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LETTERA REVISTA LITERÁRIA DA FLIPORTO | N. 3 | NOVEMBRO | 2011 LETTERA REVISTA LITERÁRIA DA FLIPORTO | N. 3 | NOVEMBRO | 2011 fliporto: oriente e ocidente se encontram em olinda

Revista Lettera

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Revista Lettera Fliporto

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LETTERAREVISTA L ITERÁRIA DA FLIPORTO | N. 3 | NOVEMBRO | 2011

LETTERAREVISTA L ITERÁRIA DA FLIPORTO | N. 3 | NOVEMBRO | 2011

fliporto: oriente e ocidente

se encontram em olinda

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de 11 a 15 de novembro

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Edição e reportagemAna Luíza Madeiro, Antonio Tiné,

Ariane Cruz, Brenda Coelho, Eduardo Sena, Iara Lima, Michele Cruz.

[email protected] www.duplacom.com.br

(81) 3242.3207

Projeto gráfico e diagramaçãoPatrícia Cruz Lima

RevisãoLaércio Lutibergue eSolange Lutibergue

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É com uma grande sensação de prazer e alegria que apresentamos a Lettera 2011, a revista da Fliporto. Esta edição marca, entre outras coisas, a consolidação e o su-cesso do evento em Olinda, que, em uma decisão acerta-da e, sobretudo, necessária, migrou de um paraíso tropical para outro, ainda no ano passado. Entre os motivos que nos incentivaram às mudanças esteve o do crescimento do público da nossa festa, que em 2010 superou as 80 mil pessoas. A expectativa, aliada a um forte trabalho, é que, neste segundo ano da Fliporto em Olinda, cerca de 100 mil leitores passem pela Cidade das Letras, solidificando a Fliporto como a maior festa literária do país.

Esforços para isso são vários e multilaterais, acredite. Estamos preparando uma estrutura jamais vista para um evento deste porte, em uma equação que inclui amplo espaço físico, cuidadoso serviço de alimentação, segurança e transporte.

Sem falar de uma programação riquíssima, que inclui grandes nomes da literatura mundial, como Deepak Chopra, Abdel Bari Atwan, Tariq Ali, Joumana Haddad, Gonçalo M. Tavares e Derek Walcott, além dos brasi-leiros, e não menos importantes, Fernando Morais e Nelson Motta, só para citar alguns. Como novidade, es-tamos trazendo a Fliporto Nova Geração, braço da festa voltado aos novos leitores, e a ECOFliporto, segmento que trabalhará o despertar para o meio ambiente. Tudo isso regido pelo legado cultural do grande homenagea-do da Fliporto deste ano, o escritor Gilberto Freyre, que viu a matriz oriental no Brasil. Aproveite, curta, desfru-te, que esta festa foi feita para você.

Vamos Fliportear!

Antonio Tiné e Antônio Campos

uma fliporto cheia de possibilidades

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Curadoria: Antônio Camposemail: [email protected]

Coordenação Executiva: Eduardo Côrtesemail: [email protected]

Coordenação Literária: Mario Helio Gomesemail: [email protected]

Coordenação do Cine Fliporto: Alexandre Figueirôaemail: [email protected]

Coordenação da Fliporto Nova Geração e Coordenação Literária da Fliporto Criança: Antonio Nunes (Tonton)email: [email protected]

Coordenação Executiva da Fliporto Criança: Pedro Ivoemail: [email protected]

Coordenação da Fliporto Digital: Cláudia Cordeiroemail: [email protected]

Coordenação Geral da EcoFliporto: Antônio Campos e Marcus Prado

ficha técnicafliporto 2011

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Coordenação Executiva da EcoFliporto: Leila Teixeiraemail: [email protected]

Coordenação de Eventos e Produção Artística e Cultural: Monica Silveiraemail: [email protected]

Coordenação de Jornalismo: Ariane Cruzemail: [email protected]

Coordenação de Publicidade: João Castelo Brancoemail: [email protected]

Gerência Executiva: Veronika Zydowiczemail: [email protected]

Produção Executiva: Karla Cybelleemail: [email protected]

Gerência Financeira: Tatiana Valenteemail: [email protected]

Programação do site Fliporto.net: Rodrigo Couteloemail: [email protected]

Assessoria Jurídica: José Arnaldo Moreira Guimarães Netoemail: [email protected]

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oriente, orientes – por que o oriente?

deepak chopra, o cigano espiritual das estrelas

fernando morais

cinema e literatura

joumana haddad, o oriente feminino

o desbravador de baobás

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sumário

por uma leitura acessível

uma nova geração de leitores

a era digital na 7ª fliporto

fliporteando

programação do congresso literário

infraestrutura na cidade das letras

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1 Pórtico ( Av. Liberdade e Rua Manuel Ribeiro)

4 Espaço Literário5 Pavilhão Telão6 Secretaria7 Sala de Imprensa8 Espaço UBE.9 Espaço Sebo

11 Ilha de Stands12

13Cozinha Show

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Fliporto Criança

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Fliporto Criança - Oficinas

17 Tribuna Livre18 Pórtico CINEFLIPORTO19 Pórtico FLIPORTO DIGITAL

3 Totem de Praça 2 Pórtico ( Praça do Carmo)

FLIPORTO DIGITAL

Nova Geração

Espaço Zen

Informações

27 Estação Alimentação

Prefeitura de Olinda

Stand Instituto de Cegos Antônio Pessoa de Queiroz

Quiosque Fliporto

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Feira do Livro

10 Espaço Cordel

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Pórtico ECO FLIPORTO22

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29 Stand Patrocinador

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Estrutura Fliporto 2011Novembro 2011

21/04/2011 01

Carrinho de PipocaCarrinho de Picolé

Carrinho de Água de Côco

Cerca modulada

Área para AmbulânciaDelegacia Móvel

Sanitários Químicos

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oriente, orientes – por que o oriente?

Exotismo, estereótipo e preconceito – nem isso nem qualquer visão estrei-ta do mundo farão do Oriente um lugar-comum. Na verdade, nunca se pode falar de um só Oriente, mas de uma extraordinária pluralidade que não para nunca de enriquecer, fascinar e transformar(-se). Oriente(s) acima das geogra-fias, das invenções e inversões orientalizantes. De 11 a 15 de novembro, em Olinda, a Fliporto dará a ver, ouvir, degustar, sentir e pensar uma parcela, entre as incontáveis, desse riquíssimo universo. Oriente(s) vivos, inesperados, im-previstos, com história e literatura, sonho e realidade, essências e existências.

São tão antigos e assumem tantas formas os diálogos Ocidente/Oriente que páginas e páginas seriam preenchidas somente com o nome dos autores que, de parte a parte, se escreveram, se traduziram, se influenciaram. Ven-cidos os choques das civilizações, superadas as colonizações, o que países como a China, a Índia e a Rússia têm a dizer ao mundo? Muito mais, obvia-mente, que os cifrões. E são muito mais que esses os que no Oriente – ou a meio caminho de, ou no rumo de – se fazem de culturas que amam suas particularidades e identidades com a mesma paixão com que naturalmente se deliciam nas misturas.

Gilberto Freyre gostou de escrever sobre isso e nós gostamos de lê-lo. E também de saber que, muito antes dele, ibéricos de Portugal e da Espanha narraram as maravilhas e horrores das fantasias, pesadelos, em terras ines-gotáveis na magia e no mais bruto realismo. Gilberto Freyre, com o seu olhar arguto, viu a matriz oriental no Brasil.

Camilo Pessanha, Fernando Pessoa, Fernão Mendes Pinto e um longo “et cetera” de lusíadas visitaram e revisitaram os Orientes que eram outrem, e ao mesmo tempo, muito seus, particulares, íntimos e, às vezes, incomunicá-veis. E também cabe falar mais do que nos ibéricos, nos outros latinos, como franceses e italianos, que se desbordaram e fizeram transbordar as maravi-lhas que viveram ou criaram.

Mas e hoje? E o futuro? Os escritores daqui, dali e dacolá, dos Orientes próximos, médios, extremos, em verso e prosa, nos dirão. Vêm da Síria, do Paquistão, do Líbano, da China, do Japão, de Vitória de Santo Antão, de “Oropa”, França e Bahia, do Ceará nosso de cada dia, de Pernambuco e mais, muito mais. Mais do que nunca, a Fliporto é porto para muitos barcos e itinerários. E se “a melhor forma de viajar é sentir”, os leitores, escritores e editores, que gostam de pensar de todas as maneiras, mostrarão como a conversa numa festa é o mesmo que uma prosa gostosa, e que Oriente-Ocidente é mais do que uma rima, uma palavra-valise, que a viagem já-vai-começar-já-começou.

