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7/23/2019 Revista Pirmide N2 1964
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2/24
P IR M I E
a
n
t
o
J U N i Q
not c a
a quem 'inquiriu das nossWi
lofon.
.es, 1ai.em
os sab er que:
Da irnQos$ jbiiiC1ad_e de .s.e
di.Zc;rem
mefa
dzia de
coisas,
com
seriedade
,
d ~ a S o
b r o e ,grandeza, nsceu a a1ta
de n c o v i m n de
g ~ r e s
c j a r ; u n ~ t e
qoume,ntada
na
rnis.da
moral e
~ P i -
ritual
das c:cia:turas.
A por>ta
da
.sociedade; enGont.i;a,
se
a
banu.e.r ve.
rmelha
do
L
eilo.
L dentro
os ba:nqueros l evm p1aa a alta
di-gqtdac 'e do
ser.
humano.
A p r
Mnte
:Anl'oJQgia
a:g
i.
J:
; supomos
me
.rt da s.oa c.9 labora:o, contra a: e
p r e d . a ~ o des primrios
v.alores.
~
o
*
g
a
M . I
L9 9
sumr o
Caos.as do
Determinismo
;\ntropli
IiCQ
- l\ tximo Lisboa;
Poema - Herber
to
H e
ld
er;
Poema-Co
lag
em
-
Jo
s Car
los GDlli
4 il'emas -
Seii. 1
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:nui
1
xJ Do 1 isboa
t
iis
pt1hw
rcw i f . u a i
Ernes'to
Sam
paio
De Jaeto ; h4 rat .es para Cq.i:arr:zs i10.s .nv.t?,r-
gpn.Ti(li;flios . qrl{lndo a n e r t o s n : e r ~
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do-se mais vio1cntamente
na
m a s s ~ 1
do p
blico ledor, que no podendo fazer outra
coisa, oompra, aceita, e aeari"nb'a, as rpeclio
cridades da realidade portuguesa, literria.
Entretanto esta realidade por mais estra
nho e
paradoxal
que parea, toca cfarinete
e
saxofone
, conforme o tempo mais prop
cio,
dana na corda
, s vezes, util iza negros
de
tanga
,
bebe
para
esquecer, e frequenla a
J?rostituio.
No sera pois de
estranhar
o desnortea
meoto literal em que o pblico c
au.
ac;a'
bando por se dividir: e. tomando a audcia
de propr opinio, defender ou atacar J>Cr
sonalidades e Sistemas de Experincta. de
que
jamais
teve uma
noo
a proximada.
E ainda. atravs daquela realidade quan-
tas outras 'lu:neaas de cretinos, s
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er
.ertio
helder
O
4
.Eecuntl.O ms 1d.a
ofer.ta
ende
ii):Yf :
ilurtha
a h r , i ~ a _ . e a loucura desperta a ura esl?'ada
em
. pleno
sangue.;
:6 v,
a;Sto,
amargo e limpitlo m ~ 1 .er.ibr
onde
.a. r a ~ a
se
10ea
do
f o ~
e
;o
corpo
se
torna o
casto
e
kmg{)
va.J .o
de musica.;
esca; de se-iva
entre
arbustos
de
estrefas
e cu.b 11s de
fundamente
agit>ctd0
em
meu
c o r a 1 t ~ f o de
ar.gila, em
,mnh_s veias
. e
pe
.quena iifncJa e.spa;ntarda e g r a t a
e .
QO
onde, stibirufo,
me
. incenclcio
e
eofisumc:i,
e purllico. as .rrit>s .espessas
e:ie bp:e.Id macb.o.
~ E n f a r r t o ms tielicado para uma.
cdw
la
de n:vem. p a r ~ um vivo
t r : ; l l l ~ p . o r . t e
de vex:de tera ura entre m:amas e coxas
feoriruas.
