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Compilação de artigos publicados na "Revista T" (revista híbrida corporativa/entretenimento da tmn); Selection of articles published in "Revista T" (mobile telecom tmn's hybrid corporate/lifestyle magazine).
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PORTEFÓLIOT magazine
EntrevistaArmindo AraújoReportagemFestival Sudoeste tmnPerfilKanye WestRoteiroGolegãEntrevistaAureaRoteiroAveiro Entrevista/PerfilAndré CarrilhoReportagem de viagemMéribel & CourchevelPerfil/EntrevistaZé Diogo Quintela
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PORSCHEP’9522
Preço: €549,90Câmara de 5MPX
GPS e A-GPS (Wayfinder)Wi-fi
Ecrã táctil de 2,8” AMOLED Sensor de impressão digitalCartão de memória de 2GB Disponível em www.tmn.pt
Mais informações: www.mobileporschedesign.com
PORSCHEP’9521
Preço: €399,90iF Product Design Award 2008
Câmara de 3,2MPX Ecrã AMOLED rotativo de 2,2”Sensor de impressão digitalCartão de memória de 2GBDisponível em www.tmn.pt
Mais informações: www.mobileporschedesign.com
PERSONALIDADEPORSCHE
DOIS TELEMÓVEIS COM ASSINATURA
DE CULTO.
O PREMIADO P’9521 distingue-sedos demais telemóveis por diver-sos motivos. Começando pelo ele-mentar: o corpo é feito de uma sópeça de alumínio, com um ecrãtalhado em vidro mineral. O forma-to, assente num rectângulo devérti ces suaves, mantém-se fiel àlinguagem de design da marca:não há uma única linha supérfluano seu traçado. O visor pode serrodado até 180º, facilitando o usocomo câmara ou a visualização deimagens no ecrã de 2,2 polegadas.Mas a “pièce de résistance” é osensor de impressão digital incor-porado, que faz o tradicional PINparecer uma burocracia obsoleta.Em alternativa, este “scanner” po -de ainda funcionar co mo sistemade mar ca ção rápida (mediante aatri bui ção da impressão de ca da
dedo a um nú me roguar dado na agenda)ou como protecção doacesso a certas áreasdo telefone.
O SEU sucessor, oP’9522, também vemequipado com estama ra vilha. Fabricado àmão, em formato debarra, apresenta umacâmara de 5MPX e umecrã táctil AMOLED(que combina maiornitidez, melhor leitura
quando exposto à luz solar e menorconsumo de energia) de 2,8 pole-gadas com plementado por um te -clado nu mérico. Este ícone deestilo direcciona as suas atençõespara o capítulo multimédia e parauma panóplia de opções deconecti vidade, Internet de altavelo ci da de, GPS e aplicações deprodutividade.n
DECERTO não lhe parecerá estra -nho se começarmos por noticiar quea Porsche foi distinguida com três“iF Product Design Awards” – oschamados “Óscares do Design”.Porém, se acrescentarmos que osgalardões premeiam um relógio,uma linha de mobiliário de cozi nhae um telemóvel, aí talvez se ques-tione: «Então mas não estávamos afalar de automóveis?».Pois bem, muito para além dosautomóveis, que contribuíram parao seu inquestionável estatuto deculto, a marca alemã assenta toda acriação num conceito mais transver-sal: linguagem de design clara efuncional, cuidada selecção demateriais e um exigente processo defabrico, combinando tradição arte-sanal com o recurso à mais avança-da tecnologia. Foi com estes
princípios que Ferdinand AlexanderPorsche, neto do fundador da in síg -nia, criou o Porsche Design Studioem 1972. Dos estiradores do ateliersaíram já os mais diversos objectos:de relógios a botões de punho, pas-sando por malas de viagem, mobi -liário, torneiras ou maquinaria deapoio à medicina. E telemóveis,também, em parceria com a Sagem.
NA PONTADOS DEDOSO SENSOR DEIMPRESSÃODIGITAL INCOR- PO RADO FAZ OTRADICIONAL PIN PARECER UMA BUROCRACIAOBSOLETA.
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PORSCHEP’9522
Preço: €549,90Câmara de 5MPX
GPS e A-GPS (Wayfinder)Wi-fi
Ecrã táctil de 2,8” AMOLED Sensor de impressão digitalCartão de memória de 2GB Disponível em www.tmn.pt
Mais informações: www.mobileporschedesign.com
PORSCHEP’9521
Preço: €399,90iF Product Design Award 2008
Câmara de 3,2MPX Ecrã AMOLED rotativo de 2,2”Sensor de impressão digitalCartão de memória de 2GBDisponível em www.tmn.pt
Mais informações: www.mobileporschedesign.com
PERSONALIDADEPORSCHE
DOIS TELEMÓVEIS COM ASSINATURA
DE CULTO.
O PREMIADO P’9521 distingue-sedos demais telemóveis por diver-sos motivos. Começando pelo ele-mentar: o corpo é feito de uma sópeça de alumínio, com um ecrãtalhado em vidro mineral. O forma-to, assente num rectângulo devérti ces suaves, mantém-se fiel àlinguagem de design da marca:não há uma única linha supérfluano seu traçado. O visor pode serrodado até 180º, facilitando o usocomo câmara ou a visualização deimagens no ecrã de 2,2 polegadas.Mas a “pièce de résistance” é osensor de impressão digital incor-porado, que faz o tradicional PINparecer uma burocracia obsoleta.Em alternativa, este “scanner” po -de ainda funcionar co mo sistemade mar ca ção rápida (mediante aatri bui ção da impressão de ca da
dedo a um nú me roguar dado na agenda)ou como protecção doacesso a certas áreasdo telefone.
O SEU sucessor, oP’9522, também vemequipado com estama ra vilha. Fabricado àmão, em formato debarra, apresenta umacâmara de 5MPX e umecrã táctil AMOLED(que combina maiornitidez, melhor leitura
quando exposto à luz solar e menorconsumo de energia) de 2,8 pole-gadas com plementado por um te -clado nu mérico. Este ícone deestilo direcciona as suas atençõespara o capítulo multimédia e parauma panóplia de opções deconecti vidade, Internet de altavelo ci da de, GPS e aplicações deprodutividade.n
DECERTO não lhe parecerá estra -nho se começarmos por noticiar quea Porsche foi distinguida com três“iF Product Design Awards” – oschamados “Óscares do Design”.Porém, se acrescentarmos que osgalardões premeiam um relógio,uma linha de mobiliário de cozi nhae um telemóvel, aí talvez se ques-tione: «Então mas não estávamos afalar de automóveis?».Pois bem, muito para além dosautomóveis, que contribuíram parao seu inquestionável estatuto deculto, a marca alemã assenta toda acriação num conceito mais transver-sal: linguagem de design clara efuncional, cuidada selecção demateriais e um exigente processo defabrico, combinando tradição arte-sanal com o recurso à mais avança-da tecnologia. Foi com estes
princípios que Ferdinand AlexanderPorsche, neto do fundador da in síg -nia, criou o Porsche Design Studioem 1972. Dos estiradores do ateliersaíram já os mais diversos objectos:de relógios a botões de punho, pas-sando por malas de viagem, mobi -liário, torneiras ou maquinaria deapoio à medicina. E telemóveis,também, em parceria com a Sagem.
NA PONTADOS DEDOSO SENSOR DEIMPRESSÃODIGITAL INCOR- PO RADO FAZ OTRADICIONAL PIN PARECER UMA BUROCRACIAOBSOLETA.
directo I automobilismo I
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Fala sempre no plural, como quem reconhece que não é só a si que deveos bons resultados obtidos. Armindo Araújo co meçou pelas motos,chegando a vencer o Troféu KTM 250cc (1999). Em 2000, foi assistirao rali de Santo Tirso e a sua vida mudou: trocou as duas rodas pelosautomóveis e, logo no seu primeiro rali, terminou em 2º lugar. Nesseano de estreia, sagrou-se campeão nacional. Tinha 23 anos. «As coisas
até poderiam ter corrido melhor, se eu tivesse começado mais cedo», desabafa o piloto daDream Team TMN. A verdade é que, desde então, venceu todas as competições nacionaisem que participou. Em 2007, subiu a fasquia, ao entrar para o Campeonato Mundial deRalis, na classe Produção (PWRC). Dias antes do arranque da sua terceira época no PWRC,fomos a Santo Tirso entrevistá-lo no seu «quartel-general». «A qualquer momento podemosser campeões do mundo», afiança, com serenidade. A uma prova do final da temporada,Armindo está em segundo lugar, numa luta acesa pelo título. Será que é desta?
TEXTO JOÃO MESTRE FOTOGRAFIA PAULO SOUSA COELHO
ARMINDOARAUJOO PRIVILEGIODE GANHAR
AS CORRIDAS DE UM PILOTO QUE NÃO ESTÁ HABITUADO A PERDER.
directo I automobilismo I
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Fala sempre no plural, como quem reconhece que não é só a si que deveos bons resultados obtidos. Armindo Araújo co meçou pelas motos,chegando a vencer o Troféu KTM 250cc (1999). Em 2000, foi assistirao rali de Santo Tirso e a sua vida mudou: trocou as duas rodas pelosautomóveis e, logo no seu primeiro rali, terminou em 2º lugar. Nesseano de estreia, sagrou-se campeão nacional. Tinha 23 anos. «As coisas
até poderiam ter corrido melhor, se eu tivesse começado mais cedo», desabafa o piloto daDream Team TMN. A verdade é que, desde então, venceu todas as competições nacionaisem que participou. Em 2007, subiu a fasquia, ao entrar para o Campeonato Mundial deRalis, na classe Produção (PWRC). Dias antes do arranque da sua terceira época no PWRC,fomos a Santo Tirso entrevistá-lo no seu «quartel-general». «A qualquer momento podemosser campeões do mundo», afiança, com serenidade. A uma prova do final da temporada,Armindo está em segundo lugar, numa luta acesa pelo título. Será que é desta?
TEXTO JOÃO MESTRE FOTOGRAFIA PAULO SOUSA COELHO
ARMINDOARAUJOO PRIVILEGIODE GANHAR
AS CORRIDAS DE UM PILOTO QUE NÃO ESTÁ HABITUADO A PERDER.
directo I automobilismo I
mundo. Temos feito boas corridas,mas, por algum motivo, as coisasnão têm corrido como queríamos.Temos rodado dentro dos cincoprimeiros lugares e fazemos partedo lote de potenciais vencedores.Estamos a lutar por um lugar nafrente do Campeonato do Mundo.A nossa hora vai chegar.
Em 2008, planeava atacar o tí -
tulo mundial. O que correu mal?
No Campeonato do Mundo, acon-tecem tantos problemas… Umexemplo: em 2006, o campeão domundo foi o Nasser Al-Attiyah e,em 2008, com o mesmo tipo decarro, no mesmo grupo, com osmesmos adversários, não con-seguiu fazer um ponto sequer. Osresultados são muito voláteis. Nogrupo dos sete, oito primeiros,qualquer um pode ser campeão.Já tivemos muitos azares, masestamos com cada vez mais expe -riência. A qualquer momento po -demos ser campeões.
É esse o objectivo para este ano?
Aprendi que devo dizer que voufazer o meu melhor, que vou tra -ba lhar muito, e o resultado po deser o primeiro, segundo, quarto,quinto ou o sexto lugar, não sei.Depende dos problemas que tiver-mos. Mas se me perguntar setenho velocidade suficiente paraser campeão do mundo, respondoque sim.
Em termos de futuro, qual é o
seu grande objectivo?
Chegar a uma grande equipaofi cial do Mundial de Ralis (WRC)e ser campeão mundial absoluto.
E fora do rali, ambiciona brilhar
em alguma outra disciplina do
desporto automóvel?
Mais tarde, não digo não à pas-sagem para o todo-o-terreno. Já láfiz algumas participações. Quem
Já lhe aconteceu dar por si a
conduzir em estrada como se
estivesse em competição?
Não. Sou criticado pelos meus ami-gos por andar excessivamentedevagar. Quando tinha 18-19 anos,claro que fiz as minhas «habili-dades». Algumas bastante irres -pon sáveis, até. Mas, hoje em dia, a
minha postura é completamenteoposta. A adrenalina de conduzirdepressa é no sítio certo: nos ralis.
Quando não está a treinar ou a
competir, o que é que faz?
Estou com o meu filho, que temum ano. É ele que me carrega asbaterias – embora de noite masdescarregue muitas vezes.n
sabe se, depois dos ralis, não ha -verão umas participações ou umapermanência no campeonato detodo-o-terreno?
Dakar incluído?
Quem sabe?São provas que exigem outra
experiência…
Exactamente. Lá não é a rapidezpura que faz a diferença. Conta aexperiência, a equipa onde estamosinseridos. E muito espírito de sacri-fício. Se essa hora chegar, teremosde ter outra postura na corrida.
Qual é a receita para um bom
piloto de ralis?
O rali é mais uma corrida de“sprint”, mais curta, portanto po de -mos ser muito mais explosivos notempo que fazemos. Uma pro va co -mo o Dakar é mais de “endu ran ce”.Mas, neste momento, ainda es touna fase do “sprint”, da ex plosão.
Quem são os seus ídolos?
O Ayrton Senna e, actualmente, oSebastien Loeb, que está a fazeruma carreira fantástica no Cam -peo nato do Mundo de Ralis. Con -tudo, na posição em que estou,comecei a avaliar o por quê demuitas coisas – nun ca tirando omérito a estas duas pessoas, ocerto é que tiveram as equipascertas, estavam no sítio certo àhora certa. É preciso criar todo umconjunto de factores para quetudo corra bem.
Qual foi o pior momento da sua
carreira?
Ainda não tive um pior momentona minha carreira. Estive semprecom as equipas certas, os patroci-nadores certos, nos campeonatosde que mais gosto. Nunca tivenenhum acidente grave. Nãoposso apontar nada a não ser pe -quenas desistências. Tenho sidoum privilegiado.
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CEDO SEAPRENDEO OFÍCIO“TIVE A PRIMEIRAMOTA AOS SEISANOS. DESDEMIÚDO QUE GOS -TAVA DE MOTAS,AUTOMÓVEIS,BICICLETAS. NAMESMA ALTURA,APRENDI A CON-DUZIR NO CARRODA MINHA AVÓ.”
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DREAM TEAM TMNArmindo Araújo, patrocinado pela tmn desde 2007, integra a Dream Team TMN, uma sólida equipa dejovens e promissores atletas portugueses com provasdadas a nível internacional: Bernardo Sousa e ÁlvaroParente, no automobilismo; Michelle Larcher de Brito,no ténis; Tiago Pires, no surf; Francisco Lobato, na vela;e Hélder Rodrigues e Ruben Faria, no todo-o-terreno.
Como se sentiu quando con-
quistou a sua primeira vitória?
Foi muito saboroso. Foi no segundorali. Tinha alugado outro carro e,como não o conhecia, experimen -tei-o uns quilómetros antes de aprova começar. Consegui venceros pilotos que já estavam habitua-dos ao campeonato, que conhe -ciam bem as corridas. Eu era o no -va to. Ter ganho fez os patrocina -dores olharem para mim de outrama neira.
Como foi a adaptação a um
evento mundial como o PWRC?
O Mundial de Produção estáinserido no Mundial de Ralis,junto com os WRC, que são protó -ti pos, muito resistentes e sofisti -ca dos. Nós andamos num “GrupoN”, um carro de série com algu-mas alterações. O certo é que nóspassamos pelos mesmos sítiosonde os outros passam e temostrês dias de corrida. São provasmuito longas e duras, onde estetipo de carro sofre muito. Temosde ter alguma sorte e conhecerbem as corridas, porque estamos afalar dos melhores pilotos do
directo I automobilismo I
mundo. Temos feito boas corridas,mas, por algum motivo, as coisasnão têm corrido como queríamos.Temos rodado dentro dos cincoprimeiros lugares e fazemos partedo lote de potenciais vencedores.Estamos a lutar por um lugar nafrente do Campeonato do Mundo.A nossa hora vai chegar.
Em 2008, planeava atacar o tí -
tulo mundial. O que correu mal?
No Campeonato do Mundo, acon-tecem tantos problemas… Umexemplo: em 2006, o campeão domundo foi o Nasser Al-Attiyah e,em 2008, com o mesmo tipo decarro, no mesmo grupo, com osmesmos adversários, não con-seguiu fazer um ponto sequer. Osresultados são muito voláteis. Nogrupo dos sete, oito primeiros,qualquer um pode ser campeão.Já tivemos muitos azares, masestamos com cada vez mais expe -riência. A qualquer momento po -demos ser campeões.
É esse o objectivo para este ano?
Aprendi que devo dizer que voufazer o meu melhor, que vou tra -ba lhar muito, e o resultado po deser o primeiro, segundo, quarto,quinto ou o sexto lugar, não sei.Depende dos problemas que tiver-mos. Mas se me perguntar setenho velocidade suficiente paraser campeão do mundo, respondoque sim.
Em termos de futuro, qual é o
seu grande objectivo?
Chegar a uma grande equipaofi cial do Mundial de Ralis (WRC)e ser campeão mundial absoluto.
E fora do rali, ambiciona brilhar
em alguma outra disciplina do
desporto automóvel?
Mais tarde, não digo não à pas-sagem para o todo-o-terreno. Já láfiz algumas participações. Quem
Já lhe aconteceu dar por si a
conduzir em estrada como se
estivesse em competição?
Não. Sou criticado pelos meus ami-gos por andar excessivamentedevagar. Quando tinha 18-19 anos,claro que fiz as minhas «habili-dades». Algumas bastante irres -pon sáveis, até. Mas, hoje em dia, a
minha postura é completamenteoposta. A adrenalina de conduzirdepressa é no sítio certo: nos ralis.
Quando não está a treinar ou a
competir, o que é que faz?
Estou com o meu filho, que temum ano. É ele que me carrega asbaterias – embora de noite masdescarregue muitas vezes.n
sabe se, depois dos ralis, não ha -verão umas participações ou umapermanência no campeonato detodo-o-terreno?
Dakar incluído?
Quem sabe?São provas que exigem outra
experiência…
Exactamente. Lá não é a rapidezpura que faz a diferença. Conta aexperiência, a equipa onde estamosinseridos. E muito espírito de sacri-fício. Se essa hora chegar, teremosde ter outra postura na corrida.
Qual é a receita para um bom
piloto de ralis?
O rali é mais uma corrida de“sprint”, mais curta, portanto po de -mos ser muito mais explosivos notempo que fazemos. Uma pro va co -mo o Dakar é mais de “endu ran ce”.Mas, neste momento, ainda es touna fase do “sprint”, da ex plosão.
Quem são os seus ídolos?
O Ayrton Senna e, actualmente, oSebastien Loeb, que está a fazeruma carreira fantástica no Cam -peo nato do Mundo de Ralis. Con -tudo, na posição em que estou,comecei a avaliar o por quê demuitas coisas – nun ca tirando omérito a estas duas pessoas, ocerto é que tiveram as equipascertas, estavam no sítio certo àhora certa. É preciso criar todo umconjunto de factores para quetudo corra bem.
Qual foi o pior momento da sua
carreira?
Ainda não tive um pior momentona minha carreira. Estive semprecom as equipas certas, os patroci-nadores certos, nos campeonatosde que mais gosto. Nunca tivenenhum acidente grave. Nãoposso apontar nada a não ser pe -quenas desistências. Tenho sidoum privilegiado.
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CEDO SEAPRENDEO OFÍCIO“TIVE A PRIMEIRAMOTA AOS SEISANOS. DESDEMIÚDO QUE GOS -TAVA DE MOTAS,AUTOMÓVEIS,BICICLETAS. NAMESMA ALTURA,APRENDI A CON-DUZIR NO CARRODA MINHA AVÓ.”
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DREAM TEAM TMNArmindo Araújo, patrocinado pela tmn desde 2007, integra a Dream Team TMN, uma sólida equipa dejovens e promissores atletas portugueses com provasdadas a nível internacional: Bernardo Sousa e ÁlvaroParente, no automobilismo; Michelle Larcher de Brito,no ténis; Tiago Pires, no surf; Francisco Lobato, na vela;e Hélder Rodrigues e Ruben Faria, no todo-o-terreno.
Como se sentiu quando con-
quistou a sua primeira vitória?
Foi muito saboroso. Foi no segundorali. Tinha alugado outro carro e,como não o conhecia, experimen -tei-o uns quilómetros antes de aprova começar. Consegui venceros pilotos que já estavam habitua-dos ao campeonato, que conhe -ciam bem as corridas. Eu era o no -va to. Ter ganho fez os patrocina -dores olharem para mim de outrama neira.
Como foi a adaptação a um
evento mundial como o PWRC?
O Mundial de Produção estáinserido no Mundial de Ralis,junto com os WRC, que são protó -ti pos, muito resistentes e sofisti -ca dos. Nós andamos num “GrupoN”, um carro de série com algu-mas alterações. O certo é que nóspassamos pelos mesmos sítiosonde os outros passam e temostrês dias de corrida. São provasmuito longas e duras, onde estetipo de carro sofre muito. Temosde ter alguma sorte e conhecerbem as corridas, porque estamos afalar dos melhores pilotos do
directo I automobilismo I
Aprendeu primeiro a andar de
mota ou a conduzir um carro?
Penso que foi de mota. Tive a pri -meira [uma Graziella, mini-motaitaliana de inícios dos anos 70]aos seis anos. Desde miúdo quegostava de motas, automóveis, bi -cicletas. Na mesma altura, apren dia conduzir no carro da minha avó.
E o primeiro carro, foi com que
idade?
Aos 14 anos. Eu e um amigo com-prámos um a meias para fazerumas brincadeiras. Ainda me lem-bro: era um Mini preto. Já não otenho, infelizmente. Acho que foidestruído numa das nossas brin-cadeiras.
O que lhe passa pela cabeça
quando está quase a começar
uma prova?
Com os anos, o nervosismo vaipas sando. Agora, acima de tudo,temos uma enorme responsabili-dade. Temos de nos concentrar. Omeu pensamento é conseguir umaboa afinação do carro e dialogarao máximo com o meu engenheiropara termos um carro o mais “per-formante” possível.
Tem alguma superstição antes
de entrar em prova?
Costumo dizer que a minha gran -de superstição é não ser su pers ti -cioso. Nunca quis estar agarrado anada que, num dia que eu nãotivesse esse amuleto ou não fi -zesse esse determinado ritual, mepusesse a pensar: «não fiz aqui-lo!»… O que poderia pôr muitacoisa em causa.
Está com o Miguel Ramalho desde
2001. Não será para dar sorte…
O Miguel Ramalho é um navega -dor muito profissional. Já tinhamuita experiência quando co me -çou comigo. No primeiro ano, corricom um amigo de escola. Masdepois, por afazeres profissionais,
1977. Armindo José
Salgado da Silva Araújo
nasceu, no Porto, a 1 de
Setembro. Cedo demonstrou
grande interesse pelos
desportos motorizados.
Aos 6 anos, recebe uma
mini-mota de presente
e aprende rapidamente
a conduzir no Mercedes
da avó. Aos 14, compra
o seu primeiro carro, a
meias com um amigo:
um Mini.
1995. Torna-se vice-
-campeão nacional de
motociclismo, na classe
50cc. No ano seguinte,
termina em terceiro lugar
na Classe Júnior Consagra -
dos, em 125cc. Em 1999,
vence o Troféu KTM 250cc.
2000. Depois de assistir
ao Rali de Santo Tirso,
de cide aventurar-se no
mundo dos ralis. Estreia-se
na prova seguinte, em
Fafe, com um segundo
lugar. Termina a tempo -
rada com cinco vitórias,
dois segundos lu ga res
e o título de cam peão
nacional de Promo ção.
2001. Vence o Troféu
Citröen Saxo, com quatro
vitórias em seis provas.
