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www.revistaport.com 2015 . Nº 13 . NOVEMBRO . REVISTA MENSAL . PREÇO: 2,50€ Visite o site www.revistaport.com e fique mais perto de Portugal + TERRAMOTO DE 1755 SÃO MARTINHO 260 anos da “Ira de Deus” Padroeiro da castanha portuguesa Como a Garland lhe faz chegar Portugal EXPORTAÇÕES VINHOS DO DOS SOCALCOS ATÉ À MESA DOURO

Revista PORT.COM novembro 2015

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Novembro é o mês em que se comemora o São Martinho, época que em Portugal dita que se comam as castanhas e se prove o vinho. A Revista PORT.COM segue o ditame popular à risca e apresenta uma edição em que se destacam a produção de vinhos e de castanhas. O Terramoto de 1755 e os novos talentos dos "Três Grandes" do futebol português são outros temas retratados.

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www. rev i s tapo r t .co m2015 . Nº 13 . NOVEMBRO . REVISTA MENSAL . PREÇO: 2,50€

Vis i te o s i te www. rev i s tapor t .com e f ique ma i s pe r to de Por tuga l+

TERRAMOTO DE 1755

SÃO MARTINHO

260 anos da “Ira de Deus”Padroeiro da castanha

portuguesaComo a Garland

lhe faz chegar Portugal

EXPORTAÇÕES

V I N H O S D O

DOS

SOCALCOS

ATÉ À

MESADOURO

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CLÍNICA DELILLE

DIRETOR CLINICO Dr. FRANCISCO DELILLE

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• REABILITAÇÃO TOTAL E ESTÉTICA • IMPLANTOLOGIA AVANÇADA• EQUIPA MULTIDISCIPLINAR

Porque o seu sorriso é português!

Nº 1 da Rua Monsenhor Nunes Pereira - 3030-779 Solum Coimbra239 488 010 • 919 416 547 • 966 012 560Seg. a Sex. 09h - 22h • Sáb. 09h - 19hwww.facebook.com/clinica.delille • [email protected]

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SUMÁRIO

Vinhos do Douro Castanhas

Lisboa recebe cada vez mais navios cruzeiro

Nova programaçãoRTP Internacional

19 3832

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4 EDITORIAL

COMUNIDADES6. Breves

8. RTP Internacional dá a “Palavra aos Diretores” das publicações para as comunidades

10. Entrevista a Pedro Teixeira, autor do livro “Novo Êxodo Português – Causas e Soluções”

NEGÓCIOS

14. Portugal acompanhaZona Euro no avanço das exportações e importações

16. Garland leva Portugal a todo o mundo

19 DESTAQUEVINHOS DO DOURO

20. Dos socalcos até à mesa

23. O contributo dos portugueses nas comunidades para o prestígio internacional da Quinta Vale D. Maria

28 HISTÓRIATerramoto: Deus castigou Lisboa há 260 anos

32 TURISMOLisboa, capital do turismo de cruzeiros

34 CULTURAOs novos discos portugueses

GASTRONOMIA38. São Martinho, padroeiro da castanha portuguesa

41. Os benefícios da castanha42. Receita: Javali no pote com castanhas

DESPORTO44. Jovens pérolas entre os “Grandes”

48. FC Porto procura talentosentre a comunidade luso-canadiana

50 DISCURSO DIRETOAdaptação constante à vida no Dubai

26Sugestões para

compra on line de vinhos e queijos

portugueses

P48 FC Porto no Canadá à procura de sangue novo

Page 4: Revista PORT.COM novembro 2015

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES4

Novembro é o mês em que se come-mora o São Martinho, época que em Portugal dita que se comam as castanhas e se prove o vinho. A Revista PORT.COM segue o di-

tame popular à risca e apresenta uma edição em que a produção de vinhos e de castanhas é destacada.

Os vinhos do Douro chegam a cada vez mais países, seguindo os passos daquele que é o produto mais emblemático da região e também um dos principais embaixadores de Portugal fora de portas, o vinho do Porto. Nesta edição, contamos aos portugueses por todo o mundo a história desta região vinícola e apresentamos um dos produto-res mais destacados internacionalmente, a Quinta Vale Dona Maria.

Também no norte de Portugal fica localizada a região que responde pelo epíteto de maior produtora de castanhas de todo o mundo. Fala-se de Trás-os-Montes. A Revista PORT.COM conta-lhe como as castanhas transmontanas chegam aos magustos organizados pelos portugueses nas comunidades, particularmente em França.

Se produtos como castanhas e vinho do Porto chegam a cada vez mais países, devem-no a companhias como a Garland, uma das empresas mais antigas de Portugal, que na sua história conta até com agradecimentos prestados pelo histórico aviador Gago Coutinho, após a primeira viagem aérea entre Portugal e o Brasil.

Outro momento eternizado na história de Portugal (e agora por esta revista) é o terramoto de 1755, cujos relatos continuam a impressionar o mundo, 260 anos depois.

Continuamos assim a produzir e partilhar artigos que interessam a todos os portugueses que vivem e trabalham no estrangeiro, na única revista portuguesa que destaca mensalmente como é que os portu-gueses e os produtos nacionais honram o nome de Portugal por todo o mundo. A todos eles brindamos com um cálice de vinho do Porto e uma mão cheia de castanhas quentes e boas.

EDITORIAL

LUÍS CARLOS SOARESCoordenador Editorial

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dos anunciantes e agências ou empresas publicitárias. Interdita a reprodução, mesmo parcial, de textos, fotografias ou ilustrações, - sob quaisquer meios e para quaisquer fins,

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FICHA TÉCNICA

REVISTA DE PORTUGAL E DAS COMUNIDADES

Edição Mensal - Novembro 2015www.revistaport.com

Nº de registo na ERC: 126526

Rua João de Ruão, nº 12 – 8º3000-299 Coimbra (Portugal)

Tel: (+351) 239 820 688

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EDITOR E PROPRIETÁRIO

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NIF: 510 475 353

DIREÇÃO Abílio Bebiano

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COORDENAÇÃO EDITORIALLuís Carlos Soares (CP-9959)[email protected]

REDAÇÃO Luís Carlos Soares, Márcia de Oliveira,

Filipa Marques Colaboradores: Marta Ribeiro

PLATAFORMA ONLINE Márcia de Oliveira - Edição de conteúdos

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DESIGN E PAGINAÇÃO BDMP, LDA

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EDIÇÃO PAPEL: Novembro 2015

Tiragem: 20.000 Exemplares Impressão: StudioPrint

Depósito Legal: 376930/14Distrib. nacional e internacional: CTT

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Page 6: Revista PORT.COM novembro 2015

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES6

COMUNIDADES

O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho escolheu José Cesário como secretário de

Estado das Comunidades Portuguesas do XX Governo Constitucional. Trata-se assim da 3.ª legislatura em que o professor viseense de 57 anos desem-penha o cargo para o qual tomou posse ao início da tarde de 30 de outubro, no Palácio da Ajuda, em Lisboa.

Nas eleições legislativas realizadas no início de outubro, foi eleito depu-tado pela 11.ª vez consecutiva, o que acontece desde 1983. Nas primeiras sete foi eleito por Viseu e nas últimas quatro pelo círculo Fora da Europa.

Para além dos últimos quatro anos no Largo do Rilvas (onde fica o Mi-nistério dos Negócios Estrangeiros), Cesário foi secretário de Estado das Comunidades durante o XV Governo Constitucional, entre 2002 e 2004, liderado por Durão Barroso.

A equipa do Ministério dos Negócios Estrangeiros é uma das várias que se mantêm totalmente inalteradas. Com Rui Machete novamente como chefe da diplomacia, também são recondu-

zidos como secretários de Estado Luís Campos Ferreira (Negócios Estran-geiros e Cooperação) e Bruno Maçães (Assuntos Europeus).

Passos Coelho reconduziu 21 secre-tários de Estado numa lista total de 36. Entre as equipas que estão totalmente repetidas também constam as de mi-nistérios como o das Finanças e o do Ambiente.

A equipa do Ministério dos Negócios Estrangeiros é uma das várias que se mantêm totalmente inalterada. Trata-se da terceira legislatura em que o professor viseense é chamado ao Largo do Rilvas.

JOSÉ CESÁRIO RECONDUZIDO COMO SECRETÁRIO DE ESTADO DAS COMUNIDADES

José Cesário, Carlos Páscoa Gon-çalves, Carlos Gonçalves (coligação PSD/CDS) e Paulo Pisco (PS) vol-taram à Assembleia da República a 23 de outubro, depois de terem sido eleitos deputados nas eleições legislativas realizadas no dia 4. Repetem-se assim os mesmos “de-putados da emigração” que haviam sido eleitos na anterior legislatu-ra. José Cesário e Carlos Páscoa Gonçalves foram escolhidos pelo círculo eleitoral Fora da Europa, e Carlos Gonçalves e Paulo Pisco pelo círculo europeu. O novo presi-dente da Assembleia da República é agora Ferro Rodrigues, do PS.

Segundo o Relatório da Emigração 2014, o Reino Unido foi o destino profissional de cerca de um terço dos portugueses que terminaram a licenciatura em enfermagem em 2013. Portugal forma entre 3 000 a 3 500 enfermeiros por ano, segundo a Ordem dos Enfermeiros, e “cerca de um terço deste número, 1 211 enfermeiros portugueses, começou a trabalhar em 2013 no Reino Unido, segundo a Nursing and Midwifery Council”, lê-se no documento apre-sentado pelo gabinete do secretário de Estado das Comunidades Portu-guesas, José Cesário.

Deputados da emigração voltam ao Parlamento

Reino Unido, destino de um terço dos enfermeiros licenciados

José Cesário

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www.revistaport.com 7

Recenseamento eleitoral novamente disponívelAs operações de recenseamento eleitoral encontram-se novamente disponíveis, desde o passado dia 5 de outubro (dia seguinte às eleições legislativas), mas prevê-se que voltem a encerrar no decurso deste mês de novembro, ou seja, 60 dias antes do próximo ato eleitoral, as eleições presidenciais.Para poderem contribuir para a eleição do próximo Presidente da República, os portugueses que re-sidem no estrangeiro têm que estar recenseados. Recorde-se que o ato eleitoral nas comunidades decorre através de votação presencial, nas embaixadas ou postos consulares de cada área de residência.Para efetuar o recenseamento basta a apresentação do Bilhete de identidade ou o Cartão de Cidadão, assim como de um comprovativo de residência, como conta da eletrici-dade, da água ou do gás. Para que o eleitor saiba se está recenseado, ou onde está recensea-do, deve consultar o portal internet: www.recenseamento.mai.gov.pt.

Cerca de 110 mil portugueses emigraram em 2014

O Relatório da Emigração, publicado no final de outubro pelo gabinete do secretário de Estado das Comunida-des Portuguesas, José Cesário, indica que, no ano passado, houve cerca de “110 mil saídas”, o mesmo que em 2013, valores “da ordem dos observados nos anos 60/70 do século XX”, lê-se no documento.

A emigração portuguesa recente realiza-se essencialmente no interior

da Europa: dos 21 países para onde mais portugueses se dirigem, 14 são europeus. Reino Unido, Suíça, França e Alemanha são os nomes dos quatro países que têm recebido mais de dez mil emigrantes nacionais por ano.

Só o Reino Unido recebeu aproxima-damente 31 mil. Fora da Europa, os cida-dãos nacionais escolheram sobretudo países lusófonos, com Angola à cabeça, com 5 mil portugueses no ano passado.

Luxemburgo, o destino dos menos qualificados

O Relatório da Emigração indica que o Luxemburgo é o país com menos emigrantes portugueses qualificados. Números alusivos a 2011 apontam que a esmagadora maioria não foi além do ensi-no básico (73% do total) e que apenas 4% concluíram o ensino superior.

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COMUNIDADES

“Palavra aos Diretores” é o nome de um dos novos programas que a RTP Internacional estreia em novembro.

Com a primeira emissão marcada para o dia 4, após o Telejornal, terá como protagonistas responsáveis de jornais, revistas e sites informativos portu-gueses espalhados pelo mundo, que vão debater os assuntos mais relevan-tes de cada uma das comunidades.

Segundo palavras do diretor da RTP Internacional, Luís Costa, à Revista PORT.COM, “a ideia é termos todas as semanas dois convidados que permitam aos telespetadores da RTP Internacional ficar a conhecer melhor os responsáveis editoriais e as principais notícias dos órgãos de co-municação social mais importantes das mais significativas comunidades portuguesas”.

Novembro traz um conjunto de novos programas produzidos a pensar nos interesses dos telespetadores portugueses a residir no estrangeiro.

A Revista PORT.COM tem participação prevista entre as novidades.

RTP INTERNACIONAL DÁ A “PALAVRA AOS DIRETORES”

DAS PUBLICAÇÕES PARA AS COMUNIDADES

TEXTO DE MÁRCIA DE OLIVEIRA

A Revista PORT.COM apoia e colabora nesta iniciativa da RTP, uma vez que em conjun-to, e ainda com o reforço dos órgãos de comunicação das diferentes comunidades, con-seguimos levar a mensagem da Portugalidade a todos os portu-gueses que vivem e trabalham no estrangeiro.

O primeiro programa vai ter como convidados Carlos Pereira, diretor do Lusojornal (França) e José Rocha Diniz, diretor do Tribuna de Macau (Macau), que com recurso a ligação via Skype vão comunicar com o jornalista da RTP José Manuel Portugal.

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES8

JOSÉ MANUEL PORTUGAL

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Mais produção própria na nova grelha de programas

A nova grelha de programação da estação da televisão pública por-tuguesa conta com mais produção própria. O objetivo passa por inte-ragir mais com os portugueses em todo o mundo, com programas que interessam especialmente à diáspora portuguesa. Conheça alguns dos no-vos programas que pode ver na RTP Internacional a partir deste mês:

Hora dos portugueses (de segunda a sexta-feira)

Magazine diário que retrata o quotidiano das principais comunidades portuguesas em todo o mundo: as suas vidas, os seus negócios, os seus projetos, a sua realidade, os seus sucessos.

Golo RTP (às segundas-feiras)

Emitido em direto, o programa leva aos telespetadores espalhados pelo mundo os resumos e a análise de todos os jogos de futebol da Liga NOS. Ao longo de 90

minutos de emissão, os telespetadores são desafiados a participar em direto no programa, estejam onde estiverem, por telefone, Facebook, e-mail ou Skype.