E
entre
-a,
arei,a
e
a,
lama
se desctibre
a
feia, se 11er:e a mem6r.ia, se possui
uma
es't:r
.eita pailavra v.Uigem e
extcem.a
con1Q
uJl
b.g0 de v,eneno, um
clice
d ~ ' l i l O r t ~ .
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hde. mesa. kde, i n ~ t r u r n e n t o
e
prrofuna
ms.c'.
r d ~
vinl:i.o.
C a r o ~ ,
a.ve,
gmnde mar,
_rande
0 . S t ~ t u a frift'
' '
grande
sar.riso d s f ~ i t o
lia
f p . ~ da sp-):ido.
M
de onde
nastm
os bh0s
biios e a voz
'das catedrais cte.
r.esina ,.
e o
flanco
terrvel e
doce.
ds
mo.ntarih
e o .
amor
irmo. d mbrte ' d a:legrfa..
Ms do. poema. substncia de
b e u s s e r v l d a
com0
ceia
e
primeira
pe.dra:
1
no
espao
da
:minba ll)lgsJa, ..
do meu elica:nt.o.
Suave n's do 1ncest0 ,
sujo
tempo
:da .gelada rpureza aonde a J'a desce
suas.
r.zes
f
lJ'0zes
e onde a morte anuncia
seu
,S primeiros sinais
d e g]'tia. .
E eu cfor.D:lU.t.. o sangtie atravessava .a n ~ t e
como cantando
bai:xo,
0 insfinto
etwolvi'a1
o punhatl
e o 1.f ut.
Ts
sobre
=a
ateno,
fores
m ~ m e esfriav
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jos c r los
g o.n
zale i
UM
PO lO
ESQUECIDO
A :NVESTRA L
~ I A U JACARE
QUE SE
ERGUEU NO ESP O
D
JNRCIA E FALTA DE INTERESSE
APATIA E NEGLIGNCIA
DO
. PA
R L O
o
DE
L R M
EUCTRICO
a nica sobrevivente
P R A
D
EFES DO FILHO
sozinho
PT
A
DESEMPENH R
O
PROGR M DUPLO
VS NDO COMO
RM
UM SlMPLES
D (
DA.DO
2
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se n ca m e q
POEM S
e
p ~ n s Q ,
em quem .so.u me es,tranho;
Se fico,
h sempte um sonh:c:
amarlanbarl.o n.o espjrj tQ;,
Se fiijo,
h1sempre uma ra2o
que ~ l q ~ ~ s0brn 0 a b i s m @ .
E
ass.l:m
se
m cpns0roe a v0ntade
1
inutilmente.
As 'fk>res e>Spemm
~ e i q u i t ~ ~ o
0$- se xcis
e x p q S . t o - . S ~ as ~ O l e l a s
rumidas.
E- sopr i o v,ento. E cai ar Gbuva.
A inquiefa:&.o est toda
n:o CQ 'a.0 Q
h0mem,
onde a alma tm
P r ~ da ttagdia.
Meu
;
S meu,
0
fim
c
eyt'o
gne
t ~ n h b .
O mais
- pueritJ
agita.o
em
torno ('.te
min,:i,
jogo de pensar
em qtre a
Y.ontade
se iiuele
e, em' si,
a irazo. se destri -
n ~
0 poS"suo.
Este desa.jusfu:nenfo
et)ill
a vida
QU
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9/24
c r s lou
res
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F ROL BRETO ei>tU
'd) Amacie
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v i
io m a
rt in o
obre
literatura de alguns
propsito do Movimento
7
H
m
processo quase sempre
a
propsito
para se
verificar
da
autenticidade
dum
movimento literrio:
so
alguns anos
de
literatura.
Quando
este lapso
de
tempo tolera o
seu
mltiplo ou m.lliplos .e
cria
imitadores nas geraes seguintes,
a
autenticidade evidente
e a
probJemtka
o o n
~
o
rigor
adequado.
Neste
caso
~ t Orfell>>
nes,te caso
no
est fl
.P
resena.