Antônio Campos, curador da FliportoMario Helio Gomes, coordenador literário da Fliporto

Eduardo Côrtes, coordenador executivo da Fliporto

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deepak chopra, o cigano

espiritual das estrelas

Médico, escritor, guru das estrelas e empresário. São vários os rótulos que cercam o indiano Deepak Chopra, uma das 100 personalidades mais influentes do mundo e que vai abrir a Fliporto 2011

Quando pôs o ponto final no seu livro de poesias Dancing the Dream (A Dança dos So-nhos), nos idos de 1992, o rei do pop, Michael Jackson, dedicou a obra a quem tinha como uma espécie de guru. Na época, o médico indiano especialista em endocrinologia Dee-pak Chopra talvez não imaginasse os efeitos que seu nome, exposto na obra de um ído-lo mundial, pudesse alcançar. Hoje, quase 20 anos depois, Chopra aumentou sua lista de celebridades devotas, incluindo nesse jet set nomes como Madonna, Lady Gaga, Demi Moore, David e Victoria Beckham e Winona Ryder, tornando-se referência de primeira or-dem quando o assunto é autoajuda.

Autor de mais de 25 livros neste segmento, traduzidos em 35 línguas, Deepak Chopra será o nome que fará a conferência de abertura da VII Festa Literária de Pernambuco – Flipor-to, no dia 11 de novembro. Regido pelo tema “Cura, transformação e consciência”, o guru das estrelas – alcunha que ganhou por motivos óbvios – vai disseminar a importância da com-preensão da natureza pessoal e da vida em harmonia com as leis naturais como caminho para a sensação de bem-estar, de entusiasmo pela vida e de abundância material.

Com 65 anos, completados em 22 de outu-bro, o indiano, que venceu como médico no competitivo mercado americano, largou tudo em busca de uma volta às origens e enrique-ceu escrevendo livros que propõem um ca-minho para uma vida melhor, faz questão de se desvincular do rótulo do messias das cele-bridades. Ressalta que este pomposo séquito corresponde a um sutil 1% de seus clientes. “Os artistas e demais protagonistas do mun-do do espetáculo me procuram quando per-cebem que sua criatividade e todo o circo montado ao seu redor trazem também ques-tões existenciais. O grande problema dessas pessoas é que a imagem pública delas não condiz com sua realidade interior”, afiança.

No entanto, não pode negar o status e os louros que a vinculação de seu nome com os grandes astros do show business lhe traz. Com um faturamento médio de US$ 15 milhões anuais, o médico viaja o mundo todo levando suas palestras, imbuído da missão de fazer as pessoas acreditarem que qualquer indivíduo pode ter saúde e felicidade se tiver a consci-ência de que possui poder para administrar melhor sua mente e corpo. Como antídoto para esses problemas existenciais, Chopra re-ceita, além da meditação, a medicina ayurve-da, antiga ciência indiana, cujos produtos ele próprio comercializa. Ou seja, além de médico, escritor, palestrante e guru, Deepak é, discre-tamente, o maior marketing dele mesmo.

“Os artistas e demais protagonistas do mundo do espetáculo me procuram quando percebem que sua criatividade e todo o circo montado ao seu redor trazem também questões existenciais”.

No Brasil, aliás, seus livros são best-sellers. Um dos mais famosos, As Sete Leis Espirituais do Sucesso, chegou à 18ª edição e ficou 63 se-manas entre os mais vendidos do país. No ano passado, lançou uma obra sobre o lado som-brio da existência, O Efeito Sombra, na qual faz referência ao lado sombrio das pessoas – que ele chama de “sombra” –, revelando os conse-lhos que dá aos seus discípulos famosos sobre o assunto. A respeito de Michael Jackson, por exemplo, revela que o artista era puro e tímido e, por isso, construiu um recanto num mundo de fantasia para se esconder, ocultando sua “sombra” para não encará-la. Contudo, ser re-conhecido como “o guru” não enche os olhos de Chopra. Pelo contrário, o escritor acredita que a palavra é limitada para o papel que de-sempenha. Quando perguntamos, entre tan-tos ofícios, qual o define melhor, não hesitou: “Um cigano, um vagabundo espiritual”.

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fernando morais

O contador de histórias alheias

O título deste texto corporifica muito bem o ofício de um jornalista: de ser o olho de quem não pôde estar lá para ver; de trans-formar o real em palpável e concreto; de ver-ter fatos em episódios com a incumbência simples e atávica de comunicar. Para realizar a missão com louvor, precisam acompanhar, ver de perto, até sentir junto, e é por isso mesmo que jornalistas biógrafos vivem sob o espectro de uma tarefa ingrata. Devem mon-tar o quebra-cabeça, fechar lacunas, cons-truindo, e reconstruindo, situações que não viveram e de pessoas que, muitas vezes, nem conheceram, quiçá de quem só ouviram falar. E mesmo que sejam legítimos escritores, ain-da assim, não podem lançar mão da ficção. A verdade é o leme do trabalho.

Jornalista, escritor e biógrafo mais respei-tado do país (leia-se respeito como o cumpri-mento de todos esses artefatos na hercúlea tarefa de biografar), Fernando Morais é o que podemos chamar de “o homem que estava lá” mesmo sem nunca ter estado. A revolu-cionária Olga Benário, o escritor Paulo Coe-lho, o magnata da comunicação Assis Chate-aubriand, o publicitário Washington Olivetto, só para falar de alguns, já passaram por essa interessante experiência de ter a vida exposta por uma pessoa com quem não tiveram a me-nor relação de intimidade.

Mineiro de Mariana, o escritor descobriu o jornalismo ainda em 1961, passando pelas principais redações do país, entre elas as da revista Veja, do Jornal da Tarde, da Folha de S.Paulo e da TV Cultura. Conta com dez livros publicados, traduzidos em mais de 18 idio-mas. Um inventário de fazer inveja a muita gente, movido a um combustível de formação. “Acho que a minha curiosidade jornalística de querer saber a história das pessoas que são um fenômeno é o que dá uma musculatura natural na hora de escrever biografias”, revela.

A alcunha de escritor, digamos, especiali-zado em biografias não foi deliberada. Antes de escrever Olga (sua primeira biografia), Mo-rais já havia publicado dois livros-reportagem. Segundo ele, biografias nada mais são do que reportagens, porém sobre a vida de uma pes-soa. “Lembro que no jornal sempre gostei de fazer perfis, pode ser que tenha uma ligação. Mas não me sinto um biógrafo profissional. Sou um jornalista que publica reportagens em forma de livro, que, variavelmente, podem também ser sobre uma determinada pessoa.”

E está, justamente, no biografado, ou me-lhor, no contexto em que ele viveu o sucesso

dessa categoria literária. “Não basta o perso-nagem ser uma personalidade borbulhante. Sua história deve permitir o reencontro do que não nos contaram nos bancos de escola. Se isso for apurado com obsessão, com minúcias, e depois escrito num texto elegante, cativante, com certeza será sucesso absoluto”, explica.

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“Não basta o personagem ser uma personalidade borbulhante. Sua história deve permitir o reencontro do que não nos contaram nos bancos de escola. Se isso for apurado com obsessão, com minúcias, e depois escrito num texto elegante, cativante, com certeza será sucesso absoluto”.

Para a riqueza de detalhes, Morais não dispensa percorrer o caminho traçado pelo biografado. O objetivo é sentir um pouco da atmosfera por onde ele passou. Em Olga, por exemplo, foi a todos os lugares por onde ela passou. “Visitei as prisões onde esteve e, no Rio, fui ver a casa onde ela viveu com Prestes. No caso do Chatô foi a mesma coisa: fui à ci-dadezinha do interior onde ele nasceu, fui ao Recife, onde viveu boa parte da vida dele; e também ao Rio”, destaca.

O escritor credita a essa pesquisa cerca de 60% de carga do resultado final de um livro. “Quando ela é benfeita, minuciosa, não dei-xando vírgula sobre vírgula, vai dar ao autor, na hora de escrever, uma segurança quase absoluta. Se você tem a atmosfera, os deta-lhes, o sotaque ou o jeito de falar, como era a casa do sujeito... Enfim, tudo isso alimenta bastante a possibilidade de o autor fazer um texto elegante, sofisticado.”

O próximo desafio será ninguém menos que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A convite do próprio Lula, Fernando Morais vai organizar um livro sobre os seus dois manda-dos. O modelo de narrativa ainda não está de-finido, mas uma coisa já é certa: a obra repro-duzirá sua simpatia pelo protagonista. “Estou muito animado. Gosto do Lula, fiz campanha para ele. É um personagem fascinante, que pôs o Brasil em outro patamar”, exalta. “Ainda é cedo para avaliar o seu governo na história, mas acho que nossos tataranetos vão se lem-brar de Getúlio Vargas e de Lula”, finaliza.

