coisa que ninguém pensara antes. Se o
cliente cansou de húmus, lá as alternati-
vas ganham a forma de schnitzel e pratos
de peixe, feitos pela mãe de Assaf.
O prato vencedor é o húmus com
ful e ovo duro, um clássico em qual-
quer lugar de húmus, mas é preciso
algo a mais para fazê-lo sobressair, e
no caso do ful do Assaf isso parece fá-
cil. O ful vem como um prato de cozi-
do em quantidade generosa, com mui-
tos grãos inteiros, além de limão e espe-
ciarias, uma receita secreta. O húmus é
cremoso e de sabor excepcional que o
ful não abafou. O prato é maior do que
em qualquer outro lugar.
Em resumo, as pessoas pedem húmus
mas acabam no ful. Preço: 24 shekalim.
Acompanha pitas normais, mas há mui-
tas outras delícias na forma de dois tipos
de molhos picantes em um prato, sala-
da de repolho, um excelente molho de li-
mão e falafel da casa.
EndereçoHúmus Assaf – Rehov Hahashmonaim 88, Tel Aviv
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magazine > gastronomia
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Fritar por dez minutos uma cebola picada em fatias fi nas. Acrescentar três tomates cortados e um pimentão vermelho
cortado em partes pequenas; adicionar um pouquinho de água para o tomate amaciar mais rapidamente; acrescentar
meia pimenta ardida vermelha (se não gosta de muito picante tirar as sementes, e o fi o branco) e quatro dentes de alho
fatiados fi ninho. Adicionar duas colheres das de sopa de caldo de galinha em pó, 1/4 de copo de salsinha picada, um pou-
co de noz-moscada, sal, páprica e pimenta negra. Acrescentar uma colherinha de cúrcuma e meia de cominho. Quebrar
um ovo na frigideira e mexer bem, depois adicionar uma caixinha de massa de tomate diluída em um copo de água até
fi car uniforme. Cozinhar em fogo baixo durante quinze minutos, depois acrescentar mais dois ovos e deixar em fogo mé-
dio baixo por aproximadamente dez minutos até fritar os ovos. Por tradição, come-se direto da frigideira, mergulhando o
pão ou pita no molho e no ovo. (Y.T.)
Receita de shakshuka
OS MELHORES FORA DE TEL AVIVSA’ID, ACRE (ACCO)Esqueçam por momentos do húmus de Tel Aviv. Húmus do jei-
to que se come na Galileia é em Acco, especialmente o do Sa’id.
O húmus é grande, e a maluta cheia de grãos-de-bico inteiros é
uma porção deliciosa, assim como a excelente mashawshá. Em
nome do húmus vale a pena enfrentar as intermináveis fi las.
EndereçoHúmus Sa’id, Mercado da Cidade Velha, Acco
ABU YUSSEF, HAIFAEscolher entre Abu Yussef e Abu Maron foi difícil, pois ambos
fazem húmus incríveis, entre os melhores do país. No fi nal,
Abu Yussef ganhou por um voto em razão do sabor extraordi-
nário do húmus, da suave e delicada textura, do maluta e dos
pinhões que em certos dias acompanham o húmus. Além dis-
so, as porções são grandes e as pitas viciam.
EndereçoAbu Yussef, Rehov Ziso 29, Haifa
HÚMUS LINA, JERUSALÉMSe somente Jerusalém dá uma lista de quinze ótimos lugares
para comer húmus, como escolher apenas um? Este exemplar
único esconde-se nas vielas do bairro cristão da Cidade Velha e
se destaca pela relativamente baixa proporção de tahini na mis-
tura, o que refresca a memória do autêntico sabor do húmus. Só
por isso vale a pena viajar a Jerusalém.
EndereçoHúmus Lina, Akava El Hanakhah 42, Cidade Velha (entre a Via Dolorosa e a Saint Francis, que são a mesma rua)
KHALIL, RAMLAKhalil está nesta lista porque a massabachá é excelente, e o or-
gulho de Ramle. É feito a partir de uma receita secreta, mas o
gosto dominante denuncia muito tahini e grãos-de-bico intei-
ros perfeitamente preparados. O molho dá à massabachá um
sabor ligeiramente adocicado e, ao mes-
mo tempo, levemente azedo. Há tam-
bém carnes no espeto e outros pratos.
Mas o húmus é a melhor pedida.
EndereçoHúmus Khalil, Rehov Kehillat Detroit 6, Ramla.
HÚMUS MASHANI, RISHON LETZION A chegada do Mashani faz esquecer tudo
o que sempre se soube a respeito de hú-
mus. Mashani começou como uma pe-
quena loja na casa da família, em Yafo,
com o tempo cresceu e se mudou para
o pequeno e acolhedor bairro Rishon.
Sem alarde, é servido um enorme pra-
to de húmus, grosso com forte gosto de
tahini. O mashawshá também é diferen-
te do que em outros lugares – em cama-
das, em vez de todos juntos misturado –
e que o torna tão maravilhoso.
HÚMUS AFIF, KALANSUANa região conhecida como o triângulo da
Galileia existe um húmus tão distinto de
qualquer outro que explica a razão pela
qual os moradores do Sharon norte e do
Emek Hefer não o trocam por qualquer
Hassan Abu.
O que faz o húmus Afi f tão bom é uma
textura delicada, o ful diferente do que
se conhece e se destaca pelos condimen-
tos. Encha um prato até a borda, com as
pitas mais fi nas que se encontram ape-
nas em Kalansua.
Tradução de Yossi Turel
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importantes sistemas de infraestrutura. O prejuízo foi estimado
em, no mínimo, cinquenta bilhões de novos shekalim.
No exercício foram considerados o comando e o controle, o
funcionamento contínuo, serviços civis, evacuação, assistên-
cia internacional e a restabelecimento da vida normal. O exer-
cício tinha por objetivo avaliar o grau de conscientização a res-
peito da gravidade do desafi o, atribuir notas às estratégia de
resposta, o exame de melhoras futuras na preparação, e a cria-
ção de uma base conceitual para a reconstrução sistemática
após o desastre.
Concluído o exercício, uma primeira avaliação sugeriu que:
O exercício nacional foi realizado a partir da premissa de
que os israelenses não estão preparados adequadamente para
um grande terremoto com muitas vítimas. É verdade que al-
guns passos foram dados, mas o país deve passar por um lon-
go e complicado processo.
Exercícios em geral e o atual em particular são cruciais
para fortalecer a preparação sistemática do ponto de vista
nacional e local. Um exercício explica a premissa básica da
existência de uma correlação direta e positiva entre a prepa-
ração apropriada e a redução do dano provocado por desas-
tres naturais ou causados pelo homem. Para seu crédito, Isra-
el tem a seu favor o fato de ser um dos primeiros do mundo
em exercícios desse tipo.
Depois de se dedicar durante anos unicamente a emergên-
cias relacionadas à segurança, a sociedade civil tem sido trei-
nada para responder aos desafi os de desastres naturais, menos
comuns nesta região mas cuja capacidade de causar danos é
muito maior, em razão das mortes e dos danos conhecidos no
dia-a-dia, que requerem formular um tratamento estratégico e
uma preparação meticulosa. O principal é a delicada questão
da evacuação em massa, e os serviços de emergência. Todos
conhecem as soluções teóricas, mas há dúvidas de que pos-
sam dar a resposta necessária.
A assistência internacional teve papel predominante no
exercício, e com boa razão. O tema foi tratado principalmen-
te do ponto de vista técnico, na recepção da ajuda externa. Isso
é tão importante quanto a convicção de que, sozinho, o Estado
de Israel é incapaz de arcar com grandes desastres, o que tam-
bém vale para outra situações.
Os danos previstos em infraestruturas
críticas (abastecimento de energia elé-
trica e água, comunicações e transporte)
exigem mais estudos e preparação ade-
quada para cenários de tragédias natu-
rais e outros episódios perigosos – e tal-
vez mais plausíveis – como ataques ci-
bernéticos, guerra generalizada e ativi-
dade terrorista. Trata-se de um desafi o
que requer atenção, mas que parece in-
sufi ciente, parcialmente por restrições
orçamentárias.
Autoridade, responsabilidade, coman-
do e controle são os temas mais impor-
tantes porque as pessoas devem admi-
nistrar os eventos à medida em que se
desenrolam. Há questões legais entre ou-
tras razões porque o sistema civil está
longe de ser regulado apropriadamente.
A situação se complica mais em razão do
caráter dos desastres naturais, as muitas
mortes, o tamanho dos prejuízos em ge-
ral e nas comunicações e no controle da
nação. Como é habitual quando se trata
de Israel, a expectativa aqui era de que
as Forças de Defesa de Israel (IDF), prin-
cipalmente porque têm o comando des-
tas ações, assumiriam num estágio ini-
cial. Mas para que isso aconteça, ainda
que de maneira limitada, as Forças de
Defesa de Israel necessitam preparar-
se para cenários de sensíveis perdas ci-
vis, e este é um desafi o muito sério, e,
da mesma forma, em qualquer lugar a
reconstrução após um desastre natural
sempre foi a tarefa mais difícil.
Tradução de Yossi Turel
* Pesquisadores do Instituto para
Estudos Nacionais de Segurança
Um terremoto
de 7.1 na
escala Richter
em Israel
causaria cerca
de sete mil
mortes, 8.600
pessoas severa
ou moderada-
mente feridas,
37.000 feridos
leves, 9.500
pessoas
presas entre
os escombros,
170.000
desabrigados,
28.000 edifícios
com danos
pesados, e a
interrupção
de vários e
importantes
sistemas de
infraestrutura
Terremoto em Israel, com sete mil mortos, setenta mil feridos e 170 mil desabrigados. Que Ele nos livre,
mas foi este o cenário do maior exercício de preparo para uma eventualidade destas na história do país,
feito no fi nal de outubro. Durante uma semana, equipes de socorro simularam exercícios de resgate e
crianças nas escolas foram treinadas para correrem a abrigos. Já o cidadão comum recebeu pelos meios
de comunicação instruções do que fazer na hora H: deixar o apartamento e descer para a rua, mas se
não der tempo, ir para a área das escadas do prédio, lugar sempre mais reforçado. No desespero, tam-
bém é recomendável buscar abrigo debaixo de um móvel sólido. Ló aleinu, como dizem por aqui. (A.F.)
À espera do Big One
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magazine > segurança | por Meir Elran e Alex Altshuler *
82
N o passado, onde hoje é o Estado de Israel, ocor-
reram terremotos nas localidades de Tiberíades,
Beit Shean, Sussita, Ramla, e outros locais. Esta
fratura separa duas placas tectônicas, a síria-
africana e a placa árabe. Ela começa no sul da Turquia, atra-
vessa a Síria e o Líbano, continua pelo vale do Jordão, Mar
Morto, Mar Vermelho, e avança pela África até Moçambique.
No fi nal de outubro, Israel executou o primeiro exercício para
avaliar se o Estado e suas instituições estão preparados para o
caso de um terremoto severo. Faz parte dos usos e costumes da
população israelense realizar exercícios considerando questões
de segurança como foguetes e mísseis e que se intensifi caram a
partir da segunda guerra com o Líbano, em 2006.
O fato de este exercício levar em conta o cenário de um ter-
remoto implica o reconhecimento da importância da prepara-
ção para desastres naturais, cujos prejuízos em vidas e patri-
mônio muito maiores do que em razão de guerra, terrorismo,
e outros confl itos provocados pelo homem. Também implica a
compreensão de que a natureza de uma emergência é genéri-
Israel está preparado para um terremoto?
ISRAEL SE SITUA SOBRE A FRATURA SÍRIA-AFRICANA, FALHA GEOLÓGICA QUE EM ALGUM MOMENTO PRODUZIRÁ TERREMOTOS DE
GRANDE INTENSIDADE NA REGIÃO. QUE FATORES DEVEM SER LEVADOS EM CONTA DIANTE DE UM DESASTRE NATURAL?
ca e muitos dos eventos que provoca são
comuns aos desastres naturais ou aque-
les provocados pelo homem. Desta for-
ma, se a população estiver bem prepa-
rada para desastres naturais em geral, e
terremotos em particular, também sabe-
rá enfrentar aqueles causados por ques-
tões de segurança.
O objetivo do exercício foi o de melho-
rar a resposta integrada e preparar os or-
ganismos governamentais e a popula-
ção para melhor administrar a ocorrên-
cia de um terremoto em Israel, a partir
da avaliação das respostas das unidades
municipais e das autoridades civis e mi-
litares, a infraestrutura e a população em
geral, no caso de um terremoto de 7.1 na
escala Richter a uma profundidade de
dez quilômetros na área do vale do Hula,
norte do país. O tremor também provo-
caria ondas de cinco a quinze metros de
altura ao longo da costa, causando preju-
ízos no porto de Haifa e na usina elétrica
a gás Reading em Tel Aviv.
Após um longo período em que Israel
negligenciou a possibilidade de um de-
sastre natural de tais proporções, agora
já tem o ponto de partida a partir do qual
poderá enfrentar eventuais desastres na-
turais massivos. A pergunta é se estes
exercícios serão capazes de gerar um sis-
tema estruturado e efetivo de prepara-
ção, que cobrirá necessidades distintas,
incluindo os desafi os da segurança. As
autoridades acreditam que será possível
conciliar a adequada preparação para os
momentos do evento de modo a garantir
o funcionamento normal do país e a re-
cuperação dos danos causados pelo de-
sastre natural. Por enquanto, todavia, o
balanço é ainda negativo.
A terra tremeuFeitas as contas a partir da estrutura cria-
da para o cenário de emergência – o ce-
nário concreto para o exercício – o terre-
moto causaria cerca de sete mil mortes
(menos da metade de outros exercícios),
8.600 pessoas severa ou moderadamen-
te feridas, 37.000 feridos leves, 9.500 pes-
soas presas entre os escombros, 170.000
desabrigados, 28.000 edifícios com da-
nos pesados, e a interrupção de vários e
O PROFESSOR SHMUEL MARCO, DA UNIVERSIDADE DE TEL AVIV, CRIOU UM SISMÓGRAFO FÓSSIL
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magazine > império otomano | por Aaron Aaronsohn
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O esforço de guerra otomano na Palestina durante
a Primeira Guerra Mundial foi conduzido por ofi -
ciais alemães, e a participação deles registrada
pelos fotógrafos da colônia americana. O general
alemão Erich von Falkenhayn, ofi cial prussiano competente
e chefe do Estado-Maior do exército germânico, era o coman-
dante das tropas turcas e alemãs em 1917-1918. Da coleção de
fotos alemãs consta a imagem de Falkenhayn deixando a Pa-
lestina em 1918, e a informação, na legenda, abaixo, de que
ele teria impedido um massacre dos judeus pelos turcos:
“Cabe a Falkenhayn e ao Estado-Maior alemão o crédito por
terem impedido um genocídio otomano de cristãos e judeus na
Palestina semelhante ao dos armênios”. (Na Wikipedia, seu bi-
ógrafo Holger Affl erbach declara que “uma violência desuma-
na contra os judeus na Palestina só foi evitada devido à condu-
ta de Falkenhayn que, em comparação com a história alemã
do século 20, tem um signifi cado especial, e que o distingue”.)
De acordo com a família Falkenhayn, “enquanto foi coman-
dante, ele conseguiu impedir os planos turcos de expulsar to-
dos os judeus da Palestina, especialmente de Jerusalém. Essa
expulsão deveria ser executada tal como o genocídio dos ar-
mênios, por isso é justo que Falkenhayn impediu a erradica-
ção dos assentamentos judeus na Palestina”.
Isso é verdade, ou apenas mais um testemunho alemão
de modo a equilibrar a mancha do nazismo duas décadas
mais tarde?
Outro líder foi Enver Paxá, que chefi ou o Império Otomano du-
rante a Primeira Guerra Mundial, e ao visitar a Palestina, foi fo-
tografado com Jamal no Monte do Templo e em Be’er Sheva. Ja-
mal Paxá duvidava da lealdade dos judeus da Palestina e como
os movimentos nacionalistas no Império desgastavam o domínio
turco, era preciso esmagar o nacionalismo árabe e judaico.
Os sionistas eram particularmente suspeitos de se opor ao
governo otomano, e líderes como David Ben-Gurion eram fre-
quentemente presos, perseguidos ou exilados. Enquanto mui-
tos emigravam da Rússia, um Estado inimigo, mil voluntários
O general alemão que protegeu os judeus
OS JUDEUS DA PALESTINA ESCAPARAM, POR UM TRIZ, DO MESMO DESTINO RESERVADO AOS ARMÊNIOS DURANTE A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL GRAÇAS AOS ESFORÇOS DE UM ALTO OFICIAL DO EXÉRCITO ALEMÃO
judeus – alguns da Palestina – alistavam-
se no exército britânico, e em 1915 for-
mavam o Zion Mule Corps (Corpo de Mu-
las de Sião), mais tarde conhecido como
a Legião Judaica, e que lutou contra os
turcos em Galípoli. Os judeus da Palesti-
na temiam que, depois dos armênios, se-
riam os próximos e por esta razão tece-
ram a rede de espionagem Nili para aju-
dar o esforço de guerra britânico.