Porque
queremos tentar
a
pr.o-
fecia llegamos Jonga vda
acluante
ao Movimento
57. Rpitlamente
vamos
explicar as afirmaes
enunadas:
o Orfeu peTdurou porque nos deu
uma
revoluo literria; a Presena morreu porque
q1 1is
e imps
uma
espce
d
vida tipicamente psicolgica; o Movimento
57
extinguir-se- pois se apresenta
essencialmente conservador
t
catedrtico. Posso daqui inferir
que s
com revo
luo, falo
em
tel Illos
de literatura
bem entendido,
existe
afirmao e continui
dade.
Cremos que o
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.:
t
< + ~ ' 'I.
nJ ,,..,_ 11. T } . L
t '
que Ja es escn""" Oll o Ya:t ser iP'iiI m w t ~ s vwos e ...,guns
m ~
~ o s . ,,,,os. a>rg:i;a em0s
-simente a fornrnlao, a mateIIit'ea e a:s i n t e n ~ e s ..
t ocj:.oso
d i . i : ~ r
que-0 -pvo,
J >PFtugu&. j se i:nv'lltQ
.u
a si n t . . e s m :
~ e s
c b l b ; e n d o
o destino que 1.lie ~ r . a ptciipr.io e:
_RGSSiv.el
: Caa:gicfo, literriamente,; _para .o rei:n:ven
,tar, o inesmo
que
su:bstuil0, .cm d _ e s y i - 1 0 ~ do .eu qa:nii:n:qo e ~ a c . t o . Se o seu
desti.rip 3 ; I l ~ i g o foi glpr_osQ e ~
a d r ,
o o t u a J -
aJJ:nI
a
~ e 1 1 d a l . e i r
d1:a'le a
'dec
i
foat,
se
no
'
brilhante
nem
activo
,
por
que-
0s
elementos
.
ellL
vre,sen ;-a
no
se
coaduna.m
com
as
l t ~ t e s ,
f fcil pal'a
a,plaudir e sugerir
e q i o ~ e s
que "ger,almente s e r v
~ m
cle
front1$peio
a o ~ aotqs
hei:.i
cs e
:s
Qarnilicina::s l \ ) U r n f i c a n . f ~ s t'ema:s
J?rS>p
.
riO's
de ~ a ~ a l e i ~ e
g e n
t i ' s - Q Q ' m ~ q s ,
cpny,enha-se, mas
de
resu1fados
d-tryi
-dosos. sotl o
ponto
de vis-ta cl.tural Entre
ns a -ave{ltura desse Jie.roismo d ~ a
p u r i f i a ~ 0
t ~ m o devJC:lo ~ a l v o
c o n d u t o ,
e e ne:s.t:a>
me
,ilipa que o e.n:o fu.ridap:ient'J19:a f f a v e g ~ o se e n t i Q n ~ . . n o a t o - d e f ~ .
embota
'
.idatle
~ f a .
e s t r a t ~ g ~ a
seja provla e
os
seus
participantes
relq:uias
O ' ) s ' t i e a s . 0.ra se ex.iste uma e:spde ( e.ptria em ,jqgo i .ou e ~ t
o t Q : d i l S ,
ou no
est .nenhuma:.
Q AfQV.iment0
51>
onsi'd.era pnto';
de
honra a oFiginalidade,
(ia:
e d a ~ 1 . ' C i l
filosfica, e ferTia. Bxistem i:111itad0res
_pl lrtugueses
a.Ss.im coma imi.tado.res ch
u e . ~ e s
p e n s ~ Q
q u e ~ imfh1.d llr
n;o
cpa.Z
de
o
d ixar
de
ser. Pelo
enunciado
q u ~ r \ \ - m p s l ~ - : - v a : u ~ a r Q prt>blema tla e - x i s t ~ n e i a l\lum
pE0eess0
p:or'tugus de esc,rever
e :pensa.e. A:g0ra
. noss posio. neste assunto:
oo
somos-
p
la i:mitaij:o J:>.o.rque
consideramos
0
imita'dqr,
em
qualquer
latitude
do
muntlo,
medocre:
Nro
~ a m o s
p,o.t um. isotaci.onisro. culturl porque cQnsideramos -piais importante ~
li0tnem
d0
que.o
.as fronteiras
que.delimitam as
viagens desse h.om,m. So;nos po.rfant0 pela
a
0
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fuso R e r i ~ p s a das Jcl;eias e ds mit0s Por esta raz'Q_. :e
po
r ca,usa da fqsofia..