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cinema eliteratura

Apropriações ambidestras

“Tudo que pode ser escrito e pensado pode ser filmado.” A máxima é de Stanley Kubrick, cineasta determinante no universo da sétima arte e responsável por clássicos inspirados em obras literárias como Laranja Mecânica, 2001, Uma Odisseia no Espaço, O Iluminado e Lolita. Seja na narrativa cinematográfica ou literária, a parceria e a interseção entre os suportes na tela grande ou no papel vêm se cruzando ao longo do último século, gerando filmes origina-dos de obras de ação, romance, terror, fantasia, drama, suspense, policial ou ficção científica.

Ainda que, culturalmente, a sociedade te-nha se amparado na tradição escrita, constata-se hoje uma civilização da imagem, na qual o cinema é estrela de primeira grandeza. A me-mória afetiva ratifica: Shrek, Dançando com Lobos, O Exorcista, (A.I.) Inteligência Artificial, Drácula, O Pequeno Stuart Little, Garota Inter-rompida, O Senhor dos Anéis, Cidade de Deus, O Auto da Compadecida e Clube da Luta são apenas algumas das obras que comprovam o diálogo entre o cinema e a literatura.

seca (O Matador), Chico Buarque (Ópera do Malandro), Fernanda Young (Os Normais) e Nelson Rodrigues (A Dama do Lotação).

Durante a Fliporto 2011, os amantes de li-teratura e do cinema poderão desfrutar dessa dobradinha de sucesso tanto na programação literária como no Cine Fliporto. O assunto será tema de uma das mesas de debate da progra-mação do Congresso Literário no dia 14 de novembro e reunirá os cineastas Nelson Pe-reira dos Santos, Guel Arraes e Tizuka Yama-saki. Juntos, eles abordarão o tema “Como o cinema e a TV reescrevem a literatura”.

O debate promete ainda uma experiência única, pois a quarta participante é a pajé Zenei-da Lima, nascida na Ilha de Soure (Marajó-PA) e cujo livro O Mundo Místico dos Caruanas da Ilha do Marajó inspirou o último filme de Tizuka Yamazaki, Amazônia Caruana. Mediada por Ale-xandre Figueiroa, a mesa do debate vai mesclar arte, ficção e realidade no limite das fronteiras entre as linguagens escrita e cinematográfica.

Na grade de veiculações de filmes do Cine Fliporto de 2011 não poderia ser diferente. Boa parte das obras selecionadas pela curado-ria se relaciona a obras literárias de Pernam-buco e do Oriente. Entre os filmes seleciona-dos sobre os escritores locais, haverá filmes de obras de Gilberto Freyre, Osman Lins e Luzilá Gonçalves, por exemplo. “O cinema pernam-bucano já é uma tradição no Cine Fliporto e selecionamos obras que buscassem o viés lite-rário, como Desmantelo Blues, de Cláudio As-sis, inspirado no poema Desmantelo Azul, de Carlos Pena Filho”, revela Figueiroa.

Cinematografia rica e inexploradaPelo alto número de descendentes de japo-

neses no Brasil, nossa memória recorrente do cinema oriental é a japonesa, com filmes de Akira Kurosawa, que, entre outros, dirigiu RAN (inspirado em Rei Lear, de Shakespeare), mas ao longo das últimas décadas a cinematografia de países como Pérsia, Índia e China tem con-seguido se capilarizar rumo ao Ocidente.

Na mostra selecionada por Figueiroa, o público poderá conferir uma seleção variada, com películas oriundas da Índia, Tailândia, Israel e China, por exemplo. A dificuldade da seleção consiste na própria diversidade e riqueza do material. “O Oriente não é ho-mogêneo, há várias culturas e civilizações no Oriente Médio. Os persas, os indianos e as sociedades chinesa e japonesa possuem cul-turas muito fortes, com autores e peculiarida-des próprias, culturas muito mais antigas que a Ocidental”, lembra o curador.

Segundo o doutor em cinema e curador do Cine Fliporto, Alexandre Figueiroa, a relação se mostra estreita desde os primeiros passos da sétima arte. “No século XIX, o entreteni-mento popular girava em torno do teatro e da ópera e o cinema surgiu praticamente como uma atração de ‘quermesse’, chamando a atenção pelas imagens em movimento e se tornando um atrativo muito popular, conside-rado uma arte menor. Quando se percebeu o potencial e a possibilidade de contar histórias do cinema, parece lógico e justo que estes re-alizadores se apropriassem de narrativas clás-sicas, já conhecidas, para formar um público diferenciado, capaz de apreender as histórias e custear as exibições”, explica Figueiroa.

Historicamente, a relação foi ambidestra: não só as obras passaram a ser adaptadas para o cinema – e posteriormente para a TV –, como também os escritores passaram a mi-grar para o suporte das telas e se tornaram roteiristas. Entre eles, os estadunidenses Tru-man Capote (Bonequinha de Luxo) e Sidney Sheldon (com uma infinidade de séries de TV, como Jeannie é um Gênio e A Feiticeira), Ga-briel García Márquez (Erêndira), Rubem Fon-

Ainda que, culturalmente, a sociedade tenha se amparado na tradição escrita, constata-se hoje uma civilização da imagem, na qual o cinema é estrela de primeira grandeza.

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Joumana Haddad, o oriente

femininoO retrato de uma megalópole conturbada,

uma juventude pós-moderna que traz em si as expectativas e angústias inerentes à inten-sa experiência urbana da atualidade, como relações interpessoais, sexo, drogas e rock ‘n’ roll. O enredo poderia se encaixar perfei-tamente em Londres, mas se passa em uma Xangai em transição entre dois mundos dia-metralmente opostos – o socialismo e o capi-talismo – e para os quais envereda a persona-gem labiríntica em busca de respostas.

A obra é Bombons Chineses, primeiro ro-mance de autoria da escritora Mian Mian, re-trato da nova literatura do Oriente, que passa a cruzar as fronteiras e na qual as mulheres ganham voz. Em sociedades com culturas tão distintas e diferenciadas do Ocidente, o olhar feminino provoca ainda mais questionamen-tos acerca de quem é a mulher da literatura oriental, cujas vozes têm se elevado ao lon-go da última década. É o caso de obras como Lendo Lolita em Teerã, da iraniana Azar Nafisi, e Xangai Baby, da chinesa Wei Hui.

Durante o congresso literário da Fliporto, a curadoria do evento propõe a desmistifica-ção de uma das várias facetas desta mulher oriental, que se espalha pela Índia, China, Ja-pão, Oriente Médio, entre outras localidades. No dia 14 de novembro, às 19h, o jornalista e correspondente internacional Silio Bocca-nera discorre sobre “Quem é a nova mulher árabe?” juntamente com a autora libanesa Joumana Haddad, que lançou recentemente o elogiado livro Eu Matei Sherazade.

Esta é a primeira vez que a jornalista, tra-dutora, poetisa e romancista vem ao Brasil. Fugindo de qualquer estereótipo que possa ser infligido às mulheres árabes, Joumana vem de uma família tradicional e culta, que promoveu uma educação primorosa e permi-tiu que ela tivesse acesso a um universo lite-rário diverso desde sua infância, em Beirute. Atravessou a Guerra Civil Libanesa (iniciada quando tinha apenas 4 anos) e, ao longo de sua trajetória, se tornou uma das mais repre-sentativas vozes na luta pela liberdade da mu-lher do Oriente Médio.

Eu Matei Sherazade – confissões de uma árabe enfurecida, primeira obra de Joumana publicada no Brasil, revela uma mulher que subverte a lógica perpetrada durante sécu-los no imaginário do Ocidente: Sherazade, a submissa jovem que, noite após noite, pre-cisa agradar ao rei para não ser aniquilada. Na obra pós-moderna de Joumana Haddad, a submissa personagem de As Mil e uma Noites dá lugar à vida real, em que o tom autobio-gráfico espanta quaisquer ideias preconcebi-das acerca da mulher no Oriente.

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Eu Matei Sherazade – confissões de uma árabe enfurecida, primeira obra de Joumana publicada no Brasil, revela uma mulher que subverte a lógica perpetrada durante séculos no imaginário do Ocidente.

A princípio em um tom rancoroso, a obra da escritora desmonta a mítica que envolve o universo feminino conhecido no Ocidente, aquele que remonta a burcas ou véus. Aqui, e em toda a sua trajetória pessoal, ela também condena a permissividade com que essas mu-lheres ainda interpretam papéis nos quais a submissão e a negociação de seus direitos bá-sicos ditam as regras.

Duvida? Joumana é poliglota com domínio de sete idiomas, poetisa premiada e editora do principal jornal do Líbano, o An-Nahar. Também é de sua responsabilidade a criação do primei-ro editorial literário erótico do país, a revista Jasad (Corpo), cuja temática permeia assuntos como sexo, casamento forçado, virgindade e poligamia. Ela, a candidata a substituta da mu-lher árabe no imaginário coletivo, opta por fa-zer um relato único de uma realidade ignorada.