Eitan Belkind, por exemplo, infi ltrou-
se no exército turco, atuou no Estado-
Maior de Jamal Paxá e testemunhou o
massacre de cinco mil armênios. Mais
tarde, o irmão de Eitan foi enforcado
pelos turcos acusado de ser espião da
Nili. Em novembro de 1915 Sarah Aa-
ronsohn viajou de trem e carroça da Tur-
quia para a Palestina para se fi xar em Zi-
chron Yaakov e no caminho viu as atro-
cidades cometidas contra os armênios.
Em 1916, ela juntou-se ao irmão Aharon
Aaronsohn, conhecido agrônomo, para
formar a rede de espiões Nili. Em outubro
de 1917 Sarah foi presa e torturada pelos
turcos em Zichron Yaakov mesmo, mas
se suicidiou para não entregar informa-
ções. Na época, os britânicos se dirigiam
ao norte do Sinai e pressionavam os tur-
cos ao longo da linha Gaza-Be’er Sheva.
Em suas memórias Aharon escreveu
que “a ordem turca de confi scar nos-
sas armas era um mau sinal porque fi -
zeram o mesmo com os armênios antes
de massacrá-los, e temíamos que o nos-
so povo enfrentasse o mesmo destino”.
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HEBRAICA | DEZ | 2012
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Eis uma descrição da crueldade do comandante Hassan
Bey, de Jafa, em 1914: “De uma hora para outra, teve a ideia
de convocar respeitáveis chefes de família para um encontro
depois da meia-noite... E o pedido para trazerem algum ob-
jeto de casa, que lhe havia agradado. A cada convite desses
todo chefe de família deveria temer prisões aleatórias, insul-
tos, torturas e agressões”.
Prenúncio de genocídio?Um dos atos mais terríveis perpetrado pelos turcos foi a re-
pentina expulsão dos judeus de Jafa, em abril de 1917, véspe-
ra de Pessach. Foram expulsos entre cinco mil e dez mil judeus
e coube ao ishuv [a comunidade judaica] da Galileia e de Jeru-
salém abrigar muitos refugiados. No entanto, a combinação de
bloqueio da ajuda fi nanceira judaica estrangeira com uma pra-
ga de gafanhotos matou cerca de 20% da população judaica de
Jaffa por fome e doença.
Segundo o historiador alemão Michael Hesemann, “o coman-
dante turco Jamal Paxá, responsável pelo genocídio armênio,
ameaçou os colonos judeus sionistas. Em Jafa, mais de oito mil
judeus foram forçados a deixar as casas, saqueadas pelos turcos,
que enforcaram dois judeus em frente à porta da cidade e deixa-
ram dezenas de pessoas mortas na praia. Em março, de acordo
com a agência de notícias Reuters a ‘expulsão em massa de ju-
deus poderia levar ao mesmo destino dos armênios’”.
Em 1921, um representante da Palestina relatou ao XII Con-
gresso Sionista no painel “Palestina durante a Guerra”: “Em Je-
rusalém [aparentemente em 1917] dezenas de crianças passa-
vam fome nas ruas. Centenas de pessoas morriam toda sema-
na de tifo e cólera, e não se organizou nenhum auxílio médico
adequado... A falta de organização matou uma parcela consi-
derável da população de Jerusalém. Quando o exército inglês
capturou Jerusalém havia mais de 2.700 órfãos. Em Safed as
condições eram semelhantes ou talvez piores que as de Jerusa-
lém com uma taxa de mortalidade assustadoramene alta que
no fi m da guerra deixou quinhentos órfãos”.
Vários relatos confi rmam que ofi ciais
e diplomatas alemães salvaram os ju-
deus da fúria otomana antes de os britâ-
nicos conquistarem a Palestina, entre o
fi nal de 1917 e começo de 1918. O rela-
tório do Congresso Sionista diz que “du-
rante a permanência no país os funcio-
nários consulares estrangeiros estavam
sempre prontos a ajudar, e prestaram
serviços valiosos ao ishuv. Principal-
mente o vice-cônsul alemão, Schabiner,
em Haifa... A população judaica também
se benefi ciou com a presença do chefe
da missão militar alemã, o coronel Kress
van Kressenstein, que em várias ocasi-
ões interferiu em favor dos judeus”.
Para Holger Affl erbach, professor da
Universidade de Leeds e biógrafo de
Falkenhayn, o general “supervisiona-
va a aplicação das medidas turcas con-
tra os colonos judeus acusados de alta
traição e de colaboração com os ingle-
ses mas de modo a que essas medidas
não fossem duras. Jamal Paxá falava em
evacuação de todos os colonos judeus
na Palestina. As comparações com o
início do genocídio armênio são eviden-
tes. Tudo começou com as acusações
turcas de que os armênios colaboravam
com os russos, e, por isso, os otomanos
decidiram transportar todos os armê-
nios para outra parte do Império, longe
da fronteira. E isso determinou a mor-
te dos armênios. Como em fi ns de 1917
a Palestina era geopoliticamente muito
importante, algo muito semelhante po-
O GENERAL ERICH
VON FALKENHAYN
(À DIREITA) E DESCENDO
AS ESCADARIAS DO
MONTE DO TEMPLO
COM OFICIAIS
OTOMANOS
>>
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magazine > império otomano
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deria ter acontecido com os colonos judeus”.
“Assim, o papel de Falkenhayn foi crucial”, explicou Affl er-
bach. “Em novembro de 1917 o ofi cial alemão sabia de casos
isolados de cooperação entre ingleses e alguns radicais judeus,
mas (para ele) seria injusto punir comunidades judaicas in-
teiras que nenhuma relação tinham com isso. Portanto, nada
aconteceu aos assentamentos judaicos, e apenas Jaffa foi eva-
cuada, e por Jamal Paxá.”
O historiador alemão Hesemann cita o chefe do Escritório
Sionista em Jerusalém Jacob Thon, que em 1917 escreveu: “Foi
sorte o general von Falkenhayn estar no comando nos dias crí-
ticos, pois Jamal Paxá – como sempe dizia – teria expulsado
toda a população (judaica) e transformado o país em ruínas...”
O biógrafo Affl erbach conta que Falkenhayn não morria
de amores pelos judeus, afi nal “ele era um típico ofi cial do
kaiser Guilherme e não estava livre de alguns preconceitos
contra os judeus, mas o que conta é ter salvado milhares de
vidas judias”.
Se é assim, por que nunca se ouviu falar de Falkenhayn e do
papel que desempenhou na proteção dos judeus da Palestina?
Affl erbach: “A atuação dele foi esquecida porque Falkenhayn
impediu ações dos otomanos que poderiam ter resultado em
genocídio... Durante décadas não se discutiu o incidente, reto-
mado somente nos anos 1960, quando os estudiosos começa-
ram a se lembrar”.
* O escritor foi diplomata israelense sênior em Washing-
ton. Hoje, é consultor de relações públicas e publica o
http://www.israeldailypicture.com/
De acordo com fontes turcas, ha-
via tensão considerável entre Jamal
Paxá e Falkenhayn, como este relato
no texto em inglês Turkey in the First
World War (“A Turquia na Primeira
Guerra Mundial”):
“O ataque britânico a Jerusalém
começou em 8 de dezembro. A cida-
de foi defendida pelo Corpo XX, co-
mandado por Fuad Ali Paxá. (Mas
Falkenhayn não enviou reforços para
Jerusalém, temeroso de que as relí-
quias e os lugares santos fossem da-
nifi cados pelas intensas lutas). Após
a retirada de Jerusalém, Fuad Ali
Paxá telegrafou a Jamal Paxá: ‘Des-
de o meu primeiro dia comandan-
do a defesa de Jerusalém não rece-
bi nenhum apoio, exceto de um re-
gimento de cavalaria... Os britâni-
cos, benefi ciários do cansaço dos
meus pobres soldados, invadiram
a bela cidade de Jerusalém. Acredi-
to que a responsabilidade deste de-
sastre recai completamente sobre
Falkenhayn!’ Falkenhayn culpou von
Kressenstein e seu chefe do Estado-
Maior... Crescia o descontentamen-
to com os conselhos e o comando do
general Falkenhayn. Sua incapaci-
dade resultou na perda da linha Ga-
za-Beersheva e a recusa em enviar
reforços resultou na perda de Jeru-
salém... Enver Paxá também estava
perdendo a paciência, e em 24 de fe-
vereiro de 1918 ,trocou Falkenhayn.”
Eis a ironia das ironias. Os judeus
da Palestina devem sua sobrevivên-
cia durante a Primeira Guerra Mun-
dial a um ofi cial do exército alemão.
Portanto, as fundações do futuro Es-
tado de Israel foram estabelecidas
graças a Falkenhayn. Passados 25
anos, o exército alemão promoveria
o genocídio dos judeus da Europa, e
isto sugere, em última análise, que
os sobreviventes do genocídio nazis-
ta viriam a se abrigar no legado de
Falkenhayn.
A ironia das ironias
>>COM O GENERAL
OTOMANO JAMAL
PAXÁ (À DIREITA,
NO CARRO) QUE
PRETENDIA EXPULSAR
OS JUDEUS E ARRASAR
A PALESTINA
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magazine > viagem | por Bernardo Lerer, em Havana
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A Cuba dos judeusANTES DA REVOLUÇÃO QUE DERRUBOU FULGENCIO BAPTISTA, ELES ERAM DEZENOVE MIL. HOJE, CUBA
ABRIGA CERCA DE 1.300 JUDEUS NAS SINAGOGAS QUE CONCENTRAM AS ATIVIDADES COMUNITÁRIAS
A té onde o dinheiro pode
permitir num país de
tantas carências e sa-
lário mensal médio
de vinte dólares, o governo cuba-
no reconstrói e aos poucos devolve
o aspecto original de três quadras
de Habana Vieja, de ruas estrei-
tas e pavimento de paralelepípe-
dos. Uma barbearia na esquina, a
alfaiataria quase ao lado, a ofi cina
de um antigo sapateiro e uma anti-
ga ofi cina de roupas já estão quase
como eram, quando surgiram, em
meados de 1930.
Aquela área pode ser considerada
uma exceção em Havana, pois são
raros os trabalhos de restauração em
outros locais, e quase não chama a
atenção dos milhares de turistas que
visitam Cuba o ano todo, passam al-
guns dias na capital e os outros pas-
seando pela vasta ilha de quase
1.300 quilômetros de comprimento,
de preferência nos balneários que a
iniciativa privada construiu em so-
ciedade com o governo em Varadero
e Caio Largo, por exemplo.
No outro lado dessa esquina, um
velho e fantástico edifício de dois pa-
vimentos foi adaptado para hotel. É
uma parceria de empresários espa-
nhóis com o Estado cubano, que pro-
pôs dar-lhe o nome de Raquel.
O umbral direito de uma porta
toda trabalhada ostenta uma mezu-
zá. O barman mulato de nome Wes-
ley, assim registrado para facilitar
uma possível imigração, rezava com
fervor no ofício de Shabat, na véspe-
ra, na sinagoga ortodoxa de Havana.
O porteiro e também segurança,
NONONON ONONONONOONO ONONONOONONOO ONO NON
PORTA DE ENTRADA DO HOTEL RAQUEL, EM HAVANA, COM A MEZUZÁ
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um negro já idoso, conta tudo a respeito do hotel, e começa
pela mezuzá, explicando que os judeus isso, os judeus aqui-
lo, e que os apartamentos do primeiro andar têm nomes de
personagens bíblicos e os do segundo de cidades de Israel.
Todos com mezuzot. As refeições do hotel não contêm carne
de boi ou porco, nem frutos do mar. A cozinha só não é vege-
tariana porque serve carne de aves.
– Queremos atrair os judeus de todo o mundo, diz Rafael, o
porteiro, iniciando um discurso político que resvala na possi-
bilidade de, reeleito, Barack Obama suspender ou amenizar o
embargo a Cuba, ao qual a maioria dos judeus norte-america-
nos, aliás, é contrária. Precisamos estar preparados para isso,
afi rma, enquanto abre a porta pantográfi ca do velho e minús-
culo elevador no topo do edifício de onde se avista a Havana
que dá para o mar.
– Não é uma beleza? pergunta e responde justamente orgu-
lhoso.
No entanto, a liderança da pequena comunidade judaica de
Cuba, estimada em cerca de 1.300 pessoas, das dezenove mil
que havia antes da revolução, não acredita na iminência do
fi m do embargo e, por conseqüência, num grande afl uxo de ju-
deus norte-americanos. Eles temem que esta perspectiva seja
capaz de afrouxar os grandes esforços que fazem para juntar
os judeus de Cuba em torno de atividades comunitárias que se
realizam principalmente nas sinagogas.
– Aqui é o contrário do que ocorre nos outros países, onde
os pais levam os fi lhos. Aqui os fi lhos trazem os pais às ativi-
dades que se realizam nos grandes espaços das duas princi-
pais sinagogas de Havana, conta Adela Dworin, a presiden-
te do Patronato Hebreu de Cuba, feliz com a sinagoga lotada
em uma noite de Shabat, cujos ofícios foram conduzidos por
três jovens, dos quais duas estavam cobertas com um talit e
cantavam com precisão, correta entonação e perfeitos acen-
tos nas palavras. Todos acompanhavam a partir de livros de
oração transliterados e traduzidos para o espanhol, com o ca-
rimbo da generosidade de judeus da Argentina. Depois, se-
guiu-se um animado kidush com suco artifi cial de frutas em
vez de vinho e um bem fornido prato de arroz com feijão e
uma espécie de purê. Nas quatro enormes mesas gente de to-
das as idades, pessoas de todas as cores.
Naquele Shabat do começo de outubro, o assunto mais
discutido era o trecho de um boletim editado pelo Chabad
Lubavitch do Canadá, cujo espírito condenava os casamen-
tos mistos ou interraciais, seja lá o nome que se queira atri-
buir à união entre judeus e gentios cubanos. Assim que se
concluiu a liturgia da data, o primeiro vice-presidente do Pa-
tronato, David Prinstein Señorans, assomou ao púlpito da si-
nagoga, leu o referido trecho e ao fi nal de cada parágrafo fa-
zia um comentário, cujo teor e ênfase revelavam toda sua in-
dignação.
“Em nome do que fazem isso”, perguntou um jovem, pou-
co depois, fi lho de pai judeu e mãe não judia que se conver-
teu e que participa intensamente das atividades comunitá-
rias. A própria mulher de David, Marle-
ne, é uma judia convertida e responsá-
vel pelas harkadot (danças israelenses)
da instituição e que já se apresentou no
México e em Israel.
“Quando nós os convidamos para
mandar um rabino para cá se recusa-
ram, não sabemos em nome do quê”,
disse dando um ar de reprovação àquilo
que chamou de “intromissão indevida”.
Este rabino não veio, mas todos os anos,
em Rosh Hashaná e Iom Kipur, e em Pes-
sach, um rabino chileno é recebido com
todas as honras e a custo zero. Um pre-
sente da comunidade chilena.
Adela e David mudam de assunto
quando o tema envereda para a possi-
bilidade de uma mudança de rumos nas
relações Cuba-Estados Unidos se Barack
Obama for reeleito – como efetivamente
foi. Eles também não comentam se algo
poderá se alterar depois que Fidel mor-
rer e Raúl Castro deixar a presidência,
seja por que razão for.
“Nós não nos envolvemos com isso”,
dizem. Eles bem sabem que a resistên-
cia à normalização das relações entre os
dois países é das famílias cubanas e seus
descendentes que deixaram a ilha e seus
privilégios depois da revolução.
“Tanto Fidel como Raúl nos visitaram
e temos fotos deles aqui, algumas nas
cerimônias de Chanuká. Até perguntei
ao presidente Fidel por que não visitou
antes e ele respondeu: ‘Nunca fui con-
vidado’.” Aliás, um dos argumentos de
Adela para Fidel participar da cerimô-
nia foi uma curta explicação: “É a festa
comemorativa da revolução dos judeus”.
Isso ocorreu durante uma reunião de lí-
deres religiosos meses depois da visita
do papa João Paulo II, em 1998.
Na noite em que a reportagem da re-
vista Hebraica estava presente, as aten-
ções se voltaram para um casal: ele,
branco e judeu; ela, negra, alta, bonita
e sorridente, informando a todos a imi-
nência da sua conversão. A curiosidade
não estava no contraste, mas no fato de
nunca a terem visto por lá.
“De certa forma os casamentos mis-
tos representam a sobrevivência da co-
munidade”, escrevem estudiosos norte-
Naquele
Shabat do
começo de
outubro, o
assunto mais
discutido era
o trecho de
um boletim
editado pelo
Chabad
Lubavitch
do Canadá,
cujo espírito
condenava os
casamentos
mistos ou
interraciais,
seja lá o nome
que se queira
atribuir à
união entre
judeus e
gentios
cubanos
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americanos judeus, aos quais o governo
dos Estados Unidos permite visitar a ilha
em nome dos interesses acadêmicos.
Não fosse assim, a comunidade já teria
desaparecido pois faltariam judeus até
para uniões consanguíneas.