atirme> : em matria d:e p.eJ:Jsamento e de f o r ~ ~ t i a o i : o , n a : nlfb fi. aideia possvel.
0 home.m de .
exemplo., aquele.
gue atin'giU, .o
mximo
no e.0.:hooimento e:-na ex
presso, torna-se
uma figura rep,resentativa
uniY,et-sa'l, no 'bstante
o o o n i o i m ~ -
mento a que
fo.
e est sajejto, pelas entJdae.
eirQ
.
e p .PJ.fessqr catedrt.rco . Quero dizer q.ue .a I)aioal,idade ou a
t t a d . i ~ o
ealtutl
duu1
pov
.0. tm a
im_p:ortnci'a
q.ne ele descobre gue, tem. :Esta descoberta a
matria
q.
ue :o homem de ~ e m p l o furlfu e
recriou,
no. exactapJente
pata gl
,.ri.a
d:s
seus
compat:o.tas, mas .:para ati'nfilr uma Verdade que
ele :sao
,eJf:.iStente n ~
reiu0
morfica:d0, dos
1
human
os.
Se um.a elite .u l m: plebe, guer
ass'
im u ni>,
quaisquer que s e j ~ m
s
fins :em vista. o estrabismo evidente: e o mau
Jteito
a:eessjve1
a 1 odas
:asmar,inas.
Este estr'bismo e.x
iste tanto
nos
eXeomlingatlps p
,0'Sit
i,
vistas, nome .genrico. que 0
.
57>>. usa e. abusa dar : t0da a gehte
que
nfo lhe
~ e r t e n c e ,
como neles
prprios os
n a
v . ~ g a d o r e s
espi'tltuali.Stas:
Apenas
por U S \ l desta . n ~ v 1 1 g a ~ o ten10S de .insistili sobre o , tema
e
dizer;
.Siw
.erficiaJ a existncia 'de mitos 'estrietame.nte nac.ionais;
tlsMitaiJizante
qnei
esc'ltor se
J f o g i apenas rela.ciona
Lopes, qe am
cr:oo
ista po.rtqgus, na.da tem a ver eom
Ea
de
ueirs q.ue outro c-ronista
francs,
e:o.ofrme alvittarfa, .o lgicamenfo
arbitrada, sem .sujeies
n ~ e.Qnclk:io.q,am:entos. 'Este
estad@
i'deal de per.111,a11ecer .
tem
a
SJla
QrigeJD
em
factt;res
ae
((alma
ql.)e
> t e ~ e
espiri
u a 1 i s t
a q u ~
se:
grcef.ere
quando
p.rito
da
Qtr-ia
vai
decaindo. A .pergp.nta n s t ~ Que p'tt'ia
1
ou que
filosofi
'de .patifa.
~ ~ t a
dec:,ail'.'?
Em .branco a. r e s p o s t a ,
_por
cau'sa. Ll a e x t ~ n s o e do. perigq que
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ncerra. Noutro sentido, afina o mais importante, a maneira de preferir psico-
logicamente uma ptria
que
parece estril na actualidade. sobrevalorizndo a
fora
que
se criou nela em dado momento epopeico, para se explorar, scu1os de
pois, uma alma existente, para
fins
doutrinrios: e pedaggicos. Este o
easo
mais
notrio do Movimento 57. sendo-o, o fantasmagrico. est presente e perfeito
para
se elaborar
uma
tese rcica
sem
ser racista nas 'frmulas. um imprio filos
fico e
lite11rio,
apenas
porque
se
intui
da
a u s ~ n c j a
dum
real eficiente
que
gere
filosofia e litera:tu:ra si_11tomtico 4ue ai pesia seja a pedra mais imp.ortan1e
deste movimento, embora imponha e apenas aproveite uma determinada maneira
dela:
aquela que
canta abstrusamente a histria, a rnontallha e o mar.