É convidado para a equipa
oficial da Citröen. Em
2002, sagra-se campeão
nacional de ralis na classe
F3 e, nos anos seguintes,
torna-se tetra-campeão
nacional absoluto de ralis
(2003, 2004, 2005 e 2006).
Em 2005, passa a ser
piloto oficial da Mitsubishi.
SEGUIR EM FRENTE“SOU APOIADO PELAS MELHORES
EMPRESAS NACIONAIS. É SINAL DE RECONHECIMENTO. TODOS OS
ELEMENTOS ESTÃO REU NI DOS PARA EU CONTINUAR A CORRER
SEM PENSAR SEQUER EM PARAR.”14
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Aprendeu primeiro a andar de
mota ou a conduzir um carro?
Penso que foi de mota. Tive a pri -meira [uma Graziella, mini-motaitaliana de inícios dos anos 70]aos seis anos. Desde miúdo quegostava de motas, automóveis, bi -cicletas. Na mesma altura, apren dia conduzir no carro da minha avó.
E o primeiro carro, foi com que
idade?
Aos 14 anos. Eu e um amigo com-prámos um a meias para fazerumas brincadeiras. Ainda me lem-bro: era um Mini preto. Já não otenho, infelizmente. Acho que foidestruído numa das nossas brin-cadeiras.
O que lhe passa pela cabeça
quando está quase a começar
uma prova?
Com os anos, o nervosismo vaipas sando. Agora, acima de tudo,temos uma enorme responsabili-dade. Temos de nos concentrar. Omeu pensamento é conseguir umaboa afinação do carro e dialogarao máximo com o meu engenheiropara termos um carro o mais “per-formante” possível.
Tem alguma superstição antes
de entrar em prova?
Costumo dizer que a minha gran -de superstição é não ser su pers ti -cioso. Nunca quis estar agarrado anada que, num dia que eu nãotivesse esse amuleto ou não fi -zesse esse determinado ritual, mepusesse a pensar: «não fiz aqui-lo!»… O que poderia pôr muitacoisa em causa.
Está com o Miguel Ramalho desde
2001. Não será para dar sorte…
O Miguel Ramalho é um navega -dor muito profissional. Já tinhamuita experiência quando co me -çou comigo. No primeiro ano, corricom um amigo de escola. Masdepois, por afazeres profissionais,
1977. Armindo José
Salgado da Silva Araújo
nasceu, no Porto, a 1 de
Setembro. Cedo demonstrou
grande interesse pelos
desportos motorizados.
Aos 6 anos, recebe uma
mini-mota de presente
e aprende rapidamente
a conduzir no Mercedes
da avó. Aos 14, compra
o seu primeiro carro, a
meias com um amigo:
um Mini.
1995. Torna-se vice-
-campeão nacional de
motociclismo, na classe
50cc. No ano seguinte,
termina em terceiro lugar
na Classe Júnior Consagra -
dos, em 125cc. Em 1999,
vence o Troféu KTM 250cc.
2000. Depois de assistir
ao Rali de Santo Tirso,
de cide aventurar-se no
mundo dos ralis. Estreia-se
na prova seguinte, em
Fafe, com um segundo
lugar. Termina a tempo -
rada com cinco vitórias,
dois segundos lu ga res
e o título de cam peão
nacional de Promo ção.
2001. Vence o Troféu
Citröen Saxo, com quatro
vitórias em seis provas.
É convidado para a equipa
oficial da Citröen. Em
2002, sagra-se campeão
nacional de ralis na classe
F3 e, nos anos seguintes,
torna-se tetra-campeão
nacional absoluto de ralis
(2003, 2004, 2005 e 2006).
Em 2005, passa a ser
piloto oficial da Mitsubishi.
SEGUIR EM FRENTE“SOU APOIADO PELAS MELHORES
EMPRESAS NACIONAIS. É SINAL DE RECONHECIMENTO. TODOS OS
ELEMENTOS ESTÃO REU NI DOS PARA EU CONTINUAR A CORRER
SEM PENSAR SEQUER EM PARAR.”14
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directo I automobilismo I
2007. Depois de ganhar
tudo o que havia para
ganhar em competições
portuguesas, parte para
as provas inter nacio nais,
mantendo-se como piloto
da Mitsubishi. Estreia-se
no Campeonato Mundial
de Ralis, classe Produção,
com um quarto lugar no
gélido Rali da Suécia,
dando logo nas vistas
como o «melhor piloto
não-nórdico». Termina a
época na 14ª posição.
2008 Alcança, na sua
segunda época no PWRC,
o primeiro pódio, com um
terceiro lugar no Rali da
Acrópole, na Grécia – uma
das suas provas favoritas.
Termina a temporada no
oitavo posto.
2009. Depois de começar
a temporada com um
quarto lugar no trabalhoso
Rali da Noruega, alcança
um segundo lugar no Rali
do Chipre e conquista o
seu primeiro triunfo no
PWRC no Rali de Portugal.
Com isto, atinge o meio
da época no topo da
classificação geral.
Termina as duas provas
seguintes (Itália e Grécia)
em 3º lugar, caindo para o
segundo lugar da tabela,
a apenas quatro pontos do
líder. A decisão fica adiada
para a última prova da
temporada, o Rali do País
de Gales, disputada entre
23 e 25 de Outubro. Se
vencer, será o segundo
piloto português a triunfar
no PWRC – o primeiro foi
Rui Madeira, em 1995.
OBJECTIVO FUTURO“CHEGAR A UMA GRANDE EQUIPA
OFI CIAL DO MUNDIAL DE RALIS (WRC) ESER CAMPEÃO MUNDIAL ABSOLUTO.”
Vê esse negócio de família
como uma possibilidade para o
final da carreira?
Neste momento, não penso muito noassunto. Mas, no dia em que deixarde correr, será uma forte opção.
Até que idade pensa competir?
Enquanto me sentir motivado e comvontade, e enquanto achar que pos -so dar resultados a quem investe emmim. Em segundo lugar, en quantotiver apoios e as pessoas acredi -tarem no meu valor. Sou apoiadopelas melhores em pr e sas nacionais(entre elas, a tmn) e por uma marca.É sinal de reconhecimento, de queestou a trabalhar bem. Todos os ele-mentos estão reu ni dos para eu con-tinuar a correr sem pensar sequerem parar.
Ainda se lembra da sua estreia
na competição automóvel?
Lembro-me perfeitamente. Foi no
Rali de Fafe, num carro bastanteantigo, alugado a uma pessoa ami -ga. Cheguei ao último troço em pa -tado à milésima com o piloto queacabou por ganhar. Uma pessoaminha amiga estava tão preo cu -pada que eu tivesse um acidenteque, à entrada do último troço, medisse: «Estás em quarto lugar, a20 e tal segundos do terceiro, e oque está atrás de ti está a 30 e talsegundos, portanto ago ra é sólevar o carro até ao fim». E eudisse ao navegador: «Podemos irsem notas, já não é preciso ata -car». E chegámos ao fim. Perdi orali por dois ou três segundos.Podia ter vencido. Mas compreen-do a posição das pessoas que es -tavam comigo, porque realmentenão tinha apoios. Era mesmo umaaventura. Foi uma experiênciafan tástica.
ele decidiu parar com esta aventu-ra. Optei por contratar um nave -gador bem rodado no campeonatonacional. Foi quando conheci oMiguel. Entretanto, construímos umagrande amizade. Espero aca bar aminha carreira com ele.
Antes de ser piloto profissional,
o que é que fazia?
Frequentava o curso de RelaçõesInternacionais, na UniversidadeLusíada do Porto, e ajudava osmeus pais nas empresas [na áreados têxteis]. No momento em queentrei para uma equipa oficial, vique tinha de tomar opções e deci-di que a prioridade seria osautomóveis. Embora eu acompan-he os negócios das empresas, nãoocupo cargos de responsabilidadepara estar totalmente focado nasminhas corridas, nos meuspatrocinadores.
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directo I automobilismo I
2007. Depois de ganhar
tudo o que havia para
ganhar em competições
portuguesas, parte para
as provas inter nacio nais,
mantendo-se como piloto
da Mitsubishi. Estreia-se
no Campeonato Mundial
de Ralis, classe Produção,
com um quarto lugar no
gélido Rali da Suécia,
dando logo nas vistas
como o «melhor piloto
não-nórdico». Termina a
época na 14ª posição.
2008 Alcança, na sua
segunda época no PWRC,
o primeiro pódio, com um
terceiro lugar no Rali da
Acrópole, na Grécia – uma
das suas provas favoritas.
Termina a temporada no
oitavo posto.
2009. Depois de começar
a temporada com um
quarto lugar no trabalhoso
Rali da Noruega, alcança
um segundo lugar no Rali
do Chipre e conquista o
seu primeiro triunfo no
PWRC no Rali de Portugal.
Com isto, atinge o meio
da época no topo da
classificação geral.
Termina as duas provas
seguintes (Itália e Grécia)
em 3º lugar, caindo para o
segundo lugar da tabela,
a apenas quatro pontos do
líder. A decisão fica adiada
para a última prova da
temporada, o Rali do País
de Gales, disputada entre
23 e 25 de Outubro. Se
vencer, será o segundo
piloto português a triunfar
no PWRC – o primeiro foi
Rui Madeira, em 1995.
OBJECTIVO FUTURO“CHEGAR A UMA GRANDE EQUIPA
OFI CIAL DO MUNDIAL DE RALIS (WRC) ESER CAMPEÃO MUNDIAL ABSOLUTO.”
Vê esse negócio de família
como uma possibilidade para o
final da carreira?
Neste momento, não penso muito noassunto. Mas, no dia em que deixarde correr, será uma forte opção.
Até que idade pensa competir?
Enquanto me sentir motivado e comvontade, e enquanto achar que pos -so dar resultados a quem investe emmim. Em segundo lugar, en quantotiver apoios e as pessoas acredi -tarem no meu valor. Sou apoiadopelas melhores em pr e sas nacionais(entre elas, a tmn) e por uma marca.É sinal de reconhecimento, de queestou a trabalhar bem. Todos os ele-mentos estão reu ni dos para eu con-tinuar a correr sem pensar sequerem parar.
Ainda se lembra da sua estreia
na competição automóvel?
Lembro-me perfeitamente. Foi no
Rali de Fafe, num carro bastanteantigo, alugado a uma pessoa ami -ga. Cheguei ao último troço em pa -tado à milésima com o piloto queacabou por ganhar. Uma pessoaminha amiga estava tão preo cu -pada que eu tivesse um acidenteque, à entrada do último troço, medisse: «Estás em quarto lugar, a20 e tal segundos do terceiro, e oque está atrás de ti está a 30 e talsegundos, portanto ago ra é sólevar o carro até ao fim». E eudisse ao navegador: «Podemos irsem notas, já não é preciso ata -car». E chegámos ao fim. Perdi orali por dois ou três segundos.Podia ter vencido. Mas compreen-do a posição das pessoas que es -tavam comigo, porque realmentenão tinha apoios. Era mesmo umaaventura. Foi uma experiênciafan tástica.
ele decidiu parar com esta aventu-ra. Optei por contratar um nave -gador bem rodado no campeonatonacional. Foi quando conheci oMiguel. Entretanto, construímos umagrande amizade. Espero aca bar aminha carreira com ele.
Antes de ser piloto profissional,
o que é que fazia?
Frequentava o curso de RelaçõesInternacionais, na UniversidadeLusíada do Porto, e ajudava osmeus pais nas empresas [na áreados têxteis]. No momento em queentrei para uma equipa oficial, vique tinha de tomar opções e deci-di que a prioridade seria osautomóveis. Embora eu acompan-he os negócios das empresas, nãoocupo cargos de responsabilidadepara estar totalmente focado nasminhas corridas, nos meuspatrocinadores.
acontecimento I sudoeste tmn I
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FESTIVALSW TMN
O ANO DA MAIORIDADE
Quatro dias, cinco palcos e 140 mil espectadores depois: memória de um Sudoeste que bateu todos os recordes. TEXTO JOÃO MESTRE FOTOGRAFIA RICARDO BENTO
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THE NATIONAL
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FESTIVALSW TMN
O ANO DA MAIORIDADE
Quatro dias, cinco palcos e 140 mil espectadores depois: memória de um Sudoeste que bateu todos os recordes. TEXTO JOÃO MESTRE FOTOGRAFIA RICARDO BENTO
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DEZ ANOS é já uma idade considerável. Não será detodo arriscado dizer que o Sudoeste atingiu a maturi-dade enquanto evento, tornando-se numa das para-gens obrigatórias do calendário estival português. Jálá vai uma década desde aqueles inéditos dias deAgosto em que uma herdade alentejana se transfor-mava num “Woodstock” à portuguesa e recebia,entre outros, Marilyn Manson, Blur e Suede. Nesta que foi a sua décima primeira edição, ofestival não necessitou de recorrer a nomes tãosonantes nem a artistas tão “mainstreamers”como noutros anos para garantir uma esmagado-ra adesão em termos de público.Talvez seja pela mística, talvez pelo ambiente,mas a verdade é que, apesar do seco calor alen-tejano e das nuvens de pó que são já umaimagem de marca do evento, a afluência depúblico foi mais que muita, situando-se naordem dos 35 mil espectadores diários. Nasoma dos quatro dias, a Herdade da CasaBranca registou 140 mil entradas, mais 30 milque em 2006 e um recorde absoluto.Este foi, possivelmente, o Sudoeste com mais«tá-se bem» por metro quadrado – o reggae foirei e senhor no cartaz dos quatro dias, não sópela presença do «príncipe» Damien Marley(que, a par de Manu Chao, polarizou asatenções do primeiro dia) no recinto principal,mas também pelo palco Positive Vibes, espe-cial izado em «servir» copiosas doses dodescontraído – mas não destituído – géneromusical. Porventura, terá sido essa dominante«boa onda» que motivou uma maior afluênciade famílias, o que traduz uma certa desmistifi-cação da carga de hedonismo desregrado fre-quentemente associada aos festivais de Verão. A lusofonia foi outra das grandes apostas docartaz deste ano – praticamente metade dassete dezenas de actuações tiveram como línguafranca o português. Vindo, não só de Portugal,mas também de Cabo Verde, de Angola e doBrasil. Entre outros, estiveram ao (bom) serviçoda língua de Camões Sérgio Godinho, Sam TheKid e Gilberto Gil, todos eles senhores deactua ções irrepreensíveis.
MÚSICA, EXPERIÊNCIAS
E MUITO MAIS.
DATA ROCK JAMES
SOLDIERS OF JAH ARMY
SAM THE KID (TOPO)BURAKA SOM SISTEMA (CENTRO)RAZORLIGHT (DESTAQUE)
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DEZ ANOS é já uma idade considerável. Não será detodo arriscado dizer que o Sudoeste atingiu a maturi-dade enquanto evento, tornando-se numa das para-gens obrigatórias do calendário estival português. Jálá vai uma década desde aqueles inéditos dias deAgosto em que uma herdade alentejana se transfor-mava num “Woodstock” à portuguesa e recebia,entre outros, Marilyn Manson, Blur e Suede. Nesta que foi a sua décima primeira edição, ofestival não necessitou de recorrer a nomes tãosonantes nem a artistas tão “mainstreamers”como noutros anos para garantir uma esmagado-ra adesão em termos de público.Talvez seja pela mística, talvez pelo ambiente,mas a verdade é que, apesar do seco calor alen-tejano e das nuvens de pó que são já umaimagem de marca do evento, a afluência depúblico foi mais que muita, situando-se naordem dos 35 mil espectadores diários. Nasoma dos quatro dias, a Herdade da CasaBranca registou 140 mil entradas, mais 30 milque em 2006 e um recorde absoluto.Este foi, possivelmente, o Sudoeste com mais«tá-se bem» por metro quadrado – o reggae foirei e senhor no cartaz dos quatro dias, não sópela presença do «príncipe» Damien Marley(que, a par de Manu Chao, polarizou asatenções do primeiro dia) no recinto principal,mas também pelo palco Positive Vibes, espe-cial izado em «servir» copiosas doses dodescontraído – mas não destituído – géneromusical. Porventura, terá sido essa dominante«boa onda» que motivou uma maior afluênciade famílias, o que traduz uma certa desmistifi-cação da carga de hedonismo desregrado fre-quentemente associada aos festivais de Verão. A lusofonia foi outra das grandes apostas docartaz deste ano – praticamente metade dassete dezenas de actuações tiveram como línguafranca o português. Vindo, não só de Portugal,mas também de Cabo Verde, de Angola e doBrasil. Entre outros, estiveram ao (bom) serviçoda língua de Camões Sérgio Godinho, Sam TheKid e Gilberto Gil, todos eles senhores deactua ções irrepreensíveis.
MÚSICA, EXPERIÊNCIAS
E MUITO MAIS.
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SOLDIERS OF JAH ARMY
SAM THE KID (TOPO)BURAKA SOM SISTEMA (CENTRO)RAZORLIGHT (DESTAQUE)
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Para além dos cinco espaçosmusicais, todos com propósitosdiferentes – o Palco TMN, com osnomes mais sonantes; o PlanetaSudoeste, com os mais alterna-tivos; o Positive Vibes, dedicadoao reggae; a Tenda Parariso,voltada para a comédia e as artesperformativas; e a Music Box, dadaà dance music – a atenção dopúblico era também disputada porum sem-número de atracções para-lelas. É tendência corrente trans-formar estes eventos em ver-dadeiros parques temáticos e oSudoeste não poupou esforços noque respeita a manter entretidosos festivaleiros: o serviço de duchesem jeito de linha de lavagem deautomóveis, as corridas de com-boios a pedais, as massagens àborla e os duelos de percussão (oualgazarras de batucada, conforme
o ponto de vista), são só algunsexemplos. Mas a «barraquinha» mais concorri-da desta «feira popular» foi, semdúvida, o “bungee cart”. Fosse a quehoras fosse, o stand patrocinado pelaTMN era atacado por intermináveisfilas de corajosos que ansiavam pelaexperiência de cair a uma altura de50 metros dentro de um Smart (sus-penso por elásticos, claro). A dada altura, quase que era esque-cida a elementar razão de se estarnaquele sítio, àquelas horas: a mú -sica, que, todos os anos, transformaa pacata Zambujeira do Mar emcapital do país por quatro dias. E avontade de viver o maior festival deVerão em solo nacional, que, no anoem que assinalou o seu décimoaniversário, atingiu a maioridade,afirmando-se como uma marca dereferência do Verão português.
UM CARTAZ DIFERENTENESTA QUE FOI A SUA DÉCIMAPRIMEIRA EDIÇÃO, O FESTIVAL NÃONECESSITOU DERECORRER A NOMESTÃO SONANTES NEMA ARTISTAS TÃO“MAINSTREAMERS”COMO NOUTROSANOS PARA GARANTIR UMAESMAGADORAADESÃO EM TERMOSDE PÚBLICO.
A MÍSTICA, O AMBIENTE,
O «TÁ-SE BEM».
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Para além dos cinco espaçosmusicais, todos com propósitosdiferentes – o Palco TMN, com osnomes mais sonantes; o PlanetaSudoeste, com os mais alterna-tivos; o Positive Vibes, dedicadoao reggae; a Tenda Parariso,voltada para a comédia e as artesperformativas; e a Music Box, dadaà dance music – a atenção dopúblico era também disputada porum sem-número de atracções para-lelas. É tendência corrente trans-formar estes eventos em ver-dadeiros parques temáticos e oSudoeste não poupou esforços noque respeita a manter entretidosos festivaleiros: o serviço de duchesem jeito de linha de lavagem deautomóveis, as corridas de com-boios a pedais, as massagens àborla e os duelos de percussão (oualgazarras de batucada, conforme
o ponto de vista), são só algunsexemplos. Mas a «barraquinha» mais concorri-da desta «feira popular» foi, semdúvida, o “bungee cart”. Fosse a quehoras fosse, o stand patrocinado pelaTMN era atacado por intermináveisfilas de corajosos que ansiavam pelaexperiência de cair a uma altura de50 metros dentro de um Smart (sus-penso por elásticos, claro). A dada altura, quase que era esque-cida a elementar razão de se estarnaquele sítio, àquelas horas: a mú -sica, que, todos os anos, transformaa pacata Zambujeira do Mar emcapital do país por quatro dias. E avontade de viver o maior festival deVerão em solo nacional, que, no anoem que assinalou o seu décimoaniversário, atingiu a maioridade,afirmando-se como uma marca dereferência do Verão português.
UM CARTAZ DIFERENTENESTA QUE FOI A SUA DÉCIMAPRIMEIRA EDIÇÃO, O FESTIVAL NÃONECESSITOU DERECORRER A NOMESTÃO SONANTES NEMA ARTISTAS TÃO“MAINSTREAMERS”COMO NOUTROSANOS PARA GARANTIR UMAESMAGADORAADESÃO EM TERMOSDE PÚBLICO.
A MÍSTICA, O AMBIENTE,
O «TÁ-SE BEM».
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SUDOESTEEMNÚMEROSAo longo destes 10 anos, passa ram
pelo Sudoeste mais de 300 artistas
e DJ’s. Presentes em 5 edições, os
Da Weasel são a banda que mais vezes
pisou este palco. Os Placebo, que o
fizeram 3 vezes, são a banda
internacional mais assídua. Tudo isto se
não se contar com o DJ Rui Vargas,
que deu música aos festivaleiros em
todas as (11) edições. Ao todo, o
evento chamou à Zambujeira do Mar
1,2 milhões de pessoas – em média,
110.00 entradas por ano. 2007 foi
o ano de maior afluência, com cerca
de 150.000 pessoas – 18%
delas (isto é: 25.000) proveniente
de Espanha. E, segundo as autoridades
locais, tem um impacto de 10 milhões
de euros na economia do concelho de
Odemira (fonte: DN).
Os bilhetes, que em 1997 custavam
6000 escudos (cerca de 30 €),
custam agora 70 € (com oferta de
idêntico valor em chamadas TMN).
úti lPonha as músicas do Sudoeste tmn
a tocar no seu telemóvel. Toques
reais, “waiting rings” e mp3 de
Buraka Som Sistema, Cypress Hill,
Damian Marley, Groove Armada,
I’m From Barcelona, Phoenix, Sam
The Kid, Sérgio Godinho, Vanessa
da Mata e WrayGunn, entre outros,
disponíveis em www.tmn.pt.
UMA MARCADE REFERÊNCIA
DO VERÃO.
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SUDOESTEEMNÚMEROSAo longo destes 10 anos, passa ram
pelo Sudoeste mais de 300 artistas
e DJ’s. Presentes em 5 edições, os
Da Weasel são a banda que mais vezes
pisou este palco. Os Placebo, que o
fizeram 3 vezes, são a banda
internacional mais assídua. Tudo isto se
não se contar com o DJ Rui Vargas,
que deu música aos festivaleiros em
todas as (11) edições. Ao todo, o
evento chamou à Zambujeira do Mar
1,2 milhões de pessoas – em média,
110.00 entradas por ano. 2007 foi
o ano de maior afluência, com cerca
de 150.000 pessoas – 18%
delas (isto é: 25.000) proveniente
de Espanha. E, segundo as autoridades
locais, tem um impacto de 10 milhões
de euros na economia do concelho de
Odemira (fonte: DN).
Os bilhetes, que em 1997 custavam
6000 escudos (cerca de 30 €),
custam agora 70 € (com oferta de
idêntico valor em chamadas TMN).
úti lPonha as músicas do Sudoeste tmn
a tocar no seu telemóvel. Toques
reais, “waiting rings” e mp3 de
Buraka Som Sistema, Cypress Hill,
Damian Marley, Groove Armada,
I’m From Barcelona, Phoenix, Sam
The Kid, Sérgio Godinho, Vanessa
da Mata e WrayGunn, entre outros,
disponíveis em www.tmn.pt.