Desde o século 16Os primeiros judeus a desembarcar em
Cuba devem ter sido aqueles que as cir-
cunstâncias obrigaram a integrar tripula-
ções de barcos espanhóis nos séculos 16,
17 e 18, período em que uma das muitas
penas da Inquisição era o degredo para
terras desconhecidas.
De fato, consta que os judeus Luís de
Torres estava embarcado no Santa Ma-
ria, Juan de Cabrera em La Pinta e Rodri-
go de Triana, no La Nina. Os três eram
marranos. Outro judeu, Francisco Gó-
mez de Leon, foi preso, condenado e
executado pela Inquisição em Cartage-
na, na Colômbia, e sua imensa fortuna
confi scada pela coroa espanhola.
Até mesmo alguns judeus que fugiram
do Recife, no século 17, quando os ho-
landeses foram expulsos, teriam se esta-
belecido em Cuba. Da mesma forma, ju-
deus que deixaram as Antilhas Holande-
sas em meados do século 19 foram para
a ilha e lutaram ao lado do herói cubano
José Martí, nas guerras pela independên-
cia em 1898, nas quais os Estados Uni-
dos se envolveram enviando uma for-
ça expedicionária, da qual teriam parti-
cipado centenas de soldados judeus al-
guns dos quais decidiram se fi xar em
Cuba. O objetivo do governo norte-ame-
ricano era estimular os empresários a
criar negócios na ilha e controlá-los des-
de os Estados Unidos, garantindo, desta
forma, o fornecimento de matérias-pri-
mas, como açúcar e tabaco.
Oito anos depois do fi nal da guerra,
em 1906, onze destes judeus fundaram a
primeira sinagoga com o nome de Con-
gregação Hebraica Unida (United He-
brew Congregation). Era uma sinagoga
reformista que realizava os ofícios em in-
glês. Historicamente é considerado o iní-
cio da comunidade judaica de Cuba. Os
judeus logo se interessaram pelo comér-
cio de cana-de-açúcar e embora não fos-
sem agricultores descobriram métodos de melhorar a produ-
ção de tabaco.
Os acadêmicos norte-americanos que se especializaram no
estudo do judaísmo em Cuba assinalam que o fato de os sefa-
radim terem “uma cor de pele escura” e falarem uma língua
derivada do espanhol os fazia parecer mais próximos dos na-
tivos da ilha do que os ashkenazim que chegaram anos de-
pois. De todo modo, muitos sefaradim e ashkenazim desem-
barcaram impregnados das ideias socialistas que vicejavam
nas primeiras décadas do século passado, o que explica o
fato de vários deles terem sido os fundadores do Partido Co-
munista de Cuba.
A onda seguinte de imigração para Cuba e países da Amé-
rica Latina ocorreu nos anos 1920 em razão de os Estados
Unidos terem restringido a imigração por meio de uma lei
de 1921 que estabelecia quotas de imigração. Desta forma,
os judeus aportavam nestes países com a esperança de, em
seguida, numa operação triangular, poderem desembarcar
nos EUA.
Como se sabe, a maioria dos judeus acabou fi cando por es-
ses países, o Brasil incluído, onde formaram grandes e prós-
peras comunidades. Em Cuba, os imigrantes se fi xaram pri-
mordialmente em Havana e depois se espalharam pelas pro-
víncias de Santa Clara, Camaguey, Santiago de Cuba, Matan-
zas, Guantánamo, Cienfuegos, Caibarien e Sanctu Spiritu. A
A PRESIDENTE DA
COMUNIDAD HEBREA
DE CUBA ADELA
DWORIN NUNCA FOI
CONVIDADA A VISITAR
ISRAEL
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rer
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última onda de imigrantes judeus ocor-
reu na década de 1930 quando o nazis-
mo tomou o poder e a cada mês cerca
de quinhentos judeus da Alemanha de-
sembarcavam em Cuba mas não per-
maneciam lá e partiam para os Estados
Unidos. Nesta época já havia número
sufi ciente para constituir o Comitê Ju-
daico Central e acolher os judeus e to-
das as origens.
O Saint LouisEsta imigração cessou em 1939 no famo-
so episódio do navio Saint Louis trans-
portando centenas de judeus refugiados
da Europa e aos quais não se permitiu
desembarcar em Havana. Em junho da-
quele ano o navio fi cou dias ao largo do
porto enquanto em Havana, Washing-
ton, Nova York e Berlim se negociava o
desembarque deles.
Prevaleceram as manobras de agen-
tes nazistas em Cuba com setores ra-
dicais de direita do governo e a Igreja,
o navio voltou para a Europa, a maio-
ria dos passageiros foi presa e mandada
para campos de concentração. A imi-
gração foi retomada por um pequeno
número de judeus de Antuérpia que es-
caparam ao cerco nazista na Bélgica e
começaram um próspero negócio de la-
pidação, embora Cuba não tenha minas
de diamantes.
No fi nal da guerra havia um núme-
ro indefi nido entre dez mil e doze mil
judeus na ilha para os quais a religião
só existia em Pessach e Rosh Hashaná,
eventos que motivaram a construção
de sinagogas em quase todas as cidades
onde havia um número razoável de famí-
lias capaz de sustentar uma comunidade.
Nos anos 1950, além de grande forne-
cedor de produtos primários como ca-
na-de-açúcar, Cuba também se tornou
um gigantesco cassino retratado em fi l-
mes e musicais norte-americanos. Além
de constituir grandes empresas em
Cuba, os judeus também foram empre-
sários de jogos e o mais conhecido de-
les foi Meier Lanski, famoso operador
fi nanceiro da máfi a e do jogo, retrata-
do em O Poderoso Chefão II, interpreta-
do pelo ator Lee Strasberg, fundador do
Muitos
sefaradim e
ashkenazim desembar-
caram
impregnados
das ideias
socialistas
que vicejavam
nas primeiras
décadas
do século
passado, o que
explica o fato
de vários deles
terem sido os
fundadores
do Partido
Comunista
de Cuba
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ANOS ANTES FIDEL VISITOU O MESMO LOCAL, COMO SINAL DE DISTENSÃO
OFÍCIO DE SHABAT NA SINAGOGA DA COMUNIDAD HEBREA DE CUBA
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O PRESIDENTE DE CUBA RAÚL CASTRO FOI À SINAGOGA ACENDER UMA VELA DE CHANUKÁ
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Actor’s Studio, de Nova York.
A revolução de 1959 pôs fi m a tudo
isso com a expropriação e nacionaliza-
ção de empresas, muitas delas de ju-
deus que deixaram o país, entre 1960
e 1963, a maioria em direção aos Esta-
dos Unidos, e um pequeno grupo para
Israel.
Quando Cuba se aliou à extinta União
Soviética começaram as restrições às
minorias religiosas às quais se negou
acesso aos quadros do Partido Comu-
nista e a determinados cargos governa-
mentais. Apesar disso, mais de uma vez
Fidel Castro deixou claro que não per-
mitiria ataques nem campanhas contra
grupos religiosos, os judeus incluídos.
Durante o período da presença sovi-
ética em Cuba, até 1990, a política ofi -
cial protegia os judeus, e outras mino-
rias, e ao mesmo tempo, hostilizava Is-
rael com quem havia rompido relações
diplomáticas e treinava guerrilheiros
palestinos. Os dois países não têm re-
lações diplomáticas, mas da mesma
O KIDUSH DE SHABAT É UMA GRANDE FESTA COM CHALÁ E PRATOS TÍPICOS DA CULINÁRIA CUBANA
forma que empresários israelenses ensaiaram investir em
Cuba, mais de uma vez Fidel deixou claro que o aeroporto
de Havana está aberto para os judeus que desejarem se jun-
tar aos parentes e amigos, ou a professar sua religião em Is-
rael.
Isso explica porque e como, na segunda metade dos anos
1990, cerca de quatrocentos judeus de Cuba tiveram permis-
são para imigrar para Israel, num processo que as teorias
conspiratórias dizem ter sido uma operação secreta entre os
dois países, mas a respeito da qual se falava abertamente em
Havana.
Nos primeiros dias de outubro, Raúl Viegas, de 70 anos, cur-
tido na guerra de Angola, para onde Fidel enviou uma força ex-
pedicionária, em 1975, anunciava em uma das duas sinagogas
de Havana:
– No começo de novembro vou para Israel. Toda minha fa-
mília já mora em Eilat, fi quei sozinho aqui. Eles foram saindo
aos poucos daqui e estão muito bem estabelecidos lá.
– E não querem imigrar para os Estados Unidos?, perguntou
um turista.
– Não, nem eles e nenhum daqueles que se foram na década
de 1990. Seria uma traição a Cuba. Uma deslealdade na condi-
ção de cubanos e de judeus, respondeu.
* O jornalista viajou a convite da operadora MMT- Gapnet
No fi nal da guerra havia entre dez mil
e doze mil judeus na ilha para os quais a religião só existia em Pessach e
Rosh Hashaná, eventos que motivaram a construção de sinagogas em quase todas as cidades onde havia um número razoável de
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O treinador de futebol do lendário clube britâni-
co Liverpool FC, Bill Shankly, é sempre citado
porque teria supostamente dito: “O futebol não é
uma questão de vida e morte, é mais importante
do que isso”. A frase não é dele, mas, em relação ao Holocaus-
to, até essa brincadeira soa vazia. No entanto o fanatismo da
torcida e o papel central do futebol na cultura, podem suge-
rir um enfoque privilegiado por meio do qual se vê a vida e
a morte, a guerra e a paz.Simon Kuper que escreveu Soccer Against the Enemy: How the World’s Most Popular Sport Starts and Fuels Revolutions and Keeps Dictators in Power (“O Fute-
bol contra o Inimigo: como o Esporte mais Popular do Mundo
Começa e Alimenta Revoluções e Mantém Ditadores no Po-
der”), é um especialista mundial em cruzar e combinar fute-
bol com cultura e política. Seu livro recém-relançado Ajax, the Dutch, the War (“Ajax, os Holandeses, a Guerra”) é uma re-
avaliação do papel holandês no Holocausto, a começar pelo
surpreendente silêncio do maior clube de futebol do país, o
Ajax, quanto ao seu papel durante a ocupação nazista.
O Holocausto é um assunto que atrai escritores pelas mes-
mas razões que os fi lmes da Segunda Guerra Mundial apelam
aos diretores de cinema: os maus são muito maus, e os bons
não precisam se justifi car. Todavia, neste livro, Kuper, criado
como judeu na Holanda, vai por outro caminho. Ele nos faz re-
avaliar e repensar a respeito do povo holandês como o espec-
tador inocente e que ajudou Anne Frank. Usando a força de co-
esão dos clubes de futebol e, especialmente, a do Ajax – popu-
larmente conhecido como o clube “judeu” –, ele investiga quão
goed (“bons”) os holandeses realmente foram.Em oposição à
percepção geral da tolerância holandesa e do seu caráter pro-
gressista (amigáveis com os turistas, maconha em coffee shops
e o famoso Distrito da Luz Vermelha de Amsterdã), há um fato
atroz, e estranho, segundo Kuper: “Cerca de três quartos dos
judeus da Holanda foram assassinados nas câmaras de gás; em
toda a Europa, apenas a Polônia perdeu uma proporção maior
de judeus”. Até mesmo Anne Frank provavelmente tenha sido
morta por obra de um informante holandês.
Como o Amsterdamsche Football Club Ajax – e, por exten-
são, talvez, toda a nação holandesa – trata a evidência de ter
sido fout (“errado”) com a sua própria autopercepção? E se,
como mostra A Destruição dos Judeus Europeus, de Raul Hil-
berg, 120.000 de 140.000 judeus holandeses morreram duran-
te a guerrta, por que Israel e o mundo de língua inglesa ainda
amam os holandeses?
Kuper perguntou isso ao Ajax, por ser o maior e mais bem-
sucedido dos times holandeses e também porque os seus fãs
se referem a si mesmos como “judeus” e agitam Estrelas de Da-
vid em jogos. Os torcedores de times rivais, principalmente
os do Feyenoord, de Roterdã, cantam músicas anti-Ajax, mui-
tas vezes de tendência antissemita. Ainda mais preocupante,
os torcedores do Feyenoord imitam o silvo provocado pelo gás
das câmaras da morte. Mas o Ajax, que está localizado perto
da área onde agora já não moram tantos judeus, como no perí-
Segundo Simon Kuper, “cerca de três quartos dos judeus da
Holanda foram assassinados nas câmaras de gás; em
toda a Europa, apenas a Polônia
perdeu uma proporção maior de judeus”
>>
odo pré-guerra, ofi cialmente não se ma-
nifesta a respeito das ligações judaicas
atuais e históricas, bem como acerca das
suas ações durante a ocupação. A pes-
quisa de Kuper encontrou uma mistura
de vergonha e ignorância ofi cialmente
encorajada tanto acerca do caráter judai-
co do clube e sua concordância à nazifi -
cação da sociedade holandesa durante a
ocupação. Embora não se limite ao Ajax
ou até mesmo à Holanda, é a forma pe-
culiar do arranjo social desse país que
fascina Kuper. Pertencer a um clube –
muitas vezes um clube de futebol – era
uma forma primária de fi liação.
Embora pudesse haver outras lealda-
des (religião, classe, localização), a de-
dicação ao clube costumava superá-las.
Isso fez com que os decretos alemães que
proibiam a fi liação de judeus aos clubes
fossem tão odiosos, e a reação dos clubes
a essas regras mais que reveladora.
Nem aí para as deportaçõesÀ medida em que a guerra na Europa se
alastrava, o futebol continuava. Em 22
de junho de 1941, dia em que a Alema-
nha invadiu a União Soviética, portanto
um momento evidentemente crucial na
guerra, noventa mil pessoas assistiam
à fi nal do campeonato alemão em Ber-
lim. Kuper pergunta: “O que e no que es-
tas pessoas estavam pensando?” A par-
tir da fascinante pesquisa de documen-
tos ofi ciais e atas das reuniões de clubes
de futebol durante a guerra – o Ajax não
lhe permitiu acesso aos papéis –, Kuper
é capaz de mostrar como as leis da ocu-
pação foram ignoradas pelo regimento
interno do clube.
O Sparta Rotterdam parece não ter se
desfeito de nenhum papel e, desta for-
ma, Kuper mostra como “colaborado-
res, judeus e pessoas comuns, levando a
vida como se nada tivesse acontecendo,
formam um microcosmo da guerra ho-
landesa”. Kuper viaja para Gorcum, uma
cidade afastada de Amsterdã, onde des-
cobriu que o Unitas, clube local, resistiu
aos nazistas mais porque esses estavam
em desacordo com o estatuto social do
clube. No caso do Ajax, o autor mostra
como os numerosos judeus, jogadores,
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magazine > antissemitismo | por Dan Friedman
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O Ajax de AmsterdãO Ajax de Amsterdãdurante o Holocaustodurante o Holocausto
SE, COMO MOSTRA SE, COMO MOSTRA A DESTRUIÇÃO DOS JUDEUS EUROPEUSA DESTRUIÇÃO DOS JUDEUS EUROPEUS, DE RAUL HILBERG, , DE RAUL HILBERG, 120.000 DE 140.000 JUDEUS HOLANDESES MORRERAM DURANTE A GUERRTA, POR QUE 120.000 DE 140.000 JUDEUS HOLANDESES MORRERAM DURANTE A GUERRTA, POR QUE
ISRAEL E O MUNDO DE LÍNGUA INGLESA AINDA AMAM OS HOLANDESES?ISRAEL E O MUNDO DE LÍNGUA INGLESA AINDA AMAM OS HOLANDESES?
JOHANN CRUIJFF FOI MAIOR JOGADOR HOLANDÊS, VISITOU ISRAEL ONDE MORA A IRMÃ E FOI RECEBIDO COM ENTUSIASMO
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magazine > antissemitismo
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torcedores e funcionários, bem como o
seu fi sioterapeuta judeu sobrevivente,
Salo Muller, são todos excluídos da his-
tória ofi cial porque é mais fácil fi ngir que
o envolvimento judeu com o clube é um
mito e que as ações do clube na guerra
foram goed (“boas”) do que contar a com-
plexa história de um confl ito. Fora da
Holanda, o poder de uma narrativa sim-
ples é mais evidente. Em Israel é conhe-
cido o envolvimento judaico do Ajax: a
irmã do maior jogador do Ajax, Johann
Cruijff, casou com um judeu, e Cruijff vi-
sitou Israel recebido com grande festa e
declarações de amor recíproco.
Para uma geração da comunidade
mundial do futebol, a fi nal da Copa de
1974, quando os alemães derrotaram
a fl uida e popular equipe holandesa, os
holandeses eram os “antialemães”. Para
os estrangeiros que não têm conheci-
mento da culpa dos holandeses em tem-
po de guerra, muitos dos quais incons-
cientes do racismo incluído na língua
holandesa nos últimos anos, é fácil pen-
sar nos holandeses como o contrário dos
alemães e, como também têm uma famí-
lia real, confundi-los com os dinamar-
queses. É fácil, parece não fazer diferença, mas está errado.