O “assassinato” dessa Sherazade imagi-nária rendeu à autora críticas mais do que elogiosas. Entre elas, a de Elfriede Jelinek, escritora e ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura, que foi categórica ao afirmar que, “neste livro corajoso, a autora quebra o tabu do silêncio da mulher árabe”. No Brasil, Eu Matei Sherazade leva a assinatura da Record.

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o desbravadorde baobás

Foram quatro mil quilômetros percorridos, do litoral ao sertão do Estado de Pernambuco, que resultaram no registro de 120 baobás, foto-grafados e catalogados pelo jornalista fotográ-fico Marcus Prado para dar vida à obra literária Pernambuco: Jardim dos Baobás. A obra, lança-da em parceria com o advogado e escritor Antô-nio Campos na VII Festa Literária Internacional de Pernambuco – Fliporto 2011, será apresen-tada em versão digital, papel de arte e virtual.

De espécie nativa da África e em extinção, a árvore se tornou símbolo do Estado em de-corrência do número de exemplares que se concentram na região. Antes, em Pernambu-co, só se contabilizavam 16, mas, atualmen-te, o Estado passa a ser o segundo local onde há a maior concentração de baobás, abaixo apenas da África. É com essa produção que o Estado ganha o mapeamento de todos os exemplares da planta existentes na região.

De característica imponente, a árvore pode alcançar até 25 metros e viver três mil anos. Extraordinariamente, em Senegal, há o registro de um baobá com seis mil anos. O que implica dizer que nem a pirâmide de Gizé – construída no antigo reinado do Egito – existia quando esta árvore ganhara vida. Sua soberania também é respaldada pela tríade de significados lúdicos atribuídos a ela des-de que os escravos a trouxeram para o Brasil, pelo mar de Porto de Galinhas, Ipojuca.

Conta a história que o baobá é simbolizado por ser a árvore da vida, da resistência e do esquecimento. Respectivamente, os termos querem destacar a longevidade atribuída à sua existência na natureza, a força em lutar contra as adversidades do meio ambiente e da ação negativa exercida pelo homem ao longo de tantos anos e, ainda assim, manter-se viva.

Porém, historicamente, o significado do es-quecimento aponta um momento triste, ca-racterizado pela nobreza de sua existência: os negros escravizados, trazidos da África para o Brasil, acreditavam que ao dar voltas ao redor do baobá perdiam a memória e esqueciam o passado, suas origens e identidade cultural, para se tornarem seres sem vontade alguma. No ritual, os homens deviam dar nove voltas em torno dela, e as mulheres, sete.

O desbravador – Ao desbravar as regiões de Pernambuco, Marcus Prado usou de toda a sua sensibilidade para unir às imagens o destaque da beleza estridente e a importân-cia inquestionável do baobá. Seria impossí-vel se distanciar da emoção ao lembrar que, como árvore, dele provêm alimentos, água, matéria-prima para roupas, medicamentos, além de sua utilidade ecológica sustentável significante. Sobre o contato com tamanha

grandeza de sentidos, o fotógrafo define: “Esses baobás na minha fotografia estão no tabuleiro intangível do real. Não submeto a escolha do que quero retratar à capacidade ótica de equipamentos analógico e digital de que disponho. Meu olhar interage compondo e enquadrando o que vejo, mesmo que dian-te de mim nada (mais) exista”.

Prado relata emocionantes histórias uni-das à existência dos baobás em vidas singula-res. Uma delas dá conta de um fazendeiro de Serra Talhada que queimou até a última raiz uma espécie que vivia em seu quintal. Quan-do lhe perguntaram o motivo, o proprietário afirmou ter sido movido por um ódio incon-trolável depois de presenciar o suicídio do filho em um dos galhos da árvore da vida. Ao relatar outros casos de morte arbórea, Marcus diz: “Essas árvores integram agora o repertório contemplativo na sua óbvia simu-lação, aliciadoras de alegorias. Figurações ilu-minadas do que foram e continuam sendo”.

No Oriente acredita-se que a árvore, mes-mo depois de morta, ainda viva em sua essên-cia. Para fotografar os baobás que não mais existiam, como em Serra Talhada, Tacaratu e no Jardim da Saudade – Santo Amaro, Reci-fe, Marcus Prado usou de um olhar perspicaz que traduzisse o vazio atrelado à ausência e à escuridão da inexistência delas em um regis-tro mítico desse espaço que não se extingue com o passar do tempo. “Creio que fiz melhor ao registrar o que, no momento único do ato fotográfico, não mais existia”, diz ele.

Árvore famosa – No Estado de Pernambu-co, o exemplar de baobá mais lembrado por moradores e visitantes se encontra na Praça da República – Centro da capital. A história conta que o poeta João Cabral de Melo Neto escreveu trechos referentes ao baobá em um de seus po-emas. Com os mais místicos significados, o ba-obá localizado em frente ao Palácio do Campo das Princesas também serviu de inspiração para o escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, que declarou tê-lo feito enquanto escrevia O Pequeno Príncipe, sua famosa obra, em 1943.

“Esses baobás na minha fotografia estão no tabuleiro intangível do real. Não submeto a escolha do que quero retratar à capacidade ótica de equipamentos analógico e digital de que disponho. Meu olhar interage compondo e enquadrando o que vejo, mesmo que diante de mim nada (mais) exista”.

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por uma leitura

acessívelLer traz muito mais benefícios do que se

pensa, pois significa não só dar asas à ima-ginação, mas também ter um grande estalo para a realidade. Por meio da leitura, novas experiências são vividas, as opiniões diversifi-cam-se e os argumentos tornam-se mais con-sistentes. Além disso, a pessoa adquire uma nova perspectiva de mundo e de si, pois quem lê conhece e compreende outras sociedades, mantém-se atualizado e, de brinde, ainda re-cebe um acervo de vocabulário indiscutível.

Sabendo de tal importância, a Fliporto tem o objetivo de incentivar a leitura, promovendo palestras com personalidades de todo o mun-do. Com o tema “Uma viagem ao Oriente”, a sétima edição da maior festa literária do Brasil propõe temas que vão desde a literatura até o cinema e a era digital, mas mantém o ofício de ler como um dos lemas principais. Portanto, pelo segundo ano consecutivo, a Associação do Nordeste das Distribuidoras e Editoras de Livros (Andelivros) promove, em parceria com a organização do evento, a Feira do Livro, que acontece no Parque do Carmo. Não é à toa que Olinda é considerada “A cidade das letras”.

E como anda o mercado de livros no nosso país atualmente? Uma pergunta que interessa aos amantes da literatura e até assusta algu-mas pessoas, temerosas em relação ao avan-ço da era digital e, assim, inseguras pelo fato de pensar que se podem desperdiçar as várias páginas folheadas de um livro pelo simples cli-que on-line. Sócio da Andelivros e presidente da Editora Bagaço, o editor Arnaldo Afonso garante que esses ramos são destinados ao mesmo público, mas são produtos diferentes e, por isso, um não substitui o outro: “O prazer de folhear um livro e sentir o cheiro não pode ser substituído. Todas as grandes empresas do país estão fazendo livros para públicos-alvo, ou seja, aqueles que vão receber a nossa demanda”.

Com mais de 500 metros quadrados e 25 es-tandes, o espaço da II Feira do Livro conta com a participação de 60 distribuidoras e editoras, em média, e cerca de 10 mil títulos. Uma gran-de oferta para uma sociedade que, infelizmen-te, não tem o costume de fazer da leitura uma prioridade na vida. Mentalidade que, segundo

o editor Afonso, começa a se modificar. Assim, as grandes editoras utilizam-se da estratégia de procurar nichos de mercado e produzir li-vros para determinados segmentos de públi-co. Dessa maneira, as obras são absorvidas por todos, resistindo à concentração de poucos.

Com mais de 500 metros quadrados e 25 estandes, o espaço da II Feira do Livro conta com a participação de 50 distribuidoras e editoras, em média, e milhares de títulos. As obras serão comercializadas com preços abaixo dos praticados no mercado.

Durante a VII Fliporto, que acontece de 11 a 15 de novembro, a entrada para a Feira do Livro é gratuita. A Andelivros espera receber cerca de 80 mil pessoas este ano, 10 mil a mais do que se teve no ano passado. Ainda assim, é difícil medir o retorno considerado para o editor por meio da venda de publica-ções. “Existem editoras que apenas querem divulgar uma obra e outras que trabalham com grandes tiragens para alcançar mais lu-cros”, explica o sócio da Andelivros. Ou seja, tudo depende de um propósito. O da Grande Festa Literária é estimular a leitura de manei-ra confortável para todos os segmentos do público, desde o infantil até o adulto, bem como fazer valer cada palavra que estará pre-sente nas estantes da feira.