Filhos da nação (às terças-feiras)

Programa semanal de entrevistas com portugueses que vivem nas comunidades.

Decisão nacional (aos domingos)

Dois convidados discutem assuntos de caráter social, económico ou político que interessam particularmente aos portugueses espalhados pelo mundo.

Network negócios (aos sábados)

Programa semanal dedicado à economia, aos novos negócios e ao empreendedorismo, que conta com conversas em estúdio e reportagens nas empresas, em que são apresentados exemplos de portugueses que se destacam internacionalmente nas mais diversas áreas.

www.revistaport.com 9

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PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES10

COMUNIDADES

A baixa natalidade, o envelhe-cimento populacional e o saldo migratório negativo “põem em causa a sustenta-bilidade social e económica

do país”. Esta é uma das reflexões apre-sentadas por Pedro Teixeira, engenheiro civil que em agosto de 2012 partiu para o Qatar, onde desempenha o papel de diretor nacional do departamento de edifícios e infraestruturas do Bureau Veritas Qatar.

A Revista PORT.COM conversou com o bragantino de 33 anos na FNAC do Chiado, em Lisboa, após uma das três apresentações Novo Êxodo Português – Causas e Soluções em solo nacional: as outras duas foram no Porto e em Bra-gança. O autor considerou que “o pro-grama VEM não tem tido os resultados necessários e pretendidos” e apresentou alternativas.

Quais são os principais objetivos da publicação do livro Novo Êxodo Português – Causas e Soluções?

“PODE FAZER-SE MUITOMAIS PARA EQUILIBRARO SALDO MIGRATÓRIO”

Português emigrado no Qatar, Pedro Teixeira lançou recentemente um livro no qual apresenta um conjunto de medidas com o objetivo de contribuir para o

regresso de compatriotas a Portugal e, simultaneamente, criar condições para que se reduza o número de novos emigrantes.

ENTREVISTA A PEDRO TEIXEIRA, AUTOR DE NOVO ÊXODO PORTUGUÊS – CAUSAS E SOLUÇÕES

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O objetivo principal é contribuir para a melhoria de Portugal. Esse é o objetivo geral. Em termos de objetivos específicos é contribuir com propostas exequíveis que possam ser implementa-das pelos governos de Portugal, de modo a equilibrar o saldo migratório, que é altamente negativo. Neste momento temos 37 mil migrantes a mais que saem comparativamente aos que entram, o melhor dos cenários seria pôr isso para a projeção otimista do INE, que seria 19 mil positivos.

Como surgiu a ideia de o publicar?

Eu gosto muito de estudar e de apren-der, quando fui para o Qatar achei que seria uma oportunidade de me desen-volver em determinadas áreas para além da engenharia civil ou da gestão. Sempre tive participação cívica, essa participa-ção estava limitada pela distância e esta foi uma forma objetiva e concreta de dar o meu contributo para a participação cívica, para a cidadania e para Portugal.

Este livro tem prefácio de António Costa e o lançamento coincidiu com a altura em que o mesmo fazia campa-nha eleitoral para as eleições legislati-vas. Trata-se de uma coincidência ou foi planeado?

Esta é uma causa suprapartidária. O prefácio é do Dr. António Costa, mas tem os contributos do Eng.º António Guter-res, Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, do Prof. Adriano Mo-reira, e também tem o apoio da Câmara Municipal de Bragança. Esta é uma causa nacional, eu creio que não haverá família nenhuma que possa dizer que não tem um familiar ou amigo emigrado. O que quer dizer que esta causa não tem cor, não tem partido, é uma causa nacional.

Criação do estatuto ECNERP

No livro apresenta algumas solu-ções para combater o saldo migra-tório negativo que referiu há pouco. Quais é que destaca?

Todas as medidas que possam contribuir para a criação de emprego e para a criação de competitividade, estarão a contribuir para o eventual regresso de emigrantes, ou a retenção dos cidadãos que estão cá e também

poderão ser alvo de uma vaga mi-gratória. Creio que pode fazer-se muito mais para equilibrar o saldo migratório português. Desta forma, a principal medida que apresento é a criação do estatuto ECNERP, Estatuto dos Cidadãos Nacionais Emigrantes Regressados a Portugal. Este estatuto confere um conjunto de benefícios aos cidadãos emigrados que regressem a Portugal, desde logo benefícios fiscais em sede de IRS, benefícios para as empresas que contratem estas pessoas em sede de IRC, entre outros.

Também aborda a participação cívica dos emigrantes e mostra-se defensor do voto eletrónico. Porquê?

Há défice de participação cívica por parte da diáspora. Este problema está identificado e não tem sido objeto de me-lhoria substancial por parte da sociedade portuguesa. Estando hoje Portugal do-tado de capacidade técnica e tecnológica suficientes para tornar o voto eletrónico e universal, não vejo porque devemos continuar com sistemas obsoletos de voto que inibem centenas de milhares de portugueses de votar, uma vez que os emigrantes são cada vez mais.

Na apresentação referiu que no Qatar a embaixada existe há quatro anos, mas que não lhe permite votar. Não teme que mudar o sistema de voto crie cons-trangimentos em todas as embaixadas?

Não. Isto teria que ser preparado atempadamente e de forma organizada. Existe noutros países, está testado e a funcionar, não sei porque teria que haver problemas a esse nível.

Reunir a comunidade na Casa de Portugal

Dedica um capítulo do livro a uma proposta para o associativismo nas comunidades de portugueses, à qual chama Casa de Portugal. O que é isto?

A Casa de Portugal é um projeto que creio inovador, uma proposta nova que visa congregar os vários tipos de cultura e reunir a comunidade portuguesa e estrangeira em torno da cultura portu-guesa, incluindo a gastronómica. Ficaria localizada numa espécie de concessão a um restaurante que ali associasse a parte cultural, com disponibilização de jornais, ensino da língua portuguesa. Neste momento as comunidades portuguesas interagem através das redes sociais, mas depois não há a celebração do Dia de

“DEFENDO A CRIAÇÃO DE UM ESTATUTO QUE CONFIRA UM CONJUNTO DE BENEFÍCIOS AOS CIDADÃOS EMIGRADOS QUE REGRESSEM A PORTUGAL”

Page 12: Revista PORT.COM novembro 2015

12 PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES

COMUNIDADES

Portugal ou dos santos populares, por exemplo, salvo raras e boas exceções que também poderão ser absorvidas por esta chancela de Casa de Portugal, desde que se candidatem e cumpram os requisitos que serão oportunamente definidos caso esta ideia vá avante.

Atualmente os portugueses no Qa-tar movem-se em comunidade?

A comunidade portuguesa no Qatar creio que é em torno dos mil cidadãos, que nunca tiveram a celebração de um feriado nacional, que não podem votar e que se reúnem por livre e espontânea vontade, e por solidarie-dade. Quando chega um português tenta-se ajudar a enquadrá-lo, mas não há nada de formal. A Casa de Portugal seria uma grande ajuda, tal como defendo neste livro.

Cerca de 90% dos habitantes do Qatar são imigrantes. O que é que esta população sabe sobre Portugal?

Portugal é bastante conhecido no Qatar, até porque teve uma presença colonizadora na vizinha Omã, onde ainda existem fortes de origem portuguesa. Pa-ra além de bastante curiosidade, há uma relação muito simpática e de empatia, que faz com que sejamos sempre muito bem--recebidos. É uma satisfação sentir que os portugueses se relacionam com a maioria ou até com a totalidade das comunidades mundiais de forma pacífica, acolhedora e com respeito.

“NÃO VEJO PORQUE DEVEMOS CONTINUAR COM SISTEMAS OBSOLETOS DE VOTO QUE INIBEM CENTENAS DE MILHARES DE PORTUGUESES DE VOTAR”

FERRAMENTA PARA ENTENDER O FENÓMENO MIGRATÓRIOPara além de António Costa, que assina o prefácio, há outras figuras da política nacional e internacional que já deram o seu parecer sobre o livro Novo Êxodo Português – Causas e Soluções:

“Este livro é uma boa ferramenta para se entender o recente fenómeno migratório em Portugal e nos países fortemente afetados pela crise de 2008”

António Guterres, Alto comissário das Nações Unidos para os refugiados

“Este estudo ajuda-nos a conhecer, a refletir e a agir. Pedro Teixeira, a trabalhar presentemente no Qatar, é um dos muito qualificados jovens que veem Portugal a partir do mundo. Presta, com esta obra, um relevante serviço à compreensão do nosso país”

António Costa, secretário-geral do PS

“Entre as causas da emigração, que hoje aflige a Europa, tem de salientar-se o mau governo da globalidade da Terra. No caso português, de que este livro trata, os efeitos colaterais são já inquietantes”

Adriano Moreira, politólogo e antigo presidente do CDS

Em Doha, capital do Qatar, há cada vez mais portugueses, como Pedro Teixeira

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13 www.revistaport.com

Zurique e Faro com ligação aérea durante o inverno

A Feira Internacional de Macau (MIF, na sigla em inglês), que decorreu entre 22 e 25 de outubro, contou com mais de centena e meia de expositores do universo de países de língua portuguesa, a maioria dos quais (cerca de 130) provenientes de Portugal. Os setores do turismo, agroalimentar, dos serviços financei-ros e das tecnologias de informação foram os mais representados pelos expositores portugueses, à procura de oportunidades no apetecível mer-cado macaense.

O Aeroporto de Faro inaugurou, no final de outubro, uma nova rota aérea para a Suíça, concretamente para a cidade de Zurique. Servida pela com-panhia aérea alemã Airberlin, esta nova ligação regular está disponível até 25 de março do próximo ano, operada por um avião A320 de 180 lugares (na imagem).

Feira em Macau juntou mais de 150 expositores dos países lusófonos

Breves

Portugueses no Luxemburgo têm falta de solDe acordo com um estudo do

Instituto de Saúde do Luxembur-go, os emigrantes portugueses no Grão-Ducado estão entre os grupos com maior risco de sofrer de falta de vitamina D, uma carência que pode provocar doenças cardiovasculares ou osteoporose. Os investigadores do instituto público luxemburguês analisaram uma amostra de 1 432 adultos, representativa da população residente no Luxemburgo, incluindo portugueses, que correspondem a 10% do grupo estudado.

O estudo conclui que 85,6% dos portugueses têm níveis de vitamina D inferiores aos recomendados, contra 69,6% dos luxemburgueses. Quase um quarto dos portugueses no Luxemburgo (22,7%) sofrem de avitaminose ou de carência grave, uma percentagem que no caso dos luxemburgueses e de outros imigrantes europeus ronda os 15 %. A vitamina D é obtida principalmente pela exposição ao sol, através da ação dos raios ultravioleta, sendo que os alimen-tos são insuficientes para fornecer os níveis de que o corpo precisa.

Chaves e Neuilly-sur-Seine ponderam geminação

Uma delegação oficial de Neuilly-sur-Seine, uma das localidades mais ricas da área metropolitana de Paris (a menos de um quilóme-tro do Arco do Triunfo e da avenida dos Campos Elísios), visitou a cidade transmontana no final de outubro. Os representantes das duas autarquias estudaram uma possível futura geminação.

Page 14: Revista PORT.COM novembro 2015

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES14

NEGÓCIOS

Nos primeiros oito meses do ano, Portugal seguiu o com-portamento da Zona Euro no que diz respeito à evolução da compra e venda de bens

para o exterior. Uma diferença: Portugal continua a apresentar um défice comer-cial, o conjunto da união monetária não.

As exportações de bens nacionais tanto para dentro como para fora da Zona Euro avançaram 5% entre janeiro e agosto de 2015 em relação ao mesmo período do ano anterior, totalizando 33,3 mil milhões de euros. Já as importações avançaram, em termos homólogos, 3% para 39,8 mil milhões de euros, de acordo com dados do INE – Instituto Nacional de Estatística.

Entretanto, o gabinete europeu de es-tatísticas revelou que o crescimento das exportações de bens da Zona Euro para fora da região ganhou 6% para 1 346 mil milhões de euros. Também foi indicado que as importações de bens de fora da união monetária ascenderam a 1 189 mil milhões de euros, uma subida de 3%.

Evoluções idênticas à da entrada e da saída de bens de Portugal. Há, contudo, a referida distinção: Portugal continua a ter um défice externo. O défice na balan-ça de mercadorias portuguesa caiu, em termos gerais, de 7 mil milhões para 6,5 mil milhões. Uma descida de 6%. Na Zo-na Euro, houve uma subida do excedente comercial, que se fixou em 156,9 mil milhões de euros, acima dos 104,5 mil milhões entre janeiro e agosto de 2014.

De acordo com o Eurostat, as maiores

subidas registadas nas exportações foram Chipre (25%) e a Irlanda (21%). Em sentido inverso, as maiores quebras na venda de mercadorias para o exterior foram registadas na Lituânia (5%) e na Finlândia (5%).

Nas importações, os avanços mais significativos foram verificados em Malta (16%) e na Irlanda (14%). A Grécia (10%) e a Finlândia (8%) destacaram pelas maiores quebras nas importações de bens.

PORTUGAL ACOMPANHAZONA EURO NO AVANÇO DAS

EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕESHá uma diferença entre o comércio externo de mercadorias

de Portugal e da Zona Euro: o país tem um défice, a união conta com um excedente. Mas, entre janeiro e agosto de 2015, a evolução na compra e venda de bens foi idêntica.

Page 15: Revista PORT.COM novembro 2015

www.revistaport.com 15

SUBIDA para Moçambique, Timor

e São Tomé e Príncipe

Portugal volta a poder

exportar carne de bovino para

o Canadá

DESCIDA nas exportações para Angola e Cabo Verde

69% das empresas portuguesas exportam apenas para um país

Estados Unidos e Espanha destacam-se no crescimento das exportações têxteis

Em sentido inverso a Angola e Cabo Verde, as exportações portuguesas para Moçambique aumentaram 28,6% em agosto face ao período homólo-go do ano passado, subindo de 28,6 milhões de euros para 36,8 milhões, o mesmo acontecendo com as vendas para São Tomé e Príncipe (19,4%), para 4,9 milhões, e para Timor-Leste, que registou uma subida exponencial de 409,1%, tendo aumentado de 506 mil euros para 2,5 milhões de euros.

