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Revista Tche Campeiro Edicao 17

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Revista Tche Campeiro, na Capa Juliana Spanevello.

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Revista Tchê Campeiro - Edição 16 - www.revistatchecampeiro.com.br6

Amigo leitor!!! Está chegando em suas mãos a 17ª edição da Tchê Campeiro, revista que busca, a cada novo número, retratar a estampa do tradicionalismo gaúcho espalhado pelas querências deste Brasil continental e além fronteiras. Eventos do agronegócio, da vida dos amantes das coisas da nossa terra, do homem simples e humilde que fez e faz de sua vida um Campeiro de Fato, que os feitos e fatos o transformem numa Referência, que as narrações e animações o levaram a condição de Voz do Rodeio, que suas composições e interpretações o credenciaram para Acordes do Campo, que a perícia em lidar com couro ou outros materiais campeiros lhe deram a condição para narrar sua história de Artesania Crioula, que o envolvimento pessoal e profissional com o campo e o cavalo sejam tão intenso que o levaram para o Universo Crioulo, que Ao Pé do Fogo seu causo seja interessante para o Dimitri até escrever seus Poemas e Payadas....e, assim, cheio de curiosida-des vamos levando nossa mensagem num verdadeiro Entrevero Cultural... A Tchê Campeiro, nesta edição, valoriza ainda mais a mulher tradicionalista na pessoa da cantora Juliana Spanevello, “uma flor do pampa” que surgiu para levar a mensagem da música regional gaúcha com muita verdade e sensibilidade, vir-tudes que a transformaram num dos principais nomes da música nativista. Num texto de fundamento da colega jornalista Gagriela Mazza, você amigo leitor vai conhecer a trajetória da Juliana. No aspecto comercial os amigos empresários descobrem o alcance publicitário que a Tchê Campeiro vem alcançando a cada nova edição. É através da credibilidade conquistada com trabalho e seriedade que conseguimos crescer também neste campo, fundamental para a existência de qualquer veículo. Boa leitura a todos!!!

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EXPEDIENTE

Diretor Executivo/Administrativo:José Leozir Lira Garcia

Jornalista Responsável:Ari Ignácio de Lima (DRT-PR 7279)

Editor / Colunista:Elizeu Kruskievitz Collares

Dimitri BordignonJoaquim Osório Ribas

Diego FunariCleverson Ramão Marques Pinto

Maickel MartinsJoão F. P. Loureiro

Centauro Patoagro

Jorge Aginelo do NascimentoCharles Konzen

Diagramação e Criação:Evandro Luiz Melo

Sidinei Luiz Brandão VSI Comunicação (46) 3025-5489

CONTATOS:(46) 3262-3910

Rua Cel. Jose Alipio Nascimento Souza, 123 CentroCep 85555-000 - Palmas - PR

www.revistatchecampeiro.com.brwww.revistatchecampeiro.blogspot.com

Orkut: Revista Tchê [email protected]@revistatchecampeiro.com.br

Elizeu: (46) 9926 1929Leo: (46) 8411-7676

INFORMAÇÕES COMERCIAIS:Tiragem: 5000 exemplares

Circulação NacionalEditada Mensalmente

Distribuição em Bancas e Agropecuárias

Diretora Comercial/ MarketingErinéia da Silva

Parabenizo o trabalho que veem sendo feito, gostaria de dizer que a Revista acertou em ter como base O CAMPO, esperamos que as boas ideias e as grandes reportagens continuem fazendo parte do nosso SUL-BRASILEIRO. UM ABRAÇO DE CIPOMarcos Giacomini – Ouro Verde SC

Buenas amigos editores da Revista Tchê Campeiro venho parabe-nizar através destas linhas pelo grande trabalho que vem fazendo para enaltecer a nossa culturaUm baita abraço Andre Machado – São Borja RS

Buena gauchada ae da Tchê Campeiro vocês estão de parabéns a Revista está um show, minha família esta encantada, pois dei uma assinatura pra eles ! Continuem na lida. Abraços.Fmília Souza - Santo Antonio da Patrulha RS

Buenas gurizada estão de parabéns a Revista ta um show, sempre atualizando a gente aqui sobre as coisas que vem acontecendo no tradicionalismo, os leilões, rodeios e feiras enfim tudo que tem de conteúdo esta sendo muito bem produzido!Abraço e sucesso!Angelo Vasconcellos – Uberaba SP

Buenas y Santas indiada da Tchê Campeiro, gostaria de aqui expres-sar a minha admiração por este meio de divulgação da nossa cultu-ra tradicionalista e de nossas raizes, parabéns por todo esse sucesso que já é notório!Um forte abraço e continuem sempre com essa autenticidade!João Fogassa – Paranavaí PR

Alo você! Aoow gurizada da Tchê Campeiro! Parabéns pela Revista, eu sempre acompanho as matérias e fotos dos rodeios através da Revista e do site também, que é de fundamento! Sigam na lida que ela é bruta mas o reconhecimento vem, eu curto muito e compar-tilho, hahhahaha, acessem lá moçada www.revistatchecampeiro.com.br e vejam que eu falo a verdade! Abraço e um beijo no seu coração!Jose Osmir Vieira - Videira SC

Este espaço é dedicado a opinião do nosso leitor. Suas cartas, e-mails e contatos são muito importantes para nós. Envie-nos ua mensagem para: [email protected]

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EXPEDIENTE

Diretor Executivo/Administrativo:José Leozir Lira Garcia

Jornalista Responsável:Ari Ignácio de Lima (DRT-PR 7279)

Editor / Colunista:Elizeu Kruskievitz Collares

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Diego FunariCleverson Ramão Marques Pinto

Maickel MartinsJoão F. P. Loureiro

Centauro Patoagro

Jorge Aginelo do NascimentoCharles Konzen

Diagramação e Criação:Evandro Luiz Melo

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INFORMAÇÕES COMERCIAIS:Tiragem: 5000 exemplares

Circulação NacionalEditada Mensalmente

Distribuição em Bancas e Agropecuárias

Diretora Comercial/ MarketingErinéia da Silva

ÍNDICE

Matéria da Capa

RAÇA 12

AGRONEGóCIO 14

CULINáRIA 20

UNIVERSO CRIOULO 52

AO PÉ DO FOGO 62

POEMAS & PAyADAS 64

CURIOSIDADES 70

ENTREVERO CULTURAL 72

SAÚDE ANIMAL 76

TROPEIRISMO 82

A CASCO E BRAÇO 84

hUMOR 86

DICIONáRIO CAMPEIRO 92

SOCIAL

LEILÃO SOCIEDADE RURAL DE MANGUEIRINhA 28

1º ENCONTRO DE TAURAS DO LAÇO COMPRIDO 30

3º LEILÃO DA AGROPECUáRIA SÃO ROQUE 32

INAUGURAÇÃO NOVA LOJA AGROSAFRA 36

CAVALGADA ChEIRO DO CAMPO 38

3º RODEIO CRIOULO INTERESTADUAL

E 2º CRIOULAÇO 41

LEILÃO Jh 46

56 Campeiro de FatoAlfredo Camargo - 10

Leite em FocoO Sul rumo ao topo - 54

Voz do RodeioAlessandro CapriMuliterno 18

Acordes do CampoJairo Lambari Fernandes64 Artesania Crioula

Com sotaque Argentino80

ReferênciaEduardo Rocha88

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ALFREDO CAMARGOPor: Diego Funari

OCampeiro de Fato desta edição é um homem que traz consigo a herança da família da arte de trançar laço, tradição que perdura desde a época de seus avós e tende a seguir adiante, pois seus netos á demonstram aptidão na atividade. Trata-se de um homem de toda lida. Estamos falando de Alfredo Camargo.

É Natural da Colônia do Rincão Torcido, município de Abelardo Luz, onde nasceu no dia vinte de de-zembro de 1945. É filho de Erdenante Bueno de Camargo e Amenaide Vargas de Camargo. Alfredo é o mais

velho entre os nove irmãos.

A ligação dele com o laço começa lá atrás, com um pedido do avô, João Camargo, que morava em Campo Belo-SC. Antes de morrer, João faz um pedido aos filhos que fossem morar nos Campos de Palmas, porque lá teria muito serviço para trançar laço e também porque naquele lugar ele (Seu João) era conhecido. E assim aconteceu. Com a morte do avô seu pai e seus tios vieram para os campos de Palmas, e se estabeleceram na Colônia Rincão Torcido, no território pertencente ao município de Abelardo Luz SC.

Alfredo foi um dos tantos fi-lhos mais velhos que praticamen-te não tiveram infância, pouco ou quase nada brincaram em função das responsabilidades que a con-dição de primeiro filho lhes impu-nha. Outro fator que dificultava a vida era a distancia de tudo. Então, cabia ao João ajudar a mãe nos serviços de casa e o pai nos servi-ços mais pesados. “Sempre ajudei na lavoura e na plantação de alfafa do pai”, lembra Alfredo ao relatar que aos dez anos ia com o pai nas lidas com os porcos que eram le-vados tropeados até Caçador e Jo-açaba, lembranças que renderam ótimos causos. Entre eles as recor-dações das tropeadas de mulas que vinham do Rio Grande do Sul e iam até Sorocaba. Estas tropea-das faziam pernoite ali na Colônia e seu pai alugava um potreiro de cinco alqueires para 420 mulas. E no outro dia, quando saiam, os tropeiros iam domando mulas. São lembranças que jamais serão esquecidas. Aos 12 anos, trançou seu primeiro laço, era o começo do oficio que carrega até hoje.

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Como pudemos ver nos re-latos feitos até agora, desde mui-to cedo Alfredo aprendeu todo o tipo de lida. Mas isso não o impe-diu de estudar. Era por tempora-da. Estudava quando aparecia um professor na Colônia. Ficava três meses no máximo. Voltava a estu-dar quando o professor retornava à Colônia para mais uma tempo-rada de ensinamento. Assim era o estudo daquela época. Aos dezoito anos Alfredo co-meçou a domar cavalos, lida que aprendeu com o pai e a exerceu durante muitos anos. Só parou com este trabalho há pouco tem-po. Mas a trança ocupou a maior parte do tempo. Trabalhava com o pai e vendiam a produção para todo o Brasil. “Era feita a enco-menda e após 60 dias o vendedor estava lá para buscar os laços e foi assim por muito anos”, nos conta Alfredo.

Aos 24 anos, Alfredo casou-se com Dona Ana Carolina de Qua-dros Camargo, sua inseparável companheira. A cerimônia foi re-alizada na Igreja do Sr Bom Jesus em Palmas-PR. O casal teve cinco filhos:João Cesário, Jânia, Antônio Deodato, Alfredo e Lucas Valério. E Ainda ajudaram a criar três so-brinhos: Carlos Ordenante Santos, Dirceu Viscontim e Marcos Antô-nio de Camargo. Após o casamento Alfredo fez querência na Comunidade Fazen-da Paiol, moradia que fizeram por quarenta anos. O entrevistado nos conta que trabalhava no cam-po durante o dia e a noite, a luz de velas, fazia laço. E, nos finais de se-mana, ia jogar bocha, “mas o jogo era uma forma de ganhar utensí-lios para a casa, por que os jogos sempre estavam valendo alguma coisa”.

Além de bom campeiro, Al-fredo sempre primou pela hones-tidade. “Sempre vendi o melhor couro para a fabricação de laço. Exemplo: couro de novilha para

laço fino e couro de boi mais gros-so era para sovéu”, explica. Em 2003, se transfere com a família para outra morada, no As-sentamento João Batista, municí-pio de Abelardo Luz - SC.

Além de ser muito respeitado na arte de trançar, Alfredo sempre foi visto como um excelente peão, foi pau para toda obra: domador, pealador e guasqueiro, ofícios do campo que ele exercia com exce-lência.

Também é freqüentador de ro-deios. Alfredo é um dos fundado-res do CTG Vaqueanos da Querên-cia do município de Clevelândia e exímio laçador.

homem que leva à todos muito ensinamento, é paciente, comuni-cativo e tem o respeito de todos que o conhecem.

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Por João F. P. Loureiro

CAMPOLINAraça campolina foi criada no Brasil, em Minas Gerais, por volta de 1870, Quando Dom Pedro Segundo ainda governava o país.

Cassiano Campolina foi quem criou a raça que ganhou seu sobreno-me. Cassiano era conhecido por ter os melhores cavalos da região. Aprofun-dou-se em escolher animais de gené-ticas melhoradas com elevado porte, robustos, com resistência e com anda-dura cômodo, pois na época as caval-gadas eram longas.

A Em sua composição o Campolina tem por base o sangue das raças Ber-bere e Andaluz.

Berbere é um cavalo africano que trazido em grande quantidade na épo-ca no Brasil. Foi base para a formação dos primeiros equinos nascidos aqui em nosso país e, na Espanha, um dos formadores do Andaluz.

Andaluz é originário da Península Ibérica, mas foi melhorado na Espanha formando a raça Espanhola e, em Por-tugal, a raça Lusitana, que é uma das

raças mais velhas do mundo e base de quase todas as raças do mundo. (raça da edição passada)

Após o cruzamento do Berbere e do Andaluz, foram usadas mais dez raças para contribuir na composição genética do campolina: Alter, Anglo--Normando, Claydesdale, holstein, American Sadle horse, Mangalarga Marchador, Puro Sangue Inglês, Ol-demburguês, Percheron e Orloff.

Os criadores da raça forma-ram, em 1951, a Associação Brasileira

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de Criadores do Cavalo Campolina (ABCCC) que tem sede em Belo hori-zonte. A partir daí a raça teve que ob-ter padrões raciais e particulares, man-tendo a finalidade de ser um cavalo de sela marchador para trabalho e lazer. Atualmente, no Brasil a raça campoli-na tem aproximadamente 72.000 mil exemplares, em todos os Estados do país. Os criadores de campolina par-ticipam de várias exposições e de um evento particular, que se chama Sema-na do Campolina realizado todo ano em Minas Gerais.