O funcionamento da Feira do Livro está sendo feito da seguinte maneira: em todos os dias da VII Fliporto, das 10h às 22h, obras são comercializadas com preços abaixo dos prati-cados no mercado. “É lendo que se aprende, que se faz o cidadão informado e capacitado de cada dia. Por isso, quanto mais incentivo tiver, mais retorno positivo o país e todo o mundo terá”, diz Afonso. É dever não só dos governos e das prefeituras, mas também de editores e de eventos como a Fliporto aper-feiçoar nossos leitores e abarcar outros novos

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com o interesse primordial de formar uma sociedade cada vez mais rica de cultura e de conhecimento literário.

Por meio de uma divulgação preliminar, as editoras fazem uma tiragem mínima. Após esse primeiro passo, à medida que aumenta a demanda, vai-se produzindo de acordo com os pedidos. Durante a feira, porém, acontecem “lançamentos infantis e adultos, com autó-grafos, presença de escritores e ilustradores, além de muita participação e recreação para as crianças durante todo o dia”, vibra o editor, animado com a estrutura do espaço este ano. Em 2011, a Fliporto está repleta de novidades, inclusive na Feira do Livro. Ela dedica o espaço especial para os lançamentos e um auditório climatizado, onde os autores que lançam suas obras realizam também palestras para o pú-blico. “Esperamos que, dessa forma, o público fique mais confortável e à vontade para nos visitar”, enfatiza Arnaldo Afonso.

A II Feira do Livro também homenageará o presidente da Academia Brasileira de Letras, o escritor, professor e advogado Marcos Vilaça, autor da obra O Menino Gilberto Freyre. Há um diálogo entre Vilaça e o ex-presidente do Brasil Juscelino Kubitschek em que este afirmou que os pernambucanos tinham mania de grande-za, ao que rebateu o escritor: “Não é verdade,

presidente. Pernambuco não tem mania de grandeza; Pernambuco tem grandeza”. Para o presidente da Bagaço, só isso justificaria a importância do pernambucano que é Marcos Vilaça, além de toda a sua biografia.

Mais segura do que esteve em 2010, já que esta é a segunda empreitada da feira, toda a equipe de organização da Fliporto, juntamen-te com a Andelivros, afirma que os problemas encontrados no ano passado, referentes à área própria para lançamentos, foram solucionados e que, este ano, a esperança é que todos os elogios sejam dobrados, pois a divulgação vem sendo bastante assertiva e ampla. “Quando nós fazemos um evento com competência e seriedade, o sucesso é certo”, conclui Afonso.

É assim que a Fliporto trabalha: pensando sempre no bem comum, na mudança cada vez maior da mentalidade social, construin-do cultura e debatendo a literatura e outros temas de grande repercussão e importância para todos. Sendo um dos polos da VII Fes-ta Literária, a Feira do Livro representa um avanço no que diz respeito à preocupação de aperfeiçoar os leitores assíduos e buscar no-vos, inovando o espaço e contribuindo para um enriquecimento da cultura pernambuca-na nos arredores do mundo.

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uma nova geração de leitores

Quando era adolescente, o escritor carioca Zeca Fonseca vivenciou os anos de ferro da ditadura militar nos anos 70 e lia um livro de Olavo Bilac. “Eu deveria estar lendo algo que me fizesse compreender a situação pela qual eu e o país estávamos passando”, desabafa. Passados 30 anos, uma feliz notícia: o merca-do editorial do segmento juvenil vem toman-do fôlego e crescendo em publicações.

A tarefa é árdua em todos os sentidos: se-gundo a pesquisa Retratos da Leitura, promo-vida pelo Instituto Pró-Livro em 2008, a leitura em geral é o quinto item preferido de lazer dos brasileiros, perdendo para TV, música e rádio. Entre os jovens de 11 e 19 anos, não chega sequer a 20% o número de leitores de livros que não são indicados pela escola e a literatu-ra juvenil ocupa um tímido 11º lugar entre os gêneros mais lidos pelos brasileiros, atrás até mesmo de enciclopédias e dicionários.

A alteração do mercado destinado ao seg-mento de jovens e adolescentes, entretanto, foi percebida através do estudo Produção e Vendas do Setor Editorial, produzido pela As-sociação Nacional de Livrarias (ANL) em par-ceria com a Câmara Brasileira do Livro (CBL) e a Fundação Instituto de Pesquisas Econô-micas (Fipe). Em 2010, a produção dedicada ao público jovem foi maior que a dos livros elaborados para os públicos infantil e adulto.

Segundo Carolina Tavares, da Associação do Nordeste das Distribuidoras e Editoras de Livros (Andelivros), o aumento do público leitor se deve à produção mais direcionada por faixa etária. “Hoje são produzidos livros de acordo com o gosto do leitor e, com isso, se cria mais interesse. O número de títulos e os excelentes ilustradores atuais também são um forte atrativo”, opina. E é justamente nos livros juvenis que os assuntos estão mais per-to do universo dos leitores: temas como rela-ções afetivas e até mesmo a fantasia aliada à aventura marcam o gênero.

A lógica é detectada em fenômenos como Harry Potter, da escritora inglesa J.K. Rowling; a trilogia Fronteiras do Universo, de Phillip

Pulmann; ou ainda nas obras da escritora brasileira Thalita Rebouças, que já vendeu mais de um milhão de livros para o público juvenil. “A mudança do conteúdo e um texto mais usual estão trazendo os jovens de vol-ta à leitura. Os clássicos também passam por releituras através de quadrinhos e por leves mudanças no vocabulário para ficar mais per-to da garotada”, revela Carolina.

É justamente nos livros juvenis que os assuntos estão mais perto do universo dos leitores: temas como relações afetivas e até mesmo a fantasia aliada à aventura marcam o gênero.

E a tecnologia que tanto seduz os jovens? Será que os gadgets e suas múltiplas possibi-lidades vão afastar os jovens dos livros? A dis-cussão ganha corpo com o sociólogo espanhol Manuel Castells, que analisa como as novas tecnologias interferem na transformação do Estado, da política e das relações sociais e eco-nômicas. Por ora, entretanto, não há motivos para preocupação, já que as editoras estão se preparando cada vez mais para interagir com este mundo digital, onde o leitor não apenas lê, mas também escuta e até mesmo muda a cena, dando vida ao livro. E há ainda os escri-tores que se utilizam de plataformas de redes sociais para se aproximar dos leitores, como é o caso da própria Thalita Rebouças (@thalita-reboucas), de Maria Paula (@amariapaula) e de Xico Sá (@xicosa).

Outro trunfo dos livros em relação à era digi-tal é que, diferentemente dos adultos, as crian-ças e adolescentes ainda precisam desenvolver a área cognitiva, o que não é possível usando apenas plataformas digitais. “Acho que seria possível complementar a leitura através da tec-nologia, mas como desenvolver a escrita e o raciocínio lógico se não ativarmos áreas do cé-rebro que são estimuladas por ações como ler, escrever e pintar?”, questiona Carolina Tavares.

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INdICAçõES dE LITErATUrA JUVENIL

1. Até eu te encontrar, Graciela Mayrink, Editora Vermelho Marinho;2. 12 horas de Terror, Marcos Rey, Editora Global;3. Corpo de garota e o corpo da garota, Jairo Bouer, Editora Panda Books;4. Isaac Newton e sua maçã, Kjartan Poskitt, Companhia das Letras;5. Jubiabá em quadrinhos, Jorge Amado, Quadrinhos na Cia.

Festa dedica programação especial para adolescentes

Na edição 2011, a Fliporto inova ao dedicar uma programação especial com atividades vol-tadas para o público através do polo Fliporto Nova Geração, com a realização de quatro ofi-cinas de ilustração, desenho e criação literária, além de um espaço denominado Tenda Nova Geração, com lançamento de livros, blog, site, apresentações teatrais e musicais, além de performances e conversa com os autores.

Uma das oficinas será ministrada pelo es-critor carioca Zeca Fonseca, filho de um dos bastiões da literatura brasileira, Rubem Fon-seca. É a Oficina de Criação Literária, que acontecerá na Faculdade Focca, contígua ao evento, e terá vagas para 20 jovens. As ins-crições podem ser feitas no dia 11 de novem-bro, a partir das 10 horas da manhã, na Secre-taria-Geral da Fliporto – no Pátio do Carmo (na Rua Manoel Ribeiro, defronte ao Pavilhão do Telão e do Espaço Literário).

Para Zeca, a expectativa do curso é fomen-tar o surgimento de novos talentos. “Farei um workshop acerca da teoria e prática sobre o ato de escrever, a construção de um texto e, depois, darei um tema para que os alunos desenvolvam. Caso tenhamos textos interes-santes, quem sabe não poderemos lançar um livro no futuro?”, especula o autor.