O Canadá decidiu retomar as importações de carne de bovino

produzida em 19 Estados-membros da União Europeia (UE), incluindo Portugal, que estavam interditas desde 1996 por causa da ‘doença das vacas loucas’. Para além de

Portugal, a reabertura do mercado canadiano para exportações bene-ficia a Alemanha, Áustria, Bélgica,

Chipre, Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Finlândia,

França, Grécia, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Reino Unido,

República Checa e Suécia.

As exportações de Portugal para An-gola desceram 27% em agosto, quando comparadas com dados homólogos do ano anterior, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Segundo os números, Portugal exportou produtos e bens no valor de 171,2 milhões de euros em agosto deste ano, quando no ano pas-sado tinha vendido a Angola o equiva-lente a cerca de 234 milhões de euros. A quebra de 27% está mais ou menos em linha com as descidas registadas nos meses anteriores, e segue a ten-dência de abrandamento registada nas vendas para Cabo Verde, cujas vendas desceram 13,6%.

Segundo um outro estudo do INE, “a maioria das empresas (69,3%) expor-tou bens para apenas um mercado em 2014, apesar de terem sido responsá-veis por somente 7,6% do valor tran-sacionado”. No entanto, “as empresas que apresentaram uma maior diversifi-cação de mercados (20 ou mais países) concentraram o maior peso no valor exportado (42,4%) apesar de corres-ponderem a apenas 1,9% do total de empresas exportadoras de bens”.

Entre janeiro e agosto deste ano, as exportações da indústria têxtil e ves-tuário registaram um crescimento de 3,5%, tendo exportado 3250 milhões de euros, segundo os dados divulga-dos em outubro pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). O mercado espa-nhol e norte-americano foram os que registaram maior crescimento absolu-to, com um acréscimo de 85 milhões de euros e 44 milhões de euros face ao período homólogo de 2014. A Europa continua a ter um peso muito elevado nas exportações da indústria têxtil, com destaque para Espanha (33%), França (13%) e Reino Unido 9,1%. Os Estados Unidos respondem por 5,9% do total das vendas do setor.

Breves

Bovinos de raça mirandesa

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PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES16

NEGÓCIOS

A Garland é uma das empresas mais antigas de Portugal, uma das que leva portugalida-de para o estrangeiro há mais anos, décadas e até séculos. Na atua-

lidade, o principal foco da sua atuação aponta para todas as áreas relacionadas com a logística e transporte de merca-dorias. As comunidades portuguesas no estrangeiro compõem uma parte importante dos destinatários.

Quando foi fundada em 1776, por bri-tânicos, a Garland começou por vender aos portugueses bacalhau proveniente da Terra Nova, na altura uma colónia do Reino Unido. Quase 240 anos depois, “o bacalhau é um dos produtos que mais transportamos de Portugal para o estrangeiro”, revela o presidente Bruce Dawson à Revista PORT.COM, numa conversa nas instalações da empresa na Abóbada, entre Lisboa e Cascais.

Esse bacalhau viaja sobretudo para a América do Sul, a maior parte para o Brasil, país de cuja população local se diz ter aprendido com os portugueses a gostar do fiel amigo. Mas há outros produtos enraizados nos costumes gas-tronómicos lusitanos que têm viajado para o estrangeiro com a Garland.

“Prestamos serviços relacionados com os produtos nacionais que os portu-gueses a viver no estrangeiro compram cá em Portugal em pequenas quantida-des, como azeite e vinho”, explica Bruce Dawson. Seja para particulares ou para espaços comerciais, como supermerca-dos de produtos portugueses, a Garland certifica-se que esses produtos chegam ao destino pretendido.

A comunidade portuguesa no es-trangeiro tem solicitado estes servi-ços sobretudo para países europeus, como Inglaterra (o principal destino de emigração portuguesa nos últimos

anos), Luxemburgo (país estrangeiro com maior percentagem de habitantes portugueses ou lusodescendentes) e até para a Holanda.

Bruce Dawson considera que o serviço prestado às comunidades portugue-sas “acaba por ser único, por também trabalhar com os comerciantes e os particulares que não precisam de um contentor inteiro, mas apenas de alguns metros cúbicos”. A mercadoria de vários destinatários no mesmo país ou região é assim exportada no mesmo veículo.

Ao trabalhar com meios de transporte rodoviários, marítimos ou por via aérea, a Garland cobre quase todo o território mundial: “Só não chegamos ao Ártico, ao Antártico ou à Coreia do Norte”, ri-se o presidente.

Ao contar com uma lista de parcei-ros em dezenas de países, permite que vários portugueses em destino tão

Se é cada vez mais fácil ter acesso no estrangeiro a produtos como azeite e vinho provenientes de Portugal, as comunidades portuguesas devem-no a empresas como

a Garland. O atual extenso leque de serviços prestados por esta companhia de transporte e logística é só um dos motivos que justificam uma existência com mais de dois séculos.

GARLAND LEVA PORTUGAL

A TODO O MUNDO

TEXTO: LUÍS CARLOS SOARES

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www.revistaport.com 17

longínquos como, por exemplo, o Qatar ou a Austrália, possam ter acesso a azeite português nas suas residências ou estabelecimentos comerciais, desde que o volume da carga o justifique.

Polivalência e omnipresençade serviços

Nem só de bacalhau, azeite e vinho são compostos os contentores que che-gam a todo o mundo. A Garland presta serviços relacionados com a grande generalidade de produtos que entram ou saem de Portugal. “Só não transpor-tamos mobílias, porque há empresas especializadas nisso, em mudanças de casa”, distingue Bruce Dawson.

A polivalência ajuda a explicar porque é que a empresa dispõe de instalações,

entre terminais de armazenagem e es-critórios, em vários pontos do país, em Famalicão, Maia, Porto, Gaia, Aveiro, Marinha Grande, Lisboa, Setúbal, Porti-mão e Sines.

As representações mais a norte permi-tem uma relação de proximidade com setores de forte capacidade exportado-ra, como os do calçado e dos têxteis. A Marinha Grande aproxima a Garland de outra indústria portuguesa presente em vários mercados internacionais, a indús-tria dos moldes, assim como Lisboa ga-rante a relação com a indústria do papel. Setúbal, Portimão e Sines permitem as óbvias ligações aos portos marítimos.

Tudo isto permite à Garland uma capacidade total de perto de 60 mil metros quadrados de armazenagem, em

“O SERVIÇO QUE PRESTAMOS ÀS COMUNIDADES PORTUGUESAS ACABA POR SER ÚNICO, POR TAMBÉM TRABALHAR COM OS COMERCIANTES E OS PARTICULARES QUE NÃO PRECISAM DE UM CONTENTOR INTEIRO, MAS APENAS DE ALGUNS METROS CÚBICOS”

BRUCE DAWSON, PRESIDENTE DA GARLAND

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PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES18

NEGÓCIOS

armazéns nos quais existem profissio-nais especializados em transformar di-versos tipos de mercadoria em produto acabado, com serviços como separação, junção, etiquetagem, colocação de pre-ços, entre outros.

No que toca ao transporte, só os ser-viços da parte transitária marítima da Garland contribuem para a movimenta-ção de perto de 20 mil contentores por ano para a exportação.

Avaliação ativa das exportações

A Garland é assim uma das empresas mais capacitadas para dar o aval aos comunicados do governo português que apontam para um aumento das exportações por parte da economia nacional. E a verdade é que o faz, parti-cularmente nos produtos tradicionais portugueses.

“O calçado tem revelado um cresci-mento extraordinário, cresce todos os anos. O setor têxtil, depois de anos de

crise em que infelizmente fecharam muitas fábricas, felizmente está a ter boa recuperação, com as empresas em grande, também sempre em crescimen-to. O setor dos vinhos é outro que está constantemente em expansão e creio que o azeite bateu recordes no ano pas-sado”, descreve Bruce Dawson.

Com tantos anos de história, a Gar-land já se habituou a lidar e a sobreviver a várias crises nacionais e internacio-nais. Aliás, os serviços transitários tornaram-se no principal campo de atuação da empresa a partir de um dos momentos mais negros da história mundial, a II Guerra Mundial, quando o facto de ser um país neutro permitiu a Portugal tornar-se um ponto de pas-sagem de muita mercadoria destinada a países como Alemanha e Inglaterra.

A Garland é assim uma empresa bicentenária que já testemunhou várias transformações na história global para continuar a permitir que Portugal che-gue a todo o mundo por via terrestre, marítima ou aérea.

Ligaçãoà viagem histórica de Gago Coutinho

Bruce Dawson guarda nas ins-talações da Garland, na Abó-boda, uma recordação da via-gem aérea mais importante da história de Portugal, atribuída à empresa: “Antes de partir para a primeira travessia aérea de Por-tugal para a América do Sul, em 1922, Gago Coutinho pergun-tou-nos se tínhamos linhas de navegação na rota, caso tives-se algum acidente”. Já depois da primeira paragem em solo brasileiro, o aviador fez peque-nos voos ao longo da costa do país, durante um dos quais teve uma avaria e caiu na água: “O acaso ditou que um navio que agenciávamos cá em Portugal fosse o que estava mais próxi-mo dele e foi lá tirá-lo da água”. Para agradecer, Gago Coutinho enviou à Garland uma fo-tografia autografada da primeira terra avistada durante o histórico voo.

Interior do centro Logístico Garland, na Maia

Gago Coutinho

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19 www.revistaport.com

Nos socalcos do vale do Douro, há séculos e séculos que o esforço do homem faz nascer o vinho do Porto. A produção de vinhos de mesa na região também

é centenária, mas o reconhecimento mundial destes é bem mais recente. Bem-vindos ao mais antigo embaixador de Portugal.

Dos socalcos até à mesa

VINHOS DO DOURO

DESTAQUE

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PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES20

“O vinho do Porto é o mais antigo embaixador de Portugal”, lê-se no site oficial do Turismo de Portugal.

Cultivado nos socalcos do Douro, tem a honra de pertencer à mais antiga região demarcada do mundo, desde que em 1756 foi criada a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, por Sebastião Carvalho e Melo, ministro do rei D. José I e futuro Marquês de Pombal. Mas a produção vinícola na região é bem anterior a essa data.

A tradição da plantação de vinha no Douro remonta aos romanos, tendo mesmo sido encontradas grainhas de uvas numa estação arqueológica, perto de Mirandela, com mais de três mil anos. No entanto, é sobretudo no final do Império Romano (séculos III-IV), que os testemunhos da vitivinicultura começam a tornar-se mais significati-vos com a produção a ser desenvolvida na Idade Média, sob o impulso dos mosteiros da Ordem de Cister.

Com a criação da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro pretendeu-se delimitar a região, registar as vinhas e classificar os vinhos de acordo com a sua qualidade. Até

porque a exportação de vinho do Porto já havia começado há cerca de 200 anos, no século XVII.

O reconhecimento internacional dos vinhos de mesa é bem mais recente. Apenas nas últimas décadas passaram a adquirir grande notoriedade e projeção além-fronteiras graças à sua qua-lidade, tanto nos tintos como nos brancos e até nos rosés.

Até então, o que sobrava é que ia para vinho de mesa. Só quan-do os produtores se começaram a preocupar não apenas com o que sobrava, mas em fazer uma seleção

DESTAQUE

ATUALMENTE O DOURO É A ÚNICA REGIÃO DO MUNDO QUE PRODUZ DOIS VINHOS DIFERENTES - PORTO E DOURO - COM AS MESMAS UVAS E AS MESMAS CASTAS

O esforço dos durienses enriquece a história de cada garrafa

A tradição da plantação de vinha no Douro remonta aos romanos

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www.revistaport.com 21

e até inverter a ordem da vindima - a começar pelos vinhos do Douro e a fechar com os vinhos do Porto - é que o panorama alterou.

Atualmente o Douro é a única região do mundo que produz dois vinhos diferentes - Porto e Douro - com as mesmas uvas e as mesmas castas. E dois vinhos que hoje em dia são aclamados à escala global. Re-cebem classificações altíssimas por parte dos críticos internacionais.

A beleza proveniente de tanto esforço

Na região do vale do Douro, que em território nacional se prolonga

desde fronteira com Espanha até perto da cidade do Porto, predomi-nam montanhas de xisto, com solos agrestes, que foi transformada por ação do homem que plantou a vinha degrau a degrau, socalco a socalco. Verde no verão, cor de fogo no outo-no, a vinha deu lugar a uma paisagem única classificada Património Mun-dial pela Unesco.

Números recentes mostram que Portugal terá perto de 4 500 espécies vegetais. No Douro existem prati-camente 3 500. Essa biodiversidade permite à região possuir uma multi-dão de castas plantadas, que por sua vez possibilita a distinção dos seus vinhos no mundo dos vinhos.

Vários produtores permitem visitas organizadas às caves de vinho do Porto

Douro e Porto: vinhos diferentes, copos diferentes

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22

DESTAQUE

A beleza do Douro tornou a região num destino turístico cada vez mais procurado pelos turistas, que percorrem o rio em viagens de cruzeiro, visitam as várias quintas que abrem as portas aos visitantes, experimentam a gastronomia dos vários concelhos banhados pelo rio: desde a posta em Miranda do Douro ao anho em Baião.

A região produtora está dividida em três áreas. A oeste, no Baixo Corgo, fica a capital do vinho do Porto, a cidade da Régua, onde se aconselha uma visita ao Museu do Douro e ao Solar do Vinho do Porto, para provar e aprender mais sobre este néctar. O Pinhão já fica na sub-região do Cima Corgo, que concentra os mais afamados vinhos do Porto. Perto da Ré-gua fica o miradouro de São Leonardo de Galafura, que tanto inspirou o admirável escritor Miguel Torga.

Não menos empolgante é a paisagem que se pode admirar do miradouro de São Salvador do Mundo, já na margem sul e na sub-região do Douro Superior, junto a São João da Pesqueira.

É difícil imaginar o esforço e a resistên-cia dos que trabalharam na região ao longo de tantos séculos. Partir pedra, erguer muros, abrir socalcos e patamares, carregar uvas, transportar pipas num rio tão difícil de navegar que a determina-das passagens, os barcos rabelos eram puxados por carros de bois.

O resultado de todo esse esforço é um património de valor inestimável para o país. Desde que os socalcos foram abertos até ao momento que os vinhos chegam a consumidores por todo o mundo, há toda uma história que atribui um carisma único ao primeiro embaixador de Portugal.