MORFOLOGIA E MARCHA:

Com cabeça convexilínia, com orelhas de tamanho médio para gran-de mais bem implantada na cabeça, pescoço com forma trapezoidal o que é bem diferente de outras raças e pode ser conhecido por isso, de porte gran-de, nobre, com ótima musculatura o que favorece no andamento marcha-dor, atento, porém dócil, fazem com que o campolina seja um cavalo dife-renciado e único.

As pelagens do campolina são: o baio a predominante, alazã, castanha, preta, tordilha e pampa (tobiana).

A marcha que é um estágio de

andadura diferente do trote, com con-forto e não tem momento de suspen-são do cavaleiro, o que deixa a caval-gada mais suave e confortável, assim tornando um cavalo procurado por apreciadores desse quesito.

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CADEIA PRODUTIVA DE TRIGO - BRASILPor:Patoagro

Otrigo chegou às terras brasileiras em 1534, trazi-do por Martim Afonso de Souza, que desembar-cou na capitania de São Vicente.

O clima quente dificultou a expansão da cul-tura. Cartas dos colonizadores registram a falta do trigo e reclamam dos pães preparados com farinha de mandioca.

Foi só na segunda metade do século XVIII que a cultura do trigo começou a se desenvolver no Rio Grande do Sul. Mas, no começo do século XIX, a ferrugem dizimou os trigais. O plantio só foi retomado nos anos 20 do século passado.

A partir da década de 40, as plantações de trigo começaram a expandir no Rio Grande do Sul e no Paraná, que se trans-formou no principal Estado produtor no Brasil.

Pesquisas com sementes permitiram aumentar a área plan-tada e o rendimento da cultura. Em 79 o país teve sua maior área de trigo plantada, com 4 milhões de hectares e pro-duzidas 2,9 milhões de toneladas . A maior produção his-tórica de trigo ocorreu no ano de 87 quando foram produzidas 6,2 milhões de toneladas em uma área de 3,4 milhões de hectares. Para o ano safras 2012/13 o Brasil produzirá cerca de 5 milhões de toneladas em uma área de 2,1 milhões de hectares. Para atender o consumo interno o Brasil estará importando mais 6 mi-lhões de toneladas.

Balanço da oferta e Demanda de trigo no Bra-sil, em 1.000 toneladas.

ESTOQUES

Os estoques brasileiros de trigo tem apresentado uma queda constante nas últimas três safras, com previsão de re-dução em 26% no estoque final para o ano safra 2012/13 em relação a safra 2011/12, o que pode sinalizar preços mais atrativos.

EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO

A produção de trigo tem se mantido com pequenas variações nas últimas 5 safras, concentra-se na região Sul, nos estados de Paraná, com 41% e Rio Grande do Sul, 52%, juntos produzem 90% do trigo nacional. A participação de outros estados ainda é pequena. O levantamento do mês de julho de 2012 da CONAB apresenta uma redução de 26,3% na área de plantio de trigo no Paraná com previsão de queda de 11% na produção deste grão, enquanto o Rio Grande do sul esta aumentando a área de trigo em 10 %. Mas estiman-do uma queda de 10% na produção ocasionada por fatores climáticos.

Quadro 1- Brasil – área, produtividade e produção de trigo por região e unidade da federação

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CONSUMO DE TRIGO

Figura 6 - Consumo de Trigo e Derivados

Em 2011 o Brasil consumiu 11 milhões de toneladas de trigo, consumo per capita de 51 kg/habitante ano, sen-do que a região sul consome 61 kg/hab./ano, porem muito aquém da média mundial que é de 85 kg/hab./ano.

O setor da panificação apresenta o maior percentual de consumo, 54%, seguido pelo setor de massas e uso do-méstico.

IMPORTAÇÃO

O principal fornecedor de trigo em grãos para o país continua sendo a Argentina, seguido pelo Uruguai e Para-guai, a Argentina, conforme o gráfico acima ate abril 2012, foi responsável por 79,5% das importações brasileiras. Apesar do consumo crescente e tendência de permane-cer crescendo, a produção não tem acompanhado o con-sumo o que deve manter o Brasil como um dos principais importadores de trigo no curto prazo devendo ate mesmo importar de países fora do MERCOSUL, podendo reverter este quadro com aumento na produção interna tendo em vista a importância da cultura para a alimentação humana e também a melhoria da qualidade dos materiais produzidos internamente.

Evolução do preço recebido pelo produtor: Quadro 2 - Preços médios pagos ao produtor, período de 7

a 11 de maio de 2011

Agentes de mercado trabalham com perspectiva de preços mais elevados para o trino no ano safra de 2012/13. A produção do MERCOSUL deverá ser de 20,0 milhões de to-neladas, contra 24,0 milhões em 2010/11 e 22,0 milhões em 2011/12.

Os preços mínimos para a cultura do trigo foram rea-justados para a safra 2012, o tipo 1 ph 78 (pão), região sul, teve reajuste na ordem de 5,03% saindo dos R$ 28,62 prati-cados em 2011, para R$30,06 por saca de 60 kg para a safra 2012. Já o trigo (melhorador) passou a ter preço mínimo de R$ 31,50/sc/60kg, reajuste de 5,11%.

TRIGO: SISTEMA AGROINDUSTRIAL

O sistema de industrialização do trigo no Brasil, conta com 229 unidades em atividade distribuídas pelo território nacional, com uma concentração de 77,29% na região sul, Rio grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, com 80, 71 e 26 unidades respectivamente.

O volume processado pelas unidades da região sul corresponde a 43% do montante de trigo moído, sendo o Paraná o maior processador, no ano de 2011 foram 2.430 mil ton. (23%) do volume de trigo moído no Brasil.

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AlessAndro CApri Muliterno

Por Elizeu Kruskievitz Collares

narrador destaque deste mês na Tchê Campeiro é Alessandro Capri Muliterno. Natural de Lagoa Vermelha –RS, possui uma consagra-da carreira de narrador que

já dura 19 anos, que teve inicio ainda na juventude. Aos 19 anos de idade, em uma modesta cancha na localidade de São Brás, no município de Caseiros-RS, onde

O

Conhecimento técnico e vocação para transformar tiro de laço em emoção.

residia, transformou a relação do homem, cavalo e o boi em pura emoção para o público que o escutava. Era o início da carreia como narrador. hoje, aos 32 anos, Alessandro relembra com muito carinho daquele tempo.

A maior motivação no início foram os elogios dos amigos que sempre esti-varam ao seu lado, especialmente José

Correia, Alipio de Quadros, Oscar Collares e, é claro, seus esteios: o pai Fernando Muliterno, a mãe Celeste Capri Muliterno e seu avô Ubirajara Índio Brasil Muliterno. Além de narrador, Alessandro é médico veterinário. Atualmente, é diretor do De-partamento dos Narradores do Rio Gran-de do Sul e faz parte do CTG Alexandre Pato na 8ª RT do Rio Grande do Sul.

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Participou de sete encontros de seleções campeiras nas cidades de Santo Augusto, Cachoeirinha, Julio de Castilho, Palmeira das Missões e três anos em Gra-vataí. Narrou nos Estados de São Paulo, Mato Grosso, Rondônia, Paraná, Santa Ca-tarina e Rio Grande do Sul.

Um dos fatos que marcaram sua carreira aconteceu este ano no 29º Ro-deio Internacional de Vacaria-RS, onde o competidor André Machado perdeu a sua 98ª armada e, assim, sagrou-se cam-peão do laço individual o seu oponente Olivério Neto. Ao final da acirrada dispu-ta, que durou 8h45min, ovacionado pelo público, Olivério Neto recebeu um abra-ço do seu adversário que a partir daquele momento transformou-se em mais um amigo de rodeio !

Para Alessandro, o que lhe dá a sin-tonia fina na hora de narrar é o fato de também ser laçador. Sente, ao narrar, as dificuldades e vantagens que o peão está passando na hora de laçar. Sem dúvidas é um diferencial que ele explora muito bem nas canchas Brasil a afora.

Sempre que pode, Alessandro dá oportunidade aos principiantes. E deixa a dica para os novatos: ler e sempre se atualizar sobre a tradição para ter o em-basamento necessário para a profissão.

Alessandro deixa uma mensagem para os leitores da Tchê Campeiro: “A maioria de vocês tem a melhor oportu-nidade de conhecer a história dentro de casa, com os mais velhos. Portanto, apro-veitem ao máximo seus pais e avós, eles sempre terão o que lhes ensinar ”.

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EntrEvEro dE PinhãoPrato típico da região Sul, o entrevero surgiu com os tropei-ros. É um prato à base de carnes e pinhão.

INGREDIENTES

1/2 kg de alcatra, cortada em pedaços1/2 kg de carne de porco, cortada em pedaços1/2 kg de lingüiça picada100 g de toucinho picado1/2 kg de pinhões cozidos inteiros ou cortados ao meio2 cebolas picadas8 dentes de alho picados1 pimentão verde picado1 pimentão vermelho picado1 cenoura cortada em rodelas3 tomates picados

óleocheiro verdesal a gosto

MODO DE PREPARO

Refogar as carnes pouco a pouco. Reservar.

Em uma panela, de preferência de ferro, refogar o toucinho em um pouco de óleo. Juntar os pimentões e a cebola, re-fogar bem.

Juntar o alho até dourar. Depois juntar a carne, o pinhão e o tomate misturar e verificar o ponto do sal.Colocar por cima um pouco de cheiro verde e servir com arroz.

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Entre as muitas atrações do Treze Tílias Park hotel, a Revista Tchê Campeiro destaca a presen-ça marcante de Amanda Peliciolli que, em noites especiais, canta e encanta durante o jantar, com músicas nacionais e internacionais, proporciona aos hóspedes um jantar muito agradável. Mais tarde no bar do hotel, anima os presentes com um super show de músicas dançantes.

“ Amanda Peliciolli é um expoente da música brasileira e pra nós do Treze Tílias Park hotel é uma honra tê-la cantando aqui, exatamente por acreditarmos que seu talento em breve será reco-nhecido nacionalmente”.

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LEILÃO SOCIEDADE RURAL DE MANGUEIRINHA

Foi realizado no último dia três de junho a XX edição de um dos mais importantes leilões do calendário de Man-guerinha – PR, o Leilão da Sociedade Rural de Mangueiri-nha. O evento aconteceu nas dependências do Centro de Eventos da Sociedade Rural. O leilão contou com a partici-pação de pecuaristas de Mangueirinha e de toda região e as ilustres presenças do prefeito Guimo dos Santos e do vice Ednilson Palaoro.

João Denardin, pecuarista e presidente da sociedade Rural, relata que foram comercializados quase 100% dos 680 animais colocados em pista. “Isso é resultado da boa

procedência e excelente linhagem dos animais o que so-mou aproximadamente um resultado R$ 700 mil Reais”, co-memora Denardin.

O Sucesso do leilão se deve ao trabalho sério e eficien-te da diretoria da Sociedade Rural e associados. João Denar-din destaca a parceria entre a entidade e outras sociedades rurais da região e empresas, entre elas a Pampa Remates e apoio da CODEPA, TAÍSA,VERDE SUL, GALPÕES PRÉ MOLDA-DOS de Mangueirinha. A diretoria agradece a todos os pre-sentes, compradores e vendedores, pelo apoio e sucesso do leilão.

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1º ENCONTRO DE TAURAS DO LAÇO COMPRIDO

A revista Tchê Campeiro esteve nos dias 01, 02, e 03 de julho no 1º Encontro de Tauras do Laço Comprido, nas depen-dências do CTG herança Campeira de Limoeiro, município de água Doce – SC. O evento reuniu 409 laçadores de várias re-giões de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. Entre os competidores, 20 foram premiados e os cinco primeiros ainda foram agraciados com a inscrição para o próximo Encontro de Tauras.

Para os organizadores o evento superou as metas ini-ciais e criou expectativa para as próximas edições. “Agradeço a presença de todos. Na próxima edição vamos aumentar a pre-miação”, garantiu o patrão do CTG herança Campeira, Vicente Ribeiro.

O convite já está feito para a próxima edição. Será nos dias 31 de maio, 01 e 02 de junho de 2013. “Voltem sempre, porque quem cultiva a tradição fortalece a união”, completa Vicente.

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SOCIEDADE RURAL DE PATO BRANCO

LOCAÇÕES PARA EVENTOS (ANIVERSÁRIOS, CASAMENTOS, FORMATURAS)

ESPAÇO PARA 500 (QUINHENTAS) PESSOAS

AMBIENTE CLIMATIzADO

AMPLO ESPAÇO PARA ESTACIONAMENTO

ANEXO AO PARQUE DE EXPOSIÇÕES

INFORMAÇÕES PELOS TELEFONES (46) 3224 2828 e 3225 2510

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3º LEILÃO DA AGROPECUÁRIA SÃO ROQUE

DE PINHAL DE SÃO BENTO-PR A Agropecuária São Roque realizou no dia cinco de maio, na sede da fazenda, o 3º Leilão de Gado Geral. Na oportunida-de foram comercializados 1.202 animais.

Os proprietários DÍLSON N.CAMERA e a esposa MARIA LUCIA GEITTENES CAMERA recepcionaram mais de mil convi-dados entre eles familiares, amigos, parceiros, compradores, lideranças municipais e estaduais.

Neste dia, padre Joacir Chiodi abençoou o recinto de lei-lões, as pessoas que estavam presentes e os animais, pedindo a proteção de São Roque à todos.

Dílson e Maria Lucia agradecem a todos pela presença neste 3º Leilão da Agropecuária São Roque.

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perder a originalidade que é mantida até mesmo no “ canto do mate” onde os clientes são recepcionados com um saboroso chimarrão e uma prosa amiga. A Reinauguração contou com a presença de vários clientes e pecuaristas da região que foram recepcio-nados com a cordialidade já tradicional da família Sa-fra. A nova loja passará a se chamar AGROSAFRA.