UMA MARCADE REFERÊNCIA
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© CORBIS OUTLINE / VMI
DE OLHO NO TRONOTEXTO JOÃO MESTRE
KANYEWEST
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Mais de doze milhões de discos vendidos, 14 “Grammy Awards” na
prateleira e quatro álbuns entre os 100melhores da primeira década do século
XXI, segundo a “Rolling Stone”. «O meu plano é tornar-me
o maior artista desta geração»,garante o “rapper” que, a 5 de
agosto, sobe ao palco doSudoeste tmn. Polémico, arrogante,
diligente. Será este o futuro rei da pop?
Mais de doze milhões de discos vendidos, 14 “Grammy Awards” na
prateleira e quatro álbuns entre os 100melhores da primeira década do século
XXI, segundo a “Rolling Stone”. «O meu plano é tornar-me
o maior artista desta geração»,garante o “rapper” que, a 5 de
agosto, sobe ao palco doSudoeste tmn. Polémico, arrogante,
diligente. Será este o futuro rei da pop?
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DE OLHO NO TRONOTEXTO JOÃO MESTRE
KANYEWEST
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Mais de doze milhões de discos vendidos, 14 “Grammy Awards” na
prateleira e quatro álbuns entre os 100melhores da primeira década do século
XXI, segundo a “Rolling Stone”. «O meu plano é tornar-me
o maior artista desta geração»,garante o “rapper” que, a 5 de
agosto, sobe ao palco doSudoeste tmn. Polémico, arrogante,
diligente. Será este o futuro rei da pop?
Mais de doze milhões de discos vendidos, 14 “Grammy Awards” na
prateleira e quatro álbuns entre os 100melhores da primeira década do século
XXI, segundo a “Rolling Stone”. «O meu plano é tornar-me
o maior artista desta geração»,garante o “rapper” que, a 5 de
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diligente. Será este o futuro rei da pop?
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notícia
caiu como uma bomba. Em
julho de 2009, um mês após a
morte de Michael Jackson, o
“website” de en tre tenimento
AceShowbizz.com jurava a pés
juntos que Kanye West queria
ser o novo rei da pop, atribuindo-
-lhe frases como «É muito triste
ele ter partido, mas abre-se o
caminho para um novo rei da
pop e estou interessado em ficar
com o lugar.» Ou «Pri mei ro foi o
Elvis, depois o Michael, e agora,
no século XXI, é altura de ser o
Kanye a reinar.» Era tudo men -
ti ra, afinal. Desmentida pelo
próprio numa mensagem publi -
ca da em maiúsculas no seu
blogue: «Sinto-me mal por ter
feito as pessoas acreditarem que
eu seria capaz de dizer algo tão
despropositado. Assusta-me pen-
sar em que mais irão acreditar.»
A verdade é que ninguém ficou
(demasiado) boquiaberto com as
ale gadas declarações. Afinal,
estamos perante o artista que se
com parou a Picasso, aos Beatles
e a Marvin Gaye, e que em 2004
aban donou a cerimónia dos
D.R.
American Music Awards, após
per der o prémio de “Artista
Revelação” para a cantora de
“country” Gretchen Wilson.
«Fui, sem dúvida, roubado. Fui o
melhor novo artista deste ano.»
Ou que afirmou, numa conferên -
cia de imprensa em Singapura,
«Sempre que atuo penso: o meu
plano é tornar-me o maior
artista desta geração».
Há uma linha ténue entre a
arro gância pura e simples e a ar -
ro gân cia de quem sabe. E Kanye
West tem a lição bem estudada –
prova disso está em cada disco
que lança (e são já cinco em no -
me próprio, com o sexto pro me ti -
do para breve), invariavelmen te
elogiado pela crítica e bem-
-sucedido nas ta be las de vendas.
Enquanto não chega o novo
álbum (nem o aguardado “Watch
the Throne”, registo a duas
vozes, com Jay-Z), Kanye faz-se
repre sen tar nos “tops” com “My
Beauti ful Dark Twisted Fanta sy”,
lançado em novembro de 2010 e
já certificado com platina por
ven das superiores a um milhão de
cópias nos Estados Unidos. É cer -
to que ainda tem um longo cami -
nho a percorrer até alcançar os
números de “Late Regis tra tion”
(2005), galardoado com tri pla
pla tina. No entanto, se gun do o
“website” MetaCritic.com (que
compila a opinião dos críticos de
re ferência e faz a média das classi -
fi cações numa escala de zero a
100), “…Twisted Fantasy” me re -
ceu a pontuação mais alta da sua
dis cografia, com uma média de
94. Nos habituais balanços de fim
de ano, foi considerado o melhor
disco de 2010 por nada menos do
que 22 publicações de referência
– um primeiro lugar absoluto,
uns furos acima das nove ci ta ções
de “The Suburbs”, dos Arcade
Fire –, incluindo revistas como a
“Rolling Stone”, a “Billboard”
ou a “Time”, que já lhe havia
da do hon ras de capa sob o título
«O ho mem mais inteligente da
mú si ca pop» e o incluiu no lote
das perso nalidades mais influen -
tes de 2005 e 2010. Não foi só
pe los seus doze milhões de
álbuns ven didos.
Quando abre a boca, West tem
uma vasta audiência a ouvi-lo.
Seja quando apela ao boicote à
indústria de diamantes, quando
se mobiliza contra a discrimina -
ção de homossexuais no hip-hop
ou quando, na ressaca da devas-
tação do furacão Katrina, aponta
o dedo a George W. Bush pela
tardia resposta das autoridades,
afirmando, em direto e perante
milhões de telespectadores, que
o então presidente «não quer sa -
ber dos negros». Anos mais tar de,
Bush revelou que o episódio foi
um dos «momentos mais re vol -
tantes» da sua presidência. É esse
o poder de Kanye West.
KANYE (pronuncia-se “Ká-ni-ei”)
Omari West nasceu em Atlanta,
numa família de classe média,
filho do fotógrafo Ray West, ex-
-par tidário do movimento Pan te -
ras Negras, e Donda West, pro fes -
sora universitária. Aos 3 anos, os
pais divorciaram-se e a mãe leva-o
para Chicago. Frequenta boas
es colas, em permanente contacto
com as artes plásticas e a música.
Aos 10, vive um ano na China,
quando a sua mãe é convidada
pa ra lecionar na Universidade de
Nanjing. Os verões, esses eram
passados com o pai, que recorda
como «os outros miúdos tro ça vam
de Kanye, chamavam-lhe “China
boy”». Nos anos de liceu, acres-
centa a “Rolling Stone”, era go -
za do por usar aparelho e por ter
«dentes do tamanho de chicle -
tes». Em entrevista à “Time Out
London”, Kanye recorda a in fân -
cia de forma «ligeiramente» di fe -
rente: «Sempre fui seguido pelos
outros miúdos, desde o infantá rio.
A professora dizia que eu era um
líder nato.»
Cedo se apaixonou pelo hip-hop
e pelo imaginário de rebeldia que
o gé nero musical privilegia. Que -
ria ser “rapper” e produtor. Os pais
fi zeram o seu papel: convenceram-
-no antes a prosseguir os estudos e
ir para a universida de. Fre quen tou
ainda um ano do cur so de in glês,
mas não ficou fre guês. Con ven ceu
a mãe de que não precisava de
estudar mais – afinal, dizia, tinha
vivido toda a sua vida com uma
pro fessora. Iria ex pe rimentar o seu
sonho du ran te um ano e de pois
logo se veria. Para pagar a sua
parte da renda (uma das condições
O DISCO DE ESTREIA ‘THECOLLEGE DROPOUT’ FOICONSIDERADO “O ÁLBUM DERAP MAIS IMPORTANTE DONOVO SÉCULO” PELA ‘TIME’.
Aútil> A 5 de agosto, dia em que sobem
aos diversos palcos do Sudoeste tmnClã, dEUS, Marcelo Camelo e Patrice,
entre outros, todas as atenções se
centram no espetáculo de Kanye
West, uma megaprodução que
promete deixar muita gente de boca
aberta, tal como aconteceu no festival
californiano de Coachella. «Foi muito
difícil trazê-lo mas conseguimos.
Acho que a partir de agora se vai
passar a chamar Kanye Sudoeste»,
explica o promotor do evento, Luís
Montez, em tom de brincadeira.
> Ponha o Kanye West a cantar no
seu telemóvel. Envie SMS para o
12700 com o código 18444 para
ter “Runaway” como “waiting ring”
(preço: €1,60, com subscrição
mensal de €0,99).
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notícia
caiu como uma bomba. Em
julho de 2009, um mês após a
morte de Michael Jackson, o
“website” de en tre tenimento
AceShowbizz.com jurava a pés
juntos que Kanye West queria
ser o novo rei da pop, atribuindo-
-lhe frases como «É muito triste
ele ter partido, mas abre-se o
caminho para um novo rei da
pop e estou interessado em ficar
com o lugar.» Ou «Pri mei ro foi o
Elvis, depois o Michael, e agora,
no século XXI, é altura de ser o
Kanye a reinar.» Era tudo men -
ti ra, afinal. Desmentida pelo
próprio numa mensagem publi -
ca da em maiúsculas no seu
blogue: «Sinto-me mal por ter
feito as pessoas acreditarem que
eu seria capaz de dizer algo tão
despropositado. Assusta-me pen-
sar em que mais irão acreditar.»
A verdade é que ninguém ficou
(demasiado) boquiaberto com as
ale gadas declarações. Afinal,
estamos perante o artista que se
com parou a Picasso, aos Beatles
e a Marvin Gaye, e que em 2004
aban donou a cerimónia dos
D.R.
American Music Awards, após
per der o prémio de “Artista
Revelação” para a cantora de
“country” Gretchen Wilson.
«Fui, sem dúvida, roubado. Fui o
melhor novo artista deste ano.»
Ou que afirmou, numa conferên -
cia de imprensa em Singapura,
«Sempre que atuo penso: o meu
plano é tornar-me o maior
artista desta geração».
Há uma linha ténue entre a
arro gância pura e simples e a ar -
ro gân cia de quem sabe. E Kanye
West tem a lição bem estudada –
prova disso está em cada disco
que lança (e são já cinco em no -
me próprio, com o sexto pro me ti -
do para breve), invariavelmen te
elogiado pela crítica e bem-
-sucedido nas ta be las de vendas.
Enquanto não chega o novo
álbum (nem o aguardado “Watch
the Throne”, registo a duas
vozes, com Jay-Z), Kanye faz-se
repre sen tar nos “tops” com “My
Beauti ful Dark Twisted Fanta sy”,
lançado em novembro de 2010 e
já certificado com platina por
ven das superiores a um milhão de
cópias nos Estados Unidos. É cer -
to que ainda tem um longo cami -
nho a percorrer até alcançar os
números de “Late Regis tra tion”
(2005), galardoado com tri pla
pla tina. No entanto, se gun do o
“website” MetaCritic.com (que
compila a opinião dos críticos de
re ferência e faz a média das classi -
fi cações numa escala de zero a
100), “…Twisted Fantasy” me re -
ceu a pontuação mais alta da sua
dis cografia, com uma média de
94. Nos habituais balanços de fim
de ano, foi considerado o melhor
disco de 2010 por nada menos do
que 22 publicações de referência
– um primeiro lugar absoluto,
uns furos acima das nove ci ta ções
de “The Suburbs”, dos Arcade
Fire –, incluindo revistas como a
“Rolling Stone”, a “Billboard”
ou a “Time”, que já lhe havia
da do hon ras de capa sob o título
«O ho mem mais inteligente da
mú si ca pop» e o incluiu no lote
das perso nalidades mais influen -
tes de 2005 e 2010. Não foi só
pe los seus doze milhões de
álbuns ven didos.
Quando abre a boca, West tem
uma vasta audiência a ouvi-lo.
Seja quando apela ao boicote à
indústria de diamantes, quando
se mobiliza contra a discrimina -
ção de homossexuais no hip-hop
ou quando, na ressaca da devas-
tação do furacão Katrina, aponta
o dedo a George W. Bush pela
tardia resposta das autoridades,
afirmando, em direto e perante
milhões de telespectadores, que
o então presidente «não quer sa -
ber dos negros». Anos mais tar de,
Bush revelou que o episódio foi
um dos «momentos mais re vol -
tantes» da sua presidência. É esse
o poder de Kanye West.
KANYE (pronuncia-se “Ká-ni-ei”)
Omari West nasceu em Atlanta,
numa família de classe média,
filho do fotógrafo Ray West, ex-
-par tidário do movimento Pan te -
ras Negras, e Donda West, pro fes -
sora universitária. Aos 3 anos, os
pais divorciaram-se e a mãe leva-o
para Chicago. Frequenta boas
es colas, em permanente contacto
com as artes plásticas e a música.
Aos 10, vive um ano na China,
quando a sua mãe é convidada
pa ra lecionar na Universidade de
Nanjing. Os verões, esses eram
passados com o pai, que recorda
como «os outros miúdos tro ça vam
de Kanye, chamavam-lhe “China
boy”». Nos anos de liceu, acres-
centa a “Rolling Stone”, era go -
za do por usar aparelho e por ter
«dentes do tamanho de chicle -
tes». Em entrevista à “Time Out
London”, Kanye recorda a in fân -
cia de forma «ligeiramente» di fe -
rente: «Sempre fui seguido pelos
outros miúdos, desde o infantá rio.
A professora dizia que eu era um
líder nato.»
Cedo se apaixonou pelo hip-hop
e pelo imaginário de rebeldia que
o gé nero musical privilegia. Que -
ria ser “rapper” e produtor. Os pais
fi zeram o seu papel: convenceram-
-no antes a prosseguir os estudos e
ir para a universida de. Fre quen tou
ainda um ano do cur so de in glês,
mas não ficou fre guês. Con ven ceu
a mãe de que não precisava de
estudar mais – afinal, dizia, tinha
vivido toda a sua vida com uma
pro fessora. Iria ex pe rimentar o seu
sonho du ran te um ano e de pois
logo se veria. Para pagar a sua
parte da renda (uma das condições
O DISCO DE ESTREIA ‘THECOLLEGE DROPOUT’ FOICONSIDERADO “O ÁLBUM DERAP MAIS IMPORTANTE DONOVO SÉCULO” PELA ‘TIME’.
Aútil> A 5 de agosto, dia em que sobem
aos diversos palcos do Sudoeste tmnClã, dEUS, Marcelo Camelo e Patrice,
entre outros, todas as atenções se
centram no espetáculo de Kanye
West, uma megaprodução que
promete deixar muita gente de boca
aberta, tal como aconteceu no festival
californiano de Coachella. «Foi muito
difícil trazê-lo mas conseguimos.
Acho que a partir de agora se vai
passar a chamar Kanye Sudoeste»,
explica o promotor do evento, Luís
Montez, em tom de brincadeira.
> Ponha o Kanye West a cantar no
seu telemóvel. Envie SMS para o
12700 com o código 18444 para
ter “Runaway” como “waiting ring”
(preço: €1,60, com subscrição
mensal de €0,99).
1977. Nasce, a 8 de junho,
em Atlanta. Aos 3 anos,
após o divórcio dos pais,
muda-se para Chicago com
a mãe. Estudou em boas
escolas, teve aulas de
música e de artes plásticas
e chegou a frequentar a
universidade. Mas o apelo
do hip-hop falou mais alto:
aos 19 anos, desistiu
do curso e dedicou-se à
carreira de produtor.
2000.Surge a oportuni da de
de trabalhar para a Roc-A-
Fella, editora de Jay-Z,
onde dá nas vistas pelo bom
ouvido musical e pela ética
de traba lho. Colabora em
vários álbuns de sucesso,
entre eles “The Diary of
Alicia Keys”, que lhe vale
o “Grammy” de “Melhor
Canção R&B”.
2004. O seu ar pouco
“street” não lhe facilita a
vida quando envereda pela
carreira de “rapper”. Após
muitos nãos, consegue
convencer a Roc-A-Fella.
Em fevereiro, edita “The
College Dropout”; dois
meses depois, é disco
de platina por vendas
superio res a um milhão
de cópias (em junho,
chega à dupla platina).
Vence dois “Grammies”.
ca ra. Por fim, a Roc-A-Fella lá
pôs de lado o pre con ceito contra
“rappers” «beti nhos» e, em bo ra a
medo, apostou em Kanye.
“The College Dropout” viu a luz
do dia em fevereiro de 2004. Ven -
deu 441 mil cópias na primeira
semana, estreando-se no segundo
lugar da “Billboard”. Pôs o de ca no
Darryl McDaniels (Run-DMC) e
o ator-cantor Jamie Foxx de novo
a ouvir hip-hop. Valeu-lhe nove
no meações e dois “Grammies”:
“Melhor Álbum de Rap” e
“Melhor Canção Rap” (“Jesus
Walks”). A “Rolling Stone”
atribuiu-lhe a décima posição no
“ranking” dos melhores discos dos
anos 2000. E a “Time” elegeu-o
um dos 100 melhores de sempre,
classificando-o como «o álbum
de rap mais inteligente, engraçado
e importante do novo século.»
A partir daí, Kanye West «só» te ve
de manter a fasquia elevada. Em
menos de uma década, os obje ti -
vos que traçara no início da car -
rei ra – «chegar a disco de ouro ou
platina, ter canções universalmen -
te respeitadas e alguma influên cia
no panorama cultural, mudar a
so noridade da música e inspirar
novos artistas a trilharem o seu
próprio caminho» – foram todos
cumpridos. «Se eu dissesse que
não tinha já feito tudo isso, estaria
a dar-vos aquela “tanga” da falsa
modéstia hollywoodesca.» O que
se segue? O céu costuma ser o
limi te. E o trono continua vago. n
2005. Lança “Late
Registration”, que lhe vale
um “Brit”, três “Grammies”
e a tripla platina. Seguem-se
“Graduation” (2007; três
“Grammies”, dois “American
Music Awards” e um “Brit”)
e “808’s & Heartbreak”
(2008; um “Brit”). Entre
2008 e 2010 recebe outros
cinco “Grammies”, a título
de colabora ções.
2009. Kanye conquistou
lugar cativo nas várias listas
dos discos do ano desde
a estreia. Em dezem bro
de 2009, a “Rolling Stone”
incluiu todo o seu catálogo
na tabela dos 100 álbuns
da década: “808’s…” (63º),
“Graduation” (45º), “Late
Registration” (40º) e “The
College Dropout” (10º).
2010. “My Beautiful Dark
Twisted Fantasy” é o quinto
registo de estúdio deste
«super-homem capaz
de deixar meio mundo
de queixo caído e a outra
metade a esfalfar-se para
arranjar argumentos para
o facto de o queixo não cair
como aos demais», escrevia,
no “Ípsilon”, o crítico Mário
Lopes, que o considerou
dis co do ano – tal como
fizeram a “Spin”, a “Time”
ou a “Rolling Stone”.
do acordo), ar ranjou emprego
como operador de telemarketing.
À noite, traba lha va a criar batidas
para outros “rappers”. Não preci -
sou de espe rar muito até conse guir
o pri mei ro biscate a sério, para o
“MC” de Chicago Gravity, que lhe
rendeu oito mil dólares. Es ta va no
bom ca minho. Produziu, de pois,
uma série considerável de no mes
de se gun da linha do hip-hop
norte-americano, como Jermaine
Dupri, Foxy Brown ou Goodie
Mob, até que, com o virar do sé -
cu lo, encontra a sua rampa de
lan ça mento: a respeitada editora
Roc-A-Fella, de Jay-Z, onde lhe é
da da a oportunidade de ouro de
pro du zir algumas das faixas de
“Blueprint”, o novo álbum do
seu «patrão», que acabaria por se
tor nar um ponto de viragem
para am bos.
Com a carreira de produtor lan ça -
da, virou-se para o desafio nú me -
ro dois: gravar o seu próprio disco.
Primeiro tentou na casa que o co -
nhecia. Não ficaram convencidos.
Afinal, Kanye tinha ar de tudo
me nos de “rapper”. «Ele usava
pó los cor-de-rosa com o colarinho
le vantado e “mocassins” Gucci»,
recorda Damon Dash, então CEO
da editora. Isto numa altura em
que o rap era, acima de tudo, mú -
sica de rua, de gueto, e se vestia
de calças largas, camisolas de bas -
quete e sapatilhas do ta ma nho de
cacilheiros. Bateu a outras portas,
mas todas lhe foram fe cha das na
retrato I música I
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KANYE IMPÔS-SE ATÉ NOMODO DE VESTIR, NUMAALTURA DOMINADA PELO‘LOOK’ DE GUETO.
D.R. D.R.
1977. Nasce, a 8 de junho,
em Atlanta. Aos 3 anos,
após o divórcio dos pais,
muda-se para Chicago com
a mãe. Estudou em boas
escolas, teve aulas de
música e de artes plásticas
e chegou a frequentar a
universidade. Mas o apelo
do hip-hop falou mais alto:
aos 19 anos, desistiu
do curso e dedicou-se à
carreira de produtor.
2000.Surge a oportuni da de
de trabalhar para a Roc-A-
Fella, editora de Jay-Z,
onde dá nas vistas pelo bom
ouvido musical e pela ética
de traba lho. Colabora em
vários álbuns de sucesso,
entre eles “The Diary of
Alicia Keys”, que lhe vale
o “Grammy” de “Melhor
Canção R&B”.
2004. O seu ar pouco
“street” não lhe facilita a
vida quando envereda pela
carreira de “rapper”. Após
muitos nãos, consegue
convencer a Roc-A-Fella.
Em fevereiro, edita “The
College Dropout”; dois
meses depois, é disco
de platina por vendas
superio res a um milhão
de cópias (em junho,
chega à dupla platina).
Vence dois “Grammies”.
ca ra. Por fim, a Roc-A-Fella lá
pôs de lado o pre con ceito contra
“rappers” «beti nhos» e, em bo ra a
medo, apostou em Kanye.
“The College Dropout” viu a luz
do dia em fevereiro de 2004. Ven -
deu 441 mil cópias na primeira
semana, estreando-se no segundo
lugar da “Billboard”. Pôs o de ca no
Darryl McDaniels (Run-DMC) e
o ator-cantor Jamie Foxx de novo
a ouvir hip-hop. Valeu-lhe nove
no meações e dois “Grammies”:
“Melhor Álbum de Rap” e
“Melhor Canção Rap” (“Jesus
Walks”). A “Rolling Stone”
atribuiu-lhe a décima posição no
“ranking” dos melhores discos dos
anos 2000. E a “Time” elegeu-o
um dos 100 melhores de sempre,
classificando-o como «o álbum
de rap mais inteligente, engraçado
e importante do novo século.»
A partir daí, Kanye West «só» te ve
de manter a fasquia elevada. Em
menos de uma década, os obje ti -
vos que traçara no início da car -
rei ra – «chegar a disco de ouro ou
platina, ter canções universalmen -
te respeitadas e alguma influên cia
no panorama cultural, mudar a
so noridade da música e inspirar
novos artistas a trilharem o seu
próprio caminho» – foram todos
cumpridos. «Se eu dissesse que
não tinha já feito tudo isso, estaria
a dar-vos aquela “tanga” da falsa
modéstia hollywoodesca.» O que
se segue? O céu costuma ser o
limi te. E o trono continua vago. n
2005. Lança “Late
Registration”, que lhe vale
um “Brit”, três “Grammies”
e a tripla platina. Seguem-se
“Graduation” (2007; três
“Grammies”, dois “American
Music Awards” e um “Brit”)
e “808’s & Heartbreak”
(2008; um “Brit”). Entre
2008 e 2010 recebe outros
cinco “Grammies”, a título
de colabora ções.
2009. Kanye conquistou
lugar cativo nas várias listas
dos discos do ano desde
a estreia. Em dezem bro
de 2009, a “Rolling Stone”
incluiu todo o seu catálogo
na tabela dos 100 álbuns
da década: “808’s…” (63º),
“Graduation” (45º), “Late
Registration” (40º) e “The
College Dropout” (10º).