Os barcos rabelos são agora um dos principais símbolos turísticos do norte de Portugal

BrancosVinhos frescos e aromáticos que

acompanham com aperitivos, oriundos de uvas brancas das castas Malvazia

Fina, Malvazia Grossa, Gouveio, Rabigato, entre outras. Envelhecem em

tonéis no mínimo três anos.

Retintos Vinhos oriundos de uvas tintas das

castas Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Barroca, Tinta Roriz,

entre outras. Envelhecem em tonéis no mínimo três anos, até seis anos.

Vintage Vinhos oriundos de uvas tintas das

castas Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Barroca, Tinta Roriz,

entre outras. Envelhecem em tonéis, após dois anos são engarrafados, onde, como não há contacto com o oxigénio, a evolução pode durar

muitas décadas.

LBVSão vinhos Porto Vintage deixados por

mais tempo no tonel e engarrafados apenas entre o 4.º e o 6.º ano.

Tawnies Vinhos oriundos de uvas tintas das

castas Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Barroca, Tinta Roriz,

entre outras. Envelhecem em cascos, no mínimo três anos até + de 40 anos.

de vinho do PortoTipos

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www.revistaport.com 23

A Quinta Vale D. Maria é um dos produtores vi-nícolas que atualmente mais contribuem para o prestígio internacional dos vinhos do Douro. Localizada em Sarzedi-

nho, no concelho de São João da Pesquei-ra, os seus vinhos são consagrados pelos críticos e pelas publicações maior renome. Podem ser encontrados em restaurantes e garrafeiras de prestígio em diversos países, alguns dos quais com populosas comunidades portuguesas.

Do portefólio desta produtora fazem parte vários rótulos com pontuações bem acima dos 90 pontos (num total de 100) nas avaliações feitas pelos críticos da Wine Spectator e da Wine Advocate, duas das publicações internacionais cuja crítica é mais considerada. E é bem possível que os vinhos da colheita de 2015 possam juntar-se a este leque restrito.

Francisca van Zeller, um dos rostos proeminentes desta quinta liderada pelo seu pai (Cristiano van Zeller), comprova--o: “Apesar de ainda estarmos numa fase

especulativa, as expetativas são bastante positivas, o que é uma ideia consensual por toda a região. A experiência dita-nos que nos anos secos se conseguem vinhos com bastante qualidade. Comparamos este ano com o de 2005, que resultou em vinhos fabulosos. Também foi um ano de menos doenças, o que é sempre bom. Tudo parece muito bom”.

A qualidade dos vinhos é obviamente decisiva, mas as comunidades portugue- Francisca com o pai Cristiano van Zeller

Reconhecidos pela crítica internacional, os vinhos da Quinta Vale D. Maria enriquecem cartas de vinhos de restaurantes conceituados em Macau e em Montreal,

valorizam garrafeiras especializadas em Nova Iorque e no Luxemburgo. Tudo isto acontece por via de portugueses nas comunidades.

O CONTRIBUTO DOS PORTUGUESES NAS COMUNIDADES PARA

O PRESTÍGIO INTERNACIONAL DA QUINTA VALE D. MARIA

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PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES24

DESTAQUE

sas também contribuem para a afirmação internacional. A Quinta Vale D. Maria tem vários parceiros compatriotas à volta do mundo. Exemplo disso é Tomás Pimenta, que a partir de Macau importa e distribui vários vinhos da marca para hotéis de reno-me e restaurantes com estrela Michelin.

Destas parcerias também fazem parte, por exemplo, um importador português no Luxemburgo ou um lusodescendente que desempenha a tarefa em Nova Iorque. Também há empresários da restauração com um papel importante, como Carlos Ferreira, proprietário do reputado Ferreira Café, em Montreal (Canadá), cuja carta de vinhos apresenta a generalidade dos princi-pais rótulos da Quinta Vale D. Maria.

Os consumidores portugueses no estrangeiro podem encontrar as marcas desta produtora em garrafeiras especializa-das de países como Brasil, Angola, Canadá e Estados Unidos, em estados como o de Nova Iorque, Florida e até na Califórnia.

Benefícios de pertencer aos Douro Boys

A Quinta Vale D. Maria integra um proje-to marcante nas estratégias de divulgação de vinhos durienses no estrangeiro, os Douro Boys. A título de exemplo, a agenda de Francisca van Zeller marca para o início de novembro uma deslocação a Macau em nome deste projeto, à imagem do que semanas antes o pai Cristiano havia feito no Canadá.

Com eles viajam representantes dos outros quatro produtores que fazem parte deste coletivo, composto pela Quinta Vale Meão (de Francisco Olazabal), pela Quinta do Vallado (Francisco Ferreira), pela Quinta do Crasto (Tomás Roquette) e pela Niepoort (Dick Niepoort).

Tal como outros espaços localiza-dos entre os socalcos do Douro, a Quinta Vale D. Maria apresenta

atividades voltadas para o enoturismo, particularmente visitas, almoços e dor-midas. Tudo num ambiente “bastante exclusivo”, em que a massificação nunca será um objetivo, como explica Francisca van Zeller: “Alugamos a casa só à semana, não dá para o fazer apenas por um ou outro dia. O aluguer só é possível através do nosso

site. Pretendemos que as visitas e os almoços sejam feitos num ambiente muito pessoal e relaxado, até porque somos nós, quem trabalha na quinta, que coordenamos essas atividades, ou seja, não empregamos ninguém pro-positadamente para o efeito”. O site para reservas encontra-se disponível em www. quintavaleD.maria.com.

ENOTURISMO BASTANTE EXCLUSIVO

De forma sucinta, os Douro Boys são “uma associação informal de produtores que aliam vinhos de qualidade superior a inovação e divertimento, porque os vinhos também devem ser divertidos, de forma a mostrar a diversidade e riqueza da região”, explica Francisca. Juntam-se por uma maior visibilidade para cada um dos produtores.

Nos últimos cinco anos, “mais de 500 vinhos portugueses conseguiram pon-tuações acima dos 90 na Wine Spectator e na Wine Advocate, a maior parte dos quais do Douro, e desses a maior parte dos Douro Boys”, particulariza.

Para Francisca, “é importante que quem procure os vinhos do Douro saiba que vai encontrar vinhos poderosos e com estrutura, com um grande equilí-brio entre fruta e frescura, combinações que outras regiões não conseguem alcançar”.

Há cada vez mais gente no estrangeiro a identificar o Douro não só como o ter-ritório do vinho do Porto, mas também de vinhos de prestígio e qualidade supe-rior. Os Douro Boys têm tido um papel importante na tarefa, sustentados por vinhos que tanto prestigiam Portugal como os da Quinta Vale D. Maria.

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www.revistaport.com 25

As exportações portuguesas de vinho do Porto para o país que mais consome este produto, a França, somaram nos primeiros nove meses do ano a cifra de 53 milhões de euros, um valor que fica 5,3% abaixo do registado em igual período do ano passado, de acordo com dados revelados no início de outubro pelo IVDP - Instituto dos Vinhos do Douro e Porto. Em Portugal, que é o se-gundo maior consumidor, houve um crescimento face a 2014 de 9%, para 40 milhões de euros.

A conceituada publicação nova-ior-quina Condé Nast elegeu “The 8 Best Spots in the World For Fall Foliage”, uma lista dos oito melhores locais no mundo para desfrutar do outono. O Douro faz parte da lista, escolha justi-ficada pela qualidade dos seus vinhos e da beleza das suas paisagens, parti-cularmente pelas cores dos socalcos e dos vinhedos pós-vindimas.

Portugal e os vinhos portugueses são o tema de quase 40 páginas de uma edição recente da prestigiada revista italiana Spirito diVino. Três especia-listas da revista atribuíram classifi-cações àqueles que consideraram os melhores vinhos de cada região, de-pois de terem experimentado mais de 200 amostras de vinhos portugueses. A pontuação mais elevada nos vinhos do Douro foi atribuída ao produtor Prats & Symington, com o Chyseia 2012, enquanto o segundo lugar foi para a Quinta Vale D.Maria, com o Vinha da Francisca 2012 (na imagem), ambos com pontuações acima dos 90 (num total de 100).

Recuo nas exportações de Porto para França

Douro entre os melhores locais no mundo para desfrutar do outono

Vinhos durienses da Prats & Symington e da Quinta Vale D.Maria destacados em revista italiana

Breves

Aumento de turistas no comboio histórico

Cerca de 5 000 pessoas viajaram no comboio histórico do Douro em 2015, um aumento de passagei-ros face ao ano passado. A última viagem do ano foi a 31 de outubro, depois de ter arrancado a 6 de junho. Segundo a CP – Comboios de Portugal, em 2014 viajaram no

comboio histórico 3 416 passageiros, mais 744 do que em 2013. A em-presa decidiu aumentar em 2015 o número de circulações para as cerca de 30 viagens, com uma média de ocupação de 74%. O sucesso da iniciativa garante o regresso do comboio histórico em 2016.

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NOME SECÇÃOON LINE

Sugestões

Vinho e queijo: a combinação

perfeitaPerante a grande diversidade e qualidade de vinhos e queijos

portugueses, das mais diversas regiões do país, facilmente se consegue alcançar combinações divinais. A Revista PORT.COM propõe algumas que ficam bem

em várias ocasiões ou eventos.

vai bem com

vai bem com

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Quinta de Cidrô Gewurztraminer

Vinho do Douro extremamente original que foge a estilos e convenções.

Bastante aromático, tem aromas a Líchia e Rosa, muito evidentes, mas ao contrário do habitual, seco, austero e

com bela acidez.

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2014 Alvarinho Soalheiro Branco

Este vinho é produzido na região do vinho verde, através das castas 100%

Alvarinho. Tem um aroma frutado e elegante, é fresco,

volumoso, harmonioso e sedutor.

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Vertice Chardonnay Magnum

Vinho espumante do Douro, das adegas Caves Transmontanas, vinificado

sobre as variedades Chardonnay. Possui um grau

alcoólico de 12.5º.

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Quinta da TapadaAlho com Salsa Este queijo curado contém picado de salsa e alho, o que lhe confere um aroma suave e sabor a esses ingredientes. Deve ser consumido à temperatura ambiente e fatiado cerca de 30 minutos antes da sua utilização.

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Queijo ‘Nova Açores’ Flamengo Bola De sabor suave, este queijo flamengo originário da ilha de São Miguel, nos Açores, é uma escolha capaz de ser consensual entre miúdos e graúdos.

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www.revistaport.com 27

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Vinho Evel branco Se quer um vinho limpo,

brilhante com uma intensa cor citrina, o Evel branco

é uma boa opção. Tem um aroma jovem e muito frutado,

com excelente acidez crocante.

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Porca de Murça Reserva Tinto

Porca de Murça é uma das mais antigas marcas de

Portugal, com perto de 90 anos de existência. Tanto

o tinto como o branco representam o perfil de vinhos frescos, jovens e

frutados, convidativos ao consumo diário.

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Quinta de Lemos Touriga-Nacional 2009 É um vinho cor vermelho-sangue, de aroma maduro, levemente adocicado e de

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Queijo Rabaçal DOP O Queijo Rabaçal é oriundo da freguesia do Rabaçal, no concelho de Penela (Coimbra). Fabricado com leites de ovelha e cabra, é um queijo curado que pode ser consumido como entrada, sobremesa ou como refeição ligeira.

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Casal da Ermida Cura Prolongada Na região fria da Serra da Estrela, encontramos este queijo único e requintado feito com leite de ovelha.

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Queijo velho de São Miguel É um queijo de vaca tradicional, de cura prolongada, e concebido para os verdadeiros apreciadores de queijos. O seu longo período de cura, mínimo de 9 meses, confere-lhe um paladar único e uma garantia de qualidade superior que o coloca na montra dos queijos especiais.

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PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES28

HISTÓRIA

Mais de dois séculos e meio depois, a “tem-pestade perfeita” que assolou Lisboa a 1 de novembro de 1755 continua a deixar o mundo estupefacto.

Em abril deste ano, o canal televisivo Odisseia começou a transmitir na Península Ibérica uma série de seis documentários “sobre catástrofes que mudaram o mundo”, chamada Perfect Storms (traduzida para Catástrofes Ex-traordinárias), que tem sido transmitida em dezenas de outros países através do

canal História. O primeiro episódio foi exclusivamente dedicado à maior catás-trofe natural da história de Portugal.

O cenário apocalíptico começou a de-senhar-se por volta das 9h30, quando se deu o encontro de duas placas tectóni-cas gigantescas no Oceano Atlântico. A aproximadamente 250 quilómetros, de-zenas de milhares de lisboetas reuniam-se nas cerca de 40 igrejas paroquiais, de 90 conventos e de perto de 130 outros espaços de oração católica na baixa da capital portuguesa, para celebrarem o Dia de Todos os Santos, uma data ex-

tremamente importante no calendário cristão da época.

A “Ira de Deus”, o subtítulo atribuído ao documentário sobre esta data, che-garia por volta das 9h55 a Lisboa, “uma cidade dourada no centro de um império mundial”, como é descrita pelos narra-dores anglófonos, os quais acrescentam que “diz-se que o rei português teria mais ouro do que os outros príncipes da Europa todos juntos”, sobretudo devido às enormes quantidades de ouro e diamantes provenientes de territórios explorados no solo brasileiro.

DEUS CASTIGOULISBOA HÁ 260 ANOS

A terra tremeu intensamente durante seis minutos, o mar levantou-se até à altura de um prédio de dois andares, os fogos consumiram milhares de cadáveres e os restos de centenas

de edifícios desabados. Os acontecimentos do Dia de Todos os Santos de 1755 estão agora retratados num documentário sobre a “Ira de Deus”.

TEXTO: LUÍS CARLOS SOARES

Page 29: Revista PORT.COM novembro 2015

www.revistaport.com 29

A catástrofe que se seguiria “abalou um império e os alicerces da sua crença em Deus”. Há mais de 200 anos, desde a época dos Descobrimentos, que os portugueses navegavam pelos mares não só em nome do ouro e da glória, como também em nome de Deus. Em 1755, há um século que se vivia o período da Inquisição, uma ferramenta de terror utilizada para eliminar hereges e prote-ger a fé católica.

O Rossio, na baixa lisboeta, era um dos centros destas práticas, em que os condenados (por supostos crimes como feitiçaria, bruxaria e rituais satânicos) eram amarrados a um poste, sendo atea-do fogo por baixo. Os lisboetas saiam à rua para ver, e até aplaudir a agonia dos condenados, que podiam demorar horas a morrer queimados, principalmente nos dias ventosos.