INAUGURAÇÃO NOVA LOJA AGROSAFRA

A Revista Tchê Campeiro esteve no dia 11 de Ju-nho de 2012 nas dependências da nova loja Agrotes-ser que reinaugurou em Palmas. A nova loja ampla e moderna fica localizada na rua Vereador Amazonas Fonseca 1500 no centro da cidade de Palmas em anexo a Safra Comercio de Insumos. Sob nova dire-ção a loja conta com estacionamento próprio, um ambiente totalmente moderno e amplo, mas sem

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Venha conferir e tomar um mate conosco.Rua Vereador Amazonas Fonseca, 1500 - 85555 000 - Palmas PR

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CAVALGADA CHEIRO DO CAMPO A Revista Tchê Campeiro esteve no dia 26 de Maio na propriedade da Família Listoni, onde encontramos amigos tradi-cionalistas das cidades de Passos Maiae Ponte Serrada em Santa Catarina e Pal-mas no Paraná.

Palavras dos integrantes da Caval-gada Cheiro do Campo:

“Por mais que tentamos sair do campo, o campo não sai de nós”.

“Por vários anos teimamos em or-ganizar grupos, pajarmos nosso dia-a-dia em outras querências. Criamos inicial-mente a Cia do Trote em Ponte Serrada SC. Em seguida, unimos a Associação Amigos do Cavalo de Passos Maia SC, e mais recentemente nos enfileiramos tam-bém com a Associação Parque das Arau-carias da Fazenda Mãe Izabel – Família Listoni”.

“Em nossa teimosia, não consegui-mos separar os amigos, a canha, o violão, o churrasco, o cavalo e as “pajadas”. E no entrevero seguimos de braços dados ao amigo que nos conforta e protege, sem-pre orientados pelo clarim missioneiro do berrante e aquecidos pelo golpe de “pura” armazenada em guampas. Em nossos passos firmes sabemos que o horizonte esta delimitado pelo ronco da gaita no entorno do fogo de chão. E entre o verde do campo e o azul do infinito armamos nosso acampamento. Pois quanto mais escura a noite mais brilham as estrelas”.

“Em cada trajeto que planejarmos sempre deve ter algo de histórico ou no mínimo folclórico. Que desta vez foi a rea-lização dos dois objetivos”.

“O objetivo histórico foi alcançado com a visita a centenária casa de pedras de propriedade atual da Sra. Zilda e mari-do”.

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“O objetivo folclórico carregou o nome da cavalgada Cheiro do Campo. Onde o próprio nome se encarrega de traduzir a vontade do grupo. Foi a satis-fação total. A realização de um passeio no maior estilo eco- turismo, no lombo do parceiro dos arreios, sentindo o chei-ro de campo e muitas vezes ao som do berrante e do grito de “bamo cavalo”.

“Que trajeto maravilhoso, onde pas-samos por várias fazendas que conservam o seu padrão primitivo, com moradias caracaterísticas e muitas vezes cercadas por taipas de pedras. Por ali nos pergun-tamos: Quantas gerações se passaram! E os capões de mato cheios de pinheiros! Quanta maravilha bem pertinho da gen-te!”

“Em cada cavalgada arrumamos parceiros para recepcionar a tropa. E que tropa! A primeira parada se deu na Fazenda Mãe Izabel, da família Listoni. A recepção foi regada com uma tarde de lida nas mangueiras. A primeira atividade foi a carneação das ovelhas para o jantar. Logo em seguida a castração de novilhos mostrou um lado xucro já pouco pratica-do hoje em dia. Enquanto isso, na cozi-nha estava sendo preparada a farofa com carne para servir o café da manhã do dia seguinte. E ao redor do fogo de chão esta-vam “plantadas” em espetos de guamirim, as ovelhas anteriormente sacrificadas ...”

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“A chegada da cavalgada foi na Fazenda do Norte, no município de Passos Maia –SC, de propriedade da Sra. Zilda Aparecida Stahlschmidt e do Sr. João Batista Ribas Sthalschmidt, onde todos foram recebidos com toda a hospitalidade dos anfitriões. Após a acolhida, todos foram agraciados com o tradicional churrasco acompanhado de saladas. Os participantes e convidados tiveram a oportunidade de conhecer a história da fazenda que hoje pertence a Passos Maia – SC , mas antigamente, relata a proprietária Zilda, “fazia parte de Palmas – PR”.”

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3º RODEIO CRIOLO INTERESTADUAL E 2º CRIOULAÇO - CABANHA SÃO JOÃO BENTO CABANHA CAUNINA E CABANHA PIZZON

A Tchê Campeiro se fez presente nos dias 15, 16 e 17 de junho, na Cabanha São João Bento, na comunidade São Miguel do Canoas em Dois Vizinhos-PR, no 3º Rodeio Crioulo Interes-tadual e 2º Crioulaço das cabanhas São João Bento, Caunina e Pinzzon.

A cabanha São João Bento foi criada dia 7 de maio de 2005. Nestes sete anos de história implantou uma invejável es-trutura que abriga com muitas qualidade os animais criados no espaço. E logo de início se preocuparam com a qualidade ge-nética. Para pai da cabanha, adquiriram numa parceria com Dr. Marcelo Azambuja, Edgar Gelinski e Ronir Vicenzi, o garanhão SOL DE MAIO VENTISQUERO. O animal já deu muitas alegrias a seus

proprietários tanto no campo funcional quanto na reprodução. Foi fundamental a ajuda do amigo Marcelo Azambuja e do téc-nico Jorge Aginelo do Nascimento (Ginho), que lhes deram o norte de sua criação.

Fábio Godoy deixa uma mensagem de agradecimento a todos. “Agradeço a todos que confiaram no trabalho na Ca-banha São João Bento, em especial ao pessoal do piquete São João Bento: Nelson, Fernando, Mauri, Juninho, Vande e Davi que mantém em conjunto com suas famílias e amigos, a nossa estrutura em pé. Obrigado à minha família e, especialmente, a minha esposa Cristiane, meus filhos João Bento e Pedro Otávio por me aguentarem nestes dias de ausência”.

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Resultado do Crioulaço : primeiro lugar - FABIO JACOB e ED-VALDO DOS SANTOS - segundo lugar - FABIO JACOB e EDAVL-DO DOS SANTOS - terceiro lugar - ThIMOTEO ZIGER e TIAGO VICENTIN. Resultado do Rodeio – LAÇO QUINTETO : 1º LUGAR - SAN RAFAEL – 2º - ITAPEJARA DO OESTE –3º - SÃO JORGE DO OESTE – 4°- ALCEU VIGANO

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LEILÃO JH A pista de remates da Sociedade Rural de Pato Branco, Ulisses Viganó, que fica no Parque de Exposi-ções, sediou o 1º Leilão da Agropecuária Jh, realizado no dia 09 de junho de 2012. Os empresários honorato Freitas e Juliana Lopes ofertou em pista mais de 500 animais entre machos, novilhas e vacas.'

Compradores de vários municípios prestigiaram o evento e adquiriram animais.

Destaque para a qualidade do gado. De acordo com os proprietários da Jh Agropecuária, a qualidade

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genética é uma preocupação constante. “É um gado de ótima genética e de uma origem de refinados re-produtores”, garante Juliana Lopes.

O leilão foi programado de forma estratégica. “Esta venda acontece agora pela abundância de pas-tagem de inverno nas propriedades rurais da região. A atividade dos produtores no verão é a agricultura e no inverno a pecuária”, observa Juliana, ao comemorar o

resultado, pois todos os animais foram comercializa-dos com bom preço. Ao final, o volume financeiro superou R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), com destaque para os terneiros que tiveram um bom preço médio.

O evento foi realizado pela Pampa Remates (tem sede em Dois Vizinhos) e promoção da Jh Agropecuária com apoio da Prefeitura Municipal.

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Por: Jorge Aginelo do Nascimento

CRiAçãO DE CRiOuLOs

eguindo nosso trabalho de extensão em relação, principalmente à criação de cavalos crioulos, nesta edição começarei abordar assuntos dirigidos, como

manejo de éguas de cria, manejo de potros, doma, enfim, todos os fato-

res que levam um cavalo crioulo des-de seu acasalamento até resultado final que é a pista. Vamos escrever sobre todos os procedimentos que devemos observar para conseguir-mos fazer de um acasalamento um campeão.

Então, para darmos início a este trabalho, começaremos nesta segunda edição a falar sobre elas, as que produzem os craques, as que necessitam realmente de consistên-cia em suas linhas maternas genéti-cas, pois muitas vezes se fala dos ga-ranhões, ou seja, não se pede quem

SParte II - Manejo de éguas prenhas

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é a mãe de determinada filha com características de vencedora. Nor-malmente, se fala somente sobre o pai e, na maioria das vezes, se esque-ce da mãe que realmente é quem dá consistência e resultado.

Acho que devemos levar muito em consideração a repetibilidade de crias de uma mãe. Eu acredito em éguas que tenham repetibilidade, ou seja, aquelas éguas que tenham mais de um filho bom e, principal-mente, éguas que reproduzam bem com cavalos diferentes. Esta égua realmente é uma boa mãe e, com certeza, se tiver um filho macho, este animal será um bom garanhão.

As mães são o alicerce de uma Cabanha. Por isso, a importância da qualidade genética e também da condição física da mesma. Essas ca-racterísticas somadas ao manejo e cuidado que tivermos com nossas éguas, se tornarão visíveis na quali-dade e desenvolvimento de seus fi-lhos.

Por isso devemos ter cuidados básicos em relação a alimentação e sanidade. Falarei abaixo em relação aos principais cuidados nas éguas de cria.

Não podemos esquecer que o nosso futuro campeão começa sua vida 11 meses antes do nascimento. Uma vez que a égua esteja coberta, o ideal é que por volta dos 15 dias de prenhez seja submetida a uma avaliação ultrassonográfica para ve-rificar se a égua está prenhe ou se a mesma tenha que voltar ao pro-cesso de cobertura, para podermos, no próximo ano, ter um potro com condições de avaliarmos para, futu-ramente, ser um cavalo de compe-tição. Por isso, a importância de uma mãe. Eu pergunto normalmente ao criador quem é a mãe de seu gara-nhão para podermos avaliar ou ima-ginar como ele será na reprodução se não conhecemos sua progênie.

Noticias

1- No dia 30 de junho é o prazo máximo das padreações;2- Sucesso no crioulaço em Dois Vizinhos: aumento de 50% das du-plas em relação ao ultimo ano3- Nos próximos dias a Copa de Laço de Palmas4- O Brasil faz barba, cabelo e bi-gode na FIC: campeão do freio de ouro, freio de prata, freio de bronze.5- Na morfologia grande cam-peão, grande campeã, ...

Curiosidades:

Qual o símbolo do Rio Grande do Sul?

O símbolo do Rio Grande do Sul era o quero-quero, mas a partir de uma indicação de um deputado, com matéria votada na assembléia gaú-cha, o cavalo crioulo foi eleito para, ao lado do quero-quero, ser o sím-bolo do Rio Grande.

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a primeira matéria da coluna Leite em Foco foi destacado que o Sudoeste do Paraná tornou-se a região de maior produção de lei-te do Estado. Além de ser a que mais cresce, também foram relacionados os principais fa-tores que levaram a esse notável crescimento.

É evidente que o Sudoeste do Paraná não está isolado geograficamente e que as suas característi-cas de solo, clima e relevo, características socioculturais, fundiárias e o ambiente institucional, apontados como principais fatores para este crescimento, são as mesmas características encontradas nas regiões Oeste de Santa Catarina e Noroeste do Rio Grande do Sul.

Portanto, não se admiraria o leitor se estas regiões estivessem passando por um processo semelhante ao ve-rificado na região Sudoeste do Paraná. Pois bem, é exata-mente o que está acontecendo, e graças a este acentuado crescimento, a Região Sul do Brasil caminha a passos lar-gos para tornar-se a região com a maior produção de leite do País.

N

A produção de leite no Brasil ocorre em todo território nacional e é bastante heterogenia em relação aos sistemas de produção empregados, contendo desde sistemas de produção de subsistência, até os altamente tecni-ficados, comparáveis aos mais avança-dos no mundo. Nos últimos 20 anos a produção de lei-te brasileira teve um acentuado cresci-mento, saltando de 14,5 bilhões de litros em 1990 para 30,7 bilhões em 2010, co-locando o Brasil na lista dos cinco maio-res produtores de leite do mundo, jun-tamente com os Estados Unidos (85,8 bilhões), Índia (45,1 bilhões), China (35,5 bilhões) e Rússia (32,3 bilhões).

Apesar de presente em todo ter-ritório nacional, a produção de leite não está distribuída geograficamente de maneira homogênea, e encontra--se concentrada em algumas regiões. A concentração regional da pecuária leiteira indica que a atividade passa por um processo de especialização, surgin-do regiões com mais vocação para a produção de leite.

Por: Charles Konzen

Na figura a seguir, elaborada pela brilhante pesquisadora da Embrapa Gado de Leite, Rosangela Zoccal, é possível verificar as áreas com maior

LEitE: o Sul rumo ao topo

concentração da atividade leiteira no Brasil.

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Na figura 01 podemos identificar duas áreas principais com uma grande concentração na produção de leite: as regiões Sul e Sudeste.

Tradicionalmente a região Sudes-te é a que possui a maior produção de leite do país e teve, no período com-preendido entre 1990 a 2010, um cres-cimento da sua produção na ordem de 58%, passando de 6,9 para 10,9 bilhões de litros, porém, sua participação na produção nacional baixou de 47,6% em 1990 para 35,5% em 2010.

Já a região Sul, que possui a se-gunda maior produção do país, teve no mesmo período um crescimento de 190,9%, passando de 3,3 bilhões de litros em 1990, para 9,6 bilhões em 2010, aumentando a sua participação na produção nacional de 22,7% para 31,3% no mesmo período. Mantidas as taxas de crescimento dos últimos anos, a produção de leite da região Sul deve se igualar a produ-ção da região sudeste em 2012, e se não ultrapassá-la neste ano, fazê-lo-á em 2013, como pode ser observado no gráfico a seguir.