Futebol na veiaKuper nunca esteve em tanta evidência. Além de ser o persona-
gem “Simon”, no best-seller da sua mulher Pamela Druckerman
Bringing Up Bébé (“Criando um Bebê à Moda Francesa”), as far-
tamente noticiadas ligações da primavera árabe no Egito com as
torcidas organizadas de futebol daquele país fazem o seu livro
anterior parecer premonitório. Além disso, entre o lançamento
de Ajax nos Estados Unidos, e agora, Kuper foi o coautor, com o
economista de esportes Stefan Szymanski, da versão adaptada
ao futebol de “Moneyball”. E, por razões que descreve em Soc-cernomics, o futebol, especialmente o europeu, é cada vez mais
importante para os telespectadores americanos. O texto fi nal de
Kuper explica como a sociedade holandesa iniciou o processo
de desestruturação no século 21 e em vez de essa sociedade se
identifi car com aqueles que ajudaram Anne Frank, ou com as ví-
timas da ocupação nazista, os holandeses deixaram a mentali-
dade pós-guerra completamente para trás.
Kuper cita Ian Buruma em seu livro a respeito do funeral de
Pim Fortuyn (político de direita assassinado em 2002), Murder in Amsterdam (“Assassinato em Amsterdã”): “Os habitantes de Ro-
terdã se orgulham de serem muito trabalhadores, o sal da terra,
o tipo durão. Para eles Amsterdã tem uma imagem piegas de tra-
paceiros urbanos, esnobes e cosmopolitas esquisitos”. Kuper co-
menta: “Talvez os torcedores do Feyenoord viessem a acrescen-
tar a esses trapaceiros, esnobes e esquisitos a palavra ‘judeus’”.
Com o advento de políticos populistas de direita como Fortuyn e
Geert Wilders, o racismo casual, o sentimento anti-imigrante e a
retórica antissemita tornaram-se onipresentes na cultura holan-
desa – e, cada vez mais, em toda a Europa. Como as memórias
do Holocausto vêm se tornando cada vez mais tênues, a compre-
ensão dos horrores do racismo europeu fi ca mais restrita aos in-
teressados em história. Em vez de bradar contra a intolerância,
o presidente do Ajax sugere que os torcedores parem de se cha-
mar de “judeus”. Ajax pode tomar como ponto de partida o fute-
bol e a sociedade holandesa, mas é a história de alguém de fora
tentando entender as pessoas com as quais convive – e procu-
rando esclarecer a parte mais difícil da história recente. É uma
história a respeito das narrativas convenientes que os cidadãos
contam acerca dos seus lares, e que os grupos contam de si mes-
mos e outros grupos.
A obra é, em resumo, sobre a ignorância, as mentiras e as meias
verdades que se misturam com fatos no processo de fi liação a gru-
pos, e que crescem nos fornos do nacionalismo e das rivalidades
do futebol. E os fornos da Europa preocupam tanto agora quanto
em qualquer momento dos últimos setenta anos.
Ajax, the Dutch, the War: The Strange Tale of Soccer During
Europe’s Darkest Hour (“Ajax, os Holandeses, a Guerra: A Es-
tranha História de Futebol Durante a Hora mais Sombria da
Europa”), de Simon Kuper Nation Books, 257 páginas, US$15.99
* Dan Friedman é o editor-chefe da Forward
Simon Kuper mostra como
“colabora-dores, judeus
e pessoas comuns,
levando a vida como se nada tivesse acontecendo, formam um microcosmo
da guerra holandesa”
>>
SIMON KUPER ESPECIALIZOU-SE EM ESTUDAR FUTEBOL E POLÍTICA, E ESTE, O COMPORTAMENTO DO CLUBE NO HOLOCAUSTO
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magazine > cinema | por Julio Nobre
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Assim nasce um grande filme
A XXX BIENAL DE SÃO PAULO PROPORCIONOU A OPORTUNIDADE DE CONHECER DE PERTO O AMBICIOSO PROJETO DE RETRATAR A SOCIEDADE ALEMÃ, EMPREENDIDO POR AUGUST SANDER EM 614 FOTOGRAFIAS QUE INSPIRARAM O FILME A FITA BRANCA (2009), DE MICHAEL HANEKE
O início do fi lme A Fita Branca, de Michael Ha-
neke, nascido na Ba-
viera em 1942, lembra
as narrativas clássicas do romance
do século 19: “Eu não sei se a histó-
ria que vou contar é totalmente verí-
dica. Fiquei sabendo de partes dela
por rumores. Quero contar os fatos
estranhos que aconteceram na nossa
aldeia. Talvez eles possam esclare-
cer uma série de acontecimentos que
sucederam neste país”.
O narrador, que também é o pro-
fessor da aldeia, passa então a relatar
uma sequência bizarra de atos anôni-
mos de violência: uma armadilha con-
tra o médico, o espancamento do fi lho
do barão, o incêndio criminoso de um
celeiro, a tortura do fi lho defi ciente da
parteira nos meses que antecedem a
eclosão da Primeira Guerra Mundial.
A aldeia é dominada por um clima de
terror e desconfi ança. Afi nal, quem se-
ria capaz de cometer tais atrocidades?
Em todos os núcleos do fi lme, da
casa do humilde agricultor ao palácio
do barão, está presente a fi gura opres-
sora do pater familias. As bofetadas no
rosto das crianças explodem ocasio-
nalmente em todos os lares porque a
violência subjacente às relações “civi-
lizadas” é um tema muito caro a Ha-
neke, como a relação professora/alu-
no e mãe/fi lha no fi lme A Professo-ra de Piano (2001). Também devemos
lembrar de Carta ao Pai, de Franz Ka-
fka, com seu misto de ressentimen-
to, amor, rancor e perplexidade fi liais.
Uma atmosfera de estranhamento pai-
ra sobre a aldeia do começo ao fi m da
história, como nas melhores narrati-
vas kafkianas.
O título do fi lme alude ao costume
de amarrar uma fi ta branca nas crian-
ças como sinal de pureza e, portanto,
não responsáveis por seus atos. Sabe-
mos, que mais tarde, a sociedade ale-
mã pagaria um alto preço por este de-
sejo de “pureza”.
Aos poucos o professor-narrador
assume o papel de investigador, e
as suspeitas recaem sobre um grupo UMA DAS FOTOS EMBLEMÁTICAS DA OBRA DE AUGUST SANDER EXPOSTA NA BIENAL DE SÃO PAULO
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HEBRAICA | NOV | 2011
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de crianças, fi lhas de “famílias respeitáveis”. A investigação
esbarra no pacto de silêncio fi rmado entre elas. Chamam a
atenção do espectador a impassibilidade do rosto das crian-
ças e o olhar inescrutável. No entanto, por baixo da capa de
passividade e obediência, percebe-se nelas o desejo de morte
e violência incontroláveis.
Nesse clima de horror e apreensão ouve-se a notícia do as-
sassinato, em Sarajevo, do sucessor do trono dos Habsburgos;
a Áustria declara guerra à Sérvia e a Alemanha à Rússia. Come-
ça então um dos eventos mais catastrófi cos do século 20, que
vai culminar com a derrota alemã, o caos econômico, a funda-
ção da República de Weimar e a ascensão do nazismo. Estava
encerrado o século 19.
Da maior importânciaA exposição de August Sander (1876-1964) ocupou uma parte
importante do terceiro andar do prédio da Bienal e por seu ta-
manho e complexidade foi muito visitada. As 614 fotografi as
em preto & branco surpreendem pelo apuro estético, pela es-
colha dos sujeitos, pela ambição de retratar uma sociedade em
pleno processo de transformação. Estão lá representadas to-
das as classes, grupos e nichos sociais da Alemanha a partir de
1910, ano em que Sander iniciou o seu projeto. São integrantes
da pequena e alta burguesia, remanescentes da aristocracia,
alto e baixo clero, artistas mambembes, poetas, atores e atri-
zes, artesãos de comunidades urbanas e rurais, famílias nume-
rosas, pequenos agricultores, integrantes da alta, média e bai-
xa burocracia, soldados mutilados na Primeira Guerra, mendi-
gos, cegos, ciganos e uma grande variedade de pessoas à mar-
gem da sociedade alemã.
O conjunto de fotos de Sander – Menschen des 20. Jahrhunderts (“Pessoas do Século 20”) – é um trabalho et-
nográfi co da mais alta importância, só comparado, talvez,
àquele desenvolvido pelo fotógrafo e etnólogo Roman Vish-
niac, que registrou as comunidades judaicas da Europa Cen-
tral e Oriental, da remota Rutênia subcarpática à cosmopo-
lita Cracóvia, um pouco antes de esses
agrupamentos serem varridos do mapa
pelo genocídio nazista.
Também chama a atenção a manei-
ra como as fotografi as de Sander foram
dispostas no prédio da Bienal, numa cla-
ra opção da curadoria de Luís Pérez-Ora-
mas. Como não há nenhuma referência
a datas, locais, profi ssão ou classe so-
cial do retratado, o espectador é lançado
num turbilhão de especulações. Quem
seria? O que pensava? O que aconteceu
com esta pessoa entre 1933 e 1945, perí-
odo mais sombrio da história alemã?
O próprio Sander entrou em confl i-
to com os nazistas. As atividades políti-
cas do fi lho, Eric, foram usadas contra
ele, que teve de interromper o ambicio-
so projeto entre 1933 e 1939, quando se
devotou aos temas do rio Reno e à cida-
de de Colônia. Uma parte do acervo de
Sander foi destruído pelos nazistas. No
período em que fi cou no interior da Ale-
manha, Sander criou um banco de nega-
tivos. Mas o acervo sofreria outro golpe
com o bombardeio aliado contra a Ale-
manha a partir de 1942.
O trabalho de August Sander se inse-
re, entre os muitos “ismos” que pipoca-
vam na Berlim dos anos 1910 e 1920,
no movimento da Neue Sachlichkeit (“nova objetividade”, em alemão). Essa
nova objetividade teve expoentes na
pintura e na fotografi a, caso de Sander,
e se caracterizava por retratar as pesso-
as no meio onde viviam e trabalhavam,
transformando anônimos em tipos mui-
to particulares. Realizada de forma sis-
temática e quase científi ca, a obra de
Sander tem coesão e unidade em ter-
mos sociológicos, fi losófi cos e estéti-
cos, constituindo um dos eixos do fi lme
de Haneke, porque, além da fotografi a,
também inspira o fi gurino e a própria
interpretação dos atores.
Foi muito estimulante ver nesta Bie-
nal, que deu enorme peso ao caráter
poético da fotografi a que se produz hoje
em dia no mundo, um trabalho seminal
que ajudou a criar um grande fi lme.
A Fita Branca, direção de Michael Ha-
neke, drama, p&b, 145 min., Imovision
Realizada de forma
sistemática e quase
científi ca, a obra de Sander
tem coesão e unidade em termos
sociológicos, fi losófi cos e estéticos,
constituindo um dos eixos do fi lme de
Haneke
CAMPO DE REPOLHOS É DESTRUÍDO EM A FITA BRANCA, DE MICHAEL HANEKE
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HEBRAICA | DEZ | 2012
magazine > a palavra | por Philologos
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U ma vez me perguntaram: o
valor numérico das letras
hebraicas Yod-Heh-Vav-Heh,
o nome sagrado de Deus,
é 10+5+6+5, ou 26. É igual ao valor nu-
mérico da palavra “God”, pois “g” é a sé-
tima letra do alfabeto, o “o” a 15ª, e o
“d”, a quarta. É isso mesmo ou simples
coincidência?
Acho que a resposta a essa pergunta
depende do que se pensa a respeito da
numerologia como parte da natureza
das coisas ou como uma fantasiosa cria-
ção humana. Como pertenço à segunda
opção, minha resposta é defi nitivamen-
te uma coincidência.
A numerologia é a crença na impor-
tância dos números em contextos não
matemáticos. Exemplo: duas vezes 12
dá como resultado 24, e isso é aritméti-
ca; mas dizer que as 12 tribos e os 12 sig-
nos do Zodíaco representam a missão
cósmica de Israel, isso é numerologia.
A palavra hebraica para numerolo-
gia é gematria, um termo rabínico anti-
go que vem do grego geometria (“a medi-
ção da terra”). Embora possa parecer es-
tranho pensar em geometria como algo
que tem a ver com números, pois para a
maioria das pessoas é a parte da educa-
ção matemática que não nada tem a ver
com eles, isso não valia para os gregos
antigos que, sem ter conhecimento de
álgebra, usavam a geometria para resol-
ver problemas algébricos, introduzindo
números nela.
Os rabinos antigos utilizavam a ge-matria ocasionalmente, em exegeses de
passagens bíblicas, especialmente quan-
to aos valores numéricos das letras do
Gematria, a numerologia judaica
FORA DO SEU CARÁTER PURAMENTE LÚDICO, A NUMEROLOGIA PODE DAR MARGEM A TODO TIPO DE EQUÍVOCOS E EMBUSTES – ATINGINDO
CRÉDULOS E DESAVISADOS – COMO VEMOS NO TEXTO A SEGUIR
alfabeto. Dessa forma, por exemplo, re-
ferindo-se ao versículo em que Jeremias
lamenta a destruição de Jerusalém pe-
los babilônios em 586 antes da Era Co-
mum, “porque vou às montanhas chorar
e prantear, e tomarei o deserto por ha-
bitação... das aves do céu às bestas, to-
dos fugiram”, o sábio rabino Iehuda afi r-
mou que o profeta previu que se passa-
riam 52 anos da destruição de Jerusalém
até a sua restauração pelo rei persa Ciro,
em 534, uma vez que as letras da pala-
vra behemá (“bestas”) totalizam 52, a sa-
ber: Bet = 2, Heh = 5, Mem = 40, Heh = 5).
Um exemplo mais conhecido diz res-
peito ao ditado bíblico “olho por olho,
dente por dente, mão por mão”, segun-
do o qual aparentemente determina que
ferimentos físicos nas mãos de outrem
devam ser compensados por lesão igual
em quem perpetrou. Para justifi car a in-
terpretação deste versículo no sentido de
que em vez disso a compensação deve-
ria ser fi nanceira – isto é, que a Bíblia es-
tava se referindo ao valor monetário de
um olho, não ao olho em si –, os rabinos
observaram que o valor numérico das le-
tras da palavra hebraica para “olho”, ayin
(que é 130) é igual ao das letras de ma-mon, “dinheiro”.
A gematria também poderia ser usada
com objetivos humorísticos. Brincando
com o fato de que as palavras hebraicas
para “vinho”, yain, e “secreto”, sod, têm
os mesmos valores, o Talmud diz: “Quan-
do o vinho entra, os segredos saem” –
isto é, não se deve confi ar naqueles que
se encontram sob a infl uência do álcool
para guardar segredos.
O uso da gematria não começou com os
rabinos, nem mesmo com os gregos. O re-
gistro da sua primeira utilização é na Ba-
bilônia e foi encontrada em uma inscrição
datada do reinado de Sargão II (727-707
antes da Era Comum), informando que
ele construiu o muro da cidade de Khorsa-
bad com 16.283 côvados de comprimento
porque esse era o número corresponden-
te ao das letras do seu nome – em sua for-
ma completa e honorífi ca, que era muito
maior do que a forma usual. Dos babilô-
nios, a gematria chegou aos gregos, que
a chamou isopsepha (“contagem igual”) e
era amplamente empregada para fi ns má-
gicos e ocultistas.
Mas foi no judaísmo medieval que a
gematria foi sistematicamente utiliza-
da em uma grande variedade de objeti-
vos religiosos, desde o raciocínio halá-
chico e a teosofi a cabalística até as espe-
culações messiânicas a respeito de horá-
rios e datas da redenção. O movimento
messiânico sabatiano do século 17, cons-
truído em torno da fi gura supostamente
messiânica de Sabatai Zvi, recorreu re-
petidamente à gematria na tentantiva de
provar que realmente era ele o Reden-
tor. Assim, por exemplo, consta da anti-
ga compilação de Midrash do texto Gêne-sis Raba a afi rmação de que o versículo
bíblico no relato da Criação, “... e o espí-
rito do Senhor pairava sobre a face das
águas”, uma alusão ao espírito do Mes-
sias, em que os seguidores de Zvi calcu-
laram que as letras hebraicas de “o Se-
nhor” e “pairava” tinham número igual
às letras do nome de seu líder.
É evidente que, se houver versículos
bíblicos sufi cientes e se forem feitos mui-
tos cálculos com eles, será sempre pos-
sível encontrar alguma palavra ou com-
binação de palavras para produzir os re-
sultados desejados. E quando se traba-
lha não só com as possibilidades de uma
única língua, mas com as de duas línguas
ou mais, como justapor o Tetragrama he-
braico à palavra inglesa “God”, as chan-
ces de acertar em algo de signifi cado
aparentemente profundo tornam-se ain-
da maiores.
Portanto, a gematria pode ser uma for-
ma agradável de passar o tempo, nada
mais do que isso.