Seis longos minutos de terramoto

Pois bem, o mesmo Rossio seria uma das áreas onde foram mais sentidos os efeitos do terramoto, que no epicentro registou a inten-sidade de 8,5 na escala de Richter, abanando Lisboa durante mais de seis longos minutos. Ainda hoje é considerado o terramoto mais forte da história europeia.

As casas de construção frágil começa-ram rapidamente a desabar para cima das ruas, assim como as igrejas repletas de ouro e de crentes a celebrar a missa. Uma imensa nuvem de pó devolveu a noite à manhã lisboeta durante vários minutos, deixando depois a descoberto amontoa-dos de destroços e cadáveres.

No documentário, o arqueólogo por-tuguês Miguel Antunes fala de uma des-

coberta horrenda feita há pouco mais de uma década, uma vala coletiva escondida junto aos claustros de um antigo convento de Lisboa, onde se estima que possam estar 3 000 cadáveres. Este número é

AS CASAS DE CONSTRUÇÃO FRÁGIL COMEÇARAM RAPIDAMENTE A DESABAR PARA CIMA DAS RUAS, ASSIM COMO AS IGREJAS REPLETAS DE OURO E DE CRENTES A CELEBRAR A MISSA

Veja o trailer do documentário em www.revistaport.com

Saiba mais

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Lisboa acordou serena Primeiro o chão tremeu e Lisboa desabou

O maremoto levou milhares de vidas e afogou a cidade

Onde a água não chegou, os fogos completaram a destruição da capital

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HISTÓRIA

uma pequena parte dos que morreram a 1 de novembro de 1755, cuja catástrofe apenas havia acabado de começar.

Maremoto arrastou até ao meio do Atlântico

Depois do terramoto, milhares de so-breviventes deslocaram-se para um dos lugares mais amplos da baixa de Lisboa, a Praça do Comércio. Procuravam re-compor-se do caos vivido minutos antes, pediam desculpa pelos seus pecados, com membros do clero a incentivá-los para o fazerem, dizendo que o terramoto tinha acontecido por esse motivo. Nin-guém imaginava que outros horrores se aproximavam.

O choque entre as placas tectónicas não só originou o terramoto, como a deslocação de triliões de litros de água, que formaram um maremoto, fenóme-no também conhecido como tsunami. Demorou 90 minutos a percorrer os 250 km até Lisboa. Quando chegou, estima-se que o maremoto teria seis metros, a altura de um prédio de dois andares.

Milhares de pessoas que estavam não só na Praça do Comércio, mas em muitas outras artérias da baixa lisboeta foram arrastadas para o Atlântico. No docu-mentário, o historiador americano Mark Molesky, autor de vários artigos cientí-

ficos sobre a tragédia de 1755, conta que “dez dias depois, o capitão de um navio avistou no meio do Oceano Atlântico um enorme amontoado de cadáveres e mobília, que mais tarde veio a saber que eram provenientes de Lisboa”.

Incêndios ultrapassaram Todos os Santos

Nem as águas do maremoto foram suficientes para extinguir os incêndios que haviam despoletado com os desmo-ronamentos do terramoto. Muitos destes fogos tiveram início com a queda de milhares de velas que tinham sido acesas para celebrar a festa de Todos os Santos, sobretudo nas igrejas.

No documentário surgem especialis-tas a dizer que Lisboa tem a topografia

perfeita para um grande incêndio, com a baixa rodeada por três colinas ingremes, o que faz com que o fogo só possa ir bus-car oxigénio a uma direção, do rio Tejo para o interior da cidade. O vento fez com que as chamas de pequenos incêndios se juntassem umas às outras e formassem vários grandes incêndios.

FÉMURES DE CADÁVERES DA ÉPOCA COM VÁRIOS CORTES DE FACA COMPROVAM QUE HOUVE CANIBALISMO

A CAPITAL PORTUGUESA DEIXOU DE SER, EM APENAS UM DIA, UMA CIDADE DO OURO, PARA PASSAR A SER UM AUTÊNTICO OSSÁRIO

A Igreja de São Roque sobreviveu como exemplo da “cidade dourada”

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À meia-noite, quando o Dia de Todos os Santos deu lugar ao 2 de novembro, os fogos continuavam a arrasar Lisboa. A capital portuguesa deixou de ser, em apenas um dia, uma cidade do ouro, para passar a ser um autêntico ossário, repleto de ossos carbonizados.

Rescaldo com roubos, homicídios e violações

À tripla catástrofe (terramoto, maremoto e incêndios) suceder-se--iam vários dias de pilhagem de casas, igrejas e palácios, período durante os quais também há relatos da época que falam em homicídios e violações. A anarquia passou a reinar no cenário pós-apocalíptico, protagonizado pelos criminosos que fugiram por entre as ruinas de duas das principais cadeias da cidade, assim como por outros civis a quem os acontecimentos recentes haviam roubado conceitos habituais em civilizações organizadas.

O arqueólogo Miguel Antunes mostra, no documentário, um fémur de um cadáver da época com vários cortes de faca, que comprovam que houve canibalismo. Diz também que há vários outros exemplos semelhantes.

Nicholas Shrady, jornalista e escritor americano autor do livro O Dia do Fim (sobre os acontecimentos e repercussões do 1 de novembro de 1755), conta no docu-mentário que um sobrevivente britânico escreveu uma carta para o Reino Unido que começava por estas palavras: “Do local que era Lisboa mas deixou de o ser”. Na capital portuguesa não havia segurança, abrigo nem alimentos.

Reflexões em Portugal e na Europa

Ao todo morreram cerca de 30 mil pessoas na catástrofe de Lisboa, 15% da população local. Segundo alguns estudos, Portugal perdeu metade do seu rendimento anual na sequência desta catástrofe. Lisboa

perdeu o seu lugar no centro do comércio mundial.

Para além de tudo isto, o 1 de novembro de 1755 também contribuiu para desmo-ronar todo um sistema de crenças: “Se a ira divina se havia feito sentir no Dia de Todos os Santos, às 9h30, quando a maior parte dos habitantes estava na missa ou a caminho das igrejas, o que é que isso sig-nificava?”, explica Nicholas Shrady. Até o inquisidor-mor de Lisboa constava entre as vítimas.

A catástrofe também deu início a que, pela primeira vez, os cidadãos de outros países europeus começassem a questionar a natureza e as causas desse tipo de evento. Antes atribuíam qual-quer catástrofe à “Ira de Deus”. Depois do que sucedeu em Lisboa, os europeus passaram a encarar a possibilidade de que fora uma catástrofe provocada por causas naturais.

Nem as orações, nem a defesa do cristianismo através da Inquisição, nem o ouro conquistado noutras geografias conseguiram salvar os lisboetas quando a terra começou a tremer, o mar a levantar-se e os fogos a consumir a cidade. Foi uma catástrofe extraordinária quando Deus castigou Lisboa há 260 anos.

O MAREMOTO ORIGINADO PELO CHOQUE ENTRE PLACAS TECTÓNICAS DEMOROU 90 MINUTOS A PERCORRER 250 KM ATÉ LISBOA

As ruínas do Convento do Carmo comprovam a força da catástrofe

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TURISMO

Lisboa é cada vez mais visitada pelos passageiros de cruzeiros, mais uma prova da crescente popularidade turística da capital portuguesa. Estes visitantes

também gastam cada vez mais dinheiro na passagem pela cidade. A evolução promete continuar, com a abertura de um novo terminal de cruzeiros prevista para 2016.

No início de outubro soube-se que a construtora Alves Ribeiro vai ser a respon-sável pela edificação do novo terminal de cruzeiros de Lisboa, em Santa Apolónia. Esta infraestrutura contribui para que os gover-nantes portugueses, como indicou recen-temente o ministro da Economia (António Pires de Lima), acreditem que o número de turistas de cruzeiro no porto de Lisboa possa atingir os 750 mil daqui a cinco anos.

Quando desembarcam nesta zona da cidade, entre a baixa e a zona oriental lis-boeta, os turistas costumam optar pelos passeios a pé com passagem por Alfama e pelo Castelo de São Jorge, com os mais dados às caminhadas a dirigirem-se até ao Rossio, Chiado e Bairro Alto. Mesmo que se percam, já ficam felizes por cami-nharem numa cidade onde o sol brilha quase todo o ano.

Novembro encerra a época alta de um segmento turístico do qual a capital portuguesaé o sexto destino mais visitado da Europa. Lisboa recebe cada vez mais turistas por água,

que provam os pastéis de nata e as castanhas assadas, desfrutam do sol e dos monumentos, e partem com vontade de regressar.

LISBOA, CAPITAL DO TURISMO DE CRUZEIROS

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Para os que pretendem conhecer outros locais da cidade, os autocarros de sightseeing esperam estrategicamente pelo desembarque dos cruzeiros, pron-tos para levar os turistas até zonas como o Parque das Nações, o Parque Eduardo VII e Belém, onde também chegam muitos turistas que desembarcam em Alcântara.

Ainda dentro dos navios, os turistas costumam ser informados dos prin-cipais atrativos turísticos da cidade. Recebem recomendações para prova-rem, por exemplo, os pastéis de nata e a ginjinha. Por esta altura do ano não falta quem prove as castanhas assadas (há comerciantes com assadores na maior parte das zonas turísticas, muitos até conhecem os horários dos cruzeiros) e quem opte por beber uma cerveja nas esplanadas, principalmente os turistas provenientes de climas menos tempe-rados.

Como recordações costumam levar vinhos (tintos, brancos e generosos), pastelaria (com os pastéis de nata nova-mente em destaque), roupa, calçado e artesanato .

Vontade de ficar mais tempo em terra

O pico dos turistas de cruzeiros ocorre entre os meses de setembro e novembro, o que permite compensar a sazonalidade da maior parte dos outros segmentos do turismo lisboeta, que con-tinuam a ter como ponto alto o verão.

Nos primeiros seis meses deste ano, o porto de Lisboa recebeu cerca de 194 mil passageiros de cruzeiro, o que repre-sentou um crescimento de 9,45% face aos cerca de 177 mil turistas de cruzeiro

registados no mesmo período do ano passado. Prevê-se assim que, no final do ano, se confirme um aumento de 2015 face a 2014, tal como 2014 havia melho-rado os números anteriores.

Lisboa recebeu 500 872 passageiros de cruzeiro em 2014, ano em que o turismo de cruzeiros teve um impacto económico de quase 92 milhões de euros nesta cidade, segundo números estipu-lados por responsáveis ligados ao porto de Lisboa.

Em maio do ano passado, Lisboa tornou-se o quarto porto do mundo a receber em simultâneo os três grandes cruzeiros emblemáticos da frota da britânica Cunard, composta pelo Queen Elizabeth, pelo Queen Victoria e pelo Queen Mary 2, um dos maiores transa-tlânticos do mundo. Num só dia, a capi-tal portuguesa recebeu 18 mil pessoas, das quais 13 mil passageiros e cinco mil tripulantes.

Em 2014, cada passageiro de cruzeiro gastou na capital portuguesa, em média, cerca de 183,49 euros, um valor que duplica em relação a 2013 (97,40€).

A média de idades global destes turistas é de 47,3 anos e 51% têm for-mação universitária. Segundo dados da Secretaria de Estado do Turismo, cerca de 90% dos turistas que chegam a Lisboa em navio de cruzeiro tem fortes intenções de regressar ao país, e prova-velmente para estadias de três ou quatro dias ou mesmo uma semana.

Chegam assim por água, com vontade de ficar mais tempo em terra. Lisboa, que atualmente é o sexto destino de cruzeiros mais visitado da Europa, está assim a contribuir também para a divulgação turística de outros pontos do país.

MESMO QUE SE PERCAM ENTRE ALFAMA E O CASTELO, OS TURISTAS FICAM FELIZES POR CAMINHAREM NUMA CIDADE ONDE O SOL BRILHA QUASE TODO O ANO

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CULTURA

A contagem decrescente para o Natal faz com que os estabelecimen-tos comerciais sejam os primeiros a montar os pinheirinhos, com os consumidores a co-

meçarem a preparar as listas de prendas. As lojas destinadas à venda exclusiva de música (em espaço físico) são cada vez mais raras, o que não significa que os músicos estejam menos ativos. Os portugueses dão o exemplo, com deze-nas de artistas responsáveis por novos lançamentos.

Entre os discos de originais, destaque para o regresso de Mariza. A fadista não apresentava canções novas há cinco anos, mas quebrou esse hiato no início do mês passado. Desde então, o novo álbum já foi apresentado em palcos na Suécia, nos Estados Unidos e no Canadá, em algumas localidades onde residem populosas comunidades portuguesas, como Newark, Montreal e Toronto.

Este mês canta a língua portuguesa e o mais português dos géneros musicais em palcos europeus, também em países com muitos compatriotas e lusodes-cendentes, como Suíça (dia 8 em Gene-bra e dia 17 em Zurique), Luxemburgo (dia 14) e Alemanha (dia 15 em Colónia, dia 16 em Berlim, dia 18 em Munique e dia 19 em Essen). Alguns destes concer-tos já têm lotação esgotada.

Durante esta digressão é bem possí-vel que se cruze na estrada com outros projetos musicais portugueses, como é o caso dos Santamaria, que no dia 7 le-vam as suas novas canções à Alemanha, concretamente a Dortmund.

A Revista PORT.COM apresenta oito novos discos portugueses, onde para além do fado e da pop também cabem o rock dos Ladrões do Tempo (a outra banda de Zé Pedro, dos Xutos & Pontapés) e o segundo álbum do recente fenómeno protagonizado pelos D.A.M.A.

MarizaMundo

Há meia década que a fadista mais reputada da atualidade não lançava um álbum de originais, até que surgiu um mundo de 14 novas canções, em que a língua portuguesa continua a ser predo-minante, mas também é acompanhada pelo castelhano e pelo crioulo. O mundo está a render-se a “Paixão” e “Sombra”, excertos de um disco que entra em novembro na liderança do top de vendas em Portugal.

Marco RodriguesFados do Fado

Após três discos de originais, com os quais construiu a reputação de um dos mais talentosos fadistas da nova gera-ção, Marco Rodrigues lançou, no início de julho, um álbum no qual interpreta canções históricas imortalizadas por vozes como Amália Rodrigues, Carlos do Carmo e Tony de Matos, como são

O ano 2015 tem sido rico no lançamento de álbuns por parte de músicos portugueses, maioritariamente cantados em português. Exemplos disso partiram das vozes dos fadistas

Mariza e Marco Rodrigues, e dos populares Quim Barreiros, Emanuel e Zé Amaro. A apresentação de alguns destes discos passa pelas comunidades.