2010. “My Beautiful Dark
Twisted Fantasy” é o quinto
registo de estúdio deste
«super-homem capaz
de deixar meio mundo
de queixo caído e a outra
metade a esfalfar-se para
arranjar argumentos para
o facto de o queixo não cair
como aos demais», escrevia,
no “Ípsilon”, o crítico Mário
Lopes, que o considerou
dis co do ano – tal como
fizeram a “Spin”, a “Time”
ou a “Rolling Stone”.
do acordo), ar ranjou emprego
como operador de telemarketing.
À noite, traba lha va a criar batidas
para outros “rappers”. Não preci -
sou de espe rar muito até conse guir
o pri mei ro biscate a sério, para o
“MC” de Chicago Gravity, que lhe
rendeu oito mil dólares. Es ta va no
bom ca minho. Produziu, de pois,
uma série considerável de no mes
de se gun da linha do hip-hop
norte-americano, como Jermaine
Dupri, Foxy Brown ou Goodie
Mob, até que, com o virar do sé -
cu lo, encontra a sua rampa de
lan ça mento: a respeitada editora
Roc-A-Fella, de Jay-Z, onde lhe é
da da a oportunidade de ouro de
pro du zir algumas das faixas de
“Blueprint”, o novo álbum do
seu «patrão», que acabaria por se
tor nar um ponto de viragem
para am bos.
Com a carreira de produtor lan ça -
da, virou-se para o desafio nú me -
ro dois: gravar o seu próprio disco.
Primeiro tentou na casa que o co -
nhecia. Não ficaram convencidos.
Afinal, Kanye tinha ar de tudo
me nos de “rapper”. «Ele usava
pó los cor-de-rosa com o colarinho
le vantado e “mocassins” Gucci»,
recorda Damon Dash, então CEO
da editora. Isto numa altura em
que o rap era, acima de tudo, mú -
sica de rua, de gueto, e se vestia
de calças largas, camisolas de bas -
quete e sapatilhas do ta ma nho de
cacilheiros. Bateu a outras portas,
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KANYE IMPÔS-SE ATÉ NOMODO DE VESTIR, NUMAALTURA DOMINADA PELO‘LOOK’ DE GUETO.
D.R. D.R.
lifestyle I ribatejo I
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É INEVITÁVEL: fale-se na Gole gãe, por atacado, vêm à conversaos cavalos. E a feira de No vem -bro, que, por dez dias, traz umnovo pulsar às pacatas ruas davila ribatejana. Dizia-se, até,que a razão para visitar a “Ca pi -tal do Cavalo” era, única e sim-plesmente, a secular feira. Ora, foi (também) para dar àGolegã motivo para uma visitafora de época que nasceu o HotelLusitano, o primeiro e único decharme em terras de Vale doTejo. Instalado numa típica casaribatejana de inícios do século XX– a que foi acrescida uma AlaNova, de traço contemporâneo –,o Lusitano é já um dos maisapetecidos de Portugal, reco -men dado, logo no seu ano deestreia, pelo respeitado guiaCondé Nast Johansens. Para além do evidente bom gostodos seus interiores e dos confor-tos «quase caseiros» dos seusaposentos, este retiro no coraçãoda lezíria tem dois outros mo -tivos de grande interesse. Umdeles, o mais recente, é o PuroSpa, cujo cardápio propõe, entreoutros mimos, a Cabine de Flu -tuação, uma experiência únicade relaxamento em água de ele-vada salinidade, que provoca aflutuação natural, como se seestivesse no Mar Morto. A boa mesa é outro forte argumen-to a favor do Lusitano. O restau-rante do hotel apresenta um menuimaginado por José Avillez e exe-cutado (e actualizado) pelo “chef”Paulo Costa, cujo currículo inclui,a título de exemplo, os lisboetasBica do Sa pato e Eleven. A inspi-ração é ribatejana – como denun-cia a variedade de torricados nocapítulo das entradas – com umto que de cozinha de autor (per dão,
GOLEGÃRAÇA E RAZÃO
A TRADIÇÃO EQUESTRE E A LEZÍRIA SEM FIM, DE
BRA ÇO DADO COM A DESCONTRACÇÃO E O LUXUO SO
CON FORTO DE UMA GOLEGÃ DE CHARME.
TEXTO JOÃO MESTRE I FOTOGRAFIA PAULO SOUSA COELHO / EVASÕES
HOTEL LUSITANO.Um hotel de charme
com 24 quartos, em pleno
coração do Ribatejo, bem
no centro da vila. Tem
parcerias com a Escola
Equestre Lusitanus para
actividades diversas.
W: www.hotellusitano.com
RESTAURANTEHOTEL LUSITANO.Pratos sofisticados com
alma lusitana é a promessa
deste restaurante com
carta assinada pelo chefe
José Avillez. Existe
também um bar e uma
esplanada, para um
lanche ou uma sossegada
tarde de leitura.
T: 249979170
PURO SPA. Este
espaço de bem-estar
integrado no Hotel
Lusitano conta com três
salas de tratamento,
onde a água tem um
papel preponderante.
Uma verdadeira
viagem dos sentidos.
W: www.hotellusitano.com
HOTEL LUSITANO
HOTEL LUSITANO
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É INEVITÁVEL: fale-se na Gole gãe, por atacado, vêm à conversaos cavalos. E a feira de No vem -bro, que, por dez dias, traz umnovo pulsar às pacatas ruas davila ribatejana. Dizia-se, até,que a razão para visitar a “Ca pi -tal do Cavalo” era, única e sim-plesmente, a secular feira. Ora, foi (também) para dar àGolegã motivo para uma visitafora de época que nasceu o HotelLusitano, o primeiro e único decharme em terras de Vale doTejo. Instalado numa típica casaribatejana de inícios do século XX– a que foi acrescida uma AlaNova, de traço contemporâneo –,o Lusitano é já um dos maisapetecidos de Portugal, reco -men dado, logo no seu ano deestreia, pelo respeitado guiaCondé Nast Johansens. Para além do evidente bom gostodos seus interiores e dos confor-tos «quase caseiros» dos seusaposentos, este retiro no coraçãoda lezíria tem dois outros mo -tivos de grande interesse. Umdeles, o mais recente, é o PuroSpa, cujo cardápio propõe, entreoutros mimos, a Cabine de Flu -tuação, uma experiência únicade relaxamento em água de ele-vada salinidade, que provoca aflutuação natural, como se seestivesse no Mar Morto. A boa mesa é outro forte argumen-to a favor do Lusitano. O restau-rante do hotel apresenta um menuimaginado por José Avillez e exe-cutado (e actualizado) pelo “chef”Paulo Costa, cujo currículo inclui,a título de exemplo, os lisboetasBica do Sa pato e Eleven. A inspi-ração é ribatejana – como denun-cia a variedade de torricados nocapítulo das entradas – com umto que de cozinha de autor (per dão,
GOLEGÃRAÇA E RAZÃO
A TRADIÇÃO EQUESTRE E A LEZÍRIA SEM FIM, DE
BRA ÇO DADO COM A DESCONTRACÇÃO E O LUXUO SO
CON FORTO DE UMA GOLEGÃ DE CHARME.
TEXTO JOÃO MESTRE I FOTOGRAFIA PAULO SOUSA COELHO / EVASÕES
HOTEL LUSITANO.Um hotel de charme
com 24 quartos, em pleno
coração do Ribatejo, bem
no centro da vila. Tem
parcerias com a Escola
Equestre Lusitanus para
actividades diversas.
W: www.hotellusitano.com
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alma lusitana é a promessa
deste restaurante com
carta assinada pelo chefe
José Avillez. Existe
também um bar e uma
esplanada, para um
lanche ou uma sossegada
tarde de leitura.
T: 249979170
PURO SPA. Este
espaço de bem-estar
integrado no Hotel
Lusitano conta com três
salas de tratamento,
onde a água tem um
papel preponderante.
Uma verdadeira
viagem dos sentidos.
W: www.hotellusitano.com
HOTEL LUSITANO
HOTEL LUSITANO
autores), exemplificada pelo“sushi da Golegã” – trouxinhas deberingela e courgete grelhadas,recheadas de pato confitado. Acima de tudo, o Lusitano provaque a sofisticação também sobre-vive fora das grandes metrópolese sem grandes artifícios ou pre-tensiosismos. A Golegã é daque-las terras que não esquece a suaidentidade – trá-la, aliás, orgulho -samente ao peito, como umemblema. Será, discutivelmente,a mais ribatejana vila do Ribatejo– e o espírito que se vive durantea Feira do Cavalo comprova-o.Fazendo jus ao epíteto de“Capital do Cavalo”, a vila conti -nua a fazer da multissecular feira(que este ano se realizar entre 7 e16 de Novembro) uma montra doque de mais genuíno e castiço háno Ribatejo, naquele Ribatejo quenunca se esqueceu de onde veio epara onde (não) quer ir.�
RESTAURANTE DO HOTEL LUSITANO
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lifestyle
FEIRANACIONAL DO CAVALOA SECULAR FEIRADECORRE, ESTEANO, ENTRE 7 E 16DE NOVEMBRO.PARA ALÉM DOCAVALO LUSITANO,O VERDADEIROPROTAGONISTADESTA GRANDEFESTA, CELEBRA--SE O SÃO MARTINHO, COMOATESTA O CHEIROA VINHO NOVO E A CASTANHASASSADAS. (WWW.HORSEFAIRLUSITANO.ORG)
autores), exemplificada pelo“sushi da Golegã” – trouxinhas deberingela e courgete grelhadas,recheadas de pato confitado. Acima de tudo, o Lusitano provaque a sofisticação também sobre-vive fora das grandes metrópolese sem grandes artifícios ou pre-tensiosismos. A Golegã é daque-las terras que não esquece a suaidentidade – trá-la, aliás, orgulho -samente ao peito, como umemblema. Será, discutivelmente,a mais ribatejana vila do Ribatejo– e o espírito que se vive durantea Feira do Cavalo comprova-o.Fazendo jus ao epíteto de“Capital do Cavalo”, a vila conti -nua a fazer da multissecular feira(que este ano se realizar entre 7 e16 de Novembro) uma montra doque de mais genuíno e castiço háno Ribatejo, naquele Ribatejo quenunca se esqueceu de onde veio epara onde (não) quer ir.�
RESTAURANTE DO HOTEL LUSITANO
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FEIRANACIONAL DO CAVALOA SECULAR FEIRADECORRE, ESTEANO, ENTRE 7 E 16DE NOVEMBRO.PARA ALÉM DOCAVALO LUSITANO,O VERDADEIROPROTAGONISTADESTA GRANDEFESTA, CELEBRA--SE O SÃO MARTINHO, COMOATESTA O CHEIROA VINHO NOVO E A CASTANHASASSADAS. (WWW.HORSEFAIRLUSITANO.ORG)
direto I música I
Q uando pensava em ser atriz, um amigo desviou-a parao «bom caminho»: Rui Ribeiro ficou tão impressionadocom a pujança e a maturidade da voz de Aurea queresolveu compor-lhe uma canção à medida – deimedia to gravada e enviada à produtora Blim Records.A resposta apareceu em forma de convite para gravar
um disco. O resto é história; uma história das que raramente acontecem, eque em poucas palavras se resume a «sucesso merecido». E repentino. «Temsido uma série de boas surpresas, mas tenho uma equipa espetacular atrás demim. E tenho muito que lhes agradecer.» Agradecida mas não deslumbrada,Aurea reconhece que é um grande privilégio ter chegado onde chegou e sabeque manter-se fiel a si própria é parte do segredo.
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DISCO DE PLATINA, GLOBO DE OUROE DIGRESSÃO NACIONAL. TUDO EM MENOS DE
UM ANO. AGORA, A CANTORA-REVELAÇÃOPENSA JÁ NUM SEGUNDO DISCO. MAS NÃO SÓ.
TEXTO JOÃO MESTRE I FOTOGRAFIA LUIS DE BARROS
ESTADO DE ALMA
direto I música I
Q uando pensava em ser atriz, um amigo desviou-a parao «bom caminho»: Rui Ribeiro ficou tão impressionadocom a pujança e a maturidade da voz de Aurea queresolveu compor-lhe uma canção à medida – deimedia to gravada e enviada à produtora Blim Records.A resposta apareceu em forma de convite para gravar
um disco. O resto é história; uma história das que raramente acontecem, eque em poucas palavras se resume a «sucesso merecido». E repentino. «Temsido uma série de boas surpresas, mas tenho uma equipa espetacular atrás demim. E tenho muito que lhes agradecer.» Agradecida mas não deslumbrada,Aurea reconhece que é um grande privilégio ter chegado onde chegou e sabeque manter-se fiel a si própria é parte do segredo.
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DISCO DE PLATINA, GLOBO DE OUROE DIGRESSÃO NACIONAL. TUDO EM MENOS DE
UM ANO. AGORA, A CANTORA-REVELAÇÃOPENSA JÁ NUM SEGUNDO DISCO. MAS NÃO SÓ.
TEXTO JOÃO MESTRE I FOTOGRAFIA LUIS DE BARROS
ESTADO DE ALMA
direto I música I
O que gostava de lhes respon-
der agora?
Nada.Não guarda ressentimentos…
Que ideia! Não! Adorei a experiên-cia, adorei o “casting” com os ou -tros concorrentes. O meu irmão foicomigo, tocou guitarra, cantámos,fizemos amigos. Guardo muitoboas recordações desse dia.
Quando trocou o teatro pela
música congelou a matrícula.
Pensa voltar?
Não sei. Parei no último ano, jáfaltava pouco. Mas neste momentonão faz sentido regressar à univer-sidade. Até porque não dá.
E quando terminar este ciclo
de concertos?
Quem sabe?São talentos que se podem
complementar…
Sim… Há o caso da Lúcia Moniz,que faz muito bem as duascoisas. Para ser sincera, não seise vou sentir necessidade disso.Fui para Teatro meio à toa, semgran des expectativas, e acabei porapaixo nar-me pelo curso, pelarepresentação. Mas, de momento,limito-me a ser espectadora.
Onde aprendeu a cantar?
A minha mãe diz que eu empequenina, mal falava, já canta ro -lava. Mesmo sem saber a letra.Lembro-me de cantar músicas eminglês sem saber o que estava adizer – ouvia o que a cantora diziae tentava imitar. Acho que é umacoisa que nasceu comigo e foievoluindo com o tempo.
Lembra-se da primeira vez que
pisou um palco?
Foi no jardim-escola. Desatei acho rar [risos].
E quando pisou um grande
palco pela primeira vez?
Num concerto dos “Morangos comAçúcar”, no Pavilhão Atlân tico.Fiz dois duetos e cantei o “Okay
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SINCERIDADEACIMADE TUDO“QUANDO VOUPARA O PALCO SOUEU. GOSTO MUITODE SER EU PRÓ PRIAE É ALGO QUEDEFENDO DESDE O PRINCÍPIO: NÃOVOU DEIXAR DE SÊ-LO POR NADA.”
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É difícil manter-se fiel a si pró -
pria, não confundir a pessoa
com a «personagem» que está
no palco?
Não, porque sou a mesma pessoa.Não gosto de inventar personagensnem de assumir outros papéis:quando vou para o palco sou eu,dou muito de mim. E, claro, inter-preto os temas à minha maneira.Gosto muito de ser eu própria e éalgo que defendo desde o princípio:não vou deixar de sê-lo por nada.
A sua carreira não começa pelo
habitual «sempre sonhei com
isto». Foi a iniciativa do seu
amigo, o músico/compositor Rui
Ribeiro, que despoletou tudo?
Foi isso mesmo. Sempre gosteide cantar mas nunca pensei queo meu futuro fosse ser cantora.Lembro-me de estar num concer-to da Mariza e pensar «Como seráestar ali em cima? E ter todas es -tas pessoas a cantar as nossasmúsicas?». Mas pensar a sério napossibilidade de fazê-lo pro fis sio -nalmente? Nunca. Pensei tirar omeu curso, tal como os meuspais me educaram, e fazer tudocertinho.
Aos 15 anos concorreu ao “Ído-
los”. Como foi a experiência?
Os meus amigos sabiam que eugostava de cantar e insistiramcomigo, «Olha lá, Aurea, vai haverum programa para novos can-tores, porque não participas?» Eeu «Eh, não sei!». Andei numimpasse até que decidi: «OK, voufazer o “cas ting”». Fi-lo muitonaturalmente, sem pretensõesnenhumas. Foi giro.
Lembra-se do que o júri lhe disse?
Não gostaram. Já tinham uma ideiado que queriam: um artista feito,um artista completo. E eu eramuito miudinha. Não tinha osrequi sitos necessários para ser o«ídolo nacional».
1987. Áurea Sousa
nasce a 7 de setembro,
em Santiago do Cacém.
Era ainda pequena quando
a família se muda para
Silves. Cresce numa casa
de músicos – o pai toca
e canta fado, a mãe
é «envergonhada» mas
tem «uma voz lindíssima»
e o irmão é guitarrista.
2003. Aos 15 anos,
participa num “casting”
para o concurso televisivo
“Ídolos”, em Beja, mas
não passa da ronda inicial.
2005. Na hora de escolher
um curso, opta por Estudos
Teatrais, na Universidade
de Évora.
AUREA (2010)Álbum disponível no serviço
Ponha a Aurea a dar música a quemlhe liga. Para ter estes temas como“waiting ring”, envie SMS para o12700, acompanhado do respectivocódigo: “Busy (For Me)” (18634),“Love Me Tender” (18576), “OkayAlright” (18697). Preço: €1,60, comsubscrição mensal de €0,99.
direto I música I
O que gostava de lhes respon-
der agora?
Nada.Não guarda ressentimentos…
Que ideia! Não! Adorei a experiên-cia, adorei o “casting” com os ou -tros concorrentes. O meu irmão foicomigo, tocou guitarra, cantámos,fizemos amigos. Guardo muitoboas recordações desse dia.
Quando trocou o teatro pela
música congelou a matrícula.
Pensa voltar?
Não sei. Parei no último ano, jáfaltava pouco. Mas neste momentonão faz sentido regressar à univer-sidade. Até porque não dá.
E quando terminar este ciclo
de concertos?
Quem sabe?São talentos que se podem
complementar…
Sim… Há o caso da Lúcia Moniz,que faz muito bem as duascoisas. Para ser sincera, não seise vou sentir necessidade disso.Fui para Teatro meio à toa, semgran des expectativas, e acabei porapaixo nar-me pelo curso, pelarepresentação. Mas, de momento,limito-me a ser espectadora.
Onde aprendeu a cantar?
A minha mãe diz que eu empequenina, mal falava, já canta ro -lava. Mesmo sem saber a letra.Lembro-me de cantar músicas eminglês sem saber o que estava adizer – ouvia o que a cantora diziae tentava imitar. Acho que é umacoisa que nasceu comigo e foievoluindo com o tempo.
Lembra-se da primeira vez que
pisou um palco?
Foi no jardim-escola. Desatei acho rar [risos].
E quando pisou um grande
palco pela primeira vez?
Num concerto dos “Morangos comAçúcar”, no Pavilhão Atlân tico.Fiz dois duetos e cantei o “Okay
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SINCERIDADEACIMADE TUDO“QUANDO VOUPARA O PALCO SOUEU. GOSTO MUITODE SER EU PRÓ PRIAE É ALGO QUEDEFENDO DESDE O PRINCÍPIO: NÃOVOU DEIXAR DE SÊ-LO POR NADA.”
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É difícil manter-se fiel a si pró -
pria, não confundir a pessoa
com a «personagem» que está
no palco?
Não, porque sou a mesma pessoa.Não gosto de inventar personagensnem de assumir outros papéis:quando vou para o palco sou eu,dou muito de mim. E, claro, inter-preto os temas à minha maneira.Gosto muito de ser eu própria e éalgo que defendo desde o princípio:não vou deixar de sê-lo por nada.
A sua carreira não começa pelo
habitual «sempre sonhei com
isto». Foi a iniciativa do seu
amigo, o músico/compositor Rui
Ribeiro, que despoletou tudo?
Foi isso mesmo. Sempre gosteide cantar mas nunca pensei queo meu futuro fosse ser cantora.Lembro-me de estar num concer-to da Mariza e pensar «Como seráestar ali em cima? E ter todas es -tas pessoas a cantar as nossasmúsicas?». Mas pensar a sério napossibilidade de fazê-lo pro fis sio -nalmente? Nunca. Pensei tirar omeu curso, tal como os meuspais me educaram, e fazer tudocertinho.
Aos 15 anos concorreu ao “Ído-
los”. Como foi a experiência?
Os meus amigos sabiam que eugostava de cantar e insistiramcomigo, «Olha lá, Aurea, vai haverum programa para novos can-tores, porque não participas?» Eeu «Eh, não sei!». Andei numimpasse até que decidi: «OK, voufazer o “cas ting”». Fi-lo muitonaturalmente, sem pretensõesnenhumas. Foi giro.
Lembra-se do que o júri lhe disse?
Não gostaram. Já tinham uma ideiado que queriam: um artista feito,um artista completo. E eu eramuito miudinha. Não tinha osrequi sitos necessários para ser o«ídolo nacional».
1987. Áurea Sousa
nasce a 7 de setembro,
em Santiago do Cacém.
Era ainda pequena quando
a família se muda para
Silves. Cresce numa casa
de músicos – o pai toca
e canta fado, a mãe
é «envergonhada» mas
tem «uma voz lindíssima»
e o irmão é guitarrista.
2003. Aos 15 anos,
participa num “casting”
para o concurso televisivo
“Ídolos”, em Beja, mas
não passa da ronda inicial.
2005. Na hora de escolher
um curso, opta por Estudos
Teatrais, na Universidade
de Évora.
AUREA (2010)Álbum disponível no serviço
Ponha a Aurea a dar música a quemlhe liga. Para ter estes temas como“waiting ring”, envie SMS para o12700, acompanhado do respectivocódigo: “Busy (For Me)” (18634),“Love Me Tender” (18576), “OkayAlright” (18697). Preço: €1,60, comsubscrição mensal de €0,99.
E quando o ouviu pela primeira
vez: estava lá tudo o que queria?
Na altura, sim. Foi uma sensaçãode realização com 43 minutos deduração. Mas, com o tempo, odisco nunca fica exatamente comoqueremos. Ouvi-o uma se ma na ouduas depois de ter saído e pensei:«Teria gravado “isto” de maneiracompletamente diferente. E “aqui”tinha feito outra coisa!» Vai-seacrescentando sempre qual quercoisa, há sempre um defeito quegostaríamos de alterar.
O que espera estar a fazer
da qui a um ano?
Espero estar a trabalhar no segundodisco. Ando já a pensar nele, mas,com os concertos, não há tempopara muita coisa. Vou tentandoaproveitar todo o tempinho livre.
Está a compor?
Não. Ainda não vou compor –falta-me a maturidade…
Toca algum instrumento?
Não, é outra coisa penso emfazer: aprender um instrumentoe um pouco de teoria musicalpara me situar. Quem sabe issonão me puxe também paracomeçar a compor...
Se um dia gravar um disco de
versões, que temas não podem
faltar?
Adoro o “Natural Woman”, daAretha Franklin. E o “Try Me”, doJames Brown. “Man’s World”,também do James Brown… Hátantos temas, é com plicado es co -lher. Quando tive de decidir asversões para tocar em concerto, fizuma lista de temas [faz um gestona mesa, do tamanho de umafolha A4] que gostaria de cantar,mas só pude escolher dois…
Ao cantar músicas de outros
sente-as como suas?
Sim, acabo por me identificarcom elas. No momento em queas interpreto são minhas. Tenhoo máximo respeito por quem ascompôs e pelo intérprete ori gi -nal, mas na altura tento dar omáximo para interpretá-las à mi -nha maneira.n
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2008. O músico (e colega
de universidade) Rui Ribeiro
fica tão impressiona do com
a sua voz que lhe compõe
um tema. Gravam-no e
enviam-no para a produtora
Blim Records, de Mem
Martins, que responde com
o convite para a gravação
de um disco. A matrícula na
universidade é congelada
para Áurea se dedicar ao
projecto a tempo inteiro.