Fonte: IBGE / Pesquisa da Pecuária Municipal - Elaboração:Charles Konzen - 2012* Estimativa

É certo que o notá-vel crescimento da pro-dução de leite da região Sul orgulha a todos os que, de alguma forma, contribuem com este processo, porém, o mais relevante neste contexto não é a primeira posição no ranking de regiões produtoras leite do Brasil, e sim o fato de que a con-solidação da bacia leitei-ra regional desencadeia diversos processos que favorecem o produtor de leite e a economia local de maneira geral.

Como exemplos desses processos pode- se destacar a atração de indústrias processa-doras de leite para re-gião, acirrando a concorrência pela matéria prima e elevando o preço do leite. O aumento do preço permite ao produtor aumentar o nível de in-vestimento na atividade, o que atrai mais indústrias fornecedoras de insu-mos, aumentando a concorrência no

mercado, o que leva a redução dos preços dos insumos e, consequente-mente, a redução dos custos de pro-dução. A logística, devido a grande concentração regional da produção, pode ser facilmente melhorada, di-minuindo os custos de captação, o que pode ser revertido em melhores preços para o produtor. O Estado, reconhecendo a vocação e a impor-tância socioeconômica do leite para a região, pode agir estrategicamente para impulsionar ainda mais à ativi-dade, capacitando a mão de obra, os empresários locais, financiando in-vestimentos, pesquisas, promoven-do o produto local com organização de feiras e eventos, entre outros.

Deste modo todos saem ga-nhando produtores, indústria e so-ciedade, juntos num “ciclo virtuoso” de crescimento, tendo o leite como produto chave para impulsionar a economia local.

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uem poderia imaginar que força e suavidade seriam si-nônimo? Na vida da canto-ra Juliana Spanevello essas duas palavras cabem na pal-ma da sua mão. Esse binô-

mio define a trajetória da guria de olhos amendoados, nascida em Faxinal do

Soturno, um município com sete mil habitantes, localizado no

centro-oeste gaúcho. Foi lá que brotou uma flor, capaz de em tenra ida-de já perceber a literal imensidão do pampa e decidir transformá--lo em matéria prima dos seus sonhos. De-

cidiu por cantar sua aldeia, e assim torná-la universal. Foi o que fez!

Q

UmA flOr dO PAmPAPor: Gabriela Mazza / Satolep - Press Mtb: 9838

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gente, coisa típica das famílias de origem italiana esparramadas pelo interior do Es-tado”, observa. Mesmo sem ter resposta para a pergunta das professoras de escola sobre a sua futura profissão, ela sabia que gostava mesmo era de cantar.

Na infância, a rotina da família in-cluía o universo campeiro. Ao lado dos ir-mãos Diego e Carlos, a mais velha do trio demonstrava já cedo seu fascínio pelo campo. “Desde que eu consigo lembrar, sempre tive um afeto muito grande pelos cavalos, e um encantamento com esse universo campeiro, coisas que aprendi com meu pai e que cultivamos até hoje”, resume.

Primeiras influências

Os versos de Gildo de Freitas e Teixeirinha estavam sempre latentes no rádio de Seu Ildo. E foi exatamente pelo incentivo e gosto musical do pai, que Ju-liana conheceu o trabalho do Jayme Ca-etano Braun. “Meu pai sempre teve cole-ções de livros e poesias dele”, diz ela. Três discos em particular estão associados às primeiras emoções da cantora. O primei-ro deles, o LP da sétima edição da Tertúlia Nativista, onde o João de Almeida Neto canta horizonte de Espinhos. “Essa mú-sica me tocava e ainda emociona muito”, relembra. Assim como Frangalhos reme-te ao encantamento dos primeiros pas-sos musicais. Ainda na discografia que habitou as primeiras décadas de vida de menina está o LP “Isto é, Os Serranos”, dos Serranos. “Também no LP “Gauchíssimo” de uma coletânea de clássicos que trazia músicas na voz do José Mendes, marcou muito a minha infância”, observa. Na es-tante da família os LPs das Tertúlias de Santa Maria e de artistas da região central do Estado formavam o universo nativista da família.

Adolescência e o primeiro disco Entre os ensaios familiares e o pri-meiro disco foi um pulo. Com 13 anos de idade, depois de experimentar o universo dos festivais por dois anos, Juliana lan-çou-se ao primeiro grande desafio: gravar o primeiro disco de sua vida. “Lembro que foi uma decisão difícil para meus pais sa-berem se realmente era o momento de

Essa história foi escrita aos poucos, mas na verdade sem prever que um dia as portas do Theatro Municipal do Rio de Janeiro se abririam para acolher a música nativista. Ainda mais personificada na voz feminina e no talento de Juliana Spane-vello. E foi exatamente isso que aconte-ceu no dia 6 de julho de 2011, quando ela representou o Rio Grande do Sul na ca-tegoria Melhor Cantora Regional do 22º Prêmio da Música Brasileira. A indicação surgiu através do CD Pampa e Flor, disco que a trouxe de volta ao universo musi-cal, depois de uma longa pausa. Juliana abriu sua caixinha de memórias nessa entrevista exclusiva para Revista Tchê Campeiro. Para entender sua trajetória é preciso viajar no tempo e voltar à sua in-fância, percorrendo os pagos verdejantes desbravados por essa guria campeira.

Veia italiana

Os acordes tocaram desde muito cedo na casa dos Spanevello. Com menos de cinco anos de idade, os olhos curiosos de Juliana se encantavam quando a mãe, dona Zuleica, empunhava o acordeon. “Lembro dela colocando o violão no meu colo, ensinando os primeiros acordes e também das cantorias das festas de famí-lia”, recorda. O pai, Seu Ildo, desde cedo ensinou aos três filhos que a música e a alegria caminham juntas. Talvez seja ca-racterística do fervente sangue italiano que corre nas veias da família, respon-sável também pela forte ligação entre a prole. “A música era algo intuitivo entre a

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fazer um registro”, complementa. Para colocar em prática o sonho dos Spane-vello eles buscaram suporte de pessoas indicadas por amigos e que integravam o meio musical. Segundo ela, o repertório tinha algumas encomendas de canções específicas pra este trabalho, registrava também algumas músicas com as quais havia participado de festivais e algumas regravações. E assim nasceu Estrela Guria. “As gravações eram feitas em Santa Ma-ria e lembro que foi um processo lento, feito com muito cuidado e dedicação”, salienta. Até hoje ao escutar, ela percebe o quanto o disco ainda é atual em termos de arranjos e qualidade de gravação. “O que o faz antigo é minha voz de criança e o sotaque interiorano marcante, carac-terístico da minha querida cidade natal”, brinca.

Diferente da maioria de meninas da sua idade, a adolescência foi uma fase marcante e atípica. Naquela época ela

viajava bastante em função da música. “Eu já andava bastante pelo Estado, co-nhecia muitos lugares e pessoas, e pela freqüência das conversas com adultos e as constantes entrevistas, aprendi a me expressar com facilidade desde cedo”, ob-serva. Isso não impediu que vivesse cada fase em seu tempo. “Não deixei de viver nada, porém tudo mais comedido e dis-ciplinado já que eu tinha muitos compro-missos com as viagens, aulas de canto, ensaios e gravações”, relata.

Recordações dos festivais

Os festivais foram sem dúvida, o esteio da estrada musical de Juliana Spa-nevello. Por isso a data de julho de 1992 ficará impressa na sua história, pela par-ticipação da Coxilha Piá, em Cruz Alta. “Eu surgi na música gaúcha através da minha participação nos festivais, assim como muitos outros que começaram nesse grande laboratório”, ressalta. Depois veio

a Comparsa, em Pinheiro Machado. “Pri-meiro festival em que interpretei música inédita, em janeiro de 1993”, emociona--se. Na seqüência a Califórnia de Uru-guaiana, um dos festivais mais conheci-dos, precursor desse movimento, onde foi melhor intérprete em 1996 e 1997. Na opinião da cantora, os festivais têm papel essencial na história nativista. Para ela, o espaço além de estimular a produção de novas canções, incentiva a qualidade musical e poética dos trabalhos. “O movi-mento dos festivais não só revela artistas, mas também tem um papel social im-portantíssimo na preservação e dissemi-nação da música gaúcha como aspecto cultural”, salienta.

Entre 1998 e 2002 Juliana dividiu-se entre os palcos e o banco de faculdade, onde cursou Direito. Depois de formada ainda trabalhou na área por dois anos. “Na verdade nunca parei totalmente de cantar, segui nos festivais e em alguns eventos, levando a música como um hobby esporádico”, conta. Recentemen-te ela ratificou sua percepção durante a Sapecada de Lages, em Santa Catarina, onde interpretou Pampa e Flor. “Foi um momento inesquecível e emocionante no palco”, avalia.

Perda e certeza

A morte prematura do irmão foi um divisor de águas na vida de Juliana. Carlos faleceu em junho de 2004 em um acidente de carro. O irmão era também um grande parceiro musical. A tragédia sepultou os planos de futuro dos dois, que incluíam o começo das gravações de um novo trabalho, agendado para julho. “O Mano cantava sempre comigo, desde

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as primeiras apresentações, tínhamos no repertório músicas pra cantar em dueto, e as pessoas adoravam”, relembra. Após ter estudado bateria, ele fazia parte da banda que acompanhava as Mulheres Pampeanas, e tocava com a irmã nos

mais diversos trabalhos. “Além de sermos irmãos, tínhamos toda essa ligação que a música proporciona, trocávamos ideias, debatíamos repertório, apresentávamos trabalhos interessantes um ao outro, via-jávamos juntos”, revive.

A dor da perda precisou de tempo para ser amainada. “Aquele projeto nunca saiu do papel depois do que aconteceu, perdeu o sentido”, resume. Ela conta que além da superação da perda de um irmão, teve de administrar a falta de um grande companheiro musical. “As primeiras vezes que cumpri compromissos relacionados à música sem ele, foram momentos mui-to difíceis”, diz ela. O luto e o carinho da família ajudaram Juliana a se reerguer. “hoje sinto que de alguma forma ele está sempre comigo”, afirma. “Mas queria muito saber as impressões dele sobre o Pampa e Flor, sobre todas as coisas mara-vilhosas que tem acontecido comigo em função deste trabalho”, contemporiza.

Depois do acidente ela optou por ficar mais recolhida. “Fiquei inclinada a estar próxima da minha família e aca-bei trabalhando nos negócios da família de forma cada vez mais intensa de 2004

até 2010”, detalha. Durante esse período intensificou os conhecimentos adminis-trativos, o que hoje é de fundamental importância para tomar decisões na sua carreira.

Inspiração musical

Difícil e injusto definir em apenas um nome as referências musicais que nortearam as escolhas de Juliana. Mas revivendo alguns encontros fica mais fá-cil de conhecer os ídolos que influencia-ram sua formação. “Sempre fui encantada pelo trabalho e legado de comprome-timento da Mercedes Sosa e tive o prazer de assisti-la e trocar algu-mas palavras durante uma apresentação dela no Rio Grande do Sul”, conta. Outra diva ar-gentina que a encanta é Soledad Pastorutti. A cantora que também começou muito cedo a carreira tem a mesma idade que Juliana. “Tive o privilégio de assisti-la muitas vezes, a primeira delas em Buenos Aires, no ano de 2005, onde a conheci pessoalmente e conversamos por um momento”, recorda.

Conhecer e conviver com gran-de parte dos seus ídolos foi mais que um aprendizado, mas um presente na construção de sua história. “Conheci e freqüentei os mesmos palcos de mui-tos deles”, comemora. Mas para ela, se a geração de cantores que a antecede teve como marco inspiratório em Noel Guarany, Cenaír Maicá e Jayme Caeta-no Braun, ela não titubeia ao eleger um nome para definir o seu norte. “Além des-tes ídolos, quero citar o nome da pessoa que mais me influenciou com seu traba-lho: Luiz Marenco”, reforça.

Retorno e encontro

O retorno aos palcos aconteceu de forma gradativa. “Essa vontade sempre esteve comigo, a música é parte insepa-rável de mim”, brinca. Com a proximidade de completar 30 anos Juliana decidiu aos poucos estruturar sua vida para mergu-lhar de corpo e alma na carreira musical. “Acho que eu estava devendo a mim mes-ma este direito de “experimentar” de me dedicar exclusivamente à música, como realização profissional e como meio de vida”, define. As dificuldades comuns na carreira artística não assustaram e servi-ram de combustível para entrar de sola nesta nova fase de vida. “Eu sempre soube que não seria fácil, mas com muita dedi-cação e um pouco de organização se faz tanta coisa”, analisa. E foi exatamente nes-se momento que a vida a brindou a can-

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tora com mais uma surpresa. O destino reservava bem mais do que o encontro entre dois músicos. Acabou apontando a sintonia entre duas almas. Joca Mar-tins e Juliana Spanevello formam uma dupla que sonha a vida junto. O amor trouxe o complemento perfeito para carreira de ambos e o estímulo necessá-rio para seguir a estrada, lado a lado. “O Joca além de parceiro e companheiro, me ajuda a trilhar esse novo caminho, dividindo ideias, objetivos e planos”, ressalta. Além das conquistas serem sa-boreadas à dois, a ajuda mútua e troca de experiências contribui na vida pes-soal e profissional do casal. “O Joca por me inspirar com seu trabalho e sua de-dicação, é um dos maiores responsáveis por eu ter decidido que havia chegado o momento que eu tanto imaginei”, ob-serva.

Do pampa ao Municipal

O CD “Pampa e Flor” marca a en-trega de Juliana Spanevello à música. O disco foi preparado com carinho e mui-to cuidado, seguindo uma linha de re-pertório bem definida, primando pela qualidade conteúdo musical e visual.