Apesar
desta preferncia
e
desta poesia, avisamos, que para
o
Poet.a e para a poesia
do Poeta todo o cuidado pouco. por
ela
ser a anttese. muitas vezes sem parecer.
dos valores considerados tradicionais ou sagrados. e o seu mais cruel
i.nim.igo.
por conter em
si,
o absoluto revolucionrio dum Futuro quase sempre especials
simo e perigoso. O Poeta . por condio e lei. sempre outra coisa.
Convencidos de
que
a histria no
para se
recapitular e ra,ramente
para
.
servir
de
exem1Jl0, julgo
que
os artistas e
os
intelectuais no
podem
regressar
a0s mitos hlstcicos, sem correrem o riso de
se
transformarem
nos
coveiros
conscientes de si m e s m o . A insistncia nesse r,egreso define uma mrbida ten
dncia
para
revesti.e fantasmas e dourar dolos
h
muito ineficazes, define a i n d a
uma espcie de ociosidade, aquela que ignora deliberadamente qual a grandeza
ou a misria em
que
se debate um homem ou um povo.
Neste sentido, o mais
dramt
i
co
de todos eles. a validade do desejo de
cada
um
apenas
urna evidncia
para
esclarecer. pois. se as intenes
so
sempre
sublimes, oo obstam que antes ou depois detas
no
surjam as pequenas ideias da
infncia ou
as
outras
da
mall.ur.idade,
ambas
jirovvelmente esquisitas quando
tratam o destino das
p o p u l a e ~
com aquele
vontade caracterstic0 .
do Mo-
vimento 57, sem ao menos auscli'1tar a :actualidade dessas popufa&es. Este
esquecimento. se ci
no
vazio, por nada lhe dar fora actuante.
tem
a virtude
de
localizar
os
gr-andes e os pequenos labirintos
que
sempre equacionam os inte
lectuais. quando para consolo pessoal ou nacional
se
dedicam
defesa obsessiva
do Esprito. Esta dedicao,
se
recorda deveres e levanta brilhante.s problemticas,
gera tambm interpretaes apressadas e situa"es ridculas,
quando
aos objectos
em
presena
se
exagera a sua
importncia ou
o seu rigor. O melhor escritor, o
melhor crtico,
melhor
leitor, sabe.
que
a cultura portuguesa tem a importnci.a
que
pode
ter no conjunto universal. O .fyfov.imento 57, pretendendo ignm;ar esta
ll)po11tm:ia, su
1
listjtue-a 'por outra. dn'd0-lne 'a forma e a substncia ade i}i;tada'S.
a fi'losofia, ou a literatura do milagre,
para
a efabu lao do sexto imprib.
V a ~ e n d o m e de Fernando Pessoa. mas no exactamente, parece-me que -depois
da lndia
muitos portugueses retiraram-se para a provncia mas
no
ficaram l.
Virgllio artinho
28
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ntro pinhjro goim r s
SIBIL
Um grito
surgiu
na noite
da Grcia
Antiga
o era um deus que gritava> era Ela.
Lmpida
com0 a gua das fontes.
Pura
como a terra.
O grito da Sibila
O grito da me terra? Ou o grito
das mes da terra? Ou
o grito
da tua
ou
da minha me?)
O deus nunca grita, faz
gritar.