2008. O tema “Okay
Alright” entra no alinha -
men to da banda sonora
da série “Morangos com
Açúcar”. E Aurea (o acento
caíra, entretanto, para
simplificar) é convidada
para cantar no espe tá culo
“Morangos ao Vivo”, no
Pavilhão Atlân tico, o seu
«batismo de fogo» em
grandes palcos.
2009. Em simultâneo
com a gravação do álbum,
canta com uma banda
de “covers” num bar de
Lisboa para ganhar
experiência em palco.
2010. “Aurea”, disco de
estreia, é lançado a 27 de
setembro. Grava uma ver-
são do clássico de Elvis
Presley “Love Me Tender”
para a edição portuguesa
da banda sonora do
espetáculo do Cirque du
Soleil “Viva Elvis”.
2011. Quatro meses após
o lançamento, “Aurea”
atinge o topo da tabela de
vendas e a marca de ouro;
um mês depois, é disco de
platina. Recebe o prémio
“Personalidade Feminina de
2010” na área de música,
pela revista “Lux”, e o
Globo de Ouro de “Melhor
Intérprete Individual”.
Alright”. Foi uma grande prova de fo -go. Estava tão nervosa… Mas correumuito bem – descobri uma força in -terior que nunca pensei que tivesse.
Imaginava que seria mais difícil?
Muito mais difícil. Antes de pisaro palco, sim, foi realmente com-plicado. A primeira música foi o“No One”, da Alicia Keys, emdueto com o [Paulo] Vintém. Eunão cantava na primeira parte,então fiquei a olhar para o públicoe a pensar «O que vou fazer? Vaisconseguir, Aurea? Está aqui tantagente…» O certo é que, quandochegou a minha vez de entrar,saiu tudo automaticamente.
Na altura estava já a gravar o
disco?
Ainda não estava pronto. A partir dagravação do “Okay Alright” em estú-dio apercebemo-nos de que algotinha mudado naquele tem po todo.Decidiu-se então fazer o “Busy”,para experimentar este novo registo.E resultou muito bem. A partir daícomeçámos a gravar o disco.
Faz sentido classificá-lo como
“soul”?
É uma mistura muito grande.Pode dizer-se que, na sua maioria,será “soul”. Mas estão lá maiscoisas misturadas – não gosto deetiquetá-lo com um só estilo.Prefiro que as pessoas ouçam ejulguem por si próprias.
Mas são inevitáveis as compa -
rações com esta ou aquela
artista. Isso incomoda-a?
Não. O que faço não é uma coisanova. É costume as pessoas com-pararem com o que já existe.
Revê-se mais na “soul” clássica
ou na nova?
Gosto muito da clássica – gostariaque o próximo trabalho fosse mais“rough”, mais “old school”. Mastambém gosto da “neo soul”, daJoss Stone, por exemplo. Adoro otrabalho dela, é uma das minhasmaiores in fluências atuais.
Quando começou o processo de
gravação, tinha ideia de como
queria que o disco soasse?
Não! [risos]
E quando o ouviu pela primeira
vez: estava lá tudo o que queria?
Na altura, sim. Foi uma sensaçãode realização com 43 minutos deduração. Mas, com o tempo, odisco nunca fica exatamente comoqueremos. Ouvi-o uma se ma na ouduas depois de ter saído e pensei:«Teria gravado “isto” de maneiracompletamente diferente. E “aqui”tinha feito outra coisa!» Vai-seacrescentando sempre qual quercoisa, há sempre um defeito quegostaríamos de alterar.
O que espera estar a fazer
da qui a um ano?
Espero estar a trabalhar no segundodisco. Ando já a pensar nele, mas,com os concertos, não há tempopara muita coisa. Vou tentandoaproveitar todo o tempinho livre.
Está a compor?
Não. Ainda não vou compor –falta-me a maturidade…
Toca algum instrumento?
Não, é outra coisa penso emfazer: aprender um instrumentoe um pouco de teoria musicalpara me situar. Quem sabe issonão me puxe também paracomeçar a compor...
Se um dia gravar um disco de
versões, que temas não podem
faltar?
Adoro o “Natural Woman”, daAretha Franklin. E o “Try Me”, doJames Brown. “Man’s World”,também do James Brown… Hátantos temas, é com plicado es co -lher. Quando tive de decidir asversões para tocar em concerto, fizuma lista de temas [faz um gestona mesa, do tamanho de umafolha A4] que gostaria de cantar,mas só pude escolher dois…
Ao cantar músicas de outros
sente-as como suas?
Sim, acabo por me identificarcom elas. No momento em queas interpreto são minhas. Tenhoo máximo respeito por quem ascompôs e pelo intérprete ori gi -nal, mas na altura tento dar omáximo para interpretá-las à mi -nha maneira.n
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2008. O músico (e colega
de universidade) Rui Ribeiro
fica tão impressiona do com
a sua voz que lhe compõe
um tema. Gravam-no e
enviam-no para a produtora
Blim Records, de Mem
Martins, que responde com
o convite para a gravação
de um disco. A matrícula na
universidade é congelada
para Áurea se dedicar ao
projecto a tempo inteiro.
2008. O tema “Okay
Alright” entra no alinha -
men to da banda sonora
da série “Morangos com
Açúcar”. E Aurea (o acento
caíra, entretanto, para
simplificar) é convidada
para cantar no espe tá culo
“Morangos ao Vivo”, no
Pavilhão Atlân tico, o seu
«batismo de fogo» em
grandes palcos.
2009. Em simultâneo
com a gravação do álbum,
canta com uma banda
de “covers” num bar de
Lisboa para ganhar
experiência em palco.
2010. “Aurea”, disco de
estreia, é lançado a 27 de
setembro. Grava uma ver-
são do clássico de Elvis
Presley “Love Me Tender”
para a edição portuguesa
da banda sonora do
espetáculo do Cirque du
Soleil “Viva Elvis”.
2011. Quatro meses após
o lançamento, “Aurea”
atinge o topo da tabela de
vendas e a marca de ouro;
um mês depois, é disco de
platina. Recebe o prémio
“Personalidade Feminina de
2010” na área de música,
pela revista “Lux”, e o
Globo de Ouro de “Melhor
Intérprete Individual”.
Alright”. Foi uma grande prova de fo -go. Estava tão nervosa… Mas correumuito bem – descobri uma força in -terior que nunca pensei que tivesse.
Imaginava que seria mais difícil?
Muito mais difícil. Antes de pisaro palco, sim, foi realmente com-plicado. A primeira música foi o“No One”, da Alicia Keys, emdueto com o [Paulo] Vintém. Eunão cantava na primeira parte,então fiquei a olhar para o públicoe a pensar «O que vou fazer? Vaisconseguir, Aurea? Está aqui tantagente…» O certo é que, quandochegou a minha vez de entrar,saiu tudo automaticamente.
Na altura estava já a gravar o
disco?
Ainda não estava pronto. A partir dagravação do “Okay Alright” em estú-dio apercebemo-nos de que algotinha mudado naquele tem po todo.Decidiu-se então fazer o “Busy”,para experimentar este novo registo.E resultou muito bem. A partir daícomeçámos a gravar o disco.
Faz sentido classificá-lo como
“soul”?
É uma mistura muito grande.Pode dizer-se que, na sua maioria,será “soul”. Mas estão lá maiscoisas misturadas – não gosto deetiquetá-lo com um só estilo.Prefiro que as pessoas ouçam ejulguem por si próprias.
Mas são inevitáveis as compa -
rações com esta ou aquela
artista. Isso incomoda-a?
Não. O que faço não é uma coisanova. É costume as pessoas com-pararem com o que já existe.
Revê-se mais na “soul” clássica
ou na nova?
Gosto muito da clássica – gostariaque o próximo trabalho fosse mais“rough”, mais “old school”. Mastambém gosto da “neo soul”, daJoss Stone, por exemplo. Adoro otrabalho dela, é uma das minhasmaiores in fluências atuais.
Quando começou o processo de
gravação, tinha ideia de como
queria que o disco soasse?
Não! [risos]
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OS COGNOMES são mais do quemuitos. Houve uma altura em queparecia mais apelativo chamar-lhe«Veneza Portuguesa» do que dá-laa conhecer pelos seus inimitáveistraços de identidade: as salinas,os barcos moliceiros, as barricas deovos-moles, a culinária com sabora mar. Agora (aliás, em Março de2008), Aveiro acumulou outro«título», o de cidade da Arte Nova,ao tornar-se na primeira (e única)representante nacional na RéseauArt Nouveau, um clube res tritoque inclui Barcelona, Bu da peste,Ha va na e Viena (www.artnouveau-net.eu). Que sirva, então, de pre-texto para um passeio junto aoscanais, com o Largo do Rossiocomo ponto de partida. As águasdo Canal Central reflectem algunsdos melhores exemplares destatraça arquitectó nica de inícios doséculo XX. E a figura de proa des sa«nova» cara de Aveiro é a CasaMajor Pessoa (R. Barbosa Maga -lhães, 9), em vias de ser converti-da no Museu de Arte Nova – comuma casa de chá “Belle Époque”incluída. Do lado de lá do canal, no local daantiga Companhia Aveirense deMoagens, encontra-se o CentroCiência Viva, face visível de outravocação recente da cidade: a cien -tí fica. Uma visita obrigatória paramentes curiosas de todas as idades. Mas retome-se o pulsar do Beira--Mar, esse pitoresco bairro que emanos recentes voltou à vida e setransformou no núcleo boémio dacidade. A pensar já na hora do jan-tar, marque-se mesa no Mer ca dodo Peixe, o restaurante mais re co -mendado das redondezas, situadono topo do centenário mercado quelhe dá nome. Tem vista privile giadapara o Canal dos Botirões e é exem -plar nos pratos de pescado fres co,nas caldeiradas e nas cata pla nas.Quem procurar novas inter pre ta ções
AVEIROARTES NOVAS
DESCARTEMOS AS COMPARAÇÕES: NÃO HÁ
OU TRA CIDADE ASSIM EM PORTUGAL. EIS ALGUNS
MOTI VOS PARA (RE)DESCOBRI-LA.
TEXTO JOÃO MESTRE
FOTOGRAFIA CONSTANTINO LEITE / EVASÕES
RESTAURANTE MERCADO DO PEIXE
CENTRO CIÊNCIA VIVA.Um museu que é
também uma «fábrica»
de conhecimento,
onde a experimentação
científica está ao alcance
de todos os visitantes.
W: www.fabrica.ciencia -
viva.ua.pt
HOTEL MELIÁ RIA.Um hotel de design
arrojado, debruçado sobre
o Lago da Fonte Nova,
no coração da cidade.
A lista de comodidades
inclui Wellness Center
e o Restaurante do Lago.
W: www.solmelia.com
MERCADO DO PEIXE.Uma referência na
boa mesa aveirense,
dedicado, como o nome
indica, à «carne do mar».
T: 234383511
lifestyle I aveiro I
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OS COGNOMES são mais do quemuitos. Houve uma altura em queparecia mais apelativo chamar-lhe«Veneza Portuguesa» do que dá-laa conhecer pelos seus inimitáveistraços de identidade: as salinas,os barcos moliceiros, as barricas deovos-moles, a culinária com sabora mar. Agora (aliás, em Março de2008), Aveiro acumulou outro«título», o de cidade da Arte Nova,ao tornar-se na primeira (e única)representante nacional na RéseauArt Nouveau, um clube res tritoque inclui Barcelona, Bu da peste,Ha va na e Viena (www.artnouveau-net.eu). Que sirva, então, de pre-texto para um passeio junto aoscanais, com o Largo do Rossiocomo ponto de partida. As águasdo Canal Central reflectem algunsdos melhores exemplares destatraça arquitectó nica de inícios doséculo XX. E a figura de proa des sa«nova» cara de Aveiro é a CasaMajor Pessoa (R. Barbosa Maga -lhães, 9), em vias de ser converti-da no Museu de Arte Nova – comuma casa de chá “Belle Époque”incluída. Do lado de lá do canal, no local daantiga Companhia Aveirense deMoagens, encontra-se o CentroCiência Viva, face visível de outravocação recente da cidade: a cien -tí fica. Uma visita obrigatória paramentes curiosas de todas as idades. Mas retome-se o pulsar do Beira--Mar, esse pitoresco bairro que emanos recentes voltou à vida e setransformou no núcleo boémio dacidade. A pensar já na hora do jan-tar, marque-se mesa no Mer ca dodo Peixe, o restaurante mais re co -mendado das redondezas, situadono topo do centenário mercado quelhe dá nome. Tem vista privile giadapara o Canal dos Botirões e é exem -plar nos pratos de pescado fres co,nas caldeiradas e nas cata pla nas.Quem procurar novas inter pre ta ções
AVEIROARTES NOVAS
DESCARTEMOS AS COMPARAÇÕES: NÃO HÁ
OU TRA CIDADE ASSIM EM PORTUGAL. EIS ALGUNS
MOTI VOS PARA (RE)DESCOBRI-LA.
TEXTO JOÃO MESTRE
FOTOGRAFIA CONSTANTINO LEITE / EVASÕES
RESTAURANTE MERCADO DO PEIXE
CENTRO CIÊNCIA VIVA.Um museu que é
também uma «fábrica»
de conhecimento,
onde a experimentação
científica está ao alcance
de todos os visitantes.
W: www.fabrica.ciencia -
viva.ua.pt
HOTEL MELIÁ RIA.Um hotel de design
arrojado, debruçado sobre
o Lago da Fonte Nova,
no coração da cidade.
A lista de comodidades
inclui Wellness Center
e o Restaurante do Lago.
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MERCADO DO PEIXE.Uma referência na
boa mesa aveirense,
dedicado, como o nome
indica, à «carne do mar».
T: 234383511
HOTEL MELIÁ RIA HOTEL MELIÁ RIA
CENTRO CIÊNCIA VIVA
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lifestyle I aveiro I
AVEIROEM CLUBE RESTRITOEM MARÇO DE2008, AVEIRO ACUMULOUOUTRO «TÍTULO»,O DE CIDADE DAARTE NOVA, AOTORNAR-SE NAPRIMEIRA (E ÚNICA)REPRESENTANTENACIONAL NARÉSEAU ART NOUVEAU, UMAREDE QUE INCLUI,ENTRE OUTRAS,BARCELONA,BRUXELAS, BU DA PESTE,HAVANA E VIENA.
ARTE NOVA.Entre 1904 e 1920, as famí lias
abastadas de Aveiro aderiram
em massa à mo da arqui tectó -
nica então em vigor por toda
a Europa, como demonstra
ção do seu poderio. Volvido
um século, é uma das novas
caras da cidade. O roteiro
começa no Largo do Rossio.
W: www.aveiro.co.pt/
ro tei ros.aspx
para os paladares tradi cio nais(com o peixe sempre em primeiroplano) deverá rumar ao Cais daFonte Nova e experimentar o res tau -rante do Lago, do Hotel Meliá Ria.Chegada a noite, o epicentro damovida estudantil é a Praça doPeixe. Nas imediações, contudo,também há onde viver a noite semexcesso de «espírito académico».No Botirão, por exemplo, um “winebar” que recria o velho espírito de
taberna. Ou no Clandestino, o baralternativo mais “in” de Aveiro, nonúmero 35 da Tenente Resende.Isto sem esquecer o MercadoNegro, que é, em simultâneo, umespaço cultural e um centro co mer-cial “indie”, instalado num dostais edifícios “art nouveau” juntoao Canal Central. Os fundadoresdefinem-no como «um espaço emconstante transformação». Esco lhe-ram a cidade certa. �
ARTE NOVA NA AV. LOURENÇO PEIXINHO
BOTIRÃO
HOTEL MELIÁ RIA HOTEL MELIÁ RIA
CENTRO CIÊNCIA VIVA
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AVEIROEM CLUBE RESTRITOEM MARÇO DE2008, AVEIRO ACUMULOUOUTRO «TÍTULO»,O DE CIDADE DAARTE NOVA, AOTORNAR-SE NAPRIMEIRA (E ÚNICA)REPRESENTANTENACIONAL NARÉSEAU ART NOUVEAU, UMAREDE QUE INCLUI,ENTRE OUTRAS,BARCELONA,BRUXELAS, BU DA PESTE,HAVANA E VIENA.
ARTE NOVA.Entre 1904 e 1920, as famí lias
abastadas de Aveiro aderiram
em massa à mo da arqui tectó -
nica então em vigor por toda
a Europa, como demonstra
ção do seu poderio. Volvido
um século, é uma das novas
caras da cidade. O roteiro
começa no Largo do Rossio.
W: www.aveiro.co.pt/
ro tei ros.aspx
para os paladares tradi cio nais(com o peixe sempre em primeiroplano) deverá rumar ao Cais daFonte Nova e experimentar o res tau -rante do Lago, do Hotel Meliá Ria.Chegada a noite, o epicentro damovida estudantil é a Praça doPeixe. Nas imediações, contudo,também há onde viver a noite semexcesso de «espírito académico».No Botirão, por exemplo, um “winebar” que recria o velho espírito de
taberna. Ou no Clandestino, o baralternativo mais “in” de Aveiro, nonúmero 35 da Tenente Resende.Isto sem esquecer o MercadoNegro, que é, em simultâneo, umespaço cultural e um centro co mer-cial “indie”, instalado num dostais edifícios “art nouveau” juntoao Canal Central. Os fundadoresdefinem-no como «um espaço emconstante transformação». Esco lhe-ram a cidade certa. �
ARTE NOVA NA AV. LOURENÇO PEIXINHO
BOTIRÃO
traço I ilustração I
AO PRINCÍPIO, só queria desenhar.Mas nunca acreditou que issopudesse vir a ser uma profissão atempo inteiro. «No meu tempo,devia-se tirar um curso, ter umemprego numa empresa, fazer car-reira», explica. Entretanto, párapara se interrogar, rindo: «acho quejá posso dizer “no meu tempo”…?»André Carrilho nasceu em 1974,na Amadora. Começou por dese -nhar apenas para os amigos e
família. Divertia-se a caricaturá--los. A dada altura, a mãe muda-separa Macau e o jovem Andréacompanha-a. É lá que faz o 12ºano. E é lá que, por influência decolegas de escola, se aventuranos meandros da ComunicaçãoSocial. «Como é um meio muitopequeno, toda a gente se co -nhece. Tive a sorte de me daremalgum espaço no jornal “PontoFinal”.» Já não se lembra com
exactidão do primeiro desenho quepublicou. Tem, porém, a certezado primeiro que vendeu: «a cari-catura do Rocha Vieira, que era,então, o Governador de Macau».Hoje, aos 34 anos, André Carrilhoé o ilustrador português commaior visibilidade fora de portase um dos mais requisitados a ní -vel internacional. Já publicou no“New York Times”, na “VanityFair”, na “Harper’s Magazine”
Caricaturista, ilustrador, cartunista, realizador de animação, vj, designer gráfico.
As caras de um “self made man” que não alinha em discursos derrotistas.
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2007
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2007
ANDRÉCARRILHO
A ARTE DE TRABALHAR PARA O BONECO
TEXTO JOÃO MESTRE I FOTOGRAFIA PEDRO LOUREIRO
traço I ilustração I
AO PRINCÍPIO, só queria desenhar.Mas nunca acreditou que issopudesse vir a ser uma profissão atempo inteiro. «No meu tempo,devia-se tirar um curso, ter umemprego numa empresa, fazer car-reira», explica. Entretanto, párapara se interrogar, rindo: «acho quejá posso dizer “no meu tempo”…?»André Carrilho nasceu em 1974,na Amadora. Começou por dese -nhar apenas para os amigos e
família. Divertia-se a caricaturá--los. A dada altura, a mãe muda-separa Macau e o jovem Andréacompanha-a. É lá que faz o 12ºano. E é lá que, por influência decolegas de escola, se aventuranos meandros da ComunicaçãoSocial. «Como é um meio muitopequeno, toda a gente se co -nhece. Tive a sorte de me daremalgum espaço no jornal “PontoFinal”.» Já não se lembra com
exactidão do primeiro desenho quepublicou. Tem, porém, a certezado primeiro que vendeu: «a cari-catura do Rocha Vieira, que era,então, o Governador de Macau».Hoje, aos 34 anos, André Carrilhoé o ilustrador português commaior visibilidade fora de portase um dos mais requisitados a ní -vel internacional. Já publicou no“New York Times”, na “VanityFair”, na “Harper’s Magazine”
Caricaturista, ilustrador, cartunista, realizador de animação, vj, designer gráfico.
As caras de um “self made man” que não alinha em discursos derrotistas.
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ANDRÉCARRILHO
A ARTE DE TRABALHAR PARA O BONECO
TEXTO JOÃO MESTRE I FOTOGRAFIA PEDRO LOUREIRO
traço I ilustração I
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2007
(EUA); na “Independent onSunday”, na “Word” (Inglaterra);no “El País”, no “El Mundo”(Espanha); no “Courier Interna -tio nal” (França); e no “NeueZürcher Zeitung” (Suíça). Istopara além do “Diário de Notí -cias”, do “Independente”, do“Público", do “Diário Econó mi co”e do “Expresso”. E de traba lhosde ilustração para diversas edi-toras, entre elas a nova-iorquinaRandom House.Surpreendentemente, André con-fessa-se pouco empenhado naprocura de trabalho. «Como játenho tanto trabalho e não tenhocapacidade para fazer mais,interessa-me muito mais ter duasou três contas fixas e ter tempolivre para me dedicar ao VJing, àanimação e a outras coisas quenão me dão tanto dinheiro masque gosto de ir fazendo.»Entre essas «outras coisas»,encontra-se a banda desenhada,a sua «primeira paixão». Houveaté (quem diria?) um longo período
“O SEGREDO DOMEU SUCESSO?
É UMA MISTURADE OPORTUNI DA-DE, CONTEXTO
E SOR TE... E CAPACIDADE
DE VER, BOAINTUIÇÃO.”
da sua vida em que desprezava ailustração. «Sempre achei maispiada a contar histórias», confes-sa. A ideia, essa, já anda a ger-miná-la – «tenho na minhacabeça uns cinco álbuns».Porém, é um trabalho moroso:«para fazer um álbum, preciso,pelo menos, de um ano». Nãoquer, no entanto, «morrer semlançar um».
SENTAMO-NOS a conversar numaesplanada do Chiado, interrompi-dos, de tempo a tempo, pela rui-dosa passagem de um eléctrico.Pergunto-lhe pelo segredo do seusucesso. «O segredo do meusucesso? É uma mistura de opor-tunidade, contexto e sorte.» Àreceita acrescenta, depois deuma breve paragem para pensar,«capacidade de ver… tenho umaboa intuição para apanhar as al -turas em que é preciso fazer umajogada». Comecemos pela sorte: em 2001,André Carrilho é convidado por
HONRAS.
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(EUA); na “Independent onSunday”, na “Word” (Inglaterra);no “El País”, no “El Mundo”(Espanha); no “Courier Interna -tio nal” (França); e no “NeueZürcher Zeitung” (Suíça). Istopara além do “Diário de Notí -cias”, do “Independente”, do“Público", do “Diário Econó mi co”e do “Expresso”. E de traba lhosde ilustração para diversas edi-toras, entre elas a nova-iorquinaRandom House.Surpreendentemente, André con-fessa-se pouco empenhado naprocura de trabalho. «Como játenho tanto trabalho e não tenhocapacidade para fazer mais,interessa-me muito mais ter duasou três contas fixas e ter tempolivre para me dedicar ao VJing, àanimação e a outras coisas quenão me dão tanto dinheiro masque gosto de ir fazendo.»Entre essas «outras coisas»,encontra-se a banda desenhada,a sua «primeira paixão». Houveaté (quem diria?) um longo período
“O SEGREDO DOMEU SUCESSO?