A experiência em relação ao fomento de jovens talentos é intrínseca a Fonseca. À frente da Editora Faces, ele criou, em 2010, o projeto Berçário de Talentos, um concurso no qual ele procura jovens de até 25 anos que possam se tornar revelações da nova litera-tura brasileira contemporânea. A primeira edição da seleção rendeu ao público a obra Sexo para iniciantes, disponível para compra no site www.editorafaces.com.br.

Na segunda-feira 14 de novembro, ele tam-bém estará disponível para uma conversa com a moçada na Tenda Nova Geração, bem como promoverá uma tarde de autógrafos a partir das 17h. E para os jovens que pretendem se iniciar nas veredas literárias sob o formato de escritores, ele recomenda: “Comece pelos clássicos, pelos gregos, pelas tragédias, Sófo-cles. Os clássicos vão dar a base para quem quer escrever com profundidade. No Brasil, recomendo autores como Machado de Assis, Lima Barreto e Wander Piroli”. Fica a dica.

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la era digital na 7ª fliporto

Transformação. Atitude. Novidade. Além dessas palavras, há muitas outras que podem definir, unidas ou separadamente, um tema para a nossa realidade atual: tecnologia. Exa-gero? Parece que não.

Quantos de nós, em especial os mais ex-perientes, não viram seus filhos deixarem de brincar nas ruas para jogar games no com-putador? Quantos imaginariam que aquela supermáquina, com hardwares enormes que ocupavam tanto espaço, se resumiria a pe-quenos microcomputadores e, até, tablets? Enfim, quantos já não utilizaram, durante um dia inteiro, o próprio telefone celular para fa-zer de tudo o que a nova tecnologia permite por meio da internet, menos a função primor-dial que ele tem: fazer uma ligação? Tudo isso é fruto de um mercado que está crescendo assustadoramente e a cada dia nos mostra novas formas de ver, admirar e, até mesmo, driblar o tempo e o espaço.

A internet chegou. Aos poucos, foi con-seguindo seu lugar no mundo, fazendo com que as conexões da parte ocidental, cada vez mais rápidas, pudessem cruzar oceanos e se estabelecer em uma tela do Oriente. É o in-tercâmbio mundial. E é esse o desafio que a sociedade atual possui em relação à tecnolo-gia: “Fazer com que ela esteja em todo o uni-verso, na mesma intensidade e qualidade. No final da década, todas as conexões celulares serão digitais, o que significará smartphones com acesso à internet”, afirma o presidente do Conselho Administrativo do Porto Digital e cientista-chefe do C.E.S.A.R., o professor Silvio Meira. Até lá, continua ele, os celulares desaparecerão, dando lugar aos smartpho-nes. “Como em um passe de mágica, estarão todos conectados à rede on-line.”

No ano passado, Silvio Meira ganhou o prê-mio Faz Diferença, promovido pelo jornal O Globo, na categoria Economia, que o conside-rou uma das personalidades brasileiras pela contribuição dele para a economia nacional, destacando-o como “referência em tecno-logia e inovação no Brasil”. A ocorrência foi acirrada, com nomes como Abílio Diniz e Jor-ge Paulo Lemann, empresários de destaque nacional. Segundo o secretário de Ciência e Tecnologia de Pernambuco, Marcelino Gran-ja, o prêmio “é o reconhecimento à atividade de um gênio de Pernambuco, que dedica sua vida à área de tecnologia da informação e co-

municação e ao Porto Digital”. O presidente executivo do Porto Digital, Francisco Saboya, complementou: “O Estado de Pernambuco é hoje, graças ao Porto Digital, uma referência nacional e internacional em TIC e em desen-volvimento de softwares de classe mundial. E devemos tudo isso a Silvio Meira”.

A internet chegou. Aos poucos, foi conseguindo seu lugar no mundo, fazendo com que as conexões da parte ocidental, cada vez mais rápidas, pudessem cruzar oceanos e se estabelecer em uma tela do Oriente. É o intercâmbio mundial.Em relação ao comércio tecnológico, o

mercado doméstico de tablets deve ter suas vendas aumentadas mais de 260% em 2011, com 63,6 milhões de unidades comercializa-das no período. Esses dados são importantes para mostrar que até “O livro vira rede e a aprendizagem vira jogo”, tema que faz parte da programação do segmento tecnológico da festa, a Fliporto Digital. A inauguração do es-paço é no dia 11 de novembro, às 10h30, cuja abertura será feita pelo curador da Fliporto, Antônio Campos, com discurso de apresenta-ção dos homenageados Silvio Meira e Luciano Meira, este último integrante do Ministério de Louvor da Primeira Igreja Batista em Eunápo-lis e também do Ministério Semeadores. Logo depois, das 11h às 11h40, a palestra sobre o tema citado acima será feita pelos próprios homenageados, dando uma cara inovadora ao evento e trazendo ao seu público-alvo uma estrutura criada para unir o amplo cenário li-terário com as novas práticas tecnológicas.

Concursos culturais, que democratizam ações da festa por meio da internet, bibliote-ca virtual e um quiz de conhecimentos são as grandes atrações da festa, todos com prêmios de dar água na boca. O quiz, intitulado “Per-nambucanidade em jogo”, é a grande novida-de apresentada pela Fliporto Digital. Os candi-datos respondem a perguntas relacionadas a obras literárias de grandes nomes da literatura do Estado. Os trechos dos livros são extraídos da obra Pernambuco em Antologias, produzida na Fliporto de 2010. A etapa final será dispu-tada no encerramento da Fliporto Digital e os três primeiros colocados ganharão um tablet.

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Além do quiz, que acontece durante o evento, outros concursos premiarão candi-datos inscritos anteriormente, pela internet. Por exemplo, o Prêmio Internacional Poesia ao Vídeo, em sua quinta edição, vai premiar o candidato que apresentou o melhor poe-ma interpretado e editado em vídeo. As ins-crições foram abertas em nível mundial e a única exigência foi que o poema fosse origi-nalmente interpretado em português. A lista com o nome dos vencedores foi divulgada em 24 de outubro e a premiação acontecerá no último dia da Fliporto, na Festa dos Prêmios. Em sua segunda edição, o TOC140 – Literatu-ra no Twitter avalia a originalidade, a beleza e a concisão dos textos de candidatos que construírem os melhores poemas produzidos pelo microblog. A organização da Festa Lite-rária apurou, votou e divulgou o resultado de modo virtual. Os três primeiros lugares serão premiados com três, dois e mil reais, respec-tivamente, além de passagens, hospedagem e livre acesso à festa pelo primeiro lugar. Para completar, os trabalhos também serão publi-cados em um livro eletrônico.

Muitos já devem ter ouvido falar em litera-tura digital. Estranho unir polos que, aparen-temente, parecem não se encontrar? Pode até ser, mas acredite: isso já está acontecen-do. É como uma mostra da literatura fora da estante, que permite conexões, é potencial-mente hipertextual e multimídia. Uma obra de aspecto literário importante que aproveita as capacidades e os contextos fornecidos por um computador. “Dentro de um livro que está conectado, eu terei mapas, que podem ser in-terativos, eu vou poder ver vídeos dos lugares onde certos eventos aconteceram e muitas ou-tras coisas”, explicou Silvio Meira. Segundo o professor, existem dados mostrando que, nos Estados Unidos, no ano passado, a transposi-ção do livro para o digital teve um crescimento de 460% em relação a 2009. Um crescimento significativo de esferas, fruto da dinâmica, da inovação e da mudança de comportamentos de agentes em todos os mercados.

Em busca de juntar ainda mais a literatura e a tecnologia, há uma biblioteca virtual, plata-forma que permite aos visitantes fazerem do-wnloads de livros dos autores que participam do evento. Os downloads dos títulos disponí-veis na rede podem ser feitos por meio de apa-relhos digitais variados, incluindo celulares.

A literatura e a tecnologia são emoldura-das de formas distintas e tentadas pelo sa-bor da evolução virtual, tendo em comum a linguagem, que é a própria capacidade de expressão. Nas palavras de Silvio Meira, é a linguagem que define o tempo e que abstrai o presente. “Essa capacidade que nós desen-volvemos nos últimos milhares de anos de co-dificar a expressão falada cria para todos nós a possibilidade de você morrer sem morrer.” Ele exemplifica com Clarice Lispector, dizendo que, apesar de ela não estar mais entre nós, sua obra fica. E a partir do momento que co-meçamos a retratá-la de acordo com nossos determinados estilos e expressões, criamos a mágica da interpretação, de cada um montar a sua história, o seu mundo, o seu virtual.