OS NOVOS DISCOS PORTUGUESES

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os casos de “Nem às paredes confesso”, “Bairro Alto”, “Rosinha dos limões” e “Trigueirinha”.

Quim BarreirosO Pau Caiu na Panela

Desde 1991 que todos os anos Quim Barreiros acrescenta um álbum novo, pelo menos, à sua discografia. Este ano não foi exceção, com o popular minho-to a cantar que é “um Masterchef com duas estrelas Michelin”, sempre muni-do da sua concertina. Uma referência à gastronomia portuguesa por parte deste ícone da cultura lusófona.

EmanuelA Moda dos Beats Afro

O “pai da música pimba” está de volta com um disco no qual as canções can-tadas em português, quase sempre com narrativas românticas, adotam ritmos de géneros musicais africanos, todos eles dançantes. Desde o verão que canções como “A moda dos beats afro” e “Zumbabwe” põem os portugueses a dançar.

Zé AmaroCowboy Apaixonado

Zé Amaro é um exemplo de cantor que tem mais seguidores nas comunidades do que em território português, graças a canções como “Saudade do meu país” e “Amor de verão”. No 9.º disco de originais continua a justificar aquela que é uma das suas imagens de marca, o chapéu de cowboy, ao interpretar um conjunto de canções românticas de influência country, como a que dá o nome ao disco.

SantamariaGold

Há cerca de duas décadas que a pop dos Santamaria faz sucesso nas comuni-dades, com alguns temas a soarem com frequência em discotecas no estrangeiro frequentadas por jovens portugueses e lusodescendentes. O álbum lançado este ano integra um punhado de canções que já fazem parte de algumas dessas playlis-ts, como “Não sejas assim” e “És tudo”.

Ladrões do Tempo1.º Assalto

Há um par de anos que Zé Pedro, o carismático guitarrista dos Xutos & Pontapés, se dedica a uma outra banda, chamada Ladrões do Tempo, que

lançou o primeiro álbum no final de setembro. O “1.º Assalto” deste quinteto lisboeta conta com nove músicas, todas cantadas em português, sempre a um elevado ritmo rock.

D.A.M.ADá-me um Segundo

Depois de um álbum de estreia que esteve várias semanas na liderança do top português, com vendas superiores a 20 mil unidades (um número excecional em anos de crise discográfica), os novos meninos bonitos da música portuguesa lançaram o segundo disco a 23 de ou-tubro. De “Dá-me um Segundo” fazem parte canções que já fazem sucesso nas rádios nacionais, como “Não dá” e “Não faço questão”.

Oito discos lançados em 2015, para todos os gostos: do pimba de Emanuel ao fado de Mariza e Marco Rodrigues, da pop dos Santamaria ao rock dos Ladrões do Tempo

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Lusodescendente Shawn Mendes vence dois prémios da MTV

Remígio Pereira acrescenta fado ao reportório dos canadianos The Tenors

Danças dos pauliteiros recriadas no Brasil

Rui Veloso assinala 35 anos de carreira

Artista revelação e melhor artista push. Estes são os dois prémios ganhos por Shawn Mendes nos MTV Europe Music Awards, cuja cerimónia teve lugar a 25 de outubro, em Milão. Nascido há 17 anos em Toronto, o recente ídolo de milhões de adolescentes no mundo inteiro é filho de um algarvio de Lagos, chamado Manuel Mendes. O quarteto canadiano The Tenors,

um dos grupos de tenores mais apreciados na América do

Norte (como comprovam as dezenas de milhares de visualizações de vários dos seus vídeos no YouTube), iniciou uma digressão que dura até meados de dezembro, durante a qual um dos seus elementos tem cantado um fado intitulado “Nada mais”. Este tema em português é cantado por Remígio Pe-

reira (que o escreveu com a sua mãe), filho de um casal açoriano da ilha de São Miguel, mas que nasceu nos Esta-dos Unidos (Boston) e ainda bebé foi viver com os seus pais para o Canadá. Durante o mês de março os The Tenors vão atuar 12 vezes, sempre em palcos americanos e canadianos, com pas-sagem por algumas localidades com populosas comunidades portuguesas, como Newark (dia 7) e Toronto (dia 24).

A cidade brasileira Ijuí, na qual reside uma forte comunidade portuguesa (co-mo ficou retratado na edição de abril da Revista PORT.COM), voltou a organizar a Expo Ijuí (entre 9 e 19 de outubro), um salão anual das culturas internacionais presentes no Rio Grande do Sul, estado ao qual pertence. O Rancho Folclórico e Etnográfico Alma Lusa, um grupo de raízes transmontanas sediado em solo brasileiro, representou a cultura portu-guesa através da recriação de danças dos pauliteiros de Miranda do Douro.

Rui Veloso vai celebrar 35 anos de carreira com um concerto na MEO Arena, em Lisboa, no dia 6 de no-vembro. O músico de 58 anos lançou o seu primeiro álbum em 1980, o icónico Ar de Rock, que inclui o sucesso Chico fininho. Prevê-se que este e outros temas marcantes, co-mo Não há estrelas no céu, Máquina zero e Lado lunar, sejam interpreta-dos nesta atuação.

Breves

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Mário de Carvalho vence o prémio P.E.N.

Telenovela da TVI nomeada para os Emmys

Diogo Morgado entra na série CSI: Cyber

…e António Tavares o prémio Leya

O escritor Mário de Carvalho ganhou o prémio P.E.N. Clube Ensaio 2015 pelo volume Quem Disser o Contrário é Por-que Tem Razão (Porto Editora), que é uma espécie de manual sobre a escrita. O P.E.N. Narrativa foi atribuído ao ro-mance Hotel (Tinta da China), de Paulo Varela Gomes, e na categoria Poesia houve dois premiados: Isabel Mendes Ferreira pela obra O Tempo é Renda (Labirinto das Letras), e Luís Quintais por O Vidro (Assírio & Alvim).

A telenovela Mulheres, do canal português de televisão TVI, está na corrida ao Emmy de melhor telenovela, que será entregue a 23 de novembro, em Nova Iorque. Para além da história protagonizada pelas atrizes Sofia Alves e Fernanda Serrano, há mais duas teleno-velas lusófonas entre as quatro finalistas: a angolana Jikulu-messu (transmitida pela RTP) e a brasileira Império (que passou na SIC). A única exceção é a espanhola Ciega a Citas.

O ator português de 34 anos foi convidado a gravar com o elenco da série americana protagonizada por Patricia Arquette e Ted Danson. Segundo informação divulgada pelo próprio na sua página Facebook, Diogo Morgado vai interpretar um agente especial chamado Miguel Vega. A estreia mundial do episódio 8 da segunda temporada, no qual entra o personagem, está prevista para 22 de novembro.

O vice-presidente da Câmara Mu-nicipal da Figueira da Foz ganhou o prémio literário Leya, com o valor de 100 mil euros, atribuído a romances inéditos em literatura de expressão portuguesa, pelo seu segundo livro, O Coro dos Defuntos.

O Grão-Ducado voltou a receber mais uma edição da Quinzena do Cinema Português no Luxemburgo, festival organizado pela Embaixada de Portugal e pelo Centro Cultural Camões, que todos os anos repro-duz filmes portugueses. A edição deste ano, realizada na segunda quinzena de outubro, homenageou Manoel de Oliveira, o icónico reali-zador que faleceu a 2 de abril, com 106 anos, através da reprodução do filme Aniki Bobó. Entre os outros filmes que passaram pelos cinemas Utopia e Utopolis (na cidade do Luxemburgo) e pelo cinema Belval (em Esch-sur-Alzette) constaram Os Maias (de João Botelho), Yvone Kane (Margarida Cardoso), Cavalo Dinheiro (Pedro Costa) e Os Gatos Não Têm Vertigens (António-Pedro Vasconcelos).

Cinema português em destaque no Luxemburgo

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GASTRONOMIA

SÃO MARTINHO, PADROEIRO DA CASTANHA

PORTUGUESAOs magustos na primeira quinzena de novembro são prática comum onde há

portugueses pelo mundo, principalmente nas comunidades em países europeus. Receber castanhas portuguesas no estrangeiro é muito mais fácil agora do que no tempo do São Martinho, que nem terá chegado a provar o “ouro transmontano”.

O dia de São Martinho é festejado a 11 de novembro um pouco por toda a Europa, com as celebrações a variarem de país para país. Desenganem-se

aqueles que pensam que o consumo de castanhas nesta época é prática globa-lizada. Portugal é o único país com esta tradição, que é exportada para todo o mundo através das comunidades.

Os portugueses emigrados são assim um dos maiores embaixadores de um fruto do qual Portugal é um dos maiores produtores. Todos os anos partem toneladas de castanha portuguesa para dezenas de países, maioritariamente pa-ra França, Espanha, Alemanha, Holanda e Itália.

Estima-se que todos os anos, na pri-meira quinzena de novembro, a comu-nidade portuguesa realize mais de uma centena de magustos em França, um

pouco por todo o país. Cidades de maior ou menor dimensão, como Paris, Lyon, Toulouse, Bordéus, Nantes, Montpellier, Angoulême, Châteauneuf-sur-Loire e até Tours (onde São Martinho faleceu e está sepultado), veem assim grupos de pessoas reunirem-se em tornos de assadores de castanhas.

Exemplo disso teve lugar na capital francesa, que no ano passado viu dezena

e meia de associações luso-francesas a convidarem os seus associados para um magusto que contou com duas toneladas de castanhas, oferecidas pela Comu-nidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes (CIM-TTM). O próprio representante máximo da entidade, Américo Pereira, também presidente da Câmara Municipal de Vinhais, viajou de Portugal até ao evento.

Para além do pequeno e tão apreciado fruto, nos magustos nas comunidades não faltam outros produtos típicos da época, como a jeropiga e a água-pé, com o caldo verde e a broa também muitas vezes presentes. Pelas associações, cafés ou outros pontos de encontro de por-tugueses também costumam passar os concertos de concertinas e até atuações de fado.

França é, de forma destacada, o país onde as comunidades portuguesas mais celebram o São Martinho nestes moldes, mas há outros, como Suíça, Alemanha

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e Luxemburgo. Fora da Europa tam-bém há coletividades de portugueses que conseguem receber castanhas em quantidades suficientes para organiza-rem magustos, sobretudo no Brasil e no Canadá.

Cada vez mais “petróleo transmontano”

Trás-os-Montes é responsável por mais de 75 por cento da produção na-cional de castanha, que ronda as 20 mil toneladas. É o produto mais rentável e com maior peso na economia local da sub-região da Terra Fria Transmontana, que engloba os concelhos de Vinhais, Bragança e parte do de Valpaços. Não estranha que lhe chamem “o ouro” ou “o petróleo” local.

Outros grandes produtores de casta-

nha são a Itália e a Turquia, países onde a produção tem diminuído nas últimas décadas. Em Portugal até tem aumenta-do, com a área de soutos no concelho de Vinhais a ter duplicado na última década.

O maior grupo produtor mundial de castanha, de capitais chineses mas cotado na bolsa de Nova Iorque, está a apostar no nordeste transmontano. O American Lorain, nome do grupo, adquiriu, no ano passado, uma parti-cipação maioritária (51 por cento) da luso-francesa Conserverie Minerve, que já detinha uma unidade de produção em Vinhais.

Os representantes do setor só ainda não puxaram dos galões de país autossu-ficiente na produção de castanha, à ima-gem do que há alguns anos aconteceu no setor do azeite, uma vez que as grandes

superfícies continuam a ter a necessida-de importar. Diz-se que Portugal expor-ta qualidade e importa quantidade.

Nos últimos anos o preço pago pelo mercado europeu ao produtor por-tuguês ronda os dois euros por quilo, um aumento sustentado pela plena afirmação internacional da castanha portuguesa.

Castanheiros sobem em altitude

Por entre este clima de notícias positi-vas, os produtores da Terra Fria Trans-montana estão a assistir a um fenómeno que pode ser um motivo de preocupação para as gerações vindouras. Atualmente já há plantações de castanheiros a 900 metros de altitude, mais 200 do que o limite que impunham os manuais.

Castanhas assadas e jeropiga

Vinhais, Bragança e Valpaços são concelhos onde abundam

ouriços de castanheiros

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GASTRONOMIA

Escrito por outras palavras, a agri-cultura transmontana está a sofrer transformações devido ao aquecimento global e às alterações climáticas das últimas décadas. O castanheiro é um testemunho natural de que as tempe-raturas estão a subir e a precipitação média anual a descer.

Até há quem preveja que onde hoje em dia há castanheiro daqui a 40 anos seja lugar de oliveiras, uma cultura mais usual na Terra Quente Transmon-tana, região mais a sul no distrito de Bragança.

Enquanto tal não acontece, a castanha transmontana continua a ser rainha de um outro aquecimento climático, o do verão de São Martinho. Não é só em Portugal que se acredita que na véspera e no dia das comemorações, o tempo melhora e o sol aparece, fenómeno associado à conhecida lenda do santo que num dia frio e chuvoso cedeu o seu

manto a dois mendigos, que personifica-vam Cristo, o que fez com que as nuvens negras desaparecessem e o sol surgisse e se prolongasse por três dias.

Nesta lenda não consta que Martinho tivesse comido castanhas. Aliás, não há documento que indique qualquer relação entre o fruto e o santo que viveu no terceiro século depois de Cristo. Mas hoje em dia ninguém duvida que, seja em Portugal ou onde haja um português no mundo, o São Martinho é o padroeiro da castanha portuguesa.

da épocaOs provérbios

“No dia de São Martinhovai à adega e prova o vinho”

.

“No dia de São Martinho, lume, castanhas e vinho”

.

“No dia de São Martinho bebe o vinho e deixa a água para o moinho”

.

“No dia de São Martinho fura o teu pipinho”

.

“Pelo São Martinhotodo o mosto é bom vinho”

.

“Pelo São Martinho prova o teu vinho. Ao cabo

de um ano já não te faz dano”.

“No dia de São Martinho mata o teu porco e bebe o teu vinho”

.

“Se o Inverno não erra o caminho, tê-lo-ei pelo São Martinho”

.