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magazine > costumes e tradições | por Joel Faintuch
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R ecentemente os meios de comunicação noticiaram
a respeito de um balonista que saltou de uma alti-
tude de 39 quilômetros, e pousou de paraquedas
com pleno êxito. O autor da épica proeza não foi
nenhum judeu. Apesar disso, de certa forma, lembra o feito
do astronauta israelense Ilan Ramon na nave Columbia, que
explodiu tragicamente, em 2003.
Calma, Ramon não foi o primeiro judeu a se aventurar nas
alturas, e aqui se traça uma separação com os que se elevaram
no plano espiritual como Profetas, Sábios e Tzadikim (“Justos”).
Nem o primeiro a perder a vida, pois a norte-americana Judith
Resnik morreu no acidente da nave Challenger, em 1986.
A Wikipedia (www.wikipedia.org/wiki/List_of_Jewish_as-
tronauts) relaciona quatorze correligionários pioneiros do es-
paço, desde os remotos tempos da União Soviética, com Bo-
ris Volynov, que participou da missão Soyuz 5 e também da
Soyuz 21.
Pode-se concluir daí que faz parte da índole judaica assumir
riscos e partir para o desconhecido? Do ponto de vista religio-
so, sem dúvida. O Patriarca Abraão deu o primeiro exemplo ao
sair de Ur, na Caldeia (“Ur Kasdim”), seguindo destemido por
rotas quase tão obscuras e perigosas na época quanto as nave-
gações interplanetárias na atualidade, porque o Eterno assim o
ordenou (Gênesis/ Bereshit, 11).
Esportivamente ou por exibicionismo o panorama já é dife-
rente. A Gemará (Tratado Berachot, 3) estabelece que não con-
vém caminhar junto a um muro em ruínas que possa desabar
a qualquer momento, ou seja, é errado se expor desnecessaria-
mente. Para alguns sábios tal atitude é um crime capital (Bra-chot, 10; Pessachim, 111). Ressalvas se aplicam quando o mo-
tivo seja o de executar uma boa ação, resgatar um enfermo ou
acidentado, por exemplo (Pessachim, 8; Kidushin, 30).
E na rotina diária? Os judeus do shtetl europeu já se viam
afl itos com sufi cientes sustos e imprevistos no cotidiano, tais
como parnassá (“emprego”, “fonte de renda”), saúde (neces-
sidade de cirurgias ou tratamentos complicados) e seguran-
ça (perseguições e pogroms, as atrozes chacinas estimuladas
por autoridades antissemitas). Esportes radicais não faziam a
menor falta.
A solução para alguns desses desafi os era a imigração, es-
pecialmente para a América, isto é, desde o Canadá até a Pa-
tagônia. Poucos desses indivíduos possuíam parentes ou ami-
gos já radicados no Novo Mundo, que lhes dessem informa-
Um salto estratosférico judaicoHÁ CEM OU 150 ANOS UMA TRAVESSIA OCEÂNICA, NUM PEQUENO E SUPERLOTADO VAPOR DE MODESTÍSSIMA TECNOLOGIA E PRECÁRIA
HIGIENE, IMPLICAVA RISCOS BASTANTE CLAROS DE NAUFRÁGIO, EPIDEMIA OU INCÊNDIO A BORDO
ções e apoio. A maioria nem sequer ha-
via visto o mar ou pisado no convés de
um navio. Lamentavelmente a ignorân-
cia era regra nos tempos sem rádio, te-
levisão, internet ou escolas globaliza-
das. Desconhecia-se idioma, cultura,
geografi a, hábitos sociais, alimentação,
clima e tudo o mais acerca de outras
partes do planeta.
Muitas jornadas eram improvisadas
ou desesperadas e sem destino estabele-
cido, apesar de uma passagem bem de-
fi nida, geralmente a mais barata. Baixa-
va-se no primeiro porto do outro lado do
oceano em que encontrassem correligio-
nários simpáticos e dispostos a ajudar.
Muitas pequenas comunidades brasilei-
ras e de outros países se fortaleceram
exatamente desta forma. Sempre que
havia notícia de um navio da Europa, vo-
luntários se dirigiam ao cais e convida-
vam eventuais patrícios a desembarcar,
com promessas de trabalho, alojamento
e outras facilidades.
A viagem não era precisamente um
salto de 39.000 metros de altura nem
uma excursão até a Lua. Entretanto vale
recordar que há cem ou 150 anos uma
travessia oceânica, num pequeno e su-
perlotado vapor de modestíssima tec-
nologia e precária higiene, implicava
riscos bastante claros de naufrágio, epi-
demia ou incêndio a bordo. Muitos en-
joavam tanto no mar que não conse-
guiam se alimentar ou ingerir líquidos,
desembarcando em condições críticas
de desidratação e desnutrição. Ainda
assim, os ancestrais seguiam em frente,
agarrando-se aos poucos apoios à sua
disposição.
Consulta ao rabinoTodo judeu tradicional que programava
viagens e outros passos importantes es-
cutava a opinião do líder religioso. Afi -
nal, o grande homem dominava os Sifrei Kodesh (“Sagradas Escrituras”) e poderia
dar conselhos. Mais que isto, alguns re-
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bes forneciam uma kmeá (“amuleto”), na forma de um peque-
no texto da Torá, Cabalá ou Salmos, ou ainda uma oração bem
de acordo com as circunstâncias, o que bem poderia servir em
caso de emergência.
É evidente que qualquer israelita saía de casa, fosse para
escalar uma montanha a pouca distância ou para se trasla-
dar a outro continente, sem transportar sidur, talit e tefilin
(livro de rezas, xale e filactérios de oração). Como este ma-
terial não era descartável, jamais po-
deria ser abandonado na montanha,
no balão, ou em órbita terrestre con-
vertendo-se em lixo espacial. Além de
indispensável no dia-a-dia, se danifica-
do ou destruído teria de ser enterrado
no cemitério, como, aliás, todos os ob-
jetos sagrados.
É evidente que quando tudo dava cer-
to e com um fi nal feliz, era obrigação
cumprir o mandamento de gratidão. De
fato, a Gemará Brachot (capítulo 54) as-
sinala que todos que enfrentam riscos
como a travessia do mar, de um grande
deserto, uma enfermidade grave, ou si-
tuações que ameaçam a vida, devem re-
citar uma bênção especial.
Esta bênção de Hagomel possui uma
característica: deve ser enunciada na si-
nagoga, diante da Torá, de preferência
depois de ser chamado para um dos tre-
chos (Aliá laTorá). Isto cria uma difi cul-
dade para o gênero feminino, que, pelo
menos nas sinagogas ortodoxas, não lhe
é permitido cumprir a tarefa. No máxi-
mo, alguns rabinos autorizam a mulher
a proferir a bênção na sinagoga, mas de
longe, embora a tradição determine que
ela solicite a um parente ou conhecido
masculino que o faça em seu nome. O
mesmo vale para crianças, também ex-
cluídas da alternativa usual.
Hershele Ostropolier (1750-1800) foi
um shochet (responsável pelo abate ka-sher ) da Ucrânia que conquistou algu-
ma fama em vida por suas anedotas e
ironias. A lenda entretanto o ultrapas-
sou, graças à contribuição de escrito-
res como Itzik Manger (1901-1969), Isa-
ac Trunk (1879–l939) e Moses Lifschutz
(1892-1942).
Conta-se que Hershele entrou na si-
nagoga, numa quinta-feira, dia de Torá,
e foi ao rabino pedir para ser chamado
para um trecho (Aliá), pois deveria reci-
tar o Hagomel. Desconfi ado, o rabino
perguntou qual o motivo. Ele esclareceu
que estava passando perto do riacho da
cidade, onde viu sua lavadeira torcendo
as suas calças, no rio, e ainda batendo
nelas com um pedaço de pau.
– Rabino, disse ele, imaginou o perigo
se eu estivesse dentro das calças?
A Gemará Brachot
assinala que todos que enfrentam
riscos como a travessia do mar, de um grande
deserto, uma enfermidade
grave, ou situações que ameaçam a vida, devem recitar uma
bênção especial
BORIS VOLYNOV (SEGUNDO À DIREITA), ASTRONAUTA RUSSO, É UM DOS QUATORZE
JUDEUS QUE FORAM PARA O ESPAÇO
POUCO CONHECIDO, NO ENTANTO ITZIK MANGER É CONSIDERADO UM DOS
MAIS IMPORTANTES TEXTOS SATÍRICOS EM LÍNGUA ÍDICHE
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8Se a moda pegaTudo começou quando Moshé Shual foi à
quitanda e comprou um pedaço de queijo
por 5,77 shekalim, mas recebeu de troco
apenas vinte centavos. O dono alegou não
existir moeda de três centavos. Resultado: o
cidadão indignado entrou com uma petição
na Suprema Corte para proibir qualquer
loja israelense de cobrar preços que não
pode honrar com o troco correto, incluindo
as famosas 1,99. A base para a petição
são pesquisas que explicam o macete dos
comerciantes: o consumidor só presta atenção
no número à esquerda, isto é, o valor 49,99
parece que está na faixa dos 40, e não dos 50.
Adeus a Resnick Morreu no mês passado, aos 88 anos,
o arquiteto brasileiro David Resnick
(foto acima). Carioca de nascimento,
imigrou para Israel em 1949, foi viver
no kibutz Ein Hashofet, e anos depois
tornou-se um dos maiores arquitetos
israelenses. Discípulo de Niemeyer,
é dele o Memorial Kennedy e o Insti-
tuto Van Leer, ambos em Jerusalém.
Em 2005, recebeu o Prêmio Israel,
a maior condecoração do país. Foi
enterrado na seção do cemitério Har
Hamenuchot, de Jerusalém, reservada
aos notáveis do país.
Pequena adorável Surpresa no concurso promovido pelo The
Wall Street Journal e Citybank para escolher
a cidade mais inovadora do mundo. Tel
Aviv passou Londres, Berlim e São Paulo,
chegando à fi nal, ao lado de Nova York e
Medelín. Os juízes chamaram a atenção para
a proposta de um trem de superfície para a
cidade e as empresas de tecnologia, que não
poluem. No passado recente, Tel Aviv já foi
chamada pelo The New York Times como “a
capital mediterrânea do cool”. O resultado sai
no fi nal deste mês.
∂
∂
Êta nóisEnquanto os israelenses aguardam para
este fi nal de ano a chegada do iphone
5, os vizinhos palestinos passaram na
frente e já exibem a engenhoca nas lojas.
“O aparelho chegou em Gaza antes de
aterrissar em Israel, considerado um
importante centro de tecnologia”, ironizou
a Reuters. Explicação: o celular chega ao
território palestino contrabandeado pelos
túneis na fronteira de Gaza, trazidos de
Dubai. Livrando-se dos impostos, a versão
completa do novo iphone é oferecida em
Gaza por R$ 2.800,00, mais barato do que
deverá ser vendido no Estado judeu.
10Delícia, delícia Para quem ainda não sabe, Israel é chamada de “terra do mel” menos pela
exuberância de fl ores e abelhas por aqui (aliás, o país é 60% deserto), e mais
em razão das tamareiras, cujo fruto é tão doce, que se parece com o mel
silvestre. Mais doce ainda é o recente relatório a respeito das exportações
do produto israelense. O Estado judeu domina 35% do mercado do tipo
mais nobre das tâmaras, a Madjul, e exporta para quase todos os mercados,
até para o Municipal de São Paulo. Os palestinos de Jericó enviam a sua
produção para ser comercializada pelo ágil marketing israelense do produto. E
pensar que nos anos 1930, as tamareiras haviam desaparecido de Israel, e as
primeiras mudas precisaram ser contrabandeadas do Iraque.
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10 notícias de Israel
10104
por Ariel Finguerman | ariel_fi [email protected]
1
5
3
4
2Sistema saudável De vez em quan-
do elogio é bom.
Para uma comis-
são de especia-
listas europeus o
sistema de saúde
pública israelense
é um dos melho-
res do mundo.
Eles visitaram os
cinco principais
hospitais do país,
ambulatórios em
vilarejos árabes
e em bairros etí-
opes, e um posto
infantil em uma
cidade beduína.
O relatório
elogiou os preços
baixos dos remé-
dios e a medicina
preventiva que
evita internações
desnecessárias.
E a família, como vai?Como em todo
lugar do mundo, o
israelense também
gosta de reclamar da
vida. Mas segundo
uma pesquisa ofi cial
a respeito do perfi l
das famílias no país,
a coisa até que não
vai mal. Do total
das famílias, 94%
têm pelo menos um
celular, 55% têm
dois aparelhos de
tevê, 78% possuem
computador e 70%
estão ligadas na
internet. Em média,
uma família gasta
quatorze mil sheka-
lim (R$ 7.000,00)
em despesas para
vencer o mês. Tudo
isto coloca Israel na
média dos países da
Oecd, o grupo dos
países mais desen-
volvidos do mundo.
∂
∂
Sonhando alto Ninguém levava muito a sério a possibilidade de a seleção israelense
participar da próxima Copa do Mundo, no Brasil. Mas aí a surpresa:
em dois jogos contra Luxemburgo, os israelenses marcaram nove gols,
e não levaram nenhum. Mas o favorito Portugal escorregou e só empa-
tou com a Irlanda do Norte. Resultado na chave seis: Rússia lidera com
doze pontos, seguida de Israel e depois Portugal. Somente duas sele-
ções se classifi cam. Em março, Cristiano Ronaldo e outros portugueses
estarão no estádio de Ramat Gan para um jogaço decisivo.
HEBRAICA | DEZ | 2012
Dica de turismoUm lugar pouquíssimo conhecido pelos turistas que se limitam ao eixo
Jerusalém-Tel Aviv-Haifa é o deserto do Negev, e mais especifi camen-
te, a cidade de Mitzpe Ramon, ao lado de um cânion lindo e enorme.
A reportagem da revista de turismo Condé Nast Traveler, uma das
mais requintadas do mundo, foi até lá e elegeu o novíssimo Hotel Be-
reshit como um dos sessenta melhores do mundo. Localizado à beira
de um precipício, tem piscinas privativas nos quartos e um restau-
rante que usa produtos do deserto, como queijo de cabra. Segundo a
revista, “os visitantes vão querer fi car ali para sempre”.
Eleições 2013 Nas últimas sema-
nas, o presidente
palestino Mahmoud
Abbas andou fazen-
do umas declara-
ções importantes
à mídia israelense.
Sobre Jerusalém:
“Não quero dividir
a cidade. Desejo
que permaneça
aberta a todos”.
Sobre uma nova
intifada: “Enquanto
eu for o presidente,
não deixarei que
isto aconteça, atua-
remos apenas pelos
canais diplomáticos
e pela paz”. Sobre a
volta dos refugia-
dos: “Eu mesmo
nasci em Tzfat, mas
não quero voltar a
morar lá”. Sobre os
mísseis disparados
pelo Hamas em
Gaza: “Isto não leva
a nada, nem nos
aproxima da paz”.
Segundo as pesqui-
sas de opinião para
as eleições israe-
lenses do mês que
vem, divulgadas
até o fechamento
desta edição, deve
ganhar a coliga-
ção Likud-Israel
Beiteinu. Para o
Likud, Abbas não
é parceiro para
negociações. Para o
Israel Beiteinu, Ab-
bas é um terrorista
que deve ser até
eliminado. É...
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HEBRAICA | DEZ | 2012
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formar uma estrutura unifi cada de comando e procuraram a aju-
da das grandes potências rivais dos selêucidas, Roma e Esparta.
Da mesma forma, a guerra dos Macabeus foi tão confusa
quanto as guerras modernas de libertação nacional. Os judeus
lutavam contra um grande império, mas os judeus também lu-
tavam contra outros judeus por princípio e poder, judeus hele-
nizadores contra os judeus que defendiam a antiga aliança.
Apesar dessas ambiguidades, as vitórias obtidas sob a lide-
rança de Matityahu e seus cinco fi lhos produziram dois séculos
de governo autônomo na Judeia, dando aos intelectuais judeus
tempo e oportunidade de cimentar uma cultura judaica dura-
doura. Sem esses dois séculos de governo próprio, é duvido-
so que a identidade judaica tivesse resistido dois milênios nos
quais os judeus em Israel viveram sob a ocupação estrangeira
e a maioria se encontrava no exílio.
O Livro dos Macabeus faz parte das bíblias coptas, ortodoxas
e católicas, mas foi lido por poucos judeus. Apesar de escrito
em hebraico por um judeu, sobreviveu na antiguidade só na
tradução grega. Isto ocorreu porque é um livro muito perigoso.
Ler os Macabeus é correr o risco de ser persuadido de que po-
vos como os judeus tinham e têm direito à autodeterminação
nacional. Agir de acordo com tal ideia, iniciando uma guerra
de libertação nacional, é uma coisa perigosa de se fazer.
Em agosto de 2009, o governo de Sri Lanka fi nalmente aca-
bou com a guerra de libertação nacional que o povo tâmil tra-
vou contra as autoridades centrais por 35 anos. À medida que
o governo levou os tâmeis para fora de casa, manteve os jorna-
listas à distância, de modo que ninguém pôde dizer quantos
foram mortos. Centenas de milhares de
pessoas vivem agora no exílio, e as pers-
pectivas de retorno são sombrias.