A literatura e a tecnologia são emolduradas de formas distintas e tentadas pelo sabor da evolução virtual, tendo em comum a linguagem, que é a própria capacidade de expressão.

A Fliporto Digital acontece de 11 a 15 de novembro na Biblioteca Pública de Olinda, localizada na Praça do Carmo, em Olinda. O espaço conta com o apoio dos seguintes parceiros: Microsoft Innovation Center (MIC-PE), Joy Street (Porto Digital), Mix Tecnologia (Mix Leitor D), Gol Mobile (Nuvem de Livros) e Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência (Conade), que faz parte da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR).

O evento conta com exposições digitais in-terativas, em tela e em e-books, bem como disponibilização de jogos e produtos de vá-rios parceiros nos estandes. Além disso, em dois monitores LCD, o visitante tem trans-missão pela internet de todas as palestras da programação literária e exibição das edições vencedoras 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011 do Prêmio Internacional Poesia ao Vídeo e do TOC140 – Poesia no Twitter.

É dessa maneira que a Fliporto Digital de 2011 espera atingir níveis altos de satisfação e colocar o público em um universo de ino-vações que mescla literatura e tecnologia, transformando tudo em uma coisa só.

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fliporteandoJazzSucesso na última edição do Rock in Rio, a

cantora Taryn Szpilman faz um dos dois sho-ws gratuitos no Fortim do Queijo, durante a Fliporto. Dona de uma voz suave e marcante conjugada com uma teatralidade, Taryn inter-preta canções que vão desde o jazz, o blues e o soul até o rock in roll e a MPB. Seu talento vem recebendo elogios de jornalistas, críticos e formadores de opinião conceituados, como José Domingos Raffaelli, Luiz Orlando Carnei-ro e Jô Soares.

País tropicalQuem também sobe ao palco do Fortim do

Queijo é o cantor Jorge Ben Jor, que promete muitas surpresas em sua apresentação. Uma delas é cantar o hit País Tropical em ritmo de frevo.

Liberdade CrônicaA global Maria Paula também promete

causar frisson na Cidade das Letras. A ex-cas-seta lançará o livro Liberdade Crônica na Feira do Livro e conversará com os novos leitores dentro da programação da Fliporto Nova Ge-ração sobre os processos de criação literária.

dos Santos Precursor do movimento Cinema Novo,

Nelson Pereira dos Santos lançará na Fliporto o DVD Casa-Grande & Senzala, versão docu-mental para série de TV da emblemática obra literária de Gilberto Freyre. O lançamento será na Tenda dos Escritores, que ficará na Feira do Livro.

Hoje é dia de Deepak, bebê!A atriz Christiane Torloni é umas das cele-

bridades que fizeram questão de vir à Flipor-to para prestigiar a disputadíssima palestra do médico indiano Deepak Chopra no dia 11. Fã e seguidora do escritor, Torloni virá com o diretor de novelas Wolf Maya e ficará na Terra dos Bonecos Gigantes até o próximo dia 13, quando se juntará aos grupos Literatrupe e Corujão da Poesia para performance no Porto da Poesia.

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OrientalOutro nome do estrelado cenário do au-

diovisual que marcará presença na festa é o de Tizuka Yamasaki. A cineasta apresentará os filmes Gaijin 1 e Gaijin 2, que narram a saga de um grupo de japoneses que vem ao Brasil para trabalhar em uma fazenda de café em São Paulo. A escolha da película se deu por causa da relação da obra com o Oriente, tema da Fliporto deste ano.

Glauber rochaO cineasta Glauber Rocha ganhou biografia

assinada pelo crítico musical Nelson Motta. Intitulado de A Primavera do Dragão, o livro será lançado durante a Fliporto com a presen-ça de Nelson.

GastrôNada menos que 11 restaurantes com-

põem o circuito gastronômico da Flipor-to. Com o tema “Gastronomia de Gilberto Freyre: delícias do Ocidente ao Oriente”, o cir-cuito contará com grandes chefs pernambu-canos, que vão preparar pratos especiais para a festa literária. Será uma oportunidade para o público degustar comidas típicas orientais e ocidentais. Eis as casas participantes: Bar Bodega de Véio e restaurantes Beijupirá Olin-da, Oficina do Sabor, Don Francesco Trattoria, Patuá Delícias do Mar, Flor de Coco, Maison do Bonfim, Estação Café, Tribuna Sabores Ibé-ricos, Restaurante (Hotel) Costeiro e Restau-rante (Pousada) Quatro Cantos.

Segredos de Bin LadenNo ano que marca os dez anos do 11 de

Setembro, a Fliporto terá três nomes da cul-tura árabe, que estão entre os mais aguarda-dos do congresso literário: Abdel Bari Atwan, com mediação de Geneton Moraes Neto, que contará em detalhes os bastidores de suas conversas com Osama bin Laden, e Tariq Ali e Joumana Haddad, que conversarão com Silio Boccanera, que gravará na Fliporto dois espe-ciais do programa Milênio, da Globo News.

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programação do congresso literário

11 DE NOVEMBRO (SExTA)

ABErTUrA19h | deepak ChopraConferência Cura, transformação e consciência

12 DE NOVEMBRO (SáBADO)

Painel 110h | Frei Betto, em conversa com Bia Correa do LagoO processo da criação literária

Painel 211h30 | Marcos Vinicios Vilaça, em conversa com José Paulo Cavalcanti FilhoGilberto Freyre e a amizade como uma das belas artes

Painel 314h30 | Maria Lecticia Monteiro Cavalcanti, Claudio Aguiar e Kathrin Rosenfield, com mediação de Valéria Costa e SilvaOs textos sobre sabores e o sabor dos textos de Gilberto Freyre

Painel 416h | Shigeru Suzuki, dilip Loundo e Marcelo AbreuOlhares cruzados e compartilhados: do tradutor e do viajante

Painel 517h30 | Edson Nery da Fonseca, em conversa com Humberto WerneckGilberto Freyre – um grande sedutor

Painel 619h | Conferência do poeta Derek Walcott, Prêmio Nobel de Literatura

13 DE NOVEMBRO (DOMINgO)

Painel 710h | gonçalo M. Tavares e Fernando Báez, com mediação de Nelson de OliveiraComo e porque sou escritor

Painel 811h30 | Silio Boccanera, em conversa com Geneton Moraes NetoTerrorismo real e fictício, antes e depois do 11 de setembro

Painel 914h30 | ryoki Inoue, Nelson Motta, raimundo Carrero e Joca Souza Leão, com mediação de Maurício Cruz Aventuras e rotinas da literatura: as múltiplas identidades do escritor

Painel 1017h | Mamede Jarouche, Ioram Melcer e Edwin Williamson, com mediação de Rogério PereiraAs 1001 noites (d)e Jorge Luis Borges

Painel 1119h | Tariq Ali, em conversa com Silio BoccaneraA Síndrome Obama: rendido na própria casa e fazendo guerras no exterior

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14 DE NOVEMBRO (SEguNDA)

Painel 1210h30 | Nelson Pereira dos Santos, Guel Arraes e Tizuka Yamasaki, com mediação de Alexandre FigueiroaComo o cinema reescreve a literatura

Painel 1314h30 | Fernando Morais, Leandro Narloch, com mediação de Samarone LimaAmérica Latina: para além do bem e do mal

Painel 1417h | raul Lody, Fátima Quintas e João Cézar de Castro rocha, com mediação de Kathrin RosenfieldGilberto Freyre lido com paixão: as raízes das admirações e rivalidades literárias

Painel 1519h | Joumana Haddad, em conversa com Silio BoccaneraQuem é a nova mulher árabe

15 DE NOVEMBRO (TERçA)

Painel 1610h | Vamireh Chacon, José Carlos Venâncio e Angel Espina Barrio, com mediação de João Cezar de Castro rochaLusotropicalismo é ciência ou literatura?

Painel 1711h30 | Cyril Pedrosa, Walther Moreira Santos e Frederico BarbosaImagem, palavra, impacto: poesia, prosa de ficção e HQ

Painel 1814h | José roberto Teixeira Leite, Jacinto Rego de Almeida e Manuel da Costa Pinto, com mediação de Samuel LeónLiteratura, história e imaginação – o vivido, o fictício e suas fissões

Painel 1915h30 | Alice ruiz, Sonia Sales e raimundo Gadelha, com mediação de Marcelo PereiraO Oriente é aqui: formas e inspirações do Japão e da China na poesia brasileira

Painel 2017h15 | Abdel Bari Atwan, em conversa com Geneton Moraes NetoA Primavera Árabe: o que está certo, o que está errado e no que isso vai dar

Encerramento19h | João SignorelliMonólogo teatral: Gandhi – um líder servidor

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Desde 2004, a Fliporto encanta o público de todo o mundo com as temáticas aborda-das e a organização desde a chegada de cada pessoa até a sua saída do local. Em 2011, nada é diferente. Olinda prepara-se a todo vapor para receber o maior evento literário do Brasil e fazê-lo ser reconhecido cada vez mais não só pelo espetáculo que apresenta durante os dias de pura literatura, mas tam-bém pelos serviços prestados à sociedade brasileira durante todo o deslocamento.