“Se queres pasmar o teu vizinho, lavra, sacha e esterca pelo São

Martinho”.

“Verão de São Martinho são três dias e mais um bocadinho”

São Martinho é uma das épocas do ano a que a sabedoria po-pular portuguesa dedica mais provérbios, a maior parte dos quais relacionados com a prova do vinho da última vindima:

No ano passado, 15 associações de portugueses celebraram conjuntamente

o São Martinho em Paris

O presidente da CM Vinhais, Américo Pereira viajou até França para um magusto com as comunidades

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À temperatura ambiente duram à volta de uma semana.

Quando conservadas no frigorífico, onde duram cerca de um mês, já podem ser colocadas num saco, mas é importante que esteja perfurado.

No congelador duram três meses e devem ser guardadas ainda com a casca.

Por permitir a ventilação de ar, uma saca em serapilheira é a ideal para guardar as castanhas

Entre as principais características nutricionais das castanhas destacam-se os nutrientes que contribuem para a produção de energia e

para ajudar a combater o envelhecimento celular.

OS BENEFÍCIOS DA CASTANHA

Antes de serem protagonistas em magustos ou vendidas assa-das nas ruas das maiores cidades de Portugal, as castanhas fize-ram parte da base da alimentação dos portugueses até ao século XVIII, quando o milho e as batatas entraram defini-tivamente na gastronomia europeia. São um dos frutos mais energéticos, por serem ricas em potássio, em hidratos de carbono (sobretudo amido, que chegam a ter duas vezes mais do que a batata) e outros carboi-dratos, como glicose, frutose, sacarose e fibras.

Também têm muita água, mas esta evapora-se quando as castanhas são cozinhadas com a casca cortada, como

mandam as regras. O que não se perde são os micronutrientes

que fazem a manutenção do organismo, como ácidos gordos, minerais (fósforo, cálcio, mag-nésio, cobre, ferro e manganês), vitaminas (A, C e do complexo

B) e colesterol bom. Por ajudarem a repor nutrientes, as castanhas

também contribuem para combater o envelhecimento celular. A diferença entre as castanhas e os outros frutos gordos e amiláceos também típicos do outono, como nozes, avelãs e amên-doas, é que as castanhas são menos gordas e, por isso, menos calóricas.

Energia Hidratação e nutrição

As castanhas devem guardadas num local seco, fresco, sem luz. É importante que fiquem soltas, ou seja, sem estarem num saco de plástico, que as pode fazer ganhar bolor e ficar estragadas.

Como conservar castanhas?

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GASTRONOMIA

As castanhas surgem como protago-nistas ou acompanhamento de muitos pratos com origem em Trás-os-Montes. A carne de javali partilha espaço com o fruto em algumas destas receitas, fruto das montarias realizadas na época de caça, que resultavam em grandes con-vívios comunitários em muitas aldeias transmontanas, particularmente do concelho de Vinhais.

A tradição ditava que pelo menos um javali resultante da caçada fosse partilhado pela população numa refei-ção confecionada no tradicional pote transmontano, ou panela à portuguesa (panela de ferro com três pés). Assim se apurou um dos pratos mais caracte-rísticos de Trás-os-Montes, que se pode degustar durante a época de caça em muitos restaurantes da região.

RECEITA

JAVALI NO POTE COM CASTANHAS

Ingredientes:

• 2 kg de javali; 3 dl de azeite; 3 cebolas médias; 7 dentes de alho; 5 folhas de louro; 1/5 l de vinho branco, mais o necessário para a adoba; 3 malaguetas; 1 colher de sobremesa de colorau; 1 copo de vinho tinto; 1 copo de aguardente; 1 ramo de salsa; 500 g de casta-nhas; Sal q.b.

Preparação:O tempero é feito 24 horas antes da preparação do javali no pote. Para um recipiente corta-se o javali aos pedaços e tempera-se com sal, alho (quatro dentes), louro e vinho branco, em quantidade suficiente para que a carne fique totalmente coberta. Re-serve em local fresco.

No dia seguinte começa a ser prepa-rado o javali. Colocar o pote de ferro ao lume com azeite, cebolas e alhos picados. Deixar refogar até a cebola e o alho ficarem macios. Adicionar o javali depois de escorrido do tempero. Já com a carne no pote, juntar o vinho branco e tinto, a aguardente, o colo-rau, as malaguetas e o ramo de salsa.

Deixar guisar, em lume brando, durante cerca de 1 hora e ir retifican-do os temperos. À parte cozem-se as castanhas temperadas com sal. Descascam-se e reservam-se. Depois de o javali estar guisado, juntam-se as castanhas e envolve-se. Retirar do lume passados 2 minutos.

Servir o javali com castanhas, acom-panhado de batata cozida e grelos.

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Jornal espanhol destaca chefs portugueses

Restaurante de José Avillez entre os melhores da Europa

Alvarinho da Soalheiro conquista ouro

em Hong Kong

Estudo indica que Dieta Mediterrânica

retarda envelhecimento

cerebral

O suplemento de viagens do jornal El Mundo dedicou uma reportagem à nova geração de chefs de cozinha portugueses, que considera ser mere-cedora da atenção do Guia Michelin. José Avillez, Henrique Sá Pessoa, Vítor Sobral, Kiko Martins (na foto), Miguel Vieira Rocha são alguns dos nomes que foram destacados pela publicação.

Ana Patuleia Ortins, uma luso descendente (nasci-da nos Estados Unidos, filha de um alentejano) apaixonada pela gas-tronomia portuguesa, lançou um livro de culiná-ria chamado “Authen tic Portuguese Cooking”, que em tradução livre sig-nifica “cozinha portuguesa autêntica”. A obra inclui 185 receitas típicas de Portugal, tanto do continente como das ilhas, como pataniscas, iscas ou até pastéis de nata. Este é o segundo livro que a autora lança sobre gas-tronomia portuguesa, o sucessor de “Portuguese Homestyle Cooking” (“cozinha caseira portuguesa”).

O vinho Soalheiro Clássico 2014 recebeu uma medalha de ouro na edição deste ano do Asia Wine & Spirits Awards, que teve lugar em Hong Kong. Para cimentar a sua presença nesta região administrativa especial chinesa, a Quinta do Soalheiro, de Mel-gaço, vai levar este alvarinho a um outro evento realizado no mesmo território, à edição de 2016 do Restaurant & Bar Expo.

Lusodescendente lança livro nos EUA sobre cozinha tradicional portuguesa

O Belcanto, em Lisboa, foi eleito um dos melhores restaurantes da Europa pelos visitantes do TripAdvisor. Este estabele-cimento liderado pelo chefe de cozinha José Avillez é o único restaurante em Portugal na lista dos 25 melhores restaurantes europeus, com a sua ementa a ser descrita como “altamente inovadora e perfeitamente apresentada e preparada”, num ambiente “elegante e confortável”.

Um estudo da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, indica que a dieta mediterrâni-ca – adotada pela maioria dos portugueses - retarda o enve-lhecimento cerebral e que os adeptos deste tipo de alimen-tação apresentam um volume cerebral maior do que aqueles que optavam por outro tipo de alimentação, mais pobre nutri-cionalmente. Depois de analisa-rem 674 pessoas, os investiga-dores americanos concluíram ainda que as pessoas que se-guem diariamente uma dieta mediterrânica têm uma massa cinzenta maior, o que faz com que sejam cinco anos mais novos cerebralmente.

Breves

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PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES44

DESPORTO

As seleções portuguesas de futebol atravessam um ex-celente momento. A equipa AA apurou-se para o EURO 2016 só com vitórias quando

comandada por Fernando Santos, os sub-21 somam por triunfos todos os jogos de qualificação para o próximo Europeu da categoria, depois de terem alcançado a final na edição deste ano. Para além des-tes indicadores, a afirmação na elite do futebol português de jovens como Rúben Neves, Gonçalo Guedes e Gelson Mar-tins constitui um excelente prenúncio.

Estes “miúdos” são atualmente presença assídua nos onze titulares dos “Três Grandes” do futebol portu-guês. Rúben Neves tem sido chamado a ocupar um lugar no meio-campo do FC Porto nos jogos de maior exigência, Gonçalo Guedes e Gelson Martins têm-se apresentado como as melhores alternativas a Eduardo Salvio e André Carrillo, ausentes no Benfica e Sporting por diferentes motivos.

Todos eles têm dado nas vistas tanto em competições nacionais como inter-nacionais, apesar de Gelson ter apenas 20 anos, de Gonçalo celebrar o 19.º ani-versário no final deste mês e de Rúben ter ainda idade para jogar pelos juniores, cumpridas apenas 18 primaveras.

Rúben, o mais jovemportista a marcar

Apesar de ser o mais novo dos três, Rúben Neves até foi o primeiro a emergir no plantel principal de um “Grande”. Apareceu de surpresa na pré-época do FC Porto no verão de 2014, convidado pelo recém-chegado treinador Julen Lopete-gui, que já havia observado exibições do médio nas seleções jovens de Portugal.

Na temporada anterior, Rúben havia jogado nos juvenis, o penúltimo dos escalões de formação. Na altura com 17 anos, o jovem que veste de azul e branco desde os oito passou à frente duas etapas, os juniores e também a equipa B, onde os

aspirantes à equipa principal se costu-mam adaptar ao futebol sénior. Mesmo assim, o portuense e portista de coração não acusou o salto e o seu desempenho convenceu Lopetegui a conceder-lhe a titularidade na jornada inaugural da Primeira Liga, a 8 de agosto de 2014.

O adversário era o Marítimo e, logo ao minuto 11, Rúben Neves marcou o primeiro golo portista no campeonato português, com um remate confiante de fora da área. Tornou-se assim no mais jovem jogador de sempre a marcar um golo pelo FC Porto no campeonato.

Quando foi substituído ao minuto 74, foi ovacionado pelos adeptos no Estádio do Dragão, ritual entretanto repetido. As duas últimas ovações foram nas vitórias caseiras do FC Porto ao Benfica e ao Chelsea, ambas em setembro deste ano. Há 30 anos que um jogador portista de 18 anos não era titular em dois duelos consecutivos contra o rival encarnado, desde Festas em 1985.

Têm todos menos de 21 anos, mas têm feito vários jogos a titular nas principais competições nacionais e internacionais. Nas últimas semanas, Rúben Neves estreou a braçadeira de

capitão do FC Porto, Gonçalo Guedes deu uma vitória ao Benfica em Madrid, Gelson Martins apresentou-se como solução a um problema no Sporting. E dificilmente ficarão por aqui.

JOVENS PÉROLAS ENTRE OS “GRANDES”

TEXTO: LUÍS CARLOS SOARES

O DESPONTAR DE RÚBEN, GONÇALO E GELSON

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No início do mês passado, numa goleada frente ao Belenenses, utilizou pela primeira vez a braçadeira de ca-pitão num jogo oficial. Vários jorna-listas recorreram ao registo de jogos do FC Porto à procura de um capitão tão precoce. Não encontraram.

Mais fácil do que pesquisar nos 122 anos de história do FC Porto é fazê-lo nos 23 anos do atual formato da UEFA Champions League. Decorriam poucos minutos da receção do clube portista ao Maccabi Telavive, a 20 de outubro, quando a UEFA tornou oficial que Rúben Neves acabava de se tornar no mais jovem capitão da his-tória da máxima competição europeia de clubes.

Com 18 anos e 221 dias de idade, o jovem português superou o holandês Van der Vaart, que em 2003 havia utilizado a braçadeira de capitão do Ajax de Amesterdão com 20 anos e 217 dias.

Na lista de recordes que tem batido até há ainda um outro no qual superou Cristiano Ronaldo. É o jogador portu-guês que se estreou na Champions com a idade mais precoce. No meio de tudo isto, são vários os colossos europeus que têm observado o jovem prodígio, como o Barcelona, o Chelsea, o Liverpool e o Paris Saint-Germain.

Gonçalo já marca em Portugal e na Europa

A cláusula de rescisão de Rúben Neves é de 40 milhões de euros, uma das mais altas do futebol português. Uma das pou-cas que a superam é a de Gonçalo Guedes, colocada nos €60 milhões, a mais elevada de sempre num jogador formado pelo Benfica. E o valor até foi estipulado no final da temporada passada, ou seja, antes de se ter fixado definitivamente na equipa principal dos encarnados.

Jorge Jesus chamou-o a jogo em nove ocasiões, todas elas em jogos de baixa

exigência, sendo titular apenas duas vezes, ambas a contar para a Taça da Liga. A partir do final de fevereiro, quando o calendário começou a apontar para as principais decisões competitivas, o jo-vem de 18 anos regressou à equipa B, onde terminou a temporada com oito golos marcados na Segunda Liga.

No início desta temporada, o novo treinador do Benfica, Rui Vitória, sabia que Salvio, o habitual titular na ala direita do ataque encarnado, enfrentava vários meses de uma lesão grave, da qual conti-nua a recuperar. Mesmo assim, permitiu a transferência de um dos jogadores mais apontados como possível alternativa, Ola John.

Em poucos jogos foram utilizados vários jogadores no lugar. Depois do holandês chegou a vez do marroquino Carcela e dos brasileiros Victor Andrade e Talisca, este último uma adaptação de recurso. Mas quem acabou por convencer Rui Vitória foi Gonçalo Guedes.

A maturidade com que aos 18 anos joga contra adversários como o Chelsea ou o Benfica tem espantado os maiores clubes europeus

Ao 4.º jogo a titular foi decisivo na vitória contra o Paços de Ferreira. Marcou um golo e ofereceu os outros dois

Decisivo na 1.ª jornada do campeonato, este extremo nunca mais perdeu um lugar no plantel principal

RÚBEN NEVES GONÇALO GUEDES GELSON

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PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES46

DESPORTO

No primeiro jogo a titular, a 11 de setembro, contribuiu com duas assis-tências para a goleada por 6-0 contra o Belenenses. A exibição do jovem de Benavente valeu nova estreia a titular, agora na Champions, no triunfo contra o Astana.

Depois das estreias a titular chegaram as estreias a marcar. E tudo no reduzido espaço temporal de 17 dias. Gonçalo faturou pela primeira vez pela equipa principal do Benfica a 26 de setembro (diante do Paços de Ferreira) e fez o pri-meiro golo europeu no dia 30 do mesmo mês, o tento da vitória benfiquista no terreno do Atlético Madrid (1-2). A 13 de outubro marcou pela primeira vez pela seleção sub-21 (vitória por 0-4, contra a Grécia), poucos dias após o primeiro jogo pela equipa treinada por Rui Jorge.