Os líderes judeus que lutaram por um
futuro judaico nos séculos 2 e 3 sabiam
dessas consequências. Revoltas judaicas
em grande escala destinadas à libertação
nacional falharam nos anos 70, 115 e
132 da Era Comum, com resultados ter-
ríveis. Matityahu estava bem ciente de
que a ideia de direito à autodetermina-
ção nacional foi a mais perigosa que os
judeus poderiam ter cultivado.
Chanuká, o feriado que comemora a
independência da Judeia, foi domesti-
cado nos últimos anos, concentrando-se
em seus aspectos puramente religiosos.
O Livro dos Macabeus não foi adiciona-
do ao cânone judaico. Não foram feitas
cópias em hebraico.
Mas este texto incendiário existe. Pro-
cure-o e leia-o. É um desafi o.
Diana Muir Appelbaum é autora e
historiadora americana e trabalha na
conclusão do livro Nationhood: The
Foundation of Democracy (“Naciona-
lidade: a Fundação da Democracia”)
Esta é a história de um
homem e de um
povo diante da terrível
escolha: assistir a sua nação morrer ou
arriscar a vida, tomar o destino
nas próprias mãos e lutar pelo direito
de ser governado por judeus sob as leis judaicas,
direito ao qual damos o nome de autodeter-
minação nacional
ORIGINALMENTE, AS VELAS FORAM ACESAS NAS PONTAS DAS LANÇAS DOS COMBATENTES MACABEUS
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magazine > chanuká | por Diana Muir Appelbaum
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E ste é o 2.180º aniversário da primeira guerra de
libertação nacional do mundo a que se segui-
riam dezenas e dezenas, muitas das quais segun-
do o padrão inicial estabelecido pelos macabeus.
Como os chefes dos movimentos de independência posterio-
res, eles eram líderes de um povo conquistado e ocupado por
um grande império e lutaram para reivindicar o direito à au-
todeterminação nacional.
O ressentimento provocado pelo domínio estrangeiro pode
fermentar por um longo tempo, mas o começo da guerra mui-
tas vezes é lembrado por um incidente dramático. Na Suíça,
esta lembrança nos remete a Guilherme Tell. Ele foi o herói na-
cional que, em 1307, não quis se curvar diante do chapéu do
governador dos Habsburgos pendurado em um poste no cen-
tro de Altdorf com o único objetivo de forçar os homens livres
suíços a se ajoelharem diante dele. O desafi o de Tell desenca-
deou a luta pela independência da Suíça.
A história de Tell pode ser verdadeira, mas não havia regis-
tros dela até a década de 1560. O momento “Guilherme Tell”
dos judeus ocorreu no ano de 167 antes da Era Comum, quan-
do um sacerdote chamado Matityahu (Matatias) desobedeceu
à ordem de oferecer um sacrifício a um deus grego. A história
de Matityahu é mais bem documentada do que a de Tell, pois
consta do Primeiro Livro dos Macabeus (não os posteriores II, III, e IV Livros dos Macabeus), e é um texto realmente escrito
no período em questão.
Na época, os judeus ricos e poderosos de Jerusalém tinham
feito um “pacto com os gentios”: seguiram os modos e costu-
mes helenísticos, tinham suas circuncisões cirurgicamen-
te desfeitas e construíram um ginásio grego para treinamen-
to em esportes helenísticos, além de literatura, ética e fi loso-
fi a. Mas o imperador selêucida Antíoco IV Epifanes perturbou
esse equilíbrio ao ordenar que os textos judaicos fossem des-
truídos e os judeus forçados a comer carne de porco e a des-
respeitar o Shabat.Matityahu fugiu de Jerusalém com os fi lhos para a sua al-
deia ancestral de Modi’in. Lá, um ofi cial selêucida ordenou-
A primeira guerra de libertação nacional
CHANUKÁ, O FERIADO QUE COMEMORA A INDEPENDÊNCIA DA JUDEIA, FOI DOMESTICADO NOS ÚLTIMOS ANOS, CONCENTRANDO-SE EM
SEUS ASPECTOS PURAMENTE RELIGIOSOS. A PRIMEIRA VELA SERÁ ACESA ESTE ANO NO DIA 8 DE DEZEMBRO
lhe que oferecesse um sacrifício públi-
co a Zeus. Matityahu disse: “Não. Eu e os
meus fi lhos e os nossos parentes deve-
mos seguir o pacto dos nossos pais”. Ou-
tros judeus recusaram-se decidida e ra-
pidamente a comer o alimento proibi-
do. Escolheram a morte para não violar
a aliança sagrada, e foram condenados.
O que fez de Matityahu um grande lí-
der foi o fato de ter se recusado a aceitar
a necessidade de escolher entre a viola-
ção da lei judaica e a morte. Em vez dis-
so, reivindicou o direto de os judeus de-
terminarem seu destino como nação, or-
ganizando um exército e expulsando os
selêucidas da terra de Israel.
Após Matityahu se recusar a fazer o
sacrifício pagão em Modi’in, outro ju-
deu se adiantou para fazer o sacrifício
e Matityahu o “matou sobre o altar”. Ele
então matou o ofi cial selêucida, des-
truiu o próprio altar, e fugiu com os fi -
lhos para as colinas, gritando: “Todo
aquele que ama a lei e mantém a alian-
ça siga-me!”
Lutar, não cederDe repente, portanto, estamos em um
terreno conhecido: a guerra moderna de
libertação nacional. No Livro dos Maca-beus não há profetas nem milagres. Esta
é a história de um homem e de um povo
diante da terrível escolha: assistir a sua
nação morrer ou arriscar a vida, tomar
o destino nas próprias mãos e lutar pelo
direito de ser governado por judeus sob
as leis judaicas, direito ao qual damos o
nome de autodeterminação nacional.
A maioria dos aspectos da antiga guer-
ra dos Macabeus nos é estranhamente fa-
miliar. Não o exército selêucida de ele-
fantes, é claro, mas a máquina de guerra
grega, derrotada por voluntários treina-
dos por Matityahu, exatamente como nas
guerras modernas de independência, que
muitas vezes apresentam exércitos impe-
riais bem equipados combatendo forças
que se reuniram para enfrentá-los.
Outros padrões familiares também es-
tão lá, no Livro I dos Macabeus. Os judeus
convocaram assembleias nacionais, da
mesma maneira que os movimentos de
libertação modernos. Eles lutaram para
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Noticias do PlanaltoMário Sérgio Conti | Companhia das Letras | 522 pp. | R$ 78,00
É talvez um dos mais importantes livros a respeito do jornalismo brasileiro pela maneira como conta o envol-
vimento da chamada grande imprensa na campanha eleitoral de Collor, em 1989, e, depois, no seu breve go-
verno. Na época, Conti trabalhava na revista Veja, e por não a ter preservado das negociações com o candida-
to, acabou demitido. Esta edição, chamada de econômica porque não tem fotos, traz um posfácio relatando o
destino dos jornalistas que se notabilizaram na ascensão e queda de Collor. Obrigatório.
Teatro Brasileiro: Ideias de uma HistóriaJ. Guinsburg e Rosângela Patriota | Editora Perspectiva | 269 pp. | R$ 40,00
O editor Jacó Guinsburg é sabidamente um dos maiores conhecedores de teatro no Brasil e, desta vez, convi-
da o leitor a percorrer os caminhos que levam à historiografi a do teatro brasileiro e pelas concepções que fo-
ram tecendo seus processos ao longo do percurso. Ele e Rosângela conseguiram localizar algumas matrizes
que orientaram as análises e as expectativas em torno do teatro brasileiro levando em conta o nacional, o mo-
derno, modernização e modernidade, politização e estetização.
A Máquina da Lama Roberto Saviano | Companhia das Letras | 155 pp. | R$ 29,50
Depois de alcançar o sucesso com Gomorra, que virou um grande fi lme, Saviano conta “Histórias da Itália de
Hoje”, como diz o subtítulo deste lançamento que reúne as histórias narradas no programa de televisão “Vieni Via con Me”, cujos temas são os negócios da máfi a calabresa no norte do país, o direito à morte digna, o pou-
co caso com o lixo de Nápoles, a compra de votos nas eleições, as vítimas de um terremoto que morreram
por negligência das autoridades, etc. É jornalismo em estado puro.
José BonifácioMiriam Dolhnikoff | Companhia das Letras | 337 pp. | R$ 44,50
José Bonifácio de Andrada e Silva é apresentado nos livros de história como uma das fi guras mais importan-
tes da independência do Brasil e mais complexas da história do nosso país. Mas só isso é fazer pouco do seu
verdadeiro papel na fundação do Brasil moderno, da construção das nossas primeiras instituições políticas
e foi um dos principais da unidade do país, além de poeta, homem de Estado, cientista e um reformista arro-
gante, autoritário, impaciente, impositivo e pouco propenso ao diálogo e que, no entanto, defendia reformas
estruturais como a abolição da escravatura.
A Poesia das Coisas Simples Moacyr Scliar | Companhia das Letras | 253 pp. | R$ 29,50
Há pouco mais de dezoito meses morreu Moacyr Scliar, aquele para quem “a literatura é isso, não a vida que
é, mas a vida que poderia ser”. É com esse sentimento de criador de um mundo paralelo, de histórias de per-
sonagens reais, de um olhar amoroso e irônico e cúmplice, que o autor concebeu este parque da imaginação
literária de que esta coletânea, organizada por Regina Zilberman, dá uma mostra perfeita, com o judaísmo e a
medicina como tema fi ccional, mas acima de tudo, o amor pela palavra e pela arte literária.
Os Sentidos do Lulismo André Singer | Companhia das Letras | 275 pp. | R$ 29,50
O professor da USP e jornalista (ex-associado da Hebraica) André Singer foi porta-voz e secretário de impren-
sa de Lula no primeiro governo do ex-presidente e espectador privilegiado do poder. O autor explica que o
maciço apoio de quase 80% ao deixar o governo e eleger Dilma Roussef é apenas consequência mais visível
da grande reordenação das forças sociais e econômicas promovida pelo lulismo e os dois mandatos de Lula
são uma síntese da transição histórica do PT, do radicalismo inicial a uma postura amigável do capital.
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leituras magazine
Lpor Bernardo Lerer
Os Destituídos de LodzSteve Sem-Sandberg | Companhia das Letras |
595 pp. | R$ 69,50
Os que já o leram recomendam ardorosamen-
te, entre outras razões porque mistura romance
social com literatura do Holocausto tendo como
cenário as personagens reais da história do gue-
to de Lodz, uma das mais macabras experiên-
cias de segregação erguida pelos invasores na-
zistas na Segunda Guerra. No auge, viviam ali
cerca de duzentas mil pessoas e cuja adminis-
tração, em nome do Conselho Judaico, o Ju-denrat, era da fi gura enigmática de Mordechai
Chaim Rumkowski, encarregado de gerenciar a
miséria humana.
Inverno do MundoKen Follet | Arqueiro | 874 pp. | R$ 59,90
Este é o segundo volume da trilogia “O Século”, cujo primeiro volume foi Queda dos Gigantes. Neste, as cin-
co famílias de origem americana, alemã, russa, inglesa e galesa, cujos destinos estiveram entrelaçados no co-
meço do século 20, agora enfrentam o turbilhão social, político e econômico que se inicia com a ascensão do
regime nazista, o drama da Guerra Civil Espanhola, a Segunda Guerra e as explosões das bombas atômicas.
O Príncipe VermelhoTimothy Snyder | Editora Record | 403 pp. | R$ 49,50
Os críticos e especialistas dizem que se trata de uma narrativa lúcida, intensa e sedutora em que se apresen-
tam personagens interessantes surgidos com a dissolução dos impérios austríaco e russo. É o relato a respeito
de Wilhelm von Habsburgo, o príncipe vermelho, notável espião, cresceu durante a Primeira Guerra, queria
ser rei da Ucrânia, foi monarquista infl amado, calmo oponente de Hitler, espionou contra Stalin e vivia entre
Paris e qualquer outra capital europeia.
Fora do TempoDavid Grossman | Companhia das Letras | 170 pp. | R$ 34,50
O autor, dos mais importantes de Israel, é um conhecido antibelicista. Por esta razão, assinou com outros in-
telectuais, como Amós Oz e A. B. Yehoshua, um manifesto pedindo um cessar-fogo no confl ito de Israel com o
Hizbolá. O fi lho de Grossman, o sargento Uri, foi morto cinco dias antes da assinatura do documento burocrá-
tico que determina a vida e a morte das pessoas. Cinco anos depois, David Grossman apresenta uma investi-
gação das maneiras de dizer o luto fazendo a poesia e o maravilhoso ressoarem num espaço próprio.
A Imaginação Econômica Sylvia Nasar | Companhia das Letras | 580 pp. | R$ 54,50
O subtítulo trata dos “gênios que criaram a economia moderna e mudaram a história”. A autora dá retratos ín-
timos dos personagens e mostra como as suas experiências pessoais infl uenciaram as ideias. Se escreve com
fl uência e conhecimento de questões econômicas complicadas tem facilidade para falar da vida interior des-
ses personagens e dos mundos sociais em que transitavam, de modo a fazer o leitor penetrar na vida deles
em um período que vai da Inglaterra vitoriana à Índia contemporânea.
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“Os cd’s acima estão à venda na Livraria Cultura ou pela internet www.livrariacultura.com.br. Pesquisem as promoções. Sempre as há e valem a pena”
Bill Evans – The Interplay SessionsUniversal | R$ 42,90
Morto em 1980, Bill Evans é considerado o mais infl uente pianista de jazz depois da Segunda Guerra. Ele
teve formação clássica e quando se mudou para Nova York, em 1958, logo se envolveu com os grandes mú-
sicos da época como Miles Davis, por exemplo, de cujo sexteto fez parte como o pianista do disco Kind of Blues, o campeão de vendas de todos os tempos no gênero.
Porgy & BessElla Fitzgerald e Louis Armstrong | Verve | R$ 34,90
É uma gravação de 1958 pela Verve Records, e recentemente remasterizada pela Polygram com Ella Fitzge-
rald e Louis Armstrong e orquestra conduzida por Russel Garcia, combinação que é garantia de alta qualida-
de para a ópera de George Gershwin, com letras do seu irmão Ira e Du Bose Heyward. Depois de ouvi-la, é o
caso de se perguntar por que não existem mais intérpretes como Ella e Louis. É fundamental.
Telemann – Double & Triple Concertos Decca | R$ 29,90
Sei de pelo menos duas histórias de garotos que citaram o nome de Georg Phillip Telemann (1681-1767) para
convencer os pais de que o trumpete não era um instrumento de gafi eira e que grandes compositores, como ele,
escreveram peças especialmente para o chamado piston. Este cd reúne, entre outras, uma peça para três trum-
petes naturais, isto é, sem chaves. É o caso de perguntar: como é possível executar sem o recurso das chaves?
Celtic Cafe Music Brokers | R$ 29,90
Segundo o subtítulo, trata–se de “A musical journey through the ancient celtic lands” e três cd’s que revelam o
essencial do estilo da música celta, com seu jeitão malemolente que os críticos prefeririam fazer nas salas de
espera ou em elevadores que parecem nunca chegar ao destino. No entanto, é música da melhor qualidade
que encontra adeptos em São Paulo e grupos se constituindo para tocá-la. Vale a pena ouvir. E é barato.
The Best of Israel Kamakawiwo’oleUniversal | R$ 34,90
O cd reúne o melhor deste cantor do Havaí, celebrado no seu país como herói nacional, que morreu aos 38
anos, em 1997, pouco depois de gravar Over the Rainbow e What a Wonderful Day. O sucesso foi tão grande
que depois foi chamado para cantar em fi lmes, gravar comerciais e infl uenciar decisivamente a música da-
quele país. Ele morreu em consequência de distúrbios respiratórios provocados pelo excesso de peso.
The Psychedelic Journey Music Brokers | R$ 49,90
A chamada música psicodélica surgiu em São Francisco em meados dos anos 1960, no rastro da dissemina-
ção do LSD e dos confl itos da época como a guerra do Vietnã, a revolução cubana, o surgimento das armas de
destruição em massa, enfi m, um conjunto de fatores que infl ui na produção artística norte-americana, a mú-
sica incluída. A onda de choque provocada por essa cultua pop logo atravessou o Atlântico e atingiu a Europa.
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músicas magazine
por Bernardo Lerer
ShostakovichBiscoito Fino | Dell’Arte | R$ 99,90
Enquanto durou, o stalinismo impediu o
mundo de conhecer melhor a obra de Dmi-
tri Shostakovich e uma prova disso é esse ál-
bum contendo quatro cd’s com o melhor que
o grande compositor russo produziu: as gra-
vações com orquestras da antiga União Sovi-
ética datam todas de depois de 1955, quando
Stalin, que vigiava de perto os autores – de li-
vros e de música – já era morto. As sinfonias,
concertos, música de câmara, sinfonias de
câmara, etc., são muito bem executadas por
orquestras e conjuntos.