“Eu queria que traduzisse a identidade que escolhi pra mim, que me define, o es-pelho da minha alma de mulher gaúcha”, resume. O trabalho traz um repertório com acentuação campeira e folclórica, assumindo um espaço diferenciado da mulher no cenário da música gaúcha e teve a produção executiva de Joca Mar-tins e produção musical de João Marcos Negrinho Martins. O CD ficou como Julia-na imaginava, e teve a participação espe-cial de Luiz Marenco, Joca Martins, Aluísio Rockembach e Fabiano Bacchieri. “Sabí-amos que seria um trabalho que abriria novamente meu espaço de cantora da nossa música gaúcha, mas não tínhamos noção do tamanho da repercussão e do impacto brilhante com o público e na crítica musical”, confessa. Através desse trabalho, pensado e amadurecido com as dores e sabores da alma, Juliana recebeu as indicações de melhor álbum e melhor intérprete no Prêmio Açorianos de Mú-sica Gaúcha. “Estar entre as produções gaúchas lembradas neste prêmio é sem dúvida um reconhecimento que dá aval ao nosso percurso nesta caminhada artís-tica”, avalia.

Para coroar o seu retorno, em ju-lho do ano passado as portas do Theatro Municipal do Rio de Janeiro se abririam para acolher a música nativista. Juliana concorreu na categoria Melhor Cantora

Regional do 22º Prêmio da Música Brasi-leira, pelo CD Pampa e Flor. Ela disputou nada mais, nada menos, do que com Elba Ramalho e Margareth Menezes. “Fizemos um trabalho autêntico, coerente, por isso meu maior orgulho foi ter chegado lá le-vada pela música campeira”, garante. Ela salienta que muitos músicos acabam por mudar de estilo em busca do reconheci-mento, e de espaço fora do Rio Grande do Sul. “Eu tenho orgulho de dizer que não foi preciso fazer isso, que canto o que gos-to e me identifico”, salienta. A experiência no principal núcleo musical brasileiro foi um grande ganho, segundo ela. “Pude perceber muitas coisas que me darão suporte para conduzir meu trabalho, não só nos próximos registros, mas na minha carreira”, orgulha-se. O encantamento da crítica musical com a qualidade do traba-lho desenvolvido nos pampas foi um dos maiores presentes para cantora. “Ainda está muito vivo fora do Rio Grande do Sul um estereótipo de gaúcho que nada tem a ver com a realidade, formatado ao longo do tempo inclusive com a ajuda de artistas gaúchos que contribuíram para isso há tempos atrás”, observa. Por isso perceber a surpresa dos críticos musicais teve um sabor especial. As emoções da música estão só começando para Juliana. Em 2012 está a caminho o próximo disco. “E alguns projetos pra circular com nossa música no sul do Brasil”, complementa. Com previsão de lançamento para este semestre. Ela avisa ainda que em breve deverá surgiu um DVD e algumas ou-tras surpresas. A se basear pela história de vida desta autêntica alma pampea-na, muitos momentos de emoção estão guardados ao longo do caminho.

Ping-pong:- O que é o sucesso? Reconhecimento!- Um sabor de infância? O Risoto da mi-nha Avó Maria!- A palavra mais bonita? Amor - Um luxo? Tecnologia! - Livro marcante? Os do Jayme Caetano Braun - Filme tocante? “O som do coração”- “A música”, entre tantas outras? “Pampa e flor”- Alguém que admira? Meu amor, o Joca! - Se não fosse cantora seria: Frustrada (ri-sos)

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O NEGRO BONIFÁCIO

Por: Dimitri

inte ferros faiscaram; era o Na-dico, eram os outros namora-dos da Tudinha e eram outros que tinham contas a ajustar com aquele tição atrevido.

Perto do negro Bonifácio, sentado sobre um barril, sem ter nada que ver no angu, estava um paisano tocando viola: o negro - pra fazer boca, o malvado! - lar-gou-lhe um revés, tão bem puxado, que atorou os dedos do coitado e o encordo-amento e afundou o tampo do estrumen-to!...

Fechou o salseiro.

O Nadico mandou a adaga e atra-vessou a pelanca do pescoço do negro, roçando na veia artéria; o major tocou-lhe fogo, de pistola, indo a bala, de refilão, lanhar-lhe uma perna.., o ventana quadra-va o corpo, e rebatia os talhos e pontaços que lhe meneavam sem pena.

E calado, estava; só se via no carão preto o branco dos olhos, fuzilando...

Ai!...

Foi um grito doido da Tudinha... e já se viu o Nadico testavilhar e cair, aberto na barriga, com a buchada de fora, golfando sangue!...

No meio do silêncio que se fez, o negro ainda gritou:

- Come agora os meus sobejos!...

Depois, roncou, tal e qual como um porco acuado... e então, foi uma cousa

bárbara!... Em quatro paletadas, desmunhecando uns, cor-tando outros, esgaravatando outros, enquanto o diabo esfrega o olho, o chão ficou estivado de gente estropia-da, espirrando a sangueira naquele reduto.

É verdade também que ele estava todo esfu-racado: a cara, os braços, a camisa, o tirador, as pernas, tinham mais lanhos que a picanha de um reiúno empa-cador: mas não quebrava o corincho, o trabuzana!

Aquilo seria por obra dalguma oração forte, que ele tinha, cosida no corpo. A esse tempo, era tudo um ala-rido pelo acampamento; de todos os lados chovia gente no lugar da briga.

A Tudinha, agarrada ao Nadico, com a cabeça pou-sando-lhe no colo, beijando--lhe ela os olhos embaciados e a boca já morrente, ali, naquela hora braba, à vista de todo o mundo e dos outros seus na-morados, que se esvaíam, sem um con-solo nem das suas mãos nem das puas lágrimas, a Tudinha mostrava mesmo que o seu camote preferido era aquele, que primeiro desfeiteou e cortou o negro, por causa dela...

Foi então que um gaúcho gade-

lhudo, mui alto, canhoto, desprendeu da cintura as boleadeiras e fê-las roncar por cima da cabeça... e quando ia a soltá-las, zunindo, com força pra rebentar as coste-las dum boi manso, e que o negro estava cocando o tiro, de facão pronto pra cortar as sogas... nesse mesmo momento e ins-tante a velha Fermina entrou na roda, e li-geira como um gato, varejou no Bonifácio uma chocolateira de água fervendo, que trazia na mão, do chimarrão que estava chupando...

VPARTE 2

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O negro urrou como um touro na capa...; a rumo no mais avançou o braço, e fincou e suspendeu, levantou a velha, estorcendo--se, atravessada no facão até o esse...; ao mesmo tempo, mandado por pulso de homem um bolaço cantou-lhe no tampo da cabeça e logo outro, no costilhar, e o negro caiu, como boi desnucado, de boca aberta, a língua pontuda, mexendo em tremura uma perna, onde a roseta da chi-lena Unia, miúdo...

Patrício, escuite!

Vi então o que é uma mulher rabiosa...: não há maneia nem buçal que sujeite: é pior que homem!...

A Tudinha já não chorava, não; entre o Nadico, morto, e a velha Fermina estre-buchando, a moro-cha mais linda que tenho visto, saltou em cima do Bonifá-cio, tirou-lhe da mão sem força o facão e vazou os olhos do negro, retalhou-lhe a cara, de ponta e de corte... e por fim, es-pumando e rindo-se, desatinada - bonita, sempre! - ajoelhou-se ao lado do corpo e pegando o facão como quem finca uma estaca, tateou no negro sobre a bexiga, pra baixo um pouco - vancê compreen-de?... - e uma, duas, dez, vinte, cinqüenta vezes cravou o ferro afiado, como quem espicaça uma cruzeira numa toca... como quem quer estraçalhar uma causa nojen-ta... como quem quer reduzir a miangos uma prenda que foi querida e na hora é odiada!...

Em roda, a gauchada mirava, de sobran-celhas rugadas, porém quieta: ninguém apadrinhou o defunto.

Nisto um sujeito que vinha a meia rédea sofrenou o cavalo quase em cima da gen-te: era o juiz de paz.

Mais tarde vim a saber que o negro Bo-

nifácio fora o primeiro a... a amanonsiar a Tudinha; que ao depois tomara novos amores com outra fulana, uma piguan-cha de cara chata, beiçuda; e que naquele dia, para se mostrar, trouxera na garupa a novata, às carreiras, só de pirraça, para en-canzinar, para tourear a Tudinha, que bem viu, e que apesar dos arrastados de asa daquela moçada e sobretudo do Nadico, que já a convidara para se acolherar com ele, sentira-se picada, agoniada da desfei-ta que só ela e o negro entendiam bem...; por isso é que ela ficou como cobra que perdeu o veneno...

Escuite.

Até hoje me intriga, isto: como uma mo-rena, tão linda, entregou-se a um negro, tão feio?...

Seria de medo, por ele ser mau?... Seria por bobice de inocente?... Por ele ser for-çudo e ela, franzina?... Seria por...

Que, de qualquer forma, ela vingou-se, isso, vingou-se...; mas o resto que ela fez no corpo do negro? Foi como um perdão pedido ao Nadico ou um despique toma-do da outra, da piguancha beiçuda?...

Ah! mulheres!...

Estancieiras ou peonas, é tudo a mesma cousa... tudo é bicho caborteiro...; a mais santinha tem mais malícia que um sorro velho!...

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Felipe SilveiraPor: Diego Funari

Na Infância seus pais, sua família, sempre ouviam muita música regional, mexicana inclusive, “Me recordo que nos dias de junção da família, o rádio sempre tocava um vinil ou uma fita com a música La Malagueña, de Miguel Aceves Mejía, e outra que me recordo muito é valsa Úl-tima Lembrança, de Luiz Menezes, entre outras”, nos conta Felipe. Músicas essas, que lhe fizeram despertar o gosto pela música regional desde criança. E dessa forma, com uns dez anos de idade apro-ximadamente, conheceu Darlan Muniz de Mello, um grande incentivador, um

novo amigo embora as idades fossem disparelhas, guasqueiro, compositor e violonista. Foi quem lhe ensinou as pri-meiras músicas que tanto gostava: Noel Guarany, Telmo de Lima Freitas, Zé Cláu-dio, Pedro Ortaça, entre outros. Também recorda de ficar ouvindo as músicas numa fita, num rádio lá da casa em Bom Retiro, tentando aprender as músicas. Uns anos depois quando compraram o primeiro aparelho que tocava CD, facili-tou sua minha vida, (risos).

Com 15 anos, foi estudar em um Co-

músico e compositor, que concilia a música com os estudos em Direito. Natural de Bom Retiro, na Serra Catarinense, nascido em 06/10/1985. Filho de Jackson Luis Borges Sil-veira e Maria Elizete da Silva Silveira. O desta-que deste mês, você Leitor confere agora nas linhas da Tche Campeiro um pouco da vida do Musico/Compositor Felipe Silveira.

légio Interno, Agrícola, em São José do Cerrito. Ali se respirava música nativista, violão, rodas de mate, cavalo. “Nós íamos de bombacha pra aula, os professores tomavam mate conosco. E por serem a grande maioria dos alunos e docentes da Serra de SC, a música nativista predomi-nava e, por conseqüência, os que gos-tavam de tocar violão e compor, tinham ali um público puro, verdadeiro e amigo”, lembra com saudades.

Com 16 anos, foi convidado pra to-car violão num grupo de baile. “Cheguei

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sonho depois de muito trabalho”, lembra Felipe com muito orgulho.

Atualmente Felipe reside em Florianó-polis, mas seus pais ainda moram em Bom Retiro, e seguidamente esta por lá. “Ain-da tenho meus cachorros, meus cavalos, meus apêros, tudo isso fez e sempre fará parte da minha vida. Minha família são os meus maiores incentivadores, merecedo-res de todo respeito e amor que dedico e devo a eles. Pela segurança, pelos costu-mes, pela educação que me deram e ainda dão, por me darem a chance de participar deste mundo tão bom”, enaltece Felipe.

Este ano Felipe conclui a faculdade de Direito, também o projeto CANCIONEIROS. E alimenta um projeto que tem para mais adiante, na hora certa, que é fazer um dis-co solo, de composições próprias e de par-cerias com alguns amigos do seu coração.

a tocar uns 10 bailes, mas percebi que ainda não era bem isso que eu gostava. Foi quando comecei a tomar gosto por tentar compor as minhas próprias músi-cas, músicas que eu acreditava, de versos e melodias que eu sonhava, achava bo-nito, verdadeiro. Embora ainda infantil e talvez imaturo, cheguei a compor algu-mas músicas nesse período, nada que efetivamente me agrade hoje, embora tenha um carinho especial, mas foi um começo importante e sadio”, ressalta o entrevistado. Felipe iniciou na música juntamente com o Grupo Floreio Nativo, grupo que ajudou a criar em 2005 e com quem, em 2010, lançou o CD Investida (sendo esta, entre outras de sua autoria). Atualmente, Felipe Silveira participa do projeto do Grupo Cancioneiros, que está em fase de gravação e deverá ser lançado ainda em 2012. Também acompanha alguns can-tores e grupos regionais.

Participou, com premiações, em fes-tivais como Nevada da Canção, de São Joaquim; Ronda da Canção Gaúcha, de Lages; Carreteada de Santa Maria; Gal-poneira de Bagé; festival Pampa e Cerra-do, de Brasília; Festival da Música e Inte-gração Catarinense – FEMIC; e recebeu o troféu destaque como instrumentista no 10º Pouso do Corredor de Canto e Poesia, de Lages. Participou também da Sapeca-da da Canção, onde teve importantes participações e parcerias, como nas com-posições Quando Tomba um Pinheiro, Guardião das Pedras de Cima, Quando a Milonga Apear e O Rastro de Uma Parti-da, e também na 20 ª edição do festival atuou como jurado.