É pensando na segurança e no conforto de cada cidadão que prestigia o evento que a or-ganização da VII Festa Literária de Pernambu-co, em parceria com a Prefeitura Municipal de Olinda, fez um esquema todo especial para o percurso do início de Olinda até o local da festa. Isso garante a presença de todos, sem a descul-pa de que não há meios suficientes para os que estão mais distantes ou não possuem carro.

Para quem vai de ônibus, por exemplo, o Grande Recife está preparando um reforço em 25 linhas que servem ao Sítio Histórico, local onde acontece a VII Fliporto. Mas um alerta: “Nos dias de pico da festa, que geral-mente são o sábado, o domingo e a terça-fei-ra, o acesso ao local será restrito na altura do Complexo de Salgadinho”, disse o coordena-dor executivo do evento. Como essa área é de jurisdição do próprio Estado, ele determina que o Batalhão da Polícia Rodoviária Metro-politana opere com o esquema de trânsito fe-chado, para melhor segurança dos transeun-tes. Assim, neste trecho, nos dias de pico, só podem seguir em frente veículos de morado-res de Olinda ou os que transportam pessoas idosas, deficientes ou com dificuldades de locomoção. Os moradores devem apresen-tar um comprovante de residência. Os outros três grupos apresentam o caso específico aos agentes de trânsito no local da barreira.

E os motorizados? Um sistema de esta-cionamento com mil vagas para quem vai de carro está instalado no Complexo de Salgadi-nho, mesmo lugar onde funcionou o Cirque du Soleil. Além de uma praça de alimentação, há um serviço de micro-ônibus expresso no local, os chamados “Shuttle Service”, saindo a cada dez minutos para ida e volta do evento. O estacionamento custa R$ 5,00, indepen-dentemente da quantidade de pessoas nos carros, motos ou ônibus, funcionando 24 ho-ras por dia. Tudo isso foi pensado para aque-

las pessoas que desejarem estender-se um pouco durante a programação, aproveitando os eventos festivos e a gastronomia de Olinda depois das 22h, já que as atividades literárias terminam neste horário.

infraestrutura na cidade das letras

Um sistema de estacionamento com mil vagas para quem vai de carro está instalado no Complexo de Salgadinho, mesmo lugar onde funcionou o Cirque du Soleil. Além de uma praça de alimentação, há um serviço de micro-ônibus expresso no local, os chamados “Shuttle Service”, saindo a cada dez minutos para ida e volta do evento.

E o que dizer sobre a segurança? Para um evento com a magnitude que tem a Fliporto, seria necessário apostar em uma máxima se-gurança para todas as pessoas. E é isso que está acontecendo. A cidade tem o apoio de 40 agentes de trânsito da Guarda Municipal e outros 10 agentes do Batalhão de Polícia do Departamento Estadual de Trânsito (BP-Tran). Além disso, as Polícias Militar e Civil, o Corpo de Bombeiros e uma delegacia móvel também dão suporte ao evento, empregando maior segurança a todos em vários pontos da cidade e dos seus arredores. Tudo isso em fa-vor da previsão de engarrafamentos, da pre-venção de acidentes e de qualquer outro pro-blema que venha a atrapalhar o andamento da grande festa. A Fliporto conta com ambu-lâncias estabelecidas no local para o caso de acidentes ou qualquer fatalidade. O sistema de transporte de táxi municipal também está tendo um reforço nos pontos da Praça do Car-mo e no Largo do Varadouro, em Olinda.

A cidade olindense e todos os locais de acesso à grande festa estão com uma cara ainda mais bonita, pois já existe uma ilumina-ção diferenciada. Todas as lâmpadas queima-das foram trocadas e novas instalações foram feitas, reforçando os pontos de luz e permi-tindo aos indivíduos um excelente campo de iluminação para o resguardo ainda maior da segurança pública.

Em relação aos ingressos, os preços foram fixados da seguinte maneira: R$ 80,00 é o passaporte geral, em que a pessoa poder ter

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acesso às 20 palestras apresentadas durante o evento, exceto a abertura, e R$ 10,00 por palestra. Estudantes, idosos e professores têm um abatimento de 50%.

Nas áreas do Parque do Carmo e do Sítio de Seu Reis, estão implantadas três baterias de banheiros químicos, totalizando 22 unida-des, sendo dez para o público masculino, dez para o feminino e os outros dois para o infan-til. No Sítio de Seu Reis, as pessoas têm limpe-za e manutenção durante 24 horas de todos os banheiros, químicos e públicos. Os banhei-ros públicos servem como depósitos na cida-de olindense, só sendo abertos nos eventos requerentes, como foi o caso da Fliporto. Os garis estão sempre a postos, tudo em prol de uma cidade limpa e agradável para abarcar os amantes da literatura. Os polos do congres-so literário, que tem a Feira do Livro, a Eco Fliporto, a Fliporto Digital, o Cine Fliporto, a Fliporto Criança e a Fliporto Nova Geração, estão sendo distribuídos por essas áreas.

A Eco Fliporto, novidade deste ano, com-promete-se a reduzir a emissão de gás car-bono durante a realização da festa. De que maneira? Por meio da doação de mudas de baobá, a árvore homenageada do evento, e de outras nativas da região, como pau-brasil, totalizando 1.350 doações. A importância está no fato de a planta reter gás carbônico da atmosfera e liberar oxigênio, transforman-do tudo o que é nocivo no ar que respiramos. Tudo isso porque há sempre um volume enor-me de resíduos gerados no evento, como pa-péis, vidros e a própria energia elétrica. Com a ajuda das mudas e a organização de cada

SErVIçOGrande recifetelefone: 0800 0810158 e-mail: www.granderecife.pe.gov.brTáxi – recife (24 horas)telefone: (81) 3419 9595 Onde? Olinda, Ponto do Carmo

pessoa, ajuda-se a reduzir a quantidade de gás carbônico na atmosfera e a fugir do efei-to estufa. “Isso é uma estratégia global e, em muitos países, empresas e eventos têm aderi-do a essa causa, mudando o estilo de vida e o modelo de negócios”, afirmou a coordenado-ra executiva da Fliporto, Leila Teixeira.

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1 Pórtico ( Av. Liberdade e Rua Manuel Ribeiro)

4 Espaço Literário5 Pavilhão Telão6 Secretaria7 Sala de Imprensa8 Espaço UBE.9 Espaço Sebo

11 Ilha de Stands12

13Cozinha Show

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Fliporto Criança

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Fliporto Criança - Oficinas

17 Tribuna Livre18 Pórtico CINEFLIPORTO19 Pórtico FLIPORTO DIGITAL

3 Totem de Praça 2 Pórtico ( Praça do Carmo)

FLIPORTO DIGITAL

Nova Geração

Espaço Zen

Informações

27 Estação Alimentação

Prefeitura de Olinda

Stand Instituto de Cegos Antônio Pessoa de Queiroz

Quiosque Fliporto

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Feira do Livro

10 Espaço Cordel

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Rampa

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Depósito

DepósitoWC Fem.

WC Masc.

sanitários

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Pórtico ECO FLIPORTO22

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29 Stand Patrocinador

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Estrutura Fliporto 2011Novembro 2011

21/04/2011 01

Carrinho de PipocaCarrinho de Picolé

Carrinho de Água de Côco

Cerca modulada

Área para AmbulânciaDelegacia Móvel

Sanitários Químicos

Map

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MAPA dO EVENTO

Nas áreas do Parque do Carmo e do Sítio de Seu Reis, estão implantadas três baterias de banheiros químicos, totalizando 22 unidades, sendo dez para o público masculino, dez para o feminino e os outros dois para o infantil.

Só para lembrar, a VII Fliporto, maior even-to literário do Brasil, será realizada de 11 a 15 de novembro, na Praça do Carmo e no Sítio de Seu Reis. Conta com atividades literárias, gastronômicas, culturais, artísticas, ecológi-cas e atrações voltadas para o público infan-tojuvenil, além de novidades que fazem parte de todas as edições.

Com uma satisfação de 80% do público na edição passada, a meta é que esse nível de porcentagem seja o mínimo deste ano, já que a expectativa de público em 2011 é de 80 a 120 mil pessoas. Com uma infraestrutura montada para servir bem a todos e a preo-cupação com a melhoria do nosso meio am-biente, será difícil a festa não ser um suces-so. No maior evento literário do Brasil, que acontece na Cidade das Letras, tem de tudo: consciência, organização e alegria para todos.

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