Don Quixote e Concerto para TrompaDeutsche Grammophon | R$ 37,90
Uma peça não tem nada a ver com a outra, mas as duas são obras-primas de Richard Strauss. Don Quixote é o
nome das variações fantásticas sobre um tema do romance de cavalaria para cello e viola, executadas pelo gran-
de violoncelista Pierre Fournier. O Concerto para Trompa é executado por Norbert Hauptmann e a Filarmônica
de Berlim conduzida por Herbert Von Karajan, um dos preferidos do nazismo, mas um grande maestro.
Essential KiriDecca | R$ 29,90
Esta fantástica cantora neozelandesa surgiu em 1970 em um concerto no famoso Covent Garden levado pelas
mãos do maestro Colin Davis interpretando uma personagem do Parsifal, de Wagner, e depois na ópera Boris Godunov, de Modest Mussorgsky, baseado numa obra de Alexander Pushkin. Kiri é mezzo contralto e tornou-
se ainda mais famosa porque cantou no casamento de Diana com o príncipe Charles, há mais de trinta anos.
Joaquin Rodrigo – Concierto de AranjuezDeutsche Grammophon | R$ 29,90
Quando o Concierto de Aranjuez foi “descoberto”, no fi nal dos anos 1950 e primórdios da década de 1960, não
se falava de outra coisa nas emissoras de rádio e esta peça de Rodrigo passou a ser executada de todas as formas
possíveis e imagináveis. Até ritmo de samba ganhou. Rodrigo, que nasceu perto de Valencia, em 1901, fi cou
cego aos 3 anos, foi aluno, entre outros, de Paul Dukas, em Paris, em 1927.
Antonio VivaldiDeutsche Grammophon | R$ 29,90
O padre Antonio Vivaldi (1768-1741) escreveu centenas de peças e mereciam a reverência dos compositores,
alguns dos quais escreviam peças solo para esses instrumentos. Vivaldi, não: fazia as mais estranhas – e belas
– combinações, como na última faixa deste cd em que se apresentam duas fl autas, dois salmo (antecessor do
fagote), dois violinos, dois bandolins, duas teorbas (guitarras), cello, instrumentos de cordas e órgão.
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ça que agrada ao consumidor norte-ame-
ricano não é o mesmo vinho francês que
agrada ao francês. São muitos os exem-
plos: há alguns anos o Domaine Pedrix,
um vinho da Borgonha, foi eleito o me-
lhor Pinot Noir do mundo num concur-
so importante da Inglaterra. Pois bem, os
franceses dão pouca importância a este
vinho, que, apesar de premiado, conti-
nua custando em torno dos sessenta eu-
ros. Em comparação, por produtos simi-
lares da mesma região se paga mais de
mil euros.
O vinho é tão enraizado na cultura do
francês, do italiano, do espanhol e do
português que eles costumam preferir o
vinho feito perto de onde cresceram em
detrimento até de outros vinhos do mes-
mo país. É raro alguém da Borgonha
comprar um vinho de Cahors, no sul de
Bordeaux, como é raro o contrário. Para
eles, o formador de opinião não é Robert
Parker (infl uente crítico norte-americano
de vinhos). Para eles quem merece con-
fi ança é o vendedor local, conhecido pela
sabedoria e idoneidade há gerações.
Nas grandes cidades, no entanto, a
coisa muda um pouco de fi gura, porque
os restaurantes e o comércio tendem a
universalizar o consumo. A metrópole
esmaga o que é conhecimento local em
nome de um saber universal, embora a
Europa tenha renovado o velho respeito
ao produto regional, nos últimos anos, inclusive com o adven-
to do movimento slow food, que recuperou o valor de mercado
do pequeno produtor por meio das denominações de origem
que preservam os valores da produção de queijo, embutidos e
de vinho nas pequenas comunidades.
Apesar de a oferta de preços sempre atrair, a memória for-
madora do gosto original, aquele do gosto da família, e que
se consolidou nos primeiros vinte anos de vida das pessoas,
é a “Grande Muralha” contra a perda dos valores adquiridos
entre os consumidores de vinho que sempre tiveram o fer-
mentado de uva como um hábito enraizado. Mais do que nos
EUA e em outros países importantes na exportação de pa-
drões de consumo, o europeu resiste em razão dessas raízes
tão profundas.
Nas Américas estamos sempre querendo derrubar o estabe-
lecido, desconfi ando das referências, produzindo novos pa-
râmetros de comparação. No vinho, isto tem sido provado e
aprovado desde que o vinho australiano Grange conseguiu o
reconhecimento do mundo enólogo, desde que os chilenos e
californianos se associaram a grandes produtores franceses
como a Chandon e os Rotschild. Vinhos como Clos Apalta, Don
Melchor, Seña andam de mãos dadas com os Catena Zapata e
Achaval Ferrer no mesmo plano de importância do que os vi-
nhos europeus.
E o novo é bom. Renovar é dar as dimensões reais aos mitos
e ícones que se consolidaram ao longo dos tempos. Mas res-
ta sempre a verdade que parece ainda indiscutível – os gran-
des vinhos franceses continuam grandes, ainda que seus pre-
ços estejam ainda acima do seu valor de mercado.
* O autor é sommelier e juiz de vinho internacional, pro-
fessor do Senac/Águas de São Pedro, entre outras escolas,
consultor de vinho profi ssional
Para a França e outros grandes produtores, o vi-
nho é um grande e fantástico negócio. Para se
ter a verdadeira dimensão dele, eis alguns dados
da Revue du Vin de France, publicada no caderno
Le Monde des Vins de setembro de 2012:
• O consumo de vinhos na França é decrescente,
mas ainda longe de ser desprezível: 47 litros per ca-
pita atualmente, contra 60 nos anos 1970. No Bra-
sil, o consumo é de mirrados 2,5 litros per capita **
• Consomem quatro bilhões de garrafas por
ano, sendo que apenas 10% são importados,
principalmente da Itália e da Espanha
• Quinhentas e cinquenta mil pessoas traba-
lham diretamente na produção de vinho que
ocupa apenas 5% da área cultivada, mas repre-
senta 20% dos trabalhadores agrícolas. Trezen-
tos mil são empregados por atividades indire-
tas como fabricantes de barris, rolhas, material
de comunicação específi co, etc. Quinze mil tra-
balham nos supermercados apenas na área des-
tinada ao vinho, enquanto mais de dez mil são
funcionários de lojas especializadas na bebida
• O vinho representa sete bilhões de euros em
divisas, sendo o segundo item de exportação
mais importante da França
** Varia de 1,8 a 2,8 conforme a fonte, ne-
nhuma sufi cientemente confi ável
Números inebriantes
Nas grandes cidades, a
coisa muda um pouco de
fi gura, porque os restaurantes
e o comércio tendem a
universalizar o consumo. A metrópole
esmaga o que é
conhecimento local em nome
de um saber universal, embora a
Europa tenha renovado o
velho respeito ao produto
regional
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magazine > com a língua e com os dentes | por Breno Raigorodsky *
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Um alimento com pedigree
PROFUNDAMENTE ENRAIZADO NA CULTURA DOS FRANCESES, ITALIANOS, PORTUGUESES E ESPANHÓIS, O VINHO – DEMOCRÁTICO
E ARISTOCRÁTICO – AINDA RESISTE À AVASSALADORA ONDA DE HOMOGENEIZAÇÃO QUE VARRE O PLANETA
E ntre os alimentos há os líqui-
dos; dentre estes o vinho e, den-
tre eles, o mais e o menos nobre
de origem. Ao contrário dos se-
res humanos – por mais que os aristocratas
de plantão tentem desesperadamente pro-
var que o sangue que corre em suas veias
e artérias é azul – a origem do vinho é meia
prova de identidade.
O vinho é um produto de mercado com
características excepcionais que lhe per-
mitem custar menos de dez reais e ser cha-
mado de “vinho”, e produtos com o mesmo
nome “vinho” custem mais de dez mil reais.
Mas não pense que isso se deve apenas à
propaganda de uns contra a falta de cuidado
com o marketing de outros. O mais barato é
rapidamente engarrafado assim que ocorre a
fermentação, enquanto o outro passa por um
estágio em madeira de primeira qualidade,
de preferência carvalho francês, cujo barril
de 225 litros (vazio, claro) chega a custar no-
vecentos euros; o mais barato é produzido às
centenas de milhares de garrafas ao ano, en-
quanto os mais caros se contam em apenas
alguns poucos milhares. As uvas do vinho
mais barato são colhidas por equipamento
mecanizado, enquanto os mais caros são se-
lecionados cacho por cacho e até, eventual-
mente, baga por baga de uva.
Um país com tradição de produção co-
nhece o terreno de plantio, um saber que
passa de pai para fi lho, enquanto sem esta
tradição tudo fi ca a cargo do conhecimen-
to adquirido na teoria pelos enólogos res-
ponsáveis que não puderam contar com
experiências passadas em condições exa-
tas. Usam a informação adquirida nos ban-
cos da universidade de enologia e se garan-
tem produzindo de modo muito mais alea-
tório e, portanto, com grandes chances de
não escolher as melhores opções. Em am-
bos os casos, o sucesso do produto gera
imitadores, particularmente vizinhos que
se aproveitam dos estudos e conquistas ao
longo de gerações para ir direto ao ponto e
copiar, muitas vezes elaborando produtos
que superam o original.
Considerando todo o ciclo, atualmente os
países produtores costumam ter dois con-
sumidores – o interno e o externo –, um di-
ferente do outro em muitas coisas, e tam-
bém no paladar, pois o vinho feito na Fran-ESTE É ROBERT CLARK, O TEMIDO CRÍTICO DE VINHOS NORTE-AMERICANO CAPAZ DE DERRUBAR SAFRAS
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tores e orientadores pedagógicos sabem o que pensam os pro-
fessores da sua escola? Fizeram um estudo, ainda que elemen-
tar? Nossos rabinos tratam de adicções em seus sermões? Há
troca de informações entre as diferentes sinagogas? E os clubes,
têm alguma noção do que ocorre entre os frequentadores das
suas escolas de esportes, grupos de teatro, coral? Os madrichim
de movimentos juvenis receberam algum treinamento?
Segundo estudos do Center for Addiction and Substance
Abuse – Casa – da Universidade de Columbia (2001), lideran-
ças religiosas são geralmente os primeiros a serem procurados
quando pais se deparam com problemas de drogas na famí-
lia, mas só 12,5% do clero tiveram mais de três horas de estu-
do acerca de drogas em sua formação. E entre os judeus, so-
mente 2,3% dos rabinos! A situação é um pouco melhor nas
demais religiões, a saber: 17,9% dos padres católicos e 13,1%
dos pastores protestantes. É, portanto, fundamental dar aos ra-
binos de todas as correntes meios e modos para, primeiro, sa-
ber identifi car a seriedade do problema e, depois, encaminhar
esses pais a quem possa ajudar, porque não cabe ao rabino so-
lucionar mas saber encaminhar.
Da mesma forma nossas escolas devem fazer uma pesquisa
junto aos professores de modo a conhecer a opinião e o nível
de conhecimento deles. O Jacs-Brasil elaborou um questioná-
rio que leva no máximo quarenta minutos para ser respondido
e uma análise subsequente vai possibilitar conhecer melhor
o nível de compreensão dos professores. Colocado à disposi-
ção das escolas com muito estardalhaço, confesso, somente
uma única escola requisitou o material, aplicou-o mas não re-
tirou os resultados tabulados pelo Jacs-Brasil. Se o tivesse reti-
rado, caberia à escola avaliar se os professores seguem o mes-
mo pensamento da direção e dos pais e buscar uma forma de
construir um discurso e uma conduta comum a todas as áreas
em contato com os alunos – professores, coordenadores, fun-
cionários, e outros. Uma pena.
E do lado da recuperação? Geralmente as pessoas em bus-
ca de recuperação dizem que “nossas entidades comunitárias
não se importam conosco”. O único seder de Pessach para ju-
deus em recuperação foi realizado pelo Jacs-Brasil, e banca-
do por seus pouquíssimos voluntários. Participaram 23 ju-
deus em recuperação e para nove deles foi o primeiro conta-
to com o judaísmo em mais de cinco anos. No entanto, sem
apoio, também este seder nunca mais foi realizado. E aqui
vale um agradecimento público à Chevra Kadisha que, na
época, mandou imprimir cem hagadot específi cas para ju-
deus em recuperação, elaborada por um comitê de rabinos
do Jacs-USA do qual fazem parte todas as correntes Judaica,
traduzido pelo Jacs-Brasil.
É chegado o momento de reconhecer que judeus adictos e
em recuperação não andam nos mesmos caminhos dos de-
mais. Andam em paralelo, sem contato com o mundo judai-
co. Ainda prevalecem os mitos que mencionei no título: judeus
não se envolvem com álcool, com drogas ou com jogo compul-
sivo. Para manter o mito, o que fazem? A triste resposta é que
as famílias escondem, se isolam, isolam
o adicto – e perdemos mais um correli-
gionário. Já fomos vítimas de matanças
em pogroms e perseguições, de conver-
sões forçadas na Inquisição e perdemos
milhares, milhões de judeus ao longo da
história. É hora de recuperar os que ain-
da não perdemos.
O rabino Eric Lankin do Jewish Com-
munity Center de New Hampstead se de-
parou com este mesmo problema nos
Estados Unidos. Convidado para um cur-
so específi co do Jacs-USA, percebeu que
nada sabia do assunto. Sem possibili-
dade de capacitação na comunidade ju-
daica, inscreveu-se, em 1991, num cur-
so que trata da ajuda a adictos no Marble
Collegiate Church do reverendo Norman
Vincent Peale, famoso psicanalista e lí-
der protestante. O Marble College é uma
das mais antigas igrejas norte-america-
nas, fundada em 1628 em Nova York.
Lankin era o único rabino e viu como lí-
deres cristãos estavam anos-luz à nossa
frente no conhecimento destas compul-
sões e como lidar com elas. Foi estudar
aconselhamento pastoral e se doutorou.
Juntou trinta rabinos (ortodoxos, conser-
vadores e reformistas), ampliaram co-
nhecimentos e buscaram judeus adictos
ou em recuperação. Estes rabinos apren-
deram a receber essas pessoas e a rein-
troduzi-las na kehilá.
Devemos desmistifi car a ideia de que
estamos e somos imunes. Este mito im-
pede que judeus busquem ajuda no tem-
po certo. Arregacemos as mangas e en-
frentemos o problema. Se começarmos
hoje, ainda estamos a tempo. Se deixar-
mos como está, um dia nos arrepende-
remos pois poderá ser tarde demais. É
mais que hora de pais, professores, ra-
binos e lideranças comunitárias se pre-
venirem. Afi nal, qualquer um mata uma
vespa mas ninguém enfi a a mão num
vespeiro. Juntos, somos fortes.
* Presidente do Jacs-Brasil, membro
da Ripred (Rede Interamericana de
Prevenção às Drogas) e membro da
Itfsdp – Força Tarefa Internacional de
Políticas Estratégicas para Drogas
E-mail: [email protected]
Devemos desmistifi car
a ideia de que estamos
e somos imunes. Este mito impede que judeus busquem ajuda no
tempo certo. Arregacemos as mangas e
enfrentemos o problema. Se começarmos hoje, ainda estamos a
tempo
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magazine > ensaio | por Marcos L. Susskind *
114
N ão temos estatísticas a respeito do consumo
abusivo de álcool entre judeus – e sabemos ain-
da menos acerca do consumo de drogas. Tam-
bém desconhecemos dados a respeito de joga-
dores compulsivos ou aqueles que usam e abusam de remé-
dios controlados. Mas o número de chamados que recebo em
meu celular revela, de forma empírica, que o problema exis-
te – e, pior – vem crescendo de forma assustadora em todos
os níveis da vida comunitária judaica. O problema ocorre en-
tre judeus afastados da comunidade, entre judeus tradiciona-
listas, entre ortodoxos, entre judeus nacionalistas e entre os
que declaram se sentir judeus sem qualquer vínculo. Isto é,
já fui procurado por gente de todas as vertentes judaicas. Ain-
da mais interessante é que muitos ativistas de fora da comu-
nidade me informam serem procurados por judeus que lhes
imploram: “Não espalhem que atendem judeus...”
Essas ocorrências, a cada mês em maior número que no
mês anterior, apontam para o fato de que há, sim, entre nós,
uma séria prevalência de abuso de drogas, de alcoolismo, de
apostadores compulsivos e que já é hora de todos nós fi nal-
mente abrirmos nossos olhos e lutarmos em duas frentes. A
primeira, mais imediata, é a prevenção, que deve ser atacada
“ontem”, porque amanhã pode ser tarde. A outra é a recupera-
ção dos que já entraram neste terrível redemoinho. E peço a
você leitor: entenda e aceite a evidência de que a prevenção é
mais importante porque é muito mais fácil evitar que alguém
entre neste mundo do que ajudá-lo a sair.
No entanto, e infelizmente, esta área é negligenciada em
nossas escolas, nossos movimentos juvenis, nossas sinago-
gas e nossas entidades. Como comunidade – de verdade –
nunca fi zemos algo sistemático, contí-
nuo, mensurável e apoiado em provas
científi cas. Se alguma entidade o fez,
seus esforços não permearam pela cole-
tividade como um todo, fi cando restrita
a poucos, muito poucos.