É UMA MISTURADE OPORTUNI DA-DE, CONTEXTO
E SOR TE... E CAPACIDADE
DE VER, BOAINTUIÇÃO.”
da sua vida em que desprezava ailustração. «Sempre achei maispiada a contar histórias», confes-sa. A ideia, essa, já anda a ger-miná-la – «tenho na minhacabeça uns cinco álbuns».Porém, é um trabalho moroso:«para fazer um álbum, preciso,pelo menos, de um ano». Nãoquer, no entanto, «morrer semlançar um».
SENTAMO-NOS a conversar numaesplanada do Chiado, interrompi-dos, de tempo a tempo, pela rui-dosa passagem de um eléctrico.Pergunto-lhe pelo segredo do seusucesso. «O segredo do meusucesso? É uma mistura de opor-tunidade, contexto e sorte.» Àreceita acrescenta, depois deuma breve paragem para pensar,«capacidade de ver… tenho umaboa intuição para apanhar as al -turas em que é preciso fazer umajogada». Comecemos pela sorte: em 2001,André Carrilho é convidado por
HONRAS.
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2007
Jorge Silva, director de arte do “Público”, a colaborar nosuplemento “Mil Folhas”. Sem osa ber, é inscrito pelo próprioJorge Silva no concurso da So -ciety for News Design. Ganhou oPrémio de Ouro pelo seu porte-fólio individual. Isso bastou paradespoletar a carreira interna-cional do jovem ilustrador. «Quando o Jorge Silva foi lá parareceber o prémio…» Interrompo-o:«o André não foi receber oprémio?». A resposta: «não tinha
suplemento de domingo do “TheIndependent”, cuja directora gráficaintegrava o júri do concurso. Recordo-me de ter lido, numa ci -tação do próprio André, que, senão tivesse começado em Portu -gal, «nunca teria chegado aos jor-nais internacionais». Soa quase acontra-senso, já que o discursohabitual é precisamente o inverso.Não resisto a pedir explicações.«Em Portugal, não estamos nocentro de nada, estamos equidis-tantes de tudo o resto».
dinheiro para ir lá, porque, alémda viagem e da estadia em NovaIorque, tinha de pagar 400 dólarespara entrar na cerimónia». Valeu--lhe a ida de Jorge Silva. «Dei-lheum portefólio para ele entregar aquem achasse mais adequado.»Entregou-o ao “New York Times”.Passados três meses, André é con-vidado a desenhar para o suple-mento “Book Review”, onde acabapor fazer algumas capas. Entrava,assim, para um dos espaços deilustração mais cobiçados dosEstados Unidos. «A partir domomento em que se publica numsítio desses, há muita gente querepara em nós». E assim aconte-ceu, de facto.Em simultâneo, Carrilho é expos-to ao “Independent on Sunday”,
Completa, depois da passagem deum eléctrico: «temos referênciasequidistantes de tudo: dos ingle-ses, dos franceses, dos ameri-canos, dos japoneses». NosEstados Unidos, por exemplo, «aspessoas são muito mais for-matadas, há especializações paratudo», ao passo que, em Portu -gal, «somos os “desenrascas”,fazemos de tudo um pou co». Ereforça: «acho que, se não fosseportu guês, nunca tinha chegadoa trabalhar para os sítios ondetrabalho». Mas há mais: como emPor tugal «havia pouca gente a fazeristo, uma pessoa tem possibilidadede progressão no próprio meio». Outra vantagem de trabalhar cá:«tenho mais liberdade de movi-mentos. Lá fora, querem especifi-
camente aquilo que já viram.»Essa liberdade teve, porém, de serconquistada: «ao publicar lá fora,ganhei alguma tolerância cá». Nãopodia ser só facilidades…
A SUA PRIMEIRA era ir para Arqui -tectura. «Não conseguia arranjarprofissões que fossem de dese -nhar» e a Arquitectura aca bavapor ser uma espécie de malmenor, «era a coisa mais próxi-ma». Entretanto, repara que al -guns dos caricaturistas que mais
admirava trabalhavam em publici-dade ou design. Desco briu, então,o Design Gráfico, «um curso rela-tivamente recen te» que frequen-tou, regressado de Ma cau, noInstituto Superior de Belas Artesde Lisboa. No meio tempo, foifazendo alguns trabalhos de ilus-tração. E abriu um “atelier” com oilustra dor/de signer Luís Lázaro.Aperce bem-se, porém, de queestão «mais talhados para a cria -ção pessoal, pura e dura». E aquientra a tal boa in tui ção de queAndré falava: «comecei a desco-brir que o meu talento específicode caricatura não era coisa fácil deencontrar e que era valorizado nomercado». Per gun to-lhe quando éque se apercebeu de que iria seressa a sua profissão. A resposta,
“EM PORTUGAL, HOUVE TRÊSCRIA DO RES QUE FORAM SEMINAISE ESTÃO AO MAIS ALTO NÍVELMUNDIAL: O RAFAEL BORDALO
PINHEIRO, O STUART CARVALHAISE O ABEL MANTA.”
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Jorge Silva, director de arte do “Público”, a colaborar nosuplemento “Mil Folhas”. Sem osa ber, é inscrito pelo próprioJorge Silva no concurso da So -ciety for News Design. Ganhou oPrémio de Ouro pelo seu porte-fólio individual. Isso bastou paradespoletar a carreira interna-cional do jovem ilustrador. «Quando o Jorge Silva foi lá parareceber o prémio…» Interrompo-o:«o André não foi receber oprémio?». A resposta: «não tinha
suplemento de domingo do “TheIndependent”, cuja directora gráficaintegrava o júri do concurso. Recordo-me de ter lido, numa ci -tação do próprio André, que, senão tivesse começado em Portu -gal, «nunca teria chegado aos jor-nais internacionais». Soa quase acontra-senso, já que o discursohabitual é precisamente o inverso.Não resisto a pedir explicações.«Em Portugal, não estamos nocentro de nada, estamos equidis-tantes de tudo o resto».
dinheiro para ir lá, porque, alémda viagem e da estadia em NovaIorque, tinha de pagar 400 dólarespara entrar na cerimónia». Valeu--lhe a ida de Jorge Silva. «Dei-lheum portefólio para ele entregar aquem achasse mais adequado.»Entregou-o ao “New York Times”.Passados três meses, André é con-vidado a desenhar para o suple-mento “Book Review”, onde acabapor fazer algumas capas. Entrava,assim, para um dos espaços deilustração mais cobiçados dosEstados Unidos. «A partir domomento em que se publica numsítio desses, há muita gente querepara em nós». E assim aconte-ceu, de facto.Em simultâneo, Carrilho é expos-to ao “Independent on Sunday”,
Completa, depois da passagem deum eléctrico: «temos referênciasequidistantes de tudo: dos ingle-ses, dos franceses, dos ameri-canos, dos japoneses». NosEstados Unidos, por exemplo, «aspessoas são muito mais for-matadas, há especializações paratudo», ao passo que, em Portu -gal, «somos os “desenrascas”,fazemos de tudo um pou co». Ereforça: «acho que, se não fosseportu guês, nunca tinha chegadoa trabalhar para os sítios ondetrabalho». Mas há mais: como emPor tugal «havia pouca gente a fazeristo, uma pessoa tem possibilidadede progressão no próprio meio». Outra vantagem de trabalhar cá:«tenho mais liberdade de movi-mentos. Lá fora, querem especifi-
camente aquilo que já viram.»Essa liberdade teve, porém, de serconquistada: «ao publicar lá fora,ganhei alguma tolerância cá». Nãopodia ser só facilidades…
A SUA PRIMEIRA era ir para Arqui -tectura. «Não conseguia arranjarprofissões que fossem de dese -nhar» e a Arquitectura aca bavapor ser uma espécie de malmenor, «era a coisa mais próxi-ma». Entretanto, repara que al -guns dos caricaturistas que mais
admirava trabalhavam em publici-dade ou design. Desco briu, então,o Design Gráfico, «um curso rela-tivamente recen te» que frequen-tou, regressado de Ma cau, noInstituto Superior de Belas Artesde Lisboa. No meio tempo, foifazendo alguns trabalhos de ilus-tração. E abriu um “atelier” com oilustra dor/de signer Luís Lázaro.Aperce bem-se, porém, de queestão «mais talhados para a cria -ção pessoal, pura e dura». E aquientra a tal boa in tui ção de queAndré falava: «comecei a desco-brir que o meu talento específicode caricatura não era coisa fácil deencontrar e que era valorizado nomercado». Per gun to-lhe quando éque se apercebeu de que iria seressa a sua profissão. A resposta,
“EM PORTUGAL, HOUVE TRÊSCRIA DO RES QUE FORAM SEMINAISE ESTÃO AO MAIS ALTO NÍVELMUNDIAL: O RAFAEL BORDALO
PINHEIRO, O STUART CARVALHAISE O ABEL MANTA.”
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2007
MORADAS. André
nasceu a 26/07/1974, na
Amadora. Aos 10 anos,
mu dou-se para Lisboa,
on de estudou até ao 11º
ano. Entretanto, a sua mãe,
arquitecta do IGAPHE, é
transferida para Macau. É lá
que faz o 12º ano. Passado
um ano, regressa a Lisboa
(onde reside actualmente) e
ingressa no curso de De sign
Gráfico nas Belas Artes.
Que não che ga a con cluir,
por descontentamento.
EM PAPEL. Para além
dos trabalhos para jornais
e revistas, publicados em
Inglaterra, EUA, Espanha,
Suíça e França, ilustrou
também diversos livros,
tanto em Portugal como
no estrangeiro. Em 2007,
lan çou, em nome próprio,
a co lectânea “O Rosto do
Alpinista” e ilustrou o livro
“O Vírus da Vida”, do
mú si co/es cri tor JP Simões.
«Gosto mais do objecto
livro, porque o livro fica,
enquanto que a ilustração
em si é efémera», afirma.
OUTRAS ARTES.Em 2007, estreia-se na
ani ma ção, com a curta
“Jantar em Lisboa”, aplau-
dida em festivais de to do o
mun do. Actual men te, sonha
com a reali zação de uma
longa-me tra gem «ca paz de
riva lizar com o que de
me lhor se faz na ani ma ção».
E so nha também em lançar
um álbum de ban da dese -
nhada. Não será, porém, a
sua pri mei ra aven tura na
9ª Arte: em 2003, lançou
a colectâ nea de his tórias
curtas “Em Lume Brando”.
rida: «quando vi que estava a ga -nhar mais dinhei ro com a ilus-tração do que com o design».
A INSPIRAÇÃO vem dos própriostemas que lhe são dados. E tam-bém do cinema, da literatura, dapintura, de tudo excepto aprópria ilustração. «Um mestrede animação russo dizia aos alu -nos que se deve ir buscar inspi-ração a todas as outras áreasexcepto àquela onde a gente tra-balha.» As referências do mundoda ilustração, contudo, são mui -tas. Os seus ídolos são, em boaparte, portugueses. «Não é nacio -nalismo bacoco; ter no nossomeio pessoas que fazem coisasque temos em alta conta é muitoimportante.» Na hora de eleger asua maior referência, aponta AbelManta, «porque quando conhece-mos alguém com aquela quali-dade e vemos que é português,também nos apercebemos de queé possível fazermos qualquercoisa.» Adiantando um poucomais a conversa, André acaba porapontar uma tríade de “mestres”:«em Portugal, houve três cria do -res que foram seminais e estão aomais alto nível mundial: o RafaelBordalo Pinheiro, o Stuart Car -valhais e o Abel Man ta». Depoisrefere também os contemporâneos(e seus amigos) Nuno Saraiva,Luís Lázaro e Cris tina Sampaio. Erecorda o tem po em que colec-cionava as caricaturas de António(“Expre sso”), Vasco (“Público”) eCid (“Inde pendente”). Acrescenta ainda que «temosmuitos mais que também forammuito bons, mas não os conhece-mos, porque pouca gente prestaatenção a estas coisas». É tudo«uma questão de cultura, de edu-cação, das próprias escolas»,advoga. E, aí, assume-se «muitocrítico das universidades e do
ensino das artes em Portugal»,que classifica de «um bocadodeficiente». Adiante-se que ocurso de Design Gráfico nuncachegou a ser terminado. «De -sisti… naquela altura, fazer ilus-tração e usar um computador erasacrilégio», graceja. Peço-lhe, sem sucesso, paradefinir o seu traço. «Não façoideia» é a primeira resposta.Passado outro eléctrico, elaboraum pouco – «procuro dar algumanoção de fluidez e movimento adesenhos estáticos». Ainda tentaavançar a descrição – «se calhar,procuro fazer um realismo abstrac-to». Entretanto, recua – «mas nãodefiniria assim» – e ri-se. «Não sei,não sei como definir.»Se lhe perguntarmos quem é asua «vítima» favorita, responde,com pena, que gostaria queAntónio Guterres ainda estivesseem cena. Salienta, porém, que oque mais gosta é de caricaturarescritores. «Se eu tiver de fazer acaricatura de uma modelo»,exemplifica, «só tenho acesso afotografias normalizadas, onde háum esforço por eliminar defeitose irregularidades – e é nisso quea gente pega, as especifici-dades». Houve até uma vez(«uma única vez», garante) emque, após sete desenhos, setetentativas, teve de dizer aocliente que desistia. «Era umacara normal», justifica-se - «nor-malmente, são pessoas bonitas,que não têm nada de assimétri-co». É por isso que prefere osescritores, «porque temos acessoa fotografias que são “mais” eles,são mais “as pessoas”».
O PONTO mais alto da sua carreira,aponta em tom jocoso, foi quandoum trabalho seu chegou aoParlamento. «Ainda ontem, estavaa arrumar o “atelier” e encontrei
essa imagem: o Telmo Correia asegurar um desenho meu naAssembleia da República e adizer que era um escândalo».Que desenho era esse? «Quandoo Bagão Félix estava a reformulara Lei do Trabalho, fi-lo no corpode um cão, aos pés de umpatrão», sendo que «o patrão ti -nha charuto e era gordo». «Agrande polémica», conta, clara-mente divertido com a situação,«foi que os patrões não eram gor-dos nem fumavam charuto, mas ofacto é que perceberam que eraum patrão». Passado mais umeléctrico, continua: «quando sefaz uma imagem dessas, há quelidar com clichés colectivos». E a censura, André? «Não gostode falar de censura.» Ou melhor,é mais «uma questão de gosto»do que «uma questão de moral ouética». «É preciso testar», explica.«Testo os limites daquilo que possofazer: a experiência está em fazerum desenho que seja aceite masque seja pertinente e vá ao fundoda questão.» Um «jogo» queacaba por considerar divertido.«Até gosto de trabalhar dentro deum espaço confinado», afirma,sublinhando que isso o obriga a«usar alguma agilidade para fazerum desenho interessante». Enquanto trabalha no seu “ate-lier”, em Lisboa, André Carrilhoconvive com dezenas de dese nhosde sua autoria, que preen chem asparedes e restantes espaçoslivres. «São a minha porta, o meumeio de comunicação para omundo exterior», afirma. «Souuma pessoa introvertida, umbocado tímida, e assim convivocom a ideia que as pessoas têmde mim e do meu trabalho.» Oque, na sua opinião, acaba por seruma forma de se conhecer melhora si próprio. André Carrilho, apre-sento-lhe o André Carrilho.
“ACHO QUE,SE NÃO FOSSE
PORTUGUÊS,NUNCA TINHA
CHEGADO ATRABALHAR
PARA OSSÍTIOS ONDETRABALHO”
traço I ilustração I
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MORADAS. André
nasceu a 26/07/1974, na
Amadora. Aos 10 anos,
mu dou-se para Lisboa,
on de estudou até ao 11º
ano. Entretanto, a sua mãe,
arquitecta do IGAPHE, é
transferida para Macau. É lá
que faz o 12º ano. Passado
um ano, regressa a Lisboa
(onde reside actualmente) e
ingressa no curso de De sign
Gráfico nas Belas Artes.
Que não che ga a con cluir,
por descontentamento.
EM PAPEL. Para além
dos trabalhos para jornais
e revistas, publicados em
Inglaterra, EUA, Espanha,
Suíça e França, ilustrou
também diversos livros,
tanto em Portugal como
no estrangeiro. Em 2007,
lan çou, em nome próprio,
a co lectânea “O Rosto do
Alpinista” e ilustrou o livro
“O Vírus da Vida”, do
mú si co/es cri tor JP Simões.
«Gosto mais do objecto
livro, porque o livro fica,
enquanto que a ilustração
em si é efémera», afirma.
OUTRAS ARTES.Em 2007, estreia-se na
ani ma ção, com a curta
“Jantar em Lisboa”, aplau-
dida em festivais de to do o
mun do. Actual men te, sonha
com a reali zação de uma
longa-me tra gem «ca paz de
riva lizar com o que de
me lhor se faz na ani ma ção».
E so nha também em lançar
um álbum de ban da dese -
nhada. Não será, porém, a
sua pri mei ra aven tura na
9ª Arte: em 2003, lançou
a colectâ nea de his tórias
curtas “Em Lume Brando”.
rida: «quando vi que estava a ga -nhar mais dinhei ro com a ilus-tração do que com o design».
A INSPIRAÇÃO vem dos própriostemas que lhe são dados. E tam-bém do cinema, da literatura, dapintura, de tudo excepto aprópria ilustração. «Um mestrede animação russo dizia aos alu -nos que se deve ir buscar inspi-ração a todas as outras áreasexcepto àquela onde a gente tra-balha.» As referências do mundoda ilustração, contudo, são mui -tas. Os seus ídolos são, em boaparte, portugueses. «Não é nacio -nalismo bacoco; ter no nossomeio pessoas que fazem coisasque temos em alta conta é muitoimportante.» Na hora de eleger asua maior referência, aponta AbelManta, «porque quando conhece-mos alguém com aquela quali-dade e vemos que é português,também nos apercebemos de queé possível fazermos qualquercoisa.» Adiantando um poucomais a conversa, André acaba porapontar uma tríade de “mestres”:«em Portugal, houve três cria do -res que foram seminais e estão aomais alto nível mundial: o RafaelBordalo Pinheiro, o Stuart Car -valhais e o Abel Man ta». Depoisrefere também os contemporâneos(e seus amigos) Nuno Saraiva,Luís Lázaro e Cris tina Sampaio. Erecorda o tem po em que colec-cionava as caricaturas de António(“Expre sso”), Vasco (“Público”) eCid (“Inde pendente”). Acrescenta ainda que «temosmuitos mais que também forammuito bons, mas não os conhece-mos, porque pouca gente prestaatenção a estas coisas». É tudo«uma questão de cultura, de edu-cação, das próprias escolas»,advoga. E, aí, assume-se «muitocrítico das universidades e do
ensino das artes em Portugal»,que classifica de «um bocadodeficiente». Adiante-se que ocurso de Design Gráfico nuncachegou a ser terminado. «De -sisti… naquela altura, fazer ilus-tração e usar um computador erasacrilégio», graceja. Peço-lhe, sem sucesso, paradefinir o seu traço. «Não façoideia» é a primeira resposta.Passado outro eléctrico, elaboraum pouco – «procuro dar algumanoção de fluidez e movimento adesenhos estáticos». Ainda tentaavançar a descrição – «se calhar,procuro fazer um realismo abstrac-to». Entretanto, recua – «mas nãodefiniria assim» – e ri-se. «Não sei,não sei como definir.»Se lhe perguntarmos quem é asua «vítima» favorita, responde,com pena, que gostaria queAntónio Guterres ainda estivesseem cena. Salienta, porém, que oque mais gosta é de caricaturarescritores. «Se eu tiver de fazer acaricatura de uma modelo»,exemplifica, «só tenho acesso afotografias normalizadas, onde háum esforço por eliminar defeitose irregularidades – e é nisso quea gente pega, as especifici-dades». Houve até uma vez(«uma única vez», garante) emque, após sete desenhos, setetentativas, teve de dizer aocliente que desistia. «Era umacara normal», justifica-se - «nor-malmente, são pessoas bonitas,que não têm nada de assimétri-co». É por isso que prefere osescritores, «porque temos acessoa fotografias que são “mais” eles,são mais “as pessoas”».
O PONTO mais alto da sua carreira,aponta em tom jocoso, foi quandoum trabalho seu chegou aoParlamento. «Ainda ontem, estavaa arrumar o “atelier” e encontrei
essa imagem: o Telmo Correia asegurar um desenho meu naAssembleia da República e adizer que era um escândalo».Que desenho era esse? «Quandoo Bagão Félix estava a reformulara Lei do Trabalho, fi-lo no corpode um cão, aos pés de umpatrão», sendo que «o patrão ti -nha charuto e era gordo». «Agrande polémica», conta, clara-mente divertido com a situação,«foi que os patrões não eram gor-dos nem fumavam charuto, mas ofacto é que perceberam que eraum patrão». Passado mais umeléctrico, continua: «quando sefaz uma imagem dessas, há quelidar com clichés colectivos». E a censura, André? «Não gostode falar de censura.» Ou melhor,é mais «uma questão de gosto»do que «uma questão de moral ouética». «É preciso testar», explica.«Testo os limites daquilo que possofazer: a experiência está em fazerum desenho que seja aceite masque seja pertinente e vá ao fundoda questão.» Um «jogo» queacaba por considerar divertido.«Até gosto de trabalhar dentro deum espaço confinado», afirma,sublinhando que isso o obriga a«usar alguma agilidade para fazerum desenho interessante». Enquanto trabalha no seu “ate-lier”, em Lisboa, André Carrilhoconvive com dezenas de dese nhosde sua autoria, que preen chem asparedes e restantes espaçoslivres. «São a minha porta, o meumeio de comunicação para omundo exterior», afirma. «Souuma pessoa introvertida, umbocado tímida, e assim convivocom a ideia que as pessoas têmde mim e do meu trabalho.» Oque, na sua opinião, acaba por seruma forma de se conhecer melhora si próprio. André Carrilho, apre-sento-lhe o André Carrilho.
“ACHO QUE,SE NÃO FOSSE
PORTUGUÊS,NUNCA TINHA
CHEGADO ATRABALHAR
PARA OSSÍTIOS ONDETRABALHO”
COURCHEVEL & MÉRIBEL
destino I alpes franceses I
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O luxo e o “glamour” de alta montanha lado a lado com as emoções
fortes dos chamados«desportos brancos». Tudo
isto com acesso ao domíniodos «Três Vales», um dos
maiores do mundo.
DIAS EMBRANCO
TEXTO JOÃO MESTRE I FOTOGRAFIA YVES CALLEWAERT / VOLTA AO MUNDO
COURCHEVEL & MÉRIBEL
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O luxo e o “glamour” de alta montanha lado a lado com as emoções
fortes dos chamados«desportos brancos». Tudo
isto com acesso ao domíniodos «Três Vales», um dos
maiores do mundo.
DIAS EMBRANCO
TEXTO JOÃO MESTRE I FOTOGRAFIA YVES CALLEWAERT / VOLTA AO MUNDO
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DE TOPO. NA ALTIVEZ DOS SEUS 2738 METROS, O PICO SAULIRE CONTEMPLA COURCHEVEL E MÉRIBEL.ANTES DO REGRESSO ÀS PISTAS, REGALA-SE A VISTA NO RESTAURANTE LE PANORAMIC, CUJO NOME NÃO DEIXA MARGEM PARA DÚVIDAS.
ESCOLHA. O DOMÍNIO ESQUIÁVEL DOS «TRÊS VALES»É UM DOS MAIORES DO MUNDO E OFERECE DESAFIOS ÀMEDIDA DE CADA UM, COM MAIS DE 300 PISTAS BALIZADASE 600 QUILÓMETROS DE DESCIDAS.
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DE TOPO. NA ALTIVEZ DOS SEUS 2738 METROS, O PICO SAULIRE CONTEMPLA COURCHEVEL E MÉRIBEL.ANTES DO REGRESSO ÀS PISTAS, REGALA-SE A VISTA NO RESTAURANTE LE PANORAMIC, CUJO NOME NÃO DEIXA MARGEM PARA DÚVIDAS.