“Embora acredite nos festivais e os veja com muito bons olhos, como uma vitrine, um veículo de divulgação de um trabalho, penso que os festivais não são balizas e parâmetros para se julgar a arte, pois não é raro ver compositores e intérpretes focados e preocupados especificamente com o festival, como produtos de festival, e aos poucos per-dendo a honestidade das composições por isso. Bem como, num festival, há que se adotar alguns critérios técnicos para o resultado. Dessa forma, nem sempre contemplando a todas as boas músicas. Porém, se tem hoje grandes nomes da música regional que nasce-ram nos palcos dos festivais e soube-ram tirar o melhor dele para sua arte”, relata Felipe

Sobre os momentos de grande importância de sua vida Felipe nos res-ponde assim: “Vários são os momentos mais importantes. Cada etapa com a sua devida importância, como se cada uma fosse a velha escada que nos con-duz para o bem, pois assim é a músi-ca, o verso, tem o poder de nos trazer pessoas do bem, pessoas que com-partilham e buscam algum sabimento. Esses momentos com os amigos são os mais importantes, e devem ser vividos com ardor, aqui, agora, no presente”, destaca.

Felipe também nos fala sobre um show que marcou a sua vida: “O Show de lançamento do CD Investida, do grupo Floreio Nativo no Teatro álvaro de Carvalho –TAC. Lotamos o teatro, foi lindo, o som era bom, o local, as pes-soas, os sorrisos, foi a realização de um

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INVESTIDA

A tropa amarga a boca lambendo sal no rodeio,Derrepente um berro grosso vi brotar de um boi matreiro,

A cuscada se alvorota pressentindo o boi no chão,O laço é um tiro certeiro no meio da imensidão.

Chega outro no costado passa a cola no entre-pernasO boi forceja e bufa forte chega “inté” de me dar penaEsperneia e tenta a luta, mirando as aspas pra o norte

A peleia ta firmada pra vencer quem for mais forte.

Meu gateado que é campeiro, sabe onde aperta a cinchaNão afrouxa nenhum um tento, conhece bem do serviço

O boi já quase ser forças, num olhar já de vencidoSenta a cola no chão, do campo onde foi parido.

Toda vez que me enforquilho pra mais um dia de lidaÉ uma liturgia sagrada, que o campeiro não se olvida,

Tem firmado em seu ofício, o compromisso campesinoCampanudo nos arreios, que amadrinham o seu destino.

Volto “às casa” ao tranco largo no compasso do gateado,Desato as garras e as esporas, estendo as xergas no aramado

Me agrada um mate bem cevado, na silhueta do galpão,A investida foi terrunha, ta cumprida à obrigação.

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az tempo que quero escre-ver sobre este grande nome da musica romântica nati-vista que alem de um baita cantor, é dono da voz mais

suave do meio nativista, estou falando de. Jairo Alvino Fernandes - O Lambari.

Conheci seu trabalho em 2002 no seu primeiro Cd, e fiquei fascinado pelo seu timbre de voz e por tão lindas melodias. Nascido em 13 de Julho de 1967, Jairo Lambari, teve sua infância na mes-ma cidade onde nasceu, Cacequi , RS.

FPor Cleverson Ramão Marques Pinto

Morou durante seis anos no in-terior de Cacequi trabalhando como peão de campo na localidade do “Ma-caco Branco” na granja Sta. Terezinha onde foi descoberto por Joarez Fialho, o qual apresentou Jairo para Jaime Brum Carlos, poeta e compositor, de praticamente todos os festivais do Es-tado, com varias premiações.

Foi Jaime quem o levou para seu primeiro Festival Nativista na cidade de Santa Maria,na 14ª Tertúlia Nativista. Desde então, vem obtendo premia-ções em diversos festivais, nos quais se destacam o 1º lugar no Minuano da Canção Nativa,

Jairo Lambari Fernandes 1º lugar no Ponche Verde da Can-ção Gaúcha, 1º lugar na Sapecada da Canção Nativa e vencedor da linha Li-vre da XX Califórnia de Uruguaiana.

Conquistou o Troféu Revelação da Música Regional no prêmio Aço-rianos de música no ano de 2001. Pos-sui três CDs gravados Intitulados: “De Flor e Luna”2002, “Buena Vida”2004 e “Cena de Campo” 2011. Baita Conhe-cedor da lida campeira Jairo Lambari Fernandes vem retratando em seus trabalhos a vida do homem do campo, mas nunca esquecendo o romantismo do homem rural, marca registrada de sua carreira.

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Romance de Flor e Luna

Em Quando um dia Rosaflor chegou no rancho Am Pequeno mundo num fundão de corredor D Enxergou um pingo baio encilhado G B7 E um gaúcho com um gateado no fiador

Am D Mariano Luna domador seguia os ventos G Em Trazendo mansos pra cambiar pelas estradas Am Em E a Rosa flor filha mais moça do seu Nico C B7 Lavava roupa junto às pedras da aguada

Am D Rosa flor num riso manso e buenas noite G Em Entrou no rancho com seus olhos de querer Am Em Mariano Luna com suas pilchas já puídas

C B7 Disse a moça um outro buenas sem dizer, E E7 sem dizer

A G#m7 (Mariano Luna que tinha lua nos olhos

F#m7 E Entregou esse clarão aos olhos dela A G#m7 E apagou a luz extrema que continha F#m7 B7 Da outra lua que apontava na janela

A G#m7 A lavadeira pouco sabia das luas A G#m7 E ainda menos dos olhares que elas têm A G#m7 E descobriu então nos olhos do andante F#m7 B7 Que de amores nem as flores sabem bem A B7 E Que de amores nem as flores sabem bem

Intr.o E Am D G C Am B C B

Em O domador que só sabias desses campos Am Sabia pouco do azul que vem das flores D Mas descobriu depois de léguas de estra-das

G Em Que há muito tempo não cuidava seus amores

Am D De flor e luna se enfeitou o rancho tosco G Em Pequeno mundo num fundão de corredor Am Em Que sem saber ficou mais claro e mais silente C B7 Depois que lua debruçou-se sobre a flor

Am D Ficou a estrada sem ninguém pra ir embora G Em E risos largos diferentes do normal Am Em Um baio manso pastando pelo potreiro C B7 E bombachas limpas pendurada no varal, Em E7no varal

Dica do colunista:

Bueno indiada! Esta música parece fácil, mas não é. Devemos prestar muita aten-ção nas trocas de posição que fazem toda a diferença por ela ser uma canção dedi-lhada, com ênfase nas notas mais graves aproveitando este momento para fazer a troca.

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Por: Elizeu Kruzkievitz Collares

O chapéu gaúchO

AAntes da chegada do bran-co, o índio não usava qual-quer tipo de cobertura. Quando muito, prendia os cabelos com fita de couro ou de fibra vegetal que os

castelhanos chamam de vincha. De resto, a farta cabeleira protegia a ca-beça do sol e da chuva.

Os portugueses trouxeram dois tipos de chapéu: o de feltro, de copa alta, e o de palha, comumente chamado de “abeiro”. O chapéu de feltro era caro, usado normalmente por homens de posse. O de palha (de arroz, de trigo ou de milho) era do homem comum e da gurizada das estâncias. Militares, magistrados e pessoas importantes usavam até a primeira metade do século 19 o chapéu bicórnio estilo napoleônico, conforme descrição dos cronistas do passado e de pinturas de Jean-Bap-tiste Debret, substituído depois pelo chapéu tricórnio.

Após a guerra do Paraguai, a copa do chapéu de feltro vai se achatar e a aba do chapéu ficará mais larga, tomando as formas que o chapéu campeiro gauchesco os-tenta até hoje, invariavelmente pre-so por um barbicacho que passava por baixo do queixo ou abaixo do lábio inferior. O barbicacho surgiu pela necessidade de fixar o chapéu à cabeça durante o ato de cavalgar, sobretudo nas galopadas. O chapéu do tropeiro sempre foi característi-co: para não juntar água em caso de chuva, a copa era, e ainda é, amassa-da em forma de pirâmide. O gaúcho da fronteira gosta de usar o chapéu de feltro com abas mais ou menos retas, como o chapéu português do campino ribatejano. Já o gaúcho serrano tradicionalmente usava o chapéu desabado na frente e atrás. Depois do advento do cinema e do caubói, o gaúcho serrano passou a

levantar as abas do chapéu dos dois lados.

O chapéu de palha, que tem en-tre nós a própria idade do Rio Gran-de do Sul, ainda é o chapéu por exce-lência do guri gaúcho. Com a chega-da dos colonos alemães e italianos, o chapéu de palha se popularizou ainda mais, mas sofre de preconcei-to por parte dos tradicionalistas, que tendem a identificá-lo com o chapéu do caipira paulista.

Mas o chapéu mais tipicamen-te gauchesco, o mais original, era o “chapéu pança de burro”, cortado cir-cularmente da barriga de um muar e amoldado, ainda fresco, na cabeça de um palanque. Com o uso, perdia o pêlo e tomava uma cor esbranqui-çada, conforme aparece em quadros de Debret.

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A GAitAPor: Maickel Martins

A gaita é um instrumento milenar que tem sua origem na China, por volta de 3000 anos Antes de Cristo. Nessa época os chineses desenvolveram o que seria o pai do ‘harmónio’ e do ‘Accordeon’, instrumento de bambu com três partes definidas tendo o formato de fênix. Depois da longa jornada percorrendo por distintas mãos europeias, o instrumento de sopro cujo nome é ‘Tcheng’, passa por severas modificações e chega ao Rio Grande do Sul com a guerra do Paraguai.

A gaita se aquerenciou na pampa, passou a tocar nossa cultura, a retratar nossa história e fazer parte do ideal de um povo. Era um mundo novo a se conquistar, mas pra quem trás em suas raízes o ‘Tchê’ dentro da alma, de certo receberia toda hospitalidade deste lugar.

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ALMA PAMPAAutor: Maickel Martins

Um sopro de vida escorre por minhas veiasTranscendendo a imagem do tempoAo além de um toque natural.O vento cimbra em minhas palhetasFazendo nascer o som,Quando as mãos de um gaiteiroSe encontram com o emocional.

Eu sou milenar...

Arte cria oriental,No sopro que rege o bambu ALBINO MANIQUESonorizando a cultura de um povo.Eu nasci, revivi e transformeiNo timbre suave da fênixDas cinzas me reinventei.

Eu sou chinês, sou “Tcheng”,O pai vitalício da “Harmónio”Irmão por inteiro do “Accordeon”.

Pra chegar até aquiPercorri pelas mãos da EuropaDa Rússia fui pra AlemanhaE da França rumei para Itália.Harmonizei melodias ousadas,

Com fole eu virei AcordeãoE, no registro da inspiraçãoDo sentimento hábil de um ‘taita’Me fiz de piano e botão Ganhando o nome de Gaita.Lembro o cheiro da guerraQue me trouxe a este rincão,Tocada por mãos da TerraRetratando a sua história,Quantas vezes num galpãoRecordo em minha memóriaUm paisano de costadoCantar o seu povo com glória.

Então, me aquerenciei... Fiz pátria e morada no sul,Levando dentro da alma o verde das sesmarias

Boleando potros e “inãndú”.No espelho calmo das águasJá fui verso e inspiraçãoTrazendo “recuerdo” dos matesNas longas tardes de verão.

Pradarias, serra e marEu sou o Rio Grande a tocarPelo duro e entonadoNa pua do galo prateadoOu no sangue que escorre no bicoPra ‘maula’ nenhum eu não me ‘achico’Num floreio debochadoPelos dedos que se aninham Contando tudo que fizFica gravada minha história Encravando minha raiz

Por isso me sinto gaúchaMesmo antes de ser o que souHá 3000 mil anos antes do SenhorBatizaram o meu pai pela estampaContando tudo que fizSó pode ter a alma pampa

Albino Manique

Edson Dutra

Adelar Brtussi

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Família Azzolini

A estrada é longa para quem dedica seus dias a percorrer as notas musicais den-tro da alma de um instrumento, grandes nomes que fizeram pátria no fole da gaita estão diariamente tocando o tradicionalis-mo com a ponta de seus dedos. Recente-mente eu tive a honra de participar do mais recente trabalho de uma família que assim como a minha vive do tradicionalismo, me refiro a família Azzolini, que lançou no mer-cado o trabalho com o nome de Musical Família Azzolini – Alma de Gaita.

ALMA DE GAITAAutor: Maickel Martins

O coração de gaiteiro Pulsa na ponta dos dedosNo dueto c’um a alma da gaitaDesentoca mil segredos

Recosta o fole no peitoNum gemido quase choroA alma da gaita e o gaiteiro É um casal em namoro

Refrão...No timbre de uma cordeonaAlmas gêmeas são um somMesclando os botões e dedosVão aflorando os dons São serenatas de campoQue tocam além dos seusA alma da gaita é o gaiteiro

Thaina Azzolini

Tocando com a mão de DeusNo contraponto do acorde O olhar fica perdidoBusca pra si inspiraçãoPra agradar os seus ouvidos

A alma da gaita é o sentidoDo gaiteiro é o pulmãoEm cada nota o sonido Pra compor uma oração

Ao amigo Gabriel Ferreira ‘TEU SOM’Vão se encordoando as notase rumando a um mesmo som,vai se aninhando nos dedos quem chama-mos inspiração.

Vai se atrelando aos dias uma lista de cançãoque fica marcando a vida pelo toque do coração.

Moço de feição sorridenteum jeito inocente e bondade no olhar,moço que plantou pé no chãoorgulhoso de si pra nunca mais chorar.

Não deixe que o orgulho vença suas bar-reirasnão deixe que línguas em pua te alcancem os ouvidos,não deixe que o som do coração fique es-quecido.

Nos passos, nos trilhoscaminhos passadosficaram marcados os olhos que choram,lágrimas de ternura ou felicidade

Gabriel R. Ferreira

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Por Centauro

MANEJO SANITÁRIO DOS EQUINOS

Muitas são as doen-ças que acometem os eqüinos e que podem ser prevenidas através da vacinação. Algu-mas são obrigatórias,

outras são zoonoses (afetam também ao homem) e outras são problemas de saúde exclusivos dos eqüinos, mas que podem e devem ser prática co-mum.De uma forma geral, na maioria das doenças que podem ser prevenidas por vacinação, deve-se proceder a um esquema anual de vacinas, iniciando--se em potros aos 4 meses de idade, com reforço após 30 dias e depois anualmente com dose única. No caso de animais adultos em primovaci-nação (vacinação feita pela primeira vez), também se procede a um refor-ço após 30 dias e depois anualmen-te, com dose única. Exceções podem ocorrer dependendo da vacina, então devemos observar atentamente as instruções do fabricante ou ao crité-rio do médico veterinário. Em geral a imunidade se estabelece a partir do 10º dia após a segunda dose.