Meu relacionamento constante com
muitos pais e cônjuges de adictos (vul-
garmente chamados de “viciados”) mos-
tra de forma contundente o caos que se
instala na família quando um dos mem-
bros se torna adicto. O padrão é sem-
pre o mesmo e é difícil descrever a dor,
o sofrimento, o isolamento, a angús-
tia, o medo e a raiva que dominam to-
dos da família atingida. Geram-se con-
fl itos, separações, rupturas e disfunções
familiares. A família entra numa espi-
ral de convívio com a mentira (de parte
do adicto) e o segredo (que todos na fa-
mília precisam manter). É mais do que
chegada a hora de nos unirmos para en-
frentar esta situação. Se não o fi zermos
provavelmente viveremos um caos em
poucos anos, pois o avanço parece ser
exponencial.
A grande pergunta é: como se faz isto?
Creio que o começo está na constatação
de que nossas lideranças sabem pouco,
muito pouco, a respeito, ainda que al-
guns, infelizmente, se neguem a admi-
tir. Então é preciso buscar informação e e
capacitação. Os educadores sabem o que
seus alunos pensam a respeito do consu-
mo de drogas ilegais? E álcool? E os dire-
judeus não têm problemas com álcool, drogas ou jogo
O PROBLEMA OCORRE ENTRE JUDEUS AFASTADOS, TRADICIONALISTAS, ORTODOXOS, NACIONALISTAS E OS QUE
DECLARAM SE SENTIR JUDEUS SEM QUALQUER VÍNCULO
Mito:
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119
dire
toria
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Desejamos a coletividade Israelita um Feliz Chanucá
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HEBRAICA | DEZ | 2012
121diretoria
Diretoria Executiva – Gestão 2012-2014PRESIDENTE ABRAMO DOUEK
DIRETOR SUPERINTENDENTE GABY MILEVSKY
ASSESSOR FINANCEIRO MAURO ZAITZASSISTENTE FINANCEIRO MOISES SCHNAIDERASSESSOR OUVIDORIA JULIO K. MANDELASSESSOR ESCOLA BRUNO LICHTASSESSORA FEMININO HELENA ZUKERMANASSESSOR REVISTA FLÁVIO BITELMANASSESSOR REDES SOCIAIS E COMUNICAÇÃO DIGITAL JOSÉ LUIZ GOLDFARBASSESSOR SEGURANÇA CLAUDIO FRISHER (Shachor)ASSESSOR ASSUNTOS ACESC MOYSES GROSSASSESSOR ASSUNTOS RELIGIOSOS RABINO SAMI PINTODIRETOR DE CAPTAÇÃO JOSEPH RAYMOND DIWANDIRETOR DE MARKETING CLAUDIO GEKKERCERIMONIAL E RELAÇÕES PÚBLICAS EUGENIA ZARENCZANSKI (Guita)RELAÇÕES PÚBLICAS DEBORAH MENIUK
GLORINHA COHENLUCIA F. AKERMANMIRA HARARIPAULETE K. WYDATORSERGIO ROSENBERG
VICE PRESIDENTE ADMINISTRATIVO MENDEL L. SZLEJF
COMPRAS HENRI ZYLBERSTAJNRECURSOS HUMANOS CARLOS EDUARDO ALTONACONCESSÕES LIONEL SLOSBERGASTECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO SERGIO LOZINSKYDEPARTAMENTO MÉDICO RICARDO GOLDSTEINCULTURA JUDAICO GERSON HERSZKOWICZ
VICE PRESIDENTE DE ESPORTES AVI GELBERG
ASSESSORES CHARLES VASSERMANNDAVID PROCACCIAMARCELO SANOVICZYVES MIFANO
GERAL DE ESPORTES JOSÉ RICARDO M. GIANCONIGESTÃO ESPORTIVA ROBERTO SOMEKHESCOLA DE ESPORTES VICTOR LINDENBOJMMARKETING/ESPORTIVO MARCELO DOUEK
HERMAN FABIAN MOSCOVICIRAFAEL BLUVOL
MARKETING/INFORMÁTICA ESPORTIVO AMIT EISLER
RELAÇÃO ESPORTIVAS COM ESCOLAS ABRAMINO SCHINAZI
GERAL DE TÊNIS ARIEL LEONARDO SADKASOCIAL TÊNIS ROSALYN MOSCOVICI (Rose)
TÊNIS DE MESA GERSON CANER
FIT CENTER MANOEL K.PSANQUEVICHMARCELO KLEPACZ
CENTRO DE PREPARAÇÃO FISICA ANDRÉ GREGÓRIO ZUKERMAN
JUDÔ ARTHUR ZEGERJIU JITSU FÁBIO FAERMAN
FUTEBOL (CAMPO/SALÃO/SOCIETY) CARLO A. STIFELMANFABIO STEINECKE
GERAL DE BASQUETE AVNER I. MAZUZBASQUETE OPEN DAVID FELDON
WALTER ANTONIO N. DE SOUZA
BASQUETE CATEGORIA DE BASE MARCELO SCHAPOCHNIKBASQUETE CATEGORIA MASTER ATÉ 60 ANOS GABRIEL ASSLAN KALILIBASQUETE HHH MASTER LUIZ ROZENBLUM
VOLEIBOL SILVIO LEVI
HANDEBOL JOSÉ EDUARDO GOBBIADJUNTOS NICOLAS TOPOROVSKY DRYZUN
DANIEL NEWMANJULIANA GOMES SOMEKH
PARQUE AQUÁTICO MARCELO ISAAC GUETTAPOLO AQUÁTICO FABIO KEBOUDINATAÇÃO BETY CUBRIC LINDENBOJMÁGUAS ABERTAS ENRIQUE MAURICIO BERENSTEIN
RUBENS KRAUSZ
TRIATHLON JULLIAN TOLEDO SALGUEIROCORRIDA ARI HIMMELSTEIN
CICLISMO BENO MAURO SHETHMAN
GINÁSTICA ARTÍSTICA HELENA ZUKERMAN
RAQUETES (SQUASH/RAQUETEBOL) JEFFREY A.VINEYARDBADMINTON SHIRLY GABAY
TIRO AO ALVO FERNANDO FAINZILBER
GAMÃO VITOR LEVY CASIUCH
SINUCA ISAAC KOHANFABIO KARAVER
XADREZ HENRIQUE ERIC SALAMA
SAUNA HUGO CUPERSCHMIDT
VICE PRESIDENTE DE PATRIMÔNIO E OBRAS NELSON GLEZER
MANUTENÇÃO ABRAHAM GOLDBERGMANUTENÇÃO E OBRAS GILBERTO LERNERPAISAGISMO E PATRIMÔNIO MAIER GILBERTPROJETOS RENATA LIKIER S. LOBEL
VICE PRESIDENTE SOCIAL E CULTURAL SIDNEY SCHAPIRO
GERAL SOCIAL E CULTURAL SERGIO AJZENBERGSOCIAL SONIA MITELMAN ROCHWERGERFELIZ IDADE ANITA G. NISENBAUMRECREATIVO ELIANE SIMHON (Lily)CULTURAL SAMUEL SEIBELGALERIA DE ARTES MEIRI LEVINSHOWMEIO DIA AVA NICOLE D. BORGER
EDGAR DAVID BORGER
VICE PRESIDENTE DE JUVENTUDE MOISES SINGAL GORDON
ESCOLAS SARITA KREIMERGRAZIELA ZLOTNIK CHEHAIBARILANA W. GILBERT
SECRETÁRIO GERAL ABRAHAM AVI MEIZLER
SECRETÁRIO JAIRO HABERDIRETORES SECRETÁRIOS ANITA RAPOPORT
GEORGES GANCZ
JURÍDICO ANDRÉ MUSZKAT
SINDICÂNCIA E DISCIPLINA ALEXANDRE FUCSBENNY SPIEWAKCARLOS SHEHTMANGIL MEIZLERLIGIA SHEHTMANTOBIAS ERLICH
TESOUREIRO GERAL LUIZ DAVID GABOR
TESOUREIRO ALBERTO SAPOCZNIKDIRETORES SABETAI DEMAJOROVIC
YIGAL COTTERMARCOS RABINOVICH
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diretoria > presidência
HEBRAICA | DEZ | 2012
120
O s doze convidados para o ca-
fé-da-manhã com o presiden-
te Abramo Douek são pródigos
em elogios ao clube. O índice de satisfa-
ção é tal que alguns trouxeram propos-
tas para facilitar a frequência de pesso-
as da terceira idade, como a implanta-
ção de uma viagem especial às quartas-
feiras à noite da linha de ônibus entre
Higienópolis e a Hebraica para aumen-
tar o número de espectadores às sessões
de pré-estreia de cinema. Outra suges-
tão foi a contratação de uma brigada de
jovens para estimular emocionalmente
os idosos que permanecem sós nos ban-
cos, mesmo em dias movimentados.
Quando foram mencionados o Play-
ground e o Fit Center, Abramo anteci-
pou-se e anunciou reformas para os dois
Ideias para melhorar o que já é bom
espaços. “Vou encaminhar as sugestões
da criação de um espaço só para a prá-
tica de pilates e as observações sobre o
Playground. Quanto ao brinquedo, hou-
ve problemas na importação da peça de
reposição e agora dependemos da libe-
ração da alfândega para consertá-lo.”
Ao completar um semestre de funcio-
namento da Escola Antonietta e Leon Fe-
ffer, ele anunciou alguns ajustes em rela-
ção à circulação dos alunos e ao atendi-
mento dos concessionários. “No próxi-
mo ano, haverá algumas mudanças e a
escola deve aumentar o número de mo-
nitores durante o recreio”, disse o presi-
dente, já no fi nal da reunião. (M. B.)
NO CAFÉ-DA-MANHÃ DE OUTUBRO, OS SÓCIOS SUGERIRAM SERVIÇOS DE APOIO À TERCEIRA IDADE E A RESERVA DE UMA FAIXA EXCLUSIVA PARA MÃES COM CARRINHOS DE BEBÊ NA PISTA DE ATLETISMO
É CADA VEZ MAIOR O INTERESSE DO ASSOCIADO EM PARTICIPAR DO ENCONTRO NA PRESIDÊNCIA
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diretoria > grandes festas
HEBRAICA | DEZ | 2012
122
U m dos êxitos da vice-presidên-
cia Administrativa este ano foi
a total remodelação das sina-
gogas montadas no Salão Marc Chagall
e no Teatro Arthur Rubinstein durante
as Grandes Festas. O duplo projeto as-
sinado pelo Escritório Felippe Crescen-
te foi elogiado pelas famílias que reser-
varam lugares, e as autoridades e visi-
tantes fi caram encantadas com a beleza
dos dois templos. Passadas as primeiras
semanas do ano judaico de 5773, dois
arquitetos da equipe se reuniram com o
vice-presidente Mendel Szlejf para ava-
liar o trabalho.
O vice-presidente agradeceu em nome
da Hebraica o empenho dos profi ssionais
Detalhes de uma decoração elogiada
VISUAL DAS DUAS SINAGOGAS MONTADAS NO SALÃO MARC CHAGALL E TEATRO ARTHUR RUBINSTEIN NAS GRANDES FESTAS FOI
O RESULTADO DO TALENTO E DO TRABALHO DOS PROFISSIONAIS DO ESCRITÓRIO DE FELIPPE CRESCENTI
ARQUITETOS DO ESCRITÓRIO FELIPPE CRESCENTI FIZERAM UM BALANÇO DO TRABALHO REALIZADO
e elogiou o efeito dos cenários nos dois
locais. “Vocês estiveram sempre presen-
tes durante a montagem em tempo recor-
de das sinagogas”, elogiou Szlejf.
Para um dos arquitetos, Christiano
Tomás Aguiar, os dois meses dedicados
aos detalhes das duas sinagogas servi-
ram para ampliar conhecimentos sobre
a cultura e a tradição judaicas. “Recen-
temente, reformamos um salão para
abrigar uma sinagoga e que envolveu
alguma pesquisa, assim como a deco-
ração de templos para bar-mitzvá que
fazemos com frequência, mas esse pro-
jeto na Hebraica exigiu muita atenção
a detalhes que desconhecíamos”, afi r-
mou o arquiteto que atua há quatro
anos no escritório de Crescenti.
Já a coordenadora da equipe de ce-
nários, a arquiteta Márcia Pereira Amo-
rim, descreveu a rotina de trabalho no
escritório onde trabalha há nove anos.
“Atuamos em um projeto desde a con-
cepção visual proposta pelo Felippe até
os desenhos, protótipos. Depois acom-
panhamos a montagem até fi car pron-
to”, resume.
Christiano descreve o processo com
mais detalhes: “Felippe reúne a equi-
pe e propõe as linhas gerais e trabalha-
mos com base nessas ideias. É raro des-
cartarmos um item durante a elabora-
ção do projeto. Ele visitou o salão e o te-
atro, imaginou as estruturas necessárias
e o resultado fi nal refl etiu sua concepção
original”, explicou.
Para os dois profi ssionais, foi difícil
indicar um local ou detalhe que tenha
apresentado difi culdades na execução.
“O projeto inteiro foi desafi ador. Até as
plantas que apareciam ao fundo nas
duas sinagogas funcionaram bem. De-
ram um toque de aconchego que que-
ríamos transmitir às pessoas que pas-
sariam horas rezando”, afi rmou Márcia.
(M. B.)
grandes festas.indd 122 22/11/2012 18:00:36 Anuncios dez 2012.indd 5 23/11/2012 16:45:24
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roteiro gastronômicoHEBRAICA | DEZ | 2012
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roteiro gastronômico
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roteiro gastronômicoHEBRAICA | DEZ | 2012
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128indicador profi ssional
ADVOCACIA ALERGOLOGIA
ANGIOLOGIA
CIRURGIA GERAL
BIOPSICOLOGIA
ARTETERAPIA
CIRURGIA PLÁSTICA
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DERMATOLOGIACLÍNICA HIPERBÁRICA
CLÍNICA MÉDICA/ENDOCRINOLOGIA
DERMATOLOGIA
indicador profi ssional
FISIOTERAPIA
FISIOTERAPIA
FONOAUDIOLOGIA
GENÉTICA
GINECOLOGIA / OBSTETRÍCIA
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130indicador profi ssional
MANIPULAÇÃO
NEUROLOGIA
NEUROCIRURGIA E COLUNA VERTEBRAL
MEDICINA PREVENTIVA
ODONTOLOGIA
GINECOLOGIA/ OBSTETRÍCIA
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indicador profi ssional
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ODONTOLOGIA
OFTALMOLOGIA
OTORRINOLARINGOLOGIA
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132indicador profi ssional
PSICOTERAPIA
PSIQUIATRIA
PSICOLOGIA
PEDIATRIA
PSICOLOGIAOTORRINOLARINGOLOGIA
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indicador profi ssional
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QUIROPRAXIA
PSIQUIATRIA
TRAUMATOLOGIA ESPORTIVA ULTRASSOM
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compras e serviços
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compras e serviçosHEBRAICA | DEZ | 2012
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compras e serviços
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10 de dezembro
Reuniões Ordinárias do Conselho em 2012
Peter Weiss Presidente
Horácio Lewinski Vice-presidente
Cláudio Sternfeld Vice-presidente
Luiz Flávio Lobel Secretário
Fernando Rosenthal Segundo secretário
Sílvia Hidal Assessora da Presidência
Célia Burd Assessora da Presidência
Ari Friedenbach Assessor da Presidência
Mesa do Conselho
Mudanças à vista Este ano tivemos a maioria das reuniões ordinárias com
alto índice de presença, especialmente porque a pauta de
cada uma delas continha sempre um ou mais itens liga-
dos diretamente à condução do clube.
Refi ro-me, por exemplo, à eleição do vice-presidente So-
cial e Cultural, algo raro na história do clube, uma vez que
os cargos do Executivo são defi nidos no início da gestão e
agrupados em uma chapa que o novo presidente subme-
te ao Conselho.
É evidente que a renovação do Conselho, com o aumento
do número de jovens profi ssionais, alterou a forma como
as decisões são conduzidas durante as reuniões. A eleição
do conselheiro Sidney Schapiro demonstra o apego de to-
dos à democracia e a preferência da maioria por um vice-
presidente que demonstre conhecer as questões relativas
ao clube.
A prudência também tem sido marca registrada no Con-
selho Deliberativo neste ano repleto de desafi os. Respei-
tando um pedido feito pelas comissões de Obras e Pa-
trimônio e de Administração e Finanças, a discussão da
peça orçamentária para 2013 apresentada pelo Executi-
vo foi adiada para a reunião de dezembro, dando um pra-
zo maior para a análise de itens, como os projetos de re-
formas e manutenção propostos pela vice-presidência de
Obras.
E eis que novamente contaremos com grande presença
na última reunião ordinária do Conselho já que é cada vez
maior o interesse dos conselheiros em conhecer e deba-
ter sobre decisões que fatalmente lhes serão cobrados pe-
los sócios. Isto é representação de fato e democracia, e me
dá satisfação em presidir um Conselho Deliberativo nes-
tas condições.
conselho deliberativo
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