A idade precoce da afirmação de Gon-çalo permite-lhe bater alguns registos com alguns anos, à imagem de Rúben Neves. Há 11 anos, desde o médio Manuel Fernandes, que um jogador com apenas 18 anos não fazia tantos jogos seguidos a titular pelo Benfica ou que não jogava de início num dérbi contra o FC Porto.

Manuel Fernandes, atualmente no Lokomotiv de Moscovo, acabou por não vingar na elite do futebol europeu. Mas não falta quem vaticine grandes voos a Gonçalo, não só os treinadores Rui Vitória e Rui Jorge, como o antigo internacional português Simão Sabrosa, o último que brilhou a grande nível com a camisola número 20 do Benfica.

Gelson, a resposta a um impasse

Rúben Neves passou este ano a vestir a camisola número 6 do FC Porto, depois de ter começado a dar nas vistas com a

camisola 36. Devido às exibições rubrica-das na primeira temporada que cumpre integralmente no Sporting, é previsível que para o ano Gelson Martins tenha di-reito a um número mais condizente com o estatuto de jogador de primeira equipa.

Para já utiliza o 60, o mesmo número com que no ano passado marcou seis golos pela equipa B e fez dois jogos pelo conjunto principal na Taça da Liga, com-petição na qual o conjunto leonino, em protesto, não utilizou as suas figuras de proa. Mas esta temporada tem sido bem diferente da anterior para Gelson, que já resolve jogos em competições “a doer”.

Logo na 1.ª jornada do campeonato, o Sporting chegou ao tempo de compensa-ção empatado a uma bola com o Tondela. Os “leões” mais céticos já antecipavam o primeiro balde de água fria da época, quando Gelson ganhou uma grande penalidade, ao ser derrubado dentro da grande área tondelense. O penalty foi transformado em golo por Adrien Silva.

Mais tarde, quando Carrillo foi afasta-do dos jogos do Sporting por se recusar a assinar contrato, Gelson foi o primeiro escolhido para tentar fazer esquecer o peruano, tanto nas competições nacio-

nais como nas internacionais. Jogou de início contra o Lokomotiv de Moscovo e depois contra o Nacional.

O primeiro golo pela equipa principal também já faz parte do currículo do jovem extremo, marcado na Taça de Portugal, contra o Vilafranquense. En-quanto o dossier Carrillo continua num impasse, Gelson vai mostrando porque é que 60 também é o número da cláusula de rescisão com que o Sporting procura travar o interesse de outros clubes em mais uma das “pérolas” que lança no mundo do futebol.

Para já, Gelson, Gonçalo e Rúben continuam a ser apresentados como internacionais sub-21. Fernando Santos já avisou que o portista “pode ser chamado à seleção principal a qualquer momento”. Se o benfiquista e o sportin-guista continuarem a progredir a este ritmo, certamente também não terão que esperar muito por um telefonema do selecionador.

RÚBEN NEVES SUPEROU O HOLANDÊS VAN DER VAART COMO O MAIS JOVEM CAPITÃO NA HISTÓRIA DA CHAMPIONS

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Primeiro-ministro do Canadá equipou de verde e branco

Benfica assina protocolo com CPLP

Justin Trudeau fez uma visita à comu-nidade portuguesa em Toronto, du-rante a qual vestiu a camisola da filial local do Sporting Clube de Portugal. O governante até fez questão de ser fo-tografado pela imprensa com as cores do Sporting Club Português de Toron-to, cidade canadiana onde os “leões” também contam com uma academia de formação de jovens futebolistas.

O Sport Lisboa e Benfica e a Comuni-dade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) assinaram um protocolo com propósitos empresariais e desporti-vos. A criação de escolas de formação de jovens futebolistas nos países da CPLP é um dos objetivos. Nuno Go-mes, antigo jogador do Benfica e atual assessor do clube para a área interna-cional, deseja que este acordo permita ao clube “chegar a mais pessoas e angariar mais sócios”.

Breves

O equipamento principal do FC Porto foi eleito, pelo jornal inglês The Tele-graph, o mais bonito dos 32 que mar-cam presença nesta edição da Liga dos Campeões. A camisola dos “dragões” é elogiada pela sua “limpeza”, dado não ter publicidade visível na parte frontal, e pelos detalhes das riscas na parte in-ferior. Nesta competição estética, Paris Saint-Germain e Barcelona seguem-se ao FC Porto nos lugares do pódio. O Benfica surge no 12.º lugar.

Equipamento do FC Porto eleito o mais bonito da Champions

Braga iguala registo europeu de portistas e sportinguistas

Existem três equipas portuguesas que, ao longo da sua história, consegui-ram vencer os três primeiros jogos da fase de grupos de uma competição europeia: o FC Porto, o Sporting e o… Sporting de Braga. A equipa minhota culminou este feito a 22 de outubro, ao vencer o Olympique de Marselha (3-2), na 3.ª jornada da Liga Europa, somando esse triunfo aos que havia alcançado na deslocação ao terreno dos checos do Slovan Liberec (0-1) e na receção aos holandeses do Groningen (1-0).

Page 48: Revista PORT.COM novembro 2015

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES48

DESPORTO

A Dragon Force Toronto trata-se da primeira escola inserida numa comunidade portugue-sa no estrangeiro, mas não da primeira escola internacional. Desde

setembro do ano passado que existe uma estrutura semelhante em Bogotá, capital da Colômbia.

Na apresentação desta nova escola, Pinto da Costa adiantou que já há mais de 120 inscritos, que podem ser rapazes e raparigas dos quatro aos 18 anos. Esta adesão reforça a confiança no sucesso do projeto, até porque “o FC Porto tem gran-de apoio nesta região, num país em que a juventude começa a ter grande entusias-mo com o futebol”, indicou o presidente dos “dragões”.

Conquistar novos adeptos para o FC Porto e explorar um novo mercado de re-crutamento de jovens talentos são outros objetivos deste projeto. A Revista PORT.COM quis saber mais sobre a Dragon Force Toronto e contactou um dos dois coordenadores que partiram de Portu-

gal para o Canadá, o também treinador Sérgio Saraiva:

Porque é que os jovens canadianos, portugueses e lusodescendentes devem inscrever-se na escola Dragon Forces em Bradford?

Queremos que nos procurem porque querem jogar futebol, porque querem aprender mais futebol e porque querem desenvolver as suas capacidades futebo-

lísticas. Foi o futebol que nos trouxe até aqui e é nesse tema que somos especialis-tas. Como FC Porto, com a história que temos, somos um clube sempre presente entre o top dos top da Europa, e é por aí que queremos que as pessoas nos conhe-çam, que se identifiquem connosco.

Para além da formação futebolísti-ca, que componentes são valorizadas?

A este projeto está sempre associa-do um acompanhamento académico, emocional e social. Na parte académica estará em vigor um projeto que já existe há alguns anos na FC Porto Dragon Force, que visa a comunicação constante entre pais, treinador e diretor de turma/profes-sores. Promovemos, por exemplo, uma caderneta na qual cada um dos interve-nientes na educação do aluno pode fazer os comentários que julgue necessários. O aluno deve ter as notas sempre atualiza-das e terá verificação periódica quer pelos treinadores quer pelos professores.

Para além dos equipamentos utili-zados e do conhecimento emprestado pelos treinadores, que tipos de expe-

FC PORTO PROCURA TALENTOS ENTRE

A COMUNIDADE LUSO-CANADIANA

O FC Porto inaugura este mês, no dia 7, a primeira escola Dragon Force perto de uma comunidade portuguesa no estrangeiro. O país escolhido é o Canadá, concretamente em

Bradford, localidade nos arredores de Toronto onde, segundo Pinto da Costa, “55% dos habitantes são lusodescendentes”.

Os coordenadores José Violante e Sérgio Saraiva

Page 49: Revista PORT.COM novembro 2015

www.revistaport.com 49

riências de aproximação ao universo FC Porto serão valorizadas por uma escola tão distante de Portugal?

Serão realizados eventos relacionados com o universo FC Porto. Por exemplo, já está agendada uma semana em Portu-gal, em março, para algumas equipas da escola Dragon Force Toronto, que vão ter oportunidade de treinar nas nossas insta-lações no Porto, ver jogos da equipa prin-cipal, das equipas da formação e também jogar com outras equipas Dragon Force.

Jovens benfiquistas ou sportinguis-tas, ou descendentes de adeptos desses clubes, também são bem-vindos?

Claro que sim! Não rejeitamos ninguém que tenha uma preferência clubista dife-rente, até porque com o tempo isso poderá mudar (risos). Obter mais adeptos e gente que gosta do nosso clube também é um ob-jetivo, mas respeitamos tudo e todos. Ago-ra, relembro que uma das razões de termos aberto esta escola é entrar num continente em que o futebol é um fenómeno emer-gente e nós, FC Porto, estamos também atentos aos talentos que por aqui existem, não interessa a cor, a raça, o clube ou a idade. Pretendemos desenvolver esses talentos da forma mais profissional possível.

Contactos para inscrição Dragon Force Toronto | Bradford

E-mail: [email protected]

Telefone:Luis Andrez - (+1) 905 252 1733

Nelson Rocha - (+1) 416 605 7749Site oficial: www.dragonforce.ca

Facebook: https://www.facebook.com/dra-gonforcetb?fref=ts

Portugal já definiu o seu quartel-ge-neral para o Campeonato da Europa de 2016. Depois de garantir a quali-

ficação direta para o torneio, os res-ponsáveis da Federação Portuguesa de Futebol não perderam tempo e chegaram a acordo para a ocupa-ção do Centre National de Rugby, a menos de 30 km de Paris, entre Lilas e Marcoussis. O espaço tem cerca de 42 hectares, nos quais cabem cinco relvados.

O médio do Atlético Paranaense estreou-se a marcar no terceiro jogo oficial com a camisola do clube bra-sileiro, num empate contra o Cruzeiro (2-2), a 15 de outubro. O antigo jogador do Sporting foi apenas o segundo português a marcar no Brasileirão, o que não acontecia desde o já distante ano de 1974, quando Fernando Peres marcou pela última vez com a camisola do Vasco da Gama.

A equipa treinada por Fernando Santos e capitaneada por Cristiano Ronaldo tem encontro marcado com a seleção luxemburguesa a 17 de novembro. O jogo amigável, no estádio Josy Barthel (na foto), marca o arranque da prepara-ção para a fase final do EURO 2016. Na última vez que visitou o Grão-Ducado, em setembro de 2012, a “Equipa das Quinas” alcançou uma vitória tangencial (1-2), com golos de Hélder Postiga e CR7.

Portugal treina nos arredores de Paris durante EURO 2016

Pereirinha, o segundo português a marcar no campeonato brasileiro

Seleção Nacional vai jogar no Luxemburgo

Breves

Page 50: Revista PORT.COM novembro 2015

PORT.COM PORTUGAL E AS COMUNIDADES50

DISCURSO DIRETO

Em meados de 2011 recebi uma proposta de trabalho para um hotel no Qatar. Ao contrário de muitos jovens que deixa-ram Portugal pela questão do

desemprego, a minha razão foi somente a de ter uma experiência a nível inter-nacional, conhecer novas culturas e o mundo!

Estava na altura a trabalhar no Hotel Vidago Palace, o meu primeiro contrato de emprego a sério, onde aprendi muito sobre hotelaria (não é a minha área de estudo, embora já tivesse trabalhado em restauração) e no meio de tentar encon-trar alguma oportunidade na Europa, uma vez que já tinha vivido em Itália, recebi uma oferta de emprego do Qatar.

No início fiquei reticente, na verda-de não esperava sair da Europa, não era minha intenção ir para tão longe e para um país do qual se ouvem muitas histórias menos boas. Entretanto entrei em contacto com outros portugueses que lá viviam, para me certificar de que era um país seguro para uma mulher sozinha, e depois de muito considerar decidi aceitar.

Fiquei um ano por lá. Não foi nada fácil a adaptação, é realmente um país

muito diferente, em que se vê muita riqueza e também muita pobreza. É um país em construção e o estilo de vida é muito diferente. Entretanto recebi outra proposta de trabalho, desta vez no Dubai, onde ainda resido.

Dubai, que fica nos Emirados Árabes Unidos, embora também seja uma cidade em construção, é muito mais cosmopo-lita, e depois da experiência no Qatar a adaptação foi mais fácil. Há cada vez mais portugueses por aqui e dois restaurantes de comida portuguesa que ajudam a matar as saudades da comida, da música e da língua.

Atualmente trabalho com pessoas de 61 nacionalidades diferentes, e por único que seja, exige muita paciência, ensinamento e aprendizagem. Engane-se quem pensa que quem está fora está obrigatoriamente bem, porque temos um emprego estável e “um bom salário”. Nem sempre é assim.

Nenhum salário por mais alto que seja cobre as saudades de estar longe de quem gostamos, num país em que quase ninguém fala a nossa língua, em que as pessoas têm culturas e edu-cação diferentes, e onde não encon-tramos os produtos a que estamos habituados no supermercado.

Toda esta etapa de estar fora é uma adaptação constante a regras e culturas diferentes, mas também uma grande aprendizagem e crescimento. Aprendi a respeitar outras culturas e religiões, e aprendi que nem tudo o que vemos na televisão equivale à realidade. Conto voltar para Portugal em breve porque como já disse não é fácil estar fora, mas voltarei com uma visão diferente do mundo e com mais respeito por outras culturas, que por vezes tendemos a condenar sem ter em conta todo o contexto.

Para os jovens que pensam em sair de Portugal, o meu conselho é que arrisquem, mas vão de braços e mente abertos, porque a realidade de estar fora é diferente da ilusão de querer sair de um país que não lhes dá oportunidades e requer deixar muitas coisas para trás.

Licinia Alves tem 26 anos e vive fora de Portugal há quatro, quando trocou a Península Ibérica pela Arábica. Depois de uma primeira experiência “nada fácil” no Qatar, esta

licenciada em Relações Internacionais trabalha num hotel no emirado do Dubai.

ADAPTAÇÃO CONSTANTE À VIDA NO DUBAI

“ATUALMENTE TRABALHO COM PESSOAS DE 61 NACIONALIDADES DIFERENTES, E POR ÚNICO QUE SEJA, EXIGE MUITA PACIÊNCIA, ENSINAMENTO E APRENDIZAGEM”

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