As principais patologias que afe-tam o cavalo e que podem ser contro-ladas através da vacinação são descri-tas a seguir.TÉTANO

O tétano é uma doença alta-mente fatal, causada por toxinas produzidas pela bactéria clostridium tetani, essa bactéria é encontrado no ambiente (solo ou fezes) em todo o mundo. A infecção ocorre mais co-

mumente por ferimentos, mas qualquer situação de anaerobiose contami-nada pode levar ao de-senvolvimento. Alguns dos sinais clínicos da doença são: andar rígi-do, Rigidez muscular generalizada, principalmente nos músculos de sustentação, o que leva a uma postura típica de “cavalete”, Tris-mo (“mandíbula travada”), Prolapso de terceira pálpebra e hiperestesia (si-nais de espasmos musculares podem ser exacerbados por ruído, luz ou estí-mulo táctil súbito).

FIGURA 1: Prolapso de terceira pálpe-bra

INFLUENzA EQUINA

A Influenza Equina é uma enfer-midade infecciosa do sistema respira-tório de grande importância econô-mica nos equinos, principalmente nos animais de esporte. Sua distribuição é mundial e acomete mais frequente-mente animais jovens, ocorrendo tam-bém em adultos. O quadro respiratório é caracterizado por: tosse; febre; apa-tia; redução do apetite; secreção nasal

FIGURA 2: Animal em posição de cavalete

serosa podendo evoluir para mucopu-rulenta se houver infecção bacteriana secundária. Grandes concentrações de equinos (provas, eventos, torneios, etc.) favorecem o início de um sur-to. Os animais podem se infectar em qualquer época do ano, mas surtos ocorrem com maior frequência no in-verno e primavera.

FiGURA 3: Corrimento nasal seroso.

ENCEFALOMIELITE

É uma doença viral infecto-con-tagiosa caracterizada por sinais neuro-lógicos de perturbação da consciência, disfunção motora e paralisia, transmitida por picadas de insetos ou artrópodes. As variedades existentes no Brasil até o pre-sente momento não são transmissíveis

M

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ao homem, mas em outros países as va-riedades encontradas podem afetar o ser humano. Por ser altamente contagiosa, de tratamento difícil, deve ser prevenida pela vacinação.

FIGURA 4: Animal com deficiência neuro-lógica

HERPES VIRUS

O herpes Vírus pode causar o Abor-to Eqüino em fêmeas prenhes entre o 7º e 10º mês de gestação e Rinopneumoni-te em animais jovens, além de, em alguns casos, incoordenação motora. A doença não tem tratamento específico trazendo prejuízos de ordem reprodutiva para as fêmeas e debilitando os animais jovens, comprometendo seu desempenho, além destes animais se tornarem transmisso-res do vírus.FIGURA 5: Aborto no 10 mês de gestação

GARROTILHO

Doença contagiosa aguda causada pelo streptococcus equi. . Seus principais sintomas são: inapetência, abatimento, febre alta (40-41ºC), respiração difícil e acelerada, mucosa avermelhada, apare-cendo depois de 2-3 dias uma descarga mucopurulenta e depois purulenta pelas narinas, pode haver tosse, que perdure por várias semanas. Ataca de preferência animais novos ( de 6 meses a 5 anos), po-rém ocorre também em adultos. Aparece, normalmente em locais de agrupamen-to de animais, pois o germe é facilmen-te transmitido através de bebedouros e comedouros de uso comum, pois invade o organismo com os alimentos e água contaminados. há animais resistêntes portadores, que não apresentam sinto-mas da doença mas a disseminam, dando origem a surtos inesperados. Os animais doentes precisam ser isolados.

FIG. 6: Corrimento nasal mucopurulento.

RAIVA

A Raiva é uma das principais do-enças que devem ser prevenidas pela vacinação. Além de não ter cura, é trans-missível ao homem, podendo levar tanto um como outro à morte. A transmissão pode ocorrer por mordida de morce-gos, raposas, cães e contato com outros animais contaminados. Como não tem cura a única solução é o sacrifício do animal. Em alguns estados brasileiros a vacinação está obrigatória, sendo a GTA (Guia de Trânsito Animal) emitida somente com apresentação de atesta-do de vacinação.

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Abiec: possível AberturA de mer-cAdos Após vAcA loucA nos euA

Por Centauro

A ocorrência de um caso de do-ença de vaca louca nos Estados Unidos abre a possibilidade de o Brasil entrar em mercados em que ainda não está presente. “Esta oportunidade é mais do que a alternativa de ganhar fatias destinadas à carne bovina norte-ame-ricana” disse Antonio Camardelli, pre-sidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Carne Bovina (Abiec).Entre estes mercados, Camardelli cita a Coreia do Sul, Japão, Taiwan e Indo-nésia, países que tradicionalmente pagam mais pela carne bovina. A Indo-nésia, que enviou equipe técnica por duas vezes ao Brasil no ano passado, já conta uma lista de propriedades ha-bilitadas a exportar para aquele país, mas até o momento não foram feitos embarques.

Camardelli observa que a ex-pectativa dos exportadores brasileiros não é ocupar fatia destinada aos EUA, por causa das diferenças no produ-to ofertado. Ele explica que a carne

norte-americana é caracterizada pelo “marmoreio”, ou seja, é entremeada por gordura, diferentemente da carne brasileira.

Apesar de vislumbrar oportuni-dades para o Brasil, Camardelli pondera que a descoberta da doença levanta um outro aspec-to que afeta o setor de um modo geral, que é a conotação negativa para o consumidor em relação ao produto.

As exportações de carne bovina do Brasil cresceram grada-tivamente na última década, re-flexo do aumento da produção, preços

mais baixos e boa qualidade do produto. Mas os embarques ti-veram salto mais expressivo em 2004 e 2005, período posterior à descoberta do caso de vaca louca, em dezembro de 2003 nos EUA.

O executivo ressaltou que no próximo mês, o Brasil será ele-

vado ao status de risco 1 (menor risco) para a doença da vaca louca pela Or-ganização Mundial da Saúde Animal (OIE), que colocará o país em grupo

com maior abertura no mercado inter-nacional.

Segundo ele, esta classificação permitirá ao Brasil retomar as exporta-ções de tripa para a Europa e também deixa o país em posição de exportar carne com osso, para alguns países como a Turquia.

Fonte: Reuters, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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Por Elizeu Colares

ArtesAniA CrioulA Com sotAque Argentino

esta edição, nosso artesão vem das bandas de Bue-nos Aires. Estamos falan-do do artesão argentino Benedicto José Colantino,

nascido em 29 de março de 1960, em Laprida, província de Buenos Aires, onde mora até hoje.

Seus pais faleceram cedo, quan-do Benedicto tinha ainda dez anos de idade, mas o tempo de convivên-cia foi suficiente para tomar gosto pela arte que ele fazia. “Felizmente me deixou um gosto pelas guascas.

Depois disso tive vários profes-sores e alguns guasqueiros ex-perientes que me ensinaram algumas coisas!”, conta.

Co l a nt i n o é artesão por vocação, ama o que faz! Vive da sua arte, fazendo oficinas e workshops, passando para

outras pessoas seus conhecimen-tos acumulados ao longo do tem-po.

Busca ins-piração na ob-servação da vida, nas coisas que já viu, na sugestão de cada cliente e de trabalhos de outros guasquei-ros nos quais se espelha. Sua arte está espalhada na América Latina e na Europa. “Eu te-nho obras minha na Espanha, no Chile, Venezuela e no Brasil”, garante.

Embora, ao seu ver, existam algumas distorções sobre tradição e o que se vivia no campo antigamente, acredi-ta que “há um ressurgimento do tra-dicionalismo. A juventude de hoje é muito curiosa. De alguma forma há um bom relacionamento com o tra-dicionalismo”, constata.

Em função da dedicação e serie-dade na arte, Colantino é reconheci-do entre os guasqueiros. “Felizmente sou convidado com freqüência para mostras de artesanato e muitas reu-niões , nas quais posso mostrar e divulgar meu trabalho. Além guas-queiros, outros artesões participam, ficam conhecidos e compartilham idéias e trabalho”, explica ao afirmar que o negócio que é gerado nestes encontros também se transforma em evento cultural e, por isso, de alguma forma ou outra, os governos reco-nhecem e apóiam.

N

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Sobre a preparação da maté-

ria prima, conta com a ajuda de

colaboradores do seu estúdio e

seus alunos. O trabalho de pre-

parar o material e a confecção

de peças é arte passada de ge-

ração em geração, como ocor-

reu com ele mesmo. Um dos

fatores que facilitam, segundo

o artesão, é que há muita litera-

tura sobre o tema. “Entre outros,

o grande mestre, Don LUIS AL-

BERTO FLORES, um grande cole-

cionador e divulgador de traba-

lhos em couro cru. Eu deixei um

monte de literatura sobre essa

arte”, destaca ao contar que “tive

sorte o suficiente para ensinar o

meu filho maior, mas o homem

tem assumido outros empregos,

como carpintaria, que também é

nobre”.

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Castro fica no Paraná. Às margens do Rio Iapó, a cidade tem um excelente potencial turístico devi-do ao relevo privilegiado (Canyon Guartelá e as be-

lezas próprias da região dos Campos Gerais).

Castro é a terceira cidade mais antiga do Estado do Paraná. A funda-ção do município de Castro ocorreu em 1778. Foi caminho obrigatório para os tropeiros que iam de Viamão até Sorocaba, tendo forte origem no tropeirismo. Possui o primeiro Mu-seu do Tropeiro do Brasil, fundado na gestão do prefeito Dr. Lauro Lo-pes

O Museu do Tropeiro, inaugu-rado em 21-01- 1977, é o mais com-pleto sobre o tropeirismo em todo o Brasil. Seu acervo evidencia a cultura artística e histórica de Castro e conta com aproximadamente quatrocen-tas peças. Além de retratar a vida do tropeiro, apresenta documentos históricos, antigos pesos e moedas, peças sacras, entre outras. Também encontramos alguns livros e artesa-natos sobre o tema explorado. O lo-cal é aberto à estudos e pesquisas.

No museu encontramos os se-guintes dizeres, que mostram o ob-jetivo pelo qual o mesmo foi mon-tado: “Castro surgiu e cresceu graças ao Tropeirismo. Este museu visa ho-menagear essa fase decisiva da evo-

Castro preserva a história do tropeirismo

É

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lução brasileira, para a qual o antigo “Pouso do Iapó” contribuiu de forma tão decisiva”.

Inaugurado nas gestões do prefeito Lauro Lopes e do governa-dor Jaime Canet Jr. Contribuíram para sua instalação o arquiteto Ser-gio Todeschini Alves, o professor Newton Carneiro (que é considerado o patrono do museu) e o museólogo Alfredo Rusins.

A oficialização do espaço se deu através de duas leis municipais: número 13/75 e a 71/76. A primeira fala sobre a escolha do local para a instalação do museu, que ocorreu devido à autenticidade do estilo ar-quitetônico do prédio. A casa perten-ceu á família Carneiro Lobo e é feita de estuque, em fiel estilo. Levada a efeito de aquisição pela Prefeitura Municipal de Castro, foi submetida à restauração mediante orientação do Serviço do Patrimônio histórico do Estado, para posterior implantação do museu.

O roteiro de visitação é o seguinte:Salas 1,2 e 3– O Tropeiro4 – Exposição de interesses culturais;5 – Documentos e objetos de valor histórico;6 – Aferições;7 – Testemunho de uma época;8 e 9 – Arte SacraAlpendre – Artes populares do mu-nicípio de Castro;Jardim – Postes de iluminação a que-rosene, bebedouro e muros.A administração do museu é da Pre-feitura Municipal.

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Por Ivanilda Gonzaga Moura

Viver e morar em Palmas em meados do Século XX: A Fotografia como Testemunha

CASAMENTOS

Conforme os entrevistados as festas de casamento das pes-soas mais abastadas financeiramente (os fazendeiros) duravam três dias com muito churrasco e muitas danças. Já na cidade a fes-ta normalmente acontecia nas casas dos noivos ou quando tinha muitos convidados faziam no teatro. Era comum ainda em meados do século XX, os pais escolherem o noivo para suas filhas, conside-rando principalmente a situação financeira do noivo.

De acordo com a Sra hermira o pai da noiva geralmente dava a festa, e se ele fosse bem de vida dava um dote, qualquer coisa, uma casa, um terneirinho.

A Sra Palmira também nos contou que naquela época o juiz vinha casar os noivos na casa, depois do casamento civil aí sim vi-nha o religioso, após essa cerimônia os convidados eram recepcio-nados na casa dos pais da noiva que ofereciam bolo e docinhos.

Quanto à decoração conforme Sra Eudete, “as pessoas mais ricas costumavam decorar a igreja e o teatro onde faziam a festa. Toda a ornamentação vinha de Curitiba. Tudo era muito bonito! O povo se vestia muito bem para essas festas”.

Depois da comilança como se referiram os depoentes, co-

PARTE 2

meçava o baile que ia até altas horas da noite, com muito xote, valsa e rancheira.

Sra Cida Marcondes assim nos relatou: “Eu me casei em 1937 à recepção foi numa casa de família, era um lanche com chá, cho-colate e docinhos, tinha doceiras boas já nessa época. As mulheres e os homens todos estavam bem vestidos”.

EDUCAÇÃO

Por muitos anos funcionou em Palmas somente três estabeleci-mento de Ensino, Inicialmente o colégio Puríssimo Coração de Maria, fundado em 1912, o colégio dos Padres assim denominado pelos depoentes e o grupo escolar Coronel Domingos Soares. So-mente em 1955 é que foi criado o Ginásio Estadual Leonel Franca atual Colégio Dom Carlos.