9
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saJdao ha da gama
,
7/23/2019 Revista Pirmide N2 1964
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mia n ;o e 1 d e e a s,
110
noit esta l q u i d ~ t o c l u s ~ v e g ~ t a l
' am"
cr.po iongiln0
e desmembllado
.flui
.
omo
um
J'
de
:;
i
nl.e Sm
.
all ieio
fl
cri
e
en dJ
.
ve
presMind0 crcetes
a ppite .
tem
hoje ma mltitude .espooia:1
com aves nt1grejando
)entamen'te
neste
desintegraNe .tje
menil
e eu s0U uma alucini:to ritmica
com um tempo
corp6,re0
a devort
um
m ~ r
exc$si:v:a.meilte q u i ~ t Q na trabea,
e x e e s s i v a : m e n t ~
m.uswlar :e' l''cido-
a
n0ite
_
distribu_i
ye4aQS
de
l
a ~
fa.rrap.os . .na ill.aonseJn-ci.a
d o : ~ p;dios
sobre a cida'de a
c ~ d a d e
a
c i d a d ~
lou'ta
que desva f0u .lli\S mibbas .mos nos d.edos
po.ssuda
e. 11m candelabro antigo,
a
p i t i r ~ s e
um Thntpario
c ~ a l i n . o
11utilante
_
a qQeQl'.arse. com s'bi.tos s t i l l i a ~ ~ pla n i t ~ f o r ~
viajo
n i i : i a ~ e n t ~ p1p p_s.saclo
na
o i ; g ~ z a
de i:+m }og
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18/24
ntn
i o s forte
QU SE
QUASE
1
DISCURSOS
VEEMENTES
Eram enorm:es, tentaeulares, e
sua
pass:gem
a noite ficava dividida ao
meio: num lado eram lanados .os velhos e as crianas, no outro os corpos dila
cerados dos amantes.
Contudo, podia-se escolher. s generais tinham providenciado nesse sentido,
mantendo abertos ao longo das avenidas, grandes postes de abastecimento para
suiddas. Havia quem se suicidasse escrevendo
um
poema. como havia quem se
suicidasse olhando simplesmente para o mar Qualquer coisa flutuava, a certas
horas, ao redor das bocas,
e
era sangue ou labaredas. nunca se sabia bem.
ra
s vezes uma flor n,a boca duma crfana.
Uma noi te uma mulher estendendo 9s ,braos para o horizonte, lan{ l;u de
s&bito lUJ,1 grito Janei:nante: A
VTES Mas
era apenas um bando de gaivotas e
ai
mulher teve
de s r
enforcada. Tais enganos constituiam segredo de
Hstad0
'. certo que no havia presos polticos. A poltica tinha sido abandonada
por todos, estava reduz.ida a
um
monto de
ca:beas
petrificadas.
A caa aos Iatos, nica fonte de sabedoria, tornara-se quase geral Mas
era preciso apanh
-l
os vivos.
1
Ento extraiam-se cuidadosamente as entranhas com
o auxilio de pinas, e aos olhos fascinados dos e.studiosos patenteava-se, naquelas
formas horrveis e sangrentas, tudo o que restava dos discursos de Zaratustra ou
de Alice no Pas das Maravilhas.
ra no tempo em que os generais falavam: passavam bicicletas arrastando
cabeleiras e togo
a
s_guir ao armistcio houve o s.uicdio em massa dos .rf:0s do
Saldado. Desconhecido. Apareciam e desal"areciam coisas. Apareceia de vez em
quando o rapaz- do: trapzio voador, desaparecia a horas mortas, entre os lenis,
uma grande guerra de covpo contra corpo.