ESCOLHA. O DOMÍNIO ESQUIÁVEL DOS «TRÊS VALES»É UM DOS MAIORES DO MUNDO E OFERECE DESAFIOS ÀMEDIDA DE CADA UM, COM MAIS DE 300 PISTAS BALIZADASE 600 QUILÓMETROS DE DESCIDAS.
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Avoriaz
SUÍÇA
Chamonix
COURCHEVEL
MÉRIBEL
FRANÇA
uma estrela, o La Table du
Kilimandjaro (do Hotel Kili man -
djaro, na Route de l’Altiport) e
o Le Farçon (em La Tania, a
pouco mais de três quilómetros
do centro de Courchevel), o
único que não fica na secção
1850.
Isto não significa
que seja necessário
vender os esquis
para pagar um jan-
tar. Basta descer
um pouco em alti-
tude e encontrará
onde reconfortar o
estômago e repor
as energias depois
de um dia de
«traba lho duro»
nas pistas. A cozin-
ha “savoyarde” é
particularmente
rica nesse campo.
Há os pan-alpinos
“ra cle t te” e “fondue savoyar de”,
onde o queijo é figura domi-
nante. E há a localíssima “tarti-
flette”, um substancial gratina-
do de batata, cebola, fiambre e
queijo “Reblochon” – também
especialidade regio nal, de
origem protegida.
EM PISTA. As cores
medem a escala de
dificuldade das pistas: do
fácil (verde) ao muito difícil
(preto), com o azul e o
vermelho de permeio. Em
Courchevel, há 15 pistas
verdes, 31 azuis, 35 vermelhas
e 9 pretas (“forfait” 6 dias:
€190; www.courchevel.com).
Méribel tem 73 pistas,
9 verdes, 34 azuis,
23 vermelhas e 7 pretas
(“forfait” 6 dias: €187;
www.meribel.net). Nos
«Três Vales», das 330 pistas
balizadas, 43 são verdes,
129 azuis, 125 vermelhas
e 33 pretas (“forfait” 6 dias:
€232;www.s3v.com).
TEMPERA TURA. No
tempo de Lindsay e Chappis,
era com “Genépi” que
se aquecia o corpo. Esta
aguardente regional continua
a ser uma opção para repor
a temperatura – mas há
sempre o reconfortante
chocolate quente, como
o do Le Tremplin, em
Courchevel 1850 (em frente
ao posto de turismo).
1945. No mesmo ano em que
George Orwell lançava “O
Triun fo dos Porcos” e a cerimó-
nia de entrega dos Óscares era
pela primeira vez transmitida
na rádio, a II Guerra Mundial
chegava ao fim. Após cinco anos
encarcerado num campo nazi, o
arquitecto francês Laurent
Chappis regressava à pátria.
Tinha então 30 anos e, debaixo
do braço, trazia o projecto – de -
senvolvido no período de cati -
veiro – para a criação de uma
estância de esqui na região hoje
conhecida como «Os Três Va -
les». Acontece que o projecto
encaixava no desígnio, assumi-
do pelo Conselho da Sabóia, de
dar à população algo para se
distrair dos ainda recentes hor-
rores da guerra.
Passado um ano, já o arquitec-
to estava no terreno, a traba -
lhar na construção de uma
«estância de esqui para o povo»
– a mesma que se havia de
tornar o destino de eleição dos
ricos e famosos quando o frio
chega à Europa. Chappis estava
longe de prevê-lo... E daí,
talvez não estivesse assim tão
distraído: como que estratifica-
da em pirâmide, Courchevel
foi desenhada em quatro
secções, baptizadas segundo a
sua cota de altitude, 1300,
1550, 1650 e 1850, sendo que a
escala de luxo e “glamour”
aumenta proporcionalmente.
Entre outros títulos não-oficiais,
Courchevel é conhecida como
«Saint-Tropez do Inverno»,
com as pistas a tomar o lugar
das praias. Como tal, o nível de
vida leva o respectivo «tributo»:
um café facilmente custa quatro
euros e uma refeição para duas
pessoas atinge, sem grandes
luxos, a barreira dos 100 euros.
Vinhos à parte, claro.
Praticamente tudo na estância
alpina gravita em torno do
«topo de gama». São as lojas,
das mesmas marcas que em -
prestam “glamour” às ruas de
Milão ou de Nova Iorque –
Hermès, Prada, Dior. São os
hotéis, que, excluindo Paris,
somam a maior oferta de luxo
de toda a França – e, de acordo
com um folheto do turismo
local, detêm o recorde de maior
número de estrelas por metro
quadrado. (Falando só na oferta
de topo, são seis os hotéis de
cinco estrelas, outros três em
vias de e 10 de quatro estrelas –
todos na cota 1850; a vista tem
o seu preço.)
E, claro, a juntar a estas, há as
estrelas do Guia Michelin, essa
“DESLIZES”PARA TODOSOS GOSTOSSIM, O ESQUI É REI.MAS HÁ OUTRASMODALIDADESDIS PONÍVEIS. COMOOS PASSEIOS DETRENÓ PUXADOPOR CÃES.
MADRID
FRANÇA
PARIS
LYON
NICE
BARCELONA
TURIMMILÃO
ROMA
conceituada instituição interna-
cional da boa mesa. Courchevel
arrebatou seis, atribuídas a qua-
tro restaurantes: o Le Chabichou
e o Le Bateau Ivre, ambos com
duas estrelas (e ambos na Rue
des Chenus, a menos de 100
metros de distância), e, com
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uma estrela, o La Table du
Kilimandjaro (do Hotel Kili man -
djaro, na Route de l’Altiport) e
o Le Farçon (em La Tania, a
pouco mais de três quilómetros
do centro de Courchevel), o
único que não fica na secção
1850.
Isto não significa
que seja necessário
vender os esquis
para pagar um jan-
tar. Basta descer
um pouco em alti-
tude e encontrará
onde reconfortar o
estômago e repor
as energias depois
de um dia de
«traba lho duro»
nas pistas. A cozin-
ha “savoyarde” é
particularmente
rica nesse campo.
Há os pan-alpinos
“ra cle t te” e “fondue savoyar de”,
onde o queijo é figura domi-
nante. E há a localíssima “tarti-
flette”, um substancial gratina-
do de batata, cebola, fiambre e
queijo “Reblochon” – também
especialidade regio nal, de
origem protegida.
EM PISTA. As cores
medem a escala de
dificuldade das pistas: do
fácil (verde) ao muito difícil
(preto), com o azul e o
vermelho de permeio. Em
Courchevel, há 15 pistas
verdes, 31 azuis, 35 vermelhas
e 9 pretas (“forfait” 6 dias:
€190; www.courchevel.com).
Méribel tem 73 pistas,
9 verdes, 34 azuis,
23 vermelhas e 7 pretas
(“forfait” 6 dias: €187;
www.meribel.net). Nos
«Três Vales», das 330 pistas
balizadas, 43 são verdes,
129 azuis, 125 vermelhas
e 33 pretas (“forfait” 6 dias:
€232;www.s3v.com).
TEMPERA TURA. No
tempo de Lindsay e Chappis,
era com “Genépi” que
se aquecia o corpo. Esta
aguardente regional continua
a ser uma opção para repor
a temperatura – mas há
sempre o reconfortante
chocolate quente, como
o do Le Tremplin, em
Courchevel 1850 (em frente
ao posto de turismo).
1945. No mesmo ano em que
George Orwell lançava “O
Triun fo dos Porcos” e a cerimó-
nia de entrega dos Óscares era
pela primeira vez transmitida
na rádio, a II Guerra Mundial
chegava ao fim. Após cinco anos
encarcerado num campo nazi, o
arquitecto francês Laurent
Chappis regressava à pátria.
Tinha então 30 anos e, debaixo
do braço, trazia o projecto – de -
senvolvido no período de cati -
veiro – para a criação de uma
estância de esqui na região hoje
conhecida como «Os Três Va -
les». Acontece que o projecto
encaixava no desígnio, assumi-
do pelo Conselho da Sabóia, de
dar à população algo para se
distrair dos ainda recentes hor-
rores da guerra.
Passado um ano, já o arquitec-
to estava no terreno, a traba -
lhar na construção de uma
«estância de esqui para o povo»
– a mesma que se havia de
tornar o destino de eleição dos
ricos e famosos quando o frio
chega à Europa. Chappis estava
longe de prevê-lo... E daí,
talvez não estivesse assim tão
distraído: como que estratifica-
da em pirâmide, Courchevel
foi desenhada em quatro
secções, baptizadas segundo a
sua cota de altitude, 1300,
1550, 1650 e 1850, sendo que a
escala de luxo e “glamour”
aumenta proporcionalmente.
Entre outros títulos não-oficiais,
Courchevel é conhecida como
«Saint-Tropez do Inverno»,
com as pistas a tomar o lugar
das praias. Como tal, o nível de
vida leva o respectivo «tributo»:
um café facilmente custa quatro
euros e uma refeição para duas
pessoas atinge, sem grandes
luxos, a barreira dos 100 euros.
Vinhos à parte, claro.
Praticamente tudo na estância
alpina gravita em torno do
«topo de gama». São as lojas,
das mesmas marcas que em -
prestam “glamour” às ruas de
Milão ou de Nova Iorque –
Hermès, Prada, Dior. São os
hotéis, que, excluindo Paris,
somam a maior oferta de luxo
de toda a França – e, de acordo
com um folheto do turismo
local, detêm o recorde de maior
número de estrelas por metro
quadrado. (Falando só na oferta
de topo, são seis os hotéis de
cinco estrelas, outros três em
vias de e 10 de quatro estrelas –
todos na cota 1850; a vista tem
o seu preço.)
E, claro, a juntar a estas, há as
estrelas do Guia Michelin, essa
“DESLIZES”PARA TODOSOS GOSTOSSIM, O ESQUI É REI.MAS HÁ OUTRASMODALIDADESDIS PONÍVEIS. COMOOS PASSEIOS DETRENÓ PUXADOPOR CÃES.
MADRID
FRANÇA
PARIS
LYON
NICE
BARCELONA
TURIMMILÃO
ROMA
conceituada instituição interna-
cional da boa mesa. Courchevel
arrebatou seis, atribuídas a qua-
tro restaurantes: o Le Chabichou
e o Le Bateau Ivre, ambos com
duas estrelas (e ambos na Rue
des Chenus, a menos de 100
metros de distância), e, com
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O DIÁRIO BRITÂNICO “The Ti mes”
aponta Courchevel como uma
das 10 melhores estâncias do
mundo para não-esquiadores.
Não custa compreender porquê.
Com tanta oferta de requinte e
conforto, há até quem diga que
é um destino para quem prefere
o “après-ski” ao esqui propria-
mente dito. Não será tanto
assim. Manu Gaidet, tricam-
peão mundial de “freeride”,
garante que «é o melhor local
do mundo para a modalidade».
É claro que estamos a falar da
vertente mais radical dos
desportos de Inverno, em que
não há pistas balizadas nem
meios mecânicos para chegar ao
topo – e, aí, os mais afoitos têm
à sua disposição algo como 10
mil hectares de neve pura por
desbravar. Mas, mesmo no que
toca às vertentes menos ex -
tremas, as opções são exce-
lentes: 90 pistas, metade delas
de dificuldade elevada, 42% da
área coberta por canhões de
neve artificial e capacidade para
transporte de 70 mil esquia -
dores por hora. Por si só,
Courchevel reúne uma oferta
respeitável em qualquer lado do
mundo. Não é tudo: as possibili-
dades aumentam exponencial-
mente se tomarmos em conta o
domínio dos «Três Vales», um
dos maiores do mundo, que
engloba também as estâncias
vizinhas de Brides-les-Bains,
COMO IR. Os aeroportos
internacionais mais próximos
(com ligações a Lisboa e
Porto) são Lyon e Genebra,
ambos a cerca de duas horas
de qualquer uma das estâncias.
Voos a partir de €51, ida
e volta (www.easyjet.com).
Quem não quiser perder
tempo no “transfer” tem à
sua disposição o serviço de
héli-táxi (www.courchevel-
helicopter.com), que encurta
a duração do percurso para
30 minutos.
Méribel, La Tania, St-Martin-
-de-Belleville, Les Menuires,
Orelle e Val Thorens. Com um
só “forfait”, o esquiador tem
acesso a 600 quilómetros de pis-
tas marcadas, correspondentes a
uma área esquiável de 40 mil
hectares. Nem com um passe
para toda a temporada con-
seguirá alguém trilhar estas 330
pistas. E não é pelo tempo gasto
na fila para os meios mecânicos
– a capacidade de transporte
ascende aos 263 mil utilizadores
por hora.
PETER LINDSAY instalou-se na re -
gião oito anos antes de Lau rent
Chappis. O major britânico
deixou-se encantar pelo vale de
Les Allues, onde viu o terreno
ideal para uma estância de
esqui. A construção – coisa iné -
dita na época – obedeceu a um
rígido rol de normas, criado
pelo próprio Lindsay, privile-
giando os métodos, os traçados e
os materiais tradicionais. A
estância de Méribel fica por
detrás do pico Saulire, que ob ser -
va Courchevel do su doeste. Não
se pense, porém, que é «já ali» –
e o preço da corrida de táxi de
um lado ao outro recorda a série
de curvas e contracurvas que
separam as estâncias vizinhas.
Pode não ter a sumptuosidade
de Courchevel – talvez porque
já existia antes do esqui e de
Lindsay –, para não falar na
velha questão dos preços. Nas
casas, predomina a madeira, o
formato “chalet” e o aconchego
de uma lareira quando a noite
cai. Por muito regulamentada
que seja a construção, acabam
sempre por nascer os inevi -
táveis blocos de apartamentos –
aqui, porém, estão circunscritos
ao sector mais recente,
Mottaret, no topo da estância, a
1750 metros de altitude.
Méribel Village e Méribel
ficam na cota dos 1400 e 1450,
respectivamente.
Com 150 quilómetros de pistas
balizadas – e abundante ter-
ritório virgem para o «fora de
pista» -, estão garantidas umas
férias à prova de tédio. Um
aviso: se em Courchevel as pis-
tas se assemelham a auto-
-estradas, aqui parecem-se mais
com caminhos corta-fogo, ta -
lhados na floresta densa, o que
se pode revelar uma experiência
algo complicada para os menos
experimentados.
Seja como for, há sempre os tais
40 mil hectares dos «Três
Vales». Desafios à medida de
cada um é prato forte deste
enorme manto branco.
útilPreço de Roaming tmn na Croácia
(clientes pós-pagos/pré-pagos)
Chamada para Portugal ou
Croácia: €2,04/€2,083 p/min.
Chamada para outros países: €2,70 p/min.
Chamada recebida: €0,792/€0,793 p/min.
Chamada de dados: €0,352 p/100KB
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O DIÁRIO BRITÂNICO “The Ti mes”
aponta Courchevel como uma
das 10 melhores estâncias do
mundo para não-esquiadores.
Não custa compreender porquê.
Com tanta oferta de requinte e
conforto, há até quem diga que
é um destino para quem prefere
o “après-ski” ao esqui propria-
mente dito. Não será tanto
assim. Manu Gaidet, tricam-
peão mundial de “freeride”,
garante que «é o melhor local
do mundo para a modalidade».
É claro que estamos a falar da
vertente mais radical dos
desportos de Inverno, em que
não há pistas balizadas nem
meios mecânicos para chegar ao
topo – e, aí, os mais afoitos têm
à sua disposição algo como 10
mil hectares de neve pura por
desbravar. Mas, mesmo no que
toca às vertentes menos ex -
tremas, as opções são exce-
lentes: 90 pistas, metade delas
de dificuldade elevada, 42% da
área coberta por canhões de
neve artificial e capacidade para
transporte de 70 mil esquia -
dores por hora. Por si só,
Courchevel reúne uma oferta
respeitável em qualquer lado do
mundo. Não é tudo: as possibili-
dades aumentam exponencial-
mente se tomarmos em conta o
domínio dos «Três Vales», um
dos maiores do mundo, que
engloba também as estâncias
vizinhas de Brides-les-Bains,
COMO IR. Os aeroportos
internacionais mais próximos
(com ligações a Lisboa e
Porto) são Lyon e Genebra,
ambos a cerca de duas horas
de qualquer uma das estâncias.
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e volta (www.easyjet.com).
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tempo no “transfer” tem à
sua disposição o serviço de
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helicopter.com), que encurta
a duração do percurso para
30 minutos.
Méribel, La Tania, St-Martin-
-de-Belleville, Les Menuires,
Orelle e Val Thorens. Com um
só “forfait”, o esquiador tem
acesso a 600 quilómetros de pis-
tas marcadas, correspondentes a
uma área esquiável de 40 mil
hectares. Nem com um passe
para toda a temporada con-
seguirá alguém trilhar estas 330
pistas. E não é pelo tempo gasto
na fila para os meios mecânicos
– a capacidade de transporte
ascende aos 263 mil utilizadores
por hora.
PETER LINDSAY instalou-se na re -
gião oito anos antes de Lau rent
Chappis. O major britânico
deixou-se encantar pelo vale de
Les Allues, onde viu o terreno
ideal para uma estância de
esqui. A construção – coisa iné -
dita na época – obedeceu a um
rígido rol de normas, criado
pelo próprio Lindsay, privile-
giando os métodos, os traçados e
os materiais tradicionais. A
estância de Méribel fica por
detrás do pico Saulire, que ob ser -
va Courchevel do su doeste. Não
se pense, porém, que é «já ali» –
e o preço da corrida de táxi de
um lado ao outro recorda a série
de curvas e contracurvas que
separam as estâncias vizinhas.
Pode não ter a sumptuosidade
de Courchevel – talvez porque
já existia antes do esqui e de
Lindsay –, para não falar na
velha questão dos preços. Nas
casas, predomina a madeira, o
formato “chalet” e o aconchego
de uma lareira quando a noite
cai. Por muito regulamentada
que seja a construção, acabam
sempre por nascer os inevi -
táveis blocos de apartamentos –
aqui, porém, estão circunscritos
ao sector mais recente,
Mottaret, no topo da estância, a
1750 metros de altitude.
Méribel Village e Méribel
ficam na cota dos 1400 e 1450,
respectivamente.
Com 150 quilómetros de pistas
balizadas – e abundante ter-
ritório virgem para o «fora de
pista» -, estão garantidas umas
férias à prova de tédio. Um
aviso: se em Courchevel as pis-
tas se assemelham a auto-
-estradas, aqui parecem-se mais
com caminhos corta-fogo, ta -
lhados na floresta densa, o que
se pode revelar uma experiência
algo complicada para os menos
experimentados.
Seja como for, há sempre os tais
40 mil hectares dos «Três
Vales». Desafios à medida de
cada um é prato forte deste
enorme manto branco.
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BOA MESA. SEJA NO MAIS LUXUOSO RESTAURANTE DE HOTEL OU NA MAIS SINGELA “BRASSERIE”, EM ALTAMONTANHA DEFENDE-SE A ARTE DE BEM COMER. O LEBLANCHOT (MÉRIBEL) E O LA VIA FERRATA (COURCHEVEL)SÃO DISSO EXEMPLO.
PÓS-ESQUI. QUANDO A NOITE CAI, HÁ QUEM SE DEITECEDO PARA APROVEITAR O RAIAR DO DIA SEGUINTE. E HÁQUEM PREFIRA GASTAR AS ENERGIAS NÃO DESPENDIDASEM PISTA. COURCHEVEL É ASSIM MESMO: METADE ESQUI,METADE “APRÈS-SKI”.
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BOA MESA. SEJA NO MAIS LUXUOSO RESTAURANTE DE HOTEL OU NA MAIS SINGELA “BRASSERIE”, EM ALTAMONTANHA DEFENDE-SE A ARTE DE BEM COMER. O LEBLANCHOT (MÉRIBEL) E O LA VIA FERRATA (COURCHEVEL)SÃO DISSO EXEMPLO.
PÓS-ESQUI. QUANDO A NOITE CAI, HÁ QUEM SE DEITECEDO PARA APROVEITAR O RAIAR DO DIA SEGUINTE. E HÁQUEM PREFIRA GASTAR AS ENERGIAS NÃO DESPENDIDASEM PISTA. COURCHEVEL É ASSIM MESMO: METADE ESQUI,METADE “APRÈS-SKI”.
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AQUILO QUE MAIS me impressionou da primeira vez
que estive em Méribel e em Courchevel foi a altitude:
montanhas e mais montanhas cobertas de neve, uma
panorâmica deslumbrante! Estas estâncias, na ver-
dade, oferecem mais ao adepto de “snowboard” ou de
esqui alpino. Pessoalmente, gosto mais da região
durante o Verão, para fazer ciclismo e “roller ski” – é
também um período mais calmo. No Inverno há mais
confusão turística e os preços são inflacionados.
Para praticar, prefiro as estâncias vizinhas de Clusaz,
a norte, ou St-Veran, a sul, mais apropriadas ao esqui
de fundo. Este ano, com a preparação específica para
as Olimpíadas de Inverno de 2010, em Vancouver, e
tendo de reduzir despesas, não posso regressar, mas se
pudesse ia já amanhã. O esqui na região é brutal.
Aliás, nem só o esqui: o visitante desfruta de delícias
gastronómicas, paisagens naturais e muito mais.
Vuokatti, na Finlândia, onde vivo e treino desde
2006, oferece um pouco de tudo para o esqui de
fundo, entre subidas e descidas. Nos Alpes, como se
está na alta montanha, é mais subir do que descer.
Mas isto, naturalmente, é um ponto (muito) positi-
vo para o esqui alpino, com “drops” são enormes e
longos.
A minha estância preferida nos Alpes Franceses é
St-Veran, considerada a aldeia mais alta da Europa
(2100m). Dispõe de pistas com menos gente, uma
tranquilidade extraordinária e uma paisagem
incrível. Bom local para treino em altitude! Aos
praticantes do esqui de fundo, aconselho também
Vercors ou La Clusaz, as estâncias preferidas dos
grandes atletas franceses. n
DANNY SILVA.O único atleta português
presente nos Jogos Olímpicos
de Inverno de 2006, em Turim,
repete a proeza para o ano,
em Vancouver, no Canadá.
Danny Silva já garantiu os
«mínimos» em esqui de fundo
– que está para o esqui como
a maratona para o atletismo,
por oposição ao esqui alpino,
uma prova de “sprint” –,
modalidade a que se dedicou
«a cem por cento há cerca de
seis anos». Nascido em New
Jersey, em 1973, cedo veio
viver para Almeirim. Passou
por França, onde trabalhou
numa multinacional (curiosa-
mente ou não, uma das suas
funções passava por testar
esquis), e desde 2006 que vive
em Vuokatti, no norte da
Finlândia. «Trabalho para um
instituto desportivo dedicado
às modalidades de neve,
nomeadamente as nórdicas
– esqui de fundo, combinado
nórdico e salto». Através
deste instituto, concluiu o
curso superior de terapeuta.
Danny Silva mantém actua -
lizado o seu website pessoal:
http://almadesportiva.tripod.com
ALTITUDE. HABITUADO AO RELEVO POUCO ACENTUADO DA FINLÂNDIA (E DO RIBATEJO, ONDE CRESCEU), DANNY SILVAFICOU IMPRESSIONADO COM A ALTITUDE, A INCLINAÇÃO E A IMENSIDÃO DESTAS MONTANHAS A PERDER DE VISTA.«UMA PANORÂMICA DESLUMBRANTE», RECORDA.
destino I alpes franceses I
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AQUILO QUE MAIS me impressionou da primeira vez
que estive em Méribel e em Courchevel foi a altitude:
montanhas e mais montanhas cobertas de neve, uma
panorâmica deslumbrante! Estas estâncias, na ver-
dade, oferecem mais ao adepto de “snowboard” ou de
esqui alpino. Pessoalmente, gosto mais da região
durante o Verão, para fazer ciclismo e “roller ski” – é
também um período mais calmo. No Inverno há mais
confusão turística e os preços são inflacionados.