Conforme seu José de Araújo Bauer nesse colégio dos pa-dres franciscanos funcionava também um internato onde ficavam professores e alunos, todos do sexo masculino, as meninas estuda-vam no colégio das Irmãs.

No colégio Puríssimo Coração de Maria, conhecido como o colégio das irmãs, conforme relatos da sra Eudete, havia meninos também nas não sob regime de internato, o que era exclusivo para meninas, existia também meninas que não eram internas. “Passá-vamos o ano todo no internato, íamos pra casa (fazenda) somente

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nas férias. As irmãs nos ensinavam ler, escrever, bordar, fazer tri-cô, as maneiras de comportamento. há! e a gente brincava muito também, brincadeira de roda, de boneca, era uma beleza! Tínha-mos catecismo todos os dias e uma vez por semana ia um padre da paróquia dar aula de religião. Fazíamos oração antes e depois das refeições”.

A Sra Ermira fala sobre a educação desse período da seguin-te forma: “No primeiro ano a gente já tinha que saber as quatro operações e fazer redação. Por exemplo: a professora lia um texto e determinava que no dia seguinte deveríamos trazer uma reda-ção pronta. Era bem puxado. No quarto ano a gente tinha que sa-ber fazer a fração decimal, calcular juros e também saber a regra de três”.

Entrevistamos também um senhor chamado Pedro Rosa morador antigo do bairro lagoão que também nos falou alguma coisa a respeito da educação desse período em questão. No bairro Lagoão havia uma escola chamada Escola Isolada Cel Rutílio de Sá Ribas, onde se estudava até o quinto ano. Os estu-dantes tinham que ir para a escola uniformizados, esse uniforme era composto de uma camisa branca e calça de brim e também um boné. Tinha uma professora que era muito brava nessa escola, às vezes deixava a gente de castigo de joelhos no chão de manhã até o meio dia.

• Este artigo faz parte de um trabalho de pesquisa realizado no UNICS no ano de 2002 pela professora /historiadora Ivanilda Gonzaga Moura , tendo a colaboração na época da acadêmica Suzana Vasconcellos. Alguns dos entrevistados infelizmente faleceram, contudo deixaram sua contribuição valiosíssima para a história de Palmas.

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Por Diego Funari

EDUARDO ROCHATalvez o valer apenaDe uma vida sossegadaSejam as lindas imagensDo infinito de uma invernadaDa sede de uma rica estânciaOu de um rancho no meio do nadaDo olhar do Cusco amigoCom sua fala caladaEnxergando cenas de campoDe uma época passadaParece rever segredosQue viu ou ouviu na estradaRenascerem nas mãos do artistaDono de obras consagradasParando tempo e historiaPor seu olhar congeladas

Marco Pires

Assim começamos a coluna referência desta edição, com este belo poema do amigo Marco Pires ao deslumbrar a ima-gem do nosso artista a ser entrevistado.

Eduardo Rocha um dos maiores nomes da fotografia no Brasil, tem como especialidade fotos rurais, a vida gaúcha,e ao que se refere sobre campeirismo no geral. Eduardo escre-ve através de luzes suas obras. A sensibilidade o sentimento que fazem de suas fotos as raras belezas que podemos com-provar em seus trabalhos.

Além do “Dom” que Deus lhe deu, Eduardo faz juz ao seu sucesso, demostrando em seu cotidiano o profissionalismo, a simpatia e a dedicação no trabalho que só quem conhece sabe o que estou falando, e para quem não conhece apartir de agora através das linhas da Revista Tchê Campeiro, você leitor vai conhecer um pouco mais da vida deste artista.

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Eduardo Rocha Paz nasceu no dia 03 de abril de 1979 em Dom Pedrito, fronteira com o Uruguai e Capital da Paz, terra do Ponche Verde onde foi assinada a Paz Farroupilha. Filho de Maria Artigas Rocha e Eduardo Fonseca Paz (ambos uruguaios). Eduardo é casado com Fer-nanda Lumertz, guria da cidade (nascida na Capital Porto Alegre) e pai de Vitor Lu-mertz Rocha, com um ano e 10 meses. Na Infância viveu entre o campo e a cidade. Quando pequeno os pais mudaram-se do campo para a “cidade” Dom Pedrito, típica cidade de fronteira com hábitos rurais. Passava sempre o Brasil e o Uruguai visitando os tios que tinham e tem propriedade rural e viviam daquele meio. Cresceu em meio a histó-rias de agruras da vida rural, onde seus avós eram tropeiros e esquiladores e dali ganhavam o sustento pras famílias. Cresceu subindo em árvores, na-dando em açude, caçando e pescando. “Bons tempos que a maioria das crianças não tem essa oportunidade”, Destaca Eduardo. A figura da mãe, dona Maria, que com pulso firme mostrou os cami-nhos do respeito ao próximo e do fazer o bem. “Conceitos que levo comigo e que-ro passar pro meu filho” ressalta o entre-vistado. Pacata, sem atropelos define o entrevistado sobre a época de sua ado-lescência. Concluiu os estudos em Dom Pedrito e foi trabalhar como cobrador de

uma loja de variedades, ele e sua bicicle-ta de marca Monark rodavam as ruas em-poeiradas a busca de negociar dívidas. “Essa experiência ainda hoje me ajuda no traquejo em negociações maiores” nos conta Eduardo.

Em 1998 viu pela primeira vez um fotógrafo profissional em ação: Roberto Santos, do Correio do Povo. Um jornal da “capital” lá na sua cidade e na sua fren-te. Nessa época ele já trabalhava em jor-nal. Não atuava mais na área financeiro/ciclística. O Roberto tinha ido fazer uma cobertura do Farm Show, a feira agro-pecuária do município e foi até o jornal transmitir uma foto pra Porto Alegre, foi o ápice da tecnologia que ele viu. Além de tudo isso, Santos convidou a equipe do jornal pra jantar com ele onde contou

sobre as Copas do Mundo, as batalhas de Sem Terras e outras coberturas fotográfi-cas que ele tinha participado. Aquilo foi o assunto por muito tempo. “Inclusive hoje” afirma Eduardo Rocha.

E quando pergunto sobre suas Influ-ências? Com ar cauteloso responde “Aqui é delicado, pois o início foi na admiração pelos trabalhos de Molina Campos, artis-ta argentino e dos desenhos do Berega nas “folhinhas” da Ipiranga. Esses calen-dários fizeram parte da minha infância onde ali estavam estampadas as lida que eu convivia. O esquilador, o cantante do campo, o chinelo gasto, o penico de cam-panha. Coisas da lida diária que eu gosta-va e estavam impressas, registradas pelo talento de um artista”.

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E já sobre sua carreira o pro-sa foi longe. Começou em 2006, na época ele já estava em Porto Alegre trabalhando em uma agência de pu-blicidade com ligação ao agronegó-cio, então editava todo o dia fotos de cavalos e vacas de elite. Seu trabalho era utilizar os conhecimentos da for-mação em design gráfico. Recebia fotos do Almirante Neves e do José Guilherme Martini, ambos muito acessíveis e incentivadores. Mas em 2006 algo diferente aconteceu. “Tive a oportunidade de acompanhar uma cavalgada e lá fui eu com uma Rebel emprestada e fotografando somen-te no automático. O “P” eu achava que era de profissional e pra buscar uma foto melhor utilizava esse recur-so mágico (risadas neste momento)” confessa Eduardo. O resultado foram duas fotos razoáveis e uma vontade de apren-der. Como estava cursando Marke-ting, aproveitou as cadeiras optati-vas para o curso de Fotografia. Fei-tas essas fez vestibular para o curso superior de fotografia na Ulbra em Canoas e começou a cursar duas fa-culdades, Marketing e Fotografia. 2008 fez seu primeiro grande projeto: Origem Crioula, a história dos homens de a Cavalo, com mais quatro profissionais rodaram a Amé-rica em busca da origem do cavalo crioulo. “Ali tranquei a faculdade pra comprar equipamentos e realizar um projeto de viajar pelo continen-te”.Conta o fotografo “A expedição Origem Crioula, ali estava verde na fotografia. Não sa-bia uma série de princípios tanto de captação, quanto de arquivamento e gestão das imagens. A fotografia vai além do somente clicar”. Eduardo. Também pedi para o entrevista-do sobre uma foto que marcou como profissional? “Uma foto que marcou pelo equilíbrio, enquadramento, ve-locidade e oportunidade foi feita em

Osorno, Chile. Equipe cansada, pra não dizer exausta de quase 20 dias de estrada e esperávamos uma ma-nada de um lado e quando escuta-mos já vinham os peões pelo meio de um bosque a galope com uma linda tropilha. Foi o tempo de ajus-tar, clicar e os cavalos passaram”. Relata.

Com sua família Eduardo nos define como um exercício diário de compreen-são, respeito, amor, proteção. “Procuro ser o melhor que posso, como meu tra-balho é externo por vezes tenho que via-jar e estar em situa-ções de risco. Sempre bate um aperto no peito na hora de sair. Mas é necessário e é pelo bem de todos. Sou feliz com minha profissão e espero que meu filho enten-da as noites em que o “papaio” ficou longe”. Eduardo.

Eduardo que em suas horas vagas adora Matear, ler e pensar, também nos conta sobre seus pro-jetos futuros, “Bah, esses são muitos. Alguns mais distantes, outros bem próximos. Muito em breve publicar um livro”.

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Eduardo quando fotografo, pro-cura fazer de forma simples, sem ferir ninguém ou forçar algo e sim prestar uma homenagem ao homem rural, ao singelo e belo.

Quando estou com uma máquina na mão procuro trazer algo que está ali, mas que nem todos veem. Quan-do viajo, procuro levar um pouco de onde estou para os que não tem a oportunidade de estarem lá via-jarem um pouco também. Sempre busco uma foto que eu “coloque na minha parede”. Até hoje não tenho nenhuma foto minha na parede de casa. Eduardo.

Ao final da entrevista Eduardo detalha o que considera importante é neste momento que esta vivendo, costuma dizer que a luz está brilhan-do e quando ela brilha temos que aproveitar.

Com a fotografia, conheci luga-res, pessoas e levei muita gente pra “viajar” através das imagens. Me sin-to aquele guri espiando pelas varas das mangueiras com o olhar curio-so. Creio que com meu trabalho um pouco da história e da cultura está fi-cando registrado e sendo divulgado.

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ACUAR, v. Acoar, latir, ladrar

ALÇADO, adj. Diz-se do gado que vive no bravio, no campo ou no mato, esquivando-se ao custeio

AMANONCIAR, v. Amansar um cavalo sem o montar. Domesticar um animal, tirar-lhe as manhas, por meios brandos, sem o moles-tar. Fazer carinhos com as mãos nos potros que estão sendo doma-dos a fim de tirar-lhes as cócegas

APERREADO, adj. Emagrecido, enfraquecido, enfezado, tristonho, acovardado, abatido, aborrecido, fatigado, triste, pensativo, en-clenque

BARBARIDADE, Barbarismo. || interj. Exprime espanto, admiração, estupefação, surpresa: Cuê-pucha, barbaridade! || Muito, em gran-de quantidade, intensamente: “Aquela moça é bonita barbaridade”

BOLAPÉ, s. Vau de um rio cheio que o cavalo, só pode atravessar quando nadando

BOTEJA, s. Botelha, garrafa

CABRESTO. s. Peça de couro que é apresilhada ao buçal ou brace-lete para segurar o cavalo ou o muar

CANGA, s. Peça de madeira em que se colocam os bois para puxar a carreta

CASTELHANO, s. O natural do Uruguai ou Argentina

COSQUILHOSO, adj. Coceguento. Muito sensível às cócegas. O mesmo que cosquento, cosquilhento e cosquilhudo. || em sentido figurado diz-se de quem é suscetível, de quem se melindra facil-mente

FIADOR, s. Parte do buçal que cinge o pescoço do cavalo, passan-do-lhe pela região jugular. || Alça colocada no cabo do relho para se introduzir o pulso, também chamado fiel. || homem que mar-cha na frente da tropa do gado para regular-lhe a marcha, além do ponteiro

LOMBA, s. Lombada. || Declive ou aclive das fraldas de pequenos morros ou de coxilhas baixas

MARCAÇÃO, s. Ação de marcar os animais de uma estância. Reu-nião de campeiros para a realização do trabalho de marcar o gado

MIRIM, s. Pequena abelha silvestre da região serrana, que fabrica excelente mel, com propriedades medicinais. É desprovida de fer-rão e faz sua colméia em ocos de árvores, em cavidades nas pare-des das casas e até em buracos no solo. || Nome do mel fabricado pela abelha mirim

MULITA, s. Espécie de tatu de pequeno porte, de carne muito sa-borosa

PASSARINHEIRO, adj. Diz-se do animal de montaria que, andan-do na estrada, se assusta de qualquer coisa, priscando para os la-dos. Assustadiço, cheio de sestros

PELEGO, s. Pele de carneiro ou de ovelha, de forma retangular, com a lã natural, que se coloca sobre os arreios, para tornar macio o assento do cavaleiro

PICANA, s. Aguilhada. Vara comprida, com um prego na ponta, usada para conduzir e para ferroar os bois de tração

PLANCHAÇO, s. Pancada dada de prancha com o facão, a adaga ou a espada

PULPERIO, s. Dono de pulperia. Taverneiro

QUINCHA, s. Teto de palha. Pequenos pedaços de coberta de pa-lha que se unem uns aos outros para formarem a cobertura da casa ou da carreta

REFILÃO, s. Raspão. Lance difícil, apertura, agitação

RÊS, s. Animal vacum

SERIGOTE, s. Espécie de lombilho, com pequenas diferenças na cabeça e nos bastos

TACURU, s. Montículo de terra, às vezes com quase dois metros de altura, feito pela formiga cupim, geralmente em terrenos ala-gadiços e banhados

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