Mais ou menos por essa a.ltura a descoberta pelos astrnomos dum sapato
na
aurora boreal
~ o u
o pas em discusses verdadeiramente acadmicas. que
os fabricantes de calado aproveitaram para lanar no mercado
um
novo modelo
de patriota: o Patriota Pneumtico. Funcionava assim
2
Fa
lmos tanto ou to. pouco. que de nepente
O
s
il
ncio que
s
fez fQi essa
.patada no peito
qe
que guardamos a marca quando agora choramos; quando
estendemos as me>s carregadas de dedos mortos, sonhmos tanto que mais de
uma
vez
tivemos
de
matar. que mais de uma
vez
nos estoiraram os olhos sob
a plvora das lgrimas e as tuas mos voaram estilhaadas, jogmos tanto que
para no aos perdermos arriscmos tudo, at tornarmos a morte uma coisa n_ossa.
to nossa, que ela que anda agora vestida com a nossa pele e os nossos ossos,
escorregando pelas paredes de cabea pr a baixo ou subindo pelo interior dos
32
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19/24
bicos, olhando
do lto
o sangue
que
fic0.u
n
ce
ntro, entre os
ca
rris, p ss n o de
cadafalso em cadafalso
com
os lbios furados pelas unhas, com a cintura roxa
das dentadas da noire, da misria dos dias.
3
Roda
de todas
as
torturas
e
todas as sedues. deixaste de gi
rar
, ests
agora
aqui, partida,
abandonada
no prprio locl
do
-sangue;
transportada
de
homem
em homem
c\trav,s dos
sculos, foste
h
poucb iep.osta peto
ltimo
homem, esse
que desapareceu, ia: de
lado
, com os
joe
lhos duros cobertos de gu e as m0s
cem metros
sua frente
em
sinal de maldade.
Co
rpo a corpo foste
gasta at
ltima noite
e at
ltima estrela;
p l vr
pala.
vra
foste sugada e bebida e
de
todos
os
lados sempre novas bocas chegavam para te
sugar
e beber; ficaste um
gesto que perseguimos
dentada
e acabmos por matar. Vde: a destruio
prossegue docemente. Restam apenas
aqui
e alm algumas cidades
com
os- seus
milhes de
almas
e
nada
mais. Pequenas
marras
de sangue
cada
vez
mais
vivas
assinalam a nossa passagem entre as agulhas de carvo do tempo. Canhes ocupam
a
entrada
da
luz. E
de Norte
a
Sul,
de
Este
a Oeste,
de c
ri
ana
para
crian
a
ag
uarda-se o sinal de fogo.
No
estranheis os
sif1ais. ~ o
estranh:efa es.te
povo qu
e
oculta a c
abe_
nas
entranhas dos
mort
os. Fazei todo o
m l
que puderdes e passai depressa.
arta
ao
cc
Dirio
Lisb
oa
,
17 de Abr
il
de
J 959
S.ell
hor Di
rector:
ntnio Jos Forte
Popular
Nu
m
artigo
polmico
do
Sr .Joo
Palma
Fc
c:ira
c;o
nt
ra o
Sr.
Afonso autela
,
publi
cado no
l>irio Popular
de
16-4-59, bem com
anteriormente nu
m
ensai'o cr
il:ic_o do
Sr.
Afon
so Caul'cla publicado no
Diltrlo
de Noticias e
em outros arligm
de crtica
ao
meu l
iv
ro UZ CENTRAL fu i
englobado
num si
stema onde circula
m A PLANiCIE o 57,
a minha
gerao,
a gerao
de
1870, Carnei
ro Pacheco, o
Oculli
s
mo
, uma
juvenlude
qu
e
escorrega
cm
cascas
de
melo
e
no
repara ua cara
dos lraru.eunlcs,
e
onde entre muitas
o utms e voriadni, coisas
me so
a cribulda,o;
as qualidades
de
s urrealisla
lrico.
de
hbil
jOnJtleun> in
te
l
ectual. de
di icipulo
de
Andr Breton
e
de Raul de Carvalbo
e,
finalmente,
de
criador du
ma nova
escol lilcn'iria: o
fo
tosfecis
mol>.
Ain
dn
de
ncorao
com esse sistema,
no
supmcitado
artigo
que renova
o
po
rtugnS
despique cnlre i l cid::ide e
as
semls
o Sr.
Palma Ferrei
ra
oferece din
heir a
quem encontrar
JtO meu livro coisas que o Sr.