Para praticar, prefiro as estâncias vizinhas de Clusaz,
a norte, ou St-Veran, a sul, mais apropriadas ao esqui
de fundo. Este ano, com a preparação específica para
as Olimpíadas de Inverno de 2010, em Vancouver, e
tendo de reduzir despesas, não posso regressar, mas se
pudesse ia já amanhã. O esqui na região é brutal.
Aliás, nem só o esqui: o visitante desfruta de delícias
gastronómicas, paisagens naturais e muito mais.
Vuokatti, na Finlândia, onde vivo e treino desde
2006, oferece um pouco de tudo para o esqui de
fundo, entre subidas e descidas. Nos Alpes, como se
está na alta montanha, é mais subir do que descer.
Mas isto, naturalmente, é um ponto (muito) positi-
vo para o esqui alpino, com “drops” são enormes e
longos.
A minha estância preferida nos Alpes Franceses é
St-Veran, considerada a aldeia mais alta da Europa
(2100m). Dispõe de pistas com menos gente, uma
tranquilidade extraordinária e uma paisagem
incrível. Bom local para treino em altitude! Aos
praticantes do esqui de fundo, aconselho também
Vercors ou La Clusaz, as estâncias preferidas dos
grandes atletas franceses. n
DANNY SILVA.O único atleta português
presente nos Jogos Olímpicos
de Inverno de 2006, em Turim,
repete a proeza para o ano,
em Vancouver, no Canadá.
Danny Silva já garantiu os
«mínimos» em esqui de fundo
– que está para o esqui como
a maratona para o atletismo,
por oposição ao esqui alpino,
uma prova de “sprint” –,
modalidade a que se dedicou
«a cem por cento há cerca de
seis anos». Nascido em New
Jersey, em 1973, cedo veio
viver para Almeirim. Passou
por França, onde trabalhou
numa multinacional (curiosa-
mente ou não, uma das suas
funções passava por testar
esquis), e desde 2006 que vive
em Vuokatti, no norte da
Finlândia. «Trabalho para um
instituto desportivo dedicado
às modalidades de neve,
nomeadamente as nórdicas
– esqui de fundo, combinado
nórdico e salto». Através
deste instituto, concluiu o
curso superior de terapeuta.
Danny Silva mantém actua -
lizado o seu website pessoal:
http://almadesportiva.tripod.com
ALTITUDE. HABITUADO AO RELEVO POUCO ACENTUADO DA FINLÂNDIA (E DO RIBATEJO, ONDE CRESCEU), DANNY SILVAFICOU IMPRESSIONADO COM A ALTITUDE, A INCLINAÇÃO E A IMENSIDÃO DESTAS MONTANHAS A PERDER DE VISTA.«UMA PANORÂMICA DESLUMBRANTE», RECORDA.
éo outro lado
Vimo-lo a passar música no Sudoestetmn e partimos logo do princípio
de que também é DJ. Zé explicaporque é que meter discos
de vez em quando não faz dele um DJ. A MÚSICA DO ACASO35
MAR
ÇO,
AB
RIL
2008
ZTEXTO JOÃO MESTRE I FOTOGRAFIA PEDRO LOUREIRO
éo outro lado
Vimo-lo a passar música no Sudoestetmn e partimos logo do princípio
de que também é DJ. Zé explicaporque é que meter discos
de vez em quando não faz dele um DJ. A MÚSICA DO ACASO35
MAR
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AB
RIL
2008
ZTEXTO JOÃO MESTRE I FOTOGRAFIA PEDRO LOUREIRO
o outro lado I zé diogo quintela I
ambujeira do Mar, 2 deAgosto de 2008. No palco principaldo festival Sudoeste tmn, Manu Chao«incendiava» a plateia, 37.000 al -mas ao rubro. Entretan to, e apesarda contagiante actuação do franco--latino, começou a notar-se, aindao concerto ia a meio, alguma movi-mentação rumo ao palco secun dá -rio. O motivo: acabara de entrar emcena a dupla 2 DJs do C******.Isto é: o jornalista Nuno MiguelGuedes e o humorista Zé DiogoQuintela, que, perante uma au diên -cia convicta de que iria assistir aumas quantas tiradas espirituosasao bom estilo do Gato Fedorento,«defenderam a ideia do não DJ atéà exaustão» – citando o Diário deNotícias de dois dias depois.Questionado sobre a sua carreira de
DJ («se é uma carreira, foi um“flop”», antecipa), Zé Diogo começapor estabelecer um ponto prévio:«eu não sou DJ; sou, quando muito,um “mete discos”; não misturo, nãocrio “batidas”, ou lá o que é». Ditoisto, avança com uma explicação:«foi a maneira que encontrei paraouvir a música de que gosto à noite.Normalmente, ninguém a punha.» Eque música é essa? Talvez BeachBoys, Bee Gees, Beatles, Abba, JeffBuckley, Weezer, Rufus Wainright,Dave Matthews, alguns dos seusartistas favoritos. Este «metimento de discos» não foium exclusivo do festival alentejano:«pus música algumas vezes, massempre em discotecas de amigos».
Foram raras as vezes em que o fezque não puramente por amizade.Porquê a Zambujeira, então? «Peloirrecusável que é, por exemplo, pôros Wham!, no Sudoeste», respon de.«Irrecusável e irresponsável.»
«FORA DO GATO FEDORENTO souuma pessoa normal, faço o mesmoque toda a gente faz quando nãotrabalha». Perante o convite paraesta entrevista, ficou, ao início, depé atrás. «Não acho que mereça aatenção do público. É muitomaçador», acrescenta. A questão,porém, é que, sem fazer grandeesforço, Zé Diogo é capaz deimprovisar três ou quatro piadas desituação no curto espaço de tempoque dura esta sessão fotográfica.E a ver dade é que, até para uma
pergunta simples (ou talvez não tãosimples assim) como «quem é o ZéDiogo Quintela quando não está afazer ninguém rir?», a resposta vemtemperada com o sentido de humorque lhe conhecemos: «o Zé Diogo(eu) é a mesma pessoa quandotenta fazer alguém rir (trabalho) ouquando tenta cozinhar (não é tra ba -lho, mas também faz rir)». Cozinha,portanto, não é o seu forte. «E nin -guém gosta que eu cozinhe», adianta.Comer, no entanto, é um dos seus“hobbies”. E ler, também. PhilipRoth, Evelyn Waughn e MiguelEsteves Cardoso são os seusautores de eleição. E, de momento,vai a meio de “Calma! (Cool it)”, do«ambientalista céptico» dinamarquês
Bjorn Lomborg. No que respeita amúsica, afirma que perde «maistempo a ler fofocas sobre os músi-cos do que sobre música propria-mente dita». Outro dos seus passatemposfavoritos é ver televisão. «É issoque o ajuda a relaxar, a esquecer aspreocupações do dia-a-dia?», per-gunto. «Ajuda a descansar; nãoajuda a esquecer nada, porque euassento tudo em agendas etelemóvel». Por falar em telemóvel:usa «um Nokia qualquer», que «erao mais barato, dentro dos que ti -nham as funções de que precisava».O seu «favorito do momento», asse-gura, como quem diz que essa é amenor das suas preocupações. Viro a agulha para outro lado, inda-gando se se preocupa muito com o
vestuário do dia-a-dia e se se consi -dera uma “fashion victim”. «Achoque a moda é que é a minha vítima.»Acessório favorito, tem? «Uso algu-mas t-shirts de que gosto até rasgar». Voltando à música. Se fosse parauma ilha deserta com gira-discos eelectricidade, Zé Diogo Quintelalevaria “Pet Sounds”, dos BeachBoys, “Crash”, da Dave MatthewsBand, “Grace”, de Jeff Buckley”,um “best of” dos a-ha e «o discocom as músicas da claque doSporting». Seria, sem dúvida, umnáufrago com um grande sentidode humor, sentado na sua ilhadeserta a ouvir «só eu sei porquenão fico em casa». Entre o vinil, oCD, o mp3 ou a obsoleta cassete,
z
VINIL,CD, MP3 OU CASSETE? «TANTO FAZ.CONSIGO SEMPRE RISCAR TUDO. APOSTO QUE
TAMBÉM CONSIGO RISCAR UM MP3».
o outro lado I zé diogo quintela I
ambujeira do Mar, 2 deAgosto de 2008. No palco principaldo festival Sudoeste tmn, Manu Chao«incendiava» a plateia, 37.000 al -mas ao rubro. Entretan to, e apesarda contagiante actuação do franco--latino, começou a notar-se, aindao concerto ia a meio, alguma movi-mentação rumo ao palco secun dá -rio. O motivo: acabara de entrar emcena a dupla 2 DJs do C******.Isto é: o jornalista Nuno MiguelGuedes e o humorista Zé DiogoQuintela, que, perante uma au diên -cia convicta de que iria assistir aumas quantas tiradas espirituosasao bom estilo do Gato Fedorento,«defenderam a ideia do não DJ atéà exaustão» – citando o Diário deNotícias de dois dias depois.Questionado sobre a sua carreira de
DJ («se é uma carreira, foi um“flop”», antecipa), Zé Diogo começapor estabelecer um ponto prévio:«eu não sou DJ; sou, quando muito,um “mete discos”; não misturo, nãocrio “batidas”, ou lá o que é». Ditoisto, avança com uma explicação:«foi a maneira que encontrei paraouvir a música de que gosto à noite.Normalmente, ninguém a punha.» Eque música é essa? Talvez BeachBoys, Bee Gees, Beatles, Abba, JeffBuckley, Weezer, Rufus Wainright,Dave Matthews, alguns dos seusartistas favoritos. Este «metimento de discos» não foium exclusivo do festival alentejano:«pus música algumas vezes, massempre em discotecas de amigos».
Foram raras as vezes em que o fezque não puramente por amizade.Porquê a Zambujeira, então? «Peloirrecusável que é, por exemplo, pôros Wham!, no Sudoeste», respon de.«Irrecusável e irresponsável.»
«FORA DO GATO FEDORENTO souuma pessoa normal, faço o mesmoque toda a gente faz quando nãotrabalha». Perante o convite paraesta entrevista, ficou, ao início, depé atrás. «Não acho que mereça aatenção do público. É muitomaçador», acrescenta. A questão,porém, é que, sem fazer grandeesforço, Zé Diogo é capaz deimprovisar três ou quatro piadas desituação no curto espaço de tempoque dura esta sessão fotográfica.E a ver dade é que, até para uma
pergunta simples (ou talvez não tãosimples assim) como «quem é o ZéDiogo Quintela quando não está afazer ninguém rir?», a resposta vemtemperada com o sentido de humorque lhe conhecemos: «o Zé Diogo(eu) é a mesma pessoa quandotenta fazer alguém rir (trabalho) ouquando tenta cozinhar (não é tra ba -lho, mas também faz rir)». Cozinha,portanto, não é o seu forte. «E nin -guém gosta que eu cozinhe», adianta.Comer, no entanto, é um dos seus“hobbies”. E ler, também. PhilipRoth, Evelyn Waughn e MiguelEsteves Cardoso são os seusautores de eleição. E, de momento,vai a meio de “Calma! (Cool it)”, do«ambientalista céptico» dinamarquês
Bjorn Lomborg. No que respeita amúsica, afirma que perde «maistempo a ler fofocas sobre os músi-cos do que sobre música propria-mente dita». Outro dos seus passatemposfavoritos é ver televisão. «É issoque o ajuda a relaxar, a esquecer aspreocupações do dia-a-dia?», per-gunto. «Ajuda a descansar; nãoajuda a esquecer nada, porque euassento tudo em agendas etelemóvel». Por falar em telemóvel:usa «um Nokia qualquer», que «erao mais barato, dentro dos que ti -nham as funções de que precisava».O seu «favorito do momento», asse-gura, como quem diz que essa é amenor das suas preocupações. Viro a agulha para outro lado, inda-gando se se preocupa muito com o
vestuário do dia-a-dia e se se consi -dera uma “fashion victim”. «Achoque a moda é que é a minha vítima.»Acessório favorito, tem? «Uso algu-mas t-shirts de que gosto até rasgar». Voltando à música. Se fosse parauma ilha deserta com gira-discos eelectricidade, Zé Diogo Quintelalevaria “Pet Sounds”, dos BeachBoys, “Crash”, da Dave MatthewsBand, “Grace”, de Jeff Buckley”,um “best of” dos a-ha e «o discocom as músicas da claque doSporting». Seria, sem dúvida, umnáufrago com um grande sentidode humor, sentado na sua ilhadeserta a ouvir «só eu sei porquenão fico em casa». Entre o vinil, oCD, o mp3 ou a obsoleta cassete,
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VINIL,CD, MP3 OU CASSETE? «TANTO FAZ.CONSIGO SEMPRE RISCAR TUDO. APOSTO QUE
TAMBÉM CONSIGO RISCAR UM MP3».
o outro lado I zé diogo quintela I
38
MAR
ÇO,
AB
RIL
2008
Que tal foi a experiência do Gato Fedorento ao vivo?
Boa. Mas ainda bem que terminou.Qual de vós os quatro é mais engraçado?
São os três muito engraçados, cada qual à sua maneira.Tem um “sketch” favorito?
Gosto muito do «tsunami de informáticos». E do «javardolas que fala francês».
Que frase do Gato Fedorento lhe dizem mais quando o encontram
na rua?
«Falam, falam…»Que pergunta já não suporta que lhe façam em entrevistas?
Se é angustiante tentar ter piada e não saber se se vai conseguir.Qual é a sua opinião sobre o estado do humor em Portugal?
Está bom, com muita variedade.Se não fosse humorista, o que seria?
Não faço ideia.Onde é que não se vê daqui a 20 anos?
A trabalhar.
A PROPÓSITO...
[TEATRO] Já foi ver o Ricardo
Araújo Pereira, em “Como fazer coi -
sas com as palavras”?
Sim.O que achou?
Acho que ele fica muito melhor careca.[ARTE] Tem uma corrente ou um
artista favorito?
Não tenho artista favorito. [Gosto de]qualquer corrente, desde que sejagira. Mas em princípio prefiro quadrosem que pintam dentro das linhas.
[GASTRONOMIA] Que tipo de culi -
ná ria prefere?
A farta.[AUTOMÓVEIS] Que carro usa no
seu dia-a-dia?
O meu. Mas ando pouco.[DESAFIOS] Quais os seus princi-
pais desafios para o futuro?
Ter dinheiro suficiente para não mepreocupar que a crise afecte a minhafamília.
[MODA] Considera-se uma “fashion
victim”?
Acho que a moda é que é minha vítima.
DESCONVERSASSOLTAS
tanto lhe faz: «consigo sempreriscar tudo». E afirma-o orgulhosa-mente, como se dominasse umaarte perdida: «aposto até que tam-bém consigo riscar um mp3». Quando o seu Sporting joga emAlvalade, Zé Diogo é daqueles quenão ficam em casa: «tenho lá lugarcativo». E gosta de, todas as se ma -nas, jogar a sua futebolada. Háseis meses, começou também aaprender ténis, outra das suas mo -da lidades favoritas. Até aos 23anos, foi ainda jogador federado derugby. Agora só vê.
EMBORA NÃO SEJA fã da saga StarTrek, foi no papel de tripulanteintergaláctico, ao serviço das cam-panhas do Meo, que o público por-tuguês o viu durante este Verão.Porém, longe da ribalta, preparava--se já o aguardado “Zé Carlos”, pro-grama que marca o regresso datrupe Gato Fedorento à SIC. Nestesdias que correm, os quatro hu mo -ristas continuam extremamente ocu -pados, entre reuniões e gravações.Ainda assim, apesar do ritmo detrabalho, Zé Diogo vai conseguindotirar uns dias de férias. «Bastantes,felizmente.» Não consegue, contu-do, despir por completo a pele dehumorista e lá acaba por fazer rirquem estiver consigo. «É a mesmacoisa que perguntar ao um jorna -lista se, no seu tempo livre, não fazperguntas». Mesmo no poucotempo que estivemos com ele,soltou-se a risota por diversas vezes– nossa, entenda-se; porque ZéDiogo consegue lançar a sua piadacirúrgica e manter a cara séria,como se não fosse nada com ele. Falava-se de férias. Gosta de viajar,desde que «para não muito longe oumuito incivilizado». Londres é a suacidade de eleição – e é lá que ficao seu museu preferido, a NationalGallery. Em termos de países, elegeos Estados Unidos. O essencial é
que sejam férias de «não fazernada». «Na praia», por exemplo. E ohotel pode ser um qualquer, «desdeque a cama seja grande».
«TRABALHAR COM os meus ami-gos.» É aquilo que mais lhe agradana vida de humorista. As câmarasnão o põem nervoso. O que o inco-moda mesmo são as «estreias empalco» – recordando os tempos emque o Gato Fedorento andou a fazerespectáculos ao vivo. Mas tudo temum lado positivo: «o fim dessasestreias», um alívio que apontacomo o melhor momento da suacarreira. O palco, depreendo, nãoserá o seu lugar. Até porque nem seconsidera actor. Ou melhor: vê-seantes como um argumentista queteve de se tornar actor. Os maus momentos, ultrapassa-os«esperando que acabem». E os bons,comemora-os «com um lauto jantar».Confesso que desconhecia essapalavra. Lauto. «Abundante», fiquei asaber. Está-se sempre a aprender…Aliás: «conhecimento razoável dalín gua» é, para si, uma das duascarac terísticas essenciais de umhumorista. A outra é «bom poder deobservação». Uma espreitadela,ainda que superficial, ao trabalho doGato Fedorento corrobora a fórmula.Será essa, talvez, a receita para oestrondoso sucesso dos seus“sketches” – que, logo no dia se -guinte à sua transmissão televisiva,enriquecem o léxico quotidiano demilhares (milhões, talvez) de por-tugueses com as suas frases-chave.Exemplo clássico disso é a «tran-quilidade» de Paulo Bento. Ou «ohomem a quem parece que aconteceunão sei quê», que também trouxeno vo protagonismo à palavra «incó lu -me». Lá que falam, falam…, é verdade.Mas, mais que não seja, en sinam--nos umas quantas palavras caras,enquanto vão castigando os cos -tumes e, com isso, nos fazem rir.�
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o outro lado I zé diogo quintela I
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2008
Que tal foi a experiência do Gato Fedorento ao vivo?
Boa. Mas ainda bem que terminou.Qual de vós os quatro é mais engraçado?
São os três muito engraçados, cada qual à sua maneira.Tem um “sketch” favorito?
Gosto muito do «tsunami de informáticos». E do «javardolas que fala francês».
Que frase do Gato Fedorento lhe dizem mais quando o encontram
na rua?
«Falam, falam…»Que pergunta já não suporta que lhe façam em entrevistas?
Se é angustiante tentar ter piada e não saber se se vai conseguir.Qual é a sua opinião sobre o estado do humor em Portugal?
Está bom, com muita variedade.Se não fosse humorista, o que seria?
Não faço ideia.Onde é que não se vê daqui a 20 anos?
A trabalhar.
A PROPÓSITO...
[TEATRO] Já foi ver o Ricardo
Araújo Pereira, em “Como fazer coi -
sas com as palavras”?
Sim.O que achou?
Acho que ele fica muito melhor careca.[ARTE] Tem uma corrente ou um
artista favorito?
Não tenho artista favorito. [Gosto de]qualquer corrente, desde que sejagira. Mas em princípio prefiro quadrosem que pintam dentro das linhas.
[GASTRONOMIA] Que tipo de culi -
ná ria prefere?
A farta.[AUTOMÓVEIS] Que carro usa no
seu dia-a-dia?
O meu. Mas ando pouco.[DESAFIOS] Quais os seus princi-
pais desafios para o futuro?
Ter dinheiro suficiente para não mepreocupar que a crise afecte a minhafamília.
[MODA] Considera-se uma “fashion
victim”?
Acho que a moda é que é minha vítima.
DESCONVERSASSOLTAS
tanto lhe faz: «consigo sempreriscar tudo». E afirma-o orgulhosa-mente, como se dominasse umaarte perdida: «aposto até que tam-bém consigo riscar um mp3». Quando o seu Sporting joga emAlvalade, Zé Diogo é daqueles quenão ficam em casa: «tenho lá lugarcativo». E gosta de, todas as se ma -nas, jogar a sua futebolada. Háseis meses, começou também aaprender ténis, outra das suas mo -da lidades favoritas. Até aos 23anos, foi ainda jogador federado derugby. Agora só vê.
EMBORA NÃO SEJA fã da saga StarTrek, foi no papel de tripulanteintergaláctico, ao serviço das cam-panhas do Meo, que o público por-tuguês o viu durante este Verão.Porém, longe da ribalta, preparava--se já o aguardado “Zé Carlos”, pro-grama que marca o regresso datrupe Gato Fedorento à SIC. Nestesdias que correm, os quatro hu mo -ristas continuam extremamente ocu -pados, entre reuniões e gravações.Ainda assim, apesar do ritmo detrabalho, Zé Diogo vai conseguindotirar uns dias de férias. «Bastantes,felizmente.» Não consegue, contu-do, despir por completo a pele dehumorista e lá acaba por fazer rirquem estiver consigo. «É a mesmacoisa que perguntar ao um jorna -lista se, no seu tempo livre, não fazperguntas». Mesmo no poucotempo que estivemos com ele,soltou-se a risota por diversas vezes– nossa, entenda-se; porque ZéDiogo consegue lançar a sua piadacirúrgica e manter a cara séria,como se não fosse nada com ele. Falava-se de férias. Gosta de viajar,desde que «para não muito longe oumuito incivilizado». Londres é a suacidade de eleição – e é lá que ficao seu museu preferido, a NationalGallery. Em termos de países, elegeos Estados Unidos. O essencial é
que sejam férias de «não fazernada». «Na praia», por exemplo. E ohotel pode ser um qualquer, «desdeque a cama seja grande».
«TRABALHAR COM os meus ami-gos.» É aquilo que mais lhe agradana vida de humorista. As câmarasnão o põem nervoso. O que o inco-moda mesmo são as «estreias empalco» – recordando os tempos emque o Gato Fedorento andou a fazerespectáculos ao vivo. Mas tudo temum lado positivo: «o fim dessasestreias», um alívio que apontacomo o melhor momento da suacarreira. O palco, depreendo, nãoserá o seu lugar. Até porque nem seconsidera actor. Ou melhor: vê-seantes como um argumentista queteve de se tornar actor. Os maus momentos, ultrapassa-os«esperando que acabem». E os bons,comemora-os «com um lauto jantar».Confesso que desconhecia essapalavra. Lauto. «Abundante», fiquei asaber. Está-se sempre a aprender…Aliás: «conhecimento razoável dalín gua» é, para si, uma das duascarac terísticas essenciais de umhumorista. A outra é «bom poder deobservação». Uma espreitadela,ainda que superficial, ao trabalho doGato Fedorento corrobora a fórmula.Será essa, talvez, a receita para oestrondoso sucesso dos seus“sketches” – que, logo no dia se -guinte à sua transmissão televisiva,enriquecem o léxico quotidiano demilhares (milhões, talvez) de por-tugueses com as suas frases-chave.Exemplo clássico disso é a «tran-quilidade» de Paulo Bento. Ou «ohomem a quem parece que aconteceunão sei quê», que também trouxeno vo protagonismo à palavra «incó lu -me». Lá que falam, falam…, é verdade.Mas, mais que não seja, en sinam--nos umas quantas palavras caras,enquanto vão castigando os cos -tumes e, com isso, nos fazem rir.�
éZ
PORTEFÓLIOT magazine
EntrevistaArmindo AraújoReportagemFestival Sudoeste tmnPerfilKanye WestRoteiroGolegãEntrevistaAureaRoteiroAveiro Entrevista/PerfilAndré CarrilhoReportagem de viagemMéribel & CourchevelPerfil/EntrevistaZé Diogo Quintela