Afonso
Cnulcla
garo
nt
e qu e. f esto.
Viva
,p Torrcensc,
Se
nh
oi:
Direcl
'
or.
Agra
d
ece
n
do -lh
e
pu
blicniio
desta car
ia,
ped
i
11-
lhe o
favo
r
de
di
zer
no Sr.
Jo
Fe
rreira ciuc l1io seja
facha. Por
inter
mdio cio
iCU :ior.nal, dese
java tam
bm pedir 1
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j os seb ag
/
etra
p r
uma
mu
ic
em voga
Pa
ra
a Ma ria L
u ia
o cu
aptrida
drapeja
toda a noite um cadver platinado
ofereci crios
s
almas
para nQ.
ser esse cadver platinado
e
no entallto
p r
mim
que
chamam as dleas, se trove)
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P RM
DE
a
crtic
Ah. Mas
e ~ t o
a Jitmille e.riste?
A fr e
ento
.a o ~ n l m i d e dil,
ia
c o i s J . ~ ?
(LGICA O CAl'
ROYAL,
adapt.)
baboseiras. Ora vamos ler, com
toda
a ateno:
7/23/2019 Revista Pirmide N2 1964
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o
ter
lido
no
8rai(
1
em orer+
.ue lhe fora c.ont.,:dida por
um
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Hor-
dl.ploiria
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nosso
amigo
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Hm\tisda
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- uma moldu-a
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quadro.
Pra 1)1im oquela
P,aisa"gern
'fa
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ar,, n h ~ o c')m'o
as minhas
mo
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_ cor os- seu"
p c i r m l \ . n o j e ~
a.
,
a
c_i
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1
p,ara
os
meus campa
e'iros da_5lumbtado.s,
era
or1glnal.
0.
.carro paro.u
-cm
..um .fur'
0
.
En
o foi rarrjediar, Yvon;ne
p
br.avas
e
Portugal, ross
de
.'
Ma
o:
das n s s a ~
a,.J-.ss do
Minho
..
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f_o
nado.
um ~ s p e c t c
u l o .
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depois Gaston no
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seu
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1
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Rl'1a
Pra a da
Ub.er
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d
.a, -sob a g.ide
.>imbli.ca
de
Pedro
IV:
"
rna.ca
; imponente,
.c
om
se,u qu de
v i n c
e friSte,
hota
u s ~ u f a do
e
ntar
mim foi
""
re\iir&sso d .e
ma is
< ) j t {
&
Minho.
l > l v
ma
, p u . ~ s m b
13. 1 1 .
So
i f f 4 r e e _,sempro i9uJiis.
l em bro-m1> de ter forte umo
delas,
m Jose, L
ins-
.do . Rego, .o
.grlll\de
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mpr;te
tlic
U$himente j6 ~ \ / p u (, . ).
.....a m
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AVISO AOS
OIST
RA
I
DOS
A PrRM.lDE
anuncia
o reaparecimento de
TEMPO
PRESENTE e aconselha
a sua
leitura
s seguintes
peTsonalidade.s:
Almada Negrell:os,
Raul
Leal, Jos Rgio, Miguel Torga Branquinho
d ~ Fon-
seca, Jos-Augusto
Frana
Antnio Ped1
0,
Joo Pedro de
Andrade,
Alfredo
Marga-
do
Joo GaspaJ: Simes,
Domingos Monteii;o,
Artur
Bual,
Antnio
Quadros
(p
in
~ o r ,
Antnj9
Q t l a m ~ o s
(57),
Lu.is Francisco
Reb.ello d Ai;;su11o,
Manuel
Car gaieho,
Coi;ta
Ferreira,
-Vitqr ino Nemsio, Marn1e1 de Lima, Sofia de Me}lo Breyner Urbano
Tavares Rodt .igues, Joxge de Sena, David Mouro Ferreha Romeu
Co
r r.eia, J os
Mal inho
1
Santiago A.real, Drlan